UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · Diversidade Biológica no que foi...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE ASPECTOS E IMPACTOS SÓCIOS AMBIENTAIS Marcelo Caetano N. Santos Rio de Janeiro - RJ 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ASPECTOS E IMPACTOS SÓCIOS AMBIENTAIS

Marcelo Caetano N. Santos

Rio de Janeiro - RJ

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ASPECTOS E IMPACTOS SÓCIOS AMBIENTAIS

Marcelo Caetano N. Santos

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Orientadora: Ana Paula A. Ribeiro

Rio de Janeiro - RJ 2009

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AGRADECIMENTOS

De um modo muito especial aos meus colegas de trabalho, que

me orientaram e proveram recursos na conclusão deste trabalho.

4

DEDICATÓRIA

Primeiramente a Deus que me guiou nesta longa trajetória da

minha vida. Ao meu pai e a minha família pelo carinho e apoio.

5

EPÍGRAFE

“[...] A vitória é dos que se arriscam para alcançar o alto da montanha [...]”

Anônimo

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RESUMO

Este trabalho abordará sobre os impactos ocasionados tanto no setor

econômico quanto no setor ambiental, com implantação de uma refinaria no

Estado do Nordeste Brasileiro. Na etapa do planejamento, devem ser avaliados

os aspectos e impactos positivos e negativos que o empreendimento trará à

população local. Dentre os impactos positivos estão: a geração de emprego,

aumento do PIB (Produto Interno Bruto) dos municípios próximos. Já os

impactos negativos são aqueles que afetam diretamente o meio ambiente, são

eles: desmatamento, poluição e deterioração do solo. O processo de

segregação sócio-espacial na Região é analisado sob a ótica dos movimentos

migratórios. Na identificação das áreas de vulnerabilidade socioambiental,

aplica-se um modelo em que se priorizam alguns indicadores

socioeconômicos e demográficos para a classificação de determinados grupos

populacionais, de acordo com sua capacidade (ou incapacidade) de resposta

perante algum evento ambiental adverso.

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Palavras-chave: risco ambiental; petróleo; refinaria; Nordeste.

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METODOLOGIA

O objetivo de uma investigação científica é chegar à veracidade

dos fatos por meio de um método que permita atingir determinado assunto.

Define-se método como "o caminho para se chegar a determinado fim. E

método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos

adotados para se atingir o conhecimento” (GIL, 1994).

Por isso esse estudo trata-se de uma pesquisa aplicada quanto à

natureza do fenômeno (gera conhecimentos para aplicação prática) e

explicativa quanto aos objetivos, e exploratória do ponto de vista dos

procedimentos técnicos de coleta de dados (foram realizadas pesquisas com

dados pertencentes a estudos anteriores). As informações necessárias para

suportar este estudo foram obtidas de consultas bibliográficas, consulta

técnicas in-loco e documentais.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

PROBLEMA 11

OBJETIVOS 16

OBJETVOS ESPECÍFICOS 16

CAPÍTULO I 17

EPREENDIMENTO DO RAMO DE PETROLEO DESENVOLVIDO NA REGIÃO

NORDESTE DO BRASIL

CAPÍTULO II 26

ESTUDOS SÓCIOS AMBIENTAIS E SEUS IMPACTOS NA COMUNIDADE

CAPÍTULO III 43

VULNERABILIDADE SÓCIOAMBIENTAL

CONCLUSÃO 51

BIBLIOGRAFIA 53

10

INTRODUÇÃO

O presente trabalho de monografia enfocará sobre os aspectos e

impactos sócios ambientais.

Atualmente, a principal fonte mundial de energia é o petróleo,

sendo utilizado também a muitas outras finalidades, pois se tornou matéria-

prima para fabricação de milhares de produtos que fazem parte do dia-dia das

pessoas em todo mundo, como por exemplo, pneus, borrachas, plásticos,

lubrificantes, combustíveis, etc.

O petróleo é caracterizado como uma mistura de hidrocarbonetos

constituída de diversos tipos de moléculas formadas por átomos de hidrogênio

e carbono e, em menor parte, de oxigênio, nitrogênio e enxofre, agrupados de

forma variável, conferindo características diferenciadas aos diversos tipos de

crus encontrados na natureza (PETROBRAS, 2007).

A indústria de petróleo faz parte do complexo químico e sua

cadeia divide-se em três segmentos: I - prospecção, exploração, perfuração e

complementação; II - produção; III - transporte, refino e distribuição (TEIXEIRA

& GUERRA, 2003).

O petróleo é o componente básico de mais de 6.000 produtos,

sendo, portanto, uma matéria-prima essencial à vida moderna. No entanto, na

forma em que é encontrado na natureza, não tem aplicação comercial, sendo o

refino, através de sua destilação, que permite transformá-lo em derivados para

o consumo. Os derivados assumem diversas formas, como gasolina, diesel,

gás de cozinha, combustível de aviões, óleos combustíveis e lubrificantes,

solventes e parafinas, entre outros produtos, através de processos

diferenciados de refinação e tratamento. Na matriz energética brasileira, o

petróleo é responsável por aproximadamente 34% da energia utilizada no

Brasil. Esta importância tem crescido desde o nascimento da indústria nacional

do petróleo, em 1939 na localidade de Lobato, na Bahia. Hoje, os derivados

energéticos representam aproximadamente 87,8% do total produzido através

11

do refino do petróleo. Do total de derivados energéticos tem-se a importância

crescente nos últimos anos do óleo combustível e do GLP (ANP, 2004).

A Petrobras é a maior produtora nacional de petróleo, tendo uma

subsidiária, a Transpetro encarregada do transporte e armazenamento do óleo

e de seus derivados.

Ao todo no Brasil existem 14 (quatorze) refinarias, sendo que,

uma delas é a LUBNOR (CE), fabricante de lubrificante. Na Região sudeste

existe 7 (sete) refinarias (quatro em São Paulo, duas no Rio de Janeiro e uma

em Minas Gerais), no Sul estão mais quatro (duas no Rio Grande do Sul e

duas no Paraná), no Nordeste mais duas (Bahia e Ceará). A refinaria com

maior capacidade de produção é a REPLAN em São Paulo, processando 352,2

mil barris por dia. Cada refinaria dessas contribuiu de forma considerável para

o desenvolvimento desses Estados, pois através dos empregos criados e da

ativação da economia tem o papel de propulsor de fatores construtivos para

cada estado ou região.

O Nordeste em especial, possui uma grande riqueza em recursos

naturais. O petróleo e o gás natural são os principais destaques produzidos no

Sergipe, Bahia e Rio Grande do Norte.

Problema

A essa "população", sobram-lhe como alternativa pedaços da

cidade destituídos de quaisquer condições; vê-se obrigada a ocupar determinadas

áreas da cidade consideradas pelo próprio Poder Público como inapropriadas para

moradia.

Este modelo de planejamento orientado para a competitividade

que recorta a cidade em pedaços e lhes atribuem funções e valores, também

produz uma ordem de problemas e de conflitos, dado o jogo de interesses sobre

esses fragmentos urbanos. Dentre tantos conflitos daí advindos ganha

relevância o chamado conflito sócio-ambiental, resultante da expansão das

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ocupações humanas sobre áreas consideradas de preservação ambiental;

portanto, consideradas totalmente impróprias para o uso e a ocupação humana.

O debate ambiental tem se enviesado de tal forma para a

necessidade imperiosa de preservação, que um dos últimos documentos a

respeito, assinado de forma conjunta por diversos Países, tem chamado a

atenção para a urgência em se cumprir a Convenção sobre a

Diversidade Biológica no que foi designado de "mundo urbano".

Figura 1 – Casa de Taipa

A presente pesquisa tem como objeto de investigação os

conflitos sócio-ambientais decorrentes de uma ocupação humana em área de

Proteção Ambiental APA, na cidade de Bacabeira, denominada de "ocupações

irregulares", como pode ser observado na figura 1. A primeira idéia esboçada

na problemática configurava-se como uma situação de conflito, onde havia

disputas pelo uso da área, e aparecia a oposição dos interesses em jogo, uma

vez que a área em questão foi destinada à preservação ambiental.

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Uma primeira aproximação da problemática relativa ao conflito sócio-

ambiental ultrapassava a noção de luta e de disputa pelos usos dos recursos.

Contemplava, além dos usos, as representações e interpretações dos agentes e

dos grupos sociais envolvidos na questão acerca daquele espaço específico, ou

seja, o que poderia ser designado de meio ambiente. A noção de

"representações" é aqui utilizada no sentido conferido por Bourdieu (2002), de

imagens mentais e de imagens sociais designadas à manipulação das imagens

mentais de outros grupos sociais, portanto compreendida no campo de lutas.

O antagonismo era marcado entre as famílias e o Poder Público

Municipal. Trata-se de uma área considerada pelo Poder Público como

destinada à preservação, ocupada por diversas famílias, como única alternativa

de moradia na cidade. Ali construíram e moldaram as condições para viverem.

Desta forma, o conflito sócio-ambiental que se esboça, segundo

o entendimento aqui expresso, é produto das diferentes formas de conceber,

representar e interpretar o mundo, onde diferentes percepções sobre o meio

ambiente encontram-se em jogo. Esse tipo de análise desliga-se de uma outra

comumente utilizada para explicar esses processos, cuja preocupação está

focalizada na necessidade de identificar o meio ambiente enquanto "bem

universal", "difuso" e expresso, sobretudo nos dispositivos jurídico-ambientais (FUKS,

2001, p.99).

É importante lembrar que a noção de lugar, esboçada

inicialmente no pré-projeto de qualificação, estava imbuída dos esquemas de

pensamento utilizados quando da elaboração da dissertação de mestrado

(LIMA, 2003), cuja preocupação era compreender o processo de formação do

que é designado como "cidade média" da Amazônia brasileira.

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Figura 2 – Reintegração de posse.

A noção de lugar, então, era tomada a partir das relações sociais

entre as diversas famílias de trabalhadores rurais que, ao se dirigirem para um

mesmo bairro na cidade de Imperatriz, no Maranhão, compondo uma enorme

rede de relações de amizade e de reciprocidade, servia como forma de

garantir a reprodução física e cultural dessas famílias.

A origem comum era um dado importante para compreender as

relações e, sobretudo, o lugar, enquanto uma situação específica resultante

da forma de viver dessas famílias, cujo princípio era o sentimento de pertença

ao grupo social, oriundo de um mesmo processo que destituiu essas famílias de

seus lugares de origem. São famílias de trabalhadores rurais, obrigadas por

diversos motivos a deixarem suas terras e se dirigirem para as áreas "abertas" da

Amazônia brasileira.

Lugar e conflito sócio-ambiental, na perspectiva anteriormente

explicitada, foram as duas noções que ajudaram a fazer uma leitura preliminar

da situação ora em estudo. Entretanto, a imersão no trabalho de campo, que

se realizou durante todo o ano de 2008, acabou suscitando "novos"

questionamentos, que nos obrigaram a repensar e a reconstruir o objeto de

pesquisa.

A possibilidade de redefinição do objeto de pesquisa encontra-se

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inscrita no interior de uma prática que reafirma a importância do objeto e da

necessidade de construí-lo (BOURDIEU, 1989, p.17-58). O objeto de pesquisa

não sendo pré-construído, é produto de um investimento ativo e sistemático do

pesquisador que, diante das situações empiricamente observadas, torna-se

capaz de sair das armadilhas, na maioria das vezes imposta pelos esquemas

teóricos de pensamento que engessam a produção do conhecimento.

O resultado mais visível desse processo, que permitiu a

reconstrução do objeto de pesquisa, foi a incorporação de "novas" noções surgidas

do trabalho de campo, que ampliou a noção de conflito para além dos esquemas

pré-concebidos, expresso pela idéia de uma ocupação humana em unidade de

conservação.

Desse modo, as noções de "lixo" e "violência" apareceram com

muita força, revelando outra dimensão do conflito sócio-ambiental, para além

dos primeiros esquemas que foram organizados para pensar aquela

realidade.

Figura 3 – Lixão

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Objetivos

Objetivos Gerais

- Identificar quais as medidas governamentais propostas para

essas comunidades e suas perspectivas de vida antes durante e depois do

empreendimento.

Objetivos Específicos

- abordar sobre os benefícios e malefícios para uma comunidade

afetada pelo progresso

- Minimizar o impacto social do empreendimento na comunidade e

ficar como lição aprendida para novos empreendimentos futuros.

- analisar os empreendimentos do ramo de petróleo, atualmente

desenvolvido na região Nordeste.

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CAPITULO 1 - EMPREENDIMENTO DO RAMO DE PATRÓLEO DESENVOLVIDO NA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL

1.1 - A Indústria Nordestina de Petróleo

O Nordeste Brasileiro tem uma grande perspectiva de

crescimento, enfrentando como potenciais concorrentes apenas a África e o

México, uma vez que a Ásia já atingiu seu limite máximo de produção

sustentável (Seixas, 2003). Estudos estimam, inclusive, que a região Nordeste

tem potencial para explorar de 150 a 200 mil hectares com camarão marinho,

“o que representaria 250 a 300 mil empregos diretos e um faturamento de US$

2,5 a 3 bilhões por ano” (CBC, 2006).

Segundo Feitosa (2007) com o rápido crescimento da produção

de petróleo, Sergipe passou a ser o segundo maior Estado produtor do País e

assim permaneceu por toda a década de 1970.

Dessa forma, com essa expansão da produção sergipana de

petróleo, a Petrobrás transferiu de Maceió para Aracaju a sede da Região de

Produção do Nordeste (RPNE), com enorme impacto sobre a economia

estadual.

O Nordeste dispõe de 6 (seis) bacias sedimentares com potencial

petrolífero. São elas: Bacia do Ceará, no mar; Bacia Potiguar em terra e no

mar; Bacia de Sergipe-Alagoas, em terra e no mar; Bacia do Recôncavo e

Tucano Sul, em terra; Bacia de Pernambuco-Paraíba, no mar e Bacia do Rio do

Peixe, Sub-bacia do Souza. Destas, as quatro primeiras são produtoras e as

duas últimas apresentam apenas vestígios de óleo.

Há duas refinarias no Nordeste: a LUBNOR (Lubrificantes e

Derivados de Petróleo do Nordeste), no Ceará, e a RLAM (Refinaria Landulpho

Alves), na Bahia, ambas pertencentes à Petrobras.

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1.2 - Principais Dificuldades do Setor

Um dos principais obstáculos enfrentados pelo setor de petróleo é

a baixa oferta de mão-de-obra qualificada. Em 2003, foi criado o Prominp

(Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural)

com o objetivo de transformar a produção de petróleo e gás natural, o

transporte marítimo e dutoviário, o refino e a distribuição de derivados em

oportunidades de crescimento para a indústria nacional, dando oportunidade de

empregos e distribuindo rendas através de salários, aluguéis e lucros. A maior

barreira do Prominp é preparar mão-de-obra especializada para assegurar o

atendimento à demanda da cadeia.

Dentre das atividades do Prominp, foi preparada uma lista de 180

(cento e oitenta) ocupações profissionais a receberem treinamento para

trabalhar no ramo de fornecedores da Petrobras e de seus concorrentes.

Em novembro de 2005, foi criado o Plano de Qualificação

Profissional que teve por objetivo formar 70 (setenta) mil pessoas até o fim de

2007.

Metas de conteúdo local do Prominp, estabelecidas no início de

sua implantação, foram revistas diante das dificuldades de abastecimento pelos

fornecedores de materiais, serviços e equipamentos. A alta carga tributária, a

elevada taxa de juros e o câmbio sobrevalorizado diminuem a competitividade

dos fornecedores nacionais e contribuem para dificultar o cumprimento das

exigências de conteúdo nacional para os grandes projetos brasileiros.

“Em conseqüência, para 2007, o percentual de conteúdo

nacional caiu de 65,46% para 62,51%. Não há a cultura

da participação nem capacitação tecnológica de

pequenas e médias empresas na exploração não-

convencional em campos maduros que não são

considerados mais atraentes devido à baixa escala de

produção” (BNB, 2006).

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1.3 - Potencialidades do Setor

Até 2011 a Petrobrás pretende investir recursos em novos

empreendimentos de Petróleo na Região Nordestina, com previsão de gerar

setenta mil postos diretos de trabalho. Parte deste investimento será destinada

ao contínuo processo de nacionalização de encomendas de bens e serviços,

como o comprometimento de investir 84% (oitenta e quatro por cento) de

conteúdo nacional, aumentando a demanda por bens, pessoas e serviços de

fornecedores brasileiros.

A fabricação do biodiesel a partir de oleaginosas,

primordialmente, da mamona, traz uma nova perspectiva de inclusão social no

semi-árido nordestino, incluindo ganhos cambiais para o país a partir da

diminuição da importação do óleo diesel. A Bahia é o maior produtor nacional.

O Programa Brasileiro de Biodiesel permite o aumento progressivo da adição

de biodiesel ao diesel mineral, podendo chegar a 5% (cinco por cento) em 2010

e 20% (vinte por cento) em 2020 (BNB, 2006).

Com a construção do gasoduto Gasene da Petrobrás que liga a

região Sudeste ao Nordeste, beneficiará uma enorme quantidade de empresas

como: serviços médicos, vigilância, serviços ambientais, topografia, projetos

executivos, informática e serviços gráficos, etc.

1.4 - Transformação Energética

Pelo trabalho de Ponting, deduz-se que, até meados do século XIX

as bases de força ou energia predominantes no mundo eram combinadas de

diferentes formas, a força humana, dos animais, da água e do vento. Como

combustível, o privilégio era da madeira, graças a suas inúmeras vantagens:

fácil de ser recolhida, sempre disponível, de boa queima e gratuita. Mas esta

facilidade acabou representando uma grande dificuldade: como suprir a grande

demanda? Mostra-nos Deleage (1993:214) que já a partir do século XVI, instala-

se primeiramente na Inglaterra e depois no restante da Europa, uma crise

grave de madeira, provocada pelo crescimento demográfico e pela procura

crescente das cidades em decorrência de usos em trabalhos domésticos, nas

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indústrias de maquinarias, navios, sob a forma de carvão, etc. Assim, afirma

Ponting (1995:447), a “necessidade”, seguida da destruição ininterrupta e

praticamente sem reposição, lentamente extinguiu as florestas da Europa

Ocidental.

Com a escassez, a saída era apelar para um combustível visto

como inferior o carvão, de mina ou marinho. Tanto Ponting (idem:453) quanto

Lana (s/d(a):11)consideram esta troca mais do que uma simples substituição de

uma fonte de energia por outra. Ela representa na verdade, o que Lana coloca

como um ponto de inflexão na história humana, posto que a base energética dos

sistemas industriais é fundamentalmente diferente dos sistemas anteriores. Ou

seja, a sociedade industrial dependeu, desde seu início, de fontes não-

renováveis de energia, com eficiência energética muito superior à gerada pela

madeira ou vento.

Assim, conforme Deleage (1993:214), o rendimento proporcionado

pela substituição da madeira pelo carvão foi um dos responsáveis pela revolução

econômica advinda da industrialização, que, iniciada na Inglaterra - primeiro lugar

onde madeira faltou logo se estabeleceu na Europa Ocidental e América do

Norte. Sustentada a expansão industrial do século XIX pelo uso do carvão, afirma

Lana (idem:12),abre-se o caminho para a nova mudança dos protagonistas da

matriz energética, assumidas pelo petróleo e pelo gás natural no século XX,

quando as sociedades industriais urbanas se tornam também dominantes na

Europa Oriental e Japão.Com estes combustíveis fósseis, o mundo industrial

encontrou meios de produzir e consumir energia em abundância, ao contrário

dos momentos históricos anteriores em que a escassez ou dificuldade de

acesso à mesma era regra Ponting ,idem:465).Contudo,estes mesmos produtos

e seus modos de transporte fariam com que a superfície terrestre se

transformasse em um ritmo que não havia sido possível anteriormente, nas

palavras de Lana (ibidem).

A industrialização em larga escala e a sucessão de tecnologias

novas gradualmente mudou a quantidade e o tipo de produtos disponíveis para a

sociedade. Hobsbawn (1977:44) coloca como marco deste processo a década

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de 1780, em que, pela primeira vez na história da humanidade, teriam sido

retirados os grilhões do poder produtivo das sociedades humanas, que daí em

diante se tornaram capazes da multiplicação rápida, constante e até o presente

ilimitada, de homens, mercadorias e serviços.Nesta data foi percebida uma

guinada repentina nos índices estatísticos relevantes, representando o quanto a

“economia” crescia.

Este avanço, que como vimos se iniciou na Grã-Bretanha, não se

deu por conta do desenvolvimento tecnológico e científico deste país, inferior ao

de vários outros da Europa. Mas sim, como descreve Hobsbawn (idem:47), por

decorrência de certos fatores que criaram um campo fértil para que o

investimento na industrialização parecesse um “bom negócio”:

a ) o lucro privado e o desenvolvimento econômico aceitos como os supremos

objetivos da política governamental; b) grande quantidade de proprietários com

espírito comercial praticamente com monopólio da posse da terra; c) atividades

agrícolas dirigidas para o mercado; d)manufaturas disseminadas para um interior

não feudal; e) um considerável volume de capital social elevado,entre outros. No

geral, como coloca o autor, o dinheiro não só falava como governava.

Neste contexto, a industrialização na Inglaterra parte inicialmente

dos investimentos dos fabricantes de mercadorias de consumo de massa (como

os têxteis), uma vez que este era um mercado certo e consolidado, permitindo

que se pensasse em sua expansão. Uma vez iniciada a rápida expansão

econômica estimulada pela revolução industrial pioneira, foi uma passo para

que, entre 1789 e 1848 a Europa e a América fossem inundadas por

especialistas, máquinas à vapor, maquinaria para algodão e investimentos

britânicos (ibidem:49).

Afirma Dobb (apud Rusconi,1995:144) que com a revolução

industrial, o “capitalismo”, com base na transformação técnica, atinge a

realização de sua especificidade:a fábrica (unidade coletiva de produção de

massa) como fundador do processo produtivo, efetuando ainda a separação

definitiva do produtor e da propriedade dos meios de produção. O sistema de

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fábricas e a produção em larga escala tornam-se norma na segunda metade do

século XIX (Ponting,1995:516).

Esta época viu-se, assim, sacudida pelo mundo da indústria e da

tecnologia, que lançam grandes contingentes humanos em um ambiente novo,

caracterizado por alterações profundas nas formas de trabalho, na produtividade,

nas aglomerações humanas, nos meios de comunicação, etc (Fridman,1999).

Na descrição de Berman (1986:18), a “nova paisagem” que se formava, trazia a

dinâmica das cidades que cresciam rapidamente, dos jornais diários, telégrafos,

telefones; dos engenhos a vapor, fábricas automatizadas, ferrovias, amplas

novas zonas industriais; Estados Nacionais cada vez mais fortes e

conglomerados multinacionais de capital; um mercado mundial em crescente

expansão capaz de um estarrecedor desperdício e devastação.

Este movimento vinha, a seu turno, marcado por fortes oposições

dos movimentos sociais de massa e de autores que lutavam para demonstrar

sua contradição intrínseca. Um mundo em que se de um lado trazia à vida

formas industriais e científicas como nunca antes, de outro trazia à vista os

sintomas de sua decadência. Esta visão, bradada por Marx (apud

Berman,1986:19), se refere ao poder do maquinário de amenizar e aperfeiçoar

o trabalho humano e ao mesmo tempo de sacrificá-lo e sobrecarregá-lo; de

mostrar o poder de domínio da humanidade sobre a natureza, mas de

escravizar os homens entre si ou à própria infâmia.

Como se vê, se de um lado o espírito do “progresso”, comum no

século XIX, comoveremos, refletia o entusiasmo por estas realizações, de outro a

crítica sistemática do capitalismo trazia a tona as perplexidades provocadas pela

magnitude destas mudanças (Fridman,1999). Entretanto, como coloca Deleage

(1993:223), os efeitos desta economia sobre a natureza propriamente dita e seus

recursos eram proclamados por vozes isoladas; deste momento em diante, a

relação sociedade/natureza não mais seria considerada fora do quadro de uma

teoria puramente econômica, a da renda fundiária. A verdade é que, não

obstante os seus defeitos, o capitalismo histórico varreu a maior parte dos

obstáculos sociais e as críticas teóricas que se lhe opuseram.

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Partindo das análises de Beck (1997:16), neste momento o

pensamento e a ação das pessoas estavam dominadas pelas certezas que a

sociedade industrial apresentava: o consenso para o progresso ou a abstração

dos efeitos e dos riscos ecológicos. Até mais ou menos o final do século XIX,

considerada a primeira fase da industrialização em larga escala, os produtos que

predominavam eram os materiais têxteis, o ferro, o aço, além das novas

tecnologias introduzidas, tais como a engenharia mecânica, as ferrovias e os

produtos químicos pesados. No final deste mesmo século e início do próximo, a

Europa e a América do Norte vivenciaram o declínio constante das indústrias

têxteis e indústrias pesadas, sendo que o eixo de crescimento contínuo da

produção, na primeira metade do século XX, foi formada pelos produtos químicos

derivados de materiais orgânicos, engenharia elétrica e produção de carros. A

segunda metade deste mesmo século foi, por sua vez, caracterizada pelo

crescimento das indústrias de eletrônicos, comunicações, computadores, que

conformariam uma terceira fase da industrialização moderna (Ponting,1995:

518,519).

Uma conseqüência do aumento da produção industrial e do

consumo de energia foi um aumento concomitante da riqueza material da

sociedade, transformando-se assim os padrões de vida da população do

mundo industrializado. Expandiu-se, como podemos observar, a quantidade

de bens disponíveis à população, o que está refletido no desenvolvimento de

lojas e mercados a varejo, com produtos produzidos em massa por grandes

fabricantes e vendidos em lojas de grandes redes.

Essa tendência, em seu exemplo mais extremo, segundo Ponting

(1995:525), produziu produtos como a Coca-cola e os hambúrgueres Mc

Donald’s - promovidos, reconhecidos e vendidos no mundo inteiro. E abriu as

portas para o surgimento de grandes cadeias de lojas que, contando com os

progressos técnicos (como por exemplo, a iluminação a gás, posteriormente

elétrica, e os elevadores) e com a existência de uma próspera classe média

para comprar a variedade crescente de produtos, cada vez se tornaram maiores -

inicialmente dando-se a criação de grandes supermercados e depois,

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concomitante ao crescimento dos proprietários de carros, dos shoppings centers

afastados dos centros, etc.

O século XX também assistiu o surgimento de novas indústrias

para fornecimento de bens de consumo duráveis (geladeiras, máquinas de lavar,

eletrônicos, etc.), primeiramente nos Estados Unidos (década de 20), devido ao

maior poder aquisitivo da população.

Neste ponto em que a industrialização se torna maciça -

especialmente após a II Guerra Mundial - afirma Deleage (1997:23) que o limiar

das relações entre o homem e a biosfera foi franqueado e a poluição e

degradação se tornaram um verdadeiro fato de civilização. Para este autor

(1993:218), a era das sociedades industriais deu início a uma era de poluição

em grande escala, possibilitada pela utilização cada vez maior de combustíveis

fósseis, que provocam uma acumulação progressiva de poluentes nas camadas

baixas e médias da atmosfera, em quantidade crescente.

Assim, diz Ponting (1995:552), se em um momento de sua

evolução a poluição se restringia a uma cidade, rio, depósito de lixo ou mina, ao

final do século XX já aumentara ao ponto de afetar regiões industriais, oceanos,

continentes e até mesmo, de acordo com algumas hipóteses, mecanismos

reguladores globais.

Deste modo, a dependência, nos últimos duzentos anos, de fontes

de energia não renováveis, pareceu e parece não levar em conta a finitude

destes recursos e o fato destes serem insubstituíveis. Além disso, a pressão

ambiental representada, por exemplo, pela produção de lixo despejado nos

ecossistemas mundiais, não se apercebe de que a Terra é um sistema fechado

e que de algum modo tem que dar conta dos resíduos produzidos

constantemente idem:645).

É justamente este contexto que abre caminho para que no fim dos

anos 60 ecloda o debate a respeito dos limites do crescimento, do desequilíbrio

ecológico do planeta e da destruição da base de recursos da humanidade.

Debate que diagnostica, enfim, uma crise de corrente dos problemas globais

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gerados pelos efeitos sinergéticos e acumulativos de crescimento econômico e

destruição ecológica - tais como: desmatamento; perda da diversidade genética

dos recursos bióticos; extinção de espécies; erosão dos solos e perda de

fertilidade das terras; desertificação; contaminação química da atmosfera, solos e

recursos hídricos;produção e disposição de resíduos tóxicos e lixo radioativo;

chuva ácida gerada pela industrialização e destruição da camada foliar das

florestas e o aquecimento global e a rarefação da camada de ozônio

(Leff,2001:89).

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CAPÍTULO 2 - ESTUDOS SÓCIOS AMBIENTAIS E SEUS IMPACTOS NA COMUNIDADE

Na etapa de planejamento da refinaria, com a divulgação de sua

instalação no local, pode gerar um impacto negativo sobre a expectativa e a

mobilização da comunidade. Este impacto vem da preocupação da

comunidade com a possível degradação ambiental ocasionada pelo

funcionamento do empreendimento na região. Certas medidas podem atenuar

os impactos ambientais, em especial aquelas a serem adotadas com o objetivo

de diminuir o risco de acidente e aquelas direcionadas ao total esclarecimento

da população afetada.

Com a instalação da refinaria de petróleo traria outro importante

impacto, que seria o da internalização da modificação da paisagem. Pode

ocasionar a perda da mata atlântica, mangue, fauna, flora de uma forma geral.

A infra-estrutura da região também sofre os efeitos com a

instalação do empreendimento, devido ao deslocamento da população em

busca de emprego para as proximidades da refinaria. O crescimento

urbanístico deste processo, se realizado sem planejamento e adequação,

imporá pressão sobre a infra-estruturar de abastecimento de água,

esgotamento sanitário e captação de lixo. É comum em casos de inadequação

de saneamento ambiental o surgimento de doenças associadas, como a

esquistossomose, a leishmaniose e doenças vermífugas, de uma forma geral.

Além destas, são ainda discutidas na literatura a proliferação das doenças

sexualmente transmissíveis (Utzinger et. al., 2005).

O impacto positivo ocasionado pela instalação da refinaria seria o

da geração de empregos, melhoria da qualidade de vida da comunidade local e

o aumento do PIB (Produto Interno Bruto) dos municípios próximos ao

empreendimento.

Terá um efeito multiplicador, se a maior parte da mão-de-obra

contratada for da própria região do empreendimento, pois os salários deverão

ser gastos na própria economia da região, causando o surgimento de uma

27

gama de prestação de serviços, indústria e comércio (supermercados,

transportes, farmácias, etc.). Este impacto causado pela instalação da refinaria

é considerado o mais importante devido o seu caráter multiplicador.

Em 2003 (Gazeta Mercantil, 10 de março de 2003) se fazia uma

previsão de impacto sobre o PIB de Pernambuco, para uma refinaria de 200 mil

barris por dia, de 5% (cinco por cento) no curto prazo. A partir da dinamização

de todo o pólo petroquímico previsto, num período de longo prazo, estimava-se

que o PIB chegaria a crescer em até 10% devido à instalação da refinaria.

O crescimento com o novo empreendimento pode ser

caracterizado sob três aspectos: o que se espera sobre as atividades

produtivas locais, o emprego e o que se espera sobre a arrecadação tributária.

A instalação da refinaria pode causar danos ao meio ambiente,

como: desmatamento, poluição, deterioração do solo.

O desmatamento consiste na destruição das florestas, dos

cerrados e da vegetação em geral. São também as queimadas utilizadas como

forma de limpeza do mato ou como modo fraudulento de apossamento da terra

ou ainda como forma enganosa de exploração da terra, para evitar a reforma

agrária, constituem modos de destruição da flora.

A poluição atinge mais diretamente o ar, a água e o solo, mas

também prejudica a flora e a fauna. Reconhecia a definição que se continha no

artigo 1º do Decreto-lei nº. 303, de 28 de fevereiro de 1967 (que consta

também do Decreto Federal 76.389, de 3 de outubro de 1975, como poluição

industrial), nos termos seguintes:

Para as finalidades deste decreto-lei, denomina-se Poluição

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio

ambiente (solo, água e ar), causada por qualquer substancia sólida, líquida,

gasosa o ue em qualquer estado da matéria, que, direta ou indiretamente:

- seja nociva ou ofensiva à saúde, á segurança e ao bem-estar

das populações;

28

- crie condições inadequadas para fins domésticos,

agropecuários, industriais e outros; ou

- ocasione danos à fauna e à flora.

A Lei nº. 6.938/81 oferece uma definição mais completa, seu

artigo 3º dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, que considera

poluição a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que,

direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da

população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões

ambientais estabelecidos.

Para José Alfredo do Amaral Gurgel (1976) “poluição é qualquer

modificação das características do meio ambiente de modo a torná-lo impróprio

às formas de vida que ele normalmente abriga”.

Hely Lopes Meirelles (1993, p. 485) entende que “a poluição é

toda alteração das propriedades naturais do meio ambiente, causada por

agente de qualquer espécie, prejudicial á saúde, à segurança ou ao bem-estar

da população sujeita a seus efeitos”.

Poluição como assevera Mário Guimarães Ferri (1999, p.179) é

tudo o que ocasione desequilíbrios ecológicos, perturbações na vida dos

ecossistemas. Não nos interessa saber se a modificação se faz no ar, na água

ou na terra; se for produzida por matéria em estado gasoso, líquido ou sólido,

ou por liberação de energia; nem se é causada por seres vivos ou por

substâncias destituídas de vida.

Nem todas as poluições são condenáveis. Para que seja

considerável poluição, é necessário que a modificação ambiental influa de

29

maneira nociva ou inconveniente, direta ou indiretamente, na vida, na saúde,

na segurança e no bem-estar da população, nas atividades sociais e

econômicas da comunidade, na biota ou nas condições estéticas ou sanitárias

do meio ambiente.

As concentrações populacionais, as indústrias, o comércio, os

veículos motorizados, e até a agricultura e a pecuária produzem alterações no

meio ambiente.

Quando normas as alterações e toleráveis não merecem

contenção e nem repressão, só exigindo combate quando se tornam

intoleráveis e prejudiciais à comunidade, caracterizando poluição reprimível.

O órgão regulador ambiental brasileiro tem atuado com a

imposição de padrões de emissão para casos deste tipo (PIRES, 2005). No

caso em análise, a decisão sobre a melhor alternativa a ser adotada também

deve recair sobre o padrão, devido aos altíssimos custos provenientes de um

nível de poluição superior ao da capacidade de assimilação do ambiente

(Pearce e Turner, 1990).

É na fase de implantação e de operação que o impacto sobre a

qualidade e quantidade do solo. No que diz respeito à quantidade, está só será

caracterizada na fase de implantação, quando serão extraídas extensões de

áreas de mangue para o estabelecimento das obras. Os mangues são de

importância fundamental para a região.

O solo também sofre outra forma de degradação a erosão, que

lhe causa destruição e deterioração.

A erosão consiste na remoção ou transporte dos elementos

constituintes do solo para as planícies, para os vales, para o leito dos rios e até

para o mar, em conseqüência da ação de agentes externos. Contribui também

para gerar problemas na água.

Henrique de Barros (1948, p. 256-7) afirma que:

“O agente externo da erosão pode ser um elemento da natureza,

vento e água, principalmente, ou o próprio homem; daí os dois tipos de erosão:

30

a normal ou a geológica, proveniente da ação da natureza, e a acelerada,

proveniente da ação do homem”.

O empreendimento pode trazer como causa impactos sobre a

qualidade do ar, que advém de duas fontes básicas: a primeira decorre do gás

liberado pelo trânsito intenso nas rodovias; e o segundo, tem como causa, as

emissões atmosféricas oriundas do processo de refino.

O impacto potencial sobre os recursos hídricos da região de maior

significância, mas que se apresenta apenas como um risco, a partir de sua

poluição por óleo, graxa ou similares.

O artigo 225, § 1º, inciso IV da Constituição Federal de 1988,

determina a exigência de elaboração de Estudo de Impacto Ambiental para

instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de degradação do

meio ambiente.

A mineração é uma atividade causadora de alto impacto

ambiental. Nesta condição se faz que ela esteja rigorosamente submetida a

controles de qualidade ambiental, de monitoramento e auditoria constantes. É

ofensiva ao meio ambiente, pelo menos enquanto não planejada,

indiscriminada, clandestina ou não-fiscalizada.

A própria Constituição Federal de 1988, ao dispor amplamente

sobre as atividades de mineração, reconheceu a importância das mesmas. As

únicas restrições que podem ser opostas às atividades mineratórias, do ponto

de vista ambiental, são aquelas com imediato assento constitucional. Tais

restrições são:

a) ser praticada em áreas definidas como intocáveis e

b) ser realizada em áreas indígenas sem autorização do

Congresso Nacional e sem que as comunidades indígenas sejam consultadas.

Excetuando-se as duas vedações acima apresentadas, a

atividade mineratória será permitida, desde que, precedida de Estudo de

Impacto Ambiental, conforme determinação constitucional contida no artigo

225, § 1º, inciso IV, e que sejam atendidas as condições no § 2º do mesmo

31

artigo 225: “Aquele que explorar recursos minerais fica obrigada a recuperar o

meio ambiente degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão

público competente, na forma da lei”.

O EIA (Estudo de Impacto Ambiental), nada mais é que “um

estudo das prováveis modificações nas diversas características

socioeconômicas e biofísicas do meio ambiente que podem resultar de um

projeto proposto” (BENJAMIN, 1992, p.32).

Milaré (2001, p.320) comenta que:

“O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é hoje considerado um dos

mais notáveis instrumentos de compatibilização do desenvolvimento

econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente, já que

deve ser elaborado antes da instalação de obra ou atividade potencialmente

causadora de significativa degradação, nos termos do artigo 225, § 1º, IV da

Constituição Federal de 1988”.

O EIA é um estudo das prováveis modificações nas diversas

características socioeconômicas e biofísicas do meio ambiente que podem

resultar de um projeto proposto.

O EIA tem o seu papel preventivo de danos, deve ser elaborado

antes da decisão administrativa de outorga da licença ou de implementação de

planos, programas e projetos com efeito ambiental no meio considerado. Tem

por objetivo analisar o projeto sob a ótica da sustentabilidade e da preocupação

com os efeitos reais do empreendimento.

Os licenciamentos ambientais para exploração de bacias

terrestres restritas aos limites de um único Estado são de competência dos

Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (OEMAs). Em se tratando de bacias

marítimas, esse licenciamento é realizado pela Coordenação Geral de Petróleo

e Gás do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (IBAMA). Todas as diretrizes para obter o licenciamento ambiental

são disponibilizadas pela ANP por ocasião da abertura de rodadas de

licitações.

32

As famílias têm sua mobilidade circunscrita aos limites da

violência, sendo que paradoxalmente, é impossível compreender a

constituição da noção de lugar abstraindo a questão da própria violência. Foi

possível observar a existência de uma organização criminosa, fortemente

armada e temida, que controla o fluxo de pessoas e de carros e que mantém as

famílias sob a "lei do silêncio".

A força dessas duas noções, lixo e violência, no contexto da

reprodução física e social das famílias do Salva Terra, impôs-se como um dado

novo e imprescindível na compreensão do lugar e por conseqüência, na

ampliação da noção de conflito sócio-ambiental, não obstante não tenha

afastado a noção do primeiro sentido, atribuído prevalecentemente ao

conflito. Ao contrário, o trabalho de campo permitiu deslocar o foco, que não

se encontrava onde se imaginava estar. O conflito sócio-ambiental

apresentava-se de uma outra forma e estendia-se para além do espaço

físico determinado pelo Salva Terra.

Figura 4 – “Sustento” do lixão

O trabalho de campo permitiu observar que o conflito sócio-ambiental

também estava situado durante a atividade de coleta do material reciclável

33

quando as famílias disputam com outros agentes e com o próprio Poder

Público a apropriação do lixo que fica exposto nas ruas e avenidas, quando

não jogados nas praças. Permitiu de certa forma "neutralizar" a rigidez dos

esquemas pré-concebidos que tivéssemos e que poderiam nos impedir de

alcançar outros aspectos do problema, que nãos e encontram visíveis.

É importante enfatizar que esse deslocamento não implicou num

abandono da primeira formulação acerca do conflito, mas sim numa

relativização de sua importância à luz das situações observadas, que se

impuseram com força à pesquisadora. Entretanto, observou-se que esse

conflito ambiental, na perspectiva das diferentes formas de conceber e

representar o que seja a questão ambiental, encontram-se evidente, pois as

famílias, apesar de não explicitarem a todo o momento, demonstram temor e

insegurança na medida em que se encontram sob ameaça de serem

"removidas" dos seus lugares.

Figura 5 – Formulário de dados

34

O trabalho de campo também foi responsável pela opção em

priorizar os aspectos qualitativos da pesquisa, uma vez que as noções de lugar

e conflito sócio-ambiental a partir das representações e interpretações sociais,

tomadas nesta tese para explicar o conflito sócio-ambiental, não poderiam ser

apreendidas apenas com os dados quantitativos.

Os limites dos dados quantitativos ficam evidentes quando se

procura compreender tanto o conflito quanto o lugar, uma vez que a constituição

dessas noções faz-se, sobretudo, pelas relações sociais, nas quais os

elementos mais significativos são subjetivos, fluidos e, portanto, não passíveis de

serem aprendidos e retratados pelas séries estatísticas ou outros procedimentos

quantitativos.

A oportunidade de realizar o trabalho de campo a partir de uma

"observação participante", com entrevistas abertas, semi-estruturadas,

permitiu atentar para as pistas que surgiram derivadas, muitas vezes de uma

primeira questão. E, assim, organizar e valorizar determinados detalhes, certas

sutilezas, já que um questionário fechado, com perguntas previamente

formuladas, não permitiria nem suscitar desdobramentos, nem enxergar certas

nuances.

É necessário reafirmar que, em se tratando de uma análise em

que o lugar é a categoria central, uma pesquisa qualitativa possibilita abarcar

e apreender as subjetividades e as sutilezas nas entrelinhas das falas, que

muitas vezes ao se restringirem, mais revelam do que escondem.

Esta foi sem dúvida uma forte razão para que se optasse pelos

aspectos qualitativos. Esta escolha possibilita ainda fornecer um instrumental

para capturar e explicar os processos da produção da moradia, de constituição

das relações sociais, da atividade de coleta do lixo, da ação da violência e do

crime organizado, enfim, todo um emaranhado de relações que produzem o

Salva Terra, enquanto um lugar.

35

2.1 PESQUISA DE CAMPO

O trabalho de campo foi desenvolvido de forma lenta e gradual

por duas razões: a primeira, em função da grande dificuldade de entrar e

circular na área; e a segunda, devido aos propósitos da pesquisa, cujos

objetivos se relacionavam com a necessidade de apreender as subjetividades a

fim de que se pudesse compreender a visão de mundo dos moradores do Salva

Terra. Os cuidados teórico-metodológicos da pesquisa, conforme objetivos acima

mencionados, implicavam no estabelecimento de laços de confiança, o que

demandou uma permanência mais demorada no campo. Era importante que

esse trabalho conseguisse evidencia os processos para uma análise objetiva.

Diante disso, a pesquisa de campo foi realizada entre os meses de

fevereiro e novembro de 2008, sendo que ao longo deste período, a pesquisa

foi feita de forma sistemática, ou seja, toda semana a pesquisadora reservava

um ou dois dias para visitar a área e acompanhar as reuniões de um grupo,

dedicado à constituição de uma Associação de "Catadores de Lixo".

Ao longo do trabalho de campo foram mantidas diversas conversas

informais e entrevistas, tendo sido entrevistadas dez pessoas. Destas, quatro

foram escolhidas por serem os primeiros ocupantes da área e assim, poderam

descrever todo o processo de ocupação e suas transformações ao longo do

tempo. As demais, apesar de terem entrado posteriormente na ocupação, tiveram

igualmente importância, por representarem um leque de informações a respeito

da área que contempla diferentes histórias individuais, mas também do

próprio Salva Terra.

Outro critério considerado para a escolha dos informantes foi sua condição em

relação ao projeto de intervenção do Poder Público local na área, sendo que o

universo dizia respeito àqueles que seriam atingidos ou não pela "relocação".

Assim, dos dez entrevistados, seis encontravam-se nessa condição. Além do

critério que priorizou os moradores "atingidos", era fundamental saber como os

outros moradores que se encontravam na parte da área em processo de

regularização percebiam o processo, até porque, também viveram

36

insegurança parecida. Nessa situação, são quatro pessoas do total de dez

entrevistados. Importa ressaltar, ainda, que dos dez entrevistados, apenas dois

não exerciam a atividade de carrinheiro ou carroceiro ou nem mesmo estavam

ligados à ela, sendo que trabalhavam como diaristas.

Além dessas entrevistas, realizadas de forma sistemática, com

roteiro de perguntas pré-estruturado, aconteceram diversas conversas informais,

em momentos distintos, com as mais diferentes pessoas que moravam ou

tinham algum tipo de relação com o Salva Terra. As conversas, como são aqui

designadas, foram feitas de forma que se pudesse registrar aspectos relevantes

do contexto da área de estudo, atentando para o cotidiano das famílias; o fato

de terem sido realizadas com diferentes pessoas (seminaristas, sacerdotes,

assistentes sociais, professores, moradores) permitiu um amplo arsenal de

informações que talvez se coloquem no mesmo patamar das entrevistas

formalmente realizadas.

A dificuldade em entrar e circular no Salva Terra, por si só,

prolongou em muito o trabalho de campo. O fato de ser a área uma ocupação

irregular, caracterizada por uma ordem de estigmas, impôs receios e temores

já que não se conhecia a realidade local, sobretudo os dados relativos à

violência organizada, que a todo instante eram acionados e reafirmados pelas

pessoas com as quais se manteve contato. De forma indistinta, todas as

pessoas com quem se teve contato enfatizavam nas suas falas o problema da

violência, que somente foi sentido por ocasião do trabalho de campo.

Neste sentido, uma série de questões eram recorrentes: como

fazer para entrar e circular na área? Havia necessidade de se fazer

acompanhar por alguém? Onde encontrar um mediador conhecedor da área e

com disponibilidade para esse trabalho? Como escolher os informantes? Qual o

tempo necessário para a realização do campo?

Os estigmas se constituíram numa barreira quase intransponível

num primeiro momento. Depois de muito refletir sobre todas as estratégias

possíveis para iniciar e realizar o trabalho de campo retomou-se o contato com

um grupo de seminaristas da Congregação Rogacionista da Igreja Católica, feito

37

por ocasião de um trabalho de pesquisa realizado durante o acesso a área.

Essa dificuldade inicial pôde ser contornada na medida em que foi

possível construir um leque de relações com esse grupo de seminaristas e com

uma assistente social que trabalha na área apoiando pequenos projetos

relacionados ao atendimento mais imediato das famílias que moram e vivem no

lugar.

As primeiras visitas seguiram o cronograma de atividade realizada

por esse grupo de seminaristas, razão pela qual se participou de vários eventos

e atividades relacionadas ao trabalho específico da pastoral como missas, visitas

às casas, reunião com o grupo de mulheres, dentre outras atividades. É

importante ressaltar que esses primeiros encontros ocorreram na área de invasão,

"ocupação consolidada", de um suposto proprietário francês, onde esse grupo

mantém um trabalho pastoral e assistencial mais sistemático.

O primeiro contato direto com as famílias do Salva Terra deu-se

em companhia de um seminarista, numa de suas atividades de pastoral, onde foi

possível percorrer toda a extensão do Salva Terra. Foi um dos momentos mais

significativos e decisivos na demarcação das estratégias posteriores da

investigação, pois várias dificuldades já se fizeram sentir nesse momento, como a

própria definição das pessoas que pudessem relatar a experiência vivida no Salva

Terra.

Após este contato foi possível perceber a necessidade de certos

cuidados para poder circular na área, devido aos problemas de segurança. Assim,

o cronograma da pesquisa ficou condicionado ao tempo das atividades

pastorais desenvolvidas pelo mediador. Ou melhor, todo o trabalho de pesquisa

na área ficou na dependência desse mediador e segundo a disponibilidade dos

informantes, o que geralmente ocorria nos finais de semana.

Assim, as entrevistas foram realizadas, de forma descontínua,

durante o período de junho a novembro de 2008. Contudo, outras atividades da

38

pesquisa continuaram sendo realizadas, a exemplo da participação semanal

nas reuniões organizadas por um grupo de moradores, que visavam a criação

de uma associação de "catadores de lixo".

Tratava-se de ficar o mais próximo possível das famílias a fim

de poder observar de perto as rotinas que se cadenciavam entre as

atividades de coleta, separação e venda do lixo nos depósitos encontrados no

Salva Terra. Foi possível observar que essa atividade é realizada

indistintamente por todos os membros da família, cada qual executando uma

atividade em consonância com o sexo e com a faixa etária. Enquanto os

homens, as mulheres e os filhos maiores saem para a coleta, percorrendo

os "caminhos do lixo", os filhos menores ficam envolvidos na separação do

lixo que é amontoado no interior ou na porta das moradias. Em todos os

lugares do bairro existem amontoados de lixo.

É pelo fato da atividade envolver todos os membros da família

que no presente trabalho utiliza-se o termo "família" ao invés de se fazer referência

à expressão "catadores de lixo", utilizada para designar todas as pessoas que

vivem da coleta do material reciclável.

As atividades realizadas pelos informantes seguem uma rotina

desgastante, pois além de saírem para a coleta do lixo, na qual utilizam

carrinhos puxados por eles próprios ou por animais, são obrigados a separar

o material coletado quando chegam da "rua", já que necessitam comercializá-

lo de imediato.

Vale ressaltar que, como toda escolha, essa entrada para o

trabalho de campo implicou em fazer determinadas opções. As escolhas

orientam e definem todo o processo da pesquisa, que consiste na escolha dos

mediadores, dos informantes e o tipo de informação cuja implicação se vê nos

39

resultados da própria pesquisa.

Figura 6 – Abordagem a um proprietário

Foi possível observar que os informantes posicionavam-se de

forma muito parecida à do mediador, devido às relações estabelecidas

previamente entre eles. É importante salientar que o mediador representa ali no

Salva Terra a presença da Igreja Católica, o que implica uma leitura

condicionada pelos princípios de visão e divisão do mundo social (BOURDIEU,

1989, p.113).

Em decorrência disso, todos os informantes escolhidos para a

pesquisa são católicos e de certa maneira ligados às atividades desenvolvidas

pela igreja católica no local. A associação da presente pesquisa ao trabalho

por ela desenvolvido era quase que automática, a despeito do cuidado que se

teve de manter a separação, explicando-lhes que atividade de pesquisa não estava

ligada à Igreja e sim à Universidade.

Em determinados momentos, ficou muito difícil a dissociação desta

pesquisa das atividades desempenhadas pelo mediador, pois este nos

acompanhou em quase todas as entrevistas e visitas ao Salva Terra. Se por um

lado a presença, a companhia do mediador possibilitaram adentrar nos meandros

40

do Salva Terra, de modo a criar uma certa confiança na pesquisadora por

parte dos informantes,permitindo-a adentrar em suas casas e locais de trabalho,

por outro lado, essa escolha implicou num acesso restrito a uma rede de

informantes,balizados numa forma de compreender o mundo,ou seja, os

princípios construídos nos limites das mentalidades católicas.

Isto pode se constituir numa fraqueza do trabalho de campo se

levado em consideração o universo dos informantes, mas de outra forma, numa

força, na medida em que os informantes sentiam-se seguros e confiantes para

confidenciar determinados assuntos relacionados às suas vidas, que dizem

respeito à própria dificuldade de viver face aos problemas relacionados com

a violência. A relação de confiança que a pesquisa exige somente foi possível

em razão das relações que foram sendo construídas. O desafio consistia em

obter todos os elementos necessários para uma análise daquela realidade,

sem instaurar uma distância que pudesse simplificá-la ou mesmo reduzi-la ao

estado de curiosidade (BOURDIEU, 2003, p.10).

Os informantes com os quais se fez contato estão sujeitos a todo

tipo de constrangimentos, no local de moradia e na atividade da coleta de

material reciclável, quando passam grande parte do tempo na rua. Além disso,

vivem sob a ameaça de perderem seus locais de moradia e em conseqüência,

os locais de coleta de material reciclável.

Tornar público suas vidas privadas poderia colocar em risco o seu

destino, sobretudo por não terem controle sobre a forma como essas

informações poderiam ser usadas. Embora tendo conhecimento dos limites

impostos pelas escolhas para a realização do trabalho de campo, foi uma opção

consciente, pois nenhum instrumento, nenhuma metodologia pode garantir a

absoluta "neutralidade", tão pouco ser tão abrangente e ampla que pudesse

capturar e apreender toda a realidade.

Neste sentido, independentemente das restrições impostas, acima

mencionadas, foi possível acessar um leque de informações bastante

significativas sobre o Salva Terra. Uma vez que o resultado da pesquisa

41

cientifica é sempre parcial, não se tem a pretensão, nem a ilusão de esgotar o

real, mas de apresentá-lo a partir de uma leitura, de um olhar, sendo que esse

olhar toma com o ponto de partida a visão do mundo dos moradores do Salva

Terra. Vale ressaltar, portanto, que a opção pela pesquisa qualitativa e pelo

número reduzido de entrevistas tem caráter ilustrativo.

Muito embora tomando o lugar como partida para a análise, é

importante frisar que a proposta do presente trabalho de pesquisa é fazer

uma leitura dos conflitos sócio-ambientais urbanos, situados no contexto mais

amplo de produção da cidade. O lugar, enquanto fragmento urbano onde os

conflitos se particularizam, mas situados na dinâmica dos processos de

urbanização.

Por isso, entende-se a necessidade de fazer uma breve reflexão

do debate sobre a urbanização e metropolização, cujas implicações fazem-

se presentes no crescimento e expansão da cidade, importando salientar que

essas leituras que buscam compreender os fenômenos urbanos tentam

apresentar as dinâmicas sociais e econômicas como parte desse processo.

42

Figura 6 – Mapa do projeto

43

CAPÍTULO 3 - VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL As condições preexistentes no meio ambiente, a demografia, o

sistema social e a infra-estrutura estão entre os principais fatores de

vulnerabilidade. Neste capítulo, realiza-se uma leitura inter-relacionada desses

fatores, bem como se identificam os espaços metropolitanos onde há

coincidência entre a vulnerabilidade social e a ambiental, demonstrando a

hipótese central desta tese, qual seja: espaços de risco ou vulnerabilidade

ambiental são espaços concentradores de populações socialmente

vulneráveis, vinculados a processos de segregação ambiental, onde se apresenta

uma distribuição desigual do dano ambiental.

3.1 ASPECTOS METODOLÓGICOS

A representação espacial de valores torna-se essencial nesta

parte do trabalho, pois acrescenta ao conjunto das informações disponíveis

uma nova dimensão para a análise. Trata-se se não só de saber quem e

quantos, mas também onde estão as pessoas ou famílias em situação de

vulnerabilidade.

Para fins deste estudo, são utilizados somente dados secundários

disponíveis nos censos demográficos realizados a cada 10 anos. Assim, mais do

que a descrição metodológica, são feitos aqui alguns comentários sobre as

potencialidades de análise derivada dos dados censitários.

Existe hoje, pela forma como as informações são disponibilizadas, um maior

grau de flexibilização na utilização e manipulação dos dados censitários. O

IBGE possibilita a aquisição do micro dados, ou seja, o registro de cada

indivíduo, que se organiza em unidades espaciais menores que o

município(setores censitários) permitindo de compor e compor diferentes

regionalizações.

As informações em nível de setores censitários se referem ao questionário

básico contendo perguntas referentes às características que foram

investigadas para 100% da população. No entanto, esse questionário não

contém algumas informações essenciais ao desenvolvimento da análise sobre

44

vulnerabilidade.

A novidade trazida pelo IBGE no Censo de 2000 foi a

possibilidade de se trabalhar as informações do segundo questionário numa

escala espacial também menor que o município: Áreas de Ponderação, que

são unidades geográficas, formadas por um agrupamento mutuamente

exclusivo de setores censitários. O agrupamento foi realizado obedecendo a

alguns critérios, tais como tamanho, em termos de domicílios e de população

que garantisse a expansão da amostra sem perder sua representatividade;

contigüidade, garantindo o sentido geográfico; e homogeneidade, em relação

ao um conjunto de características populacionais e de infra-estrutura

conhecidas.

Dessa forma, decidiu-se trabalhar com as Áreas de posseiros,

com utilização de todas as informações levantadas pelo Aerolevantamento.

A digitalização dos setores censitários permitiu tratamento

interativo do banco de dados gerado pelas operações com as imagens. Nesse

sentido, a utilização da tecnologia do Sistema de Informações Geográficas

(SIG), sistema informatizado que tem a capacidade de associar bases de

dados quantitativos e informações georreferenciadas, permitiu avançar

nessa direção.

A identificação espacial das áreas em situação de vulnerabilidade

sócio-ambiental foi possível através do georreferenciamento da vulnerabilidade

pela combinação de dois mapas.

O mapa correspondente a vulnerabilidade ambiental, destaca as

áreas sujeitas à inundação, ou seja, para o município de Bacabal utiliza-se as

informações das áreas que sofreram inundação/saturação hídrica no período

chuvas combinando as informações disponíveis em alguns órgãos estaduais

sendo esta, a informação mais completa, já para os demais municípios utilizam-

se informações sobre áreas de várzea. O segundo mapa corresponde as áreas

segundo seu grau de vulnerabilidade social que são identificadas através

da combinação de alguns fatores a partir de cruzamentos de variáveis

45

demográficas, sociais e econômicas.

Por meio de geoprocessamento, foram feitas sobreposições

(Overlayer) das cartografias geradas, possibilitando a identificação dos

pontos de maior vulnerabilidade socioambiental.

3.2. VULNERABILIDADE SOCIAL

3.2.1 Aspectos Conceituais

Por se tratar de um tema emergente em matéria de população e

desenvolvimento, a noção de vulnerabilidade social não está consolidada e

possui múltiplos sentidos de interpretação.

O sentido literal de vulnerabilidade é "qualidade de vulnerável",

que se aplica ao lado fraco de um assunto ou questão ou do ponto por onde

alguém pode ser atacado, ferido ou lesionado, física ou moralmente. No uso

corrente, vulnerabilidade denota risco, fragilidade ou dano. Para que se produza

um dano, devem ocorrer: um evento potencialmente adverso, ou seja, um risco,

que pode ser exógeno ou endógeno; uma incapacidade de resposta a tal

contingência seja ela de caráter pessoal ou na forma de carência de fontes

externas de apoio; e uma inabilidade para adaptar-se ao novo cenário

gerado pela materialização do risco.

Segundo Rodriguez (2001), uma pessoa é vulnerável porque

pode ser lesionada -, é o mesmo que se diz de uma aeronave que é

vulnerável ao ataque inimigo ou de uma determinada espécie que é

vulnerável à voracidade de outra. Por outro lado, a invulnerabilidade está na

proteção total de forças externas causadoras de danos. Entre esses dois pólos

há um gradiente determinado pelos recursos pessoais ou opções alternativas

para enfrentar o efeito externo, ou seja, quanto maior a disponibilidade de

recursos ou de opções, menor é a vulnerabilidade. Nesse sentido, a noção de

risco torna-se relevante para o estudo da vulnerabilidade, já que se refere à

possibilidade da ocorrência ou presença de um evento adverso, seja ele de

qualquer natureza, para a unidade de referência.

Um dos usos mais correntes da noção de vulnerabilidade refere-

46

se a grupos específicos de população, sendo utilizado para identificar

grupos que se encontram em situação de "risco social", ou seja, compostos

por indivíduos que, devido a fatores próprios de seu ambiente doméstico ou

comunitário, são mais propensos a enfrentar circunstâncias adversas para

sua inserção social e desenvolvimento pessoal ou que exercem alguma

conduta que os leva a maior exposição ao risco. No entanto, identificar

grupos vulneráveis é tarefa difícil, em razão de sua grande heterogeneidade

e da grande quantidade de risco existentes Rodriguez (2001) sugere que a

noção de vulnerabilidade precede a Identificação dos grupos, posto que exige

especificar riscos e determinar tanto a capacidade de resposta das unidades de

referência como sua habilidade para adaptar se ativamente. A distinção entre

esses componentes também é tarefa difícil, por sua grande variedade e

complexidade. Nesse sentido, a fragilidade institucional e a falta de equidade

socioeconômica podem ser consideradas riscos, pois obstruem o

desenvolvimento socioeconômico e impedem a coesão social. Assim numa

situação específica como um acontecimento ambiental danoso, tais fatores

passam a debilitar a capacidade de resposta de alguns segmentos da sociedade.

A idéia da possibilidade de controlar os efeitos da "materialização

do risco" deve estar presente no estudo de vulnerabilidade social, dado que esta

compreende tanto a exposição a um risco como a medida da capacidade de

cada unidade de referência para enfrentá-lo, seja mediante uma resposta

endógena ou à mercê de um apoio externo (CEPAL/CELADE, 2002).

Nos últimos anos, elaborou-se um complexo discurso conceitual e

analítico em que se vincula a situação micros social (os ativos de diversas

naturezas das famílias, que podem contribuir para a mobilidade social ou, ao

menos, melhorar as condições de vida) à macro social (a estrutura disponível

para as famílias e seus membros). A vulnerabilidade social consistiria no

desajuste entre essas duas dimensões (RODRIGUEZ, 2001).

Também a noção de "desvantagens sociais", assim como definida

por Rodriguez (2001), possui papel importante no estudo de vulnerabilidade, pois

significa "condições sociais que afetam negativamente o desempenho de

47

comunidades, larese pessoas, o que corresponde a menores acessos

(conhecimento e/ou disponibilidade) e capacidades de gestão dos recursos e das

oportunidades que a sociedade entrega para o desenvolvimento de seus

membros".

A desvantagem social possui diversos componentes, que podem

expressar-se por meio da desigualdade socioeconômica. Assim, a pobreza

pode se constituir num fator de desvantagem social, pelas limitações que

ela impõe aos indivíduos, mas também pode ser resultado de tais

desvantagens.

Tradicionalmente, em nível de famílias, a vulnerabilidade está vinculada à

capacidade de resposta e ajustes frente às condições adversas do meio, ou

seja, a capacidade que as famílias têm de mobilizar ativos, escassos ou não,

para enfrentar as adversidades. As famílias ou pessoas com pouco capital

humano, com ativos produtivos escassos, com carências no plano da

informação e das habilidades sociais básicas, com falta de relações pessoais e

com pouca capacidade para manejar seus recursos, estão em condições de

vulnerabilidade diante de qualquer mudança ocorrida em seu entorno imediato.

Ainda segundo Rodriguez (2001), existe também um conjunto de

características demográficas que estão ligadas à capacidade de mobilizar

ativos, tomadas, por isso, como desvantagens sociais. A esse conjunto de

características, descritas adiante, o autor denomina "vulnerabilidade

demográfica".

A noção de vulnerabilidade demográfica além de atual é também

flexível, à medida que permite considerações simultâneas de vários aspectos

das unidades domésticas - ou famílias -, que podem ter trajetórias distintas,

com o avanço da transição demográfica e o desenvolvimento econômico e

social. Por isso mesmo, há que se ter em conta os aspectos demográficos que

geram dificuldades, limitações ou menores opções nos processos de aquisição

e habilitação para o manejo de ativos em uma sociedade moderna.

Rodriguez (2001) aponta a vulnerabilidade demográfica como uma

48

faceta das desvantagens sociais e, em seu estudo para alguns países da América

Latina, agrupou as características demográficas básicas nas três dimensões da

unidade doméstica apresentadas a seguir:

No plano de formação das unidades domésticas, são assinalados dois

fenômenos que tendem a acentuar a vulnerabilidade demográfica. O primeiro

consiste no incremento da uniparentalidade, pois uma família formada por

chefe e cônjuge estaria em melhores condições para atender satisfatória

mente aos requerimentos emotivos, de tempo, de trabalho e financeiros para a

manutenção de um lar com dependentes menores. O segundo fenômeno diz

respeito à crescente porcentagem de mulheres chefes de família, as quais

tendem a enfrentar maiores dificuldades para seu desenvolvimento cotidiano.

Esse fenômeno, ao mesmo tempo em que reflete um fortalecimento da posição

da mulher, pode ser tomado como um risco, dependendo do tipo de chefatura.

Por exemplo, a chefatura de mulheres idosas, por circunstância da morte do

marido, é bem distinta da chefatura de mulheres em idade reprodutiva e com

filhos provocada pelo abandono do marido ou pela dissolução do casamento.

As unidades domésticas que se encontram nas etapas finais do

ciclo pelas restrições biológicas, e nas etapas iniciais, pela falta de experiência

e pouco tempo de duração tenderiam a apresentar mais dificuldade para dispor

de ativos, no caso das de formação recente, ou para manter e manejar os

ativos, no caso das de etapas finais, pelo esgotamento das reservas e

perda de habilidade.

Quanto a chefes adolescentes ou muito jovens, estão presentes

as contradições manifestas entre as obrigações da chefatura e os papéis que a

sociedade define para os jovens, marcado pela moratória de responsabilidades

e a consignação. O grau de vulnerabilidade marcada por esta condição pode

ser distinto, dependendo do motivo da chefatura, se por paternidade, se por

saída espontânea da residência dos pais ou se por uma saída passageira, por

motivos de estudo, por exemplo.

49

No caso de chefes idosos, é uma condição que pode estar

relacionada à transição demográfica, ou seja, áreas com grande percentagem

de idosos tende manter mais lares chefiados por idosos, e a renda desses

chefes pode ter níveis superiores à média, pois estariam colhendo frutos de

uma trajetória laboral prévia. Segundo Rocha (2003), existem suficientes

evidências empíricas no Brasil de que os idosos se beneficiam de uma série

de mecanismos políticos que permitem que,como grupo etário, seja aquele

para o qual a incidência de pobreza é baixa.

3.2.2. Aspectos demográficos tradicionais

O tamanho da família (número de membros) seria um indicativo

de vulnerabilidade, ou seja, famílias mais numerosas teriam desvantagens

na sociedade moderna, pois requerem maiores custos para sua manutenção e

menor capacidade de acumulação. As deseconomias de escala estariam

vinculadas à rigidez na oferta de bens e serviços, que supõe, em média, um

tamanho de família pequeno. Também o funcionamento de uma família extensa

pressupõe um conjunto de compromissos, hábitos e regras que podem interferir

na forma habitual de fazer as coisas numa sociedade cuja norma são famílias

pouco numerosas. Aqui também as evidências empíricas convergem para um

menor rendimento em famílias maiores, ou seja, os pobres vivem, em média, em

famílias maiores.

Um número maior de crianças implica desvantagens para a

família, no sentido de que os recursos se diluem na criação de menores, os

quais não estão em condições de aportar recursos. O variável número de

crianças se aproxima das relações entre comportamento reprodutivo e

desvantagens sociais. Nesse sentido, Rocha (2003) mostrou que, no Brasil,

54% das crianças com menos de quatro anos possuem rendimento familiar per

capita abaixo da linha da pobreza.

50

Na utilização de indicadores de "dependência", a escala de

famílias proporciona melhor aproximação da pressão ou carga demográfica,

refletindo, de forma sintética e precisa, o potencial de recursos humanos de

que dispõe a família para prover sua manutenção e enfrentar adversidades

externas.

3.2.3. Escolha das Variáveis

Para a escolha das variáveis, além das premissas conceituais,

utilizou-se de técnica subjetiva, ou seja, de acordo com o conhecimento que o

pesquisador tenha. As variáveis escolhidas para compor este estudo deveriam ter

componentes que implicassem vulnerabilidade. Nesse sentido, foram escolhidas

algumas variáveis que indicam desvantagens sociais, relativas a grupos de

pessoas e unidades domésticas, que podem se referir tanto a famílias como o

domicílios e, em alguns casos, o agrupamento de pessoas. A importância dada

às características sócias demográficas relativas à unidade familiar tem por

pressuposto que, na sociedade moderna, determinadas características das

famílias limitam a acumulação de recursos.

As variáveis com os componentes econômicos, sociais e

demográficos, a escala de domicílios, famílias ou grupos de pessoas foram

traduzidos inicialmente em 22 indicadores, apresentados no quadro 3.1.

Todos os indicadores foram calculados tendo como referência

espacial as Áreas de Expansão da Amostra - IBGE, podendo, dessa forma,

identificar, para aqueles municípios maiores, sua heterogeneidade, agregando

uma nova dimensão à noção de segregação espacial.

51

CONCLUSÃO

Numa avaliação custo-benefício é necessário levar em

consideração que se separe o aspecto privado do aspecto coletivo. A

sustentabilidade econômica do empreendimento é incontestável, sob o ponto

de vista privado. Tendo em vista o aspecto coletivo, se faz necessário avaliar

os impactos positivos e negativos que empreendimento trará à população local.

No momento de elaboração do Estudo de Impacto Ambiental

(EIA) é fundamental que se tenham elementos objetivos para fazer a avaliação

dos benefícios e dos custos, bem como nos relatórios sobre o diagnóstico

sócio-econômico e ao impacto ambiental a serem produzidos pela organização.

No que diz respeito ao risco de acidentes ao transporte da

matéria-prima e dos derivados, com a construção de diques de contenção e

com a pavimentação de vias, é essencial manter todo tipo de cautela contra

eventuais acidentes no manejo.

Sobre o risco de acidentes, recomenda-se todo tipo de cautela

contra eventuais acidentes no manuseio e transporte da matéria-prima e dos

derivados, com a construção de diques de contenção e com a pavimentação de

vias.

A majoração na arrecadação pode oferecer maiores recursos

para os governos locais, para investir em educação, saúde e infra-estrutura.

Isto permitirá o aumento na oferta de serviços públicos, com a conseqüente

melhoria da qualidade de vida da população.

Finalmente, utilizando-se de recursos visuais na associação

entre informações sociais e ambientais chegaram-se à conclusão central,

em que confirma a tendência de determinados grupos com nítida

desvantagem social em relação aos demais grupos (ou seja, em piores

situações econômicas, habitacionais, educacionais e com determinadas

características demográficas) residirem, mais freqüentemente, em áreas

sujeitas a risco ambiental. Assim, as desigualdades manifestam-se nas

52

esferas social e espacial, numa estrutura onde se reconhece a

dualidade dos espaços, embora já haja indícios de certa fragmentação social.

Muito embora a tendência quanto à conjugação de pobreza e

degradação já fosse esperada, este trabalho avançou em termos da

espacialização do fenômeno, podendo identificar as áreas de possível

intervenção de políticas públicas. Quanto à quantificação mais precisa das

pessoas envolvidas, há ainda a necessidade de se fazer um estudo mais

aprofundado no que se refere ao cruzamento das variáveis selecionadas, mas

no nível das áreas aqui já identificadas.

Dado que a metodologia aqui desenvolvida é de fácil assimilação,

ela pode ser empregada para outras áreas com características de

aglomerações urbanas, na identificação de áreas de vulnerabilidade

socioambiental, podendo não se restringir ao risco aqui analisado, mas ser

aplicada para as populações residentes próximas a fontes poluidoras, lixões,

em áreas com risco de deslizamento, podendo até haver sobreposição de

riscos.

53

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