IRALA, Valesca Brasil (Orgs.). Uma espiadinha na sala de aula
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
BALANÇO SOCIAL
ALUNA: VALESCA CARDOSO DE SOUSA ORIENTADORA: Profª Mary Sue
RIO DE JANEIRO JUNHO/2003
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS – GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
BALANÇO SOCIAL
OBJETIVOS: Trabalho apresentado por ser de grande importância para o desenvolvimento social e econômico da população. Trata-se de um trabalho de pesquisa que busca trazer conscientização de sua importância a todos, principalmente aos empresários.
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AGRADECIMENTOS
A todos os professores e colegas que de alguma forma colaboraram com o resultado deste trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu amado avô e a minha mãe, que estiveram comigo em todas as etapas da minha vida.
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RESUMO
“As empresas, públicas ou privadas, queiram ou não, são agentes sociais no processo de
desenvolvimento. A dimensão delas não se restringe apenas a uma determinada sociedade, cidade,
país, mas no modo que se organiza e principalmente atua, por meio de atividades essenciais”
Herbert de Souza
( Betinho )
6
METODOLOGIA
O tema por si só, já inspira curiosidade e desejo profundo de se inserir neste contexto, fazendo parte
ativa deste processo.
Baseada em livros, revistas e empresas, uma delas, a Dataprev, onde minha mãe trabalha, pude
obter material suficiente para compor minha pesquisa e para tentar trazer para a população a mesma
vontade de fazer o bem de forma corporativa.
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SUMÁRIO
Introdução
Capítulo I – Balanço Social: Como se elabora, para que serve e os usuários da
informação 12
Capítulo II – Demonstração do valor adicionado e importância 13
Capítulo III – Balanço Ecológico e Contabilidade ambiental 14
Capítulo IV – Responsabilidade social e pública nas organizações 33
Capítulo V –Melhorando a qualidade da informação no Balanço Social 37
Capítulo VI –A experiência do Balanço Social em vários países 39
Capítulo VII – Modelos no Brasil 71
Capítulo VIII – Empresas que realizam ou já realizaram seus balanços sociais
sugeridos pelo IBASE 83
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Capítulo XIX – Balanço Social: Voluntário ou Obrigatório? 85
Capítulo X – Exemplos de publicação 88
9
INTRODUÇÃO
O acesso à informação de boa qualidade é um pré-requisito para o exercício da
cidadania, vale dizer, condição essencial para que os problemas sócio-econômicos sejam debatidos
e resolvidos no convívio democrático entre os grupos sociais.
A divulgação de informação na forma como é feita no Brasil não atende ao preceito
básico de evidenciação da situação das organizações; elas registram basicamente seus eventos
operacionais, sem, no entanto, revelar sua inserção na vida social, a forma como e relacionam com
seus colaboradores, seus fornecedores, os usuários de seus serviços, o Governo, enfim, os parceiros
de suas atividades, seus stakeholders.
A crítica a ser feita a esse tipo de postura passa pela geração de relatórios contábeis e
sociais que superem as limitações ortodoxas às quais a contabilidade mantém-se presa e permitam
relacionar o desempenho econômico-financeiro ao desempenho operacional e social, bem como
explicitem a riqueza gerada pela atividade empresarial e sua distribuição entre os agentes de sua
produção. À fotografia da situação patrimonial da empresa tirada pela contabilidade tradicional
devem ser adicionadas imagens dinâmicas, que ajudem os usuários da informação a compreender
conteúdo, extensão, significado e perspectivas apontadas pelas demonstrações contábeis.
Um conceito modernamente aceito diz que a existência das entidades não pode
justificar-se exclusivamente pela capacidade que elas demonstrem de gerar lucros a seus
proprietários. Desse tipo de visão empresarial derivam programas de incentivo e motivação aos
empregados, programas de treinamento, reciclagem e desenvolvimento pessoal, políticas de
benefícios sociais, atitudes de preservação e recuperação do meio ambiente, entre outras. Pois bem,
por que não evidenciados esse tipo de preocupação nas demonstrações financeiras e no relatório de
administração da empresa? A sociedade merece ser informada desses esforços e sua divulgação é
positiva para as empresas, quer do ponto de vista de sua imagem quer do ponto de vista de melhoria
e qualificação da informação contábil-financeira.
Como e onde apresentar e divulgar as informações que é explicita?
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O Balanço Social tem sua origem na contabilidade das empresas. Normalmente, é
por meio da contabilidade que as entidades divulgam a seus diferenciados usuários seus
desempenhos econômicos, financeiros, sociais e de responsabilidade corporativa e pública.
No Brasil, as informações que devem ser evidenciadas foram estabelecidas pela Lei
das Sociedades por Ações (Lei n.º 6.404/76), especificamente em seu art. 176. Essas informações
são insuficientes, já que relegam a plano secundário, usuários que direta ou indiretamente
contribuem para a geração da riqueza de determinado empreendimento.
Balanço Social é um instrumento de gestão e de informação que visa evidenciar, da
forma mais transparente possível, informações econômicas e sociais do desempenho das entidades,
aos mais diferenciados usuários, entre estes os funcionários.
Isso implica responsabilidade e dever de comunicar com exatidão e diligência os
dados de sua atividade, de modo que a comunidade e os distintos núcleos que se relacionem com a
entidade possam avaliá-la, compreende-la e, se entenderem oportuno, criticá-la.
Com referência aos funcionários, as informações que mais lhes dizem respeito são: o
volume despendido pelas entidades em salários, encargos sociais e outros benefícios; informações
relativas ao nível de emprego, ou seja, o número, a qualificação, o tempo de permanência e a faixa
etária de funcionários que trabalham nas diversas áreas das organizações, no início e no fim do
exercício financeiro e, sobretudo, o valor adicionado gerado pelas entidades, bem como sua
distribuição, entre os vários segmentos beneficiários.
Essas informações, que já são corretamente evidenciadas por muitas empresas nos países
capitalistas mais avançados, são totalmente escamoteadas na contabilidade brasileira. Isso cabe ser
feito no Balanço Social, a ser publicado juntamente com o Balanço Patrimonial e as outras peças
contábeis e financeiras, sem que tenham até o momento causado dano ao funcionamento das
instituições que assim já procederam.
O Balanço Social contempla, também, uma série de informações de caráter qualitativo, entre
as quais as mais importantes destacam-se: informações relativas à ecologia, em que se evidenciam
os esforços que as empresas vêm realizando para não afetar a fauna, a flora e a vida humana, vale
dizer as relações da entidade com o meio ambiente; informações concernentes ao treinamento e à
formação continuada dos trabalhadores; condições de higiene e segurança no emprego; relações
profissionais; contribuições das entidades para a comunidade (adoção e educação de crentes,
investimentos em atletas), explicitando a responsabilidade social e corporativa das organizações.
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Entre outras questões importantes, realçam-se os tributos que são recolhidos pelas empresas
ao fisco. A esse respeito, há diariamente notícias nos meios de comunicação fazendo menção à alta
carga tributária imposta às empresas, sem que, contudo, consigam apontar detalhadamente quanto
arca uma empresa/setor com impostos em relação a sua receita ou ao valor agregado para a
sociedade.
Decorre daí a necessidade da elaboração do Demonstrativo do Valor Adicionado
Agregado pelas organizações. Essa demonstração evidencia de forma transparente esse valor gerado
e sua repartição aos segmentos beneficiários, que são:
• O pessoal;
• O Estado;
• Os acionistas;
• Os financiadores externos.
A demonstração do Valor adicionado mostra claramente quanto dessa riqueza o fisco está
apropriando-se, bem como os outros segmentos beneficiários.
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CAPÍTULO 1
BALANÇO SOCIAL: COMO SE ELABORA, PARA QUE
SERVE E OS USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO.
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1.1 - Inserção Histórica
A guerra no Vietnã, na década de 60, em que os Estados Unidos da América se envolveram,
sob a administração Nixon, gerou profunda insatisfação popular, fazendo com que a sociedade se
manifestasse e repudiasse tal disputa. A utilização de armamentos sofisticados – bombas de
fragmentação, gases paralisantes, napalm, etc. – produzidos pelas empresas norte-americanas, que
prejudicavam o homem e o meio ambiente, bem como a persistência na discriminação de raça ou
sexo no emprego, fazem com que numerosas organizações tomem posição por uma nova moral
empresarial. Não, as empresas não têm o direito de produzir e vender o que queiram, de licenciar
novos produtos quando queiram, de justificar por sua rentabilidade econômica e financeira a
incitação permanente ao consumismo, como nos explicita Edmond Marquès (1).
Porém como se pode enfrentar tal cruzada? Quais foram as organizações que a
comandaram? Segundo Marquès (2), foram: “as igrejas, as fundações, as organizações criativas, as
universidades, as associações de antigos combatentes da Coréia e do Vietnã”.
Quais foram suas armas? Nas assembléias gerais de acionistas, estes “éticos investidores”
utilizam–se do poder decorrente da posse de ações para fazer pressão sobre os conselhos de
administração, exigindo que as políticas das firmas fossem reordenadas. Minoritários, todavia,
procuram ajuda de especialistas: jornalistas, professores universitários, contadores, economistas,
pesquisadores de grandes instituições (o Instituto Battele, em Seattleem, em particular), bem como
representantes de interesses coletivos.
A partir daí, as empresas são obrigadas a justificar seu objetivo social, visando melhorar sua
imagem perante o meio ambiente. Elas devem se alinhar sob as normas sociais para moderar, senão
suprimir, os prejuízos que provocam.
Em face disso, a melhor forma de as empresas prestarem contas de seu desempenho é
elaborando um quadro socioeconômico que leve em conta, de um lado, os recursos utilizados, e do
outro lado os aportes à comunidade. Este bilian sociétal diz respeito às relações que podem ocorrer
entre as organizações, a coletividade no seu conjunto (estado, consumidores, trabalhadores,
financiadores, etc.). Tal relatório presta, simultaneamente, contas da ação da empresa a respeito de
seu desempenho, de seus colaboradores, bem como de suas relações com o meio ambiente.
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1.2 O que é o Balanço Social ?
Para Danziger (3): "Etablir um bilan, c'est rende compet à un partnaire auquel on doit des
explications, c'esterenoncer a une souverainetésans partage. L'historie du bilan financer, du bilan
fiscal et du bilan social, c'est I'historie de trois conquêtes sucessives qui traduit i'evolution du ouvoir
dans I'enterprise".
Danziger, ao explicar segundo nosso entendimento o significado de um balanço, em seu
sentido mais amplo, evolutivo e histórico, coloca com bastante propriedade e ênfase o vocábulo
conquista. Conquista essa que foi trilhada ao longo da história, pari-passu, com desenvolvimento do
sistema capitalista, que para avançar teve que se abrir, no sentido de ter que divulgar informação,
visando atingir os seus objetivos, destacando-se destes a ampliação da produção e da produtividade,
a melhoria da qualidade, o domínio do mercado e a maximização da rentabilidade.
O projeto de Lei nº 3116 de 1997, em seu artigo 2, define Balanço Social com sendo: “o
documento pelo qual a empresa apresenta desde que permitam identificar o perfil da atuação social
de empresa durante o ano, à qualidade de suas relações com os empregados, o cumprimento das
cláusulas sociais, a participação dos empregados nos resultados econômicos da empresa e com, a
forma de sua interação com a comunidade e a sua relação com o meio ambiente”. (Brasil, Lei nº
3116, de 1997, art. 2).
O Balanço Social: “é um documento pelo qual a empresa anualmente apresenta dados que
permitam identificar a qualidade de suas relações com os empregados, com a comunidade e com o
meio ambiente. É um registro do perfil social da empresa” Suplici (4).
Para a CVM – Comissão de Valores Mobiliários “Balanço Social é o instrumento que
possibilita à sociedade ter conhecimento dessas ações empresariais. Esse conhecimento se processa
mediante a divulgação de um conjunto de informações relevantes, normalmente agrupadas em
indicadores que evidenciem, dentre outros os gastos e investimentos feitos em benefício dos
empregados e em benefício da comunidade”.
Segundo Teixeira (5), o Balanço Social é “um instrumento colocado nas mãos do
empresário para que possa refletir, medir, sentir como vai a sua empresa, e o seu empreendimento,
no campo social”.
ANDREOLLA (6) considera o Balanço Social como um instrumento de medida do
desempenho da empresa no campo social, considerando a tríplice realidade da empresa:
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1. Econômico-Financeira: enquanto geradora de riquezas e produção e
distribuição de bens e serviços;
2. Pessoal–humano: enquanto comunidade de pessoal que se unem para
determinado objetivo;
3. Político-social: enquanto inserido num ambiente político social que a
circunda, limita a caracteriza.
O valor do Balanço Social é responsabilidade social das empresas.
Os movimentos sociais já explicitados, cada vez mais vigorosos, que avançaram pelos anos
60 e 70, culminaram com elaboração, pela França, de uma lei sobre o balanço social (Lei n.º 77.769
du Juillet 1977). Essa foi posta em prática em 1979, obrigando as entidades que possuíam 300 ou
mais funcionários a publicá-lo.
Posteriormente, vários países europeus passaram a adotar os ditames da lei francesa,
passando a publicar, também, o balanço social, destacando-se, entre esses, Alemanha, Holanda
Bélgica, Espanha, Portugal e Inglaterra.
A lei (francesa) divide-se, em síntese, em sete grandes capítulos de informações, que são:
1. - Emprego.
2. - Remuneração e encargos acessórios.
3. - Condições de higiene e de segurança no trabalho.
4. - Outras condições de trabalho.
5. - Formação.
6. - Relações profissionais.
7. - Outras condições de vida dependentes da empresa.
Essa lei possui inegáveis méritos. Reconhece, pela primeira vez, de forma institucional, a
importância dos trabalhadores no seio da empresa, como usuários da informação contábil. A lei,
todavia, pelo seu ineditismo para a época, não contemplou uma série de informações de caráter
econômico e ambiental que os trabalhadores e outros analistas gostariam de ver publicadas nas
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peças contábeis. Numa dessas informações que reportamos, importante é o valor bruto adicionado
gerado pela empresa e sua distribuição.
No Brasil, os eventos desta mudança de mentalidade empresarial já podem ser notados na
“Carta de Princípios do Dirigente Cristão de Empresas” desde a sua publicação, em 1965, pela
Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas do Brasil (ADCE Brasil). Na década de 80, a
Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (FIDES) chegou a elaborar um
modelo. Porém, só a partir do início dos anos 90 é que algumas empresas – muito poucas –
passaram a levar a sério esta questão e divulgar sistematicamente em balanços e relatórios sociais as
ações realizadas em ralação à comunidade, ao meio ambiente e ao seu próprio corpo de
funcionários.
Desta forma, o Balanço Social da Nitrofértil, empresa estatal situada na Bahia, que foi
realizado em 1984, é considerado o primeiro documento brasileiro do gênero, que carrega o nome
de Balanço Social. No mesmo período, estava sendo realizado o Balanço Social do Sistema
Telebrás, publicado em meados da década de 80. O do Banespa, realizado em 1992, compõe a lista
das empresas precursoras em Balanço Social no Brasil.
Há muito se fala em responsabilidade social da empresa. E, de fato, pode-se observar que
algumas empresas, aqui no Brasil, têm levado a sério suas relações com a comunidade, com o meio
ambiente e com seu próprio corpo de funcionários. Até porque, nos últimos anos, essas relações
tornaram-se uma questão de estratégia financeira e de sobrevivência empresarial, quando se pensa
em longo prazo. Isto sem falar, é claro, do lado ético e humano que a responsabilidade social
envolve, e por sua vez, pode desenvolver.
A função principal do balanço social da empresa é tornar pública a responsabilidade social
da empresa. Isto faz parte do processo de por as cartas na mesa e mostrar com transparência para o
público em geral, para os atentos consumidores e para os acionistas e investidores o que a empresa
está fazendo na área social. Assim, para além das poucas linhas que algumas empresas dedicam nos
seus balanços patrimoniais e dos luxuosos, modelos próprios de balanço social que estão surgindo, é
necessário um modelo único – simples e objetivo. Este modelo vai servir para avaliar o próprio
desempenho da empresa na área social ao longo dos anos, e também para comparar uma empresa
com outra. Empresa que cumpre seu papel social atrai mais consumidores e está investindo na
sociedade e no seu próprio futuro. E mais ainda, tem o direito, antes do dever, de dar publicidade às
suas ações. Porém, esta propaganda será cada vez mais honesta e verdadeira, na justa medida em
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que utilizar parâmetros iguais e permitir comparações por parte dos consumidores, investidores e da
sociedade em geral.
Assim, desde meados de 1997 o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, e o Instituto
Brasileiro de Análise Sociais e Econômicas (Ibase) vêm batendo na mesma tecla e chamando à
atenção dos empresários e toda a sociedade para a importância e a necessidade da realização do
balanço social das empresas em um modelo único e simples. E este modelo foi desenvolvido no
Ibase em parceria com diversos representantes de empresas públicas e privadas, a partir de inúmeras
reuniões e debates com setores da própria sociedade.
O objetivo principal de quem atua nesta área deve ser, obviamente, a diminuição da pobreza
e das injustiças sociais, através da construção de uma cidadania empresarial. Ou seja, desenvolver
uma sólida e profunda responsabilidade social nos empresários e nas empresas, na busca por um
maior, melhor e mais justo desenvolvimento humano, social e ambiental.
A ampliação do número de empresas que publiquem seu balanço social também neste
modelo único deve ser o grande objetivo, e por isso, é preciso somar esforços. E cabe aqui ressaltar
que se o custo de publicar um balanço social neste modelo simples é bem próximo a zero, esta
decisão passa para esfera da vontade política e do nível de compromisso que cada empresa tem com
a sociedade.
1.3 Como se elabora o Balanço Social
O Balanço Social tem por ambição descrever uma certa realidade econômica e social de uma
entidade, por meio do qual essa entidade torna-se suscetível de avaliação.
Nos países onde o capitalismo está mais desenvolvido, várias empresas já vêm consagrando
o balanço social como instrumento de gestão e de informação. Essas empresas divulgam,
normalmente, informação econômica e social a seus trabalhadores e à sua comunidade, pois sua
estrutura não é posta em causa, sendo o lucro aceito como uma vocação normal da empresa,
permitindo que a relação entre dirigentes e assalariados torne-se consensual e não conflituosa.
Não existe aí um balanço para os acionistas e um balanço para o pessoal. O mesmo
documento reúne os indicadores úteis para julgar a situação econômica e apreciar os dados sociais e
ambientais.
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Segundo entendimento, é de que a informação social e a informação econômica devam
caminhar e ser divulgadas juntas, como aliás já é feita por algumas empresas na Inglaterra, Holanda,
Bélgica, Portugal e em outros países europeus.
Na leitura de Carvalho (7) observa-se que:
• o Balanço Social constituiu um instrumento de controle e de tomada de decisões de grande
utilidade para a direção da empresa, permitindo melhorar o ambiente interno e clarificar alguns
objetivos em médio prazo: os corpos diretivos passarão, assim, a ser julgados não apenas em função
dos resultados econômicos mas também dos resultados sociais;
• o Balanço Social pode contribuir para modificar a imagem pública da empresa, do próprio
pessoal e do público em geral, em alguns países, constitui-se um bom instrumento de trabalho para
as negociações laborais entre a direção da empresa e os sindicatos.
A elaboração e a publicação do balanço social pelos gestores constitui-se no melhor
exemplo de accountability. (Accountability) representa a obrigação que as organizações têm de
prestar contas dos resultados obtidos, em função das responsabilidades que decorem de uma
delegação de poder. Para Nakagawa(8) : "a responsabilidade (accountability), como se vê,
corresponde sempre á obrigação de executar algo, que decorre da autoridade delegada e ela só se
quita com a prestação de contas dos resultados alcançados e mensurados pela Contabilidade. A
autoridade é a base fundamental da delegação e a responsabilidade corresponde ao compromisso e
obrigação de a pessoa escolhida desempenhá-lo eficiente e eficazmente".
a) Fontes de informação
Três departamentos destacam-se na elaboração do balanço social: o departamento de
recursos humanos, o de contabilidade e o de sistemas de informações.
b) A análise dos indicadores
O balanço social procura utilizar ao máximo os indicadores disponíveis nos diversos
departamentos funcionais das organizações, sendo sua função básica reunir estes indicadores e dar-
lhes um tratamento adequado em termos de desclosure para os agentes sociais.
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A série de indicadores que se pode extrair do balanço social tanto de ordem quantitativa
como qualitativa é numerosa. Pode se obter indicadores de caráter econômico, tais como:
• o valor adicionado por trabalhador;
• a relação entre salários pagos ao trabalhador em relação ao valor adicionado;
• a relação entre salários e receitas brutas da empresa;
• a contribuição do valor adicionado da empresa para o Produto Interno Bruto;
• a produtividade social da empresa;
• a carga tributária da empresa em relação ao seu valor adicionado, etc.
Os indicadores de caráter social podem ser, por exemplo:
• a evolução do emprego na empresa;
• a promoção dos trabalhadores na escala salarial da empresa;
• a relação entre a remuneração do pessoal em nível de gerência e os operários;
• a participação e evolução do pessoal por sexo e instrução;
• a classificação do pessoal por faixa etária;
• a classificação por antigüidade na empresa;
• o nível de absenteísmo;
• benefícios sociais concedidos (médico, odontológico, moradia, educação);
• política de higiene e segurança no trabalho;
• política de proteção ao meio ambiente, etc.
1.4 Abordagens na elaboração do Balanço Social
Como se sabe, o balanço social surgiu na França, revelando informações, exclusivamente,
dos recursos humanos, que trabalhavam nas organizações. Esta forma de evidenciação tinha por
objetivo o público interno, ou seja, o pessoal visava, por um lado, avaliar alguns aspectos sobre a
atividade desenvolvida pela organização no âmbito social em benefício de seus colaboradores e, por
outro lado, servir de base a um esforço de concentração e mentalização de não divulgar,
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unicamente, os resultados econômicos e financeiros da entidade, mas também a sua eficácia social.
Esta abordagem vem sendo denominada “balanço social em sentido restrito”.
A partir de meados dos anos 70 e, basicamente, nos anos 80, especialmente na Inglaterra,
Alemanha e Holanda, diversos pesquisadores propugnaram pela ampliação do balanço social, em
face da responsabilidade social das organizações, apresentando à sociedade uma nova demonstração
que denominaram “demonstração do valor adicionado” (agregado). Esta revela à comunidade a
nova riqueza criada pelas organizações, ou seja, o valor de sua produção vendida (output), deduzida
dos bens de serviços adquiridos de terceiros (inputs), bem como sua repartição aos agentes sociais
envolvidos na geração do valor agregado. A DVA ampliou, sobremaneira, o conceito de balanço
social. Martins(9) explicita que esta demonstração representa: “extraordinária forma de ver a função
social da empresa, além de qual a sua parcela na criação de riqueza global do País, o PIB, em vez de
dar ênfase apenas à linha final da demonstração do resultado tradicional, de interesse exclusivo dos
proprietários”.
Ademais, expõe Martins: finalmente o balanço social veio, mais recentemente, a encampar o
conjunto de informações à sociedade sobre a relação da empresa e com o meio ambiente,
evidenciando o que é obrigada a gastar, ou, voluntariamente, o faz para prevenir ou remediar o que
produz de conseqüências sobre ele, quais as metas de controle de poluição está obrigada a cumprir,
quais as restrições que possui para operar, etc. Esta nova postura de respeito ao meio ambiente
deixou de ser uma simples bandeira de alguns movimentos sociais e tronou-se uma exigência legal
no mundo dos negócios.
A inserção das questões econômicas, ambientais e de cidadania às questões sociais
ampliaram o escopo do balanço social, denominado-o balanço social em sentido amplo,
compreendendo :
• o balanço social em sentido restrito (balanço das pessoas);
• a demonstração do valor adicionado (agregado);
• o balanço ecológico (ambiental); e
• a responsabilidade social da empresa.
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1.5 Usuários do Balanço Social
O balanço social tem por objetivo ser eqüitativo e comunicar informação que satisfaça à
necessidade de todos aqueles que dela precisam. Essa é a missão da Contabilidade como ciência:
reportar informações contábeis, financeiras, econômicas, sociais, físicas, de produtividade e de
qualidade.
No que concerne aos usuários da Contabilidade e do balanço social que já foram por
diversas vezes citados, porém não adequadamente explicitados, é apresentado, a seguir, um rol
desses usuários, especificando algumas metas ou informações que parecem mais importantes serem
destacadas:
Tabela n.º 1 Usuários do balanço social e da Contabilidade
Usuários Metas relevantes
Clientes Produtos com qualidade; recebimento de produtos em dia; produtos mais baratos.
Fornecedores e financiadores Colaboradores
Parceria; segurança no recebimento; continuidade. Geração de caixa; salários adequados; incentivos à promoção; produtividade; valor adicionado; segurança no emprego; efetivo
Investidores potenciais Acionistas controladores
Custo de oportunidade; rentabilidade; liquidez de ação. Retorno sobre o patrimônio líquido; retorno sobre o ativo; continuidade; crescimento no mercado.
Acionistas minoritários Gestores
Fluxo regular de dividendos; valorização da ação; liquidez. Retorno sobre o patrimônio líquido; continuidade; valor patrimonial da ação; qualidade; produtividade; valor adicionado.
Governos Vizinhos
Lucro tributável; valor adicionado; produtividade. Contribuição social; preservação do meio ambiente; segurança; qualidade.
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CAPÍTULO 2
DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO E SUA
IMPORTÂNCIA.
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Uma das formas que ampliam a capacidade de se analisar o desempenho econômico
agregado aos bens e serviços adquiridos de terceiros, valor este denominado valor adicionado (valor
total da produção de bens e serviços de um determinado período, menos o custo dos recursos
adquiridos de terceiros, necessários a esta produção), bem como a forma pela qual este está sendo
distribuído entre os diferentes grupos sociais que interagem com suas atividades.
A elaboração e a divulgação, pelas empresas, da Demonstração do Valor Adicionado (DVA)
em muito enriqueceria a informação contábil e social, sendo de importância vital para todos que se
dedicam à atividade de analisar demonstrações contábeis/financeiras das organizações.
A esse respeito, Tinoco(10) afirmou:
“Julgamos, até, que quando os Contadores no Brasil passarem a utilizar esta metodologia
terão dado um grande passo, no sentido de aproximarem a Contabilidade Comercial (geral) da
Contabilidade Nacional. Como sabemos, as contas nacionais o Brasil são hoje elaboradas tomando
por base dados estatísticos, muitas vezes estimados, que podem estar enviesados. Na medida em
que as entidades fossem obrigadas a publicar nos seus relatórios contábeis o valor adicionado (pelo
menos as grandes e as médias empresas) ter-se-ia informação mais fidedigna e mais eqüitativa.
Seria um grande passo para o reconhecimento da importância crescente, que a Contabilidade vem
tendo, ultimamente, como ciência da comunicação”.
Ludícibus (11) sugeriu que:
“A profissão contábil muito poderia contribuir para que os economistas governamentais
tivessem informações mais amoldados para o cálculo das contas nacionais se, adicionalmente às
demonstrações usuais, levantasse e publicasse mais uma com pouco esforço adicional, denominada
demonstração do valor adicionado (ou agregado), a qual já era realidade em alguns países, como
a Alemanha, e que ampliaria bastante a gama de informações contábeis relevantes, não somente
para finalidades macroeconômicas, objeto deste artigo, mas enquadrando-se no cenário mais amplo
da Contabilidade Social. Basicamente, a demonstração do valor adicionado procura comparar o
valor das vendas (mais rigorosamente da produção segundo os economistas) de uma entidade com o
custo dos insumos adquiridos fora da empresa, tanto em forma de produtos como serviços, em cima
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dos quais nossa entidade (a entidade contábil de que estamos tratando em cada caso) adicionou
valor (...) se todas as atividades econômicas desenvolvidas no País fossem desenroladas em
entidades que levantassem demonstrações a valor adicionado (...) a consolidação de tais
demonstrações, excluídas as duplas contagens, já seria o próprio PIB, muito mais corretamente
estimado do que atualmente”.
Rahman, apud Santos (12), em trabalho sobre a importância da DVA na relação entre as
empresas multinacionais e os países hospedeiro do capital estrangeiro, afirma o seguinte:
“Há muitas vantagens em se apresentar a Demonstração do Valor Adicionado de uma
empresa multinacional em um país que hospeda. As vantagens apoiam-se no fato de que essa
demonstração oferece à empresa multinacional a oportunidade de apresentar sua contribuição a esse
país. A empresa multinacional pode utilizar essa demonstração para estabelecer o interesse da
comunidade e de seus legisladores num país qualquer. Isso daria à empresa a oportunidade para
formação de goodwill, expansão do mercado, redução de conflitos com o governo local e outros
grupos da sociedade, e evitaria diversos desgastes políticos. Como conseqüência disso, a empresa
provavelmente alcançaria maior crescimento e estabilidade de seus lucros”.
Do ponto de vista dos agentes sociais, importa saber como o valor adicionado gerado pela
entidade é repartido e quais são os segmentos beneficiários. Estes São:
• o pessoal, que aporta seu trabalho à empresa, recebendo em contrapartida salários e
benefícios sociais;
• os acionistas, que ao integralizarem o capital da empresa recebem em troca uma
remuneração repartível, o dividendo e outra de caráter não repartível, as reservas;
• o Estado, via imposto de renda, e outros impostos diretos, indiretos e taxas;
• os financiadores, aqueles que aportam recursos à empresa a título de financiamento,
sendo remunerados por juros.
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2.1 - Empresas pioneiras na elaboração da demonstração do valor adicionado
Atualmente, algumas empresas (poucas ainda) já vêm publicando a demonstração do valor
adicionado bruto, no Brasil. O início deu-se a partir das publicações pioneiras da Telebrás e de
algumas de suas controladas, no exercício de 1990; da Cia. Municipal de Transportes Coletivos de
São Paulo (CMTC), em 1991, e do Banespa, no exercício de 1992. Todas estas demonstrações que
têm sido publicadas em jornais econômicos especializados e divulgadas aos mais diferenciados
usuários da informação contábil têm algo em comum. O aspecto comum que gostaria de comentar é
que a sua divulgação, ainda que feita juntamente com as demonstrações contábeis das empresas, é
feita fora do sistema de informações contábeis. Normalmente, fazem parte do relatório de
administração ou das notas explicativas as demonstrações contábeis. Não são, portanto, sujeitas a
auditoria e a qualquer outro procedimento de controle. Decorre, daí, que podem sujeitar-se, a vieses,
que com freqüência ocorrem mesmo com empresas auditadas, prejudicando os agentes sociais que
mantenha transações com essas entidades, e mesmo a própria Sociedade. Porém, a iniciativa destas
empresas, pela divulgação desse tipo de informação, que parece ser útil para os usuários da
Contabilidade. Contudo, esse tipo de informação, pela sua importância estratégica, deve fazer parte
do sistema de informação e de gestão das entidades. Evitar-se-ia a elaboração de demonstrações
paralelas. A demonstração do valor adicionado deveria ser publicada e divulgado juntamente com
as demonstrações contábeis tradicionais. No que tange a empresas de capital aberto e outras grandes
organizações de capital fechado, inclusive de autarquias do Governo, deve ser objeto de auditoria
externa, como são as outras peças contábeis.
2.2 Análise dos resultados de demonstrações de valor adicionado
Com base em amostra de Santos (13), que pesquisou empresas de diversos setores da
economia (indústria, comércio e serviços) que deram informações relativas às demonstrações de
valor adicionado, nos anos de 1996 e 1997, apresenta-se uma breve análise dessa amostra. Desta,
que contemplou 414 empresas, observou-se que o valor adicionado gerado foi de US$ 63.516.201
nortes americanos, em 1997, e US$ 61.976.852, em 1996.
A distribuição do valor adicionado aos agentes sociais teve o seguinte perfil:
26
Que conclusões podemos extrair desses números? Serão eles razoáveis, ou não? Uma
primeira conclusão é que essa demonstração tem um poder de evidenciação superior a todas as
outras demonstrações contábeis e financeiras. Análise bem os números!
Veja que a carga tributária imposta às empresas situou-se em patamar que supera os outros
parceiros na geração do valor adicionado, alcançando porcentagens de 40,37%, em 1996, e de
37,66%, em 1997.
O fisco ficou com parcela de VA superior ao pessoal que labuta diariamente na geração de
valor para as empresas e para a sociedade. São justos esses números?
Sabe-se, outrossim, que a parcela de carga tributária no PIB brasileiro situou-se, em 2000,
ao redor de 30%, enquanto que, em 1997, essa parcela situava-se ao redor de 27%. Infere-se, pois,
que as 414 empresas dos vários setores da economia contribuem com uma parcela maior do que a
média nacional.
Será que isso ocorre em decorrência de as empresas que responderam a esta pesquisa serem
de grande e médio portes? Se isso é verdadeiro, pode-se, então, deduzir-se que as outras empresas
pagam muito menos podendo até sonegar impostos. Será que o governo não estaria usando as
empresas de grande porte, que na sua maioria constituem-se em oligopólios, ou até em monopólios,
para tributá-las, obrigando os consumidores desses insumos a pagar preços mais elevados, já que
não têm opção, em muitos casos, de obterem produtos substitutos, como é o caso dos setores de
infra-estrutura, petróleo, telecomunicações, energia elétrica, etc?
Distribuição do VA 1997 1996
Pessoal e encargos 31,87% 33,06%Impostos, taxas e contribuições 37,66% 40,37%Juros e aluguéis 17,07% 17,02%Juros sobre capital próprio e dividendos 6,52% 4,19%Lucros retidos 6,88% 5,35%
27
Convém observar a esse respeito a lista especificada a seguir, elaborada pelo João Eduardo
Prudêncio Tinoco a partir do trabalho do Prof. Ariovaldo dos Santos, relativa ao ano de 1997:
EmpresaValor Adicionado em
US$mil de 1997Imposto, Taxas e
ContribuiçõesPetrobrás 15.419.105 64,7%Eletropaulo 3.802.838 46,8%Brahama 2.243.759 66,5%
Cemig 1.790.311 45,9%Nestlé - SP 1.448.788 38,2%
Gessy Lever 1.385.254 60,4%CPFL 997.771 54,2%
Telepar 680.607 46,5%Santista Alimentos 571.523 38,0%
Hoechst Marion Roussel 305.358 49,9%
28
CAPÍTULO 3
BALANÇO ECOLÓGICO E CONTABILIDADE AMBIENTAL
29
A proteção ao meio ambiente vem-se tornado uma preocupação de numerosas empresas, de
formadores de opinião e de parcela significativa da população, em várias partes do mundo. Andrade
et ali (14) afirmaram que: “a preservação do meio ambiente converteu-se em um dos fatores de
maior influência da década de 90, com grande rapidez de mercado. Assim, as empresas começaram
a apresentar soluções para alcançar o desenvolvimento sustentável e ao mesmo tempo aumentar a
lucratividade de seus negócios”.
A Contabilidade, principal sistema de informação de uma organização, não pode
desconhecer essa realidade. Este assunto, porém, por ser novo e complexo, implica uma série de
dificuldades para os Contadores, especialmente no que tange às apropriações com os gastos
realizados ou a realizar para estabelecer o equilíbrio ambiental.
3.1 O balanço ambiental
Este balanço, que tem sua origem no balanço social, pode, às vezes, comportar informações
físicas e monetárias. O fulcro de tal apresentação é duplo:
a) Os reportes entre dados físicos e dados monetários devem permitir acumular, ao
menos parcialmente, as insuficiências em matéria de avaliação.
b) A colocação em paralelo dos dois sistemas de dados permitem evidenciar os
custos específicos que representam os investimentos antipoluição segundo os setores.
Em alguns setores, despoluir é pouco dispendioso, em outros, ao contrário, a obtenção dos
mesmos resultados em matéria de despoluição revela-se extremamente onerosa.
Informa-nos Christophe(15) que “por exemplo, a eliminação de matérias em suspensão na
água custará 10 a 15 vezes mais caro numa refinaria de petróleo do que numa fábrica de laticínios”.
A sociedade Rhône – Poluenc (França) desde 1988 divulga, no relatório anual, um índice
ambiental relativo à poluição nos recursos hídricos.
30
Deve-se ter presente, como afirmam Ernst & Young(16), que: “no limiar do novo milênio,
além dos desafios de gerar lucros e satisfazer seus clientes, as empresas precisam estar atentas para
o fato de que as questões ambientais devem ser tratadas como parte integrante de suas atividades”.
Segundo as Nações Unidas (17), o primeiro passo a transpor consiste em separar as despesas
ambientais de outras despesas e, objetivamente, mensurar o passivo ambiental das empresas.
Esta individualização das despesas ambientais favorece a apresentação de quadros em
termos financeiros dos balanços ambientais. No que tange ao passivo ambiental, permite avaliar, de
vez, os investimentos que poderão ser provisionados e alocados no balanço ambiental, bem como as
provisões ambientais vinculadas ao valor adicionado negativo.
3.2 Responsabilidade ambiental e corporativa
Cada vez mais, a necessidade de informação é uma exigência da sociedade. As questões
ambientais, ecológicas e sociais estão presentes, especialmente, nos meios de comunicação que as
divulgam, diuturnamente, em todos os quadrantes do mundo. A Contabilidade, os Contadores e os
gestores empresariais não podem desconhecer esta realidade. Não deve haver somente uma
preocupação em se divulgar as transações econômicas e financeiras entre os agentes, evidenciando
“o estado da situação patrimonial” e como se altera essa situação, mas também atender aos
desideratos dos usuários da informação, que exigem informação mais ampla e transparente.
O paradigma até então consagrado, de que o lucro gera empregos, que gera renda, que gera
prosperidade e que gera bem estar, não reflete a atual realidade nos principais países
economicamente desenvolvidos. O lucro, como a ecologia e o meio ambiente estão provando, não
gera necessariamente qualidade de vida. Certamente um novo paradigma surgirá.
Quanto à elaboração de um balanço ambiental, a principal dificuldade que se apresenta é a
mensuração e a correta identificação dos ativos e passivos envolvidos, bem como o padrão de
acumulação, que possa facilitar a operacionalização do processo contábil.
Além disso, muitas barreiras e dificuldades terão de ser vencidas pára que possa ser
difundida uma cultura empresarial convergente para a adequada divulgação dos danos ambientais
efetivados ou potenciais, decorrentes das atividades econômicas.
31
CAPÍTULO 4
RESPONSABILIDADE SOCIAL E PÚBLICA DAS
ORGANIZAÇÕES
32
4.1 Responsabilidade social da empresa
A grande responsabilidade social das organizações consiste em gerar renda e emprego,
distribuídos de forma mais eqüitativa do que vem ocorrendo, a todos aqueles envolvidos na sua
geração, propiciando aos que estão afastados de seus postos de trabalho e do mercado perspectivas
de ingresso neste, especialmente nos países denominados de terceiro mundo, particularmente o
Brasil.
As entidades devem satisfazer, adequadamente, as demandas de seus clientes e de seus
parceiros nos negócios e atividades, e, especialmente, divulgar e dar transparência aos agentes
sociais e a toda a sociedade, de sua inserção no contexto das relações econômica, financeiras,
sociais, ambientais e de responsabilidade pública por meio do balanço social, que é o relatório
apropriado para isso.
Estudos desenvolvidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) (18) explicitam que: “o conceito de responsabilidade social corporativa está associado ao
reconhecimento de que as decisões e os resultados das atividades das companhias alcançam um
universo de agentes sociais muito mais amplo do que o composto por seus sócios e acionistas
(shareholders).
Desta forma, a responsabilidade social corporativa, ou cidadania empresarial, como também
é chamada, enfatiza o impacto das atividades das empresas para os agentes com os quais interagem
(stakeholders): empregados, fornecedores, clientes, consumidores, colaboradores, investidores,
competidores, governos e comunidades.
Explicitam, ademais, que este conceito expressa compromissos que vão além daquele já
compulsórios para as empresas, tais como o cumprimento das obrigações trabalhistas, tributárias e
sociais, da legislação ambiental, de usos do solo e outros.
Expressa, assim, a adoção e a difusão de valores, condutas e procedimento que induzam e
estimulem o contínuo aperfeiçoamento dos processos empresariais, para que também resultem em
preservação e melhoria da qualidade de vida das sociedades, do ponto de vista ético, social e
ambiental”.
O tema da responsabilidade social integra-se, portanto, ao da governança corporativa, ou
seja, com a administração das relações contratuais e institucionais estabelecidas pelas companhias e
as medidas adotadas para o atendimento das demandas e dos interesses dos diversos participantes
envolvidos.
33
4.2 Auditoria e certificação social
A auditoria é de fundamental importância para a segurança dos agentes sociais, em relação
às atividades desenvolvidas pelas organizações, inclusive para os gestores e controladores destas
entidades. Como se sabe, a auditoria preocupa-se com a verificação de elementos contábeis e
sociais e com a determinação e exatidão das demonstrações e relatório contábeis, sociais e
ambientais. Ademais, a auditoria procura determinar se as demonstrações contábeis e os registros
contábeis que lhe deram origem são de confiança.
O reconhecimento da dimensão social das empresas exige que sejam criados instrumentos
de demonstração dos atos e valores relevantes para a sociedade, ou para os parceiros da empresa
(stakeholders), não apenas dos resultados econômicos e financeiros. Para as empresas com tal visão,
o balanço social e outros tipos de relatórios, devidamente auditados (especialmente a demonstração
do valor adicionado e o passivo ambiental), são documentos que permitem aos empresários e aos
agentes sociais identificar, medir e agir sobre os fatos sociais vinculados à empresa, tanto interna
com externamente.
Seguindo o estudo do BNDES já citado, na vanguarda dos conceitos de ética e cidadania
corporativa, são conhecidas as posturas de empresas como a The Body Shop e Ben and Jerrys.
Também, a British Petroleum e a Shell, empresas petroquímicas, lançaram, recentemente,
documentos específicos. Esta última, assim como a Nike, por exemplo, que já enfrentaram
dificuldades em função de desastres ecológicos onde denúncias de desrespeito trabalhistas em sua
cadeia de fornecedores, implementaram mecanismos de monitoramento para a adoção e correção de
condutas empresariais.
Algumas normas internacionais vêm sendo criadas por órgão ou instituições específicas,
principalmente organizações não-governamentais e organismos multilaterais, visando desenvolver e
consolidar um conjunto de padrões e indicadores aceitáveis e auditáveis no que se refere aos
aspectos éticos e de responsabilidades social.
Assim como as normas ISO 9.000 e ISO 14.000 certificam empresas por sua capacidade
gerencial (qualidade do processo de produção) e pelo respeito ao meio ambiente, existem as normas
BS 8.800 e a SA 8.000 que certificam, respectivamente, as empresas que dão garantias adequadas
para a segurança e a saúde do trabalhador e as que respeitam os direito humanos e trabalhistas.
34
Há alguns meses, duas companhias nacionais – o Banco Itaú e a Companhia de Eletricidade
de Minas Gerais (Cemig) (19) – passaram a fazer parte do Dow Jones Sustainability Group Indexes.
A subsidiária brasileira da Avon vem se preparando há meses para a obtenção do certificado da AS
8.000. A DE Nadai(20), empresa de alimentação coletiva de São Paulo, foi o primeiro negócio do
país a conseguir o certificado.
35
CAPÍTULO 5
MELHORANDO A QUALIDADE DA INFORMAÇÃO NO
BALANÇO SOCIAL
36
Quando se fala de Balanço Social, imediatamente surge uma dúvida: de qual social
realmente se está falando? O ambiente social envolvendo o relacionamento da empresa com seus
empregados e família? Que ambiente social maior compreende além da relação empresa/sociedade?
As respostas para estas perguntas deram origem a duas correntes de gerenciamento social: a
preocupação externa e a preocupação interna.
Quando se refere à preocupação externa, se refere a corrente de origem americana,
defendendo uma abordagem mais abrangente, como o foco no apoio da empresa ao
desenvolvimento da comunidade onde atua; a geração de emprego e renda; à preservação do meio
ambiente; ao investimento em tecnologia, bem como o apoio ao desenvolvimento tecnológico
(ambiente social externo), modelo este adotado no Brasil.
Quanto à preocupação interna, ou seja, corrente de origem francesa, onde se privilegia o
bem estar dos empregados e seus dependentes, a sua participação na gestão da empresa e a sua
satisfação no trabalho. O quanto o trabalhador é valorizado pela Empresa e pelo Estado
A França é um dos países onde a publicação do Balanço Social é obrigatória. Ela faz isso há
mais de vinte anos.
Alguns países, embora sem a obrigação legal, já publicam este relatório, como exemplos:
Estados Unidos, Alemanha, Espanha. O Banco Bilbao é um exemplo de empresa espanhola, desde
1978 publica seu balanço Social.
No Brasil teve início as primeiras iniciativa, nos anos 70. Em junho de 1997 a Comissão de
Valores Mobiliários – CVM publicou no diário Oficial uma minuta de instrução estabelecendo que
as companhias passassem a divulgar o Balanço Social de suas atividades, englobando informações
sobre investimentos em alimentação, saúde, educação, meio ambiente, participação dos
trabalhadores nos lucros das empresas, etc.
Hoje no Brasil existe um projeto de lei introduzindo à obrigatoriedade das empresas com
mais de 100 empregados o Balanço Social.
37
CAPÍTULO 6
A EXPERIÊNCIA DO BALANÇO SOCIAL EM VÁRIOS
PAÍSES
38
6.1 Modelo de origem americana – (preocupação externa)
“ O Balanço Social não é, e nem pode ser, um meio de dar
publicidade ao fato de sermos muitos bons no aspecto social. É um meio
para verificar, realmente, como somos, objetiva e desapaixonadamente, por
meio de uma avaliação asséptica dos resultados que vamos obtendo no
campo social”
Robert Taylor
Uma Demonstração somente agrega critério à tomada de decisão se responde às suas
finalidades.
Cada vez mais emergente torna-se definir a quais funções o Balanço ou Relatório de
Informação Social responderá e enfocará, e, igualmente, sua real necessidade no contexto
organizacional, nesta ordem. Definir se o Balanço Social assumirá a forma de um Balanço, similar
ao patrimonial ou, ainda, se terá a forma e uma outra Demonstração ou mero relatório (em todo o
seu significado) é prioridade secundária. Desta forma, estima por conceituar o Balanço ou Relatório
de Informação Social como instrumento positivo que comunica à sociedade de que maneira as
organizações participam da construção de sua realidade social e os reflexos das ações sociais sobre
o status organizacional.
Entende-se que toda Demonstração, seja de cunho econômico ou financeiro ou, ainda,
social, tem função equânime: comunicar informações. Nesse sentido, todas têm um mesmo vértice
de origem, todavia, com orientações vetoriais diferentes, em decorrência da demanda informativa a
que atendem.
As informações não são aquilatadas para usuários distintos, razão pela qual as
Demonstrações têm enfoques e valor diferentes. Crença esta que motivou apresentar, para o
Balanço Social, um conceito sem atribuição de valor, pois este varia de usuário para usuário.
Conceituar não é delimitar natureza nem tampouco caracterizar o objeto a ser definido. Conceituar é
identificar a própria natureza.
39
6.1.1 A informação no Espaço e suas Influências.
O Balanço Social, internacionalmente, apresenta ênfases distintas. Por exemplo, na Holanda
e na Alemanha, o enfoque direciona-se às informações acerca das condições laborais; na França, o
panorama não difere muito, pois a ênfase é mais informação sobre os empregados. Na Suécia, o
empregado é realmente visto como usuário da informação evidenciada nos Balanços Sociais de suas
empresas. A interseção desses modelos é, de fato, a focagem nos aspectos laborais. Nesse contexto,
cabe refletir sobre o foco melhor compatível com a nossa realidade socioeconômica e com a cultura
organizacional predominante.
O modelo a ser proposto neste trabalho coaduna com a abordagem norte-americana devido à
sua múltipla ênfase: qualidade de produtos, contribuições para o bem estar da coletividade, bem
como aspectos ambientais e culturais.
Figura 1. A Acirrada Competitividade Exige um Modelo de balanço Social
Abrangente.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Organização
MACROAMBIENTE
40
6.1.2 Apresentando Um Modelo.
Preliminar à discussão acerca da obrigatoriedade ou não da publicação do Balanço Social
faz-se necessário refletir sobre aspectos de sua estrutura e, ainda, sobre uma estrutura ideal, porém
próxima à realidade. Estrutura esta, a nosso ver, compatível com as necessidades dos dois blocos de
usuários: externo e interno. Esse entendimento repousa no seguinte argumento: a verdadeira
conscientização é espontânea, assim como o é a iniciativa da transparência informativa e o
comprometimento efetivo com a sociedade. Vasconcelos coloca-nos que:
As ações sociais devem ser voluntárias para serem verdadeiras, qualificadas e
eficazes.
A elaboração do Relatório ou Demonstração de Informação Social é importante
para a sociedade de modo geral, entretanto, anterior à obrigatoriedade, é necessário
educar para formar consciência e valor à peça em relação aos empresários. Anterior à
legitimação institucional faz-se mister criar e adicionar valor ao Relatório de Informação
Social, valor este extensivo aos dois grupos de usuários: empresas e comunidades.
Não devemos visualizar o referido Balanço como um divisor de águas que delimita a
responsabilidade ética e social das empresas porque é apenas um instrumento de divulgação, e não a
causa primária da ação social. O que precede, em nosso ponto de vista, a ação social é a motivação
propiciada pela necessidade de promoção do bem-estar coletivo.
É notório, as organizações têm a propriedade de criar poder aquisitivo, direta ou
indiretamente, para as comunidades, uma vez que geram empregos e, ainda, influenciam a
qualidade de vida das pessoas com a oferta de seus produtos e serviços.
41
Figura 2. Função Vital das Organizações na Sociedade.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Não é meramente a produção de utilidades que sustenta uma empresa em seu mercado.
Afirmar o contrário é negar a existência do fator “imagem de mercado” como agregador de valor.
A informação de natureza social bem como a aferição quantitativa de atuação social das
empresas tem grande importância no contexto desta interação homem-empresa. Todavia, entende-se
que precisa ser dosada, também, aos anseios de quem financia sua obtenção. Limitar o Balanço
Social aos indicadores laborais é cercar seu poder informativo de suporte ao processo decisorial, o
que, de fato, remunera o esforço despendido na construção da informação.
Figura 3. As ações Sociais da Empresa Podem Repercutir no Desempenho,
Convertendo-se em Vantagem Competitiva.
__________________________________________________________________________
_
Empresa Geração de empregos
Crescimento de renda
Sustentação do mercado local, formal e informal
Vida
Investimentos em educação
Satisfação funcional Aumento de produtividade
42
__________________________________________________________________________
_
A maior das motivações à publicação do Balanço Social é a funcionalidade do emprego
gerencial; e o grande desafio do Contador é motivar os empresários à sua publicação. O curso
normal do processo de consolidação da matéria no País seria a preocupação com o “motivar” em
detrimento da preocupação com o “obrigar”. Tem ocorrido do exatamente o contrário.
As ações que beneficiam às comunidades retornam à empresa na forma de reconhecimento;
reconhecimento este que, se aliado à qualidade do produto e/ou serviço, traduz-se em sustentação e
até em crescimento de mercado. Neste contexto, o modelo proposto é composto de três enfoques
básicos de informação:
• Informações de alcance social;
• Informações para suporte ao processo decisorial;.
• Informação sobre a composição e utilização da riqueza.
A atribuição gerencial do Balanço Social é das mais efetivas manifestações de
Responsabilidade Social, uma vez que conduzem às empresas a um melhor status econômico-
financeiro, se satisfatoriamente geridas.
O Balanço Social deve ser multidimensional para ser instrumento de comunicação eficaz e
atender aos seus usuários. Deve, ainda, apresentar conteúdo informativo dosado consoante a
estratégia competitiva da empresa. Assim como não evidenciar de forma qualificada a informação
contábil é prejudicial à tomada de decisão (disclosure significa evidenciação), o fornecimento não
dosado de informações pode destruir um plano de ação. As Demonstrações Contábeis tendem a
caminhar para uma condição de multidimensionalidade.
È forçoso enfatizar que o fato de atribuir ao Balanço Social essa instrumentalidade gerencial
e identificar nele a oportunidade de mercado, não se estar reduzindo a peça a um mero instrumento
de marketing, pois essa não é a motivação à sua elaboração, conforme já exposto. Não é a
43
publicação do Balanço Social que tornam melhores as empresas na concepção da sociedade, mas,
sim, suas ações no campo social.
È importante atribuir ao objeto em estudo uma visão mais realista e por que não dizer,
econômica. A idéia da prática de ações sociais passa, necessariamente, pela vertente econômica.
Toda aplicação tem uma origem de recursos correspondente e o ideal é que seja uma origem
decorrente da atividade econômica da empresa.
Adverte-se inclusive, que o parâmetro sugerido para obrigar as empresas à publicação do
Balanço Social é ineficaz, pois “número de empregados” para as empresas brasileiras, em nenhum
momento de nosso processo histórico, significou “geração de riqueza”. Nesta situação, mais
expressivo e eficaz seria utilizar o parâmetro “volume de riqueza gerada”, tão bem evidenciado na
Demonstração do Valor Adicionado (DVA), observação que, oportunamente, adverte sobre a
emergência de posicionamento qualificado da Classe Contábil diante da matéria. Expressões
ideológicas à parte, é imprescindível fincar nossa reflexão em bases reais.
Incorporando a visão de que o Relatório de Informação Social multidimensional pode
consistir numa oportunidade de sustentação e expansão de mercado, propõe-se um modelo
diferenciado para a peça genericamente conhecida como Balanço Social consubstanciando uma
exigência, cada vez mais, crescente dos usuários da Contabilidade, a plena evidenciação (full
disclosure).
Entende-se que a busca por uma evidenciação qualificada não pode limitar-se à expressão de
informações em notas explicativas ou qualquer outro instrumento, uma vez que variados são os
objetivos dos usuários da Contabilidade. O Balanço Social, mais que um avanço social, é uma
oportunidade para que os profissionais da área reflitam sobre o que é necessário evidenciar nas
Demonstrações Contábeis e, ainda, de que forma evidenciar. A evidenciação deve ser dosada
tornando-se como referencial a qualificação e o preparo de seu usuário: qual o perfil do usuário-
alvo? Qual o background educacional daquele que receberá a informação? Quais as circunstâncias
que envolvem a geração da informação? Qual a extensão da informação a ser evidenciada ?
Indícibus(21) coloca-nos que:
44
“Embora a evidenciação se refira a todo um quadro das Demonstrações Contábeis,
vários métodos de realizar a evidenciação estão disponíveis”:
1. Forma e disposição das demonstrações contábeis formais;
2. Informação entre parênteses;
3. Notas de rodapé (explicativas);
4. Quadros e demonstrativos suplementares;
5. Comentários do auditor; e
6. Relatórios da diretoria.”
Por que não acrescer nesta relação o Balanço Social? É notório: amplitude, justiça e
adequação são propriedades da almejada evidenciação. De fato, no modelo proposto, é priorizado a
informação justa, plena e adequada em relação ao detalhe a ser evidenciado, razão pela qual
evidenciam na parte interna do Balanço Social o que interessa exclusivamente ao gestor –
informação específica para grupos de interesse. Desta forma, é eliminada o temor que muitos
possuem de que a padronização de um modelo venha a tolhir a liberdade do empresário de expor a
informação.
45
6.1.2.1 Balanço ou Relatório de Informação Social
Estrutura e conteúdo. Façamos, agora, a decomposição do modelo em seus elementos
integrantes:
• Aplicações comunitárias: referem-se às atividades de fomento à expressão
cultural, educação (concessão de bolsas de estudo), atividades esportivas, patrocínios
diversos, programas de urbanismo, realização de campanhas de conscientização, lazer,
saneamento e assistência social de modo geral.
• Aplicações ambientais: implementação de pesquisas para adoção de métodos
não-poluentes, aquisição de equipamentos com o fito de amenizar o impacto do processo
industrial sobre o meio ambiente, atividades de reflorestamento, aplicações em pesquisas
para eliminação de resíduos, aquisições de dispositivos antipoluentes em chaminés de
indústrias. Enfim, todo e qualquer esforço na implementação de medidas para
conservação e conscientização do meio ambiente.
• Aplicações laborais: investimentos na formação do capital intelectual
(promoção de cursos de reciclagem, treinamentos, concessão de bolsas, etc.), criação de
creches para filhos de empregados, investimentos em segurança industrial, ajudas de
custo diversas, programas de estágio, assinaturas de revistas, constituição de bibliotecas,
manutenção e expansão de acervos, participação dos empregados nos lucros, cestas
básicas para funcionários, planos de saúde (supletiva), programas de medicina
preventiva, tíquete-refeição (parcela empregador), etc.
• Investimentos: qual a fonte das referidas aplicações?
• Notas sobre os benefícios gerados(Balanço Social Interno): expressa ou não
monetariamente.
Este tópico responde ao que realmente interessa ao gestor: os reflexos de suas ações sobre
sua atividade, seu resultado, sobre sua situação funcional e de mercado. Houve crescimento da
participação de mercado? Qual a expressão das ações implementadas sobre o faturamento? Qual o
nível de satisfação funcional em relação ao exercício anterior? Indicadores outros: nível de
46
absenteísmo; rotatividade de empregados; acidentes de trabalho; nível médio de escolaridade dos
empregados assim como a evolução desse nível; promoções; planos de carreira; nível de aceitação
do produto no respectivo mercado; empregos temporários gerados; demissões do período; número
de reclamações trabalhistas; etc.
• Valor Adicionado de uma empresa: trata-se da riqueza efetivamente gerada
pela empresa. Matematicamente seria a: “(...) diferença entre o valor da produção e os
consumos intermediários (compras a outras empresas) num determinado período, ou
seja, a mesma definição utilizada pela economia(22)”. é uma informação muito
importante, pois evidencia como a riqueza está distribuída (informação multi-usuário),
não singularizando a utilidade da peça à figura do proprietário. Na verdade, esse é o
grande diferencial do Balanço Social, a diversidade de usuários, fato que enaltece a sua
condição de Demonstração Complementar ao enfoque das demais. É, ainda, o elo entre
as Ciências Contábeis e Econômicas (interdisciplinaridade).
Além de ser facilmente obtenível, pode ser facilmente interpretada. Responde às seguintes
indagações:
1. Qual a fração da riqueza destinada à remuneração da força de trabalho à
disposição da empresa? Até que ponto produziu satisfação e eficácia (conexão com o
tópico “Benefícios Líquidos Gerados”)?
2. Qual o impacto da carga tributária sobre a riqueza gerada?
3. Qual a percentagem da riqueza reinvestida?
Conforme já salientado, tal espelho representa o dado social fundamentando o
comportamento econômico na construção da informação.
É forçoso lembrar que, embora muitos defendam a expressão do Valor Adicionado numa
Demonstração à parte, coadunamos da crença de que a Demonstração do Valor Adicionado nada
mais é do que uma extensão necessária do Balanço Social porque complementa, fundamentando a
informação de natureza social, conforme modelo simplificado apresentado.
• Balanço Social Interno: é uma espécie de “parte removível” do modelo
proposto, posto que envolve a abordagem de pontos-chave da estratégia competitiva da
47
organização, publicável ou não, dependendo da dosagem de informações evidenciadas.
Defende-se uma abordagem de ampla transparência e evidenciação para usuário da
informação contábil. Entretanto, é forçoso lembrar que a decisão de publicação deve ser
precedida por um filtro de dados, em decorrência da acirrada competitividade
empresarial dos tempos modernos.
Estes fragmentos do Balanço Social foram desenvolvidos como parte removível, para neles
o profissional da Contabilidade trabalhar com liberdade e criatividade no suporte efetivo à gestão,
podendo ou não serem divulgados segundo às necessidades estratégicas da empresa, ou, ainda, ser
dirigido a usuários específicos. Uma das principais vantagens do modelo proposto é que se pode
especializar o nível de informação trabalhada para fins de gestão, sem, contudo, especializar a peça
em sua íntegra, o que dificultaria sobremaneira a comparabilidade do Balanço Social, ainda que
para congêneres.
A apresentação desta “parte removível”, integrante do modelo de Balanço Social proposto,
pode ser complementada por meio de elementos gráficos, o que é recomendável para fins de uma
melhor visualização da variável em estudo. Exemplo de variáveis que podem ser pilotadas em
gráficos:
• Número de empregados no início e no final do exercício, com destaque para o
número de empregos novos gerados;
• Número de mulheres ocupando funções de chefia;
• Número de empregados terceirizados;
• Número de empregados acima de 45 anos, etc.
Em pesquisa realizada com 56 pessoas, entre estudantes e profissionais da Contabilidade,
estes foram questionados se visualizavam o Balanço Social como instrumento gerencial: 92,86%
responderam afirmativamente, e 7,14% se posicionaram de forma contrária.
Conforme evidencia a pesquisa, não pretensa em promover generalizações, é crescente a
busca pela informação que instrumentalize a gestão, e a visão que se constrói de um objeto
recortado para estudos é reflexo desta necessidade, razão pela qual a grande maioria visualiza
funções gerenciais para a referida peça.
48
O valor que o Balanço Social já encerra é incomensurável; entretanto, isto não se exime de
mais valor e a ele adicionar para que ganhe efetivamente corpo gerencial.
È importante fazer transparecer, para o empresário, o retorno de suas ações sociais, muitas
vezes refletidas no volume de riqueza gerada. Para tanto, faz-se necessário identificar esse retorno e
nesse contexto; o Balanço Social proposto é uma oportunidade; mais que isso, um meio eficaz de
capturar-se essa informação gerenciável.
Neste mesmo questionário, foi perguntado quais informações a peça deveria evidenciar.
Vejamos os resultados:
Aplicações em Recursos Humanos;
Formação do Capital Intelectual;
Investimentos Relacionados ao Meio Ambiente;
Aplicações Diversas de Cunho Social;
Evidenciação da Carga Tributária;
Parcerias com Agentes Sociais: Clientes, Fornecedores; ONGs, etc.
__________________________________________________________________________
_
A variedade de informações relacionadas reflete a diversidade de expectativas diante do
Balanço Social. Tal quadro de expectativas talvez seja o caminho para modelizações de Relatórios
Sociais específicos à peculiaridade e às necessidades das organizações. E o que faz alguns
aventurarem a possibilidade de especializar o Balanço Social se não sua funcionalidade gerencial e
INFORMAÇÕES A SEREM EVIDENCIADAS
49
amplitude? O modelo neste trabalho apresentado não propõe a especialização de todo o Balanço
Social, mas sim, apenas a do Balanço Social Interno, publicável ou não.
Da pesquisa realizada depreende-se, ainda, que, embora se visualize no relatório funções
gerenciais, a natureza e a qualidade da informação a ser transmitida é um ponto a melhorar-se.
50
6.1.3 Implementando o Modelo Proposto.
Toda implementação deve ser precedida pelo planejamento. Vasconcelos (23) propõe uma
seqüência de tarefas para construção do Balanço Social, que servirá de esteio para aplicação do
modelo proposto:
Não é o ato de publicar o Balanço Social que tornam melhores as empresas, mas,
sim, a prática e promoção do bem-estar social e, ainda, a repercussão das informações nele
evidenciadas; do contrário, o custo da informação não compensaria o benefício gerado. São
as medidas corretivas ou preventivas decorrentes da informação que de fato importam.
Isto posto, defendendo para o Balanço Social uma abordagem mista, tanto
econômica e financeira como social, mas de forma a estabelecer-se um relação casuística.
Etapas propostas:
• Planejamento e engajamento setorial;
• Levantamento qualitativo;
• Levantamento quantitativo.
51
6.1.3.1 Planejamento e Engajamento Setorial : Organização e Direção
Necessárias.
Anterior à fase de confecção do Balanço Social, faz-se necessária a realização de um
planejamento, objetivando preparar os membros departamentais para o suprimento de informações e
dirigir os esforços despendidos aos objetivos a serem alcançados com a peça. A informação deve
ser obtida com economicidade, condição basilar para sua efetividade, uma vez que a falta de direção
e a realização de esforços desnecessários podem desmotivar a equipe de trabalho. É, igualmente, a
fase de preparação (envolvimento coletivo) e de educação, já que é nela que dar-se-á com a feitura
do Balanço Social sobre os objetivos e as diretrizes metodológicas a serem seguidas.
Segundo Tinoco (24) : “Três departamentos funcionais participam na elaboração do
Balanço Social: o Departamento de Pessoal, o Departamento de Contabilidade e o Departamento
de Informática.” A implementação do modelo proposto pressupõe envolvimento e esforço de toda a
massa organizacional, na pessoa de seus gestores líderes.
Argumentamos a necessidade desta múltipla participação setorial, com a crença de que
dificuldades no campo das relações interpessoais e nos níveis de autonomia dos líderes
departamentais tendem a tornar viscoso o fluxo das informações. Agregação funcional é fator
decisivo para o êxito na construção da informação social.
É também nesta fase que o formato do Balanço Social é adaptado à configuração da empresa
e ao estilo da equipe de trabalho, uma vez que cada elemento do grupo tem uma leitura particular
dos eventos sociais, tem crenças pessoais, estilos diferenciados, bem como objetivos e ênfases
distintas.
Levantamento qualitativo trata-se da etapa em que as informações não-mensuráveis ou de
difícil mensuração são levantadas, levantamento este feito por meio de questionários.
Dentre as informações de difícil mensuração, podemos citar: grau de satisfação do
empregado – qualidade do emprego e do trabalho (onde a satisfação recíproca deve ser meta) –
sintonia cargo x função, etc.
Levantamento quantitativo: fase em que as informações mensuráveis são compiladas. São
elas: gastos com implementação de pesquisas para adoção de métodos não poluentes; patrocínios;
dispêndios com campanhas de conscientização ambiental; concessão de bolsas educacionais;
promoção de estágios; etc.
52
Figura 4. Alcance Informativo do Balanço Social
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6.1.4 Argumentos para Aplicação do Modelo Proposto.
A empresa é, sem sombra de dúvidas, um ente socioeconômico e, como tal, deve preocupar-
se com aspectos de formação e crescimento da riqueza, todavia sem desvencilhar-se de sua
Responsabilidade Social, uma vez que o relacionamento com a sociedade se repercute na concepção
de valor para a própria empresa e para os consumidores de seus produtos ou serviços. Alimentar a
visão tradicional restritiva de que a maximização da riqueza é a única finalidade de uma empresa, é,
paradoxalmente, desconsiderar os efeitos que uma interação empresa-sociedade infeliz pode trazer à
sua lucratividade. De Luca (25) clarifica esse pensamento quando pertinentemente adverte que:
“Os gestores das empresas já reconhecem que quanto mais motivados estão
os empregados, mais produtividade a empresa alcança. Quanto mais credibilidade a
empresa transmite à sociedade, mais respeito e compromisso (no que diz respeito ao
consumo de seus produtos/serviços) ela terá dessa sociedade.”
Amplo alcance organizacional
Balanço Social
Envolvimento e esforço coletivo
53
Desta forma, as ações sociais praticadas pelas empresas, ineludivelmente, a ela retornam, e,
sendo o Balanço Social uma comunicação formal destas ações, sua implementação torna-se
vantagem competitiva, além de ter a potencialidade de ser útil instrumento para gestão, desde que
configurado às necessidades da empresa.
O modelo proposto a aplicação apresenta as seguintes vantagens aplicativas:
• Pressupõe a aplicação do método de Partidas Dobradas;
• Relatas as ações sociais e os impactos decorrentes;
• Promove uma aferição em bases monetárias;
• É um relatório que pode ser moldado conforme as necessidades do
usuário – flexibilidade morfológica;
• Permite comparabilidade, uma vez que pode abranger dados
levantados em três ou mais exercícios e, ainda, podem ser avaliados contra
dados de empresas congêneres, o que reforça sobremaneira seu poder
informativo;
• Possibilita o monitoramento das ações empresariais que afetam a
sociedade, positiva ou negativamente. A divulgação de informações desta
ordem permite a construção de um perfil de atuação social, o que tende a
trazer reflexos mercadológicos. As organizações têm o livre arbítrio da gestão
para dirimir suas estratégias à construção de um perfil compatível com suas
metas de mercado;
• Permite a avaliação do desempenho empresarial em seus
diferentes enfoque e repostas aos grupos de usuários: sociedades, gestores e
mercado;
• Pode ser o start necessário à ação de redução da carga tributária,
uma vez que sua prática pulverizada catalisaria a institucionalização do
imposto único incidente sobre o valor adicionado; um potencial parâmetro
fiscal;
• Serve de esteio para fundamentação do processo decisorial,
especialmente às decisões relativas à gestão de Recursos Humanos.
54
Vale ressaltar que o modelo proposto neste trabalho apresenta um visão que transcende a
área de Recursos Humanos, ganhando, desta forma, uma dimensão holística.
6.2 O Modelo Europeu
Na Europa, especificamente na França, a Lei de 12 de julho de 1997 tornou obrigatório o
Balanço Social para todas as empresas de 750 pessoas, numa primeira fase, esperando que isso se
estenda às empresas de mais de 300 pessoas. Os decretos de aplicação foram publicados em 8 de
dezembro de 1977.
Procede-se que nos países da Europa, como vê DANZIGER(26) “os cidadãos no contexto da
nação os assalariados na empresa, adotam uma posição prioritária, que consistia em que a repartição
do bem estar social apareceria doravante mais importante do que a segregação da riqueza”.
Completa TINOCO (27): “no plano social, a injustiça nacional é considerada um mal nas empresas,
a inadaptação aos trabalhadores e as expectativas dos indivíduos provocam reivindicações, que
desembocam num novo estado de coisas. É a responsabilidade social da empresa aflorando”.
Mas até onde podemos considera social para uma empresa e social para o estado?
6.2.1 Social para o Estado X Social para a Empresa
Não obstante a fixação da responsabilidade social da empresa não vem determinada pelas
políticas públicas, sem por isso esquecer a sua capacidade de informar a consciência do empresário,
que demarca o campo social da empresa. Não se pode esquecer que as políticas públicas emergem
de vários níveis de governo, com conflitos entre si e com códigos morais não aceitos em alguns
casos. Assim a responsabilidade social da empresa remete para um conjunto de fins que, tendo
55
presente o marco prescrito das políticas públicas, informas as decisões da empresa centrando a
atenção em outros grupos para além dos acionistas.
Mesmo nos países europeus onde já se pratica o Balanço Social há mais tempo surgem
controvérsias em relação ao social.
O Ministro do Trabalho francês fixou um triplo objetivo à Assembléia Nacional, na
apresentação do projeto de lei: “O Balanço Social deve permitir em primeiro lugar o
desenvolvimento da informação e, portanto o controle no seio da empresa; tornar mais fácil a
discussão dos problemas sociais; permitir assumir as obrigações atuais em matéria de programação
social”.
No entanto, na busca de tais finalidades enfrenta uma série de objeções. Tais objeções são
contestadas pela CGT e pela CFDT que são organizações sindicais de relevantes importância na
França, que para eles o balanço social deixa de ser simples e incontestável, principalmente com
relação ao cálculo desse índice.
LANDIER (28) “pressupõe que de algum modo, a resolução dos problemas sociais depende
muito mais dos elementos de informação de que dispõe os sócios do que da sua disposição de
espírito”, ou seja, seria suficiente uma informação perfeita para que não houvesse matéria de
contestação, de discussão e, portanto, de conflitos.
Surge a pergunta: Até onde ir em matéria de “Programação Social”?
Acrescenta-se a isso ainda LANDIER “o costume francês de regular os comportamentos põe
meios de leis, fazendo-se valer o poder do Estado, de intervir nas relações que se mantém os
empregadores e os empregados”.
Segue-se na mesma linha de pensamento, em nome de que princípio poder-se-á impor às
empresas um instrumento de “Programação Social”.
Não estaria o Estado agindo dessa forma, moldando as empresas a seu próprio interesse? “É
perigosa a engrenagem na qual o Estado entra, a partir do momento em que ele pensa estar melhor
colocado que os interesses para determinar as soluções que se impõe”, LANDIER(29), ou seja, esta
atitude reduz progressivamente os dirigentes de empresas ao papel passivo de executores de
diretrizes vindas de fora.
Deixa-se supor, que o Estado, busca preencher com o mesmo instrumento as funções de
informação, negociação e “Programação Social”.
Tudo acontece como se o mesmo documento pudesse servir, ao mesmo tempo, para
informar a direção. Para informar os representantes da pessoa e para informar, na pessoa do
56
Inspetor do Trabalho, os serviços públicos, algo provavelmente irrealista, e tão pouco imaginável
que tal documento serviria para responder às necessidades de informação do conjunto dos
assalariados de determinada empresa.
Percebe-se, que, o que as empresas buscam é poder adaptar o Balanço Social à sua própria
situação e os seus objetivos particulares. Várias empresas européias não esperaram a lei para utilizar
instrumentos de avaliação da gestão social, como o tableau de bord social (expressão específica da
lei que criou na França o balanço social obrigatório), ao relatório social, passando pela auditoria
social.
Através dessa divergência, tanto o Estado como a Empresa estão buscando melhores
condições de vida para os empregados e um melhor relacionamento entre empresa / empregado,
pois como disse BASAGAIT(29) “a empresa está no homem que a integra e a empresa se
responsabiliza pelo homem a quem serve e a empresa também, de algum modo, tem que prestar
contas àqueles que estão ao seu redor socialmente e que, por isso, se beneficiam ou se prejudicam
com as ações da empresa”.
E o Estado possuindo inegáveis méritos, reconhecendo de forma institucional a importância
dos trabalhadores no seio da empresa, como usuários da informação contábil.
O tipo de informação que a lei compele as empresas a fornecerem aos seus trabalhadores e
aos diferentes sindicatos de classe é do ponto de vista social relevante.
Como:
- Emprego;
- Remuneração e encargos acessórios;
- Condições de higiene e de segurança;
- Outras condições de trabalho;
- Relações profissionais;
- Outras condições de vida relevante dentro da empresa.
57
6.2.2 O valor custo–benefício do empregado na Europa
MARQUÊS(30), no capítulo 6 de seu livro intitulado “Le Bilan Social, I’entreprise, la cité”,
lemos o seguinte: “em muita larga medida a empresa é o seu pessoal. Fazer um balanço social, é
com efeito, em um largo sentido descrever seu pessoal, a forma com este evolui, as diversas
categorias que a compõe, as condições nas quais trabalha, como entra e como sai da empresa, a
interface enfim, deste parceiro privilegiado com os outros membros dos que tínhamos qualificado
de colisão de interesses”.
Mesmo a empresa não tendo uma vocação filantrópica e seus dirigentes não sendo
escolhidos pelos acionistas para se interrogarem sobre a felicidade dos assalariados, “isto porque a
maior parte das iniciativas que têm sido empreendidas para compreender e mensurar os fenômenos
sociais têm de saída uma motivação de rentabilidade” TINOCO (31).
Para DANZIGER (32) esta motivação, tem acolhida em dois eixos de pesquisa dos recursos
humanos:
- A contabilidade dos recursos humanos;
- A mensuração das satisfações dos trabalhadores.
As duas tem um ponto em comum que levam em conta o potencial humano e as atitudes dos
assalariados, o que implica numa modificação de estratégia. Em lugar de pesquisar um benefício
imediato, a política da empresa visa o lucro máximo no longo prazo.
No que tange a mensuração da satisfação, parece ser natural que os assalariados estejam
tanto mais dispostos a trabalhar, quando estão profissionalmente satisfeitos ou seja, basta aumentar
a satisfação para melhorar a produtividade.
Através de gráficos mostra-se como é essa atenção aos trabalhadores. Voltando aos
principais pontos sociais relevante da Lei Francesa com relação ao trabalhador.
• Empregado;
• Salários e outros benefícios;
• Formação profissional;
• Condições de higiene e segurança no trabalho;
58
• Outras condições de trabalho;
• Relações profissionais;
• Outras condições de vida dependentes da empresa.
a) Emprego
A quantificação e a apresentação de pessoal varia de empresa e as particularidade de cada
país. A data mais apropriada para a quantificação deve coincidir com o encerramento do exercício
contábil.
Dentro das classificações do pessoal que podem ser elaboradas e reportadas, destacamos:
• Volume total de empregados no fim de cada exercício;
• Número de pessoas ocupadas, segundo o sexo;
• Número de pessoas ocupadas, segundo a categoria profissional e sexo;
• Número de pessoas ocupadas , segundo o grau de instrução ;
• Número de pessoas ocupadas, segundo sexo e instrução;
• Número de pessoas ocupadas, segundo a idade;
• Número de pessoas segundo o tempo de trabalho na empresa;
• Número de pessoas ocupadas, segundo o estado civil;
• Número de pessoas ocupadas, segundo a raça;
• Número de pessoas ocupadas, segundo a nacionalidade;
• Número de pessoas ocupadas, por tipo de contrato de trabalho, tempo
integral, temporário, parcial, etc.
• Número de pessoas ocupadas, por estabelecimento e distribuição espacial.
Outro ponto deve ser considerado é que para fins estatísticos importa fazer análises e
comparações. Para isso os dados fornecidos devem levar em considerações o exercício do ano em
pauta e dos dois anos anteriores, permitindo dessa forma extrair e analisar as tendências.
OBS. Todas as tabelas neste trabalho como exemplo foram extraídas da dissertação do professor João Eduardo
Prudêncio Tinoco, realizada em 1984, porém para melhor interpretação os valores foram mudados.
59
Tabela 4 – Volume Total de Empregados
Tabela 5 – Pessoas Ocupadas Segundo o Sexo
Absoluto Relativo
1999 16.855 (516) (2.97)
1998 17.371 (91) (0.52)
1997 17.462 128 0.74
1996 17.334 451 2.55
1995 16.903 543 3.32
Incremente sobre o ano anteriorANO Total em 31.12
Número % Número % Número % Número %Homens 14.156 83.5 14.277 83.5 14.163 83.5 13.710 83.1Mulheres 2.789 16.5 2.811 16.5 2.839 16.7 2.787 16.9TOTAL 16.945 100 17.088 100 17.002 100 16.497 100
60
Tabela 6 – Repartição do Pessoal por Categoria Profissional e Sexo
Tabela 7 – Pessoas Ocupadas Segundo a Instrução
Categoria Homens % Mulheres % Total % Hom. % Mul. % Total
Engenheiros 143 4 16 4 159 4 128 4 22 1 150
Mestres 322 10 82 7 404 9 282 9 90 7 372
Técnicos 611 18 221 19 832 18 128 18 246 18 848
Oper.qualif. 849 25 54 5 903 20 862 26 61 5 923
Oper.n.qualif. 1.220 37 300 25 1.520 33 1.180 36 349 20 1.539
Escriturários 210 6 504 43 714 16 226 7 572 49 798
Total 3.355 100 1.177 100 4.532 100 3.280 100 1.340 100 4.620
Número % Número % Número %
Analfabeto 60 1.5 46 1.2 45 1.2
Primário Incompleto 724 18.2 704 18.5 700 18.6
Primário Completo 2.214 55.6 2.080 54.8 2.070 55.1
Ginasial Completo 498 12.5 490 12.9 475 12.6
Colegial Completo 312 7.9 305 8.0 300 8.0
Superior Incompleto 68 1.7 74 1.9 70 1.8
Superior Completo 103 2.6 100 2.7 100 2.7
Total 3.975 100 3.799 100 3.760 100
1997 1998 1999Pessoas
61
Tabela 8 – Pessoas Ocupadas Segundo a Idade
Tabela 9 – Pessoas Ocupadas Segundo o Tempo de Empresa
Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
Menos de 18 anos
DE 18 a 24 anos
De 25 a 29 anos
De 30 a 39 anos
De 40 a 49 anos
De 50 a 59 anos
Acima de 60 anos
Idade19991998
Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
Menos de 3 meses
De 3 meses a um ano
De um ano a dois
De dois a cinco anos
De cinco a dez anos
De dez a vinte anos
Acima de vinte
Total
1998 1999Tempo de Serviço
62
Tabela 10 – Pessoas Ocupadas Segundo o Estado Civil
Tabela 11 – Pessoal Ocupado por Estabelecimento
6.2.3 Salários e outros benefícios
Destaca-se nesse item uma grande diferença com relação ao panorama brasileiro, que é a
transparência das empresas, ou seja, nos países exteriores essa informação é divulgada para todos
seus usuários nos relatórios sócio-econômicos, muitos sindicatos fazem uso dessa transparência
quanto da reivindicação salarial por classe e cargo dentro da empresa, fazendo comparações com
outras empresas de menor setor.
Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
Casados
Solteiros
Viúvos
Total
1998 1999Estado Civil
Número % Número Número % Número
Fábrica A
Fábrica B
Fábrica C
Escritório de vendas
Representação
Escritório comercial
Total
19991998
63
No Brasil, poucos dados são revelados e são disponíveis para seus trabalhadores, e mesmo
assim poucas são as que têm acesso à informação.
Apresentação dos salários pode ser feita como segue:
• As pessoas ocupadas por instrução, segundo as classes salariais;
• Pessoas ocupadas por sexo, segundo classes salariais;
• Pessoas ocupadas por sexo e instrução, segundo classe de salário;
• Pessoas ocupadas por categorias profissionais segundo classes salariais.
A tabela 12 que se segue, apresenta o detalhamento dos salários, das pessoas ocupadas por
instrução e segundo classes salariais, exemplificando um modelo de tabela.
Tabela 12 – Pessoas Ocupadas por Instrução, segundo classes Salariais
Formação profissional
Salário AnalfabetoPrimário completo
Ginásio ColegialSuperior
incompletoSuperior completo
Até 2 Sal. Mínimos
Até 1 SM
De 1 a 2 SM
De 2 a 10 SM
DE 2 a 3 SM
De 3 a 5 SM
De 5 a 7 SM
DE 7 a 10 SM
Acima de 10 SM
De 10 a 15 SM
De 15 a 20 SM
De 20 a 30 SM
Acima de 30 SM
TOTAL
64
Passa a mensurar aqui o valor do empregado, ou seja, quanto mais adestrado o trabalhador,
mais valor é criado, e, mais valia é gerada. Desse ponto de vista é levado em conta o chamado
capital intelectual, quanto mais formação mais valor é dado ao trabalhador.
Como diz KWASNICKA(33) : “os recursos humanos devem ser considerados o eixo central
da organização, sem os quais os outros itens do ativo considerados inanimados são inúteis”.
Hoje em dia as empresas estão estruturadas sobre motivações de tipo competitivo. Ao
homem na empresa dizemos: “Desenvolva-se competindo com que está ao seu lado” e chegamos a
criar alguns dogmas como: “o que não sobe, fica embaixo”.
A forma de reportar a informação dos custo e dos gastos realizados com a formação
profissional de seus trabalhadores, no corpo do Balanço Social, poderia se apresentada em tabelas:
Tabela 13 – Formação Profissional dos Trabalhadores
Números de cursosNúmeros de assistentes
Psicologia aplicada ao trabalho
Recursos Humanos na empresa
Técnicas de vendas
Registro de empregados
Legislação trabalhista
Análise de Balanços
Elaboração de Projetos
Projeção de Fluxo de Caixa
Ferramentaria
Organização e Métodos
Como usar uma ferramenta
Almoxarifado e almoxarife
65
6.2.4 Condições de higiene e de segurança do trabalho
As condições de higiene e de segurança no trabalho tanto harmoniosamente como, evitando
destarte acidentes e outro malefícios que podem ser fatais a todos os envolvidos diretamente ou
indiretamente no trabalho. com referência às condições de higiene e segurança a lei francesa sobre o
Balanço Social obriga as empresas a publicarem a seguinte tabela:
Tabela 14 – Condições de Higiene e de Segurança
6.2.5 Outras condições de trabalho
O lugar de trabalho é o local onde as pessoas passam a maior parte do tempo de sua vida.
Cumpre que seja limpo, harmonioso e agradável, procurando ter como preocupação principal tornar
o trabalho dos operários menos penoso.
A preocupação da empresa, quanto a moradia dos trabalhadores, as condições de transporte
entre o domicílio e o lugar de trabalho, as condições psíquicas e psicológicas dos trabalhadores etc.,
são itens que acabam influenciando, e muito o ambiente de trabalho.
Nível Superior.
Emp. Téc. qualificados
Operários n. qualificados
Total
Acidentes no trabalho
• Número de acidentes de trabalho com parada
• Número de dias perdidos por acidentes de trabalho• Número de acidentes de percurso tendo acarretado parada no trabalho
• Número de acidentes mortais de trabalho de percurso
Doenças Profissionais
• Número de denominação de doenças profissionais
Despesas em materiais de segurança
• Total das despesas efetuadas em segurança na empresa
66
Pode-se observar que a fonte de riqueza das empresas européias, não se baseia apenas no
Capital Monetário, mas também no Capital Intelectual, ou seja, o empregado que vem sendo cada
vez mais alvo de preocupação tanto da Empresa como do Estado, pois sabendo que se
proporcionando melhores condições de vida a estes, obterão tanto satisfação monetária como
interação com os mesmos.
67
CAPÍTULO 7
Modelo no Brasil
68
7.1 O Balanço Social da CVM
A Comissão de Valores Mobiliários – CVM é uma Autarquia Federal subordinada ao
Ministério da Fazenda. Foi criada através de Lei n.º 6.385 de 7 de dezembro de 1976.
A CVM apoia e incentiva a divulgação das responsabilidades das empresas no campo social,
através do Balanço Social. Ela afirma que “quando o Balanço Social é apresentado em conjunto
com as demonstrações financeiras tradicionais, é efetivamente o instrumento mais eficaz e completo
de divulgação e avaliação das atividades empresariais”(site CVM).
A CVM integrou-se ao IBASE e elaborou e colocou em audiência pública um modelo de
demonstrativo de um conjunto de informações de natureza social, semelhante ao Balanço Social
divulgado pelo IBASE. Sua intenção era obrigar as empresas a publicá-lo, mas como a idéia não foi
bem aceita, manteve apenas o seu modelo e pretende alterar a Lei 6.404/76, apresentando este
modelo, sua importância e obrigatoriedade.
O modelo proposto pela CVM, já utilizado por algumas empresas brasileiras, contém a base
de cálculo, que abrange o faturamento bruto, o lucro operacional e o valor bruto da folha de
pagamento; e os indicadores laborais, sociais e do corpo funcional.
7.2 O Balaço Social do IBASE
O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE é um órgão preocupado
com a responsabilidade social das empresas. Ele criou o selo de empresa cidadã, para que, através
dele as empresas possam mostrar que são comprometidas com a qualidade de vida da sociedade.
Este selo é obtido através da análise do Balanço Social da empresa.
O modelo de Balanço Social instituído por este órgão, assemelha-se ao modelo proposto
pela CVM, pois contém os indicadores laborais, sociais e do corpo funcional. Entretanto , além
destes indicadores conterem mais dados, a base de cálculo não contém o faturamento bruto, mas
sim a receita líquida.
69
Este modelo está sendo proposto para ser utilizado por todas as empresas, com o objetivo de
obter o selo de empresa cidadã. Ele atende as necessidades dos usuários externos deste
demonstrativo, mas para a empresa que quer utilizar o Balanço Social como ferramenta de gestão
para tomada de decisões, tornam-se necessários um maior número de informações.
A seguir é apresentado o modelo sugerido pelo IBASE.
Balanço Social Anual – 2001
1) Base de Cálculo 2001
Valor (Mil Reais)
2000
Valor (Mil Reais)
Receita Líquida (RL)
Resultado Operacional (RO)
Folha de Pagamento Bruta (FPB)
2) Indicadores Sociais Internos V
alor
(
Mil R$)
%
Sobre
FPB
%
Sobre RL
V
alor
(
Mil R$)
%
Sobre
FPB
%
Sobre RL
Alimentação
Encargos sociais compulsórios
Previdência privada
Saúde
Segurança e medicina no trabalho
Educação
Cultura
Capacitação e desenvolvimento profissional
Creches ou auxílio-creche
Participação nos lucros ou resultados
Outros
Total – Indicadores Sociais Internos
3) Indicadores Sociais Externos V
alor
(
Mil R$)
%
Sobre
RO
%
Sobre RL
V
alor
(Mil R$)
%
Sobre
RO
%
Sobre RL
Educação
Cultura
Saúde e saneamento
Habitação
70Esporte
Lazer e diversão
Creches
Alimentação
Outros
Total das Contribuições para a Sociedade
Tributos (excluídos encargos sociais)
Total – Indicadores Sociais Externos
4) Indicadores Ambientais
Relacionados com a operação da empresa
Em Programas e/ou projetos externos
Total dos Investimentos em Meio Ambiente
5) Indicadores do Corpo Funcional
Nº de empregados ao final do período
Nº de admissões durante o período
Nº de empregados terceirizados
Nº de empregados acima de 45 anos
Nº de mulheres que trabalham na empresa
% de cargos de chefia ocupados por mulheres
Nº de negros que trabalham na empresa
% de cargos de chefia ocupados por negros
Nº de empregados portadores de deficiência
6) Informações Relevantes quanto ao Exercício da Cidadania Empresarial
Relação entre a maior e a menor remuneração na
empresa
Número total de acidentes de trabalho
Os projetos sociais e ambientais desenvolvidos pela
empresa foram definidos:
(
) pela
direção
(
) direção
e gerências
(
) todos os
empregados
(
) pela
direção
(
) direção
e gerências
(
) todos os
empregados
Os padrões de segurança e salubridade no ambiente
de trabalho foram definidos:
(
) pela
direção
(
) direção
e gerências
(
) todos os
empregados
(
) pela
direção
(
) direção
e gerências
( )
todos os
empregados
A previdência privada contempla: (
) direção
(
) direção
e gerências
( )
todos os
empregados
(
) direção
(
) direção
e gerências
(
) todos os
empregados
A participação nos lucros ou resultados contempla: (
) direção
(
) direção
e gerências
( )
todos os
empregados
(
) direção
(
) direção
e gerências
(
) todos os
empregados
Na seleção dos fornecedores, os mesmos padrões
éticos e de responsabilidade social e ambiental adotados pela
empresa:
(
) não são
considerados
(
) são
sugeridos
( )
são exigidos
(
) não são
considerados
(
) são
sugeridos
( )
são exigidos
Quanto à participação dos empregados em programas
de trabalho voluntário, a empresa:
(
) não se
envolve
(
) apóia
(
) organiza e
incentiva
(
) não se
envolve
(
) apóia
(
) organiza e
incentiva
7) Outras Informações
Apoio:
71
Instruções para o preenchimento
Realização Este Balanço Social (BS) deve apresentar os projetos e as ações sociais e
ambientais efetivamente realizados pela empresa.
Sugestão: este BS deve ser o resultado de amplo processo participativo
que envolva a comunidade interna e externa.
Publicação Este BS deve ser apresentado como complemento em outros tipos de
demonstrações financeiras e socio-ambientais; publicado isoladamente em jornais
e revistas; amplamente divulgado entre funcionários, clientes, fornecedores e a
sociedade. Pode ser acompanhado de outros itens e de informações qualitativas
(textos e fotos) que a empresa julgue necessários.
Selo "Balanço Social
Ibase/Betinho"
A empresa que realizar e publicar o seu balanço social, utilizando este
modelo mínimo sugerido pelo Ibase, recebe o direito de utilizar o Selo Balanço
Social Ibase / Betinho nos seus documentos, relatórios, papelaria, produtos,
embalagens, site e etc. Mais informações: www.balancosocial.org.br
Restrições: o Selo Ibase/Betinho NÃO será fornecido às
empresas de cigarro/fumo, armas de fogo/munições, bebidas alcoólicas ou que
estejam comprovadamente envolvidas com exploração de trabalho infantil.
1) Base de Cálculo Itens Incluídos
Receita Líquida • Receita bruta excluída dos impostos, contribuições, devoluções,
abatimentos e descontos comerciais
Resultado Operacional • Lucro ou prejuízo apresentado pela empresa no período
Folha de Pagamento Bruta • Valor total da folha de pagamento
2) Indicadores Sociais Internos
Alimentação • Gastos com restaurante, vale-refeição, lanches, cestas básicas e outros
relacionados à alimentação dos empregados
Previdência privada • Planos especiais de aposentadoria, fundações previdenciárias,
complementações de benefícios aos aposentados e seus dependentes
Saúde • Plano de saúde, assistência médica, programas de medicina
preventiva, programas de qualidade de vida e outros gastos com saúde, inclusive
dos aposentados
Educação • Gastos com ensino regular em todos os níveis, reembolso de educação,
bolsas, assinaturas de revistas, gastos com biblioteca (excluído pessoal) e outros
gastos com educação
Cultura • Gastos com eventos e manifestações artísticas e culturais (música,
teatro, cinema, literatura e outras artes)
Capacitação e desenvolvimento
profissional
• Recursos investidos em treinamentos, cursos, estágios (excluído os
salários) e gastos voltados especificamente para capacitação relacionada com a
72atividade desenvolvida pelos empregados
Creches ou auxílio-creche • Creche no local ou auxílio-creche aos empregados
Participação nos lucros ou
resultados
• Participações que não caracterizem complemento de salários
Outros benefícios • Seguros (parcela paga pela empresa), empréstimo (só o custo), gastos
com atividades recreativas, transportes, moradia e outros benefícios oferecidos os
empregados podem ser aqui enumerados
3) Indicadores Sociais Externos
Total das contribuições para a
sociedade
• Somatório dos investimentos na comunidade que aparecem
discriminados. Não incluir os gastos/investimentos declarados nos Indicadores
Sociais Internos. Os itens na tabela aparecem como indicação de setores
importantes onde a empresa deve investir, porém podem aparecer aqui somente os
investimentos e contribuições que a empresa realiza regularmente (ação focalizada
em educação, por exemplo)
Tributos (excluídos encargos
sociais)
• Impostos, contribuições e taxas federais, estaduais e municipais
4) Indicadores Ambientais
Relacionados com a operação da
empresa
• Investimentos, monitoramento da qualidade dos resíduos/efluentes,
despoluição, gastos com a introdução de métodos não-poluentes, auditorias
ambientais, programas de educação ambiental para os funcionários e outros gastos
com o objetivo de incrementar a qualidade ambiental na operação da empresa
Em programas/projetos externos • Despoluição, conservação de recursos ambientais, campanhas
ambientais, educação ambiental para a comunidade externa e para sociedade
5) Indicadores do Corpo
Funcional
Nº de negros que trabalha na
empresa
• Considerar como trabalhadores negros o somatório de indivíduos
classificados como pretos e pardos (conforme a RAIS)
6) Informações Relevantes
Relação entre a maior e a menor
remuneração
Número total de acidentes de
trabalho
• Resultado da divisão da maior remuneração pela menor
• Todos os acidentes de trabalho registrados durante o ano
7) Outras Informações
• Este espaço está disponível para que a empresa agregue outras
informações importantes quanto ao exercício da responsabilidade social e da
cidadania empresarial
73
Para o professor Antoninho Marmo Trevisan o Balanço Social deve conter:
1) Informações sobre Recursos Humanos
- número de empregados existentes no início e fim do ano;
- estatísticos dos empregados (cor, sexo, n.º de dependentes, faixa etária, etc.)
- valor da folha de pagamento bruta;
- valor dos tributos pagos;
- gastos com: alimentação do trabalhador, educação e treinamento, assistência
médica, segurança no trabalho e
- outros benefícios gerais, previdência privada e pensão.
2) Informações sobre a atuação da empresa na Comunidade e promoção do Bem Estar
Social
- projetos culturais, esportivos;
- projetos de ecoturismo;
- investimentos em projetos nas áreas de educação, saúde, assistência social e
organização das comunidades;
- programas de combate ao trabalho infantil;
- programas para integração e assistência e portadores de deficiência física.
3) Informações sobre atuação na proteção do Meio-Ambiente
- investimentos e equipamentos de proteção ao meio ambiente;
- gastos com recuperação e/ou destruição de detritos poluentes;
- gastos com pesquisas e desenvolvimentos para substituição de equipamentos ou
matérias primas poluentes;
- apoio a projetos de preservação ambiental.
- manutenção de áreas verdes.
Conforme expressou Trevisan (34) de forma muito descontraída: “Esse negócio de fazer o
bem e não mostrar a ninguém está fora de questão”, pois esta idéia precisa ser disseminada.
74
Ainda não existem único modelo para empresas tão diferentes como da Indústria Pesada,
Comércio Varejista e Atacadista e Prestadores de Serviços, capaz de tornar transparentes a atuação
social de entidades que atuam em diferentes setores e regiões.
Ainda não existe um técnica completa para elaboração do Balanço Social, mas com certeza a
discussão e a pesquisa trará um avanço no campo da Nova Ciência Social.
A relação responsabilidade e lucratividade não é tão fácil de estabelecer pois: (1) é difícil
definir os atos de responsabilidade social e (2) é praticamente impossível medir o resultado da
resposta responsabilidade social.
Para implantação e elaboração de um primeiro Balanço Social, Robert Taylor recomenda
que as empresas não publiquem, pois os primeiros resultados podem, ser totalmente distintos do que
se esperava e, ainda, decididamente negativos para empresa se não forem considerados o seu
contexto. Portanto, inicialmente o Balanço social deve ser um instrumento interno.
7.3 Aspectos comparativos entre os modelos de Balanço Social
Como pode ser visto, os modelos de Balanço social existentes no Brasil são muitos
semelhantes. Todos eles mostram o faturamento bruto da empresa, o lucro operacional e o total da
folha de pagamento. Com base nestes valores é que são calculados os percentuais referentes a cada
indicador.
É possível observar que o Brasil já está empenhado em divulgar as suas informações sociais,
todavia não sabe exatamente para quem. Não existe um direcionamento do Balanço Social, sendo
facultado a quem interessar. Isso não ocorre na França, pois ele é destinado aos órgãos
representativos do trabalho e ao inspetor do trabalho.
O Balanço Social no Brasil pode ser considerado um pouco repetitivo, pois já possui outros
demonstrativos que retratam alguns dos dados nele contidos. Por esta razão, a Lei 3.116, Art. 9º ,
deveria ser alterada, para que o Balanço Social “substituísse” os outros demonstrativos
estabelecidos anteriormente pela legislação. Melhor seria é que fosse definido um único modelo a
ser publicado e que este englobasse todos os outros.
O Balanço Social francês é rico em detalhes, contendo vários indicadores. Contudo, estes
indicadores tornam-se apenas informativos, e não são utilizados como base para decisões
gerenciais. No Brasil isto também ocorre.
75
Quadro 1 – Modelos de Balanço Social – Resumo Comparativo
Através do resumo comparativo no quadro anterior, conclui-se que o melhor modelo de
Balanço Social deve ser aquele que destine-se aos empregados e à sociedade em geral; que seja um
demonstrativo único (evitando a repartição de dados em outros demonstrativos); possua como
característica principal a função decisória para fins gerenciais; e que utilize o máximo dos
indicadores para um melhor diagnóstico da situação social da empresa.
Para construir um modelo de Balanço Social adequado, faz-se necessário considerar as
conseqüências e expectativas que ele poderá gerar. Neste caso, quando da aplicação do mesmo,
urge elaborar uma entrevista semi-estruturada (quase em forma de questionário), a fim de conhecer
os impactos deste demonstrativo entre os empregados e entre a direção da empresa.
O modelo proposto nesta pesquisa consiste no conjunto dos modelos existentes, e seu
objetivo principal foi o de extrair o melhor de cada modelo e procurar amenizar as falhas
encontradas. Ele é mais extenso que a maioria dos modelos existentes e está sendo proposto para
utilização em indústrias têxteis como ferramenta de apoio às decisões gerenciais. Para que este
modelo seja utilizado será necessário que a empresa conheça os seus principais problemas e utilize
as informações contidas no balanço social na solução dos mesmos.
DestinaçãoCaracterística
principalUnificados Uso de indicadores
FRANCÊS Órgãos representativos do trabalho e ao inspetor
do trabalho
Mais informativo e pouco decisório
SimElevado, porém pouco
aproveitados
CVM Publicação Informativo Não Baixo
IBASE Selo de empresa cidadã Informativo Não Baixo
76
7.4 Contribuições do Balanço Social
Para Souza(35), o Balanço Social atende a todos. Para os tomadores de decisão, oferece os
elementos essenciais sobre o projetos sociais que a empresa possui ou que pretende realizar; para os
empregados, oferece uma garantia de que as suas expectativas serão conhecidas pelos seus gestores
de forma sistematizada e quantificada; para a sociedade, oferece informações sobre os benefícios
gerados ao meio ambiente, e à sociedade como um todo.
As empresas que tomaram a decisão de investir na melhoria comunitária, ou seja, que
levaram em consideração a sua responsabilidade social, estão rapidamente descobrindo o sucesso
do negócio. Elas praticam a responsabilidade social da mesma forma com que utilizam estratégias
para obter lucro com produtos de qualidade.
As empresas engajadas em causas sociais, estão levando vantagem na disputa de clientes, na
contratação de talentos e até na relação com fornecedores. Com o mercado em crescente
competitividade, uma atitude socialmente responsável está convertendo-se em um diferencial muito
importante. Esta atitude pode ser para com a comunidade, para com os trabalhadores, fornecedores,
clientes, governo ou para com o meio ambiente.
Vale salientar que existe um elo entre a responsabilidade social e alguns programas
nacionais. Um destaque seria o PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade (Fundação para o
PNQ:1997,17), pois dentro dos seus critérios de excelência estão a liderança e o desenvolvimento e
gestão de pessoas. A liderança abrange a responsabilidade pública e cidadania.
Outro destaque é mostrado através de revistas de circulação nacional, quando da publicação
das melhores empresas para se trabalhar. Isto vem apenas comprovar a necessidade da empresa em
conhecer e divulgar os dados relativos à sua responsabilidade social.
Para que o Balanço Social forneça todas estas contribuições citadas, é necessário que novas
contribuições sejam dadas aos seus aspectos legais, a fim de que a relação capital-trabalho seja mais
coerente com o momento atual
77
CAPÍTULO 8
EMPRESAS QUE REALIZAM OU JÁ REALIZARAM SEUS
BALANÇOS SOCIAIS SUGERIDOS PELO IBASE
78
3M do Brasil
Abril S/A
Aché - Laboratórios Farmacêuticos S/A
AGF Brasil Seguros S/A
Aracruz Celulose S/A
Azaléia
Banco do Brasil
Banco Itaú
Banco Santos
Banespa
Bank Boston
BM&F
BR Distribuidora
Brasil Telecom
CEF - Caixa Econômica Federal
Cemig - Centrais Elétricas de Minas Gerais S/A
CSN – Companhia Siderúrgica Nacional
CVRD - Companhia Vale do Rio Doce
DataPrev
De Nadai Alimentação S/A
Embraer
Furnas Centrais Elétricas S/A
Gelre Trabalho Temporário S/A
Gerdau (Metalúrgica Gerdau S/A)
GlaxoWellcome
Grupo J Macedo
Grupo Pão de Açúcar
Indústrias e Comércio Chapecó
Infraero
Ipiranga Petróleo
Light – Serviços de Eletricidade S/A
Marcopolo S/A
Odebrecht S/A
Paranapanema S/A
Perdigão S/A
Petrobras S/A
Rede Globo de Televisão
Sadia S/A
Schering do Brasil
Sebrae-CE
Telemar - Tele Norte Leste Participações S/A
Votorantim Celulose e Papel
YPF (Repsol YPF)
79
CAPÍTULO 9
BALANÇO SOCIAL : VOLUNTÁRIO OU OBRIGATÓRIO?
80
O Balanço Social difere bastante da idéia de equilíbrio e igualdade entre as grandezas típicas
do balanço patrimonial. O balanço social não define com precisão – contrariamente à contabilidade
– e também não busca medir de forma padronizada quanto a empresa recebeu e quanto está
devendo. Essa medida não é possível. A contabilidade não estabelece as aplicações e as origens dos
recursos do balanço social da empresa, simplesmente divulga o que ela fez em prol da comunidade
externa à dela.
Certamente diferencia a empresa perante os consumidores, colaboradores, acionistas,
fornecedores e o governo. Desse ponto de vista, faz parte de sua gestão, já que a empresa tem que
gerar recursos para alcançar os objetivos traçados, entre eles, o de estar bem com seus clientes.
A CVM, tentou criar a obrigatoriedade do balanço social e, diante da possibilidade dessa
obrigação se concretizar, essa comunidade reagiu pronta e contrariamente.
Em agosto de 1997, a Associação Brasileira das Companhias Abertas, Abrasca, protestou
duramente, argumentando que a regulamentação do balanço social, independentemente de qual seja,
é uma posição retrógrada em relação à liberdade que as empresas devem ter para apresentar ou não,
de maneira explícita, sua contribuição na área.
A verdade é que o balanço social não precisa de lei.
Na verdade, essa publicação já se tornou uma prática entre as companhias abertas, sem que,
para isso, tivesse se tornado uma obrigação legal. Hoje, muitas delas publicam com regularidade
seu Balanço Social.
Em artigo recentemente publicado pelo IBASE, o empresário Ricardo Yong, aprova a idéia
do Balanço Social e apresenta uma série de propostas muito interessantes e importantes a serem
consideradas.
Destaca-se duas delas. Primeiro, ele mostrou-se contra a existência de uma lei que torne o
balanço obrigatório e universal, como na França. Yong defende uma adesão voluntária por partes
das empresas. Onde, crê que essa é a solução ideal e reflete uma disposição extremamente positiva
por parte das empresas, uma das condições para que essa idéia dê certo. No entanto, a vantagem de
uma lei representa legitimidade institucional. Tudo depende da aceitação do empresariado. Com
81
essa tese, é cada vez maior a consciência social nas empresas. Tanto para fora, nas relações
com a sociedade e o meio ambiente, como para dentro, nas relações de trabalho.
A Segunda idéia também é importante. Ricardo Yong sugere que o governo e as empresas
estatais dêem exemplo, publicando balanços sociais. Nada mais justo e necessário. Todas as
empresas estatais deveriam tornar transparentes a dimensão social. O fato de serem públicas não
garante automaticamente uma preocupação com o tema. Ao longo da História, já foi percebido que
muitas vezes essas instituições deturpam objetivos de caráter social em prol de interesses privados.
Tal idéia deve atingir principalmente os governos municipais. Por natureza, as prefeituras são
sociais, mas geralmente privatizadas em suas práticas e desligadas do interesse maior, da
coletividade. Não custa publicar um balanço social, adaptando às prefeituras.
Existe, portanto, um campo aberto para a convergência de projetos relativos ao Balanço
Social, que devem ser desenvolvidos o quanto antes. Assim, haverá uma conexão com os inúmeros
problemas sociais que o Estado sozinho tem revelado incapaz de resolver. A iniciativa privada
muitas vezes não se sente comprometida com o mundo em que vive e trabalha.
Cabe às empresas oferecer dados sobre as atividades no campo social e a entidades
autônomas e independentes da sociedade civil. É imprescindível o acompanhamento, análise e
participação nesse esforço conjunto. O Balanço Social não pode ser uma peça de marketing, mas
uma demonstração responsável de investimento sociais realizados pelas empresas.
A idéia precisa tornar-se realidade e espalhar-se por todo o país. Nesse sentido, não importa
quem é o pai ou a mãe da idéia. Todos devem colaborar o mais amplamente possível e com a maior
transparência junto ao público que é, em última análise, o beneficiado final do balanço.
82
CAPÍTULO 10
EXEMPLOS DE PUBLICAÇÕES
83
10.1 VOTORANTIM CELULOSE E PAPEL S.A – 1998
A empresa elaborou e divulgou suas demonstrações contábeis e financeiras, relativas ao
exercício de 1998, publicando-as, no jornal Gazeta Mercantil, nos dias 6, 7 e 8 de março de 1990.
Nessas demonstrações fez algumas citações de caráter econômico e social, apresentadas a
seguir:
Atividades sociais
No processo produtivo, comercial e administrativo em que está envolvida, a VCP insere-se
em atividades sociais importantes, sendo responsável por parcela expressiva da geração de renda e
empregos nas comunidades onde está presente. Nesse escopo fornecemos alguns números
representativos desses relacionamentos, visando situar a companhia dentro dos encadeamentos
econômicos e sociais mais diretos observados no decorrer do ano de 1998:
Números de empregados – diretos: 4.129
Remuneração do trabalho – direta: R$ 93,4 milhões
Remuneração do trabalho – indireta (encargos sociais): R$ 34,5 milhões
Remuneração do governo (impostos pagos): R$ 60 milhões
Remuneração dos acionistas (dividendos propostos): R$ 10 milhões
Assistência médica : R$ 7,2 milhões
Alimentação: R$ 4,7 milhões
Transporte: R$ 4,4 milhões
Formação e desenvolvimento profissional: R$ 1,3 milhão
Participação nos resultados: R$ 6,5 milhões
84
10.2 CEVAL ALIMENTOS S.A – 1998
Balanço Social e Ambiental
O valor total adicionado no exercício atingiu R$ 640 milhões, representando um agregação
de valor na ordem de 22,57% sobre a matéria-prima e outros materiais adquiridos, como mostra o
gráfico a seguir:
Valor adicionado
Exercício de 1998 – R$ 640 milhões
Na área ambiental, a Ceval manteve os cuidados adequados no tratamento de resíduos e
efluentes, atendendo a todos os requisitos das agências de controle nacionais e órgãos
internacionais. Além da preservação da mata nativa na região de sua sede, a companhia
desenvolveu, e vem aplicando em todas as regiões em que atua, o Sistema Alternativo Florestal
Ceval, em conjunto com os produtores integrados de aves e de suínos, garantindo seu abastecimento
de biomassa e evitando danos ao ambiente.
No que tange à área de recursos humanos, as cisões ocorridas em 22 de dezembro resultaram
em sensível redução no corpo funcional da empresa, uma vez que cerca de 80% do Quadro
existente no final de 1997 estava compreendido nas áreas ventiladas à Santista Alimentos e à Seara.
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%Lucro
Recursos humanos
Desp.financeiraslíquidas
Impostos
85
A companhia manteve sua política de investir em treinamento e na valorização de seus
colaboradores, buscando melhorias contínuas na qualidade do atendimento aos clientes e
fornecedores e no aperfeiçoamento dos métodos de gestão, produção e comercialização. Foram
oferecidos durante o exercício vários cursos, que contaram em conjunto com cerca de 32.000
participantes, obtendo um média de 23,8 horas por funcionário.
Os aportes para a entidade fechada de previdência co-patrocinada pela Ceval, atingiram R$
2,14 milhões, representado o dobro da contribuição básica dos segurados.
Os colaboradores continuam a apresentar um desempenho crescente, refletido pelo
acréscimo de produtividade:
Produtividade por funcionário
(Média mensal)
0
5
10
15
20
25
199619971998
86
10.3 PETROBRÁS S. A. – 1998
Conforme informações divulgadas pela empresa, apresenta-se dados relativos ao balanço
social, como segue:
a) Recursos humanos
O uso de modernas técnicas de automação e racionalização do trabalho permitiu uma
redução do número de empregados de 41.173, em 1997, para 38.225 no ano de 1998, suportada por
programas de incentivos a saídas e desligamentos voluntários.
Para o desenvolvimento de pessoal, foram investidos recursos de ordem de R$ 25 milhões, o
que possibilitou uma média de treinamento por empregado de 75 horas – 4,19% do total de horas
disponíveis para trabalho. O objetivo principal dos programas de desenvolvimento foi a capacitação
para as tecnologias essenciais da companhia e para a melhoria da gestão interna e dos resultados dos
processos de produção.
b) Efetivo por área de atividade
c) Meio ambiente e qualidade
Seguindo a tendência internacional de excelência empresarial, em 1998 a Petrobrás
deu continuidade à adequação de seus sistemas de Gestão de Meio Ambiente, Saúde Ocupacional e
Segurança Industrial, tendo como principal referência as Normas ISO 14001 e BS 8800. No mês de
janeiro, a primeira conquista: a Unidade de Exploração & Produção (E & P) de Urucu, na
3%
34%
13%7%
43%
E & P
ABAST
Outras áreas
Marítimos
Pesquisa
87
Amazônia Legal, foi certificada pela ISO 14001 e obteve conformidade com a BS 8800,
transformando a companhia na primeira empresa de petróleo do mundo a obter essa certificação
conjunta.
Em dezembro do mesmo ano, novas vitórias estavam por vir: os órgão de Exploração &
Produção do Espirito Santo e do Rio Grande do Norte/Ceará, as atividades de Gerenciamento de
Empreendimentos de Dutos e Terminais de Óleo e Gás na Região Amazônica, e Frota Nacional de
Petroleiros foram indicadas para receber a certificação internacional pela ISO 14001, sendo que as
unidades de E & P incorporaram, também, a conformidade com a BS 8800. Em 1999, outros
segmentos da Petrobrás deverão obter certificações semelhantes.
Nos segmentos de refino e transporte, o principal destaque ficou por conta da melhoria das
condições ambientais, com a entrada em operação das seguintes unidades e sistemas: Unidades de
Recuperação de Enxofre, na Refinaria Duque de Caxias, no Rio de Janeiro; Sistemas de Separação
de Partículas e da Unidade de Flotação para adequação de efluentes Hídricos, na Refinaria Gabriel
Passos, em Minas Gerais; Sistema de Tratamento e Efluentes Líquidos, na Refinaria Landulpho
Alves, na Bahia; e a nova Estação de Tratamento em Cabiúnas, em Dutos e Terminais do Sudeste,
no Rio de Janeiro, que proporcionou índices de poluentes de amônia, bário, óleos e graxas –
monitorados na zona de saída do emissário submarino – abaixo dos padrões mínimos exigidos pela
Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente (Feema).
Para garantir a viabilidade de suas atividades na área ambiental, a Petrobrás vem dando
prioridade à realização de parcerias tecnológicas estratégicas, envolvendo universidades e centros
de excelência, com a implementação de um programa de investimentos estimados em US$ 1,2
bilhão até o ano 2001. As parcerias buscam o aprimoramento da qualidade de seus produtos,
notadamente de óleo diesel, de forma a garantir a melhoria da qualidade do ar nas principais regiões
metropolitanas do país. Em média, 7% dos investimento globais vêm sendo aplicados, anualmente,
em projetos e programas de proteção ambiental.
Destacam-se, também, os programas de treinamento e capacitação de recursos humanos
desenvolvidos pela companhia nessa área, principalmente no Centro Modelo de Prevenção,
Controle e Combate a Derrames de Óleo no Mar, em São Sebastião (SP), e nos demais centros
instalados nos terminais marítimos. Os programas visam à capacitação de empregados, órgãos
oficiais de meio ambiente e comunidade visam à capacitação de empregados, órgãos oficiais de
meio ambiente e comunidades locais no controle e combate de situações emergenciais envolvendo
vazamento de óleo.
88
Desde 1991, a Petrobrás vem implementando o processo de Gestão pela Qualidade Total.
Outro marco importante ocorreu em 1994, com o início do programa de certificação de sistemas da
qualidade segundo as normas internacionais ISO 9000. Com isso, os clientes da companhia têm
garantida, por meio de certificados de entidades reconhecidas internacionalmente, a qualidade dos
produtos e serviços.
Em 1998, foram obtidos 13 novos certificados ISO 9002, com destaque para a certificação
do processo de logística e comercialização dos principais produtos comercializados. Os 50
certificados obtidos desde 1974 cobrem áreas de produção, armazenamento, transporte, distribuição
e comercialização da gasolina, diesel, lubrificantes, parafinas, querosene de avião, solventes,
combustíveis marítimos (bunker), gás liquefeito de petróleo e fertilizantes, bem como áreas de
exploração e produção de petróleo e áreas de apoio de engenharia e suprimento de materiais.
A Petrobrás é, hoje, a companhia com maior número de certificados ISO 9000 no país, uma
credencial amplamente reconhecida pelo mercado internacional – pré-requisito e diferencial
competitivo para inserção da companhia em novos mercados. Algumas das principais refinarias da
Petrobrás, como a refinaria de Paulínia, em São Paulo – a maior do país – tem mais de 90% de sua
produção oriundos de sistemas certificados, enquanto outras unidades, como a Refinaria de
Landulpho Alves e Dutos e terminais do Sudeste, no Rio de Janeiro, têm a totalidade de seus
sistemas produtivos já certificadas.
d) Contribuição Econômica
A companhia proporcionou ao país, em 1998, uma economia de divisas avaliada em US$ 7,8
bilhões. Desde o início de suas atividades, em 1954, a economia de divisas acumulada é estimada
em US$ 476 bilhões, em moeda de 1998.
A contribuição da Petrobrás, medida por meio de impostos, royalties, taxas e contribuições
inerentes às suas atividades, foi de US$ 4,83 bulhões. Dessa parcela, o valor de royalties foi de US$
280 milhões.
A Petrobrás contribuiu com US$ 41 milhões no reconhecimento para o Adicional de Frete
para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM). Para o desenvolvimento de seus programa de
investimentos e de suas atividades operacionais, a companhia adquiriu diretamente US$ 1,17 bilhão
em materiais e equipamentos, sendo US$ 987 milhões (84,5%) correspondentes a compra no país.
Na área de empreendimentos gerenciados pelo Serviço de Engenharia, foram gerados cerca
de 40 mil empregos diretos com os investimentos realizados. O desenvolvimento de novos materiais
89
e fornecedores, visando atender às necessidades futuras da Petrobrás, com destaque para a
exploração em águas profundas, foi fortemente estimulado. O Serviço de Material manteve em
carteira uma média de cem Termos de Cooperação Tecnológica e Protocolos de Intenção firmados
com fornecedores nacionais e estrangeiros, envolvendo alocação de recursos da ordem de US$ 163
milhões, sendo 60% com fornecedores nacionais. Esse valor representou um aumento de 32% em
relação à posição de dezembro do ano anterior (US$ 124 milhões).
90
CONCLUSÃO
Como vemos e sabemos, a economia está globalizada, e neste mercado, a qualidade da
informação é de fundamental importância para o desenvolvimento das instruções.
O relacionamento da empresa com a sociedade em geral e a comunidade com o qual está
diretamente em contato hoje representa fator de garantia de continuidade, de sobrevivência. Para
promover e manter esse relacionamento, o processo de comunicação e de prestação de informações
necessita estar bem desenvolvido e, fundamentalmente, ser espontâneo.
Como vimos, poucos países tornaram obrigatória a divulgação de informações sobre as
atividades desenvolvidas pelas empresas (Balanço social): França e Espanha. Países mais
desenvolvidos, como os Estados Unidos, a Alemanha e a Inglaterra, sentindo a importância da
divulgação desses dados, já o adotam, sem esperar que as autoridades tomem a iniciativa de o
tornarem obrigatório. E, parece-nos, é o que estamos esperando aqui no Brasil.
Todos os profissionais da contabilidade, devem movimentar-se e trabalhar para o
convencimento, dos empresários, da importância de divulgação de informações para a comunidade,
mais abertas, mais transparentes e que atinjam um universo de pessoas bem maior do que o atingido
atualmente pélas Demonstrações Contábeis que já são elaboradas e publicadas. Cabe a todos
despender esforços para pressionar as entidades que estão envolvidas no processo de informações,
para que procurem expedir normas padronizadas de procedimentos para a elaboração dessas
informações, sem a necessidade de torná-las compulsórias.
Movimente-mos sem esperar que uma simples lei venha a tornar obrigatória a divulgação de
informações que, entendemos, já ser, não uma obrigação, mas uma necessidade para o crescimento
de qualquer instituição.
É o momento de assumirmos plenamente nossa função de geradores de informações, e
informações úteis, que são aquelas que têm pessoas, isto é , mudar posições, mudar conceitos. E a
divulgação de informações como o Balanço Social e o de Valor Adicionado no mínimo mudará,
para melhor, a visão da sociedade sobre as nossas empresas, que dessa forma, serão mais
conhecidas, reconhecidas e apoiadas.
91
BIBLIOGRAFIA CITADA
1. MARQUÈS, Edmond. Rendre compte du social. Revue Française de Gestión n. 12/13,
novembre-décembre, 1997.
2. MARQUÈS, Edmond, op. cit.
3. DANZIGER, Raymond. Le bilian social, outil d’information et de gestion. Paris: Bordas,
1983, p.1.
4. SUPLICI, Marta. O que é o Balanço social? Jornal Folha de São Paulo. 10 de junho de 1997.
5. TEXEIRA, Nelson Gomes. Introdução In: Gonçalves, Ernesto Lima. Balanço Social da
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VASSALO, Cláudia. Guia de Boa Cidadania Corporativa 2000. Revista Exame, edição 728.
97
ÍNDICE
Introdução 8
Capítulo I – Balanço Social: Como se elabora, para que serve e os usuários da
informação 12
1.1- Inserção histórica 13
1.2 – O que é balanço social 14
1.3 – Como se elabora o Balanço Social 18
Capítulo II – Demonstração do valor adicionado e importância 23
2.1 – Empresas pioneiras na elaboração da demonstração do valor
adicionado 26
2.2 – Análise dos resultados de demonstrações de valor adicionado 27
Capítulo III – Balanço Ecológico e Contabilidade Ambiental 29
3.1 – O Balanço Ambiental 30
3.2 – Responsabilidade Ambiental e Corporativa 31
Capítulo IV – Responsabilidade Social e Pública nas Organizações 33
4.1 – Responsabilidade Social na empresa 34
4.2 – Auditoria e Certificação Social 35
98
Capítulo V –Melhorando a qualidade da informação no Balanço Social 37
Capítulo VI –A experiência do Balanço Social em vários países 39
6.1- Modelo de Origem Americana (preocupação externa) 40
6.1.1 – A informação no espaço e suas influências 41
6.1.2 – Apresentando um modelo 42
6.1.2.1 – Balança ou relatório de Informação Social 47
6.1.3 – Implementando o Modelo Proposto 55
6.1.3.1 – Planejamento e engajamento setorial: Organização e Direção Necessárias
56
6.1.4 – Argumentos para aplicação do Modelo Proposto 57
6.2 – O Modelo Europeu 59
6.2.1 – Social para o Estado x Social para a Empresa 60
6.2.2 – O valor Custo-benefício do empregado na Europa 62
6.2.3 – Salários e outros benefícios 67
6.2.4 – Condições de Higiene e Segurança do Trabalho 69
6.2.5 – Outras Condições de Trabalho 70
Capítulo VII – Modelos no Brasil 71
7.1 – O Balanço Social da Comissão de Valores Mobiliários 72
99
7.2 – O Balanço Social da Comissão da IBASE 72
7.3 – Aspectos comparativos entre o modelo de Balanço Social 79
7.4 – Contribuições do Balanço Social 81
Capítulo VIII – Empresas que realizam ou já realizaram seus balanços sociais
sugeridos pelo IBASE 83
Capítulo IX – Balanço Social: Voluntário ou Obrigatório? 85
Capítulo X – Exemplos de Publicações 88
10.1 - Votorantim Celulose e Papel S.A _ 1998 89
10.2 – Petrobrás S.A – 1998 90
10.3 – Petrobrás S.A – 1998 92
Conclusão 96
Bibliografía Citada 98
Bibliografía 102 Índice
104