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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A INFLUÊNCIA DA APLICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DO
ENDOMARKETING, PRINCIPALMENTE NA INDÚSTRIA
FARMACÊUTICA
Por: Eveline de Oliveira Fialho
Orientador
Prof. Carlos Cereja
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A INFLUÊNCIA DA APLICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DO
ENDOMARKETING, PRINCIPALMENTE NA INDÚSTRIA
FARMACÊUTICA
Trabalho de Conclusão do curso de Pós-
Graduação “LATU SENSU” em Marketing para
obtenção do título de Pós-graduado em
Marketing na Universidade Cândido Mendes.
Aluna: Eveline de Oliveira Fialho
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AGRADECIMENTOS
A minha mãe, meu pai, meus familiares e meus
amigos, pelo apoio, confiança e amor
dispensado todos os dias.
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DEDICATÓRIA
Aos amigos e colegas de trabalho do
Laboratório Servier do Brasil LTDA pela ajuda
com aprendizado constante, apoio e
informações indispensáveis a finalização desta
monografia.
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RESUMO
Para se manter num mercado cada vez mais competitivo, as empresas
precisam de um diferencial de comportamento para superar a concorrência e,
com isso, alcançar e/ou manter-se na liderança do segmento de mercado onde
atua. Este trabalho tem como objetivo avaliar a importância do Endomarketing
na indústria farmacêutica e de como ele deve ser implementado para que se
obtenha sucesso. Para analisarmos o tema escolhido, será preciso
compreender o conceito e o objetivo do Endomarketing verificando suas
características dentro das empresas e o reflexo no desempenho
organizacional.
Palavra Chave: Endomarketing; indústria farmacêutica; implementação;
empresa.
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METODOLOGIA
Pesquisa bibliográfica em autores nacionais e internacionais, artigos
sobre o tema Endomarketing, os registros de documentos escritos como
jornais e revistas acadêmicas e um estudo de caso, também fizeram parte
deste trabalho e que auxiliaram no desenvolvimento da fundamentação teórica,
assim como web sites onde foi possível pesquisar diversas empresas ligadas
ao assunto de Marketing de Relacionamento.
A metodologia da pesquisa tem caráter formal e o estudo é descritivo,
como estabelecem Cooper e Schindler (2003, p. 221) “são tipicamente
estruturados com claras e definidas hipóteses ou questões investigativas”.
O referencial teórico dessa pesquisa se concentra em abordar temas
como: conceitos e características do Endomarketing, especificando o
desenvolvimento do Marketing interno desde as primeiras abordagens de
administração até a sua definição como ferramenta de marketing baseada
inicialmente nos seguintes autores: BEKIN (1995), CERQUEIRA (1994),
DORNELAS (1994), DRUCKER (1975), FELIPPE (1999), MAYNARD (1993),
NEVES (2000), NEVES (1998) e no estudo de caso: Caso Microvlar
(SCHERING).
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO 1 - O QUE É MARKETING? 10
CAPÍTULO 2 - O QUE É ENDOMARKETING 13
CAPÍTULO 3 - A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA NO BRASIL 29
CAPÍTULO 4 - MARKETING FARMACÊUTICO 33
CAPÍTULO 5 - O ENDOMARKETING NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA 45
CONCLUSÃO 49
ANEXOS 51
BIBLIOGRAFIA 57
ÍNDICE 60
FOLHA DE AVALIAÇÃO 62
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INTRODUÇÃO
No ambiente interno, devem ser desenvolvidos, detalhados e aplicados
métodos que compatibilizem os interesses dos clientes externos, dos
colaboradores e da empresa, de forma eficiente e duradoura. E isso implica em
flexibilidade e diferenciação das práticas e dos instrumentos de comunicação
utilizados na abordagem dos diversos segmentos funcionais, assim como o
conhecimento aprofundado de suas necessidades e satisfações, num
fornecimento de feedback imprescindível para os ajustes de curso das ações
gestoras em andamento.
A visão de Peter Drucker sobre o marketing de que a meta é
compreender tão bem o cliente, que o produto ou serviço se adapte tão bem a
ele e que se venda por si só, aproxima a função de Marketing da de RH:
conhecer para satisfazer.
Para fazer com que o mercado externo responda positivamente aos
estímulos que lhe são dirigidos, a empresa terá que garantir que seu mercado
interno – colaboradores/funcionários – seja capaz de cumprir as promessas
feitas aos consumidores. O esforço interno para que isso aconteça depende de
vários fatores, tais como: tarefas estimulantes e ambientes de trabalho
motivador. O grande desafia é fazer com que os colaboradores respondam
favoravelmente às demandas da organização em relação ao absoluto
compromisso com a satisfação do cliente.
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Não existe uma lista exclusiva de atividades que devem pertencer
apenas a um programa de Endomarketing. Praticamente qualquer função ou
atividade que tenha impacto, de uma forma ou de outra, sobre a consciência
da ação voltada para clientes, pode ser nela incluída. É claro que isso advém
da noção de que, para ser efetivo, o Endomarketing, antes de tudo, tende se
tornar parte da filosofia de gestão dos Recursos Humanos.
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CAPÍTULO 1
O QUE É MARKETING?
Segundo a definição oficial da American Marketing Association,
marketing “é o processo de planejamento e execução, desde a concepção,
apreçamento, promoção e distribuição de idéias, mercadorias e serviços para
criar trocas que satisfaçam os objetivos individuais e organizacionais” (Cobra,
1988:35).
Em 1971, Stanton, citado por Cobra (1992), definiu marketing como
“desempenho de atividades empresariais interatuantes destinadas a planejar,
apressar, promover e distribuir bens e serviços que satisfazem a desejos dos
clientes presentes e potenciais”. Já Richard Bagozzi, também citado por Cobra
(1992), sugere que marketing “é o processo de criar e resolver relações de
troca”.
Segundo Kotler (1998), o marketing (estudos dos processos e relações
de troca) apareceu formalmente apenas no inicio do século XX. Cobra
(1988:34) define o surgimento do termo marketing como uma expressão anglo-
saxônica que deriva da palavra mercari, do latim, que significa comercio ou ato
de mercar, comercializar ou transacionar.
Historicamente, pode se caracterizar-se a revolução industrial como o
período que marca o aumento da oferta de produtos e da concorrência fazendo
com que a produção não estivesse apenas voltada para o que, até então, era
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considerado básico. Inicia-se a eterna luta pela satisfação das necessidades
humanas.
Apesar dos inúmeros conceitos de marketing, varias discussões
surgiram em torno da aplicação social de todos eles. Foi então que Fhilip Kotler
(1988:44) colocou, dentro do conceito de marketing, novos propósitos de
conceito de consumo inteligente de imperativo ecológico, dando origem ao
Marketing de Caráter Societal, ou seja, a tarefa da organização como
determinar necessidades, desejos e interesses de participação de mercado e
proporcionar a satisfação desejada mais efetiva e eficientemente do que a
concorrência para preservar ou aumentar o bem estar do consumidor e da
sociedade.
Uma caracterização mais atual do marketing, feita por McKenna (1933),
afirma que o marketing dos anos 90 é orientado a criação, e não ao controle de
um mercado; baseia-se na educação desenvolvimentista, no aperfeiçoamento
incremental, e no processo continuo, e não em simples táticas para concentrar
fatias de mercado, ou eventos únicos. Essas características devem ser
empregadas para enfrentar a grande diversidade de produto que surgem e
continua surgindo (especificamente na indústria farmacêutica, essa
concorrência de produtos é bastante evidente, sendo necessário, sem sombra
de duvidas, um marketing mais dinâmico). O processo contínuo, citado por
Mckenna, representa a segurança de manter uma marca em evidencia num
período marcado pela constante evolução das necessidades.
O grande ponto comum entre as definições de marketing é a busca pela
satisfação dos clientes e, como conseqüência da busca da satisfação, está à
definição das necessidades.
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No processo de identificação pode ser utilizado um marketing baseado
no conhecimento: de novas tecnologias, da concorrência, de seus clientes, de
sua própria organização, recursos, planos e forma s de fazer negocio; e na
experiência, que enfatiza a interatividade, conectividade e criatividade.
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CAPÍTULO 2
O QUE É O ENDOMARKETING?
Neste capítulo procuramos mostrar, com base no texto de autores,
tópicos como conceitos de Endomarketing, características de uma Cultura
Organizacional adequada, razão de ser do Endomarketing, objetivos do
mesmo, cuidados na implementação, etc., através da opinião e “dicas” de
autores tais como, Cerqueira, Wilson – Educação e Cultura para Qualidade –
1994, , Bilhim, João Abreu de Faria – Teoria Organizacional – Estruturas e
Pessoas – 1996, Teixeira, Sebastião – Gestão das Organizações – 1998,
Mayo, Elton, com as suas experiências na Western Electric – iniciadas em
1924, Freire, João – Socioiogia do Trabalho: uma introdução – 1993, , Câmara,
Pedro – Humanator – Recursos Humanos e Sucesso Empresarial – 1998, ,
Gomes, Duarte – Cultura Organizacional – Comunicação e Identidade – 2000,
Ferreira, J.M. Carvalho – Psicossociologia das Organizações - 1996, Pepper,
Gerard l. – Communicating in Organizations – 1995, Bernoux, Philipe – La
Sociologie dês Organisations – 1985, Infesta Gil, Angel – Sociologia de La
Empesa – 1991.
O Endomarketing é muito mais do que uma nova forma de melhorar a
comunicação interna da empresa (Cerqueira, 1994:35). Com a evolução
vertiginosa das tecnologias de comunicação e de informação, a partir da
década de 50, surgiu o fenômeno da Globalização que forçou as empresas a
focarem suas atividades na qualidade, não apenas de seus produtos, mas,
principalmente, na qualidade de seus serviços e do atendimento de seus
clientes. Isto significa que os funcionários passaram a ser a principal
engrenagem do sucesso da empresa no mercado. E para que esta
engrenagem funcione é necessário que todos os funcionários da empresa
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estejam envolvidos, motivados e acreditem na importância de suas funções e
de sua postura para o sucesso da empresa e para o atendimento de suas
perspectivas pessoais. Este é o verdadeiro objetivo do Endomarketing: integrar
empresa e funcionários, através da criação de um ambiente de trabalho
motivador, sem perder de vista a qualidade de atendimento pretendida para o
mercado (clientes) (Teixeira, 1998:121).
Procura-se mostrar, também, que a implementação efetiva de uma
estratégia de Endomarketing na empresa esbarra na necessidade de se gerar
uma cultura organizacional adequada, o que implica na necessidade de seus
diretores e gerentes acreditarem na importância do processo, na necessidade
de que a empresa gere normas, procedimentos, programas e incentivos e que
invista nas pessoas buscando gerar participação, conhecimento, motivação e
posturas coerentes com os objetivos pretendidos. (Mayo, 1993:125, 129).
A criação de uma Cultura Organizacional adequada implica na quebra
de paradigmas da era industrial (Taylorismo); na aceitação de que a empresa é
uma comunidade social; que ela tem um papel mobilizador e unifocador de
todo um conjunto de indivíduos em torno do bem comum da organização; na
efetiva delegação de autoridade, etc.; de forma a gerar uma individualidade
empresarial, ou seja, o reconhecimento de que a empresa (comunidade de
funcionários e clientes) tenha uma identidade própria (Freire, 1993:152, 153).
Tomando-se como base as palavras de Wilson Cerqueira, em sua obra
Endomarketing: Educação e cultura para a Qualidade, o Endomarketing é uma
das mais novas áreas da ciência da administração que busca adaptar
estratégias e elementos do marketing tradicional, o normalmente utilizado no
meio externo às empresas, para uso no ambiente interno das corporações.
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Quem nunca ouviu falar que antes de vender um produto, marca ou
imagem para seus clientes as empresas precisam convencer seus funcionários
a comprá-lo? Significa a utilização de ferramentas de marketing, comunicação
recursos humanos e psicologia para promover integração, envolvimento e
absorção de novas filosofias, informações, estratégias e práticas operacionais
para o mercado interno de uma organização. (Cerqueira, 1994:121).
O Endomarketing surgiu como elemento de ligação entre o funcionário,
o produto e o cliente. E “vender” o produto, marca ou imagem para o
funcionário passa a ser tão importante quanto para o cliente. Significa torná-lo
aliado no negócio, responsável pelo sucesso da corporação e igualmente
preocupado com o seu desempenho.
Podemos então, depois dessa exposição de idéias, definir
Endomarketing como o conjunto de ações agindo no público interno
(empregados da empresa) e que tem como objetivo maior conscientizar
funcionários e chefes para a importância do atendimento de excelência ao
cliente (publico externo). O uso do Endomarketing não tem sido aceito com
muita tranqüilidade pelo mercado por pelo menos duas razões, uma de caráter
corporativo e outra essencialmente filosófica, ideológica ou doutrinaria. Os
especialistas, especialmente os profissionais de relações publicas, julgam que
o Endomarketing não é nada mais do que uma forma diferente de expressar (e
praticar) a comunicação interna e que se trata de uma alternativa de garantir
aos profissionais de marketing a entrada em um novo campo de trabalho. É
necessário atentar para a outra razão, que nos parece mais importante, porque
nos leva a cerne da questão: a extensão do conceito de cliente introduz uma
nova perspectiva na relação com o publico interno. É que o conceito de cliente
traz conjuntamente a idéia de um relacionamento comercial, de compra e
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venda que, necessariamente, não se aplica a convivência entre determinados
públicos. Na sedução do cliente, muitas vezes se utiliza a estratégia em que a
transparência e a ética não são favorecidas, o que, já não é saudável na
relação entre uma empresa e os consumidores, menos ainda o é, quando se
contemplam os empregados de uma organização. Talvez fosse mais
apropriado pensar o funcionário como um parceiro, estimulando a sua
participação e, mais ainda, delegando a ele parte importante no processo de
tomada de decisões. (Cerqueira, 1994:122, 125).
Num primeiro momento o conceito de Endomarketing (e de cliente
interno) desempenhou um papel importante, chamando atenção para a
importância do publico interno, mas, como toda a idéia ou teoria importada,
acabou criando alguns problemas para uma cultura empresarial (a brasileira)
que, felizmente, ainda usa valores como cordialidade, a solidariedade e o
afeto.
Na pratica tem sido utilizado como um sinônimo mesmo de
comunicação interna e, aí, percebeu todo o sentido original trazido Lá de fora.
O Endomarketing é uma das ferramentas mais utilizadas para a
melhoria do clima dentro da empresa, facilitando as relações entre patrão e
funcionário.
Os colaboradores fazem parte do processo de conquista, encantamento
e fidelização dos clientes externos. Por isso é importante o Endomarketing,
afinal, se o cliente interno (funcionário) está satisfeito, ele poderá fazer bem o
seu trabalho, que é a engrenagem principal para o êxito da empresa.
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O empreendedor vende seu produto quando o conhece e acredita nele,
caso contrario não possui argumentos favoráveis à sua venda. No entanto, se
conhece e se sente satisfeito com o produto que vende, conseguira com
facilidade transmitir inconscientemente ao seu cliente, fazendo-o se
entusiasmar a comprar seu produto.
O Endomarketing conta com um composto de processos, atividades e
instrumentos voltados a compreensão e a satisfação das necessidades do
público interno da organização, tendo como orientação o comprimento dos
objetivos organizacionais. Realizar um programa de Endomarketing com
sucesso é garantir o comprometimento, a verdadeira adesão interna dos
membros da organização com os objetivos organizacionais e com a satisfação
das necessidades dos clientes externos.
O processo de Endomarketing , no entanto, requer mudanças na cultura
organizacional, tornando-a mais flexível e capaz de disseminar conhecimento,
gerar responsabilidades e delegar poder de decisão aos empregados,
conciliando os objetivos e interesses do público interno com as necessidades e
expectativas do público externo da organização e entendendo que a satisfação
das necessidades do seu público externo é uma condição para a satisfação
das necessidades do seu público interno. (Peper, 1995: 78,83)
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2.1 A Importância do Endomarketing
O ritmo das mudanças na economia mundial foi sensivelmente alterado
em função das novas tecnologias em transportes e comunicações. Esse
fenômeno, que não é novo, foi chamado de Globalização.
A internacionalização dos negócios terminou por induzir a transformação
dos mercados, que agora se voltam para o setor de serviços com maior
interesse e disposição de investimentos.
E quando falamos em serviços, fundamentalmente tratamos da
interferência direta do ser humano na idealização, preparação e execução de
atividades que terminam por formatar o produto que é entregue ao cliente.
Há mais de 50 anos o marketing foi descoberto e tornou-se a principal
alavanca de crescimento dos negócios em larga escala. Os reflexos sobre a
produção industrial foram diretos e imediatos. O setor cresceu. O mesmo
movimento parece acontecer em relação ao Endomarketing e o setor de
serviços.
Pode ser imaginar o quanto o Endomarketing será importante para o
crescimento dos negócios nesse cenário. E o quanto representará para as
empresas que souberem como estruturar seus planos de abordagem aos
empregados, visando máxima qualidade do produto ou serviço que oferecem
aos seus clientes. (Bernoux, 1985:117).
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2.2 Cultura Organizacional
Gradualmente, as abordagens sociológicas relativas às organizações
superaram as insuficiências dos paradigmas teóricos do inicio do século,
baseados em pressupostos de pura racionalidade e numa visão maquinista do
papel dos indivíduos naquelas estruturas. Acrescente preocupação com o ser
humano em situação laboral surge assim como perfeitamente lógica, integrada
em modelos de investigação e análise, demonstrativos da existência de fatores
não econômicos que motivam e mobilizam os trabalhadores. Nos finais dos
anos 70 e ao longo de toda a década de 80, se desenvolveu um interesse
notório pelo estudo da cultura organizacional. Assistiu-se a “tomada de
consciência, por parte dos teóricos e práticos, da importância dos fatores
culturais nas praticas de gestão, e a crença no fato de a cultura constituir um
fator de diferenciação das organizações bem sucedidas das menos sucedidas,
sendo a “boa cultura” de organização (no sentido de adequada) um fator
explicativo do sucesso econômico.” (Ferreira, 1996:315).
A focalização na cultura traduz globalmente o interesse pela construção
quotidiana de sentido que é o processo de partilha da realidade por partes dos
membros da organização, e pela tentativa, mais ou menos pensada, para
construís uma identidade e gerir as relações entre seres humanos.
Com base na assunção do seu papel mobilizador e unificador de todo
um conjunto de indivíduos em torno do bem comum da organização, passamos
em seguida a apresentar traços identificadores da cultura organizacional;
desse modo, tentamos compreender e sintetizar as suas funções na instituição
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e clarificar algumas perspectivas que poderão dificultar o entendimento do
fenômeno. (Pepper, 1995; Bernoux, 1985)
2.2.1 Conceitos
A cultura organizacional assume-se como um conceito essencial à
compreensão das estruturas organizativas. Segundo Infestas Gil, aquela
permite relacionar e aplicar variadas noções que até a muito pouco tempo
eram consideradas fatores passivos: os valores, a qualidade de vida no
trabalho, a identidade. A cultura de uma organização será, pois, um conjunto
de características que a torna única perante qualquer outra. Assume-se como
um sistema se valores, expressos através de rituais, mitos, hábitos e crenças
comuns aos membros de uma instituição, que assim produzem normas de
comportamento genericamente aceita por todos. (Gil, 1991:153) Para João
Bilhim, a cultura significa mais dos que a norma ou valores do grupo,
traduzindo-se numa resposta genérica aos problemas que podem surgir
baseadas em sucessos conseguidos em situações passadas.
Naturalmente a cultura organizacional esta em constante formação e
aperfeiçoamento, adaptando as alterações no meio ambiente e aos distintos
problemas internos; todavia, os elementos chaves estáveis na vida do grupo,
completamente assimilados, não sofrem alterações (Bilhim, 1996:73). Na
opinião de Sebastião Teixeira, algumas características traduzem a essência da
cultura de uma organização, como sejam: a identificação do funcionário mais
com a empresa no seu todo do que com a sua profissão ou tarefa especifica; a
colocação da ênfase no grupo, organizando-se o trabalho essencialmente com
base em equipes, e não numa base individual; a focalização nas pessoas, no
sentido de serem tomados em consideração os efeitos das decisões sobre os
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membros da instituição; a integração departamental, visível na medida em que
os departamentos ou unidades têm a possibilidade de atuar de forma
independente; o controle, analisando de que forma as regras e a supervisão
direta determina a verificação do comportamento dos empregados; a tolerância
do risco, em que importa saber até que ponto os empregados são encorajados
a inovar e a enfrentar o risco; os critérios de recompensa, visíveis na atribuição
de compensações em função de fatores como o desempenho (idealmente),
favoritismo, antiguidade...; a tolerância de conflitos com maior ou menor
espírito de abertura; a orientação para fins ou meios, em que se procura
descobrir se as preocupações essenciais da gestão dizem respeito aos
resultados, ou aos meios utilizados para atingi-los; por último, a concepção de
sistema aberto – ou seja, na medida em que a organização está atenta às
modificações no ambiente externo e atua em resposta as suas necessidades.
Segundo o autor estas características que definem uma cultura
organizacional existem em qualquer instituição num maior ou menor grau de
um contínuo; será a avaliação de cada um dos aspectos que permitirá então
obter a imagem da cultura de uma determinada organização e definir com
clareza as suas peculiaridades (Teixeira, 1998:113).
2.2.2 Contexto de Emergência
O conceito de cultura organizacional (explicativos de atitudes e
comportamentos) é conhecido e aplicado na metade desse século, embora
relembre a este propósito Infestas Gil (1991) que já Elton Mayo (1967) com as
suas experiências na Western Eletric – iniciadas em 1924 – havia referenciado
a presença e a importância das culturas informais na empresa. Todavia, a
análise do tema desenvolveu-se fortemente apenas nos anos mais recentes.
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Nas palavras de Freire, “o tema da cultura de empresa tem vindo a ser glosado
em múltiplos acordes, desde a pouco mais de uma década, tanto nos Estados
Unidos como na Europa e ainda no Japão”, “verificando-se um espetacular
desenvolvimento tomado pelas teorias e doutrinas gestionárias que colocam o
fenômeno cultural das organizações no centro das suas atenções, nos últimos
anos”. Tal pode explicar-se devido à falência de alguns modelos de gestão
organizacional das empresas ocidentais, apoiadas ainda em práticas
economicistas e tradicionais, que originaram forte crise econômica nesta região
do globo. (Freire, João, 1993:152, 157)
Como explica Câmara, “a concorrência desmedida em termos internos e
externos, a ética laboral que domina esta época (melhoria das condições de
trabalho, satisfação no trabalho, responsabilidade social), a evolução das
empresas a partir do choque petrolífero, e, conseqüentemente, o incremento
das teorias do Desenvolvimento Organizacional são pontos de partida para o
aparecimento desta abordagem cultural”. Nesta medida, a preocupação com
os aspectos como a imagem, a comunicação nas organizações ou os rituais
que as distinguem das restantes, multiplicam-se, e a gestão estratégica da
empresa passou a considerar o elemento “cultura”, a par de outros
tradicionalmente valorizados como meios tecnológicos, gestão de tempo,
vendas... (Câmara, 1998:121)
Sobre este, assunto refere também Duarte Gomes que, na gênese da
contínua preocupação com a temática da cultura organizacional, se encontra a
ineficácia demonstrada pelos tradicionais modelos de gestão. Sendo as
organizações, tal como preconizou Bertalanffly, sistemas abertos, ou seja, em
constante interação e sob influencia das turbulências do ambiente externo,
necessita adaptar-se a essas velozes mudanças, sob pena de perderem
viabilidade. Logo, o fato de ocorrerem transformações profundas nos planos
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23
tecnológicos ou econômicos – como as que se verificam com a mundialização
da economia, o poderio no mercado dos novos países industrializados ou a
crescente competitividade internacional -, obriga a reorganização da gestão do
trabalho nas sociedades contemporâneas.
Efetivamente, a vertiginosa introdução de novas tecnologias aplicadas
aos mais diversos setores de atividade parece-nos digna de destaque;
gradualmente um número cada vez maior de pessoas trabalha com o
processamento de números, símbolos ou palavras, ao invés de trabalhar com
materiais e produzir bens. Desta forma, o setor industrial e a produção de bens
propriamente ditos perderam terreno face ao setor terciário, pelo que novas
linhas de orientação de trabalho devem ser consideradas, nesta área em que o
trabalho exige conhecimentos cada vez mais específicos e trabalhadores com
mais grau de autonomia na tomada de decisões.
Também num plano social, a evolução dos modos de vida, a alteração
das mentalidades que advém de mais elevados níveis de escolarização e de
conhecimentos, traduz inevitavelmente novas expectativas face ao trabalho.
Vivendo em melhores condições econômicas e sociais, os indivíduos exigem,
paralelamente, maior qualidade de vida no interior das organizações. Assistiu-
se, assim, na década de 70, a uma progressiva tendência para a integração
social e a polivalência, possibilitando simultaneamente aos funcionários
formação adicional e atribuindo-lhes maiores responsabilidades. Surgiram
propostas de gestão com vista à humanização do trabalho ou ao aumento da
qualidade de vida em situações de trabalho, em contraponto ao “taylorismo”, o
que vem aumentar os intervalos de liberdade e possibilitar uma participação
mais critica por parte de todos os envolvidos.
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O interesse pela cultura interna traduz novas atitudes face ao fenômeno
organizacional. A crise ideológica dos anos 60 e a energética dos anos 70
obrigaram as empresas a assumirem nova identidade, privilegiando a
Qualidade e a Excelência como forma de assegurar a sua sobrevivência.
Desta forma, e em contrapartida a visão da empresa que, há algumas
décadas, se reduzia a um maquinismo que impunha a única maneira de
executar uma tarefa, alienando o indivíduo preso as tarefas repetitivas, surge o
maquinismo da sociedade da informação: uma nova identidade para as
instituições, dotadas de responsabilidades sociais acrescidas (por exemplo,
pela participação em programas de criação de emprego), e obrigadas e
recorrer a meios inovadores para a gestão do seu relacionamento com os
públicos externos e conseqüentemente promoção da sua imagem no exterior.
(Gomes, 2000:111, 113)
2.2.2.1 Razão de Ser
Como mencionamos no item anterior, na primeira metade do século as
organizações eram vistas sob critérios puramente econômicos. O seu
reconhecimento como realidade social vem possibilitar uma nova política de
relações humanas e os estudos decorrentes nesta área levam a aceitação
posterior da existência de uma cultura própria em cada organização. Aquela
desempenha uma função simbólica, ao representar a realidade complexa que
é a vida social de um conjunto de pessoas. Assume também uma função
identificadora, visto ser a referencia principal pertencer a um grupo ou a uma
sociedade. É igualmente importante na medida em que expressa através de
um comportamento de um indivíduo, possibilita a sua integração no conjunto
humano com o qual se identifica.
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Outro fator não menos importante releva a importância da gestão da
cultura nas organizações; o fato de, progressivamente, os locais de emprego
terem se tornado cada vez mais comunidades de vida, assumindo a função de
preencher o espaço deixado vazio por muitas instituições, como a escola, a
igreja, associações ou grupos de residência. As comunidades de trabalho
ganham papel principal na socialização dos indivíduos. Dotadas de linguagem
e identidade próprias, afastam-se da tradicional e redutora função de sistema
produtivo e assume-se como sistema social vivo. (Câmara, 1998:131, 140)
Se consideradas apenas locais de trabalho ou de passagem para os
seres humanos, as organizações tornam-se sistemas inviáveis; daí as
preocupações emergentes no sentido de introduzir qualidade de vida no
trabalho e o investimento nos tempos livres dos funcionários. Tal como refere
Câmara, “com a desagregação dos grupos tradicionais, a Empresa surge
agora ao lado da família e da Escola como ponto-chave da socialização. É na
cultura da organização e no grupo que ela forma que o individuo vai reforçar a
sua identidade social, contrapondo-a aos grupos externos”.
A cultura organizacional permite criar nos membros de uma organização
um sentimento de harmonia, visto todos se sentirem portadores do mesmo
conjunto genérico de valores, partilhando idéias claras sobre quais os
comportamentos aceitáveis ou inaceitáveis no contexto da sua empresa. É
assim facilitada a homogeneização de atitudes dos seus membros e o
alinhamento destes em conformidade com a missão do organismo. Esta idéia
remete-nos de imediato para outra, que traduz a potencialidade da cultura
organizacional no sentido de distinguir aquela instituição das demais, criando
nos seus elementos um sentimento de posse e partilha de valores que os
compromete com a sua tarefa, tendo em vista o bem comum da instituição. “A
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cultura é, também, como daqui resulta claro, um mecanismo de orientação e
controle que molda e guia as atitudes e comportamentos dos empregados”.
Este aspecto é particularmente importante no caso dos novos funcionários,
que, pela absorção da cultura, conseguem ajustar-se e ser aceitos como
membros de pleno direito na instituição. (Câmara, 1998:141, 153)
Ainda a este propósito, refere Gomes (2000:111-112) como funções
essenciais da cultura organizacional “o controle, a integração, a motivação, o
envolvimento, empenho ou implicação, a identificação, a “performance”, o
sucesso ou a excelência organizacionais (...)”.
Já para João Bilhim, a cultura define com clareza as fronteiras
organizacionais ao distinguir cada uma de todas as restantes; também agrega
os membros da instituição em torno de uma identidade partilhada, facilitando a
sua adesão aos objetivos gerais da organização, empenhando-se na procura
do bem comum. Surge igualmente como um mecanismo de controle
relativamente aos comportamentos dos empregados. Para estes, a clara
utilidade de uma cultura organizacional é a redução do grau de ambigüidade,
facilitando o seu entendimento em relação àquilo que a organização espera de
si no que diz respeito aos comportamentos, à concretização das tarefas e às
atitudes perante os distintos tipos de situações. Bilhim acrescenta ainda que a
cultura possa ser transmitida de diversas formas, das quais destacam as
histórias (narrativas sobre conhecimentos passados que fornecem explicações
e legitimam as praticas atuais), os rituais (seqüências de atividades que
definem aquilo que é realmente importante para a organização, em termos de
valores intrínsecos ou de metas a atingir), os símbolos (logotipo, uniformes,
automóveis, arquitetura dos espaços..., são suportes que transmitem
mensagens aos empregados), e a linguagem (desenvolvimento de terminologia
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típica, com a criação de siglas ou mesmo de palavras apenas compreendidas
no seio da organização). (Bilhim, 1996:127, 130)
2.3 Objetivos do Endomarketing
Integrar a noção de “cliente” nos processos internos da estrutura
organizacional propiciando melhoria na qualidade de produtos e serviços é um
dos objetivos do Endomarketing, assim como fazer com que diversos
departamentos da empresa e seus funcionários compartilhem os valores e
objetivos da empresa, consolidando a base cultural estabelecida, bem como
acelerando qualitativamente a sinergia da integração e do comprometimento,
através do reconhecimento e valorização do ser humano. Tendo como objetivo
final o relacionamento com o Cliente, o Endomarketing visa, acima de tudo, a
apontar a forma com que os setores de Marketing, Recursos Humanos
deverão agir, mas sem esquecer que, para chegar a esse objetivo, devemos
melhorar o nível de comunicação e coesão em todos os níveis da organização.
Mais uma vez temos o Endomarketing servindo como instrumento para
estimular o desenvolvimento de qualidades exigidas para o enfrentamento de
crises e ganho de competitividade empresarial: talentos, capacidade, visão,
identificando a percepção da motivação vista como “meus motivos para a
ação”, sensibilizando o “cliente interno” para motivação pessoal, profissional e
para a vida, maximizando os canais de comunicação (comunicação facilitada
ENDO-equipe, ou seja, dentro) & Relacionamento, fomentando com isso o
senso de Equipes X “Euquipes”, estimulando as mudanças de hábitos e
quebra de paradigmas. (Mayo, 1993:129, 157)
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2.4 Implementeção do Endomarketing
Ao planejar e programar uma estratégia de Endomarketing, algumas
diretrizes devem ser observadas. Antes de tudo, o foco do Endomarketig deve
ser reconhecido e totalmente aceito pelas lideranças. O empregado sente que
as lideranças o consideram importante quando lhe é permitido participar do
processo; tanto no processo de pesquisa interna, quanto no planejamento de
seus ambientes de trabalho, nas metas e escopo de suas tarefas, nas rotinas
de informação e feedback e nas campanhas externas. Quando os empregados
compreendem que são capazes de se envolver na melhoria de algo que lhes é
importante, ficam dispostos a se comprometer com o negocio e com a
estratégia de Endomarketig. Entretanto, nunca deve ser esquecido o foco
externo da estratégia e de qualquer programa de Endomarketing. A melhoria
do ambiente de trabalho e das tarefas dos colaboradores constitui um objetivo
importante em si mesmo. No entanto o principal foco do Endomarketing recai
sobre o impacto de cada empregado no marketing externo. O objetivo
primordial é o de melhorar a consciência para serviços e clientes e, portanto,
em última análise, as habilidades de marketing interativo e o desempenho do
marketing externo pelos funcionários. Conseqüentemente, o foco interno e o
externo do Endomarketing caminham lado a lado.
O Endomarketing tem que envolver e começar pela alta gerencia e
também incluir gerentes de nível médio e superiores. Um suporte contínuo da
gerência – não apenas “da boca para fora” – é fundamental para o
desenvolvimento competente do processo. Este processo envolve varias
etapas, desde a avaliação dos objetivos e intenções da organização com o
projeto, diagnóstico institucional, elaboração do Projeto de Endomarketing até
a confecção do plano de ação, abrangendo o processo de execução
propriamente dito e o seu constante acompanhamento. (Freire, 1993:154, 157)
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CAPÍTULO 3
A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA NO BRASIL
A indústria nacional tem sido influenciada por movimentos internacionais
e pelas mudanças ocorridas na economia brasileira. No mercado internacional
podemos destacar as fusões e aquisições que envolvem os principais players
mundiais ao longo dos anos 90.
Na economia brasileira, o fim do controle de preços, reconhecimento
das patentes, surgimento do MERCOSUL e da regulamentação do segmento
genéricos em 1999, além de aumentar os investimentos das empresas
mudaram as características do mercado.
Entre 1992 e 1996 foram gastos US$ 950 milhões em modernização e
ampliação das fabricas. Nos anos seguintes, entre 1997 e 2000, os
investimentos somam mais de US$ 1,3 bilhões. Essas transformações foram
implantadas dentro da política de liberação econômica brasileira. Para os
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empresários do setor farmacêutico, os eventos colaboraram para uma
mudança de posição do mercado brasileiro diante das estratégias dos maiores
grupos internacionais. Houve modernização, ampliação ou instalações do
parque industrial, além do movimento de aquisições e acordos com empresas
de capital nacional.
O economista Maurício Mesquita Moreira (autor do livro A Economia
Brasileira nos Anos 90), coloca que a variação do Mark-up de 38 setores da
indústria, separado em grupos, conforme a intensidade de 4 fatores: capital,
mão-de-obra, tecnologia e recursos naturais. A indústria farmacêutica foi
incluída entre os setores intensivos em tecnologia, obteve aumento de Mark-up
de 65% entre 1990 e 1998, outras empresas do grupo de tecnologia obtiveram
26,3% e a média da indústria em geral foi de 24,3%.
Para as farmacêuticas de capital estrangeiro, o ambiente favorável aos
investimentos durante aos anos 90 foi bem diferente do observado nos
períodos anteriores, principalmente nos anos 80. Diante do controle de preços,
havia redução das margens de lucro e as empresas não investiam.
A abertura do mercado aumentou consideravelmente a participação do
comercio exterior no setor farmacêutico, houve um crescimento de 1,418% das
importações e de 250% nas exportações, entre 1998 e 1999. Esta diferença
significou um déficit para o setor de US$ 41,28 milhões.
Ao contrário da abertura econômica, da liberação de preços e do Plano
Real, a entrada em vigor em 1997, da lei da Patente teve um efeito diferente
sobre as empresas nacionais e multinacionais. O lobbie das multinacionais
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31
foram muito forte, até então, o não reconhecimento da propriedade intelectual
permitia que qualquer empresa pudesse copiar um medicamento que tivesse
sido desenvolvido pela outra. Os laboratórios nacionais eram contra essa lei,
sancionada pelo presidente da República em 1996, a nova lei de Propriedade
Industrial do Brasil (Lei n° 9.279, de 14 de maio de 1996) está em vigor desde
15 de Maio de 1997. O país passou a reconhecer a patente de medicamentos
e produtos químicos, farmacêuticos e alimentícios. Os novos produtos não
podem ser copiados sem permissão, só poderão ser comercializados mediante
ao pagamento de royalitties não é retroativa. A Lei da Patente em Outubro de
1999 o Decreto n° 3.201, deu ao governo poder de conceder licença
compulsória para a exploração de patentes, principalmente nos casos de
saúde pública, nutrição, defesa do meio ambiente e desenvolvimento
tecnológico. Essa ferramenta tem sido muito utilizada nos dias de hoje, como
por exemplo, fazendo com que os laboratórios multinacionais ameaçados de
perda de patente, reduzam os preços dos medicamentos utilizados no trato da
AIDS.
Para os laboratórios nacionais o reconhecimento desta Lei significa
maior dificuldade de concorrer no mercado. A saída tem sido a parceria e
investimentos em produtos similares, genéricos e medicamentos fitoterápicos.
O Brasil, cujo programa anti-Aids é considerado modelo pela ONU, foi o
primeiro país a produzir genérico anti-Aids para oferecer drogas antivirais
gratuitas aos pacientes menos favorecidos, gasta US$ 305 milhões anuais com
medicamentos anti-Aids, com o pioneirismo na fabricação de genéricos,
economizou desde 1997 US$ 200 milhões, que já correspondem a 64% das
drogas usadas no tratamento de AIDS no país.
Segundo a Associação dos Laboratórios Nacionais, os medicamentos
éticos (vendidos sob prescrição médica), representam 92% do mercado e o
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32
restante são medicamentos over the counter (OCT – medicamentos que tem
procura espontânea) comercializados sem a necessidade de prescrição
médica. Estes medicamentos também são conhecidos como "populares".
Os medicamentos também são separados por classes terapêuticas
onde as mais representativas são as classes voltadas para o trato alimentar e
o metabolismo, doenças cardiovasculares, sistema nervoso central e aparelho
respiratório (Fonte IMS Health). Cada classe tem sua participação de acordo
com o mercado, por exemplo, os medicamentos voltados para problemas
cardiovasculares têm participação de 15% no Brasil, 87% no México, 16% na
Argentina e 21% nos mercados mais ricos, ocupando o primeiro lugar. No
Brasil e na Argentina estão em segundo, e o quinto lugar no México. No nosso
mercado os produtos para trato alimentar/metabolismo são os que ocupam a
primeira colocação.
Cada vez mais as empresas têm apostado nos lançamentos para
melhorar sua posição no Brasil. Alguns laboratórios de capital nacional
também têm procurado intensificar lançamentos, embora o faturamento de
seus novos produtos não alcance a importância em termos de faturamento,
dos medicamentos mundiais que chegam a faturar US$ 1 bilhão em todo o
mundo. O Viagra, medicamento de combate a impotência sexual masculina,
gerou um faturamento de US$ 29 milhões um ano após ser lançado no Brasil
(Panorama Setorial, Gazeta Mercantil, maio de 2000).
Em 1999, segundo a revista distribuição, os medicamentos mais
vendidos no Brasil foram antiinflamatórios Cataflan, o analgésico e antipirético
Novalgina, o analgésico e antiespasmódico Neosaldina, o anticoncepcional
Microvlar e o antiinflamatório Voltaren.
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33
CAPÍTULO 4
MARKETING FARMACÊUTICO
A compreensão do que significa o Marketing é fundamental para as
gerências de uma empresa. Marketing não é um assunto que diz respeito
apenas aos integrantes da área. As atitudes de Marketing precisam estar
presentes nas atividades do porteiro mais humilde ao presidente da empresa.
Só assim uma empresa cresce financeiramente e marca sua posição no
mercado. É interessante que fique registrado no estudo do Marketing
Farmacêutico uma das mais importantes definições e conceitos a respeito
d’ele.
“Marketing é a analise, organização, planejamento e controle dos
recursos da empresa gerados, a partir do consumidor, com o objetivo de
satisfazê-lo, de forma lucrativa, em suas necessidades e desejos.” (Philip
Kotler)
Quando se fala de necessidades e desejos, todos têm que convir que o
atendimento dos desejos seja mais importante do que a simples satisfação das
necessidades. Logo, uma das funções do Marketing, para aumentar as
vendas, é transformar as necessidades em desejos.
![Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · flexibilidade e diferenciação das práticas e dos instrumentos de comunicação utilizados na abordagem dos diversos segmentos](https://reader030.fdocumentos.com/reader030/viewer/2022012001/607d0ac3ef2b8116576839db/html5/thumbnails/34.jpg)
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É claro que remédios se destinam a pessoas de qualquer idade,
nacionalidade, raça, nível cultural, etc. Todos nos podemos sofrer de alguma
doença ou fazer prevenção d’elas. Assim, a grosso modo, todas as pessoas
são público-alvo da indústria farmacêutica. Todos podem ser consumidores de
seus produtos.
A expressão público-alvo tem, no entanto, uma conotação promocional,
significando pessoas ou grupo de pessoas que se quer atingir para vender
determinado produto ou serviço. Neste caso, o alvo principal do Marketing
Farmacêutico é o médico. A maioria das campanhas promocionais é dirigida
aos médicos. Os médicos são consumidores de conceitos, eles têm uma
grande influência nas vendas de medicamentos através do seu receituário.
Eles não são consumidores finais (aqueles que realmente se utilizam dos
remédios) a não ser que eles passem para a condição de pacientes.
Com relação à profissão do médico, paciente e médico tem visões
antagônicas. O médico entende a sua atividade como uma profissão. O
paciente a vê como um sacerdócio. O que complica o trabalho promocional
junto ao médico são as muitas diferenças que existem entre eles. Além das
diferenças de sexo, eles também podem ser muito estudiosos ou auto-
suficientes. Estão divididos em muitas especialidades, que pensam de maneira
diferente em determinados assuntos. E há também certas características
típicas de alguma especialidade e outras que são comuns a várias
especialidades.
Há médicos intervencionistas e outros que não são mais clínicos, não
intervencionistas. As grandes diferenças entre eles seriam as seguintes: a
formação dos médicos não intervencionistas (clínicos) é voltada para o
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35
organismo como um todo e as suas armas são o diagnostico e a medicação.
Já para os intervencionistas (cirurgiões) tem uma visão local concentrada na
área de sua especialização e as sua armas são o diagnóstico, suas mãos e
sua perícia. Para esse tipo de profissional, a medicação é um figurante.
Além dessas, há outras diferenças entre as especialidades,
principalmente em relação ao trabalho de propaganda médica. É interessante
ressaltar que isso não é regra fixa, mas observação de muitas pessoas em
muitos anos de atividade na propaganda médica. Por exemplo, os clínicos
gerais tem uma cultura médica extensa, mas não muito profunda. É uma
pseudo-superficialidade. Eles têm uma experiência ampla e variada tem muito
feeling no diagnóstico, crença nos remédios mais pela prova terapêutica do
que pelas características farmacológicas. Eles também têm bom senso, não
gostam de cirurgia, aceitam bem a propaganda médica e gostam de brindes.
Já os ginecologistas/obstetras são ao mesmo tempo clínicos e cirurgiões. No
princípio mais obstetra do que ginecologistas. Com o passar do tempo e cada
vez mais, ginecologistas são mais rigorosos em termos científicos. Gostam de
usar as iniciais das patologias as quais cuidam, são menos agressivos e mais
alegres que o cirurgião comum. Geralmente aceitam bem a propaganda e são
bem menos contestadores que os pediatras.
Outro tema interessante de citar é sobre o ambiente de trabalho. O
ambiente onde o médico exerce sua atividade tem papel muito importante na
propaganda médica. Normalmente o médico exerce suas atividades em seu
consultório particular, no hospital, em clinicas ou ambulatórios. A redução do
status econômico do médico, motivada, pelo menos nos grandes centros, por
uma concorrência muito grande e pelos convênios, que os remuneram muito
mal, está diminuindo a importância do consultório. No consultório ocorre um
ritmo mais lento e maior interação com o paciente, devido certamente a maior
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tempo de atendimento. A receptividade a propaganda varia em do status da
clientela e do próprio local de atendimento. Nos hospitais é mais difícil devido
ao clima de urgência, ritmo apressado e alta responsabilidade. Receptividade à
propaganda quase que somente para produtos ligados às necessidades
prementes do médico, e assim mesmo, de maneira apressada.
Existem ainda outros alvos do Marketing Farmacêutico como os
médicos padronizados e o pessoal da farmácia. Os médicos que fazem parte
da comissão de padronização de hospitais e órgãos públicos, embora quase
que nunca cliniquem, são importantes alvos de laboratórios que tem produtos
de uso hospitalar. Ter um produto padronizado é quase uma garantia de venda
regular. Identificá-los e, de maneira direta pelo propagandista, ou indireta, por
telefone, fax, e-mails ou mala direta, fazer propaganda para eles são recursos
dos quais não se deve abrir mão. Da mesma forma, as pessoas ligadas ao
varejo e aos distribuidores são públicos importantes (proprietários,
farmacêuticos, balconistas) para o laboratório e é sempre bom um trabalho de
relações públicas com eles. Com os balconistas são obtidos boas dicas de
quem está receitando bem, de médicos que receitam com freqüência produtos
concorrentes, etc. Algumas empresas alocam amostras de produtos para
afecções mais simples e brindes para os balconistas. Da mesma forma para os
farmacêuticos, que cada farmácia deve ter para a orientação quanto a
produtos genéricos.
O consumidor é o objetivo final (esta sendo transformado em rei), e
adquirindo cada vez mais força. Uma das novas características do novo tipo de
consumidor é que ele exige ser bem informado e não abre mão dos direitos
que tem. O laboratório precisa ajustar-se ao cliente e começar a oferecer-lhe
serviços especiais, principalmente no campo da informação. O consumidor
quer informação do remédio, da doença e dos cuidados que precisa ter. Isto é
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muito importante, especialmente no caso de doenças crônicas, como a
hipertensão e a diabetes.
4.1 Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC)
O Serviço de Atendimento ao Consumidor é umas das ferramentas que
o consumidor dispõe para tirar suas dúvidas e obter esclarecimentos sobre os
medicamentos, seus efeitos indesejáveis, reações, interações, etc. Como canal
de reclamações dos clientes, o SAC facilita o relacionamento com o
consumidor e obtém informações a viva voz que podem ser muito importantes
num processo de reclamações. Renato Gregório, em seu livro “SAC como um
instrumento de vantagem competitiva” (Borreli Editora, 2002), analisa o SAC
em duas indústrias farmacêuticas, dizendo que o cliente assume uma postura
ativa e conquista cada vez mais o direito de escolher as empresas que
transformam seus desejos em necessidades em produto ou serviço. Neste livro
Renato Gregório revela os dados de uma pesquisa que fez em uma das
empresas sobre o motivo que leva o consumidor a contatar o SAC. Os
consumidores ligam para a empresa principalmente para pedirem informações,
ou seja, para dar à empresa a oportunidade de falar com eles e de ver o
produto. Os números da pesquisa são: pedir informação 67%; emitir opiniões
17%; fazer reclamações 8%; fazer solicitações 7%; e efeitos adversos 1%.
4.2 Mídias Utilizadas
Falando sobre as mídias utilizadas pelo Marketing Farmacêutico, o
principal meio com que a indústria farmacêutica conta para sua promoção aos
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médicos é o propagandista. Ele visita normalmente 10 a 15 médicos por dia,
expondo verbalmente a sua propaganda, levando ao médico folhetos ou
separatas de artigos clínicos e as amostras grátis, tudo dentro de um plano
previamente estabelecido pelo Gerente de Produto, que faz parte do Plano de
Marketing da empresa. As vantagens do sistema de visitação pessoal estão
sobejamente provadas, pois este é o maior investimento promocional que a
empresa faz. Hoje há laboratórios com times de quase 1.000 propagandistas.
As empresas maiores dispõem de 300 a 500 propagandistas, que se espalham
por todo o Brasil. Eles recebem treinamento constante e suas principais armas
são o conhecimento dos produtos e uma grande motivação.
Apesar de propagandista ser a principal mídia do Marketing
Farmacêutico, ainda existe outras mídias como as revistas especializadas, o
livro de bulas, a mala direta e a participação em congressos médicos dos
laboratórios.
Hoje há centenas de revistas médicas no Brasil, editadas por empresas
comerciais e também por sociedades médicas. Cerca de 10 revistas, as mais
importantes, devem receber cerca de 80-90% do total investido nelas. O
grande problema dessa mídia é a distribuição. O Brasil tem mais de 150.000
médicos com clinica ativa, mas a tiragem das principais revistas de natureza
geral está na ordem de 40.000 exemplares apenas. A maioria circula 10 vezes
ao ano, de fevereiro a novembro.
Os livros de bula contêm informações sobre os produtos disponíveis no
mercado, contendo todas as informações necessárias para a sua prescrição. A
cliente paga pela publicação dos textos de suas bulas e por anúncios
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eventualmente veiculados. O mais importante é o DEF (Dicionário de
Especialidades Farmacêuticas), que circula uma vez por ano.
A mala direta é um veículo muito eficiente, especialmente porque pode
levar informações e apelos que ficam ocultos da concorrência. As pesquisas
dizem que os recebedores, na sua maioria, lêem as mensagens de mala
direta. Poucos laboratórios a empregam com freqüência porque seus custos
são muito altos. É o veículo ideal para certas comunicações, como o de
retirada de um produto no mercado, a de mudança em alguma característica
do produto ou em sua própria embalagem.
Há cada vez mais congressos médicos, e vivem em função dos
investimentos que a indústria farmacêutica nele fazem como, por exemplo:
alugando áreas para stands, patrocinando reuniões, pagando despesas de
convidados importantes e até de médicos importantes. É também um
investimento muito caro, por isso, os laboratórios normalmente só fazem uso
d’eles por ocasiões de lançamentos de produtos e em especialidades
selecionadas.
4.3 Comunicação de Marketing na Indústria Farmacêutica
Para cobra (1992), a interação de uma organização com seus meios
interno e externo se realizam através do composto de marketing que é formado
pelos 4 “Os” e pelos 4 “As”.
![Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · flexibilidade e diferenciação das práticas e dos instrumentos de comunicação utilizados na abordagem dos diversos segmentos](https://reader030.fdocumentos.com/reader030/viewer/2022012001/607d0ac3ef2b8116576839db/html5/thumbnails/40.jpg)
40
Os 4 “As”, considerando como as quatro funções básicas de uma
administração de marketing (Richer, 1981) compreendem: análise – usada
para compreender as forças vigentes no mercado em que opera ou pretende
operar a empresa no futuro; adaptação – intuito de ajustar a oferta da
empresa, ou seja, as suas linhas de produtos ou serviços, as forças externas
detectadas através da análise; ativação – conjunto de medidas destinadas a
fazer com que o produto atinja os mercados pré-definidos e seja adquirido
pelos compradores com freqüência desejada; e avaliação – exerce controle
sobre os processos de comercialização e interpretação destes resultados afim
de racionalizar os futuros processos de marketing.
Os 4 “Ps” compreende o produto, promoção, preço e distribuição os
quais serão analisados separadamente neste trabalho.
Para Cobra (1988), preço, numa economia de mercado, é o valor
arbitrário para o pagamento de um produto ou serviço incluindo-se todos os
custos de produção e o lucro da empresa. Já para o consumidor, o preço esta
relacionado a qualidade e ao nível de satisfação que determinado produto
pode oferecer. Por isso, Cobra (1988) ainda afirma que preço é o principal fator
do composto mercadológico e que apesar de outros fatores influenciaram na
decisão de compra, há um limite dentro do qual o preço é um fator decisivo
para a motivação de compra do consumidor.
Assim como o produto, a distribuição também deve satisfazer as
necessidades do consumidor. A função básica de um canal de distribuição é
escoar a produção de bens em geral, seja bem de consumo, industriais ou de
serviços.
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41
Já a promoção segundo Kotler (1988), é a relação dos instrumentos que
estão à disposição do emitente, cujo papel principal é o da comunicação
persuasiva. É dividida basicamente em propaganda, relações públicas,
promoção de vendas e merchandising.
Por ultimo, o 4° “P” é o produto. Um produto é qualquer coisa que pode
ser oferecida a um mercado para aquisição ou consumo, incluindo-se objetivos
físicos, serviços personalidades, lugares, organizações e idéias. O produto é o
ponto central da ação mercadológica. Ele é tudo que uma empresa cria,
desenvolve e comercializa visando à satisfação do consumidor. Levando-se
em consideração as definições e objetivos do marketing, a tarefa maior de um
produto e satisfazer as necessidades do mercado.
Mckenna (1993) coloca que, do ponto de vista do consumidor, um
produto tem uma infinidade de significados, portanto é o mercado quem define
o produto.
Segundo Kotler (1988), pode-se distinguir três conceitos básicos de
produto: tangível – objeto físico ou serviço que é oferecido ao mercado-alvo,
sua configuração física, estilo, qualidade, embalagem e nome da marca;
genérico – é a utilidade ou benefício essencial que está sendo oferecido ou
procurado pelo comprador, é aquilo que nem sempre pode ser visualizado e
que acrescenta na parte tangível do produto; ampliado – é a totalidade dos
benefícios que a pessoa recebe ou experimenta na obtenção de um produto
tangível, e o plus, o algo mais, oferecido por um produto como instalação,
entrega, crédito, garantia e serviço pós-venda.
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42
Quanto à classificação dos produtos, Cobra (1988) os coloca da seguinte
forma:
a) Bens de consumo: duráveis (bens tangíveis que normalmente
sobrevivem a muito uso como roupas e automotores), bens não
duráveis (produtos tangíveis que normalmente são consumidos em
pouco uso como refrigerantes e xampus) e serviços (atividades,
benefícios ou satisfações que são oferecidas para a venda como
alfaiate, despachantes, etc.);
b) Bens industriais: materiais e componentes (entram na fabricação de
outros bens, são as matérias primas e os componentes), bens de capital
(entram parcialmente na composição do produto auxiliando no processo
de fabricação), suprimentos e serviços (não entram na composição do
produto final).
Vamos nos ater aos produtos fabricados pela indústria farmacêutica.
Tecnicamente, eles não são diferentes de outros quaisquer produtos, sejam de
uso cosmético, alimentício ou de higiene e limpeza, que exigem a mesma
garantia de qualidade e seguem da mesma forma, as regras de design, de
embalagens, externas e internas, de logomarcas, etc.
Quando se fala em Marketing Farmacêutico, a primeira idéia que se tem
é de produtos para receituário médico. São os chamados “éticos”, como se os
demais não o fossem. E eles constituem realmente a categoria mais
importante, não só por sua finalidade de tratar das doenças simples às mais
graves como também pelos altos valores financeiros envolvidos, na pesquisa e
![Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · flexibilidade e diferenciação das práticas e dos instrumentos de comunicação utilizados na abordagem dos diversos segmentos](https://reader030.fdocumentos.com/reader030/viewer/2022012001/607d0ac3ef2b8116576839db/html5/thumbnails/43.jpg)
43
desenvolvimento, nos ensaios clínicos e na própria propaganda, cujos
investimentos promocionais atingem porcentagens sobre vendas inimagináveis
em qualquer outro tipo de produto. Porque a parte principal dessa propaganda
feita diretamente ao médico por intermédio de um exército de propagandistas,
que se espalha por todo o país, levando-lhe amostras grátis do produto,
folhetos promocionais, trabalhos clínicos que comprovam sua eficácia. Os
produtos de prescrição médica são a parte mais trabalhosa das atividades do
Marketing Farmacêutico.
Outro tipo de produto farmacêutico é o chamado OCT (over the
counter), ou seja, produtos que são vendidos por procura espontânea ou
incentivada por intermédios de meios gerais de comunicação, como jornais,
rádios e televisão. São chamados também de populares. Tratam patologias
sem muita gravidade e, pó isso, poderiam dispensar a prescrição do médico.
Os dois tipos de produtos têm diferenças nas embalagens, os éticos com
embalagens mais discretas, quase sempre seguindo o layouy padronizado do
laboratório, e os produtos OCT com embalagens promocionais que usam as
mesmas técnicas de motivação de compra por impulso. Há diferença também
nos veículos usados para sua promoção. Os produtos de receituário médico,
sem faixa na embalagem ou com faixas vermelhas ou pretas, são divulgados
pelos propagandistas e até de veículos especializados, fora de alcance do
publico. Os produtos OCT utilizam se dos veículos de massa e de promoção
no ponto de venda.
Numa moda que começou nos Estados Unidos, nós temos produtos
que, apesar de serem de receituário medico, tem promoção dirigida
diretamente ao consumidor (DDC). É um tipo diferente de promoção, visando
maior aceitação e adesão do paciente ao tratamento (compliance), trazendo
informações que o médico não tem tempo para dar ao paciente no momento
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44
da consulta. Os investimentos de produtos farmacêuticos DDC são os que
mais têm crescido nos EUA, utilizando principalmente a televisão.
As embalagens dos produtos têm tudo a ver com o marketing. Para a
produção, armazenagem, expedição, transporte, varejista e comprador no
ponto de venda, com relação a embalagem, apenas uma coisa: a proteção do
produto. O marketing quer proteção também, mas está da mesma forma
preocupada com os aspectos promocionais. Basicamente as funções das
embalagens seriam conter, preservar, exibir, refinar, ter múltipla utilidade e
identificar o produto.
Como a embalagem representa o tamanho, a forma e a aparência final
de produto no ponto de compra é parte integrante de todo o processo de
competitividade efetiva no mercado. Para o fabricante, ela tem valor
promocional, valor na diferenciação e valor para gerar efeitos de consumo.
Também se usa a embalagem para proporcionar melhor percepção do produto
e despertar o desejo de compra em seus clientes.
A ciência / arte precisa estar presente nos medicamentos até na forma
dos comprimidos e cápsulas. Quem toma diversos comprimidos por dia quase
todos brancos e do mesmo tamanho, sem nenhuma marca para identificá-los
acaba tomando medicações erradas, neste momento entra o marketing com
diversas cores nas cápsulas e comprimidos. Nos EUA o medicamento
chamado Valium tinha um comprimido em forma triangular e furado no meio
que o caracterizava. Outro exemplo que não se pode esquecer são as famosas
pílulas azuis do Viagra. Os administradores práticos, aqueles que só pensam
em custos jamais iriam criar um comprimido com aquele formato.
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45
CAPÍTULO 5
O ENDOMARKETING NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
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Neste capitulo, citaremos um depoimento de Fernanda Monteiro
Henrique – gerente administrativa da Herbon Farmacêutica, laboratório de
medicamentos de Pernambuco, que emprega 150 colaboradores na fábrica e
160 em vendas – com relação a sua experiência na implementação do
endomarketing na empresa, obtido por Carla Carvalho Rodrigues.
Também é citada a posição de Mauro Lopes, diretor de relações
institucionais da Associação Brasileira das Agências de Comunicação
(Abracom), (Apostila sobre Endomarketing da EPGE – Escola de Pós-
Graduação em Economia – FGV – Apostila sobre administração empresarial
na indústria farmacêutica do professor Antônio Carlos da Costa Graça), sobre
a diferença entre Endomarketing Empresarial e Comunicação Interna e a
importância da interação na comunicação interna.
Humanizar o relacionamento com os funcionários é uma estratégia de
Endomarketing que da certo e vem garantido sucesso nas empresas – desde
que haja uma via de mão dupla. Foi se o tempo em que o medo e a pressão
dominavam as relações no ambiente de trabalho. Agora, em vez disso, muitos
empresários tentam aperfeiçoar a produção melhorando as relações
interpessoais, com a construção de clima amigável e programas de incentivo.
Conhecer as relações pessoais é essencial para o novo empreendedor,
um profissional preparado e comprometido com o desenvolvimento e o
sucesso de todos. Conselheiro e ágil na defesa da equipe, ele sabe respeitar a
individualidade, os objetivos e interesses dos componentes do grupo que
supervisiona e ainda sabe ouvir criticas e sugestões.
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47
Ciente desse novo modo de relacionamento, a indústria farmacêutica
mostra-se receptiva as mudanças. De acordo com o departamento de pessoal
da empresa, as relações com os colaboradores são abertas e todos podem ter
acesso à diretoria quando precisarem. Um bom clima organizacional
engrandece os profissionais, favorece a motivação e resulta em maior
qualidade e produtividade. E esse é o clima em que trabalham e buscam a
cada dia melhorar.
Umas das ferramentas utilizadas para melhorar o entrosamento é a
comunicação interna, feita através de e-mails, quadros de avisos e constantes
reuniões. Além disso, dispõe de um setor de desenvolvimento profissional
onde os funcionários contam com uma psicóloga, que ouve reivindicações e
sugestões.
Em tempos de internet, o e-mail passou a ser um importante aliado no
processo de comunicação interna das empresas. É o que acontece na Hebron
Farmacêutica, laboratório de medicamentos de Pernambuco, que emprega 150
colaboradores na fabrica e 160 em vendas. “Temos um link direto com a
Embratel que nos ajuda na utilização dessa ferramenta. Possuímos uma
biblioteca com computadores para os que não têm acesso à internet possam
se conectar. Em 15 dias estaremos com a intranet, que nos ajudará na
divulgação das atividades internas”, esclareceu a gerente administrativa
Fernanda Monteiro Henrique.
A empresa elabora comunicados, convites, solicitações, ofício e
circulares que são afixados no quadro de avisos. Há o “Hebron Informa”,
repassado digitalmente aos colaboradores. Trata-se de um informativo
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48
eletrônico quinzenal que relata os acontecimentos na área de pesquisa, a
possibilidade de novos medicamentos e o desenvolvimento dos já existentes.
Além disso, a Hebron alia a criatividade à comunicação, fazendo do
teatro um porta-voz da empresa. “Já tivemos nossa primeira apresentação, que
comunicou o programa 5S que estamos implantando. Diante do sucesso dessa
ferramenta, essas apresentações começarão a ser bimestrais. Nosso programa
de ISSO 9001 também será comunicado desta forma”, enfatizou Fernanda. Os
atores são os próprios colaboradores da empresa.
5.1 A Importância da Interação da Comunicação Interna
Para Mauro Lopes, Diretor de Relações Internacionais da Associação
Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom), na imensa maioria das
empresas, comunicação interna é confundida com informação interna. Ainda
vive-se a fase de confusão do assunto com confecção de jornal interno.
“A disseminação da informação em caráter unidirecional é a regra.
Nesse contexto, há dois modelos básicos: o jornalista (ou profissional do RH
com fama de ‘saber escrever’) redige o jornal, caçando informações aqui e ali,
a duras penas; o segundo modelo é o do marketing, e Endomarketing, no qual
o foco é a divulgação interna sobre produtos e serviços da empresa. Nada
disso é comunicação interna. Comunicação é necessariamente dialogo,
controvérsia, compartilhamento”, ressalta. Para ele, “as direções de empresas
que estiverem dispostas a abrir processos de comunicação interna precisam
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49
estar disponíveis a ouvir. E ouvir quer dizer elogio e critica controvérsia,
debate”.
Trabalhar atualmente em uma Empresa que tem como principio básico,
não só a comunicação ajustada entre todos os departamentos, como também
a preocupação com a motivação, mesmo que visando a produtividade, é muito
gratificante, pois faz com que o funcionário se sinta peça imprescindível nessa
engrenagem e tenhamos a visibilidade do resultado do nosso trabalho, seja em
qualquer área que estejamos trabalhando. Nada é mais impulsionador do que
sabermos que o nosso trabalho é importante e que as pessoas da Empresa
estão olhando e necessitando de sua realização, da melhor forma possível, ou
seja, exigindo com isso o nosso envolvimento direto, contando com o nosso
resultado para atingir as metas principais da Empresa.
CONCLUSÃO
Podemos dizer que o Marketing e a área de Recursos Humanos estão
totalmente envolvidos quando se trata de Endomarketing (marketing interno).
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50
Os “clientes” dos Recursos Humanos são principalmente os
integrantes do corpo funcional da empresa, para onde são dirigidas as ações
de vital importância, incluindo-se entre elas, as de marketing interno,
fundamentais para a difusão de valores e da missão organizacional. A
introjeção, pelos colaboradores, dos aspectos estratégicos e da filosofia que
norteia o trabalho transparecerá no mercado, através do contato com o público
externo. O marketing interno contribui de forma considerável para a imagem
institucional da empresa, facilitando também o agregamento de fornecedores
alinhados à maneira de empreender da organização.
De forma moderna, pode se afirmar que o “produto” mais importante
da área de Recursos Humanos é garantir que a empresa possua um conjunto
de talentos humanos plenamente identificados com a missão e visão da
organização, e, conseqüentemente, disposto a ajudá-la a atingir seus objetivos.
As atividades de marketing interno não podem ser implementadas
como uma campanha motivacional pura e simples, ou como um conjunto de
atividades totalmente separadas, sem conexão com objetivos e metas mais
amplos que envolvem toda a organização. A capacidade dos colaboradores
funcionarem como partes integrantes dos interesses da empresa, ou seja,
responsáveis de maneira incondicional pela satisfação dos clientes,
independentemente da área em que atuam, depende, em grande parte, do
apoio e do encorajamento que recebem de seus lideres diretos. Por isso, pode
se dizer que o Endomarketing é uma atividade estratégica que envolve todo o
quadro de funcionários de uma empresa.
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51
ANEXO 1
INTERNET
www.erudito.fea.usp.br/PortalFEA/repositorio/157/documentos/MICROVLAR%2020
03.doc
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52
ESTUDO DE CASO: MICROVLAR, O ANTICONCEPCIONAL DE FARINHA
DA SCHERING1
A multinacional farmacêutica Schering do Brasil produz o anticoncepcional
Microvlar, muito utilizado pelas brasileiras de classes sociais desfavorecidas,
por causa do preço: pouco mais de três reais. Em 1998, foram comercializados
lotes de comprimidos de Microvlar feitos de farinha. Em conseqüência disso,
muitas usuárias do produto começaram a se queixar de que o remédio não
estava produzindo o efeito desejado. Engravidaram, mesmo tomando
regularmente o anticoncepcional.
A empresa
A Schering AG foi fundada em 1871 em Berlim, na Alemanha. Em 2002,
posicionando-se entre os 25 maiores laboratórios farmacêuticos do mundo,
suas vendas mundiais superaram os cinco bilhões de euros. Com mais de 130
anos de história, a Schering AG englobava 140 empresas coligadas e
subsidiárias presentes em mais de 130 países, empregando 23.000
colaboradores. Essa força de trabalho, e os investimentos em tecnologia,
pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos, colocavam a Schering
AG na liderança mundial dos segmentos de controle da fertilidade e de meios
de contraste para diagnóstico por imagem. A empresa também atuava de
forma destacada nos segmentos de dermatologia e de produtos terapêuticos
para doenças graves.
Schering no Brasil
1 Adaptado de um original de autoria de Fábio Messa, Nicolas Caballero e Paulo
Scarduelli, elaborado em 2003.
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53
O ano de 1923 marcou a chegada da Schering no Brasil, a partir da
inauguração de uma sede no Rio de Janeiro, uma das primeiras subsidiárias
da Schering AG fora da Europa. O grande salto aconteceu em 1954, com a
decisão de transferir sua sede para São Paulo e de iniciar a produção local de
medicamentos.
A construção da fábrica, em 1958, e o lançamento do seu primeiro
contraceptivo oral no país, em 1961, marcaram uma nova fase de expansão
dos negócios da companhia. Localizada na região sul da cidade de São Paulo,
era a segunda maior fábrica da Schering, no mundo, em capacidade produtiva,
superando 80 milhões de unidades por ano, num espaço de 6.000 metros
quadrados de área construída.
A operação no Brasil é uma das dez mais importantes da Schering AG em todo
o mundo e representa cerca de 50% das vendas da companhia na América
Latina. Entre 1995 e 2002, a fábrica de São Paulo já exportou mais de US$
100 milhões.
Empregando 800 colaboradores, a Schering foi o laboratório farmacêutico que
mais cresceu no País em 2001, ocupando a 10ª posição no ranking das
maiores empresas farmacêuticas do país.
A Schering e o Microvlar
O principal produto da Schering é a pílula anticoncepcional Microvlar, a terceira
droga mais vendida no Brasil (14 milhões de unidades), perdendo apenas para
o Cataflan e a Novalgina. É, de longe, o anticoncepcional mais consumido no
país.
Produzido à base de hormônios femininos (Estrógeno e Progesterona), o
Microvlar foi lançado no mercado em 1985. Passou a ser adotado pela classe
médica como o contraceptivo mais popular para a maioria das mulheres
brasileiras. Em cinco anos, ultrapassou os mais vendidos até então, Ginera e
Triquilar, e atravessou toda a década de 90 em primeiro lugar nas vendas.
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54
Porém, no ano de 1998, a Schering sofreu uma denúncia contra o Microvlar,
abalando significativamente a sua imagem, tendo conseqüências desastrosas
em suas vendas.
Microvlar de farinha
Em 20 de maio de 1998, a Schering recebeu uma carta anônima e uma cartela
de Microvlar, com a advertência de que a composição da pílula estava
adulterada. A carta tinha tom amigável e informava que a droga havia sido
comprada numa farmácia em Mauá, na periferia de São Paulo. Sete dias
depois, a Schering sabia que as pílulas continham farinha. Em termos mais
precisos: não continham hormônios, mas só a massa neutra que dá forma à
drágea. A empresa permaneceu calada.
No dia 1º de junho do mesmo ano, uma comerciante de 35 anos, Maria
Aparecida Gonçalves, informou ao laboratório que, apesar de estar tomando
Microvlar, engravidara. Nos dias seguintes, mais duas mulheres fizeram a
mesma queixa. Todas compraram a droga em Mauá e duas delas eram
primas. A Schering continuou calada, descumprindo as normas da Vigilância
Sanitária, que obrigam os laboratórios a notificar imediatamente situações
desse tipo.
No dia 19 de junho, quando o caso das pílulas de farinha já chegara ao
conhecimento da reportagem do Jornal Nacional, o laboratório deu queixa à
polícia e notificou a Vigilância Sanitária. Sustentou que havia sido furtado um
lote de embalagens de Microvlar. Fez com 29 dias de atraso o que deveria ter
feito logo depois de ter confirmado a denúncia anônima.
O que teria acontecido, segundo a empresa?
Entre 12 de janeiro e 21 de abril, a Schering testou uma nova embalagem,
usando pílulas de teste, feitas de farinha, chamadas pílulas bobas, que mais
tarde foram remetidas para outra empresa, para incineração. A empresa supõe
que uma quantidade de cartelas foi roubada e revendida a algumas farmácias.
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55
O laboratório não dispõe de prova de que houve o furto, assim como não sabe
quando aconteceu, ou quantas cartelas sumiram.
O presidente da Schering, Rainer Bitzer, sonegou informações à rede de
defesa da saúde pública. Pior: em nenhum momento mobilizou a empresa
para prestar assistência às mulheres que engravidaram.
Somente um mês depois da carta anônima e um dia após a denúncia
veiculada no “Jornal Nacional”, o laboratório resolveu sair do silêncio. Prestou
aos consumidores as informações que devia, através de um comunicado
intitulado "Ocorrências com Microvlar". O comunicado informava os números
das embalagens que não deveriam ter sido comercializadas.
O comunicado não ia direto ao problema. Em nenhum momento informou que
havia embalagens de Microvlar com farinha no lugar de hormônio e sugeriu
que as mulheres que estavam tomando Microvlar deveriam usar "método de
barreira". Ou seja, a camisinha.
Outro comunicado, das empresas produtoras de medicamentos, disse que a
Schering estava sendo condenada prematuramente, sem que sua culpa
tivesse sido devidamente comprovada. Investigações feitas pela polícia,
imprensa e órgãos da vigilância sanitária, logo em seguida à divulgação do
caso, revelaram a grande escala do roubo, falsificação e distribuição
clandestina de medicamentos no Brasil. Entre falsificações e roubos, a
indústria farmacêutica tinha prejuízos anuais por volta de R$ 800 milhões.
Problemas na produção
Em junho de 1998, as autoridades sanitárias do Brasil suspenderam a
comercialização do Microvlar, que só foi autorizada novamente em agosto. O
governo informou que a autorização seria dada desde que a Schering mudasse
a embalagem do Microvlar. A Schering, por meio de grande campanha
publicitária, anunciou que a cor da embalagem mudaria de verde para azul, a
fim de evitar que o produto falsificado continuasse a ser vendido. A Schering
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também anunciou que um funcionário seria destacado para acompanhar o
descarte dos resíduos de produção durante todo o trajeto do produto, até a
incineração.
Quando as novas embalagens começaram a chegar aos pontos de venda,
descobriu-se que faltava uma pílula em cada cartela.
Em julho, a polícia tinha completado um inquérito e informou que havia
suspeitas de que funcionários da empresa tivessem furtado as pílulas falsas. A
polícia investigava a participação de ex-funcionários da Schering ou ex-
seguranças terceirizados, que trabalhavam em outras empresas. As pílulas
haviam sido vendidas legalmente em estabelecimentos que apresentaram à
polícia notas fiscais de grandes empresas distribuidoras de medicamentos.
Microvlar nos tribunais
O caso Microvlar acabou parando na Justiça. Uma das mulheres que
engravidaram mesmo usando a pílula, Maria de Souza Paladino, 27 anos,
conseguiu a seguinte sentença final do juiz Rubens Armador, da Vara de
Bauru: “pagamento de 3.100 salários mínimos de danos materiais e estéticos
para a requerente, mais uma pensão mensal para o recém nascido de 25
salários mínimos até completar 21 anos de idade, garantindo uma qualidade
de vida igual a um cidadão nascido na Alemanha, sede do laboratório”.
Sentenças como essa se multiplicaram na justiça brasileira. Tinham o objetivo
desestimular e exemplificar empresas multinacionais de porte da Schering e de
suas subsidiarias a não cometerem a negligência e a irresponsabilidade, que
nunca cometeriam em suas sedes ou em países de primeiro mundo.
Os colegas dos Estados Unidos ou da Alemanha, aprenderam com o caso
brasileiro que seus empregos ficam ameaçados com a fórmula adotada pelo
presidente da Schering do Brasil. Embora o Microvlar continuasse sendo
vendido no mercado nacional, Rainer Bitzer perdeu seu cargo dois meses após
a divulgação do escândalo.
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
O QUE É MARKETING? 10
CAPÍTULO II
O QUE É ENDOMARKETING? 13
2.1 – A importância do Endomarketing 18
2.2 – Cultura Organizacional 19
2.2.1 – Conceitos 20
2.2.2 – Contexto de Emergência 21
2.2.2.1 – Razão de Ser 24
2.3 – Objetivos do Endomarketing 27
2.4 – Implementação do Endomarketing 28
CAPÍTULO III
A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA NO BRASIL 29
CAPÍTULO IV
MARKETING FARMACÊUTICO 33
4.1 – Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) 37
4.2 – Mídias Utilizadas 37
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4.3 – Comunicação de Marketing na Indústria 39
Farmacêutica
CAPÍTULO V
O ENDOMARKETING NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA 45
5.1 – A Importância da Interação da Comunicação Interna 47
CONCLUSÃO 49
ANEXOS 51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 57
ÍNDICE 60
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
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