UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Uma destas leis rege que a escola deve receber...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A ARTETERAPIA VENCENDO BARREIRAS: A ARTE DE INCLUIR!
Por: Ana Lúcia Zakovsky
Orientador
Prof. Fabiane Muniz da Silva
Gama, 2008
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A ARTETERAPIA VENCENDO BARREIRAS: A ARTE DE INCLUIR!
Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Arteterapia.
Por: Ana Lúcia Zakovsky
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelas inúmeras
iluminações didáticas e de vida que me
proporcionou durante a realização desta
monografia. À professora por me deixar assistir
suas aulas e tirar suspiros emocionados
durante alguns filmes e outras passagens. Sem
falar nos diferentes exemplos de vida que tive
oportunidade de conhecer. A aluna C, pela
força e garra que possui. E sua mãe que
demonstrou sempre um grande amor pela C.
Sempre se dirigindo a ela com voz doce e
amorosa.
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EPÍGRAFE
“Se eu puder, ajudar alguém a seguir
a diante, alegrar alguém com uma canção,
mostrar o caminho certo... então minha
vida não terá sido em vão.”
Martin Luther King
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DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia ao meu amor –
Haroldo- que me deu cafezinho com pão
enquanto eu estava estudando ou
digitando este trabalho. Mas
principalmente por me forçar a
desenvolver a maravilhosa arte da
paciência ao ouvir suas constantes
reclamações sobre o tempo dispensado a
este trabalho e negado a ele.
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RESUMO
A evolução gerou a globalização. E a mesma gerou a inclusão. Não se
pode falar de globalizado se todos não tiverem incluídos.
Mas a inclusão não é algo simples. Precisamos cortar o cordão umbilical
da história da ignorância que gerou pré-conceito e a discriminação. E raízes
tão profundas são difíceis de seres arrancadas. Leva tempo e muito esforço.
Temos que trilhar um longo caminho começando por nosso eu.
Discriminamos com facilidade o diferente, o desconhecido. E temos medo!
Afastamo-nos e tomamos atitudes para sermos afastados. É difícil mudar
mesmo quando queremos. Imagine quando isto não é o desejado.
O início às vezes começa fora. Com leis! E depois de um penoso
caminhar as mudanças vão acontecendo pouco a pouco, com muito
sofrimento. Mas acontecendo! Leis que devemos obedecer e nos adaptar.
Leis que às vezes não são cumpridas nem por quem as criou ou
deveriam dar o exemplo!
E os papéis se invertem. Quem antes criticava, agora levanta a bandeira
e luta por mudanças. Quer ver as leis serem cumpridas em todas as
instâncias. A mudança está acontecendo! De forma estranha. De fora para
dentro. Mas se iniciou e está acontecendo.
Uma destas leis rege que a escola deve receber toda a criança
independente das necessidades de aprendizagem que ela apresente. E mais,
devem oferecer meios de suprir estas necessidades para que ela se torne um
adulto pleno de exercer sua cidadania. Mas a escola não é feita de paredes e
só de um lugar físico. Ela é feita de pessoas. Pessoas estas que precisam de
preparo físico, intelectual e psicológico. Quando se fala em ser humano não se
pode falar em mensuração, padrões, gráficos, e tantos outros que
equivocadamente nossa sociedade faz há muito tempo. O ser humano não é
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7máquina. Não pode ser quantificado. Variáveis externas e principalmente
internas mudam ações e reações esperadas. Esta é a maior característica do
ser humano. Ele é imprevisível!
Mesmo sem levar em conta a imprevisibilidade e a preparação dos
funcionários que receberiam estas crianças, a escola já está de portas abertas
e se virando como pode para atendê-las. A inclusão está acontecendo pela
criatividade e pela força de cada um, dos que estão sendo recebidos e dos que
estão recebendo. E como tudo é muito novo, cheio de erros; Ou melhor, cheio
de tentativas de acerto!
A escola é a cobaia neste novo tentar e está mostrando vários caminhos
para a sociedade. Pequenas e grandes mudanças agora são exigidas em
todos os setores, inclusive o setor pessoal. A nova era chegou! Era de
inclusão! Era de muitos estudos e de muitas mudanças.
Inclusão é a palavra chave. Precisamos mexer com os sentimentos das
pessoas. A sensibilização é necessária e emergencial. Mudar paradigmas é
preciso. O caos interno se faz necessário. E tudo isto pode ser conseguido de
uma forma harmônica, alegre e criativa. Caos harmônico parece uma
contradição. Mas retrata um quadro atual. Mudanças feitas pela arte. A arte
harmoniza e ao mesmo tempo provoca reflexão mudanças e o caos interno.
Sentimentos são expressos. Mensagens ocultas em técnicas criativas
provocam mudanças sutis e duradoras. O caos interno se abranda, a mudança
ocorreu e foi assimilada. A mudança interna provoca a mudança externa. O
caos externo acontece. As mudanças serão assimiladas e serão duradoras. E
o processo recomeça. Um ser se muda e provoca o outro. E como todos os
seres estão ligados e estes ligados ao universo, a mudança se faz como uma
transmissão elétrica acontecendo entre as ligações dos elos de uma corrente.
E é contagiosa.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada destina-se a compreender melhor o tema
abordado de maneira clara e explicita. Baseia-se em um esclarecimento prévio
descrevendo pontos necessários para inclusão de crianças com necessidades
especiais, visando um aprimoramento especifico do tema tratado.
O conteúdo deste trabalho monográfico foi realizado de maneira
esclarecedora e enriquecedora pretendendo contribuir para um maior
conhecimento, facilitando a compreensão do ingresso das crianças com
necessidades especiais.
A proposta é incluir a criança com necessidades educacionais especiais
(NEE) em turma regulares de uma forma lúdica.
E, contudo, a importância da especialização dos profissionais,
viabilizando, esclarecendo a todas as pessoas engajadas com a inclusão e
principalmente com o propósito de mudar e aperfeiçoar, respeitando às
diferenças, as diversidades e as potencialidades de cada um.
Fazendo estudo teórico e observação da realidade escolar, foram
coletadas informações pertinentes ao tema do trabalho, para fornecer
subsídios à análise e compreensão de práticas educativas e o processo de
aquisição do conhecimento, numa tentativa de atender o que a pesquisa se
propõe diante a educação inclusiva e da parcela de contribuição da
Arteterapia.
Os propósitos do trabalho bem como a justificativa da pesquisa têm como
base autores, como: Jon Talber, Nietzsche, Morin, Bianchetti, Boff, Santos,
Libório e Castro e Vygotsky.
O presente estudo caracteriza-se como qualitativo, descritivo e
exploratório. A pesquisa qualitativa apresenta, segundo Ludke e André (1986),
as seguintes especificidades:
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9• Tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o
pesquisador como seu principal instrumento. Na pesquisa
qualitativa é de fundamental importância o contato direto e
prolongado do pesquisador com o ambiente ou situação
investigada.
• O “significado” que as pessoas dão as coisas e a vida são focos
de atenção especial do pesquisador. Há uma tentativa de captar a
“perspectiva dos participantes”, ou seja, a maneira como
informantes encaram as questões que estão sendo focalizadas.
• Os dados coletados são predominantemente descritivos.
Descrições de pessoas, situações, acontecimentos, transcrições
de entrevistas e depoimentos, fotografias, desenhos e extratos de
vários tipos de documentos.
• A preocupação com o processo é muito maior do que com o
produto. O interesse do pesquisador deve centrar-se em verificar
como se manifesta o problema estudado nas atividades, nos
procedimentos e nas interações cotidianas.
• A análise de dados tende a seguir um processo indutivo. Não há
preocupação em encontrar evidências que comprovam hipóteses
definidas antes do início do estudo. È a partir da coleta de dados
que se vai delimitando o foco de forma mais direta e específica
(p.11-13).
A abordagem qualitativa justifica-se, segundo Godoy (1995), quando o
pesquisador busca o entendimento de um fenômeno social e sua
complexidade, por meio de uma inserção no contexto do objeto de estudo
onde se relacionam pessoas, fatos e interações sociais.
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10Segundo Denzin e Lincom (apud TURATO, 2003), os pesquisadores
qualitativistas “estudam as coisas em seu “setting” natural, tentando dar
sentido ou interpretar fenômenos em termos das significações que as pessoas
trazem para eles” (p. 41). Visa também mapear a dimensão real do fenômeno
na perspectiva dos participantes sob os aspectos de importância e impacto do
tema tratado, em relação ao estágio em que se encontram as informações
disponíveis na busca de clarificar ou modificar conceitos já estabelecidos.
Lakatos e Marconi (1991) assinalam que, em estudos exploratórios, são
empregados geralmente procedimentos sistemáticos, seja para a obtenção de
observações empíricas, seja para a análise de dados (ou ambas).
No presente trabalho, utilizaram-se entrevistas para a coleta de dados,
por reconhecer a palavra como reveladora e símbolo de comunicação por
excelência. Vários pesquisadores reconhecem a particularidade da
comunicação verbal como forma privilegiada de interação, entre eles, Bakhtin
(apud MINAYO, 1993, p.113) para quem “a palavra é o modo mais puro e
sensível de relação social”.
Nesse sentido, a pesquisa teve como objetivo abordar o fenômeno da
inclusão dos alunos com NEE a partir da investigação das percepções de
inclusão educacional de alunos com NEE e seu professor, além dos
desdobramentos destas percepções nas ações pedagógicas desenvolvidas em
escolas regulares.
A amostra foi constituída por uma turma inclusiva de segunda série da
cidade satélite do Gama no Distrito Federal, onde a aluna C, portadora de
Mielomeningocele está inserida. O número de alunos é reduzido pela presença
desta. Os alunos entrevistados situaram-se na faixa etária de 8 a 13 anos.
Todos oriundos da rede pública de ensino.
Participou também do estudo a professora da turma.
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11 Utilizou-se a entrevista semi-estruturada como instrumento para a coleta
de dados. O roteiro utilizado dividia-se em duas seções. A seção I objetivou
levantar informações dos participantes, em relação aos dados pessoais,
enquanto que a seção II objetivou mapear as concepções dos participantes em
relação à inclusão educacional de alunos com NEE, as ações pedagógicas e o
uso da Arteterapia no contexto educacional, bem como os fatores facilitadores
e inibidores à inclusão educacional destes alunos na perspectiva de
professores e da própria aluna.
A participação da turma foi aceita pela diretora e pela professora com a
assinatura do “Documento de Livre Consentimento”, bem como a participação
da aluna foi autorizada por sua mãe. A mesma também se propôs a responder
a entrevista demonstrando acreditar na importância do estudo e por conhecer
as dificuldades encontradas por sua família no processo de inclusão.
Foi garantido a todos os participantes o sigilo em relação às suas
identificações.
As entrevistas foram gravadas e transcritas. Foi garantida ao participante
a não utilização das informações em prejuízo das pessoas e/ou dos
estabelecimentos de ensino selecionados. As entrevistas foram realizadas
entre maio e setembro de 2007 com duração de 30 a 45 minutos (alunos) e 5 a
55 minutos (professora) e 1h e 15 (mãe). Ao final da entrevista, foi solicitado
aos participantes emitir comentários que julgassem importantes sobre a
temática abordada. Cabe ressaltar que os participantes foram muito atenciosos
e responderam às questões formuladas de forma satisfatória, manifestando
interesse pelo tema e curiosidade acerca da pesquisa, que julgaram de grande
relevância.
Em observação à Resolução nº. 196 (CONSELHO NACIONAL DA
SAÚDE, 1996) a pesquisa transcorreu sem afetar o bem-estar dos sujeitos da
pesquisa e de outros indivíduos.
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12Foram adotadas medidas de proteção e minimização de riscos em
relação aos participantes, prevendo ambiente, condições e clima emocional
adequados, necessários à realização da coleta de dados, mediante
planejamento e previsão de estratégias de ação para a superação de
imprevistos, falhas de equipamentos e outros que se fizessem necessários.
As questões relacionadas à forma seguiram os parâmetros adotados pela
padronização de trabalhos acadêmicos da Universidade Cândido Mendes,
tendo por base as normas de documentação da Associação Brasileira de
Normas Técnicas/ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2002).
O método adotado para análise de dados foi a análise de conteúdo que,
segundo Bardin (2007), visa descrever o conteúdo dos relatos apresentados,
identificando indicadores e inferindo conhecimentos por meio de perguntas e
observações de interesse do pesquisador acerca do objeto de estudo da
pesquisa. Na visão de Franco (2005, p. 20), “a análise de conteúdo é um
procedimento de pesquisa que situa em um delineamento mais amplo da teoria
da comunicação e tem como ponto de partida a mensagem”.
Por considerar de significativa importância os discursos e depoimentos
dos participantes em relação ao objeto de estudo, o procedimento enfatizou a
mensagem como meio para realizar inferências, como preconizado por Bardin
(2007), cujo postulado orienta o estudo pautado sobre condições de produção
e recepção das mensagens e a possibilidade de ocorrência de indicadores
quantitativos ou não.
Por meio da análise de conteúdo, definem-se as unidades de análise,
considerando os tópicos de registro e conteúdo, que possibilitam a
compreensão, tanto das características definidoras específicas do objeto de
estudo, quanto do contexto, cenário ou pano de fundo, com vistas ao
entendimento do significado das informações coletadas. É um método de
análise que se estrutura em unidades de análise (Unidades de Registro e
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13Unidades de Contextos) e se organiza em três fases: a pré-análise, o
tratamento de dados e a interpretação.
Na visão de Franco (2005, p. 43), “o contexto é a parte mais ampla do
conteúdo a ser analisado, porém indispensável para a necessária análise e
interpretação dos textos a serem decodificados”. Nesse sentido, as etapas
desse processo iniciaram-se tornando o material coletado organizado e
operacional. Posteriormente, organizaram-se os dados de forma sistemática,
em ordem cronológica de realização e funcionalidade para a pesquisadora, e
por fim, realizaram-se a análise, inferência e interpretação dos dados.
A análise de dados no método de análise de conteúdo possui fases
distintas, conforme explicitado anteriormente. Com o objetivo de organizar o
material coletado, iniciou-se a leitura das respostas, de forma a se familiarizar
com os elementos lingüísticos utilizados pelos participantes. Em seguida,
realizaram-se novas leituras de forma a perceber nuances específicas de cada
material apresentado.
As categorias de análise emergiram da análise de conteúdo a partir da
codificação. De acordo com Franco (2005), a categorização é um
procedimento de classificação de elementos de um conjunto pela
diferenciação, seguido de reagrupamentos a partir de critérios definidos.
Distintos autores (BARDIN, 2007; FRANCO, 2005) reconhecem que a
categorização é um ponto muito importante na análise de conteúdo. Para o
estudo, optou-se pela escolha do tema para a unidade de registro onde foram
associados os significados com vistas à categorização e a contagem da
freqüência.
Finalmente, os dados categorizados subsidiaram o tratamento das
informações, a inferência e a interpretação do material coletado gerando
resultados, que serão apresentados no capítulo dos resultados e discussões.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO - Fonte de Luz
CAPÍTULO I - Direito a diferença como indivíduo e a igualdade como cidadão
CAPÍTULO II - O desconhecimento leva a ignorância e a discriminação
CAPÍTULO III - Desde a concepção, uma vida de superação!
CAPÍTULO IV – Escola Inclusiva, (trans) formadora de visões
CAPÍTULO V – Arteterapia, o prazer de incluir
CAPÍTULO VI – Resultados e Discussão
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
ANEXOS
ÍNDICE
FOLHA DE AVALIAÇÃO
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INTRODUÇÃO
O presente estudo tem por finalidade analisar e refletir sobre a
importância da utilização das técnicas de Arteterapia como recurso pedagógico
e como esta utilização pode beneficiar a inclusão social. Ou seja, a igualdade
para todos. Igualdade de direitos. Afinal, somos iguais perante a lei e perante
Deus - para os que acreditam claro! Tirando isto, somos todos únicos, nos
gostos, desgostos, desejos e necessidades.
Com todo o conhecimento que temos sobre a natureza humana e o longo
histórico de discriminação e de segregação da nossa “civilização”, a inclusão
social deve ser tema preponderante em qualquer roda de conversa. O que
dizer das escolas?
Escolas inclusivas revertem o modo de pensar e de fazer a educação
acontecer!
Logo, a escola deve ser entendida como espaço privilegiado para se
aprender a conviver e aceitar o outro, independente de sua condição, produção
ou aparência; independente se é obeso, usa óculos ou não escuta.
Trabalhando a diversidade como riqueza de oportunidades. Um espaço para
se construir conhecimentos de forma cooperativa, mas também um local onde
se constroem valores, elementos constituintes da expressão de liberdade e de
respeito. Escola não só informa, mas forma os seus alunos.
Uma escola democrática deve contribuir para a transformação social.
Grande questão para a (trans) formadora social, a escola! Como trabalhar
a inclusão social? Ou melhor, como trabalhar de forma lúdica a inclusão
social?
Ludicidade tem relação com prazer. E prazer tem relação íntima com as
artes em geral. A vivência com a arte facilita o processo de elaboração e
reflexão de seus significados.
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16 A arte é um elemento muito importante na vida de cada pessoa. O
educador pode transmitir a mesma mensagem de diferentes maneiras
aproveitando todas as possibilidades que o repertório de conhecimentos e
emoções do aprendiz traz.
A Arteterapia é reorganizadora de emoções. O “fazer artístico” possibilita
um desbloqueio de emoções conscientes e/ou pouco elaboradas permitindo ao
ser humano que retome uma nova força vital bastante benéfica para o seu bem
estar geral.
Finalmente, a Arteterapia pode ser utilizada como elo de interação entre
os vários campos do conhecimento, colaborando sobremaneira na construção
da interdisciplinaridade no âmbito da escola, elaborando a comunicação entre
as possibilidades e limites próprios da ciência e a expressiva liberdade de
criação da arte; fazendo ligações entre anseios gerados pelo mundo atual com
o mais remoto passado, enfim, promovendo o desenvolvimento do potencial
humano através de situações que favoreçam a leitura do mundo de maneira
ampla, rica e profunda. Na, verdade, não só do mundo, mas do próprio ser.
A organização desse trabalho foi proposta da seguinte forma: No primeiro
capítulo foram abordadas leis que defendem os direitos dos ANEE (alunos com
necessidades educacionais especiais). No segundo, o leitor é levado a
conhecer as diferentes necessidades especiais existentes. No terceiro, foca a
trajetória de luta da aluna C que desde seu nascimento precisou de muita
garra para vencer os obstáculos que o mundo dos “normais” lhe ofereceu. No
quarto capítulo é feito um apanhado sobre as características de uma escola
inclusiva, onde todos os seus participantes devem ter uma visão inclusiva. No
quinto capítulo é mostrado como a Arteterapia pode influenciar a inclusão de
alunos com NEE em turmas regulares. No sexto capítulo, a análise dos
resultados é relatada e algumas questões para discussão são abordadas. Por
fim, após observações, reflexões e questionamentos o trabalho nos aponta
caminhos para a inclusão de todos e novos pontos a serem pesquisados.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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REFERENCIAL TEÓRICO – FONTE DE LUZ
Este capítulo apresenta contribuições teóricas e empíricas acerca das
NEE (necessidades educacionais especiais), ressaltando o contexto regular de
ensino e a inclusão educacional. São apresentados os aspectos e
características das NEE, bem como os mitos e equívocos que ainda nos dias
atuais são encontrados em nossa sociedade e que necessitam ser revistos.
Focaliza a educação inclusiva e seus princípios históricos, bem como
apresenta a política de inclusão na educação brasileira situando o contexto da
NEE e da inclusão educacional, que se revelam grandes desafios.
Jon Talber, pedagogo e escritor de temas de auto-ajuda estudou por
muito tempo filosofia oriental e antropologia ([email protected] retirado do
site de dicas: Reflexão sobre a Educação) afirma:
“... O fato é que somos iguais apenas como espécimes
de uma mesma raça; com uma fisiologia semelhante, mas não
igual; com uma psique sujeita às mesmas influências, mas com
receptores psicológicos únicos, e é exatamente isso que nos
caracteriza como indivíduos... Ao adotarmos a vivência de um
como modelo para tudo, estamos exatamente transformando
uma realidade material em algo psicológico, e isso não é
possível; trata-se de um equivoco com graves conseqüências;
eis enfim o nosso mundo atual que é um resultado dessa
prática.”
A sociedade dá as mesmas oportunidades para todos e exige que os
mesmos respondam da mesma forma. A escola ensina da mesma maneira
para todos e cobra com o mesmo instrumento. Muitas vezes sem respeitar as
diferenças, as individualidades. Isto dos ditos “normais”, comuns, alunos sem
necessidades educacionais especiais. O que falar dos que apresentam alguma
dificuldade acentuada e que necessitam de um atendimento diferenciado, não
discriminatório, mas que auxilie e proporcione aos mesmos, oportunidades
mais justas.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
18Nietzsche, influente filósofo alemão do século XIX afirma:
“c consideremos quão ingênuo é dizer: - o homem
deveria ser de tal ou de tal modo! - A realidade nos mostra
uma encantadora riqueza de tipos, uma abundante profusão de
jogos e mudanças de forma. E um miserável serviçal de um
moralista comenta: - Não! O homem deveria ser de outro jeito!
- Esse beato pedante até sabe como o homem deveria ser: ele
pinta seu retrato na parede e diz: - eis o homem!”
Os padrões foram feitos para os objetos, pois são adquiridos pela
aparência ou utilidade. Os seres humanos não podem ser padronizados, pois
não são objeto e nem estão numa vitrine expostos a avaliação de
compradores. São seres dotados de inteligência. Capazes de mudar toda uma
existência. Não sozinhos! Mas acompanhados de outros seres de igual valor.
Porém com diferentes conhecimentos, formas e culturas. Esta riqueza de
“cores” e “sabores” faz da espécie humana a única capaz de construir ou
destruir o próprio habitat.
Morin (MORIN, 2000) propõe que devemos formar nas mentes uma
ética baseada na consciência de que o humano é, ao mesmo tempo, indivíduo,
parte da sociedade, parte da espécie. Desse modo, todo desenvolvimento
verdadeiramente humano deve compreender o desenvolvimento conjunto das
autonomias individuais, das participações comunitárias e da consciência de
pertencer à espécie humana.
O ser humano é único. Criação divina sem cópias. Fisicamente parecido,
mas com diferenças sutis... Ou marcantes. Únicos também em suas
necessidades e expectativas.
Carrega a carga genética, os ensinamentos, mas possui características
próprias. Por mais parecido que seja com parentes, carrega em seu cerne a
individualidade. E se respeitado e valorizado, aprende a respeitar e a valorizar
o outro.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
19O ser humano também é um ser social. Ele necessita do outro para se
desenvolver plenamente. A rejeição provoca conflitos. Porque um ser humano
é rejeitado? Provavelmente porque ele não se encaixa em um padrão com
origens e referências ignoradas.
BIANCHETTI afirma:
“Se refletirmos sobre conceitos tidos como universais de
beleza, bondade, sabedoria, justiça e perfeição, podemos
entender que eles pressupõem a idéia de um padrão, de uma
idéia perfeita que conspira contra o múltiplo, o diverso e o
Inclusivo A diferença representa aquilo que foge ao esperado,
ao simétrico, ao belo, ao eficiente, ao perfeito e, assim, como
quase tudo que se refere à diferença, provoca a hegemonia do
emocional sobre o racional, criando um campo perigoso para
instalação do preconceito.” (2004)
Morin (2005) fala de uma “ética para o outro”, que implica não remetê-lo
para fora de sua condição humana. Alerta para a necessidade de conferir à
pessoa, indistintamente, a condição de sujeito, sem desprezo ou degradação.
A ética de que fala Morin contrapõe-se a qualquer tipo de exclusão de pessoa
ou grupo. Enfatiza a necessidade humana de sermos reconhecidos pelos
demais, com fortalecimento da tolerância em relação à diferença, que deve ser
acolhida e valorizada.
Boff (1999) refere-se a essa forma de sentir e pensar como a “ética do
cuidar”, atendendo ao princípio altruísta da inclusão. Libório e Castro (2005)
referem-se à formação de uma consciência inclusiva. A inclusão escolar-social
reflete valores que implicam oportunidade igualitária para todo ser humano, na
medida da singularidade de cada pessoa ou grupo social. Desse modo, há o
fortalecimento dos valores éticos da sociedade.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
20Santos (2005 p. 62) encontrou na filosofia grega antiga e na religião,
parâmetros demarcadores das diferenças entre grupos e culturas, cujo caráter
tinha forte marca hierarquizante.
Libório e Castro (2005) lembram como os termos “aleijados”, “mongóis”,
“retardados” e outros trazem a marca do preconceito e o peso do rótulo.
Comportamo-nos como animais irracionais que excluem os que
consideramos mais fracos em favor dos mais fortes e ainda nos consideramos
racionais e evoluídos.
No início do século XX, Vygotsky (1994) já falava no defeito primário, que
poderia ser um olho lesado, um braço amputado ou uma perna paralisada.
Mas o que ele considerava como defeito secundário era o que a sociedade
fazia a partir da constatação desse defeito, ou seja, a leitura social que se faz
dessa diferença, as oportunidades de saúde e educação que são ou não
oferecidas para quem nasce com um defeito primário. Excluir é um defeito!
Discriminar é um defeito!
O sociólogo Boaventura Sousa Santos (1997, p. 122) afirma:
“As pessoas e os grupos sociais têm o direito a ser
iguais quando a diferença os inferioriza e o direito de ser
diferentes quando a igualdade os descaracteriza”.
A única igualdade que deve existir é a de direitos, pois todos os serem
humanos são diferentes!
Os gregos criaram o termo “estigma” para se referir a sinais corporais com
os quais se procurava evidenciar algo de extraordinário ou mau sobre o status
moral de quem os apresentava. Atualmente, o termo tem uma conotação
bastante semelhante à original, porém é mais aplicado à própria “desgraça”. O
indivíduo estigmatizado não está apto para a aceitação social plena. Pessoas
estigmatizadas terminam por internalizar os sentimentos de desvalorização da
sociedade e se tornam dependentes. A interiorização do estigma pode
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21eventualmente levar a alterações comportamentais e maiores dificuldades de
ajustamento.
Oferecer oportunidades educacionais a todos os alunos tem sido o grande
desafio da educação na atualidade. O reconhecimento da existência de ritmos,
estilos e potencialidades diferenciados no âmbito educacional reflete a
importância de se levar em conta a diversidade dos alunos que atualmente se
encontram nos sistemas de ensino. Professores e corpo técnico pedagógico
têm sido convidados, diariamente, a repensar suas práticas educativas e
propor novas possibilidades de atividades educacionais, de forma a permitir
que um maior número de alunos possam se beneficiar de contextos educativos
que favoreçam um desenvolvimento mais pleno de suas potencialidades.
O movimento crescente de uma educação que permitiu o olhar inclusivo
ganhou força no início da década de 90 como resposta a mudanças em
relação aos modelos e serviços educacionais oferecidos a alunos com
necessidades especiais. As salas de aulas inclusivas partem do pressuposto
filosófico de que todos os alunos podem e devem fazer parte da vida escolar e
comunitária. Enfatizam-se a diversidade e a expressão de todos,
independente de talento, deficiência, origem socioeconômica ou cultural - e
com esta diversidade estabelecer o respeito a ritmos, habilidades e estilos de
aprendizagem. Mas, o entendimento do currículo educacional se apresenta
como um dos maiores desafios para a prática da educação inclusiva. Paulo
Freire (1996) reconhece que:
[...] o conteúdo programático da educação não é uma
doação ou uma imposição - um conjunto de informes - a ser
depositado nos educandos, mas a devolução organizada,
sistematizada e acrescentada ao povo, daqueles elementos
que este lhe entregou de forma inestruturada (p.98).
Neste sentido, a educação inclusiva não é tarefa apenas da escola e dos
professores, tampouco se faz pela mera formulação de políticas educacionais.
Essa se consolida no compromisso político assumido por todas as instâncias
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
22da sociedade (PERONI, 2003). Para o sucesso do processo de inclusão
educacional, são necessários planejamentos e mudanças sistêmicas político-
administrativas na gestão educacional, que envolvem desde a alocação de
recursos governamentais até a flexibilização curricular que ocorre em sala de
aula (CARVALHO, 2000, 2005).
Um dos desafios da educação brasileira consiste em implementar
políticas de inclusão educacional na promoção do acesso, garantia e
permanência de alunos com qualidade e com a organização de escolas que
atendam a todos os alunos sem nenhum tipo de discriminação. Têm sido
estimuladas distintas ações que valorizem as diferenças como fator de
enriquecimento do processo educacional transpondo barreiras para a
aprendizagem e a participação com igualdade de oportunidades, sem a ilusão
de que apenas a garantia de educação seja fundamento para a inclusão
(RATTNER, 2002).
Uma educação com o objetivo de produzir transformação inclusiva implica
mudanças fundamentais tanto na esfera política, quanto na gestão
educacional.
Pesquisadores (CAMARGO; SILVA, 2004; NUNES; GLAT; FERREIRA;
MENDES, 1998) ressaltam a importância da formação de professores e os
problemas relacionados à educação e aos alunos com necessidades
especiais, uma vez que a educação depende, sobretudo, da ação dos
professores nas salas de aula. Percebem ainda os autores que a ação dos
professores se estabelece a partir da sua formação, das suas experiências,
dos seus valores e atitudes, e ainda da própria situação da turma, da escola e
dos fatores externos à escola. Fiorentini (1994) apresenta a idéia de que “por
trás de cada modo de ensinar, esconde-se uma particular concepção de
aprendizagem, de ensino e de educação” (p. 38).
Outros autores, como Mantoan (2002; 2006), apresentam o propósito da
inclusão escolar como elemento deflagrador de importantes mudanças na
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
23política educacional das redes de ensino e na formação inicial e continuada
dos professores.
Uma política inclusiva deve envolver-se também com a busca e
institucionalização do sentimento de pertencimento e tolerância à diversidade,
seja esta no espaço da escola ou em outras estruturas sociais. Assim, a
implementação de políticas inclusivas que pretendam ser efetivas e duradouras
deve incidir sobre a rede de relações que se materializam por meio de
instituições, já que as práticas discriminatórias que as mesmas produzem
extrapolam, em muito, os muros e regulamentos dos territórios organizacionais
que as evidenciam. Em se tratando de alunos com NEE, a inclusão pretendida
é apoiada, não nas bases de acesso e garantia de educação, mas na
permanência desses alunos em ambientes educacionais que permitam tanto o
atendimento de suas necessidades educacionais, como o estímulo de suas
habilidades.
Para alunos com deficiências significa a acessibilidade às diferentes
instâncias da sociedade para que vivam de acordo com suas peculiaridades.
Carvalho (2000) destaca os aspectos do processo de inclusão
educacional de sucesso. Esses aspectos implicam em uma ampla rede de
informações. A autora recomenda que seja reconhecido o atendimento às
diferenças de qualquer aluno, sejam essas, devido a causas endógenas ou
exógenas, temporárias ou permanentes, ou por apresentar dificuldades de
aprendizagem ou altas habilidades. Carvalho ressalta ainda que seja
importante pontuar que “especiais” devem ser consideradas as alternativas e
as estratégias que a prática pedagógica deve assumir para remover barreiras
para a aprendizagem e participação de todos os alunos. Assim, afasta-se o
foco do especial ligado ao aluno para o enfoque do especial atribuído à
educação.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
24
CAPÍTULO I
DIREITO A DIFERENÇA COMO INDIVÍDUO E A
IGUALDADE COMO CIDADÃO
A nossa história mostra que o ensino público teve um caráter elitista.
Desde o Brasil – colônia, existiam escolas pública, mas até a república elas
eram destinadas apenas a uma parcela da população. Escravos e mestiços não
eram considerados seres dignos a educação. O ensino médio e superior era
restrito a um grupo muito menor. Quem tinha condições financeiras era formado
na Europa. Logo uma estrutura educacional para o Brasil não era considerada
necessária.
Até meados do século XVIII, os jesuítas foram os responsáveis pelo
ensino no Brasil, preocupados em catequizar e ensinar as primeiras letras.
Em 1975, o Marquês de Pombal expulsou os jesuítas do Brasil e
desmontou a estrutura de ensino existente.
Em 1936, com o Manifesto dos Pioneiros da Educação, 26 educadores
defenderam a laicidade do ensino, a expansão da escola pública e a igualdade
dos sexos.
Mas a gratuidade na escola não era tida como importante.
Nesta época a classe média estava em ascensão e provocava a
demanda pelo ensino médio. Existia também a reivindicação das classes mais
populares ao ensino primário.
Apenas com a criação da nova sociedade industrial começou no Brasil o
interesse por vagas no ensino secundário.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
25Com a Constituição de 1946 veio à obrigatoriedade do ensino primário de
quatro anos, que seria gratuito nos estabelecimentos oficiais. Depois, com a
Constituição de 1969, ficou estabelecido que o ensino primário fosse obrigatório
para todas as crianças de entre sete e quatorze anos. A pretensão era erradicar
o analfabetismo e universalizar este nível de ensino. Através da Lei federal n.
11.274, promulgada em 6 de fevereiro de 2006, o ensino fundamental brasileiro
passa a ter a duração de nove anos, com a inclusão das crianças de seis anos
de idade. Esta medida, segundo Santos e Vieira (2006, p. 783) “concretiza uma
das propostas educacionais do governo Lula, que desde 2003 estabeleceu a
ampliação da obrigatoriedade escolar para a criança de 6 anos como uma de
suas metas.”
Mas somente com a Lei n. 5.692/1971, o ensino primário foi estendido
passando a ser o Ensino de Primeiro Grau. Este agora com oito anos de
escolaridade. Também estabeleceu a profissionalização; o chamado ensino de
“Segundo Grau”. Era a oportunidade dos filhos dos trabalhadores terem acesso
a uma formação técnica.
Na década de 80, organizados em movimentos liderados, entre outros,
pela CUT, ANDES, CNTE e sindicatos de professores, lutaram para mudar o
panorama da educação, incluindo, na Constituição e posteriormente na LDB,
novos parâmetros para a educação, que a tornassem mais democrática e
inclusiva, atendendo aos interesses das camadas economicamente menos
favorecidas.
A Lei n. 7.044/1982, já no fim do governo militar e diante da ineficácia do
sistema implantado, abre a possibilidade de que o jovem escolha entre o
ensino propedêutico e o profissionalizante. Não houve, entretanto, grandes
avanços na prática. Os filhos dos trabalhadores continuavam tendo como
opção os cursos profissionalizantes, enquanto que uma verdadeira preparação
para o prosseguimento de estudos era prioritária apenas para uma minoria.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
26Depois de 19 meses de trabalho, debates e discussões, a Assembléia
Nacional Constituinte promulgou a nova Carta Magna do país. As discussões
foram marcadas por uma série de conflitos entre os grupos de conservadores,
reunidos no Centro Democrático (Centrão), e os progressistas, formados pelos
partidos de esquerda (PT, PC, PC do B, PDT) e por uma parte do PMDB.
Sobre a educação a Constituição dispõe:
Título VIII, capítulo III, seção I, artigos:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a
garantia de:
III – atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
Também se justifica porque segundo a LDB, capítulo V, da Educação
Especial:
Art. 58: Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a
modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular
de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na
escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação
especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou
serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
27dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino
regular.
§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem
início na faixa etária de zero a seis anos durante a educação infantil.
Art.59: Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
necessidades especiais:
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específicos, para atender às suas necessidades;
II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível
exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas
deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar
para os superdotados;
III – professores com especialização adequada em nível médio ou
superior, para atendimento especializado, bem como professores de ensino
regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;
IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração
na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não
revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante
articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que
apresentam uma habilidade superior nas áreas artísticas, intelectual ou
psicomotora;
V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão
critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos,
especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de
apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
28A idéia de inclusão social proliferou-se após a Conferência Mundial sobre
educação para Todos, na Tailândia, em 1990. Neste encontro conferencial, o
governo brasileiro assumiu o compromisso de construir um sistema
educacional inclusivo.
Com a Declaração de Salamanca, em 1994, que apresenta as linhas de
ação para os Estados membros, organizações governamentais e não
governamentais e do qual o Brasil é signatário, aumentaram as discussões em
torno do tema.
A Declaração de Salamanca trouxe sua contribuição para que os países
envolvidos tivessem como se organizar para atender a demanda de melhoria
no que se refere a educação. O documento deixa bem explícito como os
governos devem agir perante a política, a organização, ao que se refere à
escola, treinamento de professores, à atuação com a comunidade, aos
recursos e ao serviço de apoio para os alunos.
Depois da Declaração de Salamanca, no âmbito nacional, houve a
regulamentação de uma nova Lei de Diretrizes e Bases para Educação (LDB),
a Lei nº 9394 de 20/12/96, de um Plano Nacional de Educação e uma
intensificação nas políticas públicas em relação a um dos grupos que estavam
ainda desprovidos de acesso à educação que são as pessoas que apresentam
deficiência.
“A inclusão não é um processo que possa ser igual em todos os sistemas
de ensino e conseqüentemente, em todas as escolas, exige destes, seu
próprio estudo e reorganização.” (HEREDERO, 2005)
A escola inclusiva apresenta base legal para a sua organização e tem
como referencial na política educacional brasileira a LDB (Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional). Que define educação especial como “uma
modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular
de ensino, para educandos que tenham necessidades especiais” (LDB -
art.58).
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
29
CAPÍTULO II
O desconhecimento leva a ignorância e a discriminação
O homem primitivo tinha uma grande preocupação, a sobrevivência. Ele
se preocupava com a satisfação das necessidades essenciais como
alimentação e proteção física. Assim como os animais, ele se protegia por
instinto. Para preservação da espécie.
Neste períodos seres com deficiências físicas ou mentais que não podiam
se defender eram excluídos naturalmente dos bandos. A lei do mais forte
predominava. Os mais fracos eram necessários apenas para facilitar a
existência dos mais fortes. O boi-de-piranha na atualidade e um animal doente
ou velho usado para atrair as piranhas e permitir que o gado saudável
atravesse o rio.
Na Grécia antiga existiam padrões rígidos de beleza e saude. Havia a
purificação da raça. Um conselho de anciãos era formado para examinarem
minunciosamente cada bebê recem-nascido e se fosse constatado alguma
deformidade física ou anormalidade mental ou mesmo se tivesse uma saúde
aparentemente frágil, ele era exterminado. O bebê era jogado de cima do
monte Taigeto.
Esta “purificação” da raça seguiu um longo trajeto. Durante a década de
30, muitos casos de eutanásia forma documentados. Judeus, homossexuais,
ciganos e pessoas que pensavam diferente dos governantes forma torturados
e assassinados. Até os alemães com problemas mentais e físicos foram
exterminados. Eles envergonhavam e manchavam a raça dominante e pura.
Com o argumento da eugenia, muitos alemães também foram
esterilizados. Suas descendências seriam fracas, na verdade indesejáveis.
Na China, desde os tempos do império há uma preocupação com os
descendentes. Eles consideram os ancestrais responsáveis pelas gerações
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
30seguintes. Não aceitam a idéia da reprodução de seres “inuteis” a sociedade.
Conceber um filho com deficiência é uma falha grave dos pais.
A eugenia hoje não é vista com bons olhos pela maioria dos países.
A visão das pessoas com necessidades especiais foi mudando com o
tempo. Se no início elas eram consideradas anomalias genéticas e precisavam
ser estirpadas da sociedade, na idade média elas eram vistas como
coitadinhas que necessitavam de caridade. Eram seres inferiores e que
precisam de ajuda. Não eram seres produtivos. Existia uma visão religiosa.
Na idade moderna o enfoque era médico. Os deficientes eram
considerados doentes e objetos de estudo.
Na idade contemporânea os deficientes eram considerados seres
“treináveis”, “domesticáveis”. Tinham que frequentar instituições apropriadas.
No final do século XX, os deficientes tiveram seus direitos reconhecidos.
Passam a ser considerados seres humanos capazes. O foco muda da
deficiência para a competência. O deficiente, termo não mais utilizado, pessoa
com necessidades especiais é visto como ser dotado de habilidades e
potencialidades. Ele adquire o direito de ser diferente. Assim como todo ser
humano.
Segundo o Art. 5.º da Constituição Federal de 1988, todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no país, a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
O Conselho Nacional de Educação (CNE) propôs a Resolução n. 2,
baseada nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Básica, documento elaborado pelo MEC (2001) a identificação dos alunos com
NEE, concebidos como aqueles que “apresentam dificuldades acentuadas de
aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
31acompanhamento das atividades curriculares” (p. 44). Essa população é
categorizada em dois grupos que apresentam dificuldades e limitações:
(a) não vinculadas a causas orgânicas específicas;
(b) relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências.
Desde meados do século XX, houve mudanças acerca dos determinantes
biológicos da deficiência, e a abordagem organicista foi questionada, ao
relacionar o conceito de deficiência aos danos orgânicos e responsabilizar o
sujeito pelas próprias limitações. Modelos sociointeracionistas substituíram a
visão fatalista de deficiência, revelando o efeito positivo das intervenções na
promoção da aprendizagem do aluno e, como resultado, no seu
desenvolvimento. Essa concepção é pautada no conceito de zona de
desenvolvimento proximal de Vygotsky (2001), agregando-se à idéia
construcionista, defendida por Piaget, do sujeito como protagonista ativo da
sua própria construção, em contextos físicos e sociais satisfatórios.
Quando Vygotsky (1997) declarou não existirem leis próprias de
aprendizagem e desenvolvimento para a criança com deficiência, ponderou
também que o seu desenvolvimento é qualitativamente peculiar e distinto.
Assim, necessita de recursos educacionais que possibilitem seu avanço
evolutivo, bem como condições favoráveis de aprendizagem para compensar
suas dificuldades, pela ação mediadora das práticas sociais. Nesta
perspectiva, a intervenção escolar não deve dirigir-se diretamente ao dano,
mas ao seu efeito na vida social do educando, capacitando- o a construir
instrumentos psicológicos renovados e diferenciados dos convencionais
(TUNES, 2003), mediante formas alternativas e criativas de interação nos
contextos ambientais.
2.1- Surdez e Deficiência Auditiva
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
32Existe uma diferença conceitual entre surdez e deficiência auditiva.
Surdos preferem considerar que possuem uma diferença lingüística. Chamar o
sujeito surdo por surdo-mudo, surdinho pó qualquer outro apelido pejorativo,
além de desrespeitoso, o descaracteriza; nem todo surdo é mudo, pois o não
ouvir não implica na não funcionalidade das cordas vocais. A surdez é uma
forma específica de mudança na função auditiva. Constitui-se como uma
privação sensorial, sendo seu sintoma mais comum a reação anormal.
A visão médica-terapêutica classifica a surdez em função da capacidade
de ouvir sons dentro de determinada faixa de decibéis2. No Brasil se utiliza a
Classificação de Davis para crianças (MEC, 1997).
Surdo é alguém que vivencia um déficit de audição que o impede de ser
usuário natural da língua oral do país. Constrói sua identidade baseada nessa
diferença, utilizando estratégias cognitivas e de manifestações culturais e
comportamentais próprias. Engloba a diferença lingüística mais do que uma
característica física que os coloca em inferioridade em relação aos ouvintes.
Também conhecido pela sua abreviação, dB, trata-se da unidade que
mede a intensidade do som.
Tipo Perda em Decibéis
• Normal 0 a 15
• Leve 16 a 40
• Moderada 41 a 55
• Moderada Severa 56 a 70
• Severa 71 a 90
• Profunda Mais de 90
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
33Para Sánchez (1990), a surdez não é uma doença que necessita de cura,
nem uma invalidez, precisando de reabilitação. É uma condição a ser aceita,
de uma comunidade lingüística minoritária que necessita ser respeitada e tem
o direito inalienável de receber sua educação nessa língua.
2.2 - Deficiências Física
Entende-se como deficiência física a um conjunto de condições não
sensoriais que afetam o indivíduo em termos de mobilidade, coordenação
motora geral ou da fala, em decorrência de lesões neurológicas,
neuromusculares e ortopédicas ou ainda de malformações congênitas ou
adquiridas. Dependendo da lesão ou malformação, isoladamente ou em
conjunto, podem ocorrer quadros de limitações físicas de grau e gravidade
variáveis, segundo o(s) segmento(s) corporais afetados e o tipo de lesão
ocorrida. Existe uma quarta categoria de deficiência física que implica limitação
da vitalidade e/ou agilidade. Segundo dados do INEP (2006), 43.405 alunos
com algum tipo de deficiência física estão matriculados.
2.2.1- Quadro Neurológico
Incluem-se as epilepsias, seqüelas decorrentes de meningite e de
tumores do sistema nervoso central. As epilepsias são distúrbios cerebrais,
causados por disritmias eletroencefalográficas. Existe o pequeno mal,
caracterizado por uma perda súbita e rápida da consciência, também chamada
de ausência, e o grande mal, caracterizado por convulsões com manifestações
tônicas, isto é, há uma contração muscular involuntária, acompanhada por
abundante salivação e movimentos repetitivos da cabeça, braços e pernas.
Normalmente o grande mal é precedido de um “aviso”, que pode ser um cheiro
ou uma sensação luminosa, denominado de aura.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
342.2.2 - Quadro Neuromuscular
Nesta categoria, encontram-se: poliomielite, paralisia cerebral, lesão
medular, esclerose múltipla e distrofia muscular progressiva, entre outras.
A poliomielite é mais popularmente conhecida como paralisia infantil,
embora possa ocorrer também em adultos. É uma doença causada por um
vírus, e pode se dar de pessoa a pessoa através de contato fecal-oral, o que é
crítico em situações onde as condições de saneamento básico e de higiene
são inadequadas. Crianças de baixa idade, ainda sem hábitos de higiene
desenvolvidos, estão particularmente sob risco. O vírus pode ser disseminado
por contaminação fecal de água e alimentos.
Penetra no organismo pela garganta e intestinos, em seguida dissemina-
se pela corrente sangüínea e, então, infecta o sistema nervoso, onde a sua
multiplicação pode ocasionar a destruição de células (neurônios motores), o
que resulta em paralisia. Mais de 95% das infecções são assintomáticas ou
têm poucos sintomas (subclínicas). A relação entre o número de casos sem
sintomas e os que desenvolvem a poliomielite é de cerca de 200:1.
O último caso de poliomielite no Continente Americano ocorreu no Peru
em 1991.
No Brasil, o último caso de poliomielite ocorreu em 1989, e o país
recebeu o Certificado de Eliminação da Poliomielite em 12 de dezembro de
1994. A vacina é dada aos 2, 4, 6 e 15 meses de idade e a Campanha
Nacional de Imunização é realizada anualmente sendo difícil se encontrar um
aluno com poliomielite na escola.
A paralisia cerebral é o nome que se dá a um grupo de problemas
motores (relacionados aos movimentos do corpo) que começam bem cedo na
vida e são o resultado de lesões do sistema nervoso central ou problemas no
desenvolvimento do cérebro antes do nascimento (problemas congênitos).
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
35Alguns alunos com paralisia cerebral também têm desordens de
aprendizagem, de visão, de audição e da fala.
Na maioria dos casos de paralisia cerebral, a causa exata é
desconhecida. Algumas possibilidades incluem anormalidades no
desenvolvimento do cérebro, lesão cerebral do feto causada por baixos níveis
de oxigênio (hipóxia perinatal ) ou baixa circulação do sangue, infecção e
trauma. Acreditava-se que as lesões por baixo fluxo de oxigênio durante o
trabalho de parto eram as causas mais comuns de paralisia cerebral, mas
agora os pesquisadores acreditam que os problemas no parto são a causa na
minoria dos casos. Outras possíveis causas incluem: icterícia grave do recém-
nascido, infecções na mãe durante a gravidez, problemas genéticos ou outras
doenças que fazem o cérebro desenvolver anormalmente durante a gravidez.
A paralisia cerebral também pode acontecer depois do nascimento, como
quando há uma infecção do cérebro (encefalite) ou um trauma de crânio.
Há quatro tipos básicos de paralisia cerebral: espástica (os movimentos
são duros e difíceis), atetóide (os movimentos são involuntários e
descontrolados), atáxica (coordenação e equilíbrio ruins) e mista (combinação
de diferentes tipos).
É a desordem motora mais comum da infância. Acontece em
aproximadamente de 1 - 2 para cada 1.000 nascidos vivos, com o risco mais
alto entre os bebês prematuros, crianças de baixo peso ao nascimento (menos
de 1,5 Kg) e em gravidez complicada por infecções ou condições que causam
problemas com o fluxo de sangue para o útero ou para a placenta.
O acompanhamento pré-natal regular ajuda a prevenir a paralisia
cerebral.
A maioria das crianças com paralisia cerebral se beneficia da fisioterapia
e da terapia ocupacional precoce. Algumas crianças precisam de muletas e
apoios para ficar de pé e andar. Algumas podem ter que se submeter a
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
36procedimentos cirúrgicos, como liberações de tendão ou cirurgias ortopédicas
(especialmente nos quadris e na espinha). Outras também precisam de
tratamento para reduzir a espasticidade que pode incluir medicamentos
tomados via oral, injeção intramuscular ou cirurgia.
Alguns alunos com paralisia cerebral não conseguem comer e respirar
sem bronco aspirar (inspirar coisas que normalmente não deveriam entrar nos
pulmões como os alimentos). Essas pessoas podem precisar ser alimentadas
através de uma sonda (tubo) inserida pelo nariz. O acompanhamento
adequado da paralisia cerebral exige uma equipe de especialistas que ajude a
maximizar e coordenar os movimentos e minimizar o desconforto e dor. Essa
equipe poderá incluir, além do (a) neurologista, um (a) ortopedista; um (a)
fisioterapeuta, um (a) fonoaudiólogo (a), um (a) psicólogo (a) e um (a)
terapeuta ocupacional. Além disso, assistentes sociais podem prover apoio às
famílias e podem ajudar a identificar os recursos da comunidade.
Em todas as formas de paralisia cerebral, pode ser difícil compreender a
fala das pessoas afetadas, pois há uma hipotonia ou dificuldade na articulação
nos músculos orofaciais envolvidos na fala (disartria). Quanto ao
desenvolvimento cognitivo, 40% das crianças com paralisia cerebral possuem
uma inteligência normal ou quase normal (DALMAU apud COLL; PALÁCIOS;
MARCHESI, 1995).
As lesões medulares levam ao comprometimento dos membros inferiores
(paraplegias) ou dos quatro membros (tetraplegias), sendo necessário o uso de
cadeiras de rodas.
Esclerose múltipla e distrofia muscular progressiva decorrem de
degeneração e debilitação gradual dos músculos. No primeiro caso,
desmieliniza e destrói o tecido nervoso.
2.2.3-Quadro Ortopédico
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
37As deficiências físicas que se enquadram nesta categoria são aquelas
que afetam principalmente os membros superiores, inferiores, a espinha e as
articulações.
Podem ser congênitas, se o aluno nasce com ela, ou adquiridas, sendo
então resultado de doenças infecciosas, acidentes de trânsito, tumores ou
traumatismos.
Malformações congênitas geralmente são decorrentes de malformações
no tubo neural durante a gestação ou provocadas por ingestão de remédios,
como a talidomida.
A amputação de um membro ou parte dele também se constitui em uma
deficiência física adquirida.
As deficiências físicas ortopédicas, congênitas ou adquiridas, podem ser
compensadas através de próteses (estruturas que substituem partes do corpo),
órteses (elementos que corrigem ou contribuem para a realização de
movimentos mais eficazes) ou meios auxiliares de locomoção, como cadeiras
de rodas, muletas, bengalas e andadores. Existem órteses para punho,
cotovelo, joelho, coluna e cintura.
São recomendadas pelo fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional e
contribuem para redução do movimento indesejado, facilitando a execução dos
movimentos necessários à escrita.
2.2.4 - Quadro com limitação da vitalidade e/ou agilidade
São condições que se caracterizam por uma redução no vigor em
decorrência de causas variadas, como queimaduras, deficiências cardíacas,
febre reumática, AIDS, câncer, asma, subnutrição, diabetes, lesões por
esforços repetitivos (L.E.R.), entre outras afecções.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
38Algumas dessas condições impossibilitam o aluno de freqüentar uma
escola regular. Em alguns casos, quando o serviço é oferecido, beneficia-se de
atendimento em classe hospitalar.
2.3 - Deficiência Visual
O sentido da visão é muito importante para o homem. Vários estudos têm
demonstrado que mais da metade das informações a nossa volta são
percebidas pela visão. Por meio da percepção visual, podemos identificar e
integrar um objeto a um contexto, quase simultaneamente. O sistema visual é
bastante complexo e envolve o globo ocular com diversas partes, as vias óticas
e o cérebro. Esse sistema deve estar íntegro e funcionar como uma rede,
desde a captação dos estímulos luminosos pelo olho até a interpretação da
imagem no córtex cerebral. Nos primeiros anos de vida, qualquer diminuição
da transparência das estruturas a serem atravessadas pela luz ou formação de
imagens fora da retina pode ocasionar deficiência visual irreversível.
Deficiência visual refere-se a uma situação irreversível de diminuição da
resposta visual, em razão de causas congênitas ou hereditárias, mesmo após
tratamento clínico e/ou cirúrgico e uso de óculos convencionais. A diminuição
da resposta visual pode ser leve, moderada, severa, profunda (grupo com
baixa visão) e ausência total da resposta visual (cegueira). Se a perda visual
acometer um único olho, não se caracteriza a deficiência visual (BRASIL,
2000).
As variações encontradas no funcionamento e na eficiência visual de
pessoas que apresentam deficiência visual, inclusive com a mesma patologia e
o mesmo grau de acuidade visual, levaram a necessidade de considerar outros
aspectos, além da medida de acuidade visual. Por isso, as doutoras Faye e
Barraga indicam uma avaliação funcional com observação criteriosa da
capacidade e desempenho visual. Desta forma, as autoras propõem a seguinte
classificação:
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
392.3.1 - Pessoas com baixa visão – aquelas que apresentam “desde
condições de indicar projeção de luz, até o grau em que a redução da
acuidade visual interfere ou limita seu desempenho”. Seu processo educativo
se desenvolverá, principalmente, por meios visuais, ainda que com a utilização
de recursos específicos.
2.3.2 - Cegas – pessoas que apresentam “desde a ausência total de
visão, até a perda da projeção de luz”. O processo de aprendizagem se fará
através dos sentidos remanescentes (tato, audição, olfato, paladar), utilizando
o Sistema Braille como principal meio de comunicação escrita. (BRASIL,
2006a, p. 16-17).
Em qualquer etapa de ensino, a avaliação realizada por equipe
multiprofissional torna-se processo relevante para educandos com deficiência
visual. As avaliações médica, da funcionalidade visual e educacional
proporcionam subsídios para o adequado planejamento educacional.
Denominam-se adequações de acesso e de elementos curriculares as
atividades complementares que dão suporte ao desenvolvimento do currículo,
pois atuam nos objetivos, conteúdos, recursos, metodologias, procedimentos e
instrumentos de avaliação e no tempo.
Na educação de alunos com deficiência visual, a maioria das alternativas
propostas enfatiza os meios técnicos e tecnológicos que viabilizam o acesso à
informação. Esses meios, denominados tiflotecnologia3, integram as
tecnologias assistivas para deficientes visuais. Quando se fala no
desenvolvimento de habilidades e competências curriculares, as adaptações
de acesso ao currículo representam os recursos e técnicas que complementam
e apóiam a aprendizagem. No entanto é preciso ressaltar a necessidade de
compreender a complexidade e a diversidade dos processos de ensino e
aprendizagem.
2.4 - Deficiência Intelectual
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
40A Associação Americana de Deficiências Intelectual e do
Desenvolvimento (AADID) 5 é uma organização sediada em Washington.
Desde a sua fundação, em 1876, vem editando manuais onde são propostos
conceituação, classificação, orientação para diagnóstico e intervenção, além
de sistemas de apoio voltados para a educação, saúde e desenvolvimento da
pessoa com deficiência intelectual.
Sua mais recente versão apresenta o Sistema 2002, um modelo que
define a deficiência intelectual como:
Deficiência caracterizada por limitações significativas no funcionamento
intelectual da pessoa e no seu comportamento adaptativo em habilidades
práticas, sociais e conceituais, originando-se antes dos dezoito anos de idade
(AAMR, 2002, p. 8).
O atual modelo teórico da AADID, o Sistema 2002, tem sido alvo de
crítica, devido ao enfoque clínico que ainda aparece em sua orientação, a
despeito de basear-se em uma visão sistêmica e contextual da deficiência
intelectual. Os aportes científicos que o fundamentam conferem-lhe
reconhecimento internacional e sua aplicabilidade à educação justifica sua
apresentação neste trabalho.
O modelo concebe, ainda, a deficiência intelectual sob uma visão
multidimensional e funcional, interessante para conhecimento do educador,
sendo a sua estrutura firmada em cinco dimensões: habilidades intelectuais;
comportamento adaptativo (habilidades conceituais, sociais e práticas de vida
diária); participação, interações e papéis sociais; saúde (saúde física, saúde
mental, etiologia) e contexto (ambiente e cultura).
Para Vygotsky, a aprendizagem ocorre mediante a internalização de
experiências culturais socialmente compartilhadas; é essencial para o
desenvolvimento humano.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
41A existência de uma disfunção biológica e a reorganização que essa
provoca no organismo da criança afeta o seu engajamento na cultura, uma vez
que essa se encontra adaptada às pessoas cujo funcionamento
psicofisiológico é considerado “normal” (VYGOTSKY, 1995).
Desse modo, as limitações da criança com deficiência intelectual
decorrem mais das respostas sociais à sua condição orgânica do que aos
efeitos funcionais do fator orgânico em si. Ou seja, as dificuldades cognitivas
resultam das barreiras que se interpõem ao pleno desenvolvimento cultural da
criança e às relações interpessoais efetivas com o outro social – seus pares e
os adultos. A noção de deficiência intelectual concebida pelo autor difere das
concepções fatalistas e naturalistas predominantes à sua época.
Para considerar a deficiência intelectual no sujeito, é importante o
conhecimento de suas condições de vida. Os seguintes níveis são indicados:
contextos relacionados ao ambiente imediato e próximo; vizinhança,
comunidade e organizações educacionais a que o sujeito tem acesso, além do
contexto sociocultural mais amplo. De um modo geral, os contextos devem
propiciar oportunidades de educação, saúde, participação social, lazer,
possibilitando participação na vida comunitária e aquisição de competência
para desempenhos significativos. Espera-se que o ambiente favoreça e
estimule condições de bem-estar, saúde e segurança pessoal, conforto
material, segurança, estímulo ao desenvolvimento e condições de estabilidade
pessoal e social. Restrições nesse sentido apontam para limitações
contextuais que prejudicam o desenvolvimento pleno de qualquer sujeito.
Vygotsky (1994) chama a atenção para a importância da mediação na
aprendizagem e no desenvolvimento. Baseando-se nesta conceituação, a
AADID classifica os sistemas de apoio que influenciam o funcionamento do
sujeito com deficiência intelectual. Levando em conta sua intensidade, podem
ser: contínuo, limitado, intermitente e pervasivo. O entendimento do modelo
implica a existência de uma relação entre o funcionamento do sujeito, os
sistemas de apoio a que tem acesso e as cinco dimensões consideradas
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
42anteriormente, para explicar o conceito e o diagnóstico da deficiência
intelectual. Neste sentido, a deficiência tem as seguintes características:
Não é vista como algo que a pessoa tem (porta) ou como uma condição
de identidade (a pessoa é).
Não é um transtorno mental, mas uma condição do desenvolvimento
humano.
Refere-se a um estado particular de funcionamento do sujeito em relação
às demandas ambientais em contextos específicos.
É a expressão das limitações da pessoa no contexto social, portanto,
pode manifestar-se em maior ou menor intensidade, de acordo com as
condições de acessibilidade do sujeito, em diferentes contextos. Não é,
portanto, uma condição fixa ou imutável.
Pode ser minimizada mediante intervenções, serviços ou apoios que
colocam o sujeito em posição social mais favorável à aprendizagem, ao
desenvolvimento e à participação na vida social.
Segundo a concepção social que fundamenta esses pressupostos, as
limitações do funcionamento pessoal só adquirem característica de
“deficiência” quando não for possível superar as barreiras de acesso ao
ambiente físico e social circundante (BIELER, 2006). O impacto da limitação
funcional depende, portanto, das condições de acessibilidade à vida social,
sendo removidos os obstáculos à participação.
A deficiência intelectual vista desse modo não constitui um atributo
individual, mas condição humana social e interativa, considerada a relação
entre a pessoa e o ambiente. Envolve o contexto e os sistemas de apoio, no
diagnóstico, na avaliação ou na intervenção, de qualquer natureza. Aplicando-
se esse conhecimento à educação, verifica-se a necessidade da participação
ativa do aluno com NEE na vida escolar e a utilização de sistemas de apoio
que funcionem como alicerce à sua realização acadêmica. Suas limitações
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
43podem ser reduzidas, abrindo perspectivas de êxito escolar. Acessibilidade
implica o desenvolvimento inclusivo da escola, mediante a criação de culturas,
políticas e práticas inclusivas (BOOTH, T.; AINSCOW, M., 2002; CARVALHO,
2007).
2.5 – Surdo-cegueira
O surdo-cegueira é uma categoria específica de deficiência, na qual a
lesão, em diferentes graus, nos órgãos sensorial visual e auditivo, ocorre
concomitantemente.
Essa situação pode acontecer em dois períodos distintos: antes da
aquisição da linguagem (pré-lingüístico) e após sua aquisição (pós-lingüístico).
As implicações, em ambos os casos, voltam-se para alterações nos padrões
de acesso à informação, no desenvolvimento de sistemas alternativos de
comunicação, na orientação e mobilidade, na autonomia da pessoa e,
principalmente, na auto-estima. As conseqüências da surdo-cegueira são,
portanto, distintas daquelas promovidas apenas pela presença da deficiência
auditiva ou apenas pela deficiência visual (CADERNASCIMENTO, 2007).
Ressalta-se que as orientações da Secretaria de Educação Especial do
Ministério da Educação (SEESP-MEC) não especificam as particularidades das
deficiências, mas reconhecem os efeitos multiplicativos da privação sensorial
auditiva e visual combinada na aprendizagem e no desenvolvimento. A partir
de 2000, a surdo - cegueira começou a assumir espaço distinto nas políticas
públicas, na legislação e nas diretrizes gerais da educação especial na
educação básica. A Lei n. 10.098 de 19/12/2000, no capítulo VII, artigo 18,
destaca a necessidade da formação de profissionais intérpretes e guias-
intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à pessoa
portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação
Até a década de 1960, a causa primária da combinação de perda auditiva
e visual era a Síndrome da Rubéola Congênita. Os estudos de Regenbogen e
Coscas (1985 apud CHEN, 2004) apontam que desde a década de 60 outras
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
44causas têm sido identificadas. Segundo os autores, há mais de 70 síndromes
nas quais os prejuízos visuais e auditivos ocorrem junto. McInnes (1999)
ressalta que muitas causas ainda são desconhecidas e que em muitos casos
não é possível detectar sua etiologia.
Cader e Costa (2001) apontam que em Brasília as etiologias
predominantes são: a síndrome da rubéola congênita, a síndrome de Usher,
charge, Alstron, citomegalovírus, prematuridade, meningite e toxoplasmose. A
manifestação da deficiência auditiva e depois da deficiência visual ocorreu em
98% dos casos, por isto a denominação surdo-cego.
É imperativo que os casos de surdez associada à deficiência visual sejam
identificados precocemente, para que os estudantes possam receber serviços
de intervenção apropriados às suas necessidades de comunicação, de
informação e de orientação e mobilidade. Neste caso, cabe ao professor
regente e ao intérprete observarem o desempenho visual e auditivo de seus
alunos. O comportamento de aproximar o material de leitura dos olhos, ou a
acomodação de cabeça para ter acesso à informação visual, bem como o ato
de esbarrar-se, as queixas de dor de cabeça são alguns exemplos que podem
estar vinculados a alterações visuais. Esses casos precisam ser encaminhados
para avaliação clínica e funcional da visão.
Vygotsky (1995, p. 163) destaca que a educação do surdo - cego implica
dificuldades consideravelmente maiores e esbarra com obstáculos mais
difíceis do que a educação só do cego ou só do surdo. Se o sistema nervoso e
o psíquico não estiverem danificados, esta pessoa possui possibilidades
ilimitadas de desenvolvimento e de educação. O autor se refere a nomes de
Helen Keller e Laura Bridgman, surdo-cegas que alcançaram um grande
desenvolvimento devido à educação e ao processo de ensino a que foram
submetidas.
Basicamente esse processo foi decorrente do desenvolvimento de um
sistema de comunicação ou da adaptação do existente. Nesse processo, o
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
45contato físico constitui a via de comunicação mais promissora, entre elas:
LIBRAS e alfabeto manual dos surdos adaptados para o tato, os mesmos
sinais utilizados pelos surdos realizados na mão do surdo cego, o sistema
Braille tátil, leitura da fala através do toque na face do interlocutor.
2.6 - Autismo
Historicamente, sabemos que Plouller, em 1906, utilizou a palavra autista
na literatura psiquiátrica, mas foi Bleuler, em 1911, que popularizou o termo
autismo.
Kanner, em 1943, fez a diferença entre o autismo e outras psicoses
graves, caracterizando o autismo como uma condição extrema de solidão e
insistência na invariância.
Já Asperger (1944) descreveu casos de crianças com a mesma
sintomatologia de Kanner e os estudos dos dois autores descreveram o que
conhecemos como autismo. Uma forma mais leve do autismo, segundo
algumas teorias, pode ser descrita como Síndrome de Asperger. Importante
salientar que até agora nenhum autor ou corrente teórica afirma com certeza a
causa do autismo. Para alguns, ela pode ser genética, para outros, decorrente
de fatores ambientais e das relações parentais. Disso pouco se sabe.
O autismo é um transtorno do desenvolvimento caracterizado, de maneira
geral, por um comprometimento nas áreas de comunicação e interação,
apresenta padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento,
interesses e atividades, e a posição na linguagem é muito particular. Cada
pessoa com autismo apresenta características próprias que estão ligadas à
sua história e interação social.
A psicose, paranóica ou esquizofrênica, também pode ser considerada
um transtorno global do desenvolvimento, assim como o autismo de alto
funcionamento ou alto desempenho (AAF), a síndrome de Asperger e alguns
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
46sintomas da Síndrome de Rett. Muitos alunos com características autísticas ou
da síndrome de Asperger estão nas escolas, portanto, é importante fazermos
uma breve diferenciação.
Quando se refere ao autismo ou à psicose e a outros transtornos
psíquicos, não se pode deixar de considerar o momento da vida de cada
pessoa. Quando se falar de crianças pequenas ou infância, há certa
indefinição na estruturação dos sujeitos e isso facilita, e muito, a intervenção
especializada e educacional. No caso de adolescentes, jovens e adultos, a
intervenção tem um caráter diferenciado, pois a estruturação psíquica já está
posta.
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva de 7/1/2008, entregue ao Ministro da Educação pelo grupo de
trabalho que a elaborou, traz uma nova “classificação” para os alunos com
necessidades educacionais especiais (essa expressão é mantida e citada, pelo
menos, 11 vezes neste documento) (MEC, 2008). Há uma sutil diferença entre
a expressão “condutas típicas”, muito utilizada nos últimos anos, e a
recuperação da expressão “transtornos globais do desenvolvimento” (utilizada
há décadas no CID-10) para se referir aos alunos com características
autísticas ou psicóticas:
A incidência do autismo genuíno tem sido 4 em cada 10 mil casos!
Geralmente encontramos quatro meninos para cada menina com autismo.
2.7 -Déficit de atenção/hiperatividade
Os transtornos de déficit de atenção com ou sem hiperatividade (TDAH)
se traduzem por comportamentos que tiram o professor do sério. O aluno é
incansável, não consegue prestar atenção às aulas e “está sempre
aprontando”. Trata-se de um transtorno no desenvolvimento do autocontrole
(problemas com os períodos de atenção, com o controle do impulso e com o
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
47nível de atividade). É um quadro sintomatológico de base neurológica e não
apenas malandragem ou falta de educação.
Como um transtorno, possui diferentes níveis de gravidade e se
apresenta de diferentes maneiras.
Não há uma causa única para seu surgimento. Parece estar relacionado
a um desequilíbrio na química do cérebro ou de seu desenvolvimento, afetado
por aspectos genéticos, traumas ou toxinas. A causa mais provável é a
hereditariedade.
Podem apresentar ansiedade, frustração ou depressão.
Emerge cedo no desenvolvimento da criança, mas aumenta sua
gravidade na idade escolar, afetando a capacidade de responder com sucesso
às demandas sociais e educacionais. As características principais do TDAH
são hiperatividade motora e impulsividade. Ocorre com freqüência em 3 a 5%
das crianças menores de 10 anos, e com mais freqüência em meninos.
De 1980 a 1987, a American Psychiatric Association (APA) denominava
como distúrbio de déficit de atenção; em seguida passou a denominar distúrbio
da hiperatividade com déficit de atenção. As crianças que apresentam TDAH
terão o quadro por toda a vida. Entretanto, 20% tendem a diminuir os sintomas
na fase da adolescência e outros 52% na fase adulta. Apesar disso, ainda
apresentam déficits cognitivos, hiperatividade, dificuldades de aprendizagem e
transtornos afetivos.
É importante cativar a criança nos estudos, pois 25% das pessoas com
TDAH na adolescência chegam a praticar atos delituosos, abuso de drogas ou
álcool e têm problemas de personalidade durante a vida adulta.
Na escola, não terminam as tarefas que começam; cometem muitos
erros; deixam cair ou perdem brinquedos ou objetos necessários para a
realização das tarefas. São facilmente distraídos por estímulos alheios à tarefa,
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
48parecendo não escutar quando se fala diretamente com eles e com freqüência
esquecem as atividades ou livros em casa. Têm baixa tolerância à frustração.
Os professores devem ajudar a criar um ambiente estruturado, uma
rotina, de modo que tenham menos problemas com o começar e o concluir
tarefas. Devem promover o trabalho em pares; dar instruções curtas e claras;
decompor cada tarefa em partes menores para manter a atenção. Alunos com
TDAH precisam de previsibilidade, estrutura, períodos de trabalhos curtos,
instrução individual, reforço positivo e um currículo interessante.
Aluno com TDAH não consegue se controlar, e o professor precisa fazer
um pacto com ele, perguntando qual seu limite de concentração, fixar, então,
atividades dentro deste tempo. Seu comportamento não é causado por
desobediência, por isso, há que ter expectativas positivas; monitorar o
progresso regularmente ao longo da aula. Evitar chamar seu nome a toda
hora, para não estigmatizá-lo entre seus colegas. Combinar previamente com
ele que, quando bater no quadro, por exemplo, com a ponta da caneta,
significa que está pedindo para ele focar na explicação que está sendo dada. É
preciso ser firme, justo e paciente; fazer comentários positivos constantes; criar
“regras da classe” que não sejam ambíguas, escritas de maneira assertiva;
repetir as instruções: escrever, falar em voz alta mais de uma vez; certificar-se
de que foi entendido; manter contato visual. Evitar longas discussões sobre o
que está certo e errado no comportamento: dizer o que deseja – mostrar os
aspectos positivos. Tente modificar seu comportamento quando se precipita
em responder antes que você tenha completado as perguntas. Introduza o
humor, na sua aula, para capturar sua atenção.
2.8 Alunos com altas habilidades/superdotação
Fala-se muito das necessidades especiais dos alunos com deficiência,
mas constantemente o aluno com altas habilidades é esquecido nos discursos
político-pedagógicos, seja dentro da escola, seja fora dela, na comunidade.
Mesmo nos cursos de formação para o professor há uma carência de
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
49informação sobre essa população, sendo que muitas vezes o professor sai do
seu curso sem ter tido a oportunidade de refletir sobre as necessidades
educacionais especiais desses alunos.
Diante do paradigma da inclusão, o professor precisa estar apto a
identificar e atender às necessidades especiais de aprendizagem de todas as
crianças, jovens e adultos, tenha ou não deficiências. Temos que passar a
entender também a educação do superdotado em um contexto de renovação
pedagógica que esteja atento às diferenças individuais e que seja propício à
construção da cidadania e da participação social.
A exclusão escolar e social a que nos referimos, ao falarmos dos
superdotados, não se dá, à semelhança de outros alunos com necessidades
especiais, como os surdos, os autistas e os deficientes mentais e físicos, pela
falta de acesso ao ensino ou ao espaço físico da escola. Aos alunos com altas
habilidades nunca se negou a matrícula escolar, nem tampouco estes foram
impedidos de freqüentar o ensino público. Apesar disso, não aparecem,
tradicionalmente, como grupo, nos censos escolares; são classificados por sua
idade cronológica e impedidos de progredirem ao nível de suas reais
possibilidades; não recebem os serviços especiais que necessitam como
aprofundamento curricular, enriquecimento e aceleração do currículo e suas
necessidades sociais e afetivas não são adequadamente atendidas no
contexto escolar. Como ressaltamos em outro texto (ALENCAR; VIRGOLIM,
2001), muitos dos problemas que se observam entre alunos superdotados se
referem ao desestímulo e frustração que eles sentem diante de um programa
acadêmico que prima pela repetição e monotonia e por um clima psicológico
em sala de aula pouco favorável à expressão do potencial superior.
Talvez esse quadro não seja novo para você. Sabemos que um grande
número de alunos esconde suas capacidades e potencialidades em repetidas
histórias de fracasso escolar e evasão, procurando não serem excluídos do
convívio social pela sua inteligência ou pelo bom desempenho escolar. Esses
alunos estão em todas as escolas, aparecem em todos os níveis
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
50socioeconômicos e em todas as etnias e têm em comum o sentimento de
frustração, de exclusão social e de infelicidade. Alguns desconhecem o
alcance de suas próprias habilidades. Outros suspiram pela falta de
oportunidade de aprender assuntos diferentes e desafiadores, que geralmente
não são vistos no currículo regular. Esses jovens são aqueles que estão
sempre nos perguntando: mas para que serve isso que estou estudando? São
pessoas curiosas, sensíveis, que muitas vezes não sentem prazer no ambiente
escolar, pois as coisas que aprendem em algumas áreas são fáceis demais,
sem maiores desafios. Reclamam que as aulas são monótonas, os professores
são chatos e os colegas não os entendem. Alguns ainda levam para a casa os
mais diversos rótulos, muitas vezes nada lisonjeiros, e que acentuam mais
ainda a questão da diferença. E, ainda em casa, sofrem pressão dos pais para
que tirem notas boas em tudo, sejam criativos e não cometam erros
(VIRGOLIM, 2003).
Segundo Delou (2007), historicamente, os alunos com altas habilidades
eram ignorados e seus direitos negados, sendo percebidos como privilegiados
por terem nascido inteligentes. No entanto, a nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDBEN 9.394/96) trouxe significativo avanço político,
nascendo apoiada na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, de
Jomtien/Tailândia, de 1990, na Conferência Mundial sobre Necessidades
Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade, de Salamanca /Espanha, de
1994, e na Lei n. 8.069/1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e declara: “nenhuma criança ou adolescente será objeto de
qualquer forma de negligência, discriminação, violência, crueldade e opressão,
punido na forma da lei QUALQUER ATENTADO, POR AÇÃO OU OMISSÃO,
AOS SEUS DIREITOS FUNDAMENTAIS” (BRASIL, 1990, Art. 5º). Houve,
assim, um ganho real alcançado com a LDBEN n. 9.394/1996, no que diz
respeito ao aluno com altas habilidades/superdotação, em relação ao
reconhecimento de suas necessidades educacionais especiais, ao
atendimento educacional especializado e à aceleração de estudos no âmbito
da Educação Básica e Superior. Além disso, a nova terminologia adotada faz
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
51referência não apenas aos alunos com deficiências, mas aos educandos com
necessidades educacionais especiais, o que, embora não resolva o problema
de exclusão destes alunos na sociedade, mostra sintonia legislativa com a
atualidade teórica.
Os alunos superdotados são considerados alunos com necessidades
educacionais especiais, referidos nas Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001) como alunos com:
[...] grande facilidade de aprendizagem que os leva a
dominar rapidamente os conceitos, os procedimentos e as
atitudes e que, por terem condições de aprofundar e
enriquecer esses conteúdos devem receber desafios
suplementares em classes comuns, em sala de recursos ou
em outros espaços definidos pelos sistemas de ensino,
inclusive para concluir, em menos tempo, a série ou etapa
escolar (p. 39).
Embora o Ministério da Educação tenha conceituado a superdotação de
forma diferenciada através dos anos, a definição mais atual se estabelece em
consonância com o Modelo de Enriquecimento Escolar, resultante do trabalho
pioneiro do Dr. Joseph S. Renzulli, renomado diretor do Centro Nacional de
Pesquisa sobre o Superdotado e Talentoso (NRC G/T) da Universidade de
Connecticut, nos Estados Unidos. A meta das pesquisas do Centro não é
identificar e separar o grupo dos superdotados daqueles que não o são, mas
sim prover a cada aluno com as oportunidades, recursos e encorajamento
necessário para atingir o seu potencial máximo. Desta forma, a eqüidade na
educação será obtida através de uma ampla gama de experiências
cuidadosamente planejadas e diferenciadas que levam em conta as
habilidades, interesses e estilos de aprendizagem de cada estudante
(VIRGOLIM, 2007). No Brasil, o Modelo de Enriquecimento Escolar tem sido
tomado como base teórica para dar suporte às atividades desenvolvidas nos
Núcleos de Atividades de Altas Habilidades / Superdotação NAAH/S,
implantados em 2005 nos 26 estados e no Distrito Federal.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
52De acordo com as informações no portal da Secretaria de Educação
Especial do MEC, os Núcleos devem atender aos alunos superdotados,
promover a formação e capacitação dos professores para identificar e atender
a esses alunos, oferecer acompanhamento aos pais dessas crianças e à
comunidade escolar em geral, no sentido de produzir conhecimentos sobre o
tema, disseminar informações e colaborar para a construção de uma educação
inclusiva e de qualidade.
Sendo assim, as orientações pedagógicas do MEC para estes Núcleos
estabelecem a distinção, sugerida por Renzulli e Reis (1997), entre “ser
superdotado”, que é um conceito absoluto, e em poder desenvolver
“comportamentos de superdotação”, que seria um conceito relativo, variando
em graus e podendo ser desenvolvidos em algumas pessoas, em certo tempo
e sob certas circunstâncias (p. 73). O Modelo dos Três Anéis, proposto por
esses autores, define os comportamentos de superdotação como:
[...] comportamentos que refletem uma interação entre
três conjuntos básicos de traços humanos – habilidade acima
da média, altos níveis de envolvimento com a tarefa e altos
níveis de criatividade. Indivíduos capazes de desenvolver
comportamentos de superdotação são aqueles que possuem
ou são capazes de desenvolver este conjunto de traços e
aplicá-los a qualquer área potencialmente valiosa do
desempenho humano. Pessoas que manifestam ou são
capazes de desenvolver uma interação entre os três conjuntos
requerem uma grande variedade de oportunidades e serviços
educacionais que normalmente não são proporcionados pelos
programas escolares regulares (p. 8).
Alguns pontos importantes podem ser enfatizados quanto a esse Modelo
(VIRGOLIM, 2007):
Nenhum conjunto de traços é mais importante que o outro, e nem todos
necessitam estar presentes ao mesmo tempo, ou na mesma quantidade, em
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
53um indivíduo ou situação, para a manifestação de comportamentos de
superdotação.
Eles ocorrem em dinâmica interação, e é por isso que os
comportamentos de superdotação ocorrem em certas pessoas (não em todas),
em certos momentos (não em todos os momentos) e sob certas circunstâncias
(não em todas as circunstâncias). Como você pode perceber, essa é uma
definição que causa polêmica entre os educadores, pois há uma noção
bastante enraizada de que a superdotação é uma questão de “ser ou não ser”;
assim, muitos entendem que o indivíduo deverá apresentá-la em todos os
momentos da sua vida, independente da sua motivação ou do contexto em que
está inserido, o que contradiz os resultados de pesquisas atuais sobre o
assunto.
Os comportamentos de superdotação são, em parte, influenciados por
fatores de personalidade (como auto-estima, auto-eficácia, coragem, força do
ego, energia, etc.) e por fatores ambientais (nível socioeconômico,
personalidade e nível educacional dos pais, estimulação dos interesses
infantis, fatores de sorte, etc.), e em parte também por fatores genéticos. No
entanto, pesquisas indicam que a criatividade e o envolvimento com a tarefa
podem ser modificados e influenciados positivamente por experiências
educacionais bem planejadas. Sendo assim, o dever dos educadores é
planejar e desenvolver uma grande variedade de alternativas ou opções para
atender as necessidades especiais de todos os estudantes no ensino regular,
e não apenas para os que tiram notas altas ou apresentam um alto QI.
Criatividade e envolvimento com a tarefa são traços variáveis, não
permanentes, que podem estar presentes em maior ou menor grau,
dependendo da atividade. Mesmo que uma pessoa tenha freqüentemente
muitas idéias criativas e demonstre bastante energia e envolvimento na maioria
das situações, é natural que haja altos e baixos em sua produção criadora.
Nota-se também que quase sempre um traço estimula o outro. Ao ter uma
idéia criativa, a pessoa se sente encorajada e é reforçada por si mesma e
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
54pelos outros; ao colocar sua idéia em ação, seu envolvimento com a tarefa
começa a emergir. Da mesma forma, um grande envolvimento para se resolver
uma situação-problema pode ativar o processo de resolução criativa de
problemas.
A área das altas habilidades, como se apresenta hoje no cenário
nacional, está apoiada em teorias sólidas e resultados de pesquisa que nos
levam a refletir sobre as potencialidades e habilidades de todos os alunos
dentro do sistema educacional como um todo. Nesse sentido, Feldhusen,
Asher e Hoover (1984) argumentam a favor de se colocar menos ênfase na
questão de “ser ou não ser” superdotado, o que leva a uma desnecessária
rotulação de alunos, e de se concentrar mais esforços na formulação de
programas específicos para atender às necessidades dos jovens com maior
potencial entre os diferentes extratos socioeconômicos e culturais, o que se
coaduna com a perspectiva inclusiva.
Sendo assim, programas específicos para os alunos com altas
habilidades têm o papel de suprir e complementar suas necessidades
específicas, possibilitando a ampliação do seu desenvolvimento pessoal e
criando oportunidades para que eles encontrem desafios compatíveis com
suas habilidades. Ressaltam Sabatella e Cupertino (2007) que o aluno com
altas habilidades/superdotação apresenta interesses variados e diferentes
habilidades e tem necessidade de envolvimento em atividades que favoreçam
a produção criativa. Elas complementam ainda que os alunos superdotados:
[...] precisam encontrar desafios que girem em torno de temas importantes e
úteis, enriquecendo seu conhecimento e oferecendo oportunidades para
alargar seus horizontes pessoais, projetar objetivos maiores e desenvolver
senso de responsabilidade e independência intelectual. Necessitam também
encontrar metodologia adequada à sua rapidez de raciocínio e grande
capacidade de abstração, em um processo dinâmico de aprendizagem (p. 70).
Para que esses objetivos sejam atingidos, as autoras lembram que os
alunos com altas habilidades beneficiam-se tanto da interação com os pares
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
55da mesma idade quanto com os pares intelectuais. Sendo assim, programas
para essa população devem criar flexibilidade compatível com as adaptações
necessárias a uma educação que atenda ao perfil heterogêneo desse alunado.
Analisando os vários programas de atendimento ao aluno superdotado
apresentados na literatura atual, Sabatella e Cupertino (2007) evidenciam três
importantes modalidades de intervenção nos programas para superdotados:
agrupamento, aceleração e enriquecimento.
Os sistemas de agrupamento dos alunos podem se dar em centros
específicos, em escolas ou classes especiais, ou em pequenos grupos
diferenciados dentro na sala de aula regular. A estratégia de agrupamento gera
maior possibilidade de aprofundamento dos temas, de acordo com o que é
interessante e apropriado para cada indivíduo, além de colaboração com o
conjunto de seus pares. No entanto, é necessário que os professores estejam
atentos para proporcionar oportunidade aos alunos para uma convivência
escolar com alunos de diferentes habilidades, e que reconheçam as amplas
diferenças individuais do grupo, incluindo alguma instrução individualizada.
A aceleração, já prevista na nova LDBEN, significa cumprir o programa
escolar em menor tempo, o que pode se dar por admissão precoce na escola
ou por permitir que o aluno realize seus estudos em tempo inferior ao previsto.
O aluno que já domina os conteúdos da série em que se encontra pode
também ir para uma série mais adiantada. Para se indicar a aceleração, no
entanto, o profissional deve avaliar aspectos do aluno, como o conhecimento
acadêmico e a capacidade intelectual, seu desenvolvimento físico, emocional e
a maturidade, e ainda as condições da escola e receptividade do professor
com relação ao processo. O enriquecimento pressupõe o fornecimento de uma
variedade de experiências de aprendizagem enriquecedoras que estimulem o
potencial dos alunos e que normalmente não são apresentadas no currículo
regular. De acordo com Freeman e Guenther (2000), as atividades de
enriquecimento objetivam tornar o processo educativo o mais individualizado
possível, sem perder de vista parâmetros como as exigências do sistema de
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
56ensino e as necessidades socioafetivas do aluno. O MEC sugere alternativas
de enriquecimento que podem se dar na própria sala de aula, com programas
curriculares enriquecidos; em grupos, com conteúdos paralelos ao currículo
comum; em grupos especiais, com atividades diferenciadas em alguns
aspectos da programação normal; em salas de recurso, em horário contrário
ao da classe regular; e por meio do ensino com professor itinerante (BRASIL,
1995).
Renzulli (1994) assinala que cada um tem um importante papel no
aperfeiçoamento da sociedade e que esse papel pode ser desenvolvido se
fornecermos a todos os alunos as oportunidades, os recursos e o
encorajamento necessários para aspirar ao mais alto grau, humanamente
possível, de desenvolvimento do talento.
Respeitar as diferenças é dever de todos. Faz parte da natureza humana.
Basta pensar que somos todos diferentes com necessidades únicas.
Esse é o objetivo para o qual vale à pena lutar.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
57
CAPÍTULO III
Desde a concepção, uma vida de superação
Em 2006 43.405 alunos com deficiência física estavam matriculados
(MEC/INEP). A deficiência física talvez seja, entre as deficiências, a que mais
facilmente tem acesso à escola e atinge níveis mais elevados de
escolarização.
A escola onde tem alunos com alguma deficiência física deve ser
acessível, com espaços físicos adequados, preferencialmente uni pavimentar,
permitindo um domínio tranqüilo e total desse ambiente no que se refere à
locomoção e circulação.
Ser acessível significa não ter barreiras arquitetônicas, como portas e
circulações estreitas, bebedouros com colunas que impeçam a entrada da
cadeira de rodas, inexistência de banheiros adaptados. Deve incluir corrimão
em escadas e/ou rampas e barras de apoio nos banheiros. Quando tem mais
de um pavimento, é preciso se preocupar com a construção de rampa, ou ter a
preocupação em manter as classes com alunos com deficiência física sempre
no primeiro piso.
São poucas as adaptações necessárias nos materiais e equipamentos
utilizados para a atividade escolar. Alunos com algum tipo de deficiência física
podem aprender através dos mesmos métodos empregados com alunos
comuns, apenas necessitam de recursos de comunicação adaptados, no caso
de dificuldades resultantes de lesões neuromusculares, como a paralisia
cerebral.
Um exemplo de criança com NEE é a aluna C.
Ela mora com seus pais na casa da avó paterna. Sua mãe só descobriu a
gravidez aos dois meses. Ficou muito nervosa com a descoberta e disse não
tê-la desejado no início. Só fez o pré-natal aos nove meses.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
58C nasceu no hospital Regional do Gama, DF, de parto cesáreo. Sua mãe
a viu ao nascer e depois aos seis dias de vida, pois C foi encaminhada ao
hospital Sarah Kubitschek fazer a cirurgia de mielomeningocele. Recebeu alta
no nono dia e aos dois meses foi encaminhada novamente para a introdução
da válvula, permanecendo quatro dias internada. Neste peíodo os pais se
sentiram muito nervosos e infelizes.
C recebe atendimento no Hospital Sarah Kubitschek desde o primeiro
mês de vida. Usa aparelho nas pernas e anda com certa dificuldade. Seu
desenvolvimento motor está aquem de sua idade cronológica. Sua família foi
orientada sobre as atividades que devem ser realizadas em casa para a
continuidade do tratamento. Recebe aposentadoria que somente a avó e a
mãe sabem. Pois o pai se tivesse conhecimento gastaria tudo.
Estudou inicialmente em “escolas especiais”. Ao ser introduzida em uma
turma inclusiva demonstrou irritação com os colegas chegando a agridi-los
fisicamente. Ela não se sentia aceita e demonstrava não aceitar os colegas
também.
O problema apresentado por C chama-se Mielomeningocele, mais
conhecida como Espinha Bífida, é uma malformação congênita da coluna
vertebral da criança, dificultando a função primordial de proteção da medula
espinhal, que é o "tronco" de ligação entre o cérebro e os nervos periféricos do
corpo humano. Quando a medula espinhal nasce exposta muitos dos nervos
podem estar traumatizados ou sem função, sendo que o funcionamento dos
órgãos inervados pelos mesmos (bexiga, intestinos e músculos) pode estar
afetado.
O primeiro passo para o tratamento é o fechamento que é realizado pelo
neurocirurgião, visando à proteção e evitando traumas e infecções
(meningites). Essa intervenção de um modo geral dá-se nas primeiras horas de
vida.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
59Cerca de 90% dos pacientes com Mielomeningocele poderão apresentar
durante a vida algum tipo de problema urológico que pode variar desde
infecções urinárias até a perda de função renal e insuficiência renal com
necessidade de diálise e transplante renal. Com os avanços em Urologia
pediátrica hoje é possível prevenir estas complicações com exames
especializados e acompanhamento rigoroso.
É muito importante que crianças vítimas desta patologia sejam
acompanhadas por profissionais realmente envolvidos com a mesma. Muitas
vezes medidas como manutenção de antibióticos profiláticos por tempo
prolongado, orientações de esvaziamento da bexiga, eventualmente com
auxílio de sondas em intervalos de tempo regulares podem fazer a diferença. É
importante que as famílias entendam bem esses tipos de procedimentos.
A investigação da Mielomeningocele pode ser feita antes do bebê nascer,
no acompanhamento pré-natal da gestante através da amniocentese – um
exame que recolhe e analisa o líquido amniótico.
Também o exame de ultra-som na gravidez pode revelar alguns dos
casos.
Após o nascimento, diversos são os exames que podem ser utilizados –
neurológicos, de urina, tomografia, raios-X, ressonância magnética da coluna,
entre outros.
Essa má formação na medula espinhal pode ocasionar paralisia parcial ou
total nas pernas da criança. E uma vez que essa paralisia está presente no
feto podem ocorrer problemas ortopédicos, como pé torto ou deslocamento de
quadril.
É freqüente também a perda de controle da bexiga ou do intestino, além
de determinar um aumento no risco do bebê desenvolver uma infecção grave
denominada meningite.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
60E cerca de 90 por cento dos casos de Mielomeningocele podem
apresentar hidrocefalia – quando o líquido da medula não circula normalmente
e acumula-se no cérebro, podendo acarretar graves conseqüências: deficiência
intelectual, alterações visuais, na fala, audição, além de prejudicar o controle
da coordenação motora de braços e pernas.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
61
CAPÍTULO IV
ESCOLA INCLUSIVA (TRANS)FORMADORA DE VISÕES
"Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças"
Maria Teresa Eglér Mantoan
A escola é um espaço de inclusão, de se construir conhecimentos de
forma cooperativa, mas é também um local onde se constroem valores,
elementos constituintes da expressão de liberdade e de respeito.
Escola não só informa, mas forma os seus alunos.
O Art. 205 da Constituição Federal de 1988 afirma:
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho”.
Uma escola democrática deve contribuir para a transformação pessoal e
social. Ela tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O grande ganho, para
todos, é viver a experiência da diferença. Se os estudantes não passam por
isso na infância, mais tarde terão muita dificuldade de vencer os preconceitos.
A inclusão possibilita aos que são discriminados pela deficiência, pela
classe social ou pela cor que, por direito, ocupem o seu espaço na sociedade.
Se isso não ocorrer, essas pessoas serão sempre dependentes e terão uma
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
62vida cidadã pela metade. Não se pode ter um lugar no mundo sem considerar
o do outro, valorizando o que ele é e o que ele pode ser. Além disso, para os
professores, o maior ganho está em garantir a todos o direito à educação.
Além de fazer adaptações físicas, a escola precisa oferecer atendimento
educacional especializado paralelamente às aulas regulares, de preferência no
mesmo local. Assim, uma criança cega, por exemplo, assiste às aulas com os
colegas que enxergam e, no contra turno, treina mobilidade, locomoção, uso
da linguagem braile e de instrumentos como o soroban, para fazer contas.
Tudo isso ajuda na sua integração dentro e fora da escola.
No Brasil, tem havido um esforço governamental que visa permitir a
existência de uma escola que, efetivamente, seja para todos. No entanto, a
efetivação de tal política da igualdade de direitos pode se tornar reducionista e,
conseqüentemente, desumanizadora, se não puder atentar às diferentes
expressões humanas advindas de uma diversidade maior do que a
contemplada pelo termo “deficiente” ou qualquer outro termo deste tipo.
Portanto, trata-se de, para além dos aspectos quantitativos e estatísticos do
sucesso da inclusão educacional, pensar sobre a qualidade formativa desta
política na constituição de cidadãos emancipados e críticos.
Inclusão esta na moda. Ouvimos falar em educação inclusiva, uma
sociedade mais inclusiva, igrejas inclusivas, em atitudes inclusivas. Mas pensar
e “fazer” inclusão, não são nada fáceis. Na verdade, inclusão é algo complexo.
Inclusão é processo. Ninguém nasce sabendo ser inclusivo ou exclusivo.
Inclusão faz parte do processo de educação, desde os primeiros anos, com os
pais ou educadores, colegas, dentro de uma determinada cultura e valores.
A inclusão é complicada porque carregamos a cultura excludente que
padroniza. Vivemos num mundo em que é a exclusão que perpassa nossa
educação, nossa cultura e, conseqüentemente, nossas atitudes.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
63 Não se pode ser ingênuo e achar que um dia o mundo será totalmente
inclusivo. Mas, certamente, a sociedade tem que aprender a ser mais inclusiva.
Isso significa mudança e como isso é algo que perpassa as múltiplas
esferas da existência humana, inclusão implica em mudança de paradigmas.
Inclusão implica num olhar para si e para o mundo sob outro ângulo. Implica,
basicamente, em lidar com as diferenças.
O igual não assusta, mas o diferente provoca, incomoda, ameaça e
desafia.
Incluir não é dar lugar ao diferente, mas é reconhecer que ele sempre
teve seu lugar. Diferentes formas físicas, diferentes pensamentos, diferentes
jeitos de amar sempre existiram, a sociedade é que se recusou a enxergar.
Incluir desafia a olhar para uma situação limite e descobrir, com
criatividade, bom humor, simplicidade e ousadia, que o limite pode ser o início
de um novo horizonte e que limites existem para serem quebrados, superados.
A escola deve guiar o olhar das pessoas para além dos seus limites,
sejam eles físicos, emocionais ou culturais e preparar a nova geração para
romper as barreiras da exclusão.
O ambiente escolar deve ser planejado e estruturado, pois é por meio
deste método que o desenvolvimento infantil será promovido e terá um papel
decisivo no futuro do indivíduo.
Para que aja esse planejamento e estruturação adequada se faz
necessária a ampliação do raio de abrangência da reflexão pedagógica.
(ALVES, 2005, p. 39)
De modo geral se exige muito do professor e por vezes não são
oferecidas condições de realizar o trabalho de maneira adequada. Assim,
como é exigida do professor uma postura inclusiva, também é preciso que a
escola como um todo tenha, esta mesma postura. A inclusão, afinal, deve ser
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
64realizada de maneira consciente, e não somente para constar no censo
escolar. Assim, ter uma classe inclusiva na escola pode sugerir tanto um modo
de oferecer ao aluno, que necessite de atenção especializada, uma boa
oportunidade de integração sem discriminação, como para o professor que tem
interesse em trabalhar com esta demanda.
A classe especial não pode de maneira alguma servir de limitador do
processo de ensino ao indivíduo com necessidades especiais, deve ser
encarada como um processo de transição e avaliação pedagógica para a
inclusão na classe regular.
Colocar um aluno com alguma “deficiência” em classe regular sem
prepará-lo adequadamente para fazer parte do processo o qual ele irá ser
submetido, poderá ocorrer o fracasso escolar, algo que a escola não deseja,
pois tratar de maneira única cada indivíduo acreditando no potencial de cada
um é a prioridade no processo de ensino-aprendizagem.
Neste processo, todo o apoio deve ser oferecido ao aluno, para que ele
seja capaz de se desenvolver adequadamente sendo capaz de adquirir
conhecimento, apesar de suas limitações. Não basta que o aluno com
necessidades educacionais especiais, esteja sentado na primeira fileira na sala
de aula com o suposto objetivo de estar sendo oferecido a ele mais atenção,
nem sempre, esta postura do professor, traduz maior preocupação as
peculiaridades do aluno, trazendo por vezes negligencia do professor as
necessidades do aluno “especial”.
Ao mesmo tempo, que espera o momento adequado ao aluno para estar
preparado para ingressar na classe regular, espera-se que o professor também
busque estar preparado para lecionar aos alunos “especiais”, sem que isso
cause um grande transtorno para o professor e a instituição escolar.
Atualmente, se exige um professor mais atualizado e preparado para os
desafios da educação. O que anteriormente acreditava-se ser somente
obrigação de professores de classes especiais tornou-se necessário para
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
65todos aqueles que estão envolvidos diretamente na educação, não é mais
privilégio de alguns, a busca de capacitação é fundamental para a realização
de um trabalho de qualidade, visando a inclusão de maneira adequada, e
séria, porque a qualquer momento, ele poderá estar diante de um aluno
incluído em sala de aula.
É importante se interessar e conhecer os procedimentos pedagógicos
atuais para avaliar as mudanças necessárias de métodos e dos recursos
específicos. (ALVES, 2005 p. 59)
O professor preocupado com a inclusão apresenta algumas
características que o fazem diferente, não é apenas a capacitação que os
transformam em educadores envolvidos no processo. Eles geralmente não se
satisfazem com o superficial, buscam profundamente solucionar os problemas
priorizando o bem estar do aluno com necessidade especial, busca promover
um ambiente favorável a aprendizagem, com auxílio da família e outros órgãos
capazes de auxiliá-los, apresentam uma boa “escuta”, pois a escuta favorece a
relação afetiva e proporciona o vinculo facilitador da aprendizagem, que é
alicerçada pela confiança da família.
Tem que conhecer ou procurar se aprofundar na vida pessoal, no
ambiente familiar destes indivíduos para que possa planejar as tarefas de
ensinar, com mais profundidade e atenção, só assim irá ocorrer a
transformação, por menor que seja. (ALVES, 2005, p. 59)
Todo processo de inclusão escolar precisa ter o amparo de uma boa
equipe multidisciplinar para facilitar a aquisição da aprendizagem, além de
recursos técnicos para um bom desenvolvimento cognitivo, e assim sanar
duvidas que surjam durante a vida escolar do aluno especial.
Do educador inclusivo espera-se que ele seja responsável garantindo ao
indivíduo o direito à educação não se preocupando apenas na transmissão de
conhecimento, mas também o afeto, o calor humano e oferecer uma escola e
ensino de qualidade. (ALVES, 2005, p.59)
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
66A primeira, e provavelmente a mais importante das possibilidades de
preparo adequado e eficiente, é poder discutir a formação de professores
nesta década de grandes transformações na educação. E a maneira mais
eficaz certamente é promover encontros com os profissionais de educação,
para que os problemas possam ser devidamente ditos e se possível
esgotados. E a partir daí buscar outros mecanismos para a facilitação de
problemas. É preciso, porém, delimitá-lo, para que se possam juntos ou
individualmente encontrar as soluções cabíveis para as situações de grupo ou
isolada. Assim, ao oferecer aleatoriamente possíveis soluções a dificuldades,
hipotéticas ou reais vividas pelos membros do grupo, deseja-se realmente
oferecer condições de desempenho adequado às condições de cada um, e
assim acrescentar novas possibilidades para resolver. Isto, porém, poderá
favorecer ao profissional uma vez que nem sempre é possível reformular a
grade curricular acadêmica porque para isso, é necessário um longo tempo de
estruturação para viabilizar as novas situações a que o professor vivencia em
sua sala de aula.
Com este modo de pensar, Edler (2004), propõe ciclos de palestras e
encontros, objetivando oferecer aos professores em processo inclusivo, ou
não, preparo para facilitar o trabalho, no próprio local de atuação dos
profissionais.
Ela relata que tais experiências foram muito proveitosas, embora no início
não muito fácil, mas tem pleno conhecimento que muita coisa mudou para
melhor. No início de seu trabalho, o grupo era composto principalmente por
professores de classes especiais, no entanto aos poucos foram somando ao
grupo, outros que recebiam em suas classes alunos que apresentavam
necessidades especiais e aqueles que não queriam ser surpreendidos sem
nenhum conhecimento. Esta prática vem corroborar com o pensamento
transformador que visa integrar professor de classes especiais e, professor de
classes regulares, oferecendo cada um sua experiência ao grupo, a fim de
alcançar o sucesso não só do profissional, mas principalmente de seu aluno,
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
67valorizando suas especificidades e suas possibilidades, deixando de enfatizar
a “nota” no final do processo, pois medir numericamente neste processo deixa
de ser tão importante, tornando a avaliação mais subjetiva, valorizando tudo
aquilo que o aluno pode oferecer, dentro das suas limitações de
aprendizagem.
Existem outros modos de buscar a qualificação, que são importantes
também no apoio ao profissional, com técnicas facilitadoras que promovam o
interesse do aluno nas classes, evitando a evasão escolar impedindo, a
conclusão do processo o qual a educação vem se empenhando.
A busca de outros espaços para o aperfeiçoamento das práticas do
professor para o trabalho com alunos com necessidades educacionais
especiais se dá por falha no próprio processo de formação, as queixas de
muitos profissionais de educação se referem ao próprio curso, onde não
tiveram a oportunidade de estudar e estagiar em classes com alunos incluídos,
a valorização e a ênfase está em turmas consideradas ideais, com alunos em
idades correspondentes a sua série, saudáveis física e mentalmente, inseridas
em família constituída tradicionalmente, gerando distanciamento entre a prática
real e a idealizada. Mas estas falhas não devem desanimá-los na busca do
que lhes faltaram para assegurar competência profissional.
Muitos educadores dotados de competência, vocação e desejo, nem
sempre conseguem de fato iniciar um bom trabalho com a turma, isto pode ser
por carência de técnicas adequadas ao seu aluno com necessidades
especiais.
A inclusão de fato, é algo extremamente necessária para o experimento
de novas habilidades, mas quando isso acontecer, certamente fará uma
enorme diferença.
O entusiasmo aparece manifesto em muitos educadores e pais, certos de
que na diversidade, reside a riqueza das trocas que a escola propicia. Uma
turma heterogênea serve como oportunidade para os próprios educandos
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
68conviverem com a diferença e desenvolverem os saudáveis sentimentos de
solidariedade orgânica (CARVALHO, 2004, p.27),
Numa classe em que se encontram diferentes alunos, com e sem
necessidades educacionais especiais, a melhor maneira a ser feita a princípio
é, o professor preparar-se estudando a respeito da patologia do aluno,
buscando com a família a melhor maneira de auxiliá-lo, acontecendo em
conversa clara, sem constrangimentos e preconceitos, para se informar, e em
seguida, oferecer aos outros alunos informação sobre o que se pode esperar,
e como pode cooperar em diversas atividades, lembrando que de modo algum
isso signifique a realização das tarefas atribuídas a eles. Assim favorecendo
ambiente agradável e seguro para todos. Porém, não se pode generalizar os
prognósticos, lembrando que cada pessoa é um indivíduo, e isto significa uma
enorme diferença de pessoa para pessoa. Apesar de que existam inúmeros
procedimentos básicos e eficazes capazes de auxiliar na prática pedagógica,
independente da metodologia aplicada.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
69
CAPÍTULO V
Arteterapia, o prazer de incluir
A arte sempre esteve presente no universo humano desde os primórdios
dos tempos, como por exemplo, nas pinturas rupestres nas paredes das
cavernas dos Homens primitivos. Hoje em dia, nas suas mais diferentes
manifestações plásticas, promovendo formas de expressão, comunicação,
ritual, liberdade criativa e possibilidades de cura e harmonia interior em um
processo de estimulação de idealizações rumo à concretização e realização
através da organização emocional.
Durante esse processo, há uma ativação da circulação da energia
psíquica e física, o que nos traz saúde e desenvolvimento em todos os
sentidos.
Os materiais e técnicas são instrumentos alquímicos que facilitam esse
processo criativo transformador do mundo interno e externo harmoniosamente
unido, conduzindo a uma ampliação da visão consciente, abrindo novas
possibilidades de criação e realização de ideais. É como se colocássemos a
mão na massa para nutrir, semear uma idéia até que a forma faça sentido,
trazendo uma iluminação consciente.
O processo de Arteterapia facilita o contato com a percepção e órgãos
sensoriais, integrando a sabedoria intuitiva, os sentimentos inscritos na
memória corporal e psíquica e o nível racional adequado para a organização e
discernimento das escolhas, prioridades e idéias.
A arte vem fazendo história, marcando épocas, gerações, pensamentos,
sensações e sentimentos. A arte acompanha o Homem e age como importante
agente curativo de nossos desequilíbrios, atualizando situações negativas em
nossos registros mentais, aumentando as possibilidades do desenvolvimento
da personalidade.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
70Em geral, as dificuldades pessoais e da sociedade são direcionados para
outras pessoas. O processo arte terapêutico auxilia a proximidade com o
universo interior e a relação com o mundo, ampliando a compreensão da
consciência, permitindo maior flexibilidade no olhar, criando e melhorando os
pensamentos. Proporcionado, assim, ao indivíduo mais chance de resolver
situações pendentes que são ao mesmo tempo atuais e sementes de futuros
caminhos.
Quando se encontra a possibilidade de caminhar em direção ao
equilíbrio, autocompreensão e estima, ocorre maior possibilidade de
transformações da personalidade que está sempre em processo de lapidação
e evolução - pedra filosofal.
Dessa forma, os relacionamentos e toda a rede social também se
transformam rumo a uma melhor qualidade de vida nas relações e na
sociedade.
Essa possibilidade de transformação pertence também ao estímulo e
comprometimento pessoal. Quando adulto, cria e multiplica bons pensamentos
em todos os momentos.
Na criança é possível se trabalhar melhor os valores, pois esta está em
formação como um diamante que pode ser lapidado e ter seu valor
aumentado. A criança pode fazer a diferença no futuro. Mas depende de todos
prepará-la. Principalmente da escola.
Na escola existem profissionais preparados. Profissionais que sabem que
a criança tem um mundo próprio cheio de fantasia e que necessita se alimentar
de brincadeiras, de prazer. O que muitas vezes não ocorre com a família.
De acordo com Winnicott (1975) o brincar, e somente ele, possibilita que
a criança seja criativa e utilize sua personalidade integral; e somente sendo
criativo o indivíduo descobre o seu eu. Ele explica:
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
71“Ser criativo requer a capacidade de relacionar-se com a
realidade externa, rompendo com o preestabelecido, com o
estereotipado, de maneira sadia, na busca de novos caminhos,
alternativas e soluções do dia a dia. Parece que através das
manifestações lúdicas a criança deixa fruir sua criatividade, sua
capacidade de criar, recriar reinventar a realidade (p.79)”.
É na Ludoterapia - psicoterapia realizada através do lúdico, "do brincar"
e tem como objetivo facilitar a expressão da criança - que conceitos e valores
são apresentados às crianças independentes da faixa etária. O que toca o
coração e faz rir, o que dá prazer fica tatuado na alma. Não se esquece!
Benefícios da Arteterapia:
• Melhorar a comunicação consigo e com o outro.
• Tornar o indivíduo independente.
• Favorecer a busca da harmonia e do equilíbrio da vida.
• Aumenta a espontaneidade e a criatividade positivamente
orientadas.
A Arteterapia auxilia, sobremaneira, tanto na elaboração da auto-
expressão do indivíduo, como na de conteúdos internos (sentimentos,
emoções e lembranças) e alívio de tensões. A expressão artística tende a ser
extremamente importante e facilitadora na elaboração de conteúdos internos
difíceis e delicados geradores de conflitos. Propicia alívio de tensões, por
favorecer a expressão do momento de vida do indivíduo, facilitar um encontro
consigo mesmo e por ampliar seu contato com a realidade.
Nas escolas a arte pode desempenhar papel importante ao criar uma
possibilidade que é a da inclusão social. A arte possibilita a liberdade de
pensamentos e ações. Permite o libertar dos conceitos pré-concebidos.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
72Permite estender o olhar além do firmamento. Permite ver o que não está à
mostra,... Ou o que precisamos ver,... O outro.
Enfim, a Arteterapia e a escola podem ter um sabor de inclusão. Inclusão
com arte! Inclusão com prazer! Inclusão para sempre!
A arte pode ocupar um lugar privilegiado no processo inclusivo, para
Kneller (1983). O artista rejeitado pode ser o verdadeiro inovador. A
manifestação artística, principalmente as Arteterapia, permite ao indivíduo ser
capaz de se deixar levar pela sua imaginação, construindo sua maneira de
construir sua própria aprendizagem. Neste instante, cabe ao professor possuir
bom gerenciamento e entendimento para que ele não se torne o castrador,
mas sim verdadeiro observador capaz de entender o que cada aluno diz
através da sua manifestação artística, orientando-o, incentivando-o em seu
processo criativo.
Assim como a arte o jogo também deve ser valorizado, pois o brincar para
a criança é fundamental, pois é na brincadeira que ela busca a estruturação de
seu ego. Caputo (2003) dá ênfase em sua teoria, para a importância da
brincadeira para a criança como sendo fundamental para a formação de sua
personalidade. Pois neste ato a criança é capaz de interiorizar regras que irão
nortear sua conduta social por toda vida.
O jogo, no sentido pedagógico, busca trazer o lúdico para dentro do
espaço escolar. Nos jogos em que a criança, atribui regras, componentes,
distribuem papéis, ela se faz autônoma daquilo que domina realmente, nestes
jogos ela é senhor e reina absoluta, mandam, manipulam e exercitam suas
potencialidades frente aos seus próprios desafios e dificuldades sendo capaz
de ultrapassar as metas as quais determinou a serem cumpridas.
Neste faz de contas, os objetos tomam a forma e são atribuídas a eles
funções as quais ela quer representar.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
73Os objetos não devem de modo algum ser inibidor da criatividade da
criança, mas sim um aliado para realizar as representações sociais e ainda
manifestar de modo natural toda a aprendizagem adquirida.
Os objetos os quais a criança geralmente traz para suas brincadeiras são
para representar o próprio cotidiano dela. Não importando se é realmente um
telefone de brinquedo ou uma “colher” que no momento tornou-se o telefone
para que ela seja capaz de experimentar e manifestar sua aprendizagem.
A brincadeira é entendida como atividade social da criança, cuja natureza
e origem específicas são elementos fundamentais para a construção da
personalidade e de compreensão da realidade na qual se insere. (MEYER,
2004, p.35)
Porém é na psicomotricidade que o professor encontra seu melhor apoio
para desenvolver um trabalho realmente que fará uma enorme diferença na
vida de um aluno com necessidades educacionais especiais.
Para Le Boulche (1982) a educação psicomotora condiciona todos os
aprendizados pré-escolares e escolares, leva a criança a tomar consciência de
seu próprio corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo,
adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos.
O professor ao ter conhecimentos básicos do desenvolvimento motor do
indivíduo, será capaz de elaborar atividades para um bom desempenho do
aluno especial. Assim, se o professor de classe regular, for privilegiado com
um aluno com deficiência visual, ele terá o entendimento que sua percepção
auditiva é mais desenvolvida, para facilitá-lo na relação com o mundo que o
rodeia isto irá favorecer outro modo de planejar as aulas, buscando valorizar
estímulos auditivos e táteis para compreensão dos conteúdos. Isto, porém, não
significa dizer que ele irá desprezar os recursos tecnológicos disponíveis para
facilitar a aprendizagem do indivíduo.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
74A psicomotricidade pode ser uma ferramenta de apoio fundamental no
momento de elaborar uma aula dinâmica e prazerosa. Pois ela remete a
utilização de materiais lúdicos que facilitam bastante a aprendizagem do
individuo, porém não se pode perder de vista, que o mesmo sem os objetos a
atuação psicomotora não deve ser prejudicada. O objeto que deve estar
sempre na relação da aprendizagem é o próprio corpo, do professor, do aluno,
e suas limitações e possibilidades.
Assim, é possível utilizar jogos comuns ao cotidiano infantil, que
apresenta excelente apoio ao professor, que permite a inserção no universo da
criança utilizando os mesmos materiais usados para trazer prazer, facilitando a
aprendizagem e o domínio de regras básicas que facilitam o bom desempenho
escolar e o sucesso nas atividades. O professor que busca valorizar a
psicomotricidade em sua sala de aula, conta com um aliado importante que é a
própria Ludicidade do individuo, independente de sua idade.
O lúdico motiva a aprendizagem de conteúdos a aqueles que apresentam
deficiência acelerando conquistas invejáveis que poderiam acontecer a longo
prazo.
Não há como desvalorizar uma boa brincadeira com bolas de diversos
tamanhos e pesos para trabalhar musculatura, lateralidade, coordenação
motora ampla e fina, além do trabalho em equipe e assimilação de regras.
Essas atividades destacadas apresentam a utilização de objetos. Mas há
aquelas que o próprio corpo é o objeto lúdico, no caso dos diversos piques,
alto, baixo, esconde fruta e tantas outras variações desse jogo em que se
trabalha também memória, atenção, percepção, liderança entre outras
atividades importantes que facilitam a aprendizagem. Porém, não se pode
esquecer que em se tratando de classe com alunos incluídos, é preciso
adaptar cada atividade de acordo com a necessidade de cada indivíduo com
necessidade educacional especial para que ao invés de ser uma atividade
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
75agradável não se torne desmotivante valorizando as limitações, assim gerando
baixa auto-estima.
Uma sala de aula repleta de objetos pode ser rica em atividades
psicomotoras, mas, um ambiente carente de recursos matérias também pode
estar impregnado de atividades motoras de ótima qualidade, o objeto é apenas
o concreto para facilitar o vínculo, mas o afeto é o próprio recurso necessário
para um bom trabalho.
O professor sozinho pode tornar um espaço, ainda que pobre de
recursos, em um rico ambiente educativo, no entanto, um rico espaço pode ser
também um paupérrimo ambiente educativo.
Material sozinho não funciona. Ele precisa ser humanizado. Ele precisa ir
para dentro da vida do conhecimento que se busca. (ALMEIDA, 2006, p.23).
O recurso material é um aliado do professor na prática docente, e é
preciso saber usá-lo de modo que o aluno não transfira o afeto para esses
elementos de apoio a aprendizagem. Contudo, é preciso valorizar a relação
estabelecida entre o professor e seus alunos nesse momento de interação.
Mas é preciso ter muito cuidado para não criar dependência absoluta também
na figura do professor. O importante é permitir que o aluno se torne autônomo
e independente para que se baste e conduza seu aprendizado de maneira a
facilitar sua relação social.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
76
Capítulo VI
Resultados e discussões
Os aspectos apontados pela aluna com NEE no atendimento de suas
necessidades educativas específicas foram bem similares aos sinalizados por
sua educadora. Tais resultados permitem concluir que há uma necessidade
premente de reorganizar as práticas adotadas em prol de uma educação que
atenda às necessidades educacionais dos alunos superdotados nos contextos
regulares de ensino. Valorização da diversidade, promoção de currículos
amplos, flexíveis e abertos; respeito ao ritmo e às distintas formas de aprender;
atendimento das necessidades do aluno; e organização de trabalho
cooperativo, conforme mencionado por Mittler (2003).
Note-se que distintos autores, como Barrera Pérez (2004), Freeman e
Guenther (2000) e Vieira (2003), assinalam a necessidade da harmonização
das expectativas educacionais de professores e alunos.
De um modo geral, os participantes, concordaram que há necessidade de
a escola estar equipada para a implementação de ações pedagógicas que
favoreçam a diversidade. Os entrevistados perceberam ser necessários
investimentos de várias ordens, entre eles, para formação de professores, para
aquisição de materiais pedagógicos adequados, além de investimento
estruturais, como reforma de laboratórios, restauração de espaços físicos,
ampliação de salas de aulas, entre outros.
A professora admitiu não estar preparada para atender às necessidades
educacionais dos alunos com NEE, ora porque não receber formação
adequada, ora por não ter conhecimentos específicos na área ou, ainda, por
não contar com uma estrutura eficiente na escola para o desenvolvimento de
ações educacionais voltadas para estes alunos.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
77 O Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial vem
realizando parcerias para a formação de docentes em várias áreas da
educação especial (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/SECRETARIA DE
EDUCAÇÃO ESPECIAL, 2006). Isto vem ampliando significativamente a
compreensão da singularidade e as estratégias educacionais que favorecem o
seu desenvolvimento.
A análise das entrevistas realizadas permitiu constatar que, nos mais
variados momentos, a figura do educador foi a mais mencionada e tida como
ponto chave no processo de inclusão de alunos com NEE. Em várias
situações, durante a pesquisa, a própria professora se deteve para refletir
sobre suas respostas e para reorganizar o seu pensamento, surpreendendo-se
com suas práticas educacionais.
Nesse sentido, o ato reflexivo se impôs ao relato da ação pedagógica,
ressaltando a complexidade do trabalho docente, conforme apontado por
Baptista (2006, p. 39), que reconhece que o processo da inclusão “exige que a
pessoa do educador seja implicada / reconhecida / mobilizada” e não “treinada
para a aplicação de novas técnicas, que estarão necessariamente fadadas ao
fracasso”, caso não haja uma mudança também no modo de pensar do
professor e equipe pedagógica.
Apesar de não se sentir preparada a professora demonstrou em todas as
suas aulas o uso de diversos recursos, a maioria não disponibilizados pela
escola, mas por ela mesma. Sua criatividade sempre rompeu as barreiras da
ausência de uma estrutura adequada da escola ou de sua sala de aula.
Diversos jogos e brincadeiras fizeram parte de suas aulas. Filmes envolvendo
pessoas com NEE e discussões posteriores esquentaram as aulas. Desenhos
e construções de maquetes alegraram as crianças. Histórias parodiadas sobre
NEE mexeram com a criatividade. Peças de teatro onde alunos “sem
problemas” interpretavam alunos com NEE sensibilizaram a todos. Entrevistas
com pessoas com NEE aumentaram os conhecimentos dos educandos. Com
tantas atividades a aluna C se sentiu acolhida e feliz.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
78 É preciso que os professores aceitem a diversidade, promovam
estratégias que fomentem a expressão de talentos diversos e contribuam para
o sentimento de pertencimento e de inclusão educacional de seus alunos.
A mãe da aluna elogiou diversas vezes a escola e o Hospital Sarah pelo
atendimento, em seus comentários. Contou com riqueza de detalhes a
evolução da sua filha e o impacto em sua vida. Seu desabafo foi em relação à
acessibilidade de sua filha no dia-a-dia. Pois ela enfrentava obstáculos que
seriam facilmente resolvidos pelos governantes.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
79
CONCLUSÃO
A arte é, entre todas as atividades, a que agrega de modo mais eficiente
os aspectos racionais e criativos do ser humano. Ao desenvolver uma atividade
artística, o sujeito não só estará interferindo na realidade, como também estará
estruturando-se de forma mais adequada, saudável e eficiente.
Através das diversas manifestações artísticas, as pessoas podem se
expressar de uma forma própria e singular e superar as mais diversas barreiras
da comunicação.
Utilizando-se de todas as expressões artísticas e com recursos simples e
muito eficientes a Arteterapia favorece o desenvolvimento e à superação de
limitações pessoais, buscando-se assim o aumento do repertório de
habilidades, a melhor estruturação da personalidade, o aumento do horizonte
de interesses, a composição de novos objetivos e a melhor habilidade em lidar
com os seus próprios conflitos.
Muitas instituições voltadas para a inclusão social utilizam a arte, como
importante meio educacional. Onde outras metodologias falharam a arte
alcançou resultados significativos, principalmente ao atrair espontaneamente
meninos e meninas para outras atividades educativas e sociais.
Por meio de projetos educativos é possível trabalhar de forma
significativa com o objetivo de atrair alunos para que possam desenvolver a
aprendizagem e recuperar sua auto-imagem.
Atividades simples tais como: a hora do conto - tão importante para o
desenvolvimento do psiquismo infantil; onde o aluno é autor e co-autor do
conto, desenhos, interpretação oral e escrita, dramatização dos personagens,
musica, fantoches, ou seja, através de Arteterapia interativa.
O educador deve estar atento “saber olhar para saber escutar” para que
possa observar o comportamento dos alunos frente a cada passo resgatando
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
80sua auto-imagem e de fato favorecendo o aprendizado e a formação de
sujeitos autônomos e realizados socialmente.
O sentimento de pertencer é parte importante da constituição do ser
humano e de sua realização social. É fator que influencia a compreensão de si,
a crença em seus potenciais e a expectativa de seu desenvolvimento.
Considerando que especificidades do sentido de pertencer influenciam na
percepção de inclusão, esta pesquisa pretendeu investigar distintos aspectos
relativos à percepção de inclusão educacional de alunos com NEE e a
influência do uso da Arteterapia neste processo. Com o objetivo de dinamizar
as práticas pedagógicas voltadas para o estímulo e desenvolvimento de
talentos e sua inclusão nos contextos regulares de ensino.
As principais conclusões que este estudo apresentou foram:
• A aluna com NEE já se sentiu ameaçada e constrangida em
outros anos e momentos na escola, mas demonstrou se sentir
totalmente aceita por esta turma. Declarou que sente prazer ao
participar de cada aula. Pois as aulas são alegres e diferentes.
Chegou a afirmar: “... a gente nem parece que está estudando.”
• A aluna e a professora identificaram NEE em alunos da própria
classe e em outras classes da escola.
• A professora considera que alunos com NEE se encontravam
parcialmente incluídos no sistema regular de ensino.
• A professora não entende que a inclusão educacional é apenas a
inserção de alunos com NEE em escolas regulares, mas admite
que alguns de seus colegas de trabalho tenham esta visão.
• A professora reconheceu como algo freqüente, esperado, comum,
mas com muito impacto na vida do aluno, as situações em que
alunos com NEE se sentiram ameaçados e/ou ridicularizados em
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
81função de seu desempenho ou do seu comportamento em sala de
aula.
• A aluna com NEE e a professora reconheceram que as
necessidades educacionais de alunos com NEE ainda não são
atendidas no ensino regular.
• A aluna e a professora reconheceram não haver diferenças entre
as ações pedagógicas desenvolvidas em relação às necessidades
educacionais especiais de ANEE (alunos com necessidades
educacionais especiais) e alunos de classe comum.
• Ambas identificaram a necessidade de aquisição de material
pedagógico específico, reforma física na escola e formação de
professores para que suas escolas se tornassem mais inclusivas a
todos os alunos.
• Professora e aluna assinalaram a necessidade de nova dinâmica
de atendimento nas salas regulares para que essas se tornassem
inclusivas para alunos com NEE.
• A professora afirmou ainda não se sentir preparada para atender
as necessidades educacionais especiais dos alunos.
• Aluna e a professora associaram como elementos facilitadores de
inclusão educacional: professores preparados, principalmente na
área da Ludicidade; boa prática pedagógica e diversidade de
materiais para pesquisa em sala de aula.
• Ambas associaram como elementos dificultadores da inclusão
educacional: o desconhecimento dos diferentes ritmos de
aprendizagem dos alunos da classe, a falta de preparo na
condução pedagógica dos professores e a reduzida oferta de
materiais de consulta em sala de aula.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
82• Professores e alunos reconheceram a necessidade de maiores
investimentos na ação pedagógica, na estrutura da escola e na
formação de professores para que a inclusão de alunos com NEE
ocorra em salas regulares.
• A formação de professores na área da Arteterapia foi um aspecto
muito ressaltado pela professora para a efetivação da inclusão
educacional dos alunos com NEE em escolas regulares.
• A professora e a aluna acreditam no poder da alegria e do prazer
como facilitadores das ações humanas.
Sugestões para futuras pesquisas
Tendo por base os resultados do presente estudo, as seguintes
sugestões são apresentadas para futuras investigações:
1. Dar continuidade ao estudo da inclusão educacional de alunos co NEE
investigando a percepção de inclusão em escolas públicas e particulares de
diferentes Regiões Administrativas do Distrito Federal.
2. Dar continuidade ao estudo da inclusão educacional de alunos com
NEE utilizando amostras de alunos de séries finais do Ensino Fundamental e
Ensino Médio.
3. Efetivar estudos comparativos acerca da inclusão educacional destes
alunos com professores de diversas séries, incluindo como variáveis o tipo de
escola, idade, tempo de magistério e cursos de formação.
4. Realizar estudos investigando aspectos da inclusão do aluno com NEE
em diferentes ambientes, como familiar e grupos sociais dos alunos
participantes.
5. Conduzir estudos junto à equipe pedagógica da escola (orientadores
educacionais, coordenadores pedagógicos e supervisores) com o objetivo de
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
83investigar a extensão em que suas práticas educacionais estariam voltadas à
inclusão de alunos com NEE.
6. Realizar estudo comparativo entre o planejamento de ações de
gestores educacionais, coordenadores pedagógicos e professores
relacionados à inclusão educacional e a efetividade de suas ações.
7. Realizar estudo comparativo com amostras de alunos com NEE, seus
professores de classe regulares e de recursos, a respeito de variáveis como
motivação, inclusão educacional e aprendizagem.
8. Realizar estudo em Cursos de Licenciatura com o objetivo de investigar
a existência ou não de conteúdos relacionados à inclusão educacional de
alunos com NEE nos sistemas regulares de ensino.
9. Realizar estudos comparativos e observacionais com professores de
ensino regular e de salas de recursos acerca das barreiras associadas à
prática da inclusão educacional de alunos com NEE em escolas regulares.
10. Realizar estudo com a finalidade de investigar a extensão em que
professores capacitados aplicam os conhecimentos adquiridos em suas
práticas educacionais em escolas regulares.
11. Realizar estudos com a finalidade de investigar a relação entre o
conhecimento de gestores e supervisores educacionais capacitados nos
cursos de formação e sua prática gerencial nos diversos níveis de atuação.
12. Desenvolver estudos com o objetivo de analisar a relação entre
participação familiar na escola e inclusão educacional de seus filhos.
13. Realizar estudos a respeito do planejamento político-pedagógico de
diferentes instituições de ensino com vistas a investigar a extensão em que a
inclusão educacional de alunos com NEE é valorizada.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
8414. Replicar o presente estudo utilizando amostragem maior de
professores e alunos provenientes de diferentes regiões e culturas.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
85
ANEXOS
ANEXO A - Carta de apresentação/ Consentimento - Responsável
ANEXO B - Carta de apresentação/ Consentimento - Professor
ANEXO C - Carta de apresentação/ Consentimento – Diretor
ANEXO D - Autorização/ consentimento – Professor
ANEXO E - Autorização/ consentimento – Responsável
ANEXO F - Autorização/ consentimento – Direção
ANEXO G- Protocolo de entrevista – Professora - seção I
ANEXO H - Concepção da Inclusão Educacional - seção II
ANEXO I – Protocolo de entrevista – Aluna C - seção I
ANEXO J – Roteiro da entrevista - Aluna C - seção II
ANEXO L – Fotos de algumas atividades
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
86
ANEXO A
Carta de Apresentação/ Consentimento - Responsável
Sr responsável,
Sou aluna do curso de Pós Lato Sensu em Inclusão Social da Universidade
Candido Mendes, com representação regional em Brasília e também professora desta
escola. Estou realizando um estudo sobre a inclusão educacional de alunos com NEE
nos contextos regulares de ensino.
Tenho por intenção investigar e comparar as concepções de alunos e
professores em relação à inclusão educacional desses alunos como também
confrontar as ações educacionais desenvolvidas no âmbito do sistema regular de
ensino, tendo em vista as políticas de inclusão para alunos com NEE.
O sujeito da pesquisa será submetido a uma entrevista semi-estruturada. A
entrevista seguirá duas seções do roteiro para a coleta de dados. A seção I objetiva
identificar os participantes, em relação aos dados pessoais e profissionais, enquanto a
seção II objetiva mapear as concepções dos participantes em relação ao tema
abordado. As informações coletadas serão gravadas e transcritas pela pesquisadora e
esta transcorrerá em espaço adequado, de forma a resguardar o entrevistado. A
pesquisa estará embasada na Resolução Nº. 196 de 10 de outubro de 1996 do
Conselho Nacional da Saúde que regulamenta pesquisas envolvendo seres humanos.
Para tanto, a sua autorização faz-se necessária para que possa incluir sua filha
na pesquisa. Alunos e dados coletados serão mantidos em sigilo. O participante da
pesquisa poderá a qualquer momento, caso se sinta incomodado, retirar o
consentimento. Neste sentido, solicito-lhes a gentileza de preencher o formulário
anexo e enviá-lo à sala de sua filha o mais rápido possível.
Coloco-me à disposição para esclarecimentos.
Certa de contar com sua colaboração agradeço antecipadamente,
Ana Lúcia Zakovsky
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
87
ANEXO B
Carta de Apresentação / Consentimento – Professor
Cara Professora,
Sou aluna do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Arteterapia da
Universidade Candido Mendes, com representação regional em Brasília. Estou
realizando um estudo sobre a inclusão educacional de alunos com NEE nos contextos
regulares de ensino.
Tenho por intenção investigar e comparar as concepções de alunos e
professores em relação à inclusão educacional desses alunos como também
confrontar as ações educacionais desenvolvidas no âmbito do sistema regular de
ensino, tendo em vista as políticas de inclusão para alunos com NEE e como a
Arteterapia pode contribuir para esta inclusão.
O sujeito da pesquisa será submetido a uma entrevista semi-estruturada. A
entrevista seguirá duas seções do roteiro para a coleta de dados. A seção I objetiva
identificar os participantes, em relação aos dados pessoais e profissionais, enquanto a
seção II objetiva mapear as concepções dos participantes em relação ao tema
abordado. As informações coletadas serão gravadas e transcritas pela pesquisadora e
esta transcorrerá em espaço adequado, de forma a resguardar o entrevistado. A
pesquisa estará embasada na Resolução Nº. 196 de 10 de outubro de 1996 do
Conselho Nacional da Saúde que regulamenta pesquisas envolvendo seres humanos.
Para tanto, a sua autorização faz-se necessária para que possa incluí-la na
pesquisa. Os dados coletados serão mantidos em sigilo. O participante da pesquisa
poderá a qualquer momento, caso se sinta incomodado, retirar o consentimento.
Neste sentido, solicito-lhes a gentileza de preencher o formulário anexo e entregá-lo a
mim o mais rápido possível.
Coloco-me à disposição para esclarecimentos.
Certa de contar com sua colaboração agradeço antecipadamente,
Ana Lúcia Zakovsky
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
88
ANEXO B
Carta de Apresentação / Consentimento – Diretor
Cara Diretora,
Sou aluna do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Arteterapia da
Universidade Candido Mendes, com representação regional em Brasília. Estou
realizando um estudo sobre a inclusão educacional de alunos com NEE nos contextos
regulares de ensino.
Tenho por intenção investigar e comparar as concepções de alunos e da
professora em relação à inclusão educacional desses alunos como também confrontar
as ações educacionais desenvolvidas no âmbito do sistema regular de ensino, tendo
em vista as políticas de inclusão para alunos com NEE e como a Arteterapia pode
contribuir para esta inclusão.
Os sujeitos da pesquisa serão submetidos a uma entrevista semi-estruturada. A
entrevista seguirá duas seções do roteiro para a coleta de dados. A seção I objetiva
identificar os participantes, em relação aos dados pessoais e profissionais, enquanto a
seção II objetiva mapear as concepções dos participantes em relação ao tema
abordado. As informações coletadas serão gravadas e transcritas pela pesquisadora e
esta transcorrerá em espaço adequado, de forma a resguardar o entrevistado. A
pesquisa estará embasada na Resolução Nº. 196 de 10 de outubro de 1996 do
Conselho Nacional da Saúde que regulamenta pesquisas envolvendo seres humanos.
Para tanto, a sua autorização faz-se necessária para que possa fazer a pesquisa
e as observações necessárias. Os dados coletados serão mantidos em sigilo. Os
participantes da pesquisa poderão a qualquer momento, caso se sintam incomodados,
retirar o consentimento. Neste sentido, solicito-lhes a gentileza de preencher o
formulário anexo e entregá-lo a mim o mais rápido possível.
Coloco-me à disposição para esclarecimentos.
Certa de contar com sua colaboração agradeço antecipadamente.
Ana Lúcia Zakovsky
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
89
ANEXO D
AUTORIZAÇÃO / CONSENTIMENTO
PROFESSOR
Eu ________________________________________________________
professora da segunda série do ensino fundamental da Escola Classe 03 do Gama,
DF concordo em participar do estudo sobre a inclusão educacional de alunos com
NEE da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, conduzido por Ana
Lúcia Zakovsky, aluna do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Arteterapia da
Universidade Cândido Mendes, com representação regional em Brasília
.
Brasília, _____ de _________________ de 2007
__________________________________________________________
Assinatura da professora
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
90
ANEXO E
AUTORIZAÇÃO / CONSENTIMENTO
RESPONSÁVEL
Eu ________________________________________________________
__________________________________________responsável pelo (a) aluno
(a):__________________________________________________________________
_________________________________________________________da segunda
série do ensino fundamental da Escola Classe 03 do Gama, DF autorizo meu (minha)
filho (a) a participar do estudo sobre a inclusão educacional de alunos com NEE da
Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, conduzido por Ana Lúcia
Zakovsky, aluna do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Arteterapia da
Universidade Cândido Mendes, com representação regional em Brasília.
.
Brasília, _____ de _________________ de 2007
__________________________________________________________
Assinatura do responsável – fone para contato
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
91
ANEXO F
AUTORIZAÇÃO / CONSENTIMENTO
DIREÇÃO
Eu _______________________________________________________ diretora
da Escola Classe 03 do Gama, DF autorizo a professora e a turma da segunda série a
participarem do estudo sobre a inclusão educacional de alunos com NEE da
Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, conduzido por Ana Lúcia
Zakovsky, aluna do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Arteterapia da
Universidade Cândido Mendes, com representação regional em Brasília.
.
Brasília, _____ de _________________ de 2007
__________________________________________________________
Assinatura da diretora
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
92
ANEXO G
Protocolo de Entrevista – Seção I
Participante do Processo Educacional no Ensino Regular
Professora:___________________________________________________
Seção I - Identificação do Participante
Horário de início: ____________ Horário de término: _____________
I: Dados pessoais:
1. Gênero:
a. ( ) Masculino b. ( ) Feminino
2. Idade: ___________________
3. Formação Acadêmica:
a. ( ) Ensino Médio / Magistério
b. ( ) Superior Incompleto
c. ( ) Superior Completo - Curso: _______________________________
d. ( ) Especialização - Curso: __________________________________
e. ( ) Pós-Graduação: Mestrado ( ) Doutorado ( ) Área:______________
II. Regência:
1. Área de atuação:__________________________________________
2. Tempo de experiência no magistério: __________________________
3. Tempo de atuação na escola: ________________________________
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
93
III. Informações a respeito da prática pedagógica com alunos com NEE:
1.Você já indicou aluno(s) para a equipe psicopedagógica?
a. ( ) Sim
b. ( ) Não
2. Você já participou de curso de sensibilização, capacitação ou aperfeiçoamento
na área de Inclusão social?
a. ( ) Sim
b. ( ) Não
3. Você já participou de curso de sensibilização, capacitação ou aperfeiçoamento
em Arteterapia?
a. ( ) Sim
b. ( ) Não
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
94
ANEXO H
Seção II – Concepções da Inclusão Educacional – seção II
Roteiro de Entrevista / Professor
Horário de início: ________________________
Horário de término: ______________________
Roteiro de Entrevista
1. Para você, quais são as características de um aluno com NEE?
2. O que você entende por inclusão educacional?
3. Você considera importante o aluno com NEE sentir-se incluído na escola em
que freqüenta? Por quê?
4. Em que consiste esta inclusão para você?
5. Quais têm sido os aspectos facilitadores e dificultadores à inclusão
educacional de alunos Com NEE nas escolas regulares?
6. As necessidades educacionais desses alunos estão sendo plenamente
atendidas na escola em que você leciona? E na sua sala?
7. Você percebeu situações em que o aluno com NEE se sentiu ameaçado,
constrangido ou ridicularizado em função de seu desempenho ou do seu
comportamento em sala de aula? Comente.
8. Os professores que trabalham em salas regulares encontram-se preparados
para atender as necessidades educacionais de alunos com NEE? Você se sente
preparada?
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
959. Em sua sala de aula, você identifica alunos com indicadores de NEE que
ainda não foram encaminhados a atendimento especializado? Caso afirmativo,
descreva algumas características.
10. Quais seriam as condições adequadas para que uma escola regular se
tornasse inclusiva para alunos com NEE?
11. Quais seriam as medidas mais adequadas para se efetivar uma cultura
inclusiva em relação às necessidades educacionais de alunos com NEE em sala de
aula?
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
96
ANEXO I
Protocolo de Entrevista - Aluna C – Seção I
Seção I
Participantes do Processo Educacional no Ensino Regular
Alunos
Horário de início: ________________________
Horário de término: ______________________
I: Dados pessoais:
1. Gênero:
a. ( ) Masculino b. ( ) Feminino
2. Idade: ___________________
II. Escolarização:
1. Já ficou retido em alguma série?
a. ( ) Sim b.( ) Não
2. Caso afirmativo, em que série? ___________________________
3.Tempo na escola atual: __________________________________
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
97
ANEXO J
Roteiro da entrevista - Aluna C - Seção II
Concepções da Inclusão Educacional
Horário de início: ________________________
Horário de término: ______________________
Roteiro de Entrevista
1. Você participa da sala de recursos. Se afirmativa, há quanto tempo?
2. Os seus professores de ensino regular foram informados a respeito de sua
participação? Eles procuram se informar sobre as atividades realizadas por você na
sala de recursos?
3. Você se sente aceita pelos seus colegas de sala de aula que não freqüentam
a sala de recursos?
4. Quais fatores têm contribuído ou dificultado o atendimento às suas
necessidades educacionais especiais em sala de aula? Justifique.
5. As suas necessidades educacionais estão sendo plenamente atendidas na
escola em que freqüenta?
6. Você já se sentiu ameaçada, constrangida ou ridicularizada em sua escola?
Comente. Qual foi sua reação?
7. Os professores que trabalham em salas regulares encontram-se preparados
para atender as necessidades educacionais de alunos com NEE?
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
988. Em sua sala de aula, você identifica alunos com indicadores de NEE que
ainda não foram encaminhados a atendimento especializado da sala de recurso?
Caso afirmativo, descreva algumas características destes alunos.
9. Quais seriam as condições adequadas para que uma escola regular se
tornasse inclusiva para alunos com NEE?
10. Quais seriam as medidas mais adequadas para se efetivar uma cultura
inclusiva em relação às necessidades educacionais do aluno com NEE em sua sala
de aula?
11. Que atividades você acha interessantes e que te dão prazer na sala de aula?
12. Você se sente à-vontade ao realizar todas as atividades em sala?
13. Tem alguma atividade que você não gostaria de participar em sua sala ou na
escola?
14. Você já foi forçada a participar de alguma atividade que não se quisesse?
15. Você acha que deveria ter uma atenção especial? Por quê?
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
100
BIBLIOGRAFIA
BIANCHETTI, L. Trabalho, multiculturalismo, diversidade e (in)exclusão:
uma longa história de duas heranças e um pesado legado. In: MENDES,
E. G.; ALMEIDA, M. A.(Org.) Temas em Educação Especial: avanços
recentes. São Carlos: EdUFSCar,2004.p.115-121.
BOFF, L. Saber cuidar. Petrópolis: Vozes, 1999.
Constituição Federal (CF) da República Federativa do Brasil, de 1988
LIBÓRIO, R. M. C.; CASTRO, B. M. Dialogando sobre preconceito,
políticas de inclusão escolar e formação de professores. In: SILVA, D. J.
da; LIBÓRIO, R. M. C. (Org.). Valores, preconceito e práticas educativas.
São Paulo: Casa do Psicólogo, p. 74-114, 2005.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Parâmetros Curriculares
Nacionais-Adaptações Curriculares, Estratégias para a Educação de
Alunos com necessidades Educacionais Especiais. Brasília: MEC/SEE,
1999.
MORIN, E. O método 6: a ética. Porto Alegre, Rio Grande do Sul: Sulina,
2005.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
101SANTOS, B. S. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da
experiência. São Paulo: Ed. Cortez, 2000.
TALBER, Jon. Reflexão sobre Educação. Disponível em:
http://www.sitededicas.com.br
TUGENDHAT, E. Nietzsche e o Problema da Transcendência Imanente
VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,
1994. (Originalmente publicado em 1934).
WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
102
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
AGRADECIMENTOS
DEDICATÓRIA
RESUMO
METODOLOGIA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO - Fonte de Luz
CAPÍTULO I - Direito a diferença como indivíduo e a igualdade como cidadão
CAPÍTULO II - O desconhecimento leva a ignorância e a discriminação
2.1 _ Surdez e Deficiência Auditiva 2.2 _ Deficiência Física 2.2.1 _ Quadro Neurológico 2.2.2 _ Quadro Neuromuscular 2.2.3 _ Quadro Ortopédico 2.2.4 _ Quadro com Limitações de vitalidade e/ou agilidade 2.3 _ Deficiência Visual 2.3.1 _ Pessoas com Baixa Visão 2.3.2 _ Cegas 2.4 _ Deficiência Intelectual 2.5 _ Surdo-cegueira 2.6 _ Autismo 2.7 _ Déficit de Atenção / Hiperatividade 2.8 _ Alunos com Altas Habilidades / Superdotação
CAPÍTULO III - Desde a concepção, uma vida de superação!
CAPÍTULO IV – Escola Inclusiva, (trans) formadora de visões
CAPÍTULO V – Arteterapia, o prazer de incluir
CAPÍTULO VI – Resultados e Discussão
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
ANEXOS
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
103ÍNDICE
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Bibliografia:
• Barbosa, Ana Mae. Arte-Educação – Leitura no subsolo. São Paulo .
Cortez Editora, 1997.
• BROWN, Daniel. Fundamentos de Arte-terapia – coleção Fundamentos.
São Paulo: Vitória Régia, 2000.
• DUARTE JR., João FranciscoPorque Arte-Educação?. Campinas:
Papirus, 1996.
• EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do Cérebro. Rio de
Janeiro: Ediouro, 1984.
• JARREU, Gladys Teoria e técnica da Arte-terapia – a compreensão do
sujeito. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
• READ, Herbert.O sentido da Arte. São Paulo, IBRASA, 1978.
• TOLSTÓI, Leon. O que é Arte?. São Paulo: Ediouro.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
104ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
(TÍTULO) 11
1.1 - A Busca do Saber 12
1.2 – O prazer de pesquisar 15
1.2.1 - Fator psicológico 15
1.2.2 - Estímulo e Resposta 17
CONCLUSÃO 48
ANEXOS 49
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52