UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · de forma espontânea. A criança tem...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA NA APRENDIZAGEM Por: Ione Gonçalves de Jesus Orientadora Profª. Dayse Serra Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA NA APRENDIZAGEM

Por: Ione Gonçalves de Jesus

Orientadora

Profª. Dayse Serra

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA NA APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicopedagogia.

Por: Ione Gonçalves de Jesus.

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AGRADECIMENTOS

Á Deus por essa vitória, a minha mãe,

minha grande amiga e incentivadora,

ao meu pai, ao meu namorado e aos

meus amigos que me acompanham

sempre.

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DEDICATÓRIA

Dedico essa vitória a Deus que me deu a

vida e a graça de concluir esse curso tão

desejado, a minha mãe, ao pai, ao meu

namorado e aos meus amigos.

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RESUMO

Esse trabalho monográfico tem como objetivo arrolar o desenvolvimento

humano e a aprendizagem com a relação entre família e escola.

Muitas são as teorias de aprendizagem existentes, atualmente, no

âmbito acadêmico. Isso se deve ao fato de cada teórico escolher estudar os

aspectos que acreditam ser essenciais para as questões da educação.

Para que pudesse entender a originalidade do texto, foi necessário

examinar, as teorias já formuladas sobre o conhecimento humano, ou

correntes epistemológicas. Essas formas de aprender, ou abordagens que

explicam a forma pela qual o sujeito aprende e desenvolve.

Palavras chaves: desenvolvimento humano, aprendizagem, família, escola,

psicopedagogia.

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METODOLOGIA

A aprendizagem é uma mudança relativamente estável e duradoura do

comportamento e do conhecimento, que vai permitir que o ser humano se

adapte de forma eficaz ao meio. A criança transforma aquilo que aprende de

acordo com sua capacidade interna e nata, tornando-se transformadora da

aprendizagem, criadora, se essa capacidade de aprendizagem e oportunidade

lhe for oferecida.

A escola infelizmente valoriza apenas o conhecimento verbal e

matemático, deixando de fora conhecimentos importantes para a formação

pessoal, intelectual e moral dos educandos. Os mesmos precisam ser

estimulados, o ambiente escolar tem que ser acolhedor, o educando tem que

ser aceito como é, é preciso que ofereça meios para se desenvolverem,

respeitando a sua singularidade.

O objetivo deste trabalho monográfico é compreender como se dá a

relação do desenvolvimento humano com a aprendizagem, qual o papel da

escola e da família nessa aprendizagem, onde cada um é fundamental e o

papel da psicopedagogo quando surge a dificuldade de aprendizagem. Para

expor esse trabalho foi utilizada uma rica abordagem teórica bibliográfica e

webgráfica que me fizeram chegar às respostas deste trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Desenvolvimento e aprendizagem 10

CAPÍTULO II - A escola e a família na aprendizagem 22

CAPÍTULO III – O papel do Psicopedagogo na dificuldade de aprendizagem 31

CONCLUSÃO 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42

WEBGRAFIA 43

ÍNDICE 44

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INTRODUÇÃO

Vários são os aspectos que interferem positivamente ou negativamente

na aprendizagem do sujeito. A aprendizagem é um processo dinâmico e

multidimensional, que abrange fatos da vida e do conhecimento.

Sabemos que o conhecimento do sujeito é construído na interação com

o seu meio, seja o familiar ou escolar, e deste meio depende para se

desenvolver como pessoa. Dentre as teorias interacionistas destacam-se: a

teoria Interacionista Piagetiana e a Teoria Sócio-interacionista de Vygotsky.

Piaget concebe a criança como um ser ativo, atento e que constantemente cria

hipóteses sobre o seu ambiente. Assim, acredita que, de acordo com o estágio

de desenvolvimento em que a mesma se encontra, elabora os conhecimentos

de forma espontânea. A criança tem uma visão particular sobre o mundo e à

medida que se desenvolve, em sua interação com o adulto, aproxima-se de

suas concepções tornando-se socializada. No entanto, o papel da interação,

nesta teoria, fica minimizado em virtude de que, para Piaget, a aprendizagem

subordina-se ao desenvolvimento. Na teoria sócio-interacionista, que teve em

Vygotsky seu maior expoente, seus pressupostos partem da idéia de homem

enquanto corpo e mente, enquanto ser biológico e social e enquanto

participante de um processo histórico cultural. "Vygotsky defende a idéia de

contínua interação entre as mutáveis condições sociais e as bases biológicas

do comportamento humano.

Cada um destes ambientes, familiar ou escolar, exerce uma enorme

influência que irá interferir no desenvolvimento do sujeito. Entretanto, diante

dos problemas de aprendizagem, é comum ocorrer uma isenção de culpa,

apontando o sujeito como o único responsável por seu fracasso. No contexto

atual, as famílias encontram-se em sua grande maioria, um tanto

desestruturadas, talvez por não terem se adequado às novas mudanças que

vêm erigindo no cenário da modernidade, já que o mundo do trabalho lhes

roubam o tempo de ficar com seus filhos; as brigas entre casais na presença

dos filhos, tornam-se uma constante; cresce o número de separações e de

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mães solteiras; são altos os índices de desempregados, o que influi na

dinâmica familiar. As famílias que apresentam esses problemas acabam

transferindo para a criança, e esta, por sua vez começa a apresentar certas

dificuldades, o que consequentemente, reverbera, em primeira instância, no

contexto da escola.

Embora seja difícil falar separadamente do sujeito, da família e da

escola, pois se fundem, tentaremos aborda-lo em suas peculiaridades,

focalizando as causas das dificuldades de aprendizagem próprias a cada uma

destas instâncias.

CAPÍTULO I

DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM

10

As relações existentes entre aprendizagem e desenvolvimento cognitivo

são bastante complexas e são articuladas a partir de diferentes perspectivas. A

imagem da criança com características desiguais das do adulto não existiu

desde sempre e é, sim, fruto de uma longa construção histórica, durante a qual

a criança passou a ocupar um novo lugar social. Gouvêa (2002) nos mostra

que na sociedade medieval européia a criança não era percebida como

diferente do adulto, tanto nas suas características afetivas como na sua forma

de compreender e interpretar o mundo. Naquela época, a criança participava

das atividades sociais do mundo dos adultos e através das interações

estabelecidas exercia o seu aprendizado. Acompanhando o trabalho dos

adultos, participando dos momentos de brincadeiras ou dos saraus para a

transmissão oral de histórias a criança ia se apropriando do seu universo

cultural. Na sociedade feudal, assim que ultrapassava a faixa de risco para a

mortalidade infantil, a criança iniciava o seu papel produtivo, que seria o

mesmo exercido até o final de sua vida. Com o surgimento da burguesia, a

criança começou a ser cuidada e preparada para uma atuação futura; surgiram

as escolas.

Gouvêa (2002) salienta que a visão de que a criança deveria ocupar

lugares diferentes em relação à sociedade adulta instigou a construção de

saberes sobre a infância: como as crianças pensavam, como compreendiam o

mundo, como se relacionavam com outras crianças e com outros adultos,

como se tornavam adultos? Enfim, a ciência começou a investigar como a

criança se desenvolve. No século XX, Piaget, Vygotsky, entre outros, são

autores que enveredaram pelo estudo do desenvolvimento infantil na tentativa

de compreensão do adulto. Alguns desses autores entendem a criança como

categoria universal (biológica); outros colocam a idéia de que cada criança vive

a sua infância no interior de uma determinada cultura que lhe dá significação;

ainda há os que tentam articular essas duas perspectivas.

1.1 – Os teóricos

11

Na linha de pensamento dos teóricos abaixo relacionados,

aprendizagem e desenvolvimento referem-se à formação do psiquismo

humano em seus diferentes, porém interligados, aspectos. Mais precisamente

as capacidades mentais, afetivas e psicomotoras, entre outras. Tais

capacidades, antes de serem desenvolvidas em cada criança individualmente

encontram-se disponíveis na sociedade, na cultura. Por intermédio da

aprendizagem, que se efetiva na convivência, nas trocas, na interação entre

pessoas e entre pessoas e coisas, essas capacidades são partilhadas.

Há uma relação íntima e complexa entre aprendizagem,

desenvolvimento e ensino. A este último, compete criar condições necessárias

para que o desenvolvimento se realize: “O processo educativo, ao colocar a

criança perante novos fins e novas tarefas, ao colocar novas perguntas e

procurar os meios necessários, conduz o desenvolvimento” (Kostiuk, 1977,

p.67). No entanto, essa dependência não é unilateral. A educação, por sua

vez, serve-se do desenvolvimento da criança, do que ela já dispõe em termos

de conhecimentos e capacidades. Assim, fica configurada uma relação de

cumplicidade mútua entre ensino, aprendizagem e desenvolvimento,

destacando-se que, no início, o primeiro tem a incumbência de provocar os

demais.

Para se discutir as percepções de desenvolvimento e aprendizagem é

necessário relacionar-se as concepções e as abordagens teóricas. Dentre

diversas concepções veremos, conseguinte, o que os teóricos relacionados

mencionam referente a tal relação, entre o desenvolvimento e a aprendizagem.

Tais teorias mais importantes referentes à relação entre desenvolvimento e

aprendizagem na criança podem agrupar-se em categorias fundamentais, que

examinaremos separadamente para definir claramente os conceitos básicos.

1.1.1 – Piaget – Teoria Construtivista

Jean Piaget (1896-1980) foi um dos investigadores mais influentes do

séc. 20 na área da psicologia do desenvolvimento. Piaget acreditava que o

que distingue o ser humano dos outros animais é a sua capacidade de ter

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um pensamento simbólico e abstrato. Piaget acreditava que a maturação

biológica estabelece as pré-condições para o desenvolvimento cognitivo. As

mudanças mais significativas são mudanças qualitativas (em gênero) e não

qualitativas (em quantidade).

A inteligência para Piaget é o mecanismo de adaptação do organismo

a uma situação nova e, como tal, implica a construção contínua de novas

estruturas. Esta adaptação refere-se ao mundo exterior, como toda

adaptação biológica. Desta forma, os indivíduos se desenvolvem

intelectualmente a partir de exercícios e estímulos oferecidos pelo meio que

os cercam. O que vale também dizer que a inteligência humana pode ser

exercitada, buscando um aperfeiçoamento de potencialidades.

Para Piaget o comportamento dos seres vivos não é inato, nem

resultado de condicionamentos. Para ele o comportamento é construído

numa interação entre o meio e o indivíduo. Esta teoria epistemológica

(epistemo = conhecimento; e logia = estudo) é caracterizada como

interacionista. A inteligência do indivíduo, como adaptação a situações

novas, portanto, está relacionada com a complexidade desta interação do

indivíduo com o meio. Em outras palavras, quanto mais complexa for esta

interação, mais “inteligente” será o indivíduo. As teorias piagetianas abrem

campo de estudo não somente para a psicologia do desenvolvimento, mas

também para a sociologia e para a antropologia, além de permitir que os

pedagogos tracem uma metodologia baseada em suas descobertas.

“Não existe estrutura sem gênese, nem gênese sem estrutura”

(Piaget). Ou seja, a estrutura de maturação do indivíduo sofre um processo

genético e a gênese depende de uma estrutura de maturação. Sua teoria

nos mostra que o indivíduo só recebe um determinado conhecimento se

estiver preparado para recebê-lo. Ou seja, se puder agir sobre o objeto de

conhecimento para inseri-lo num sistema de relações. Não existe um novo

conhecimento sem que o organismo tenha já um conhecimento anterior

para poder assimilá-lo e transformá-lo. O que implica os dois pólos da

atividade inteligente: assimilação e acomodação. É assimilação na medida

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em que incorpora a seus quadros todo o dado da experiência ou

estruturação por incorporação da realidade exterior a formas devidas à

atividade do sujeito (Piaget, 1982). É acomodação na medida em que a

estrutura se modifica em função do meio, de suas variações. A adaptação

intelectual constitui-se então em um "equilíbrio progressivo entre um

mecanismo assimilador e uma acomodação complementar" (Piaget,

1982). Piaget situa, segundo Dolle, o problema epistemológico, o do

conhecimento, ao nível de uma interação entre o sujeito e o objeto. E "essa

dialética resolve todos os conflitos nascidos das teorias,

associacionistas, empiristas, genéticas sem estrutura, estruturalistas

sem gênese, etc. ... e permite seguir fases sucessivas da construção

progressiva do conhecimento" (1974, p. 52).

O desenvolvimento do indivíduo inicia-se no período intra-uterino e vai

até aos 15 ou 16 anos. Piaget diz que a embriologia humana evolui também

após o nascimento, criando estruturas cada vez mais complexas. A construção

da inteligência dá-se, portanto em etapas sucessivas, com complexidades

crescentes, encadeadas umas às outras. A isto Piaget chamou de

“construtivismo seqüencial”.

Existem 2 aspectos principais nesta teoria:

1. O processo de conhecer e

2. Os estádios/ etapas pelos quais nós passamos à medida

que adquirimos essa habilidade.

A seguir os períodos em que se dá este desenvolvimento motor, verbal

e mental.

A. Período Sensório-Motor - do nascimento aos 2 anos, aproximadamente.

A ausência da função semiótica é a principal característica deste

período. A inteligência trabalha através das percepções (simbólico) e das

ações (motor) através dos deslocamentos do próprio corpo. É uma inteligência

iminentemente prática. Sua linguagem vai da ecolalia (repetição de sílabas) à

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palavra-frase ("água" para dizer que quer beber água) já que não representa

mentalmente o objeto e as ações. Sua conduta social, neste período, é de

isolamento e indiferenciação (o mundo é ele).

B. Período Simbólico - dos 2 anos aos 4 anos, aproximadamente.

Neste período surge a função semiótica que permite o surgimento da

linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização, etc.. Podendo criar

imagens mentais na ausência do objeto ou da ação é o período da fantasia, do

faz de conta, do jogo simbólico. Com a capacidade de formar imagens mentais

pode transformar o objeto numa satisfação de seu prazer (uma caixa de

fósforo em carrinho, por exemplo). É também o período em que o indivíduo “dá

alma” (animismo) aos objetos ("o carro do papai foi 'dormir' na garagem"). A

linguagem está em nível de monólogo coletivo, ou seja, todos falam ao mesmo

tempo sem que respondam as argumentações dos outros. Duas crianças

“conversando” dizem frases que não têm relação com a frase que o outro está

dizendo. Sua socialização é vivida de forma isolada, mas dentro do coletivo.

Não há liderança e os pares são constantemente trocados.

Existem outras características do pensamento simbólico que não estão

sendo mencionadas aqui, uma vez que a proposta é de sintetizar as idéias de

Jean Piaget, como por exemplo, o nominalismo (dar nomes às coisas das

quais não sabe o nome ainda), superdeterminação (“teimosia”), egocentrismo

(tudo é “meu”), etc.

C. Período Intuitivo - dos 4 anos aos 7 anos, aproximadamente.

Neste período já existe um desejo de explicação dos fenômenos. É a

“idade dos porquês”, pois o indíviduo pergunta o tempo todo. Distingue a

fantasia do real, podendo dramatizar a fantasia sem que acredite nela. Seu

pensamento continua centrado no seu próprio ponto de vista. Já é capaz de

organizar coleções e conjuntos sem, no entanto incluir conjuntos menores em

conjuntos maiores (rosas no conjunto de flores, por exemplo). Quanto à

linguagem não mantém uma conversação longa, mas já é capaz de adaptar

sua resposta às palavras do companheiro.

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Os Períodos Simbólico e Intuitivo são também comumente

apresentados como Período Pré-Operatório.

D. Período Operatório Concreto - dos 7 anos aos 11 anos, aproximadamente.

É o período em que o indivíduo consolida as conservações de número,

substância, volume e peso. Já é capaz de ordenar elementos por seu tamanho

(grandeza), incluindo conjuntos, organizando então o mundo de forma lógica

ou operatória. Sua organização social é a de bando, podendo participar de

grupos maiores, chefiando e admitindo a chefia. Já podem compreender

regras, sendo fiéis a ela, e estabelecer compromissos. A conversação torna-se

possível (já é uma linguagem socializada), sem que, no entanto possam

discutir diferentes pontos de vista para que cheguem a uma conclusão comum.

E. Período Operatório Abstrato - dos 11 anos em diante.

É o ápice do desenvolvimento da inteligência e corresponde ao nível de

pensamento hipotético-dedutivo ou lógico-matemático. É quando o indivíduo

está apto para calcular uma probabilidade, libertando-se do concreto em

proveito de interesses orientados para o futuro. É, finalmente, a “abertura para

todos os possíveis”. A partir desta estrutura de pensamento é possível a

dialética, que permite que a linguagem se dê em nível de discussão para se

chegar a uma conclusão. Sua organização grupal pode estabelecer relações

de cooperação e reciprocidade.

A formação de Piaget como biólogo influenciou ambos os aspectos

desta teoria. Como biólogo, Piaget estava interessado em como é que um

organismo se adapta ao seu ambiente (ele descreveu esta capacidade

como inteligência) O comportamento é controlado através de organizações

mentais denominadas “esquemas”, que o indivíduo utiliza para representar o

mundo e para designar as ações. Essa adaptação é guiada por uma

orientação biológica para obter o balanço entre esses esquemas e o

ambiente em que está. (equilibração). Assim, estabelecer um desiquilíbrio é

a motivação primária para alterar as estruturas mentais do indivíduo.

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Piaget descreveu 2 processos utilizados pelo sujeito na sua tentativa

de adaptação:

• assimilação: É o processo cognitivo de colocar (classificar) novos

eventos em esquemas existentes. É a incorporação de elementos do meio

externo (objeto, acontecimento, ...) a um esquema ou estrutura do sujeito.

Em outras palavras, é o processo pelo qual o indivíduo cognitivamente capta o

ambiente e o organiza possibilitando, assim, a ampliação de seus esquemas.

Na assimilação o indivíduo usa as estruturas que já possui.

• acomodação: É a modificação de um esquema ou de uma estrutura

em função das particularidades do objeto a ser assimilado.

A acomodação pode ser de duas formas, visto que se pode ter duas

alternativas: Criar um novo esquema no qual se possa encaixar o novo

estímulo, ou modificar um já existente de modo que o estímulo possa ser

incluído nele.

Após ter havido a acomodação, a criança tenta novamente encaixar o

estímulo no esquema e aí ocorre a assimilação. Por isso, a acomodação não é

determinada pelo objeto e sim pela atividade do sujeito sobre este, para tentar

assimilá-lo. O balanço entre assimilação e acomodação é chamado de

adaptação.

Estes 2 processos são utilizados ao longo da vida à medida que a

pessoa se vai progressivamente adaptando ao ambiente de uma forma mais

complexa. À medida que os esquemas se vão tornando mais complexos,

eles são estruturas “terminais” e à medida que as estruturas de uma pessoa

se vão tornando mais complexas, elas são organizadas também de forma

mais hierarquizada.

1.1.2 – Vygotsky – Teoria Sociointeracionista

Lev Vygotsky desenvolveu a teoria sociocultural do desenvolvimento

cognitivo.

17

A sua teoria tem origem na teoria marxista do materialismo dialético,

ou seja, que as alterações históricas na sociedade e a vida material

produzem alterações na natureza humana.

Vygotsky abordou o desenvolvimento cognitivo por um processo de

orientação. Em vez de olhar para o final do processo de desenvolvimento,

ele debruçou-se sobre o processo em si e analisou a participação do sujeito

nas atividades sociais.

Ele propôs que o desenvolvimento não precede a socialização. Ao

invés, as estruturas sociais e as relações sociais levam ao desenvolvimento

das funções mentais.

Ele acreditava que a aprendizagem na criança podia ocorrer através

do jogo, da brincadeira, da instrução formal ou do trabalho entre um

aprendiz e um aprendiz mais experiente.

Vygotsky enfatizava o processo histórico-social e o papel da

linguagem no desenvolvimento do individuo. Sua questão central é

aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Para o

teórico, o sujeito é interativo, pois adquire conhecimentos a partir de

relações intra e interpessoais e de troca com o meio, a partir de um

processo denominado mediação.

O processo básico pelo qual isto ocorre é a mediação (a ligação entre

duas estruturas, uma social e uma pessoalmente construída, através de

instrumentos ou sinais). Quando os signos culturais vão sendo

internalizados pelo sujeito é quando os humanos adquirem a capacidade de

uma ordem de pensamento mais elevada.

Vygotsky acreditava que as características individuais e até mesmo

suas atitudes individuais estão impregnadas de troca com o coletivo, so

seja, mesmo o que tomamos por mais individual de um ser humano foi

construído a partir de uma relação com o indivíduo.

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Ao contrário da imagem de Piaget em que o indivíduo constrói a

compreensão do mundo, o conhecimento sozinho, Vygotsky via o

desenvolvimento cognitivo como dependendo mais das interações com as

pessoas e com os instrumentos do mundo da criança. Por volta dos 2 anos de

idade, a fala da criança torna-se intelectual, generalizante, com função

simbólica, e o pensamento torna-se verbal, sempre mediado por significados

fornecidos pela linguagem. Esse impulso é dado pela inserção da criança no

meio cultural, ou seja, na interação com adultos mais capazes da cultura que já

dispõe da linguagem estruturada. Vygotsky destaca a importância da cultura;

para ele, o grupo cultural fornece ao indivíduo um ambiente estruturado onde

os elementos são carregados de significado cultural.

Os significados das palavras fornecem a mediação simbólica entre o

indivíduo e o mundo, ou seja, como diz VYGOTSKY (1987), é no significado da

palavra que a fala e o pensamento se unem em pensamento verbal. Para ele,

o pensamento e a linguagem iniciam-se pela fala social, passando pela fala

egocêntrica, atingindo a fala interior que é pensamento reflexivo.

Um pressuposto básico de Vygotsky é a de que durante o curso do

desenvolvimento, tudo aparece duas vezes: 1º a criança entra em contacto

com o ambiente social, o que ocorre ao nível interpessoal e depois a criança

entra em contacto com ela própria, num nível intrapessoal.

Para Vygotsky, não é suficiente ter todo o aparato da espécie para

realizar uma tarefa se o indivíduo não participa de ambientes e práticas

específicas que propiciem esta aprendizagem. Não podemos pensar que a

criança vai se desenvolver com o tempo, pois esta não tem, por si só,

instrumentos para percorrer sozinha o caminho do desenvolvimento, que

dependerá das suas aprendizagens mediante as experiências a que foi

exposta.

Neste modelo, o sujeito - no caso, a criança – é reconhecida como ser

pensante capaz de vincular sua ação à representação de mundo que constitui

sua cultura, sendo a escola um espaço e um tempo onde este processo é

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vivenciado, onde o processo de ensino-aprendizagem envolve diretamente a

interação entre sujeitos.

Para Vygotsky, a aprendizagem da criança antecede a entrada na

escola e que o aprendizado escolar produz algo novo no desenvolvimento

infantil, evidenciando as relações interpessoais.

A aprendizagem acontece em todo lugar. O processo de formação de

pensamento é despertado e acentuado pela vida social e pela constante

comunicação que se estabelece entre crianças e adultos, a qual permite a

assimilação da experiência de muitas gerações. A linguagem intervém no

processo de desenvolvimento intelectual da criança desde o nascimento.

Quando os adultos nomeiam objetos, indicando para a criança as várias

relações que estes mantêm entre si, ela constrói formas mais complexas e

sofisticadas de conceber a realidade. Sozinha, não seria capaz de adquirir

aquilo que obtém por intermédio de sua interação com os adultos e com as

outras crianças, num processo que a linguagem é fundamental.

Essa interação e sua relação com a imbricação entre os processos de

ensino e aprendizagem podem ser mais bem compreendidos quando nos

remetemos ao conceito de ZDP. Para Vygotsky (1996), Zona de

Desenvolvimento Proximal (ZDP) é a distância entre o nível de

desenvolvimento real, ou seja, determinado pela capacidade de resolver

problemas independentes, e o nível de desenvolvimento proximal, demarcado

pela capacidade de solucionar problemas com ajuda de um parceiro mais

experiente. São as aprendizagens que ocorrem na ZDP que fazem a criança

se desenvolva ainda mais, ou seja, desenvolvimento com aprendizagem na

ZDP leva a mais desenvolvimento, por isso dizemos que, para Vygotsky, tais

processos são indissociáveis.

É justamente nessa zona de desenvolvimento proximal que a

aprendizagem vai ocorrer. A função de um educador escolar, por exemplo,

seria, então, a de favorecer esta aprendizagem, servindo de mediador entre a

criança e o mundo. Como foi destacando anteriormente, é na essência das

20

interações no interior coletivo, das relações com o outro, que a criança terá

condições de construir suas próprias estruturas psicológicas. É assim que as

crianças, possuindo habilidades parciais, as desenvolvem com a ajuda de

parceiros mais habilitados (mediadores) até que tais habilidades passem de

parciais a totais. Temos que trabalhar, portanto, com a estimativa das

potencialidades da criança, potencialidades estas que, para tornarem-se

desenvolvimento efetivo, exigem que o processo de aprendizagem, os

mediadores e as ferramentas estejam distribuídas em um ambiente adequado.

Para Vygotsky, o processo de

aprendizagem deve ser olhado por uma

ótica prospectiva, ou seja, não se deve

focalizar o que a criança aprendeu, mas

sim o que ela está aprendendo. Em nossas

práticas pedagógicas, sempre procuramos

prever em que tal ou qual aprendizado

poderá ser útil aquela criança, não

somente no momento em que é ministrado,

mas para além dele. É um processo de

transformação constante na trajetória das

crianças. As implicações desta relação

entre ensino e aprendizagem para o ensino

escolar estão no fato de que este ensino

deve se concentrar no que a criança está

aprendendo, e não no que já aprendeu.

Vygotsky firma esta hipótese no seu

conceito de zona de desenvolvimento

proximal (ZDP). (Creche Fiocruz, 2004)

Temos, portanto uma interação entre desenvolvimento e aprendizagem,

que se dá da seguinte maneira: em um contexto cultural, com aparato biológico

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básico interagir, o indivíduo se desenvolve movido por mecanismos de

aprendizagem provocados por mediadores.

CAPÍTULO II

A ESCOLA E A FAMÍLIA NA APRENDIZAGEM

Quando se fala em educação muitas pessoas atribuem à obrigação de

educar a escola. De fato, a educação é obrigação da escola, mas de uma

forma bem impessoal. A escola tem de educar os alunos para que eles

aprendam um pouco sobre cultura, a ler, escrever e fazer contas, mas não a

educar seu filho para que ele aprenda a viver em sociedade, esse tipo de

educação cabe aos pais.

Muitos pais costumam trocar seus filhos de escola justamente por

confundir o papel que esta desempenha na vida de um aluno. A obrigação da

escola para com a votação é preparar o aluno para o trabalho, os negócios, e

até mesmo para saber em quem votar, se ele prestar atenção nas aulas de

atualidades e história certamente aprenderá a ser bem seletivo em sua escolha

política e, conseqüentemente fará uma boa escolha.

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Mas, não vamos mesmo atribuir a escola a educação do berço, essa

cabe a cada um que coloca filho no mundo. O papel da escola na educação é

apenas auxiliar, e não tomar para si toda a responsabilidade do

desenvolvimento saudável de um aluno mentalmente, emocionalmente, coisas

assim que também é uma questão de educação.

A cada um é atribuída uma responsabilidade, quem tem filhos, a de

educar para a vida, quem tem alunos, a de educar para o conhecimento e para

um bom futuro. Se cada um, pais e escolas desempenharem seu papel de

maneira correta com certeza será bem mais fácil designar e gerenciar o futuro.

2.1 – A escola

Desde que a mulher passou a integrar o mercado de trabalho, a escola

tomou um papel importante na formação da criança. Mas até que ponto o

ambiente escolar pode substituir o papel dos pais na formação dos filhos?

O aumento do número de instituições de educação infantil,

principalmente nos grandes centros do País, é conseqüência da vida moderna

que introduziu a mulher no mercado de trabalho e promoveu mudanças na

estrutura familiar. Para os pais, fica a dúvida se essa é a melhor opção para a

criança. Especialistas afirmam que a escola pode ser decisiva na vida infantil,

mas não substitui a importância do convívio constante com a família na

formação da criança.

Para saber qual o papel da formação escolar na vida e futuro da criança,

é preciso compreender um pouco esse “universo”. A educação infantil é a

primeira etapa da educação básica. É nessa fase que ela começa a

desenvolver suas capacidades físicas, cognitivas, afetiva, estética, ética, de

relacionamento interpessoal e de inserção social. O período é tão importante

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que a Lei de Diretrizes e Bases 9349, promulgada em 1996, garante a toda

criança de zero a seis anos o direito à educação infantil e, ao Estado, o dever

de promovê-la.

Ingressar na vida escolar desde cedo também favorece as relações

sociais. Por volta dos dois anos de idade, os pequenos deixam a fase do

egocentrismo. Nesse momento, começam a ter com mais clareza a idéia do

outro. Como hoje em dia muitas crianças não têm irmãos, o local para o

contato com outras crianças é a escola. Este ambiente propicia envolvimento,

idéias de coletividade e de companheirismo.

Para os especialistas, a escola é o ambiente mais indicado para a mãe

deixar o filho enquanto trabalha. Mas os pais não podem transferir para a

instituição a responsabilidade de formar o pequeno.

O primeiro dia de aula é o momento em que toda a criança sente um

misto de entusiasmo, curiosidade e medo. Para os veteranos a expectativa é

pelo reencontro, novidades, mudanças e novos conhecimentos.

Para os que chegam à escola pela primeira vez, predomina o temor do

desconhecido, alternado com o entusiasmo por iniciar nova fase, passando a

sentir-se incluído no universo escolar. Em ambos os casos, o mais importante

é a fase de readaptação/adaptação.

Cabe à escola preparar a recepção dos alunos, priorizando a afetividade

e a socialização, para que a criança sinta-se acolhida. Já os professores, ao

receber a turma, devem respeitar as individualidades, lidando com as

diferenças. Cada criança tem o seu jeito de ser, manifestado das mais diversas

formas. O professor deve estar atento aos desejos das crianças, cabendo-lhe

proporcionar um ambiente de integração, com o objetivo de obter uma turma

homogênea, sem deixar de ser dinâmica e participativa. Este é o seu desafio.

É fundamental que o professor responda a todas as dúvidas,

satisfazendo a curiosidade das crianças, ao mesmo tempo em que vai

apresentando a rotina, as regras e as combinações, o que deve ser feito aos

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poucos, evitando um acúmulo de informações novas, muitas das quais a

criança não consegue registrar e assimilar.

Segundo Piaget, “em qualquer etapa da vida de um ser humano, a

construção da aprendizagem depende das etapas anteriores”.

Dessa forma, cada etapa deve ser integralmente vivida, para possibilitar

que a próxima não seja prejudicada. A criança jamais esquece o que aprende

com prazer, e depende da sensibilidade e dedicação dos adultos que a

cercam, para desenvolver-se de forma global.

A escola e os professores não devem ser questionados na frente das

crianças; devem merecer respaldo e a confiança de que querem o melhor para

nossos filhos. Integrar seu filho à escola e permitir que seja educado para a

vida é o desafio maior de todos os pais.

Atualmente percebe-se nas escolas que o grande desafio do professor é

trabalhar com alunos que apresentam algum tipo de diferença no processo de

aprendizagem, pois, grande parte dos docentes não está preparada para atuar

com essa realidade, provêm de uma formação em que a prioridade é dar conta

do conteúdo, e que o aluno deve aprender independe de sua individualidade.

Essa perspectiva do processo de ensinar e aprender deveriam ser

diferentes tendo em vista, que vivemos em uma sociedade em que cada

pessoa tem uma história, uma linguagem, uma maneira de agir, pensar e

sentir, e esses elementos são construídos pelas diversas relações

estabelecidas com o meio, o que faz cada sujeito ser único. E através desse

olhar diferenciado construído pela escola e educadores, é possível praticar

uma ação pedagógica voltada ao atendimento das diferenças.

O aluno segundo Luckesi (1994, p. 117) “[... ] é um sujeito ativo que,

pela ação, ao mesmo tempo se constrói e se aliena. Ele é um membro da

sociedade como qualquer outro sujeito, tendo caracteres de atividade,

sociabilidade, historicidade, praticidade”. Partindo desse olhar individual, é

que o professor tem que desenvolver sua práxis, atendendo cada sujeito em

25

sua singularidade, interagindo com o aluno, tentando suprir suas dificuldades

na aprendizagem.

A interação na escola entre professores e alunos, as formas de

comunicação, os aspectos afetivos e emocionais, fazem parte das condições

organizativas do trabalho docente, juntamente com os aspectos cognitivos e

sócio-emocionais da relação professor-aluno. Isso significa que o trabalho

docente se caracteriza não apenas pelo preparo pedagógico e científico do

professor e de toda a equipe da escola, mas também, pelo constante vaivém

entre as tarefas cognoscitivas colocadas pelo professor e o nível de preparo

dos alunos para resolvê-las. (LIBÂNEO, 1994)

O professor é o sujeito que ajuda o aluno no processo de construção de

diversos saberes, tais como a amar e respeitar, por isso, ser um mestre vai

além de “transmitir” conteúdos. É preciso cativar o aprendiz e conquistar sua

confiança, pois os laços criados nessas relações é que irão garantir o início da

caminhadas rumo a formas mais adequadas de aprendizagem.

Para compreender os problemas que dificultam o aprendizado do aluno,

é preciso que os profissionais envolvidos com a educação construam laços, no

intuito de se aproximar e considerar as diversas causas, observando todo

processo de aprender, bem como as interações estabelecidas pelo educando.

É essencial levar em conta, que o problema manifestado por uma criança é

um conjunto de fatores que influenciam todo sistema escolar, não apenas ao

professor e sua turma. Isso requer maior atenção e preparo tanto do

profissional quanto de toda equipe escolar, que deve estar voltada para atuar

frente a esse contexto.

Este fato põe em xeque a formação do professor, que ainda negligência

ou trata de forma distorcida os aspectos relacionais em geral, parecendo

esquecer as novas condições a que o exercício profissional está inserido,

causadas pela transformação da estrutura social da população escolar e pela

própria evolução social.

26

Freire (1996, p.43) afirma que: “É pensando criticamente a prática de

hoje ou de ontem é que se pode melhorar a próxima prática.” Nesse sentido, é

que a atualização profissional, ou seja, a construção do saber constante é

essencial para a realização de um trabalho (trans) formador, pois permite o

processo ação-reflexão-ação.

Nesse contexto, cabe mencionar que as mudanças no contexto escolar

e social requerem profissionais atualizados e competentes, que estejam

preparados para atuar com diferentes problemas, tais como de

comportamento, dificuldades de aprendizagem primárias e secundárias, altas

habilidades, deficiências, síndromes, entre outros, visto que são necessários

educadores com uma sólida formação capazes de incluir estes alunos na sala

de aula, atuando de forma diversificada, de acordo com a necessidade de

cada um, através de uma prática crítica-reflexiva e consciente das

necessidades e desafios educacionais.

Para incluir, a escola precisa primeiramente acreditar que todas as

crianças podem e devem aprender, através de adaptações curriculares e de

uma educação de qualidade, passando acima de tudo pela formação docente.

As adaptações curriculares constituem um conjunto de modificações que se

realizam nos objetivos, conteúdos, critérios, procedimentos de avaliações,

atividades e metodologias para atender as individualidades dos alunos.

De acordo com (BRASIL/MEC/SEESP, 2006, p. 13):

(...) no reconhecimento das diferenças humanas e

na aprendizagem centrada nas potencialidades dos

alunos, ao invés da imposição de rituais pedagógicos pré-

estabelecidos que acabe por legitimar as desigualdades

sociais e negar a diversidade. Nessa perspectiva, as

escolas devem responder às necessidades educacionais

especiais de seus alunos, considerando a complexidade e

heterogeneidade de estilos e ritmos de aprendizagem.

27

Diante disso, é fundamental que a escola aprimore suas ações

pedagógicas, visando o atendimento às diferenças, pois é imprescindível a

inovação, a busca de novas alternativas e metodologias que proporcionem um

ensino de qualidade para todos, visto que (trans) formar a educação exige

trabalho e dedicação de todos, inclusive da família e da sociedade.

2.2 – A família

Um filho tem a total dependência dos pais, sem os mesmos presentes a

todo o momento, a criança nunca será igual como poderia ser. A formação de

um filho, seja do sexo masculino ou do feminino, necessita da mãe e do pai,

para que possa ser completa, sem a frustração da ausência, ou mesmo sem a

falta de um abraço. A criança sente quando o pai ou a mãe se afasta no caso

do falecimento de alguém, o outro responsável precisa tomar o lugar do outro,

para que a criança nunca se sinta só, sem o amor de algum dos dois.

Na educação ocorre o mesmo, a educação não se inicia na escola, mas

sim vem de casa, e isso você deve estar cansado de saber. A obrigação da

escola é trazer conhecimento e proporcionar aprendizagem, mas educação e

amor vêm primeiramente de casa, do berço.

Cabe à família valorizar a escola e incentivar a criança, preparando seu

reingresso/ingresso, preocupando-se com todos os detalhes (uniforme,

materiais), fazendo com que a criança participe dos preparativos.

Através do diálogo, deixar claro o papel da escola, que é de

proporcionar um ambiente propício à aprendizagem e socialização; do

professor, que é de ensinar a aprender; dos colegas, com os quais deve ser

buscada a convivência prazerosa e produtiva, já que todos estão na escola

com o mesmo objetivo.

A família deve entregar a criança à escola de forma confiante, passando

por sua vez confiança e credibilidade na escola. Os pais devem estar bem

informados quanto à metodologia e rotinas, para evitar dúvidas e

desencontros.

28

Muitas vezes os pais acreditam que apenas mandar os filhos para a

escola já está bom. Alguns até os deixam em frente à escola, mas nem mesmo

sabem como é o dia-a-dia de seu filho lá dentro. O que pode e precisa ser

mudado.

Os pais mais do que qualquer outra pessoa precisam saber como é o

cotidiano de seu filho na escola, pois muitos alunos são maltratados pelos

colegas, ficam diversas vezes isolados, não estão indo bem nas matérias,

tirando notas baixas, sem falar que algum professor pode estar implicando com

ele. Porém se a própria mãe ou o pai não dá liberdade para que o filho se abra

para com eles, como saber se está tudo andando perfeitamente como deve

ser?

Por este motivo, seria ideal que os pais reservassem um tempo maior

para com seus filhos, mesmo que ele nem queira falar muito sobre o assunto,

estivesse sempre perguntando como estão os relacionamentos dele com os

amigos, se ele está entendendo toda a matéria, para que se possível o ajude e

tome uma atitude para melhorar e ajudar o desenvolvimento de seu filho, já

que a escola é um local onde as crianças passam um bom tempo de suas

vidas.

É imprescindível que as crianças para se tornarem cidadãos instruídos,

precisam de uma boa formação escolar. Isso é possível quando se encontram

com professores desejosos de transmitir o que sabem para, assim,

desenvolver no aluno um desejo de saber, o que é lido como curiosidade e

investigação para aprender.

A escola representa um lugar de emancipação da criança a respeito de

seu grupo familiar, onde a criança vai poder estar e falar com outros além de

seus pais. Sendo um campo onde ela estabelece outros laços que lhe

possibilitam receber recursos que poderá utilizar no futuro: com outros

semelhantes, na escolha de profissão, etc.

Dito isso, fica claro que a escola propicia a socialização da criança, mas,

é a família e sua função um dos maiores responsáveis pela educação e

29

desenvolvimento dos filhos. Até para que a Educação pedagógica possa ser

efetivada, para que ela tenha eficácia, depende da estrutura familiar do aluno.

Quando a família valoriza os estudos - a aprendizagem - estimula no

filho o mesmo. O interesse dos pais no que seus filhos produziram,

aprenderam, faz com que eles (filhos) sintam-se valorizados em relação ao que

fizeram.

Sabemos que quando algo não vai bem à esfera familiar, os sintomas

aparecem na escola, tais como: as dificuldades de leitura, de aprendizagem;

dificuldades em disciplina, o que chamamos limites, na participação em

grupos, etc.

A aquisição da leitura, portanto, é um processo que depende da

passagem por outras fases: primeiro tem lugar os rabiscos, os traços no papel

onde somente a criança pode dizer o que desenhou. Pois o traço no papel

representa a estrutura psíquica dela e é homóloga a uma assinatura. Por esse

motivo o desenho de uma criança não se confunde com o de outra. Depois,

temos as formas até chegar às letras, as sílabas e por fim as frases e seu

encadeamento.

E o desenvolvimento desse processo dependerá da estrutura familiar.

Dependência, que está vinculada aos limites, à possibilidade de que estejam

operando em casa, para que isso seja possível.

Um lar desestruturado, sem limites, sem condições básicas, atrapalha o

desenvolvimento escolar da criança. Uma dificuldade escolar - seja ela qual for

- geralmente está camuflando outras dificuldades, o que chamamos de

sintomas emocionais. Por que tem um conflito emocional, a criança apresenta

em seu corpo e comportamento aquilo que não está podendo ser dito em

palavras.

Para concluir, quando algo não vai bem em sua casa, quando a

estrutura familiar não possibilita harmonia, ou quando os pais não se

interessam pelo que seu filho faz, o reflexo disso aparecerá na atividade

30

escolar. Poderá até - em alguns casos - aprender as letras, aprender a

escrever, mas não conseguirá estabelecer laços nem com o professor, nem

com os semelhantes. Poderá com muito custo e dispêndio atravessar sua fase

escolar.

CAPÍTULO III

O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA DIFICULDADE DE

APRENDIZAGEM

Ao refletir um pouco sobre a Aprendizagem, podemos dizer que, desde

o momento em que nascemos, iniciamos o processo de aprendizagem. Neste

processo, o ser humano constrói sua estrutura de personalidade na trama de

relações sociais na qual está inserido.

A aprendizagem vai ocorrendo na estimulação do ambiente sobre o

indivíduo maturo, onde, diante de uma situação/problema, se expressa uma

mudança de comportamento, recebendo interferência de vários fatores –

intelectual, psicomotor, físico, social e emocional. Enquanto transforma a

realidade a sua volta, ele constrói a si mesmo, tecendo sua rede de saberes, a

partir da qual irá interagir com o meio social, determinando suas ações, suas

reações, enfim suas práticas sociais.

Desde o nascimento, o indivíduo faz parte de uma instituição social

organizada – a família - e depois, ao longo da vida, integra outras instituições.

Nessa interação vai se construindo uma rede de saberes, onde todos os

membros da sociedade são parceiros possíveis, contribuindo cada um com

seus conhecimentos, suas práticas, valores e crenças. Estas contribuições não

são estáticas, se encontram em permanente mudança. Portanto, o conceito de

rede de saberes constrói-se a partir do princípio de movimento, de articulação

e de co-responsabilidade.

31

Nossa rede de conhecimentos vai se formando dentro de instituições e

assim cada vez mais é necessário inserir a psicopedagogia para estudar como

ocorrem as relações interpessoais nestes ambientes. Além da Escola, a

Psicopedagogia está cada vez mais presente nos hospitais e empresas. Seu

papel é analisar e assinalar os fatores que favorecem, intervêm ou prejudicam

uma boa aprendizagem em uma instituição. Propõe e auxilia no

desenvolvimento de projetos favoráveis às mudanças educacionais, visando

evitar processos que conduzam as dificuldades da construção do

conhecimento.

O Psicopedagogo é o profissional indicado para assessorar e esclarecer

a escola a respeito de diversos aspectos do processo de ensino-aprendizagem

e tem uma atuação preventiva. Na escola, o psicopedagogo poderá contribuir

no esclarecimento de dificuldades de aprendizagem que não têm como causa

apenas deficiências do aluno, mas que são conseqüências de problemas

escolares, tais como: organização da instituição, métodos de ensino, relação

professor/aluno, linguagem do professor, dentre outros.

No decorrer dos anos tem-se observado um contexto educacional

fragilizado, onde o fracasso escolar esta cada vez mais estampado. Uma das

causas deste fracasso é não perceber o educando como ser único e sim em

um todo, no que nos reporta na questão a nota.

Nesta abordagem o educando para poder dizer que sabe algo tem que

tirar uma determinada nota, onde a recompensa reforça um ato. Esta nota é

estipulada arbitrariamente pela escola na qual a criança ou adolescente esta

inserida, o aluno que não alcança esta nota é rotulado com o fracasso.

Professores, pais e sociedade começam por aí a batalha, uns empurrando

para os outros, pois o aluno que não alcança determinada nota é um

"problema" para a escola.

Antigamente este aluno era rotulado de "burro" ou em muitos casos

começavam a ser diagnosticados por professores como "anormais" em alguns

casos estes sujeitos eram encaminhados para classes especiais, isso não quer

32

dizer que não ocorra hoje em nossas escolas, infelizmente ainda existem

professores que rotulam e avaliam seu aluno no todo e não como um ser

individual.

Conforme estudos feitos, sabemos que a aprendizagem se da a partir

da vontade de aprender, a partir do interesse do educando. O primeiro

aprendizado da criança é com a família, pois desde o ventre da mãe a criança

vai assimilando e somando conhecimentos. Ao ingressar na escola, ela traz

uma bagagem de conhecimentos familiar e cultural que acumula desde seu

nascimento, conhecimentos estes que serão aproveitados ou não pelo

educador, digo aproveitado ou não, pois existem profissionais que anulam esta

vivência e esta experiência da criança.

O processo de aprendizagem é um processo Sociointeracionista onde a

aprendizagem é construída entre aluno, professor e o meio em que estes estão

inseridos.

"A interação entre o mestre e

o estudante é essencial para a

aprendizagem, e o mestre consegue

essa sintonia, levando em

consideração o conhecimento das

crianças, fruto de seu meio.

(FREINET, 2002)."

Quando a criança começa a apresentar dificuldades na escola deve ser

observada e avaliada, pois podem estar ocorrendo inúmeras situações que

levam esta criança a este quadro.

As dificuldades na aprendizagem começam a ser notadas quando a

criança entra na escola, isso ocorre muitas vezes pela inquietação do aluno,

repetência, falta de concentração que antes não foi percebido, pois muitas

crianças não passam pela educação infantil e os ditos "problemas" só vão

surgir no ingresso na escola.

33

Conforme estudos feitos por vários anos crianças e jovens com

dificuldades na aprendizagem sem ser diagnosticados da maneira correta vem

sendo rotulados em inúmeras vezes sendo chamados de preguiçosos

possuidores de um nível insuficiente de inteligência, isso ocorre pela falta de

conhecimento e pela falta de vontade de alguns profissionais em tentar

pesquisar o porquê do comportamento do seu aluno e ver qual a melhor

maneira de intervir e tentar mudar esta situação, pois se a aprendizagem se da

através de um interesse ninguém aprende sem estar motivado e se há falta

motivação algo esta errado.

Acredito que não existe uma única causa para o fracasso escolar, a

família a escola e a sociedade fazem parte deste processo ensino-

aprendizagem e estes não podem se omitir ou tirar suas responsabilidades

neste processo. O professor enquanto mediador do processo ensino-

aprendizagem, bem como protagonista na resolução e estudo das dificuldades

de aprendizagem deve obter orientações específicas para que desenvolva um

trabalho consciente e que promova o sucesso de todos os envolvidos no

processo.

O papel da Psicopedagogia na qual o objeto de estudo é aprendizagem

humana e suas características. Inicialmente preocupa-se com o processo de

aprendizagem, onde estuda como se aprende, como se produz as alterações

no processo de aprendizagem, como varia evolutivamente este processo,

como reconhece as alterações da criança, como tratar estas dificuldades e

como prevenir situações que podem interferir no processo ensino-

aprendizagem.

O trabalho do Psicopedagogo é fazer com que a criança se sinta

responsável pela modalidade de querer conhecer e aprender.

As dificuldades de aprendizagens variam, pois cada um de nós existem

pontos fortes e fracos em nosso processo de aprendizagem e de adquirir

conhecimentos, uns são melhores com a matemática outros vão melhores na

área das humanas, outros são ótimos com as artes, mas todos nós somos

34

capazes de aprender. Mas conforme estudiosos as crianças com dificuldades

de aprendizagem mostram mais explicitamente suas dificuldades que em

muitos casos são em mais de uma área, pois suas condições afetam o modo

destas crianças perceberem e interagirem no mundo.

Existem inúmeras causas das dificuldades de aprendizagem dentre elas

a lesão cerebral, há alguns anos atrás e em alguns casos nos dias de hoje se

assimilava a dificuldade de aprendizagem só a crianças com lesões cerebrais,

como se todos que tivessem dificuldades eram lesionados cerebralmente.

Hoje temos a certeza de que a maior parte das crianças com

dificuldades de aprendizagem não tem histórico de lesão cerebral, mas

também não pode ser descartada a hipótese de que em algumas crianças as

dificuldades de aprendizagem realmente surgem a partir de lesões no cérebro.

As lesões podem acontecer antes do parto ou durante o parto que é o caso da

falta de oxigenação no cérebro.

Dentre as causas existe também o Transtorno de déficit de

atenção/Hiperatividade, que surge ou não com a hiperatividade e também

existem crianças hiperativas que apresentam um quadro bem resumido de

problemas de atenção. Crianças com TDAH apresentam baixo rendimento

escolar, são crianças irrequietas, mas estes em alguns casos não é a causa

principal da falta de atenção em aula, existem inúmeros fatores que podem

levar a falta de atenção do aluno, desde uma alergia até causas mais

complexas que precisam de um diagnóstico mais apurado por profissionais

qualificados.

Dentre as dificuldades de aprendizagem citei as mais conhecidas, pois

conforme já citado por mim neste artigo existem inúmeras causas e doenças

que podem afetar o desenvolvimento de um individuo.

Salienta-se que o Educador é responsável pelo ensino e aprendizado de

seu aluno e quando surgem situações "problemas" deve ser investigado, pois o

papel do educador é ser protagonista no processo ensino aprendizagem de

seus alunos e a escola é a principal autora da formação de cidadãos, mas não

35

cidadãos conformados e sim cidadãos críticos autores de suas histórias e não

cidadãos passivos e inertes neste processo.

Neste processo ensino e aprendizagem as dificuldades estão presentes

e não podemos ser omissos. Neste campo o papel do Psicopedagogo é de

suma importância, pois o diagnóstico a tempo ajuda de forma progressiva e

precisa a criança se inserir neste processo de querer e possuir conhecimentos,

aprendendo a superar seus limites através da abordagem psicopedagógica e

ajuda de outros profissionais cuja necessidade da criança seja explicitada.

A intervenção psicopedagógica veio introduzir uma contribuição mais

rica no enfoque pedagógico. O processo de aprendizagem da criança é

compreendido como um processo abrangente, implicando componentes de

vários eixos de estruturação: afetivos, cognitivos, motores, sociais, políticos,

etc. A causa do sucesso de aprendizagem, bem como de suas dificuldades,

deixa de ser localizada somente no aluno e no professor e passa a ser vista

como um processo maior com inúmeras variáveis que precisam ser

apreendidas com bastante cuidado pelo professor e psicopedagogo.

O processo de ensino-aprendizagem inclui também a não-

aprendizagem, ou seja, a não-aprendizagem não é uma exceção dentro do

processo de ensino-aprendizagem, mas se encontra estreitamente vinculada a

ele. O aluno pode se recusar a aprender em um determinado momento. O

chamado fracasso escolar não é um processo excepcional que ocorre no

sentido contrário ao processo de ensino-aprendizagem. Constitui, sim,

exatamente a outra face da mesma moeda, o seu lado inverso.

O saber e o não-saber estão estreitamente vinculados. O não-saber se

tece continuamente com o saber. Com isto, pretende-se dizer que o processo

de ensino-aprendizagem, do ponto de vista psicopedagógico, apresenta

sempre uma face dupla: de um lado, a aprendizagem, e do outro, a não-

aprendizagem.

A aprendizagem coloca em foco as diferentes dimensões do aprendiz

sob a ótica integradora dos aspectos cognitivo, afetivo, orgânico e social. O

36

“olhar” sobre estes aspectos, ao mesmo tempo em que relativiza a importância

da escola na aprendizagem, coloca em foco a importância de toda a reunião

de fatores extra-classe que interferem no processo de construção do

conhecimento e do papel de aprendiz.

Sob este ponto de vista passa a existir a necessidade de o

psicopedagogo investigar com profundidade os contextos do aprendiz e tentar

reuni-los em uma síntese que retrate o momento desse aprendiz, ao mesmo

tempo que viabiliza a aprendizagem.

Para aprender, o aluno precisa estar apto a fazer um investimento

pessoal no sentido de renovar-se com o conhecimento. Implica um movimento

que envolve, tanto a utilização dos recursos cognitivos mesclados com os

processos internos, quanto com suas possibilidades sócio-afetivas. Vale dizer

que a aprendizagem vai acontecendo à medida que o educando vai

construindo uma série de significados que são resultados das interações que

ele fez e continua fazendo em seu contexto social.

Popularizou-se a visão de que não basta e nem é garantia de sucesso

escolar um ambiente doméstico favorável materialmente aos estudos, e uma

professora interessada e competente para que a aprendizagem aconteça com

sucesso. Desta forma, trabalha-se com a possibilidade do modelo de

aprendizagem não se caracterizar como algo de cunho somente individual,

mas também como um modelo desenvolvido em uma rede de vínculos que se

estabeleceu em família.

É a família que dará noções de poder, autoridade, hierarquia, funções

que têm diferentes níveis de poder e onde aprendem habilidades diversas.

Aprendem ainda a adaptar-se às diferentes circunstâncias, a flexibilizar, a

negociar. Enfim, desenvolverá o pertencimento da criança ao seu núcleo

familiar. À medida que a criança vive em família e se submete aos seus rituais,

processo e desenvolvimento, ela vai se individualizando, diferenciando-se em

seu sistema familiar. Quanto mais as fronteiras entre os membros da família

37

estiverem nítidas, mais possibilidade de individualizar-se a criança terá. Se

tiver irmãos, é a oportunidade de experimentar relações com iguais.

É neste cenário que a criança constrói o seu modelo de aprendiz e a

forma como ela se relaciona com o conhecimento. Para a família do aluno, a

escola tem uma simbologia e um significado que estará presente na forma de

“ser aluno” e na sua forma de participação nas atividades escolares. A maneira

pela qual a criança se integra e se entrega ao seu processo de aprender está

diretamente relacionado à capacidade desenvolvida em família de viver o

coletivo compactuado.

Para a escola do aprendiz, a família é a matriz indispensável para que o

trabalho de construção do cidadão aconteça. Toda a riqueza do

desenvolvimento da criança se inicia na família e vai se fortificando à medida

em que esta vai estabelecendo sua rede relacional que, na seqüência,

acontece na escola e se expande para além dela. É em relação com seus

pares e em um contexto democrático que a criança consolida o seu papel

social de cidadã. Porém, de uma forma geral, a escola não vê com bons olhos

interferências pedagógicas suscitadas pela família que, por sua vez, nem

sempre aceita orientações psicopedagógicas de caráter formativo da escola.

Nesse jogo de forças quem perde são os alunos e, conseqüentemente,

todos os envolvidos. O sucesso está na unidade e na coerência de atitudes.

Eis um desafio constante que, sem dúvida, merece ser perseguido.

O trabalho psicopedagógico, mesmo no atendimento individual,

encontra dificuldades localizadas no desconhecimento do processo de

aprendizagem e na própria relação com o aprendiz.

Num trabalho na instituição escolar, o psicopedagogo, além dessas

dificuldades, encontra outros tipos de resistência, pois essa ação exige

mudanças no sentido de avaliar as propostas de ensino, a partir do

acompanhamento do processo de aprendizagem do aluno.

38

À tradicional aceitação do rendimento do estudante, sem análise do seu

processo de elaboração e das condições para sua aprendizagem, cria um falso

quadro sobre a situação de escolarização (MASINI, 1994).

Nesse enfoque, os maus resultados são vistos, quase exclusivamente,

como de responsabilidade do aprendiz. Apontá-lo como lento, problemático, ou

sem pré-requisitos é um procedimento comum por parte das equipes

educacionais, nas suas várias instâncias.

Analisar o processo do aluno em situação de sala de aula, na relação

com o professor e os colegas ante as condições de ensino que lhe são

oferecidas, constitui uma drástica mudança no quadro da escolarização,

exigindo dos educadores constante reflexão sobre sua ação. Isto não é fácil,

pois envolve transformações de atitudes e do pensar dos educadores.

É preciso repensar o ato de aprender na instituição escolar utilizando

uma proposta viável em busca de uma aprendizagem significativa por parte do

sujeito.

CONCLUSÃO

39

Observa-se a necessidade de se, atualmente, dar mais ênfase à

interação conversacional entre as crianças. Isso significa que não podemos

admitir, nos tempos de hoje, um professor que seja um mero repassador de

informações. O que se exige, é que ele seja um criador de ambientes de

aprendizagem, parceiro e colaborador no processo de construção do

conhecimento, que se atualize continuamente. A família é composta de

indivíduos que estabelecem relações entre si e compartilham o mesmo

contexto social. É o primeiro lugar de aprendizado, em que ocorrem às

primeiras trocas afetivas emocionais, e a construção da identidade. Para um

melhor desenvolvimento cognitivo do sujeito é necessária a participação da

família na escola para contribui efetivamente e mais eficaz ao aprender.

Através das experiências e relações interpessoais, a família pode

promover o desenvolvimento intelectual, emocional e social da criança. Ela

pode criar situações no dia-a-dia que estimularão esses aspectos, desde que

esteja desperta para isso. Além disso, a participação da criança nas atividades

rotineiras do lar e a formação de hábitos também são importantes na aquisição

dos requisitos básicos para a aprendizagem, pois estimulam a organização

interna e a habilidade para o ‘fazer’, de maneira geral.

A família tem um papel central no desenvolvimento da criança, pois é

dentro dela que se realizam as aprendizagens básicas necessárias para o

desenvolvimento na sociedade, como a linguagem, sistema de valores,

controle da impulsividade. As características da criança também são

determinadas pelos grupos sociais que freqüenta e pelas características

próprias, como temperamento. A criança necessita de equilíbrio entre condutas

disciplinares e diálogo, compreensão e carinho.

Os autores interacionistas comentam que o desenvolvimento como

resultado da interação com o meio, no qual o sujeito é ativo e participativo.

Piaget comenta que o mediador para construção do conhecimento é

decorrente a ação interna do sujeito que constrói esquemas. Já Vygotsky

determina o aspecto social e cultural. O mesmo atribui esse papel de mediador

40

pela linguagem que desenvolve também outras funções psíquicas no sujeito.

Para Piaget a aprendizagem depende do real desenvolvimento.

Percebemos que a instituição de ensino tornou-se definitivamente o

lugar de socialização e formação de sujeitos, onde grande parte dos docentes

não está preparada para atuar com sujeitos com dificuldade de aprendizagem,

que provêm de uma formação em que a prioridade é dar conta do conteúdo, e

que o aluno deve aprender independe de sua individualidade.

Contudo, este trabalho possibilitou compreender que é de suma

importância uma relação cordial entre família e escola, ficando claro que

ambas devem caminhar juntas, pois torna-se necessário este entrosamento

para que os alunos tenham uma aprendizagem seqüencial, na qual, os pais

colaboram diretamente com as propostas da escola. E a escola se propõe

interagir com a comunidade que a circunda, resultando, assim, num bom

desenvolvimento e crescimento para ambas. De acordo com a literatura

pesquisada, constatou-se também os efeitos da rotulação e dos problemas de

aprendizagem na escola, necessitando, ainda mais a atuação do

psicopedagogo dentro das instituições escolares, trabalhando com

diagnósticos, auxiliando os professores na sala de aula e, principalmente, na

prevenção dos casos de alunos com problemas de aprendizagem, evitando

mais um fracasso escolar.

As decisões são tomadas em conjunto e a participação dos alunos é

solicitada, mas sem ser igualitária. Cada membro do sistema escolar tem seu

papel determinado. O psicopedagogo observa e diagnostica o sistema escolar

e, então, cria condições favoráveis para a resolução dos problemas que

surgem, fazendo com que o ensinar e o aprender se tornem comprometidos.

Sendo assim, a atuação do psicopedagogo dentro da escola exige algumas

características básicas.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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da Educação Inclusiva, 2006.

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Disponível em:

< http://umolharpsicopedagogico.blogspot.com/2011/02/familia-e-dificuldades-

de-aprendizagem.html> Acesso em: 23/01/2012

ÍNDICE

43

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I – Desenvolvimento e Aprendizagem 10

1.1 – Os teóricos 11

1.1.1 – Piaget – Teoria Construtivista 12

1.1.2 – Vygotsky – Teoria Sociointeracionista 17

CAPÍTULO I I – A escola e a família na aprendizagem 22

2.1 – A escola 23

2.2 – A família 27

CAPÍTULO I II – O papel do psicopedagogo na dificuldade

de aprendizagem 31

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRÁFIA CONSULTADA 42

WEBGRAFIA 43

ÍNDICE 44