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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSO”
A ARTE DE SER PROFESSOR
POR
THAINÁ FRAGA DA MATA
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
A ARTE DE SER PROFESSOR
OBJETIVOS:
Esta publicação atende a complementação
didático pedogógica de metodologia de
pesquisa e a produção e desenvolvimento
de monografia, para o curso de
pós-graduação, por Thainá Fraga da Mata
3
AGRADECIMENTOS
A professora Maria Esther, que com muita dedicação me orientou na construção do
presente objeto de estudo.
A minha família, que sempre me auxiliou nos momentos de dificuldades.
Aos meus amigos, tesouros mais preciosos que recebi de Deus, que direta ou
indiretamente me ajudaram.
Ao meu noivo Renato da Costa Rodrigues, que se manteve paciente em relação às
minhas ausências.
A Deus, aquele que me deu a vida e permitiu que eu pudesse concluir este curso de
Pós-graduação.
4
DEDICATÓRIA
Pra todos os educadores, professorandos
outras pessoas que desejam conhecer
entender um pouco como é a Arte de Ser
Professor.
5
RESUMO
Professor que profissional é esse? Qual o seu papel? Como está sua atuação e sua
formação?
Foi a partir dessas questões, que se iniciou o presente estudo bibliográfico, que tem
por objetivo, analisar e refletir sobre questões relacionadas à docência do professor e
levar o leitor a conhecer um pouco mais a fundo, que profissional é esse.
Outro tema que estarei analisando diz respeito ao papel na formação do
profissional, buscando refletir suas ações e avaliando também a sua postura dentro dessa
perspectiva.
Esta pesquisa ainda destaca a atuação do docente na sociedade, partilhando um
pouco do olhar de educadores.
Este estudo se finda, com uma discussão que se refere a como anda a sua formação
enquanto professor, de modo que nos leve a repensar o que se tem feito ou buscado para
ser um professor melhor e mais atualizado.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I - QUEM É ESSE PROFFISSIONAL? 9
CAPÍTULO II - QUAL O SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DO
PROFISSIONAL? 12
CAPÍTULO III - COMO ESTÁ SUA ATUAÇÃO NA SOCIEDADE? 22
CAPÍTULO IV - COMO ESTÁ SUA FORMAÇÃO? 26
CONCLUSÃO 32
BIBLIOGRAFIA 33
7
INTRODUÇÃO
Ser professor é uma Arte e para exercer de forma significativa esta função, é
preciso ser um excelente artista.
Se pararmos um pouco para analisar como tudo acontecia antigamente, poderemos
nos deparar com alguns exemplos que merecem nossa atenção e nos farão refletir nossas
atitudes.
Voltando nos primórdios da cultura grega, podemos notar que já naquela época, o
professor se encontrava em uma posição de importância vital para o amadurecimento da
sociedade e a difusão da cultura.
As escolas de Sócrates, Platão e Aristóteles, demonstram a habilidade que tinham
os pensadores para discutir os elementos mais fundamentais da natureza humana. Não
perdiam tempo com conteúdos engessados. Discutiam o que era essencial. Sabiam o que
era essencial porque viviam da reflexão e a aula era o resultado de um profundo processo
de preparação.
Sócrates andava com seus alunos e ironizava a sociedade da época com o objetivo
de fazê- los pensar, de provocar-lhes a reflexão, o senso crítico. Não se conformava com a
arrogância de quem acreditava que tudo sabe e portanto, nada mais há que mereça ser
estudado ou refletido.
Olhando para o exemplo de Jesus, notamos como foi eficiente e eficaz em sua
missão.
Jesus Cristo, o maior de todos os mestres da humanidade, contava histórias,
parábolas e reunia multidões ao seu redor, fazendo uso da pedagogia do amor. Quem era
esse pregador que falava de forma tão convincente, ensinava sobre um novo reino e olhava
nos olhos com doçura e autoridade de um verdadeiro mestre? A multidão vinha de longe
para ouvi-lo falar, para aprender sobre esse novo reino e sobre o que seria preciso fazer
para alcançar a felicidade.
O grande mestre não precisava registrar as matérias, não se desesperava com
conteúdos a ser ministrado nem com a forma de avaliação, se havia muitos discípulos ou
não. Jesus sabia o que queria. Ele queria construir a civilização do amor. E assim navegava
em águas tranqüilas, na maré correta, com a autoridade de quem tem conhecimento, de
quem tem amor e de quem acredita na própria missão.
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Sócrates e Cristo foram educadores e formaram pessoas melhores. Não há como
negar que os negar que os numerosos profetas ou simples contadores de história
conseguiram tocar e educar muito mais do que qualquer professor que sabia tudo o plano
curricular e tudo o que o aluno deve decorar para o aluno ser promovido.
Ninguém foi obrigado a seguir a Cristo, não havia lista de presença nem chamada, e
mesmo assim a multidão se encantava com seus ensinamentos. Ele tinha o que dizer e
acreditava no que dizia, por isso, foi tão marcante.
Meu intuito com este trabalho de pesquisa é contribuir com Professores ,
professorandos ou até mesmo aqueles que desejam descobrir um pouco sobre a “Arte se
der Professor”, convidando-os a refletirem sobre suas práticas, suas posturas e seu
aprimoramento no que diz respeito a educação.
Tenho também por objetivo, analisar e refletir sobre questões relacionadas à
docência do professor, suas funções e levar o leitor a conhecer um pouco mais que
profissional é esse.
Assim o estudo é organizado, inicialmente discutindo sobre quem é esse
profissional, prossegue com uma outra discussão voltada para o papel na formação do
profissional e como está sua atuação na sociedade e se finda trazendo também um pouco
de como anda a formação do docente.
Ao final será apresentada uma conclusão , afim de mostrar ao leitor que o professor
precisa acreditar no que diz e no que faz, precisa ter convicção em seus ensinamentos para
que o aluno também acreditem e se sintam envolvidos e precisa principalmente de preparo
para ir no rumo certo e alcançar os objetivos que almeja.
9
CAPÍTULO I
QUEM É ESSE PROFISSIONAL?
Segundo GADOTTI (1998), a postura do novo professor faz com que ele se
transforme em um profissional do encantamento, e ao dominar a arte de
reencantar, abre os olhos dos educandos para a capacidade de envolver-se e
mudar.
Refletindo sobre a citação acima, somos convidados a analisar se ser
professor hoje, é mais fácil ou mais difícil do que era a algum tempos atrás.
Analisando e pensando um pouco nesta questão, entendo que ser
professor, nos dias atuais é diferente. Diante dos novos paradigmas e com o
surgimento de novos desafios, fica cada vez maior a necessidade de reavaliar a
prática pedagógica e a atitude do profissional da educação.
Segundo GADOTTI, a visão que se tinha do professor, eram as imagens do
mestre, o consideravam como um herdeiro do escrivão (escriba), também
caracterizado como o legatário do monge. Era o “dono” do saber.
Infelizmente, ainda hoje, encontramos alguns profissionais que trazem
essas características rançosas e acreditam que é dessa mesma forma a qual
foram ensinados, que deverão ensinar.
Atualmente muito se discute, sobre que tipo de professor você é, que
metodologia você adota ou que linha teórica você segue. Porém, mesmo com
tanta diversidade de opiniões e com tantas propostas inovadoras, percebe-se que
boa parte dos docentes, continuam vestindo a “máscara de palestrantes”, como
cita PIMENTA (2002), em seu livro Docência em formação.
Diante de tudo isso, chego a conclusão de que ser professor hoje, para
alguns é bem fácil, pois só reproduzem falas de alguns teóricos, reaproveitam o
planejamento do ano anterior e ainda fazem questão de dar as mesmas “provas”,
que utilizaram em outros anos para diversificar um pouco. De modo que para
outros, é bem mais trabalhoso, por que requer pesquisa, um planejamento, e tudo
isso é bem mais trabalhosos.
Graças a evolução da mentalidade humana, alguns de nós docentes,
passamos a compreender e aceitar, que ninguém é professor de tudo. E quem se
10
acha professor de tudo, é professor de nada, ou seja, não é professor, não é um
bom professor.
Mais uma vez, somos convidados a pensar e até a voltar em nosso
passado, quando estudávamos e tínhamos professores altamente rigorosos e
ditadores e ao meu ver, cruéis castigos físicos.
Certamente você, assim como eu, passou por uma experiência dolorosa,
de ter que fazer tudo que lhe era imposto, sem questionar ou argumentar, pois
nós enquanto alunos, não tínhamos a liberdade de expor nossos sentimentos e
vontades. Aprendemos ou decoramos os conceitos que à nós foram depositados,
à base de “terrores psicológicos e reguadas”. Tivemos uma experiência escolar
sobre pressão, marcada por professores que nos deixaram marcas negativas.
Hoje em dia, não sofremos tantos “terrores físicos”, mas os psicológicos ainda
desmotivam e levam a evasão.
Entende-se que o bom professor, consequentemente, é aquele que é
capaz de estar sempre interagindo com o que se passa no mundo e se mantendo
atualizado em relação às inovações da sociedade, da cultura, da ciência, da
política e da essência da vida. Para isso o docente precisa buscar definição para
o que faz e proporcionar novos sentidos para o fazer dos seus alunos. Colocando-
se nessa postura, o professor deixará de ser um “lecionador repetidor” de
conceitos prontos e sem significado, para ser um organizador do conhecimento e
da aprendizagem.
Ao buscar novos caminhos como organizador do conhecimento e da
aprendizagem, o docente troca de lugar com o discente, passando a ser um
aprendiz permanente, um construtor do saber, buscando sempre planejar,
organizar o currículo, pesquisar, estabelecer estratégias para resolver problemas,
adotando uma “pedagogia problematizadora”.
É fato, que em suas tentativas e tropeços, um professor aprende, consegue
vitórias, supera seus fracassos e acaba adquirindo um saber por experiência.
Este é o grande lance para se ensinar com arte, com lógica, e com prazer.
Seja para a vida, ou para o trabalho, a arte de ensinar está em saber
ensinar o fundamental, utilizando a “pedagogia do afeto”, e ao fazê-lo com
dedicação e amor, de uma maneira inesquecível, interagindo, dialogando, chega-
11
se às experiências transformadoras, as experiências que deixam marcas
positivas.
Mas será que nós enquanto docentes, estamos tendo essa mesma
postura? Quantos discentes já passaram por nossas mãos e em quantos deles
deixamos marcas de grandes experiências transformadoras?
Será que alguns deles foram vítimas da falta de conhecimento por parte de
seus professores, com relação às novas propostas de ensino ou foram vítimas da
crueldade que sofremos quando fomos ensinados e hoje fazemos questão de
manter viva essa amarga experiência?
Devemos ter em mente sempre, que quem dá significado ao que
aprendemos é o contexto. Aprende-se o que é significativo para o plano de vida
de cada um individualmente.
A educação, para ser transformadora e emancipatória, precisa estar
centrada na vida. E como GADOTTI (1998) já dizia, é reconhecendo o aluno
como sujeito de sua aprendizagem e interagindo com ele, é que estabelecemos
uma relação afirmativa.
Essa afirmação do homem como sujeito de sua própria história, comprova
que ninguém se realiza sozinho, nós nos realizamos no encontro e nas
interações, e descobrimos novas formas de encantamentos nas novas
experiências.
Cabe a nós professores respondermos ou pensarmos em algumas
questões importantes: Quem sou eu enquanto professor na Arte de ensinar? E
quem é você? O que fizemos e o que fazemos diariamente nos nossos encontros
e nas nossas interações com o nosso grupo? Será que estamos orientando o vôo
como nos sugere FREIRE (1996) ou estamos cortando asas e empurrando
penhasco à baixo os nossos futuros colegas profissionais?
Estamos no século XXI e será realmente que estamos acompanhando as
mudanças, as novas proposta ou continuamos vivendo ainda no passado?
Estamos nos deixando levar pelo mais prático ou estamos buscando nos reciclar
e enriquecer o nosso conhecimento afim de partilhá-lo com os nossos alunos?
Nessa rede chamada educação, tecida por várias mãos, com alguns nós,
buracos, ou até pontos falsos, que profissional é você?
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CAPÍTULO II
QUAL O SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL?
A influência dos pais no desenvolvimento da personalidade dos filhos é
incontestável, já que há tempos vem sendo objeto de discussões, estudos e
teorias. Mas o que podemos dizer do papel do professor? Sua influência sobre o
desenvolvimento da personalidade do aluno é relevante?
A resposta é sim. O professor exerce função não menos importante do que
a dos pais no desenvolvimento da personalidade.
Se pensarmos um pouco lá onde tudo começa, na infância, perceberemos
o quanto o professor tem um papel importante nas primeiras fases escolares de
ensino e como ela irá refletir na educação do jovem ou do adulto universitário.
Sabe-se que é ao longo da infância, a criança vai lentamente lutando pela
liberdade de sua consciência individual. Nesta luta, a escola exerce um papel
fundamental por ser o primeiro ambiente que a criança encontra fora da família e
neste ambiente é inevitável que os companheiros substituam os irmãos, o
professor o pai, a professora a mãe.
O professor deverá estar consciente deste papel e da sua importância.
Deverá entender que sua tarefa não é apenas inserir na cabeça das crianças um
número crescente de ensinamentos e sim, antes de tudo, exercer certa influência
sobre a personalidade, como um todo.
A atuação do professor sobre a personalidade da criança é, em alguns
casos, mais importante do que as atividades curriculares. Visto desta maneira, o
professor é a ponte mais importante da passagem do mundo infantil para o
mundo adulto, pois junto com os pais, os professores são responsáveis pelo
encorajamento ao crescimento e independência das crianças.
Ouvimos muitas vezes que o adolescente está destinado para o mundo e
não para permanecer agarrado a seus pais. Mas como introduzir este jovem no
mundo adulto de maneira segura e sem traumas?
Tanto professor de séries iniciais quanto um professor universitário, tem aí
o centro de sua função social, porém como personalidade e não como um mero
transmissor de conhecimento. A tarefa é difícil. Por isso o professor deve estar
13
preparado psicologicamente para exercer plenamente suas funções com
responsabilidade e harmonia.
Entendo que o professor deverá antes e mais nada ser um cidadão que
cumpre seus deveres e como tal, deverá ser uma pessoa correta e sadia. O bom
exemplo é o melhor método de ensino, uma vez que ocorre espontaneamente e
inconscientemente, onde a personalidade do professor se sobrepõe ao método
adotado.
Se o professor estiver psicologicamente sadio e entender que sua função
no mundo vai além de simplesmente encher as cabeças das crianças com
matérias e mais matérias, certamente iremos ter crianças, jovens e adultos mais
saudáveis, ou melhor, vamos ter adultos de verdade, preocupados com si
mesmos e com os outros, respeitando-se mutuamente e com um bom
desempenho universitário.
Neste sentido, se os professores se preocupassem com sua própria
educação psicológica, o benefício seria revertido indiretamente na educação da
criança ou do adulto.
A educação do adulto referida acima está ligada diretamente ao seu
autoconhecimento e este se dá com a análise profunda de seus sentimentos
como os medos, temores, incertezas, raiva, etc.
Não podemos varrer sentimentos que nos perturbem para baixo do tapete,
pois cedo ou tarde esta “sujeira” acumulada invadirá nossas vidas nos momentos
menos adequados e aí, nos farão estagnar diante dela.
O docente é o grande agente do processo educacional. A alma de qualquer
instituição de ensino é o professor. Por mais que as escolas ou universidades
invista na equipagem de seus laboratórios, bibliotecas, anfiteatros, quadras
esportivas, piscinas, campos de futebol, sem negar a importância de todo esse
instrumental, tudo isso não são mais do que aspectos materiais se comparados
ao papel e à importância do professor.
Ser professor é ter luz própria e caminhar com os próprios pés. Não é
possível que ele pregue a autonomia sem ser autônomo; que fale de liberdade
sem experimentar a conquista da independência que é o saber; que queira que
seu aluno seja feliz sem demonstrar afeto. E para que possa transmitir afeto é
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preciso que sinta afeto, que viva o afeto, pois ninguém dá o que não tem. O copo
só transborda quando está cheio;
O mestre tem de transbordar afeto, cumplicidade, participação no sucesso,
na conquista de seu educando; o mestre tem de ser o referencial, o líder, o
interventor seguro, capaz de auxiliar o aluno em seus sonhos, seus projetos.
Entendo que esse seja um dos principais papéis do professor.
O docente que se busca construir é aquele que consiga de verdade ser um
educador, que conheça o universo do educando, que tenha bom senso, que
permita e proporcione o desenvolvimento da autonomia de seus alunos. Que
tenha entusiasmo e paixão por sua docência, que vibre com as conquistas de
cada um de seus alunos, não descriminando ninguém, que também não se
mostre mais próximo de alguns, deixando os outros à deriva e principalmente, que
seja politicamente participativo, que suas opiniões possam ter sentido para os
alunos, sabendo sempre que ele é um líder que tem nas mãos a responsabilidade
de conduzir um processo de crescimento humano, de formação de cidadãos, de
novos líderes.
Aos meus olho é quase impossível acreditar alguém possa se tornar um
professor perfeito, aliás aquele que se acha perfeito, e que nada mais tem a
aprender, acaba de transformando num grande risco para a comunidade
educativa, pois se tornará um “ignorante” dos novos conhecimentos.
E no mundo do conhecimento não existe o ponto estático, ou se está em
crescimento, ou em queda. Aquele que se considera perfeito estará sempre em
queda livre, porque será incapaz de rever seus métodos, de ouvir outras idéias,
de tentar ser melhor.
A grande responsabilidade para a construção de uma educação cidadã
está nas mãos do professor. Por mais que o diretor ou o coordenador pedagógico
tenham boa intenção, nenhum projeto será eficiente se não for aceito e
principalmente abraçado pelos professores, porque é com eles que os alunos têm
maior contato.
Vejamos o que diz o artigo 13 da LDB sobre a função dos professores:
15
“Artigo 13 - Os docentes incumbir-se-ão de:
I. participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento
de ensino;
II. elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica
do estabelecimento de ensino;
III. zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV. estabelecer estratégias de recuperação dos alunos de menor
rendimento;
V. ministrar os dias letivos e horas- aula estabelecidos, além de participar
integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao
desenvolvimento profissional;
VI. colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias
e a comunidade. “
Nota-se que o papel do professor, segundo a LDB, está muito além da
simples transmissão de informações. Dentro do conceito de uma gestão
democrática, ele participa da elaboração da proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino, isto é, decide solidariamente com a comunidade
educativa o perfil de aluno que se quer formar, os objetivos a seguir, as metas a
alcançar. E isso não apenas no tocante a sua matéria mas toda a proposta
pedagógica.
A LDB discorre sobre a elaboração e o cumprimento do plano de trabalho,
trazendo à tona a organização do professor e a objetividade no exercício de sua
função. A respeito da aprendizagem dos alunos, fala em zelo no sentido de
acompanhamento dessa aprendizagem, que se dá de forma heterogênea,
individual.
Zelar é mais do que avaliar, é preocupar-se, comprometer-se, buscar as
causas que dificultam o processo de aprendizagem e insistir em outros
mecanismos que possam recuperar os alunos que apresentem alguma espécie
de bloqueio para o aprendizado.
16
O professor só conseguirá fazer com que o aluno aprenda se ele próprio
continuar a aprender. A aprendizagem do aluno é, indiscutível e diretamente
proporcional à capacidade de aprendizado dos professores. Essa mudança de
paradigma faz com que o professor não seja o repassador de conhecimento, mas
orientador, aquele que zela pelo desenvolvimento das habilidades de seus alunos.
Não se admite mais um professor mal formado ou que pare de estudar.
O artigo termina falando da colaboração do professor nas atividades de
articulação da escola, com as famílias e a comunidade. Aliás, para que o
processo de aprendizagem seja eficiente, os fatores sociais precisam participar e
essa articulação é imprescindível.
A parceria escola/família, escola/comunidade é vital para o sucesso do
educando. Sem ela a já difícil compreensão do mundo por parte do aluno se torna
cada vez mais complexa. Juntas, sem delegar responsabilidades, a família, a
escola, a comunidade podem significar um avanço efetivo nesse novo conceito
educacional: a formação do cidadão.
O professor que não prepara as aulas desrespeita os alunos e o próprio
ofício. É como um médico que entra no centro cirúrgico sem saber o que vai fazer
e sem instrumentação adequada. Tudo na vida exige uma preparação.
Uma aula preparada, organizada, com o conteúdo refletido muito
provavelmente será bem sucedida. Aula previamente preparada não significa aula
engessada: não lhe dará o direito de falar compulsivamente, sem permitir
intervenção do aluno, não dialogar com a vida, não dar ensejo a dúvidas; o
professor não deixará de discutir outros temas que surgirem apenas porque tem
que cumprir o roteiro de aula que preparou. Pode até ocorrer que ele dê uma aula
diferente daquela que planejou, mas isso é enriquecedor.
Preparação é planejamento. Muitos professores fazem o planejamento do início
do ano de qualquer maneira, apenas para cumprir exigências formais. É
lamentável. Se o professor investir tempo refletindo cada item de seu
planejamento, sem dúvida terá muito menos trabalho durante o ano para o
cumprimento de seus objetivos porque planejou, sabe onde quer chegar, sabe o
tipo de habilidade que precisa ser trabalhada e como avaliar o processo do aluno.
17
Até que ponto o professor é responsável por esse processo, por essa re-
reflexão? Qual o seu papel e o seu compromisso? Propomos refletir esse papel à
luz da pedagogia construtivista, que reúne em sua fundamentação o perfil
pedagógico de Rogers, Piaget, Vygostky, Freire, Gadotti, Giussani e outros.
Segundo o humanista Carl Rogers (1978), o professor deve ser autêntico,
paciente, compreensivo e empático. Rogers preocupa-se com o aspecto humano
na relação professor- aprendente, pois o amor (o afeto do professor) é a base que
dá suporte à aprendizagem, isto é, à re-flexão.
As pesquisas atuais de Gollerman, autor do best-seller "Inteligência
Emocional", mostram que as emoções realmente são muito importantes. O mundo
hoje está necessitando mais das pessoas equilibradas emocionalmente do que de
pessoas com alto nível intelectual. É necessário até uma "alfabetização" das
emoções (Celso Antunes).
Sem dúvida alguma, o "clima" da sala de aula, onde passa grande parte do
seu dia, contribui muito para "formá-lo" emocionalmente.
Piaget, Vygotesky, Freire, Gadotti e Giussani consideram a vivência daquilo
que o meio pode oferecer como uma interação com o sujeito, a fim de que este
possa "construir o seu conhecimento", o que realmente dá sentido ao aprendido.
Na Universidade e na sala de aula, quem melhor representa esse meio de
forma sistematizada nos programas, nas estratégias, é, sem dúvida alguma, o
professor. E então, surge o papel do "profissional do ensino" que deve
sistematizar para o estudante os conteúdos, preparar as vivências, comunicar,
ouvir, interagir, proporcionando, enfim, o apregoado desenvolvimento, ou seja, a
aprendizagem do aprendente.
Para desempenhar adequadamente esse importante papel, o professor,
como os demais profissionais da época atual, não pode ser acomodado, alguém
que já considere ter chegado ao máximo em sua sabedoria. Pelo contrário, deve
estar sempre "insatisfeito" com o seu trabalho no sentido de que sinta que há
sempre algo a mais a fazer. Há muito que aprender...deve ser usado, no sentido
de fazer tentativas, experimentos de novos procedimentos. Enfim, deve sempre
procurar aperfeiçoar o seu trabalho, lendo jornais, revistas especializadas, novos
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livros, para fazer da sala de aula suas conquistas e pesquisas... Comparamos a
função do professor à de um garimpeiro.
É educativa a postura do professor como um garimpeiro do ensino, como
alguém que não tem métodos ou processos definitivos, mas alguém que está
sempre procurando uma forma melhor de exercer o seu trabalho, contando
mesmo com a parceria dos estudantes, pois, passa para o aprendente o conceito
verdadeiro da avaliação, visando um aperfeiçoamento contínuo, e a atitude de
busca, de procura de novas soluções, tão importantes no mundo atual.
Tudo isso só ira acontecer quando os professores universitários dominarem
,alem dos conteúdos que irão ensinar, também as Metodologias do Ensino-a
Didática. Nenhum resultado de aprendizagem irá ocorrer se os professores
saibam o que ensinar mas continuarem a ignorar como ensinar. Enquanto para
ensinar no segundo grau é exigido diploma de curso superior em educação, do
professor universitário basta o Mestrado ou Doutoramento para transforma-lo em
professor. Mas em qualquer programa de pós graduação strictu sensu não é
incluída qualquer disciplina de metodologia do ensino. E nesses programas está
incluído uma área de metodologia da pesquisa. E isso está coerente com os
objetivos do pós graduação dirigidos para introduzir os alunos no campo da
pesquisa cientifica. Temos portanto uma situação esdrúxula: para o segundo grau
é exigido um profissional do ensino e para a universidade é exigido um
pesquisador mas um amador do ensino. Não faz parte deste artigo discutir como
poderia ser viabilizada essa capacitação dos professores universitários ,mas
podemos afirmar que não só há vasta literatura a respeito como muitas
experiências no Brasil e no exterior focalizando modelos viáveis e já testados.
Qual o perfil desejado do homem para o século XXI? Autores como Toffler,
em sua obra intitulada "Criando uma nova civilização... a política da terceira
onda", delineiam um perfil de homem flexível, criativo, rápido em suas decisões,
comunicativo e capaz de enfrentar situações inesperadas... O professor, como
formador desse ser para o futuro, não poderá ser diferente. Essa é a razão pela
qual não acreditamos em métodos prontos, acabados, em formas de planejar e
avaliar padronizadas e imutáveis.
19
Como professor, devemos ser continuamente reflexivos, a fim de
detectarmos novos procedimentos, novas maneiras de fazermos o que sempre
fizemos. Quem nos indicará os caminhos, senão o contexto, a situação do dia – a
- dia, as trocas com os próprios profissionais e com os outros aprendentes?
Giussani (2000) afirma que o objetivo da educação é o de formar um
homem novo; portanto, os fatores ativos da educação devem tender a fazer com
que o educando aja cada vez mais por si próprio, e sempre mais por si enfrente o
ambiente. É preciso então, de um lado, colocá-lo contentemente em contato com
todos os fatores do ambiente; de outro, deixar-lhe a responsabilidade da escolha,
seguindo uma linha evolutiva determinada pela consciência de que o aprendente
deverá chegar a ser capaz de, perante qualquer situação, "agir por si".
Precisamos quebrar alguns paradigmas e refletirmos sobre a necessidade
de compreender a crise e o diálogo no processo ensino- aprendizagem. "Crise" e
"crítica" não coincidem com dúvida e negação. Quando se pensa numa
"sociedade nova", o grave perigo no qual se pode cair é imaginá-la como algo
totalmente novo, onde a novidade é identificada com o diferente e o futuro com a
eliminação do passado. É exatamente contra esse perigo gravíssimo que paira
sobre os jovens, por tentação, e sobre muitíssimos adultos, por política, que se
pode utilizar a palavra "crise".
Infelizmente, na nossa mentalidade, a palavra crise (do grego "crino",
peneirar) normalmente é entendida de forma duvidosa e negativa, como se crise e
crítica coincidissem automaticamente com negação, e, por causa disso, de fato, a
crítica é concebida como motivo de escândalo, como busca de motivos para fazer
acusação e de realidade para opor alguma coisa. Evidentemente esse é um
conceito "míope" de crise, de crítica.
Pelo contrário, antes de qualquer coisa, a crítica é a expressão da
genialidade humana que está em nós, uma genialidade totalmente voltada a
descobrir o ser, a descobrir os valores. Basta acrescentar um mínimo de
sinceridade, basta acrescentar o equilíbrio realista, e a afirmação dos valores
descobertos, que implicará com clareza também os seus limites.
A palavra crise está muito mais ligada a uma outra palavra, à palavra
problema: não "dúvida", mas "problema", que na sua etimologia grega indica-nos
20
a postura fundamental que o acadêmico deve assumir para construir uma
sociedade de sentido, de afeto, de comunhão. Com efeito, a palavra problema
significa colocar algo na frente dos olhos. Cada um de nós nasce com um
complexo de dons, que uma magnífica palavra resume (outra palavra cuja
etimologia nos permite perceber sua beleza), a palavra "tradição".
Segundo Giussani (2000, p.76), nenhum de nós existia. Portanto, cada um
de nós é formulado por um fato anterior, por um complexo que o constitui, que o
plasma. A palavra problema se refere a esse fenômeno fundamental para uma
verdadeira novidade na existência de cada um de nós e na vida do cosmo
humano. A tradição, o dom com o qual a existência nos enriquece ao nascermos
e no nosso primeiro desenvolvimento, deve ser colocada diante dos olhos; e a
pessoa, na medida em que é viva e inteligente, "peneira", avalia e examina
(crinei). A tradição deve "entrar em crise", deve se tornar problema. Crise
significa, então, tomada de consciência da realidade pela qual nós nos sentimos
formulados.
Se estivéssemos totalmente isolados do mundo, dos outros homens, se
uma pessoa fosse totalmente só, absolutamente sozinha, não encontraria
novidade alguma. A novidade acontece sempre pelo encontro com o Outro; é a
regra da qual nasceu a vida: nós existimos porque Outros nos deram a vida.
Uma semente sozinha não cresce; mas se for colocada em condições de
ser solicitada por outra, então se liberta. O Outro é essencial para que a minha
existência se desenvolva, para que aquilo que eu sou se torne dinamismo e vida.
Essa relação com o "Outro", seja ele quem for ou como for, é dialógica.
O professor: um ser de crise- sentido. Não podemos perder o sentido do que
fazemos. Ensinar vem do latim insignare, que significa 'marcar com um sinal',
indicar um caminho, um sentido. Somos essencialmente profissionais do sentido.
Educamos, quando ensinamos com sentido. Educar é impregnar de sentido a
vida.
A profissão docente está centrada na vida, no bem querer. Muitos
acadêmicos chegam hoje à universidade, muitas vezes, sem saber por que estão
aí. Não vêem sentido no que estão aprendendo. Querem saber, mas não querem
aprender o que lhes é ensinado. E aí entra o papel do professor: construir sentido,
21
transformar o obrigatório em prazeroso, selecionar criticamente o que devemos
aprender, numa era de impregnação de informações. Motivar os alunos é
obrigação do professor; fazer que eles compreendam a utilidade e importância do
que estão estudando é também tarefa do professor.
Ser professor hoje (Gadotti, 2004, p.21) é viver intensamente o seu tempo,
com consciência e sensibilidade. Não se pode imaginar um futuro para a
humanidade sem professor. Eles não só transformam a informação em
conhecimento e em consciência crítica, mas também formam pessoas. Eles
fazem fluir o saber, porque constróem sentido para a vida dos seres humanos e
para a humanidade, e buscam, numa visão emancipadora, um mundo mais
humanizado, mais produtivo e mais saudável para a coletividade. Por isso eles
são imprescindíveis.
Nesta descrição do que deva ser o professor do século XXI, não tem mais
espaço para professores donos de um saber mas só aqueles que tenham a
humildade de ser também eles aprendizes e a única diferença que os separa de
seus alunos é que eles professores são profissionais do ensino e por isso
comprometidos com o aprender e o ensinar
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CAPÍTULO III
COMO ESTÁ SUA ATUAÇÃO NA SOCIEDADE?
Falar do papel de educadores e educadoras na sociedade atual demanda
entender como esse foi se construindo através do caminhar da educação
brasileira. Segundo Gadotti (1998 ), os cursos de formação de professores,
mais especificamente o curso de pedagogia, é regulametado no Brasil em
1969 no período da ditadura militar, fato este que remete a pensar em um
educador passivo, apolítico, técnico sem preocupações sociopolíticas, com um
agir totalmente desvinculado da realidade na qual se inseria. Dessa forma,
oferece habilidades para supervisão, orientação, administração, inspeção e
planejamento com conotações totalmente tecnicistas, apoiada no treinamento
desses profissionais para atuarem nas escolas com toda a objetividade
possível.
Enter a forma que o curso de Pedagogia foi regulamentado no Brasil se
faz necessário a compreensão de como essa mentalidade, mesmo que de
forma implícita, ainda permeia o agir de educadores e educadoras no
momento atual, pois, como nos aponta Sany Rosa (2000), a formação do
profissional da educação não se inicia, ao contrário do que se imagina, quando
esse ingressa em um curso de formação de professores, mas sim desde o
primeiro dia em que ingressa na escola como aluno. Suas representações e
significados de educação, vivificados enquanto estudantes, são muito mais
influenciadas pela sua vivência escolar do que com as teorias que venham a
entrar em contato em sua formação acadêmica.
Sendo que grande parte dos educadores e educadoras que se encontram
em sala de aula atualmente passou por todo esse sistema repressivo da
ditadura militar e foram alunos de professores e professoras que trabalhavam
sobre a égide desse momento histórico, se Sany Rosa tem razão, necessitam
23
sempre refletir, questionar e rever sua prática pedagógica para não cair em um
ciclo vicioso de reprodução dessa ação castradora. Para Gadotti (1998, p.71) o
profissional da educação precisa ser desrespeitoso para questionar a realidade
que a ele se apresenta para então promover mudanças sociais. Explicando
melhor, apoia-se nas palavras do autor:
“É preciso ser desrespeitoso, inicialmente, consigo mesmo, com a pretensa
imagem do homem educado, do sábio ou mestre. E é preciso desrespeitar
também esses monumentos da pedagogia, da teoria da educação, não porque
não sejam monumentos, mas porque é praticando o desrespeito a eles que
descobriremos o que neles podemos amar e o que devemos odiar. [...]. Nessas
circunstâncias, o educador tem a chance de repensar o seu estatuto e repensar a
própria educação. O educador, ao repensar a educação, repensa também a
sociedade. “
Desrespeitar, no enfoque de Gadotti, pode ser entendido como questionar.
Educadores e educadoras precisam constantemente repensar e revisitar suas
crenças mais intrínsecas sobre a representação que têm de educação, pois, de
acordo com Paulo Freire, que já proclamava desde os anos 60, e de acordo com
Gadotti (1998, p.72), a educação não é neutra. Ou se educa para o silêncio, para
a submissão, ou com o intuito de dar a palavra, de não deixar calar as angústias e
a necessidade daqueles que estão sob a responsabilidade, mesmo que
temporária, de educadores e educadoras nos âmbitos escolares. Sendo assim,
métodos e técnicas precisam ser secundarizados na discussão sobre a educação,
o que se deve atentar prioritariamente é sobre a vinculação «entre o ato
educativo, o ato político e o ato produtivo».
Nesse prisma, professores e professoras têm um papel sobretudo político e
precisam problematizar a educação, buscando o porquê e o para quê do ato
educativo; mais que isso, sua tarefa é a de quem incomoda, de quem evidencia e
trabalha o conflito, não o conflito pelo conflito, mas o conflito para sua superação
dialética.
No entanto, pergunta-se, até que ponto pode-se dizer que esse fazer
dialético, problematizador, está presente no cotidiano escolar? Estão nossos
24
professores e professoras, problematizando as questões, ou continuam se
calando diante das injustiças? Trabalham para quem? A favor de quem?
Estabelecem uma relação dialógica com o saber, buscando uma sociedade
democrática e coletiva, ou reproduzem a lógica do sistema no interior das escolas
através de seleções, de exclusões, de estímulo à individualidade e à
competitividade?
Gadotti (1998, p. 74) entende que não há uma educação tão somente
reprodutora do sistema e nem uma educação tão somente transformadora desse
sistema. Essas duas tendências coexistem no plano educacional numa
perspectiva dialética e conflituosa. Sendo assim:
“[...] há uma contradição interna na educação, própria da sua natureza,
entre a necessidade de transmissão de uma cultura existente – que é a
tarefa conservadora da educação – e a necessidade de criação de uma
nova cultura, sua tarefa revolucionária. O que ocorre numa sociedade dada
é que uma das duas tendências é sempre dominante. “
Sendo assim, o papel dos profissionais da educação necessita ser
repensado. Esses não podem mais agir de forma neutra nessa sociedade do
conflito, não pode ser ausente apoiando-se apenas nos conteúdos, métodos e
técnicas; não pode mais ser omisso, pois os alunos pedem uma posição
desses profissionais sobre os problemas sociais, não com o intuito de
inculcação ideológica de suas crenças, mas como alguém que tem opinião
formada sobre os assuntos mais emergentes e que está disposto ao diálogo,
ao conflito, à problematização do seu saber.
Atualmente não se pode mais apoiar-se em teses que apregoam que a
educação não pode mudar enquanto não houver mudanças estruturais no
sistema. Faz-se necessário acreditar, com Gadotti, que, apesar da educação não
poder sozinha transformar a sociedade em questão, nenhuma mudança estrutural
pode acontecer sem a sua contribuição. A transformação social, que muitos
almejam para uma sociedade mais justa, com menos desigualdades, onde todos
tenham voz e vez, só será possível a partir do momento que se evidenciem os
conflitos, não tentando escondê-los ou minimizá-los, mas que os tragam à tona,
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CAPÍTULO IV
COMO ESTÁ SUA FORMAÇÃO?
A formação é um fator fundamental para o professor. Não apenas a
graduação universitária ou a pós-graduação, mas a formação continuada, ampla,
as atualizações e os aperfeiçoamentos. Não basta que um professor de
matemática conheça profundamente a matéria, ele precisa entender de
psicologia, pedagogia, linguagem, sexualidade, infância, adolescência, sonho,
afeto, vida. Não basta que o professor de geografia conheça bem sua área e
consiga dialogar com áreas afins como história; ele precisa entender de ética,
política, amor, projetos, família. Não se pode compartimentar o conhecimento e
contentar-se com bons especialistas em cada uma das áreas.
Para que um professor desempenhe com maestria a aula na matéria de sua
especialidade, ele precisa conhecer as demais matérias, os temas transversais
que devem perpassar todas elas e, acima de tudo, conhecer o aluno. Tudo o que
diz respeito ao aluno deve ser de interesse do professor. Ninguém ama o que não
conhece, e o aluno precisa ser amado! E o professor é capaz de fazer isso.
Para quem teve uma formação rígida, é difícil expressar os sentimentos;
há pessoas que não conseguem elogiar, que não conseguem abraçar, que
não conseguem sorrir. O professor tem de quebrar essas barreiras e trabalhar
suas limitações e as dos alunos.
Não há como separar o ser humano profissional do ser humano
pessoal. Certamente o professor, como qualquer pessoa, terá seus problemas
pessoais, chegará à escola mais sisudo que o habitual e terá mais dificuldade
em desempenhar seu trabalho em sala de aula. Os alunos notarão a diferença
e a eventual impaciência do professor nesse dia, mas eles não sabem os
motivos da sisudez do mestre e podem interpretar erroneamente. Exatamente
por isso é preciso cuidar para que contrariedades pessoais não venham à
tona, causando mágoas e ressentimentos.
Ao enfrentar problemas de ordem pessoal o professor deve procurar o
melhor meio para sair do estado de espírito sombrio e poder desempenhar seu
27
trabalho com serenidade. A leitura dos clássicos, o contato com a arte, com a
natureza, uma boa terapia, uma reflexão mais profunda sobre a contrariedade
por que se está passando pode ajudar muito.
Ninguém é mau em essência, como já dissemos, mas um professor
descontrolado deve rever seu comportamento sob pena de ser mal
interpretado por seus alunos.
Sabe-se que a dificuldade financeira é um obstáculo para a maior parte
dos professores deste país, mas não pode servir de desculpa. Nesse caso,
ficam as alternativas mais em conta ou programas culturais gratuitos, visitas
às bibliotecas públicas, palestras, seminários e outros.
Não se trata de ignorar a lamentável situação em que se encontram os
professores no que diz respeito aos patamares salariais. Essa classe vem
sendo tratada com desrespeito pela grande maioria dos administradores
públicos do país. Para obras de cimento e cal sempre há dinheiro, para um
salário digno de quem forma o cidadão brasileiro não há verbas.
É triste, incompreensível, mas aceitável pois antes pouco a nada.
para a negligência ou para a impaciência. O professor tem o direito
constitucional de fazer greve e ninguém pode deixar de respeitá-lo por isso,
mas não tem o direito de ser negligente, incompetente, displicente, porque o
aluno não tem culpa. Se o problema é com os administradores, eles é que
devem ser enfrentados. É melhor entrar em greve, com todos os problemas
decorrentes disso, do que dar uma aula sem alma apenas porque não se
ganha o suficiente.
Durante a sua formação os professores não são preparados para a
função social que devem desempenhar na sociedade por isso não podem ser
agentes de mudança. O fato de muitos deles não terem sido preparados para
serem professores, estando nesta profissão de passagem constitui um
obstáculo para serem agentes de mudança.
28
A formação tanto inicial como a permanente constituem espaços
importantes para a descoberta dos valores e da função do professor na
relação entre a escola e a comunidade.
A escola e/ou os professores possuem seus próprios valores que são
reforçados ou não pelos valores trazidos pela comunidade local através dos
pais e dos alunos.
Os valores dos pais pertencentes às classes privilegiadas influenciam
mais aos professores que aos pais das classes baixas. Os valores
professados pelos professores de modo geral coincidem com os valores da
escola devido à formação que esses receberam e devido ao seu status de
professor. Em geral, os professores procuram estar de acordo com os
objetivos educacionais.
Depois de termos analisado os fatores acima apresentados, referentes
aos aspectos que influenciam o professor enquanto agente de mudança,
concordamos com muitos deles mas alguns nos deixaram certos
questionamentos.
Quanto ao estrato social de origem do professor concordamos o fato de
que o professor que atingiu o nível social alto graças à escola, possa
considerá-lo como um elemento de mudança. É possível que haja professores
que não queiram ser atingidos no seu nível social pelos alunos, por isso criam
dificuldades em fazer da escola um elemento de mudança. É de notar que no
nosso contexto atual existem professores dos dois tipos, mas grande parte dos
nossos professores não têm em mente o aspecto inovador que a escola
possui, no exercício das suas funções.
Quanto às motivações da escolha da profissão docente encontramos os
dois tipos - intrínsecas e extrínsecas - mas a maior parte dos nossos
professores parece ter motivações extrínsecas pois muitos deles valorizam
mais a questão salarial. São gente que vem de outros setores estranhos à
educação e/ou não tem preparação psico- pedagógica e não são motivados
29
por valores humanistas ou por uma filosofia que visa a sua realização pessoal
e a realização dos seus destinatários
Analisando a formação profissional, notamos que é verdade que muitos
professores não estão preparados para serem agentes de mudança, mas há
professores que apesar dessa deficiência lutam por fazer da escola um fator
transformador da sociedade.
No concernente ao conflito entre os valores presentes na escola,
podemos dizer que ele existe de fato nas nossas escolas. Os valores da
escola, que são geralmente humanistas, coincidem com os valores da
sociedade. A colisão tem existido entre estes e valores ou seja anti- valores
professados por certos professores. Para evitar que haja a existência de
conflitos e para fazer com que a escola seja relevante é preciso que se crie um
ambiente educativo favorável. Ambiente tal deve ser resultado do pensar da
comunidade, dos alunos, e dos próprios educacionistas. Os professores
devem identificar-se com os valores que a escola professa. E deste modo eles
serão agentes de mudança.
O professor é o agente socializador por excelência, pois é ele o
mandatado pela sociedade para transmitir os valores às gerações recém
chegadas. Para ser um agente de mudança deverá mudar a sua atitude
passando a interagir com o aluno. Os alunos, para além de serem
socializados, são também socializadores pois obrigam o professor a pensar
doutro jeito. Se professores e alunos pensarem e trabalharem juntos,
alimentam a sociedade com novos valores. O seu pensar e o seu agir far-se-
ão sentir no meio social. O ambiente vivido na sala de aulas e na escola será o
modelo de vida social, porque o aluno estará treinado a viver num ambiente de
partilha, de tolerância e convivência pacífica com os outros.
O professor como agente de mudança, para além de transmitir de uma
forma sistemática, a cultura e o conhecimento guardados através das
gerações; para além de se centrar no aluno e nas suas necessidades
específicas; e para além de centrar o seu ensinamento em questões sociais,
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deverá conjugar todos esses elementos. Assim, preocupar-se-á em dar
matérias sistematizadas, a alunos com necessidades específicas e tendo em
conta os problemas da comunidade local.
Os professores e fazedores de educação devem adaptar-se à
modernidade. Como educadores, baseados nos valores sócio- culturais,
deverão aprender a aprender com os alunos, e juntos criar uma sociedade
democrática onde cada um dá o seu contributo para o desenvolvimento do
saber. Deste modo a escola não será somente um lugar onde os alunos são
informados daquilo que já se sabe, mas sim um lugar onde se produzem e
desenvolvem novos conhecimentos que serão úteis para a sociedade em
geral.
Para terminar, podemos dizer que o aluno traz consigo uma história de
vida, modos de viver e experiências culturais que devem ser valorizados,
organizados e acompanhados pelo professor no exercício da sua carreira.
Essa valorização dá-se a partir do momento em que o professor dá ao aluno a
oportunidade de decidir, opinar, debater, construir a sua autonomia e o seu
comprometimento social, identificando-se com aquele que usufrui e produz a
cultura no exercício da sua cidadania.
O professor agente de mudança é essencialmente aquele que faz com
que o aluno adquira competências sociais e profissionais que o ajudarão no
seu viver cotidiano; Ele ensina-o a aprender a aprender por toda a vida. O
professor auxiliará o aluno na coleta da informação, na análise crítica e na
elaboração do conhecimento. Assim, o saber conhecer, o saber fazer, saber
ser e saber viver com os outros serão atingidos nesta caminhada, da qual a
escola é uma das grandes passagens, mas não a única porque a educação é
um percurso a fazer durante toda a vida .
A formação do professor vai interferir diretamente em todo esse
processo. Um professor que não busca uma reciclagem constante, não busca
estar atualizado, ou não se interessa em conhecer um pouco mais de seu
aluno, certamente contribuirá com o fracasso dos mesmos.
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Ainda que a sociedade desvalorize esta profissão e ainda que
governantes não reconheçam verdadeiramente o papel do professor, é preciso
buscar dentro de si garras para que se possa mudar o pensamento daqueles
que “estão nas nossa mãos”, para que futuramente também eles possam
mudar o pensamento da sociedade.
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CONCLUSÃO
Acredito que a educação seja um espaço de descobertas tanto para o
docente quanto para o discente. A colaboração ativa de um com o outro,
possibilitará a construção de sujeitos mais autônomos e mais cooperativos.
Por este motivo, este trabalho de pesquisa traça novos caminhos, a fim de
que possamos juntos, abrir novos caminhos, conhecer o desconhecido, revelar
potencialidades.
A arte de ser professor, vem mostrar através de vários olhares, como é ser
professor em meio a uma sociedade que não reconhece muito sua importância e
também não o valoriza.
Através desse estudo você conheceu um pouquinho de quem é esse
profissional, qual é o seu papel na formação de outros profissionais, como está
sua atuação na sociedade e o que se tem feito para contribuir com a sua
formação.
Creio ter contribuído para que se tenha um novo entendimento sobre a
“Arte de Ser Professor” e acredito que tudo pode mudar se essa for a real
intenção de cada profissional desta área.
É preciso repensar nossa prática, estamos nós construindo profissionais
qualificados, ou somente reproduzindo máquinas de conhecimentos?
É fato que não podemos perder de vista, que todas as outras
especialidades e habilidades técnicas só podem existir quando há professores
ensinando-as aos seus discípulos. Toda profissão precisa de professores.
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BIBLIOGRAFIA
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Março 2000.
ARROYO, Miguel G. Ofício de mestre imagens e auto- imagens, 6ª. ed.,Rio
de Janeiro, Editora Vozes, 2002.
GADOTTI, Moacir . Pedagogia da práx, 2ª ed. São Paulo, Cortez,1998.
GIUSSANI, Luigi. Educar é um risco: como criação de personalidades e de
história. São Paulo, Compahia Limitada, 2000.
LDB. LEI DE Diretrizes e Bases nº 9394/96.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação: São Paulo. Cortez, 1994.
MORRIN, Edgar. A cabeça bem feita, repensar a reforma, reformar o
pensamento, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2001.
MORRIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro, 3ª ed. São
Paulo, Cortez, 1998.
PIMENTA, Selma Garrido. Docência em formação: ensino superior. São
Paulo. Cortez, 2002.
REVISTA DO PROFESSOR. Entrevista com Moacir Gadotti, Ano 1, nº 2,
Novembro, 2003.
34
ROGERS, Carl. Liberdade para aprender, Belo Horizonte, Interlivros, 1978.
SANNY, Rosa da. Construtivismo e mudança. São Paulo, Cortez, 2000.
35
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Latu Sensu”
Título: A Arte de Ser Professor
Data de entrega: ______________________________________
Auto Avaliação: Como você avalia este projeto de pesquisa?
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Avaliado por: _____________________________________ Grau: __________________
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