UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO …público, na apresentação de um trabalho em...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A AFETIVIDADE COMO UM FATOR PRIMORDIAL NA ALFABETIZAÇÃO Por: Carla Cristina da Silva Gomes Orientador Prof. Msc. Mary Sue Carvalho Pereira Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A AFETIVIDADE COMO UM FATOR PRIMORDIAL NA

ALFABETIZAÇÃO

Por: Carla Cristina da Silva Gomes

Orientador

Prof. Msc. Mary Sue Carvalho Pereira

Rio de Janeiro

2009

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A AFETIVIDADE COMO UM FATOR PRIMORDIAL NA

ALFABETIZAÇÃO

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez

do Mestre – Universidade Candido Mendes

como requisito parcial para obtenção do grau

de especialista em educação infantil e

desenvolvimento.

Por: . Carla Cristina da Silva Gomes

3

AGRADECIMENTOS

... Aos meus Pais,

Jose Gomes e Maria Neusa,

Ao meu esposo,

Antônio Leonardo,

e ao meu Irmão,

Carlos Eduardo.

4

DEDICATÓRIA

Aos meus Pais,

Jose Gomes e Maria Neusa,

Ao meu esposo,

Antônio Leonardo,

e ao meu Irmão,

Carlos Eduardo,

Em tudo em minha vida.

5

RESUMO

O trabalho de monografia tem como objetivo analisar a importância da

afetividade como uma vertente favorável na vida cognitiva das crianças sendo

mostrada como instrumento de eficácia na aprendizagem dos alunos. Para

isso, o estudo procurou abordar através de uma pesquisa bibliográfica de

como a relação entre professor e aluno são importantes no início da vida

escolar e se dá como resposta na alfabetização. Aos teóricos apresentados

neste trabalho, Jean Piaget, Lev Vygotsky e o Henri Wallon, são os

interlocutores que dão suporte para entender de como se dá o

desenvolvimento da criança na dimensão afetiva. Neste sentido o presente

estudo tem como pretensão levar o professor a analisar suas práticas

pedagógicas e a perceber que afetividade é um dos principais elementos que

se associam a cognição na arte de ensinar.

6

METODOLOGIA

A Pesquisa foi realizada através de uma coleta de dados bibliográficos, através

de teóricos que defendem a afetividade como ponto positivo para o bom

desempenho da criança no processo de inicialização e alfabetização escolar.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO 12

CAPÍTULOII

A APRENDIZAGEM SE ENTRELAÇANDO

COM AFETIVIDADE E ASPECTOS COGNITIVOS 17

CAPÍTULO III

AFETIVIDADE NA RELAÇÃO

PROFESSOR-ALUNO 29

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 40

ANEXO 42

ÍNDICE 43

FOLHA DE AVALIAÇÃO 44

8

INTRODUÇÃO

O primeiro tema proposto foi escolhido com a intenção de discutir sobre

técnicas positivas que nós, especialistas em educação podemos enfatizar na

luta contra o analfabetismo no Brasil, que por uma grande escala se dá

principalmente pela má formação de leitores e um esclarecimento sobre a

dificuldade da escola em iniciar a criança no mundo das letras, que está na raiz

da evasão e da repetência, no primeiro e segundo ciclo do ensino fundamental.

Visando ensinar as crianças a ler, a escrever e a se expressarem de

maneira competente na língua portuguesa é o grande desafio dos professores

das cinco primeiros anos do Ensino fundamental. Informando várias mudanças

importantes sendo realizadas por vários estados onde estão remodelando seus

currículos e investindo mais na atualização dos professores.

Não fugindo da verdade é que o índice de repetência e de evasão

escolar no Brasil, um dos mais altos do mundo aproximadamente um milhão

de crianças estão fora da escola.

Objetivando a importância da criança se expressar em diferentes

situações sendo caráter privado, ou seja, com a família e os amigos, ou em

público, na apresentação de um trabalho em classe ou numa solenidade

escolar para o seu próprio crescimento social, ou seja, expressar-se de

diferentes maneiras, para que desde pequeno possa usar a linguagem

adequada a cada ambiente: a coloquial, em situações de intimidade; ou a

formal, que utiliza a norma culta (valorizada socialmente), em situações

cerimoniais, para que quando alcançar a fase adulta conheça e respeite as

variedades lingüísticas do português falado.

Mas ao decorrer deste trabalho comecei a responder a algumas

questões que me provocaram profundas marcas ao longo de minha trajetória

escolar, tal qual a que Rossini (2001, p.9 apud QUINTANILHA, 2005, p.9)

apresenta: “[...] as crianças que possuem uma boa relação afetiva, são

seguras, têm interesse pelo mundo que as cerca, compreendem melhor a

realidade e representam melhor desenvolvimento intelectual”.

9

Lembro-me perfeitamente destas marcas na escola, logo vem a mente

sentimento de desconforto, medo de falar, sentir, incapacidade e uma imensa

escuridão. Estas muitas das vezes ocasionadas pela ação educativa exercida

pelos professores, outras pela falta do relacionamento afetivo entre professor-

aluno. Embora, saibamos que estas duas linhas de pensamento não sejam

os únicos fatores de interrupção para aprendizagem, pretendemos neste

momento situar apenas neste pensamento para que possamos interagir nos

fatores que romperam agressivamente o processo de ensino-aprendizagem.

Foi partindo das minhas experiências como aluna que decidi

redirecionar esta pesquisa, buscando perceber a importância dos

sentimentos e emoções no aprendizado, frisando o papel do professor como

fator primordial na formação integral (intelectual, afetiva e social) das

crianças. Acredita-se que, ambos integrados, facilitam o processo de ensino-

aprendizagem.

O presente estudo busca apresentar algumas reflexões acerca do

tema afetividade no desenvolvimento mental da criança. No decorrer do

estudo serão discutidos alguns fatores preponderantes que se encontram na

base do desenvolvimento cognitivo e afetivo. Complementando o estudo, será

abordada a afetividade como contribuição para este desenvolvimento

cognitivo, e se estes estão relacionados ao ambiente que o sujeito convive,

influenciando no seu processo de ensino-aprendizagem.

Buscando compreender um pouco da história, procura-se, neste

estudo, definir o que são emoções, os estados afetivos, o histórico da teoria

das emoções e a entender as contribuições dos teóricos Piaget, Vygotsky e

Wallon no campo do desenvolvimento mental da criança.

Por fim, serão apresentadas idéias, onde através do processo de

aprendizagem, discutiremos o profundo entrelaçamento das duas áreas:

afetividade e cognição. O enfoque dado neste estudo será compreender a

afetividade como fator importante no processo de construção do aprendizado.

10

Para justificar estes princípios, o estudo partirá da premissa que no

trabalho educativo não existe uma aprendizagem apenas cognitiva ou

racional, os alunos no cotidiano escolar não deixam os sentimentos que

compõem a sua personalidade fora da escola, ou seja, quando estão

interagindo com os objetos de conhecimento não deixam suas relações

afetivas enquanto pensam.

É nesse sentido que se atribui relevância ao tema afetividade como

processo que possibilita a criança garantir uma construção cognitiva.

Acredita-se que à medida que tais necessidades sentimentais são vinculadas

na relação do ambiente escolar, parte do aprendizado poderá ser afetada.

Pretende-se abordar questões norteadoras relativas à afetividade e

aos eixos auxiliadores neste processo de ensino-aprendizagem. Para tanto, o

direcionamento do estudo tem por intenção investigar a afetividade e

cognição sob duas perspectivas: a primeira envolvendo áreas emocionais e a

segunda voltada para as habilidades e seus processos.

O trabalho esclarece o que são emoções e os estados afetivos, tendo

como base o desenvolvimento infantil, os conflitos do eu e a construção da

aprendizagem de cada indivíduo. Busca, também, através da prática

pedagógica, da relação professor-aluno, compreender como se dá este

processo de aprendizagem.

Pretende-se neste trabalho frisar que pensar e sentir são ações

indissociáveis, ou seja, que ambos estão conectados para o desenvolvimento

da construção de cada indivíduo. Acredita-se que as discussões podem

avançar na medida em que apontam para a articulação nas relações entre

cognição e afetividade da criança.

Como base teórica, com o aprofundamento em afetividade como

conjunção para a aprendizagem infantil, estarei pesquisando bibliografias que

enfatizem o desenvolvimento do sistema cognitivo e emocional das crianças,

para tentar buscar soluções para questionamentos sobre o analfabetismo.

11

A pesquisa será do tipo qualitativa. O instrumento de pesquisa será a

pesquisa bibliográfica com objetivo de investigação como resposta a

dificuldade da aprendizagem no início da escolarização infantil.

No primeiro capítulo, falaremos da importância da alfabetização como

um fator social e cultural, que estabelecem o indivíduo como um ser em

aprendizagem.

No segundo capítulo, abordamos as idéias pedagógicas dos teóricos

Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henry Wallon, como discussão importante no

que diz respeito ao funcionamento da inteligência e da afetividade no campo

educacional. Estes ao implementarem investigações acerca do

desenvolvimento psicológico humano identificaram na afetividade o seu

caráter social, amplamente dinâmico e construtor da personalidade humana,

além de estabelecer o elo de ligação entre o indivíduo e a busca do saber.

No terceiro capítulo, nos propusemos a analisar a relação professor-

aluno mediante os contornos traçados pela história da educação e da

sociedade, que mostra um prejuízo na dimensão afetiva em paralelo a ação

pedagógica. Neste caso, procuramos mostrar que apesar da história ter

tratado a dimensão afetiva separada da cognitiva, alguns teóricos se

dedicaram a estudar que o desenvolvimento cognitivo está intimamente

ligado ao afetivo. Portanto, vale dizer a importância do ato amoroso na vida

da escola, na vida do aluno.

12

CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO

Iniciamos este capítulo mencionado a devida importância da

alfabetização do ser humano e na inserção do indivíduo no mundo letrado1 e

como a esclola e um bem precioso na vida do estudante.

A alfabetização é definida como um processo no qual o indivíduo constrói a gramática e em suas variações. Esse processo não se resume apenas na aquisição dessas habilidades mecânicas (codificação e decodificação) do acto de ler, mas na capacidade de interpretar, compreender, criticar, resignificar e produzir conhecimento.(FERREIRO,1993,p.09)

Sendo assim a alfabetização visa compreensão e uso da linguagem de

uma maneira geral de um indivíduo, promovendo sua socialização, já que

possibilita o estabelecimento de novos tipos de trocas simbólicas com outros

indivíduos, acesso a bens culturais e a facilidades oferecidas pelas instituições

sociais sendo um fator propulsor do exercício consciente da cidadania e do

desenvolvimento da sociedade como um todo.

Diferentes teorias de aprendizagem que serão abordada no próximo

capítulo, se propõem a explicar como a criança aprende, se é por

associação(estímulo-resposta), pela ação do sujeitos sobre o objeto do

conhecimento, pela inalteração do aprendiz como objeto do conhecimento

intermediado por outros sujeitos e forma essas teorias que assumiram na

formação de professores em diferentes momentos históricos.

O fracasso escolar é um fenômeno social antigo e persistente em nosso país não é uma questão de métodos. A pesquisa sobre alfabetização tem indicado um conjunto de fatores escolares e extra-escolares responsáveis pela evasão e repetência, que afetam fortemente as classes de alfabetização e da primeira série. (CARVALHO,1987, p.14)

1 Letrado é o indivíduo que resultado da ação de ensinar a ler e escrever. É o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da

13

As condições inadequadas de ensino, que estamos ainda longe de

superar, mesmo nas grandes cidades onde são turmas numerosas, jornada

escolar insuficiente, despreparo dos professores, métodos inadequados ou mal

aplicados, material didático desinteressante, falta de bibliotecas, salas de

leitura, e falta de afetividade na relação professor aluno, são os desafios

concretos para superar as expectativas contra a evasão escolar2.

Os fatores extra–escolares são sociais e decorrem da pobreza das famílias, um ingresso tardio nas escolas, freqüência irregular devido a doenças ou a condições de trabalho dos pais e das crianças, falta de recurso para comprar material didático,ausência de livros e jornais no lar, pais analfabetos, pouca ou nenhuma cooperação entre escola e as famílias (CARVALHO,1987,p.15)

Cada um desses fatores, isoladamente, não é suficiente para explicar a

dificuldade de um determinado aluno. Há fracassos sociologicamente

previsíveis, mas há também meninos e meninas pobres, de famílias iletradas,

estudando em escolas de baixa qualidade, que aprendem a ler no seu primeiro

ano escolar, superando as condições precárias e adversas ao seu meio.

Os repetentes crônicos geralmente acumulam uma série de

desvantagens: freqüentam escolas ruins, tiveram pouco contato com a leitura e

a escrita antes de ingressar na escola, faltam muito, perderam a motivação

para aprender , tem baixo auto-estima decorrente da pobreza, de maus tratos,

da falta de afetividade familiar.

Muitas dessas crianças não freqüentaram a educação infantil que é

uma, o período de vida escolar em que se atende, pedagogicamente, crianças

com idade entre 0 e 6 anos (Brasil). Na Educação Infantil as crianças são

estimuladas através de atividades lúdicas e jogos educacionais que visam a

exercitar suas capacidades motoras, fazer descobertas, e iniciar o processo de

letramento favorecendo os fatores de inserçao da criança no meio social e

ajudando significamente desenvolvimento cognitivo

14

Estes são os casos claros e concretos que representam os maiores

desafios para os educadores

Pois ao longo do tempo e em diferentes meios sociais, variam os tipos

de leitores que são cultivados pela escola.

Ate o final da Segunda Guerra Mundial, mais da metade da população

brasileira eram analfabetos e viviam predominantemente em áreas rurais. A

partir dos anos cinqüenta, com a crescente taxa de urbanização e

industrialização, aumentou a matrícula das crianças nas escolas, porém os

índices de analfabetismo permaneceram elevados, principalmente nas áreas

rurais. Como podemos confirmar na citação abaixo:

O governo federal criou várias campanhas de alfabetização para

jovens e adultos cujo objetivo era ensinar a decifrar palavras e frases

simples, mas a produção contínua de analfabetos causadas por

sistemas escolares inadequados e condições sociais de extrema

desigualdade não cessou (CARVALHO,1977, p.18)

Assim chegamos ao século XXI com cerca de nove milhões de

analfabetos,Conforme estatísticas mencionada pelo IBGE ,em anexo, realizado

no ano de 2007, aos quais se somam outros tantos cidadãos, que possuem

apenas rudimentos de leitura e escrita.

No entanto o meio social econômico espera que estes cidadãos que são

trabalhadores urbanos nas funções mais modestas tenham no mínimo

condições de ler e entender avisos, ordens e instruções. Para as funções

qualificadas, exigem-se pessoas capazes de usar a leitura e a escrita para

obter e transmitir informações, para comunicar-se, para registrar fatos.

Delimitando então qual a verdadeira responsabilidade da escola que é

oferecer oportunidades de alfabetização e letramento a todos .

Para a professora, a turma de alfabetização é uma responsabilidade

que preocupa e assusta, pois, a direção e a família dos alunos, estão atentos

2 Evasão escolar é o afastamento do aluno da escola. Esse desvio se dá por vários motivos sociais e econômicos.

15

aos resultados . Quem tem êxito constroi uma reputação valiosa. Quem não

consegue superar as expectativas é tido como um incapaz .

Mas são muitas hipóteses que podem ser consideradas, tais como ao

alfabetizar uma turma de vinte e oito alunos é muito diferente de alfabetizar

uma única pessoa, em particular. Os ritmos de aprendizagem variam, as

experiências anteriores que a criança teve com a leitura e escrita também

mudam.

Afirma Carvalho, que crianças pequenas, especialmente as que não freqüentaram o jardim de infância, devem assimilar normas escolares de conduta e aprender a viver em grupo. A turma tem vida social intensa, alianças se formam e se desfazem , surgem afinidades e antipatias. Há conflitos e disputas (CARVALHO,2005.p.19)

Cabe então a professora ser: a facilitadora e ao mesmo tempo

mediadora, juíza, apaziguadora, estimuladora, autoridade responsável pela

segurança, animadora da aprendizagem, amiga e professora que ensina a

criança a ler e escrever.

Do ponto de vista de quem esta vivenciando esta realidade, confirma

as relações interpessoais que se estabelecem na classe, tanto as de harmonia

e cooperação, ou de conflito que constituem como um desafio de superar tais

circunstâncias , com carinho paciência e afeto.

Como mencionado no início deste capítulo, as teorias educacionais e os

métodos de alfabetização ensinados nos cursos normais e nas faculdades de

educação, nem sempre respondem as questões que acontecem na prática.

Pois, para toda as crianças confrontar suas idéias com as do colega e

oferecer informações é essencial. Essa troca, que leva ao avanço da

aprendizagem e o convívio social.

Achar que os métodos por si só, garantem sucesso na alfabetização é

ignorar ou desconhecer o desenvolvimento da criança, porque, na atualidade

a metodologia não é mais a questão central ou mais importante na área de

alfabetização, mas quem se propõe a alfabetizar deve ter um conhecimento

básico sobre os princípios teórico-metodológico da alfabetização, pois

16

sabemos que não existe um método pronto ou milagroso , mas existe através

da prática, o professor criar o seu próprio caminho embasado em pesquisas

teóricas e as práticas pedagógicas.

As professoras que estão comprometidas com o aprendizado do aluno

procura melhorar seu metodologia de ensino através da tecnologia, reciclagem,

reflexão cria caminhos, a partir de um método, adapta seu conhecimento a

realidade cultural e social da criança, cria recursos, inova, se dedica com o

amor e compromisso pela sua profissão, favorecendo as crianças as

aprender e se desenvolver cognitivamente.

No Brasil, Soares (1991) demonstrou que, nas décadas de setenta e

oitenta, a produção de conhecimento teórico-prático relativos às metodologias

foi decrescendo paulatinamente, embora fossem produzidos alguns trabalhos

sobre propostas didáticas alternativas.

Segundo Borges (1998), há duas explicações plausíveis para o

desinteresse cientifico em relação às metodologias: de um lado, os métodos

tradicionais (fossem analíticos ou sintéticos) não deram conta de alfabetizar os

grandes contingentes de alunos que acorriam às escolas; por outro, a intensa

divulgação e o elevado prestigio acadêmico das idéias de Emilia Ferreiro

(Especialista em Alfabetização), fizeram com que o interesse sobre como o

professor ensina se deslocasse para a questão como a criança aprende o que

gerou mudanças importantes nos paradigmas de pesquisa e nos temas

tratados pelos teóricos.

Assim, a pesquisa e as publicações sobre métodos foram relegadas a

segundo plano, tornando-se praticamente ausentes da produção acadêmica

dos anos noventa.

Nessas condições confirmamos que quando a escola ou a professora,

esta pronto a escolher o método a qual vai adotar na prática, não pode

esquecer do material a ser adotado, quais serão as etapas, pois as escolas

tem que estimular as crianças facilitando a aprendizagem principalmente na

alfabetização.

17

CAPÍTULO II

A APRENDIZAGEM SE ENTRELAÇANDO COM A AFETIVIDADE E ASPECTOS COGNITIVOS

Autores como Emília Ferreiro e Ana Teberosky, ao estudarem sobre a

alfabetização utilizaram os pressupostos de Piaget para elaborar a

psicogênese da escrita, ou seja, a perspectiva Piagetiana vai ao encontro de

processos pedagógicos em que os alunos são tratados de acordo com suas

particularidades cognitivas. O que está em causa não é o binômio acerto ou

erro nas atividades escolares, mas sim o potencial dessas mesmas atividades

para promover o progresso intelectual de cada um dos educandos. Os

conceitos epistemológicos na idéia de Piaget que o conhecimento é discutido e

elaborados através do termo genético que refere-se ao modo de abordagem

do de estudo desde seu estado elementar ou sua gênese até o estagio mais

adiantado acompanhando cada uma de suas sucessivas etapas de

desenvolvimento no conhecimento, ou seja, da concepção humana até a fase

adulta.

É pela ação do sujeito sobre o objeto do conhecimento que a teoria

construtivista3 se desenvolve como processo de ensino e aprendizagem da

escrita.

3 O construtivismo é uma teoria de conhecimento que engloba numa só estrutura dois polos, o sujeito histórico e objeto cultural em interação recíproca(MATUI,1995,p.460)

A alfabetização dada como teoria construtivista é muito importante, pois

evidencia como o indivíduo desde o nascimento constrói o seu conhecimento,

ocorrendo quando acontecem ações físicas ou mentais sobre objetos que,

provocando o desequilíbrio, resultam a assimilação fazendo assim a

construção de esquemas, é importante ressaltar nesta teoria é de como o

ambiente físico é valorizado, que a escola pode e deve proporcionar qualidade,

um bom espaço, fazendo com que as salas de aula tenham uma organização

que facilite a movimentação das crianças e de como a afetividade acaba se

18

afirmando como um elemento preponderante para o desenvolvimento cognitivo

da criança.

Um ambiente construtivista favorece a aprendizagem das crianças uma

vez que elas poderão expressar seus pensamentos, seus medos, suas dúvidas

e questionamentos.

Buscaremos teóricos que como Jean Piaget e Lev Vygotsky que se

destacam por suas obras fundamentadas em quatro elementos básicos: a

afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa,

sendo um dos pilares básico para um processo de ensino aprendizagem.

Jean Piaget (1896-1980) foi o nome mais influente no campo de

educação durante a metade do século XX. O cientista Suíço revolucionou o

modo de encarar a educação das crianças ao mostrar que elas não pensam

como adultos e constrói o próprio aprendizado facilitando a criança se inserir

no mundo das letras.

A contribuição de Piaget para pedagogia tem sido até hoje, inestimável, sobretudo devido ás indicações sobre o estágio adequado para serem ensinados determinados conteúdos ás crianças, sem desrespeitar suas reais possibilidades mentais, ou seja, de acordo com seu desenvolvimento intelectual e afetivo. (ARANHA, 1996, p.185).

Para Piaget (1896-1980), falar de desenvolvimento cognitivo é, antes de

tudo, saber respeitar cada fase da criança, sabendo que a teoria piagetiana

fundamenta-se na observação dos fenômenos psicológicos, desde o

nascimento até a adolescência. Isto quer dizer que durante aprendizagem, ele

considerava o afeto como elemento indissociável da relação humana e

intelectual.

Existe, com efeito, um paralelo constante entre a vida afetiva e a intelectual. Tal constatação só surpreende quando se reparte, de acordo com o senso comum, a vida do espírito em dois compartimentos estanques: os dos sentimentos e do pensamento. Afetividade e inteligência são assim, indissociáveis e constituem os dois aspectos complementares de toda conduta humana. (PIAGET, 1999, p.22-36 apud QUINTANILHA, 2005, p.20).

Antes de iniciarmos a discussão em torno de idéias de Vygotsky, é

importante mencionar que Piaget não propõe um método de ensino , mas

permite compreender como a criança e o adolescente aprende , fornecendo

19

uma contribuição nas limitações de cada indivíduo. Desta maneira, oferece ao

professor uma atitude de respeito às condições intelectuais do aluno e um

modo de interpretar que os aspectos cognitivos se desenvolvem mediante a

relação afetiva.

“Para Piaget, a afetividade atua no desenvolvimento intelectual na forma

de motivação e interesse; para Vygotsky, a afetividade atua na construção das

relações do ser humano dentro de uma perspectiva social e cultural”.

(FERREIRA, 2003, p.4).

Lev Vygotsky (1896-1934) nasceu na Rússia e junto com os

colaboradores Luria e Leontiev desenvolveu uma teoria original e fecunda.

Apesar de ter morrido muito jovem, produziu volumosa obra, além de ter

aplicado em múltiplas atividades. (ARANHA, 1996, p.186).

Vygotsky atribuiu muita importância ao papel do professor como

impulsionador do desenvolvimento psíquico das crianças. Os estudos sobre

aprendizagem decorrem da compreensão do homem como um ser que se

forma em contato com a sociedade. (REVISTA NOVA ESCOLA, 2003, p.59-

60).

Para explicitar as idéias de Vygotsky sobre o desenvolvimento mental no

remetemos a seguinte discussão:

As concepções de Vygotsky sobre o funcionamento do cérebro humano fundamentam-se em suas idéias de que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da historia social do homem. (Na sua relação com o mundo, mediada pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente, o ser humano cria as formas de ação que distinguem de outros animais). (VYGOTSKY, 1989 apud LA TAILLE, 1992, p.23).

A alfabetização como método sócio-interacionista é um dos pontos

fundamentais como aprendizagem quando se refere ao desenvolvimento dos

processos internos na interação com outras pessoas, pois suas concepções

sobre o desenvolvimento é a socialização, ou seja, a distância do que a criança

faz sozinha para o que ela é capaz de fazer com a intervenção de um adulto;

que a potencialidade para aprender, que não e a mesma para todas as

20

pessoas, ou seja, distancia entre o nível de desenvolvimento real e o potencial,

nas quais as interações sociais são centrais, estando então ambos os

processos, aprendizagem e desenvolvimento. O aluno neste método não é tão

somente sujeito da aprendizagem, mas aquele que aprende com o outro o que

o seu grupo social produz, tal como: valores, linguagens, interferindo como

uma situação política. Por isso destacamos:

Ao estudar sobre letramento e escrita afirmam que é possível alfabetizar letrando, considerando uma teoria de Vygotsky que é a internalização, ou seja, reconstrução do processo psicológico, que é considerado sócio-interacionista. A autora considera que o letramento traz conseqüências políticas, econômicas e culturais. (CARVALHO, 2005, p.15).

Enfatizamos então que, para Vygotsky, a formação do sujeito se dá pela

relação dialética com a sociedade e para que esse aprendizado seja efetivado

é necessário detectar o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela esta

perto de desenvolver sem a ajuda do adulto. É nesse sentido que o teórico

ressalta o papel do professor no desenvolvimento psíquico das crianças,

afirmando que a aprendizagem, que é possível alfabetizar, através de uma

reconstrução do processo psicológico.

Para Vygotsky(1896-1934), o sujeito desenvolve seus processos

mentais a partir do processo sócio-histórico e de sua interação com o meio.

“No processo de internalização é fundamental a interferência do outro –

seja mãe, os companheiros de brincadeira e estudo, os professores - a fim de

que os conceitos sejam construídos e sofram constantes transformações”.

(ARANHA, 1996, p.186)

Nesse sentido, ao formular o conceito de zona de desenvolvimento

proximal, Vygotsky destaca a importância que devemos dar a criança em seu

processo de aprendizagem, ou seja, dar possibilidade a criança para

solucionar os problemas e atingir um nível de compreensão.

Para Vygotsky (1896-1934) o que interessa é a relação do sujeito com o

ambiente tornando o aprendizado um processo gradual.

21

A zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o nível real (da criança) de desenvolvimento determinado pela resolução de problemas independentes e o nível de desenvolvimento potencial determinado pela resolução de problemas sob orientação de adultos ou em colaboração com companheiros mais capacitados. (VYGOTSKY, 1998, p.175).

Assim sendo, Vygotsky e seus colaboradores na medida em que vêem o

aprendizado da criança um processo altamente social, enfatizam a importância

da mediação. Acreditam que este elemento mediador entre os indivíduos e as

influências exteriores contribui para o desenvolvimento da linguagem do

pensamento.

Seus estudos do desenvolvimento da linguagem e do pensamento

focalizam a evolução da espécie humana. “Ele considera o desenvolvimento

da linguagem e suas relações com o pensamento como a principal questão da

psicologia humana. Para esse pensador, a linguagem tem duas funções

básicas: a da comunicação do pensamento e a de instrumento do

pensamento”. (BARROS, 1996, p.120).

Podemos entender que Vygotsky considera como dimensão social, o ser

humano enquanto está em contato com o outro tornando-se um ser social,

neste sistema de significados adquiridos entre o indivíduo e o mundo (sujeito e

objeto) que os circunda.

Entretanto, vejamos a fundamentação do processo de formação da

linguagem e do pensamento no desenvolvimento da criança:

A linguagem humana sistema simbólico fundamental na mediação, entre sujeito e objeto de conhecimento, tem para Vygotsky, duas funções básicas: a de intercambio social e a de pensamento generalizante. Isto é, além de servir ao propósito de comunicação entre indivíduos, a linguagem simplifica e generaliza a experiência ordenada às instâncias do mundo (...) A utilização da linguagem favorece, assim processo de abstração e generalização. (VYGOTSKY, 1989 apud LA TAILLE, 1995, p.27).

22

Para o autor, além da linguagem humana se configurar na teoria, como

elemento cultural e simbólico para entender as origens do psiquismo. A

temática entre afeto, como um ápice na base da integração como uma

abordagem unificadora é importantíssima, pois é através do afeto que a

criança vai reestruturar seus conhecimentos.

As dimensões cognitiva e afetiva do funcionamento psicológico têm sido tratadas, ao longo da história da psicologia como ciência, de forma separada, correspondendo a diferentes tradições dentro dessa disciplina. Atualmente, no entanto, percebe-se a tendência de reunião desses dois aspectos, numa tentativa de recomposição do ser psicológico completo. (VYGOTSKY, 1989 apud LA TAILLE, 1992, p. 75).

Para o autor, a separação da cognição e do afetivo foi durante muito

tempo desprezada e interpretada, como se fossem dois elementos distintos.

Assim sendo, a base teórica de discussão ao longo do período foi estudar o

cognitivo isolado dos aspectos afetivos.

A propósito, os argumentos salientados dispõem evidenciar a crítica de

Vygotsky à “Psicologia Tradicional é a separação entre os aspectos

intelectuais, de um lado, e os volitivo 4 e afetivos , de outro, propondo a

consideração da unidade entre esses processos”.(ibidem,p.76).

Encontramos, assim, na Psicologia Tradicional uma dissociação entre

afeto e intelecto, que para Vygotsky “é fechar as portas à questão da causa e

origem de nossos pensamentos, uma vez que a análise determinista exigiria

o esclarecimento das forças motrizes que dirigem o pensamento para esse ou

aquele canal”. (ibidem,p. 77) .

Nesse sentido, Vygotsky explicita sua abordagem entre as dimensões

cognitiva e afetiva, indicando sua contribuição para o desenvolvimento

humano.

4 Segundo dicionário aurélio o termo Volitivo :ato que há determinação de vontade.

23

Demonstra a existência de um sistema dinâmico de significados em que o afetivo e o intelectual se unem. Mostra que cada idéia contém uma atitude afetiva transmutada com relação ao fragmento de realidade ao qual se refere. Permite-nos ainda seguir a trajetória que vai das necessidades e impulsos de uma pessoa até à direção específica tomada por seus pensamentos, até o seu comportamento e a sua atividade. (VYGOTSKY, 1989, p. 6-7 apud LA TAILLE, 1992, p. 77).

Nessa perspectiva, podemos notar que Vygotsky propõe uma

abordagem que permite compreender que o afeto é um caminho perfeito para

alcançar o funcionamento psicológico. Segundo o teórico, é preciso que

estejamos abertos às questões relacionadas à dimensão afetiva para que

esta seja mola propulsora para estruturar as funções mentais da criança.

Até aqui falamos sobre alguns conceitos construídos por Vygotsky,

como a mediação, a zona de desenvolvimento proximal, o desenvolvimento

mental da criança, o pensamento, a linguagem e o ser social. Entretanto,

para o teórico e psicólogo “a consciência representaria, assim, um salto

qualitativo na filogênese5, sendo o componente mais elevado na hierarquia

das funções psicológicas humanas”. (ibidem, p.79).

Para Vygotsky, através das relações sociais o processo dinâmico

aconteceria como substância importante para o desenvolvimento interno da

consciência, que em contrapartida contribuiria para o intelecto e afetivo.

Segundo Matui(1995), “a subjetividade e a consciência deixam de ser

uma qualidade inerente ao ser humano, uma coisa sem história de formação.

Elas são a forma mais elevada do reflexo da realidade criada pelo

desenvolvimento sócio-histórico”.(MATUI.1995, p.61-62).

O conceito que Vygotsky dá ao termo consciência está intimamente

ligado a discussão que vemos tratando no decorrer do estudo, que é a

abordagem sócio-histórico do sujeito e a importância dos processos de

mediação. No caso da subjetividade é o processo de internalização mediada

simbolicamente com a construção do sujeito formando a consciência.

24

A exploração da obra de Vygotsky propõe uma abordagem unificadora

das dimensões afetiva e cognitiva no funcionamento psicológico. Portanto, a

discussão esboçada até aqui nos traz a idéia que necessitamos construir um

sistema educativo que sustente o cognitivo e afetivo.

Nesse sentido, acreditamos que o pensamento está associado aos

sentimentos e é exatamente isto que devemos levar em conta, já que podem

favorecer ao desenvolvimento cognitivo. Portanto, as idéias expostas até aqui

nos levam a acreditar na afetividade como uma sustentação e como inclusão

no sistema cognitivo. Cabe a todos os envolvidos com a educação avançar e

perceber a influência do amor, da emoção, do carinho nos processos

cognitivos da criança.

Vygotsky destaca que, desde os primeiros dias do desenvolvimento da

criança, as atividades são atividades com significação. Wallon concorda com

isso e acrescenta que o universo tem um profundo significado emocional para

a criança. (MATUI, 1995, p. 61).

Embora a teoria de Vygotsky tenha contribuído para a temática da

relação afetividade e desenvolvimento cognitivo, o estudo de Wallon dar um

amplo embasamento para “o estudo da criança, não como um mero

instrumento para a compreensão do psiquismo humano, mas também uma

maneira de contribuir para a educação”. (GALVÃO, 1995, p.12).

O médico, psicólogo e filósofo francês Henri Wallon (1879-1962)

mostrou que as crianças têm também corpo e emoções (e não apenas

cabeça) na sala de aula. Para ele, a escola deve proporcionar formação

integral (intelectual, afetiva e social). (Revista Nova Escola, 2003, p.40) .

Wallon propõe o estudo integrado do desenvolvimento, ou seja, que este abarque os vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil (afetividade, motricidade, inteligência). Vendo o desenvolvimento do homem, ser “geneticamente social”, como processo em estreita dependência das condições concretas em que ocorre, propõe o estudo da criança contextualizada, isto é, nas suas relações com o meio. Podemos definir o projeto teórico de Wallon

5 Segundo Barros Filogênese é o desenvolvimento da evolução da espécie humana (1996,p.120).

25

como a elaboração de uma psicogênese da pessoa completa. (GALVÃO, 1995, p. 32).

Assim, vemos que Wallon propõe o desenvolvimento do sujeito como

um todo, suscita uma prática que atenda as necessidades das crianças

desde o afetivo até atingir o cognitivo. Para isso “elege a observação como o

instrumento privilegiado da psicologia genética. A observação permite o

acesso à atividade da criança em seus contextos”. (ibidem, p.36).

Nesse sentido, recomenda que observe o desenvolvimento, partindo

da própria criança e que este não seja enraizado pelo olhar “lógico” do adulto.

É exatamente neste contexto que a obra de Wallon se remete, em estudar a

criança contextualizada, em cada etapa, na interação com o outro e seu

ambiente.

A psicogenética walloniana contrapõe-se às concepções que vêem no desenvolvimento uma linearidade, e o encaram como simples adição de sistemas progressivamente mais complexos que resultariam da reorganização desde o início. Para Wallon, a passagem de um a outro estágio não é simples ampliação, mas uma reformulação. Com frequência, instala-se, nos momentos de passagem, uma crise que pode afetar visilmente a conduta da criança. (ibidem, p. 41).

Wallon vê o desenvolvimento do sujeito como uma construção

progressiva, em que as etapas dos estágios se sucedem em função da

dimensão afetiva e cognitiva. Para compreender este ritmo de

desenvolvimento passemos superficialmente nos cincos estágios.

No primeiro ano de vida, considerado por Wallon como estágio

impulsivo-emocional, é marcado pela emoção que se manifesta da interação

da criança com o meio. A afetividade como diz Wallon orienta as primeiras

reações da criança.

Do impulsivo-emocional ao sensório-motor e projetivo, a criança

começa anunciar o desenvolvimento da linguagem, ou seja, o início do

desenvolvimento mental. A partir deste estágio predomina a dimensão

cognitiva com o meio.

26

Logo após este estágio, inicia-se a formação da personalidade da

criança, que se estende dos três até aos seis anos. Predomina neste estágio

a construção da consciência e da culminância das relações afetivas.

O último estágio, considerado como categorial é denominado pelos

avanços na personalidade e da inteligência, perpetuando assim o

desenvolvimento cognitivo. Nesse sentido, cabe-nos ressaltar a

predominância que Wallon dar à sucessão dos estágios.

O predomínio do caráter intelectual corresponde às etapas em que a ênfase está na elaboração do real e no conhecimento do mundo físico. A dominância do caráter afetivo e, consequentemente, das relações com o mundo humano, correspondem às etapas que se prestam à construção do eu. (ibidem, p. 45).

Na perspectiva de Wallon, as dimensões afetivas e cognitivas se

mantêm interligadas umas às outras, ocorrendo apenas uma alternância no

decorrer dos estágios. Em algumas etapas aparecem para dar forma e

sentido ao estágio, em outras, ambas aparecem integradas como é o caso do

último estágio. “A afetividade torna-se cada vez mais racionalizada – os

sentimentos são elaborados no plano mental, os jovens teorizam sobre suas

relações afetivas”. (ibidem, p.46).

A partir dessas considerações, pode-se compreender melhor as

características advindas do vínculo afetivo e mental que se estende ao

desenvolvimento infantil até a fase da adolescência.

A longa fase emocional da infância tem sua correspondente na história da espécie; nas associações mais primitivas, o contágio afetivo supre, pela criação de um vínculo poderoso para a ação comum, as insuficiências da técnica e dos instrumentos intelectuais. Enquanto não for possível a articulação sofisticada de pontos de vista bem diferenciados, a emoção garantirá, para o indivíduo como para a espécie, uma forma de solidariedade afetiva. (WALLON apud DANTAS, 1992, p.89).

Para tanto, é conveniente apresentarmos a reflexão de Barros (1995,

p.5): a emoção é o primeiro e mais poderoso instrumento de sobrevivência da

espécie humana, pelas seguintes razões: mobiliza o ambiente e proporciona

o mais forte vínculo afetivo entre as pessoas.

27

Nesse sentido, compreendemos que o meio desempenha papel

importante na vida do homem, assim a produção afetiva fornece bases para

garantir a evolução cognitiva. A partir daí, ambas interagem, não

paralelamente, mas integradas para realizar as conquistas do

desenvolvimento da inteligência. Portanto, para Wallon a afetividade e

inteligência estão somadas no mesmo plano, com predomínio da primeira.

Podemos enfatizar até aqui que teoria walloniana postula a

indissociabilidade entre a dimensão afetiva e cognitiva e que as emoções tem

papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. “Ao dirigir o foco de sua

análise para a criança, Wallon revela que é na ação sobre o meio humano, e

não sobre o meio físico, que dever ser buscado o significado das emoções”.

(GALVÃO, 1995, p. 59).

Ancorada no debate de Dantas (1992, p. 97) “em que o vínculo afetivo

supre a insuficiência da inteligência no início. Quando ainda não é possível a

ação cooperativa que vem da articulação de pontos de vista bem

diferenciados, contágio afetivo cria elos”.

O presente capítulo buscou explorar as idéias dos teóricos no intuito de

demonstrar uma compreensão a respeito da afetividade no funcionamento

mental da criança. Dentro destes aspectos gerais destacamos a contribuição

de Wallon no diz respeito à educação.

Consagrando esta discussão damos ênfase ao próximo enfoque do

estudo, para perceber a relação professor-aluno face as diferentes teorias

expostas até o momento do trabalho. Neste caso, citamos a contribuição da

teoria walloniana à educação:

Em suas ideías pedagógicas, Wallon propõe que a escola reflita acerca de suas dimensões sócio-políticas e aproprie-se de seu papel no movimento de transformações da sociedade. Propõe uma escola engajada, inserida na sociedade e na cultura, e, ao mesmo tempo, uma escola comprometida com o desenvolvimento dos indvíduos, numa prática que integre a dimensão social e a individual. (GALVÃO, 1995, p. 113).

28

Nesse sentido, não poderíamos deixar de discutir a dimensão afetiva

como elemento importante na relação professor-aluno.

Quando se fala de qual o papel da afetividade como um fator primordial

na alfabetização é porque podemos afirmar que a afetividade interfere na

alfabetização porque toda aprendizagem não se dá apenas no plano cognitivo.

Além da inteligência , aprendizagem envolve aspectos orgânicos , corporais

afetivos, sociais e para que aprendizagem ocorra é necessário que estejam em

perfeita harmonia. Quando se fala em sentimentos e sua relação com

aprendizagem, estamos tratando os dois tipos de sentimentos. Um deles se

refere ao vínculo da criança com objeto de estudo e o outro relacionamento

afetivo é a relação entre aluno e professor.

Com este objetivo, anteciparmos o terceiro capítulo para refletir a

seguinte interrogação: A alfabetização como um ato de afetividade e cognição

seria um elo possível na relação de ensino e aprendizagem.

29

CAPÍTULO III

A AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO A discussão esboçada no primeiro capítulo nos traz a certeza de que

necessitamos construir uma relação afetuosa entre professor-aluno.

Precisamos romper com os papéis tradicionalmente desempenhados pelos

professores e definitivamente permitir a criança um ambiente repleto de amor

e que favoreça a aprendizagem.

Para isso, precisamos estar cientes que “a educação moderna está em

crise, porque não é humanizada, separa o pensador do conhecimento, o

professor da matéria, o aluno da escola, enfim, separa o sujeito do objeto”.

(CURY, 2003, p. 139).

Nesse sentido, é fundamental que seja embutido em sala de aula

sentimento de confiança e de respeito. Valores, essenciais que devem ser

resgatados urgentemente para a vida escola e para vida de cada criança

ameaçada por este mundo amargo, corrupto, violento e principalmente sem

amor.

(...) É chegada a hora de assumir o comando dessa embarcação em direção ao futuro. Não podemos esperar que as novas gerações modifiquem o que está errado, se não despertamos para o fato de cabe a nós, desde já, dar o exemplo. Para isso, nossos pensamentos e ações devem ser um misto de altruísmo, capacidade de doação e amor ao próximo. Cabe a nós estar conscientes da importância de nosso papel e amparar, reerguer, reavivar os sentimentos, valores e atitudes que poderão renovar a confiança em dias melhores. (CHALITA, 2003, p. 11-12).

É desejo, a partir deste segundo capítulo, plantar sementes de amor

nos arredores das escolas, na nossa vida e na relação professor-aluno.

Nesse sentido, esperamos que este estudo seja útil para todas as pessoas

comprometidas com o ato de educar, e principalmente, “afeto – esse signo

que deveria reger todos os relacionamentos, todas as ações, todos os

vínculos. Afeto por se saber centelha divina e partícula de amor no espaço

universal”. (CHALITA, 2003, p. 15) .

30

Acreditamos que somente com a inclusão dos afetos conseguiremos

efetivar um aprendizado qualitativo, voltado para o prazer, para o interesse de

aprender e para o bem estar da criança. A escola, bem como a figura do

professor, precisa compreender o aluno e seu universo sócio-cutural. Este

conhecer está intimamente ligado ao desenvolvimento mental da criança,

dando respaldo principal às etapas deste processo e o mundo que os

circunda.

... não estamos educando a emoção nem estimulando o desenvolvimento das funções mais importantes da inteligência, tais como contemplar o belo, pensar antes de reagir, expor e não impor idéias, gerenciar os pensamentos, ter espírito empreendedor. Estamos informando os jovens, e não formando sua personalidade. (CURY, 2003, p. 15).

Wallon considera, portanto, que “a educação deve, obrigatoriamente,

integrar, à sua prática e aos seus objetivos, essas duas dimensões, a social e

a individual: deve, portanto, atender simultaneamente à formação do

indivíduo e à da sociedade”. (GALVÃO, 1995, p.91).

Entretanto, das idéias pedagógicas explicitadas por Wallon, destaca-se

que é exatamente no confronto entre o outro que se forma o indivíduo.

Vejamos o percurso dado pela teoria walloniana para obter uma educação da

pessoa completa.

Da psicogenética walloniana não resulta, todavia, uma pedagogia meramente conteudista, limitada a propiciar a passiva incorporação de elementos da cultura pelo sujeito. Resulta, ao contrário, uma prática em que a dimensão estética da realidade é valorizada e a expressividade do sujeito ocupa lugar de destaque. Afinal, o processo de construção da personalidade que, em diferentes graus percorre toda a psicogênese, traz como necessidade fundamental a expressão do eu. (ibidem, p.99).

É nesse sentido que a escola desempenha um decisivo papel, como

promotora que favorece ao sujeito possibilidade de exteriorização do eu e de

expressividade enquanto sujeito deste processo. Por isso, à medida que

damos espaço ao sujeito criamos vínculos afetivos, e estes, abarcam estados

inusitados em sala de aula.

31

Transpondo esta reflexão para a escola percebemos a necessidade de

se planejar a estruturação do ambiente escolar. Para planejar essa

estruturação somos, mais uma vez, obrigados a ampliar o raio de

abrangência da reflexão pedagógica. (ibidem, p.101).

Assim, entendemos que a prática escolar não deve se resumir ao

conteúdo sistematizado, mas as diversas dimensões que podem ser

produzidas de um estímulo externo - o social, para um estímulo interno - o

mundo das emoções.

Para discorremos sobre a dimensão afetiva no campo da educação,

recorremos à discussão acerca do cotidiano escolar, mais precisamente as

situações de conflito entre professor e aluno.

O professor, se estiver ciente do papel desempenhado pelo conflito eu-

outro na construção da personalidade, pode receber com mais

distanciamento as atitudes de oposição, sem tomá-las como afronta pessoal.

(ibidem, p.107).

Percebemos a relevância que Wallon dá as crises e conflitos

envolvendo professor e aluno. No entanto, vale destacar que o exercício de

reflexão e avaliação do professor deve estar presente na prática pedagógica

para amenizar o conflito e evitar ações e termos indesejáveis no ambiente

escolar. Nesse sentido, cabe ao professor desenvolver uma dimensão afetiva

com os educandos.

Acreditamos que os afetos ajudam-nos a avaliar as situações, servem de critério de valoração positiva ou negativa para as situações de nossa vida; eles preparam nossas ações, ou seja, participam ativamente da percepção que temos das situações vividas e do planejamento de nossas reações com o meio. Os afetos também têm uma outra característica – eles estão ligados à consciência, o que permite dizer ao outro o que sentimento, expressando, através da linguagem, nossas emoções. (BOCK, A.M.B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M.L.T, 1999, p. 193).

Precisamos antever cotidianamente o espírito de amor no campo da

educação, para sermos capazes de despertar dentro de cada criança os mais

secretos desejos e anseios. Nesse sentido, Cury (2003, p. 17) diz que “um

32

excelente educador não é um ser humano perfeito, mas alguém que tem

serenidade para se esvaziar e sensibilidade para aprender”.

Porém, ao contrário deste pensamento citado acima, nos deixamos

envolver com os pensamentos negativos, memorizando involuntariamente os

registros que possuem um grande teor emocional. O mesmo acontece com

nossas crianças, através das “nossas agressividades, rejeições e atitudes

impensadas podem criar um alto volume de tensão emocional em nossos

filhos, gerando cicatrizes para sempre”. (CURY, 2003, p. 24).

No entanto, precisamos equilibrar esta tensão para não tornar a vida

de nossas crianças, um círculo virtuoso de incerteza, medo e insegurança.

Desta forma, é fundamental que o educador preocupado com a ação

pedagógica se sensibilize para a necessidade de desenvolver uma dimensão

afetiva dentro do ambiente escolar.

Dentro dessa linha, salientamos, o que cabe à educação em cada um

dos seus momentos:

A satisfação das necessidades orgânicas e afetivas, a oportunidade para a manipulação da realidade e a estimulação da função simbólica, depois a construção de si mesmo. Esta exige espaço para todo tipo de manifestação expressiva: plástica, verbal, dramática, escrita, direta ou indireta, através de personagens suscetíveis de provocar identificação. Uma dieta curricular de exclusivamente constituída de atividades de conhecimento da realidade estaria obstruindo grandemente o desenvolvimento, se esta concepção estiver correta. (WALLON apud DANTAS, 1992, p.95).

A citação acima aponta para um currículo escolar que priorize a

personalidade do “eu” como um todo e que façam do processo educativo uma

dimensão afetiva. Além disso, precisamos romper com o sentimento de

autoritarismo na educação e cultivar o espírito afetivo com as nossas

crianças. Como diz Cury (2003, p. 45) “o toque e o diálogo são mágicos,

criam uma esfera de solidariedade, enriquecem a emoção e resgatam o

sentido da vida”.

Nesse sentido, vemos a necessidade de ampliar na prática educativa

os horizontes de solidariedade, de amor, de situações que dê prazer tanto

33

para aluno - que está sendo contagiado pela arte de aprender, quanto para o

professor. Neste entrelaçamento, da arte de aprender com a de ensinar, nos

remetemos à fala de Cury (ibidem, p.64):

Bons professores possuem metodologia, professores fascinantes possuem sensibilidade. Bons professores falam com a voz, professores fascinantes falam com os olhos. Bons professores são didáticos, professores fascinantes vão além. Possuem sensibilidade para falar ao coração dos seus alunos.

Além do autor indicar pontos essenciais para a prática pedagógica,

sugere uma reflexão enquanto sujeito que fala com o coração, ensina com a

alma e se preocupa com o ato de educar. Para ele, os bons professores

devem educar com a emoção, e esta última tem poder de transformação na

educação.

Eduque a emoção com a inteligência. E o que é educar a emoção? É estimular o aluno a pensar antes de reagir, não a não ter medo do medo, a ser líder de si mesmo, autor da sua história, a saber filtrar os estímulos estressantes e a trabalhar não apenas com fatos lógicos e problema concretos, mas também com as contradições da vida. (ibidem, p.66).

Vemos a necessidade de o professor experimentar em suas aulas o

afeto, fazer com que o aluno seja o centro do processo. E para isso, é

importante que tenhamos em mente o verdadeiro sentido de educar, que

estejamos preocupados com o processo gradual de cada aluno, desde

aquele que não se expressa por medo ou vergonha, até aquele que se sente

à vontade no ambiente escolar.

É atentar para o educando que está retraído seja por dificuldade de

aprender, seja por vergonha. Os professores devem demonstrar uma vivência

cercada de relação calorosa, íntima e contínua, mostrar que o espaço

educacional é para todos os que desejam ser sujeito da história.

Educadores, pais e todos os que acreditam na importância dos valores essenciais para a formação de gerações mais conscientes e críticas devem propagar e demonstrar por meio de exemplos e ações que, independentemente das diferenças, todos temos necessidades físicas e psicológicas semelhantes. Todos precisamos de alimento para o corpo e para o espírito. Todos precisamos de afeto, de amor, de aceitação e de compreensão para desenvolver um caráter que nos torne dignos de exercer a inteligência e o livre-arbítrio concedidos quando nascemos. (CHALITA, 2003, p. 175).

34

Vemos que somos ponto de referência para nossas crianças e jovens e

responsáveis pelo desenvolvimento cognitivo de cada indivíduo que se

encontra inserido na escola. Sabemos que apesar das dificuldades impostas

pela sociedade temos por obrigação e por amor oferecer esta viagem ao

aluno – o direito de aprender e sentir.

Por isso, é fundamental para o educador preocupado com sua ação

pedagógica se sensibilize para a necessidade de desenvolver a afetividade

de seus alunos e garantir um ambiente mais justo e humano.

Temos que acreditar numa educação mais viva e para isso é

fundamental que a criança se sinta amada, aceita, valorizada e respeitada

diante dos seus sentimentos. Acreditar que elas aprendem melhor quando

estão satisfeitas com o ambiente e principalmente com os sentimentos.

Tendo como base a importância de vínculos afetivos, compreendemos

que o professor deve ser um construtor de vínculos positivos na dimensão

pedagógica, e que este facilita a relação professor-aluno. Acreditamos que o

vínculo possibilita uma contribuição no fazer pedagógico do educador e

possibilita perceber no educando as dimensões antes despercebidas.

Segundo Bowlby(1990), os sentimentos e emoções vividos por uma

pessoa em relação a uma outra, refletem a ligação estabelecidas entre elas.

Muitas das mais intensas emoções humanas surgem durante a formação, manutenção, rompimento e renovação de vínculos emocionais. Em termos de experiência subjetiva, a formação de um vínculo e descrita como “apaixonar-se, a manutenção de um vínculo como “amar alguém”. (BOWLBY,1990, p.65 apud MULLER e GLAT, 1999, p. 67).

Com base no autor, o vínculo estabelecido entre aluno e professor,

além de ser positivo para construção da relação, é um facilitador para o

processo de ensino-aprendizagem. Para o autor, “a pessoa ligação, é que

ganha a confiança da criança, que fornece uma base segura, estabelecendo

com ela uma relação mutuamente gratificante”. (ibidem, p. 70).

35

Portanto, configura-se neste último capítulo a possibilidade de alterar

as atitudes pedagógicas não apenas no discurso, mas no processo de

ensino-aprendizagem e nas atitudes com os educandos. Que o professor

possa compreender o ato pedagógico como um ato além de político, como

um espaço de amor na arte de ensinar.

Os aspectos discutidos até aqui derivam a unificação da afetividade e

da cognição no sistema educativo. Que assim seja: que o ensinar nos leve a

tecer a chama do amor na dimensão pedagógica e que possamos enquanto

educadores desafiar e vencer as dificuldades no dia-a-dia. As reflexões

acerca da afetividade na relação professor e aluno, feitas até aqui são vistas

como elementos fundamentais para cognição. Acreditamos que no ambiente

escolar deve haver uma relação de afeto, não como visão assistencialista e

do cuidar, mas como elemento importante na formação intelectual do sujeito.

Dentro da prática reflexiva ou em outro tipo de alfabetização o método

mais completo, mostrando como o professor reflexivo, na qual coloca sua

afetividade em prova, e faz daí uma junção entre ensinar com amor podendo

então através da ação objetivando a recepção dos alunos, buscar o

aprimoramento e respostas para um saber docente, alcançando através de

pesquisas feitas com os alunos, crescerem positivamente na vida escolar.

A prática reflexiva, enfatizando a coletividade, a pesquisa continuada para um aprendizado de formação contínua que visa a produzir saberes de cunho geral, duráveis, que possam ser integrados a teoria, afirmando que na pratica reflexiva o professor dirige o olhar para o seu próprio trabalho. (PERRENOUD, 1999, p.186).

A profissão de professor se caracteriza pelas ações práticas que realiza

e pelo domínio de suas regras e saberes, pois na educação essas regras não

podem ser fixas, havendo necessidade de um permanente processo de

reflexão dos professores diante das suas ações.

No decorrer deste processo, muitos são os conflitos a serem superados porque novamente depara-se com que é inerente á nossa humanidade, mas que pretende disseminadamente velada a singularidade. Aquilo que nos torna iguais porque universal, é também o que nos separa, discrimina e distancia: a condição de sermos únicos. ”(CAVANELLAS, Psicologia Ciência e Profissão p.20)

36

A atuação docente está ligada a uma gama de atividades, desde a

formulação da aula, como o termino da unidade trabalhada.

Um bom começo para refletir sobre os tópicos de ensino e

aprendizagem para os alunos do ensino fundamental é consultar os

Parâmetros Curriculares Nacionais. Enfatizando sobre o combate ao

analfabetismo afirmando sempre sobre o que ensinar nos cinco anos iniciais:

Tendo como o primeiro objetivo a afetividade no ato de ensinar para que

os alunos terminem o Ensino Fundamental dominando a linguagem de maneira

eficaz.

Em outras palavras, devem ser capazes de produzir e interpretar textos,

tanto para solucionar as necessidades do dia-a-dia, como escrever um recado,

ler as instruções de uso de um eletrodoméstico, para ter acesso aos bens

culturais e à participação plena no mundo letrado, entender o que é dito num

telejornal e ser capaz de ler um livro de poesias, mas esta leitura deve ser

introduzida de forma prazerosa.

Cabe à escola desenvolver também a linguagem oral de seus alunos.

Aprende-se a falar fora dos bancos da escola, mas na sala de aula é possível

mostrar as falas mais adequadas e eficientes nas diferentes situações

cotidianas.

Ler e escrever são atividades que se completam. Os bons leitores têm

grandes chances de escrever bem, já que a leitura fornece a matéria-prima

para a escrita. Quem lê mais dispõe de um vocabulário mais rico e

compreende melhor a estrutura gramatical e as normas ortográficas da Língua

Portuguesa. Quanto mais variados, interessantes e divertidos forem os textos

que você apresentar às crianças, maior será a chance de elas se tornarem

leitoras hábeis. Se na sua sala só entrarem textos didáticos,

descontextualizados da realidade das crianças, que despertam pouca atenção

nos alunos, eles se desinteressarão da leitura e terão dificuldade em aprender.

37

Pois, aprendemos que o segredo do sucesso da Alfabetização como um

processo de aprendizagem se dá principalmente pela afetividade e interação,

ou seja, um ato amoroso na arte de ensinar, tendo como um instrumento chave

no desenvolvimento cognitivo de uma criança.

38

CONCLUSÃO

A preocupação deste presente estudo foi destacar a necessidade de

estarmos enquanto educadores assumindo nosso papel não apenas como

mero executador de tarefas, mas como um profissional que se dedica de

corpo e alma ao que faz. Estas idéias reforçam a necessidade dos

professores incrementarem no âmbito escolar uma ação pedagógica que

tenha sabor de amor, carinho, atenção e respeito.

Ao longo deste trabalho, foi possível evidenciar as idéias desses

autores por colocar a importância da afetividade no processo da educação,

não pelo fato de apenas tornar um ambiente amoroso, mas pelo fato de tal

sentimento ajudar no desenvolvimento cognitivo de um ser humano.

Espera-se que este estudo possa contribuir como elemento de

discussão no meio educacional e assim cada profissional possa refeltir e

transformar a sua prática em sala de aula. Para isso precisamos tornar a

escola um ambiente receptivo para aqueles que se preocupam pela arte de

aprender, é nesse sentido que o professor deve promover a construção de

uma sociedade mais fraterna e justa.

Considero que quando a criança se sente emocionalmente segura,

parte do processo cognitivo se contempla, pois acredita que o ambiente está

seguro, desprovido de fracasso, medo, insegurança e principalmente de

amor. Essas questões vêm me intrigando e me desafiando a investigar cada

vez mais o motivo pelos quais tais estas crianças sentem dificuldade de

aprendizagem.

Muitas vezes a escola ignora a questão da afetividade, preocupando-se

apenas com os conteúdos, ignorando a organização dos sistemas afetivos. As

relações afetivas não podem ser desprezadas, pois estão presentes no

desenvolvimento, fazem parte do ser humano e podem interferir de forma

positiva nos processos cognitivos.

39

Acredito que o relacionamento afetivo pressupõe interação entre todos

os envolvidos neste processo. Assim, caro professor, ao conhecer melhor o

seu aluno, terá melhor oportunidade de preparar os conteúdos, propiciando

excelentes desenvolvimentos cognitivos e tornando a aprendizagem mais

agradável e produtiva.

Vale dizer que é extremamente relevante e imprescindível à formação

integral da criança, seja na questão cognitiva como na relação afetiva. Mas

para isso considero importante enquanto profissionais da educação, estarmos

fazendo uma recapitulação das nossas ações dentro do ambiente escolar, seja

na sala de aula, seja no pátio da escola. É necessário manter vivo o

sentimento de amor com nossos alunos.

Em suma, a escolha da temática foi no intuito de propormos uma

educação que atente para os laços afetivos, pois de acordo com os autores

apresentados neste trabalho, quando a aprendizagem ocorre de forma

prazerosa, parte do processo de ensino-aprendizagem se desenvolve e ambos

são recompensados.

Espero que este estudo possa contribuir para a discussão de um

processo de ensino-aprendizagem reflexivo, visando não apenas o

desenvolvimento da criança, mas todo um resgate do tema afetividade que

raramente encontra-se no cotidiano escolar. Esta reflexão significa pensar no

próprio ato educativo, desde o primeiro contato, na suavidade da fala, no

senso de humor, de equilíbrio e da manifestação de afeto do professor.

Acredito ter provocado reflexão acerca da prática docente e ao mesmo tempo

convidar o professor a assumir o seu ofício não meramente como um

transmissor de conhecimento, mas aquele capaz de compreender o seu aluno

através do coração e da alma.

40

BIBLIOGRAFIA

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acadêmicos e normas de apresentação gráfica. 1ª. ed. Rio de Janeiro,2004.

PERRENOUD,Philippe. Formar professores em contextos sociais em

mudança: prática reflexiva e participação crítica. Revista Brasileira de

educação, n. 12, set. - dez./1999, p.5-21.

PIAGET, J.& INHALDER, B. A psicologia da criança. 11ª ed. Rio de Janeiro:

Bertrand Brasil S/A, 1980.

REVISTA NOVA ESCOLA: Grandes Pensadores: A história do pensamento

pedagógico no Ocidente pela obra de seus maiores expoentes. Edição

Especial: São Paulo: Abril, 2003.

SOUZA, M.; Projeto de pesquisa: A literatura infantil e suas contribuições

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VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. Trad. José Cipolla Neto, Luís

Silveira Menna Barreto e Solange castro Afeche. 6º. ed. São Paulo: Martins

Fontes, 1998.

42

ANEXO

Dados Estatísticos do Analfabetismo no Brasil – IBGE – Censo 2000

População 15 anos ou

mais População Alfabetizada 15 anos ou

mais População Analfabeta 15 anos ou

mais Taxa de Analfabetismo

121.345.163 106.238.159 14.694.889 10,83 %

Dados Estatísticos do Analfabetismo no Brasil – IBGE – Censo 2007

População 15 anos ou

mais População Alfabetizada 15 anos ou

mais População Analfabeta 15 anos ou mais

Taxa de Analfabetismo

129.533.148 119.738.159 9.794.889 5,47 %

Dados estatístico do IBGE, retirado da Revista Nova escola, 2007.

43

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO 12

CAPÍTULOII

APRENDIZAGEM SE ENTRELAÇANDO COM

A AFETIVIDADE E ASPECTOS COGNITIVOS 17

CAPÍTULOIII

AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO 29

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 40

ANEXO 42

ÍNDICE 43

FOLHA DE AVALIAÇÃO 44

44

FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “Lato Sensu”

A afetividade como um fator primordial na alfabetização

Data da entrega:___________

Avaliado por:_________________________Grau_____________________

___________________,______de _____________________de 2009.