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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS – GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A RELAÇÃO DAS ÁREAS VERDES COM O MICRO CLIMA DAS CIDADES URBANAS Por: Maria Lucia Teixeira Madeira de Freitas Orientador Prof. Francisco Carrera Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS – GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A RELAÇÃO DAS ÁREAS VERDES COM O MICRO CLIMA DAS CIDADES URBANAS

Por: Maria Lucia Teixeira Madeira de Freitas

Orientador Prof. Francisco Carrera

Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A RELAÇÃO DAS ÁREAS VERDES COM O MICRO CLIMA

DAS CIDADES URBANAS

Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito Ambiental

Por: Maria Lucia Teixeira Madeira de Freitas

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Francisco Carrera e Professor Álvaro Borgeth

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DEDICATÓRIA

A todos aqueles que como eu sente a necessidade de ter o verde como composição diária da sua paisagem e da consciência de quanto ele é

importante para um clima melhor.

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RESUMO O aumento da área urbanizada nas últimas décadas tem modificado o clima local e o conforto térmico, produzindo as ilhas de calor.

A ocupação do solo feita sem planejamento, a densidade populacional, a destruição dos espaços verdes, a poluição atmosférica, o material utilizado nas construções e vias públicas, o consumo excessivo de energia têm modificado o micro clima, aumentando a temperatura, a umidade do ar e causado mudança na direção dos ventos.

As áreas verdes garantem uma regulagem do micro clima locais. De modo geral, as cidades brasileiras possuem áreas arborizadas, mas estas são pouco organizadas e com quase ou nenhuma preocupação quanto à escolha adequada das espécies vegetais.

A arborização urbana minimiza os efeitos da instabilidade microclimática e das poluições atmosféricas, hídrica, sonora e visual que afetam a qualidade da vida urbana.

O problema consiste em definir a relação entre o micro clima urbano e os padrões de ocupação do solo para que se obtenham melhores condições de conforto térmico.

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METODOLOGIA

Para o presente trabalho foi realizado, um levantamento das principais referências bibliográficas e webgrafia. Os principais autores utilizados na realização desta pesquisa foram: Lucia Mascaró, Lisa Gartland e Francisco Monteiro Mendonça.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I – Micro Clima Urbano 09 CAPÍTULO II – Áreas Verdes 14 CAPÍTULO III – Influência da Vegetação no Micro Clima Urbano 24 CONCLUSÃO 30 ANEXOS 31 BIBLIOGRAFIA 40 FOLHA DE AVALIAÇÃO 41

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INTRODUÇÃO

A ação do homem no ambiente natural, gerou uma mudança climática, criando um ambiente urbano mais quente que o rural. A densidade populacional, a falta de vegetação, as estruturas e o material utilizado nas edificações, contribuíram para elevar a temperatura, gerando as “ilhas de calor”.

A preocupação com o conforto do meio interior: aquecimento, refrigeração, umidade, iluminação, fez com que o meio exterior ficasse esquecido e contaminado. E cada vez mais as pessoas procuram o meio interior, por oferecer artificialmente um conforto térmico.

A relação das alturas dos edifícios com a largura da rua, diminuindo a visão do céu e as diminuições da evaporação por falta de vegetação estão entre as principais causas do calor durante a noite.

A área verde tem a função de ser um espaço de lazer, importante para a qualidade de vida, onde todos, independentemente da classe social têm acesso.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que as cidades tenham no mínimo, 12(doze) metros de área verde por habitante.

Através de medidas relacionadas ao planejamento da cidade e da ocupação do solo, é possível criar micro climas mais amenos. São decisões que envolvem desapropriações, alteração do gabarito, possível aumento da área de infiltração, e que devem ser incorporadas às legislações municipais tanto no planejamento como nos códigos de edificações. A questão é estabelecer a correlação existente entre o micro clima urbano e os padrões de ocupação do solo, e dessa forma as condições de melhoria do conforto térmico nas cidades

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CAPÍTULO I

Micro Clima Urbano

1.1 Histórico

O processo de urbanização teve um impacto na mudança de clima em escala local. A geometria das cidades e as atividades nelas exercidas alteraram o balanço energético, térmico e hídrico, causando mudanças físicas e químicas na atmosfera, diferente das zonas rurais (Monteiro, 2003, Carlos).

Uma das mais antigas referências com preocupação climática data de 1661 com Sir John Evelyn que propôs que fosse criado um cinturão verde com espécies aromáticas para purificar o ar já degradado de Londres. Mas apenas no século XIX, começou a surgir literatura científica sobre alterações climáticas das cidades.

Os primeiros foram Howard (1818, 1833) e no século XX, Landsberg (1956) e Chandler (1965). Nos anos 60 a questão ambiental teve uma repercussão maior (Oke, 1974 e Monteiro, 1976).

A preocupação com a qualidade do ambiente urbano surge com Revolução Industrial na Inglaterra, na Alemanha e na França, em função do estado de deterioração dos aglomerados industriais (Serra, 2003, Geraldo).

O inglês Luke Howard e o francês Emilien Renou, no início do século XIX com o estudo do clima em Londres e Paris, perceberam que as cidades estavam mais quentes, 2°C (Londres) e 1°C (Paris) que as cidades vizinhas.

A partir do século XIX, as atividades humanas tiveram uma atuação decisiva na mudança da composição da atmosfera. A densidade populacional, a utilização não sustentável dos recursos naturais, dos combustíveis fósseis e a industrialização causaram um grande impacto na atmosfera, principalmente a partir de 1950. O consumo dos combustíveis fósseis é trinta vezes maior do que em 1900. Nas regiões tropicais e subtropicais somente nos anos 70 começaram as pesquisas e nos anos 80 apareceram as primeiras conferências sobre climatologia urbana.

1.2 Clima Urbano O clima da cidade é o resultado da interação entre o meio ambiente construído e ar atmosférico. A geometria urbana e a inércia térmica dos materiais de construção modificaram o clima do meio ambiente (Gartland, 2003 Lisa). Através de planejamento e instrumentos regulamentadores, é possível atingir boas condições climáticas.

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1.2.1 Ilhas de Calor O nome ilha de calor é pelo fato de uma cidade apresentar em seu centro, uma temperatura superior à da redondeza. As linhas com a mesma temperatura seguem um formato de ilhas próximas aos centros urbanos, são as isotermas, essas ilhas possuem uma temperatura mais elevada que as áreas de fora dos centros (Gartland, 2010, Lisa).

As áreas urbanas possuem grande concentração de áreas construídas e pavimentadas que absorvem radiação solar de dia e a liberam à noite, gerando as ilhas de calor. Esse fenômeno se deve à incapacidade dos materiais edificados em refletir o calor recebido, ao contrário dos vegetais que o refletem e o transformam em vapor.Há uma elevada capacidade de absorção de calor de superfícies urbanas como o asfalto, paredes de tijolo ou concreto, telhas de barro e de amianto.

A temperatura das superfícies vai depender da umidade e da cor, superfícies claras absorvem menos calor que superfícies escuras e expostas ao sol. A umidade faz com que o calor seja liberado pela evaporação.

