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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A TRAMA DA EDUCAÇÃO: GESTÃO E QUALIDADE NO ENSINO Por: Danielle Costa de Araujo Orientador Prof. Marie Sue Niterói 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A TRAMA DA EDUCAÇÃO:

GESTÃO E QUALIDADE NO ENSINO

Por: Danielle Costa de Araujo

Orientador

Prof. Marie Sue

Niterói

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A TRAMA DA EDUCAÇÃO:

GESTÃO E QUALIDADE NO ENSINO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Administração

e Supervisão Escolar.

Por: Danielle Costa de Araujo

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela oportunidade de ter

chegado até aqui.

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DEDICATÓRIA

Dedico aos meus filhos Marcos Fillipe e

Thaynah e minha mãe Eliete, pela

compreensão e respeito, e que possam

refletir tão quanto é importante e

imprescindível educar-se.

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RESUMO

O presente trabalho visa analisar a gestão escolar democrática, em

ocasião a sociedade atual, que vive em transformações constantes. Enfatiza a

necessidade de a escola acompanhar essas transformações.

O gestor escolar que assume papel de um líder precisa desencadear

essas ideias junto à comunidade que lidera, com a participação de todos,

professores, funcionários, educandos, pais e comunidade.

O conceito de qualidade é explicitado, com base teórica. A qualidade no

ensino apresentada visa à formação de cidadãos competentes, para viver em

democracia, que aqui é apresentada como não só a capacidade de usufruir de

direitos, mas também de criá-los.

O estudo busca verificar como um gestor escolar pode ou não conseguir

qualidade no ensino da escola que dirige, a partir dos instrumentos que tem

acesso.

Instrumentos esses que inclui o projeto político pedagógico, recursos

humanos, recursos materiais e financeiros, e compromisso ético e profissional.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi a leitura de diversos livros de teóricos que

abordam o assunto em estudo.

A resposta foi obtida através da análise da leitura de bibliografia

específica confrontada a ideias pessoais da autora do estudo presente.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

ESCOLA, EDUCAÇÃO E SOCIEDADE 10

CAPÍTULO II

GESTÃO ESCOLAR 19

CAPÍTULO III

QUALIDADE NA EDUCAÇÃO 28

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 39

ÍNDICE 41

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INTRODUÇÃO

Educação pode ser entendida como a aquisição de conhecimentos

produzidos por gerações que nos antecedem, e a capacidade de reconstruir

tais conhecimentos objetivando a formação de cidadãos capazes de

transformar suas próprias realidades.

Ser cidadão está intrinsecamente ligado a democracia, que

superficialmente e vulgarmente entende-se que seria o governo do povo, todos

terem os mesmos direitos, saber votar. Mas democracia está muito além

dessas concepções, pois se vivemos numa democracia, esta deve ser vivida

cotidianamente, o que inclui a vivência na escola e esta, além de participar da

democracia, é um dos meios de se aprender a viver para a democracia. A

escola deve formar pessoas para uma vida digna, que possam participar da

vida política, cultural, econômica e social, fazendo escolhas, pensando no bem

estar da sociedade, o que o inclui o bem estar pessoal.

Ter qualidade no ensino faz parte da vivência da democracia na escola,

é o resultado de uma gestão participativa, onde a equipe pedagógica,

comunidade, professores e educandos participam. A gestão é um

direcionamento à ação educacional que visa o aperfeiçoamento da

aprendizagem dos educandos em uma instituição.

Em se tratando de qualidade no ensino Heloísa Lück afirma que são

necessárias mudanças não apenas nas práticas pedagógicas como também

nas concepções que orientam essas práticas. O tipo de ensino conteudista,

descontextualizado, tão presente em nossas escolas já não atende à

sociedade atual.

A qualidade educativa segundo Pedro Demo está além de assimilar

conhecimento, para ele é necessário habilitar o indivíduo a saber, manejá-lo e

produzi-lo.

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A gestão escolar não só pode como deve intervir e preconizar qualidade

no ensino, que não envolve apenas a preocupação em oferecer ensino para

um grande número de educandos e aprová-los através de testes e provas, sem

a preocupação com a formação ética dos educandos.

Dessas reflexões resolvi investigar o que é, e como funciona a gestão

democrática, relacionando-a a qualidade no ensino e democracia.

Para elucidação e verificação destes temas, esta pesquisa foi dividida

em três capítulos, onde o percurso se inicia com a concepção de educação,

democracia e objetivos da escola, perpassando pelas transformações da

sociedade atual; sobre a prática da gestão democrática, e finalmente como

numa trama de fios se relacionam para que seja analisado como a gestão

democrática pode trabalhar em busca de qualidade de ensino.

No primeiro capítulo abordo as transformações que a sociedade tem

sofrido, junto, como a educação nas escolas tem acompanhado esta

transformações, a fim de proporcionar condições para que o educando esteja

inserido democraticamente nesta sociedade. Através de um conceito mais bem

elaborado de democracia, pautado em teóricos, ser cidadão é abordado neste

estudo com conceito que vai além de ter direitos e deveres.

No segundo capítulo a reflexão é feita sobre a prática de uma gestão

escolar de forma democrática ou participativa, como esta atua ou deveria atuar.

É apresentada a importância do projeto político pedagógico, como norteador

das ações da gestão.

No terceiro capítulo apresento o que seria qualidade na educação, com

base em teóricos como Heloísa Lück, Pedro Demo e Vitor Henrique Paro.

Em minha conclusão pretendo refletir sobre o que é verdadeiramente

qualidade no ensino e como uma gestão escolar democrática pode atingir tal

qualidade, se é que seja possível realmente.

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CAPÍTULO I

ESCOLA, EDUCAÇÃO E SOCIEDADE

A educação é uma forma de se obter conhecimentos produzidos por

gerações passadas, mas também e principalmente uma forma pela qual o

homem produz cultura, reconstrói conhecimento, transforma sua realidade,

procura compreender-se e o meio que está inserido, trocando informações,

ideias, opiniões.

A educação acontece em variadas esferas da vida social, nas famílias,

igreja, grupos sociais, instituições educacionais ou assistenciais, dentre outras.

A educação pode ser formal ou informal, formalmente acontece em instituições

específicas, escolares ou não, que tem propósitos intencionais, objetivos,

metas e resultados a serem alcançados. Informalmente a educação acontece

espontaneamente, não segue objetivos específicos, apesar de contribuir para a

formação humana.

Moacir Gadotti define muito bem a educação não formal:

“Gostaria de definir a educação não-formal por aquilo que

ela é, pela sua especificidade e não por sua oposição à

educação formal. Gostaria também de demonstrar que o

conceito de educação sustentado pela Convenção dos

Direitos da Infância ultrapassa os limites do ensino

escolar formal e engloba as experiências de vida, e os

processos de aprendizagem não-formais, que

desenvolvem a autonomia da criança. [...] A educação

não-formal é mais difusa, menos hierárquica e menos

burocrática. Os programas de educação não-formal não

precisam necessariamente seguir um sistema seqüencial

e hierárquico de ‘progressão’. Podem ter duração variável,

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e podem, ou não, conceder certificados de

aprendizagem.” (GADOTTI, 1979, p.83 e 84)

A educação formal, a qual acontece em instituições públicas ou

privadas, escolas e universidades, implica em ações de ensino com objetivos

pedagógicos explícitos, sistematização, procedimentos didáticos, segue

currículos pré estabelecidos, e, atualmente há a preocupação em se

contextualizar esse conhecimento de acordo com a realidade de cada público.

Logo, escola e vida devem ser encarados no mesmo plano, não como

situações opostas ou diferenciadas.

Fica claro que o fenômeno educação não pode ser visto fora do contexto

histórico geral, algo a parte da vida, pois faz parte da mesma. As pessoas

constituem a sociedade, que é gerida por regras, formas de pensar, agir, de se

comportar, enfim organizar-se socialmente, economicamente e politicamente.

“Nesse sentido, a educação não é um fenômeno neutro,

mas sofre os efeitos da ideologia, por estar de fato

envolvida na política. [...] toda mutação social interfere

nos rumos da educação, é preciso estarmos atentos a ela,

para não ficar a reboque dos acontecimentos, mas atuar

de forma intencional.” (ARANHA, 1996, p.19 e 20)

As mudanças sociais, políticas, econômicas e intelectuais caminham

juntas, há de se concordar com a concepção de Marx que diz que a

superestrutura é concebida sobre a infraestrutura, base da sociedade, ou seja,

a consciência, as idéias, concepções, cultura são determinadas pelas forças

produtivas materiais que constituem a estrutura econômica da sociedade.

Logo, a educação não tem como estar à parte das mesmas. A educação é um

ato político.

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Sendo a educação um ato político, por ela toda uma massa ou

população pode ser manipulada direta ou indiretamente por uma elite

dominante a fim de perpetuar seus poderes. Formam indivíduos alienados, que

produzem através do trabalho e nem mesmo tem a oportunidade de usufruir do

que produzem. Que alimentam um capitalismo selvagem, enriquecendo uma

minoria e não se dão conta, e se se dão conta, não têm força, não têm

argumento para modificar tal situação.

E se a classe dominante é detentora dos meios de produção,

logicamente, é esta classe que detém o conhecimento mais bem elaborado e

que principalmente o coloca a seu dispor; a única forma da classe dita

“dominada” vivenciar cidadania e lutar por seus ideais é adquirir esse

conhecimento que é voltado para a elite e fazer-se sujeito de sua história,

construindo cidadania.

A escola precisa assim oferecer conteúdos significativos, aulas

argumentativas, críticas, que envolvam situações reais, da vida cotidiana; uma

educação propedêutica sendo ao mesmo tempo prazerosa, que estimule o

gostar de aprender, que envolva a leitura e interpretação de diferentes gêneros,

o escrever bem, falar bem, pensar criticamente, expor, criar e recriar, concordar

e discordar de ideias, enfim que estimule sua autonomia, senso crítico,

emancipação.

Assim como a educação pode formar indivíduos despolitizados e

alienados, também pode formar indivíduos capazes de emancipar-se, lutar por

uma vida melhor, com dignidade, igualdade de direitos, desfrutando do

supérfluo que produz, de lazer, cultura e principalmente fazer parte da política

em si, criando leis, fazendo parte do governo de forma realmente ativa e

inovadora.

Segundo Demerval Saviani a educação segue duas vertentes a de como

instrumento de equalização e de como instrumento de discriminação social.

Como equalizadora tem-se a sociedade como harmoniosa e a marginalidade é

vista como uma distorção, uma fatalidade que pode ser corrigida através da

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13 educação. Como discriminatória a educação já faz parte da estrutura da

sociedade que é marcada pela divisão social do trabalho, onde uns dominam

os outros. (SAVIANI, 2002, p. 3 e 4)

De acordo com a primeira premissa, a educação é vista de forma

autônoma, existe para equalizar a sociedade. Os marginalizados são os

indivíduos sem instrução, sem estudo, logo, isso é a única diferença entre as

pessoas, já que são todas consideradas iguais. Assim, devem receber ensino

de forma homogênea, não se considera as diferenças individuais.

A educação aqui corrige os ditos “desvios”, e quem não acompanha é

anormal, destituído de inteligência. Essa educação é discriminadora e

excludente.

Seguindo a segunda vertente sobre educação, a escola deve ser

modificada de acordo com a sociedade, que tem sofrido a cada instante

transformações na economia, na difusão de informações, nos processos de

produção, nos paradigmas da ciência e conhecimento.

Essa educação deveria realmente acompanhar as transformações

sociais, econômicas e políticas, mas pelo contrário, esse tipo de educação

objetiva o agravamento da exclusão social com a prática do neoliberalismo,

que induz ao individualismo, a busca de riqueza, de poder, a qualquer preço.

Apesar de ter sido esta política neoliberal a responsável pela

universalidade, gratuidade e obrigatoriedade da escolaridade básica, esse tipo

de escola é um excelente espaço para incutir e promover a todos que a

freqüentam, valores e visões do mundo dominante.

A escola não pode mais ser dualista, boa para os ricos e ruim para os

pobres, não pode mais participar da exclusão social, pelo contrário, deve ser

utilizada como uma “arma” contra a exclusão social.

Segundo José Carlos Libâneo:

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“A escola de hoje não pode limitar-se a passar informação

sobre as matérias, a transmitir o conhecimento do livro

didático. Ela é uma síntese entre cultura experienciada

que acontece na cidade, na rua, nas praças, nos pontos

de encontro, nos meios de comunicação, na família, no

trabalho etc., e a cultura formal que é o domínio dos

conhecimentos, das habilidades de pensamento. Nela, os

alunos aprendem a atribuir significados às mensagens e

informações recebida de fora, dos meios de comunicação,

da vida cotidiana, das formas de educação

proporcionadas pela cidade, pela comunidade. O

professor tem aí seu lugar, com o papel insubstituível de

provimento das condições cognitivas e afetivas que

ajudarão o aluno a atribuir significados às mensagens e

informações recebidas das mídias, das multimídias e

formas diversas de intervenção educativa urbana. O valor

da aprendizagem escolar, com a ajuda pedagógica do

professor, está justamente na sua capacidade de

introduzir os alunos nos significados da cultura e da

ciência por meio de mediações cognitivas e interacionais.

Na escola, pelos conhecimentos e pelo desenvolvimento

das competências cognitivas, torna-se possível analisar e

criticar informação. Os alunos vão aprendendo a buscar a

informação (na TV, no rádio, no jornal, no livro didático,

nos vídeos, no computador etc.) mas, também, os

instrumentos conceituais para analisarem essa

informação criticamente e darem-lhe um significado

pessoal e social. A escola fará, assim, a síntese entre a

cultura formal (dos conhecimentos sistematizados) e a

cultura experienciada. Por isso, é necessário que

proporcione não só o domínio de linguagens para a busca

da informação, mas também para a criação da

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informação. Ou seja, a escola precisa articular sua

capacidade de receber e interpretar informação, com a de

produzi-la, considerando-se o aluno sujeito do seu próprio

conhecimento.” (LIBÂNEO, 2008, p. 52 e 53).

Em síntese, a escola deve não só compartilhar conhecimentos como

também deve criar habilidades no indivíduo para que ele atue de forma

dinâmica na sociedade. É preciso que “[...] o educando vá assumindo o papel

de sujeito da produção de sua inteligência do mundo e não apenas o de

recebedor da que lhe seja transferida pelo professor.” (FREIRE, 2002, p. 140)

Isso mostra que a educação é um canal pelo qual um indivíduo tem a

oportunidade e direito de construir uma cidadania democrática, sendo a escola

um lugar que alguns direitos humanos básicos devem ser promovidos e postos

em prática, levando os educandos e professores a vivenciá-los, interiorizá-los e

defendê-los futuramente. (AFONSO, 2003, p. 86)

Paro afirma que a escola deve pautar-se em duas dimensões: a

individual e a social. Na dimensão individual o homem se apropria da cultura

para:

“[...] a realização de seu bem-estar pelo usufruto dos bens

sociais e culturais que são proporcionados aos cidadãos

de uma sociedade democrática. Sendo o homem um ser

que se autocria pelo trabalho, nessa sua autocriação

produz o supérfluo – ou seja, aquilo que transcende a

necessidade natural e se apresenta como desejável pelo

homem em sua postura ética de não indiferença com

relação ao mundo em que se encontra. Essa produção do

supérfluo é que lhe imprime sua dimensão histórica,

possibilitando a criação e acumulação da cultura e a

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transformação e enriquecimento constantes do mundo em

que vive.” (PARO, 2010, p. 110 e 111)

Na dimensão social o indivíduo é educado não apenas para o bem viver

individual, mas para o bem viver de todos, ou seja, é a educação para a

democracia. É importante esclarecer que democracia segundo Vitor Henrique

Paro “[...] caracteriza-se, dentre outras coisas, pela participação ativa dos

cidadãos na vida pública, considerados não apenas como ‘titulares de direito’,

mas também como ‘criadores de novos direitos’, [...]” (PARO, 2010, p. 25)

Entendendo que democracia é mais que ter direitos, é também criá-los,

logo, a educação deve ser voltada para a democracia, a escola que é uma das

vertentes que educa para a democracia, precisa enxergar este indivíduo como

sujeito de seu conhecimento, precisa, “Saber que ensinar não é transferir

conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a

sua construção.” (FREIRE, 2002, p. 52)

Assim a escola pode ser uma ferramenta a favor de educar indivíduos

para a verdadeira democracia, tornando-os cidadãos e “arma” contra a

exclusão social. Sobre essa luta contra a exclusão Libâneo afirma:

“A escola contemporânea precisa voltar-se para as novas

realidades, ligar-se ao mundo econômico, político,

cultural, mas precisa ser um baluarte contra a exclusão

social. A luta contra a exclusão social e por uma

sociedade justa, uma sociedade que inclua todos, passa

pela escola e pelo trabalho dos professores. Propõe-se,

para essa escola, um currículo centrado na formação

geral e continuada de sujeitos pensantes e críticos, na

preparação para uma sociedade

técnica/científica/informacional, na formação para a

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cidadania crítico-participativa e na formação ética.”

(LIBÂNEO, 2008, p. 51)

A partir da educação democrática, é possível a luta contra a exclusão

social, pois, uma educação democrática é capaz de compreender as diferenças

entre as pessoas, diferenças em variados aspectos como cor, religião, raça,

classe social e econômica, e também e principalmente diferenças no domínio

do conhecimento e no desempenho cognitivo.

Uma escola democrática acolhe seu educando, respeita suas

individualidades, facilitando o acesso a mesma, também a sua permanência

com qualidade.

A permanência do educando deve ser garantida com uma educação

digna, com professores comprometidos eticamente e profissionalmente, com

espaço adequado onde o educando possa sentir-se bem, e recursos materiais

devem também ser disponibilizados para que atenda às necessidades

educacionais.

É possível viver democraticamente em uma escola democrática de

verdade, pois não se dá democracia, se vive a mesma.

A escola criada para atender as demandas de décadas passadas, não

mais atende às novas exigências da atualidade. Sobre o papel da escola,

Perrenoud (1997), defende a ideia de que a escola deve desenvolver

competências, ou seja, relacionar constantemente os saberes e sua

operacionalização em situações complexas. A maioria dos conceitos

acumulados na escola permanece inútil na vida cotidiana. Não que não sejam

importantes, mas perderam sua força de concretude, no processo de

transposição didática.

A fim de desenvolver competências, a escola deve relacionar os saberes

e sua operacionalização, o que implica em mudança no currículo e atendimento

individualizado comportando o ritmo do educando.

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Tarefa difícil para uma instituição que se nega a inovar, pois ora falta a

vontade, ora há também a ausência de um estimulante econômico para a

adoção de inovações e falta a pesquisa científica.

Nessa visão a escola deixa de ser local de emissão de informações para

tornar-se um local de discussão das informações e de produção de novos

saberes, ao invés de apenas reproduzir conhecimentos já construídos

historicamente.

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CAPÍTULO II

A GESTÃO ESCOLAR

Entende-se por gestão o ato de gerir, organizar, administrar uma

organização, uma empresa. Quando se fala em gestão escolar, o conceito se

amplia, pois administrar uma escola está além de gerenciar recursos

financeiros, utilizando estratégias com fins em si mesmas, onde o que importa

é o resultado, e, se esse for positivo, se mantém a estratégia, caso seja

negativo, modifica-se a estratégia com o intuito principal que é o lucro imediato.

Em uma escola o dito “lucro imediato” não há, ou melhor, é difícil se

visualizar com tanta rapidez, pois esta lida com seres humanos, com suas

angústias, seu jeito de ser, de se comportar, de pensar, com sua “bagagem

pessoal”, com diferentes visões do que é ser ou estar bom, enfim, cada

indivíduo pertence a uma classe social, econômica, cultural; cada grupo

acredita em determinada ideologia, afinal, cada ser humano é único.

O dito resultado positivo só se vivenciará ao longo do tempo, quando as

classes populares que são encontradas em grande maioria nas escolas

públicas, estiverem vivenciando a democracia através da aquisição de

conhecimento e habilidades para acessar, utilizar e modificá-los a favor do bem

estar pessoal e social.

Quando se fala em gestão escolar, se fala em gerir capital material e

principalmente humano, pois a escola é esse movimento.

Um gestor escolar necessita ter conhecimento da realidade de sua

escola, para então poder coordenar e dirigir ações juntamente com toda a

comunidade escolar, a fim de que se planeje e se chegue a resultados

esperados.

Sendo um gestor um líder, não significa dizer que só o mesmo detém o

“poder”, apesar de este dito “poder” ser controlado pela máquina burocrática do

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20 Estado. Quando se fala em liderança, não quer dizer que todas as decisões

precisam ser tomadas apenas por um, o líder.

O líder na verdade orienta uma equipe ou organização. Ser líder é ter

uma visão global, uma relação entre o homem e o seu ambiente de trabalho. É

saber organizar, ensinar e também ouvir e aprender.

A principal função de um gestor é conduzir pessoas para que obtenha os

melhores resultados das mesmas. Gerir democraticamente é esse movimento,

onde a equipe é ouvida, colabora, onde todos estão articulados em busca de

objetivos pré definidos, todos comprometidos com responsabilidade e ética, em

busca do sucesso.

O PNE (Plano Nacional de Educação) aborda a gestão democrática da

seguinte forma:

“Deve-se promover a efetiva desburocratização e

descentralização da gestão nas dimensões pedagógica,

administrativa e de gestão financeira, devendo as

unidades escolares contar com repasse direto de recursos

para desenvolver o essencial de sua proposta pedagógica

e para despesas de seu cotidiano. Finalmente, no

exercício de sua autonomia, cada sistema de ensino há

de implantar gestão democrática. Em nível de gestão de

sistema na forma de Conselhos de Educação que reúnam

competência técnica e representatividade dos diversos

setores educacionais; em nível das unidades escolares,

por meio da formação de conselhos escolares de que

participe a comunidade educacional e formas de escolha

da direção escolar que associem a garantia da

competência ao compromisso com a proposta pedagógica

emanada dos conselhos escolares e a representatividade

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e liderança dos gestores escolares.” (PNE, 2001, p.160 e

161)

Teoricamente o discurso se mostra muito bonito, mas na prática não é

possível se observar que seja desta forma. Se vê muito a preocupação de

gestores em prestar contas com as Secretárias, com preenchimento de

documentos e mais documentos, culminâncias que deveriam pautar todo um

projeto de semanas ou meses e que na verdade são feitas de um dia para o

outro para apenas fazer com que a escola seja bem conceituada, a fim de que

se garanta o cargo da direção, a fim de que “se mostre trabalho” para quem

interessar.

Conselhos escolares são formados, mas geralmente não se sabe da

existência dos mesmos, ou, na maioria das vezes os participantes dos mesmos

não têm a possibilidade da verdadeira participação, pois não podem ser

liberados do trabalho, o empregador vai achar uma “besteira”, faltar o trabalho

para opinar ou decidir algo para auxiliar na educação de seus filhos.

O foco principal que seria a criança acaba se perdendo neste jogo de

interesses ou falta de interesse.

É importante frisar que não se pode achar que é uma regra o que foi

explanado nos parágrafos acima, mas que infelizmente é o que se vê na

maioria das escolas.

A gestão escolar direciona e mobiliza o modo de ser e de fazer das

escolas, objetivando permanentemente a qualidade do ensino, sendo

importante frisar que o conceito de qualidade do ensino é algo cultural,

segundo Heloísa Lück que afirma que esta qualidade:

“[...] ganha conotações e nuances diversas em vários

contextos e ambientes. Em vista disso, a sua definição em

educação passa pelo exame dos fundamentos, princípios

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e objetivos educacionais e a natureza dos seus

processos. [...] torna-se importante aprofundar o seu

entendimento e construir a lógica da qualidade do ensino,

para além do apelo meramente verbal que tem sido

característica de discursos e documentos da educação.”

(LÜCK, 2010, p. 24)

Mas não basta apenas unir administração com qualidade de ensino para

se conceituar gestão escolar. Lück apresenta a gestão escolar como uma

mudança de paradigma, onde gerir supera administrar, onde gerir associa-se a

dimensão política e social, agindo em prol da transformação, cidadania,

autonomia, avaliação qualitativa etc.; a gestão não retira a importância da

administração, supera suas limitações.

A simples administração é um processo linear, racional e fragmentado,

onde a hierarquia está calcificada, a organização é sempre feita de forma

vertical, o que leva a um afastamento do idealizador de uma idéia da realização

da mesma. A administração tem objetivos utilitaristas, sem levar em conta a

dinâmica do processo, preocupando-se apenas com o resultado, ou seja, o

lucro.

Peter Drucker afirma que a administração é imprescindível em todas as

organizações, e que a função do grupo de pessoas que as administram é fazer

com que esta funcione bem.

“E em todas isso requer um trabalho específico: fixar

objetivos, metas e prioridades; organizar; selecionar e

colocar pessoal; medir resultados; comunicar e tomar

decisões; e assim por diante. E em todas elas é a

administração o órgão eficaz e ativo que faz com que haja

desempenho.” (DRUCKER, 2002, p. 13)

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Essa definição faz parte da gestão escolar, apenas parte de uma

dimensão muito maior que envolve a gestão educacional. Com certeza há a

necessidade do gestor definir previamente os objetivos que deseja alcançar,

listar metas, priorizar pontos dentro da área financeira principalmente, a fim de

proporcionar melhor bem estar à comunidade escolar, que inclui não só os

educandos como também professores, funcionários.

Dentro da área pedagógica é mister haver uma avaliação do que

verdadeiramente é importante para aquela comunidade, investigar suas

aspirações, suas prioridades, sem esquecer lógico, de valorizar toda suas

vivências e experiências, a fim de oferecer uma aprendizagem significativa,

metodologicamente que interesse à comunidade e dê à esta habilidades para

traçar seu “destino” com ética e cidadania.

Sobre gestão escolar Heloísa Lück afirma que:

“Os sistemas de ensino e as escolas, como unidades

sociais, são organismos vivos e dinâmicos, e na medida

em que sejam entendidos dessa forma tornam-se

importantes e significativas células vivas da sociedade,

com ela interagindo, a partir da dinâmica de seus

múltiplos processos. [...] a gestão não se propõe a

depreciar ou invalidar a importância da administração,

mas, sim, a superar as limitações de enfoque

fragmentado, simplificado e reduzido. Para ser efetiva, a

gestão baseia-se na administração e a propõe como uma

dimensão e área da gestão que possibilita o bom

funcionamento das demais dimensões, a redimensioná-la,

no contexto de uma concepção de mundo e de realidade

construída a partir de visão da sua complexidade e

dinamicidade, pela qual as diferentes dimensões e

dinâmicas são concebidas como forças na construção da

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24

realidade e sua superação, sem precisar reinventar a

roda.” (LÜCK, 2010, p. 50, 51, 53 e 54)

Algo muito importante na gestão escolar é que seja democrática, e para

que isso ocorra, é necessária a participação da comunidade escolar, na

tomada de decisões. Isso implica em autonomia, que se contrapõe a modelos

autoritários de administração.

O trabalho em equipe, onde as responsabilidades são distribuídas, é

muito importante, desde que o grupo apesar de suas individualidades, siga o

mesmo propósito, neste caso, que haja o comprometimento ético e profissional

em proporcionar aprendizagem significativa, desenvolvimento de habilidades,

atitudes e valores, que proporcione aos estudantes a construção de cidadania,

capacitando-os a serem sujeitos de seu conhecimento, capazes de transformar

suas realidades.

A relação escola/comunidade é importante, pois ajuda na resolução de

desafios cotidianos vivenciados na unidade escolar, como violência e até

mesmo permanência exitosa das crianças na escola. Mas para isso, é

necessário que a escola se veja como parte integrante da comunidade, logo,

que está sujeita a influências e transformações da mesma; assim como

também que a comunidade enxergue a escola como sua, na qual pode e deve

participar e cuidar.

Funcionários também têm seu papel na educação das crianças, através

do currículo oculto, são capazes e tem a responsabilidade de lutarem pela

qualidade de ensino. São pessoas com funções muito importantes, apesar de

infelizmente, nem sempre serem vistos dessa forma.

Se estiverem envolvidos verdadeiramente, de forma responsável, com a

qualidade de ensino; estes serão capazes de oferecer ideias, sugestões, de

uma ótica diferente, o que contribui muito para uma organização, um plano de

ação; e, também seriam capazes de oferecer um tratamento mais humano à

comunidade escolar.

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25

Professores têm um papel estratégico na escola, logo, deveriam receber

o devido reconhecimento, através da valorização profissional com salários

dignos e formação qualificada. Se este é responsável direto pela

instrumentação fundamental da cidadania, é imprescindível que ele seja um

cidadão.

Além de uma formação de qualidade, também é necessário que se

atualizem constantemente para corresponder às expectativas da sociedade

que se modifica a cada instante.

A realização do ensino não depende apenas da vontade do educando,

depende e muito, da vontade do professor, sendo ele relevante para qualquer

modificação ou transformação da escola, é necessário que tenha participação

efetiva na elaboração de projetos na escola.

A construção coletiva de um projeto político pedagógico é de suma

importância. Celso Vasconcellos afirma que o projeto político pedagógico se

define pelo tipo de ação educativa que se deseja realizar, quanto à sua

intencionalidade e a partir da leitura da realidade. Sendo assim é o caminho

para a construção da identidade da instituição.

Essa identidade da escola deve ser construída por todos que dela fazem

parte. Só assim se terá uma gestão participativa e democrática, pois os

idealizadores que incluem a equipe pedagógica, dirigentes, professores,

funcionários e comunidade, sentir-se-ão responsáveis por tudo que acontece

na escola.

Quando se constrói algo, no caso o projeto, que apresenta finalidades

pré determinadas por seus autores, lógico, com a possibilidade de mudanças,

há um compromisso dos que estão envolvidos, favorecendo para que esse dê

certo.

O projeto político pedagógico não pode reduzir-se apenas à sua

elaboração com o auxílio de todos e pronto. Na verdade é uma atividade de

ação e reflexão permanente, pois continuamente há que analisar a realidade

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26 escolar em suas condições concretas em busca de alternativas para solução

de problemas e resolução dos mesmos através de tomadas de decisões.

Através do projeto político pedagógico o gestor escolar norteia suas

ações, fugindo a possíveis improvisações. Deve ser considerado como um

instrumento de organização da escola, pois neste é instituído objetivos, modos

de agir, estruturas, hábitos, valores, procedimentos, atitudes, conteúdos, enfim,

o projeto orienta a prática de produzir uma realidade.

A produção da realidade ocorre primeiramente através da análise e

diagnóstico da realidade da escola presente, reflete-se sobre ela para então

definir objetivos e metas compatibilizando as diretrizes e políticas do sistema

escolar a fim de produzir uma nova realidade que atenda às prioridades

apontadas pela realidade concreta e compatibilizando com os recursos

humanos, materiais e financeiros disponíveis.

Faz parte do projeto político pedagógico a avaliação desse processo e

resultado previsto, tendo em vista a análise crítica do trabalho realizado e

reorientando-o caso necessário.

Logo, o projeto político pedagógico orienta a prática do gestor

objetivando que o mesmo atenda as especificações constituintes no projeto,

democratizando a gestão.

Uma gestão escolar democrática funciona com a participação de todos,

onde todos têm seu “papel”, todos têm para si a responsabilidade de lutar pelo

êxito escolar, pela melhoria da qualidade de ensino. Trabalhando assim, a

escola estará mais comprometida com a identidade de sua comunidade,

respeitando diferenças locais, concebendo uma escola participativa,

democrática e autônoma.

A gestão participativa é esse movimento, não decide por si só, ouve

diferentes segmentos, analisam as ideias juntos, a fim de chegar a um

consenso do melhor para todos. Tudo é pensado no coletivo. As

responsabilidades são dirigidas a todos.

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27

Uma escola democrática só existe com a participação dos segmentos

que compõe o processo educacional, a família, o governo e a sociedade, todos

precisam ser ouvidos. Sobre a participação de todos em busca do mesmo

ideal, Heloisa Lück sintetiza muito bem:

“A superação da visão burocrática e hierarquizadora de

funções e posições, evoluindo para uma ação coordenada

e horizontalizada, passa, necessariamente, pelo

desenvolvimento e aperfeiçoamento da totalidade dos

membros do estabelecimento de ensino, na compreensão

da complexidade do trabalho educacional e percepção da

importância da contribuição individual de todos, em

articulação com os demais, para a realização dos

objetivos comuns da educação e da organização coletiva.”

(LÜCK, 2010, p. 90 e 91)

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CAPÍTULO III

A QUALIDADE NO ENSINO

“Qualidade é, assim, questão de

competência humana. Implica

consciência crítica e capacidade de

ação, saber & mudar.”

(Pedro Demo, 1994, p. 19)

Qualidade como dito anteriormente depende do contexto, do ambiente.

Segundo Pedro Demo, a qualidade é um atributo humano, e o desenvolvimento

humano é o que melhor representa a marca humana.

Pedro Demo afirma que: “[...] buscar qualidade em qualquer instituição

significa trabalhar com seres humanos para ajudá-los a se construírem como

sujeitos.” (DEMO, 1994, p. 32)

Quando se fala em qualidade no ensino, busca-se a formação do

indivíduo de forma que possa fazer sua história e nela possa participar

ativamente.

No mundo capitalista em que se vive atualmente, é difícil acreditar que a

educação modifique a essência capitalista, que visa a mais-valia, ou seja, o

lucro a qualquer preço, através da exploração de trabalhadores e reduzindo

salários ao máximo. Mas, a educação pode diminuir os parâmetros dessa

exploração da mão-de-obra, e dar suporte à cidadania do trabalhador.

A base educativa comum inclui qualidade formal e qualidade política,

tanto no âmbito quantitativo, quanto no âmbito qualitativo; logo, saber ler,

escrever e contar apenas, já não é suficiente, não podem ser considerados os

mínimos suficientes. A questão da informação e da comunicação social hoje

em dia, é o foco.

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Informar-se é ter acesso ao conhecimento disponível e ter a capacidade

de reconstruir a todo o momento um horizonte informativo.

“Os conteúdos são fundamentais e sem conteúdos

relevantes, conteúdos significativos, a aprendizagem

deixa de existir, ela transforma-se num arremedo, ela

transforma-se numa farsa. [...] o domínio da cultura

constitui instrumento indispensável para a participação

política das massas. Se os membros das camadas

populares não dominam os conteúdos culturais, eles não

podem fazer valer os seus interesses, porque ficam

desarmados contra os dominadores, que se servem

exatamente desses conteúdos culturais para legitimar e

consolidar a sua dominação. [...] dominar o que os

dominantes dominam é condição de libertação.”

(SAVIANI, 2002, p. 55)

O saber da escola deve ser o mesmo do lado de fora, o indivíduo deve

saber o porquê do que está aprendendo, para quê e deve relacionar esse

ensinamento à realidade da vida.

Quando se fala em qualidade no âmbito quantitativo, significa dizer que

existe uma quantidade mínima de informação universalmente disponível, que é

tanto interdisciplinar, quanto matricial. Quanto ao âmbito qualitativo,

compreende-se o mínimo de qualidade em termos de aprofundamento e

atualização, liberadas em habilidades metodológico-propedêutica, que são

habilidades pertencentes à linha o aprender a aprender. Habilitar um indivíduo

a manejar e produzir conhecimento, está além de obter conhecimento puro e

simplesmente.

A formação básica segundo Pedro Demo une a horizontalidade com a

verticalidade do saber; logo, não basta saber um pouco de cada coisa, mas

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30 saber o que é necessário, ou seja, o “[...] saber estratégico, de teor

interdisciplinar e aprofundado, sobretudo propedêutico.” (DEMO, 2004, p. 30)

O professor como dito anteriormente é peça estratégica, mas é

necessário se repensar na formação deste profissional, que recebe uma

formação precária, desprovida de qualidade, ofertada através de cursos

arcaicos que se baseiam em simples transmissões de conhecimentos

copiados, a “educação depositária” segundo Paulo Freire. Logo, é difícil

proporcionar nas escolas uma educação de qualidade, se ele mesmo não a

recebeu.

O professor faz de sua aula um monólogo, onde ele se acha o dono do

saber e o educando deve ouvir, “aprender”, fazer a prova e ser promovido para

o próximo ano. Faz porque aprendeu assim, logo, não consegue fazer

diferente, ou, faz porque o importante é o salário no fim do mês, ou mesmo se

ouve muito frases como: Essas crianças não vão aprender mesmo!, Não

adianta ele não tem futuro!

A carreira profissional de professor também é desprestigiada

socialmente, não recebem salários adequados, o que ocasiona uma carga

horária de trabalho sobrehumana a fim de aumentarem seus salários e como

conseqüência não tem tempo para planejar, estudar, atualizar-se em curso de

especialização.

Se educação não é um ato neutro, é político, qualidade em educação

não pode ser pensada de forma abstrata, ou também não se pode pensar que

é inserir todas as crianças na idade adequada na escola, ou mesmo, mantê-los

dentro da escola de qualquer forma.

Qualidade educativa é o desafio de informar-se e manter-se informado.

Pedro Demo afirma que a formação básica ultrapassa a capacidade de ser

alfabetizado, que pode ser considerado apenas um pressuposto.

“Tem como finalidade principal dotar a pessoa da

capacidade de pensar crítica e criativamente, e de

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manter-se em estado ininterrupto de atualização. [...]

constitui referência fundamental realimentadora de todo

processo formativo, profissionalizante ou não, perfazendo

o papel essencial de espelho e iluminação do processo de

mudança. [...] formar-se e reciclar-se tornaram-se

sinônimos. [...] Ao repto de saber, une-se o de revisar e

refazer o saber, o que significa poder sempre informar-se

convenientemente. (DEMO, 2004, p. 33 e 34)

A avaliação também é um ponto muito importante a ser comentado

quanto à qualidade do ensino. A avaliação deve ser utilizada como prática de

investigação, o que pressupõe a interrogação constante e que pode revelar-se

como um instrumento de grande importância para professores que são

comprometidos com uma escola democrática.

Faz parte do trabalho docente julgar, não existe trabalho de avaliação

sem julgamento. Mas é importante frisar que quando se avalia um educando, o

professor coloca num espelho e a público o seu trabalho, realizando uma

autoavaliação.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, a avaliação é tida

como:

“[...] elemento integrador entre a aprendizagem e o

ensino; conjunto de ações cujo objetivo é o ajuste e a

orientação da intervenção pedagógica para que o aluno

aprenda da melhor forma; conjunto de ações que busca

obter informações sobre o que foi aprendido e como;

elemento de reflexão contínua para o professor sobre sua

prática educativa; instrumento que possibilita ao aluno

tomar consciência de seus avanços, dificuldades e

possibilidades; ação que ocorre durante todo o processo

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de ensino e aprendizagem e não apenas em momentos

específicos caracterizados como fechamento de grandes

etapas de trabalho.” (PARÂMETROS CURRICULARES

NACIONAIS, 2000, p. 83 e 84)

Logo, a avaliação não deve ser vista, ou melhor, utilizada como uma

forma de controle ou castigo, estigmatizando e excluindo o educando. A

mesma tem como finalidade a reflexão da prática do professor, propiciando

avanço, progressão, mudança, que resulta em aprendizagem.

Uma escola que educa para a cidadania utiliza a avaliação de forma

contínua e processual, pois, não acontece ao final de cada bimestre ou ano

letivo, acontece durante o processo de aprendizagem; de forma participativa,

pois envolve os pais, educandos e professores; investigativa e diagnóstica,

respeitando o processo de construção de conhecimento de cada educando e

valorizando sua “bagagem pessoal”; e, também se utilizando de variados

instrumentos, não só as provas.

Quando se utiliza testes, verifica-se o desempenho do indivíduo através

de situações previamente organizadas, mas, há que se concordar que nem

todos os objetivos educacionais, como situações que envolvam relações

sociais, podem ser avaliados através de testes.

Avaliar é uma forma de julgar tendo como base uma escala de valores.

Sendo que através da avaliação é possível unir quantidade com qualidade.

Quando se avalia no ponto de vista educacional não se pode referir-se apenas

a aspectos quantitativos da aprendizagem, mas também é imprescindível que

se valorize os aspectos qualitativos, que abrangem a assimilação de

conhecimentos e informações, como também atitudes, habilidades, interesses,

hábitos de estudo, ajustamento social e pessoal.

Logo, testes e provas, não são suficientes para avaliar um educando, é

necessário se utilizar outros instrumentos avaliativos ao longo de todo processo

educacional, já que a avaliação não deve ou deveria ser encarada de forma

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33 pontual e organizada, pois é um processo contínuo e sistemático; é funcional

pois se realiza em função de objetivos; é orientadora auxiliando o educando e o

professor a corrigir suas falhas e é integral, pois analisa os diversos aspectos

da aprendizagem de conhecimentos, habilidades, comportamento e

socialização do educando.

Esse tipo de avaliação, a qual é chamada de avaliação formativa, visa

diagnosticar avanços ou não, a fim de se intervir, com o intuito de redefinir a

prática pedagógica caso haja a necessidade.

Uma avaliação formativa auxilia tanto o professor quanto o educando,

levando-os a realizar uma autoavaliação, a fim de percorrer caminhos

adequados para alcançar uma aprendizagem significativa; a habilidade de

aprender a aprender; criar e recriar; informar-se; atualizar-se, enfim viver

cidadania.

“Em suma, os processos de organização e gestão das

escolas, a avaliação dos resultados por meio de provas

ou exames nacionais, a modificação dos currículos, os

modernos equipamentos – todos são fatores

imprescindíveis para promover a qualidade, mas eles

devem ser considerados como meios, não como fins. O

que as escolas precisam buscar, de fato, é a qualidade

cognitiva das experiências de aprendizagem dos alunos.”

(LIBÂNEO, 2008, p. 69)

Na escola que se deseja qualidade no ensino, o que pressupõe não só

aprender a aprender, mas também vivenciar a democracia, a cidadania, a

busca, interpretação e criação de informação; incentivo à pesquisa;

desenvolvimento de competências; preparação para o trabalho; respeito às

diferenças; acesso à cultura, dentre inúmeras finalidades, é bem pontuada por

José Carlos Libâneo que aponta cinco objetivos que sintetizam muito bem o

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34 processo tão complexo que é a educação, não qualquer educação. Mas, a que

atende à sociedade atual, que visa a qualidade no ensino.

“1. Promover o desenvolvimento de capacidades

cognitivas, operativas e sociais dos alunos [...], por meio

dos conteúdos escolares.

2. Promover as condições para o fortalecimento da

subjetividade e da identidade cultural dos alunos; [...]

3. Preparar para o trabalho e para a sociedade

tecnológica e comunicacional; [...]

4. Formar para a cidadania ética; [...]

5. Desenvolver a formação para valores éticos; [...]”

(LIBÂNEO, 2008, p. 53 e 54)

No primeiro objetivo a questão refere-se à formação do educando, com a

preocupação de torná-lo um ser pensante, assimilando os conteúdos, mas

também e principalmente utilizando-os para desenvolver a capacidade do

pensar.

No segundo objetivo há a importância em que o educando compreenda

o mundo cultural, respeite as individualidades dos outros e tenha respeito

consigo mesmo, aumentando sua autoestima, desenvolvendo sua

sensibilidade.

O terceiro objetivo implica em promover a inserção competente e crítica

no mundo do trabalho, também objetiva à preparação para o mundo

tecnológico e da comunicação, preparando-se para o mundo das informações.

No quarto objetivo há a preocupação em que o indivíduo capacite-se

para ser capaz de transformar sua realidade e que no trabalho seja crítico, ou

seja, não existe apenas a preocupação em se encaixar no mundo do trabalho;

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35 que exerça a cidadania dentro e fora da escola, sendo autônomo, participativo

e fazendo uso do diálogo em busca da justiça social e solidariedade.

No quinto objetivo a formação deve preocupar-se em propiciar

conhecimentos para que o educando adquira valores e critérios sobre

problemas da sociedade como questões raciais, de gênero, de minorias

culturais, sobre o meio ambiente, violência e outros.

Nesses objetivos fica claro a importância da escola e que essa ofereça

qualidade cognitiva da aprendizagem. A escola deve interagir com as práticas

sociais, sendo uma das impulsionadoras das transformações sociais.

Para Libâneo a qualidade na educação:

“[...] é aquela que promove para todos o domínio de

conhecimentos e do desenvolvimento de capacidades

cognitivas, operativas e sociais necessários ao

atendimento de necessidades individuais e sociais dos

alunos, à inserção no mundo do trabalho, à constituição

da cidadania, tendo em vista a construção de uma

sociedade mais justa e igualitária.” (LIBÂNEO, 2008, p.

66)

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36

CONCLUSÃO

Através do estudo foi possível explorar um pouco mais as mudanças que

têm ocorrido na sociedade atual. Mudanças essas que envolvem o âmbito

econômico, político, social e principalmente o âmbito informacional.

Vive-se em um mundo capitalista, e que a educação não irá transformá-

lo, mas que trabalhadores mais bem preparados, indivíduos pensantes, que

saibam solucionar problemas complexos, que se tornam sujeitos de sua própria

história, têm maiores condições de lutar por seus direitos, que não se resumem

ao sufrágio universal, vão além, direito de exercerem a verdadeira cidadania, o

que os faz não só ter, como criar direitos e deveres, em busca de uma vida

mais digna.

A educação apresentada aqui não se resume apenas como instrumento

de transmissão de conhecimentos adquiridos historicamente, mas também a

construção, elaboração de ideias. Além dessa concepção, a educação

possibilita o indivíduo a “aprender a aprender”; a buscar, refletir, criar e

atualizar-se a todo o momento através da informação.

A informação é algo de suma importância nos dias atuais, logo, aprender

a informa-se, pesquisando, filtrando o que é valioso ou não; conflitar

concordando ou discordando; recriar informação, é algo de muito valor

atualmente.

A verdadeira educação cria no indivíduo habilidades tecno-

metodológicas para formá-lo em um cidadão visando a dimensão individual e

social.

Na dimensão individual a formação é voltada para a própria

personalidade do educando, tornando-o capaz de usufruir de bens sociais e

culturais que são proporcionados aos cidadãos de uma sociedade democrática.

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Na dimensão social a formação não preocupa-se apenas com a

formação para o bem estar pessoal, e sim, o bem estar de todos, capacitando o

indivíduo a conviver com respeito às diferenças e individualidades de cada um.

Um gestor escolar que objetiva qualidade no ensino, pode dividir as

responsabilidades, o que não faz que perca o poder, até porque não se pode

perder o que não se tem, e fazendo isso é a escola que ganha o poder.

A escola se apropriando desse poder acaba pressionando o sistema

superior a conceber real autonomia e recursos para a mesma.

Uma escola que contempla essa educação, respeitando o trabalho do

professor, do gestor escolar, dos funcionários, educandos e da comunidade

conseguiria qualidade educacional? Infelizmente concluo que ainda há que se

caminhar bastante, pois o sucesso depende do comprometimento de cada

indivíduo que faz parte da escola, como também depende da ação do Estado,

um sistema maior, onde a escola está inserida.

Tendo compreendido o real significado de qualidade, que é algo único e

exclusivamente humano, onde esse busca a capacidade de tornar-se sujeito

ativo de sua história, é perceptível que a qualidade no ensino possa estar

caminhando a sua real concretude.

Acredito que não se trata de utopia, que um gestor escolar possa dirigir

junto com outros segmentos, uma escola com o objetivo maior que é

proporcionar qualidade no ensino. Tenho certeza de que isso não acontecerá

amanhã ou no próximo mês, pois sei que é difícil, romper com determinadas

acomodações.

Mas estou convencida de que se a formação, assim como a vida política

e social não estabelecerem, como dever fundamental, a criação de uma

sociedade verdadeiramente igualitária, pacífica, solidária, humana, enfim

democrática, permaneceremos em uma sociedade que maltrata, engana, que

exclui.

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É preciso que de uma vez por todas se compreenda e principalmente

que se valorize, investindo não só financeiramente, mas na formação dos

atores que compõe o corpo escolar.

Gestores escolares precisam estar preparados para assumir tamanha

responsabilidade, e isso envolve formação e comprometimento ético e

profissional com uma educação democrática, com qualidade no ensino, em prol

do desenvolvimento de uma sociedade composta por cidadãos.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I – ESCOLA, EDUCAÇÃO E SOCIEDADE 10

CAPÍTULO II – A GESTÃO ESCOLAR 19

CAPÍTULO III – A QUALIDADE NO ENSINO 28

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 39

ÍNDICE 41