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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL COMO PROPOSTA INTERDISCIPLINAR Por: Luciana Mello da Silva Orientador Prof. Francisco Carrera Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO

FUNDAMENTAL COMO PROPOSTA INTERDISCIPLINAR

Por: Luciana Mello da Silva

Orientador

Prof. Francisco Carrera

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO

FUNDAMENTAL COMO PROPOSTA INTERDISCIPLINAR

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Educação

Ambiental.

Por: Luciana Mello da Silva

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me ajudado

em toda a trajetória na realização do

curso, aos professores do Instituto “A

Vez do Mestre”, aos colegas da turma

de Educação Ambiental e à minha

família pelo incentivo e contribuição na

realização deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família

que tanto me motivou a alcançar meus

objetivos.

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RESUMO

Questões ambientais fazem parte da vida do homem há algum tempo,

seja na busca de soluções de problemas decorrentes da falta de respeito deste

com a natureza ou na preocupação em utilizar de forma sensata os recursos

naturais sem causar grande impacto no ambiente. Hoje, a todo o momento,

somos bombardeados com notícias e informações através de jornais,

noticiários, documentários, internet e propagandas sobre tais questões

ambientais. A escola como instituição que deve trabalhar o conhecimento em

prol da formação do sujeito crítico, consciente e integrado à sociedade, não

pode se desvincular do seu papel na Educação Ambiental. O presente trabalho

trata em como desenvolver a Educação Ambiental no Ensino Fundamental sob

um olhar interdisciplinar, permitindo que questões ambientais abordadas nos

espaços escolares, estejam contextualizadas, integradas às demais disciplinas

do currículo e não restritas somente às aulas de Ciências. Compreende-se que

há desafios a serem enfrentados nesta proposta de trabalho, porém, através da

reflexão sobre tais problemas a busca de soluções é o desejo de todo

educador que deve possibilitar a construção da consciência ambiental no

educando.

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METODOLOGIA

A metodologia foi baseada em pesquisas de cunho teórico e

experiências vivenciadas em espaço escolar. A pesquisa tem referências

bibliográficas fundamentadas em autores como Edgar Morin, Ivani Fazenda,

dentre outros, artigos da internet, documentos e diversos materiais sobre o

assunto.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

CAPÍTULO II

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL- A

INTERDISCIPLINARIDADE COMO FORMA DE TRABALHO

CAPÍTULO III

PRÁTICAS DE TRABALHO INTERDISCIPLINAR EM EDUCAÇÃO

AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL

CONCLUSÃO

ANEXOS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ÍNDICE

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INTRODUÇÃO

As reflexões que permeam este trabalho reforçam a importância

da Educação Ambiental e o papel fundamental da escola na formação de

cidadãos conscientes capazes de decidirem e atuarem na sociedade local

e global.

O primeiro capítulo discorre sobre o histórico da Educação

Ambiental, a interferência do homem no meio ambiente numa relação de

causa e consequência e a Educação Ambiental no espaço escolar. A

escola deve oferecer meios efetivos para que o aluno além de

desenvolver suas potencialidades, apresente posturas e comportamentos

que lhe permitam viver numa relação construtiva consigo mesmo e com

seu meio.

O segundo capítulo trata da interdisciplinaridade como

ferramenta que pode viabilizar o trabalho de Educação Ambiental no

Ensino Fundamental. As disciplinas podem colaborar na construção de

um trabalho integrado e com significado.

No terceiro capítulo são descritas práticas de trabalho

interdisciplinar dentre as quais vivenciei algumas como professora do

laboratório de Ciências no Colégio Pedro II.

Concluo o meu trabalho reforçando a relevância da Educação

Ambiental no espaço escolar e como é importante a escola proporcionar

atividades que envolvam temáticas ambientais contextualizadas,

colaborando na formação de cidadãos conscientes de suas

responsabilidades com o meio ambiente e capazes de ações de melhoria

e preservação em relação a ele.

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Capítulo I – A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

“A vida é a maior floração do processo de evolução. As

sociedades modernas por causa do consumismo ameaçam

o sistema da vida, daí a urgência de uma ética da vida.”

Boff (1999)

Já faz algum tempo que o homem se preocupa com o meio

ambiente. A garantia de sua sobrevivência no planeta tem a ver com a

forma como ele trata a natureza e os recursos naturais.

À proporção que a humanidade usa a Natureza para satisfazer

suas necessidades e desejos, surgem conflitos quanto ao uso do espaço

e dos recursos em função da tecnologia disponível.

1.1. – Histórico sobre as questões ambientais

A industrialização trouxe uma nova forma de produção e

organização do trabalho e consequentemente veio a urbanização com a

concentração populacional nas cidades. No setor rural houve o

implemento da mecanização da agricultura e o uso intenso de

agrotóxicos.

A evolução tecnológica trouxe consequências desastrosas

como a poluição, a ameaça de escassez de alguns recursos naturais, a

grande produção de lixo, a extinção de alguns animais e vegetais por

interferência do homem no meio permitindo a degradação do ambiente, a

contaminação da água, deterioração do solo e o crescimento da miséria,

da fome e da violência.

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Com toda a efusão de efeitos desagradáveis surgiram

movimentos, manifestos que levaram a reflexão sobre o perigo que a

humanidade enfrenta ao degradar de forma tão violenta o meio ambiente.

No Brasil surgiram preocupações como projetos de preservação de

espécies como o pau-brasil, o mico leão dourado.

No final do século XIX (1869) surge o termo Ecologia proposto

pelo biólogo Ernst Haeckel – oikos, que quer dizer morada e logos

significa estudo.Só na década de 1970 o termo Ecologia passa a ser mais

divulgado e conhecido pelas pessoas.

Em virtude do progresso industrial, as nações mais

desenvolvidas apresentam deterioração na qualidade de vida afetando a

saúde física e psicológica dos habitantes das grandes cidades.

Depois da Segunda Guerra Mundial, a partir da década de 60

foram gerados movimentos de defesa do meio ambiente criados a partir

da constatação que a humanidade pode acelerar o esgotamento ou a

inviabilização de recursos indispensáveis à sua própria sobrevivência.

A desigualdade econômica entre grupos sociais e entre países,

tanto em termos de riqueza, quanto de poder, possibilitam a criação de

condutores de pressão sobre as políticas econômicas e ambientais em

cada parte do mundo. Também as grandes empresas e grupos industriais

usam o seu poder para influenciar nas decisões ambientais que deveriam

ser tomadas por governos e comunidades, especialmente quando

envolvem o uso de recursos naturais.

O que se faz em um local, num país, sob o ponto de vista

ecológico, pode afetar várias regiões do mundo, ultrapassando fronteiras,

como o desastre com o Superpetroleiro Amoco Cadiz que se partiu no

Mar no Norte, o vazamento químico em Bhopal, na Índia, o acidente

Nuclear em Chernobyl, na Ucrânia.

Com a comprovação da interdependência de um país em

relação ao outro, tudo que se refere ao meio ambiente torna-se domínio

mundial. Então, além, de haver a globalização da economia, há também a

globalização dos problemas ambientais, o que obriga os países a se

comprometerem de maneira a que os direitos e interesses de cada nação

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estejam limitados em função do interesse maior da humanidade e do

planeta.

A questão ambiental é tema de relevância internacional e assim

surgem grandes reuniões mundiais sobre o tema.

Dados históricos da Educação Ambiental.

Década de 40

1947

Funda-se na Suíça a UICN – União Internacional para a

Conservação da Natureza.

Década de 60

1962

Livro “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson – alertava sobre

os efeitos danosos de inúmeras ações humanas sobre o ambiente, como

por exemplo, o uso de pesticidas.

1965

É utilizada a expressão “Educação Ambiental” (Enviromental

Education – Dias ,2001) na “Conferência de Educação da Universidade de

Keele, Grã Bretanha.

1968

Nasce o Conselho para Educação Ambiental, no Reino Unido.

Neste mesmo ano surge o Clube de Roma que em 1972, produz o relatório

“Os Limites do Crescimento Econômico” que estudou ações para se

obter no mundo um equilíbrio global como a redução do consumo tendo

em vista determinadas prioridades sociais.

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Década de 70

1970

Entidade relacionada a revista britânica The Ecologist elabora o

“Manifesto para sobrevivência” onde insistiam que um aumento

indefinido de demanda não pode ser sustentado por recursos finitos.

1972

Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano,

Estocolmo. Os principais resultados formais do encontro constituíram a

declaração sobre o Ambiente Humano ou Declaração de Estocolmo que

expressa a convicção de que “tanto as gerações presentes, como as

futuras, tenham reconhecidas como direito fundamental, a vida num

ambiente sadio e não degradado” (Tamanes – 1977)

Ainda como resultado da conferência de Estocolmo, neste

mesmo ano a ONU criou um organismo denominado Programa das

Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, sediado em Nairóbi.

1974

Seminário de Educação Ambiental em Jamni ,Finlândia.

Reconhece a Educação Ambiental como educação integral e permanente,

portanto não deve ser encarada como um ramo científico ou uma

disciplina de estudos em separado.

1975

Em resposta às recomendações da Conferência de Estocolmo a

UNESCO promoveu em Belgrado (Iugoslávia) um Encontro Internacional

em Educação Ambiental onde criou o Programa Internacional de

Educação Ambiental – PIEA, que formulou os seguintes princípios

orientadores: a Educação Ambiental deve ser continuada,

multidisciplinar, integrada às diferenças regionais e voltada para os

interesses nacionais. (Nossa Constituição, 1994, Art 45-46)

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Carta de Belgrado – constitui um dos documentos mais lúcidos

e importantes gerados nesta década. Fala sobre a satisfação das

necessidades e desejos de todos os cidadãos da Terra. Propõe temas que

falam da erradicação das causas básicas da pobreza como a fome, o

analfabetismo, a poluição, a exploração e dominação, devam ser tratados

em conjunto. Nenhuma nação deve se desenvolver as custas de outra

nação, havendo necessidade de uma ética global. A reforma dos

processos e sistemas educacionais é central para a constatação dessa

nova ética de desenvolvimento. A juventude deve receber um novo tipo

de educação que requer um novo e produtivo relacionamento entre

estudantes e professores, entre escolas e comunidade, entre o sistema

educacional e sociedade. Finaliza com a proposta para um programa

mundial de Educação Ambiental. (Dias 1993, Souza 1993.)

1976

Reunião Subregional de Educação Ambiental para o Ensino

Secundário em Chosica Peru. Questões ambientais na America Latina

estão ligadas às necessidades de sobrevivência e aos direitos humanos.

1977

Realizada a Conferência Intergovernamental de Educação

Ambiental em Tbilisi, capital da Geórgia (ex URSS) organizada pela

UNESCO com a colaboração do PNUMA. Foi o ponto culminante da

primeira fase do Programa Internacional de Educação Ambiental, iniciado

em 1975. Definiu-se os objetivos, as características da EA, assim como as

estratégias pertinentes no plano nacional e internacional.

1979

Realização do Seminário de Educação Ambiental para a

América Latina realizado pela UNESCO e PNUMA na Costa Rica.

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Década de 80

1980

Seminário Regional Europeu sobre a Educação Ambiental, para

a Europa e América do Norte. Assinala a importância do intercâmbio de

informações e experiências.

Primeira Conferência Asiática sobre Educação Ambiental, Nova

Dehli – Índia.

1987

Estratégia Internacional de ação em matéria de educação e

formação ambiental para o decênio de 90 – documento final do

Congresso Internacional sobre Educação e Formação Relativas ao Meio

Ambiente, realizado em 1987 em Moscou, Rússia, promovido pela

UNESCO. Ressalta a importância da formação de recursos humanos nas

áreas formais e não formais da Educação Ambiental e na inclusão da

dimensão ambiental nos currículos de todos os níveis.

A UNESCO/PNUMA realizou em Moscou o Congresso Nacional

sobre Educação e formação Ambientais – UNESCO/PNUMA onde foram

analisadas as conquistas e dificuldades na área de Educação Ambiental

desde a Conferência de Tbilisi e discutido uma estratégia internacional de

ação em educação e formação ambientais para a década de 90.

1989

Realização da 3ª Conferência Internacional sobre Educação

Ambiental para as Escolas de 2º grau com o tema Tecnologia e Meio

Ambiente, em Illinois/USA.

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Década de 90

1990

A Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação

das Necessidades Básicas de Aprendizagem, aprovada na Conferência

Mundial sobre Educação para Todos, realizada em Jontien, Tailândia, de 5

a 9 de março de 1990, reitera: “confere aos membros de uma sociedade a

possibilidade e, ao mesmo tempo, a responsabilidade de respeitar e

desenvolver a sua herança cultural, linguística e espiritual, de promover a

educação de outros, de defender a causa da justiça social, de proteger o

meio ambiente,...”

1991

Reuniões preparatórias da Rio - 92.

1992

Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,

RIO – 92. O MEC promoveu em Jacarepaguá um workshop com

o objetivo de socializar os resultados das experiências nacionais e

internacionais de Educação Ambiental, discutir metodologias e

currículos. Do encontro resultou a Carta Brasileira para a Educação

Ambiental.

Criação da agenda 21. Tratado de Educação Ambiental para

sociedades sustentáveis, FORUN das ONGs – Compromisso da

Sociedade Civil com a Educação Ambiental e Meio Ambiente. Essa

agenda reúne propostas de ação para os países e os povos em geral, bem

como estratégias para que essas ações possam ser cumpridas. Em

complementação a essa agenda, os países da América Latina e do Caribe

apresentaram a Nossa Agenda, com as prioridades para esses países. E

os governos locais apresentaram a Agenda Local.

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1995

Conferência para o Desenvolvimento Social, Copenhague.

Criação de um ambiente econômico – político – social /cultural e jurídico

que permita o desenvolvimento social.

1997

Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade:

Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade – Thessaloniki,

1997 onde houve o reconhecimento que, passados cinco anos da

Conferência RIO-92, o desenvolvimento da Educação Ambiental foi

insuficiente. Entretanto esse encontro foi beneficiado pelos numerosos

encontros internacionais realizados em 1997, na Índia, Tailândia, México,

Cuba, Brasil e Grécia.

Século XXI

2009

COP-15 (Conferência do Clima em Copenhague). A conferência

da ONU tinha como objetivo definir metas e ações em combate ao

aquecimento global. Seria também fechar um acordo para suceder o

protocolo de Kyoto(1997).

Os principais países não aceitaram reduzir suas emissões de

poluentes enquanto os emergentes não façam o mesmo. Outro ponto

seria a criação de um fundo de capacitação de recursos para o

financiamento de ações sustentáveis ao meio ambiente.Não houve

avanço nos acordos. O interesse econômico prevaleceu ao ambiental e

social. (Anexo 1)

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1.2 – A Educação Ambiental no Brasil

“Todos têm direito ao Meio Ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à

sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à

coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as

presentes e futuras gerações.” (Constituição da República

Federativa do Brasil Artigo 225)

Depois das discussões e constatações feitas nas reuniões

mundiais sobre temáticas ambientais, o que se faz necessário é

investimento na mudança de mentalidade e na conscientização dos

grupos humanos para pôr em prática o que foi acordado nessas reuniões.

Na Conferência Internacional RIO-92 foi reconhecido o papel da

educação para construção de um mundo melhor, mais justo socialmente

e ecologicamente equilibrado. E é isso que é ponto primordial da

Educação Ambiental no Brasil o que foi contemplado como obrigação

nacional pela Constituição promulgada em 1988. É claro que a educação

sozinha não tem como transformar a realidade mundial, mas certamente é

condição necessária para tanto.

No Brasil a forma como os recursos naturais e culturais são

tratados é preocupante. Como por exemplo, a extração irracional de

minérios, a contaminação de alguns rios por mercúrio, espécimes

animais e vegetais levados para fora do país.

Além desses problemas ocorre a degradação do ambiente das

grandes cidades. Fatores relacionados ao modelo de desenvolvimento e

suas implicações socioambientais como a violência, a miséria, a fome, as

desigualdades sociais e a baixa qualidade de vida estão cada vez mais

presentes em grande parte da população brasileira.

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Diante da situação apresentada, fica clara a relevância da

educação na formação dos futuros cidadãos brasileiros.. O desejo é que

se formem sujeitos com consciência ambiental, que saibam conservar o

ambiente saudável, que ajam de modo responsável e com sensibilidade,

que tenham atitudes participativas, sabendo cumprir suas obrigações,

exigindo e respeitando os seus direitos e os de toda a comunidade, tanto

local como internacional e que desenvolvam relações intra e

interpessoais com o ambiente tanto físico quanto social.

O Brasil é considerado um dos países com a maior variedade de

experiências em Educação Ambiental, porém ainda não é uma atividade

aceita e desenvolvida integralmente porque acarreta mudanças profundas

e de consequências danosas para algumas pessoas, empresas e

organizações.

Histórico da Educação Ambiental no Brasil

1972

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul criou o primeiro

curso de pós-graduação em Ecologia do país.

1976

Criação dos cursos de pós-graduação em Ecologia nas

Universidades do Amazonas, Brasília, Campinas, São Carlos e o Instituto

Nacional de Pesquisas Aéreas –INPA em São José dos Campos.

1977

No Brasil, o Conselho Federal de Educação tornou obrigatória a

disciplina Ciências Ambientais em cursos universitários de Engenharia.

1978

Os cursos de Engenharia Sanitária já inseriam as matérias de

Saneamento Básico e Saneamento Ambiental.

1985

Parecer 819/85 do MEC reforça a necessidade da inclusão de

conteúdos ecológicos ao longo do processo de formação do ensino de 1º

e 2º graus, integrado a todas as áreas do conhecimento de forma

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sistematizada e progressiva, possibilitando a “formação da consciência

ecológica do futuro cidadão”.

1987

O plenário do Conselho Federal de Educação aprovou por

unanimidade, a conclusão da Câmara de Ensino a respeito do parecer

226/87 que considerava necessária a inclusão da Educação Ambiental

dentre os conteúdos a serem explorados nas propostas curriculares das

escolas de 1º e 2º graus, bem como sugeria a criação de Centros de

Educação Ambiental.

1988

A Constituição da República Federativa do Brasil dedicou o

capítulo VI ao Meio Ambiente e no Art. 225, Inciso VI, determina ao

“...Poder Público, promover a Educação Ambiental em todos os níveis de

ensino...”

Realização do Primeiro Fórum de Educação Ambiental

promovido pela CECAE/USP, que mais tarde foi assumido pela Rede

Brasileira de Educação ambiental.

Realização do Primeiro Congresso Brasileiro de Educação

Ambiental no Rio Grande do Sul.

1991

A portaria 678/91do MEC, determinou que a educação escolar

deve contemplar a Educação Ambiental permeando todo o currículo dos

diferentes níveis e modalidades de ensino.

A portaria 2421/91 do MEC, institui em caráter permanente um

Grupo de Trabalho de EA com o objetivo de definir com as secretarias

Estaduais de Educação, as metas e estratégias para a implantação da EA

no país.

1992

Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,

RIO-92

1993

Portaria 773/93 do MEC, institui em caráter permanente um

Grupo de Trabalho para EA com o objetivo de coordenar, apoiar,

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acompanhar, avaliar e orientar as ações, metas e estratégias para a

implementação da EA nos sistemas de ensino em todos os níveis e

modalidades - concretizando as recomendações aprovadas na RIO-92.

1994

Proposta do PRONEA, elaborada pelo MEC/MMA/MINC/MCT.

1995

Foi criada a Câmara Técnica de Educação Ambiental no

Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA determinante para o

fortalecimento da Educação Ambiental.

1996

Lei nº 9 276/96 que estabelece o Plano Plurianual do Governo

1996/1999, define como principais objetivos da área de Meio Ambiente a

“promoção da Educação Ambiental, através da divulgação e uso de

conhecimentos sobre tecnologias de gestão sustentável dos recursos

naturais”, procurando garantir a implementação do PRONEA.

1997

Elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs

com o tema “Convívio Social, Ética e Meio Ambiente”, onde a dimensão

ambiental é inserida como um tema transversal nos currículos do Ensino

Fundamental.

1999

Promulgada a Lei nº 9 795 de 27 de abril de 1999 que institui a

Política Nacional de Educação Ambiental.

A Portaria 1648/99 do MEC cria o Grupo de Trabalho com

representantes de todas as suas Secretarias para discutir a

regulamentação da Lei nº 9795/99. O MEC propõe o Programa PCNs em

Ação, atendendo às solicitações dos Estados. O Meio Ambiente, um dos

temas transversais, será trabalhado no ano 2000.

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Capítulo II – A Educação Ambiental no Ensino

Fundamental/A Interdisciplinaridade como forma de

trabalho

2.1 O Processo ensino-aprendizagem em Educação

Ambiental

A principal função da Educação Ambiental implementada no

ambiente escolar é a contribuição para a formação de cidadãos

conscientes e hábeis para decidirem e atuarem na realidade

socioambiental comprometendo-se com o bem-estar de cada um e da

sociedade local e global. Além de informações e conceitos, a escola deve

trabalhar com ações, com a formação de valores, com o ensino e a

aprendizagem de habilidades e procedimentos.A família e a sociedade

devem ser parceiros da escola nestas tarefas.

Os conhecimentos que os educandos trazem devem ser

incluídos e discutidos nos trabalhos da escola. Um grande apoio ao

trabalho desenvolvido na escola é a mídia que vem tratando questões

ambientais. Cabe ao professor trabalhar essas informações com os

alunos fazendo análise dos diferentes pontos de vista, desenvolvendo

nos alunos uma postura crítica.

A sistematização de conhecimentos ligados ao meio ambiente e

ao movimento ambiental é bastante recente.

Existe uma terminologia própria de elementos que formam as

bases gerais que formam o pensamento ecológico. Pelo fato de estar em

pleno processo de construção, a definição de muitos desses elementos é

controvertida. Como uma referência, foram consideradas três noções

centrais: a de Meio Ambiente, a de Sustentabilidade e a de Diversidade.

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Meio Ambiente

A noção de Meio Ambiente não é fechada, de certa forma é

definida de modo diferente por especialistas de diferentes ciências.

É importante estabelecer o conceito de meio ambiente como

uma representação social, isto é, uma visão que evolui no tempo e

depende do grupo social em que é utilizada. Também é importante

considerar de que forma cada grupo percebe o seu ambiente e os

ambientes maiores em que está inserido.

No Ensino Fundamental, uma estratégia didática para melhor se

estudar o meio ambiente é a identificação dos elementos que constituem

seus subsistemas ou parte deles. São diferenciados os elementos

naturais e construídos, urbanos e rurais ou físicos e sociais do meio

ambiente.

Sustentabilidade

Muito discutida essa questão, pois há o confronto entre o

modelo de desenvolvimento econômico vigente que valoriza o aumento

de riqueza em detrimento da conservação dos recursos naturais e a

preservação do meio ambiente.

Concorda-se que é de suma importância a sociedade impor

regras ao crescimento, à exploração e à distribuição dos recursos de

modo a garantir as condições de vida no planeta.

Segundo Dias (1992) desenvolvimento sustentável é “o

desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes sem

comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias

necessidades”. Nas propostas apresentadas pelo PNUMA, o termo

desenvolvimento sustentável significa melhorar a qualidade da vida

humana dentro dos limites da capacidade de suporte dos ecossistemas (

Dias, 1992), ou seja, o uso sustentável dos recursos renováveis, usar de

forma qualitativamente adequada. O PNUMA propõe que as ações

humanas ocorram dentro das técnicas e princípios conhecidos de

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conservação, estudando seus efeitos, para que se aprenda rapidamente

com os erros. Esse processo exige monitorização das decisões, avaliação

e redirecionamento da ação. E muito estudo. Portanto, traz implicações

para o trabalho dos professores e responsabilidades para a escola como

uma das instâncias da sociedade que pode contribuir para o mesmo

processo.

Diversidade

Esse valor é reconhecido como essencial para a

sustentabilidade da vida na Terra (biodiversidade). E em relação à

sustentabilidade social sabemos o quanto é importante a diversidade dos

tipos de sociedades e culturas (sociodiversidade). A escola deve

trabalhar os dois aspectos com o educando. A primeira na identificação e

reconhecimento das espécies que formam a vida neste planeta, não

esquecendo o respeito pelas mesmas. A segunda no sentido de valorizar,

respeitar e permitir a continuidade do processo histórico-cultural de cada

povo.

2.2 – A Educação Ambiental no Ensino Fundamental

A escola para desenvolver um trabalho adequado em Educação

Ambiental deve ajudar os alunos a construir uma consciência global das

questões relativas ao meio, a fim de que possam assumir posturas

adequadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria. Para que

isso aconteça, os alunos devem atribuir significado às noções

trabalhadas sobre questões ambientais.

Segundo Edgar Morin (2001) a atitude de contextualizar e

globalizar são qualidades fundamentais no espírito humano que o ensino

parcelado atrofia e que ao contrário disso deve ser sempre desenvolvido.

Logo, as noções trabalhadas sob questões ambientais, terão significado

para o educando se forem contextualizadas. O aluno faz a ligação do que

aprende e a sua realidade cotidiana, estabelece relações entre o que

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aprende e o que já conhece, e também da possibilidade de utilizar o

conhecimento em outras situações. O conhecimento se desenvolve não

só por conceitos formais e abstratos, mas principalmente, se é

significativo e globalizado. Muitas vezes nos espaços escolares as

informações, as noções apresentadas aos alunos são complexas e

distantes de sua realidade. O aluno não atribui sentido e nem importância

em adquirir tal conhecimento porque o que falta é a contextualização, isto

é dar significado. A perspectiva ambiental oferece instrumentos para que

o aluno possa compreender problemas que afetam a sua vida, a de sua

comunidade, a de seu país e a de seu planeta.

2.2.1 Como dar significado ao conhecimento

O trabalho com a realidade local, mais próxima do aluno dá

bons frutos, pois mostra a aplicação do conhecimento adquirido. Grande

parte dos assuntos mais significativos para os alunos estão circunscritos

à realidade mais próxima, ou seja, sua comunidade, sua região. Para a

Educação Ambiental o trabalho com a realidade local é de suma

importância, porém devemos possibilitar a ampliação desse trabalho para

uma dimensão global. Desse modo, para que o aluno possa compreender

a complexidade e a amplitude de questões ambientais, é fundamental

oferecer-lhes além da maior diversidade possível de experiências, uma

visão abrangente que englobe diversas realidades, e ao mesmo tempo

uma visão contextualizada da realidade ambiental, o que inclui, além do

ambiente físico, as suas condições sociais e culturais.

2.3 – A interdisciplinaridade como forma de trabalhar a

Educação Ambiental

Segundo Ivani Fazenda (2002), o surgimento do termo

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interdisciplinaridade ocorreu na França e Itália, na década de 60. Veio

para instigar uma nova concepção de ciência / conhecimento / educação

e trouxe a mobilização contra o esfacelamento dos saberes. O conceito

de interdisciplinaridade se difundiu no Brasil, graças principalmente aos

escritos de Hilton Japiassu (1976).Ivani Fazenda referenda Gusdorf, um

dos precursores desses estudos, pois este considerava como ideal a

aproximação das ciências humanas. Na década de 70, os estudos sobre

interdisciplinaridade no Brasil basearam-se na estruturação dos

conceitos. Na década de 80, houve a busca e a indagação sobre o

ambíguo processo entre teoria e prática. Na década de 90, percebe-se a

procura de uma teoria da interdisciplinaridade, o que levou a uma relação

de contradição porque as práticas intuitivas crescem em detrimento de

um conhecimento reflexivo.

Ivani Fazenda expõe que a relação professor / aluno

fundamentada no diálogo é o ponto-chave para se construir um trabalho

interdisciplinar. Uma sala de aula interdisciplinar é um ambiente reflexivo,

que possibilita a busca de conhecimento com desejo e inovação.

Vivemos uma era em que as mudanças ocorrem com grande

velocidade. Não se pode conceber que uma instituição faça da

transmissão de conhecimento sua função principal ou que o ensino se dê

meramente pele transferência deste conhecimento.

Segundo os PCN’s: A interdisciplinaridade supõe um eixo

integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de

investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da

necessidade sentida pelas escolas, pelos professores e alunos de

explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma

disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários.

Portanto, a interdisciplinaridade não deve ser considerada como uma

meta obsessivamente perseguida no meio educacional simplesmente por

força da lei, como tem acontecido em alguns casos. Pelo contrário, ela

pressupõe uma organização, uma articulação voluntária e coordenada

das ações disciplinares orientadas por um interesse comum. Nesse ponto

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de vista, a interdisciplinaridade só vale a pena se for uma maneira eficaz

de se atingir metas educacionais previamente estabelecidas e

compartilhadas pelos membros da unidade escolar. Caso contrário, ela é

um empreendimento trabalhoso demais para atingir objetivos que

poderiam ser alcançados de forma mais simples.

Há quem defenda que a interdisciplinaridade possa ser

praticada em grupo ou individualmente. A riqueza de uma proposta

interdisciplinar está na troca, na cooperação, no diálogo, principalmente

no que se refere à Educação Ambiental. Os conteúdos de meio ambiente

serão integrados ao currículo através da transversalidade, pois serão

tratados nas diversas áreas do conhecimento de modo a impregnar toda a

prática educativa e, ao mesmo tempo, criar uma visão global e abrangente

da questão ambiental.

As disciplinas, no caso do Ensino Fundamental, as áreas de

estudo podem tratar questões ambientais. Não só às Ciências Naturais,

mas também à História, Geografia, Língua Portuguesa, Matemática,

Educação Física, Artes, Música, são parceiras fundamentais por

construírem instrumentos básicos para que o aluno possa conduzir o seu

processo de construção do conhecimento sobre o meio ambiente.

O desafio a ser enfrentado na realização de um trabalho em

Educação Ambiental com enfoque interdisciplinar é a disciplinarização no

sentido das disciplinas estarem fechadas em torno do seu objetivo de

estudo e a fragmentação do conhecimento. O trabalho interdisciplinar não

se efetiva se não formos capazes de transcender a fragmentação e o

plano fenomênico.

Concluindo: A Educação Ambiental por ser de caráter

interdisciplinar e participativo pode colaborar para a renovação do

processo educativo, trazendo a permanente avaliação crítica, a

adequação de conteúdos à realidade local e o envolvimento dos alunos

em ações concretas de transformação desta realidade.

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Capítulo III – Práticas de trabalho

interdisciplinar em educação ambiental no Ensino

Fundamental

A interdisciplinaridade deve ir além da simples justaposição das

disciplinas. Elas devem interagir em busca de objetivos comuns. A

Educação Ambiental permite a integração das áreas do saber, buscando

novos questionamentos transformando a realidade. Elegendo um

determinado tema abordando a questão ambiental, traça-se um trabalho

pedagógico convocando as disciplinas ou áreas do conhecimento, não se

restringindo somente às aulas de Ciências a exploração das temáticas

ambientais.

Na interdisciplinaridade os alunos aprendem a visão do mesmo

objeto sob prismas distintos. Deve-se ressaltar o compromisso do

educador interdisciplinar na construção de uma política educacional que

contextualize os conhecimentos.

As práticas relatadas a seguir aconteceram em uma instituição

de ensino público federal.

1- Tema: Comparação entre os ecossistemas da restinga e do

mangue.

Os alunos do 3º ano do colégio X visitaram localidades no

município do RJ apresentando características de cada ambiente. Foram

até a restinga de Marambaia, Sepetiba e Pedra de Guaratiba. Identificaram

e distinguiram os elementos naturais e construídos, urbanos, físicos e

sociais do meio ambiente.Listaram o que fazia parte da vegetação, fauna,

solo, os elementos modificados, a interferência do homem no meio

modificando a paisagem. Como atividades subseqüentes, na sala de aula,

montaram maquetes representando os dois ambientes. Na área de

Estudos Sociais, a competência disciplinar contemplada foi a de

construir, ler e interpretar diferentes formas de representação de espaço.

Também em parceria com a aula de informática tiveram possibilidade de

observar a modificação das áreas de mangue e restinga através do

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Google Earth. Em Matemática utilizaram em situações-problema numerais

representando o quantitativo de espécies animais e vegetais

pesquisados. Os textos relacionados ao assunto usados nas aulas de

Língua Portuguesa enriqueceram mais o tema. Também foram objeto de

discussão as formas de preservação das áreas de mangue e restinga,

auxiliando deste modo a construir nos alunos a consciência ambiental.

2- Tema: ÁGUA

As turmas do 4º ano fizeram uma caminhada até o rio localizado

próximo à escola: o rio Maracanã. Houve o cuidado de se iniciar o estudo

sobre a água partindo do local, algo próximo do aluno.

Os alunos percorreram o trajeto da escola até o rio Maracanã,

na altura do Palácio Laguna. No caminho observaram os vegetais (dentre

eles há algumas árvores frutíferas e também plantas medicinais), os

diferentes tipos de solo e os animais presentes no ambiente. Como em

parte do caminho passaram por ruas com grande quantidade de veículos,

verificaram as condições do ar desses lugares.

Os alunos levaram termômetros e registraram a temperatura

em locais diferentes. Depois compararam esses dados.

Perto do rio Maracanã, no trecho escolhido, ouviram a história

do rio Maracanã, o significado do nome, a importância do rio para a

cidade do Rio de Janeiro, a canalização do rio, a observação de suas

margens, o lixo e o esgoto que são lançados no rio, o transbordamento

do rio em dias de chuvas fortes e as condições da água e o cheiro forte

devido à poluição.

Depois da palestra, foi coletada uma amostra da água do rio,

coleta esta realizada de forma apropriada com luva e pote de vidro com

tampa. No colégio, os alunos analisaram essa água no Laboratório de

Ciências usando microscópio.

Em outro momento, os alunos visitaram a Floresta da Tijuca.

Observaram os veios d’água que vão dar origem ao rio Maracanã. Na

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volta, passaram pela foz no Canal do Mangue. Os alunos compararam as

condições da água nos três locais visitados.

Dentro do tema Água, os alunos trabalharam com noções

diversas como medidas (extensão do rio, temperatura), estudo do relevo,

como os rios são formados, o impacto causado pelo lixo e o esgoto

jogados no rio, de onde vem a água que consumimos, onde e como é

feito o tratamento da água.

Os alunos produziram textos e materiais diversos sobre o uso

racional da água.

Enfim, o tema gerou um trabalho pedagógico integrado,

contextualizado o que contribuiu para formar cidadãos conscientes e

aptos para decidirem e atuarem na realidade socioambiental de um modo

comprometido com a vida e o bem estar da sociedade.

CONCLUSÃO

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A escola como espaço formal de Educação Ambiental deve

propor um trabalho pedagógico que desperte o aluno para o estudo de

temáticas ambientais. A prática pedagógica tradicional possibilitou tratar

estas questões de forma fragmentada e muitas vezes de forma

desvinculadas das experiências significativas do educando. Há

necessidade de se trabalhar a questão ambiental de forma

contextualizada, e a interdisciplinaridade é uma forma de operacionalizar

essa abordagem. Se os profissionais da educação adotarem esse

exercício interdisciplinar, professores e alunos compartilharão da

construção desse conhecimento e o produto será a formação de cidadãos

capazes de transformar a realidade do lugar em que vive e do mundo, em

busca de melhor qualidade de vida, respeitando o meio ambiente.

Anexo

Jornal O Globo – Domingo, 17 de janeiro de 2010 – 3ª Edição

Caderno Opinião – Página 7

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Autor: Joseph E. Stiglitz

Superando o fracasso JOSEPH E. STIGLITZ

iscursos bonitos não levam longe. Um mês depois da Conferência do Clima de Copenhague, está claro que os líderes mundiais não conseguiram traduzir em ação a retórica sobre o aque-cimento global.

Foi bom, é claro, que eles concordassem. que seria ruim correr o risco da devastação que um aumento de mais de dois graus na temperatura mundial provocaria. Pelo menos prestaram alguma atenção a evidências científicas que se avolumam. E afirmaram certos princípios estabelecidos na conferência Rio-92, incluindo "responsabilidades comuns, mas diferenciadas, e as respectivas capacidades". Da mesma forma, a concordância dos países desenvolvidos em "fornecer recursos financeiros, tecnologia e meios técnicos de forma adequada, previsível e susten'Itada" às nações em desenvolvimento. O fracasso de Copenhague não foi a ausência de um acordo legalmente vinculante. A falha real foi não haver acordo sobre como alcançar o objetivo de salvar o planeta, sobre redução nas emissões de gases-estufa, sobre como compartilhar o ônus e como ajudar os países mais pobres.

Mesmo o compromisso de fornecer recursos da ordem de US$ 30 bilhões no período 2010-2012, para adaptação das economias e mitigação das ações poluentes, parece pouco diante das centenas de bilhões de dólares emprestados aos bancos em 2008-2009. Se podemos gastar tanto para salvar bancos, mais ainda para salvar o planeta.

As consequências das falhas já estão aparentes: caiu o preço dos direitos de poluir no sistema de comércio da União Europeia, o que significa que as empresas terão menos incentivo para reduzir as emissões agora e investir em inovações com esse objetivo no futuro. Empresas que queriam fazer a coisa certa, gastar dinheiro para reduzir suas emissões, estão agora preocupadas que isto as coloque em desvantagem diante de outras que continuem poluindo sem restrições. Empresas européias continuarão em desvantagem diante das americanas, que não incorrem em custos por suas emissões. Alguns problemas profundos sublinham o fracasso de Copenhague. Kyoto alocou direitos de emissão, um ativo valioso. Se as emissões fossem corta de forma apropriada, o valor dos direitos de poluir alcançaria cerca de US$ 2 trilhões por ano não espanta que haja uma disputa sobre quem deveria recebê-Ios.

Claramente, a ideia de que os que emitiram mais no passado devessem receber mais direitos no futuro é inaceitável. A alocação minimamente justa para com os países em desenvolvimento requer direitos de emitir iguais per capita. A maior parte dos princípios éticos sugere que, se algum está distribuindo o equivalente a dinheiro mundo afora, maior quantia per capita deveria caber aos pobres.

Então, também, a maioria dos princípios éticos sugeriria que aqueles que poluíram mais no passado especial mente depois que o problema foi reconhecido, em 1992 - deveriam ter me" nos direito de poluir no futuro. Mas tal alocação transferiria centenas de bilhões de dólares dos ricos para os pobres. Dada a dificuldade em se obter US$ 10 bilhões por ano - sem falar nos US$ 200 bilhões por ano necessários para adaptar a produção e mitigar os efeitos - é wishful thinking um acordo nessa área.

Talvez seja o momento de tentar outra abordagem: um compromisso por parte de cada país para elevar o preço das emissões (através de uma taxa sobre o carbono emitido ou de limites para as emissões) para determinado nível, digamos, US$ 80 por tonelada. Os países poderiam usar a receita como uma alternativa para outros impostos - faz muito mais sentido taxar coisas ruins do que coisas boas. Países desenvolvidos poderiam usar parte da receita gerada para cumprir suas obrigações de ajudar os em desenvolvimento a se adaptar às mudanças e a manter suas florestas, que produzem um bem comum global: o sequestro do carbono. Pudemos entender que boa vontade não nos leva longe. Precisamos agora juntar interesse próprio com boas intenções, especialmente porque líderes em alguns países, particularmente os EUA, parecem temer a competição dos mercados emergentes mesmo sem qualquer vantagem que pudessem receber por não terem de pagar pelas emissões de carbono. Um sistema de taxas - sobre produtos importados de países em que as empresas não tenham de pagar apropriadamente por suas emissões - nivelaria o campo de atuação e daria incentivos políticos e econômicos para que países taxassem o carbono ou limitassem suas emissões. Por sua vez, isto estimularia as empresas a fazer o mesmo. O tempo é a essência. Enquanto o mundo perde o, tempo, os gases-estufa estão se

acumulando na atmosfera, reduzindo a perspectiva de que o mundo conseguirá cumprir o

D

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compromisso assumido de limitar o aquecimento global a dois graus. Demos a Kyoto, que se baseou nos direitos de emissão, mais do que uma chance justa. Diante dos problemas fundamentais em sua aplicação, o fracasso de Copenhague não deveria surpreender.

Já demos algo mais do que uma chance justa à abordagem de Kyoto, considerando os direitos de emissão. Levando em conta os problemas fundamentais subjacentes a essa abordagem, o fracasso de Copenhague não deveria ser uma surpresa. Pelo menos, valeria dar uma chance à alternativa.

JOSEPH E. STIGUfZ é economista.© Project Syndicate.

__ NA INTERNET Q _ Leia mais artigos oglobo.com.br/opiniao

Bibliografia:

1 – Dias, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e

práticas. São Paulo: Gaia, 2001

2 – Fazenda, Ivani C. Arantes. Interdisciplinaridade: História,

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teoria e pesquisa. 15ª edição – Campinas, SP: Papirus, 2008

3 - Fazenda, Ivani C. Arantes. Interdisciplinaridade: Um projeto

em parceria. 5ª edição. São Paulo: Loyola, 2002

4 – Frigotto, Gaudêncio e Etges, Norberto J.

Interdisciplinaridade: Para além da filosofia do sujeito. Ari Paulo Jantsch,

Lucídio Bianchetti (Orgs). 4ª edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995

5 – Morin, Edgar. Educação e Complexidade: Os sete saberes e

outros ensaios. Maria da Conceição de Almeida, Edgard de Assis

Carvalho (Orgs). 4ª edição. São Paulo: Cortez, 2007

6 – Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio Ambiente e Saúde.

Brasília: 1997. Vol.9

Artigo

7 – Superando o fracasso. Joseph E.Stiglitz. O Globo. Rio de

Janeiro, 17 de janeiro. 2010. 3ª edição, Caderno Opinião. Pág 7

Índice

Folha de Rosto 2

Agradecimentos 3

Dedicatória 4

Resumo 5

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Metodologia 6

Sumário 7

Introdução 8

Capítulo I

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

1.1 Histórico Sobre as Questões Ambientais 9

1.2 A Educação Ambiental no Brasil 17

Capítulo II

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL

A INTERDISCIPLINARIDADE COMO FORMA DE TRABALHO

2.1 O Processo Ensino-Aprendizagem em Educação Ambiental 22

2.2 A Educação Ambiental no Ensino Fundamental 25

2.2.1 Como dar Significado ao Conhecimento 26

2.3 A Interdisciplinaridade como Forma de Trabalhar a Educação

Ambiental 26

Capítulo III

PRATICAS DE TRABALHO INTERDISCIPLINAR

EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL 29

Conclusão 32

Anexo 33

Bibliografia 35

Índice 36