A geometria dos cânions (edifícios altos que não permitem a visão de céu), as propriedades dos materiais de construção que absorvem a radiação solar mas não absorvem as águas da chuva e portanto não pode dissipar o calor através da evaporação, o asfalto que além de não ser permeável, é material escuro e com isso absorve mais a radiação solar, o efeito-estufa, a redução da evaporação por falta de vegetação são as causas das “Ilhas de calor”. A ausência de vegetação contribui também porque falta sombreamento, filtragem do ar poluído, mudança na direção dos ventos e absorção da água da chuva.

A redução de áreas verdes em São Paulo é causada pelo processo de impermeabilização do solo, construção de edifícios, ocupações ilegais como conglomerados urbanos (Duarte, 2003, Denise). Dentre as conseqüências da falta de vegetação estão: as enchentes em mais de 400 (quatrocentos) pontos da cidade, porque a água da chuva fica impossibilitada de penetrar no solo asfaltado, a poluição do ar pela circulação de mais de cinco milhões de veículos e a contaminação de mananciais.

A substituição de áreas verdes e permeáveis por edifícios e pavimentos resulta num aumento da temperatura, causando desconforto para os pedestres. O aumento da temperatura faz com que seja necessário utilizar os condicionadores de ar, aumentando o consumo de energia.

Os materiais de construção na sua maioria não absorvem a água da chuva, por isso não conseguem dissipar o calor pela evaporação. Durante o dia a temperatura da superfície edificada, como o asfalto, pode chegar a 87,7 °c, nas áreas com vegetação chega a 21,1°C. A temperatura de superfície sendo alta aumenta também a temperatura do ar, especialmente à noite, quando o calor armazenado durante o dia é liberado.

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Edifícios diminuem a velocidade dos ventos, dificultando a transferência do calor das superfícies para o ar. Os gases na atmosfera podem influenciar no clima, permitindo a passagem da radiação solar ou bloqueando. A poluição do ar através das suas partículas través das suas partículas absorve o calor e o transfere para a superfície (Duarte, 2003 Denise).

1.2.2 Inversão Térmica A qualidade do ar de São Paulo piorou devido a inversão térmica, fenômeno que dificulta a dispersão dos poluentes. Quanto mais baixa a inversão, pior a qualidade do ar. A falta de chuva e vento agrava o fenômeno (Serra, 2003 Geraldo). A inversão térmica é uma condição meteorológica que acontece quando uma camada de ar quente se sobrepõe à camada de ar frio, impedindo a subida do ar, o ar abaixo dessa camada fica mais frio e mais pesado retendo os poluentes próximos à superfície da terra. 1.2.3 Densidade Construída A quantidade de população por área construída é definida como a “densidade construída”. A densidade construída é considerada uma das causas do aquecimento urbano.

Áreas verticalizadas, mas com maior área livre, como em Belo Horizonte, têm um conforto térmico melhor que áreas horizontais com maior ocupação (Duarte, 2003 Denise).

A verticalização é incentivada em Curitiba, o que permite espaço para a criação de muitos parques e áreas verdes. Pela nova lei de zoneamento e uso do solo, desde 2.000, em Curitiba, é garantida maior área de afastamento para as edificações, evitando áreas de sombra e oferecendo condições de ventilação.

Em São Francisco, Califórnia,em 1971, ficou estabelecido que novos edifícios, em área comercial, seriam obrigados a reservar um espaço aberto, proporcional à sua área construída para manutenção de parques urbanos (Gartland, 2010, Lisa).

Os planos diretores deveriam pressionar a legislação brasileira no sentido de incentivar a construção verticalizada com taxas mais baixas de ocupação, recuo e afastamento adequados, o que levaria à áreas livres para arborização. A alta densidade com edifícios baixos e gabarito uniforme, diminui a velocidade dos ventos na altura dos pedestres. Edifícios com alturas variáveis desviariam parte do fluxo dos ventos para baixo, facilitando a circulação do ar. Os pilotis também ajudam o escoamento do vento. Quanto maior o recuo, maior a circulação do vento e aproveitamento da iluminação natural, reduzindo a necessidade de iluminação artificial.

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As ilhas de calor afetam a temperatura do ar acima de 2.000m. A pressão do ar é mais baixa em altitudes mais elevadas, por isso o ar se expande e resfria com a altitude. A umidade do ar diminui a temperatura em até 4°C por 1.000 m.

Nos primeiros 10 (dez) quilômetros da atmosfera, o ar vai se resfriando à medida que nos distanciamos da superfície da terra. O ar mais quente e mais próximo da superfície é mais leve e por isso tende a subir levando os poluentes (Duarte, 2003 Denise). . 1.2.4 Balanço de Energia O balanço de energia explica como a energia é transferida para a superfície. É baseado no princípio da termodinâmica em que uma energia nunca é perdida. Todo calor recebido da superfície vai para algum lugar. Vai ser absorvido pela atmosfera aquecendo o ar, evaporado com a umidade ou armazenado nos materiais.

Convecção é a energia que é transferida da superfície terrestre para o ar. Quanto maior a velocidade dos ventos, maior convecção. Quanto maior a diferença entre a temperatura do ar e da superfície, maior convecção (Furtado & Melo Filho, 1999).

Evaporação é a energia em forma de vapor d’água. A água da superfície terrestre é aquecida pelo sol e sobe para a atmosfera levando a energia solar. A evapotranspiração é um processo utilizado pela planta para se defender da insolação intensa e do aumento da temperatura. A água é retirada do solo através das raízes e evapora através dos estômatos das folhas que são uma espécie de poros. A evapotranspiração é maior em dias mais úmidos, mais quentes e é maior quando a velocidade dos ventos aumenta. A energia é transferida para a atmosfera sob a forma de vapor d’água, diminuindo a temperatura das plantas.

1.2.5 Armazenamento de Calor O armazenamento do calor depende da condutividade térmica e da capacidade calorífica. Quanto maior a capacidade do material conduzir calor para o seu interior e de não refletir o calor recebido, maior a capacidade calorífica (Fretin, 2007 Dominique). Materiais de construção têm o armazenamento de calor aumentado pela falta de umidade e pela capacidade de armazenarem e conduzirem o calor para seu interior.

A menor refletância dos raios solares dos materiais de construção, a geometria urbana e a poluição fazem que o saldo de radiação solar seja maior em áreas urbanas. Os pavimentos asfálticos e as coberturas com mantas asfálticas possuem baixa refletância ou seja quase não refletem a radiação solar recebida (Gartland, Lisa 2010).

A superfície do solo, cercada por edifícios tem muita radiação absorvida pelas paredes ao invés de ser liberada para a atmosfera. Os cânions também dificultam a liberação de energia pela sua geometria e altura elevada.

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1.2.6 Saldo de Energia e Poluição do ar A poluição do ar afeta o saldo de energia à medida que bloqueia a radiação solar em até 50 %. Poluentes aerossóis bloqueiam a energia do sol até 22%. Ao mesmo tempo a poluição aumenta a quantidade de radiação infravermelha através de suas partículas. As partículas absorvem os raios aumentando a radiação em até 15%. 1.2.7 Convecção Reduzida A velocidade dos ventos, menores em dias claros e calmos diminui a convecção do calor da superfície para o ar. As edificações agem bloqueando os ventos em até 60% da sua velocidade. As Ilhas de calor acabam criando sua própria brisa, o ar quente tende a subir atraindo o ar mais fresco para a base. 1.2.8 Calor Antropogênico Calor antropogênico é o calor criado pelo homem. A utilização de energia aumenta o calor. Com o crescente consumo de ar condicionado durante o verão, além consumo de combustível dos carros e indústrias e gastos de energia residenciais, mais calor é liberado na atmosfera (Gartland, Lisa 2010). 1.2.9 Variação no Albedo das Superfícies O albedo é a relação entre a radiação solar que incide e a que reflete. As mudanças no albedo afetam a quantidade de calor recebida e refletida. A vegetação aumenta o albedo porque não armazena o calor recebido, ao contrário dos materiais edificados e escuros que o armazenam. Com isso, nas cidades urbanas e com menos área verde, como ocorre menos evaporação desse calor recebido, há menos precipitações e nuvens (Shinzato,Paula 2009). 1.2.10 Gases na atmosfera Os gases na atmosfera podem influenciar o clima. O efeito estufa é composto pela concentração de CO2 (dióxido de carbono), CH4 (metano), N2O (óxido nitroso) e O3 (ozônio). Eles absorvem a radiação infravermelha emitida pela Terra e irradiam uma quantidade de energia de volta para superfície aquecendo o ar.

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CAPÍTULO II

Áreas Verdes

2.1 Conceito Toda vegetação ou árvore isolada, pública ou particular, plantada ou natural, constitui a “massa verde urbana”. Ainda que se costume excluir a arborização das vias públicas como integrante de sua área verde (Santos, Antonio Silveira Ribeiro 2010). A arborização urbana é um conjunto de terras urbanas com cobertura arbórea. Lagos e gramados também são considerados, porque são áreas naturais e não ocupadas.

Florestamento urbano é o manejo das árvores que contribuem para o bem estar psicológico, sociológico e econômico da sociedade. Fazem parte as florestas, os grupos de árvores ou mesmo um único indivíduo arbóreo, que exista dentro ou próximo às cidades. Ela é o elo entre o ambiente natural e o construído.

2.2 Histórico A primeira tentativa de arborização no Brasil foi aos preparativos do casamento de D. Pedro I. O povo acreditava que a sombra formada pela copa das árvores era responsável pela malária, febre amarela, sarampo e sarna dos escravos. Utilizaram sibipirunas, paus ferro, cássias, paineiras, flamboyants, jacarandás dentre outras espécies (Sirvinkas, 1998, Luis Paulo).

No Brasil, o interesse por áreas verdes nasce no século XVII, com o objetivo de preservar e cultivar espécies . Auguste François Marie Glaziou veio ao Brasil a convite de D. Pedro II para ocupar o cargo de Diretor Geral de Matas e Jardins em 1858, sendo autor, por exemplo, do Passeio Público do Rio de Janeiro (Terra, 2000).

A Carta de Atenas exigiu que todo bairro residencial deve contar com uma área verde para esportes e lazer.

2.3 Relação da Área Verde e equilíbrio ecológico A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que as cidades tenham no mínimo doze metros de área verde por habitante (Lang, 2000). Por razões estéticas e fitossanitárias deve-se estabelecer o número de espécies e a proporcionalidade de uso

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que não deve ultrapassar 10 a 15% da população total de árvores. O ideal é que a freqüência de uma espécie não ultrapasse 15% segundo a ISA (Sociedade Internacional de Arborização). Além disso a predominância de apenas uma espécie pode facilitar a propagação de pragas.Burle Marx (1980) preconizava a necessidade de espécies nativas para os jardins e parques urbanos. É uma forma de preservar a espécie. Ele procurou utilizar espécies locais para hortos florestais.

Os hortos e viveiros preocupam-se em produzir espécies de valor comercial e conhecidos. A venda de espécies desconhecidas é difícil pelo fato do comprador não conhecer sua forma adulta. Os hortos municipais têm um papel de diversificar as espécies expostas à venda, para que novas espécies se tornem conhecidas. No Parque do Flamengo, espécies como, Couropita Guyanensis, nativa da Amazônia e a Acácia Seyal, da Argentina são encontradas e cumprem um papel na biodiversidade. Plantas exóticas foram aqui aculturadas como os coqueiros (Cocos Nucífera) vindos da África pelos portugueses, no século XVI.

A preocupação que se deve ter com as plantas exóticas é de não descaracterizar a paisagem, como acontece como Eucalyptus Eucalyptus e o Penis Elioti que são símbolos de outros países.

2.3.1 Biotecnologia A raiz simbionte é utilizada para diminuir a necessidade da utilização dos insumos químicos e energéticos no plantio e manutenção de vegetação. A micorriza é uma associação entre raízes de grandes plantas e fungos, é um tipo de fertilizante biológico resistente às pestes, salinidades e metais pesados (Mascaró, 2005, Lucia). 2.3.2 Necessidade de Água Muitas plantas não suportam uma estiagem muito prolongada, principalmente as de extrato arbustivo e forrações. Como possuem raízes pequenas não conseguem chegar onde a umidade do solo é maior. 2.3.3 Solo A terra não deverá ser nem muito argilosa nem muito arenosa, em geral barranco, isenta de pragas e ervas daninhas e tratadas com adubo (Mascaró, 2005, Lucia). Em grandes extensões, é necessária análise do solo para a adubação adequada. A profundidade do solo fértil também deve ser conhecida. No caso de solos ácidos é necessária uma correção.

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Na adubação de plantio deve-se utilizar adubo orgânico curtido, adubo químico, corretivos do solo, e, se possível terra vegetal. As árvores nas ruas costumam ser danificadas, mutiladas ou eliminadas, quando se faz necessária uma reforma nas vias, nas tubulações, na manutenção da rede elétrica e construção de edificações residenciais.

O ideal é que as árvores mantenham o seu porte natural, mas para isso é preciso um espaço correspondente à sua natureza (Revista Eletrônica Lato Sensu Ano dois, nº 1, julho 2007 HTTP: //www.unicentro.br).

2.3.4 Periculosidade e Toxicidade Algumas plantas são perigosas, pela toxicidade ou presença de espinhos. A Aroeira preta, Schinus terebentifolius, e o Plátano, Platanus acerifolia, por exemplo, quando frutificam, podem causar alergia (Mascaró, 2005, Lucia). 2.4 Planos de Arborização Para o sucesso na arborização é necessário conhecimento das características e condições do ambiente urbano como: espaço físico disponível e características das espécies a utilizar (Araújo, 2010, Caco). As plantas de regiões frias ou áridas e quentes apresentam grande volume numa superfície pequena. É a sua resposta para defender-se do frio ou do calor excessivo.

A vegetação é dividida em grupos: aquelas que necessitam de insolação direta e outras que necessitam de insolação indireta, levando-se em conta, o período do dia e a presença ou não de luz natural. São raras as plantas de porte que não necessitam de insolação direta, pelo menos em determinado período do dia. Já nos estratos arbustivos e forrações há espécies que necessitam de insolação ou sombra plena.

Toda planta necessita de luz natural, mesmo que receba indiretamente. Locais sem luz natural, não são bons para nenhuma espécie de planta.Nos locais com ar condicionado, ainda que a temperatura seja constante, a umidade é bastante baixa. É necessário cuidado quanto à manutenção da rega, para que não haja ressecamento excessivo do solo e das folhas.

O critério para seleção das espécies considera importante: a capacidade de adaptação, sobrevivência e desenvolvimento no local de plantio, além de características como: porte, tipo de copa, folhas, flores, ausência de frutos, hábito de crescimento das raízes, ausência de princípios tóxicos (como a aroeira e o plátano), adaptabilidade climática, resistência a pragas e doenças, tolerância à poluentes e à baixas condições de aeração do solo (Ibah, 2010).

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O programa de arborização deve estabelecer para cada rua ou padrão de rua, a espécie e o porte de árvore a utilizar, e se o plantio será dos dois lados da rua. Deve definir paisagisticamente se o plantio será regular com uma espécie, várias ou intercalado a cada determinado número de quarteirões.

É preciso fazer um levantamento dos locais a serem arborizados e os que precisam de uma complementação ou adaptação. Há necessidade de compatibilizar a arborização com o sistema elétrico, o abastecimento de água, esgotos, sinalizações e edificações. O cadastramento e controle das ruas e praças (dimensões, localização das redes e outros serviços urbanos, identificação das árvores, data do plantio e época de poda) possibilitam uma melhor implantação da arborização urbana (Araújo, 2010, Caco).

Espécies indicadas para redução de poluição:se o objetivo é utilizar espécies para controle da poluição, elas devem ter características morfológicas adaptadas para esta função para que as folhas das árvores possam absorver gases poluentes e prender as partículas sobre sua superfície. O ideal é que as folhas sejam pilosas, cerosas ou espinhosas. Pequeno porte com folhagem permanente e sistema radicular. Exemplo: Guabiroba-de-folha-miúda,Quaresmeira ibouchina.Sistema radicular fasciculado pivotante Exemplo: Goiabeira Sibipiruna, Guabiroba Camboata Vermelho, Guajuvira Aguaí.

Espécies a utilizar em estacionamentos são as que proporcionem sombra, mas que não tenham fruto grande para não danificar veículos e folhas caducas de grande tamanho, para não atrapalhar o trânsito. Para estacionamento, são utilizadas as seguintes espécies: Açoita-cavalo, Aleluia, Angelim-bravo, Aroeira-piriquita, Sibipiruna Timbó.

Espécies a utilizar em canteiros centrais podem ser de grande porte, se os canteiros tiverem mais de quatro (quatro) metros de largura ou espécies colunares como as palmeiras. Deve-se dar preferência para espécies nativas ou espécies exóticas adaptadas (Araújo, 2010, Caco).

É importante a escolha de uma só espécie para cada rua, ou para cada lado da rua, ou para certo número de quarteirões, o que facilita acompanhar o seu desenvolvimento e a necessidade de poda. Deve-se evitar espécies em que os troncos possuam espinhos. Em climas tropicais como no Brasil, a espécie caducifólia (perdem as folhas em certo período do ano) não é ideal e sim as de folhagem perene, para não entupir os bueiros (Sirvinkas, 1998, Luís Paulo).

A amendoeira possui folhas grandes, que nos meses de julho e agosto se desprendem das árvores, sujando as calçadas e ruas, além de causar entupimento da rede pluvial (bocas de lobo).

Nos passeios, a espécie ideal é a de sistema radicular pivotante, raízes profundas, para não destruir a calçada, asfalto e muro. Flamboyant não é indicado para arborização de ruas, por apresentar raízes superficiais que podem danificar as calçadas.

O sombreiro é uma espécie que apresenta ataque de insetos desfolhadores em toda região metropolitana do Rio de Janeiro. O Urbanus acawoise Guajará de Euphalerus

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clitorae são insetos que se alimentam dos folíolos dos sombreiros, deixando as árvores desfolhadas. Em áreas residenciais, é importante observar a posição do sol e a queda das folhas, para que haja sombra no verão e aquecimento no inverno. Recomenda-se a plantação de: espécies caducas (perdem as folhas em determinado período do ano) nas ruas onde há casas e prédios com frente ajardinada para evitar que as sombras das árvores prejudiquem os jardins; Alecrim-de-Campinas, Tipuana, figueira, sassafrás em regiões de clima quente por possuírem folhagens densas; canafístula ou sibipiruna nas áreas de clima subtropical por possuírem ramos mais esparsos e folhagem menos densa (Sirvinkas, 1998, Luís Paulo). 2.4.1 Regras a Observar Para o Plantio

• Recuo mínimo da muda em relação ao meio fio: 0,50 m.

• Distância mínima entre a árvore e entrada da garagem: 1 m.

• Vão livre entre a copa da árvore e a rede de alta tensão: 2,00 m.

• Vão livre entre a copa da árvore e a rede de baixa tensão:1,00 m.

• Altura máxima da árvore de pequeno porte: 4,00 m.

• Altura máxima da árvore de médio porte: 6,00 m.

• Distância mínima entre as árvores de pequeno porte e placas de sinalização: 5,00 m.

• Distância mínima entre as árvores de médio porte e placas de sinalização: 7,00 m.

• Distância mínima das esquinas: 7,00 m.

As mudas devem ter entre dois e cinco metros, livres de galhos ou bifurcações. As covas para plantio devem ser 60 cm mais larga e 15 cm mais profunda que o tamanho do torrão que envolve as raízes e a área deixada livre de pavimentação na base da árvore deve ser de seis m². Deve-se observar um espaçamento de sete a quinze metros em função do porte da espécie utilizada, a planta deve ser fixada a uma estaca colocada ao seu lado (Mascaró, 2005 Lucia). Para que as árvores se mantenham e se desenvolvam é necessário irrigação, adubação, poda e controle fitossanitário.

2.4.2 Áreas Urbanas e Rede Elétrica

O contato dos galhos das árvores com a fiação elétrica pode rompê-la, interrompendo o fornecimento de energia e causando queima de aparelhos. Evitar o plantio a menos de 4,00m do poste (Carvalho, 2004, Paulo Sergio Oliveira, Manual de Arborização). Esse problema pode ser resolvido pela escolha de árvores de menor porte e implantação de cabos protegidos.

A Companhia Estadual de Energia Elétrica considera segura distância de um metro entre a copa da árvore e as redes de alta tensão. O ideal é que não haja necessidade de

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poda. Sob a rede de energia elétrica, só as árvores de pequeno porte. Nas calçadas onde não houver rede elétrica, árvores de médio porte. O canteiro central deve ser arborizado com árvores de médio e grande porte. 2.4.3 Vegetação e Edificação As edificações podem ser prejudicadas pela proximidade da vegetação de várias formas: folhas e galhos obstruem as canalizações principalmente se forem caducifólias, as raízes penetram nas fundações deteriorando sua estrutura, a sombra no coletor solar impede seu funcionamento. Quando se usa coletores solares no telhado, o ideal é uma vegetação de copa baixa, de altura inferior à localização deles, para evitar seu sombreamento (Mascaró, 2005, Lucia).

Em volta das árvores plantadas deverá ser adotada uma área permeável, seja na forma de canteiro, faixa ou piso drenaste, que permita a infiltração de água e a aeração do solo. As dimensões recomendadas para essas áreas não impermeabilizadas, sempre que as características dos passeios ou canteiros centrais o permitirem, deverão ser de 2,00m² para árvores de copa pequena (diâmetro em torno de 4,00) e de 3,00m² para árvores copa grande (diâmetro em torno de 8,00).O espaço livre mínimo para o trânsito de pedestre em passeios públicos deverá ser de 1,20m², conforme NBR 9050/94(norma técnica).

Em passeios com largura inferior a 1,50 m não é recomendável o plantio de árvores. O posicionamento da árvore não deverá obstruir a visão dos usuários em relação a placas de identificação e sinalizações pré-existentes para orientação ao trânsito

2.4.4 Área de Infiltração Deve ter superfície suficiente para permitir a entrada da água da chuva, proceder a adubações futuras e permitir a aeração do solo. Não deverá ter área inferior a 1,00m².O importante é que seja possível a passagem da água da chuva. 2.5 Aspectos Jurídicos da Arborização Urbana Toda cidade com mais de vinte mil habitantes deve contar com o plano diretor aprovado pela Câmara Municipal, segundo a Constituição Federal. Os zoneamentos determinam as regras de ocupação específicas de acordo com sua vocação e destinação. Além destes instrumentos legais, as leis normativas complementares como os Códigos de Obras, Códigos de Loteamentos ou parcelamento do solo urbano (Laera, 2006, Luiza Helena).

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As leis de zoneamento urbano e loteamento, ao definirem regras e condições de parcelamento, destinação e ocupação do solo urbano podem garantir esses espaços, constituindo um instrumento de grande eficácia para um adequado sistema de arborização.

As leis que atribuem às prefeituras, a responsabilidade sobre a poda são o Artigo 65 do Código Civil e o Artigo 151 do Código das Águas. As Leis que determinam e regulamentam as áreas de preservação permanente e as espécies arbóreas nativas imunes de corte são a Lei Federal nº 4.771 de 15 de setembro de 1965-

Código Florestal e a Lei Estadual nº 8.518 de 21 de janeiro de 1.992 – Código Florestal Estadual. Em áreas urbanas, os cortes e as podas são licenciados pelos municípios, pelas Secretarias de Agricultura e de Meio Ambiente (Laera, 2006, Luiza Helena). Além disso, o Município deve possuir uma legislação específica (Coltro, E.M, Miranda G. M. – Levantamento de Arborização Pública de Irati – PR.)

A competência concorrente para legislar sobre as questões ambientais encontra-se no artigo 24 da Constituição. É atribuição da União, Estados e Distrito Federal, legislar sobre florestas, caça, pesca, fauna e conservação da natureza.

O artigo 30 da constituição Federal descreve a competência legislativa do município para:

I- Legislar sobre assuntos de interesse local

II- Suplementar a legislação federal e estadual no que couber.

Os municípios têm competência para atuar administrativamente com a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6938/81).

Os órgãos federais, estaduais e municipais integrarão o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente). Os municípios têm portanto meios legais de proteger o meio ambiente, incluindo a arborização.

Há também outros meios como o Poder de Polícia, que é uma ação fiscalizatória administrativa, o zoneamento ambiental e urbanístico, o parcelamento, o uso e ocupação do solo urbano, o loteamento, restrições de uso de veículos automotores em determinadas vias públicas ou dias definidos, a proteção do patrimônio histórico-cultural, a construção e preservação de praças e áreas livres,o consórcio de municípios e o estabelecimento de uma política de implantação e preservação de espaços ambientais territorialmente protegidos (espaços verdes).

O conceito de “espaços verdes” inclui a arborização. Deve haver uma programação contínua por parte do Município para a arborização das vias públicas , com o plantio de novas mudas, substituição das árvores em declínio vegetativo, tecnicamente comprovado, que já exerceram sua função ambiental.

A preservação da vegetação em áreas metropolitanas tem início com o Código Florestal, através da Lei Federal 4771/65, que estabelece que nas regiões metropolitanas,

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em áreas específicas como as margens de cursos d’água, topos de morros e declives superiores a 45 ‘, devem ser preservados (Laera, 2006, Luiza Helena).

A obrigatoriedade de reserva de faixas não edificadas para determinadas áreas, bem como a obrigatoriedade de representação gráfica em projeto de cursos d’água, bosques e construções existentes são determinadas pela Lei 6.766/70, que dispõe sobre o parcelamento do solo . A Lei 6.766/70, no artigo 1º diz que há permissão para o município estabelecer normas complementares relativas ao parcelamento do solo municipal, para adequar a Lei às peculiaridades locais e regionais. Destina áreas verdes somente para praças, omitindo-se quanto à arborização das ruas (Sirvinkas, 1998, Luís Paulo). 2.5.1 A Gestão da Arborização Pública na Cidade do Rio de Janeiro A gestão para arborização pública na cidade do Rio de Janeiro é de competência da Fundação Parques e Jardins, órgão da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que desenvolve o planejamento, manejo e controle do arboreto público e dos espaços verdes: praças públicas, canteiros e parques municipais da cidade (Laira ,2006, Luiza Helena).

Os serviços são realizados a partir de análise e diagnóstico dos espaços urbanos feito por técnicos da Fundação Parques e Jardins. Depois da Rio 92, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, foi criada a Secretaria Municipal Extraordinária de Meio Ambiente, vinculando-se a ela a Fundação Parques e Jardins. Em 1994, a secretaria passou a se chamar Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC), mantendo a Fundação de Parques e Jardins. Apesar de estar subordinada ao SMAC, a FPJ não são por ela coordenadas as ações de manejo e controle da arborização urbana, não existe um programa de manejo da arborização da cidade do Rio de Janeiro.

A arborização de uma cidade é parte do meio ambiente a partir do momento que integra os elementos naturais e os dispõem para o abrigo e a continuidade de diversas formas de vida. A representação máxima do patrimônio ambiental de uma cidade está no conjunto de vegetação que ela apresenta. A área verde urbana inclui as árvores urbanas plantadas ou as já existentes. Como um bem ambiental, as árvores são de interesse público, essenciais a sadia qualidade de vida. Por serem “bens de uso comum do povo”, não podem ser apropriação privada, pertencendo à coletividade. Cabe, portanto, ao Poder Público e à coletividade o dever de defender e preservar as árvores urbanas.

2.5.2 Instrumentos Legais de Integração da Política Urbana e Ambiental na Cidade do Rio de Janeiro No município do Rio de Janeiro, a Lei 1196 de 04 de janeiro de 1988, vincula a legalização de novas construções na concessão de “habite-se” para imóveis. O

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proprietário do imóvel doa a Fundação de Parques e Jardins, a arborização necessária do passeio fronteiriço à edificação. A isenção no cumprimento da Lei, é possível, quando o passeio já estiver arborizado ou quando o plantio não foi possível devido a largura (inferior a 2,00 metros), ou a inexistência de área livre para o perfeito desenvolvimento do vegetal, comprovada pela vistoria técnica do setor municipal. No caso de não haver espaço para o desenvolvimento das mudas, é determinado o plantio em área pública a ser indicado pela Fundação Parques e Jardins (Laera, 2006, Luiza Helena).

O plantio de espécies arbóreas em áreas públicas para licenciamento de novas construções ou edificações, só pode ser executado por empresa ou profissional credenciado à Fundação Parques e Jardins, de acordo com o Decreto Municipal nº 13.225 de 21/09/1994, cujas normas de credenciamento encontram-se especificadas na Portaria nº 68 de 01 de fevereiro de 2006.

Atualmente, algumas árvores das cidades são mantidas por pessoas físicas, com o Decreto Municipal nº 12.180, de 30 de julho de 1981, que dispõe sobre a adoção de parque, praças, Unidade de Conservação Ambiental, ciclovias, monumentos, chafarizes e árvores localizadas em áreas públicas.

2.5.3 Instrumentos Legais no Licenciamento e Fiscalização da Supressão de Árvores na Cidade do Rio de Janeiro. As supressões não autorizadas e os danos de qualquer natureza às árvores, arbustos ou massas arbustivas, tanto públicas quanto particulares são previstas na Lei Federal 9605/98, como crime ambiental, em seu artigo nº 49, com procedimentos e penalidades no âmbito do município.

A Lei Orgânica de 1990 estabelece que qualquer árvore localizada em território municipal, só pode ser removida pela autorização do órgão do meio ambiente, mediante avaliação técnica, recolhimento de taxa, execução de plantio compensatório e reparação do dano.

A Lei Orgânica do Município (LOM) do Rio de Janeiro, no capítulo VI do meio ambiente, seção I, artigos 473 a 477: cabe ao Poder Público implantar e manter hortos florestais destinados a recomposição da flora nativa e produção de espécies destinadas à arborização de logradouros, repor e substituir espécies doentes ou em processo de deterioração ou morte (Laera, 2006, Luiza Helena).

A solicitação de supressão ou poda no município é orientada por Resolução da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Ambiental. A Resolução SMAC nº 345 de 19 de maio de 2004 define as solicitações de autorização para corte e/ou remoção de vegetação. A autorização somente será emitida após apresentação e aprovação do Termo de Compromisso de Execução de Cumprimento de Medida Compensatória.

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É destinado ao Fundo de Conservação Ambiental Municipal, o recurso proveniente das autuações ambientais. Não havendo vistorias após o “habite-se”, não é possível acompanhar os plantios executados. Apesar da existência de norma constitucional para que haja convênios entre a Receita Federal e os Municípios, nas ações de fiscalização previstas no inciso XIII do Artigo 37, conforme emenda constitucional nº 42, não existe essa rotina no Rio de Janeiro.

A falta de coordenação nos diferentes níveis do governo faz com que as ações fiscalizatórias percam a sua eficácia. O modelo de auto de infração utilizado pela Fundação Parques e Jardins é o mesmo das demais infrações, dessa forma os recursos do Fundo de Conservação Ambiental acabam indo para o Tesouro Municipal , apesar de haver determinação legal de um modelo específico.

2.6 Manutenção e Custos Uma das formas de consumo de energia na arborização é a poda das árvores e arbustos, uso de pesticidas e fertilizantes, rega, remoção do lixo e seu transporte (Mascaró, 2005, Lucia). A substituição das plantas através de uma correta escolha de espécies nativas e uso de material produzido no local (resultante da poda e corte da grama) diminuiria esse custo .

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CAPÍTULO III

Influência da vegetação no micro clima urbano 3.1 Introdução A vegetação é fundamental para o arrefecimento das “Ilhas de Calor”, para reduzir o consumo de energia e para diminuir a poluição do ar (Shinzato, 2009, Paula). Produzem sombras para edifícios, pavimentos, pessoas e protegem contra os raios ultravioletas.

A evapotranspiração é realizada através da fotossíntese fazendo com que as árvores e vegetação se mantenham frescos. As plantas usam a energia solar e diminuem o aquecimento das cidades urbanas. As árvores e a vegetação absorvem a água pelas suas raízes e emite vapor através das suas folhas, a evapotranpiração retira o calor do ar para evaporar a água .

Os ventos se tornam mais lentos quando atravessam as paredes e coberturas e isso diminui o arrefecimento da temperatura (Gartland, 2010, Lisa). Paredes sombreadas apresentam picos de temperatura entre 5°C a 20°C mais frescos que paredes não sombreadas. Uma árvore grande é capaz de processar 400 (quatrocentos) litros de água e retirar 960 KWH de calor por dia no verão.

3.2 Arrefecimento do Micro Clima Urbano A vegetação reduz o efeito Ilhas de Calor não por meio da redução de temperatura, mas por aquecer menos o ar, absorvendo o calor. A vegetação reduziu a temperatura em até 1,3°C ao aumentar a área verde em até 14% em Los Angeles.

A evaporação depende da refletância, da morfologia, da rugosidade, da resistência da superfície da folha e da densidade da copa (Laera, 2006, Luiza Helena). As árvores utilizadas no sombreamento de vias e estacionamentos evitam o aquecimento excessivo de materiais como o asfalto e concreto e a liberação do calor durante a noite.

3.3 Economia de Energia em Edifícios A posição da árvore é determinante na economia do ar condicionado. Elas têm que proteger as fachadas dos prédios (Gartland, 2010, Lisa). Uma árvore pode transpirar 380 litros de água por dia, resultando num resfriamento equivalente a cinco aparelhos de ar condicionado funcionando durante 20 (vinte) horas por dia (Gartland, 2010, Lisa).

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A vegetação diminui a quantidade de energia utilizada pelos condicionadores de ar, à medida que ficam protegidos pela sombra que as árvores lhe proporcionam e também por absorverem parte do calor emitido pelos raios solares . A economia de energia varia entre 7 a 40% e é maior quando a árvore é plantada a oeste e sudoeste de edifícios (Shinzato 2009, Paula).

Numa pesquisa, sete (sete) árvores foram plantadas a uma distância de três (três) metros dos edifícios, essas árvores economizaram um total de 173 (cento e setenta e três) kWh (quilo watt hora) anualmente (11% do total de energia usada para ar condicionado).Diminui o consumo de eletricidade em 124 MWh. O ideal é usar trepadeiras e arbustos oferecendo um espaço livre para o fluxo de ar.

3.4 Redução de Dióxido de Carbono A absorção da água e da maioria dos nutrientes é realizado pelas raízes chegando até as folhas. O CO2 chega às folhas através dos estômatos que são aberturas microscópicas da epiderme foliar. O vegetal acumula massa de cima para baixo, liberando oxigênio. Na fotossíntese, o carbono é acumulado na biomassa, desassimilando o O2 proveniente do CO2 atmosférico (Mascaró, 2005, Lucia).

Parte desse carbono vai para o solo, pela decomposição da materia orgânica morta.O carbono é armazenado no solo e abaixo do solo. A liberação do carbono de volta a atmosfera se dá pelas queimadas, respiração e pela decomposição dos vegetais. Quase todo carbono absorvido está nas florestas, cerca de 90%. O estoque do seqüestro do carbono vai depender das dimensões das árvores e de suas copas (Shinzato, 2009, Lucia).

As taxas de seqüestro do CO2 variam de 16 Kg por ano para espécies menores, com crescimento mais lento até 360 Kg para árvores maiores. O sombreamento e a proteção contra os ventos reduzem o consumo de energia dos edifícios, fazendo com que as usinas emitam menos CO2 (Gartland, 2010, Lisa).

3.5 Redução da Poluição do Ar A vegetação retira a poluição do ar absorvendo gases ou coletando partículas através de suas folhas, dos estômatos que são os “poros” das folhas sem necessidade de chuva. É a chamada deposição seca. Os gases absorvidos pelas folhas são dissolvidos nos espaços intercelulares (Shinzato, 2009, Paula. As florestas urbanas de Nova Iorque conseguiram remover 1.821 toneladas de ar poluído, em 1994. Em outras cidades como Atlanta e Baltimore, as árvores retiraram 1.196 e 499 toneladas de ar poluído.

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A capacidade de remoção da poluição vai depender da quantidade de poluentes da atmosfera, tipo de folha e período de chuva. Quanto maior o tronco, maior capacidade de absorção da árvore. Uma árvore saudável de 77 cm de diâmetro de tronco remove setenta vezes mais partículas poluentes (1,4Kg/ano) do que uma árvore jovem de oito cm de diâmetro (0,02 Kg/ano).

As plantas também absorvem formaldeído, benzina e tricloroetileno. O formaldeído aparece nas espumas de isolamento, na madeira compensada, nas roupas, nos carpetes, nos móveis e produtos de limpeza. A benzina aparece nas fibras sintéticas, na fumaça de cigarro, no plástico, nas tintas, nos detergentes e borrachas. O tricloroetileno aparece nos adesivos, nas tintas de parede e nos produtos de limpeza.

A deposição seca pode remover os seguintes poluentes: Óxido de Nitrogênio (NO2), produzido pela combustão de veículos e usinas (Gartland, 2010, Lisa). Óxido de Enxofre (SO2), produzido pela queima de combustíveis que contêm enxofre como o carvão e óleo nas usinas de energia. Material particulado (PM10, ou partícula inferior a 10 (microm) de diâmetro, a partir de processos de liberação de poeira no ar, como a agricultura, demolição ou combustão. Ozônio (O3) é formado no ar através de processos fotoquímicos e reações com oxigênio.(Ilhas de Calor) Quatro processos diferentes de amenização da poluição gasosa pelas plantas podem ser considerados:filtragem ou absorção, oxigenação, diluição e oxidação.O ideal é que as folhas sejam pilosas, cerosas ou espinhosas e miúdas (Mascaró, 2005, Lucia).

3.6 Redução de Enchentes O solo tem um limite de capacidade de absorção de água. Quando cai rápido demais, o solo fica saturado e a chuva se transforma em enchente, podendo a velocidade de escoamento num quarteirão ser cinco vezes maior do que em áreas de mesmo tamanho com vegetação e solo aberto (Gartland, 2010, Lisa).

As árvores e vegetação ajudam a reduzir o problema das enchentes ao receber a chuva em suas folhas, galhos ou troncos, reduzindo a quantidade de água porque o solo das cidades urbanas não é permeável (Shinzato, 2009, Paula).

O solo impermeável das cidades urbanas torna a velocidade das águas da chuva maior e aumentam também a quantidade de água que chega aos córregos e rios. A água da chuva acaba transportando lixo, óleos, sedimentos para o sistema público de coleta de água, entupindo as bocas de lobo e bueiros. Sempre vivas e coníferas podem interceptar até 36% da chuva por serem extremamente enfolhadas (Mascaró, 2005, Lucia).

3.7 Aspectos da Vida Humana As árvores têm um papel social, proporcionando recreação, integração entre pessoas, atividades culturais, baixando índice de violência. Propiciam um equilíbrio

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natural entre as áreas construídas e o ambiente natural alterado (Santos, 2001, Antonio Silveira).

Segundo estudos, as áreas verdes diminuem a pressão sanguínea, proporcionam relaxamento das atividades cerebrais e reduzem os batimentos cardíacos. Diminuem o estresse e a depressão. Já são utilizados nos hospitais os “Jardins de Cura” (Shinzato, 2009, Paula).

3.8 Aspectos relacionados à fauna e a flora As plantas são de grande importância para a sobrevivência de vários animais e outras espécies vegetais que usam a cidade como habitat natural ou como rota de migração A vegetação contribui para a diversidade de espécies animais e vegetais porque fazem parte do bioma que essas espécies necessitam para serem preservadas. Ela forma o elo do ambiente construído e o natural. As plantas são fonte de comida e habitat para muitas espécies, como insetos, pássaros, mamíferos cuja dieta depende dos frutos e do néctar de inúmeras árvores nativas do Brasil (Schinzato, 2009,Paula). Os polinizadores e aqueles que visitam as plantas para obtenção de alimento podem ser vistos o ano todo. O impacto da poda exagerada diminui a população de vários animais polinizadores e visitantes florais que acabam desaparecendo. Em São Paulo, a Secretaria do Verde e Meio Ambiente criou a Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Biologia da Fauna, que cuidam dos cuidados necessários nos parques da cidade para proteção da fauna existente. 3.9 Aumento da umidade relativa do ar A presença da árvores pode aumentar a umidade relativa do ar em 15 a 20% em relação a regiões não arborizadas. Quanto mais densa a copa da árvore, maior capacidade de umidade. Quanto menor, lisa e clara a folha, maior capacidade de produzir umidade, porque o processo de evapotranspiração torna-se mais acelerado (Shinzato, 2009, Paula). A velocidade do vento interage com a arborização diminuindo a umidade, quando superior a 1,5m/segundo. O ligustro é uma árvore ideal para aumentar a umidade relativa do ar no inverno de Porto Alegre. Suas folhas são lisas, opacas, de tamanho médio e a copa é densa. Quando a umidade relativa do ar for superior a 65%, são indicadas espécies dotadas de folhas grandes e rugosas porque retêm a umidade na superfície da folha e reduz o efeito convectivo do vento, evitando o aumento da umidade do ambiente (Mascaró, 2005, Lucia).

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3.10 Proteção contra a degradação do solo A vegetação impede a degradação do solo por meio da erosão. Cerca de um sexto do solo mundial já foi degradado pela erosão da água e vento (Shinzato, 2005, Paula). A erosão pela água destrói o solo porque reduz a capacidade de produção pela perda do potássio, cálcio e magnésio. A perda ainda pode ser maior quando a enxurrada leva também o adubo e o calcário adicionados ao solo. As árvores são fundamentais para evitar a velocidade do escoamento da chuva.

No trabalho de urbanização, muitas vezes, encostas íngremes são criadas para acertar a declividade das ruas. Para proteger estas encostas de desmoronamentos é necessário o uso de vegetação adequada. O alagamento, a erosão, o desmoronamento de barreiras depende da natureza do solo, da permeabilidade, do grau de inclinação e da cobertura vegetal. Numa declividade de mais de 30%, o terreno poderá ser estabilizado só através de vegetação. Na estabilização de encostas não muito íngremes, o ideal é a grama rústica e grossa, Poa comum, Nemoralis trivialis.

A inclinação da vegetação denuncia a estabilidade do terreno. Quando a vegetação está muito inclinada é sinal de que a encosta está instável e necessita de intervenção. Utiliza-se terraços sucessivos feitos com toras de madeira ou bambu, árvores e arbustos com raízes pivotantes (profundas). A altura do vegetal deve ter 2/3 da profundidade de suas raízes, não devendo ultrapassar 1,5m. Os salgueiros são ideais para essa função. Para reduzir a velocidade da água da chuva, o mato rasteiro e os arbustos devem formar filas apertadas embarre irando a água (Mascaró, 2005, Lucia).

3.11 Efeito da vegetação em relação ao vento A proteção com relação ao vento se dá de quatro formas: a canalização, a deflexão, a obstrução e a filtragem.

A canalização é um corredor de árvores de pequena largura e bem definido. Essa situação gera um aumento da velocidade do vento que pode chegar a 3,5m/s. A deflexão modifica a trajetória do vento, variando a orientação e velocidade conforme a distribuição da vegetação. obstrução ocorre quando as árvores formam uma barreira para a passagem do vento. As barreiras de vegetação são ideais porque a redução da velocidade é gradual não gerando zonas de turbulência como as barreiras sólidas, pela permeabilidade da copa. A filtragem reduz a velocidade do vento e barra poeira e outros resíduos transportados.

Um aumento de 10% de árvores reduz a velocidade dos ventos em 10% a 20% em uma área residencial (Mascaró, 2005, Lucia).

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3.12 Bem difuso Por se tratar de reduto de espécies de fauna e flora local, até com espécies ameaçadas de extinção, a arborização torna-se imprescindível para preservação de várias espécies. Estas funções e características a tornam um bem difuso, ou seja, de todo cidadão (art. 225, Constituição Federal) (Santos, 2001, Antônio Silveira).

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CONCLUSÃO A Lei 9.433/97 é um instrumento eficaz na gestão dos recursos hídricos, mas sem a participação de toda a sociedade não pode ser possível colocá-la em prática. Além disso é preciso conscientizar a sociedade da necessidade do uso racional da água, de que a água é um recurso finito, de que devemos acabar com nossa cultura de desperdício e uso insustentável e de que a falta de água ou a sua poluição mesmo que numa região distante da nossa, também nos atinge. É só lembrar-se dos nossos retirantes nordestinos de regiões áridas, que mesmo a contra gosto são obrigados a abandonar suas cidades causando super população nas metrópoles, e falta de infra-estrutura.

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ANEXOS Figura 1: Inversão Térmica

Figura 2: Isotermas

Figura 3: Efeito estufa e aquecimento da Terra através dos gases poluentes

Figura 4: Os cânions

Figura 5: Técnicas de plantio

Figura 6: Micorriza

Figura 7: Calçadas danificadas

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OCORRE QUANDO O AR QPOLUENTES JUNTO À SUPER

Figura 1

INVERSÃO TÉRMICA

AR QUENTE NÃO SE EXPANDE RETENUPERFÍCIE

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ETENDO OS GASES

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Figura 2

ISOTERMAS AS ISOTERMAS SÃO LINHAS QUE DEFINEM A TEMPERATURA DE DETERMINADA REGIÃO

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FIGURA 3

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FIGURA 4

CÂNIONS

Edifícios muito altos e aglomerados diminuem a velocidade do vento, aumentando a temperatura. Os cânions contribuem para a formação das ilhas de calor.

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Técnicas de plantio

A queda de folhas das árventupimentos de calhas, danificsão utilizadas espécies decídlimpeza periódica desses espaç

FIGURA 5

TÉCNICAS DE PLANTIO

s árvores, quando próximas aos telhadosdanificar coberturas e telhados. Esta situação decíduas ou mesmo as semi-decíduas. De espaços, antes de se decidir pela supressão d

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lhados, pode provocar ação se agrava quando s. Deve-se proceder à são das árvores.

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FIGURA 6

MICORRIZA

A MICORRIZA AUMENTA O CRESCIMENTO DAS PLANTAS MEDIANTE ABSORÇÃO MAIOR DOS NUTRIENTES COMO FÓSFORO, ZINCO E COBRE. AQUI UM EXEMPLO DE FMA ( FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES)

É UMA ASSOCIAÇÃO SIMBIÓTICA FORMADA PELO FUNGO COM AS RAÍZES DA PLANTA HOSPEDEIRA (DO GREGO: MYKE: FUNGO E RHIZA= RAIZ) ELAS ABSORVEM O FÓSFORODA FRAÇÃO SOLÚVEL DO SOLO AUXILIANDO NA FERTILIZAÇÃO ESPECIALMENTE, DAS PLANTAS CÍTRICAS. AUMENTAM A ABSORÇÃO DA ÁGUA

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FIGURA 7

CALÇADAS DANIFICADAS

Raízes superficiais danificam as calçadas

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Araújo, Caco. Arborização Urbana, 2010 Bonametti, João Henrique. Arborização Urbana, Revista Terra e Cultura, Ano XIX, nº 36 Coltro, Eduardo Matheus; Miranda, Gabriel de Magalhães. Levantamento da Arborização pública de Irati – Paraná e sua influência na qualidade de vida de seus habitantes. Revista Eletrônica Lato Senso, Ano dois, nº1, 2007 ISSN 1980 HTTP: www.unicentro.br Engenharia Duarte, Denise Helena Silva; Serra, Geraldo Gomes. Padrões de ocupação do solo e micro climas urbanos na região de clima tropical continental brasileira, Revista Ambiente Construído, Porto Alegre, 2003 Gartland, Lisa. Ilhas de Calor. Oficina de Textos, 2010 Laera, Luiza Helena Nunes. Valoração Econômica da Arborização, Niterói, Universidade Federal Fluminense, Instituto de Geociências, Programa de Pós Graduação em Ciência Ambiental, Rio de Janeiro, 2003 Mascaró, Lucia. Vegetação Urbana, 2005 Mendonça, Francisco Monteiro; Figueiredo, Carlos Augusto. Clima Urbano. Contexto, 2003 Shinzato, Paula. O Impacto da Vegetação nos Micro climas Urbanos, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 2009 Sirvinkas, Luiz Paulo. Tutela penal do meio ambiente. Saraiva 1998

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FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Instituto A Vez do Mestre Título da Monografia: A Relação das Áreas Verdes com o Micro Clima das Cidades Urbanas Autor: Maria Lucia Teixeira Madeira de Freitas Data da entrega: 12 de fevereiro de 2011 Avaliado por: Francisco Carrera Conceito: