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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
OPERAÇÕES DE TERMINAIS E ARMAZÉNS
Por: Valtemir Araújo dos Santos
Orientador
Prof. Ms. Marco A. Larosa
Rio de Janeiro
2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
OPERAÇÕES DE TERMINAIS E ARMAZÉNS
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como condição prévia para a
conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato
Sensu” em Docência do Ensino Superior.
Por: Valtemir Araújo dos Santos
3
AGRADECIMENTOS
Este trabalho é dedicado ao corpo
docente do Projeto “A Vez do
Mestre”, ao professor Marco Antônio
Larosa pela orientação e revisão dos
textos. Aos colegas e pessoas que,
direta e indiretamente, contribuíram e
serviram de incentivo para esta busca
que me levou a produzir este primeiro
trabalho científico.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha noiva
Adriana, que tanto colaborou para
confecção e aperfeiçoamento deste
trabalho. Também a Terezinha, minha
mãe e primeira professora na
universidade da vida.
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RESUMO
Armazéns ou centrais de distribuição executam um papel-chave para
aumentar a eficiência da movimentação de mercadorias. Permitem a
compensação eficaz dos custos de estocagem com menores custos de
transporte, ao mesmo tempo que mantêm ou melhoram o nível de serviço.
A armazenagem está disponível sob várias formas, conforme a
possessão da facilidade e o grau de controle operacional desejado pelo
usuário. Este pode beneficiar-se de diversas formas pelo uso de depósitos e
terminais alfandegados. Entretanto a armazenagem pode ser encarada como
um custo direto adicional do canal de suprimento ou de distribuição. Esta
despesa pode ser justificada pelas economias indiretas de custos obtidas.
Entretanto a estocagem pode ser eliminada ou reduzida drasticamente pelo
uso do conceito just-in-time, que deveria sempre ser explorado como
alternativa a armazenagem.
Este trabalho visa a abordagem de um tema que trata das operações
dentro de terminais e armazéns bem como sua rotina na qual envolve
estocagem, manuseio de equipamentos, tempo de utilização para cada ciclo
operaçional, enfim todo o planejamento que se faz necessário.
Abordando os temas citados, pretende-se levar aos leitores uma visão
mais técnica, que os façam analisar de maneira crítica os problemas que com
toda certeza irão surgir, pois numa cadeia logística deve-se estar sempre em
busca da melhoria continua do nível de crescimento competitivo no mercado
globalizado.
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METODOLOGIA
O objetivo deste trabalho é apresentar sugestões de melhoria através
de uma pesquisa sobre as atividades das operações dos terminais e
armazéns e definir alguns métodos de organização do trabalho com o objetivo
de minimizar as deficiências em alguns pontos que foram levantados, ou seja,
os pontos que causam impacto operacional e comprometem o resultado final.
Portanto, foi desenvolvida uma metodologia que avalia a qualidade dos
serviços dentro da própria operação dos terminais e armazéns, visando a
identificação dos problemas bem como a implementação dos métodos que
eliminam suas falhas. No atual mundo globalizado, são inúmeros os fatores
que compõem o custo final das operações, devendo ser racionalizados para
se obter preços competitivos para disputar o mercado, e uma eficiente gestão
da armazenagem é o fator determinante no aumento da competitividade entre
as empresas, pois nos tempos atuais, onde se pode ver com clareza que as
empresas que não tiverem um sistema logístico eficaz estarão sujeitas a ficar
fora do mercado.
Os resultados das pesquisas demonstram que a importância de uma
eficiente gestão de sistemas logísticos como variável de decisão estratégica e
operacional tem contribuído efetivamente para o crescimento industrial ao
longo do período. Por outro lado a pesquisa também demonstrou que o cliente
tornou-se mais exigente por melhores serviços, enquanto os fornecedores não
acompanharam essa mudança no nível de serviço de armazenagem e
7
distribuição física. O percentual de clientes insatisfeitos tem aumentado
gradativamente nos últimos tempos.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - 10
Breve Histórico da Armazenagem 10
CAPÍTULO II - 14
A Importância da Armazenagem nos Sistemas Logísticos 14
CAPÍTULO III - 22
Fatores que afetam as Operações de Terminais e Armazéns 22
CAPÍTULO IV - 29
Sugestões para a Melhoria do Sistema Operacional 29
CONCLUSÃO 44
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
ÍNDICE 46
FOLHA DE AVALIAÇÃO 48
8
INTRODUÇÃO
O conceito de armazenagem tem início com a observação pelo homem
da alternância entre períodos de fartura e de escassez e está intrinsecamente
relacionado com a necessidade de abastecimento dos povos. A
armazenagem foi estabelecida no exato momento em que o homem primitivo
descobriu que podia guardar para uso futuro os produtos excedentes às suas
necessidades atuais, ou ainda para permutá-los com outros homens por outros
produtos dos quais não dispunha (escambo).
Disse José: “Deus revelou ao Faraó o que vai fazer. A sete vacas belas são
sete anos. E as sete vacas magras e feias, são sete anos. Vão
chegar sete anos de grande abundância a todo o território do
Egito. Mas sete anos de fome surgirão a seguir, de modo que
toda a abundância desaparecerá do Egito e a fome devastará o
país. Que o Faraó nomeie comissários para o país e lance o
imposto de um quarto sobre as colheitas durante os sete anos
de abundância. Que se acumule toda a alimentação desses
anos férteis que se aproximam; que se armazene trigo nas
mãos do Faraó, para abastecimento das cidades, mantendo-o
como reserva. Essas provisões serão um recurso para o país
durante os sete anos de fome que vão chegar, para que o país
não pereça pela fome”. A terra, durante os sete anos de
fertilidade, produziu colheitas abundantes. Acumularam-se as
provisões e abasteceram-se as cidades. José acumulou trigo
como a areia do mar, em tão grande quantidade que o
9
deixaram de medir. Terminados os sete anos de abundância,
sobrevieram os sete anos de fome. Houve fome em todos os
países, mas no Egito havia pão.
Com o passar dos anos, a sociedade aprendeu a armazenar seus
produtos. Entretanto, na atualidade nos deparamos com alguns pontos críticos
neste segmento que são os congestionamentos, filas de espera ou problemas
decorrentes da falta de espaço, pessoal e equipamentos de manuseio
adequados e qualidade do nível de serviço ao menor custo de mercado.
Diante desta vivência, pretende-se abordar o tema em questão, visto
que é de sua importância para a sociedade atual. Percebe-se que nos dias de
hoje se faz necessário algum tipo de intervenção para uma melhor adaptação
da armazenagem ao meio.
Esse projeto parte de um momento de reflexão, quando se pensa na
armazenagem como algo passível de mudanças e se estuda as
probabilidades que possam surgir no decorrer desta analise, abordando cada
problema a partir de uma visão macro da situação e estabelecer alguns
parâmetros que possam medir o grau de eficiência em alguns pontos
envolvidos neste processo e com isso nos auxiliar numa tomada das ações
corretivas que se façam necessárias.
10
CAPÍTULO I
BREVE HISTÓRICO DA ARMAZENAGEM
11
BREVE HISTÓRICO DA ARMAZENAGEM
A história da armazenagem confunde-se com a história do comércio
entre os povos. Historicamente, aqueles que dedicaram-se ao comércio
tiveram obrigatoriamente que armazenar e, assim, obtiveram hegemonia sobre
os demais povos contemporâneos.
Cerca de 3.000 anos antes de Cristo, os egípcios construíram os
primeiros depósitos de que se tem notícia, com o objetivo específico de
armazenar os papiros e o trigo excedentes, produzidos no fértil Vale do Nilo,
para posteriormente carregá-los em navios e trocá-los pelas preciosas
madeiras do Líbano. Pelas descobertas das câmaras mortuárias nas
pirâmides egípcias, podemos observar a importância da armazenagem para
este povo: Os faraós mortos eram reverenciados com o abastecimento de
seus túmulos com tudo aquilo que julgavam ser necessário na outra vida.
Seus discípulos, os fenícios, aprenderam com os egípcios a arte
náutica e durante mais de 2.000 anos estabeleceram inúmeras colônias ao
longo do Mediterrâneo, dominando uma extensa rede de colônias, com base
sobretudo de armazéns e entrepostos comerciais.
Depois de derrotar os persas e manter total controle comercial sobre os
arquipélagos do Mar Egeu, entre a costa ocidental da Grécia e a Ásia Menor,
os gregos estabeleceram ampla hegemonia comercial, reduzindo
gradativamente o poder fenício, até a conquista da região pelos romanos.
12
Os romanos estenderam os seus domínios até o Mar do Norte,
fundaram Londres (originalmente Londinium), mantiveram os mares livres de
piratas, construíram faróis em Óstia, Bologna e Dover, melhoraram os portos,
dragaram e navegaram pelo velho canal entre o Rio Nilo e o Mar Vermelho.
Justificavam o seu poderio com dois ditos: “navigare est” (navegar é preciso)
e ”todas as estradas levam a Roma”. Hoje, em uma visão retrospectiva,
poderíamos acrescentar que nada adiantaria navegar e construir estradas se
Roma não dispusesse de importantes centros de armazenagem e distribuição
distribuídos ao longo de todo o Império.
É fato comprovado que entre os séculos VI e IX os vikings visitaram a
Groelândia, Islândia, Escócia, Irlanda, tendo em 884 pilhado Lisboa e subido
pelo Rio Guadalquivir até Sevilha. Todavia, apesar dos conhecimentos
náuticos acumulados, passaram à História somente como uma potência
bélica, não formando um império comercial, pois limitavam-se a saquear e
consumir os butins, desconhecendo a arte da armazenagem.
A partir do século XI, destacaram-se as Repúblicas de Veneza e
Gênova, cujo poderio marítimo permitiu que monopolizassem o comércio do
Mediterrâneo oriental com o Mar Negro, África Setentrional e Oriente, obtendo
enormes lucros no comércio das especiarias. Nada disso teria sido possível
sem a implantação de depósitos para a armazenagem e proteção das
mercadorias.
Nos séculos XV e XVI, a Liga Hanseática, composta pelas Cidades-
Estado livres, fundaram e dominaram com mão de ferro entrepostos
comerciais ao longo da Escandinávia e Alemanha. No final do século XV, o
poderio comercial havia se deslocado para a Península Ibérica. Com vasta
experiência náutica, a coroa Portuguesa teimava em descobrir um caminho
marítimo para as Índias. Logrando êxito, espalhou entrepostos comerciais em
diversos pontos da rota, como forma de obter hegemonia no comércio com as
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especiarias do Oriente. A acumulação de metais preciosos extraídos do Novo
Mundo levou a Península Ibérica a uma posição de destaque na Europa.
A acumulação de pilhagens resultante da intensa atividade corsária a
serviço da Coroa, bem como o intenso comércio de chá, seda e porcelana
com a China foram fatores determinantes para crescimento do poderio
britânico. A partir da segunda metade do século XVIII, a Revolução Industrial
multiplicou rapidamente a geração de riquezas, orientando o estabelecimento
de um império comercial Britânico onde o sol nunca se punha.
Imediatamente após o fim da Segunda Guerra Mundial, a título de
reconstruir as nações esfaceladas e gerar ocupação para os imensos
contingentes de mão-de-obra disponível, o Governo americano estimulou a
reestruturação industrial na Europa, alavancando a massificação da produção
e gerando excedentes exportáveis. Como conseqüência, o tráfego marítimo
cresceu rapidamente, impondo a modernização e racionalização no uso das
restritas áreas de armazenagem portuárias. Desde então, a armazenagem
vem desenvolvendo-se e tomando vulto como uma ciência independente e
bastante complexa.
Hoje, novas pressões estão mudando as definições e estruturas
utilizadas pelas empresas. Essas pressões incluem a duplicação de
estoques, a incompatibilidade das infra-estruturas logísticas e a limitada
capacidade de reação individual às mudanças gerais na cadeia de
suprimentos. As novas definições são significativamente diferentes daquelas
que determinavam as antigas atividades relacionadas ao fluxo físico.
Ferramentas conceituais e gerenciais agora aplicadas a gestão da
distribuição física fornecem interessantes soluções. Essas ferramentas
refletem uma nova visão de logística e operações globais. (Dornier, 2000,
P.38)
14
CAPÍTULO II
A IMPORTÂNCIA DA ARMAZENAGEM NOS SISTEMAS
LOGÍSTICOS
15
No atual mundo globalizado, são inúmeros os fatores que
compõem o custo final das operações, devendo ser racionalizados para
se obter preços competitivos para disputar o mercado. Um dos itens
fundamentais são as próprias modalidades de compra e venda
reconhecidas internacionalmente - os INCOTERMS - pois a sua escolha
determinará entre o Exportador e o Importador a quem cabem as
responsabilidades sobre as despesas de frete, seguros, manuseios,
desembaraço aduaneiro, etc.
Ao serem estabelecidos negócios internacionais, observa-se a
interdependência entre diferentes cadeias de suprimento, onde as partes
envolvidas buscam fornecimentos regulares e constantes. Assim, é
fundamental a viabilização de reduções nos preços unitários dos
produtos, seja através de ganhos em escala, seja através da queda dos
custos financeiros das operações. Com a colocação de pedidos de
fornecimento parcelado em longo prazo, se viabiliza programações
regulares junto a todos os intervenientes no processo (transportadores,
armazenadores, despachantes, etc). No entanto, a redução dos custos só
é efetivamente obtida na terceirização como resultado da otimização das
funções de aquisição, transporte, armazenagem, gerenciamento de
estoques, distribuição física e informação eletrônica, de forma a eliminar
todas as ociosidades existentes. Outro aspecto a ser levado em conta é
exercer acompanhamento sobre os terceirizados, com objetivo de manter
controle de qualidade sobre o processo.
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Os diferentes estágios de transformação, transporte e distribuição,
ou seja, da cadeia logística internacional, abrangem:
a) Aquisição e recebimento da matéria-prima: Para a
logística, que deve garantir a matéria-prima no lugar certo e na hora
certa isto implica rotas mais longas do que as do passado. Além disso,
as incertezas quanto à disponibilidade das fontes estrangeiras
adicionam novas dimensões no planejamento logístico por isso faz-se
necessário a formação de reservas.
b) Controle de qualidade, marcação, separação e
embalagem: Tem a função de garantir a qualidade do produto bem
como, de facilitar manuseio e armazenagem, promovendo melhor a
utilização do equipamento de transporte, protegendo o produto para
vendê-lo.
c) Documentação para o transporte e apólices de seguro:
Qualquer companhia ativamente engajada na importação ou exportação
queixa-se da grande quantidade de documentos necessários.
Enquanto cargas internas podem ser movimentadas com apenas dois
documentos (manifesto de carga e nota fiscal), pode ser preciso cinco a
seis vezes mais documentos para realizar uma entrega internacional.
d) Manipular o total de documentos necessários para
transporte internacional pode ser um esforço muito grande mesmo para
empresas com administração logística sofisticada.
e) Manuseio, empilhamento e armazenagem: Refere-se à
administração do espaço para manter estoques. Envolve problemas
como localização, movimentação do produto no local de estocagem,
17
dimensionamento de área, arranjo físico, recuperação do estoque,
projetos de docas ou baias de atração e configuração do armazém. O
manuseio de materiais é um dos principais fatores geradores de custo
no composto de atividades logísticas.
A movimentação de materiais, armazenagem e projeto de
embalagem não devem ser encarados como atividades restritivas apenas
ao depósito. O profissional deve permanecer atento aos benefícios
potenciais quando especificar essas funções, de maneira a alcançar o
máximo grau de compatibilidade ao longo de todo o canal de distribuição
ou suprimento, mesmo quando parte deste pode ficar fora do controle
direto da companhia.
f) Estivagem: Conjunto de operações destinadas a
movimentação de mercadorias de terra para bordo, ou de embarcação
para outra, ou de bordo para terra.
g) Transporte marítimo: Da mesma forma que os outros
modais, o transporte marítimo vai depender de tecnologia para
incrementar sua produtividade. A expectativa é que as inovações irão
tratar da eficiência do manuseio, de equipamentos especializados e do
aperfeiçoamento de condições operacionais.
A conteinerização deve continuar a expandir-se no transporte
internacional. É um tipo de unitização que permite a consolidação de
grande número de pequenos itens de forma e peso irregular numa única
grande caixa de tamanho padronizado e que pode ser movimentada por
equipamento mecanizado.
A melhoria da produtividade deverá ser a tônica do transporte
marítimo nas próximas duas décadas.
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O transporte marítimo opera principalmente com granéis. Carvão,
minérios, coque, cascalho, areia, petróleo, ferro e aço semiprocessados,
grãos e cimento compõem mais de 90% do tráfego nas hidrovias
americanas. Ao contrário dos produtos transportados de avião, estes são
de baixo valor específico e não-perecíveis, de maneira que seus custos de
estoque não são excessivos e, portanto, utilizam serviço lento e sazonal em
troca de fretes baixos.
h) Desestivagem: Retirar a Carga de bordo de um navio.
Uma vez que os estoques absorvem capital, alteram a
rentabilidade da empresa, as mais eficazes técnicas da gestão de
estoques sinalizam para grandes reduções nos níveis de estoque.
Entretanto, é impossível fazê-lo para todos os itens, sobretudo quando
estes são muito diversificados. Nesse caso é necessário incrementar o
giro (ou rotatividade), liberando recursos e economizando no custo de
manter estoques.
Para maximizar a utilização do espaço e garantir um rápido
escoamento das cargas, a empresa dedicada à prestação de serviços
de armazenagem necessita formular políticas e utilizar-se de métodos de
armazenagem eficazes, em consonância com as tendências do
mercado.
O primeiro aspecto a ser levado em conta é a natureza
predominante das mercadorias a serem armazenadas, pois para cada
uma dela haverá um tipo de armazenagem adequado, podendo inclusive
orientar o emprego de áreas de armazenagem completamente diferentes
entre si. Princípios básicos da armazenagem:
a) PLANEJAMENTO: Avaliação prévia da área de
armazenagem antes de aceitar a contratação de um determinado
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lote a armazenar, verificando a existência de efetivas condições
físicas e técnicas para receber, armazenar, controlar e entregar
adequadamente, observando natureza, peso e dimensões
unitárias, características de manuseio e de segurança.
b) FLEXIBILIDADE OPERACIONAL:
Adaptabilidade das praças, corredores, portas e equipamentos
disponíveis em uma área de armazenagem, de forma a receber
com facilidade, simultânea ou sucessivamente, produtos com
diferentes características de manuseio.
c) SIMPLIFICAÇÃO DO FLUXO: Desenvolvimento,
adaptação e/ou implantação do arranjo físico de uma área de
armazenagem, levando em conta as características dos
equipamentos disponíveis e a localização de portas e corredores,
com o objetivo de simplificar ao máximo os fluxos de entrada e de
saída, de forma a obter a maior produtividade possível, sem
ocasionar gargalos.
d) OTIMIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO:
Armazenamento técnico e seguro, possibilitando a fácil
movimentação da maior quantidade possível de mercadorias em
uma única área de armazenagem, observando a resistência
estrutural do piso e a capacidade volumétrica da área.
e) OTIMIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS E MÃO-DE-
OBRA: Análise, desenvolvimento, padronização, sistematização e
implantação de procedimentos direcionados ao dimensionamento
e à racionalização dos equipamentos de movimentação e equipes
de trabalho.
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f) CONTROLE: Planejamento, implantação e
acompanhamento metódico de um adequado sistema de registros
dos recebimentos, tempo de permanência da armazenagem,
entregas e controle do inventário físico de mercadorias,
possibilitando a sua identificação e retirada imediatas.
g) MECANIZAÇÃO: Avaliação quanto à necessidade,
possibilidade e relação custo x benefício da mecanização dos
procedimentos de movimentação de mercadorias.
h) AUTOMAÇÃO: Avaliação quanto à real
necessidade e relação custo x benefício de automatizar o
gerenciamento da armazenagem, sistema de controle e demais
sistemas administrativos.
i) SEGURANÇA: Dotar a área de armazenagem de
sistemas que garantam a integridade física das mercadorias
armazenadas e mão-de-obra, a segurança das instalações e
equipamentos e a saúde financeira da empresa, mantendo as
equipes de trabalho devidamente treinadas para eventuais
emergências.
j) PREÇO: Compatibilidade dos preços calculados a
partir da estrutura de custos resultante do planejamento
empresarial com o praticado pelas empresas congêneres no
mercado. Se o preço obtido estiver em desacordo com a média
do mercado, obviamente não houve uma correta avaliação do
cenário e o planejamento deverá ser revisto considerando outras
variáveis.
21
Os princípios básicos acima relacionados devem, “a priori”,
considerar os seguintes parâmetros gerenciais:
· No quê e quanto estão investindo os concorrentes?
· Até quanto podemos investir?
· Qual o custo de operação e manutenção?
· Como as atividades podem ser simplificadas?
· O Fluxo de Materiais e de Informações pode ser otimizado?
· Sistema resultante será simples, prático e racional?
· Sempre que possível utilizaremos a Lei de Gravidade?
· Teremos flexibilidade para automatizar o sistema?
· Há alguém fazendo melhor e mais barato?
· Conhecemos todas as alternativas disponíveis?
A armazenagem está disponível sob várias formas, conforme a
possessão da facilidade e o grau de controle operacional desejado pelo
usuário. Este pode beneficiar-se de diversas formas pelo uso de depósitos;
as mais populares são a estocagem, a consolidação e a transferência de
fretes. No caso de armazenagem pública, existem vários tipos de serviços
oferecidos ao usuário. Os depósitos públicos podem também chegar a
manipular toda a atividade de distribuição para o cliente.
A armazenagem pode ser encarada como um custo direto adicional do
canal de suprimento ou de distribuição. Esta despesa pode ser justificada
pelas economias indiretas de custos obtidas. Entretanto, a estocagem pode
ser eliminada ou reduzida drasticamente pelo uso do conceito just-in-time, que
deveria sempre ser explorado como alternativa à armazenagem.
22
CAPÍTULO III
FATORES QUE AFETAM AS OPERAÇÕES DE TERMINAIS E ARMAZÉNS
23
A situação ideal em termos de otimização de áreas de
armazenagem seria as mercadorias lá recebidas lotarem sua
capacidade volumétrica e ao mesmo tempo chegarem próximo ao limite
da resistência estrutural do piso. No entanto, pela combinação das
inúmeras variáveis, isto raramente ocorre, por diferentes razões.
Já estudamos alguns dentre os diferentes fatores que afetam a
capacidade de armazenagem. Por exemplo, a limitação na altura de
armazenagem, além do Fator de Estiva, ao qual deve ser agregada a
Quebra de Espaço.
3.1. - QUEBRA DE ESPAÇO E ÍNDICES PARA EMPILHAMENTO:
Denomina-se Quebra de Espaço a todos os espaços perdidos
para a armazenagem, deixados entre e ao redor dos lotes de carga num
armazém. Não há regra fixa para o seu cálculo e nem tampouco existem
tabelas publicadas, pois depende da quantidade de volumes e da
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dimensão dos lotes, bem como da configuração de formas e das
medidas dimensão de suas embalagens. A rigor, nunca ocorrem dois
empilhamentos exatamente iguais! Quanto mais baixa for a Quebra de
Espaço, mais compacta ficará a pilha, ocupando menos espaço na área
de armazenagem.
Por exemplo, quando há grandes lotes de sacaria, cujas camadas
se acamam bem, possibilitando uma armazenagem compacta e
uniforme, certamente a Quebra de Espaço será muito baixa, podendo ser
de menos de 5%. No caso de lotes compostos por volumes unitários
muito irregulares, como por exemplo, automóveis desmontados em
caixas, conhecidos como CKD (Completely Knocked Down), a Quebra
de Espaço talvez atinja índices superiores a 40%. No caso de tambores,
além dos pesos específicos dos diferentes produtos, há que se levar em
conta a Quebra de Espaço adicional, determinada pela diferença de
área entre a circunferência do tambor e o quadrado a ele circunscrito.
As principais causas da Quebra de Espaço são:
· Espaço reservado à separação e acesso entre os
lotes;
· Espaço perdido devido a cargas irregulares, que não
podem ficar muito juntas nas pilhas;
· Espaço ocupado por materiais de separação
colocados entre os lotes;
· Espaço ocupado pelos paletes onde a carga é
empilhada.
3.2 - TEMPO MÉDIO DE PERMANÊNCIA:
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O conceito de Tempo Médio de Permanência está
intrinsecamente relacionado ao giro da área. Como a armazenagem é
um processo de transferência dinâmico e contínuo, há lotes de
mercadorias chegando e saindo a todo momento. Na gestão da
armazenagem, a rigor o que nos interessa saber é que quantidade de
carga poderemos movimentar no armazém ao longo de um determinado
período (uma semana, um mês ou um ano).
Tempo é a medida dos negócios.
Francis Bacon (1625) - Balou, 1993, Pg.171.
3.3 - PROCEDIMENTOS PARA RECEBIMENTO E ENTREGA:
O processo de entrada e saída das cargas na armazenagem, ou
seja, os procedimentos de Recebimento e Entrega, muitas vezes
relegados à condição de atividade rotineira e executada em caráter
aleatório, são bem mais complexos do que se imagina, sobretudo
quando ocorrem simultaneamente pelos modais rodoviário e ferroviário.
A falta de organização desses fluxos freqüentemente se evidencia
por caminhões estacionados irregularmente na área operacional,
esperando sua vez de carregar ou descarregar. Isto reduz a eficiência do
armazém e gera um desnecessário aumento nos custos de transporte.
Imagine que um determinado Embarcador despachou
simultaneamente 16 caminhões para entregar cargas a um dado
26
armazém, estando previsto todos chegarem ao mesmo tempo no início
de um determinado dia. Sabendo previamente que com as suas
limitações operacionais, em média será possível descarregar um
caminhão a cada 30 minutos, um cálculo simples lhe indicará que o
décimo sexto caminhão terá que esperar 8 horas para descarregar. Daí
poderá resultar que:
a) Todos os recursos do armazém serão dedicados a esse
cliente, deixando de atender às demais atividades;
b) A descarga dos últimos caminhões será adiada para o dia
seguinte;
c) O armazém terá que trabalhar em horários extraordinários.
Enquanto um veículo está parado no armazém, o transportador
deixa de utilizá-lo para outros serviços. Se isso ocorrer com freqüência, a
transportadora terá as seguintes alternativas para manter a rentabilidade
e atender à sua carteira de clientes:
a) Cobrar estadia dos caminhões ao cliente, que obviamente
repassará esse custo ao armazém;
b) Aumentar a frota e elevar o nível dos fretes praticados, para
cobrir o elevado índice de ociosidade;
c) Cobrar uma sobretaxa nos fretes que fizer para o seu
armazém, indicando armazenadores mais eficientes, para os quais
não há sobretaxa.
Todo erro gerencial acaba gerando
estoque. Michael C. Bergerac - Presidente Ezecutivo Revlon, Inc,
(Balou, 1993 Pg.204).
3.4 - EQUIPAMENTOS DE MOVIMENTAÇÃO VERTICAL E
HORIZONTAL
27
Embora pareça lógico que os equipamentos de elevação sejam
compatíveis com o armazém e com a mescla de mercadorias lá
recebidas, é bastante comum encontrarmos áreas de armazenagem cujo
pé direito é bem mais alto do que a capacidade máxima de elevação
dos equipamentos disponíveis. Contudo, outros problemas também têm
sido observados:
· Equipamentos de elevação inadequados ao manuseio das
mercadorias recebidas;
· Equipamentos de elevação apresentando elevado nível de
desgaste, com redução em sua capacidade máxima de içamento
nominal;
· Equipamentos de elevação em perfeito estado de uso,
porém com a capacidade máxima de içamento inferior ao peso
unitário de um determinado volume a ser recebido.
Como se pode observar, todas as alternativas citadas nos levam à
perda de mercado para concorrentes mais organizados. Pois há uma
crença bastante difundida que controlar transportadores é tarefa
impossível e, conseqüentemente, não se consegue programar
recebimentos e entregas. Se tal afirmativa fosse verdadeira, como seria
possível tantas empresas estarem hoje adotando procedimentos “Just-In-
Time”? Na realidade, como todo processo educativo, é mais fazer
planejar do que colocar em prática.
3.5 - AVARIAS EM CONTÊINERES:
As avarias em contêineres podem ser causadas pelos sistemas
de transporte, pelo equipamento de manuseio ou transferência e pelo
meio ambiente natural. A experiência nos ensina que grande parte das
28
avarias se dão durante as transferências de contêineres entre os
diferentes modais de transporte, sobretudo devido a erros dos
operadores de equipamentos. A avarias mais freqüentes costumam
ocorrer quando:
· Há acidentes nas rodovias: curvas acentuadas, colisões,
pontes baixas, etc. O transportador rodoviário tentará se eximir de
responsabilidades alegando já ter recebido o contêiner avariado
ou apresentado relatórios de avarias incompletos;
· Contêineres de 40 pés içados por empilhadeiras de
garfos, flexionando a viga inferior ou as paredes laterais;
· A estrutura do “spreader” bate muito forte sobre o teto do
contêiner, causando perfurações. Muito comum quando os
operadores são mal treinados;
· Forças da natureza: raios, tempestades, etc.;
· Peação inadequada das cargas ovadas: alguns
movimentos poderão soltar à carga, danificando as paredes e a
estrutura interna do contêiner;
· Distribuição inadequada de pesos: O centro de
gravidade da carga deve estar dentro da distancia de dois pés do
centro do contêiner e dentro da distância de um pé em direção
transversal. Se a carga concentrar-se em uma pequena área, o
contêiner poderá deformar-se ou até partir-se ao meio ao ser
içado.
29
CAPÍTULO IV
SUGESTÕES PARA MELHORIA DO SISTEMA OPERACIONAL
30
4.1 - QUEBRA DE ESPAÇO E ÍNDICES PARA EMPILHAMENTO:
Seguindo os passos abaixo, será possível elaborar para cada
área de armazenagem uma tabela específica que lhe é peculiar e
própria, que poderá ser chamada Tabela de Índices para
Empilhamento, a ser empregada naquela mescla típica dos produtos
usualmente recebidos:
· A partir da conclusão do empilhamento de um lote, meça
com uma trena o volume por ele efetivamente ocupado, incluindo os
espaços destinados a seu acesso;
· Verifique o peso do lote em toneladas;
· Calcule o volume (metros cúbicos) ocupado por cada
tonelada da mercadoria, dividindo o volume do espaço ocupado pelo
seu peso. Este será o Índice para Empilhamento nesta condição de
armazenagem;
· Subtraia o Fator de Estiva do Índice para Empilhamento
calculado e converta a diferença num percentual do Fator de Estiva.
Esta percentagem será a Quebra de Espaço para aquela
mercadoria.
Para melhor entender o processo, acompanhe o cálculo a seguir:
Um lote de sacaria de café armazenado pesa 80 tons. O espaço
ocupado pelo lote foi medido com uma trena, podendo-se afirmar que
está ocupando uma área de 7,2 m x 5,6 m e está empilhado a 4,0 m de
altura. Os outros lotes de cargas mais próximos tiveram que ser
31
localizados a 1,0 m em toda a sua volta. Que espaço efetivamente ocupa
esse lote de sacaria de café?
[(7,2 + 0,5) x (5,6 + 0,5)] x 4 m = [7,7 x 6,1] x 4 m = 46,97 m² x 4
m = 187,88 m³
Se esse lote pesa 80 toneladas, qual a Quebra de Espaço
observada no empilhamento?
1 tonelada ocupa 187,88 = +/- 2,35m³
80
Sabendo-se que o Fator de Estiva da sacaria de café é de 2,20
m³/T e aplicando o Índice para Empilhamento calculado de 2,35 m³/T, o
acréscimo observado é de:
2,35 – 2,20 = 0,15
Portanto, a Quebra de Espaço observada é de:
0,15 x 100 = +/- 6,8%
2,20
Após ter calculado uma série de amostragens para a Quebra de
Espaço de diferentes tipos de cargas, embalagens e condições de
empilhamento, estaremos em condições de elaborar uma tabela de
Índices para Empilhamento relativo à mescla típica daquele armazém,
sempre considerando mercadorias com embalagem, dimensões e altura
de empilhamento semelhantes.
Sabemos que para calcular a Capacidade Estática de uma área
de armazenagem precisaremos do Fator Médio de Empilhamento da
32
mescla das mercadorias mais freqüentemente armazenadas nessa área.
Para simplificar o processo, na prática é mais fácil voltar ao Fator de
Estiva Médio e aplicar uma Quebra de Espaço aproximada, com base na
experiência de cada um.
Assim, para calcular de forma simplificada o espaço aproximado
que será ocupado por um lote, tomemos o Índice para Empilhamento
calculado a partir do Fator de Estiva e da Quebra de Espaço estimada,
combinando estas informações na seguinte fórmula:
Área = Peso x Índice para Empilhamento
Altura de Empilhamento
Exclusivamente para fins de visualização comparativa e com base na
fórmula acima, calcule agora a área necessária para receber os lotes de
carga abaixo, cujo Índice para Empilhamento já foi calculado através de
medições, tornando-se nosso conhecido:
· 80 tons de sacos de café (Fator de Estiva = 2,2 m³/T; Quebra de
Espaço = 10% e altura média de empilhamento de 4,0 m).
80 x (2,20 + 6,8%) = 80 x 2,35 = 188,0 = 47,0 m²
4 4 4
· 80 tons de CKD (Fator de Estiva = 3,8 m³/T; Quebra de Espaço =
45% e altura média de empilhamento de 2,5 m).
80 x (3,8 + 45%) = 80 x 5.51 = 440,8 = 176,32 m²
2,5 2,5 2,5
33
· 80 tons de tambores contendo produtos químicos (Fator de Estiva =
1,8 m³/T; Quebra de Espaço = 20% e altura máxima de
empilhamento de 4,5 m).
80 x (1,8 + 20%) = 80 x 2,16 = 172,8 m² = 38,4 m²
4,5 4,5 4,5
Como se pode observar, tendo bom senso e alguma experiência com
Quebra de Espaço em áreas de armazenagem, com a utilização essa
fórmula simplificada, não é difícil calcular as necessidades de espaço
para os lotes de carga a serem recebidos.
4.2 - TEMPO MÉDIO DE PERMANÊNCIA:
4.2.1- REGULAMENTAÇÃO DAS CHEGADAS:
Regulamentar as chegadas trata-se apenas de, com base na lista de
atividades solicitadas para o dia (conforme exemplo abaixo), estabelecer
horários para as operações em cada zona, planejando seqüencialmente a
chegada dos veículos a intervalos adequados.
A regra é muito simples: Toda a programação é feita com
antecedência. Os veículos que chegarem dentro dos limites de tempo
combinados terão atendimento prioritário, baseado no princípio “primeiro a
chegar, primeiro a ser atendido”. Ao contrário, quem não estiver
programado ou chegar depois de expirado o seu prazo, será atendido após a
conclusão das operações de todos os outros devidamente programados e
dentro de seus horários.
34
4.2.2 - ATIVIDADES PROGRAMADAS PARA O DIA
OPERAÇÃO/ /LOTE DE CARGA
VEÍCULOS TEMPO PREVISTO
INSTRUÇÕES DO PROPRIETÁRIO
Entrega de 50 tons de caixas de porcelanas
4 Caminhões 2 horas Após 10:30 horas
Recebimento de 40 tons de cartões de conservas
4 Caminhões 2 horas Logo que possível
Recebimento de 30 tons de caixaria solta 3 Vagões 2 ½ horas Logo que possível Entrega de 30 tons de carga geral diversificada
2 Caminhões 2 horas Apenas 1 caminhão - ida e volta em 1 hora
Entrega de 35 tons de galões com resina 4 Vagões 2 horas Só disponível a partir das 11 horas
Recebimento de 60 tons de sacas de café 6 Vagões 3 horas Urgente: Pedir vagões Recebimento de 15 tons pneus soltos 2 Caminhões 1 ½ horas Preferível após 08:00
hs Para facilitar o trabalho de programação, podemos utilizar um
formulário, conforme o exemplo a seguir. Nele estarão definidos quadros
correspondentes às horas, com uma coluna para cada ponto de recebimento
ou entrega (portas 1 a 3 neste caso) e o número de veículos programados para
chegar naquele horário.
4.2.3 - PLANO DE CHEGADA DE VEÍCULOS
Reserva Nº
Descrição da carga Nº de Veículos
Hora Porta 1 Porta 2 Porta 3
06:00 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00
35
4.3 - COORDENAÇÃO E CONTROLE DOS TRANSPORTES:
As operações de Recebimento e Entrega envolvem a participação de
numerosas organizações e indivíduos. Necessitam ser controladas para
podermos analisar se e como poderia ser melhorada para acelerar o fluxo das
cargas. Em comum acordo, pode-se combinar medidas de segurança para
reduzir avarias desnecessárias, pontos de movimentação, bem como melhorar
a fluidez da transferência.
Se conseguirmos estabelecer um clima de confiança e colaboração
mútua entre as partes, definitivamente os procedimentos serão aperfeiçoados.
Caso contrário, as atividades serão descoordenadas, resultando na má
utilização dos recursos, custos de transporte mais elevados e maiores riscos
de conflitos, pois cada um tentará defender os seus próprios interesses.
No caso do transporte ferroviário, determinar o avanço dos vagões para
os pontos de recebimento/entrega a um ritmo que mantenha o funcionamento
regular das operações. Se houver nos vagões mais que uma marca, ou os
vagões serão objeto de triagem tantas vezes quantas foram as marcas ou as
cargas com diferentes marcas terão que ser separadas antes de se iniciar a
formação dos vagões (transferência dos lotes para vagões diferentes, um por
cada marca). Só então cada conjunto de vagões poderá ser movimentado
independentemente dos demais.
No caso do transporte rodoviário, ao chegarem à entrada do armazém,
será indicado aos motoristas um local de estacionamento, de forma a não
interferir com a movimentação de cargas. Após estacionar, a documentação é
verificada e se o armazém esteja pronto para recebe-lo, o motorista é
36
orientado para se dirigir ao ponto de recebimento ou entrega. Se for
necessário um pequeno tempo de espera, motorista deve ir retirando
encerados, soltando cabos e demais atividades preparatórias para evitar
atrasos na operação.
Após o veículo concluir a carga ou descarga, deve deslocar-se
imediatamente para o estacionamento, a fim de concluir a tramitação
documental, pear a carga ou arrumar o caminhão vazio e concluir os trâmites
aduaneiros antes de sair do armazém.
4.4 - PROCEDIMENTOS PARA RECEBIMENTO E ENTREGA:
4.4.1 - IMPLANTAÇÃO DO PROCEDIMENTO:
Há uma crença bastante difundida que controlar transportadores é
tarefa impossível e, conseqüentemente, não se consegue programar
recebimentos e entregas. Se tal afirmativa fosse verdadeira, como seria
possível tantas empresas estarem hoje adotando procedimentos “Just-In-
Time”? Na realidade, como todo processo educativo, é mais fazer planejar do
que colocar em prática. Entretanto, como veremos a seguir, não se trata de
uma missão impossível.
A principal atitude gerencial para racionalizar os fluxos de Recebimento
e Entrega é sistematizar, regulamentar, planejar e coordenar a chegada dos
veículos de transporte rodoviários e ferroviários, evitando que cheguem todos
ao mesmo tempo no início do dia, congestionando a áreas próximas ao
armazém e, posteriormente, não mais hajam chegadas de carga até o final do
dia.
Para regulamentar as chegadas basta distribuir linearmente no tempo
as tarefas previstas para o dia, de acordo com a sua capacidade operacional.
Com base nesse planejamento, orientar embarcadores, consignatários e
37
transportadores escalonando suas entregas ou retiradas de cargas ao longo
do dia. Certamente poderão ocorrer quebra de equipamentos, atrasos do
transporte por más condições do tráfego ou até mesmo a falta de colaboração
dos transportadores ou proprietários das cargas. Porém tais fatos devem ser
considerados com a exceção da regra.
A implantação do sistema de regulamentação das chegadas de
veículos deve ser precedida de reuniões com todos os embarcadores,
consignatários e seus transportadores, para lhes explicar os procedimentos a
serem adotados e as vantagens a serem obtidas por todos os envolvidos em
termos de organização e redução de custos.
4.5 - PLANEJAMENTO OPERACIONAL:
4.5.1 - RECEBIMENTO
1) Solicitar aos Embarcadores que toda entrega ao armazém seja
precedida da respectiva reserva de praça, informando o tipo e a quantidade
de carga, além da data prevista para recebimento. Posteriormente, confirmar a
prontificação física e documental, transportador, tipo, capacidade e quantidade
dos veículos alocados no transporte.
2) Avaliar realisticamente as suas condições para recebimento de
cargas em um dia de trabalho, estabelecendo: locais para estacionamento,
pontos de recebimento, fluxos, equipamentos e mão-de-obra necessários;
ritmo operacional; horários previstos para início e de término das operações.
3) Planejar o escalonamento das chegadas e intervalos
necessários, combinando a programação elaborada com os Embarcadores e
seus respectivos transportadores.
38
4.5.2 - ENTREGA
1) Avisar aos Consignatários quando a sua carga estará liberada,
solicitando-lhes confirmar a prontificação de documentos; informar
necessidades especiais quanto ao recebimento; transportador, tipo,
capacidade e quantidade dos veículos destinados ao transporte.
2) Avaliar realisticamente as suas condições para entrega de
cargas em um dia de trabalho, estabelecendo: locais para estacionamento,
pontos de entrega, fluxos, equipamentos e mão-de-obra necessários; ritmo
operacional; horários previstos para início e de término das operações.
3) Planejar o escalonamento das chegadas e intervalos
necessários, combinando a programação elaborada com os Consignatários e
respectivos transportadores.
De acordo com as necessidades, limitações e problemas de cada
cliente, organize o trabalho a ser realizado:
1. Sempre que possível, mantenha em zonas separadas as cargas
a serem recebidas das cargas a serem entregues, para que os fluxos não se
misturem;
2. Programe os pontos de recebimento e entrega de forma a
reduzir ao mínimo as distancias a percorrer;
3. Se possível, estabeleça vias de entrada e saída separadas,
devidamente sinalizadas, para que não haja interferência entre os
equipamentos;
39
4. Evite cruzamentos. Se não for possível, sinalize adequadamente
para garantir a segurança.
5. Retire todos os obstáculos, de forma que os equipamentos
tenham sempre a passagem desobstruída.
4.5.3 - EQUIPAMENTOS DE MOVIMENTAÇÃO VERTICAL E
HORIZONTAL
Os equipamentos de movimentação de cargas mais usuais em áreas
de armazenagem são os seguintes:
· Paleteiras;
· Elevadores e transelevadores;
· Plataformas e rampas elevadoras ou basculantes;
· Conjuntos de tratores de terminal (Tug-Master) e semi-reboques
rodoviários ou fora de estrada (carretinhas do tipo MAFI);
· Empilhadeiras com lanças telescópicas e toda a gama de
implementos;
· Pontes rolantes, telescópicas ou aéreas;
· Robôs para transferência;
· Veículos Automaticamente Guiados (AGV).
Dimensionamento dos equipamentos: A partir da identificação das
demandas, da avaliação e definição dos métodos de armazenagem e do
processo operacional, definir tipos, quantidade, alcance e capacidade de
40
elevação dos equipamentos de manuseio a serem utilizados no armazém,
levando em conta: Condições e resistência estrutural do piso; dimensões das
portas e corredores; altura máxima do teto, limitada por vigas transversais e
outros obstáculos; legislação ambiental e do trabalho, relativas à poluição;
normas de segurança; disponibilidade e custo da energia elétrica. Os
principiais critérios para a definição dos equipamentos mais adequados a
uma determinada área de armazenagem são:
Tipo de movimentos Equipamentos Roteiro Programação repetitiva Monovia Programação aleatória Empilhadeira Freqüência de movimentação Fluxo contínuo Correias transportadoras Fluxo intermitente Trator Distâncias Curtas e freqüentes Empilhadeira Longas e sistemáticas Trator de terminal e carretinhas Ambiente Interno Empilhadeira elétrica Externo Empilhadeira / trator a díesel ou
GLP Fluxo Vertical Trator de terminal Horizontal Elevador, transelevador ou
paleteira Acionamento Manual Paleteira Motorizado Empilhadeira / trator
4.5.4 - PROCEDIMENTOS PARA A VISTORIA DE CONTÊINERES:
A melhor forma de se precaver contra pagamentos indevidos de
reparos em contêineres danificados por terceiros é determinar que sejam
cuidadosamente vistoriados por pessoas treinadas nesta tarefa.
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Uma forma sistemática de vistoriar um contêiner é iniciar pelo extremo
dianteiro e progressivamente, ao longo do lado esquerdo, a parte posterior, o
lado direito, o teto, o interior e a estrutura da base. As avarias eventualmente
encontradas deverão ser registradas no formulário EIR.
4.5.5 - EXTREMO DIANTEIRO:
· Montantes dianteiros: amassados, rasgados ou quebrados;
· Painel dianteiro: amassado, rasgado ou perfurado;
· Remendos: soltos, material diferente do painel, sem vedação de
água, soldas deficientes sem base ou tinta;
· Vigas superiores: dobradas, cortadas ou quebradas;
· Colunas dos cantos: dobradas, quebradas, cortadas ou
deformadas;
· Colunas laterais (se for o caso): corrugadas, amassadas,
rasgadas ou quebradas;
· Cantoneiras superiores e inferiores e acessórios: quebrados ou
deformados;
· Travas: quebradas, deformadas, soldaduras dos acessórios
soltas;
· Rebites: soltos ou faltando;
· Soldas: inadequadas, sem base ou tinta;
· Marcas: faltantes ou apagadas;
· Fixador da porta: faltando ou avariado.
4.5.6 - EXTREMO POSTERIOR (PORTAS):
· Dificuldade em abrir e/ou fechar as folhas da porta;
· Paredes das portas (lâminas de metal ou outros): rasgadas,
cortadas ou perfuradas;
· Remendos: soltos, material diferente do painel ou parede sem
vedação, soldaduras deficientes sem base ou tinta;
· Barra de ferrolho da porta: quebrada, dobrada ou torcida;
42
· Retentores da barra de ferrolho: dobrados ou quebrados;
· Fixador da porta: faltante ou avariado;
· Dobradiças da porta: rasgadas, torcidas, travadas ou quebradas;
· Borrachas da porta: cortadas, quebradas ou soltas;
· Marco superior da porta: cortado, quebrado, deformado ou
amassado;
· Umbral da porta: cortado, quebrado ou deformado;
· Acessórios anti-torsão (se houver): torcido, cortado, avariado ou
quebrado;
· Canaleta: torcida, esmagada ou quebrada;
· Cantoneiras superiores e inferiores e acessórios: quebrados,
deformados, soldadura dos acessórios lascada;
· Soldas inadequadas;
· Marcas: faltantes ou apagadas;
· Proteção da placa de Alfândega e fixadores: faltantes ou
quebrados.
4.5.7 - PAINÉIS DIREITO E ESQUERDO:
· Longarina superior: torcida, cortada ou quebrada;
· Painéis: amassados, rasgados ou perfurados;
· Remendos: soltos, material diferente do painel, sem vedação de
água, soldas deficientes sem base ou tinta;
· Longarina inferior: dobrada, cortada ou quebrada;
· Colunas de canto: dobradas, cortadas, deformadas ou
quebradas;
· Colunas laterais: (se houver) amassadas, rasgadas ou
quebradas;
· Travas de fixação superiores, inferiores e acessórios: travas
quebradas ou deformadas, soldas dos acessórios lascadas;
· Rebites: soltos ou faltando;
· Soldas: inadequadas, sem base ou tinta;
43
· Marcas: faltando ou apagadas.
4.5.8 - TETO:
· Painel: perfurado, amassado ou deformado;
· Travas de fixação e acessórios: quebradas ou deformadas,
soldas lascadas;
· Rebites: soltos ou faltantes;
· Marcas (se houver): faltantes ou apagadas.
4.5.9 - INTERIOR:
· Lâmina do teto: perfurada, amassada ou deformada;
· Travessas do teto: torcidas, cortadas ou quebradas;
· Piso: rasgado, estriado, contraído, manchado excessivamente,
etc;
· Lados: amassados, rasgados ou perfurados;
· Cintas ou anéis para peação (piso ou laterais): rasgados, soltos,
torcidos ou faltantes;
· Alinhadores (onde existirem): rasgados, perfurados, estriados,
arrancados, soltos, manchados, etc;
· Rebites: soltos ou faltantes;
· Limpeza: óleo, água, restos de cargas, odores, etc;
· Odores: desagradáveis, contaminantes, etc;
· Goteiras leves.
4.5.10 - SUBESTRUTURA:
· Travessas e acessórios: torcidos ou deformados, soltos das
vigas laterais inferiores ou do piso;
· Furos no túnel: cortado, amassado, deformado, gretado,
acessórios soldados;
· Receptáculo dos garfos de empilhadeira (se houver):
amassados, cortados, deformados, faixas inferiores dobradas ou quebradas.
44
CONCLUSÃO
No atual ambiente econômico, caracterizado pelos fenômenos da
globalização e da inovação tecnológica, a logística vem se transformando num
dos principais instrumentos para o aumento da competitividade empresarial. A
cada dia surgem novas tecnologias e abordagens gerenciais que impulsionam
e tornam mais importante a logística empresarial. Tal dinâmica impõe às
empresas a necessidade de revisão contínua de suas práticas gerenciais e
operacionais, com o objetivo de expandir as fronteiras da produtividade e
atingir a excelência no atendimento aos clientes. Acompanhar estas mudanças
e liderar o processo de transformação necessário para aperfeiçoamento da
capacitação logística é um dos maiores desafios dos executivos de topo das
organizações vencedoras.
Após o término deste trabalho concluímos que a Logística nas
Operações de Terminais e Armazéns é o termo empregado para descrever as
45
atividades relativas à movimentação eficiente de produtos acabados do final
da linha de montagem de produção ao consumidor, e, em alguns casos, inclui
a movimentação da fonte de suprimentos de matéria-prima até a linha de
produção.
As atividades de logística abrangem fretes de transporte,
armazenagem, estoques, seleção e localização de fabricas, processamento
de pedido, previsões de demanda e nível de serviços oferecidos aos clientes.
Para se manter firme no mercado é preciso saber enfrentar os
concorrentes. È preciso se destacar. Se destacar significativamente, e ter
diferencial significa ter algo que os outros não tem. Significa sair na frente, e
principalmente quebrar paradigmas.
46
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
DIAS, Marco Aurélio P., - Administração de Materiais, Uma Abordagem
Logística, São Paulo: Editora Atlas, 1996.
NOVAES, Antônio Galvão - Logística aplicada: suprimento e distribuição física.
2.ed., São Paulo: Pioneira, 1994.
BALLOU, Ronald H. - Logística Empresarial. São Paulo: Editora Atlas, 1993.
CRISTOPHER, Martin. - Logística e Gerenciamento da Cadeia de
Suprimentos. São Paulo: Editora Biblioteca Pioneira de Administração em
Negócios, 1992.
DORNIER, Philippe Pierre. - Logística e Operações Globais. São Paulo:
Editora Atlas, 2000.
MAGEE, John Francis - Logística industrial: análise e administração dos
sistemas de suprimento e distribuição, São Paulo: Pioneira, 1977.
47
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 10
BREVE HISTÓRICO DA ARMAZENAGEM 11
CAPÍTULO II 14
A IMPORTÂNCIA DA ARMAZENAGEM NOS SISTEMAS LOGÍSTICOS 14
CAPÍTULO III 22
FATORES QUE AFETAM AS OPERAÇÕES DOS TERMINAIS
E ARMAZENS 22
3.1 - Quebra de espaço e índices para empilhamento 23
3.2 – Tempo Médio de Permanência 24
3.3 - Procedimento para Recebimento e Entrega 25
3.4 – Equipamentos de Movimentação Vertical e Horizontal 26
3.5 - Avarias em Contêineres 27
CAPÍTULO IV 29
SUGESTÕES PARA MELHORIAS DO SISTEMA OPERACIONAL 29
4.1 – Quebra de espaço e índices para empilhamento 30
4.2 – Tempo Médio de Permanência 33
4.2.1 – Regulamentação das chegadas 33
4.2.2 – Atividades programadas para o dia 34
4.2.3 – Plano de chegada de Veículos 34
4.3 – Coordenação e Controle dos Transportes 35
4.4 – Procedimentos para Recebimento e Entrega 36
48
4.4.1 – Implantação do Procedimento 36
4.5 – Planejamento Operacional 37
4.5.1 – Recebimento 37
4.5.2 – Entrega 37
4.5.3 – Equipamentos de Movimentação Vertical e Horizontal 39
4.5.4 – Procedimentos para Vistoria de Contêineres 40
4.5.5 – Extremo Dianteiro 40
4.5.6 – Extremo Posterior (Portas) 41
4.5.7 – Painéis Direito e Esquerdo 42
4.5.8 – Teto 42
4.5.9 – Interior 42
4.5.10 – Subestrutura 43
CONCLUSÃO 44
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
ÍNDICE 46
49
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia: Operações de Terminais e Armazéns
Autor: Valtemir Araújo dos Santos
Data da entrega: 30/07/2004
Avaliado por: Conceito:
Avaliado por: Conceito:
Avaliado por: Conceito:
Conceito Final: