UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2010. 8. 22. · vantagem competitiva...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA
EDUCAÇÃO CORPORATIVA NAS ORGANIZAÇÕES
Por: Ana Deborah da Silva
Orientador
Professora Maria Lucia de Souza Moreira
Rio de Janeiro
2010
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA
EDUCAÇÃO CORPORATIVA NAS ORGANIZAÇÕES
Apresentação de monografia à Universidade
Cândido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Pedagogia
Empresarial.
Por: Ana Deborah da Silva
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus meu pai e criador,
pois sem ele nada é possível em minha
vida.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos que
acreditam no meu potencial e me ajudam
a alcançar meus objetivos.
5
RESUMO
As Universidades Corporativas surgiram das experiências de
programas de treinamento e desenvolvimento profissionais corporativos. Outro
componente que contribuiu para o rápido crescimento das Universidades
Corporativas foi a necessidade de contínua aprendizagem, como conseqüência
das vertiginosas mudanças no mundo do trabalho, em razão dos avanços
tecnológicos permanentes e do processo de globalização da economia.
Para se manterem competitivas, as empresas estão em constante
mudança, no entanto grande parte destes esforços não tem gerado os
resultados esperados. Este cenário abriu uma poderosa proposta da
organização orientada para o aprendizado estratégico organizacional.
As empresas começaram a perceber a necessidade de repensar seus
tradicionais centros de Treinamento & Desenvolvimento, de modo que possam
contribuir com eficácia e sucesso para a estratégia empresarial, agregando
valor ao resultado do negócio.
Dentro deste contexto, este trabalho propõe uma análise da Educação
Corporativa como uma ferramenta estratégica para as soluções de
alinhamento das iniciativas de treinamento com a estratégia da organização,
gerando vantagem competitiva por meio do aprendizado permanente.
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METODOLOGIA
A metodologia aplicada para o desenvolvimento desta monografia teve
como base pesquisas bibliográficas em artigos, livros e revistas especializadas,
disponíveis ao público em geral. Toda a abordagem do desenvolvimento busca
o aprofundamento do conhecimento sobre a importância estratégica da
Educação Corporativa para as organizações.
Os principais autores utilizados na realização desta pesquisa foram:
Marisa Eboli, Daniele S. Krassuski Fonseca, Elizabeth Ayres Gdikian, Moisés
Correia da Silva, Jeanne C. Meister, Ana Paula Freitas Mundim, Eleonora
Jorge Ricardo, Luzia Pacheco, Anna Cherubina Scofano, Mara Beckert, Valéria
de Souza, Elizabeth Maria Mendonça Real, Maria Luiza Motta da Silva Araujo,
Máslova Valença Teixeira e Andréa Teixeira.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................... 08
CAPÍTULO I – Educação Corporativa: contexto de surgimento,
conceitos e objetivos................................................................................
10
1.1 O contexto de surgimento das Universidades Corporativas.............. 10
1.2 Principais conceitos, objetivos e valores............................................ 12
1.3 Articulando conceitos: Educação corporativa, gestão do
conhecimento e gestão por competências...............................................
15
CAPÍTULO II – Implantação da Educação Corporativa nas
organizações: As melhores práticas da Educação Corporativa...............
18
2.1 O papel do RH na Educação Corporativa.......................................... 18
2.2 Comparativo entre Treinamento & Desenvolvimento e Educação
Corporativa...............................................................................................
19
2.3 Estruturando uma Universidade Corporativa: Etapas e melhores
práticas.....................................................................................................
21
2.4 Desafios e novos modelos................................................................. 29
CAPÍTULO III – O potencial estratégico da Educação Corporativa nas
organizações............................................................................................
31
3.1 A Educação Corporativa como base da estratégia organizacional... 31
3.2 Ser estratégica: Questão crítica para a Educação Corporativa......... 33
3.3 Um modelo estratégico para a Educação Corporativa....................... 34
3.4 Agir estrategicamente: O desafio da Educação Corporativa............. 36
CONCLUSÃO.......................................................................................... 38
BIBLIOGRAFIA........................................................................................ 40
ÍNDICE..................................................................................................... 42
8
INTRODUÇÃO
As descobertas e revoluções ocorridas nos últimos 50 anos no mundo
modificaram o pensamento e o comportamento da sociedade e,
conseqüentemente, alteraram o padrão e a estrutura do trabalho, incluindo no
universo do homem corporativo outro conjunto de valores, que complementam
sua bagagem profissional: o conhecimento.
As organizações vivem um processo de constante ajuste e renovação
diante das mudanças demandadas, diretas ou indiretamente, pelo mundo do
qual fazem parte. Além disso, diversos atores, tais como consultores,
profissionais liberais, pessoas influentes, parceiros, fornecedores, entre outros,
são fundamentais na rede de relacionamento das organizações, viabilizando
uma conexão constante para se manterem atualizadas com o mercado.
Por meio dos trabalhos em equipe, concretiza-se o modelo de
organização de aprendizagem; as equipes são responsáveis por grande parte
da disseminação e troca de saberes e informações, como também pelo
compartilhamento de conhecimentos que se dá por meio do contato direto
entre as pessoas.
Pessoas representam o potencial individual e constituem o capital
intelectual das organizações. Aprendem continuamente por meio de dados,
9
trocas e informações, proporcionado maior valor agregado, na medida em que
são estimuladas e reconhecidas em seus respectivos ambientes de trabalho.
A organização tem o papel de sistematizar informações e dados, além
de fomentar um ambiente propício ao aprendizado, por meio de ações
democráticas e diferenciadas, tais como o incentivo ao aprendizado coletivo,
debates, oficinas, comunidades virtuais ou de práticas, entre outras.
Dentro deste contexto, este estudo pretende destacar a importância da
educação corporativa para as organizações e como sua implantação pode
agilizar e propiciar o desenvolvimento do negócio.
Primeiramente serão apresentados conceitos sobre Educação
Corporativa, assim como o contexto de seu surgimento e seus principais
objetivos. A seguir, apresenta-se o papel da Gestão de Recursos Humanos no
tema estudado e um comparativo entre Treinamento e Desenvolvimento e
Educação Corporativa. Em seguida serão apresentadas as etapas de
estruturação de uma Universidade Corporativa, suas melhores práticas,
desafios e novos modelos. Por último, apresenta-se uma análise do potencial
estratégico da Educação Corporativa nas organizações.
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CAPÍTULO I
EDUCAÇÃO CORPORATIVA: CONTEXTO DE
SURGIMENTO, CONCEITOS E OBJETIVOS
O conceito de Educação Corporativa vem sendo adotado na Gestão de
Recursos Humanos pelas empresas de destaque no mercado, sinalizando o
investimento estratégico e constante no desenvolvimento das competências
profissionais e sua atuação na estratégia do negócio.
1.1 O contexto de surgimento das Universidades Corporativas
A Universidade Corporativa (UC) surge no final do século XX como o
setor de maior crescimento no ensino superior. Para compreender sua
importância é importante compreender as forças que sustentaram o
aparecimento desse fenômeno (Meister, 1999).
Segundo Meister (1999), essas forças são essencialmente cinco:
1. Organizações flexíveis – com maior capacidade de dar respostas
rápidas;
2. Era do conhecimento – o conhecimento como nova base para formação
de riquezas;
11
3. Rápida obsolência do conhecimento – a redução do prazo de validade
do conhecimento associado ao sentido de urgência;
4. Empregabilidade – novo foco na capacidade de empregabilidade;
5. Educação para estratégia global – evidencia-se a necessidade de
formar pessoas com visão global.
Todas as pessoas em todos os níveis da empresa precisam ter bem
desenvolvida a capacidade de criar trabalho e conhecimento organizacional,
contribuindo de maneira efetiva para o sucesso do negócio (Meister, 1999).
Eboli, (2004, p. 46 e 47) destaca que entre as várias razões para a
criação de uma Universidade Corporativa destacam-se três:
1. Valores: muitos líderes empresariais acreditam que
conhecimento, habilidades e competências formarão a base da
vantagem competitiva futura de seus negócios, o que os estimula
a investir na abertura de uma Universidade Corporativa como um
meio de intensificar o desenvolvimento dos empregados nessas
áreas.
2. Imagem externa: cria-se uma ótima impressão nos clientes ou
sócios se o diretor-presidente de uma empresa puder dizer:
“ Nosso pessoal está sendo treinado em nossa própria
Universidade” ou “Se assinarmos esse acordo em parceria,
poderemos abrir as portas de nossa Universidade para seus
empregados”.
3. Imagem interna: se a iniciativa de instituir uma Universidade
Corporativa provém diretamente de uma organização de
treinamento já existente, o grupo responsável por esta vai se
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empenhar em obter recursos e reconhecimento para sua
empreitada. Afinal de contas, o prestígio advindo do
estabelecimento de uma UC recairá sobre aquele primeiro grupo.
Antes era um “grupo de treinamento” ou “departamento de
treinamento” que se reportava ao vice-presidente de recursos
humanos; agora é a Universidade Corporativa que trata
diretamente com a presidência. “Eu era um Gerente de
Treinamento, agora sou um Reitor!”
No mundo todo o número de Universidades Corporativas vem
aumentando e incluindo os mais variados setores produtivos. Isso acontece à
medida que essas empresas começam a perceber a necessidade de repensar
seus tradicionais centros de Treinamento & Desenvolvimento (T&D) de modo
que possam contribuir com eficácia para o sucesso da estratégia empresarial,
agregando valor ao resultado do negócio (EBOLI, 2004, p. 47 e 48).
1.2 Principais conceitos, objetivos e valores
Entende-se por Universidade Corporativa o “guarda-chuva estratégico
para o desenvolvimento e educação de funcionários, clientes e fornecedores,
com o objetivo de atender às estratégias empresariais de uma organização”
(MEISTER, 1999, p. 263).
A denominação Universidade Corporativa teve origem no mundo dos
negócios norte-americano: corporate university. Quando optam por este termo,
as organizações têm como objetivo legitimar o trabalho interno de capacitação,
valorizando-o no sentido de estabelecer a metáfora com o modelo das
Universidades tradicionais, para garantir status aos seus programas
(PACHECO, 2005, p. 102).
Pacheco (2005, p. 102) esclarece que algumas empresas optam por
outras terminologias, tais como Educação Corporativa, Universidade Aberta ou
Academia. Outras simplesmente adotam práticas semelhantes às de
13
Universidade Corporativa, sem que necessariamente venham a intitulá-las com
um termo específico.
Ao longo da trajetória das corporações, o processo de capacitação e
desenvolvimento transformou-se e evoluiu, passando a assumir papel
educacional. Para Teixeira (2001), esse papel foi se adequando aos contextos
organizacionais e às pressões dos ambientes externo e interno, de tal forma
que a Universidade Corporativa assume, atualmente, a posição de gestora de
ensino-aprendizagem dentro das organizações.
Com princípios, missão, visão, valores, objetivos e metas claras, a
Universidade Corporativa se estabelece como uma vantagem competitiva,
alinhada à estratégia do negócio e com a responsabilidade de atender aos
anseios dos seus interessados e da organização como um todo.
Eboli (1999) destaca que embora as Universidades Corporativas sejam
diferentes em vários aspectos, a tendência é que elas organizem-se em torno
de princípios semelhantes, tais como:
ü Prover oportunidades de aprendizagem que dêem suporte para a
empresa atingir seus objetivos;
ü Desenhar programas que incorporem cidadania, contexto e
competências;
ü Estimular gerentes e líderes a se envolver com a aprendizagem
buscando a co-responsabilidade das gerências;
ü Utilizar a Universidade Corporativa para obter vantagem
competitiva e entrar em novos mercados.
A autora acrescenta que a missão da Universidade Corporativa
consiste fundamentalmente em formar e desenvolver talentos na gestão dos
negócios, promovendo o conhecimento organizacional por meio de processo
de aprendizagem ativa e contínua.
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Para tanto, é fundamental a utilização de tecnologia adequada ao
aprendizado e acoplada a uma metodologia de trabalho que permita a todos
dentro da organização, não só utilizarem as informações disponíveis, mas
também atuarem como divulgadores de novas informações, alimentando assim
todo o sistema.
Meister (1999) constatou que as universidades corporativas com
melhores práticas possuem uma declaração de missão semelhante,
independente de seu porte, ramo de atividades ou país em que opera. Com
algumas variáveis de linguagem, a missão da maioria das Universidades
Corporativas é: “atuar como parceira para que os colaboradores consigam
atingir um desempenho excepcional e para que a organização atinja suas
metas e seja reconhecida como líder no mercado em que atua”.
Desta forma, o objetivo da educação corporativa é alinhar, sistematizar
e propiciar o crescimento da organização, com vistas ao atendimento das
demandas estratégicas, por meio do desenvolvimento das competências do
seu corpo funcional e de seus parceiros.
Segundo Eboli (1999), as experiências nessa área têm enfatizado os
seguintes objetivos:
ü Difundir a idéia de que o capital intelectual será o fator de
diferenciação das empresas no próximo milênio;
ü Despertar nos talentos humanos a vocação para o aprendizado;
ü Incentivar e estruturar atividades de autodesenvolvimento;
ü Motivar e reter os melhores talentos contribuindo para o aumento
da felicidade pessoal, dentro de um clima organizacional
saudável.
15
Pacheco (2005) acrescenta que é essencial às práticas da educação
corporativa a definição dos valores a serem compartilhados e dos objetivos a
serem alcançados. Para tanto, destacam-se alguns itens a serem
considerados na sua constituição:
ü Ser estratégica;
ü Desenvolver a empregabilidade dos colaboradores;
ü Assegurar vantagem competitiva por meio do desenvolvimento
dos seus profissionais;
ü Ter uma organização e atuação proativas;
ü Catalisar as ações;
ü Buscar o aprendizado organizacional;
ü Transformar-se em centro de resultados;
ü Propiciar a educação continuada;
ü Ter o papel de facilitador e multiplicador;
ü Dar sentido às ações de capacitação e desenvolvimento.
É importante salientar que as empresas pioneiras na adoção de
Universidades Corporativas demonstram uma capacidade invejável de
“enxergar primeiro o futuro” e assim dirigir seus esforços para conceber,
desenvolver e implantar sistemas de desenvolvimento de talentos humanos
baseados nos mais modernos princípios de sistemas educacionais
competitivos (EBOLI, 2004, p. 51 e 52).
Também enfrentam com coragem o enorme desafio de tornar as ações
e os programas educacionais economicamente viáveis, procurando avaliar
quanto do negócio foi realmente beneficiado com o treinamento, adotando
para isso indicadores vinculados ao processo (EBOLI, 2004, p. 51 e 52).
1.3 Articulando conceitos: educação corporativa, gestão do
conhecimento e gestão por competência
16
Uma preocupação constante no meio empresarial é que as
organizações saibam antecipar tendências e as incorporem às suas práticas
organizacionais no intuito de levarem as pessoas a trabalhar cada vez mais,
melhor e mais rápido (Eboli, 2004).
Desta forma as organizações interessadas em projetos de educação
corporativa realizam esforços intensos para mapear suas competências críticas
e investem em gestão do conhecimento (Eboli, 2004).
De acordo com Scott Parry (1996, p. 48-54), a competência, numa
definição simplificada, é resultante de três fatores básicos:
1. Conhecimentos: relacionam-se à compreensão de conceitos e
técnicas. É o saber fazer.
2. Habilidades: representam aptidão e capacidade de realizar e
estão associados à experiência e ao aprimoramento progressivo.
É o poder fazer.
3. Atitudes: referem-se à postura e ao modo como as pessoas agem
e procedem em relação a fatos, objetivos e outras pessoas de
seu ambiente. É o querer fazer.
Através da gestão por competências e da gestão do conhecimento
podem-se desenvolver as competências que serão um diferencial estratégico
da empresa.
Com os fatores básicos, conhecimentos, habilidades e atitudes a
organização pode implantar um sistema de Educação Corporativa que se
tornará o seu diferencial estratégico. Para tanto, deve responder a três
questões chaves (EBOLI, 2004, p. 54):
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1. Por que implantar um sistema de Educação Corporativa?
Refere-se ao motivo principal para implementar o sistema de
Educação Corporativa, que é elevar o patamar de
competitividade empresarial, por meio do desenvolvimento,
da instalação e da consolidação das competências críticas,
empresariais e humanas.
2. O que fazer para implantar um sistema de educação corporativa?
Diz respeito ao que deve ser feito para que o sistema de
Educação Corporativa seja eficaz, ou seja, que efetivamente
aumente a inteligência da empresa por meio da implantação de
um modelo de gestão de pessoas e da gestão do conhecimento.
3. Como fazer?
Para que um sistema de Educação Corporativa atinja seus
propósitos é fundamental que pessoas motivadas se envolvam e
se comprometam. Só através das pessoas será construído um
sistema de educação verdadeiramente eficaz. Para tanto, é
essencial que a implantação da mentalidade de aprendizagem
contínua ocorra de forma alinhada em três níveis: empresa,
lideranças e pessoas.
Ou seja, devem-se criar um ambiente e uma cultura empresarial
cujos princípios e valores disseminados sejam propícios a
processos de aprendizagem ativa e contínua, a qual favoreça a
formação e a atuação de lideranças exemplares e educadoras
que aceitem, vivenciem e pratiquem a cultura empresarial e
assim despertem e estimulem nas pessoas a postura do
autodesenvolvimento.
Adotar uma estratégia baseada nos talentos implica que as empresas
levem mais a sério a questão de formação, desenvolvimento e retenção
desses talentos. São as pessoas que farão a diferença entre empresas
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vencedoras e perdedoras. Isso significa um retorno à simplicidade de idéias e
práticas, pois a única prática realmente de sucesso será a valorização do ser
humano (EBOLI, 2004 p. 54 e 55).
CAPÍTULO II
IMPLANTAÇÃO DA EDUCAÇÃO CORPORATIVA NAS
ORGANIZAÇÕES: AS MELHORES PRÁTICAS DA
EDUCAÇÃO CORPORATIVA
Muito se tem falado sobre as melhores práticas de um sistema de
Educação Corporativa, porém para que este sistema se torne realidade é
necessário fazer escolhas organizacionais integradas sob o ponto de vista da
cultura, da estrutura da empresa, da tecnologia, dos processos e do modelo de
gestão empresarial (Eboli, 2004).
2.1 O papel do RH na Educação Corporativa
No mundo corporativo moderno não há mais tempo nem lugar para
processos de Recursos Humanos engessados, burocráticos e legalistas. A
nova gestão de Recursos Humanos necessita autotransformar sua função
dentro das organizações para uma dimensão mais estratégica, agregando
valor ao negócio ao investir no desenvolvimento das pessoas e no processo de
aprendizagem (Gdikian e Silva, 2002).
Segundo Gdikian e Silva (2002), para dar sustentação à estratégia, é
preciso investir nos ativos intangíveis, que incluem fatores como:
competências, conhecimentos, tecnologia da informação, clima organizacional
e outros.
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Desta forma cada organização precisa incluir o gerenciamento das
mudanças em sua própria estrutura propiciando caminhos de aprendizagem
para cada cadeia de valor, bem como organizando este aprendizado através
de gestão do conhecimento.
Neste contexto o RH atua incentivando os empregados a buscarem a
informação, a capacitação e a atualização profissional visando à geração de
valor ao negócio.
Para Gdikian e Silva (2002), um dos maiores desafios dos Recursos
Humanos tem sido a aferição destes valores. Qual o valor agregado ao
negócio? Outro ponto de destaque é a utilização de novas ferramentas de RH
imputadas pelo avanço tecnológico. Também é de suma importância que os
velhos paradigmas sejam abandonados e modelos preconcebidos de RH
sejam revistos.
2.2 Comparativo entre Treinamento & Desenvolvimento e
Educação Corporativa
Segundo Fonseca (2008), em um ambiente de negócios marcado pela
constante necessidade de inovação, competitividade, agilidade, flexibilidade e
diferenciação frente aos concorrentes, o conhecimento necessário aos
profissionais precisa estar adequado a esta realidade. Mediante este cenário,
faz-se necessário desenvolver ferramentas de geração, disseminação,
aplicação e comprovação do conhecimento cada vez mais focado na estratégia
do negócio.
Fonseca (2008) esclarece que as áreas de treinamento enfrentam
dificuldades para atender essa demanda, por configurarem suas ações de
maneira reativa, voltadas ao público interno e ao desenvolvimento de
habilidades e pouco inovadoras com relação às formas de disseminação e
gerenciamento do conhecimento.
20
Sendo assim, complementa Fonseca (2008), as Universidades
Corporativas instaladas, físicas ou virtualmente, nas organizações apresentam
algumas características específicas que as diferenciam da área de treinamento
e desenvolvimento, tais como:
ü Pro atividade, com ações voltadas ao ambiente de negócio de
cada organização;
ü Desenvolvimento de competências essenciais;
ü Inovação nas formas de passar o conhecimento;
ü Ter como premissa a disseminação do conhecimento em
qualquer momento e lugar;
ü Atuam no desenvolvimento e gerenciamento de ferramentas que
propiciam a captação do conhecimento presente na organização,
através de seus diversos públicos e sua adequada disseminação
para fácil utilização sempre que necessário;
ü Têm público-alvo amplo, não se restringindo ao público interno;
ü Procuram acompanhar a utilização prática do conhecimento, ou
seja, a transformação do conhecimento em vantagem
competitiva, gerando capital intelectual para as organizações.
Além disso, as universidades corporativas, como contam com um
público mais amplo e com ações mais bem dimensionadas, representam não
um centro de custo para a organização, mas sim uma redução de custos nos
programas de educação continuada (Fonseca, 2008).
Em síntese, pode-se dizer que a importância das universidades
corporativas está baseada no fortalecimento e direcionamento para os valores
e cultura desejados pela empresa, na criação de talentos, no aumento do valor
da empresa para os seus clientes e acionistas, no desenvolvimento e na
capacidade de autogerenciamento das pessoas, promovendo por meio da
universidade corporativa o alinhamento dos objetivos dos colaboradores com
os objetivos da empresa.
21
2.3 Estruturando uma Universidade Corporativa: Etapas e
melhores práticas
As Universidades Corporativas têm se revelado uma solução sob
medida para o alinhamento dos processos de ensino-aprendizagem com as
estratégias empresariais. A limitação do treinamento essencialmente
presencial é oxigenada com atividades à distância e forte estímulo ao
autodesenvolvimento (GDIKIAN e SILVA, 2002, p. 55).
O alicerce da Universidade Corporativa é a política de Recursos
Humanos que deve estar pautada pelo modelo de gestão por competências e
prever a captação, o desenvolvimento e a retenção de talentos (GDIKIAN e
SILVA, 2002, p. 55).
Um fator chave de sucesso na transição do modelo de Treinamento &
Desenvolvimento para o da Educação Corporativa é o comprometimento da
alta administração, que pode ser explicitado através da participação efetiva dos
executivos e gestores no processo (GDIKIAN e SILVA, 2002, p. 55 e 56).
Segundo Gdikian e Silva (2002, p. 56 e 57) o projeto de Universidade
Corporativa deve prever:
ü A definição de missão, objetivos e princípios da Universidade
Corporativa.
ü O estabelecimento da estratégia para elaboração do currículo
(programação de cursos) da Universidade, que deve estar
sintonizado com o planejamento estratégico, com as
competências essenciais da empresa e com o fortalecimento da
cultura organizacional.
22
ü A gestão do conhecimento compreendendo captação,
armazenamento e disponibilização das informações
organizacionais.
ü Espaço físico (instalações, centro de treinamento etc) e virtual
(portal da Universidade Corporativa na Internet ou na Intranet).
ü A metodologia com foco na educação de adultos (andragogia),
mesclando o ensino presencial à distância e o estímulo ao
autodesenvolvimento.
ü Adequação e/ou implantação dos canais para educação à
distância: internet, intranet, TV corporativa, CDs etc.
ü A negociação com a diretoria do orçamento anual para atividades
de desenvolvimento contínuo.
ü Padronização visual do material de suporte da Universidade,
incluindo logomarca.
ü Plano de comunicação para divulgação interna e externa dos
princípios e práticas da Universidade.
ü Estabelecimento de parcerias e convênios com Universidades e
Instituições de ensino no mercado.
ü Elaboração de procedimentos que orientarão as atividades de
pós-graduação, idiomas, cursos no exterior etc.
ü Programa de formação de líderes educadores (docentes, “coach”)
para suporte às atividades de desenvolvimento, compartilhamento
do conhecimento e de direcionamento de carreiras.
ü Definição das formas de avaliação (reação, aprendizagem e
resultados), sistema de créditos e certificação.
Na visão de Pacheco (2005, p. 105), as organizações devem levar em
consideração alguns aspectos de extrema relevância para a implantação da
educação corporativa. Dentre os aspectos destacam-se os cinco a seguir:
1. Subordinação
23
O Grupo de Pesquisas em Educação Corporativa do Programa de Pós-
Graduação em Administração, da Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade, da Universidade de São Paulo (PPGA-FEA-USP), realizou uma
pesquisa em 2004, com o objetivo de identificar a quem a Educação
Corporativa está subordinada nas empresas (Melhor. Publicação oficial do
sistema nacional ABRH. Edição especial “Anuário 2005”).
Foram escolhidas 39 empresas, na maioria de grande porte e com
capital majoritário brasileiro - do setor financeiro, da indústria primária e
secundária, da indústria de infra-estrutura e do setor de serviços - que
possuíssem algum tipo de iniciativa em educação corporativa.
A pesquisa demonstrou que em mais de 70% das empresas, a
educação corporativa estava subordinada à área de gestão de pessoas.
Ficando um nível abaixo do CEO em 33% das empresas e dois níveis abaixo
do CEO em aproximadamente 40% dessas empresas.
Desta forma, podemos concluir que qualquer que seja a área a liderar
a educação corporativa é vital o envolvimento das principais lideranças da
organização na sua construção. Pacheco (2005) salienta que essa
aproximação gera aceitação, entendimento, participação e disseminação da
educação corporativa, propiciando a adesão natural dos envolvidos, tornando o
projeto acessível e estimulando a co-responsabilidade.
A mesma autora, acima citada, prossegue afirmando que o
comprometimento e o envolvimento da alta cúpula da organização são
imprescindíveis para o sucesso da implementação da educação corporativa.
Igualmente fundamental é a criação de um senso comum entre os líderes, de
valorização e de participação nas ações deste projeto.
Pacheco (2005) finaliza destacando a necessidade da criação de uma
visão partilhada, em um esforço conjunto, por todos os níveis da organização.
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Esta visão objetiva estimular as pessoas de forma inspiradora, duradoura,
confiável e concisa, além de nortear os líderes e participantes sobre o quanto
se deseja atingir, aonde se quer chegar e o que se pretende alcançar com o
processo.
2. Revisão de valores e estratégias
Um aspecto essencial é rever os valores culturais e as estratégias da
organização, a fim de que se possa implantar a educação corporativa com
coerência aos seus princípios. Esta revisão implica a mobilização das
lideranças para que seja repensado o atual modelo, objetivando o alcance de
um amplo consenso, que deve ser compartilhado e incorporado pelos
empregados e parceiros, na busca de um alinhamento estratégico (PACHECO,
2005, p. 107).
Poucas organizações realizam a pesquisa de clima organizacional ou a
considera um pré-requisito para implantação de educação corporativa.
Tampouco são ressaltadas algumas variáveis que precisão ser analisadas, tais
como: nível de credibilidade, satisfação, interesses e práticas comuns no
âmbito organizacional. Tais informações devem ser revistas, considerando o
estágio de amadurecimento da organização para internalização dos princípios
de educação corporativa (PACHECO, 2005, p. 108).
3. Modelo de funcionamento
Compreende o processo de decisão quanto ao modelo de
funcionamento a ser proposto às pessoas. Com base em definições
estratégicas, o processo pode estar direcionado exclusivamente ao
desenvolvimento das lideranças, ou ser extensivo a todos os integrantes da
organização (PACHECO, 2005, p. 108).
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Pacheco (2005) ressalta que essa é uma decisão estratégica e
indispensável para a definição dos programas, que engloba a análise de toda a
cadeia de valores envolvida. Questiona e estabelece em que nível os parceiros
estratégicos (fornecedores, distribuidores, clientes, prestadores de serviços,
pessoas jurídicas e outros), participarão do projeto.
A autora, acima citada, complementa ainda que, devem ser
identificados quais serão os parceiros de aprendizagem que contribuirão para o
desenvolvimento organizacional, na construção dos programas e atividades
adequados à educação corporativa. Esses parceiros podem ser universidades,
centros de aperfeiçoamento, ONGs, escolas técnicas, entre outros, conforme a
natureza do negócio.
Desta forma, continua Pacheco (2005), o conjunto de produtos e
serviços, a ser preparado para os parceiros externos e internos, deve ser
elaborado sobre duas vertentes: programas formais (MBAs, treinamentos
específicos, e-learning e cursos livres) e programas informais (oficinas,
benchmarking, melhores e piores práticas, entre outros). Esses programas são
desenvolvidos por desenhistas instrucionais, na perspectiva da redução de
custos, maior aproveitamento, otimização de recursos e foco na aplicabilidade
para a organização.
Ainda quanto ao funcionamento, os programas de aprendizagem
podem ser obrigatórios, ou não, para o público estabelecido. Os programas
obrigatórios surtem efeito, porém, de acordo com a filosofia da busca do
autodesenvolvimento, o ideal seria que as pessoas fossem livres para optar, tal
qual em uma universidade, onde o indivíduo se torna responsável pelo seu
crescimento e define o que melhor se ajusta aos seus interesses e objetivos,
conjuntamente aos da organização. Para tanto, são requeridos programas de
coaching e mentoring, a fim de auxiliar e orientar o participante na perspectiva
da elaboração do plano de desenvolvimento individual (PACHECO, 2005, p.
109).
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Grandes corporações têm oferecido caminhos que possibilitam ao
empregado perceber que competências precisam ser construídas para a
ascensão e promoção interna. Segundo Real e co-autores (2005) são trilhas
ou rotas formadas por diferentes programas que indicam o que pode melhor
favorecer o desenvolvimento das competências exigidas, constituindo-se em
um itinerário que amplia as possibilidades de crescimento dos empregados.
No âmbito da educação profissional, as trilhas e rotas são
denominadas itinerários formativos, por se tratar de formação educacional
estruturada. Os itinerários formativos são construídos dentro de cada área
profissional, seguindo a hierarquia de complexidade das competências
exigidas de cada ocupação e dentro das três modalidades de cursos de
educação profissional previstas no Decreto Federal nº 5.154 (REAL E CO-
AUTORES, 2005, p.22 e 23).
Para Real e co-autores (2005) a correta definição dos itinerários
formativos permite à entidade planejar sua oferta de cursos, possibilitando a
escolha pelos participantes, segundo seu interesse e nível de escolaridade,
tornando-se capazes de decidir sobre possíveis trajetórias de
profissionalização. Para tanto, é necessário e importante a articulação das
organizações com entidades educacionais.
Real e co-autores (2005) acrescenta que os itinerários formativos
podem ser viabilizados em módulos. Para sua estruturação, devem ser
considerados e registrados aspectos referentes a:
ü Justificativa e objetivo do curso;
ü Requisitos de acesso;
ü Perfil profissional de conclusão;
27
ü Organização curricular, com definição dos itinerários
formativos/terminalidades, organização dos módulos e definição
de estágio supervisionado;
ü Critérios de aperfeiçoamento de competências e experiências
anteriores;
ü Critérios de avaliação;
ü Instalações e equipamentos;
ü Pessoal docente e técnico;
ü Certificados e diplomas.
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº 9.394/96, em seu art. 41, prevê
que as competências desenvolvidas anteriormente, em cursos ou no trabalho,
podem ser aproveitadas, mediante avaliação e reconhecimento por parte da
instituição.
4. Papéis e responsabilidades
Pacheco (2005) explica que os papéis e responsabilidades consistem
na organização e definição dos papéis e responsabilidades de cada membro
quanto às funções de planejamento, operações, logística, desenvolvimento e
aprendizagem.
Portanto, este item exige bastante atenção, pois requer indivíduos
habilitados e com perfil adequado, uma vez que as pessoas envolvidas no
processo de educação corporativa necessitam obter conhecimentos
específicos e visão sistêmica do processo, com seus respectivos sistemas,
articulações e interações, principalmente no que tange ao controle e
acompanhamento, considerando:
ü A vinculação dos programas de aprendizagem às principais
estratégias institucionais;
28
ü A identificação e priorização das necessidades de aprendizagem
atuais e futuras;
ü A garantia do desenvolvimento, apresentação, avaliação e
validação dos conteúdos.
Pacheco (2005) considera que o uso da tecnologia exige, do
responsável por tecnologias de aprendizagem, atualização constante para a
identificação de novas ações tecnológicas, assim como a análise da relação
custo versus benefícios em sua aplicação e a requisição da adequação do
parque tecnológico para sua absorção, quando necessário. A autora destaca
que essa contribuição é muito importante na orientação da aplicação de
tecnologias para a distribuição dos programas de aprendizagem na
organização e nos parceiros estratégicos.
De forma similar, as fontes de receita precisam ser geridas. Pacheco
(2005) ressalta que um dos aspectos interessantes do sistema de educação
corporativa é a possibilidade da contribuição e participação dos parceiros
estratégicos no investimento e ser realizado, visto que todos têm interesse no
desenvolvimento, minimizando os custos que caberiam a cada organização.
Assim, finaliza Pacheco (2005), a gestão de parte das fontes de
receitas, oriunda de parceiros estratégicos, deve ser administrada com um
orçamento fixo anual, considerando o acompanhamento do orçamento interno
e a busca do desenvolvimento sustentável. Geralmente este processo é gerido
pelo maior responsável pela educação corporativa nas organizações.
5. Avaliação e validação
Outro aspecto essencial, destacado por Pacheco (2005), é o processo
de avaliação e validação dos programas implementados, especialmente
quanto à sua aplicabilidade no trabalho. Novamente a autora chama a atenção
para contribuição significativa que a área responsável por tecnologias na
29
organização pode prestar a esta etapa, principalmente na geração de relatórios
específicos e globais com dados estatísticos e resultados parciais e finais.
A mesma autora, acima citada, destaca a importância da criação
prévia de indicadores precisos de desempenho que possam traduzir o alcance
das metas estratégicas, por meio das ações de educação corporativa. Esses
indicadores serão definidos com base nos resultados quantitativos e
qualitativos da corporação.
Por último, Pacheco (2005) finaliza acrescentando que as tendências
de educação corporativa apontam para a busca de programas que atendam
aos interesses da organização, voltados para o desenvolvimento e as
expectativas dos clientes internos e externos, para a responsabilidade social e
a ética.
Desta forma, como gestora de capital intelectual, cabe a organização
avaliar-se constantemente e aferir o resultado de suas ações, visando
melhorias e à busca do desenvolvimento sustentável, com autonomia e
responsabilidade. “Ouvir o cliente é tarefa primordial e garante a assertividade
nas programações” (PACHECO, 2005, p. 112).
2.4 Desafios e novos modelos
Eboli (1999) considera que um dos desafios para a formulação de
novos modelos de educação/universidade corporativa é alinhar os objetivos
estratégicos ao desenvolvimento dos capitais da gestão do conhecimento. São
eles:
ü Capital ambiental – Características socioeconômicas, aspectos
legais, valores éticos e culturais, aspectos governamentais, nível
de desenvolvimento tecnológico, aspectos financeiros (taxa de
juros e mecanismos de financiamento).
30
ü Capital estrutural – Conjunto de sistemas administrativos,
conceitos, modelos, rotinas, marcas, patentes e sistemas de
informática, que permitem à organização funcionar de maneira
efetiva e eficaz.
ü Capital humano – Conjunto de habilidades e competências que
as pessoas detêm e que agregam à dinâmica da empresa. Este
capital não é de propriedade das empresas.
ü Capital de relacionamento - Rede de relacionamento de uma
organização, formada por seus clientes, fornecedores e parceiros.
Para Eboli (1999) os capitais da gestão do conhecimento podem ser
considerados referenciais norteadores ou pilares para a construção de um
novo modelo de educação/universidade corporativa. Eles estariam favorecendo
uma linha de estruturação coerente com as demandas internas e externas das
organizações.
O currículo básico de uma universidade corporativa é composto pelos
seguintes assuntos, segundo Eboli (1999):
ü Cidadania corporativa – treinamento em relação aos valores, à
visão e à cultura da organização;
ü Estrutura contextual – cliente, concorrentes, tendências do setor e
melhores práticas de outros;
ü Competências básicas do ambiente de negócios – aprendendo a
aprender; comunicação e colaboração; raciocínio criativo e
resolução de problemas; conhecimento tecnológico;
conhecimento de negócios globais; desenvolvimento de liderança;
autogerenciamento de carreira.
Assim, Eboli (1999) apresenta a conexão entre os capitais da gestão
do conhecimento e o currículo básico da universidade corporativa da seguinte
forma:
31
Capital Currículo
Ambiental Cidadania corporativa e estrutura contextual
Estrutural Competências básicas: programas de aprendizagem e
outras atividades.
Humano Competências básicas para o ambiente de negócios e
para funções específicas.
De
Relacionamento
Competências básicas: perpassam todos os programas
de aprendizagem na troca com os diversos stakeholders
(interessados internos e externos)
Ponderando que vivemos na era do conhecimento, talvez esse seja um
modelo aplicável e, como tal, possa acrescentar valor às organizações,
gerando condições para o surgimento de uma organização conectada aos
desafios imperativos das sociedades.
CAPÍTULO III
O POTENCIAL ESTRATÉGICO DA EDUCAÇÃO
CORPORATIVA NAS ORGANIZAÇÕES
A vantagem competitiva de uma empresa será o resultado de uma
força de trabalho capaz de pensar criticamente, tomar decisões, resolver
problemas, trabalhar em equipe e estabelecer o correto relacionamento com
seus diversos clientes (MUNDIM e RICARDO, 2009, p. 102).
32
3.1 A Educação Corporativa como base da estratégia
organizacional
Muitas empresas têm investido tempo e dinheiro em programas de
educação e treinamento que prometem ser a solução para todos os problemas
de aprendizado da organização. Isso ocorre pela falta de uma estratégia de
Educação Corporativa definida e, no final, faz com que a educação continuada
pareça ao empregado uma seqüência de modismos sem propósitos evolutivos
(Mundim e Ricardo, 2009).
A área de Educação Corporativa, ao não se alicerçar em propósitos
claros, traduzidos em estratégia precisas de curto, médio e longo prazos,
contribui para fomentar o fracasso de muitos projetos com o desperdício de
investimentos e trabalho, e a descontinuidade de propósitos (Mundim e
Ricardo, 2009).
A Educação Corporativa é uma tendência que vem ganhando espaço
nas empresas, no momento em que velhas fórmulas de organização do
trabalho, baseadas numa administração autocrática, fiscalizadora e restritiva
estão sendo substituídas por um novo formato de negócios centrado na
criatividade, no poder de inovar processos e produtos e de determinar
tecnologias emergentes (MUNDIM e RICARDO, 2009, p. 97).
De acordo com Gdikian e Silva (2002), a Educação Corporativa passa
a ter cada vez mais papel de destaque e de extrema importância, através da
alavancagem estratégica possibilitada pelo desenvolvimento dos profissionais
e pela agregação de resultados permitida após a captação e assimilação de
novas competências.
Desta forma, é fundamental que os responsáveis pela definição e
implantação de políticas de Educação Corporativa na empresa sejam capazes
de partir para a execução de ações estratégicas voltadas para o
33
desenvolvimento integral do indivíduo, que permita a formação de pessoas
qualificadas para a produção e compartilhamento de conhecimento (MUNDIM
e RICARDO, 2009, p. 99).
3.2 Ser estratégica: questão crítica para a Educação
Corporativa
A importância e a necessidade de uma estratégia de Educação
Corporativa está cada vez mais clara no mundo dos negócios, mas está longe
de ser uma unanimidade. Há resistências e ceticismo em relação aos métodos,
projetos e resultados obtidos (MUNDIM e RICARDO, 2009, p. 103).
Na maior parte das empresas, os programas de Educação Corporativa
não são pensados como parte de uma estratégia empresarial e inseridos num
contexto onde realmente ajudarão empresas e pessoas a fazer a diferença que
se espera delas (MUNDIM e RICARDO, 2009, p. 103).
Eboli (2004) define os sete princípios que darão origem a elaboração
de um plano estratégico consistente e de qualidade e acrescenta que para a
estratégia tornar-se realidade é necessário fazer escolhas organizacionais
integradas sob o ponto de vista da cultura, da estrutura da empresa, da
tecnologia, dos processos e do modelo de gestão empresarial.
Estas escolhas organizacionais devem favorecer as escolhas pessoais
e transformar esses princípios em ações, práticas, hábitos e exercícios
corporativos, capazes de gerar um comportamento cotidiano nos
colaboradores, coerente com a estratégia definida (Eboli, 2004).
Os sete princípios para o sucesso estratégico da Educação
Corporativa, segundo Eboli (2004, p. 59) são:
34
1° Competitividade – Significa buscar continuamente elevar o patamar
de competitividade empresarial por meio da implantação, desenvolvimento e
consolidação das competências críticas empresariais e humanas.
2° Perpetuidade – Entender a educação como um processo de
transmissão da herança cultural, a fim de perpetuar a existência da empresa.
3° Conectividade – Objetiva ampliar a quantidade e a qualidade da
rede de relacionamentos com o público interno e externo.
4° Disponibilidade – Oferecer e disponibilizar atividades e recursos
educacionais de fácil uso e acesso, propiciando condições para a
aprendizagem a qualquer hora e lugar.
5° Cidadania – Estimular o exercício da cidadania individual e
corporativa, formando sujeitos capazes de refletir criticamente sobre a
realidade organizacional, construí-la e modificá-la.
6° Parceria – Desenvolver continuamente as competências dos
colaboradores exigindo que se estabeleçam parcerias internas e externas.
7° Sustentabilidade – Buscar fontes alternativas de recursos que
permitam um orçamento próprio e auto-sustentável.
3.3 Um modelo estratégico para a Educação Corporativa
Mundim e Ricardo (2009) afirmam que é preciso pensar a Educação
Corporativa como um processo capaz de gerar as competências necessárias
para responder com agilidade às mudanças corporativas, sociais e ambientais.
Torna-se imprescindível descartar padrões ultrapassados de respostas prontas
e resultados inconsistentes.
35
Em algumas empresas, essa falta de percepção de uma nova geração
de idéias está presente na própria área de Educação Corporativa, que continua
atuando como um T&D, com nome novo, utilizando as mesmas abordagens,
as mesmas práticas pedagógicas e, é claro, sem obter resultados que
interessem à organização e aos empregados (MUNDIM e RICARDO, 2009, p.
105).
A Educação Corporativa precisa atuar de forma a vender bem as
idéias, saber como implantá-las, praticar o alinhamento estratégico e estruturar
ações para dar as pessoas efetivas oportunidades de crescimento e
desenvolvimento nessa era acelerada de conhecimento e informação (Mundim
e Ricardo, 2009).
O modelo proposto por Mundim e Ricardo (2009, p. 105-108) tem
como foco o desenvolvimento e retenção do capital intelectual e o fomento à
cultura de inovação na empresa.
Seus objetivos são a formação de uma inteligência corporativa,
baseada nos princípios de colaboração e compartilhamento de conhecimento;
a elevação do nível de competências sociais e de convivência; e a efetividade
dos processos de comunicação e informação distribuída.
Assim, continua Mundim e Ricardo (2009), em decorrência dessa
concepção, as estratégias de Educação Corporativa são orientadas por um
conjunto de princípios que dão forma e orientam o processo educacional,
servindo de guia para a tomada de decisão quanto aos planos, programas e
ações. São eles:
Sustentação ao negócio da empresa – As ações estruturais que
tornam esse princípio em uma prática são:
ü Suporte à atuação da liderança educadora;
36
ü Inserção da educação como item de desempenho operacional
para o gestor;
ü Definição dos indicadores de efetividade das ações de educação;
ü Ampliação das ações educacionais à cadeia produtiva;
ü Incentivo a valorização de pesquisas e busca de soluções
inovadoras.
Educação permanente, orientada e acompanhada – Focada na
aprendizagem contínua e no desenvolvimento permanente dos empregados,
de forma orientada e acompanhada.
Responsabilidades compartilhadas – Gestores e empregados são co-
responsáveis pela efetividade dos programas educacionais.
Respeito à diversidade – As ações educacionais devem levar em conta
o respeito às diferenças pessoais e profissionais, considerando-se a
multiplicidade de estilos de aprendizagem.
Democratização do acesso às oportunidades – Ações de Educação
Corporativa que assegurem aos empregados oportunidades iguais de acesso
ao conhecimento, com criação e manutenção de condições propícias ao
aprendizado.
3.4 Agir estrategicamente: O desafio da Educação Corporativa
O fator de sucesso da Educação Corporativa verifica-se, na prática, na
implementação das estratégias definidas. As ações de promoção de mudanças
precisam ter um tempo ideal para que sejam aceitas pelas pessoas e
promovam os resultados esperados (Mundim e Ricardo, 2009).
Quando ações de educação são alinhadas ao planejamento
estratégico da empresa, promovem a proximidade necessária com as áreas do
37
negócio, facilitando a atuação da Educação Corporativa nos projetos que
geram os resultados da organização (Mundim e Ricardo, 2009).
A partir deste alinhamento a área de educação torna-se pró-ativa, já
que precisa se capacitar para acompanhar as tendências do negócio e
perceber as demandas e necessidades. Desta forma pode se tornar realmente
uma área estratégica e fazer a diferença dentro das organizações (Mundim e
Ricardo, 2009).
Para Mundim e Ricardo (2009), o maior desafio da Educação
Corporativa é ser efetiva ao estabelecer estratégias, programas e indicadores
que realmente contribuam para tornar a empresa competitiva. Se conseguir
demonstrar essa efetividade e ser vista como área essencial por gestores e
empregados, a área de educação será sempre envolvida no planejamento
estratégico e ajudará a empresa no alcance dos seus objetivos.
38
CONCLUSÃO
O grande desafio neste milênio, no âmbito corporativo, compreende a
integração de diversos fatores, variáveis e fenômenos, de natureza tanto
tecnológica quanto humana.
É preciso que os dirigentes corporativos entendam que, ao gerenciar
pessoas, lidam com um universo de diversidade de comportamentos, atitudes
e culturas, os quais podem ou não possibilitar e facilitar o encontro de
melhores resultados.
Os gestores de processo de aprendizagem precisam fazer com que as
pessoas se sintam co-responsáveis pela missão da organização e incorporem
o autodesenvolvimento como algo imprescindível no mundo atual, a fim de
garantirem a retenção e o crescimento do seu ativo intelectual.
Também é preciso entender essa dinâmica da vida organizacional de
tal forma que o conceito de aprender não seja mais uma questão de custo e,
sim, o caminho para a gestão de talentos na qual o conhecimento se
transforma no grande capital corporativo.
A busca por transformar colaboradores em cidadãos corporativos
(Meister, 1999), através da informação sobre a estrutura de cada negócio e da
ampliação de competências, reforça a tese de que não há outro caminho
senão o investimento no processo de Educação Corporativa.
39
Freqüentemente, as Universidades Corporativas são implantadas nas
organizações buscando provocar mudanças culturais e aumentar sua
competitividade. Entretanto, existe uma grande carência de informações
detalhadas sobre a real contribuição desta iniciativa empresarial. O objetivo
deste trabalho é mostrar que o sucesso da educação corporativa está
diretamente associado ao diferencial que as pessoas apresentam e
desenvolvem para a organização.
Com a Educação Corporativa, as organizações podem assumir sua
verdadeira missão de congregar esforços, atraindo a participação de
inteligências, num mutirão capaz de promover qualidade de vida e traçar um
futuro promissor, com soluções originais para questões econômicas,
ecológicas e sociais.
40
BIBLIOGRAFIA
EBOLI, Marisa. Educação Corporativa no Brasil: mitos e verdades. São Paulo:
Editora Gente, 2004.
EBOLI, Marisa. Universidades Corporativas. Brasília: USP/PROGEP, 1999.
FONSECA, Daniele S. Krassuski. A Importância das Universidades
Corporativas. Disponível no site www.rh.com.br. Acesso em 03 de novembro
de 2008.
GDIKIAN, Elizabeth Ayres; SILVA, Moisés Correia da. Educação Estratégica
nas organizações: como as empresas de destaque gerenciam o processo de
educação corporativa. Rio de Janeiro: Qualitymark; São Paulo: ABRH, 2002.
MEISTER, Jeanne. Educação corporativa: a gestão do capital intelectual
através das Universidades Corporativas. São Paulo: Makron, 1999.
MUNDIM, Ana Paula Freitas; RICARDO, Eleonora Jorge. Educação
Corporativa: fundamentos e práticas. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009.
PACHECO, Luzia; SCOFANO, Anna Cherubina; BECKERT, Mara; SOUZA,
Valéria de. Capacitação e desenvolvimento de pessoas. Rio de Janeiro: FGV,
2005.
PARRY, Scott B. Evaluating The Impact of Training. Alexandria: ASTD 1996.
REAL, Elizabeth Maria Mendonça; ARAÚJO, Maria Luiza Motta da Silva;
TEIXEIRA, Máslova Valença. Itinerários formativos: Metodologia de
construção. Rio de Janeiro: SENAC/DEP/CPA, 2005.
41
TEIXEIRA, Andréa. Universidades Corporativas X Educação Corporativa: O
desenvolvimento do aprendizado contínuo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.
42
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Educação Corporativa: contexto de surgimento,
conceito e objetivos 10
1.1 O conceito de surgimento das Universidades
Corporativas 10
1.2 Principais conceitos, objetivos e valores 12
1.3 Articulando conceitos: Educação corporativa,
Gestão do conhecimento e gestão por competências 15
CAPÍTULO II
Implantação da Educação Corporativa nas
Organizações: As melhores práticas da Educação
Corporativa 18
2.1 O papel do RH na Educação Corporativa 18
2.2 Comparativo entre Treinamento & Desenvolvimento
E Educação Corporativa 19
2.3 Estruturando uma Universidade Corporativa:
Etapas e melhores práticas 21
2.4 Desafios e novos modelos 29
CAPÍTULO III
O potencial estratégico da Educação Corporativa nas
Organizações 31
3.1 A Educação Corporativa como base da estratégia
43
Organizacional 31
3.2 Ser estratégica: Questão crítica para a Educação
Corporativa 33
3.3 Um modelo estratégico para a Educação
Corporativa 34
3.4 Agir estrategicamente: O desafio da Educação
Corporativa 36
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 40
ÍNDICE 42
44
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: