UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · 3 AGRADECIMENTOS A Deus, por estar do ......
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
CRIATIVIDADE E ARTETERAPIA<>
Por: Flávia Maria da Silva
Orientador
Prof. Geni de Oliveira Lima
Rio de Janeiro
2009
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
CRIATIVIDADE E ARTETERAPIA
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre
- Universidade Candido Mendes como requisito parcial
para obtenção do grau de especialista em Arteterapia em
Educação e Saúde.
Por: . Flávia Maria da Silva
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar do meu lado em mais esta caminhada e
conquista em minha vida.
A todos os professores e colegas do Curso de Arteterapia
em Educação e Saúde.
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DEDICATÓRIA
A meus pais, minha irmã e as minhas paixões: Seara,
Garoto, Bob e Tobi por mais essa realização em minha
vida.
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RESUMO
Usando a criatividade como base, esta monografia objetiva gerar uma
discussão sobre a influência do processo criativo na vida do indivíduo. Todo
indivíduo em qualquer idade é capaz de criar. Torna-se necessário o
desenvolvimento do potencial criativo nas pessoas para uma melhor
adaptação e desempenho. Ao criar o indivíduo é único. Neste trabalho
buscamos fornecer informações que possibilitem a compreensão da
importância da criatividade e da arteterapia em todos os aspectos da vida do
ser humano por meio da expressão artística procurando a essência de cada
um. Através do processo terapêutico trazer a arte como fator fundamental do
existir do indivíduo. O desenvolvimento das habilidades do pensamento
criativo. Sobre a criatividade será abordada as definições e teorias, o ambiente
criativo, a pessoa criativa, enfocando a relação da criatividade com a
arteterapia. A arteterapia é uma modalidade terapêutica em que se utiliza os
diferentes materiais de arte e técnicas expressivas, como instrumento
terapêutico. É reconhecida pelo uso dos materiais de arte. Na arteterapia o
contato direto com os materiais plásticos é de fundamental importância, pois
mobiliza todos os nossos sentidos e desperta o criativo em nosso ser.
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METODOLOGIA
Através da pesquisa bibliográfica de caráter exploratório realizada a
partir de publicações de livros, contribuindo para aquisição de fundamentos
teóricos sobre os temas criatividade e arteterapia, em seus diversos aspectos.
Neste trabalho pretendo fornecer informações essenciais que possibilitem a
compreensão sobre arteterapia e criatividade através de abordagem teórica
que evidencie em cada tema seus aspectos principais. Sobre arteterapia será
abordado as definições e teorias, o processo terapêutico, os recursos,
materiais e técnicas utilizadas para a realização dos trabalhos expressivos.
Sobre criatividade será abordado as definições e teorias, o ambiente criativo, a
pessoa criativa, enfocando a relação da criatividade com arteterapia.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Criatividade 10
CAPÍTULO II - Arteterapia 24
CAPÍTULO III – Arteterapia x Criatividade 33
CONCLUSÃO 54
BIBLIOGRAFIA 57
ÍNDICE 59
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INTRODUÇÃO
A Criatividade é um tema amplamente discutido em diversas áreas do
conhecimento. O estudo da criatividade apresenta, hoje, uma variedade de
material teórico e de pesquisa, que segue tradicionalmente a abordagem de
quatro aspectos mais frequentemente estudados: do ponto de vista da pessoa
criativa, do ponto de vista dos processos mentais envolvidos no acontecimento
criador, do ponto de vista da influência ambiental e cultural do potencial criativo
e do ponto de vista do produto criativo.
Anteriormente, o objetivo era traçar o perfil do sujeito criativo e
desenvolver programas e técnicas que estimulassem a expressão criativa.
Recentemente, os estudos têm voltado sua atenção para a influência dos
fatores sociais, culturais e históricos no desenvolvimento da criatividade. Vários
estudos têm sido conduzidos com o objetivo de investigar variáveis do contexto
sócio histórico cultural que interferem na produção criativa e favorecem a
expressão da criatividade.
Esta monografia tem o propósito de abordar a Criatividade a partir de
uma aproximação teórica entre a Arteterapia e o Desenvolvimento Cognitivo. A
partir deste estudo, espera-se estar contribuindo para ampliação da
capacidade criativa do ser humano. A situação atual do conhecimento da
criatividade, consequentemente mostra a necessidade fundamental da
construção de uma base teórica mais integradora sobre o fenômeno criativo,
que nos permita um aproveitamento maior de toda a gama de informações
existentes no assunto.
É interessante constatarmos alguns dos problemas decorrentes de
uma inadequada discriminação do significado e da utilização dos termos
“criatividade”, “fenômeno criativo” e “potencial criativo”, quanto a uma clara
significação e respectivo uso.
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O presente estudo, através da investigação da experiência criativa,
estabelece o objetivo de buscar o alcance de uma compreensão mais global
do fenômeno criativo.
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CAPÍTULO I
CRIATIVIDADE
1.1 – Definição de Criatividade
VIRGOLIM, DIZ:
"A criatividade apresenta-se como elemento indispensável na prática
educacional e na vida diária. Surge como uma possibilidade de
resgatarmos habilidades humanas preciosas que permitirão
ampliarmos nossos conhecimentos como espécie. Se desenvolvemos
nossas habilidades criativas somos capazes de lidar com o futuro e
suas incertezas, tornamo-nos aptos a criar novas formas de
adaptação às novas demandas sociais e naturais, transformamo-nos,
todos, em produtores do saber, em solucionadores de problemas. Por
isso a escola, a família e a sociedade não podem dispensar a
criatividade como elemento de vital importância em seus objetivos e
metas de formação e educação do sujeito humano. Se pretendem
formar indivíduos que vão viver no futuro, precisam considerar a
importância de desenvolver as habilidades criativas de seus
indivíduos para que possam adaptar-se e solucionar as questões e os
problemas trazidos pelo progresso social, científico e tecnológico”.
(Ângela Virgolim,1994)
Muitos acreditam que a criatividade é algo misterioso. Acreditam que a
criatividade vem de fontes externas do indivíduo, que é algo mágico, algo que
só algumas pessoas possuem, que é um dom dado a algumas pessoas.
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Alguns levam em consideração os aspectos sociais, outros, os
psicológicos e, recentemente, tem-se levado em consideração as ciências
cognitivas.
Recorrendo-se à história, encontramos diversas concepções sobre a
criatividade, como a sua origem divina; a criatividade como forma de loucura; a
criatividade como genialidade, no final do Renascimento, vista como uma
forma saudável e altamente desenvolvida da intuição, um processo natural que
criava as suas próprias regras, tornando o criador uma pessoa rara e diferente.
A pessoa criativa muitas vezes é vista como desagregado da realidade
e sem capacidade de desenvolver uma vida em sociedade. As pessoas são
diferentes em relação à maneira e a forma de expressar a criatividade.
Criatividade, é a manifestação do “potencial”, da “capacidade” criativa.
Ela, é uma ação e ou expressão humana. É a expressão de um potencial
humano de realização, que se manifesta através das atividades humanas e
gera produtos na ocorrência de seu processo.
Trata-se do estudo da atividade criadora, ou capacidade criativa,
colocando-nos em contato com compreensões sobre a natureza humana, uma
vez que, através da criatividade, o ser humano realiza a construção de seu eu
e do próprio mundo. Através da atividade criativa, os seres humanos alcançam
uma consciência sobre suas potencialidades. uma vez que através da
criatividade, o homem existe , evolui, se expressa. Considerando portanto, que
a criatividade enquanto expressão humana de vida, se ampara no conjunto
“indivíduo-processo-ambiente-produto”.
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1.2 - Quatro Aspectos Essenciais a Criatividade: Pessoa,
Processo, Produto, Ambiente (Pressão).
Um “marco” nas teorias de criatividade abordado por Rickards
(1999: 31) é o modelo dos “4 Ps” de criatividade de Mel Rhodes (1961).
O modelo de Rhodes aponta quatro linhas sobrepostas de definições
que envolvem a criatividade: 1) Pessoa, 2) Processo, 3)Produto e 4) Pressão.
Rhodes (1961) examinou quarenta definições de criatividade e
dezesseis sobre imaginação para chegar a seu modelo:
- Normalmente tinham em comum característica e atributo de
criatividade existente nas pessoas (Pessoa).
- Uma descrição do processo de criação com suas operações e
estágios de pensamento que essas pessoas usam (Processo).
- A identificação da qualidade de produtos ou resultados que essas
pessoas produzem (Produto).
- Um exame da natureza do ambiente, contexto ou situação em que
estas pessoas usam a criatividade (Pressão).
Para compreender uma pessoa criativa não basta somente considerar
suas características e traços pessoais e sim o tipo de ambiente em que as
pessoas estão imersas no seu trabalho, o tipo de operações mentais que
foram usadas como também a natureza dos resultados e produtos desejados.
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Rhodes, afirmou, então, sobre a criatividade:
“A palavra criatividade é um substantivo nomeando o fenômeno em
que a pessoa comunica um novo conceito (que é o produto).Atividade
mental (ou processo mental) está implícita nesta definição e, claro,
ninguém poderia conceber uma pessoa vivendo ou operando em um
vácuo, então o termo pressão também está implícito. A definição
pede as questões: como o novo conceito deve ser e para quem ele
deve ser novo.” (Rhodes, 1961).
Usando as próprias palavras de Mel Rhodes (1961, p.217) "as palavras
criativo e criatividade tem sido usadas e superusadas, com vários significados
para as mesmas, ele percebeu que estas definições não eram mutuamente
exclusivas .
1.2.1- Pessoa
A pessoa criativa é conhecida como uma pessoa complexa, pois tem
uma série de comportamentos que podem ser conhecidos como contraditórios.
Características da pessoa criativa: o humor, a espontaneidade e a
impulsividade . Estas características incluindo atributos como, em maior
importância: fluência, flexibilidade, originalidade e elaboração; e, em menor
importância: curiosidade, complexidade, tomada de risco, imaginação e
abertura.
1.2.1.1- Característica da Personalidade Criativa:
- Fluência e flexibilidade de idéias.
- Idéias originais e inovadoras.
- Sensibilidades internas e externas.
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- Fantasia e imaginação.
-Abertura as novas experiências, independência de julgamentos e
inconformismo.
- Uso de analogias e combinações incomuns.
- Idéias enriquecidas e elaboradas.
- Preferência por situações de risco, motivação e curiosidade.
- Humor, impulsividade e espontaneidade.
- Confiança em si mesmo e sentido de destino criativo.
1.2.1.2- Contribuição do Congnitivismo para a
Criatividade: Segundo ( J.P. Guilford, 1975-1977).
Propôs o estudo da mente humana, analisando as operações
desenvolvidas ao se pensar, o conteúdo pensado e os produtos que resultam
desse processo.
“O pensamento criativo implica sempre na produção de respostas
diferentes e alternativas”. (Guilford, 1977)
A partir do estudo da mente humana, ele definiu quatro maneiras
principais:
Fluência:
Definida como capacidade de gerar grande número de idéias pode
ocorrer, das seguintes maneiras: ideativa, associativa e expressiva.
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- A fluência ideativa envolve a produção de idéias em resposta a uma
situação-problema.
- A fluência associativa significa gerar idéias para uma área restrita de
conhecimentos.
- A fluência expressiva significa gerar grande quantidade de idéias para
atender a certos limites.
Flexibilidade:
Significa a mudança no significado ou interpretação de algo. A
flexibilidade pode ser espontânea ou adaptativa.
- Flexibilidade espontânea é a mudança na direcionalidade do
pensamento sem nenhuma restrição .
- Flexibilidade adaptativa, envolve mudança na direcionalidade do
pensamento para resolver um problema especifico.
Originalidade:
Originalidade do pensamento relaciona-se com a produção de
respostas que são diferentes ou incomuns.
Elaboração:
É a habilidade necessária para planejamento e organização. Ela
significa o detalhamento para se conseguir obter um determinado produto ou
se alcançar um certo objetivo.
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1.2.1.3 - Traços da Personalidade
Existe uma série de outros fatores que devem ser considerados a
respeito dos pontos fortes e potenciais de uma pessoa criativa. É necessário
que se considere mais que uma simples habilidade quando se tenta entender e
prever um comportamento criativo. O processo envolve conhecer e usar
estratégias para criar. Motivação envolve o uso de comprometimento pessoal
de tempo, energia, esforço e entusiasmo. Logo, fatores como motivação ou
interesse necessitam ser considerado quando estamos considerando
criatividade em pessoas.
1.2.2- Processo
O processo criativo é um dos quatro aspectos essenciais na
criatividade. Este aspecto está concentrado em examinar o processo mental ou
cognitivo ou o pensamento que ocorre quando a pessoa usa sua criatividade.
A tomada de consciência dos processos mentais envolvidos na
criatividade é vital para que se possa desenvolvê-los.
1.2.2.1 - Etapas do Processo Criativo ( Modelo de
Wallas)
Wallas (1926), desenvolveu uma das primeiras descrições do processo
criativo, Esta descrição sugere que o processo criativo é composto de estágios:
Apreensão: O indivíduo tem a sensação ou a percepção de que existe
um problema a ser resolvido ou idéia a ser realizada. Até então não
teve inspiração, mas apenas a noção de algo a fazer.
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Preparação: O indivíduo investiga sobre o problema em questão de
diferentes maneiras: lendo, anotando, discutindo, indagando,
colecionando, explorando.Onde se investiga um problema em todas as
direções.
Incubação: Conseqüência direta da fase anterior. Enquanto lê,
investiga ou explora, o indivíduo joga com hipóteses, a nível
inconsciente, sobre as informações obtidas. Pensa sobre o problema
de uma forma não consciente.
Iluminação: O “clímax” do processo de criação vem
espontaneamente, em um dado momento do estado de incubação. A
idéia iluminadora pode ocorrer em estado de relaxamento ou não,
podendo o sujeito estar acordado ou dormindo.Sensação de que teve
uma boa idéia.
Verificação: Conclui a etapa do processo criativo, aonde o indivíduo
vai dar forma a solução encontrada. Neste momento o criador irá
verificar se suas idéias são executáveis, se podem ser produzidas, se
são válidas.Teste e validação da idéia reduzindo-a a exata forma.
1.2.3 - Produto
Este aspecto da criatividade normalmente foca nas características dos
resultados . A questão principal deste aspecto é como saber o que é criativo.
Mackinnon (1978) estabeleceu cinco critérios necessários para se avaliar um
produto criativo:
Originalidade: Corresponde a uma resposta estatisticamente
infrequente, de um indivíduo em uma população.
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Adaptação à realidade: Diferenciar idéias originais criativas e originais
bizarras.
Elaboração: É necessário que o produto seja elaborado, desenvolvido
e comunicado para os outros.
Solução elegante: Simples, porém estética, porque nem todas as
soluções encontradas podem ser consideradas igualmente elegantes.
Transformação de princípios antigos: O produto transforme ou
revolucione os princípios até então aceitos em relação a aquela área.
1.2.4 - Ambiente(Pressão)
O ambiente é um dos aspectos da criatividade orientado a contexto,
lugar, situação ou clima onde a criatividade é manifestada. Este aspecto
examina estes fatores ambientais que podem promover ou inibir o
comportamento criativo.
O desenvolvimento da criatividade depende bastante do tipo de
ambiente que se encontra ao redor.
Isso quer dizer que os indivíduos podem ser julgados de forma
diferente a depender de onde eles estejam. Eles devem estar no lugar certo,
no tempo certo para serem reconhecidos como criativos.
A criatividade dentro do ambiente do trabalho é estudada através do
funcionamento e da dinâmica de grandes e pequenas organizações, indústrias,
empresas etc, independentes dos objetivos específicos de cada uma delas.
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1.2.4.1 - Clima Criativo
A visão tradicional da criatividade está muito focada nos 4Ps: pessoa,
processo, produto, pressão.
Além das características pessoais, temos que também levar em conta
muitos fatores que tem impacto na criatividade.
O clima criativo ajuda as pessoas a entenderem de forma mais clara
como perceber o ambiente. Isto faz com que o invisível pareça um pouco mais
visível.
1.3 – ABORDAGENS SOBRE CRIATIVIDADE
1.3.1 – Abordagens Filosóficas
Numa visão antiga do velho mundo, é defendida a idéia de que a
criatividade é um dom divino, uma inspiração divina, uma prenda divina, tudo o
que não podia ser explicado pelos seres humanos, atribuía-se aos Deuses.
Uma outra tendência encontrada associa a criatividade a alguma forma
de loucura, já que o indivíduo ao criar demonstra ruptura com maneiras
tradicionais de agir, destoa das regras e do comportamento preestabelecido e
esperado pelo grupo social em que vive. Esses artistas eram muitas vezes
trancafiados e isolados da sociedade por serem considerados seres esquisitos
e anormais. Numa visão filosófica moderna o artista passa a ser visto como um
gênio e a criatividade como forma saudável e altamente desenvolvida de
intuição. O criador apesar de não ser mais visto como anormal ou doente,
ainda é visto como um tipo de pessoa diferente e rara.
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1.3.2 – Abordagens Biológicas
A criatividade é vista como força criadora inerente a vida, já que a
mesma está em constante renovação e criação. A vida está continuamente
gerando novidades, na busca de um equilíbrio e harmonia, se auto-regula e se
auto-organiza. Numa Segunda visão, a criatividade sendo percebida como algo
fora do controle pessoal, tendo a hereditariedade como explicação para a
transmissão interna dos códigos genéticos capazes de determinar a
criatividade em um determinado ser humano, não deixando a possibilidade de
ser educável ou estimulada pelo ambiente.
1.3.3 – Abordagens Sociológicas
A abordagem sociológica associa o produto criativo ao meio social em
que o indivíduo pertence. A sociedade estabelece o que é criativo e sua
utilidade.
1.3.4 – Abordagens Psicodélicas
Procura-se enfatizar a expansão da consciência, com o objetivo de
abrir novas fontes de inspiração e criação. Os processos de relaxamento e
meditação são tidos como formas eficazes para um afrouxamento das
barreiras perceptivas.
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1.3.5 – Abordagens Psicológicas
Dentro das abordagens psicológicas temos as teorias:
Associativa: Corpo e mente se inter-relacionam e a repetição é o
princípio fundamental de toda associação. O pensamento consiste em
associar idéias, derivadas da experiência.
Comportamental: Skiner explica o comportamento humano como
sendo uma relação basicamente de estímulo resposta.
Gestaltista: O ato criativo é visto como a procura de uma resposta
para o fechamento de uma gestalt ou forma incompleta. A resposta,
produto e/ou solução para o fechamento da gestalt (forma completa)
surge como um clique ou insight.
Psicanalista: Referia-se ao processo criativo como uma força
emergente do inconsciente para a consciência.
Para Freud o processo criativo se utilizaria e se alimentaria da energia
deslocada através da sublimação dos instintos sexuais primitivos. A
criatividade teria sua fonte no inconsciente.
Para Jung o processo criativo se daria pela ativação do inconsciente
coletivo ou pessoal. Os processos criativos não dependeriam somente do
inconsciente, mas também da energia física que possibilitava o resgate dos
pensamentos inconscientes para a consciência.
Humanista: A criatividade é vista como um caminho para a auto-
realização.É comparada com saúde mental, ou como meio para tal, a
auto-realização seria conseguida através de um indivíduo criativo.
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1.3.6 – Abordagens Psicoeducacionais
Teoria Cognitivista: O cognitivista Guilford propôs o estudo da mente
humana, de forma tridimensional. Ele compõe o mecanismo do
pensamento da seguinte forma: Operações - Que são desenvolvidas
ao se pensar; Conteúdo - O que se pensa; e Produto - É o resultado do
processo.
Teoria Educacional: Paul Torrance, estudioso da educação na área
de criatividade, definiu a criatividade como processo de: -Tornar-se
sensível a falhas, deficiências na informação ou desarmonias (ter
conhecimentos básicos sobre o problema); -Identificar as dificuldades
ou elementos faltantes (identificar várias facetas e priorizar a essência
deste problema).
1.3.7 – Abordagem Instrumental
Criatividade como propósito, analisada segundo os seus objetivos e
finalidades. Nessa teoria, a criatividade è entendida através de seu produto.
Sternberg & Lubart fazem analogias com o mercado financeiro cria a
"teoria da criatividade como investimento", dessa forma, de acordo com a
teoria do investimento, o indivíduo criativo é aquele que compra baixo e vende
alto.
1.3.8 – Abordagens Psicofisiológicas
A psicofisiologia tem contribuído para os estudos sobre hemisférios
cerebrais e criatividade. Um dos objetivos é localizar a origem do pensamento
criativo nos hemisférios cerebrais.
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Os resultados de várias pesquisas confirmaram que há o envolvimento
dos dois hemisférios cerebrais no pensamento criativo, no trabalho com a
criatividade.
O hemisfério direito é o lado da emoção, intuição, fluência e
flexibilidade, humor, improviso, não tem lógica, elabora pensamentos
através de imagens, se arrisca para colocar em prática suas idéias,
etc.
O hemisfério esquerdo deve suceder a essa etapa analisando,
modificando, avaliando as soluções encontradas e organizando-as
para a produção final. Eles se completam se inter-relacionam.
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CAPÍTULO II
ARTETERAPIA
2.1 – Processo Terapêutico
Angela Philippini conceitua Arteterapia, descrevendo estratégias
terapêuticas básicas e destacando alguns benefícios deste trabalho
terapêutico. Estabelece as conexões entre produção simbólica e individuação,
enfatizando o papel das manifestações artísticas como documentários
psíquicos, tanto no nível individual como coletivo. Localiza como funções do
arteterapeuta acompanhar e ser guardião do processo criativo.
Segundo Pain e Jarreau existem inúmeras possibilidades de conceituar
arteterapia. Uma delas é considerá-la como um processo terapêutico
decorrente da utilização de modalidades expressivas diversas, que servem a
materialização de símbolos. Estas criações simbólicas expressam e
representam níveis profundos e inconscientes da psique, que permite o
confronto, no nível da consciência, destas informações, propiciando “insights” e
posterior transformação e expansão da estrutura psíquica.
O universo dominante em arteterapia é o da sensorialidade e da
materialidade: texturas, cores, formas, volumes, linhas. E integrar-se e
movimentar-se nesse universo requer atenção e preparo.
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Utiliza recursos materiais externos tais como desenho, pintura,
modelagem, colagem e outras que, por meio do toque e da construção
individual e coletiva, se tornam canais de expressão do ser.
Este trabalho com diferentes materiais expressivos permite que
elementos da natureza e do próprio dia-a-dia venham a inserir-se nas
atividades, possibilitando uma maior interação do homem com o ambiente e
com o grupo social.
O processo arteterapêutico envolve o aprendizado constante: o fazer, o
desfazer, o refazer, em uma contínua transformação.
Um caminho produtivo para facilitar o inicio do processo
arteterapêutico pode ser a vida da consciência corporal, dos exercícios de
relaxamento das tensões e da colocação da respiração em estágios mais
lentos e profundos para facilitar desbloqueios, permitindo mais fluência do
processo criativo, pois esta providência rebaixa as funções da vigília,
permitindo o acesso mais livre à camadas inconscientes. Estes estados
poderão ser ativados também pela criação de ambientes sonoros específicos,
com produção e ou escuta de determinados sons.
As primeiras experimentações plásticas devem oferecer facilidade
operacional, para que não sejam agravadas as já naturais defesas e
resistências apresentadas no início de qualquer processo terapêutico.
As atividades iniciais devem propiciar um clima de experimentação
prazerosa e lúdica, sem exigir desempenhos complexos. Assim, uma boa
possibilidade podem ser explorações com gravuras, pois já trazem símbolos
bem configurados, onde a expressão se dá pela escolha e composição de
grupamentos de imagens, o que apesar de ser tarefa simples, sempre
fornecerá mapas muito adequados de aspectos psicodinâmicos, presentes
naquele momento, na vida de cada pessoa que as organiza.
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Outras possibilidades interessantes são manchas, rabiscos, papéis
rasgados, uma sutil permissão para a “não-forma” uma simbólica comunicação
“você não precisa se preocupar em fazer bonito”....
Este processo arteterapêutico poderá então, ser complementado pelo
rastreamento cultural dos símbolos produzidos, quando vai se buscar registros
culturais (mitológicos, religiosos, alquímicos ou em contos e cantos),
mapeando estas inserções e compreendendo os significados coletivos para
aquele símbolo pesquisado.
A transposição de linguagens expressivas poderá seguir uma gradação
que costuma variar do plano bidimensional ao plano tridimensional. Nessas
transposições pode-se também observar as modalidades expressivas mais e
menos facilitadoras para cada indivíduo, o que será muito útil para o
desenvolvimento do trabalho plástico. Deste modo um processo
arteterapêutico constitui-se em delicada construção artesanal que resgata,
ativa e expande possibilidades criativas singulares.
Nos trabalhos com grupos, por exemplo, é produtivo terapeuticamente
poder utilizar como gestos simbólicos, temas ligados à exploração, expansão e
transformação do processo criativo.
Estas, ou questões similares, funcionam como recursos auxiliares na
preparação e estruturação de um espaço criativo interno, uma tarefa essencial
para permitir a expressão e produção simbólica mais fluente.
O processo terapêutico é, então, um trajeto marcado por símbolos, que
assinalam e informam sobre estágios da jornada da individuação de cada um.
Por individuação entenda-se a árdua tarefa de tornar-se um indivíduo (aquele
que não de divide face a pressões externas) e que assim procura viver
plenamente, integrando seus talentos, às suas feridas e faltas psíquicas.
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Trata-se de um processo preferencialmente e predominantemente não
verbal. Isto quer dizer que a abordagem e as formas de intervenção, destinam-
se ao confronto com conteúdos inerentes a processos psíquicos primários e
pré-verbais .
Após a conclusão das atividades plásticas, a palavra poderá ser
produtiva e bem vinda, desde que já seja possível codificar, de forma
consciente e inconsistente, experiências subjetivas às vezes muito profundas.
Muitas vezes, a palavra só conseguirá ser usada com adequação, semanas,
meses, e algumas vezes anos depois, quando a energia psíquica tiver podido
pouco a pouco, percorrer a “distância” que separa os processos psíquicos
primários, dos processos psíquicos secundários de elaboração simbólica. De
todo o modo, porém, antes ou depois da palavra, com ou sem ela, já terá o
indivíduo vivenciado dentro de si, aquilo que efetivamente a arteterapia tem de
mais benéfico e produtivo terapeuticamente, que é: expressar, configurar, e
materializar conflitos e afetos, realizando um conjunto de atos que podemos
designar genericamente como:“O Fazer Terapêutico”.
Este caminho terapêutico de facilitar a expressão da singularidade
criativa de cada um faz surgir personagens e possibilidades antes
desconhecidos. Dá vez e forma à conflitos esquecidos, afetos represados e
etc.
A descoberta do significado destes eventos psíquicos até então
obscuros amplia a possibilidade de estruturação da personalidade e contribui
na elaboração de maneiras mais produtivas para a comunicação, interação
com o mundo. Deste modo, a criatividade com suas inúmeras faces, é a
matéria prima do trabalho em arteterapia.
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2.2 – Fundamentos da Arteterapia
2.2.1 - Conceituação
Arteterapia processo terapêutico que ocorre através da utilização de
modalidade expressivas diversas realizado em grupo ou individualmente, por
meio de uma abordagem vivencial, que utiliza materiais e técnicas expressivas
diversas , visando estimular o auto conhecimento do indivíduo, favorecendo o
contato consigo mesmo, com o outro, com o grupo social, com o meio
ambiente e com a sua existência enquanto ser integral.
É também o uso terapêutico da atividade artística no contexto de uma
relação profissional por pessoas que experienciam doenças,traumas ou
dificuldades na vida, assim como por pessoas que buscam desenvolvimento
pessoal.
A Arteterapia constitui um tratamento efetivo em casos de
problemáticas de desenvolvimento pessoal, de saúde, de aprendizagem
sociais e psicológicas.
O trabalho arteterapêutico contribui para a autonomia do indivíduo,
pois reforça a sua capacidade e responsabilidade em cuidar dos vários
aspectos de sua vida, conduzindo-se de forma consciente e transformadora.
Arteterapeutas são profissionais com treinamento tanto na arte como
em terapia. Tem conhecimento sobre desenvolvimento humano, teorias
psicológicas, prática clínica, tradições espirituais, multiculturais, artísticas e
sobre o potencial curativo da arte. Utilizam a arte em tratamentos, avaliações e
pesquisas, oferecendo consultoria a profissionais de áreas afins,.
Trabalham com pessoas de todas as idades, indivíduos, casais,
famílias, grupos e comunidades. Oferecem seus serviços individualmente e
como parte de equipes profissionais, em contextos que inclui saúde mental,
29reabilitação, instituições médicas, legais, centros de recuperação, programas
comunitários, instituições sociais, empresas, ateliês e prática privada. “(AATA –
American Association of Art Therapy, 2003 – Art Teherapy: The Profession –
(www.arttherapy.org).
“Ainda que o arteterapeuta tenha suas preferências, em relação às
técnicas plásticas, é preciso que ele forme um atelier multidisciplinar
e que motive os participantes a utilizarem todos os materiais”.
(Glayds Jarreau, 1996)
2.3 - Histórico
No final do século XIX renomados psiquiatras europeus demonstraram
interesse nas produções plásticas dos pacientes internados em hospitais
psiquiátricos, produzidas em oficinas de terapia ocupacional. Os psiquiatras
Kraepelin e Bleuler, conhecidos mestres da psiquiatria, mencionaram e
valorizaram a arte no processo terapêutico. Na Alemanha, o psiquiatra
Prinzhorm (1922) enfatizou o papel da arte em relação ao tratamento de
doentes mentais, sugerindo que “a alma sofrida deveria ter acesso ao remédio
da arte natural e vital e acesso ä imaginação”.
Após nascer na Europa a arteterapia atravessou o Atlântico, se
espalhou pelas Américas chegando ao Brasil. A Arteterapia como forma de
trabalho terapêutico é relativamente recente, tendo como uma de suas origens
a arte-educação e as experiências com as produções dos pacientes
psiquiátricos.
A partir dos escritos de Freud e dos trabalhos de Jung, por volta dos
anos 20 e 30, sua inclusão como parte integrante do processo psicoterapêutico
tornou-se mais freqüente, tendo como base teórica tanto o pensamento
freudiano como junguiano. A partir dos anos 40, foi melhor sistematizado por
Margareth Naumburg (EUA), com uma abordagem psicanalítica.
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No Brasil teve como precursores os trabalhos de Osório César, no
Hospital do Juqueri – SP, por volta dos anos 20, com abordagem freudiana. E
por volta dos anos 40, a grande contribuição de Nise da Silveira, junguiana,
criadora do Museu de Imagens do Inconsciente, provavelmente o único acervo
do Brasil e um dos mais importantes do mundo, onde são conservados e
organizados os trabalhos de expressão dos internados do Centro Psiquiátrico
D. Pedro II, Engenho de Dentro – RJ.
Atualmente a Arteterapia tem agregado contribuições de diferentes
correntes da psicologia. Vem sendo utilizada como método terapêutico em
consultórios e instituições de diversos tipos: instituições de saúde mental, de
reabilitação, hospitais, escolas, consultórios privados.Trabalhando
individualmente ou em grupo, em atendimento de famílias e casais; utilizada
com crianças, adolescentes, adultos, idosos, em terapias focais breves e
terapias de longa duração. Também encontra amplo uso em prevenção,
tratamento e ações educativas em geral.
A Arteterapia no Brasil vem sendo estruturada e organizada
sistematicamente por meio de cursos de formação profissional e da realização
de congressos técnico-científicos e outros fóruns de discussão que possibilitam
a sua expansão como prática consolidada .
2.4 - Objetivos da Arteterapia
O objetivo da arteterapia e resgatar, desenvolver e ampliar o potencial
criativo do sujeito, através do processo terapêutico tendo a arte como fator
essencial fundamental do seu existir:
- Resgatar o lúdico.
- Desenvolver o potencial criativo.
31
- Elevar a auto-estima.
-Estimular a espontaneidade, curiosidade, autodeterminação, liberdade
de expressão e experimentação.
- Possibilitar a expressão dos aspectos psico-emocionais.
- Facilitar o auto conhecimento.
- Trabalhar as relações interpessoais em grupo.
-Promover a reflexão, organização e redimensionamento das
experiências vividas.
-Vivenciar diferentes modalidades expressivas (pintura, colagem,
desenho, modelagem, dentre outras).
- Experimentar a utilização de diversos materiais (tintas, papéis, colas,
tecidos, sucatas, argila, dentre outros).
- Desenvolver o interesse pela produção cultural, valorizando a
percepção e criando uma familiaridade e disponibilidade para com a
arte em geral.
2.5- Indicações da Arteterapia
2.5.1- A quem se destina?
A Arteterapia é utilizada como meio terapêutico nas mais variadas
situações como:
-Situações de risco como isolamento, ansiedade, problemas
comportamentais, stress.
32
-Depressões, stress pós-traumáticos, perturbações afetivas e de
personalidade, problemáticas ligadas à identidade sexual.
Destina-se a quem sente necessidade de aumentar o conhecimento
interno de si, adquirindo assim uma maior estabilidade e emocional. A quem
precisa de uma psicoterapia de apoio, face à incapacidade de lidar com
situações recorrentes no dia a dia como: doença física, a reforma, o luto etc...
2.6 - As 3 correntes que caracterizam a Arteterapia
- A corrente teórico-prática, como expressão artística e material de
diagnóstico, semiológico e de prognóstico.
- A corrente pragmática, considerando a arte como instrumento
terapêutico, mesmo reduzindo-a à ocupação e à distração do doente.
- A corrente estética, emergindo do Surrealismo e da Arte-Bruta, como
descoberta quase etnográfica de criadores considerados “fora das
normas”.
33
CAPÍTULO III�
ARTETERAPIA X CRIATIVIDADE�
�
A criatividade é um potencial humano, ou seja, não se restringe ao
meio artístico. Ostrower (1987) diz que “o criar só pode ser visto num sentido
global, como um agir integrado em um viver humano. De fato, criar e viver se
interligam”. A autora cita ainda:
“Criar é basicamente, formar. É poder dar uma forma a algo novo.
Em qualquer que seja o campo de atividade, trata-se, nesse ‘novo’ de
novas coerências que se estabelecem para a mente humana,
fenômenos relacionados de modo
novo e compreendidos em termos novos. O ato criador
abrange, portanto,a capacidade de compreender; e esta,
por sua vez, a de relacionar, ordenar,
configurar, significar”. (Ostrower, 1987)
��
3.1 - A Origem da Palavra Arteterapia � �
A origem da palavra terapia se encontra no termo grego therapeía,
significando tratamento. A origem da palavra arte é latina e seu significado
está relacionado a conhecimento e habilidade. Arteterapia, de acordo com seu
sentido etimológico pode ser entendida como uma prática de tratamento que
incorpora o conhecimento e a habilidade, no sentido de despertar potenciais e
34não de determinar padrões estéticos. A partir dessa compreensão, o enfoque
está na saúde, não na doença, pois o tratamento é realizado a partir do que se
tem de conhecimento, habilidade, do que se apresenta como saudável para
ser desenvolvido.
Em um determinado momento de sua existência o homem sentiu a
necessidade de dedicar alguns momentos de sua vida a atividades que se
constituíram como outros aspetos da sua sobrevivência. Além de alimentar o
corpo, necessitou nutrir o espírito com a capacidade que possuía de
simbolizar. Aprendeu a deixar sua marca no interior das cavernas, desejou
dançar, trabalhar pigmentos, contar as suas ações para as paredes que o
cercavam. Em um momento da História o homem aprendeu a se expressar e
deixou suas pegadas para a posteridade, assumindo de vez a necessidade da
conservação de sua memória.
Em algum momento da História o homem aprendeu a cuidar. A palavra
cuidado traz em seu significado o sentido de preocupação, inquietação, mas
também de zelo e atenção.
A Arteterapia é um processo terapêutico em que se utiliza de diversas
modalidades expressivas, como, por exemplo, a expressão plástica, o teatro, a
dança, o som. Ao darmos a estas modalidades o enfoque terapêutico,
estaremos dando prioridade ao campo da sensorialidade e da materialidade. É
desta forma que, ao utilizarmos a expressão plástica, estaremos considerando
todas as suas possibilidades- suas cores, suas formas, seus volumes.etc
Em Arteterapia, as modalidades expressivas são utilizadas em um
enfoque que não prioriza o valor estético de suas produções, mas a
multiplicidade de experimentações que podem decorrer destas. As linguagens
artísticas são facilitadoras de uma trajetória de autoconhecimento, trazendo na
concretude da matéria os elementos que estarão presentes em um percurso
de individuação.�
35Segundo Philippini (2004), pode-se encontrar relatos de práticas
terapêuticas através da arte na Grécia Antiga (séc. V a.C.) em Epidauro, que
vinha a ser um centro de cura onde as pessoas eram apresentadas a diversos
estímulos artísticos para posterior recolhimento, para que através de seus
sonhos pudessem receber das divindades as orientações necessárias.
Philippini aponta também para o desenvolvimento das chamadas
“Terapias Expressivas ”no universo clínico, que abriram os caminhos para o
florescimento da Arteterapia, o que denota uma perspectiva diferenciada para
a abordagem do trabalho terapêutico”.
Ao falar de Arteterapia, fala-se de uma prática de cuidado com o ser
humano que parte de modalidades expressivas para realizar o seu processo.
Fala-se de uma base teórica (no caso, junguiana) que se reflete na prática e de
uma prática que oferece subsídios para novas teorizações. ��
� �
3.2 - Recursos Expressivos e a Linguagem dos Materiais
usados na Arteterapia�
A Arteterapia trabalha com modalidades expressivas diversas. O
setting arteterapêutico deve conter a maior variedade possível de materiais
para trabalho criativo. A necessidade da diversidade está relacionada à
multiplicidade de manifestações criativas que podem vir da demanda do
paciente e cabe ao arteterapeuta a disponibilidade de materiais
correspondentes às manifestações do paciente.
O arteterapeuta deve se sentir livre e à vontade para manipular
materiais expressivos, pois assim será mais fácil encorajar seu paciente para
as experimentações possibilitadas pelo processo arteterapêutico. A Arteterapia
é um caminho de cuidado que, se por um lado acolhe e aconchega, por outro
estimula novas possibilidades que só podem ser alcançadas a partir da
experiência.
36Dentre os inúmeros materiais para as vivências que podemos
proporcionar, destacamos: materiais para colagem, atividades gráficas,
modelagem, tecelagem, tecidos, elementos variados para criação de
personagens e encenações e materiais para atividades de construção.
Esses materiais de arte possuem uma linguagem específica, que
associada à um recurso da arte poderá promover uma resposta emocional.
Ao trabalhar com materiais concretos, o arte-terapeuta proporciona o
contato do paciente com conteúdos psíquicos que ganham forma e assim
permitem um novo olhar sobre seus dados. Segundo Philippini: o caminho
criativo em arteterapia tem o propósito de concretizar, dar forma e
materialidade ao que é intangível, difuso, desconhecido ou reprimido. Sonhos,
conflitos, desejos, afetos, energia psíquica que é bloqueada e precisa liberar-
se e fluir, ganhar concretude e poder plasmar e configurar símbolos, que,
assim, cumprem sua função de comunicar, estruturar, transformar e
transcender. (2004,p.65).
Enriquecer o setting terapêutico com diversas modalidades expressivas
é uma atitude de investimento na criação, um compromisso de cuidar, para
que a imaginação possa fluir, o coração confiar e as mãos criarem e recriarem
a vida através de novas perspectivas.
Construir efetivamente com as mãos coloca o sujeito em relação à
experiência concreta de transformação de materiais e também transformação
de sua própria trajetória a partir dos conteúdos psíquicos revelados na
concretude da forma.
Para que os conteúdos psíquicos que emergem na forma sejam
trabalhados, a condução do arteterapeuta é importante na escolha do material
a ser utilizado, para que a forma e o conteúdo possam estar sintonizados no
trabalho a ser realizado. Para que o processo cumpra o seu objetivo, a
variedade de materiais auxilia nas possibilidades de escolha, mas escolhê-los
da forma mais sintonizada com as necessidades do paciente é um desafio que
37se torna mais leve à medida que o processo se encaminha, que a experiência
de troca se solidifica, e a sensibilidade do arteterapeuta se desenvolve com as
demandas do próprio ofício.
Cada material deverá ser apresentado ao cliente conforme sua
demanda, um de cada vez, para que seja sentido, experimentado, percebido e
explorado em toda sua possibilidade.
O material utilizado se transforma, adquire um novo formato, constrói
novas possibilidades de materialização a serviço da revelação do ser e das
possibilidades de transformação do sujeito a partir do contato com essas
revelações.
A materialidade criativa é um convite do arteterapeuta para despertar a
consciência de que a criação é um caminho de autonomia, que ensina o
paciente a desenvolver, valorizar e reconhecer o cuidado com si mesmo.
Cuidando de criar, ele será capaz de reconhecer seu potencial criativo,
observar seus frutos e trabalhar a partir deles a criação dos caminhos que abre
em sua própria vida.
O diagnóstico arteterapeutico poderá ser feito com base na utilização
dos materiais e seus recursos, onde os clientes serão levados a experimentar
os diferentes materiais, percebendo sua linguagem, seu efeito terapêutico e
sua identificação ou não com esta linguagem. È de fundamental importância
que o arteterapeuta conheça os materiais de arte e seus recursos terapêuticos,
podendo então decidir que material é mais adequado numa determinada
situação terapeutica, como, quando e com quem utilizá-lo ou não. Estes
materiais associados à diferentes técnicas, favorecem o acesso ao canal
criativo e expressivo das imagens internas esquecidas que são materializadas
em símbolos carregados de significados.�
38
�
Com relação a terapêutica dos materiais de arte e sua linguagem
podemos organizá-los em diferentes grupos, como:� �
-Facilitadores: são aqueles materiais e recursos expressivos que irão
facilitar e ajudar na expressão e no desenvolvimento da linguagem
artística, pois o paciente já tem uma certa familiaridade e afinidade
com o material, o que permite a expressão de conteúdos internos.
-Não facilitadores: são aqueles que dificultam o processo, por não
existir entre eles nenhuma empatia.� �
-Estrututadores: são os materiais associados a recursos expressivos
ou ´técnicas de arte que possibilitarão a estruturação, a organização,
mantendo o indivíduo no comando do seu eu. Ex: materiais gráficos e
colagem com figuras de revistas.
-Desestruturadores: são aqueles materiais associados a recursos
expressivos e técnicas de arte que desorganizam, desestruturam,
modificando padrões rígidos de comportamento. Ex: colagem com
papéis de seda picados, movimentar gotas de tintas em papel
molhado.� �
-Expandem: são materiais associados à técnicas e recursos
expressivos que permitem a expansão, a fluidez. Ex: as tintas, os
pasteis, lápis de cera deitado, etc.
-Restringem: são materiais associados à uma técnica ou recurso
expressivo, que limitam. Ex: lápis grafite, lápis de cor, lápis aquarela
entre outros.� �
39O conhecimento dessas possibilidades e recursos serão de grande
importância ao arteterapeuta durante o atendimento. O que irá definir a
linguagem e a função terapêutica dos materiais, são as associações dos
mesmos com as diferentes técnicas e recursos de artes que se pratica com
eles. É fundamental que o arteterapeuta desenvolva uma relação de intimidade
com os materiais, com sua linguagem e com uma prática que favoreça sua
percepção, desenvolvendo nele mesmo um olhar e uma escuta para a
compreensão dos recursos e do uso desses materiais na relação
arteterapeutica. ��
�
3.3 - Tipo de materiais�
3.3.1 Materiais Gráficos�
1 – Lápis grafite 2B à 8B� �
É simples e objetivo, podemos escrever, desenhar e fazer
sombreados. Fácil de ser manuseado, de acordo com a pressão
colocada no papel e o numero do lápis você obtem diferentes nuances
do grafite tons fortes ou claros, traços finos ou grossos.
De acordo com a graduação o grafite vai do B que é macio, HB médio
ao H que é duro. O controle do lápis favorece vários resultados no
trabalho. Se utilizar de forma firme você trabalha traços e uma forma
mais leve você produz vários efeitos em degrade de acordo com o tipo
de grafite e a intensidade que você trabalha com o mesmo. Os lápis
mais duros servem para desenhos, traços, sombreados são fáceis de
apagar.� �
�
402 – Lápis de cor
A coloração da pintura, forte, escura, clara ou esfumaçada vai
depender da forma como pressionamos o lápis sobre o papel. É fácil
de controlar, mas não se consegue um efeito intenso, forte na cor.
Consegue-se fazer misturas de cores surgindo novas possibilidades.
Você consegue também traços firmes, fazer detalhes finos.�
3 – Lápis aquarelável� �
Tem um efeito intenso, forte na cor. Consegue-se fazer misturas de
cores, efeito aveludado, macio é agradável de trabalhar.�
4 – Giz de cera� �
Deixa o trabalho áspero. Aparência dura e firme, não é maleável.
Fácil de manusear, de controlar, proporciona firmeza e segurança no
seu manuseio.
Apresenta efeitos bem variados as cores são opaca, mas consegue-se
cobrir totalmente o fundo. Sua consistência é macia e não
é necessário fazer grande pressão.
Pintando uma cor sobre a outra podemos ir mesclando-as e
conseguindo outras cores.�
�
41
5 – Pastel á óleo� �
Quando aplicamos nos desenhos, lembram-nos tinta a óleo com cores
brilhantes.
Os pastéis oleosos não se misturam com os outros tipos de pasteis.
Não se deve forçar, apertar. Ele oferece muitos efeitos, com
tonalidades e matizes variadíssimas.
Uma vez aplicado sobre o papel, as cores se tornam uniformes e
compactas. Quando usamos o pastel oleoso a pintura fica mais
carregada com efeito de profundidade. Efeito rugoso.
É fácil de manusear, possui cores fortes possibilita varias texturas e
massa de cores. Pela oleosidade presente no pastel adere facilmente à
outra substancia.�
6 – Carvão� �
É bom trabalhar com ele em grandes desenhos. Borra muito,
consegue-se efeitos intensos.
É extremamente transitório. Fácil de sair do papel de acordo com a
intensidade que você trabalha com o carvão pressionando-o sobre o
papel, o que nos permite mudar os desenhos à vontade.
O carvão obedece à ação do desenho que se quer fazer. Você pode
apagar os erros, mas acabam deixando uma mancha meio
acinzentada onde você apagou.
42Quando você traça linha de diversos tamanhos e aplica diferentes
pressões, você obtém varias espessuras.
Após um trabalho feito a carvão, deve-se usar um fixador.�
�
7 – Pastel seco� �
A pintura fica mais vibrante, luminosa. Relativamente fácil de usar, mas
pode borrar com facilidade.
São macios, fáceis de aplicar e exigem pouca pressão da mão.
Esfarelam-se facilmente durante o uso.
Os tons se misturam com facilidade. O próprio material favorece o
esfumaçar na superfície do papel. Usar fixador.�
�
8 – Caneta hidrocor� �
Fácil de usar, cores fortes, os efeitos de cor são intensos luminosos,
mas a cor não se expande.
Podem ser utilizados para desenhar linhas,cobrir superfícies. A tinta
seca muito rápida. De acordo com a inclinação que você da a caneta
os traços ficam mais finos ou mais grossos.
43Deve tomar cuidado para não borrar, não tem como apagar. Fácil de
usar é um material expansor, tem uma boa fluidez.��
�
3.3.2 - Tintas�
1 - Massa de modelar (usada como tinta)
Maleável, fácil de usar, não faz sujeira, expande com facilidade.
Consegue-se sobrepor as cores.
Trabalha o tato, o controle das mãos, ou melhor a coordenação
motora. Cores fortes e brilhantes.
2 - Pintura a dedo
Tinta expansiva. Devido a sua consistência mais firme você trabalha
com as mãos .
Você que controla com o tato a quantidade de tinta a ser usada.
Trabalha o desenho e o apagar. O ritmo, movimento, a linha, o
trabalho de cores, as misturas.
Da pra fazer uma sobreposição de cores, consegue-se transparência.
Com o uso das mãos você trabalha a coordenação motora. Efeito da
tinta é fosco.�
44
3 - Cola colorida� �
De textura firme vem dentro de um tubo, não suja, mas mãos. Pode
espalhar as cores com pincel se desejar.
Seca rápido possui elasticidade, tem brilho, cores fortes, pode misturar
as cores.�
4- Tinta relevo� �
Fluida, tem um brilho diferente, a condução do frasco é agradável
consegue-se fazer movimentos suaves, não seca rápido. Cores fortes
e vibrantes.�
�
5 - Tinta guache� �
Fluida, aparência fosca, opaca e ligeira textura. Solúvel em água.
Qualquer tipo de desenho pode ser pintado com guache. É importante
esperar uma cor secar bem para aplicar outra cor. Não deve deixar a
tinta muito líquida, ela deve ficar meio pastosa, consistente. Quando
seco, o guache sempre fica mais claro. Se o guache tiver muito diluído
a pintura fica descorada.��
45
�
6 - Tinta acrílica� �
Tem boa fluidez, cores fortes, brilho, é mais consistente, sendo de
secagem rápida. Permite correção durante o processo de pintura.
Não há necessidade de adicionar água. É uma tinta muito flexível
permite a correção de erros.
Permite trabalhar com textura dependendo da quantidade de tinta que
você coloca. Pode sobrepor as cores.�
7 - Aquarela� �
Dissolvida em água, é uma tinta mais fluida, é mais difícil de ser
manipulada, os erros não podem ser corrigidos. É uma pintura difícil e
delicada, o trabalho deve ser rápido, não se consegue sobrepor a tinta
para retoques.
É uma pintura com certa transparência e leveza. Dependendo da
quantidade de água que você usa no pincel, é que se consegue cores
mais escuras ou claras (intensidade do tom).
Consegue-se efeitos de luz, sombra, claro e escuro.��
�
8 - Nanquim� �
46Tem uma textura própria. É solúvel em água.
As tintas coloridas podem ser misturadas. Diluídas em água, tornam-se
mais claras e obtém-se diferentes matizes. Pode trabalhar o nanquim
com papel úmido, o efeito fica bem legal.�
3.3.3 Massas
1- Massa caseira
Flexível, porém resistente, mantém um equilíbrio, pode se trabalhar
várias espessuras que ela se mantém, pode corrigir o trabalho, refazer.
A massa se movimenta, há uma transformação. Desenvolve a
coordenação motora.�
2 - Massa de biscuit� �
Tem uma consistência maior que a massa caseira.
Flexibilidade e maleabilidade. Endurece rápido. Cores fortes.
Desenvolve a coordenação motora.�
3 - Massa de modelar� �
47Maleável, bem macia, a cor da massa apela pela emoção. Fácil
manuseio, não faz sujeira.
Desenvolve a coordenação motora, a imaginação e produz várias
emoções.�
4 - Papel machê� �
Provoca certa rejeição no primeiro momento por ser uma massa que
tem uma aspereza. A secagem é rápida.
A massa quando seca tende a escurecer e encolher.�
5 - Argila
Provoca a rejeição a princípio, devido à sujeira. Propicia várias
possibilidades com sensações e texturas diversas.
O trabalho pode ser feito desde que esteja úmido. Quando seca não
tem como mexer no trabalho. Para ter durabilidade precisa ser
queimada. �
�
3.4 - O Trabalho com as imagens em Arteterapia (Símbolos)
As imagens na prática terapêutica adquirem uma função fundamental
no processo. O registro imagético funciona como uma retratação de um
momento de experimentação do cliente com os materiais que lhe foram
apresentados. Na condução arteterapêutica é necessário dar forma a
conteúdos da psique em produções realizadas pela própria pessoa para que o
48contato com esses conteúdos se estabeleça e possa ser vislumbrada uma
possibilidade de transformação a partir desse contato.
Em Arteterapia, dar forma corresponde a organizar para compreender
e transformar.
Através da materialização de símbolos presentes na produção
expressiva, cumpre-se a função transcendente, ou seja: a comunicação
simbólica cria condições de estruturar, informar e transcender e o que antes
era inconsciente passa a integrar a consciência.
Philippini retrata esse fenômeno com muita precisão: a matéria prima
formada pela energia psíquica antes difusa e fugidia ganha um continente.
Assim, à etapa de dar forma, segue-se a possibilidade de In-Formar,
cumprindo-se a função transcendente. A forma permite que surja a
compreensão, a codificação e a atribuição gradual de significado pela
consciência. O desdobramento seguinte é que, da informação, surge a
possibilidade de transformação, ou seja, a “ação de atravessar a forma” e já se
está pronto para um novo estágio de funcionamento, comunicação e
expressão. (2004, p.51)
Para conduzir o processo terapêutico em relação à imagem, Philippini
(2004) desenvolve três noções fundamentais sobre a criação da forma. A
primeira, en-formar, ou seja, ganhar forma, trazer o conteúdo psíquico para
sua dimensão concreta. A segunda, informar, ou seja, extrair dados sobre o
conteúdo que se manifestou na forma para o cumprimento da etapa seguinte,
que é transformar, ultrapassar a forma para entrar em uma dimensão mais
profunda do conhecimento do ser, inaugurando um novo estágio na vida.
O inconsciente se manifesta na forma, revelando conteúdos pessoais e
arquetípicos da psique. A imagem na Arteterapia permite o acesso a esses
conteúdos e à possibilidade de trabalho a partir dos mesmos. Podemos nos
referir ao uso da imagem na Arteterapia tanto em relação ao seu processo de
produção (o trabalho manual na forma) quanto à função de estímulo gerador,
49já que a imagem pode ser o elemento de estímulo para vivências que incluem
modalidades expressivas plásticas, corporais, musicais entre outras formas de
expressão.
O inconsciente possui uma linguagem própria, ele nos comunica seus
conteúdos através de imagens, mesmo que ainda não tenham assumido uma
forma concreta. As imagens aparecem de forma simbólica, cujos símbolos são
chaves para que possamos abrir os portais da consciência de quem somos.
Jean Chevalier e Alain Gheerbrant (1998) trazem a seguinte
contribuição a respeito do dinamismo simbólico e suas funções. A primeira
função exploratória, ou seja, “como inteligência indagadora projetada no
desconhecido, o símbolo investiga e tende a exprimir o sentido da aventura
espiritual dos homens, através do espaço-tempo” (1998, p.26). A função
exploratória leva o ser humano em busca de um conhecimento que não pode
ser verdadeiramente conhecido através dos mesmos parâmetros da razão e da
consciência, o que traz a essa função um caráter aventureiro. A segunda
função do símbolo vem a ser a de substituto. “Substitui a relação do ego com
seu meio ambiente, ou sua situação consigo mesmo, quando essa relação não
é assumida em pleno conhecimento de causa.”(1998, p.27). A terceira função
do símbolo é a mediadora ao reunir elementos separados, sendo um fator de
equilíbrio. “É ele que fornece essas passagens alternativas e invertidas entre
os níveis de consciência, entre o conhecido e o desconhecido, o manifesto e o
latente.” (1998, p.28). Como consequência da mediação surge a quarta
função, a unificadora, ao construir uma síntese de elementos que relacionam
o homem ao mundo. A partir da unificação, surge a quinta, que vem a ser
pedagógica e terapêutica, pois “exprime uma realidade que responde ás
múltiplas necessidades de conhecimento, ternura e segurança.” A sexta
consiste em uma função socializante, pois produz também uma comunicação
com o meio social: o símbolo, conforme já se disse, é uma linguagem
universal. É universal, de fato, por ser virtualmente acessível a todo ser
humano, sem passar pela interpretação de línguas escritas, ou faladas, e por
emanar de toda psique humana. A respeito da sétima função, da ressonância,
50os autores explicam: a função de ressonância de um símbolo é tanto mais ativa
quanto melhor se ajustar o símbolo à atmosfera espiritual de uma pessoa, de
uma sociedade, de uma época ou de uma circunstância qualquer.
Ela pressupõe que o símbolo esteja ligado a uma certa psicologia
coletiva, e que sua existência não dependa de uma atividade puramente
individual. E esta observação é válida tanto para o conteúdo imaginativo,
quanto para a interpretação do símbolo. Mesmo quando emerge de uma
consciência individual, o símbolo está imerso no meio social. Sua potência
evocadora e liberadora variará, conforme o efeito de ressonância que resultar
dessa relação entre o social e o individual. (1998, p.31)
A oitava função vem a ser a que Jung denominou como função
transcendente, devido à capacidade do símbolo de transpor oposições e abrir
caminhos para que a consciência progrida, representando, muitas vezes,
forças antagônicas que não se constituem como incompatíveis na linguagem
simbólica. A nona função, vem a ser de transformação no que se refere à
energia psíquica, pois o símbolo, que traz à tona conteúdos inconscientes,
pode ser integrado à consciência e proporciona o desenvolvimento psíquico
com a elaboração do até então enigmático ou desconhecido que passa a ser
mais familiar ao território da consciência.
As imagens em Arteterapia trazem um componente simbólico
considerável que podem esclarecer muitos aspectos de nós mesmos.
Como produções artesanais que aparecem no processo, formam
energia psíquica que passa a ser registrada no tempo e no espaço, ao mesmo
tempo em que coloca o indivíduo em contato com variadas manifestações de
sua potencialidade criativa.
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51
3.5 - O Processo Criativo como Agente de Individuação( Fayga
Ostrower)�� ��� ��������� ������� ��� ��������� �� ������� ������� � ������ ����� ����� ��� � ���� �� ����� ������ ������ �� �� �� ����� ���� � � ������ ���� ��� �� ������ ���� � � ����������� ���� ������� � � ���� ��� ������� � � � ��������� �� �������������� � ��� �� ������� ��� ����� � �� �� ������ � ��������� ���� �� ���� ��� � �� �� ��� � �� ���������� ����� ����� �� ���� �� �� ����� ���� ����� �� �� ��� ������ ��� �� � ���� ����!" �� �� ����� �� �� � ��� �� �� ��� ����� �� �"���� ���� �� ����� �� ������ �� �� ���� ����� �������� �� � �� ��� �� �� ��������� �� � �� ����� �� �������� � � ����� �� ���� �� #� �� ����$� � ��������� ���� �� ����$��� �� ���� ��� ��� ��% &'(�����)��� *+,-.Fayga Ostrower dá a dimensão exata desta inferência, em sua obra
Criatividade e Processos de Criação. No seu entendimento, “assim como o
próprio viver, criar é um processo existencial. Não abrangendo apenas
pensamentos nem apenas emoções”. Assim, a experiência e a capacidade de
criar formas e de discernir símbolos e significados são próprias do homem,
originando-se nas regiões mais profundas do seu mundo interior, do sensório,
da afetividade, onde a emoção permeia os pensamentos ao mesmo tempo em
que o intelecto estrutura as emoções – níveis contínuos e integrantes em que
fluem as divisas entre consciente e inconsciente, e onde, desde cedo em sua
vida, se formulam os modos da própria percepção: são os níveis intuitivos do
ser humano (OSTROWER, 1987, p. 56).
52Deve-se atentar, pois, para o caráter subjetivo da ação criativa: O
impulso elementar e a força vital para criar provêm de áreas ocultas do ser.
É possível que delas o indivíduo nunca se dê conta, permanecendo
inconscientes, refratárias até a tentativas de se querer defini-las em termos de
conteúdos psíquicos, nas motivações que levaram o indivíduo a agir
(OSTROWER, 1987, p. 55).� �
Além dos impulsos do inconsciente, atua nos processos criativos tudo
que o homem sabe, ou seja, seus conhecimentos, suas conjecturas, suas
propostas, suas dúvidas, enfim, tudo o que ele pensa e imagina. Utilizando seu
saber, ele se torna apto a examinar o trabalho e fazer novas opções. Por isso,
o consciente racional nunca se desliga das atividades criadoras, constituindo
um fator fundamental de elaboração. Retirar o consciente do processo da
criação seria mesmo inadmissível, seria como retirar uma das dimensões
humanas de sua própria ação (OSTROWER, 1987, p. 55).� �
Neste sentido, há que se considerar que o ser humano não pode ser
considerado em partes, pois é um todo integrado nessas partes, cujas
contribuições específicas nos processos criativos não é possível negligenciar,
nem, tampouco, atribuir função predominante seja ao inconsciente seja ao
consciente. Assim, o ato criador, sempre ato de integração, adquire significado
pleno somente quando entendido globalmente, ou seja, quando visto como
produto do intuitivo e do instintivo. Predomina, portanto, a intuição, e isto
porque: Segundo os conhecimentos de hoje, o ser humano é considerado um
ser ‘pouco instintivo’. Concebe-se, como herança genética do homem, certas
tendências instintivas, predisposições, cuja fixação e codificação se
estabelecem dentro dos contextos culturais em que se desenvolve o indivíduo.
53É precisamente pela ausência de comportamentos rígidos instintivos que se
explica a imensa flexibilidade e adaptabilidade do homem, em suas reações
face aos desafios sempre novos do meio ambiente natural, na aprendizagem
cultural e em todas as manifestações mentais. (OSTROWER, 1987, p. 56).��
Já a intuição, segundo a autora, por ser um dos mais importantes
modos cognitivos do homem que, contrariamente ao instinto, lhe confere
condições para enfrentar o inesperado, possibilita que ele visualize e
internalize instantaneamente a ocorrência de fenômenos, julgando e
compreendendo a si mesmo. Outro aspecto importante da intuição no
processo criador, é que ela permite que o homem haja espontaneamente. Na
ação intuitiva, tem-se mais que a reação de um organismo humano: tem-se a
reação de uma personalidade humana. E mais que uma reação, ela é sempre
uma ação. Neste sentido, a ação humana encerra formas comunicativas que
são pessoais e ao mesmo tempo são referidas à cultura, distinguindo, por este
motivo, o ato intuitivo do instintivo. E é a intuição que está na base dos
processos de criação (OSTROWER, 1987, p. 56).� �
Considerando o aspecto da atuação do inconsciente no processo
criativo, tem-se que a criação nunca é apenas uma questão individual, embora
não deixe de ser uma questão do indivíduo. Ocorre que: O contexto cultural
representa o campo dentro do qual se dá o trabalho humano, abrangendo os
recursos materiais, os conhecimentos, as propostas possíveis e, ainda, as
valorações. São a um tempo os dados do trabalho e os referenciais dos dados.
Com eles se defronta a criatividade de um homem. Não se pode perder de
vista que cada pessoa constitui um ser individual, ser in-divisível em sua
personalidade e na combinação única de suas potencialidades. (OSTROWER,
1987, p. 147)
Para a autora, “a individualidade de cada um, vista como valor, é parte
do acervo humanista”. Por isso, é necessário e importante ressalvar seu valor,
ao se abordar a questão das influências a que está exposto o indivíduo criativo
54em qualquer contexto cultural e em qualquer idade biológica. Certo é que as
influências culturais atuam sempre. E não há razão para opô-las à
espontaneidade criativa, como se o fato em si, e não o tipo de influências,
impedisse o agir espontâneo.
Uma vez que o homem não consegue fugir das influências do contexto
cultural, a defesa que encontra é enfrentá-las seletivamente, pois como
indivíduo é um ser seletivo por natureza. Para Ostrower (1987, p. 148): “Nos
processos interiores em que ele se discrimina e adquire sua identidade, nos
níveis de maturidade e de conscientização que ele alcança, seu crescimento
reflete uma ordem íntima. Essa ordem preexiste aos valores culturais e às
influências”, pois é parte da sua constituição orgânica e molda sua
individualidade. É ela também que revela a extensão em que as influências
afetam o indivíduo. O fato é que: quando, no indivíduo, os processos de
crescimento e de maturação se realizam de algum modo significativo,
permitindo que ele se discrimine em si e individualize sua visão de vida,
verifica-se uma definição maior e mais seletiva na sua atitude interior perante o
mundo. O indivíduo atinge novos níveis de equilíbrio, ou seja, à complexidade
intelectual e emocional corresponde também uma ordenação superior. Nesses
níveis, as influências podem ser elaboradas de uma maneira tão específica,
porque tão individual, que, quando são vistas novamente – externadas no agir
e no pensar – as influências parecem transmutadas em sua forma. Foram
absorvidas no contexto pessoal das vivências. Foram relacionadas novamente
e reconstituídas, a ponto de muitas vezes a sua origem tornar-se
irreconhecível. (OSTROWER, 1987, p. 148)
Ao mesmo tempo em que, espontaneamente, nos abrimos ao novo e o
absorvemos, também espontaneamente o estruturamos. Os processos de
descoberta são sempre processos seletivos de estruturação.
Identifica-se com o coerente e com o intuitivo, com tudo o que, ao
elaborar-se em nós, concomitantemente, se estrutura em nós (OSTROWER,
1987,p.149-150),caracterizando o processo de individuação.��
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CONCLUSÃO�
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�����������A criatividade é fonte de saúde para o ser humano, que nasce com um
potencial criativo a ser explorado e desenvolvido. Porém, muitas vezes,no
decorrer do processo educacional a que são submetidas, muitas pessoas têm
esse potencial escondido ou hibernado, o que não quer dizer que suas
criatividades foram anuladas, mas bloqueadas. Desta forma, seguem vivendo
completamente inconscientes das próprias criatividades, que, quando
plenamente desenvolvidas e aplicadas, tem o poder de promover a afirmação
da individualidade, e da auto-estima, atuando, inclusive, como instrumentos
de cura de males emocionais e físicos. Visando a este fim, a arteterapia
proporciona a vivência de um fazer significativo em espaço de criação.
Com a proposta de explorar o universo conceitual do tema em questão,
o objeto de estudo desta pesquisa tomou a arte como facilitadora do processo
de individuação, objetivando comprovar que uma aplicação multidisciplinar no
campo das artes, das hoje consideradas (7 Artes :música, literatura, artes
plásticas:pintura e escultura, teatro, dança e cinema) favorece o desbloqueio
da criatividade humana.
56Atuando como o principal método incentivador da criatividade, o
autoconhecimento tem na arte um precioso apoio para sua efetivação. Isto
porque, Segundo Ostrower: ”a liberdade de criação se confunde com a
liberdade de expressão pessoal, uma vez que a criação é identificada
unicamente com a auto-expressão“.
Quanto maior for o sentido de busca, mais o indivíduo sabe dentro de
si que se reencontrará. Ele se sente seguro, e senti-lo é o essencial. Para o
artista, para qualquer pessoa criativa. “Na verdade, as coisas se processam
dentro de uma lógica interna, lógica da ação, maior do que talvez faça supor a
noção de “liberdade” no criar”. (OSTROWER, 1987, p. 150-162-163)
Ao lado da cultura, a arte vem através dos tempos sintonizando o
homem consigo mesmo. Tal afirmativa vem dos primeiros desenhos do homem
primitivo nas cavernas, datados de 30 mil anos atrás. Sem dúvida, por meio da
cultura, o homem veio garantindo sua sobrevivência através dos tempos, no
simples ato de eternizar, através da arte, os seus conhecimentos.
Criador da psicologia analítica, Carl Gustav Jung inspirou-se no Homo
Symbolicum para inaugurar termos específicos dentro do léxico da Psicologia:
como arquétipo, processo de individualização, tipos psicológicos e
inconscientes coletivos, através de estudos embasados na capacidade de
expressão simbólica do homem.
A criatividade vista sob a ótica da teoria junguiana embasa este
estudo, ressaltando os fundamentos estabelecidos por Jung sobre a relação da
psique com a criação artística, o que permite avaliar até que ponto o artista, ao
criar a obra de arte, atua no plano do inconsciente coletivo, do inconsciente
57pessoal e/ou do consciente, e como o emprego da arte nos processos
terapêuticos favorece o desbloqueio e expansão da criatividade, tendo-se em
mente que, neste espaço, segundo Philippini (2004, p. 13), a arte “é entendida
como processo expressivo, da forma mais ampla que se puder concebê-lo.
Assim, não se estará abordando questões particulares de ordem estética,
técnica ou acadêmica, nem vinculações do processo criativo a qualquer escola
artística”. �
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O processo de arteterapia tem por objetivo conduzir o indivíduo no
processo de individuação. Isto inclui o desenvolvimento do eixo Ego-Self, além
da integração de várias partes da psique: Ego, Persona, Sombra, Anima ou
Animus e outros Arquétipos inconscientes”.
Quando tornam-se individuados, esses Arquétipos expressam-se de
maneiras mais sutis e complexas. A complexidade do processo de
individuação, que, segundo Jung acompanha o homem do nascimento até a
morte, exige um trabalho analítico com base nos símbolos.
Atuando como agente de individuação, o processo criativo, aqui
entendido como a efetividade da criatividade inerente ao homem, se elabora
no contexto cultural, já que todo indivíduo se desenvolve em uma realidade
social, em cujas necessidades e valorações culturais se moldam seus próprios
valores da vida. Neste espaço, o indivíduo está mergulhado no confronto
interno de dois pólos de uma mesma relação: a sua criatividade, que
representa as potencialidades de um ser único, e sua criação, que será a
realização dessas potencialidades já dentro do quadro de determinada cultura.
Assim, o processo criativo deve ser considerado na interligação dos dois níveis
de existência humana: o individual e o cultural (OSTROWER, 1987, p. 5).
58
BIBLIOGRAFIA
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60
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
CRIATIVIDADE 10
1.1 – Definição de Criatividade 10
611.2 – Quatro Aspectos Essenciais a Criatividade 12
1.2.1 - Pessoa 13
1.2.2 - Processo 16
1.2.3-Produto 17
1.2.4-Ambiente(Pressão) 18
1.3–Abordagens Sobre Criatividade 19
1.3.1 - Abordagens Filosóficas 19
1.3.2 - Abordagens Biológicas 20
1.3.3 - Abordagens Sociológicas 20
1.3.4 - Abordagens Psicodélicas 20
1.3.5 - Abordagens Psicológicas 21
1.3.6 - Abordagens Psicoeducacionais 22
1.3.7 - Abordagens Instrumental 22
1.3.8 – Abordagens Psicofisiológicas 22
CAPÍTULO II
ARTETERAPIA 24
2.1–Processo Terapêutico 24
2.2–Fundamentos da Arteterapia 28
2.3–Histórico 29
622.4–Objetivos da Arteterapia 30
2.5–Indicações da Arteterapia 31
2.6–As 3 Correntes que Caracterizam a Arteterapia 32
CAPÍTULO III
ARTETERAPIA X CRIATIVIDADE 33
3.1–A Origem da Palavra Arteterapia 33
3.2 – Recursos Expressivos e a Linguagem dos Materiais
Usados na Arteterapia 35
3.3–Tipos de Materiais 39
3.3.1-Materiais Gráficos 39
3.3.2-Tintas 42
3.3.3-Massas 45
3.4–O Trabalho com as Imagens em Arteterapia(Símbolos) 46
3.5–O Processo Criativo como Agente de Individuação 50
CONCLUSÃO 54
BIBLIOGRAFIA 57
63ÍNDICE 59