UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · fidelidade na minha vida. Senhor tu és...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A EVOLUÇÃO E A LIDERANÇA DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO. Por Danielle Gonçalves de Oliveira Orientador: Adélia Araújo Niterói 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A EVOLUÇÃO E A LIDERANÇA DA MULHER NO MERCADO DE

TRABALHO.

Por Danielle Gonçalves de Oliveira

Orientador:

Adélia Araújo

Niterói

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A EVOLUÇÃO E A LIDERANÇA DA MULHER NO MERCADO DE

TRABALHO

Apresentação de monografia à AVM

Faculdade Integrada como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão de Rh.

Por: Danielle Gonçalves de Oliveira

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que mais uma vez mostrou sua

fidelidade na minha vida. Senhor tu és fiel!

A minha mãe Marilene que amo muito, a principal por eu chegar até

aqui.

Ao meu irmão Ricardo pela sua compreensão.

Ao meu padrasto Lemos, por sua dedicação.

A minha sogra Cristina pelas suas palavras de carinho e determinação,

por todos os conselhos dados que me tornaram uma pessoa melhor.

Ao meu namorado Nold pela sua cumplicidade, pelo seu cuidado

comigo, por ser essa pessoa especial que me faz muito feliz.

Enfim, quero agradecer a todos que de alguma maneira me ajudaram a

concretização deste projeto.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu Deus, que é

digno de toda honra glória e louvor.

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RESUMO

O universo feminino abrange várias situações que colocam a mulher

numa escassez de tempo e de oportunidades para desenvolver sua satisfação

profissional. Como o papel de administradora do lar, onde os problemas

domésticos, maternais e matrimoniais passam por ela para serem

encaminhados às suas devidas soluções. Quem é mulher, esposa e mãe

conhecem bem o “jogo de cintura” para lidar com um cotidiano cheio de

afazeres. Contudo, existe na mulher um interesse de prosperar, de se realizar

em uma profissão. Levada por necessidades econômicas, percepção de

oportunidades de mercado e concretização de sonhos pessoais, ela tem se

destacado com desenvoltura no mundo organizacional.

As mudanças e alterações visíveis que decorrem da entrada das

mulheres no mercado de trabalho não as brindaram certamente, com uma nova

vida. Somos o reflexo da imagem de todas as mulheres, e a modernidade é

exclusivamente dada pela nova fase do sistema capitalista e não em novas

relações humanas igualitárias.

O tipo da mulher estabelecida em determinados momentos históricos,

está em relação direta com o grau de desenvolvimento econômico por que

atravessa a sociedade. Ao mesmo tempo em que se experimentam

modificações nas condições econômicas com a evolução das relações de

produção, experimentam-se mudanças nos aspectos comportamentais das

mulheres. A mulher moderna, como “tipo ideal” não poderia surgir a não ser

com o aumento quantitativo da força de trabalho feminino assalariado, e da

inserção em massa das mulheres no mercado de trabalho.

Mas, apesar das reconhecidas transformações por que tem passado a

situação das mulheres em relação a sua participação no mercado de trabalho e

nas conquistas de direitos civis e políticos, persiste, evidente e visivelmente,

uma diferença gritante na inserção produtiva entre os gêneros,o que ainda não

proporciona a mulher o seu devido valor.

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METODOLOGIA

Essa pesquisa tem como objetivo estudar a História das questões

Sociais, econômicas e políticas que desenvolvem um contexto propiciando a

evolução das lideranças femininas no Brasil. Estudando a evolução e a

liderança feminina no mercado de trabalho, buscando fatores contribuintes para

o crescimento e a liderança feminina.

Pesquisa teórica, de caráter exploratório, que tem como fonte de coleta

de dados a bibliografia disponível em mídias impressas e digitais, como Livros,

artigos e trabalhos acadêmicos, publicados nos últimos anos.

A pesquisa tem como objetivo mostrar resultados e as conclusões que

ao longo da história a mulher tem procurado alcançar no mercado de trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I-A Evolução histórica no mercado de trabalho 10

I.2 – O progresso e a revolução nos parâmetros femininos 14

CAPÍTULO II - A diversidade de Gêneros e desigualdade salarial 20 CAPÍTULOIII Liderança feminina 29 CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA 39

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INTRODUÇÃO

O seguinte trabalho tem como objetivo estudar a evolução e a liderança

da mulher no mercado de trabalho. Descrevendo o contexto político e

econômico no Brasil dos últimos 50 anos.

O mundo vem apostando nos valores femininos, isto é, a mulher vem

ocupando seu espaço em postos nos tribunais superiores, nos ministérios, nos

topos de grandes empresas, em organizações de pesquisa em tecnologia de

ponta. Inclusive em “trabalhos braçais”, antes muito visto como um espaço para

o publico masculino, hoje já notamos mulheres à frente de obras, dirigindo

ônibus, pilotando aviões, entre outras atividades.

Não há dúvidas que nos últimos anos a mulher vem ocupando mais

seu espaço no mundo organizacional. Essa mudança não vem ocorrendo

somente nos países desenvolvidos, mas também nos países em

desenvolvimento como no Brasil. Isto tem sido um ponto favorável para o

mundo feminino.

Foi com a consolidação do sistema capitalista no século XIX, que

algumas leis passaram a beneficiar as mulheres. O Advento da Constituição

Federal de 1988, a igualdade entre homens e mulheres em todos os níveis,

inclusive na questão do trabalho foi promulgada e amplamente alardeada. Esta

igualdade promoveu uma nova fase no direito do trabalho da mulher, o

chamado direito promocional.

A mulher no século XXI passa a ter sua própria renda, é maioria

entre os detentores de cartão de crédito, impulsionam a economia e são donas

de seus próprios narizes. Mas ainda há muito para ser conquistado, pois os

salários não são iguais aos dos homens. Esse é o ponto doloroso, a

desigualdade salarial, e o preconceito ainda existem, ou seja, as mulheres

continuam em uma condição de desvantagem em relação ao homem. Um dos

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fatores históricos deu início na I e II Guerras Mundial, as mulheres tiveram que

assumir a posição dos homens no mercado de trabalho.

Nesta pesquisa abordaremos a evolução e a independência da

mulher nos últimos tempos, apresentaremos conceitos e características de

liderança de forma geral Identificando as oportunidades e ameaças da mulher

no Mercado de trabalho e as possibilidades de liderança.

A luta das mulheres por igualdade profissional vem de longa data.

Melhores salários, oportunidades iguais às dos homens, mas, acima de tudo,

respeito no ambiente profissional.

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CAPÍTULO I

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA INSERÇÃO DA MULHER

NO MERCADO DE TRABALHO

As relações históricas que envolveram as mulheres, sempre foram

pautadas em condições que traduziam costumes patriarcais, e

conseqüentemente, a submissão do sexo feminino perante o masculino. O

papel das mulheres estava bem definido.

Responsabilizadas pela educação dos filhos, pela coesão familiar e por

todos os afazeres domésticos, as mulheres estavam distanciadas do mercado

formal de trabalho.

Os homens, no entanto, responsabilizados em manter o sustento da

família, tornavam-se legítimos “chefes familiares” com um leque grande de

poderes perante todos da casa. Estabelece-se a partir deste momento o

enaltecimento da figura masculina perante a feminina.

(Madeira (1997 pág.3) ressalta que a mulher era moldada sob a

condição de mãe e de esposa, seguindo-se daí atividades de gestão da casa,

do filho e do marido, enquanto o homem era visto como o pai e o marido,

provedor das necessidades da família, daí ser considerado o chefe.

Esse par mantém idealizada uma relação que determina o comando e

a subordinação, distanciando-se, primeiro, através dos costumes, em seguida,

formalizando-se e institucionalizando-se em práticas que podem ou não podem

ser realizadas por um ou por outro.

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“O cuidado com as crianças, com os doentes e com os

velhos e as tarefas domesticas, diz-se geralmente que

são próprias da mulher, enquanto que o homem pela

racionalidade, o auto-controle,a tomada de decisões

assume a autoridade de chefe, no lar, muito embora, às

vezes ele não esteja no comando material e nem nas

decisões da casa e sim a mulher. “ (Madeira 1997, pág.3)

A partir do momento em que as mulheres saíram das casas para

buscarem um mercado formal de trabalho, as relações alinhavaram-se a partir

da idéia de progresso, as mentalidades foram se abrindo para a mudança e

elas aos poucos ganham espaço, cercadas de olhos curiosos e

discriminatórios. Ressalta-se, que os primeiros contatos da mulher com o

mercado de trabalho foram drasticamente discriminatórios, ou ainda quando

eram vistas como “custo benefício” para o empregador, por ofertar salários

baixíssimos e incompatíveis com as atividades exercidas, apenas com o intuito

de obter lucro sobre a força de trabalho feminina.

No entanto, graças ao processo evolutivo da sociedade e aos modelos

jurídicos propostos pelo estado na tentativa de regulamentar as relações de

trabalho da mulher, foi possível estabelecer sua efetiva permanência no

mercado de trabalho com suas garantias asseguradas juridicamente, ao passo

de evitar tais abusos que eram praticados com freqüência. Dessa forma,

acompanhando tais aspectos, podemos perceber as relações entre o progresso

do direito ao acesso ao trabalho conquistado pelas mulheres ao longo da

história, demonstrando a força ideológica estabelecida que este exerce sobre

as bases sociais.

A mulher por anos restringiu-se a desenvolver ações que a preparavam

para ser uma boa esposa e mãe, consequentemente, deste modo, desfrutaria

de um bom casamento. Desde criança recebia os princípios de uma moral

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comportamental que a tornaria futuramente em uma “esposa perfeita”.

Recebidos estes ensinamentos e alimentados pela fragilidade do sexo

feminino, as mulheres acabavam aceitando tal condição e tornavam-se

mecanismos de autocontrole da sociedade em torno do comportamento das

outras mulheres.

Estigmatizadas e com um futuro já traçado, restava-lhe desenvolver os

ensinamentos da melhor forma possível. Distanciadas da vida política e dos

direitos, a mulher era então excluída da vida social, de qualquer função política

e religiosa. Era considerada como invisível, pois não havia representatividade

alguma, além de que, a grande maioria era analfabeta e subordinada

juridicamente ao homem.

A historiadora Priore (2000 pág.9) em sua obra “Mulheres no Brasil

Colonial” tece algumas considerações atinentes ao regime patriarcal:

“O sistema patriarcal instalado no Brasil colonial sistema

que encontrou grande reforço na Igreja Católica que via

as mulheres como indivíduos submissos e inferiores,

acabaram por deixar-lhes, aparentemente, pouco espaço

de ação explicita. Mas insisto: isso era apenas mera

aparência, pois, tanto na sua vida familiar, quanto no

mundo do trabalho, as mulheres souberam estabelecer

formas de sociabilidade e de solidariedade que

funcionavam, em diversas situações, como uma rede de

conexões capazes de reforçar seu poder individual ou de

grupo, pessoal ou comunitário.” (PRIORE; 2000 p. 9).

Uma vez que o sistema jurídico não proporcionava direitos iguais aos

do homem, as mulheres aos poucos se colocavam a luz do sol e saiam de suas

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casas, mesmo que para realizar trabalhos voluntários e com pouca ou

nenhuma representatividade social, no entanto, era um começo.

Diferentemente da historiadora Giron (2008 pág.103), que acredita que

as mulheres acabaram garantindo sua própria exclusão de direitos, seja ela,

nas relações familiares ou jurídicas.

“São as próprias mulheres que garantem a

exclusão de sua existência como mulheres, pois agiram

sempre de forma a garantir o poder dos homens.” (Giron

2008, p. 103),

Para Maluf; Mott (1998 pág.138) a mulher possuía seu horizonte

limitado ao lar, a qual aspirou ao cargo de “rainha do lar”, enfatizando o tripé

mãe – esposa – dona de casa.

“A crença de uma natureza feminina propunha à mulher a

vida privada: casar, ter filhos e educá-los”. (Maluf; Mott,

1998, pag.138)

Isto é Acostumadas a vivenciar um modelo de sociedade em que as

mulheres não possuíam vez e nem voz, este condicionamento ao homem se

tornava natural.

Com todo acontecimento ocorrido a vida moderna pulverizada no meio

literário auxiliava a propagação pelo rompimento de determinadas regras e

costumes em prol da inovação que se apresentava.

Nem que para atingir determinado grau de progresso, fosse necessário

romper com antigas instituições moralizadoras como as que envolviam a

família.

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1.2 - O progresso e a revolução nos parâmetros femininos

Ao passo que a mulher detinha o “poder biológico”, ou seja, de

reprodutora da prole, o homem ao longo da história foi desenvolvendo o “poder

cultural” na medida em que os processos tecnológicos foram sendo

aprimorados.

A introdução de novas tecnologias e de capitais estrangeiros no Brasil

desenvolvem a idéia de progresso a todo custo. A modernização das cidades,

principalmente as maiores, favorecia mudanças sociais, estruturais e mentais

na sociedade. A modernidade se aproximava e o progresso fazia-se

necessário.

Segundo o historiador Fausto (2002 pág.140), o progresso significava

uma sociedade mais moderna, onde ampliaria os conhecimentos técnicos e os

movimentos de várias expansões.

“A modernização significa a modernização da sociedade

através da ampliação dos conhecimentos técnicos, do

industrialismo, da expansão das comunicações.

(FAUSTO, 2002, p. 140)

No entanto, como obter o progresso efetivo se nas bases

constitucionais o reconhecimento da mulher ainda estaria por vir?

O Código Civil brasileiro de 1916, em seu artigo 233, atribuía “O marido

é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a colaboração da

mulher, no interesse comum do casal e dos filhos” além de que cabia ao

marido a representação legal da família e o direito de autorizar a profissão da

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mulher. O referido modelo jurídico colaborava com a idéia de mulher

subordinada ao homem. O marido decidia e administrava todos os bens do

casal, inclusive os de posse da esposa. Além do mais, por anos as mulheres

estiveram a mercê dos direitos e declaradas como inabilitadas para o exercício

de determinados atos civis. No entanto, a partir deste ordenamento jurídico, a

manutenção da família passou a ser responsabilidade dos cônjuges.

Michel Focault (1985 pág.149) em “História da sexualidade”, afirma

que:

“O casamento exigia um estilo particular de conduta,

sobretudo na medida em que o homem casado era um

chefe de família, um cidadão honrado ou um homem que

pretendia exercer, sobre os outros, um poder ao mesmo

tempo político e moral; e nessa arte de ser casado, era o

necessário domínio de si que devia dar sua forma

particular ao comportamento do homem sábio, moderado

e justo.” (FOCAULT, 1985, p. 149).

Observa-se, portanto, que em muitos momentos históricos de

ampliação de direitos, as mulheres não foram abrangidas. Isso contribui para

retardar o seu direito à plena cidadania, cujo conceito sofreu modificações no

curso da história. Ocorre que a humanidade demorou a descobrir que o mundo

é feito de homens e mulheres, ou seja,mesmo após as revoluções americana e

francesa, das quais fizeram parte, as mulheres encontravam-se entre os

desfavorecidos de cidadania, pois não desfrutavam dos avanços legislativos

que, muitas vezes, sonegavam-lhe não só direitos políticos e civis, mas

também o direito à educação. E assim é que, no campo do trabalho, mormente

no das relações coletivas, registra a oposição sindical à integração das

mulheres nos seus quadros no início do século XX.

Entretanto, as transformações ocorridas nas três primeiras décadas do

século XX em relação ao comportamento feminino deixaram vários

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progressistas extasiados com tantas mudanças. O que antes era impensável, a

partir daquele momento tornava-se nítido aos olhos de quem quisesse ver.

Mulheres da classe média e alta passavam a sair sozinhas as ruas. Revistas

da época apresentavam formas para esculpir as silhuetas da mulher moderna,

bem como, a nova moda dos cabelos curtos. Diga-se que isto foi uma grande

revolução para os parâmetros da época. Antes o visual pautava-se nos cabelos

longos e ornamentados, assim como, as vestimentas que não marcavam tanto

a constituição do corpo feminino.

Discussões em torno das mudanças na ordem social acirravam os

ânimos. Possíveis culpados pela ruptura nos bons costumes eram procurados.

Os novos comportamentos, a modernidade e o consumo modificaram

as bases sociais. A industrialização deslocou a produção para fora do

domicílio. A mulher chega ao “mercado formal de trabalho.

Enquanto as mulheres de classes mais abastadas dedicavam-se a

conseguir um casamento que provesse seu sustento, desse modo, acabavam

dedicando-se as tarefas domésticas e ao cuidado dos filhos. As mulheres de

classes mais baixas necessitavam trabalhar para manter o subsídio da casa e

dos filhos, uma vez, que nestas classes a figura do marido nem sempre era

presente e tornavam-se comuna relações em que a mulher era a provedora do

lar.

Soihet (1989 pág.166) faz menção a seguinte passagem a respeito

das atividades femininas:

Estas mulheres, apesar de seus parcos ganhos, pois as

atividades femininas em geral são as mais desvalorizadas

e menos remuneradas, tinham papel relevante na

economia familiar, sendo que muitas delas viviam

sozinhas, garantindo sua subsistência e a de seus filhos.

(SOIHET, 1989, p. 166).

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Entre as atividades que eram desenvolvidas pelas mulheres, estavam

as profissões como professora, enfermeira, datilógrafa, taquigrafa, secretária,

telefonista, operária da indústria têxtil, de confecções e alimentícia. Mas ao

contrário do que se pensam as mulheres também desempenharam profissões

e trabalhos que exigiam força física, derrubando a teoria do sexo frágil,

proposta por médicos e juristas. Entre os trabalhos executados estava à

derrubada de matas, a construção civil, o artesanato doméstico, confecção de

produtos manufaturados e o pequeno comércio.

O progresso da sociedade contribuiu com a inclinação da mulher ao

mercado de trabalho. Além de trabalhar fora, a mulher necessitava garantir que

era boa mãe e esposa, dando conta de todos os afazeres domésticos. A

evolução em alguns aspectos como água encanada e energia elétrica

auxiliavam na vida doméstica, no entanto, poucos tinham condições para

comprarem eletrodomésticos e usufruir das tecnologias trazidas pelo

progresso.

As lavadeiras foram também profissionais que mesmo trabalhando em

casa, desempenharam um papel significativo no mundo que seguia a passos

largos rumo ao progresso. Foram durante muito tempo, elas que auxiliavam no

sustento do lar, lavando enormes quantidades de roupas das classes mais

abastadas.

Tomando por base os salários pagos para as mulheres, encontra-se

significativa diferença em relação ao trabalho de cunho masculino.

Normalmente as mulheres recebiam menos em função de haver a concepção

de que deveriam ser providas pelo marido ou homem da casa, não

necessitando deste modo, ganhar à mesma quantia salarial. Independente da

carga horária, esta era a concepção que permanecia.

Verifica-se que quando a mulher trabalha em casa, cria-se a idéia de

que “estará segura”, pois ainda está sendo vigiada. Quando o trabalho está

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fora do recôndito do lar, a autorização do marido era fundamental. Se não

ocorre a autorização existem duas hipóteses: a condição financeira da família

era baixa e a situação obrigava a mulher auxiliar no sustento do lar, ou então, a

mulher desafiou os “poderes” do marido e ingressou no mercado de trabalho

sem prévia autorização.

Por outro lado, as mulheres que podem buscar a ocupação fora do lar

têm mais recursos para proteger, dentro dele, sua integridade corporal diante

das agressões, pois a independência econômica é uma forte arma que poderá

contribuir para vencer essa humilhação. Ainda hoje, a violência sofrida por

mulheres no lar, nos diversos continentes, é um fato aterrorizador, que se

projeta também no trabalho, principalmente sob a forma de assédio sexual e

assédio moral, dos quais elas são as principais vítimas.

Para Ardaillon (1997 pág.34) em sua obra “O salário da Liberdade:

profissão e maternidade, negociações para uma igualdade na diferença”,

assegura os seguintes aspectos:

Desde os primórdios da Revolução Industrial, mulheres

trabalhavam fora de sua casa para assegurar o sustento

dos seus filhos e tiveram cotidianos angustiados pelos

problemas de casa levados para o emprego. A situação

nova com a profissionalização das mulheres é que o seu

cotidiano não se resume ao agora, mas é um projeto.

Profissionalizar-se é adquirir outra identidade, outro modo

de sociabilidade. Além do exercício de uma profissão e

além do significado de sua remuneração, o trabalho fora

de casa é, para as mulheres de classe média, um projeto

individualizador. (ARDAILLON, 1997, p. 34).

A profissionalização e a entrada no mercado formal de trabalho

favoreceram a concepção de busca pela liberdade no universo feminino, dando

inicio há uma série de movimentos feministas. No entanto, a busca por um

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lugar ao sol, não a livrou do peso de continuar exercendo os afazeres de uma

dona de casa, boa esposa e mãe.

No capítulo II abordaremos a diversidade de Gêneros e desigualdade

social, o que mostrará a dificuldade da mulher em ser inserida no mercado de

trabalho,a desigualdade salarial e todo os desafios enfrentados pela mulher

para chegar ao seu nível de valor.

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CAPÍTULO II

A DIVERSIDADE DE GÊNEROS E DESIGULDADE

SALARIAL.

As mulheres são a maioria da população e predominam entre os

desocupados, mas ainda são menos numerosas que os homens na população

ocupada: 44,4%, ou 9,4 milhões de trabalhadores nas seis regiões

metropolitanas investigadas pela Pesquisa Mensal de Emprego. Já o

rendimento das trabalhadoras com nível superior equivale a 60% do recebido

pelos homens com a mesma escolaridade. Ainda assim, entre as mulheres

trabalhadoras, 59,9% tinham 11 anos ou mais de estudo em janeiro de 2008,

contra 51,9% dos homens. Por outro lado, enquanto o percentual de

trabalhadoras com carteira assinada era de 37,8%%, entre os homens ele já

atingia 48,6% em 2008. Esses são alguns dados do estudo especial da PME

sobre a mulher no mercado de trabalho.

Em janeiro de 2008 havia 21,2 milhões de pessoas ocupadas (PO) no

total das seis regiões metropolitanas investigadas pela Pesquisa Mensal de

Emprego (PME) do IBGE, sendo que as mulheres representavam 44,4% desse

contingente, isto é, 9,4 milhões. Em relação à População em Idade Ativa (PIA),

elas eram 53,5% e na População Economicamente Ativa (PEA), eram 45,5%,

enquanto que na População Desocupada (PD), representavam 57,7%.

Em janeiro de 2008 a taxa de desocupação entre as mulheres foi de

10,1% e de 6,2% entre os homens. Em relação a janeiro de 2003 observou-se

queda na taxa de desocupação entre homens e mulheres, sendo que entre

elas essa queda foi de 3,4 pontos percentuais, enquanto que entre os homens

essa redução foi de 3,2 pontos percentuais, como mostra o gráfico a seguir.

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De acordo com a pesquisa realizada vimos que as mulheres possuem

um rendimento equivalente a 71,3% do recebido pelos homens. Ou seja,

rendimento médio habitual das mulheres em janeiro de 2008 foi de R$ 956,80,

enquanto que o dos homens foi de R$ 1.342,70 para o conjunto das seis

regiões metropolitanas investigadas pela Pesquisa Mensal de Emprego. A

partir desses valores, verifica-se que as mulheres recebem 71,3% do

rendimento dos homens. Na análise de cada região metropolitana, esse

percentual foi de 75,9% em Recife, 74,2% em Salvador, 65,2% em Belo

Horizonte, 75,6% no Rio de Janeiro, 70,4% em São Paulo e 69,3% em Porto

Alegre.

A partir dos dados da tabela abaixo, observa-se que entre 2003 e 2008,

o crescimento do rendimento da mulher foi maior no Rio de Janeiro, 16,5% (de

R$ 817,20 para R$ 952,90) e menor em São Paulo, onde houve redução de

2,2% (de R$ 1.100,86 para R$ 1076,40). Nota-se, ainda, que na região

metropolitana de São Paulo ocorreram os maiores rendimentos médios

habituais, tanto para os homens quanto para as mulheres. Por outro lado, em

Recife, homens e mulheres têm os menores rendimentos.

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Para as mulheres que possuem nível superior completo, o rendimento

médio habitual foi de R$ 2.291,80 em janeiro de 2008; enquanto que para os

homens esse valor foi de R$ 3.841,40. Ainda que comparando trabalhadores

que possuem o nível superior, o rendimento das mulheres é cerca de 60% do

rendimento dos homens, indicando que mesmo com grau de escolaridade mais

elevado as discrepâncias salariais entre homens e mulheres não diminuem.

Para a pesquisadora Amanda Fellows, doutoranda no Instituto de

Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), a explicação para tal fenômeno

reside em uma questão sexista: de posse das mesmas possibilidades que os

homens, as mulheres ainda são alvo de preconceito de gênero. Fellows chegou

a essa conclusão ao estudar as condições de acesso a cargos de alta chefia na

Câmara dos Deputados. “Elas entram por meio de concurso, mas internamente

têm dificuldades de ascender profissionalmente”, afirma. A pesquisadora

concentrou o olhar na massa de funcionários concursados da Casa para balizar

o acesso inicial às vagas. A diferença de gênero aparece nos cargos de alta

chefia, que são ocupados por processos internos, nos quais a mulher leva

desvantagem.

Segundo dados do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

utilizados na pesquisa, em 2005, apenas 16,4% dos cargos de DAS-6, um dos

de maior responsabilidade e remuneração, são ocupados por mulheres. Já o

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percentual de mulheres com DAS-1, de menor peso, chega a 45,2%. Em toda a

Câmara, apenas 25% das vagas de liderança são ocupadas por mulheres.

Outro resultado da pesquisa é que a sensualidade não é usada como

ferramenta para angariar conquistas profissionais.

A caminhada até o topo é árdua. Segundo os números, para elas as

mulheres ainda mais. Se os cargos de chefia são, em maioria, ocupados por

homens, seria natural que, ao chegar lá, as mulheres incorporassem algumas

características masculinas. Segundo o psicólogo Rommel Nogueira, seria de

grande importância algumas mudanças de comportamentos no mundo feminino

para melhor inserção no mercado de trabalho.

A mulher, principalmente, devido a seu grau maior de instrução, de

evolução da sua escolaridade e da conquista pela sua cidadania, se dá ao

direito de, assim como o homem, escolher a sua carreira. Com o mercado de

trabalho mais flexível e o nível intelectual superior as circunstâncias ajudam a

construção da carreira.

Mulheres mais instruídas, de nível sócio-econômicos mais elevados e

economicamente ativos passam a ter menor número de filhos e, ao mesmo

tempo,

tornam-se mais disponíveis para o trabalho. Desse modo à mulher, escolhe

uma carreira sem fronteira, onde ela consiga conciliar todos os seus

compromissos domésticos e profissionais, de maneira a não comprometer a

responsabilidade de cuidar do lar e educar os filhos. Isso para aquelas que

desejam constituir família. Existe ainda outro grupo de mulheres que abdicam,

por escolha própria ou por necessidade, de todos esses preceitos e sentem-se

satisfeitíssimas,surgindo um novo perfil de família, onde, por exemplo, existem

mulheres assumindo o papel de chefes de família, colaborando para que a

mulher escolha a sua carreira. Diversificando ainda mais o perfil dos

trabalhadores.

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Por isso, o entendimento de que uma forma de alcançar bons

resultados nesse universo é adotar alguns posicionamentos tipicamente

masculinos.

Segundo Yannoulas, (2002 pág.16) as mulheres, ainda, encontram

dificuldades de ascensão profissional.

“Enquanto, na ocupação dos cargos gerenciais,

exceto naqueles em que força física ou resistência é o

diferencial, a participação das mulheres deveria ter certa

igualdade com a dos homens, pois atualmente a

capacitação intelectual e a busca pelo conhecimento têm

sido cada vez maiores.” (Yannoulas,2002,pág.16)

A entrada da mulher no mercado de trabalho vai além de uma

sustentação familiar ou à busca por uma independência. A satisfação do bem

estar pessoal e psicológico torna-se fundamental e são pontos fortes para essa

conquista.

Nos dias de hoje em vários países do Mundo milhares de mulheres

ainda sentem os horrores da ignorância, da incongruência e do egoísmo

masculino, países como o Afeganistão onde os sanguinários Talebans em

nome da religião proíbem as mulheres de tudo (trabalhar, estudar, etc.), na

maior parte dos países árabes em nome desta tal religião as mulheres não

podem mostrar os seus rostos e muito menos rezar com os homens, em alguns

países africanos as mulheres vem os seus órgãos genitais serem mutilados

selvagemente em nome de tradições e praticas retrogradas, mesmo atem no

Mundo desenvolvido as mulheres tem tido diferenciações no trabalho, o seu

salário é inferior em relação ao dos homens, as mulheres sofrem ainda com a

brutalidade masculina dentro das suas casas sendo espancadas por maridos

bêbados, dementes e arrogantes que muita das vezes na ânsia de ter uma

relação sexual não correspondida violentam as suas próprias mulheres não se

importando com a dor e de dar a ela prazer. Na África as mulheres tem que

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suportar homens polígamos que muita das vezes são responsáveis pelo

contágio do vírus da AIDS (sida).

A análise das relações entre características do cargo e diferenças no

comprometimento de homens e mulheres nas organizações sugere que os

cargos ocupados por mulheres são piores remunerados e possuem menores

perspectivas de promoções, de maneira geral, os cargos ocupados por

mulheres também tem um menor número de características que estimulam o

comprometimento com a organização. Mulheres ocupam cargos de supervisão

em menor.

Segundo Laniado; Milani (2007 pág.214) a conquista de espaços no

mercado de trabalho e, logo, nas organizações, se deve aos movimentos

feministas de muitos anos antes, que acreditavam na transformação a partir da

conscientização, visando romper com as formas de dominação do masculino

sobre o feminino em todas as esferas da vida.

Conforme já afirmava Beauvoir (1980 pág.54) algumas décadas antes,

a emancipação feminina ocorre primeiramente pela emancipação econômica,

fazendo da mulher um ser capaz de prover suas próprias necessidades em

condição de igualdade com os homens. Assim ocorreu com o movimento

feminista, lutando primeiramente pela igualdade de direitos e emancipação

econômica.

Tempos depois Beauvoir (1999, p.470) faz uma distinção entre as

características de liderança masculina e feminina. Para ela, o homem dentro da

organização se impõe e tenta fazer com que os demais acreditem em sua

competência.

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“Nos negócios, e na administração, mostra-se

escrupulosa, minuciosa, facilmente agressiva.”

(Beauvoir 1999, p.470)

Souza-Lobo (1991 pág.152) destacou a diferença entre

movimentos feministas e movimentos de mulheres. Segundo a autora, no

Brasil, os movimentos sociais foram pouco estudados com o enfoque de

gênero, e muito pouco se explicou sobre a grande presença de mulheres nos

movimentos sociais reivindicatórios.

Embora sejam confundidos, não podemos dizer que

movimento feminista seja sinônimo para movimento de

mulheres. Este, de caráter eminentemente popular,

reivindicava melhorias das condições socioeconômicas

das mulheres, inclusive exigindo a solução de problemas

da esfera da reprodução, como creches públicas, por

exemplo. Não podemos perder de vista que, nesses

movimentos, embora estivessem ocupando espaços

políticos, as mulheres atuavam seguindo seus papéis

tradicionais. (Souza-Lobo 1991, pág.152)

De acordo com o autor articular estas categorias possibilitaria redefinir

o conceito “força de trabalho” em outras bases, reconhecendo que o capital

dialoga com o masculino e o feminino de forma diferenciada, discriminando a

mão-de-obra utilizada nos postos de trabalho.

Algumas novas modalidades de carreira são observadas no cenário

contemporâneo. Essas alternativas de carreira podem ser ótimas

oportunidades para a inserção da mulher no mercado de trabalho em

condições igualitárias em relação ao homem, uma vez que fogem do desenho

tradicional de carreira e possibilitam um tipo especial de relação entre o

colaborador e a empresa.

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As adaptações necessárias das organizações aos efeitos das

mudanças ambientais externas, crises, avanços tecnológicos etc. possibilitaram

a criação de novas modalidades de carreira, como: contrato de risco, contrato

temporário, teletrabalho, terceirização, quarteirização, trabalho em redes, além

de outras não citadas.

A participação feminina nas novas modalidades de trabalho é

significativa. E ocorre, principalmente, pela possibilidade de carga horária

reduzida, poder trabalhar em casa e a flexibilidade que oferece. Para aquelas

mulheres que desejam constituir um lar e uma família as novas modalidades de

trabalho são uma oportunidade para conciliar melhor a vida pessoal e

profissional. Atualmente, as mulheres conquistaram novos postos de trabalho,

novas profissões e, com isso, firmam-se como força de qualquer país.

Segundo Antunes (2001, p. 108) o trabalho feminino tem sido

reservados a áreas de trabalho intensivo, com níveis de exploração do

trabalho.

“Em que, salvo raras exceções, ao trabalho feminino têm

sido reservadas as áreas de trabalho intensivo, com

níveis ainda mais intensificados de exploração do

trabalho, enquanto aquelas áreas caracterizadas como de

capital intensivo, dotadas de maior desenvolvimento

tecnológico permanecem reservadas ao trabalho

masculino. Consequentemente, a expansão do trabalho

feminino tem se verificado sobretudo no trabalho mais

precarizado, nos trabalhos em regime part-time, marcados

por uma informalidade ainda mais forte, com desníveis

salariais ainda mais acentuados em relação aos homens,

além de realizar jornadas mais prolongadas”.( Antunes

2001pág.108)

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Pode-se notar alguma peculiaridade em todas essas novas

modalidades de carreira deixando o colaborador mais livre e menos

dependente do contato físico com a empresa.

No capítulo III abordaremos a Liderança feminina, de que forma as

mulheres estão lutando para conquistar seu espaço no mercado de trabalho, e

como tem conseguido permanecer almejando seus objetivos.

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CAPÍTULO III

A LIDERANÇA FEMININA

O papel da mulher na sociedade tem sido essencial. Cada vez mais ela

desempenha diversas atividades profissionais, derrubando fronteiras e

desfazendo preconceitos. Um fato que vem chamando a atenção é que a força

de trabalho feminina cresce de forma definitiva e constante, principalmente

entre os segmentos mais elevados. Já entre os de menor poder aquisitivo, o

trabalho informal, que sempre foi desempenhado preferencialmente pelas

mulheres, passou também a ser dividido com os homens. Resultado: menos

opções no mercado de trabalho para elas e redução da renda familiar.

Para Bruschini (1989 pág.), as mulheres desempenharam um papel

muito mais relevante do que os homens no crescimento da população

economicamente ativa, com um acréscimo de cerca de 12 milhões e uma

ampliação da ordem de 63% no período de 1985 a 1995.

Enquanto as taxas de atividade masculina mantiveram patamares

semelhantes, as das mulheres se ampliaram significativamente de 1985 a

1990. Um outro fator indicativo dessas mudanças é a intensa queda da

fecundidade, reduzindo o número de filhos por mulher, o que significa liberá-la

para o trabalho. Sem contar a expansão da escolaridade o acesso às

universidades que viabilizam novas oportunidades. Por fim, transformações nos

padrões culturais e nos valores relativos ao papel social da mulher,

intensificadas pelo impacto dos movimentos feministas desde os anos 70 e

pela presença cada vez mais atuante das mulheres nos espaços públicos,

alteraram a constituição da identidade feminina, cada vez mais voltada para o

trabalho produtivo.

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Hoje é fato que a participação das mulheres nas organizações ainda

não é igual à dos homens. Eles ainda detêm o poder, ocupando a maioria dos

cargos diretivos, que envolvem maior poder de decisão.

Mas também é fato a tendência de que as mulheres passem a ocupar

estes cargos, embora isso ocorra lentamente.

Conforme levantamento realizado por Neves (2002) na revista Exame,

das 500 maiores empresas do país, apenas duas possuem presidente mulher.

Das diretoras destas empresas (7,7% do total), apenas 9% têm

responsabilidade direta pelos lucros e prejuízos da organização. Apesar de

reduzida, a participação feminina em cargos de prestígio avançou nos últimos

anos, conforme mostra um estudo da Catho Online, realizado em fevereiro de

2009, em que aponta a participação feminina em cargos mais elevados nas

empresas brasileiras (CEOs e presidentes) de 21,43%. A elevação se reproduz

em outros cargos diretivos, como 17,47% vice-presidentes, 26,29% diretoras e

34,14% gerentes. No entanto, a pesquisa mostra também que a proporção de

mulheres é menos desigual em níveis inferiores das organizações brasileiras,

como supervisoras (47,58%), chefes (42,07%), encarregadas (55,58%) e

coordenadoras (55,67%). Percebemos que estruturas de poder nas

organizações são reflexo do poder na sociedade, logo, reproduzem as

desigualdades de gênero. Tendo forte componente cultural.

Segundo Andrade (2002 pág.9), as relações de gênero ocorrem

principalmente pela linguagem que possibilita o compartilhamento de

representações.

Bahia (2002 pág.23) traz a importância de analisar-se a cultura

organizacional para a compreensão da forma como as relações de gênero se

configuram nesses contextos. Tendo em vista que a cultura tem assumido nos

últimos anos grande importância nos estudos organizacionais, cujo enfoque é

na possibilidade de melhorias nos resultados das organizações a partir do

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controle das contradições internas nas suas dimensões política, ideológica e

psicológica, a inclusão da categoria gênero nestes estudos mostra-se cada vez

mais relevante.

“As organizações não podem ser vistas como neutras,

uma vez que se estruturam de maneira assimétrica na

relação de gênero, mostrando-se, em maior ou menor

grau, pautadas pelo patriarcalismo.” (Bahia 2002, pág.23)

A mulher ainda é tida como um objeto e não se pode perdurar este

estado de coisas, tendo em vista que as batalhadoras que têm conseguido um

espaço são poucas, pois muitas destas não conseguiram, ou não querem

enfrentar essa batalha no processo de conscientização das amigas e

companheiras. É preciso uma organização desse grupo com objetivo de

eliminar esta imagem da mulher boazinha, da mulher que só serve para fazer

propaganda de produtos industriais mostrando seu corpo, ou mesmo em filmes

de sexos explícitos. A mulher tem que dar um basta nisto tudo e partir para

uma igualdade entre todos; portanto, deixar de vender seu corpo para

sobrevivência, sem qualquer pudor e amor para consigo própria.

Como se sabe, a sobrevivência fala mais alto e é neste sentido que

aquele que tem alguns recursos, procuram degradar a raça humana,

depreciando o sexo feminino no afã de matar os seus prazeres pessoais, não

só pela simples vontade, mas objetivando demolir o que há de mais precioso

que é a moral do ser humano. Quer queira, quer não, a mulher é um ser “frágil”,

devido ao processo de ditadura que tem enfrentado ao longo da história e não

é do dia para a noite que se vai acabar com este estado de coisas. Portanto,

são necessários tempos e mais tempos para se ter uma consciência de sua

real contribuição na sociedade do passado, no presente e no futuro, na busca

de querer também ser gente séria e competente em todos os instantes.

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A luta das mulheres para apenas serem reconhecidas como gentes

vem de longas datas; contudo, é só fazer uma pequena digressão histórica

para ver claramente que a contenda que as mulheres travam hoje em dia,

oriunda dos primórdios da humanidade, na busca de que seus direitos sejam

respeitados como seres humanos.

Pois, é tendo como meta uma participação no processo de

conscientização da humanidade, quanto às arbitrariedades que se praticam

frente aos diversos seres humanos discriminados, tais como: os negros, as

empregadas domésticas, as mulheres propriamente ditas, e muitos outros

estigmas, cujo objetivo deste pequeno ensaio é participar da dinâmica de

libertação das mulheres, como iluminação das mentes atrasadas que ainda

existem nos diversos recantos do País.

As discussões são longas, entretanto, pouco se tem conseguido com

este esforço, tendo em vista que as radicalizações não conduzem a nada e as

frustrações pessoais têm contribuído para uma pulverização de idéias sobre o

assunto, culminando com o afastamento das mulheres de suas reais

reivindicações políticas.

Ao longo da história, a mulher tem conseguido alguns espaços de

fundamental importância para a sua participação no mundo político. Não um

mundo político de partidarismo mesquinho, tal como acontece com aqueles que

lutam para tomar o poder, mas para poder ouvir e ser ouvido. A atuação da

mulher sempre foi árdua em todos os sentidos, a começar como dona de casa,

as famigeradas donas do lar, até a mulher trabalhadora no mercado de

trabalho comum que busca a sua emancipação, submetendo-se a um salário

bem inferior ao mínimo estipulado por Lei.

É este o ônus de quem quer avançar nos espaços que devem estar

abertos para que todos os seres humanos sejam iguais na Lei e na prática.

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A Presidenta do Brasil Dilma Rousseff, primeira mulher vinda como

presidente do Brasil mostrou ao mundo a força, a coragem e a determinação

como exemplo a ser seguido.

O povo brasileiro vem sendo muito bem representado e mais uma vez

a mulher vem mostrando sua capacidade de liderança e persistência.

São inúmeras as mulheres que hoje ocupam posições de destaque em

diferentes atividades. Todas elas desempenham com competência, disciplina e

capacidade de se relacionar de forma tranquila e sempre gentil, qualidade

típica das mulheres.

Elas imprimem sua marca com determinação e energia, mas de um

jeito agradável que permite que todos se sintam muito bem e a vontade junto

delas. É o jeito feminino que encanta e conquista.

Mesmo sendo grandes profissionais nunca perdem a sensibilidade e a

capacidade de entender, de orientar como se estivessem cuidando de seus

filhos. Talvez por isso estejam tendo tanto sucesso em todas as atividades que

exercem.

O exemplo da presidenta Dilma fortalecerá a vontade de inúmeras

mulheres a enfrentar os desafios para conquistar os postos de comando nas

diversas atividades.

Assim como ela, muitos outros nomes importantes ocupam posições de

destaque em postos do governo, nas empresas e nas instituições. É importante

citar mulheres que são destaques nas pesquisas científicas e que contribuem

decisivamente para o avanço das ciências que beneficiam toda a população

mundial.

Mulheres profissionais liberais que são exemplos de competência e

vontade de servir e contribuir para um mundo melhor. Mulheres de todas as

profissões, mesmo as mais simples, são exemplos de coragem vontade de

crescer e vencer na vida.

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Mulheres professoras, que cumprem uma das mais nobres missões da

vida, que é formar as futuras gerações. Nada se compara ao trabalho

permanente das mestras que mostram os caminhos que a juventude deve

trilhar.

Aquelas que conseguem se doar totalmente para identificar os

problemas dos alunos e ajudá-los a resolver, merecem ainda mais respeito e

admiração, pois serão lembradas para sempre, tanto pelos alunos quanto pelos

pais, que nunca esquecem o que fazem por seus filhos.

Em todas as profissões as mulheres conquistam posições importantes

e serão cada vez mais reconhecidas e valorizadas, porque ninguém consegue

sufocar talentos, que elas demonstram que tem.

Homens e mulheres precisam andar juntos, construindo um mundo,

cada vez melhor, para todos e com mais qualidade de vida.

Assim mesmo, falta muita coisa que deve ser feita para que as

discriminações sejam abolidas do seio da sociedade e, em especial, do sistema

capitalista que tem o objetivo de explorar o ser humano em demanda de

migalhas que tenham por objetivo acumular e concentrar o capital de um

sistema explorador. As discriminações são visivelmente exacerbadas; pois,

quando se trata das mulheres, as complexidades são maiores, tendo em vista a

própria desorganização delas, a sujeição em perceber remunerações de fome,

dada as suas condições de pobres e frágeis, a Lei do capitalismo que incita a

uma opressão do companheiro sobre sua companheira e, sobretudo, a atuação

da igreja que não incentiva um trabalho sério das mulheres.

Com este clima de subordinação, ocorre um bloqueio da participação

feminina nas atividades cotidianas da vida e, da mesma forma, está-se fazendo

política; porém, não existem condições de se ter uma emancipação rápida das

mulheres, no sentido da igualdade dos direitos e obrigações, mas tão somente

de buscar espaço para ditar as suas normas. O direito da mulher como ser

humano deve ser sagrado, para que o mundo progrida e avance dentro dos

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princípios de eqüidade, de perseverança e de amor; pois, uma vida com atritos,

com pelejas e ditadura, não pode progredir de maneira que proporcione a todos

os seres viventes, um bem-estar para todos os animais racionais do planeta

terra.

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CONCLUSÃO

De acordo com a pesquisa feita, podemos constatar que vem

ocorrendo uma quebra de paradigma em relação ao universo feminino, ou seja,

as mulheres estão a cada buscando sua independência. Naturalmente, não

devemos imputar total responsabilidade sobre o sucesso ou não das ações

adotadas pelas empresas somente ao parâmetro de comparação de gênero.

Homens e mulheres possuem suas características peculiares e diretamente

relacionadas ao seu gênero.

Mas não devemos esquecer a necessidade de buscar-se um equilíbrio.

Se por um lado as mulheres apresentam certas habilidades comumente não

relacionadas aos homens, não há o que impeça que estas sejam

desenvolvidas neles, pois percebemos, ao longo dos anos, que as mulheres,

para tentar provar sua competência, optaram por incorporar características

particularmente relacionadas ao estilo de liderança masculina.

Ao longo dos anos, devido a uma cultura predominantemente

masculinizada, os homens tiveram uma maior ascensão profissional devido ao

seu maior tempo de inserção no mercado de trabalho e o acesso mais

acentuado aos níveis de ensino e qualificação. Isso lhes deu uma maior

vantagem de tempo no mercado e de aprendizagem. Além disso, ainda por

questões culturais, às mulheres sempre foi imputada a responsabilidade maior

pelo lar e pela criação dos filhos, fazendo com que mesmo já inseridas no

mercado de trabalho, dele abrissem mão para os cuidados com a família,

atitude esta vista com o curso natural a ser seguido, enquanto que aos homens

era devido o papel do provedor e a eles cabia o sustento e das condições de

manutenção deste lar. O sentimento de culpa pela ausência no

acompanhamento no crescimento dos filhos sempre foi mais presente nas

mulheres que nos homens. Comumente, quando estavam em seu melhor

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momento profissional, se retiravam do mercado para cuidar de sua vida

familiar.

Podemos observar também a real diferença de remuneração ao

comparar-se o exercício de funções similares por homens e mulheres, havendo

significativa vantagem na remuneração dos homens. Porém mesmo diante de

algumas dificuldades ainda existentes, é notório o crescimento da mulher no

mercado de trabalho, a sua liderança e o seu diferencial no âmbito profissional

é marca registrada que favorece para a continuidade de sua valorização.

A maior ascensão da mulher no mercado de trabalho e o maior

comprometimento com o desenvolvimento de sua carreira tem ajudado na

diminuição das barreiras da sociedade e organizacionais. Visto que, a mulher

tem sido como uma importante força de crescimento econômico, mas ainda

encontra dificuldades em organizações tradicionais.

As características básicas dessa imagem originária vão tender a

sempre se superpor à outra, sendo vistas como barreiras e limitações a uma

adequada inserção da mulher no trabalho, em especial no mundo industrial,

que continua sendo visto como basicamente masculino.

O crescimento de formas alternativas de gerenciamento de carreira

pessoal,mostrou-se, no caso da mulher, apenas uma forma de diminuir o

preconceito e questões discriminatórias sociais ainda bem latente na realidade

do mercado de trabalho. De modo geral, a menor remuneração em relação ao

trabalho desenvolvido pelo homem e o tipo de trabalho ao qual são orientadas

fazem diferença significativa ainda nos dias de hoje, e a escolha por carreiras

alternativas pode ser uma forma de driblar esse problema.

As crescentes transformações do mundo corporativo têm contribuído

para o surgimento de novas modalidades de carreira.

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O grande desafio do século XXI é sem dúvida a implantação da política

integrada da igualdade do gênero em todos os programas das ações correntes.

Isto implica uma reorganização da sociedade em que mulheres e

homens, com as suas características específicas de valor equivalente e

complementar, vão contribuírem para a melhoria da vida de todos. Só desta

forma a sociedade poderá progredir. Só desta forma a democracia será

plenamente vivida na realidade.

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