UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · estes a atualização de conhecimentos...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O PAPEL DO ORIENTADOR PEDAGÓGICO INTERAGINDO NO
PROCESSO DA LEITURA E ESCRITA NO AMBIENTE ESCOLAR
MUNICIPAL
Por: Sandra Helena Pereira Campos
Orientadora
Profª. Mônica Ferreira de Melo
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O PAPEL DO ORIENTADOR PEDAGÓGICO INTERAGINDO NO
PROCESSO DA LEITURA E ESCRITA NO AMBIENTE ESCOLAR
MUNICIPAL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Orientação
Educacional e Pedagógica
Por: Sandra Helena Pereira Campos
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AGRADECIMENTOS
A Deus por sua infinita sabedoria e que me dá
condições para superar qualquer situação.
Ao meu marido Pedro Paulo e aos meus filhos Silas
e Jonas, pois tudo que tenho realizado até agora foi
uma conquista nossa.
A minha orientadora Mônica Ferreiro de Melo em
respeito ao meu ritmo e ao processo de construção
desta monografia.
E a todos aqueles, que de alguma forma e em
diferentes momentos contribuíram para a construção
deste trabalho.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu marido, meus filhos,
aos meus avós (em memória) Pedro Vergílio e Maria
de Lourdes e em especial a minha turminha do 1º
ano.
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RESUMO
A presente monografia trata sobre a aprendizagem da leitura e da
escrita nas crianças do primeiro ano do ensino fundamental. Atualmente, ainda
é possível encontrarmos professores alfabetizadores “presos” a cartilha
totalmente descontextualizada com a realidade de seus alunos. Para isto,
nesta pesquisa objetivamos atribuir a importância do Orientador Pedagógico no
ambiente escolar, sua interação com o professor alfabetizador e na formação
continuada deste, apresentando suas possíveis contribuições na alfabetização
da criança promovendo a esta clientela as possibilidades de estarem utilizando
o ato da leitura e escrita em seu cotidiano.
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METODOLOGIA
O presente trabalho utilizou como metodologia à pesquisa bibliográfica
com base em materiais publicados em livros, artigos, periódicos como a revista
Nova Escola, pesquisas em sites e da observação da prática como docente.
Para tal a pesquisa foi baseada no livro Psicogênese da Língua Escrita de
Emília Ferreiro e Ana Teberosky e para apoio na Orientação Pedagógica as
pesquisas das autoras Luiza Helena da Silva Christov e Nilba Clementi, no
livro: O coordenador Pedagógico e o espaço da mudança - de Almeida e
Placco (organizadoras).
Com objetivo refletir sobre a prática do Orientador Pedagógico frente as
questões do processo de alfabetização, apresentando suas possíveis
contribuições no processo de aprendizagem da leitura e da escrita da criança
no ambiente escolar municipal. A observação foi realizada no Município de
Nilópolis – RJ.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................08
CAPÍTULO I – O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA
LEITURA E DA ESCRITA - A ALFABETIZAÇÃO............................10
CAPÍTULO II - A PRÁTICA ATUAL NAS ESCOLAS E O
PROFESSOR REFLEXO DESSA PRÁTICA................................. 23
CAPÍTULO III – AS CONTRIBUIÇÕES DO ORIENTADOR
PEDAGÓGICO NA ALFABETIZAÇÃO ........................................... 32
CONCLUSÃO.................................................................................. 42
ANEXO ............................................................................................46
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.......................................................47
ÍNDICE.............................................................................................50
FOLHA DE AVALIAÇÃO..................................................................52
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INTRODUÇÃO
Observando em prática como docente, pude perceber que as formas
tradicionais de alfabetização inicial ainda estão muito presentes no ambiente
escolar, alguns professores alfabetizadores ainda não compreendem as
dificuldades que a criança enfrenta antes de entender o verdadeiro sentido da
leitura e da escrita. Muitos acreditam num método eficiente capaz de resolver a
questão da alfabetização, que de uma maneira geral ainda vem sendo
bastante discutida, principalmente pelos profissionais da educação.
Diante de vários autores o que mais evidenciou foi os das autoras
Emília Ferreiro e Ana Teberosky em seu livro Psicogênese da Língua Escrita,
pode se dizer que é um referencial para qualquer professor que se destina a
trabalhar com a alfabetização, principalmente com crianças.
O trabalho do Orientador Pedagógico é de real importância na
formação dos professores alfabetizadores, pois é ele o profissional que busca
atuar como mediador das mudanças da prática dos professores, permitindo a
estes a atualização de conhecimentos através de estudos e reflexões.
Neste sentido, será abordado no primeiro capítulo os conceitos de
processo aprendizagem, as teorias do desenvolvimento de Jean Piaget,
Vygotsky e Wallon que muito contribuem para o pensar pedagógico. As
hipóteses da escrita segundo a psicolinguista Emilia Ferreiro, que é impossível
discutir alfabetização sem falar desta autora. Uma breve sobre letramento,
atualmente tão em questão.
No segundo capítulo, o professor alfabetizador e o educando a ser
alfabetizado. A nova mudança na Lei de Diretrizes e Base da Educação, Lei nº
9.394/96, a criança de seis anos que é matriculada no ensino fundamental, que
até então está faixa de idade pertencia à educação infantil. As dificuldades do
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professor alfabetizador com esta nova clientela, pois geralmente são crianças
que não passaram pela educação infantil é a primeira experiência delas com o
ambiente escolar e com o mundo da leitura e escrita.
O terceiro capítulo vem apresentar o papel do Orientador Pedagógico
no ambiente escolar, o cuidado que ele deve ter para assegurar a sua prática.
É ele o profissional que estará mais próximo do professor que poderá ajudá-lo
a transformar, através de reflexões, troca de experiências com outros grupos,
garantindo a formação continuada de seus professores uma vez que a
formação inicial é insuficiente. E que é possível tornar nossas crianças da
escola pública em crianças leitoras e escritoras.
CAPÍTULO I
O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA
ESCRITA - A ALFABETIZAÇÃO
A alfabetização até o início dos anos 80 era entendida como a
apropriação de um código. Com os estudos acerca da psicogênese da língua
escrita, de Emília Ferreiro e colaboradores, a alfabetização parece ter sofrido
assim como um “divisor de águas”, até então mais centrados no educador
alfabetizador e nos métodos de alfabetização, do que na criança a ser
alfabetizada. E justamente a proposta desse capítulo é de poder refletir sobre o
processo de aprendizagem da leitura e da escrita em crianças. Que caminho é
esse que elas percorrem até chegarem à aquisição da leitura e escrita? E não
como decodificadoras do “B+A= BA”. E para melhor entendimento de como se
dá a aprendizagem, o que dizem as teorias do desenvolvimento de Piaget,
Vygotsky e Wallon.
1.1- Conceituando o processo de aprendizagem
O processo de aprender é bastante complexo, envolve vários fatores:
variáveis cognitivas, afetivas, sociais, econômicas e até políticas. Sendo assim,
a aprendizagem é a construção permanente do conhecimento.
Segundo Libâneo, (1992) em sentido geral - qualquer atividade
humana praticada no ambiente em que vivemos pode levar a uma
aprendizagem. Desde que nascemos estamos aprendendo a vida toda. (p.81)
Libâneo (1992) nos aponta dois tipos de aprendizagens:
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A aprendizagem casual à quase sempre espontânea surge naturalmente da
interação entre as pessoas e com o ambiente em que vivem. Ou seja, pela
convivência social, pela observação de objetos e acontecimentos, pelo contato
com os meios de comunicação, leitura, conversas etc., as pessoas vão
acumulando experiências, adquirindo conhecimentos, formando atitudes e
convicções.
A aprendizagem organizada é aquela que tem por finalidade específica
aprender determinados conhecimentos, habilidades, normas de convivência
social. Embora isso possa ocorrer em vários lugares, é na escola que são
organizadas nas condições específicas para a transmissão e assimilação de
conhecimentos e habilidades. Esta organização intencional, planejada e
sistemática das finalidades e condições da aprendizagem escolar é tarefa
específica do ensino.
As pesquisas a respeito dos processos de aprendizagem da leitura e
da escrita produzidas nas últimas três décadas, sobretudo, o enfoque na teoria
psicogenética que ampliou a compreensão de como o indivíduo constrói seu
conhecimento de leitura e escrita, comprovam que o que viabiliza tal
aprendizagem não é a mera memorização como se acreditava até então, mas
sim a reflexão sobre a escrita.
Para Weisz (1999), a psicogênese da língua escrita deslocou a
questão central da alfabetização do ensino para a aprendizagem: partiu não de
como se deve ensinar e sim de como de fato se aprende. (APUD
FERREIRO,1999, p.8)
Entendemos por processo o caminho que a criança deverá percorrer
para compreender as características, o valor e a função da escrita, desde que
esta se constitui no objeto da sua atenção (portanto, o seu conhecimento)
(FERREIRO & TEBEROSKY,1999, p.17).
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1.2- Teorias do desenvolvimento de Piaget, Vygotsky e Wallon
Ter um conhecimento básico das teorias do desenvolvimento de
Piaget, Vygotsky e Wallon, muito nos ajuda a compreender o processo da
aprendizagem da leitura e da escrita na criança. Emília Ferreiro e Ana
Teberosky tiveram muitas contribuições, em suas pesquisas, com os estudos
da teoria de Piaget, como citam:
... O sujeito que conhecemos através da teoria de Piaget
é aquele que procura ativamente compreender o mundo
que o rodeia e trata de resolver as interrogações que este
mundo provoca. Não é um sujeito o qual espera que
alguém que possui um conhecimento o transmita a ele
por um ato de benevolência. É um sujeito que aprende
basicamente através de suas próprias ações sobre o
objeto do mundo e que constrói suas próprias categorias
de pensamento ao mesmo tempo que organiza seu
mundo. (FERREIRO & TEBEROSKY,1999, p.29).
1.2.1- Piaget: a epistemologia genética
Jean Piaget (1896- 1980), nascido na Suíça, embora não fosse
pedagogo, exerceu significativa influência na pedagogia do século XX. Suas
primeiras obras surgiram na década de 1920 e logo tiveram grande
repercussão, sobretudo as que abordaram a psicologia genética, que investiga
o desenvolvimento cognitivo da criança desde o nascimento até a
adolescência.
Segundo Piaget, o processo dinâmico da inteligência e da afetividade
supõe uma estrutura concebida como uma totalidade em equilíbrio. À medida a
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influência do meio altera esse equilíbrio, a inteligência, que exerce função
adaptativa por excelência, restabelece a auto-regulação.
As mudanças mais significativas ocorrem na passagem de um estágio
para o outro, quando se desfaz o equilíbrio instável e busca-se nova
equilibração, como Piaget analisa ao descrever a construção do real na criança
nas fases do processo do desenvolvimento mental. A passagem de um estágio
para o outro é possível pelo mecanismo de organização e adaptação. A
adaptação por sua vez, supõe dois processos interligados, a assimilação e a
acomodação. Pela assimilação, a realidade externa é interpretada por meio de
algum tipo de significado já existente na organização cognitiva do indivíduo, ao
mesmo tempo que a acomodação realiza a alteração desses significados já
existentes.
Assim, os quatro estágios – sensório-motor, intuitivo, das operações
concretas e das operações abstratas – representam o desenvolvimento:
• da inteligência (da lógica), que evolui da simples motricidade do bebê
até o pensamento abstrato do adolescente;
• da afetividade, que parte do egocentrismo infantil até atingir a
reciprocidade e a cooperação, típica da vida adulta;
• da consciência moral, que resulta de uma evolução que parte da anomia
(ausência de leis), passa pela heteronomia (aceitação de normas
externas) até atingir a autonomia ou capacidade de autodeterminação,
que indica a superação da moral infantil.
1.2.2- Vygotsky: pensamento e linguagem
Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) nasceu na Rússia e com Luria
e Leontiev desenvolveu uma teoria original e fecunda. Foi um intelectual de
ampla formação: além do curso de Direito, trabalhou como professor e
pesquisador, nas áreas de Pedagogia, Psicologia, Filosofia, Literatura,
Deficiência Física e Mental. Escreveu cerca de duzentos trabalhos científicos
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que foram pontos de partida para inúmeros projetos de pesquisas posteriores.
Os temas dessas publicações vão desde a neuropsicologia até a crítica
literária, passando por deficiência, linguagem, psicologia e educação.
Para Vygotsky, a criança nasce inserida num meio social, que é a
família, e é nela que estabelece as primeiras relações com a linguagem na
interação com os outros. Nas interações cotidianas, a mediação (necessária
intervenção de outro entre duas coisas para que uma relação se estabeleça)
com o adulto acontece espontaneamente no processo de utilização da
linguagem, no contexto das situações imediatas, em suma:
A linguagem humana, sistema simbólico fundamental na
mediação entre sujeito e objeto de conhecimento, tem,
para Vygotsky, duas funções básicas: a de intercâmbio
social e a de pensamento generalizante. Isto é, além de
servir ao propósito de comunicação entre indivíduos, a
linguagem simplificada e generaliza a experiência,
ordenando as instâncias do mundo real em categorias
conceituais cujo significado é compartilhado pelos
usuários dessa linguagem. Ao utilizar a linguagem para
nomear determinado objeto estamos, na verdade,
classificando esse objeto numa categoria, numa classe de
objetos que têm em comum certos atributos. A utilização
da linguagem favorece, assim, processos de abstração e
generalização. (OLIVEIRA, 1992, p.27)
Ao analisar os fenômenos da linguagem e do pensamento, busca
compreendê-los dentro do processo sócio-histórico como “internalização das
atividades socialmente enraizadas e historicamente desenvolvidas”. No
processo de internalização é fundamental a interferência do outro – a mãe, os
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companheiro de brincadeira e estudo, os professores – para que conceitos
sejam construídos e sofram constantes transformações.
Para explicar as operações superiores, Vygotsky usa o conceito de
mediação, segundo o qual a relação do indivíduo com o mundo não é direta,
mas mediada pelos sistemas simbólicos. A interferência do outro – por
exemplo, a mãe – é fundamental para a aprendizagem dos signos socialmente
elaborados.
A mediação também é importante com relação ao pensamento e à
linguagem. O entendimento entre as mentes é impossível sem a expressão
mediadora da fala humana, cujo componente essencial é o significado, que
supõe a generalização. Por exemplo, a palavra “casa” não é um som vazio que
poderia ser identificado apenas a uma determinada casa concreta, mas se
aplica à noção de casa em geral.
Geralmente costumamos avaliar as crianças pelo seu
“desenvolvimento real”. Além desse nível, porém, existe um estágio anterior,
que Vygotsky chama de “zona de desenvolvimento proximal (ou potencial)”,
caracterizado pela capacidade de resolver problemas sob a estimulação de um
adulto ou em colaboração com os colegas. A ênfase nesse estado potencial,
em que uma função ainda não amadureceu, mas se encontra em processo, é
de grande valia para o educador, porque o auxilia a enfrentar mais eficazmente
os desafios da aprendizagem.
Além disso, a fase de colaboração traz vantagem de estimular o
trabalho coletivo, necessário para transformar uma ação interpessoal –
portanto social – em um processo intrapessoal, isto é, de internalização. A
importância dessa passagem é de alcançar a independência intelectual e
afetiva, já que a discussão constitui uma etapa para o desenvolvimento da
reflexão.
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1.2.3- Wallon: psicogênese da pessoa
Henri Wallon (1879- 1962) nasceu na França, viveu toda sua vida em
Paris. Médico neurologista e psicólogo, Wallon viveu um período marcado por
muita instabilidade social e turbulência política. Com base na concepção
dialética marxista, orienta suas observações sobre as anomalias psicomotoras
de crianças doentes. Desenvolve então uma teoria para explicar o processo
que se faz desde os movimentos mais simples até o ato mental, desde o mais
automático reflexo, passando pelos gestos de apelo dirigido às pessoas, pela
mímese, até chegar à ideia.
O projeto teórico de Wallon, em sua vertente de psicólogo, é a
psicogênese da pessoa, isto é, estudar a gênese dos processos que
constituem o psiquismo humano. Por meio do estudo da criança, concentrou
seus estudos nas fases iniciais da infância, a intenção é compreender como
vai se embricando, articulando, a complexidade de campos e de fatores que
constitui o psiquismo humano, tendo ressalvado seu limite, que é estudar o
campo da consciência.
Na tentativa de olhar a criança de um modo integrado, vai delinear
quatro campos, que são chamados funcionais, sobre os quais a teoria vai
fornecer mais elementos.
• O movimento – que é o primeiro sinal de vida psíquica que dá a
criança ao nascer é que é uma dimensão que vai permear todas as
idades e todos os campos. E é interessante destacar que no estudo
do movimento, Wallon discrimina duas dimensões do movimento.
Uma, é dimensão mais expressiva, que é o movimento que não
significa deslocamento necessariamente, mas que é a expressão que
está na base das emoções. E a outra dimensão do movimento que
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ele irá estudar, é a dimensão instrumental, isto é, um movimento que
é de ação direta sobre o meio físico, o meio concreto.
• As emoções – Wallon vai destacar um tipo específico de
manifestação afetiva para estudar mais a fundo, que são as emoções.
Por serem as emoções as primeiras manifestações afetivas que
compõem, que estão presentes e que se constituem na criança. Vai
mostrar como as emoções são um fator fundamental de interação da
criança com o meio na qual ela está inserida.
• A inteligência – Como a inteligência é um campo abrangente, Wallon
vai destacar aquilo que ele chama de inteligência discursiva: a
inteligência que se expressa e que se constitui por meio da
linguagem, por meio da fala.
• Pessoa – o quarto campo é o que ele nomeia pessoa, que é, ao
mesmo tempo, aquilo que articula todos os demais, mas também é
um campo independente. Ele vai mostrar, portanto, como, ao longo
do desenvolvimento, vai se construindo a noção, para cada sujeito, de
si mesmo, diferente do outro. A noção do eu, ou consciência de si,
que é como ele fala.
A relação entre esses quatro campos funcionais, portanto: o movimento,
a emoção, inteligência e pessoa, nem sempre são de harmonia. É uma relação
também, que está muito marcada pelo conflito, pelos antagonismos, embora
cada um desses campos seja inseparável um do outro.
1.3- Os níveis da escrita
Emilia Ferreiro, psicolinguista argentina, assim como seus
colaboradores não desenvolveram nenhum método de ensino para
alfabetização, mas suas obras nos mostra como ocorre a construção e o
desenvolvimento da linguagem escrita na criança.
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Para Ferreiro (1999), as crianças formulam e constroem hipóteses
sobre o conhecimento, mesmo antes de iniciarem a aprendizagem da leitura e
escrita. Essas hipóteses foram divididas em estágios: pré-silábico, silábico e
alfabético.
A) Pré-silábico:
Logo depois que a criança faz a diferenciação entre o iônico e o não-iônico,
começa a pedir eixos qualitativos e quantitativos para que consiga ler e
escrever, pois percebe que para se escrever, são necessárias formas além do
desenho. Após está etapa, ela começa a exigir o conhecimento de outras
letras, pois já não aceita a repetição delas, além de colocar sempre um mínimo
de letras para construir uma palavra que ela determina para qualquer objeto.
B) Silábico:
Neste estágio começa a haver uma relação significante entre o que se escreve
e o que se lê. Tem início a fonetização. Cada sílaba oral representa uma letra
na escrita, independentemente de ter ou não o valor convencional.
C) Alfabético:
Agora as representações gráficas passam a ocorrer através dos fonemas das
palavras e não por sílabas orais. No estágio anterior, a criança relacionava
cada sílaba com uma letra apenas, mas neste momento ela percebe que uma
sílaba pode ser constituída por uma, duas ou até três letras, procurando,
entretanto, ser fiel a escrever as palavras conforme os sons que escuta.
1.4 - A alfabetização
É bastante comum nos dias de hoje ouvir o termo letrar ao invés de
alfabetizar, e o que difere uma palavra da outra segundo pesquisadores:
Segundo a Wikipédia - A alfabetização consiste no aprendizado do
alfabeto e de sua utilização como código de comunicação. De um modo mais
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abrangente, a alfabetização é definida como um processo no qual o indivíduo
constrói a gramática e em suas variações. Esse processo não se resume
apenas na aquisição dessas habilidades mecânicas (codificação e
decodificação) do ato de ler, mas na capacidade de interpretar, compreender,
criticar, resignificar e produzir conhecimento.
Para Carvalho (2009), o uso da palavra alfabetização no sentido
restrito de aprendizagem inicial da leitura e escrita, isto é, a ação de ensinar
(ou o resultado de aprender) o código alfabético, ou seja, as relações entre
letras e sons. Existem definições mais amplas de alfabetização que incluem as
habilidades de interpretação de leitura e de produção de escrita, e até de
conhecimentos do mundo, porém a autora prefere destacar o caráter
específico da alfabetização, que considera um processo limitado no tempo, no
conteúdo e nos objetivos. (p.65)
“No Brasil, os conceitos de alfabetização e letramento se mesclam, se
superpõem e frequentemente se confundem”. (SOARES, 2003, p.5). Para a
pesquisadora brasileira, isto não é bom, pois os processos de alfabetizar e
letrar, embora interligados, são específicos, afirma. Alfabetizar é ensinar o
código alfabético, letrar é familiarizar o aprendiz com os diversos usos sociais
da leitura e da escrita.
Magda Soares (1998) traçou a história da palavra letramento, originada
do termo inglês literacy. E, assim definiu letramento como:
(...) o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e
escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo
social ou um indivíduo como consequência de ter-se
apropriado da escrita. (SOARES, 1998, p.18)
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A autora considera que o letramento traz consequências (políticas,
econômicas, culturais etc.) para indivíduos e grupos que se apropriam da
escrita, fazendo com que esta se torne parte de suas vidas como meio de
expressão e comunicação.
Para Soares (1998), existe diferença entre o ser alfabetizado e o ser
letrado, sendo assim, a diferença está na extensão e na qualidade do domínio
da leitura e escrita. Uma alfabetizada conhece o código alfabético, domina as
relações grafofônicas, ou seja , ela sabe que sons as letras representam, é
capaz de ler palavras e textos simples, mas não necessariamente é usuário da
leitura e da escrita na vida social. Pessoas alfabetizadas podem,
eventualmente, ter pouca ou nenhuma familiaridade com a escrita dos jornais,
livros, revistas, documentos, e muitos outros tipos de textos; podem também
encontrar dificuldades para se expressarem por escrito. Letrado, no sentido em
que estamos usando esse termo, é alguém que se apropriou suficientemente
da escrita e da leitura a ponto de usá-la com desenvoltura, com propriedade,
para dar conta de suas atribuições sociais e profissionais, como reafirma:
...só recentemente passamos a enfrentar esta nova
realidade social em que não basta apenas saber ler e
escrever, preciso saber fazer o uso do ler e do escrever,
saber responder às exigências de leitura e de escrita que
a sociedade faz continuamente (SOARES, 1998 p.20)
Em entrevista concedida a revista Nova Escola sobre alfabetização,
Ferreiro (2003), considera a alfabetização não um estado, mas um processo.
Para a pesquisadora a alfabetização tem um início bem cedo e não termina
nunca, como a mesma diz:
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“Nós não somos igualmente alfabetizados para qualquer
situação de uso da língua escrita. Temos mais facilidade
para ler determinados textos e evitarmos outros. O
conceito também muda de acordo com as épocas, as
culturas e a chegada da tecnologia”. (p.28)
1.5 - Os Parâmetros Curriculares Nacionais e a alfabetização
Para os Parâmetros Curriculares Nacionais - a alfabetização,
considerada em seu sentido restrito de aquisição da escrita alfabética, ocorre
dentro de um processo mais amplo de aprendizagem da Língua Portuguesa.
Para aprender a ler e a escrever é preciso pensar sobre a escrita,
pensar sobre o que a escrita representa e como ela representa graficamente a
linguagem.
Já o “letramento”, ainda segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais, é entendido enquanto produto da participação em práticas sociais
que usam a escrita como sistema simbólico e tecnologia. São práticas
discursivas que precisam da escrita para torná-las significativas, ainda que às
vezes não envolvam as atividades específicas de ler ou escrever. Dessa
concepção decorre o entendimento de que, nas sociedades urbanas
modernas, não existe grau zero de letramento, pois nelas é impossível não
participar, de alguma forma, de algumas dessas práticas.
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CAPÍTULO II
A PRÁTICA ATUAL NAS ESCOLAS E O PROFESSOR
REFLEXO DESSA PRÁTICA
Sabemos que de acordo com a Constituição de 1988, o acesso a
escolarização básica passa a ser definido como um direito de todo cidadão e
um dever do Estado e da família, ou seja, constitucionalmente estamos
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apoiados na construção do saber, na construção da escola que escolariza que
possibilita o aprendizado.
E com a determinação do governo federal que todas as redes de
ensino do país devem matricular as crianças com seis anos de idade no ensino
fundamental, como o Art. 32 da LDB 9.394 (Lei de Diretrizes de Bases da
Educação) assinala: “O ensino fundamental obrigatório, com duração de nove
anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos seis anos de idade, terá por
objetivo a formação básica do cidadão”. E neste mesmo artigo complementa
em seu inciso I, mediante: “o desenvolvimento da capacidade de aprender,
tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo”.
Diante da existência de alguns questionamentos a proposta deste
capítulo é de nos debruçar sobre a escola pública municipal e direcionar nosso
olhar para o ambiente escolar atual como um todo, na tentativa de desvendar o
mistério que parece estar presente na leitura e na escrita – a alfabetização,
que é o ponto primordial para darmos continuidade ao saber. Tentando
conhecer um pouco melhor a realidade da escola pública municipal atual.
Nesse sentido compreender o que a escola, o professor e o aluno
constroem na prática atual, o que cada um deles representa no caminho da
aprendizagem, quem é o professor atual, que reflexo é esse, de que prática
nós estamos falando? Estes são pontos aos quais possivelmente deveremos
nos atentar, talvez se caminharmos na direção de todas as mudanças que a
educação, a escola, o professor e o aluno já passaram e possivelmente ainda
passarão encontraremos algumas ou muitas possíveis respostas. Então, não
pretendo aqui, afirmar que exista um modo “certo e perfeito” de ensinar e de
aprender, mas buscando através deste capítulo descobrir como é a prática na
escola, como aplicar a teoria, de que modo, e até onde conseguimos adaptar a
teoria a prática.
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2.1 - A criança de 6 anos e o Ensino Fundamental de nove anos
Algumas crianças de 6 anos estão chegando a escola pela primeira
vez, geralmente das classes da população mais pobres. Com a ampliação do
ensino fundamental de oito para nove anos – art.32, LDB nº 9394/96 – muitas
de nossas crianças que até então estavam fora da escola, tem sua garantia de
vaga assegurada. O que determina o ingresso da criança no ensino
fundamental é a sua idade, nem todas passaram pela Educação Infantil. As
prefeituras não dão conta da demanda dos menores de 6 anos, mesmo
porque:
A educação infantil (artigos 29 a 31), sem
obrigatoriedade, permanece fora de fiscalização, já que
não foi exigida supervisão pelo município ou estado. Em
janeiro de 2006 o Senado aprovou o projeto de lei que
amplia a duração do ensino fundamental de oito para
nove anos, garantido o acesso de crianças a partir de seis
anos de idade. (ARANHA, 2006, p.326)
Sem a obrigatoriedade muitas crianças que passam pela educação
infantil, apenas passam pela escola, como argumenta:
“... também da visão banalizada da educação infantil, que
pode facilmente decair em mero passatempo para as
crianças, passando a primeiro plano razões externas,
como a necessidade de trabalhar por parte dos pais, em
vez do direito infantil ao desenvolvimento integrado, como
aliás consta no texto (Art.29)”. (DEMO, 2008, p.43).
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O processo de alfabetização é bastante complexo para a criança,
algumas delas chegam à escola com alguma compreensão do princípio
alfabético. Outras não diferenciam letras de fonemas, atribuindo às vezes o
tamanho dos objetos ou seres - as palavras, ou seja, coisas grandes usam
muitas letras, tendo, por exemplo, dificuldades de atribuir a palavra formiga ao
ser. Enquanto outras sequer entenderam que as letras escritas têm relação
com os sons das palavras. Devemos lembrar sempre que as crianças não
chegam à escola com o mesmo nível de compreensão que deseja ler e
escrever, cada uma delas é bem diferente uma das outras, sem contar que
cada uma vem de ambientes e culturas diferentes também por isso a
importância de se respeitar o período preparatório, que dará a criança o
suporte necessário para que ela prossiga sem apresentar grandes problemas.
Uma criança sem o preparo necessário, pode apresentar durante a
alfabetização, dificuldades relacionadas à coordenação motora fina e à
orientação espacial, não sabendo, por exemplo, segurar o lápis com firmeza,
unir as letras enquanto escreve, ou como posicionar a escrita no papel, dentre
outras pequenas ações que de fato contribuirão para alfabetizá-la.
E o que de fato vem ocorrendo é que nossas crianças estão chegando
a escola sem estes pré-requisito como segue:
A discussão acerca do ensino e da aprendizagem da
leitura e da escrita antes dos sete anos tem merecido a
atenção de educadores e estudiosos da área, em
diferentes contextos da história da educação brasileira.
Sobretudo nas últimas décadas do século XX, com a
divulgação da psicogênese da língua escrita (FERREIRO
E TEBEROSKY, 1985), muito se discutiu sobre esse
tema. Nos últimos anos, um novo impulso foi dado ao
debate, estimulado pela antecipação da escolarização
obrigatória, concretizada com a entrada das crianças de
26
seis anos no Ensino Fundamental. (BAPTISTA, 2009,
p.13)
Nem mesmo acabaram de discutir as questões sobre os pequenos
com 6 (seis) anos de idade no ensino fundamental, as matrículas já estão
sendo efetivadas para as crianças com 5 (cinco) anos de idade, graças ao
Conselho Estadual de Educação que fixou normas nacionais, com diretrizes,
para que sejam matriculadas no 1º ano do ensino fundamental crianças que
completem 6 (seis) anos até o início do ano letivo. (CNE – Art.2º - Resolução
Nº 1, de 14 de janeiro de 2010).
Ainda para Baptista (2009), ensinar a ler e a escrever as crianças com
seis anos de idade ou menos, ressalta que:
De um lado, argumenta-se acerca da inadequação do
trabalho com a língua escrita nessa faixa etária por
considerá-lo uma antecipação indesejável de um modelo
escolar típico do Ensino Fundamental. De acordo com
essa concepção, ensinar a ler e a escrever equivaleria a
“roubar” das crianças a possibilidade de viver mais
plenamente o tempo da infância. De outro lado, o trabalho
com a língua escrita desde a educação infantil é avaliado
positivamente e incentivado como uma medida
“compensatória” ou propedêutica com vistas à obtenção
de melhores resultados nas etapas posteriores da
educação básica. (p.13)
Para a autora, qualquer que seja a posição assumida, ambas, ao
enfatizarem o objeto, concedem ao sujeito da aprendizagem um papel
secundário e submetido às concepções e avaliações do adulto.
27
2.2- A professora alfabetizadora e o 1º ano do ensino
fundamental na escola pública
A formação de professores pode ser em nível médio tanto para atuar
na educação infantil e nos anos inicias do ensino fundamental, conforme o art.
62, da LDB9394/96, ainda neste mesmo artigo o parágrafo 1º nos revela que:
“A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de
colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a
capacitação dos profissionais do magistério.” Nesse sentido a formação da
professora alfabetizadora precisa ser pensada, pois esta desempenha um
papel fundamental na configuração de uma nova proposta de ensino, para isto
precisa ser entendida como um processo de construção individual e coletiva,
no qual as professoras não sejam meras executoras de seus conteúdos e
seguidoras de uma norma técnica pedagógica, mas sim profissionais criadoras,
inventoras e pesquisadoras a partir de suas próprias práticas:
A professora no exercício de sua prática docente é
portadora de uma teoria adquirida em seu curso de
formação inicial, teoria atualizada a cada dia, em sua
relação com as crianças na sala de aula e com suas
colegas professoras nas reuniões pedagógicas, nas
experiências que vive dentro e fora da escola, nas leituras
que faz, nos cursos que participa, nas reflexões que
produz. A cada sucesso ou fracasso, ela se faz
perguntas, para as quais busca ou constrói respostas
explicativas sobre o sucesso ou fracasso. Ao se tornar
pesquisadora vai se tornando capaz de
encontrar/construir novas explicações para os problemas
enfrenta em seu cotidiano. (GARCIA, 2001, p.21.)
28
É bastante comum as escolas pensarem na formação continuada a
partir da promoção de cursos de capacitação, por meios de palestras, onde
somente os professores ouvem o que devem fazer; mas que não se sustentam
na hora do professor efetivar sua prática, nem sempre tem oportunidade de
reelaborar seus conhecimentos. Daí através da ação reflexiva e sobre os
fazeres e saberes pedagógicos que as mudanças acontecem, mesmo porque
quando se dispõe trabalhar com a alfabetização principalmente com as
crianças, ainda mais agora com os menores de 7 anos, a professora
alfabetizadora precisa compreender como se dá esse processo – a
aprendizagem da leitura e da escrita, pois daí planejar situações significativas
e desafiadoras, envolvendo todo o contexto social de seus alunos.
A professora deve aproximar se do universo de seus alunos, partindo
do conceito de que cada um tem um conhecimento dentro de si e que a
mesma é tão somente uma facilitadora desse conhecimento.
Nesse sentido, Freire (2002), indica que: “ensinar exige respeito aos
saberes dos educandos”. (p.33). Para esse autor, o professor, e,
especificamente as escolas, têm o dever de respeitar os saberes com que os
educandos, sobretudo das classes populares, chegam ao ambiente escolar,
visto que esses saberes são construídos na prática comunitária. Esta
afirmativa permeia o desafio de pensar a formação docente e o professor
como intelectual transformador, capaz de repensar e reestruturar a ação
docente, pois, na prática pedagógica, diferentes saberes são utilizados:
multifacetados, plurais e heterogêneos.
A professora alfabetizadora ter o conhecimento da base teórica e saber
como funciona a linguagem escrita da criança, são uns dos primeiros passos
para que seus alunos construam de forma significativa e prazerosa a base
alfabética, para isto:
29
Organizar o ensino da leitura e da escrita procurando criar
condições para a apropriação da linguagem escrita como
um instrumento de compreensão e intervenção na
realidade implica, em primeiro lugar, possibilitar vivências
com a leitura e a escrita que tenham relevância e
significado para a vida da criança, algo que se torne uma
necessidade para ela e que lhe permita refletir sobre a
sua realidade e compreendê-la. (ARAÚJO, 2001, p.94)
Alfabetizar a primeira turma, além de um desafio é uma
responsabilidade que preocupa e assusta. Os olhares dos colegas de trabalho,
familiares dos alunos, voltados para aquela que ao final do ano letivo terá
cumprido o objetivo, ter ensinado os pequenos a ler e a escrever, e que nem
sempre isso acontece, mesmo porque os ritmos de aprendizagem dessas
crianças são muito variados algumas estão chegando à escola pela primeira
vez, geralmente são oriundas de famílias analfabetas ou de baixa
escolaridade. E outra questão, a professora alfabetizadora e a escola pública
devem levar em consideração é que essa criança de 6 anos inserida no ensino
fundamental, não só na questão dos desafios e dificuldades, não podemos
negligenciar o fato de que esse público pertenceu à educação infantil, uma
etapa de ensino com concepções de criança, aprendizagem, conhecimento,
tempos e espaços diferenciados. Elas necessitam de um acolhimento
diferenciado, como explica:
Crianças pequenas, especialmente as que não
frequentam o jardim de infância, devem assimilar normas
escolares de conduta e aprender a viver em grupo. A
turma tem vida social intensa, alianças se formam e se
desfazem, surgem afinidades e antipatias. Há conflitos e
disputas, a professora é ao mesmo tempo mediadora,
juíza, apaziguadora, estimuladora, autoridade
30
responsável pela segurança física, animadora da
aprendizagem, ombro amigo e, às vezes, mãe substituta.
Além disso, tem que ensinar a ler e a escrever.
(CARVALHO, 2009, p.17).
Trabalhar a leitura e a escrita com as crianças que não passaram pela
educação infantil realmente é uma “batalha”, mas ao mesmo tempo elas estão
em uma fase que a curiosidade está acentuada, como reafirma:
A grande vantagem de trabalhar com os pequenos é ter a
evolução natural a seu favor. Se não existe patologia,
maus-tratos familiares ou algo parecido, eles são
máquinas de aprender: processam rapidamente as
informações, têm boa memória, estão sempre dispostos a
receber novidades e se empolgam com elas.
(TEBEROSKY,2005, p.25)
Com a obrigatoriedade de iniciar a escolarização aos 6 anos de idade,
para a população do município de Nilópolis foi um ganho, temos aqui muitas
famílias carentes e colocar as crianças na sala de aula, representa uma melhor
qualidade de vida para este pequenos, pois ao menos eles têm à alimentação
diária garantida na escola.
2.3- Um breve histórico sobre o município de Nilópolis e sua
rede de ensino
Nilópolis foi parte integrante da capitania hereditária de São Vicente,
que pertenceu a Martin Afonso de Souza, em 1531. Em 1621 esta área
denominada Fazenda de São Mateus. O nome Nilópolis foi em homenagem
31
ao presidente Nilo Peçanha. Disponível: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Nilópolis>
acessado em 21/01/2011.
O município que pertence a Região Metropolitana do estado do Rio de
Janeiro, situado na Baixada Fluminense é conhecido internacionalmente
devido a Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis. Este apresenta 19,4 Km²,
sendo que 9 Km² dessa área ocupada pelos 160 mil habitantes
aproximadamente.
Com relação à rede pública de ensino Nilópolis possui 21 escolas
municipais, que atende desde a educação infantil e todo o ensino fundamental,
com suas 46 turmas do 1º ano, que tem a iniciativa de trabalhar a
alfabetização com a proposta de letramento, para isto oferece formação
continuada a seus professores que trabalham com esta clientela, com a
intenção de garantir a proposta da rede. O grupo de orientadoras pedagógicas
da rede estabelece encontros periódicos com as docentes para trocas de
experiências, sugestões de atividades, oficinas, palestras, etc..
CAPÍTULO III
AS CONTRIBUIÇÕES DO ORIENTADOR PEDAGÓGICO
NA ALFABETIZAÇÃO
No final dos anos 1980, com a chegada, ao campo da alfabetização,
da teoria sociocognitiva e sociocultural da aprendizagem, passa prevalecer a
concepção de que o processo de aprendizagem da língua escrita pela criança
se dá por uma construção progressiva do conceito da língua escrita,
considerada não apenas um sistema de representação dos sons da fala por
sinais gráficos, mas sobretudo por um objeto sociocultural. Como
consequência, a alfabetização – a aprendizagem do sistema alfabético-
32
ortográfico, não poderia ocorrer dissociada dos usos socioculturais da língua
escrita, ou seja, dissociada do letramento. Assim, a alfabetização, na
concepção atual, desenvolve-se no contexto de uma vivência intensa e
diversificada, pela criança, dos usos e práticas sociais da língua escrita, o que
significa interagir com materiais reais da leitura e escrita: textos de diferentes
gêneros e em diferentes suportes, textos para ler e não textos artificialmente
elaborados para aprender a ler, apagando-se, assim, a distinção anterior entre
aprendizagem do sistema de escrita e práticas efetivas de leitura. É nesse
sentido que este capítulo busca mostrar as contribuições do Orientador
Pedagógico na alfabetização, este profissional que em parceria com o
professor alfabetizador ter um olhar diferenciado nessa nova maneira de
aprender e a ensinar - o aprender a ler e a escrever. O que representa o
Orientador Pedagógico na escola, que importância ele tem na formação
continuada do professor e quais contribuições ele poderá dar ao professor
alfabetizador.
3.1- O orientador pedagógico e a formação continuada de
professores
Com tantas mudanças que vem ocorrendo no mundo atual, que na
área educacional não poderia ser diferente. Hoje muitas instituições escolares
percebem a necessidade de ter a presença do orientador pedagógico, ou
coordenador como é designado muitas vezes, dependendo da região, atuando.
A função de orientador/coordenador pedagógico nem sempre desempenhada
por um pedagogo ou por um profissional na área de educação com
qualificação obtida através de uma pós-graduação especifica, a este
profissional cada vez mais presente nas instituições escolares e suas funções
mais ligadas diretamente ao professor ou a que pelo menos deveria, ou muitas
vezes o que se percebe esta função atribuída a professores desviados das
suas funções da sala de aula, ou a este realiza uma série de tarefas rotineiras
33
e burocráticas dentro das escolas. Assim, é comum encontrarmos este
profissional substituindo um professor em sala de aula, fazendo troca de livros
na falta da bibliotecária, conversando com os alunos que não entregaram suas
tarefas, tomando conta de provas porque não há professor suficiente, cuidando
da disciplina dos alunos no recreio... Daí a importância de se discutir o papel
do Orientador Pedagógico, estabelecendo suas atribuições no ambiente
escolar, como Clementi (APUD ALMEIDA, 2001) afirma:
A responsabilidade da pedagogia que está sendo
desenvolvida na escola é também responsabilidade do
coordenador que, objetivamente, junto com os
professores, a transforma em prática. A falta da formação
adequada desse profissional, a falta de respaldo por parte
de instituições particulares e públicas e a desmotivação
fazem com que não se realizem momentos de reflexão
fundamentais aos educadores para a vivência dessa
escola que a sociedade exige. (p.65)
A Secretaria Municipal de Educação de Nilópolis tem percebido a
importância deste profissional em suas escolas, principalmente, para orientar
os docentes das classes de alfabetização ou 1º ano de escolaridade onde
muitas crianças apresentam maiores dificuldades na aprendizagem da leitura e
da escrita. Não se esquecendo que o professor alfabetizador também
necessita de suporte, mesmo porque as escolas estão inseridas em um
contexto social, o que influencia o processo de aprendizagem. Ainda para
Clementi (APUD ALMEIDA, 2001):
A valorização da presença do coordenador na escola
passa pela necessidade de reconhecê-lo como educador
em formação, uma vez que o processo educativo é
dinâmico e necessita de constantemente de debates
34
amplos sobre o seu fazer, para que possa junto com seus
pares, desenvolver novas reflexões sobre a área. (p. 65)
A garantia de um direcionamento da formação continuada para a
escola constitui um grande avanço para esta rede, porém é necessário
investigar quais práticas estão sendo adotadas pelos Orientadores
Pedagógicos na realização desta formação e, quais subsídios são oferecidos
pela Secretaria Municipal de Educação para sustentar estas práticas. E como
já citado anteriormente, as questões das mudanças sofridas na educação que
influenciadas pelos teóricos construtivistas, como Jean Piaget (1896-1980),
Lev Vygotsky (1896-1934) e Henri Wallon (1879- 1962), nos projetos
pedagógicos das escolas cada vez mais pautados nas teorias do
desenvolvimento humano.
Para Christov (2007), o atributo essencial ao orientador pedagógico
está associado ao processo de formação em serviços de professores, a qual
tem sido denominada pelos textos oficiais de secretarias municipais e
estaduais de educação e pela literatura especializada, como educação
continuada. Isso significa entender o orientador pedagógico como importante
articulador dentro de um processo dinâmico instaurado pela própria natureza
do saber e do fazer humanos em constante transformação, uma vez que a
atuação coletiva junto ao corpo docente contribui para um “fazer” pedagógico
eficiente e comprometido com o sucesso escolar.
A autora ressalta que a expressão “Educação Continuada” traz uma
crítica a termos anteriormente utilizados tais como:
Treinamento, capacitação, reciclagem que não privilegiam
a construção da autonomia intelectual do professor, uma
vez que se baseava em propostas previamente
elaboradas a ser apresentadas aos professores para que
as implementassem em sala de aula. (CHRISTOV, 2007,
p.09)
35
Porém, a partir da década de 90 novos encaminhamentos são
sugeridos destacando a importância da formação continuada para a promoção
do saber e do fazer dos seres humanos que estão em constante
transformação. Ainda como Christov (2007) diz:
A realidade muda e o saber que construímos sobre ela
precisa ser revisto e ampliado sempre. Dessa forma, um
programa de educação continuada se faz necessário para
atualizarmos nossos conhecimentos, principalmente para
analisarmos as mudanças que ocorrem em nossa prática,
bem como para atribuirmos direções esperadas a essas
mudanças. (p.09)
A educação continuada se dá através da participação em cursos,
congressos, seminários, reuniões pedagógicas, ou através de orientações
técnicas e estudos individuais. Para Christov, o sucesso da educação
continuada depende, como demonstram algumas pesquisas, da reflexão
constante sobre a prática dos educadores envolvidos, visando superar a
racionalidade técnica ou a prática linear e mecânica. Ela possibilita uma
análise que contemple a complexidade dinâmica do cotidiano escolar como
dentro de relações e trajetórias com múltiplas significações.
3.2- O papel do orientador pedagógico na formação de
professores alfabetizadores
A alfabetização é um processo que não se inicia nem se esgota no
primeiro ano do Ensino Fundamental, mas é preciso dedicar atenção para com
a entrada da criança nesta etapa de escolarização que, geralmente, tem sido
relegada a professores despreparados que, se não optam pelo uso de
cartilhas, a produzem em atividades mimeografadas e fotocopias, sem terem a
36
consciência de que ali o ato de escrever é tomado numa perspectiva de
decodificação, provocando o afastamento do aluno do real ato de ler e
escrever. Em outras situações observa-se também um outro grupo de
professores que, frente aos muitos discursos e propostas de encaminhamentos
do trabalho com linguagem escrita, literalmente não sabem como ensinar as
crianças a ler e a escrever, como reafirma:
A alfabetização não é apenas uma tecnologia agregada a
um conhecimento formal transmitido por um professor
com uma cartilha ou um livro de alfabetização, e sim um
conhecimento social produzido culturalmente por quem já
o domina e o usa, que é retransmitido aos sujeitos
espectadores que ainda não sabem ler e escrever.
(MACIEL, 2009, p.60)
Diante desse contexto, percebemos a importância que o papel do
orientador pedagógico no processo de alfabetização, pois além de propiciar
que o professor desenvolva de forma consciente uma prática que realmente
alfabetize o educando, deve preocupar-se com a relação entre os alunos e
destes como professor, uma vez que estes são sujeitos historicamente
situados. Para tanto, o orientador pedagógico deve perceber a necessidade de
promover reflexões sobre a utilização da língua e sua função social, bem como
sobre a necessidade de intervenção no processo de ensino e aprendizagem da
língua.
No processo de leitura e escrita implica em colocar em jogo diversas
estratégias que possibilitam compreender o significado do texto, de modo que
há a necessidade do professor compreender e intervir no processo ensino
aprendizagem, favorecendo a utilização social da linguagem e a compreensão
da língua como discurso, presente em nosso cotidiano.
37
3.3- Aprender a formar crianças leitoras e escritoras
“A escrita há de ser importante para a vida”
(VYGOTSKY, APUD CELIS,1998, p.63)
O real sentido de alfabetizar a criança é fazer com que ela possa
desfrutar dessa aprendizagem, e não simplesmente decodificar a palavra.
Para Celis (1998), em sua pesquisa, há princípios básicos que se
sustentam as aprendizagens para a formação de crianças leitoras e escritoras
sua proposta concebe a aprendizagem como um processo de auto-sócio-
construção, partindo assim do que cada criança realiza, com apoio das
demais.
Nesse sentido, a contribuição ou o apoio pedagógico surge do que
Vygotsky chamou “zona de desenvolvimento proximal”, ou seja, a diferença
entre o que uma criança pode fazer por si só em seu atual estágio de
desenvolvimento e o que ela pode alcançar com a ajuda de outros, guiada por
um adulto ou em colaboração de seus companheiros de maior experiência.
Ainda para Celis (1998, p.36), nesta perspectiva, a tarefa do educador
fundamenta-se nos seguintes princípios básicos:
A) Não há linguagem sem contexto psicossocial.
“Todo o ato de linguagem possui um significado, um contexto, uma
função social e se manifesta em textos.” (MUMA, 1978 APUD CELIS, 1998,
p.37) Para “explicar” o que acontece ao nosso redor partimos do que
conhecemos. Para isto é necessário que a professora alfabetizadora conheça
a comunidade em que vive seu aluno.
B) Não há aprendizagem significativa sem atividades autênticas.
38
Mesmo em crianças a construção do conhecimento e aprendizagem
tem sucesso quando estes têm significados e relevância para elas; pois
ninguém aprende ou quer aprender porque sim:
... as atividades que as crianças tem que desenvolver nas
experiências de aprendizagem surgidas a partir de
contextos funcionais têm uma função de ser e de realizar-
se, cumprindo um propósito claro. Mas isso não é
suficiente. As atividades devem cumprir, além disso, outro
requisito: devem ser autêntica, ou seja, relevantes e
significativas na cultura da criança. (CELIS, 1998, p.37)
C) Aprender é, para cada criança, um processo social de
construção dos significados em seus encontros e interações com
as ideias, as pessoas e os acontecimentos.
Não só na leitura e escrita, como em qualquer atividade humana, é a
criança que auto-aprende é ela que irá construir seu aprendizado e suas
competências, seus caminhos em relação aos que convivem com ela. A
eficácia e a flexibilidade de suas aprendizagens dependem da qualidade e
pertinência das intervenções.
Nesta perspectiva Vygotsky (1988) destaca o papel da intervenção,
ressaltando a importância do meio cultural e das relações estabelecidas entre
os indivíduos como importantes para o desenvolvimento do ser humano.
Assim, ao concebermos a alfabetização sob esse olhar devemos trabalhar
constantemente com a idéia de reconstrução, de reelaboração dos significados
que são transmitidos. Ele admite que a constante recriação da cultura por parte
de um de seus membros é a base do processo histórico, sempre em
transformação na sociedade humana.
39
D) Para aprender a ler, as crianças precisam de que se construa
uma representação adequada dos fins de leitura, assim como da
tarefa de ler.
A autora estabelece que a criança necessita de conhecimentos e
reflexão sobre os processos de aquisição. A construção do saber ler depende
da pertinência das hipóteses - de conceitualizações – que a criança elabora a
propósito de diferentes aspectos da leitura/escrita; seus fins e propósitos, o
meio da mensagem e a tarefa.
E) Para aprender a produzir textos, a crianças precisam ter a
necessidade de escrever para dizer algo a alguém.
Neste sentido, a criança precisa ter um objetivo para sua escrita seja
para informar, recrear, controlar, etc.; porque não se pode escrever ou
reproduzir um texto sobre aquilo que não interessa, sem um propósito, o que
se ignora, etc.
Assim como afirma Celis (1998):
Todos esses princípios ou ideias básicas podem tornar-se
realidade em nossa prática pedagógica cotidiana, na
medida que concebemos e assumimos, na ação, uma
relação horizontal com nossos alunos, sejam eles
universitários ou da pré-escola. (p.38)
Ampliando esta afirmação, percebe-se que há um longo caminho para
o orientador pedagógico percorrer no sentido de intervir no trabalho com
linguagem escrita envolvendo professores, alunos e pais, e provocando
reflexões sobre o processo de alfabetização, pois como atenta:
40
Como professor preciso me mover com clareza na minha
prática. Preciso conhecer as diferentes dimensões que
caracterizam a essência da prática, o que me pode tornar
mais seguro no meu próprio desempenho. O melhor
ponto de partida para estas reflexões é a inclusão do ser
humano de que se tornou consciente. (FREIRE, 2000,
p.76)
Neste sentido, o movimento de busca de ser constante. Assim como
na relação ao papel do orientador pedagógico, diante do processo de
alfabetização, e ainda ajudar os professores, como afirma Klein (1990),
compreender o caráter histórico da língua, seja oral ou escrita, compreendendo
o fenômeno da língua nesta sociedade, neste tempo, entre estes homens.
41
CONCLUSÃO
Durante o percurso deste trabalho, buscamos refletir sobre a
importância do Orientador Pedagógico no processo Educacional, focamos
primordialmente a alfabetização e o professor alfabetizador, refletindo junto
sobre a relevância do Orientador Pedagógico mais do que um simples
mediador e sim um articulador de papéis, de atores, de profissionais que
compõe a escola.
Nossa reflexão foi fundamentada através de pesquisas e autores que
defendem e explicam de modo mais claro a importância da aprendizagem, e
dos profissionais que possibilitam a evolução desta aprendizagem através da
execução de seus papéis. É possível, através de textos e autores perceber que
o Orientador Pedagógico pode ir muito além do “script”, pois será o contexto
que envolve pais, alunos, professores, enfim, que permitirá ao Orientador
Pedagógico uma atuação mais próxima da real necessidade de cada história
singular.
Com entusiasmo e inquietação, nos lançamos neste trabalho com a
intenção de perceber de forma mais nítida, quem é, e o que faz este
Orientador Pedagógico, passamos pelas fases da aprendizagem da leitura e
da escrita, a fim de compreender de que modo se aprende, e não apenas de
que modo se deve ensinar. Através de autoras como, Emília Ferreiro e Ana
42
Teberosky, que desde o lançamento, de seu livro Psicogênese da Língua
Escrita, nos anos 80, revolucionaram o conhecimento que se tinha sobre a
aquisição da leitura e da escrita, percebemos que até então, o foco da
alfabetização estava completamente direcionado ao modo de ensinar e não se
percebia com clareza de que modo se aprende.
Apesar de tantas evoluções e revoluções, ainda é perceptível a
existência de uma necessidade, principalmente por parte de alguns
professores, de manter uma eterna busca de um método eficiente que
possibilitasse a garantia e o sucesso total no quesito aprendizagem, ou seja,
um método que por si só, fosse capaz de resultar em alfabetização de
sucesso, como uma cartilha, com regras que sendo seguidas sem a
possibilidade de fuga, seriam suficientes. Mas o que percebemos, é que a
questão primordial não é encontrada em um método de ensino, mas em como
a criança aprende. Afinal, através de nossa reflexão nos é possível perceber
que as crianças elaboram diferentes hipóteses, diferentes soluções para um
mesmo problema, isso é muito comum quando nos referimos ao
funcionamento do sistema da escrita, por exemplo, ou seja, não há apenas um
meio de aprender e o contexto que na maioria das vezes é construído
singularmente, é essencial para auxiliar nesta avaliação e facilitar assim, a
atuação de cada ator da escola. Neste sentido, conhecer o nível em que as
crianças estão é essencial durante a alfabetização – e no decorrer de toda
escolaridade.
O professor alfabetizador deve ser criativo, conhecer seus alunos para
que possam juntos elaborar e explorar diferentes tipos de textos. Percebendo o
avanço e as dificuldades de seus alunos, para que em seu planejamento
proponha atividades adequadas.
Na tentativa de refletir sobre a prática do Orientador Pedagógico frente
as questões do processo de alfabetização e identificar sua importância no
ambiente escolar, sustentada sobre a temática de alguns teóricos que
43
abordam sobre leitura e escrita. Podemos perceber que uma das atribuições
do Orientador Pedagógico é contribuir na formação continuada do professor
alfabetizador, para estar buscando junto a este, as soluções e reflexões para
sua prática. A garantia de um direcionamento da formação continuada para a
escola constitui um grande avanço, porém é necessário que os Orientadores
Pedagógicos tenham subsídios oferecidos pelas Secretarias Municipais de
Educação - SEMED - para que se possam sustentar estas práticas. O que se
percebe no município de Nilópolis é a falta de investimento nestes profissionais
que atuam, principalmente, na formação continuada de professores.
Entendemos que o professor alfabetizador e o Orientador Pedagógico
devem estar num constante aprofundamento sobre a questão da leitura e da
escrita, garantindo a estas crianças o acesso à maior diversidade possível de
textos, pois é possível perceber que a escola representa o único meio de
contato com o universo da escrita. Saber ler e escrever são atos
indispensáveis para o exercício da cidadania.
E este processo precisa estar contextualizado com as instituições, onde
os docentes articulam o fazer e o pensar – a sua prática – construindo
permanentemente sua identidade profissional. Nesta perspectiva cabe também
ao Orientador Pedagógico estimular a troca de experiência para que todos
possam dispor de idéias que tenha funcionado e/ou adaptar a realidade de
seus alunos.
As autoras Emília Ferreiro e Ana Teberosky, desde o lançamento, nos
anos 1980, de seu livro Psicogênese da Língua Escrita, revolucionaram o
conhecimento que se tinha sobre a aquisição da leitura e da escrita. Até então
o foco para da alfabetização era na forma de ensinar e não na forma pela qual
o aprendiz aprende.
Existe ainda uma ideia, até mesmo por alguns professores, pela busca
de um método eficiente que garantirá no resultado de uma boa alfabetização, a
44
questão não é o método e sim como a criança aprende. As crianças elaboram
diferentes hipóteses sobre o funcionamento do sistema da escrita. Neste
sentido, conhecer o nível em que as crianças estão é essencial durante a
alfabetização – e no decorrer de toda escolaridade.
O professor alfabetizador deve ser criativo, conhecer seus alunos para
que possam juntos elaborar e explorar diferentes tipos de textos. Percebendo o
avanço e as dificuldades de seus alunos, para que em seu planejamento
proponha atividades adequadas.
Na tentativa de refletir sobre a prática do Orientador Pedagógico frente
as questões do processo de alfabetização e identificar sua importância no
ambiente escolar, sustentada sobre a temática de alguns teóricos que
abordam sobre leitura e escrita. Podemos perceber que uma das atribuições
do Orientador Pedagógico é contribuir na formação continuada do professor
alfabetizador, para estar buscando junto a este, as soluções e reflexões para
sua prática. A garantia de um direcionamento da formação continuada para a
escola constitui um grande avanço, porém é necessário que os Orientadores
Pedagógicos tenham subsídios oferecidos pelas Secretarias Municipais de
Educação - SEMED - para que se possam sustentar estas práticas. O que se
percebe no município de Nilópolis é a falta de investimento nestes profissionais
que atuam, principalmente, na formação continuada de professores.
Entendemos que o professor alfabetizador e o Orientador Pedagógico
devem estar num constante aprofundamento sobre a questão da leitura e da
escrita, garantindo a estas crianças o acesso à maior diversidade possível de
textos, pois é possível perceber que a escola representa o único meio de
contato com o universo da escrita. Saber ler e escrever são atos
indispensáveis para o exercício da cidadania.
E este processo precisa estar contextualizado com as instituições, onde
os docentes articulam o fazer e o pensar – a sua prática – construindo
permanentemente sua identidade profissional. Nesta perspectiva cabe também
45
ao Orientador Pedagógico estimular a troca de experiência para que todos
possam dispor de ideias que tenha funcionado e/ou adaptar a realidade de
seus alunos.
46
ANEXO 1
47
BIBLIOGRAFIA
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FERREIRO, Emilia e TEBEROSKY, Ana Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 1999.
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48
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GARCIA, Regina Leite (organizadora). A formação da professora alfabetizadora: reflexões sobre a prática. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.
KLEIMAN, A. B. (org.). Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas, Mercado das Letras, 1995. KLEIN, L. R.; SCHAFASCHEK, R. Alfabetização . In: Currículo Básico para escola publica do Paraná. Curitiba: Secretaria de Estado da Educação, 1990. LAROSA, Marco Antonio. Como produzir uma monografia. Rio de Janeiro, WAK, 2008. LIBÂNEO, José Carlos. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1992. LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA, Marta Kohl de. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão.São Paulo.Summus Editorial.1992. MACIEL, Francisca Izabel Pereira. Alfabetização e Métodos ou Métodos de Alfabetização? Guia da Alfabetização 2. Revista Educação. São Paulo. Segmento. 2009. SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998. TEBEROSKY, Ana. Debater e opinar estimulam a leitura e a escrita. Nova Escola. São Paulo; Novembro, 2005. Mensal. VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
WEBGRAFIA
49
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfabetização acessado em 17/11/2010
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nilópolis acessado em 21/01/2011
ÍNDICE
50
FOLHA DE ROSTO
2
AGRADECIMENTO
3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I – O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA
LEITURA E DA ESCRITA - A ALFABETIZAÇÃO 10
1.1- Conceituando o processo de aprendizagem 10
1.2- Teorias do desenvolvimento de Piaget, Vygotsky e Wallon 12
1.2.1- Piaget: a epistemologia genética 12
1.2.2- Vygotsky: pensamento e linguagem 13
1.2.3- Wallon: psicogênese da pessoa 16
1.3 - Os níveis da escrita 18
1.4 - A alfabetização 19
1.5 - Os Parâmetros Curriculares Nacionais e a alfabetização 21
CAPÍTULO II - A PRÁTICA ATUAL NAS ESCOLAS E O PROFESSOR
REFLEXO DESSA PRÁTICA 23
2.1 - A criança de 6 anos e o Ensino Fundamental de nove anos 24
2.2 - A professora alfabetizadora e o 1º ano do ensino fundamental na
escola pública 27
2.3- Um breve histórico sobre o município de Nilópolis e sua rede
de ensino 31
CAPÍTULO III – AS CONTRIBUIÇÕES DO ORIENTADOR
51
PEDAGÓGICO NA ALFABETIZAÇÃO 32
3.1 - O orientador pedagógico e a formação continuada 33
de professores
3.2 - O papel do orientador pedagógico na formação de
professores alfabetizadores 36
3.3 - Aprender a formar crianças leitoras e escritoras 37
CONCLUSÃO 42
ANEXOS 46
BIBLIOGRAFIA 47
WEBGRAFIA 49
ÍNDICE 50
52
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes
Título da Monografia: O papel do Orientador Pedagógico interagindo no processo da leitura e escrita no ambiente escolar municipal.
Autor: Sandra Helena Pereira Campos
Data da entrega: 28 /01/ 2011.
Avaliado por: Profª Mônica Ferreira de Melo Conceito: