UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas...

42
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO CORPORATIVA E SUAS BASES TEÓRICAS: IMPLICAÇÕES PARA AS ORGANIZAÇÕES DE APRENDIZAGEM Por: MARCELLA DA SILVA ESTEVEZ PACHECO Orientador Prof. Luiz Claudio Lopes Alves Rio de Janeiro 2009

Transcript of UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas...

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO CORPORATIVA E SUAS BASES TEÓRICAS:

IMPLICAÇÕES PARA AS ORGANIZAÇÕES DE APRENDIZAGEM

Por: MARCELLA DA SILVA ESTEVEZ PACHECO

Orientador

Prof. Luiz Claudio Lopes Alves

Rio de Janeiro

2009

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO CORPORATIVA E SUAS BASES TEÓRICAS:

IMPLICAÇÕES PARA AS ORGANIZAÇÕES DE APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

Especialista em Pedagogia Empresarial

Por: Marcella da Silva Estevez Pacheco

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, à minha irmã

e ao meu quase marido por todo o

apoio e carinho e aos meus queridos

amigos pela sincera amizade.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

4

DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia ao meu futuro

marido Reginaldo Guedes, grande amor

da minha vida.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

5

RESUMO

O presente estudo visa contribuir para a discussão de que a Educação

Corporativa é peça chave nas organizações contemporâneas. Em um contexto

de Organizações de Aprendizagem, temas como Gestão do Conhecimento,

Treinamento e Desenvolvimento, Universidades Corporativas, Gestão por

Competências, Raciocínio Sistêmico e Formação e Aprendizagem de Equipes

devem ser analisados. Argumenta-se que é necessário desenvolver uma

cultura organizacional voltada para a aprendizagem, dentro de uma lógica de

educação continuada.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

6

METODOLOGIA

O presente estudo visa contribuir para promover discussões a respeito do atual

debate sobre Educação Corporativa, no contexto das Organizações de

Aprendizagem. Para tal, a metodologia utilizada foi a Pesquisa Bibliográfica.

Obras de referência, como o livro de Peter Senge, e artigos atuais foram

utilizados no referencial teórico. Espera-se contribuir para reflexões sobre a

perspectiva de educação continuada em contextos organizacionais.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - A Gestão do Conhecimento: Principio Fundamental para a

Educação Corporativa 11

CAPÍTULO II - Treinamento e Desenvolvimento: Conceitos Necessários para

um Bom Desenvolvimento da Aprendizagem Organizacional 18

CAPÍTULO III – Reflexões sobre a Educação Corporativa e as Organizações

de Aprendizagem: A Importância das Competências, do Raciocínio Sistêmico e

da Formação e Aprendizagem das Equipes Organizacionais 25

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 41

FOLHA DE AVALIAÇÃO 42

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

8

INTRODUÇÃO

A Educação Corporativa vem ganhando destaque no cenário atual, no

qual a sociedade é caracterizada pela Sociedade do Conhecimento. As

empresas estão voltadas para seus planejamentos estratégicos e para que os

projetos da organização tenham sucesso, é necessário que os funcionários

das empresas sejam treinados e desenvolvidos de acordo com a filosofia, a

missão e a visão de cada organização.

Nesse sentido, um dos principais objetivos dos profissionais que

trabalham com gestão de recursos humanos é poder fazer com que os

colaboradores desenvolvam seus próprios processos de aprendizagem

organizacional. Com certeza tal fato é um desafio, pois ainda existem

organizações que não se preocupam ou subestimam a importância de uma

boa base de educação corporativa.

As mudanças que estão ocorrendo na sociedade e as constantes

demandas por atualizações exigem esforço e preparo das organizações, que

através de seu capital intelectual ingressam na Era da Informação com o

desafio de poder se aventurar e desfrutar das muitas vantagens e

possibilidades que o conhecimento permite enfatizar.

O mundo organizacional, através de suas práticas e ideais sobre

gestão de recursos humanos, está pensando e se questionando a respeito de

como fazer com que os funcionários possam compreender a cultura

organizacional da instituição, possibilitando uma significativa adesão aos

princípios, visões, metas e regras das empresas.

Neste contexto, a educação corporativa se afirma como uma poderosa

aliada na construção de uma gestão do conhecimento capaz de ser uma

ferramenta essencial para boas práticas empresariais, aliadas a um bom

desenvolvimento dos negócios.

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

9

De acordo com o site sobre Educação Corporativa, do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior1:

Educação corporativa pode ser definida como uma

prática coordenada de gestão de pessoas e de gestão do

conhecimento tendo como orientação a estratégia de

longo prazo de uma organização. Educação corporativa é

mais do que treinamento empresarial ou qualificação de

mão-de-obra. Trata-se de articular coerentemente as

competências individuais e organizacionais no contexto

mais amplo da empresa. Nesse sentido, práticas de

educação corporativa estão intrinsecamente relacionadas

ao processo de inovação nas empresas e ao aumento da

competitividade de seus produtos (bens ou serviços).

O objetivo do presente estudo é contribuir para a reflexão sobre o atual

contexto da educação corporativa a partir do conceito de organizações de

aprendizagem. Tal conceito ganhou notoriedade nos anos 1990 com o livro “A

Quinta Disciplina” de Peter Senge. O referido autor argumenta sobre a

importância de formar organizações de aprendizagem, nas quais as pessoas

terão objetivos mais altos, aprenderão a criar os resultados esperados e a usar

novos e elevados padrões de raciocínio, fazendo com que aprendam

continuamente a aprender em grupo.

Para Senge, é necessário que haja estímulo para o desenvolvimento

de novas formas de pensamento. As pessoas nas organizações devem possuir

aspiração coletiva e um dos pressupostos para o desenvolvimento da

aprendizagem organizacional é a colaboração mútua.

1 Disponível em: http://www.educor.desenvolvimento.gov.br/#. Acessado em 20/08/2009.

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

10

O primeiro capítulo intitulado “A Gestão do Conhecimento: Princípio

Fundamental para a Educação Corporativa” visa contribuir para a

argumentação de que é importante que as organizações contemporâneas

levem em consideração a gestão do conhecimento, capaz de ser um grande

aliado na estruturação e na organização de diversos planejamentos voltados

para a educação corporativa. A questão sobre Universidades Corporativas

também é analisada neste capítulo.

O segundo capítulo intitulado “Treinamento e Desenvolvimento:

Conceitos Necessários para um Bom Desenvolvimento da Aprendizagem

Organizacional” tem por objetivo discutir sobre a participação do Treinamento e

do Desenvolvimento na garantia de uma boa aprendizagem organizacional.

Já o terceiro e último capítulo intitulado “Reflexões sobre a Educação

Corporativa e as Organizações de Aprendizagem: A Importância das

Competências, do Raciocínio Sistêmico e da Formação e Aprendizagem das

Equipes Organizacionais” visa oferecer argumentos necessários para o debate

atual sobre a educação corporativa, com ênfase na ideia de que é preciso

apostar na educação continuada como forma de dar continuidade aos projetos

de educação corporativa, tentando incluir essa visão em um contexto maior,

relacionado à cultura organizacional.

Sabe-se que o presente estudo não possui a pretensão de abarcar

toda a discussão presente nas análises sobre educação corporativa. No

entanto, espera-se que as reflexões promovidas sejam úteis para os que se

interessam pela área da educação corporativa e que acreditam que um foco

total na aprendizagem organizacional é um dos grandes temas das

organizações contemporâneas, inseridas em um contexto significativo de

transformações sociais, econômicas e tecnológicas.

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

11

CAPÍTULO I

A Gestão do Conhecimento: Principio Fundamental para a Educação

Corporativa

A Educação Corporativa representa um importante componente da

Gestão do Conhecimento (GC), podendo ser considerada como uma

ferramenta de suporte à GC no cumprimento de seu propósito de socializar o

conhecimento. Com a missão de propiciar o aprendizado contínuo, a EC

oferece soluções de aprendizagem e compartilhamento de conhecimentos,

atuando no sentido de que todos tenham as qualificações necessárias para

sustentar os objetivos empresariais (Leite et al, 2001).

No que se refere à gestão do conhecimento, pode-se dizer que essa

área é repleta de teorizações e conceitos e, portanto, não há como afirmar que

existe uma só definição para o tema. Percebe-se que a gestão do

conhecimento – também conhecida como Knowledge Management – é uma

ferramenta essencial para as práticas de educação corporativa.

De uma forma geral, segundo Terra (2001), a Gestão do Conhecimento

nas organizações passa, necessariamente, pela compreensão das

características e demandas do ambiente competitivo e, também, pelo

entendimento das necessidades individuais e coletivas associadas aos

processos de criação e aprendizado.

Para o referido autor, existem dois motivos que explicariam a

centralidade da gestão do conhecimento no debate atual: a) as vantagens

competitivas precisam ser permanentemente reinventadas, pois existe o

desafio de produzir mais e melhor. Existe também uma demanda por criação

de novos produtos, serviços, processos e sistemas gerenciais; b) há um foco

no trabalho, que passa a ser central na vida dos indivíduos: os chamados

“indivíduos organizacionais”.

São vários os aspectos relacionados à Gestão do Conhecimento: papel

da alta administração, cultura e estrutura organizacionais, práticas de gestão

de recursos humanos, impacto dos sistemas de informação e mensuração de

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

12

resultados, alianças estratégicas etc. Esta abordagem reflete a compreensão

de que a Gestão do Conhecimento implica a coordenação sistêmica de

esforços em vários planos: organizacional e individual; estratégico e

operacional; normas formais e informais (Idem).

Ainda tendo como referência o artigo de Terra (2001), os avanços na

informática e nas tecnologias de comunicação estão afetando os processos de

geração, difusão e armazenamento de conhecimento nas organizações. Desta

forma, é necessário pensar em algumas questões: 1. Como mapear o

conhecimento (competências individuais) existente nas empresas? 2. Como

facilitar e estimular a explicitação do conhecimento tácito dos funcionários? 3.

Como utilizar os investimentos em informática e em tecnologia de

comunicação para se aumentar o conhecimento da empresa e não apenas

acelerar o fluxo de informações? 4. Como atrair e selecionar pessoas com as

requeridas competências, habilidades e atitudes? Que sistemas, políticas e

processos devem ser implementados para moldar comportamentos

relacionados ao estímulo à criatividade e ao aprendizado? 5. Como manter o

equilíbrio entre o trabalho em equipe e o trabalho individual e entre o trabalho

multidisciplinar e a requerida especialização individual?

No mundo organizacional contemporâneo, presenciamos a importância

da educação corporativa, aliada às estratégias das empresas. A criação de

Universidades Corporativas nas empresas brasileiras reflete a lógica de que o

crescimento profissional dos colaboradores é essencial para a constituição da

vantagem competitiva das organizações.

De acordo com Meister (1999), “a Universidade Corporativa é um

guarda-chuva estratégico para desenvolvimento e educação de funcionários,

clientes e fornecedores, buscando otimizar as estratégias organizacionais”. A

partir desta ótica, as organizações estão em constante processo de inovação e

para tal é necessário que a capacidade de aprendizagem e a criação de novos

conhecimentos estejam sempre pressentes nas organizações.

É preciso que os novos conhecimentos sejam adquiridos em um

ambiente de aprendizagem constante, no qual as organizações voltadas para a

aprendizagem possam promover a aquisição de novas competências

(conhecimentos, habilidades, atitudes).

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

13

Com base no estudo de Ferreira (2006), constatamos que o conceito de

Universidade Corporativa surgiu com o início de uma nova configuração do

ambiente mercadológico de forte concorrência dos anos 80 e com a

necessidade de renovação constante de conhecimentos inovadores alinhados

às estratégias das empresas.

Em 1955, a General Electric foi a pioneira na iniciativa de criação de

uma universidade corporativa2, mas somente a partir do final da década de 80

é que se intensificou o interesse por tal tema. A Universidade Corporativa

nasceu no berço da cultura americana. Os valores como competição, tomada

de risco e inovação faziam parte de um cenário econômico forte, que se fazia

presente na época da criação das Universidades Corporativas (Tarapanoff,

2005 apud Ferreira, 2006).

No caso brasileiro, a pioneira em Universidade Corporativa foi a Escola

Amil, criada em 1987, e que atua no ramo de assistência médica. A partir de

1995, o número de empresas que criou a Universidade Corporativa aumentou

consideravelmente. Com atuação no Brasil, algumas empresas podem ser

citadas: AmBev, Algar, Bank Boston, McDonald’s, Telemar, Datasul, Petrobrás,

Motorola e Unimed (Ferreira, 2006).

Quando se compara a Universidade Corporativa com a área de

Treinamento e Desenvolvimento (T&D), afirma-se que houve mudanças no

processo de aprendizagem das pessoas, resultado de novas estratégias

empresariais.

O departamento de Treinamento das empresas é mais reativo,

descentralizado e serve à ampla audiência. Já a Universidade Corporativa tem

orientação pró-ativa e centralizadora para o encaminhamento de soluções de

aprendizagem para cada negócio da empresa. O departamento de

Treinamento propõe programas de Treinamento à medida que estes se tornam

necessários.

Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os

programas de educação tendem a ser permanentes e orientados com uma

2 A Universidade da GE é a Crotonville, ainda em funcionamento. Para mais informações, ver o site: http://vocesa.abril.com.br/edi35/isto38.shl . Acessado em 10/01/2008.

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

14

visão de futuro. Sendo assim, as Universidades Corporativas têm um escopo

mais estratégico, enquanto os departamentos de Treinamento são mais táticos

(Meister, 1999). Desta forma, podemos afirmar que nas organizações que

trabalham com o desenvolvimento contínuo, o paradigma do treinamento foi

substituído pelo paradigma do aprendizado (Terra, 2005 apud Ferreira, 2006).

De uma forma geral, as Universidades Corporativas estão voltadas ao

ambiente de negócios de cada organização. Elas atuam no desenvolvimento

de competências essenciais e no desenvolvimento e gerenciamento de

ferramentas que contribuem para a captação do conhecimento existente na

organização. Tal conhecimento está presente nos profissionais, clientes,

fornecedores e comunidade. A Universidade Corporativa auxilia na

disseminação desse conhecimento.

As Universidades têm público alvo amplo, não se restringindo ao

público interno, mas entendendo que o conhecimento é desenvolvido e

utilizado por toda a rede de profissionais que envolve cada organização. As

Universidades Corporativas procuram acompanhar a utilização prática do

conhecimento, ou seja, a transformação do conhecimento em vantagem

competitiva, gerando capital intelectual para as organizações. (Vergara;

Ramos, 2002, apud Ferreira, 2006).

A intensa exploração dos meios digitais para disseminação do

conhecimento e da educação, o chamado e-learning (MEISTER, 1999),

torna-se um dos principais pressupostos desse novo modelo. Segundo o

estudo de Leal (2005): Estimula-se o “aprender em qualquer lugar a

qualquer hora”, fazendo com que a Universidade Corporativa não implique,

necessariamente, num lugar físico, mas numa filosofia, num método, numa

nova maneira de organizar e promover a educação corporativa. Em termos

gerais, todos os recursos multimídia são instrumentos de aprendizagem

organizacional, como: impressos, vídeo-treinamento, teleconferência,

manual eletrônico, vídeo-conferência, comunidades virtuais, e-mail`s , entre

outros.

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

15

De acordo com Eboli (1999), as empresas criam uma vantagem

competitiva sustentável, na esteira da qual surgem as Universidades

Corporativas como ferramenta eficaz de alinhamento e desenvolvimento dos

talentos humanos com as estratégias organizacionais. Como estamos

vivenciando a Era do Conhecimento, a educação corporativa deve estar

alinhada à Gestão do Conhecimento organizacional. Os princípios

educativos que estimulam a busca pelo conhecimento e a constante

inovação no processo de aprendizado organizacional devem estar em

consonância com as estratégias das organizações.

Sabemos que existem dificuldades na implementação de Universidades

Corporativas, por ordem de recursos, de infraestrutura, de relevância e de

adesão a essa nova ideia organizacional. No entanto, defendemos que as

organizações que as incentivam estão em vantagem competitiva à medida que

o investimento educacional de pessoas, por parte das empresas, ajuda a

estabelecer metas e alcançar resultados, a partir de uma lógica empresarial

voltada para uma abordagem estratégica de atuação e desenvolvimento.

Algumas perguntas devem ser feitas ao se pensar sobre as estratégias

de aprendizagem organizacional. Para tal, o quadro a seguir retrata algumas

questões sobre os processos de aprendizagem das organizações. Há a ideia

de que aprendizagem deve ser pensada como um fenômeno individual e

também coletivo. Além disso, a aprendizagem deve estar sempre vinculada à

cultura das organizações.

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

16

Quadro das Oportunidades de Aprendizagem Organizacional

Características de Processos de

Aprendizagem

Questões orientadoras para o

desenvolvimento de processos de

aprendizagem

A aprendizagem organizacional é chave

para a competitividade e sobrevivência

de organizações

Que aprendizagens e que

conhecimentos são cruciais para

assegurar competitividade à

organização?

A aprendizagem organizacional é um

fenômeno ao mesmo tempo individual e

coletivo.

Quem são os atores-chave na busca de

informação?

Quais e como são as estratégias e

políticas da organização para o

desenvolvimento de competências

associadas à aprendizagem entre os

atores-chave?

Que condições estruturais e de

interação os atores-chave encontram

para disseminar informações?

A aprendizagem organizacional está

intrinsecamente relacionada à cultura

das organizações;

Quais são as formas de interação

privilegiadas na cultura da organização?

Como pessoas e equipes têm aprendido

ao longo da história da organização?

Quais são as áreas ou equipes da

organização mais permeáveis a novas

aprendizagens?

Aprendizagem organizacional é um

fenômeno que associa ordem e

desordem.

Que situações específicas, inscritas na

cultura da organização e não

necessariamente associadas à

educação formal, apresentam potencial

de aprendizagem?

Como o sentido coletivo é construído?

Fonte: Souza, 2004.

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

17

O conceito sobre Universidades Corporativas, portanto, é essencial para

o debate sobre educação corporativa, pois faz referência a um novo paradigma

de aprendizagem organizacional: a de que é necessário pensar em estratégias

contínuas de aprendizagem e que elas não sirvam apenas para enfatizar

treinamentos pontuais e que visem apenas a transformações de uma realidade

organizacional atual.

É preciso conceber a educação corporativa como um investimento a

longo prazo. Toda a cultura organizacional deve estar voltada para a visão de

que é importante sempre aprender a aprender, dentro de um contexto que

reconhece a importância do compartilhamento de informações e

conhecimentos. Tal prática é o que se pode dizer ser uma das funções da

Gestão do Conhecimento.

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

18

CAPÍTULO II

Treinamento e Desenvolvimento: Conceitos Necessários para um Bom

Desenvolvimento da Aprendizagem Organizacional

O Treinamento e o Desenvolvimento devem ser dois importantes aliados

na construção de um programa de educação corporativa. De uma forma geral,

Treinamento é definido como a atividade de preparar profissionais para

determinadas funções, com objetivo de garantir um bom desempenho do

profissional na realização da tarefa. Já o desenvolvimento é visto como um

processo de preparar pessoas para acompanhar o crescimento da

organização.

O conceito de Treinamento estaria mais relacionado a resultados a curto

prazo, enquanto o Desenvolvimento estaria mais relacionado a resultados a

longo prazo. O Treinamento focaliza o cargo atual do funcionário, buscando

melhorar as habilidades e as capacidades relacionadas ao desempenho

imediato do cargo. Já o desenvolvimento de pessoas enfatiza os cargos a

serem ocupados futuramente na organização e as novas habilidades que

serão exigidas dos funcionários.

É importante ressaltar que Treinamento e Desenvolvimento (T&D)

devem ser considerados como processos de aprendizagem.

Contemporaneamente, Treinamento é uma forma de fazer com que os

funcionários adquiram competências, conhecimentos e habilidades que

possam torná-los mais produtivos, criativos e inovadores, colaborando para o

fortalecimento da cultura organizacional e para o alcance dos objetivos

organizacionais.

Neste estudo, o Treinamento e o Desenvolvimento são vistos a partir de

um mesmo paradigma: o de que é preciso investir na aprendizagem

organizacional, seja a curto ou a longo prazo. O importante é defender as

organizações de aprendizagem, que enfatizam uma cultura organizacional

voltada para os processos de aprendizagem.

Neste capítulo, serão comparados os conceitos tradicionais de

Treinamento e os conceitos modernos. No capítulo I já foi apresentado o novo

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

19

conceito de aprendizagem organizacional: as Universidades Corporativas.

Desta forma, o conceito de Treinamento foi ampliado e as Universidades

Corporativas começaram a ganhar destaque nas empresas.

Segundo Arruda e Junior (2006), os programas tradicionais de

Treinamento adotam modelos reativos de definição de conteúdo, através de

métodos de aprendizagem tradicionais. Já as melhores experiências de

Universidades Corporativas se opõem ao modelo tradicional de áreas de

Treinamento por algumas razões:

1. As Universidades Corporativas são pró-ativas, com suas ações

completamente voltadas ao ambiente de negócio de cada

organização;

2. Atuam no desenvolvimento de competências essenciais;

3. São inovadoras na forma de entrega do conhecimento;

4. Têm como premissa a disseminação do conhecimento “em

qualquer momento, em qualquer lugar”;

5. Atuam no desenvolvimento e gerenciamento de ferramentas que

propiciem de forma intensa a captação do conhecimento presente

na organização (através de seus profissionais, clientes,

fornecedores e comunidade) e sua adequada disseminação para

fácil utilização sempre que necessário;

6. Têm público alvo amplo, não se restringindo ao público interno, mas

entendendo que o conhecimento é desenvolvido e utilizado por toda

rede de profissionais que envolve cada organização;

7. Procuram acompanhar a utilização prática do conhecimento, ou

seja, a transformação do conhecimento em vantagem competitiva,

gerando capital intelectual para as organizações.

Na concepção dos referidos autores, as Universidades Corporativas são

complementares às Universidades Tradicionais. A universidade tradicional

fornece toda a formação conceitual e metodológica aos profissionais, enquanto

a universidade corporativa oportuniza formação focada no ambiente de

negócios, desenvolvendo o aprimoramento nas competências essenciais ou

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

20

críticas de cada organização. Existem vários casos de sucesso de alianças

estabelecidas entre as universidades corporativas e as universidades

tradicionais, visando à formação da rede de trabalho da organização. Meister (2000) destaca o papel pró-ativo da Educação Corporativa no

desenvolvimento de sistemas educacionais vinculados às metas empresariais

e seu amplo escopo de atuação. Sua proposta de alinhar todos da

Organização aos objetivos empresariais, oferecendo soluções de

aprendizagem para cada família de cargos se contrapõe aos modelos atuais

das áreas de treinamento, cuja função básica é treinar pessoas no

desenvolvimento de habilidades para o trabalho. As empresas, ao oferecerem

aos empregados os melhores programas de capacitação e a possibilidade de

renovação contínua de seus conhecimentos, aumentam suas possibilidades de

reter talentos. Esta é a contrapartida.

Chiavenato (2006) diferenciou conceitos relacionados ao ambiente

tradicional de Treinamento e conceitos vinculados ao ambiente de organização

de aprendizagem.

Quadro: Ambiente Tradicional de Treinamento X Ambiente de Organização de

Aprendizagem

Ambiente Tradicional de Treinamento

Ambiente de Organização de Aprendizagem

Aprendizado impulsionado pelo instrutor.

Aprendizado autodirigido.

Abordagem programada e prescritiva . Abordagem de auto-serviço.

Transmissão baseada em classe. Modos diversos de transmissão.

Programas como o principal curso. Competências como o principal curso.

Presença como determinante da capacidade.

Demonstração de competência como determinante da capacidade.

Oferecido de uma só maneira para todos.

Apenas alvos entre a capacidade atual e a capacidade requerida.

Baseada em análise genérica de necessidades de treinamento.

Baseada em avaliação individual da competência.

Fonte: Chiavenato, 2006.

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

21

O Ambiente de Organização de Aprendizagem tem o foco no

aprendizado autodirigido e na construção de competências, visando a uma

certa autonomia do aprendiz para que ele consiga desenvolver o seu próprio

processo de aprendizagem.

A noção de competências está muito em voga atualmente e é por isso

que autores como Fleury e Oliveira (2001) juntaram processos, ferramentas e

conceitos até então introduzidos de forma fragmentada nas organizações e

propuseram uma visão integrada e conectada, que ajuda na sinergia de

importantes elementos – aprendizagem, conhecimentos e competências – para

a competitividade das organizações. Todo esse processo deve estar aliado a

uma qualificada gestão estratégica de pessoas.

Competência, para alguns autores, significa um conjunto de

qualificações que a pessoa tem para executar um trabalho com nível superior

de desempenho. A competência pode ser prevista ou estruturada, de modo

que se estabeleça um conjunto qualificador ideal, para que a pessoa apresente

uma realização superior em seu trabalho (Dutra et al, 2000).

Parry (1996 apud Dutra et al, 2000) resume o conceito de competência

como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes correlacionados,

que afetam a maior parte de alguma tarefa, papel ou responsabilidade que se

reporta ao desempenho da função assumida e quer podem ser aferidos por

parâmetros bem aceitos. Tais predicados são suscetíveis de melhor

capacitação pelo Treinamento e Desenvolvimento (T&D).

Para a elaboração de programas de Treinamento, é necessário levar em

consideração as seguintes etapas:

1. Diagnóstico da situação (Levantamento de Necessidades de

Treinamento);

2. Decisão quanto à estratégia (Programação de Treinamento);

3. Implementação ou Ação (Execução do Treinamento);

4. Avaliação e Controle (Avaliação dos Resultados do Treinamento)

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

22

O quadro a seguir demonstra essas etapas e ainda ajuda a sistematizar

que questões merecem importância nos itens referentes à elaboração dos

Programas de Treinamento.

Quadro sobre Etapas na Elaboração de Programas de Treinamento

Fonte: Chiavenato, 2006.

Quando se pensa em programas de Treinamento, é necessário fazer quatro

perguntas básicas:

1. O que deve ser aprendido?

2. Como deve ser aprendido?

3. Como a aprendizagem deve ocorrer com maior efetividade?

4. Quando a aprendizagem de fato ocorre?

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

23

Ao desmembrar essas quatro questões, as seguintes respostas são

oferecidas:

O QUE DEVE SER APRENDIDO?

(Transmissão de Informações)

Conteúdos, informações

compartilhadas

COMO DEVE SER APRENDIDO?

(Desenvolvimento de Habilidades)

Grau de complexidade e

profundidade

COMO A APRENDIZAGEM DEVE

OCORRER COM MAIOR

EFETIVIDADE?

(Desenvolvimento ou Modificações

de Atitudes)

- Modelo de ensino-aprendizagem

que surtirá efeito

- Reações positivas e negativas;

inclusão/exclusão; resistências

veladas, motivações, medo,

sentimentos, emoções, reações

adversas

QUANDO A APRENDIZAGEM DE

FATO OCORRE?

(Desenvolvimento de Conceitos)

Incentiva o participante a construir

o seu próprio saber (nível bom de

abstração e conceituação) para

situações relacionadas ao seu dia-

a-dia, aplicado de forma global no

que se deseja ser alterado

Fonte: Material Didático produzido pelo Curso Online “Preparando e

Desenvolvendo Talentos através de Treinamento”, oferecido pelo Portal

Educação (http://www.portaleducacao.com.br/). Curso realizado em maio e

junho de 2009.

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

24

O Treinamento e o Desenvolvimento devem estar voltados para os

objetivos organizacionais, propiciando um bom desenvolvimento da educação

corporativa. As empresas comprometidas com as novas perspectivas da Era

da Informação sabem da importância de uma cultura de aprendizagem dentro

das instituições.

O capítulo III dará continuidade à reflexão sobre os conceitos de

educação corporativa dentro de uma abordagem voltada para a educação

continuada.

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

25

CAPÍTULO III

Reflexões sobre a Educação Corporativa e as Organizações de Aprendizagem:

A Importância das Competências, do Raciocínio Sistêmico e da Formação e

Aprendizagem das Equipes Organizacionais

Segundo Durand (1998 e 1999) apud Vieira (2002) a competência é

baseada em três dimensões – Knowledge, Know-How and Attitudes

(conhecimento, habilidade e atitude), englobando não somente as questões

técnicas, mas também de cognição, necessárias à execução de um

determinado trabalho.

A sigla CHA (Conhecimento, Habilidade e Atitude) é muito utilizada para

se pensar o que de fato um funcionário deve fazer para que seu serviço seja

de qualidade e esteja atrelado aos objetivos da empresa. Esses três conceitos

também estão na pauta dos objetivos de diversos programas de Treinamento e

Desenvolvimento.

Rabaglio (2001) define os significados das letras da sigla CHA:

C = Saber (conhecimentos adquiridos no decorrer da vida, nas escolas,

universidades, cursos etc. Ex: Conhecimento da concorrência e técnicas de

negociação);

H = Saber Fazer (capacidade de realizar determinada tarefa, física ou mental.

Ex: Análise da concorrência e negociação);

A = Querer Fazer (comportamentos que temos diante de situações do nosso

cotidiano e das tarefas que desenvolvemos no nosso dia-a-dia. Ex: Participar

da concorrência e fazer negociações).

Rabaglio (2001) cita alguns passos para o mapeamento do CHA na

organização, sendo eles:

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

26

1. - Estabelecer parceria entre as áreas da empresa: conscientizar,

sensibilizar e orientar tecnicamente o cliente interno, para que ele entenda com

clareza qual o seu papel e perceba que o resultado não é de responsabilidade

exclusiva da área de RH, e sim um trabalho conjunto de responsabilidade

compartilhada, visando uma integração entre todas as áreas da empresa.

2. - Buscar os Indicadores de Competências: verificar as necessidades

relativas ao cargo e identificar os indicadores relativos ao conhecimento,

habilidade e atitude.

3. – Verificar o grau de importância de cada competência: verificar o grau

de importância de cada competência através da utilização de algum modelo de

mensuração.

Mais uma vez percebemos a importância da gestão por competências

para um bom desenvolvimento da educação corporativa. Desta forma, alguns

autores definem os principais objetivos desse tipo de gestão, além de

categorizarem as competências.

Para Boog et al (2002), entre os principais objetivos de uma gestão por

competências, destaca-se:

1. Entender, organizar e disseminar os conhecimentos ligados aos negócios e

as estratégias da empresa;

2. Ser o instrumento de comunicação de mensagens de atitude,

conhecimentos e habilidades esperadas de cada empregado;

3. Formar uma base de dados sustentável e confiável para as avaliações de

desempenho;

4.Servir como valiosa fonte de informação para as necessidades de

treinamento, planos de sucessão, carreira, seleção e remuneração;

5. Comprometimento de líder na gestão efetiva e no desenvolvimento da sua

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

27

equipe;

6.Transparência nas relações internas.

Quanto à categorização das competências, Rabaglio (2001) expõe as

seguintes categorizações:

1. Básicas: são relacionadas à cultura organizacional e demonstradas nos

Currículos de todos os profissionais da empresa.

2. Diferenciadoras: são os comportamentos de maior frequência nos

profissionais excelentes e que se distinguem dos profissionais proficientes.

3. Estratégicas: são as competências percebidas como essenciais para

viabilizar a visão estratégica da organização.

Já para Resende (2003), as competências podem ser categorizadas da

seguinte forma:

1.Técnicas: Domínio apenas de determinadas especialidades;

2.Intelectuais: Aplicações de aptidões mentais;

3.Cognitivas: Misto de capacidade intelectual com domínio de conhecimento;

4.Relacionais: Envolvem atividades práticas de relações e interações;

5.Sociais e políticas: Relações e participações na sociedade;

6.Didático-Pedagógicas: Voltadas para a educação e ensino;

7.Metodológicas: Técnicas e meios de organização de atividades e trabalhos;

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

28

8.Lideranças: Habilidades pessoais e conhecimentos de técnicas de

influenciar e conduzir pessoas;

9.Organizacionais: Competências de organização e gestão empresarial.

Todas elas são levadas em consideração na avaliação de desempenho dentre

da realidade e cultura da organização.

As competências organizacionais e individuais pressupõem a reflexão

sobre os modelos de homem concebidos ao longo da história dos estudos

sobre Organizações. Isso porque é interessante notar as mudanças ocorridas

na visão do homem. Tal mudança influencia a maneira pela qual a gestão de

pessoas irá definir suas metas e estratégias para o desenvolvimento

organizacional dos colaboradores.

No que concerne a modelos de homem embasados nas Teorias das

Organizações, a ideia sempre foi a de construir um modelo mais ou menos

pronto e acabado do homem, isolando as diferenças individuais para

caracterizar certas pressuposições e concepções de como tratar as pessoas

dentro das organizações. Vários modelos foram propostos desde o início do

século XX (Chiavenato, 1999):

a) Homo economicus: proposto pelos engenheiros da Escola de

Administração Científica iniciada por Taylor e seus seguidores. Foi a

concepção dominante nas quatro primeiras décadas do século XX. Parte da

suposição de que as pessoas são motivadas exclusivamente por recompensas

salariais e materiais. Em outros termos, as pessoas vão trabalhar apenas para

ganhar dinheiro. O trabalho é um meio para alcançar um fim: o salário. Assim,

se a organização quer motivar seu pessoal, deve fazê-lo através de prêmios ou

incentivos salariais; se a organização deve punir alguma pessoa, deve fazê-lo

através da redução do ganho. Daí, a utilização do salário por produção ou peça

e a enorme divulgação de planos de prêmios e incentivos salariais, como meio

de obter o máximo de eficiência possível dos empregados3.

3 Na medida mesma em que a lógica econômica se faz “patrona da razão” tudo se passa como se os diversos homines tipificados pelas diferentes ciências sociais se

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

29

b) Homo Social: modelo proposto no final da década de 1930 pela

Escola das Relações Humanas para combater o conceito do homo

economicus. Segundo esta concepção, as pessoas são motivadas

exclusivamente por recompensas sociais e simbólicas e não por incentivos

salariais e materiais. O comportamento das pessoas é predominantemente

social, isto é, as pessoas agem não como entidades individuais, mas como

participantes de grupos sociais, respeitando as normas, expectativas e

sanções sociais impostas pelo grupo. Assim, o padrão de produção não é

individual nem depende de prêmios ou incentivos salariais – é determinado

pelo grupo social, e as pessoas que produzem dentro de normas e

expectativas do grupo merecem apoio, reconhecimento e participação no

grupo (recompensas sociais), enquanto as pessoas que produzem acima

recebem punições sociais e simbólicas na forma de desprezo, congelamento,

gozações etc. Dentro dessas condições, as pessoas preferem enquadrar-se

mais no padrão de comportamento grupal do que nos incentivos salariais

oferecidos pela organização. Assim, esta utiliza a organização informal – os

grupos sociais – como meios de obter a máxima eficiência das pessoas.

c) Homem Organizacional: modelo proposto, a partir da década de

1940, pela Teoria Estruturalista e profundamente influenciado pela abordagem

sociológica da Administração. O modelo leva em consideração que vivemos

em uma sociedade de organizações, das quais o homem depende para

nascer, aprender, trabalhar, divertir-se etc. Em cada uma das múltiplas

organizações a que pertence, o homem desempenha um papel diferente: em

uma é aluno, em outra é cliente, em outra é o pai de família, em outra é o

contribuinte, usuário, acionista etc. Assim, o homem moderno é uma criatura

que vive dentro de organizações exercendo em cada uma um papel específico

e diferente: é o homem organizacional. Porém, ele é motivado

simultaneamente por recompensas e incentivos salariais e materiais e por

recompensas e incentivos simbólicos, que se alternam e se superpõem ao

longo da vida.

comportassem de forma análoga ou reflexa ao homo economicus, que seria o homem maximizador de utilidades (Reis, 1989).

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

30

d) Homem Administrativo: modelo mais recente, proposto a partir da

década de 1950 pela Teoria do Comportamento Organizacional e, mais

especificamente, por Hebert Simon, seu criador. Baseia-se no fato de que

todas as pessoas têm suas limitações pessoais para poderem responder

simultaneamente à multidão de estímulos e incentivos que recebem do seu

ambiente organizacional. Assim, as pessoas não conseguem perceber,

analisar e tomar decisões ótimas e com a máxima eficiência possível, frente a

um ambiente tão multivariado. Ao invés disso, as pessoas preferem tomar

decisões satisfatórias, sem tentar obter o máximo de cada situação específica.

Assim, a otimização é substituída pela satisfação no comportamento pessoal e

o critério da máxima eficiência é substituído pelo da eficiência satisfatória.

e) Homem Complexo: Shein (1970, apud Chiavenato, 1999) propõe uma

concepção contingencial, baseada em conceitos anteriores, a qual denomina

“homem complexo”, embora considere que essas concepções contam apenas

uma parte da história e vêem apenas um pedaço do todo. Shein leva em conta

a complexidade do homem e os fatores que influenciam sua motivação para

contribuir para as metas organizacionais. Nesse sentido, um indivíduo é

concebido como um sistema de necessidades biológicas, de motivos

psicológicos, de valores e de percepções: um sistema individual.

Para a análise da organização, é sempre bom voltar a atenção para os

indivíduos, que juntos, compõem a estrutura humana das organizações. No

que concerne às organizações que aprendem, Senge (1992) formulou cinco

disciplinas que facilitam o desenvolvimento de uma cultura de aprendizagem

dentro das organizações.

Segundo o referido autor, disciplina significa um conjunto de técnicas

que devem ser estudadas e dominadas para serem postas em prática. Desta

forma, Senge propôs cinco disciplinas que facilitariam a inovação nas

organizações que aprendem: a) domínio pessoal; b) modelos mentais; c)

objetivo comum (visão compartilhada); d) aprendizado em grupo; e) raciocínio

sistêmico (a quinta disciplina).

O domínio pessoal é a base espiritual da organização de aprendizagem.

Ele implica alto grau de proficiência e capacidade de produzir os resultados

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

31

esperados. Através dessa disciplina, aprende-se a esclarecer e aprofundar

continuamente o objetivo pessoal, a concentrar energias, a desenvolver a

paciência e, em geral, a abordar a vida como um artista aborda o trabalho de

criação. O domínio pessoal significa o predomínio da criatividade, em

contraposição a um modo reativo.

Os modelos mentais são ideias arraigadas, generalizações, imagens

que influenciam a maneira como as pessoas encaram o mundo. É comum as

pessoas julgarem as situações de acordo seus preconceitos. É preciso

promover a diversidade de opiniões no lugar do consenso e no que se refere à

vida organizacional, é necessário melhorar os modelos mentais em todos os

níveis da organização, como defende Hanover (apud Senge, 1992):

1. A eficiência de um líder está relacionada ao contínuo aperfeiçoamento

de seus modelos mentais;

2. Não se deve impor um modelo mental às pessoas. A fim de surtirem

efeito, os modelos mentais devem gerar decisões espontâneas;

3. Decisões espontâneas resultam em convicções mais profundas e

implementação mais eficaz;

4. Modelos mentais melhores capacitam as pessoas a se ajustarem às

mudanças ambientes ou circunstanciais;

5. Membros dos conselhos internos raramente tomam decisões diretas.

Sua função é ajudar o gerente-geral testando ou aperfeiçoando seu

modelo mental;

6. Modelos mentais múltiplos proporcionam múltiplas perspectivas;

7. Grupos desenvolvem mais dinâmica e conhecimento do que uma

pessoa desenvolveria sozinha;

8. A meta é não haver consenso dentro do grupo;

9. Quando o processo funciona, leva ao consenso;

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

32

10. O valor do líder é medido por sua contribuição aos modelos mentais

dos outros.

O objetivo comum (visão compartilhada) é importante porque nenhuma

organização se torna grande se não tiver objetivos, valores e missão que se

tornem compartilhados através de toda organização. A questão do

comprometimento é essencial, pois este é um assunto importante na

administração contemporânea.

Existem muitas atitudes possíveis em relação a um objetivo:

COMPROMETIMENTO – A pessoa quer. Fará com que se realize. Criará

quaisquer “leis” que se fizerem necessárias.

PARTICIPAÇÃO – A pessoa quer. Fará tudo o que for necessário ser feito

dentro do “espírito da lei”.

OBEDIÊNCIA GENUÍNA – Enxerga os benefícios do objetivo. Faz tudo o

que é esperado. Segue a lei ao pé da letra. “Bom soldado”.

OBEDIÊNCIA FORMAL – De maneira geral, enxerga os benefícios do

objetivo. Faz o que é esperado e nada mais. “Soldado razoável”.

OBEDIÊNCIA RELUTANTE – Não enxerga os benefícios do objetivo. Mas

também não quer perder o emprego. Faz o que lhe compete porque é

obrigado, mas não esconde a sua falta de interesse.

DESOBEDIÊNCIA – Não enxerga os benefícios do objetivo e não faz o que

dele é esperado. “Não faço. Vocês não podem me obrigar”.

APATIA – Nem contra nem a favor do objetivo. Sem interesse. Sem

energia. “Já são cinco horas?”.

O aprendizado em grupo é o processo de alinhamento e desenvolvimento

da capacidade de um grupo criar os resultados que seus membros realmente

desejam. Ele se desenvolve a partir da criação de um objetivo comum e

também do domínio pessoal, pois equipes talentosas são formadas por

indivíduos talentosos.

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

33

Dentro das organizações, o aprendizado em grupo tem três dimensões

fundamentais:

1. Primeiro, é necessário analisar com discernimento as questões

complexas. Neste caso, o grupo deve aprender a canalizar o potencial

de muitas mentes de maneira que a inteligência em conjunto seja maior

que a individual.

2. Segundo, existe a necessidade de se tomar ações inovadoras,

coordenadas. Dentro das organizações, as equipes de sucesso

desenvolvem um tipo de ralação, na qual cada membro tem consciência

de que faz parte de uma equipe e age de modo a complementar as

ações dos outros integrantes.

3. Terceiro, existe a influência dos membros de um grupo sobre outros

grupos. A maioria das decisões tomadas por equipes de nível mais alto

são executadas por outras equipes. Dessa forma, uma equipe ajuda

outras equipes difundindo as técnicas de aprendizagem em grupo.

A quinta disciplina de Senge é o raciocínio sistêmico, que implica mudança

de mentalidade, pois tem como objetivo: a) ver inter-relações ao invés de

cadeias lineares de causa-efeito; b) ver processos de mudanças ao invés de

instantâneos.

O raciocínio sistêmico é a quinta disciplina, pois é a disciplina que integra

as outras quatro, fundindo-as num conjunto coerente de teoria e prática,

evitando que elas sejam vistas isoladamente como simples macetes ou o

último modismo para efetuar mudanças na organização. Reforçando cada uma

delas, o raciocínio sistêmico mostra que o todo pode ser maior que a soma das

partes.

Senge (Idem) argumenta que o raciocínio sistêmico torna compreensível o

aspecto mais sutil da organização de aprendizagem – a nova maneira pela

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

34

qual os indivíduos vêem a si mesmos e ao mundo. A organização de

aprendizagem é um lugar no qual as pessoas aprendem a criar sua própria

realidade. E a mudá-la.

As cinco disciplinas de Peter Senge corroboram a importância de se pensar

no grupo dentro das organizações. E quando se pensa em grupo se pensa

também na formação de equipes nas organizações.

Reis et al (2005) têm como objetivo considerar a origem, a história dos

grupos, suas configurações, com ênfase nos papéis dos grupos, no seu ciclo

evolutivo e nas diferentes fases de desenvolvimento dos grupos.

As novas configurações da sociedade interferem nas organizações de tal

forma que a capacidade de trabalhar em equipe é uma competência essencial

e necessária para a atuação profissional. A contribuição de Ana Maria Reis e

outros para o aprimoramento de análises referentes aos processos grupais é

excelente. Desta forma, deve-se levar em conta as principais ideias divulgadas

pelos autores.

Com relação às equipes de trabalho, há sempre um processo de

desenvolvimento dessas equipes, pois elas não nascem prontas, estão em

contínuo processo de estruturação. Ana Maria Reis et al citam diversos autores

que caracterizam os grupos de trabalhos. McGrath e outros autores (2002)

identificaram três espécies de grupos formais de trabalho: a) grupo; b) força-

tarefa; c) tripulação.

O grupo ocorre quando a organização seleciona pessoas e as treina

para que consigam adquirir determinados conhecimentos e desenvolver

habilidades específicas, tornando-as aptas a realizar projetos de média ou

longa duração que envolvam tecnologia compatível com o perfil do grupo.

A força-tarefa decorre da necessidade de viabilizar projetos específicos,

com propósitos determinados, fazendo com que pessoas sejam designadas

para a tarefa a ser realizada. A longevidade desse grupo está em consonância

com a longevidade do projeto. O grupo acaba quando o projeto termina.

A tripulação ocorre quando a organização tem como foco uma tecnologia

a ser desenvolvida ou disseminada e para isso estrutura um sistema

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

35

tecnológico ou projeto que precisa de pessoas para ser operacionalizado ou

“tripulado”.

É importante ressaltar que os grupos passam por diversos estágios até

que se transformem em verdadeiras equipes. No capítulo, há uma ênfase no

ciclo de vida dos grupos, que pressupõe os seguintes estágios: a)

aproximação; b) começo da relação; c) sustentação; d) ampliação; e)

encerramento. Sendo assim, temos uma fase inicial que configura o primeiro

contato, a sondagem dos participantes e a primeira aproximação. A fase

intermediária se caracteriza por um aprofundamento das relações, pelo

mapeamento de competência e pelos exercícios de poder e de limites. A fase

de plenitude do desenvolvimento de um grupo consolida as relações e

estabelece os vínculos de confiança. Por fim, há uma fase de finalização ou

fechamento do grupo.

As dimensões inclusão, controle e abertura são consideradas

importantes pelos autores. A inclusão em um grupo refere-se à quantidade,

intensidade de contato que a pessoa estabelece com os outros. O controle

refere-se à intensidade da influência que exerce na relação com o outro. A

abertura refere-se à intensidade da auto-revelação e exposição na relação com

o outro.

Tais dimensões corroboram ainda mais a afirmação de que o indivíduo

precisa fazer uso da alteridade – seu olhar perante o outro – para que possa

agir com mais entusiasmo e motivação no seu grupo ou equipe de trabalho. É

preciso que haja feedback constante no que se refere ao trabalho com grupos.

Tal feedback tem que ser desenvolvido tanto pelos gestores e membros da

equipe ou grupo, quanto pela organização como um todo.

Ana Maria Reis apresenta um estudo de caso realizado a partir da

experiência do autor Will Schutz, que fez uso de metodologia denominada The

Human Element. O autor em questão realizou seminários com empresas

públicas e privadas entre 1999 e 2004. O trabalho de Schutz diagnosticou que

a inclusão é uma dimensão muito importante para os grupos, pois existe a

associação com e entre pessoas, o desejo de receber atenção, pertencer, ser

único e especial. Há contato, pertencimento, identificação.

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

36

Ainda com relação à inclusão, ao controle e à abertura, a autora

demonstra os achados de Schutz, que enfatizam ainda mais a necessidade de

se trabalhar com a perspectiva tridimensional (indivíduo, grupo e organização).

Somente a partir dessa visão é que poderemos ter desenvolvimentos de

grupos e equipes de trabalho que estejam em sintonia com a tão eficaz

abordagem sistêmica, na qual indivíduos, grupos e organizações interagem

entre si e possuem sinergia suficiente para atender às muitas demandas das

organizações contemporâneas.

O estudo de Reis et at (Idem) ajuda a conceber as diversas concepções

existentes sobre os grupos de trabalho e oferecem subsídios para o

aprimoramento e o desenvolvimento das equipes de trabalho pertencentes às

organizações contemporâneas.

As competências, os conhecimentos, as habilidades, as atitudes são

essenciais para uma educação corporativa continuada, na qual o Treinamento

e o Desenvolvimento são muitos importantes.

Dentro de uma lógica organizacional, Pacheco (2008) demonstra a

importância de se pensar na cultura organizacional e no clima organizacional

para que uma real análise seja feita à luz das Teorias Organizacionais.

Bastos (2002) afirma que o processo de aprendizagem é complexo,

multideterminado e requer um esforço interdisciplinar para equacionar as suas

múltiplas questões teóricas e empíricas.

A discussão exposta nos capítulos deste estudo ajuda a validar a

informação de que é necessário que as organizações possuam uma cultura

organizacional voltada para a aprendizagem, sempre no sentido de promover o

desenvolvimento de competências, conhecimentos, habilidades e atitudes, de

maneira contínua, propiciando um bom desenvolvimento da educação

corporativa nas organizações contemporâneas.

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

37

CONCLUSÃO

O presente estudo teve como objetivo contribuir para a discussão dos

muitos aspectos que envolvem a Educação Corporativa. Inseridos em um

contexto referente às Organizações de Aprendizagem, temas como Gestão do

Conhecimento, Treinamento e Desenvolvimento, Universidades Corporativas,

Gestão por Competências, Raciocínio Sistêmico e Formação e Aprendizagem

de Equipes foram analisados.

É preciso que os programas de Treinamento de Desenvolvimento das

organizações levem em consideração os conhecimentos, as habilidades e as

atitudes dos funcionários. Além desses três itens, é importante enfatizar as

competências necessárias para um bom desenvolvimento do trabalho, que

deve estar relacionado aos objetivos organizacionais e estratégicos das

empresas.

O Raciocínio Sistêmico, como argumenta Senge (1992), deve ser um

conceito de destaque, pois tal raciocínio é capaz de defender a importância do

todo dentro de um processo: muito mais do que as partes isoladamente, é

fundamental desenvolver um olhar holístico, que conceda importância à soma

das partes.

É por isso que todo o contexto que envolve a educação corporativa

deve ser analisado a partir de uma abordagem holística, que favoreça a ideia

de que a cultura organizacional como um todo deve estar voltada para

processos contínuos de aprendizagem.

As organizações contemporâneas, marcadas por grandes

transformações sociais, econômicas e tecnológicas, devem saber gerenciar as

suas fontes de conhecimento e seu capital intelectual. Isso implica a

valorização da educação corporativa como um conceito estratégico e essencial

para a missão das organizações na Era da Informação.

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

38

BIBLIOGRAFIA

ARRUDA, Mauro e JUNIOR, Andreotti William. Um modelo de Universidade

Corporativa para Micro e Pequenas Empresas. In: Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O Futuro da Indústria:

Educação Corporativa – Reflexões e Práticas (Coletânea de Artigos). Brasília:

MDIC/STI:IEL, 2006.

BASTOS, Antonio Virgílio Bittencourt et al. Aprendizagem Organizacional

versus Organizações que Aprendem: Características e Desafios que cercam

essas duas Abordagens de Pesquisa. In: ENCONTRO DE ESTUDOS

ORGANIZACIONAIS, 2., 2002, Recife. Anais. Recife: Observatório da

Realidade Organizacional : PROPAD/UFPE : ANPAD, 2002. 1 CD.

BOOG, Gustavo & Magdalena. Manual de gestão de pessoas e equipes. 1 ed.

Editora: Gente, São Paulo, 2002.

CHIAVENATO, Idalberto. Treinamento e Desenvolvimento de Recursos

humanos. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2006.

CHIANENATO, Idalberto. Administração de Recursos Humanos: Fundamentos

Básicos. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1999.

DUTRA, Joel Souza et al. Gestão de Pessoas por Competências: O Caso de

Uma Empresa do Setor de Telecomunicações. RAC, v. 4, n.1, jan./abr. 2000.

EBOLI, Marisa. Universidades corporativas: educação para as empresas do

século XXI. São Paulo: Schmukler, 1999.

FERREIRA, Márcio Eduardo. Combinando Gestão do Conhecimento e

Universidade Corporativa: Perspectiva da criação do contexto capacitante -

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

39

Estudo de caso Corporação Flytour. Monografia de Final de Curso. PUC

Minas. Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais. Curso de

Administração. Belo Horizonte, 2006.

FLEURY, Maria Tereza Leme; OLIVEIRA, Moacir de Miranda (Orgs.). Gestão

estratégica do conhecimento: integrando aprendizagem, conhecimento e

competências. São Paulo: Atlas, 2001.

LEAL, Leonardo Rosas. Gestão de Pessoas: Um competência-chave da

Universidade Corporativa Petrobrás. Projeto de Fim de Curso. UFRJ. Escola

Politécnica. Departamento de Engenharia Industrial. Curso de Engenharia de

Produção. Rio de Janeiro, 2005.

LEITE, Eliana Duarte et al. O SERPRO e a Educação Corporativa. In:

MARTINS, W.M; JULIATTO, C.I; CARTAXO, M.F.P.M. (Orgs.). Gestão do

Conhecimento. Brasília, 2001. Disponível online:

http://www1.serpro.gov.br/publicacoes/gco_site/m_capitulo03.htm. Acessado

em 20/08/2009 . Acessado em: 13/08/2009

MEISTER, Jeanne C. Educação Corporativa – A Gestão do Capital Intelectual

através das Universidades Corporativas. São Paulo: Pearson Makrom Books,

1999.

MEISTER, Jeanne. Entrevista. Revista Você S/A. São Paulo: Abril, n.26,

Set/2000.

PACHECO, Marcella da Silva Estevez. Clima Escolar nas Escolas

Públicas Municipais de Alto e Baixo Prestígio no Rio de Janeiro – A

Percepção dos Alunos sobre o Ambiente Escolar. Dissertação de

Mestrado. Faculdade de Educação – Universidade Federal do Rio de Janeiro,

2008.

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

40

RABAGLIO, Maria Odete. Seleção por Competências. 2 ed. São Paulo:

Educator, 2001.

REIS, Ana Maria Viegas et al. Histórico do Movimento das Equipes. In: REIS,

Ana Maria Viegas et al. “Desenvolvimento de Equipes”. Rio de Janeiro: Editora

FGV, 2005.

RESENDE, Ênio. O livro das Competências. 1 ed. Rio de Janeiro: Editora

QualityMarky, 2003.

SENGE, Peter. A quinta disciplina. São Paulo: Best Seller, 1992.

SOUZA, Yeda Swirski de. Organizações de Aprendizagem ou Aprendizagem

Organizacional. RAE- eletrônica, v. 3, n.1, art.5, jan/jun 2004. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/raeel/v3n1/v3n1a08.pdf. Acessado em: 24/08/2009.

TERRA, José Cláudio C. Gestão do Conhecimento: O Grande Desafio

Empresarial. Artigo – Biblioteca Terra Forum Consultores, 2001. Disponível

em:

http://portais.integra.com.br/sites/terraforum/Biblioteca/libdoc00000011v002Ge

stao%20do%20Conhecimento_%20O%20grande%20desafio%20e.pdf

Acessado em 13/08/2009.

VIEIRA, Francisco Pedro. Gestão, baseada nas competências, na ótica dos

gestores, funcionários e clientes, na empresa de assistência técnica e

extensão rural do estado de Rondônia – Emater, RO. Dissertação de Mestrado

apresentada na Universidade Federal de Santa Catarina, 2002.

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

41

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 11

CAPÍTULO II 18

CAPÍTULO III 25

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 41

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Em contraposição a tal postura, nas Universidades Corporativas, os programas de educação tendem a ser permanentes e orientados

42

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES - INSTITUTO A

VEZ DO MESTRE

Título da Monografia: EDUCAÇÃO CORPORATIVA E SUAS BASES

TEÓRICAS: IMPLICAÇÕES PARA AS ORGANIZAÇÕES DE

APRENDIZAGEM

Autor: MARCELLA DA SILVA ESTEVEZ PACHECO

Data da entrega: 12/10/2009

Avaliado por: Conceito: