UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contribuíram para o meu crescimento pessoal e...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
INVENTÁRIO DE GASES DO EFEITO ESTUFA (GEE): ESTUDO
DE CASO PARA CRÉDITO CARBONO
Por: Lélio Louzada Junior
Orientador
Prof. Francisco Carrera
Rio de Janeiro
2010
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
INVENTÁRIO DE GASES DO EFEITO ESTUFA (GEE): ESTUDO
DE CASO PARA CRÉDITO CARBONO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Ambiental
Por: Lélio Louzada Junior
AGRADECIMENTOS
Aos amigos e familiares que
contribuíram para o meu crescimento
pessoal e profissional.
4
DEDICATÓRIA
Aos meus familiares
5
RESUMO
O clima do planeta está mudando, aquecimento global, eventos
climáticos extremos, alterações nos regimes de chuvas, perturbações nas
correntes marinhas, retração das geleiras e a elevação do nível dos oceanos.
A biosfera tem sofrido alterações em decorrência das atividades
econômicas e industriais, resultando na quase duplicação da concentração dos
gases formadores do chamado efeito estufa, principalmente o dióxido de
carbono (CO2), em nossa atmosfera.
A sociedade tem pressionado por ações que repercutam na redução
das emissões de GEE. Diversas empresas vêm assumindo o compromisso da
redução das emissões de gases associados aos seus processos e serviços,
utilizando como ferramenta o Inventário de Emissões de Gases de Efeito
Estufa.
6
7
METODOLOGIA
Este trabalho é o resultado de uma pesquisa realizada a respeito da
emissão de gases de efeito estufa e a possibilidade de utilização de crédito
carbono por empresas brasileiras. Demonstrará como é elaborado um
inventário de gases de efeito estufa (GEE), utilizando como exemplo uma
empresa X do setor de papel e celulose brasileira.
Na formulação da presente revisão bibliográfica foi realizada pesquisa
em obras diversificadas como: livros, artigos especializados, teses,
dissertações, jornais e dados de Internet como mensagens eletrônicas,
boletins e informações institucionais obtidas em meio eletrônico, e de pesquisa
no site Google Acadêmico.
O trabalho terá prosseguimento com a elaboração do texto dissertativo
onde constarão análise e discussão dos resultados.
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 09 2 JUSTIFICATIVA 13 3 OBJETIVOS 14 3.1 GERAL 14 3.2 ESPECÍFICOS 14 4 REVISÃO DE LITERATURA 15 5 PROTOCOLO PARA ELABORAÇÃO DE INVENTÁRIO DA EMPRESA DE PAPEL E CELULOSE X: ESTUDO DE CASO PARA CRÉDITO CARBONO
19
5.1 FONTE DE EMISSÃO E DESCRIÇÕES DE PROTOCOLO 19 5.1.1 Queima de Combustível fóssil a partir de fontes fixas 22 5.1.2 Queima de Combustível fóssil a partir de fontes móveis 23 5.1.3 Combustão de biomassa 24 5.1.3.1 Combustão de biogás 25 5.1.4 Importação de eletricidade ou vapor 25 5.1.5 Processo 26 5.16. Resíduo 26 6 PROTOCOLO PARA GERACÃO DE DADOS DE EMISSÕES GEE DA EMPRESA X
26
6.1 QUEIMA DE COMBUSTÍVEL FÓSSIL EM FONTES FIXAS: CO2,
CH4, N
2O.
29
6.2 QUEIMA DE COMBUSTÍVEL FÓSSIL EM FONTES MÓVEIS: CO
2,CH
4, N
2O
30
6.3 COMBUSTÃO DE BIOMASSA: CO2, CH
4, N
2O 33
6.4 IMPORTAÇÃO DE ELETRICIDADE: CO2, CH
4, N
2O 35
6.5 EMISSÃO DO PROCESSO: CO2
36
6.6 EMISSÃO DE EFLUENTES: CH4
E N2O 36
6.7 EMISSÕES DE RESÍDUOS SÓLIDOS: CH4
E N2O 37
7 INVENTÁRIO DE CARBONO FLORESTAL 41 8 QUANTIFICAÇÃO DA INCERTEZA
43
8.1 ABORDAGEM PARA AVALIAÇÃO DA INCERTEZA 43 8.2 FONTES INDIVIDUAIS DE EMISSÕES 43 8.3 INCERTEZA PARA TOTAIS DE RESUMO 45 CONCLUSÃO 46 REFEREÊNCIA BIBLIOGRAFICA 48 FOLHA DE AVALIAÇÃO 50
9
1 INTRODUÇÃO
As ações decorrentes das atividades econômicas e industriais vêm
provocando alterações na biosfera, resultando na quase duplicação da
concentração dos gases formadores do chamado efeito estufa, principalmente
o dióxido de carbono (CO2), em nossa atmosfera.
O início do crescimento da concentração de gases de efeito estufa na
atmosfera, de acordo BRASIL (2008), ocorreu a partir de 1850, resultante do
princípio da industrialização que utilizou como fontes de energia os
combustíveis fósseis. Inúmeros exemplos tentam relacionar estes dois fatos.
Não é absoluto o consenso na comunidade científica de que o aquecimento da
superfície da Terra tenha sido causado exclusivamente pelo aumento da
concentração de gases de efeito estufa (GEE), conforme afirma o autor.
As principais fontes antrópicas de emissão de CO2 são: a queima de
combustíveis fósseis, o desmatamento com queimadas de florestas e as
atividades associadas ao processo de industrialização. A agricultura também
influencia a composição do ar atmosférico. Esta atividade, quando com
freqüente mobilização do solo, provoca o incremento da oxidação biológica do
C orgânico a CO2 e ocasiona um aumento da concentração desse gás na
atmosfera. O consumo agrícola de combustíveis fósseis e insumos agrícolas,
como fertilizantes, herbicidas e inseticidas, também são relevante (BALBINOTI,
2003).
A mudança global do clima já vem se manifestando de várias formas,
segundo MANCINI e KRUGLIANSKAS (2007): o aquecimento global, a maior
freqüência e intensidade de eventos climáticos extremos, alterações nos
regimes de chuvas, perturbações nas correntes marinhas, retração das
geleiras e a elevação do nível dos oceanos. O que era preocupação da
comunidade internacional quando da criação do IPCC (Intergovernmental
Panel on Climate Change ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas) em 1988 pela Organização das Nações Unidas, está acontecendo.
10
No ano de 1992, diversos países, discutiram o aquecimento do planeta
na convenção Quadro das Nações Unidas para a Mudança do Clima, ocorrida
no Rio de Janeiro (BRASIL, 2008). Esta convenção estabeleceu dois princípios
básicos: Precaução e Responsabilidade que foram a base da convenção e o
alicerce do Protocolo de Kyoto, de 1997, no qual determinava a redução de
5,2% aos níveis de 1990 aos países desenvolvidos.
O Princípio da Precaução seria utilizado quando não houvesse
consenso científico relacionando causa-efeito, aumento da concentração de
GEE na atmosfera e o aumento da temperatura da superfície da Terra, alguma
ação deveria ocorrer antes que a concentração chegasse a níveis perigosos.
Já o Princípio da Responsabilidade Comum, se observaria que o problema
atual fora causado por todos os países (responsabilidade comum); entretanto,
os países desenvolvidos (Estados Unidos da América (EUA), Japão, Canadá,
Austrália, Comunidade Econômica Européia) eram os que mais emitiram
gases, em comparação aos países em desenvolvimento (Brasil, Índia, China).
Em fevereiro de 2005 ocorre a ratificação da Rússia ao tratado que mais
de 55% das emissões globais de GEE foram originados de países signatários.
Portanto, mesmo sem a adesão dos EUA e da Austrália ao protocolo de Kyoto,
este entrou em vigor tendo os anos de 2008 até 2012 como o seu primeiro
período de compromisso (BRASIL, 2008).
O Protocolo de Kyoto estabelece três mecanismos básicos de mercado
de redução de emissões entre os países emissores (Brasil, 2008):
§ Sistema cap&trade (limite e negocie) onde as empresas têm uma quota
para emissão anual estabelecida pelo governo por meio de um plano de
alocação nacional que permite ao país atingir as suas metas. Emissões
abaixo dos limites estabelecidos podem ser negociadas em bolsa (p.ex,
European Union Emissions Trading Scheme). Empresas que emitirem
além do seu limite podem comprar estes créditos;
§ Sistema Joint Implementation são projetos entre países com metas de
redução que promovem a redução de emissão de gases. Por exemplo,
11
uma hidrelétrica privada na Itália financiada por uma empresa alemã,
reduz o consumo de energia de termelétricas a carvão, intensas em
emissão de dióxido de carbono (CO2), um importante gás de efeito
estufa. A redução da emissão pode ser utilizada pela empresa alemã;
§ Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL). Estes são realizados
em países em desenvolvimento (e.g., Brasil) e a redução de emissão de
GEE pode ser comercializada. Estes créditos, baseados em Projetos,
são os conhecidos créditos de carbono. Estes projetos devem ser
registrados pela ONU e o seu desempenho deve ser verificado por
empresas credenciadas. Todos os projetos são públicos e a
metodologia de estimativa de redução de emissões de GEE pode ser
livremente acessada (http://cdm.unfccc.int).
O Meio Ambiente, nestas duas últimas décadas se tornou assunto de
interesse mundial. A sociedade tem pressionado por ações que repercutam na
redução das emissões de GEE, muitas empresas, especialmente européias
têm assumido este compromisso com ações para a busca incessante pela
redução das emissões de gases associados aos seus processos ou serviços, a
adoção de metas voluntárias, o desenvolvimento de tecnologias que causem a
redução de emissão GEE (BRASIL, 2008).
MANCINI e KRUGLIANSKAS (2007) acreditam que o Brasil tem um
papel de destaque nesse cenário, seja pelos projetos ligados a energia, seja
pela existência de grande quantidade de recursos naturais importantes em seu
território, como a água. Não existe saída viável para a transformação no clima
sem o engajamento das empresas, principalmente das grandes consumidoras
de combustíveis fósseis.
Conforme destaca IGARY e outros (2009) o setor de papel e celulose
no Brasil apresenta inúmeras peculiares que geram vantagens competitivas
frente aos outros países. O ciclo de plantio de eucalipto é de sete anos, em
decorrências das condições climáticas favoráveis, a alta tecnologia
12
desenvolvida nas atividades de manejo florestal, que possibilitam uma elevada
produtividade por hectare, além da utilização de eucaliptos reflorestados,
características que contribuíram para que o Brasil assumisse a posição de
liderança no ranking mundial de produção de celulose de eucalipto.
As empresas de papel e celulose devem orientar-se para uma
produção com sustentabilidade ambiental, que garanta a perenidade do
negócio sem o comprometimento do meio ambiente. Consolidando seus
avanços e de alavancando novas vantagens competitivas que garantam ao
setor a posição de líder mundial em celulose.
13
2 JUSTIFICATIVA
A comunidade científica e a sociedade têm-se voltado para as
possíveis consequências que o efeito estufa, possa ocasionar sobre as
condições climáticas e sobre a qualidade da vida no planeta. Atualmente, são
discutidas alternativas de como reverter este quadro de degradação ambiental,
particularmente no que se refere à diminuição da concentração do CO2
atmosférico.
O desenvolvimento de estudos das emissões de GEE deve ser realizado
tendo como base metodologias padronizadas de modo que os resultados
gerados sejam confiáveis e permitam comparação com resultados de outras
empresas.
A busca de procedimentos, mecanismos, arranjos e padrões
comportamentais desenvolvidos pelas empresas, delimita aquelas que são
mais ou menos capazes de responder aos anseios da sociedade (Donaire,
1999). Além do dever moral e ético diante da sociedade, a responsabilidade
nas questões ambientais é fundamental na consolidação da competitividade do
setor de papel e celulose brasileiro.
Este trabalho justifica-se pela possibilidade de demonstrar como é a
elaboração de um inventário de emissão de GEE em uma empresa de papel e
celulose, que permitirá o conhecimento do perfil das emissões e com
diagnóstico do inventário, estabelecer planos e metas para redução e gestão
da emissão desses gases.
14
3 OBJETIVO
3.1 OBJETIVO GERAL
Permitir às empresas vislumbrarem oportunidades de negócios no mercado de
crédito carbono, atraindo novos investimentos ou ainda o planejamento de
processos que permitam eficiência econômica, energética e operacional.
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apresentar, quantificar e mostrar o gerenciamento de uma empresa para a
realização de um inventário de gases de efeito estufa (GEE).
Conhecer a origem das emissões de GEE, de maneira a promover ações de
redução das emissões, contribuindo para a mitigação das mudanças
climáticas.
Estudar possibilidades de mitigação das operações da empresa, de forma a
obter, a partir dessa iniciativa, a redução dos custos de produção e o aumento
da competitividade, garantindo assim, oportunidades no mercado internacional.
15
4 REVISÃO DE LITERATURA
O efeito estufa é um fenômeno físico-químico atmosférico que acontece
naturalmente. Na verdade a vida na Terra só é possível por causa desse
efeito. Para se ter uma idéia da importância do efeito estufa, basta comparar a
Terra e a Lua. Enquanto a camada atmosférica que envolve o nosso planeta
mantém sua temperatura entre extremos aproximados de -10ºC e 50ºC, a Lua,
que até onde sabemos não possui seres vivos, apresenta extremos de -150ºC
a 100ºC na sua superfície (PARIS, 2007)
Estas diferenças existem a despeito do fato de ambos os corpos
celestes se encontrarem praticamente a mesma distância do Sol, porque a
Terra possui uma camada de gases capaz, em diferentes níveis, de absorver
parte da radiação emitida pelo Sol. A energia absorvida faz com que as
moléculas de certos gases vibrem, promovendo produção de calor que em
parte é re-emitido para o espaço, e em parte é responsável pela manutenção
do clima adequado para os sistemas vivos na superfície terrestre
(BUCKERIDGE e AIDAR, 2005).
Gylvan Meira Filho, ex-vice-Presidente do IPCC - Intergovernmental
Panel on Climate Change, relata a pesquisa em que foi possível isolar as
causas naturais das antrópicas no aquecimento global, através do
rastreamento da composição isotópica dos carbonos de diferentes origens, e
confirma que o aumento de temperatura nos últimos 100 anos deve-se, em
grande parte, à queima de combustíveis fósseis (PARIS, 2005).
As mudanças climáticas atingem os países e regiões de maneiras
diferentes. Algumas regiões de certos países podem até se beneficiar com o
aumento das temperaturas e dos índices pluviométricos, ao mesmo tempo em
que o aumento do nível dos oceanos coloca em risco a própria existência de
várias ilhas. Nos dois casos existem conceitos diferentes de interferência
antrópica “perigosa”. Com isso, qualquer definição de risco a nível global será
uma decisão política (DUTSCHKE, 2005).
16
O Brasil, segundo PARIS (2007) foi o primeiro país que assinou a
Convenção Quadro das Nações Unidas para a Mudança do Clima e a
Convenção entrou em vigor para o Brasil em 29 de maio de 1994.
De acordo com o autor, foram instituídos três mecanismos: JI – Joint
Implementation, ET – Emissions Trading e CDM – Clean Development
Mechanism ou MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. O MDL,
instituído no artigo 12 do Protocolo de Quioto, é o único mecanismo de
flexibilização, pelo qual países que estão fora do anexo I, como o Brasil,
podem participar. Na verdade, o MDL foi criado com o objetivo de fomentar o
desenvolvimento sustentável desses países mediante a transferência de
tecnologia e o incentivo a um novo padrão de desenvolvimento com base na
conciliação entre crescimento econômico, inclusão social e respeito ao meio
ambiente.
O Brasil tem um papel de destaque nesse novo mercado. Nesse
primeiro ano de funcionamento oficial do MDL, o total de reduções de gases de
efeito estufa de projetos brasileiros validados equivale a um total de,
aproximadamente, 180 milhões de toneladas de CO2 em dez anos. Esse
número representa quase 10% de nossas emissões de gases de efeito estufa
em 1990. Ou seja, enquanto alguns países desenvolvidos queixam-se das
dificuldades em reduzir cerca de 5% de suas emissões, de 1990 para o
primeiro período de compromisso (2008-2012), o Brasil voluntariamente
alcançará o dobro desse percentual de redução (PARIS, 2007).
A redução da emissão de gases, conforme VENTURA (2007) gera um
novo ativo financeiro negociável no mercado mundial: os Créditos de Carbono
são certificados que autorizam o direito de poluir, emitidos pelas agências de
proteção ambiental reguladoras.
As agências autorizam as emissões de dióxido de enxofre, monóxido
de carbono e outros gases poluentes, selecionam as indústrias que mais
poluem no País e a partir daí são estabelecidas metas para a redução de suas
emissões. As empresas recebem bônus negociáveis na proporção de suas
responsabilidades. Cada bônus, cotado em dólares, equivale a uma tonelada
de poluentes. Quem não cumpre as metas de redução progressiva
17
estabelecidas por lei, tem que comprar certificados das empresas mais bem
sucedidas.
O sistema tem a vantagem de permitir que cada empresa estabeleça
seu próprio ritmo de adequação às leis ambientais. Estes certificados podem
ser comercializados através das Bolsas de Valores e de Mercadorias.
É um mercado com grande potencial de crescimento em um país em
desenvolvimento como o Brasil. VENTURA (2007) acredita que além de obter
vantagens financeiras com a venda dos Créditos (Reduções Certificadas de
Emissões - RCE) e de adotar tecnologias mais limpas em sua produção,
minimizando impactos negativos ao meio ambiente e atendendo às normas
ambientais vigentes, as empresas ainda podem agregar à sua imagem a real
preocupação com o meio ambiente e com o futuro da sociedade em que atua.
É a possibilidade concreta, diz a autora de aliar a responsabilidade
social e ambiental ao foco de seu negócio, gerando um grande diferencial de
competitividade. Verifica-se que, apesar de incipiente, é crescente o interesse
de empresas brasileiras para a aprovação de projetos ligados aos MDL.
Tanto isso é verdadeiro que, em setembro de 2005, a Bolsa de Valores
do Rio de Janeiro iniciou, através de uma parceira com a Bolsa de Mercadorias
& Futuros e o Ministério do Desenvolvimento, a negociação com Créditos de
Carbono no país. Segundo especialistas do setor do meio ambiente, esses
créditos podem render ao Brasil valores que se aproximam da casa dos US$ 3
bilhões (VENTURA, 2007).
De acordo com Sergio Besserman Vianna - Presidente do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O aquecimento global é uma realidade inegável. Se ele não for
tratado pelo mercado financeiro, algum outro mecanismo terá de
ser criado para fazê-lo” (Folha de São Paulo, 18 ago. 2000).
Por sua vez, Eduardo Viola, Professor Titular do Departamento de
Relações Internacionais e Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB,
analisa:
18
“Está claro hoje que para proteger o ambiente precisamos ir
além dos mecanismos rígidos de comando e controle que
predominaram no mundo nos últimos 30 anos”. (KHALILI, 2003)
A criação de mecanismos de mercado, conforme define KHALILI
(2003) valoriza os recursos naturais, que é uma extraordinária inovação cujo
primeiro exemplo deu-se nos EUA com a emenda de 1990 ao Clean Air de
1970. Por causa dessa Emenda de 1990, que criou as cotas comercializáveis
de poluição nas bacias aéreas regionais dos EUA, a poluição do ar diminuiu
numa media de 40% nos EUA entre 1991 e 1998.
Ainda segundo a autora os volumes do Mercado de Carbono possuem
estimativas das mais variadas, e na maior parte das matérias publicadas pela
imprensa os índices não chegam a um consenso. Cada fonte informa um dado
diferente, desde U$ 500 milhões até US$ 80 bilhões por ano, no entanto
analistas de investimentos consideram o volume estimado pelos especialistas
insignificante, comparado com alguns setores que giram em volumes
equivalente num único mês.
19
5 PROTOCOLO PARA ELABORAÇÃO DE INVENTÁRIO DA EMPRESA DE
PAPEL E CELULOSE X: ESTUDO DE CASO PARA CRÉDITO CARBONO
Este documento se destina a fornecer à empresa de Papel e Celulose
X informações básicas que ajudem a elaborar a planilha de emissões de
Gases de Efeito Estufa (GEE). Tem por finalidade proporcionar uma visão
geral do processo de inventário de GEE da empresa X. Utiliza-se como
referência os protocolos internacionais de informação elaborados pelo
Intergovernmental Panel on Climate Change - IPCC (Painel Intergovernamental
de Mudanças Climáticas) e pelo World Resources Institute/World Business
Council for Sustainable Development - WRI/WBCSD (Instituto de Recursos
Mundiais / Conselho Mundial de Empresas para o Desenvolvimento
Sustentável) são os protocolos mais completos disponíveis até o momento.
Destaca-se que, enquanto os princípios orientadores se baseiam
principalmente nos protocolos WRI/WBCSD, estes protocolos também
incorporaram as mais recentes orientações1 e ferramentas do International
Council of Forest and Paper Associations – ICFPA (Conselho Internacional das
Associações de Florestas e Papel). Todas as referências ao WRI/WBCSD
neste documento podem ser consideradas como estando em conformidade
com o ICFPA.
O documento é dividido em seções, na primeira os protocolos estão
descritos e organizados por fonte de emissão, na segunda descreve-se as
instruções a serem adotadas pela Empresa X para estimar as emissões de
GEE, com base nas descrições do protocolo constantes da primeira seção,
também organizada por fonte de emissão.
5.1 FONTE DE EMISSÃO E DESCRIÇÕES DE PROTOCOLO
1 International Council of Forest and Paper Associations 2005
20
Neste sub capítulo descreveremos a seção onde são examinadas as
principais fontes de emissões de GEE do setor de papel e celulose de que
tratam a IPCC Good Practice Guidance2 (Orientação para Boas Práticas do
IPCC), para inventários internacionais dos países, e o WRI/WBCSD GHG
Protocol (Protocolo de GEE do WRI/WBCSD), usado para inventários de
empresas. Adicionalmente, o Conselho Internacional das Associações de
Florestas e Papel publicou diretrizes para estimar as emissões de GEE das
Fábricas de Papel e Celulose, em julho de 2005. Estas diretrizes foram aceitas
pelo WRI/WBCSD. A IPCC Good Practice Guidance (IPCC GPG) é aceita e
usada pelas Partes (isto é, países) signatárias da United Nations Framework
Convention on Climate Change - UNFCCC (Convenção Quadro das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas) na elaboração de seus inventários
nacionais de GEE.
A IPCC Good Practice Guidance é o padrão aceito internacionalmente,
mas é orientado para inventários nacionais. O WRI/WBCSD GHG Protocol3
não é um documento oficial internacionalmente aceito, mas foi elaborado por
especialistas em indústrias visando a elaboração dos inventários de GEE de
empresas e é atualizado regularmente. Por estes motivos, os dois protocolos
foram examinados, além das diretrizes do ICFPA, e comparados entre si para
assegurar que o sistema de Inventários de GEE da Empresa X estivesse
completo.
A fim de ajudar as empresas a demarcar seus limites operacionais, o
WRI/WBCSD GHG Protocol introduziu o conceito de ‘escopo’ (‘scope’).
Existem três escopos:
• Escopo 1: Emissões Diretas4 de GEE – Emissões de GEE pertencentes à
empresa (físicas), incluindo emissões da queima de combustíveis,
processos de fabricação e transporte pertencente à empresa.
2 IPCC (2000) 3 WRI (2004a) 4 Emissões diretas são emissões de fontes que pertencem ou são controladas pela empresa informante. Emissões indiretas são aquelas que ocorrem de fontes que pertencem ou são controladas por outra empresa, mas que são uma conseqüência das atividades da empresa informante.
21
• Escopo 2: Emissões Indiretas de GEE – Emissões líquidas oriundas da
importação e exportação de energia; por exemplo, eletricidade e vapor
importados e exportados.
• Escopo 3: Outras emissões indiretas de GEE – Todas as outras fontes de
emissão que possam ser atribuíveis à ação da empresa. Exemplos
incluem viagens de negócios de funcionários e o transporte de produtos
em veículos que não pertençam à empresa, terceirização de atividades
centrais e atividades de disposição / gerenciamento de resíduos fora da
fábrica. As empresas que informarem um trabalho de inventário de
Escopo 3 devem relacionar as atividades e fontes que tenham incluído
no seu inventário destas outras emissões indiretas de GEE.
O Escopo 1 deve ser relatado quando o Escopo 2 for relatado. Da
mesma forma, os Escopos 1 e 2 devem ser relatados quando o Escopo 3 for
relatado. Um inventário de emissões de GEE deve, no mínimo, relatar as
emissões sob o Escopo 1 de fontes diretas, tais como o consumo de
combustíveis fósseis, emissões de processos e fontes móveis.
O setor de papel e celulose, através de várias fontes e processos,
produz uma quantidade significativa de emissões de GEE. Estas fontes e
processos incluem:
Escopo 1:
e Queima de combustíveis fósseis de fontes estacionárias
e Queima de combustíveis fósseis de fontes móveis
e Tratamento de resíduos sólidos
e Tratamento de efluentes
Escopo 2:
e Consumo de energia e vapor comprados
22
Escopo 3:
e Queima de combustíveis fósseis de fontes móveis
e Tratamento de resíduos sólidos
e Tratamento de efluentes
Item de Memorando exclusivamente para informação5
e Combustão de biomassa
e Combustão de biogás
5.1.1 Queima de Combustível fóssil a partir de fontes fixas
A IPCC Good Practice Guidance dá instruções para a informação de
emissões diretas oriundas de combustão estacionária. Fatores de emissão
(EFs) para dióxido de carbono (CO2), metano (CH
4) e óxido nitroso (N
2O) são
dados por unidade de energia nas diretrizes para os diferentes tipos de
combustíveis fósseis. O carbono não oxidado deve ser levado em conta,
usando os fatores de correção adequados.
O WRI/WBCSD GHG Protocol descreve duas abordagens para o
cálculo de emissões diretas da queima de combustíveis fósseis. De forma
semelhante à descrita pelo IPCC, as emissões de CO2
podem ser medidas
pela quantidade de energia consumida (por ex., GJ) e o uso de fatores de
emissão com base em energia. A abordagem alternativa é a de determinar as
quantidades físicas dos combustíveis consumidos e calcular a quantidade de
emissões usando fatores de emissão baseados em quantidades.
5 Emissões de CO2 neutras, oriundas do consumo de biomassa, são relatadas num inventário, mas são excluídas do total do inventário de GEE, uma vez que se supõe que estas emissões provenham de práticas de manejo sustentável de florestas e, portanto, não fazem uma contribuição líquida as emissões globais de gases de efeito estufa.
23
O protocolo incentiva os usuários a selecionar a abordagem que
minimize a conversão de dados de uso de combustível. As emissões de CH4
e
N2O devem ser reportadas de forma similar.
5.1.2 Queima de Combustível fóssil a partir de fontes móveis
A IPCC Good Practice Guidance fornece dois métodos para a
estimativa das emissões de CO2
oriundas de Transportes Rodoviários. A
abordagem do Nível I ou ‘de cima para baixo’ calcula as emissões de CO2
com
base no consumo de combustível. A abordagem do Nível II ou ‘de baixo para
cima’ estima o consumo de combustível pelo tipo de combustível, tipo de
veículo e quilometragem. Recomenda-se a abordagem do Nível I na maioria
dos casos. As emissões de CH4
e N2O também devem ser reportadas de forma
similar.
Emissões de CO2 neutras, oriundas do consumo de biomassa, são
relatadas num inventário, mas são excluídas do total do inventário de GEE,
uma vez que se supõe que estas emissões provenham de práticas de manejo
sustentável de florestas e, portanto, não fazem uma contribuição líquida às
emissões globais de gases de efeito estufa.
Para as fontes móveis, o WRI/WBCSD GHG Protocol aborda as
emissões diretas de GEE a partir de fontes móveis pertencentes à entidade em
questão ou operadas pela mesma (Escopo 1) e emissões indiretas oriundas da
compra ou aluguel de serviços de transporte (Escopo 3). As emissões de
veículos alugados, ou pertencentes a funcionários e mantidos pelos mesmos, e
que sejam usados para fins de trabalho, devem ser incluídos como emissões
indiretas se constituírem uma fonte significativa. Da mesma forma, as diretrizes
recomendam a abordagem de cima para baixo do IPCC para estimar as
emissões de CO2. A abordagem mais detalhada, de baixo para cima, deve ser
usada para estimar emissões de GEE que não sejam CO2, oriundas de
24
transporte rodoviário, se constituírem uma parcela significativa do total de
emissões.
5.1.3 Combustão de biomassa
O CO2
emitido a partir da queima de combustíveis de biomassa não
aumentará o dióxido de carbono atmosférico se este consumo for realizado de
forma sustentável6. Neste caso, o CO2
é considerado como sendo biogênico e
parte do ciclo natural do carbono. Entretanto, a IPCC Good Practice Guidance
recomenda que as emissões de CO2
de origem biogênica sejam relatadas a
fim de fornecer informações completas, devendo, portanto, ser reportadas
somente como um item de memorando. As emissões de CH4
e N2O devem ser
informadas no inventário, uma vez que estas emissões não ocorreriam se a
biomassa não tivesse sido queimada.
No WRI/WBCSD GHG Protocol, um fator de emissão zero é atribuído às
emissões de CO2
oriundas da queima de biomassa, porque a combustão de
biomassa é considerada como sendo parte do ciclo natural do carbono7.
Entretanto, o protocolo declara explicitamente que a premissa só é correta se o
uso da biomassa não levar a um declínio em longo prazo no total de carbono
existente na biomassa “em pé”. Em outras palavras, as empresas devem
demonstrar que a biomassa usada provém de florestas sob práticas de manejo
sustentável.
6 Pressupondo que, em determinado período de tempo, o recrescimento de biomassa absorva tanto CO2 quanto for liberado pela combustão da biomassa. 7 Em outras palavras, sob o Protocolo WRI/WBCSD, as emissões de GEE oriundas da combustão de biomassa não precisam ser relatadas.
25
5.1.3.1 Combustão de biogás
O carbono no biogás, tal como GNC (gases não-condensáveis)
utilizado em Riacho, tem origem na biomassa. Portanto, as emissões de CO2
associadas à combustão de biogás são consideradas neutras do ponto de vista
climático e não estão incluídas no total de emissões GEE do inventário. Como
nenhum dos protocolos internacionais recomenda o relato de CO2
a partir do
biogás, ele não será quantificado como parte deste estoque. As emissões de
CH4
e N2O não foram estudadas, são irrelevantes e não serão quantificadas.
5.1.4 Importações de eletricidade ou vapor
A IPCC Good Practice Guidance não aborda emissões indiretas de
GEE oriundas de eletricidade comprada. De acordo com o WRI/WBCSD GHG
Protocol, as empresas devem relatar as emissões indiretas associadas à
eletricidade ou ao vapor importados sob o Escopo 2. Existem várias opções
para a seleção de um fator de emissão:
• Um fornecedor de energia elétrica pode informar um fator de emissão
resultante dos totais anuais de combustíveis consumidos.
• No caso de contrato de fornecimento direto com uma geradora ou um
grupo de geradoras, o fator de emissão pode se basear no combustível
efetivamente queimado e na tecnologia empregada pela geradora.
• O fator médio de emissão fornecido para uma rede elétrica pode ser
usado.
• A média nacional pode ser usada.
26
5.1.5 Processo
A IPCC Good Practice Guidance não fornece nenhuma orientação
sobre as emissões de processos do setor de papel e celulose. O WRI/WBCSD
GHG Protocol aborda a questão de emissões de CO2
de fornos de cal de
fábricas. O cal necessário no processo de produção de celulose é gerado da
combustão de carbonato de cálcio (CaCO3) em um forno. Embora este
processo resulte na liberação de CO2, o carbono no CaCO
3 deriva
originalmente do licor negro, um produto de biomassa, portanto considera-se
que tenha um fator de emissão zero.
5.1.6 Resíduo
O IPCC Good Practice Guidance especifica que as emissões de CO2
geradas a partir de materiais orgânicos de aterros (papel, alimento e madeira)
devem ser excluídas em função da suposição de que com o tempo, a
reexpansão da biomassa (plantações e florestas) iguala o consumo. Resíduos
inorgânicos não geram CO2
(eles não são degradáveis ou se decompõe
lentamente), a não ser que sejam queimados. As emissões de CH4
resultantes
de resíduos sólidos devem ser registradas.
O Protocolo WRI/WBCSD GHG recomenda que todas as empresas
devem relatar emissões de CH4
diretas a partir da decomposição de resíduos
em localidades pertencentes ou operadas pela empresa, sob o escopo 1, e
emissões de CH4
indiretas a partir de resíduos enviados a aterros não
operados pela própria e que não sejam de sua propriedade, conforme prevê o
escopo 3.
27
6 PROTOCOLO PARA GERACÃO DE DADOS DE EMISSÕES GEE DA
EMPRESA X
Conforme observado anteriormente, o Protocolo WRI/WBCSD exige o
uso de uma estrutura de 3 escopos para relatórios de emissões GEE diretas e
indiretas. Recapitulando, o Escopo 1 deve ser relatado quando o Escopo 2 for
relatado; o Escopo 1 e o Escopo 2 devem ser relatados quando o Escopo 3 for
relatado. Um inventário de emissões GEE deve relatar, no mínimo, emissões
sob o Escopo 1 para fontes como combustíveis fósseis, processo e fontes
móveis.
Dos seis GEEs8, CO2, CH
4, e N
2O são pertinentes para as operações
das indústrias de papel e celulose e devem ser relatados, seja individualmente
e de forma agregada expressa em CO2
equivalente (CO2e). O relato detalhado
pode ser útil para compilar o inventário nacional e diferentes estudos relativos
às emissões. Para ser coerente com as práticas internacionais, os potenciais
de aquecimento global do IPCC (GWPs) são aplicados a estes GEEs para
convertê-los em uma única unidade de CO2e. O CO
2e é usado para expressar
o total de GEEs oriundos de uma empresa ou uma instalação.
Para expressar as emissões com base em unidade, são calculadas as
intensidades de emissão (EIs) para cada instalação, incluindo a empresa como
um todo. Uma EI costuma ser utilizada como indicador para rastreamento de
desempenho no gerenciamento de emissão através do tempo, uma vez que a
mesma não é afetada por um aumento ou redução na produção. Em
determinada instalação da empresa produz papel e celulose e, não sendo
possível monitorar separadamente o consumo de energia para cada tipo de
produto. Assim, a produção agregada de papel e celulose é utilizada para
calcular a intensidade de emissão da instalação em questão.
8 CO2, CH4, N2O, HFCs, PFCs, SF6
28
Dióxido de Carbono Equivalente (CO2e)
As emissões de CH4
e N2O, expressas em CO
2e, podem ser estimadas
utilizando a seguinte fórmula:
CEGEE
= E f, GEE
* GWPGEE
Onde: CEGEE
– emissões de CH4
e N2O expressas em CO
2e (kg)
Ef, GEE
– emissões de CH4
e N2O (kg) para o combustível do tipo f
GWPGEE
– potencial de aquecimento global para o gás do tipo GEE (ver Tab.1)
GEE – tipo de gás, seja CH4
ou N2O
Intensidade de Emissão
A intensidade de emissões é expressa em emissões por unidade de
produto, é uma medida da eficiência de uma empresa ou instalação relativa a
emissões, por não ser distorcida pelas variações na produção. Deve ser
incluída nos relatórios de GEE da empresa e pode ser usada para projetar as
emissões, determinar as metas de redução de emissões e comparar as
diferentes instalações.
Avaliação da Incerteza
Dependendo das exigências dos regimes regulamentares, pode ser
exigido que as empresas quantifiquem as incertezas ou simplesmente
documentem as fontes de incertezas e premissas adotadas nos inventários. As
diretrizes para a quantificação das incertezas, incluídas como parte deste
protocolo, são tiradas do WRI/WBCSD GHG Protocol e são coerentes com o
primeiro método (Nível 1) na IPCC Good Practice Guidance.
29
6.1 QUEIMA DE COMBUSTÍVEL FÓSSIL EM FONTES FIXAS: CO2, CH
4,
N2O.
As emissões oriundas de combustão estacionária devem ser relatadas
como emissões diretas sob o Escopo 1. Os seguintes combustíveis fósseis
seriam cobertos sob esta seção:
� Óleo Combutível Pesado (toneladas)
� Óleo BPF (toneladas)
� Diesel (litros)
� Gás Natural (m3)
� Carvão (toneladas)
� Propano (toneladas)
O nível de esforço exigido para realizar as estimativas de emissões de
GEE relativas ao CO2, CH
4 e N
2O é mínimo, já que a abordagem
recomendada, tanto para CO2
como para outros gases, se baseia em cálculos.
O maior esforço é gasto na coleta de dados da atividade de consumo de
combustível de cada linha de processo. Assim, o nível total de esforço
depende do sistema de manutenção de registros e do número de diferentes
tipos de combustível usados.
Dióxido de Carbono, Metano e Óxido Nitroso
As emissões de CO2, CH
4 e N
2O para combustão fixa de combustíveis
fósseis podem ser calculadas usando a seguinte fórmula:
Ef, GEE
= FC f * EF
f, GEE
30
onde: Ef, GEE
– emissões de CO2, CH
4 e N
2O (kg) para combustível do tipo f
FCf – consumo de combustível do tipo f (m
3 ou litros)
EFf, GEE
– fator de emissão para combustível do tipo f e gás do tipo GEE
f – tipo de combustível
GEE – tipo de gás - CO2, CH
4 ou N
2O
Dióxido de Carbono Equivalente (CO2e)
Em seguida, as emissões de CH4
e N2O devem ser expressas como
CO2. De acordo com a IPCC Good Practice Guidance, é provável que os
dados de consumo de combustível, oriundos de medição direta ou da
informação obrigatória, sejam precisos com margem de erro de +/- 3%; e é
provável que as incertezas associadas aos fatores de emissão de CO2, para os
combustíveis comercializados, sejam abaixo de 5%. As estimativas globais de
emissões têm incertezas de +/- 10%.
As estimativas de CH4
e N2O usando fatores-padrão de emissão são
muito mais incertas do que as estimativas de CO2. As emissões destes gases
variam dependendo de uma infinidade de condições, incluindo temperatura,
condições de processo, tecnologias de redução. Portanto, se forem utilizados
fatores-padrão de emissão, as incertezas podem variar entre 10% e 100%.
6.2 QUEIMA DE COMBUSTÍVEL FÓSSIL EM FONTES MÓVEIS: CO2, CH
4,
N2O
Todas as emissões de fontes móveis de propriedade de empresa, inclusive
veículos leves, pesados e outros (de estrada e fora-de-estrada – on-road e off-
road) devem ser relatadas como emissões diretas de GEE sob o Escopo 1, ao
31
passo que as emissões de fontes móveis pertencentes a contratadas devem
ser relatadas como Escopo 3. Os seguintes combustíveis fósseis são tratados
neste sub capítulo:
• Diesel (litros)
• Gasolina (litros)
• Óleo Combustível Pesado (litros)
Dióxido de Carbono, Metano e Óxido Nitroso
Se houver disponibilidade de dados de consumo de combustíveis, as
emissões de CO2, CH
4 e N
2O de fontes móveis podem ser calculadas da
seguinte forma (abordagem do Nível 1 do IPCC):
Ef, GEE
= FC f * EF
f,v,t,GEE
Onde: Ef, GEE
– emissões de CO2, CH
4, e N
2O (kg) para combustível do tipo f
FCf – combustível consumido (litros)
EF f,v,t,GEE
– fator de emissão para veículos do tipo v, tecnologia tipo t, tipo de
combustível e tipo de gás GEE
f – tipo de combustível (diesel, gasolina, gás natural comprimido, óleo
combustível pesado, etc.)
v – tipo de veículo (por ex., carro de passageiros, caminhão de carga leve,
caminhão de carga pesada, embarcações, jatos, etc.)
t – tipo de tecnologia (para diesel: avançada, moderada ou sem controle)
GEE – tipo de gás (por ex., CO2, CH
4 ou N
2O)
32
Se apenas dados de VQR (veículo/quilometro rodado) estiverem
disponíveis, as emissões de CO2, CH
4, e N
2O de fontes móveis podem ser
calculadas da seguinte forma (abordagem Nível 2 do IPCC):
Ef, GEE
= (Kv * FE
v)* EF
f,v,t,GEE
Onde: Kv – VQR (quilômetros)
FEv – Eficiência do combustível (litros por quilômetro)
Como alternativa, se houver disponibilidade de dados apenas para as
horas de operação do veículo ou equipamento, as emissões de CO2, CH
4, e
N2O de fontes móveis podem ser calculadas da seguinte forma (abordagem
Nível 2 do IPCC):
Ef, GEE
= (Tv * FR
v)* EF
f,v,t,GEE
Onde: Tv – Horas rodadas por tipo de veículo (horas)
FRv – Taxa de combustível (litros por hora)
Não foram considerados nas planilhas de cálculo, por não fazerem
parte do escopo do inventário, as emissões relativas a transportes de
funcionários e de produtos fora dos limites das unidades da Empresa X (por
exemplo, navios para transporte internacional).
Dióxido de Carbono Equivalente (CO2e)
Em seguida, as emissões de CH4
e N2O devem ser expressas como
CO2e para inventário total. Para as instalações que não possuam registro de
combustível, o consumo pode ser estimado multiplicando o índice VQR
33
(veículo/quilômetro rodado) dos veículos com as eficiências de combustível
estimadas. Da mesma forma, o consumo pode ser estimado multiplicando as
horas de operação por veículo ou equipamento pela taxa de combustível
estimada.
É importante notar que as emissões associadas ao óleo combustível
pesado, usado por navios para o transporte internacional, são excluídos do
total de emissões de GEE no inventário de GEE, conforme o acordo da
Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
(UNFCCC).
As estimativas de emissão são calculadas na planilha, mas não estão
incluídas na estimativa total. As emissões de CH4
e N2O variam de acordo com
uma infinidade de condições, inclusive temperatura, controles de poluição,
eficiências de combustão de automóveis, tipo de veículo, velocidade rodada,
clima. As estimativas globais de emissão de CO2
têm incertezas de menos de
10%, ao passo que as de CH4
e N2O têm uma gama muito mais ampla, de
10% a 50%.
6.3 COMBUSTÃO DE BIOMASSA: CO2, CH
4, N
2O
Estes dados serão registrados no inventário, mas retirados do
inventário total, por se tratar de queima de biomassa, onde o CO2 emitido é
considerado neutro por ser proveniente do manejo florestal, que se pressupõe
uma contribuição líquida as emissões globais de efeito estufa.
• Resíduos e Casca de Madeira (tonelada)
• Licor Negro (tonelada)
• GNC (m3)
• Metanol (tonelada)
34
• Biocombustível (toneladas)
Dióxido de Carbono, Metano e Óxido Nitroso
As emissões de CO2, CH
4 e N
2O podem ser estimadas em relação à
combustão estacionária de biomassa usando a seguinte fórmula:
Ef, GEE
= FC f * EF
f, GEE
Onde: Ef, GEE
– emissões de CO2, CH
4 e N
2O (kg)
FCf – consumo de biomassa do tipo f (kg)
EFf, GEE
– fator de emissão para combustível do tipo f e gás do tipo GEE
f – tipo de combustível
GEE – tipo de gás - CO2, CH
4 ou N
2O.
Dióxido de Carbono Equivalente (CO2e)
De acordo com os protocolos WRI e IPCC, as emissões de CO2
neutras associadas à combustão de biomassa devem ser reportadas
separadamente, como item de memorando, a fim de fornecer informações
completas. É consensual relatar emissões de CO2
neutras associadas a
resíduos de madeira, ao licor negro e aos biocombustíveis.
As emissões de CH4
e N2O oriundas da queima de combustível
originado da biomassa devem ser incluídas nas emissões totais da empresa (já
que não são seqüestrados em quantidades significativas pelos ciclos naturais
de carbono e nitrogênio) e devem ser relatadas como CO2e no inventário
35
agregado. As emissões de CH4
e N2O oriundas de resíduos de madeira, de
licor negro e do biocombustível utilizado nas instalações estão incluídas no
inventário de GEE da Empresa X, mas as emissões de GNC e de metanol não
são relatadas visto que são irrelevantes e não existem estudos prontamente
disponíveis para estes processos de combustão.
6.4 IMPORTAÇÃO DE ELETRICIDADE: CO2, CH
4, N
2O.
As Emissões indiretas oriundas de eletricidade importada devem ser
relatadas sob o Escopo 2. Para as instalações da Empresa X, localizadas em
estados com um sistema elétrico integrado (S-SE-CO), devem ser utilizada a
média da intensidade de emissão, dos últimos três anos disponíveis,
proveniente da geração de energia9 da rede nacional, calculada a partir de
dados de geração de energia fornecidos pelo Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Dióxido de Carbono (CO2)
O total das emissões indiretas oriundas da eletricidade comprada pode
ser estimado usando a seguinte fórmula:
CE = EC * EF * 1000 kg/tonelada
Onde: CE – emissões de CO2
(kg)
EC – consumo de eletricidade (MWh)
EF – fator de emissão de dióxido de carbono (tonelada por MWh)
(ver Tabela 4)
36
Observe-se que as emissões de CH4
e N2O não estão disponíveis para
a geração de eletricidade. Entretanto, estas emissões são relativamente
insignificantes.
6.5 EMISSÃO DO PROCESSO: CO2
A fábrica de Papel e Celulose tem emissões de CO2
oriundas de seu
processo de calcinação. A cal necessária no processo de produção de celulose
é gerada a partir da combustão de carbonato de cálcio (CaCO3) em um forno
de cal. O carbono no CaCO3
é proveniente do licor negro e é liberado como
CO2. Uma vez que o licor negro é um produto de biomassa, as emissões de
CO2
não são incluídas no inventário.
6.6 EMISSÃO DE EFLUENTES: CH4
E N2O
Estes dados são registrados no inventário, mas excluídos do inventário
total, conforme o exemplo da queima de biomassa, pois o potencial de
produção de metano de efluentes industriais se baseia na demanda química de
oxigênio (DQO) no efluente, no volume do mesmo, e na tecnologia de
tratamento incorporada. Em condições aeróbicas, as emissões de CH4
são
insignificantes; e o carbono nas emissões de CO2
se origina na biomassa, não
sendo, portanto, computado sob este sistema. Em condições anaeróbicas, a
decomposição de matéria orgânica nos sistemas de tratamento de efluentes
produz CH4.
Se o sistema de tratamento de efluentes for considerado parcialmente
anaeróbico, a “Parcela Anaeróbica”, em %, na planilha “Entrada de Dados de
9 Os dados relativos à intensidade de emissão são calculados a partir de dados de geração de energia fornecidos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Agência Nacional de Energia Elétrica
37
Resíduos” precisa ser ajustada. Uma vez que o processo de tratamento de
efluentes de determinadas regiões é realizado através de lagoas aeróbicas e
anaeróbicas, estimando-se que o sistema deva ser 66,6% aeróbico e 33,3%
anaeróbico.
O lodo proveniente do estabelecimento é tratado por compostagem,
gerando biogás que não é queimado antes da sua liberação para a atmosfera
e N2O. As emissões de CH
4 e N
2O associadas a este processo foram incluídas
no Inventário.
6.7 EMISSÕES DE RESÍDUOS SÓLIDOS: CH4
E N2O
Em determinada instalação da Empresa X deposita-se parte dos
resíduos da madeira e outros materiais em uma área aberta sem cobertura.
Assume-se que a “pilha” de resíduos seja rasa (menor que cinco metros) e que
emita menos metano com relação à profundidade e a “pilha” de resíduo
coberto.
Já em outra os resíduos são tratados por compostagem e, em
condições de operação adequadas, ou seja, quando a degradação é aeróbia, a
compostagem não gera emissões de CH4
significativas. As emissões de N2O
durante a compostagem são estimadas a partir do fator de emissão de N2O
específico para este processo.
Em alguns casos, as emissões de CH4
são calculadas através da
equação de Scholl Canyon, que se baseia no quantitativo de resíduos, nas
características da localidade, na composição do resíduo e na meia-vida dos
mesmos. Caso não exista nenhum sistema de recuperação de gás de aterro
(LFG) em operação, como é o caso de algumas regiões.
(ANEEL)
38
Além dos resíduos de madeira, o lodo também é tratado através de
compostagem. Para o N2O, emitido durante o processo de compostagem do
lodo, foi utilizado um fator de emissão10 associado à quantidade de resíduo
compostado em base seca.
Foi empreendido especialmente na Empresa X um estudo11 para
medição da quantidade de metano gerado a partir do biogás produzido durante
a fermentação anaeróbica do lodo, tendo sido calculada uma taxa de emissão
de 26,0 kg de metano por tonelada de lodo. A estimativa das emissões de CH4
baseia-se na quantidade de lodo e no fator de geração de metano (ou seja, a
taxa de emissão) nas condições específicas da região.
Tabela 1: Potencial de Aquecimento Global
Gás de Efeito Estufa Potencial de Aquecimento Global
(com base em um horizonte de tempo de 100 anos)
Dióxido de Carbono (CO2) 1
Metano (CH4) 21
Óxido Nitroso (N2O) 310
Fonte: IPPC (1995)
10 Manfred K. Schenk, Stefan Appel, Diemo Daum, "N2O emissions during composting organic waste", Institute of Plant Nutrition University of Hannover, 1997. 11 O estudo foi realizado em 2006. Empresa X
39
Tabela 2: Fatores de Emissão GEE
Combustão Estacionária
Fonte: 1. IPPC (2006); 2. The CO2 emissoen factor for the sub-bituminous coal is based
information provided by Aracruz. The sub-bituminous coal hás 30% ash content and 42%
carbon content.
Combustão Móvel
Fonte: 1. IPPC (1997); 2. IPPC (2006)
40
Tabela 3: Fatores de Emissão GEE – Convertidos para a mesma base Combustão Estacionária
Fonte: 1. IPPC (2006); 2. The CO2 emissoen factor for the sub-bituminous coal is based information provided by Aracruz. The sub-bituminous coal hás 30% ash content and 42% carbon content. Combustão Móvel
Fonte: 1. IPPC (1997b); 2. IPPC (2006)
Tabela 4 Fatores de Emissão de CO2 no Sistema Integrado S-SE-CO
Fonte: 1. Operador Nacional do Sistema (ONS), Relatórios Diários; 2. Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Banco de Informação de Geração.
41
7 INVENTÁRIO DE CARBONO FLORESTAL
Duas instalações da Empresa X possuem florestas comerciais com
plantações de eucalipto nos seus respectivos estados. Num cenário de
crescimento sustentável, o crescimento de árvores deveria ser maior ou igual à
colheita. Um crescimento líquido de biomassa reflete remoção líquida de
carbono, uma vez que mais carbono é seqüestrado na biomassa do que
liberado ou emitido na atmosfera em conseqüência da colheita (isto é, madeira
cortada é considerada perda e emissões de carbono12). Ao contrário, se mais
biomassa for colhida do que plantada, haverá perdas líquidas de carbono.
Para o inventário de carbono nas florestas da Empresa X, dois
agregados de carbono estão incluídos – o carbono de superfície proveniente
da biomassa de superfície e o carbono subterrâneo proveniente da biomassa
subterrânea.
O registro dos dados florestais deverá ser feito em planilha a parte do
inventário de GEE:
• Nome da Espécie
• Comum
• Madeira dura ou macia (selecionar)
• Área (hectares)
• Faixa de Idade
• Volume Comerciável (em metros cúbicos por hectare)
• Densidade (tonelada de biomassa por metro cúbico de madeira)
• Biomassa Comerciável / Biomassa Acima do Solo (fração)
42
• Biomassa Abaixo do Solo / Biomassa Acima do Solo (fração)
• Conteúdo de Carbono (tonelada de carbono por tonelada de biomassa)
• Propriedade (%)
• Controle Operacional (%)
A variação no estoque de carbono ou fluxo é a diferença no estoque de
carbono num determinado período. Para ser coerente com a informação das
emissões de GEE, o fluxo de carbono da Empresa X deverá ser medido
anualmente. O volume comerciável (em metros cúbicos por hectare) é
multiplicado pela área para calcular o volume absoluto. A densidade da
biomassa é usada para converter o volume em massa (toneladas). Em
seguida, um índice de expansão de biomassa é usado para estimar toda a
árvore acima da superfície com base na parcela comercializável. Depois, um
coeficiente é usado para estimar a biomassa abaixo do solo. O teor de carbono
da biomassa é usado para converter toneladas de biomassa em toneladas de
carbono. A estequiometria de carbono para CO2
é aplicada às toneladas de
carbono para chegar às toneladas de CO2
equivalentes.
O fluxo de carbono é calculado subtraindo o estoque de carbono no
final do ano daquele no início do ano. Um valor positivo indica que a floresta
constituiu um sumidouro de GEE (remoção de carbono) ao passo que um
número negativo indica que a floresta constituiu uma fonte de GEE (perda de
carbono).
12
As regras sobre o seqüestro de carbono em produtos de madeira ainda não foram finalizadas pelo
IPCC. Atualmente, as empresas devem tratar a madeira extraída como perda instantânea de carbono ou emissões de CO
2
43
8. QUANTIFICAÇÃO DA INCERTEZA
8.1 ABORDAGEM PARA AVALIAÇÃO DA INCERTEZA
A metodologia selecionada para quantificar incertezas neste trabalho
foi retirada do WRI/WBCSD GHG Protocol e é coerente com o primeiro método
(Nível I) no IPCC Good Practice Report para a estimativa da incerteza total
para um ano e da incerteza na tendência.
8.2 FONTES INDIVIDUAIS DE EMISSÕES
Na elaboração do inventário de GEE da Empresa X, fatores de
emissão foram aplicados aos dados da atividade. De acordo com o princípio de
incerteza composta, a estimativa de emissões usando um fator de emissão e
dados da atividade, fica sujeita à incerteza composta devido à incerteza
associada a cada componente. Por este motivo, a estimativa de emissões
resultante será menos certa do que o seu componente menos certo.
A incerteza composta pode ser caracterizada usando uma abordagem
de 'soma de quadrados' para calcular o intervalo de confiança para o produto
de dois ou mais componentes13. O intervalo de confiança relativa (percentual
mais ou menos) do produto é a raiz quadrada da soma dos quadrados dos
intervalos de confiança relativa (percentual) de cada fator (WRI, 2000).
13 A fórmula pressupõe que nenhum fator numa multiplicação seja elevado a uma potência e uma distribuição normal de probabilidades dentro do intervalo de confiança. Para situações mais complexas, ver EPA, Emission Inventory Improvement Project Volume VI: Quality Assurance/Quality Control, no site www.epa.gov/ttn/chief/eiip/techrep.htm
44
As incertezas globais para diferentes fontes de GEE na Tabela 5 foram
geradas usando a fórmula acima. Os fatores de incerteza são usados para
realizar a avaliação de incerteza das estimativas de emissão da Empresa X.
Tabela 6: Fontes de Incerteza e Fatores de Incerteza
Fonte: Incertezas associadas a fatores de emissão - McCann T.J., 1994.
45
8.3 INCERTEZA PARA TOTAIS DE RESUMO
A incerteza global para qualquer total de resumo deve levar em conta a
incerteza relativa de cada um de seus componentes, usando uma abordagem
de média ponderada. A incerteza agregada pode ser estimada usando um
método de cálculo esquematizado a seguir. As incertezas numéricas são
combinadas usando técnicas de raiz-soma-de-quadrados, usando os valores
absolutos para fazer o ajuste relacionado ao peso relativo de cada adendo.
46
CONCLUSÃO
As empresas brasileiras de papel e celulose possuem meios de liderar
o processo de estabelecimento de metas setoriais para emissão de GEE. O
setor de papel e celulose têm alcançando significativos resultados na
neutralização de suas emissões em função da ampla base florestal plantada,
dos fatores naturais favoráveis do país, dos investimentos no incremento da
produtividade florestal e dos investimentos industriais em eficiência energética
na redução da disposição de resíduos em aterros.
No entanto, é necessário expandir o foco que hoje está nas operações
internas para uma perspectiva global, afim de atender a demanda da
sociedade com relação à responsabilidade do setor frente às mudanças
climáticas. É necessário abranger todo o ciclo de vida do produto, como
também é imprescindível que as empresas mantenham os investimentos
atuais na base florestal e nos processos industriais. Além de investir em
estratégias para mitigação das emissões derivadas do transporte e da
disposição final do produto após o seu tempo de uso.
No setor de papel e celulose, as perspectivas são promissoras com o
desenvolvimento de produtos livres ou até mesmo superavitários na fixação de
carbono. De acordo com o cenário mais restritivo quanto às emissões setoriais,
a viabilidade desses produtos pode assegurar a competitividade das empresas
em abastecer mercados a grandes distâncias do país, o que envolve alta
emissão de GEE com transporte.
A viabilização de produtos livres ou superavitários em fixação de
carbono depende do desenvolvimento em inovações relacionadas com a
carbonização e fixação de biomassa ao solo, utilização de rejeitos para
geração de energia, combustíveis renováveis no transporte e florestamento de
áreas degradadas com espécies nativas.
47
Na implementação de metas setoriais é fundamental o
desenvolvimento de mecanismos robustos e efetivos de governança, tanto na
homogeneização de metodologia para quantificar as emissões de GEE quanto
na capacidade de monitorar tais emissões, capazes de articular com agilidade
as pressões e demandas dos atores globais.
48
REFEREÊNCIA BIBLIOGRAFICA
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: A VEZ DO MESTRE
Título da Monografia: Emissão de Gases de Efeito Estufa:
Autor: Lélio Louzada Junior
Data da entrega: 26/02/2010
Avaliado por: Conceito: