UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …A esta definição também acrescenta que...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
HISTÓRIAS PARA APRENDER
Por: Cristina Fernandes
Orientadora:
Profª: Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
2014
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
HISTÓRIAS PARA APRENDER
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como
requisito parcial para obtenção do grau de especialista em em
Psicopedagogia Institucional
Por: Cristina Fernandes
AGRADECIMENTOS
Às minhas colegas Camilla Bomfim, Carol Martins, Raquel Braga, Roberta Barcelos e Rosangela Torres que muito contribuíram para este recomeço,
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro por me proporcionar conforto e segurança para trilhar novos caminhos.
RESUMO
Este trabalho tem o objetivo de discutir como proporcionar uma aprendizagem mais
significativa aos alunos, incluindo e integrando todos no processo pedagógico.
Entende-se que sob novas condições e expectativas, os alunos podem desenvolver
uma história de sucesso no âmbito escolar e que a literatura pode ser uma forma
das crianças observarem o mundo. A leitura literária pode ajudar os alunos a irem
formando os seus conceitos sobre a vida, sobre os adultos, sobre o que é certo ou
errado, sobre o que é produtivo ou improdutivo. Ao se ter consciência de que tudo
que rodeia a criança está passando mensagens, podemos aproximar a criança de
bons textos que desenvolvam sua sensibilidade. Nesta era de comunicação, somos
bombardeados por mensagens. Pode-se desenvolver uma boa alfabetização
e garantir o aprendizado por meio de conduta ética que leve a formação de
um sujeito construtivo, capaz de respeitar-se, respeitar ao outro e o planeta. Assim,
devemos estar atentos a todos os tipos de informações ou de mensagens que
estamos transmitindo, e também, ao fato de que a literatura contribui com o
desenvolvimento das crianças nos seguintes aspectos: afetividade, raciocínio, senso
crítico, imaginação e criatividade. Uma das formas de se trabalhar a literatura é
através de atividades lúdicas que também desenvolvem o espírito de cooperação e
a socialização. As atividades lúdicas educativas envolvem a ensino fundamental e
devem ser desenvolvidas em grupo. O prazer da leitura permite a formação de um
leitor atento, sensível e capaz de compreender e interpretar textos, além de
enriquecer o vocabulário e de se utilizar à ortografia correta e adequadamente. No
entanto, seu principal valor é permitir ao aluno a fruição estética.
Palavras-chave: Literatura infantil - Contos de fadas - Leitura.
METODOLOGIA
De acordo com Severino (2000), a pesquisa bibliográfica é uma busca em
livros, revistas, sites, jornais, documentários a respeito de um assunto. Ela tem o
objetivo de auxiliar o pesquisador no desenvolvimento de sua pesquisa, pois ela irá
apresentar e explicar o conhecimento atual sobre o tema selecionado e identificará
pesquisas que estão sendo feitas ou foram no passado, dentro do campo e do tema
escolhidos.
A metodologia aplicada para fundamentação desta pesquisa foi de natureza
exploratória, do tipo pesquisa bibliográfica e qualitativa, hipotético-dedutiva,
conforme Yin (2001), onde foram analisados autores e instituições especializadas
que tratam sobre o assunto, em sites especializados, material didático e leitura
realizada em livros indicados pela orientação do curso.
Através desta pesquisa, pretendeu-se construir conceito sobre as
características e o comportamento dos principais envolvidos na questão abordada
para que a leitura infantil através dos contos de fadas sejam estudadas de maneira
tranquila e produtiva, através das obras de alguns autores renomados como:
Bettelheim (2007); Coelho (2009) e Piaget (2012).
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 08
CAPÍTULO I
ORIGEM DOS CONTOS DE FADA .......................................................................... 11
CAPITULO II
ENTENDENDO OS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM NA CRIANÇA ................. 19
CAPITULO III
A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS NA FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO DE
CRIANÇAS ................................................................................................................ 26
CAPITULO IV
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COM A UTILIZAÇÃO DOS CONTOS DE FADAS ...... 36
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 42
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 45
ÍNDICE ...................................................................................................................... 48
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INTRODUÇÃO
Para se entender os caminhos que as crianças percorrem para construir suas
narrativas, como ocorrem o desenrolar desse processo e o que ele revela sobre o
pensamento infantil, é necessário sabermos e entendermos pelo menos um pouco
sobre seu processo cognitivo suas interações sociais e suas emoções.
Dentro de uma visão construtivista, entende-se o conhecimento como uma
possibilidade de mudar e agir sobre a realidade, aprender implica numa ação do
sujeito sobre o objeto. As estruturas da inteligência mudam através da adaptação a
situações novas com base em dois conceitos; a assimilação e a acomodação.
Entende-se assimilação como a integração de elementos novos em estruturas ou
esquemas já existentes.
O processo de assimilação implica tanto na elaboração de uma significação,
como também expressa o fato de que todo conhecimento está ligado a uma ação,
pois conhecer um objeto ou acontecimento é assimilá-lo a esquemas de ação.
Assim, parte-se do pressuposto que diante de crianças pequenas é necessário
adotar estratégias de leitura que considerem a necessidade do movimento e da
participação infantil na construção de um significado para o que ouvem ou contam,
ou mesmo, ao que contam no seu folhear de livros (a sua leitura).
Por outro lado, a criança se socializa, suas interações e seu grupo social têm
extrema importância na aquisição do conhecimento. A criança precisa ser vista
como um indivíduo, que tem vida, que existe, pensa, pratica ações, que brinca com
seus pés e mãos, descobrindo o prazer, que é o prazer essencial do movimento do
seu corpo. O que faz com que levantemos outro pressuposto: atividades de ouvir e
contar devem estar inseridos num contexto de grupo e de ludicidade.
Há ainda as emoções que envolvem toda atividade infantil. As emoções
podem ser provocadas quando vemos uma imagem marcante, quando ouvimos uma
música, um conto, uma historinha, uma fábula, ou quando sentimos um cheiro
gostoso. O mesmo ocorre quando se pensa em pessoas ou situações reais ou
imaginárias que tenham significado. (NOVA ESCOLA, 2005, p. 55)
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Mas, como deve proceder ao professor junto aos alunos nas atividades de
linguagem? Levantam-se assim mais um pressuposto: a emoção deve acompanhar
as atividades de linguagem.
Em relação ao repertório a ser escolhido destacamos que as histórias podem
ser compridas, curtas, antigas, atuais; contos de fadas, de fantasmas, realistas,
lendas, histórias em forma de poesias ou de prosa, enfim qualquer uma. O critério
de seleção não pode ser somente do professor, mas a criança também pode
participar. O que pode suceder depois depende do quanto o professor conhece das
crianças, do momento que estão vivendo, dos referenciais de que necessitam e do
quanto saibam aproveitar do texto.
O fato de enfatizar-se sobre a leitura de literatura infantil na sala de aula, não
significa que discordemos do fato de a leitura também se desenvolver em outros
níveis, pois o destino da narração de contos é o de ensinar a ouvir a pensar, a ver
com os olhos da imaginação, despertar a criatividade, a fantasia e a emoção. Ouvir
histórias representa momentos de prazer, de divertimento, de sedução. É um
momento mágico tanto para quem lê, quanto para quem ouve, não importando os
níveis em que está cada turma ou cada criança.
A linguagem deve ter um nível capaz de ser entendido por todos: pelos que
estudam, pelos que ensinam e também por aqueles que guardam um primeiro
encontro com a literatura.
Para entender estes aspectos buscaram-se apoio no livro “A Psicanálise dos
contos de fadas”, de Bruno Betlheim no qual o autor mostra as razões, as
motivações psicológicas, os significados emocionais, a função de divertimento, a
linguagem simbólica do inconsciente que estão inseridos nos contos infantis.
A pesquisa se caracterizou como bibliográfica, pois os levantamentos das
principais contribuições teóricas que envolvem o problema e selecionamos materiais
publicados em livros de diversos autores (citados ao longo da pesquisa). É também
descritiva, pois sua finalidade será de observar, registrar e analisar os materiais
pesquisados. Partimos da indagação “Como tornar alunos leitores no processo de
aprendizagem da língua materna no ensino fundamental I ? Essa indagação
selecionada serviu de orientação na busca e no processo de elaboração das
respostas claras e concretas.
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No primeiro capítulo estudou-se a origem dos contos de fadas e sua
importância da literatura infantil para o desenvolvimento e aprendizado das crianças.
No segundo capítulo, aprendeu-se sobre os processos de aprendizagem da
criança através de Piaget e sua teoria do desenvolvimento infantil.
No terceiro capítulo tratou-se da importância dos contos de fadas na formação e
educação de crianças demonstrando sua importância para os alunos do ensino
fundamental e finalizando, no quarto capítulo, com as práticas pedagógicas com a
utilização dos contos de fadas aonde se observa formas de usar os contos de fadas
na sala de aula e no dia a dia da criança.
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CAPÍTULO I
ORIGEM DOS CONTOS DE FADA
Quem nunca viu um pequeno contar alguma aventura cheia de perigos?
Quem nunca viu uma criança ansiosa ao ouvir uma história? Para se entender os
caminhos que as crianças de seis a dez anos percorrem para construir suas
narrativas, como ocorrem o desenrolar desse processo e o que ele revela sobre o
pensamento infantil, é necessário sabermos e entendermos pelo menos um pouco
sobre seu processo cognitivo suas interações sociais e suas emoções.
Para Cardoso (2012):
Os mitos, as lendas e os contos de fadas (ou contos maravilhosos) perderam o sentido apenas de entretenimento infantil e vêm sendo redescobertos como fontes de conhecimento do homem e de seu lugar no mundo, ajudando-o a reescrever/ compreender sua própria história de vida, que ligada em outras constroem, juntas, a história da humanidade. (CARDOSO, 2012, p. 141)
A criança, em seu processo de formação biopsicossocial, sente naturalmente
a necessidade de ler, contar, ouvir, folhear, imaginar, para melhor descobrir e
ampliar seu mundo interior, além de situar-se com mais segurança no meio em que
vive. As histórias nunca deixarão de ter assegurado o seu espaço, pois é nela que a
criança encontra respaldo para as vivências internas que almeja ter, através de uma
leitura saudável e criativa, descontraída e prazerosa.
Conforme Mendonça (2013): “O bom texto é aquele que deixa espaço ao
leitor, para que este atue como coautor, preenchendo as lacunas com a sua
interpretação.” (MENDONÇA, 2013, p. 213)
Bons textos precisam fazer parte da vida da criança na mais tenra idade, para
que ela possa entender o mundo e construir a sua história, assim, nesse contexto,
optou-se por destacar a importância dos contos de fada em nosso dia a dia, pois
estes contribuem mais em termos emocionais: desenvolvem a capacidade de
fantasia; fornecem escapes necessários falando aos medos internos da criança, de
suas ansiedades. Por exemplo: “João e Maria” ajudam a vencer a rejeição. Os
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contos favorecem a recuperação dos problemas, desenvolvendo coragem na
criança, mostrando que há sempre uma saída e permitem que tenham uma imagem
positiva da vida por meio do final feliz.
1.1- Conceito
MEREGE (2010, p.15) cita a definição de contos de fadas da escritora Ana
Maria Machado em seu livro Como e por que ler os clássicos universais desde cedo,
segundo a qual o conto de fadas seria a “história popular, de origem diferenciada em
relação aos clássicos, que surgiu anonimamente no seio do povo e foi sendo
recontada durante séculos”. A esta definição também acrescenta que “o conto de
fadas é também história autoral, escrita ou narrada segundo o modelo aceito para o
conto de fadas e evocando a mesma atmosfera de sonho, ideal e
sobrenaturalidade”.
1.2- Surgimento
O surgimento dos contos de fadas como literatura tem sua origem na Europa
no sec. XVII. A partir desta era, os contos que faziam parte da tradição cultural de
inúmeras civilizações, passaram a ter relevância como literatura propriamente dita
especialmente através de escritores como Charles Perrault, Jacob e William Grimm
que compilaram contos e histórias populares, velhos poemas épicos e lendas,
transformando assim os contos maravilhosos em obras destinadas ao público
infantil, denominando-os deste modo, contos de fadas pela sua natureza fantasiosa
e mágica.
É sabido que os contos de fada têm habitualmente uma complexa linhagem
de ancestralidade, que surge nos primórdios da tradição oral, circulando de memória
em memória, voando em várias direções como sementes ao vento e que, neste
movimento, assim chegaram à diversas e distantes terras até aterrissarem em solo
fértil gerando novas sementes que também se multiplicaram em tantas outras,
concebendo ou reciclando histórias.
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Reputa-se que o início das narrativas tem seu prelúdio com as primeiras
tentativas de comunicação, nos tempos pré-históricos, quando os seres humanos
passaram a desenhar nas paredes das cavernas, denominada de arte rupestre. Era
apenas o começo da busca pela interação entre os povos. Embora não
conhecessem a escrita, utilizavam esse tipo de arte com finalidade mágico-
simbólica. Os homens pré-históricos, ao desenharem nas paredes das cavernas
animais com flechas atravessadas, acreditavam que conseguiriam caçá-los mais
facilmente.
No momento em que a humanidade dominou a linguagem ocorreu a
necessidade de contar histórias não somente acerca de suas lutas e contendas
diárias, mas também sobre seus medos, desejos, sonhos, crenças e mitos.
Segundo GILIG (1999, p.26):
Contos, narrativas míticas, fábulas e lendas têm em comum o fato de constituírem uma narrativa escrita ou falada na qual a maioria dos personagens possui uma natureza ao mesmo tempo humana e sobre-humana, agindo em acontecimentos em um meio, ao mesmo tempo reais e suprarreais.
Não obstante sua origem remota, os contos de fadas como textos literários
começaram a despontar na Idade Média, através de manuscritos, em geral
anônimos, uma vez que a sociedade era dividida em letrados e não letrados, estes,
em maioria, pois somente os nobres e representantes do clero tinham acesso à
leitura e à escrita. As histórias eram contadas e recontadas através dos tempos e
foram disseminadas em variadas versões, porém sempre trazendo consigo
personagens e características comuns: reis poderosos, lindas princesas e príncipes
encantados, bruxas malvadas, criaturas mágicas e feras indomáveis. A figura de
uma criança órfã, famílias dizimadas e até mesmo anomalias anatômicas passaram
a fazer parte da trama o entre o bem e o mal, expressando simbolicamente,
portanto, para estes povos a transcendência da realidade em busca do sonho, do
desejo, identidade e origem.
Como pudemos constatar na história da humanidade, nossos antepassados
foram, em sua maioria, analfabetos. Porém não eram ignorantes, eles simplesmente
dispunham de outro método de armazenamento e transmissão oral, que substituiu
por muitos séculos a leitura formal em nossa sociedade, destinando, por
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conseguinte à contação de histórias uma possibilidade em manter viva a cultura e o
desenvolvimento das civilizações antigas. Tais circunstâncias proporcionaram
grande importância à oralidade tornando-a o principal meio de transmissão de
conhecimentos. Por intermédio dela, a natureza sociável do ser humano superou as
dificuldades de tempo e espaço e perpetuou as histórias de sofrimento, lutas e
conquistas.
1.3- Importância da Idade Media na Divulgação dos Contos
Como vimos anteriormente, as condições de vida das sociedades medievais
influenciaram fortemente na propagação oral destas histórias, pois nesta época
somente 2% da população europeia era alfabetizada e ao clero pertencia o controle
de toda literatura que não representasse nenhuma ameaça ao poder da Igreja
Católica caracterizando a obscuridade do período medieval. Neste sentido o ato de
contar histórias e a disseminação das mesmas foi extremamente prolífico visto que
as classes menos favorecidas, trabalhadores e escravos tiveram a oportunidade de
contos e lendas das mais diferentes partes do mundo – persas, chineses, gregos e
romanos – obtendo assim um segmento de grande valia na preservação de suas
raízes culturais.
A era medieval foi pródiga em histórias que contribuíram para a formação
psíquica dos seres humanos trazendo à tona valores profundos e inerentes da
existência tais como: força e fragilidade, rudeza e suavidade, dignidade e baixeza,
além de destacar o sobrenatural, a natureza, a fé e o divino.
KRAEMER (2008, p.02), diz que o conto de fadas funciona como resposta
aos anseios da humanidade como segurança, justiça, amor, rivalidade, medo e
rejeição. São narrativas curtas, compostas em linguagem acessível, que trabalham
o caráter, os valores morais, os relacionamentos que tanto contribuem para a
formação do adulto. Estas histórias, para criança, apesar de serem fantasiosas,
retratam algo bem real: os sentimentos mais contundentes que fazem parte do seu
íntimo.
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1.4- Os Contos de Fadas como Literatura Infantil
FRANZ (1990, p.12) afirma que até os sec. XVI e XVII, os contos de fada
eram contados tanto para adultos quanto para crianças. Na Europa, eles
costumavam ser a forma principal de entretenimento para as populações agrícolas
na época do inverno. Contar contos de fada tornou-se uma espécie de ocupação
espiritual essencial. Chegou-se mesmo a dizer que os contos de fada
representavam a filosofia da roda de fiar.
Assim sendo, as crianças ao longo dos tempos estiveram em permanente
contato com as narrativas da tradição oral, seja através de canções, contos ou
adivinhações. Não liam, porém escutavam. Até que a invenção da prensa permitiu
que os contos de fadas, enquanto literatura destinada à infância despontasse na
Europa entre os sec. XVI e XVII, especialmente na França por meio de histórias
compiladas em forma de fábulas por La Fontaine (As fábulas, 1668) e Charles
Perrault (Contos da Mãe Ganso, 1696). Esses escritores resgataram histórias que
estavam presentes em textos clássicos da herança cultural dos povos e civilizações
antigas e as transcreveram em forma de livro adaptando-as aos gostos refinados da
época.
Bettelheim (2003) afirma que embora as versões originais dos contos tenham
sofrido adaptações ao longo do tempo, elas ganharam em elegância e bom gosto o
que perderam em naturalidade. Também podemos concluir que este processo de
refinamento que a época exigia, originou um fenômeno de divulgação contribuindo
para que estes contos fossem considerados pelos mais letrados, como literatura de
qualidade.
Um século depois destas publicações, outros escritores se interessaram pelos
contos de fadas e começaram a recolher novos contos ainda não impressos. Entre
alguns, podemos destacar os irmãos Grimm na Alemanha e Hans Christian
Anderson, na Dinamarca.
Em muitos destes contos notamos no enredo o relato de ritos iniciáticos dos
povos primitivos, em que o heroi para alcançar a vitória, submete-se à
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inúmeras provas cuja superação comprova o seu amadurecimento. Também se
observa o caráter popular dos mesmos, pois estes personagens encontram-se em
situação de inferioridade no seu círculo social necessitando, portanto da ajuda de
elementos mágicos e fantasiosos para superar os obstáculos e alcançar as justas
recompensas ou o castigo implacável.
É oportuno lembrar que a passagem da oralidade para o texto escrito trouxe
consigo uma importante característica aos contos de fadas: a inclusão da
moralidade. A partir de meados do século XVII – e gradativamente até o século XIX
–, durante a Revolução Industrial, a diminuição da mortalidade infantil e o aumento
da expectativa de vida contribuíram para o desenvolvimento da noção social de
infância. Neste momento da história do mundo, a noção de família nuclear emerge
na sociedade promovendo então a infância como uma etapa que conquista atenção
de educadores por ser considerada uma fase relevante do desenvolvimento humano
contribuindo para aquisição de hábitos e formação moral do futuro adulto, ratificando
não somente a natureza folclórica, mas também a importância pedagógica dos
contos.
Canton (2009, p.26 e 27) afirma que a partir do sec. XVIII os contos de fadas
se popularizaram em peças de teatro, livros, conversas nos salões de chá e saraus.
A sociedade francesa foi inundada com essas histórias, que eram recriadas a partir
da tradição popular oral, além da adaptação de manuscritos medievais italianos e
dos contos orientais, que viraram também modismo e começaram a ser traduzidos
na França no começo do referido século. A força desta moda está ligada a sua
capacidade de lidar com a moral e os costumes, isto é, com as noções de
civilização.
Bettelheim (2003) confirma o caráter de moralidade dos contos, onde virtudes
como paciência e perseverança são um caminho para a glória, quando afirma que a
mensagem que os contos de fada transmitem à criança é múltipla: que uma luta
contra as dificuldades da vida é inevitável, é parte intrínseca da existência humana,
mas que se a pessoa não se intimida, se defronta de modo firme com as opressões
inesperadas e muitas vezes injustas, ela dominará todos os obstáculos e, ao fim,
emergirá vitoriosa.
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1.5- Breve Biografia dos Principais Escritores
1.5.1- Charles Perrault
Nasceu na França no sec.XVII em uma família próspera e estudou, portanto
nas melhores escolas de Paris, tornando-se mais tarde, advogado. Iniciou-se na
carreira literária publicando um poema épico que não se tornou muito conhecido:
São Paulino, de cunho cristão.
Em 1697 com uma publicação denominada Contos de Mamãe Gansa, onde
reuniu uma série de oito contos tais como Chapeuzinho Vermelho, Gata Borralheira,
Pequeno Polegar, A Bela Adormecida no bosque, entre outros, obteve fama e
reconhecimento como escritor.
Merege (2010) transcreve em seu livro Contos de Fadas: origens, história e
permanência no mundo moderno, o prefácio do conto Pele de Asno deste escritor,
em 1696:
Houve pessoas capazes de perceber que essas bagatelas não são simples bagatelas, mas guardam uma moral útil, e que a forma de narração não foi escolhida senão para fazer entrar essa moral da maneira mais agradável no espírito, e de um modo instrutivo e divertido ao mesmo tempo. (PERRAULT, apud MEREGE, 2010, p.49)
1.5.2- Irmãos Grimm
Alemães, nascidos com um ano de diferença, Jacob e Wilhelm Grimm,
estudaram como o pai, Direito, mas abandonaram a advocacia para dedicarem-se à
literatura.
Estudiosos da língua alemã, em 1806 começaram a reunir antigas histórias
que circundavam a cultura da época, recolhendo inúmeros contos da tradição oral,
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além de lendas e cantigas folclóricas aos quais originou, em 1812, uma publicação
denominada Histórias das Crianças e do Lar.
Entre os principais contos escritos pelos irmãos Grimm podemos destacar :
Branca de Neve e os Sete Anões, João e Maria, Os Músicos de Bremen, Rapunzel
entre outros. Ao todo deixaram cerca de duzentos contos publicados.
1.5.3- Hans Christian Andersen
Nasceu em 1805 na Dinamarca, teve uma origem pobre e devido à morte de
seu pai precisou trabalhar ainda criança, porém não se adaptou como aprendiz em
diversas fábricas que o admitiu e buscou na carreira de ator o seu ofício. Também
não obteve sucesso e acabou por renunciar a seu projeto. Escreveu poemas, peças
de teatro e narrativas de viagem, mas foi a história “O Patinho Feio” que o tornou
reconhecido.
Dentre suas principais obras podemos citar: Soldadinho de Chumbo, Os
Cisnes Selvagens, A Roupa Nova do Rei, A Pequena Sereia, e muitos mais. Seu
primeiro livro infantil foi publicado em 1835.
Andersen reinventou o conto de fadas para estes novos tempos em que a
infância passou a ser valorizada na sociedade abordando em sua obra diversos
conflitos emocionais vivenciados por todas a crianças ao longo dos tempos.
Tais temas são vivenciados como maravilhas porque a criança se sente compreendida e apreciada bem no fundo de seus sentimentos, esperanças e ansiedades, sem que tudo isso tenha que ser puxado e investigado sob a luz austera de uma racionalidade que ainda está aquém dela. Os contos de fadas enriquecem a vida da criança e dão-lhe uma dimensão encantada exatamente porque ela não sabe absolutamente como as histórias puseram a funcionar seu encantamento sobre ela. (BETTELHEIM, 2003, p.27)
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CAPITULO II
ENTENDENDO OS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM NA CRIANÇA
Para entender-se melhor a relação da aprendizagem com o desenvolvimento
infantil é necessário entender-se como ela acontece nas diferentes fases do
desenvolvimento humano, por isso, citaremos as ideias de dois estudiosos do
assunto que trouxeram informações relevantes para a educação.
Piaget estudou as interrelações entre a motricidade e a percepção, sempre
através das experiências. Para ele, a motricidade interferia na inteligência, antes de
a criança adquirir a linguagem.
Outro estudioso do desenvolvimento humano Wallon, dizia que o esquema
corporal era o elemento básico, em construção do desenvolvimento da
personalidade da criança e não apenas uma unidade biológica ou psíquica.
Para ele a escola é a instituição que tem a função de promover atividades,
com os alunos, dos meios necessários para realizá-las. Cabe ao mestre, utilizar
meios pedagógicos adequados, guiar a criança de maneira a tirar o máximo de
proveito dos meios e de seus recursos próprios. “A vida intelectual supõe a vida
social.” (WALLON, 1979, p. 7 apud ALMEIDA, 1999, p. 51)
Neste trabalho estudar-se-á Piaget e suas ideias sobre o desenvolvimento
humano, tentando entender como ele vê a aprendizagem nas crianças.
Segundo Mendonça (2013):
Na escola, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o trabalho com este tipo de texto, que permite ao leitor preencher seus espaços, é muito raro. Sob a perspectiva pedagógica, o bom texto é aquele que “ensina algo”, e que, por isso, são textos em que não há espaço para serem preenchidos pelo leitor, uma vez que as noções que se deseja passar com as leituras, devem estar óbvias, claras. (MENDONÇA, 2013, p. 213)
Conforme Castelo (2009), Piaget foi um dos primeiros a pesquisar a ação da
criança sobre o meio, preocupando-se em estudar a gênese do pensamento
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humano, observando a criança e percebendo que desde que ela nasce já possui um
tipo de inteligência, que é anterior a linguagem, entendendo, assim, o
desenvolvimento da inteligência.
Para ele existe uma inteligência chamada motora, que é a primeira a ser
desenvolvida pelo indivíduo, pois a criança traz uma herança genética, através dos
movimentos chamados reflexos e através do contato com o ambiente, chamado por
Piaget de reações circulares. A criança constrói um movimento intencional. Até em
torno dos dois anos, a criança constrói a inteligência sensório-motora, que é a
capacidade de perceber a intencionalidade e a conseqüência dos gestos, sendo
esses os recursos que ela terá para interagir com o meio.
2.1- Educação e suas funções
Pain (1985, p.11 e12) afirmou que o processo de aprendizagem se inscreve
na dinâmica da transmissão da cultura, que constitui a definição mais ampla da
palavra educação. Podemos atribuir a esta última quatro funções interdependentes:
a) Função mantenedora da educação: ao reproduzir em cada indivíduo o
conjunto de normas que regem a ação possível, a educação garante
continuidade da espécie humana. De fato, se a continuidade do
comportamento animal está inscrita em sua maior parte na disposição
genética, a continuidade da conduta humana se realiza pela aprendizagem,
de tal maneira que a instância ensino-aprendizagem permite a cada
indivíduo, pela transmissão de aquisições culturais de uma civilização, a
vigência histórica da mesma.
b) Função socializadora da educação: a utilização dos utensílios, da
linguagem, do habitat, transforma o indivíduo em sujeito. Desta forma, na
realidade a educação não ensina a comer, a falar ou a cumprimentar. O
que ela ensina são as modalidade destas ações, regulamentadas pelas
normas do manejo dos talheres, pela sintaxe, pelos códigos gestuais da
comunicação. O indivíduo, à medida que se sujeita a tal legalidade, se
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transforma em um sujeito social, e se identifica com o grupo, que com ele
se submete ao mesmo conjunto de normas.
c) Função repressora da educação: se, por um lado, a educação permite a
continuidade funcional do homem histórico, garante também a
sobrevivência específica do sistema que rege uma sociedade, constituindo-
se, como aparelho educativo, em instrumento de controle e de reserva do
cognoscível, com o objetivo de conservar e de reproduzir as limitações que
o poder destina a cada classe e grupo social, segundo o papel que lhe
atribui na realização de seu projeto socioeconômico.
d) Função transformadora da educação: as contradições do sistema
produzem mobilizações primariamente emotivas, que aquele procura
canalizar mediante compensações reguladoras que o mantém estável.
Mas, quando essas contradições são assumidas por grupos situados no
lugar da ruptura, elas se impõem às consciências de maneira crescente.
Daí surge modalidades de militâncias que se transmitem por meio de um
processo educativo que consiste não apenas em doutrinação e em
propaganda política, mas que também revela formas peculiares de
expressão revolucionária.
2.2- Processos de Aprendizagem
Em relação à aprendizagem Pain (2012, p.15) afirma que para Piaget o
importante para o desenvolvimento cognitivo não é a sequência de ações
empreendidas pela criança, consideradas isoladamente, mas sim o esquema destas
ações, isto é, o que nelas é geral e pode ser transposto de uma situação para outra.
Lembra ainda que, em sendo o esquema concebido como resultado direto da
generalização direta das próprias ações, ele não é, absolutamente, de natureza
perceptível.
Seguindo o mesmo fluxo de raciocínio, também especifica quatro fatores
como sendo responsáveis pela psicogênese do intelecto infantil: o fator biológico,
particularmente o crescimento orgânico e a maturação do sistema nervoso; o
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exercício e a experiência física, adquiridos na ação empreendida sobre os objetos;
as interações e transmissões sociais, que se dão, basicamente através da
linguagem e da educação; e o fator de equilibração das ações.
Ainda de acordo com Piaget (2012, p.12-15), o desenvolvimento cognitivo
compreende quatro estágios: o sensório motor (do nascimento até os dois anos), o
pré- operacional (dos dois aos sete anos), o estágio das operações concretas (dos
sete aos doze anos) e, por último, o estágio das operações formais, que
corresponde ao período da adolescência (dos doze anos em diante).
Considerando que o objeto deste estudo é o universo formado por crianças do
Ensino Fundamental I, irei me ater exclusivamente à descrição das duas fases
piagetianas que estão inseridas no decorrer destas séries (do primeiro ao quinto
ano): a pré -operacional e a de operações concretas.
2.3- Estágio pré operacional
Na fase pré operacional podemos destacar como principal característica o
desenvolvimento da capacidade de manejar o mundo de maneira simbólica por meio
de representações tais como:
a) imitação,
b) jogo simbólico,
c) desenho,
d) imagens mentais,
e) memória e
f) linguagem.
Outra característica importante desta fase é a conduta egocêntrica nas
representações mentais, desenvolvendo a percepção centrada e não possuindo
ainda capacidade de abstração, de colocar-se no lugar do outro. Neste período ela
23
já possui uma percepção global, mas ainda se encontra inabilitada de se prender a
detalhes, por este motivo ela se deixa levar pelos sentidos.
Piaget (1989, p.60) nos fala que o egocentrismo uma espécie de
centralização do pensamento, uma inocência do espírito, no sentido de uma
ausência de toda relatividade intelectual e de todo sistema racional de referência.
Piaget concluiu que as crianças com menos de seis anos não conseguem
distinguir pensamentos ou sonhos de entidades físicas reais e não têm nenhuma
teoria da mente. Afirma também que somente aos cinco ou seis anos as crianças
compreendem a distinção entre o que parece ser e o que é. Entretanto, pesquisas
mais recentes indicam que, entre 2 e 5 anos, o conhecimento das crianças sobre
processos mentais – tanto os seus como os de outras pessoas – desenvolve-se
largamente.
GOING (1997, p.33) nos diz que segundo Piaget, no período operatório
concreto a criança apresenta uma excessiva segurança no seu ponto de vista, isto é,
mesmo sem experimentar ou analisar empiricamente um determinado fato, ela opta
convicta de que está certa.
Na etapa final desta fase, a partir dos cinco anos, quando ocorre a
preparação para a alfabetização Papalia e cols (2006, p.298) relatam que crianças
pré-escolares desenvolvem-se rapidamente em vocabulário, gramática e sintaxe,
assim como que à medida que os aprendem as crianças tornam-se mais
competentes na pragmática – o conhecimento prático de como utilizar a linguagem
para se comunicar. A partir disso, as crianças tornam-se mais competentes na
interação social e preparação para a alfabetização.
Ainda sobre isto, declara que este processo se denomina Alfabetização
emergente, o que consiste no desenvolvimento de habilidades, conhecimento e
atitudes que subjazem à leitura e à escrita. Além de habilidades linguísticas gerais,
como vocabulário, sintaxe e compreensão de que a linguagem é utilizada para se
comunicar, incluem-se aí habilidades específicas, como a compreensão de que as
palavras são compostas de sons distintos ou fonemas, e a capacidade de ligas os
fonemas às letras ou combinações de letras alfabéticas correspondentes.
Neste ponto ressaltamos a importância da interação social na promoção da
alfabetização emergente. Reiteram que as crianças tendem mais a se tornar boas
24
leitoras e escritoras se, durante os anos pré-escolares, os pais oferecem desafios de
conversação para os quais as crianças estão preparadas – se utilizarem um
vocabulário rico e centrarem a conversa à mesa nas atividades diárias ou em
perguntas sobre por que as pessoas fazem coisas e como as coisas funcionam.
Essas conversas ajudam crianças a aprender a escolher palavras e encadear as
sentenças de forma coerente.
É também durante a segunda infância, as crianças apresentam uma melhora
significativa da atenção e da velocidade e eficiência com que processam as
informações; elas começam a formar memórias de longa duração.
2.4- Estágio Operatório Concreto
Going (1997, p.33) nos diz que segundo Piaget, no período operatório
concreto a criança apresenta uma excessiva segurança no seu ponto de vista, isto é,
mesmo sem experimentar ou analisar empiricamente um determinado fato, ela opta
convicta de que está certa.
Sabe-se que é neste período que a criança irá frequentar regularmente a
escola, porém nas sociedades contemporâneas as crianças estão na pré-escola há
alguns anos. Esta fase é marcada pelo declínio gradativo do egocentrismo sendo
substituído, portanto pelo pensamento lógico. Observam-se diversos avanços
cognitivos tais como melhor compreensão de conceitos espaciais, relações entre
causa e efeito, seriação, conservação e número. Podemos também observar nesta
fase uma potencialização da capacidade de reter informações e o surgimento do
julgamento moral, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro e poder se
expressar através de diversos argumentos. Vemos que a razão entra no lugar da
assimilação egocêntrica e a criança passa a ter atitudes críticas tais como não
acreditar mais em Papai Noel, cegonha, etc.
Os atos físicos passam a ser internalizados e ocorre mentalmente, o
pensamento é designado operatório, pois se torna reversível. A construção das
operações permite a elaboração da noção de conservação, assim o pensamento
baseia-se mais no raciocínio do que na percepção.
25
Outra característica desta fase é que a criança consegue desempenhar suas
habilidades e capacidades a partir de objetos reais, concretos. O sujeito só
consegue pensar corretamente em materiais que pode visualizar e experimentar,
pois ainda não consegue pensar abstratamente.
Piaget ainda descreve os aspectos afetivos presentes nesta fase:
a) Autonomia em relação aos adultos;
b) Sentimentos morais: respeito recíproco, honestidade, companheirismo
e justiça;
c) Sentimento de pertencer a um grupo;
d) A criança passa a enfrentar os adultos (fortalecimento de opiniões e
ideias);
e) Cooperação.
Portanto, afirma-se que é de fundamental importância conhecer e
compreender cada fase do desenvolvimento cognitivo, assim pode-se auxiliá-las
para que as atravessem com êxito. Ao passar pelas fases, irão permanecer
elementos no indivíduo adquiridos ao longo destas construções, cada estágio
corresponde a determinadas características que são modificadas para uma melhor
organização. Através das ideias de Piaget, conclui-se que o indivíduo atravessa por
várias etapas de sua vida construindo seu aprendizado e que o mesmo quando se
defronta com um novo conhecimento, o mesmo se desequilibra, faz assimilação do
conteúdo e em seguida acomoda o conhecimento, adaptando ao conhecimento
anterior, com isso ocorre a aprendizagem que é o resultado da interação entre
maturação e experiência.
Going (1997, p.29) afirma que para Piaget, o conhecimento é um processo
de construção contínua, que vai desde o nascimento até a morte e que se dá graças
à ação do sujeito (conhecimento) sobre o objeto (como objeto de conhecimento) e
reciprocamente obedecendo uma organização espaço-temporal-causal, que
possibilita a construção das estruturas mentais, da inteligência.
26
CAPITULO III
A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS NA FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO DE
CRIANÇAS
Com uma necessidade de se comunicar, a contação de histórias tornou-se a
maneira pela qual o homem transmitiu a literatura por muito tempo. Conforme
Zilberman e Magalhães (1987), em 1440, foram feitas as primeiras obras impressas
para crianças, que eram páginas coladas a algo que parecia um suporte, com
aparência ruim e nada atrativa, e assim foi até 1850. O conteúdo desse material era,
normalmente, orações, ensinos morais e políticos. No entanto, com o advento da
Literatura Infantil, as crianças puderam desfrutar de anedotas, contos e histórias de
cavalaria, além das narrativas populares, mesmo que não fossem feitas para elas.
As primeiras Manifestações Literárias no Ocidente Europeu se originou na
Idade Média, durante séculos medievais. A literatura narrativa veio de fontes
distintas, como a popular e a culta. A origem da fonte popular é a prosa narrativa,
derivada das antiquíssimas fontes orientais ou greco-romanas. A origem da fonte
culta é a prosa aventureira que vem das novelas de cavalaria, de inspiração
ocidental.
Foi entre os séculos IX e X que as terras europeias começaram a circular
oralmente na Literatura Popular. Através dos séculos, seria conhecida como
folclórica e mais tarde seria conhecida como a Literatura Infantil.
Com origem na Índia, a literatura infantil surge no século XVII, com a
ascensão da família burguesa, sendo usada pela pedagogia, por causa de suas
histórias adequadas para isso. Assim um século depois a criança passa a ser vista
como indivíduo, sendo diferente de um adulto, com necessidades e características
só dela, necessitando de exemplos para se tornar adulta. (ROJO, 2003)
27
Nasce à literatura Infantil no século XX, e o maior marco que se destaca até
hoje com suas histórias que encantam jovens e adultos, é Monteiro Lobato. Mais
conhecido como divisor das águas do Brasil, uma parte do Brasil de ontem e o Brasil
de hoje. E mais tarde na política e na economia.
Surge também a psicologia experimental e a literatura infantil entra numa
nova fase, onde a inteligência é a forma de estruturar o universo de cada indivíduo,
observando-se sempre os estágios do desenvolvimento. (ZILBERMAN e
MAGALHÃES, 1987)
Vivendo entre os anos de 1882 e 1948, José Bento Marcondes Monteiro
Lobato pertenceu à formação dos humanistas liberais, aqueles que viam no
indivíduo, na inteligência, na cultura a solução para grandes problemas que afligem
até hoje a humanidade.
Neste trabalho procurou-se visar o histórico da Literatura Infantil e Juvenil de
forma teórica e prática. A literatura faz parte da vida da criança, pois é ela que entra
no mundo da fantasia dando assim liberdade de expressar aquilo que se aprendeu e
vivenciou através do Lúdico.
Muitos foram os gêneros criados para a literatura infantil como: fábulas,
contos, contos de fadas, poesias entre outros, mas a poesia segundo Jesualdo
(1978) são especiais:
... a criança tem uma alma poética. E é essencialmente criadora. Assim, as palavras do poeta, as que procuraram chegar até ela pelos caminhos mais naturais, mesmo sendo os mais profundos em sua síntese, não importa, nunca serão melhor recebidas em lugar algum do que em sua alma, por ser mais nova, mais virgem. (JESUALDO, 1978, p 30)
No Brasil a literatura infantil surgiu apenas no século XIX com histórias como:
histórias fantásticas, de aventuras e que retratavam o dia a dia da criança. Sendo
publicados apenas em 1808, através da imprensa Régia. (LAJOLO e ZILBERMAN,
1988)
No segundo período de 1920 a 1945, surge então Monteiro Lobato, que
publica em 1921 “Narizinho Arrebitado”, que deu início a uma série de histórias para
crianças, tais como as do Sítio do Pica-Pau Amarelo, conhecidas mundialmente.
(ZILBERMAN e MAGALHÃES, 1987)
28
Entre as décadas de 1940 e 1960, a literatura infantil entra numa terceira
fase, que é marcada pela grande quantidade de livros específicos para crianças e
em que os autores tornaram-se profissionais da área e as editoras se especializaram
para atender esta demanda. (ZILBERMAN e MAGALHÃES, 1987)
Já nos anos de 1960 a 1980, a literatura infantil consolida sua atuação com
grandes mudanças nas formas e nos conteúdos dos livros, trazendo uma nova
maneira de escrever, criar personagens. Esta é vista, com histórias de cunho
urbano, valorizando a linguagem oral. Nos anos de 1960 e 1970 a produção literária
infantil se aproxima da contemporânea, onde em 1970, surgem vários autores que
marcaram a literatura brasileira, sempre ligando suas obras às escolas.
Apesar de as escolas sempre utilizarem os livros, no século XIX, as obras
eram traduzidas de Portugal e assim, pela falta de contextualização, a leitura
nacional entra em crise, assim, estudos sobre a formação do leitor são iniciados no
século XX, o que ainda não se conseguiu chegar a uma conclusão, pois o livro tem
concorrido diretamente com a televisão, os videogames e atualmente com a internet.
Surge aí, a necessidade de a escola assumir um papel de grande relevância no
resgate da leitura infantil, pois conforme Albino (2009):
Nesse sentido, a escola assume um papel relevante nessa discussão, tornando-se uma instituição com desempenhos contraditórios. Num primeiro momento, trata-se de um local onde se aprende a ler e a escrever, conhece-se a literatura e desenvolve-se o gosto pela leitura. Por outro lado, define-se também como um ambiente caracterizado pelas carências no campo do ensino, sendo marcada pela deficiência dos métodos empregados que incluem a baixa freqüência de exercícios de leitura, a falta de critérios na seleção e a má qualidade do material manipulado, somados ao baixo nível de linguagem, ao mero desinteresse pela leitura e à escassez de repertório por parte dos alunos.
Visto que a leitura proporcionada pela escola é um meio de acesso do jovem ao texto literário, a teoria da literatura infantil tem, nos últimos anos, voltado sua atenção ao ensino Enfatizando a necessidade de uma metodização das práticas pedagógicas centradas na natureza do literário e na comunicação leitor/obra, propõe como objeto de discussão das questões relativas à obra, ao leitor (aluno) e ao mediador da leitura (papel desempenhado pelo professor). Quanto ao receptor, são enfocadas questões relativas ao interesse, à valorização do caráter lúdico e do prazer da leitura e à emancipação do leitor por meio da quebra de seu horizonte de expectativas. (ALBINO, 2009, p. 20)
Nesse sentido entende-se que a Literatura Infantil é Teoria e Didática, ou
seja, prática na vida real. O trabalho abordado tem como narrativa primordial a
29
imaginação humana, sendo o relato de casos, histórias fabulosas, tirando um
ensinamento salutar.
Compreender a tarefa do professor enquanto agente facilitador no
processo ensino-aprendizagem é entender que tal tarefa exige preparo e dedicação.
O professor precisa buscar de diversas formas, a vontade de ensinar como uma
proposta de conhecer e compreender práticas socioculturais da Leitura e da Escrita
de crianças e de adolescentes de diferentes inserções culturais. O lúdico tem sua
origem na palavra latina ludus que quer dizer jogo e está confinada a sua origem ao
termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento
espontâneo. (ROJO, 2003)
O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e
intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer povo desde os mais remotos
tempos. Através deles, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a
socialização, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios que
sempre estamos prestes a enfrentar. O jogo, nas suas diversas formas, auxilia no
processo do desenvolvimento psicomotor, isto é, no desenvolvimento da motricidade
fina e ampla, bem como no desenvolvimento de habilidades do pensamento, como a
imaginação, a interpretação, a tomada de decisão e a criatividade.
Sendo assim, a utilização do lúdico no ambiente escolar traz enormes
vantagens para o processo de ensino aprendizagem, porque ele é um impulso
natural da criança e do adolescente, o que já é uma grande motivação, pois eles
(crianças e adolescentes) obtêm prazer, e seu esforço para alcançar o objetivo da
aula é espontâneo. Com isso, a aula que possui o lúdico como um dos seus
métodos de aprendizagem, é uma aula que se encontra voltada para os interesses
dos alunos, sem perder o foco do ensino, lembrando que a forma de ensinar a leitura
aparece através do estímulo que o professor passa para o aluno através da
seguridade e confiança. (ROJO, 2003)
Para Matos, Cabral e Silva (2014):
A Literatura permanece acordando desejos. Faz a gente arriscar pensamentos nos quais o rumor da língua, aprisionado em letras, se esforça pela multiplicação de sentidos... Estudos e publicações o atestam e novas iniciativas o confirmam. Estamos no mundo e, nele configuramo-nos segundo a verdade das palavras... e dos desejos. (MATOS, CABRAL e SILVA, 2014, p. 03)
30
A leitura é fundamental para que a criança e o adolescente possa entender o
significado dos seres e dos objetos. O professor deve trazer o conhecimento prévio
e interessante sobre o assunto para que a criança ou o adolescente possa despertar
e compreender o lúdico, ou seja, dar asas a sua imaginação sem medo do novo.
Eles precisam buscar informações de como aplicar esta tarefa interessante e
gratificante tanto para o seu aluno quanto para o seu próprio mérito, pois trabalhar
com adultos e crianças de forma lúdica cresce a vontade de sempre buscar novos
conhecimentos de formas diversas para se trabalhar. Devem se permitir viver o
lúdico e buscar o conhecimento teórico para através de experiências lúdicas
obterem informações sobre o brincar espontâneo e orientado.
São várias as maneiras de ensinar, basta à vontade de o professor buscar
conhecimentos e adquiri-los sempre que for possível. Ensinar a ler e a entender o
que se lê, é fundamental para a vida toda. Significados são apenas modos diferentes
de se entender e aprender o que é sinônimo.
Como se leu anteriormente é da escola o papel de incentivar e não de obrigar
a leitura pelos alunos. Hoje em dia, a leitura é vista como uma das causas do
fracasso escolar, conforme Magnani (1989):
A falta do hábito de leitura mostra-se no seu lado mais cruel: aquele que limita ao indivíduo o acesso à própria cidadania, aqui entendida como o pensar sobre fatos/eventos e posicionar-se diante deles. (MAGNANI, 1989, p. 10)
Levar o aluno ao prazer de ler deve ser a principal preocupação da escola, e
não a moralização ou a reprodução da literatura. A leitura precisa fazer sentido para
a alma, e toda a vez que houver algum trabalho envolvido, que seja motivado, que
seja criativo. Preocupar-se com as questões da leitura, buscando soluções para
esse tipo de problema, estudando as teorias e desenvolvendo estratégias é o intuito
desse trabalho.
A psicologia analítica do suíço Carl Jung sustenta que os seres humanos nascem
não apenas com uma herança biológica, mas também com uma herança psicológica,
sendo que ambas são determinantes inerentes do comportamento e da postura do ser
humano diante da vida. Assim segundo ele, a criança já nasce com este arcabouço que
31
irá permear e direcionar seu desenvolvimento psíquico e a interação deste sujeito com o
meio em vive. Este material psíquico, que não provém da experiência pessoal, foi
denominado por ele como inconsciente coletivo.
Jung concluiu, portanto em seus estudos que estas representações formam o
esquema básico da psique e, por este motivo os contos de fadas fazem parte da história
da humanidade atravessando os mais diversos períodos culturais, perdurando assim em
nossa existência através do passado ancestral do homem.
Amarilha (2009, p.70) nos informa que par Carl Jung (1988) os contos são produtos
da fantasia e expressão “espontânea” do inconsciente, são uma representação simbólica
de problemas gerais humanos e suas soluções possíveis, ou seja, as representações da
fantasia são tão primárias e originais como os próprios desejos e instintos. e constituíram
através dos séculos instrumentos para a expressão do pensamento mítico, perpetuando-
se no tempo por desempenharem uma função psíquica importante ao processo da
individuação.
Von Franz (1980, p.9) discípula de Carl Jung diz que é no inconsciente coletivo que
o contador popular busca inspiração para a criação dos contos de fadas. Conclui ainda
que, para Jung, os contos de fada são o melhor caminho para se estudar a anatomia
comparada da psique. Nos mitos, lendas ou qualquer outro material mitológico mais
elaborado obtém-se as estruturas básicas da psique humana através da grande
quantidade de material cultural.
Bettelheim (2003, p.33) complementa que num conto de fadas, os processos
internos são externalizados e tornam-se compreensíveis enquanto representados pelas
figuras da história e seus incidentes.
Ainda segundo ele, os contos de fadas, à diferença de qualquer outra forma de
literatura, dirigem a criança para a descoberta de sua identidade e comunicação, e
também sugerem as experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais o
seu caráter.
Gonçalves (2010, p.70) ressalta que é por meio das histórias, sobretudo o conto de
fadas, que a criança busca a verdade que a linguagem simbólica é capaz de transmitir,
resgatando valores e encontrando respostas para suas questões internas. Os contos de
fadas têm importância na formação da personalidade porque transmitem valores à
criança, usando uma linguagem adequada.
32
Bettelheim afirma que é através dos contos de fadas que a criança adequa o
conteúdo inconsciente às fantasias conscientes. Para que ela possa superar os
problemas psicológicos do crescimento, obter um sentimento de individualidade, de
autovalorização, e um sentido de obrigação moral, necessita entender o que está se
passando dentro de seu eu inconsciente. Dos contos, elas retiram seus próprios
conceitos, sempre em consonância com o momento, não podendo fazê-lo sozinhas.
Para dominar os problemas psicológicos do crescimento – superar decepções narcisistas, dilemas edípicos, rivalidades fraternas, ser capaz de abandonar dependências infantis: obter um sentimento de individualidade e de autovalorização e um sentido de obrigação moral – a criança necessita entender o que está se passando dentro de seu inconsciente. Ela pode atingir essa compreensão, e com isto a habilidade de lidar com as coisas não através da compreensão racional da natureza e conteúdo de seu inconsciente, mas familiarizando-se com ele através de devaneios prolongados – ruminando, reorganizando e fantasiando sobre elementos adequados da história em resposta a pressões inconscientes, o que capacita a lidar com este conteúdo (BETTELHEIM, 2003, p.16).
3.1- Importância pedagógica da utilização dos contos de fadas em sala de aula
É de domínio público que com frequência o conto de fadas se constitui como o
primeiro contato das crianças com a literatura, seja através de seus pais e familiares ou
mesmo na leitura oral de seus professores. Também são, dos textos literários, os mais
conhecidos do público infantil, pois são intensamente disseminados em nossa sociedade
através da mídia: filmes, desenhos, histórias em quadrinhos etc.
Abramovich (1991, p.10) relata que seu primeiro contato com o mundo mágico das
histórias aconteceu quando era muito pequenina, ouvindo sua mãe contar algo bonito
todas as noites, antes de adormecer, como se fosse um ritual... Lembro de sua voz
contando “João e Maria” e das várias adaptações que criava em relação à casa da bruxa,
sempre sendo construída com todas as comidas que gostava.
Após estes primeiros contatos com os contos de fada, é na escola que podemos
intensificar o mergulho neste universo literário tão rico e encantador. O professor tem em
suas mãos um vasto conteúdo de trabalho que pode ser utilizado ao longo de diversas
séries e disciplinas desde a pré-escola até o ensino fundamental.
Vivemos um momento propício ao resgate da utilização dos contos de fadas nas
escolas, pois existe um movimento da sociedade atual que reflete o desejo humano em se
33
envolver com o imaginário, o ficcional e com o mundo da fantasia, embora estejamos
vivendo num mundo onde se valoriza muito a imagem e a tecnologia.
Rocha (2013, p.19) afirma que com a participação efetiva do professor através de
uma postura diferenciada: questionadora, investigadora, criativa, consciente e flexível na
relação que estabelece com a criança ele irá contribuir para o desenvolvimento emocional
e cognitivo da mesma, assim como para uma educação voltada aos valores humanos e a
criatividade.
Gonçalves (2010, p.64) diz que o próprio contexto histórico em que vivemos faz
com que a escola seja um espaço privilegiado. É nela que a criança poderá entrar em
contato com a literatura infantil, sendo, portanto, o professor o principal mediador. Para
tanto, deve reconhecer a literatura não apenas como exclusiva das crianças, mas
reconhecer o seu caráter científico que determinou sua ascensão aos planos dos
currículos do Ensino Superior.
Coelho (2009) afirma que a presença dos contos de fadas na escola possui uma
relevância muito grande na formação da criança como ser social e como leitor. Os contos
de fadas apresentam algumas características que os diferem de outros gêneros literários.
Nos contos percebe-se a presença do elemento mágico, o que possibilita a metamorfose
nos personagens ou objeto que conduz a resolução do conflito.
Bettelheim (2003, p.12) declara que aquisição de habilidades, inclusive a de ler,
fica destituída de valor quando o que aprendeu a ler não acrescenta nada de importante a
nossa vida. [...] Para que uma história realmente prenda a atenção da criança, deve
entretê-la e despertar a sua curiosidade. Contudo, para enriquecer sua vida, deve-se
estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas
emoções; estar em harmonia com suas ansiedades e sugerir soluções para os problemas
que a perturbam.
Segundo Soares (2010, p.21): “Letrar é mais que ensinar a ler e escrever dentro de
um contexto onde a leitura e a escrita tenham sentido e façam parte da vida do aluno.”
Para que isto ocorra é fundamental que as atividades de leitura e escrita
empregadas na escola permitam uma possibilidade prazerosa ao desenvolvimento do
letramento. Os contos de fada devido ao fascínio que exercem em crianças e adultos
podem e devem ser utilizados como recurso estimulador da leitura e escrita utilizando-se
da reflexão sobre conflitos existenciais próprios da infância e pré-adolescência.
34
Para Rego (1990, p. 51) o conto de fadas, do ponto de vista da aprendizagem,
supõe uma relação entre o adulto e a criança: o ouvinte e o narrador e, assim, esse
ouvinte (criança) tem a oportunidade de brincar com todos os elementos mais misteriosos
do existir isento da reprovação do narrador.
A escritora Cecília Meireles em seu livro problemas da literatura infantil deixa
bastante clara sua opinião a respeito da importância da literatura infantil tradicional para a
formação da criança.
Insistimos na permanência do tradicional na literatura infantil, tanto oral quanto
como escrito, porque por ele vemos um caminho de comunicação humana desde a
infância que, vencendo o tempo e as distâncias, nos permite uma identidade de formação.
Por essa comunhão de histórias, que é uma comunhão de ensinamentos, de estilos de
pensar, moralizar e viver, o mundo parece tornar-se fácil, permeável a uma sociabilidade
que tanto se discute. A literatura tradicional apresenta esta particularidade: sendo diversa
em cada país, é a mesma no mundo todo. É que a mesma experiência humana sofre
transformações regionais, sem por isso deixar de ser igual nos seus impulsos e idênticas
nos seus resultados. Se cada um conhecer bem a herança tradicional do seu povo, é
certo que se admirará com a semelhança que encontra, confrontando-a com a dos outros
povos. (...) É um humanismo básico, uma linguagem comum, um elo entre as raças e os
séculos. (MEIRELES, 1979, p. 64).
Um dos aspectos que o professor precisa entender para utilizar a literatura em sala
de aula é que na verdade ela não seria apenas um instrumento para ensinar a ler, pois
segundo Bettelheim (2003, p.13) para que uma história realmente prenda a atenção da
criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, deve
estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas
emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações: Resumindo, deve de
uma vez só vez relacionar-se com todos os aspectos de sua personalidade, e isso sem
nunca menosprezar a criança, buscando dar inteiro crédito a seus predicamentos e,
simultaneamente, promovendo a confiança nela mesma e no seu futuro.
Farias (2006, p.30) diz que as histórias tradicionais são importantes porque
ensinam, educam, ampliam o conhecimento, iluminam, provocam reflexões pessoais e
coletivas, despertam sentimentos adormecidos, comovem, alimentam a cognição,
transmitem valores, recriam a memória, auxilia na transformação pessoal e na cura dos
35
ferimentos psíquicos, mantem viva a tradição e expandem a linguagem e vocabulário.
Elas permitem, ainda, extrapolar os limites da compreensão lógica sobre o mundo,
rompendo assim, com o nosso modelo de educação escolar.
Farias (2006, p.97) presume em relação aos contos de fadas que se quase toda
boa história nos encanta e ensina algo, por que não fazem uso dessas histórias na
educação? Longe de serem discursos monolíticos e ingênuos, essas narrativas contém,
na maioria das vezes, a complexidade que abriga a certeza e a incerteza, o medo e o
sonho, a solução e o enigma a ser resolvido.
Amarilha (2009, p.73) conclui que, os contos de fada, com seu rico referencial
simbólico, ressaltam o papel que a literatura deve ter para a criança: o de tornar
acessível ao leitor experiências imaginárias que sejam catalisadoras dos problemas do
desenvolvimento humano e assim proporcionar autoconfiança sobre o seu próprio
crescimento. Quando os professores entenderem a importância de dar oportunidade às
crianças para assistirem e participarem de conflitos de heróis tão inexperientes quanto
elas próprias, talvez os contos de fadas sejam mais presentes em sala de aula.
36
CAPITULO IV
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COM A UTILIZAÇÃO DOS CONTOS DE FADAS
Cantar, brincar e encantar faz parte da atividade proposta para as crianças
através das cantigas de roda. Cantar é maravilhoso, pois “... quem canta seus males
espanta.” Todos gostam de cantar e de brincar, assim, em sala de aula, as
atividades devem ser voltadas para uma tradição oral, a fala que é transmitida de
geração a geração.
Para se ter atividades bem variadas deve-se procurar e pesquisar diferentes
cantigas de roda, como algumas foram citadas no capítulo anterior. Assim pode-se
também proporcionar a leitura e a escrita das canções de forma lúdica, onde
primeiramente se escuta as canções para depois se pode dramatizá-las ou
expressá-las da forma mais simples. Ampliar o repertório musical e de outras
brincadeiras são propostas para serem aproveitadas na sala de aula, durante um
período voltado para a recreação com efetiva aprendizagem.
Matos, Cabral e Silva (2014) fizeram uma pesquisa de campo com alunos de
uma escola pública no Nordeste brasileiro e ao introduzirem os contos de fadas
entre as crianças puderam experimentar os benefícios que esse tipo de leitura traz
aos pequenos leitores:
A literatura Infanto-juvenil, representada pelos Contos de Fada, em nosso projeto, mostrou-se um material valioso para que obtivéssemos resultados tão positivos. Além de melhorar a concentração dos alunos e sua capacidade de interpretar um texto, possibilitou um melhor relacionamento entre a classe para a elaboração das atividades em conjunto. Os alunos estavam tão empolgados em participar das atividades que esqueciam as desavenças para que fosse possível a finalização das atividades propostas. (...) O sentimento de união superou o individualismo existente entre eles por causa da vontade que tinham de participar. Vimos que eles deram o melhor de si para a dramatização da peça, atividade preferida da turma. (MATOS, CABRAL e SILVA, 2014, p. 09-10)
37
Estas atividades podem ser trabalhadas em grupo, pois juntos é possível
descobrir as sensações e a vontade de se divertir, tirar a inibição que muitos alunos
têm ao entrarem no meio escolar no seu dia a dia.
A metodologia é simples, pois é possível recuperar através dessa brincadeira
de faz de conta, os pais, avós, amigos nos próprios livros, cantigas de roda. O
trabalho é feito com o grupo de alunos, sempre buscando novas técnicas e uma das
que, com certeza sempre dá certo é a de analisar as cantigas, criá-las e inventar
outras.
Dentre as atividades que podem ser trabalhadas na sala de aula, tem-se:
Organizar um pequeno livro com as cantigas de rodas com as letras e ilustradas
pelas crianças.
Quando foi trabalhado este projeto percebeu-se que ele abrangeu várias
áreas como:
a) Português: o significado das palavras, a grafia das palavras, parlendas,
trava-línguas e adivinhas.
b) Artes: confecção de cartazes com as músicas, instrumento que revelam a
interação dos alunos com as diversas culturas, para confecção desses
instrumentos usa-se material reciclável, como garrafas pet e etc.
Pode-se também fazer jogos populares com sucatas.
c) Educação Física: pode-se trabalhar o desenvolvimento da coordenação
motora, a noção do espaço, equilíbrio e as danças.
Estas atividades são chamadas de atividades interdisciplinares e englobam
algumas matérias diferentes na mesma proposta.
Neste capítulo abrimos espaço para trazer exemplos de práticas pedagógicas
que podem ser realizadas em sala de aula utilizando os contos de fadas como eixo
principal do trabalho com crianças do ensino fundamental I.
Going (1997) atesta que ao trabalharmos com os contos de fada na sala de
aula, procuramos valorizar como um todo os seguintes aspectos: o afetivo e o
cognitivo. Por meio do ato prazeroso de escutar histórias a criança amplia o
processo de construção das imagens mentais, possibilitando a identificação com os
38
personagens que são relevantes às suas necessidades interiores. Também, o conto
tem uma mensagem que proporciona condições da criança trabalhar o espaço
(construção da imagem mental do ambiente e personagens), o tempo (memória e
sequência dos fatos), bem com causalidade, via reflexão dos pontos que levaram a
história a tomar determinado rumo.
Farias (2006, p.89) destaca que a articulação real e irreal, consciente e
inconsciente, local e universal, tão presentes nas histórias da tradição, facilitam a
religação do conhecimento e a reconciliação do homem em sua inteireza mitológica,
inteireza essa sempre aberta e paradoxal. A concretização de uma prática
educativa pautada por princípios que rejuntem faces diferentes de uma mesma
moeda depende, sobretudo, de um tipo de abordagem que é, ao mesmo tempo,
transversal e longitudinal. Mais do que uma disciplina específica, o conjunto de
conteúdos variados e dispersos nas narrativas interessa a diferentes disciplinas.
4.1 Atividades Propostas
Existem inúmeras possibilidades de se trabalhar com os contos de fadas em
sala de alano segmento do ensino fundamental I. Neste trabalho veremos somente
alguns exemplos do quão rico e vasto é este universo de fadas, duendes, bruxas,
sapos e princesas.
4.1.1- A escolha do conto
Este é um aspecto de vital importância, pois é a partir de uma escolha
acurada que se despertará o interesse da criança, levando em conta, entre outros
fatores, o ponto de vista literário, o interesse do ouvinte, sua faixa etária, suas
condições sócios econômicas. É importante salientar que o professor deve estar
atento ao tipo de linguagem empregada pelo autor para que ao ser narrado, o texto,
não se torne enfadonho e de difícil compreensão.
39
Segundo Coelho (2009) escolher que história contar é um passo muito
demorado, e por isso recomenda-se cuidado para evitar tropeços depois. Às vezes
leva-se algum tempo pesquisando em livros e revistas até se encontrar a história
adequada à faixa etária e que atenda aos interesses dos alunos ouvintes e ao
objetivo especifico que a ocasião requer.
4.1.2- Como contar histórias
Abramovich (1991, p.18) em seu livro Gostosuras e Bobices ressaltam que
para contar uma história, é bom saber como se faz. Afinal, nela se descobrem
palavras novas, se entra em contato com a música e com a sonoridade das frases,
dos nomes... Se capta o ritmo, a cadência do conto, fluindo como uma
canção...Contar histórias é uma arte...e tão linda! É ela que equilibra o que é ouvido
como o que é sentido, e por isso não é nem remotamente declamação ou teatro...
Ela é o uso simples e harmônico da voz.
Ainda segundo a autora supracitada, a ensaísta cubana Alga Marina
Elizagaray diz que: “O narrador tem que transmitir confiança, motivar a atenção e
despertar admiração tem que conduzir a situação como se fosse um virtuose que
sabe seu texto, que o tem memorizado, que pode permitir-se o luxo de fazer
variações sobre o tema”.
Isto posto, podemos crer que para que haja um total aproveitamento do uso
dos contos de fada em sala de aula, é importante que o professor disponibilize todos
os recursos possíveis para criar um clima lúdico de envolvimento, encanto e magia,
utilizando entonações diversas, pausando e criando intervalos, com a finalidade de
estimular o pensamento e a curiosidade nas crianças.
4.1.3- Algumas Propostas de Trabalhos em Sala de Aula
Neste tópico abordaremos algumas sequências de atividades sugeridas para
crianças acima dos seis anos de idade.
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a) Dispor confortavelmente os alunos preferencialmente sentados numa
rodinha e apresentar o conto proposto e uma breve biografia do autor;
b) O professor prossegue com a leitura do conto, sempre atento à
modulação de voz e aos gestos com a finalidade de prender a atenção
dos alunos. O professor deve estar preparado para estabelecer um
breve diálogo com os alunos ainda neste momento. A narração não
deve ser uma declamação monótona e aborrecida;
c) Ao contar a história, o professor pode trabalhar a coordenação motora
e a expressão corporal das crianças, pedindo-lhe que imitem alguns
dos personagens, trazendo, portanto um momento lúdico e de
brincadeira;
d) Após a leitura do conto deve-se trabalhar primeiramente a
interpretação do conto. Perguntas tais como: quantos e quais são os
personagens mais importantes da história? Qual personagem foi o
favorito? Gostaram da história e por quê? Com qual personagem você
mais se identificou?
e) Outra sugestão para trabalhar a interpretação do conto é pedir que
cada criança conte um pedacinho da história, em sequência utilizando
seus próprios recursos de dramatização e entonação de voz;
f) Trabalhando linguagem e comunicação pode-se pedir às crianças que
mencionem alguma palavra “nova”, de significado desconhecido ou de
grafia mais complexa. Também é interessante a utilização de jogos
como cruzadinhas e caça-palavras no intuito de trabalhar o
vocabulário;
g) No caso de crianças que já dominam a linguagem escrita, o trabalho de
produção textual a partir do conto, é indiscutível e fundamental.
Podemos pedir à criança que crie um outro final ou personagem para o
conto;
h) Trabalhar a expressão artística da criança propondo qualquer tipo de
criação plástica tais como desenho, pintura, colagens, modelagem, etc;
i) Pode-se trabalhar o meio ambiente e o momento histórico,
considerando o local onde se passa o conto, o tipo de moradia, a
vegetação e
41
j) as condições de vida, procurando relacionar temáticas sociais do conto
com a sociedade contemporânea;
k) Trabalhar noções de saúde e higiene trazendo à tona possíveis hábitos
e costumes dos personagens do conto e como eles poderiam se
proteger para evitar doenças e destruição do meio em que vivem;
l) Na matemática pode-se utilizar o mesmo conto trabalhando com
inúmeros conceitos tais como operações com números, conjuntos,
proporções, algarismos romanos, frações, horas e um sem fim de
possibilidades;
m) Pode-se também propor trabalhos de pesquisa na biblioteca, na
internet, jornais e revistas;
n) Por fim, mas não menos importante, pode-se trabalhar a convivência e
os sentimentos a partir da reflexão do aluno com o jogo simbólico
proporcionado pelo conto.
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CONCLUSÃO
Como pudemos concluir com este trabalho a utilização dos contos de fadas
no ambiente escolar permite aos alunos e educadores inúmeras possibilidades de
trabalhar diversos conteúdos e, principalmente despertar na criança o desejo pela
busca de conhecimento, contribuindo na formação do futuro leitor. Neste aspecto a
figura do professor é de fundamental importância, pois é frequente em nosso país,
que o primeiro contato da criança com a literatura ocorra na escola e os contos de
fada são indiscutivelmente uma ótima e preciosa fonte literária e, como assegura
Abramovich (1991, p.121) os contos de fadas são tão ricos que têm sido fonte de
estudo para psicanalistas, sociólogos, antropólogos, psicólogos, cada qual dando
sua interpretação e se aprofundando no eixo de seu interesse.
É inegável o relevante papel que a leitura desempenha na vida de todos nós,
seres humanos. É uma prática social das mais antigas, onde existe a apropriação
dos leitores para compreender o mundo em que se estão rodeados. A prática da
leitura permite o acesso ao conhecimento. Assim, o leitor é induzido a confrontar sua
realidade sóciocultural, política, emocional e lingüística entre o novo e o pré-
conhecimento, que lhe é inato tornando-se leitor dinâmico em conexão com outros
interlocutores.
A leitura também é responsável por transportar os leitores a outros mundos e
permitindo a eles inventar, criar e recriar ao longo das experiências de vida. Lendo
descobre-se, redescobrem-se imagens por meio da palavra, dessa forma, o ato de
ler exige posicionamento, compromisso e ideologia.
43
A reflexão, a pesquisa e a conscientização sobre o tema e sua importância
para a sociedade em que vivemos, deve ser o freqüente desejo do educador, pois é
através de seu trabalho frente ao aluno que uma nova sociedade será formada, de
cidadãos críticos, autônomos e criativos, que lêem e entendem o que lêem, sabendo
diferenciar os diversos tipos de textos e de mensagens.
Os alunos chegam à escola escrevendo, mesmo sem saber o que esta escrita
significa, e muitas vezes, usam o professor como escriba de suas criações, isso não
quer dizer que não possuam habilidade para ler ou escrever, significa apenas que
ainda não possui autonomia para isso, por isso necessitam da ajuda do parceiro
mais experiente de Vygotsky (1991), de um trabalho mais específico relacionado à
leitura e à escrita.
O professor precisa entender que ele é um dos únicos que poderá levar a
criança, na mais tenra idade a desfrutar de bons e belos textos, fazendo com que ela
se familiarize com eles e tenha na leitura uma prática diária.
A escola deve preparar melhor seus professores, principalmente os de ensino
fundamental, no sentido de mostrar a importância das histórias infantis na vida da
criança, pois será através delas que elas vão compreender o mundo que as rodeia,
resolver seus pequenos problemas e entender questões que, as vezes, são difíceis
de lidar como a separação dos pais, a briga com os irmãos, perder um ente querido
entre outros temas tratados em histórias e contos de fadas, além de trabalharem
com seu imaginário e a criatividade.
Termina-se com o que o sábio Paulo Freire pensava sobre o ato de aprender
a ler e escrever, que de maneira resumida explica a importância de tal ato.
“Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas
transformam o mundo.” (FREIRE, 1990, p. 78)
Por isso a alfabetização não pode ser feita de cima para baixo, como uma
dádiva ou uma imposição, mas de dentro para fora, pelo próprio analfabeto e apenas
com a colaboração do educador. “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si
mesmo; os homens educam-se entre si, mediados pelo mundo. “(FREIRE, 1990, p.
79)
44
Durante a pesquisa bibliográfica, buscamos observar como a leitura literária
pode resgatar a história individual de cada um, promover a socialização, pois, ao
ouvir historias, podem opinar comentar e recontá-las.
As estratégias para o desenvolvimento da sensibilidade artística devem fazer
com que aprendam se divertindo, saibam admirar e expressar o espanto, a tristeza,
a alegria e o medo.
O professor deve sondar o que os alunos já sabem sobre contos, histórias,
personagens e ambientes inseridos no contexto a fim de gradativamente incentivá-
los a ler contos clássicos.
Muitas outras dinâmicas podem ser desenvolvidas, tais como estimulá-los a
ilustrar os textos; relacionar as histórias lidas com coisas e fatos da vida da criança;
criar um ritual de leitura reservando um tempo e um lugar especiais para curtir as
histórias sem interrupções; estimulá-los a contarem sobre o que leram, etc.
Cabe então ao professor fazer da leitura algo prazeroso e alegre, para que no
futuro possamos ter mais leitores críticos, criativos, além de estarmos ajudando na
formação de cidadãos que sabem o que querem e expressam seus desejos de
maneira correta e consciente.
45
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48
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTOS 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
ORIGEM DOS CONTOS DE FADA 11
1.1- Conceito 12
1.2- Surgimento 12
1.3- Importância da Idade Media na Divulgação dos Contos 14
1.4- Os Contos de Fadas como Literatura Infantil 15
1.5- Breve Biografia dos Principais Escritores 17
1.5.1- Charles Perrault 17
1.5.2- Irmãos Grimm 17
1.5.3- Hans Christian Andersen 18
CAPITULO II
ENTENDENDO OS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM NA CRIANÇA 19
2.1- Educação e suas funções 20
2.2- Processos de Aprendizagem 21
49
2.3- Estágio pré operacional 22
2.4- Estágio Operatório Concreto 24
CAPITULO III
A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS NA FORMAÇÃO E
EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS 26
3.1- Importância pedagógica da utilização dos contos de fadas em sala
de aula 32
CAPITULO IV
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COM A UTILIZAÇÃO DOS CONTOS DE FADAS 36
4.1 Atividades Propostas 38
4.1.1- A escolha do conto 38
4.1.2- Como contar histórias 38
4.1.3- Algumas Propostas de Trabalhos em Sala de Aula 39
CONCLUSÃO 42
REFERÊNCIAS 45
ÍNDICE 49
.
50