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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE RESILIÊNCIA FAMILIAR: COMO SUPERAR AS ADVERSIDADES Por: Joel Alves Neto Orientador Prof.: Fabiane Muniz Niterói 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

RESILIÊNCIA FAMILIAR: COMO SUPERAR AS

ADVERSIDADES

Por: Joel Alves Neto

Orientador

Prof.: Fabiane Muniz

Niterói

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

RESILIÊNCIA FAMILIAR: COMO SUPERAR AS ADVERSIDADES

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Terapia

de Família.

Por: Joel Alves Neto

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AGRADECIMENTOS

Ao Deus, autor da minha fé, o que

faz todas as coisas em minha vida.

A Ele honra, glória, majestade,

poder e louvor, pois é digno de

receber.

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DEDICATÓRIA

Eu dedico este trabalho de monografia, a uma

pessoa muito amada e muito digna de todo meu

respeito e da minha admiração, e também por ser ela

a pessoa mais importante de minha vida, sendo

exemplo como esposa, minha companheira sempre

presente nas horas mais difíceis. Lourdes te amo!

Aos mestres que somaram conhecimentos,

especialmente a professora Fabiane Muniz, que foi

brilhante orientadora e mestra.

A todos os colegas e amigos do curso Terapia de

Família, o meu muito obrigado.

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RESUMO

Este trabalho aborda os desajustes emocionais e psicológicos

decorrentes dos despreparos de muitos indivíduos, nos dias atuais. Esses

despreparos pode se manifestar por várias razões, e uma delas é o desajuste

psicoemocional destes indivíduos, quando criança, devido à falta de

informações e incentivo da resiliência na infância.

O trabalho referirá à necessidade do entendimento, do conhecimento e

do conceito de resiliência, assim como, apresentará que resiliência deve ser

ensinada desde a mais tenra idade.

Contudo, a família está em crise, precisará de ajuda e orientação. Por

trás de muitos problemas ou inadaptação da criança ao meio social, esconde-

se algum tipo de tensão emocional de origem familiar. Houve, então, a

necessidade de criar instrumentos para ajudar as questões familiares, uma vez

que esta se encontra em crise. Assim, muitos pesquisadores e terapeutas

desenvolveram técnicas para trabalhar com as famílias. Desta forma, nasceu a

Terapia de Família. As intervenções terapêuticas são mencionadas como o

auxílio da família.

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METODOLOGIA

O presente trabalho foi fundamentado em extensa pesquisas

bibliográfica, fazendo referências aos principais autores e teóricos que

dissertaram sobre o tema resiliência.

Utilizamos pesquisas na internet que hoje é um grande facilitador da

divulgação cientifica e algumas citações extraídas da Bíblia Sagrada, trazendo

desta forma uma visão teológica na construção da resiliência familiar.

A partir dos dados coletados referente ao tema, autores e pesquisadores

em suas afirmações e apresentações analíticas, firmam a preocupação e

evolução do aprendizado da resiliência desde a infância.

A elaboração deste trabalho tem como objetivo analisar quando e como

promover resiliência para ajudar a criar uma mentalidade na família de

recuperação diante das crises.

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Sumário

INTRODUÇAO 08

CAPÍTULO I – Como se define resiliência? 11

1.1- O estudo da resiliência na Física 11

1.2 - O estudo da resiliência na Sociologia 13

1.3 - O estudo da resiliência na psicologia 15

CAPÍTULO II - RESILIÊNCIA ENSINADA NA INFÂNCIA 17

2.1. Recursos internos que favorecem a resiliência 18

2.1.1 Competências ou capacidades 18

2.1.2 Traços da personalidade 19

2.2 Quando promover a resiliência na infância 22

2.2.1 A pessoa de referência 23

2.2.2 Criar um ambiente 24

2.2.3 Criatividade, brincadeira e interagir 25

2.2.4 A moral e a espiritualidade 25

CAPITULO III - RESILIÊNCIA FAMILIAR 28

3.1. Considerações sobre a história da família 28

3.2. Surgimento da Terapia Familiar 30

3.3. Fatores de Risco 32

3.4. A família como espaço de proteção 32

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 39

FOLHA DE AVALIAÇÃO 42

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INTRODUÇÃO

As sagradas Escrituras (Bíblia) nos contam uma história muito

interessante:

“Quando Davi e os seus soldados chegaram, ao terceiro

dia, a Ziclague, os amalequitas tinham atacado o Neguebe e

incendiado a cidade de Ziclague. Levaram como prisioneiros

todos os que lá estavam: as mulheres, os jovens e os

idosos. A ninguém mataram, mas os levaram consigo,

quando prosseguiram seu caminho.

Davi e seus soldados encontraram a cidade destruída

pelo fogo e viram que suas mulheres, seus filhos e suas

filhas tinham sido levados como prisioneiros. Então Davi e

seus soldados choraram em alta voz até não terem mais

forças... Davi ficou profundamente angustiado, pois os

homens falavam em apedrejá-lo; todos estavam

amargurados por causa de seus filhos e de suas filhas. Davi,

porém, fortaleceu-se no Senhor, o seu Deus...

Davi recuperou tudo o que os amalequitas tinham

levado... Nada faltou: nem jovens, nem velhos, nem filhos,

nem filhas, nem bens, nem qualquer outra coisa que fora

levada.”

(1Samuel 30:1-4,6,18,19).

Neste texto nos faz entender que existem três tipos de comportamento

diante das adversidades:

• Os que choram e continuam se lamentando para o resto da vida;

• Os que culpam os outros pela adversidade; e

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• Os que se levantam e enfrentam as dificuldades e vencem.

Davi poderia continuar chorando e lamentando a desgraça que o atingiu.

Ele chorou sim, entretanto, não permaneceu prostrado. Buscou forças em

Deus, tanto espiritual como física, porque entendeu que não adiantava tomar

nenhuma atitude estando fraco, cansado ou desanimado. Não desistiu. Davi

poderia, ainda, procurar alguém para transferir a culpa e fugir da

responsabilidade e justificar seu fracasso. Não obstante, se reanimou no

Senhor, seu Deus e partiu para o enfrentamento da adversidade, pois sabia

que é lutando que se conquista a vitória.

Faltariam espaços para discorrer sobre cada classe de indivíduos, mas

pretendemos nos deter nestas pessoas que não se abatem diante dos

problemas da vida. Que força é esta? Como entender a capacidade que certas

pessoas têm de sofrer fortes pressões, lidar com problemas, superar

obstáculos ou situações de grande estresse e não se abalarem

emocionalmente? De onde vem tal capacidade?

O nome desta capacidade é Resiliência. Quem possui resiliência não

fica chorando o “leite derramado”, isto é, não fica lastimando por ter perdido

algo que não conseguem mais recuperar. Ou ainda, não coloca a culpa dos

problemas que acontecem em sua vida nos outros, antes assume a

responsabilidade e enfrentam seus próprios problemas.

A leitura de vários textos bíblicos nos faz crer, que aqueles que

demonstraram essa fibra incomum diante das adversidades (resilientes), são

especiais diante de Deus. Contudo percebemos que essa qualidade não é

privilégio de alguns poucos escolhidos, mas está disponível para todos que se

interessa em aprender e ensinar seus filhos. Existem ferramentas para

alcançar esta habilidade.

Grotberg (1996) disse que é possível aos pais promoverem atitudes

resilientes em suas crianças. Seja através de recursos internos que se

desenvolvem desde os primeiros meses de vida, ou dos diferentes cuidados

que dispensam aos pequeninos. Há pessoas ou famílias que necessitam de

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10auxílio externo, seja de comunidades religiosas, da família ou de terapeutas

para ajudá-los a criar os fatores de proteção que amenizam os fatores de risco.

Para alcançarmos os objetivos a que nos propormos, estabelecemos o

seguinte encaminhamento para o nosso trabalho. O primeiro capítulo visa

refletir acerca dos conceitos de Resiliência nas diversas áreas da ciência, não

só na física, mas também na sociologia e psicologia. Visto que, sendo um

aspecto da psique humana, não faria sentido deixarmos de fazer a ponte entre

estas áreas do conhecimento.

No segundo capítulo, o enfoque principal é o ensino da resiliência na

infância. Diante de inúmeros exemplos de superação, gostaríamos de

relacionar as competências e traços da personalidade que ajudam no

desenvolvimento da resiliência na criança. De acordo com os principais

teóricos, serão apresentados outros fatores que mais favorecem essa

capacidade de superação das dificuldades. Cabe aos pais proporcionar apoio e

segurança para que os infantes se percebam capazes de se levantarem

sozinhos. A responsabilidade da família é de educar a criança. O ensino da

resiliência na família tem por objetivo principal promover o desenvolvimento

integral da criança através de atividades integradas, levando-a vivenciar sua

infância num ambiente socializador, contribuindo assim para o seu ajustamento

sócio-emocional, seu desenvolvimento físico e intelectual e o desenvolvimento

de habilidades especificas que permitam enfrentar os obstáculos da vida.

No terceiro e último capítulo dessa Monografia, o ponto fundamental é a

apresentação da possibilidade do plano terapêutico ser extensivo à família,

uma vez não bastaria sugerir a aprendizagem da resiliência por parte dos pais

às crianças, se a família não conhece sobre o assunto. Nisto a Terapia de

Família possui papel importantíssimo, que é de promover o estado resiliente.

Cabe ao terapeuta de família o oferecimento da modalidade deste

entendimento através de tratamento e assistência a família, buscando o

envolvimento de todos os membros desta família. Neste capítulo, também,

tomaremos conhecimento dos fatores de risco e fatores de proteção que

podem auxiliar no desenvolvimento da resiliência familiar.

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CAPÍTULO I

COMO SE DEFINE RESILIÊNCIA?

Os conceitos de resiliência são muitos, e todos estão relacionados aos

sentimentos positivos. Cenise S. Monteiro

Para um bom entendimento deste trabalho, é necessário, primeiramente,

apresentar os conceitos de Resiliência nas diversas áreas de sua atuação. Na

Física, onde começou como o estudo sobre a elasticidade dos materiais, na

sociologia como um ramo de análise e pesquisa da qualidade de vida para

definir quais as áreas que são críticas para que o indivíduo sinta-se bem e

saudável e finalmente, na Psicologia (que será onde nos deteremos) para

designar a capacidade que certas pessoas têm de sofrer fortes pressões, lidar

com problemas, superar obstáculos ou situações de grande estresse e não se

abalarem emocionalmente.

1.1 O estudo da resiliência na Física

A palavra deriva-se do latim: Re + salio que significa elástico. Segundo

Ricardo Piovan (2009), o termo refere-se a “voltar ao normal”. Este conceito foi

criado em 1807 pelo cientista inglês Thomas Young, que fazia estudos sobre a

elasticidade dos materiais, ele descrevia experimentos sobre tensão e

compressão de barras, buscando a relação entre a força que era aplicada num

corpo e a deformação que esta força produzia.

A resiliência foi incorporada à Física como a capacidade que certos

materiais têm de acumular energia quando submetidos a um esforço e,

cessado o esforço, retornar ao seu estado natural sem sofrer deformações

permanentes. É o que acontece, por exemplo, com a vara utilizada no salto em

altura, quando o atleta toma impulso para saltar. Neste processo a vara se

curva, acumulando energia por toda sua extensão, isto é, entre o ponto de

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12apoio da vara até o apoio do esportista. Desta forma, a força acumulada na

vara projeta o atleta sobre o obstáculo e depois retorna ao seu estado normal.

Ou pode, ainda, ser observado no tapete de nylon quando pisamos nele. O

tapete absorve o peso do corpo e quando cessa a pressão, este volta a sua

posição inicial, recuperando a forma original, sem apresentar deformação.

Para ilustrar resiliência, eis a seguinte parábola:

Diz que um sábio e seu discípulo caminhavam quando perceberam um

grande carvalho caído ao chão. O discípulo buscava compreender porque uma

árvore tão robusta como o carvalho havia tombado numa noite de tempestade

e um bambu permaneceu de pé diante da mesma tempestade. Sua descoberta

foi que o carvalho não possuía a elasticidade de se encurvar, pois seu tronco

era rígido e suas raízes não suportaram seu peso. Já o bambu se submeteu à

força dos ventos e envergou-se em seu limite máximo, sem quebrar, mas

quando a tempestade passou e os ventos cessaram de soprar, voltou ao seu

estado normal.

Ainda, segundo J. F. Silva Júnior (1972), resiliência é conceituada na

engenharia como a energia de deformação máxima que um material é capaz

de armazenar sem sofrer deformações permanentes, após receber

determinada solicitação. Dito de outra maneira, a resiliência refere-se à

capacidade de um material absorver energia sem sofrer deformação plástica ou

permanente. Nos materiais, portanto, o módulo de resiliência pode ser obtido

em laboratório através de medições sucessivas ou utilização de uma fórmula

matemática que relaciona tensão e deformação e fornece com precisão a

resiliência dos materiais. É importante ressaltar que diferentes materiais

apresentam módulos variados de resiliência. Esta resistência pode ser medida

em percentual da energia devolvida após a deformação. Onde 0% indica que o

material sofre deformações exclusivamente plásticas (plasticidade) e 100%

exclusivamente elásticas (elasticidade).

Na Física, resiliência é, portanto, a capacidade concreta que certos

materiais têm de retornar ao estado natural de excelência, superando uma

situação crítica. Segundo o dicionário Aurélio (1988), é a propriedade pela qual

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13a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a

tensão causadora de tal deformação elástica. A resiliência dos materiais, como

o aço, é fator determinante para os profissionais de engenharia em todo mundo

quando trata-se de estruturas de grande porte como construção de gigantesco

edifícios (Empire State Building) e outras inúmeras estruturas construídas pelo

homem.

1.2 O estudo da resiliência na Sociologia

Trazer um conceito das ciências físicas, que possuem uma

idiossincrasia diferente das ciências de saúde, requer alguns cuidados. Sua

definição, nas ciências sociais e da saúde, segundo Maria Ângela A. Yunes

(2001) "... não é clara nem tampouco precisa quanto na física ou na engenharia

(e nem poderia ser), consideradas a complexidade e a multiplicidade de fatores

e variáveis que devem ser levados em conta no estudo dos fenômenos

humanos".

Na sociologia o termo resiliência foi incorporado para apresentar

salutogênese, que é o conceito desenvolvido para tenta explicar como as

pessoas conseguem administrar suas vidas apesar de condições de vida

adversas, o que nos dá novos instrumentos para ações em promoção da

saúde. Este conceito foi criado pelo pesquisador Aaron Antonovsky (1979),

para designar as forças que geram saúde, e se opõem à patogênese, ou seja,

às influências que causam a doença. Os conceitos são analisados e

comparados. Segundo Antonovsky, caso fossem potencializadas as forças que

se opõem ao estímulo causador de doença, seria possível evitar que as

pessoas adoecessem. Portanto, ele propunha formas de estimular e preservar

esta força.

A sociologia vai observar como uma evolução do meio pode

proporcionar bem-estar aos cidadãos de uma cidade, além de analisar, como é

que todos nós temos de aceitar por um lado as adversidades que nos são

postas perante nós, mas por outro de como as conseguir ultrapassar. Se por

um lado a situação enfrentada é uma situação desagradável psicologicamente,

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14deixando por vezes marcas efetivas, por outro lado é bem certo que a força

psicológica com que o indivíduo enfrenta esses problemas está dependente da

sua resiliência, além do que é uma das formas que o sujeito tem de ultrapassar

esse problema. Para, além disso, podemos ao mesmo tempo observar que

existe uma evolução em nível da personalidade do sujeito quando consegue

ultrapassar essas situações que lhe são postas no caminho. A metáfora que

melhor explica o processo de resiliência é o da ostra: para proteger-se do grão

de areia que a fere, envolve de nácar o intruso, arredondando as asperezas,

dando origem a uma pérola, uma bela jóia preciosa. Em outras palavras,

estuda-se os problemas sociais a fim de encontrar meios que possibilitem tirar

maior proveito das dificuldades. O mais importante não é expulsar os

problemas, mas envolvê-lo com o objetivo encontrar famílias “resilientes” que

resistam aos problemas decorrentes de mudanças e “adaptam-se” às situações

de crise. Essa capacidade seria fruto tanto de características pessoais dos

indivíduos quanto do estabelecimento de vínculos afetivos e de confiança

destes com o meio, ou seja, a resiliência construída socialmente, cabendo ao

ambiente estimulá-la e desenvolvê-la. Já as teorias que focam o meio social

enquanto criador tanto do próprio discurso científico (enquanto favorecedor de

determinados pensamentos ideológicos) quanto das práticas sociais cotidianas,

tendem a afirmar que a resiliência se caracteriza por ser uma habilidade social

que pode (e deve) ser aprendida e estimulada.

A maioria dos pesquisadores concorda que o ambiente e as relações

sociais estabelecidas não são meros coadjuvantes no processo resiliente,

tornando-se assim protagonistas na história da efetivação da resiliência. Assim,

estes indivíduos conseguem extrair algum aprendizado diante do problema,

conseguindo desenvolver comportamentos adaptados ao que é esperado pela

sociedade. O meio tornar-se-ia então a chave principal de um processo que

possui fortes indícios de possuir componentes inatos.

Porém, não são todos os seres humanos que conseguem ultrapassar

estes momentos de crise, além do que o sofrimento físico e psicológico, pode

inibir e de certa forma alterar a resposta resiliente do sujeito. Na realidade, a

física e a eletricidade explicam-nos que uma resistência tem limites, e que se a

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15energia elétrica for superior à sua capacidade, esta entra em curto circuito,

queimando-se fazendo com que os aparelhos entrem em curto-circuito. Se bem

que no ser humano este tipo de comparação não possa ser feita desta forma,

começam a surgir indícios mais ou menos claros que algo de semelhante

acontece no ser humano. Isto é, o indivíduo por muito resiliente que seja, pode

chegar a um ponto em que não agüente mais. Portanto, o estudo da resiliência

na sociologia é muito importante para se encontrar meios e condições de evitar

às influências que causam a doença e traga o bem-estar social, desta forma

identifica os fatores de risco e de proteção que contribuem para a adaptação

dos indivíduos, subsidiando programas de intervenção e políticas públicas no

âmbito da saúde que auxiliem as pessoas a manter um desenvolvimento

saudável na presença das adversidades.

1.3 O estudo da resiliência na Psicologia

A Psicologia tomou a imagem da resiliência emprestada da Física

(elasticidade dos materiais) para designar a capacidade que certas pessoas

têm de sofrer fortes pressões, lidar com problemas, superar obstáculos ou

situações de grande estresse e não se abalarem emocionalmente, isto é, sem

entrarem em surto psicológico. É, portanto, a capacidade dos indivíduos de

superar os fatores de risco aos quais são expostos, conseguindo desenvolver

competências, além de comportamentos adaptativos e adequados.

Nas últimas décadas, alguns pesquisadores começaram a observar

indivíduos e grupos que, sendo expostos a situações traumáticas, pessoais,

familiares e sociais, conseguiam desenvolver-se bem e continuar crescendo,

apesar desses acontecimentos adversos. Seriam seres “invulneráveis”? Como

explicar que essas pessoas contradigam o paradigma da lógica do trauma?

Estas pessoas não apenas superam as adversidades como ainda se

fortalecem com isso. Daí veio o ditado que diz: ”As piores épocas podem ser as

melhores”. Sai ferido, mas fortalecido, de uma experiência aniquiladora.

Inicialmente, os pesquisadores julgavam que existiam condições inatas

para resistir e ter imunidade as adversidades. Mas nos anos 90, diversos

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16pesquisadores, concluíram que a resiliência é um fenômeno comum e presente

no desenvolvimento de qualquer ser humano.

Na Psicologia, resiliência é como um processo de persistência face à

adversidade. Podemos observar evidências da resiliência em pequenos

detalhes na vida das pessoas, bem como da forma como elas tentam lidar com

esses problemas de uma forma construtiva, de forma a transformar os

obstáculos no seu caminho em seu próprio benefício. A resiliência é parte do

processo evolutivo e deve ser promovida desde a infância. Um dos pioneiros

no estudo desta habilidade, na década de 70, foi o psicanalista infantil inglês

James Anthony. Ele observou que algumas crianças, embora vivessem em

lares desajustados ou conflituosos, apresentavam saúde emocional e alta

competência. A Psicologia tem estudado essa habilidade humana de superar

adversidades e pressões.

A pessoa resiliente é aquela que sofre crises, enfrenta mudanças ou

situações de forte estresse e consegue “dar a volta por cima”, transformando

sofrimento em competência. É preciso se dar conta ainda de que a capacidade

inerente à resiliência, de recuperar-se dos golpes da vida, não reside

meramente em superar a crise como se fosse o preço para livrar-se de uma

experiência penosa. Ao contrário, a resiliência implica em dois aspectos:

integrar a totalidade da experiência na identidade individual e familiar e na

forma como os membros da família continuam vivendo. O primeiro aspecto,

apresentaremos no segundo capítulo deste trabalho, onde trataremos do

ensino da resiliência na infância, pois a esta se caracteriza por ser uma

habilidade social que pode (e deve) ser aprendida e estimulada e o segundo

aspecto será matéria do terceiro capítulo que trata dos fatores que contribuem

no processo de resiliência familiar.

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CAPÍTULO II

RESILIÊNCIA ENSINADA NA INFÂNCIA

“Ajudar as pessoas a descobrir as sua capacidades, aceitá-las e confirmá-las

positiva e incondicionalmente é, em boa medida, a maneira de as tornar mais

confiantes e resilientes para enfrentar a vida do dia-a-dia por mais adversa e

difícil que se apresente” – Tavares (2001)

Quando entendemos a resiliência enquanto uma característica

permanente, estamos lidando com um traço de personalidade que,

teoricamente, se mantém ao longo da vida, fazendo com que o indivíduo

identificado como resiliente possa se recuperar rapidamente de qualquer

experiência traumática que por ventura venha ocorrer. Segundo Rosete Poletti

(2007), é realmente na infância, e, sobretudo na primeira infância, que se

formam os recursos que vão permitir a resiliência. Ainda dentro da perspectiva

permanente, Pereira (2001) aponta que: "Uma das grandes apostas para o

próximo milênio será tornar as pessoas mais resilientes e prepará-las para uma

certa invulnerabilidade que lhes permita resistir a situações adversas que a

vida proporciona...".

É nesta perspectiva que apresentamos o objetivo deste trabalho, que

resiliência deve ser ensinada na infância, pois sempre que ouvimos termos

como: "crianças resilientes" ou "tornar os jovens resilientes" chegamos à idéia

de que alguém que não era resiliente passa a ser, e esse processo geralmente

é descrito através de algumas qualidades.

Boris Cyrulnik (2003) diz que tornar-se resiliente é percorrer um longo

caminho. Fazer nascer um filho não é suficiente, é necessário dá-lo ao mundo

colocando à sua volta os tutores do desenvolvimento e aponta três grandes

aspectos:

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181) a aquisição de recursos internos que se desenvolvem

desde os primeiros meses de vida;

2) o tipo de agressão, ferida, falta e, sobretudo, a significação

dessa ferida no contexto da criança; e

3) os encontros, as possibilidades de conselho e ação.

Com estas palavras podemos afirmar que existem recursos internos que

se desenvolvem na infância e devem ser aprendidos.

2.1. Recursos internos que favorecem a resiliência

A resiliência forma-se através dos diversos mecanismos de defesa, que

vão sendo adquiridos durante a evolução do ser humano. Identifica-se,

portanto, um indivíduo resiliente através das habilidades e competências

definidas como típicas da resiliência, esperando que o mesmo atue de acordo

com as habilidades demonstradas perante as vicissitudes da vida, sejam quais

forem. É necessário criar estratégias diferenciadas para produzir em cada

individuo uma suposta invulnerabilidade que o torne mais forte. Esta

invulnerabilidade deve ser construída a partir da infância.

A grande maioria dos estudos foca a questão da resiliência como traço,

narrando as competências e habilidades envolvidas e mostrando como os pais

e, principalmente, as instituições de ensino devem promover a resiliência. Os

critérios utilizados pelas técnicas de mensuração de resiliência obedecem à

mesma lógica.

2.1.1 – Competências ou capacidades

Nos Estados Unidos, os especialistas em comportamento distribuíram

dois milhões de cartilhas com orientações sobre resiliência para alunos entre 8

e 11 anos. A medida foi tomada depois que psicólogos atestaram a eficácia da

intervenção social, com base na resiliência, adotada com os filhos das vítimas

do atentado às Torres Gêmeas. Iniciou-se, assim, o “Projeto Resiliência” para

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19favorecer a construção da resiliência nas crianças e adolescentes que vivem

situações familiares e sociais particularmente difíceis. Para Rosete Poletti

(2007 p. 50, 51), este projeto é permitir à criança desenvolver através das

seguintes competências:

1) Competências sociais, ou seja, a capacidade de se dar bem

com os outros, de “colocá-la do seu lado”, de ser flexível e passar

de uma cultura a outra. É também ajudá-la a desenvolver sua

capacidade de empatia, quer dizer, de se colocar no lugar do outro

para tentar imaginar o que ele está sentido.

2) Capacidade de comunicação, uma maneira construtiva de ver os

acontecimentos e utilizar o senso de humor.

3) Capacidade de resolver os problemas por si mesma ou pedir

ajuda, bem como o estabelecimento de objetivos realistas.

4) Capacidade de tomada de consciência da realidade. Trata-se de

compreender de onde vem a opressão e como se pode evitá-la

(seja pais alcoólatras ou uma sociedade racista!).

5) Capacidade de autonomia, que lhe permite desenvolver sua

própria identidade, agir de maneira independente mantendo o

controle da situação e aceitando a responsabilidade das coisas

que dependem dela (o contrario da mentalidade de quem se faz de

vitima). Esse aspecto lhe permite recusar as mensagens negativas

quanto a si mesma e escolher aceitar somente as que são

positivas e favorecem o crescimento espiritual.

6) Capacidade de acreditar num futuro positivo com perseverança,

otimismo e o desenvolvimento de uma dimensão

2.1.2 Traços da personalidade

Outro fator importante que favorece a resiliência são os traços de

personalidades. Estudiosos têm observado e analisado a personalidade do

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20indivíduo como um edifício que vai ser construído pouco a pouco, durante o

seu desenvolvimento. Claro está que durante o desenvolvimento muitas

frustrações põem à prova o sujeito. Tanto assim que muitos desequilíbrios de

personalidade são devidos às perturbações causadas pelo meio, as quais se

vão refletir mais tarde na personalidade do sujeito.

Que traços de personalidades são estes?

a) Temperamento – TIM LaHaye (1985) informa: “o que torna o homem

fascinante é o seu temperamento, pois o provê com qualidades marcantes que

o distinguem de qualquer outro semelhante. O temperamento, entretanto, não

dá ao homem apenas forças, características positivas, mas também fraquezas,

isto é, características negativas”.

Toda criança tem necessidade de afeto e é necessário dar-lhe carinho

para que a sua insegurança seja amenizada e não se torne constante. O seu

temperamento tem tanto um lado maravilhoso de qualidades e tendências

especiais, quanto às dificuldades a serem superadas, nas fraquezas que lhe

são peculiares. Precisa ter ferramentas para combater sua timidez, pois sofre

por não ser como gostaria de ser. Essa capacidade seria fruto tanto de

características pessoais dos indivíduos quanto do estabelecimento de vínculos

afetivos e de confiança destes com o meio. Assim, estes indivíduos conseguem

extrair algum aprendizado diante do problema, conseguindo desenvolver

comportamentos adaptados ao que é esperado pela sociedade.

b) Autoestima – segundo Lídia Maria Kroth (2009) é uma das condições para

se conseguir o bem-estar satisfatório consigo mesmo e com os outros é a

autoestima. É a capacidade que a criança deve adquirir para se sentir capaz de

poder enfrentar os desafios da vida. Criará mecanismos para se expressar de

forma adequada para si e para os outros as próprias necessidades e desejos.

Terá, desta forma, o amor próprio. Perceberá o sentido realista da esperança e

do autocontrole. Vanistendael (2002) esclarece que esta atitude não poderá ser

alcançada a não ser que a criança perceba que tem características distintas,

que tem valor e que se destaca dos que estão ao seu redor. Neste aspecto,

família, educadores e outros agentes que estão próximos da criança têm um

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21papel fundamental para demonstrar a ela e guiá-la no descobrimento de suas

próprias fortalezas. Para Lucia Moysés (2001) é a resposta no plano afetivo de

um processo originado no plano cognitivo. É a avaliação daquilo que sabemos

a nosso respeito: gosto de ser assim ou não?

c) Aceite as mudanças com esperança e otimismo.

Não se pode evitar que situações traumáticas aconteçam, mas podemos

mudar a forma de interpretar esses traumas e responder a eles. As crises não

são problemas sem solução. Atribuir sentido à adversidade é aproveitar as

oportunidades de autoconhecimento: sempre pode se aprender com as

situações dolorosas. Muitas pessoas têm suas vidas e carreiras transformadas

após grandes tragédias. A criança precisa aprender o ditado: “A esperança é a

ultima que morre”. As adversidades podem extrair o que há de melhor em nós.

Vicente afirma que a resiliência tem uma dimensão ética que não pode ser

negada. Ela só existe quando há esperança no futuro e um sentido anunciando

uma meta, um horizonte ético que nos atiça para frente.

Rosete Poletti (2007) informa que é importante notar que cada um vive

seus dramas e feridas de maneira única e individual. Não se pode fazer uma

descrição padronizada das conseqüências de um trauma ou de outro, numa

criança.

Sendo assim seria quase que como um pré-determinismo pessoal,

apesar de o sujeito poder alterar esses caminhos, se o suas forças interiores

não resistissem aos diversos embates sucessivos que a vida lhe vai colocando

à sua frente, não os conseguiria ultrapassar, entrando então em situação de

crise.

A evolução da resiliência depende da própria construção de vida que o

sujeito realiza. Muitos pensam que ela é inata ou que foi adquirida pela força de

vontade do indivíduo somada a uma boa sorte. Existem diferenças

significativas entre uma criança que apresenta um desenvolvimento global

acelerado e outra que devido a circunstâncias várias, com os mesmos

potenciais, foi institucionalizada. Se os potenciais são os mesmos, mas as

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22situações ecológico-sistémicas são bem diferentes, e serão estas em último

lugar que irão favorecer e desenvolver a resiliência.

Estas trajetórias de vida podem ser das mais diversas, mas a existência

de algo durante o seu desenvolvimento pode por vezes mostrar que, a criança

emocionalmente perturbada é sem dúvida alguma alvo fácil nas alterações das

suas trajetórias de vida.

Podemos depreender que, as crianças necessitam apresentar um

temperamento mais flexível, sabendo que são capazes de conseguir modificar

em parte seu ambiente e acreditar que as novas situações ou mudanças

representam uma oportunidade para melhorarem e se adaptarem, ao invés de

perderem a esperança e a expectativa.

2.2 Quando promover a resiliência na infância

Com Freud tomamos o conhecimento que para um desenvolvimento

normal, existe uma série de etapas que têm que ser ultrapassadas e

resolvidas. A intenção deste capítulo é identificar a necessidade do ensino da

resiliência desde a infância.

Masten & Garmezy (1984) identificaram três classes de fatores de

proteção (importantes para o desenvolvimento infantil):

· Atributos disposicionais da criança;

·Coesão familiar; e

· Rede de apoio social bem definida.

As condições sócio-económicas e familiares vão de certa forma

estruturar uma identidade pessoal, que tal como Turner refere (1968) vai ser

derivada das experiências pessoais anteriores, levando dessa forma a uma

construção da personalidade própria. A observação daquilo que ele definiu

como um “drama social” envolve trabalhar com diversos campos de ação, onde

se passam disputas individuais e coletivas em permanente oscilação entre

ordem, mudança, equilíbrio e desequilíbrio.

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23O desenvolvimento da criança começa bastante tempo antes do

nascimento, tanto assim que carências alimentares graves, podem provocar

déficits a nível do desenvolvimento quer físico quer psicológico. Uma pergunta

pode ser posta, quando é que começa a resiliência do sujeito? Existem

situações, que parece que "a vontade de viver do feto" é tão grande, que

supera todas as expectativas a nível médico, pois que ele vai resistir a todas as

contrariedades que lhe são postas durante o seu desenvolvimento fetal. Será

que este ser que ainda não nasceu não apresenta desde logo resiliência?

Se refletirmos, podemos pensar que sim, a criança que nasce em condições

adversas, apresenta-se logo à partida como sendo uma criança resiliente, se

bem que existam posteriormente situações de desenvolvimento que possam

comprometer essa situação.

As situações adversas podem ser das mais variadas, inclusive uma

gravidez complicada, pode ser vista como condição adversa, mas o

desenvolvimento posterior pode ser estimulante suficiente, para que a criança

desenvolva os seus potenciais cognitivos.

Para Rutter (1985), o período mais importante é a primeira infância de 0

a 3 anos e, em seguida, com efeitos gradativamente diminuindo, até

aproximadamente 10 anos. Para este pesquisador outros fatores são

apresentados para se construir a resiliência na criança: a pessoa de referência,

criação de um ambiente, criatividade, brincar, interagir, moral e espiritualidade.

2.2.1. A pessoa de referência

Na opinião de Vicente a resiliência é uma fenômeno psicológico

construído, e não é tarefa do sujeito sozinho. As pessoas resilientes contaram

com a presença de figuras significativas, estabeleceram vínculos, seja de

apoio, seja de admiração. Tais experiências de apego permitiram o

desenvolvimento da auto-estima e autoconfiança. A criança precisa de uma

referencial, isto é, de alguém que lhe confira segurança. Nem sempre a família

poderá ser a pessoa de referência, uma vez que a criança, com muita

freqüência, não tem contato mais efetivo com os pais e irmãos, vivendo em

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24creches, orfanatos, escolas. O que implica que a pessoa de referência poderá

ser o instrutor, professor, o responsável que acompanha a criança em sua

educação. Assim este cuidador conhece cada dia mais a criança, suas

capacidades e necessidades individuais. Mas, também, será a família seu

maior referencial. No campo da educação temos, portanto, dois aspectos

relacionados. O primeiro diz respeito à referência da escola enquanto

instituição que reúne diferentes sistemas humanos. O segundo contempla o

aspecto familiar, assim com Winnicott (1975) afirmava que somos constituídos

como seres humanos a partir da presença do outro, sendo que as primeiras

organizações psíquicas do bebê acontecem frente “ao rosto”, a face materna.

O cuidador será, neste sentido, equivalente ao rosto materno, pois é a

presença de alguém significativo, que testemunha e valida a dor que é

expressa e acolhida. A criança necessita acreditar que alguém “a vê” e se

importa com ela. Precisa de um rosto que lhe seja familiar e que de alguma

forma, dê sentido a sua vida e se lembre quem é.

2.2.2. Criar um ambiente

Flach (1991) desenvolveu a idéia de que a resiliência pode ser

estimulada através do próprio ambiente. Segundo imaginou, este ambiente

seria facilitadores de resiliência. A criança necessita de um ambiente, onde se

sinta bem, não só um ambiente higiênico, mas permeado de amor, calor, cores

e tons suaves que evite estresse e exigências inadequadas à sua idade. Joyce-

Moniz (1976) se refere ao "papel interpessoal do jogo das relações na primeira

infância e da dependência da sua mãe para o estabelecimento da maturidade,

satisfação mútua, reciprocidade, e o estabelecimento de relações intimas na

idade adulta". Necessita, ainda, de um ritmo de vida, com hora de comer, hora

de dormir, hora de tomar banho, do incentivo ao fazer, a participar ativamente

nos afazeres domésticos, que são estruturas coerentes e flexíveis, pelo

respeito, pelo reconhecimento, pela garantia de privacidade e pela boa

receptividade às mudanças. Ambientes com limites de comportamento

definidos e realistas que criam na criança a segurança de que suas

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25necessidades essenciais ao bem estar do seu corpo serão satisfeitas. Neste

ambiente, ela sentirá que pertence a um grupo, isto é, a uma família, que lhe

transmite a cultura, a linguagem, a compreensão do mundo, surgindo desta

forma uma direção ética que lhe proporciona esperança na vida.

2.2.3. Criatividade, brincadeira e interagir

O movimento do corpo anula o estresse, relaxando o ser. A primeira

infância deve ser em contato com os elementos da natureza (terra, água, ar,

pedra, plantas, animais...). Assim, a criança cria uma ligação afetuosa com

estes elementos, seu corpo e com outras crianças. As práticas corporais

alternativas, como a massagem, a yoga, e o tai chin chuan entre outras, muitas

vezes fornecem vínculos que contribuem para que um ser humano seja

resiliente. De acordo com Varella (2003, p. 32): “[...]um dos pontos que

merecem destaque é o estudo da resiliência acompanhado de tensão,

estresse, ansiedade e situações traumáticas que afetam as pessoas durante a

vida”.

A criança não é um pequeno adulto! Necessita brincar, correr, praticar

esportes, interagir com um grupo de crianças. Na idade escolar deve-se

principalmente promover seu sentido de beleza. Ela necessita expressar o seu

íntimo através da arte (desenhos, escrita, canto, teatro, ensinar artisticamente,

trabalhos manuais e criação de obras). Tratar sobre a criatividade da criança,

temos que fazer referência ao desenvolvimento da fala através da voz humana,

pois aprende pelos vínculos afetivos.

2.2.4. A moral e a espiritualidade

É premente alimentar sua inteligência moral e espiritual com contos,

mitos, respeito e gratidão à natureza e ao ser humano com suas diferenças,

além de responder suas dúvidas com relação à vida. Robert Coles (1994)

enfatiza a importância de histórias de conteúdo moral. Deve se promover o

sentimento ético vivenciado pelo exemplo e da gratidão ao outro. A conhecida

terapeuta familiar Froma Walsch (1996), destaca que a transcendência e

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26espiritualidade estão entre os recursos mais efetivos para a transformação,

aprendizagem e crescimento a partir da adversidade. Então qual é o papel da

crença num ser superior? A religião poderia contribuir nesse processo de

recuperação de situações difíceis?

Em vários âmbitos, sobretudo religiosos, constatam-se vários

depoimentos de pessoas que passaram por situações difíceis e que, sentindo-

se acolhidas com carinho e compreensão, escutadas, valorizadas, aceitas sem

condições, encontram conforto, capacidade e esperança para assumir com

sentido e esperança as dificuldades e os sofrimentos. Várias delas relatam que

a experiência de sentir-se reconhecidas, amadas e cuidadas, por Deus, pelas

pessoas, pelo grupo ou comunidade religiosa, foi fonte de fortalecimento

humano e espiritual, de superação da adversidade, e uma ajuda que

potencializou o processo de cura interior. Também nos relatos bíblicos podem

descobrir-se exemplos de resiliência. A parábola do filho pródigo, tão bem

representada na pintura de Rembrandt, expressa o significado profundo desta

aceitação incondicional, diz Vanistendael (1994).

A questão espiritual ou religiosa é uma construção humana básica. É

consenso, entre os estudiosos, que a atividade religiosa existe e tem sido

registrada desde os primórdios da existência humana. Há, no entanto, poucos

autores que se detêm para descrever como a fé, a espiritualidade, ou a

pertença a um grupo, comunidade ou instituição religiosa influenciam na hora

da superação das dificuldades e sofrimentos pessoais e sociais. É verdade que

há vários trabalhos nas áreas da pedagogia, psicologia, saúde, etc. com

menções ao assunto, mas há poucas literaturas relacionadas especificamente

ao campo religioso.

Walsch (2005) afirma que os processos-chave para fortalecer a

resiliência familiar são a “confiança entre os membros da família, a

espiritualidade forte, a sustentação mútua, uma comunicação aberta, e o

espírito colaborativo para a solução dos problemas”

Portanto, concluímos este capítulo, reafirmando a necessidade de

aprendizagem da resiliência na infância. Como ressaltou Stefan Vanistendael,

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27o pesquisador citado por Rosete Poletti, o fenômeno da resiliência não é nem

absoluto nem estável. Ele deve, portanto, ser encorajado o tempo inteiro.

Se a resiliência for ensinada desde o começo da vida da criança será

como a prevenção contra as experiências negativas, dolorosas e traumáticas.

Ela estará preparada para o dia mal. Enfrentará as agruras do cotidiano, as

catástrofes da vida humana. A Bíblia declara: “ensina a criança no caminho que

deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” Provérbios 22:6.

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28

CAPITULO III

RESILIÊNCIA FAMILIAR

“... pode-se dizer que um grupo se reúne para a realização

de uma tarefa comum, através de uma contribuição

compartilhada. As tentativas feitas para a realização desta

tarefa contribuem tanto para o crescimento dos membros

individuais quanto para o desenvolvimento dos aspectos

construtivos da estrutura grupal.” Bion (1966)

3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA DA FAMILIA

De fato, ao olharmos para o termo resiliência podemos também pensar

na resiliência das famílias, estas também apresentam resistências às

mudanças, além do que as alterações de certos valores tradicionais, vêm por

em causa a família e a sua capacidade de adaptação às novas situações com

que são confrontadas. Pesquisas que focam capacidades e habilidades de um

sujeito de forma descontextualizada e que partem do ponto onde a resiliência é

considerada enquanto um traço ou uma característica de personalidade

estariam mais propensos a identificar fatores inatos no processo resiliente e

não do meio onde este indivíduo habita.

A família é uma estrutura tão antiga quanto à própria história da

humanidade. Através dos tempos tem assumido formas e mecanismos de

funcionamento dos mais diversos.

Os estudos de Levi-Straus sobre o tabu do incesto nos fazem perceber a

passagem da família de um estado natural para o social, da sociedade como

um todo. O surgimento da família monogâmica pode ser apresentado através

do estudo de famílias aristocráticas da Idade Média, também denominado

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29modelo “patriarcal”. Nas casas aristocratas conviviam crianças, parentes,

clientes e criados.

Segundo Ariès (1981), na Idade Média a família “era uma realidade

moral e social mais do que sentimental”. As crianças eram ensinadas pelos

mestres ou amas-de-leite, ou ainda eram enviadas para casa de outros

familiares para aprender o ofício. Este ofício não era somente instrução

profissional, mas também a instrução do comportamento adequado ao convívio

social.

Já a família nuclear (pai, mãe e filhos) surgiu associada ao advento da

Revolução Francesa e o desenvolvimento da Indústria Moderna. Ali vivendo

numa mesma casa cada um tinha seu papel: o pai era o provedor e a mãe

amorosa era dedicada ao lar. Desta forma, era um modelo interior privado.

Com as mudanças sociais o modelo da família também foi sendo

transformado. Os valores conjugais foram alterados. Com o movimento

feminista, a mulher saiu do espaço privado, provocando uma crise no modelo

de família nuclear. Além disso, as separações conjugais agravaram mais esta

crise. Casamento e família passaram a desfazer e refazer-se continuamente.

Percebe-se que a família recebeu outras formas e a família “ideal” já não

pode ser concebida como a nuclear. Encontramos várias formas: pais

separados, junção de famílias de vários casamentos, casais sem filhos, união

homossexual ou de tantos outros. Mesmo assim, estas famílias são produtoras

de relações afetivas que irão nos estruturar enquanto sujeitos, isto é, a família

é o espaço para a formação do ser humano.

Devido a estas grandes transformações surgiram conflitos entre os

membros da família. Até parece que a família está se desintegrando, ninguém

conhece qual o seu papel no relacionamento familiar. Somado a isto, surgiram

os problemas atuais que a família vem enfrentando (drogas, violências, etc).

Todos sabem o quanto o mundo mudou. Todos sentem e vivem profundamente

as transformações ocorridas em todos os contextos: social, político, financeiro

cultural e evidentemente... familiar que é o que nos interessa aqui. O nosso

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30objeto de estudo, a família, é uma estrutura em permanente transformação.

Hoje, em uma transformação acelerada.

3.2. Surgimento da Terapia Familiar

A família é nossa primeira escola de aprendizado emocional. Para

Goleman (2007) esta é um tipo de competência que pressupõe o cultivo, em

nós mesmo e em nossos filhos, de aptidões que são próprias do coração

humano. Muitas vezes os pais não entendem o quanto a educação infantil pode

ajudar na vida da criança, mas se esse entendimento fosse possível, iriam

perceber sua importância para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social.

Porém essa aprendizagem irá ser perturbada devido a não existir uma situação

estável a nível familiar. A família está em crise, precisará de ajuda e orientação.

Por trás de muitos problemas ou inadaptação da criança ao meio social

(escola, vizinhos e outros), esconde-se algum tipo de tensão emocional de

origem familiar. Além disto, encontramos as diferenças nos processos de

assunção de papel do casal que gera muito mais conflito. E às vezes sem

conseguir desempenhar bem esse papel, a família acaba recorrendo a uma

instituição escolar. Entretanto, a escola não pode exercer sua missão sem ter

uma ligação com a família da criança.

Com estas questões muitos terapeutas e pesquisadores aproximaram-

se das questões familiares, desenvolvendo técnicas para trabalhar com as

famílias.

A vida familiar se modificou para todos os segmentos da população nas

últimas décadas. Houve, então, a necessidade de criar instrumentos para

ajudar as questões familiares, uma vez que esta se encontra em crise. Assim,

muitos pesquisadores e terapeutas desenvolveram técnicas para trabalhar com

as famílias. Desta forma, nasceu a Terapia de Família.

Os primeiros terapeutas se preocuparam em conhecer como a família se

organizava e operava, quais os significados que são ou não compartilhados por

seus membros. Pois, inicialmente, a psicanálise tratava do indivíduo que

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · A Ele honra, glória, majestade, poder e louvor, pois é digno de receber. 4 DEDICATÓRIA Eu dedico este trabalho de monografia,

31apresentava problemas, separado de sua família, assim não era um tratamento

eficaz. A terapia familiar tornou-se uma resposta alternativa às limitações que

sempre sofreram e sofrem os tratamentos individuais das pessoas que

apresentam algum tipo de desequilíbrio emocional, afetando o curso normal de

suas vidas. O mais importante é sem dúvida alguma a dinâmica familiar que

existe, pois que por detrás de quem está a ser observado, seja ele criança,

adolescente ou adulto, existe uma problemática, que tem, muitas vezes, origem

no seio da própria família.

A terapia de família é uma forma de compreender e tratar dos problemas

humanos; é um método de tratamento, do indivíduo, das relações familiares,

do grupo familiar como um todo e do vínculo entre seus membros. É uma

procura de novas alternativas colocando em evidência a competência da

própria família, ativando a participação dos membros na resolução dos seus

problemas.

O que ocorre num indivíduo que vive numa família não decorre apenas

de suas condições internas, mas também das interações com o contexto mais

amplo no qual está inserido. Ele recebe o impacto desse ambiente e atua

sobre ele, influenciando-o. Nesse sentido, o terreno da patologia, como

assinala Minuchin (1982), é a família.

Segundo Walsh (1996), “o foco da resiliência em família deve procurar

identificar e implementar os processos-chave que possibilitam que famílias não

só lidem mais eficientemente com situações de crise ou estresse permanente,

mas saiam delas fortalecidas, não importando se a fonte de estresse é interna

ou externa à família. Desta forma, a unidade funcional da família estará

fortalecida e possibilitada a resiliência em todos os membros”

A dificuldade em se entender resiliência e sua repercussão acadêmica

se dá justamente pelo fato de lidarmos constantemente com outros conceitos

(fatores de risco, de proteção, estresse, adaptação, superação, ajustamento

entre outros) que não possuem, muitas vezes, definições claras, explícitas, o

que pode resultar em confusão teórica. Tal confusão se dá na medida em que

o termo resiliência é utilizado para descrever processos diferentes. Tais

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32diferenças, ora sutis, ora mais intensas, trazem implicações metodológicas

divergentes numa práxis voltada para a saúde e sua promoção. Para tanto

precisamos entender estes fatores muito importantes para a família.

3.3 Fatores de Risco

Estudos sobre resiliência geralmente estão relacionados com eventos

geradores de estresse e que aumentam a probabilidade do sujeito apresentar

dificuldades, podendo desenvolver uma série de problemas. Situações assim

caracterizadas recebem o nome de Fatores de Risco. Quando surge uma crise

a família paralisa e o sintoma em um dos membros (distúrbio de aprendizagem,

distúrbio alimentar, depressão, agressividade, etc.) pode denunciar a disfunção

familiar.

De modo geral, "fator de risco" pode ser definido como eventos

negativos da vida, e que, quando presentes, aumentam a probabilidade de o

indivíduo apresentar problemas físicos, sociais ou emocionais. Grünspun

(2006) define fatores de risco como os fatores presentes no ambiente

econômico, psicológico e familiar que possuem grande probabilidade de causar

danos sociais evidentes.

Em algumas situações, estão presentes, no seio familiar, fatores de risco

que comprometem o desenvolvimento psicossocial dos seus membros. A

existência de violência, de abandono, de desorganização familiar, de abuso, ou

de dificuldades financeiras que trazem obstáculos à subsistência das pessoas,

e indica a necessidade de atenção especial.

3.4 A família como espaço de proteção

Assim como em fatores de risco, a expressão "fatores de proteção"

também é freqüentemente citada na literatura sobre resiliência. Podemos citar

como exemplo a definição de Tusaie e Dyer (2004): "Mais além, as interações

entre risco e fatores de proteção num nível intrapessoal e ambiental são

integrados para a definição de resiliência". Oferece proteção e cuidados,

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33educa, socializa e sustenta os seus membros. Definem, ainda, fatores de

proteção como aqueles capazes de proteger os indivíduos em situação de risco

dos efeitos negativos da mesma. Tais fatores podem ser tanto individuais como

ambientais. As autoras apontam também que não está claro o modo como os

fatores de proteção interagem com a pessoa que demonstra resiliência. Ou

seja, sabe-se que existe uma correlação entre a presença da resiliência e de

fatores de proteção, mas o modo exato como eles atuam no indivíduo ainda é

desconhecido. Mesmo assim, elas afirmam que quando o número de fatores de

risco é maior que os de fatores de proteção, indivíduos que apresentaram no

passado resiliência podem acabar apresentando sintomas, sejam físicos,

psicossociais, comportamentais, acadêmicos ou no trabalho.

Na mesma perspectiva, Rutter aponta que é de grande importância para

se compreender a resiliência, conhecer o modo como as características

protetoras se desenvolveram e como modificaram o percurso do indivíduo.

Guzzo e Trombeta (2002) afirmam que o equilíbrio existente entre fatores de

risco e proteção contribui para o desenvolvimento da resiliência. Deslandes e

Junqueira (2003) definem proteção como o conjunto de influências que

modificam e melhoram a resposta de um indivíduo quando este está exposto a

algum perigo que predispõe a um resultado não adaptativo.

Pinheiro (2004) traz em seu artigo uma lista de características definidas

como fatores de proteção, relacionadas às condições do próprio indivíduo, às

condições familiares e às redes de apoio do ambiente. A autora afirma que tais

características são de consenso da maioria dos autores, porém não define o

que são fatores de proteção, apenas descreve-os.

Tusaie e Dyer (2004) menciona que podemos assegurar a importância

de considerarmos o fato de que a presença de um fator de proteção diminui o

impacto da exposição a fatores de risco. Não há como estabelecer um fator de

proteção sem analisar o fator de risco envolvido.

Coesão familiar corresponde ao suporte emocional oferecido por pelo

menos um adulto com grande interesse na criança, bem como a ausência de

negligência. Já a rede de apoio social caracteriza-se pelo sentido de

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34determinação individual e um sistema de crenças para a vida oferecida pelas

instituições sociais (escola, igreja, trabalho, etc).

Tem-se, assim, a teia de eventos que envolvem o processo da

resiliência. Esta ocorre frente a uma situação de risco, onde fatores de

proteção podem auxiliar o resultado adaptativo do sujeito, enquanto que, se

este apresentar maior vulnerabilidade em relação à situação de risco presente,

as chances de insucesso também são maiores. A resiliência é considerada

como o resultado final de “processos de proteção” que não eliminam os riscos

experimentados, mas encorajam o indivíduo a lidar efetivamente com a

situação sofrida e a sair fortalecido dela.

Este é um momento que significa risco, mas ao mesmo tempo a

possibilidade de crescimento e mudanças. Neste sentido a Terapia de Família,

através da intervenção junto ao indivíduo, casal e/ou família analisa os padrões

de interações familiares, identifica o problema, como ele está sendo mantido e

como poderá ser alterado, possibilitando que cada pessoa se torne mais

centrada e menos repetidora dos seus padrões relacionais.

O foco da terapia é, portanto, favorecer o autoconhecimento e

possibilitar a descoberta de saídas para o impasse em que o indivíduo se

encontra (processo de autonomia e mudanças de pautas disfuncionais).

A reconstrução das histórias, a análise e definição dos padrões

relacionais repetitivos, possibilitam uma visão mais ampla do problema

podendo trazer à consciência fatores que permitam a elaboração de

conflitos, perdão, resignificação de atitudes, etc.

São fundamentais o desejo de mudança e a disponibilidade do

indivíduo, assim como, que o vínculo terapêutico favoreça o processo de

mudança e ajude-o a se “diferenciar”, ou seja: ter capacidade de manter

separados os sistemas emocionais dos intelectuais, usar mais a razão do que

os sentimentos.

As intervenções consideram as relações entre o indivíduo e os outros

e dele consigo mesmo. Trabalha-se com a identidade pessoal e a identidade

familiar nas vertentes do pertencer e do diferenciar-se, ajudando o indivíduo a

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35sair da massa indiferenciada da família e a poder construir seu caminho,

reconhecendo outras possibilidades. Froma Walsh (2005), baseada em sua

extensa experiência em pesquisa e prática familiares, apresenta em seu livro

uma abordagem para todos os tipos de famílias, que reconhece e faz uso da

resiliência e dos próprios recursos familiares habitualmente não revelados.

Os terapeutas de todas as linhas precisam em seus consultórios de um

método preciso e fundamentado para lidar com o estresse que desafia as

forças das famílias da nossa sociedade. Devem ter instrumentos para

caracterização e fortalecimento dos recursos interpessoais que as famílias

utilizam para fazer frente aos desafios e às crises de suas vidas.

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36

CONCLUSÃO

A resiliência nos dá significado à vida, e faz de nós pessoas muito

especiais. Abre novas possibilidades de realizações, além de nos tornar mais

fortes, restaurando nossas emoções mesmo depois do sofrimento, das perdas

ou do enfrentamento das adversidades, fazendo com que percebamos que

esta visão e posicionamento são possíveis e realizáveis.

Constantemente, fomos “bombardeados” por fatos gerados de estresse,

o mundo é cheio de pressões de diferentes causas: econômicas, psicológicas,

sociais, fenômenos metereológicos, calamidade pública entre outras.

Tornamos-nos cada vez mais vulneráveis às crises. É neste panorama, que se

encontram as famílias, necessitando de apoio e ferramentas que possibilitem

capacidade para superarem suas dificuldades e saírem delas fortalecidas.

O fato conclusivo deste trabalho é que todo ser humano possui

capacidade de superar suas adversidades, conforme o que nos diz as

Sagradas Escrituras: “Não sobreveio a vocês prova que não fosse comum aos

homens. E Deus é fiel; Ele não permitirá que vocês sejam provados além do

que podem suportar. Mas, quando forem provados, Ele mesmo lhes

providenciará um escape, para o que o possam suportar” (1Corintios 10:13).

Não obstante, é necessário desenvolver em nós mesmo a resiliência, num

tempo individual, numa vivência particular. Cada qual precisa encontrar essa

capacidade dentro de si mesmo. Para isso é necessário que tomemos

consciência de nossos papeis na dinâmica da vida, nossa importância e

atuação no cenário do dia-a-dia.

O momento mais propicio para se desenvolver a resiliência é nos

primeiros anos de vida. A criança necessita aprender sobre fatores que

favorecem essa capacidade de superação das dificuldades e a resiliência está

associada a uma boa autoestima para o seu próprio desenvolvimento. Pode e

deve ser promovida, onde as características de temperamento presentes desde

o nascimento podem ser moldadas somando-se ao fatores ambientais, os

quais podem ser adquiridos, promovido e /ou modificaddos.

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37O estudo da resiliência tem muito a somar na busca por novas

estratégias que possibilitem o desenvolvimento de processos que auxiliem no

enfrentamento de situações de alto risco. Identificando suas capacidades e

vislumbrando novos arranjos para uma melhor qualidade de vida,

relacionamento saudável ou resposta adaptativa. As famílias têm recursos

variados, que devem organizar, para se deparar com diferentes tipos de

desafios da vida (uma crise, um trauma, ou uma perda); com as transições

destrutivas (por exemplo, uma migração ou um divórcio), ou com estresses

crônicos, tais como uma doença, ou a inabilidade séria, e com condições de

pobreza. Nós podemos identificar os processos-chave, tais como a confiança

entre os membros da família, a espiritualidade forte, a sustentação mútua, uma

comunicação aberta e o espírito colaborativo para a solução dos problemas.

O conceito de família resiliente é a característica que se constrói numa

rede de relações e de experiências vivida ao logo do ciclo vital e através das

gerações, capacitando a família para reagir, de forma positiva, às situações

potencialmente provocadoras de crises, superando essas dificuldades e

promovendo sua adaptação de maneira produtiva a seu próprio bem estar.

Com a promoção da resiliência as pessoas apresentam-se mais

capazes de resolver problemas, adquirem autonomia e controle interno, sua

autoestima cresce, sua empatia se fortalece, seu desejo e capacidade de

planejamento se desenvolvem, além de seu senso de humor. Após serem

submetidos a grandes adversidades, os resilientes, em vez de saírem

derrotados, sentem-se mais fortes e competentes para enfrentar outros

desafios.

Tendo a possibilidade de ser estimulada convém aos terapeutas de

família considerar suas facetas e traçar caminhos de intervenção na prática

terapêutica no auxilio as famílias que os procuram. A partir de uma visão

sistêmica todos os aspectos deverão ser considerados, toda a condição de

apoio mobilizada. O enfoque na resiliência familiar é inovador porque deixa de

ver a família como uma entidade prejudicada, fragilizada, para vê-la como uma

entidade desafiada.

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38Encerramos esta monografia, chamando a atenção dos leitores para os

principais pontos importantes:

1) Diz os antigos provérbios: “A esperança é a última que morre” e “Há

uma luz no fim do túnel. Todos podem sair bem e fortalecidos após uma

adversidade;

2) A família é responsável por favorecer o desenvolvimento da resiliência

nas crianças, para isso, devemos modificar nosso olhar com relação ao

ensino e incentivo das famílias. Todo comportamento pode ser

ensinado, demonstrado e aprendido;

3) A todo o momento devemos melhorar nossas aptidões de enfrentar as

dificuldades, assumirmos a responsabilidade de nossas vidas, sem

transferir a culpa para outros;

4) Devido às grandes transformações da sociedade, a família precisa de

um apoio mais intensivo. É neste instante que a Terapia de Família entra

em ação, fornecendo ferramentas úteis da resiliência, para que esta

família saia fortalecida do meio do “vendaval”.

5) Por fim, a resiliência nos apresenta que o ser humano possui recursos

fantásticos em seu interior que podem diminuir o sofrimento e os

traumas provocados pelos problemas da vida.

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: Resiliência Familiar: Como superar as adversidades

Autor: Joel Alves Neto

Data da entrega: 19 de agosto de 2010

Avaliado por: Conceito: