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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL COMO ESTRATÉGIA DE LIDERANÇA Márcio Botelho de Oliveira Orientador: Prof. Vinicius Calegari RIO DE JANEIRO 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL COMO ESTRATÉGIA DE LIDERANÇA

Márcio Botelho de Oliveira

Orientador:

Prof. Vinicius Calegari

RIO DE JANEIRO

2012

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL COMO ESTRATÉGIA DE LIDERANÇA

Apresentação de monografia à Universidade Cândido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão em Recursos Humanos

Por: Márcio Botelho de Oliveira

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AGRADECIMENTOS

Ao todo poderoso por sempre me guiar

A minha família pelo apoio e incentivo

Em especial ao Prof. Vinicius Calegari pelas

orientações recebidas

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DEDICATÓRIA

Aos meus familiares

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RESUMO

Trata-se de uma revisão de literatura com o propósito de conhecer as possíveis

estratégias de um líder para aplicar a inteligência emocional na sua gestão. A

inteligência emocional é uma teoria que utiliza as emoções de forma controlada

para, pois emoções e sentimentos são inerentes a todo ser humano, mas o controle

e o direcionamento delas é conseguido por poucos. A aplicação da inteligência

emocional no ambiente de trabalho é ainda uma estratégia de pouco uso, talvez

porque os dirigentes tenham receio de perder o poder ou o controle de suas

empresas.

Palavras chave: Inteligência emocional – Liderança – Gestão empresarial

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METODOLOGIA

O estudo é uma revisão bibliográfica, procurando utilizar autores

especializados no tema, mas que retratem idéias contrárias como as de Judith Mair.

A revisão bibliográfica caracteriza-se pela utilização de pesquisa documental em

obras e escritos já publicados ou estudados no decorrer das aulas acadêmicas.

A coleta de dados será realizada em bibliotecas especializadas e por meio da

WEB, buscando artigos científicos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO 1. A inteligência emocional e seus conceitos 10

CAPÍTULO 2. Liderança e chefia 22

CAPÍTULO 3. As idéias de Judith Mair sobre o tema 35

CONCLUSÃO 39

REFERÊNCIAS 41

ÍNDICE 43

FOLHA DE AVALIAÇÃO 44

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INTRODUÇÃO

A inteligência emocional surgiu nos anos 90 como uma estratégia de

liderança que explora o mundo do controle das emoções, isto é, usa o poder do ser

humano de conhecer a si mesmo ao ponto de conseguir dominar suas reações,

sejam elas de amor, raiva, alegria, tristeza. Seguindo a teoria da inteligência

emocional, o ser humano não vive sem elas, mas pode dominá-las e direcioná-las

da forma que melhor lhe convir.

Para o mundo empresarial as aplicações da inteligência emocional

possibilitam ao profissional lidar com qualquer situação e dela tirar proveitos para si

ou para seu grupo de trabalho. O líder que atua com o controle de suas emoções e

sentimentos, consegue transmitir aos seus liderados simplicidade e tranqüilidade em

todas as situações que surgem. Além de conhecer todas as suas reações e

emoções, também adquire condições de reconhecê-las em seus funcionários.

Dessa forma, a inteligência emocional passa a ser um diferencial competitivo,

pois o profissional que aplica seus conceitos consegue comandar suas ações e de

seus funcionários em prol do alcance dos objetivos empresariais.

Acredita-se que, diante do mercado competitivo que se apresenta nos dias

atuais, qualquer tema que propicie ao profissional melhorar seu desempenho e de

sua equipe de trabalho, merece ser discutido em um estudo acadêmico. Daí justifica-

se a escolha do tema, visando colaborar para a capacitação profissional e para a

melhora do processo de desempenho de suas funções.

Seguindo essa linha de raciocínio, este estudo pretende trilhar seu

desenvolvimento para responder ao seguinte questionamento: Quais as estratégias

que devem ser adotadas pelos líderes no sentido de aplicar a inteligência emocional

em prol da melhoria de sua gestão?

Para a resolução de um problema é exigido que se tenham objetivos claros e

definidos, assim este estudo tem como objetivo geral conhecer as possíveis

estratégias de um líder para aplicar a inteligência emocional na sua gestão. Como

objetivos específicos, que serão desenvolvidos durante a realização do texto, o

estudo propõe-se a definir inteligência emocional, relacionar liderança com chefia e

relatar as ideias de Judith Mair sobre o tema.

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O tema foi abordado em três capítulos, assim apresentados:

O primeiro capítulo define inteligência emocional (tipos de inteligência, a

importância das emoções, inteligência emocional no trabalho). O segundo capítulo

analisa os conceitos de liderança relacionando com chefia (papel da liderança,

dimensões da liderança, liderança e chefia, liderança e a contingência, liderança

situacional, principais líderes da história. O terceiro capítulos relata as ideias de

Judith Mair sobre o tema.

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CAPÍTULO 1 – A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E

SEUS CONCEITOS

De acordo com Gonçalves (2007), a teoria da Inteligência Emocional vem

despertando o interesse de muitos autores, psicólogos e estudiosos que vêm

acumulando um grande acervo de mais teorias e hipóteses a respeito do assunto.

Tendo como base estes estudos, pode-se definir a Inteligência Emocional como a

capacidade que alguns indivíduos têm de se relacionarem de forma certa e positiva

com as pessoas, mesmo nas adversidades; de terem persistência na busca de

objetivos; e caracteriza a maneira como os indivíduos lidam com suas próprias

emoções e com as emoções dos indivíduos ao seu redor.

Continua Gonçalves (2007) explicando que esta capacidade implica algumas

características tais como: autoconsciência, motivação, persistência, empatia e

entendimento e ainda engloba características sociais tais como persuasão,

cooperação, negociações e liderança. Assim definida a Inteligência Emocional,

pode-se dizer que os indivíduos que se conhecem a si mesmos e aos indivíduos que

os cercam têm maior possibilidade de liderar de maneira eficiente gerando

resultados, ou seja, sendo também eficazes.

O modelo de inteligência emocional foi desenvolvido a partir de um estudo

realizado por Daniel Goleman (1996), psicólogo americano e Ph.D. pela

Universidade de Harvard. Resumidamente, caracteriza a forma de se lidar com as

nossas próprias emoções e com as das pessoas ao nosso redor, entre outras

habilidades.

A proposta de Goleman (1996) deve sua origem à uma pesquisa anterior

sobre as Inteligências Múltiplas iniciada, na década de 80, pelo Dr. Howard Gardner.

(GONÇALVES, 2007)

Segundo Sabbi (2007, p.1)

Expressar a emoção não era visto como algo inteligente. Por muito tempo, acreditou-se no QI (Quociente de Inteligência) como a única medida válida, sendo esta determinada geneticamente e sem condições de ser modificada. Hoje, esse enfoque mudou bastante e passou a ter um papel preponderante até mesmo no trabalho.

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Continua o autor explicando que atualmente, a inteligência emocional também

marca presença desde o processo seletivo, sobretudo no caso de líderes e gestores.

O conhecimento dos próprios pontos fracos e fortes e o uso disso são instrumentos

para se superar muitos desafios. A intuição e a criatividade estão muito valorizadas,

pois através delas um executivo pode pressentir os próximos movimentos e

tendências do mercado.

A inteligência emocional está relacionada a habilidades tais como motivar a si

mesmo e persistir mediante frustrações; controlar impulsos, canalizando emoções

para situações apropriadas; praticar gratificação prorrogada; motivar pessoas,

ajudando-as a liberarem seus melhores talentos, e conseguir seu engajamento em

objetivos de interesses comuns.

Goleman (1996) mapeia a Inteligência Emocional em cinco áreas de

habilidades:

1. Auto-Conhecimento Emocional - reconhecer um sentimento

enquanto ele ocorre.

2. Controle Emocional - habilidade de lidar com seus próprios

sentimentos

3. Auto-Motivação - dirigir emoções a serviço de um objetivo

4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas.

5. Habilidade em relacionamentos inter-pessoais.

As três primeiras referem-se à Inteligência Intra-Pessoal. As duas últimas, a

Inteligência Inter-Pessoal. Assim, para Goleman (1996), inteligência inter-pessoal é

a habilidade de entender outras pessoas.

1. Organização de Grupos: é a habilidade essencial da liderança, que

envolve iniciativa e coordenação de esforços de um grupo, habilidade de obter do

grupo o reconhecimento da liderança, a cooperação espontânea.

2. Negociação de Soluções: o papel do mediador, prevenindo e

resolvendo conflitos.

3. Empatia - Sintonia Pessoal: é a capacidade de, identificando e

entendendo os desejos e sentimentos das pessoas, responder (reagir) de forma

apropriada de forma a canalizá-los ao interesse comum.

4. Sensibilidade Social: é a capacidade de detectar e identificar

sentimentos e motivos das pessoas.

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Já a inteligência intra-pessoal, é a mesma habilidade, só que voltada para si

mesmo. É a capacidade de formar um modelo verdadeiro e preciso de si mesmo e

usá-lo de forma efetiva e construtiva. Segundo Cooper (2002), a Inteligência

Emocional pode ser alcançada por meio de treino e esforço, mas isso requer

persistência.

Como em um primeiro momento é preciso reconhecer a necessidade de

mudança e desenvolvimento, o que muitas vezes não é fácil, porque é preciso

admitir que existam deficiências. Além disso, é necessário identificar exatamente o

que se quer alcançar, sendo um melhor ouvinte ou controlando seu temperamento.

Cooper (2002, p. 10) pondera que:

[...] nossa performance na vida é determinada não apenas pela inteligência racional denominada QI, mas principalmente pela emocional denominada IE. Na verdade, o intelecto não pode dar o melhor de si sem a IE – ambos são parceiros integrais na vida mental. Quando esses parceiros interagem bem, a IE aumenta – e também a capacidade intelectual. Isso derruba o mito de que devemos sobrepor a razão à emoção, mas ao contrário, devemos buscar um equilíbrio entre ambas.

Para Cooper (2002), a chave da liderança está nos domínios da Inteligência

Emocional, não do Quociente de Inteligência. Liderança requer habilidades para

persuadir e inspirar, enfatizar e articular sentimentos. Muitos indícios atestam que as

pessoas emocionalmente competentes, que conhecem e lidam bem com os próprios

sentimentos e com o de outras pessoas, levam vantagem em qualquer campo da

vida, assimilando as regras tácitas que governam o sucesso na política

organizacional.

Segundo (Bueno, 2002), embora existam pesquisadores trabalhando no

conceito de inteligência emocional, os estudos que buscam evidências empíricas de

que ela realmente existe e que difere dos traços de personalidade e da inteligência

proposta há décadas são escassos, principalmente no Brasil, em que duas

pesquisas foram realizadas buscando investigar as correlações entre inteligência

emocional e a tradicional e mostraram que elas são baixas, o que é de fato esperado

entre esses construtos.

Já com relação à personalidade estudos realizados indicam maior divergência

do que convergência entre as medidas de inteligência emocional e traços de

personalidade (BUENO, 2002; PRIMI, BUENO & MUNIZ, 2006).

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O conceito de inteligência emocional começou a invadir o mundo empresarial

como sendo uma forma de investimento em sucesso generalizado e garantido.

Mesmo sem ter ainda estudos que comprovassem verdadeiramente sua eficácia, a

inteligência emocional, foi ganhando espaços tendo como base as colocações um

pouco exageradas disseminadas por Goleman (1996). Para este autor a ideia que

envolve a inteligência emocional está diretamente ligada à capacidade de sucesso

que a empresa possui. Para isso exige investimentos em novas formas de seleção,

de treinamento e de cargos, de maneira a concentrar-se na busca por profissionais

que possuam grande desenvolvimento em inteligência emocional. São profissionais

que possuem o domínio completo sob suas emoções e habilidosos o suficiente para

identificar a emoção em outras pessoas, além de conseguirem conduzir as emoções

para objetivos determinados.

Nascimento (2000) diz que a capacidade de atuar na escala das previsões

(gerente preditor) constitui uma variável única, isto é, nenhuma outra variável

consegue ser igual. A habilidade do profissional preditor de lidar com as emoções,

torna-se um diferencial competitivo entre os gerentes. Entretanto, o fato de não

existirem pesquisas empíricas que sustentem a teoria de que a prática da

inteligência emocional garante sucesso empresarial, muito se tem ainda a discutir

sobre sua real eficácia. O autor mostra-se ainda preocupado com o fato de que,

mesmo sem grandes comprovações, existem empresas que se utilizam de escalas

de Inteligência emocional como base para seus processos seletivos de pessoal.

Por outro lado, não se pode deixar de registrar que experiências práticas

mostram que a união das habilidades gerenciais normais com as aplicações da

inteligência emocional, muitas vezes culmina no sucesso organizacional.

Os autores Barret e Depinet (1991) explicam que o sucesso empresarial, para

o gerente preditor não está ligado ao nível socioeconômico, mas sim a sua

capacidade de desenvolvimento e aplicabilidade da inteligência emocional.

1.1 Tipos de Inteligência

De acordo com Cooper (2002, p.47), o psicólogo Howard Gardner da

Universidade de Harward, nos Estados Unidos, propõe “uma visão pluralista da

mente” ampliando o conceito de inteligência única para o de um feixe de

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capacidades. Para ele, inteligência é a capacidade que o profissional possui de

solucionar problemas ou de elaborar produtos que sejam valorizados em um

ambiente cultural ou comunitário. Assim, ele propõe uma nova visão da inteligência,

dividindo-a em 7 diferentes competências que atuam interligadas entre si, já que

para resolução de problemas é necessário mais de uma habilidade.

Inteligência Verbal ou Lingüística: habilidade para lidar criativamente com as

palavras. (COOPER, 2002, p.47)

Inteligência Lógico-Matemática: capacidade para solucionar problemas envolvendo números e demais elementos matemáticos; habilidades para raciocínio dedutivo. Inteligência Cinestésica Corporal: capacidade de usar o próprio corpo de maneiras diferentes e hábeis. Inteligência Espacial: noção de espaço e direção. Inteligência Musical: capacidade de organizar sons de maneira criativa. Inteligência Interpessoal: habilidade de compreender os outros; a maneira de como aceitar e conviver com o outro. Inteligência Intrapessoal: capacidade de relacionamento consigo mesmo, autoconhecimento. Habilidade de administrar seus sentimentos e emoções a favor de seus projetos. É a inteligência da auto-estima.

Howard Gardner, apud (COOPER, 2002), afirmava que todos nascem com o

potencial das várias inteligências. A partir das relações com o ambiente, aspectos

culturais e outros fatores, algumas inteligências se desenvolvem mais que outras.

Nos anos 90, Goleman (1996) afirmava que ninguém tem menos que 9

inteligências. Além das 7 citadas por Gardner, Goleman acrescenta mais duas:

Inteligência Pictográfica, que a habilidade que a pessoa tem de transmitir uma

mensagem pelo desenho que faz e a Inteligência Naturalista, que é a capacidade de

uma pessoa em sentir-se um componente natural.

1.2 A importância das emoções

Conforme esclarece Hill (2007), as emoções são importantes para diversas

situações na vida do ser humano, especialmente, quando se trata de relacionamento

no trabalho. Assim, resumindo suas idéias, tem-se que:

Para a sobrevivência, o que se observa é que as emoções foram

desenvolvidas naturalmente através de milhões de anos de evolução. Como

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resultado, as emoções possuem o potencial de servir ao ser humano como um

sofisticado e delicado sistema interno de orientação. As emoções alertam quando as

necessidades humanas naturais não são encontradas, ou até mesmo quando

alguma coisa não está dando certo.

Nas questões ligadas à tomadas de decisão, observa-se que as emoções são

uma fonte importante da informação. As emoções ajudam a tomar decisões, apesar

de também serem um tanto perigosas, pois as pessoas podem colocar as emoções

na frente da razão, acarretando problemas, especialmente na esfera das relações de

trabalho.

Quanto ao ajuste de limites, observa-se que quando a pessoa sente-se

incomodada com o comportamento de uma outra pessoa, as emoções alertam. Se o

homem aprender a confiar, mas emoções e sensações isto ajudará a ajustar os

limites que são necessários para proteger a saúde física e mental.

Ainda de acordo com Hill (2007), na área da comunicação, observa-se que as

emoções ajudam a comunicar com os outros. As expressões faciais, por exemplo,

podem demonstrar uma grande quantidade de emoções. Com o olhar, pode-se

sinalizar que se está precisando de ajuda.

Por fim, na área da união, observa-se que as emoções são talvez a maior

fonte potencial capaz de unir todos os membros da espécie humana. Claramente, as

diferenças religiosas, cultural e política não permitem isto, apesar dar emoções

serem "universais".

1.3 Inteligência emocional no trabalho

Segundo Gonçalves (2007), as novas exigências do mercado de trabalho,

muito mais competitivo nos dias atuais, a utilização da inteligência emocional passa

a ser imprescindível para que o profissional seja atendido em suas necessidades de

satisfação pessoal.

Na visão desse autor a inteligência emocional funciona como divisor para o

sucesso profissional, pois considera-se que as emoções quando bem controladas e

devidamente direcionadas, aumentam a produtividade e a qualidade do trabalho.

Gonçalves (2007) é da opinião de que os indivíduos precisam criar situações

que os levem a se sentir satisfeitos, motivados e prontos para lidar com as

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atribulações do trabalho e, especialmente, com seus desafios pessoais. O uso

inteligente das emoções é que fundamenta a teoria da inteligência emocional, seja

na vida pessoal ou nas relações de trabalho. As emoções conduzem a vida do ser

humano em todos os seus aspectos, tanto para a sua satisfação, quanto

insatisfação. A inteligência emocional é a forma de controlar essas emoções e, na

vida profissional ela tem diversas aplicações, desde as resoluções de problemas

operacionais, até o atrito de opiniões diversas durante uma reunião com o líder.

O autor explica que o fato de conseguir controlar as emoções não quer dizer

que estas serão sufocadas, é apenas uma questão de redirecionamento. Se o

profissional está numa situação de pressão, por exemplo, se no lugar de reagir de

forma agressiva ou explosiva, ele pode, através do poder da inteligência emocional,

agir de forma tranqüila, invertendo a situação. Ao final, ele resolverá o problema e

terá consigo a satisfação de ter conseguido reverter a situação.

Gonçalves (2007) ainda valoriza a conscientização dos próprios sentimentos,

pois quando a pessoa tem o poder de identificar o que está sentindo pode vigiar as

possíveis reações, e não agir impulsivamente. Nas relações de trabalho essa

capacidade é muito útil, preserva a integridade e permite ao profissional aproveitar

todas as passagens em satisfação pessoal. Além do que, ajuda a desenvolver a

capacidade de perceber as emoções dos que estão a sua volta, e o quanto suas

emoções podem influenciar seus companheiros de trabalho.

Observa-se que nos dias atuais as empresas estão se conscientizando da

necessidade de valorizar seus funcionários como seres humanos, são mudanças

estruturais e sociais voltadas para a satisfação do funcionário (qualidade de vida no

trabalho). Gonçalves (2007), então associa a aplicação da inteligência emocional

com a obtenção de qualidade de vida no trabalho, onde a satisfação e o bem estar

do funcionário são fatores essenciais. Através do uso da inteligência de forma ampla

(para controlar as emoções e desempenhar funções), o indivíduo pode se tornar

uma peça importante e valiosa para a empresa, sendo valorizado em seu talento.

Segundo Gonçalves (2007, p.1),

a satisfação no trabalho não possui um caminho único para ser alcançado, mas tem que existir a necessidade humana de cada um desvendar seu conceito particular de satisfação e descobrir posturas e escolhas que resultem em satisfação no trabalho. Entretanto, o uso da inteligência emocional favorece a satisfação pessoal do individuo no trabalho, no sentido de que o uso inteligente das emoções

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trabalha como um suporte para uma interação entre a vida psíquica e o próprio sistema de valor dos indivíduos em relação ao mesmo, evidenciando a integração entre o estado psicológico do trabalhador e a sua satisfação no ambiente de trabalho.

Sabendo-se que a inteligência emocional associa-se ao desempenho

profissional e que ela também está correlacionada com a inteligência, pode-se

questionar se a previsão do desempenho é a compartilhada com a inteligência. Caso

isso seja verdadeiro, a emocional não apresentaria informações únicas para a

previsão do desempenho profissional, ou seja, não teria validade incremental.

Consequentemente, não poderia ser considerada uma habilidade distinta da geral a

prever o desempenho profissional.

É preciso reforçar a idéia defendida por Goleman (1996) que os parâmetros

de avaliação do mercado de trabalho devem considerar aspectos sobre como as

pessoas lidam consigo e com os outros além da inteligência e da formação

acadêmica. Entretanto, isso não quer dizer que a inteligência tradicionalmente

definida e medida não seja importante. As duas variáveis, inteligência geral e

emocional são igualmente importantes na previsão do desempenho.

Boabaid (apud BISPO, 2007) diz não que dá para separar a emoção do

ambiente de trabalho, acredita que as empresas deveriam ser mais estratégicas nas

questões das emoções, ou seja, usar dos efeitos psicológicos causados pelas

emoções para obter vantagens na empresa. A empresa pode investir em modelos

de gestão que usem as bases psicológicas dos funcionários para motivá-los e

valorizá-los. É fundamental identificar emoção nas atividades do dia a dia, ou seja,

sentimentos positivos que eliminem as implicâncias e os desconfortos que muitas

vezes o funcionário tem com seus patrões.

A autora enfatiza que nada é mais importante para o funcionário que ser bem

tratado. E, assim sendo, revestido de paixão pelas atividades que realiza, trabalha

com emoção e, dessa forma não há competência que não evolua, não há

possibilidade de melhoria que não se aprimore. Já que o funcionário estará motivado

e impulsionado por um ambiente propício, confiante e consistente. Um ambiente de

trabalho movido pelas práticas da inteligência emocional tolera o erro e, no lugar de

condenar o funcionário, conversa, esclarece dúvidas e até mesmo encaminha para

uma reciclagem, um treinamento. A empresa ganha muito mais agindo assim do que

punindo ou criticando o erro do funcionário, sem fazer nada para contribuir que o

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erro não ocorra novamente. Aprender com os erros é uma prática saudável que

deveria ser adotada pelas empresas.

Boabaid (apud BISPO, 2007, p.1) diz que

Infelizmente, as organizações parecem ainda viver mais na fase do discurso e não da ação. Atua-se num mundo de negócios mecanicistas, de padrões e normas pré-estabelecidas e mais do que previsíveis. O novo, o inusitado, o complexo, o transgressor ainda não fazem parte desse universo mais amplo.

Entretanto, alerta a autora que não se deve confundir a emoção do indivíduo

com apelos motivacionais que, na verdade, não passam de “pieguices” sem valor

real para o funcionário como pessoa, nem tão pouco incentivam para a melhoria de

seu desempenho. No entanto, deve-se cuidar também para não permitir que os

funcionários se utilizem da forma humanitária que são tratados para tirar proveitos

próprios, que não àqueles que interessem a empresa. Boabaid (apud BISPO, 2007,

p.1) diz que

Por outro lado, caso um profissional já apresente uma desarmonia, um quadro de instabilidade psicológica, de desordem emocional dentro do ambiente da empresa, o mesmo deve ser encaminhado à área competente, ou seja, à área médica, e não para o Recursos Humanos. Recursos Humanos não trata de doenças e sim de desempenho. Desordem emocional, depressão ou qualquer outra patologia congênere devem ser administrados sob a ótica da medicina. A área de Recursos Humanos deve gerir o comportamental, postura atitudinal, e o desempenho de competências dos profissionais - habilidades técnicas e intelectuais -, medir e alinhar gaps à visão estratégica da organização.

A área de recursos humanos deve também agir no campo da inteligência

emocional, atuando com profissionais capacitados que vibrem com o sucesso de

novos projetos que sejam criados para a valorização de seu bem de maior valor: o

funcionário. Pois, é esta a função do setor de recursos humanos, cuidar para que

sua equipe de funcionários receba o melhor tratamento possível e, especialmente,

condizente com seu esforço. Assim estará contribuindo para que a empresa alcance

seus objetivos com o sucesso desejado.

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1.4 Diferenças entre a empresa que usa a emoção para a que não

usa

Boabaid (apud BISPO, 2007) não consegue diferenciar bem uma empresa

que investe em emoções daquela que não valoriza os sentimentos. Ela acredita que

uma empresa que atua somente com a razão está condenada a sair do mercado em

pouco tempo, pois não possui sensibilidade suficiente para entender que seus

funcionários são as peças principais para que seus processos de negócio dêem

certo. Para mostrar a importância do ser humano a autora comenta: “O que poderia

fazer a diferença nesse mundo emergente de lucros imediatos competitivo global? O

ser humano é a resposta. Portanto, não é uma postura altruísta, e sim, capitalista”

(p,1)

Da década de 1990 em diante é possível perceber que o mundo empresarial

passou a se preocupar mais com o ser humano. De início, partindo de estudiosos

americanos, eram apenas palestras, comentários gerais, uso de algumas

expressões que causavam impactos. Entretanto, passada a euforia inicial referente

ao tratamento humanitário dentro do ambiente empresarial, atualmente se assiste a

uma forma de gestão mais madura e também uma compreensão por parte do

empregado, mais consistente. O funcionário passou a discernir melhor sua função

dentro da empresa, no sentido de que todo o tratamento recebido deve ser devolvido

com profissionalismo, competência, responsabilidade e, principalmente com geração

de lucros para a empresa. Boabaid (apud BISPO, 2007) é enfática em dizer que não

adianta adotar a política “da boa vizinhança” com o patrão nem com o funcionário,

ser solicito com o patrão, mostrar-se educado e feliz, não gera lucros; por outro lado

dar “tapinhas” nas costas do funcionário, “promover festinhas de aniversário”, não

mostra valorização e não gera motivação para o funcionário.

Há de se comentar que quando não há emoção, as ideias e os sentimentos

também ficam raros, pois conforme coloca Boabaid (apud BISPO, 2007, p.1) sem

essas reações “não há vida”, o “sujeito está morto”. Assim, parece que o grande

benefício que a emoção traz para o ambiente organizacional é o “resultado da

competência aplicada”. A ideia é de que se a pessoa aplica toda a sua força de

inteligência, toda a sua criatividade para o desempenho de suas funções, se pode

dispor de liberdade de expressão, que recicla constantemente seus conhecimentos,

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sempre investindo no relacionamento com os colegas, sem ser repreendido por seus

superiores, muito pelo contrário, recebendo apoio deles, a tendência é que

desenvolva suas atividades cada vez melhor, trazendo vantagens eminentes para a

empresa.

1.5 Ações que podem ser adotadas pela empresa para estimular a

emoção e atuação do profissional de recursos humanos

O desenvolvimento de emoções, a inspiração de novas ideias e a proposta de

alternativas para inovar, são ações que devem ser adotadas pelas empresas. Elas

motivam o funcionário a colocar sua inteligência para funcionar em prol de melhorias

no seu processo de trabalho. Boabaid (apud BISPO, 2007), diz saber que suas

colocações exige ousadia por parte dos dirigentes, mas que, em compensação,

estará investindo em um futuro promissor de sucesso para a sua empresa.

Diante desta nova realidade o profissional que atua na área de recursos

humanos deve ser estratégico junto com os dirigentes da organização, pois será

esta área que irá disseminar entre os setores e funcionários da empresa, a nova

realidade voltada para as ações de inteligência emocional. A autora entende que as

pessoas atuam nesse processo como “matéria-prima” do sucesso da organização.

Por fim, na forma de crítica, a autora diz que apesar de tanta teoria, mesmo

ainda nos dias atuais, uma grande parte dos gestores ainda não adota a teoria da

valorização do funcionário, do investimento no desenvolvimento das emoções. É

uma questão de tempo, de adequação, pois os gestores ainda temem perder o

poder e o controle sob suas empresas.

A valorização do fator humano, apesar de ser uma tendência, não é um

consenso. Mair (2005) dá a sua visão sobre o assunto, o que leva, segundo ela, à

mesmice. Longe do consenso, a valorização do profissional, o fator humano de

competitividade tem seus defensores e seus críticos. Há uma corrente de

pensamento que prega que "trabalho não é para ser divertido" e que o verdadeiro

fator de competitividade é o conhecimento, que nem todos possuem, não existindo,

então, a necessidade de programas nesse sentido.

Diz a autora: "Não acreditem quando em uma entrevista de emprego,

disserem 'aqui todos se divertem'. Isso é mentira".(p.12) Porém, ela não é uma voz

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destoante da mudança que a sociedade passa. Ao defender, por exemplo, o fim da

jornada extra de trabalho, a autora alerta para o fato de que podem existir pessoas

que se aproveitam dessa valorização para ficar mais tempo sem fazer nada. Por

outro lado, as empresas podem se ver tentadas a tomar conta do tempo livre das

pessoas, já que fornecem diversão no horário de trabalho. Mair (2005) não admite

conversas pessoais entre funcionários por mais de cinco minutos. Seu lema é: "Na

hora do trabalho, trabalhe. Na hora da diversão, divirta-se". (p.13)

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CAPÍTULO 2 – LIDERANÇA E CHEFIA

Embora existam múltiplas definições para a liderança, é possível encontrar

dois elementos comuns em todas elas: por um lado é um fenômeno de grupo e, por

outro, envolve um conjunto de influências interpessoais e recíprocas, exercidas num

determinado contexto através de um processo de comunicação humana com vista à

obtenção de determinados objectivos específicos. As funções de liderança incluem,

portanto, todas as actividades de influenciação de pessoas, ou seja, que geram a

motivação necessária para pôr em prática o propósito definido pela estratégia e

estruturado nas funções executivas.

Kets de Vries (1997) enfatiza que, na literatura organizacional sobre liderança,

existem definições ilimitadas, inúmeros artigos e várias polêmicas e que a maioria

dos pesquisadores concorda com alguns traços comuns, como sendo importantes

para os líderes. Estes são: consciência, energia, inteligência, domínio, autocontrole,

sociabilidade, abertura a experiências, conhecimento da relevância de tarefas e

estabilidade emocional.

Cartwright e Zander, (1997, p.65), afirmam que “a liderança é vista como a

realização de atos que auxiliam o grupo a atingir seus resultados preferidos”. Tais

ações devem estar focadas na promoção do estabelecimento dos objetivos do

grupo, melhoria da qualidade de interação entre os membros, na coesão do grupo e

no compartilhamento dos recursos disponíveis.

Peter Drucker (1997, p.17) ressalta que:

em crise não há liderança partilhada, quando o barco está afundando o capitão não pode convocar uma reunião para ouvir as pessoas, tem de dar ordens. esse é o segredo da liderança partilhada: saber em que situações deve agir como chefe e em que situações atuar como parceiro.

Para ele “a tarefa do líder é desenvolver líderes”, pois toda empresa necessita

deles, ainda que muitas negligenciem o seu desenvolvimento.

No modelo de liderança de Mair (2005), a hierarquia e o autoritarismo são

necessários para dar forma e medida ao trabalho, virtude que os modernos

conceitos de liderança, em casos extremos, estariam eliminando. Diz a autora em

forma de crítica que: "As hierarquias se tornaram o bicho-papão de algumas

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corporações. Ninguém mais dá ordens claras e detalhadas. Isso deixou um vácuo

onde se encontram empregados e chefes desorientados". (p.15)

Porém, os especialistas em liderança cansam de repetir que termos como

"gestão participativa" e "autonomia" não são sinônimos de negligência ou desleixo

com os subordinados. Ao delegar uma tarefa, o líder precisa não só definir a meta

com clareza, mas também mostrar algumas alternativas para se chegar até ela.

2.1 O Papel da liderança

Hoje, se vive em um mundo onde as teorias, regras, normas e regulamentos

alteram-se de tal maneira que exigem adaptações rápidas, sob pena de cair no

caminho da obsolescência em termos de conhecimentos que possam ser aplicados

à realidade. De acordo com Kotler (2000, p.28):

O que fica claro é que o ambiente cada vez mais rápido e competitivo que enfrentamos no século XXI vai requerer mais liderança de mais pessoas para fazer as empresas prosperarem. (...) Mais mudança requer mais liderança, o que é difícil oferecer se não for possível especificar com clareza qual é o elemento que falta. (...) Não consigo conceber como este ritmo se reduzirá o que tem muitas implicações para a questão da liderança... Liderar, por sua vez, é lidar com a mudança.

Para Bennis e Nanus (1988, p.67), “a presença do líder é importante para a

eficácia das organizações, para as freqüentes turbulências e mudanças do ambiente

e para a integridade das instituições”. Exercer a autoridade pode ser suficiente em

épocas de estabilidade, mas para um ambiente em constante transformação é

preciso haver a liderança, pois ela é a força incentivadora e direcionadora que torna

possível o desenvolvimento e a permanência das organizações nesse contexto.

O cenário atual exige uma liderança capaz de se moldar rapidamente através

do posicionamento do líder diante das situações e exige seguidores mais ativos e

responsáveis perante as atividades do cotidiano. Segundo Bennis (1996), as

principais características que os líderes possuem são: visão sistêmica, paixão,

integridade (auto-conhecimento, sinceridade e maturidade), curiosidade e audácia.

A primeira habilidade, visão sistêmica, corresponde a ter muito claro “o que se

quer” e “aonde chegar”, tanto no nível profissional como pessoal. Dessa forma os

líderes encontram forças para persistirem diante das vicissitudes da vida e são

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capazes de estabelecer a missão organizacional, para que as pessoas tenham

clareza dos propósitos e dos objetivos da empresa de curto e longo prazo. O

segundo ponto básico para o desenvolvimento da liderança diz respeito à paixão,

todo líder deve amar o que faz, colocar em seus empreendimentos uma dedicação

baseada na paixão pelo que está fazendo. Assim consegue estabelecer uma relação

de esperança e inspiração que traduz um entusiasmo empolgante entre os

colaboradores.

Já a integridade, é a essência para haver a confiança, habilidade fundamental

para que ocorra o comprometimento dos colaboradores. A integridade depende de

três características básicas. A primeira, está ligada ao auto-conhecimento que o líder

dispõe perante si mesmo, sendo capaz de reconhecer com humildade seus pontos

fortes e a desenvolver. A segunda é a sinceridade, chave para o auto-conhecimento

necessário para que o líder conheça a si mesmo. A terceira característica, a

maturidade, é importante para que o líder exerça seu papel com base nas

experiências passadas como colaborador e também mantenha um aprendizado

contínuo com as experiências adquiridas no âmbito pessoal e profissional.

Finalmente as duas últimas habilidades são: a curiosidade e a audácia. O líder

procura o melhoramento contínuo, o aprimoramento, está sempre disposto a correr

riscos, experimentar, tentar coisas novas, gosta de aprender com as adversidades e

faz disso um aprendizado. (BENNIS, 1996)

Bennis e Nanus (1988) descrevem cinco habilidades primordiais que noventa

líderes entrevistados, em uma pesquisa apresentaram:

- A capacidade de aceitar as pessoas como elas são - não como você

gostaria que fossem.

- A capacidade de abordar relacionamentos e problemas em termos do

presente e não do passado.

- A capacidade de tratar os que estão perto de você com a mesma atenção

cordial que você concede a estranhos e a pessoas que conhece casualmente.

- A capacidade de confiar nos outros, mesmo quando o risco parece grande.

- A capacidade de agir sem a aprovação e o reconhecimento constante dos

outros.

O homem tem modificado o ambiente em que vive e recebe o refluxo de sua

ação como um problema de adaptação contínua às mudanças ambientais e de

ajustamento às outras pessoas, grupos e sociedade em geral o gerente que vê

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outros como pessoas, e não apenas como instrumento de produção, passa a

exercer função educativa que permite o desenvolvimento dos subordinados como

pessoas. (MOSCOVICI, 1989)

Em todos os setores da vida, pessoal, social ou profissional, as pessoas

necessitam de estímulos como ponto de partida para as ações cotidianas, de

motivos que agreguem valor e de uma direção que mostre os caminhos para que a

ação se concretize. O líder tem como finalidade ser esse guia, mentor e facilitador

do desenvolvimento das pessoas. É quem dá vida e razão de ser para as pessoas

por meio do significado, da visão e da confiança.

Toda organização se baseia em um conjunto de significados partilhados que

constituem a sua filosofia empresarial. Para Bennis e Nanus (1988), o líder possui a

capacidade de influenciar e organizar significado para as pessoas da organização. A

liderança através do significado tem como finalidade criar uma comunidade de

aprendizagem que torna a organização mais eficaz. O líder também tem o papel de

ser o agente de mudanças e para isso ele deve trabalhar a arquitetura social da

empresa, seguindo critérios de maturidade e de bom senso, pois nem todos

visualizam a necessidade de mudanças e geralmente o nível estratégico mantém-se

apático diante dessa realidade. O líder é um arquiteto social efetivo na medida em

que administra significados, é aquele que compreende a organização, modela as

regras novas e vigentes e traduz tudo isso em um novo significado, que é aprendido

através da visão e da comunicação.

No entanto, as habilidades de liderança é que vão permitir com que as

reestruturações aconteçam e sejam implementadas, pois o líder deve possuir a

habilidade de traduzir o propósito da organização, por meio da visão, mobilizando as

pessoas da organização para ação. A liderança é imprescindível nas organizações

desde que ela lance as pessoas para a ação, converta seguidores em líderes e

promova as mudanças necessárias. Converter seguidores em líderes nada mais é

do que se preocupar com a sucessão da liderança, ou seja, um bom líder sabe que

não é perpétuo.

Topping (2002) desenvolveu um instrumento, denominado o Inventário de

Liderança Visionária (ILV), que avalia oito dimensões básicas da liderança

autenticamente eficaz, a saber:

- Disposição à Aprendizagem: A paixão pela busca de novos conhecimentos

para o aperfeiçoamento individual e coletivo.

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- Auto-conhecimento: Forte senso de individualidade; tranqüilidade diante das

próprias virtudes e fraquezas.

- Base de Valores: Crença firme em valores humanistas; grande integridade

pessoal.

- Visão: Capacidade de enxergar, além do que ‘é’, o que ‘poderia ser'; forte

senso de determinação.

- Transmissão de Valores: O compromisso de estabelecer uma base de valores

humanistas na organização.

- Transmissão da Visão: O compromisso de unir a organização em torno de

uma visão do futuro que seja comum a todos.

- Capacitação: Fé nas pessoas e em sua capacidade; o compromisso de extrair

dos outros o que eles têm de melhor.

- Sensibilidade Organizacional: compreensão do comportamento humano e de

como influenciar as pessoas; diplomacia.

2.2 Liderança e poder

Tendo como base o século XVIII, pode-se dizer que o ambiente empresarial

passou por diversas mudanças, no sentido de que passou a experimentar situações

de incertezas e volatilidade. A mão-de-obra passa da condição de pouca qualificada

e até mesmo pouco alfabetizada, para alta qualificação preocupada sempre em

aprender novos procedimentos e melhorar cada vez mais. A produção também

sofreu grandes modificações, hoje mais enxuta, com um ciclo de vida bem menor,

buscando a qualidade e a perfeição. Além do que, há de se comentar que

praticamente não havia a preocupação com o meio ambiente, nem interno e nem

externo. (SROUR, 2002)

Segundo explica Srour (2002), mediante as mudanças colocadas acima, o

poder dentro da organização também se modificou. Anteriormente, o poder exercido

era coercitivo, autocrítico, aos poucos foi passando a ser democrata e mais adiante

ainda, na forma participativa. Quando bem dirigido, o poder passa a ser uma

ferramenta que aumenta a eficiência e eficácia das organizações.

Conforme Srour (2002) a origem do poder está na capacidade de coagir ou de

estabelecer uma relação de domínio sobre os outros, na produção de efeitos

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desejados ou no controle das ações desses. Morgan (1996, p.163) completa dizendo

que o indivíduo ou o grupo dotado de poder pode influenciar o comportamento e os

resultados de outras pessoas. Assim, diz que “O poder influencia quem consegue o

quê, quando e como.”

Para que o poder exista, é necessário que alguém queira algo que está sob

controle de outro. Existe, dessa forma, uma relação de dependência de indivíduos

ou grupos em relação a outros. Para Robbins (2003, p.249), este provavelmente

seja o aspecto mais importante do poder. “Quanto maior a dependência de A em

relação a B, maior o poder de B em relação a A. O poder é um fenômeno social e,

por isso, consiste numa relação social, não num bem ou patrimônio unilateral”. É

uma relação de forças, mesmo que assimétricas.

Srour (2002) entende que o indivíduo sempre exerce algum tipo de poder,

mesmo os mais subalternos, pois estes, até que indiretamente, têm poder de resistir

e produzir efeitos sobre seus superiores e sobre seus colegas de trabalho.

Segundo Bowditch e Buono (1997), a relação de poder no ambiente

organizacional está ligada a dois tipos de líderes: líderes nomeados e líderes

naturais. Os líderes nomeados são aqueles que foram colocados pela direção da

empresa para ocupar um papel específico, por exemplo: executivos, gerentes,

supervisores. Já os chamados líderes naturais conquistam o poder em função de

características naturais, da capacidade que possuem de realizar tarefas e até

mesmo de orientar outros na realização de suas tarefas. Eles não possuem o papel

de líder formal, mas são reconhecidos pelo grupo.

Para Morgan (1996), pode-se caracterizar a autoridade formal por três

características: carisma, tradição e lei. A autoridade carismática surge quando as

qualidades especiais dos indivíduos são avistadas. A autoridade tradicional ocorre

quando as pessoas respeitam costumes e práticas do passado, conferindo

autoridade a quem simboliza e encarna tais valores. A burocrática ou legal-racional

ocorre quando as pessoas acreditam que, para se exercer o poder, é preciso a

aplicação correta de regras formais e procedimentos.

- Tipos de poder

- Poder Coercitivo – baseado em ameaças e punições, ou seja, o funcionário

é intimidado a realizar a vontade de seu superior, ou poderá ser punido até mesmo

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com seu emprego. Robbins (2003) diz que estes líderes chegam a ser cruéis, pois

utilizam-se da fraqueza de seu subordinado para conseguir sua plena obediência.

Esta é a forma de poder mais condenada, pois quase não se utiliza a negociação,

nem mesmo a ética, o que vale é a imposição de vontades, a punição e a ameaça

de demissão.

- Poder de recompensa - conforme pontua Robbins (2003, p.251) o poder de

recompensa é o oposto do coercitivo, pois “as pessoas concordam com os desejos

ou orientações de outrem porque fazer isso produz benefícios positivos”. O indivíduo

que oferecer recompensas consideradas valiosas pelas outras pessoas em troca de

favores estará exercendo poder sobre elas. Essas recompensas podem ser qualquer

coisa que as pessoas desejam, como dinheiro, tarefas de trabalho interessantes,

promoções, aumento de mérito e outras.

Para Motta (1997), o poder de recompensa não é o mais seguro, pois cria nos

funcionários uma relação de troca, que nem sempre pressupõe fidelidade dos

funcionários, se não recebem a recompensa, não desempenham suas funções com

apreço. Numa organização essa não é uma relação muito saudável, pois os

funcionários passam a ser mais interesseiros e menos responsáveis.

- Poder de Competência - é baseado no domínio de um indivíduo sobre certos

assuntos, se isso for percebido como um recurso valioso O domínio de

especializações, habilidades especiais ou conhecimentos está se tornando uma das

fontes mais poderosas de influência à medida que o mundo está mais orientado à

tecnologia.

Conforme Gonçalves (2001) a formação profissional é valorizada pelas

empresas da mesma forma que a educação geral. Desse modo, as empresas

privilegiam tanto a formação profissional básica nas respectivas áreas de trabalho,

como a formação contínua, expressa em cursos / treinamentos que visam capacitar

ou reciclar os trabalhadores a operar novas tecnologias de produto, de processo

e/ou de gestão, bem como a atualizar ou adquirir conhecimentos técnico-

operacionais que passam a ser aplicados no trabalho, como matemática, estatística

básica e outros.

Segundo Deluiz (2004), na gestão das empresas modernas, necessita-se

mais de pessoal com competência diferenciada do que a racionalização de tarefas.

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Outra tendência refere-se à reconceituação da capacidade profissional como algo

que vai além da aquisição de informações, mudanças de atitudes e desenvolvimento

de habilidades, para incluir a reelaboração de significados e a revisão dos

referenciais de ação. Tende-se a organizar os programas de treinamento menos

dirigidos a habilidades específicas e mais voltados para a pessoa como um todo.

Segundo Chiavenato (2009, p.47), treinamento é considerado como

“investimento empresarial destinado a capacitar uma equipe, com a finalidade de

fazer a mesma atingir o mais economicamente possível os objetivos da empresa”.

Assim, treinamento não é considerado despesa e sim investimento cujo retorno é

por demais compensador para a empresa.

Trazendo à linguagem administrativa, o treinamento é um processo composto

de quatro etapas: levantamento de necessidades de treinamento (diagnóstico);

programação de treinamento visando às necessidades levantadas; implementação e

execução; avaliação de resultados. Dentro do contexto de uma empresa, de nada

adianta treinar funcionários de forma desordenada, pois o acúmulo de informação

desnecessária faz com que o funcionário torne-se um burocrata, um seguidor de

regras e de normas. É sempre preciso ter um controle no sentido de direcionar o

funcionário para o desenvolvimento de uma determinada gama de atividades afins.

(CHIAVENATO, 2009)

Por definição, segundo Boog (2004, p35),

treinamento, é o processo educacional, aplicado de maneira sistemática, e organizada, pelo qual as pessoas aprendem conhecimentos, atitudes e habilidades em função de objetivos definidos. No sentido usado em administração, treinamento envolve a transmissão de conhecimentos específicos relativos ao trabalho, atitudes, frente a aspectos organizacionais, da tarefa e do ambiente, e desenvolvimento de habilidades.

O conteúdo do treinamento envolve quatro tipos de mudança de

comportamento: transmissão de informações; desenvolvimento de habilidades;

desenvolvimento e modificação de atitudes; desenvolvimento de conceitos.

Segundo Boog (2004), como principais objetivos do treinamento têm-se:

1. Preparar o pessoal para execução imediata das diversas tarefas

peculiares à organização por meio de transmissão de informações, e

desenvolvimento de habilidades.

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2. Proporcionar oportunidades para o contínuo desenvolvimento pessoal, não

apenas em seus cargos atuais, mas também para as funções para as

quais as pessoa pode ser considerada.

3. Mudar atitude das pessoas, com várias finalidades, entre as quais criar

clima mais satisfatório entre empregados, aumentar-lhes a motivação e

torná-los mais receptivos às técnicas de supervisão e gerência.

Devido a isso, pessoas especializadas em determinadas tarefas não

transmitem seu conhecimento para outros membros da organização para não

perderem sua indispensabilidade e seu status de especialista.

- Poder de Referência - é baseado no magnetismo ou carisma pessoal. “Em

muitos casos, as pessoas se identificam com outra devido a certos traços pessoais

ou características de personalidade” (BOWDITCH e BUONO, 1997, p.119). Ele se

desenvolve da admiração por alguém ou de um desejo de ser como aquela pessoa.

Segundo Robbins (2003), na organização, quem é articulador, dominador,

impõe-se fisicamente ou é carismático e tem características pessoais que podem ser

usadas para conseguir que os outros façam suas vontades.

- O Poder em Ação - tratando mais especificamente do poder em ação, é

importante observar que cada base, fonte ou tipo de poderes já citados podem

representar uma forma de ação. Robbins (2003), seguindo uma dinâmica coerente

em seus trabalhos, apresenta as táticas do poder logo após a definição de suas

bases. São estas as táticas do poder:

- Razão – utilização de fatos e dados para elaborar uma apresentação lógica ou racional das idéias; - Amabilidade – utilizar a estratégia de elogios, um clima de boa vontade, postura humilde, amigável antes de fazer um pedido; - Coalizão – obtenção de apoio para a idéia de outras pessoas na organização; - Afirmação – abordagem direta e vigorosa, como o pedido de aceitação sumária da requisição, repetidos lembretes, ordens para o cumprimento do pedido e a citação das regras que exigem obediência; - Autoridade superior – utilizar uma estratégia de obtenção do apoio das pessoas, para a idéia, dos níveis mais altos da organização; - Sanções – utilização de recompensas e punições como promessas ou ameaças em relação a salários, avaliação de desempenho ou promoções. (ROBBINS, 2003, p.253)

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- O Poder no Ambiente Organizacional - o poder no mundo organizacional

representa domínio, status, uma posição favorável ou realização e é também motivo

de disputa, sabotagens, manobras estratégicas, coalizões, comportamentos que

podem ser considerados antiéticos. (CHIAVENATO, 2009)

2.3 Liderança x chefia

A globalização trouxe consigo uma competitividade acirrada e para sobreviver

às transformações exigidas pelo mercado, as empresas precisam constantemente

buscar a excelência. Para se adaptar aos tempos modernos é necessário uma nova

forma de se pensar os negócios, o trabalho em equipe e a liderança. Neste contexto,

o papel do líder é de um facilitador de processos, que gera resultados para o

negócio.

Segundo Ziemer (1996), o líder deve ser criativo, rápido e eficaz. Estimular

seus subordinados, tornando-os críticos, exigentes e ávidos por uma participação

maior no processo. O chefe, pessoa autoritária, centralizadora e temida, perde

espaço para um novo profissional, respeitado por sua equipe, que encoraja, motiva,

desenvolve e acima de tudo compartilha dúvidas e soluções. Entre as características

do novo líder estão a capacidade de conectar os outros entre si e de horizontalizar

as decisões. Funções e Estilos de Liderança

1. Funções de Liderança: para um grupo trabalhar com eficácia, este

precisaria de uma pessoa ou de um líder que realizasse duas funções principais:

solucionador de problemas e de manutenção do grupo ou função social. Um

indivíduo com capacidade para desempenhar ambas as funções tem obviamente

capacidade para ser um líder eficaz.

2. Estilo de Liderança: Estilo Orientado para a tarefa - realizar o trabalho é

mais importante que a satisfação pessoal do subordinado. Estilo orientado para os

empregados - tentam motivá-los para que as tarefas sejam realizadas da melhor

maneira, aperfeiçoando a produtividade. Buscam relações amigáveis.

Tennenbaum & Schmidt (1986) consideram que antes do administrador

escolher um estilo de administração, deve considerar três conjuntos de forças:

Forças presentes no gerente: o estilo de liderar será influenciado por seu

passado, seus conhecimentos, seus valores e sua experiência.

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Forças presentes no subordinado: se o administrador notar que seus

subordinados têm conhecimento, valor e experiência, nesse caso deve delegar, caso

contrário, deve dar-lhes condições para que atinjam as metas. A administração deve

ser feita com a participação deles.

Forças presentes na situação: O administrador deve ter em mente o estilo de

atuação de sua organização; se o grupo de trabalho é bom; qual o tempo necessário

para definir seu estilo de trabalho; em que ambiente a organização está inserida.

Para os autores, outro ponto importante quando se fala em liderança é a

relação entre rotatividade e estilo. Quanto mais orientado para a tarefa, maior é a

rotatividade - os líderes neste caso estão determinados a cumprirem suas tarefas e

quem não se adaptar deve ser substituído. Quanto maior a orientação para o

subordinado, menor a rotatividade, nesse caso, o líder dá tempo para que o

subordinado se adapte à sua forma de atuação, diminuindo a rotatividade.

Entretanto, não existe uma maneira melhor ou pior de avaliar a eficácia de um líder.

Esta pode ser medida muitas vezes pela situação e não pelo estilo.

2.4 A liderança e a contingência

Ziemer (1996) acredita que, uma vez que nenhum estilo de liderança é

eficiente em todos as situações, a boa liderança depende de fatores contingenciais.

Essa forma de liderança baseia-se na busca, por parte dos pesquisadores, de

fatores que identifiquem as "situações" em que a eficiência de um determinado estilo

de liderança é afetado. Uma vez que nenhum estilo de liderança é eficiente em

todas os aspectos, a liderança vai depender de muitas variáveis.

A abordagem contingencial é um conjunto de teorias resultantes da busca dos

pesquisadores como Tannenbaum; Schmidt (1986), sendo os principais focos de

concentração destas teorias:

1- A personalidade, as experiências passadas e as expectativas do líder - são

itens que vão afetar em muito a eficiência ou eficácia do líder, vão afetar o estilo de

liderança do administrador.

2- As expectativas e o comportamento do superior - os superiores afetam o

comportamento dos administradores de nível mais baixo por obterem uma fonte de

poder da recompensa (bônus, promoções), além disso, também, os administradores

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de nível médio se referenciam muito com os superiores buscando comportamentos

compatíveis com o estilo de liderança do chefe. O jovem líder ou administrador pode

até ter seu próprio estilo de liderança, mas procurará adaptá-lo ao do seu superior

imediato.

3- Exigência da tarefa - o estilo de liderança será afetado de acordo com a

natureza da tarefa. Se a tarefa for muito precisa e/ou formalizada, o estilo

provavelmente deverá ser orientado para tarefa, e vice - versa.

4- Expectativas e comportamentos dos pares - o administrador pode

influenciar ou ser influenciado também pelo estilo do outro administrador. Como ele

vê seu par, sua forma de administrar.

5- Comportamento do subordinado - a escolha do estilo de liderança será

diretamente proporcional à capacidade de conhecimento dos subordinados. Estilo

mais participativo, com delegação de tarefas só poderá ser usado em níveis mais

altos de competência e conhecimento por parte do subordinado.

6- Cultura e políticas organizacionais - como o próprio nome diz, a cultura e a

política da organização é que vão determinar o estilo de liderança a ser adotado.

2.5 Liderança situacional

Esta teoria afirma que o estilo de liderança mais eficaz varia de acordo com a

"maturidade" dos subordinados. Maturidade foi definida não como idade ou

estabilidade emocional, mas sim como desejo de realização, disposição para aceitar

responsabilidades e experiência. Os objetivos e o conhecimento dos subordinados

são fundamentais para a liderança eficaz. (ZIEMER, 1996).

Para Tannenbaum e Schmidt (1986), o relacionamento entre um

administrador e subordinado passa por quatro fases, uma espécie de ciclo de vida.

1- Alta orientação para tarefa e baixa para relacionamento - os subordinados

devem, nesta fase, ser muito bem instruídos em suas tarefas, regras e

procedimentos da organização.

2. Alta orientação para tarefa e mediano relacionamento - o apoio do gerente

é ainda fundamental nesta fase. O subordinado ainda é capaz de aceitar toda a

responsabilidade cabendo ao gerente encorajá-lo, iniciando gradativamente uma

mudança no relacionamento

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3. Alta orientação para o relacionamento e mediana tarefa - nesta fase, com o

apoio do gerente na fase anterior, cresceu a maturidade do subordinado, está

motivado, buscando mais responsabilidades.

4. Baixa orientação ao relacionamento e baixa à tarefa - os subordinados

esperam mais um relacionamento direcionador por parte do gerente, estão por conta

própria.

2.6 Principais lideres da história

De acordo com Ziemer (1996), causas políticas e filosóficas sempre foram e

continuarão sendo o berço das grandes lideranças e para estes a História

invariavelmente guarda um lugar especial, independentemente do mérito ou dos

resultados de sua campanha. Heróis, todos eles tinham, em maior ou menor grau,

apoiados ou não em alguma técnica de difusão de suas mensagens, qualidades

inatas: carisma, capacidade de convencimento e poder de aglutinar pessoas com

determinado objetivo. Moisés, por exemplo, foi o grande líder do povo judeu; Cristo

também o foi para os cristãos; Mahatma Gandhi para o povo indiano.

Esta capacidade de convencer e de juntar pessoas, de motivá-las com

determinado objetivo, passou a ser vista com outros olhos há alguns anos. Primeiro

nos esportes coletivos em que a figura do líder influía diretamente no desempenho

do time; depois em equipes cujo trabalho necessitasse agilidade e por fim em

praticamente todo tipo de atividade que demandasse trabalho em grupo,

substituindo o antigo gerente ou supervisor.

Para Ziemer (1996), essa mudança significativa na qualidade da relação entre

as pessoas em uma organização passou a determinar também o grau de

envolvimento dessas pessoas com a organização e em última análise no

desempenho desta em relação à concorrência.

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CAPÍTULO 3 - AS IDEIAS DE JUDITH MAIR SOBRE O TEMA

Informações colhidas no livro de Judith Mair "Chega de Oba-Oba!" da editora Martins

Fontes, ano 2005.

A Agência de Publicidade e Designer Mair und Andere foi fundada em

Colônia, Alemanha, no ano 2000, pela publicitária Judith Mair e mais duas sócias.

Na administração de sua Agência, principalmente nas relações com os recursos

humanos, a publicitária lançou um conjunto de idéias contra alguns dos dogmas da

gestão de recursos humanos. Judith Mair defende a volta de valores rígidos, de

disciplina e austeridade numa era em que as empresas parecem ter trazido a alma

do trabalhador para o ambiente de trabalho.

Em sua agência de publicidade, a executiva alemã criou regras que refletem

sua concepção de trabalho e das relações humanas nos ambientes organizacionais.

Estas regras são entregues aos funcionários quando de sua admissão. Seguem

abaixo algumas delas:

Sobre horários:

• O expediente de trabalho vai de segunda a sexta, das 9h às 17:30h. Às 18:0h

todos os funcionários já devem ter deixado o escritório.

• O intervalo de almoço é limitado a meia hora: nesse período, deve-se

providenciar um substituto

• Não se deve levar trabalho para casa

• Nos fins de semana e feriados, o escritório, por princípio, não abre.

Sobre comportamento no trabalho:

• Os colegas de trabalho devem se tratar formalmente, pelo sobrenome.

• O clima de convivência deve ser educado, amável e cordial, porém pouco

informal.

• Ninguém precisa ser simpático, funcionário de mau humor pode ser tolerado,

desde que não interfira no trabalho.

• Os funcionários devem evitar risadas: o ambiente de trabalho não deve ser

um lugar divertido.

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Sobre comunicação e distrações:

• Conversas que não tenham a ver com o trabalho devem se resumir a no

máximo cinco minutos, problemas particulares devem ser deixados de lado no

período de trabalho.

• Os celulares devem permanecer desligados no escritório.

• A resposta a e-mails particulares deve ficar restrita aos intervalos.

• Algumas palavras devem ser excluídas do vocabulário dos funcionários

durante o expediente: workflow, deadline, briefing, meetings ou brainstorming,

etc.

• As reuniões devem ser curtas e objetivas: os assuntos tratados devem ser

estritamente profissionais. Às segundas feiras pela manhã, todos os

funcionários e superiores se reúnem para que sejam dadas as coordenadas

da semana, ou seja, quem executa o quê. As metas são traçadas nessa

reunião, como também são demonstrados os resultados alcançados.

Sobre controle e padronização:

• Sempre que possível, devem-se usar uniformes.

• Todo funcionário tem seu lugar fixo de trabalho e todas as mesas devem

estar em ordem no final do expediente.

Para ela, nada disso é incompatível com criatividade e produtividade. Com

tais medidas, Judith Mair espera melhorar a qualidade de vida de seus funcionários

e fazer sua agência prosperar. O rigor, a disciplina e o fim da diversão estimulariam

os empregados a dedicarem as horas de trabalho unicamente ao trabalho - o que

significa dizer que lhes sobraria mais tempo livre após o expediente. A publicitária

parece querer acabar com alguns conceitos já consagrados no mundo dos negócios.

Processos como horizontalização, jornada flexível e gestão de equipes estão

derrubando as barreiras entre a vida privada e a profissional. Para Mair (2005), as

pessoas estão desorientadas com a falta de hierarquia. Ficam constantemente

preocupadas com as pendências da empresa e, por isso, sofrem cada vez mais de

depressão, estresse e doenças cardiovasculares.

Para a publicitária, nem sempre o trabalho em equipe é o mais adequado

para as organizações. Da mesma forma, é errado pensar que somente um líder

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bem-humorado e carismático pode fazer uma companhia crescer, ou que o horário

de trabalho flexível é sempre benéfico para os funcionários e para sua produtividade.

Programas de relacionamento interno realizados nos fins de semana,

reuniões agendadas para depois do expediente, jantares com clientes, para Mair

(2005), tudo isso contribui para que cada vez menos a pessoa saiba separar sua

vida pessoal da profissional. Segundo a autora, a confusão entre vida pessoal e

trabalho, provocada pela mentalidade americana é a principal causa da onda de

estresse mundo afora; a razão de viver das pessoas não está no âmbito do trabalho.

O que a autora pretende é que as pessoas guardem sua alegria de viver para a

família, os amigos, os trabalhos comunitários e possam, assim, ser mais objetivas e

eficazes no trabalho.

Na opinião de Mair (2005), a jornada flexível serviria apenas para camuflar o

fato de que as pessoas estão trabalhando mais do que deveriam. A autora alega que

a flexibilização, além de acabar com milhares de empregos, impõe aos funcionários

uma rotina que se transforma em escravidão. Os países da Europa têm se esforçado

para reduzir os períodos de trabalho na indústria, flexibilizando-os, e assim abrir

novos empregos.

Mona Gagnon, doutora da Universidade de Montreal, citada por Mair (2005) é

uma das mais respeitadas pesquisadoras das relações de trabalho do mundo

concorda com ela. A maior parte dos levantamentos que Mona faz sobre esse

assunto no Canadá levam à mesma conclusão, segundo ela, com ou sem jornada

fixa, os quadros de gerência e de chão de fábrica estão cada vez mais ocupados. No

Brasil, no entanto, é comum as que empresas se utilizem do horário flexível para

manter as pessoas trabalhando em casa e também, para se livrarem de alguns

encargos sociais e trabalhistas.

Mair (2005) proíbe que os subordinados levem tarefas para casa ou

permaneçam na empresa depois do expediente habitual. Diga-se que essa postura é

bastante semelhante à dos especialistas em gestão do tempo, que aconselham

executivos a dedicar horas de trabalho somente ao trabalho e aproveitar o tempo

livre apenas para lazer ou para capacitação. Com esta norma ela está mandando os

empregados serem felizes em casa, e não na empresa. Ela aconselha que as

pessoas evitem encarar o trabalho como uma fonte de prazer ou felicidade - ímpeto

que acaba quase sempre em frustração.

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A publicitária adota normas como "ninguém é obrigado a ser engraçado,

galante ou divertido" ou "toleram-se empregados de mau humor e que não gostem

muito de falar, desde que isso não prejudique o andamento do serviço". Está claro

que a intenção é impedir que o funcionário crie uma relação muito afetiva e pessoal

com a organização. Relação que muitos especialistas também desaconselham. Não

se deve vangloriar o trabalho, muitas pessoas ao fazerem isso, transformam a

empresa em parte de sua identidade pessoal. É evidente que existem maneiras bem

menos radicais de evitar a "glamorização do trabalho" e seus efeitos; em vez de

proibir o bom humor pode-se, por exemplo, ministrar um programa que ensine os

funcionários a gerir o seu tempo.

Mair (2005) defende o autoritarismo no ambiente empresarial é necessário

dar "forma e medida" ao trabalho, virtude que os modernos conceitos de liderança,

em casos extremos, estariam eliminando. "As hierarquias se tornaram o bicho-papão

de algumas corporações. Ninguém mais dá ordens claras e detalhadas. Isso deixou

um vácuo onde se encontram empregados e chefes desorientados" (MAIR, 2005, p.

75). Ao delegar uma tarefa, o líder precisa não só definir a meta com clareza, mas

também mostrar algumas alternativas para se chegar até ela. Mesmo assim, deve

deixar o funcionário à vontade para que percorra seu próprio caminho.

Para Mair (2005), a motivação é importante, pois motivado, é muito mais fácil

o funcionário trabalhar. Porém a longo prazo a pessoa não deve estar só motivada,

mas satisfeita. Ela não acredita no efeito de incentivos empresariais, não importa se

são financeiros ou festas na empresa. Para a publicitária, os programas voltados a

funcionários são artificiais e a verdadeira motivação é o próprio trabalho.

Mair (2005) afirma que o que se percebe hoje é que é a personalidade que é

avaliada na empresa e não as qualificações e a experiência profissional trocou-se o

QI pelo QE. É preciso ficar atento aos títulos, pois atualmente tudo é mobilidade,

flexibilidade, criatividade, equipe. Parece que não importam mais a competência e

os conhecimentos: avaliam-se as soft skills. O diferencial transforma-se em

uniformidade.

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CONCLUSÃO

Com este estudo foi possível perceber que querendo ou não, as empresas

possuem emoções, pois são feitas de uma matéria-prima viva que são os seres

humanos. Assim, entender as emoções, saber expressá-las, potenciá-las como

ferramenta do pensamento, e saber geri-las, é a razão de ser da inteligência

emocional.

Numa época em que se valoriza a contribuição da equipe em detrimento dos

indivíduos, e em que a disseminação rápida de inovações torna mais difícil manter

diferenciais perante a concorrência, autores, como Goleman (1996) defendem que a

inteligência emocional nos líderes pode ser uma das poucas vantagens competitivas

realmente duradouras.

Sabe-se que as funções gerenciais assim como as exigências de

competências, variam muito de empresa para empresa, entretanto, existem

imperativos relacionados à forma de conduta, que são unânimes para qualquer

empresa, por exemplo, o bom senso e a clareza de decisões. Todo profissional que

se propõe a um cargo gerencial tem que se preparar para o tal, e o primeiro passo é

integrar-se da missão e objetivos da empresa para o qual trabalha ou vai trabalhar,

pois, a função gerencial é de extrema responsabilidade e confiabilidade.

Exercer a função de gerente é uma arte, pois exige do profissional muita

flexibilidade para lidar com as pessoas de uma forma geral, especialmente com sua

equipe de trabalho. Entendendo que inúmeros são conflitos que surgem e o

profissional precisa ter habilidades de comunicação; saber quando, como e o que

falar e saber quando é o momento de ouvir. Além do que, o gerente ocupa sempre

uma posição de mediador entre os interesses da empresa, do cliente e de sua

equipe de trabalho.

A liderança requer habilidades para persuadir e inspirar, enfatizar e articular

sentimentos. Muitos indícios atestam que as pessoas emocionalmente competentes,

que conhecem e lidam bem com seus sentimentos e com o de outras pessoas,

levam vantagem em qualquer campo da vida, assimilando as regras que regem o

sucesso na política organizacional.

Analisando as críticas de Judith Mair (2005) percebe-se claramente que não

se deseja o retorno das condições de trabalho de trinta anos atrás, porém, como a

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própria autora coloca, o que se tem visto é a tentativa de trazer corações e mentes,

corpos e almas para o ambiente de trabalho, o que pode estar causando efeito

inverso ao pretendido. E não apenas do ponto de vista da invasão da vida privada e

do abuso psíquico dos indivíduos, até mesmo do ponto de vista da funcionalidade de

algumas práticas de gestão de recursos que são exageradas e decepcionantes.

Assim, mesmo que não se concorde com as soluções propostas por Mair

(2005), não há como negar o mérito de suas críticas. Porém, sabe-se também, que

existem casos de empresas que adotaram a técnica de flexibilização da jornada de

trabalho, de gestão de equipes e com elas obtiveram excelentes resultados, para

elas e para seus funcionários, pois o método não foi criado para diminuir o trabalho,

e sim para distribuí-lo de forma mais saudável e adequada às necessidades das

pessoas.

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INDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTO 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO 1 – A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E SEUS CONCEITOS 10 1.1 Tipos de inteligência 13 1.2 Importância das emoções 14 1.3 Inteligência emocional no trabalho 15 1.4 Diferenças entre a empresa que usa a emoção para a que não usa 19 1.5 Ações que podem se adotadas pela empresa para estimular a emoção e atuação do profissional de recursos humanos

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CAPÍTULO 2 – LIDERANÇA E CHEFIA 22 2.1 O papel da liderança 23 2.2 Liderança e poder 26 2.3 Liderança X chefia 31 2.4 A liderança e a contingência 32 2.5 Liderança situacional 33 2.6 Principais líderes da história 34 CAPÍTULO 3 – AS IDEIAS DE JUDITH MAIR SOBRE O TEMA 35 CONCLUSÃO 39 REFERÊNCIAS 41 INDICE 43

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Universidade Cândido Mendes

Inteligência emocional como estratégia de liderança

Márcio Botelho de Oliveira

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