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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM HISTÓRIA - CIDADE - EDUCACÃO Por: RITA CRISTINA PATRICIO MENEZES Orientador Prof. EDLA TROCOLI Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

HISTÓRIA - CIDADE - EDUCACÃO

Por: RITA CRISTINA PATRICIO MENEZES

Orientador

Prof. EDLA TROCOLI

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

HISTÓRIA - CIDADE - EDUCAÇÃO

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Docência dos

Ensino Superior

Por: Rita Cristina Patrício Menezes

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família em especial ao

meu companheiro Roberto pela sua ajuda

na confecção da monografia e aos

amigos de turma, em especial a keila,

Francisco, Reinaldo, Andréa e Jaqueline,

por compartilhar e dividir experiências ao

longo deste período.

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DEDICATÓRIA

Ao movimento da categoria dos

Técnicos – Administrativos das

Instituições Federais de Ensino

Superior - IFES, que competência

política e senso de coletividade, incluiu

no plano de cargos e carreiras - TAES

das IFES, a progressão por

qualificação, incentivando e

contribuindo para que o servidor possa

cada vez melhor desempenhar seu

papel crítico e político na vida

acadêmica e política das Universidades

Públicas Federais.

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RESUMO

A monografia, partiu do interesse pelo conhecimento do Manifesto das

Cidades Educadoras (Carta das Cidades Educadoras) e de pesquisas feitas

nos currículos dos cursos de Pedagogia e Graduação e Licenciatura em

História oferecidas em algumas Instituições de Ensino Superior (Universidade

Veiga de Almeida, Universidade Estácio de Sá, UFRJ). Pôde se observar

quando oferecido o tema “História - Cidade - Educação”, apresenta-se na

forma de disciplina eletiva “História do Rio de Janeiro”. Entendemos que de

certa forma há um limite ao em focar somente a cidade do Rio de Janeiro

como fonte de estudo. Deixando de fazer parte do tema pontos tão relevantes

para a compreensão dos problemas e aspectos tantos positivos e negativos

das cidades, principalmente em que consiste aos aspectos educacionais, com

certeza não são só restritas à “Cidade do Rio de Janeiro”.

Considerando a História como uma ferramenta pedagógica que deve

ser entendida como fonte de construção do conhecimento crítico e de

formação cultural, de interesse para formação de qualquer educador, é

fundamental que seu campo de estudo possa ser o mais abrangente possível.

Seguindo essa temática, História - Cidade - Educação o corpo desta

monografia traz os seguintes conteúdos:

Como primeiro capítulo “Um olhar sobre a cidade - Um olhar sobre a

civilização”, uma justificativa sobre a importância da disciplina “História das

Cidades”.

Como segundo capítulo, “A Cidade na História”, a cidade como sujeito

da história.

Finalizando a monografia o terceiro capítulo, a apresentação de uma

proposta de ementa, objetivo, dinâmica da disciplina, avaliação e referências

bibliográficas para a referida disciplina “História das Cidades”.

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METODOLOGIA

Os métodos utilizados que subsidiaram a monografia ora proposta,

foram realizadas com leituras bibliográficas, artigos de jornais, revistas,

(acesso a internet para pesquisa de grades curriculares e ementas curriculares

de cursos de pedagogia e história ), entrevistas com professor titular da área

História da Cidade do Programa de Pó-Graduação em Urbanismo PROURB -

FAU/UFRJ, objetivando fundamentar a proposta da monografia de inclusão de

uma nova disciplina ( eletiva) para os cursos de Pedagogia e História.

Nessa busca pelo conhecimento foram feitas pesquisas, umas delas

nos levou a Carta das “Cidades Educadoras” www.cm-

evora.pt/nr/donlyres4ead/ que nos serviu como fonte de referência para

contextualizar a disciplina ora proposta.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

“Um olhar sobre a cidade:Um olhar sobre a civilização” 11

CAPÍTULO II

“A Cidade na História: A Cidade como Sujeito da Historia” · 18

CAPÍTULO III

“Disciplina História das Cidades” · 26

CONCLUSÃO 34

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37

ANEXOS 39

INDICE 46

FOLHA DE AVALIAÇÃO 48

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INTRODUÇÃO

A monografia aqui apresentada busca enriquecer, incorporar questões

históricas dos diversos processos de construção das cidades e de conceitos

urbanísticos nos currículos dos cursos Pedagogia e História, por entender que

na área da educação não se basta apenas ter domínio de sua área específica;

educar é algo muito mais abrangente, exige responsabilidade e co-

responsabilidade.

“Educar, hoje não é mais apenas satisfazer as

necessidades sociais de emprego, no

sentindo restrito; o mercado de trabalho exige

pessoas com visão ampla, o que engloba

auto conhecimento, desejo contínuo de

aprender, capacidade de lidar com o

imprevisível, com a mudança, porque a vida

é dinâmica, as mudanças são velozes a cada

momento é novo”. (Pereira, Iêda Lúcia Lima e

Hannas, Mª Lúcia). 2000 p.39

Ao refletir sobre o tema sugerido neste trabalho, foi fundamental

repassar um olhar sobre “Currículo”, já que a natureza (proposta) desta

monografia é a inclusão da disciplina eletiva “História das Cidades”, o que já

traz por si só uma proposta inovadora, principalmente no currículo do curso de

Pedagogia.

Com o intuito de melhor lucidar a pesquisa, não objetivamos aprofundar

a discussão sobre o tema, mas justificar sua indiscutível importância no

processo pedagógico curricular de qualquer área de estudo. Considerando, o

currículo como reflexo de uma ideologia, podemos citar como conceito aquele,

que mais se encaixa com a temática da monografia:

“O currículo é um dos locais privilegiados onde se

entrecruzam saber e poder, representando domínio,

discurso e regulação. É também no currículo que se

condensam relações de poder que são cruciais para o

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processo de subjetividade sociais. Em suma, o currículo,

poder e identidades sociais estão mutuamente implicados.

O currículo corporifica relações sociais.” (Silva,Tomaz

Tadeu).1996

Tomemos como base, um currículo tradicional fechado em si mesmo,

não deve ter espaço na pedagogia atual, necessita-se de um currículo inovador

com parâmetros multiculturalismo e multidisciplinar, um currículo que pense

nas diversas formas de inclusão, incorporando mudanças sociais impostas à

educação.

Ao analisarmos o mundo de hoje, pode-se constatar mudanças de

ordem políticas públicas, sociais; onde estas devam ter por finalidade

determinar a dinâmica da organização das sociedades e ao mesmo tempo tem

que responder aos desafios que são impostos por uma permanente

instabilidade social. A educação do indivíduo como direito deve relevar uma

freqüente preocupação dos investimentos na gestão pública, oferecendo o

bem-estar aos cidadãos. Neste contexto que a cidade surge para alguns

autores e teorias como artefato da sociedade, produção da civilização, surge

como um espaço para o desenvolvimento integral dos indivíduos que nela

habitam, objetivando o bem - estar individual e principalmente o coletivo.

Sobre o ponto de vista mais amplo, podemos concluir: Assim como a escola

tem o papel fundamental na educação do indivíduo, a cidade deve ter uma

participação de co-responsabilidade pela formação do cidadão no processo de

educação de hoje e das futuras gerações.

A cidade vai se tornando sujeito de sua própria história, construindo

símbolos e exercendo seu papel de educar seus habitantes.

Tomemos como fonte de análise o artigo descrito abaixo:

“Não se pode negar que neste carnaval o Rio sacudiu a poeira e deu a

volta por cima. Há muito tempo não viam pelas ruas da cidade tanto riso tanta

alegria. O Clima de confraternização no espaço no espaço público demonstrou

o quanto é equivocada a postura de evitar o convívio entre as classes sociais e

econômicas distintas. Os blocos carnavalescos, superando eventuais

preconceitos, promovendo uma verdadeira socialização espontânea e a

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revalorização da própria identidade carioca”.Volta por cima. O Globo, Rio de

Janeiro, 19 de mar.2011. p. 7,caderno opinião.

O texto citado reforça a idéia de recriarmos lugares de liberdade na

cidade, lugares em que as diferenças entre indivíduos se façam reconhecer,

podendo ser de uma de forma conflitiva, contraditória, festiva, mas não de uma

forma dicotômica e violenta.

A monografia sobre o tema História - Cidade - Educação, apresenta

como proposta a inclusão da disciplina eletiva “História da Cidade” tendo como

objetivo demonstrar através do estudo da história o papel social e integrador

que a cidade deve exercer junto a escola proporcionando ao professor um

conhecimento mais próximo do cotidiano urbano e de suas contradições.

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CAPÍTULO I

UM OLHAR SOBRE A CIDADE: UM OLHAR SOBRE

A CIVILIZAÇÃO.

A disciplina ora proposta, e suas áreas a fins de atuação, visam de

uma forma mais específica trabalhar a identidade histórica, e cultural do

homem e a construção da civilização, objetivando entender as dimensões

educativas e culturais da cidade e seu papel junto à escola, o espaço urbano

passa a ser o conteúdo construindo a memória e as identidade coletivas.

O papel da disciplina aqui defendida tem como objeto criar um espaço

de debate que faz convergir idéias entre: Escolas, comunidades, associações,

poder público, iniciativas privadas, academia entre tantos outros, criando uma

oportunidade para formação de uma identidade coletiva, com vista a

construção de uma educação coletiva..

Tomemos como referências:

A educação é fato histórico, pois se realiza no tempo;

É um processo que se preocupa com a formação do homem em sua

plenitude;

Busca a integração dos membros da sociedade ao modelo social

vigente;

Simultaneamente, busca a transformação da sociedades em benefício

de seus membros;

É um fenômeno cultural, pois transmite a cultura de um contexto de

forma global;

Direciona o educando para autoconsciência;

E ao mesmo tempo, é conservadora e inovadora. ( Martins, J

1990,p23)

Tomando como base essas considerações acerca da educação, este

capítulo trata de incluir nos currículos de cursos de Pedagogia e História

questões urbanísticas e históricas importantes, baseando-se no item citado

que a “educação é um fenômeno cultural que busca a transformação da

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sociedade em seu benefício”. Objetivamos através da inclusão da disciplina a

oportunidade de construir uma rede educativa na escola que encontra nas

cidades e na educação, um ponto de articulação fundamental para o processo

de formação do cidadão consciente de seu papel transformador diante a

sociedade.

Este processo de formação de cidadãos consciente, pensante,

instigante, intelectual está intimamente ligado ao surgimento das cidades

conectado com sua cultura vigente.

1.1- Nascimento dos Intelectuais:

“Um homem cuja profissão seja escrever ou

ensinar - ou melhor, as duas ao mesmo

tempo - um homem que tenha

profissionalmente uma atividade de professor

e de sábio, em resumo um intelectual, este

homem somente aparece com as cidades”.

Jacques Le Goff,1988. p.21

No princípio havia as cidades. Os intelectuais da Idade Média, no

Ocidente, nascem com elas. Com o desenvolvimento, ligado à função

comercial e industrial, digamos artesanal, que o intelectual aparece como mais

um homem com ofício que se instalam na cidade. Impondo uma certa ordem

de trabalho. Os intelectuais do séc. XII têm o sentimento vivo de construir o

novo e de serem homens novos, com novas condutas e forma de vida nova.

Os intelectuais do séc. XII nasce do ambiente urbano que se vai construindo e

onde circula e muda, repõem em marcha à máquina da História.

1.2 - A busca pela identidade coletiva: Fator para mudanças

Sociais

Ao estudarmos “História das Cidades”, chegamos ao séc. XX,

considerando “O Século da Urbanização”, o homem social rompendo com

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séculos e séculos de uma história humana em que a maioria da população

tinha como atividades fins, atividades agrícolas, em algumas civilizações

atividades comerciais.

“A vida na cidade contemporânea exige uma multiplicidade de

bens, serviços, ações que dão suporte ao quotidiano de milhões de

pessoas uma interação contínua. A cidade deve ser vista como um

artefato da cultura, milagre da civilização onde se permite a convivência

de interesses diversos, razões distintas, e, em muitos casos, de

expectativas em conflito. É desse cadinho, ou desse caldeirão, emergem

as possibilidades que fazem da cidade o desejo de multidões, e das

individualidades. Mas é obvio que essa complexa construção é social,

não é da ordem da natureza. Na cidade, nada é natural, tudo é

construído. Da paisagem ao objeto, tudo é cultura. Da destruição do

meio ambiente a sua preservação, tudo é pensamento e ato. A paz e a

violência, também”. A Paz também é uma construção O Globo, Rio de

Janeiro, 18 de dez.2010.p.7,caderno opinião.

Partindo da análise do texto descrito pelo arquiteto, podemos

afirmar que as cidades não são simples territórios onde se produzem

transformações sociais provocadas pelo homem, as cidades impulsionam,

promovem e implicam esses processos de mudanças sociais e identidades

coletivas.

Essa visão contemporânea da cidade foi construída ao longo da

história da civilização.

Nos períodos anteriores o interesse de desenvolver uma reflexão maior

para compreensão da cidade como fenômeno urbano ganha motivação a partir

do séc. XlX. O pensar sobre a sociedade - preocupação dos estudiosos

(historiadores, sociólogos, antropológicos) ganha força em decifrar, entender a

história deste modo de vida coletiva. Há os que defendem a perda do sentido

coletivo que as cidades contemporâneas tem experimentado nas duas últimas

duas décadas. Trata-se de um enfraquecimento da experiência pública, que

induz a cidade seja interpretada não mais como um lugar de vida coletiva.

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Estaríamos diante da perda da identidade coletiva ou da transformação

do seu significado?

A cidade estaria deixando de ser referência de certas formas de

civilizacionalidade, deixando de ser um mundo comum coletivo, abrindo mão

de seu papel público e de sua identidade coletiva?

Tentando fazer uma reflexão sobre o papel pedagógico da cidade e

seus efeitos sobre a cidadania, Eduardo Portella (1995), sugere:

... que não basta ensinar na cidade, mas é

preciso ensinar a cidade. Correndo risco de

se perder a paixão, a cidade não pode ser

pensada só como um sentido de produção e

consumo, mas dever ser considerada

segundo o autor, um lugar de trocas, carentes

de investimentos afetivos”.

Este modo de vida coletiva humanizada deve fazer parte das reflexões

e ações pedagógicas da gestão pública.

1.3 - Cidades educadoras: Um Pensamento Contemporâneo

Ao estudarmos conceitos contemporâneos sobre cidades, nos

deparamos com um tema inovador t “Cidades Educadoras”, que além de suas

funções tradicionais econômicas, sociais e de prestação de serviços, ela deve

exercer uma nova função cujo objetivo é a formação para e pela cidadania.

Podemos falar de Escola Cidadã e de Cidade Educadora quando existe

diálogo entre a escola e a cidade, esse ato da própria cidade leva para dentro

da escola os interesses e necessidades da população.

Após um vasto arco temporal acerca da importância das cidades para

construção da história da civilização, partiremos para o estudo propriamente

dito, destacando alguns conceitos importantes para o estudo das cidades.

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1.4. Conceito – “Cidade”

Na busca de se compreender os diversos conceitos sobre cidade

podemos citar:

1.4.1. – Teórico “Complexo demográfico formado por importante

concentração populacional”, miidicionário da Língua Portuguesa, Aurélio

Buarque de Holanda, 2002.

1.4.2 - Marcel Roncayolo, por exemplo, em seu verbete “Cidade” para

a Enciclopédia Einaudi, assim resume a questão: “A noção de cidade implica

em aglomeração de toda uma população, ou seja, a concentração do habitat e

das atividades. Atividades que se distingam da exploração direta do solo, uma

vez que conduzem à especialização de tarefas, e contribuem, sobretudo para

as trocas e a organização da sociedade; teremos assim um tipo de vidas ou

formas especiais de sociabilidade; uma arrumação dos espaços e dos serviços

urbanos que implica em uma organização coletiva”.(M Roncayolo. “Cidade”,

op.cit., p.397).

1.4.3 - Kevim Lynch – A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes,

1994. Classifica as cidades em três categorias básicas, com relação aos seus

padrões formais, de funcionamento e transformações.

Cidades Cósmicas são aquelas cujos traçados são concebidos em

função de algum sentido mítico. Nesta categoria desde as cidades antigas

(cujo traçado é concebido para atender algum padrão religioso ou mítico, até

mesmo as cidades modernas como Brasília, que em sua concepção, poderia

ser lida de fora, porque seu traçado carrega uma mensagem carregada de

intencionalidades). Elas foram concebidas para significar algo para o olhar do

observador que as contempla.

Cidades Práticas, (a imagem que mais se adapta a este tipo de cidade é

da cidade máquina). São cidades que crescem e se desenvolvem conforme as

necessidades materiais, à medida que as novas partes são acrescentadas e as

velhas partes vão sendo alteradas.

Cidades orgânicas são cidades aquelas que vão se formando e

crescendo mais ou menos à maneira dos organismos vivos, adaptando-se a

um terreno em que se viram inseridas de maneira planejada e, sobretudo

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fazendo concessões permanentes à vida em toda a sua imprevisibilidade.

Estas cidades modificam seu traçado para adaptar a um rio que lhes de

fronteira, contornam os morros ou absorvem, sobem ou descem ladeiras de

variados tamanhos. Suas ruas organizam-se livremente para atender mais aos

chamados da vida cotidiana que os planejamentos previamente estabelecidos.

As cidades medievais constituem exemplo típico de “cidades orgânicas”, e

também as pequenas cidades mineiras do Brasil Colonial como Ouro Preto. Da

Idade Média também chegam os exemplos das cidades labirínticas que são

tão comuns em algumas das sociedades islâmicas - com sua ruelas e becos

que se perdem umas nos outros e que desorientam quem não conhece o

padrão vital que está por trás de sua aparente desorganização

1.4.4 - Conceitos urbanísticos:

Cidade Liberal é aquela que registra as mudanças materiais que o

desenvolvimento econômico produz - o crescimento populacional, a

redistribuição da população do campo para as cidades. Na Europa, está

situação dura até a primeira metade do séc. XIX e produz a cidade

desintegrada.

Cidade pós-liberal, que começa quando os novos regimes

conservadores colocam em prática um controle público do desenvolvimento

urbano complementar e combinado com ideais de liberdade das iniciativas

privadas. Os dois poderes antagonistas – burocracia e propriedade definem

sues campos de ação.

Cidade Moderna, considerada moderna, a partir do pós-guerra. As

habitações singulares chegam gradativamente a definir os conjuntos: Os

bairros, a cidade, o sistema jurisdição territorial.

1.4.5- Conceitos Sociológicos:

Uma cidade pode ser considerada como núcleo relativamente grande,

denso e permanente de indivíduos heterogêneos( Wirth,1973 p 96),

complementando a definição do autor: “ O problema social central sociológico

da cidade é considerar as formas de ação e organização que emergem

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grupamentos compactos, relativamente permanentes, de grande números de

indivíduos heterogêneos. ( Wirth,1973 p 97)

O que se demonstrou com estudo do capítulo em titulado “Um olhar

sobre a cidade: um olhar sobre a civilização” de uma forma preliminar, que o

antropólogo, historiador, urbanista, (pesquisadores em áreas afins) parte de

seu objeto de estudo são produções de determinadas imagens que as cidades

e seus modelos vão construindo, servindo de fontes de estudos e olhares

diversos sobre o fenômeno chamado “Civilização”, em comunhão com a

educação este fenômeno é expressão de uma cultura sócia política, em que o

ser humano se realiza culturalmente em seu tempo e espaço.

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CAPÍTULO I I

“A cidade na história: A Cidade como sujeito da

história”.

As fases principais da história das cidades dependem das grandes

mudanças dos métodos de produção que estão intimamente relacionadas ao

desenvolvimento demográfico e as diversas formas de formação social:

A primeira delas poderíamos definir como a passagem da coleta para o

cultivo dos alimentos, que permite o assentamento estável do indivíduo em seu

habitat (há cerca de 10.000 anos). O segundo item que poderíamos definir

como o período de formação dos grupos dirigentes como os reis, guerreiros,

sarcedotes, escribas, artesãos, produtores de alimentos, essas características

possibilitam identificar certo surgimento da cidade ou de uma forma urbana (há

cerca de 5.000 anos). A ampliação dessa classe dirigente associada com a

introdução de equipamentos mais acessíveis (artefatos como bronze e ferro) e

da escrita alfabética marca mais um período de mudanças principalmente no

controle do poder político. E com advento da revolução Comercial baseada no

melhoramento da produção agrícola e artesanal que se marca uma nova

organização de trabalho. Por fim podemos citar A Revolução Industrial, como

marco de uma nova concepção de desenvolvimento da produção e do

consumo. Todos esses aspectos analisados identificam como a cidade vai se

construindo em função da organização social que o homem vai impondo,

criando a cidade, e essa se tornando sujeito da história.

Analisaremos de uma forma panorâmica a evolução por onde se construíram as cidades. 2.1- Pré- Antiguidade

Durante o período denominado como a pré - história pode-se afirmar que o

homem ainda não demonstra característica de grupo social, este homem

nômade movimenta-se de uma região a outra para conseguir alimento, água

apenas para sua subsistência. Apenas quando começam a dominar alguma

técnica de produção de alimento (agricultura, pecuária), passam a criar algum

tipo de centro mais densamente habitado, passando a constituir-se vila, que

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mais tarde passam a tomar decisões em comum, já caracterizando alguma

forma de grupo social.

2.2 - Idade antiga séc. IV AC/ a invenção da escrita (séc.v a

queda do Império Romano)

É neste período que podemos identificar o surgimento de certo modo de

vida urbano até ainda não identificado na era pré-antiguidade, com

características de um poder político centralizado nas mãos de reis e da

nobreza. Uma sociedade marcada pela estratificação social, forte poder de

militarização e diversas ocorrências de guerra por conquistas de territórios e

submissão de povos, mantidos pelo sistema de cobranças de impostos e

obrigações sociais.

As cidades neste período surgem em sua maioria associadas às

grandes rios, que proporcionavam terras férteis irrigação, garantindo uma

produção necessária para abastecimento (cidades cósmicas).

É nesta era da evolução do homem que podemos afirmar que é mais

que se aproxima de nós, no qual podemos captar o pleno significado da

invenção urbana.

Durante esse período destacamos algumas civilizações que foram

construindo seus espaços urbanos, conforme suas características próprias.

2.2.1 - Civilização Egípcia:

A civilização egípcia se desenvolveu pela sua proximidade com o Rio Nilo (

basicamente podemos caracterizar como fonte de vida para o povo egípcio que

viviam da agricultura e do comércio de sua produções agrícolas. Como

características sociais já identificamos camadas sociais definidas, justamente

por questão da detenção do poder extraído da exploração da riqueza da terra.

2.2.2 – Civilização Mesopotâmia

Em grego (mesopotâmia) significa entre vários rios, o que já podemos ver que

sua ocupação se deu por diversas disputas por justamente sua posição

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geográfica, formando comunidades que se transformaram em cidades-estado

com organização social e políticas e administrativas próprias. Destacamos seu

vasto legado deixado para evolução da humanidade como forma de vida

urbana:

∗ Sistema de armazenamento de água potável (para consumo);

∗ Construção de um complexo sistema de água dos rios para se evitar

seca;

∗ Construção de diques e barragens.

2.2.3 - Civilização Fenícia

Sua localização geográfica (rodeados por montanhas e voltados para o mar

mediterrâneo, descobrem a arte de navegar e construir navios. Suas cidades

se tornam portos de onde partiam e chegavam navios do comércio de suas

próprias mercadorias e de outras cidades e regiões. Sua organização também

baseou-se em cidades-estados ( com auto comando independente,

administrativos e política própria).

2.2.4 – Civilização Grega

Também banhada por importantes mares (Mar Egeu e Mediterrâneo).

Formaram-se diversas cidades independentes, desenvolvendo seu próprio

sistema de governo e suas próprias leis.

O conceito de POLIS (comunidade mais ampla que forma uma unidade

cultural, territorial, política, econômica e social), constitui-se no sentido em que

os gregos foram formando suas cidades-estados com autonomia política e

social, com uma economia central e suficiente.

2.2.5 – Civilização Esparta

A civilização Espartana pode-ser considerada como uma das Cidades -

Estado mais notáveis da Idade Antiga, com características militar e

oligárquicas marcantes, devido o grande aumento populacional e escassez de

terras. Esparta se organiza também de tal forma que há correntes que definem

que o sentido de áreas urbanas surge nesta cidade-estado.

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2.2.6 – Civilização Atenas

Cidade não militarizada (ao contrário a Esparta) destaca-se de outras cidades

pelo forte sentido de democracia na sua organização social, política e

administrativas.

2.2.7 - Civilização Romana

A história nos demonstra que a elite dirigente de uma sociedade mais

complexa vive na cidade, pois é nela que se localiza o aparato para

manutenção do poder sobre os territórios conquistados e dos povos

submetidos ao poder. Particularmente essa região passa a ser lugar do Poder.

A cidade serve de centro para o Império onde se concentra o poder político e

militar.

Na antiguidade o melhor exemplo de Cidade-Estado-Poder é a cidade de

Roma, com uma enorme concentração de poder econômico (através de forte

sistema de cobrança de impostos dos territórios ocupados), O Império Romano

dominou grande parte das cidades da Europa, África e Ásia, ligados à Roma

por estradas e pelo Mar.

Com a decadência do Império Romano, fato que marca o início da Idade

Média, a “Urbanização” entrou em crise e as cidades foram gradativamente

perdendo importância e fragmentando o poder central das cidades e

fortalecendo o poder local.

2.3 - Idade Média (séc. V ao séc. XV).

Em termos gerais podemos associar o período de ascensão e queda do

Feudalismo (sistema de produção que tendia a sua auto-suficiência).

Os feudos produziam praticamente aquilo que necessitavam através da

pecuária e da agricultura e produziam um rudimentar artesanato.

O comércio reduziu-se significamente e a cidade perdeu sua importância

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Econômica, alterando completamente o sistema de propriedade e produção,

característica notória durante o período da Idade Antiga.

Podemos assim notar que as cidades medievais da Europa Ocidental

eram verdadeiras fortificações construídas para proteger os castelos, igrejas, e

uma pequena população, a cidade perde sua função urbana.

Renascimento das cidades somente vem acontecer no final da Idade

Média, onde se nota um renascimento urbano. Surgem os “Burgos”

povoamentos fora das muralhas feudais (cidades comerciais que se

desenvolviam fora do núcleo feudal).

Com o movimento das Cruzadas, que reabriram o caminho para o

Comércio ao Mar Mediterrâneo (fechado pelos muçulmanos séc. VIII) surge à

circulação de mercadorias orientais, conforme à medida que o comércio se

liberta do imobilismo feudal.

Com renascimento comercial e paralelamente, o renascimento para a

vida urbana, podemos dizer que é o prenúncio de um novo sistema de

produção que estava se estruturando em substituição ao do sistema feudal,

provocando “transformações” políticas, sociais e culturais que evidentemente

repercutiram na reorganização do “Espaço Urbano”.

2.4 - Idade Moderna (Séc. XV ao Séc. XVIII)

Como já foi analisado, o fim da Idade Média, período que marca o fim do

feudalismo, que avança para transformações no campo econômico com o

surgimento de um novo sistema econômico – capitalismo, e no campo cultural

mudanças nas artes, no pensamento e no conhecimento científico denominado

Renascimento Cultural, e estimula uma verdadeira Revolução Comercial.

Podemos com certeza afirmar que uma nova era se inicia na civilização

humana.

O Renascimento surge como movimento de transformações urbanas,

influenciadas pela nova classe social burguesa que impulsionava o comércio

entre as cidades.

O homem abandona os preceitos medievais e passa a ser o centro de

tudo, é a valorização pessoal do indivíduo e suas relações com o mundo.

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As cidades no início da Idade Moderna vão se expandindo

gradativamente deixando para trás o domínio do sistema de feudos, grande

aumento populacional (êxodo rural), estradas, ruas vão se abrindo, mudando a

paisagem de cada localidade.

Uma nova classe social surge, “Burguesia” (banqueiros, artesãos,

camponeses, mercadores), há uma nova inversão, a terra perde seu valor

comercial enquanto propriedade e o dinheiro ganham valor através das novas

práticas mercantis imposta por essa nova classe social.

Assim a passagem econômica da Idade Média para a Idade Moderna

se dá com o surgimento de um novo sistema econômico “Capitalismo”, uma

era com forte sentimento de expansionismo.

Surgimento das Monarquias - Absolutismo como forma política de

poder.

Grandes Navegações – Mercantilismo, fortalecimento das rotas

comerciais; descobrimentos além mar; período de grandes descobrimentos e

colonizações de terras conquistadas como de exploração de riquezas naturais.

As cidades ganham outros aspectos urbanos; o marco das cidades

modernas é o crescimento social desorganizado das maiorias das cidades,

provocado por um grande êxodo rural em detrimento das péssimas condições

vida campo e da vida nas cidades com oportunidades de emprego nas

indústrias que vão surgindo para atender as exigências deste novo homem

moderno.

Outro fator para essa época que podemos considerar como fato

marcante para os tempos modernos é o Período de Grandes Revoluções,

sendo uma delas o marco decisivo para o fim desta era - “Revolução

Francesa”.

2.5 – Idade Contemporânea séc. XVIII a atualidade:

Ao pesquisar sobre as cidades contemporâneas, nos deparamos com

diversas teses e teorias a cerca do tema que fazem parte de uma extensa linha

de estudo em áreas a fins.

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Por hora tomaremos como delimitação para monografia uma definição

estrutural:

“Uma cidade ou urbe, é uma área urbanizada

que se diferencia de vilas e outras entidades

urbanas através de vários critérios, os quais

população, densidade populacional ou estatuto

legal”. www.dicionárioinformal.com.br.

Com certeza uma definição incompleta pela complexidade do tema:

Como poderíamos partir para definição única, onde nos deparamos com um

“mundo contemporâneo” completamente heterogêneo com aspectos sociais.

Econômicos, políticos e, culturais diferenciando os protagonistas dessa cidade.

A era contemporânea nos mostra grandes contradições; se por um lado as

cidades são sinônimos de sociabilidade, lugar da convivência da democracia,

são também espaços fragmentados, isolamento, focos de pobreza. De um lado

ás áreas super protegidas e, de outro as áreas de perigo, verdadeiros guetos,

à margem do estado de direito, presenciamos cidades com mega infra-

estruturas a cidades que ampliam as diferenças sociais entre seus habitantes

contribuindo para uma verdadeira exclusão social.

Não poderíamos finalizar este capítulo sem mencionar as cidades

brasileiras. Suas características históricas se deram bem próximas ao

pensamento ainda medieval apesar de localizar na linha do tempo na era

moderna e renascentista da época, com exceção apenas de Recife que foi

reflexo de uma colonização diferenciada em diversos aspectos principalmente

culturais e religiosos.

Essa característica informal da Idade Média e a formal do

Renascimento, que marcou o descobrimento e a colonização brasileira,

trouxeram a esdrúxula combinação dos pensamentos das cruzadas

empenhados com fervor de catequese e de fé. O aspecto predominante na

cidade colonial é de desordem.

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“A cidade que os portugueses construíram na

América não é produto mental, não chega a

contradizer o quadro da natureza, e sua silhueta

confunde-se com a linha da paisagem. Nenhum

rigor, nenhum método, sempre esse abandono

característico, que se exprime bem na palavra

“desleixo” -.(Sérgio Buarque de Holanda),1936,p.62.

Concluímos o capítulo descrevendo a disciplina ora proposta como forma de

reflexão acerca dos processos de construção das cidades, discutindo questões

da cidade como sujeito da história.

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CAPÍTULO I I I

Disciplina “História das Cidades”

3.1- Apresentação da Disciplina

Este terceiro e último capítulo têm como objetivo fechar o tema

apresentando uma proposta de ementa da Disciplina eletiva “História das

Cidades”, citada pela Prof. ª Margareth da Silva Pereira (anexo 2 ),sendo uma

proposta original em incluir estudo sobre a história das cidades, quanto a

história do pensamento urbanístico nos currículos dos cursos

de Pedagogia e História.

Foi possível através dos comentários da Prof. ª Margareth

identificar a preocupação dos pesquisadores das áreas afins em colocar as

cidades como protagonistas das práticas de gestão e planejamento social e

cultural, desde do séc. XIX e, sobretudo no séc. XX. Inclusive a Prof. ª cita

experiências similares a esse trabalho; na Cidade de Chicago em 1909 -1910

uma disciplina aplicada no 1ºgrau em todas as escolas municipais e as

desenvolvidas pela Escola Nova ou aquelas desenvolvidas nos anos de 1950 -

1960 por Paulo Freire no mundo rural e que guardam claro vínculo entre

educação/estudo da história da cidade ou do lugar/urbanismo como

instrumento de regulação e cidadania.

Os temas sugeridos na entrevista a pela Prof[. Margareth em 4

módulos temáticos farão parte de pontos de reflexão para elaboração do

conteúdo programático da disciplina História das Cidades.

-A história das cidades como a história das redes de

circulação e de trocas (já que a cidade não existe fechada

nela mesma, ela resulta e fomenta complementaridades

entre os homens, entre povoações, entre povos. Em

resumo; a cidade como u lugar de um saber que conhece

seus limites e respeita e reconhece aquilo que a completa).

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-A história das cidades como história da construção de um

patrimônio tangível (arquitetônico e urbanístico) que se

passa de geração a geração (e a idéia, portanto, de que as

cidades falam por meio das suas obras, das realizações de

seus habitantes, dos seus monumentos e daí, a

importância que adquire a "imagem do lugar" e a imagem

das cidades. Em resumo: a cidade como lugar de um saber

que se acumula, se transmite, se mostra e se preserva ou

se atualiza).

- A história das cidades como história do bem comum e do

conforto e da saúde dos seus habitantes (A cidade como

lugar de um saber solidário com a fragilidade que representa

a vida).

-A história da cidade como a história da luta pela justiça

social, pelos direitos e também pela compreensão dos

deveres (A cidade como lugar de um saber que não se

esquece de promover a crítica sobre suas instituições).

A Preocupação com a construção de um conteúdo programático

baseado nas referências obtidas através da entrevista, e das reflexões feitas

ao longo do trabalho. Tomou como referência o tema favelização nas cidades

brasileiras com abordagem estabelecida entre o processo de gênese,

expansão e consolidação. Esse tema não poderia deixar de fazer parte do

conteúdo da disciplina, considerando a importância dada a questão, pois

muitos dos professores do ensino fundamental e médio dos referidos cursos

exercerão suas funções em comunidade “favelizadas”, portando nada mais

que justificável o tema ser abordado, como forma de reflexão e construção do

saber.

Ao longo da história, as grandes cidades têm sido objeto de interrogação

sobre o futuro da cidade. Na segunda metade do séc, XIX, o surgimento do

fenômeno da concentração de multidões e da pobreza, é representada nos

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estudos urbanísticos, nos primeiros ensaios sociológicos, como lugar da

desordem e de ameaça.

O trabalho proposto pela disciplina não poderia deixar de levar em conta

o processo de consolidação das favelas, os processos de degradação sócio-

espacial pelo quais passam as cidades. As favelas passaram à condição de

atores urbanos interferindo diretamente no processo de construção do espaço

urbano.

O crescimento das favelas transforma não só o desenho do espaço

urbano construído, mas como também as relações sócias - territoriais, criando

espaços diferenciados, as vezes contínuos, onde se pode observar de um

lado, a convivência, ainda que separados por muros, ricos e pobres e de outro

o crescimento de uma cidade carente de acessos aos bens da cidade. As

grandes metrópoles latinas - americanas, são hoje exemplos da realidade

urbana diretamente implicada pela percepção da crise.

O lugar ocupado sempre se apresenta como produto humano,

representa uma apropriação e transformação do espaço e da natureza que é

incontestavelmente reprodução e transformação da cidade.

A inclusão do tema “Favela”, no conteúdo permitirá contribuir para uma

visão da favelização, não mais como espaço, elemento estranho, apartado da

cidade, mas sim como atores e produtores do processo de configuração das

cidades e da educação de seus cidadãos.

Além do tema citado favelização, a disciplina “História das Cidades” tem

como objetivo levar para a discussão e análise a importância da valorização e

preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Urbanístico para o conteúdo

programático da referida disciplina enfatizando a conscientização e ações de

preservação do patrimônio histórico.

As origens acerca do sentido de preservação do Patrimônio Histórico,

teve seu início no séc. XIX, após a revolução Francesa e Revolução Industrial,

inicialmente com sentimento de restauração monumentos e edifícios históricos

após as guerras.

Considerando que o Patrimônio Histórico, refere-se a um bem móvel,

imóvel, ou material que possui valor significativo para uma sociedade podendo

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ser estética, artística, documental, científica, social, espiritual ou

ecológica/(www.wikipédia.org.). Deve-se ser considerado como herança do

passado, em que vivemos hoje, e que passaremos as gerações futuras.

Consideremos patrimônio cultural bens imóveis como; castelos, igrejas,

casas, praças, conjuntos urbanos, locais considerados como valor expressivo

para as ciências, história, arqueologia, paleontologia, sociologia e as ciências

em geral. Trataremos também como patrimônio histórico os bens móveis como

as pinturas, esculturas, artesanato, e bens imateriais como literatura, música,

folclore, indumentária, a linguagem e costumes de um povo.

Considerando que fará parte dos estudos da disciplina a “história do

pensamento urbanístico” não poderíamos deixar de abordar como conteúdo a

importância da conservação e preservação do Patrimônio Arquitetônico,

considerando as construções representativas de uma época, por seu estilo e

técnicas de construção utilizadas.

O interesse da disciplina em abordar a conscientização do patrimônio

histórico, cultural, urbano no contexto do conteúdo programático vem ao

encontro pelo interesse de ser preservar acima de tudo a identidade coletiva

de uma sociedade que valoriza seus símbolos e sua memória.

Partindo para outro eixo da monografia; a preocupação com a formação

acadêmica, a Disciplina “História das Cidades” visa contribuir para atualização

e qualificação do professor que atuará na área do ensino fundamental 5ª a 8ª

série e no ensino médio na disciplina história.

A formação acadêmica hoje é uma exigência que se coloca na

realidade contemporânea, dada as constantes indagações e questionamentos

dos diferentes espaços de atuação profissional.

Neste sentido a disciplina propõe estabelecer relações entre os saberes

(eixos-temáticos), História - Cidade - Educação, visando a discussão

freqüentes dos olhares e conhecimentos produzidos, como maneiras de

pensar a cidade nas diversas dimensões da vida social.

Partindo do princípio que a escola e a cidade não podem estar

desvinculados de uma prática social, voltada para o compromisso com as

questões dos nossos dias, a disciplina foi estruturada na perspectiva de

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alcançar um padrão de excelência na apresentação e discussão de áreas do

saber histórico e pedagógico, objetivando a formação de um profissional da

área de educação capacitado a integrar seu conhecimento teórico à realidade

de sua escola, sua cidade.

Para complementar o pensamento e ação que nortearam este trabalho,

o texto abaixo reafirma o quanto a escola cidadã e o poder público

comprometidos podem contribuir para criar condições que viabilizem a

cidadania, através da socialização da informação, da discussão, da

transparência, gerando uma nova mentalidade ,uma nova cultura, em relação

ao caráter público do espaço da cidade É neste contexto de co-

responsabilidade que a disciplina História das Cidades vem contribuir para

formação do educador engajado nesse processo de comprometimento com a

identidade coletiva de uma cidade seja do norte ou do sul, todas fazendo parte

de uma mesma história.

“Os governos comprometidos com a construção

democrática têm por desafio fazer convergir à democracia

de procedimentos e a democracia de conteúdo. No que diz

respeito aos procedimentos cabe assegurar a permanente

participação cidadã, o debate de longo prazo sobre o futuro

da cidade e a modernização administrativa, de conteúdo,

esta implica combinar o desenvolvimento local inclusivo e o

fortalecimento do direito à cidade. O desenvolvimento

inclusivo é aquele que pressupõe a dinamização da

economia por suas qualidades e não por subtração de

direitos. Deve-se assim combater à guerra fiscal,

promovendo o empreendedorismo popular, a ciência, e a

tecnologia,bem como assegurar proteção social e

ambiental e combater a violência urbana. Programas

integrados de inclusão social não devem reduzir-se a

práticas compensatórias: devem pautar-se na garantia de

direitos, através da promoção da regularização fundiária,

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da saúde da família, de incubadoras de cooperativas, de

programas de renda mínima e ao apoio à educação e a

cultura. É na conjunção entre procedimentos democráticos

e democratização substantiva que podermos proceder à

revalorização da política, através de uma ética do

compartilhamento do poder que é a própria esfera pública

democrática”.(Celso Daniel)2002-.IX Encontro Nacional da

ANPUR, Rio de Janeiro.

3.2 - EMENTA DA DISCIPLINA

∗ Estudar os ciclos e conceitos fundamentais da história das cidades:

Do ponto de vista histórico, geográfico, cultural, sócio-político-econômico, os

diferentes processos de ocupação urbana e a importância da relação da

cidade no processo de co-responsabilidade no papel de formação e educação

do cidadão.

∗ Refletir sobre a cidade entendo-a como expressão das diversas

relações sociais que constituem os modos de trabalho, a capacidade de se

divertir e de luta de seus cidadãos.

3.3- OBJETIVO DA DISCIPLINA ∗ Destacar a importância do professor como agente de reflexão e

empreendedorismo de ações participativas e transformadoras na escola-

comunidade- cidade.

∗ Discutir os processos de construção participativa e democrática da

cidade e da escola.

∗ Contribuir com o fortalecimento da articulação escola-comunidade-

cidade como forma construir ações criativas para o enfrentamento de

problemas sociais.

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3.4 - DINÂMICA DA DISCIPLINA A disciplina está estruturada na forma de aulas expositivas, participativas

através debates e a participação de professores e pesquisadores das áreas

afins convidados a participarem do curso.

3.5 - AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA

A avaliação será feita levando em conta a participação dos alunos nas

aulas expositivas, nos debates e através do trabalho final, levando em conta

proposta de ações participativas como forma aproximar escola-comunidade-

cidade .

Carga horária: 30 horas aula

Nº de créditos: 02

Tipo de disciplina: eletiva

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3.6 - Bibliografia da disciplina

Abreu,Maurício de Almeida – A evolução Urbana do Rio de Janeiro

2ª ed. Rio de Janeiro: IPLANRIO/ZAHAR,1988.

Barroso,João (org), A escola entre o local e o global: Perspectivas

para o séc. XXI, Lisboa , Educa 1999.

Barros, José D' Assunção, Cidade e história; Petrópolis, RJ: : Vozes

2007

Benévolo,L. História das Cidade - São Paulo Perspectivas, 2001

Cabanes, Pierre- Introdução à História da Antiguidade, Petrópolis, RJ:

Vozes, 2009.

Gadotti, Moacir; Pulo Roberto; Cabezudo, Alicia (Orgs) 2004, Cidades

Educadoras – Princípios e Experiências. São Paulo; Cortez Editora

Goitta,F C . Breve História do Urbanismo. 4ª ed. Lisboa: presença,1996

Le Goff, Jacques – Os intelectuais na Idade Média; editora brasilense

São Paulo; 1988.

. Lynch, K.A. A imagem da cidade 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes Col.

A, 1999

Moraes, José Geraldo Vinci; Caminhos das Civilizações : Da Pré-

história aos dias atuais , São Paulo: Atual. 1993

Rykwert, J. A sedução do lugar: A história e o futuro da cidade.

São Paulo: Martins Fontes, Coleção. A 2004.

Santos, Paulo . Formação de Cidades no Brasil Colonial; Rio de

Janeiro: Editora UFRJ, 2001.

Cadernos Ippur/UFRJ/ Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e

Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.- ano1, n1 (jan.

/abr.1986

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Conclusão

Os ensaios reunidos nesta monografia tomaram como ponto de

reflexão e ação duas vertentes: “A Carta das Cidades Educadoras” (anexo 1) e

uma preocupação presente acerca do papel da escola e do professor na

construção de um conhecimento crítico sobre o tema sugerido : “ História –

Cidade – Educação”.

Neste período de indagação, pesquisa, estudo, chegou-se a

formulação da proposta da inclusão da disciplina “História das Cidades”,

(contra-pondo e ou complementando) a disciplina “História do Rio de Janeiro”

nos currículos dos cursos de Pedagogia e História.

Neste sentido a monografia foi sendo construída tendo como foco

de estudo, a cidade e a educação.

No primeiro capítulo procuramos demonstrar o que dizem em quase

todas as épocas, as cidades são consideradas de “o lugar do progresso da

civilização”. Por essa afirmação incluímos ao capítulo o sub-título, “o

surgimento dos intelectuais”; há autores que relacionam o surgimento da

profissão de ensinar e de educar com as cidades. Este homem intelectual

surge em um ambiente urbano, pois as exigências sociais econômicas e

políticas de uma vida coletiva sempre foram e serão dinâmicas e velozes.

O estudo deste capítulo também demonstrou a importância pela busca

de construir uma identidade coletiva, para se construir uma sociedade

saudável, tornando-se amiga e “companheira”, como dizia Paulo Freire.

O mundo de hoje precisa de uma educação que nos ensine, a olhar e a

descobrir o sentido de viver em coletivo, sabendo aceitar que esse coletivo é

um espaço para as diferenças, e essas diferenças não podem ser

consideradas como diferenças entre os homens e sim uma riqueza entre os

homens.

Com essas abordagens, fechamos o capítulo levando a luz do

conhecimento conceitos que buscam estudar e interpretar as cidades.

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No segundo momento, o caráter histórico da construção das cidades, foi

colocado como objeto de estudo com o título “A cidade na história: A cidade

como sujeito da história”, este capítulo pôde-se demonstrar através de suas

origens como as cidades e suas formas de vida urbana influenciaram as

grandes mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais pelo quais as

sociedades se transformaram.

Com terceiro e último capítulo apresentamos uma proposta de ementa

da disciplina “História das Cidades”, tomando como conceito para reflexão e

elaboração da disciplina, a formação acadêmica, devendo ser essa uma

exigência que se coloca na realidade contemporânea, mediante as exigências

e questionamentos provenientes dos diversos saberes e espaços de atuação

que um profissional da educação deva ter.

Consideramos assim, ser fundamental contribuir com a valorização do

profissional do ensino fundamental e médio, através de uma ação de formação

multidisciplinar e multiculturalista.

Precisamos de uma pedagogia que privilegie a cidade para nos ensinar a olhar

e a redescobri-la, para aprender com ela, e dela, aprender a convivência com o

outro.

Incorporar o estudo de questões urbanas no campo da educação é

afirmar ideal como; cidadania, inclusão e justiça social, buscando contribuir

para uma sociedade mais humana, solidária e justa. As cidades atuais podem

ser destacadas como cidades (espaços urbanos) fragmentadas em que a

exclusão social, a falta de moradia, falta de planejamento urbano, saúde,

educação, degradação do meio ambiente e tantos outros que poderíamos citar,

levam apontar para uma dívida social que recaí sobre todos nós, desde do

poder público como gestores que têm o papel de garantir o direito igual a todos

os cidadãos, a escola, ao professor; por ocuparem papéis fundamentais nessa

cadeia de mudanças, onde temos a responsabilidade de pensar, repensar,

interpretar, reinterpretar, escrever e reescrever esses espaços fragmentados,

reconstruindo a cidade para que está sirva como espaço de cultura educando

a todos nós.

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Nesta aproximação entre cidade e escola, a disciplina ora proposta faz

confluir temas que se interlaçam, confirmando a escola como espaço de

educação inclusiva contribuindo para construção de uma cidade mais

humanizada.

Ao fechar este trabalho, deixamos como conclusão que as cidades

devem ser consideradas como lugares de encontros, onde a cada dia surgem

e ampliam-se problemas, mas também devem ser consideradas onde

acontecem mudanças mais radicais, mas também criativas, onde-se

convergem, se cristalizam os conflitos e as contradições de uma sociedade.

Cabendo a nós, educadores, escolas, alunos, protagonistas do espetáculo da

vida a construírem a nossa própria história.

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Bibliografia Consultada

Abreu,Maurício de Almeida – A evolução Urbana do Rio de Janeiro

2ª ed. Rio de Janeiro: IPLANRIO/ZAHAR,1988.

Barroso,João (org), A escola entre o local e o global: Perspectivas para o séc.

XXI, Lisboa , Educa 1999.

Barros, José D' Assunção; Cidade e história; Petrópolis, RJ: : Vozes

2007

Benévolo,L; A Cidade e o Arquiteto – debates -São Paulo, 2009

Benévolo,L; História das Cidades - São Paulo Perspectivas, 2001

Cabanes, Pierre ; Introdução à História da Antiguidade, Petrópolis, RJ:

Vozes, 2009.

Gadotti, Moacir; Pulo Roberto; Cabezudo, Alicia (Orgs) 2004, Cidades

Educadoras – Princípios e Experiências. São Paulo; Cortez Editora

Goitta,F C ; Breve História do Urbanismo. 4ª ed. Lisboa: presença,1996

Holanda, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro, 1936

Le Goff, Jacques; Os intelectuais na Idade Média; editora brasilense

São Paulo; 1988.

Lynch, Kevin; A imagem da cidade 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes 1994.

Martins, J; Didática geral. 2 ed. São Paulo: Atlas , 1990

Moraes, José Geraldo Vinci; Caminhos das Civilizações: Da Pré-

história aos dias atuais , São Paulo: Atual. 1993

Munford, Lewis; Cidade na História: A história na Cidade: suas origens,

transformações e perspectivas. 4ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 1988

Pereira,Iêda Lúcia Lima e Hannas, Maria Lúcia. Nova Prática pedagógica, São

Paulo Gente,2000- ( Coleção Novos Rumos da Educação).

Portela, Eduardo. Educação pela cidade. Revista Tempo Brasileiro, Rio de

Janeiro,n.120, jan,/mar.1995

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Rykwert, J. A sedução do lugar: A história e o futuro da cidade . São Paulo:

Martins Fontes, Coleção. A 2004.

Sacristãn, J.G.; Pérz Gomea, A.I. Compreender e transformar o ensino. In; O

currículo: os conteúdos do ensino ou uma prática. Porto Alegre,2000.

Silva, Tomaz Tadeu da, Identidades Terminais- “As transformações na política

da pedagogia e na pedagogia da política”. 1996 Petrópolis ed, Vozes

Santos, Paulo . Formação de Cidades no Brasil Colonial; Rio de

Janeiro: Editora UFRJ, 2001.

Wirth, Louis. O Urbanismo como um modo de vida. In: Velho, Otávio Guilherme

( org.) O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Zahar Editores 2 ed., 1973,p 90-

113.

Volta por cima. Jornal O Globo Rio de Janeiro: 19 de mar 2011, 07p.

A paz também é uma construção. O Globo Rio de Janeiro:18 de dez 2010,07p.

www.cm-evora.pt/nr/donlyres4ead/ www.wikipédia.org/wiki/Hist%c3%b3ria_das_cidades 10/11/2019 www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-das-cidades/historia-das- cidades.php 19/10/2010 www.klickeducação.com.br www.dicionárioinformal.com.br.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Internet “CARTA DAS CIDADES EDUCADORAS”

www,cm-evora.pt/nr/donlyres4ead Anexo 2 >> Entrevista;

Margareth da Silva Pereira , arquiteta (FAU-UFRJ), urbanista (Universidade de Paris VIII), doutora em História (Ecola de Altos Estudos em Ciências Sociais/EHESS-Paris), Pós-doutorado na Universidade de Paris 12 (Instituto de urbanismo de Paris)

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ANEXO 1

INTERNET CARTA DAS CIDADES EDUCADORAS As cidades representadas no 1º Congresso Internacional das Cidades Educadoras, que teve lugar em Barcelona em Novembro de 1990, reuniram na Carta inicial, os princípios essenciais ao impulso educador da cidade. Elas partiam do princípio que o desenvolvimento dos seus habitantes não podia ser deixado ao acaso. Esta Carta foi revista no III Congresso Internacional (Bolonha, 1994) e no de Génova (2004), a fim de adaptar as suas abordagens aos novos desafios e necessidades sociais. A presente Carta baseia-se na Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948), no Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais (1966), na Declaração Mundial da Educação para Todos (1990), na Convenção nascida da Cimeira Mundial para a Infância (1990) e na Declaração Universal sobre Diversidade Cultural (2001). PREÂMBULO Hoje mais do que nunca as cidades, grandes ou pequenas, dispõe de inúmeras possibilidades educadoras, mas podem ser igualmente sujeitas a forças e inércias deseducadoras. De uma maneira ou de outra, a cidade oferece importantes elementos para uma formação integral: é um sistema complexo e ao mesmo tempo um agente educativo permanente, plural e poliédrico, capaz de contrariar os factores deseducativos. A cidade educadora tem personalidade própria, integrada no país onde se situa é, porconsequência, interdependente da do território do qual faz parte. È igualmente uma cidade que se relaciona com o seu meio envolvente, outros centros urbanos do seu território e cidades de outros países. O seu objectivo permanente será o de aprender, trocar, partilhar e, por consequência, enriquecer a vida dos seus habitantes. A cidade educadora deve exercer e desenvolver esta função paralelamente às suas funções tradicionais (económica, social, política de prestação de serviços), tendo em vista a formação, promoção e o desenvolvimento de todos os seus habitantes. Deve ocupar-se prioritariamente com as crianças e jovens, mas com a vontade decidida de incorporar pessoas de todas as idades, numa formação ao longo da vida. As razões que justificam esta função são de ordem social, económica e política, sobretudo orientadas por um projecto cultural e formativo eficaz e coexistencial. Estes são os grandes desafios do século XXI: Primeiro .investir. na educação de cada pessoa, de maneira a que esta seja cada vez mais capaz de exprimir, afirmar e desenvolver o seu potencial humano, assim como a sua singularidade, a sua criatividade e a sua responsabilidade. Segundo, promover as condições de plena igualdade para que todos possam sentir-se respeitados e serem respeitadores, capazes de diálogo. Terceiro, conjugar todos os factores possíveis para que se possa construir, cidade a cidade, uma verdadeira sociedade do conhecimento sem exclusões, para a qual é preciso providenciar, entre outros, o acesso fácil de toda a população às tecnologias da informação e das comunicações que permitam o seu desenvolvimento. As cidades educadoras, com suas instituições educativas formais, suas intervenções não formais (de uma intencionalidade educadora para além da educação formal) e informais (não intencionais ou planificadas), deverão colaborar, bilateral ou

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multilateralmente, tornando realidade a troca de experiências. Com espírito de cooperação, apoiarão mutuamente os projectos de estudo e investimento, seja sob a forma de colaboração directa ou em colaboração com organismos internacionais. Actualmente, a humanidade, não vive somente uma etapa de mudanças, mas uma verdadeira mudança de etapa. As pessoas devem formar-se para uma adaptação crítica e uma participação activa face aos desafios e possibilidades que se abrem graças à globalização dos processos económicos e sociais, a fim de poderem intervir, a partir do mundo local, na complexidade mundial, mantendo a sua autonomia face a uma informação transbordante e controlada por certos centros de poder económico e político. Por outro lado, as crianças e os jovens não são mais protagonistas passivos da vida social e, por consequência, da cidade. A Convenção das Nações Unidas de 20 de Novembro de 1989, que desenvolve e considera constrangedores os princípios da Declaração Universal de 1959, tornou-os cidadãos e cidadãs de pleno direito ao outorgar-lhes direitos civis e políticos. Podem associar-se e participar em função do seu grau de maturidade. A protecção das crianças e jovens na cidade não consiste somente no privilegiar a sua condição, é preciso cada vez mais encontrar o lugar que na realidade lhes cabe, ao lado dos adultos que possuem como cidadã a satisfação que deve presidir à coexistência entre gerações. No início do século XXI, as crianças e os adultos parecem necessitar de uma educação ao longo da vida, de uma formação sempre renovada. A cidadania global vai-se configurando sem que exista ainda um espaço global democrático, sem que numerosos países tenham atingido uma democracia eficaz respeitadora dos seus verdadeiros padrões sociais e culturais e sem que as democracias de longa tradição possam sentir-se satisfeitas com a qualidade dos seus sistemas. Neste contexto, as cidades de todos os países, devem agir desde a sua dimensão local, enquanto plataformas de experimentação e consolidação duma plena cidadania democrática e promover uma coexistência pacífica graças à formação em valores éticos e cívicos, o respeito pela pluralidade dos diferentes modelos possíveis de governo, estimulando mecanismos representativos e participativos de qualidade. A diversidade é inerente às cidades actuais e prevê-se que aumentará ainda mais no futuro. Por esta razão, um dos desafios da cidade educadora é o de promover o equilíbrio e a harmonia entre identidade e diversidade, salvaguardando os contributos das comunidades que a integram e o direito de todos aqueles que a habitam, sentindo- se reconhecidos a partir da sua identidade cultural. Vivemos num mundo de incerteza que privilegia a procura da segurança, que se exprime muitas vezes como a negação e uma desconfiança mútua. A cidade educadora, consciente deste facto, não procura soluções unilaterais simples, aceita a contradição e propõe processos de conhecimento, diálogo e participação como o caminho adequado à coexistência na e com a incerteza. Confirma-se o direito a uma cidade educadora, que deve ser considerado como uma extensão efectiva do direito fundamental à educação. Deve produzir-se, então uma verdadeira fusão da etapa educativa formal com a vida adulta, dos recursos e do potencial formativo da cidade com o normal desenvolvimento do sistema educativo, laboral e social. O direito a uma cidade educadora deve ser uma garantia relevante dos princípios de igualdade entre todas as pessoas, de justiça social e de equilíbrio territorial. Esta acentua a responsabilidade dos governos locais no sentido do desenvolvimento

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de todas as potencialidades educativas que a cidade contém, incorporando no seu projecto político os princípios da cidade educadora. PRINCÍPIOS I . O DIREITO A UMA CIDADE EDUCADORA 1- Todos os habitantes de uma cidade terão o direito de desfrutar, em condições de liberdade e igualdade, os meios e oportunidades de formação, entretenimento e desenvolvimento pessoal que ela lhes oferece. O direito a uma cidade educadora é proposto como uma extensão do direito fundamental de todos os indivíduos à educação. A cidade educadora renova permanentemente o seu compromisso em formar nos aspectos, os mais diversos, os seus habitantes ao longo da vida. E para que isto seja possível, deverá ter em conta todos os grupos, com suas necessidades particulares. Para o planejamento e governo da cidade, tomar-se-ão as medidas necessárias tendo por objectivo o suprimir os obstáculos de todos os tipos incluindo as barreiras físicas que impedem o exercício do direito à igualdade. Serão responsáveis tanto a administração municipal, como outras administrações que têm uma influência na cidade, e os seus habitantes deverão igualmente comprometerem-se neste empreendimento, não só ao nível pessoal como através de diferentes associações a que pertençam. - 2A cidade deverá promover a educação na diversidade para a compreensão, a cooperação solidária internacional e a paz no mundo. Uma educação que deverá combater toda a forma de discriminação. Deverá favorecer a liberdade de expressão, a diversidade cultural e o diálogo em condições de igualdade. Deverá acolher tanto as iniciativas inovadoras como as da cultura popular, independentemente da sua origem. Deverá contribuir para a correcção das desigualdades que surjam então da promoção cultural, devido a critérios exclusivamente mercantis. - 3A cidade educadora deverá encorajar o diálogo entre gerações, não somente enquanto fórmula de coexistência pacífica, mas como procura de projectos comuns e partilhados entre grupos de pessoas de idades diferentes. Estes projectos, deverão ser orientados para a realização de iniciativas e acções cívicas, cujo valor consistirá precisamente no carácter intergeracional e na exploração das respectivas capacidades e valores próprios de cada idade. - 4As políticas municipais de carácter educativo devem ser sempre entendidas no seu contexto mais amplo inspirado nos princípios de justiça social, de civismo democrático, a qualidade de vida e da promoção dos seus habitantes. - 5Os municípios deverão exercer com eficácia as competências que lhes cabem em matéria de educação. Qualquer que seja o alcance destas competências, elas deverão prever uma política educativa ampla, com carácter transversal e inovador, compreendendo todas as modalidades de educação formal, não formal e informal, assim como as diferentes manifestações culturais, fontes de informação e vias de descoberta da realidade que se produzam na cidade. O papel da administração municipal é o de definir as políticas locais que se revelarão

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possíveis e o de avaliar a sua eficácia, assim como de obter as normas legislativas oportunas de outras administrações, centrais ou regionais. - 6Com o fim de levar a cabo uma actuação adequada, os responsáveis pela política municipal duma cidade deverão possuir uma informação precisa sobre a situação e as necessidades dos seus habitantes. Com este objectivo, deverão realizar estudos que manterão actualizados e tornarão públicos, e prever canais abertos (meios de comunicação) permanentes com os indivíduos e os grupos que permitirão a formulação de projectos concretos e de política geral. Da mesma maneira, o município face a processos de tomada de decisões em cada um dos seus domínios de responsabilidade, deverá ter em conta o seu impacto educador e formativo. 2 . O COMPROMISSO DA CIDADE - 7A cidade deve saber encontrar, preservar e apresentar sua identidade pessoal e complexa. Esta a tornará única e será a base dum diálogo fecundo com ela mesma e com outras cidades. A valorização dos seus costumes e suas origens deve ser compatível com os modos de vida internacionais. Poderá assim oferecer uma imagem atraente sem desvirtuar o seu enquadramento natural e social. partida, deverá promover o conhecimento, a aprendizagem e a utilização das línguas presentes na cidade enquanto elemento integrador e factor de coesão entre as pessoas. - 8A transformação e o crescimento duma cidade devem ser presididos por uma harmonia entre as novas necessidades e a perpetuação de construções e símbolos que constituam referências claras ao seu passado e à sua existência. O planeamento urbano deverá ter em conta as fortes repercussões do ambiente urbano no desenvolvimento de todos os indivíduos, na integração das suas aspirações pessoais e sociais e deverá agir contra toda a segregação das gerações e pessoas de diferentes culturas, que têm muito a aprender umas com as outras. O ordenamento do espaço físico urbano deverá estar atento às necessidades de acessibilidade, encontro, relação, jogo e lazer e duma maior aproximação à natureza. A cidade educadora deverá conceder um cuidado especial às necessidades das pessoas com dependência no planeamento urbanístico de equipamentos e serviços, a fim de lhes garantir um enquadramento amável e respeitador das limitações que podem apresentar sem que tenham que renunciar à maior autonomia possível. - 9A cidade educadora deverá fomentar a participação cidadã com uma perspectiva crítica e co-responsável. Para este efeito, o governo local deverá oferecer a informação necessária e promover, na transversalidade, as orientações e as actividades de formação em valores éticos e cívicos. Deverá estimular, ao mesmo, a participação cidadã no projecto colectivo a partir das instituições e organizações civis e sociais, tendo em conta as iniciativas privadas e outros modos de participação espontânea. - 10O governo municipal deverá dotar a cidade de espaços, equipamentos e serviços públicos adequados ao desenvolvimento pessoal, social, moral e cultural de todos os

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seu habitantes, prestando uma atenção especial à infância e à juventude. - 11A cidade deverá garantir a qualidade de vida de todos os seus habitantes. Significa isto, um equilíbrio com o ambiente natural, o direito a um ambiente sadio, além do direito ao alojamento, ao trabalho, aos lazeres e aos transportes públicos, entre outros. Deverá promover activamente a educação para a saúde e a participação de todos os seus habitantes nas boas práticas de desenvolvimento sustentável. - 12O projecto educador explícito e implícito na estrutura e no governo da cidade, os valores que esta encoraja, a qualidade de vida que oferece, as manifestações que organiza, as campanhas e os projectos de todos os tipos que prepara, deverão ser objecto de reflexão e de participação, graças à utilização dos instrumentos necessários que permitam ajudar os indivíduos a crescer pessoal e colectivamente. 3 . AO SERVIÇO INTEGRAL DAS PESSOAS - 13O município deverá avaliar o impacto das ofertas culturais, recreativas, informativas, publicitárias ou de outro tipo e as realidades que as crianças e jovens recebem sem qualquer intermediário. Neste caso, deverá empreender, sem dirigismos acções com uma explicação ou uma interpretação razoáveis. Vigiará a que se estabeleça um equilíbrio entre a necessidade de protecção e a autonomia necessária à descoberta. Oferecerá, igualmente espaços de formação e de debate, incluindo os intercâmbios entre cidades, para que todos os seus habitantes possam assumir plenamente as inovações que aquelas geram. - 14A cidade deverá procurar que todas as famílias recebam uma formação que lhes permitirá ajudar os seus filhos a crescer e a apreender a cidade, num espírito de respeito mútuo. Neste mesmo sentido, deverá promover projectos de formação destinados aos educadores em geral e aos indivíduos (particulares ou pessoal pertencente aos serviços públicos) que intervêm na cidade, sem estarem conscientes das funções educadoras. Atenderá igualmente para que os corpos de segurança e protecção civil que dependem directamente do município, ajam em conformidade com estes projectos. - 15A cidade deverá oferecer aos seus habitantes a possibilidade de ocuparem um lugar na sociedade, dar-lhes-á os conselhos necessários à sua orientação pessoal e profissional e tornará possível a sua participação em actividades sociais. No domínio específico das relações escola-trabalho, é preciso assinalar a relação estreita que se deverá estabelecer entre o planeamento educativo e as necessidades do mercado de trabalho. Para este efeito, as cidades deverão definir estratégias de formação que tenham em conta a procura social e colaborar com as organizações sindicais e empresas na criação de postos de trabalho e de actividades formativas de carácter formal e não formal, sempre ao longo da vida. - 16As cidades deverão estar conscientes dos mecanismos de exclusão e marginalização que as afectam e as modalidades que eles apresentam assim como desenvolver as políticas de acção afirmativa necessárias. Deverão, em particular, ocupar-se dos recém-chegados, imigrantes ou refugiados , que têm o direito de sentir com toda a liberdade, que a cidade lhes pertence. Deverão consagrar todos os seus esforços no encorajar a coesão social entre os bairros e os seus habitantes, de todas as

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condições. - 17As intervenções destinadas a resolver desigualdades podem adquirir formas múltiplas, mas deverão partir duma visão global da pessoa, dum parâmetro configurado pelos interesses de cada uma destas e pelo conjunto de direitos que a todos assistem. Toda a intervenção significativa deve garantir a coordenação entre as administrações envolvidas e seus serviços. É preciso, igualmente, encorajar a colaboração das administrações com a sociedade civil livre e democraticamente organizada em instituições do chamado sector terciário, organizações não governamentais e associações análogas. - 18A cidade deverá estimular o associativismo enquanto modo de participação e corresponsabilidade cívica com o objectivo de analisar as intervenções para o serviço da comunidade e de obter e difundir a informação, os materiais e as ideias, permitindo o desenvolvimento social, moral e cultural das pessoas. Por seu lado, deverá contribuir na formação para a participação nos processos de tomada de decisões, de planeamento e gestão que exige a vida associativa. - 19O município deverá garantir uma informação suficiente e compreensível e encorajar os seus habitantes a informarem-se. Atenta ao valor que significa seleccionar, compreender e tratar a grande quantidade de informação actualmente disponível , a cidade educadora deverá oferecer os recursos que estarão ao alcance de todos. O município deverá identificar os grupos que necessitam de uma ajuda personalizada e colocar à sua disposição pontos de informação, orientação e acompanhamento especializados. Ao mesmo tempo, deverá prever programas formativos nas tecnologias de informação e comunicações dirigidos a todas as idades e grupos sociais a fim de combater as novas formas de exclusão. c- 20A cidade educadora deverá oferecer a todos os seus habitantes, enquanto objectivo cada vez mais necessário à comunidade, uma formação sobre os valores e as práticas da cidadania democrática: o respeito, a tolerância, a participação, a responsabilidade e o interesse pela coisa pública, seus programas, seus bens e serviços. Esta Carta exprime o compromisso assumido pelas cidades que a subscrevem com todos os valores e princípios que nela se manifestam. Define-se como aberta à sua própria reforma e deverá ser adequada aos aspectos que a rápida evolução social exigirá no futuro.

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ANEXO 2 1ª Parte - Identificação do entrevistado. 1- Qual seu nome, e sua formação acadêmica? Margareth da Silva Pereira , arquiteta (FAU-UFRJ), urbanista (Universidade de Paris VIII), doutora em História (Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais/EHESS-Paris), Pós-doutorado na Universidade de Paris 12 (Instituto de urbanismo de Paris) 2- Qual a sua área de atuação na educação? Sou professora da FAU-UFRJ (graduação e pós-graduação) e venho dirigindo teses e dissertações sobre temas ligados às relações entre arquitetura, urbanismo e educação. 2ª Parte - Sobre o tema da monografia. 1- Como a Srª analisa a proposta da monografia apresentada? Acredito que o tema tratado é original em sua proposta de introduzir os estudos tanto sobre a "história das cidades" quanto sobre a "história do pensamento urbanístico" nos conteúdos ministrados nos cursos de pedagogia e historia. 2- No campo da sua área de pesquisa, a Srª tem conhecimento de outro estudo, projeto e ou experiências, que poderíamos comparar com a proposta desta monografia? Caso seja afirmativo poderia fazer um breve relato. Venho estudando, como mencionado acima, a história das cidades e a história do pensamento urbanístico há muitas décadas. Mais do que isto, venho estudando as práticas de gestão e planejamento da vida das cidades desde a formulação do campo disciplinar do urbanismo, a partir do século XIX e, sobretudo, no século XX, como 'ferramenta de inclusão social" . Estas pesquisas levaram-me a estudar estas questões particularmente nas sociedades européias que gradativamente sofreram violentos processos de concentração demográfica e de mudança social, instigada por câmbios de ordem política, econômica, tecnológica e/ou cultural. Esses processos são observáveis de forma nítida em diferentes momentos do século XIX em cidades primeiramente da Inglaterra, Escócia, França e parte da Espanha, mais tarde ainda, em partes da Austria, da Alemanha e da Itália mas a partir de fins do século XIX já se fazem também sentir em vários centros dos EUA e nos anos 1920 em partes da ex-URSS. Ao longo deste vasto arco temporal, pode-se dizer que observa-se o que chamamos em urbanismo "práticas reformadoras" ou "progressistas" em muitos destes contextos impulsionadas pela idéia de 'inclusão", "cidadania" e " justiça social". É neste campo que a educação se firma como a mais potente base para a construção de um novo perfil de citadinos e cidadãos, unindo-se, portanto, a certas correntes do pensamento urbanístico em sua meta de contribuir para uma sociedade mais harmônica, solidária e justa, e em muitos casos, efetivamente uma sociedade mais igualitária. É também neste campo que pouco a pouco se desenha aquilo que hoje chamamos "políticas públicas" par e passo com a institucionalização do urbanismo e de seus objetivos reformadores e formadores. É evidente que as cidades brasileiras também fazem parte desse processo e desta história conectada, sistêmica. De todo modo, em diferentes momentos do passado diferentes segmentos da sociedade civil perceberam o patrimônio - perene - que representa a educação e entendeu que a primeira lição a ser transmitida a cada um é a sua própria história, a história do lugar a que pertence e, para aqueles que vivem no meio urbano - a história das cidades, a história da cidade que se herda e que, a cada geração, deixa-se como legado. Nas sociedades onde os processos de transformação e mudança afetaram radicalmente os vínculos sociais ou eles se tornaram frágeis a 'urbanidade' e a "cidadania" se viram também comprometidas. Em um quadro de exclusão e violência social, o urbanismo, por meio da educação foi chamado a auxiliar no processo de regulação da vida social, buscando reintroduzir as noções tanto de direitos civis quanto de direitos urbanos.

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Exemplos semelhantes ao que a aluna pretende de educação e de criação de disciplinas de sistematização do conhecimento sobre a história das cidades foram experimentados por volta do final do século XIX e inícios dos século XX ora voltadas para um público adulto ( através da ação de universidades livres, universidades populares ou de cursos livres de história desta ou daquela cidade) mas o caso mais significativo é o da cidade de Chicago, onde conseguiu-se criar desde 1909-10 uma disciplina aplicada no 1o grau em todas as escolas municipais com este fim. Não é fácil resumir aqui outras experiências pouco conhecidas ou até mesmo conhecidas mas de modo dissociado das políticas de urbanas como aquelas desenvolvidas por membros 'reformadores" do Rotary Clubs em todo o mundo e que dá origem a UNESCO ; as desenvolvidas a partir do conceito dos "clubs operários" russos, as desenvolvidas pela Escola Nova ou aquelas desenvolvidas nos anos 1950-60 por Paulo Freire no mundo rural e que guardam claro vínculo entre educação/ estudo da história da cidade ou do lugar/ urbanismo como instrumento de regulação e cidadania. 3- De que forma a Srª vê essa monografia contribuindo para formação do profissional na área de educação? As contribuições potencialmente são grandes na medida em que a monografia pode chamar atenção dos educadores para uma prática diretamente voltada para situações concretas do aluno fazendo-o refletir que a história de sua cidade e a sua própria história não são relatos abstratos. Sua casa, sua rua, seu bairro, sua cidade são história, são construções históricas, são feitas de decisões públicas e políticas e também resultam de lutas, crenças, conquistas individuais e coletivas, fazendo a idéia de história ser vivificada e ganhar plena imbricação no presente e no cotidiano. 4- A Srª poderia sugerir algum tema como forma de reflexão (atual) para inclusão no conteúdo programático da disciplina " História da Cidade". Creio que se poderia enfocar não um tema, mas 4 módulos temáticos -A história das cidades como a história das redes de circulação e de trocas ( já que a cidade não existe fechada nela mesma, ela resulta e fomenta complementariedades entre os homens, entre povoações, entre povos. Em resumo; a cidade como u lugar de um saber que conhece seus limites e respeita e reconhece aquilo que a completa) - A história das cidades como história da construção de um patrimônio tangível (arquitetônico e urbanístico) que se passa de geração a geração ( e a idéia, portanto, de que as cidades falam por meio das suas obras, das realizações de seus habitantes, dos seus monumento e daí, a importância que adquire a "imagem do lugar" e a imagem das cidades. Em resumo: a cidade como lugar de um saber que se acumula, se transmite, se mostra e se preserva ou se atualiza) - A história das cidades como história do bem comum e do conforto e da saúde dos seus habitantes ( A cidade como lugar de um saber solidário com a fragilidade que representa a vida) -A história da cidade como a história da luta pela justiça social, pelos direitos e também pela compreensão dos deveres ( A cidade como lugar de um saber que não se esquece de promover a crítica sobre suas instituições)

ÍNDICE

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FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO

3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

“Um olhar sobre a cidade:Um olhar sobre a civilização” 11

1.1- Nascimentos dos Intelectuais 12

1.2- A Busca pela Identidade Coletiva: Fator de mudanças Sociais

13

1.3- Cidades Educadoras 14

1.4 – CONCEITOS 15

1.4.1 - Teórico (Aurélio Buarque de Holanda) 15

1.4.2 - Marcel Roncayolo 15

1.4.3 - Kevin – Lynch 15

1.4.4 - Conceitos Urbanísticos 17

1.4.5 - Conceitos Sociológicos 17

CAPÍTULO I I

“A Cidade na História: a Cidade como Sujeito da Historia” · 18

2.1 -Pré-Antiguidade 18

2.2- Idade Antiga 19

2.2.1 - Civilização Egípcia 19

2.2.2 - Civilização Mesopotâmia 20

2.2.3 - Civilização Fenícia 20

2.2.4 - Civilização Grega 20

2.2.5 - Civilização Esparta 20

2.2.6 - Civilização Atenas 21

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2.2.7 – Civilização Romana 21

2.3 - Idade Média 21

2.4 - Idade Moderna 22

2.5 - Idade contemporânea 23

CAPÍTULO I I I

“Disciplina História das Cidades” · 26

3.1 - Apresentação da disciplina 26

3.2 - Ementa da Disciplina 31

3.3 - Objetivo da Disciplina 32

3.4 - Dinâmica da Disciplina 32

3.5 - Avaliação da Disciplina 32

3.6 - Referências Bibliográficas 33

Conclusão 34

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37

ANEXOS 39

ÍNDICE 50

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: