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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) e desenvolvimento psicomotor Por: Tatyanna Assumpção de Macedo Orientador Prof. Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) e desenvolvimento psicomotor

Por: Tatyanna Assumpção de Macedo

Orientador

Prof. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) e desenvolvimento psicomotor

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes

como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-

Graduação “Lato Sensu” Psicomotricidade.

Por: Tatyanna Assumpção de Macedo

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pelo dom da vida.

A todas as pessoas que torceram pelo meu

sucesso. Aos meus pais, meu irmão, marido e

filho, por acreditarem no amor e dedicação

diária que tenho por eles.

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DEDICATÓRIA

Pai e mãe, obrigada por terem me dado muito

mais do que aquilo que poderiam;

Leonardo, obrigada pelo amor e dedicação,

Saulo, você é a minha razão de viver.Te amo.

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RESUMO O presente trabalho pretende, através de um breve estudo de cunho bibliográfico,

analisar a prática da GRD como um dos aspectos que possibilitam o desenvolvimento

psicomotor da criança. Como sabemos, a criança ao longo de sua vida, passas por diversas

transformações, tanto biológicas como físicas e emocionais. Para um primeiro momento,

procuramos discutir o desenvolvimento psicomotor, como se inicia, quais os seus objetivos

e as estruturas que o compõe, destacando a sua importância no desenvolvimento total da

criança. Posteriormente, analisamos a GRD, passando por um breve contexto histórico da

modalidade, para depois, destacarmos as suas características, objetivos e os fatores que

levam a GRD a ser um aspecto importante para o desenvolvimento total da criança,

promovendo melhorias para as suas capacidades físicas, cognitivas, afetivas e motoras.

Palavras chaves: desenvolvimento psicomotor, GRD e criança.

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THE IMPORTANCE FROM GYMNASTICS RHYTHMIC

SPORTING INTO THE DEVELOPMENT PSYCHOENGINE OF

THE CHILD.

ABSTRACT: The present work intends, through a briefing study of bibliographical

matrix, to analyze the practical one of the GRD as one of the aspects that make possible the

psychoengine development of the child. As we know, the child throughout its life, passes

for diverse transformations, biological as physics and in such a way emotional. For a first

moment, we look for to argue the psychoengine development, as it is initiated, which its

objectives and the structures that compose it, detaching its importance in the total

development of the child. Later, we analyze the GRD, passing for a brief historical context

of modalities, about to after, to detach its characteristics, objectives and the factors that take

the GRD to be an important aspect for the total development of child, promoting

improvements for its capacity physics, cognitives, affective and motor.

Keywords: development psychoengine, GRD and child.

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Sumário

Introdução A importância da vivência motora nos esportes Formação esportiva e a educação motora O início da atividade esportiva Especialização desportiva Distorções causadas pela estimulação motora precoce A Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) como esporte Evolução histórica A prática da Ginástica Rítmica A Ginástica Rítmica no Brasil Características da Ginástica Rítmica Características Físicas e Psicomotoras na GRD Aparelhos da GRD A Importância da Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) para

o desenvolvimento Psicomotor

Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) e desenvolvimento psicomotor

Conclusão Anexos

Bibliografia

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INTRODUÇÃO O presente trabalho, tem como temática, a importância da Ginástica Rítmica Desportiva

(GRD) no desenvolvimento psicomotor da criança. Por meio de estudos bibliográficos, analisamos a

GRD como um dos fatores que auxiliam a criança em seu desenvolvimento psicomotor.

Como todos sabemos, as crianças passam por diversas transformações ao longo de sua vida,

tanto biológicas, como físicas e emocionais. Para compreendermos essas transformações e o seu

desenvolvimento, num primeiro momento, discutiremos o desenvolvimento psicomotor: como se

inicia; as estruturas que o compõem; e a sua participação na vida ativa da criança, no movimentar-se e

na sociedade. Com essa identificação, passaremos, posteriormente, a analisar a GRD, destacando um

breve contexto histórico da modalidade, para depois, discutirmos as características que fazem da GRD

um fator importante para o desenvolvimento total da criança, promovendo melhorias para suas

capacidades físicas, cognitivas, afetivas e motoras.

Portanto, este trabalho, visa atender as expectativas de profissionais da educação física, como

técnicos da GRD, a fim de trabalha-la como uma modalidade completa, ou seja, competitiva, mas que

também colabore para o desenvolvimento psicomotor, para o aprendizado e a valorização do

individuo na sociedade.

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Cap. I

A Importância da Vivência Motora nos Esportes Para muitos pais, poucas coisas são tão excitantes quanto uma corrida, um jogo ou uma

partida disputada, onde os competidores demonstram níveis inacreditáveis de habilidades

para atingir a vitória. Para muitos, há poucas coisas tão bonitas quanto uma ação altamente

complexa, bem controlada, quanto o executante atingir exatamente o objetivo pretendido.

Mas para isso, uma verdadeira e genuína vivência tem que ocorrer durante a infância,

oportunidades tem que ser lançadas para que a criança possa experimentar, possa errar, e

assim aprender a adquirir gosto por esta ou aquela atividade, mas se a experiências de

vivência lhes são negadas, como então descobrir isto?

A Formação Esportiva e a Educação Motora

(...) "Nas suas origens, o esporte tem um caráter lúdico, estando,

em seu cerne, o prazer do homem em brincar” (...)

(Gonçalves, 1997, p.161).

Este caráter lúdico do esporte descrito na citação acima passou a inexistir nos dias

atuais, tendo o rendimento esportivo ocupado este lugar pertencente ao lúdico. Este fato

pode provocar conseqüências prejudiciais ao processo de desenvolvimento motor do

homem em si e, principalmente, à fase de infância pela qual todos passam, devido a fatores

tais como uma formação esportiva inadequada à educação motora da criança e uma

conseqüente especialização precoce desta, o que pode acarretar a mesma alguns

inconvenientes físicos, psíquicos e sociais. O presente artigo propõe-se a mostrar como a

formação esportiva pode ser realizada respeitando a educação motora da criança e com isso

evitar conseqüências que possam vir a prejudicá-la, pois assim entendemos que a realização

do mesmo trará grande contribuição para profissionais de educação física que estejam pré-

dispostos a trabalhar com crianças e, particularmente, com o processo de formação

esportiva.

O início da atividade esportiva

A idade de início na atividade esportiva por parte da criança envolve problemas de

ordem orgânica da mesma, sendo que a maior preocupação na determinação dessa idade

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reside no fato de que ela deve corresponder a uma boa adaptação orgânica da criança como

resposta às exigências impostas pelo esforço físico competitivo, ou seja, não existe uma

determinada idade específica para a criança começar a praticar esportes; tudo depende do

seu grau de desenvolvimento e sua adaptação orgânica ao esforço físico.

Normalmente existem dois períodos que abrangem o processo de formação esportiva: o

primeiro deles trabalha os movimentos básicos e fundamentais de variados esportes,

enquanto que o segundo consiste em uma especialização esportiva com trabalhos

direcionados ao desenvolvimento de atos técnicos e táticos.

Este primeiro período normalmente abrange crianças com idades entre dois e 12 anos

sendo que esta abrangência não é rígida e pode variar de acordo com o nível de

desenvolvimento de cada criança. Neste período percebe-se um crescimento em peso e

altura e uma visível evolução na psicomotricidade do indivíduo, o que permite ao mesmo

participar e progredir rapidamente em todas as atividades físicas naturais como andar,

correr e saltar, e com isso já apresentar possibilidades de realizar algumas modalidades

esportivas tais como as corridas longas (em campos e bosques), jogos motores de equipes

(jogos cooperativos - ex. gincanas) etc., visando sempre ao aprendizado esportivo

(fundamentos das várias modalidades esportivas), uma boa eficiência das grandes funções

orgânicas e o gosto e o prazer pela vida ao ar livre em contato com a natureza, o que nos

leva a adquirir e a manter um perfeito equilíbrio orgânico e psíquico. É válido frisar que

nesta fase, ao realizar uma tarefa motora que lhe é solicitada, a criança apresenta algumas

deficiências na realização de tal ato, sendo que isto não significa necessariamente que esta

atividade esteja acima do grau de desenvolvimento motor da criança, pois em muitos casos

a disposição e motivação para aprender o esporte, e principalmente a forma de atuação do

professor, também exercem significativa influência na realização da atividade por parte da

mesma. Outro ponto que merece destaque é que o esporte, quando adequadamente

ministrado nesta fase, contribui significativamente para determinar um conveniente

desenvolvimento orgânico e funcional além de um favorecimento ao desenvolvimento

psíquico e intelectual por parte da criança, proporcionando-lhe maior desembaraço mental e

de comunicação.Portanto, concluímos que neste período de iniciação esportiva a criança

deve desenvolver suas qualidades físicas básicas, recebendo também os fundamentos das

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várias modalidades esportivas adequadas ao seu desenvolvimento morfofuncional. Outra

importante conclusão é de que nesta fase não deve haver uma preocupação determinante

pela competição esportiva, cabendo apenas a aplicação de pequenos jogos motores.

Importância da Especialização Esportiva na infância e na Adolescência:

Ao atravessar adequadamente o primeiro período de sua formação esportiva, um período

caracteristicamente preparatório, a criança agora estará apta a iniciar o processo de

especialização esportiva com todas as decorrências e implicações a ele inerentes. Esta

iniciação especializada normalmente abrange crianças com idades entre 12 e 14 anos e, às

vezes, esta abrangência baixa um pouco, dependendo da aptidão demonstrada pelo

indivíduo para a prática esportiva, seu grau de desenvolvimento físico e sua maturação

psicológica. Nesta fase de iniciação especializada há um rápido crescimento em peso e

altura com um relativo aumento da força muscular, sem contar que ocorrem também

alterações psicológicas com a instalação de pequenos conflitos emocionais, o que torna esta

fase bastante conturbada emocionalmente, sendo este um dos principais momentos onde

percebe-se a importância de profissionais graduados em educação física que trabalhem

nesta área e que, dependendo do seu empenho em orientar suas aulas de treinamento

voltadas para objetivos como a autoconfiança, a cooperação e a sociabilidade, tornem tais

aulas prazerosas para as crianças que estão sendo submetidas a determinados treinamentos

e assim elimine o caráter penoso e adestrador que a formação esportiva possui na

atualidade. É importante frisar também que devido ao seu adequado desenvolvimento

orgânico a criança já possui capacidades motoras suficientemente desenvolvidas para

realizar variados atos técnicos com satisfatória eficiência tais como o arremesso tipo

jumping no basquetebol, a passagem de bastão no atletismo etc., sendo que a melhor ou

pior execução de tal ato técnico dependerá de fatores como o grau de especialização e a

intensidade de treinamento a qual a criança está sendo submetida, ressaltando que este

treinamento deve ser aumentado gradativamente à medida que a criança for atingindo

resultados técnicos significantes..

Distorções causados pela iniciação esportiva precoce

Apenas como aspecto adicional, entendemos ser válido destacar alguns inconvenientes

causados pela especialização esportiva precoce, pois como profissionais de educação física

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temos a obrigação de saber respeitar os limites físicos e psicológicos que cada indivíduo

possui, já que somente assim poderemos proporcionar experiências motoras realizadas de

modo a não ultrapassar tais limites e com isso não prejudicar o desenvolvimento orgânico-

motor da população que estará sendo submetida a determinadas atividades.

Sabe-se perfeitamente que a atividade esportiva deve estar presente desde a infância, porém

orientada criteriosamente de tal maneira que possa agir como estímulo propício ao perfeito

desenvolvimento físico e psicológico do organismo. Quando isto não ocorre, ou seja, a

prática esportiva é realizada mal orientada ou até mesmo sem orientação alguma, surgem

conseqüências negativas ao indivíduo tanto no aspecto físico como também no aspecto

psicológico. Segundo Pini (1978):

(...) “O trabalho muscular intenso e excessivo, associado à sobrecarga

emocional que a competição provoca, pode ocasionar perturbações

no desenvolvimento normal da criança, principalmente no ritmo

do crescimento em altura e no desenvolvimento somático, funcional

e intelectual" (...) (p.230).

Assim percebemos que quando o treinamento esportivo é realizado precocemente de

forma intensa e sistemática podem instalar-se perturbações no aparelho locomotor

representadas pela resistência desproporcional entre a parte óssea e a hipertrofia muscular

instalada; surgem também conseqüências psicossomáticas relacionadas a dificuldades no

aprendizado, dificuldades de memorização e o conseqüente desinteresse pela vida escolar.

Além destes danos físicos e psicológicos a especialização esportiva precoce pode causar

uma patologia conhecida como "síndrome da saturação esportiva", sendo esta caracterizada,

principalmente, por apatia, indiferença ou até aversão pela prática esportiva ou pelos fatos a

ela relacionados exatamente no momento em que deveriam ser intensamente praticadas.

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Cap. II

A Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) como esporte O ser humano é complexo na sua constante necessidade de transformar, de buscar o

novo, o diferente e principalmente na arte de criar meios que possam ocupar o seu tempo

dando vazão aos seus sentimentos, motivando-o para continuar a viver e perceber-se

importante no percurso natural da vida. E nesta louca necessidade comete muitos erros, mas

também muitos acertos.

O esporte é um meio criado, estruturado e conquistado pelo homem para somatizar ao

seu tempo mais empolgação, brilho, socialização, determinação, supremacia na arte de

promover-se e trabalhar o próprio corpo, além da glória de sentir-se campeão e elite no

momento da disputa.

Quando falamos em desporto devemos analisá-lo como uma balança que deve pesar o

positivo e o negativo. Resultado da busca do equilíbrio interior de cada pessoa ou grupo de

pessoas que faz do esporte parte de sua vida, ou até mesmo um meio de vida com maior ou

menor qualidade e intensidade. O esporte tem a magnitude de divertir, de arrebatar

corações, de unir povos, incluir, mas também tem o poder de excluir e oprimir.É

empolgante falar de esporte, torna-se poesia, meio de vida e transcendência.

A GRD surgiu desta necessidade básica da busca pelo novo.Utiliza-se da base do balé

clássico, enfatizando a postura, a leveza e principalmente o trabalho de flexibilidade.

A série oficial de GRD pode ser executada individualmente (somente um ginasta) ou

em Conjunto (quatro, cinco ou seis ginastas dependendo da categoria) em uma área de

13x13m. As categorias nacionalmente dividem-se em:

Pré - infantil - 8 a 10 anos

Infantil - 10 a 12 anos

Juvenil - 12 a 14 anos

Adulto - à partir dos 14 anos

A ginasta pode apresentar-se a mãos livres e com os aparelhos oficiais: Corda, arco,

bola, maça e fita, onde o corpo trabalha em relação permanente com o aparelho.

O Código de Pontuação é regulamentado pela F.I.G (Federação Internacional de

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Ginástica).Os critérios de avaliação em competições incluem a beleza plástica, criatividade,

expressão, qualidades de coordenação e destreza inter-relacionadas com o dinamismo,

ritmo e a amplitude dos movimentos e dos elementos fundamentais.

A criança pode começar a praticar a partir dos 5/6 anos aproximadamente, e de forma

rítmica desenvolve a agilidade, velocidade, flexibilidade, a coordenação motora, equilíbrio,

resistência, força e o ritmo, além de estimular a integração social, o companheirismo, a

cooperação e fortalecer laços de amizade.É uma modalidade especificamente feminina,

encanta pelo fato de aliar a arte potencial do movimento expressivo do corpo, com a técnica

da utilização ou não de aparelhos a ela característicos, somados a interpretação de uma

música. É um esporte arte que empolga, motivado pela competição e desejo de chegar a

perfeição. Caracterizou-se por substituir os movimentos mecânicos pelos orgânicos, os

métricos pelos rítmicos e os de força pelos dinâmicos. A leveza, o ritmo, a fluência e a

dinâmica trouxeram amplas possibilidades de se desenvolver a agilidade, a flexibilidade, a

graça e a beleza dos movimentos.

O movimento é algo inato ao ser humano. E a ginástica tem na prática dos movimentos

o seu objetivo principal. Um dos papéis da Ginástica Rítmica é ajudar no desenvolvimento,

aprimoramento e melhoria das categorias motoras (estabilização, locomoção, manipulação).

Isto incorpora uma ampla série de experiências de movimentos, para que as crianças

desenvolvam e refinem suas habilidades motoras, além de promover o desenvolvimento

dos domínios cognitivo, afetivo e social, a Ginástica Rítmica favorece a essa compreensão,

pois é uma modalidade que tem o ritmo como um dos seus fundamentos.

A Ginástica Rítmica visa desenvolver o corpo em sua totalidade. É fundamentada no

aprimoramento dos movimentos naturais do ser humano, no aperfeiçoamento de suas

capacidades psicomotoras, no desenvolvimento das qualidades físicas e do ritmo, podendo

também ser considerada como uma forma de trabalho físico, artístico e expressivo. Não

existe há tanto tempo assim e merece de acordo com Bárbara Lafranchi, técnica da seleção

brasileira de Ginástica Rítmica a interessante definição e interpretação: A G.R como um

Esporte-arte.

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Evolução histórica

Um dos primeiros relatos acerca do princípio da atividade física associada ao ritmo vem

de Racial (1712-1778), que realizou um estudo sobre o desenvolvimento técnico e prático

da ginástica para a educação infantil. Foi por meio dos trabalhos de Muts (1759-1839),

considerado um dos pioneiros da ginástica, que se obteve o desenvolvimento das atividades

ginásticas relacionadas ao fortalecimento do indivíduo e também com o propósito de

proporcionar saúde e preparação para a guerra.

O lado artístico da Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) teve suas raízes lançadas por

Delsarte (1811-1871), que caracterizou o seu trabalho pela busca da expressão dos

sentimentos através dos gestos corporais. Dalcroze (1865-1950), pedagogo suíço e

professor de música iniciou a prática de exercícios rítmicos como meio de desenvolvimento

da sensibilidade musical através dos movimentos do corpo. Realizou diversos estudos

fisiológicos dos quais concluiu a existência da íntima relação entre harmonia dos

movimentos e seu dinamismo, entre o equilíbrio e os diversos estados do sistema nervoso

central, exercendo ampla influência na formação das escolas de dança e no

desenvolvimento da Educação Física.

Posteriormente, Bode (1881-1971), aluno de Dalcroze, apregoava que o mais importante

era o fluir do movimento e seu caráter natural e integral. Desenvolveu-se então, um sistema

cujo objetivo era demonstrar através dos movimentos, os diversos estados emocionais do

indivíduo. Somou-se a isto, a música, a utilização de aparelhos com a finalidade de

ornamentar a apresentação e as características femininas. Foi Bode, considerado criador da

Ginástica Rítmica, quem estabeleceu os princípios básicos da mesma, os quais até hoje são

considerados importantes e seguidos. Suas teorias são fundamentadas no princípio da

contração e relaxamento, que é a própria essência do movimento humano e forma a unidade

do ritmo corporal. Quanto ao espaço explorou as direções e planos em todas as suas

possibilidades, o que constitui a base da variação dos deslocamentos na ginástica rítmica

atual. Introduziu a ginástica de expressão e o trabalho em grupos, destacando a colaboração

e harmonia das participantes.

Duncan (1878-1929), seguidora de Bode, adaptou o sistema à dança e o levou a antiga

União soviética e lá iniciou o ensino desta nova atividade como esporte independente e

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com manifestações competitivas. O alemão Medau estudou os exercícios rítmicos e iniciou

a introdução de aparelhos como a bola, as maças e o arco, dando o primeiro passo para a

utilização dos aparelhos nos exercícios femininos.

A prática da Ginástica Rítmica

A Ginástica Rítmica começou a ser praticada desde o final da Primeira Guerra Mundial,

mas não possuía regras específicas nem um nome determinado. Várias escolas inovavam os

exercícios tradicionais da Ginástica Artística, misturando-os com música.

A então Ginástica Rítmica esporte independente, passa a ser chamada de Ginástica

Moderna (1962), em reconhecimento pela Federação Internacional de Ginástica (F.I.G.).

Mais tarde em 1975, passa a ser denominada de Ginástica Rítmica Desportiva,

estabelecendo-se definitivamente sua característica competitiva.

A Ginástica tornou-se um esporte olímpico oficial em 1984, somente com competições

individuais. Nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, incluiu-se as competições de

conjunto. Em 1946, na Rússia, surge o termo “rítmica”, devido à utilização da música e da

dança durante a execução dos movimentos.

Em 1961, alguns países do Leste Europeu organizaram o primeiro campeonato

internacional da modalidade. No ano seguinte, a Federação Internacional de Ginástica

( FIG) reconheceu a Ginástica Rítmica (G.R.) como um esporte. A partir de 1963

começaram a ser realizados os primeiros campeonatos mundiais promovidos pela FIG. Os

aparelhos utilizados na Ginástica Rítmica como a corda, a bola e o arco foram os primeiros

aparelhos a serem trabalhados, as maças e a fita foram elaborados e desenvolvidos no ano

de 1966.

Em 1984, a GRD já reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional foi introduzidos

nos Jogos Olímpicos daquele ano. No entanto, as melhores ginastas do mundo provenientes

dos países do Leste Europeu, ficaram fora da competição devido o boicote liderado pela ex.

- União Soviética. Assim a primeira medalha Olímpica do esporte ficou com a canadense

Lori Fung. Em Seul- 1988, o esporte conquistou o público e se popularizou. Em Barcelona

– 1992, Aleksandra Timoshenko, competindo pela Comunidade dos Estados Independentes

foi a vencedora. Em Atlanta – 1996, a Federação Internacional de Ginástica (FIG)

introduziu a competição de conjuntos nos Jogos Olímpicos. A Espanha conquistou a

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primeira medalha Olímpica desta categoria, ficando campeã no naipe individual a ucraniana

Ekaterina Serebyanskaya. Nos Jogos de Sidney – 2000 a Rússia confirmou seu favoritismo.

A Ginástica Rítmica no Brasil

No Brasil, a atual Ginástica Rítmica, teve várias denominações diferentes,

primeiramente denominada de Ginástica Moderna, Ginástica Rítmica Moderna, e sendo

praticada essencialmente por mulheres, passou a ser chamada de Ginástica Feminina

Moderna. E a seguir, por decisão da Federação Internacional de Ginástica, passou a

denominação de Ginástica Rítmica Desportiva, e hoje, finalmente Ginástica Rítmica.

O Brasil participou da estréia olímpica da G.R. em Los Angeles –1984 com a ginasta

Rosana Favilla, que não se classificou para a final. Em Barcelona 1992, Marta Schonharst

conseguiu a 41ª colocação entre as 43 ginastas que disputaram o evento. Nos Jogos de

Sidney, em 2000, o conjunto brasileiro conseguiu o seu melhor resultado em uma

Olimpíada ficando em oitavo lugar. Outra grande conquista do Brasil na G.R. foi a medalha

de ouro nos Jogos pan-americanos de Winnipeg, Canadá, em 1999. A Seleção brasileira

responsável pela conquista treina na UNOPAR (Universidade do Norte do Paraná), em

Londrina, o maior centro de treinamento de G.R. no país.

Características da Ginástica Rítmica Desportiva (GRD)

A Ginástica Rítmica caracteriza-se pelo alto nível de exigência coordenativa das atletas.

Simetria e bilateralidade são fundamentais para seu êxito, porém existe ainda o aspecto

artístico, ou seja, as apresentações das atletas são avaliadas por árbitras, portanto, o

desempenho físico e técnico podem ser suplantados por uma interpretação subjetiva.

Os Elementos Corporais são a base indispensável dos exercícios individuais e conjuntos.

Os elementos corporais podem ser realizados em várias direções, planos, com ou sem

deslocamento, em apoio sobre um ou dois pés, coordenados com movimentos de todo o

corpo

De acordo com Érica Saur ( sd, 21), o trabalho da GRD baseia-se em seis formas básicas

de movimento : molejar, impulsionar,andar,. Correr, saltitar e saltar.Estas apresentam

características dinâmicas como lançar, aparar, quicar, saltitar, bater, andar, rolar correr,

etc.O movimento é uma das primeiras manifestações da vida do ser humano e se torna

essencial para a formação de sua personalidade. A princípio, os movimentos são naturais e

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espontâneos e , quando bem trabalhados, podem contribuir para o aprimoramento de

movimentos construídos ou ginásticos.

A GRD, no ambiente escolar, deve ter por objetivo auxiliar o desenvolvimento

psicomotor do participante, ondependente de sexo ou idade.As turmas devem ser

homogêneas, porém, este pré-requesito não constitui impedimento para que a atividade seja

desenvolvida.Paralelamente ao desenvolvimento/aprimoramento da motricidade, a GRD

proporciona um trabalho de grande valor sobre as qualidades físicas , que darão o suporte

necessário para a realização dos movimentos inerentes a esta atividade .

Características Físicas e Psicomotoras na GRD

As caracteristicas , no que diz respeito à valências físicas e motoras, se fundem neste

esporte, sendo todas elas trabalhadas juntas e de maneira indissolúvel. As principais

características físicas são : velocidade (de reação, de membros e deslocamento, força

(dinâmica, estática e explosiva), equilíbrio ( dinâmico etático e recuperado) ,resistência (

aeróbia, anaeróbia e muscular localizada), descontração ( total e diferencial ).No campo

psicomotor, desenvolve-se a coordenação motora (global, óculo-manual e óculo-pedal),o

esquema corporal, a lateralidade ( principalmente no uso de alguns aparelhos específicos,

como as maças),estruturação espacial ,estruturação temporal , ritmo.

Além dos aspectos citados, nota-se, no campo afetivo, um desenvolvimento significante no

que diz respeito à pratica da cooperação, integração,respeito ao outro e valorização de si

mesmo como pessoa e ser social. Os aspectos emocionais tornam-se bastante visíveis

quando se trabalha esta modalidade esportiva com grupos especiais, como portadores de

Síndrome de Down, por exemplo.Neste tipo de grupo, usa-se trabalhar com materiais

alternativos e uma pratica chamada de conjuntão ou GRD historiada, onde escolçhe-se um

tema e o trabalho é desenvolvido à partir deste.

Aparelhos da GRD

1- Corda

A corda pode ser feita de qualquer material sintético e seu tamanho é proporcional à altura

da ginasta. Esse aparelho possui também nós nas extremidades.

Os elementos podem ser realizados com a corda aberta ou dobrada, presa em uma ou nas

duas mãos, em direções diferentes, sobre diferentes planos, com ou sem deslocamento, com

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apoio sobre um ou os dois pés ou sobre uma outra parte do corpo. As ginastas lançam e

recuperam a corda executando saltos, giros, ondulações e equilíbrio (vide figura Anexo ).

2- Arco

O arco, feito de madeira ou plástico, possui entre 80 e 90 cm de diâmetro interno e pesa

pelo menos 300mg. Deve ser rígido, sem se dobrar.

O arco define um espaço. Esse espaço é usado plenamente pela ginasta, que se move de

acordo com o círculo formado. São requeridas nesse aparelho freqüentes trocas de mãos, e

a principal exigência é a boa coordenação de movimentos. O formato do arco favorece

rolamentos, passagens, rotações e pontes (vide figura Anexo).

3- Bola

A bola, feita de plástico ou borracha, tem um diâmetro entre 18 e 20 cm e pesa pelo menos

400mg.É o único aparelho que não é permitido segurar. Isso significa que uma relação mais

sensual entre aparelho e corpo é exigida. A bola deve mover em perfeita harmonia com o

corpo. Jogadas de bola com controle e pegadas com precisão são elementos dinâmicos que

valorizam a série da ginasta (vide figura Anexo ).

4- Maças

As maças, feitas de madeira ou plástico, tem entre 40 e 50 cm de comprimento e pesam

pelo menos 150mg cada.

Delicadeza das mãos é fundamental para se trabalhar bem com esse aparelho. A ginasta usa

as maças para executar rolamentos, círculos, curvas e formar o número máximo possível de

figuras assimétricas, combinando-as com várias figuras formadas apenas pelo corpo.

Exercícios com as maças requerem alto grau de ritmo, coordenação psico-motora e precisão

para coincidir as pegadas. É um aparelho particularmente conveniente para ginastas

ambidestras (vide figura Anexo ).

5- Fita

A vareta que segura a fita, usualmente feita de madeira, bambu, plástico ou fibra de vidro,

mede 1cm de diâmetro e entre 50 e 60 cm de comprimento. A fita é de cetim e seu peso não

deve ultrapassar 35mg. Deve ter no máximo entre 4 e 6 cm de largura e 6 metros de

comprimento.

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A fita é longa e pode ser lançada em qualquer direção. Sua função é criar desenhos no

espaço. Seus vôos no ar formam imagens e formatos de todo o tipo. Figuras de diferentes

tamanhos são executadas em ritmos variados. Cobras, espirais e arremessos exigem da

ginasta coordenação, leveza, agilidade e plasticidade (vide figura Anexo ).

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Cap III

A Importância da Ginástica Rítmica Desportiva ( GRD) para o

Desenvolvimento Psicomotor O desenvolvimento psicomotor é o ponto de referência para se avaliar e diagnosticar

qualquer atraso na motricidade infantil e desenvolver as faculdades expressivas dos

indivíduos. Inicia-se a partir do nascimento da criança estendendo-se até a adolescência,

passando por diversas fases que, são caracterizadas pelas relações afetivas e emocionais

vividas pelas crianças em seu meio social, expressando-se por meio dos movimentos.

Uma das principais manifestações da vida do se humano é o movimento, tornando-se

essencial para a formação da personalidade da criança. O movimento humano é à base da

constituição histórica da humanidade, traduzindo a relação do homem com o seu exterior

(natureza/sociedade), portanto é de fundamental importância para o desenvolvimento total

da criança, como explica Fonseca (1983).

É o movimento que, projetando no meio uma realidade humana, permite

a criança uma atenuação de grupos musculares onerosos (sincinesias e

paratonias), que proporcionarão uma progressiva coordenação e uma

melhor habilidade manual. (...) As percepções e os movimentos , ao

estabelecerem relação com o exterior, elaboram a função simbólica que

gera a linguagem, e esta dá origem à representação e ao pensamento

(Fonseca, 1983, p. 23,26).

Ainda Fonseca (1983), comenta que “o movimento humano é construído em função

de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade intima, o movimento

transforma-se em comportamento significante”. O movimento humano é a parte mais

ampla e significativa do comportamento do ser humano. É obtido por intermédio de três

fatores básicos: os músculos, a emoção e os nervos, formados por um sistema de

sinalizações que lhes permitem atuar de forma coordenada.

A partir do movimento, a criança cria sua imagem de corpo, o seu esquema corporal e

o seu elo de comunicação com o exterior, constituindo dessa forma, sua individualidade e a

sua história.

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A função motora (motricidade), o desenvolvimento intelectual (mente) e o

desenvolvimento afetivo-emocional estão intimamente ligados na criança, compondo e

formando relações que, facilitam a abordagem global da criança e constituem as estruturas

do desenvolvimento psicomotor.

A unidade básica do movimento, que abrange a capacidade de equilíbrio e assegura as

posições estáticas, são as estruturas psicomotoras. As estruturas psicomotoras definidas

como básicas são: locomoção, manipulação e tônus corporal, que interagem com a

organização espaço-temporal, as coordenações finas e amplas, coordenação óculo-

segmentar, o equilíbrio, a lateralidade, o ritmo e o relaxamento (Barros, 1972).

Para Coste (1981, p 50) “a evolução da criança não se realiza de um modo regular e

progressivo, (...) por isso que nunca se deve querer ir depressa demais, (...) querer ganhar

tempo é com freqüência uma forma de chegar atrasado”. Portanto, deve-se respeitar o

desenvolvimento das estruturas psicomotoras e acompanhá-las para que não ocorram

atrasos na evolução da criança.

Para a compreensão das estruturas do desenvolvimento psicomotor, baseamos na obra

de Coste (1981), intitulada “A Psicomotricidade”.

Por intermédio da obra citada acima, verificamos que o primeiro passo para o

desenvolvimento psicomotor é a percepção e o reconhecimento do corpo pela criança

(esquema corporal). Para Wallon (APUD REIS, 1984) “o esquema corporal é um elemento

básico, indispensável para a formação da personalidade da criança. É a representação

relativamente global, cientifica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo”.

Para Reis (1984) o desenvolvimento do esquema corporal acontece de forma

progressiva e, que a partir da conscientização da criança em relação ao seu próprio corpo,

ela passara a perceber e a ter domínio sobre os seus movimentos, dessa forma agindo e

transformando a sociedade.

A própria criança percebe-se e percebe os seres e as coisas que a

cercam em função da sua pessoa. Sua personalidade se

desenvolverá graças a uma progressiva tomada de consciência do

seu corpo, do seu ser, de suas possibilidades de agir e transformar

o mundo à sua volta (Reis, 1984).

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A progressão do reconhecimento da imagem do seu próprio corpo pela criança, pode ser

notada por meio de uma experiência em que se coloca a criança na frente de um espelho,

dessa forma, cada semana verifica-se esse progresso, no qual a criança passa a explorar a

sua imagem refletida. Ainda existe outro teste para a identificar a evolução do esquema

corporal pela criança: “o teste do homenzinho”, que se caracteriza por desenhos de crianças

em suas fases de desenvolvimento, que representam o corpo humano, verificando dessa

forma, a maturação delas a respeito de sua concepção de corpo. (Coste, 1981).

Após o reconhecimento da criança do seu próprio corpo, aparece a estruturação

espaço–temporal. Essa estruturação é a orientação, a tomada de consciência da situação de

seu próprio corpo em um meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que pode ter em

relação às pessoas e objetos, estáticos ou em movimento.

Para Coste, o desenvolvimento da estrutura espaço–temporal, possibilita ao indivíduo

organizar-se perante o mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si, de colocá-las em

um lugar e de movimentá-las.

A estruturação espaço temporal é um dado importante para uma

adaptação favorável do individuo. Ela permite-lhe não só movimentar-

se e reconhecer se no espaço, mas também concatenar e dar seqüência

aos seus gestos, localizar as partes do seu corpo e situá-los no espaço,

coordenar sua atividade e organizar sua vida cotidiana (Coste, 1981, p.

57).

Todas as alterações e adaptações que ocorrem no meio ambiente e nos indivíduos,

passam, antes de tudo, pela adaptação ao tempo e ao espaço.

O tempo é constituído por quatro níveis, duração, ordem, sucessão e ritmo que se

relacionam entre si, formando a estruturação temporal do individuo.

Com o desenvolvimento da estruturação temporal, a criança começa a distinguir as

sucessões de acontecimentos (antes, após, durante), a duração dos intervalos (tempo longo,

curto), a renovação cíclica de certos períodos (dias, meses, estações, anos) e os ritmos

exteriores e do corpo (são fatores de estruturação temporal que sustenta a adaptação do

tempo). As noções temporais são muito abstratas, muitas vezes bem difíceis de serem

adquiridas pelas crianças.

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Para Coste (1981 p, 57) “a adaptação ao tempo é função do desenvolvimento do

conjunto da personalidade”. Assim nota-se, que através do desenvolvimento do esquema

corporal, ou seja, da conscientização da criança em relação ao seu próprio corpo, do

movimentar-se e das suas relações com o exterior, é que ela passa ter, progressivamente,

noções sobre o tempo.

O espaço é definido pela sua variedade de significados, podendo estar relacionado a

uma extensão infinita (espaço sideral), a uma extensão superficial limitada (medidas) e a

uma extensão de tempo e intervalos (minutos, lento, rápido).

Para o estudo do desenvolvimento psicomotor, as noções que analisaremos são ás de

extensão superficial limitado e a de extensão de tempo e intervalos.

Coste (1981) mostra-nos que o espaço é uma percepção do mundo, onde a

referência é o nosso corpo reduzido à superfície da pele. Ainda para ele, o espaço e o tempo

estão totalmente unidos; e todos os fatos e movimentos se desenrolam durante um

determinado tempo e em um determinado espaço.

Para a criança, a concepção de espaço, passa a desenvolver-se, inicialmente, a partir

das suas impressões totais, progredindo paralelamente com o desenvolvimento motor, sua

expressividade, e a suas relações no espaço da comunicação.

Para Coste (1981), o desenvolvimento da percepção do espaço, passa por três fases:

“espaço topológico vivido” – cujo ponto de referência é o corpo próprio (antes dos 3 anos);

“espaço representativo euclidiano” – reconhecimento das formas geométricas (entre 3-7

anos); “espaço projetivo, intelectualizado” – pontos de referência exteriores ao seu próprio

corpo (entre 7-12 anos). Portanto, a concepção de espaço pela criança é construída a partir

das experiências vividas por elas com o seu corpo e com o mundo exterior.

Durante o crescimento, naturalmente se define uma dominância lateral da criança:

será mais forte, mais hábil e mais ágil do lado direito ou lado esquerdo.

A lateralidade corresponde a dados neurológicos, mas também é influenciado pelos

hábitos sociais, dessa forma constitui um elemento importante da adaptação psicomotora.

Para Coste, a dominância lateral só se desenvolvera “a partir do momento em que os

movimentos se combinam e se organizam numa intenção motora” (p. 64), impondo-se

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dessa forma, a lateralidade por intermédio das experiências e da complexidade dos

movimentos vividos pela criança.

A lateralidade da criança, para Le Bouch (1982), inicia-se a partir dos dois anos de

idade, durante um período denominado por ele como “discriminação perceptiva”, que se

elabora na criança a predominância lateral, contudo porem, a lateralidade só pode ser

definida na criança, após os cinco anos de idade.

Com efeito, a lateralização participa em todos os níveis de desenvolvimento da criança,

só se instalando definitivamente após a criança ter passado etapas de processo de

desenvolvimento: a montagem do esquema corporal, que organiza as percepções totais,

visuais e os movimentos coordenados; e a estrutura espacial que ajuda a criança a

discriminar a sua direita e esquerda, frente-trás, por meio das percepções de espaço

adquiridas no seu movimentar-se cotidiano.

A lateralização (...) da criança (...) acompanha cada um de seus

passos: localização no próprio corpo, projeção de seus pontos de

referenciais a partir do corpo e, depois, organização do espaço

independentemente do corpo (Coste 1981, p 66).

Não devemos confundir lateralidade (dominância de um lado em relação ao outro) e

conhecimento “direito-esquerdo” (domínio dos termos “direito” e “esquerdo”)

O conhecimento “esquerda-direita” decorre da noção de dominância lateral. É a

generalização da percepção do eixo corporal, a tudo que cerca a criança, esse conhecimento

será mais facilmente apreendido quanto mais acentuada e homogênea for à lateralidade da

criança. Com efeito, se a criança percebe que trabalha naturalmente “com que mão”,

guardará sem dificuldade que “aquela mão” é esquerda ou direita.

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Cap.IV

Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) e desenvolvimento psicomotor

A história da GRD aconteceu de forma progressiva e lenta, recebendo influência de

vários pensadores e de várias linhas da ciência humana.

Um dos primeiros relatos acerca do principio da atividade física associada ao ritmo

Russeau (1712 – 1778), filosofo e pedagogo, realizou estudos sobre o desenvolvimento

técnico e prático para a educação infantil, já Muts (1759 – 1839), foi o criador da ginástica

pedagógica, fundamentada em princípios filosóficos e em exercícios que buscavam o

fortalecimento do individuo, saúde e preparação para a guerra.

O lado artístico da GRD teve seu inicio com Delsarte (1811-1871), que caracterizou o

seu trabalho pela busca da expressão dos sentimentos por intermédio dos gestos corporais,

influenciando a expressão da ginástica atual. Dalcroze (1865-1950), pedagogo e professor

de música iniciou a prática de exercícios rítmicos como meio de desenvolvimento da

sensibilidade musical através dos movimentos do corpo. Desenvolve diversos estudos

filosóficos dos quais conclui a existência da intima relação entre harmonia dos movimentos

e seu dinamismo, entre o equilíbrio e os diversos estados do sistema nervoso central,

exercendo influência na formação das escolas de dança e no desenvolvimento da Educação

Física.

Dando continuidade ao lado artístico da GRD, Bode (1881 – 1971) aluno de

Dalcroze, estabeleceu os princípios básicos de GRD, onde o mais importante era o fluir do

movimento e seu caráter natural e integral, demonstrando através dos movimentos, os

diversos estados emocionais do individuo. Suas teorias são fundamentadas no principio da

contração e relaxamento, que é a própria essência do movimento humano e forma a unidade

do ritmo corporal. Quanto ao espaço explorou as direções e planos em todas as suas

possibilidades, o que constitui a base da variação dos deslocamentos na ginástica rítmica

atual. Introduziu a ginástica de expressão, que faz com que o individuo tenha mais

liberdade, flexibilidade, movimentos naturais e espontâneos; e ainda o trabalho em grupo,

destacando a colaboração e harmonia entre seus participantes.

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O alemão Medau (1890-1974), formado na escola de ginástica de Bode, estudou os

exercícios rítmicos e iniciou a introdução de aparelhos, como o arco, as maças e a bola,

dando o primeiro passo para a utilização dos aparelhos nos exercícios femininos.

A ginástica Rítmica começou a ser praticada desde o final da I guerra mundial, mas

não possuía regras específicas nem um nome determinado. Varias escolas inovavam os

exercícios tradicionais da Ginástica Artística, misturando-se com a música.

A então Ginástica Rítmica, esporte independente, passo a ser chamada de Ginástica

Moderna (1962), em reconhecimento pela Federação internacional de Ginástica (F.I.G).

Mais tarde em 1975 passa a ser denominado de Ginástica Rítmica Desportiva,

estabelecendo-se definitivamente sua característica competitiva.

A partir desse contexto histórico, verifica-se que a GRD se tornou uma arte

dinâmica, criativa e natural, que utiliza-se da linguagem corporal por meio de movimentos

expressivos , descrevendo a linguagem e o movimento através de seu veículo de

interpretação que é o corpo. É caracterizado pela música e movimentos coordenados com a

utilização de aparelhos portáteis (corda, aro, fitas, maças e bolas). Para Barros e Nedialcova

(n/d) a GRD é definida “pela sua relação harmoniosa entre o corpo em movimento, os

objetos manipulados entre o corpo em movimento e os espaços envolventes inter-

relacionados a música, possibilitando assim toda sua expressão”, já Roberval (1991),

caracteriza a GRD pela união do movimento e a música, transformando-se em movimentos

rítmicos próprios do GRD.

A GRD explora as qualidades estéticas e rítmicas e suas principais

características são a utilização de materiais (...) e da música, o que torna

atraente e empolgante (...) com movimentos de características próprias,

diferentes de outras escolas de expressão corporal (Wiederkeh, 1985, p.

34).

Outra forma de se caracterizar a GRD é pela sua competitividade esportiva, que

exige alto nível de capacidade coordenativa das atletas, em que o desempenho físico,

técnico e rítmico do atleta devem estar presentes nas suas apresentações, sejam individuais

ou em conjunto.

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Para Barros e Nedialcova (s/d), “como desporto competitivo está presente em todas

as formas harmônicas da totalidade do movimento”. Portanto, mesmo na competição a

GRD, tem caráter de relação do corpo (EU), os objetos (aparelhos) e os outros.

Os objetivos da GRD estão intimamente ligados ao desenvolvimento psicomotor da

criança, propondo-se a estimular e desenvolver as estruturas psicomotoras, educando os

movimentos, aumentando as qualidades físicas, desenvolvendo o aspecto social do

individuo (inclusão social), sua criatividade e imaginação.

De acordo com Pallares (1983, p17) a GRD se baseia em 3 princípios básicos:

“movimento natural”: rítmico e orgânico; - “movimento total”: corpo espírito e mente, e do

“movimento fluente”: renovação e espontaneidade. A mesma autora afirma que o objetivo

da GRD é “cooperar para a educação integral da criança, podendo promover sua educação,

atendendo suas necessidades, possibilidades e interesses nas áreas físicas, espiritual, mental

e social” (p.17 e 18), já para Pereira (2000), a GRD tem por objetivo:

Trabalhar a coordenação motora, a percepção espacial, a lateralidade, como também a consciência corporal, a postura e as qualidades físicas (...) contribui para o desenvolvimento e ou aprimoramento de esquema corporal (Pereira 2000, p.18)

Na escola, a GRD, tem como objetivos, alem de auxiliar o desenvolvimento

psicomotor da criança, promover a inclusão social, de forma que a criança passe a se tornar

ativa na sociedade, com uma formação crítica e transformadora.

Para que a GRD alcance os seus objetivos, são necessários ter em mente os

componentes básicos da modalidade, que são: os elementos corporais dos grupos

fundamentais (salto, pivô, equilíbrio e flexibilidade) e outros grupos (saltitos, deslocamento

variado, balanceamentos, circunduções e giros) - movimentos esses que geralmente estão

no cotidiano de cada criança -; e os elementos do grupo técnico dos aparelhos. É por meio

desses elementos que o profissional de educação física, irá desenvolver o seu trabalho a fim

de atingir os objetivos do GRD.

Por meio do desenvolvimento dos elementos corporais, a GRD proporciona a criança

o desenvolvimento/aprimoramento das qualidades físicas, do esquema corporal da

estruturação espaço temporal, além de uma conscientização dos movimentos apresentados

pelo seu corpo, sendo a base indispensável dos exercícios individuais e de conjuntos.

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Para Barros e Nedialcova (S/D), os movimentos dos elementos corporais da GRD,

surgem com o desenvolvimento psicomotor, que evoluem com a maturação neurológica da

criança, de forma natural. Para as autoras.

Essas atividades são as formas concretas de ação das estruturas psicomotoras de locomoção, manipulação, tônus corporal, organização espaço temporal, coordenação óculo-segmentar, equilíbrio, coordenação da dinâmica geral, ritmo e relaxamento (Barros e Nedialcova, s/d).

O desenvolvimento das qualidades físicas também tem sua importância na GRD, pois

sevem de suporte para o desenvolvimento psicomotor da criança. Para Pereira (2000), as

qualidades físicas desenvolvidas pela GRD são: velocidade, força, equilíbrio, coordenação,

ritmo, agilidade, resistência, flexibilidade e descontração; todos relacionam-se para dar a

GRD movimentos aperfeiçoados, de beleza estética e amplitude.

O profissional de educação física deve destacar em suas aulas, a importância dos

movimentos do elemento corporal e principalmente identificar em seus alunos, possíveis

“anomalias” – distúrbios físicos, falta de ritmo, descoordenação motora, desvios

psicológicos – que podem surgir no movimentar-se, procurando caracterizar o motivo dessa

“anomalia” e buscar meios e alternativas para corrigi-los, pois são movimentos do

cotidiano de cada criança. “Os processos de exploração e descobertas são capazes de

permitir a expressão natural e espontânea dos alunos além de auxiliar no desenvolvimento

de programas adequados a seus anseios e suas capacidades individuais". (Velardi, 1999 p.

30).

Os elementos dos aparelhos (bola, corda, fita, maças e arco), também têm seu papel

de colaboração para o desenvolvimento psicomotor, facilitando a realização dos

movimentos do cotidiano e a educação rítmica da criança. Dentro de cada aparelho,

desenvolve se os grupos técnicos que auxiliam desenvolvimento das séries e dá a cada

aparelho sua autenticidade e beleza.

Os grupos técnicos são constituídos por movimentos do corpo, contidos nos

elementos corporais da GRD, com o manuseio do aparelho. Destaca-se que através da

utilização dos aparelhos, a criança desenvolve sua lateralidade, sua percepção espacial,

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dinamismo, criatividade e expressão corporal por intermédio dos movimentos, além de

segurança e confiabilidade em si própria.

Alguns dos aparelhos utilizados na GRD fazem parte do cotidiano das crianças,

como a corda, a bola e o arco, tornando o aprendizado dos grupos técnicos desses aparelhos

de maior facilidade para se desenvolver. Os aparelhos atingem cada qual, um objetivo

diferente no desenvolvimento das capacidades psicomotoras, como Bizzochi (1985) nos

demonstra quando diz que: pela forma arredondada e larga dimensões, o arco facilita a

aquisição e o desenvolvimento do senso no espaço, considerado como base indispensável

para que se possa ordenar e formar movimentos. O trabalho com o Arco vai ainda favorecer

e melhorar a tonicidade muscular, a elasticidade e a mobilidade rítmica, o fluxo sanguíneo,

a organização espaço-temporal, o ritmo do movimento (tensão/relaxamento), a diversidade

de movimentos e o trabalho articular. Vai levar o praticante a estender-se e alongar-se,

tomando consciência do movimento.

Outros fatores que colaboram para o desenvolvimento psicomotor na GRD, são o

ritmo e a constituição das séries em conjunto.

O ritmo, além de dar suporte ao movimento ginástico, pode também ser um

instrumento de educação da criança, que é determinado pelos seguintes objetivos:

adaptações a ritmos diferentes; conservar um determinado ritmo; seguir o ritmo com o

corpo e a voz; memorizar e reproduzir um ritmo; identificar os compassos, os tempos fortes

e fracos; e verbalizar o ritmo mediante palavras. Através desses objetivos é possível fazer

com que a crianças entenda e tome consciência da importância que o ritmo tem nas nossas

vidas.

A constituição de séries em conjunto, auxilia no desenvolvimento da imaginação e da

criatividade, na comunicação e no aspecto social da criança (inclusão social).

Relacionar-se com o outro nas series de conjunto, por intermédio do ensino da GRD,

é fundamental. Este relacionamento deve ser bem proporcionado para que haja uma relação

entre professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor. Nesse aspecto as atividades

psicomotoras propiciam a criança uma vivencia com espontaneidade das experiências

corporais, criando uma simbiose afetiva entre professor-aluno, aluno-aluno e aluno-

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professor, afastando os tabus e preconceitos que influenciam negativamente as relações

interpessoais.

Para que todos os fatores da GRD, que auxiliam no desenvolvimento psicomotor

sejam aplicados de forma eficaz, é necessário que o profissional da área de educação física,

esteja realmente consciente dos objetivos da GRD, buscando sempre inovações

pedagógicas e formas de atuarem em suas aulas, visando sempre o aprendizado e o

desenvolvimento do aluno.

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Conclusão Dentre as principais conclusões que podemos tirar da presente monografia destaca-se o

fato de sabermos que é muito importante realizar um processo de formação esportiva

respeitando as diferentes fases que a criança atravessa em seu desenvolvimento orgânico

morfofuncional já que, como visto anteriormente, se estas fases não forem respeitadas será

instalado um processo conhecido como "especialização esportiva precoce" o qual pode

acarretar problemas de ordem física e psíquica na criança.

Assim sendo, podemos sugerir aos profissionais militantes na área que não se limitem

apenas ao ensino de gestos técnicos e táticos de esportes para as crianças em período

escolar, pois o esporte ensinado aos adultos não pode ser o mesmo esporte ensinado para as

crianças e adolescentes, visto que muitos elementos motores contidos na prática esportiva

adulta não se encaixam no nível orgânico funcional que, crianças de 5 anos por exemplo,

apresentam.

Na GRD, o desenvolvimento dos aspectos motor, social, emocional e lúdico da

personalidade e a destreza dos movimentos corporais são vivenciados, por meio de

atividades motoras organizadas e seqüenciais, desenvolvidas individualmente e em grupo.

Afirmamos, portanto, que a GRD, por intermédio de atividades afetivas, psicomotoras

e sociopsicomotoras, constitui-se num fator de equilíbrio na vida das pessoas, expresso na

integração entre o espírito e o corpo, a afetividade e a energia, o individuo e o grupo,

promovendo a totalidade do ser humano. Possui também um impacto positivo no

pensamento, no conhecimento e ação, nos domínios cognitivos, na vida de crianças e

jovens. E crianças e jovens fisicamente educados vão para uma vida ativa, saudável e

produtiva, criando uma integração segura e adequado desenvolvimento de corpo, mente e

espírito.

Assim, a GRD, pelas suas possibilidades de desenvolver a dimensão psicomotora das

pessoas, principalmente em crianças e adolescentes, conjuntamente com os domínios

cognitivos e sociais, é de grande importância no ensino escolar e na vida da criança.

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Anexos Aparelhos da GRD

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Índice

Introdução 09 A importância da vivência motora nos esportes 09 Formação esportiva e a educação motora 09 O início da atividade esportiva 09 Especialização desportiva 11 Distorções causadas pela estimulação motora precoce 11 A Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) como esporte 13 Evolução histórica 14 A prática da Ginástica Rítmica 15 A Ginástica Rítmica no Brasil 16 Características da Ginástica Rítmica 17 Características Físicas e Psicomotoras na GRD 18 Aparelhos da GRD 18 A Importância da Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) para o desenvolvimento Psicomotor 20

Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) e desenvolvimento psicomotor 25

Conclusão 30 Anexos 31

Bibliografia 33

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) e desenvolvimento

psicomotor

Autor: Tatyanna Assumpção de Macedo

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