UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO ... DE SOUZA FERRAZ MONTEIRO.pdf · traumática ou...
Transcript of UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO ... DE SOUZA FERRAZ MONTEIRO.pdf · traumática ou...
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “PSICOOMOTRICIDADE”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A importância dos jogos para o desenvolvimento motor e
emocional da criança
Por: Adriana de Souza Ferraz Monteiro
Orientador
Prof. Mary Sue
Rio de Janeiro
2004
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
2
PÓS-GRADUAÇÃO “PSICOMOTRICIDADE”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A importância dos jogos para o desenvolvimento motor e
emocional da criança
3
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, minhas irmãs, meu
esposo e a Deus por ter alcançado
mais este objetivo em minha vida.
4
DEDICATÓRIA
... Dedico a minha família, meu cônjuge
meus professores e meus
companheiros de turma por terem
apoiado e acreditado no meu potencial
a alcançar mais este objetivo em minha
vida.
.
5
RESUMO
As crianças necessitam de limites para senti-se em segurança, mais de limites
que se devem apenas ao perigo real que suas transgressões implicariam para
a integridade de seu organismo ou a dos outros.Ela não pode fazer tudo que
deseja não supõe tudo que deseja não supõe que não possa expressar seus
desejos, suas alegrias, seus pesares. A linguagem preexiste à fala, existe
antes da fala, nas mímicas, nos gestos, nas atividades corporais e sensoriais e
nas passividades pelos quais se estabelecem cumplicidades de sentido entre a
criança e as pessoas que a rodeiam. Quando essa comunicação não é
apreciada pelo adulto e ela não tolera o jogo contínuo.
Todos sabem que uma criança saudável é uma criança que se diverte que se
ocupa com qualquer coisa e explora tudo quanto está ao seu alcance.Privar
uma criança de brincar significa privá-la do prazer de viver.
Todo jogo é medidor de desejo, traz consigo uma satisfação e permite
expressar seus desejos aos outros, em jogos compartilhados.Quando as
crianças brincam entre si, as regras que decretam às vezes são mais excitante
do que a atividade do jogo mental ou físico.
6
7
METODOLOGIA
Os métodos utilizados para a realização desta monografia foram leituras
de livros, textos e aulas acompanhadas durante o período desta pós-
graduação.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - Teorias do brincar 11
CAPÍTULO II - A disciplina do jogo 16
CAPÍTULO III – Papel Pedagógico do jogo 22
CAPITULO IV _ O Jogo Psicomotor Relacional 26
CONCLUSÃO 30
BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional) 31
9
INTRODUÇÃO
O jogo e o brinquedo da criança não representam para ela o mesmo que o jogo e o divertimento para o adulto, passatempo com que ocupa o seu lazer.Brincar não é ficar sem fazer nada, pois ensina a criança a viver. O brincar leva a criança a sair do mundo real para o mundo da fantasia, da alegria, assim ela supri a dor, as ausências e a angustia do mundo da realidade. Através do brincar a criança desenvolve sua parte motora e emociona, descobre seu papel, seu lugar e seu limite, experimenta novas habilidades e forma um verdadeiro conceito de si mesma.É brincando que a criança aprende a distinguir seus desejos e fantasias da realidade (Piaget, 1932). Com os brinquedos aprende a utilizar os objetos, a coordenar seus movimentos, tornando-os mais precisos.É através de jogos e brinquedos que a criança encontra suas relações e uma forma pessoal de um lugar no grupo.(Piaget, 1932). Existem muitos tipos de atividades lúdicas e várias teorias para explicar seus propósitos. Através do brincar crescem e exercitam suas capacidades físicas, aprendem a respeito de seu mundo e fazem frente a emoções conflitantes (Diane E. Papalia, 1981). “O homem só é completo, quando brinca”, escreve Schiller, e a frase tem sido constantemente comentada.Arte, ciências e mesmo religião são freqüentemente jogos sérios.Brincar-se de pintar ou de rimar como se joga xadrez; e muitas outras obras que encantam gerações e gerações foram para seus autores meras brincadeiras.Admite-se até que o jogo se insinua em especulações aparentemente bem pouco preocupadas com a satisfação íntima que proporciona a conduta lúdica.Pelo jogo, com efeito, podemos abordar o mundo de nossa necessidade e de nossas técnicas, este mundo interessado
10
que nos ficha e nos estreita, escapamos da empresa do constrangimento exterior, do peso da carne, para criarmos mundos de utopias.”Colocamos então em jogos que admirável a ambigüidade do termo. Funções que a prática consideraria inúteis, nós nos realizamos plenamente entregando-nos por inteiro ao jogo” (Jean Chateau, 1987). Por motivo mais forte, o mesmo se dá com a criança que a solicitude adulta afasta dos contatos muito brutais das coisas inumanas.Para ela, quase toda atividade é jogo e é pelo jogo que ela adivinha as condutas superiores.”Para a criança, escreveu com a parede, o jogo é o trabalho, o bem, o dever, o ideal da vida. É a única atmosfera na qual seu psicológico pode respirar e conseqüentemente pode agir. A criança é um ser que brinca, joga e nada mais (Jean Chateau, 1987.)”.
11
CAPÍTULO I
TEORIAS DO BRINCAR
O CONCEITO
.
12
O brincar transcende a todos os níveis da vida de uma criança.Essa
atividade lúdica engaja as emoções, o intelecto, a cultura e o
comportamento.Diferentes teóricos explicam sua função de maneira diversa.
1.1 – Dinâmica cognitiva:
Piaget (1951) vê o brincar das crianças como um modo de aprender a
respeito de objetos e eventos novos e complexos, um modo de consolidar e
ampliar conceitos e habilidades, e um modo de integrar o pensamento com as
ações.A maneira pela qual as crianças brincam em dada ocasião depende do
seu estágio de desenvolvimento cognitivo.As crianças sensório-motor brincam
de um modo concreto, movimentando seus corpos e manipulando objetos
tangíveis.Quando desenvolvem a função simbólica, podem faz-de-conta que
existe uma que na realidade não existe; por assim dizer, podem brincar em
suas mentes ao invés de brincar com a totalidade de seus corpos.
Em termo piagetiano,a atividade lúdica é caracterizada pela
assimilação de elementos do mundo real ,sem restinção equilibradora de
aceitar as limitações de acomodação a eles “(Ellis ,1973,p.67).Em outras
palavras ,ao brincar, a criança não está desenvolvendo novas estruturas
cognitivas (acomodação),mas está tentando ajustar suas experiências a
estrutura preexistente (assimilação)”.
1.2 –Teoria psicanalítica:
13
De acordo com Freud (1924) e erickson (1950), brincar auxilia as crianças no
fortalecimento do ego. Através do brincar podem resolver conflitos entre o id e
o superego. Motivada pelo princípio do prazer, a brincadeira é uma fonte de
gratificação.É também uma resposta catártica de diminui a tesão psíquica e dá
a criança, domínio sobre experiências avassaladoras (quando a menina dá
uma injeção em sua boneca, isso auxilia a resolver os sentimentos de medo e
desamparo que ela própria sentiu da ultima vez que recebeu uma injeção).
A interpretação acentua a liberdade emocional obtida através da brincadeira.As
crianças brincam para diminuir, negar ou resolver temporariamente um
conflito.Na brincadeira, a criança recaptura a onipotência que uma vez
acreditou em possuir.Repete e assimila gradualmente uma experiência que foi
traumática ou uma afronta narcisista.
A repetição lúdica fornece passos essenciais, possivelmente indispensáveis
para a formação de conceitos.Freud define o pensamento como uma ação de
testes efetuadas com o gasto mínimo de energia, apontando as semelhanças
entre os processos de pensamento e a ação direta, buscando um denominador
comum, conseguimos uma compreensão melhor.Podemos ganhar alguma
coisa comparando as fórmulas da brincadeira com o ato de pensar?
De início a comparação parece ridícula, quase uma blasfêmia.Pensar é uma
forma de ação que respeita as leis da realidade.Brincar é, em larga medida,
racionalização de desejos e, como tal, ignora asa leis da realidade, passando
por um substituto “barato” do pensamento. Além disso, na atividade lúdica o
gasto de energia é grande.De fato, o extravasamento de energia em excesso
tem sido considerado a causa da brincadeira (a teoria de Schiller-Spencer).
14
Resolver um problema através da brincadeira parece o oposto de buscar uma
solução através do raciocínio. No entanto, ambos compartilham certas
características além da ausência de conseqüências diretas e imediatas no
mundo exterior.No pensamento pegamos elementos da realidade e os
variamos; o mesmo é feito na brincadeira, em que os passos assumidos podem
ser instantâneos. Pensar requer imaginação; e a brincadeira também.Coisas
que estão muito distanciada no espaço ou no tempo podem ser justapostas no
processo de raciocínio; a brincadeira também supera os obstáculos de tempo e
espaço com muita facilidade.Portanto, superamos vários aspectos de
experiência, em pensamento ou através da atividade lúdica, para estarmos
mais bem equipados quando ela se repetir ou quando decidirmos procura-la
novamente.
1.3 –Teoria da aprendizagem:
De acordo com Thorndike (em Kimble, 1961), brincar é uma
aprendizagem.Cada cultura ou subcultura atribui valores e recompensas a
diferentes tipos de comportamento de brincar das crianças reflete estas
diferenças.Roberts e Sutton-Smith (1962), estudaram diferenças no padrão
de criação de filhos em suas maneiras de brincar em três sociedades
diferentes.
.As crianças que foram criadas em culturas que realçam a responsabilidade
e a maneira de agir de acordo com o que foi recomendado, tendem às
brincadeiras de sorte.Estas respondem aos papéis passivos do participante
na vida e mantém a promessa livra-los da responsabilidade enfadonha de
suas vidas.As crianças de uma sociedade que valoriza realização ou
desempenho gostam de brincar de habilidades físicas. Elas podem competir
nisso de um modo distraído, já que o resultado é menos crítico do que o é
15
nos desempenhos prementes de suas vidas cotidianas. E as crianças
criadas para serem obedientes, tendem a brincadeira de estratégia.
Controlando os outros jogos ou brincadeiras, podem deslocar suas
tendências agressivas.
A infância é, portanto, a aprendizagem necessária à idade adulta.Estudar na
infância somente o crescimento, o desenvolvimento das funções, sem se
considerar o brinquedo, seria negligenciar esse impulso irresistível pelo qual
a criança modela sua própria estátua.
Não se pode dizer de uma criança “que ela cresce” apenas, seria preciso
dizer “que ela se torna grande” pelo jogo.Pelo jogo ela desenvolve as
possibilidades que emerge de sua estrutura particular, concretiza as
potencialidades virtuais que afloram sucessivamente à superfície de seu ser,
assimila-as e as desenvolve, une-as e as combina, coordena seu ser e lhe
dá vigor.
16
CAPÍTULO II
A DISCIPLINA DO JOGO
17
2.1 – A regra e a ordem:
A regra traz em si, uma moralidade social implícita no jogo tradicional. Essa
moralidade é passiva no sentido de que a criança obedece à regra sem discutir
seus fundamentos; as regras têm valor porque são partes integrantes da
sociedade.A criança não se interroga naturalmente sobre a sua origem e se
perguntada sobre isso, apela para os “veteranos”.Como na brincadeira de “mãe
na rua”: Um grupo de criança na faixa etário de 6 a 10 anos faz a escolha do
líder com o “par ou impar”.Após a escolha do líder, dividem-se em dois grupos
e cada grupo ocupa um lado da rua (calçada).O objetivo da brincadeira é
passar para o outro lado, sem ser pego pelo líder.A criança que não conseguir
atravessar e for pega, passará a ser o líder. Em nenhum momento da
brincadeira, ocorre a discussão sobre as regras do jogo e, quando ocorre o
veterano que resolve a situação, colocando uma nova regra.
Mas com essa moralidade pode casar com aquele desejo de afirmação da
personalidade, que é o princípio motor do jogo infantil?Não nos encontramos
diante de dois fatores opostos, uma fonte de passividade e conservantismo, a
outra fonte de espontaneidade e iniciativa?
Para captar a razão dessa existência paradoxal dos dois princípios, é preciso
compreender a natureza da regra do jogo.Veremos assim que obedecendo à
regra, a criança procura ainda afirmar o seu eu.Bem longe de serem os dois
antitéticos, a submissão á regra social é um dos meios de a firmação do eu
pudesse utilizar para sua realização. A regra é o instrumento da personalidade.
O amor à regra continua uma tendência profunda da alma infantil sobre a qual
os psicólogos ainda não pousaram suficientemente seus olhos. Parece-nos
geralmente que a criança é desordenada, que ela não sabe e nem que
18
submeter seus atos a uma regulamentação.Esforçamo-nos para habitua-la a
agir com método, a manter seus objetos em ordem, aparece-nos que a
atividade metódica que ela adquire pouco a pouco é unicamente efeito da
educação que recebe.
Será possível desenvolver essa necessidade de ordem, sem que haja uma
base anterior?
Quem diz que cultura na subtende um germe a desenvolver?Não pensemos ,
como acreditava Helvécios, que pela educação seja possível criar um ser
absolutamente novo. A criança não é uma tábua rasa a qual podemos
inscrever o que bem entendermos. Como não podemos de um loiro fazer um
negro, de um nervoso um fleumático, jamais podemos, quaisquer que sejam
nossos métodos, conseguir modelar inteiramente uma criança. O papel do
pedagogo
Não é e nem deve ser um criador, mas um jardineiro que sabe crescer
sementes.
Pode-se por tanto, com razão buscar na criança algum fundamento para essa
regra sem o qual raciocínio, método e moral não tem nenhuma
consistência.Montessori soube enfatizar a importância da questão, sem, no
entanto perceber tudo ao seu alcance.Ele observou na criança de 2 anos uma
necessidade de ordem que a impele a recolocar as coisas no lugar, que lhe faz
temer o que não é familiar; mas nessa ordem, parece-nos que é preciso ver a
origem mais importante da regra, e por extensão, da maior parte das atividades
superiores do homem.
De início, observa-se na criança uma ordem que rege as condutas mais
simples.Mesmo o animal é capaz de conduta desse gênero. Observa-se nos
animais verdadeiros raptos.”Os animais, mesmo o os mais solitários, se impõe
19
certos ritos: o que é o costume que têm os canídeos de rolar sobre si mesmo
antes de se deitarem? (Picard, p.191)”.
Rituais desse tipo são freqüentes entre bebês: uma criança chora porque é
colocada no banho sendo pega pela mão direita, e não esquerda como de
costume, uma outra porque esqueceram certos ritos da hora de ir para o
berço.Mas o jogo, um pouco mais tarde, nos fornece repetições que são como
esboço de ordem. Há, entre as crianças de um ou dois anos, jogos que
consistem em recomeçar, sem descanso, uma mesma atividade; como quando
ela brinca com bloco de armar: ela constrói um edifício para depois derrubar e
construí novamente.
A repetição de uma determinada palavra é muito freqüente e dá à repetição de
certos sons de certas sílabas pelo bebê. Alguns jogos tornam-se verdadeira
obsessão: uma criança de 8 anos bate até cem vezes as teclas de um piano
sem se cansar, uma outra não para de abrir uma caixa. Há períodos manifestos
do jogo: durante alguns dias uma criança se diverte deixando cair os objetos ou
sacudindo-os.Um aluno de escola de maternal é ainda muito voltado para
repetição, podendo, por exemplo, subir cem vezes seguida os três degraus de
uma escada. Esse amor à repetição explica o êxito inegável dos antigos
métodos de ensino da escritura: uma criança que repete um a numa página em
branco, não se cansa absolutamente como um adulto.
Os ritmos são uma repetição ainda mais precoce. Pose-se falar de ritmo vitais,
como o sono e a febre. O bebê gosta de ritmo, ele usa o ritmo musical para se
balança desde a idade de seis meses; para dançar, movimenta as pernas
cadenciamento; até seus balbucios seguem com freqüência, uma espécie de
ritmo.Mais tarde o ritmo acompanha muitas atividades escolares.Sabendo-se o
quanto é difícil e talvez inútil fazer uma criança recitar a tabuada de multiplicar
sem apelar para um ritmo vocal, não raro acompanhado de um balanço ritmado
20
do corpo. A lição para decorar apresenta a mesma característica. O valor de
alguns jogos repousa unicamente em seu ritmo como acontece com o de pular
corda e o de bola.
Não é de espantar que também o jogo das crianças maiores seja sempre
comandado por esse amor ao ritmo e á repetição.Pensemos nas maneiras
pelas quais elas se chamam para o jogo “quem quer brincar de... põe o dedo
aqui!” (e mostra sua própria mão “, formulas incansavelmente repetidas.
Pensemos naqueles jogos, como” lencinho branco “, em que o mesmo ritmo se
repete tantas vezes quanto sejam os participantes. Nessa brincadeira as
crianças formam um círculo e uma delas, escolhida anterior mente, dá voltas
ao redor do círculo com um lenço na mão, cantando” lencinho branco caiu no
chão moça bonita do meu coração, posso jogar? Ninguém vai olhar? Nesse
momento ela joga o lenço atrás de outra criança, e esta deverá correr para
pegá-la.
2.2 – Auxiliares de jogo:
Depois de estudarmos sobre o amor à ordem e a regra, percebemos que há
outros fatores que agem no exterior: o objeto, adulto e o grupo infantil. O
alpinista pode, em face de uma passagem difícil, saber que não há outro
caminho para descer; a situação lhe determina imperiosamente certo e gestos:
agarra-se nessa saliência, seguir esses atalhos, usar uma corda dupla. O vento
numa tempestade comanda a maneira de soltar ou não as velas.
Quando a criança usa auxiliares de jogo, deve, também ela, obedecer-lhe
contentemente.Sem dúvida acontece também com o objeto desempenhe
21
apenas um papel de suporte da imaginação, apenas um gancho para prender
os sonhos: a natureza da boneca importa menos do que as intenções da
criança que embala e alimenta. Uma vara pode ser também, de acordo com o
momento, um fuzil, cavalo, varinha de condão. Mas há objetos menos flexíveis,
cuja natureza o jogo deve levar em conta.
O melhor exemplo é a corda de pular. Essa corda tem um peso, uma
flexibilidade, um comprimento determinado. Se a estico, ela mal tocará o chão
e o movimento será excessivamente lento, se for muito flexível, desenhar
arabescos no ar e no não posso fazer nada. Mas desde que me convenha , eis
os meus gestos dirigidos de perto . Se pulo atrasado ou adiantado, a corda
pega meu pé, se quero maneja-las muito lentamente, ela não descreve um
círculo, e cai, se a faço rodar muito depressa, ela não segue mais os meus
movimentos. Os gestos de meus braços são então comandados como os dos
meus pés, e pés e mão devem mover-se em harmonia, num ritmo que depende
da corda.
CAPÍTULO III
22
PAPEL PEDAGÓGICO DO JOGO
Que o jogo pudesse conduzir ao trabalho, eis uma idéia que ficou muito tempo
obscuro.Entretanto, há algum tempo os pedagogos da escola nova a têm
sublinhado e utilizado.Mas, nessa utilização pedagógica tomar cuidado se não
se vê no jogo um encaminhamento para o trabalho, uma ponte lançada da
infância à idade madura, arrisca-se a reduzi-lo a um simples divertimento e a
rebaixar ao mesmo tempo a educação e a criança, desprezo essa parte de
orgulho e de grandeza humana que dá seu caráter próprio ao jogo humano.
23
Parece-nos então, para concluir este estudo, precisar bem mútuas entre jogos
e trabalho.
Entre os psicólogos, Groos foi o primeiro a insistir no papel do jogo como pré-
exercício.É muito claro que o jogo exercita não apenas os músculos, mais a
inteligência; dá flexibilidade e vigor, mas igualmente, proporciona esse domínio
de si sem o que se pode ser humano sem que seja de fato homem. Ele educa
mesmo os sentimentos, há jogos para não se ter medo, e os que consistem em
imitar o grande sentimento da vida humana (cerimônia das meninas). Não é
necessário insistir nesse papel do jogo como pré-exercício.
Mas há outro ponto sobre o que nos parece age os psicólogos têm sido muito
discretos. De início, o esforço do jogo. Jogar é quase sempre, dar-se uma
tarefa a cumprir, é cansar-se, e se esforçar para cumpri-la. Pode ser que a
tarefa consista unicamente em ganhar e bater a equipe adversária, mas ela
conserva ainda muito das características de uma tarefa, ela se impõe como
trabalho.
Escolher um jogo e se dar um trabalho, eu diria quase um dever. Ch.Buhler
afirma.”A criança que constrói alguma coisa com material aprende a aceitar e a
concluir um dever”. E admiramos, de passagem, a bela ambigüidade dessa
palavra dever. Um dever é uma tarefa escolar, mas também uma tarefa moral.
Ora o jogo/brincadeira nos dá um outro em outro, pelo valor que confere o alvo
fixado.Há no jogo um aprendizado da moral.
Os fins dos jogos ficam, sem dúvida, arbitrário, sobretudo na primeira idade,
mas são fins que, pela escolha emergem dos fins possíveis da atividade. É
preciso cumpri-los e cumpri-los bem. Fazer bem o que se faz, dirá o adulto.
24
Mas há mais quando a criança participa do grupo dos grandes, na sociedade
infantil, esse fim se lhe impõe como vindo de fora.
Aceitando participar do grupo de jogo, a criança aceita um certo código lúdico,
como por um contrato social implícito. “Quem joga, jurou”, diz Alain, essa
palavra penetra melhor a natureza profunda do jogo do que os volumosos
estudos de Groos. O jogo é um juramento primeiro feito a si mesmo, depois
aos outro, de respeitar certas instruções, certas regras. Essa fórmula é essa e
não outra aquela contém tais palavras e não outro nado pode fazer, já que jurei
respeitar fórmulas e regras. Poucas vezes a moralidade adulta estará tão
elevada; ela não será mais do que uma moralidade de instrução.Essa instrução
e esse dever de ser cumpridos. E o jogo é um esforço para se chegar a isso.
Tem-se muitas vezes chamado à atenção para o carácter penoso do
jogo.Vimos que se chega até o ascetismo. O jogo repete (e nunca se repetirá o
bastante), não é um mero divertimento. Na criança que brinca há um herói que
dorme, e que às vezes se descobre num instante. O jogo é muitas vezes
fatigante, às vezes esgota. Mas essa fatiga, esse esgotamento que provam o
seu valor.
Dentro desse aspecto, devemos nos lembrar dos jogos eletrônicos. “O objeto
de brincar” opera sobre o principio da recompensa aumentada. Em outras
palavras, a quantidade de trabalho que você realiza é pequena, comparada
com o resultado obtido.
25
CAPÍTULO IV
O JOGO PSICOMOR RELACIONAL
26
O papel do jogo na evolução infantil é sobre tudo a sua função para a
representação mental foram estudados por Piaget e Wallon. Com este último
autor também o jogo é visto como expressão emocional e de conflito, mas é
com a Psicanálise que ele adquire plenamente sua função simbólica em
psicoterapia.
A Psicomotricidade é herdeira de conceitos da Psicologia Genética e da
Psicanálise no que se refere à atividade lúdica.
Até se chegar a Psicomotricidade Relacional, que se define tecnicamente pelo
jogo livre e espontâneo que ela utiliza para abordar a vida fantástica,
privilegiando as expressões lúdicas corporais tônico-motor, há que se enfocar
um longo trajeto da utilização do jogo com terapia.
Num primeiro momento da evolução da Psicomotricidade houve uma influência
da psicanálise sobre a compreensão da etimologia do distúrbio psicomoteres,
dando-se ênfase ao conceito do corpo pulsional, libidinal, substrato e
27
revestimento do corpo funcional. A energia afetiva impulsionava a evolução
psicomotor.As técnicas utilizadas para a terapia tinham forma de brincadeira,
mais uma brincadeira divertida, com finalidade cognitiva. Não se falava ainda,
na área Psicomotricidade, em fantasia “marcadas” no corpo e, portanto, não se
dava liberdade a este para se manifestar e se expressar. Talvez só na vivência
de técnicas de relaxamento é que surgia neste nível das fantasias ligadas ao
corpo e do simbolismo corporal.
Em 1974, depois de um período de interesse de vários psicanalistas pela
Psicomotricidade, o que os levou escrever sobre seus conceitos e técnicas e,
inclusive, a dar supervisão aos psicomotricistas que já permitiam ocorrer à
expressão corporal mais livre em suas sessões, aconteceu a grande virada da
Psicomotricidade.
A partir daí, sob a influência da psicanálise, a Psicomotricidade enfatiza a
relação e a transferência no setting terapêutico. Fala-se em fantasias,
fantasmas, projeção, atividades psicomotoras livre e atividade tônica-motora
expressiva.
É nesta ótica que André Lapierre começa a utilizar o jogo corporal livre e
espontâneo abordagem de Psicomotricidade Relacional.Diz ele, na sua
entrevista “O jogo como Terapia”.
“Brinca-se com os objetos (bola, bambolês, cordas, tecidos papelão, papeis,
etc...) sem objetivos [eu complemento, pedagógico] e sem regras [completo: no
sentido de regras de jogos socializados]. As relações se estabelecem nos
encontros que ocorrem segundo o acaso. Consciente ou inconscientemente
cada um projeta ai seus fantasmas. Identifica-se ou identifica o outro com
28
imagens projetivas. O sentimento ligado originalmente às imagens projetivas
parentais se transfere sobre o animador e sobre os outros participantes. Isto
ocorre como uma espécie de jogo de papéis, mas de modo diferente das
dramatizações clássicas... os papéis parecem espontaneamente na ação e
podem flutuar e até mesmo se inverter no curso da evolução das situações
vivenciadas... É um encadeamento se situações imprevistas que provocam
uma resposta corporal imediata... A partis desta situação analógica vão
reaparecer e se exprimir os conflitos subjacentes, ligados, freqüentemente, às
imagens parentais”.
O instrumento da Psicomotricidade Relacional é o jogo livre, espontâneo, não
dirigido e sem julgamento. O psicomotricista o observa e decodifica.Isto lhe
permite definir, através do jogo de papéis (dramatização espontânea) e da
repetição de comportamento da criança para enfrentar ou desviar-se de seus
conflitos e dificuldades.
29
CONCLUSÃO
Através deste trabalho conclui que a atividade lúdica exerce grande influência no desenvolvimento social e emocional da criança. A criança quando brinca, tonifica seus prazeres e torna sua vivência mais feliz Leva a criança a sair do mundo real de dor para entrar no mundo simbólico, da fantasia, da ausência e da angustia.Cada vez que a criança a brinca vai deslocando seu sentimento, o sofrimento para a alegria.
O jogo, assim como a brincadeira, é por natureza, imaginário e
onipotente.Negando o princípio da realidade, o jogo remete ao princípio do
prazer, portanto aos processos primários. O jogo funciona no modo do
pensamento analógico, que é também, como vimos, o modo de pensamento do
inconsciente ou semiconscientes: o bastão se torna fuzil, espada, a caixa se
torna casa, carro, barco... ou qualquer coisa, segundo a fantasia do momento.
Aí já podemos divisar a presença de motivações inconsciente. Não é por acaso
que a caixa se torna casa para um e barco para outro.Esse objeto, como
significante, evoca para relação aos sentimentos.
A criança que não brinca não joga há uma grande possibilidade de na fase
adulta, não ter uma formação estrutural, pode não ter noção de sua estrutura e
importância na sociedade.É fundamental para a estrutura de desenvolvimento
da criança o brincar, o jogar.
30
31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
AROWILLOX, J.C, A Entrevista com criança.Rio de Janeiro: Ed. Guanabara,
1975.
PAPALIA, Diane E., O Mundo da Criança, São Paulo: Ed. Mc Graw do Brasil,
1981.
CHATEAU, Jean, O Jogo em Desenvolvimento.São Paulo, Ed. Summer, 1987.
LAPIERRE, André. Da psicomotricidade relacional à análise corporal da
relação.Ed.UFPR.
CABRAL,V.Suzana, Psicomotricidade Relacional.Ed. Revinter
DOLTO, Françoise. As Etapas Decisivas da infância. São Paulo, Martins
Fontes, 1999.
32
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
(TEORIA DO BRICAR) 11
1.1 – Dinâmica Cognitiva 12
1.2 – (Teoria Psicanalítica) 13
1.3 – Teoria da Aprendizagem 14
CAPÍTULO II
(A DISCIPLINA DO JOGO)
2.1 _ A Regra e a Ordem 15
2.2 _ Auxiliares de Jogo 16
CAPÍTULO III
(PAPEL PEDAGÓGICO DO JOGO) 17
CAPÍTULO IV
(O JOGO PSICOMOTOR RELACIONAL) 18
CONCLUSÃO 19
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 20
ÍNDICE 21
33
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia: A Importância dos Jogos para o Desenvolvimento
Motor e Emocional da Criança
Autor: Adriana de S. Ferraz Monteiro
Data da entrega: 25/07/2004
Avaliado por: Conceito:
34
ATIVIDADES CULTURAIS