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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA INTERAÇÃO
PROFESSOR-ALUNO
Por: Clara Maria Marques Adolph
Orientador
Prof.ª Solange Monteiro
Rio de Janeiro
2012
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA INTERAÇÃO
PROFESSOR-ALUNO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicopedagogia
Institucional.
Por: Clara Maria Marques Adolph
AGRADECIMENTOS
Aos meus filhos Ingrid e Gustavo pela força e carinho; Ao Claudio Fernando pelo incentivo do conhecimento e a busca do saber; A minha orientadora Prof.ª Solange Monteiro, que me conduziu desde o inicio desta trajetória com paciência e dedicação.
DEDICATÓRIA
A minha mãe, que sempre me apoiou com
palavras e gestos de carinho;
Aos meus filhos, Ingrid e Gustavo, meus
maiores amigos e companheiros;
Ao meu pai, Celso Marques (In
Memoriam) sempre vivo em nossas
lembranças e em nossos Corações.
RESUMO
A questão central deste trabalho monográfico é compreender como a
relação afetiva professor-aluno pode interferir no rendimento escolar do aluno.
Assim como, a intervenção psicopedagógica pode contribuir para a prevenção
do fracasso escolar, que se baseia na observação e análise de uma situação
concreta, no sentido de detectar possíveis perturbações no processo de
aprendizagem e, a partir daí, promover orientações didático-metodológicos de
acordo com as características dos indivíduos e grupos. Discorre sobre os
principais teóricos da psicologia do desenvolvimento, como Jean Piaget e L. S.
Vigotsky para, a seguir, analisar o conceito de afetividade sob a ótica da Teoria
de Henry Wallon, mostrando o quanto a emoção influi na percepção do mundo
e na apreensão do saber, a partir da compreensão dos diversos aspectos da
interação professor-aluno.
METODOLOGIA
A metodologia de pesquisa utilizada para a realização deste trabalho foi
desenvolvida com base na pesquisa bibliográfica de literatura especifica
através de revistas e periódicos indexados a partir de sites como Scielo e da
Associação Brasileira de Psicopedagogia, entre outros.
O tema central, A Influência da Afetividade na Interação Professor-Aluno,
nos levou a escolher como eixo teórico as Teorias de Jean Piaget, L.S.
Vigotsky e Henry Wallon, que abordam os aspectos afetivos, cognitivos e
motores durante o desenvolvimento do aluno, e assim compreender a dinâmica
da interação professor-aluno.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
8
CAPÍTULO I – Um Breve Histórico da Psicopedagogia
10
CAPÍTULO II – A Aprendizagem Segundo Jean Piaget e L.S. Vigotsky
17
CAPÍTULO III – Afetividade: Interação Professor-Aluno
28
CONCLUSÃO
37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
39
BIBLIOGRAFIA CITADA WEBGRAFIA
40
42
ÍNDICE
43
FOLHA DE AVALIAÇÃO
44
8
INTRODUÇÃO
A elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado “A
influência da afetividade na interação professor-aluno” tem como objetivo
demonstrar como os fatores afetivos se apresentam na relação professor-aluno
e sua influência no processo de ensino-aprendizagem.
A preocupação principal da Psicopedagogia é o aprendizado do ser
humano, integrando os aspectos cognitivos e o afetivo, para realizar o processo
como um todo. Embora sendo uma ciência nova em relação a outras áreas do
saber humano, tais como a Psicologia e a Pedagogia, a psicopedagogia tem
trazido grande contribuição para solucionar problemas que surgem no contexto
educativo, vindo estes, do ambiente familiar, escolar, do meio social, cultural,
que podem afetar a interação professor-aluno.
No contexto escolar, a psicopedagogia contribui para obtenção de
conhecimentos que são elaborados no processo de ensinar e aprender,
proporcionando ao aluno, um modo gratificante e prazeroso para acontecer à
aprendizagem. A mesma visa tratar do processo de aprendizagem e de suas
dificuldades, procura entender as questões cognitiva, orgânica, social, familiar,
emocional, assim como o trabalho pedagógico como elementos relevantes de
sucesso ou insucesso que implica a aquisição de aprendizagem.
A atuação do psicopedagogo, sua ação em sala de aula, junto ao
professor e junto ao aluno, contribui para revolucionar a relação destes, a partir
dos referenciais afetivos implicados no processo ensino-aprendizagem, pois
estes podem contribuir facilitando o diálogo, assim como estabelecendo laços
afetivos significativos que contribuem para o êxito da aprendizagem como um
todo. Laços esses que, transcendam a sala de aula, fortalecendo a formação
do ser humano.
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O presente estudo está dividido em três capítulos; o primeiro, intitulado
“Um Breve Histórico da Psicopedagogia” tem como objetivo apresentar um
breve histórico da psicopedagogia, abordando também as suas
especializações na área clínica, hospitalar e empresarial e escolar, a qual terá
um destaque maior, pois sua ação visa à prevenção das dificuldades de
aprendizagem assim como a questão da afetividade na interação professor-
aluno.
O segundo capítulo, “A aprendizagem segundo Jean Piaget e
L.S.Vigotsky” abordaremos as contribuições desses autores para uma melhor
compreensão da problemática do fracasso escolar, uma vez que este se tornou
um dos grandes problemas enfrentados por todos os segmentos da Educação.
No terceiro e último capítulo, intitulado “Afetividade: Interação Professor-
Aluno”, utilizaremos o referencial teórico de Henry Wallon, médico e psicólogo
francês, que sustenta a tese de que os fatores orgânicos são determinantes
para o desenvolvimento humano, entretanto reconhece a importância do
contexto sociocultural, assim como os aspectos afetivos, base para a qual a
afetividade será preponderante para o desenvolvimento da inteligência.
Abordaremos também a questão do afeto na relação professor-aluno, e do
meio familiar, através do relato de um caso, de um menino, que foi atendido
pela psicopedagoga Nadia Bossa, a partir de um DVD.
Na conclusão afirmamos a importância da afetividade na interação
professor-aluno, a sua relevância para o processo pedagógico como um todo, a
partir do olhar e da intervenção, da escuta para os diversos problemas que
envolvem a relação afetiva entre eles.
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CAPÍTULO I
UM BREVE HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA
Neste capítulo faremos um breve histórico da evolução da
Psicopedagogia no Brasil, mostrando influência que recebeu da Europa e da
Argentina, não só no conhecimento teórico, mas também na formação e
atuação dos psicopedagogos.
Abordaremos as especializações da Psicopedagogia, num breve resumo
dos objetivos da Psicopedagogia Clínica, Psicopedagogia Hospitalar e da
Psicopedagogia voltada para a empresa.
Já a Psicopedagogia Institucional-escola, outra especialização da
Psicopedagogia, terá um realce maior, pois sua ação psicopedagógica visa à
prevenção das dificuldades de aprendizagem e ao assessoramento a
professores, em especial, a questão da afetividade que perpassa a relação
professor-aluno, tema central deste trabalho.
1.1 Histórico da Psicopedagogia
A Psicopedagogia é uma área de conhecimento que pesquisa, investiga,
diagnostica, elabora objetivos para facilitar a aprendizagem e identifica
problemas que interferem na assimilação do conhecimento.
É de grande importância compreender sua influência historicamente
construída, principalmente nas áreas institucional e da saúde, bem como suas
contribuições para o processo de ensino-aprendizagem detectando-se as
origens das dificuldades de aprendizagem que podem ser de causas: sociais,
orgânicas e psicológicas.
11
Assim, na concepção de Silva (2010, p.28),
A psicopedagogia é um campo do conhecimento, tendo como objeto de estudo o processo de aprendizagem visto como estrutural construtivo e interacional, interagindo nele os aspectos cognitivos, afetivos e sociais do ser humano.
No contexto histórico da psicopedagogia, verificou-se que seus
pressupostos teóricos e sua origem consolidaram-se na Europa, precisamente
na França. País que introduziu os primeiros métodos de pesquisas, articulando
as disciplinas de Medicina, Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, nas soluções
de problemas de comportamento e de aprendizagem.
Deve-se salientar que, de acordo com Fontes (2006, p. 60-61), a
psicopedagogia, historicamente, foi marcada por três momentos importantes: o
primeiro, no início da década de 50, apresentou ênfase no âmbito pedagógico,
tendo a preocupação com a reeducação; o segundo, na década de 60,
procurou estudar mediação de funções cognitivas e afetivas; enquanto o
terceiro, a partir da década de 70, do século passado, procurou valorizar a área
clínica incluindo diagnóstico e tratamento.
Estas ideias influenciaram os países latinos, principalmente a Argentina
e, posteriormente, o Brasil que, por sua vez, também teve a contribuição das
teorias organicistas da Psicologia Escolar fomentadas pelos americanos.
Cumpre esclarecer que, no Brasil, somente a partir da década de 70, foi
introduzida a Pscopedagogia, baseada nos modelos médicos. A área, no
entanto, teve maior relevância, observada as inúmeras ocorrências do
problema de aprendizagem.
Frise-se que as dificuldades de aprendizagem, nesta época, eram
associadas a uma disfunção neurológica, onde as crianças eram tratadas por
médicos, camuflando, assim, o problema sociopedagógicos. Nesse diapasão,
vale mencionar as contribuições do professor argentino, Jorge Visca, precursor
e um dos maiores contribuidores da Psicopedagogia no Brasil e criador da
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Epistemologia Convergente1, que propunha uma atividade clínica voltada
para a integração de três frentes de estudo da psicologia: Escola de
Genebra (Psicogenética de Jean Piaget), Escola psicanalítica de
Sigmund Freud e das contribuições da Psicologia social de Enrique
Pichon-Rivière.
Assim, para Visca, a Psicopedagogia deve ser compreendida de forma
independente e complementar as demais áreas.
A psicopedagogia foi inicialmente uma ação subsidiada da medicina e da psicologia, perfilando-se posteriormente como um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo, denominado de processo de aprendizagem, e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios. (VISCA apud BOSSA, 2000, p.23).
Além do mencionado educador, outros profissionais também
contribuíram para o desenvolvimento da Psicopedagogia no Brasil, tais como:
Sara Pain, Jacob Feldmann e Alícia Fernandez entre outros.
Em 1980, é fundada a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp),
que de acordo com Bossa (2007, p.70), iniciou suas atividades promovendo
encontros para reflexão de experiências vividas no exercício da profissão,
através de cursos, congressos e seminários. Atualmente, a referida instituição
está voltada para a formação e o reconhecimento da profissão. Recentemente,
a ABPp vem encampando manifestos de apoio à aprovação do Projeto de Lei
nº. 3.512/08 sobre o Código de Ética da Psicopedagogia que, atualmente, está
sendo analisado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos
Deputados.
Imperioso ressaltar que o trabalho do psicopedagogo, nos termos desse
Projeto, está embasado em alguns Princípios Gerais dos quais se destacam:
1 Espitemologia Convergente é o resultado da assimilação recíproca de conhecimentos fundamentados no construtivismo, no estruturalismo construtivista e no interacionismo. Isto é, linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem integrado com três linhas da psicologia: Escola de Genebra (Piaget), escola Psicanalítica (Freud) e a Escola de Psicologia Social (Pichon-Riviére). (GONÇALVES, 2007, p.14).
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Artigo 1º A psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio - família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia. Parágrafo único A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento relacionado com o processo de aprendizagem Artigo 2º A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no sentido ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprios. Artigo 3º O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e institucional, de caráter preventivo e/ou remediativo. Artigo 4 Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais graduados em 3º grau, portadores de certificados de curso de Pós-Graduação de Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino oficial e/ou reconhecido, ou mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e aconselhável trabalho de formação pessoal. Artigo 5 O trabalho psicopedagógico tem como objetivo: (i) promover a aprendizagem, garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento profissional, devendo valer-se dos recursos disponíveis, incluindo a relação interprofissional; (ii) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia. (Código de Ética da Associação Brasileira de Psicopedagogia - AP 2010).
O Projeto do Código de Ética trata de assuntos de grande relevância,
dentre eles, elencamos a responsabilidade dos psicopedagogos, da sua
relação com outros profissionais, do sigilo, da relação com saúde e educação,
no intuito de regulamentar a formação, atuação e os objetivos da prática
psicopedagógica.
1.2 Campos de atuação do psicopedagogo
Para entendermos o campo de atuação dos Psicopedagogos
precisamos retornar ao século XIX, na Europa, onde os problemas de
aprendizagem eram vistos e tratados pela área médica.
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Em 1946, na França, foram criados os Centros
Psicopedagógicos, com o objetivo de realizar um trabalho voltado para a
readaptação de crianças com problemas escolares ou comportamentais,
atendidos por uma equipe multidisciplinar, com médicos, psicólogos,
pedagogos, psicanalistas. (SAMPAIO, 2011).
A partir desse período, tem-se uma nova percepção sobre a criança com
dificuldade de aprendizagem, pois se passou a ver o sujeito na sua relação
com o mundo, e não apenas os aspectos orgânicos.
A prática psicopedagógica, teve seu inicio na Argentina, onde
profissionais que possuíam outras formações viram a necessidade de ocupar
um espaço que não podia ser preenchido pelo psicólogo nem pelo pedagogo.
Assim, começaram um processo de reeducação, com o objetivo de resolver o
fracasso escolar.
Desde a sua formação, a Psicopedagogia tem ocupado um espaço
importante no âmbito da educação e saúde. Nesse processo evolutivo, é
relevante mencionar que os Centros de Saúde Mental que surgiram em Buenos
Aires, onde equipe de psicopedagogos atuavam no diagnóstico e tratamento
dos problemas de aprendizagem, contribuíram para mudar a abordagem de
Psicopedagogia: da reeducação a clínica. (Ibid, 2011)
De acordo com Bossa,
Estes profissionais notaram que depois de um ano de tratamento, quando os pacientes retornavam para controle,os problemas de aprendizagem haviam sido resolvidos, entretanto apresentavam graves distúrbios de personalidade, produzindo assim um deslocamento de sintoma. A partir daí, os psicopedagogos começaram a incluir a clínica da Psicanálise, para solucionar os problemas oriundos de tais dificuldades. (Bossa citado por Sampaio, 2011, p.24).
A Argentina influenciou de forma substancial a construção da
psicopedagogia no Brasil, através da contribuição dos seus profissionais, tais
15
como: Jorge Visca, Alícia Fernandez e Sara Pain, enriquecendo o
desenvolvimento desta área em nosso país.
Zenicola, Barbosa & Carlbert (2007) afirmam que:
No final da década de 1970, tanto no Rio de Janeiro quanto em Curitiba, os estudos de Jorge Visca, psicopedagogo argentino, começaram a fazer diferença na compreensão do aprendiz e de suas dificuldades de aprendizagem. Na década de 1990, em Curitiba, os estudos da visão sistêmica por psicopedagogos que possuíam a visão da Epistemologia Convergente, inicialmente na Síntese, bem como, no Rio de Janeiro, as contribuições de Alícia Fernandez, trouxe uma nova compreensão da dinâmica familiar e de suas relações com as dificuldades para aprender. (p.36-37)
Com relação à atuação do psicopedagogo, ele pode atuar em diversas
áreas preventiva e terapêutica, para compreender os processos de
desenvolvimento e das aprendizagens humanas, recorrendo a estratégias para
tratar dos problemas que podem surgir.
Cabe ao psicopedagogo, na sua função preventiva, promover a
identidade da instituição com o saber mediando e resgatando o processo
ensino-aprendizagem, através de investigação das dificuldades de
aprendizagem apresentadas pelos alunos, e da assessoria aos pedagogos,
orientadores e professores.
Na linha terapêutica, o psicopedagogo, por meio do diagnóstico, irá
identificar as causas dos problemas de aprendizagem. Após a identificação
indicará o tratamento necessário, orientando também pais e professores.
Atualmente, o campo de atuação do psicopedagogo está se tornando
amplo, inicialmente se restringia a clínica, hoje em dia já encontramos
psicopedagogos atuando também em hospitais e empresas. Na
Psicopedagogia Hospitalar, o atendimento psicopedagógico se faz como
alternativa de apoio ao paciente interno visando amenizar as perdas e impactos
causados pela doença e auxiliando na parte pedagógica.
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Por outro lado, na psicopedagogia empresarial, o psicopedagogo atua
oferecendo treinamento, desenvolvendo a criatividade e a melhoria das
relações interpessoais. Através de seu embasamento técnico e de sua prática,
participa da elaboração, desenvolvimento e avaliação de projetos e na
estruturação de cursos de atualização, entre outras atividades.
Portanto, esse breve histórico mostra a importância da evolução da
psicopedagogia no processo ensino-aprendizagem e a atuação do
psicopedagogo, para que possamos abordar a questão do tema central deste
trabalho.
Nosso objetivo é então focar como a psicopedagogia contribui e
intervém no contexto escolar, trabalhando a importância da afetividade na
relação professor-aluno, e assim, auxiliar o professor em sua prática a fim de
ajudá-lo a desenvolver a dimensão afetiva de seus alunos.
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CAPÍTULO II
A APRENDIZAGEM SEGUNDO JEAN PIAGET e L. S.
VIGOTSKY
Neste capítulo abordaremos o estudo sobre o desenvolvimento humano
e da aprendizagem sob o ponto de vista de Jean Piaget e L.S. Vigotsky,
mostrando as principais contribuições para o processo ensino e aprendizagem,
assim como a importância dada à relação professor-aluno Para isso, faz-se
necessário descrever inicialmente a biografia desses autores, assim como o
conceito de aprendizagem e suas implicações pedagógicas.
2.1 Aprendizagem segundo Jean Piaget
2.1.1 Antecedentes Históricos
Jean William Fritz Piaget nasceu em 1896, em Neuchâtel, na Suíça. Seu
pai (Arthur Jean Piaget), um calvinista convicto, era professor universitário de
Literatura medieval na Universidade de Neuchâtel. Desde criança interessou-se
por mecânica, fósseis e zoologia. Jean Piaget foi uma criança precoce, tendo
publicado seu primeiro artigo sobre um pardal albino aos 11 anos de idade.
Esse breve estudo é considerado o início de sua brilhante carreira científica.
Aos sábados, Jean Piaget trabalhava gratuitamente no Museu de História
Natural.
Jean Piaget frequentou a Universidade de Neuchâtel, onde estudou
Biologia e Filosofia. Ele recebeu seu doutorado em Biologia em 1918, aos 22
anos de idade. Após formar-se, foi para Zurich, onde trabalhou como psicólogo
experimental. Essas experiências influenciaram-no em seu trabalho, com isso,
passou a combinar a psicologia experimental - que é um estudo formal e
sistemático - com métodos informais de psicologia: entrevistas, conversas e
análises de pacientes.
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Em 1919, mudou-se para a França, onde foi convidado a trabalhar no
laboratório de Alfred Binet, um famoso psicólogo infantil que desenvolveu
testes de inteligência padronizados para crianças. Piaget notou que crianças
francesas da mesma faixa etária cometiam erros semelhantes nesses testes e
concluiu que o pensamento lógico se desenvolve gradualmente.
Particularmente, este ano foi um marco em sua vida, pois Iniciou seus estudos
experimentais sobre a mente humana e começou a pesquisar também sobre o
desenvolvimento das habilidades cognitivas. Seu conhecimento de Biologia
levou-o a enxergar o desenvolvimento cognitivo de uma criança como sendo
uma evolução gradativa.
Em 1921, voltou à Suíça e em 1929, aceitou o posto de diretor do
Internacional Bureau of Education e permaneceu à frente do instituto até 1968.
Anualmente ele pronunciava palestras no IBE Council e na International
Conference on Public Education, nos quais ele expressava suas teses
educacionais.
Até a data de seu falecimento, fundou e dirigiu o Centro Internacional
para Epistemologia Genética. Ao longo de sua brilhante carreira, escreveu mais
de 75 livros e centenas de trabalhos científicos. Jean Piaget morreu em
Genebra, em setembro de 1980, aos 84 anos. (SAMPAIO, 2004) Seus estudos
tiveram um grande impacto sobre os campos da Psicologia e Pedagogia.
2.1.2 Aprendizagem
Para Piaget, a aprendizagem ocorre através da interação do indivíduo
com o meio. É a construção e reconstrução de estruturas mentais, ou seja,
sucessivas transformações de estruturas do indivíduo graças à adaptação ao
meio, não dando importância aos valores sociais e culturais no
desenvolvimento da inteligência.
O conhecimento não está no sujeito nem no objeto, mas ele constrói na interação do sujeito com o objeto. É na medida em que o sujeito interage (e, portanto) age sobre e sofre a ação do objeto que ele vai
19
produzindo sua capacidade de conhecer também o próprio conhecimento (PORTO apud FRANCO, 2007, p.20).
Este teórico dedicou-se a estudar cientificamente como se forma o
conhecimento, daí o termo epistemologia genética. Considerando que se
estudasse cuidadosamente a maneira como as crianças constroem as noções
fundamentais do conhecimento lógico poderia compreender a gênese e a
evolução do conhecimento humano.
Devemos resaltar que Piaget, não desenvolveu nenhuma teoria da
Educação, mas suas ideias embasaram a teoria do construtivista, a qual
defendia um método que realçasse o ser humano e suas faculdades
intelectuais.
Elaborou a Epistemologia Genética, partindo do pressuposto de que
existe certa continuidade entre os processos de adaptação ao meio e a
inteligência, não que a inteligência seja essencial à própria vida, mas uma das
maneiras de adaptação criadas pela vida em sua evolução.
Ao adquirir o conhecimento, o individuo segue alguns procedimentos, tais
como: adaptação, esquema, assimilação, acomodação, equilibração, aos quais
daremos uma breve explicação:
Adaptação: É um equilíbrio entre a assimilação e a acomodação. A acomodação corresponde á inteligência por um esquema, das coisas existentes no meio como parte de seu próprio funcionamento. A acomodação incide na modificação de esquemas para que o organismo se adapte a fatos novos que surgirem no mundo. Então, a inteligência seria uma das formas de adaptação, que a vida assumiu no decorrer de sua evolução. Esquema: São estruturas que se modificam com o desenvolvimento mental e que se tornam cada vez mais apurados á medida em que a criança se torna apta a gerenciar estímulos. Esquemas são conhecimentos que a pessoa já possui e são requisitados de acordo com a situação. Assimilação: Consiste no processo cognitivo de colocar novos conhecimentos em esquemas existentes, ou seja, é o processo pela qual o individuo capta o ambiente e o organiza possibilitando assim, a ampliação de seus esquemas. Na assimilação o individuo usa as estruturas que já possui. Acomodação: Consiste na modificação de um esquema ou de uma estrutura em função das características do objeto a ser assimilado. A
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acomodação é determinada pela atividade do sujeito sobre o objeto para tentar assimila-lo. Equilibração: Na equilibração acontece o processo de passagem de uma situação de menor equilíbrio para uma de maior equilíbrio. O desenvolvimento e, a formação do conhecimento, é explicável recorrendo-se a um processo central de equilibração. Por exemplo, o fato de o individuo buscar uma nova resposta para um estimulo, faria com que esse organismo saísse do estado de desequilíbrio. (Piaget, 1975, p. 15 a 20).
Conforme Piaget (1978), “as variáveis serão, as formas de organização
da atividade mental, sob duplo aspecto: motor ou intelectual, de uma parte e o
da vida afetiva em formação, de outra, com suas duas dimensões individual e
social”.
Dentro desta teoria encontram-se características chamadas estágios ou
períodos de desenvolvimento, que vai do nascimento até a aquisição da
linguagem.
♦ “O 1° estágio é o da inteligência sensório-motora, a criança trabalha em cima de reflexos inatos (sugar, engolir, etc.,) e também das primeiras tendências instintivas (nutrição) e as primeiras emoções”; ♦ O 2° estágio chamado de inteligência simbólica ou pré-operatório, é o estágio dos primeiros hábitos motores e das primeiras percepções organizadas, como também dos primeiros sentimentos diferenciados; ♦ O 3° estágio é das operações concretas, isto é, da inteligência senso-motor ou pratica, das regulações afetivas elementares e das primeiras fixações exteriores da afetividade. Estes três primeiros estágios constituem o período de lactância (do nascimento até um ano e meio a dois anos); ♦ O 4° estágio chamado de Operações formais, é o estagio da inteligência intuitiva, dos sentimentos interindividuais espontâneos e das relações sociais de submissão ao adulto. (de dois anos a sete anos) ♦ O 5° estagio das operações intelectuais concretas e dos sentimentos morais e sociais de cooperação. (de sete anos a 11 anos) ♦ O 6° O estágio das operações intelectuais abstratas, de formação da personalidade e da inclusão afetiva e intelectual na sociedade dos adultos. (“adolescência”) (PIAGET, 1964, p. 12,13)
Cada estágio é caracterizado por um patamar de equilíbrio e os estágios
constituem processos de equilibração sucessivas. A partir do instante em que o
equilíbrio é atingido num ponto, à estrutura integra-se num equilíbrio em
formação até se alcançar novo equilíbrio, sempre mais completo.
A educação, sob a perspectiva do paradigma piagetiano, deve contribuir,
de acordo com Cunha (2008, p.72) “em desenvolver as competências
21
cognitivas do educando”. Nesse aspecto, o educador, ou mesmo, o professor
precisa estar atento para a organização de tarefas e atividades que viabilizem o
progresso intelectual de seus alunos nas diferentes etapas da escolarização.
A ótica piagetiana pressupõe que o educador possa dedicar-se a fazer
com que seus alunos caminhem do estágio menos desenvolvido da inteligência
ao estágio superior, ou seja, do sensório-motor a inteligência abstrata operada
pela lógica simbólica.
Dessa forma, etapa por etapa, caberá ao educador levar o seu aluno a
desenvolver habilidades cognitivas tais que este possa dominar e operar
categorias lógicas pertinentes ao seu estágio intelectual, assimilando e
acomodando as informações transmitidas em sala de aula, por exemplo.
A educação sob a perspectiva piagetiana sugere que a escola considere
seu aluno como um sujeito ativo e construtor de seu próprio saber, tal
afirmação leva em conta a tese de que este modelo pedagógico valoriza a
autonomia e a liberdade como importantes características a serem
desenvolvidas. Entretanto, por mais que este modelo seja base para o
construtivismo, de uma concepção de educação baseada na maior liberdade e
sociabilidade, a dimensão afetiva não é considerada relevante.
É preciso então ressaltar que um ambiente escolar que valorize a
individualidade e a criatividade, leve em conta os diversos aspectos que
permeiam a relação professor-aluno. A dimensão afetiva é, sem dúvida, um
aspecto importante dentro do processo ensino-aprendizado a ser valorizado.
2.2 Aprendizagem segundo Vigotsky
2.2.1 Antecedentes Históricos
Lev Semenovich Vigotsky nasceu em 1896 em Orsha, pequena cidade
perto de Minsk, a capital da Bielo-Rússia, região então dominada pela Rússia
(e que só se tornou independente em 1991, com a desintegração da União
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Soviética, adotando o nome de Belarus). Seus pais eram de uma família
judaica culta e com boas condições econômicas, o que permitiu a Vygotsky
uma formação sólida desde criança. Ele teve um tutor particular até entrar no
curso secundário e se dedicou desde cedo a muitas leituras.
Aos 18 anos, matriculou-se no curso de medicina em Moscou, mas
acabou cursando a faculdade de direito. Formado, voltou a Gomel, na Bielo-
Rússia, em 1917, ano da revolução bolchevique, que ele apoiou. Lecionou
literatura, estética e história da arte e fundou um laboratório de psicologia –
área em que rapidamente ganhou destaque, graças a sua cultura, seu
pensamento inovador e sua intensa atividade, tendo produzido mais de 200
trabalhos científicos.
Em 1924, casa-se com Roza Smekhova. Tiveram duas filhas. Desde 1920
conviveu com a tuberculose. Apesar de sua formação em Direito, destacou-se
à época por suas críticas literárias e análises do significado histórico e
psicológico das obras de Arte, trabalhos que posteriormente foram
incorporados no livro "Psicologia da Arte", escrito entre 1924 e 1926, incluindo
naturalmente a tese de doutorado sobre Psicologia da Arte, que defendeu em
1925.
O seu interesse pela Psicologia levou-o a uma leitura crítica de toda
produção teórica de sua época, nomeadamente as teorias da "Gestalt", da
Psicanálise e o "Behaviorismo", além das ideias do educador suíço Jean
Piaget.
Ao longo de seus textos recorre frequentemente a situações extraídas de
obras literárias, ele escreveu aproximadamente 200 trabalhos científicos, cujos
temas abrangem desde neuropsicológica até criticas literárias, passando por
deficiência, linguagem, psicologia, educação e questões teóricas e
metodológicas relativas às ciências humanas.
Entre os seus trabalhos de campo incluem-se visitas às populações
camponesas isoladas de seu país, fazendo testes neuropsicológicos entre as
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aldeias nômades do Uzbequistão e do Quirguistão (Ásia Central), antes e
depois do realinhamento cultural e socioeconômico da revolução socialista, que
incluía alfabetização, cursos rápidos de novas tecnologias, organização de
brigadas, fazendas coletivas e outros.
A experiência vivida na formação de professores levou-o ao estudo dos
distúrbios de aprendizagem e de linguagem, das diversas formas de
deficiências congênitas e adquiridas, a exemplo da afasia. Complementando a
sua formação para estudo da etiologia de tais distúrbios, graduou-se em
Medicina retomando o curso iniciado e substituído por Direito em Moscou e
retomado e concluído em Kharkov.
O seu interesse em Medicina estava associado à manutenção do grupo
de pesquisa ("troika") de neuropsicologia com Alexander Luria e Alexei
Nikolaievich Leontiev. As suas principais contribuições à defectologia estão
reunidas no livro "Psicologia Pedagógica".
Graças a uma conferência proferida no "II Congresso de Psicologia" em
Lenigrado, foi convidado a trabalhar no Instituto de Psicologia de Moscou. O
seu interesse simultâneo pelas funções mentais superiores - cultura, linguagem
e processos orgânicos cerebrais - pesquisados por neurofisiologistas russos
com quem conviveu, especialmente com Luria e Leotiev.
Devido a vários fatores, inclusive a tensão política entre os Estados
Unidos e a União Soviética após a última guerra, seu trabalho permaneceu
desconhecido por grande parte do mundo ocidental. Quando a Guerra Fria
acabou, este incrível patrimônio de conhecimento deixado por ele começou a
ser revelado. O nome de Lev Semenovich Vygotsky hoje dificilmente deixa de
aparecer em qualquer discussão séria sobre processos de aprendizado.
Pensador importante em sua área foi pioneiro na noção de que o
desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações
sociais e condições de vida. Faleceu em Moscou, em 11 de junho de 1934,
vítima de tuberculose, doença com que conviveu durante quatorze anos.
24
2.2.2 Aprendizagem
Para compreendermos a aprendizagem segundo Vigotsky, citaremos a
seguinte definição:
O processo pelo qual o sujeito adquire informações, habilidades, atitudes, valores e etc. a partir do seu contato com a realidade, com o meio ambiente e as outras pessoas (OLIVEIRA, 1993, p.57).
Outro ponto importante refere-se aos problemas de tradução da obra
deste autor:
Em Vigotsky, justamente por sua ênfase nos processos sócio-historicos, a ideia de aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo. O termo que ele utiliza em russo (obuchenie) significa algo como o processo de ensino-aprendizagem, incluindo sempre aquele que aprende aquele que ensina, e a relação entre as duas pessoas. Pela falta de um termo equivalente em inglês, à palavra obuchenie tem sido traduzida ora como ensino, ora como aprendizagem e assim re-traduzida em português (OLIVEIRA, 1993, p.57).
Através desta conexão entre desenvolvimento e aprendizagem ele elucida
o conceito de zona de potencial proximal
Ela é a distancia entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (VIGOTSKY, 1998, p. 112)
Para o autor, as funções que se encontram nesta zona são os
conhecimentos em processo de amadurecimento, de maturação. Assim, pode-
se dizer que o desenvolvimento real é a parte que se refere ao
desenvolvimento retrospectivo, enquanto a zona de desenvolvimento proximal
aponta o desenvolvimento mental prospectivo (VIGOTSKY, 1996).
Vigotsky (2001) afirma que uma organização coerente da aprendizagem é
imprescindível para a criança, pois conduz ao desenvolvimento mental.
Portanto, para ele, a relação entre desenvolvimento e aprendizagem, é que a
aprendizagem depende da maturação do desenvolvimento, ao mesmo tempo
em que o direciona a novos avanços.
25
A aprendizagem, segundo o autor é que esta permite que se desenvolva
na criança características não naturais, formada historicamente, como a
linguagem e o pensamento. Considera ainda que o aprendizado possui uma
sequencia e organização características, seguindo uma lógica e um tempo
singular. O mesmo ocorre com o processo de desenvolvimento, não devendo,
assim, esperar uma coincidência desses dois processos. (VIGOTSKY, 1998).
Outra importância para Vigotsky é o desenvolvimento da linguagem para
a formação do homem, pois é a principal mediadora dos sujeitos com o mundo,
logo é essencial na sua formação enquanto humano. A linguagem como
mediação simbólica implica o uso de signos e instrumentos que possibilitou ao
homem, em seu curso evolutivo, transformar a realidade. Mais do que o seu
caráter natural, devemos observar que Vigotsky aponta o elemento artificial
deste, são inventados pelo homem.
Na perspectiva do autor acima, a linguagem humana é considerada um
sistema simbólico fundamental na mediação entre sujeito e objeto de
conhecimento, tem duas funções básicas: a de intercambio social e
pensamento generalizante, isto é, a linguagem possibilita ordenar a
compreensão do mundo em categorias conceituais compartilhadas pelos
usuários dessa língua.
Quanto ao papel do professor, Vigotsky, afirma que o bom ensino é
aquele que fundamenta as suas intervenções pensando no que o sujeito está
em fase de maturação, ou seja, o que está na zona de desenvolvimento
proximal. Segundo o autor, o aprendizado deve ser orientado para o futuro, e
não para o passado. (VIGOTSKY, 1998, p. 130).
Através desta afirmação, pode-se perceber a necessidade que o
professor tem de estar atento àquilo que a criança ainda está em fase de
apreensão.
26
Resalta também, para que o trabalho do professor seja bom é a formação
de conceito pelas crianças. Assim, divide o conceito em duas formas: os
conceitos espontâneos, que são aqueles construídos aleatoriamente ao longo
da vida, e os conceitos científicos, os que necessitam de um processo especial
para a sua assimilação.
De acordo com Vigotsky:
Os conceitos se formam e se desenvolvem sob condições internas e externas totalmente diferentes, dependendo do fato de se originarem do aprendizado em sala de aula ou da experiência pessoal da criança. Mesmo os motivos que induzem a criança a formar os dois tipos de conceitos não são os mesmos. A mente se defronta com problemas diferentes quando assimila os conceitos na escola e quando é entregue aos seus próprios recursos (VIGOTSKY, 1998, p.108).
Com isso, os estudos deste autor partem da perspectiva de que o
professor auxilia na formação dos conceitos científicos, ou seja, aqueles
surgidos após um trabalho formal da aprendizagem.
Segundo Vigotky, a elaboração de métodos eficazes de ensino para
criança só é possível quando se entende o desenvolvimento da formação de
conceitos científicos. Entretanto deve-se saber que:
Um conceito é mais do que a soma de certas conexões associativas formadas pela memória, é mais do que simples hábito mental; é um ato real e complexo de pensamento que não pode ser ensinado por meio de treinamento, só podendo ser realizado quando o próprio desenvolvimento mental da criança já tiver atingido o nível necessário (VIGOTSKY, 1998, p.104).
Assim, é importante um trabalho que se preocupe com as condições reais
do desenvolvimento da criança, centrando naquilo que ainda não foi
internalizada por ela.
Por mais que Vigotsky tenha se dedicado ao estudo dos processos
cognitivos e tenha questionado o fato de que não há uma divisão entre as
dimensões cognitiva e afetiva do funcionamento psicológico humano. Segundo
(Oliveira, 1992, p.76)
27
Vigotsky menciona, explicitamente, que um dos principais defeitos da psicologia tradicional é a separação entre os aspectos intelectuais de um lado, e os volitivos e afetivos, de outro, propondo a consideração da unidade entre esses aspectos.
Dentre as funções psicológicas superiores, aquelas que distinguem o
animal do humano, é que possibilita o homem a decodificar os diferentes
signos, dando a estes, sentido. Todavia, toda produção de sentido passa
também pelo afeto e pelas emoções. Assim, o pensamento humano, na
compreensão de Vigotsky, deve ser compreendido em última instância, a partir
de sua base afetivo-volitiva.
Sua dissociação impede que se entenda o homem a partir de sua
singularidade, dos interesses pessoais, das forças motrizes que compõe e
orientam a vida humana. Segundo Oliveira, Vigotsky “mostra que cada ideia
contém uma atitude afetiva transmutada com relação ao fragmento de
realidade ao qual se refere” (1992, p, 77).
A autora salienta que Vigotsky produziu na década de 20 e 30 do século
passado uma obra, cuja abordagem implica na unificação das dimensões
afetivas e cognitivas e que esta concepção vem influenciando uma nova
geração de educadores.
Todavia, por mais que haja por parte de Vigotsky, seus colaboradores e
interpretes a importância dada à inter-relação entre os aspectos cognitivos e
afetivos, coube ao psicólogo francês Henry Wallon apontar de forma
inquestionável em sua psicogenética, para os determinantes afetivos como
base do desenvolvimento da inteligência.
28
CAPÍTULO III
AFETIVIDADE: INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
Este capítulo visa investigar a importância da afetividade na
aprendizagem, identificando como a interação entre professor e aluno pode
contribuir na sala de aula de forma acolhedora e prazerosa. Para isso,
utilizamos o referencial teórico de Henry Wallon, que se atenta para afetividade
como ponto de equilíbrio, tanto para o professor quanto para o aluno,
contribuindo para uma educação de qualidade.
Iniciaremos relatando um caso, de um menino, que foi atendido pela
psicopedagoga Nádia Bossa, a partir de um DVD, no qual apresenta um relato
de um caso: de uma criança de 10 anos, que estava na 3ª série do ensino
fundamental e que foi levado pela mãe ao consultório da referida
psicopedagoga, com a queixa de problema de aprendizagem escolar, problema
de comportamento e disciplina na escola e problemas relacionados
especificamente de leitura e escrita. (BOSSA, s/d)
Durante a entrevista com a mãe, esta descreve o filho como sendo uma
criança bastante agitada, que não se preocupa em corresponder à expectativa
do outro e que vive mobilizada pelo prazer de criar problemas e incomodar as
outras pessoas.
No decorrer da entrevista, a mãe relata que essa criança nasceu numa
circunstância bastante adversa, na medida em que ele é o terceiro filho de uma
família de três meninos, sendo que cada um deles tem exatamente um ano de
diferença.
Seu projeto de vida com o marido era inicialmente viverem durante cinco
anos sem filhos, depois teriam dois filhos, sendo um menino e uma menina,
29
encerrando essa etapa e continuando a vida cuidando dos dois filhos e de seus
projetos.
Entretanto, o que aconteceu não correspondeu a seu planejamento, pois
inicialmente o casal viveu os cinco anos sem filhos e quando decidiram tê-los,
veio à primeira gravidez, que foi um menino, tendo bastante dificuldade para
cuidar, pois não se sentia preparada para cuidar de uma criança.
Nesse período descobre que está grávida pela segunda vez, entrando
num profunda depressão, pois havia planejado esta segunda gravidez para três
a quatro anos depois.
A princípio a ideia de que poderia ser uma menina, acalmou-a, mas após
fazer os exames descobre que era outro menino, agravando sua depressão.
Quando ainda amamentava o segundo filho, ainda numa profunda
depressão, tem a notícia de sua terceira gravidez, deixando-a muito abalada,
dizendo que não havia espaço para um terceiro filho, aliás, nunca houvera
espaço, que só existia espaço para dois filhos.
Após a entrevista com a mãe, foi solicitado entrevista com a professora, e
esta reproduz o mesmo discurso da mãe, descrevendo-o, como uma criança
inquieta; uma criança que irrita porque não se preocupa em cumprir com aquilo
que era estabelecido, e parecia que sentia prazer em tumultuar a sala de aula,
deixando-a nervosa.
A seguir foi realizada a primeira entrevista com a criança, que chega ao
consultório bastante inquieto, agitado, passando o tempo todo fazendo coisas
que atrapalhavam a tarefa que teria que realizar, tais como: derrubando os
objetos que estavam sobre a mesa, rasgando papel, entornando água sobre a
mesa, não permanecendo quieto na cadeira. Entretanto, durante todo o tempo
olhava para a psicopedagoga, preocupado com a sua reação a esses
acidentes.
30
Durante a sessão foi pedido que ele desenhasse uma figura humana, e
depois o desenho de uma família. No desenho da figura humana, ele começa o
traçado do desenho de uma figura humana em palito, com as mãos e os braços
em forma de garras e coloca no tronco do desenho círculos como se
representassem alvos.
Na base do desenho ele faz riscos muito fortes indicando a necessidade
de sentir segurança, e na cabeça do boneco coloca traçados que lembram
pregos. Ao desenhar a família utiliza a parte superior da folha, onde desenha
quatro bonecos em forma de palito, portanto era um desenho de uma família
com quatro pessoas.
Ao terminar o desenho, lhe é perguntado quem são e ele fala que é o pai,
a mãe, o irmão mais velho e o irmão mais novo, quando percebe que não havia
se desenhado, diz: “Xi! Não tem espaço pra mim”. Então lhe é perguntado o
que poderia ser feito, ele olhou para a folha e disse que não tinha lugar para se
desenhar, que era melhor deixar assim mesmo.
Ao longo das sessões com o menino, a psicopedagoga vai percebendo
que o que ele deseja não é contrariar ou aborrecer as outras pessoas e sim
corresponder às expectativas do outro, mas sua preocupação é tão grande que
ele se atropela que a ansiedade toma conta dele o tempo todo e para se
acalmar ele precisa encontrar um espaço, precisa ser aceito em algum
contexto.
Após o término do diagnóstico, a psicopedagoga conclui que o que
mudaria na vida deste menino, seria uma mudança na sua auto percepção, a
qual só ocorreria se de fato as pessoas significativas na vida dele pudessem
entender.
Então é realizada a entrevista de devolução com os pais, explicando a
necessidade de mudança de atitudes em relação ao menino. Depois foi feito a
entrevista de devolução com a professora, onde foram sugeridas algumas
maneiras para ela lidar com a criança, como coloca-lo sentado a sua frente
31
para que ele pudesse olha-la e ser olhado, para se sentir inserido na sala de
aula.
E assim, essa criança foi tratada por dois anos, onde teve alta, pois
apresentou melhoras significativas e ainda hoje continua na mesma escola
estando na 8ª serie e sendo um excelente aluno.
Com base neste relato, faremos uma correlação com a teoria de Wallon,
sobre afetividade e a interação professor-aluno tema central deste trabalho.
Com o progresso das pesquisas observa-se que a dimensão afetiva
influência expressivamente no processo ensino-aprendizagem e que através da
afetividade pode se ampliar a eficácia da aprendizagem humana.
Segundo Almeida (2009), Wallon define afetividade como sendo a
capacidade, a disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo e
interno por meio de sensações ligadas a tonicidades agradáveis ou
desagradáveis.
Podemos observar que a dimensão afetiva influi tanto na construção da
pessoa quanto na estruturação do conhecimento desde a infância.
Assim, as relações familiares, em especial a mãe e o bebê, ganham uma
maior relevância, pois podem modelar a maneira como a criança estabelecerá
os vínculos afetivos com os outros e o meio que vive.
O que pode ser visto neste caso relatado acima, onde a relação familiar
era bastante conturbada, pois a criança sentia que não havia espaço para ela
naquele contexto, uma vez que a mãe inconscientemente o rejeitava, pois
havia feito um projeto de vida, onde não incluía o terceiro filho.
Na teoria de Wallon, as palavras emoção, sentimento e paixão possuem
significação própria e fazem parte da afetividade, sem com isso ser a mesma
coisa.
32
Almeida (2009) nos esclarece o sentido destas palavras:
A teoria apresenta três momentos marcantes, sucessivos, na evolução da afetividade: emoção, sentimento e paixão. Os três resultam de fatores orgânicos e sociais e correspondem a configurações diferentes e resultantes de sua integração: nas emoções, há o predomínio da atividade fisiológica; no sentimento, da ativação representacional; na paixão, da ativação do autocontrole. (ALMEIDA, 2009, p.17)
Observamos, portanto, a inigualável importância dos aspectos afetivos
para o desenvolvimento psicológico, é por meio das emoções que o sujeito
exterioriza seus desejos e vontades. A emoção é altamente orgânica, altera a
respiração e os batimentos cardíacos, causam impacto no outro e tende a
propagar-se no meio social.
Segundo Almeida (2009) o autor cita, o sentimento para Wallon é a
expressão representacional da afetividade, isto é tende a reprimir, impor
controles que quebrem a potência da emoção e podem ser expressos pela
mímica e pela linguagem. Já a paixão revela o surgimento do autocontrole
como condição para dominar a situação.
O desenvolvimento afetivo para Wallon é dividido em seis estágios que
revelam as características da espécie e que seus conteúdos são determinados
histórica e culturalmente.
Almeida apresenta estes estágios:
Estágio impulsivo-emocional (0 a 1 ano) – a criança expressa sua afetividade por meio de movimentos desordenados, em resposta a sensibilidades corporais dos músculos e das vísceras e do mundo externo, para satisfazer suas necessidades básicas. Estágio sensório-motor e projetivo (1 ano a 3 anos) – já dispondo da marcha e da fala, a criança volta-se para o mundo externo, para o contato e a exploração de objetos e pessoas de seu contexto. Estágio personalismo (3 a 6 anos)- é a fase de se descobrir diferente das outras crianças e do adulto. Compreende três fases: oposição, sedução e imitação. Estágio categorial (6 a 11 anos)- com a diferenciação mais nítida entre o eu e outro, há condições para exploração mental do mundo
33
externo, mediante atividades cognitivas de agrupamento, classificação, categorização em vários níveis de abstração. Estágio puberdade e adolescência (11 anos em diante) – aparece aqui a exploração de si mesmo, na busca de uma identidade autônoma, mediante atividades de confronto, autoafirmação, questionamento. O domínio de categorias de maior nível de abstração, entre as quais a categoria dimensão temporal, possibilita a discriminação mais clara dos limites da autonomia e de sua dependência, acrescida de um debate sobre valores. Idade adulta- apesar de todas as transformações ocorridas nas fases anteriores, o adulto se reconhece como o mesmo e único ser: reconhecem suas necessidades, possibilidades e limitações, seus sentimentos e valores assumem escolhas em decorrência de seus valores. Há um equilíbrio entre ”estar centrado em si” e “estar centrado no outro”.
Fazendo uma análise do caso com a teoria de Wallon, onde a motricidade
humana começa pela atuação sobre o meio social, antes de poder modificar o
meio físico, podemos entender que aqueles comportamentos desastrados que
ele apresentava, não eram propositais, pois quanto mais tenso ficava maior o
seu nível de ansiedade e mais dificuldades ele tinha na motricidade, uma vez
que o tônus muscular ficava tão enrijecido que a possibilidade de derrubar,
tropeçar, cair, rasgar era muito grande. O que na realidade ele precisava era
de aceitação, que demonstrasse o quanto ele era importante para a família e
para a professora.
A individualidade da criança está alicerçada nas relações com as pessoas
com as quais convive, primeiramente com a família e se estende para a escola.
Essas relações ajudam no desenvolvimento intelectual, afetivo e social. O
respeito mútuo no afeto e na confiança precisará permear essas relações.
Segundo Porto:
A criança deseja e necessita ser amada, aceita, acolhida e ouvida para que possa despertar para a vida da curiosidade e do aprendizado. A presença do adulto dá a criança segurança física e emocional que a leva a explorar mais o ambiente e aprendendo consequentemente. A interação envolve, também, a afetividade, a emoção como elemento básico e essencial. (PORTO, 2011, p.26)
Portanto, o professor deve-se manter atento as descobertas feitas pela
criança, possibilitando-lhe a oportunidade de ação, encorajando-a a construir, a
34
se conhecer e conhecer os outros. Incentivar os alunos a desenvolverem suas
tarefas é uma das atribuições do professor que desenvolve a relação entre
cognição e afetividade de forma dinâmica.
Com relação ao caso acima exposto, podemos observar que a professora
tinha um estilo severo, uma professora de muitos anos de magistério naquela
escola, mas que não estava sabendo como lidar com ele, não compreendia as
suas atitudes dentro da sala de aula e colocando-o ao seu lado, não percebeu
que estava excluindo-o do conjunto da turma.
A partir do momento que a psicopedagoga pede a ela que o coloque
sentado a sua frente, onde ele pudesse olha-la e se sentir olhado por ela e ao
mesmo tempo se sentisse pertencente ao grupo de colegas, pois ele é uma
criança carente que precisa ser aceito, e que para existir não precisava
derrubar nada, nem quebrar, nem cair da carteira. Assim que a professora
começa a mudar seu modo de ver a criança, e a olha-lo nos olhos, ele começa
a se acalmar e a apresentar um novo tipo de comportamento, mais sociável, e
foi se sentindo mais seguro.
Percebe-se que a relação professor-aluno demanda um enorme
investimento afetivo para que o processo ensino-aprendizagem ocorra, pois o
estabelecimento de vínculo afetivo é essencial nesta atividade.
Segundo Codo:
As atividades que exigem maior investimento de energia são aquelas relacionadas ao cuidado: estabelecer um vínculo afetivo é fundamental para promover o bem-estar do outro. Para que o professor desempenhe o seu trabalho de forma a atingir seus objetivos, o estabelecimento do vínculo afetivo é praticamente obrigatório. (CODO, 2006, p.55)
O processo de aprendizagem se torna mais eficaz quando o afeto esta presente. Afirma Porto:
O afeto influência a velocidade com que se constrói o conhecimento, pois, quando as pessoas se sentem seguras, aprendem com mais facilidade. (PORTO, 2011, p.46)
35
A relação entre professores e alunos deve ser uma relação dinâmica,
como toda e qualquer relação entre seres humanos. Na sala de aula, os alunos
não são pessoas para transformar-se em objetos, que o professor pode
manipular. O aluno é capaz de pensar, refletir, discutir, ter opiniões, participar,
e assim, enquanto ensina o professor também aprende.
.A aprendizagem é um processo contínuo, que dura toda a vida e quando
os vínculos afetivos não se estabelecem podem surgir conflitos. Codo
acrescenta:
Se esta relação afetiva com os alunos não se estabelece, se os movimentos são bruscos e os passos fora do ritmo, é ilusório querer acreditar que o sucesso de educar será completo. Se os alunos não se envolvem, poderá até ocorrer algum tipo de fixação de aprendizagem significativa; nada que contribua para a formação destes no sentido de preparação para a vida futura, deixando o processo ensino-aprendizagem com sérias lacunas. (CODO, 2006, p.50)
Na sala de aula é necessário que o professor observe e entenda as
sinalizações que o aluno demonstra através do gesto, da mímica, do olhar e a
expressão facial que às vezes passa despercebido no cotidiano escolar. É
através dessas manifestações da atividade emocional e da afetividade na
relação professor-aluno, que ambos interagem de uma forma ou de outra.
A teoria Walloriana trata das emoções na vida das crianças, investigando
todos os meios sociais do qual fazem parte, entre eles a família e a escola. E
destaca a importância das emoções na relação professor e aluno.
Retornando ao caso, pudemos perceber que no contexto familiar, também
existem grandes transtornos com relação à figura da criança, pois este é visto
como aquele que não possui seu espaço dentro da família e o mesmo
acontecia na escola, fazendo com que o vissem como uma criança
insuportável.
A busca na compreensão dos motivos e reações que levam o aluno a ter
diversas atitudes em diferentes momentos, desafia o professor a refletir e
36
pesquisar intervenções eficazes que contribuam na formação de sua
personalidade e de sua aprendizagem.
Com relação ao caso acima, após a intervenção da psicopedagoga junto
à professora, explicando que o que ele precisava era que ela olhasse para ele
de verdade, com carinho e não o separasse do convívio da turma, pois assim
ele se sentiria aceito e veria que seu olhar para ele era independente dele ter
feito alguma coisa errada.
O olhar do professor para o seu aluno é indispensável para a construção
e o sucesso da sua aprendizagem. Isso inclui dar credibilidade as suas
opiniões, valorizar sugestões, acompanhar seu desenvolvimento.
As relações afetivas se evidenciam, pois a transmissão do conhecimento implica, necessariamente, uma interação entre pessoas. Portanto, na relação professor-aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto está presente. (ALMEIDA, 1999)
Diante dessa situação, quando o professor adota uma postura que
expresse o interesse no sucesso dos alunos, respeitando seus limites e
individualidades promove um ambiente agradável e propício para a
aprendizagem, tornando o aprender prazeroso.
37
CONCLUSÃO
Com a presente monografia, podemos considerar que a afetividade é o
elemento indispensável no processo de desenvolvimento humano, na
construção deste como ser social, onde se processam as mais variadas
relações do homem com ele mesmo e com o meio.
As contribuições teóricas de Jean Piaget, L.S.Vigotsky e Henry Wallon,
que estudaram o desenvolvimento humano, mostraram a importância de a
escola trabalhar e valorizar a cognição e afetividade no processo pedagógico.
A aprendizagem depende da familiarização da afetividade. Assim, cabe à
família e a escola propiciar um ambiente, onde os aspectos cognitivos e
afetivos ocorram e se completem determinando como resultado o prazer de
aprender e de ensinar.
Pode-se afirmar que as relações de mediação feitas pelo professor,
durante as atividades pedagógicas, devem ser sempre permeadas por
sentimentos de acolhimento, respeito, compreensão e valorização do outro.
Tais sentimentos não só marcam a relação do aluno com o objeto de
conhecimento, como também afetam a sua autoimagem, fortalecendo a
confiança em suas capacidades.
Nesse sentido, a Psicopedagogia atua com a função de detectar os
principais problemas da aprendizagem que afetam o aluno e também das
relações interpessoais daqueles que trabalham na escola e das mediações
entre a família e a escola a fim de contribuir para solução dos problemas de
aprendizagem ligada ao campo afetivo, por exemplo.
Diante deste contexto, percebemos que a atuação de um psicopedagogo
pode trazer muitos benefícios para a relação professor - aluno e para o
processo de ensino aprendizagem como um todo, pois este profissional
38
trabalha como um mediador, e está preparado para intervir na prevenção, no
diagnóstico e no tratamento dos problemas de aprendizagem escolar. Uma
intervenção oferecida por este profissional pode propiciar um ambiente
saudável e favorável à aprendizagem, bem como trabalhar a questão da
afetividade na relação professor - aluno, suscitando a confiança, o respeito
mútuo e a valorização de todos envolvidos no processo.
Acreditamos ainda que, a escola não deverá se limitar à instrução, mas
direcionar-se ao indivíduo como um todo, desenvolvendo a integração das
dimensões afetiva, cognitiva e motora. Pois é preciso levar o aluno a elevar sua
autoestima, ter confiança em si mesmo, respeito por si próprio, pois uma
pessoa que é bem estimulada afetivamente na infância no futuro tornar-se-á
um adulto determinado e autoconfiante.
39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ACAMPORA, Bianca. Psicopedagogia Clinica: o despertar das potencialidades.
Walk Editora, Rio de Janeiro, 2012.
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PIAGET, Jean. o Nascimento da Inteligência na Criança. 2ª Ed., Ed. Zahar, rio
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psicopedagógico, 4° Ed, Walk Editora, Rio de janeiro, 2011.
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Processos Psicológicos Superiores. Ed, Martins Fontes,São Paulo, 1996.
VISCA, Jorge. Clinica Psicopedagogica - Epistemologia Convergente. Ed. Artes
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WALLON, Henry As Origens do Caráter na Criança. Ed. Nova Alexandri, São
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Afetividade e Aprendizagem: contribuições de Henry Wallon. Edições Loyola,
São Paulo, 2009, p.17.
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Ed. Artes Médicas, Porto Alegre, 2000, p 23, 70.
_____________. DVD sobre DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO, ATTA
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fundamentação teórica. 2° Ed, Editora Paz e Terra, São Paulo, 2012, p.18
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WEBGRAFIA
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Associação Brasileira de Psicopedagogia - ABPp: reformulado pelo conselho
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Sociedade, ano XXI, n° 71, julho/00. IN: http://www.scielo.org/php/index. php
acesso em 10/09/2012.
43
ÍNDICE
FOLHA DE ROST0 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Um Breve Histórico da Psicopedagogia 10
1.1 Histórico da psicopedagogia 10
1.2 Campos de Atuação do Psicopedagogo 13
CAPÍTULO II
A Aprendizagem segundo Jean Piaget e L.S. Vigotsky 17
2.1 Aprendizagem Segundo Jean Piaget 17
2.1.1 Antecedentes Históricos 17
2.1.2 Aprendizagem 18
2.2 Aprendizagem Segundo Vigotsky 21
2.2.1 Antecedentes Históricos 21
2.2.2 Aprendizagem 24
CAPÍTULO III
Afetividade: Interação Professor-Aluno
28
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
BIBLIOGRAFIA CITADA
WEBGRAFIA
40
42
ÍNDICE 43
FOLHA DE AVALIAÇÃO 44
44
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Título da Monografia: A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA INTERAÇÃO
PROFESSOR-ALUNO
Autor: CLARA MARIA MARQUES ADOLPH
Nome do orientador: SOLANGE MONTEIRO
Data da Entrega:29/09/2012
Avaliado por: Conceito