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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O MARKETING ECOLÓGICO COMO FATOR PRINCIPAL PARA O FORTALECIMENTO DA INDÚSTRIA DE RECICLAGEM Por: Janayna Gomes da Costa Orientador Prof. Celso Sanchez Rio de Janeiro 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O MARKETING ECOLÓGICO COMO FATOR PRINCIPAL

PARA O FORTALECIMENTO DA INDÚSTRIA DE

RECICLAGEM

Por: Janayna Gomes da Costa

Orientador

Prof. Celso Sanchez

Rio de Janeiro

2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O MARKETING ECOLÓGICO COMO FATOR PRINCIPAL

PARA O FORTALECIMENTO DA INDÚSTRIA DE

RECICLAGEM

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Marketing no

Mercado Globalizado.

Por: Janayna Gomes da Costa.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus e à minha mãe, devido a sua total

dedicação e compreensão nos momentos mais difíceis

desta trajetória.

Aos meus familiares, em especial, a minha avó.

Aos mestres.

Aos funcionários da Universidade.

Aos amigos que conquistei durante esse um ano de

trajetória.

À todos que me ajudaram de alguma forma.

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DEDICATÓRIA

À minha mãe, pois somente com a sua dedicação,

carinho e amor foi possível a realização desta

monografia.

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RESUMO

Esta monografia tem como objetivo mostrar a importância na

mudança dos padrões de consumo e comportamento das pessoas na última

década, onde passou-se a ter uma consciência ambiental e social maior do

que nas décadas passadas. O consumidor, na verdade, quer adquirir

produtos os quais sejam favoráveis à sua saúde e ao meio ambiente,

portanto, passou a existir uma preocupação, por parte das empresas, em

oferecer produtos que favorecessem o meio ambiente, trazendo qualidade de

vidas às pessoas.

O objetivo geral deste trabalho consiste em descrever a preocupação

da sociedade com a coleta seletiva de resíduos sólidos como pré-condição

para a reciclagem e, ainda, descrever as experiências já existentes, mostrando

também o marketing que pode ser feito a esse respeito.

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METODOLOGIA

A fim de alcançar os objetivos traçados, pretende-se fazer uma análise

comparando o modelo atual do marketing com as tendências das práticas

ambientais corretas, na qual são destacadas as principais iniciativas brasileiras, que

têm obtido êxito no setor de reciclagem de resíduos sólidos urbanos na década de

90. Portanto, a metodologia baseia-se do geral para o específico (método dedutivo).

A análise parte do pressuposto que o Estado do Rio de Janeiro pode

expandir o seu processo de coleta seletiva e reciclagem de resíduos,

baseando-se em cada exemplo já existente, e formar um ciclo de

desenvolvimento sustentável, com o apoio do governo, de iniciativas privadas,

da população e da mídia, com um forte planejamento de marketing,

aumentando, assim, o potencial econômico, social e ecológico do Estado.

Para tal, utilizaremos autores como KOTLER (2000), MOTTA (1995) e

VALLE (1999), entre outros. Tais autores são pertinentes a este estudo, pois,

acrescentam uma visão aprofundada do assunto.

Segundo KOTLER (2000, P. 45), existe uma denominação para o

marketing, chamada marketing societal, onde ele diz que “a orientação de

marketing societal exige que as empresas incluam considerações sociais e

éticas em suas práticas de marketing” (KOTLER, 2000, P. 45). Para Seroa da

Motta (1995, P. 1), “é reconhecida a capacidade da reciclagem industrial em

gerar benefícios econômicos para a economia como um todo”.

Ele também ressalta que estes benefícios resultam da redução:

Ü Da quantidade de energia e outros insumos no processo de

transformação;

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Ü Do uso de recursos naturais exauríveis;

Ü Do volume de resíduos sólidos em forma de lixo.

Segundo ele:

“Uma política nacional de reciclagem somente se

justifica para assegurar a maximização desses benefícios na

forma de iniciativas que garantam o pleno funcionamento do

mercado de reciclagem e por ações de fomento que atuem a

favor dos benefícios ambientais” (MOTTA, 1995, P. 1).

Já segundo Eyer do Valle (1999, P. 136):

“A reciclagem tem sido vista como uma solução que

nos permite reunir os benefícios de conservação do meio

ambiente com as vantagens econômicas do

reaproveitamento de substâncias e materiais, alguns

escassos e não renováveis, contribuindo, assim, para a

prática do desenvolvimento sustentável” (VALLE, 1999, P. 136).

Ainda de acordo com o referido autor, pode-se concluir que:

“A reciclagem de resíduos tende a crescer e a se

constituir em solução para muitos problemas ambientais

que afetam a sociedade. Sua prática requer, todavia,

empresas e profissionais habilitados e tecnologias

adequadas, capazes de assegurar qualidade e

segurança a sistemas de reciclagem cada vez mais

complexos” (VALLE, 1999, P. 137).

Assim, através do respaldo teórico fornecido pelos autores, teremos

subsídios para uma melhor análise do chamado marketing ecológico.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

O MARKETING

CAPÍTULO II

O MEIO AMBIENTE

CAPÍTULO III

O TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL

CAPÍTULO IV

O TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO ESTADO

DO RIO DE JANEIRO

CONCLUSÃO

ANEXOS

BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE

FOLHA DE APROVAÇÃO

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28

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Lista de Tabelas e Gráficos

Tabela 1 - Composição média, valor de renda e o destino de cada material

Tabela 2 - Orçamento para limpeza pública

Tabela 3 - Classificação dos materiais

Tabela 4 - Estrutura atual

Tabela 5 - As dificuldades para implantação da coleta seletiva

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Lista de Siglas

ONG - Organização Não-Governamental

MOPRESS - Movimento de Preservação de São Sebastião

PESa - Postos de Entrega de Sucata de apoio

RSU - Resíduos Sólidos Urbanos

COMLURB - Companhia Municipal de Limpeza Urbana

CCSF - Centro Comunitário de São Francisco

CLIN - Companhia de Limpeza de Niterói

GTM - Geneve Tiers-Monde

FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos S/A

FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

SLU - Superintendência de Limpeza Urbana

CEMPRE - Compromisso Empresarial para a Reciclagem

COMAM - Conselho Municipal de Associação de Moradores

CCFD - Comitê Católico contra a Fome e pelo Desenvolvimento

PET - Polietileno tereftalato

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INTRODUÇÃO

A partir da década de 80, difundiu-se rapidamente em muitos países a

consciência de que danos cotidianos ao Meio Ambiente poderiam ser

substancialmente reduzidos por práticas ecologicamente corretas. Essa

conscientização deu-se, necessariamente, após alguns desastres ambientais

como, por exemplo, o de Bophal, Chernobyl e Basel.

Ocorreu uma mudança no padrão de comportamento e de cultura das

nações onde tudo era baseado na desenfreada economia de consumo e dos

descartáveis, hoje, a dos recicláveis.

No Brasil, a consciência ambiental aumentou, devido ao encontro

mundial das nações, a ECO 92, onde reforçou o pensamento e as iniciativas

com fins sócio-ambientais e econômicos, aumentando, significativamente, a

prática da Educação Ambiental, incentivando também as empresas a fortalecer

estas iniciativas, buscando, com isso, a certificação de qualidade para o

planejamento ambiental correto.

Esta monografia tem como objetivo destacar as principais iniciativas

referentes ao marketing ecológico, bem como o que leva a sociedade e as

organizações a adotarem procedimentos ecológicos corretos, destacando,

também, o processo de mudança no padrão de consumo das pessoas, no

período de 1992 até os dias atuais, ressaltando o marketing da reciclagem de

resíduos sólidos.

No intuito de viabilizar o objetivo exposto no item anterior, o assunto

em questão será desenvolvido neste trabalho da seguinte forma:

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O capítulo I é dedicado à temática do marketing e suas correntes, pelas

óticas institucionais, sociais, ambientais ou ecológicas. Apresenta-se o novo

consumidor e como o desempenho ambiental interfere no marketing da

reciclagem de resíduos sólidos.

No capítulo II, por se tratar da indústria da reciclagem, refere-se mais

detalhadamente ao meio ambiente, passando pelo conceito de

desenvolvimento sustentável e as ISO 14.000 e 14.001.

No capítulo III serão apresentadas as formas de tratamento dos

resíduos sólidos urbanos no Brasil, as principais dificuldades e as principais

iniciativas, bem como o mercado da reciclagem no país.

Serão explanados no capítulo IV os problemas do Estado do Rio de

Janeiro no tratamento de seus resíduos sólidos urbanos, as principais

iniciativas e, por fim, os conceitos finais da monografia.

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CAPÍTULO I

O Marketing

“O tema comum ao marketing ecológico é a necessidade

de incluir considerações econômicas e ecológicas no

processo de tomada de decisões. Afinal, ambas estão

integradas nas atividades do mundo real”

Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento

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O Marketing

1.1 - Conceitos de Marketing

De acordo com a literatura mais tradicional em marketing, existem

vários conceitos que explicam o que é o marketing. Podemos citar, por

exemplo, Philip Kotler (2000), que é um grande especialista sobre o assunto.

Segundo ele, marketing é:

“Um processo social por meio do qual pessoas e

grupos de pessoas obtêm aquilo que necessitam e o que

desejam com a criação, oferta e livre negociação de

produtos e serviços de valor com outros” (KOTLER,

2000, P. 30).

Segundo a American Marketing Association:

“Marketing é o desempenho das atividades que

dirigem o fluxo de bens e serviços do produtor ao

consumidor. É o processo de planejamento e execução

de criação, estabelecimento de preço, promoção e

distribuição de idéias, produtos e serviços para criar

intercâmbios que irão satisfazer as necessidades dos

indivíduos e da organização” (Idem, P. 101).

Podemos, então, afirmar que um dos principais objetivos de marketing

é a satisfação do consumidor, onde qualidades, otimização dos serviços, dos

custos, do atendimento e da distribuição, são características principais para se

obter esse resultado.

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É questionável se a orientação de marketing é adequada a uma época

de degradação ambiental, onde há fome, miséria, escassez de recursos

naturais e problema na prestação de serviços.

Para Kotler (2000), as empresas que fazem um excelente trabalho em

relação à satisfação de desejo de consumidores estão necessariamente agindo

segundo os melhores interesses de longo prazo dos consumidores e da

sociedade? Parece que o autor levanta essa questão porque nem sempre a

empresa que presta serviços de bem estar à sociedade está realmente fazendo

um bem em longo prazo, por exemplo:

“O setor de ‘fast food’ que oferece um alimento

saboroso, mas pouco saudável. Os hambúrgueres têm

um alto teor de gordura, e os restaurantes fazem

promoções de batatas fritas e torta – dois produtos com

alto teor de amido e gordura. Os produtos são

acondicionados em embalagens práticas, o que faz com

que se produza muito lixo. Ao satisfazer os desejos dos

consumidores, esses restaurantes prejudicam a sua

saúde e causam danos ambientais” (Idem, P. 38).

Situações como essa precisam de uma orientação de marketing,

como, por exemplo, a de marketing ecológico, que é representado pelos

esforços das organizações em satisfazer às expectativas dos consumidores por

produtos que determinem menores impactos ambientais ao longo do seu ciclo

de vida (produção, embalagem, consumo, descarte...), e a divulgação desses

esforços de modo a gerar maior consumo desses produtos e maiores lucros

para as empresas.

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1.2 - O Marketing Ecológico e o Processo de Conscientização

do Consumidor

O marketing ecológico não limita-se à promoção de produtos que

tenham atributos verdes (tais como recicláveis e produtos que não destruam a

camada de ozônio). Para posicionar-se como uma empresa ambientalmente

responsável, esta deve organizar-se de tal forma que os funcionários devem

estar conscientes de que a sua empresa não pode ter nenhuma falha em seu

comportamento ambiental, pois é muito difícil e demorado o processo de

reconstrução da imagem de uma empresa previamente retratada na mídia

como ambientalmente irresponsável.

O marketing ecológico engloba a cultura do consumo de massa e os

princípios básicos do ambientalismo. Para compreender melhor isso, é

necessário saber as funções e formas desse parâmetro, de um lado, o

aumento do consumo de determinado grupo de bens e serviços e, do outro,

espera-se novos padrões de comportamento que incorporem valores dentro

dessa nova perspectiva.

Segundo Kotler (2000), a deterioração do ambiente natural é uma

importante preocupação global, onde em muitas cidades do mundo, a poluição

do ar e da água atingiu níveis perigosos.

Pode-se entender que, para o autor, essa preocupação estende-se a

várias camadas e vários tipos de consumidores e empresários, onde estes

levam essas para a esfera das ações social e política.

Parece que o autor também concorda que a escassez de matérias

primas, o custo mais elevado de energia, os níveis mais altos de poluição e a

mudança no papel dos governos são ameaças e oportunidades associadas às

quatro tendências do ambiente natural de marketing. O marketing ecológico

contribui positivamente de maneira notória com a educação ambiental, onde a

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informação através dos vários canais de mídia propicia uma mudança de

cultura na população.

O rápido aumento da conscientização ambiental entre a população em

geral, o que teve um efeito significativo sobre as preferências do consumidor,

juntamente com a ascensão de um vigoroso movimento ecológico, começou

mais necessariamente na década de 90, após a ECO 92, onde foi criado um

documento chamado “Agenda 21” no Encontro Mundial da Nações para o Meio

Ambiente, no Rio de Janeiro. Este documento destaca, em seu primeiro

capítulo que:

“A humanidade se encontra em um momento de

definição histórica. Defrontamo-nos com a perpetuação

das disparidades existentes entre as nações e no interior

delas, o agravamento da pobreza, da fome, das doenças

e do analfabetismo, e coma deteriorização contínua dos

ecossistemas de que depende nosso bem estar” (In:

UNGARETTI, 1998, P. 21).

Pode-se entender que entidades governamentais e não-

governamentais preocuparam-se em fazer uma reunião de caráter global onde

seria necessário discutir sobre padrões distorcidos que teriam que mudar.

Muita coisa não foi mudada no que diz respeito ao consumo

desenfreado, porém, o acesso à conscientização ecológica aumentou com os

vários tipos de mídia.

Segundo Grimberg & Blauth (1993, P. 7), o atual padrão de

desenvolvimento caracteriza-se centralmente pela exploração excessiva e

constante dos recursos naturais da Terra, pela geração maciça de resíduos,

pela crescente exclusão social.

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Parece que as autoras também concordam que às permanentes e

variadas agressões ao ambiente, somam-se o desperdício de energia e de

recursos naturais, e as prospecções científicas são bastante eloqüentes quanto

às dificuldades que estão a caminho, se for mantido o padrão vigente de

produção e consumo, especialmente em países de alta industrialização.

Para muitas empresas e setores, fazer negócios ecologicamente

sustentáveis parece um sonho irrealizável. Para os ambientalistas, assegurar

empregos, manter a viabilidade econômica e, ao mesmo tempo, fazer uma

mudança maciça na empresa pode parecer um desafio banal (CAPRA, 1993,

P. 8). Em algumas empresas essa preocupação já ocorre.

Podemos salientar que a imagem corporativa da empresa está se

tornando cada vez mais importante em vendas isoladas de marketing, ou seja,

as empresas, preocupadas com a questão do meio ambiente, estão fazendo

disso o seu objeto de comunicação com o público, onde a maioria já

desenvolve alguma atividade para melhorar o processo de gestão e produção,

e ainda atingir os objetivos de receber certificados de qualidade das séries ISO

14.000 e 14.001.

A necessidade de mudar o mundo para melhor é também destacada

por ações de diversos aspectos, como trabalhos voluntários, obras sociais e de

caridade, em que, cada vez mais, as pessoas procuram qualidade de vida onde

o consumo desenfreado está sendo substituído, aos poucos, por uma visão

mais humana da vida.

Mesmo sendo vista como a principal responsável por solucionar

problemas ambientais, a indústria precisa fazer acordos entre o governo e

todos os conhecedores do assunto, e a mídia é uma grande aliada, onde é

necessária a divulgação de suas ações. A partir dos anos 90, além de

cumprirem as exigências legais, estas passaram a se preocupar com os

consumidores e suas reivindicações.

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1.3 - A Marca e o Meio Ambiente

A American Marketing Association define marca da seguinte forma:

“Uma marca é um nome, termo, desenho – ou

uma combinação desses elementos que deve

identificar os bens ou serviços de uma empresa ou

grupo de empresas e diferenciá-los da concorrência”

(KOTLER, 2000, P. 426).

A administração de marca ambiental é uma nova abordagem para a

Administração de Marketing. A comunicação de benefícios ambientais tem sido

feita através de propagandas e de relações públicas, que ajudam no

favorecimento de credibilidade a terceiros.

Os administradores de marca assumem uma postura pró-ativa,

esforçando-se para ir além do respeito regulamentador a fim de satisfazer as

expectativas dos clientes quanto à proteção da saúde e preservação do

ambiente. Assumem um ponto de vista a longo prazo de suas empresas,

tomando medidas para vantagens em tecnologia ou falta de recursos naturais,

que poderiam afetar adversamente seus lucros.

É preciso que o público seja não só bem informado, mas, também, bem

preparado para fazer suas decisões de compra e de políticas racionais sobre

produtos, embalagens e processos de produção, o que se consegue através de

programas de educação ambiental e informações mais precisas.

Podemos tomar como exemplo a questão da embalagem dos produtos

como um dos grandes problemas ambientais para os consumidores – eles

consideram que são usadas em excesso. O que não é quase sempre

percebido é que a embalagem faz parte de um processo global de marketing,

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onde, muitas vezes, é necessária não só por motivos estéticos, mas para fins

de utilidade, como um transporte seguro para o produto.

Essa questão pode ser ao menos amenizada com o uso de materiais

menos agressivos ao meio ambiente, com educação dos consumidores no

sentido não só de compreenderem a importância da embalagem, como de

aprenderem a fazer uso da mesma. Uma questão importante para os

profissionais de marketing é o modo como os consumidores vêem a reciclagem

e o controle de lixo sólido.

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CAPÍTULO II

O Meio Ambiente

“O desenvolvimento sustentável encontra-se no centro

de uma transformação global, econômica, tecnológica,

social, política e cultural que redefinirá os limites do que

é possível e do que é desejável”.

Schmidheiny

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O Meio Ambiente

2.1 - O Desenvolvimento Sustentável

Desenvolvimento sustentável significa satisfazer as necessidades do

presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem

as suas próprias necessidades.

Segundo Bulhões (1997, P. 34):

“Desenvolvimento sustentável é um conceito ainda

pouco conhecido e pode ser entendido de forma mais

ampla ou mais restrita. Hoje não se pode tomar nenhum

tipo de decisão que possa colocar em risco a nossa

sobrevivência e a das gerações futuras” (BULHÕES,

1997, P. 34).

Ao buscar-se um desenvolvimento sustentável hoje, está-se, ao menos

implicitamente, pensando em um desenvolvimento capitalista sustentável, ou

seja, uma sustentabilidade dentro do quadro institucional de um capitalismo de

mercado. Trata-se de uma preocupação justificada com o processo econômico

na sua perspectiva de fenômeno de dimensão irrecorrivelmente ecológica,

sujeito a condicionamentos ditados pelas leis fiscais da natureza, da biosfera

(CAVALCANTE, 1994, P. 17).

Parece que o autor concorda que é uma forma de exprimir a noção de

desenvolvimento econômico como fenômeno cercado por certas limitações

físicas que ao homem não é dado a elidir.

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O autor também concorda que:

“Existe uma combinação suportável de recursos

para realização do processo econômico, a qual

pressupõe que os ecossistemas operam dentro de uma

amplitude capaz de conciliar condições econômicas e

ambientais” (CAVALCANTE, 1994, P. 17).

De acordo com o parecer da Agenda 21, artigo 27.5:

“A sociedade, os governos e os organismos

internacionais devem desenvolver mecanismos para

permitir que as organizações não-governamentais

desempenhem seu papel de parceiros com

responsabilidade e eficácia no processo de

desenvolvimento sustentável e ambientalmente saudável”

(In: UNGARETTI, 1998, P. 56).

De acordo com as referências citadas nesse capítulo, é válido ressaltar

que a reciclagem atua de modo bastante sustentável, pois esta faz parte de um

processo onde o resíduo desperdiçado pode ser transformado evitando, assim,

a degradação, custos com energia e matéria-prima bruta.

2.2 - O Fator de Responsabilidade Social

Ao surgimento das empresas, estas não possuíam nenhum outro

comprometimento a não ser gerar lucro. Mas ao longo do tempo houve uma

crescente mudança, onde o reconhecimento dos direitos humanos e a união

das forças sindicais forçam, de alguma forma, um comprometimento das

empresas com ações voltadas para fins sociais.

Com a globalização as empresas passaram por uma nova

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conscientização dos problemas sociais que abalam o mundo, isto porque querem

melhorar sua imagem perante a sociedade. Esse aumento dessa consciência deu-

se por três fatores: o desejo dos empresários de produzir bem-estar, e não apenas

produtos e serviços para a população; o uso de incentivos fiscais; e porque estas

atitudes atraem a fidelidade de seus colaboradores e consumidores.

O fator ambiental gera a necessidade de adaptação das empresas e,

conseqüentemente, direciona sua expansão, devendo mudar sua visão

empresarial, seus objetivos, sua estratégia de investimento e de marketing.

Devem, também, aprimorar o seu produto, adequando-o ao mercado global e

corretamente ecológico, sendo mais prática, objetiva e competitiva.

Inúmeras empresas conseguiram receber o certificado da série ISO

14.000, que está relacionada à qualidade ambiental da produção e do produto,

usando os “selos verdes” para que os consumidores possam identificar os

produtos ecologicamente corretos.

Segundo Capra (1993, P. 33), a inclusão da proteção do ambiente

entre os objetivos da administração amplia, substancialmente, todo o conceito

de administração.

Ao desenvolver novas tecnologias, ao introduzir mudanças no seu

processo produtivo ou ao compreender outras ações de implicações

ambientais, as empresas que aplicam o desenvolvimento sustentável podem

direcionar esforços para as seguintes metas: reduzir a intensidade material de

bens e serviços; reduzir a intensidade do uso de energia em bens e serviços;

reduzir a dispersão tóxica; enfatizar a reciclabilidade dos materiais; maximizar o

uso sustentável dos recursos renovados; aumentar a durabilidade dos

produtos; e aumentar a intensidade de serviços dos produtos, criando um valor

adicional para os consumidores, ao mesmo que reduzem ou mantém

constantes os ímpetos ambientais através de meios como o uso compartilhado,

multifuncionalidade e melhoria fácil.

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2.3 - A ISO 14.000 e 14.001

A International Organization for Standardization é uma instituição de

cunho privado que congrega diferentes organismos de normatização de vários

países (PIRES, 1996, P. 76). Essa organização tem por objetivo o

estabelecimento de orientações, especificações e critérios para procedimentos

que cobrem desde a elaboração de documentos internacionais até os vínculos

contratuais entre empresas.

Segundo a autora, “é no interior dessa organização que se negocia

atualmente a implementação de um sistema de gestão ambiental (SGA),

denominado ISO 14.000” (PIRES, 1996, P. 76).

Para Pires, a definição da série ISO 14.000 refere-se ao conjunto de

normas internacionais que pretende uniformizar um sistema de gestão

ambiental passível de ser empregado por qualquer empresa.

“Todo o processo de implementação da ISO 14.000

pretende demonstrar ao público um compromisso por

parte da empresa para controlar e reduzir os impactos

ambientais de sua atividade. Como tal, deve ser

analisado dentro dos sistemas técnicos de administração

e de estratégia potencial de ‘marketing’. A projeção desse

conjunto de normas como instrumento regulador de

gestão ambiental não pode ser tomada como instrumento

substituto às regulamentações e à gestão ambientais de

caráter público. Uma gestão ambiental pressupõe

diferenciar atores assim como interesses e estratégias

respectivos. Nesse sentido, a gestão ambiental tem sua

própria dinâmica; dinâmica esta essencialmente política”

(PIRES, 1996, P. 22).

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Enquanto a série ISO 14.000 se reporta a aspectos de preservação

ambiental, como já foi citado anteriormente, a série ISO 14.001 estabelece

normas e regras que devem ser implantadas na empresa para melhorar seu

desempenho ambiental, atingindo metas como redução de resíduos sólidos,

líquidos, de emissões gasosas e do consumo de matéria-prima e energia.

Segundo Capra (1993, P. 104), os altos executivos precisarão

perguntar-se com toda a honestidade:

Ü Estou realmente preocupado com o estado do mundo, ou vou agir

simplesmente para conseguir uma melhor imagem ou alimentar o meu

ego?

Ü Realmente entendo as idéias chaves da ecologia, ou simplesmente

repito alguns jargões?

Ü Eu mesmo vivo de forma ecologicamente consciente, ou existe uma

discrepância entre minhas palavras e meus atos? Eu faço o que prego?

Ü Até que ponto os princípios da administração sistêmica fazem parte da

nossa cultura empresarial?

De acordo com a citação do autor, pode-se entender que é necessário

ter a consciência nítida de que muitas empresas buscam a certificação como

forma de buscar um prestígio perante a sociedade, mas é necessário que esta

esteja realmente comprometida com os aspectos ecológicos e sócio-

ambientais.

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CAPÍTULO III

O Tratamento de Resíduos Sólidos no Brasil

"Aquele que sabe que tem o suficiente, é rico".

O Tao

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O Tratamento de Resíduos Sólidos no Brasil

Um grande e grave problema que ocorre no meio urbano é o

tratamento de resíduos sólidos urbanos que em muitos centros urbanos ainda

não é adequado, vazadouros a céu aberto (lixões) são ainda os meios mais

usados para o destino final (e muitos até resíduos de serviço de saúde e/ou os

da indústria).

Segundo Seroa da Motta (1995, P. 1), no Brasil observam-se inúmeras

iniciativas governamentais e privadas de coleta de lixo de forma seletiva, com o

objetivo de aumentar o volume de sucatas para a reciclagem e, com isso,

diminuir o volume de resíduos sólidos para a disposição final.

Coleta seletiva na presente monografia entende-se como uma etapa

entre a separação de materiais e processo de reciclagem. Este termo aplica-se,

portanto, ao recolhimento diferenciado destes materiais (já separados nas

fontes geradoras), por catadores, sucateiros, entidades, prefeituras etc,

normalmente em horários pré-determinados, alternada com coleta do lixo

propriamente dito.

Segundo Grimberg e Blauth (1999, P. 17), quando a coleta dos

materiais é precedida de uma separação simples nas fontes geradoras,

normalmente em duas categorias – lixo/recicláveis, orgânicos/inorgânicos, lixo

seco/lixo úmido, etc, alguns preferem chamá-la de coleta diferenciada, usando

a expressão coleta seletiva para designar aquela condicionada a uma pré-

seleção mais rigorosa, como a dos resíduos orgânicos dos diversos recicláveis,

já separados em plásticos, papéis vidros e metais.

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De acordo com as autoras citadas a reciclagem, por sua vez, é tida

como a recuperação dos materiais descartados modificando suas

características físicas.

A reciclagem pode ser direta, ou pré-consumo, ou seja, quando são

reprocessados materiais descartados na própria linha de produção como

aparas de papel, rebarbas metálicas etc, ou indireta, pós-consumo, quando são

processados materiais que foram descartados como lixo dos seus usuários. Em

ambos os casos os materiais retornam a seu estado quase original como

matéria-prima para mais um ciclo produtivo.

As atividades de separar, coletar e reciclar estão muito associadas,

mas não necessariamente dependentes. A reciclagem de materiais pode

ocorrer sem a separação prévia de resíduos nas fontes geradoras, a partir

de resíduos tirados por catadores num lixão ou numa “usina de

reciclagem/compostagem”, onde é descarregado todo o lixo, sem pré-

seleção pela população, exatamente como é coletada pelo serviço de

limpeza.

3.1 - Experiências Brasileiras de Coleta Seletiva

Ao verificar os exemplos de experiências brasileiras em coleta seletiva,

pode-se observar que a maioria dos projetos de coleta situa-se nas regiões na

qual concentram-se os melhores sistemas de tratamento de resíduos sólidos

(região Sul e Sudeste), ao contrário das regiões Nordeste, Centro-Oeste e

Norte.

Várias experiências brasileiras de coleta seletiva podem ser citadas, e

são elas: São Francisco/Niterói, São Sebastião, Porto Alegre, Florianópolis,

Santos, São José dos Campos, Angra dos Reis, Belo Horizonte, Brasília,

Campinas, Conjunto Nacional/SP.

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As experiências de São Francisco e Angra serão apresentadas no

capítulo IV, na qual serão explanados somente os exemplos no Estado do Rio

de Janeiro. Esses exemplos foram extraídos do autor Emílio M. Eigenheer

(1999).

Ü São Sebastião é um município do litoral norte-paulista que fica

situado entre a Serra do Mar e o Oceano Atlântico.

O programa de coleta seletiva de São Sebastião foi concebido por uma

ONG ambientalista do município chamado Mopress, com apoio da comunidade

que impulsionou a prefeitura municipal de São Sebastião a resolver o problema

do lixão do bairro da Baleia, na qual recebia parte do lixo do município. A outra

parte era lançada pela cidade de Caraguatatuba, que também deixou de lançar

o seu lixo.

A coleta seletiva tem permitido a recuperação de 136 toneladas/mês de

recicláveis (média do primeiro semestre de 1997), desviando do lixão cerca de

18% em peso dos resíduos gerados no município.

Para separar os materiais recicláveis, cada morador ou usuário opta

por separar apenas a sucata do lixo ou selecionar também os recicláveis entre

si, usando os recipientes que julgar mais prático.

A coleta é domiciliar (porta a porta) em 25 bairros, de um total de 29.

Em 13 bairros, além deste sistema há PESa (Postos de Entrega de Sucata de

apoio) para a população sazonal que não tem como apresentar sucata para

coleta nos dias úteis.

A sucata é destinada a dois pátios de triagem, onde 45 funcionários

reorganizam os materiais coletados e dispõem de uma prensa para papel e

plásticos e de uma trituradora para vidros. Materiais como vasilhames, frascos

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de vidro com tampa e caixa de ovos são vendidos por unidade para a

reutilização.

A composição média de sucata, o valor de venda e o destino de cada

material estão indicados, como podemos ver na tabela 1 abaixo:

Composição média, valor de venda e o destino de cada material

Material % (do peso) US$/t Destino Kg vendidos

(julho/97)

Alumínio 1,5 600,00 Indústria 1,040

Papel 39 40,00 Aparista 45.540

Plástico 10 30,00 Sucateiro 13,00

Ferrosos 26,5 20,00 Sucateiro 38,970

Vidros 13 45,00 Indústria 9.180

Rejeito* 10 - Lixão -

Fonte: Coleta Seletiva de Lixo

Elaboração: Emílio M. Eigenheer, 1998, P. 22.

Nota: *materiais não-recicláveis como celofane, carbono, tecidos, isopor, madeira etc.

A previsão de verba para os serviços de limpeza pública para São

Sebastião em 1997 foi de R$ 4.145.900,00 o que equivale a 6,1% do

orçamento da prefeitura. O programa de coleta seletiva representa apenas

12,5% do orçamento para a limpeza pública, apresentando as seguintes

despesas/mês, como podemos ver na tabela 2 abaixo:

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Orçamento para limpeza pública

Item Quantidade R$/mês

Caminhões manutenção e aluguel 7 5.540,00

Motoristas Coletores e Triadores 45 34.640,00*

Material de consumo, uniformes e

almoços

- 3.900,00

Total - 44.080,00

Fonte: Coleta Seletiva de Lixo

Elaboração: Emílio M. Eigenheer, 1998, p.23.

Nota: * inclui encargos.

Considerando que o programa comercializa 136 t/mês, os custos de

coleta e triagem da sucata, por tonelada, é de R$ 324,11.

O programa de coleta seletiva mostra-se mais interessante

economicamente quando o custo de tratamento do lixo é mais elevado.

Socialmente, mostra-se viável em relação aos benefícios da coleta que são

doados para instituições carentes do município e, por fim, ambientalista, porque

reduz o volume dos lixões e torna a cidade mais limpa e bela, até mesmo por

se tratar de um município turístico.

Ü Porto Alegre – A coleta seletiva em Porto Alegre é uma

iniciativa de recursos próprios da prefeitura municipal, que consiste no

departamento municipal de limpeza urbana que é responsável pelos

serviços de coleta em geral (domiciliar, hospitalar, empresarial, industrial),

varrição, capina, pintura do meio-fio, roçado, raspação de areias, coleta de

limpeza em vilas, mutirões, limpeza de praias, manutenção dos

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monumentos e sanitários públicos, e também pelo destino final do produto

de todos esses serviços.

A coleta seletiva de Porto Alegre levou seis anos para ser implantada

em sua totalidade. Em agosto de 1996, a coleta seletiva estava à disposição de

100% da cidade.

A coleta é desenvolvida em bairros e vilas, escolas e redes de ensino,

hospitais, órgãos públicos, empresas etc.

Todo o lixo seco é encaminhado e distribuído entre as oito unidades de

reciclagem nas quais trabalham aproximadamente 250 recicladores, os quais

são responsáveis pela recepção, triagem, enfardamento, pré-beneficiamento e

comercialização do lixo.

Estas unidades de reciclagem consistem em associações de

catadores formalmente constituídas e autônomas. Estes contam com uma

estrutura física de um galpão munido de cestos para catação manual e

equipamentos, tais como balanças, prensas e picotadores de plástico e

papel.

Os materiais triados nas unidades de reciclagem são comprados

diretamente pelas indústrias ou por intermediários, proprietários de depósito,

que os beneficiam e revendem para as indústrias.

Para a comercialização, os materiais são classificados e com seus

respectivos valores, da seguinte forma na tabela 3 abaixo:

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Classificação dos materiais

Vidros = R$ 80/t Intermediários Valores Agregados

Papéis = R$ 410/t Intermediários

Metais

Latas = R$ 40/t Indústrias

Alumínio = R$ 600/t Intermediários

Cobre = R$ 188/t Intermediários

Plásticos

PEAD = R$ 150/t Intermediários

PEBD = R$ 180/t Intermediários

PET = R$ 180 a R$ 200/t Indústria

Fonte: Coleta Seletiva de Lixo

Elaboração: Emílio M. Eigenheer, 1998, p.24.

São recolhidas pela coleta seletiva cerca de 53t/dia de lixo seco. O

custo do serviço de coleta seletiva em Porto Alegre equivale a U$ 65,52/t o que

corresponde a 1,87% de custo no orçamento do departamento municipal de

limpeza urbana. Este baixo custo pode ser justificado pela otimização da frota

(frota pequena para volume coletado e carrocerias ampliadas, mas

principalmente, porque não fazem a triagem).

Ü Florianópolis – As atividades de coleta seletiva e reciclagem em

Florianópolis foram iniciadas quando a prefeitura municipal criou uma comissão

com representantes de várias entidades (universidades, associação de

moradores, órgãos municipais, entidades ambientalistas), encarregada de

elaborar propostas alternativas de encaminhamento para o problema de lixo. O

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programa recebeu também o financiamento de US$ 200 mil do BNDES – fim

social a fundo perdido para o programa Beija-Flor.

Os gastos com o serviço de limpeza pública representam 16% do

orçamento da prefeitura, estando aí incluídos os custos administrativos.

A população paga pelos serviços prestados através da caixa de coleta

incluída no carnê do IPTU. Calculada com base na área construída, freqüência

de coleta e categoria comercial ou residencial. O valor arrecadado com esta

taxa cobre somente 72% dos gastos com limpeza pública.

Ü Santos – O programa de lixo desenvolvido pela prefeitura de

Santos, teve início em maio de 1990, e a coleta do lixo é realizada porta a

porta, semanalmente.

O programa de reciclagem de materiais da prefeitura municipal de

Santos envolve as secretarias de meio ambiente, de higiene, da ação

comunitária e a Prodesan (Programa de Desenvolvimento de Santos) e

compõe-se pelas atividades de coleta seletiva, separação e comercialização

das materiais recicláveis disponibilizados pela população.

De acordo com o potencial de reciclagem do município de Santos os

valores médios do mercado para materiais recicláveis, são estimados em

venda valores de R$ 1.200.000,00 aos R$ 1.800.000,00 ao ano, com adicional

economia de disposição desses materiais.

Ü São José dos Campos – São José dos Campos iniciou a coleta

seletiva em 1990, com o intuito de trabalhar com a cultura do desperdício,

mudar comportamentos, não só com relação ao lixo, à limpeza urbana, à

preservação dos recursos naturais, fazendo com que a população sentisse a

necessidade de viver com qualidade de vida nos ambientes urbanos, e que,

junto com o poder público, fizesse sua parte.

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O projeto foi uma iniciativa da própria prefeitura, particularmente da

Assessoria do Meio Ambiente, que tem preocupação com a preservação dos

recursos naturais, somando a um grupo de voluntários.

A estrutura operacional do projeto compreende basicamente:

Ü Sistema de coleta

Ü Central de triagem

Através da tabela abaixo é possível visualizar a estrutura do projeto:

Estrutura atual

Para a coleta

3 caminhões-baú

1 caminhão-carroceria

Funcionários da coleta

14 coletores

4 motoristas

Central de triagem

Galpão com área de 1.200 m2

Equipamentos

4 prensas

1 triturador para vidro

2 esteiras mecânicas de 15m e 8m

Funcionários da coleta

1 supervisor

47 auxiliares de serviços gerais

Fonte: Coleta Seletiva de Lixo

Elaboração: Emílio M. Eigenheer, 1998, p.69.

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Ü Belo Horizonte – A coleta de Belo Horizonte é uma iniciativa da

prefeitura, mais necessariamente, pela Superintendência de Limpeza Urbana

(SLU).

A quantidade diária de resíduos coletados pelo município é de

aproximadamente 3.800 toneladas. A taxa de limpeza urbana é cobrada

juntamente com o IPTU e cobre 65% dos custos com limpeza urbana. A

prefeitura completa o orçamento com 30% dos recursos necessários e os 5%

restantes são obtidos através de receitas próprias da SLU.

Além de ter o objetivo de minimizar a produção de rejeitos e maximizar

a reutilização e a separação dos materiais para a reciclagem, a fim de diminuir

os impactos ambientais negativos decorrentes da geração de resíduos sólidos,

o projeto de coleta seletiva em Belo Horizonte destaca, também, a prioridade

dos catadores de papel, na reciclagem e comercialização de resíduos, com

geração de emprego e renda para esse segmento marginalizado, e a melhoria

da limpeza da cidade, com reflexos positivos sobre a qualidade de vida da

população.

Os recursos financeiros para implementação da coleta seletiva são

oriundos da própria prefeitura municipal, de convênio celebrado com o Fundo

Nacional do Meio Ambiente/Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal

e através de parcerias com a iniciativa privada.

Ü Brasília – Com o apoio da Secretaria do Meio Ambiente, Ciência e

Tecnologia e o serviço de limpeza urbana do Distrito Federal, foi implantado o

programa de coleta seletiva de lixo residencial e comercial do plano piloto.

O objetivo do projeto é a promoção da cidadania com base na

consciência e educação ambiental.

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O processo de implantação do programa de coleta seletiva de lixo em

Brasília não há alteração operacional que implique em alteração de custos.

Investimentos na ordem de R$ 500.000,00 foram direcionados para a

implementação de estruturas, unidades fiscais de triagem, classificação de

prensagem assim como para o processo de sensibilização da população para a

coleta seletiva, na qual procura contratação provisória de corpo técnico.

Ü Campinas – A coleta seletiva foi implantada em Campinas no

ano de 1991. As formas de atuação são detalhadas da seguinte forma:

Ü Coleta Seletiva Domiciliar: Atente a 200 bairros, o percentual em peso

do material coletado é em média 75%, a quantidade coletada

(média/mês) é de 360.000 kg.

Ü Coleta Seletiva em Comunidades Organizadas: Atende a 420

estabelecimentos (escolas, associações de bairro, grandes

condomínios e repartição pública etc), o percentual em peso do

material coletado é em média 18% quanto a quantidade coletada

(média/mês) é de 96.000 kg.

Ü Coleta Seletiva em Locais de Entrega Voluntária: Atende a 14 pontos

estratégicos do município, com instalação de contêineres

compartimentados. O percentual em peso do material coletado é de

0,7% e a quantidade coletada (média/mês) é de 34.000 kg. O custo dos

equipamentos por quantidades e valores da mão-de-obra fica em torno

de R$ 102.000,00.

A coleta seletiva em Campinas é um serviço oferecido gratuitamente à

população.

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Ü Conjunto Nacional de São Paulo: Através da iniciativa dos

administradores do condomínio, o programa de coleta seletiva no conjunto

nacional foi criado em 1992. A partir de pesquisas pessoais, observação de

casos, encontros e troca de informações com demais “membros da confraria”.

O custo de implementação chegava a US$ 100 mil, incluindo-se a

construção de uma central de coleta, especialmente projetada, que hoje ocupa

aproximadamente 150 metros quadrados no subsolo, onde estava o “lixão”

original. Havia ainda a necessidade de aquisição de prensa, picotadeira,

balança, material de divulgação etc.

Contudo, hoje o programa é viável, corresponde às expectativas de

higiene e limpeza do condomínio e quanto a venda dos recicláveis, são

comercializadas cerca de 12 toneladas mensais a um preço médio de R$

118,00, é arrecadado um valor médio de R$ 1.400,00/mês.

Os benefícios da coleta são, do ponto de vista ecológico, de muita

importância na educação ambiental para a sociedade. Como benefício também

os custos evitados, como redução do volume retirado pela caçamba

compactadora, que é de 12 toneladas mensais, representando 12% de

economia no custo mensal de retirada do lixo, o que gera uma economia de R$

1.200,00 mensais. Com essa diminuição se economiza R$ 550,00/mês em

taxas de despejo do lixo no aterro, cobradas pela prefeitura (R$ 46,20/t), em

virtude do decreto 35.657/95. Temos, assim, um total de R$ 3.150,00 em

benefícios mensuráveis sem contar com os benefícios não mensuráveis.

3.2 - Coleta Seletiva no Brasil

A coleta seletiva no Brasil ganhou bom desenvolvimento, em função da

crescente consciência da necessidade da reciclagem. Com início na cidade de

Niterói, no bairro São Francisco, cada vez mais municípios seguiram o seu

exemplo e procuram praticá-la.

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Existem problemas, na qual podem dificultar a implementação da

coleta seletiva, os quais podem ser observados através da tabela 5 abaixo:

Dificuldades para a implementação da coleta seletiva

Problemas Causas

Os preços dos recicláveis são muito baixos

Falta desenvolvimento de mercados

Faltam políticas públicas

A escala é muito baixa

Os custos evitados são altos e crescentes

O colapso dos aterros é iminente

Novos aterros serão muito mais distantes

Os custos da coleta seletiva são injustificavelmente elevados

Baixa escala

Falta espaço para armazenagem

Negociação insuficiente

Ausência de terceirização

Falta otimização dos circuitos

Falta separação e beneficiamento

Planejamento e gestão insuficiente

Falta visto de contexto A coleta seletiva é parte do processo de reciclagem

Fonte: Coleta Seletiva de Lixo

Elaboração: Emílio M. Eigenheer, 1998, p.199.

Estes problemas podem ser perfeitamente contornados com políticas e

planejamentos adequados a cada município ou instituição, como foi

mencionado nos exemplos anteriores de coleta seletiva no Brasil.

Essas políticas possibilitariam:

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Ü A eliminação da destinação final inadequada de resíduos a baixos

custos (implantação de aterros controlados ou sanitários);

Ü A cobrança pelos serviços de limpeza por resíduos gerados (mesmo

levando em conta diferenças sócio-econômicas);

Ü A ampliação da coleta de lixo;

Ü A melhoria dos preços pagos pelos materiais recicláveis;

Ü A formação e o treinamento adequado de pessoal ligado à limpeza

urbana;

Ü O incentivo à coleta seletiva de matéria orgânica para o composto.

3.3 - O Mercado para a Reciclagem no Brasil

Segundo Seroa da Motta (1995, P. 3) do ponto de vista privado, a

reciclagem é apenas uma atividade lucrativa caso o custo de reciclagem da

sucata seja inferior aos custos de utilização da matéria-prima virgem.

De acordo com o autor citado se, ao invés de usar matéria-prima

virgem, usar sucata, o processador poupará gastos de processamento, porém

os custos de reciclagem da sucata incluem, além de processamento, as fases

de coleta, separação e transporte e também os custos de transação nos

respectivos mercados associados à variação da qualidade e a instabilidade da

demanda.

Os custos da matéria-prima virgem funcionam com uma certa

estabilidade porque são realizados em mercados bastante sólidos e dinâmicos

onde os produtores, a qualidade dos produtos e a quantidade da produção são

conhecidos.

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Portanto, como cita o autor, quanto maior o custo associado ao

processamento da matéria virgem que pode ser poupada na re-introdução da

sucata no processo produtivo, maior será a margem de preço entre a sucata e

matéria-prima virgem que permitirá a absorção dos custos de reciclagem.

O autor afirma, também, que existem iniciativas para incentivo das

atividades da reciclagem, e estas podem atuar em dois níveis:

Ü Na redução dos custos de reciclagem com base em subsídios à atividade;

Ü Aumentando o custo do uso de matéria-prima virgem na forma de

penalizações ao seu processamento.

Contudo, para se falar de políticas e formas de reestrutura e melhoria

na dinâmica da reciclagem é necessário conhecer o mundo da reciclagem.

Ao que consiste, a reciclagem industrial no Brasil, pode-se dizer, que

está mais desenvolvida nos setores de metais, como aço e alumínio, enquanto

que a reciclagem de vidro encontra problemas no que se refere ao fluxo da

cadeia existente entre garrafeiros/sucateiros e recicladores, pois tal preço é

substancialmente menos atrativo que o de outros materiais recicláveis.

Através dos relatórios do CEMPRE (Compromisso Empresarial para a

Reciclagem, 1997), será apresentado o mercado de cada material reciclável

que é comercializado no Brasil.

Ü Latas de Alumínio – Em 1997, o Brasil reciclou cerca de 4,1

bilhões de latas de alumínio, que representava 61 mil toneladas. O material é

recolhido e armazenado por uma rede de, aproximadamente, 2 mil sucateiros,

responsáveis por 50% do suprimento de sucata de alumínio à indústria. Outra

parte é recolhida por supermercados, escolas, empresas e entidades

filantrópicas.

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Este mercado movimenta US$ 55 milhões por ano no Brasil. As latas

corresponderam a 43% das 100 mil toneladas de sucata de alumínio

disponíveis para reciclagem em 1997.

Cerca de 64% da produção de latas é reciclada. Em 1997, o índice foi

de 61%. A lata de alumínio é o material reciclável mais valioso. O preço pago

por uma tonelada varia de US$ 500,00 a US$ 750,00 e o kg equivale a 62

latas.

Ü Reciclagem de PET – O Brasil produziu 121 mil toneladas de

plásticos PET em 1997. Atualmente o maior mercado para PET pós-consumo

no Brasil é a produção de fibras para a fabricação de cordas, fios de costura e

cerdas de vassouras e escovas. Outra parte é destinada à moldagem de

autopeças, garrafas de detergentes, mantas não tecidas, carpetes e

enchimentos de travesseiros.

O mercado de reciclagem de PET está em expansão, 15% da resina

PET produzida no Brasil foi reciclada em 1997, totalizando 30 mil toneladas. As

garrafas recicladas provêm de coleta através de catadores, além de fábricas e

da coleta seletiva.

Ü Reciclagem de Papel – A disponibilidade de aparas de papel no

Brasil é grande, mesmo assim as indústrias precisam, periodicamente, fazer

importações de aparas para estabelecer o abastecimento do mercado. Com a

escassez da celulose e o conseqüente aumento dos preços do reciclado, as

indústrias recorrem a importação de aparas em busca de melhores preços dos

recicláveis. No Brasil, há pouco incentivo para a reciclagem de papel porque o

país é um grande produtor de celulose virgem. 36% do papel e papelão que

circulavam no Brasil em 1997 retornaram em forma de reciclagem, totalizando

1,6 milhão de toneladas.

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Ü Reciclagem de Plástico – Os principais consumidores de plástico

filme separado do lixo são as empresas recicladoras, que re-processam o

material, fazendo-o voltar como matéria-prima para a fabricação de artefatos de

plásticos, como conduítes e sacos de lixo.

O maior mercado para esse material no Brasil é o da reciclagem

primária, que consiste na regeneração de um único tipo de resina

separadamente. Este tipo de reciclagem absorve 5% do plástico consumido no

país e é geralmente associada à produção industrial (pré-consumo).

Um mercado crescente é o da reciclagem secundária, na qual o

processamento de polímeros, misturados ou não, entre os mais 15% dos

plásticos rígidos e filme é reciclado em média no Brasil, o que equivale a 200

mil toneladas por ano.

Ü Reciclagem de Vidro – o Brasil produz, em média, 800 mil

toneladas de embalagem de vidro por ano, usando um quarto de matéria-prima

reciclada na forma de cacos, 35% das embalagens de vidro são recicladas no

Brasil, somando 280 mil toneladas por ano. Desse total, 5% são geradas por

engarrafadores de bebidas, 10% por sucateiros e 0,6% provém de coletas

promovidas por vidrarias.

Os outros 12% representam refugos de vidro gerados nas fábricas,

reaproveitados para compor novas embalagens.

Ü Reciclagem de Papel Ondulado (Papelão) – Atualmente, o papel

ondulado é o material que mais se usa como papel reciclado no Brasil. Os

Índices de consumo de aparas de papel por região são: Norte (2,5%), Nordeste

(6,7%), Centro Oeste (2,4%), Sudeste (60,5%), Sul (26,8%). E 71% do volume

total de papel ondulado consumido no Brasil é reciclado.

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Ü Reciclagem de Latas de Aço – Segundo o setorial – BNDES

(1998, p.12) a reciclagem de latas de aço são 100% recicláveis pelas

siderúrgicas, que as reutilizam como matéria-prima na fabricação do aço, o

mesmo ocorrendo com as latas de alumínio, que são refundidas para posterior

produção de chapas. Sabe-se que o ganho econômico é válido para as latas de

alumínio, mas dificilmente será atingido pelas latas de aço.

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CAPÍTULO IV

O Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos no Estado

do Rio de Janeiro

"Os que descumprem a legislação ambiental e agridem

os ambientalistas desempenham o mesmo papel

daqueles que resistiram à libertação dos escravos, à

extensão do direito de voto às mulheres e à alocação da

jornada de trabalho de oito horas: são monumentos do

obscurantismo e do atraso na história da constituição da

cidadania.”

Carlos Minc

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O Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos no Estado

do Rio de Janeiro

O Estado do Rio de Janeiro necessita de iniciativas que atendam ao

crescente problema do destino de seus resíduos sólidos. Estas iniciativas

devem partir da educação ambiental da população, da coleta seletiva para

aumentar a quantidade da reciclagem, e de uma análise da estrutura de cada

cidade (número da população, classe social, tipo de consumo, posição

geográfica etc).

Atualmente, dois municípios adotam à prática da coleta seletiva que

são: São Francisco/Niterói e Angra dos Reis. Segundo os dados do CEMPRE

(outubro, 1999) existem 15 cooperativas no Estado. As cooperativas geram 300

empregos diretos fora os indiretos (catadores) e os salários são em torno de

800 reais/mês, 14 indústrias recicladoras (que reciclam seus resíduos) e 55

compradores de sucata.

A maior parte dos resíduos sólidos urbanos coletados está sendo

encaminhada para o aterro sanitário metropolitano Gramacho (município de

Caxias às margens da Baía de Guanabara). Entre outros que são lançados às

margens dos rios como, por exemplo, o Guandu, que abastece uma grande

parte da população do Estado.

Segundo Zirkl (1996) o município do Rio de Janeiro, com mais de 5

milhões de habitantes (região metropolitana; 9,5 milhões), é a segunda maior

cidade do Brasil e enfrenta, junto com as outras cidades da região

metropolitana, sérios problemas ambientais.

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Para o autor, a situação do tratamento do lixo do Rio de Janeiro

depende de vários fatores como da economia e da política local, do

planejamento urbano e da preocupação com o meio ambiente local.

Segundo ele no município, a COMLULB (Companhia Municipal de

Limpeza Urbana), é o órgão público que, entre outros serviços, é responsável

pela coleta, tratamento e destino final dos resíduos sólidos urbanos

(domiciliares, públicos e dos serviços de saúde). Em 1994, mais de 12.000

pessoas trabalhavam na limpeza urbana da cidade, na qual uma parte dos

trabalhadores retirava mais de 4.000 toneladas de resíduos sólidos domésticos,

e outra parte da limpeza pública, 2.000 toneladas. Um total de 86% da

população recebe a coleta e 14% não são atingidos por esses serviços e

despejam seus rejeitos em terrenos baldios, corpos de água ou os incineram.

De acordo com estudos de Frank Zirkl (1996) no Rio de Janeiro, quase

um milhão de pessoas moram em áreas de baixa renda, espalhadas em pouco

mais de 600 favelas. Em muitas delas há falta de coleta dos RSU ou, ainda, o

serviço é mal realizado.

Ü A Coleta Informal – Um trabalho importante na limpeza urbana,

mesmo sendo informal, é desempenhado pelos catadores de papel. Existem

principalmente dois tipos de catadores: um deles escolhe materiais recicláveis

nas áreas do comércio e nos resíduos sólidos domésticos expostos para a

coleta do município, nas ruas centrais e nos bairros residenciais. Um outro tipo

de catador é aquele que trabalha direto com o destino final (“lixão”, aterro)

retirando materiais reaproveitáveis dos resíduos domiciliares e encaminhados

pela coleta formal.

Segundo o autor Zirkl (1996), questionários e entrevistas feitas com 23

catadores de rua mostram os seguintes resultados:

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Para um grande número de catadores, este trabalho significa a única

opção para ganhar dinheiro e se sustentar. Estes, trabalham entre cinco e sete

dias por semana, tirando materiais recicláveis (papel, vidro, metais, em partes

plásticos) dos resíduos domésticos e do comércio. A maioria deles teve,

anteriormente, um emprego formal e o perdeu devido ao agravamento da

situação econômica do país.

O autor também cita que 2/3 dos catadores melhoraram suas

condições econômicas com o trabalho no setor informal.

Segundo suas afirmações, um fator preocupante é a péssima condição

higiênica do trabalhador. O que agrava é que mais de 50% dos catadores não

tem moradia fixa. Todos vendem os materiais recicláveis para intermediários,

que recebem remuneração inferior daquela direto na indústria recicladora. Um

grande número de catadores reclama que eles têm de retirar os materiais

recicláveis dos resíduos misturados, e assim lamentam que a população não

colabora representativamente com a separação no domicílio.

De acordo com o autor citado, a COMLURB está elaborando um

projeto que apóia a instalação de cooperativas de catadores. Algo que já existe

em outras cidades brasileiras (por exemplo, Belo Horizonte, como já foi citado

no capítulo II). Um aspecto favorável é a melhoria da situação econômica dos

catadores através da venda direta dos materiais recicláveis para a indústria,

para evitar o aproveitamento abusivo dos catadores pelos intermediários e

depósitos particulares.

De acordo com as citações do autor, pode-se concluir que o município

do Rio de Janeiro trata e destina seus resíduos sem resolução adequada e não

existe coleta seletiva formal, o que dificulta a evolução do processo da

reciclagem industrial.

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Como o município do Rio de Janeiro, vários outros como Nova Iguaçu,

Queimados, Nilópolis etc, não cuidam do tratamento de seus RSU e, portanto,

aumentam desordenadamente o crescimento dos lixões, levando, em muitos

casos, à contaminação de rios, causando à má condição das águas que a

população consome, principalmente as menos favorecidas que moram nas

periferias.

O Estado do Rio de Janeiro possui muitas cidades com atrações

turísticas na qual podem e devem ser estimuladas práticas de desenvolvimento

sustentável como o eco turismo, por exemplo, a fim de preservar ganhando, ou

seja, obter lucro com o turismo, com a atividade econômica local e cultural de

forma a dar sustentabilidade ao município. A base para isso é a educação

ambiental.

Em dois municípios do Estado do Rio de Janeiro já é realizada a

prática de coleta seletiva com respectivos êxitos, de acordo com o autor Emílio

M. Eigenheer. Serão abordadas, aqui, as principais atividades de coleta

seletiva dos municípios de Niterói (São Francisco) e Angra dos Reis.

A experiência de São Francisco está localizada na cidade de Niterói. O

município com 400.130 habitantes e densidade populacional de 3.463 por km2,

tem suas atividades notadamente econômicas. Niterói dispõe de um sistema de

coleta de resíduos domésticos que abrange a quase a totalidade, e o serviço

de coleta é terceirizado, apesar de a prefeitura repassar muito dos locais. São

recolhidas na cidade, em média, 400 toneladas diárias de lixo domiciliar e 120

toneladas de lixo de varrição.

A cidade possui um aterro controlado no qual catadores atuam,

inspecionados pela prefeitura. O município deverá ter enormes problemas

quando este aterro se esgotar, e acreditam que isso será possível em uma

década.

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O gasto com limpeza representa 14% do seu orçamento, os serviços

são executados pela companhia de limpeza de Niterói (CLIN) com 1.800

funcionários. A cidade cobra dos moradores uma taxa de lixo recolhida junto

com o imposto predial. A CLIN se esforça para que esta taxa predial seja

cobrada de maneira mais criteriosa, evitando grandes discrepâncias.

O acondicionamento do lixo doméstico em Niterói não é feito em

vasilhames padronizados, e há serviços privados para o recolhimento do

entulho.

São Francisco é um bairro residencial, de classe média alta apesar de

existirem, ao seu redor, bairros de baixa renda. A iniciativa de um programa de

coleta seletiva foi da Universidade Federal Fluminense (UFF) e do Centro

Comunitário de São Francisco (CCSF). À UFF coube a orientação e a

organização técnica, e ao CCSF a base comunitária e, após alguns anos,

também todos os encargos trabalhistas e administrativos. Este programa trata-

se da primeira experiência brasileira sistemática e documentada de coleta

seletiva.

Os recursos para implantação física do projeto vieram da GTZ, órgão

de cooperação técnica do governo alemão e, posteriormente na fase de

consolidação, da financiadora de estudos e projetos (FINEP), do governo

canadense, da Fundação Vital, da DOEN e da Geneve Tiers – Monde (GTM).

O CCSF recebe como ajuda, uma verba mensal do programa de reciclagem da

Brahma em contrapartida à divulgação da logomarca desta empresa.

O objetivo desta experiência foi analisar a viabilidade da coleta seletiva

de lixo no Brasil de maneira sistemática e para o fortalecimento das atividades

comunitárias e do CCSF, almejava-se uma estreita cooperação entre a

comunidade, os órgãos públicos e a iniciativa privada, em um trabalho

descentralizado e auto-sustentável, tanto de materiais recicláveis e de

minimização de resíduos, como de educação ambiental.

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Para a implantação das atividades contou-se, inicialmente, também

com o apoio da FEEMA e da COMLURB.

A coleta é feita por trabalhadores uniformizados, contratados pelo

CCSF. Para recolher os materiais se utiliza um micro-trator a diesel, munido de

caçamba. Os estagiários da UFF participam monitorando o trabalho.

O material coletado é levado para uma área de apoio, onde é triado,

classificado e armazenado para posterior comercialização. O transporte é feito

pelos próprios compradores. Os materiais são triados nas seguintes categorias:

Ü Papel: misto, papelão, jornais, revistas e brancos (são enfardados);

Ü Vidros: brancos e escuros (cacos para reciclagem);

Ü Vasilhames de vidro: garrafas, vidro boca larga e potes (para

reutilização);

Ü Metais ferrosos;

Ü Metais não-ferrosos (as latas de alumínio são enfardadas);

Ü Baterias de veículos e motores;

Ü Livros.

São recolhidos, ainda, eletrodomésticos, roupas e material de

construção, em grande parte doados posteriormente à população.

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Papéis e metais são comprados por grandes intermediários, e os

plásticos quase sempre por pequenas industriais de reciclagem. Alumínio e

vidros quebrados são comercializados diariamente com a indústria.

Com o Plano Real, aumentou muito o número de eletrodomésticos

recolhidos, já que não é tão fácil passar adiante tais utensílios. As pessoas

mais pobres, que costumavam recebê-los, começam a ter acesso a produtos

novos. Inicia-se, também, o descarte de computadores.

O recolhimento de livros ganhou espaço e importância, com a

aquisição de uma Kombi para atender as doações em toda a cidade. Dentre

outras coisas, são recuperados também, alumínio do bocal de lâmpadas,

chumbo de garrafas, tampinhas, rolhas e remédios, portanto, há no trabalho

uma forte ênfase na reutilização e não apenas na reciclagem.

A experiência de coleta seletiva em Angra dos Reis, foi implantada por

iniciativas próprias da prefeitura com recursos da ONG francesa Comitê

Católico Contra a Fome e pelo Desenvolvimento (CCFD). O trabalho era feito

em parceria com o Conselho Municipal de Associação de Moradores (COMAM)

e o objetivo inicial era fazer algum tipo de coleta de lixo nessas comunidades.

Em 1991, esgotaram-se os recursos do CCFD, a partir daí, a prefeitura

assumiu os custos.

O município possui um total de 819 km quadrados, onde vivem 100 mil

pessoas, a parte continental com 623 km quadrados e as ilhas 196 km

quadrados. Para o município a coleta seletiva é especialmente importante

porque facilita o beneficiamento e valoriza o lixo para a venda.

Em 1993, com os recursos da venda do lixo, foi implantado o programa

de troca de lixo. O objetivo é transformar lixo em moeda para estimular a

população a segregar os materiais em casa e não sugar os ambientes com lixo

inorgânico. O programa baseia-se em uma tabela de pontuação que relaciona

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os valores de cada tipo de lixo e dos prêmios dando incentivo a população a

separar e cuidar do seu lixo.

Os materiais trabalhados pela coleta seletiva são os seguintes:

Ü Alumínio: lataria, balde, panela, esquadria, antena, caneca, tabuleiro etc;

Ü Plástico: frasco, pote, garrafa, balde, caneca, engradado, tabuleiro etc;

Ü Vidro: copo, garrafa e pote;

Ü Papel: papelão, papel branco (escritório), jornal e revista.

Estes materiais são armazenados nas casas das pessoas ou em

espaços comunitários. Para condicionar o lixo a prefeitura não oferece

vasilhames. As pessoas são orientadas a utilizar os próprios sacos plásticos de

compra que são fornecidos gratuitamente pelo comércio.

Uma prensa manual, outra hidráulica e um moinho de vidro eram

suficientes para as três toneladas mensais até novembro de 1993. Com a

implantação do programa de troca, o crescimento do lixo impôs a necessidade

de mais equipamentos de beneficiamento na usina de lixo.

Foi feita uma parceria com os compradores de sucata, o Plaspel

colocou uma prensa, a Cosigua colocou uma prensa jacaré, duas prensas

colocadas por compradores de plásticos, outra prensa foi colocada pela

empresa Tricana, que compra plásticos do tipo PET. O moinho de vidro foi

doado pelo Abrividro.

A usina trabalha com cinco prensas e um moinho de vidro, e todos

esses equipamentos não foram comprados pela prefeitura. Esta fica localizada

na rodovia Rio Santos, a 20 km do centro da cidade.

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Os custos da coleta são mais do que se obteria em venda dos

recicláveis, porém os benefícios que o município obteve é socialmente

aceitável proporcionando assim:

Ü Aumento da vida útil dos vazadouros de lixo;

Ü A redução da quantidade de lixo descartada desordenadamente no

ambiente;

Ü A divulgação da prática do conceito de coleta seletiva.

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CONCLUSÃO

Conforme visto na introdução, o objetivo desta monografia foi o de

apresentar de que forma o padrão de comportamento e o nível de exigência

das pessoas, onde influenciaram na expansão de um segmento industrial

inovador e muito lucrativo, que é a reciclagem. Tendo ainda conceitos de

marketing que é um fator principal para o fortalecimento desse tipo de indústria.

Para tal, foi demonstrado, no decorrer da monografia, experiências de

coleta seletiva, o mercado da reciclagem no Brasil e, por fim, as experiências

no Estado do Rio de Janeiro no período da década de 90.

Com o decorrer da pesquisa, foi possível identificar as vantagens e

desvantagens desse setor, onde pode ser adequada a implantação de um

projeto de marketing forte, utilizando os meios de comunicação mais diversos

possíveis.

No capítulo I, ressaltamos os conceitos de marketing, marketing

ecológico e a marca.

No capítulo II, retratamos os conceitos relacionados ao meio ambiente,

ao desenvolvimento sustentável e as certificações que monitoram o controle

de qualidade nas empresas.

No capítulo III, foram demonstrados os problemas que ocorrem com o

destino precário dos resíduos sólidos no Brasil e as iniciativas que tentam

solucionar estes problemas.

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Portanto, foi observado que em muitos municípios da região Sudeste, a

coleta seletiva é bem sucedida, ocasionando, assim, um aumento na

reciclagem industrial e no bem estar social.

É necessário salientar que, mesmo com algumas dificuldades, como

elevados custos da manutenção da coleta, foi observado um ganho

considerável, levando em conta que as iniciativas, em muitos casos, são

precárias e sem incentivos por parte do poder governamental.

É pouco provável que esse mercado seja saturado, pois com a

escassez dos recursos naturais e o aumento do consumo das populações,

torna-se perfeitamente viável a reciclagem.

No mesmo capítulo foram apresentados os materiais recicláveis e seus

respectivos mercados na qual representa a expansão da reciclagem no Brasil.

No capítulo IV são demonstradas as experiências de coleta seletiva no

Estado do Rio de Janeiro. Pode-se concluir que, apesar do Estado do Rio de

Janeiro ter sido o primeiro do Brasil a ter um município que faz coleta seletiva

sistematizada (para favorecer a reciclagem), este se encontra em uma

significativa desvantagem em relação, por exemplo, ao Estado de São Paulo,

que possui vários municípios que adota serviço de coleta.

Portanto, como um dos objetivos da monografia é comparar as

experiências brasileiras nesse campo com o Estado do Rio de Janeiro, a fim de

melhorar seu desempenho, é necessário ressaltar que seja feito em cada

município do Estado uma análise gravimétrica do lixo, a fim de determinar o

potencial de reciclagem de cada área, na definição, por exemplo, de áreas

mais apropriadas para implantação de cooperativas. Também se faz

necessário um planejamento da cidade, saber o tipo de incentivo que mais lhe

adeque. São Francisco, por exemplo, teve iniciativa de uma universidade (UFF)

próxima, muitas universidades poderiam tomar como exemplo. A UCAM seria

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um, ou mesmo o exemplo de Florianópolis que teve iniciativa da própria

prefeitura junto a comunidade, ou seja, de acordo com a facilidade, com a

disposição de cada município, esses modelos de coleta seriam viáveis para

desenvolver o Estado.

Cabe ressaltar, também, que seria muito louvável a participação e o

incentivo das indústrias recicladoras do Estado, sem contar que serviriam de

incentivo às outras indústrias que não sabem o que fazer com seus resíduos,

pois o Estado é predominantemente calcado na atividade industrial, e possui

vários distritos industriais.

De acordo com a pesquisa, foi destacada a contribuição da reciclagem

de resíduos sólidos urbanos para a economia, pois atende aos propósitos

microeconômicos de externalidades positivas, na qual a prática da coleta

seletiva como pré-condição para a reciclagem gera um retorno positivo à

sociedade de geração de renda, cidadania e uma melhor condição de vida

social e ambiental à população.

Cabe ressaltar que para cada iniciativa, é necessário fazer um

planejamento adequado de marketing, onde a cultura, a condição social, o

meio ambiente devem ser levados em consideração a fim de fazer uma

campanha de marketing favorável. O marketing direto seria uma boa opção,

pois este tem o sentido de massificar.

Segundo Kotler (2000), o marketing direto é um sistema de marketing

interativo que usa um ou mais meios de propaganda para obter uma resposta

mensurável e/ou transação em qualquer local.

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ANEXOS

Índice de Anexos

Anexo 1 - "Astigmatismo” ----------------------------------------------------------------

Revista Exame (Conteúdo de Revista Especializada)

Anexo 2 - “Benditos 15%” ---------------------------------------------------------------

Jornal O Globo (Reportagem)

Anexo 3 - “Credibilidade na Mídia” ------------------------------------------------------

Pesquisa ANJ/Datafolha (Documento de Apoio)

Anexo 4 - “Escalada do Jornal Nacional” -------------------------------------------

Jornal Nacional (Documento de Apoio)

Anexo 5 - “Organização de um Telejornal” -----------------------------------------

Organograma (Documento de Apoio)

Anexo 6 - Primeira Atividade Cultural --------------------------------------------------

Anexo 7 - Segunda Atividade Cultural ------------------------------------------------

Anexo 8 - Terceira Atividade Cultural -------------------------------------------------

Anexo 9 - Quarta Atividade Cultural ---------------------------------------------------

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ANEXO 1

Cresce Coleta Seletiva de Lixo no Brasil

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ANEXO 2

Fotos de Iniciativas da Coleta Seletiva

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ANEXO 3

Certificação do ISO 14001 – Tetra Pak

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ANEXO 4

Iniciativa da Reciclagem em São Francisco

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ANEXO 5

Marketing Ecológico do HSBC

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ANEXO 6

Primeira Atividade Cultural

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ANEXO 7

Segunda Atividade Cultural

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ANEXO 8

Terceira Atividade Cultural

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ANEXO 9

Quarta Atividade Cultural

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BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, Maria Lucia Amarante de et al. Latas para Cervejas e

Refrigerantes: O Desafio do Alumínio x Aço. Revista Setorial. BNDES. Rio de

Janeiro, v.4, P. 12-13, set. 1998.

BLAUTH, Patrícia & GRIMBERG, Elizabete. Coleta Seletiva: Reciclando

Materiais, Reciclando Valores. 31 ed. São Paulo: Polis, 1998.

BULHÕES, Félix de. Ecologia e Desenvolvimento. São Paulo, jul/ago, 1997.

CALDERONI, Sabetai. Os Bilhões Perdidos no Lixo. São Paulo: Humanitas

Editora, 1997.

CAPRA, Fritjof et al. Gerenciamento Ecológico. São Paulo: Cultrix/AMANÁ,

1993.

CAVALCANTE, Clóvis. Desenvolvendo a Natureza. São Paulo: Futura, 1996.

CEMPRE. O Mercado para Reciclagem. São Paulo, 1997, P. 31.

________. Relatório do CEMPRE. São Paulo, n. 46, jul/ago, 1999.

________. Relatório do CEMPRE. São Paulo, n. 47, set/out, 1999.

COMLURB. Análise Geométrica do Lixo na Cidade do Rio de Janeiro. 1999.

EIGENHEER, Emílio Maciel. Coleta Seletiva de Lixo: Experiências Brasileiras.

Rio de Janeiro: INFÓLIO, 1999.

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KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 10 ed. São Paulo: Prentice Hall,

2000.

MOTTA, Ronaldo Seroa da et al. A Economia da Reciclagem: Agenda para

uma Política Nacional. Rio de Janeiro: CEMPRE/IPEA, 1995.

PIRES, Gisela A. Gestão Ambiental: uma Avaliação das Negociações para a

Implantação da ISO 14.000. Rio de Janeiro: CETEM/CNPq, 1996.

RECICLOTECA. Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Rio de Janeiro, n. 10,

jul/ago/set, 1999.

TETRA PAK. Relatório Tetra Pak. São Paulo, 1999.

UNGARETTI, Wladymir Netto. Empresariado e Ambientalismo. Uma análise de

conteúdo da Gazenta Mercantil. São Paulo: Anna Blume Editora, 1998.

VALLE, Cyro Eyer do. Novas Tendências para a Reciclagem de Resíduos.

Meio Ambiente Industrial, São Paulo, n. 19, jul/ago, 1999.

VALVERDE, Magda Carneiro Felipe. A Avaliação dos Métodos de Disposição

Final de Resíduos Sólidos Domiciliares: O Caso das Usinas de Reciclagem

com Compostagem no Município do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UFRJ,

1995. Dissertação de Mestrado do Programa de Planejamento Energético.

Centro de Tecnologia – COPPE/UFRJ.

ZIRKL, Frank. Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos no Rio de Janeiro: sob

Aspectos Geográficos e Sócio-Econômicos. Tubingen: Universidade de

Tubingen, 1996. Dissertação de Mestrado em geografia. Departamento de

Geografia da Universidade de Tubingen (Alemanha).

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

AGRADECIMENTO

DEDICATÓRIA

RESUMO

METODOLOGIA

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

LISTA DE SIGLAS

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

O MARKETING

1.1 - Conceitos de marketing

1.2 - O marketing ecológico e o processo de conscientização do

consumidor

1.3 - A marca e o meio ambiente

CAPÍTULO II

O MEIO AMBIENTE

2.1 - O Desenvolvimento sustentável

2.2 - O fator de responsabilidade social

2.3 - A ISO 14.000 e 14.001

CAPÍTULO III

O TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL

3.1 - Experiências brasileiras de coleta seletiva

3.2 - Coleta seletiva no Brasil

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3.3 - O mercado para a reciclagem no Brasil

CAPÍTULO IV

O TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO ESTADO

DO RIO DE JANEIRO

CONCLUSÃO

ANEXOS

BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE

FOLHA DE APROVAÇÃO

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Projeto A Vez do Mestre - AVM

Título da Monografia: “O Marketing Ecológico como Fator Principal para o

Fortalecimento da Indústria de Reciclagem”

Autor: COSTA, Janayna Gomes da.

Data da entrega: 28 de junho de 2003

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Conceito Final: