UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … maternais e jardins de infância tiveram o objetivo...

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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL Por: Kácia Renata de Souza Orientador: Profª. Maria Esther Araújo Co-orientadora: Profª. Lúcia Santana da Silva Carbone Formosa 2010 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

Por: Kácia Renata de Souza

Orientador: Profª. Maria Esther Araújo

Co-orientadora: Profª. Lúcia Santana da Silva Carbone

Formosa

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Orientação Educacional.

Por: Kácia Renata de Souza

3

AGRADECIMENTOS

A todos que me auxiliaram na realizada

de mais esta etapa da minha vida.

4

DEDICATÓRIA

Dedico a minha família e a todas as

pessoas que me ajudaram a chegar até

aqui.

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo mostrar o Papel do Orientador na Educação

Infantil e a importância de seu trabalho para alcançar os objetivos desejados. O

mesmo foi elaborado, após ter observado a atuação do Orientador na Unidade

Escolar onde trabalho. Assim busquei subsídios através de livros, artigos e

pesquisa por meio da internet para entender melhor a atuação do Orientador

Educacional, suas ações e as contribuições do mesmo na Educação Infantil.

Minha proposta é mostrar a importância da Educação Infantil e como o

Orientador Educacional pode contribuir para que as crianças tenham um

melhor desempenho escolar, nesta primeira etapa. Esta é, portanto, uma fase

muito importante na vida da criança, pois é neste momento que ela deixa de se

relacionar apenas com a família e passa a conviver com outras pessoas da

sociedade, cria e desenvolvi novos conceitos, aprende novas regras e a

solucionar problemas diferentes dos já vivenciados. Assim, é importante que

ela encontre nas instituições de ensino pessoas capacitadas, competentes e

dedicadas à Educação Infantil.

As instituições de Educação Infantil têm uma responsabilidade muito

grande, pois é nelas que acontece o primeiro contato com a aprendizagem. E

são através dela que o conhecimento escolar começa a ser construído, através

da aquisição de hábitos e atitudes, desenvolvimento da linguagem, estímulos

as capacidades das crianças, por meio de atividades diversificadas.

Para que isso ocorra é necessário que as instituições de ensino contem

com o apoio do Orientador Educacional, um profissional responsável e

comprometido, que busca realizar as suas funções de forma amigável e com

humanidade, contribuindo para que o ambiente escolar seja um lugar agradável

e prazeroso, planejando suas ações de maneira que envolva o corpo docente,

os pais e a comunidade, somando assim para contribuir de forma significativa

para o desenvolvimento integral da criança.

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METODOLOGIA

A metodologia empregada para a elaboração deste estudo foi a pesquisa

bibliográfica. Foram consultadas obras sobre Orientação Educacional e

Educação Infantil, com o intuito de mostrar informações relevantes para melhor

atuação dos educadores. Foi tido como fonte o RCNEI, onde tive

embasamento sobre o que é, e como deve ser tratada a Educação Infantil no

Brasil, Também obras de Vygotsky onde fala sobre o Desenvolvimento da

Criança e o livro de José de Prado Martins “Princípios e Métodos de

Orientação Educacional.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A EDUCAÇÃO INFANTIL 09

1.1 A Educação da criança no movimento universal 09 1.2 A Educação das crianças: A particularidade Brasileira 12 1.3 Objetivos da Educação Infantil 16

1.3.1 Desenvolvimento Físico (motor) 17 1.3.2 Desenvolvimento Emocional ( psicológico) 17 1.3.3 Desenvolvimento cognitivo 18 1.3.4 Desenvolvimento Social 19

CAPÍTULO II - O ORIENTADOR EDUCACIONAL 20

2.1 Objetivos da Orientação Educacional 21 2.2 Atribuições do Orientador Educacional 22 CAPÍTULO III – A ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA

EDUCAÇÃO INFANTIL 25

3.1 Planejamento 26 3.2 Desenvolvimentos de projetos 27 3.3 Atendimentos no SOE 28 CONCLUSÃO 29

BIBLIOGRAFIA 30

ANEXOS 31

Anexo 1 >> Educação Infantil no Brasil: cem anos de espera 32

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INTRODUÇÃO

Este estudo retrata a Ação do Orientador Educacional e o

Desenvolvimento da criança na Educação Infantil, mostrando um pouco da

Educação Infantil e como o Orientador Educacional poderá contribuir e auxiliar

o trabalho dos professores para promover a adequação das praticas

pedagógicas da instituição.

O tema acima foi escolhido, pois o primeiro contato da criança com a

aprendizagem, depois da família é nessas instituições que compõem a

Educação Infantil. E é nelas que o conhecimento escolar começa a ser

construído, a aquisição de hábitos e atitudes, o desenvolvimento da linguagem,

o estimulo a diversas atividades pedagógicas. Assim, é necessário que haja um

planejamento voltado para cada faixa etária da criança.

O Orientador Educacional tem o papel de planejador e norteador

envolvendo o corpo docente, a criança e sua família, observando as

necessidades do educando de acordo com a sua realidade, podendo assim

definir ações para a rotina da Educação Infantil que contribuirão para o

desenvolvimento integral do mesmo levando em conta todas as áreas do

desenvolvimento infantil.

Portanto, são objetivos deste estudo mostrar o papel do Orientador

Educacional na Educação Infantil e a importância de seu trabalho para que os

propósitos destas instituições sejam alcançados, Cooperar com o trabalho do

professor, Analisar as características de cada criança, Promover o

desenvolvimento pleno da criança e sua integração social.

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CAPÍTULO I

A EDUCAÇÃO INFANTIL

Educação Infantil é um ambiente que foi criado para dar condições que

propiciem o desenvolvimento integral da criança, de maneira prazerosa,

através de estímulos e atividades diversificadas.

Antes a Educação Infantil tinha apenas a função do cuidar, para que os

pais pudessem trabalhar. Não se pensava no desenvolvimento educacional da

criança. Com o passar dos vários pensadores começaram a estudar sobre a

Verdadeira função da Educação Infantil, assim surgiu a necessidade de não

apenas cuidar, mas auxiliar para que ela pudesse desenvolver seu aprendizado

de forma dinâmica e integral.

1.1 – A Educação da criança no movimento universal

Na Europa, com a transição do feudalismo para o capitalismo em que

houve a passagem do modo de produção domestico para o sistema fabril, e,

conseqüentemente a substituição das ferramentas pelas maquinas e a

substituição da forca humana pela forca motriz, provocando toda uma

reorganização da sociedade. O enorme impacto causado pela revolução

industrial fez com que toda a classe operaria se submetesse ao regime das

fabricas e das maquinas. Desse modo, essa revolução possibilitou a entrada

em massa da mulher no mercado de trabalho, alterando a forma de a família

cuidar e educar seus filhos. ( Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.33,

p.78-95, mar.2009).

Marx (1986) enfatiza que a maquinaria permitiu o emprego dos

trabalhadores sem força muscular e com membros mais flexíveis, assim foi

possível contratar mulheres, crianças nas fabricas, pois, antes da maquinaria

apenas o homem vendia sua força de trabalho. Assim, apesar do aumento de

trabalhadores, o número de contratados foram as mulheres e as crianças, já

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que a lei fabril exigia duas turmas trabalhando: uma turma de seis horas e outra

de quatro, ou cada uma, cinco horas apenas.

O surgimento da indústria moderna veio alterar a estrutura social

existente, modificando os hábitos e costumes das famílias. As mães operarias

deixavam de cuidar dos seus filhos para trabalharem, colocando-os aos

cuidados das mães mercenárias, que eram aquelas que optavam por não

trabalhar nas fabricas e vendiam seus serviços para as operarias que não

tinham com quem deixar os filhos para trabalharem.

RIZZO (2003) fala como o crescimento da indústria, aumentou muito o

numero de fabricas, fundições, minas de carvão e conseqüentemente o numero

de trabalhadores, assim foram surgindo outras formas de serviços de

atendimento a criança. O mesmo era organizado por mulheres da comunidade

que, não tinham uma proposta instrucional formal, porem adotava atividades de

canto e memorização de rezas.

Criou-se uma nova oferta de emprego para as mulheres, mas aumentaram os riscos de maus tratos às crianças, reunidas em maior número, aos cuidados de uma única, pobre e despreparada mulher. Tudo isso, aliado a pouca comida e higiene, gerou um quadro caótico de confusão, que terminou no aumento de castigos e muita pancadaria, a fim de tornar a crianças mais sossegadas e passivas. Mais violência e mortalidade infantil. (RIZZO, 2003, p. 31).

A sociedade por sua vez, gostou não por solidariedade, mas por que ia

ficar livre da sujeira provocada pelos menores abandonados. Mais tarde foram

surgindo instituições preocupadas em cuidar e proteger as crianças enquanto

as mães saiam para o trabalho. As primeiras instituições foram na Europa e

Estados Unidos.

De acordo com Didonet (2001), sua origem, na sociedade ocidental,

baseia-se no trinômio: mulher-trabalho-criança. Somente no inicio as creches,

escolas maternais e jardins de infância tiveram o objetivo assistencialista, cujo

objetivo era a guarda, higiene, alimentação e os cuidados físicos das crianças.

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Kuhlmann (2001) ressalta que essas instituições se preocupavam não

apenas com cuidados, mas também com a educação, pois, apresentaram

como pedagógicas desde o inicio.

Oberlin (1769), pastor na França criou a “Escola de Principiantes”, ou

Escola de Tricotar, para crianças de dois a seis anos de idade. Ele criou

apenas um programa de passeios, trabalhos manuais e historias contada com

gravuras, cujos objetivos era tomar conta de crianças, ensinando-lhes a ler a

bíblia e a tricotar. De acordo com seus objetivos, as crianças aprenderiam

diferentes habilidades, como obediência, bondade, reconhecimento das letras

do alfabeto, pronuncia certa das palavras e noções de moral e religião.

Um outro exemplo é a escola de Robert Owen, criada no ano de 1816 em

New Lanark, na Escócia, a mesma recebia crianças de dezoito meses ate vinte

e cinco anos de idade e tinha como objetivo trabalhar temas como natureza,

exercícios de dança e de canto coral. Os materiais didáticos tinham um

propósito educativo, pois possibilitavam as crianças o desenvolvimento do

raciocínio e o julgamento certo diante das situações propostas pelo professor.

A sala de asilo francesa foi concebida sob uma perspectiva de promover

cuidados e educação moral e intelectual as crianças.

Segundo Kuhlmann (2001), O papel dela não era somente de guardar a

pequena infância popular, mas em nome de um projeto educativo, de disputar

esta clientela as guardiãs de quarteirão. Assim, eles primeiramente iriam tirar

as crianças das ruas, onde estariam sozinhas sem proteção e colocá-las num

ambiente onde receberia a oportunidade de desenvolver o seu intelecto e

adquirir bons costumes.

Em 1837, Froebel em Blankeburg, na Alemanha, criou o primeiro jardim

de infância. Ele acreditava que nos primeiros anos de vida do homem, estava a

chave para o sucesso ou o fracasso de seu desenvolvimento, por isso pregava

uma mistura de proteção, carinho e amor com desprendimento e esperança no

que a criança podia lhe dar de bom. Ele não tinha preocupação não só de

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educar e cuidar das crianças, mas também de transformar a estrutura familiar

de modo que as famílias pudessem cuidar melhor de seus filhos.

Os estudos que atribuem aos Jardins de Infância uma dimensão educacional e

não assistencial, como outras instituições de educação infantil, deixam de levar

em conta as evidências históricas que mostram uma estreita relação entre

ambos os aspectos: a que a assistência é que passou, no final do século XIX, a

privilegiar políticas de atendimento à infância em instituições educacionais e o

Jardim de Infância foi uma delas, assim como as creches e escolas maternais.

(KUHLMANN, 2001, p. 26).

1.2 – A Educação das Crianças: A particularidade Brasileira

No Brasil as primeiras tentativas de organização de creches, asilos e

orfanatos surgiram com um caráter assistencialista com o intuito de auxiliar

mulheres que trabalhavam fora de casa e as viúvas desamparadas.

Segundo RIZZO (2003), Outro elemento que contribuiu para o surgimento

dessas instituições foram as iniciativas de acolhimento aos órfãos

abandonados que, apesar do apoio da alta sociedade, tinham como finalidade

esconder a vergonha da mãe solteira, já que as crianças eram sempre filhos de

mulheres da corte, pois somente essas tinham do que se envergonhar e motivo

para se descartar do filho indesejado(RIZZO, 2003, p.37).

O conceito de Educação Pré- escolar de Froebel foi introduzido aqui no

Brasil por três educadores: Anísio Teixeira, Lourenço Filho e especificamente,

por Heloisa Marinho no final da década de 40. Eles deixaram aqui sua rica

contribuição para a educação brasileira.

Houve fatores que fizeram com que alguns setores da sociedade, como

os religiosos, os empresários e os educadores, começassem a pensar no

cuidado que as crianças deveriam ter longe do âmbito familiar. Dentre estes

fatores estava o alto índice de mortalidade infantil, desnutrição generalizada e o

numero significativo de acidentes domésticos.

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Assim “[...] a criança passou a ser vista pela sociedade com um sentimento filantrópico, criativo assistencial e que começou a ser atendida fora da família”. Enquanto para as famílias mais abastadas pagavam uma babá, as pobres se viam na contingência de deixar os filhos sozinhos ou colocá-los numa instituição que deles cuidasse. Para os filhos das mulheres trabalhadoras, a creche tinha que ser de tempo integral; para os filhos de operárias de baixa renda, tinha que ser gratuita ou cobrar muito pouco; ou para cuidar da criança enquanto a mãe estava trabalhando fora de casa, tinha que zelar pela saúde, ensinar hábitos de higiene e alimentar a criança. A educação permanecia assunto de família. Essa origem determinou a associação creche, criança pobre e o caráter assistencial da creche. (DIDONET, 2001, p. 13).

No decorrer das décadas, foram surgindo arranjos alternativos no intuito

de atender as crianças menos favorecidas. A roda dos expostos ou roda dos

excluídos foi uma das instituições brasileiras mais duradouras de atendimento

à infância. Esta recebeu este nome por causa do lugar onde era colocados os

bebês abandonados, era composto por uma forma cilíndrica, que era dividida

ao meio por uma divisória e ficava fixado na janela da instituição ou das casas

de misericórdia. Assim, quando uma criança era colocada no tabuleiro pela

mãe ou outro membro da família, a mesma, ao girar a roda, puxava uma corda

para avisar a rodeira que havia um bebê abandonado, e retirava-se do local

para manter sua identidade em segredo.

Por mais de um século a roda de expostos foi à única instituição de

assistência a criança abandonada no Brasil e, apesar dos movimentos

contrários a essa instituição por parte de um segmento da sociedade, foi

somente no século XX, já em meados de 1950, que o Brasil efetivamente

extinguiu-a , sendo o ultimo pais a acabar com o sistema da roda dos

enjeitados ( MARCÌLIO,1997).

No final do século xix, houve iniciativas isoladas de proteção à infância, no

intuito de combater os altos índices de mortalidade infantil.Mas, apesar do

trabalho desenvolvido nas casas de misericórdia,por meio da roda dos

expostos, e ainda sendo criado um numero significativo de creches, não pelo

poder publico, mas pelas organizações filantrópicas.Os programas de baixo

custo, voltados para o atendimento as crianças pobres,surgiram para atender

14

as mães que não tinham onde deixar seus filhos para trabalhar, a criação dos

jardins de infância foi defendida por alguns setores da sociedade, por

acreditarem que os mesmos trariam vantagens para o desenvolvimento infantil,

ao mesmo tempo foi criticado por identificá-los como instituições européias.

As tendências que acompanharam a implantação de creches e jardins de

infância no final do século XIX e durante as primeiras décadas do século XX

no Brasil, foram: a jurídico-policial, que defendia a infância moralmente

abandonada, a médico-higienista e a religiosa, ambas tinham a intenção de

combater o alto índice de mortalidade infantil tanto no interior da família como

nas instituições de atendimento à infância. Na realidade, cada instituição “[...]

apresentava as suas justificativas para a implantação de creches, asilos e

jardins de infância onde seus agentes promoveram a constituição de

associações assistenciais privadas” (KUHLMANN Jr., 1998, p. 88).

Nesse período, foi criado o Instituto de Proteção à Infância do Rio de

Janeiro pelo médico Arthur Moncorvo Filho,o mesmo tinha como objetivos não

apenas atender as mães grávidas pobres, mas também dar assistência aos

recém-nascidos, realizando distribuição de leites, consulta de lactantes,

vacinação e higiene dos bebês.A mesma foi considerada uma das entidades

mais importantes,pois estendeu seus ser serviços por todo pais.

Kuhlmann(1998), fala de outra instituição importante que foi criada no

mesmo ano, o Instituto de Proteção e Assistência a Infância, o mesmo

precedeu, em 1919, a criação do Departamento da Criança , que tinha como

objetivos não apenas fiscalizar as instituições de atendimento a criança, mas

também combater o trabalho das mães voluntarias que não atendiam de

maneira adequada os filhos das trabalhadoras.

Os movimentos operários ganharam forças com a implantação da

industrialização no pais, a utilização da mão-de-obra feminina no mercado de

trabalho e a chegada dos emigrantes europeus no Brasil. As pessoas

passaram a se organizar nas cidades mais industrializadas e reivindicar

direitos, como melhores condições de trabalho, dentre eles estava a criação de

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instituições de educação que atendessem melhor as necessidades de seus

filhos.

Os donos das fábricas, por seu lado, procurando diminuir a força dos movimentos operários, foram concedendo certos benefícios sociais propondo novas formas de disciplinar seus trabalhadores. Eles buscavam o controle do comportamento dos operários, dentro e fora da fábrica. Para tanto, vão sendo criadas vilas operárias, clubes esportivos e também creches e escolas maternais para os filhos dos operários. O fato dos filhos das operárias estarem sendo atendidos em creches, escolas maternais e jardins de infância, montadas pelas fábricas, passou a ser reconhecido por alguns empresários como vantajoso, pois mais satisfeitas, as mães operárias produziam melhor. (OLIVEIRA, 1992, p. 18).

As poucas conquistas que obtiveram foram através de conflitos, pois com

o avanço da industrialização e o aumento de mulheres da classe media no

mercado de trabalho aumentou muito a demanda pelas instituições de

atendimento as crianças.

Segundo Haddad (1993), os movimentos feministas que iniciaram nos

Estados Unidos foram de grande importância na reflexão sobre o que, e como

seria estas instituições de atendimento a criança, pois as feministas passaram

a defender a idéia de que tanto as creches como as pré-escolas deveriam

atender a todas as mulheres, não importando com a sua necessidade de

trabalho ou condição social. Depois destes movimentos aumentou o numero de

instituições mantidas pelo poder publico. As mesmas ganharam destaque

diferente, pois passaram a ser reivindicadas como um direito de todas as

mulheres trabalhadoras e era baseado no movimento da teoria de privação

cultural. Essa teoria era defendida nos Estados Unidos na década de sessenta

e no Brasil nos meados de 1970. A teoria de privação social considerava que o

atendimento a criança pequena fora do lar, deveria possibilitar a superação das

condições sociais precárias a que ela estava sujeita, assim defendiam uma

educação de compensação.

Em 1988, a pré-escola aparece pela primeira vez no capitulo da

educação na Constituição Federal Brasileira, onde diz:

16

“O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: (...) IV- atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade”. Art.206

A partir daí foi que este atendimento começou a ser, do ponto de vista

legal, dever do Estado. A Emenda Constitucional n° 14 de 1996 acrescenta ao

artigo 211 a redação do parágrafo 2° onde coloca a encargo dos municípios a

Educação Básica:

“§ 2° Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil.”

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB ( Lei 9394/96)

foi promulgada em 1996 fazendo referencia especifica à pré- escola e sua

faixa etária de atendimento. A Lei 9394/95, diz que:

“A educação infantil será oferecida em : I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade.” Art. 30

O artigo 23 da LDB dá a pré- escola autonomia para designar a forma de

agrupamento de crianças que melhor condiga com os objetivos educacionais. A

Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), diz que:

“A educação básica poderá organizar-se em series anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não- seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim recomendar” Art. 23.

Dois anos depois, o Ministério da Educação propôs para a Educação

Infantil o Referencial Curricular Nacional – RCN/Infantil, visando integrar as

ações com a Lei de Diretrizes e Bases.

1.3 - Objetivos da Educação Infantil

A Educação Infantil tem por objetivo o desenvolvimento pleno da criança, fornecendo-lhes meios para que elas possam desenvolver suas capacidades

fundamentais, ampliando assim as suas possibilidades de acesso a sociedade,

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de maneira que haja uma integração social, onde a mesma terá autonomia e

possa viver em cidadania com a aquisição de hábitos, habilidades e atitudes.

Segundo o RCNEI (1998), entende-se por desenvolvimento pleno, os

aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais da criança. (Danielle

Moreira). Dessa forma há uma necessidade de que a educação infantil

promova então a integração entres os aspectos físicos, emocionais, cognitivos

e sociais da criança, contribuindo dessa forma para a formação integral da

criança.

1.3.1 – Desenvolvimento Físico (Motor)

Este aspecto abrange o desenvolvimento do corpo, onde a criança

começa a reconhecer a imagem de seu próprio corpo, reconhecendo também

as características físicas que integram a sua pessoa, o que é fundamental

para a construção de sua identidade.

É importante nessa fase que o professor promova atividades que

proporcione no aluno o conhecimento de seu próprio corpo, sua resistência e

flexibilidade, seus limites e potencialidades. Para que o mesmo compreenda a

importância do cuidar do corpo, da saúde, hábitos de higiene. Através do corpo

como ponto de referência, o mesmo aprenderá a organização do esquema

corporal e orientação espacial, desenvolvimento das percepções, seqüência,

ordenação, memória e classificação de idéias.

1.3.2 – Desenvolvimento Emocional (Psicológico)

Neste aspecto estudaremos um pouco sobre o conhecimento que a

criança tem sobre se própria, a construção de sua identidade, auto-estima,

independência, afetividade, autonomia e seus relacionamentos interpessoais.

18

Segundo RCNEI (1998) a instituição devera criar um ambiente de

acolhimento que dê a criança segurança e confiança, garantindo a elas

oportunidades para que construam uma imagem positiva de se, ampliando sua

autoconfiança, identificando cada vez mais suas limitações e possibilidades e

agindo de acordo com elas; que identifique e enfrente situações de conflitos,

utilizando seus recursos pessoais, respeitando as outras crianças e adultos e

exigindo reciprocidade; valorize ações de cooperação e solidariedade;

estabelecendo vínculos afetivos e compartilhando suas vivencias.

É muito importante que haja colaboração entre pais e professores, no

acompanhamento conjunto dos progressos que a criança realizará na

construção de sua identidade e na sua autonomia pessoal.

1.3.3 – Desenvolvimento Cognitivo

Este aspecto diz respeito a brincadeira, fala, leitura, escrita e aos

cálculos mentais, nos primeiros anos de vida. Essas habilidades são de muita

importância para o desenvolvimento de suas competências para pensar

interpretar e na resolução das situações problemas. Brincar é uma das

atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e autonomia da

criança.

Neste aspecto, visa desenvolver a iniciativa intelectual, a capacidade

de interpretar e criar, ampliar suas possibilidades de comunicação e expressão,

conhecimento de vários gêneros orais e escritos, reconhecimento e valorização

dos numerais, operações numérica e contagens orais e noções espaciais como

ferramentas necessárias no seu dia-a-dia.

19

1.3.4 – Desenvolvimento Social

Na Educação Infantil deve-se estimular a criança a ampliar as suas

relações pessoais, de modo que ela se socialize bem com as demais pessoas,

respeitando a diversidade, valorizando as ações de solidariedade e

cooperação. Sempre procurando não ultrapassar os seus limites e os dos

colegas. Buscando assim ter um bom convívio com as pessoas, lembrando que

existem regras e que as mesmas devem ser respeitadas. Incentivá-las a

valorizar a comunidade e o meio em que vive. Esse é um dos objetivos da

Educação, preparar o educando para o exercício da cidadania, portanto, é

importante que comece a ser trabalhado desde o primeiro ano da criança na

escola.

.

20

CAPÍTULO II

O ORIENTADOR EDUCACIONAL

O Orientador Educacional é um profissional que faz parte da equipe

pedagógica da instituição escolar, dando assistência aos educandos,

professores e a comunidade. Seu trabalho estrutura-se no tripé que é formado

pelo aluno-familia-escola. Para realizar seu trabalho ele conta com o apoio de

toda a estrutura organizacional.

A Orientação Educacional surgiu em 1924, em São Paulo, no Liceu de

Artes e Ofícios, foi criado pelo engenheiro suíço Roberto Mange. Pretendia ser

um serviço de seleção e orientação Professional para alunos do curso de

mecânica. Somente sete anos depois, em 1931, que o serviço de

Orientação se tornou oficial através do professor Lourenço Filho, diretor do

Departamento de Educação de São Paulo, assim surgiu o primeiro Serviço

Publico de Orientação Educacional e Profissional que seguia os modelos

europeus e americanos, porem foi extinto em 1935.

A primeira referencia à Orientação Educacional foi na Lei Orgânica do

Ensino Industrial, de 1942. Na mesma fala que é instituída o Serviço de

Orientação Educacional, cuja finalidade é a correção e encaminhamento dos

educandos problemas, elevando as qualidades morais, por meio de um regime

de autonomia que facilita a educação social dos educandos. Auxiliando ainda

na escolha profissional, através de esclare4ntos e conselhos, em cooperação

com a família.

Em 1968, surge a Lei 5564, onde fala sobre o exercício da profissão do

Orientador Educacional. A Lei 5564/68(1968), diz que:

”A Orientação Educacional se destina a assistir ao educando individualmente ou em grupo, no âmbito das escolas e sistemas escolares de nível médio, e primário, visando ao desenvolvimento integral e harmonioso de sua personalidade, ordenando e integrando os elementos que exercem influencia em sua formação e preparando-o para o exercício das opções básicas”. Art.1°.

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Assim, é confirmada a linha psicológica e a função preventiva da

orientação. No Parecer 347/62 já citava esta linha na definição do currículo do

curso de formação, onde de 9 disciplinas, 4 estavam ligadas à área da

psicologia. Assim, amplia, nesta fase ainda mais a sua ação, contribuindo

agora para o desenvolvimento integral do educando.

O Decreto 72.846, de 26/09/1973, regulamenta a Lei 5564/68, onde

provem sobre o exercício da Orientação Educacional, já explicito na Lei

5692/71, (1971). Que diz:

“Será instituída obrigatoriamente a Orientação Educacional, incluindo aconselhamento vocacional em cooperação com os professores, a família e a comunidade”. Art.10

No mesmo estão designadas as funções do Orientador Educacional que

são planejamento, assistência ao educando, participação no processo de

integração escola-familia-comunidade, dentre outras que são mencionadas,

sua principal função é planejar ações pedagógicas que incorporem o educando

ao âmbito escolar e garantam seu desenvolvimento integral.

2.1 Objetivos da Orientação Educacional O objetivo da Orientação Educacional é a participação no processo

educacional de forma organizada, dinâmica e continua. Auxiliando o educando,

através de técnicas adequadas, as diferentes faixas etárias, orientando-o na

sua formação, conhecimento de si mesmo e das suas capacidades e

dificuldades.

22

2.2 Atribuições do Orientador Educacional

A Lei n° 5564, de 21 de dezembro de 1968, regulamentada pelo Decreto

72846, de 26 de setembro de 1973, especifica as atribuições que Orientador

Educacional deve realizar e coordenar.

Artigo 8° - São atribuições privativas do Orientador Educacional :

• Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de

Orientação Educacional a nível de:

escola;

comunidade;

• Planejar e coordenar a implantação e o funcionamento do Serviço de

Orientação Educacional dos órgãos do Serviço Publico Federal,

Estadual, Municipal e Autárquico; das Sociedades de Economia Mista,

Empresas Estatais, Paraestatais e Privadas;

• Coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-a no

processo educativo global;

• Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e

habilidades do educando,

• Coordenar o processo de informação educacional e profissional com

vistas à orientação vocacional;

• Sistematizar o processo de intercambio das informações necessárias ao

conhecimento global do educando;

• Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos,

encaminhando a outros especialistas aqueles que exigirem assistência

especial;

23

• Coordenar o acompanhamento pós-escolar;

• Ministrar disciplinas de Teoria e Pratica da Orientação Educacional,

satisfeitas as exigências da legislação especifica do ensino;

• Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional;

• Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação Educacional.

Artigo 9° fala sobre as ações que o Orientador deve realizar:

• Participar no processo de identificação das características básicas da

comunidade;

• Participar no processo de caracterização da clientela escolar;

• Participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola;

• Participar na composição, caracterização e acompanhamento de turmas

e grupos;

• Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos;

• Participar no processo de encaminhamento dos alunos estagiários;

• Participar no processo de integração escola-familia-comunidade;

• Realizar estudos e pesquisas na área de Orientação Educacional;

O Orientador Educacional exerce também a função de coordenar, ele

deve se relacionar bem com os demais funcionários da unidade escolar,

trabalhar em conjunto com o coordenador definindo suas funções e tomando

cuidado para que um não dificulte o trabalho do outro, procurando realizar suas

funções, mas sem ultrapassar seus limites. O mesmo deve criar um ambiente

agradável onde haja confiança, união e respeito facilitando assim a realização

do seu trabalho. Assim como os demais funcionários o Orientador Educacional

também esta subordinado ao Diretor Escolar, pois este é a autoridade máxima

da escola.

24

Em relação ao psicólogo, o Orientador Educacional deve atuar apenas no

estrito âmbito do seu cargo, pois ele não é um psicólogo, não cabe a ele

realizar terapias com os alunos, nem diagnosticar distúrbios. O mesmo deverá

apenas encaminhar o aluno para avaliação psicologia. Assim, para que possa

ser alcançado um bom resultado cada um deve exercer a sua função sem

ultrapassar os seus limites. O diretor, orientador, coordenador e psicólogo

devem trabalhar em conjunto, mas cada um fazendo apenas o que lhe é de

dever.

25

CAPÍTULO III

A ATUAÇÃO DO ORIENTADOR NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

A Educação Infantil deve ser uma experiência prazerosa e enriquecedora

para a criança, pois é o ponto inicial da vida do educando e através dela que a

criança vai conhecer o meio escolar. Diz o dito popular que a primeira

impressão é a que fica, e realmente é sendo a educação infantil a base da

relação criança/escola é muito importante que a mesma seja um lugar que

cative a criança. Para que isso aconteça é necessário ajudar a criança, dando

a ela o Maximo de oportunidades de realizar suas potencialidades,

desenvolverem suas habilidades e construir assim o seu conhecimento.

O Orientador Educacional possui estratégias para que possa ocorrer este

momento de aprendizagem e descobertas. O mesmo ocorre de forma

organizada e planejada, visando estimular as varias áreas do desenvolvimento

infantil. Assim, para que isso acontece é necessário que o Orientador

Educacional tenha conhecimento das características básicas das crianças e da

realidade em que esta inserida.

Visca(1991) enfatiza que com a coordenação do Orientador Educacional,

pais, professores e alunos engajam-se organicamente no processo de

orientação.Ou seja, é necessário que o orientador compreenda a importância

do apoio dos professorados e pais para o desenvolvimento de suas funções.

Sendo assim, é aconselhável que ele mantenha um estreito relacionamento

com o corpo docente e os pais, buscando sempre contar a participação dos

pais nos projetos e atividades do SOE.

26

3.1 Planejamento

Toda atividade escolar deve ser planejada, ser definidos os objetivos e as

estratégias que serão utilizados para que possam atingir os resultados

esperados. Assim é importante que se faça um levantamento preciso do

mesmo para definir melhor as ações que serão realizadas.

É importante que o Orientador tenha acesso a informações como idade /

serie, estagio de desenvolvimento das crianças em relação a cada aspecto do

desenvolvimento infantil: físico, emocional, cognitivo e social; realidade social

das crianças.

Em relação à escola é importante que ele faça um levantamento dos

recursos físicos, humanos e materiais para saber quais os seus limites nas

criações e execuções de suas atividades e projetos. O mesmo devera

conhecer as normas, regulamentos e procedimentos adotados pela escola.

Também as atitudes dos participantes do processo educativos.

Após conhecer, diagnosticar os problemas o orientador traçara o plano de

ação, o mesmo se faz através de ações integradas, direcionadas a mostrar ao

docente o seu papel com educador dentre do sistema, levando a compreender

a criança como um ser complexo e único. Mostrando-lhe sobre a sua

importância como educador, a responsabilidade de ensinar e orientar as

crianças. Discute-se muito hoje em dia de quem é a responsabilidade de

orientar e educar as crianças. Colocando em questão o desequilíbrio da

instituição familiar, assim a escola passa a dividir com a família a

responsabilidade dos conceitos básicos para que possa superar os obstáculos

e as pressões do dia a dia.

Loffredi (1976) diz que:

27

“Se a família cabe um relacionamento mais intimo e profundo, à

escola cabe uma ação planejada e sistemática, já que exercida

por especialista”. (p. 14)

3.2- Desenvolvimentos de projetos

Os projetos devem surgir de questões relativas a vivencia das crianças.

Na execução do projeto é necessário o envolvimento de toda a equipe escolar.

Os projetos devem ser utilizados também para trazer os pais e a comunidade

para o convívio escolar.

É importante que crie projetos onde sejam resgatados culturas e valores

da comunidade, levando a criança a conhecer mais do lugar onde vive e

aprendendo a respeitar as pessoas e seus conhecimentos. O Orientador deve

criar os projetos e auxiliar de perto a sua aplicação, orientando no que for

preciso e avaliando se seus objetivos foram alcançados de forma esperada.

O professor é a pessoa que esta mais próxima da criança, é ela que

melhor observa o seu comportamento e desenvolvimento. Por isso é

necessário que haja reuniões com o corpo docente para que essas

informações cheguem de maneira clara e objetiva até o Orientador

Educacional.

Através dessas reuniões surgem projetos para sanar as dificuldades

encontradas e fazer a auto avaliação do trabalho que foi desenvolvido com a

criança, ocorrendo também a troca de experiência. As mesmas contribuem

muito para o trabalho do Orientador, pois na sua atitude de ouvinte, ele pode

atuar como facilitador na educação infantil, discutindo as idéias e ajudando a

resolvê-las.

28

3.3- Atendimentos no SOE

Uma das funções do Orientador Educacional é prestar atendimento no

SOE (Serviço de Orientação Educacional). São atendidos os pais ou

responsáveis para conversar sobre o desempenho do aluno, alteração no

comportamento ou para trocar idéias sobre as orientações pedagógicas de um

determinado assunto.

Há alguns casos onde a criança apresenta dificuldades físicas,

emocional cognitiva e social o Orientador Educacional aconselha os pais ou

responsáveis, quando necessário a levar a criança num especialista adequado:

fonoaudiólogo, neurologista, psicólogo.

Em casos de crianças portadoras de necessidades especiais, a criança é

encaminhada para o professor da sala de recursos que ira trabalhar com ele

conforme a sua necessidade. Nesse caso o pai ou responsáveis é orientado da

maneira que deve agir para que possa auxiliar a criança em seu

desenvolvimento.

O Orientador devera estar sempre disponível para ouvir e auxiliar os

professores em suas duvidas e nas dificuldades encontradas no dia a dia.

As crianças mesmo pequenas, também podem ser ouvidas pelo orientador

educacional, pois elas já são capazes de expressar seus sentimentos e falar

sobre as dificuldades que encontram. Assim elas devem se sentires seguras e

confiantes de que serão solucionados o problema por ela encontrado.

29

CONCLUSÃO

Toda criança tem o direito de ser respeitada, de ter dignidade e conforto.

Tem direito a ter uma família que lhe dê carinho e lhe auxilie na vida. Tem

direito a uma educação que lhe ajude no seu desenvolvimento integral: físico,

mental, psíquico, emocional, cognitivo e social.

No momento em que a criança inicia sua vida escolar, seu

desenvolvimento adquire um novo caminho, ela deixa de se relacionar apenas

com a família e passa a conviver com outras pessoas da sociedade, começa a

criar e desenvolver novos conceitos aprende que existem vários tipos de

ambientes e regras. Por isso que a Educação Infantil é muito importante na

vida de cada criança, é o primeiro passo para o aprendizado de uma vida.

Assim ela deve encontrar na instituição pessoas capacitadas, competentes e

dedicadas a Educação Infantil. Para que isso ocorra podemos contar com o

auxilio do Orientador Educacional, que estará contribuindo para que haja um

clima emocional de trabalho, ações pedagógicas adequadas e um

relacionamento entre professor e professor, professor e aluno, e escola e

comunidade. Buscando sempre dar subsídios aos professores para um maior

desenvolvimento educacional.

A Educação Infantil é a base de uma construção educacional, assim deve

ser levada bem a serio pelos educadores.

A criança é um ser em desenvolvimento que tem necessidades básicas

próprias, o educador deverá assumir com responsabilidade e consciência do

papel que lhe cabe, incentivando e tornando prazerosa a aprendizagem.

Lembrando que a criança que encontra na Educação Infantil apoio,

incentivo e estimulo é sempre bem sucedida, na vida escolar.

O Orientador Educacional tem um papel muito importante que é cuidar

com muito carinho, para que todas as crianças se desenvolvam de acordo com

o seu ritmo de maneira prazerosa e satisfatória.

30

BIBLIOGRAFIA

Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.33, p.78-95, mar.2009. BARRETO, Ângela M. R. Situação atual da educação infantil no Brasil. In: BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Subsídios para o credenciamento e funcionamento de instituições de educação infantil. v. 2. Coordenação Geral de educação infantil. Brasília: MEC/SEF/COEDI, 1998. ______. DIDONET, Vital. Creche: a que veio, para onde vai. In:Educação Infantil: a creche, um bom começo. Em Aberto/Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. v 18, n. 73. Brasília, 2001. p.11-28. FERREIRA, Maria Clotilde Rossetti (Org.). Os fazeres na educação infantil. São Paulo: Cortez, 2000. HADDAD, Lenira. A creche em busca de identidade. São Paulo: Loyola, 1993. Ângela M. R. A educação infantil no contexto das políticas públicas RIZZO, Gilda. Creche: organização, currículo, montagem e funcionamento. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. KRAMER, Sonia. A política do pré-escolar no Brasil: a arte do disfarce. 5. ed. São Paulo: Cortez,1995. ______ KUHLMANN JR., Moisés. Infância e educação infantil: uma abordagem histórica. Porto Alegre: Mediação, 1998. . O Capital. l.1, v.1. São Paulo: Bertrand Brasil-Difel, 1986. p. 423-550.OLIVEIRA, Zilma Moraes R. Creches: Crianças, faz de conta & Cia. Petrópolis, RJ:Vozes, 1992. MARX, Karl. Divisão do trabalho e manufatura. In:______. O Capital. São Paulo: Difel, l. 1, v. 1, 1982. p. 386-422. MARCÍLIO, Maria Luiza. A roda dos expostos e a criança abandonada na História do Brasil. In: FREITAS, Marcos Cezar (Org.). História social da infância no Brasil. São Paulo: Cortez, 1997. p. 51-76. GIACAGLIA,Lia, e PENTEADO, Wilma. Orientação educacional na prática: princípios, técnicas instrumentos. São Paulo: Pioneira, 2000. Lei n° 5564 21 de dezembro de 1968.

31

Decreto n° 72846, de 26 de setembro de 1973.

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento, um

processo socio-historico. São Paulo: Scipione, 1993.

VISCA, Jorge. Psicopadagogia: Novas Contribuições: Nova Fronteira- Rio de

Janeiro, 1991.119 p.

MARTINS, José de Prado. Principios e Metodos de Orientação Educacional:

Atlas – São Paulo, 1979. 162 p.

LOFFREDI, Lais Esteres. Paradigma de Orientação educacional: Francisca

Alves – Rio de Janeiro, 1976.130 p.

LIMA, Elvira souza. Como a criança pequena se desenvolve: 1ª edição – Gedh

–São Paulo, 2001. 33 p.

32

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Educação Infantil no Brasil: cem anos de espera

33

ANEXO 1

Educação Infantil no Brasil: cem anos de espera

Assistencialismo perdurou por quase um século e só perdeu força quando a Constituição de 1988 tornou o segmento um dever do Estado e fortaleceu seu caráter educativo

A biblioteca do escritor e professor Mário de Andrade, na

segunda metade da década de 1930, guardava uma coleção que

pareceria estranha para quem visitasse a casa do intelectual

das letras naquela época: um acervo com mais de mil desenhos

produzidos por crianças.

O educador começou a coleção quando foi responsável pela

criação de parques infantis na cidade de São Paulo em 1935,

ocasião em que ocupou o cargo de chefe do Departamento de

Cultura da prefeitura da capital paulista. Neles, o escritor

promovia concursos de desenhos e incentivava outras

atividades artísticas entre os pequenos.

"Mário de Andrade foi um dos primeiros pensadores da

Educação Infantil no país a acreditar na valorização das

produções das crianças e a colocar a atividade artística como

um dos fundamentos desse segmento”, explica a professora da

Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP),

Márcia Gobbi.

Apesar do interesse e esforço isolados de educadores como

Mário de Andrade, a Educação Infantil levou muito tempo para

se desvencilhar do caráter que a pontuou desde o início: a

assistência social. Essa demora foi de quase um século – o

primeiro jardim da infância foi inaugurado em 1895, em São

34

Paulo. Mudanças estruturais começaram somente na década de

1970, quando o processo de urbanização e a inserção da mulher

no mercado de trabalho levaram a um aumento significativo na

demanda por vagas em escolas para as crianças de 0 a 6 anos.

Como não havia políticas bem definidas para o segmento, a

expansão de instituições de Educação Infantil nessa época foi

desordenada e gerou precarização no atendimento, feito, em

geral, por profissionais sem nenhuma formação pedagógica.

Em 1975, o Ministério da Educação começou a assumir

responsabilidades ao criar a Coordenação de Educação Pré-

Escolar para atendimento de crianças de 4 a 6 anos. Ainda

assim, o governo continuou promovendo, em paralelo, políticas

públicas descoladas da Educação. Em 1977, foi criada, no

Ministério da Previdência e Assistência Social, a Legião

Brasileira de Assistência (LBA), com o objetivo de coordenar o

serviço de diversas instituições independentes que

historicamente eram responsáveis pelo atendimento às

crianças de 0 a 6 anos. Essas instituições eram divididas em:

comunitárias, localizadas e mantidas por associações e

agremiações de bairros; confessionais, mantidas por

instituições religiosas; e filantrópicas, relacionadas a

organizações beneficentes. A LBA foi extinta em 1995, mas o

Governo Federal continuou a repassar recursos para as creches

por meio da assistência social.

Nesse mesmo período, se intensificou uma separação entre o

atendimento nas creches, de 0 a 3 anos, visto como algo

destinado às camadas populares, e a pré-escola, segmento

voltado para as classes média e alta. “Essa é uma separação que

funda a Educação Infantil no país. As creches, totalmente

financiadas pela assistência social, eram vistas como uma

alternativa de subsistência para crianças mais pobres e

35

estavam orientadas para cuidados em relação à saúde, higiene

e alimentação. Já a pré-escola passou a ser encarada como a

porta de entrada das crianças ricas na Educação”, analisa a ex-

coordenadora de Educação Infantil do MEC, Karina Rizek.

Direito da criança, dever do Estado O marco que rompeu essa tradição no país foi a Constituição de

1988, que determinou a Educação Infantil como dever do Estado

brasileiro. “Foi a partir daí que a Educação na creche e na pré-escola

passou a ser vista como um direito da criança, facultativo à família, e

não como direito apenas da mãe trabalhadora. Com isso, os

profissionais de Educação Infantil ganharam mais legitimidade e a

Educação Infantil passou a ser objeto de planejamento, legislação e

de políticas sociais e educacionais”, explica a coordenadora

pedagógica da Fundação Victor Civita, Regina Scarpa.

Dois anos depois, em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA) reafirmou os direitos constitucionais em relação à Educação

Infantil. Em 1994, o MEC publicou o documento Política Nacional de

Educação Infantil que estabeleceu metas como a expansão de vagas e

políticas de melhoria da qualidade no atendimento às crianças, entre

elas a necessidade de qualificação dos profissionais, que resultou no

documento Por uma política de formação do profissional de

Educação Infantil.

Em 1996, com a promulgação da Emenda Constitucional que cria a

Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), a Educação Infantil

passou a ser a primeira etapa da Educação Básica, integrando-se aos

ensinos Fundamental e Médio. “Só então a Educação Infantil ganhou

uma dimensão mais ampla dentro do sistema educacional e a

criança foi vista como alguém capaz de criar e estabelecer relações,

um ser sócio-histórico, produtor de cultura e inserido nela e que,

portanto, não precisa apenas de cuidado, mas está preparado para a

Educação”, diz Beatriz Ferraz, coordenadora pedagógica do Centro

de Educação e Documentação para Ação Comunitária (CEDAC), em

36

São Paulo.

O artigo 62 da LDB foi pioneiro ao estabelecer a necessidade de

formação para o profissional da Educação Infantil. Segundo a lei, a

formação do educador desse segmento deve ser “em nível superior,

admitindo-se, como formação mínima, a oferecida em nível médio,

na modalidade Normal”. O texto reafirma, também, a

responsabilidade constitucional dos municípios na oferta de

Educação Infantil, contando com a assistência técnica e financeira

da União e dos estados.

Com o objetivo de oferecer parâmetros para a manutenção e a

criação de novas instituições de Educação Infantil, o MEC publicou,

em 1998, o documento Subsídios para credenciamento e o

funcionamento das instituições de Educação Infantil. No mesmo

ano, visando a elaboração de currículos de Educação Infantil, cuja

responsabilidade foi delegada pela LDB a cada instituição e seus

professores, o ministério editou o Referencial Curricular Nacional

para a Educação Infantil, como parte dos Parâmetros Curriculares

Nacionais. Um ano depois, em 1999, o Conselho Nacional de

Educação (CNE) publicou as Diretrizes Curriculares Nacionais para

a Educação Infantil. Esses documentos são, hoje, os principais

instrumentos para elaboração e avaliação das propostas pedagógicas

das instituições de Educação Infantil do país.

Revista Nova Escola, Março de 2010, Gustavo

Heidrich