UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A...

40
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A INFLUÊNCIA DA NATAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA SEGUNDA INFÂNCIA. Por: Adriana Carneiro Lima Orientador Prof. Ms. Celso Sanchez Rio de Janeiro 2007

Transcript of UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A...

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A INFLUÊNCIA DA NATAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO

PSICOMOTOR NA SEGUNDA INFÂNCIA.

Por: Adriana Carneiro Lima

Orientador

Prof. Ms. Celso Sanchez

Rio de Janeiro

2007

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A INFLUÊNCIA DA NATAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO

PSICOMOTOR NA SEGUNDA INFÂNCIA.

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau

de especialista em Psicomotricidade por Adriana

Carneiro Lima.

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a

Deus pelo dom da vida. Aos meus pais

Altamir Ferreira Lima e Maria Inez

Carneiro Lima e ao meu noivo Wollner

Materko, um muitíssimo obrigado por tudo

o que fazem e já fizeram por mim. Embora

gestos e atitude valham mais que milhões

de palavras, gostaria que todos

soubessem o quanto eu amo.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

4

DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia ao meu noivo

Wollner Materko, que tanto incentiva e

colabora para o meu aperfeiçoamento

profissional.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

5

RESUMO

O desenvolvimento da personalidade da criança, compreendendo as

mudanças ocorridas no organismo durante o processo de crescimento e

desenvolvimento (comportamento motor, percepção, construção da inteligência,

afetividade, aprendizagem) tem merecido recentemente uma atenção cada vez

maior por parte dos pesquisadores.

A natação é um excelente esporte para iniciar a criança no seu

desenvolvimento psicomotor, sua decisiva participação na construção do esquema

corporal e seu papel integrador no processo de maturação. É com esse propósito,

que a natação infantil não se detém somente na aprendizagem do nado, mas sim,

contribuindo para ativar o processo evolutivo psicomorfológico da criança,

auxiliando o desenvolvimento de sua psicomotricidade e reforçando o início de sua

personalidade.

A fase básica no meio aquática é denominada de “adaptação aquática”,

porque está fase antecede o aprendizado das habilidades motoras especificas de

cada atividade aquática, o desenvolvimento das habilidades motoras quer no meio

terrestre, quer no meio aquático, é resultado das contínuas interações entre os

fatores genéticos e as experiências prévias do sujeito com o meio envolvente.

A aquisição de habilidade motoras mais complexas e específicas depende

da prévia aquisição, apropriação e domínio de habilidades mais simples, com isso,

a aquisição das habilidades aquáticas básicas terá como objetivo em promover a

familiarização do sujeito com o meio aquático promover a criação de autonomia no

meio aquático e criar as bases para posteriormente aprender habilidades motoras

aquáticas específicas.

A natação como agente educativo quando aplicada às crianças assumirá

um papel formativo e totalizador, levando as crianças que participaram de um

programa de adaptação ao meio aquático a se desenvolverem melhor e mais

rapidamente, o que fará do posterior processo de educação algo simples e bem

sucedido.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

6

METODOLOGIA

O manuscrito foi idealizado com o objetivo de realizar uma revisão da

literatura sobre a influência da natação no desenvolvimento motor das crianças na

segunda infância. É extremamente importante o profissional de Educação Física

ter o conhecimento do processo de aprendizagem através do movimento, pois

consiste essencialmente no meio de usar o exercício físico, neste caso, a natação

para contribuir no desenvolvimento motor, afetivo e social do indivíduo, pois utiliza

a mecânica do corpo no meio aquático.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – Desenvolvimento Psicomotor 10

CAPÍTULO II – A Psicomotricidade 22

CAPÍTULO III – A Natação 25

CAPÍTULO IV – A Relação da Psicomotricidade e a Natação 30

CONCLUSÃO 34

REFERÊNCIAS 35

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

8

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da personalidade da criança, compreendendo as

mudanças ocorridas no organismo durante o processo de crescimento e

desenvolvimento (comportamento motor, percepção, construção da inteligência,

afetividade, aprendizagem) tem merecido recentemente uma atenção cada vez

maior por parte dos pesquisadores (SANTOS et al., 2004).

A natação é um excelente esporte para iniciar a criança no seu

desenvolvimento psicomotor, sua decisiva participação na construção do esquema

corporal e seu papel integrador no processo de maturação. É com esse propósito,

que a natação infantil não se detém somente na aprendizagem do nado, mas sim,

contribuindo para ativar o processo evolutivo psicomorfológico da criança,

auxiliando o desenvolvimento de sua psicomotricidade e reforçando o início de sua

personalidade (COLWIN, 2000).

Segundo Bueno (1998), denomina o período da fase básica no meio

aquático de “adaptação aquática”, porque está fase antecede o aprendizado das

habilidades motoras especificas de cada atividade aquática.

Segundo Makarenko (2001), o desenvolvimento das habilidades motoras

quer no meio terrestre, quer no meio aquático, é resultado das contínuas

interações entre os fatores genéticos e as experiências prévias do sujeito com o

meio envolvente.

A aquisição de habilidade motoras mais complexas e específicas depende

da prévia aquisição, apropriação e domínio de habilidades mais simples, com isso,

a aquisição das habilidades aquáticas básicas terá como objetivo em promover a

familiarização do sujeito com o meio aquático promover a criação de autonomia no

meio aquático e criar as bases para posteriormente aprender habilidades motoras

aquáticas específicas (MELLO, 1989).

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

9

A natação como agente educativo quando aplicada às crianças assumirá

um papel formativo e totalizador, levando as crianças que participaram de um

programa de adaptação ao meio aquático a se desenvolverem melhor e mais

rapidamente, o que fará do posterior processo de educação algo simples e bem

sucedido. Com isso, o objetivo do presente estudo é realizar uma revisão da

literatura sobre a influência da natação no desenvolvimento motor das crianças na

segunda infância.

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

10

1. DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR

Este capítulo está organizado em duas partes. À parte I apresenta uma

visão atual dos fundamentos da fisiologia neuromuscular e à parte II comenta o

desenvolvimento psicomotor na segunda infância.

1.1 FISIOLOGIA NEUROMUSCULAR

Esta primeira parte do capítulo tem como objetivo de informar como o

sistema nervoso desempenha um papel importantíssimo na organização

psicomotora da criança, ou seja, na sua ação. Seu desenvolvimento está

intimamente relacionado com os estímulos ambientais que recebe. Estudar a

psicomotricidade sem a necessária fundamentação do sistema nervoso e sua

interferência no desenvolvimento é reduzir a complexidade desse

desenvolvimento. Em geral, o sistema nervoso controla as atividades rápidas do

organismo, tais como: contrações musculares, os fenômenos viscerais e, até

mesmo, os ritmos de secreção de algumas glândulas endócrinas.

1.1.1 Mecanismo de Excitação

O impulso nervoso é conduzido por neurônios sob a forma de energia

elétrica, os quais consistem em três componentes básicos: dendritos, corpo celular

e axônio. Os dendritos recebem informação através dos impulsos de outros

neurônios. Esta informação é transmitida sob a forma de potencial de ação, ao

corpo celular do neurônio. No corpo da célula esta informação é processada e

algumas vezes modificada ou inibida por outros neurônios. O axônio vai ser

responsável por enviar o potencial de ação através de um neurônio motor numa

fibra muscular esquelética é denominado terminal motor ou junção neuromuscular

e ele pode ser recoberto por uma substância branca, de conteúdo rico em lipídios,

chamada de bainha de mielina. A bainha de mielina tem como função ajudar a

isolar eletricamente o impulso nervoso que se propaga através do axônio, isto

ajuda a evitar que os impulsos sejam transmitidos para os axônios adjacentes. A

bainha é produzida e mantida pelas células da glia mais especificamente pela

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

11

célula de Schwann que são células de formação da bainha de mielina. A bainha

de mielina acompanha todo o comprimento do axônio, mas é segmentada, com

pequenos intervalos a cada 1 ou 2 mm ao longo da extensão do axônio. Estes

pequenos espaços, medindo cerca de 2 a 3 µm, são chamados de nódulos de

Ranvier (POWERS; HOWLEY, 2000; MAUGHAN; GLEESON; GREENHAFF,

2000; FLECK; KRAEMER, 1999).

As fibras nervosas que contém mielina são denominadas fibras nervosas

mielinizadas e as fibras nervosas que não contém mielina são denominadas fibras

nervosas amielínicas. As fibras mielíticas transmitem os sinais neurais muito

rapidamente, controlando a atividade muscular ou transmitem sinais sensoriais

críticos ao cérebro. Por outro lado, as fibras amielíticas controlam estruturas tais

como os vasos sanguíneos e transmitem sinais sensoriais não críticos ao cérebro

(MACHADO, 2000; MCARDLE; KATCH; KATCH, 1998; GUYTON, 1988).

Um neurônio motor possui dendritos relativamente curtos e um longo

axônio, que leva informação do sistema nervoso central até a junção

neuromuscular. Um neurônio sensorial, ao contrário, tem dendritos relativamente

longos e uns axônios curtos, que trazem informação da periferia para o sistema

nervoso central (POWERS; HOWLEY, 2000; FLECK; KRAEMER, 1999; GUYTON,

1988).

A bomba de sódio-potássio produz alta concentração de sódio no exterior

da membrana e baixa concentração no seu interior, e, para o potássio, ocorrer

oposto. Visto que a membrana em repouso gera um potencial de membrana

negativo, da ordem de – 90 mV no interior da fibra, sendo muito permeável aos

íons potássio, dada a alta concentração desses íons no interior da membrana,

esses íons difundem para o exterior e ocorre a passagem de cargas elétricas

sendo o positivo para fora da fibra, mas deixa muitos íons protéicos em seu

interior iniciando o potencial de ação, esse processo é chamado de

despolarização. A carga positiva que entra na fibra desloca-se ao longo dela. Isso

tem o efeito sobre a membrana adjacente, de também a tornar muito permeável

ao sódio. Por conseguinte, o sódio também penetra na fibra por essa região, e o

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

12

processo é repetido em toda a extensão da fibra nervosa. Dessa forma o impulso

nervoso se propaga por toda a fibra nervosa. Após a fibra ter se tornado

completamente despolarizada, a membrana, de forma abrupta, torna-se de novo

impermeável ao sódio, embora, permaneça muito permeável ao potássio,

positivamente carregado, voltam a se difundir para o meio externo. A perda

dessas cargas positivas faz com que o interior da fibra volte a ser negativo. Esse é

o processo de repolarização. A bomba de sódio-potássio começa, então, a

funcionar de novo, permanecendo ativa mesmo nos intervalos entre os potenciais

de ação, bombeando os íons sódio para o exterior e os íons de potássio para o

interior da fibra nervosa (FLECK; KRAEMER, 1999; MCARDLE, KATCH; KATCH,

1998; GUYTON, 1988).

A sinapse é a conexão de informação dos neurônios, principalmente

através de suas terminações axônicas, entram em contato com outros neurônios

são denominados sinapse interneuronais. No sistema nervoso periférico, as

terminações axônicas podem estabelecer contatos com as células musculares

(esquelética, cardíacas ou lisas) e células secretoras (em glândulas). Quanto à

morfologia e modo de funcionamento, se divide em dois: sinapses elétricas e

químicas. As sinapses elétricas se dão através dois neurônios, pelos canais

iônicos concentrados em cada uma das membranas em contato e as sinapses

químicas a comunicação entre os elementos em contato depende da liberação de

substância química, denominada neurotransmissor (POWERS; HOWLEY, 2000;

MACHADO, 2000).

As células nervosas estão em contato com as fibras musculares. Essas

células nervosas são denominadas motoneurônio e se estendem para fora a partir

da medula espinhal. O motoneurônio e todas as fibras musculares que ele inerva

formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio inicia o processo de

contração. O local onde o motoneurõnio e a célula muscular se encontram é

denominado junção neuromuscular. Nessa junção, o sarcolema forma uma bolsa

denominada placa motora (POWERS; HOWLEY, 2000; MAUGHAN; GLEESON;

GREENHAFF, 2000; MACHADO, 2000).

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

13

A porção terminal do axônio abaixo da bainha de mielina forma vários

ramos axônicos menores, cujas terminações são os terminais pré-sinápticos.

Nessa região, existem aproximadamente 50 a 70 vesículas que contém ACh por

micrometro quadrado. Estas ficam próximas, mas sem entrar em contato com o

sarcolema da fibra muscular. A região invaginada da membrana pós-sináptica

(denominada também goteira sináptica) possui muitos pregueamentos que

ampliam sua área superficial. A fenda sináptica é a região entre a goteira sináptica

e o terminal pré-sináptico do axônio. A transmissão do impulso neural se processa

nessa região (MCARDLE; KATCH; KATCH, 1998; GUYTON, 1988).

O processo de excitação ocorre somente a JNM (junção neuromuscular),

sendo facilitado pela acetilcolina, o neurotransmissor responsável pela

transformação de um impulso elétrico em um impulso químico. Quando o estímulo

alcança a JNM, a acetilcolina é liberada pelas vesículas saculiformes dentro dos

axônios terminais, sendo lançada na fenda sináptica, para combinar com o

complexo transmissor-receptor a membrana pós-sináptica. O potencial de ação

percorrer todo o comprimento da fibra, penetra no sistema túbulo T até as

estruturas internas da fibra muscular e prepara para a sua principal função a

contração (POWERS; HOWLEY, 2000; FLECK; KRAEMER, 1999; GUYTON,

1988).

Os neurotransmissores podem ser excitatórios ou inibitórios. Os excitatórios

aumentam a permeabilidade neuronal ao sódio e produz potenciais excitatórios

pós-sinápticos (PEPS). Existem duas formas de os PEPSs levarem o neurônio

pós-sináptico até o limiar: somação temporal – é a somação de vários PEPSs de

um único neurônio pré-sináptico durante um curto período de tempo e a somação

espacial – os PEPSs concomitantes chegam ao neurônio pós-sináptico por meio

de numerosos estímulos excitatórios diferentes. Os inibitórios fazem com que o

neurônio se torne mais negativo (hiperpolarizado). Essa hiperpolarização da

membrana é denominada potencial inibitório pós-sináptico (PIPS) (MAUGHAN;

GLEESON; GREENHAFF, 2000; MCARDLE; KATCH; KATCH, 1998).

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

14

A acetilcolina atua para aumentar a sua permeabilidade sobre a membrana

muscular, com isso, ocorre a passagem instantânea dos íons de sódio para o

interior da fibra muscular, o que acarreta o fluxo de carga positiva para o

sarcoplasma, despolarizado imediatamente essa área da membrana muscular.

Essa despolarização resulta na liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático.

Essa despolarização produz um potencial de ação que se propaga ao longo da

fibra provoca sua contração (POWERS; HOWLEY, 2000; FLECK; KRAEMER,

1999; GUYTON, 1988).

O mecanismo da acetilcolina, a placa motora, representa um sistema de

ampliação que permite que um fraco impulso nervoso estimule uma grande

quantidade de fibra muscular. Isto é, a quantidade de corrente elétrica gerada pela

fibra nervosa não é o suficiente de por si gerar um impulso na fibra muscular. Ao

contrário, a acetilcolina secretada faz com que a fibra muscular gere seu próprio

impulso. Dessa forma, cada impulso nervoso na verdade, para na placa motora e,

em seu lugar, começa um impulso inteiramente novo no músculo (GUYTON,

1988).

A enzima Colinesterase localizada na superfície das pregas da membrana,

a goteira sináptica, fraciona a acetilcolina em ácido acético e em colina em cerca

de 1/500 de segundos. Portanto, a acetilcolina após ter estimulado a fibra

muscular, é destruída. Isso permite a membrana repolarize e fique pronta para um

novo estímulo, conforme o potencial de ação chegue ao terminal axônico

(POWERS; HOWLEY, 2000; MCARDLE; KATCH; KATCH, 1998).

1.1.2 Sensações Somestésica e Sinais Sensoriais pelo Encéfalo

As sensações somestésicas são aqueles que têm origem na superfície do

corpo ou em suas estruturas profundas. Incluem sensações como o tato, a

pressão, o calor, o frio, a dor e angulação das articulações (POWERS; HOWLEY,

2000).

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

15

A percepção da sensação começa nos receptores sensoriais. Muitos deles

são terminações nervosas livres de fibras nervosas periféricas de função

sensorial. O mais importante exemplo desse tipo é representado pelas fibras da

dor. Outros receptores sensoriais somestésicos são muito especializados, muitas

vezes sendo formados por uma ramificação nervosa encapsulada, de modo

distinto, por um tecido próprio; essas terminações respondem a tipos específicos

de sensações. Uma dessas terminações, chamada de corpúsculo de meissner, é

extremamente sensível ao contato leve. Grande número desses corpúsculos é

encontrado nas pontas dos dedos; dão aos dedos a capacidade excepcional de

detectar forma, textura e outras características de objeto. Existem dos receptores

sensoriais especiais estes são o fuso muscular e órgão tendinoso de Golgi que

transmitem informações proprioceptivas, de origem muscular. O fuso muscular é

formado por fibrilas nervosas enroladas em delgadas fibras musculares, onde

detecta o grau de estiramento do músculo, pois essa informação é transmitida

para o sistema nervoso central a fim de facilitar o controle dos movimentos

musculares. O aparelho tendinoso de Glogi detecta a tensão global que é aplicado

ao tendão e, portanto, informa o sistema nervoso central sobre a força efetiva de

contração do músculo (GUYTON, 1988).

Após chegar à medula espinhal, trazidos pelos nervos espinais, os sinais

sensórias são transmitidos ao cérebro por duas vias principais, o sistema dorsal e

o sistema espinotalâmico. No sistema dorsal, os sinais trafegam por fibras

nervosas de grande calibre, localizadas, em sua maior parte, nas colunas dorsais

da medula espinhal, enquanto, no sistema espinotalâmico, os sinais trafegam por

fibras com diâmetro bem menor, situadas nas colunas anterolaterais da medula

espinhal. Essas duas vias terminam no tálamo, onde esses sinais são

retransmitidos por um outro conjunto neural para a área somestésica do córtex

cerebral, chamada de córtex somestésico. Além disso, cada um desses sistemas,

em especial o espinotalâmico tem fibras ramificadas, principalmente ao nível da

medula espinhal e do tronco cerebral. Sinais dessas ramificações produzem

reflexos medulares e reflexos do tronco cerebral, particularmente, reflexos que

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

16

provocam contrações dos músculos da postura e do equilíbrio (MCARDLE;

KATCH; KATCH, 1998).

O tálamo desempenha um papel especialmente importante na

determinação do tipo de sensação que uma pessoa irá experimentar, como: tato,

pressão, calor, frio e dor (MAUGHAN; GLEESON; GREENHAFF, 2000).

1.1.3 Funções Motoras do Sistema Nervoso Periférico

A medula espinhal é a área integradora para os múltiplos reflexos que

produzem respostas musculares localizadas. Um reflexo nervoso é a reação

motora produzida por um sinal sensorial. Por exemplo, a alfinetada em um dedo,

seguido da passagem do sinal para medula espinhal irá produzir um abalo

muscular, é um reflexo (MCARDLE; KATCH; KATCH, 1998).

O tronco cerebral controla as contrações musculares posturais

subconscientes do corpo, inclusive as contrações responsáveis pela manutenção

do equilíbrio corporal. Essas funções de controle ficam localizadas,

predominantemente, na formação reticular bulbar, que se estende desde o bulbo

raquiano, ao longo da protuberância, até o mesencéfalo (MAUGHAN; GLEESON;

GREENHAFF, 2000).

O grau de contração dos diferentes músculos, tanto nas pernas como no

tronco, é controlado por sinais que chegam à formação reticular bulbar a partir do

aparelho vestibular, também chamado de aparelho do equilíbrio, com isso, o

aparelho vestibular sinaliza se uma pessoa está em posição de equilíbrio ou não,

e a formação reticular bulbar utiliza essa informação para produzir a contração dos

músculos adequados para manter o equilíbrio (GUYTON, 1988).

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

17

1.1.4 Função Motora do Sistema Nervoso Central

As atividades motoras mais complexas do corpo são controladas pelo

córtex cerebral, pelos gânglios da base e pelo cerebelo, com essas três áreas

funcionando, quase que sempre, em conjunta e não isoladamente (POWERS;

HOWLEY, 2000; MCARDLE; KATCH; KATCH, 1998).

A área motora do córtex cerebral fica localizada no lobo frontal,

imediatamente à frente do sulco central. A região posterior dessa área motora,

chamada de córtex motor primário, controla músculos individuais ou grupos de

músculos intimamente associados, em especial os pequenos músculos das mãos,

dos dedos e da boca, permitindo um controle bastante preciso. As regiões mais

anteriores dessa área motora, chamada de córtex pré-motor, controlam a

contração coordenada de grupos musculares múltiplos, permitindo a execução de

inúmeras atividades motoras de precisão (GUYTON, 1988).

O cerebelo funciona em associação com todas as outras áreas motoras do

sistema nervoso, inclusive com o córtex motor, com os gânglios basais e com a

medula espinhal, a fim de coordenar principalmente, as contrações musculares

seqüenciais. O cerebelo possui um tipo especial de circuito neuronal, pois permite

que os sinais sejam retardados por várias frações de segundo. Por conseguinte,

se deseja realizar dois movimentos diferentes, um em seguida ao outro, o

cerebelo produz um retardo apropriado, entre as atividades motoras seqüenciais.

Por exemplo, durante o andar, cada passo consiste em movimento seqüencial de

pernas para frente e para trás, se esse sequenciamento não é perfeito, a pessoa

perde seu equilíbrio, isto acontece quando o cerebelo é gravemente lesado,

condição essa chamada de ataxia (MCARDLE; KATCH; KATCH, 1998).

Os gânglios da base ficam localizados na extremidade dos hemisférios

cerebrais e são responsáveis pelo controle de movimento semivoluntários como

os de andar, movimentar os braços, no desenvolvimento posturais corporais e

entre outros (MAUGHAN; GLEESON; GREENHAFF, 2000).

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

18

Controle da palavra falada é um exemplo especialmente interessante de

controle motor de alta complexidade. As palavras que vão ser enunciadas não são

escolhidas pelo córtex motor, mas pelo contrário, na parte do córtex sensorial

chamada de área de Wernicke, localizada nas pessoas destras, na parte póstero-

superior do lobo temporal esquerdo. A área de Wernicke transmite os sinais

apropriados para área de Broca, localizada, nas pessoas destras, no córtex pré-

motor esquerdo. Essa área funciona em associação com o córtex motor primário,

com os gânglios basais e com o cerebelo para controla as seqüências de

contrações dos músculos laríngeos, orais e respiratórios, necessários para a

formação das diferentes palavras (GUYTON, 1988).

1.1.5 Unidade Motora

Constituído por único neurônio motor α e por todas as fibras por ela

inervada, esse grupo é conhecido como unidades motoras. Uma única unidade

motora de mamífero pode conter desde menos de 100 a aproximadamente 2000

fibras, dependendo do tipo de movimento que o músculo executa. Os movimentos

que são controlados com alto grau de precisão, como aquele dos olhos ou dos

dedos, são produzidos por unidades motoras com pequenos números de fibras.

Os movimentos amplos e vigorosos, como aqueles produzidos pelo gastrocnêmio,

representam habitualmente o resultado da atividade de grandes unidades motoras

(COSTA, 2001; HALL, 2000; FLECK; KRAEMER, 1999). Apenas as unidades

motoras recrutadas em um exercício produzem força e, portanto sofrerão os

efeitos das mudanças adaptativas com o treinamento (FLECK; KRAEMER, 1999).

Dessa forma, as fibras musculares esqueléticas do tipo II (contração rápida)

são inervadas por neurônios denominados fásicos, que possui axônios de

diâmetro maior e já as fibras musculares tipo I (contração lenta) são inervadas por

neurônios denominados tônicos, que possui axônios de diâmetro menor. As

unidades motoras são compostas de fibras musculares, do tipo I que são

tipicamente recrutadas antes devido ao seu limiar de excitabilidade ser mais baixo.

As fibras do tipo II são recrutadas após as fibras do tipo I, pois possui um limiar de

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

19

recrutamento mais alto. Isto se denomina o princípio do tamanho no recrutamento

(POWERS; HOWLEY, 2000; HALL, 2000; MAUGHAN; GLEESON; GREENHAFF,

2000).

O fato de que ativação das fibras musculares numa unidade motora ocorra

envolvendo todas ou nenhuma fibra muscular, é conhecido como “lei do tudo ou

nada”. Embora esta lei seja verdade para cada unidade motora individualmente,

os músculos como um todo, não são governados por ela. Algumas unidades

motoras podem ser ativadas no músculo enquanto outras não o são. Sem este

fenômeno, haveria muito pouco controle da quantidade de força que o pode

produzir e em conseqüência pouco controle do movimento corporal (COSTA,

2001; FLECK; KRAEMER, 1999; MCARDLE; KATCH; KATCH, 1998; GUYTON,

1988).

As primeiras contrações representam um espasmo. Note que, quando a

freqüência dos estímulos aumenta, o músculo não tem tempo para relaxar entre

os estímulos, e a força parece ser aditiva. Essa resposta é denominada somação.

Se a freqüência dos estímulos aumentar ainda mais, as contrações individuais

serão reunidas numa única contração sustentada denominada tetania. Essa

contração continua até que o estímulo seja interrompido ou que o músculo fique

fatigado (POWERS; HOWLEY, 2000; FLECK; KRAEMER, 1999; MCARDLE,

KATCH; KATCH, 1998).

1.1.6 Neuropsicologia

A atividade nervosa superior desenvolve-se por meio de estruturas

conjugadas em três unidades funcionais. Segundo Luria (1988), essas três

unidades orientam o funcionamento dinâmico do cérebro, são dividas em: a)

primária, que recebe o impulso ou manda esse impulso para periferia, está regula

o tono e o estado mental de vigília e alerta; b) segundária, pois a imformação

recebida é processada, isto é, recebe, analisa e armazena as informações; c)

terciária, responsável pela conjugação de várias áreas corticais, através disso, ela

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

20

é responsável pela programação, regulação e verificação da atividade,

organizando a atividade consciente.

1.2 DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA SEGUNDA INFÂNCIA

O movimento é preciso e está presente em todos os momentos da nossa

vida, da inabilidade para habilidade e, novamente, para a inabilidade na idade

avançada, ainda que o significado de ficar em pé pela primeira vez e a dificuldade

em levantar-se no final da vida seja diferente. As mudanças do comportamento

motor e o processo que embasam essas mudanças durante o ciclo de vida são o

foco de estudo da subárea do desenvolvimento motor (GALLAHUE; OZMUN,

2001).

Portanto, hoje, o desenvolvimento motor, já como uma área de estudo, tem

procurado estudar as mudanças que ocorrem no comportamento motor de um

indivíduo, desde a concepção até a morte, relacionando-as com o fator tempo. Em

abordagens mais recentes, procura-se estudar os mecanismos responsáveis por

estas mudanças, ou seja, o desenvolvimento na capacidade de controlar os

movimentos (SANTOS; DANTAS; OLIVEIRA, 2004).

O desenvolvimento motor na infância caracteriza-se pela aquisição de um

amplo espectro de habilidades motoras, que possibilita a criança um amplo

domínio do seu corpo em diferentes posturas (estáticas e dinâmicas), locomover-

se pelo meio ambiente de variadas formas (andar, correr, saltar, etc.) e manipular

objetos e instrumentos diversos (receber, arremessar, chutar, escrever, etc.).

Essas habilidades básicas são requeridas para a condução de rotinas diárias em

casa e na escola, como também servem a propósitos lúdicos, tão característicos

na infância. A cultura requer das crianças, já nos primeiros anos de vida e

particularmente no início de seu processo de escolarização, o domínio de várias

habilidades (FONSECA, 2004).

Não raro, essas habilidades denominadas básicas são vistas como o

alicerce para a aquisição de habilidades motoras especializadas na dimensão

artística, esportiva, ocupacional ou industrial (TANI et al., 1988). Essa relação de

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

21

interdependência e de habilidade especializadas denota a importância das

aquisições motoras iniciais da criança, que atende não só as necessidades

imediatas na 1ª e 2ª infância, como traz profundas implicações para o sucesso

como essas habilidades específicas são adquiridas posteriormente (TANI et al.,

1988).

Em suma, o desenvolvimento motor enfoca o estudo das mudanças

qualitativas e quantitativas de ações motoras do ser humano ao longo de sua vida.

A análise destas investigações envolve predominantemente o estudo de

habilidades motoras com forte componente genético e o resultado da interação

dos fatores endógeno e exógeno no processo de desenvolvimento das habilidades

e capacidades motoras, não apenas com a preocupação de observar e descrever

mudanças no comportamento motor ao longo da vida do ser humano, mas

também buscando hipótese que possam explicar ou predizer tais mudanças

(MELLO, 1989).

Jean Piaget estudou a inteligência na sua gênese, num desenvolvimento

contínuo e progressivo, com isso, classificou-se como pré-operacional as crianças

com idade de 2 a 7 anos, o que corresponde a segunda infância no

desenvolvimento psicomotor. Este período caracteriza-se pelo início da linguagem

expressiva compreensível, da representação e da função simbólica de forma mais

incisiva, pois a criança reflete sobre as suas ações, aliando-se à elaboração da

linguagem e do pensamento, sem precisar necessariamente vivenciá-las naquele

momento, isto é, a criança não consegue associar situações, justapondo as

percepções em vez de associa-las entre si. Além de ser egocêntrica e utilizar

objetos para fantasiar as situações reais, ou seja, é a fase do aparecimento da

função simbólica (FONSECA, 2004).

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

22

2. A Psicomotricidade

O desenvolvimento psicomotor é de extrema importância para que haja

consciência dos movimentos corporais integrados com sua emoção e expressados

por esses movimentos. A faixa etária importante para trabalhar com todos os

aspectos do desenvolvimento, seja motor, intelectual e sócio-emocional

compreende do nascimento até completar 8 anos aproximadamente. É nesse

período que instalam-se as principais dificuldades em todas as áreas de relação

com o meio ao qual está inserido e, se não forem trabalhadas a tempo,

certamente trarão prejuízos como dificuldades na escrita, na leitura, na fala, na

socialização, entre outros. A psicomotricidade é trabalhada tanto para a prevenção

e tratamento das dificuldades quanto para a exploração do potencial psicomotor

de cada criança (FONSECA, 2004).

A psicomotricidade é a ciência que tem o homem como objeto de estudo

através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e

externo, bem como a possibilidade de perceber, atuar, agir com o outro, com os

objetos e consigo mesmo, pois está relacionada ao processo de maturação, onde

o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE, 1999).

As qualidades físicas psicomotora são possíveis de ser percebidas e que

conjuntamente formam a integralização motora do ser humano, num espaço e

num tempo determinado, entre elas temos:

a) Postura e Tônus Muscular – a postura está diretamente relacionada com o

tônus, constituindo uma unidade tônico-postural cujo controle facilita a

possibilidade de canalizar a energia tônica necessária para realizar os gestos,

prolongar uma ação ou levar o corpo a uma posição determinada, isto depende do

nível de maturação, da força muscular e das características psicomotoras do

indivíduo (FONSECA, 2004).

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

23

b) Respiração – é compreendida por duas fases, a primeira é a inspiração:

importante na admissão de ar para a oxigenação do sangue e para a geração da

energia na realização dos movimentos, já a segunda é expiração: responsável

pela eliminação de dióxido de carbono. A mecânica desse processo ocorre com a

parceria entre músculos envolvidos (diafragma, intercostais externos e internos) e

o sistema neurológico (ALVES, 2005).

c) Coordenação Dinâmica Global – é considerada como a possibilidade de

controle dos movimentos amplos de nosso corpo, com isso, permite a

possibilidade de contrair grupos musculares diferentes de uma forma

independente. Pode ser apresentada sob dois aspectos: coordenação estática, a

qual se realiza em repouso e, resulta do equilíbrio entre a ação dos grupos

musculares antagonista, estabelecendo-se em função do tônus e permite a

conservação voluntária de atitudes, já a coordenação dinâmica, é o resultado da

ação simultânea de grupos musculares diferentes, na implicação de movimentos

voluntários mais ou menos complexos (FONSECA, 2004).

d) Coordenação Motora Fina – é considerada como a capacidade de controlar os

pequenos músculos para exercício refinados tais como: recorte, perfuração,

colagem, encaixe e entre outros, e envolve a coordenação viso-motora ou

oculomotora definida como a capacidade de coordenar os movimentos em relação

ao alvo visual, a coordenção viso-manual ou oculomanual definida como a

coordenção entre a visão e o tato e a coordenção musculofacial refere-se aos

movimentos refinados da face propriamente ditos e é fundamental na aquisição da

fala, da mastigação e da deglutição (ALVES, 2005).

e) Equilíbrio – é à base de toda a coordenação dinâmica global, é a noção de

distribuição do peso em relação a um espaço e há um tempo e sua relação com o

eixo de gravidade. O equilíbrio depende essencialmente do sistema labiríntico e

do sistema plantar (GUYTON, 1988). O equilíbrio pode ser estático, pois seu

controle é importantíssimo para uma futura aprendizagem e sua ação refere-se à

capacidade de sustentar-se em diferentes situações, mesmo as mais difíceis

(olhos fechados, sobre um pé, sobre um plano inclinado, de cócoras) levando o

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

24

controle da postura. O equilíbrio dinâmico está relacionado com o deslocamento

do corpo em relação ao centro de gravidade e por isso, quando todo o corpo está

em movimento à dificuldade se acentua e as contrações compensadoras de cada

movimento parcial devem combinar-se em uma espécie de equilíbrio fluido e

progressivo, visando atingir o gesto harmonioso (FONSECA, 2004).

f) Esquema corporal – é um elemento básico indispensável para a formação da

personalidade da criança, sendo seu núcleo central, pois reflete o equilíbrio entre

as funções psicomotoras e sua maturidade. A consciência do corpo é alcançada

pela percepção do mundo exterior, na mesma forma que a consciência do mundo

exterior acontece por meio do corpo, ou seja, é o conhecimento intelectual das

partes do corpo e de suas funções (ALVES, 2005).

g) Lateralidade – é a capacidade motora de percepção integrada dos dois lados do

corpo, o direito e o esquerdo. É o elemento fundamental de relação e orientação

com o mundo exterior. A lateralidade liga-se ao desenvolvimento do esquema

corporal e sua predominância de um dos lados do corpo se faz em função do

hemisfério cerebral, com isso, o indivíduo pode ser caracterizado como destro

(direita) e sinistro (esquerda) (FONSECA, 2004).

h) Estruturação espaço-temporal – é a capacidade de avaliar tempo-espaço,

interagindo de forma progressiva em um determinado espaço. Ela permite ao

indivíduo não só se movimentar e se reconhecer no espaço, mas também

relacionar e dar seqüência aos seus gestos, localizar as partes do corpo e situá-

las no espaço, coordenar sua atividade e organizar sua vida cotidiana. Dentro da

organização espaço-temporal estão incluídas o tempo, o espaço e o ritmo

(ALVES, 2005).

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

25

3. A NATAÇÃO

A natação é um exercício físico que engloba várias finalidades, como

terapia, competição, lazer, utilizando deslocamento na água. A água é o maior

brinquedo existente na terra, considerando o esporte mais completo, pois

desenvolvem tanto as capacidades físicas, como flexibilidade, força e resistência,

quanto à capacidade cardiorrespiratória (VELASCO, 1994). Nadar não é somente

realizar deslocamentos e movimentos com o nosso corpo, é antes disso, organizar

as sensações recebidas pelo meio líquido, em nosso cérebro, transferindo-os

psicomotoramente na água (VELASCO, 1994).

3.1 Histórico

A natação é um esporte popular desde a época da Grécia e Roma, onde

utilizava para treinar os seus soldados. Platão relacionava a natação com a

educação, ou seja, o homem que não sabia nadar não era educado. Durante

muitos séculos, entretanto, a natação teve seu desenvolvimento prejudicado pela

idéia de que ajudava a disseminar epidemias (CATTEAU; GAROFF, 1990).

Somente na primeira metade do século XIX, iniciou-se a progredir como

desporto, realizando-se as primeiras provas em Londres, em 1837, onde existiam

seis piscinas. Várias competições foram organizadas nos anos subseqüentes e

em 1844 alguns nadadores norte-americanos atuaram em Londres, vencendo

todas as provas. Até então, o estilo empregado era uma braçada de peito,

executada de lado, mais tarde, para diminuir a resistência na água, passou-se a

levar um dos braços à frente pela superfície, num estilo que recebeu o nome de

single overarm stroke. Nova modificação deu lugar ao double overarm, pois os

braços eram levados para frente, alternadamente, esse estilo foi nomeado em

1893 por um inglês, J. Arthur Trudgen, ao observar os nativos da América do Sul.

O movimento de pernas, porém continuava a ser um golpe de tesoura, que mais

tarde evoluiu quando outro inglês, Frederick Cavill, emigrando para a Austrália,

observou-se que os indígenas nadavam com as pernas agitadas em plano vertical

à superfície da água, com isso, foi denominado de crawl australiano, no qual seu

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

26

filho Richard, em 1900, bateu o recorde mundial dos 100 metros. Outro filho de

Cavill levou o nado Crawl para os Estados Unidos, onde Daniele o aperfeiçoou,

criando o crawl americano (MAKARENKO, 2001).

Atualmente, a natação é praticada em quatro estilos: crawl ou nado livre,

costas, peito e borboleta. O nado crawl é o mais rápido, pois o nadador se

movimenta com o abdômen voltado para a água, a pernada é curta e alternada e a

braçada também é alternada, com a recuperação de cada braço realizada fora da

água. No nado de costa, o nadador mantém durante todo o percurso em decúbito

ventral, com o abdômen para cima e a pernada e a braçada é idêntica a do crawl,

só que em sentido inverso, em virtude da situação do corpo. Houve uma

modificação em relação à pernada, onde inicialmente, era realizada em “tesoura”,

mas em 1912, o norte-americano, Harry Habner venceu os 100 metros nos jogos

Olímpicos com a “batida de pés crawlada”, executada até hoje nesse nado. No

nado de peito, os movimentos dos braços para frente e para trás são realizados

sob a água, a cabeça fica ora dentro da água, ora fora da água e a pernada é

trazida ao mesmo tempo para junto do corpo, com os joelhos dobrados e abertos,

continuando o movimento por uma extensão lateral e giratória das pernas. O nado

de borboleta foi separado do nado peito pela Federação Internacional de Natação

Amadora (FINA), em 1952, determinou provas isoladas para cada estilo. Até

aquele ano, constituía uma variação do estilo clássico, com a diferença de que os

braços eram levados à frente por fora da água, este estilo foi idealizado pelo

nadador norte-americano Henry Myers, em 1935 e, posteriormente, a Maria Lenk

foi a primeira mulher a realizar este nado. No congresso paralelo aos Jogos

Olímpicos de 1952 (Helsinki), a FINA permitiu um movimento simultâneo e

sincronizado dos pés no plano vertical, dando origem ao nado “golfinho”, isto é, o

nado borboleta (butterfly), com batida simultânea de pés, o que faz progredir com

maior rapidez (COLWIN, 2000).

No âmbito mundial, a natação é controlada pela FINA, fundada em 1908,

responsável também pelo pólo aquático, pelos saltos ornamentais e pelo nado

sincronizado. Este órgão é responsável nas organizações dos campeonatos,

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

27

torneios nacionais e internacionais, sendo os Jogos Olímpicos a sua principal

competição. Os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna (1896) apresentaram

apenas uma prova de natação, os 100 metros nado livre, vencida pelo húngaro

Alfred Hajos com o tempo de 1´2’’2. Em 1900 foi incluída a prova de 400 metros

nado livre, acrescentando-se em 1908 as de 1500 metros e revezamento de

4x400 metros, ambas em estilo livre, a de 100 metros de nado de costas e a 200

metros de nado peito. Com esse programa, os Jogos foram disputados até 1952,

já em 1956, apareceu a prova de 200 metros de nado borboleta e, em 1960, o

revezamento 4x100 metros nos quatros estilos. A competição feminina nas

Olimpíadas em 1924 (400 metros nado livre, 100 metros de costas e 200 metros

de peito) em 1956 (100 metros borboleta) e 1960 (revezamento 4x100 metros nos

quatros estilos) (MAKARENKO, 2001).

A natação foi introduzida oficialmente no Brasil a 31 de Julho de 1897,

quando os clubes Botafogo, Grogoatá, Icaraí e Flamengo fundaram, no Rio de

Janeiro, a União de Regatas Fluminense, mais em 1898, o Clube de Natação e

Regatas promoveu o I Campeonato Brasileiro, na distância aproximada de 1500

metros, entre a Fortaleza de Villegalgnon e a Praia de Santa Luzia. Essa prova

repetiu-se até 1912 (CATTEAU; GAROFF, 1990).

Atualmente, o órgão superior e responsável pelo esporte chama-se

Confederação Brasileira de Desporto Aquática – CBDA, responsável por mais de

quinze federações filiadas, com mais de 3000 atletas inscritos.

3.2 Pedagogia da Natação

A aprendizagem da natação no ser humano não é inata como em algumas

outras espécies, o ser humano apresenta reações de insegurança e medo ao

vivenciar o meio aquático, através disso, o indivíduo necessita de um determinado

tempo para aprender a nadar e adquirir maturação neurológica e emocional para

dominar o meio líquido, o qual é diferente do seu habitual, sendo a

psicomotricidade aquática uma ligação extremamente indicada para está condição

(VELASCO, 1994).

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

28

Nas etapas da aprendizagem da natação, envolvem o ambiente, a

aprendizagem das técnicas de natação e posteriormente o aperfeiçoamento, e o

treinamento dos estilos. Na ambientação, o objetivo geral dessa etapa é fazer com

que o indivíduo se torne o mais seguro possível dentro da água, dentre os

objetivos funcionais temos:

a) Adaptação – é o primeiro contato ao meio aquático, influenciado pela

resistência oferecida pela água devido à densidade, à pressão exercida sobre o

nosso corpo quando nela ocupamos um espaço, ao empuxo, à presença da água

nas aberturas da cabeça (nariz, boca, olhos e ouvidos) e à excitação promovida

pela água (frio e quente) (BUENO, 1998; MAKARENKO, 2001).

b) Domínio – está relacionada basicamente a dois reflexos, o reflexo do

fechamento das pálpebras ao mergulhar o rosto na água e o reflexo da mudança

de posição da cabeça ao modificarmos a posição do corpo na água. Precisa-se

aprender nesta fase o contato da água em relação ao nosso corpo e restabelecer

o equilíbrio no meio líquido (BUENO, 1998; MAKARENKO, 2001).

c) Superação – está etapa visa proporcionar um melhor deslocamento através dos

meios propulsores que disponhamos em nosso corpo. Perder e recuperar o

equilíbrio em todas as direções e posições, com a ajuda de ações propulsoras ou

de sustentação dos braços e pernas após giros, saltos, mergulhos ou qualquer

outro movimento, pois a psicomotricidade aquática é um meio extremamente

eficaz (BUENO, 1998; MAKARENKO, 2001).

O aspecto segurança é importantíssimo, fazendo com que o indivíduo se

sinta à vontade no meio líquido e desenvolvendo sua autoconfiança para enfrentar

qualquer outra dificuldade nesse meio, em diferentes ambientes aquático (piscina,

mar, rio, lagoa e etc), explorar a segurança no meio aquático independe da idade

e do trabalho desenvolvido. Se o indivíduo adquire segurança nesse meio,

libertando-se de materiais de apoio e de pessoas, sua autonomia e autoconfiança

são valorizadas (CATTEAU; GAROFF, 1990).

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

29

A natação é um esporte sendo administrando pelo Profissional de

Educação Física. A Educação Física é um processo de aprendizagem e consiste

essencialmente no meio de usar a atividade física para contribuir na experiência

educacional das pessoas, pois utiliza o mais precioso recurso humano, que é o

próprio corpo. É importante que os professores de Educação Física tenham o

conhecimento da prática de exercício físico como indicador no processo

educacional e no desenvolvimento humano e social, uma vez que a presença do

sedentarismo contribui para o aumento da delinqüência juvenil e da violência,

assim como a incidência nos gastos médicos e sociais.

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

30

4. A RELAÇÃO DA NATAÇÃO NA PSICOMOTRICIDADE

A motricidade terrestre é diferente da aquática, e aprender as atividades

propostas é organizar as sensações recebidas no meio líquido, a nível neurológico

e transferindo-as no desenvolvimento psicomotor aquático (VELASCO, 1997).

Considerando a psicomotricidade aquática como estimulação das

potencialidades do indivíduo utilizando a água como meio de ação mais global por

meio do movimento e da sua relação com o espaço, com o material, com o outro e

consigo mesmo (MELLO, 1989).

A evolução da atividade aquática e a conquista de novos movimentos

passam por um processo bem específico no meio líquido (DAMASCENO, 1992).

Em primeiro lugar, a criança recebe sensações mais ou menos conscientes, com a

repetição se tornarão mais precisas, levando à tomada de consciência da ação do

movimento propriamente dito (DAMASCENO, 1992). Em seguida, esses

referenciais sensoriais começam a se torna inconscientes ao darem vez às

referências sensitivas proprioceptivas provocadas pelo movimento.

Posteriormente, com o ajuste do movimento, chega-se à consciência global do

mesmo, numa ação mais ritmada e harmoniosa (MELLO, 1989).

Em relação às qualidades físicas psicomotoras, na coordenação dinâmica

global percebe-se que a locomoção na água traz algumas diferenças e os

movimentos globais são executados de forma intensa neste meio, com possíveis

desafios e dificuldades (entradas e saídas da piscina, deslocamento em pé, de

gato, rastejando, saltos diversos, deslizes, imersões, flutuações) por meio de uma

proposta lúdica, com objetivo de atingir o prazer e a segurança própria (BUENO,

1998).

Em relação ao tônus e à postura observa-se a ação do empuxo associada à

ação da gravidade, ocorre uma modificação importante na regulação tônica de

qualquer ato motor coordenado na posição estático, além da atuação da

densidade no corpo nos movimentos, com fases aéreas e submerso. Atividades

nos colchonetes dentro da água propiciam a estimulação do sistema vestibular,

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

31

com respostas neurolabirínticas ao ser inclinada, e visam à manutenção da

postura corporal em situações de desequilíbrio (VELASCO, 1997).

Relacionados ao equilíbrio, pois devido à diminuição do empuxo e,

conseqüentemente, da ação da gravidade, o indivíduo precisa adaptar-se aos

seus sistemas labiríntico e plantar, incluindo o tempo todo sobre o controle tônico

e sobre as sensações cinestésica e proprioceptiva, atuam no sistema piramidal,

extrapiramidal, cerebelar e límbico. O sistema vestibular é responsável pelo

desenvolvimento das destrezas motoras, combinando as posturas reflexas,

estabelecendo movimentos coordenados de visão, regulando o nível de

movimento. O domínio do equilíbrio nas posições estática ou dinâmica completa o

esquema corporal, atingindo o controle da postura e das quedas. O equilíbrio

aquático pode, subjetivamente, imprimir no indivíduo as emoções do abandono

das relações com o mundo sólido, com a perda dos apoios plantares e com a

marcha modificada devido à liberação da ação gravitacional, além da influência do

sistema límbico, responsável pelas emoções em situações de desafio,

insegurança, irritação e desmotivação, comprometendo o equilíbrio na água. As

atividades podem ser saltos para cima e para baixo segurando as mãos do colega

ou saltar individualmente com os braços e os pés ligeiramente afastados para

auxiliar na estabilidade do equilíbrio (DAMASCENO, 1992).

No esquema corporal, a percepção do corpo ocorre uma redução da massa

corporal sobre as articulações, as quais acabam incidindo nos apoios plantares e

por conseqüência no equilíbrio dinâmico. Quando o corpo assume a

horizontalidade, além dos conteúdos de equilibração ocorre uma readaptação da

imagem corporal por meio de diferentes percepções táteis, cinestésicas e

proprioceptivas. Aliada à mudança de plano ocorre também uma sobreposição

imaginada da água e do corpo, onde formam um movimento só até que o

indivíduo se adapte neste meio, percebendo posições que trazem a sensação de

liberdade no meio líquido. Atividades de queda do corpo na água e posterior

recuperação do equilíbrio vertical e rotações nos planos transverso e longitudinal

propiciam um maior controle global do corpo (VELASCO, 1997).

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

32

Noções espaço-temporais visam estruturar o movimento no espaço em

relação à sua distância, velocidade, grandeza e intensidade, adquire-se estas

noções com a exploração do espaço aquático nos diversos níveis como:

submerso, na superfície, ascedentes e descedentes, nos deslocamentos lineares,

curvos, sinuosos e mistos, nas noções de distantes e do aproximado, do próximo

e do longínquo, propiciando a concretização de condutas espaciais universais

como para fim, início, dentro/fora, cima/baixo, frente/trás, antes/depois, junto,

igual, contrário, diferente, direita/esquerda, horizontal/vertical, grande/pequeno,

longe/perto, alto/baixo, largo/estreito, grosso/fino, dentre outros (GUTIERRES,

2003).

A respiração no meio aéreo de domínio nasal é solicitada de forma

consciente e ativa, com o predomínio oral na inspiração e nasal e oral na

expiração, está deve ser feita dentro da água, constituindo a fase mais longa.

Inicialmente, deve-se aprender a respiração isoladamente, sendo a forma frontal a

mais indicada, e só depois do domínio dos movimentos e do mergulho associados

orienta-se para forma lateral, associada ao domínio dos estilos, entre os

exercícios, temos fazer bolinhas na água, de contestes utilizando bolas, bexigas,

bolinha de isopor e assopra-las até o outro lado da piscina (DAMASCENO, 1992).

Inicialmente é importante ter consciência do meio aquático, para depois

trabalhar a técnica dos quatros estilos de natação (crawl, costas, peito e

borboleta), com isso, o ideal é que o profissional de Educação Física,

especialmente o professor de natação siga a escolha do aluno por um

determinado estilo, acelerando com isso seu progresso na água. É importante que

o professor tenha uma visão integrada da psicomotricidade com a pedagogia, com

isso, adaptar-se às descobertas aquáticas e propulsivas do aluno, trazendo

consigo algumas situações-problema, a prática de variações propulsivas e

espaciais na água, variando os estilos conforme as descobertas propulsivas se

estabelecem (GUTIERRES, 2003).

O nado borboleta é um estilo que utiliza grandes números de mergulhos e,

portanto, aperfeiçoa a ambientação, permitindo ao aprendiz soltar-se bastante na

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

33

água e adquirir uma sensibilidade cinestésica muito grande, estimulando a

coordenação dos movimentos simultâneos. Umas das características mais

importantes é o movimento ondulatório do corpo no sentido antero-posterior, a

respiração é frontal e a exigência de força e coordenação (BUENO, 1998;

GUTIERRES, 2003).

O nado peito os movimentos são simultâneos e a respiração é frontal,

tornando-se o nado mais lento e o que apresenta maior possibilidade visual.

Propicia a alternância de ritmo de braços e pernas, com muita coordenação de

movimentos simultâneos (BUENO, 1998; GUTIERRES, 2003).

O nado de crawl atenta-se para sua velocidade, seus movimentos são

simples e assemelha-se à motricidade cotidiana. Na braçada seus movimentos

são circulares e alternados, mas contínuos, por isso, é considerado um nado que

amplia a percepção do ritmo corporal e coordenação do movimento (BUENO,

1998; GUTIERRES, 2003).

O nado de costas o movimento é simples, e alternados também, com

exceção da tração dos braços e é mais fácil quando comparados aos outros

estilos porque não apresenta limitações na respiração, já que a posição na água é

em decúbito dorsal. Também é o nado que apresenta maior percepção espacial,

sensação cinestésica e de equilibração na água (BUENO, 1998; GUTIERRES,

2003).

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

34

5. CONCLUSÃO

Com este conjunto de evidências é possível identificar importância da

Educação Física em oferecer experiências motoras adequadas para a criança. Ao

partir do ponto de vista de que o movimento é o objeto de estudo e aplicação da

Educação Física, o propósito de uma atuação mais significativa e objetiva sobre o

movimento pode levar o profissional de Educação Física a estabelecer, como

objetivo básico, o que se costuma denominar aprendizagem do movimento. Pois o

ser humano apresenta uma série de mudanças na sua capacidade de ser mover,

e tais mudanças são de natureza progressiva, organizada e interdependente,

resultando em uma seqüência de desenvolvimento, traz justificativa de uma

aprendizagem do movimento.

Sendo assim, a natação é um esporte administrado por profissionais de

Educação Física e é de extrema importância para o desenvolvimento psicomotor

da criança, podendo ser praticada mesmo por bebês, a partir dos seis meses de

idade. É de fundamental importância a relação deste esporte na formação da

conduta e personalidade. Portanto, a psicomotricidade estará presente a partir do

momento da organização das sensações recebidas pelo meio líquido na qual está

imerso e à transposição organizada deste movimento neste espaço e tempo.

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

35

6. REFERÊNCIAS

ALVES, Fátima Maria Oliveira. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. 2. ed. Rio de Janeiro: WAK, 160 p, 2005. BUENO, J.M. Psicomotricidade: teoria e prática. 1. ed. São Paulo: Lovise, 175 p, 1998.

CATTEAU, R; GAROFF, G. O ensino da natação. 3. ed. São Paulo: manole, 375 p, 1990.

COLWIN, C.M. Nadando para o século XXI. 1.ed. São Paulo: Manole, 251 p, 2000.

COSTA, M. G. Ginástica Localizada. Objetivos e parte específica. 4.ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2001.

DAMASCENO, Leonardo Graffius. Natação, psicomotricidade e desenvolvimento. Brasília: Sec. dos Desportos, 152 p, 1992.FLECK, J.S;

KRAEMER, W.J. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular: fisiologia muscular. 2.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade: perspectivas multidisciplinares. Porto Alegre: ARTMED, 176 p, 2004.

GALLAHUE, D; OZMUN, J. Compreendendo o desenvolvimento motor. São Paulo: Phorte, 2001. GUTIERRES FILHO, Paulo. Psicomotricidade relacional em meio aquático. São Paulo: Manole, 94 p, 2003.

GUYNTON, A.C. Fisiologia Humana: unidade neuromuscular. 6.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.

HALL, S.J. Biomecânica Básica: biomecânica do músculo esquelético humano. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

LURIA, A; VIGOTSKY, L.S; LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, Ed. Da USP, 1988.

MACHADO, A. Neuroanatomia Funcional: tecido nervoso. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2000.

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

36

MAKARENKO, L. P. Natação: seleção de talentos e iniciação desportiva. 1.ed. Porto Alegre: Aritmed, 217 p, 2001.

MAUGHAN, R; GLEESON, M; GREENHAFF, P.L. Bioquímica do Exercício e do Treinamento: fisiologia e a bioquímica do músculo esquelético e do exercício. 1.ed. São Paulo: Manole, 2000.

MCARDLE, W. D, KATCH, F. I, KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício – Energia, Nutrição e Desempenho Humano: controle neural do movimento humano. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

MELLO, Alexandre Moraes de. Psicomotricidade, educação física e jogos infantis. São Paulo: IBRASA, 95 p, 1989.

POWERS, S. K; HOWLEY, E. T. Fisiologia do Exercício – Teoria e aplicação ao Condicionamento e ao desempenho: sistema nervoso e músculo esquelético. 3.ed. São Paulo: Manole, 2000.

SANTOS, Suely; DANTAS, Luiz; OLIVEIRA, Jorge Alberto de. Desenvolvimento motor de crianças, de idosos e de pessoas com transtorno da coordenação. Revista Paulista de Educação Física. V18, p.33-44,2004. S.B.P. www.psicomotricidade.com.br/psicomotricidade/default.asp. Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, 1-1p,1999. TANI, G; MANOEL, E.J; KOKUBUN, E; PROENÇA, J.E. Educação física escolar: fundamentos para uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: EPU/EDUSP, 1988. VELASCO, Cacilda Gonçalves. Natação segundo a psicomotricidade. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 266 p, 1997.

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

37

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

1. DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR 10

1.1 Fisiologia Neuromuscular 10

1.1.1 Mecanismo de Excitação 10

1.1.2 Sensações Somestésica e Sinais Sensoriais pelo Encéfalo 14

1.1.3 Funções Motoras do Sistema Nervoso Periférico 16

1.1.4 Função Motora do Sistema Nervoso Central 17

1.1.5 Unidade Motora 18

1.1.6 Neuropsicologia 19

1.2 DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA SEGUNDA INFÂNCIA 20

2. A PSICOMOTRICIDADE 22

3. A NATAÇÃO 25

3.1 Histórico 25

3.2 Pedagogia da Natação 27

4. A RELAÇÃO DA NATAÇÃO NA PSICOMOTRICIDADE 30

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

38

5. CONCLUSÃO 34

6. REFERÊNCIAS 35

ÍNDICE 37

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

39

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CARNEIRO LIMA.pdf · formam uma unidade motora. A estimulação de motoneurônio ... denominada placa motora (POWERS ... KATCH, 1998;

40

EVENTOS CULTURAIS