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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil
Por: Fátima Félix Patrício
Orientador
Prof. Fabiane Muniz
Prof. Ms. Marco A. Larosa
Niterói
2007
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Psicomotricidade.
Por: Fátima Félix Patrício
3
AGRADECIMENTOS
...minha mãe e meu pai, aos amigos e
ao meu amado noivo.
4
DEDICATÓRIA
...se não fossem vocês isso não
aconteceria, obrigado a todos os meus
professores.
5
RESUMO
O objetivo do estudo foi adquirir conhecimento sobre a importância de
jogos e brincadeiras no início do processo escolar. E de que maneira os jogos
e brincadeiras atuam sobre o desenvolvimento infantil, os motivos pelos quais
as crianças brincam, assim como esses jogos proporcionam a aprendizagem.
De acordo com a perspectiva do trabalho, acreditando ser a educação
psicomotora uma educação de base para o desenvolvimento integral da
criança.
6
METODOLOGIA
Os métodos utilizados para realizar este projeto foram pesquisas em
livros, artigos, textos e aulas assistidas no período que freqüentei a pós-
graduação, procurando analisar descrever e identificar a importância da
psicomotricidade no desenvolvimento infantil. A pesquisa foi fundamentada em
autores e teóricos.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - Psicomotricidade e desenvolvimento
infantil de 2 a 5 anos 10
CAPÍTULO II - A importância das brincadeiras e
jogos na Educação Infantil 23
CONCLUSÃO 27
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 28
ÍNDICE 29
FOLHA DE AVALIAÇÃO 30
8
INTRODUÇÃO
Há muito tempo discute-se a questão dos jogos e brincadeiras e sua
importância no desenvolvimento da criança. Atualmente, vários pesquisadores
mostram preocupação em compreender este fenômeno buscando,
principalmente, responder questões como: a função que estas atividades
exercem sobre o desenvolvimento infantil; motivos pelos quais a criança deve
brincar; o que a brincadeira proporciona à criança no que diz respeito à
aprendizagem etc. A fim de discutir estas e outras questões relacionadas ao
tema “brincadeira” e considerando que o brincar tem uma importância
característica para a criança.
“A criança joga e brinca dentro da mais perfeita
seriedade, que a justo título podemos considerar
sagrada. Mas sabe perfeitamente que o que está
fazendo é um jogo”. [J. Huizinga]
“Certamente não é apenas o desenvolvimento social
que é enriquecido durante uma brincadeira. Podemos
pensar na criança envolvida numa atividade que
exige um certo raciocínio necessitando levantar
hipóteses e solucionar problemas; ou ainda numa
brincadeira qualquer na qual ela tenha possibilidade
de construir conhecimentos e enriquecer o
desenvolvimento intelectual” (Piaget, 1978).
Por fim, não podemos deixar de mencionar as situações que a criança
revive enquanto ela brinca; por exemplo: situações que lhe causaram alegria,
ansiedade, medo e raiva podem ser revividas em forma de brincadeira o que
favorece uma maior compreensão de seus conflitos e emoções.
9
Já no século XX, outros pesquisadores começaram a discutir a
questão das brincadeiras, entre eles Piaget (1978), afirmando que a partir da
brincadeira a criança pode demonstrar o nível cognitivo que se encontra além
de permitir a construção de conhecimentos e Vygotsky, que compreendeu a
brincadeira (como qualquer outro comportamento humano) como resultado de
influências sociais que a criança recebe ao longo do tempo. Vale a pena
ressaltar que o brinquedo cria na criança uma zona de desenvolvimento
proximal e através dele que a criança obtém as suas maiores aquisições
(Vygotski, 1984).
Outros autores que estudam a ampliação das interações sociais a
partir da brincadeira afirmam que a criança, enquanto brinca, se constitui como
indivíduo diferente dos demais, entra em contato com diferentes papéis sociais
e evolui quanto à diferenciação eu-outro (Almeida, 1995; Carvalho, 1981;
Carvalho, 1989; Oliveira e Rossetti-Ferreira; 1993; Pedrosa e Carvalho, 1995).
10
CAPÍTULO I
PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL
DE 2 A 5 ANOS
“É uma ciência que tem por objetivo o estudo do
homem através do seu corpo em movimento nas
suas relações com seu mundo interno e externo”.
(SPB, 1984)
Segundo Le Boulch, a educação do movimento com atuação sobre o
intelecto, numa relação entre pensamento e ação, que engloba funções
neurofisiológicas e psíquicas.
Assegura o desenvolvimento funcional, tendo em conta as
possibilidades da criança e ajuda a sua afetividade a se expandir e equilibrar-
se, através do intercâmbio com o ambiente humano.
“A Psicomotricidade consiste na unidade dinâmica
das atividades, dos gestos, das atitudes e posturas,
enquanto sistema expressivo, realizador e
representativo do “ser-em-ação” e da “coexistência”
com outrem”. (Jacques Chazaud,1976)
Vygotski (1998) afirma que o desenvolvimento é sempre um pré-
requisito para o aprendizado e que, se as funções mentais de uma criança não
amadurecer a ponto de ela ser capaz de aprender um assunto particular, então
nenhuma instrução se mostrará útil. A mente não é uma rede complexa de
capacidades gerais como observação, atenção, memória, julgamento, mais um
11
conjunto de capacidades específicas, onde cada uma das quais, de alguma
forma, independente das outras e se desenvolve independentemente.
Partindo-se de uma perspectiva histórica, desde a Antiguidade as
crianças participavam de diversas brincadeiras como forma de diversão e
recreação (Wajskop, 1995). Jogos de demolir e construir, rolar aros, cirandas,
pular obstáculos são exemplos de brincadeiras existentes desde a Antiguidade
(Fundação Roberto Marinho, 1992). Por outro lado, vale a pena ressaltar que
apenas na era do Romantismo que a brincadeira passou a ser vista como
expressão da criança e a infância a ser compreendida como um período de
desenvolvimento específico e com características próprias. Neste período as
principais brincadeiras eram: piões, cavalinhos de pau, bola etc. (Kishimoto,
1990). A partir deste período, vários pesquisadores surgiram desenvolvendo
propostas pedagógicas com a utilização de brinquedos e jogos, como por
exemplo: Froebel (educação baseada no brincar), Decroly (que elaborou
materiais para educação de crianças deficientes com a finalidade de
desenvolver a percepção, motricidade e raciocínio) e Montessori (que
desenvolveu uma metodologia de forma a implementar a educação sensorial)
(Kishimoto, 1990).
O desenvolvimento de cada criança e impar. O esquema do
desenvolvimento é comum a todas as crianças, mas as diferenças de caráter,
as possibilidades físicas, o meio e o ambiente familiar explicam que com a
mesma idade crianças perfeitamente “normais” possam comportar-se de
maneira diferente. A criança que progrediu inicialmente muito rápido pode
reduzir o seu ritmo e ser alcançada por aquela criança que parecia “atrasada”
alguns meses antes.
12
1.1 - Esquema de desenvolvimento infantil de 2 a 5 anos (segundo
Gesell, Picq e Vayer, Savasta, Piaget e Holle)
2 ANOS
Características Físicas
• Pesa de dez a treze quilos.
• Necessita de mais ou menos treze horas de sono à noite e repouso à
tarde.
• A bexiga tem capacidade para conter mais urina, mas o
desenvolvimento neuromuscular ainda é insuficiente para que consiga
um controle esfincteriano perfeito.
• Apresenta alguma noção de quantidade e começa a enumerar.
• Lembra o lugar onde deixou certos brinquedos e objetos.
• Mantém atenção concentrada por aproximadamente cinco minutos.
Comunicação e expressão
• Usa frequentemente a palavra não.
• Atende pelo próprio nome.
• Sua linguagem torna-se útil.
• Começa a construir frases curtas e simples.
• Descreve objetos em termos de suas funções.
Percepção
• Tem preferência por cores.
• Nomeia objetos, reconhece figuras.
• Percebe-se em fotos e espelho.
• Explora o mundo pelos sentidos.
• Distingue o preto do branco.
• Classifica algumas figuras geométricas em termos e formas.
13
Coordenação global, equilíbrio e conhecimento corporal
• Coloca-se em posição bípede e anda.
• Corre com dificuldade, embora não caia muito.
• Sobe escadas, a cada movimento apoiando os dois pés em cada
degrau.
• Percebe-se no espelho e aponta algumas partes do corpo.
• Desenha garatujas.
• Salta desajeitadamente.
• Mantém-se de pé e imóvel sobre um banco, com os pés juntos, durante
dez segundos.
Coordenação fina
• Começa a comer sozinha; usa colher, xícara ou copo sem derramar
muito.
• Copia linhas nos sentidos vertical e horizontal.
• Constrói torre de seis a oito cubos com 3 cm de lado.
• Fechar zíper.
• Tira os próprios sapatos.
• Apresenta preensão fina dos dedos para: segurar objetos, colocar
objetos um ao lado do outro, folhear, enfiar contas grandes em fio.
• Aponta objetos com o indicador e transporta coisas.
• Apresenta dificuldade para dobrar papel e pintar.
Coordenação Temporal
• Tem noção do agora.
• Compreende seqüências simples, sem referência ao passado.
Orientação espacial
• É capaz de grandes explorações do espaço.
• Apresenta noções de localização: e cima\embaixo, dentro\fora.
• Compreende as expressões aqui e lá.
14
• Com demonstração, encaixa quadrado, círculo e triângulo nos
respectivos lugares.
Características sócio-afetivas
• Chama-se pelo seu próprio nome.
• Distingue meninos e meninas.
• A afetividade é viva e explosiva.
• Manifesta emoções sem controle.
• A sociabilidade é pouco diferenciada, com atividade lúdica solitária.
Ainda não divide brinquedos.
• Conhece a diferença entre "eu" e "tu", mas não entende o que seja o
"nós".
• Mantém distância de estranhos.
• Mostra dificuldade para fazer escolhas e manifesta ansiedade quando
fracassa.
• Revela ritualismo: faz coisas a seu modo e irrita-se se alguém interfere.
• Gosta de controlar os outros e dar ordens.
• Mostra algumas tendências consideradas agressivas: bate, morde,
belisca.
• É teimosa, negativista.
3 ANOS
Características Físicas
• Pesa de treze a dezesseis quilos.
• Necessita de repouso após o almoço.
• Concentra a atenção por aproximadamente dez minutos
Comunicação e expressão
15
• Entra na fase dos porquês (pensamento finalista: a criança quer saber,
na realidade, a finalidade, o "para quê" das coisas).
• É muito curiosa.
• Sabe sua idade.
• Não discrimina realidade e fantasia (pensamento mágico).
• Fala consigo mesma e com pessoas imaginárias.
• Forma frases completas.
• Nomeia o que constrói.
• Sabe dizer seu nome e sobrenome.
• Pode passar por fase de gagueira.
Percepção
• Reconhece as cores.
• Observa detalhes e começa a identificar, classificar e comparar.
• Classificar objetos por cor ou forma.
• Aumenta o interesse em ouvir.
• Discrimina quente/frio.
Coordenação global, equilíbrio e conhecimento corporal
• Apresenta postura automatizada e melhor equilíbrio.
• Pode correr, saltar, pular e subir escadas (com um pé em cada degrau).
• Reconhece as diferentes partes do corpo e sabe nomeá-las.
• Colocar o sapato correspondente em cada pé.
• Pára com um pé só por uns momentos.
• Salta com os pés juntos sobre uma corda estendida no solo.
• Sabe se é menino ou menina.
• Tenta desenhar uma pessoa.
Coordenação fina
16
• Pode guardar suas próprias roupas, vestir-se e desamarrar cordões,
embora não dê laços. Não consegue distinguir frente/atrás, de certas
roupas, escova os dentes com ajuda e abotoa apenas botões grandes.
• Constrói torre de nove cubos.
• Realiza construções ordenadas e equilibradas.
• Usa corretamente a colher e o garfo.
• Começa a segurar xícaras pela asa e a comer sozinha sem derramar.
• Utiliza tesoura e manipula massa de modelar.
• Não consegue despejar líquido de um a outro recipiente, mas pode
treinar sob supervisão
• Pode copiar um círculo, uma cruz e dobrar papel na horizontal e na
vertical.
Coordenação Temporal
• Vocabulário de doze palavras para designar o tempo.
Orientação espacial
• Reconhece a ordem dos objetos familiares.
• Percebe o espaço onde se dá a ação.
• Tem noção de "casa" e de suas partes.
• Orienta-se em itinerários simples.
Características sócio-afetivas
• Trata-se por "eu" e fala de "meu" (noção do eu e de posse).
• Percebe os outros e a diferença entre "eu" e "nós".
• Pode julgar e escolher entre duas opções.
• Imita, principalmente os adultos.
• É capaz de dramatizar.
• Consegue esperar sua vez nos jogos.
• Apresenta expressão emocional variável: ora tímida, ora extrovertida.
• Mostra mais conformismo com a rotina de que aos dois anos.
17
• Ainda é ritualista.
• Passa pela fase da birra, dos gritos.
4 ANOS
Características Físicas
• Pesa de dezesseis a dezoito quilos.
• Recorda-se de objetos, mesmo na ausência deles.
• Necessita de algum repouso durante o dia.
• Concentra a atenção por períodos de aproximadamente quinze a vinte
minutos.
Comunicação e expressão
• Aumenta rapidamente seu vocabulário.
• Não para de fazer perguntas.
• Fala sozinha.
• Tem imaginação fértil.
• Apresenta curiosidade aumentada, quer saber "como", "por quê".
• Sabe dizer seu nome, sobrenome e idade quando lhe perguntam.
• Cantam bem pequenas canções.
• Gosta de palavras bobas, sem sentido, palavrões.
Percepção
• Reconhece cores e tonalidades, tamanhos e formas geométricas.
• Reconhece objetos pelo tato, mesmo sem vê-los.
Coordenação global, equilíbrio e conhecimento corporal
• Apresenta integração do automatismo postural.
• Pode andar de bicicleta, jogar bola, aprender a nadar.
• Fica de pé sobre uma perna só, salta para frente com os pés juntos, dá
saltos no mesmo lugar, caminha na ponta dos pés.
18
• Reconhece as diversas partes do corpo e interessa-se pelas roupas e
gestos de adultos.
• Demonstra curiosidade pelos órgãos genitais, pelo nascimento dos
bebês e pelas diferenças sexuais.
Coordenação fina
• Realiza construções mais difíceis e combina construções
• Veste-se e abotoa suas roupas, distingue frente/atrás, lava suas mãos e
pode tomar banho sozinha.
• Consegue enfiar fio grosso em uma agulha para bordar em talagarça.
• Desenha uma pessoa.
• Recorta papel, segura pincel, e cola com mais precisão.
• Desenha coisas que já viu.
Coordenação Temporal
• Demonstra noção de duração das situações.
• Aumenta o vocabulário sobre tempo.
19
Orientação espacial
• Tem noção de cidade e de rua.
• Representa mentalmente itinerários.
• Emprega com exatidão o vocabulário relativo ao espaço (sentido de
direção e posições).
Características sócio-afetivas
• Desenvolve o sentido do "eu".
• Tem mais noção dos limites (meu/teu/nosso, certo/errado).
• Segrega os sexos nos jogos.
• Demonstra autoritarismo, expansividade e iniciativa.
• Tem grande capacidade de imitação.
• Adora ser elogiada e se elogia.
• É fisicamente afetuosa.
• Demonstra alguns medos e por isso não deve ser assustada e nem
ouvir muitas estórias que venham a aumentar seus medos.
• Suas emoções são extremas: gosta muito, detesta muito.
• Gosta de exageros: "maior que o céu" etc.
5 ANOS
Características Físicas
• Pesa de dezesseis a vinte quilos.
• Planeja atividades, a idéia precede a ação e é menos impulsiva (pensa
antes de agir).
• É mais responsável e organizada.
• Pode começar a perder os dentes de leite.
• Começa a perceber a correspondência termo a termo, quando compara
dois conjuntos.
20
• Concentra a atenção por períodos de aproximadamente quinze a trinta
minutos.
Comunicação e expressão
• Vence as maiores dificuldades de pronúncia.
• Domina vocabulário rico.
• Faz muitas perguntas.
• Pode começar a ler algumas palavras.
• Define objetos segundo seu uso.
• Começa a fazer distinção entre realidade e fantasia. É mais realista.
• Escreve o seu primeiro nome.
Percepção
• Aprende os conceitos e noções básicas de cor, forma, tamanho,
espessura, temperatura, sabor cheiro e peso.
• Tem percepção de detalhes e é capaz de comparar e seriar.
Coordenação global, equilíbrio e conhecimento corporal
• Demonstra precisão e destreza na motricidade; pode senta-se ereta,
correr, pedalar, pular, nadar, saltitar, atirar, virar cambalhotas.
• Tem melhor conhecimento das partes e das proporções corporais.
• Com os pés juntos, salta sem impulsos, por cima de um elástico
colocado a 20 cm do solo e mantém-se na ponta dos pés por dez
segundos.
• Apresenta independência total em suas necessidades (bexiga e
intestino).
21
Coordenação fina
• Apresenta motricidade fina mais hábil: dá nós simples; escreve, modela,
constrói, manipula, veste-se, alimenta-se, lava-se, colore dentro dos
limites, utiliza faca ao comer, abotoa, amarra.
Coordenação Temporal
• Interessa-se pelo tempo presente.
• Compreende as diferenças: dia/noite, manhã/tarde.
• Maneja adequadamente os termos referentes ao tempo.
Orientação espacial
• Começa a diferenciar direita/esquerda.
• Reconhece alguns limites geográficos e consegue orientar-se na rua
• Arma quebra-cabeças.
Características sócio-afetivas
• Demonstra sentido mais seguro do "eu".
• A mãe continua sendo o centro de seu universo, embora esteja mais
independente dela.
• Inicia atividades grupais, embora com fins mais individuais do que
coletivos.
• Começa interessar-se pelos vizinhos, por pessoas novas.
• Aceita regras e limites e consegue jogar cooperativamente. É mais
sociável.
• Aparecem juízos de valor sobre seu próprio comportamento.
• Tem iniciativa e idéias próprias.
• É mais autocrítica e segura.
• Continua a apresentar ansiedade com relação às coisas cuja explicação
desconhece.
22
CAPÍTULO II
JOGOS E BRINCADEIRAS
O que é brincadeira? De acordo com Kishimoto (1997), uma criança
atirando com um arco e flecha pode ser uma brincadeira ou pode ser uma
criança que está se preparando para a arte da caça (como pode ocorrer num
contexto indígena). Como diferenciar?
2.1 – Importância do brincar
O desenvolvimento psicomotor engloba em si, a inter-relação do
desenvolvimento motor, do psiquismo e da inteligência. O ato motor isolado
não tem significado.
Segundo De Meur (1991), este desenvolvimento é adquirido numa
seqüência de etapas que começa com a aquisição do esquema corporal.
Vygotsky (1987) afirma que na brincadeira “a criança se comporta além
do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário;
no brinquedo, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade” (p.117).
Em sua visão, a brincadeira cria uma zona de desenvolvimento proximal
favorecendo e permitindo que as ações da criança ultrapassem o
desenvolvimento real já alcançado permitindo-lhe novas possibilidades de ação
sobre o mundo.
Mas como a brincadeira permite o desenvolvimento e a
aprendizagem? Vamos neste momento discutir as inúmeras possibilidades que
o brincar proporciona à criança a partir de diferentes referenciais teóricos
permitindo ao educador um maior embasamento a respeito do tema. Pense no
desenvolvimento social. Como criar oportunidades lúdicas para a criança
23
incrementar o seu repertório social bem como desenvolver relações inter-
pessoais? Quando a criança brinca de faz de conta, por exemplo, ela deve
supor o que o outro pensa, tentar coordenar seu comportamento com o de seu
parceiro, procurar regular seu comportamento de acordo com regras sociais e
culturais. Além disso, para Vygotsky (1984), a criança, ao brincar de faz de
conta, cria uma situação imaginária podendo assumir diferentes papéis, como
o papel de um adulto. A criança passa a se comportar como se ela fosse
realmente mais velha, seguindo as regras que esta situação propõe. Nesse
sentido, a brincadeira pode ser considerada um recurso utilizado pela criança,
podendo favorecer tanto os processos que estão em formação quanto os que
serão completados.
Também a auto-estima, uma das condições do desenvolvimento normal,
tem sua gênese na infância em processos de interação social – na família ou
na escola – que são amplamente proporcionados pelo brincar.
Vários autores têm caracterizado a brincadeira como a atividade ou
ação própria da criança, voluntária, espontânea, delimitada no tempo e no
espaço, prazerosa, constituída por reforçadores positivos intrínsecos, com um
fim em si mesma e tendo uma relação íntima com a criança (Bomtempo, 1987;
Brougère, 1997; De Rose e Gil, 1998; Kishimoto, 1997; Piaget, 1978; Santos,
1998; Wajskop, 1995). A partir destas informações é importante ressaltar que o
brincar faz parte da infância, porém, em várias ocasiões, os adultos (pais ou
professores) propõem determinadas atividades para as crianças que parecem
não cumprir os critérios acima discutidos, mas que são chamadas de
“brincadeiras” pelos próprios adultos.
2.2 – Jogos e brincadeiras
O caráter de ficção é um dos elementos constitutivos do jogo e, é um
modo de expressão de grande importância, pois também pode ser entendido
como um modo de comunicação em que a criança expressa os aspectos mais
24
íntimos de sua personalidade e sua tentativa de interagir com o mundo adulto.
Pelo jogo as crianças exploram os objetos que os cercam, melhoram sua
agilidade física, experimentam seus sentidos, e desenvolvem seu pensamento.
Algumas vezes o realizarão sozinhos, em outras, na companhia de outras
crianças, desenvolvendo também o comportamento em grupo. Podemos dizer
que aprendem a conhecer a si próprios, ao mundo que os rodeia e aos demais.
Pedagogos e psicólogos estão de acordo em que o Jogo Infantil é uma
atividade física e mental que favorece tanto o desenvolvimento pessoal como a
sociabilidade, de forma integral e harmoniosa. A criança evolui com o jogo e o
jogo da criança vai evoluindo paralelamente ao seu desenvolvimento, ou
melhor dizendo, integrado ao seu desenvolvimento. Independente de época,
cultura e classe social, os jogos e os brinquedos fazem parte da vida da
criança, pois elas vivem num mundo de fantasia, de encantamento, de alegria,
de sonhos, onde realidade e faz-de-conta se confundem. (Kishimoto, 1999).
O jogo está na gênese do pensamento, da descoberta de si mesmo, da
possibilidade de experimentar, de criar e de transformar o mundo.
O jogo da criança não é equivalente ao jogo para o adulto, pois não é
uma simples recreação, o adulto que joga afasta-se da realidade, enquanto a
criança ao brincar/jogar avança para novas etapas de domínio do mundo que a
cerca.
“Uma atividade voluntária exercida dentro de certos
e determinados limites de tempo e espaço, segundo
regras livremente consentidas, mas absolutamente
obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo,
acompanhado de um sentimento de tensão e alegria
e de uma consciência de ser diferente de vida
cotidiana.” [Huizinga]
25
2.3 – Educação Infantil
Rodrigues (2005) afirma que a educação infantil leva em conta o
desenvolvimento das esferas cognitivas, motoras e afetivas, e é precisamente
nesse período da vida que existem as melhores possibilidades para
desenvolver todas as potencialidades do individuo.
Segundo o Ministério da Educação e do Desporto (1998), o Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil, afirma que as características para
a Educação Infantil devem estar embasadas nos seguintes princípios: O
respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas
diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas, o
direito de brincar o acesso aos bens sócios culturais disponíveis, a
socialização, o atendimento aos cuidados essenciais associados a
sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade.
A “ciência” da educação tem demonstrado, que na primeira infância, é
necessário estimular as crianças mediante um processo organizado,
sistemático e, pôr fim, pedagógico da atividade motora, desse modo os
pequenos irão adquirir os conhecimentos fundamentais para seu adequado
desenvolvimento, num período que os prepare corretamente para a escola e a
vida.
Na educação, não podemos deixar de nos referir ao Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) que ressalta a importância
da brincadeira quando afirma que educar significa “propiciar situações de
cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas” (p.23).
A pedagogia do movimento do século XXI provavelmente privilegiará a
cooperação, o prazer da atividade realizada com consciência. O lúdico período
ao longo do tempo pela exacerbação do alto rendimento e o movimento
corporal expressivo em detrimento corporal imitativo. Enfim deseja-se que os
26
alunos adquirem competência para aprender as possibilidades e os limites da
expressão corporal enquanto linguagem no tempo histórico
É de grande importância que os professores compreendam e utilizem o
jogo como um recurso privilegiado de sua intervenção educativa.
São várias as dificuldades que existem com relação à definição e
caracterização da brincadeira, entretanto, é certo que a brincadeira assume um
papel fundamental na infância; numa concepção sociocultural, a brincadeira
mostra como a criança interpreta e assimila o mundo, os objetos, a cultura, as
relações e os afetos das pessoas, sendo um espaço característico da infância
(Wajskop, 1995).
27
CONCLUSÃO
Diante destas informações, a brincadeira pode e deve ser privilegiada
no contexto educacional. Não apenas na Educação Infantil, como também no
Ensino Fundamental. A escola, atenta aos inúmeros benefícios que a
brincadeira traz, bem como nas possibilidades que elas criam de se trabalhar
diferentes conteúdos em forma lúdica, deve “lutar” sempre pra que tais
atividades sejam privilegiadas e bem aceitas pelas crianças e pelos adultos
responsáveis.
Vale lembrar que não são necessários espaços muito estruturados ou
objetos complexos para que ocorra uma brincadeira. Espaços simples, com
objetos fáceis de serem encontrados e manipulados podem se transformar em
grandes aliados do educador.
As várias idéias e exemplos de brincadeiras que podem ser utilizadas
na escola, proporcionam aprendizagem e desenvolvimento para as crianças,
mostrando a importância de cada uma delas. Sugere-se que, a partir desta
leitura, cada educador desenvolva e crie atividades adequadas aos seus
alunos potencializando o desenvolvimento de cada um deles. De acordo com
Brougère (1997), o brincar exige uma aprendizagem; sendo assim o professor
terá este papel fundamental de inserir a criança na brincadeira, criando
espaços, oportunidades e interagindo com ela.
28
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
FONSECA, Vítor da. Psicomotricidade. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
MARANHÃO, Diva. Ensinar brincando. Rio de Janeiro: Wak, 2004.
ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpor, ação e emoção. Rio de Janeiro:
Wak, 2005.
BOULCH, Le. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento até 6 anos. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1986.
SÁNCHEz, Pilar Arnaiz. MARTINEZ, Marta Rabadán. PEÑALVER, Iolanda
Vives. A psicomotricidade na educação infantil: Uma prática preventiva. São
Paulo: Artmed, 2001.
AJURIAGUERRA, J. de. Manal de psiquiatria infantil. Paris: Masson, 1974.
kishimoto, Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São
Paulo: Cortez, 1999.
MEUR, A. de. Staes, L. Psicomotricidade. São Paulo: Editora Manole, 1991.
29
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
psicomotricidade e Desenvolvimento Infantil de 2 a 5 anos 10
1.1 - Esquema de desenvolvimento infantil de 2 a 5 anos 12
CAPÍTULO II
Jogos e brincadeiras 22
2.1 – Importância do brincar 22
2.2 – Jogos e brincadeiras 23
2.3 – Educação Infantil 25
CONCLUSÃO 27
ANEXOS 28
ÍNDICE 29
FOLHA DE AVALIAÇÃO 30
30
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidades Cândido Mendes
Título da Monografia: A importância dos jogos e brincadeiras na
educação infantil
Autor: Fátima Félix Patrício
Data da entrega: 28/07/2007
Avaliado por: Conceito: