UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Aos meus pais, pelo amor, dedicação e grande...
Transcript of UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Aos meus pais, pelo amor, dedicação e grande...
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Kely da Silva Bogéa Correia
Orientador
Prof. Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Psicomotricidade
Por: Kely da Silva Bogéa Correia
3
DEDICATÓRIA
Primeiramente a Deus, pela vida, saúde e família que me deu.
Aos meus pais, pelo amor, dedicação e grande incentivo em minha vida
acadêmica e profissional.
Ao meu filho, que é a maior razão para que eu siga em frente e almeje
sempre o sucesso.
Ao meu marido Jair pela compreensão e companheirismo.
Aos meu amigos que foram dedicados e zelosos em toda minha
caminhada.
E a professora Fabiane Muniz pela orientação.
4
AGRADECIMENTOS
Aos professores do Instituto a Vez do Mestre, em especial as
professoras Fátima Alves, Dina Lúcia pelas aulas maravilhosas, carinho e
dedicação nas aulas.
Aos meus colegas de turma, pela compreensão nas brincadeiras em
especial ao grupo que trabalha comigo na academia Aqualife, que me motivou
a realização deste curso.
5
EPIGRAFE
“Se chorei ou se sorri, O importante é que emoções eu vivi.”
(Roberto Carlos)
6
RESUMO
Devido a freqüência na ocorrência dos casos de autismo no âmbito
escolar, cada vez mais torna-se importante o estudo e a capacitação de
profissionais que trabalhem com o desenvolvimento das crianças portadoras
deste tipo de transtorno. É indispensável registrar que equipes
multidisciplinares, compostas por médicos, pedagogos, psicopedagogos,
psicólogos, professores e demais profissionais envolvidos, cada vez mais se
coloquem a serviço dos casos de problemas de aprendizagem, colaborando
para que as crianças tenham uma vida normal, com estímulos corretos.
Abordamos sugestões, buscando na literatura da educação física, o auxilio aos
profissionais, como grande aliado no processo de inclusão.
Palavras chaves: Autismo. Educação . Inclusão.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Autismo na Educação Infantil 10
CAPÍTULO II - Pais e Profissionais e o Autismo 25
CAPÍTULO III – Autismo e Sexualidade 50
CAPÍTULO IV – Psicomotricidade 57 CAPÍTULO V – Psicomotricidade e Autismo 61
CONCLUSÃO 63
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 67
ÍNDICE 69
FOLHA DE AVALIAÇÃO 71
8
INTRODUÇÃO
Devido a freqüência na ocorrência dos casos de autismo no âmbito
escolar, cada vez mais torna-se importante o estudo e a capacitação de
profissionais que trabalhem com o desenvolvimento das crianças portadoras
deste tipo de transtorno. É indispensável registrar que equipes
multidisciplinares, compostas por médicos, pedagogos, psicopedagogos,
psicólogos, professores e demais profissionais envolvidos, cada vez mais se
coloquem a serviço dos casos de problemas de aprendizagem, colaborando
para que as crianças tenham uma vida normal, com estímulos corretos.
Abordamos sugestões, buscando na literatura da educação física, o auxilio aos
profissionais, como grande aliado no processo de inclusão.
Tratar do desenvolvimento da criança autista significa trata - lá diante da
descoberta da síndrome e as conseqüência que traz a sua vida,tendo em vista
as inúmeras implicações que tal fato promove no seu desenvolvimento. Os
aspectos sociais, afetivos, cognitivos e motores sofrem comprometimento
quando relacionados com o autismo. Incidência do autismo é de cinco a cada
1.000 crianças, sendo mais comum no sexo masculino, na razão de quatro
homens para cada mulher afetada. E um transtorno onde a criança tem um
desenvolvimento normal ate por volta dos 24 meses. O retardo mental está
presente em cerca de 75% dos autistas. A síndrome pode ser em todo mundo,
com qualquer raça, etnia e social.
9
O enfoque dado a este estudo deve-se ao fato de tornar sobre o
portador do autismo mais envolvente e apropriado, tanto no campo da clínica e
reeducação quando prestam-se para facilitar o contato do terapeuta e do
professor com o aluno.
10
Capítulo I
1. Autismo na Educação Infantil
O autismo caracteriza-se por uma tríade de anomalias comportamentais:
limitação ou ausência de comunicação verbal, falta de interação social e
padrões de comportamento restritos, estereotipados e ritualizados. A
manifestação dos sintomas ocorre antes dos três anos de idade e persiste
durante a vida adulta.
Os sintomas e o grau de comprometimento variam amplamente, por isso
é comum referir-se ao autismo como um espectro de transtornos, denominados
genericamente de transtornos invasivos do desenvolvimento. Foram
estabelecidos critérios de classificação dos transtornos invasivos do
desenvolvimento que estão formalizados no Manual de Diagnóstico e
Estatístico (DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiatria e na
Classificação Internacional de Doenças (CID-10) publicada pela Organização
Mundial de Saúde. A origem do autismo ainda é desconhecida, embora os
estudos realizados apontem para um forte componente genético. Não há um
padrão de herança característico, o que sugere que o autismo seja
condicionado por um mecanismo multifatorial, no qual diferentes combinações
de alterações genéticas associadas à presença de fatores ambientais
predisponentes podem desencadear o aparecimento do distúrbio.
Indivíduos autistas apresentam comprometimento na interação social,
que se manifesta pela inabilidade no uso de comportamentos não-verbais tais
como o contato visual, a expressão facial, a disposição corporal e os gestos.
Esse comprometimento na interação social manifesta-se ainda na incapacidade
do autista de desenvolver relacionamentos com seus pares e na sua falta de
interesse, participação e reciprocidade social. Há comprometimento na
comunicação, que se caracteriza pelo atraso ou ausência total de
11
desenvolvimento da fala. Em pacientes que desenvolvem uma fala adequada,
permanece uma inabilidade marcante de iniciar ou manter uma conversa. O
indivíduo costuma repetir palavras ou frases (ecolalia), cometer erros de
reversão pronominal (troca do “você” pelo “eu”) e usar as palavras de maneira
própria (idiossincrática).
Com relação às suas atividades e interesses, os autistas são resistentes
às mudanças e costumam manter rotinas e rituais. É comum insistirem em
determinados movimentos, como abanar as mãos e rodopiar. Freqüentemente
preocupam-se excessivamente com determinados assuntos, tais como horários
de determinadas atividades ou compromissos.
Alguns autistas (cerca de 20%) apresentam um desenvolvimento
relativamente normal durante os primeiros 12 a 24 meses de vida, depois
entram em um período de regressão, caracterizado pela perda significativa de
habilidades na linguagem. O retardo mental está presente em cerca de 75%
dos autistas. Esses autistas com retardo mental são propensos a se
automutilar, batendo com a cabeça ou mordendo as mãos, por exemplo. As
convulsões aparecem em 15 a 30% dos casos, 20 a 50% apresentam
alterações no eletroencefalograma. Além disso, em 15 a 37% dos casos de
autismo ocorre associação com outras manifestações clínicas, incluindo os 5 a
14% que apresentam alterações cromossômicas ou alguma doença genética
conhecida. As doenças genéticas mais comumente associadas ao autismo são
a síndrome do cromossomo X-frágil, a esclerose tuberosa, as duplicações
parciais do cromossomo 15 e a fenilcetonúria não tratada. Outras associações
freqüentes incluem a síndrome de Down, a síndrome de Rett, a síndrome de
Smith-Magenis, a deleção de 22q13 e a neurofibromatose.
A síndrome do autismo pode ser encontrada em todo o mundo e em
famílias de qualquer configuração racial, étnica e social. Não se conseguiu até
agora provar nenhuma causa psicológica, ou no meio ambiente destas pessoas
que possa causar o transtorno. Os sintomas, causados por disfunções físicas
do cérebro, podem ser verificados pela anamnese ou presentes no exame ou
entrevista com o indivíduo, estas características são: Distúrbios no ritmo de
aparecimento de habilidades físicas, sociais e lingüísticas; Reações anormais
12
às sensações, ainda são observadas alterações na visão, audição, tato, dor,
equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo; Fala ou linguagem
ausentes ou atrasados. Certas áreas específicas do pensar, presentes ou não.
Ritmo imaturo da fala, restrita de compreensão de idéias. Uso de
palavras sem associação com o significado; Relacionamento anormal com os
objetos, eventos e pessoas. Respostas não apropriada a adultos ou crianças.
Uso inadequado de objetos e brinquedos.
Para um diagnóstico clínico preciso do Transtorno Autista, a criança
deve ser bem examinada, tanto fisicamente quanto psico-neurologicamente. A
avaliação deve incluir entrevistas com os pais e outros parentes interessados,
observação e exame psico-mental e, algumas vezes, de exames
complementares para doenças genéticas e ou hereditárias.
No início do século XX, a questão educacional passou a ser abordada,
porém, ainda é muito contaminada pelo estigma do julgamento social. Nos dias
de hoje, entre todas as situações da vida de uma pessoa com necessidades
especiais, uma das mais críticas é a sua entrada e permanência na escola.
Ainda hoje, embora mais sutil, pratica-se a "eliminação" de crianças deficientes
do ambiente escolar. Por tudo isso os professores agora estão sendo
preparados para adaptar a criança com necessidades especiais para prolongar
a sua permanência na escola dita normal.
Hoje, não se pensa mais no autismo como algo incurável e já é
impossível se falar de atendimento à criança especial sem considerar o ponto
de vista pedagógico. Essas crianças necessitam de instruções claras, precisas
e o programa devem ser essencialmente funcionais, quer dizer, ligado
diretamente ao portador da síndrome.
Abordar este tema é de fundamental importância e o maior desempenho
depende da motivação em mostrar que essas crianças podem se relacionar
com a sociedade. Do autismo em escolas normais e não a sua segregação ou
isolamento em escolas especializadas. Este trabalho tem como objetivo
mostrar a importância do pedagogo na Educação da criança autista.
13
1.1. O que é?
Autismo portanto, é um nome dado a um padrão de comportamento
produzido de forma complexa, como um resultado final de uma longa
seqüência de causas. É uma síndrome, ou seja, um conjunto de sintomas, que
agrupados, recebem a denominação de autismo.
Conforme foi dito, o autismo é classificado como um transtorno invasivo
do desenvolvimento que envolve graves dificuldades ao longo da vida nas
habilidades sociais e comunicativas – além daquelas atribuídas ao atraso
global do desenvolvimento do comportamento e interesses limitados e
repetitivos. Ambos os diagnósticos mais utilizados requerem a identificação de
anormalidades no desenvolvimento da criança, antes da idade de 36 meses.
Também conhecido como uma alteração “cerebral”/ “comportamental”
que afeta a capacidade da pessoa comunicar, de estabelecer relacionamentos
e de responder apropriadamente ao ambiente que a rodeia o autismo está
presente em algumas crianças que, apesar de autistas, apresentam inteligência
e fala intactas, algumas apresentam também retardo mental, mutismo ou
importantes atrasos no desenvolvimento da linguagem.
Alguns parecem fechados e distantes e outros parecem presos a
comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento.
O autismo é mais conhecido como um problema que se manifesta por
um alheamento da criança ou adulto acerca de seu mundo exterior,
encontrando-se centrado em si mesmo, ou seja, existem perturbações das
relações afetivas com o meio.
A maioria das crianças não fala e, quando falam, é comum a ecolalia
(repetição de sons ou palavras), inversão pronominal etc.
14
O comportamento delas é constituído por atos repetitivos e
estereotipado, não suportam mudanças de ambiente e preferem um contexto
inanimado.
O termo autista se refere às características de isolamento e
autoconcentração das crianças. O autista possui uma incapacidade inata para
estabelecer relações afetivas, bem como para responder aos estímulos do
meio.
É universalmente conhecida a grande dificuldade que os autistas têm em
relação à expressão das emoções.
Muitas descrições e revisões científicas foram realizadas a respeito dos
conceitos de Autismo. Em 1943, o psiquiatra Leo Kanner observou e descreveu
11 crianças que apresentavam um quadro clínico peculiar: o principal sintoma
era uma incapacidade para se relacionar com outras pessoas e situações.
Entre as características observadas, destacavam-se a ausência de
movimento antecipatório, a falta de aconchego ao colo e alterações na
linguagem, como a ecolalia, a descontextualização do uso das palavras.
Apesar disso, esse grupo ainda mostrava indícios de bom potencial
intelectual e os pais das mesmas foram descritos como extremamente
intelectualizados e pouco afetuosos.
O Autismo descrito por Kanner (1943), que o nomeou inicialmente como
“distúrbio autístico do contato afetivo”, foi concebido como um distúrbio primário
semelhante ao descrito para a Esquizofrenia.
A diferença estava no fato de a criança com Autismo não realizar um
fechamento sobre si mesma, mas buscar estabelecer uma espécie de contato
bastante particular e específico com o mundo. A Esquizofrenia Infantil estaria
relacionada a casos cujo quadro clínico se configuraria mais tarde, pois se trata
de uma desestruturação da personalidade subseqüente a uma fase de
desenvolvimento aparentemente estável.
15
Mahler (1972) definiu o Autismo como psicose simbiótica, atribuindo a
causa da doença ao mau relacionamento entre mãe e filho.
Os organicistas se baseiam na hipótese levantada por Kanner de que
crianças que apresentam o quadro autista na verdade tem uma incapacidade
inata para desenvolver o contato afetivo. Este caráter inato poderia estar
relacionado a déficits em diferentes níveis comportamentais, afetivos e de
linguagem, os quais estariam relacionados a alguma disfunção de natureza
bioquímica, genética ou neuropsicológica.
Dentre os autores desta vertente, chamada de psicodinamicista,
destacam-se Melanie Klein (1955), Margareth Mahler (1989) e Francês Tustin
(1990), que tomam a psicanálise como eixo central. A psicanálise tem como
fundamento o determinismo psíquico, que atribui as causas do comportamento
anormal à esfera psíquica e tem como objeto de estudo as representações
mentais. Para estas autoras, apesar de enfatizarem diferenças quanto às suas
postulações teóricas acerca deste transtorno, o Autismo seria um quadro
clínico que se constituiria como expressão de um quadro de psicose. Esta
diferenciação entre organicistas e psicodinamicistas contribuiu para que as
formas de tratamento também fossem distintas: para os primeiros, o tratamento
deveria ser de origem mecadimentosa e comportamental, enquanto para os
segundos o ideal seria indicações de psicoterapias para os pais.
Para Gauderer (1977), esta é uma desordem comportamental e
emocional, devido a algum tipo de comprometimento orgânico cerebral, e não
de origem psicogênica. Ele define, entre suas características, uma diminuição
do ritmo do desenvolvimento psiconeurológico, social e lingüístico, bem como
ouvir, ver, tocar, sentir, equilibrar e degustar. A relação com pessoas, objetos
ou eventos é realizada de uma maneira não usual, levando a crer que haja um
comprometimento orgânico do sistema nervoso central.
O Transtorno Autista se apresenta como uma desordem no
desenvolvimento que se manifesta desde o nascimento, de maneira grave, por
toda a vida. Ele acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e é quatro
vezes mais comum entre meninos do que entre meninas. Quando a menina é
16
acometida, normalmente os sintomas são mais graves. Ele é encontrado em
todo o mundo e em famílias de qualquer configuração racial, étnica ou social.
Mas o que é realmente Autismo? Esta pergunta não é tão fácil de
responder, pois não se conseguiu, até hoje, uma definição e uma delimitação
consensual das terminologias sobre ele.
Portanto o Autismo é uma síndrome, portanto um conjunto de sintomas,
presente desde o nascimento e que se manifesta invariavelmente antes dos 3
anos de idade. Ele é caracterizado por respostas anormais a estímulos
auditivos e/ou visuais e por problemas graves na compreensão da linguagem
oral. A fala custa a aparecer e, quando isto acontece, podemos observar uma
ecolalia (repetição das palavras), o uso inadequado de pronomes, uma
estrutura gramatical imatura e uma grande inabilidade de usar termos
abstratos. Observa-se também uma grande dificuldade de desenvolver
relacionamentos interpessoais, pois os autistas não se interessam pelas outras
pessoas, dispensam o contato humano e apresentam também dificuldades no
desenvolvimento de outras habilidades sociais, principalmente na linguagem
verbal e na corpórea (gestos, mímicas etc). Estes problemas de
relacionamento social aparecem antes dos 5 anos de idade, caracterizando-se,
por exemplo, por uma incapacidade de desenvolver o contato olho a olho,
jogos em grupos, contatos físicos etc. A pessoa com Autismo poderá às vezes
aparecer com um choro sem controle ou pode dar gargalhadas, sorrisos,
aparentemente sem causa. É comum não apresentar medo do perigo, como
altura ou automóveis se locomovendo, podendo ocorrer movimentos corporais
como o “balançar”.
1.2. Sintomas e características comuns do transtorno autista
Segundo a ASA - AUTISM SOCIETY OF AMERICA, “Indivíduos com
Autismo usualmente exibem pelo menos metade das características abaixo
listadas. Estes sintomas têm âmbito do brando ao severo em intensidade de
sintoma. Além disso, o comportamento habitualmente ocorre através de muito
diferentes situações e é consistentemente inapropriado para sua idade”.
17
1.Dificuldade de relacionamento com outras crianças;
2.Riso inapropriado;
3.Pouco ou nenhum contato visual;
4.Aparente insensibilidade à dor;
5.Preferência pela solidão; modos arredios;
6.Rotação de objetos;
7.Inapropriada fixação em objetos (apalpá-los insistentemente, mordê-los);
8.Perceptível iteratividade ou extrema inatividade;
9.Ausência de resposta aos métodos normais de ensino;
10.Insistência em repetição, resistência em mudança de rotina;
11.Não tem real medo do perigo (consciência de situações que envolvam
perigo);
12.Procedimento com poses bizarras (fixar objetos ficando de cócoras; colocar-
se de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente
liberando-a após tocar de uma determinada maneira os alisares...);
13.Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal);
14.Recusa colo ou afagos;
15.Age como se estivesse surdo;
16.Dificuldade em expressar necessidades (usa gesticular e apontar no lugar
de palavras);
17. Acesso de raiva (demonstra extrema aflição sem razão aparente);
18.Irregular habilidade motora (pode não querer chutar uma bola mas pode
arrumar blocos).
Ainda que o transtorno Autista possa vir associado a diversos problemas
neurológicos e/ou neuroquímicos, não existe ainda nenhum exame específico
que possa detectar a sua origem.
Os diagnósticos são formulados sempre a partir da observação de um
conjunto de sintomas apresentados pela pessoa, os sintomas devem incluir:
a)Anormalidades no ritmo do desenvolvimento e na aquisição de habilidades
físicas, sociais e de linguagem;
b)Respostas anormais aos sentidos: o autista pode ter uma combinação
qualquer dos sentidos (visão, audição, olfato, equilíbrio, dor e paladar); a
18
maneira como a criança equilibra o seu corpo pode ser também inusitada;
c)Ausência ou atraso de fala ou de linguagem, embora possam se apresentar
algumas capacidades específicas de pensamento;
d)Modo anormal de relacionamento com pessoas, objetos, lugares ou fatos.
Veja abaixo os 14 sintomas cardeais para o reconhecimento do
Transtorno Autista. Se uma pessoa apresentar pelo menos 5 destes sintomas
de forma persistente e em idade inadequada, pode-se aventar a hipótese de
Autismo e a família deve ser orientada a buscar um tratamento médico
especializado.
1.3. Avaliação Diagnóstica
Ainda que o Transtorno Autista seja considerado uma desordem que
pode envolver comprometimentos de ordem neurológica, não há ainda um
único tipo de exame ou procedimento médico que confirme isoladamente o seu
diagnóstico. Por isso, é necessário realizar uma série de exames, avaliações e
análises com fins de compilar um número suficiente de informações que
permita esboçar mais seguramente este quadro clínico. Os exames mais
comuns são os que avaliam a capacidade auditiva (audiometria,
timpanometria), os que indicam a possibilidade da presença de tumores,
convulsões ou anormalidades cerebrais (eletroencefalogramas, imagens por
tomografias computadorizadas e por ressonância magnética).
Buscando-se articular informações obtidas a partir destes exames, é
importante avaliar a criança em termos de seu desenvolvimento, de modo a
identificar como se apresentam suas habilidades emocionais, sociais,
comunicativas e cognitivas através da observação direta da criança no seu
ambiente natural (em casa, na escola), da análise de álbuns de fotografias e
vídeos e da realização de entrevistas com pais, professores ou outros
responsáveis. Estas análises deverão ter continuidade no decorrer do
tratamento, pois podem ocorrer mudanças que precisarão ser identificadas. A
19
partir dessas informações, será possível estabelecer metas e os objetivos
necessários e adequados à criança.
Além destes procedimentos, a utilização de instrumentos padronizados
para fins de avaliação desta síndrome tem sido cada vez mais necessária
como um recurso alternativo que complemente as informações previamente
adquiridas. Dentre estes instrumentos padronizados, podem-se destacar
diversos questionários, checklists (lista de observação de comportamento),
escalas e inventários especialmente desenvolvidos para esta finalidade. São
alguns exemplos: SAB-2, questionário composto de 130 itens aplicados às
mães para avaliar retrospectivamente os sintomas de Autismo de seus filhos
antes dos 2 anos de idade (Dahlgren e Gilberg (1989)); o ISBE – Behavioral
Summarized Evaluation Scale, escala de observação composta por 19 itens
para uso em crianças de 6 a 48 meses de idade (Barthélémy et al.); o CHAT –
Checklist for Autism in Toddles, utilizado quando a criança tem por volta de 18
a 36 meses (Baron-Cohen, Allen e Gillberg); o CARS – Chidhood Autism
Rating Scale, instrumento mais validado para um diagnóstico ao longo do
espectro de Autismo, baseado em observações comportamentais e entrevistas,
podendo ser aplicado em indivíduos de todas as idades (Schopler, Reicher et
al.) e o ADI-R – Autism Diagnostic Interview-Revised, entrevista padronizada e
semi-estruturada que visa identificar desvios qualitativos de atrasos no
desenvolvimento, podendo ser aplicada em crianças a partir dos 18 meses de
idade (LeCouter et al.).
O Catálogo de Características e Sintomas para o Reconhecimento da
Síndrome de Autismo de H. E. Kehrer, traduzido por Facion (1993), pode ser
uma alternativa. Ele é composto por uma descrição de 73 sintomas e é
apresentado às pessoas que convivem com a criança acometida (pais,
professores, terapeuta etc). Quando uma pessoa apresenta mais de um terço
dos sintomas ali descritos, de forma persistente e em idade inadequada, pode-
se pensar (e até formular) no diagnóstico de Transtorno Autista.
Como visto, até agora, o Autismo é um grave distúrbio do
desenvolvimento e do comportamento e que apresenta um alto nível de
complexidade, sendo considerado entre os mais severos transtornos
20
manifestados na infância. Algumas pesquisas conseguem correlacionar fatores
genéticos, problemas metabólicos e mudanças bioquímicas ao
desenvolvimento dos períodos pré, peri e neonatais, mas nenhuma associação
aplica-se a 100% dos casos. Cabe ressaltar que foi eliminado o critério da
idade da manifestação do transtorno, aceitando-se que uma manifestação
possa ocorrer depois dos 36 meses. Isso foi proposto alegando-se que os
casos mais graves de Autismo se manifestariam mais rápido do que os casos
menos graves. Substitui-se, assim, a denominação Autismo Infantil por
Transtorno Autista.
Desta forma, problemas de desenvolvimento no início da infância podem
ter origem numa relação familiar conturbada, que favorece o aparecimento de
distúrbios de comportamento, como por exemplo, o balançar do corpo e outras
estereotipias. Estes, porém, não implicam, necessariamente, na presença do
transtorno Autista. O mutismo eletivo (a criança se recusa a falar em
determinada situação ou condições) é um dos problemas relacionados com a
influência do ambiente e também não deve ser confundido com os distúrbios de
comunicação presentes em crianças com Autismo.
A pessoa com Transtorno Autista, por muitas vezes não responder ao
estímulo auditivo, pode ser diagnosticada como deficiente auditivo. No estímulo
audiológico, essa pessoa, normalmente, apresenta resultados incongruentes
ou de grande oscilação, diferindo assim do diagnóstico da surdez. A
probabilidade de surdez para a pessoa com Autismo é, deste modo, a mesma
que para uma criança da população em geral.
Os movimentos estereotipados (repetitivos) de braços e mãos de uma
criança com Autismo, que se assemelha à gesticulação da criança deficiente
visual, podem ser confundidos com a cegueira congênita. A diferença é que a
criança cega mostra interesse e desejo de interação com o ambiente e as
pessoas, o que pode não ocorrer com a criança com Autismo.
1.4 Hipóteses Etiológicas
21
Existem diferentes modelos etiológicos para o entendimento do
Transtorno Autista, no entanto dá-se ênfase a três, que são os relacionados a
seguir.
1.Ao nascer, a criança apresenta-se mental e fisiologicamente saudável, mas
no decorrer da vida, ou por má conduta dos pais ou ainda por traumas que não
foram bem estruturados, bem como outras vivências negativas, ela pode
desenvolver Autismo.
2.A criança nasce com uma predisposição congênita ao Autismo, ocasionando
o desenvolvimento deste, independente das circunstâncias do meio no qual ela
esteja inserida.
3.A criança, sem predisposição ao transtorno, sofre uma lesão exógena
(externa) cerebral. Isto pode ocorrer na fase de vida uterina, perinatal ou pós-
natal (até o 30º mês).
1.5 Tratamento
O trabalho interdisciplinar, de forma integrada, se faz sempre
necessário. Os profissionais devem usar procedimentos e técnicas em comum,
discutindo com os pais sobre as necessidades da criança e sobre o que ela
consegue entender e executar. Para isso, sugere-se um profissional de apoio,
com o objetivo de organizar e orientar o tratamento, assim como analisar a
evolução do quadro do paciente.
O tratamento medicamentoso passa a ser importante, principalmente
quando a pessoa com Autismo apresenta problemas de comportamento de
difícil controle.
Muitos pais apresentam uma forte resistência a este tratamento por
temerem reações adversas e por não receberem orientações e informações
mais precisas. Vários tipos de medicamentos já comprovaram alguns
benefícios recompensadores, ajudando a melhorar a convivência familiar,
diminuir a hiperatividade, assim como os comportamentos auto-agressivos, as
22
obsessões etc. Este tratamento poderá servir de complemento, beneficiando as
terapias diversas.
Não existe medicamento para o tratamento do Transtorno Autista. O que
se procura é controlar os comportamentos exacerbados, quando estes não são
resolvidos por outros procedimentos alternativos.
As crianças com Autismo sempre apresentam avanços com ou sem
tratamentos, mas tratar o Autismo é ter como meta principal minimizar sua
dependência, garantindo assim sua autonomia, e isto ela não consegue
sozinha.
1.6. Desenvolvimento do Autismo Devido a Traumas Psicológicos
A hipótese de que o desenvolvimento do Autismo se deve a experiências
negativas sofridas por uma criança inicialmente normal parece clara, quando
são considerados os transtornos de hospitalismo (crianças que desde muito
novas ou recém-nascidas permaneceram por longo período internadas em
hospitais) e o estudo de Kanner (1943) sobre o funcionamento de famílias em
que há pessoas com o Transtorno Autista.
O transtorno do hospitalismo se refere aos sintomas, semelhantes ao do
Autismo, apresentados por crianças que sofrem privação significativa no início
de seu desenvolvimento.
Kanner (1943) descreve a personalidade dos pais de crianças com
Autismo, afirmando serem estes, por exemplo, pouco emotivos e obsessivos.
Estudos minuciosamente elaborados sobre as características destes pais não
encontraram um perfil típico de personalidade, e sim uma grande variedade
(Rivière e Martos). Além disso, são encontradas famílias em que há grande
cuidado e afeto parental com a criança que tem Autismo. Pode-se assim
perceber que, mesmo que os fatores externos possam vir a reforçar os
sintomas do Autismo, estes não formam um fator de origem para a doença.
De acordo com Tinbergen e Tinbergen, o desenvolvimento da criança
poderia ser prejudicado devido às experiências e ocorrências pelas quais ela
23
passaria que poderiam ser ocasionadas mesmo na gestação, durante o parto
ou na primeira infância. Um exemplo desse fator na gestação seria uma
agressão sofrida quando o feto se movimenta no interior do útero. Após o
parto, é necessário contato imediato com a mãe, pois uma separação, ainda
que não leve mais que alguns minutos, podem constituir um prejuízo para o
bebê. Outros fatores desencadeantes são: permanência do recém-nascido na
incubadora, falta de confiança própria da mãe, alimentação incorretamente feita
por mamadeira, separação constante da criança do pai ou da mãe e
nascimento de um irmão antes de a criança completar 18 meses de idade.
Wing e Ricks baseiam suas críticas ao referidos autores, considerando a
falta de precisão com que os conceitos de Autismo e outros transtornos foram
empregados em suas hipóteses. Esses críticos enfatizam que o distúrbio no
relacionamento entre mãe e criança, mesmo que possa vir e prejudicar o
desenvolvimento do bebê em algum ponto, não parece estar propriamente
correlacionado com o Autismo. Milhões de crianças que estiveram expostas
aos fatores descritos não se tornaram autistas.
1.7.Crianças com Autismo na primeira infância que foram separadas das
Mães
A relação entre a separação da mãe na primeira infância de seu filho e o
aparecimento ou acentuação de sintomas autísticos também vinha sendo
considerada. Em alguns casos, a criança não apresentava nenhum sintoma até
a experiência de privação. Fallinger, num estudo com 44 crianças autistas,
observou que a separação da mãe neste grupo havia sido significativamente
maior que no grupo de controle (de crianças que não apresentavam o
transtorno) e a causa destas separações, na maioria das vezes, dava-se por
meio de internações hospitalares, principalmente por causa de doenças do
sistema nervoso central. Observou que, nas vivências e separações da mãe e
da criança, ocorre uma influência prejudicial frente ao desenvolvimento desta
última, porém isto não se constitui um fator causador do Autismo.
Dentro da idéia de aspectos genéticos como causa do Autismo, têm-se
estudado três aspectos: a concentração de pessoas com Autismo em uma
24
mesma família; uma série de alterações de familiares próximos ao autista que
se assemelham aos comportamentos típicos deste transtorno; e a associação
do Autismo com várias condições de origem genética.
Nota-se também uma maior concordância entre os gêmeos monozigotos
(provenientes de um único óvulo fertilizado) que entre os dizigotos
(provenientes de dois óvulos fertilizados) nas ocorrências do Transtorno
Autista. Isto significa que há um grau de risco mais elevado no parto de
gêmeos e, consequentemente, uma probabilidade maior de ocorrer uma lesão
cerebral durante o nascimento, de acordo com CURY (2003) onde diz que:
No entanto, pode-se perceber, através de pesquisas, prejuízos sociais
em parentes próximos aos autistas, independente do Quociente Intelectual – QI
e do nível de escolaridade. Outro ponto estudado é o risco de Autismo em
irmãos com Autismo. Este risco nesta população é de 50 a 188 vezes maior
que o risco na população em geral. Estes dados podem ser interpretados de
modo ambíguo sob dois aspectos: como argumentos a favor da
hereditariedade do Autismo ou a favor da etiologia (causas) familiar da doença,
uma vez que tanto ele quanto seus irmãos estão sendo criados no mesmo
ambiente familiar.
Diz ainda que:
De acordo com a autora, pode-se pensar, então, que haja fatores
genéticos associando-se ao Autismo, porém, há algumas evidências de que
fatores como o sexo do indivíduo, QI e problemas pré e perinatais podem
amenizar essa propensão genética”.
25
Capítulo II
2. Modo Como Pais e Profissionais da Educação Lidam Com O Autista
A maioria das crianças autistas necessita de assistência e supervisão da
parte dos adultos durante toda a sua infância. Os pais são indispensáveis como
cuidadores e devem permanecer com a criança o maior tempo possível,
estabelecendo com ela laços de confiança que são indispensáveis para o
sucesso das etapas de desenvolvimento, que se encontram alteradas. O
autismo como doença crônica que é, passa a ser considerada “a doença da
família”.
Estes pais manifestam-se, por vezes, culpabilizados e envergonhados
pela doença da sua criança. O técnico de saúde, seja auxiliar de ação médica,
enfermeiro, médico, psicólogo ou o técnico educativo devem ter essa noção e
adequada sensibilidade para apoiar estes pais, quando os mesmos necessitam
de cuidados especializados para a criança autista nas instituições que os
acolhem, sejam hospitais, colégios, centros de saúde ou de reabilitação. Esses
técnicos podem ajudar a reduzir a culpa e a vergonha que os pais sentem e
nem sempre verbalizam.
A família da criança autista necessita de aconselhamento desde o início
do distúrbio e na sua evolução, sendo incentivada a cuidar da sua criança em
casa, na maioria das vezes. E m alguns casos, são quase inexistentes os
apoios psicológicos, sociais e econômicos. Ultimamente fala-se muito em
cortes nos projetos que têm a ver com as crianças com necessidades
especiais, essencialmente autistas. Contudo existem escolas primárias e
autarquias com projetos direcionados a estas crianças.
Os pais apóiam-se em algumas leis que são insuficientes para tratar
tantos casos, tendo em atenção que “cada caso é um caso”. Mas existe alguma
dica que podem facilitar o dia-dia da família, tais como os 10 mandamentos dos
pais com crianças especiais, que são eles:
26
•Viva um dia de cada vez, e viva-o positivamente. Você não tem controle sobre
o futuro, mas tem controle sobre hoje.
•Nunca subestime o potencial do seu filho. Dê-lhe espaço, encoraje-o, espere
sempre que ele se desenvolva ao máximo das suas capacidades. Nunca se
esqueça da sua capacidade de aprendizagem, por pequena que seja.
•Descubra e permita mentores positivos: familiares e profissionais que possam
partilhar consigo a experiência deles, conselhos e apoio.
•Proporcione e esteja envolvido com os mais apropriados ambientes
educacionais e de aprendizagem para o seu filho desde a infância.
•Tenha em mente os sentimentos e necessidades do seu conjugue e dos seus
outros filhos. Lembre-lhes que esta criança especial não tem mais do seu amor
pelo fato de perder com ele mais tempo.
•Responda apenas perante a sua consciência: poderá depois responder ao seu
filho. Não precisa justificar as suas ações aos seus amigos ou ao público.
•Seja honesto com os seus sentimentos. Não pode ser um superpai 24 horas
por dia. Permita-se a si mesmo ciúmes, zanga, piedade, frustração e
depressão em pequenas necessidades sempre que seja necessário.
•Seja gentil para consigo mesmo. Não se foque continuamente naquilo que
precisa ser feito. Lembre-se de olhar para o que já conseguiu atingir.
•Pare e cheire as rosas. Tire vantagem do fato de ter ganho uma apreciação
especial pelos pequenos milagres da vida que os outros dão como garantidos.
•Mantenha e use o sentido de humor. Desmanchar-se a rir pode evitar que seja
desmanchado pelo stress.
Após seguir estas regras, sugere-se, ao ter um diagnóstico concreto do
tipo de autismo ao qual a criança é acometida, que os pais intervenham
dialogando com as suas crianças de forma a que a comunicação seja facilitada.
Nesse sentido, os pais ou educadores devem tentar:
•Minimizar as questões de origem direta, não questionar de forma direta a
criança autista com questões: “Para que é isto?”, “O que é isso?”, pois este tipo
de discurso que parece facilitar o desenvolvimento da sua linguagem, torna-se
complexo para elas. Os substantivos são, para ela, as palavras mais fáceis de
aprender, porque podem formar uma imagem na sua mente. Para aprender
27
palavras como “embaixo” ou “em cima”, pode-se mostrar um avião (brinquedo)
e dizer “em cima”, enquanto o avião levantar do chão ou de uma mesa, por
exemplo;
•Facilitar a aprendizagem da linguagem. Alguns autistas não sabem que a fala
é usada como meio de comunicação. A aprendizagem da linguagem pode ser
facilitada com exercícios de linguagem para promover a comunicação. Se a
criança ou jovem autista pedir uma caneca, ofereça a caneca. Se pedir um
prato, quando quer uma caneca, dê o prato. Ela precisa aprender que quando
fala, mesmo pedindo de uma forma errada, coisas concretas acontecem. É
mais fácil para a criança/jovem autista entender que as palavras estão erradas
quando delas resultam objetos errados;
•Observar qual a resposta da criança à comunicação. Algumas crianças
autistas cantam melhor do que falam. Respondem melhor se as palavras forem
cantadas para eles. Outras crianças com extrema sensibilidade sonora
respondem melhor se o professor falar com elas num leve sussurro;
•Saber qual o método através do qual a criança tem mais facilidade na
aprendizagem. As crianças autistas aprendem a ler mais facilmente por
métodos fônicos e outras através da memorização das palavras. Nesse
sentido, os pais devem falar com o educador da criança para saber qual o
método mais fácil para ela, e em casa, reforçar esse método, mas sem insistir.
O método fônico é baseado no ensino dinâmico do código alfabético, ou seja,
das relações entre grafemas e fonemas no meio de atividades lúdicas
planeadas para fazer com que as crianças aprendam a codificar a fala em
escrita, e, de volta, a descodificar a escrita no fluxo da fala e do pensamento;
•Encorajar os talentos das crianças. Muitas crianças com autismo são bons
desenhistas, artistas e programadores de computador;
•Encorajar a criança a digitar no computador. Algumas crianças autistas têm
problemas com o controle motor das suas mãos. A letra manifesta-se muito
desajeitada e isso pode frustrar totalmente a criança. Para reduzir essa
frustração e ajudar a criança a escrever, deixá-la digitar no computador. Digitar
é, às vezes, muito mais fácil;
•Aproveitar aquilo que a criança mais gosta. Muitas crianças autistas têm
fixação por um assunto, como comboios ou mapas. A melhor forma de
trabalhar com estas fixações é usá-las como trabalhos escolares. Se uma
28
criança gosta de comboios pode usar-se para ensiná-la a ler e a fazer cálculos.
Ler um livro sobre comboios e fazer problemas matemáticos com comboios é
um bom exemplo a seguir;
•Acalmar a criança autista quando necessário. Algumas crianças autistas são
hiperativas e podem ser acalmadas se forem vestidas com um colete com
enchimento. A pressão da roupa ajuda a acalmar o sistema nervoso. Para
melhores resultados, a roupa pode ser vestida por vinte minutos e então
retirada por alguns minutos, para prevenir o sistema nervoso de se adaptar a
ela;
•Ensinar o autista pelo tacto. Em jovens autistas com mutismo, o tacto é,
nalgumas vezes, o seu sentido mais confiável. Às vezes é muito mais fácil para
elas o sentir. Nesse caso, as letras podem ser ensinadas ao deixá-las tatear
letras plásticas. Ela pode aprender a desenvolver uma rotina diária, sentindo
objetos durante alguns minutos antes da atividade programada. Antes do
almoço (10 minutos antes do almoço), oferecer uma colher para segurar ou
alguns minutos antes de sair do automóvel deixar que ela segure num
brinquedo preferido (carrinho) são bons exemplos a seguir;
•Proteger a criança autista de sons que perturbam os seus ouvidos. Os sons
que causam os maiores problemas são as campainhas de escola, zumbidos no
quadro de pontuação dos ginásios e som de cadeiras arrastando pelo chão.
Em muitos casos, a criança pode tolerar o sino ou zumbido se ele for abafado
simplesmente pelo recheio de um tecido ou papel, enquanto o som das
cadeiras pode ser silenciado com colocação de borrachas ou carpetes
antiaderentes. Por exemplo, a criança pode temer uma determinada sala de
aulas porque tem medo que de repente possa ser submetida ao som agudo do
microfone vindo do sistema de amplificador. O medo de um som horrível pode
causar perturbação de comportamento nesta criança;
•Comunicar com a criança por antecipação visual clara, esperando a vez da
criança, por forma a que esta tome a sua vez no diálogo. Sempre que a criança
fizer um esforço ao corresponder a essa expectativa deve ser recompensada.
•Promover a expectativa da comunicação: Estabelecendo um contacto visual
adequado; Virando a cabeça e o corpo na direção da criança; Sobrancelhas
ligeiramente tensas;
•O adulto deve criar Situações de Comunicação: Os pais e professores podem
29
encorajar a criança a comunicar espontaneamente criando situações que
provoquem a necessidade de comunicação. Não antecipar tudo que a criança
precisa, crie momentos para que ele sinta a necessidade de pedir aquilo que
precisa;
•Usar e abusar de gestos e expressões faciais: A utilização abundante de
gestos e expressões faciais é crucial para o desenvolvimento da linguagem. O
gesto e o movimento tendem a encorajar o discurso. Capte a atenção do
aluno/filho com gestos e suportes o significado das palavras que não forem
claras para ele com uma ilustração visual que traduza esse significado;
•Usar um tom, ritmo e volume exagerado: Torna-se necessário captar a
atenção da criança que apresenta problemas em comunicar de forma
espontâneas. Usar uma entoação e um volume exagerados para facilitar o
contacto. Esta é a razão porque as canções e as lengalengas são utilizadas na
estimulação precoce da linguagem. Poderá cantar uma canção e deixar um
espaço para que a criança colabore com uma palavra;
•Olhar para os olhos da criança e encoraje-a para que faça o mesmo.Usar
frases diretivas simples do tipo; “Olha para mim”.
•Reforçar qualquer esforço: Para promover e encorajar a comunicação
espontânea deve reforçar toda e qualquer tentativa e esforço que a criança
produza.Não ignorar nunca as tentativas de comunicação, tanto verbais como
não verbais;
•Sorrir sempre que possível. Ajuda a criança a associar a comunicação com o
afeto e o prazer.
Portanto os profissionais da educação precisa ter uma certa dinâmica
(modificação do ambiente e o suporte de material pedagógico adequado) para
permitir a realização diária de tarefas que a criança é capaz de executar,
diminuindo o grau de frustração e promovendo relações significativas com as
atividades e com os contextos, melhorando nelas a capacidade autônoma de
desempenho em contextos variados, nomeadamente na turma a que cada uma
pertence, em casa com a sua família, ou noutros espaços generalizando as
competências aprendidas de forma a otimizar as aprendizagens.
30
E por último, mas de extrema importância às rotinas que, conforme já foi
referido, surgem incluídas na planificação e na gestão das tarefas do dia a dia
e dos materiais e permitem processar informação de forma mais eficaz
facilitando a aprendizagem, pois podem ser usadas numa variedade de
situações e eventualmente alteradas. A maior parte destas crianças desenvolve
rotinas, no entanto, muitas vezes são pouco funcionais.
Em suma educar crianças com Perturbação do Espectro Autista é hoje
claramente viável e possível em inclusão, no entanto, apresenta enormes
desafios aos profissionais envolvidos devido às características que estas
manifestam. Os problemas de linguagem podem constituir um obstáculo à
comunicação; a resistência à mudança e neste caso a aprendizagem não
permite freqüentemente a utilização de técnicas de ensino-aprendizagem e
avaliação tradicionais. Por vezes, o seu elevado funcionamento mental em
algumas áreas pode levar o professor a criar falsas expectativas e conseqüente
frustração; as respostas alteradas a estímulos ambientais usados na educação
podem levar os outros a responder e a atuar de forma menos adequada às
situações, as alterações de humor, por vezes aparentemente inexplicáveis,
podem representar desafios e momentos de enorme perplexidade aos pares.
Para um professor o que se torna crucial realçar é que
independentemente de qual a sua etiologia o Autismo é um distúrbio do
desenvolvimento que irá afetar todo o processo de aquisição de experiências,
por isso as crianças com P.E.A. manifestam diferenças no modo como
aprendem. Tudo aquilo que as outras crianças aprendem espontaneamente
tem de lhes ser ensinado e explicado utilizando procedimentos de intervenção
que reconheçam e procurem compensar essas dificuldades muito específicas.
Assim, e de acordo com cada criança, deve ser elaborado um programa
interventivo baseado numa estrutura externa que lhes proporcione pistas
orientadoras do processo de aprendizagem. Esta deverá funcionar como uma
estratégia que compense a sua dificuldade para aprender de forma espontânea
e auto-orientada. Efetivamente, a criação de ambientes estruturados e
programas diários que implementem estratégias aplicadas de forma detalhada,
31
seqüenciada e persistente tornam possível que elas aprendam e apresentem
uma melhoria significativa..
Possibilita o aumento das capacidades funcionais, a redução das
limitações e dos comportamentos disruptivos e ainda a melhoria nos
desempenhos e nas suas adaptações aos contextos freqüentados pelas outras
crianças, nomeadamente o escolar.
O envolvimento e a formação de todos os que lidam com a pessoa com
autismo é essencial. A interação social e a aprendizagem tendem a melhorar a
sua expressão sintomática. Serão as relações a modificar a sua evolução e o
seu prognóstico. As necessidades específicas de cada um não serão apenas
determinadas pelas suas dificuldades de desenvolvimento, mas principalmente
na forma como estas se organizam no contexto em que a aprendizagem
acontece.
Apesar de esta sala ser um espaço para trabalhar com as crianças com
P.E.A. está sempre aberta a qualquer aluno da escola que nela queira estar,
seja para brincar, para ser ouvido, ou apenas para esperar que o seu professor
chegue. A pouco e pouco ela é hoje um espaço de todos no qual se pratica a
inclusão inversa.
Modificando o ambiente, reduzindo ou aumentando os estímulos,
promovem-se as interações das crianças ajudando as que apresentam P.E.A. a
encontrar motivação para a relação com o outro e as outras a respeitar o
colega diferente na sua diferença.
De fato, nesta escola a inclusão tem sido uma realidade efetiva na qual
os docentes envolvidos, professores formidáveis tanto em termos pedagógicos
como pessoais, têm enriquecido e partilhado as suas práticas pedagógicas. Os
colegas das turmas após esta experiência vivida serão com certeza no futuro
cidadãos mais completos, pois praticam diariamente uma construção de
valores de respeito pela diferença e experimentam a tolerância à frustração ao
não obterem do outro as respostas normalmente esperadas e por isso
32
manifestam capacidades gradualmente superiores de resolução de conflitos e
de compreensão e de aceitação de diferenças no outro.
Esta escola, tão especial e acolhedora, relembra-nos todos os dias que
na vida apesar de cada um seguir o seu caminho ele faz parte de um todo que
diz respeito à humanidade e isso faz-nos sentir como é bom estarmos sempre
atentos e disponíveis para “Aprender a olhar para o outro” e para acreditarmos
no seu potencial. A inclusão não pode ser considerada um privilégio, ou uma
mera opção estratégica, é um direito e, sobretudo, um exercício de cidadania a
praticar diariamente e que abre caminho rumo a uma escola na qual todas as
crianças devem ter um lugar, independentemente das suas diferenças,
conforme preconiza a Declaração de Salamanca (1994).
2.1. A aceitação da escola para com o autista e o mesmo no ambiente
escolar
Refletir sobre as questões de uma escola de qualidade para todos,
incluindo alunos e professores, através da perspectiva socio-cultural significa
que devemos considerar, dentre outros fatores, a visão ideológica da realidade
construída sócio e culturalmente por aqueles que são responsáveis pela
educação. Julgamentos de “deficiência”, “retardamento”, “privação cultural” e
“desajustamento social ou familiar” são todos construções culturais elaborados
por uma sociedade de educadores que privilegia uma só fôrma para todos os
tipos de bolos. E geralmente a forma do bolo é determinada pelo grupo social
com mais poder na dinâmica da sociedade. Não é raro se ver dentro do
ambiente escolar a visão estereotipada de que crianças vivendo em situação
de pobreza e sem acesso à livros e outros bens culturais são mais propensas a
fracassar na escola ou a requerer serviços de educação especial. Isto porque
essas crianças não cabem na fôrma construída pelo ideal de escola da classe
media, ou ainda, porque essas crianças não aprendem do mesmo jeito ou na
mesma velocidade esperada por educadores e administradores. A prática de
classificar e categorizar crianças baseado no que estas crianças não sabem ou
não podem fazer somente reinforça fracasso e perpetua a visão de que o
problema está no indivíduo e não em fatores de metodologias educacionais,
currículos, e organização escolar. Aceitar e valorizar a diversidade de classes
33
sociais, de culturas, de estilos individuais de aprender, de habilidades, de
línguas, de religiões e etc, é o primeiro passo para a criação de uma escola de
qualidade para todos.
Educar indivíduos em segregadas salas de educação especial significar
negar-lhes o acesso a formas ricas e estimulante de socialização e
aprendizagem que somente acontecem na sala de aula regular devido à
diversidade presente neste ambiente. A pedagogia de inclusão baseia-se em
dois importantes argumentos. Primeiramente, inclusão mostrou-se ser
beneficial para a educação de todos os alunos independente de suas
habilidades ou dificuldades. Isso pode justificar-se pela diversidade de pessoas
e metodologias educacionais existentes em sala de aula regulares, pela
interação social com crianças sem diagnóstico de necessidade especial, pela
possibilidade de construir ativamente conhecimentos, e pela aceitação social e
o conseqüente aumento da auto-estima das crianças identificadas com
“necessidades especiais”.
A intolerância é responsável por grandes crimes cometidos pela
humanidade. O preconceito, a arrogância e a incapacidade de aceitar
diferenças são traços marcantes na história dos povos e dos homens.
Mesmo após séculos de guerras - todas inflamadas pelos mais ínfimos
motivos, ainda assistimos ao massacre terrível da própria condição humana.
Ainda depois de construída uma civilização altamente complexa, tecnológica,
racionais, temos que conviver com a miséria absoluta e a violência explosiva.
Parece que em algum ponto a humanidade insiste em errar.
Se a filosofia conseguiu algum avanço neste século-permitida em grande
parte pela derrocada da discussão ideológica, foi no sentido de afirmar o direito
a pluralidade. Uma vitória considerável do humanismo, em contra posição ao
erro secular de impor pontos de vista, culturas, religiões ou modelos sócio-
econômicos.
Não é de se admirar a dificuldade em conviver com o que é diferente ou
minoritário. O senso comum, vício de se abrigar na opinião da maioria, é forma
34
covarde, mas eficiente de qualquer pessoa se manter incluído na família, no
grupo e, até mesmo, na chamada civilização. Mas os sinais desse processo
constante de assimilação e afirmação se manifestam de forma quase sempre
sutil e silenciosa.
O Brasil, basta observar, é um país de excluídos. Milhões de pessoas
sobrevivem à margem da sociedade, apartadas econômica, social e
culturalmente. Mas, aos poucos, de forma muito tímida, uma de nossas
maiores exclusões, a escolas, vai sendo combatida (embora ainda haja muito
por fazer, até que a última das crianças tome assento em um banco escolar).
Inclusão, essa é uma palavra que precisa ser bem mais definida e mais
praticada. Não há razão para que alguém seja de antemão descartado, isolado,
oprimido ou negado. Que lugar reservamos para o pobre, a criança, o idoso, o
negro, o doente, o portador de deficiência física ou mental? Quem tem
autoridade para estabelecer a quem pertence este mundo que todos constroem
ninguém pode ficar de fora.
Inovar não tem necessariamente o sentido inusitado. As grandes
inovações estão muitas vezes na concretização do óbvio, do que é possível
fazer, mas que precisa ser desvelado, para que possa ser compreendido por
todos e aceito sem outras resistências, se não aquelas que dão brilho e vigor
ao debate das novidades
A inclusão de portadores de autismo é uma inovação, cujo movimento
tem um aspecto muito polêmico nos meios educacionais e sociais, entretanto,
inserir alunos autistas de qualquer grau, no ensino regular, é garantir o direito
de todos à educação.
A presença de alunos autistas, em uma sala de aula comum, é uma
situação rara nas escolas de ensino regular, porém, as possibilidades de se
conseguir progressos significativos desses alunos na educação por meio de
adequação das práticas pedagógicas à diversidade dos aprendizes é bastante
representativa. Então entendemos, como educação inclusiva, uma proposta de
tornar a educação acessível a todas as pessoas, ou seja, refere-se à aceitação
35
da escola e à participação de todos, embora tenha, como prioridade, a inclusão
de pessoas portadoras de autismo no contexto social.
Observamos que, quando se fala em educação para portadores de
necessidades educativas especiais, em especial o autismo, só se destacam
escolas e instituições especializadas, tais como associação de pais e amigos
dos excepcionais – APAE e a Sociedade Pestalozzi.
Temos observado nas escolas ditas “normais” a não inclusão de
crianças portadores de autismo nas mesmas e que os mesmo as vezes não
consegue se adaptar e aceitar o ambiente escolar. Em virtude disso, a inclusão
se torna uma inovação cujo sentido tem sido distorcido, sendo, portanto, muito
polemizado pelos mais diferentes segmentos educacionais e sociais.
Convencer os pais a exporem seus filhos portadores de autismo à
convivência com o meio ambiente escolar é sem dúvidas uma barreira a ser
vencida, pois há sempre a questão do olhar e do pensamento alheio. Incluir
uma criança autista em uma escola dita “normal” ou de classe comum de
ensino regular é muito importante para o desenvolvimento da sua
potencialidade. Por este motivo, buscamos não restringir seu ensino somente à
instituições especializadas a este fim e sim à escolas de ensino regular comum.
Para que isso possa ocorrer, é preciso desenvolver nas escolas de
classes comuns um trabalho terapêutico em conjunto visando sempre o melhor
e mais aceitável método para o desenvolvimento deste educando.
Contudo, a inclusão como resultado de um ensino de qualidade para
todos os alunos provoca e exige das escolas novos posicionamentos a respeito
da conduta da escola exigindo qualificação por parte do corpo docente e
técnico-administrativo, afim de que seja capaz de receber e integrar o aluno
autista.
A problemática de se conseguir adequar os alunos autistas à diversidade
dos conteúdos também está relacionada ao fato da escola regular assumir
junto a sociedade sua imagem de escola inclusiva, comprometida com o ensino
e aprendizagem, buscando trabalhar dentro de uma integração.
36
Então a escola aberta para todos é a grande meta a ser alcançada, mas
também um grande problema na educação inclusiva. Pensamos que uma
escola inclusiva deve manter um quadro funcional qualificado e comprometido
com esta educação, a fim de proporcionar ao aluno autista sempre que
necessário um acompanhamento paralelo.
Existem muitas teorias sobre a forma de trabalhar a criança autista em
termos educacionais. Dependendo da capacidade do Pedagogo e da criança
alvo, alguns dão ênfase aos desejos e inclinações naturais da criança,
enquanto outros procuram criar respostas comportamentais condicionadas por
reforços positivos ou negativos.
Segundo Witmer (1919), que define:
O conceito atual de inclusão se refere à vida social e educativa e todos os
alunos devem ser incluídos nas escolas regulares e não somente colocados na
“corrente principal”.
O objetivo primordial da educação inclusiva é, portanto, desenvolver a
atenção, escolhendo tarefas que as desenvolvam e, em seguida, cultivar a
concentração, a persistência, a paciência como atributos da atenção, fazendo
assim com que esta criança interaja com o mundo lá fora, dentro de uma
escola normal. O ambiente dedicado à esses autistas ainda não está adequado
às suas necessidades, os alunos freqüentam às atividades de acordo com suas
necessidades específicas. A escola que atende desde a educação infantil até a
alfabetização propicia à essas etapas da educação salas de aula com aspecto
comum a qualquer outro da mesma etapa.
Dentro de suas limitações a escola oferece também aos alunos meios de
reunir às partes necessárias de um treinamento para aprender e não se criar
ansiedades se a criança custa a corresponder de uma etapa para a outra. As
escolas são construídas para promover educação para todos, portanto todos os
indivíduos têm o direito de participação como membro ativo da sociedade na
qual estas escolas estão inseridas. Todas as crianças tem direito à uma
educação de qualidade onde suas necessidades individuais possam ser
37
atendidas e aonde elas possam desenvolver-se em um ambiente enriquecedor
e estimulante do seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social.
2.2. Estimular o desenvolvimento social e comunicativo.
As características essenciais da Perturbação Autística são a presença
de um desenvolvimento acentuadamente anormal ou deficitário da interação e
comunicação social e um repertório acentuadamente restritivo de atividades e
interesses.
A perturbação pode manifestar-se antes dos 3 anos de idade por um
atraso ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas:
interação social, linguagem usada na comunicação social, jogo simbólico ou
imaginativo.
Alguns autores afirmam que o planejamento do tratamento deve ser
estruturado de acordo com as etapas de vida do paciente. Portanto, com
crianças pequenas, a prioridade deveria ser terapia da fala, da interação
social/linguagem, educação especial e suporte familiar.
Já com adolescentes, os alvos seriam os grupos de habilidades sociais,
terapia ocupacional e sexualidade.
Com adultos, questões como as opções de moradia e tutela deveriam
ser focadas. Infelizmente, há poucas opções de moradia em nosso país - uma
área que tem sido grandemente negligenciada, causando preocupações para
os pais.
Tem-se chamado a atenção para a variedade de serviços disponíveis,
desde aqueles com abordagens individuais realizadas por profissionais
intensamente treinados em uma área específica, até aqueles compostos por
clínicas multidisciplinares. É evidente que a eficácia do tratamento depende da
experiência e do conhecimento dos profissionais sobre o autismo e,
principalmente, de sua habilidade de trabalhar em equipe e com a família. Uma
das situações mais estressantes para os pais, ao lidarem com os profissionais,
é a controvérsia que envolve o processo diagnóstico. Há autores que chamam
38
a atenção para as contradições dentro da equipe tanto em relação ao
diagnóstico em si quanto ao encaminhamento para tratamento. Esses autores
também salientam quatro alvos básicos de qualquer tratamento: Primeiro,
estimular o desenvolvimento social e comunicativo; Segundo, aprimorar o
aprendizado e a capacidade de solucionar problemas; Terceiro, diminuir
comportamentos que interferem com o aprendizado e com o acesso às
oportunidades de experiências do cotidiano; e Quarto, ajudar as famílias a
lidarem com o autismo, os quais serão abordados a seguir.
Estimular o Desenvolvimento Social e Comunicativo é aqui o principal
enfoque, visto que a crianças com grande déficit em sua habilidade de
comunicação verbal podem requerer alguma forma de comunicação alternativa.
A escolha apropriada do sistema depende das habilidades da criança e do grau
de comprometimento. Sistemas de sinais têm sido amplamente utilizados
nesses casos, como o de Makaton, por exemplo, que incorpora símbolos e
sinais.
Um sistema baseado em figuras parece exigir menos habilidades
cognitivas, lingüísticas ou de memória, já que as figuras ou fotos refletem as
necessidades e o interesse individuais. O PECS (Picture Exchange
Communication System) é um exemplo de como uma criança pode exercer um
papel ativo utilizando Velcro ou adesivos para indicar o início, alterações ou
final das atividades. Este sistema facilita tanto a comunicação quanto a
compreensão, quando se estabelece a associação entre a atividade /símbolos.
- Em contraste com as preocupações dos pais sobre o perigo de que os sinais
e fotos diminuam a motivação para o desenvolvimento da fala, até agora não
há evidência de que isso possa ocorrer. Pelo contrário, aponta-se que, ao focar
em formas alternativas de comunicação, as crianças podem ser encorajadas a
utilizar a fala. Ao mesmo tempo, encontrou-se que o uso da sinalização pelas
crianças autistas segue o mesmo padrão daquele encontrado em programas
de treinamento verbal, ou seja, os sinais são raramente utilizados para
compartilhar experiências, para expressar sentimentos, emoções ou para
comunicar-se reciprocamente. Para crianças mais jovens, que são capazes de
falar algumas palavras ou emitir sons espontaneamente, programas de
39
linguagem individualizados são importantes para melhorar a compreensão e a
complexidade da fala. Chamou-se a atenção para a necessidade de os pais
utilizarem estratégias efetivas e consistentes para encorajar a fala e
desenvolver as habilidades imaginativas. Por exemplo, os pais podem manter
os brinquedos e guloseimas longe da criança, mas à sua vista, utilizando
recipientes transparentes, que atraem a atenção da criança. Esta estratégia
simples ajuda a criança a ter de se comunicar com os adultos para conseguir o
que ela quer. As habilidades imaginativas podem ser encorajadas, por
exemplo, focando-se nos interesses estereotipados da criança, porém
expandindo os tópicos de interesse, ao invés de simplesmente eliminar os
primeiros.
A técnica conhecida como "Comunicação facilitada" envolve o uso de
apoio físico para mãos, braços ou pulsos a fim de auxiliar as crianças a utilizar
cartões de comunicação de vários tipos, desta forma melhorando as
habilidades de linguagem. No entanto, há evidências de que as respostas
estão, em sua maioria, sob controle do facilitador, e não da criança.
Dispositivos de comunicação computadorizados têm sido especialmente
projetados para crianças com autismo. Em geral, o foco está em ativar a
alternância dos interlocutores e em encorajar a interação. Um fator em favor do
uso de computadores é que o material visual é mais bem compreendido e
aceito do que o verbal. No entanto, é importante advertir que os computadores
podem também aumentar “obsessões” por tecnologia.
Outro sistema de instrução com base visual é o programa educacional
TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related Communication
Handicapped Children). É um programa altamente estruturado que combina
diferentes materiais visuais para aperfeiçoar a linguagem, o aprendizado e
reduzir comportamentos inapropriados. Áreas e recipientes de cores diferentes
são utilizados para instruir as crianças sobre, por exemplo, o lugar apropriado
para elas estarem em certo momento e qual a correspondente seqüência de
atividades, durante o dia, na escola. Os componentes básicos são adaptados
para servirem às necessidades individuais e ao perfil de desenvolvimento da
criança, avaliados pelo PEP-R (Psychoeducational Profile-Revised).
40
Mesmo crianças sem dificuldades de linguagem evidentes podem
também requerer alguns sistemas potencializadores da comunicação, em
certas situações. A maioria das crianças autistas apresenta dificuldades de
compreensão de linguagem abstrata ou dificuldade para lidar com seqüências
complexas de instruções que necessitam ser decomposta em unidades
menores. Por exemplo, em uma sala de aula, os estudantes foram incentivados
pelo professor a completarem uma história sobre uma menina e seu cachorro.
Cada estudante foi convidado a construir verbalmente uma pequena parte da
história. Depois que alguns meninos deram sua contribuição focando-se nos
pensamentos, sentimentos e atividades da menina, o estudante autista
repentinamente concentrou-se no cachorro, mudando o tópico da história e
sem fazer uma conexão com os trechos prévios. Em casos como esse, um
quadro com desenhos mostrando a seqüência das situações pode ser útil.
Outro menino autista não reagiu à instrução “arrume os brinquedos”, mas o fez
quando solicitado a “colocar os brinquedos na caixa” ou a olhar para a figura
com esta instrução.
Metáforas devem ser evitadas ou então explicadas, caso contrário
podem causar muito sofrimento, como no exemplo: “Vou morrer de fome”.
Perguntas devem ser as mais simples e concisas possível, tentando reduzir a
ambigüidade. Portanto, é melhor perguntar: “qual é o número do celular de sua
mãe?” do que ‘por favor, você pode me dar o celular de sua mãe?” Para essa
última questão, a criança autista pode responder “sim” e não fazer mais nada
ou compreender que deve dar o aparelho para o solicitante.
A ecolalia imediata é a repetição do que alguém acabou de dizer, ao
passo que a ecolalia remota ou tardia são palavras, expressões ou mesmo
diálogos tomados de outras pessoas ou dos meios de comunicação. Um
vocabulário amplo, copiado da fala dos adultos, por exemplo, pode ser
entendido como um sinal de competência lingüística e não como linguagem
estereotipada e, desta forma, retardar o fechamento do diagnóstico real. Outras
características especiais da linguagem no autismo são a inversão de
pronomes, como na confusão entre eu-você, e as perguntas repetitivas. Esses
comportamentos refletem as dificuldades das crianças em desenvolver um
41
sentido do "eu" e do "eles", a capacidade de se comunicar socialmente e de
lidar com situações imprevisíveis. Dessa forma, o fato de uma criança
perguntar repetidamente sobre o que irá fazer no Natal, desde o início do ano,
pode ser conseqüência da ansiedade dela sobre eventos vindouros.
Aparentemente, não existe uma única abordagem que seja totalmente
eficaz para todas as crianças, em todas as diferentes etapas da vida. Ou seja,
uma intervenção específica que pode ter um bom resultado em certo período
de tempo (e.g. anos pré-escolares) pode apresentar eficácia diferente nos anos
seguintes (e.g. adolescência). Isso ocorre, em parte, porque as famílias alteram
suas expectativas e valores com relação ao tratamento das crianças de acordo
com o desenvolvimento delas e do contexto familiar. Por outro lado, um ponto
de consenso na literatura é a importância da identificação e intervenção
precoce do autismo e seu relacionamento com o desenvolvimento
subseqüente. Finalmente, outra questão que se deve ter em mente é a
necessidade de focar-se em toda a família e não somente no indivíduo com
transtorno invasivo do desenvolvimento.
Aprimorando o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas, é
uma questão que parece haver relação direta entre o tempo gasto em sala de
aula trabalhando em uma matéria escolar específica e a melhora naquela
matéria. Essa melhora é significativamente associada à inteligência verbal,
ainda que o desempenho esteja abaixo da idade cronológica da criança.
Uma questão comum tem sido se uma criança autista deve freqüentar
uma escola especial para crianças com autismo, que aborda dificuldades
amplas de aprendizado, ou ser integrada na escola tradicional. Até agora, não
há uma réplica final a esta pergunta, já que não há estudos comparativos
metodologicamente bem controlados em relação aos níveis de integração
nesses sistemas. Parece que cada caso deve ser tratado individualmente,
focando nas necessidades e potencialidades da criança. É importante ter em
mente as vantagens de se expor a criança com autismo à convivência com
aquelas sem comprometimento e de aprender com elas por meio da imitação,
mas também não esquecer o risco de que ela seja vítima da gozação dos
colegas. De toda forma, alguns estudos sugerem que, com educação
42
apropriada, mais crianças autistas são capazes de utilizar as habilidades
intelectuais que possuem para avançar em níveis acadêmicos.
Como mencionado anteriormente, os estudos sobre programas de
ensino, tais como o TEACCH, demonstram a importância da organização do
ambiente, do uso de pistas visuais e o trabalho com base nas habilidades
prévias da criança, em vez de focar na tentativa de superar os principais
déficits do autismo. Kanner, em 1943, conforme mencionado no Capítulo I,
forneceu uma das primeiras descrições dos benefícios deste tipo de trabalho
no caso de Donald. A assistente social que visitava o paciente relata o quão
surpresa ficou com seu progresso quando ele se mudou para uma fazenda e
freqüentou uma escola nas redondezas. Ela notou que a professora lidava de
forma apropriada com o comportamento bizarro do paciente e os fazendeiros
tiravam proveito de seus comportamentos obsessivos, tornando-os muito mais
funcionais (e.g. a obsessão por números foi aproveitada em atividades de
mensuração de áreas da fazenda).
Há evidência de que prover educação formal de forma precoce, a partir
dos dois aos quatro anos, aliada à integração de todos os profissionais
envolvidos, é a abordagem terapêutica mais efetiva. Parece que este contexto
facilita o uso de técnicas de manejo mais consistentes, o que, por sua vez,
pode estar relacionado à generalização e à manutenção de habilidades
adquiridas. Essas estratégias auxiliam a minimizar ou evitar problemas
comportamentais subseqüentes, pois as crianças aprendem rapidamente que
seus comportamentos podem servir como um meio para controlar o seu
ambiente.
Existem ainda programas comportamental intensivo, geralmente
realizado na casa da criança autista, com pelo menos 20 horas semanais de
trabalho educacional. São trabalhadas diferentes áreas do desenvolvimento
tais como, linguagem, aspectos cognitivos, comportamento social, etc. Uma
das limitações desse programa é que ele impõe algumas restrições às famílias,
tais como horas determinadas em que os membros da família devem estar
disponíveis para os programas, talvez provocando a renúncia de planos como
gravidez, uma promoção no trabalho, etc. A terapia comportamental tradicional,
43
como o enfoque ABC para a análise do comportamento, também parece ser
útil. Na linha tradicional, trabalha-se com a hipótese de que o comportamento
pode ser explicado pela identificação dos antecedentes e conseqüências de
certo comportamento. No entanto, ressalta-se que é muito difícil perceber o
comportamento da criança da mesma forma que ela o faz, possibilitando que
seu comportamento seja explicado adequadamente em função de um outro
que o antecedeu ou não.
Já diminuindo comportamentos que interferem no aprendizado e no
acesso às oportunidades para experiências do cotidiano, é chamar a atenção
para a “função” dos comportamentos desafiadores, ou seja, as causas
subjacentes às alterações de comportamento (e.g. comportamentos
agressivos, autodestrutivos) e sua relação com os prejuízos de linguagem e
sociabilização. Sintomas obsessivos também ajudam a manter esses
comportamentos. Há autores que apontam que as técnicas de intervenção
devem focar na melhoria das áreas de desenvolvimento, principalmente as
habilidades sociais e a linguagem, mais do que na eliminação dos problemas.
Alguns estudos demonstraram que os comportamentos desafiadores
têm funções comunicativas importantes, que são: indicar a necessidade de
auxílio ou atenção; escapar de situações ou atividades que causam sofrimento;
obter objetos desejados; protestar contra eventos ou atividades não-desejados;
obter estimulação. O conhecimento de que os comportamentos desafiadores
são uma forma de comunicação também permite que as pessoas respondam
melhor a esses comportamentos, pois elas sabem que eles são evocados
devido à comunicação pobre e, portanto, não são atos deliberados de
agressão. Há abordagens que podem auxiliar a reduzir esses comportamentos
ensinando a criança a utilizar meios alternativos de comunicação. De fato, a
maioria dos estudos que investigam a eficácia dessas abordagens demonstra a
diminuição desses comportamentos quando a técnica apropriada é utilizada,
que é a identificação da função subjacente dos comportamentos. No entanto,
deve-se observar que a maior parte desses estudos utiliza amostras pequenas
ou com delineamentos de estudo de caso, do tipo linha de base múltipla ou
Análise do Comportamento Aplicada (ABA). Poucos são os ensaios clínicos
44
randomizados que poderiam permitir uma interpretação mais ampla e precisa
dos resultados. Uma limitação dessas abordagens é que as causas
idiossincráticas ou multifuncionais desses comportamentos não podem ser
sempre identificadas.
Há autores que enfatizam o quão importante é não encorajar ou tolerar
comportamentos que mais tarde serão percebidos pelos demais como
inapropriados. Neste caso, os problemas surgem não devido à natureza do
comportamento, mas devido às alterações nas atitudes das demais pessoas.
Alguns tipos de comportamentos obsessivo-compulsivos (e.g. “colecionar”
personagens de desenhos animados) podem ser intensamente encorajados
por pais e parentes em um momento, mas causar problemas e serem
combatidos mais adiante. Evidentemente, isso não significa que essas
atividades devam ser proibidas. Elas não devem ser demasiadamente
encorajadas, já que podem aumentar e interferir no processo de aprendizagem,
se não forem colocadas sob controle. Sem um planejamento cuidadoso, as
crianças podem substituir rituais e obsessões por comportamentos ainda mais
diruptivos.
É importante que a modificação de comportamentos desafiadores seja
feita gradualmente, sendo a redução da ansiedade e do sofrimento o objetivo
principal. Existem algumas diretrizes úteis, incluindo o estabelecimento de
regras claras e consistentes (quando o comportamento não é admitido ou
permitido); modificação gradativa; identificação de funções subjacentes, tais
como ansiedade ou incerteza; modificações ambientais (e.g. mudança nas
atitudes ou tornar a situação mais previsível) e transformação das obsessões
em atividades adaptativas.
Em relação ao comportamento social em crianças com maior
comprometimento, comportamentos inapropriados, tais como gritar, despir-se
ou masturbar-se em público, podem ser uma grande fonte de preocupação. Já
as menos comprometidas têm como principal fonte de preocupação, sintomas
como dificuldades em relação à empatia, compreensão social e interações
recíprocas que parecem ser os déficits nucleares no autismo. Esse prejuízo
social pode ser mais bem explicado por déficits que, segundo a teoria da
45
mente, são a incapacidade de entender as crenças, pensamentos ou
sentimentos das demais pessoas. Ainda que o estabelecimento de regras
claras para lidar com essas dificuldades seja útil, saber como fazer amigos,
entender os sentimentos e pensamentos das demais pessoas não são
habilidades baseadas em regras que são aprendidas por meio do ensino.
Parece que o treinamento de habilidades sociais é mais eficaz quando
realizado em uma situação específica, pois cada situação exige uma resposta
social diferente. O resultado das intervenções em grupos de habilidades sociais
tende a ter efeito mais limitado, devido às dificuldades da criança em
generalizar as habilidades adquiridas.
Aprender como interagir com crianças da mesma idade é uma tarefa
árdua para crianças autistas. Há alguns estudos que planejaram intervenções
utilizando técnicas de encorajamento constante por parte dos professores até
intervenções mais livres em grupos que envolvem crianças com
desenvolvimento típico. Novamente, nas diferentes intervenções planejadas,
ainda que houvesse melhora na freqüência da interação, foi difícil manter a
cooperação dos colegas por períodos mais longos de tempo. De toda forma, a
interação carece de reciprocidade, já que as crianças com desenvolvimento
típico têm que adaptar seu comportamento às crianças autistas de acordo com
as diretrizes de outra pessoa (e.g. professor). Oferecer oportunidades (e.g.
piscina, playground) para as crianças observarem ou interagirem
espontaneamente (mesmo que com limitações) com outras crianças parece ser
ainda a melhor estratégia.
Ajudando famílias a lidar com o autismo, este é o quarto alvo básico
para o tratamento eficaz de crianças autistas objetivando sua interação ao meio
social.
Há evidência de que o autismo tem impacto sobre a família e que a
sobrecarga dos cuidados recai principalmente nas mães.
Um estudo comparou os perfis de estresse de mães e pais de crianças
com autismo. O resultado mostrou que as mães das crianças com autismo
apresentaram mais estresse do que os pais e sugeriram que isso foi
46
conseqüência das diferentes responsabilidades atribuídas a cada genitor na
criação da criança.
Outro estudo demonstrou que as mães das crianças com autismo
apresentaram também mais depressão do que as mães das crianças com
síndrome de Down, sugerindo que a sobrecarga com o cuidado e a natureza do
déficit da criança exercem um papel na depressão materna. Isto é explicado
pelo principalmente sofrimento dos genitores, devido à demora em chegar-se a
um diagnóstico, aos comprometimentos especificamente associados ao
autismo (e.g. ausência de fala, hiperatividade e crises de birra) e às
preocupações sobre o futuro de seu filho. A identificação das preocupações
parentais e o fornecimento de suporte são cruciais, pois o stress parental pode
afetar o desenvolvimento da criança.
Um estudo mostrou que as mães de crianças autistas revelaram maiores
escores na maioria das dimensões do Questionário Geral de Saúde (GHQ),
comparadas às mães de crianças com dificuldades de aprendizagem ou com
desenvolvimento típico. Vale a pena notar que, nesse estudo, ocorreram
problemas obstétricos na maioria das mães de ambos os grupos clínicos, o que
sugere que as preocupações maternas começaram antes mesmo do
nascimento da criança. Essas preocupações dão lugar a exigências reais
quando são identificados os problemas de desenvolvimento após o nascimento
da criança, no caso do grupo com déficits de aprendizado e no grupo com
autismo, nos primeiros dois anos. O impacto do fator estressor sobre a família
pode ser aumentado se houver um acúmulo de exigências preexistentes ou
simultâneas na unidade familiar. Argumenta-se que as exigências sobre as
famílias concentram-se em cinco categorias: doença de um membro da família,
que pode ser acompanhada por necessidades financeiras, maiores dificuldades
por ter que cuidar da criança e/ou devido à incerteza que cerca o diagnóstico,
tratamento e prognóstico; transições evolutivas que podem coincidir com o
estresse; dificuldades prévias que podem ser exacerbadas; maiores jornadas
de trabalho para fazer frente às necessidades financeiras; e ambigüidade
intrafamiliar e social devido à falta de diretrizes sociais e comunitárias.
47
Além disso, naquele estudo, a maioria das mães dos grupos clínicos não
trabalhava, uma condição que pode aumentar a sobrecarga e o isolamento
social. De fato, algumas mães renunciaram a suas carreiras para cuidar da
criança. Foram identificados problemas no sono das crianças de ambos os
grupos clínicos, como dificuldades em ir dormir e freqüente despertar e
agitação. As mães dessas crianças com distúrbios do sono demonstraram
escores mais altos de ansiedade ou insônia do que as mães de crianças sem
esse distúrbio, sugerindo que as mães são afetadas pelos problemas de sono
de seus filhos. Alguns teóricos chamam a atenção para o papel das rotinas
familiares, em particular as relacionadas à hora de dormir das crianças para
evitar o estresse parental e a falta de intimidade do casal. Ademais, enfatizam
o risco de acumulação de estressores para a saúde dos pais, assim como
salientam o papel do suporte social e da qualidade dos sistemas de saúde em
amortecer o efeito do estresse sobre os pais. O suporte social é um importante
recurso para a família e tem sido visto como um dos fatores-chave para o
amortecimento do estresse em famílias sob estresse. A troca de informações
no nível interpessoal fornece suporte emocional e um senso de pertencer a
uma rede social onde operam a comunicação e compreensão mútua. Os
autores afirmam que os profissionais que trabalham com essas famílias podem
auxiliá-las a avaliar tanto os fatores de estresse quanto os recursos para
solucionar problemas. Esse modelo baseia-se no pressuposto de que as
famílias podem ser ajudadas a ser mais resilientes frente à mudança por meio
da reestruturação dos papeis, regras, padrões de interação, fronteiras e
relações externas com a comunidade. A avaliação das crenças das famílias
sobre seus relacionamentos recíprocos, isto é, entre os próprios membros e
também destes com a comunidade também pode exercer um papel na
exacerbação ou não do estresse.
Diante de tantas evidencias quanto aos problemas surjidos com o
diagnostico de autismo fica claro o quão é útil ter suporte, em casa, sobre o
manejo dos problemas comportamentais da criança e, em particular, aqueles
associados às tarefas cotidianas.
48
Uma das questões mais importantes ao desenvolver-se grupos de apoio
para pais é ter em mente que as famílias variam quanto ao tipo de suporte e
informação de que necessitam. Mesmo dentro de uma mesma família, cada
membro pode ter diferentes visões e expectativas, tanto sobre a criança como
sobre suas próprias necessidades. Não é suficiente dizer aos pais o que eles
devem fazer sem mostrar como fazê-lo. É também importante auxiliar os pais e
irmãos a reconhecerem a frustração, a raiva e a ambivalência de seus
sentimentos como um processo normal de adaptação. Ensinar técnicas de
manejo com a criança e prover informações sobre o espectro do autismo em si
é tão fundamental quanto focar-se em aspectos emocionais.
É de fundamental importância chamar a atenção e aconselhar os pais
sobre as vantagens e desvantagens relativas a diferentes tratamentos. Ainda
que seja importante não parecer tão pessimista, existe também a necessidade
de demonstrar que os tratamentos diferem em seus fundamentos e que
avaliações sistemáticas ainda têm que ser demonstradas para a maioria deles.
Esta é uma das razões que se destaca a importância do diagnóstico precoce.
O diagnóstico durante os anos pré-escolares é ainda muito raro, apesar
das afirmações de que a intervenção precoce é o melhor procedimento para o
desenvolvimento da criança. Isso se deve, em parte, à falta de conhecimento
sobre o desenvolvimento normal de uma criança, em particular na área da
comunicação não-verbal, sendo o prejuízo nas habilidades de atenção
compartilhado o marcador mais significativo. A situação mais comum é que as
preocupações dos pais e dos profissionais recaem mais no atraso na fala da
criança do que nos aspectos sociais do comportamento.
O diagnóstico preciso não é uma tarefa fácil para o profissional, já que
pode haver problemas para distinguir entre crianças com autismo e crianças
não-verbais com déficits de aprendizado ou prejuízo da linguagem. No entanto,
aos três anos de idade, as crianças tendem a preencher os critérios de autismo
em uma variedade de medidas diagnósticas.
Atrasos desnecessários no diagnóstico têm implicações práticas
importantes, já que o desenvolvimento de estratégias de comunicação efetivas,
49
ainda que simples, em um estágio precoce da vida auxiliam a prevenir o
comportamento diruptivo e os melhores preditores do desenvolvimento
subseqüente são tanto o nível de comunicação quanto as habilidades
cognitivas durante os anos pré-escolares. Desta forma, há razões suficientes
para aumentar os esforços na identificação e intervenção para crianças com
autismo, o mais precocemente possível.
50
Capítulo III
3. Autismo e Sexualidade
A tendência contemporânea da Educação Especial está apregoada nas
políticas públicas exaradas dos instrumentos legais em vigor e levados às
últimas conseqüências pela Secretaria de Educação Especial do Ministério da
Educação.
Mostra que o atendimento às pessoas com necessidades especiais vem
sendo ampliado para garantir a todo aluno acesso à escolaridade regular, em
salas de aulas comuns. Trata-se de uma concepção na qual a Educação
Especial é compreendida na condição de complemento na transversalidade
que permeia todos os níveis de ensino. A finalidade é tornar disponíveis
recursos educacionais e estratégias de apoio ao aluno, de modo a
proporcionar-lhe diferentes alternativas de atendimento, de acordo com as
necessidades de cada um. Essa política pressupõe, não apenas, que se
complemente o ensino escolar, mas que se garanta o reconhecimento e
atendimento das peculiaridades de cada pessoa, e, dentre elas, as que são
acometidas pelo espectro de autismo.
Entende-se que o movimento em prol da educação inclusiva não quer
instalar a transposição desse outro - a pessoa com autismo - a temporalidades
e especialidades homogêneas, conforme postulado por Skliar (2003). Sequer
pretende gestar uma política que resulte em práticas de uma pedagogia da
suposta diferença, em meio a um terrorismo de seu anulamento em classes
comuns e chamar esse outro para uma relação escolar sem considerar sua
relação com os demais outros. Ao contrário, o que a política atual preconiza é a
inclusão. A oferta e facilitação de acesso ao outro, que ostenta características
que parecem estranhas, mas sem tentar recorrentemente inventar o outro e
transformá-lo em exterioridade do que se é, como ocorre no processo da
dialética exclusão-inclusão (JODELET, 2002; ARRUDA, 2002).
A ingente condição para a inclusão da pessoa com autismo é conhecê-la
e lembrar que não há justaposição e tampouco identidade do conceito do
51
espectro de autismo enquanto doença, com a pessoa com autismo, seu
comportamento, seu desenvolvimento psicológico, emocional e sexual.
O fato que muito poucos relatórios sobre a síndrome do autismo tenham
se centrado nos problemas sexuais é devido, provavelmente, à tendência geral
na sociedade de ignorar ou até mesmo suprimir a sexualidade como parte
natural e integrante do desenvolvimento da personalidade. Isto se aplica tanto
à parte da população sem deficiência como também, e em particular, à parte
com deficiência. No século vinte muitas pessoas com deficiências físicas ou
mentais têm sido confinadas em instituições, tendo sua vida cotidiana
obscurecida pelo excesso de vigilância e controle. A estas pessoas tem sido
negada a oportunidade de ter uma vida privada na qual a sua sexualidade
poderia desenvolver-se em um ambiente de segurança emocional. O resultado
foi à supressão da sexualidade, numa vida celibatária em circunstâncias tanto
indesejáveis quanto humilhantes.
O mito sobre as necessidades sexuais das pessoas com retardo mental
serem ausentes ou mínimas prosperou até muito pouco tempo atrás, O mito
sobre a sexualidade desenfreada, e talvez até perigosa das pessoas com
deficiência é descaradamente atual. Isto é evidente cada vez que a população
normal se defronta com pessoas com deficiência que se mudam para zonas
residenciais nas cercanias de bairros de classe média. Na Dinamarca, durante
os últimos 20 anos, tem sido feitas muitas tentativas para mudaras condições
de vida inumanas sob as quais têm vivido as pessoas portadoras de
deficiências físicas e mentais.
Em 1986, o Parlamento Dinamarquês aprovou um decreto para que
fosse elaborado um conjunto de diretrizes sobre a educação e treinamento
sexual para adultos deficientes.
As diretrizes estabeleceram as questões éticas mais importantes e os
aspectos legais e legislativos, de maneira que torna possível adotar as ações
pertinentes. Por outro lado, falta conhecimento sobre os problemas específicos
associados com o desenvolvimento sexual de pessoas com autismo. Da
mesma forma, temos conhecimentos e experiência muito restritos com relação
52
às formas de abordar e intervir nos problemas de sexuais deste grupo de
pessoas com deficiência.
Haracopos (1988) aponta a necessidade de proteger as pessoas com
autismo ou com outras pessoas com outros tipos de desvantagem mental, já
que elas podem converter-se em vítimas de exploração sexual. Por outro lado,
temos que ser cuidadosos para não limitar suas oportunidades de relacionar-se
com outras pessoas. Haracopos argumenta que o empenho no tratamento
deve se centrar em ensinar aos jovens comportamentos que favoreçam sua
capacidade para estabelecer relações em geral e não apenas de caráter
sexual.
Gillberg (1983) menciona três problemas principais que normalmente
surgem nas discussões sobre a sexualidade das pessoas com autismo.
1)Elas têm uma tendência a masturbar-se em público;
2)Demonstram um comportamento sexual impróprio em relação às outras
pessoas,e;
3)Muitos usam técnicas autolesivas quando se masturbam.
Os pais de jovens com transtornos do desenvolvimento também relatam
que surgem problemas quando e seus filhos ou filhas dirigem seu interesse
sexual para outras pessoas. Baseando-se em um levantamento no qual os pais
foram entrevistados durante a puberdade de seus filhos, Myer (1975), comenta
que quando o desejo sexual é despertado, muitos buscam contato físico com
outras pessoas friccionando seus genitais contra elas.
Por outro lado, a literatura trata principalmente dos problemas que os
jovens e adultos com autismo de bom rendimento intelectual encontram
quando começam a manifestar interesse sexual por outras pessoas. Portanto
as pessoas com autismo podem se sentir atraídas por outras pessoas, porém a
expressão de sua sexualidade é, com freqüência, ingênua, imatura e
inexperiente. Apesar dos problemas de desenvolvimento social, os autores não
consideram prováveis os problemas de sexualidade incontrolável. Sendo
assim, o transtorno autístico inibe o desenvolvimento das habilidades que
53
governam a troca de sinais de ordem sexual entre duas pessoas que se atraem
mutuamente.
A possibilidade de casar-se também parece estar fora de cogitação. Em
um levantamento feito com 63 crianças com autismo, nenhuma delas havia
casado quando atingiram a idade adulta (Rutter 1970). Os resultados sugerem
que há mais frustração sexual nos homens com autismo, como resultado da
discrepância entre seu interesse pela atividade sexual e sua falta de
experiência sexual. Este não é o caso das mulheres residentes, que têm mais
experiência sexual com outras pessoas. Este estudo também mostra que o
grau de experiência sexual em um grupo de pessoas com retardo mental
geralmente é maior que no grupo de pessoas com autismo.
Existem poucas sugestões bem definidas sobre como ajudar, ensinar e
educar pessoas com autismo com relação a suas necessidades sexuais.
Quando a questão é a satisfação de uma necessidade sexual, o
empenho é principalmente dirigido às práticas da masturbação dos jovens e
raramente em como estes jovens podem ser assistidos em seus contatos
sexuais.
Embora a ocorrência do autismo seja pequena (1 caso em 1000), este
tem sido alvo de um interesse crescente por parte dos profissionais. As
contribuições para a compreensão das causas e da patologia da síndrome vêm
de campos diversos como a neurobiologia, neuroanatomia e neuropsicologia,
da psicologia cognitiva da psicologia do ensino etc. Hoje aceita-se ser o
autismo um distúrbio do desenvolvimento de natureza biológica. A psiquiatria
cataloga o autismo como “Distúrbio Abrangente do Desenvolvimento” nos
sistemas básicos de classificação diagnóstica CID-10 e DSM III R (Lier et al.
1988).
O autismo pode aparecer nos primeiros meses de vida ou até os 3 anos
de idade. A síndrome do autismo apresenta retardo mental e desenvolvimento
anormal da linguagem e nas habilidades de comunicação e interação social.
Além destes sintomas cardinais, a criança autista apresenta outros desvios de
54
comportamento como hiperatividade, déficits de atenção, e desordens motoras,
sensoriais e de percepção. Freqüentemente aparece agressividade e
automutilação e recusa para comer ou dormir. A criança também pode sofrer
de outras desordens neurológicas ou biológicas. Por exemplo, 20 - 30% dos
casos apresentam ocorrências epiléticas durante a infância e a adolescência.
O problema crucial da pessoa autista - principalmente no que se refere à
sexualidade - é sua inabilidade para iniciar, manter ou compreender um
relacionamento social com outras pessoas. Independentemente de seu nível
cognitivo e de suas habilidades de linguagem e a despeito de ter ou não
interesse em ter contato com outras pessoas, a pessoa autista sofre de um
distúrbio básico no que concerne a sua habilidade de interagir socialmente.
Este distúrbio pode acarretar rejeição das pessoas que a cercam, resultando
em afastamento da pessoa autista.
Na época da juventude e depois na idade adulta, a maioria das pessoas
com autismo conseguem continuar desenvolvendo-se em diferentes áreas.
Todavia a deficiência social e de comunicação, mantêm-se como um problema
definitivo. Os comportamentos ritualistas e estereotipados parecem diminuir, os
problemas com sono e alimentação desaparecem e a hiperatividade diminui
consideravelmente. As habilidades práticas e de cuidados consigo mesmo
continuam desenvolvendo-se. O interesse em interagir socialmente torna-se
mais aparente em alguns jovens e adultos autistas. Por outro lado, a falta de
experiência de interação e comunicação social na infância, mais tarde torna-se
evidente através da dificuldade em perceber os estados mentais das outras
pessoas e empatizar com elas.
Os jovens e adultos autistas têm dificuldades inclusive em expressar os
próprios sentimentos de uma forma que os outros possam compreendê-los e
aceitá-los. O casamento parece não ser a única coisa que as pessoas autistas
não conseguem. Fazer novas amizades ou ter amigos parece fora de questão
para a pessoa autista. Mesmo que ele funcione em um nível intelectual alto e
seja capaz de cuidar dele mesmo em um contexto diário normal, a pessoa
autista vai dar sempre uma impressão ingênua e imatura.
55
Outro problema básico da pessoa autista é a inadequação ou falta do
uso da imaginação. A falta de habilidade em perceber e compreender
expressões emocionais em outras pessoas parece relacionar-se com a
limitação, ou mesmo falta, da capacidade de imaginar qualquer coisa. A
habilidade para imaginar o que possa acontecer em resposta a uma ação e
para reter experiências anteriores e suas conseqüências formando um
repertório que ajude a antecipar o que vai ocorrer a curto ou longo prazo,
parece totalmente fora do alcance das pessoas autistas. Como resultado
aparecem ações impulsivas ou uma forma rígida e imprevisível, mesmo
ritualística, de organizar as próprias ações. As deficiências básicas que
caracterizam a pessoa autista tem um profundo efeito sobre o seu
desenvolvimento sexual.
Como já mencionamos, existe hoje um escasso material empírico sobre
o comportamento sexual das pessoas autistas. Entretanto, é obvio que os
distúrbios abrangentes que o autismo acarreta devem trazer problemas
importantes no desenvolvimento da conduta sexual.
A sexualidade é parte do desenvolvimento do organismo e do processo
maturação, em conecção com o desenvolvimento dos sistemas nervoso,
metabólico e hormonal. A sexualidade se desenvolve através da interação
social e da comunicação, através do contato físico, dos jogos e da assimilação
de normas e regras sociais. A sexualidade é uma experiência emocional
consigo mesmo e com os outros. Sexualidade é fantasia, isto é, é a capacidade
de imaginar, uma capacidade que se baseia na percepção, na compreensão e
em conceitos simbólicos pescados na corrente de nossas experiências diárias.
Sexualidade é desejo, excitação e orgasmo. Deve ser descoberta,
experimentada e praticada. Isto pode ocorrer em jogos, sozinho ou com outros.
O desenvolvimento e processo de maturação das pessoas autistas
podem ser afetados pelo grande número de desordens em seu sistema
nervoso, no metabolismo e no processo hormonal. Como a epilepsia é
freqüente, é comum também o uso de medicação. Remédios antipsicóticos são
freqüentes para a diminuição da agressividade e de condutas autodestrutivas e
podem afetar a sexualidade. Estudos com pacientes psiquiátricos adultos
56
sugerem que o uso de neurolépticos pode inibir a libido, a ereção e a
ejaculação.
Por outro lado sabemos que a interação social, a comunicação e o
contato físico são áreas primariamente afetadas nas pessoas autistas.
Sabemos que eles têm muita dificuldade, ou mesmo incapacidade, para
empatizar com outras pessoas e que eles também têm problemas para
entender e expressar seus próprios sentimentos, necessidades e desejos.
Sabemos que sua fantasia e uso da imaginação não existem ou são muito
limitadas e sabemos que sua tendência para ritualizar e repetir padrões de
comportamento de forma estereotipada os impede de experimentar a vida. Eles
têm restrições na capacidade de relatar experiências tanto no contexto físico
como no psicológico.
A puberdade, com o crescimento repentino e as mudanças na aparência
física que a acompanham e o aparecimento de caracteres sexuais, pode
acarretar ansiedade na pessoa autista. Uma jovem autista descrevia a horrível
sensação que ela sentia ao redor de seu clitóris. Algumas vezes ela se dirigia à
sensação, pedindo-lhe para parar. Em situações extremas, ela podia até bater-
se. Ela se recusava a tocar-se, não por ter medo da sensação, mas por pensar
no ato de tocar-se como “muito desagradável”. Um jovem autista dizia ter medo
de que seu pênis caísse, quando ereto.
A falta de compreensão das normas e regras sociais pode levar uma
pessoa autista a tirar a roupa ou masturbar-se em público. A falta de empatia
pode fazer com que um autista tente tocar, beijar ou abraçar uma pessoa
estranha. Uma pessoa autista pode dirigir também sua atenção para crianças
menores. A despeito do fato do jovem autista não ser capaz de namorar, o
desejo de ter um namorado ou namorada pode tornar-se uma obsessão. A
dificuldade em aproximar-se dos outros na tentativa de estabelecer um
relacionamento amoroso ou a rejeição ao contato físico com conotações
sexuais pode levar à frustração e resultar em agressividade ou
comportamentos autoagressivos. A pessoa pode isolar-se ou desistir
inteiramente de sua sexualidade.
57
CAPÍTULO IV Psicomotricidade
4.1. Conceitos
A psicomotricidade possui suas tendências organicista e Psicogenética,
as quais não iremos nos aprofundar nesta discussão proposta por Ajuriaguerra
(1947) apud Fonseca (1996), considerando a organicista, “o movimento como o
resultado final da atividade de três sistemas: piramidal (...), extra piramidal (...),
e cerebeloso (...)”.
A outra tendência, a psicogenética considera “o movimento como
elemento” determinante dos processos psíquicos”. Fonseca (1996) a define
como “Fatores neurofisiológicos, psicológicos e sociais, que intervêm na
integração, elaboração e realização do movimento humano”. Já ocorrendo uma
“mesclagem” entre as tendências que seriam extremistas, mostrando a
interdependência entre os fatores.
Vejamos o seguinte conceito proposto pela Sociedade Brasileira de
Psicomotricidade, o qual norteará este trabalho: “É a ciência que tem como
objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação
ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber,
atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao
processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas,
afetivas e orgânicas. (S.B.P.1999)” (www.psicomotricidade.com.br).
O corpo é utilizado como principal instrumento psicomotor,
principalmente o “corpo em movimento”, procurando abranger ainda mais
fatores. Dentro de uma globalidade que será traduzida pelas expressões sendo
o elo da pessoa com o mundo externo. “Corpo e linguagem tornam-se os
intermediários existenciais do mundo e do indivíduo, ligação essencial no
sentimento da vivência e convivência”. (FONSECA, 1996).
O repertório motor de cada indivíduo não é uma constante, é mutável e
traz consigo a intencionalidade humana ao realizá-lo perante determinada
situação, ou é influenciado diretamente pela história do indivíduo, construído ao
longo de uma vida, de forma que não pode ser previsto como os movimentos
58
das máquinas. O movimento “traduz e projeta no mundo a ação relativa a um
sujeito” (FONSECA, 1996).
Sabemos que “o essencial é a intencionalidade, a significação e a
expressão do movimento, e desta forma o movimento põe em jogo toda a
personalidade do indivíduo” (MERLEAU-PONTY, 1960 APUD FONSECA,
1996).
Assim, podemos dizer que o movimento tem que ter uma finalidade, e
não ser apenas um ato mecânico, termos como certo que ele é a visualização
de uma ação psíquica, determinada por inúmeros fatores. Caso contrário, se
essas capacidades de desenvolvimento psíquico não sejam priorizadas,
teremos o “movimento pelo movimento”, sem que nada possa ser acrescentado
ao desenvolvimento do indivíduo, não o diferenciando do movimento que uma
máquina realiza, ou seja, um ato motor puramente mecânico.
4.2. Aspectos Psicomotores
Como o nosso objetivo maior não é esgotar os assuntos aqui abordados,
daremos estes pequenos esclarecimentos a cerca de alguns aspectos
psicomotores, são eles: Esquema Corporal; Imagem Corporal; Coordenação
Motora; Equilíbrio; Lateralidade; Dominância Lateral; e Noção Espaço-
Temporal.
4.3. Esquema Corporal
Processo pelo qual se adquire a consciência de seu próprio corpo, e
das possibilidades de expressar-se através dele, aprendendo a controlá-lo.
Fundamental para a formação da personalidade do indivíduo constitui-se dos
outros aspectos citados nos itens seguintes (5.2.2 a 5.2.7) desse trabalho.
4.4. Imagem Corporal
Está relacionada à percepção e ao sentimento que o indivíduo tem de
seu próprio corpo, baseando-se em experiências anteriores.
59
4.5. Coordenação Motora
Barbanti (1994) define coordenação motora como “o controle temporal,
espacial e muscular de movimentos simples ou complexos que surge em
resposta a uma tarefa extrema, ou objetivos mediados sensorialmente”. Temos
outras variações da coordenação motora nos itens seguintes.
4.6.Coordenação Motora Ampla
Envolve grandes grupos musculares em movimentos fáceis de serem
realizados, inicialmente simétricos e simultâneos. Como por exemplo: arrastar,
rolar, andar e saltar. Prevalecendo o sistema extra piramidal.
4.7. Coordenação Motora Fina
Responsável por movimentos mais precisos, geralmente para executar
tarefas mais complexas, envolvendo pequenos músculos. Prevalece o sistema
piramidal.
4.8. Coordenação Visomotora
Trabalho conjunto da visão com os demais movimentos corporais,
como por exemplo, “arremessar uma bola ao cesto de Basquetebol”.
4.9. Coordenação Facial
Possui um papel de destaque na comunicação não verbal, através da
motricidade facial de olhos, sobrancelhas, pestanas, queixo, nariz, testa,
cabeça, lábios e boca.
4.10. Coordenação Audiomotora
Transformação de um comando sonoro em movimentos corporais.
4.11. Equilíbrio
Sustentação do corpo através de ações musculares que impedirão o
corpo de ceder à lei da gravidade quando colocado em determinada base.
Pode ser de dois tipos: estático (movimentos não locomotores); ou dinâmico
(movimentos locomotores).
60
4.12. Lateralidade
Referente a prevalência motora de um dos lados do corpo. Propicia o
conhecimento do próprio corpo, através principalmente da percepção,
contribuindo na formação do esquema corporal.
A lateralidade pode ser: Homogênea, quando o olho, a mão e o pé são
canhotos; Cruzada, quando uma parte do corpo predomina e há a utilização de
uma outra, tal como, canhoto da mão e do olho, e destro do pé; Ambidestra, os
dois lados do corpo se equivalem, ou seja, não há um predomínio lateral.
4.13. Dominância Lateral
Dificuldade de perceber a diferença entre a esquerda e a direita, não
consegue seguir a direção gráfica, como por exemplo, a leitura começando
pela esquerda. Problemas de ordem espacial devido, principalmente, a uma
indefinição da lateralidade.
4.14. Noção Espaço-Temporal
Maneira como se localizar no espaço e no tempo.
61
CAPÍTULO V
Psicomotricidade e Autismo
A psicomotricidade aplicada ao autismo, ainda é um tema muito escasso
na literatura atual, o que nos deixa uma lacuna muito importante para o
tratamento destas pessoas.“O desenvolvimento de uma criança autista é
sempre um desenvolvimento neuropsicomotor em atraso” (CAMARGO JR,
1996), fato que nos faz unânimes em concordar com Belo (2003) que ao
selecionar as atividades a serem propostas, leva em“consideração a
maturidade motora de cada indivíduo, bem como as áreas específicas
da psicomotricidade”. Ao longo desse texto serão abordadas algumas
características do autismo já vistas, mas lembramos que nem todas as pessoas
apresentam todas estas características simultaneamente.
São vários os distúrbios apresentados. O mais visível é o que já
conhecemos como estereotipia, as mais comuns são movimentos realizados
com os membros superiores de forma repetitiva e desordenados, gestos
motores que acabam por perturbar o desenvolvimento da motricidade das
pessoas com autismo, exemplos de movimentos estereotipados: balanceio de
mãos, braços, tronco ou corpo inteiro; bater a cabeça contra superfícies rígidas;
cheirar objetos e alimentos.
Outros distúrbios bem visíveis são as agressividades e a hiperatividade.
observou reduções de agressividade e dos movimentos estereotipados quando
são corretamente estimulados em sessões de psicomotricidade dentro de um
contexto interdisciplinar. Dentro da exemplificação de movimentos que
traduzem a agressividade temos: a automutilação (arrancar cabelos, morder-
se, e bater-se).
Alguns distúrbios de percepção são notados por Camargo Jr. (1996), tais
como, dificuldades de olhar de forma fixa e com atenção a determinados
estímulos visuais. Certa dificuldade em “sintonizar” estímulos sensoriais
também aparece com certa freqüência, podendo causar reações exageradas
ou uma falta de resposta, a estímulos sensoriais.
Belo (2003) aponta melhoras proporcionadas pelo trabalho psicomotor,
62
como por exemplo, desenvolvimento da coordenação motora global, diminuição
da agressividade, estereotipias, espontaneidade da comunicação, diminuição
dos sintomas de isolamento, aumento da auto-estima, e pontecializa a
coordenação motora fina. E, também, propõe um maior aprofundamento de
estudos sobre os benefícios da psicomotricidade para pessoas com autismo.
É possível ‘olhar’ o corpo dessa criança (com autismo) como o elemento
básico de contato com a realidade exterior e com o mundo que a rodeia”
(CAMARGO JR, 1996). Constata-se que muitas pessoas com autismo utilizam-
se da linguagem não verbal, utilizando-se do seu corpo e do corpo das outras
pessoas como meio de comunicação. Assim, através de estímulos adequados
as suas necessidades, e da utilização desta forma de comunicação, ampliar-
se-á o conhecimento do seu corpo facilitando uma adaptação ao ambiente em
que vive.
63
Conclusão
Concluindo podemos afirmar que a que acontece no autismo é uma
falha no simbólico, o lugar da linguagem. E que para a constituição do sujeito,
os dois primeiros anos de vida são cruciais.
O transtorno do autismo é por excelência de contato e comunicação.
Portanto, para ajudar essas pessoas a funcionar adaptativamente em nossa
cultura, é necessário conceber programas tendo como base os pontos fortes e
déficits fundamentais do autismo que afetam o aprendizado e a interação no
seu dia-a-dia.
A abordagem do autismo é relativa a diferentes formas de identificar
déficits com objetivos diagnósticos. As características diagnósticas do autismo,
tais como os déficits na área social e problemas de comunicação, são úteis
para distingui-las de outras deficiências, mas são relativamente imprecisos na
sua conceituação de como o indivíduo entende o mundo, como age e aprende.
O trabalho como educador de pessoas com autismo é
fundamentalmente ver o mundo através de seus olhos, e usar esta perspectiva
para ensiná-los a funcionar inserido em nossa cultura de forma mais
independente possível. Enquanto não se puderem curar os déficits cognitivos
subjacentes ao autismo, é pelo seu entendimento que é possível planejar
programas educacionais efetivos na função de vencer o desafio desse
transtorno do desenvolvimento tão singular que é o autismo.
Este transtorno é, por excelência, a enfermidade do contato e da
comunicação. Portanto, para ajudar pessoas com autismo a funcionar mais
adaptativamente em nossa cultura, é necessário conceber programas tendo
como base os pontos fortes e déficits fundamentais do autismo que afetam o
aprendizado e as interações no dia a dia.
As características diagnósticas do autismo, tais como déficits na área
social e problemas de comunicação, são úteis para distinguir o autismo de
outras deficiências, mas são relativamente imprecisos para a conceituação de
64
como um indivíduo com autismo entende o mundo, age com base nesta
compreensão, e aprende e de que modo como pais e profissionais da
educação lidam com o autista.
Portanto a tarefa primordial dos analistas do comportamento seria o
desenvolvimento de instrumentos que possibilitassem a identificação, o mais
precocemente possível (antes dos tradicionais três anos de idade), de traços
comportamentais incipientes característicos de um repertório autista, dado que
a intervenção precoce parece trazer benefícios mais significativos do que uma
intervenção mais tardia no desenvolvimento infantil. Além disso, os
profissionais, não apenas da Análise do Comportamento, mas da Psicologia
como um todo, deveriam estar mais atentos à elaboração de programas de
prevenção que pudessem minimizar a gravidade dos efeitos comportamentais
e educacionais da condição autista e, talvez, evitar o próprio desenvolvimento
de um repertório autista, ao invés de ocuparem-se somente com o tratamento
de um quadro já estabelecido. Fale se muito da inclusão, mas o que vemos é a
não aceitação desta sociedade que o exclui de forma complexa o que dificulta
cada vez mais a sua inclusão.
As reações inusitadas e bizarras vão se instalando no repertório
comportamental da criança gradualmente, e a esse fator, percebe-se que se
faz uma diferença significativa nas relações vinculadas a esta sociedade.
Existem sim escolas “inclusivas” que trabalham com crianças autistas,
porém nem sempre elas são tratadas de forma especiais, que as diferenciam
das demais. Portanto, em função das várias reflexões conclui-se que a
Síndrome do Autismo, embora com muitas características comuns a outras
síndromes, possui identidade muito diferenciada. Uma vez por possuir vários
déficits, a escola de ensino regular sente-se de certa forma incapaz de
desenvolver uma educação inclusiva, tanto pela necessidade de profissionais
especializados, quanto pela reformulação de sua prática, como também pelo
espaço físico que um autista precisa, haja vista suas necessidades de
organização e rotina.
65
Sendo assim se faz necessária uma ação educativa comprometedora
com a cidadania e com a formação de uma sociedade mais democrática e
menos excludente. Há uma grande necessidade de conscientização da
sociedade em relação aos direitos destes portadores da síndrome de autismo,
para que a sociedade exerça o processo de inclusão.
Sabe-se que a escola inclusiva é uma tendência a ser efetivada neste
novo século. Mas, para que o processo de inclusão dos portadores desta
síndrome possa realmente acontecer é preciso que haja um comprometimento
com a educação pelo governo assim como também por entidades não
governamentais, só assim poderemos derrubar os preconceitos e entraves que
abordam o desenvolvimento da cidadania para todos.
Assim ao enfrentar um diagnóstico de transtorno invasivo do
desenvolvimento, todas as famílias especulam sobre qual tipo de intervenção
psicoeducacional é a mais efetiva. A resposta não é tão simples como parece,
em contraste com a grande quantidade de tratamentos que têm sido
anunciados. Ao revisar a literatura atual sobre as diferentes intervenções que
têm sido utilizadas no tratamento do autismo, concluímos que poucas tiveram
embasamento empírico. Ainda que algum tipo de melhora possa ser
demonstrado em diferentes estudos, os resultados devem ser interpretados
com cautela uma vez que estudos metodologicamente bem controlados são
muito raros. Aparentemente, não existe uma única abordagem que seja
totalmente eficaz para todas as crianças, em todas as diferentes etapas da
vida. Ou seja, uma intervenção específica que pode ter um bom resultado em
certo período de tempo (e.g. anos pré-escolares) pode apresentar eficácia
diferente nos anos seguintes (e.g. adolescência). Isso ocorre, em parte, porque
as famílias alteram suas expectativas e valores com relação ao tratamento das
crianças de acordo com o desenvolvimento delas e do contexto familiar. Por
outro lado, um ponto de consenso na literatura é a importância da identificação
e intervenção precoce do autismo e seu relacionamento com o
desenvolvimento subseqüente. Finalmente, outra questão que se deve ter em
mente é a necessidade de focar-se em toda a família e não somente no
indivíduo com transtorno invasivo do desenvolvimento, pois o problema
66
persiste e desenvolve de acordo com o desenvolvimento da criança autista. Ou
seja, outros problemas aparecem com a chegada da adolescência e da
puberdade. Surge então o desejo sexual e todos os transtornos que isto pode
causar, pois o desenvolvimento sexual humano é muito mais complexo que em
outros seres, já que não depende apenas da maturação orgânica. Depende
também do intelecto, o que dificulta sua aceitação no jovem autista.
O organismo funciona a partir de instintos e pulsões. O id, ego e
superego trabalham juntos, um equilibrando o outro, para satisfazer a pessoa,
mas com os instintos e pulsões controlados.
As relações sócio-afetivas na família, em grupos e na escola na fase de
latência, serão importantes para a construção da auto-estima e da identidade,
construindo o autoconceito e facilitando a vivencia do portador de autismo.
67
Bibliografia Consultada
ARRUDA, A. O ambiente natural e seus habitantes no imaginário brasileiro. In: . (Org.). Representando a alteridade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. p. 81.ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais DSM IV - Tr. Porto Alegre: Artmed, 2004.
BARTHÉLÉMY, F. et al., Traitement des fractures de l’angle mandibulaire par miniplaques vissées par voie transjugale. Rev. Stomatol. Chir. Maxillofac. v. 97, p. 84-8, 1996 CALDEIRA, Pedro, (2005). Abordagens à problemática do Autismo-Caracterização e Intervenção- Jornadas de Formação Caldas da Rainha Junho 2005. CAMARGO JR, Walter. (Coord.) Transtornos invasivos do desenvolvimento: 3° milênio. Brasília, Ministério da justiça. AMES, ABRA, 2002.
CURY. Augusta. Maria – A maior educadora do mundo. EDUSP. São Paulo. 2003; pág. 25
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA (1994). Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, Acesso e Qualidade, Ed. UNESCO. FACION, J.R.: Catalogo de Caracteristicas e Sintomas para o reconhecimento da Sindrome de Autismo. H.E. Kehrer; em GAUDERER, Ch.: Autismo e outros Atrasos do Desenvolvimento. Uma atualização para os que atuam na area: do especialista aos pais. CORDE-Min. Ação Social, Brasilia, 1993, pags. 141-144
FACION, J. R.. Modelo integrativo para o tratamento de pacientes portadores de deficiência mental e distúrbio de comportamento. Em aberto,Brasília: v. 13, n. 60, p. 117-119, out./dez., 1993.
GILLBERG, C., 1990. Infantile autism: diagnosis and treatment. Scand.: Acta Psychiatr
Haracopos, D. Comprehensive treatment programs for autistic children and adults in Denmark. In: Gillberg, C. Diagnosis and treatment of autism, 251-261, Plenum, 1989
JORDAN, Rita. (2000). Educação de Crianças e Jovens com Autismo, Instituto de Inovação Educacional, Lisboa.
JODELET, D. Os processos psicossociais da exclusão. In: SAWAIA, B. B. As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. p. 53.
68
__ . A alteridade como produto e processo psicossocial. In: ARRUDA, A. (Org.). Representando a alteridade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. p. 48-50.
Kanner, Leo."Autistic disturbances of affective contact", na revsta Nervous Children, número 2, páginas 217-250. 1943.
KLEIN, Melanie. A Psicanálise de Crianças. (1932). Rio de Janeiro: Imago, 1997.Vol 2. p.1-350.
_; HERMANN, P; R.E. Money - Kyle (Org). Novas Tendências na Psicanálise (1955). Rio de Janeiro: Zahar Editores. 1ª Edição.
KANNER, L. (1997/1943) Os distúrbios autísticos do contato afetivo. In Rocha, P.S.(org.) Autismos. S. Paulo: Editora Escuta LOPES, Eliana Rodrigues Boralli. Autismo: Trabalho com a Criança e com a Família.1ª ed. São Paulo: EDICON: AUMA, 1997.
FERRARI, Ana Claudia. Espelhos Partidos. SCIENTFIC AMERICAN – Neurônios-Espelho e Autismo. vol. 55 Ano 05. Pg. 05 dezembro de 2006.
MAHLER, M. As psicoses infantis e outros estudos. 3. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. 157 p. Autismo e simbiose: duas graves perturbações de identidade. Op. cit., cap. 4, pp. 52-61. (1972).
MORAES C - Autismo Infantil, in. PsiqWeb, Internet, disponível em <http://www.sppc.med.br/infancia2.html> revisto em 2003 em 24/03/2008.21:40.
ORNITZ, E. M. (1977) Autismo. In: GAUDERER, C. Autismo e outros atrasos do desenvolvimento: uma atualização para os que atuam na área; do especialista aos pais. Brasília: Corde
RUTTER, M. (1970) Sex differences in children's response to family stress. Em: Anthony, E. J.; Koupernik, C. (Eds.). The child in his family. (pp. 165-196) New York: Wiley.
SKLIAR, C. Pedagogia (improvável) da diferença: e se o outro não estivesse aí? tradução: Giane Lessa. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
TUSTIN, F.(1990) Barreiras autistas em pacientes neuróticos. Porto Alegre: Artes Médicas.
www.nead.unama.br/site/bibdigital/o_autismo_na_perspectiva_de_uma_educacao_inclusiva.pdf+Witmer+(1919) 01/2/2010. 22:16h
69
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 DEDICATÓRIA 03
AGRADECIMENTO 04 EPIGRAFE 05 RESUMO 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Autismo na Educação Infantil 10 1.1 – O Que é? 13 1.2 – Sintomas e Características 16 1.3 – Avaliação Diagnóstica 18 1.4 – Hipótese Etiológica 20 1.5 – Tratamento 21 1.6 - Desenvolvimento do Autismo 22 1.7 – Crianças com Autismo 23
CAPÍTULO II - Pais e Profissionais e o Autismo 25 2.1 – Aceitação da Escola com a Autista 32 2.2. – Estimular o desenvolvimento social e comunicativo 37
CAPÍTULO III – Autismo e Sexualidade 50 CAPÍTULO IV – Psicomotricidade 57 4.1- Conceitos 59 4.2- Aspectos Psicomotores 59 4.3- Esquema Corporal 59 4.4- Imagem Corporal 59 4.5- Coordenação Motora 59 4.6- Coordenação Motora Ampla 59 4.7- Coordenação Motora Fina 59 4.8- Coordenação Visomotora 59 4.9- Coordenação Facial 59 4.10- Coordenação Audiomotora 59 4.11- Equilíbrio 59 4.12- Lateralidade 60 4.13- Dominância Lateral 60 4.14- Noção Espaço-Temporal 60 CAPÍTULO V - Psicomotricidade e Autismo 61
70
CONCLUSÃO 63 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 67 ÍNDICE 69
71
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito:
72