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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O USO DE BIOMONITORES NA MEDIÇÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS - O CASO DO OZÔNIO TROPOSFÉRICO NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO Por: Carolina Tzainig Ferreira Kelesoglu Orientador Prof. Dr. Carrera Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O USO DE BIOMONITORES NA MEDIÇÃO DE POLUENTES

ATMOSFÉRICOS - O CASO DO OZÔNIO TROPOSFÉRICO NO

MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Por: Carolina Tzainig Ferreira Kelesoglu

Orientador

Prof. Dr. Carrera

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O USO DE BIOMONITORES NA MEDIÇÃO DE POLUENTES

ATMOSFÉRICOS - O CASO DO OZÔNIO TROPOSFÉRICO NO

MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Ambiental

Por: Carolina Tzainig Ferreira Kelesoglu

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AGRADECIMENTOS

....aos meus pais, irmãos e amigos, por

sempre acreditarem em mim......

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DEDICATÓRIA

.....dedico ao meu afilhado Luiz Eduardo,

por sempre me trazer um sorriso de

esperança nos momentos mais difíceis de

minha jornada .......

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RESUMO

O objetivo desta monografia é analisar exemplos de uso do

biomonitoramento e sua possível utilização no estudo da influência do tráfego

urbano na qualidade do ar da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, dando

ênfase a concentração de Ozônio Troposférico (O3). O transporte urbano é,

hoje, a principal fonte de poluição do ar nas cidades, onde o fluxo de tráfego é

intenso. Como consequência as metrópoles e suas áreas vizinhas apresentam

significativas reduções na qualidade do ar. Através de diversos exemplos

internacionais e nacionais é possível demonstrar que diversas iniciativas foram

criadas com o intuito de quantificar os efeitos negativos da concentração dos

poluentes secundários e a contribuição do transporte urbano na emissão de

seus precursores. Como exemplo, torna-se significativo uma análise mais

profunda dos dados de concentração máxima de Ozônio Troposférico e sua

influência na qualidade do ar de uma importante região do país, a Região

Metropolitana do Rio de Janeiro.

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METODOLOGIA

A presente pesquisa, que engloba trabalhos referentes a diversos

exemplos de uso do biomonitoramento no mundo, dados obtidos do Instituto

Estadual do Ambiente (INEA) e pesquisa de gabinete quer demonstrar que

áreas de grandes centros urbanos estão diretamente ligados ao intenso tráfego

de veículos. Com este cenário obtido é possível apresentar a importância de

estudos integrados de medição de fluxos e emissões de poluentes para a

criação de medidas de controle do agente poluidor e possíveis trabalhos para a

diminuição de concentração ,por exemplo, do O3 Troposférico nas devidas

áreas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Tem-se como recorte temporal as medições e estudos realizados pelo

INEA-RJ. Como recorte espacial a Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Com estes dados ter-se-á uma base considerável de análise para

fundamentação do trabalho.

Além da Introdução, este trabalho possui mais três capítulos. O capítulo

um apresenta um resumo sobre a evolução dos transportes no mundo e a sua

relação com o consumo de energia e a degradação do meio ambiente, sendo

ela de foco local, regional ou global, dando ênfase á poluição atmosférica, por

ser o ponto-chave dessa análise.

O capítulo dois apresenta o recorte espacial deste trabalho em números,

suas características, dando uma visão ampla sobre a importância do modo

rodoviário no cotidiano da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Esta

importância é refletida pelos índices de evolução da frota e sua mobilidade

dentro do Rio de Janeiro, demonstrando a influência do tráfego e das taxas de

motorização na qualidade do ar.

O capítulo três apresenta exemplos de biomonitoramento já utilizado em

cidades do Brasil e do mundo, como forma de demonstrar que este tipo de

trabalho é de baixo custo e bastante viável dentro da realidade que a Região

Metropolitana do Rio de Janeiro apresenta.

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Com este cenário é possível propor medidas de mudanças de

monitoramento e controle, além de possíveis trabalhos para a diminuição da

concentração de Ozônio Troposférico no Rio de Janeiro.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - Transporte e Meio Ambiente 14

CAPÍTULO II - A Qualidade do Ar no Rio de Janeiro 25

CAPÍTULO III – Biomonitoramento 30

CONCLUSÃO 34

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52

BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional) 55

ANEXOS 58

ÍNDICE 59

FOLHA DE AVALIAÇÃO 63

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INTRODUÇÃO

Para entender a metamorfose que o espaço urbano sofre é preciso

explicitar que, de modo geral, os aglomerados urbanos tendem a ocupar novos

espaços e expandir suas fronteiras. Este é um exercício contínuo de

reorganização do espaço para que ele possa abrigar novas práticas e projetos

e vencer distâncias de forma cada vez mais rápida. A evolução dos transportes

no mundo evidencia esta tentativa de crescimento.

O crescimento das cidades está diretamente ligado ao aumento da taxa

de urbanização que é a proporção de população urbana sobre a população

total. Diferente da Europa que se urbanizou a partir do século XIX com a

Revolução Industrial, o Brasil começou seu processo de urbanização no século

XX de forma rápida por causa das migrações internas e externas

(SANTOS&SILVEIRA, 2003). O acelerado crescimento urbano é visto desde

1920, quando a taxa de urbanização era de 16%. Em 1940 a taxa de

urbanização atingiu 31%, em 1960 subiu para 45% e em 2005 já atingia 85%,

mostrando claramente a superpopulação dos territórios. Na década de 90, o

Sudeste já era 88% urbanizado, o Centro-Oeste 81%, Sul 74,1%, Nordeste

60,6% e o Norte 57,8%, segundo dados do IBGE.

Este aumento na taxa de urbanização implica em uma série de

dificuldades para o bem estar da população. Organizar de forma harmônica o

desenvolvimento da urbe e a qualidade dos serviços, da infra-estrutura e do

meio ambiente em geral é um grande desafio, pois lida com conseqüências

graves, como é o caso da qualidade do ar.

Problemas com a qualidade do ar têm como um de seus maiores

agentes os meios de transporte urbanos. Este quadro apresentado nas

grandes cidades é a evidência de que a modernização e a evolução da

urbanização podem e devem ser encarados como um grande desafio de

gestão. Urbanizar e expandir traz grandes consequências ao meio ambiente e,

um exemplo básico, são os meios de transportes urbanos e os problemas que

estes acarretam. A demanda pelo transporte motorizado, na maioria dos

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países em desenvolvimento, cresce cerca de 1,5 a 2 vezes mais rápido que o

PIB, sendo sua maior concentração no transporte motorizado rodoviário.

(COSTA, 2001; MATTOS, 2001)

A energia usada nos transportes é proveniente de recursos, que são

denominados nos balanços energéticos, como fontes de energia primária.

Dentre as principais, podemos destacar o petróleo, o gás natural, o carvão

mineral, a energia hidráulica e a biomassa. O setor de transportes se diferencia

dos outros pela dependência maior em relação aos derivados de petróleo,

enquanto que os setores, residencial e industrial usam diversos tipos de

combustível. A demanda por combustíveis fósseis tem uma tendência de

crescimento a cada década como podemos analisar na figura 1.

Figura 1 - Demanda de energia primária por fonte em um cenário futuro

Fonte: IEA, 2005

Apesar da busca de combustíveis alternativos, como o gás natural, o

álcool e a biomassa, o setor de transportes no Brasil, consumiu em 2004 uma

fatia de 42% do petróleo, em relação a 1980 houve uma diminuição de 8%

Carvão

Nuclear

Óleo

Hídrica

Gás

Outras Renováveis

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devido à introdução do gás natural na matriz dos transportes, mas mesmo

assim, é uma porcentagem alta para o setor (IEA, 2006).

Considerado o maior consumidor de energia da América Latina, a

demanda do Brasil por derivados do petróleo e gás natural cresceu bastante

nas últimas décadas, segundo os dados do MME na figura 2.

Figura 2 - Consumo Total de derivados de petróleo e de gás natural (106 tep)

0

10

20

30

40

50

1970

1973

1976

1979

1982

1985

1988

1991

1994

1997

2000

2003

2006

TRANSPORTES

OUTROSINDUSTRIAL

NÃO-ENERGÉTICO

Fonte: MME, 2007

A tecnologia dos veículos rodoviários praticamente não se alterou com o

passar das décadas. Os tipos de combustíveis até hoje admitem o uso de

motores de combustão interna, significando uma continuidade deste tipo de

tecnologia por ainda muitos anos. Basicamente, a energia utilizada para mover

os veículos se baseia na expansão dos gases provenientes da combustão

entre o ar e o combustível utilizado. Eles se expandem, movimentando os

cilindros do motor. Em seguida, são eliminados pelo escapamento do

automotor.

A queima de combustíveis fósseis gera poluentes atmosféricos que são

prejudiciais a saúde e ao meio ambiente. Segundo a Resolução CONAMA

nº003/90:

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“entende-se como poluente atmosférico qualquer forma

de matéria ou energia com intensidade e em quantidade,

concentração, tempo ou características em desacordo

com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam

tornar o ar: impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde;

inconveniente ao bem-estar público; danoso aos

materiais, à fauna e flora e prejudicial à segurança. ao

uso e gozo da propriedade e às atividades normais da

comunidade.”

O aprimoramento da tecnologia dos veículos automotores está

relacionado a melhoria de desempenho, economia energética e redução da

poluição. Mesmo assim, os índices de poluição gerados pelos meios de

transporte ainda são altos mundialmente.

Para exemplificarmos o fato dos índices de poluição serem altos apesar

das evoluções tecnológicas, utilizaremos os dados do município do Rio de

Janeiro e de sua região metropolitana. Além de apresentar o modo rodoviário

como predominante no transporte de passageiros, o Rio de Janeiro também

possui uma grande frota de automotores. Ela é a segunda maior frota do país,

perdendo apenas para a cidade de São Paulo, demonstrando a grandeza que

estaremos estudando.

Estatísticas associadas à emissão de gases poluentes e ao crescimento

da frota nos mostram uma realidade cruel, representada ao longo dos últimos

anos por um substancial aumento da poluição e a degradação do meio

ambiente. As emissões de gases na atmosfera geram problemas ambientais

em termos locais, regionais e globais.

Estas emissões podem ser primárias e secundárias. Os poluentes

primários são aqueles que podem ser controlados diretamente em suas fontes

de emissão, ou seja, diminuindo a emissão desses poluentes a qualidade do ar

melhora. Já os poluentes secundários são gases resultantes de reações

químicas envolvendo poluentes primários, em sua maioria com o auxílio da

radiação solar nesta reação. (CARVALHO, 2005)

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Como poluentes primários, podemos citar o Monóxido de Carbono (CO),

o Dióxido de Enxofre (SO2), Monóxido de Nitrogênio (NO) e material

particulado. Como poluentes secundários podemos citar o Ozônio Troposférico

(O3), que é o principal representante deste grupo, por ser produzido em maior

quantidade. Ele é formado pela reação de Óxidos de Nitrogênio (NOx) e

Compostos Orgânicos Voláteis (COV) no ar, em presença dos raios

ultravioletas que atingem a superfície terrestre, resultando no O3 que é

denominado Troposférico, por ficar armazenado nesta faixa atmosférica,

diferenciando-se do O3 que compõe a Camada de Ozônio na Estratosfera.

A maioria das regiões metropolitanas do mundo, como é o caso do Rio

de Janeiro, estão sujeitas a formação deste O3 acima dos padrões aceitos

durante os meses de verão, veremos exemplos ao longo deste trabalho. Este

poluente pode causar diversos tipos de problemas respiratórios em crianças,

idosos e pessoas mais suscetíveis. É prejudicial à flora, causando perdas de

biomassa e queimaduras em algumas espécies. Portanto, requer estudos

detalhados para a melhoria de seus níveis na atmosfera. (LPAE, 2007)

Este trabalho tem como objetivo analisar o biomonitoramento através de

experiências já feitas em outras cidades como um possível instrumento de

auxílio no estudo da influência do tráfego urbano na qualidade do ar da Região

Metropolitana do Rio de Janeiro, dando ênfase a concentração de Ozônio

Troposférico (O3).

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CAPÍTULO I

TRANSPORTE E MEIO AMBIENTE

A humanidade, desde os primórdios, tende a expandir suas fronteiras

tendo como base a evolução das formas de locomoção. A partir do século XV

o uso de grandes navegações fez com que o homem encurtasse as distâncias

continentais e tivesse o poder de se deslocar por todo o mundo. No século

XIX, temos o aperfeiçoamento e a difusão dos veículos com autopropulsão,

além disso, o emprego de animais para a tração sobre trilhos era utilizado em

grande escala. As principais cidades cresciam em torno de seus parques

industriais, tendo como principal combustível o carvão mineral. A energia de

sua queima movia máquinas e abastecia casas e fábricas. Este uso trazia

nuvens de poluentes cheias de fuligem e monóxido de carbono, entre outros.

Muitas pessoas ficavam doentes e morriam por problemas respiratórios

decorrentes deste processo.

Estes problemas começaram a diminuir no início de século XX, com o

aumento do uso da energia elétrica em substituição ao carvão e a madeira.

Ocorreram a expansão do transporte ferroviário e a introdução dos bondes nas

grandes cidades. Eles foram responsáveis por grandes avanços no

desenvolvimento urbano.

Com a descoberta de reservas de petróleo e o aumento da demanda de

automóveis, devido a novas técnicas de produção que baratearam o seu custo,

os bondes e os trens passaram a sofrer a concorrência e a perder espaço para

os meios rodoviários, que só depois da 2ª Guerra Mundial passaram a fazer

parte do cotidiano das cidades, até os dias atuais. (PORTO Jr, 2002)

Todo esse desenvolvimento além de ampliar os limites urbanos, fez com

que a população mundial ficasse dependente dos meios motorizados como

forma de alcançar tais distâncias, impossíveis de serem vencidas pelo esforço

humano ou animal. Este quadro trouxe um novo paradigma para o

desenvolvimento urbano, o de expandir sem acabar com a mobilidade da

população.

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A importância dos meios de transporte é inquestionável. E sua evolução

impõe mudanças. Hoje, este setor tem sua maior concentração na utilização

dos derivados de petróleo como fonte de energia e as rodovias como modal.

Segundo o Balanço Energético do MME (2006), no Brasil em 2004, 51% do

consumo nacional de petróleo se destinou ao transporte. Só o rodoviário

consumiu uma fatia de 92% da energia empregada no setor de transportes e,

destes, 87% foram de derivados do petróleo. O crescimento pela demanda de

petróleo está ligado ao aumento da demanda do modal rodoviário.

1.1 – O uso da energia e suas implicações ambientais

Dentre as principais fontes de energia primária usadas nas atividades

humanas, destacam-se o petróleo, o gás natural, o carvão mineral, a energia

hidráulica e a biomassa. A demanda mundial de energia primária quase dobrou

nos últimos 30 anos, segundo os dados do IEA (2007).

Após o seu processamento essas fontes de energia passam a ser

consideradas como secundária e são consumidas diretamente pelos setores,

entre os quais merece destaque os meios de transporte rodoviários.

O setor de transportes aumentou sua fatia no consumo de petróleo nas

últimas décadas, este aumento foi de 15% de 1973 a 2005, segundo dados do

IEA (2007).

No Brasil, o consumo no setor de transportes, segundo o Balanço

Energético Nacional (MME, 2006), nos últimos 30 anos, mostra a supremacia

do uso dos combustíveis fósseis em geral, tanto para veículos pesados, no

caso do diesel, como para veículos leves, no caso da gasolina.

O transporte urbano é realizado majoritariamente pelo modo rodoviário

no mundo todo, como exemplos de centro urbano com este perfil são

apresentados os números do Rio de Janeiro, na tabela 1.

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Tabela 1 - Viagens com origem e destino na cidade do Rio de Janeiro

Fonte: SMTR,2005

Atualmente, o modo rodoviário impera no transporte mundial, com maior

influência dos automóveis em relação aos transportes coletivos. Isso se dá

pela busca de maior conforto, mesmo em cidades em que o transporte público

é de boa qualidade.

A urbanização e o transporte se relacionam, pois ambos atendem as

necessidades da população e de suas atividades. Todo este processo deve

levar em consideração os impactos ambientais. Estes são muitos, e a cada dia

em maior quantidade. A degradação da qualidade do ar é uma das mais

preocupantes.

Nos países desenvolvidos, onde os sistemas de transportes têm uma

boa estrutura e atendem às necessidades da população, o que mais preocupa

os especialistas são os impactos que ameaçam a qualidade de vida da

população. A emissão de poluentes, o alto consumo energético e a intensa

ocupação do solo são preocupações constantes nestes locais. Nessa situação,

o crescimento efetivo do transporte individual e os problemas ambientais

passam a ser uma ameaça para a população como um todo. (LOPES, 2005)

A questão ambiental passou a ser discutida na área de transportes a

partir da década de 1960. As questões sociais também passaram a fazer parte

desta pauta. Problemas como desenvolvimento e sustentabilidade já eram

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mencionados como uma preocupação da sociedade e do Estado. Estas

iniciativas estenderam-se pela década de 1970. (PORTO, Jr. 2002)

Como exemplo de preocupação internacional com o crescimento

acentuado do número de veículos, na década de sessenta, o governo britânico

apresentou um amplo estudo sobre seus impactos no meio ambiente e no

padrão de ocupação do solo em grandes centros urbanos. Este estudo,

chamado de Traffic in Towns tornou-se um importante documento na área de

transportes e constituiu-se no primeiro alerta oficial com relação aos impactos

ambientais provocados pelo crescimento das frotas nas grandes cidades

(LOPES, 2005).

No Brasil, os problemas ambientais começaram a ter uma maior

importância a partir da década de 1970, como exemplo temos a implantação

da Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do Estado de São

Paulo (CETESB-SP). A partir dos anos 80 as questões ambientais tornam-se

mais sérias e mais importantes para os diversos órgãos planejadores e

operadores. Neste período o Monóxido de Carbono (CO) e o Dióxido de

Enxofre (SO2) eram os gases poluentes primários mais preocupantes para a

boa qualidade do ar. Ambos eram produzidos em larga escala pelos

automotores fabricados na época.

Esta situação continuou inalterada até a década de 90, quando as

indústrias automobilísticas começaram a produzir automotores com

dispositivos que diminuíam a emissão de poluentes, como os catalisadores, a

injeção eletrônica e o fim do carburador. Por sua vez as empresas de petróleo

que detinham poder sobre o refino, passaram a comercializar diesel com baixo

teor de Enxofre (S) para os grandes centros urbanos. Além disso, os órgãos de

meio ambiente responsáveis pelo monitoramento da qualidade do ar

começaram um maior controle das fontes estacionárias, as indústrias.

A renovação da frota nos centros urbanos, com o aumento do poder

aquisitivo da população também contribuiu para a diminuição da emissão

destes poluentes. Na Região Metropolitana de São Paulo, entre 1980 e 1996,

saíram de circulação cerca de 500 mil veículos particulares, sendo substituídos

por automotores mais modernos e menos poluidores (SCATOLINI, 2004).

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Este quadro se estende até os dias de hoje, com campanhas e projetos

de conscientização e de melhoria das vias e do desenvolvimento da frota.

1.2 – O Meio Ambiente

Meio Ambiente segundo a Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº

6.938, de 31 de agosto de 1981, é o conjunto de condições, leis, influências e

interações de ordem física, química e biológica, que abriga e rege a vida em

todas as suas formas.

Este termo que hoje é conhecido e usado por todos em todo o mundo

engloba uma série de assuntos, discussões e conceitos sobre a realidade

instaurada no mundo.

O crescimento da população e da urbanização, o aumento do consumo

de energia e produtos, a ocupação territorial desenfreada e a poluição causam

impactos de diversos tipos nos diferentes ciclos da natureza. O equilíbrio entre

todos estes fatores é primordial para a qualidade de vida no planeta.

O consumo de energia cresceu desde o homem primitivo e continua

crescendo de maneira acentuada. Antigamente, a energia utilizada era do

trabalho humano e dos animais. Com a Revolução Industrial este quadro muda

e o homem passa a utilizar máquinas, aumentando bastante o consumo de

energia.

Um desses sistemas, que tiveram destaque e hoje são peças chave da

sociedade, são os meios de transporte. O ato de se locomover evoluiu, como

já foi visto. A indústria automobilística cresce e com ela a busca por novas

tecnologias aumenta cada vez mais. Assim, temos a configuração de uma das

tecnologias que mais usa energia e, consequentemente, mais polui no mundo.

Para entender a relação entre o consumo e a poluição é preciso saber

que a produção e o uso de energia são considerados as grandes causas dos

impactos negativos no meio ambiente dentre as mais diferentes atividades do

homem.

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A questão ambiental relativa aos sistemas de transporte deve receber

uma atenção especial porque o transporte tem impactos ambientais nos

diferentes meios, sejam eles: físico, biológico, social, econômico e cultural.

Podemos afirmar que estes impactos abrangem os solos, as águas, o ar, o

clima, os recursos minerais, a fauna e a flora, o uso e a ocupação do solo, os

riscos à saúde da população, entre outros. A poluição do ar, que tem destaque

neste trabalho é gerada quando os poluentes do ar são emitidos e por

características químicas e físicas e sob influência de parâmetros

meteorológicos, podem alcançar diferentes localidades, causando danos

ambientais e à saúde da população. Estas condições ampliam o alcance dos

impactos, que além do impacto local, tem abrangência regional e global

O impacto ambiental local abrange a poluição que ocorre em uma

pequena área, um município, por exemplo. Com ela a população, a vegetação

e os animais entre outros, sofre suas consequências, não tendo o poder de

evoluir para outras regiões.

1.3 – Poluição Atmosférica

“A poluição da atmosfera é a presença de poluentes no

ar que respiramos devido a substâncias produzidas por

fenômenos naturais ou geradas pelas atividades

humanas em quantidades que podem ser prejudiciais

para a vida humana, vegetal ou animal; podem afetar

estruturas e materiais produzidos pelo homem; podem

ocasionar alterações nas condições climáticas ou

meteorológicas, que impedem o desfrutar plenamente da

vida e das propriedades.” (CARVALHO, 2005)

A Resolução CONAMA n° 3, de 28 de junho de 1990, alega que

poluente atmosférico: é qualquer forma de matéria ou energia com intensidade

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e em quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com

os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar:

I – Impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde;

II – Inconveniente ao bem-estar público;

III – Prejudicial aos materiais, à fauna e flora;

IV – Prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades

normais da comunidade.

Desde a Revolução Industrial o homem lida com a poluição do ar. Suas

ações, em sua maioria, sempre promoveram algum tipo de poluição. Podemos

citar a queima da madeira, do carvão, dos combustíveis fósseis, entre outros.

Com a introdução do automóvel e do modo rodoviário como o principal

sistema de locomoção nas grandes áreas urbanas, um vilão se fez presente, a

queima do diesel e da gasolina. Este só foi tido como um problema depois que

houve um controle maciço sobre outro agente poluidor, a indústria.

Até a década de 80, acreditava-se que a principal contribuição para a

má qualidade do ar era proveniente das indústrias. Inúmeras ações

promoveram o controle destas emissões.

No Brasil, como na maioria dos países em desenvolvimento, as fábricas

localizavam-se em áreas urbanas, o que agravava ainda mais o caso. Através

da resolução CONAMA nº003, decretada em 1990, as exigências contidas nos

processos de licenciamento ambiental fizeram com que as indústrias se

modernizassem adequando-se à nova legislação vigente, diminuindo o

percentual de suas emissões.

Com a criação da FEEMA, hoje INEA, no início da década de 70, no Rio

de Janeiro foi possível estudos sobre o monitoramento do ar. Através destes

monitoramentos o Órgão afirmou que a Região Metropolitana do Rio de

Janeiro (RMRJ) tem um intenso crescimento urbano e industrial, o que

ocasiona na intensificação da poluição atmosférica, criando áreas críticas

dentro da geografia local.

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Em 1977, a antiga FEEMA instituiu o SLAP (Sistema de Licenciamento

de Atividades Poluidoras), através do decreto nº1633/77, o que facilitou o

cadastramento das principais fontes poluidoras do Estado. Diversas ações

foram realizadas ao logo dos anos pela antiga FEEMA para garantir a

qualidade do ar e diminuir a emissão de poluentes.

Em 2004, por exemplo, a FEEMA apresentou um inventário de

emissões atmosféricas para a identificação, qualificação e quantificação das

fontes emissoras, sejam elas fixas ou móveis. Teve como objetivo traçar um

diagnóstico da gestão da poluição do ar para que o Órgão Ambiental pudesse

traçar novas necessidades e instrumentos de fiscalização e preservação do ar.

Em 2006 e 2007, lançou o Relatório de Qualidade do Ar apresentando os

índices e quantificações dos principais poluentes atmosféricos no Rio de

Janeiro.

Ao mesmo tempo, agravando ainda mais a poluição atmosférica no Rio

de Janeiro, o crescimento da frota veicular contribuiu substancialmente para a

degradação do ar, principalmente na área metropolitana. O fluxo intenso aliado

a congestionamentos constantes contribuem em muito para esta poluição,

provando que os veículos automotores têm uma parcela de culpa considerável

em relação à emissão de poluentes na atmosfera.

Os poluentes do ar podem ser classificados como poluentes primários e

secundários. Suas fontes de emissão podem ser naturais ou antropogênicas.

Os eventos naturais são provenientes de fenômenos da natureza, como a

erupção vulcânica. Os eventos antropogênicos são aqueles feitos por uma

atividade humana.

As fontes dessas emissões podem ser fixas ou móveis. As fixas

produzem poluentes a partir de dado local, como exemplo, as indústrias. As

fontes móveis são as que emitem poluentes em diferentes localidades. Como

exemplo, os automóveis.

Segundo Mendes(2004), no caso dos automotores, a emissão de

poluentes está ligada a combustão incompleta e a evaporação do combustível;

emissão de gases e partículas pelo escapamento do veículo; emissão de

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gases do cárter do motor e no abastecimento do veículo; emissão de partículas

provenientes do desgaste de peças, ressuspensão de partículas de poeira.

Eles são considerados os maiores poluidores antropogênicos, pois as

indústrias já têm que cumprir uma série de normas, para evitar a grande

poluição causada por suas chaminés.

A expansão das frotas e a circulação de veículos intensificada pelo

aumento da urbanização são os grandes contribuintes para a degradação da

qualidade do ar nas áreas urbanas. Tornando-se um grande problema tanto no

Brasil como no mundo.

Nos veículos leves, equipados com motores a ciclo Otto, que usam

como combustível a gasolina, o álcool e o gás, as emissões provenientes do

escapamento representam cerca de 80% das emissões totais do veículo.

A gasolina pura ao reagir de maneira completa com o oxigênio, forma

basicamente H2O e CO2. Porém, com o tempo de uso do veículo e imperfeição

no contato dos reagentes, a reação de combustão ocorrida no motor não se

completa, resultando em hidrocarbonetos não queimados e CO. Além disso,

temos a produção de óxidos (NO e NO2). Estes três compostos (CO, HC’s e

NOx) constituem os principais poluentes veiculares (SCATOLINI, 2004;

MONTEIRO, 1998).

Todas estas emissões resultantes dos diferentes tipos de motores

veiculares vão influenciar negativamente na qualidade do ar. Esta má

qualidade resultará em inúmeros problemas, tanto para a população como

para o ambiente ao seu redor.

Existe uma série de poluentes que servem de indicadores de qualidade

do ar no mundo todo. Entre eles, temos o Dióxido de Enxofre (SO2), Monóxido

de Carbono (CO), Materiais Particulados, Óxidos de Nitrogênio (NOx) e o

Ozônio (O3). Estes têm esta denominação devido à maior ocorrência e aos

seus efeitos nocivos ao meio ambiente. Cada um desses poluentes tem um

índice, uma qualificação que é feita pela Organização Mundial da Saúde

(OMS) e adotada por cada país ou cidade, podendo haver alguma modificação

do órgão responsável local. Esse índice estabelece, legalmente, a

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concentração máxima aceitável para cada componente na atmosfera. (Figura

3)

Figura 3 - Padrões de qualidade do ar da OMS e seus equivalentes nos países.

Fonte: WHO, 1999

A poluição do ar provoca: doenças respiratórias; desconforto físico como

irritação dos olhos, nariz e garganta; agrava doenças cardiorespiratórias e

contribui para o desenvolvimento de câncer pulmonar. Esses problemas de

saúde relacionados a outros problemas causados pela falta de qualidade do ar

geram um custo social imenso em todas as cadeias da sociedade (LPAE,

2007).

O ar que as pessoas respiram, quando está contaminado com poluentes

particulados e gasosos, pode afetar primeiramente os tecidos do aparelho

respiratório, além do sistema circulatório, acumulando-se no organismo. Nas

crianças, este processo é mais rápido e intenso pela estrutura física e pela

dinâmica de respiração. Os grupos de risco para estes casos são as crianças,

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os idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas já existentes

(LPAE, 2007).

No Brasil, os padrões nacionais de qualidade de ar foram estabelecidos

através de uma portaria normativa e submetidos ao CONAMA em 1990,

formando a Resolução CONAMA nº03/90 (Figura 4).

Figura 4 – Padrões Nacionais de Qualidade do Ar

Fonte: CETESB, 2006

Quando se determina a concentração atmosférica de determinado

poluente, se mede o grau de exposição dos receptores (ser humano, outros

animais, plantas, materiais) a esta dada substância. É importante frisar que

mesmo mantendo as emissões, a qualidade do ar pode ser alterada pelas

condições meteorológicas que determinam uma maior ou menor permanência

dos poluentes na atmosfera. Portanto, é importante salientar que a qualidade

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do ar piora durante os meses de inverno, quando as condições meteorológicas

são desfavoráveis e a dispersão dos poluentes torna-se mais lenta,

conduzindo a Inversão Térmica.

1.4 – Ozônio Troposférico

O Ozônio é uma substância gasosa simples, presente no ar que

respiramos. Ele é composto por três átomos de Oxigênio, o que faz dele uma

molécula reativa. Para entendermos a poluição provocada pelo O3 é preciso

entender a diferença entre o Ozônio Troposférico e o Ozônio Estratosférico.

Estes têm formação e função completamente diferentes.

Na estratosfera o O3 é considerado uma substância que traz benefícios.

Ele forma uma camada protetora que impede a radiação excessiva de raios

ultravioletas do sol na superfície terrestre, servindo como um filtro que protege

o ser humano de casos de câncer, catarata e redução do sistema imunológico.

Este O3 é destruído por agentes químicos produzidos pelo homem, como os

CFCs (clorofluorcarbonos). (UEMOTO et al, 2006)

Na troposfera, região da atmosfera até cerca de 10km de altitude, O O3

é formado por reações fotoquímicas na atmosfera. Ele é produzido através da

ação da radiação solar sobre o NOx e o COVs. O O3 tem caráter oxidante

nesta região, causando problemas graves na saúde humana e danos ao meio

ambiente. Por ser tóxico quando inalado em concentrações inadequadas, no

homem causa desde uma irritação nos olhos até a diminuição da capacidade

pulmonar. Pode afetar a flora e a produção agrícola, pois desequilibra a

bioquímica das plantas. (EPA, 1999; IPCC, 2007)

Os níveis de O3 estão diretamente ligados as concentrações de

Compostos Voláteis (COVs) e de Óxidos de Nitrogênio (NOx) no ar e da

intensidade de radiação solar. As condições meteorológicas também são um

fator importante na regulação dos níveis de ozônio.

O O3 é uma substância secundária. Ele não é emitido diretamente na

atmosfera por nenhum meio. Ele é o produto de reações entre o NOx e o COV,

na presença de luz solar. O NOx é emitido pela indústria e pelos automotores,

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predominantemente. Já o COV é emitido por evaporação e pela queima

incompleta de combustíveis. O O3 é um componente complexo de se alcançar,

pois depende de inúmeras variáveis, como densidade de radiação, quantidade

de componentes primários, condições climáticas, entre outros. Tudo isso,

influencia em sua formação já que é um poluente secundário.

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CAPÍTULO II

A QUALIDADE DO AR NO RIO DE JANEIRO

No Rio de Janeiro em si, o monitoramento da qualidade do ar é

realizado desde 1967, primeiramente pelo Instituto de Engenharia Sanitária.

Para o Departamento Estadual de Transportes do Rio de Janeiro:

“O monitoramento da qualidade do ar é um mecanismo

decisivo nas políticas de controle ambiental por permitir

determinar o nível de concentração dos poluentes

presentes no ar e, em consequência, com base em seus

resultados, viabilizar o acompanhamento sistemático da

qualidade do ar na área monitorada, e dar origem a

elementos básicos para a elaboração e a avaliação da

eficácia de estratégias para o controle necessário da

poluição do ar.” (DETRAN, 2001)

Com a criação da FEEMA, hoje INEA, no início da década de 70, o Rio

contou com o apoio da OMS e o PNUD para criar e iniciar ações de controle

ambiental. Foi ampliada a rede de medição de qualidade do ar, facilitando a

realização de planejamentos estratégicos e elaboração de planos de ação de

controle da poluição do ar. Várias dessas ações, ao longo do tempo, foram

desenvolvidas com o intuito de minimizar a emissão de poluentes no ar.

Durante as décadas de 70 e 80 o grande alvo deste órgão foram as

emissões fixas, provenientes das várias indústrias instaladas na região. Um

novo fator passou a fazer parte da pauta de preocupações dos órgãos

estaduais de Meio Ambiente, a poluição veicular.

Segundo o Inventário de fontes emissoras de poluentes atmosféricos da

Região Metropolitana do Rio de Janeiro (FEEMA, 2004), a fatia de emissão de

poluentes em que os automóveis se inserem é de 77%, enquanto que as

emissões fixas são de 22%.

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Um maior grau de motorização significa mais viagens e com elas,

proporcionalmente há um aumento do consumo de energia. Como os

derivados de petróleo são os principais recursos energéticos para este setor,

há um aumento da taxa de emissão de poluentes e uma consequente

diminuição da qualidade do ar. Este aumento acelerado da frota sem dar a

devida atenção às questões climáticas e meteorológicas da região, leva a

índices de poluição insustentáveis e a mudanças negativas no ar (CABRAL,

2004; LOPES, 2005).

A população do município do Rio de Janeiro, segundo o IBGE (2000)

era de quase 6.000.000 de habitantes. Hoje, estima-se que este número já

ultrapassou os 6.100.000 habitantes. Na Região Metropolitana este número

pula para mais de 11.000.000 habitantes. Possui uma densidade média de

52,8hab/há, que se caracteriza, nos últimos anos, pelo esvaziamento do centro

e o aumento de densidade na Zona Oeste. O emprego, que é outro fator que

influencia as viagens, tem sua concentração nas áreas do Centro, com

destaques também para os bairros de Botafogo e agora, Barra da Tijuca. As

matrículas também influenciam e estão em maior número na Zona Oeste

(CIDE, 2005)

As viagens no modo motorizado representam 63% do total, já as

viagens no modo não-motorizado são 37% na RMRJ. O transporte individual

tem uma fatia de 16,5% do total de viagens, aumentando o seu percentual

quando observamos só o município do Rio.

Podemos afirmar que o transporte no município do Rio de Janeiro sofre

influência dos municípios vizinhos que compõem a Região Metropolitana do

Rio de Janeiro. A maior participação é do ônibus municipal com 64%, seguido

do transporte alternativo (as vans) com 17% e do intermunicipal com 6%. Já na

RMRJ a maior participação é do ônibus intermunicipal com 18%. Já os

condutores de automóveis representam 66% do transporte individual. (SMTR,

2006)

O município do Rio de Janeiro possui cerca de 3.357km de vias

espalhadas por todo o seu território, das quais 2.420km recebem o transporte

coletivo rodoviário, segundo dados da SMTR (2006).

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O Rio de Janeiro tem uma geomorfologia atípica, onde o seu território

tem restrições topográficas que também impõe restrições ao desenvolvimento

das vias. Este é um dos fatores que também irá influenciar na dispersão dos

ventos e, consequentemente, na dispersão dos poluentes gerados por essa

massa de veículos que transitam todos os dias pela RMRJ. As vias do

município do Rio em si têm uma dinâmica radial, imposta pelo

desenvolvimento que o município teve ao longo de sua existência.

É importante salientar que além de ter a função de escoamento do

tráfego as vias têm outras funções, como o deslocamento de pessoas; o

acesso as edificações, parques, praças e jardins; é o cenário do cotidiano da

população, além de proporcionar a interação das pessoas com o ambiente em

que vivem.

Por isso é fundamental entender que as ruas têm dois tipos de

capacidade para avaliar o desempenho de seu tráfego. Seriam a capacidade

física e a ambiental. (CABRAL, 2004)

A capacidade física é o número máximo de veículos trafegando que

uma via suporta. A capacidade ambiental é o volume de tráfego que uma via

comporta para uma boa qualidade do ar na própria via e em seus arredores,

respeitando os padrões estabelecidos pelos órgãos responsáveis. (CABRAL,

2004)

Portanto a capacidade ambiental limita a capacidade de tráfego de uma

via ou uma área. Esta limitação é uma forma de assegurar a segurança e

integridade física da população. Assim o estabelecimento de padrões constitui

parâmetros quantitativos entre a concentração apresentada nas vias e o que é

estabelecido como aceitável para o ambiente.

Os fluxos do município, sejam eles para veículos leves ou pesados, são

um grande desafio para os órgãos de fiscalização responsáveis. O sistema

viário carioca, em sua maioria, não tem condições de suportar o volume de

tráfego imposto pela demanda de viagens. Este problema causa

congestionamentos e consequente aumento da emissão de poluentes.

A evolução da taxa de motorização do Rio de Janeiro e de sua região

metropolitana confirma o grande volume de tráfego que as vias têm de

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suportar. Esta evolução só tende a aumentar devido ao barateamento dos

carros novos, o grande fluxo de troca de veículos aumentando a oferta de

carros usados e as facilidades que a população encontra para o financiamento

de seu veículo.

Todos os estudos e dados cedidos pela FEEMA-RJ, hoje INEA,

comprovam que a região metropolitana é uma área de grande preocupação,

por ser grande emissora de poluentes, tanto por sua frota crescente, como por

ter um grande e diverso parque industrial.

A Região Metropolitana do Rio de Janeiro, como em qualquer grande

metrópole apresenta condições favoráveis para a emissão de poluentes, entre

eles os precursores do O3. Outros fatores importantes são as características

geomorfológicas e climatológicas que influenciam na forma e velocidade com

que a dispersão de poluentes ocorre.

Com base nos dados obtidos, é possível afirmar que a RMRJ tem um

grande potencial para problemas de emissão e concentração de poluentes

acima dos níveis estabelecidos pelos órgãos responsáveis pela qualidade do

ar.

O INEA realiza uma série de estudos e publica diversos relatórios sobre

a emissão de poluentes e índices de qualidade do ar, medidos e analisados

por suas estações de monitoramento espalhadas pelas principais áreas da

RMRJ. Através deles é possível analisar que as grandes vias de circulação da

região, são as grandes emissoras dos principais poluentes.

O órgão divide este trabalho de monitoramento das condições do ar

entre os três tipos de estações existentes. Um é realizado pelas estações

manuais que registram os poluentes mais importantes. O outro é feito pelas

estações automáticas que têm a possibilidade de monitorar mais tipos de

poluentes entre eles o O3. O terceiro é uma estação móvel que é utilizada entre

outros fatores para estudos mais específicos.

As localizações das estações de monitoramento automáticas

obedeceram ao seguinte critério: representar as emissões realizadas pelo

tráfego de veículos. Observando este critério imposto pelo INEA é possível

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afirmar que as estações automáticas não estão posicionadas nos melhores

lugares para medição de concentração de O3.

As estações manuais que monitoram a emissão de poluentes primários

ficam localizadas próximas a áreas onde há vias de tráfego intenso e grandes

emissoras de poluentes. As estações automáticas fixas que monitoram, entre

outros, os poluentes secundários estão localizadas exatamente nas mesmas

áreas de suas estações manuais correspondentes.

Neste caso, estas estações estão muito próximas a vias de alto fluxo de

tráfego e apresentam um quadro de poluentes primários muito intenso. Entre

estes poluentes, destaca-se o NO que contribui para uma rápida e fácil

degradação do O3. Como a alta taxa de NO emitido pelos veículos pode

diminuir a concentração de O3, ou seja, em locais de fluxo intenso há grande

emissão de NO fazendo com que este poluente degrade o O3, criando NO2 e

O2.

O aumento de concentração de O3 será maior em locais onde há grande

emissão de COV’s, ou seja, hidrocarbonetos que irão converter o NO em NO2,

favorecendo o crescimento de O3 que não tem mais o NO para degradá-lo.

Portanto, se faz necessário uma restruturação da localização das

estações automáticas ou alternativas economicamente mais viáveis, como é o

caso do biomonitoramento, para que possam medir o nível de concentração de

O3 sem a influência de outros poluentes e reações químicas que possam

mascarar os dados.

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CAPÍTULO III

BIOMONITORAMENTO

Um exemplo de monitoramento de baixo custo que poderia ser utilizado

pelo INEA para a medição da concentração de O3 em áreas onde não há a

possibilidade de instalação de estações de monitoramento, seria o uso de

bioindicadores. O biomoniotramento é considerado um instrumento de

avaliação ambiental muito eficiente em locais de grande poluição, sendo uma

maneira de estimar a concentração de O3 de forma fácil e economicamente

viável.

Eles são organismos que respondem à poluição ambiental, ao modificar

suas funções vitais e acumular toxinas. Sua diferença para as estações de

monitoramento automático é que os bioindicadores apesar de levar mais

tempo para apresentar resultados, complementam as informações obtidas

pelas estações, pois além de avaliar os índices é possível observar as

consequências do acúmulo destas toxinas nos organismos.

A CETESB em São Paulo, assim como outras cidades brasileiras e

outros países como a Espanha, a Estônia, Itália, França, Reino Unido, China,

Ucrânia e EUA utilizam alguns tipos de plantas, entre elas a principal é a

Nicotiana Tabacum L. (Tabaco), como um indicador da presença de Ozônio

Troposférico. Em Sorocaba, foi criado um projeto piloto de monitoramento do

ar por plantações de tabaco em diversos pontos da cidade. Os resultados

destas pesquisas foram bastante positivos e auxiliam no monitoramento da

região. (CETESB, 2004)

Veremos mais alguns desses exemplos brasileiros a seguir:

3.1 – São Paulo

Segundo Pina et al, 2007, é possível utilizar plantas para monitorar a

concentração de ozônio em algumas áreas específicas. No caso, a área

escolhida foi o Parque do Ibirapuera na cidade de São Paulo, que segundo

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dados da CETESB tem altos índices de concentração de Ozônio e a planta

utilizada foi Psidium Guajava ‘Paluma’ que apresenta injúrias foliares quando

exposta ao ozônio em condições controladas.

Durante os três anos de pesquisa as concentrações de O3

ultrapassaram os padrões estabelecidos pela legislação brasileira inúmeras

vezes. Em todos os períodos de estudo foram observados sintomas foliares

induzidos pelo O3 nas mudas P. Guajava ‘Paluma’ expostas na cidade de São

Paulo. “Os sintomas foram idênticos aos descritos para a espécie em

condições controladas: pequenas pontuações vermelhas internervais na

superfície adaxial das folhas mais velhas.” (PINA et al., 2007)

3.2– Santo André

Na cidade de Santo André no Estado de São Paulo, o Departamento de

Gestão Ambiental em parceria com a Faculdade de Medicina da USP

resolveram agregar a técnica de biomonitoramento à educação ambiental. Esta

prática permite a visualização direta dos danos provocados pela poluição nas

plantas, assim como a introdução do tema nos conteúdos escolares de forma

diversificada, fazendo com que o assunto seja ministrado e incorporado ao dia-

a-dia dos alunos.

A planta escolhida para o biomonitoramento foi a Tradescantia pallida

cv. Purpúrea, conhecida pelos nomes populares de Setcresea, Trapoeraba ou

Coração Roxo. Tal uso consiste na exposição da planta nas áreas a serem

estudadas, após esta fase há a coleta da inflorescência jovem e análise das

células formadoras de grãos de pólen da planta. Quando o poluente

atmosférico é absorvido pela planta, ocorre um dano no DNA. O pedaço

danificado é lançado para fora do núcleo da célula, sendo visualizado ao

microscópio óptico comum como pequenas esferas (micronúcleos). Portanto,

quanto maior a quantidade de micronúcleos, maior é a intensidade de poluição.

(SEMASA, 2005)

Como resultado os alunos que participaram do programa fizeram as

coletas e análises necessárias e descobriram que o número de micronúcleos

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era muito maior nas áreas de biomonitoramento do que nas áreas controladas.

Isso comprova a eficácia do uso de bioindicadores na análise de poluentes

atmosféricos. Vale salientar que uma única amostragem é insuficiente para

quantificar o dano, já que a absorção de poluentes pela planta depende muitas

vezes de fatores ambientais, como umidade, temperatura, dispersão por

ventos, entre outros.

3.3– São José dos Campos

Foi desenvolvido em 2006 um trabalho de biomonitoramento, que

consistiu na avaliação ambiental de uma determinada área do município de

São José dos Campos, no Estado de São Paulo, por meio de organismos

vivos. No caso, plantas da espécie Nicotiana Tabacum (Tabaco), pois este

bioindicador responde à poluição do ar, em especial ao ozônio troposférico

(O3), através do aparecimento de injúrias ou necroses foliares, queda das

folhas e/ou diminuição no seu crescimento.

Nesta pesquisa foi criado um banco de dados com o os dados relativos

as injúrias foliares dos 24 pontos do monitoramento e através de um software

GIS foi gerado um mapa da distribuição espacial dos efeitos da poluição na

planta Nicotiana tabaco. A análise desta correlação e a concentração de

ozônio medido pela estação da CETESB no município, mostrou uma relação

significativa, pois as regiões onde se encontram altas concentrações de O3

são periféricas. A variabilidade do ozônio nos municípios é muito grande, nas

regiões centrais em geral se encontram os precursores e nas regiões

suburbanas e rurais as concentrações mais elevadas. (PEREIRA, 2009)

Outro trabalho realizado também em São José dos Campos diz respeito

ao monitoramento utilizando a planta bioindicadora Tradescantia Pallida. Ele

foi aplicado nas cidades de São José dos Campos e Ilhabela

concomitantemente. Ele é a continuação do projeto de biomonitoramento

iniciado em 2007. A continuação do Projeto é importante para acompanhar a

evolução da poluição atmosférica nos pontos de coleta através da contagem

de micronúcleos (MCN), e incentivar a promoção da Educação Ambiental. Com

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este projeto foi possível analisar diversos poluentes, entre eles o Ozônio e

demonstrar que apesar de ser uma ilha, Ilhabela também sofre com a poluição

devido a questões meteorológicas e a demanda crescente de automotores e

embarcações. (ZANATO,2009)

3.4– Uruguaiana

A referente pesquisa realizada em Uruguaiana, no Estado do Rio

Grande do Sul, expôs exemplares de plantas de Tabaco em pontos distintos

do município de Uruguaiana durante 30 dias para a detecção de Ozônio e

comparação com exemplares de controle. Fatores a serem analisados são o

crescimento da planta, lesões e formas da folhas.

O resultado evidenciou variações nas folhas lesadas. Em todos os

exemplares expostos foram encontrados algum tipo de lesão foliar. Devido a

falta de maiores informações, testes e períodos de análise o trabalho não foi

considerado conclusivo, precisando ser realizado por um maior período de

tempo e com melhores materiais. Mas fica evidente a preocupação com a

poluição de agentes secundários, já que em Uruguaiana foi possível encontrar

índices altos dos precursores do Ozônio. (MARTINS et al, 2009)

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CONCLUSÃO

O trabalho apresentado tem como foco analisar o uso do

biomonitoramento como uma forma de monitorar a qualidade do ar da Região

Metropolitana do Rio de Janeiro, dando ênfase a concentração de Ozônio

Troposférico (O3), com um baixo custo.

O setor de transportes hoje consome mais de 60% do petróleo refinado

no mundo, segundo dados do IEA (2007). No Brasil, a tendência é a mesma,

sendo consumidos 51% de petróleo só para a área de transportes, segundo o

Balanço Energético Nacional (MME, 2006). Todo este processo gera impactos

ambientais que devem ser levados em consideração. Os impactos ambientais

podem ter alcance mundial, regional e local. No caso deste trabalho em si foi

levado em consideração o impacto local que abrange a poluição que ocorre em

uma pequena área ou município, por exemplo.

A poluição atmosférica não é uma preocupação recente. Com a

introdução do modo rodoviário como o principal sistema de locomoção nas

grandes áreas urbanas, a queima do diesel e da gasolina constituiu-se em um

dos principais poluidores atmosféricos. Estes deterioram a qualidade do ar

causando doenças e problemas ao ecossistema local em diferentes áreas do

mundo.

Os poluentes podem ser classificados como primários e secundários. No

caso do O3 Troposférico é um poluente secundário resultante de reação

fotoquímica na atmosfera. Ele é causado pela ação da radiação solar sobre o

NOx e COV. Ele causa sérios problemas respiratórios, além de danos a fauna

e a produção agrícola, entre outros. Influências climáticas e geomorfológicas

podem influenciar neste processo, aumentando ou diminuindo o processo de

produção deste poluente.

No Rio de Janeiro todas estas questões influenciam na qualidade do ar

e nas concentrações de O3. Após diversos projetos de controle de emissões de

fontes fixas, as fontes móveis de poluição tornaram-se o grande foco dos

órgãos responsáveis pela preservação do meio ambiente na região. Por ser

uma grande metrópole que apresenta um alto fluxo de veículos o Rio e sua

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área metropolitana tem grande potencial para a emissão e concentração de

poluentes.

Mesmo sem a disponibilidade de todos os parâmetros meteorológicos

da área estudada, relatórios sobre o tema confirmam a ocorrência deste tipo

de poluição na RMRJ. Há uma falta de informações em quantidade relevante

para um diagnóstico mais específico, tais como: observações meteorológicas

mais recentes, estudos detalhados sobre os poluentes precursores e dados

históricos contínuos de fluxos de tráfego junto a Companhia de Engenharia de

Tráfego - CET-RIO.

Através de análise de estudos e projetos do INEA foi possível obter

resultados que nos levam ao entendimento que a RMRJ tem todos os fatores

que possibilitam a concentração de poluentes e que é necessário estudos mais

específicos sobre o assunto além de novas estratégias de medição, além de

ressaltar a importância de uma sinergia entre os diversos órgãos responsáveis

pelo tráfego e o meio ambiente para um monitoramento contínuo tanto do fluxo

quanto da qualidade do ar na RMRJ.

O estabelecimento de políticas locais de controle deve ser conjugado

com pesquisas e o monitoramento contínuo das áreas com potencial emissor

ou que podem ser afetadas pela poluição em maior grau. Outro fator a ser

monitorado e melhor pesquisado são os dados meteorológicos da região como

um todo. Este estudo deveria ser constante, salientando diversas áreas da

RMRJ para garantir dados seguros.

A busca pela qualidade do ar é um dos fatores para uma boa qualidade

de vida nas grandes metrópoles como o Rio de Janeiro e sua área

metropolitana. Para isto, se faz necessário um trabalho contínuo em busca de

ações efetivas nesse sentido.

A ampliação da rede de monitoramento é de suma importância para

dados mais concisos e precisos. Neste caso, o presente trabalho mostra que

um exemplo de monitoramento de baixo custo que poderia ser utilizado pelo

INEA para a medição da concentração de O3 em áreas onde não há a

possibilidade de instalação de estações de monitoramento, seria o uso de

bioindicadores. O biomoniotramento é considerado um instrumento de

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avaliação ambiental muito eficiente em locais de grande poluição, sendo uma

maneira de estimar a concentração de O3 de forma fácil e economicamente

viável.

O Biomonitoramento é uma técnica que permite avaliar a qualidade do

ar em áreas extensas, utilizando organismos vivos que respondem à poluição

ambiental alterando suas funções ou acumulando toxinas. As respostas das

plantas podem ser observadas tanto em nível macroscópico, através da

apresentação de cloroses, necroses, quedas de folhas ou diminuição no seu

crescimento, como podem ocorrer em nível genético

Eles são organismos que respondem à poluição ambiental, ao modificar

suas funções vitais e acumular toxinas. Sua diferença para as estações de

monitoramento automático é que os bioindicadores apesar de levar mais

tempo para apresentar resultados, complementam as informações obtidas

pelas estações, pois além de avaliar os índices é possível observar as

consequências do acúmulo destas toxinas nos organismos.

Os grandes centros urbanos enfrentam hoje os problemas decorrentes

da exposição a um dos poluentes atmosféricos mais agressivos à saúde e ao

meio ambiente. O ozônio (O3) é um gás extremamente tóxico e pode causar

sérios danos, mesmo em baixa concentração. Estudos recentes indicam que o

ozônio causa irritação dos olhos, nariz e garganta, leva ao envelhecimento

precoce da pele, causa tosse, dor de cabeça, náuseas, cansaço, diminui a

resistência a infecções, agrava doenças respiratórias e pode estar relacionado

ao câncer de pulmão. Além de causar danos à vegetação e sistemas

aquáticos, possuir forte ação corrosiva e reduzir a vida útil dos materiais.

Inúmeros exemplos de biomonitoramento demonstram que é possível

aliar baixo custo com eficiência, tanto no Brasil como em outros países. O que

torna-se um exemplo de trabalho que poderia ser empregado na RMRJ, já que

com os dados obtidos é possível diagnosticar os problemas que o Rio de

Janeiro tem para monitorar a sua qualidade do ar.

Portanto, o ar é um recurso de suma importância para a sobrevivência

dos seres vivos em geral e um grande destruidor deste bem é o homem. Cabe

a ele criar condições para o monitoramento e preservação deste elemento

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essencial para a vida. O O3, como outros poluentes secundários ainda são

pouco explorados pelas pesquisas, principalmente no Brasil e mais ainda na

RMRJ e este quadro deve ser mudado por sua importância em relação a

qualidade do ar.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Resolução CONAMA 003/90

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ANEXO 1

RESOLUÇÃO CONAMA Nº003/90

RESOLUÇÃO CO�AMA �º 003, de 28 de junho de 1990

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lhe confere o inciso II, do Art. 6º, da Lei nº 7.804, de 18 de julho de 1989, e tendo em vista o disposto na Lei nº 8.028, de 12 de abril de 1990, Decreto nº 99.274, de 06 de junho de 1990 e,

Considerando a necessidade de ampliar o número de poluentes atmosféricos passíveis de monitoramento e controle no País;

Considerando que a Portaria GM 0231, de 27.04.76, previa o estabelecimento de novos padrões de qualidade do ar quando houvesse informação científica a respeito;

Considerando o previsto na Resolução CONAMA nº 05, de 15.06.89, que instituiu o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar "PRONAR, RESOLVE:

Art. 1º - São padrões de qualidade do ar as concentrações de poluentes atmosféricos que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar danos à flora e à fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral.

Parágrafo Único - Entende-se como poluente atmosférico qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar:

I - impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde;

II - inconveniente ao bem-estar público;

III - danoso aos materiais, à fauna e flora.

IV - prejudicial à segurança. ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade.

Art. 2º - Para os efeitos desta Resolução ficam estabelecidos os seguintes conceitos:

I - Padrões Primários de Qualidade do Ar são as concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população.

II - Padrões Secundários de Qualidade do Ar são as concentrações de poluentes abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim como o mínimo dano à fauna, à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral.

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Parágrafo Único - Os padrões de qualidade do ar serão o objetivo a ser atingido mediante à estratégia de controle fixada pelos padrões de emissão e deverão orientar a elaboração de Planos Regionais de Controle de Poluição do Ar.

Art. 3º - Ficam estabelecidos os seguintes Padrões de Qualidade do Ar:

I - Partículas Totais em Suspensão

a) Padrão Primário

1 - concentração média geométrica anual de 80 (oitenta) microgramas por metro cúbico de ar.

2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 240 (duzentos e quarenta) microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.

b) Padrão Secundário

1 - concentração média geométrica anual de 60 (sessenta) micro gramas por metro cúbico de ar.

2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 150 (cento e cinqüenta) microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.

II - Fumaça

a) Padrão Primário

1 -concentração média aritmética anual de 60 (sessenta) microgramas por metro cúbico de ar.

2 -concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 150 (cento e cinqüenta) microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.

b) Padrão Secundário

1 - concentração média aritmética anual de 40 (quarenta) microgramas por metro cúbico de ar.

2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 100 (cem) microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser excedida uma de urna vez por ano.

III - Partículas Inaláveis

a) Padrão Primário e Secundário

1- concentração média aritmética anual de 50 (cinqüenta) microgramas por metro cúbico de ar.

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2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 150 (cento e cinqüenta) microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.

IV - Dióxido de Enxofre

a) Padrão Primário

1- concentração média aritmética anual de 80 (oitenta) microgramas por metro cúbico de ar.

2- concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 365 (trezentos e sessenta e cinco) microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser excedida mas de uma vez por ano.

b) Padrão Secundário

1 - concentração média aritmética anual de 40 (quarenta) microgramas por metro cúbico de ar.

2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de,100 (cem) microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser excedida mas de urna vez por ano.

V - Monóxido de carbono

a) Padrão Primário e Secundário

1- concentração médio de 8 (oito) horas de 10.000 (dez mil) microgramas por metro cúbico de ar (9 ppm), que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.

2 - concentração média de 1 (urna) hora de 40.000 (quarenta mil) microgramas por metro cúbico de ar (35 ppm), que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.

VI - Ozônio

a) Padrão Primário e Secundário

1 - concentração média de 1 (uma) hora de 160 (cento e sessenta) microgramas por metro cúbico do ar, que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.

VII - Dióxido de Nitrogênio

a) Padrão Primário

1 - concentração média aritmética anual de 100 (cem) microgramas

por metro cúbico de ar.

2 - concentração média de 1 (uma) hora de 320 (trezentos e vinte) microgramas por metro cúbico de ar.

b) Padrão Secundário

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1- concentração média aritmética anual de 100 (cem) microgramas por metro cúbico de ar.

2 - concentração média de 1 (uma) hora de 190 (cento e noventa) microgramas por metro cúbico de ar.

Art. 3º - Ficam estabelecidos os seguintes métodos de amostragem e análise dos poluentes atmosféricos a serem definidos nas respectivas Instruções Normativas:

a) Partículas Totais em Suspensão - Método de Amostrador de Grandes Volumes ou Método Equivalente.

b) Fumaça - Método da Refletância ou Método Equivalente.

c) Partículas Inaláveis - Método de Separação Inercial/Filtração ou Método Equivalente.

d) Dióxido de Enxofre - Método de Pararonasilina ou Método Equivalente.

e) Monóxido de Carbono - Método do Infra-Vermelho não Dispersivo ou Método Equivalente.

f) Ozônio - Método da Quimioluminescência ou Método Equivalente.

g) Dióxido de Nitrogênio - Método da Quimioluminescência ou Método Equivalente.

§ 1º - Constitui-se Método de Referência, os métodos aprovados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - INMETRO e na ausência deles os recomendados pelo IBAMA como os mais adequados e que deva ser utilizado preferencialmente.

§ 2º - Poderão ser adotados métodos equivalentes aos métodos de referência, desde que aprovados pelo IBAMA.

§ 3º - Ficam definidas como condições de referência a temperatura de 25ºC e a pressão de 760 milímetros de coluna de mercúrio (1.013,2 milibares).

Art. 4º - O monitoramento da qualidade do ar é atribuição dos Estados.

Art. 5º - Ficam estabelecidos os Níveis de Qualidade do Ar para elaboração do Plano de Emergência para Episódios Críticos de Poluição do Ar, visando providências dos governos de Estado e dos Municípios, assim como de entidades privadas e comunidade geral, com o objetivo de prevenir grave e iminente risco à saúde à saúde da população.

§ lº - Considera-se Episódio Crítico de Poluição do Ar a presença de altas concentrações de poluentes na atmosfera em curto período de tempo, resultante da ocorrência de condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos mesmos.

§ 2º - Ficam estabelecidos os Níveis de Atenção, Alerta e Emergência, para a execução do Plano.

§ 3º - Na definição de qualquer dos níveis enumerados poderão ser consideradas concentrações de dióxido de enxofre, partículas totais em suspensão, produto entre

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partículas totais em suspensão e dióxido de enxofre, monóxido de carbono, ozônio, partículas inaláveis, fumaça, dióxido de nitrogênio, bem como a previsão meteorológica e os fatos e fatores intervenientes previstos e esperados.

§ 4º - As providências a serem tomadas a partir da ocorrência dos Níveis de Atenção e de Alerta tem por objetivo evitar o atingimento do Nível de Emergência.

§ 5º - O Nível de Atenção será declarado quando, prevendo-se a manutenção das emissões, bem como condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes nas 24 (vinte e quatro) horas subseqüentes, for atingida urna ou mais das condições a seguir enumeradas:

1. concentração de dióxido de enxofre (SO2), média de 24 (vinte e quatro) horas, de 800 (oitocentos) microgramas por metro cúbico;

2. concentração de partículas totais em suspensão, média de 24 (vinte e quatro) horas, de 375 (trezentos e setenta e cinco) microgramas por metro cúbico;

3. produto, igual a 65x103, entre a concentração de dióxido de enxofre (SO2) e a concentração de partículas totais em suspensão - ambas em microgramas por metro cúbico, média de 24 (vinte e quatro) horas;

4. concentração de monóxido de carbono (CO), média de 08 (oito) horas, de 17.000 (dezessete mil) microgramas por metro cúbico (15 ppm);

5. concentração de ozônio, média de 1 (uma) hora. de 400 (quatrocentos) microgramas por metro cúbico;

6. concentração de partículas inaláveis, média de 24 (vinte e quatro) horas, de 250 (duzentos e cinqüenta) microgramas por metro cúbico;

7. concentração de fumaça, média de 24 (vinte e quatro) horas, de 250 (duzentos e cinqüenta) microgramas por metro cúbico.

8. concentração de dióxido de nitrogênio (NO2), média de 1 (uma) hora, de 1130 (hum mil cento e trinta) microgramas por metro cúbico.

§ 6º - O Nível de Alerta será declarado quando, prevendo-se a manutenção das emissões, bem como condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão de poluentes nas 24 (vinte e quatro) horas subseqüentes, for atingida uma ou mais das condições a seguir enumeradas:

1. concentração de dióxido de enxofre (SO2), média de 24 (vinte e quatro) horas, 1.600 (hum mil e seiscentos) microgramas por metro cúbico;

2. concentração de partículas totais em suspensão, média de 24 (vinte e quatro) horas, de 625 (seiscentos e vinte e cinco) microgramas por metro cúbico;

3. produto, igual a 261 x 103, entre a concentração de dióxido de enxofre(SO2) e a concentração de partículas totais em suspensão - ambas em microgramas por metro cúbico, média de 24 (vinte e quatro) horas;

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4. concentração de monóxido de carbono (CO), média de 8 (oito) horas, de 34.000 (trinta e quatro mil) microgramas por metro cúbico (30 ppm);

5. concentração de ozônio, média de 1 (uma) hora. de 800 (oitocentos) microgramas por metro cúbico;

6. concentração de partículas inaláveis, média de 24 (vinte e quatro) horas, de 420 (quatrocentos e vinte) microgramas por metro cúbico.

7. concentração de fumaça. média de 24 (vinte e quatro) horas, de 420 (quatrocentos e vinte) microgramas por metro cúbico.

8. concentração de dióxido de nitrogênio (NO2), média de 1(urna) hora de 2.260 (dois mil, duzentos e sessenta) microgramas por metro cúbico:

§ 7º - O nível de Emergência será declarado quando prevendo-se a manutenção das emissões, bem como condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes nas 24 (vinte e quatro) horas subseqüentes, for atingida uma ou mais das condições a seguir enumeradas:

1. concentração de dióxido de enxofre (SO2 ); média de 24 (vinte e quatro) horas, de 2.100 (dois mil e cem) microgramas por metro cúbico;

2. concentração de partículas totais em suspensão, média de 24 (vinte e quatro) horas, de 875 (oitocentos e setenta e cinco) microgramas por metro cúbico;

3. produto, igual a 393 x 103, entre a concentração de dióxido de enxofre (SO2) e a concentração de partículas totais em suspensão - ambas em microgramas por metro cúbico, média de 24 (vinte e quatro) horas;

4. concentração de monóxido de carbono (CO), média de 8 (oito) horas, de 46.000 (quarenta e seis mil) microgramas por metro cúbico (40 ppm);

5. concentração de ozônio, média de 1 (uma) hora de 1.000 (hum mil) microgramas por metro cúbico;

6. concentração de partículas inaláveis, média de 24 (vinte e quatro) horas, de 500 (quinhentos) microgramas por metro cúbico;

7. concentração de fumaça, média de 24 (vinte e quatro) horas, de 500 (quinhentos) microgramas por metro cúbico;

8. concentração de dióxido de nitrogênio (NO2), média de 1 (uma) hora de 3.000 (três mil) microgramas por metro cúbico.

§ 8º - Cabe aos Estados a competência para indicar as autoridades responsáveis pela declaração dos diversos níveis, devendo as declarações efetuar-se por qualquer dos meios usuais de comunicação de massa.

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§ 9º - Durante a permanência dos níveis acima referidos, as fontes de poluição do ar ficarão, na área atingida sujeitas às restrições previamente estabelecidas pelo órgão de controle ambiental.

Art. 6º - Outros Padrões de Qualidade do Ar para poluentes, além dos aqui previstos, poderão ser estabelecidos pelo CONAMA, se isto vier a ser julgado necessário.

Art. 7º - Enquanto cada Estado não deferir as áreas de Classe I, II e III mencionadas no item 2, subitem 2.3, da Resolução CONAMA nº 005/89, serão adotados os padrões primários de qualidade do ar estabelecidos nesta Resolução.

Art. 8º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

Transporte e Meio Ambiente 14

1.1 – O uso da energia e suas implicações ambientais 15

1.2 – O Meio Ambiente 18

1.3 – Poluição Atmosférica 19

1.4 – Ozônio Troposférico 25

CAPÍTULO II

A Qualidade do Ar no Rio de Janeiro 27

CAPÍTULO III

Biomonitoramento 32

3.1 – São Paulo 32

3.2 – Santo André 33

3.3 – São José dos Campos 34

3.4 – Uruguaiana 35

CONCLUSÃO 36

ANEXOS 40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 48

ÍNDICE 53

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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Título da Monografia:

Autor:

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Avaliado por: Conceito: