UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Um grupo de cientistas da universidade...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE QUALIDADE DE VIDA Estresse no Trabalho X Família Por: Kelly dos Santos Rangel Sardinha Orientador Prof. Fernando Baptista de Lima Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

QUALIDADE DE VIDA

Estresse no Trabalho X Família

Por: Kelly dos Santos Rangel Sardinha

Orientador

Prof. Fernando Baptista de Lima

Rio de Janeiro

2009

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Estresse no Trabalho X Família

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão de Recursos Humanos

Por: Kelly dos Santos Rangel Sardinha

3

AGRADECIMENTOS

....aos meus amigos, parentes e a

minha família.

4

DEDICATÓRIA

.....dedica-se ao meu marido por ter tido

paciência e boa vontade em preparar o

almoço nos dias de domingo e a minha

filha por aceitar o almoço preparado pelo

pai.

5

RESUMO

O trabalho tem o objetivo de mostrar ao leitor como o estresse se

desenvolveu no Brasil e no Mundo, a manifestação no colaborador, seus

sintomas e conseqüências, e como fazer para evitá-lo ou simplesmente saber

como lidar com o ambiente estressor.

Neste trabalho mostro como algumas empresas estão se adaptando a

nova realidade do século e como estão mudando seu paradigma em relação ao

trabalhador, ao meio ambiente, a sociedade e a família.

6

METODOLOGIA

A metodologia adotada para elaboração da monografia, foi pesquisa

bibliográfica como livros, revistas, artigos, entrevistas e sites da Internet.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I -

O ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO AFETA A SUA VIDA

PESSOAL? 09

CAPÍTULO II -

CAUSAS DE ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO 20

CAPÍTULO III –

EMPRESAS QUE FAZEM A DIFERENÇA 30

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 40

8

INTRODUÇÃO

Talvez o ambiente do trabalho tenha se modificado e acompanhado o

avanço das tecnologias com mais velocidade do que a capacidade de

adaptação dos trabalhadores. Os profissionais vivem sob contínua tensão, não

só no ambiente de trabalho, como também na vida em geral.

Qualidade de vida e Vida com qualidade, ou seja, ter qualidade de vida

são dois assuntos que têm preocupado as pessoas. Contudo, conciliar trabalho

e a vida pessoal ainda é um dos maiores desafios das pessoas, em face às

muitas exigências do mundo contemporâneo caracterizado aparentemente por

uma maior demanda de trabalho com prazos cada vez mais ínfimos.

O bem estar do funcionário gera satisfação e motivação e pensando

nisso, as empresas estão desenvolvendo programas de conscientização e

apoio, com o objetivo de proporcionar o equilíbrio entre trabalho e melhoria da

qualidade de vida, evitando assim o estresse do trabalhador.

9

CAPÍTULO I

O ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO AFETA A

SUA VIDA PESSOAL?

1.1 - CONCEITO DE ESTRESSE

“Qualquer mudança de vida, boa ou ruim, pode ser considerada como

um fator que leva ao estresse.” Bernick (1997)

O conceito de estresse surgiu nos anos 30, graças a Hans Selye,

endocrinólogo canadense de origem austríaca. Segundo ele:

“O estresse é um processo vital e fundamental onde pode ser dividido

em dois tipos, ou seja, quando passamos por mudanças boas, temos o

estresse positivo e quando atravessamos alguma fase negativa, estamos

vivenciando o estresse negativo. Quando é resolvido de forma adequada, as

pessoas superam uma dificuldade, aumentando as suas capacidades,

constituindo assim um fator de desenvolvimento. Se não for solucionado de

forma adequada, a dificuldade permanecerá, o que causa sofrimento ao

indivíduo podendo então provocar a doença. Daí que possa ser considerado

como uma “potência de oportunidade mas também a iminência de risco”. Se o

stress se define na relação do homem com o mundo, ele pode manifestar-se

em todas as áreas da sua vida: na vida pessoal e familiar, no trabalho, etc.

1.2 - A EVOLUÇÃO DO ENTENDIMENTO DO ESTRESSE NO BRASIL E NO

MUNDO

1915

Walter Bradford Cannon, psicólogo e neurologista americano da Escola

de Medicina da Universidade Harvard, cria a expressão "fight or flight" (algo

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como "lutar ou fugir") para definir o comportamento humano em situações de

tensão. Na mesma época, Henry Ford experimenta as primeiras linhas de

produção em suas fábricas. As linhas melhoraram as condições de trabalho,

mas inseriram uma nova variável no ambiente profissional: a produtividade.

1935/1936

Canadense de origem austríaca Hans Selye era um jovem pesquisador

do departamento de bioquímica da Universidade de McGill, em Montreal, no

Canadá. Hans trabalhava em um experimento com ratos de laboratório para

descobrir um novo hormônio. Os resultados de sua pesquisa, no entanto, o

conduziram para um outro caminho: a descoberta do que chamou de Síndrome

Geral da Adaptação. O nome estranho batizava o conjunto de reações do

corpo diante de situações de risco. Em 1936, o jovem endocrinologista publicou

as primeiras conclusões de seus estudos no jornal britânico Nature, uma

espécie de bíblia da área médica. Para definir as reações que observou

primeiro nos ratos de laboratório e, mais tarde, em seres humanos, ele pegou

da física a palavra estresse. O termo significa o desgaste sofrido pelos

materiais expostos a algum tipo de pressão ou força. Naquele momento, Hans

deu a luz a um dos grandes vilões do mundo moderno: o estresse.

1960/1970

O pesquisador Richard Lazarus, da Universidade de Berkeley, na

Califórnia, publica o livro Psychological Stress in the Workplace. Richard traz a

questão do uso da tecnologia como um fator gerador de estresse no ambiente

de trabalho. Com a entrada da tecnologia nas grandes organizações, o mundo

corporativo se torna mais veloz.

11

1980

O psicólogo James Quick, da Universidade do Texas, publica em 1984 o

livro Organizational Stress and Preventive Management (ainda não traduzido

para o português) e introduz a discussão sobre o estresse no universo

corporativo. No final da década de 80, o professor Michael Hammer, do

Instituto de Tecnologia de Massachusetts, cria o termo reengenharia. Na

prática, a reengenharia fez com que as empresas reduzissem drasticamente o

número de funcionários.

1990

Um grupo de cientistas da universidade americana Carnegie Mellon,

liderados pelo psicólogo Sheldon Cohen, aponta os efeitos prejudiciais do

estresse para a saúde. Em 1993, a psicóloga Marilda Lipp monta o primeiro

laboratório de pesquisa de estresse no país. Os meados da década de 90

foram frenéticos para o antigo gerente, que fazia carreira em uma única

empresa. O mercado passa a exigir executivos mais jovens, flexíveis e que

pensem em carreiras globais.

2006

Os estudos mais recentes comprovam a importância das técnicas de

relaxamento, respiração, massagem e meditação no combate aos efeitos

nocivos do estresse. Segundo o psicólogo americano James Quick, a

prevenção aos efeitos ruins do estresse foi uma das áreas em que mais se

avançou desde a publicação do artigo de Hans Seley. "Dobramos nossa

expectativa de vida nos últimos 70 anos. E isso considerando que vivemos num

mundo mais complexo", (James Quick a VOCÊ S/A).

12

1.3 - O ESTRESSE E O NOSSO ORGANISMO

O "ESTRESSE" é o resultado de uma reação que o nosso organismo

tem quando estimulado por fatores externos desfavoráveis. A primeira coisa

que acontece nestas circunstâncias é uma descarga de adrenalina no nosso

organismo, e os órgãos que mais sentem são o aparelho circulatório e o

respiratório.

No aparelho circulatório a adrenalina promove a aceleração dos

batimentos cardíacos (taquicardia) e uma diminuição do tamanho dos vasos

sangüíneos periféricos. Assim, o sangue circula mais rapidamente para uma

melhor oxigenação, principalmente, dos músculos e do cérebro já que ficou

pouco sangue na periferia, o que também diminui sangramentos em caso de

ferimentos superficiais.

No aparelho respiratório, a adrenalina promove a dilatação dos

brônquios (bronco dilatação) e induz o aumento dos movimentos respiratórios

(taquipnéia) para que haja maior capitação de oxigênio, que vai ser mais

rapidamente transportado pelo sistema circulatório, também devidamente

preparado pela adrenalina.

Quando o perigo passa, o nosso organismo para com a super produção

de adrenalina e tudo volta ao normal. No mundo de hoje as situações não são

tão simples assim e o perigo e a agressão estão sempre nos rodeando. Por

isso a reação do organismo frente ao stress é de taquicardia, palidez, sudorese

e respiração ofegante. Pode haver também um descontrole da pressão arterial

e provocar um aumento da pressão a níveis bem altos, mas não significa que a

pessoa seja hipertensa.

13

O estresse não é propriamente uma doença e sim, um estado do

organismo quando submetido ao esforço e à tensão. Numa situação

estressante, o corpo sofre reações químicas normais que preparam o

organismo para enfrentar a situação. O prejuízo, entretanto acontece, quando

as situações estressantes são contínuas e o organismo começa a sofrer com

as constantes reações químicas que se sucedem, sem que haja tempo para a

eliminação dessas substâncias e sem o tempo necessário para o descanso e

recuperação física e emocional, ou seja, é um fenômeno biológico, psicológico

e social que afeta inevitavelmente todas as pessoas.

1.3.1- Sintomas Físicos

Os sintomas físicos do estresse mais comuns são:

Ø Fadiga;

Ø Dores de cabeça;

Ø Insônia;

Ø Dores no corpo;

Ø Palpitações;

Ø Alterações intestinais;

Ø Náusea;

Ø Tremores;

Ø Resfriados constantes.

1.3.2 - Sintomas psicológicos

Ø Agressividade;

14

Ø Alterações do sono;

Ø Sonambulismo;

Ø Alterações de memória;

Ø Acidentes de trânsito;

Ø Possibilidade de desencadear episódios de pânico.

1.4 - TRANSTORNOS RELACIONADOS AO ESTRESSE

1.4.1 - Síndrome do Pânico

Uma das manifestações psico-emocionais do Estresse pode ser a

Doença ou Síndrome do Pânico, que é um quadro de Ansiedade Patológica

caracterizado por crises ou ataques recorrentes de pânico e normalmente

indicam a existência de motivos intrapsíquicos importantes geradores de

grande Ansiedade. Os ataques de pânico se caracterizam por crises de medo

agudo e intenso, extremo desconforto, sintomas vegetativos associados e

grande preocupação sobre a possibilidade de morte eminente e/ou de passar

mal, e/ou de perder o controle.

Essas crises de ansiedade da Síndrome do Pânico duram minutos e

costumam ser inesperadas, ou seja, não seguem situações especiais, podendo

surpreender o paciente em ocasiões variadas. Não obstante, existem alguns

pacientes que desenvolvem o episódio de pânico diante de determinadas

situações pré-conhecidas, como por exemplo, dirigindo automóveis, diante de

grande multidão, dentro de bancos, etc. Neste caso dizemos que o quadro é de

Agorafobia com Transtorno do Pânico.

As classificações internacionais enfatizam que, muito freqüentemente,

um Transtorno Depressivo coexiste com o Transtorno do Pânico. Nós, (Rodney

15

e Cols, 1997, Kuzel RJ, 1996) particularmente, achamos que a Síndrome do

Pânico é, literalmente, uma forma atípica de doença depressiva. O sentimento

de pânico é, em essência, uma grave sensação de insegurança e temor. Ora,

quem mais, além dos deprimidos, podem sentir-se tão inseguros ao ponto de

sentir a morte (ou o passar mal) eminente?

Depois do primeiro Ataque de Pânico, normalmente a pessoa

experimenta importante ansiedade e medo de vir a apresentar um segundo

episódio. É como se ficasse ansiosa diante da possibilidade de ficar ansiosa.

Por causa disso os pacientes passam a evitar situações facilitadoras da crise,

prejudicando-se socialmente e/ou ocupacionalmente em graus variados. São

pessoas que deixam de dirigir, não entram em supermercados cheios, evitam

aventurar-se pelas ruas desacompanhadas, não conseguem dormir, não

entram em avião, não freqüentam shows, evitam edifícios altos, não utilizam

elevadores e assim por diante.

A Síndrome do Pânico habitualmente se inicia depois dos 20 anos de

idade, é igualmente prevalente entre homens e mulheres quando

desacompanhado da Agorafobia, mas é duplamente mais freqüente em

mulheres quando associado a este estado fóbico.

Segundo as principais classificações psiquiátricas, a característica

essencial de um Ataque de Pânico é um período de intenso medo ou

desconforto acompanhado por pelo menos 4 dos 13 sintomas somáticos ou

cognitivos expostos na lista abaixo.

Ø Palpitações ou ritmo cardíaco acelerado;

Ø Sudorese;

Ø Tremores ou abalos;

Ø Sensações de falta de ar ou sufocamento;

Ø Sensações de asfixia;

Ø Dor ou desconforto torácico;

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Ø Náusea ou desconforto abdominal;

Ø Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio.;

Ø Desrealização ou despersonalização (sentir-se outro);

Ø Medo de perder o controle ou enlouquecer;

Ø Medo de morrer;

Ø Parestesias (formigamentos) ou anestesia;

Ø Calafrios ou ondas de calor.

Os pacientes com Transtorno do Pânico podem necessitar estarem

sempre acompanhados quando saem de casa e, posteriormente, podem até se

recusar a sair de casa devido ao tamanho medo de passar mal na rua, de

morrer subitamente ou enlouquecer de repente. Normalmente esses pacientes

têm dificuldade em dormir desacompanhado, procuram insistentemente o

cardiologista e recorrem ao auxílio religioso com entusiasmo exagerado.

Os Ataques de Pânico não ocorrem somente no chamado Transtorno do

Pânico típico. Eles podem ocorrer em uma variedade de Transtornos de

Ansiedade, como por exemplo, na Fobia Social, na Fobia Específica, no

Transtorno de Estresse Pós-Traumático e no Transtorno de Estresse Agudo. É

por causa dessa não-especificidade dos sintomas de pânico que somos

inclinados a julgá-lo mais como um sintoma (de depressão atípica) que como

uma doença independente.

1.4.2 - Fobias Sociais

O Estresse pode ter como sintoma psicológico um quadro grave de

ansiedade chamado Fobia Social. As Fobias Sociais estão centradas em torno

de um medo anormal e absurdo de expor-se a outras pessoas e têm como

conseqüência, o afastamento e evitamento social. Podem ser específicas às

situações de comer ou falar em público, mas podem ser mais difusas,

envolvendo quase todas as circunstâncias sociais fora do ambiente familiar.

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Neste caso, entre as situações fóbicas que invariavelmente resultam na

evitação do objeto, atividades ou situação socialmente temidas, destaca-se o

medo de humilhação e embaraço em lugares públicos, o medo de comer em

público, falar em público, urinar em banheiro público e, muito freqüentemente,

de assinar cheques à vista de pessoas estranhas.

A exposição à situação social ou de desempenho provoca, quase que

invariavelmente, uma resposta imediata de ansiedade, a qual pode assumir a

forma de um Ataque de Pânico ligado à situação ou predisposto pela situação.

DIRETRIZES E CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO PARA TRANSTORNO

FÓBICO SOCIAL

Ø Os sintomas psicológicos, comportamentais e autossômicos devem

provir da ansiedade e não de outros quadros mentais;

Ø A ansiedade deve ser restrita e/ou predominar a situações sociais;

Ø A evitação das situações fóbicas deve ser proeminente;

Ø O comportamento de evitação interfere nas atividades sociais ou no

relacionamento interpessoal;

Ø A pessoa reconhece que seu medo é irracional e excessivo.

O prejuízo na atividade social de pessoas portadoras da Fobia Social

pode chegar ao extremo do isolamento. Nas situações sociais ou de

desempenho temidas, os indivíduos com Fobia Social experimentam

preocupações acerca de embaraço e temem que outros os considerem

ansiosos, débeis, "malucos" ou estúpidos.

O medo de falar em público pode ser em virtude da preocupação de que

os outros percebam o tremor em suas mãos ou voz. Podem ainda experimentar

extrema ansiedade ao conversar com outras pessoas pelo medo de não

saberem se expressar. Os sintomas de ansiedade que surgem nessas

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situações costumam ser palpitações, tremores, sudorese, desconforto

gastrintestinal, diarréia, tensão muscular, rubor facial, etc.

1.4.3 - Transtorno Somatoforme

O Transtorno Somatoforme pode ser mais uma das muitas

manifestações clínicas emocionais do Estresse. Os pacientes com Transtorno

Somatoforme em geral são poli queixosos, com sintomas sugestivos de

problemas funcionais de algum órgão ou sistema ou de alterações nas

sensações corpóreas sobre a funcionalidade do organismo como um todo.

Estas síndromes funcionais podem aparecer como quadros dolorosos

incaracterísticos, transtornos cardiocirculatórios, ou qualquer outro órgão ou

sistema, que não se confirmam por exames especializados. Nota-se sempre,

inclusive com reconhecimento pelo próprio paciente, variação na intensidade

das queixas conforme alterações emocionais, embora a maioria deles insista

em discordar do ponto de vista médico que aponta para a possibilidade

psíquica dos sintomas.

O principal aspecto do Transtorno Somatoforme é a queixa repetida de

sintomas físicos, juntamente com uma tendência persistente para investigações

médicas, apesar dos seguidos resultados negativos nos exames de

diagnóstico. Caso haja algum componente físico associado às queixas

somáticas, aquele não explica as proporções destas. Na maioria das vezes

estes pacientes manifestam um comportamento histriônico (teatral e histérico).

Normalmente esses pacientes somatoformes estão recebendo atenção

médica de mais de um profissional, envolvem mais de uma especialidade

simultaneamente e a sintomatologia se apresenta de maneira dramática, vaga

e exagerada.

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Os pacientes com queixas somáticas normalmente relatam uma história

médica bastante extensa, têm facilidade para memorizar nomes de

medicamentos e de doenças complicadas, conhecem quase tudo acerca de

exames subsidiários e seus relatos costumam ser um tanto dramáticos. São

quase incapazes de referir uma dor simplesmente como, por exemplo, uma

pontada. Normalmente eles dizem que dói como se um ferro em brasa

estivesse entrando, como uma punhalada, como se arrancassem seus órgãos,

etc.

1.4.4 - Sintomas do Esgotamento

O resultado do agravamento e da falta de tratamento para a situação de

Estresse pode resultar no "Esgotamento", um termo leigo, mas de grande valor

descritivo. Diante do Esgotamento o organismo todo pode entrar em

sofrimento. É como se esgotasse não apenas nossa capacidade de adaptação

às mais diversas circunstâncias de vida, mas, sobretudo, a capacidade de nos

adaptarmos à nós mesmos.

Nesses casos de Esgotamento há acentuada perda no limiar de

tolerância aos estímulos externos e acentuada inadequação ambiental. O

quadro clínico emocional apresentado por uma pessoa com Esgotamento é o

mesmo observado nos episódios depressivos.

Entretanto, a Depressão pode aparecer sob duas formas; uma forma

clássica, melhor conhecida por todos e que podemos chamar de Depressão

Típica, com ansiedade, crises de choro imotivadas, angústia, tristeza e

desânimo geral ou, de outra forma, de maneira mascarada, à qual,

didaticamente podemos chamar de Depressão Atípica. Nesse caso a tristeza

pode ser bem menor ou mesmo nem aparecer e o estado de ânimo pode estar

até normal.

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CAPÍTULO II

CAUSAS DE ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO

Acredita-se que o estresse provocado pelo trabalho seja um dos

principais motivos das licenças para tratamento de saúde. As pessoas mais

sujeitas a estresse são aquelas cuja função exige muito, mas que não têm

controle sobre a carga de trabalho, as que não têm muito trabalho a fazer e as

que sentem frustradas por não ter recebido uma promoção. Se essas

dificuldades não puderem ser superadas, talvez o melhor seja procurar outro

emprego. Realizar algo gratificante fora do trabalho também pode ajudar.

Muitos fatores contribuem para o estresse no trabalho, prejudicando a

saúde física e mental. O excesso de trabalho é causa comum de estresse,

freqüentemente devido ao estabelecimento de prazos pouco realistas. Um

trabalho entediante também é prejudicial.

Problemas interpessoais, como hostilidade entre os colegas, assédio

sexual ou conflitos com os clientes também geram estresse. A própria

atmosfera do trabalho pode ser fonte de estresse. Um percurso difícil até o

trabalho pode elevar a pressão arterial e provocar estresse, assim como a

necessidade de dividir o local de trabalho com várias pessoas ou de aceitar

uma transferência forçada. Trabalhar por muitas horas, levar trabalho para

casa, cancelar férias, perder reuniões de família devido à pressão do trabalho

são sinais de excesso de trabalho e estresse.

2.1 - Sobrecarga

A sobrecarga de agentes estressores também pode ser

considerada um fator importante para eclosão do estresse patológico no

trabalho. A sobrecarga de estímulos estressores é um estado no qual, as

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exigências do ambiente excedem nossa capacidade de adaptação. Os quatro

fatores principais que contribuem para a demanda excessiva de agentes

estressores no trabalho são:

Ø Urgência de tempo;

Ø Responsabilidade excessiva;

Ø Falta de apoio;

Ø Expectativas excessivas de nós mesmos e daqueles que nos cercam.

2.2 - Falta de Estímulos

A falta de estímulos também pode resultar em estresse patológico e

doença. O risco de ataques cardíacos, por exemplo, são significativamente

maiores nos dois primeiros anos após a aposentadoria. Nesses casos a

condição associada ao estresse costuma ser o tédio, a sensação de nulidade

e/ou a solidão, portanto, a falta ou escassez de solicitações também

proporciona situações estressoras.

Às vezes, no final do dia, sentimos nosso corpo exausto mas, apesar

disso, experimentamos uma agradável sensação de bem estar. Em geral uma

atividade pode se tornar muito gratificante quando possui um significado

especial ou quando desperta grande interesse em nós.

No trabalho, as atividades medíocres, destituídas de significação ou

aquelas onde não temos noção do por que estamos fazendo isso ou aquilo,

podem ser extremamente estressantes. As tarefas altamente repetitivas ou

desinteressantes também podem produzir estresse. Essas situações de

carência de solicitações ou a sensação de falta de significado para as coisas

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que fazemos costumam também causar estresse em crianças e idosos.

2.3 - Ruído

O ruído excessivo pode causar estresse pela estimulação do Sistema

Nervoso Simpático, provocando irritabilidade e diminuindo o poder de

concentração. Dessa forma, o ruído pode ter um efeito físico e/ou psicológico,

ambos capazes de desencadear a reação de estresse. Este fator estressante

pode produzir alterações em funções fisiológicas essenciais, como é o caso do

sistema cardiovascular.

O ruído também pode influenciar outros hormônios, como a testosterona,

por exemplo, e dessa forma, pode ter efeitos prolongados sobre o organismo,

considerando que as alterações hormonais são sempre de efeito mais longo.

Experiências com pilotos de aeronaves na Argentina demonstraram que, ao

ficarem expostos aos ruídos de alta intensidade das turbinas aéreas, sua

produção de testosterona reduziu-se pela metade. Além disso, foi relatada uma

forte correlação entre a perda de audição devida a ruídos e a concentração

plasmática de magnésio.

2.4 - Alterações do Sono

O contínuo atraso do sono pelos horários de trabalho, viagens e

variações do ritmo das atividades sociais, facilitadas pelo uso da luz elétrica e

atrações noturnas, pode levar à insônia e, conseqüentemente ao estresse. Na

síndrome de fusos horários das viagens internacionais, recomenda-se não

tomar decisão importante ou não competir antes da readaptação fisiológica.

Os operários que fazem turnos ou têm trabalho noturno, geralmente

possuem um sono de má qualidade no período diurno. Isso se dá em

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decorrência dos conflitos sociais (coisas que fazemos de dia e coisas que

fazemos de noite) e do excesso de ruído diurno. Essa má qualidade do sono

acabará provocando aumento da sonolência no período de trabalho (seja

noturno ou diurno), muitas vezes responsável por acidentes, desinteresse,

ansiedade, irritabilidade, perda da eficiência e estresse.

2.5 - Falta de Perspectivas

A esperança, perspectiva ou expectativa otimista é uma das motivações

que mais aliviam as tensões do cotidiano. Saber (ou achar) que amanhã será

melhor que hoje, ou o mês que vem melhor que este, ou ano que vem será

bem melhor, etc., são sentimentos que aliviam e minimizam a ansiedade e a

frustração do cotidiano.

Está claro que na falta das boas perspectivas ou, o que é pior, na

presença de perspectivas pessimistas a pessoa ficará totalmente à mercê dos

efeitos ansiosos do cotidiano, sem esperanças de recompensas agradáveis. Há

ambientes de trabalho onde o futuro se mostra continuamente sombrio. É

completamente falso acreditar que funcionários temerosos produzem mais. O

medo motiva para a ação durante um breve período de tempo, mas logo

sobrevêm o estado de esgotamento com efeitos imprevisíveis.

2.6 - Mudanças Constantes

Esse assunto merece considerações mais amplas. As necessidades de

mudanças podem ser comparadas a um ciclo vicioso; o momento presente está

quase sempre exigindo mudanças, essas mudanças acabam trazendo novos

problemas. Esses problemas despertam novas soluções, as quais passam a

exigir novas mudanças e assim por diante.

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Esse tipo de mudanças pode ser determinada por uma nova chefia ou

devido à nova orientação geral da empresa, seja por causa de alguma fusão ou

aquisição da empresa. Normalmente esse tipo de mudança pode gerar muita

insegurança,inicialmente.

Até agora associamos sempre o estresse à adaptação e, diante das

mudanças, o que mais se solicita das pessoas é a adaptação, portanto, é o

momento onde o estresse está acontecendo. Evidentemente as pessoas

naturalmente possuidoras de dificuldades adaptativas sofrerão mais. Abrir mão

de métodos usuais para aprender ou aceitar novos métodos sempre exige uma

participação emocional importante.

A pessoa que passa por momentos de ansiedade e estresse por causa

de mudanças deve ter em mente que, mesmo que o departamento esteja

sendo "desmontado" ou algum colega estimado esteja perdendo sua posição,

ela continuará sendo o mesmo profissional que é seus conhecimentos

continuarão intactos e a empresa poderá utilizá-los até de forma melhor na

nova situação. Nessa situação o mais importante é não deixar que

considerações emocionais (mágoa, orgulho, inveja, rancor, etc.) dominem o

ladoracional.

2.7 - Mudanças devidas à novas tecnologias

A tecnologia normalmente está em contínua substituição por sistemas

mais modernos. Nessa situação também as pessoas são emocionalmente

solicitadas a se adaptar ao novo. Nesse caso o estresse será variável, de

acordo com as Disposições Pessoais e de acordo com o tipo dessa nova

tecnologia a ser implantada.

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Pela Disposição Pessoal sofrerão mais as pessoas com instabilidade

afetiva, com traços marcantes de ansiedade ou já previamente estressadas.

Em relação às próprias mudanças, sofrerão mais as pessoas confrontadas com

novas tecnologias ideologicamente diferentes das anteriores.

Na Inglaterra, há anos, foi feita uma pesquisa entre trabalhadores de

uma refinaria de petróleo e de uma central telefônica, ambas submetidas às

mudanças tecnológicas radicais. Na refinaria, apesar das mudanças para

automação terem sido profundas, como o sistema de craqueamento do

petróleo é sempre o mesmo, a incidência de estresse foi mínima entre os

funcionários, inclusive entre os mais antigos.

Entretanto, na telefônica a situação foi muito diferente. O novo sistema

não tinha nenhuma analogia com o anterior e os funcionários mais antigos

tiveram que ser transferidos ou demitidos. Isso mostra que as exigências para

adaptação ao novo exercem profundo impacto sobre a ansiedade (e estresse,

conseqüentemente) das pessoas.

2.8 - Mudanças devidas ao mercado

As constantes exigências do mercado sempre são levadas a sério pelas

empresas e, freqüentemente, determinam mudanças de procedimentos no

trabalho. Os ansiosos tende mais para o estresse devido, principalmente, à

ansiedade antecipatória, ou seja, a ansiedade que aparece muito antes de

quaisquer resultados das mudanças.

Embora o bom senso recomende que as pessoas devam estar

continuamente atentas aos resultados dessas mudanças, sofrer

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antecipadamente não resolve problemas, não facilita a adaptação e podem

determinar atitudes precipitadas danosas.

2.9 - Mudanças auto-impostas

São as exigências que fazemos de nós mesmos. Em psiquiatria, o mais

sadio é que estejamos sempre inconformados e sempre adaptados. Isso

significa que, através do inconformismo estamos sempre buscando fazer com

que o amanhã seja melhor que o hoje. Entretanto, é indispensável que a

pessoa se mantenha adaptada às circunstâncias atuais, mesmo que sejam

circunstâncias adversas.

Sadio seria reclamar do trânsito, quando este está ruim, para podermos

buscar opções que melhorem nossa vida em relação a esse trânsito (mudar

itinerários, horários, etc.), outra coisa é estarmos padecendo de hipertensão,

úlcera, ansiedade ou enxaqueca por causa desse trânsito ruim. Essa é a

diferença.

O próprio inconformismo humano exige uma reciclagem constante, ou

seja, exige mudanças continuadas e necessidades de adaptação a essas

mudanças. Encarar a mudança sob uma perspectiva de crescimento e

adequação pode ajudar nossa adaptação, considerá-la uma tarefa tediosa,

inútil e humilhante "para quem já sabe tanto", favorece o descontentamento, a

ansiedade e conseqüentemente o estresse.

Em recente pesquisa realizada pelo International Stress Management

Association (ISMA) que ouviu mil profissionais de diversos países, o Brasil

liderou o ranking de horas trabalhadas por semana: com 54 horas, contra a

média mundial de 41.

27

No quesito “exaustão física e emocional”, que avalia o nível de estresse

do trabalhador, o Brasil registrou o segundo por índice, ficando atrás apenas do

Japão e superando países como China, Estados Unidos e Alemanha;

Os números apontados na pesquisa são fortes indicativos das atuais

condições de trabalho no mercado corporativo brasileiro. O medo da demissão

e as pressões de chefes e superiores, podendo gerar no executivo um quadro

de esgotamento físico e mental.

2.1 - INTERFERÊNCIA FAMÍLIA - TRABALHO

Diversos são os modelos apresentados para explicar as formas de

relação entre trabalho e família. Segundo Edward e Rothbard (2000), os

mecanismos de interação entre essas duas dimensões podem ser divididos em

seis categorias: contaminação (trabalho e família são similares, havendo um

impacto de uma dimensão sobre a outra), compensação (a insatisfação num

domínio leva a pessoa a aumentar seu envolvimento ou procurar recompensas

no outro), segmentação (separação do trabalho e da família, de modo que um

domínio não influencia o outro), escoamento de recursos (recursos como

tempo, atenção e energia são limitados e aqueles despendidos num domínio

ficam indisponíveis para outro) e conflito (demandas do trabalho e da família

são mutuamente incompatíveis, de modo que cumprir as demandas em um

domínio dificulta o cumprimento em outro). Com exceção dos modelos de

conflito, que contam com dados mais consistentes, muitos dos modelos ainda

costumam ser tratados em nível teórico e carecem de dados empíricos. Apesar

disso, parece haver consenso entre os autores sobre duas formas básicas de

relação entre as duas esferas. A primeira diz respeito ao impacto do trabalho

sobre a família e a segunda refere-se ao impacto da família sobre o trabalho

(Frone, Russell & Cooper, 1992; Kelloway, Gottlieb & Barham, 1999). Os

determinantes da natureza dos impactos causados pela combinação do

28

trabalho doméstico e profissional incluem as demandas em cada esfera, o nível

de apoio com o qual o indivíduo pode contar para atender às responsabilidades

nas duas esferas e os mecanismos de apoio existentes na comunidade.

Um conceito bastante investigado é o de conflito entre papéis

profissionais e familiares (Frone & Cols, 1992; Kelloway & cols, 1999). De

acordo com Polasky e Holahan (1998), a literatura mostra a importância, para a

saúde e bem-estar do indivíduo, de se desempenhar diversos papéis dentro e

fora de casa, pois isso aumenta a auto-estima e oferece maiores oportunidades

de apoio social. No entanto, estudos têm revelado que tentativas de equilibrar

demandas advindas do trabalho e da família podem provocar conseqüências

negativas no âmbito familiar e profissional. Assim, é possível compreender a

preocupação com a investigação de como se dão os impactos negativos de

uma esfera sobre outra e os efeitos sobre o indivíduo, sua família e seu

ambiente de trabalho.

Segundo Perry-Jenkins e Cols. (2000), estudos que se preocuparam em

investigar os impactos da família sobre trabalho sugerem que relações

familiares conturbadas e estresse relacionado à vida conjugal tendem a se

relacionar positivamente com absenteísmo e negativamente com desempenho

no trabalho. Frone e Cols. (1997) e MacEwen e Barling (1994) investigaram a

relação entre conflitos de família com trabalho e comportamentos

organizacionais. Os resultados mostraram que quando acontecimentos e

demandas familiares começam a interferir nas demandas do trabalho e entrar

em conflito com elas, o desempenho no trabalho tende a diminuir e o desgaste

no trabalho a aumentar.

Tamayo e Cols. (2002) investigaram o poder preditivo da interferência do

trabalho na família e da família no trabalho sobre o auto-conceito profissional.

Este construto refere-se à percepção do indivíduo sobre si mesmo em relação

ao trabalho que executa.

29

As dimensões avaliadas do auto-conceito profissional foram:

Ø Segurança profissional (percepção do indivíduo sobre sua

segurança diante de situações diferentes e novas no

trabalho);

Ø Realização profissional (percepção do indivíduo sobre suas

aspirações e ideais realizados por meio do trabalho

executado);

Ø Saúde no trabalho (percepção do indivíduo sobre como o

trabalho ou os fatos que o envolvem podem afetar sua

saúde física e mental) e

Ø Competência no trabalho (percepção do indivíduo sobre

sua competência no trabalho e sua contribuição para a

organização em que trabalha).

Ø A saúde no trabalho foi explicada pela interferência

trabalho-família. A interferência família-trabalho explicou os

fatores segurança profissional e competência no trabalho.

Em todos os casos, observou-se uma relação negativa entre as variáveis

independentes e as dependentes, o que significa que quanto mais os

acontecimentos do trabalho interferem na família, menor a percepção de saúde

no trabalho e quanto mais os acontecimentos na família interferem na

realização do trabalho, menor a percepção de segurança e competência

profissional.

30

CAPÍTULO III

EMPRESAS QUE FAZEM A DIFERENÇA

È cada vez maior o número de empresas brasileiras que desenvolvem

programas buscando a satisfação dos colaboradores.

Empresas como Avon, Cargill, Hewlett Packard, Comet RSVP, Nestlé e

Redecard, entre outras, já colocaram em prática programas voltados para um

único objetivo: melhorar a vida de seus profissionais. Os benefícios vão desde

itens de conforto (disponibilidade de serviços) até melhoria da saúde física e

mental. As empresas estão mais conscientes de que as doenças do seu capital

humano afetam o lucro da empresa. Um exemplo é o sedentarismo, que já se

transformou no mal do século, principalmente nos grandes centros urbanos.

Em São Paulo, estima-se que 70% da população seja sedentária. Um

levantamento realizado pelo Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão

Física de São Caetano do Sul, com 7.200 funcionários de diversas empresas,

mostrou que a doença estava presente em 50% deles.

E não é só isso: a preocupação também é com a prevenção. "As

empresas estão buscando maneiras de diminuir o risco de doenças

degenerativas, além de reduzir o custo de assistência médica com pessoas de

alto risco, como fumantes, obesos e sedentários. É um investimento para o

futuro", conforme Flávio Próspero, presidente da Associação Brasileira de

Qualidade de Vida (ABQV).

3.1.1 - Horários Flexíveis

Grandes empresas observaram que abolir a rigidez nos horários de

entrada e saída aumenta a satisfação dos funcionários.

31

As empresas oferecem alternativas ao horário padrão, sem, contudo,

abrir mão do controle sobre a quantidade de horas trabalhadas. Segundo a

pesquisa da Hewitt Associates, apenas 35% dos funcionários das 131

companhias que disseram empregar o horário flexível têm chance de optar pelo

esquema. Boa parte deles ocupa cargos de nível hierárquico superior -

diretores, gerentes e consultores.

Na Redecard, todos os funcionários, do Office - boy ao presidente, deixa

a empresa, impreterivelmente, às 19 horas. O toque de recolher faz parte da

política de qualidade de vida da empresa.

Na Avon já não é novidade o encerramento do expediente às 14 horas

da sexta-feira. "Há mais de dez anos investimos em programas de qualidade,

instituindo o short friday: todos os funcionários têm à tarde da sexta-feira livre

para fazer o que desejarem", conta Elza Maio, assistente social.

Com um universo de 3.500 profissionais, no qual cerca de 60% são

mulheres, a empresa desenvolve diversos tipos de programas, incluindo o

combate ao fumo e ao uso de drogas, bancando parte do tratamento do

funcionário. A Avon também pára, literalmente, durante alguns minutos, todos

os dias, para a realização da ginástica laboral. E não pára por aí! Campeonatos

internos, Academia Avon Vida, Clube da Capoeira, massagem terapêutica,

berçário e caminhadas estão entre tantas outras atividades desenvolvidas pela

empresa com o objetivo de proporcionar momentos de descontração e

confraternização entre todas as equipes de trabalho.

3.1.2 - Muito além da Ginástica Laboral

A Comet RSVP, empresa de tecnologia da informação está instalada em

uma área de mais de 11 mil metros quadrados, com muito verde. O espaço,

32

que conta com churrasqueira, piscina, SPA, sauna, academia aberta no meio

do jardim e até um mini-canil, funciona o dia todo. O funcionário pode dar uma

“paradinha” estratégica (naquela hora em que bate o cansaço) e voltar mais

revigorado. "Investimos em equipamento e espaço físico, pois precisamos

cuidar de nossos talentos. Eles precisam estar bem para que o trabalho seja de

alta qualidade", explica Elza Mônaco, coordenadora de Recursos Humanos.

"Todos os colaboradores devem cumprir sua rotina de oito horas de trabalho.

Como eles as administram não é relevante. O que nos interessa é que sejam

pessoas comprometidas com sua responsabilidade", diz Elza. O resultado não

podia ser mais recompensador: turnover praticamente inexistente e

funcionários satisfeitos. Na Comet RSVP até os dependentes dos

colaboradores podem usufruir os benefícios.

A Cargill, presente no Brasil desde 1965, procura proporcionar aos seus

colaboradores programas internos de prevenção de doenças. Em seu escritório

em São Paulo, a empresa tem implantado, através do Grêmio (mantido pela

empresa), um Programa de Qualidade de Vida que é considerado um best-

practice no mercado, segundo seu gerente, Paulo Terra Cardoso.

"A missão do Grêmio é promover a conscientização e o incremento da

qualidade de vida tanto no ambiente profissional como no pessoal", explica ele.

As principais atividades do programa estão relacionadas à atividade física,

saúde, cultura, família (atividades para filhos de funcionários, festas e viagens

para a família) e serviços, com inúmeras facilidades que poupam tempo,

paciência e dinheiro.

A Cargill é outro pedaço do paraíso dentro de São Paulo. Lá o

funcionário pode contar com banca de jornal, serviços fotográficos, loja de

conveniência, videolocadora, manicure, esteticista e boutique dentro do

escritório. Serviço de lavanderia e costura são outros mimos. "A idéia da

Qualidade Total iniciou sua carreira com a produção, passou para o foco no

cliente e agora, em todo o mundo, se preocupa com o colaborador, o

33

funcionário, que não poderia desenvolver suas atividades com qualidade se

não tivesse, ele mesmo, condições de melhorar sua própria qualidade de vida,

tanto no trabalho como fora dele", avalia Paulo.

3.1.3 - Foco no Indivíduo

A Nestlé criou, há cerca de um ano, um programa focado no

biopsicossocial de cada funcionário. O que significa isso? A companhia já

estava cansada, conta Marlene Capel, gerente de Recursos Humanos, dos

programas voltados para as áreas médica e educacional. "Queríamos ações

que compreendessem o desenvolvimento humano como um todo", diz. O

objetivo da empresa é estabelecer metas de excelência pessoal, porque,

acredita Marlene, a pessoa precisa evoluir primeiro para si mesmo. "A empresa

apenas oferece recursos para ela se melhorar", diz. Massagens, RPG,

fisioterapia e mapeamento sobre o estresse são algumas atividades que estão

sendo colocadas em prática com alto índice de aprovação.

Na linha do não convencional segue também a Hewlett Packard, que

levou para dentro de suas dependências um homeopata. Um massagista vai

periodicamente até a empresa atender os funcionários mais estressados. Além

disso, eles contam com palestras sobre nutrição e condicionamento físico.

"Estamos implantando, em sistema piloto, um projeto de reeducação alimentar,

elaborado por um nutricionista, um médico e um personal trainer", explica

Sandra Freire, analista de RH. Outro benefício oferecido pela empresa é uma

verba extra, que varia de 75 a 800 Reais, dependendo do cargo do funcionário,

que ele usa como quiser. O dinheiro não é depositado em sua conta. A HP

administra a verba conforme as necessidades de cada colaborador.

"Procuramos o desenvolvimento conjunto e contínuo, desde os aspectos de

34

segurança, saúde, meio ambiente, educação e programas de socialização e

integração com a comunidade. A saudável parceria entre capital e trabalho

representa lucro econômico, social e humano", conta Veroni Domhof, diretora

de Recursos Humanos da Terra Viva, empresa produtora de flores e plantas,

localizada em Campinas, interior de São Paulo. A Terra Viva mostra que não

precisa muito para melhorar a qualidade de vida de seus funcionários e

familiares. Além da ginástica laboral para os profissionais da empresa, que

lidam basicamente com a terra, as atividades são marcadas por torneios,

gincanas, formação de grupo folclórico para os filhos dos funcionários e clube

recreativo. As ações passam dos limites das portas da empresa, atingindo toda

a comunidade.

3.2 - EMPRESAS VERDADEIRAMENTE PREOCUPADAS

Custo mínimo e produtividade máxima. Essa é a equação que leva

empresas a acreditar que o investimento no potencial humano é a melhor

receita para fazer crescer os negócios. "No Brasil ainda são poucas, mas a

tendência é de crescimento e conscientização por parte das companhias e dos

funcionários, pois eles também precisam entender que o que está sendo

oferecido se reverte em benefício para ele próprio", analisa Flávio Próspero, da

ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida). Segundo ele, empresas

que incentivam constantemente seus profissionais contam com um nível de

adesão aos programas de qualidade de vida na casa dos 60%. "Onde a

diretoria compra a idéia, os programas deslancham", diz. Quando um programa

é bem desenvolvido e aplicado, comprometido com a qualidade de vida do

funcionário, todos ganham. O funcionário tem a possibilidade de melhorar seu

estilo de vida, desenvolver-se como indivíduo, integrar-se melhor ao ambiente

de trabalho e aos colegas. "A sua família convive com uma pessoa menos

estressada, mais feliz e com mais tempo. A empresa passa a contar com um

colaborador mais produtivo, criativo, comprometido e integrado à sua cultura,

35

além da redução do estresse, do absenteísmo e até de custos ligados a saúde

e segurança no trabalho", acredita Paulo Cardoso, da Cargill. Para Helena

Kavaliunas, diretora da Qualis - Qualidade de Vida em Saúde, empresa que

oferece planos de medicina alternativa, o funcionário precisa estar envolvido

com o projeto, senão corre-se o risco de ele adquirir ares paternalistas,

perdendo o sentindo. "Muitas pessoas estão deixando de lado, por exemplo, o

preconceito que tinham em relação à massagem. Já conseguem encarar como

uma ferramenta de combate ao estresse, percebendo que precisam mudar

algumas posturas em suas vidas para que consigam ser mais felizes", conclui

Helena.

3.3 - O QUE FAZER PARA MINIMIZAR AS CHANCES DE ESTRESSE

Aprender a administrar de forma eficaz o tempo no trabalho é uma boa

maneira de diminuir o estresse. Aqui estão algumas dicas:

Ø Faça diariamente uma lista das tarefas a serem realizadas;

Ø Comece pelas tarefas mais complexas;

Ø Execute as tarefas por ordem de prioridade;

Ø Transfira as tarefas não realizadas para a lista do dia seguinte;

Ø Divida os projetos mais extensos de forma viável;

Ø Encare os trabalhos desagradáveis como um desafio;

Ø Recompense a si mesmo pela tarefa cumprida;

Ø Não adie suas tarefas;

Ø Anote tudo que tiver interferido em seu trabalho. Tente evitar

estas interferências.

É inevitável passar por algum estresse no trabalho, algumas orientações

possibilitarão diminuir a sua intensidade:

36

Ø Aprenda a delegar;

Ø Estabeleça prioridades e metas possíveis;

Ø Aceite as mudanças de forma otimista;

Ø Saiba auxiliar;

Ø Saiba relaxar;

Ø Recuse exigências absurdas;

Ø Encare problemas como oportunidades, não como ameaças.

Ø Tire férias regularmente.

A insônia e a irritação geralmente estão relacionadas ao estresse no

trabalho. Em vez de receitar pílulas para dormir, muitos médicos vêm

sugerindo a modificação de alguns aspectos difíceis do trabalho nas empresas,

nos escritórios e nas atividades domésticas.

As características negativas do trabalho estão atribuídas ao trabalhador

explosivo, arrogante, encrenqueiro, em cima do muro, super-tímido, espaçoso,

chato, estrategista em derrubar colegas. São requisitos que nenhuma empresa

quer, fazendo-nos concluir que além de estragar o ambiente de trabalho, são

considerados riscos para si e para com os colegas de equipe de trabalho.

Portanto seja dinâmico, empregue a sua capacidade de organizar, tenha

espírito de equipe, demonstre a sua capacidade de liderar, seja planejador e

metodológico, sensível às oportunidades, tenha iniciativas próprias, faça aquilo

que lhe cabe a sua autonomia, comunicativo, responsável e principalmente

motive seus colegas. Ninguém precisa buscar estes requisitos, pois isto está

dentro de cada um de nós, basta querer aplicar no cotidiano de relações de

trabalho, diversões, em casa e nas amizades. Este pequeno mundo pode ser

vivido sem o estresse do trabalho.

37

CONCLUSÃO

Qualidade de vida e vida com qualidade é o que todos esperam, é viver

tranqüilo em seu ambiente profissional e consequentemente no seu ambiente

familiar.

Conciliar trabalho e família passou a ser uma preocupação para as

organizações modernas, e com isso estas passaram a dar mais atenção aos

seus funcionários dando ênfase a melhoria da qualidade de vida, tanto no

ambiente profissional como no pessoal, porque isto é uma via de mão dupla, se

o funcionário não está bem, ocorrem problemas de apatia, irritação e

desinteresse com baixa produção, ocasionando desgaste emocional, desgaste

de relacionamento entre gerentes e subordinados e muito mais; e se ele está

motivado e satisfeito, gera bom rendimento no trabalho, segurança e

autonomia no que se faz, portanto “Cuidar” do funcionário só traz benefícios

para a empresa.

38

BIBLIOGRAFIA

Zimpal, Rogério R. Aprendendo a lidar com o estresse.

R. WHITE, Adrian 2000. Estresse: Métodos práticos para recuperar a saúde,

aplicando a medicina.

PEIFFER, Vera. Estresse? Livre-se Dele.

Ballone G J - Depressão e Relacionamento Pessoal

MASCI, C B. Stress no Trabalho: um desafio a medicina moderna

DAVEL, Eduardo Paes Barreto / MELO, Marlene Catarina de Oliveira Lopes.

Gerência em Ação: Singularidades e Dilemas do Trabalho Gerencial

FRANÇA, Ana Cristina Limongi / RODRIGUES, Avelino Luiz. Stress e trabalho

LAROSA, Marco Antonio / AYRES, Fernando Arduini. Como Produzir uma

monografia passo a passo... siga o mapa da mina.

www.rh.com.br

www.setubalnarede.pt

http://www2.uol.com.br/aprendiz/guiadeempregos/executivos/noticia

39

http://www.badaueonline.com.br/2008/2/18

* Folha de S. Paulo- 07/03/04

* Entrevista com a Psicóloga Ana Maria Rossi para VOCÊ S/A.

40

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I 09

O estresse no ambiente de trabalho afeta a sua vida pessoal?

1.1 - Conceito de Estresse 09

1.2 - A Evolução do entendimento do Estresse no Brasil e no mundo 09

1.3 - O Estresse e o nosso organismo 12

1.3.1 - Sintomas Físicos 13

1.3.2 - Sintomas Psicológicos 13

1.4 - Transtornos relacionados ao Estresse 14

1.4.1- Síndrome do Pânico 14

1.4.2 – Fobias Sociais 16

* Diretrizes e critérios de diagnóstico para Transtorno Fóbico Social 17

1.4.3 – Transtorno Somatoforme 18

1.4.4 – Sintomas do Esgotamento 19

CAPÍTULO II 20

Causas de Estresse no Ambiente de Trabalho

2.1 – Sobrecarga 20

2.2 - Falta de estímulos 21 2.3 – Ruído 22 2.4 – Alterações do Sono 22

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2.5 – Falta de Perspectivas 23 2.6 – Mudanças Constantes 23 2.7 – Mudanças devidas à novas tecnologias 24 2.8 – Mudanças devidas ao mercado 25 2.9 – Mudanças auto-impostas 26 INTERFERÊNCIA FAMÍLIA – TRABALHO 27

CAPÍTULO III –

Empresas que fazem à diferença 30

3.1.1 – Horários Flexíveis 30 3.1.2 – Muito além da Ginástica Laboral 31 3.1.3 – Foco no Indivíduo 33

3.2 – Empresas verdadeiramente preocupadas 34

3.3 - O que fazer para minimizar as chances de Estresse 35

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 40