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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO "A VEZ DO MESTRE” RELAÇÕES HUMANAS INTERPESSOAIS TENDO A DINÂMICA DE GRUPO COMO ELEMENTO FACILITADOR por ANA KALLINE SILVESTRE DE ARRUDA SOBREIRO Professor Orientador: DIVA NEREIDA RIO DE JANEIRO MARÇO/2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E

DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO "A VEZ DO MESTRE”

RELAÇÕES HUMANAS INTERPESSOAIS TENDO A DINÂMICA DE GRUPO COMO ELEMENTO

FACILITADOR

por

ANA KALLINE SILVESTRE DE ARRUDA SOBREIRO

Professor Orientador: DIVA NEREIDA

RIO DE JANEIRO MARÇO/2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E

DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO "A VEZ DO MESTRE”

RELAÇÕES HUMANAS INTERPESSOAIS TENDO A DINÂMICA DE GRUPO COMO ELEMENTO

FACILITADOR

Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós Graduação Lato Sensu em Psicopedagogia para disciplina de metodologia da Pesquisa. Por: Ana Kalline Silvestre de Arruda Sobreiro Professora Orientadora: Diva Nereida Marques M. Maranhão

RIO DE JANEIRO MARÇO/2003

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus oportunidade de chegar até aqui. A todos os que estiveram comigo nesta caminhada.

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DEDICATÓRIA

Para meu filho Pedro Henrique, nos seus cinco anos. Desejando que ele desfrute de

toda a afetividade que envolvem as relações humanas.Para meus amados pais, irmão, esposo e amigos, meus sinceros agradecimentos pelo incentivo,

ajuda e apoio em todos os momentos.

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EPÍGRAFE

Mais do que máquinas, precisamos de humanidade.

Mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura.

Sem essas virtudes a vida será de violência e tudo estará perdido.

Charles Chaplin

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RESUMO

O homem vive em grupo e apesar desta vivência, encontra

dificuldades em se relacionar. Desenvolve-se este trabalho, a partir da questão

da dificuldade de relacionamento e da necessidade que o indivíduo tem em

viver em grupo.

Pretende-se enfocar a importância das relações humanas interpessoais

que permeiam todos os tópicos do trabalho; das necessidades interpessoais,

como a afetividade, bem como o processo de aprendizagem e de interação que

é facilitada pela utilização da dinâmica de grupo.

Será feita abordagem de algumas teorias sobre dinâmica de grupo e

itens que digam respeito ao tema proposto, apoiados em pesquisa

bibliográfica.

Concluiremos que apesar da sociedade, ao mesmo tempo, agregar e

isolar as pessoas, o homem tende ao isolamento devido a vários fatores

incluindo a falta de tempo para lazer, somado ao excesso de trabalho. Ele

necessita estar inserido nos grupos, sejam estes, de trabalhos ou de lazer,

relacionando-se com o outro, estando em relação o tempo todo a fim de mudar

ou moldar comportamentos para uma vida melhor.

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SUMÁRIO Introdução 1 –Teorias em Dinâmica de Grupo

1.1- Kurt Lewin

1.2- Jacob L. Moreno 1.2.1- Psicodrama 1.2.2- Sociodrama 1.2.3- Sociometria e Sociodrama

1.3- Jean Piaget 2 –Importância das Relações Humanas Interpessoais 2.1- Atividades Lúdicas 3 –Necessidades Interpessoais 4 –Papel do Facilitador Conclusão Anexos Bibliografia

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INTRODUÇÃO

“ O homem começa a ser pessoa quando é capaz de relacionar-se com

os outros, ...” ( Fritzen, Silvino José,2001,p 7).

Parte-se do princípio que o homem é um ser social e está inserido na

sociedade, portanto, seu posicionamento em relação ao grupo, deveria ser algo

natural. Mas, observa-se o contrário, uma grande dificuldade em se relacionar

em atividades grupais. A sociedade contribui por um lado, devido as

competições que os homens travam entre si no dia-a-dia, no seu ambiente de

trabalho, para que estes se individualizem cada vez mais, ao mesmo tempo,

cobra que estes saibam trabalhar em grupo, saibam se comunicar , se

expressar, e que estejam disponíveis para as trocas que o conjunto, a equipe

exige.

No primeiro capítulo, é feita uma abordagem de algumas teorias em

dinâmica de grupo, com a intenção de dar um panorama de seu surgimento e

apresentação de alguns autores, com suas linhas de pesquisa. Subdividido por

autores, sendo eles, Kurt Lewin, com sua teoria de campo; Jacob Moreno e

por último Piaget, que não foi um pesquisador em dinâmica de grupo, porém

muitos pesquisadores se basearam em sua teoria para estudá-la.

No segundo capítulo, trabalha-se a importância do grupo para o

desenvolvimento humano, seguida da importância que a atividade lúdica

representa para as pessoas em todas as fases de seu desenvolvimento.

No terceiro capítulo, abordamos aspectos das necessidades

interpessoais do ser humano, e no quarto e último capítulo o importante

papel do facilitador em todo o processo da dinâmica em grupo, seguido de

uma breve conclusão.

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1 - Teorias em Dinâmica de Grupo

Existem muitos teóricos que se especializaram no estudo da dinâmica

de grupo.

Serão abordados Kurt Lewin que foi um dos principais pesquisadores

sobre a dinâmica de grupo, dando uma idéia geral do surgimento da dinâmica

e de dados sobre sua teoria que possibilitou a psicologia social um lugar de

destaque, principalmente no que diz respeito a observação dos pequenos

grupos para compreensão do macrogrupo, seguido de Jacob Moreno que teve

um papel de fundamental importância na dinâmica de grupo, introduzindo

teorias e técnicas apoiadas na criatividade e espontaneidade dos seres

humanos inseridos na coletividade , sendo muito utilizadas hoje em dia com

fins terapêuticos e por último Jean Piaget que não se ocupou com o estudo da

dinâmica, porém suas teorias serviram de base para que muitos pesquisadores

se apoiassem para a observação dos grupos nos aspectos da aprendizagem,

através das fases de desenvolvimento, contribuindo com termos tais como:

cooperação e reciprocidade .

Estas teorias contribuem para que se possa entender aspectos

relevantes para o desenrolar deste trabalho.

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1.1– Kurt Lewin Kurt Lewin é a primeira referência no estudo dos fenômenos grupais

e a partir dele muito se pesquisa até hoje.

Publicou em 1944, um artigo referente a um estudo sobre as

relações entre a teoria e a prática em Psicologia Social, onde apareceu pela

primeira vez a expressão dinâmica de grupo. Sendo de fundamental

importância para o estudo da dinâmica de grupo, o período compreendido

entre 1939 a 1946, quando a psicologia social se afirma como ciência

independente.

Responsável pela fundação de um Centro de Pesquisas em

Dinâmica de Grupo, onde trabalha o próprio grupo a fim de testar hipóteses,

reformular teorias, analisar problemas de comunicação e verificar interações.

Pesquisa os grupos face a face, com experimentações e

descobertas próprias, chega a conclusão que os grupos não devem ser

trabalhados em laboratórios, mas no próprio campo psicológico, pois não

havia técnicas válidas para uma análise científica dos grandes conjuntos

sociais. Assim, passa a privilegiar um grupo menor por possuir um melhor

campo para que as observações, bem como a dinâmica, pudessem ser mais

eficazes. Notando nestes, melhores condições de observação, quantificação,

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mensuração e experimentação e, principalmente que somente o estudo dos

pequenos grupos, poderiam levar a uma melhor compreensão do macrogrupo.

Refere-se aos fenômenos identificados e trabalhados no próprio grupo, como

pesquisa-ação.

A dinâmica de grupo tornou-se muito significativa em psicologia

dos pequenos grupos, sua estruturação, formação, crescimento, coesão e a

desintegração , sendo objeto de estudo da psicologia social, e os grupos

grandes, objeto da chamada psicologia coletiva.

Fez distinção entre psicogrupos e sociogrupos. Onde o primeiro se

referia à grupo de formação, estruturado, orientado e dirigido em função de

seus próprios membros, e o seguinte, se referia à grupo tarefa, organizado e

orientado na execução de algo pré determinado. Se ocupou destes dois

segmentos e, a partir das pesquisas feitas, teve forte interesse pelas relações

interpessoais em todos os meios de relacionamento, fosse nos meios

organizados como nos meios espontâneos .

Para compreender ou modificar o comportamento de um grupo é

preciso conhecer sua natureza, funcionamento, as relações indivíduo-grupo e

indivíduo-sociedade.

Além dos grupos, a dinâmica da vida coletiva, os fenômenos e os

princípios que regem seu processo são objeto de estudo da dinâmica de grupo.

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“Para K. Lewin, a pessoa é inseparável do ambiente e chama de Ambiente psicológico a tudo que rodeia o indivíduo; o conjunto do indivíduo com o seu ambiente constitui o Espaço Vital, que contém, assim, a totalidade dos fatos que podem promover e condicionar a conduta; esses fatos são só os existentes em um espaço e em um momento dados.” ( Bleger,1989.p. 48)

Em sua teoria de campo, Lewin considera campo como o espaço de

vida de uma pessoa, espaço este que é constituído da pessoa e do meio

psicológico da mesma. Já o comportamento de cada pessoa depende das

mudanças ocorridas em seu campo, em sua vida, num determinado momento.

Considera que, um grupo face a face sobrevive quando possui

algumas características fundamentais, como : existência, considerada como

tempo real; interdependência: inter, significa entre e dependência está ligado

a alguém ou alguma coisa; e contemporaneidade, determinado momento do

tempo .

Os indivíduos possuem seus próprios objetivos, que podem ser

diferentes ou semelhantes aos objetivos do grupo, por isso, se faz necessário a

inclusão de regras, limites, bem como uma livre movimentação no interior do

grupo para assegurar a satisfação dos objetivos e das necessidades do grupo .

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1.2 - Jacob L. Moreno

Moreno acreditava que todos os seres humanos são criativos,

criadores e co-criadores vivendo num mundo de relações interpessoais,

interdependentes uns dos outros e que o desenvolvimento do indivíduo se

verifica no grupo e através do grupo.

Todos são criadores e co-criadores do mundo, desenvolvendo a

criação com alegria, energia, espontaneidade e usando a imaginação como

base da ação. A partir deste pensamento e de sua prática profissional, no

atendimentos aos seus pacientes, sua teoria foi sendo desenvolvida aos

poucos.

Moreno associou o trabalho de grupo ao teatro através do

Psicodrama e do Sociodrama.

Num teatro austríaco, trabalhou um tema livre, pela primeira vez,

sem texto, sem atores, sem peça e com um grande número de espectadores,

vestido de bobo da corte, convidou a platéia a participar da representação, na

tentativa de descobrir a espontaneidade de cada indivíduo, pelo auxílio

terapêutico da representação, chamada psicodrama . Não obteve muito

sucesso, foi muito criticado, porém continuou a trabalhar desenvolvendo e

aperfeiçoando sua teoria e técnicas.

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“De um ponto de vista histórico, a noite de 1º de abril de 1921 foi a primeira demonstração do que Moreno chamava sociodrama. O sociodrama é definido como “um método de ação profunda que lida com relações intergrupais e ideologias coletivas”. Contrariamente ao psicodrama, no qual o enfoque é colocado no crescimento individual no grupo e pelo grupo, no sociodrama, a verdadeira matéria são os valores e preconceitos do grupo. Pode ser um grupo pequeno ou grande, ou muitos subgrupos. A finalidade é explorar e resolver problemas que emergem entre membros de unidades menores, dentro de um grande grupo ou entre grupos.” ( Marineau, 1992, p.80-81)

Considera a estrutura dos grupos como uma realidade afetiva e

cognoscitiva, pois cada membro do grupo traz consigo uma série de relações

vividas que são expressão de suas afetividades, posicionamento no grupo,

representações que cada um têm de si, do grupo e dos outros, além da

atividade do grupo, seus objetivos e programas, que influenciam na forma

com que cada um se posiciona. Segundo Moreno, para que haja um

ajustamento da personalidade social e afirmação da própria personalidade, se

faz necessário assumir papéis e mudar de papéis frente às necessidades

apresentadas em cada situação.

O psicodrama está ligado à vida de cada pessoa, liberando suas

emoções, já a dinâmica está ligada às interações entre seus membros, suas

inter-relações.

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1..2.1 – Psicodrama

“Técnica psicoterápica, que utiliza o jogo dramático livre, visando desenvolver, ativamente a espontaneidade do sujeito, a exteriorização de pensamentos pessoais ao longo das improvisações cênicas e a análise que deles faz. Consta de três partes: preparação; jogo dramático; análise.” ( Apud LAROUSSE).

A vida social nos força a representar papéis que nem sempre

escolhemos ou gostamos, como máscaras, que não representam

necessariamente o que somos, mas que são convenientes em alguns instantes.

Dentro do grupo também existem papéis efetivamente representados por seus

participantes, e todos esses se evidenciam mediante as atitudes adotadas, e que

ao longo do tempo, podem se desenvolver e/ou se modificar, formando a

dinâmica de grupo e sendo influenciada reciprocamente por tais

representações.

O psicodrama é um meio das pessoas explorarem suas vidas, sua

verdade, através do teatro espontâneo, dividido em três partes: o aquecimento,

a dramatização e o compartilhamento. O grupo inclui um protagonista que é a

personagem principal, os egos auxiliares que são membros da equipe

terapêutica, o diretor e o público.

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1.2.2- Sociodrama

Segundo Marineau, sociodrama é definido como “um método de ação

profunda que lida com relações intergrupais e ideologias coletivas”.

O sociodrama é um tratamento de problemas sociais, subdividido em

três fases, tal qual o psicodrama: espontâneo, planejado e repetido. Seu foco

são os problemas coletivos enquanto a relação particular fica em segundo

plano.

1.2.3 - Sociometria e Sociograma

A sociometria é utilizada para descobrir as estruturas mais íntimas,

reais ou invisíveis dos grupos primários. É um conjunto de métodos que

auxiliam na dinâmica de grupo, na medida em que esclarece as estruturas

socioafetivas dos grupos. Já o sociograma é o mapa das relações do indivíduo-

grupo, indivíduo-indivíduo e suas teias de informações. A partir daí, pode-se

construir um perfil de cada indivíduo do grupo, entendendo suas

características reveladas dentro do contexto social e grupal, que será chamado

de átomo social. Entendendo átomo social como a representação ou

configuração de todas as relações significativas da vida de uma pessoa.

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1.3 - Jean Piaget

Piaget não se preocupou com o trabalho da dinâmica de grupo, mas

seus estudos em relação ao desenvolvimento da criança forneceu dados para

que outros pudessem utilizar suas teorias para observação do trabalho em

grupo.

Acredita-se que o pensamento infantil passe por estágios em seu

desenvolvimento : período sensomotriz que vai do nascimento aos 24 meses,

depois o período das operações concretas dos 2 aos 11 anos e por último o

período das operações formais dos 11 aos 15 anos. O pensamento inicia-se no

predomínio do mágico, etapa pré-lógica, passando pelo intuitivo e

posteriormente ao operatório, período onde o pensamento torna-se crítico .

Nesta etapa do desenvolvimento, dois elementos de grande importância se

fazem presentes nos grupos que são: a cooperação que se verifica no

trabalho em equipe e a reciprocidade que é a capacidade de compreender e

interagir com o ponto de vista do outro .

Na medida em que a criança é capaz de cooperar, ela estará

desenvolvendo mecanismos, conecções que aumentam sua capacidade

intelectual, capacitando um melhor desenvolvimento de suas redes de

aprendizagem. A dificuldade das trocas ocorridas no grupo vem da dificuldade

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de ouvir pontos de vista diferentes do seus. A estruturação do pensamento em

grupo aumenta a possibilidade de se perceber diferentes pontos de vista e,

quando as etapas de cooperação foram cumpridas, seus integrantes conseguem

compreender e adaptar sua própria ação ou comunicação verbal, ou seja, a

reciprocidade.

Dentro desse contexto pode-se afirmar que a criança deixa seu estágio

egocêntrico, infantil e começa a perceber que existem pontos de vista

diferentes dos seus e que muitas vezes podem ser complementares, tendendo a

organizar de maneira operatória seu próprio pensamento (lógico).

Apesar da criança vir para o grupo imbuída de seu egocentrismo,

onde somente o seu ponto de vista é importante, sua inserção neste, com

crianças de sua idade, será de grande importância, pois pode vir a favorecer as

trocas ocorridas nas relações entre elas, incluindo a cooperação. Assim a

criança tem maiores possibilidades de avançar no seu desenvolvimento, na

medida em que pode confrontar, considerar informações e pontos de vistas

diferentes do seu. Como auxílio podem ser utilizados os jogos, as brincadeiras

e os trabalhos em equipe dentro da sala de aula entre outros.

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2- Importância das Relações Humanas Interpessoais

Segundo Aristóteles, “...o homem é naturalmente um animal político,

destinado a viver em sociedade ”( A Política, 1997, p, 13. ).

Desde os primórdios o homem vive em grupo, devido às necessidades

de sobrevivência . O homem, ao longo do tempo, adapta-se as normas ,

valores e costumes que este viver em sociedade implica. Para alguns, esta vida

social é tranqüila e de fácil adaptação, para outros, no entanto, podem

representar um grande problema , gerador de crises e patologias.

Não fosse a necessidade de perpetuação da espécie , o homem estaria

até hoje encerrado em seu isolamento, em sua individualidade.

Partindo da idéia que o homem é um ser social, criou e adaptou

mecanismos associativos ao longo do tempo, pode-se dizer que as atividades

em grupo facilitam a execução das tarefas e que só acontecem quando as

pessoas possuem um objetivo em comum .

Na atualidade é possível perceber que , apesar do indivíduo ter uma

tendência ao isolamento, precisa se organizar em grupos , associações para

conquistar algum objetivo em comum, como os sindicatos, partidos políticos,

agremiações, entre tantas outras. Através do grupo é que o indivíduo constrói

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sua identidade, aprende as primeiras lições de sobrevivência e vivência, para

assim dar forma e reconhecer sua própria forma.

O primeiro grupo que cada ser humano integra é família. Nesta, o

indivíduo, desde seu nascimento, encontra um campo favorável para o seu

desenvolvimento. Ao longo de seu crescimento a criança necessita de

estímulos para seu desenvolvimento, relacionar-se com o meio exterior através

de construções simbólicas, de objetos transicionais que favoreçam seu contato

com o mundo e com as pessoas que a cercam nos primeiros estágios de vida,

posteriormente, procura relacionar-se com o outro , segundo Winnicott .

Já Piaget coloca que a criança deve ter contato com outras crianças,

de mesma idade, que partilham de gostos e fases que possam auxiliar no seu

desenvolvimento operacional. Assim são também os jovens, no período da

adolescência, procuram estar com seus semelhantes, com os mesmos desejos e

problemas , na busca pela aceitação de seu grupo, na tentativa de auto

afirmação. Na fase adulta, pressupor-se-ia um maior preparo para o trabalho

em grupo, pela experiência adquirida ao longo do tempo, mas não é o que se

verifica em alguns casos. Existem vários fatores que impedem o homem de se

integrar, como por exemplo, distância social, rejeição, medo, baixa-estima,

falta de expressão e de comunicação, onde o homem tende a um isolamento,

mesmo que precise estar a todo momento tecendo teias de relacionamentos.

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Muitas vezes a inserção do indivíduo nos grupos é problemática,

devido a condutas pessoais, processos que interferem diretamente no agir e no

ser do indivíduo com o grupo, dificultando as possibilidades de

relacionamento e de desenvolvimento do seu potencial de aprendizagem.

Ao chegar em um ambiente novo, com pessoas desconhecidas, há

uma necessidade de aceitação pelo grupo num primeiro momento, caso

contrário, poderá gerar um sentimento de insatisfação, insegurança,

resistência, desmotivação em estar ali. O indivíduo quer sentir-se aceito,

pertencer aquele grupo e com isso, assume papéis, máscaras na tentativa de ser

aceito. Um dos princípios básicos do organismo é a busca de seu equilíbrio,

suas trocas com finalidade de preservação e de sobrevivência. Dentro do

grupo essa necessidade de homeostase se faz presente para a manutenção do

seu equilíbrio.

O grupo como sistema aberto está em processo contínuo de interação

e movimentação. Sua dinâmica interna está sempre mudando, variando , por

vezes, de acordo com a dinâmica externa. Elaborando seus próprios

mecanismos de defesa para a manutenção de seu sistema, reduzindo as

diferenças, ansiedades e desejos à níveis toleráveis. Quando este equilíbrio

não ocorre, os conflitos emergem, tais como: subagrupamento,

fracionamento, saturação, saída de participantes ou a própria desintegração do

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grupo. Para que um grupo se mantenha deve tentar equilibrar a situação para a

preservação e execução dos objetivos traçados.

Os indivíduos e os grupos vivem sentimentos de resistência à

mudanças, mas quando conseguem superar esta etapa e atingem um grau de

equilíbrio, surge um sentimento de pertencer, fazer parte, cooperar que está

intimamente ligado a relações afetivas, criando um grau de coesão entre os

participantes, o que pode contribuir para um alto nível de produção em

direção às mudanças.

Segundo Lauro de Oliveira Lima, introdutor da dinâmica de grupo no

Brasil, “... a socialização do homem é a mais grave tarefa racional da

humanidade.”( 1970,p.15).

Apesar de dispor todos os mecanismos para uma boa socialização,

como a inteligência que é um mecanismo de adaptação muito flexível e

criativo, sendo dotado de razão , que é o principal diferenciador dos outros

animais, o homem pode escolher o que acha melhor para si. Nem sempre

escolhe, verifica-se tais escolhas através do passado, das histórias de luta,

escravidão, submissão, crimes, classes, privilégios. Suas escolhas seguem o

desejo de dominação, não de cooperação. O homem não coopera por que

gosta ou porque é feliz cooperando, só o faz por necessidade. A cidade é um

bom campo de observação, para entendermos essa tendência ao isolamento. O

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indivíduo varia de comportamento de acordo com o local, com as pessoas e às

circunstâncias entre outros. Dentro de suas casas, de seus núcleos familiares, o

indivíduo apresenta um tipo de comportamento, que pode ser amoroso,

integrado ou constrói barreiras e reservas, fora de casa o ambiente torna-se

ainda mais hostil, tendo muitos fatores que criam dificuldades de integração,

porém por necessidade ou circunstâncias, ele aprende a cooperar com o grupo

que faz parte.

O homem não nasceu para cooperar, ele aprende ou se força a

aprender pela necessidade que a vida social exige, para adaptação às regras,

normas e significações. A socialização, quanto mais cedo acontece, na

infância, por exemplo, com a evolução da fase egocêntrica para operatória,

com auxílio dos jogos , das atividades lúdicas, criam um campo favorável

para a cooperação, que é um produto da sociabilidade.

O fato é que, estamos todo o tempo inserido em grupos , sejam estes

familiares, que despertam em nós uma segurança maior pela questão da

amorosidade, da afetividade, que são de suma importância para que as

relações interpessoais aconteçam, ou em grupos com pessoas que

conhecemos e não conhecemos e temos que interagir.

É preciso considerar o homem em sua totalidade ao entrar nos grupos,

seus desejos, vontades , medos, carências, enfim, suas necessidades gerais,

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considerando a utilização de máscaras, representações de papéis diferentes da

personalidade real, mas que em determinado momento ou situação, é a

imagem ideal que se quer passar para o outro, servindo de película protetora

para disfarçar medos, inseguranças, problemas, estresses, bloqueios que

dificultam as relações afetivas que se têm com o outro.

O homem é um ser que se relaciona. Este se torna uma pessoa na

medida que estabelece relações de convivência. Isolar-se é sinônimo de morte.

Ninguém pode bastar-se a si próprio. Aprender a se relacionar com o outro é

uma tarefa que necessita de aperfeiçoamento e de treinamento. Ao se

relacionar com o outro, o homem se torna capaz de dar e receber, construindo

e amadurecendo suas necessidades para se realizar em grupo e

individualmente.

Pode-se perceber que a utilização da dinâmica de grupo é de grande

valia para a integração do indivíduo com a sociedade, indivíduo com

indivíduo, para aprender a conviver e construir significados para nossas

relações interpessoais. Não esquecendo que a dinâmica pode ser conduzida

por diferentes tipos de profissionais, com objetivos determinados, utilizando-a

de acordo com sua área de atuação, como por exemplo, psicólogos,

sociólogos, pedagogos, administradores .

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2.1 – Atividades Lúdicas

“Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona idéias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz agressividade, integra-se na sociedade e constrói seu próprio conhecimento; ”(Santa Marli,2000, p.20)

O lúdico faz parte da vida do indivíduo desde sua infância. Através

das brincadeiras, entra-se num mundo encantado de fantasias, de alegrias onde

a realidade e o faz-de-conta se confundem.

Com os pais trabalhando fora de casa, as crianças ingressam muito

cedo na escola, e com isso, entram num sistema de adaptação das regras

escolares, num período onde a brincadeira é o cerne de seu desenvolvimento.

Mesmo no ambiente escolar, os professores não atribuem devida

importância a estes aspectos, basta observar a separação da hora de estudar,

onde a criança deve estar comportada, ouvindo, submetida a uma conduta de

comportamento e da hora de brincar, normalmente o recreio, onde a criança

pode extravasar sua energia, conversar com seus amigos, ocorrendo as trocas

tão positivas em seus relacionamentos.

As regras são de suma importância para o desenvolvimento social,

para viver e se relacionar em grupo, para jogar e para brincar, pressupõem-se

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uma série de regras e condutas a serem assimiladas e utilizadas para o

equilíbrio de um grupo.

A importância da ludicidade, da afetividade e da criatividade no

processo educativo é que agem como potencializadores dos índices de

aprendizagem, na medida em que as interações afetivas auxiliam na

compreensão e na modificação de comportamentos através de estímulos de

raciocínio, superando a aprendizagem mecânica.

Quando se brinca, se incorpora os valores e comportamentos de uma

sociedade . No jogo, trabalha-se princípios, regras e a logicidade do

pensamento, além da parte corporal, de expressão, comunicação, entre outros.

O brincar e o jogar, deveriam ser incluídos em todos os momentos da

aprendizagem, não só para as crianças, para todas as pessoas, pois o brincar, o

jogar, exercem um papel de fundamental importância , no que diz respeito ao

desenvolvimento integral, afetivo, intelectual e social do ser humano.

A palavra lúdico vem do latim “ ludus ” e significa brincar. Incluí-se

neste brincar os jogos, brinquedos, ou qualquer estímulo capaz de envolver a

cooperação, concentração e a criatividade de forma prazerosa e que leve o

indivíduo a um divertimento, pois quem executa tais tarefas diverte-se .

Partindo desse princípio de divertimento se percebe que essas dinâmicas onde

o jogo e o brincar são praticados, facilitam a integração e a interação das

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pessoas nos grupos, aproximando-os de maneira espontânea, natural,

rompendo barreiras de comportamento.

“A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento.” (Santa Marli,2000, p.12)

Segundo Santa Marli, não se deve olhar esta questão apenas pela

ótica da diversão, uma vez que ela é muito mais que isso, é uma necessidade

do ser humano em qualquer idade e contribui para o desenvolvimento

intelectual, relacional, como uma alternativa para a formação efetiva de um

ser humano mais criativo, sensível e feliz.

No trabalho lúdico pode-se utilizar experiências corporais, que se

baseiam na ação do pensamento e da linguagem, tendo o jogo como sua fonte

dinamizadora, valorizando a criatividade, a sensibilidade e a afetividade.

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3 - Necessidades Interpessoais

Fritzen, em seu livro Relações Humanas Interpessoais, baseado em

Wiilliam Schutz, identifica três necessidades interpessoais: inclusão, controle

e afeto.

Ao participar de um grupo, pela primeira vez, o indivíduo procura

sentir-se num primeiro momento, aceito, integrado, valorizado por aqueles aos

quais se junta, pertencente àquele grupo. É normal nesse estágio sentir

insegurança, apreensão, procurar pensar no que deve ser feito para ser bem

recebido pelo grupo, ao mesmo tempo, procuram se integrar com as pessoas,

verificar afinidades, estabelecer relacionamentos de confiança, a fim de

satisfazer sua necessidade de inclusão.

Satisfeita a necessidade de inclusão, o indivíduo passa para a

necessidade de controle, que consiste em definir suas responsabilidades dentro

do grupo e a participação em tudo que envolva atividades e objetivos do

grupo.

Por último, a necessidade de afeto, que é de fundamental importância

em toda dinâmica de grupo e inclui todas as necessidades anteriormente

citadas, inclusive de ser aceito como pessoa, além de ser participante de um

grupo.

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De acordo com as etapas de desenvolvimento do grupo, essas

necessidades se ordenam em movimentos cíclicos. Se cada etapa for resolvida

de forma adequada, quer dizer que o nível de preocupação do grupo garante o

bom funcionamento do mesmo , satisfazendo a todos os integrantes do grupo.

Se for inadequada, significa dizer que o funcionamento não satisfaz a todos os

integrantes do grupo, gerando problemas em alguns dos níveis de

necessidades.

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4 – Papel do Facilitador

Em todo esse processo da dinâmica de grupo uma figura merece

destaque, o facilitador, nele se concentram todas as expectativas e

responsabilidades na estruturação e condução dos grupos.

Este deverá desenvolver uma comunicação aberta e honesta, ampliar

sua espontaneidade, autenticidade , afetividade, franqueza; desenvolver

habilidade de dar e receber feedback; saber ouvir; saber se expressar; estar

atento a tudo que acontece dentro de seu grupo; estar atento às tensões e

contradições internas, a fim de conduzir níveis de consciência .

O facilitador conhece as fases e os fenômenos pelos quais um grupo

passa ao longo do seu desenvolvimento, sendo de sua responsabilidade

influenciar nos momentos devidos, para auxiliar cada participante e o grupo

como um todo, a fim de modificar seus padrões de comportamentos,

estimulando as potencialidades dos indivíduos pelo próprio grupo.

Cada pessoa tem o seu papel dentro do grupo; o do facilitador é a de

espelho, refletindo a forma e o andamento do grupo, sendo capaz de interferir

com suas reflexões e técnicas em prol do grupo.

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Segundo Rogers, “a facilitação da aprendizagem significativa baseia-

se em certas qualidades de comportamento que ocorrem no relacionamento

pessoal entre o facilitador e o aprendiz”. ( Rogers,1978, p 111).

Essas qualidades que Rogers se refere, dizem respeito principalmente

à autenticidade que o facilitador deve ter para se aproximar do outro, de

pessoa para pessoa , ter respeito e demonstrar esse respeito sendo o mais

franco possível, honesto, mostrando sinceridade no que diz e em suas ações.

Com isso cria-se um campo propício para que as relações se estabeleçam ,

facilitando o bom entendimento entre as partes.

Percebendo que o facilitador é uma pessoa igual a todas as outras,

diminuindo a distância que existe entre as pessoas, sendo acessível, honesto,

humilde e sincero, propiciará um engajamento em relação aos objetivos

propostos, criando um campo favorável para que a aprendizagem seja efetiva,

construtiva e prazerosa, deixando de lado àquela visão mecanicista.

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Conclusão

Viver é estar a todo momento em relação com, e este estar em relação

deve se beneficiar com as trocas ocorridas entre todos os participantes,

satisfazendo suas necessidades interpessoais .

Não podemos deixar de fazer parte de todo esse mecanismo social no

qual estamos inseridos, pois ele é importante para o desenvolvimento

individual, intelectual e coletivo. É preciso querer, para ser uma peça de

fundamental importância nesta engrenagem da vida, fazer diferença,

aprendendo com as pessoas que nos rodeiam, estar receptivo às mudanças,

aprender a ouvir, ser consciente de seu papel, ser destemido, ser carinhoso

com as pessoas; mudar de atitude quando necessário e seguir ao encontro de

todas as possibilidades que tragam a nossa felicidade.

E o primeiro passo pode ser a afetividade aliada ao conjunto de

possibilidades de relacionar-se com o outro, percebendo a importância de estar

no mundo, de ser participante do todo social no qual estamos inseridos desde o

nascimento até a morte, facilitando nossa existência, na medida em que

aprendemos que precisamos um do outro ,de maneira saudável, que nada

somos sem o grupo; que adquirimos nossa identidade através do grupo no

qual estamos inseridos, assumindo assim a cultura e os padrões estabelecidos

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por esta . Se encontramos dificuldade nesta inserção, podemos encontrar

ferramentas que nos auxiliem na construção dos conhecimentos e da prática

necessária ao nosso desenvolvimento humano e inter-relacional.

Ao longo deste trabalho, procuramos evidenciar a importância e a

influência do grupo em nossas vidas. Abordamos alguns autores, cujas teorias

nos serviram de base para trabalhar a questão proposta, evidenciando algumas

dificuldades que ocorrem nessas trocas, como por exemplo, a dificuldade que

temos na inclusão e vivência das relações ocorridas em grupos e a importância

de vivermos e nos relacionar-mos com o outro na sociedade em que vivemos,

na intenção de aprendermos a ser mais humanos e mais afetivos.

Podemos concluir verificando a importância das relações

interpessoais e da dinâmica de grupo como elemento facilitador dessas

relações.

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ANEXOS

TÉCNICAS DE RELAÇÕES INTERPESSOAIS:

A TÉCNICA DO ENCONTRO

OBJETIVOS: a) Estabelecer uma comunicação real.

b) Auxiliar os participantes a se tornarem conscientes de sua

verdadeira reação uns em relação aos outros, através do uso dos sentimentos

em todo o corpo.

TAMANHO DO GRUPO : Vinte a vinte e cinco pessoas, aproximadamente.

TEMPO EXIGIDO : Depende das pessoas envolvidas no processo da reconciliação.

AMBIENTE FÍSICO : Uma sala suficientemente ampla para acomodar todas as pessoas participantes.

PROCESSO : I. O animador convida duas pessoas envolvidas que fiquem de pé, uma em cada extremidade da sala, silenciosas, olhando-se nos olhos, e andando muito lentamente, uma em direção à outra.

II. Sem haverem nada planejado, quando as duas pessoas se encontrar bem próximas uma da outra, deverão fazer o que quer que sintam impelidas a fazer.

III. Poderão continuar o encontro durante o tempo que quiserem.

IV. Terminado o encontro, o exercício prossegue, com outros dois, caso seja necessário.

V. No final da experiência, seguem-se os comentários, não só dos protagonistas, como dos observadores.

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QUEDA DE BRAÇO

OBJETIVOS: a) Integrar alguém no grupo.

b) Fazer desaparecer os sentimentos de apatia de um membro do grupo.

TAMANHO DO GRUPO: O exercício pose aplicar-se com qualquer número de participantes.

AMBIENTE FÍSICO: Uma sala suficientemente ampla para acomodar todos os participantes.

PROCESSO: I. O animador ordena a dois elementos que necessitam de integração no grupo que se deitem no chão, os antebraços direitos ou esquerdos levantados, apoiados nos cotovelos, mãos entrelaçadas.

II. É preciso que os cotovelos fiquem em linha reta entre eles, procurando cada um baixar o braço do outro até o chão.

III. As outras pessos do grupo, na qualidade de membros observadores, assistem ao exercício para posteriores comentários.

IV. O exercício prosseguirá, na medida em que houver mais elementos que precisam integrar-se mais no grupo.

V. Seguem-se os comentários e observações acerca do exercício.

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SITUAÇÃO NO ESPAÇO

OBJETIVOS: a) Procurar sentir o espaço, entrar em contato com os outros elementos do grupo.

b) Relacionar-se com as outras pessoas do grupo.

TAMANHO DO GRUPO: Com qualquer número de participantes.

TEMPO EXIGIDO: Uns quinze minutos, aproximadamente.

AMBIENTE FÍSICO: Uma sala suficientemente ampla para que as pessoas do grupo possam movimentar-se facilmente.

PROCESSO: I. O animador pede a todos os participantes do grupo que se aproximem uns dos outros, ou sentando no chão, ou em cadeiras.

II. Em seguida ordena que todos fechem os olhos e, estendendo os braços, “ procurem sentir o espaço do grupo”- todo o espaço diante deles, por cima das cabeças, atrás das costas, por baixo - e em seguida tomar consciência do contato com os demais ao passar por cima uns dos outros e se tocarem.

III. O exercício continua durante cerca de cinco minutos, dando oportunidade ao animador a observar as reações dos participantes, como alguns preferem definitivamente permanecer no próprio espaço e consideram uma intrusão alguém nele penetrar.

IV. Observa-se ainda como outros se mostram mais relutantes em introduzir-se no espaço dos vizinhos, temendo não serem desejados, enquanto outros ainda procuram as pessoas e apreciam o contato físico.

V. Finaliza-se o exercício colhendo as reações dos participantes, através da verbalização.

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EXERCÍCIO DE BOMBARDEIO INTENSO

OBJETIVO: Expressar sentimentos positivos, de carinho e afeto para com uma pessoa.

TAMANHO DO GRUPO: Vinte a vinte e cinco pessoas, aproximadamente.

TEMPO EXIGIDO: Um ou dois minutos, por pessoa.

AMBIENTE FÍSICO: Uma sala suficientemente ampla para acomodar todas as pessoas participantes do exercício.

PROCESSO: I. O animador inicia, explicando ao grupo como a afeição se baseia na formação das ligações emocionais, é geralmente a última fase a emergir na evolução do relacionamento humano, após a inclusão e o controle, conforme a teoria de Schutz.. Na fase da inclusão , as pessoas têm de encontrar-se umas com as outras e decidir se continuam seu relacionamento. Os problemas de controle exigem que as pessoas se confrontem umas com as outras e descubram como desejam relacionar-se. Par prosseguir a relação, cumpre que se formem ligações afetivas, e elas têm então de abraçar-se, a fim de que se crie um vínculo duradouro.

II. Feita esta explicação ou outra semelhante, o animador pede aos participantes que digam à pessoa que está na berlinda todos os sentimentos positivos que têm por ela.

III. A pessoa que se encontra na berlinda apenas ouve, podendo permanecer no círculo ou sair dele e ficar de costas para o grupo.

IV. O impacto é mais forte quando cada um se coloca diante da pessoa, toca-a, olha nos olhos e lhe fala diretamente, que é um outra maneira de realizar o exercício.

V. Às vezes a verbalização no final do exercício é útil; mais comumente, porém, as emoções são tão intensas que o falar as dilui e o grupo prefere não fazer comentários.

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CONHECIMENTO MÚTUO

OBJETIVOS: a) Conhecer os interesses, as atitudes e a maneira de ser dos integrantes do grupo;

b) Inter-relacionar-se com as pessoas do grupo.

TAMANHO DO GRUPO: Vinte e cinco pessoas, aproximadamente.

TEMPO EXIGIDO: Trinta e cinco minutos.

AMBIENTE FÍSICO: Uma sala suficientemente ampla, para acomodar todos os participantes, com carteiras.

PROCESSO: I. O animador explica os objetivos do exercício.

II. A seguir, forma três subgrupos, solicitando que, durante dez minutos, respondam às seguintes perguntas:

Subgrupo “A”: Que coisas facilitam um melhor conhecimento mútuo entre as pessoas?

Subgrupo “B” : O que gostariam de saber de cada um dos colegas do grupo?

Subgrupo “C”: Que coisas dificultam um bom relacionamento humano?

III. Cada subgrupo indica um relator para apresentar no plenário as conclusões.

IV. Forma-se o plenário para que cada subgrupo apresente suas conclusões

V. Comentários sobre o exercício realizado.

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VOCÊ E O OUTRO

OBJETIVO: Exercitar a percepção e o conhecimento do outro.

AMBIENTE FÍSICO: À vontade, sala vazia.

PROCESSO: I. O animador lê para o grupo a mensagem Você e o Outro.

II. Em seguida, peça para que cada um comece a chamar, em sussurro, seu próprio nome. E, ao seu comando, vá elevando paulatinamente o volume da voz até chegar ao ponto de imaginar-se chamando-se a si mesmo como se estivesse a quilômetros. Sempre encorajando-os.

III. Proponha que formem, de pé, um círculo. Enumere-os em ordem crescente. Os números ímpares formarão um círculo no interior daquele, ficando sentados defronte do círculo externo e, por conseguinte, de costas para o centro. Os componentes do círculo externo, que sáo compostos por números pares, sentarão frente a frente, formando duplas com o círculo interno.

IV. Peça que cada dupla dialogue por um minuto, acatando seu comando, que estará cronometrando. Faça a seguinte pergunta: Quem é você? Ao seu sinal, os participantes do círculo externo avançarão uma posição, ficando defronte de outro colega e prosseguindo com o proposto até que se esgote 25 minutos ou complete-se a volta no círculo.

V. Feito isso, convide-os a refazer o grande círculo, verbalize a vivência com o grupo e encerre o encontro.

40 VOCÊ E O OUTRO

A todo momento apregoamos idéias, filosofias de vida em que pensamos acreditar ou em que queremos acreditar; ou, quem sabe ainda, que tentamos fazer alguém acreditar que acreditamos. Mas, até que ponto vivemos as nossas teorias? Até que ponto somos quem pensamos que somos? Quem é você? Não, não...não quero que preencha nenhum formulário. Quero que se coloque diante de um espelho. Será que você é quem gostaria de ser? Ou será que nunca se preocupou com isso? Será que é importante, para você, ser quem gostaria de ser, para gostar da pessoa que é? Talvez, até mesmo, seja indiferente para você, saber se é alguém, ALGUÉM DE VERDADE, IMPORTANTE, para você e para os outros. Se assim for, esqueça. Rasgue esta folha ou use o verso como rascunho. Caso contrário, pense um pouco mais e tente descobrir se você vem sendo coerente consigo mesmo. Às vezes, perdemos longas horas condenando as atitudes das pessoas, mas dificilmente dispensamos alguns minutos para analisar de forma crítica as nossas próprias atitudes. Exigimos respeito, confiança, tolerância, calma, educação ... Mas será que damos tudo isso, para estarmos em condições de cobrar ? Ou você é do tipo “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” ?Você desempenha papéis diversos na sociedade em que vive: você é amigo, primo, namorado, filho, pai, aluno, trabalhador, marido, mulher, etc. A cada momento nos encontramos em um lado do cenário, mas, qualquer parte em que estejamos, é importante que não deixemos de ser gente; que não deixemos de perceber que somos quem somos a partir da existência do outro, que também é gente. Ou você é do tipo que acha que o mundo gira em torno de você ? Você é capaz de ser feliz sozinho ? Ou é daqueles que gostam de estender aos outros tudo o que conquistam ? Você acredita naquela frase que diz “a felicidade está ao alcance de todos “? Será que não gostaria de unir as suas alegrias às minhas e fazer delas a nossa felicidade e quem sabe a de muitos outros ?Talvez se você pensar um pouco mais saberá ser mais feliz, gostar um pouco mais de você, gostar um pouco mais do outro. Fazer com que o outro seja uma extensão de você e que todos nós sejamos o mundo. E se cada um de nós se mostrar, assim, mais bonito diante do espelho, o mundo certamente será mais bonito.

Anônimo

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