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Universidade Castelo Branco Atualiza Associação Cultural Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Análises Clínicas SABRINA DE SOUZA RIBEIRO TUBERCULOSE: UM PANORAMA SOBRE UMA DOENÇA AINDA NÃO ERRADICADA Salvador/Ba 2010

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Universidade Castelo Branco Atualiza Associação Cultural

Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Análises Clínicas

SABRINA DE SOUZA RIBEIRO

TUBERCULOSE: UM PANORAMA SOBRE UMA DOENÇA AINDA NÃO

ERRADICADA

Salvador/Ba 2010

SABRINA DE SOUZA RIBEIRO

TUBERCULOSE: UM PANORAMA SOBRE UMA DOENÇA AINDA NÃO

ERRADICADA

ORIENTADORA: Profª Sandra Portela

Salvador/Ba

2010

Monografia apresentada à Universidade Castelo Branco e Atualiza Associação Cultural, como exigência do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Análises Clínicas.

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Adriana Sena Gomes CRB 5/1568

R484t Ribeiro, Sabrina de Souza

Tuberculose: um panorama sobre doença ainda não erradicada / Sabrina de Souza Ribeiro. – Salvador, 2010.

31f.; 30 cm. Orientador: Profesora Msc. Sandra Portela Monografia (pós-graduação) – Especialização Lato Sensu

em Análises Clínicas,Universidade Castelo Branco, Atualiza Associação Cultural, 2010.

1. Análises clínicas 2. Tuberculose 3. Mycobacterium

tuberculosis 4. Serviço de saúde I. Portela, Sandra II. Universidade Castelo Branco III. Atualiza Associação Cultural IV. Título.

CDU 616-091

SABRINA DE SOUZA RIBEIRO

TUBERCULOSE: UM PANORAMA SOBRE UMA DOENÇA AINDA NÃO

ERRADICADA

EXAMINADOR:

Nome:__________________________________________________

Titulação:________________________________________________

PARECER FINAL: _______________________________________________________________

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Monografia para obtenção do grau de Especialista em Análises Clínicas.

Salvador, maio de 2010

AGRADECIMENTOS

Agradeço especialmente à minha família pelo apoio incondicional desde o

início da minha jornada acadêmica.

Agradeço também à minha orientadora Profª Sandra Portela, pela paciência e

dedicação ao seu ofício.

Aos meus queridos colegas que foram meus companheiros nessa jornada e

dos quais sentirei muita falta.

RESUMO Este trabalho é uma revisão de artigos científicos que tratam sobre o panorama atual da tuberculose no Brasil e no mundo, enfatizando também aspectos clínicos da doença e principalmente suas implicações na saúde pública. A tuberculose é uma doença que ainda mata muitas pessoas, apesar de todos os recursos quimioterápicos disponíveis nos dias atuais. Vários fatores concorrem para o aumento da morbimortalidade da doença, como as subnotificações, abandono do tratamento e dificuldades de acesso ao serviço público de saúde. É uma doença ainda negligenciada e estigmatizada. A exposição laboral dos profissionais de saúde ao agente causador da tuberculose, o Mycobacterium tuberculosis,é um fato que precisa ser mais discutido. A epidemiologia da doença ainda está diretamente ligada ao estado de desenvolvimento econômico e social de um país. Níveis de morbimortalidade são maiores em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento que em países desenvolvidos. A elevação das taxas de co-infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e o bacilo causador da tuberculose, o M.tuberculosis, também determina desafios que impedem a redução da incidência da tuberculose. Esta revisão teve como objetivo, alertar para os riscos que a tuberculose ainda oferece, traçando um panorama ao longo da história, destacando características importantes da transmissão, patogenia, tratamento, mas principalmente, fazendo um paralelo com as condições sociais de países onde a doença não foi erradicada. Palavras-chave: tuberculose, Mycobacterium tuberculosis, HIV, saúde pública.

SIGLAS

TB – Tuberculose

M. tuberculosis – Mycobacterium tuberculosis

BK – bacilo de Koch

HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana

AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

BCG - bacilo de Calmette-Guérin

PPD – pure pretein derivative

OMS – Organização Mundial da Saúde

DOTS – Tratamento Diretamente Observado

PCT – Programa de Controle da Tuberculose

WHO – World Health Organization

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 07

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 09 2.1 HISTÓRICO 09 2.2 DOENÇA 09 2.3 Mycobacterium tuberculosis 10 2.4 SINAIS E SINTOMAS 11 2.5 DIAGNÓSTICO 11 2.5.1 Exames bacteriológicos 11 2.5.2 Cultura do Bacilo de Koch 12 2.5.3 Exame Radiológico do Tórax 12 2.5.4 Prova Tuberculínica 13 2.5.5 Exame Anátomo-Patológico 13 2.5.6 Exame Bioquímico 14 2.5.7 Exame Sorológico e Biologia Molecular 14 2.6 TRATAMENTO 14 2.7 TUBERCULOSE MULTIRRESISTENTE 16 2.8 TUBERCULOSE-HIV/AIDS 18 2.9 TUBERCULOSE EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE 19 2.10 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA TUBERCULOSE 21 3 METODOLOGIA 22 5.1 TIPO DE ESTUDO 22 5.2 COLETA DE DADOS 23 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 24 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 25

REFERÊNCIAS 26

1 INTRODUÇÃO

A tuberculose (TB), cujo agente etiológico é o Mycobacterium

tuberculosis, que foi identificado em 1882 por Robert Koch, é uma doença

infecto-contagiosa, que permanece entre as principais enfermidades que

acometem a humanidade. Trata-se de uma doença infecciosa com as maiores

taxas de mortalidade em nível mundial, em adultos, juntamente com a infecção

pelo vírus da Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida (SIDA/AIDS).

Também se apresenta com grandes repercussões sócio-econômicas, pois

acomete predominantemente a população adulta e produtiva (RAVIGLIONE et

al.,1995).

O Brasil este entre os 21 países em desenvolvimento que contribuem

com cerca de 80% dos casos novos de TB que ocorrem em todo o globo

(WHO, 1999).

Vários eventos contribuíram para o atual panorama da TB no mundo: O

advento da infecção pelo HIV; a deterioração das condições sócio-econômicas

de parte da população mundial; a elevação da taxa de abandono do

tratamento; o aparecimento da multi-resistência (RAVIGLIONE et al.,1995).

Recentemente, a OMS passou também a considerar como relevante o

risco ocupacional entre profissionais de saúde com atividades assistenciais de

controle da TB em países em desenvolvimento (WHO, 1999).

A TB pode acometer diferentes sítios do organismo humano, porém o

pulmão é o órgão mais freqüentemente envolvido. A importância da doença

pulmonar decorre da forma de transmissão da TB, que ocorre por via aérea e é

inter-humana, através da inalação do agente causador, eliminado no meio

ambiente pelo doente com TB pulmonar, com baciloscopia positiva

(BETHLEM,1995).

O diagnóstico precoce da TB é importante para que a resposta

terapêutica ao uso de antimicrobianos seja satisfatório, principalmente nos

indivíduos imunossuprimidos, como aqueles co-infectados pelo HIV

(OLIVEIRA,H.B et al.,2004). Ademais, o diagnóstico precoce da TB pulmonar

interrompe o ciclo de transmissão da doença e auxilia, portanto, no controle da

endemia.

As políticas de controle da TB através da estratégia DOTS proposta pela

OMS desde 1993 enfatizam: a) necessidade de compromisso político

governamental a fim de garantir a imersão da questão da TB nas agendas das

autoridades ligadas direta ou indiretamente à saúde; b) detecção de casos

prioritariamente a partir da baciloscopia em pelo menos 70% dos casos

estimados de TB pulmonar bacilífero (utilizando o resultado positivo da

baciloscopia no escarro espontâneo); c) aumento nas taxas de cura acima de

85% com a adoção do tratamento medicamentoso de curta duração contendo

rifampicina e isoniazida sob DOT; d) provisão regular dos medicamentos; e)

sistema de notificação de casos de TB adequado para o monitoramento das

atividades de controle (WHO, 1999).

A OMS, ainda, destaca a importância da dimensão organizacional e de

desempenho dos serviços de saúde, ao afirmar que o problema não está nas

formas de detecção e tratamento, mas, sim, na forma de organização dos

serviços de saúde para detectar e tratar os casos de TB (PCT) (WHO, 1999).

A escolha deste tema foi relevante no que diz respeito à importância da

tuberculose na saúde pública do Brasil. Segundo nota da Folha de São Paulo

(2010) “O Brasil ocupa hoje 0 15° lugar no ranking dos 22 países que

concentram mais de 80% da mortalidade mundial por tuberculose,

engrossando as estatísticas com 6000 óbitos anuais”.

Essa monografia tem como objetivo analisar as produções científicas

sobre o quadro da tuberculose no Brasil.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Histórico

A tuberculose (TB) no Brasil, assim como no mundo, vem de longo e

transcendente impacto, principalmente nos finais do século XIX e início do

século XX, quando morriam metade dos indivíduos acometidos. Sua

causalidade só pode ser firmada com a descoberta de Robert Koch, em 1982,

do agente causador Mycobacterium tuberculosis. Porém, o advento do

tratamento eficaz da quimioterapia teve que esperar por mais meio século.

A TB é parte da história da sociedade Brasileira, um agravo que se

somou ao conjunto de fatores de retardo do desenvolvimento social e

econômico do país desde o início da colonização. (REV. SAÚDE

PÚBLICA, p. 50-58).

2.2 Doença

A Tb é uma doença infecto-contagiosa, cujo agente etiológico é o M.

tuberculosis. A TB pode acometer diferentes órgãos, sendo o pulmão o local

mais freqüente, mesmo após o advento da infecção pelo HIV, que determinou o

aumento das formas extrapulmonares (HOPEWELL,1994).

A transmissão é aérea, ela ocorre a partir de um paciente portador da TB

pulmonar ativa. Ao tossir, espirrar ou falar, os bacilos presentes na secreção

pulmonar, são atomizados em gotículas microscópicas (gotículas de Pflügge),

que após sofrerem vaporização, permanecem em suspensão no ar. Essas

gotículas podem ser aspiradas por uma pessoa sadia, ultrapassar os

mecanismos de defesa, e iniciar a partir daí, o processo patológico.

Cerca de 5% dos indivíduos infectados, desenvolverão a doença no

período de dois a cinco anos. Nos demais casos, o bacilo ficará em

estado de dormência podendo reativar-se tardiamente, de acordo com

as condições imunitárias do hospedeiro. A imunidade na TB é imediada

pelo sistema imunológico celular, principalmente através dos fagócitos

mononucleares e linfócitos T (BETHLEM, 1995).

2.3 Mycobacterium tuberculosis

O Mycobacterium tuberculosis pertence à família Micobacteriaceae. É

um dos componentes do complexo M. tuberculosis, juntamente com o

Mycobacterium bovis, o Mycobacterium bovis BCG, o Mycobacterium microti e

o Mycobacterium africanum. Os bacilos dessa família possuem uma parede

celular com elevado conteúdo lipídico. São resistentes à ação de agentes

químicos, mas sensíveis aos agentes físicos, como a radiação ultravioleta e ao

calor. As espécies são identificadas com base nas suas características

fisiológicas, bioquímicas e de crescimento. Auxiliam na identificação das

espécies, os estudos sobre a estrutura antigênica, a sensibilidade a agentes

químicos, a susceptibilidade a micobacteriófagos e a análise das sequências

de DNA (ROSSETTI, 1997).

O M. tuberculosis é o principal responsável pela TB em seres humanos.

Dentre os membros do complexo M. tuberculosis, o M. africanus é

associado à TB na África (BETHLEM, 1995).

O M. tuberculosis é um bacilo imóvel que não forma esporos, não produz

toxinas, aeróbio restrito e cujo único reservatório é o ser humano. É um

microorganismo considerado parasita intracelular facultativo, sendo capaz de

sobreviver no interior de células fagocitárias. É também uma micobactéria

álcool-ácido resistente aos corantes e, de crescimento lento, com o tempo de

geração de 18 a 20 horas, sendo necessárias várias semanas para que as

colônias tornem-se visíveis no meio de cultura (BETHLEM, 1995).

2.4 Sinais e Sintomas

Depois de instalada a doença, a pessoa infectada manifesta os

seguintes sintomas:

Tosse persistente que pode ser associada à produção de escarro;

O escarro pode ser sanguinolento;

Suor noturno;

Perda de apetite;

Perda de peso;

Fraqueza.

2.5 Diagnóstico

O diagnóstico precoce da TB é importante para que a resposta

terapêutica ao uso de medicamentos seja satisfatória, principalmente em

pacientes imunossuprimidos, como aqueles infectados pelo HIV. Neste grupo,

o tratamento medicamentoso precoce resulta em menor morbi/mortalidade

(THEUR et al.,1990). Ademais, o diagnóstico precoce da TB pulmonar,

interrompe o ciclo de transmissão da doença e auxilia, portanto, no controle da

endemia.

O diagnóstico da Tb deverá ser fundamentado nos seguintes métodos:

Exames específicos (baciloscopia e cultura);

Radiológico;

Prova tuberculínica;

Anátomo-patológico (histológico e citológico), sorológico,

bioquímico e de biologia molecular.

2.5.1 Exames bacteriológicos

A baciloscopia direta do escarro é o método prioritário, porque permite

descobrir a fonte mais importante da infecção, que é o “doente bacilífero”.

Por ser um método simples e seguro, deve ser praticado em todos os

serviços de saúde que dispunham de laboratório.

A baciloscopia direta deverá ser indicada para todos os sintomáticos

respiratórios (indivíduo com tosse e expectoração por quatro semanas e mais).

Também é utilizada para acompanhar, mensalmente, a evolução bacteriológica

do paciente durante o tratamento.

2.5.2 Cultura do Bacilo de Koch

A cultura é indicada para suspeito de tuberculose pulmonar persistente,

negativos ao exame direto, e para o diagnóstico de formas extra-pulmonares,

como meníngea, renal, pleural, óssea e ganglionar. Também está indicada a

solicitação desse exame nos casos de suspeita de resistência bacteriana às

drogas, acompanhado do teste de sensibilidade.

2.5.3 Exame radiológico do tórax

Está indicado nas seguintes situações:

Comunicantes de todas as idades sem sintomatologia

respiratória;

Suspeitos de tuberculose extra-pulmonar;

Portadores de HIV.

O exame radiológico desses grupos permite a seleção de portadores de

imagens suspeitas de tuberculose, sendo indispensável o exame bacteriológico

para o diagnóstico correto.

2.5.4 Prova tuberculínica

Indicada como método auxiliar no diagnóstico da tuberculose em

pessoas não vacinadas com BCG. A prova tuberculínica positiva,

isoladamente, indica apenas contato e não necessariamente tuberculose

doença. Nas pessoas vacinadas com BCG, pode-se ter dificuldade na sua

interpretação, uma vez que a vacina pode torná-na positiva.

A tuberculina usada no Brasil é o PPD- Rt23, aplicada por via

intradérmica, na dose de 0,1 ml equivalente a 2UT (unidade tuberculínica), na

parte anterior do antebraço esquerdo, com seringa tipo tuberculínica de 1,0ml.

Deve-se evitar a aplicação quando houver lesões no local de aplicação. A

leitura deverá ser realizada de 72 a 96 horas após a aplicação, com régua

milimetrada padronizada. O resultado, expresso em milímetros, é interpretado

da seguinte forma:

0 a 4 mm – não-reator 9não infectados ou anérgicos);

5 a 9 mm – reator fraco (infectados pelo BK ou vacinados com

BCG);

10 mm e mais – reator forte (infectados pelo BK, doentes ou não,

ou vacinados com BCG).

Todos os indivíduos infectados pelo HIV devem ser submetidos à prova

tuberculínica. Nesses casos considera-se reator aquele que apresenta

induração maior ou igual a 5 mm e, não reator, aquele com induração de o a

4mm.

2.5.5 Exame anátomo-patológico (histológico e citológico)

Sempre que possível, nas formas extra-pulmonares, deve-se realizar

biópsia. No material colhido será feito o exame direto, a cultura e o exame

anátomo-patológico, para identificar o M. tuberculosis ou processo inflamatório

granulomatoso compatível com a tuberculose.

2.5.6 Exame Bioquímico

Os exames bioquímicos são mais utilizados em casos de tuberculose

extra-pulmonar, principalmente no derrame pleural, derrame pericárdico e

meningoencefalite tuberculosa.

2.5.7 Exame sorológico e de Biologia molecular

Esses novos métodos são úteis para o diagnóstico precoce da

tuberculose, contudo, a sensibilidade, especificidade e valores preditivos

variáveis, aliados ao alto custo e complexidade, os inviabilizam como exames

de rotina, ficando seu uso restrito a alguns centros de pesquisa.

2.6 Tratamento

Os fundamentos da quimioterapia da tuberculose, poliquimioterapia e

longo tempo de tratamento, baseiam-se em características do bacilo (BK), na

farmacologia, em estudos experimentais e em ensaios terapêuticos.

As características importantes do BK para a quimioterapia são:

Aerobiose restrita

Como o oxigênio é fundamental para o metabolismo dos bacilos, eles

modulam seu comportamento de acordo com a tensão do gás no

local da lesão. Considerando a patogenia da TB, há, quase sempre,

três ambientes distintos de lesão concomitantes: intracelular,

intracaseoso e intracavitário. No interior dos macrófagos, onde o pH

é ácido e o oxigênio é rarefeito , o BK deprime seu metabolismo ,

retardando seu ritmo de duplicação. Dessa forma, o esquema

medicamentoso deve conter fármacos que atuem tanto no pH ácido

como no neutro, em altos ou baixos teores de oxigênio e em qualquer

grau de atividade metabólica bacteriana (PULMÃO RJ, 2007, p. 21-

31).

Multiplicação lenta

A ação do medicamento se dá quando o bacilo está metabolicamente

ativo, multiplicando-se. Dessa forma, nas situações adversas, nas

quais ele deprime seu metabolismo, o medicamento não pode agir.

Esse fato é determinante na cronicidade da doença e do longo tempo

da quimioterapia.

Mutantes resistentes

O BK sofre mutações ao acaso, gerando cepas resistentes a um ou

mais dos quimioterápicos empregados no tratamento da TB.

Quadro 1 - Tipos de resistência do Mycobacterium tuberculosis.

Pulmão RJ (2007) Quadro 2 - Medicamentos efetivos sobre o Mycobacterium tuberculosis, padronizados no Brasil.

Pulmão RJ (2007)

Resistência natural: por mutação genética ocorrida ao acaso.

Resistência adquirida: por seleção de bacilos resistentes gerados

por quimioterapia inadequada, irregularidade na tomada dos

medicamentos, ou por abandono prematuro do tratamento.

Resistência primária: transmissão de bacilos resistentes para

pessoas sem tratamento anterior.

Multirresistência: resistência a mais de um medicamento. No Brasil

chama-se multidroga-resistência (MDR), a resistência à RPM, à INH e

a uma ou mais das drogas que compõem os esquemas padronizados.

Rifamicina(R) Capreomicina (CM) Isoniazida (I) Tiossemicarbazona (T) Pirazinamida (Z) Kanamicina (K) Etambutol(E) Morfazinamida (M) Estreptomicina (S) Ofloxacino (OFX) Etionamida(Et) Terizidona (TZ) Cicloserina (CS) Clofazimine (CLF) Ácido paraminossalicílico (PAS)

2.7 Tuberculose Multirresistente

A era da quimioterapia, presumidamente, efetiva da tuberculose iniciou-

se em 1952 com a incorporação da estreptomicina (SM). Desde então, vêm

surgindo cepas do Micobacterium tuberculosis resistentes a vários fármacos,

comprometendo tanto o resultado do tratamento como programas de controle

da doença. A definição de tuberculose multirresistente adotada no Brasil é

diferente daquela proposta pelo Centers of Disease Control (CDC), nos EUA,

em 1992,aceita na maior parte dos países. Nessa, basta haver demonstração

de resistência à rifampicina e isoniazida. No Brasil, tuberculose multirresistente

(TBMR) foi definida como resistência in vitro à rifampicina e isoniazida e a uma

terceira droga, pelo menos, dentre aquelas pertencentes aos esquemas

padronizados em nosso país. Recentemente, foi proposta uma nova

denominação para as formas multirresistentes da tuberculose – XDR. Essa

sigla, que significa tuberculose extensivamente resistente (Extensively

drugresistant tuberculosis), vem sendo aplicada para uma forma relativamente

rara de tuberculose resistente a quase todas os fármacos usados para tratar a

doença,incluindo a rifampicina e a isoniazida, as fluoroquinolonas e, pelo

menos, uma das três injetáveis (amicacina, kanamicina ou capreomicina). Na

maior parte das vezes, a TBMR é resultado do uso incorreto dos medicamentos

para o tratamento da doença, seja por irregularidade na tomada, seja por dose

ou por esquema inadequado, ou por interrupção prematura. Os mecanismos

biológicos de resistência das bactérias aos quimioterápicos advêm das

mutações cromossômicas que podem acontecer ao acaso. Assim, a

emergência da resistência a uma droga representa a sobrevivência de

bactérias que sofreram mutações ao acaso, não uma mudança causada por

exposição ao medicamento. Por exemplo, mutações causando resistência à

INH ou à RMP ocorrem, habitualmente, em uma a cada 108 a 109 replicações

do bacilo. Dessa forma, a possibilidade de mutação espontânea causando

resistência a ambas RMP e INH seria de uma em cada 1016 replicações. No

entanto, esse modelo não tem valor quando a quimioterapia é inadequada.

Seja por monoterapia, por ingestão errática dos medicamentos, pela omissão

de um ou mais dos medicamentos que compõem o esquema terapêutico, por

dose subótima, por falha na absorção ou por número insuficiente de

medicamentos no esquema prescrito, cepas sensíveis tornam-se resistentes a

múltiplas drogas em meses.

O principal preditor de bacilos MDR é a história de tratamento incorreto.

Infelizmente, em parte das vezes, o tratamento inadequado é fruto de falhas do

Sistema de Saúde, que não possibilita o esclarecimento ao paciente sobre sua

doença e sobre a importância da tomada regular da medicação pelo tempo

estabelecido, ou permite falhas no fornecimento dos medicamentos.

Certamente, a política de tratamento ambulatorial, iniciada ao final da década

de 60, embora correta, propiciou o desenvolvimento de níveis crescentes de

resistência bacteriana. Nas décadas de 50 e de 60, quando o tratamento da

tuberculose era prioritariamente hospitalar, o acompanhamento próximo do

tratamento assegurava taxas maiores de esquemas adequados, de

regularidade na tomada dos medicamentos e de adesão, e a proporção de

resistência adquirida era menor. Tornar o tratamento ambulatorial permitiu a

expansão das ações de controle da tuberculose, aumentando a cobertura

populacional, mas possibilitou, também, índices maiores de irregularidade

terapêutica e de abandono. A estratégia DOTS (Direct Observed Treatment

Strategy), proposta pela Organização Mundial da Saúde nos últimos anos, visa,

principalmente, assegurar a tomada adequada dos medicamentos e reduzir as

taxas de abandono e de resistência bacteriana. O fenômeno da multidroga-

resistência vem impulsionando a pesquisa para o desenvolvimento de novos

medicamentos. Dessa forma, derivados quinolônicos, da ansamicina e da

pirazinamida vêm sendo avaliados em ensaios terapêuticos. Ao mesmo tempo,

antigos medicamentos, como a ciclosserina, a terizidona, a capreomicina e o

ácido paraminossalicílico, vêm sendo testados e reincluídos no arsenal

terapêutico contra a tuberculose. O tratamento de um doente MDR é difícil e

caro. São utilizados múltiplos medicamentos, de alto custo, com grande

potencial de efeitos indesejáveis. Mais ainda, o doente MDR, em geral, tem um

histórico de tratamento irregular e de abandono, o que torna necessário

conduzir a terapêutica de forma supervisionada. Isso representa dispor de

ambiente próprio, com normas de biossegurança que reduzam o risco de

contaminação dos profissionais de saúde, e fazer o doente comparecer,

periodicamente, para testemunhar a tomada da medicação. A maior parte dos

estudos indica que o esquema medicamentoso deve ser composto por, pelo

menos, 4 drogas com sensibilidade demonstrada in vitro, e, pelo menos, duas

nunca usadas, sendo uma injetável, como aminoglicosídeo ou derivado

polipeptídeo, e uma quinolona oral, por um período mínimo de 18 a 24 meses.

Na maior parte das vezes, é utilizada a associação de aminoglicosídeo

(estreptomicina, amicacina) ou derivado polipeptídeo (capreomicina) injetável,

com drogas orais tais como: ofloxacino ou levofloxacino, etionamida,

protionamida, rifampicina, isoniazida. A associação com tiosemicarbazona,

pirazinamida, etambutol, ciclosserina,terizidona, capreomicina,

amicacina,canamicina, clofazimina, viomicina, pirazinamida, estreptomicina e

ácido para-aminosalicílico também é viável em determinadas situações. As

taxas de cura, definidas como o tempo de negativação bacteriológica, sem

sinais de doença, após a alta, são baixas e, em geral, ficam em torno dos 25 a

45% (GUIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, 2002).

Além de “ressuscitar” velhos medicamentos, a TBMR fez com que a

cirurgia da tuberculose voltasse a ter papel de destaque. Apesar de pouco

freqüentes, lesões limitadas têm indicação cirúrgica, desde as condições do

doente permitam (WARRENER P et a., 2007).

2.8 Tuberculose- HIV/AIDS

A sinergia entre tuberculose e o “novo” patógeno, o Vírus da

Imunodeficiência Humana (HIV) é responsável pelo aumento da morbidade nos

pacientes com AIDS (BLOOM,1998, p. 338).

Em 1981, quando o primeiro caso de AIDS foi diagnosticado, estimava-

se que um terço da população mundial estava infectada pelo M.tuberculosis.

Até então, a grande maioria das infecções pelo BK permaneciam latentes no

hospedeiro, à custa de uma resposta imune celular eficaz. No entanto, a

disseminação da infecção pelo HIV no mundo, levou a alterações nos

mecanismos de defesa que o homem dispõe contra o agente causal da

tuberculose, tornando-se a infecção pelo HIV, o maior fator de risco para a

progressão da infecção latente pelo M.tuberculosis (SHAFER RW et al.,1996,

p. 683).

Dos indivíduos infectados pelo M.tuberculosis, mas não pelo HIV, 90%

não chegarão a apresentar tuberculose ao longo da vida (indivíduos

assintomáticos). A possibilidade de que estes indivíduos assintomáticos evolua

para doentes, diminui progressivamente com o tempo após contato inicial com

o bacilo (HARRIES A et al., 2005).

A soropositividade para HIV incrementa a susceptibilidade à infecção

por M.tuberculosis e o risco de progressão para doença tuberculose.

Tanto na infecção recente quanto na latente, o risco aumenta à medida

que a imunossupressão se estabelece (REID A et al.,2006).

A TB pode ocorrer em qualquer fase da infecção por HIV, seja na fase

assintomática ou quando já estabelecida a AIDS.

“O risco de que um indivíduo não-infectado por HIV desenvolva

tuberculose ao longo da vida é de 5% a 10%, alcançando 50% entre os

infectados por HIV.” (BRASILIAN JOURNAL OF INFECT DISE, 2002).

A infecção pelo HIV é considerada hoje, um dos principais fatores de

risco para o desenvolvimento da TB ativa, devido ao comprometimento da

resposta imunológica do paciente (KERR-PONTES et al., 1997).

A susceptibilidade para TB depende da produção de citocinas pelos

linfócitos T-helper (Th). Os linfócitos Th1 são os responsáveis pela produção de

interferon, e, portanto, pela resposta imune principal contra o M.tuberculosis. Já

os linfócitos Th2 produzem interleucina- 4 e 10, não contribuindo na imunidade

contra o BK.

No paciente com HIV ocorre uma redução justamente do Th1,e,portanto,

há uma maior susceptibilidade à TB nesses pacientes quando comparada à

dos pacientes com sorologia negativa para o HIV (HAVLIR, 2005).

2.9 Tuberculose em Profissionais de Saúde

O risco de contaminação dos profissionais envolvidos no cuidado dos

pacientes com TB, um problema há muito esquecido ou minimizado, volta à

discussão na atualidade. A mesma polêmica do início do século passado traz à

tona a seguinte questão: Os profissionais de saúde apresentam um risco mais

elevado de infecção por M.tuberculosis e de adoecimento do que a população

geral?

Nos diferentes locais onde o cuidado ao paciente com TB foi implantado,

os profissionais de saúde são descritos como populações especialmente

expostas ao risco de contrair essa infecção e adoecer quando em presença de

indivíduos com a doença (RUFFINO-NETTO, 2002, p. 51).

Um estudo realizado no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi demonstrada uma taxa de viragem

tuberculínica de 9,2% entre os profissionais de saúde, superior aos 4%

encontrados em uma favela do Rio de Janeiro (SOUZA et al., 1997).

Resultado semelhante foi encontrado em um estudo feito com

estudantes de medicina no Hospital Ferreira machado, em Campos.

Em um estudo realizado no Hospital Universitário de Vitória (ES), os

técnicos de enfermagem tiveram uma prevalência maior em relação a outros

profissionais, talvez por estarem em contato prolongado com o paciente com

TB, enquanto prestadores de assistência. Um levantamento feito na Turquia

mostrou uma prevalência maior entre a equipe de enfermagem (HOSOGLU S.

et al., 2005).

Resultado semelhante foi encontrado em nosso estudo, pois, ao

agrupar os dados das categorias que compõem a equipe de enfermagem no

Brasil, encontramos altos percentuais.

Apesar das diferenças significativas de prevalência e incidência de

infecção, quando comparadas ao início do século passado, ainda assim há que

se considerar que os valores encontrados nesses estudos recentes apontam o

maior risco destes profissionais.

Estudos feitos em países desenvolvidos demonstraram que o rico de

adoecimento por TB entre profissionais de saúde, é menor que o da população

geral, diferentemente dos países subdesenvolvidos e ou em desenvolvimento.

Isto se dá por conta de programas eficazes de controle da TB nesses países

desenvolvidos (RATIO, 2000).

2.10 Representações Sociais da Tuberculose

A tuberculose é uma doença que aparece representada de maneira

ambígua em diferentes momentos da história. Até meados do século XIX, o

tuberculoso trazia uma áurea de excepcionalidade, de romantismo até (PRAZ,

1996).

Até meados do século XX, quando a eficácia do tratamento

quimioterápico ainda não era uma realidade, a doença (TB) gerava sentimentos

diversos quanto à sua superação, representados de variáveis formas, tanto em

nível individual como coletivo. Doença moral, a TB era vista como o resultado

inevitável de uma vida dedicada a excessos, portanto, em desacordo com os

padrões socialmente aceitáveis, embora apresentando contornos distintos de

acordo com a época.

Após meados do século XX se inicia um processo de desmistificação da

tuberculose e da figura do tuberculoso. O advento da quimioterapia e o

investimento de políticas de saúde ajudaram nesse processo. Contudo, a

doença ganha novos contornos mais dramáticos por caracterizar sintomas

evidentes de miséria social. A tuberculose é uma enfermidade que tem cura, por que então mata

tanto até hoje, principalmente nos países subdesenvolvidos e em

desenvolvimento como o Brasil? Infelizmente a TB está associada à

fome, à incapacidade de provir recursos mínimos para sua própria

sobrevivência ou da família (MENDES, 1998).

No Brasil, especificamente, não havendo perspectiva, em curto prazo, de

melhoria nas condições de vida da população, a política de combate à doença

depende do diagnóstico precoce e do tratamento bem sucedido como

estratégias para controlar a endemia. Entretanto, as deficiências do Sistema

Único de Saúde têm ajudado a comprometer as estatísticas oficiais: no estado

do Rio de Janeiro, por exemplo, a taxa de incidência é de 99/100.000

habitantes; o percentual de cura é de 65%, e a taxa de abandono atinge 30%

em alguns municípios (RUFFINO-NETTO, 1999).

Com esses números, esse estado se destaca no cenário nacional por

responder por cerca de 20% dos casos do país e deter nove municípios

prioritários pelo Ministério da Saúde (MS), aonde as metas de controle da

doença não vêm sendo alcançadas.

Dentre as referidas metas, a redução da taxa de abandono tem grande

importância para o sucesso das ações governamentais. Assim, a identificação

de mecanismos que aumentem a adesão à quimioterapia tem fator decisivo na

melhoria da epidemiologia da TB em nosso meio.

3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de estudo

Trata-se de um estudo bibliográfico descritivo, que analisa a tuberculose

em sua implicações clínicas como doença e como reflexo da situação da saúde

pública, presentes em artigos encontrados nas bases de dados da saúde.

A pesquisa bibliográfica “ [...] é desenvolvida com base em material já

elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.” (GIL, 2002,

p.45) e segundo Marconi e Lakatos (2002) este tipo de pesquisa pode propiciar

um exame do tema sob um novo enfoque, chegando a novas conclusões, não

sendo desta forma a repetição do que já foi dito ou escrito.

A principal vantagem deste tipo de estudo, segundo Gil (2002), é permitir

uma ampla cobertura sobre o assunto pesquisado. No entanto, é importante

saber sobre a qualidade das fontes de dados para que a pesquisa não repita

informações equivocadas. Desta forma, o levantamento de dados foi efetuado

somente através de bases de dados confiáveis, de reconhecimento

internacional.

3.2 Coleta de dados

O levantamento de artigos e outros estudos publicados foi realizado via

internet nas seguintes bases de dados:

SciELO – Scientific Eletronic Library Online. “É uma biblioteca

virtual piloto que abrange uma coleção selecionada de periódicos

científicos brasileiros com base hospedada na Fapesp.” (GIL, 2002,

p.74, grifo do autor).

PubMED: é uma service da National Library of Medicine (NLM)

que inclue mais de 17 milhões de referências do MEDLINE e outros

jornais científicos (PUBMED, 2007).

Google acadêmico – pesquisa avançada: classifica os

resultados da pesquisa segundo a relevância. A tecnologia de

classificação leva em conta o texto integral de cada artigo, o autor, a

publicação em que o artigo saiu e a freqüência com que foi citado em

outras publicações acadêmicas.

Passado a fase da coletânea de dados envolvendo o assunto em

destaque, procedeu-se a leitura dos textos e resumos, com posterior

ordenamento dos mesmos, segundo o grau de relevância para o estudo,

efetivando-se dessa forma a montagem do trabalho.

Os artigos foram obtidos na íntegra através do próprio site ou através do

link para as revistas online.

Os descritores para o levantamento de artigos foram: tuberculose,

Mycobacterium tuberculosis, HIV/AIDS, tratamento da tuberculose pulmonar,

saúde pública, epidemiologia da tuberculose no Brasil, diagnóstico da

tuberculose.

Não foi necessária a aprovação por um Comitê de Ética em Pesquisa

por se tratar de uma pesquisa bibliográfica.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 30 artigos analisados, mais da metade apresentou o objetivo de

estudo proposto. Eles se referem à tuberculose no Brasil, alguns focando

determinadas regiões do país, como também fazem um paralelo com outros

países, sejam eles desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos.

Dentre os artigos aproveitados, 5 tiveram como objeto de estudo, a história da

doença desde a descoberta do seu agente causador, o M. tuberculosis. Outros

15 deram foco nos aspectos clínicos da doença, como patologia, diagnóstico,

vacina e tratamento. O diagnóstico e o tratamento foram pontos bem

explorados nestes artigos, sendo também bastante analisados nesta revisão

bibliográfica.

A tuberculose multiresistente foi um tema bastante analisado em 3

artigos. Esse ponto foi tratado com bastante relevância, por ser conseqüência

de alguns fatores que se tornam temas também muito importante a serem

analisados, como: abandono do tratamento, tratamento errôneo.

Ficou bastante enfatizada também em alguns artigos a questão da co-

infecção tuberculose - HIV/AIDS e o risco de contrair a doença pelos

profissionais de saúde que lidam diretamente com o cuidado de pacientes

infectados.

As estatísticas analisadas também em alguns artigos deixaram claro que

a não erradicação da tuberculose é um reflexo da situação sócio-econômica de

países em que essa doença ainda persiste com altos índices.

Portanto, diante dos artigos analisados sobre um panorama da

tuberculose, observamos que esta é uma antiga enfermidade que ainda é

carregada de estigmas e que apesar dos avanços na farmacoterapia, nas

técnicas de diagnóstico, é uma doença que ainda acomete muitas pessoas e

tem alto índice de mortalidade.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos artigos analisados ficou claro que a tuberculose é uma

enfermidade que o homem enfrenta há muito tempo e que apesar de toda a

evolução da quimioterapia, ainda não foi erradicada. Vários fatores concorrem

para o panorama atual da doença e todos eles levam a um só “agente”

determinante: a situação sócio-econômica dos países onde essa doença não

foi erradicada.

No início do século passado, entendiam-se as mortes por esta doença.

Ainda não se tinham recursos farmacológicos suficientes para o tratamento,

mas e hoje? Hoje, a tuberculose tem cura. Apesar de o tratamento ser longo,

se levado à risca, o paciente ficará curado. Infelizmente esse longo tempo de

tratamento leva muitas vezes ao abandono do mesmo. Isso acontece muito nos

países em que o serviço público não é eficiente. Nesses casos o que acontece

são as sub-notificações, que levam ao não conhecimento real da epidemiologia

da doença.

A adesão ao tratamento representa um desafio no controle da

tuberculose. O que precisa ser feito é aumentar os fatores de proteção, como

nível de informação sobre a doença, reconhecimento do uso correto dos

medicamentos, estratégias de cuidados ao doente buscando reduzir os índices

de abandono. Portanto, conclui-se que são complexos os fatores associados

ao abandono do tratamento da tuberculose. Percebe-se que a obtenção do

sucesso terapêutico vai além da eficácia farmacológica, existindo dificuldades

relacionadas ao paciente, ao tratamento empregado e à operacionalização dos

cuidados nos serviços de saúde, fator este mais preponderante para a não

erradicação da doença.

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