UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · O instrumento utilizado para a...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE VAMOS JOGAR COM A LÍNGUA INGLESA Por: Ana Paula Lins Ferraz dos Santos Orientador Profª. Narcisa Castilho Melo Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

VAMOS JOGAR COM A LÍNGUA INGLESA

Por: Ana Paula Lins Ferraz dos Santos

Orientador

Profª. Narcisa Castilho Melo

Rio de Janeiro

2009

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

VAMOS JOGAR COM A LÍNGUA INGLESA

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Psicopedagogia.

Por: Ana Paula Lins Ferraz dos Santos

3

AGRADECIMENTOS

... a todos os professores e alunos que

passaram na minha vida e aos que

ainda passarão.

4

DEDICATÓRIA

... dedica-se aos homens da minha vida:

meu marido e meu pai.

5

RESUMO

O presente trabalho procurou discutir sobre a viabilidade do uso de jogos

no processo de ensino-aprendizagem da Língua Inglesa para crianças. Para a

realização desse trabalho, optamos por uma abordagem qualitativa, onde

realizamos uma pesquisa bibliográfica acompanhada de uma entrevista com

alunos e professores. Como resultado, percebe-se que, através dos jogos, os

alunos não entendem somente a matéria, mas se apropriam das regras que

são imprescindíveis para o convívio social.

6

METODOLOGIA

O instrumento utilizado para a realização deste trabalho será uma

pesquisa bibliográfica onde temos como principal fonte Winnicott, D. O brincar

e a realidade, acompanhada de questionário feito com 5 perguntas (Você acha

difícil aprender Inglês?, Por quê?, Qual sua maior dificuldade?, O que você

mais gosta na aula?, O que você acha de aprender com jogos?) a serem

respondidas por 5 alunos de idades entre 8 e 11 anos que estão iniciando o

aprendizado da Língua Inglesa. Também entrevistamos 2 professores da

Língua (Na sua opinião, qual é a maior dificuldade dos alunos?, Como eles

reagem ao utilizar jogos em sala de aula?, Você acha que facilita o

aprendizado?). Todos de uma Escola de Idiomas situado na cidade do Rio de

Janeiro.

A aplicação dos mesmos será feita pela própria autora em dia e horário a

ser combinado na instituição escolar. Ao final da coleta desses dados os

mesmos serão avaliados a partir de alguns critérios específicos que serão de

suma importância para o desenvolvimento e conclusão do nosso trabalho, tais

como: dificuldade de aprendizagem da língua inglesa, interesse pela matéria e

facilidade de aprendizagem com jogos.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O Ensino de Inglês para crianças 11

CAPÍTULO II - Jogo Didático para Crianças 19

2.1. A criança 19 2.2. O jogo 23 CAPÍTULO III – Porquê utilizar os jogos 26

CONCLUSÃO 31

ANEXOS 34

BIBLIOGRAFIA 39

8

INTRODUÇÃO

O primeiro contato com a aprendizagem da Língua Estrangeira, em

especial o Inglês, vem se tornando cada vez mais precoce. Um dos fatores

mais importantes para esse processo são as características do mundo

moderno, visto que para ser um indivíduo atuante na sociedade é preciso ser

capaz de se comunicar na língua materna além de uma ou mais línguas

estrangeiras.

A mídia divulga que o mercado de trabalho vem exigindo mais e mais

qualificação dos candidatos a vagas, aumentando a competição entre esses

candidatos. Como conseqüência dessas exigências do mercado, os pais estão

se preocupando com o futuro profissional de seus filhos cada vez mais cedo.

Nos dias atuais, ter conhecimento de outro idioma é condição sine qua

non para ter uma melhor posição no mercado de trabalho, principalmente, com

a globalização. Neste sentido, considerando que o aprendizado de uma língua

estrangeira é essencial e não apenas um diferencial, escolas públicas,

particulares, e cursos livres têm oferecido a disciplina de Inglês como Língua

Estrangeira cada vez mais cedo.

No decorrer do trabalho educacional com o ensino de Língua Inglesa

para crianças de 7 a 11 anos, entretanto, são freqüentes os questionamentos

de como ensinar a língua estrangeira a este público, que assim como os

demais períodos da vida, possuem características e exigências próprias.

Para atender a esse público (alunos desta faixa etária), estudiosos e

professores da área têm se preocupado com a forma de ensinar a língua

9estrangeira, visto que as crianças apresentam uma forma de compreensão

diferente do adulto. Até aproximadamente os 12 anos, de acordo com a

proposta de Piaget (1973), as crianças não desenvolvem as operações de

raciocínio abstrato, logo, necessitam aguçar sua capacidade sensorial e

simbólica. Especificamente no ensino de língua estrangeira para crianças,

podemos considerar a visão sócio-interacionista de Vygotsky, na qual as

relações sociais estabelecidas no ambiente escolar são fatores essenciais

neste processo.

Assim, as atividades lúdicas foram as formas encontradas para atender

tal demanda, uma vez que tais atividades englobam as histórias infantis, as

dramatizações, os jogos e as brincadeiras.

As crianças se vêem envolvidas com o ensino da Língua estrangeira já

nos primeiros anos escolares. E diante desse fato, crianças que acabaram de

ser alfabetizadas com a Língua materna, deparam com uma outra Língua; e

em fase de brincadeira seria o jogo um facilitador desse aprendizado?

O professor da Língua Inglesa encontra muitos obstáculos ao introduzir a

Língua não só falada como também escrita em níveis iniciais. Acreditamos que

com essa dificuldade infantil podemos ajudar fazendo o que as crianças mais

se interessam que é a brincadeira.

Além das atividades visuais e auditivas, os professores precisam dispor

de atividades físicas, como jogos e brincadeiras, que possam promover

interação entre as crianças, atividades sensoriais como o fazer e o sentir

(BROWN, 1994).

Ao encontrar dificuldade no ensino da Língua, o jogo ajudaria a criança a

assimilar com mais facilidade. Uma vez que com a brincadeira torna-se mais

interessante a aprendizagem para eles.

10 Veremos assim se realmente o jogo seria um facilitador nessa

aprendizagem de outra Língua que não a materna, em nosso caso a Língua

Inglesa.

No primeiro capítulo, abordaremos a relevância do ensino da Língua

Inglesa para crianças, bem como, o desenvolvimento cognitivo.

Após teremos o segundo capítulo que trata do jogo didático. Onde

primeiro trataremos do desenvolvimento da criança, segundo Piaget, e a

importância do jogo didático.

Em nosso terceiro e último capítulo, traremos a pesquisa feita com

alunos e professores de uma Escola de Idiomas.

11

CAPÍTULO I

O ENSINO DE INGLÊS PARA CRIANÇAS

Atualmente, é de suma importância o domínio escrito e falado da língua

inglesa. O Inglês constitui praticamente, embora formalmente assim não seja

enunciado como tal, o idioma universal, aquele que qualquer um, em qualquer

parte do mundo, deverá dominar, se quiser ter sucesso nesta era da

Globalização. O Inglês conseguiu o estatuto de ser invariavelmente a

alternativa à língua de origem de qualquer país.

Com isso, os pais preocupados com o futuro dos filhos, tendem a

matriculá-los cada vez mais cedo em escolas bilíngües ou cursos livres que

ensinam a Língua Inglesa, primeiramente, podendo até depois partir para o

aprendizado de uma outra língua.

As crianças assimilam uma Língua Estrangeira, em particular o inglês,

com maior naturalidade quando começam mais cedo, pois dessa forma

poderão dedicar mais tempo ao aprendizado da língua alvo, acumulando um

conhecimento maior e mais sólido, porém têm grande resistência ao

aprendizado formal, artificial e dirigido. Algumas das razões para o ensino da

Língua Inglesa para criança, deriva da curiosidade que é um grande fator de

motivação. A aula de Língua Inglesa para crianças nas séries iniciais tem que

ser bastante lúdicas.

No decorrer do trabalho educacional com o ensino de Língua Inglesa

para crianças de 5 a 11 anos, entretanto, são freqüentes os questionamentos

de como ensinar a língua estrangeira a este público, que assim como os

demais períodos da vida possuem características e exigências próprias.

12 Para atender a esses alunos, estudiosos e professores da área têm se

preocupado com a forma de ensinar a língua estrangeira, visto que as crianças

apresentam uma forma de compreensão diferente do adulto. Até

aproximadamente os 12 anos, de acordo com a proposta de Piaget (1973), as

crianças não desenvolvem as operações de raciocínio abstrato, logo,

necessitam aguçar sua capacidade sensorial e simbólica. Especificamente no

ensino de língua estrangeira para crianças, podemos considerar a visão sócio-

interacionista de Vygotsky, na qual as relações sociais estabelecidas no

ambiente escolar são fatores essenciais neste processo.

Assim, as atividades lúdicas foram as formas encontradas para atender

tal demanda, uma vez que tais atividades englobam as histórias infantis, as

dramatizações, os jogos e as brincadeiras.

A idade ideal para se aprender uma língua estrangeira e as razões a ela

associadas têm sido motivos de discussão e controvérsias há vários anos.

Ressalta-se atualmente a crença de que as crianças aprendem uma língua

estrangeira de maneira mais eficiente do que o adulto. Os estudiosos da área,

por outro lado, não afirmam tal questão, mas sim consideram vários fatores

que ora privilegiam as crianças, ora os adultos. Todos concordam, entretanto

que a criança se sobressai na pronúncia e que o importante é conhecer a

faixa-etária em que os alunos se encontram, refletindo onde, porque e como o

processo de ensino-aprendizagm se desenvolve.

De acordo com Schütz (2004) há uma idade crítica a partir dos 12 anos,

aproximadamente, na qual adolescentes e adultos passam a ter mais

dificuldade para aprender uma língua estrangeira. Entende-se neste aspecto,

que essa dificuldade varia de indivíduo para indivíduo e depende das

características do ambiente lingüístico em que o aprendizado ocorre.

O autor indica vários fatores que podem afetar o desenvolvimento

cognitivo do ser humano que sustentam a asserção acima exposta: fatores

biológicos, cognitivos, de ordem afetiva, o ambiente e o input [ou insumo]

lingüístico.

13O primeiro, diz respeito às funções do cérebro e do aparelho auditivo, os

quais se enquadram nas contribuições da neurociência em prol do âmbito

educacional. De acordo com estes estudos, até a puberdade os dois

hemisférios do cérebro (direito – criativo, artístico; esquerdo – lógico, analítico)

estão interligados. Fato esse que indicaria um período mais propício para a

assimilação da língua estrangeira, logo, este seria o período de aprendizagem

máxima.

O aparelho auditivo nas crianças, por sua vez, segundo Schütz (2004)

conta com maior flexibilidade muscular quanto aos sons, o que auxilia a

exploração de uma acuidade auditiva superior em relação a dos adultos. O

autor argumenta que a criança possui maior habilidade para expandir sua

matriz fonológica, podendo adquirir um amplo sistema de fonemas da língua

estrangeira, com ao quais tem contato. Este processo é mais difícil para um

adulto monolingue, devido a sua matriz fonológica sedimentada, e que produz,

portanto, apenas fonemas de sua língua materna.

Já os fatores cognitivos postulam que os conceitos aprendidos pelas

crianças se associam diretamente às estruturas neurais do cérebro,

responsáveis pelas formas da língua. Comparativamente, Schütz (2004)

exemplifica que o adulto já possui seus conceitos formados e suas respectivas

estruturas neurais fixas sendo que as novas formas da língua estrangeira não

se relacionam com as formas já fixas, tornando assim, a relação mais difícil de

ser estabelecida.

Fatores psicológicos e afetivos, por sua vez, também influenciam

diretamente o processo de aquisição de línguas. Tais fatores dizem respeito à

hipótese do filtro afetivo, discutida por Krashen (1982 apud. Carioni,1988). O

filtro afetivo é um processo interno de aquisição lingüística que seleciona

subconscientemente o insumo, baseando-se em fatores de ordem psicológica/

afetiva, os quais podem causar um impacto direto no aprendizado. Dentre eles

destacam-se: (des)motivação, perfeccionismo, autoconsciência, ansiedade,

necessidades, atitudes e estados emocionais do indivíduo.

14Outra hipótese do referido autor refere-se ao ambiente e ao input

lingüístico. Neste caso, o input está vinculado à aquisição a qual se processa

de forma gradual e que tem como foco a mensagem, ou seja, o uso lingüístico

na e para a comunicação. O crescimento lingüístico é permitido pela

compreensão de formas novas, cujo processo ocorre em conjunção com uma

série de fatores de ordem emocional, cultural e social. Quanto ao ambiente,

neste devem ocorrer situações reais. O argumento que se poderá levantar a

partir desses aspectos é que, embora não se possa generalizar, ao aprender

uma língua estrangeira a criança geralmente se interessa ou se prende à

mensagem, ao uso do idioma, ao passo que muitos adultos se prendem mais

às formas ou à estrutura do mesmo, ativando constantemente seu “monitor”

(espécie de fiscal lingüístico) o que torna sua aprendizagem mais lenta.

Uma teoria de ensino-aprendizagem igualmente relevante para o ensino

da língua estrangeira em sala de aula é a psicolinguística de Vygotsky (1978-

1987). Um dos princípios desta teoria, que embora não direcionado ao

aprendizado de segunda língua, é discutida por teóricos da educação bilíngüe.

Este princípio considera o pensamento e a linguagem como duas operações

distintas que crescem juntas apenas no animal humano, cujo crescimento

ocorre por volta de dois anos. A partir desta idade pensamento e linguagem se

desenvolvem de forma inter-relacionada, reforçando e transformando o outro

ao longo do desenvolvimento. Com base neste aspecto Castro (1996), por

exemplo, assevera que segundo os teóricos da educação bilíngüe:

O desenvolvimento cognitivo de uma criança é prejudicado se a

educação na língua materna for abruptamente substituída pela

educação na língua na qual a criança ainda não é fluente. Por outro

lado, isto faz com que seja revisto o papel da língua estrangeira no

desenvolvimento da língua materna, e vice-versa, a partir de seis/sete

anos de idade, quando a criança já é fluente na língua mãe. Até

bastante recentemente acreditava-se que o aprendizado de uma

segunda língua em paralelo ao início da alfabetização na língua

materna (geralmente por volta de sete anos) poderia prejudicar o

desenvolvimento desta. Pelo contrário, à luz dos estudos

vygotskianos, entende-se agora que o aprendizado da segunda

15língua nessa época favorece a percepção metalingüística da língua

mãe. Ao mesmo tempo, o oposto também é verdadeiro, isto é, o

estudo sistemático da língua materna favorece igualmente a

percepção da língua estrangeira. O desenvolvimento tanto do

pensamento como da linguagem da criança é, portanto, estimulado.

(CASTRO, 1996, p. 42)

Brown (1994), por sua vez, postula que o ensino de língua estrangeira

para crianças requer habilidades específicas que diferem das que seriam

utilizadas com adultos. O professor deve estar atento a importantes questões:

quem são os alunos, onde e porque as crianças estão aprendendo uma língua

estrangeira, além de refletir como este processo está sendo desenvolvido.

Conforme indicado pelo autor, a diferença entre crianças e adultos está

no contraste entre a espontaneidade das crianças em aprender uma língua

estrangeira, cujo foco é a mensagem e a atenção dos adultos quanto à forma,

ou seja, nas regras da língua alvo.

Brown (1994) aponta que o ensino efetivo de língua estrangeira para

crianças requer habilidades específicas que diferem daquelas que seriam

utilizadas com o adulto (como ensinar?). Para isso, algumas categorias são

apresentadas:

Primeiramente, o intelectual development, se refere ao fato de que as

crianças até os 11 anos estão ainda em um estágio intelectual que Piaget

chama de “operação concreta”. É preciso lembrar então de suas limitações.

Regras, explicações e outros elementos abstratos sobre a linguagem

devem ser usados com cuidado extremo. Crianças não apreciam as

noções adultas de “correção” e eles, certamente não podem

compreender a metalinguagem utilizada para descrever e explicar

conceitos lingüísticos. (Brown, 2004, p. 91, tradução nossa)

Outra categoria levantada é quanto à curva de atenção envolvida em

uma atividade por uma criança e por um adulto. Se uma aula de língua

estrangeira é considerada “difícil”, desnecessária ou “chata” pela criança, esta

não direcionará sua atenção ao desenvolvê-la. Logo, a professora deve aplicar

16atividades interessantes e divertidas, ou seja, uma aula deve conter várias

atividades que despertem a curiosidade dos alunos além de serem animadas e

terem “senso de humor”. Esta categoria está diretamente vinculada à próxima

categoria a qual postula que os cinco sentidos das crianças devem ser

estimulados, contemplando-se neste caso, as atividades físicas, as sensoriais,

auditivas bem como as não verbais (gestos, toques e traços faciais).

Entendemos aqui que todos os tipos de percepção são canais de

aprendizagem.

Quando o Inglês é apresentado como diversão, as crianças passam a

serem estimuladas e desenvolvem uma ótima capacidade de concentração.

Através de trabalhos lúdicos, a criança passa a ter uma finalidade em seu

aprendizado. “Conseqüentemente, caberá ao professor dar uma melhoria da

qualidade do processo ensino-aprendizagem, cabendo a ele desenvolver

novas práticas didáticas que permitam aos discentes um maior

aprendizado”.(NUNES, 2004, on line) Por meio de uma aula lúdica, a criança

passa a ser estimulada, tendo uma nova razão em seu aprendizado.

As atividades lúdicas têm o poder sobre a criança de facilitar tanto o

progresso de sua personalidade integral, como o progresso de cada uma de

suas funções psicológicas intelectuais e morais. (NUNES, 2004, on line)

As atividades lúdicas, geralmente, são mais empregadas no ensino da

matemática, contudo, elas devem se inseridas na prática de outras disciplinas,

como é o caso na língua estrangeira. Pois, assim, ela facilitará o aprendizado

da mesma e motivará, tanto criança como adultos, a aprenderem.

Desse modo, percebe-se o quão importante a ludicidade no contexto escolar,

visto que ela proporciona uma maior interação entre o estudante e o

aprendizado, fazendo com que os conteúdos fiquem mais fáceis aos olhos dos

alunos, os quais ficam mais interessados em assistir à aula. (NUNES, 2004, on

line)

17

Assim:

As atividades lúdicas têm o poder sobre a criança de facilitar tanto o

progresso de sua personalidade integral, como o progresso de cada

uma de suas funções psicológicas intelectuais e morais. Ademais, a

ludicidade não influencia apenas as crianças, ela também traz vários

benefícios aos adultos, os quais adoram aprender algo ao mesmo

tempo em que se distraem (NUNES, 2004, ON-LINE)

O ensino da Língua Inglesa para crianças tem diferença do que seria

utilizado para um adulto. Crianças não apreciam as noções de um adulto de

correção e eles certamente não podem compreender certas explicações

metalingüísticas (Brown, 2004, p.91). Situações emocionantes são mais

motivadoras.

Analisando o uso do Inglês como uma ferramenta para a formação da

criança como cidadão, a Língua Inglesa pode promover a auto-estima, para

que a criança nas séries iniciais valorize o que produz individualmente ou no

grupo, favorecendo a convivência, considerando a igualdade e a identidade

para que aprenda a conhecer, a fazer a ser e a conviver dentro de seu idioma

ou em qualquer outro.

O papel que o Inglês representa em função do poder e da influência da

economia norte-americana, cresceu ao longo deste século, principalmente a

partir da Segunda Guerra Mundial, e atingiu seu apogeu na chamada

sociedade globalizada e de alto nível tecnológico, em que alguns indivíduos

vivem neste final de século. O Inglês, hoje, é a língua mais usada no mundo

dos negócios, e em alguns países como Holanda, Suécia e Finlândia, seu

domínio é praticamente universal nas universidades. (Brasil, MEC, 1998, p.23).

Porém, apresentação da Língua Inglesa para crianças, serve para alertar

os profissionais sobre as diferenças individuais levando em consideração a

formação para a cidadania, pois a partir desta perspectiva do ensino da Língua

18Inglesa nas séries iniciais, vislumbramos a proposta de que a escola possibilite

o desenvolvimento da autonomia moral, condicionando a reflexão ética, e o

domínio de um novo idioma.

19

CAPÍTULO II

JOGO DIDÁTICO PARA CRIANÇAS

Primeiro vamos identificar as características da faixa etária escolhida

para este assunto – as crianças. Entendendo que ao conhecer nossos alunos,

poderemos desenvolver atividades que respeitem suas necessidades e

interesses.

Em seguida, trataremos de questões específicas às brincadeiras e aos

jogos, abordando seus conceitos e importância no desenvolvimento

físico/afetivo das crianças bem como no ensino/aprendizagem da língua

inglesa.

2.1. A criança

Entender como a criança se desenvolve é um ponto essencial para os

profissionais da educação que atuam na faixa-etária de 0 a 12 anos. Piaget

(1973), recorrente neste campo, se preocupou em estudar a evolução do

pensamento até a adolescência, procurando compreender os mecanismos

mentais que o indivíduo utiliza para interagir com a realidade.

Para o autor, a criança não pensa como o adulto devido à ausência de

algumas habilidades. Logo sua teoria compreende que os seres humanos

passam por etapas, ou seja, uma série de mudanças ordenadas e previsíveis

20que evoluem como um espiral, de modo que cada estágio engloba a anterior e

o amplia. Piaget não estabelece idades rígidas para os estágios, mas estes

apresentam uma seqüência constante. Assim, o desenvolvimento psíquico

pode ser comparado ao crescimento orgânico no sentido de que evolui para

um equilíbrio final, representado pelo espírito adulto. A inteligência, por

exemplo, evolui de idéias incoerentes na infância até chegar ao pensamento

sistematizado dos adultos. O mesmo ocorre com a afetividade, em que o

equilíbrio dos sentimentos é alcançado pelo adulto.

Em suma, os estágios propostos por Piaget são: estágio sensório-motor

(aproximadamente 0 a 2 anos); estágio pré-operacional (2 a 6 anos); estágio

das operações concretas (7 a 11 anos) e estágio das operações formais (12

anos em diante).

Devido à faixa etária contemplada deste estudo, é oportuno

considerarmos somente as características que compreende o 3o estágio, o das

operações concretas, que são abordadas na teoria de Piaget.

Para Piaget é neste estágio que se reorganiza verdadeiramente o

pensamento. No estágio anterior as crianças são sonhadoras, muito

imaginativas e criativas. É a partir deste estágio (operações concretas) que

começam a ver o mundo com mais realismo, deixam de confundir o real com a

fantasia. É neste estágio que a criança adquire a capacidade de realizar

operações. Podemos definir operação como a ação interiorizada realizada no

pensamento, composta por várias ações e pode voltar ao ponto de partida. A

criança já consegue realizar operações, no entanto, precisa de realidade

concreta para realizar as mesmas, ou seja, tem que ter a noção da realidade

concreta para que seja possível à criança efetuar as operações.

Para compreendermos qual o aspecto fundamental do período que

estamos a analisar, fazemos referência à experiência dos copos de água. Se

no estágio anterior a criança não conseguia perceber que a quantidade era a

mesma independentemente do formato do copo, neste estágio elas já

percebem que a quantidade (volume) do líquido é a mesma, pois já

21compreendem a noção de volume, bem como peso, espaço, tempo,

classificação e operações numéricas.

Apesar de neste estágio a criança já conseguir efetuar operações

corretamente, precisa ainda de estar em contacto com a realidade, por isso o

seu pensamento é descritivo e intuitivo (parte do particular para o geral). Ao

longo deste período já não tem dificuldade em distinguir o mundo real da

fantasia. A criança já interiorizou algumas regras sociais e morais e, por isso,

as cumpre deliberadamente para se proteger. É nesta fase que a criança

começa a dar grande valor ao grupo de pares, por exemplo, começa a gostar

de sair com os amigos, adquirindo valores tais como a amizade,

companheirismo, partilha, etc., começando a aparecer os lideres.

Progressivamente a criança começa a desenvolver capacidade de se

colocar no ponto de vista do outro, descentralização cognitiva e social. Nesta

fase deixa de existir monólogo passando a haver diálogo interno. O

pensamento é cada vez mais estruturado devido ao desenvolvimento da

linguagem. A criança tem já mais capacidade de estar concentrada, e algum

tempo interessada em realizar determinada tarefa.

Nesta faixa etária, se reorganiza verdadeiramente o pensamento as

crianças são sonhadoras, muito imaginativas e criativas. É a partir deste

estádio (operações concretas) que começam a ver o mundo com mais

realismo, deixam de confundir o real com a fantasia. Este fator tem como

conseqüência três modificações gerais.

A primeira delas é que aqui a criança já possui uma organização mental

integrada, isto significa que os sistemas de ação reúnem-se de modo

integrados. Piaget fala em operações de pensamento ao invés de ações. A

criança é capaz de ver a totalidade de diferentes ângulos. Conclui e consolida

as conservações do número, da substância e do peso. Apesar de ainda

22

trabalhar com objetos, agora representados, sua flexibilidade de pensamento

permite inúmeras e diversificadas aprendizagens.

No início desse período ou estádio, por volta dos sete ou oito anos de

idade, o equilíbrio entre a assimilação e a acomodação torna-se mais estável,

e é claro, que o fim deste estágio marca a transição da infância para a

puberdade.

A segunda modificação é a capacidade das crianças efetuarem análises

lógicas, ocorrendo também um aumento da empatia com os sentimentos e

atitudes dos outros (ultrapassagem do egocentrismo), mostrando de forma

mais evidente, sua alteridade de ser.

Também nesse estágio - ou estádio - do desenvolvimento é que começa

a haver a terceira modificação que é a compreensão, por parte da criança, de

relações causa-efeito mais complexas. Observamos com evidência o salto no

desenvolvimento da capacidade da criança no uso do pensamento simbólico.

Mesmo antes das operações concretas, a criança ordena uma série de

objetos por tamanhos. Ela também compara dois objetos indicando qual o

maior. No entanto, não será ainda capaz de compreender a propriedade

transitiva: se o objeto A é maior que o objeto B e se B é maior que C,

significando que ela ainda não está apta para concluir que A é maior que C. Se

colocar A e C ao pé um do outro, perceberá que A é maior que C mas não se

trata de um inferência.

Entretanto, a criança, no inicio desse estágio, é capaz de compreender a

propriedade transitiva desde que aplicada a objetos concretos que tenha visto,

o objeto A (por exemplo: um cavalo), ou o objeto B (por exemplo: um cão). No

entanto, não é ainda capaz de compreender a propriedade transitiva quando

aplicada a objetos hipotéticos. Por exemplo, se puser o problema da seguinte

23

forma: A maior que B e B é maior que C, qual é maior A ou C? Esse problema

nos revelará uma criança que não é capaz de responder. A resolução de

problemas, como este, só será possível - de resolver - no estágio de

desenvolvimento seguinte.

2.1. O jogo

Os materiais didáticos são ferramentas fundamentais para os processos

de ensino e aprendizagem, e o jogo didático caracteriza-se como uma

importante e viável alternativa para auxiliar em tais processos por favorecer a

construção do conhecimento ao aluno.

O jogo didático simula uma brincadeira, porém não é feito

espontaneamente pela criança. Deve haver a interferência do professor, que

deverá criar regras, organizar e comandar a atividade. Deve ser utilizado

quando se tenta ensinar conteúdos didáticos empregando uma atividade com

cara de brincadeira.

Cyrre (2002) nos diz que o jogo muitas vezes é visto de forma negativa

por ser considerado como atividade inútil, “que não produz bem ou serviços”.

Porém, menciona Piaget, que considera o jogo como uma nova prática

pedagógica importante para o desenvolvimento da criança incluindo o

desenvolvimento da personalidade. Além disso, menciona Huizing (apud Cerry,

2002) para quem “o jogo é uma ação ou uma atividade voluntária, realizada em

certos limites fixos de tempo e lugar, segundo uma regra livremente

consentida, mas absolutamente imperiosa, prevista de um fim em si,

acompanhado de uma sensação de tensão e de júbilo, e com a consciência de

ser de outro modo na vida real” (p. 240).

Freud (apud Cyrre, 2002) acredita que cada criança quando em situação

de jogo “se comporta como um poeta que crê num mundo próprio, ou melhor,

24reordena as coisas de seu mundo em uma nova forma que o agrada”.

(CYRRE, 2002, p. 240Além disso, considera que o jogo é o oposto do real e a

criança sabe diferenciar tal fato e experimenta prazer ao unir situações

imaginárias com as coisas tangíveis e visíveis do mundo real.

A idéia de um ensino despertado pelo interesse dos alunos tornou o

jogo uma ferramenta ideal para a aprendizagem. Nele, o aluno constrói novas

descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um

instrumento que estimula a aprendizagem, pelo fato de, como visto acima, o

lúdico fazer parte do cotidiano das crianças. Além disso, o lúdico transforma o

aprendizado numa atividade prazerosa, interessante e útil. Dessa forma, o

aluno pode ter o interesse em aprender a língua inglesa despertado. Também,

o lúdico pode facilitar a aquisição de certo conhecimento.

Ur (1996) defende a utilização dos jogos no ensino de crianças,

orientando os professores a não deixarem que esta característica do lúdico

seja tomada como fonte de diversão e atividade sem seriedade. “Crianças,

geralmente aprendem bem quando elas atuam; e quando a ação é canalizada

em um jogo agradável elas estão freqüentemente dispostas a investir tempo

considerável e se esforçam em jogá-lo” (1996, p. 290, tradução nossa)

Dessa forma, a utilização do lúdico, em particular os jogos, no ensino-

aprendizagem da criança é importante devido aos novos rumos tomados pelo

ensino, assim como ao novo papel do professor em sala de aula. Novas

práticas pedagógicas devem ser utilizadas no ensino, para que haja a

interação aluno-professor e não somente este seja o transmissor de

conhecimento, como era antigamente.

Sendo o lúdico uma atividade que corresponde a um impulso natural da

criança, o ensino-aprendizagem transforma-se num processo mais prazeroso,

justificando sua utilização. Além disso, o lúdico ativa esquemas mentais que

juntamente com a atividade física ativa o pensamento.

Os jogos são capazes de facilitar a aquisição e aprendizagem de uma

língua permitindo a realização de ajuda entre a teoria e a prática,

25transformando a aprendizagem em algo agradável e significativo. O fato de o

jogo criar uma necessidade de expressão capaz de deflagrar a utilização

imediata do idioma o transforma em um poderoso aliado do professor de

línguas que busca, de forma incessante, maneiras de tornar suas aulas cada

vez mais atrativas e importantes para a vida do educando. (Schröter, on line)

O jogo ganha um espaço como a ferramenta ideal de aprendizagem, na

medida que propõe estímulo ao interesse do aluno. O jogo ajuda-o a construir

suas novas descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e

simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição de

condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem.

O jogo didático no ensino da Língua Inglesa, é uma proposta de ensino

que surgiu da dificuldade de ensinar uma língua estrangeira e procurou-se

compreender o processo de aquisição da mesma.

Quando o jogo didático é usado em sala de aula, o professor pode

introduzir, retomar, revisar, avaliar, aprofundar um conteúdo, assim atrai o

interesse do aluno de maneira lúdica e divertida com melhores resultado e

enriquecendo suas aulas. Sobre tudo o jogo didático é um recurso pedagógico

necessário, adequado e indispensável ao ensino da Língua Inglesa, ou seja,

pode e deve ser utilizado para facilitar o ensino e a aprendizagem dos

diferentes componentes curriculares. (Schröter, on line)

A Língua Inglesa quando apresentada ao aluno traz um universo cheio

de descobertas, conflitos, dúvidas, aprendizagem, o que facilitará seu convívio

na sociedade. A língua está inserida em nosso meio social e a cada dia que

passa torna-se mais importante dominá-la devido à globalização estar em

constante transformação.

26

CAPÍTULO III

PORQUÊ UTILIZAR OS JOGOS

Neste capítulo, discutiremos os procedimentos metodológicos adotados

para a realização desta pesquisa. Com este fim, explicitaremos o contexto, os

participantes, os procedimentos e os instrumentos de coleta e análise dos

dados, buscando responder à pergunta de pesquisa: o jogo seria um facilitador

do aprendizado da língua inglesa?

Este estudo foi desenvolvido em um curso livre de Idiomas na cidade do

Rio de Janeiro numa turma de nível básico para crianças com idades entre 8 e

11 anos. Os dados foram coletados em maio de 2009

O grupo escolhido para a pesquisa foram 5 crianças com faixa etária

entre 8 e 11 anos, sendo três sujeitos do sexo feminino e dois do sexo

masculino. Todos os alunos estudaram nesta escola o ano anterior e já tinham

estabelecido contato com a língua inglesa deste então.

Vários autores têm caracterizado a brincadeira como a atividade ou

ação própria da criança, voluntária, espontânea, delimitada no tempo e no

espaço, prazerosa, constituída por reforçadores positivos intrínsecos, com um

fim em si mesma e tendo uma relação íntima com a criança. (Brougère, 1997;

Kishimoto, 1988; Piaget, 1973)

A partir dessas informações, é importante ressaltar que o brincar faz

parte da infância, porém, em várias ocasiões, os adultos (pais ou professores)

propõem determinadas atividades para as crianças que parecem não cumprir

os critérios acima discutidos, mas que são chamadas “brincadeiras” pelos

próprios adultos.

27Toda atividade com brinquedos pode trazer aprendizagem a criança,

mesmo que ela seja realizada independente de um acompanhamento de um

adulto, sozinha a criança pode descobrir e inventar novas maneiras de brincar

com determinado brinquedo , apesar de que desta maneira a criança poderá

levar mais tempo para se relacionar nas brincadeiras de grupos, ou que ela

seja realizada de forma direcionada, intencional pelo adulto que vai lhe

conduzir para adquirir determinadas habilidades.

No processo da educação infantil, o papel do professor é

essencialmente importante, pois é ele que cria os espaços, disponibiliza

materiais, participa das brincadeiras, ou seja, faz a mediação da construção do

conhecimento.

O bom uso de jogos em aula requer que tenhamos uma noção clara do

que queremos explorar ali e de como fazemos. É importante direcionar para

quem, onde e para qual realidade aplicaremos os jogos. O ato de brincar

proporciona a construção do conhecimento de forma natural e agradável. É um

grande agente de socialização, onde cria a desenvolve a autonomia.

Conforme o autor Kishimoto (1988), a formação lúdica possibilita ao

educador conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades,

desbloquearem resistências e ter uma visão clara sob a importância do jogo e

do brinquedo na vida da criança, do jovem e do adulto.

Devemos observar com muita atenção o que pretendemos ensinar aos

nossos alunos, que tipo de cidadãos queremos formar, porque é através de

jogos e brincadeiras que cada um se desenvolve e vai formar a sua identidade.

Para as crianças o jogo é sempre uma diversão, mas cabe ao professor

focar o trabalho no que deseja. Devemos também tomar muito cuidado para

que não vire uma bagunça a sala de aula. Aproveitando o momento de

descontração, para que seja introduzida no entendimento do aluno a nova

língua.

28 É evidente que os jogos e brincadeiras sempre estiveram presentes na

vida da criança, independente do tempo, costumes e do grupo social a que

fazem parte. É também na infância que as brincadeiras estão mais latentes e é

por meio delas que as crianças satisfazem grande parte de seus desejos e

interesses particulares, bem como, aprendem a viver em sociedade, exige-se

conviver e respeitar determinadas regras.

O lúdico deve ser parceiro na prática do professor e as atividades

selecionadas devem ser significativas oportunizando a criança vivenciar

descobertas. Não é possível conceber a escola apenas como mediadora de

conhecimentos e sim, como um lugar de construção coletiva do saber

organizado.

O professor não deve tornar o jogo algo obrigatório. Deve buscar sempre

jogos em que o fator sorte não interfira nas jogadas, permitindo que vença

aquele que descobrir as melhores estratégias, estabelecer regras que possam

ser modificadas no decorrer do jogo, trabalhar a frustração pela derrota na

criança, no sentido de minimizá-la, e analisar as jogadas durante e depois da

prática.

Jogos educativos podem facilitar o processo de ensino-aprendizagem e

ainda serem prazerosos, interessantes e desafiantes. O jogo pode ser um

ótimo recurso didático ou estratégia de ensino para os educadores e também

ser um rico instrumento para a construção do conhecimento.

Segundo Campagne (1989, apud Kishimoto, 1998): “o brincar tem duas

funções: lúdica: o ato de brincar, jogar predomina; e, educativa: elimina o

hedonismo, (do grego, hedone: prazer) resta apenas o ensino”. O equilíbrio

entre as duas funções é o objetivo do jogo pedagógico.O professor precisa

organizar seu trabalho de forma que compreenda quais aprendizagens estão

entrelaçadas nesse brincar, como ato pedagógico. Brougére (2000) assim se

refere :

29“Não se pode fundamentar, na brincadeira, um programa pedagógico

preciso. Quem brinca pode sempre evitar aquilo que lhe desagrada.

Se a liberdade valoriza as aprendizagens adquiridas na brincadeira,

ela produz, também, uma incerteza quanto aos resultados. Daí a

impossibilidade de assegurar aprendizagens, de um modo preciso, na

brincadeira. É o paradoxo da brincadeira, espaço de aprendizagem

fabuloso e incerto.”

Mas isto não tira o valor e a importância de se ensinar para todas as

crianças um repertório lúdico diversificado. Quanto maior for a riqueza cultural

relacionada ao lúdico, maiores as ferramentas e possibilidades da criança

nesse diálogo com a própria cultura. Conforme a criança amplia seu universo

lúdico, maior as chances de cada uma valorizar e criar novas atividades dentro

de cada contexto.

Moura (2003), afirma que os jogos passaram a ser considerados nas

práticas escolares uma importante ferramenta para o processo de

aprendizagem. No entanto, alerta que os mesmos não podem ser vistos como

únicas estratégias didáticas que garantam a construção do conhecimento. Na

mesma direção, Kishimoto (2003, p.37-38) apóia essa posição quando afirma

que:

A utilização do jogo potencializa a exploração e a construção do

conhecimento, por contar com a motivação interna, típica do lúdico,

mas o trabalho pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a

influência de parceiros bem como a sistematização de conceitos em

outras situações que não jogos.

Mrech (2003), também possui o mesmo posicionamento e acrescenta

que

o professor não deve perder a sua autonomia nesse processo de ensino

aprendizagem,apesar de reconhecer o saber impotencial que estes objetos

possuem. Também alerta que esse saber, que os jogos trazem, podem ou não

ser ativados pelo aluno. Daí, a figura do professor, para ele, ser tão importante,

pois este vai mediar as situações e criar outras extra-jogo para a

30sistematização dos conhecimentos. Para o autor, os jogos é um recurso

importante a ser utilizado pelo professor, desde que ele tenha clareza do seu

papel e de que os jogos por si só não vão garantir a aprendizagem de certos

saberes que precisam ser sistematizados e co-relacionados à proposta e aos

objetivos pedagógicos que se esperam atingir.

Os professores entrevistados são a professora que iniciou o trabalho de

ensino da língua inglesa e, o professor que dá continuidade a esse trabalho

após um ano com a primeira professora.

Nas aulas em que os professores fizeram uso de jogos, pode-se

perceber que o envolvimento dos alunos com a Língua Inglesa foi mais

produtivo, embora houvesse dificuldade para alguns alunos em falar inglês.

Mas a interação que ocorre com o uso de jogos em sala é importante para o

desenvolvimento infantil.

Com essa nossa entrevista, podemos concluir que a aplicabilidade do

jogo é de grande valia para a aprendizagem. Além de termos verificado isso no

nosso questionário, alguns autores concordam com essa afirmação.

31

CONCLUSÃO

Motivação e relevância são fundamentais para que um processo de

aprendizagem caminhe bem. Quando utilizamos com propriedade jogos na

aula de língua estrangeira, ajudamos a criar um ambiente favorável, tornando a

aprendizagem não só mais significativa mas, também, prazerosa.

Sabemos que os jogo ajudam a manter o interesse do aluno pela

aprendizagem e que pode ser bastante divertido, mas o grande mérito de sua

utilização está na criação de contextos nos quais a língua inglesa possa ser

experimentada como um instrumento de comunicação significativo e útil. Um

outro aspecto relevante é que, através de jogos, atitudes e procedimentais

podem ser explorados, visto que em muitos deles depende-se da cooperação

entre os participantes para a solução de situações-problema. É essencial que

o professor tenha objetivos bastante claros quando opta pela aplicação de

jogos ao longo de seu curso. Naturalmente, escolher os jogos mais adequados,

de acordo com a idade, o nível de conhecimento, o tempo e o material

necessários, dentre outros critérios, é o passo seguinte. Via de regra, um jogo

pode ser considerado bom quando propõe aos participantes algum desafio.

Do mesmo modo, o comportamento lúdico é universal, pertence a todas

as pessoas. É um símbolo de humanidade, sem preconceitos, não necessita

de passaporte nem tem idioma, bandeira ou moeda, porque não tem fronteiras.

Hoje em dia se encontram muitos jogos educativos e cabe ao educador

selecionar e avaliar esses, buscando utilizá-los da melhor forma possível.

Esses podem ser mais um dos agentes transformadores da educação, mas vai

32depender muito da forma como serão utilizados e explorados. Os educadores

têm papel fundamental, pois é através do contexto, reflexão crítica e

intervenções que os jogos educativos vão contribuir para o desenvolvimento

dos educandos e a construção da aprendizagem.

Jogos educativos além de serem divertidos dando destaque ao lúdico,

quando usados pedagogicamente, auxiliam os educandos na criação e

familiarização de conhecimentos, possibilitam interação entre os jogadores

e/ou trabalho em equipe. Destacam-se os jogos como um recurso a mais a ser

construído e explorado com os alunos, vindo a somar positivamente no

processo de ensino-aprendizagem. Utilizados de forma adequada e com

mediações por parte dos educadores, com certeza, acrescentam-se à

educação como mais um agente transformador, enriquecendo as aulas de

forma divertida e animada, pois brincando também se aprende e é muito mais

prazeroso.

Como dito anteriormente, neste estudo nos propomos investigar

perceber a reação dos alunos frente às atividades realizadas a partir de jogos

didáticos. Tendo em vista as teorias estudadas e a aplicação dos jogos para

crianças num curso de idiomas de Língua Inglesa, verificamos que o lúdico

exerce papel importante no ensino-aprendizagem de Língua Estrangeira, aqui

especificamente Língua Inglesa, para crianças entre 8 e 11 anos de idade.

A partir da aplicação dos jogos didáticos verificamos que as crianças

sentem-se estimuladas a aprender a Língua Estrangeira quando o ensino se

faz, também, através do lúdico. Apesar de não terem a noção formal do que é

uns jogos didáticos, muitos já consideram que o jogo dentro da sala de aula é

para ajudar a aprender. Desta forma, entendemos ser importante o jogo

didático no processo de aprendizagem de Língua Inglesa para crianças em

fases iniciais, visto que o lúdico é uma característica da idade e, assim,

estimula a aquisição da língua estrangeira, assim como também desenvolve

33algumas funções psicológicas, como memória, o raciocínio, a percepção e a

capacidade de tomar decisões e a autonomia.

Além do mais, o jogo didático tira a idéia de que é somente o professor

quem está usando a Língua Estrangeira, mas permite que o aluno utilize o

vocabulário que acabou de aprender. Tal atitude permite que haja uma

interação professor-aluno, dando a este a noção de colaboração dentro do

processo ensino-aprendizagem.

34

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 - Entrevistas com alunos;

Anexo 2 - Entrevistas com os professores.

35

ANEXO 1

ENTREVISTAS COM ALUNOS

Danilo B, 10 anos

1. Você acha difícil aprender Inglês?

Resposta: Acho.

2. Por quê?

Resposta: É muito difícil.

3. Qual sua maior dificuldade?

Resposta: Falar.

4. O que você mais gosta na aula?

Resposta: Filme.

5. O que você acha de aprender com jogos?

Resposta: Sim.

Luana M., 8 anos

1. Você acha difícil aprender Inglês?

Resposta: Às vezes.

2. Por quê?

Resposta: Sei lá.

3. Qual sua maior dificuldade?

Resposta: Escrever.

4. O que você mais gosta na aula?

36Resposta: Quando o professor brinca com a gente.

5. O que você acha de aprender com jogos?

Resposta: Legal.

Lucas M., 9 anos

1. Você acha difícil aprender Inglês?

Resposta: Não.

2. Por quê?

Resposta: Eu gosto muito.

3. Qual sua maior dificuldade?

Resposta: Música.

4. O que você mais gosta na aula?

Resposta: Brincar.

5. O que você acha de aprender com jogos?

Resposta: Adoro.

Marcella L., 10 anos

1. Você acha difícil aprender Inglês?

Resposta: Não.

2. Por quê?

Resposta: Porque é muito fácil.

3.Qual sua maior dificuldade?

Resposta: Não sei.

37

4. O que você mais gosta na aula?

Resposta: Tudo.

5. O que você acha de aprender com jogos?

Resposta: Muito legal.

Taís F., 11 anos

1. Você acha difícil aprender Inglês?

Resposta: Mais ou menos.

2. Por quê?

Resposta: Tem coisa que é difícil de entender.

3. Qual sua maior dificuldade?

Resposta: Falar

4. O que você mais gosta na aula?

Resposta: Eu só não gosto quando tem que falar muito.

5. O que você acha de aprender com jogos?

Resposta: Eu adoro quando tem brincadeira na aula.

38

ANEXO 2

ENTREVISTAS COM PROFESSORES

Tábata Cruz

1. Na sua opinião, qual é a maior dificuldade dos alunos?

Resposta: Acredito que a pronúncia e os fonemas que não são comumentes

usadas na nossa língua, como, por exemplo, th, wh, cc.

2. Como eles reagem ao utilizar jogos em sala de aula?

Resposta: O jogo é sempre para o aluno como uma distração.

3. Você acha que facilita o aprendizado?

Resposta: Com certeza, desde que aplicado na forma correta e tempo

oportuno.

Gabriel Melo

1. Na sua opinião, qual é a maior dificuldade dos alunos?

Resposta: No que diz respeito à pronúncia, falar os fonemas que não existem

na sua língua materna, como o "th", por exemplo. No uso do inglês em si, é

quando e como usar o past perfect e o present perfect.

2. Como eles reagem ao utilizar jogos em sala de aula?

Resposta: Sempre recebem muito bem ao uso de jogos, principalmente se

tiver prêmio pro vencedor. É uma quebra da rotina, sempre é bom.

3. Você acha que facilita o aprendizado?

Resposta: Tudo depende do jogo e da hora em que ele é usado, às vezes é

mais útil do que uma explicação, outras vezes só ajuda a criar bagunça na

aula.

39

BIBLIOGRAFIA

BRASIL, MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua estrangeira/ Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEf, 1998.

BROUGÈRE, G. Brinquedo e Cultura. São Paulo: Cortez Editora, 1997.

BROWN, H.D. Teaching by principles – An interactive approach to language pedagogy. USA: Prentice Hall, 1994.

CASTRO, Solange T. Ricardo de. As teorias de aquisição/aprendizagem d 2ª língua/língua estrangeira: implicações para a sala de aula, 1996.

CYRRE, Magda Regina Lourenço. O Lúdico no Ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa. Porto Alegre: Ciências e Letras, 2002.

KISHIMOTO, Tizuco M. O Jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1988.

KLEIMAN, Ângela B. & Marilda C. Cavalcanti (orgs.). 2007. Lingüística Aplicada: suas faces e interfaces. Campinas, SP: Mercado de Letras. 360 p.

NUNES, Ana R. S. Carolino de Abreu. O Lúdico na Aquisição da Segunda Língua. Disponível em www. linguaestrangeira.pro.br/artigos. Acesso em 11 de maio de 2009.

PIAGET, Jean. Six Étuds de Psychologie. (Seis Estudos em Psicologia). Tradução de D’AMORIME Maria Alice Magalhães; SILVA, Paulo Sérgio Lima. Rio de Janeiro: Forense Universitária. LTDA, 1973.

Rev. Fac. Educ. vol.24 n.2 São Paulo July/Dec. 1998. Disponível em www. scielo.br/scielo. Acesso em 10 de abril de 2009.

SCHRÖTER, Brigite Augusta Farina. O Jogo e o Ensino de Línguas. Disponível em http://biblioteca .universia.net/ Acesso em 23 de abril de 2009.

SCHÜTZ, Ricardo. A Idade e o Aprendizado de Línguas. Disponível em www.sk.com.br/sk-apre2.html. Acesso 24 de fevereiro de 2009.

WINNICOTT, D. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

40

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O Ensino de Inglês para crianças 11

CAPÍTULO II

Jogo Didático para Crianças 19

2.1. A criança 19 2.2. O jogo 23 CAPÍTULO III

Porquê utilizar os jogos 26

CONCLUSÃO 31

ANEXOS 34

BIBLIOGRAFIA 39

ÍNDICE 40