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UNIVERSIDADE DE BRASILIA PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA MÉTODOS DE CAMPO EM ECOLOGIA 2 O SEMESTRE DE 2003 PARQUE ESTADUAL DA SERRA DE CALDAS NOVAS, CALDAS NOVAS, GO

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UNIVERSIDADE DE BRASILIAPÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA

MÉTODOS DE CAMPO EM ECOLOGIA2O SEMESTRE DE 2003

PARQUE ESTADUAL DA SERRA DE CALDASNOVAS, CALDAS NOVAS, GO

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Aos leitoresTemos os prazer de apresentar os relatórios de trabalhos desenvolvidos no curso de

campo realizado, de 28 /07 a 16 /08 de 2003, pela segunda vez no Parque Estadual Serra deCaldas Novas (PESCAN), Caldas Novas, GO. Este ano as áreas estudadas foram maisvariadas do que no primeiro, principalmente pela experiência adquirida pelo equipe deprofessores participantes no ano passado.

Os curso de campo dos dois Programas tem como objetivo básico o treinamento deseus estudantes em levantar questões, numa ampla gama de temas e organismos, e propormetodologias para respondê-las o que inclui a aplicação de diferentes técnicas de trabalho nocampo. Nesse caso, as experiências dos participantes permitiram ampliar essa gama de temas,organismos e técnicas tratados durante o curso.

Tradicionalmente os cursos de campo dos PPGs em Ecologia no Brasil recebemalguns alunos e professores de fora, o que tem se mostrado uma prática enriquecedora. Nessecurso, a convivência no campo por três semanas permitiu um aprofundamento na troca deconhecimentos e experiências e uma maior interação entre alunos e entre professores dos doisprogramas. Essa proximidade resulta em uma maior facilidade em colaborações e emparcerias futuras.

Esperando que novas parcerias como essa venham a se concretizar, apresentamos aquios resultados dos trabalhos desenvolvidos durante o curso. É importante lembrar que essestrabalhos são relatórios de atividades, em grupo ou individuais, desenvolvidos durante umadisciplina e não constituem publicações formais como artigos ou capítulos. Todavia, pormotivos técnicos, alguns dos trabalhos realizados não estão incluídos neste relatório.

A realização do curso não teria sido possível sem o apoio e a colaboração da direçãodo PESCAN, na pessoa da Dra. Valquíria Pereira Cabral, e de seus funcionários. A ele nossosagradecimentos e a expectativa de continuar contando com o apoio nas próximas edições docurso.

De novo, o apoio e a boa vontade dos técnicos e motoristas que colaboraram com ocurso facilitaram, em muito, as atividades dos participantes. Dona Eunice, cozinheira de mãocheia, reduziu as aguras de uma jornada de 12 ou mais horas de trabalho diário dosparticipantes, com seus quitutes, simpatia e carinho. A todos eles nosso reconhecimento eagradecimento.

Esperamos que as informações aqui contidas, funcionem como ferramenta notreinamento de outro alunos em ecologia e como incentivo ao desenvolvimento de trabalhosno cerrado. E desejamos bom proveito a todos os leitores.

John Du Vall Hay Jader Marinho Soares Filho

Coordenadores

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Métodos em Ecologia de CampoParque Estadual da Serra de Caldas Novas

28/07/03 a 16/08/03

ParticipantesProfessores John Du Vall Hay

Jader Soares Marinho FilhoHelena Castanheira de MoraisCarlos Eduardo Pinheiro

Flavio Antonio Maes dos Santos*Alexandre Bamburg de Araujo*Ludmilla Aguiar*Ricardo Bonfim Machado*Flávio Rodrigues*

Universidade de Brasilia, ECLUniversidade de Brasilia, ZOOUniversidade de Brasilia, ECLUniversidade de Brasilia, ZOO

UNICAMPUniv. Federal Rural do Rio de JaneiroEMBRAPA-CPACConservation Internacional

Monitores Ernestino S. G. Guarino Universidade de BrasiliaAlunos(as) Ana Luiza Rios Caldas

Ana Paula de OliveiraClarissa M. KnoechelmannIubatã Paula de FariaLaudicéa Farias LimaPablo Sebastian T. AmaralRaquel Ribeiro

Adriana C. M. FernandesBen Hur Marimon JuniorEdivane CardosoMaria Alice de MedeirosMaria Ines Cruzeiro MorenoPaulina de Araujo Ribeiro

Emanelle PominiMarcel Rodrigo Cavallaro

Mestrado em Ecologia – UnBMestrado em Ecologia – UnBMestrado em Ecologia – UnBMestrado em Ecologia – UnBMestrado em Ecologia – UnBMestrado em Ecologia – UnBMestrado em Ecologia – UnB

Doutorado em Ecologia – UnBDoutorado em Ecologia – UnBDoutorado em Ecologia – UnBDoutorado em Ecologia – UnBDoutorado em Ecologia – UnBDoutorado em Ecologia – UnB

Mestrado em Ecologia – UFMSMestrado em Ecologia – UFMS

* Convidado(a)

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Raquel

Edivane

Maria Inês

Maria Alice

Emanuelle

Paulina

Ben Hur

Clarissa

Marcel

Pablo

Iubatã

Adriana

Ana Paula

Ana Luiza

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Relação dos projetos em grupoPráticas em grupo 1 -6

Grupo ! Grupo 2 Grupo 3AdrianaBen HurEmanuelleLaudicéRaquel

ClarissaIubatãMarcelMaria AliceMaria Ines

Ana LuizaAna PaulaEdivanePabloPaulina

Dia Orientador Relator(a) Título resumido do projeto Página1o

30/07HelenaFlávioHay

1.1 Fitossociologio – levantamento usando parcelas1.2 Fitossociologia – levantamento usando ponto quadrante1.3 Fitossociologia – levantamento usando interceptação de linha

2510

2o

31/07HayHelenaFlávio

2.1 Distribuição espacial de palmeiras2.2 Produção de frutos e sementes de Davilla2.3 Abertura do dossel

162023

3o 02/08

FlávioHayHelena

3.1 Relações alométricas de espécies do cerrado3.2 Variabilidade espacial na predação de sementes de Syagrus3.3 Fontes de alimentação de formigas

283538

4o

04/08AlexandreErnestinoHay

4.1 Comportamento territorial de Tropidurus4.2 Distribuição de Wunderlichia4.3 Sucesso reprodutivo em palmeiras

414449

5o 05/08

Carlos EduardoAlexandreJader

5.1 Estrategias de voo para borboletas5.2 Levantamento de lagartos5.3 Experiência do predador e eficiência da captura

555961

6o 08/08

JaderLudmilla & RicardoAlexandre

6.1 Interação entre morcegos e plantas6.2 Influência de características ambientais6.3 Gradiente ecológico do riacho da Cascatinha

656872

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Relação dos projetos de 1 diaDia Grupo Título Resumido do projeto Página1o

01/08Adriana e Ana PaulaAna Luiza e Ben HurClarissa e MarcelEdivane e Maria InesIubatãLaudicéa e EmanuelleMaria Alice e PaulinaPablo e Raquel

I1.8 Macroinvertebrados bentônicos resistentes ao período de secaI1.2 Relação entre tamanho e frutificação em Kielmeyera coriaceaI1.3 Número de folhas emitidas por três espécies de ArecaceaeI1.4 Dispersão e sucesso reprodutivo de Dipteryx alataI1.5 Comportamento de aves do CerradoI1.6 Visitantes florais em Vochysia ellipticaI1.7 Comparação entre a fauna de formigas arborícolasI1.8 Distância de fuga de Tropidurus

77818588929598101

2o

07/08 Edivane e MarcelEmanuelle e Ben HurMaria Ines e ClarissaIubatã e Ana PaulaLaudicéa e PaulinaMaria AliceAdriana e Raquel

I2.1 I2.2 Distribuição de Kielmeyera e TabebuiaI2.3 Relações alométricas em Sclerolobium paniculatumI2.4 Nível de herbivoria em PiptocarphaI2.5 Influência do observador em levantamento de avesI2.6 Preferência alimentar em AstianaxI2.7 Interação entre Azteca e CecropiaI2.8 Diferença na composição de vertebrados no corrego

----106109112115119121124

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Relação dos projetos individuais finaisAluno Título do Projeto PáginaMESTRADO (UnB)Ana Luiza Rios CaldasAna Paula de OliveiraClarissa M. Knoechelmann

Iubatã Paula de Faria

Laudicéa Farias Lima

Pablo Sebastian T. AmaralRaquel Ribeiro

MESTRADO (UFMS)Emanelle Pomini

Marcel Rodrigo Cavallaro

DOUTORADO (UnB)Adriana C. M. Fernandes

Ben Hur Marimon Junior

Edivane CardosoMaria Alice de Medeiros

Maria Ines Cruzeiro MorenoPaulina de Araujo Ribeiro

Percepção ambiental dos usuários do PESCAN – Goiás com relação à sua inserção no meio ambienteProdução de serapilheira em área de cerrado sensu stricto e mata de galeria no PESCAN, GOLevantamento de fauna de formigas arborícolas em três diferentes fitofisionomias de cerrado noPESCAN, GOEfeito da vocalização de Glaucidium brasilianum Gmelin, 1788 (Strigiformes) no comportamento deaves no cerradoBiologia da polinização de Spiranthera odoratissima A. St..-Hil (Rutaceae), no Jardim Botânica deBrasíilia, DFPadrão de atividades de pequenos mamíferos em cerrado sensu stricto no PESCAN, GOEstudo da comunidade de pequenos mamíferos do PESCAN, GO

Sindrome de polinização e visitantes florais em uma espécies de Ruellia (Acanthaceae) no PESCAN,GODistribuição espacial de Tropidurus spp. (Iguania: Tropiduridae) no PESCAN, GO

Distribuição espacial de macroinvertebrados bentônicos em diferentes tipos de substrato no Córrego daCascatinha, PESCAN, GORelações alométricas de Sclerolobium paniculatum Vog. em Caldas Novas, GO: evidências de ajusteno ambiente savânicoEstrutura populacional de duas espécies lenhosas em cerrado no topo da serra de Caldas Novas, GOComparação entre a fauna de formigas de solo em campo rupestre, cerrado sensu stricto e mata degaleria no PESCAN, GOLevantamento fitossociológico em gradiente topográfico no PESCANPredação de sementes de Senna rugosa no PESCAN, GO

140151164

176

191

215222

174

195

130

154

167200

205218

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MÉTODOS DE CAMPO EM ECOLOGIA

Parque Estadual da Serra de Caldas Novas

PROJETOS EM GRUPO

Jul/03

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MÉTODOS DE CAMPO EM ECOLOGIA - 2003Projetos em Grupo

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G1.1 Composição florística, diversidade e estrutura de uma área de Cerradosensu stricto no Parque Estadual da Serra de Caldas, GO.

Adriana Fernandes, Ben Hur Marimon Junior, Emanuele Pomini, Laudicéia F. Lima e RaquelRibeiro

Orientadora: Profa Dra Helena Castanheira de Moraes

IntroduçãoO Bioma Cerrado Brasileiro ocupaaproximadamente 2 milhões de km2, áreacorrespondente a quase 22% do territórionacional. A fitofisionomia predominante é ocerrado sensu stricto, uma forma devegetação tipicamente savânica comdiversidade de espécies de árvores e grandesarbustos bastante variável, especialmentequando observada em grande escala (Ribeiro& Walter 1998, Oliveira-Filho & Ratter2002).

. Tal amplitude de variação ficaevidente quando são comparadoslevantamentos realizados em diferentesregiões, como no trabalho de Ratter et al.(1996). Os autores analisaram a composiçãoflorística em 98 áreas de cerrado e savanaamazônica, verificando que dentre as 534espécies registradas apenas 26 ocorreram empelo menos 50% das áreas.

Variações em escalas menores nadiversidade de espécies arbóreas de cerradotambém ocorrem e estão normalmenteassociadas a diferenças locais no ambiente,como fatores edáficos e topográficos (Ribeiro& Walter 1998). Contudo, poucos trabalhostêm sido realizados com a intenção dedemonstrar se variações locais na diversidadede espécies arbóreas também ocorrem emambientes homogêneos.

Assim, o objetivo do presente trabalhofoi determinar a composição de espéciesarbóreas de um Cerrado sensu stricto parafins de comparação com o levantamentoflorístico e fitossociológico realizado no anoanterior por Salles et al. (2002).

MetodologiaO estudo foi realizado 30/07/2003 no ParqueEstadual da Serra de Caldas Novas(PESCAN), município de Caldas Novas(GO). A vegetação predominante é deCerrado sensu stricto e a altitude é deaproximadamente 1000 metros.Foram estabelecidas aleatoriamente 12parcelas de 10 x 10 m (Cox, 1996) ao longode uma linha de 400 m orientada peloazimute 2350, tendo como ponto inicial ascoordenadas 17047’07’’ S e 48040’08’’ W ecomo ponto final S17047’01’’ eW48040’19’’. Muitos indivíduosapresentavam rebrotas no nível do solo, emfunção de uma queimada ocorrida emsetembro de 2002. Em cada parcela, forammedidos em circunferência (CAP 1,3) ealtura todos os indivíduos vivos com alturamínima de 2,0m. Foram calculados osparâmetros fitossociológicos usuais.

Resultados e DiscussãoForam encontrados 134 indivíduosdistribuídos em 28 espécies e 17 famílias(Tabela 1). A espécie Kielmeyera coriaceafoi a que apresentou o maior IVI (73.53),seguida por Tabebuia aurea (21.25),Stryphnodendron adstringens (16.64),Piptocarpa rotundifolia (16.3) e Qualeaparviflora (15.64). Estas cinco espéciesapresentaram dominância relativa de 51,93 %do total das espécies.

Comparando-se estes resultados comos de Salles et al. (2002) realizado em áreapróxima, observa-se diferenças nacomposição de espécies, sendo Qualeaparviflora a que apresentou maior IVI

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(58,81), seguido de Sclerolobiumpaniculatum (48,78), Qualea grandiflora(34,39), Pouteria ramiflora (21,44) eAspidosperma tomentosum (15,16). Nestecaso, as cinco espécies de maior IVIapresentaram dominância relativa de 80,64 %do total das espécies amostradas.

Apenas 13 das 28 espécies amostradasno presente trabalho ocorreram em ambas asáreas , sendo que apenas uma (Qualeagrandiflora) ficou entre as cinco de maiorIVI. Esta baixa coincidência florística efitossociológica indica variabilidade deespécies em pequena escala, uma vez que adistância entre as áreas é em torno de 500 m.Neste caso, algum fator ambientalindeterminado, além da variabilidade naturalda diversidade da vegetação de cerrado, deveestar contribuindo para tais diferenças.

Bibliografia

Oliveira-Filho, A. T. & Ratter, J. A. 2002.Vegetation Physionomies and woody floraof Cerrado Biome. In: The cerrados ofBrazil. P.S. Oliveira & R.J. Marquis(eds.). Columbia University Press, NewYork.398 p.

Ribeiro, J. F. & Walter, B. M. T. 1998.Fitofisionomias do Bioma Cerrado. In:Cerrado: ambiente e flora. S. M. Sano &S. P. de Almeida (eds.). Embrapa,Planaltina. 556 p.

Ratter, J. A.; Bridgewater, S.; Atkinson, R.;Ribeiro, J. F. 1996. Analysis of thefloristic composition of the brasiliancerrado vegetation II: comparison ofwoody vegetatation of 98 areas.Edinburgh Journal of Botany: 53(2):153-180.

Cox, G. 1996. Laboratory Manual ofEcology. Wm. C. Brown Publishers,Chicago. 278 p.

Salles, J. C.; Oliveira, F. R.; Rodrigues, S. C.;Santana O. & Rodin, P. 2002.Fitossociologia de uma área de cerrado s.s.no Parque Estadual da Serra de CaldasNovas, GO. Métodos de campo emecologia: Relatório de projeto em grupo.Universidade de Brasília, Brasília. 70 p.

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Tabela 1. Parâmetros fitossociológicos de uma área de cerrado sensu strictu no PESCAN emJulho de 2003.

Espécie N DA DR FA FR DoA DoR IVIKielmeyera coriacea 46 383.33 34.33 1.00 17.15 1867.22 22.05 73.54Tabebuia aurea 8 66.67 5.97 0.50 8.58 568.12 6.71 21.26Stryphnodendron adstringens 7 58.33 5.22 0.33 5.72 449.07 5.30 16.25Piptocarpha rotundifolia 6 50.00 4.48 0.33 5.72 503.20 5.94 16.14Qualea parviflora 3 25.00 2.24 0.08 1.43 1014.39 11.98 15.65Mirtacea c/galha 6 50.00 4.48 0.33 5.72 308.46 3.64 13.84Licania humilis 3 25.00 2.24 0.17 2.86 692.26 8.18 13.27Styrax ferrugineus 5 41.67 3.73 0.25 4.29 344.03 4.06 12.08Aspidosperma tomentosum 5 41.67 3.73 0.17 2.86 441.01 5.21 11.80Annona crassa 6 50.00 4.48 0.17 2.86 320.67 3.79 11.12Eremanthus glomerulatus 7 58.33 5.22 0.25 4.29 106.73 1.26 10.77Dimorphandra mollis 4 33.33 2.99 0.33 5.72 114.63 1.35 10.06Erythroxylum suberosum 5 41.67 3.73 0.25 4.29 153.52 1.81 9.83Strychnos pseudoquina 2 16.67 1.49 0.17 2.86 317.85 3.75 8.11Dalbergia miscolobium 1 8.33 0.75 0.08 1.43 459.24 5.42 7.60Byrsonima coccolobifolia 3 25.00 2.24 0.25 4.29 69.63 0.82 7.35Bowdichia virgilioidis 2 16.67 1.49 0.08 1.43 309.11 3.65 6.57Ouratea hexasperma 2 16.67 1.49 0.17 2.86 126.03 1.49 5.84Diospyros burchelli 2 16.67 1.49 0.17 2.86 82.40 0.97 5.32Acosmium dasycarpon 2 16.67 1.49 0.17 2.86 34.81 0.41 4.76Qualea multiflora 3 25.00 2.24 0.08 1.43 58.19 0.69 4.36Tabebuia sp. 1 8.33 0.75 0.08 1.43 49.73 0.59 2.76Palicourea rigida 1 8.33 0.75 0.08 1.43 17.90 0.21 2.39Machaerium opacum 1 8.33 0.75 0.08 1.43 15.60 0.18 2.36Aspidosperma macrocarpa 1 8.33 0.75 0.08 1.43 15.59 0.18 2.36Byrsonima verbascifolia 1 8.33 0.75 0.08 1.43 13.44 0.16 2.33Tabebuia crassa 1 8.33 0.75 0.08 1.43 13.44 0.16 2.33Total 134 1116.67 100.00 5.83 100.00 8466.27 100.00 300.00

N (número de indivíduos), DA (densidade absoluta para 1 ha), DR (densidade relativa), FA (freqüência absoluta),DoA (dominância absoluta para 1 ha), DoR (dominância relativa), IVI (índice de valor de importância).

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G 1.2. LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO PELO MÉTODO DOPONTO QUADRANTE EM ÁREA DE CERRADO SENSU STRICTO NO

PARQUE ESTADUAL DE CALDAS NOVAS, CALDAS NOVAS - GO

Marcel R. Cavallaro, Clarissa M. Knoechelmann, Iubatã Faria, Maria Alice de Medeiros & MariaInês C. Moreno

Orientador: Flávio dos Santos

INTRODUÇÃOO bioma Cerrado representa 22% dasuperfície do Brasil localizando-seprincipalmente no Planalto Central brasileiro,mas sua distribuição estende-se desdemanchas amazônicas até áreas de São Paulo eParaná (Ribeiro & Walter 1998). Caracteriza-se pela variação em estrutura e composiçãoflorística, com forma fisionômica variandonum gradiente de densidade e altura comformas de florestas mais ou menos fechadas àcampo aberto (Oliveira-Filho et al 1989). Ocerrado sensu stricto é caracterizado pelapresença predominantemente do estratoarbóreo-arbustivo, com cobertura arbóreavariando de 20% a 50% (Ribeiro & Walter1998).

Para a caracterização da vegetaçãosão realizados levantamentosfitossociológicos que fornecem informaçãoda estrutura da comunidade além de possíveisafinidades entre espécies ou grupos deespécies, acrescentando dados quantitativos arespeito da estrutura da vegetação(Yamamoto et al 2002).

O objetivo este estudo foi caracterizaruma área de cerrado sensu stricto no platô doParque Estadual da Serra de Caldas Novas(PESCAN), Goiás, usando a técnica de pontoquadrante.

MATERIAL E MÉTODOSÁrea de estudo - O PESCAN ocupa uma áreatotal de 125 km2 e está situado a 1043 m dealtitude. Localiza-se entre os municípios deCaldas Novas e Rio Quente, GO. O clima naregião é, segundo a classificação de Köppen,

do tipo Aw, tropical quente e úmido comtemperatura média anual variando de 20-25°C (Santos 2003).Metodologia - O método de amostragemutilizado foi ponto quadrante (Zar 1996). Foidemarcada uma linha de 400 metrosperpendicular a uma das estradascircundantes do platô. Esta apresentou comocoordenadas iniciais 17°47’07,2” S e48°40’08,0” W e finais 17°47’0,1” S e48°40’19,9” W. Os pontos ao longo da linhadistavam 20 m entre si, totalizando 20 pontosamostrados. Apenas indivíduos com mais de2 m de altura foram incluídos na amostrageme a circunferência foi tomada a altura do peito(CAP). Para cada espécie vegetal foramcalculados a freqüência, densidade edominância (absolutas e relativas) e o índicede valor de importância (IVI). Valores dediversidade (índice de Shannon), diversidademáxima e equabilidade foram calculadosusando-se como base o logaritmo neperiano.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA área amostrada foi de 3500 m2 e foramencontradas 23 espécies pertencentes a 17famílias (Tabela 1). As espécies de maior IVIforam Kielmeyera coriacea (Clusiaceae)seguida por Tabebuia aurea (Bignoniaceae),Piptocarpha rotundifolia (Asteraceae),Aspidosperma tomentontosum (Apocinaceae)e Styrax ferrugineus (Styracaceae),representando 52,26% do IVI total (Tabela 2,Figura 1). Silva et al.(2002) na mesmaregião, registraram 67 espécies, pertencentesa 51 gêneros e 29 famílias, porém o esforçoamostral foi maior.

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A família Leguminosae foi amostradacom 6 espécies, enquanto que Asteraceae,Malpighiaceae, Rubiaceae e Vochysiaceaeapresentaram duas espécies cada; as demaisapenas uma (Tabela 1). Nossos dadoscondizem com os de Felfili et al. (2002),Angeluci et al. (2002), Silva et al. (2002) emque as famílias Leguminosae e Vochysiaceaeapresentaram uma maior representatividadeem áreas de cerrado. Resultados similarestambém foram obtidos por diversos outrosautores trabalhando em diversas áreas decerrado no país.

A maioria das espécies tiverampoucos indivíduos amostrados (Figura 2),exceto K. coriacea que foi a espécie maisabundantes, com 22 indivíduos,representando 27,5% do total; seguida por T.aurea com 9 indivíduos com 11,2%. Esteresultado está de acordo com Silva et al.2002 que também encontraram aquelaespécie com altos valores de IVI, densidade efrequência. É bastante comum, em estudosfitossociólogicos que algumas espécies sejammais amostradas que as demais. Isto refleteuma maior adaptabilidade dessas espécies adeterminados tipos de ambiente (Oliveira-Filho et al.1989).

CONCLUSÃOO levantamento fitossociológico em distintasáreas de cerrado podem gerar resultados quediferem entre si, principalmente peladiversidade e distribuição das espécies. Ométodo utilizado neste estudo mostrou-se deutilização bastante prática, rápida e comresultados semelhantes a outros métodos delevantamento. Porém vale ressaltar que aescolha de uma metodologia para abordagemfitossociológica deve priorizar a resposta àhipótese levantada e não simplesmente apraticidade desta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FELFILI, J.M.; SILVA JR. M A; REZENDE,A.V.; MACHADO, J.W.B.; WALTER,

B.M.T.; SILVA, P.E.N. & HAY, J.D.V.1993. Análise comparativa da florística efitossociologia da vegetação arbórea docerrado sensu stricto na ChapadaPratinnha, DF – Brasil. Acta BotanicaBrasilica. 6 (2): 27 – 46.

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sensu stricto, Parque Estadual da Serra deCaldas Novas – GO. Métodos de Campoem Ecologia - UnB.

ZAR, J.H. 1996. Biostatiscal analysis.3 ed.Prentice Hall, New Jersey. 622 p.

Tabela 1. Famílias e espécies encontradas em levantamento fitossociológico no PESCAN, CaldasNovas - GO.

Família EspécieAnnonaceae Annona crassiflora Mart.Apocinaceae Aspidosperma tomentosum Mart.Asteraceae Eremanthus glomerulatus (Less.)

Piptocarpha rotundifolia (Less.) BakerBignoniaceae Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. fChrysobalanaceae Licania humilis Cham. Ex SchlechtClusiaceae Kielmeyera coriacea (Spreng.) MartErythroxylaceae Erythroxylum suberosum St. Hil.Leguminosae Acosmium dasycarpum (Vog.) Yakovl.

Bowddichia virgilioides H. B. & K.Dalbergia miscolobium Benth.Stryphnodendron adstringens Mart.Stryphnodendron polyphyllum Mart.

Loganiaceae Strychnos pseudoquina St. Hil.Malpighiaceae Byrsonima coccolobifolia H. B. & K.

Byrsonima crassa Nield.Moraceae Brosimum gaudchaudii TrécMyrtaceae Myrtaceae (com galha)Rubiaceae Palicourea rigida Kunth

Tocoyena formosa (Cham. & Schlecht.) K. Schum.Styracaceae Styrax ferrugineus Ness. & MartVochysiaceae Qualea grandiflora Mart.

Qualea multiflora Mart.

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Tabela 2. Parâmetros fitossociológicos (por ordem de IVI) em área de cerrado no PESCAN, Caldas Novas - GO.

Espécie n D Abs. D Rel. Do Abs. Do R F abs. F rel IVIKielmeyera coriacea 22 63.1 27.5 0.025 22.33 65 20.0 23.28

Tabebuia aurea 9 25.8 11.3 0.013 12.09 35 10.8 11.37Piptocarpha rotundifolia 4 11.5 5.0 0.010 8.89 20 6.2 6.68

Aspidosperma tomentosum 4 11.5 5.0 0.008 7.52 15 4.6 5.71Styrax ferrugineus 4 11.5 5.0 0.005 4.52 20 6.2 5.22

Stryphnodendron adstringens 4 11.5 5.0 0.007 6.24 10 3.1 4.77Qualea grandiflora 2 5.7 2.5 0.010 8.70 10 3.1 4.76

Brosimum gaudchaudii 4 11.5 5.0 0.001 1.09 20 6.2 4.08Bowdichia virgilioides 2 5.7 2.5 0.005 4.84 10 3.1 3.47

Byrsonima coccolobifolia 3 8.6 3.8 0.002 1.99 15 4.6 3.45Dalbergia miscolobium 2 5.7 2.5 0.005 4.18 10 3.1 3.25

Annona crassa 3 8.6 3.8 0.001 1.34 15 4.6 3.24Acosmium dasycarpum 2 5.7 2.5 0.004 3.80 10 3.1 3.13

Licania humilis 2 5.7 2.5 0.004 3.67 10 3.1 3.08Erythroxylum suberosum 2 5.7 2.5 0.001 1.23 10 3.1 2.27

Stryphnodendron polyphyllum 2 5.7 2.5 0.001 0.59 10 3.1 2.06Eremanthus glomerulatus 2 5.7 2.5 0.001 0.51 10 3.1 2.03

Strychnos pseudoquina 1 2.9 1.3 0.003 3.08 5 1.5 1.96Myrtaceae (com galha) 2 5.7 2.5 0.001 1.30 5 1.5 1.78

Tocoyena formosa 1 2.9 1.3 0.001 0.88 5 1.5 1.22Palicourea rigida 1 2.9 1.3 0.001 0.57 5 1.5 1.12Qualea multiflora 1 2.9 1.3 0.000 0.44 5 1.5 1.08Byrsonima crassa 1 2.9 1.3 0.000 0.19 5 1.5 0.99

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Figura 1. Espécies com maiores valores de Índice de Valor de Importância (IVI), no PESCAN,Caldas Novas - GO .

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Figura 2. Número de indivíduos por espécie amostrada no PESCAN, Caldas Novas - GO.

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G1.3 - LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO DA VEGETAÇÃOLENHOSA DE UMA ÁREA DE CERRADO S.S. PELO MÉTODO DE

INTERCEPTAÇÃO NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DE CALDASNOVAS

Ana Luiza Rios Caldas, Ana Paula de Oliveira, Edivane Cardoso, Pablo S.T. Amaral, PaulinaAraújo Ribeiro

Orientação: John Du Vall Hay

IntroduçãoO Cerrado ocupa cerca de dois milhões dekm2, o que representa 22% do territóriobrasileiro (Oliveira & Ratter, 2002). Suavegetação apresenta fisionomias queenglobam formações florestais, savânicas ecampestres (Ribeiro & Walter, 1998). Ocerrado sensu stricto caracteriza-se pelapresença de árvores baixas, inclinadas,tortuosas, com ramificações irregulares eretorcidas, e geralmente com evidência dequeimadas (Ribeiro & Walter, 1998).Levantamentos fitossociológicos forneceminformações importantes para compreensãode padrões biogeográficos, não excetuando odomínio dos cerrados, além de subsidiarem adeterminação de áreas prioritárias para aconservação (Felfili et al, 2002) ecolaborarem na indicação de espécies a seremaplicadas em projetos de recuperação deáreas degradadas.

O amplo conhecimento da flora doCerrado é importante para delinear estratégiasgovernamentais para a preservação de áreasrepresentativas do bioma, além de ressaltarsua importância em escala nacional emundial. O Cerrado tem se mostrado muitomais rico do que se previa e muitas das suastipologias são endêmicas da América do Sule do Brasil (Mendonça et al, 1998).

O método de interceptação de linhaspermite estimar a densidade relativa,cobertura aérea e freqüência comparáveis àsmedidas obtidas pelo método de parcela(Cox, 1996).

O presente trabalho teve comoobjetivo realizar um levantamentofitossociológico de uma área de Cerradosensu stricto no Parque Estadual da Serra deCaldas Novas (PESCAN-GO), por meio dométodo de intercepção de linha.

Material e métodosForam coletados dados para levantamentofitossociológico no topo do Parque Estadualda Serra de Caldas Novas (PESCAN-GO), nodia 30 de julho de 2003. O levantamento foirealizado ao longo de um transecto de 400metros, em área de cerrado sensu stricto. Otransecto teve como origem um ponto decoordenada aproximada 17o47’07” S e48o40’08” W, seguindo o azimute 325o,perpendicular à estrada.

Foi utilizado o método deinterceptação de linha, descrito por Brower etal (1997). Para cada indivíduo lenhoso, comaltura superior a dois metros, cuja projeçãoda copa interceptava a linha, foram tomadosdados referentes a altura, extensão daprojeção da copa sobre a linha e acircunferência do tronco a 1,3 metros acimada superfície do solo. No caso de ocorrênciade bifurcação, foram tomadas medidas detodos os ramos principais a esta altura.Indivíduos mortos não foram consideradosneste levantamento.

Os dados obtidos foram utilizadospara cálculo de parâmetros fitossociológicos(dominância, freqüência, cobertura e índicede valor de importância) e índice dediversidade de Shannon, sendo neste

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utilizado o logaritmo de base natural (ln).Para os cálculos de freqüência e densidade, otransecto foi dividido em 16 segmentos de 25metros.

Resultados e discussãoA comunidade estudada apresentou média de2,9 m de altura, com mediana de 2,5 m,sendo a altura mínima encontrada de 2,0 m emáxima de 7,0 m. Foram registrados 67indivíduos distribuídos em 22 espécies e 17famílias (Anexo 1). Dentre estas, Kielmeyeracoriacea apresentou maior número deindivíduos (18), 11 espécies foramrepresentadas por 2 a 6 indivíduos e asdemais apresentaram apenas um indivíduo(Figura 1). A espécie de maior abundância(K. coriacea) também foi a de maiorfreqüência em segmentos, sendo amostradaem oito dos segmentos, enquanto outras 12espécies foram encontradas apenas uma vezem algum dos segmentos (Figura 2). Osdados encontrados indicam que esta mesmaespécie apresentou a maior freqüênciarelativa, seguida por Stryphnodendronadstringens, Tabebuia aurea, Bowdichiavirgilioides, Annona crassiflora, dentreoutras (Anexo 2).

Yamamoto et al (2002), estudandooutra área de cerrado sensu stricto do Parqueda Serra de Caldas Novas, amostraram 21espécies lenhosas, sendo Qualea parviflora,Sclerolobium paniculatum e Caryocarbrasiliense as mais importantes. Essasespécies não foram encontradas no presenteestudo. Certamente os autores nãoamostraram a área do presente estudo, vistoque a paisagem é bastante variada na área doPESCAN, porém a composição florística ébastante homogênea em uma menor escalaem torno da área aqui estudada.

O valor da cobertura linear totalobtida foi de 101,5 metros, o que correspondea 25,39% do comprimento do transecto. Valeressaltar que este valor não corresponde àcobertura real devido à sobreposição de copasque ocorrem. As espécies K. coriacea,

Tabebuia aurea, Bowdichia virgilioides,Annona crassiflora, Aspidospermatomentosum foram as espécies queapresentaram maior cobertura relativa, querepresentam 50,27% do total (Anexo 2).

Os resultados indicaram índice dediversidade de Shannon de 2,27nats/indivíduo. O baixo índice de diversidadee a reduzida quantidade de espécies podemter sido devidos à pequena área amostrada.Apesar de ter sido utilizado outro método, emoutra área de Cerrado senso strictu, em NovaXavantina - MT, Felfili et al (2002)encontraram índice de Shannon de 3,69nats/indivíduo relacionado a 80 espécies. Omesmo é observado em Cardoso et al (2002),que encontraram 3,16 e 3,37 nats/indivíduoreferentes a comparação de critérios deinclusão em que encontraram 47 espécies naUnidade de Conservação de Galheiro(Perdizes, MG).

O grupo das leguminosas apresentouo maior número de espécies (5), porém afamília Clusiaceae apresentou o maiornúmero de indivíduos devido à abundância deK. coriacea.

ConclusõesO método de interceptação de linha

mostrou-se rápido e eficiente para amostrar acomunidade vegetal estudada. As cincoespécies mais importantes da área sãoKielmeyera coriacea, Tabebuia aurea,Stryphnodendron adstringens, Annonacrassiflora e Aspidosperma tomentosum.

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Figura 1- Freqüência de indivíduos das espécies encontradas em levantamento fitossociológicoem área de Cerrado sensu stricto no PESCAN-GO.

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Figura 2- Freqüência de espécies amostradas nos segmentos de levantamento fitossociológicoem área de Cerrado senso stricto no PESCAN-GO.

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Anexo 1- Espécies encontradas em área de Cerrado sensu stricto no PESCAN-GO. Ordenadaspor ordem alfabética de família.

Espécie FamíliaAnnona crassiflora AnnonaceaeAspidosperma tomentosum ApocynaceaeHancornia speciosa ApocynaceaePiptocarpha rotundifolia AsteraceaeTabebuia aurea BignoniaceaeTabebuia cf ochracea BignoniaceaeTabebuia sp2 BignoniaceaeDimorphandra mollis CaesalpinaceaeLicania humilis ChrysobalanaceaeKielmeyera coriacea ClusiaceaeErythroxylum suberosum ErythroxylaceaeBowdichia virgilioides FabaceaeDalbergia miscolobium FabaceaeAcosmium dasycarpum FabaceaeStrychnos pseudoquina LiliaceaeByrsonima verbascifolia MalpyghiaceaeStryphnodendron adstringens MimosoideaeMyrtaceae sp1 MyrtaceaeOuratea hexasperma OchnaceaeTocoyena formosa RubiaceaeStyrax ferrugineus StyracaceaeQualea grandiflora Vochysiaceae

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Anexo 2- Parâmetros fitossociológicos de comunidade lenhosa de Cerrado sensu stricto noPESCAN-GO. Dados ordenados por ordem de IVI. FR = Freqüência relativa; DR = Densidaderelativa; CR = Cobertura relativa; IVI = Índice de valor de importância.

Espécie FR DR CR IVIKielmeyera coriacea (Spreng.) Mart. 16,67 26,87 20,04 63,57Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore 8,33 7,46 10,54 26,33Stryphnodendron adstringens (Mart.) Cov. 10,42 8,96 5,32 24,69Annona crassiflora Mart. 6,25 7,46 6,70 20,41Aspidosperma tomentosum Mart. 6,25 7,46 6,01 19,72Bowdichia virgilioides H. B. & K. Benth. 6,25 4,48 6,99 17,72Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker 6,25 5,97 5,42 17,64Myrtaceae sp1 6,25 4,48 3,64 14,37Dalbergia miscolobium Benth. 4,17 2,99 5,91 13,06Dimorphandra mollis Benth. 4,17 2,99 3,94 11,09Qualea grandiflora 2,08 2,99 5,71 10,78Ouratea hexasperma (St. Hil.) Baill. 2,08 2,99 2,86 7,92Strychnos pseudoquina St. Hil. 2,08 1,49 3,64 7,22Acosmium dasycarpum (Bog.) Yakovl. 2,08 1,49 2,95 6,53Tocoyena formosa (Cham. & Schlecht.) K. Schum. 2,08 1,49 2,26 5,84Tabebuia sp2 2,08 1,49 2,26 5,84Hancornia speciosa Gomez 2,08 1,49 2,07 5,64Styrax ferrugineus Nees & Mart. 2,08 1,49 0,89 4,46Tabebuia cf ochracea 2,08 1,49 0,79 4,36Erythroxylum suberosum St. Hil. 2,08 1,49 0,79 4,36Licania humilis Cham. ex Schlecht. 2,08 1,49 0,69 4,27Byrsonima verbascifolia (L.) Rich. ex A. L. Juss. 2,08 1,49 0,59 4,17

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G 2.1 Distribuição espacial de palmeiras Butia leiospatha e Syagrus flexuosa(Arecaceae) em um Cerrado sensu stricto no Parque Estadual Serra de Caldas,

GO

Adriana Fernandes, Ben Hur Marimon Junior, Emanuele Pomini, Laudicéia F. Lima e RaquelRibeiro

Orientação: Prof. Dr. John Hay

IntroduçãoO bioma Cerrado abrange quase 22% doterritório brasileiro, apresentando umavegetação predominantemente savânica cujaforma mais representativa é o cerrado sensustricto (Ribeiro & Walter, 1998). A estruturado cerrado s.s. consiste de uma camadaarbóreo-abustiva e outra herbáceo-graminosa(Eiten, 1972) onde ocorrem as espécies depalmeiras Butia leiospatha e Syagrusflexuosa, dentre outras.

As populações vegetais podemapresentar distribuição aleatória, uniforme ouagrupada, sendo este último padrão o maiscomum na natureza. Esta mesma tendência éesperada para os vegetais do cerrado, ondemais de 60 % das espécies arbóreasapresentam distribuição populacionalagrupada (Hay 2000)

O objetivo do presente trabalho foiverificar se as espécies Butia leiospatha eSyagrus flexuosa apresentam padrão dedistribuição espacial em escalas diferentes naárea estudada.

Materiais e MétodosÁREA DE ESTUDOO estudo foi realizado no Parque EstadualSerra de Caldas (PESCAN), localizado naregião sudoeste do Estado de Goiás, distantecerca de cinco quilômetros do município deCaldas Novas.

METODOLOGIAOs dados foram coletados em 31 de julho de2003 em uma área de cerrado s.s. Foi traçadauma linha perpendicular à estrada, e o

transecto iniciou a 20 metros da mesma (17o

47`11.8``S e 48o 40`11.6``W), em direção325o .

Foram demarcadas 100 parcelascontíguas de 5 x 8 m, com a linha dotransecto situando-se no centro das parcelas,totalizando 500 m de comprimento e 4.000m2 de área. Foram anotados todos osindivíduos vivos pertencentes às espécies S.flexuosa e B. leiospatha em cada lado,separadamente. No caso de S. flexuosa cadaestirpe foi contada como um indivíduoseparado.

Análise dos dadosOs dados foram analisados pelos métodosBQV (Variância entre blocos de parcelas),TTLQV (Variância móvel entre blocos deparcelas) e PQV (variância entre parcelasvariadas) descritos por Ludwig & Reynolds(1988) apud Hay et al. (2000). Nestesmétodos, os valores da variação sãorelacionados com o tamanho dos blocos ouintervalos das parcelas para a confecção degráficos que servem de ferramentas nacaracterização da distribuição.

Resultados e discussãoForam encontrados 230 indivíduos de B.leiospatha e 155 de S flexuosa. O gráficoelaborado com dados da PQV (figura 1)apresentou três picos para B. leiospatha, comdistância variando entre 20 e 40 metros. Estespicos sugerem uma tendência à agregação. Ográfico com dados referentes ao ladoesquerdo apresentou picos evidentes,enquanto que para o lado direito estes foram

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bastante discretos (figura 2). Isto sugere que adistribuição pode variar em pequenasdistâncias na mesma área. Para S flexuosa,nenhum padrão foi observado para nenhumadas análises.

O gráfico elaborado com dados daBQV revelou um pequeno pico para B.leiospatha (figura 3) o que não ocorreu paraS. flexuosa, o que pode ser interpretado comoum padrão aleatório. Para o teste TTLQV nãoforam encontrados picos que justificassemum padrão de agregação em função daquantidade de parcelas amostradas, queforam insuficientes para que todos os dadosfossem utilizados neste tipo de análise.

A ausência de um padrão dedistribuição difere do encontrado por Toledoet al. (2002), que trabalharam com asmesmas espécies na mesma área everificaram distribuição aleatória. De umaforma geral, os resultados obtidos no presentetrabalho não indicam um padrão aleatório dedistribuição para ambas espécies.

Referências bibliográficas

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Figura 1. Análise de PQV para Butia leiospatha e Syagrus flexuosa em um cerrado sensu strictono PESCAN.

Figura 2. Análise de PQV para Butia leiospatha nos lados esquerdo e direito da linha de transectoem um cerrado sensu stricto no PESCAN.

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Tamanho dos Blocos

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Análise de Distribuição (BQV)

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0 5 10 15 20 25 30 35Tamanho de Blocos

Variâ

ncia

ButiaSyagrus

Figura 3. Análise de BQV para Butia leiospatha e Syagrus flexuosa em um cerrado sensu strictono PESCAN.

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G 2.2. PRODUÇÃO DE FRUTOS E SEMENTES DE Davilla elliptica St. Hil.(DILLENIACEAE) EM DUAS ÁREAS DE CERRADO

Iubatã P. Faria, Clarissa M. Knoechelmann, Marcel R. Cavallaro, Maria Alice de Medeiros &Maria Inês C. Moreno

Orientadora: Helena Castanheira de Morais

INTRODUÇÃOVárias espécies vegetais sofrem fortespressões de predação dos frutos e sementespor concentrarem diversas substâncias comocarboidratos, proteínas e lipídeos (Larcerda etal.2000).

Dilleniaceae é uma família deocorrência pantropical amplamentedistribuída nos Neotrópicos, comaproximadamente 300 espécies pertencentesa 12 gêneros. Seus frutos são geralmentepequenos e globosos, podendo ser folículos(Tetracera), cápsula (Davilla e Doliocarpus)ou bagas (Doliocarpus e Pinzoma) sendo queos frutos de Davilla apresentam as sépalasinternas acrescentes, formando um invélucrocoriáceo e globoso (Ribeiro et al.1999).A lixeirinha ou lixinha do cerrado, Davillaelliptica (Dilleniaceae), produz flores e frutosprotegidos por duas cápsulas sincárpicas,permanecendo fechadas durante a maturaçãoe expondo a flor no período de polinização.Após a fecundação do ovário, as cápsulassincárpicas fecham-se novamente até o finaldo período de maturação da semente quandoas expõe novamente (Helena C. Morais).Cada fruto produz no máximo duas sementes.

O objetivo desse trabalho foi verificara produção de flores, frutos e sementes desteespécie em duas áreas de cerrado.

MATERIAL E MÉTODOSÁrea de Estudo - Este estudo foi realizado noParque Estadual de Caldas Novas - GO emduas áreas de cerrado. A primeira é umcerrado rupestre com uma vegetação arbóreo- arbustiva sobre solos litólicos ou rochosos.

Possui cobertura arbórea variando entre 5-20% e extrato arbustivo herbáceo destacado(Ribeiro & Walter 1998). A segunda áreaamostrada constitui-se de um cerrado sensustricto composto por três extratos: o arbóreo,que é aberto e mais ou menos contínuo; oarbustivo e sub-arbustivo que se mostramdensos e de composição florística muitovariável e o extrato herbáceo, constituídoprincipalmente por gramíneas (CEMIG1992). Neste estudo, a área de cerrado sensustricto sofreu queimada a cerca de um ano.

METODOLOGIAEm cada área foram amostrados 17indivíduos representados por um ramo cada.Estes foram coletados sempre num mesmoquadrante em relação ao norte geográfico.Cada arbusto foi classificado em uma das 4classes de acordo com a quantidade estimadade frutos produzidos. Classe 1 para ointervalo de 0-25%, 2 de 26-50%; classe 3 de51-75% e 4 de 76-100%.

Posteriormente, o número de frutos decada ramo foi anotado. Cada fruto foiminuciosamente inspecionado e verificado osseguintes itens: presença de furos na cápsula,situação da flor (vazio, flor seca, florpredada); número e situação da semente(intacta, abortada, predada). A proporção deinsucesso foi calculada considerando osvalores de frutos vazios, flores nãopolinizadas e as flores predadas. Foicalculado o sucesso relativo a partir daprodução de sementes pela produção máximaesperada de sementes.

Para análise dos dados utilizamos oteste t (Zar 1999). Comparamos médias para

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verificar as diferenças entre a produção defrutos e sementes entre as áreas amostradas.

RESULTADOS E DISCUSSÃOForam coletados17 ramos de D. elliptica emcada ambiente, totalizando 570 frutos na áreade campo rupestre (área 1) e 657 no cerradosensu stricto (área 2). As médias dequantidade de frutos por ramo não diferiramnas duas áreas (t = 0,40546; P = 0,003; α =0,05; gl = 33) . De acordo com o número defrutos coletados, a produção máxima possívelseria de 1140 e 1314 sementes na primeira esegunda área, respectivamente. Porém, aproporção de sementes intactas foi 66% nocampo rupestre e 29% no cerrado. As médiasde sementes intactas por frutos queproduziram sementes não diferiram entre si (t= 1,68; P = 0,0015; α = 0,05; gl = 33).

Foram observados 32% de sementesabortadas nas duas áreas e predação de 1% naárea de campo rupestre e 3% na área decerrado sensu stricto. Em média, mais de10% da produção vegetal em ecossistemasnaturais é consumido anualmente pelosherbívoros. Contudo, a herbivoria não éigualmente distribuída entre todas as espéciesde plantas (Coley et al. 1985), nem entretodas as partes da planta. O dano por insetosherbívoros em plantas de cerrado varia de0,5-14,0%, com média de 7% (Marquis et al.2001).

A proporção de insucesso na primeiraárea foi 15 %, enquanto na segunda área52%. Inferimos que tal diferença se deve àdiferenças marcantes nas taxas de predaçãode flores das duas áreas, 31 % e 3%correspondem as flores predadas da área 1 e2, respectivamente. Segundo Diniz et al.(2000) foram encontradas larvas deLepidoptera utilizando D. elliptica comoplanta hospedeira. Encontramos os frutos deD. elliptica predados por larvas deLepidoptera e Coleoptera, no entanto não foipossível identificar as espécies.

O sucesso relativo na área 1 foi 88% ena área 2 foi 40%. Na área 1, os valores desucesso relativo nas categorias de 1 a 4,mostram que a quantidade de produção totalde frutos não influenciou o sucesso relativodos indivíduos. Na área 2, os valoresencontrados, mostram que os indivíduos commenor produção de frutos tendem a ter menorsucesso relativo (Figura 1).Portanto, a espécie D. elliptica apresentabaixa proporção de predação de flores, frutose sementes, sendo o aborto das sementes oprincipal componente para a diminuição dosucesso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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L.G.; ASSUNÇÃO, P.A.C.L.; PEREIRA,E.C.; SILVA, C.F.; MESQUITA, M.R. &PROCÓPIO, L.C. Flora da ReservaDucke. Guia de identificação das plantasvasculares de uma floresta de terra firmena Amazônia Central. Manaus: INPA,1999. 816p.

ZAR, J.H. 1999. Biostatiscal analysis. 4 ed.Prentice Hall, New Jersey. 622 p.

Figura 1. Relação entre sucesso relativo de produção de frutos e as classes de quantidadeestimada de frutos. Classe 1. 0-25%; Classe 2. 26-50%; Classe 3. 51-75% e Classe 4. 76-100%.

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G2.3- DETERMINAÇÃO DE ABERTURA DE DOSSEL EM FORMAÇÃOFLORESTAL NO PARQUE ESTADUAL DE CALDAS NOVAS.

Edivane Cardoso, Ana Luiza Rios Caldas, Ana Paula de Oliveira, Pablo S.T. Amaral,Paulina Araújo Ribeiro

Orientação: Prof. Dr. Flávio dos Santos

IntroduçãoSegundo Silva Júnior et al (2001), no Brasilcentral, a similaridade florística entre matas,mesmo que pertencentes a mesma microbaciatem sido reportada como baixa. Estesmesmos autores indicam que, em escalalocal, no interior de algumas matas no DF,fortes padrões de variação de espéciesarbóreas, principalmente associados com atopografia, luz, umidade e características dossolos tem sido evidenciados na literatura.Ainda conforme estes mesmos autores, asformações vegetais preservadas constituemimportante campo em que as relaçõesespécie/ambiente podem ser avaliadas etransformadas em conhecimentos, podendoserem utilizados em estratégias para arecuperação de áreas degradadas.

A luz desempenha um papel muitoimportante no aumento da variação e balançode espécies (Willey, 1990 apud Tournebize &Sinoquet, 1995). A cobertura total deespécies arbóreas, ou plântulas, por outrasespécies numa competição desigual de luz,pode ter conseqüências fatais.

Uma cobertura florestal fechada écomo um sistema de assimilação em que ascamadas de folhas estão sobrepostas,sombreando-se mutuamente. A cadaprofundidade da cobertura vegetal a radiaçãoque penetra é interceptada e gradualmenteatenuada (Larcher, 2000 apud Marimon et al,2001). O arranjo das plantas, sua arquiteturae área foliar podem atuar na penetração deluz no dossel da floresta e vários fatorespodem interferir nestas características dodossel (Bianchini et al. 2001).

O presente trabalho teve comoobjetivos comparar a utilização de trêsequipamentos de determinação de abertura dedossel e verificar se há correlação entre aaltura do dossel e seu grau de abertura.

Material e métodosO estudo foi realizado no interior de umaformação florestal do Parque Estadual deCaldas Novas, tomando-se como transecto atrilha da Cascatinha. A cada 20 metros dotransecto foi tomado um ponto a 10 metros aointerior da formação florestal em sentidoperpendicular à trilha (Figura 1), evitando-sea sobreposição e aproximação de pontos, bemcomo áreas de vegetação aberta.

Em cada ponto foram estimados aaltura do dossel predominante e tomadasmedidas de abertura de dossel através de doismétodos usuais, densiômetro e fotohemisférica. Para o método de densiômetro,foram utilizados dois tipos do instrumento, osdensiômetros côncavo e o convexo, commodificações do método de Lemmon (1957),Para as três medidas os aparelhos foramposicionados a um metro do solo. Foirealizanda contagem dos pontos (abertos oufechados) de cruzamentos (37) dos grides dosdensiômetros, realizando-se as medidas apartir de quatro lados em torno do mesmo. Osvalores das quatro lados foram somadosconstituindo uma medida única que foirelacionada com o total de pontos lidos (37pontos vezes 4 leituras num total de 148).

As fotografias hemisféricas foramobtidas utilizando-se máquina fotográficadigital equipada com lente “olho-de-peixe”,posicionada sobre tripé e nivelada. As

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imagens resultantes foram tratadas noprograma Gap Light Analizer, versão 2.0,resultando em dados relativos de cobertura.Perfez-se então três variações de obtenção devalores de abertura de dossel.

Os conjuntos de valores referentes àstrês variações foram correlacionados par apar, através da utilização do programa Systat,versão 7.0. De forma a verificar se a altura dodossel influencia na sua abertura, também foiavaliada a correlação entre a altura estimada eos valores de abertura de dossel encontradospelo método de foto hemisférica.

Os pontos foram mapeados emrelação à trilha (transecto) por contagem depassos e tomadas de direções com bússolacom precisão de dois graus. Foi verificadacorrelação entre as distâncias entre cadaponto e diferença entre suas coberturas deforma a verificar se pontos próximosapresentam coberturas correlacionáveis.

Resultados e discussãoAo todo foram amostrados 18 pontos nointerior da formação florestal. Alguns trechosda trilha utilizada como transecto não foramamostrados devido à ocorrência defitofisionomias abertas, ou a condições derelevo íngreme ou à presença de vegetaçãoespinhosa densa (Figura 2).

Em relação aos resultados de medidasde abertura de dossel, obtidos pelo uso doDensiômetro côncavo (DCc), foi encontradamédia de 9,611% ± 1,515 de abertura, commediana de 8,78%. O valor máximo deabertura encontrado foi de 24,32%,coincidente a uma clareira e em condição deproximidade com a borda da formaçãoflorestal. O valor mínimo de abertura foi de2,7%. Os menores valores de abertura dedossel foram encontrados em pontos onde avegetação é densa e sem perturbações e emum ponto da mata de galeria, à margem dadrenagem, próximo à encosta. A variância e ocoeficiente de variação foram,respectivamente, de 40,87 e 64,0%.

Através do uso de densiômetroconvexo (DCv), foi encontrada 8,780% ±1,507 de abertura do dossel, com mediana de8,44%. O valor máximo de abertura foi de23,65%, enquanto que o valor mínimoencontrado foi de 1,35%, sendo que asmesmas considerações sobre as condições davegetação em torno dos pontos podem serfeitas para o uso deste tipo de equipamento.A variância e o coeficiente de variaçãoforam, respectivamente, 41,33 e 67%. Foiencontrado 92,1% de correlação entre osvalores de abertura de dossel obtidos paracada instrumento utilizado, indicando que avariação no uso dos dois tipos deequipamentos (DCc e DCs) é bem pequena.

Pelo uso do método de fotohemisférica (Foto), foi encontrada média de9,475% de abertura, com erro padrão de0,483. A mediana foi de 9,1% de abertura dodossel, com valor máximo de abertura de13,73% e valor mínimo de 6,77%. Asmesmas considerações sobre a relação entreos valores extremos encontrados e ascondições de vegetação, mencionadas para ométodo anterior podem ser aplicadas para osresultados encontrados com o uso destemétodo.

Comparando as variações e métodosutilizados neste trabalho, foi detectadacorrelação de 92,1% entre os resultados deDCc e DCv, portanto mostrando pequenadiferença entre os resultados, além de que, secomparados com o método de Foto, todos osmétodos e variações são significativamentesemelhantes (Figura 2).

A correlação entre cada densiômetro eo método de Foto, mostrou que DCcapresentou correlação de 84,4% e DCvcorrelacionou 89,5% com o método de fotohemisférica. No caso de tomada de decisãoquanto a uso de instrumento de medição, apartir dos resultados encontrados nota-se quedeve ser escolhido o método mais disponívele/ou o que apresenta menor dificuldade emenor tempo de amostragem. No caso dosinstrumentos aqui utilizados, o método de

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densiômetro deve apresentar menor custo enecessidade de menor tempo paraamostragem, além de ser um instrumento queapresenta menores riscos e impecilhos notransporte e deslocamento em ambientes devegetação densa.

Não foi encontrada correlaçãosignificativa entre a altura do dossel e o graude abertura do mesmo, o que indica que,apesar da heterogeneidade de ambientes e davariação na abertura do dossel, a diminuiçãoda estatura das copas não necessariamenteimplicou também na diminuição ou aumentoconsideráveis no grau de abertura, o que podeser visualizado pela dispersão dos pontos daFigura 3.

ConclusõesConclui-se que as três variações eminstrumentos para medidas de abertura dedossel apresentam-se equivalentes ecorrelacionáveis. A amostragem realizada naformação florestal da trilha da cascatinha,PESCAN-GO, mostra que o dossel apresentamédia de 8,78 a 9,48% de abertura, paradossel que varia de 5 a 13 metros de altura,assim mostrando uma heterogeneidade nascondições de iluminação.

Referências bibliográficas

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0 50 100m

PortariaTrilha doParedão

NmMirante

Cascatinha

Figura 1. Distribuição dos pontos de amostragem da cobertura de dossel seguindo a trilha dacascatinha, PESCAN-GO.

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Dconc Dconv FotoEquipamento utilizado

0

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20

30

Aber

tura

do

doss

el (%

)

Figura 2. Variações do grau de abertura do dossel utilizando três equipamentos usuais dedeterminação, em formação florestal na Trilha da Cascatinha, PESCAN-GO. Dconc =Densiômetro côncavo; Dconv = Densiômetro convexo; Foto = Foto hemisférica.

0

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4

6

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0 2 4 6 8 10 12 14 16

Altura do dossel (m)

Abe

rtur

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dos

sel (

%)

Figura 3. Relação entre a altura e o grau de abertura do dossel em 18 pontos no interior deformação florestal no PESCAN-GO.

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G 3.1 Relações alométricas de espécies arbóreas da família Vochysiaceae noParque Estadual da Serra de Caldas Novas – GO

Adriana Fernandes, Ben Hur Marimon Junior, Emanuele Pomini, Laudicéa F. Lima e RaquelRibeiro

Orientador: Flavio Santos

IntroduçãoAlometria consiste no estudo da mudança nasproporções de diferentes estruturasmorfológicas de um organismo comoconsequência do crescimento, influenciandoa maneira pela qual plantas e animais seadaptam às condições do meio ambiente(Ricklefs, 1996).

Estudos comparativos decaracterísticas morfométricas sãoamplamente utilizados na investigação deprocessos evolucionários e diferençasadaptativas entre espécies arbóreaspertencentes a grupos próximos (Sposito &Santos, 2001).

Os diferentes tipos fitofisionômicosencontrados no bioma Cerrado estãorelacionados a diferentes condiçõesambientais, onde indivíduosfilogeneticamente próximos podemapresentar uma grande variação em suascaracterísticas alométricas. Em ecologia,taxas de processos e dimensões dos objetosestão frequentemente relacionados, de acordocom a equação:

logY = log a +blog X

onde Y e X representam as variáveis a seremtestadas, a a inclinação da reta e b é chamadade constante alométrica, que pode assumirvalores acima e abaixo de 1, representando,respectivamente, relação direta e inversaentre X e Y. Quando b assume valor igual a1, esta relação é chamada isométrica, onde osvalores para X e Y aumentam na mesmaproporção (Ricklefs, 1996).

Em formações florestais, espéciesarbóreas alocam recursos para um rápido

crescimento em altura e ocupação do espaço,principalmente devido à competição porluminosidade. Desta forma, as espéciestendem a apresentar indivíduos de grandeporte, com ponto de inversão morfológicaaproximando-se de 2. Situação diferente podeocorrer em áreas de cerrado, ondepredominam espécies arbustivo-herbáceas e aluminosidade não é um recurso limitante,permitindo, assim, o crescimento mais lento,em que o ponto de inversão morfológicatende a aproximar-se de 1 (Sposito & Santosa, 2001).

O objetivo deste estudo foi avaliaras relações alométricas entre três gêneros dafamília Vochysiaceae (Salvertia, Vochysia eQualea) presentes em áreas de platô eencosta de Cerrado no Parque Estadual deSerra de Caldas Novas (GO), a fim deverificar a existência de um padrãomorfométrico.

Material e MétodosO Parque Estadual da Serra de Caldas Novas(PESCAN), está situado na região sudeste doEstado de Goiás, com área de 12.500 ha emformato elíptico. A altura média da serra é de1.043m, com desníveis de 150m em relaçãoàs áreas do entorno. O topo é constituído porum grande platô, onde a vegetaçãopredominante é a de Cerrado sensu strictu epor encostas com afloramentos rochosos queformam muralhas naturais, prevalecendovegetação do tipo campo rupestre (Santos,2003).

A família Vochysiaceae apresentasete gêneros e cerca de duzentas espécies,com distribuição principalmente neotropical

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(Ribeiro et.al., 1999). Dentre os gênerospertencentes a esta família, Vochysia,Salvertia e Qualea, podem ser facilmenteencontradas nas áreas do PESCAN.

Nas áreas de platô e encosta noPESCAN, em 1 de agosto de 2003, foramamostrados ao acaso, à medida em que eramavistados, indivíduos de três gênerosSalvertia, Vochysia e Qualea(Vochysiaceae). De cada indivíduo foramtomados a altura do fuste, o perímetro àaltura do solo (PAS) e estimada a altura total.Para fins de cálculos das taxas de ramificação(TR) dos indivíduos, foram contados onúmero de ramificações por ordem decomplexidade e em seguida foi aplicada afórmula abaixo:

TR = Rn/Rn+1,No qual Rn é o número de ramos presentesem cada ordem.

Foram calculadas as relações entrealtura total e altura de fuste, e altura do fustee taxa de ramificação. Para verificar a relaçãoentre altura e diâmetro (log – log) foiutilizada regressão linear .

Resultados e DiscussãoForam amostrados 38 indivíduos pertencentesa três gêneros de Vochysiaceas. As espéciesencontradas nas áreas de platô foram Qualeagrandiflora (n = 2), Q. multiflora (n = 2), Q.parviflora (n = 3), Salvertiaconvallarioeodora (n = 1), Vochysia elliptica(n = 1) e V. cinnamomea (n = 2). Na área deencosta foram encontradas apenas duasespécies, S. convallarioeodora (n = 12) e V.elliptica (n = 14), que foram as maisfrequentes.

A taxa de ramificação variou de 2,4 a6,0 (Tab.1) não demonstrando um padrãodicotômico de crescimento, uma vez que esteé verificado quando TR = 2. A altura totaldos indivíduos foi maior em S.convallarioeodora em áreas de platô (8,0 m)e de encosta (3,3 m). A altura do fuste varioude 0.23 a 1.50 m entre as espécies maisfreqüentes (Figura 1).

Os indivíduos apresentaram o mesmopadrão de ramificação em relação a altura,ramificando entre 1/4 e 1/2 da sua altura total(Figura 2). Nas relações alométricasverificadas por Spósito & Santos (2001) paratrês espécies do gênero Cecropia, foramencontradas diferenças significativas para aaltura da primeira ramificação na florestaamazônica. Em ambientes de matas noPantanal de Mato Grosso do Sul, Camilo-Alves et al. (2001) encontraram para espéciesarbóreas indivíduos com ramificações abaixode 2/3 da altura total. Tais resultados indicamque as espécies amostradas no cerrado, emáreas alagadas e em áreas de mata diferem naaltura de ramificação devido a variações naspressões ambientais.

Não houve relação entre a altura dofuste e a taxa de ramificação (R2 = 0.14), ouseja, as espécies não apresentaram um padrãode complexidade de ramificações em relaçãoà altura do fuste (Figura 3). A altura do fustevariou entre 0.23 e 2.05, apresentando taxa deramificação de 3.0 e 3.2, respectivamente.Enquanto a taxa de ramificação variou de2.45 a 6.0, com respectivas alturas de fuste de1.57 e 1.90 m.

As regressões lineares de diâmetro ealtura demonstraram a existência de umarelação significativa (F = 36.7; p < 0.0001),com constante de proporcionalidade de 0.5(b) e inclinação da reta de 1.01, indicandouma relação diretamente proporcional entrelog. altura e log diâmetro (Figura 4).

ConclusãoA família Vochysisceae apresentou umaúnica tendência para as relações alométricastestadas, com exceção da relação entre alturade fuste e taxa de ramificação.

Referências

CAMILO-ALVES, C.S.P.; MELO, F.P.;TEIXEIRA, R.C.; RAMOS, J.V.R. &PAULINO-NETO, H.F. 2001. Variaçãonas relações morfométricas de plantas

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arbóreas que ocorrem em baías e salinasdo Pantanal da Nhecolândia. 88-90p. InEcologia do Pantanal. CAMARGO, G.,LONGO, S.Y.S., AMARAL, P.P.do,SANTOS, M.C.dos & FISCHER, E.(orgs). Oeste. Campo Grande, MS. 236pp.

RIBEIRO, J.L. da S.; HOPKINS, M.J.G.;VICENTINI,A.; SOTHERS, C.A.;COSTA, M.A.da S.; BRITO, J.M.D.;SOUZA, M.A.D. de.; MARTINS, L.H.P.;LHOUMANN, L.G.; ASSUNÇÃO,P.A.C.L.; PEREIRA, E.C.; SILVA, C.F.da.; MESQUITA, M.R. & PROCÓPIO,L.C. 1999. Flora da reserva Duche: guiade identificação de uma floresta de terrafirme na Amazônia Central. INPA/DFID,Manaus. 816pp.

RICKLEFS, R.E.1996. A Economia daNatureza. 3a ed. Guanabara Koogan. Riode Janeiro, RJ. 470pp.

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Tabela 1. Valores morfométricos para seis espécies da família Vochysiaceae em áreas de Platô (P) e encosta (E) em cerrado s.s. no PESCAN.

Número de ramosEspécie Local H (m) HF(m) PAS(cm) DAS(cm) 1o 2o 3o 4o 5o TR

Qualea grandiflora P 7.50 1.57 92 29.28 35 14 5 2 1 2.45Qualea grandiflora P 6.50 1.59 84 26.74 142 42 10 2 1 3.65Qualea multiflora P 3.40 0.72 32 10.19 21 9 1 0 0 5.67Qualea multiflora P 3.15 0.7 34 10.82 22 6 2 1 0 2.89Qualea parviflora P 3.80 1.92 44 14.01 17 6 2 1 0 2.92Qualea parviflora P 2.60 0.56 28 8.91 18 4 1 0 0 4.25Qualea parviflora P 5.00 0.95 35 11.14 20 7 2 1 0 2.79Salvertia convallarioeodora P 8.00 2.05 138 43.93 98 34 11 3 1 3.16Vochysia cinnamomea P 4.00 0.83 39 12.41 72 20 5 2 1 3.03Vochysia cinnamomea P 4.00 0.95 42 13.37 33 10 3 1 0 3.21Vochysia elliptica P 3.20 0.52 36 11.46 35 17 6 2 1 2.47Salvertia convallarioeodora E 2.60 0.65 34 10.82 46 17 5 1 0 3.05Salvertia convallarioeodora E 1.85 0.55 38 120.32 12 3 1 0 0 3.50Salvertia convallarioeodora E 1.75 0.8 27 8.59 7 2 1 0 0 2.75Salvertia convallarioeodora E 2.30 0.73 40 12.73 31 11 3 0 0 3.24Salvertia convallarioeodora E 2.30 0.93 34.5 10.98 29 11 4 1 0 2.69Salvertia convallarioeodora E 1.52 0.77 21 6.68 3 2 0 0 0 1.50Salvertia convallarioeodora E 2.10 0.85 39 12.41 11 3 1 0 0 3.33Salvertia convallarioeodora E 3.60 1.15 42 13.37 28 8 2 1 0 3.75Salvertia convallarioeodora E 1.90 0.76 34 10.82 15 4 1 0 0 3.88Salvertia convallarioeodora E 3.30 0.88 44 14.01 27 10 3 1 0 3.02Salvertia convallarioeodora E 1.55 0.23 21 6.68 3 1 0 0 0 3.00Salvertia convallarioeodora E 3.30 1.50 60 19.10 59 15 5 2 1 3.47Vochysia elliptica E 2.50 0.5 17 5.41 18 3 1 0 0 4.50Vochysia elliptica E 4.00 1.4 22 7.00 25 7 2 1 0 3.54Vochysia elliptica E 2.30 0.95 12 3.82 11 3 1 0 0 3.33Vochysia elliptica E 1.77 0.86 13 4.14 13 4 2 1 0 2.63Vochysia elliptica E 2.10 1.05 19 6.05 16 4 1 0 0 4.00

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cont. Número de ramos

Espécie Local Altura (m) Altura dofuste(m)

PAS(cm) DAS(cm) 1o 2o 3o 4o 5o TR

Vochysia elliptica E 2.10 1.10 18 5.73 19 4 1 0 0 4.38Vochysia elliptica E 2.50 0.91 13.5 4.30 25 6 2 1 0 3.58Vochysia elliptica E 3.20 0.82 19 6.05 31 10 3 1 0 3.22Vochysia elliptica E 3.50 1.35 27 8.59 64 19 5 1 0 3.58Vochysia elliptica E 1.90 1.90 10 3.18 6 1 0 0 0 6.00Vochysia elliptica E 3.20 1.35 18 5.73 21 6 2 1 0 3.25Vochysia elliptica E 2.50 1.01 21 6.68 16 5 2 1 0 2.85Vochysia elliptica E 2.30 0.94 18 5.73 40 10 3 1 0 3.67

Altura (H); altura do fuste(HF); perímetro a altura do solo (PAS); diâmetro a altura do solo (DAS) e taxa de ramificação (TR).

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0.00

0.50

1.00

1.50

2.00

2.50

3.00

3.50

Hmax Hmin Hfmax Hfmin

Altu

ra (m

)

S. convallarioeodora��� V. elliptica

Figura 1. Variação da altura total (Hmax e Hmin) e altura do fuste (Hfmax e Hfmin) das espéciesS. convallarioeodora e V. elliptica na área de encosta do PESCAN.

0123456789

0.00 2.00 4.00 6.00 8.00 10.00

Altura Total (m)

Altu

ra d

o Fu

ste

(m)

IndivíduosHF = H/2HF = HHF = H/4

Figura 2. Relação entre a altura do fuste e altura total das seis espécies arbóreas da famíliaVochysiaceae nas duas áreas amostradas no PESCAN.

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Figura 3. Relação entre a taxa de ramificação e altura do fuste (m) de espécies arbóreas dafamília Vochysiaceae nas duas áreas amostradas no PESCAN.

Figura 4. Regressão do log da altura e log do diâmetro das seis espécies arbóreas deVochysiaceae no PESCAN.

y = 1.0102x + 0.5059R2 = 0.5122

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1log do diâmetro

log

da a

ltura

y = 1.8123x + 2.7889R2 = 0.1365

0.001.002.003.004.005.006.007.00

0.000 0.500 1.000 1.500Altura do Fuste

Tx d

e R

amifi

caçã

o

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G 3.2. VARIABILIDADE ESPACIAL NA PREDAÇÃO DE FRUTOS DESyagrus flexuosa L. f. (ARECACEAE) EM ÁREA DE CERRADO SENSU

STRICTO NO PARQUE ESTADUAL DE CALDAS NOVAS, CALDASNOVAS – GO

Maria Inês C. Moreno, Clarissa M.Knoechelmann, Iubatã Faria, Marcel R. Cavallaro & MariaAlice de Medeiros

Orientador: John Du Vall Hay

INTRODUÇÃOPor apresentarem nutrientes comocarboidratos, proteínas, lipídios e minerais,frutos e sementes são particularmenteprocurados por diversos animais (Lacerda etal. 2000). Uma semente pode servir dealimento durante grande parte do ciclo devida de uma espécie, como ocorre comalguns coleópteros que depositam seus ovosnos frutos e as larvas se desenvolvem nointerior da sementes, até atingirem o estágiode pupa (Begon et al. 1996).

As palmeiras (Arecaceae) são umadas maiores famílias de plantas do mundo e,pela forma e aspecto, a mais característica daflora tropical (Ribeiro et al. 1999). Syagrusflexuosa produz frutos drupóides, de formaelipsóide, amarelo-esverdeado de cerca de3x2 cm, com maturação a partir desetermbro, sendo utilizado popularmente naalimentação (Almeida et al. 1998). Segundoo mesmo autor esta espécie ocorre emcerradão, cerrado e mata.

O presente estudo teve como objetivoverificar o grau de predação em Syagrusflexuosa ao longo de uma linha amostral.

MATERIAL E MÉTODOSA coleta de dados foi realizada em área decerrado sensu stricto no platô do ParqueEstadual de Caldas Novas (PESCAN). Osindivíduos foram amostrados em cincopontos ao longo de uma das estradas deserviço do parque, numa distância total de 2,8km.

Em cada ponto de coleta foi anotada acoordenada geográfica e em cada ponto foicoletado seis indivíduos, três de cada lado daestrada. Em cada indivíduo foi medida aaltura da inserção do cacho de frutos emrelação ao solo. Cada indivíduo foirepresentado por um cacho. Para cada cachofoi contado o número de frutos. Destes,sorteamos 15 frutos e tomamos medidas decomprimento e largura, com um paquimetro.Em seguida, cada fruto, foi cuidadosamenteaberto para a verificação do endosperma(intacto, abortado ou predado). Quando eraencontrada predação, as larvas presentesforam fixadas em álcool 70%.

Para análise dos dados foi utilizado oprograma BioEstat (2.0) onde foramrealizados testes Qui-quadrado e, quandonecessário, correção do coeficiente de Yates.

RESULTADOS E DISCUSSÃOAs coordenadas geográficas de cada pontoencontram-se na tabela 1. No total foramamostrados 30 indivíduos com 1185 frutos.Dos 434 frutos analisados, 136 estavampredados, 291 intactos e 7 abortados. Alargura dos frutos variou de 14 - 27 mm e ocomprimento de 26 - 47 mm. A altura deinserção dos cachos variou de 0,5 - 1,89 m,apresentando uma média de 1,12 m.

Ao analisar os pontos individualmente(predação do lado esquerdo e direto daestrada) e comparando os dois lados daestrada, ponto a ponto, foi observadapredação significativa em alguns pontos(Tabelas 2 e 3, respectivamernte).

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Os pontos mostraram-sesignificativamente predados tanto do ladodireito e esquerdo da estrada (Tabela 4),assim como entre todos os indivíduosamostrado (χ2 = 54,629; p < 0).

Os resultados mostram que a predaçãode frutos de Syagrus flexuosa é espacialmentevariável na área amostrada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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RIBEIRO, J.E.L.S.; HOPKINS, M.J.;VICENTINI, A.; SOTHERS, C.A.;COSTA, M.A.S.; BRITO, J.M.; SOUZA,M.A.D.; MARTINS, L.H.P.; LOHMAN,L.G.; ASSUNÇÃO, P.A.C.L.; PEREIRA,E.C.; SILVA, C.F.; MESQUITA, M.R. &PROCÓPIO, L.C. Flora da ReservaDucke. Guia de identificação das plantasvasculares de uma floresta de terra firmena Amazônia Central. Manaus: INPA,1999. 816p.

Tabela 1. Coordenadas geográficas dos pontos amostrados.

Ponto Coordenadas1 17o46’40,4”S 48o40’15,0”W2 17o46’42,7”S 48o 40’28,2”W3 17o 46’38,4”S 48o40’48,4”W4 17o46’36,1”S 48o41’18,8”W5 17o46’35,1”S 48o41’49,3”W

Tabela 2. Predação de frutos de Syagrus flexuosa, em agosto de 2003, cada lado da estrada porponto amostrado no PESCAN. Valores em negrito são significativos.

Ponto Lado direito Lado esquerdoχ2 p χ2 p

1 14.608 0.0007 15.841 0.00042 37.626 p < 0 2.46 0.29113 2.143 0.3425 19.459 0.00014 10.489 0.0053 3.343 0.1885 8.79 0.0123 6.855 0.0325

Tabela 3. Predação de frutos de Syagrus flexuosa, em agosto de 2003, entre os lados da estradaponto a ponto no PESCAN. Valores em negrito são significativos.

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Ponto χ2 p1 2.139 0.14362 3.559 0.05923 1.657 0.1984 32.545 p < 05 0.566 0.4518

Tabela 4. Predação de frutos de Syagrus flexuosa em agosto de 2003, entre cada lado da estradano PESCAN. Valores em negrito são significativos.

Lado da estrada χ2 pDireito 72.561 p < 0Esquerdo 28.633 p < 0

0.0

10.0

20.0

30.0

40.0

50.0

60.0

70.0

80.0

90.0

1 2 3 4 5

Pontos

Frut

os p

reda

dos

(%)

Figura 1. Porcentagem de predação de Syagrus flexuosa, em agosto de 2003, ao longo dos pontosamostrados, no PESCAN. Barras preenchidas – lado direito da estrada; barras vazias – ladoesquerdo.

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G3.3- FONTES DE ALIMENTO PARA FORMIGAS EMINFLORESCÊNCIA DE VOCHYSIA ELLIPTICA MART. EM ÁREA DE

CERRADO NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DE CALDAS NOVAS,GO

Ana Luiza Rios Caldas, Ana Paula de Oliveira, Edivane Cardoso, Pablo S.T. Amaral, PauliniaAraujo Ribeiro

Orientação: Profa. Dra. Helena Castanheira Morais

IntroduçãoSegundo Begon et al. (1990), os nectáriosestão presentes nas partes vegetativas dasplantas em pelo menos 39 famílias e emmuitas comunidades no mundo todo. Estesmesmos autores afirmam que enquanto osnectários nas flores são facilmenteinterpretados como atrativos parapolinizadores, o papel dos nectários extraflorais nas partes vegetativas não é bemconhecido. Eles claramente atraem formigas,algumas vezes em vasto número, mas existeuma controvérsia entre os "protecionistas"(formigas visitando os nectários protegem asplantas de herbívoros), e os"exploracionistas" (as formigas protegem osherbívoros cujos exudatos são consumidospor elas).

O sucesso ecológico de formigas éatribuído ao modo de vida social, abundânciano local e diversidade de adaptações (Wilson,1987 apud Oliveira et al., 2002). Muitosfatores contribuem para a ubiqüidade deformigas na folhagem de plantas do Cerrado,entre eles, o fato dos caules de muitas plantasserem ocos (Oliveira et al., 2002).

O alimento é um fator importante nadistribuição de insetos, devidoprincipalmente à especificidade alimentar demuitos insetos, existindo também, por outrolado, insetos inespecíficos, com maiordisponibilidade de distribuição. A abundânciados insetos está, dessa forma, na dependênciado maior ou menor suprimento de alimentos(Silveira Neto et al., 1976).

O presente trabalho teve como objetivoidentificar que tipo de recurso é fornecido aespécies de formigas que freqüentaminflorescências de Vochysia elliptica Mart(Vochysiaceae) no final do período defloração, tendo assim menor quantidade denéctar, em uma área de cerrado do ParqueEstadual da Serra de Caldas Novas, GO.

Material e MétodosO estudo foi realizado em agosto de 2003, noParque Estadual da Serra de Caldas Novas,nas imediações do Mirante da Pousada deRio Quente. Foram observados,aleatoriamente, 30 indivíduos de Vochisiaelliptica.

A família Vochysiaceae écaracterizada pelo hábito arbóreo ouarbustivo. As inflorescências possuemnectário floral na extremidade de uma formade esporão, ou calcar (Ribeiro et al, 1999).Na área estudada foi observado que a maioriadas inflorescências já haviam sido abertas porpolinizadores (final do período de floração).

Em cada indivíduo foi observada apresença de formigas nas inflorescências.Nos casos positivos, foi determinado oestágio de maturação da inflorescência (novaou velha), além da morfo-espécie ecomportamento das formigas a fim deinvestigar a sua fonte de alimento (néctar daflor, exudato ou mesmo outros insetos, nocaso de formigas predadoras).

Após a observação descrita, cominflorescências dos ramos freqüentados porformigas foram coletados para triagem em

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laboratório. Cada amostra foi observada emlupa para determinar a espécie de formiga edas outras espécies de insetos e outrosartrópodos presentes e que apresentavamalguma associação com formigas.

Resultados e DiscussãoDos 30 indivíduos observados, 24 tiveramformigas. Destes, 17 apresentaraminflorescências velhas e 7 inflorescênciasnovas. As espécies de formigas encontradasforam: Camponotus sp1, Camponotus sp2,Camponotus sp3 e Ectatomma sp. Foramencontradas homópteros, além de larvas delepdópteros e de coleópteros (Tabela 1).

Camponotus sp2 foi a espécie queocorreu com maior freqüência nos indivíduosamostrados, tendo sido observada no calcarda flor (nectário floral) e em presença dehomópteros que excretam exudatos, dos quaisse alimentam. No geral, todas as espécies deformigas foram encontradas eminflorescências velhas, provavelmente devidoao período final de floração em V. elliptica.Dos indivíduos nos quais foram observadasespécies de formigas, 83% apresentaramapenas uma espécie. Nos 17% restantes,ocorreram duas espécies de formigasassociadas, sendo: Camponotus sp1 eCamponotus sp3, em apenas um indivíduo, eCamponotus sp2 e Ectatomma, em trêsindivíduos.

Em sete amostras não foramencontradas outras espécies de insetosassociáveis às formigas, sugerindo que suapresença seria devido à disponibilidade denéctar na inflorescência.

Foi observada a presença dehomópteros e larvas de lepdópteros(Riodinidae) e de coleópteros, sendo oshomópteros mais frequentes (Tabela 1). Oshomópteros encontrados liberam exudatospara algumas espécies de formigas,recebendo proteção das mesmas, enquantoque as larvas não parecem lhes servir comorecurso alimentar (Helena C. Morais,comunicação pessoal). Nesse contexto, os

resultados sugerem que as formigas exploramos recursos da planta, como o néctar, além dese alimentarem dos exudatos liberados poressas espécies de homópteros, mas nãoprotegem a planta contra o ataque deherbívoros.

ConclusãoDiante dos resultados apresentados, épossível concluir que várias espécies deinsetos, tais como formigas, homópteros elarvas de lepdópteros e coleópteros, estãoexplorando os recursos alimentaresoferecidos pelas inflorescências de V.elliptica. Além disso, ocorrem diversasespécies de formigas, predadoras comoEctatomma e onívoras como Camponotus,que estão explorando os recursos da planta,uma vez que estas espécies parecem não lhesoferecer proteção contra herbívoros.

Referências Bibliográficas

BEGON, M.; HARPER, J.L. & TOWSEND,C.R. 1990. Ecology: Individuals andcommunities. Blackwell ScientificPublications: London, 945 p.

OLIVEIRA, P.S.; FREITAS, A.V.L. & DEL-CLARO, K. 2002. Ant foraging on plantfoliage: contrasting effects. In: TheCerrados of Brazil. OLIVEIRA, P.S. &MARQUIS, R. (eds.). ColumbiaUniversity Press, New York, pp. 287-305.

RIBEIRO, J.E.L. da S.; HOPKINS, M.J.G.;VICENTINI, A.; SOTHERS, C.A.;COSTA, M.A.S.; BRITO, J.M.; SOUZA,M.A.D.; MARTINS, L.H.P.; LOHMANN,L.G.; ASSUNÇÃO, P.A.C.L.; PEREIRA,E.C.; SILVA, C.F. & MESQUITA, M.R.;PROCÓPIO, L.C. 1999. Flora da reservaDucke: guia de identificação das plantasvasculares de uma floresta de terra-firmena Amazônia Central. Manaus: INPA. 816p.

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SILVEIRA NETO, S.; NAKANO, O.BARDIN, D. & VILLA NOVA, N.A.1976. Manual de ecologia dos insetos.

Editora Agronômica Ceres, São Paulo,419 p.

Tabela 1. Espécies de formigas e outros insetos encontrados em inflorescências de Vochysiaelliptica, em área de cerrado no Parque Estadual da Serra de Caldas, GO. n = número deinflorescências das associações encontradas.

InflorescênciaEspécie Freqüência deocorrência Nova Velha Homoptera (n) Outros

Camponotus sp 1 8 1 7Afídeos (6)Homoptera/ morfo sp(2)

Larva Riodinidae (1)

Camponotus sp 2 11 5 6

Afídeos (6)Homoptera/ morfo sp(1)Membracídeo (1)

Larva de Coleoptera

Camponotus sp 3 5 1 4Afídeos (2)Homoptera/ morfo sp(1)

-

Ectatomma 3 2 1 Afídeo (1) Vespa parasita deAfídeo (1)

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G 4.1 -Comportamento Territorial de Tropidurus torquatus (Squamata:Tropiduridae) no PESCAN

Adriana Fernandes, Ben Hur Marimon Junior, Emanuele Pomini, Laudicéa F. Lima e RaquelRibeiro

Orientador: Alexandre F.B. Araujo

IntroduçãoOs lagartos do gênero Tropidurus sãodiurnos, abundantes e amplamentedistribuídos no Brasil, com espéciesocorrendo na floresta Amazônica, Cerrado,Caatinga, e Mata Atlântica (Araújo, 1987).No cerrado do Brasil Central, várias especiesde Tropidurus co-ocorrem em grupos de doisa quatro indivíduos, mesmo em habitatshomogêneos e abertos, como afloramentosrochosos (Rodrigues, 1987). Neste caso,apresentam comportamento territorialista,dada a homogeneidade deste tipo deambiente, (Carpenter, 1977).

As espécies de Tropidurus quehabitam áreas rochosas no cerrado doPESCAN devem apresentar o comportamentoterritorialista característico, com emissão dossinais característicos de alerta e comunicação,tais como o balançar de cabeça, o levantar decauda pela fêmea e/ou o ataque a outrosindivíduos para a defesa do território(Carpenter, 1977).

O objetivo deste trabalho é verificar ocomportamento de Tropidurus torquatus coma presença de outro indivíduo macho oufêmea na área de sua residência através daoferta de marionetes vivas.

MetodologiaFoi investigado o comportamento territorialde Tropidurus torquatus comparando tipo,frequência e tempo empregado em posturasagrressivas e não agressivas de lagartosresidentes durante a manipulaçãoexperimental de invasores intraespecíficos.

O experimento foi conduzido em umaárea de cerrado sensu stricto no PESCAN,

GO, próximo à sede do parque, durante operíodo de seca (agosto 2003). A maior partedo parque é representada pelo cerrado s.s epor campo rupestre em áreas de afloramentosrochosos. Os dados foram coletados no dia 4de agosto de 2003, no período entre 9:00 e12:00h, onde os indivíduos adultosapresentam maior atividade. Foramconsiderados adultos lagartos comcomprimento rostro-anal superior a 60 mm.

Para simular a invasão, os lagartosresidentes (focais) foram expostos a outroindivíduo adulto (marionete), preso a umavara de pesca através de um de fio dental.Para a captura da marionete foi utilizada umavara de pesca munida de uma laçada naextremidade.Após a exposição do invasor ao residente,este era, sempre que possível, capturado,identificado, sexado, medido e soltonovamente. Foram tomadas as medidas depeso e comprimento rostro.

Foram descritas as posturasrelacionadas com a comunicação entre oindivíduo focal e a marionete, tendo sidoescolhidas para análise as posturas maisimportantes. Os comportamentos procuradosforam flexões; flexões de cabeça; perseguir;morder; montar; arquear a cauda; arquear acoluna; levantar a cauda; ficar imóvel; lambera pedra; lamber outro lagarto; saltar; fugir,entre outros. Estas situações foram criadaspara observar e medir a semelhança eintensidade dos comportamentos quesugerem efeitos de competiçãointraespecífica.

A hipótese de diferença entre asposturas de comportamentos com a exposição

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de machos e fêmeas foram testadas através deum teste χ2 em nível de significância de 5%.

Resultados e DiscussãoForam observados 12 lagartos, sendo quepara 66% deles (8 inds) foi oferecido amarionete fêmea e para o restante foioferecido apenas o macho, simulando umainvasão de sítio de residência.

O peso dos lagartos variou de 6 a 75g, sendo o macho marionete o indivíduo commaior peso e comprimento rostro-anal(Tabela 1), o que pode ter influenciado naresposta dos indivíduos focais. Houve umacorrelação positiva (r2 = 0.7969) entre ocomprimento rostro-anal e o peso doslagartos, sendo esta uma relação direta, ouseja, a medida que o animal cresce há umaumento de peso (Figura 1), indicando queindivíduos maiores e mais fortes podemapresentar um melhor potencial de defesa deterritório, intimidando lagartos menores.

Não houve diferença significativaentre o comportamento dos indivíduos focaisquando oferecidos macho e fêmea (Exato deFisher = 1,00). Todos os indivíduosapresentaram comportamento territorial(Tabela 2).

A primeira reação dos indivíduosfocais com a presença das marionetes foi oreconhecimento do indivíduo invasor atravésda emissão do sinal de balançar lateralmenteou verticalmente a cabeça. Essereconhecimento foi seguido de uma outraresposta, a de ficar ou a de fugir. O indivíduofocal que foge com a presença do marionetepode ser interpretado como uma fuga aoacaso ou como intimidação em relação aoinvasor.

No caso do indivíduo focalpermanecer, dois tipos de respostas podemser esperadas: (1) a de ficar imóvel tolerandoa presença do invasor ou (2) atacar. Todos oslagartos focais que não fugiram no primeiro

contato com a marionete, não demonstraramcomportamento de ataque, talvez devido aotamanho superior do macho que pode terinfluenciado na resposta de ataque do lagarto(intimidação). O mesmo comportamento foiobservado quando a marionete fêmea eraoferecida aos lagartos residentes. No entanto,no território de um lagarto macho podemcoexistir mais de uma fêmea, o que poderiajustificar a tolerância dos residentes àpresença da fêmea invasora.

ConclusãoOs lagartos Tropidurus torquatus residentesno Parque de Caldas Novas, próximo aoalojamento, apresentam comportamentoterritorialista, emitindo sinais de balançar acabeça lateral e verticalmente e fugir, nãodemonstrando sinais de ataque ao invasormacho ou fêmea. A resposta dos indivíduosresidentes à presença de um invasor podeestar relacionada ao sexo, ao tamanho, ouainda, ao comportamento do invasor.

Referências

Araujo, A. F. B., 1987. Comportamentoalimentar dos lagartos: o caso dosTropidurus do grupo torquatus da Serra deCarajás, Pará (Sauria: Iguanidae). Encont.An. Etol. V: 203-234.

Carpenter, C.C., 1977. The agressive displaysof three species of south american iguanidlizards of the genus Tropidurus.Herpetologica 33: 285-289.

Rodrigues, M. T., 1987. Sistemática, ecologiae zoogeografia dos Tropidurus do grupotorquatus ao Sul do Rio Amazonas(Sauridae, Iguanidae). Arq. Zoo: 31: 105-230.

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Tabela 1. Medidas morfométricas de lagartos Tropidurus torquatus do PESCAN – GO.

Indivíduo Rostro-anal Peso (g)Fêmea Marionete 68 14

Macho Marionete 120 75Residente 1 (F) 53.7 6Residente 2 (M) 82 11Residente 3 67 21.5Residente 4 (F) 76 16.5

Tabela 2 – Tipo de comportamento apresentado por indivíduos de Tropidurus na presença demarionetes macho e fêmea, simulando a invasão de sua área de vida.

ComportamentoMarionetes Territorial NeutroFêmea 8 0Macho 3 0

Figura 1. Regressão linear do comprimento rostro-analencontrados no PESCAN, GO.

0

20

40

60

80

100

120

140

0 10 20 30 40Peso (g)

Com

pr. R

ostro

-ana

l (m

m)

Y = -46.46X + 0.8878R2= 0.7969

e do peso dos Tropidurus torquatus

50 60 70

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G 4.2. DISTRIBUIÇÃO DE Wunderlichia mirabilis Riedel & Baker(ASTERACEAE) EM GRADIENTE ALTITUDINAL NO PARQUE

ESTADUAL DA SERRA DE CALDAS NOVAS – GO

Clarissa M. Knoechelmann, Iubatã P. Faria, Marcel R. Cavallaro, Maria Alice de Medeiros &Maria Inês C. Moreno

Orientador: Ernestino de Souza Gomes Guarino

INTRODUÇÃOFatores ambientais tais como profundidadedo solo, rochosidade e declividade produzemuma grande variedade de situaçõesambientais. Gradientes florísticos sãorelacionados com condições hidricas e fatoresedáficos associados à declividade etopografia (Gartlan et al. 1986; Oliveira-Filho et al. 1989; Basnet 1992; Van DenBerg & Oliveira-Filho 1999).

A família Asteraceae é consideradacomo a maior entre as angiospermas comaproximadamente 25.000 espécies. Éencontrada em todos os continentes excetoAntártica apresentando um maior número deespécies em formações campestres emontanhosas. A principal característica éinflorescência na forma de capítulo, que noconjunto se assemelha a uma única flor; aunidade morfológica dessa inflorescência émantida pelas brácteas involucrais, às vezescom aparência foliácea, dispostas em umaúnica série ou mais (Ribeiro et al.1999).

O gênero Wunderlichia ocorre emlocais de encosta com solo raso e rochoso.Pouco se sabe sobre o gênero por ser raro eendêmico de algumas áreas do cerrado. Oobjetivo deste estudo foi caracterizar adistribuição relacionada ao perfil topográficode Wunderlichia mirabilis além decorrelacionar alguns caracteres vegetativoscom sua posição ao longo do perfil.

METODOLOGIAO presente estudo foi realizado em área decerrado rupestre no Parque Estadual da Serrade Caldas Novas (PESCAN). O cerrado

rupestre caracteriza-se por uma vegetaçãoarbórea ou arbustiva que ocorre emambientes rupestres (litólicos ou rochosos).Possui cobertura arbórea variando de 5-20%com altura média de 2-4 m e o estratoherbáceo é bem destacado. Neste ambiente osindivíduos arbóreos concentram-se nasfendas entre as rochas e a densidade évariável e dependente do volume de solo(Ribeiro & Walter 1998).

Foram feitos dois transectos, sendo oprimeiro de 10 x 150 m, à jusante da estradae o segundo de 10 x 200 m, à montante. Emcada transecto foram anotados a cada 10m aaltitude.

Foram medidos a distância doindivíduo em relação ao transecto, o diâmetroda base do tronco, o diâmetro da copa, aquantidade de flores, a quantidade de brotos eas alturas do indivíduo e da primeirabifurcação, em relação ao solo.

Os dados foram analisados com oauxílio do programa Systat 7.0 e BioEstat2.0. O nível de significância utilizado nostestes foi de 0.05.

RESULTADOS E DISCUSSÃOForam amostrados um total de 20 indivíduosde W. mirabilis ao longo dos dois transectos,com média de 58,63 brotos/ind. e 5,43flores/ind. As médias dos números deindivíduos, número de flores, número debrotos, altura do indivíduo e altura daprimeira bifurcação por classes de altitudeestão na tabela 1. O prefil de cada transecto éapresentado nas figuras 1 e 2.

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A distribuição dos indivíduosamostrados ocorreu ao longo de todo ogradiente altitudinal, exceto acima de 1000 m(área do platô) onde foi encontrado apenasum único indivíduo. Apesar, da presença deW. mirabilis na maioria das altitudes, asclasses entre 921-940 m e 941-960 m foramas que apresentaram maior número deindivíduos e com maior estatura (Figura 3).As médias das alturas dos indivíduos notransecto 1 foi igual a 3,84 ± 0,38 m (±desvio padrão) e no transecto 2 igual a 2,64 ±1,33 m e não diferiram entre si (t = -2.862; p= 0.0142; gl = 19).

As classes de altitude entre 921-940 me 941-960 m apresentaram, respectivamente,o maior número de brotos e flores (Figura 4).A média de flores por indivíduos no transecto1 foi igual a 7,22 ± 6,04 flores e no transecto2 igual a 3,73 ± 7,14 flores e diferiram entresi (t = 1.186; p = 0.252; gl = 19). Indivíduosobservados em menor altitude podem termaior disponibilidade de nutrientes, o quepode explicar a maior número médio deflores por indivíduos que estando em locaismais baixos do relevo recebem um maioraporte de nutrientes vindo da parte maiselevada do relevo podendo assim investir emreprodução.

A média do número de brotos nosdois transectos é igual (t = -3,253; p = 0,009;gl = 19). A média da altura de bifurcação nosdois transectos foi 0,76 ± 0,28 m e 0,75 ±0,48 m, nos transectos 1 e 2, respectivamente.Para o caso analisado a posição topográficanão exerceu influência.

CONCLUSÃOConcluímos que no intervalo de altitudeanalisado não houve variação na densidadedos indivíduos de W. mirabilis. No PESCANesta espécie apresenta distribuição restrita aáreas de cerrado rupestre com predomínio deneossolos litólicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BASNET, K. 1992. Effect of topography onthe pattern of trees in Tabonuco(Dacryodes excelsa) dominated rain forestof Puerto Rico. Biotropica. 24: 31-42.

GARTLAN, J.S., NEWBERY, D.McC.,THOMAS, D.W. & WATERMAN, P.G.1986. The influence of topography andsoil phosphorus on the vegetation ofKorup Forest Reserve, Cameroun.Vegetatio. 65: 131-148.

OLIVEIRA-FILHO, A.T., VILELA, E.A.,GAVILANES, M.L. & CARVALHO,D.A. 1989. Comparison of the woodyflora and soils of six areas of montanesemideciduous forest in southern MinasGerais, Brazil. Edinburgh Journal ofBotany. 51: 355-389.

RIBEIRO, J.F. & WALTER, B.M.T. 1998.Fitofisionomias do bioma cerrado. In:Cerrado: ambiente e flora. Sano, S.M. &Almeida, S.P. (eds.). Planaltina:Embrapa/CPAC.

RIBEIRO, J.E.L.S.; HOPKINS, M.J.;VICENTINI, A.; SOTHERS, C.A.;COSTA, M.A.S.; BRITO, J.M.; SOUZA,M.A.D.; MARTINS, L.H.P.; LOHMAN,L.G.; ASSUNÇÃO, P.A.C.L.; PEREIRA,E.C.; SILVA, C.F.; MESQUITA, M.R. &PROCÓPIO, L.C. Flora da ReservaDucke. Guia de identificação das plantasvasculares de uma floresta de terra firmena Amazônia Central. Manaus: INPA,1999. 816p.

VAN-DEN-BERG, E. & OLIVEIRA-FILHO, A. T. 1999. Spatial partitioningamong tree species within an area oftropical montane gallery forest in south-eastern Brazil. Flora. 194: 249-266.

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Tabela 1. Parâmetros de Wunderlichia mirabilis observados pela classe de altitude no ParqueEstadual da Serra de Caldas Novas.

Classes dealtitude (m)

Número deindivíduos

númerode flores

númerode brotos

Altura média doindivíduo (m)

Altura média da1a birfucação (m)

881-900 4 24 256 3.73 0.79901-920 3 9 148 2.23 0.28921-940 3 35 107 3.52 0.86941-960 5 32 522 3.60 0.87961-980 1 5 29 5 0.55981-1000 3 1 81 1.78 0.541001-1020 1 0 0 3.1 0.95

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840

860

880

900

920

940

960

980

0 20 40 60 80 100 120 140

Altitude (m

D istância (m )

Figura 1. Perfil topográfico do primeiro transecto amostrado.

Altitude (m

)

8 40

860

880

900

920

940

960

980

1000

1020

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

D istância (m )

Figura 2. Perfil topográfico do segundo transecto amostrado.

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0

1

2

3

4

5

6

881-900 901-920 921-940 941-960 961-980 981-1000 1001-1020

A ltitude (m )

n indalt média

média bif

Figura 3. Número de indivíduos (n ind), altura média (alt média) e média da altura da primeirabifurcação (média bif) de W. miriabilis em gradiente altitudinal no PESCAN.

0

100

200

300

400

500

600

881-900 901-920 921-940 941-960 961-980 981-1000 1001-1020

Altitude (m)

Núm

ero

de in

diví

duos

n broto

n f lores

Figura 4. Classes de altitude com respectivos números de frutos e brotos de W. miriabilis noPESCAN.

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G4.3- SUCESSO REPRODUTIVO DE QUATRO ESPÉCIES DEARECACEAE EM CERRADO, PARQUE ESTADUAL DE CALDAS

NOVAS, GO.

Ana Luiza Rios Caldas, Ana Paula de Oliveira, Edivane Cardoso, Pablo S.T. Amaral, PaulinaAraújo Ribeiro

Orientação: Prof. Dr. John Hay

IntroduçãoSilva et al. (1996) citam vários autores queafirmam que o sucesso reprodutivo de plantaspode ser influenciado por uma série defatores tais como falta de nutrientes (Lloyd,1908; Stephenson, 1981), tamanho da planta(Weiner & Thomas, 1986), falta de pólen eou polinizador (Vaughton, 1991; Stephenson,1981), tamanho da inflorescência (James etal., 1994), morfologia da flor ouinflorescência (Ramirez & Berry, 1995),localização do fruto (Wyatt, 1982), númerode sementes (Janzen, 1979) e período defloração (James et al., 1994). Estes fatorespoderiam influenciar a produção debotões/flores/frutos da planta.A família Arecaceae é constituída pormonocotiledôneas comumente conhecidascomo palmeiras. É uma das maiores famíliasde plantas do mundo e é bem caracterizadapela forma e aspecto. Distribuem-seprincipalmente nos trópicos, raramentechegando até áreas subtropicais. Suas formasde crescimento são diversas, além deocorrerem nos mais variados ambientes eocuparem vários estratos das formaçõesvegetais. Muitas vezes tem caule solitário eaté mesmo caules subterrâneos (Ribeiro,1999).A taxa de reprodução é um importanteelemento de história de vida que mostra a"taxa" de indivíduos de diferentes idades emtermos da quantidade de futuras produções deprole. Sementes têm baixa taxa dereprodução, pois tem alta mortalidade após areprodução (Crawley, 1997).

Os objetivos deste experimento foram(1) Avaliar o sucesso reprodutivo, entre asfases de floração e frutificação, de quatroespécies de palmeiras do Cerrado; (2) avaliarse a quantidade de frutos produzidos porespécie é semelhante entre os indivíduos decada espécie; e, (3) verificar diferenças entrea quantidade de flores emitidas e aquantidade de frutos que se desenvolvem.

Material e métodosÁrea de estudo:O estudo foi realizado em área de cerrado notopo da serra do Parque Estadual de CaldasNovas, compreendendo duas áreas. Aprimeira localiza-se às margens de umaestrada de manutenção do parque, a cerca de990m de altitude, entre as coordenadas17o47´10,1" S e 48o40´10,2" W e 17o47'32,3"S e 48o40´22,1" W. A segunda área foiutilizada para incrementação do número deamostras de S. petraea e situa-se à sua bordaoeste, também às margens da estrada demanutenção.

Espécies estudadas:As espécies de Arecaceae estudadas foram:Syagrus flexuosa L. F., S. petraea (Mart.)Becc., Allagoptera leucocalyx (Mart.) O.Kuntze e Butia capitata (Mart.) Beccari. Naárea de estudo S. frexuosa e B. capitataapresentam caule lenhoso, enquanto que asdemais são acaules.

A espécie Syagrus flexuosa (Mart.)Becc. é conhecida popularmente comoakumá, aricuri, arikury, coco-babão, coco-de-quaresma, coqueiro-do-campo e palmito-do-

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campo. Pode ocorrer em cerradão, cerrado emata. Floração de janeiro a abril efrutificação com frutos jovens a partir dejaneiro, com maturação por volta desetembro. Palmeira monóica geralmentemedindo 1 a 2,5 m, raramente até 5 m. Florescom 1,5 a 2,5 cm de comprimento,unissexuais, actinomorfas, branco-amareladas, sésseis; flores masculinas apicaisnos ramos da inflorescência; flores femininasbasais nos ramos da inflorescência.

B. capitata tem como hatitat Cerradosensu stricto. A floração pode ser de maio ajunho e de outubro a novembro. Pode atingir4,0 m de altura e seu caule é curto. Suasflores são amarelas e o fruto é carnoso, oval,de coloração amarela quando maduro, alémde ser comestível (polpa) e bastantearomático. As folhas são utilizadas naprodução de vassoura (Silva, 1998).

Coleta de dados:Foram realizadas coletas aleatórias deinflorescências ainda fechadas einfrutescências desenvolvidas. Parainflorescências, foram coletados dadosrelativos ao comprimento da raquis nointervalo com flores e do intervalo comapenas flores femininas, o número de floresfemininas e a quantidade de floresmasculinas, sendo este último dado estimadopara as inflorescências de B. capitata, pelacontagem de número destas em 10 ramos daespiga. Para influtescência, foram obtidosdados relativos a quantidade de frutosdesenvolvidos, quantidade de floresfemininas abortadas, comprimento da ráquisno intervalo com flores femininas, além docomprimento e largura de até 6 frutos,quando disponíveis (todos quando em menornúmero).

Resultados e discussãoNão foram encontradas inflorescências deSyagrus flexuosa, certamente devido ao fatoda amostragem ter sido realizada apósperíodo de florescimento e ainda durante

processo de frutificação. Quanto às demaisespécies, foram analisadas duasinflorescências de Syagrus petrea (pequenafreqüência da espécie), cinco inflorescênciasde Butia capitata e quatro de Alagopteraleucocalyx.Para todas as espécies que apresentaraminflorescências para estudo, houve maiorprodução de flores femininas do quemasculinas. Ao todo, foram contadas, ouestimadas, 268 flores masculinas e 9516flores femininas de B. capitata, a qualapresentou a maior relação entre floresfemininas e masculinas, com média de 53,6flores masculinas por inflorescência e 1903femininas. Para S. petrea, foram encontradas49 flores masculinas e 168 femininas, commédia de 24,5 flores masculinas e de 84femininas por inflorescência,respectivamente. A. leucocalyx apresentoutotal de 653 flores masculinas e 2684femininas, portanto apresentando, em média,163,3 flores masculinas e 671 femininas porinflorescência, respectivamente (Figura 1).Nota-se que todas as espécies estudadasapresentam maior quantidade de floresfemininas do que flores masculinas.

Com relação a frutos, foramobservadas 10 infrutescências de cada umadas espécies estudadas, com exceção de S.petrea, da qual foram observadas apenasquatro, devido à menor quantidadeencontrada, provavelmente devido à pequenafreqüência de indivíduos ou pela amostragemter sido realizada após o período dedispersão, do qual não se obteve informações.

Das espécies estudadas, Alagopteraleucocalyx apresentou a maior média denúmero de frutos (97,8 frutos porinfrutescência), enquanto que Syagrus petreaapresentou a menor média de frutos porinfrutescência (6,0), e as demaisapresentaram quantidades intermediárias(Syagrus flexuosa - 33,5 e Butia capitata -23,8) (Figura 2).

Apesar da maior quantidade de frutos,A. leucocalyx apresentou a segunda maior

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taxa de aborto de frutos/flores. S. flexuosaapresentou a maior taxa de abortos (27,1%),enquanto que S. petrea e B.capitataapresentaram, em média, 14,5 e 12,9% deaborto, respectivamente (Figura 2).

Apesar do maior número de frutosproduzidos, A. leucocalyx apresentou asmenores dimensões do fruto, a qual tevemédia de 10,5 cm de comprimento e 8,6 cmde diâmetro. S. flexuosa apresentou asmaiores dimensões, a qual apresentou médiade 35 cm de comprimento por 15,7 cm dediâmetro. As duas demais espéciesapresentaram dimensões intermediárias,sendo que B.capitata apresentou média de19,7 cm de comprimento por 15,0 cm dediâmetro e S. petrea apresentou 15,7 x 13,5cm (Figura 2).

Nota-se que S. flexuosa investe naprodução de frutos maiores e que devemconter maior quantidade de polpa paraoferecer aos dispersores quando maduros,sendo portanto uma estratégia que devecompensar as perdas na produção. Com basenos dados referentes ao investimento dasespécies em produção de flores e àquantidade de frutos que atingem odesenvolvimento máximo, quandocomparado com as demais espéciesestudadas, nota-se que S. petrea investepoucos recursos na produção de flores etambém apresenta pequena produção defrutos, enquanto que A. leucocalyx produzmuitas flores e frutos, porém de pequenasdimensões.

ConclusõesConclui-se que espécies da família Arecaceaeapresentam variações na produção de flores,tamanhos e sucesso no desenvolvimento defrutos. S. petrea produz poucas flores etambém poucos frutos, enquanto que A.leucocalyx apresenta muitas flores e muitosfrutos, de pequenas dimensões, indicando

satisfatório sucesso na produção de frutos,porém investindo menor quantidade dematerial nesta produção. Ainda, apesar daausência de inflorescências, foi observadaespécie com frutos de grandes dimensões e,conseqüentemente, com boa oferta dematerial carnoso e reserva (S. flexuosa),direcionados à dispersão e garantia de fonteinicial de nutrientes para desenvolvimentoapós germinação.

Referências bibliográficas

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Figura 1. Número de flores masculinas e femininas produzidas por inflorescência para as espéciesButia capitata (Bc), Syagrus petraea (Sp) e Allagoptera leucocalyx (Al) em área de cerrado sensustricto do Parque Estadual da Serra de Caldas Novas, GO.

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Figura 2. Características dos frutos produzidos por infrutescência para as espécies Allagopteraleucocalyx (Ac), Butia capitata (Bc), Syagraus flexuosa (Sf) e Syagrus petraea (Sp) em área decerrado sensu stricto do Parque Estadual da Serra de Caldas Novas, GO.

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G 5.1 - Estratégias de vôo para borboletas palatáveis e impalatáveis

Adriana Fernandes, Ben Hur Marimon Junior, Emanuele Pomini, Laudicéia F. Lima & RaquelRibeiro

Orientação: Prof. Dr. Carlos Eduardo Pinheiro

IntroduçãoBorboletas (Lepidoptera, Rhopalocera) sãoinsetos diurnos que muitas vezes apresentamcores vivas, fáceis de serem reconhecidas(Brown-Jr, 1992), as quais funcionam comosinais aposemáticos para a suaimpalatabilidade (Del-Claro & Vasconcellos-Neto, 1992). Borboletas impalatáveisgeralmente apresentam cores brilhantes dealerta que pássaros e outros predadoresrapidamente aprendem a reconhecer e a evitar(Marden, 1992). Assim como os padrões decoloração, os padrões de vôo das borboletaspodem ser sinais visuais que servem deadvertência aos predadores sobre a suaimpalatabilidade (Chai & Srygley, 1990).

Os padrões de vôo lento e regular,típicos de indivíduos do gênero Heliconius evárias espécies da subfamília Ithomiinae e dafamília Papilionidae, complementam asinalização de alerta, evitando confusão comespécies palatáveis e reduzindo as chances deenganos por parte dos predadores potenciais.Estes indivíduos costumam apresentar vôomais alto, quando comparados a espéciespalatáveis. Estas, por sua vez, apresentamvôo baixo, rápido e errático, que auxilia noescape à predação. A possível correlaçãoentre o padrão de vôo das borboletas e suapalatabilidade pode estar refletida em suascaracterísticas morfológicas (Chai & Srygley,1990).

O objetivo deste estudo foi verificar arelação entre a altura e a velocidade do vôode borboletas palatáveis e impalatáveis namata de galeria do Parque Estadual da Serrade Caldas, PESCAN.

Metodologia

A coleta de dados foi realizada na mata degaleria próxima à sede do PESCAN, ondeforam capturadas borboletas ao longo datrilha e na Cascatinha, no intervalo das 8:00h– 10:00h do dia 07 de agosto de 2003.

Após a captura, as borboletas foramadequadamente contidas e transportadas atéuma área aberta na entrada do Parque, ondeforam colocadas, uma a uma, no centro deum círculo de cinco metros de raio, dentro deum recipiente de vidro coberto. O frasco foicolocado sobre um suporte deaproximadamente 1,40 m de altura, de ondeas borboletas foram libertadas.

Todos os indivíduos foram medidos esexados antes de serem soltos. Cadaindivíduo foi depositado no interior do frascoe mantido fechado por alguns instantes, atéque a borboleta se acalmasse. Para sedeterminar a velocidade média de vôo, eratomado o tempo de deslocamento até o limitedo círculo, momento em que se estimava aaltura de vôo.

Para a análise dos dados, foideterminada a velocidade média de vôo paracada indivíduo e realizados os testes t e Z (p< 0.05) para verificar a relação da velocidadede vôo e da altura entre as espécies palatáveise impalatáveis.

Resultados e discussãoForam encontradas 7 espécies de borboletassendo que Mechanites polymnia (Ithomiinae),Dircena dero (Ithomiinae) e Heliconius erato(Heliconiinae) são borboletas impalatáveis eEunica bechina (Nymphalinae), Urbanus sp(Hesperiidae), Callicore sorana(Nymphalinae) e Adelpha cytherea(Nymphalinae) são palatáveis. A

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espécie M. polymnia foi a dominante com 15indivíduos, sendo 5 machos e 10 fêmeas,seguida por D. dero com 2 fêmeas e 1 macho.O restante das espécies apresentaram apenasum indivíduo (Tabela 1).

A velocidade média de vôo dasborboletas impalatáveis variou entre 1.29 m/s(M. polymnia) a 2.04 m/s (D.dero) e daspalatáveis variou entre 2.28 m/s (C. sorana) a3.50 m/s (E. bechina) (Figura 1). A espécieA. cytherea demonstrou um padrão diferentede vôo, demorando muito no percurso dedeslocamento e alterando o cálculo de suavelocidade. Por isso foi retirada da análise develocidade das espécies palatáveis. Avelocidade média das borboletas palatáveis eimpalatáveis não apresentou diferençasignificativa (t= 2.424; p = 0.07).

A altura de vôo foi em média maiornas palatáveis (3.20 ± 2.33 m) do que nasimpalatáveis (2.60 ± 2.24 m). No entanto,esta diferença entre as espécies não foisignificativa (t= 0.0057; p=0.958).

Ao contrário do esperado, as espéciesimpalatáveis deveriam apresentar menorvelocidade e maior altura de vôo do que aspalatáveis, pois ao invés de fugir, evidenciama sua presença. A variação da estratégia depredação existente entre os dois grupospressupõe diferenças equivalentes no padrãode vôo. A pressão de predação influenciadiretamente no comportamento de vôo dasborboletas, sendo que o grupo das palatáveisapresenta um padrão errático, rápido e baixocomo estratégia de fuga, ao passo que as nãopalatáveis apresentam um padrão contrário,que funciona como estratégia de educaçãosobre sua impalatabilidade (Chay & Srygley,1990).

A não confirmação das diferenças depadrão de vôo (altura e velocidade) nopresente experimento poderia ser umaevidência contrária à presente hipótese.Contudo, tais resultados podem ter ocorridoem função do método experimental adotado edo baixo número de indivíduos. O períodoseco e quente pode ter influenciado notamanho das populações amostradas, tantopara espécies palatáveis como paraimpalatáveis, dificultando a coleta deum.número maior de indivíduos.

Referência Bibliográficas

BROWN-JR, K. 1992. Borboletas da Serra doJapi: diversidade, hábitos, recursosalimentares e variação temporal. In:Patrícia C. Morellato (org). Histórianatural da Serra do Japi: ecologia epreservação de uma área florestal noSudeste do Brasil. Ed Unicamp. 321p.

CHAI, P. & SRYGLEI, R. B. 1990. Predationand the flight, morphology, andtemperature of neotropical rain-forestbutterflies. The American Naturalist.135:748-765

DEL-CLARO, K & VASCONCELLOS-NETO, J.1992. Os padrões de coloração animal:exemplos na Serra do Japi. In: Patrícia C.Morellato (org). História natural da Serrado Japi: ecologia e preservação de umaárea florestal no Sudeste do Brasil. EdUnicamp. 321p.

MARDEN, J.H. 1992. Newton’s Second Lawof Butterflies. Natural History. 1:54-60

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Tabela 1. Relação das espécies de borboletas palatáveis e impalatáveis amostradas no período seco (agosto 2003) em mata de galeria no PESCAN

Palatabilidade Subfamílias Sexo N Tam.Asa (mm) T1 (s) Alt.Vôo (m) Graus VelocidadePalatáveis Ithomiinae Mechanites polyeunia (macho) M 5 34.06 3.764 2.62 96 1.33

Ithomiinae Mechanites polyeunia (fêmea) F 10 35.66 3.98 2.66 163 1.26Ithomiinae Dircena dero (macho) M 1 32 2.13 7 45 2.35Ithomiinae Dircena dero (fêmea) F 2 33.4 2.875 4.5 170 1.74Heliconiinae Heliconius erato F 1 35.4 2.65 1.2 30 1.89

Impalatáveis Nymphalinae Eunica bechina M 1 29.8 1.43 4 5 3.50Hesperiidae Urbanus sp. M 1 `- 1.94 0.9 40 2.58Nymphalinae Callicore sorana F 1 30.5 2.19 5 30 2.28Nymphalinae Adelpha cytherea M 1 28.9 10.12 0.5 200 0.49

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Figura 1. Variação da velocidade média e altura de vôo das espécies de borboletas palatáveis eimpalatáveis coletadas no período seco (agosto/2003) no PESCAN.

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G5.2 Levantamento de fauna de lagartos em áreas de cerrado

Maria Alice de Medeiros, Clarissa M. Knoechelmann, Iubatã Faria, Marcel R. Cavallaro & MariaInês de Moreno

Orientador: Alexandre F. B. Araújo

INTRODUÇÃOTrabalhos pioneiros sugeririam que haviabaixa diversidade e endemismo de espéciesda herpetofauna no cerrado, falta decaracterísticas à respeito e maior similaridadecom a caatinga do que com outros biomassul-americanos. Porém, alega-se que isso sedeve a uma amostra e análises inadequadaspara descrever esta fauna do Cerrado. Foiverificado que a diversidade local de lagartosem área de Cerrado é de 25 espécies, sendomaior que a da Caatinga. A diversidade deespécies de lagartos no Cerrado é altamentevariável em escala regional (Colli et al.2002).

O presente trabalho teve comoobjetivo fazer um levantamento da fauna delagartos em diferentes habitats abertos doCerrado, considerados os mais ricos e commaior número de espécies endêmicas (Colliet al. 2002).

MATERIAL E MÉTODOSEste estudo foi realizado em três habitatscontíguos: cerrado sensu stricto, cerradorupestre e campo úmido com murunduns, nasadjascências da estação sismológica (17o

44’37.1” S, 48o 41’19.4” W) do ParqueEstadual da Serra de Caldas Novas –PESCAN, GO. O levantamento foi realizadopor seis observadores das 08:00 às 12:00 h.Para cada indivíduo encontrado foramanotados: a espécie, comportamento deforrageamento e características domicrohabitat (altura de vegetação, altura dopoleiro e substrato). Foram tomadas ascoordernadas geográficas do local em quecada indivíduo foi amostrado.

A riqueza e a composição de espéciesdos habitats estudados foram estimadas apartir de dados da literatura e não publicados,para comparação com as informações obtidasno campo. Outras informaçãoes sobre ahistória natural das espécies observadasforam usadas para análises.

RESULTADOS E DISCUSSÃOConsiderando a área do parque e com baseem outros estudos que levam emconsideração o tamanho da área e o númerode espécies de lagartos, acredita-se que onúmero de espécies de lagartos do PESCANdeve estar entre 16 e 22 espécies (Colli et al.2002). Assim, há a possibilidade de que ariqueza de espécies do Parque seja maior,pois estudos feitos em outras regiões comambientes semelhantes apresentam espéciesque ainda não foram inventariadas noPESCAN. O plano de manejo do ParqueSerra de Caldas Novas apresenta uma lista delacertílios com 11 espécies. Neste trabalho,acrescentamos uma outra espécie para oParque. Porém, a presença de Tropidurusitambere é duvidosa devido a dadosencontrados na literatura sobre a distribuiçãodesta espécie.

Constatamos a presença de seteindivíduos pertencentes a três espécies delagartos. Cnemidophorus ocellifer (Teiidae);Tropidurus montanus (Tropiduridae) eMabuya sp. (Scindidae). A espécie C.ocellifer foi a mais frequente (n = 5) e asdemais apareceram uma vez na amostragem.A posição de cada indivíduo foi geo-referenciada (Figura 1).

Os indivíduos de C. ocellifer nãoforam encontrados utilizando poleiros, porém

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foram obervados sobre folhas e/oudiretamente sobre rochas nos afloramentos daárea. A altura média da vegetação onde foramvisualisados variou de 0,5 a 2,0 m. Verificou-se o comportamento de forrageador ativo esegundo dados da literatura trata-se de umanimal insetívoro.

O indivíduo de T. montanus foiencontrado num afloramento rochoso, numpoleiro a 0,6 m acima do solo, podendoutilizar árvores como poleiro. A altura davegetação neste ponto foi de 1,5 m. Estaespécie usa a tática alimentar do tipo senta-e-espera. Este é o primeiro registro deocorrência desta espécie no PESCAN.

O exemplar de Mabuya sp. foiencontrado no chão sobre folhas, seucomportamento é de forrageador ativo. Aaltura média da vegetação circundante foi de3,0 m. Trata-se também de uma espécieinsetívora.

Num estudo realizado no DistritoFederal nos mesmos habitats observou

riqueza para uma área de campo úmido de 2,0± 1,4 lagartos; da mesma forma, para cerradoaberto numa área contínua este valor foi de3,1 ± 1,8 e para fragmentos, de 3,7 ± 1,9.Assim, do número possível de espécies deserem encontradas apenas algumas realmenteexploram este tipo de microhabitat. Dessaforma o número de espécies amostrados nesteestudo está de acordo com os valores reaisencontrados em outras áreas (Colli et al.2002).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COLLI, G. R.; BASTOS, R. P. & ARAUJO,A. F.B. 2002. The character and dynamicsof the cerrado herpetofauna. OLIVEIRA,P. S. & MARQUIS, R. J. (eds.) Thecerrado of Brazil: Ecology and naturalhistory of a neotropical savanna. NewYork: Columbia University press.

-1000

-500

0-600 -400 -200 0W

S

Figura 1. Localização geográfica dos lagartos vizualizados no levantamento realizados noPESCAN. Quadrado vazio - estação sismográfico (22K0745082, 8036669 UTM); quadradopreenchido: T. montanus; círculo preenchido: Mabuya sp.; triângulos preenchidos C. ocellifer.

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G.5.3. Experiência do predador e eficiência de captura de modelos crípticos eaposemáticos

Ana Luiza R. Caldas, Ana Paula de Oliveira, Edivane Cardoso, Pablo Sebastian T. Amaral,Paulina de Araújo Ribeiro

Orientador: Jader Marinho-Filho

IntroduçãoA predação envolve interações de organismosque geram processos de seleção natural e,conseqüentemente, de evolução dacomunidade. Pode-se esperar que asatividades dos predadores influenciem naevolução de suas presas e vice-versa. Ésabido que animais adultos bem estabelecidosem certo território escapam bem da predação,enquanto que os que não têm território, ousão expostos ou feridos em lutas são muitomais freqüentemente predados (Begon et al,1990).

Presas possuem variadas e complexasestratégias adaptativas para evitar seuspredadores (Ricklefs, 1979). Animaispalatáveis (sem defesas químicas contrapredadores) são freqüentemente associados acomportamentos e padrões morfológicos decamuflagem. Os organismos que visualmentemisturam-se ao seu substrato a fim depassarem despercebidos são chamadoscrípticos (Ricklefs, 1979). Por outro lado,animais impalatáveis freqüentementeparecem avisar seus predadores de suatoxicidade com padrões e cores brilhantes oucontrastantes (Begon, 1990). Este fenômenoé conhecido como aposematismo e, para queseja efetivado, o predador necessariamenteterá que passar por um período deaprendizagem na qual as suas investidasnesse tipo de presa resultarão em reaçãoaversiva (Alcock, 1988 apud Nascimento etal, 2001).

O aprendizado tem papel importanteno sucesso de captura do predador,principalmente nos vertebrados comcomplexos sistemas nervosos, passando a

agir de modo a selecionar apenas as presaspalatáveis. Com a experiência forma-se umaimagem de busca (ou captura) que inclui asespécies crípticas de presas, pois um objeto ésempre mais fácil de ser encontrado quandose tem uma forma e hábitos das presas pré-concebidos, resultando numa maior eficiênciade captura (Ricklefs, 1996).

O objetivo deste trabalho foi verificarse a aquisição de experiência do predadoraumenta seu sucesso de captura sobremodelos crípticos e aposemáticos.

Material e MétodosO estudo de aprendizagem do predador foirealizado no dia 07 de agosto de 2003 natrilha da Cascatinha do Parque Estadual daSerra de Caldas – PESCAN, GO. Esta trilhafoi escolhida por ter uma vegetaçãorelativamente densa e permitir a simulação deprocura de predadores pelas suas presas emuma ambiente heterogêneo.

Para simular as presas, foramconfeccionadas larvas com formatovermiforme de massa de modelar,biodegradável e atóxica, 60 na cor verde pararepresentar a presa críptica e 60 nas coresvermelho e preto para simular a aposemática.As presas foram dispostas aleatoriamentesobre a vegetação periférica ao transecto datrilha, de 0,3 a 2,0 metros de altura emrelação ao nível do solo e até 2,0 metros paracada lado da trilha.

Os constituintes do grupo (alunos)simularam o papel dos predadores, sendovisualmente orientados na procura das presas.Cada predador procurou as presas ao longodo transecto por 10 minutos e coletou todas

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as presas encontradas para contagem ao finaldo período. Após a contagem, as presas eramrecolocadas aleatoriamente ao longo dotransecto para manter a mesmadisponibilidade de presas para cada predador.Cada aluno percorreu o transecto três vezes,perfazendo um total de 15 contagens, a fimde avaliar o aprendizado ao longo dastentativas. A alta capacidade deaprendizagem do ser humano justifica quepoucas repetições sejam feitas para simular aformação de imagem de busca feita poroutros vertebrados (aves e mamíferos).

A hipótese testada foi a de que aexperiência do predador, decorrente do tempode aprendizagem, aumenta sua eficiência depredação. Esta hipótese foi testadaestatisticamente por meio teste X2 para duasamostras independentes em duas hipótesesnulas:H01 – Não há diferença nas taxas de predaçãoentre predadores ingênuos (T1) e predadoresexperientes (T3).H02 – Não há diferença significativa nastaxas de predação de modelos aposemáticos ecrípticos.

Resultados e DiscussãoDe acordo com a análise dos dados, pode-seobservar que houve diferença significativaentre os predadores ingênuos (t1) eexperientes (t3) (com Z=3,3967 e p<<0,05), oque indica aprendizagem com a experiência(Figura 1). Da mesma forma, pode-se notarque houve diferença entre os modeloscrípticos e aposemáticos (χ2 = 7,059 e p<0,05), mostrando eficiência do predador emrelação às presas palatáveis.

A quantidade de presas aposemáticasmanteve-se praticamente constante ao longodas coletas, possivelmente pelo fato destasserem visíveis, não evidenciando a formação

da imagem de busca. Em contrapartida, oaprendizado auxiliou no encontro dosmodelos crípticos (Figura 1). Esta tendênciageral repetiu-se individualmente parapredadores (Figura 2), onde pode-se observarconstância na captura de modelosaposemáticos e melhoria na eficiência decaptura para modelos crípticos.

Portanto pode-se concluir que ospredadores visivelmente orientados, comcapacidade de aprendizado, aumentaram aeficiência na captura de presas crípticas àmedida que adquiriram experiência. Fazendo-se um paralelo com a natureza, o predadorque necessita de capturar presas crípticas,possivelmente aperfeiçoa-se na formação deimagem de busca de suas presas de interessee não se preocupa em buscar presas que játêm visibilidade acentuada. Uma vez queestas, possivelmente, são palatáveis eoferecem maior recompensa em relação àsaposemáticas.

Referências Bibliográficas

BEGON, M.; HARPER, J.L. &TOWNSEND, C.R. Ecology: individuals,populations, and communities. 2.ed.Boston: Blackwell, 1990.

NASCIMENTO, A.; BRANT, A.; BORG,A.J. & KANEGAE, M. Aprendizagem depredadores e seleção entre lagartascrípticas e aposemáticas. In: Métodos decampo em ecologia: Relatórios. p.9-102001.

RICKLEFS, R.E. A economia da natureza.3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1996. 470 p.

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0

20

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60

80

100

120

140

t1 t2 t3Repetições

Pres

as c

aptu

rada

s Aposemáticas

Crípticas

Figura 1. Total de presas aposemáticas e crípticas, capturadas em relação a cada uma das trêsrepetições.

AnaLoo

0

5

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20

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t1 t2 t3Repetições

Pres

as c

aptu

rada

s Aposemáticas

Crípticas

Paulina

0

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t1 t2 t3Repetições

Pres

as c

aptu

rada

s

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Edivane

0

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t1 t2 t3Repetições

Pres

as c

aptu

rada

s

Ana Paula

0

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t1 t2 t3Repetições

Pres

as c

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s

Pablo

0

5

10

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20

25

30

35

t1 t2 t3

Repetições

Pres

as c

aptu

rada

s

Figura 2. Quantidade de modelos de presas aposemáticas e crípticas, capturadas por cada alunonas três repetições.

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G6.1 Interação entre morcegos e plantas no Parque Estadual de Serra deCaldas Novas, GO

Adriana Fernandes, Ben Hur Marimon-Junior, Emanuele Pomini, Laudicéia F. Lima e Raquel

Ribeiro

Orientação: Prof. Dr. Jáder Marinho-Filho

IntroduçãoCaracterísticas morfológicas de flores podemestar voltadas para a atração de vetoresespecíficos de pólen, assim como diversascaracterísticas de frutos podem estarrelacionadas à dispersão por determinadosagentes. O conjunto dessas características dasplantas é chamado de síndrome depolinização e síndrome de dispersão (Alves etal. 2000). Pressões de seleção nas plantasconduziram a essas adaptações, as quaisresultaram em maior eficiência napolinização e na dispersão (Pinheiro &Ribeiro 2001). De forma recíproca, osmorcegos adaptaram-se para um melhordesempenho de forrageamento, tornando-sefiéis agentes polinizadores e dispersores.

Plantas polinizadas por morcegosapresentam antese noturna, flores grandescom odor característico, coloração poucaconspícua (verde, amarelo-pálido ou branco),em forma de cálice ou tubular com estamesdispostos em forma de pincel e capazes dearmazenar grande quantidade de néctar(Crawley, 1997). Os morcegos polinizadores(nectarívoros) apresentam característicasmorfológicas e comportamentais própriaspara a exploração deste recurso, como olfatoapurado, focinho comprido e língua longa,terminada em papilas filiforme quefuncionam como pincel. São animaisgrandes, de vôo manobrável e capazes depairar no ar para buscar seu alimento nointerior da flor. As plantas dispersadas por morcegosapresentam frutos carnosos, ricos em lipídiose localizados nas extremidades dos ramos,

pendentes ou caulicarpos, com coloraçãopouco conspícua e aroma característico(Crawley, 1997). Os morcegos dispersores(frugívoros) possuem um vôo menosmanobrável, permitindo visitas rápidas queevitam predadores. Várias estratégias de fugapodem ser verificadas por estes animais,como o hábito noturno, o uso de corredoresde vôo e alimentação distante da fonte deobtenção (pouso de alimentação). Estesanimais apresentam uma taxa metabólicaelevada, olfato apurado, atividade noturna evisão compensada por mecanismos deecolocalização.

O objetivo do presente trabalho foidescrever as características de morcegos quemantêm interações com plantas e relacioná-las com características de plantas queapresentam síndrome de quiropterofilia equiropterocoria.

Material e métodosO estudo foi realizado na mata de galeriapróxima à sede do Parque Estadual da Serrade Caldas, na noite do dia 08 de agosto de2003. Foram escolhidos três pontos próximosao Córrego Cascatinha: 1 – ao lado de umpoço acima da queda d’água principal; 2 -após a queda d’água e 3 – aaproximadamente 100 metros de distância dacascata. Nestes locais foram colocadas asredes de espera para captura de morcegos,abertas após as 18:00 h e vistoriadas emintervalos de 30 minutos.

Após a captura, os morcegos foramidentificados, observados quanto às suascaracterísticas morfológicas ligadas ao tipo

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de alimentação, sexados e acomodados emsacos de tecido. A etapa de captura foiencerrada por volta de 21:30 h, quando foramdesarmadas as redes e feita uma vistoria doslocais próximos em busca de plantas queapresentassem características dequiropterofilia ou quiropterocoria. Na manhãseguinte, foi realizada nova busca pela trilha,a fim de se detectar mais plantas quepossuíssem características de síndrome dedispersão ou polinização por morcegos.

Resultados e discussãoForam capturados seis indivíduospertencentes a três famílias e quatro espécies(Tabela 1), todos durante a primeira hora deespera, uma vez que a partir da segunda horaa atividade dos morcegos diminuiu emfunção da noite muito clara.

Foram examinados indivíduos dasárvores Dipteryx alata (Leguminosae) eCecropia pachystachia (Cecropiaceae), asquais apresentam características dequiropterocoria, compatíveis com asestruturas anatômicas da espécie Artibeuslituratus, tais como o grande porte doindivíduo, dimensões e formato do focinho edas asas. O exemplar de espécie Carolliaperspicillata, também frugívoro, escapouantes de ser examinado. Nas proximidades dolocal de coleta foram encontrados váriosfrutos de D. alata com marcas de dentescompatíveis com A. lituratus, o que sugereum pouso de alimentação. Esta relação entreo morcegos e a planta é uma evidência de umprocesso co-evolutivo, onde a planta ofereceuma recompensa sob a forma de frutos ricosem carbohidratos e o morcego retribui com adispersão.

As espécies Bauhinia sp. (arbusto) eCaryocar brasiliense (árvore), encontradasnas proximidades do local de coleta,apresentaram características compatíveis comquiropterofilia, como flores claras nasextremidades dos ramos, odor acrecaracterístico e peças anatômicas em formade cálice para oferecer néctar a morcegosnectarívoros como o Glossophaga soricina.Este, por sua vez, possui focinho afilado,língua bastante longa e com papilasfiliformes, adaptações estas necessárias paraalcançar o néctar, além das asas curtas e comum formato que possibilita pairar ante a flordurante a coleta.

As demais espécies capturadas sãoinsetívoras e, portanto, não mantém relaçãoestreita com plantas.

Referências bibliográficas

Alves, D.M.; Missirian, G.L.B.; RomeroG.Q. & Corrêa, M.M. 2000. Síndromes depolinização em ambientes perturbados enão perturbados na fazenda Nhumirim. In:Ecologia do Pantanal: curso de campo2000. J.C.C. Santos, J.M. Longo, M.B.Silva, A. Chiarello & E. Fisher (Eds.)FUFMS, Campo Grande. 197 p.

Crawley, M. J. 1997. Plant ecology. 2nd ed.Blackwell Science; Oxford. 717 p.

Pinheiro, F. & Ribeiro, J. F. 2001. Síndromesde dispersão de sementes em Matas deGaleria do Distrito Federal. In: Cerrado:caracterização e recuperação de matas degaleria. J. F. Ribeiro, C. E. L. da Fonseca& J.C. Souza-Silva (eds). EMRAPA-Cerrados, Planaltina. 899 p.

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Tabela 1 – Número de indivíduos, espécies, hábito alimentar e família de morcegos capturadosem uma mata de galeria no PESCAN

N Espécie Hábito alimentar Família

2 Artibeus lituratus

1 Carollia perspicilata

Frugívoro

Frugívoro

1 Glossofaga saricina Nectarívoro

Phyllostomidae

1 Não identificada Insetívoro Molossideae

1 Eptesicus brasiliense Insetívoro Vespertilionidae

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G 6.2. INFLUÊNCIA DE CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS NADIVERSIDADE DE ESPÉCIES DE MORCEGOS E AVES

Maria Inês C. Moreno, Clarissa M.Knoechelmann, Iubatã Faria, Marcel R. Cavallaro & MariaAlice Medeiros

Orientadores: Ludmila Araújo & Ricardo Machado

INTRODUÇÃOA delimitação de áreas prioritárias àconservação e ou recuperação é de sumaimportância para manutenção dasustentabilidade do ecossistema. Para tal,diversas técnicas são empregadas, entre elasdestaca-se o emprego de classificação do usoda terra via imagens de satélite, descrição daestrutura da população, mensuração dabiodiversidade de fauna e/ou a análise emconjunto dessas três técnicas. No caso destaúltima, frequentemente utiliza-se a estatísticamultivariada como forma de obterinformações de grandes dimensões que nãose pode ver diretamente. Duas dessas técnicaspara a quantificação e qualificação devariáveis que mais caracterizam estesambientes são análise de componentesprincipais (ACP) e a de corresponênciacanônica (ACC).

A ACP é uma técnica ideal para dadoscom relação linear aproximada entrevariáveis. Em alguns casos a transformaçãode dados com conjuntos de relação não linearpodem ser representados pelos componentesprincipais (McCune & Grace 2002), sendoseu uso uma ferramenta efetiva para ordenardados de comunidade relativamentehomogêneas. Segundo os mesmos autores, aoutilizar uma ACC seria como ter essasmensagens filtradas. Os limites dos conjuntosde dados são definidos pelos limites dasvariáveis ambientais.

O presente estudo teve como objetivoverificar se a riqueza e abundância deespécies estão correlacionadas com avariabilidade ambiental.

MATERIAL E MÉTODOSEste estudo foi realizado em agosto de 2003no Parque Estadual da Serra de Caldas Novas(PESCAN). Oito pontos foram selecionadosa priori, a partir de uma imagem do satéliteTM LANDSAT da região (agosto de 2002).Estes pontos foram escolhidos de forma aabranger áreas representativas das principaisfisionomias de cerrado ocorrentes no Parque.

Foi realizada, com base naquelaimagem, uma análise de cluster a fim deagrupar as principais fisionomias do localestudado com auxílio do programa IDRISI.Vinte clusters foram originados desta análise.Este agrupamento foi realizado com aintenção de facilitar a interpretação da mesmaimagem, categorizando os pontos escolhidosem classes. Arbitrariamente, um raio de 500m foi preestabelecido para cada pontodelimitando uma área efetiva de amostragem.Posteriormente, com auxílio deste mesmosoftware, foi realizada a quantificaçãodaqueles 20 clusters iniciais em cada áreatotal dos pontos a serem amostrados.

No campo foram levantados dados devariáveis da vegetação com base na altura ecobertura dos extratos arbóreo e herbáceo.Para variáveis bióticas foram levantadosdados de riqueza e abundância de aves, pormeio audiovisual e de morcegos com auxíliodo ANABAT para registrar ostiposespecíficos de vocalizações e suaabundância. O emprego desta técnica permiteao pesquisador diferenciar famílias demorcegos.

Os dados de paisagem foram tratadospor uma ACP, feito no pacote Estatística,para verificar as variáveis que mais

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influenciam na caracterização da vegetação.Uma ACC foi feita no software MVSP 3.0para correlacionar as variáveis bióticas comas de paisagem e da vegetação.

RESULTADOS E DISCUSSÃODe acordo com a descrição dos dados dospontos amostrados, cada área possuicaracterísticas distintas de vegetação (Tabela1). Os pontos 2, 3 e 4 foram consideradoscomo de vegetação arbórea mais aberta(campo sujo e campo cerrado). Os pontos 1,5, 6 e 7 foram considerados como cerradosensu stricto, já o ponto 8 estava localizadona borda de uma mata próxima a sede doParque.

A riqueza e a abundância de espéciesde morcegos e aves está descrita na Tabela 2.A análise da ACP explicou 96,6% davariação dos dados nos três primeiros eixos.Utilizamos então os valores dessa análisepara cada um dos oito pontos amostrados,reduzindo os 20 componentes de paisagempara apenas três.

A matriz biótica da ACC continhaquatro variáveis e oito casos; a abiótica, setevariáveis e oito casos. Esta explicou 100,0%da variação dos dados nos 3 primeiros eixos.O primeiro foi responsável por 85,4%, e osegundo 12,1% de explicação na variação dosdados, ou seja, 97,5 % nos dois primeiros(Tabela 3).

Analisando a Figura 1, pode-se notarque a comunidade de morcegos foi maisinfluenciada por características de altura ecobertura arbórea, além das variáveis defitofisionomias locais (pc 1, pc 3) - pontos 1,

3 e 6. Este último ponto mostrou-se maispositivamente correlacionado com o eixo 1devido ao grande número de registro devocalizações de morcegos.

A comunidade de aves nos pontosamostrados mostrou correlação maior com oestrato herbáceo e características defitofisionomias locais (pc 2). No ponto quatronão foi registrada nenhuma atividade demorcegos, o que fez com que o mesmo secomportasse como um “out-lier” porém comcausas conhecidas. No outro extremo, oponto oito está bastante isolado dos demaisporém, foi o único ponto de borda de mataque foi amostrado.

Se a área trabalhada apresenta grandesdimensões, como no caso de PESCAN, oemprego de imagens de satélite se torna umaferramenta de grande utilidade, pois fornecedados de localização de grandes tiposvegetacionais, relevo e acessos. Visitas inloco são mais precisas para a identificação dabiota, pois nas imagens apenas se identificaos diversos graus de cobertura vegetal.Estudos que aliem imagens de satélite, visitasin loco e equipamentos para detecção eidentificação da fauna tornam-se importantespara se ter uma boa amostragem dabiodiversidade local, facilitando assim aprática de técnicas de manejo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Mc CUNE, B. & GRACE, J.B. 2002.Analysis of ecological communities.Gleneden Beach: MjM Software Design.300p.

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Tabela 1. Característica da vegetação dos pontos amostrais, em agosto de 2003, no PESCAN.

ponto cobertura hebáceas(%)

altura médiaherbáceas (m)

cobertura arbórea(%)

altura médiaarbóreas (m)

1 80.0 0.6 40.0 3.02 90.0 0.6 20.0 1.53 80.0 0.4 10.0 1.54 100.0 0.8 10.0 2.05 80.0 0.4 60.0 3.06 80.0 0.4 60.0 4.07 80.0 0.3 70.0 3.08 0.0 0.0 90.0 8.0

Tabela 2. Riqueza e abundância de aves e morcegos no PESCAN.

ponto riqueza morcegos vocalizações registradas riqueza de aves registros1 2 8 7 112 1 6 15 213 1 7 6 124 0 0 5 225 0 0 6 106 1 10 2 37 1 3 6 118 0 0 5 5

Tabela 3. Valores dos agrupamentos dos elementos de paisagem utilizados na análise dediversidade no PESCAN.

Axis 1 Axis 2 Axis 3Eigenvalues 0.23 0.03 0.01Percentage 85.41 12.09 2.50Cum. Percentage 85.41 97.50 100.00

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Figura 1. Esquema análise de correspondência canônica das variáveis ambientais (vegetação eriqueza e abundância de aves e morcegos).

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G.6.3 - Gradiente ecológico do Riacho da Cascatinha, PESCAN – GO

Ana Luiza Rios Caldas, Ana Paula de Oliveira, Edivane Cardoso, Pablo S.T. Amaral, Paulina deAraújo Ribeiro

Orientador: Alexandre Araujo

IntroduçãoA vida é totalmente dependente do mundofísico. Por um lado, os organismos recebemseus recursos do mundo físico e por outro, asdistribuições de plantas e animais sãolimitadas por sua tolerância ao ambiente. Asatividades dos organismos também afetam omundo físico, como as plantas queinfluenciam grandemente o desenvolvimentodas propriedades do solo (Ricklefs, 1979).

A maioria dos ambientes contémgradientes de condições ou de recursosdisponíveis. A existência de um tipo deorganismo em uma área a diversifica para osoutros, e ele mesmo só existe porque oambiente é heterogêneo (Begon, 1990).Enquanto animais podem selecionar oshabitats, as irregularidades na superfície dossolos podem permitir ou impedir agerminação de muitas espécies, definindolocalmente a estrutura da comunidade. Adeterminação de diferentes agrupamentos aolongo de um trecho, como um rio, podeindicar a existência de um gradiente defatores bióticos e abióticos, evidenciandodessa forma, os gradientes ecológicosexistentes ao longo de uma paisagemaparentemente uniforme (Ricklefs, 1979).

Nesse contexto, o objetivo desteestudo foi investigar a existência de umgradiente ecológico, comparando fatoresbióticos e abióticos, ao longo do Riacho daCascatinha, no Parque Estadual da Serra deCaldas Novas, GO.

Material e MétodosNo dia 08 de agosto de 2003, foi realizadaexcursão noturna ao longo do Riacho da

Cascatinha, no trecho compreendido entre aqueda d’água até cerca de 30 metros à jusanteda ponte de acesso à sede do Parque Estadualda Serra de Caldas Novas.

Ao longo do trecho especificado,foram estipuladas sete estações de coleta eobservação (A-G), cada qual com extensãoaproximada de 5 m e distanciadas entre si porcerca de 20 metros. Em cada estação, foramcoletados dados bióticos e abióticos docórrego e entorno. As variáveis bióticas emétodos de coleta avaliados foram: 1)número de espécies de bentos da drenagem,coletados com o auxílio de rede de arrasto(puçá) com malha de 0,5 mm; 2) número deespécies de peixes, coletados por meio derede (puçá) com malha de 0.2mm; 3) númerode espécies de anuros, também celetados comrede (pulçá); 4) número de espécies dearanhas nas margens; 5) número de espéciesda vegetação arbórea e 6) número de espéciesda vegetação herbácea. As coletas de peixes,anuros e aranhas tiveram duração de 10minutos. O material foi etiquetado e,posteriormente, identificado em morfo-espécies.

As variáveis abióticas e os métodos decoleta avaliados foram: 1) largura do riachono ponto de coleta; 2) velocidade da água,medida com o auxílio de uma folha solta naágua; 3) temperatura da água; 4)profundidade da água; 5) abertura do dossel;6) substrato do leito e 7) cobertura de folhiçoda superfície d’água da estação amostrada. Osubstrato foi classificado e ranqueadosegundo sua textura, sendo: 1 (leito arenoso),2 (cascalho), 3 (rocha rolada e cascalho), 4(rocha rolada) e 5 (rocha inteiriça). A

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cobertura da lâmina d’água ou folhiço foiranqueada em valores crescentes (de 1 a 5)em intervalos de 20%; assim, o valor 1 éequivalente à cobertura de 0 a 20% e ,assimsucessivamente, até 5, relativo à cobertura de80 a 100%.

Para a análise dos dados, foramusados os programas PC-ORD, para a análisede correlação canônica (CCA), entre asvariáveis bióticas e abióticas, e o Systat, paraa análise de componentes principais (PCA)para as variáveis bióticas.

Resultados e DiscussãoA PCA mostrou que as estações D, F e Gestão mais relacionadas com a riqueza deespécies de anuros e aranhas; a estação Btambém apresentou, em menor intensidade,relação com essas variáveis bióticas. Aestação E mostrou relação com o número deespécies de bentos e anuros, enquanto que aestação A com peixes e herbáceas. A estaçãoC esteve mais relacionada com o número de

espécies de vegetação arbórea (Figura 1). Osdois fatores explicam cerca de 72,57% dasvariâncias das amostra, sendo 44,92% para ofator 1 e 28,25% para o fator 2.

De acordo com a Figura 2, o númerode espécies de bentos, anuros e aranhasocorrem independentes das variáveisabióticas analisadas (profundidade, largura evelocidade) na CCA. A vegetação arbórea eherbácea apresentou correlação com a largurae profundidade do riacho. O número deespécies de peixes esteve fortementerelacionada com a profundidade do riacho.

Referências Bibliográficas

BEGON, H.T. 1990. Ecology: Individuals,populations and comunities. Ed. 2.Blackwell Scientific Publications. USA.

RICKLEFS, R.E. 1979. Ecology. Ed. 2.Chiron Press. New York.

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-2 -1 0 1 2fator 1

-2

-1

0

1

2

fato

r 2

A

B

C

D

E

F G

Figura 1. PCA das variáveis bióticas amostradas no riacho da Cascatinha, PESCAN, GO,Agosto/2003.

Figura 2. CCA das variáveis bióticas e abióticas amostradas no riacho da Cascatinha, PESCAN,GO, Agosto/2003.

-1-0.8-0.6-0.4-0.2

00.20.40.60.8

-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1

Eixo 1

Eix

o 2

largura

arbórea

velocidade

aranhas

anuros

bentos

profundidade

herbácea

peixes

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Tabela 1. Número de espécies (variáveis bióticas) amostradas no riacho da Cascatinha.PESCAN, GO, Agosto/ 2003.

Estação Peixes Anuros Aranhas Bentos VegetaçãoArbóreas Herbáceas

A 2 0 1 2 9 5B 1 0 4 5 7 5C 0 0 2 2 14 5D 0 1 5 5 13 3E 1 1 1 6 6 5F 1 1 5 3 9 4G 0 1 3 3 8 3

Tabela 2. Variáveis abióticas amostradas no riacho da Cascatinha. PESCAN, GO, Agosto/ 2003.

Estação Velocidade Largura Profundidade Abertura Temperatura Substrato Folhiço(m/s) (m) (cm) dossel (%) (o C) do leito

A 0,01 1,90 52,0 11,49 20,4 4 4B 1,50 2,00 26,5 18,90 20,3 3 1C 5,29 3,60 10,5 13,51 20,2 4 2D 5,29 2,80 17,5 16,22 20,1 4 4E 0,01 1,95 38,0 20,27 19,9 4 1F 0,01 1,65 17,5 12,16 19,9 3 1G 4,50 1,52 22,0 12,16 19,9 3 3

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Parque Estadual da Serra de Caldas Novas

PROJETOS DE 1 DIA

Jul/03

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I1.1 MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS RESISTENTES AOPERÍODO DE SECA EM ÁREAS DE CERRADO NO PARQUE

ESTADUAL DE CALDAS NOVAS - GO

Adriana C. M. Fernandes & Ana Paula de Oliveira

INTRODUÇÃOOs macroinvertebrados bentônicos sãoorganismos que habitam o fundo de rios,lagos e reservatórios, associados aos maisdiversos substratos como sedimentosminerais, detritos, macrófitas aquáticas ealgas filamentosas (Rosemberg & Resh,1993).

A distribuição destes organismosestá diretamente relacionada a uma série defatores como disponibilidade e qualidade doalimento, tipo de substrato (orgânico einorgânico), tamanho das partículas dosedimento (seixos, cascalho, areia ou silte),presença de macrófitas aquáticas,concentração de matéria orgânica nosedimento, temperatura e concentração deoxigênio dissolvido e gás sulfidrico da água(Ward et al., 1995).

Muitas vezes, as porcentagens deareia, siltes e argilas constituem variáveisexplicativas da destribuição e diversidadede macroinvertebrados bentônicos maiseficientes do que aquelas físicas e químicasda água (Ward, 1992).

Os macroinvertebrados são,portanto, considerados excelentesindicadores da qualidade da água por seremorganismos sésseis e de vida longarepresentando as variações do meio,espacial e temporal.

Em áreas de cerrado o climadominante enquadra-se no tipo Aw(Tropical de Savana) de acordo com aclassificação de Köppen, apresentando duasestações bem distantes, uma seca e outrachuvosa. O período de setembro a outubro éo mais quente (temperatura média entre 20-22°C), enquanto julho é o mês mais frio(16-18°C). A umidade do ar varia de 70-85% no verão e parte da primavera, caindopara cerca de 50% durante o inverno (julho)podendo chegar a valores inferiores a 20%(Silva-Junior et al., 2001).

A diferença marcante entre operíodo chuvoso e seco pode influenciar nacomposição e na diversidade dosmacroinvertebrados bentônicos em rios defluxo lento (riachos, córregos e ribeiros). Oobjetivo deste trabalho foi verificar acomposição da macrofauna bênticaidentificando os organismos maisresistentes a períodos prolongados de seca,onde o volume de água e a vasão destesambientes é extremamente reduzidos.

MATERIAL E MÉTODOSAs amostras de sedimentos foram coletasem agosto de 2003 (estação seca) nocórrego da Serra de Caldas Novas, situadono Parque Estadual da Serra de CaldasNovas (PESCAN), Caldas Novas – GO. Olevantamento foi realizado em seis pontosdo córrego , ao longo de um paredãorochoso, constituídos de pequenas poçasd’água isoladas, uma vez que se trata de umrio de fluxo lento, que apresenta vazãoreduzida no período seco.

Descrição dos pontos: PONTO 1. Água parada, tamanho

do poço 5 X 4 m, 1,30m de profundidade,presença de peixes. Na área central osubstrato constituído principalmente depedras e seixos, na margem direitapredomina o substrato constituído por areiafina. Presença de mata de galeria compouca entrada de luz.

PONTO 2. Vazão reduzidaformando um estreito lago de 1 X 30 m,constituída por seixos com profundidademáxima de 0.5m, presença de grandenúmero de folhas e pouca luminosidade.

PONTO 3. Pequeno poço (0.5 X 2m) situado em substrato rochoso, comprofundidade máxima de 10 – 15 cm. Áreacom influência direta da luminosidadesolar, aumentando a temperatura da águanas horas mais quentes do dia.

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PONTO 4. Volume de águareduzido formando um pequeno lagosituado sobre substrato rochoso com poucosilte, tamanho de 0.5 X 2 m e profundidademáxima variando entre 10 – 15 cm, grandeentrada de luz.

PONTO 5. Pequeno lago (5 x 3 m);sedimento constituído por areia fina e siltesituado sobre substrato rochoso eprofundidade máxima de 1 m. Presença demata de galeria fechada permitindo pequenaentrada de luz. PONTO 6. Substrato rochoso constituídoexclusivamente por seixos, tamanho de 4 X1,5 m e profundidade entre 30 – 40 cm;muito material alóctone com poucas horasde exposição solar direta.

A amostragem da fauna bentônicafoi realizada com amostragem do tipo kick– sampling, que consiste num arrasto deuma rede (puçá) ao longo do rio. O materialcoletado foi lavado ainda no campo comauxílio de uma peneira (0.2 mm)novamente lavado em água corrente. Osedimento foi triado e o material foiidentificado até o menor nível taxonômicopossível (Macan, 1981) e preservados emálcool 70%.

RESULTADOS E DISCUSSÃOEntre os organismos identificados o grupodos insetos foi o melhor representado, com6 ordens de insetos: Odonata, Trichoptera,Ephemeroptera, Hemiptera, Coleoptera eDiptera (Tab. 1), seguido por peixes(apenas 4 inds.) e por oligoquetas comapenas um indivíduo. As larvas dequironomídeos foram mais abundantes (50indivíduos) e mais dois indivíduos emestágio de pupa, seguido pelas larvas deEphemeroptera (34 inds.) no ponto 2.

Os pontos 6 e 2 apresentaram maiorriqueza, respectivamente 13 e 11 famílias,sendo constituídos por substrato rochoso,que pode ser uma característica do meioinfluenciando na distribuição e nacomposição das espécies. Dentro os fatoresdeterminantes da distribuição e diversidadede macroinvertebrados bentônicos dois sedestacam: tipo de substrato e

qualidade/quantidade de detrito (matériaorgânica). O tipo de substrato (sedimentofino) é limitante para inúmerosinvertebrados, pois além de suainstabilidade, armazena menor quantidadede detrito. Desta forma poucos organismossão capaz de colonizá-lo. E mesmo emsituações onde se observa maior riqueza deespécies, estes organismos são adaptados àcondição do substrato (larvas deChironomidae) (Goulart, 2001).

Outro fator que pode estarinfluenciando a composição da faunabêntica é o grande período de seca quealtera o volume de água, a quantidade denutrientes e a temperatura da água,selecionando as espécies mais resistentes.

CONCLUSÃOEm ambientes naturais, em áreas decerrado, o período prolongado de seca é umimportante fator de estresse para osecossistemas aquáticos continentais,considerando que os organismos bentônicosrefletem as variações nas condições físicase químicas da água podemos inferir que asespécies presentes no Córrego da Serra deCaldas são as resistentes ao período de secae que o tipo de substrato pode influenciarna distribuição dessas espécies.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GOULART, M.D.C. 2001. Diversidade ecomposição em grupos tróficosfuncionais de macroinvertebradosbentônicos da zona litorânea da reservaecológica de Piratininga, reservatório deTrês Marias (MG). Curso de campo daUniversidade Federal de Minas Gerais,Belo Horizonte.

MACAN, T.T, 2001. A guide to freshwaterinvertebrate animals. Londgman, HongKong. 117pp.

ROSENBERG, D.M. & RESH, V.H. 1993.Introduction to freshwater biomonitoringand benthic macroinvertebrates. In:Freswater Biomonitoring and Benthic

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Macroinvertebrates, New York,Chapman Hall, pp 1-9.

SILVA JÚNIOR, M.C.; FELFILI, J.M.;WALTER, B.M.T.; NOUGUEIRA, P.E.;REZENDE, A.V.; MORAIS, R.O.&NOBRAGA, M.G.G. 2001. Análise daflora arbórea de matas de galeria noDistrito Federal: 21 levantamentos. In:Cerrado – caracterização e recuperaçãode matas de galeria. Ribeiro, J. F.;Fonseca, C. E. L. & Souza-Sila, J. C.

(eds.) Embrapa, Planaltina, pp. 143 –191.

WARD, D.; HOUNES, N. & JOSE, P.1995. The New Rivers & WildlifeHandbook. Bedforshire, rpp, nra e TheWildlife Trusts, 426 p.

WARD, J.V. 1992. Aquatic Insect Ecology.Biology and Habitat. John Willey &Sons Inc., New York, 438 p. vol. 1.

Tabela 1. Composição de macroinvertebrados bentônicos ao longo de seis pontos no córregoda Serra de Caldas Novas, PESCAN/GO, em Agosto de 2003.

PONTO FILO ORDEM FAMÍLIA/ESPÉCIE NÚMERO DEINDIVÍDUOS

1 Artropoda/Insecta Odonata Aeshnidae/morfo sp1 41 Artropoda/Insecta Odonata Coenagriidae 31 Artropoda/Insecta Odonata Libellulidae 31 Artropoda/Insecta Diptera Chironomidae/morfo sp1 121 Artropoda/Insecta Diptera Chironomus 51 Annelida Oligochaeta - 11 Pisces Characiforme Astyanax fasciatus 22 Anfibia - - 12 Artropoda/Insecta Hemyptera Velliidae/morfo sp1 12 Artropoda/Insecta Hemyptera Gerridae 12 Artropoda/Insecta Trichoptera Philopotamidae 32 Artropoda/Insecta Ephemeroptera Epheromerellidae 342 Artropoda/Insecta Diptera Chironomus 502 Artropoda/Insecta Coleoptera Gyrinidae 1

2 Artropoda/Insecta Coleoptera Hygrobiidae 12 Artropoda/Insecta Odonata Libellulidae 22 Artropoda/Insecta Odonata Coenagriidae 152 Artropoda/Insecta Odonata Aeshnidae 5

PONTO FILO ORDEM FAMÍLIA/ESPÉCIE NÚMERO DEINDIVÍDUOS

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3 Artropoda/Insecta Ephemeroptera Baetidae 173 Artropoda/Insecta Ephemeroptera Epheromerellidae 13 Artropoda/Insecta Odonata Coenagriidae 13 Artropoda/Insecta Diptera Chironomus 13 Artropoda/Insecta Hemyptera Gerridae 53 Artropoda/Insecta Hemyptera Corixidae 13 Artropoda/Insecta Hemyptera Velliidae/morfo sp2 53 Artropoda/Insecta Coleoptera Hygrobiidae 14 Artropoda/Insecta Trichoptera - 14 Artropoda/Insecta Hemyptera Gerridae 14 Artropoda/Insecta Hemyptera Velliidae/morfo sp2 64 Artropoda/Insecta Ephemeroptera Baetidae 34 Artropoda/Insecta Ephemeroptera Aeshnidae 14 Artropoda/Insecta Ephemeroptera Gyrinidae/morfo sp 2 35 Pisces Characiforme Astyanax fasciatus 26 Artropoda/Insecta Odonata Libellulidae 86 Artropoda/Insecta Odonata Coenagriidae 56 Artropoda/Insecta Ephemeroptera Epheromerellidae 66 Artropoda/Insecta Hemyptera Velliidae/morfo sp1 26 Artropoda/Insecta Hemyptera Gerridae 16 Artropoda/Insecta Hemyptera Vellidae/morfo sp3 26 Artropoda/Insecta Hemyptera Corixidae 16 Artropoda/Insecta Diptera Chironomus 86 Artropoda/Insecta Diptera Cullicidae 66 Artropoda/Insecta Coleoptera Hygrobiidae 46 Artropoda/Insecta Coleoptera Gyrinidae 16 Artropoda/Insecta Trichoptera morfo sp1 1

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I1.2 Relação entre tamanho de indivíduos, frutificação e quantidade defrutos em Kielmeyera coriacea (Spr.) Mart. (Guttiferae) em um cerrado

sensu stricto no Parque Nacional da Serra de Caldas, GO

Ana Luiza Rios Caldas e Ben Hur Marimon Júnior

IntroduçãoAs relações entre tamanho e forma emárvores são importantes para oentendimento de padrões adaptativos. Emplantas arbóreas, particularmente, tamanhoe forma estão diretamente relacionados coma habilidade competitiva (Sposito e Santos,2001a apud Marimon et al., 2001). Ospadrões de floração e frutificação dasplantas lenhosas de cerrado variamamplamente conforme diversos fatores,incluindo ocorrência de fogo e fatoresedáficos, como composição e umidade(Oliveira, 1998).

A espécie Kielmeyera coriaceaperde completamente as folhas durante umou dois meses na estação seca (Alvim,1979), possui distribuição espacial agregada(Oliveira et al., 1989) e ocupa um dosprimeiros lugares no valor de importância,sendo bem representada em áreas maisabertas (Ribeiro et al., 1985).

O objetivo de nosso estudo foiidentificar os padrões morfométricos de K.coriacea e responder às seguintes questões:(1) Existe relação entre o tamanho da planta(altura e volume da copa) e a presença defrutos? (2) Existe correlação entre o volumeda copa e a quantidade de frutos?

Material e métodosO trabalho foi realizado em uma área decerrado stricto sensu localizada em umplatô no Parque Nacional da Serra deCaldas (PESCAN-GO), com altitude médiade aproximadamente mil metros. A espécieK. coriacea é uma árvore hermafrodita deaté oito metros com caule suberoso, folhasalternas e simples, flores actinomorfas,fruto cápsula septicida com cerca de 7 a 11cm; valvas sublenhosas; sementes muitas(Almeida et al., 1998).

Foram escolhidos aleatoriamente 25indivíduos com frutos e 25 sem frutos, onde

foi medida a altura total, o volume da copae a quantidade de frutos. O volume da copafoi determinado através da medida da alturada copa a partir do final do fuste e duasmedidas perpendiculares da sua largura.

Como os dados não apresentaramdistribuição normal, os valores obtidosforam analisados por meio do teste nãoparamétrico de Mann-Whitney (Zar, 1996)e Box-plot para fins de comparação entre asduas populações (indivíduos com e semfrutos). Foi também verificada a relaçãoentre o volume da copa e o número defrutos da primeira população através doteste de correlação de Spearman (teste rs).As análises estatísticas foram realizadascom auxílio dos programas SYSTAT 7.0 eBioestat 2.0 (Ayres et al., 2000)

Resultados e DiscussãoNão foram encontradas diferençassignificativas entre os dois grupos de K.coriacea para altura (Teste U = 216,0, p =0.061) e volume da copa (Teste U=263,0,p=0,336), com os valores de tendênciacentral indicados na Tabela 1. Taisresultados demonstram não haver relaçãoentre o volume da copa ou a altura total dosindivíduos com a frutificação (Figuras 1 e2). Porém foram observadas visualmentediferenças marcantes no diâmetro e naquantidade de rebrotas dos ramossuperiores entre os dois grupos, sendo queos indivíduos sem frutificaçãoapresentavam brotos de maior diâmetro eem menor quantidade. Assim tornam-senecessários estudos posteriores paraverificar esta possibilidade.

Apesar de não ter sido demonstradadiferença entre os valores morfométricos ea frutificação, foi verificada uma correlaçãopositiva entre o volume da copa e o númerode frutos (rs=0.6229 p=0.0009) nosindivíduos (Figura 3). Tal padrão era

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esperado, uma vez que copas de maior portetendem a ter mais galhos para sustentar umamaior frutificação.

As espécies de plantas lenhosas docerrado exibem suas fenologias de floraçãode acordo com os períodos ótimos dedispersão das sementes, sendo que K.coriacea apresenta uma variação deperíodos de desenvolvimento de frutos depoucos meses até um ano (Oliveira, 1998).Tal fato pressupõe um ajustamentoambiental da espécie às condições variáveisdo meio. No caso em questão, haviamdesde plantas completamente desprovidasde frutos até plantas com mais de 50 frutos,o que parece não fazer muito sentido, salvose as condições ambientais forem variáveisem pequena escala. Desta forma, outrosestudos devem ser realizados a fim de sedeterminar quais fatores ambientais estãoinfluenciando na fenologia da espécie.

Bibliografia

Almeida, S.P. de, Proença, C.E.B., Sano,S.M., Ribeiro, J.F. 1998. Cerrado:espécies vegetais úteis. Planaltina:EMBRAPA-CPAC. 464 p.

Alvim, P.T. & Silva, J.E. 1979.Comparação entre os cerrados e a regiãoamazônica em termos agroecológicos.In: Simpósio sobre o cerrado. 5. Brasília.EMBRAPA-CPAC/CNPq. 143-160 pp.

Ayres,M., Ayres Júnior, M., Ayres, D.L. &Santos, A.S. 2000. Bioestat 2.0:aplicações estatísticas nas áreas dasCiências Biológicas e Médicas. Belém:Sociedade Civil Mamirauá; Brasília:CNPq. 272 p.

Marimon, B. Mozer, G., Bezerra, L. Brás,V. 2001. Relações morfométricas emindivíduos arbóreos em quatro áreas noentorno da Ilha do Bananal – Pium,Tocantins. In: Relatórios de Métodos decampo em ecologia. Universidade deBrasília. 27-29 pp.

Oliveira, P.E. 1998. Fenologia e biologiareprodutiva das espécies de cerrado. In:Sano, M.S. & Almeida, S.P. Cerrado:ambiente e flora. Planaltina: EMBRAPA– CPAC. 169-188 pp.

Oliveira, P.A.M. Ribeiro, J.F., Gonzales,M.I. 1989. Estrutura e distribuiçãoespacial de uma população deKielmeyera coriacea Mart. De cerradosde Brasília. Revista Brasileira deBotânica. 12:39-47.

Ribeiro, J.F., Silva, J.C., Batmanian, G.J.1985. Fitossociologia de tiposfisionômicos do cerrado de Planaltina –DF. Revista Brasileira de Botânica. 8:131-142.

Zar, J.H. 1996. Biostatistical analysis. Ed.Prentice-Hall, Inc. 3ª ed. 613 p.

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Tabela 1. Valores de tendência central (± desvio padrão) e mediana da altura, volume da copae quantidade de frutos dos indivíduos com e sem frutos de uma população de K. coriacea.

Frutificação

N Altura Volume da copa Quantidade de Frutos

Média ±DP

Mediana Média ± DP Mediana Média Mediana

Presente 25 3.14±-0.73 3.00 5.43±- 5,28 4.46 16,92±12,08

15,00

Ausente 25 2.87±0,78 2.85 4.57± 6,66 2.49 - -

Figura 1. Distribuição de altura para indivíduos de K. coriacea com frutos (alts) e sem frutos(altn).

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Figura 2. Distribuição de volume para indivíduos de K. coriacea com frutos (alts) e semfrutos (altn).

Figura 3. Relação entre o volume da copa e quantidade de frutos em Kielmeyera coriacea numcerrado no PESCAN.

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I1.3 NÚMERO DE FOLHAS EMITIDAS POR TRÊS ESPÉCIES DEARECACEAE APÓS QUEIMADA NUMA ÁREA DE CERRADO SENSU

STRICTO

Clarissa Mendes Knoechelmann & Marcel Rodrigo Cavallaro

INTRODUÇÃOO bioma cerrado caracteriza-se pelavariação em estrutura e composiçãoflorística, com forma fisionômica variandonum gradiente de densidade e altura comformas de florestas mais ou menos fechadasà campo aberto (Oliveira-Filho et al. 1989).O cerrado sensu stricto é caracterizado pelapresença predominantemente do estratoarbóreo-arbustivo, com cobertura arbóreavariando de 20% a 50% (Ribeiro & Walter1998).

O fogo juntamente com asazonalidade das chuvas e com o solo pobreem nutrientes, é um dos fatoresdeterminantes da vegetação do cerrado(Coutinho 1990). A adaptação da vegetaçãoao fogo está relacionada a vários fatores,como tipo de queimada, o regime dequeima (frequência e época do ano) etambém ao comportamento do fogo(Miranda et al. no prelo).

Arecaceae é uma das maioresfamílias de plantas do mundo e pela forma easpecto, a mais característica da floratropical (Ribeiro et al. 1999). As trêsespécies tem porte arbustivo, Allagopteracampestris, Butia leiospatha, e Syagrusflexuosa, analisadas neste estudo.

O objetivo deste estudo foideterminar o número de folhas emitidas porcada uma destas três espécies oito mesesapós queimada.

MATERIAL E MÉTODOSÁrea de estudoO PESCAN ocupa uma área total de 125km2 e está situado a 1043 m de altitude.Localiza-se entre os municípios de CaldasNovas e Rio Quente, GO. O clima na regiãoé, segundo a classificação de Köppen, dotipo Aw, tropical quente e úmido comtemperatura média anual variando de 20-25°C (Santos 2003). A área dos indivíduos

amostrados sofreu a última queimada emnovembro de 2002, oito meses antes desteestudo.

MetodologiaOs indivíduos foram sendo amostradosaleatoriamente a medida em que foramencontrados no campo porém, umadistância mínima de 5 m foi mantida entrecada indivíduo amostradoindependentemente de sua espécie. Parafins práticos, foi considerado “indivíduo”todo arbusto de uma das três espécies quepartisse independentemente do solo. Cada um dos 30 indivíduos de cada espéciefoi cuidadosamente inspecionado visandodiferenciar folhas intactas daquelas comsinal de queima. As folhas presentesnaquela época se grandes e/ou próximas aosolo, foram completamente destruídas outiveram os bordos de suas pinaschamuscados pelo fogo - identificação dequeima - sendo facilmente diferenciadas defolhas recentemente emitidas, intactas.De acordo com o objetivo deste estudo foiverificado 1) o número de folhas emitidaspor cada uma destas três espécies oitomeses após a queima; 2) se estes valoresdiferiam entre espécies; 3) verificar se osindivíduos que produziram mais folhaseram maiores e 4) dentro de cada espécie,checar se existia alguma correlação entrealtura do indivíduo e número de folhasemitidas. As análises estatísticas foramfeitas com auxílio do programa Systat 8.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃOSyagrus flexuosa apresentou maiorprodução de folhas novas que as outrasduas espécies (Figura 1). Apesar das 3espécies serem referenciadas como de portearbustivo S. flexuosa apresenta altura maiordevido a estrutura de suas estípulas (Figura2).

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A altura máxima do fogo no cerradoé de aproximadamente 60 - 80 cm. Dessamaneira inferimos que por apresentarem umporte relativamente maior, tenham tido umnúmero menor de folhas afetadas e assimpuderam continuar investindo seus recursosna produção normal de folhas. Por outrolado, as outras duas espécies, menores,foram mais danificadas pelo fogo epassaram a investir no crescimentodaquelas folhas já existentes, que resistiramao fogo, não investindo em folhas novas.

Não houve correlação entre alturado indivíduo e produção de folhas novasapós o fogo. Analisando cada espécieseparadamente não houve correlação entrealtura do indivíduo e emissão de folhasnovas (A. campestris - r = 0.050 , P =0.794; B. leiospatha - r = 0.213 , P =0.257 e S. flexuosa – r = 0.052 , P = 0,785).

CONCLUSÃODe acordo com nossos dados a

influência do fogo sobre os indivíduos nãodepende de suas alturas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COUTINHO, L. M. 1990. Fire in theecology of the Brazilian cerrado. In:Firein the Tropical Biota. GOLDAMMER J.G. (ed.). Springer- Verlang, Berlin.

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Cerrado : Caracterização e impactos. Empreparação.

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RIBEIRO, J.F.; WALTER, B.M. 1998.Fitofisionomias do bioma Cerrado. In:Cerrado: Ambiente e Flora. Sano, S.M.& Almeida, S.P. (eds). Planaltina:Embrapa – CPAC. p. 89 – 152.

SANTOS, M.L. 2003. Florística e biologiareprodutiva de espécies deMelastomataceae do Parque Estadual daSerra de Caldas Novas e Parque Estadualdos Pirineus, GO. Tese de Doutorado.Universidade de Brasília, Brasília – DF.

RIBEIRO, J.E.L.S.; HOPKINS, M.J.;VICENTINI, A.; SOTHERS, C.A.;COSTA, M.A.S.; BRITO, J.M.;SOUZA, M.A.D.; MARTINS, L.H.P.;LOHMAN, L.G.; ASSUNÇÃO,P.A.C.L.; PEREIRA, E.C.; SILVA, C.F.;MESQUITA, M.R. & PROCÓPIO, L.C.Flora da Reserva Ducke. Guia deidentificação das plantas vasculares deuma floresta de terra firme na AmazôniaCentral. Manaus: INPA, 1999. 816p.

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A B SSP

0

1

2

3

4

5

FOL

Figura 1 - Número de folhas novas (FOL) produzidas por cada espécie. (A - Allagopteracampestris, B - Butia leiospatha, S - Syagrus flexuosa).

A B SSP

0

50

100

150

ALT

Figura 2 - Altura dos indivíduos (ALT) de cada espécie. (A - Allagoptera campestris, B -Butia leiospatha, S - Syagrus flexuosa).

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I1.4 Dispersão e sucesso reprodutivo de Dipteryx alata Vog. em área deformação florestal no Parque Estadual de Caldas Novas, Caldas Novas -

Goiás.

Edivane Cardoso & Maria Inês Cruzeiro Moreno

INTRODUÇÃOHá muito procuram-se, em florestastropicais, explicações ecológicas parajustificar a diversidade de espécies queconvivem lado a lado. Os trabalhos demaior destaque que abordam essa questãoforam lançados por Janzen (1970) e Connell(1971), com a chamada “hipótese deescape” ou teoria de Janzen-Connell. Ahipótese de escape parte da afirmação deque, uma maior quantidade de sementes(Janzen, 1970) ou plântulas (Connell, 1971)concentram-se próximos ao indivíduo“matriz” ou “planta-mãe”, a partir do qualforam dispersos. Associada à diminuição nadensidade de sementes, à medida que seafasta da matriz, existiria tambémdiferenciação na intensidade do ataque depredadores devido ao distanciamento, o quelevaria a um maior escape de sementes ouplântulas a uma distância intermediária àmaior distância alcançada pelas sementesdurante a dispersão. A diminuição daprobabilidade de sobrevivência a longasdistâncias seria devido à menor densidadede frutos/sementes e nas proximidades daplanta-mãe esta seria total e se daria pelamaior taxa de predação e, segundo Hubbell(1980), a uma redução natural dacapacidade de germinação de frutosdispersos a curtas distâncias.

A partir da teoria de Janzen-Connell, muitos outros trabalhos foramrealizados tendo-a como base, podendo ahipótese ser apoiada (Clark & Clark, 1984),contestada (Hubbell, 1979 e 1980; Burkey,1994) ou discutida a nível de escala(Schupp, 1992).O presente trabalho teve como objetivoscorrelacionar a dispersão de diásporos e oescape de plântulas em relação à distânciada planta mãe e verificar se a quantidade deplântulas está correlacionada com a de

diásporos de uma espécie arbórea emformação florestal.

MATERIAL E MÉTODOSÁrea de estudo - O levantamento foirealizado no Parque Estadual de CaldasNovas, Goiás (PESCAN), em área deformação florestal denominada "Mirante dobaruzeiro", com acesso pela trilha dacascatinha. A área é caracterizada pelapresença de solos litólicos e a vegetaçãoapresenta espécies indicadoras de solosmesotróficos, tais como Magoniapubescens, Anadenanthera collubrina eDiospyros hispida.

Espécie estudada - Dipteryx alataVog., conhecida popularmente como baru,ocorre, é uma espécie arbórea que pode serencontrada em Cerrado, CerradãoMesotrófico e em Mata Mesofítica. Suafloração é de novembro a fevereiro e afrutificação é de janeiro a março,excepcionalmente até julho. A folhacomposta apresenta ráquis alada e o fruto éum legume drupáceo, de cerca de 5centímetros de comprimento, marrom-claro,ovóide, levemente compresso, com cálicepersistente, pericarpo lenhoso e,geralmente, apresenta apenas uma semente(Almeida et al, 1998; CEMIG, 1992).Coleta de dados - Foram observados adistância de dispersão de diásporos e aquantidade de plântulas em torno de trêsindivíduos de D. alata em fase dedispersão. Tanto para quantificação dediásporos quanto plântulas, foramestabelecidos 4 transectos, a partir da basedo tronco do indivíduo considerado comoplanta-mãe, os quais foram traçados emdireção aos principais pontos cardeais,determinados por bússola de precisão de 2graus. A amostragem sobre cada direção foicessada aos 10 metros. Ao longo dostransectos foi considerada faixa de 1 metro

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de largura (0,5m de cada lado), além de queforam adotadas classes de intervalos de 1metro, sendo o primeiro metrodesconsiderado para evitar sobreposição deamostragem.

Os diásporos consideradoscorrespondem tanto a frutos da estação dedispersão atual quanto a frutos de estaçõesanteriores. Foram considerados comoplântulas indivíduos de até 50 cm de altura.

Os dados foram testados quanto anormalidade e homogeneidade pelos testesde Shapiro-Wilk e Kolmogorov-Smirnov,respectivamente, utilizando-se o programaProphet, versão 5.0. A análise de correlaçãofoi calculada utilizando-se o programaBioEstat, versão 2.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃOAo todo, foram amostrados 403 diásporos,com média de 14,93±13,61 diásporos porintervalo de distância à planta-mãe e, ainda,43 plântulas foram encontradas ao longodos transectos amostrais, com média de1,59±2,15 indivíduos em torno de cadaplanta-mãe. Houve grande variação daquantidade de diásporos e plântulasamostrados referentes a cada indivíduo,sendo que ocorreram até 54 diásporos nointervalo de distância entre 2 e 3 metros,referente a um dos indivíduos, e 8 plântulasno intervalo entre 6 e 7 metros referentes auma outra planta-mãe.

Não foi verificada normalidade paraos dados de diásporos (W=0,8783; p<0,05)e de plântulas (W=0,7452; p<0,0001). Damesma forma os dados referentes adiásporos e plântulas não apresentaramhomogeneidade (0,444; p<0,05 e 0,5648;p<0,05, respectivamente).

Diante da não normalidade e nãohomogeneidade dos dados, foi procedida àcorrelação de Spearman. Verificou-secorrelação negativa entre distância daplanta-mãe e quantidade de diásporos (rs =-0,3677; p = 0,06) (Figura 1), assim comoentre quantidade de plântulas e distância daplanta-mãe (rs = -0,2954; p = 0,13) (Figura2). Estes resultados indicam que quantomais distante da planta-mãe de D. alata,

menor é a quantidade de frutos, o que seriade se esperar. Da mesma forma, quantomais longe do indivíduo parental, menor foia quantidade de plântulas encontradas,concordando assim com a teoria de Hubbell(1980), podendo assim ser explicado pelamaior concentração de diásporos próxima àplanta-mãe.

Os dados referentes a diásporos eplântulas apresentaram correlação positiva(rs = 0,2513; p = 0,206). Assim, quantomaior a quantidade de diásporos, tambémmaior é a quantidade de plântulasencontradas. Mesmo não sendo consideradaa concentração das unidades (diásporos eplântulas) em torno da planta-mãe, verifica-se que a taxa de sucesso reprodutivo de D.alata está relacionada com a quantidade defrutos dispersos, nos intervalos de distânciaconsiderados.

CONCLUSÕESFoi verificado que os dados mostraram-sesatisfatórios à verificação docomportamento de D. alata quanto a teoriassobre dispersão e sobervivência de espéciesvegetais, mostrando-se mais semelhante àteoria de Hubbell.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, S.P.; PROENÇA, C.E.B.;SANO, S.M. & RIBEIRO, J.F. Cerrado:espécies vegetais úteis. Planaltina:EMBRAPA-CPAC, 1998. 464p.

BURKEY, T.V. Tropical tree speciesdiversity: a test of the Janzen-Connellmodel. Oecologia. v. 97, p. 533-540.1994.

CLARK, D.A. & CLARK, D.B. Spacingdynamics of a tropical rain forest tree:evaluation of the Janzen-Connell model.The American Naturalist. v. 124, n. 6,p. 769-788. 1984.

CEMIG. Guia ilustrado de plantas doCerrado de Minas Gerais. Governo deMinas Gerais. 1992.

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HUBBELL, S.P. Tree dispersion,abundance, and diversity in a tropicaldry forest. Science. v. 203, n. 4387, p.1299-1309. 1979.

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JANZEN, D.H. Herbivores and the numberof tree species in tropical forests. The

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RIBEIRO, J.E.L.S.; HOPKINS, M.J.;VICENTINI, A.; SOTHERS, C.A.;COSTA, M.A.S.; BRITO, J.M.;SOUZA, M.A.D.; MARTINS, L.H.P.;LOHMAN, L.G.; ASSUNÇÃO,P.A.C.L.; PEREIRA, E.C.; SILVA, C.F.;MESQUITA, M.R. & PROCÓPIO, L.C.Flora da Reserva Ducke. Guia deidentificação das plantas vasculares deuma floresta de terra firme na AmazôniaCentral. Manaus: INPA, 1999. 816p.

SCHUPP, E.W. The Janzen-Connell modelfor tropical tree diversity: populationimplications and the importance ofspatial scale. The American Naturalist.v. 140, n. 3, p. 526-530. 1992.

0

10

20

30

40

50

60

1a2 3a4 5a6 7a8 9a10mIntervalos de distância

Qua

ntid

ade

dedi

áspo

ros

Figura 1. Distribuição de diásporos de três indivíduos de D. alata, ao longo de intervalos dedistância em relação à planta-mãe, em formação florestal no PESCAN, GO.

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0123456789

Intervalos de distancia

Qua

ntid

ade

depl

ântu

las

1a2 3a4 5a6 7a8 9a10m

Figura 2. Distribuição de plântulas de D. alata, ao longo de intervalos de distância emrelação três plantas-mãe, em formação florestal no PESCAN, GO.

0123456789

0 10 20 30 40 50 60Número de diásporos

Núm

ero

depl

ântu

las

Figura 3. Relação entre quantidade de diásporos e plântulas de D. alata, ao longo deintervalos de distância em torno de três plantas-mãe, em formação florestal no PESCAN, GO.

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I 1.5. Comportamento de aves de Cerrado relacionado à vocalização de umpredador, coruja Glaucidium brasilianum.

Iubatã Paula de Faria

IntroduçãoAves de rapina estão entre os principaispredadores de vertebrados. Estes animaispodem ser divididos em dois gruposbásicos: as diurnas e as noturnas, estandoentre as primeiras, as famílias Accipitridae,Falconidae e Pandionidae, e entre assegundas, as Tytonidae e Strigidae, queapresentam algumas espécies com hábitonoturno e diurno (Sick, 1997).A coruja “caburé”, Glaucidiumbrasilianum, apresenta um pequeno porte(63g) e trata-se de uma das menoresespécies brasileiras da família Strigidae(Melo et al., 2001, Souza, 1998). Estaespécie é ativa de dia e de noite e possuiuma dieta, que vai desde insetos atépequenos vertebrados, podendo atacar avesrelativamente grandes, com porte até duasvezes superior ao seu (Sick, 1997).A espécie Glaucidium brasilianum temampla distribuição pelo Brasil; ocorre noBioma Cerrado, desde campos sujos ecerrado sensu stricto até bordas de matas eeventualmente em matas de galeria. Suavocalização, série de 10 ou mais piosmonótonos, irrita determinadas aves quepodem responder com diversoscomportamentos, desde fuga e inquietação,até o próprio ataque ao predador.

Este estudo teve como objetivodescrever o comportamento das aves àvocalização diurna de Glaucidiumbrasilianum.

Material e MétodosO estudo foi realizado das 06:00 às 12:00horas do dia 01 de agosto de 2003 emquatro áreas distintas do Parque Estadual daSerra de Caldas Novas, Goiás. Foramestudadas as seguintes áreas contínuas: áreade cerrado de encosta, sítios 1 e 2; borda damata, sítios 3 e 4; mata de galeria, sítios 5 e6; e mata mesófila, sítios 7 e 8. Foramescolhidos dois sítios de observação em

cada área. A distância entre os sítios foi depelo menos 300 m.Para a coleta de dados, foram utilizadosbinóculos (7x), cronômetro e reprodução degravação da vocalização de Glaucidiumbrasilianum (por “playback”). O tempo deobservação em cada sítio foi de 30 minutos.Cada sítio consistia em: 10 minutos iniciaisde observação (sem reprodução davocalização da coruja) e 20 minutos deobservação (intercalando 5 minutos de“playback” e 5 minutos sem som),totalizando 30 minutos.Os parâmetros avaliados foram: o tempo deresposta das outras aves após o início do“playback”, quais espécies apresentaramresposta e quais espécies apresentaramcomportamento de ataque.

ResultadosO esforço amostral totalizado nos 8

sítios foi de quatro horas de observação e otempo de reprodução da gravação do cantode Glaucidium brasilianum foi de 80minutos. Foram observadas 29 espécies deaves distribuídos em 13 famílias, queresponderam de alguma forma o“playback”.

No cerrado de encosta, sítios 1 e 2,apresentaram juntas 11 espécies, sendoElaenia flavogaster, a única espécie queocorreu nos dois pontos (Tabela 1). No sítio1, Melanopareia torquata foi a primeiraespécie de ave a aparecer, após 20 segundosdo início do “playback”. A Segunda espéciea vocalizar foi um indivíduo de Glaucidiumbrasilianum, respondendo à vocalização de“playback”. Neste sítio, a andorinhaNotiochelidon cyanoleuca após umsobrevôo, atacou o gravador, avançandosobre o observador e saiu.

No sítio 2, as espécies Tangaracayana e Amazona aestiva tambémsobrevoaram as proximidades do gravador.As demais espécies apresentaram

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comportamento de busca associada àvocalização.

Nos sítios 3 e 4 (borda da mata),foram observadas seis e quatro espécies queocorreram nos dois sítios. Duas espécies,uma em cada sítio da borda da mata, nãoforam identificadas; estes indivíduosvocalizaram apenas algumas vezes no meiodo bando.No sítio 3, após 45 segundos do início do“playback”, a resposta foi de um bandomisto, portanto é possível que algumaespécie não tenha sido registrada. A espécieStelgidopteryx ruficollis foi a única espécieque se aproximou do gravador. As demaisespécies manisfestaram-se por vocalizaçãode Glaucidium brasilianum, este foi o únicoregistro de primatas em todos os sítios.Foram observados dois indivíduos, queapresentaram comportamento de agitação evocalização, porém, é mais provável queseja devido a presença do observador e nãoo canto de Glaucidium brasilianum.

O sítio 5, referente à mata degaleria, apresentou cinco espécies, sendoque três não foram identificadas até espécie.A primeira ave que emitiu resposta ao“playback” foi Euphonia chlorotica, queapós 120 segundos do início do canto deGlaucidium brasilianum mostrou-seagitada, passando a vocalizar em altafreqüência.

O sítio 6 referente à mata de galeria,apresentou seis espécies, sendo uma nãoidentificada. Neste ponto a primeira ave aresponder foi Cyclarhis gujanensis após300 segundos do início do “playback”. Nosítio 6, Antilophia galeata apresentoucomportamento de fuga após um breveperíodo de agitação e vocalização intensa.A espécie de Basileuterus flaveolusmostrou-se bastante incomodada,vocalizando intermitentemente após o iníciodo “playback”.

Os sítios 7 e 8 da mata mesófilaapresentaram o menor número de espécies,um total de três, sendo que Basileuterusflaveolus ocorreu nos dois pontos eapresentou comportamento semelhante aosindivíduos da mata de galeria. Nos sítios 7 e

8, a resposta à vocalização de Glaucidiumbrasilianum foi de 20 segundos em cadaponto.

A média de tempo de resposta daprimeira ave à vocalização da coruja foiigual a 76,9 ± 97,4 segundos (média ±desvio padrão) sendo que os valores maisaltos correspondem à mata de galeria.

DiscussãoAs reações das aves à vocalização

de Glaucidium brasilianum foramobservadas em todos os pontos amostrados.Os ambientes apresentaram valores bemaproximados quanto ao número de espéciesobservadas, exceto mata mesófila, queapresentou apenas três espécies. SegundoMelo et al. (2001), os ambientes fechadoscomo matas podem apresentar númeroreduzido de resposta `a vocalização depredadores, explicado pela dificuldade dapropagação do som nestes ambientes.Porém, na mata de galeria, o número deespécies que responderam à vocalização deGlaucidium brasilianum foi aproximado aode borda de mata e cerrado de encosta.

Na mata mesófila, os resultadospodem ter sido menores, primeiro, devido àmovimentação de pessoas que foi percebidanos dois últimos pontos; segundo, os doisúltimos pontos foram amostrados a partirdas 11:00 horas da manhã, horário em que aatividade da maioria das aves é menor(Sick, 1997).Dentre as espécies que apresentaram algumcomportamento de resposta à vocalizaçãode Glaucidium brasilianum, as espéciesTurdus leucomelas (23 cm de tamanho) eAmazona aestiva (38 cm de tamanho) sãoas maiores. As outras espécies tratam-se depequenas aves. Portanto, concluímos que apresença de Glaucidium brasilianus causairritação e receio a várias espécies de aves,principalmente pequenas espécies.

Bibliografia

Melo, F.R.; Amaral, P.P. e Vargas, R.D.(2001) Reação das aves à vocalização deGlaucidium brasilianum (Strigidae) In:

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Ecologia do Pantanal/ curso de campo2001.

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Souza, D. (1978). Todas as aves do Brasil:Guia de campo para identificação. Feirade Santana, BA. Ed. DALL.

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I 1.6 Visitantes florais em Vochysia elliptica e Salvertia convallarioeodora(Vochysiaceae) no Parque Estadual da Serra de Caldas Novas (GO)

Laudicéa F. Lima & Emanuele Pomini

IntroduçãoDiversas espécies de animais, como insetos,aves e mamíferos, apresentam acaracterística de visitação a plantas. Estesanimais são atraídos por um conjunto deatributos florais que inclui odores,coloração e disponibilidade de néctar epólen (Crawley, 1997), e na maioria dasvezes acabam por exercer um importantepapell como polinizadores.

Na região do Cerrado, esta relaçãoplanta-polinizador envolve guildas depolinizadores associados a umadeterminada planta ou grupo de plantas(Oliveira & Gibbs, 2002), porém numerosassituações demonstram que, apesar de setratar de uma relação mutualista, apolinização não é uma interação exatamentesimétrica quanto à dependência dosorganismos envolvidos (Waser et al.,1996). Em diferentes áreas de Cerrado, asabelhas são os visitantes mais comuns. Afamília Vochysiaceae apresenta 7 gêneros ecerca de 200 espécies, com distribuiçãoprincipalmente neotropical, e algumasespécies podem facilmente seremencontradas no Cerrado (Oliveira & Gibbs,2002)

Este trabalho teve como objetivoidentificar os visitantes florais em Vochysiaelliptica e Salvertia convallarioeodora(Vochysiaceae) em uma área de Cerradolocalizada no Parque Estadual da Serra deCaldas Novas (PESCAN).

Material e MétodosO PESCAN situa-se na região sudeste doEstado de Goiás, entre os municípios deCaldas Novas e Rio Quente. Possui umaárea de 12.500 ha em formato elíptico,incluindo o topo que é constituído de umgrande platô, as laterais com encostas queformam muralhas naturais e a base da serra,que faz divisa com fazendas e loteamentosurbanos (Santos, 2003).

O estudo foi realizado em uma áreade cerrado de encosta à margem da estrada,próximo ao Mirante de Caldas Novas, nodia 02 de agosto de 2003. As espéciesVochysia elliptica e Salvertiaconvallarioeodora foram avaliadas quantoà variedade de espécies que visitam suasflores. Foram escolhidos cinco indivíduosde ambas as espécies e avaliados quanto àpresença de visitantes florais. Foramrealizadas observações por visualizaçãodireta e com o auxílio de binóculo durante operíodo matutino (6:30 h a 10:45 h). Aidentificação dos visitantes foi feita atravésde registro fotográfico para aves e coletapor meio de puçá para insetos.

Resultados e DiscussãoA espécie Vochysia elliptica caracteriza-semorfologicamente por inflorescênciaterminal, pluriforme, composta, indefinidaem racimo, sépalas amarelas, corolaamarela e odor fraco. A espécie Salvertiaconvallarioeodora apresenta inflorescênciaterminal, pluriforme, composta, indefinidaem racimo, corola branca, sépalaesverdeada e odor forte.

Por pertencerem à mesma família,as duas espécies de vochysiaceasapresentaram várias característicasmorfológicas em comum, porém a cor dacorola e das sépalas, o tamanho floral e oodor foram as principais diferençasobservadas entre as espécies durante oestudo.

Foram encontradas, tanto emVochysia elliptica como em Salvertiaconvallarioeodora, cinco espécies devisitantes florais, sendo duas de abelhas nãoidentificadas, provavelmente mamangavas,um Lepdoptera da família Piranidae e doispássaros da família Trochilidae, Colibriserrirostris c.f. e Phaethornis petrei c.f.Todas as espécies visitaram ambas asespécies, no entanto as abelhas foram

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observadas em intervalos não contínuosdurante todo o período, enquanto C.serrirostris, em intervalos não contínuos,somente durante a última hora deobservação.

O fato das duas espécies estudadasapresentarem os mesmos visitantes floraispode ser explicado pela grande semelhançamorfológica, como também por suaocorrência em faixas próximas no cerradode encosta do PESCAN, com períodos defloração coincidentes.

Houve uma preferência na visitaçãodas abelhas pelas flores de S. elliptica,enquanto que C. serrirostris freqüentouprincipalmente as flores de S.convallarioeodora. As variações navisitação possivelmente aconteceram emfunção de diferenças morfológicas dasespécies, da forma de disponibilização denéctar e das diferenças de intensidade deodor. Variações nas concentrações denéctar, uma das características principais narelação entre plantas e seus polinizadores,atraemi diferentes classes de visitantesflorais, justificando o fato de plantas comnéctar menos concentrado geralmenteserem utilizados por beija-flores emorcegos, enquanto flores com néctar maisconcentrado atenderem, geralmente,abelhas e vespas (Percival, 1965), porémneste trabalho as concentrações de néctarnão foram medidas.

Um fator a ser considerado é que oestudo foi realizado no final do período de

floração e por isso podem ocorrer variaçõesno número de espécies e na freqüência devisitantes florais.

Referências Bibliográficas

Crawley, M.J. 1997. Plant ecology. 2nd ed.Blackwell Science. Oxford. 717p.

Oliveira, P.E. & Gibbs, P.E. 2002.Pollination and reproductive biology incerrado plant communities. In: P.S.Oliveira; R.J. Marques (eds.) Thecerrados of Brazil: ecology and naturalhistory of a neotropical savanna.Columbia University Press, Washington.329-347p.

Percival, M. 1965. Floral Biology.Pergamon Press.

Santos, M.L. 2003. Florística e biologiareprodutiva de espécies deMelastomataceae no Parque Estadualda Serra de Caldas Novas e ParqueEstadual dos Pirineus, Goiás. Tese deDoutorado. Universidade de Brasília.Brasília, DF. 167p.

Waser, N.M.; Chittka,L.; Price,M.V.;Williams,N.M. & Ollerton, J. 1996.Generalization in pollination systems,and why it matters. Ecology, 77: 1043-1060.

Tabela 1. Espécies de aves, nos oito pontos que apresentaram resposta à vocalização deGlaucidium brasilianum.

Espécie Família/Subfamília 1 2 3 4 5 6 7 8Amazona aestiva Psittacidae XAntilophia galeata Emberizidae/ Parulinae X XBasileuterus flaveolus Muscicapidae/

TurdinaeX X

Chlorostilbonaureoventris

Trochilidae X

Coereba flaveola Emberizidae/Coerebinae

X

Colibri serrirostris Trochilidae X

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Cychlaris gujanensis Vireonidae X XElaenia chiriquensis Tyrannidae XElaenia flavogaster Tyrannidae X XEupetomena macroura Trochilidae XEuphonia chlorotica Emberizidae/

ThraupinaeX X

Dendrocolaptesplatyrostris

Dendrocolaptidae X

Glaucidiumbrasilianum

Strigidae X

Melanopareia torquata Rhicocryptidae XNotiochelidoncyanoleuca

Hirundinidae X

Saltator similis Emberizidae/Thraupinae

X

Stelgidopteryx ruficollis Hirundinidae XSuiriri suiriri Tyrannidae XSynallaxis frontalis Furnariidae XTangara cayana Emberizidae/

ThraupinaeX

Thraupis sayaca Emberizidae/Thraupinae

X

Thryothorus sp Troglodytidae XTurdus leucomelas Muscicapidae/

TurdinaeX X X

Turdus rufiventris Muscicapidae/Turdinae

X

Espécie 1 XEspécie 2 XEspécie 3 XEspécie 4 X

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I 1.7 COMPARAÇÃO ENTRE A FAUNA DE FORMIGASARBORÍCOLAS EM CAMPO SUJO E MATA DA SERRA DE CALDAS

NOVAS

Maria Alice de Medeiros & Paulinia de Araujo Ribeiro

INTRODUÇÃOAs formigas são organismos comuns tantoem termos de biomassa quanto em númerode espécies. Além disso, estão presentes emtodos os ambientes terrestres (Wilson,1987). Espécies arbóreas podem nidificarem caules ocos de plantas, o que possibilitauma atividade intensa de patrulhamento nasfolhas (Morais, 1980).

Formigas são organismosdominantes onde colônias individuaispodem apresentar milhares de operárias.Sua dominância numérica nos ambientesterrestres é combinada com uma ampladiversidade taxonômica e distribuiçãogeográfica (Holldobler & Wilson, 1990citado por Oliveira et al., 2002). SegundoHolldobler & Wilson (1990) o número deformigas que são recrutadas é proporcionalao tamanho e a qualidade do recurso. Namaioria das espécies de formigas, umas oupoucas operárias procuram os recursossolitariamente e, quando encontram voltamao ninho e recrutam ou outras operáriaspara a coleta do alimento (Holldobler &Wilson, 1990 citado por Oliveira et al.,2002).

OBJETIVOSIdentificar espécies de formigas arborícolaspresentes em um campo sujo e em umamata de galeria;Verificar qual a similaridade existente entreespécies de formigas arborícolas nas duasáreas.

MATERIAL E MÉTODOSO presente trabalho foi realizado no ParqueEstadual da Serra de Caldas Novas(PESCAN-GO) em área de campo sujo emata de galeria, próximo a trilha daCascatinha. As áreas eram próximas comaproximadamente 200 m de distância umada outra.

O primeiro transecto foi feito às7:45 h e o segundo às 8:00 h. Em cada áreaforam dispostas 15 iscas aleatoriamentepara captura de formigas, numa distânciamédia entre os pontos de 3,00 m. As iscasforam feitas com sardinha e água ecolocadas em papel toalha sobre as árvoresa uma altura média de 1,00 m ± 1,30 m,durante uma hora. Após esse período asiscas foram recolhidas e armazenadas emsacos plásticos. Em laboratório o materialfoi triado e as formigas foram fixadas emálcool 70% e identificadas em nível degênero.

Para as duas áreas, foi calculado oíndice de Shannon-Weaver, o índice desimilaridade e o teste t.

Caracterização da áreaO campo sujo é caracterizado porapresentar fisionomia exclusivamenteherbáceo-arbustivo, com arbustos esubarbustos esparsos cujas plantas, muitasvezes, são constituídas por indivíduosmenos desenvolvidos das espécies arbóreasdo cerrado sentido restrito (Ribeiro &Walter, 1998). A mata de galeria consistede uma vegetação florestal que acompanhaos rios de pequeno porte e córregos,formando corredores fechados (galerias)sobre o curso de água (Ribeiro & Walter,1998, 2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃONa área de campo sujo, nove pontos decoleta foram forrageados pelas formigas.Na mata de galeria oito pontos foramforrageados. No campo sujo foramencontradas sete espécies de formigasarborícolas, sendo uma subfamíliaDolichoderinae, três da subfamíliaFormicinae, duas da subfamília Mymicinaee uma da subfamília Pseudomyrcinae

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(Tabela 1). Na mata de galeria, foramencontradas oito espécies, sendo quatro dasubfamília Formicinae, três da subfamíliaMyrmicinae, uma Ponerinae. Apenas umaespécie, Camponotus sp.2 foi encontradanas duas áreas (Tabela 2).

As formigas exploram o ambienteatravés de suas estratégias sociais. Emalguns casos, algumas espécies são maisagressivas que outras. Quando há umrecurso a ser explorado é comum que asespécies mais agressivas evitem que outrascheguem perto, empregando estratégias dedefesa. Nas amostragens do campo sujoespécies pouco agressivas comoCamponotus sp e Zacryptoceres sp, foramencontradas juntas em quatro amostras. Poroutro lado espécies mais territoriais comoAzteca sp dificilmente são coletadas junto aoutra espécie no recurso disponível(Medeiros, 1992).

O índice de Shannon-Weavercalculado para o campo sujo foi igual a 0,80e para a mata de galeria foi 0,72. Nas duasáreas o índice de diversidade foi baixo.Sabe-se que o número total de espéciesencontradas num determinado ambientevaria de acordo com o tamanho da amostra.O índice estudado enfatiza as espéciescomuns. É possível que se a amostragemfosse maior o índice aumentasse, já que setrata de um ambiente preservado. O índicede similaridade encontrado foi baixo,apenas 13%. O valor encontrado para oteste t foi 0,05 (2), 371,74 = 1,967. Esteresultado mostrou que a diversidade deformigas do campo sujo foi igual a da matade galeria.

CONCLUSÃOOs ambientes amostrados emborapróximos, são diferentes quanto a coberturavegetal e a maior parte das espécies deformigas arborícolas neles encontradas

foram diferentes, sendo a espécie deCamponotus sp. comum nas duas áreas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MEDEIROS, M.A. Ecologia de Aztecachartifex e seu potencial como agentede controle biológico em plantações decacau Ilhéus, BA. Dissertação deMestrado. UNESP, Rio Claro, SP.

MORAIS, H.C.; 1980. Estrutura de umacomunidade de formigas arborícolasem vegetação de campo cerrado.Dissertação de Mestrado. UNICAMP,Campinas, SP.

OLIVEIRA, P.S.; FREITAS, A.V.L.; DEL-CLARO, K. 2002. Ant foraging onplant foliage: Contrasting effects on thebehavioral ecology of insect herbivores.In: OLIVEIRA, P.S. & MARQUIS, R.J.(Eds.) The cerrados of Brazil. ColumbiaUniversity Press. New York.

RIBEIRO, J.F. & WALTER, B.M.T. 2001.As matas de galeria no contexto dobioma Cerrado. In: Cerradocaracterização e recuperação de matasde galeria. J.F. RIBEIRO.; C.E.L. daFONSECA.; J.C. SOUZA-SILVA.(Eds.). Embrapa-CPAC, Planaltina, DF.

RIBEIRO. J.F & WALTER, B.M.T. 1998.Fitofisionomias do bioma Cerrado. In:Cerrado ambiente e flora. S.M. Sano &S.P. de Almeida. (Eds.). Embrapa-CPAC, Planaltina, DF.

WILSON, E.O. 1987. Causes of eclogicalsucces: the case of the ants. J. Anim.Ecol. 56: 1.9.

ZAR, J.H. 1996. Biostatistical analysis. Ed.3. Prentice Hall. New Jersey.

Tabela 1. Espécies de formigas arborícolas em campo sujo e a frequência nas amostras.PESCAN, GO, agosto de 2003.

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Espécie/Gênero Subfamília FrequênciaAzteca sp. Dolichoderinae 1Camponotus sp. Formicinae 4Camponotus sp. Formicinae 1Morfoespécie 1 Formicinae 1Pseudomyrmex sp. Pseudomyrmicinae 1Wasmannia sp Myrmicinae 2Zacryptocerus sp. Myrmicinae 5

Tabela 1. Espécies de formigas arborícolas em mata de galeria e a frequência nas amostras.PESCAN, GO, agosto de 2003.Espécie/Gênero Subfamília FrequênciaCamponotus sp. 2 Formicinae 2Camponotus sp. 3 Formicinae 1Camponotus sp. 4 Formicinae 1Crematogaster sp. 1 Myrmicinae 2Crematogaster sp. 2 Myrmicinae 3Crematogaster sp. 3 Myrmicinae 1Morfoespécie 2 Formicinae 1Gnaptogenus sp. Ponerinae 1

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I 1.8 DISTÂNCIA DE FUGA DE Tropidurus torquatus (Squamata) NOPARQUE ESTADUAL DE SERRA DE CALDAS NOVAS – GO

Pablo Sebastian Amaral & Raquel Ribeiro da Silva

IntroduçãoA fauna de lagartos do Cerrado do Brasil,descrita por Vanzolini (1948), apresentavauma lista de 11 espécies identificadas emPirassununga, estado de São Paulo, naperiferia da distribuição do bioma.Trabalhos pioneiros sugeriram que aherpetofauna do Cerrado possuia baixosníveis de diversidade de espécie e deendemismo. No entanto, Colli et al (2002),apresenta dados que revelam umadiversidade bastante elevada. Registros dastrês localidades mais amostradas do Brasil(Brasília - Distrito Federal, Minaçu - Goiáse Chapada dos Guimarães) sugerem que adiversidade local de lagartos está em tornode 25 espécies (Colli et al. 2002).

Muitas espécies de répteis e anfíbiosdo Cerrado têm sido descritas recentemente,mas muitas ainda aguardam estudosadequados. No momento, 47 espécies delagartos têm registro de ocorrência nobioma Cerrado. Dentre estas espécies,algumas são típicas da Floresta Atlântica ouda Amazônia mas são encontradasfreqüentemente ao longo das florestas degaleria no Cerrado. A maioria das espécies,incluindo as endêmicas, são lagartos deáreas abertas (Colli et al. 2002).

O bioma Cerrado apresenta duasestações bem definidas, uma seca e quente eoutra fria e chuvosa e uma vegetaçãocomposta por um mosaico defitofisionomias que varia de plantasherbáceas a uma vegetação arbórea densanas matas de galeria. Estes dois aspectosafetam a ecologia da herpetofauna em geral,uma vez que estes animais sãoheliotérmicos. Existem ainda, espéciescomo Tropidurus torquatus adaptadas àatividade humana, que se aproveitam daocupação humana para receber benefícios(Colli et al. 2002).

O objetivo deste trabalho foirelacionar a distância de fuga de Tropidurus

torquatus com as diferentes temperaturasdo ambiente ao longo do dia.

Material e MétodosPara tal estudo, definiu-se distância de fugacomo a menor distância que o observadorpode chegar do lagarto antes que este fuja,isto é, quando o indivíduo sai do local ondese encontra para longe do observador ou umabrigo.

O trabalho foi desenvolvido no dia01 de agosto de 2003 na área da sede doParque Estadual da Serra de Caldas Novas(PESCAN) – GO, município de CaldasNovas e rio Quente. Para as observaçõesdos indivíduos, um transecto circular deaproximadamente 560 m, foi percorrido acada 30 min, entre as 7h e 11h30min, pordois observadores a pé. Foram realizados 9transectos, totalizando 5,04 km. Para cadameia hora, foram tomadas as temperaturasambientais ao sol por meio de umpisicrômetro digital (Taylor modelo 5566).

Após a visualização dos animais,dados de identificação, tamanhoaproximado (pequeno, médio ou grande) edistância de fuga, foram coletados.

A análise dos dados foi feita atravésde gráficos e a relação entre temperatura enúmero de indivíduos observados foianalisada por meio de regressão linear.

Resultados e DiscussãoForam encontrados 51 indivíduos, sendoque destes, 33 pertencem à espécieTropidurus torquatus. Os indivíduoscomeçaram a demonstrar atividade a partirdas 7h30min, horário em que foi registradaa presença de um indivíduo, porém semobservação direta do mesmo. Os horáriosdo dia em que foram encontrados maisindivíduos foram às 8h30min e 10h, sendoobservados 9 indivíduos (Figura 1). Colli &Oliveira (2000) descrevem, para o gêneroTropidurus, um comportamento heliófilo e

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diurno, ativo no inicio da manhã e final datarde. As temperaturas medidas no sol,entre 7h:00min e 11h:30min variaram de28,06 a 45o C, com média de 34,91 ± 6,51,apresentando uma diminuição em torno das9h30min (Figura 2).

Para as análises estatísticas, foramutilizados apenas os dados de Tropidurustorquatus. Os dados da distância de fuga etemperatura, e distância de fuga e horáriodas observações foram relacionados pormeio da correlação de Spearman,apresentando correlação significativa emdistância de fuga e horário (rs= 0.43, p =0.02). No entanto, para distância de fuga etemperatura, não houve correlaçãosignificativa (rs = 0.24, p = 0.2). Asrelações entre o horário de coleta,temperatura e distância de fugaapresentaram apenas uma tendência aoaumento simultâneo (Figuras 3 e 4). Noentanto, foi encontrada uma correlaçãopositiva (R2 = 0,0415) e significativa (F =6,67; p = 0,03) entre a temperatura e onumero de indivíduos (Figura 5). Essarelação pode ser explicada pelos padrões deatividade dessas espécies e pelas suascaracterísticas ectotérmicas, uma vez quepor dependerem do calor externo, tornam-semais ativos à medida que a temperatura doambiente se eleva, sendo assim maisfacilmente encontrados.

ConclusõesDe acordo com os dados coletadospodemos notar que há uma relação, emborafraca, entre o numero de indivíduos e oaumento da temperatura, issoprovavelmente se deve ao padrão deatividade dessas espécies. A relação entredistância de fuga e horário de observaçãotambém mostrou-se significativa. Noentanto, essa relação não foi encontradaquanto à temperatura e a distância de fuga.

Referências

Colli G. R., Brastos, R. P. & Araujo, A. F.B. 2002. The character and dynamics ofthe Cerrado herpetofauna. In: Thecerrado of Brazil. Ecology andNarural History of a NeotropicalSavanna. Oliveira, P. S. & Marquis, R.J. (eds). Columbia University Press,Nova York. 223-241.

Colli, Guarino R. & Oliveira, Luiz E. 2000.Guia de lagartos do Distrito Federal.http.www.unb.br/ib/zoo/grcolli.

Vanzolini, P. E. 1948. Notas sobre osofídios e lagartos da Cachoeira de Emas,no município de Pirassununga estado deSão Paulo. Rev. Bras. Biol. 8:377-400

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Figura 1. Relação entre hora do dia e numero de indivíduos de Tropidurus torquatus noPESCAN-GO, 2003

Figura 2. Relação entre a temperatura no sol e hora do dia no PESCAN-GO, 2003

0.005.00

10.0015.0020.0025.0030.0035.0040.0045.0050.00

07:00 07:30 08:00 08:30 09:00 09:30 10:00 10:30 11:00 11:30

H ora do d ia

Tem

pera

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0

2

4

6

8

1 0

0 7 :0 0 0 7 :3 0 0 8 :0 0 0 8 :3 0 0 9 :0 0 0 9 :3 0 1 0 :0 0 1 0 :3 0 1 1 :0 0 1 1 :3 0

H o ra d o d ia

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Figura 3. Relação entre média da distância de fuga e hora do dia no PESCAN-GO, 2003

Figura 4. Relação entre média da distância de fuga e temperatura no PESCAN-GO, 2003

0

2

4

6

8

1 0

1 2

0 7 :0 0 0 8 :0 0 0 8 :3 0 0 9 :0 0 0 9 :3 0 1 0 :0 0 1 0 :3 0 1 1 :0 0 1 1 :3 0

H o ra d o d ia

Méd

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istâ

ncia

0

5

10

15

28.06 29.06 30.56 34.44 35.06 42.72 45.00

Temperatura

Méd

ia D

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ncia

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y = 1.7941x + 22.14R2 = 41.47%

0.0010.0020.0030.0040.0050.00

0 2 4 6 8 10Indivíduos

Tem

pera

tura

Figura 5. Regressão entre o número de indivíduos observados e a temperatura do ambiente aosol, no PESCAN, 2003.

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I2.2 DISTRIBUIÇÃO DE Kielmeyera coriacea (Clusiaceae) e Tabebuiaaurea (Bignoniaceae) NUMA ÁREA DE CERRADO SENSU STRICTO NOPARQUE ESTADUAL DA SERRA DE CALDAS NOVAS, PESCAN - GO

Edivane Cardoso & Marcel Rodrigo Cavallaro

INTRODUÇÃOPara realização de experimentosrelacionados a diversidade e distribuição deespécies vegetais são necessários algunsestudos que mostrem a relação existenteentre os indivíduos das espécies tratadas,principalmente em áreas de vegetaçãonatural em equilíbrio. Para tais estudos sãorealizados levantamentos que envolvemvariações na estrutura, relação entre asplantas (Kershaw 1960), fases de vida dasespécies e a forma como se distribuem naárea. Assim, são realizados mapeamentos,cálculos de índices e testes que comparamseu comportamento natural desobrevivência. Alguns trabalhos (Kershal1957; Usher 1975; Auld & Coote 1980;Galiano 1982; Czárán & Bartha 1989;Roxburgh 1998; Meireles & Luiz 1995;Coomes et al. 1999; Hay et al. 2000) tratamde modelos e métodos que avaliam ospadrões de distribuição de espécies, porémos mais amplamente utilizados são o Índicede Morisita, utilizados em trabalhos comoHubbell (1980), Pedroni (2001) e o Índicede Dispersão de Clark & Evans (1954),utilizado e discutido em Galiano (1982),Platt & Hermann (1986), Nakajima &Monteiro (1987), Meireles & Luiz (1995),He Fangliang et al. (1997) e Pedroni(2001).

Este levantamento teve comoobjetivo verificar se o tipo de distribuiçãode duas espécies lenhosas varia quando seutiliza diferentes escalas espaciais.

MATERIAL E MÉTODOSPara estudo de distribuição foi utilizadaanálise baseada na verificação do quanto adistribuição das espécies se aproxima daaleatoriedade (distribuição aleatória dePoisson). Para cada espécie foi calculado oÍndice de Morisita (IM = 1: distribuição

aleatória; IM = 0: distribuição uniformeperfeita; e, IM = número de parcelas:máxima agregação). Segundo Hubbell(1980), o Índice de Morisita é influenciadopelo tamanho das parcelas e pelo padrão dedispersão intra grupos em espécies queapresentam dispersão agrupada. Brower etal. (1997) não aconselha a análise depopulações cujo número máximo deindivíduos por parcela é maior que 10,indicando assim redimensionamento dasparcelas, tal como realizado por Hay et al.(2000). Indica-se número menor que 5 e,idealmente, até 2 indivíduos por parcela,apesar de que Oliveira-Filho et al. (1996)menciona que número reduzido deindivíduos pode indicar erroneamente auniformidade perfeita. O índice dedispersão (se menor que 1 é dita uniforme,se igual a 1 é aleatório e se maior que 1 éagregado), de Clark & Evans (1954), o qualtambém é afetado pelos tamanhos dapopulação e das parcelas, dado porvariância/média, foi calculado e utilizadocomo análise. A distribuição foi confirmadapelo teste t de Student, tal como descrito emBrower et al. (1997).

Foram analisadas as espéciesKielmeyera coriacea (Clusiaceae - Pau-santo) e Tabebuia aurea (Bignoniaceae -Ipê-amarelo), ocorrentes em área deCerrado sensu strictu, iniciando a 20 m detrecho de uma estrada de manutenção notopo da Serra de Caldas Novas, ParqueEstadual de Caldas Novas, GO. Forammarcadas parcelas contíguas de 10x10 m,dispostas na forma de um quadrilátero.Cada parcela foi subdividida em quatroparcelas de 5x5 m para testar a variação dospadrões de distribuição com a variação daescala de amostragem. Para cada parcela,foi anotado o número de indivíduos de cadaespécie, maiores que 2 m de altura.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOA área total amostrada foi de 2500 m2,resultando em 25 parcelas de 10 metros delado (100 m2) ou 100 parcelas de 5 metrosde lado (25 m2).

Kielmeyera coriacea - Ao todo,foram encontrados 99 indivíduos de K.coriacea, com média de 3,96indivíduos/100 m2 e de 0,98 indivíduos/25m2, correspondendo a 396 indivíduos/ha.Para a dimensão de 100m2, no caso dessaespécie, foram encontrados até 16indivíduos em uma das parcelas, 13 noutrae 11 e duas delas. Para a outra escala foiencontrado máximo de 6 indivíduos. Oíndice de dispersão (ID) para a espécie,considerando as escalas utilizadas, foi de4,70, para parcelas de 100 m2, e de 1,81,para parcelas de 25 m2, o que indicaagregação. O teste t indica diferençasignificativa, visto que o t calculado foi de12,83 e 5,67, respectivamente (t tabelado =2,63, para 98 graus de liberdade, �=0,01),assim confirmando a agregação. Os valoresdo índice de Morisita (IM) encontradosforam de 1,91 e 1,81, respectivamente,também indicando agregação, para ambasdimensões de parcelas consideradas. Éimportante destacar que o intervalo ideal dequantidade máxima de indivíduos porparcela foi ultrapassado, principalmentepara o caso da dimensão de 100 m2.

Tabebuia aurea - Para esta espécie,foram amostrados 16 indivíduos, commédia de 0,64 indivíduos/parcela de 100 m2

e de 0,16 indivíduos/25 m2, resultando emdensidade de 64 indivíduos/ha. Para estaespécie, foi encontrado máximo de 3 e de 2indivíduos por parcela, respectivos àsdimensões consideradas. Foramencontrados valores de ID= 1,16 e 1,1,respectivos às dimensões utilizadas, osquais também indicam agregação. Osvalores de teste t encontrados (0,54 e 0,71,respectivamente) não foi significativo paraesta espécie (t tabelado = 2,95, para 15graus de liberdade). O IM também indicadistribuição agrupada em ambas asdimensões (1,25 e 1,67, respectivamente).

CONCLUSÕESConclui-se que a variação das dimensões deparcelas pode levar a variações nosresultados das formas de avaliação. Osdados encontrados indicaram agrupamentopara ambas espécies e dimensões estudadas.Indica-se que outros estudos utilizem osíndices de dispersão, associado ao teste t, ede Morisita, de forma a permitiremcomparações por outros autores.

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I 2.3 Relações alométricas entre duas populações de Sclerolobiumpaniculatum Vog. (Leguminosae) no Parque Estadual da Serra de Caldas

Novas, GO

Emanuele Pomini e Ben Hur Marimon Junior

IntroduçãoAs relações alométricas são fatoresimportantes para a compreensão daestrutura e dinâmica do estrato arbóreo dascomunidades vegetais (Sposito & Santos,2001a). Em ambientes florestais, as árvoresde dossel precisam concentrar grande partedo seu esforço para crescimento em altura,a fim de atingir a luz (Ricklefs 1994), a qualé um recurso escasso abaixo do dossel.Neste caso, a seleção natural tende afavorecer as plantas com uma relaçãodiâmetro/altura que permita o crescimentosem comprometer a sua estabilidademecânica (Sposito & Santos, 2001b).

Como em ambientes de cerradosensu stricto não existe dossel fechado, asárvores não têm necessidade de atingirgrandes alturas para competir por recursosluminosos. Ainda assim, precisam manter aestabilidade mecânica através de relaçõesde diâmetro e altura adequadas (FlávioSantos, comunicação pessoal).

Este trabalho teve por objetivocomparar as relações alométricas entre umapopulação de Sclerolobium. paniculatum decerrado sensu stricto e outra de matamesofítica..

Material e MétodosForam amostradas duas áreas no ParqueEstadual da Serra de Caldas Novas(PESCAN):Mata mesofítica adjacente a uma mata degaleria ao longo do Córrego Cascatinha(Mata da Cascatinha); Cerrado sensu strictode encosta sobre solos litólicos comafloramento rochoso

A espécie investigada foiSclerolobium paniculatum Benth.(Leguminosae), a qual pode ser encontradacom relativa abundância nos dois ambientesinvestigados. Em cada área, os indivíduosforam escolhidos aleatoriamente e tomadas

as medidas de circunferência a 50 cm dosolo e altura do fuste (AF), tendo sidoestimada a altura total (AT). Indivíduos degrande porte também tiveram a altura dofuste estimada.

Para testar a normalidade dos dadosfoi utilizado o teste de aderência deKolmogorov-Smirnov (Bioestat 2.0) e paracomparação entre as áreas foi utilizado oteste t (Systat 7.0) para todos os parâmetros.

Resultados e DiscussãoComo já era esperado, a altura total médiada população da mata foi significativamentesuperior (t = -11.501 df = 45.1 p = 0.000) ados indivíduos de cerrado (Figura 1), umavez que neste ambiente a luminosidade nãoé limitante, permitindo aos indivíduosalocarem mais recursos para crescimentosecundário (diâmetro) e formação de copa.

Da mesma forma, a altura do fustediferiu significativamente (t = -9.066 df= 32.1 p = 0.000) entre os ambientes(Figura 1). A maior altura do fuste na matapode ser conseqüência da competição porrecursos luminosos. Este fato refletiu narelação AF/AT, cujos valores foram de 0,33no cerrado s.s. e de 0,53 na mata mesofítica,demonstrando uma grande diferença nasrelações alométricas entre as duaspopulações.

Não houve diferença entre osvalores de diâmetro médio das duaspopulações (t = 0.981 gl = 55.0 p = 0.331),conforme o observado na figura 2. Eraesperado um diâmetro médio maior para apopulação da mata, uma vez que nasrelações alométricas em geral as árvoresseguem um padrão de aumento em diâmetroproporcional ao aumento em altura. Spositoe Santos (2001b), trabalhando com espéciesarbóreas em duas regiões distintas(Amazônia e Região Sudeste do Brasil),encontraram valores médios de diâmetro

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menores em ambientes abertos do que emambientes fechados, onde as árvores sãomais altas.

Mesmo não havendo diferençasignificativa entre os diâmetros, os outrosvalores morfométricos diferiramsuficientemente para sugerir que S.paniculatum apresenta uma plasticidademorfológica, provavelmente mais emfunção de diferentes condições deluminosidade do que outros fatoresambientais.

Bibliografia

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Figura 1. Box-Plot da altura do fuste (AF) e altura total (AT) das áreas estudadas

Figura 2. Box-Plot dos diâmetro (D50) nas áreas estudadas

D50Cerrado D50Mata Local

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Diâ

met

ro (m

)

AFCerrado AFMata ATCerrado ATMata

Local

0

5

10

15

Altu

ra (m

)

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I2.4 NÍVEL DE HERBIVORIA EM Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker(ASTERACEAE) EM ALTITUDES DIFERENTES

Maria Inês Cruzeiro Moreno & Clarissa Mendes Knoechelmann

INTRODUÇÃOHerbívoros são responsáveis por grandesimpactos sobre plantas, tanto na escalatempo ecológica quanto evolutiva (Coley etal. 1985). Do ponto de vista das relaçõesconsumidor-recurso os herbívoros podemfuncionar tanto como predadores, aoconsumir plantas inteiras, quanto parasitas,consumindo os tecidos vivos, mas nãomatando suas vítimas (Ricklefs 1996).

A falta de uma sazonalidade emalgumas taxas, mostram claramente queinsetos herbívoros podem persistir a estaçãoseca se as plantas que servirem comoalimento estiverem disponíveis (Marquis etal. 2002).

A família Asteraceae possuiaproximadamente 25.000 espécies, podendoser encontrada em todos os continentes,exceto na Antártica, apresentando um maiornúmero de espécies em formaçõescampestres e montanhosas. A principalcaracterística da família é inflorescência naforma de capítulo, que no conjunto seassemelha a uma única flor; a unidademorfológica dessa inflorescência é mantidapelas brácteas involucrais, às vezes comaparência foliácea, dispostas em uma únicasérie ou mais (Ribeiro et al.1999).Piptocarpha rotundifolia é amplamenteutilizada pela população humana, possuindopotencial melífero e madeireiro. Noartezanato, as flores e folhas são utilizadasna montagem de arranjos denominados"flores do planalto" (Almeida et al. 1998).

O presente trabalho teve comoobjetivo quantificar o índice de herbivoriade P. rotundifolia em dois níveisaltimétricos no PESCAN.

MATERIAL E MÉTODOSA coleta de dados foi realizada, em agostode 2003, em duas áreas de cerrado sensustricto localizadas no platô e na base daserra do Parque Estadual da Serra de Caldas

Novas (PESCAN) no dia 10 de agosto de2003. Em cada área foram coletadasaleatoriamente cinco folhas, localizadas naparte externa da copa e em várias posições,de três indivíduos de Piptocarpharotundifolia.

Em laboratório cada folha foifotografada sobre papel milimetrado. Cadafoto foi inserida no programa Auto CADversão 2000, escalonadas. As silhuetas daárea foliar total e da área herbivorada foramdigitalizadas para assim serem calculadas asrespectivas áreas. De posse dos valores foiprocedido, no programa BioEstat (2.0),testes de normalidade para as áreas foliarestotais e herbivoradas nos dois locais decoleta. Diante da não normalidade dosdados foi procedido ao teste de Mann-Whitney para a comparação das áreasfoliares totais e herbivoradas entre as árease, correlação de Spearman para verificarrelação entre área foliar e herbivorada nasáreas. Foi considerada área herbivorada aporção extraída da folha.

RESULTADOS E DISCUSSÃOPara o sítio um a média de área total eherbivoria foi de 26,05 ± 8,40 e 1,57 ± 1,47cm2/folha, respectivamente. Para a área doisos valores foram 26,73 ± 8,76 e 1,75 ± 2,37cm2/folha respectivamente (Figura 1).

Não foi verificada diferenças naárea foliar dos indivíduos entre as duasáreas (U = 0,1037; p < 0,05), assim comona herbivoria (U = 0,1244; p < 0,05). Nãohouve correlação entre área foliar e áreaherbivorada nas áreas um e dois (rs1= -0,3226, p > 0,05; rs2 = 0, 3321, p > 0,05).

Nas duas áreas a herbivoria foipouco representativa, isto porque a estaçãona qual o trabalho foi realizado (seca) podeinfluenciar fortemente na quantidade, tantode herbívoros quanto de recursos dasespécies para estes, chegando a não serverificada diferença na área herbivorada nas

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duas posições topográficas. Outra possívelexplicação para essa igualdade na áreafoliar herbivorada pode ser que nosdoissítios, a pressão de predação épraticamente a mesma, uma vez que mesmoestando em posição topográfica diferente adistância entre as áreas é pequena(aproximadamente 2 km).

CONCLUSÃOA estação seca, neste caso, estáinfluenciando igualmente na herbivoria,independentemente do nível topográfico.Os indivíduos nas duas áreas apresentam omesmo nível no oferecimento de recursosaos possíveis herbívoros. A topografiatalvez seria um fator determinante da taxade predação quando aliada a esta estivesseatuando também o fator distância.

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Figura 1. Área total e herbivorada (cm2) nas duas áreas analisadas.

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I2.5 INFLUÊNCIA DO OBSERVADOR EM LEVANTAMENTO DAAVIFAUNA EM ÁREAS ABERTAS DE CERRADO DO PARQUE

ESTADUAL DA SERRA DE CALDAS NOVAS, GO.

Iubatã Paula de Faria e Ana Paula de Oliveira.

IntroduçãoO bioma Cerrado está constituído por umgradiente vegetacional, em conseqüênciadas particularidades de suas fisionomiascampestre e florestal, dispostas de formamanchada (Eiten, 1993 apud Bagno &Marinho-Filho, 2001). A avifauna dessebioma responde claramente a estaheterogeneidade espacial do Cerrado, de talmodo que Silva (1995, apud Bagno eMarinho-Filho, 2001) reconhece trêsconjuntos de espécies quanto ao uso dohabitat: restrita a ambientes abertos(Campos Limpo e Sujo, Vereda, Cerradostricto sensu e corpos d’água); restrita aambientes florestais (Mata de Galeria,Matas Secas e Cerradão); esemidependentes de ambientes florestais(Bagno & Marinho-Filho, 2001).

A diversidade tem várioscomponentes importantes. Entre estes estãoas diversidades alfa, beta e gama. Adiversidade alfa (ou local) é o número deespécies em pequenas áreas de hábitatuniformes; a diversidade gama (ouregional) é o número total de espécies emtodos os hábitats; e a diversidade beta é atroca de espécies de um hábitat à outro(Ricklefs, 1996).A diversidade da avifauna do Cerrado éestimada em 837 espécies. Considerandoque o Brasil tem 1590 espécies de avesresidentes, a conservação do Cerradodeveria ser prioritária, uma vez que a regiãoabriga cerca de 48% da avifauna do Brasil.Das espécies da região do Cerrado,aproximadamente 30 são consideradasendêmicas (Macedo, 2002).

De acordo com Negret (1983, apudMacedo, 2002), as 10 espécies maisabundantes na região do Cerrado são:Aratinga aurea, Streptoprocne zonaris,Colibri serrirostris, Colaptes campestris,Elaenia flavogaster, Suiriri suiriri,

Camptostoma obsoletum, Cyanocoraxcristatellus, Neothraupis fasciata eAmmodramus humeralis.

As aves possuem alta acuidadevisual, principalmente na capacidade dedistinguir cores, sendo muitas das floresornitófilas vermelhas ou amarelas (Arrudaet al., 2002). Os levantamentos deavifauna, em grande maioria, são feitos apartir de observações no campo.

Nesse contexto, o objetivo destetrabalho foi verificar o efeito do observadorem levantamento de avifauna em áreasabertas do Cerrado do Parque Estadual daSerra de Caldas (PESCAN), Goiás.

Material e MétodosO estudo foi realizado no dia 4 de agosto de2003 no Parque Estadual da Serra de CaldasNovas, em três fitofisionomias distintas:cerrado sensu stricto, cerrado rupestre evereda. As observações foram feitas pelométodo de ponto e transecto, durante ointervalo das 6 às 11 h. Foram amostradosquatro pontos no cerrado sensu stricto, trêsno cerrado rupestre e dois na vereda. Ostransectos foram feitos entre um ponto eoutro. Cada ponto consistiu na observaçãodireta audiovisual durante 20 minutos.

Para verificar a influência doobservador no número de espéciesregistradas, foram intercalados pontosamostrais. No primeiro ponto, o observadorfez o censo vestido com uma camiseta decoloração discreta e no segundo, usou umacamiseta de cor vermelha bem evidente eassim sucessivamente, para cada doispontos.

Para comparar a dissimilaridadeentre os pontos amostrais e entre ostransectos, foi calculado o Índice dedissimilaridade de Whittaker (1960):

Bw = S/a - 1

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onde:S = riqueza de espécies do sítioa = média da riqueza de espécie dos

sítiosO índice varia de 0, para pontos ou

transectos com todas as espécies emcomum a 1, para pontos ou transectos comnenhuma espécie em comum.

Resultados e DiscussãoO tempo de observação foi de 300 minutos,sendo 180 minutos de pontos e 120 minutosde transectos. Foram amostradas 32espécies em 16 famílias (Tabela 1).Segundo Oliveira & Marquis (2002), asespécies Melanopareia torquata, Saltatoratricollis, Neothraupis fasciata eCyanocorax cristatellus, registradas nocenso são consideradas endêmicas. Comparando os índices de dissimilaridadede Whittaker, não ocorreu grandedissimilaridade entre pontos “vermelhos” e“discretos”, os pontos amostrados nãoapresentaram distinção dentro dafitofisionomia, porém a dissimilaridadeentre pontos de fitofisionomias distintas foibastante alta (Tabela 2).

Nos transectos 4 e 6 (vermelhos)não foi registrada nenhuma espécie. Éprovável que haja influência da coloraçãoavermelhada usada durante a observação,apesar do mesmo não ter sido observado nametodologia de pontos. A movimentaçãodo observador na metodologia de transectoé maior quando comparada com a porpontos. O observador passa a ser um objetovermelho em movimento por entre avegetação, o que deve chamar a atenção dasaves. O índice de Whittaker, mostrou altadissimilaridade entre os transectos, excetoentre 1 e 3 (discretos) com índice igual a0.454, amostrados no cerrado sensu stricto(Tabela 3). Segundo Silva (1995), a heterogeneidadedo cerrado está refletida também naavifauna, e a alta dissimilaridadeencontrada entre os ambientes amostradosneste estudo, corrobora a restrição deambientes para determinadas espécies de

aves, mesmo em vegetações abertas, comocerrado sensu stricto, cerrado rupestre everedas. Portanto, o levantamento de avesdo cerrado deve levar em consideração aheterogeneidade do ambiente, tentandoamostrar diversos habitats, para alcançar amaior diversidade. Os resultados sugeremque o observador deve ser o mais discretopossível durante as observações, reduzindoa influência no levantamento de avifauna,principalmente na amostragem portransectos.

Referências Bibliográficas

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Tabela 1. Relação das espécies de aves registradas no Parque Estadual da Serra de CaldasNovas, GO.

ThreskianithidaePhimosus inpuscatus

CathartidaeCoragyps atratusCathartes aurea

FalconidaHerpetotheres cachinnansPolyborus plancus

CariamidaeCariama cristata

ColumbidaeColumba picazuroScardafella squammata

PsittacidaeAratinga aureaBrotogheris chiririAmazona aestiva

CuculidaeCrotophaga ani

ApodidaeReinarda squamata

TrochilidaeEupetomena macrouraColibri serrirostris

PicidaeColaptes campestrisCampephilus melanoleucus

RhinocryptidaeMelanopareia torquata

FurnariidaeSynallaxinae

Synallaxis frontalisDendrocolaptidae

Lepidocolaptes angustirostrisTyrannidae/Elaeniinea

Camptostoma obsoletumSuiriri suiririElaenia flavogasterElaenia cristataElaenia chiriquensis

CorvidaeCyanecorax cristatellusTroglodytes aedon

MuscicapidaeCoerebinae

Coereba flavedaThraupinae

Neothraupis fasciataThraupis sayaca

CardinalinaeSaltator atricollis

IcterinaeMolthus bonariensis

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Tabela 2. Índice de diversidade beta de Whittaker para os pontos amostrais no ParqueEstadual da Serra de Caldas Novas, GO.

1 2 3 4 5 6 7 8 91 - 0.454 0.500 0.400 1.000 1.000 1.000 1.000 1.0002 - 0.638 0.692 0.833 1.000 1.000 1.000 1.0003 - 0.600 1.000 1.000 1.000 1.000 1.0004 - 1.000 0.857 1.000 1.000 1.0005 - 0.846 0.777 1.000 1.0006 - 0.833 1.000 1.0007 - 1.000 1.0008 - 0.4299 -

Tabela 3. Índice de diversidade beta de Whittaker para os transectos no Parque Eatadual daSerra de Caldas Novas, Go. X = transectos que não foram utilizados no cálculo do índice.

1 2 3 4 5 6 71 - 1.000 1.000 X 1.000 X 1.0002 - 0.638 X 1.000 X 1.0003 - X 1.000 X 0.8004 X X X X5 - X 0.8006 X X7 -

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I 2.6 Preferência alimentar de Astianax fasciatus (Characiformes:Characidae) no Parque Estadual da Serra de Caldas Novas-GO

Laudicea F. Lima & Paulina de Araújo Ribeiro

IntroduçãoAs matas de galeria são muito importantespara o bioma Cerrado, mesmorepresentando cerca de 5% da sua área total.São responsáveis pela quantidade equalidade das águas presentes nos rios doBrasil Central, comportando mais de 30%das espécies vasculares deste bioma.Muitos representantes da fauna presentesem outras fisionomias do cerrado dependemdas espécies vegetais das matas de galeriapara alimentação, reprodução e moradia(Ribeiro et al., 2001).

As comunidades de peixes de águadoce tropicais apresentam padrõescaracterísticos, quanto ao aproveitamentode recursos ambientais. Em sistemaslênticos os peixes passam quase todo o seutempo de vida no mesmo habitat, já emsistemas lóticos, várias espécies fazemgrandes migrações tróficas e/oureprodutivas (Silva, 1993 citado porRodrigues, 2000). A família Characidae possui ampladistribuição nos diferentes ecossistemasaquáticos. Frequentemente é a família maisbem representada nas comunidades ícticasem toda a região Neotropical. Em linhasgerais, 40-60% dessas comunidades sãocompostas por representantes dessa família.No Cerrado são comuns formações do tipoveredas e regiões de nascentes/cabeceirasmatas de galeria contendo importantesespécies para alimentação dos peixes(Lowe-McConnell, 1995).O presente estudo teve o objetivo deverificar a existência de preferênciaalimentar de Astianax fasciatus, no riachoda Cascatinha do Parque Estadual da Serrade Caldas Novas, GO.

Material e Métodos O trabalho foi realizado no ParqueEstadual da Serra de Caldas Novas, GO,situado na região sudeste do Estado de

Goiás, localizado a nordeste da Cidade deCaldas Novas e a noroeste da cidade de RioQuente. O PESCAN é caracterizado porvegetação de Cerrado, possuindo várias desuas fitofisionomias, dentre elas mata degaleria, na qual foram escolhidos os pontosde estudo.

A área utilizada para coleta dosdados foi o riacho da cascatinha, ondeforam escolhidos dois pontos deobservação. O primeiro em um poço àmontante da queda de água e o outro àjusante da mesma, na margem esquerda docórrego alguns metros abaixo da cachoeira.Em cada ponto de observação foramoferecidas cinco variedades de alimentos,três vegetais: folha seca e folha verde deTibouchina (Melastomatacea) e sementesde Davilla elliptica e duas de insetos:Camponotus sp. e um Heterotermes sp.Esses alimentos oferecidos encontravam-sepróximo a área de estudo. Cada variedadealimentar foi oferecida 15 vezesalternadamente, num intervalo médio dequinze minutos entre os gênerosalimentares. A primeira variedade alimentaroferecida foi Camponotus sp., a segunda foifolha seca, a terceira Heterotermes sp, aquarta folha verde e a quinta frutos de D.elliptica.

Resultados e DiscussãoCamponotus sp., obteve aceitação de 100%por A. fasciatus. Foram oferecidos algunsindivíduos mortos intercalados comindivíduos vivos, sendo estes os primeiros aserem percebidos e predados, seguidos pelautilização de indivíduos mortos.

As folhas secas tiveram 100% derejeição pelos peixes. As folhas lançadaseram abocanhadas e soltas em seguida ouentão abocanhadas, mordidas e carregadasna parte externa da boca e depois liberadas.Essas folhas após liberadas eram capturadasuma ou duas vezes por outros peixes, que

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repetiam o mesmo procedimento, ou seja,todas as vezes que as folhas secas foramlançadas, a espécie A. fasciatus ascapturava, mas não as comia.

Os Heterotermes sp obtiveram100% de aceitação, assim comoCamponotus sp, apesar de apresentarem umtamanho aproximadamente cinco vezesmaior que aquelas. Os cupins, assim queoferecidos, foram devoradosimediatamente, levando um intervalo decinco minutos para serem consumidos(todos os 15 oferecidos), enquanto asCamponotus sp foram devoradas numintervalo total de doze minutos.

As folhas verdes tiveram 100% derejeição. Os peixes só responderam aoprimeiro lançamento deste alimento,abocanhando-o e liberando em seguida. Osdemais lançamentos apenas foramobservados e não experimentados pelospeixes.Os frutos de D. elliptica foram rejeitadosem 100%, como os outros dois gruposvegetais anteriores, porém estes foram maisevidentes que no grupo anterior, pois ospeixes apenas observaram o primeirolançamento dos frutos, mas nãoexperimentaram, tendo em seguidaignorado, os lançamentos posteriores.Deve-se ressaltar que durante o estudo aespécie A. fasciatus alimentou-se de

pequenos insetos que sobrevoavam logoacima do nível da água, possivelmentedípteros

O gênero Astianax é onívoro (Lowe-McConnell, 1995), tendo os dados dessetrabalho sugerido uma preferência alimentarinsetívora, o que corroboraria aespecificação alimentar do gênero.

Referências bibliográficas

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RIBEIRO, J.F..; FONSECA, C.E.L.;SOUZA-SILVA, J.C. 2001. Cerrado:Caracterização e recuperação de matasde galeria. 1a ed. Planaltina, Embrapa-Cerrados, 889p.

RODRIGUES, D. Ddel J. 2000. Efeitos datemperatura e oxigênio na distribuiçãoespacial de peixes na Baia da Medalha,Pantanal Sul. In: Ecologia do Pantanal,curso de campo.

SANTOS, J.C.C. dos, LONGO, J.M.,SILVA, M.D.da, CHIARELLO, A. &FISCHER, E. (Eds.). Ed. FUFMG, MatoGrosso do Sul.

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I2.7 INTERAÇÃO ENTRE A FORMIGA Azteca (DOLICHODERINAE) eCecropia pachystachya (CECROPIACEAE) NO PARQUE ESTADUAL DE

CALDAS NOVAS, CALDAS NOVAS – GO

Maria Alice de Medeiros

INTRODUÇÃO As formigas são os animais maisdominantes na maioria dos ecossistemasterrestres. Estima-se que existam cerca de15.000 espécies de formigas, das quaisapenas 8.000 aproximadamente foramdescritas. Destas, menos de 3.000 foramregistradas para a região Neotropical. Adiversidade de espécies reflete-se naenorme variedade de habitats denidificação, preferências alimentares,divisão de trabalho e defesa (Wilson, 1987).

Estudos experimentais de campotêm mostrado que as plantas podem sebeneficiar ao interagir com formigas dediversas maneiras. A literatura é rica sobrea diversidade de aspectos sobre taisassociações em habitats tropicais etemperados. As formigas podem proteger aplanta contra herbívoros e em troca por esteserviço, a planta fornece como recompensaabrigo e/ou alimento (Beattie, 1985).Formigas do genêro Azteca ocupam plantasde Cecropia estabelecendo uma relaçãomutualística. As formigas habitam ointerior da planta e a defendem de seuspredadores. O dano por herbivoria podediminuir com a presença das formigas, jáque sendo predadoras e territoriais asformigas Azteca patrulham a superfícieexterna da planta e predam eventuaisherbívoros.

Os objetivos do presente estudoforam: 1) Determinar a presença de Aztecasp. habitando plantas de Cecropiapachystachya e 2)Verificar se a presença daformiga diminui a herbivoria na planta.

MATERIAL E MÉTODOSÁrea de estudo O PESCAN ocupa uma área total de 125km2 e está situado a 1043 m de altitude.Localiza-se entre os municípios de CaldasNovas e Rio Quente, GO. O clima na região

é, segundo a classificação de Köppen, dotipo Aw, tropical quente e úmido comtemperatura média anual variando de 20-25°C (Santos 2003).

Coleta de DadosA coleta de dados foi feita no dia 05 deagosto de 2003. Os indivíduos de C.pachystachya foram amostrados ao acasoem duas áreas na borda de uma vereda, nosarredores da casa do pesquisador (n= 15) ena borda da mata de galeria (n= 15), natrilha da cascatinha. Para cada indivíduo foiregistrada a altura (m), a circunferência aaltura do peito (CAP em cm), a presença ounão da formiga e o ataque por herbívorosfoi estimado segundo uma escala de 1 a 4,onde 1- 0-25%, 2- 26-50%, 3- 51-75%, 4-76-100%. A presença de herbívoros naplanta foi registrada bem como o tipo dedano encontrado. As formigas presentesforam fixadas em álcool 70% para posterioridentificação.

Para análise dos dados foi utilizadoo programa BioEstat (2.0) onde foramrealizados testes Qui-quadrado e correlaçãode Pearson.

RESULTADOS E DISCUSSÃONo total foram amostrados 30 indivíduos deC. pachystachya. O número de plantasocupadas com colônias de Azteca sp. foi de50%, sendo que foi constatada a presençade 3 morfoespécies de Azteca sp. Outrosautores encontraram dados semelhantes(64%, n=50) (Bonato, 2000) e (34%, n=202) (Faveri, 2000). Plantas deste gêneropossuem crescimento rápido e sãotipicamente encontradas em ambientesúmidos. No cerrado, a sua ocorrência érestrita a locais mais úmidos e pode estarassociada a áreas perturbadas.

A altura das plantas variou de 1,38 a8,5 m a (média = 2,75 ± 1,44). A

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circunferência a altura do peito (CAP)variou de 1,11 a 5,41 cm (média = 2,50 ±1,28). A altura da planta foicorrelacionada com a presença da formiga(0,522). Plantas mais altas (acima de 2,5m) tendem a apresentar colônias de Aztecasp. Estes dados concordam com Bonato(2000) que observou que plantas entre 2 e3m foram 100% colonizadas por formigas.

A presença da formiga diminuiu onível de herbivoria nas embaúbasamostradas, ou seja, quando a Azteca sp.está presente o dano é menor (até 25%)(Figura 1). Estes dados estão de acordocom Medeiros (1992) que verificou, emplantações de cacau do sul da Bahia, que osdanos causados por herbívoros em plantascolonizadas por Azteca chartifex forammenores (até 25%).

Os danos observados nas folhas deC. pachystachya provavelmente foramfeitos por Coleoptera – buracos circulares,Thrysanoptera – marcas de raspagem eLepidoptera – buracos irregulares e amplosentre nervuras.

AGRADECIMENTOSAo monitor de do curso de Métodos deCampo em Ecologia Ernestino Guarino pelaajuda na coleta de dados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEATTIE, A.J. 1985. The evolutionaryecology ant-plant mutualisms.Cambridge, Cambridge University Press,182.

BONATO, V. 2000. Colonização deCecropia purpurascens (Cecropiaceae)por formigas na reserva km 41, Manus,AM. Curso de CampoINPA/SMITHSONIAN/OTS. 146-149.

FAVERI, S.B. 2000. Riqueza e composiçãoda comunidade de artrópodos associadosa Cecropia spp. Dissertação deMestrado, INPA, Manaus, Brasil.

MEDEIROS, M.A. 1992. Ecologia daformiga Azteca chartifex em plantaçõesde cacau em Ilhéus, Ba. Dissertação deMestrado,UNESP, Rio Claro, São Paulo.

SANTOS, M.L. 2003. Florística e biologiareprodutiva de espécies deMelastomataceae no Parque Estadual daSerra de Caldas Novas e Parque Estadualdos Pirineus, Goiás. Dissertação deMestrado. Universidade de Brasília.Brasília, DF. 167p.

WILSON, E. O. 1987. Causes of ecologicalsuccess: the case of the ants. J. Anim.Ecol. 56:1-9.

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Figura 1. Porcentagem de herbivoria de Cecropia pachystachya em ausência e presença deAzteca sp., em classes de dano 1-0-25%, 2-26-50%, 3-51-75% e 4-76-100%, PESCAN-GO,2003.

0

2

4

6

8

10

12

14

1 2 3 4

Danos

Núm

ero

de In

diví

duos

Com AztecaSem Azteca

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I.2.8 Diferença na composição da comunidade de Vertebrados no Córregodo Paredão (PESCAN GO)

Adriana C. M. Fernandes & Raquel Silva

IntroduçãoEntre um milhão de espécies animaisdescritas, 5% são vertebrados. Atualmentecerca de 10 espécies de tartarugas, 5 decrocodilos, 15 de amphisbaena, 47 delagartos, 107 de cobras e 113 de anfíbiosocorrem no Bioma Cerrado. Destasespécies, algumas são típicas de Biomas deFloresta Atlântica e Amazônica, masfrequentemente ocorrem no Cerrado, emflorestas de galeria (Colli et.al., 2002).

A coexistência de diversos gruposde vertebrados pode ser facilitado peladivergência ecológica, principalmentedevido a organização social e distribuiçãoespaço-temporal nas comunidades. Padrõesde distribuição espacial de anuros sãoinfluenciados pelas interações bióticas eabióticas (principalmente umidade) queresultam na divisão de sítios reprodutivosentre espécies (Crump, 1974). Os anfíbios anuros apresentam uma elevadadiversidade em áreas tropicais, podendo seraquáticos, terrestres, fossoriais, arbóreos oucombinações desses (Caldwell,1996).Muitas espécies vivem sobre árvores e emdiferentes substratos. A abundância e ariqueza de espécies tendem a aumentar coma diversidade de serrapilheira (Duarte,1996).A estrutura da comunidade de anuros temsido estudada em cursos de ecologia decampo englobando aspectos de riqueza edistribuição de anuros (Bejar, 2000 ;Ramos, 2001); composição de espécies(Saco et al., 2000), distribuição (Rodrigueset al., 200) e dieta alimentar (Alves et al.,2000). Nosso objetivo foi inventariar afauna de anuros (girinos e adultos) e peixesem um riacho, comparando a variação dacomposição em diferentes períodos do dia(manhã e noite).

Material e Métodos

O estudo foi realizado entre os dias 04 e 05de agosto de 2003, respectivamente nosperíodos noturno e diurno, em um riachoapresentando leito seco e poças d’água eáreas adjacentes com vegetação ciliar,localizados em um vale rochoso, comdeclividade acentuada. Foram determinados sete sítios ao longo doriacho em um gradiente longitudinal dealtitude com as seguintes características.Em cada ponto, peixes e anfíbios, foramobservados com relação à presença e aograu de dominância das espécies. O grau dedominância determinado variou de 1 a 3,sendo o primeiro considerado raro, osegundo comum e o último dominante. Emalguns pontos do riacho e na mata foramcoletados indivíduos para posterioridentificação.Foram tomadas também medidas detemperatura da água e profundidade nolocal de coleta. As espécies foramidentificadas através da comparação cominventário realizado a priori na região(Lopes et al. 2002), devendo ser,posteriormente confirmada por especialista.Os indivíduos de anuros adultos e girinosforam fotografados e devolvidos para o seuhabitat original.

Resultados e DiscussãoA temperatura da água variou de 15.5o C a18.8oC no período noturno e de 16.6o C a17.5oC, durante a manhã, não sendo umfator determinante na dominância daspopulações de girinos e peixes. Foram encontrados 3 morfo-espécies deanuros adultos, uma de girino e umaespécie de peixe, Astyanax fasciatus. Houvediferença na dominância de peixes e anurosao longo do riacho, nos pontos 1, 2 e 5 ospeixes foram dominantes, enquanto osanuros foram dominantes nos pontos 3 e 6(04. viii. 2003) durante a noite (Figura 1). Adominância dos peixes nesses pontos pode

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estar relacionada com o volume de água e adisponibilidade de recurso, sendo que essespontos apresentaram maior volume egrande quantidade de matéria orgânica deorigem alóctone constituída,principalmente, de folhas (Tabela 1).No período da manhã (05. viii. 2003) nãohouve diferença na população de peixesentre os períodos noturno e diurno. Emtodos os pontos os girinos foram raros,sendo observado apenas um girino decoloração amarela no ponto 5 (Tabela 2).Os girinos apresentam hábito noturno e porisso não foram observados durante o dia,indicando alterações na dominância dosgirinos entre o dia e a noite, principalmentenos pontos 3 e 6.

As espécies de anuros adultosdescritas neste trabalho, foram coletadas emdois ambientes distintos; duas na mataadjacente ao rio, no ponto 2, uma a 1m dealtura de uma árvore, a outra às margens deum lago formado próximo ao paredão, noponto 1. (Tabela 3.). Não foi possível aidentificação dos anuros adultos e girino,por isso estes foram identificados em nívelde morfo-espécie com descrição dasprincipais características.

Descrição das Espécies Anuros

Sp. 1. Dorso rajado e de coloraçãode verde a marrom, ventre bege, texturarugosa, flancos mais claros que o corpo,membranas interdigitais bemdesenvolvidas, pseudo-tímpano evidente,pupila de formato transversal. Indivíduosentre 5,1 e 5,4 cm de comprimento rostro-anal. Não existe diferença em tamanhoentre os dedos das patas traseiras.

Sp.2. Espécie arborícola de dorsomarrom rajado, ventre claro sem granulaçãoou liso, ausência de membranasinterdigitais, quarto dedo das patasposteriores mais longo que os demais,pseudo-tímpano evidente. Comprimentorostro-anal: 2.1 cm.

Sp.3. Espécie arborícola com dorsode coloração castanho-avermelhada, ventreclaro sem granulação ou liso, ausência demembranas interdigitais, quarto dedo daspatas posteriores mais longo que os demais,pseudo-tímpano evidente. Indivíduo comcomprimento rostro-anal de 3.0 cm.

GirinoSp1. Girino de cor amarela com manchasescuras na cabeça e na cauda. Cauda comcerca de duas vezes o tamanho do corpo.Boca localizada na região ventral dacabeça. Aparentemente, apresenta hábitonoturno, não sendo visualizado durante odia.

Referências Bibliográficas:

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Bejar, M.E.P. 2000. Riqueza y distribuciónde anfibios anuros en km 41 (AmazonáCentral) na epoca seca. VII Curso deCampo em Ecologia da FlorestaAmazônica. INPA/SmithsonianInstitution/Unicamp/ OTS.157-159p.

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R.J.(eds.). Columbia University, NewYork.398pp.

Crump, M.L. 1974. Reproductivestrategies in a Tropical anurancommunity. Miscellaneous Publicationof the Museum of Natural history.Univ.Kansas. 61:1-68p.

Duarte, A.C. 1996. Distribuição da fauna deanuros e lagartos no gradiente Plató-igarapé. IV Curso de Campo emEcologia da Floresta Amazônica.INPA/Smithsonian Institution/Unicamp/OTS. 299-303p.

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Saco, T.P.; Silva, M.B.Brito, J.M.de; Filho,J.A.S & Lima,A.C. 2000. Ocorrência deanuros e sauros em platô e baixio nareserva Ducke, Manaus – Amazonas.VICurso de Campo em Ecologia daFloresta Amazônica.INPA/Smithsonian Institution/Unicamp/OTS.

AgradecimentosAgradecemos aos colegas Pablo S. Amarale Alexandre F.B. Araujo, pelo auxílio nascoletas e Maria Inês C. Moreno, peloauxílio nas fotografias.

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Tabela 1. Descrição dos sítios de amostragem ao longo do Riacho de Caldas (PESCAN, GO)no período de seca (04 e 05. viii. 2003).

Sítio de Coleta DescriçãoSítio 1 Água parada, tamanho do poço 5 x 4 m, 1,30m de profundidade

máxima. Na área central, o substrato é constituído, principalmente, porpedras e seixos; na margem direita predomina o substrato constituídopor areia fina. Presença de mata de galeria com pouca entrada de luz .Grande quantidade de folhas no leito, principalmente nas margens.

Sítio 2 Vazão reduzida formando um estreito lago de 1 x 30 m, constituída porseixos, com profundidade máxima de 0,5m, presença de grande númerode folhas e pouca luminosidade.

Sítio 3 Pequeno poço sob substrato rochoso com sedimento fino e comprofundidade máxima de 30cm, pouca quantidade de folhiço apenas nalâmina d’água.

Sítio 4 Pequeno poço (0.5x2m) situado em substrato rochoso, comprofundidade máxima de 10–15 cm. Área com influência direta daluminosidade solar, aumentando a temperatura da água nas horas maisquentes do dia, sem folhiço sob o substrato.

Sítio 5 Volume de água reduzido formando um pequeno lago situado sobresubstrato rochoso com pouco silte, tamanho de 0.5x2m e profundidademáxima variando entre 10–15 cm, grande entrada de luz.

Sítio 6 Pequeno lago (5 x 3 m); sedimento constituído por areia fina e siltesituado sobre substrato rochoso e profundidade máxima de 1 m.Presença de mata de galeria fechada permitindo pequena entrada de luz.

Sítio 7 Substrato rochoso constituído exclusivamente por seixos, tamanho deaproximadamente, 1,0 x 0,7 m e profundidade entre 30 – 40 cm; muitomaterial alóctone com poucas horas de exposição solar direta.

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Tabela 2 – Relação da dominância dos vertebrados encontrados no riacho do Paredão(PESCAN, GO), durante os períodos noturno e diurno.

Noite ManhãPontos

Peixes

Girinos T. água(0C)

Prof. decoleta (cm)

Peixes Girinos T. água(0C)

Prof. decoleta (cm)

1 3* 2* 16.7 14.5 3 1 17.5 14.52 3 2 16.7 10.0 3 1 16.8 10.03 1* 3 17.7 30.0 1 1 17.0 30.04 1 3 17.5 15.0 1 1 17.2 15.05 3 2 15.5 44.0 3 1 16.9 44.06 3 2 18.8 50.0 3 1 16.6 50.07 1 1 17.8 20.0 1 1 16.9 20.0*raro (1); comum (2) e dominante (3)

Tabela 3- Relação de espécies por ponto de coleta e sua descrição. Espécie Ponto de Coleta Descrição do local de coletaSp.1. 2 Rochas e vegetação marginal do riachoSp.2. 4 Rochas na vegetação marginalSp.3 4 Árvore próxima ao lago

Figura 1 –Variação da dominância entre peixes e girinos no riacho do Paredão (PESCAN,GO) durante a noite em 04 de agosto de 2003.

0

1

2

3

4

1 2 3 4 5 6 7

Pontos de coleta

Dom

inân

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MÉTODOS DE CAMPO EM ECOLOGIA

Parque Estadual da Serra de Caldas Novas

PROJETOS FINAIS

Jul/03

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Distribuição espacial de macroinvertebrados bentônicos em diferentes tiposde substrato no Córrego da Cascatinha, Parque Estadual de Caldas Novas

(PESCAN, GO).

Adriana Cristina Marinho FernandesIntroduçãoA estrutura da comunidade demacroinvertebrados bênticos é representadapor protozoários, espongiários, rotíferos,platelmintos, nematóides, briozoários,anelídeos moluscos e artrópodes, entreoutros (Hutchinson, 1967; Wetzel, 1993),sendo os anelídeos, moluscos, insetosaquáticos, crustáceos e nematóides osorganismos predominantes na comunidade(Rosemberg & Resh, 1993). Adeterminação da estrutura e dinâmica dascomunidades bentônicas é a chave para oconhecimento do funcionamento deecossistemas de águas continentais (Reiceet al., 1993).

Estes organismos zoobentônicos têmuma distribuição controlada por váriosfatores como a disponibilidade e qualidadede alimento (Yule,1996), tipo de sedimentoe substrato temperatura do meio,concentração de oxigênio, entre outros(Vannote et al., 1980; Minshall, 1984;Murphy et al. 1998 e Esteves, 1998). Otamanho médio das partículas dosedimento, heterogeneidade de substrato elargura do rio também podem influenciar adiversidade de espécies bentônicas deambientes lóticos (Bunn & Davies, 1992).

A qualidade da água é um dosfatores mais importantes no sucesso decolonização e de estabelecimento decomunidades biológicas em ambienteslênticos ou lóticos (Marques et al., 1999). Oestabelecimento de espécies emcomunidades aquáticas é dependente donúmero de espécies já residentes e da taxade invasão de outras espécies (Patrick,1988). O padrão de corrente exerce tambémum grande efeito sob as espécies, quepodem ser mais abundantes em ambientesde fluxo rápido e rasos do que emambientes mais profundos e de menorvelocidade de corrente (Barmuta, 1990),onde toda biota é influenciada e adaptada à

corrente unidirecional da água assegurandoa diversidade (Horn & Goldman, 1994).

O objetivo deste trabalho é verificara distribuição dos organismos bentônicosem diferentes substratos em um córrego deprimeira ordem no Parque Estadual deCaldas Novas, GO, em um período de seca.Com a diminuição da vazão da água emcórregos de primeira ordem no período deseca, há um aumento na quantidade demicrohabitats disponíveis, aumento daestabilidade do sedimento e da quantidadede recurso alimentar e do tempo dedisponibilidade deste recurso para biota,podendo ter muitas espécies colonizando omeio em diferentes substratos, é a hipótesea ser testada.

Material e MétodosÁrea de EstudoO Parque Estadual de Caldas Novasabrange uma área de 125 Km2 constituídapor uma serra com elevação em cumeaplainado “meseta”, formando uma chapadaem forma elipsoidal de 15 e 9 Km, situada a1.043 metros de altitude. A serra de Caldasconstitui uma das mais importantes áreas derecargas dos aqüíferos termais da região deCaldas Novas e Rio Quente, os quaisconstituem as potencialidades turísticas daregião. Ela está situada entre as cidades deCaldas Novas a NE e a de Rio Quente aNW, ambas praticamente no sopé da serra,que pertence aos dois municípios. Nestaregião central do Brasil, o clima apresentaduas estações bem marcadas, uma de secano inverno (maio a setembro) e outrachuvosa no verão (outubro a fevereiro).

As cachoeiras do Paredão e daCascatinha são os principais córregoslocalizados no Parque, sendo atrativosturísticos. Os córregos são perenes, mas nosperíodos de seca o fluxo da água diminui,formando pequenos poções separados porextensas áreas de leito seco.

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MetodologiaO presente trabalho foi realizado no córregoda Cascatinha de primeira ordem, situado a17°46’15,75”S e 48°39’22,7”W entre 950mde altitude, no período de seca entre 11 e13 de agosto de 2003. Na maioria dospontos ao longo do córrego a vazão foimuito pequena, em torno de 0,03 m/s, ouinexistente. A cobertura vegetal foi grandeem toda a sua extensão com muito folhiçodentro do córrego em alguns pontos e comestreita faixa de mata ciliar.

Com a diminuição da vazão docórrego, algumas áreas do leito do rio ficamexpostas por falta d’água, por isso foramestabelecidos pontos em pequenos poçõesou a uma pequena distância a fim deamostrar maior número de habitas. Foramamostrados 27 pontos com coletas desedimento para análise da fauna bentônica,com pelo menos uma réplica em cada pontoe, quando possível, eram amostrados osdois lados da margem, no sentido jusante-montante.

Entre os pontos 1 e 12 a água fluicontinuamente, no entanto entre os pontos12 e 13 há uma distância de 8,05m de leitoseco e entre os pontos 13 e 14 há umadistância de 15m também sem água.As coletas foram feitas por arraste com redetipo Puçá (0,75m de largura) a 1,0m dedistância, amostrando uma área de 0,75 m².Todo o material foi triado ainda em campoe posteriormente os organismos foramidentificados até o menor nível taxonômicopossível e fixados em álcool a 70%.

O tipo de substrato foi determinadopor escalas de dominância divididas emcategorias de areia, cascalho, rocha efolhiço, variando de 1 a 3, sendo 1considerado raro, 2 comum e 3 consideradosubstrato dominante.

Resultados e DiscussãoA área amostrada de cada ponto variou de3,6m² no ponto 7 a 129,8m² no ponto 1,sendo alguns pontos acima do ponto 12 aárea amostrada corresponde à área total docórrego nestes pontos, constituindo

pequenos poções de água na rocha. Aprofundidade do córrego Cascatinha varioude 0,90 a 0,19 m, respectivamente nospontos 6 e 22 (Tabela 1). A maioria dos pontos apresentoudominância de rochas, seguida por areia ecascalho, apenas os pontos 4 e 26apresentaram dominância de folhas (Figura1). O leito estreito de córregos de primeiraordem favorecem o acúmulo de folhas e deareia no período de seca (Huamantico &Nessimian, 2001).

Os primeiros pontos de coleta estãosujeitos a maior influência antrópica devidoà visitação pública na cachoeira daCascatinha, no entanto o maior fatorinfluenciando na estrutura da comunidadebentônica refletindo na qualidade da água ena disponibilidade de nutrientes é aprofundidade dos pontos (quantidade deágua/vazão) e a quantidade de material deorigem alóctone, principalmente folhas eareia de pequena granulometria (areia finae argila). A quantidade de material deorigem alóctone e a vazão de córregos deprimeira ordem foram determinantes nadistribuição de larvas de insetos bentônicosem córregos de primeira ordem no estadodo Rio de Janeiro (Huamantico &Nessimian,1999).

Foram identificados 472 indivíduosdistribuídos entre as ordens Odonata,Coleoptera, Hemiptera, Lepidoptera,Ephemeroptera, Plecoptera, Trichoptera(Insecta), Aranae, Amphibia e Pisces. Entreos 9 táxons encontrados no Córrego daCascatinha, Odonata, Coleoptera eHemiptera foram os mais freqüentes,aparecendo, respectivamente, em 92,7;74,1 e 70,4% dos pontos amostrados(Figura 2). Entre os grupos acima foramidentificados 41 táxons (Tabela 2).

Aranhas foram encontradas nospontos 7, 9, 10 e 11 com um indivíduo emcada ponto. Os pontos 15 e 19 apresentaramgirinos, respectivamente, 1 e 7 indivíduos.Uma espécie de peixe Astyanax facilatus.,foi encontrada no córrego Cascatinha,neste período, restrita aos pontos 5 e 6 (2 e1 inds., respectivamente).

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A orem Diptera apresentou maiornúmero de indivíduos, e o quironomídeoChironomus sp.(Chironomidae: Diptera) foio mais abundante com 33,3inds./m² noponto 4. O quironomídeo Chironomus sp.foi, em geral, mais abundante nos pontosonde o folhiço foi dominante ou comum(pontos 4, 7, 9 e 13) indicando uma maiorconcentração de nutrientes disponível,podendo gerar uma condição de estresseambiental natural em períodos de secaprolongada. Nestes pontos organismosindicadores de ambientes limpos comoTrichoptera, Ephemeroptera e Plecopteraquando presentes apresentaram baixasdensidades (0,67 ind/m²).

A ordem Odonata foi a segundamais abundante 130inds./m² distribuídos emcinco famílias Libellulidae (40,0inds./m²),Petaluridae (9,3inds./m²), Aeshnidae(6,7inds./m²), Calopterygidae (1,3ind./m²) eCoenagrionidae (73,3inds./m²). Todas asninfas de Odonata são predadoras e forammais abundantes, no período de seca naSerra do Cipó em áreas de fluxo lento(Callisto et al., 2001).

No ponto 5 a espécie Gyretes sp.(Gyrinidae: Coleoptera) foi a maisabundante entre os coleópteros com30,7inds./m² e Limnocoris sp. (Naucoridae:Hemiptera) foi mais abundante entre oshemipteros no ponto 18, com 18,7 inds./m² .

O ponto 19 apresentou o maiornúmero de indivíduos (40 inds.), com maiorabundância das ordens Hemiptera(21,3inds./m²), Odonata (14,7 inds./m²) eColeoptera (12 inds./m²), sendo este pontocaracterizado pela dominância de rocha,pela pouca profundidade (0,35m) e comárea total de 12m², tornando o substratoestável para colonização de váriosorganismos.

O ponto 4 caracterizado peladominância de folhas, presença comum derocha e cascalho e com profundidade médiade 0,55m, foi o segundo em abundância deorganismos com 52 inds./m² distribuídosnas ordens Diptera (34,7inds./m²), Odonata(9,3inds./m²) e Hemiptera (5,3inds./m²)

(Tabela 2). A baixa vazão do córrego daCascatinha neste período de seca favorece oacúmulo de areia com pequenagranulometria (areia fina e argila), defolhas, de cascalho e de pedaços demadeira, aumentando a estabilidade dosedimento. Com o aumento na estabilidadedo substrato há um aumento na diversidadeda comunidade bentônica (Death &Winterbourn, 1995).

Dos organismos indicadores deambientes limpos foram identificados umtotal de16 indivíduos da ordemEphemeroptera, 14 indivíduos deTrichoptera e 3 indivíduos de Plecoptera,sendo o ponto 6 com maior abundância deEphemeroptera e Trichoptera,respectivamente com 9,3 e 4 inds/m². Sendoo ponto 6 caracterizado pela presença defolhas, areia/cascalho e rochas semdominância (todos comuns), o queproporciona maior riqueza de microhabitatse maior disponibilidade de recursoalimentar. Cerca de 90% da fauna deTrichoptera em córrego de primeira ordemno estado do Rio de Janeiro foi encontradaem substrato do tipo folhiço,proporcionando maior quantidade dedetritos, além de lugares para fixação erefúgio (Huamantico & Nessimian,1999).Fatores ambientais como cobertura vegetal,influência antrópica e classificaçãohidrológica podem estar fortementecorrelacionados com a distribuição deTrichoptera, Ephemeroptera e Plecoptera noperíodo de seca (Bispo & Oliveira, 1998 eBispo et al., 2001).

A análise de componentes principais(PCA) explicou 23,7 e 17,6% da variaçãodos dados, eixos 1 e 2, respectivamente. Oeixo 1 apresentou correlação positiva com aquantidade de indivíduos de Trichoptera,Odonata e Hemiptera (56, 50 e 42%,respectivamente) e correlação negativa comcascalho, areia e rocha (91, 87 e 73%,respectivamente). Enquanto que o eixo 2apresentou correlação positiva comEphemeroptera (76%), Diptera (58%) eOdonata (43%) e correlação negativa com adominância de rochas (35%) e o número de

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indivíduos de Hemiptera (27%) eColeoptera (23%) (Tabela 3).

Assim os pontos amostrados foramagrupados em quatro. O primeiro grupocom correlação positiva com o eixo 2 enegativa com o eixo 1 formado pelospontos 1,10, 21 e 19; o segundo grupo comcorrelação negativa com os dois eixosprincipais constituído pelos pontos 8, 16,17, 20, 23, 25 e 27. Os pontos localizadosmais a jusante 2, 4, 6 e 9 apresentaramcorrelação positiva com os dois eixos,formando o terceiro grupo. O último grupoformado pelos demais pontos apresentaramcorrelação positiva com o eixo 1 e negativacom o eixo 2 (Figura 3).

ConclusõesO período de seca influenciou na

estrutura da comunidade bentônica,proporcionando maior variedade demicrohabitas, como folhas, areia, cascalho erocha e aumentou a quantidade de recursodisponível à biota.

Trichoptera, Ephemeroptera ePlecoptera colonizaram ambientes commaior estabilidade de habitat, sendoencontrados em áreas com folhiço variandode comum a dominante.

Odonata, Coleoptera e Hemipteraforam os táxons mais freqüentes,colonizando todos os tipos de habitasdisponíveis.

Diptera foi representada pelaespécie Chironomus sp., a mais abundante,principalmente nos pontos de riquezareduzida (menor que 4 táxons).

Referências

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Bispo, P.C.; Oliveira, L.G.; Crisci, V.L. &Silva, M.M. 2001. A pluviosidade comofator de lateração da entomofaunabentônica (Ephemeroptera, Plecoptera eTrichoptera) em córregod do PlanaltoCentral. Acta Limnologica Brasiliensis13(2); 1-9.

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Death, R.G, & Winterbourn, M.J. 1995.Diversity patterns in stream benthicinvertebrate communities: the influenceof habitat stability. Ecology 76(5): 1446-1460.

Esteves, F.A. 1998. Fundamentos deLimnologia. 2. ed. Interciência, Rio deJaneiro. 602p

Horn, A.J. & Goldman, C.R. 1994.Limnology. McGraw-Hill, Tokyo. 464p.

Huamantico, A.A. & Nessimian, J.L.1999.Estrutura e distribuição espacial dacomunidade de larvas de Trichoptera(Insecta) em um tributário de primeiraordem do Rio Paquequer, Teresópolis,RJ. Acta Limnologica Brasiliensis.11(2): 1-16.

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Tabela 1. Área e Profundidade dos pontos amostrados no Córrego da Cascatinha (PESCAN,GO) no período de seca (11 a 13 de agosto de 2003).

Pontos Área (m²) Profundidade (m)1 129,80 0,802 20,88 0,373 3,25 0,234 32,32 0,555 57,60 0,656 61,07 0,97 3,60 0,68 39,00 0,459 15,19 0,610 7,25 0,311 7,10 0,2812 17,78 0,2813 14,62 0,2514 15,75 0,515 17,25 0,4216 19,89 0,8517 18,72 0,418 12,20 0,3519 11,98 0,2220 18,31 0,2721 5,75 0,322 10,35 0,1923 5,42 0,2924 18,75 0,2225 5,65 0,3826 14,51 0,2527 14,51 0,8

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Tabela 2. Lista de espécies identificadas ao longo do Córrego da Cascatinha (PESCAN,GO),no período de seca (11 a 13 de agosto de 2003) distribuídas em 27 pontos de coleta.

OdonataLibellulaErythemisTanypteryxAeshnaCalopteryxEnallagmaArgiaColeopteraDysticidae (larva)GyretesHaliplusPsephenidaeHygrobiidaeColeoptera n.i a Coleoptera n.i bHemipteraLimnocorisNeogerrisNotonectaBelostomusMartaregaRhagoveliaRanatraHemiptera n.i. a

Ephemeroptera

Ephemeroptera n.i. a PlecopteraPlecoptera n.i . a TrichopteraHydroptilidaePolycentropididaeTrichoptera n.i.a Trichoptera n.i. b Trichoptera n.i. c LepidopteraEstigmene DipteraChironomusChironomidae n.i. a Chironomidae n.i. b CeratopogonidaeDiptera n.i. a Diptera n.i. b Diptera n.i. c AranaeAranae n.i. a Aranae n.i. b AnphibiaGirino n.i. a PiscesAstyanax facilatus

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Tabela 3. Abundância (ind./m²) de macroinvertebrados bentônicos encontrados no Córrego da Cascatinha no período de seca (11 a 13 de agostode 2003).

Pontos Odonata Coleoptera Hemiptera Ephemeroptera Plecoptera Trichoptera Diptera Outros1 2,67 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,33 0,002 12,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,33 4,00 0,003 5,33 0,00 6,67 0,00 0,00 1,33 2,67 0,004 9,33 1,33 5,33 1,33 0,00 0,00 34,67 0,005 1,33 30,67 0,00 0,00 0,00 1,33 0,00 1,336 14,67 1,33 2,67 9,33 0,00 4,00 9,33 2,677 6,67 1,33 0,00 0,00 0,00 0,00 30,67 2,678 1,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,009 4,00 4,00 1,33 4,00 0,00 2,67 22,67 2,67

10 1,33 0,00 2,67 4,00 0,00 1,33 16,00 1,3311 4,00 1,33 10,67 0,00 0,00 1,33 4,00 1,3312 0,00 1,33 5,33 1,33 0,00 0,00 2,67 0,0013 1,33 4,00 4,00 0,00 0,00 0,00 26,67 0,0014 1,33 2,67 2,67 0,00 0,00 2,67 1,33 0,0015 2,67 9,33 2,67 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0016 1,33 2,67 1,33 0,00 0,00 0,00 0,00 1,3317 8,00 12,00 4,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0018 14,67 12,00 21,33 0,00 0,00 2,67 2,67 0,0019 6,67 6,67 0,00 0,00 2,67 0,00 5,33 9,3320 9,33 9,33 9,33 0,00 1,33 0,00 0,00 0,0021 4,00 4,00 1,33 0,00 0,00 0,00 1,33 1,3322 4,00 5,33 13,33 1,33 0,00 0,00 0,00 0,0023 0,00 4,00 6,67 0,00 0,00 0,00 1,33 0,0024 8,00 2,67 1,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0025 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,33 0,0026 1,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0027 4,00 6,67 2,67 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

* O inseto da ordem Lepidoptera apareceu apenas no ponto 2 com apenas um indivíduo.** Lepidoptera, Aranae, Amphibia. e Pisces foram agrupados em outros para fins de análise por apresentarem densidades muito baixas (organismos raros).

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Tabela 4. Análise de Componentes Principais das variáveis bióticas e abióticas agrupadas porpontos de coleta.

Variáveis PC 1 PC2ODONATA 0.500 0.426COLEOPTERA 0.069 -0.228HEMIPTERA 0.408 -0.270EPHEMEROPTERA 0.252 0.762PLECOPTERA -0.319 0.223TRICHOPTERA 0.562 0.474DIPTERA 0.065 0.579OUTROS -0.226 0.577PROFUNDIDADE 0.048 0.460AREIA -0.866 0.025CASCALHO -0.906 0.193ROCHA 0.728 -0.347FOLHICO 0.157 0.289

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Figura 1. Dominância dos tipos de substrato em percentual de areia, cascalho, rocha e folhiçopor ponto de coleta ao longo do córrego da Cascatinha (PESCAN, GO) no período de seca.

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Figura 2. Freqüência dos táxons encontrados ao longo de 27 pontos no Córrego daCascatinha (PESCAN,GO) no período de seca (11 13 de agosto de 2003).

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22

Figura 3. Diagrama de ordenação das estações através da análise de componentes principais.

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Percepção ambiental dos usuários do Parque Estadual da Serra de CaldasNovas – Goiás com relação à sua inserção no meio ambiente

Ana Luiza Rios CaldasIntroduçãoO Parque Estadual Serra de Caldas –PESCAN foi criado em setembro de 1970com o objetivo principal de proteger a áreade captação de água da chuva que abasteceo lençol termal, bem como sua vegetação eespécies animais características da região(http://www.caldasnovas.com.br/). Porém aproblemática da concretização desteobjetivo é explicitada em página da internet(http://www. caldasnovasfar.hpg.com.br):

“O parque tem pequenas dimensões,em termos de proteção do bioma cerrado,está praticamente dentro da cidade e seuentorno está cercado de loteamentos, clubescondomínios, pequenas e médias fazendas,sítios de recreio. Essa localização temaspectos positivos porque facilita o acessodas pessoas da comunidade e dos turistas aoparque e o desfrute agradável do convíviocom a natureza e a educação ambiental. Poroutro lado, vai exigir da administração umcontrole para evitar depredações, barulhos,fogo, caça e retirada de plantas”.

Todas as atividades humanas dealguma forma promovem alterações nascondições ambientais (ecossistemas), querde forma positiva, quer de forma negativa.Neste contexto, o estudo da percepçãoambiental de todos os grupos queinterferem num determinado ambiente e dosimpactos das atividades locais pode ser oprimeiro passo para a definição de umprograma de educação ambiental - EA(Espíndola et al., 2000). Este princípio éalicerçado no contexto que vem sendo dadoà EA: “A busca de um referencial, comodado de análise, que caracterize anecessidade de mudança, frente a um novoequilíbrio nas relações homem-homem/homem-natureza, é uma evidênciafundamentalmente de caráter ético, logo deeducação” (Oliveira, 1998).

Por outro lado, a prática da EA deveter como um dos seus pressupostos, orespeito aos processos culturais

característicos de cada comunidade. Apercepção de diferentes sujeitos é mediadapor interesses econômicos, políticos,posição ideológica e ocorre numdeterminado contexto social, político,espacial e temporal, de modo que perceberou mesmo aceitar a existência de umproblema ambiental não é apenas umafunção cognitiva. Isto significa reconhecerque há diferentes modos de relacionamentohomem-homem e homem-natureza, quedeterminam a existência de conhecimentos,valores e atitudes que devem serconsiderados na formulação, execução eavaliação da prática da educação ambiental(Quintas, 1997).

Assim, o processo educativo develevar em consideração as diversasrepresentações sociais sobre os problemasda região em questão. Estudos sobre apercepção ambiental são feitos em turistas enas comunidades próximas às Unidades deConservação, mas não são encontrados nabibliografia estudos com pesquisadores,com o intuito de averiguar a percepção dasua contribuição para preservar taisunidades1.

O objetivo deste trabalho écomparar a percepção ambiental do Cerradodos diferentes usuários do Parque Estadualda Serra de Caldas Novas, bem comoinvestigar a sua identificação como parteintegrante no ecossistema do Parque atravésdas atitudes de preservação de visitantes epesquisadores. Os resultados podem apoiara discussão e subsidiar o planejamento de

1 Heloísa S. Miranda (2003, comunicação pessoal),professora titular do Departamento de Ecologia –UnB e coordenadora do Projeto Fogo em andamentona Reserva Ecológica do IBGE, alertou para oimpacto causado por pesquisadores e alunos de pós-graduação em Unidades de Conservação ao iniciarum trabalho de coleta de material de campoabandonado pelos próprios nesta unidade, emBrasília.

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projetos de Educação Ambiental em todosos níveis em Unidades de Conservação.

Material e MétodosO presente estudo foi realizado comusuários do Parque Estadual Serra deCaldas Novas (Goiás), no período de 29 dejulho a 15 de agosto de 2003, durante ocurso de campo do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade deBrasília. Para o estudo foram consideradosusuários todas as pessoas que estivessemdentro do parque: turistas, pesquisadores,moradores da vizinhança e funcionários.

Muitos trabalhos de investigaçãodas percepções ambientais com vistas àrestauração e conservação vêm sendo feitosa partir de entrevistas estruturadas e semi-estruturadas, além de questionáriosestruturados (Bogner, 1998; Bowcutt, 1999;Pooley & O’Connor, 2000). Os usuários doParque foram submetidos a um estudo depercepção mediante entrevista estruturada,tendo como foco a conservação do parque ea inserção do ser humano neste ecossistema(impacto de suas atividades na preservaçãodo Parque). As questões das entrevistasforam elaboradas com o intuito de estimularo exercício da percepção crítica de simesmo por parte do entrevistado e suainserção no meio ambiente (Anexo 1).Assim o questionário transforma-se decoletor de informações e a um instrumentode reflexão e modificação, objetivoprimeiro da Educação Ambiental.

Com o intuito facilitar mudanças deatitudes para com o ambiente, é importanteinvestigar os domínios afetivo ecomportamental, tanto quanto o cognitivo,para basear programas educacionaisrealmente efetivos (Pooley & O’Connor,2000; Santos et al., 2000). Desta forma, osusuários foram observados quanto às suasatitudes para evitar a degradação dasregiões visitadas de forma direta e indireta(pistas não presenciais, como lixo deixadopara trás, árvores quebradas). Estaobservação foi feita principalmente com ospesquisadores devido ao grande contatomantido durante todo o curso de campo.

Os moradores não foram separadosem um grupo isolado devido ao pequenocontato conseguido. Os moradores que sedispuseram a responder à entrevistainseriam-se no contexto dos funcionários eem alguns casos como turistas. No casodos turistas, foram entrevistadas no máximoduas pessoas dentro de cada grupo deturistas que visitou o PESCAN no períododo trabalho. Em relação aos funcionários epesquisadores, foram entrevistados todos ospresentes no período da pesquisa.

A coleta de dados foi dividida emduas partes: no período de 10 a 15 deagosto de 2003 foram feitas as entrevistas;no período de 29 de julho a 14 de agosto,observações não sistematizadas dospesquisadores (e eventualmente turistas eguias) de suas atitudes de inserção noecossistema do Parque foram registradas.

Resultados e DiscussãoForam entrevistados 15 pesquisadores(alunos e professores da disciplina Métodosde Campo em Ecologia da pós-graduaçãoda UnB), 08 funcionários (guias turísticos eadministração) e 09 turistas, num total de32 entrevistas. Considerando o contingentelocal dos grupos, apenas o dos turistas teveuma baixa representatividade, devido àpequena visitação do período (baixatemporada e pico da seca).Aproximadamente metade dos usuários doparque não satisfez suas expectativas comrelação ao PESCAN (Tabela 1). Emcontrapartida, 15 usuários disseram que oParque estava de acordo, ou melhor, do queesperavam antes de seu primeiro contato.

Os principais aspectos para aformação de imagens mentais do Parquedos diferentes usuários estão ilustrados naFigura 1. A categoria “antropização” dizrespeito a todas as construções prediais(sede, alojamentos, casa do pesquisador,estação sismológica), e também àsmodificações nas trilhas feitas para receberturistas (escadas, mirantes, bancos, pedrasdecorativas, entre outros). A categoria“cerrado” foi utilizada quando oentrevistado não citava flora ou fauna de

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maneira distinta. Observa-se que o cerradoé a única categoria bastante lembrada paraos três grupos estudados. A antropizaçãonão é tanto uma preocupação do turista,enquanto essa categoria é mais expressivapara pesquisadores e funcionários,provavelmente devido ao tempo depermanência no parque. A água é um fatorde busca importante para o turista epesquisador e menos para os funcionários.As respostas dos funcionários sugerem queestes têm acesso anterior à informação deque o PESCAN possui poucos corpos d’água nesta época do ano. O quesito passeioapresenta maior grau de diferença entre osgrupos, estando presente apenas entre osturistas, contribuindo assim para que estaspessoas demonstrem o padrão característicode expectativas com relação à visitação noParque.

O Parque Estadual apresenta umestado de conservação mediano, segundo apercepção de seus usuários (Tabela 2). Osprincipais aspectos para a avaliação doParque foram o grau de antropização e apaisagem do cerrado (Figura 2), indicandoque a avaliação da Unidade de Conservaçãonão dissocia aspectos naturais da atividadehumana. Vale registrar que o grau deantropização foi usado tanto como critériopositivo como negativo para avaliação,mostrando não haver um consenso sobre anecessidade ou importância de umaestrutura para recepção de visitantes emgeral.

Para elucidar a questão acima, oSistema Nacional de Unidades deConservação, o Parque Estadual é umaunidade de Proteção Integral que “temcomo objetivo básico a preservação deecossistemas naturais de grande relevânciaecológica e beleza cênica, possibilitando arealização de pesquisas científicas e odesenvolvimento de atividades de educaçãoe interpretação ambiental, de recreação emcontato com a natureza e de turismoecológico” (uso indireto). A visitaçãopública está sujeita às normas e restriçõesestabelecidas no Plano de Manejo daunidade. Sendo assim, é importante que o

Parque divulgue o seu objetivo enquantounidade de conservação para que o usuário,uma vez esclarecido, melhore seu grau desatisfação com a visita e possa contribuir demaneira mais adequada através de atitudes esugestões com o plano de manejo proposto.

Apesar do Parque ter sidoconsiderado como medianamenteconservado, ao observar a Figura 3, nota-seque o PESCAN, mesmo sendo poucovisitado e pouco conhecido pela cidade,exerce bem a sua função de aproximar aspessoas com o Cerrado. Entretanto valedestacar que os melhores resultados deram-se com pesquisadores e funcionários, osquais têm um contato muito maior com oambiente do Parque do que o turista. Esteresultado sugere a necessidade de trabalhosde Educação Ambiental que permitam umcontato continuado e sistematizado daspessoas com o Parque para que maisconhecimento gere uma maior identificaçãocom o cerrado, conseqüentemente,aumentando a disposição para conservá-lo(sensibilização). Vale lembrar que aparticipação comunitária é importante noplanejamento e na implementação deprogramas e projetos com fundo social eambiental. São as comunidades locais quepodem prover condições iniciais para osucesso de programas e projetos quevenham a ser executados (Silva et al.,2000)2.

Na Figura 4 constam as respostassobre o papel ecológico dos diferentesusuários do PESCAN. Nota-se que aassociação do homem com o ambientepróximo é confundida com seu papel social,inclusive pelos pesquisadores entrevistados,que certamente tem boa noção do conceitode papel ecológico de um ser vivo em umecossistema. Esta dissociação do homem aoseu ambiente é tratada por Sheldrake

2 Informações obtidas com os funcionários doPESCAN, indicam um início de atividades paraenvolvimento da comunidade onde o Parque vai atéas escolas (palestras e divulgação) para que osalunos tragam as famílias no final de semana epossam conhecer e desfrutar do local.

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(1993), que mostra como se desenvolveu aperspectiva de que a natureza é objeto e oser humano - e em especial, o cientista - é“pensamento”, proposta por grandespensadores do século XVII, comoDescartes, Boyle e Bacon. Descartes,imaginando o seu verdadeiro eu como umobservador desencarnado e não como umparticipante incorporado num mundo vivo,proporcionou a base filosófica para o idealde desprendimento científico. ParaSheldrake este ideal influencia cientistas etoda a sociedade moderna, aprofundando asdivisões entre o homem e a natureza, entrea mente e o corpo, entre objetividade esubjetividade, entre quantidade e qualidade.Desta forma o cientista se descaracterizacomo agente causador de impactos nanatureza. Essa ainda é uma discussão atual, comoevidenciado na figura 4, onde a maioria dosusuários, incluindo os cientistas, são adultosjovens (27 dos entrevistados). A associaçãodas atividades do turista e do funcionário aimpactos, como causador e mitigador,respectivamente, e a pequena associaçãodas atividades do pesquisador no parquecomo potencial fonte de impacto na Figura4 ilustram esta tendência.

No entanto vem dos próprioscientistas naturais o questionamento dalógica cartesiana: para Begon et al. (1990),a mera existência de um tipo de organismoem uma área a diversifica para os outros, eele mesmo só existe porque o ambiente éheterogêneo. A maioria dos ambientescontém gradientes de condições ou derecursos disponíveis. Estes gradientesinfluenciam as escolhas dos habitats emicrohabitats dos animais. Enquantoanimais podem selecionar os habitats, asirregularidades na superfície dos solospodem permitir ou impedir a germinação demuitas espécies, definindo localmente aestrutura da comunidade, segundo Ricklefs(1979). O que se percebe é que mesmosendo estes dois autores muito conceituadose citados na referência bibliográfica demuitos trabalhos científicos, suasproposições não são muito consideradas

pelos pesquisadores enquanto parteintegrante da comunidade biótica de seuambiente mais próximo, como ilustrado naTabela 3. Percebe-se que houvepreocupação com o impacto das atividadesdos pesquisadores sobre o meio ambiente,mas as suas atitudes antagonizaram, demodo geral, com propósito de preservaçãodo Parque Estadual.

O presente resultado permeia aquestão de que não é exercitada noambiente acadêmico uma abordagemformadora de valores com relação àparticipação individual e coletiva dopesquisador na preservação do ambiente. Aapreciação crítica é exigida quanto àqualidade dos resultados dos experimentose textos científicos presentes na literatura.Dessa forma não há uma proposta dequestionamento e assim os alunos sãomantidos sistematicamente sob a influênciadas teorias feitas por pensadores citados ediscutidos em Sheldrake (1993), comrelação à conquista da natureza pela ciênciaa favor do progresso. Para o autor, uma vezque a ciência deve manter sua característicade atividade humana de objetividade semparalelo, os cientistas precisam ter umapostura como se fossem “mentesdesencarnadas”. Assim podem sobrepujartodos os obstáculos e retornar trazendoconhecimento e mais poder para ahumanidade. Parece contraditório terrespeito pessoal pela natureza comocientista, se a aquisição de conhecimentospressupõe-se objetiva e imparcial.

Flickinger (1994), ao questionar aestratégia pós-cartesiana de objetificaçãonas modernas ciências naturais, propõe quea educação ambiental deveria recuperar aresponsabilidade íntima do agir humano, dodia a dia, pelas crises da natureza. O sabercientífico é determinado pela tirania doolhar enquanto sentido exclusivo damediação do mundo. O gerenciamentoambiental pode ser caracterizado pelatentativa de fazer desaparecer da vista o quenão agrade mais nossos sentidos ou atéameace nosso bem-estar momentâneo. Essatirania do olhar configura-se como condição

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de possibilidade de ocultamento de umcontexto histórico e sistêmico, capaz deidentificar as origens remotas de umaenorme crise ambiental.

Bibliografia

Begon, M., Harper, J.L. & Townsend, C.R.1990. Ecology. 2nd edition. Blackwellscientific publishers. Cambridge,England.

Bogner, F.X. 1998. The influence of short-term outdoor ecology education on long-term variables of environmentalperspective. The journal ofenvironmental education. Vol 29. No. 4.pp 17-29.

Bowcutt, F. 1999. Ecological restorationand local communities: a case studyfrom Sinkyone Wilderness State Park,Mendocino County, California. HumanEcology. Vol. 27. Nº 2. pp. 359-368.

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Quintas, J.S. 1997. Mobilização social,educação ambiental e gestão. IV Fórumde Educação Ambiental/Encontro daRede Brasileira de EA. OrganizaçãoAssociação Projeto Roda Viva, InstitutoEcoar para a Cidadania, Instituto deEstudos Sócio-Econômicos – Inesc. Riode Janeiro. p. 73-81.

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Silva, J. dos S.V. da, Abdon, M. de M.,Paranaguá, P.A. e Pegoraro, J.L., 2000.Manejo integrado de ecossistemas: aimportância da visão interdisciplinar(capítulo 2). In: A bacia hidrográfica doRio Monjolinho: uma abordagemecossistêmica e multidisciplinar.Espíndola, et al. (org). Ed. Rima. SãoCarlos. p. 17-35.

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Tabela 1. Concretização das expectativas dos usuários do PESCAN.

Usuário Sim Não, melhor Não, piorPesquisador 4 4 7Funcionário 1 1 6Turista 2 3 4Total 7 8 17

Figura 1. Categorias de busca segundo as expectativas dos usuários a respeito do ambiente doParque Estadual Serra de Caldas Novas (em agosto do 2003): a) pesquisador b) funcionário c)turista.

Tabela 2. Estado de conservação do Parque Estadual Serra deCaldas Novas - PESCAN segundo os usuários (notas de 0 a 5)

Conservação média desviopesquisador 3,07 0,73funcionário 3,25 1,13turista 4,67 0,43total 3,56 1,04

a) pesquisador c) turista vegetaçãofaunaáguacerradoantropizaçãopasseio

b) funcionário

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146

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pesquisador funcionário turista Total geral

Figura 2. Critérios para avaliação do estado de conservação do Parque Estadual Serra deCaldas Novas, segundo os usuários: avaliação sócio-cultural, a e b (antropização, descuidocom as áreas de visitação); ambiente, c,d, e (flora, fauna, cerrado).

0

7

14

21

pesquisador funcionário turista total geral

No.

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Não mudou mudou p/ melhor mudou p/ pior

Figura 3. Percepção dos usuários com relação ao bioma cerrado após a visitação no universodo Parque Estadual Serra de Caldas Novas.

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Figura 4. Comparação dos papéis de usuários (a pesquisador, b funcionário e c turista),segundo as concepções de cada grupo.

b) funcionário

0

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Tabela 3. Atitudes dos pesquisadores com relação à preservação do Parque Estadual da Serrade Caldas.

Ambiente Sinergismoou antagonismo

Registros

Geral Sinergismo - Aluna atentou para o impacto dos cursos de campo no localapós o comentário do coordenador que iria outro grupo duassemanas depois que a turma partisse.

Água Sinergismo - Aluna: “Eu gosto é de água correndo” (antes de chegar ao leitodo córrego do Paredão que estava seco e depois de passar poralguns córregos menores secos).

Água Sinergismo

Antagonismo

- Duas alunas: identificação de vertebrados aquáticos – apenasobservaram com pouca coleta para não impactar a fauna que jáestá pequena agora que o rio está quase seco.- Estas devolveram os anuros coletados no dia anterior para olocal de origem.- Trabalho de retirada de bentos deixou a água turva, o queatrapalhou a observação dos turistas segundo os guias.

Água Antagonismo - O professor queria levar os anuros para a coleção (lembrandoque a fauna estava reduzida devido à seca) da universidade.

Água Antagonismo - Alunos foram tomar banho na cascatinha, pois não havia água.A maioria racionou o uso do sabonete, pois havia placaindicando sua proibição. - Alguns alunos usaram normalmente, dizendo que não teriaproblema usar sabonete e shampoo somente naquele dia.

Flora Sinergismo

Antagonismo

- Professor pediu para retornar o material observado ao campopara devolver a biomassa a ele, nos grupos que coordenou.- Até esse dia nenhum professor teve essa preocupação em suasatividades de grupo. E depois os outros professores e alunostambém não modificaram o comportamento.

Flora Sinergismo - Aluna reclamou de levarmos tantos brotos de inflorescênciadas plantas. Deveria contar (os frutos) na planta sem podá-la.

Flora Sinergismo - Aluno demonstrou chateação ao quebrar galhos de uma árvoresem querer enquanto procurava lagartos.

Flora Antagonismo - Em trabalho com todos os alunos para confecção de uma chaveforam cortados mais de 50 ramos de árvores. Após o trabalho osramos foram jogados no lixo.

Flora Antagonismo - Aluno quebrou um ramo da árvore em cima do transecto quedeveria ser o mais reto possível para estimar riqueza eabundância de espécies.

Fauna Antagonismo - Aluno deixou dois lagartos presos três dias sem comida dentrode um saco plástico fechado.

Fauna Sinergismo - Ao montar experimento com morcegos, professor fez coletaapenas para demonstração a outros alunos. Apesar de tratadoscom cuidado um animal morreu.

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Tabela 3. ContinuaçãoAmbiente Sinergismo

ou antagonismoRegistros

Fauna Sinergismo - Grupo de alunos e professores que trabalharam com mamíferosnoturnos capturaram animais para triagem e os mantiveram emgaiolas separadas, com alimento e à sombra. Ao fim doexperimento, os exemplares foram soltos no local de captura.

Resíduossólidos

Sinergismo - Professora pediu cuidado com os sacos plásticos usados nacoleta pois estes deveriam ser reutilizados ao longo de todo ocurso.

Resíduossólidos

Sinergismo - 2 alunos levaram consigo garrafas encontradas na mata(cerradão) para jogar em lixo apropriado.- Outro aluno idem- tirou lata de cerveja velha da estrada.

Resíduossólidos

Sinergismo - Professor: preocupado em não deixarem toco de cigarro paraevitar queimada.

Resíduossólidos

Antagonismo

Sinergismo

- Professor e monitor, utilizaram massa modelar feita de água eamido por não serem tóxicas e seriam facilmente comidas porformigas. Depois não tiveram cuidado em tirar todas as “larvas”das árvores. - Por vários dias os alunos trouxeram as massinhas queeventualmente encontravam durante outros experimentos.

Resíduossólidos

Antagonismo

Sinergismo

- Copos descartáveis para usar todos os dias. Professores ealunos contribuíram deixando os copos em sacola para seremlavados e reutilizados.- Professores decidiram depois comprar canecas de plásticodepois de aluna lavar todos os copos dois dias.

Resíduossólidos

Antagonismo - Foram encontradas várias fitas de demarcação de experimentoantigas e sem uso em várias paisagens do Parque. - Não se comentou a respeito de retirar tais marcações.

Resíduossólidos

Antagonismo - Alunos quase não reutilizavam papel para rascunho, semprepegando folhas novas.

Resíduossólidos

Antagonismo - Novos sacos plásticos eram usados em várias coletas, apesarda instrução inicial da professora em reutilizar os sacosplásticos.

Resíduossólidos

Antagonismo - Alunos que utilizaram marcação em campo não foram retirá-laao final do experimento.

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Anexo 1. Entrevista feita com os usuários do Parque Estadual Serra de Caldas Novas emagosto de 2003.

Ed. Ambiental – percepção dos usuários do PESCANSexo: (F) (M) Data: /08/2003Tipo de Usuário: (Tur) (Fun) (Pesq)Idade: (criança) (jovem) (adulto) (senior)

1- O que você esperava experimentar ao vir para o parque? (ver, ouvir,sentir)

2- Sua expectativa se realizou? Pq/como?

3- Dê uma nota de 0 a 5 para o estado de conservação do Parque (áreasque visitou).Qual o motivo principal da nota?

4- Qual você acha ser o papel ecológico do turista para o Parque?

5- Qual o papel ecológico do guia/ funcionário para o parque?

6- Qual o papel ecológico do pesquisador dentro do Parque?

7- Como você acha que executou o seu papel ecológico?

8- A sua estada no parque mudou alguma coisa na sua opinião sobre ocerrado? O quê?

9- (Colegas) A comunidade pode contribuir de alguma maneira efetivapara a conservação do parque?

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Produção de serapilheira em área de cerrado sensu stricto e mata de galeriano Parque Estadual da Serra de Caldas Novas, GO

Ana Paula de OliveiraIntroduçãoO Cerrado está localizado basicamente noPlanalto Central do Brasil e é o segundomaior bioma do país em área, ocupandocerca de 23% do território brasileiro. Avegetação apresenta fisionomias queenglobam formações florestais, savânicas ecampestres (Ribeiro & Walter 1998).

Mata de galeria é a vegetaçãoflorestal que acompanha os rios de pequenoporte e córregos dos planaltos do BrasilCentral, formando corredores fechados(galerias) sobre o curso de água. Essafisionomia é perenifólia, não apresentandocaducifolia durante a estação seca (Ribeiro& Walter 1998).

O Cerrado sensu stricto caracteriza-se pela presença de árvores baixas,inclinadas, tortuosas, com ramificaçõesirregulares e retorcidas, e geralmente comevidências de queimadas (Ribeiro & Walter1998).

A serapilheira consiste de folhascaídas, ramos, caules, cascas e frutos, queficam depositados sobre o solo, formando acamada orgânica superficial. A espessura dacamada pode variar de poucos milímetros avários centímetros (Silveira et al. 2000).

A serapilheira tem papelfundamental na ciclagem de nutrientes nosistema solo-planta através damineralização da matéria orgânicaacumulada (Paixão et al 2003). O objetivodo presente trabalho foi descrever avariação na biomassa de serapilheira entre ocerrado sensu stricto e a mata de galeria doParque Estadual da Serra de Caldas Novas,Go.

Material e métodosÁrea de estudoO estudo foi realizado no Parque Estadualda Serra de Caldas Novas (PESCAN), emáreas de cerrado sensu stricto e de mata degaleria, durante o mês de Agosto de 2003.A Serra de Caldas tem as cidades de Caldas

Novas a Nordeste e a de Rio Quente aNoroeste, ambas praticamente no sopé daserra, que pertence aos dois municípios(FEMAGO).

A pluviosidade média anual daregião é 1500 mm, com a precipitaçãoconcentrando-se no período de Outubro aMarço. A temperatura média anual é 23°C,havendo uma correspondência entre osvalores médios mínimos (19°C) nos mesessecos e os valores médios máximos (24°C)nos chuvosos. A umidade relativa média éde 65%. O clima é do tipo Aw, segundo aclassificação de Köppen, com inverno secoe verão chuvoso (FEMAGO).

MetodologiaNa área de cerrado sensu stricto foramestabelecidos quatro transectos com 100 mde comprimento, eqüidistantes 50 m. Para aestimativa da quantidade de serapilheiraproduzida, utilizaram-se 40 parcelasquadradas de 0,5 × 0,5 m distribuídas acada 10 m nos transectos. Na mata degaleria foram utilizadas 40 parcelasquadradas de 0,5 × 0,5 m instaladas a cada10 m em oito transectos com 50 m, a umadistância de 50 m entre si. A serapilheira foipesada em balança analítica, sendo medidoapenas seu peso fresco, uma vez que acoleta compreendeu o meio do períodoseco, não tendo sido observada precipitaçãohá, pelo menos, três semanas anteriores aoexperimento.

Os valores da produção deserapilheira observada nas duas áreas foramsubmetidos à análise de variância(ANOVA) e as médias comparadas peloteste t, segundo Zar (1999), ao nível designificância de 5%.

Resultados e discussãoA produção média de serapilheira nas áreasde cerrado e mata de galeria foi de 30,10 g(+ 24,85 g) e 155,46 g (+ 39,24 g),respectivamente (Tabela 1). A análise de

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variância identificou diferençassignificativas na produção entre as duasáreas estudadas (F = 2,493, p = 0,0054),sendo que a produção de serapilheira namata de galeria foi, aproximadamente,cinco vezes maior que a observada na áreade cerrado (t = 17,068, p = 0,0001) (Figura1). A grande variação observada no cerradosensu stricto se deve à heterogeneidadeambiental desta fitofisionomia, resultandona localização de algumas parcelaspróximas a indivíduos arbóreos decíduos.

A produção média por hectare foi de1204 kg e 6218,4 kg para as áreas decerrado e mata de galeria, respectivamente.Andrade et al. (1999) observaram valoresda biomassa total da serapilheira variandode 31,7 g.m-2 a 52,7 g.m-2 em mata mesófilasemidecídua. Martins & Rodrigues (1999)encontraram uma produção média deserapilheira de 5968 kg.ha-1.ano-1 emclareiras de uma floresta estacionalsemidecidual, com pico de produção nomês de setembro. Moraes et al. (1999)observaram uma produção de 6,3 t.ha-1.ano-

1 e de 3,9 t.ha-1.ano-1 para mata atlântica erestinga, respectivamente. Paula & LemosFilho (2001), estudando a dinâmica dodossel em mata semidecídua, observaramque a maior produção ocorreu no mês desetembro, com valores médios de 895,16kg.ha-1 em 1997 e de 800,80 kg.ha-1 em1998.

O valor de produção de serapilheirapara a mata de galeria neste estudo (6218,4kg.ha-1) pode ser classificado entre médio ealto, comparando-se com outros trabalhosrealizados em formações florestais doBrasil. A elevada produção na área decerrado (1204 kg.ha-1) pode ser devido àépoca de coleta, pico da estação seca, sendoobservados muitos indivíduos arbóreoscaducifólios.

AgradecimentosEu agradeço à Adriana Fernandes peloauxílio na coleta de dados. Ao monitorErnestino Guarino e ao colega EdivaneCardoso pelas sugestões na metodologia.Aos professores e colegas do curso de

campo pelos ensinamentos e agradávelconvívio.

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ZAR, J.H. 1999. Biostatistical Analysis. 4ed. Prentice Hall, New Jersey.

Tabela 1. Estatística descritiva da produção de serapilheira nas áreas de cerrado sensu stricto emata de galeria do Parque Estadual da Serra de Caldas Novas, GO, 2003.

Peso (g) Cerrado sensu stricto Mata de galeriaMínimo 2,01 80,71Máximo 107,85 266,59Média 30,10 155,46Desvio padrão 24,85 39,24Coeficiente de variação (%) 83 25

Figura 1. Peso fresco da serapilheira amostrada em áreas de cerrado sensu stricto e mata degaleria do Parque Estadual da Serra de Caldas Novas, GO, 2003.

0

60

120

180

240

300

Peso

fres

co (g

)

Cerrado Mata de galeria

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Relações alométricas de Sclerolobium paniculatum Vog. em Caldas Novas,GO: evidências de ajuste ao ambiente savânico.

Ben Hur Marimon Junior

IntroduçãoAs árvores que crescem sob diferentescondições ambientais tendem a apresentardiferentes padrões alométricos, mesmoentre indivíduos que pertençam à mesmaespécie (Niklas 1995, Wainer & Thomas1992). Por esta razão, existem fortesespecializações alométricas, principalmentequando se trata de espécies tropicais(Kohyama 1987). Neste aspecto, aquantidade de luz disponível no ambientede crescimento das plântulas exerceinfluência significativa, especialmente emrelação ao tamanho, forma e posição dacopa dos indivíduos adultos, bem como nasua altura total, altura do fuste e diâmetrodo tronco (king 1996; Niklas 1995, Petty &Worrell 1981).

Em ambientes fechados como asflorestas, as árvores dominantes no dosseltendem a apresentar um rápido crescimentovertical e supressão lateral dos ramos (King1981), o que resulta em um alongamento dofuste e maior altura total (Givnish 1988).Tal padrão alométrico é consequência damaior alocação de recursos para a parteaérea da planta desde a fase de plântula(e.g. Bazzaz & Picket 1980, King 1990,Mazzei et al. 1997, Rezende et al. 1998,Felfili et al. 1999) e faz parte de umaestratégia para atingir a luz e estabelecer acopa no estrato dominante do dossel (King1981).

Em ambientes abertos como cerradosensu stricto, são esperados outros padrõesalométricos, especialmente em relação aaltura do fuste e altura total dos indivíduos,dada a plena disponibilidade de luz durantetodas as fases de crescimento da planta. Aocontrário das árvores de floresta, as decerrado não precisam concentrar seusesforços de crescimento em altura do fustee altura total, podendo economizar recursospara outras funções, como o crescimentoradicular e a reprodução.

Em qualquer um dos casos, seja emambientes abertos ou fechados, as árvoresprecisam manter uma relação entrediâmetro e altura suficiente para garantir asua estabilidade mecânica (Sposito &Santos, 2001a). Esta regra pressupõe umdiâmetro menor para as árvores de cerrado,considerando sua altura também menor.Assim, é esperada a mesma relaçãoaltura/diâmetro das árvores nos doisambientes.

Considerando que as relaçõesalométricas são fatores importantes para acompreensão da estrutura e dinâmica doestrato arbóreo das comunidades vegetais(Sposito & Santos, 2001b), podemoslevantar algumas questões: (i) existealguma variação significativa nos padrõesalométricos entre os indivíduos de umamesma espécie que ocorrem em ambientesflorestais e em cerrado sensu stricto?; (ii)existe algum padrão alométricointermediário nos indivíduos do ambientede transição (borda) entre floresta e cerradosensu stricto?; (iii) existe igualdade narelação altura/diâmetro entre floresta, bordae cerrado sensu stricto?; e (iv) o padrãoalométrico esperado para a plantainvestigada no presente trabalho sugere queesta espécie seja originalmente deambientes florestais, mas com capacidadede ajuste ao ambiente de savana?Assim, o objetivo do presente foideterminar o padrão alométrico deSclerolobium paniculatum em trêsambientes distintos quanto adisponibilidade de luz (mata e cerrado eborda). A espécie ocorre simultaneamentecom relativa abundância em cerrado sensustricto e mata.

MATERIAL E MÉTODOS Os trabalhos foram conduzidos no mês deagosto de 2003 em um cerrado e uma matamesofítica adjacente a uma mata de galeria

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ao longo do Córrego Cascatinha (Mata daCascatinha) no Parque Estadual da Serra deCaldas Novas (altitude 950-1000m),município de Caldas Novas, GO. Foraminvestigados três ambientes distintos quantoa densidade arbórea e, conseqüentemente, aluminosidade: a) interior da mata (seminfluência de clareiras), b) borda (transiçãopara o cerrado sensu stricto) e c) interior docerrado sensu stricto. As três áreas sãoadjacentes, sendo a mata na porção inferiordo relevo.

Em cada área, foram tomadasaleatoriamente medidas da altura total (AT),altura do fuste (AF) e circunferência a 50cm do solo (CAS30) de 30 indivíduosadultos de Sclerolobium paniculatum Vog.com CAS30 ≥ 20cm. A altura do fuste ealtura total dos indivíduos de grande porte(AF ou AT > 9,5m) foram estimadas.

Além dos valores das alturas ediâmetro, foram calculadas as relações deAT/CAS30 e AF/CAS30 nos três ambientes.Para testar a normalidade dos dados foiutilizado o teste de aderência deKolmogorov-Smirnov (Bioestat 2.0) e paracomparação entre as áreas foi utilizadaANOVA (Systat 7.0) para cada parâmetro.

A espécie foi escolhida por ocorrercom relativa abundância nos três ambientese apresentar características de copa, fuste ealtura total favoráveis ao tipo de trabalhorealizado. Sclerolobium paniculatum Vog. éuma espécie pertencente à famíliaLeguminosae, conhecida popularmentecomo carvoeiro. É uma árvore perenifolia,copa arredondada, tronco geralmentetortuoso e mais ou menos cilíndrico, comcasca rugosa, folhas alternas eimparipenadas, compostas de quatro a setefolíolos, inflorescência em panículasterminais, fruto legume indeiscente comuma única semente (Lorenzi 1998). É umaespécie pioneira que inicia freqüentementea sucessão primária em áreas abertas,ocorrendo em grande quantidade nasmargens de estradas e terrenos marginais(Carvalho 1994). É comum em cerradão efloresta estacional semidecidual no PlanaltoCentral, ocorrendo também como vegetação

secundária na Floresta Amazônica (Felfiliet al. 1999).

RESULTADOS E DISCUSSÃOAo contrário do esperado, o diâmetro docaule não diferiu significativamente entre asáreas (ANOVA, p = 0,655), ( 1). Talresultado demonstra que os indivíduos deSclerolobium paniculatum de ambientessavânicos deixam de investir em altura,tornando-se bem mais baixos que os deborda e mata, mas não deixam de investirem diâmetro. Este comportamento pareceser contraditório em se tratando deeconomia no uso de recursos, mesmoconsiderando que existe a necessidade deum diâmetro mínimo do tronco para aestabilidade das árvores e sua proteçãocontra danos mecânicos (e.g. King 1986,Petty & Worrell 1981). No caso emquestão, os indivíduos de cerradoapresentaram diâmetros muito maiores emproporção às alturas (relação alturatotal/diâmetro e altura do fuste/diâmetro) doque os indivíduos de mata e borda (s 2 e 3),algo aparentemente desnecessário para aplanta.

Trabalhando com algumas relaçõesentre diâmetro e altura em florestas noTocantins, Marimon et al. (2001)verificaram que a mata inundávelapresentou maiores diâmetros em proporçãoàs alturas quando comparados com osindivíduos de mata não inundável. Segundoos autores, a base maior do tronco dosindivíduos da mata inundável pode serfundamental para a sua sustentaçãomecânica devido a instabilidade dosubstrato, o que justifica o investimento daplanta em maior diâmetro. No presentetrabalho, uma explicação satisfatória parajustificar o maior diâmetro em relação aaltura nas árvores de cerrado poderia ser amaior exposição ao vento nesse ambiente, oque determinaria maior proteção contradanos mecânicos (Niklas 1995). Mesmoassim, uma diferença tão grande na relaçãodiâmetro/altura (s 2 e 3) parece não sernecessária para esse fim e novos estudos

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devem ser empreendidos para confirmaresta hipótese.

Já a altura total, a altura do fuste e arelação altura total/altura do fuste (s 4, 5 e6) diferiram significativamente entre asáreas (ANOVA, p = 0,000), como já eraesperado. Fortes especializaçõesalométricas são esperadas particularmenteentre espécies de árvores tropicais(Kohyama 1987), o que pode ser resultadodo estímulo ao alongamento do fusteprovocado pelo sombreamento. Esta é umacaracterística de ajuste às condições debaixa luminosidade sob o dossel e faz partede uma estratégia de alocação máxima debiomassa como investimento futuro,quando os indivíduos adultos tiverematingido a luz no dossel (King 1990).

A característica de rápidocrescimento vertical das plântulas quasesempre é acompanhada da supressão degalhos laterais e resulta em indivíduos dealto expoente alométrico, com fuste muitoalto e de tronco proporcionalmente maisfino (King 1981, Givnish 1988). Trata-se deuma condição particularmente marcante emflorestas tropicais, já que a densidadearbórea é normalmente alta e a incidênciade luz abaixo do dossel bastante restrita.Evidências desse fato podem ser verificadasnos trabalhos de Kohyama & Hotta (1990),onde foi constatado que plântulas de dosseldominante em florestas tropicais investemmuito mais no alongamento do fuste do queno diâmetro do tronco e volume de copaquando comparadas às plântulas de espéciesarbóreas de sub-bosque. Segundo estesautores, existem dois padrões alométricosde crescimento em florestas tropicais. Umdeles é o das plântulas de dossel dominante,onde é necessário maior investimento emaltura do fuste. O outro é o inverso, no qualas árvores de sub-bosque investem emmaior área de copa em detrimento doalongamento do tronco a fim de obterem omáximo de radiação luminosa abaixo dodossel, uma vez que precisam viver sobestas condições quando adultas.

No presente trabalho, a relação entrealtura total e altura do fuste não apresentou

diferenças significativas entre cerrado eborda (ANOVA, Matriz de Tukey p =1,000), mas diferiu de forma altamentesignificativa entre estes e a mata (ANOVAp = 0,000) ( 6). Quanto a altura total, osindivíduos de mata apresentaram valoresquase duas vezes maiores em relação aos decerrado e 1,3 vezes maiores do que naborda. Os valores da altura do fuste na mataforam 5,3 vezes maiores em relação aosindivíduos de cerrado e quatro vezesmaiores do que na borda (tabela 1). Estaaltura bem maior no fuste dos indivíduos demata são indicativos do esforço muitosuperior na alocação de recursos para seatingir o dossel e na conseqüente mudançade padrão alométrico em função da maiordensidade de plantas e menor luminosidadeno ambiente de mata (Küppers 1989,Alvarez-buylla & Martinez-Ramos 1992,Bonser & Aarsen 1994, Sterk et al. 2001,Osada et al. 2002).

A espécie investigada no presentetrabalho é emergente no dossel da mata,caracterizando claramente a sua fortenecessidade de atingir plenamente a luz. Talsituação a coloca na estratégia alométricade alocação intensa de recursos paracrescimento do fuste (Kohyama & Hotta1990) se estiver vegetando em ambientesflorestais. As grandes diferenças nasrelações altura total/diâmetro, altura dofuste/diâmetro e altura total/altura do fuste(ANOVA p = 0,000) verificadas entre ostrês ambientes podem ser explicadas poresta estratégia. Já em ambientes abertos, como cerradosensu stricto, existe abundância de luz emtodas as etapas de crescimento. Por isso, asplântulas e os indivíduos jovens deSclerolobium paniculatum não recebem oestímulo necessário para o alongamento dotronco. Neste caso, a sua estratégiaalométrica passa a ser outra, uma vez que ocrescimento em diâmetro é menosdependente de estímulo luminoso. Nessascondições, os galhos laterais não sãodescartados facilmente pelas plantas, o quese reflete como um requerimento decrescimento e ordem de arranjo de galhos

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diferentes quando comparado com osindivíduos de mata ou borda (Steingraeber1982).

A relação alométrica de indivíduosaltos e de diâmetro do tronco reduzido, tãonecessária para o sucesso deestabelecimento de árvores jovens emcondições de dossel fechado (King 1981),não se torna necessário no ambiente abertode cerrado. Assim, se o diâmetro originaldo tronco para o qual a espécie estágeneticamente programada for mantido,apenas a altura total e altura do fuste serãoreduzidas, produzindo um padrãoalométrico significativamente diferente nostrês ambientes (mata, borda e cerrado sensustricto), conndo um ajuste marcante aoambiente savânico ( 7).

Em um trabalho conduzido complântulas de Sclerolobium paniculatum sobdiferentes níveis de sombreamento, Felfiliet al. (1999) verificaram diferençassignificativas entre os tratamentos naquantidade de biomassa acumulada pelaplanta e sua repartição entre raiz, caule efolhas. Os autores constataram um aumentode investimento na produção de biomassana parte aérea em detrimento do sistemaradicular conforme a luminosidade setornava menos disponível. Espéciespioneiras tendem a apresentar este tipo deplasticidade em função do sombreamento,com grande variação na relação raiz/parteaérea (Bazzaz & Picket 1980). Este fato foitambém observado em Cryptocariaaschersoniana (Mazzei et al. 1997) eOrmosia stipularis (Rezende et al. 1998),duas espécies arbóreas que ocorrem emmatas de galeria.

A plasticidade em função da ofertade luz é bastante comum em gradientesambientais (Canham 1989), especialmentenos que apresentam variação na estrutura davegetação em relação à cobertura do dossel.Em um fragmento florestal em Belize,MacDougall & Kellman (1992) verificarama existência de um gradiente deluminosidade onde os níveis se mostraramfortemente decrescente da borda para ointerior da mata. Provavelmente, o mesmo

padrão de forte decréscimo de luminosidadedeve estar ocorrendo na área do presenteestudo e assim determinando diferenças nasrelações alométricas. Contudo, estudos dedeterminação de luminosidade deverão serrealizados para este fim.

CONCLUSÕES(i) Existem grandes variações nos padrõesalométricos entre os indivíduos do interiorda mata, da borda e o cerrado sensu stricto,especialmente na relação alturatotal/diâmetro do tronco, o que revela forteinfluência do ambiente.(ii) Foi verificado um padrão alométricodistinto para os indivíduos da borda(ambiente intermediário), o que pressupõeinfluência ambiental intermediária entrecerrado sensu stricto e mata.(iii) A influência do ambiente é altamentesignificativa para a altura total e altura dofuste dos indivíduos, mas não para odiâmetro. Por esse motivo, não existiuigualdade na relação altura/diâmetro entrefloresta, borda e cerrado sensu stricto.(iv) O padrão alométrico de Sclerolobiumpaniculatum no interior da mata sugere queesta planta seja originalmente de ambientesflorestais, mas com capacidade de ajuste aoambiente de savana. Se o mesmo padrão forencontrado em outras espécies típicas decerrado sensu stricto, teremos evidências daorigem florestal deste tipo de vegetação.

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Figura 1. Box-Plot para diâmetro a 30 cm do solo (DA30) de S. paniculatum em três áreas noPESCAN. Não houve diferenças significativas entre as áreas (ANOVA, p = 0,655; MatrizTukey: borda x cerrado p = 0,843; borda x mata p = 0,932; cerrado x mata p = 0,633).

Figura 2. Box-Plot para a relação altura total e diâmetro do caule (AT/DA30) de S.paniculatum em três áreas no PESCAN. Diferenças significativas entre as áreas (ANOVA, p= 0,000).

Borda Cerrado Mata 0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6 D

A30

(m)

Borda Cerrado Mata 0

20

40

60

80

100

120

AT/

DA

30

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Figura 3. Box-Plot para a relação altura do fuste e diâmetro do caule (AF/DA30) de S.paniculatum em três áreas no PESCAN. Diferenças significativas entre as áreas (ANOVA, p= 0,000).

Figura 4. Box-Plot para altura total (AT) de S. paniculatum em três áreas no PESCAN.Diferenças significativas entre as áreas (ANOVA, p = 0,000).

Borda Cerrado Mata 0

10

20

30

40

50

60

70

80

AF/D

A 30

Borda Cerrado Mata 5

10

15

20

AT (

m)

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Figura 5. Box-Plot para altura do fuste (AF) de S. paniculatum em três áreas no PESCAN.Diferenças significativas entre as áreas (ANOVA, p = 0,000).

Figura 6. Box-Plot para a relação altura total e altura do fuste (AT/AF) de S. paniculatum emtrês áreas no PESCAN. A área de mata difere significativamente das demais (ANOVA, p =0,000; Matriz de Tukey: borda x mata p = 0,000 e cerrado x mata p = 0,000). Borda e Cerradonão diferem significativamente entre si (Matriz de Tukey: borda x cerrado p = 1,000).

Borda Cerrado Mata 0

5

10

15

AF (m

)

Borda Cerrado Mata 0

10

20

30

AT/A

F

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MATA BORDA CERRADO

Figura 7. Proporções em escala dos padrões alométricos dos indivíduos de Sclerolobiumpaniculatum (valores médios) nos três ambientes no PESCAN.

Tabela 1. Valores médios de diâmetro na altura a 30cm do solo (DA30), altura total (AT),altura do fuste (AF) e relações alométricas de Sclerolobium paniculatum em três ambientes noPESCAN.

MATA BORDA CERRADODA30 0,28 0,27 0,26AT 14,03 10,51 7,19AF 8,34 2,08 1,24AT/DA30 53,76 41,63 28,81AF/DA30 29,47 7,58 4,74AT/AF 1,74 7,2 7,2

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LEVANTAMENTO DE FAUNA DE FORMIGAS ARBORÍCOLAS EMTRÊS DIFERENTES FITOFISIONOMIAS DE CERRADO NO PARQUE

ESTADUAL DE CALDAS NOVAS – GO

Clarissa Mendes Knoechelmann

IntroduçãoFormigas são organismos dominantes emhabitas terrestres e isso combinado com aampla diversidade taxonômica ajuda na suadistribuição pelo mundo (Hölldobler eWilson, 1990). O papel das formigas temdestaque na composição e manutenção doecossistema e estas estão especialmentevulneráveis as flutuações do ambientefísico, devido a sua vida em colônias imporfortes limitações à dispersão (Naves, 1996;Morais, 1988). No cerrado elas sãodominantes na fauna de insetos e osdiferentes fatores dessa vegetaçãocontribuem para isso, tais como: caulesocos usados como ninhos pelas formigasarborícolas, plantas com nectários extraflorais e até insetos que produzem açucaresque as atraem (Oliveira et al, 2002).

O Cerrado apresenta um mosaico defisionomias que variam desde formaçõesmais abertas como campo limpo, comausência do estrato lenhoso, até formaçõesflorestais mais fechadas como o cerradão(Eiten, 1990). O cerrado sensu stricto écomposto por três extratos: o arbóreo, queás aberto e mais ou menos contínuo; oarbustivo e sub-arbustivo que se mostramdensos e de composição florística muitovariável e o extrato herbáceo, constituídoprincipalmente por gramíneas (CEMIG,1992). O campo rupestre é um tipofisionômico predominantemente herbáceo –arbustivo, com presença eventual dearvoretas pouco desenvolvidas e ocorregeralmente em solos litólicos ou nas frestasdos afloramentos rochosos. Outro tipofisionômico é a mata de galeria, onde avegetação florestal acompanha os rios depequeno porte e córregos com altura médiado estrato arbóreo variando entre 20 a 30metros, chegando a fornecer uma coberturade 70% a 95%; com umidade no seu

interior relativamente alta mesmo emépocas secas (Ribeiro e Walter, 1998).

O presente trabalho teve comoobjetivo fazer um levantamento da fauna deformigas arborícolas em fitofisionomias decerrado sensu stricto, campo rupestre emata de galeria no Parque Estadual da Serrade Caldas Novas.

Material e MétodosO presente trabalho foi desenvolvido noParque Estadual da Serra de Caldas Novas(PESCAN) que ocupa uma área total de 125km2 e está situado a 1043 m de altitude.Localiza-se entre os municípios de CaldasNovas e Rio Quente,GO (Santo, 2003)Foram marcados transectos nas trêsfitofisionomias de cerrado; cerrado sensustricto, campo rupestre e mata de galeria.As coletas dos dados foram feitas noperíodo da manhã, no mês de agosto (meioda estação seca) de 2003.

Em cada fitofisionomia foramcolocados três transectos paralelos de 50metros e com 10 m de distância entre si. Acada cinco metros, nos transectos, foideterminado um ponto para coletar asformigas totalizando, desta forma, 30pontos (em cada fitofisionomia). Nosindivíduos arbóreos mais próximos a esteponto foi colocada uma isca de sardinhadiluída em água e esperou-se por uma horapara serem coletadas.

O material foi triado e as formigasidentificadas a nível de gênero, quandopossível. As não identificadas foramconsideradas como morfoespécies. Paracalcular o índice de similaridade entre asáreas foi usado o índice de Sorensen(Brower et al., 1997)

Resultados e Discussão

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As formigas encontradas neste estudo,classificadas em gênero e morfoespécies,estão representados na tabela 1 de acordocom a localização nas fitofisionomiasestudadas. Foi observado que poucosforam os pontos nos transectos da mata degaleria, do cerrado sensu stricto e do camporupestre que tiveram formigas arborícolas.Isso se deve ao fato da coleta ter sido feitano meio da estação seca, onde as plantaspodem estar produzindo menos dosrecursos que oferecem a estes insetos.

A similaridade entre os gêneros deformigas nas três diferentes fitofisionomiasde cerrado no PESCAN foi baixa de acordocom o índice de similaridade de Sorensen(Tabela 2). Esse resultado pode serjustificado pelas diferentes características(flora, solo e topografia) que ocorremnessas três áreas de cerrado estudadas.

AgradecimentoAgradeço a todos os participantes do Cursode Campo 2003 no PESCAN pelomaravilhoso convívio nos tempo em que láestivemos e aos professores participantes,que tiveram algo de novo a nos informar.Agradeço em especial a D. Eunice pelocarinho com o qual ela me tratou. Agradeçoa Ernestino Guarino pela a ajuda nodesenho experimental deste estudo.

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Tabela 1. Gêneros e morfoespécies de formigas encontradas nas três fitofisionomias estudas.Parque Estadual da Serra de Caldas Novas, agosto de 2003.

Cerrado sensu stricto Mata de Galeria Campo Rupestre

morfoespécie 1 Camponotus morfoespécie 5

Camponotus Crematogaster morfoespécie 3

Zacryptocerus morfoespécie 3 morfoespécie 1

Crematogaster morfoespécie 4 Pheidole

morfoespécie 2 Ectatoma

Camponotus

morfoespécie 4

Tabela 2. Índice da similaridade de Sorensen nas três fitofisionomias estudadas. 1. Cerradosensu stricto, 2. Mata de Galeria e 3. Campo Rupestre. Parque Estadual da Serra de CaldasNovas, agosto de 2003

1 2 3

1 - 0.44 0.33

2 - 0.54

3 -

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ESTRUTURA POPULACIONAL DE DUAS ESPÉCIES LENHOSAS EMCERRADO NO TOPO DA SERRA DE CALDAS NOVAS, GO.

Edivane CardosoINTRODUÇÃOPara realização de experimentosrelacionados a diversidade e distribuição deespécies vegetais são necessários algunsestudos que mostrem a relação existenteentre os indivíduos das espécies tratadas,principalmente em áreas de vegetaçãonatural em equilíbrio. Para tais estudos sãorealizados levantamentos que envolvemvariações na estrutura, relação entre asplantas, fases de vida das espécies e a formacomo se distribuem na área. Tais estudossão de grande importância para oconhecimento da estrutura da vegetação, deforma que sejam adotadas práticasadequadas na recuperação, conservação emanejo da biodiversidade, além decolaborarem na escolha de espécies a seremutilizadas em projetos de recuperação deáreas degradadas.

Assim, o presente trabalho tevecomo objetivo determinar a estruturapopulacional de quatro principais espécieslenhosas ocorrentes no topo da serra deCaldas Novas.

MATERIAL E MÉTODOSO estudo foi realizado de 11 a 13 de agostode 2003, no topo da serra de Caldas Novas,Sudeste de Goiás (Figura 1) (ParqueEstadual da Serra de Caldas Novas).Segundo Radambrasil (1983), tal área situa-se em terreno Terciário detrito-laterítico,apresentando sedimentos arenosos eargilosos com níveis conglomeráticos,lateritas ferruginosas e/ou manganesíferasdistribuídos em superfície de cimeira ecorrelativos de aplanamentos terciários.Ainda, o relevo local é sustentado porrochas pré-cambrianas da formação CaldasNovas, constituída por quartzitos comestruturas de marcas de ondas e níveissilicosos, além de metarenitos, metassiltitose ardósias.

A vegetação é caracterizada pelapresença de flora predominantementedicotiledôneas arbóreas, com tortuosidade,arbustivas e estrato herbáceo destacado,disposto sobre terreno bem drenado. Odossel é, geralmente, descontínuo, comcobertura arbórea variando de 30 a 50%. Avegetação é característica do tipofisionômico “Cerrado Ralo”, descrita porRibeiro & Walter (1998).

Foram estipuladas cinco áreas,eqüidistantes 1,0 km. Em cada uma áreaforam marcados cinco transectos de 100metros, dispostos a cada 25 metros, cadaum com 11 pontos a cada 10 m, dispostosperpendicularmente e a 10 m da margemdireita da estrada de acesso ao mirante daPousada do Rio Quente (Figura 2). As áreasestudadas situam-se entre altitudes quevariam de 990 a 1046 m sobre relevo suave.Em cada ponto foram estipuladosquadrantes e, em cada um, foi verificada apresença das duas espécies lenhosas maisabundantes (Qualea parviflora Mart. -Vochysiaceae - e, Kielmeyera coriacea(Spreng.) Mart. - Clusiaceae), escolhidas apartir de levantamento fitossociológico queutilizou o método de ponto quadrante(Cotan & Curtis, 1956). Quando presentesna amostragem do ponto, os indivíduosdeviam apresentar pelo menos 10 cm decircunferência a 30 cm da superfície dosolo, assim sendo mensuradas suascircunferência e altura. Em caso deindivíduos com mais de um tronco ouramificação à altura de medida decircunferência, foi considerado apenas o demaior circunferência. Os intervalos dealtura e circunferência considerados foramdeterminados a partir de cálculo dealgorítmo de Sturges (k=1+3,3*log n10),para cada espécie estudada.

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1 2 3 4 5

Sede

Miranteda Pousadado Rio Quente

Pousada doRio Quente

Casa dopesquisador

EstaçãoSismográfica

CALDAS NOVAS

0

17°45'S

N

RIO QUENTE

GO

-507

GO-213

Parque Estadual daSerra de Caldas Novas

GO-130

Área Urbana

Via não pavimentada

Rodovia

Rede de drenagem

ESCALA:

CONVENÇÕES:

Curva de nível900m

700m

1000m

900m

800m

17°50'S

48°4

0'W

48°4

5'W

Antena

Antena

17°50'S Coord. geográfica/UTM (SAD69)

5000m 7520

00

7500

00

7480

00

7460

00

7440

00

7420

00

7400

00

7380

00

7360

00

7340

00

8021000

8023000

8025000

8027000

8029000

8031000

8033000

8035000

8037000

8039000

8041000

RS

SC

PR

SP

MS

GODF

TO

MT

RO

AC

AM

RR

PA

AP

MA

PI

CE

BA

MG

ES

RJ

SEAL

PE

PBRN

17°45'S

Data: Agosto de 2003

Des

enho

: Edi

vane

Car

doso

& M

aria

Inês

C. M

oren

o

8021000

Figura 1. Localização da área de estudo. Fonte de dados: coordenadas de GPS; curvas de nívelestimadas no programa Surfer, versão 6.0; e imagem LandSat, bandas 5R,4G,3B -http://www.cdbrasil.cnpm.embrapa.br.

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Mirante da Pousadado Rio Quente Sede do Parque

Estadual daSerra de Caldas Novas

25m

10m

10m

100m

Estrada

Figura 2. Esquema de amostragem de uma das áreas estudadas no PESCAN-GO.

RESULTADOS E DISCUSSÃOAo todo, foram amostrados 145 indivíduosde Qualea parviflora. Os dados de estruturada população indicam que 84,83% (123)dos indivíduos desta espécie apresentam-seno intervalo de altura (h) de 0,65 a 3,25 m(Figura 3-A), dos quais 58 representam ointervalo de 1,30 a 1,95 m, sendo que amaior altura amostrada foi de 6,0 m e amínima foi de 0,6 m. A distribuição porintervalos de altura mostra que grande partedo número total de indivíduos desta espécieé constituída de indivíduos que apresentamas mais baixas estaturas (Figura 2-A) e queapenas um indivíduo representa a faixa deaté 0,65 m de altura.

Quanto à circunferência, a maioriados indivíduos de Q. parviflora amostradosfazem parte da classe de intervalos decircunferência de até 60,0 cm, com 95,17%(138) dos indivíduos (Figura 3-B). Ointervalo de circunferência com maiornúmero de indivíduos é de 10,0 a 20,0 cm,que apresentou 67 indivíduos. A maiorcircunferência encontrada para a espécie foide 89,0 cm. A distribuição dos indivíduospor intervalo de circunferência é bastanteheterogênea, porém nota-se maior

concentração de indivíduos nos intervalosinferiores.

Kielmeyera coriacea apresentou 91indivíduos, sendo que 68 deles (75,00%)apresentaram altura entre 0,9 e 3,6 m(Figura 4-A). Para esta espécie, a maioraltura encontrada foi de 7,0 m e a mínimade 0,4 m. O intervalo compreendido de 0,9a 1,8 m de altura apresentou o maiornúmero de indivíduos (32). A espécieapresentou 81 indivíduos (89,01% dosindivíduos) com circunferência de até 35,0cm (Figura 4-B). A classe de circunferênciaque apresentou maior número de indivíduoscompreende o intervalo de até 17,0 cm. Acircunferência máxima observada para aespécie foi de 62,5 cm.

Ambas espécies apresentaramdistribuição de indivíduos, tanto para alturaquanto para circunferência, do tipochamado de "J" invertido, o que poderiaindicar certa estabilidade nas populações.Os valores de circunferência encontrados,os quais são mais indicados para análise deestrutura populacional, demonstramheterogeneidade na distribuição dos dados,talvez resultante da interferência do fogodetectada nas áreas estudadas e pelaextensão entre as áreas amostradas.

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Para as espécies estudadas, nota-seque o nível de ajuste da curva de tendênciaé sempre maior para circunferência do quepara altura, sendo que para Q. parviflora oajuste da linha de tendência é de 9,39%,enquanto que para circunferência do troncoo ajuste chega a 78,98% (Figura 3 - A e B).O mesmo é observado para K. coriacea,sendo que para altura o ajuste é de 68,2% epara circunferência do tronco chega a95,63% (Figura 4 - A e B). Tais variaçõescorroboram com a informação de que osdados de altura são bem maisheterogeneamente distribuídos entre osintervalos considerados do que os dados decircunferência.

Para Fonseca (2001), o efeito devariação na estrutura vertical de umapopulação da espécie Aspidospermapolyneuron poderia ter se dado por inclusãode indivíduos adultos danificados emclasses de altura inferiores, por jovens comlento ritmo de crescimento e poramostragens em microambientes de interiore borda da mata. Na área aqui estudada,podem haver indivíduos danificados quantoao aspecto altura, principalmente devido aofato de incidência de queimadas na áreaestudada, o que ocorrera no ano anterior.Em relação às duas espécies aqui estudadas,tratam-se de vegetais com troncos de súberespessos, inclusive K. coriacea é bastantecortiçosa, o que lhes conferem proteção porisolamento térmico, considerável durante oseventos de queimadas ocorrentes. Assim,apenas os ramos mais jovens, que ainda nãoapresentam tal proteção e não faziam partedo nível de medida de circunferência,poderiam ter sido danificados e ocasionadointerferência na medida de altura, levandoassim a prevalência de indivíduos comaltura reduzida e circunferências maiselevadas.

A curva de tendência exponencial,obtida a partir dos valores encontrados,indica que, em relação a medidas decircunferência do tronco, dados que melhorretratam a estrutura populacional, segundoPedroni (1991), a curva de tendência é dotipo negativo, apresentando-se no formato

de “J” invertido, ou seja, a maioria dosindivíduos tendem a apresentar troncos commedidas de circunferência enquadrando-senos intervalos de menores valores. Oliveira-Filho et al (1996) apontam que este tipo dedistribuição (“J” invertido) indica que oambiente está estável e que a populaçãoestá sendo reposta via recrutamento ecrescimento a partir dos indivíduos jovens.De acordo com Botrel et al (2000), no casode florestas tropicais, conhece-se que a áreabasal apresentam diferenças que variamcom as condições de solo, água,luminosidade, e estádios de regeneração.Ainda segundo estes mesmos autores, adeficiência de água e nutrientes do solopode resultar em produtividade líquidareduzida e, assim, reduzir odesenvolvimento de árvores, o que poderiaser verificado por estudos de dinâmica,levando as populações a mudançasdirecionais ou à manutenção. No caso daspopulações aqui estudadas, a luminosidadenão seria limitante pois o dossel não écontínuo, assim, a maior quantidade deindivíduos aparentemente mais jovenspoderia ser explicada pela incidência defogo, competição interespecífica, commaior sucesso dos maiores indivíduos que,certamente, apresentam maior quantidadede superfícies fotossintetizantes e sistemaradicular mais desenvolvido, ou ainda,devido a reduzidos níveis de nutrientes noambiente, levando as populações aapresentarem muitos indivíduosaparentemente jovens, sendo esta últimacausa a mais provável, visto que, conformeMarques & Joly (2000), no período de umano os indivíduos de uma dada populaçãonão alcançariam dimensões que alterassemas proporções entre classes de dimensões.Na área estudada, a mortalidade deindivíduos jovens por incidência do fogo háum ano não seria reposta por recrutamentorápido no período a ponto dos indivíduosjovens alcançarem o critério de inclusão,assim descartando a possibilidade de que aúltima queimada seja o único agente atuantena mortalidade local.

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171

De acordo com Andrade et al(2002), a concentração dos indivíduos nasprimeiras classes de altura e circunferênciasugerem também maior mortalidade deindivíduos jovens. Para as populaçõesestudadas nessa pesquisa, as causas damortalidade podem ter sido tanto porfatores bióticos quanto abióticos, tais comocompetição intraespecífica, ataque depredadores e parasitas a ponto de causaremsua morte, tanto quanto queimadasreincidentes ou deficiências hídricas enutricionais pontuais e que chegassem aponto de tornarem o meio impróprio àsobrevivência da espécie, o que é menosprovável devido ao sucesso que estasespécies apresentam na região e àsazonalidade mantida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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y = 16,764e-0,1436x

R2 = 0,0939

0

10

20

30

40

50

60

0,0

-| 0,

65

0,65

-| 1

,30

1,30

-| 1

,95

1,95

-| 2

,60

2,60

-| 3

,25

Núm

ero

de in

diví

duos

da

cate

gori

a

0

10

20

30

40

50

60

70

10,0

-| 2

0,0

20,0

-| 3

0,0

30,0

-| 4

0,0

40,0

-| 5

0,0

Núm

ero

de in

diví

duos

da

cate

gori

a

Figura 3. Distribuição dos indivíduos de Qualea pcircunferência do tronco (B), ocorrentes no PESCAN

A

3,25

-| 3

,90

3,90

-| 4

,55

4,55

-| 5

,20

5,20

-| 5

,85

5,85

- 6,

50

Intervalo de altura (m)

y = 86,174e-0,5009x

R2 = 0,7898

B

50,0

-| 6

0,0

60,0

-| 7

0,0

70,0

-| 8

0,0

80,0

- 90

,0

Intervalo de circunferência (cm)

arviflora, por intervalos de altura (A) e-GO.

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17

y = 47,024e-0,4415x

R2 = 0,682

0

10

20

30

40

50

60

0,0

-| 0,

9

0,9

-| 1,

8

1,8

-| 2,

7

Núm

ero

de in

diví

duos

da

cate

gori

a

0

10

20

30

40

50

60

70

10,0

-| 1

7,0

14,0

-| 2

1,0

21,0

-| 2

8,0

Núm

ero

de in

diví

duos

da

cate

gori

a

Figura 4. Distribuição dos indivíduos de Kielmcircunferência do tronco (B), ocorrentes no PES

A

2,7

-| 3,

6

3,6

-| 4,

5

4,5

-| 5,

4

5,4

-| 6,

3

6,3

- 7,2

Intervalo de altura (m)

y = 49,775e-0,4239x

R2 = 0,9563

B

3

28,0

-| 3

5,0

35,0

-| 4

2,0

42,0

-| 4

9,0

49,0

-| 5

6,0

56,0

- 63

,0

Intervalo de circunferência (cm)

eyera coriacea, por intervalos de altura (A) eCAN-GO.

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Síndrome de polinização e visitantes florais em uma espécie de Ruellia(Acanthaceae) no Parque Estadual da Serra de Caldas, GO

Emanuele PominiINTRODUÇÃOA maioria das flores visitadas por animaisoferece pólen, néctar ou ambos comorecursos a seus polinizadores (Begon et al,1990). Além destes recursos, algumasplantas apresentam outras estratégias paraatrair visitantes, como o período de antese,cor ou odor das flores e tamanho oumorfologia da corola. Síndrome depolinização é o conjunto de característicasmorfológicas das flores que estariamadaptadas à polinização por vetoresespecíficos de pólen (Alves et al, 2000).Entre as espécies de plantas arbustivo-arbóreas do cerrado, o sistema depolinização predominante envolve floresnão especializadas polinizadas porpequenos insetos (Santos, 2003).

Para a maioria das plantas, o tipo deagente polinizador é definido mais por seutamanho e necessidade de forrageamento doque por interações específicas. Diversasplantas têm flores pequenas aparentementepolinizadas por insetos pequenos egeneralistas de diferentes grupos, comomoscas, abelhas e vespas (Oliveira &Gibbs, 2002).

A família Acanthaceae possui 250gêneros e cerca de 2.000 espécies, muitorepresentadas nos trópicos e, em menorproporção, nas regiões temperadas(Barroso, 1986). Na América do Sulmeridional o gênero Ruellia consta de cercade 23 espécies que apresentam grandediversidade na morfologia floral, fato que éassociado a um amplo espectro depolinizadores. As relações entre espécies deRuellia e seus prováveis polinizadores têmsido inferidas, principalmente, a partir decaracterísticas morfológicas, atribuindo-se-lhes síndrome de melitofilia, psicofilia,ornitofilia ou quiropterofilia (Sigrist &Sazima, 2002).

O objetivo deste estudo foiapresentar alguns aspectos da morfologia ebiologia floral de uma espécie de Ruellia

(Acanthaceae), bem como identificar seusvisitantes florais.

MetodologiaO trabalho foi desenvolvido no ParqueEstadual da Serra de Caldas Novas, comum agrupamento de Ruellia sp. presente aolongo da trilha da cascatinha. Asobservações foram realizadas no período damanhã, entre 6:30 e 11:30 horas, durante osdias 12, 13 e 14 de agosto de 2003,totalizando 15 horas de observações.

Informações sobre o hábito,morfologia das flores e ocorrência devisitantes florais das plantas foramregistradas. O termo “visita” refere-se aocomportamento de determinados insetosque pousaram na flor, entraram no tubo dacorola e coletaram recursos florais. Ocomportamento de se aproximar das flores enão coletar recursos foi denominado“vistoria”.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO agrupamento estudado era constituído de8 indivíduos ao longo de uma faixa de 10m. de largura e 40 m. de comprimento,próximo à mata de galeria. A espécieestudada tem hábito herbáceo; osindivíduos observados tinham altura médiade 1,5±0,3 m. As folhas são simples,alternas, lisas, peninérveas, elíticas, agudascom bordo inteiro. Os indivíduosapresentavam em média 5,7±4,1 botões e4,7±2,1 flores. As flores são pentâmeras,monopétalas, solitárias, pendentes einseridas nas axilas das folhas por umpedúnculo de aproximadamente 8 mm. decomprimento. A corola é de coloração lilás,tubular com cerca de 50 mm. decomprimento; a entrada do tubo da corolatem formato elíptico-ovalado e mede cercade 12 mm. de diâmetro. As anteras sãodidínamas, os grãos de pólen são brancos eas flores duram cerca de um dia. A anteseocorre ao amanhecer, por volta de 7:00 h, e

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não foi percebido odor nas flores. Foiobservado um grande número de florespredadas, o que possivelmente interfere notempo de duração das flores. O néctar éproduzido em pequena quantidade, e nãofoi possível coletá-lo para avaliar volume econcentração.

O agrupamento foi visitado por 3gêneros de abelhas, Augochlora sp.(Halictidae), Ceratina sp. (Anthophoridae)e uma espécie não foi identificada. Tambémfoi observada vistoria por outras 2 espéciesde abelhas não coletadas, caracterizandosíndrome de melitofilia. As observações decampo sugerem que o principal recursoexplorado seja o pólen, uma vez que amaioria dos insetos visitantes pousava notubo da corola e permanecia na sua entrada,coletando pólen, sem buscar a região donectário. O tipo de recurso explorado diferedo encontrado por Sigrist & Sazima (2002),que estudaram plantas do mesmo gênero eobservaram os mesmos gêneros de abelhas,entre outros, explorando néctar, ao invés depólen.

Durante a visita, os insetos penetramno tubo da corola, onde entram em contatocom os grãos de pólen, que é armazenadonas corbículas. O comportamento maisfreqüente é o de visitar várias flores domesmo indivíduo ou de indivíduospróximos, e depois se afastar do local. Foiconstatada maior visitação nas primeirashoras da manhã, entre 7 e 9:00 h. Isto podeestar relacionado à disponibilidade derecursos ou ao grau de atividade dasabelhas, que em geral são sensíveis àsvariáveis ambientais e visitam menos florescom o aumento de temperatura.

AgradecimentosAos professores, monitores e colegas doCurso de Campo, em especial Laudicéapela idéia e bibliografia no campo, Paulinapela companhia nas observações e Iubatã eErnestino pela companhia e amizade; aUbirazilda Rezende, Vali Pott e ArnildoPott pela identificação da planta; a Fabrício

Oda pela identificação das abelhas e aOtávio Froehlich pela revisão do relatório.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Efeito da vocalização de Glaucidium brasilianum Gmelin, 1788(Strigiformes) no comportamento de aves do Cerrado.

Iubatã Paula de Faria

IntroduçãoA ordem Strigiformes apresenta corujasdistribuídas por todos os continentes,exceto Antártica, e tem sua origemprovavelmente a partir do Velho Mundo(Sick 1997). No Brasil, existem cerca de 20espécies de corujas, uma integrante dafamília Tytonidae e as demais pertencentesà família Strigidae (Sick 1997, Souza1998). As adaptações dos pés e dos bicos àsatividades de rapina, fazem que este grupode predadores pertença à níveis tróficos detopo nas cadeias alimentares (Motta-Júnior1996, Sick 1997). As corujas possuem umadieta composta por insetos, anfíbios,répteis, aves e mamíferos (Solheim 1984,Motta-Júnior e Talamoni 1996, Sick 1997,Jaksic et al. 1999, Love et al. 2000,Teixeira e Melo 2000, Lekunze et al. 2001,Rödel et al. 2002, Sergio et al. 2003).

A coruja caburé-ferrugem,Glaucidium brasilianum Gmelin, 1788(Strigidae) ocorre do Arizona nos EstadosUnidos à Argentina. No Brasil, tem ampladistribuição, ocorrendo na borda de mata,cerrado e arvoredos (Warming 1973, Sick1997, Souza 1998). Esta espécie apresentaum pequeno porte (16,5 cm decomprimento e 63g de peso médio) e trata-se de um dos menores representantes dafamília (Sick 1997, Souza 1998). Comatividade diurna e noturna, esta espéciepossui uma dieta composta por insetos,répteis, aves e mamíferos (Hilty e Brown1986, Proudfoot e Beasom 1997, Sick1997) e apresenta vocalização, sériehorizontal de 10 ou mais pios monótonos defrequência de 2,5 por segundo, que costumairritar as aves (Hilty e Brown 1986, Sick1997).

Em aves, a presença de predadores éresponsável por alguns comportamentos dereação como, vigilância (Westcott e

Cockburn 1988, Alves e Cavalcanti 1996,South e Pruett-Jones 2000, Ragusa-Netto2000), chamados de alarme, que servemcomo advertência inter e intraespecífica(Jansson 1981, Suhonen 1993, Rajala 2003)e interações agonísticas de defesa e ataque(Shields 1984, Winkler 1994, Matheus etal. 1996). Este estudo teve como objetivos:verificar as espécies de aves do cerrado queapresentam algum comportamento dereação à vocalização diurna de Glaucidiumbrasilianum; caracterizar oscomportamentos de reação e; comparar asespécies que reagem entre fitofisionomiasdistintas do cerrado.

Área de Estudo e MétodosEste estudo foi conduzido no ParqueEstadual da Serra de Caldas Novas –PESCAN, Goiás. O PESCAN localiza-senos municípios de Caldas Novas e RioQuente, possuindo uma área de 12315 ha. OParque compreende o topo e as encostas daSerra de Caldas, sob a predominância delatossolos vermelhos e amarelos distróficos.O clima é classificado como Aw, segundoKöppen (tropical chuvoso); as chuvasconcentram-se no período de outubro amarço e a estação seca entre abril esetembro. A precipitação média anual daregião é de 1500 mm. A temperatura médiaanual é de 23 ºC, sendo 19 ºC na estaçãoseca e 24 ºC na estação úmida (FEMAGO,2002).

O bioma Cerrado é caracterizadopor apresentar distintas fitofisionomias(Goodland 1971, Coutinho 1978, Ribeiro eWalter 1998). A vegetação do PESCAN érepresentada pela maioria dessasfitofisionomias típicas do Cerrado, porém ocerrado sensu stricto é predominante.Enclaves de floresta estacional decídua ecerrado rupestre também são muito

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frequente, principalmente nas encostas daserra (FEMAGO, 2002).Os dados foram obtidos no período de 10 a15 de agosto de 2003, em cincofitofisionomias do cerrado: campo sujo,cerrado rupestre, cerrado sensu stricto,vereda e mata de galeria. Neste estudo, cadafitofisionomia foi caracterizada como umhabitat, e além dos cinco já citados, tambémcaracterizou-se borda de mata de galeriacomo um tipo de habitat, principalmentepor representar um ecótono relevante para aavifauna do cerrado (Silva 1995, Bagno eMarinho-Filho 2001).

Foram escolhidos 37 pontosrepresentativos dos seis habitats (Tab. 1). Operíodo de observação por pontoconcentrou-se em manhã (06:00 e 12:00 h)e tarde (16:00 e 18:00). Em cada pontoforam registrados indivíduos dentro de umraio de 50 metros, sendo a distância entre ospontos de no mínimo 200 metros, evitandoo registro de indivíduos já anotados,conforme Bibby et al. (1992).

A amostragem em cada ponto,consistia-se de 30 minutos de observaçãodireta e/ou reconhecimento auditivo,divididos em três etapas: dez minutosiniciais anotando as espécies de aves enúmero de indivíduos presentes; dezminutos subsequentes de reprodução pormeio de playback da vocalização deGlaucidium brasilianum anotando asespécies que apresentavam algumcomportamento de reação, o número deindivíduos e tempo de resposta e; dezminutos após o playback anotando asespécies e número de indivíduos presentes.Assim, cada ponto amostrado gerou trêslista de espécies: aves presentes antes;durante e; depois do playback.

Para a coleta de dados, foramutilizados binóculos, cronômetro e gravadorportátil. A vocalização de Glaucidiumbrasilianum foi disponibilizada a partir deVielliard (1999).Para verificar o efeito da vocalização dacoruja na composição e riqueza daavifauna, foi utilizado o índice dediversidade de Whittaker (1960):

Bw = (s / a) - 1

onde s = número de espécies de duaslocalidades combinadas; e a = média dariqueza das duas áreas. O índice varia de 0,para áreas com mesmas espécies a 1, paraáreas com dissimilaridade completa.

Para a análise de dados, foramrealizados: teste t com correção deBonferroni para verificar a igualdade dotempo médio de resposta de aves entreáreas abertas, matas e bordas; análise devariância não-paramétrica, teste de Kruskal-Wallis, para verificar a igualdade nas listasentre os habitats e; correlação não-paramétrica de Spearman; de acordo comZar (1999). O nível de significância paratodos os testes foi igual a 0,05. Foramutilizados os programas SAS System paraWindows nas análises e Origin versão 5,0nos gráficos.

Resultados O esforço amostral totalizado nos 37 pontosfoi de 18,5 horas de observação e o tempode reprodução da vocalização deGlaucidium brasilianum foi de 6 horas e 10minutos. Foram registradas 65 espécies deaves distribuídos em 27 famílias, sendo que35 espécies em 19 famílias apresentaramalgum comportamento de reação àvocalização da coruja (Anexo 1).

Comportamentos de reações àvocalização foram observadas em 83,7 %dos pontos amostrados, apenas cerradosensu stricto e mata de galeria apresentaramalguns pontos com ausência de reação. Aborda de mata, seguida por cerradorupestre, foram os habitats queapresentaram maior riqueza de espécies emaior número de espécies que reagiram. Avereda apresentou a menor riqueza, porémo número de espécies que reagiram foisuperior ao número da mata de galeria ecampo sujo (Fig. 1).

Os comportamentos observadosapós o início do playback foram: 1-aproximação, na qual o indivíduomovimentava-se em direção ao gravador,

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porém mantendo uma certa distância; 2-vocalização, a ave passava a vocalizar; 3-vocalização intensa, na qual a ave alteravasua voz padrão, mudando seu timbre,intensidade ou frequência; 4- busca, a avepousada passava a movimentar a cabeça,olhando em direção ao gravador; 5-inquietação, a ave movimentava-seconstantemente de um lado a outro,podendo estar pousada ou em vôo,movimentação constante de asas, caudas epatas, assim como, topete eriçado tambémforam incluídos e; 6- ataque, na qual a avelançava-se em vôo em direção ao gravador,podendo até mesmo tocá-lo.

Dentre as 35 espécies queapresentaram reação à vocalização, apenasoito não são Passeriformes, sendo os beija-flores (E. macroura, C. serrirostris, T.furcata e C. aureoventris), curicaca (Theristicus caudatus), a pomba asa-branca(Columba picazuro), o papagaio-verdadeiro(Amazona aestiva) e a própria Glaucidiumbrasilianum. Portanto, a grande maioria dasespécies que reagiram são de pequeno porte(Anexo 1).

O comportamento de aproximação(85,3 %) e vocalização (62,5 %) foram osmais frequentes. O comportamento deataque foi observado em cinco espécies,Amazona aestiva, Glaucidium brasilianum,Thalurania furcata e as andorinhasNotiochelidon cyanoleuca e Stelgidopteryxruficollis.

Nas áreas abertas, as espécies quemais ocorreram foram, Elaeniachiriquensis, Eupetomena macroura eColibri serrirostris apresentandocomportamento de aproximação associado àvocalização (Anexo 1). Na mata de galeriae borda, as espécies Tangara cayana eTurdus leucomelas foram as maisfrequentes. As espécies Antilophia galeatae Basileuterus flaveolus, típicas de mata,também apresentaram comportamentos dereação, inclusive fuga no caso de Antilophiagaleata.

O índice de diversidade deWhittaker (Bw) calculado entre as listas deespécies, indica que à vocalização de

Glaucidium brasilianum interfere nacomposição de aves dentro do hábitat, adissimilaridade entre as espécies presentesantes e depois do playback varia entre 0,176e 0,429, e em mata de galeria o valor do Bwé igual a 0,692 (Tab. 2).

A mata de galeria e bordaapresentam maior dissimilaridade comcerrado sensu stricto, cerrado rupestre ecampo. O mesmo padrão entre os habitats,pode ser observado na riqueza de espéciespresentes durante o playback (Tab. 2). OAnexo 1 mostra que algumas espéciescomo, Eupetomena macroura, Elaeniaflavogaster, Troglodytes aedon, Tangaracayana, entre outras, são registradas emdiversos habitats.

Comparando os pontos por habitats,houve diferença em número de espécies eem número de indivíduos presentes, sendoque vereda e campo sujo apresentaram osmaiores valores e mata de galeria e cerradosensu stricto os menores (Tab. 3). Navereda, o alto valor de número deindivíduos deve-se á espécie Gnorimopsarchopi bastante abundantes na área. Nestehabitat, percebeu-se maior atividade dasaves, principalmente dos Psittacídeos.

A Tabela 3 mostra que, o valormédio de espécies e também de indivíduosque reagiram por pontos amostrados emcada habitat, não diferiram entre si .A riqueza de espécies nos habitats estevepositivamente correlacionada com númerode indivíduos (Coeficiente de Spearman rs =0,594, p = 0,0001) e com o número deespécies que reagem à vocalização deGlaucidium brasilianum (Coeficiente deSpearman rs = 0,910, p < 0,0001) (Fig. 2).

A grande maioria de respostas àvocalização, foi realizada por bandos mistos(Anexo 1). A Tabela 3 mostra que navereda e na borda de mata o número deespécie associadas à resposta é maior. Noponto 22 correspondente à vereda (Anexo1), um bando composto por sete espécies(Eupetomena macroura, Colibriserrirostris, Elaenia chiriquensis,Myiarchus swainsoni, Notiochelidoncyanoleuca, Tangara cayana e

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Gnorimopsar chopi) atraídos pelo playbackacabaram reagindo e atacando um indivíduode Glaucidium brasilianum, tambématraído pelo playback. Após cinco minutosde reação a coruja saiu da área.

O maior bando em número deespécies, foi observado no ponto 25 (bordade mata), foram registradas oito espécies(Eupetomena macroura, Thaluraniafurcata, Camptostoma obsoletum,Stelgidopteryx ruficollis, Thraupis sayaca,Tangara cayana, Dacnis cayana e Saltatormaximus), reagindo simultaneamente àvocalização (Anexo 1).

O tempo da primeira resposta àvocalização da coruja (média ± desviopadrão) foi igual a 97,17 ± 119,97 segundosnas áreas abertas, 106,67 ± 45,02 segundosnas bordas e 224,29 ± 31,01 segundos nasmatas de galeria. O tempo de resposta àvocalização diferiu entre áreas abertas ematas (t0,05(2), 23 = 2,735; p = 0,0118), eentre matas e bordas (t0,05(2), 11 = 5,560; p =0,0002). Entre áreas abertas e bordas demata este tempo não diferiu (t0,05(2), 22 =0,187; p = 0,8532).

DiscussãoApesar de 35 espécies apresentaremcomportamentos de reação, de 65 espéciesregistradas, o número de espécies de avesdo cerrado que reagem à vocalização deGlaucidium brasilianum pode ser aindamaior. O PESCAN apresenta riqueza de143 espécies de aves (Braz 2003), essevalor corresponde a 17 % da riqueza totalpara o bioma, cerca de 841 espécies (Silva1995, Bagno e Marinho-Filho 2001), equando comparada à outras Unidade deConservação, sua representatividade para oCerrado é baixa. A escassez de ambientesflorestais no PESCAN, assim como suadegradação, afetam a composição daavifauna. Segundo Silva (1995), 51,8 % e20,8 % das aves na região do Cerrado sãodependentes e semi-dependentes deambientes florestais, respectivamente.

A alta dissimilaridade encontradaentre mata de galeria e cerrado sensu strictopode ser explicada pela baixa riqueza

encontrada neste habitat (Tab. 2 e Fig. 1) epela ausência de registros em alguns pontos(Anexo 1). Segundo Bagno e Marinho-filho(2001), no Cerrado existe uma relação entrea complexidade estrutural do habitat e ariqueza de espécies de aves, assim como,maior similaridade entre ambientesflorestais e savânicos, e menor silmilaridadeentre florestais e campestres.A dieta de Glaucidium brasilianum no suldos Estados Unidos, inclui nove espécies depequenas aves (Proudfoot e Beasom 1997),dentre elas, apenas duas espécies ocorremno Brasil: Sturnella magna e Myiarchustyrannulus, sendo que a última ocorre noCerrado (Sick 1997). No atual estudo, aespécie Myiarchus swainsoni apresentoucomportamentos de reação (Anexo 1). Éprovável que Glaucidium brasilianum sejaum predador desta espécie. A ocorrência de bandos mistos de avesreagindo à vocalização, deve se dar pelaintimidação ao predador. A reunião devárias espécies ou vários indivíduosreagindo simultaneamente, causaintimidação à espécie predadora ouinvasora, que encontra-se em menornúmero (Caraco et al. 1980, Matheus 1996,Melo 2001, Wilson et al. 2001). Uma dasvantagens da associação de aves em bandosmistos é a diminuição dos riscos depredação (Lazarus 1972). Algumas espéciesque apresentaram comportamento de reaçãoà vocalização de Glaucidium brasilianum,foram registradas em bandos mistos, emCerrado (9 spp): Troglodytes aedon,Elaenia sp e Lepidocolaptes angustirostris(Silva 1980); Lepidocolaptes angustirostris,Elaenia cristata, Elaenia chiriquensis,Elaenia sp, Myiarchus swainsoni, Colibriserrirostris, Camptostoma obsoletum,Troglodytes aedon e Gnorimopsar chopi(Alves e Cavalcanti 1996); e em MataAtlântica (7 spp): Cyclarhis gujanensis,Thraupis sayaca e Dacnis cayana (Davis1946); Elaenia flavogaster, Tyrannusmelancholicus, Troglodytes aedon,Cyclarhis gujanensis, Coereba flaveola,Thraupis sayaca e Dacnis cayana(Machado 1999).

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Dentre as 35 espécies registradas, asespécies da família Hirundinidae eTrochilidae apresentaram comportamentosmais agressivos. As andorinhasNotiochelidon cyanoleuca e Stelgidopteryxruficollis apresentaram comportamento dedefesa ativa, típica da família Hirundinidae,onde os indivíduos apresentam mergulhoscontra o predador acompanhados dealarmes de chamado, conforme descrito porShields (1984) e Winkler (1994). Os beija-flores apresentaram principalmentecomportamento de aproximação einquietação, dotados de uma altacapacidade de movimentos em vôo (Sick1997). Essas aves parecem provocar oobservador por se aproximarem tão perto.Segundo Sick (1997) algumas espécies dafamília Trochilidae são predados por outrasaves, devido este comportamento.

O tempo de resposta após o início davocalização foi maior na mata de galeria,provavelmente pela estrutura vegetacional.Ambientes abertos, como cerrado sensustricto, cerrado rupestre, campo sujo evereda possuem menores barreiras àpropagação do som, portanto, as avesdessas áreas apresentam uma respostarapidamente. A borda de mata, apresentouum tempo de resposta maior que a mata,justamente pelas características devegetação de transição e espécies de avescomuns à ambientes abertos.

A presença de Glaucidiumbrasilianum causa irritação em váriasespécies de aves, principalmente nosPasseriformes. A composição de espéciesque reagem à vocalização da coruja, variade acordo com o habitat, porém asimilaridade entre as áreas devem serobservadas. A ocorrência de bandos mistosé uma estratégia de intimidação e defesa,utilizada por muitas aves contra o predador,e no caso de Glaucidium brasilianum foibastante utilizada.

AgradecimentosAos professores John Hay, Jader Marinho-Filho, Flávio Rodrigues e AlexandreAraújo, pelas dicas e experiência. Ao

Ernestino Guarino, pela colaboração nocampo. Ao Tarcísio Abreu e Marcelo Lima,pela ajuda na bibliografia. E a todos alunos,demais professores e funcionários queparticiparam do Curso de Campo daEcologia da Universidade de Brasília em2003, que ajudaram na realização destetrabalho.

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Tabela 1. Número de pontos amostrado para cada tipo de habitat do Parque Estatual da Serrade Caldas Novas, GO.

Habitats no de pontos

Cerrado rupestre 7Campo sujo 5

Cerrado sensu stricto 8Vereda 2

Borda de mata 6Mata de galeria 9

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Tabela 2. Índice de diversidade de Whitaker (Bw) entre as listas de aves das fisionomias estudadas. CR- cerrado rupestre; CS-campo sujo; C- cerrado sensu stricto; V- vereda; Bd- borda de mata; M-mata de galeria. Lista de espécies em relação àvocalização de Glaucidium brasilianum: a- antes da vocalização; du- durante à vocalização e; de- depois da vocalização.

cerrado rupestre campo sujo cerrado sensu stricto vereda borda de mata mata de galeria

a du de a du de a du de a du de a du de a du deCR a - 0,571 0,429 0,543 0,652 0,448 0,548 0,571 0,600 0,727 0,769 0,600 0,647 0,833 0,857 0,771 0,913 0,905CR du - 0,538 0,758 0,619 0,704 0,586 0,462 0,652 0,800 0,417 0,652 0,750 0,706 0,846 0,818 0,714 0,789CR de - 0,394 0,429 0,333 0,379 0,308 0,391 0,800 0,667 0,652 0,563 0,647 0,615 0,758 0,810 0,895

CS a - 0,571 0,176 0,389 0,576 0,400 0,778 0,742 0,667 0,641 0,756 0,818 0,850 1,000 0,923CS du - 0,545 0,750 0,524 0,556 0,733 0,789 0,778 0,704 0,655 0,714 0,857 1,000 0,900CS de - 0,400 0,556 0,500 0,714 0,760 0,667 0,636 0,829 0,852 0,824 1,000 0,900

C a - 0,310 0,385 0,826 0,630 0,615 0,714 0,784 0,793 0,889 0,917 1,000C du - 0,478 0,900 0,583 0,652 0,688 0,647 0,769 0,939 0,939 0,895C de - 0,765 0,714 0,700 0,724 0,806 0,739 0,933 1,000 0,875

V a - 0,556 0,412 0,692 0,857 0,800 0,778 0,867 0,692V du - 0,619 0,733 0,688 0,667 0,935 0,789 0,765V de - 0,724 0,871 0,826 0,800 0,889 0,875

Bd a - 0,450 0,375 0,590 0,630 0,680Bd du - 0,412 0,756 0,724 0,778Bd de - 0,697 0,524 0,579

M a - 0,500 0,692M du - 0,429M de -

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Tabela 3. Número médio de espécies e indivíduos (± desvio padrão) por pontos em cadahabitat observado. Teste de Kruskal-Wallis (H). Os asteriscos indicam diferença significativaentre as áreas.

cerrado

rupestre

(n = 7)

campo sujo

(n = 5)

cerrado

sensu stricto

(n = 8)

vereda

(n = 2)

borda de

mata

(n = 6)

mata de

galeria

(n = 9)H p

nº espécies 7,00 ± 2,16 9,80 ± 2,68 5,25 ± 3,61 10,50 ± 2,12 8,67 ± 3,67 5,00 ± 1,58 12,95 0,024 *

nº indivíduos 12,43 ± 5,32 15,20 ± 3,77 7,62 ± 5,50 22,50 ± 6,36 11,83 ± 5,88 6,11 ± 2,03 16,27 0,006 *

nº espécies

que reagiram

2,85 ± 1,57 2,60 ± 1,34 2,00 ± 2,49 6,00 ± 2,82 5,50 ± 2,81 1,78 ± 1,30 10,86 0,054

nº indivíduos

que reagiram

5,71 ± 4,03 4,00 ± 2,00 2,63 ± 3,16 13,00 ± 5,65 7,83 ± 4,71 2,67 ± 1,87 11,038 0,051

Figura 1. Riqueza de espécies e espécies de aves que reagem à vocalização de Glaucidiumbrasilianum em seis habitats do PESCAN, GO.

0

5

10

15

20

25

30

mata de galeria

borda de mata

vereda cerrado sensu stricto

campo sujo

cerradorupestre

Núm

ero

de e

spéc

ies

espécies presentes espécies que reagiram

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Figura 2. Relação de número de espécies entre número de indivíduos e número deindivíduos que reagiram à vocalização de Glaucidium brasilianum em 37 pontos doPESCAN, GO. rs = coeficiente de correlação de Spearman.

0 2 4 6 8 10 12 14-2

0

2

4

6

8 y = 1,676 x - 1,014rs = 0,910 p < 0.0001

Núm

ero

de e

spéc

ies

com

com

porta

men

to d

e re

ação

Número de espécies

-5

0

5

10

15

20

25

30y = 0,436 x - 0,065rs = 0,594 p = 0.0001

Núm

ero

de in

diví

duos

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Anexo 1. Relação das espécies de aves observadas nas áreas de estudo no PESCAN, GO. A lista segue a nomenclatura e ordem filogenéticaproposta por Sick (1997).

Taxa Pontos Reações*1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37

TINAMIFORMESTinamidae (3)

Crypturellus parvirostris 1 1 2Rhynchotus rufescens 1 1Nothura maculosa 1 1

CICONIIFORMESThreskiornithidae (2)

Theristicus caudatus** 3* Vi,FPhimosus infuscatus 2

Cathartidae (2)Coragyps atratus 3Cathartes aura 1

FALCONIFORMESFalconidae (3)

Herpetotheres cachinnans 1Milvago chimachima 1Caracara plancus 1 1 1

GRUIFORMESCariamidae (1)

Cariama cristata 2 2 1COLUMBIFORMESColumbidae (3)

Columba picazuro** 1* 1* 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ViScardafella squammata 1 1Leptotila verreauxi 1

PSITTACIFORMESPsittacidae (3)

Aratinga aurea 2 4 2 6 2 2 2 3 2 2 2Brotogeris chiriri 2 1Amazona aestiva** 4* 9* 4 4 2 2 2 2 2* 3* Ap,V,Vi,In,At

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Anexo 1. Continuação

Taxa Pontos Reações*1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37

CUCULIFORMESCuculidae (2)

Piaya cayana 1Crothophaga ani 1

STRIGIFORMESStrigidae (1)

Glaucidium brasilianum** 1* 1 1* 1* 1* Ap,V,AtAPODIFORMESTrochilidae (4)

Eupetomena macroura** 1 2* 1* 1 1 1* 1 2* 1* 1* 1* 1* Ap,V,Vi,In,B,FColibri serrirostris** 1 1 1 1 1 1 1 2* 1 1 1* Ap,V,InThalurania furcata** 1* 1* 1* 1* Ap,V,In,B,AtChlorostilbon aureoventris** 1 1* 1 1* Ap,Vi,In,B

PICIFORMESRamphastidae (1)

Ramphasto toco 2Picidae (2)

Picumnus albosquamatus 1 1Colaptes campestris 3

PASSERIFORMESRhinocryptidae (1)

Melanopareia torquata** 1 1 1 1 1* 1 1 2 ViFurnariidae (1)

Synallaxis frontalis** 1* Ap,ViDendrocolaptidae (2)

Sittasomus griseicapillus 1Lepidocolaptes angustirostris** 2* 1 1* 1 1* Ap,Vi,In,B

Tyrannidae (10)Camptostoma obsoletum** 1 1 1 1* 3* 1* 1 Ap,V,In,BElaenia flavogaster** 1 1 1* 1 1* 1* 1 1* Ap,V,In,B,F

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Anexo 1. Continuação

Taxa Pontos Reações*1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37

Elaenia cristata** 1 2* Ap,In,BElaenia chiriquensis** 1 3 4* 1 2* 1* 1* 2* 1* 2* 2* 1* 1* 1 1* 1* 1 3* 1* Ap,V,In,B,FXolmis cinerea 1 1Knipolegus lophotes 1 2Casiornis rufa** 1* Ap,In,BMyiarchus swainsoni** 2* 1* 3* Ap,V,B,InMyiodynastes maculatus 1Tyrannus melancholicus** 1* Ap,In,B

Pipridae (1)Antilophia galeata** 2* 1* V,Vi,In,F

Hirundinidae (2)Notiochelidon

cyanoleuca**2* 2* Ap,V,Vi,In,At

Stelgidopteryx ruficollis** 2* 1* Ap,V,AtCorvidae (1)

Cyanocorax cristatellus 3 2 2 2Troglodytidae (2)

Thryothorus leucotis** 1 1* Ap,ViTroglodytes aedon** 1 1 1* 2 1 1* 1 1 1* 1 2 2* 1 1 1 Ap,Vi,In,B

Turdidae (2)Turdus rufiventris 1Turdus leucomelas** 1* 2* 1* 2* 1* 2* 1 1 1 1* 1* 1* 1 Ap,V,Vi,In,B

Vireonidae (2)Cyclarhis gujanensis** 1* 1* 1 1 1 1 ViVireo olivaceus 2 1

Parulidae (1)Basileuterus flaveolus** 1* 1* 2* 2* 1* 2* Ap,V,Vi,In,B

Coerebidae (1)Coereba flaveola** 1 2* 1 1 1 1 Ap,Vi,B

Thraupidae (7)Neothraupis fasciata 4 2 2 2Piranga flava 1Thraupis sayaca** 2* 2* 2* Ap,V,In,B,F

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Anexo 1. Continuação

Taxa Pontos Reações*1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37

Euphonia chlorotica** 2 2* 3 2* 2* 1 1 2* Ap,V,In,BEuphonia violacea 2Tangara cayana** 1* 3* 2* 2* 2* 1* 2* 2* Ap,V,Vi,In,B,FDacnis cayana** 2* Ap,In,B

Fringilidae (4)Coryphospingus

cucullatus**1* 2* Ap,V,In,B

Saltator maximus** 2* Ap,VSaltator similis 1 1 1Saltator atricollis** 2* 1 2* 2* Ap,Vi,In

Icteridae (1)Gnorimopsar chopi** 10 2* Ap,Vi,In

Taxa: número entre parêntese corresponde ao total de espécies observadas por família. ** espécie que apresentou algum comportamento àvocalização de Glaucidium brasilianum. Pontos: 1-7 (cerrado rupestre); 8-12 (campo sujo); 13-20 (cerrado sensu stricto); 21-22 (vereda); 23-28(borda de mata) e; 29-37 (mata). O valor numérico corresponde ao número de indivíduos observados em cada ponto. Reações*: tipos decomportamentos observados. Ap- aproximação, grande maioria em menos de 5 m; V- vocalização; Vi- vocalização intensa; In- inquietação; B-comportamento de busca; F- fuga e; At- ataque. As reações sublinhadas correspondem as mais frequentes.

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BIOLOGIA DA POLINIZAÇÃO DE Spiranthera odoratissima A. St.-Hil(RUTACEAE), NO JARDIM BOTÂNICO DE BRASÍLIA – DF

Laudicéa Farias Lima

INTRODUÇÃOHeithaus (1974) considerou que a biomassade flores e frutos havia sido subestimadapela escola de ecologia que iniciou osestudos sobre produtividade emecossistemas florestais, a despeito do papelque desempenham na produção vegetal.Numa abordagem pioneira, preferiuconcentrar-se ao nível trófico deconsumidores de néctar e polén, comoindicador da importância das interaçõesentre plantas e seus polinizadores nadeterminação da estrutura de comunidadesflorestais.

Se para as plantas as interaçõesmutualísticas resultam em polinização, paraos visitantes florais a demanda se concentrana busca de recursos necessários a suasobrevivência e ou a de sua prole (Roubik1989, Findley 1993). Num ecossistema,portanto, as possibilidades de incrementode fluxo gênico entre as espécies vegetaisdependem da manutenção de seus visitantesforrageando na comunidade (Real, 1983).

Ligações assim tão estreitasproduzem importantes informações paradelinear as necessidades que as populaçõesde animais e vegetais envolvidas possuam,de modo a subsidiar melhor aimplementação de programas paraconservação, frente ao intenso processo defragmentação dos ecossistemas (Silva et al.,1997).

As Rutaceae constituem uma famíliapredominantemente tropical de arbustos eárvores, reunindo cerca de 1.700 espéciesdistribuídas entre aproximadamente, 150gêneros. No Brasil são representados porcerca de 32 gêneros e 188 espécies. Afamília é adaptada aos mais variados tiposde habitat em maior ou menor grau deumidade ambiental, ocorrendo desdeflorestas pluviais tropicais e cerrados aclareiras de agricultura ou pastos secos(Albuquerque, 1985)

Os objetivos deste trabalho são:Conhecer a biologia da polinização,identificar os polinizadores efetivos deSpiranthera odoratissima.

MATERIAL E MÉTODOSÁrea de estudoO estudo foi desenvolvido no JardimBotânico de Brasília - JBB, no período deSetembro a Agosto de 2003.

Morfologia floralA analise morfológica de Spirantheraodoratissima foi realizada através deobservações dos caracteres da planta nocampo e no laboratório. 20 flores foramcoletadas para caracterização da morfologiafloral e para medição do tamanho médiodas peças florais, que foram realizados como auxílio de um paquímetro.

Biologia da polinização.O estudo de biologia da polinização foiefetuado em trilhas estabelecidas emcerrado sensu-stricto dentro do JBB. Osindivíduos da espécie foram escolhidos emnº de 10, por ordem de aparição na área,apresentando o evento de floração e entãomarcados com fita.

Flores foram observadasvisualmente durante uma semana quanto aduração, horário de antese, presença derecursos atrativos a polinizadores, períodode liberação de pólen, maturaçãoestigmática, mudança de cor emovimentação das peças florais.

Receptividade estigmática, foitestada com peróxido de hidrogênio a 20volumes (Zeiler, 1938). Quantificação donéctar foi medida através de micropipetasde cinco microlitros.

RESULTADOS E DISCUSSÃOMorfológica floral

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Spiranthera odoratissima é umaplanta terrestre,subarbustiva que varia de0.5m a 2m de altura .Flor penduculada,ciclica, diperiantada, heteroclamidia,hermafrodita, isostêmone, hípogina; Cálicegamassépalo, pentâmero, persistente,actinomorfo, ; Corola branca, de 3 –4 cm decomprimento, dialissépala, pentâmera,caduca, simetria actinomorfa, limbo, unha,rosácea; androceu 5 estames do mesmotamanho, dialistêmone, filete simples;anteras livres; estames exertos; anterasbasifixa,longitudinal, introsas, diteca,polém amarelo; Gineceu gamocarpelar,pluricarpelar, disco cilíndrico, estiletecilíndrico, inserção terminal;estigmagloboso, bigloboso; ovário supero,plurilocular; inflorescência axilar outerminal, pluriflora, composta, cimosa.

A morfologia floral de Spirantheraodoratisima esta de acordo com a descritapor Albuquerque, 1985 para ascaracterísticas em comum avaliadas nosestudos, exceto pelo comprimento da flor,que no presente estudo variou de 3 - 4cmenquanto para Albuquerque esta variaçãofoi de 3.3 – 5.5cm.

Biologia da polinizaçãoSpiranthera odoratissima é uma plantaornamental, com flores alvas e perfumadas,que podem ser, quando secas, utilizadacomo aromatizantes do chá preto comosucedâneo do jasmin (Almeida, 1998). Noparque pode ser encontrada em maiornúmero as margens da vegetação, doscaminhos, ou em locais de maiordisponibilidade de luz, além destes pode seravistada com pouca freqüência no interiordas formações vegetais do jardim Botânico.A floração de Spiranthera odoratisima napopulação estudada teve inicio emSetembro e encerrou-se em Outubro, emlocal que havia sido roçado anteriormente,no entanto está floração não esta dentro doperíodo de maior intensidade floral daespécie. No presente estudo notasse arelação entre danos sofridos pela planta,maior luminosidade e sua resposta emrebrota e florescimento, como já citado por

Heringer & Ferreira, 1976 apud Almeida,1998 na qual a espécie costuma florescerapós passagem do fogo, quando exposta aluz mais abundante e temperaturas maisaltas, o que facilitaria a polinização pois ofogo é um agente de limpeza do materialseco e dos fungos presentes nas folhas .

As flores de Spirantheraodoratisima se distribuem em número detrês nos pedúnculos das inflorescências, nosquais a primeira flor a se abrir é geralmentea flor central, sendo seguida pelos botõeslaterais. Em relação ao eixo dainflorescência a antese floral ocorrefreqüentemente do ápice para a base. Ointervalo de antese floral se dá em torno de15:00 as 18:00 horas. sendo que após acompleta abertura do botão floral, que duraem média 30 minutos, tem-se início aprodução de néctar, cujo volume produzidoé de 7,69 ml a 28,52ml , durante a noite háum continuo fluxo de néctar, havendo aindaao amanhecer uma boa quantidade de destedisponível. Segundo Pleasants, 1983 a taxade produção de néctar é uma das maisimportantes em termos de recompensaoferecida aos polinizadores potenciais deangiospermas, o qual é ofertadoabundantemente em S. odoratissima. Acorola com as anteras são mantidos na florde um a dois dias, após a antese, quandoentão sofrem abscisão, já o estile floralpermanece na flor em torno de 5 dias antesde sua abscisão. O estigma da flor estaaberto e é receptivo logo após a antese,entretanto no segundo dia após a aberturafloral a receptividade estigmatica é maisintensa. As anteras por sua vez só iniciam aliberação de pólen entre as 19 e 21:00horas, isto é algum tempo depois da antesefloral. Na manhã seguinte encontra-se pólengeralmente em pequenas quantidades.

Cor branca é uma das corespredominantes em flores do cerrado,ocorrendo com maior freqüência em floresnão tubulares, e que oferecem comorecursos néctar e pólen (Silberbauer-Gottsberger & Gottsberger, 1988). Padrãoeste também encontrado para Spirantheraodoratisima. Kevan, 1983 apud

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Silberbauer-Gottsberger & Gottsberger,1988 cita que flores brancas são muitoreflexivas e visitadas por uma grandevariedade de insetos não especializados emvisitá-las como coleópteros, lepidópteros eoutros como se dá em Spirantheraodoratisima, que com suas flores de corbranca e odor intenso atrai varias espéciesde visitantes florais tendo sido encontrados4 morfo-espécies de abelhas, 2 morfo-espécies de coleópteras e 5 morfo-espéciesde formigas, entre os visitantes de maiorocorrência.

Abelhas ao visitarem as flores deSpiranthera odoratisima vasculham suaanteras e estigma em busca de pólen, o qualvarrem das anteras, em seguida direcionam-se ao centro floral em busca de néctar, esteprocesso pode durar de um a dois minutospor flor. Geralmente as abelhas costumampercorrer todas as flores de umainflorescência antes de se deslocar paraoutra ou para um indivíduo próximo.

O papel das abelhas na polinizaçãode plantas do cerrado não é somente o maisimportante pelo fato delas polinizarem amaioria das plantas do cerrado, mastambém por serem o grupo de maiorexclusividade (Silberbauer-Gottsberger &Gottsberger, 1988). Flores melíofilas sãocaracterizadas por anteras poricidas, antesediurna, duração floral de um a dois dias,produção de flores por um longo período detempo (varias semanas a meses), simetriaactinomorfa, pétalas livres e com coresalvas contrastando com os estamesamarelos posicionados no centro da flor(Buchman, 1983 apud Santos, 2003).Apesar de Spiranthera odoratisima não seenquadrar completamente na síndrome demeliofilia, ela possui muitas característicasque a torna atraente as abelhas, o queexplica a presença destas como umpolinizador em potencial por suafreqüência, constância e movimentação.

Outros visitantes florais se utilizamapenas de um dos recursos , como no casodas formigas que buscam somente o néctar,enquanto os coleópteras buscam somente aopólen. Alem destes outros visitantes da flor

como grilos e pequenos lepidópterostambém se utilizam de apenas um dosrecursos, neste caso o pólen, porém foramvisualizados poucas vezes.

Muitos indivíduos de Spirantheraodoratisima foram encontrados emdiferentes estágios de frutificação, porémalguns frutos não apresentavam sementes oque pode indicar ocorrência deagamospermia para a espécie.

Estudos de biologia reprodutiva deplantas do cerrado tem apresentado umagrande diversidade de sistemas depolinização similares a aqueles encontradosem florestas neotropicais. Nestas muitasespécies possuem um largo espectro depolinizadores que são definidos mais porseu tamanho e requerimento deforrageamento que por interaçõesespecificas com as plantas. Em muitoscasos o polinizador principal só pode serdefinido localmente através de mediçõesquantitativas (Oliveira & Gibbs, 2000).Spiranthera odoratisima apresenta umvariado leque de visitantes florais, estandoentre eles as abelhas que foram neste estudoos visitantes mais eficientes em termos depolinização, no entanto existe a dúvida deserem mariposas noturnas, seus principaispolinizadores apesar que no decorrer dasobservações de campo nenhuma foivisualizada, talvez devido a floração terocorrido fora do período de maiorintensidade do evento. EntretantoSpiranthera odoratisima costuma florescercom já comentado, em diferentes períodoscaso sofra algum tipo de injúria, o que tornaas abelhas eficientes polinizadoresprincipais neste período ou mesmosimportantes polinizadores secundários casose confirme a polinização por mariposas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Distribuição Espacial de Tropidurus spp. ( Iguania: Tropiduridae ) noParque Estadual da Serra de Caldas Novas - GO

Marcel Rodrigo Cavallaro

IntroduçãoLagartos exibem uma grande variedade deestilos de vida e exploram uma variedadede habitats, indo desde florestas úmidas atédesertos de areia (Huey et al. 1983; Greer1989; Vitt & Pianka 1994). Estadiversidade ecológica está associada comforma e tamanho corpóreo, e proporçõesentre os membros. Em termos de tamanhocorpóreo existem lagartixas pesandoaproximadamente 0,1 g (MacLeam 1975),até o grande “Dragão de Komodo” cujopeso pode exceder 50 kg (Auffenberg1981). Os modos de locomoção de lagartostambém variam muito. Por exemplo,lagartos apresentam basicamentehabilidades aquáticas e terrestres (Glasheen& McMahon 1996), várias espéciesapresentam locomoção bípede (Irschick &Jayne 1999) e ainda alguns do gêneroDraco são arborícolas e podem inclusiveplanar (Mori & Hikida 1993).

Neste grupo de animais, comonoutros, estão presentes e evidenciadasalgumas estratégias para evitaremcompetição. Uma delas e a primeira a sertomada é a separação espacial. Caso istonão seja possível, podem adotar diferentesestratégias de forrageamento ou entãopassam a partilhar recursos (Vitt & Pianka1994).\O gênero Tropidurus é amplamentedistribuído na América do Sul (Frost 1992),exceto nos Andes, e é muito comum nosdiversos habitats brasileiros, desde acaatinga até as florestas úmidas. Sãogeralmente descritos como heliotérmicos,predadores do tipo “senta-e-espera” (“sit-and-wait” predator) e apresentam-se comoaltamente territorialistas (Vitt et al. 1997).

O objetivo deste estudo foi levantare identificar as espécies do gêneroTropidurus que ocorrem no ParqueEstadual da Serra de Caldas Novas -

PESCAN, GO - e delimitar a distribuiçãoespacial das mesmas.

Material e MétodosO estudo foi desenvolvido em diferentesambientes do PESCAN, durante o mês deagosto de 2003. Estes diferentes ambientesforam amostrados através de varredura aprocura dos indivíduos. Quandoencontrados, eram anotadas a espécie, ohabitat (fitofisionomia), a altura do poleiro,altura da vegetação e distância de fuga. Dolocal para onde fugiam também eramanotadas as mesmas características. Sempreque possível os animais avistados eramcapturados com auxílio de laço ou elástico eentão feitas algumas medidas corpóreas.Dados de temperatura e umidade relativa doar eram tomadas de hora em hora comauxílio de um psicrômetro; sempre nomesmo ponto para cada habitat, na sombrae a 1 m do solo.

ResultadosForam realizadas um total de 34 horas deobservação e duas espécies do gêneroTropidurus foram encontradas noPESCAN: T. torquatus e T. montanus. Estaúltima, até então não estava presente nalista de espécies do plano de manejo doParque e está sendo acrescentada agora. Ossete locais amostrados e suas respectivascoordenadas geográficas e altitudes estãolistadas na Tabela 1.

As sete estações de coletacontinham cinco habitats. Área com influência antrópica - paisagemmodificada para instalação do setoradministrativo do Parque, vias asfaltadas ebastante influência antrópica.Cerrado rupestre - indivíduos arbóreosconcentrados nas fendas entre rochas, comdensidade variando de acordo com ovolume do solo.

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Cerradão mesotrófico - caraterizadopela presença de espécies que ocorrem noCerrado sentido restrito e também porespécies de mata. A altura média do estratoarbóreo variando de 8 a 15 m. Possui solorelativamente mais rico e apresenta espéciestípicas desta formação como Magoniapubescens (Sapindacae).

Campo limpo - predominantementeherbáceo, com raros arbustos e ausênciacompleta de árvores; podendo ocorrer emdiferentes posições topográficas, comdiferentes variações no grau de umidade eprofundidade.

Campo rupestre -predominantemente herbáceo-arbustivo,com a presença eventual de arvoretas poucodesenvolvidas de até dois metros de altura,ocupando trechos de afloramentosrochosos; geralmente ocorre em altitudessuperiores a 900 m, em áreas onde háventos constantes, dias quentes e noitesfrias.

As duas espécies não foramobservadas juntas em nenhuma das estaçõesamostradas. A Tabela 2 traz os habitatsexistentes em cada um dos locaisamostrados e a espécie observada em cadaum deles.

T. torquatus - ocorreu nasproximidades de áreas com influênciaantrópica, cerrado rupestre e cerradãomesotrófico. Quanto sua preferência porsubstrato, mostrou-se mais generalista,ocupando rocha, areia, folha/rocha efolha/areia.

T. montanus - observada em cerradorupestre, campo limpo e campo rupestre.Sua preferência por substrato restringiu-se arocha ou areia.

DiscussãoOs dados deste trabalho estão de acordocom aqueles compilados por Kohlsdorf etal. 2001. Estes autores também apontam T.torquatus como ocorrentes em áreas abertase preferência por substrato arenoso, porém,não amostraram áreas peri-urbanas.Brandão & Araújo 2001, encontraram estaespécie em mata de galeria e cerrado aberto.

Neste estudo, foi observada ainda emregiões de influência antrópica. Quanto asua preferência por substrato mostrou-semais generalista tanto em relação a T.montanus, quanto quando comparada comdados dos autores acima citados.

T. montanus foi observado em áreasde campos rupestres e substrato rochoso ouarenoso o que condiz completamente comos dados compilados por Kohlsdorf et al.2001.

ConclusãoAs duas espécies apresentaram-senitidamente separadas. Uma vez que nãoforam observadas juntas em nenhum localamostrado, infere-se que estão separando-seespacialmente a fim de minimizarcompetição. Como estas espécies são muitopróximas filogeneticamente (cogenéricas)seus nichos também o são. Assim, usandoespaço de maneiras diferentes podemcoexistir mesmo em áreas contíguas.

Em observações não sistemáticasfeitas durante este experimento, outrasespécies de lagartos como por exemplo,Cnemidoforus ocellifer e Mabuya sp. foramobservadas não muito distantes dosterritórios das duas espécies de Tropidurus.Porém, aqueles animais são forrageadoresativos. Novamente, é uma maneira deestreitar os nichos e evitar competiçãoporém, de acordo com o segundo ítemespecificado anteriormente, usandodiferentes estratégias de forrageamento.

AgradecimentosAgradeço os professores John Hay, Jader eFlávio (Galego) pelas críticas e sugestõesdadas a este trabalho. Ao professorAlexandre Araújo pela orientação, críticas etambém pela ajuda, de grande valia.

Referências Bibliográficas

Auffenberg, W. 1981. Ratios, regressionintercepts, and scaling of data. Syst Zoo,27: 78-83.

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Figura 1. Esquema representativo da distribuição espacial das duas espécies de Tropidurus noPESCAN / GO - Agosto / 2003. Triângulos preenchidos - T. torquatus; círculos vazios - T.montanus. O número ao lado dos símblos indica a estação de coleta (vide Tabela 1 paralegenda).

Tabela 1. Pontos amostrados e suas respectivas coordenadas geográficas e altitudes. PESCAN/ GO - Agosto / 2003.

Ponto Coordenadas Altitude (m)

1 Sede PESCAN 17º 46.079' S 48º 39.478' W 7402 Casa do Pesquisador 17º 47.564' S 48º 39.729' W 9003 Mata Cascatinha 17º 47.564' S 48º 39.436' W 7304 Mirante Cascatinha 17º 46.267' S 48º 39.493' W 7605 Estação Sismológica 17º 44.267' S 48º 41.493' W 9706 Mirante Pousada Rio Quente 17º 46.745' S 48º 44.598' W 9217 Mirante de Caldas 17º 46.892' S 48º 40.004' W 966

2

76

43

5

1

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Tabela 2. Habitats disponíveis em cada um dos locais amostrados e as espécies observadas emcada um deles. PESCAN / GO - Agosto / 2003.

Ponto Habitat Espécie observada

1 Sede PESCAN Influência antrópica T. torquatus2 Cada do Pesquisador Cerrado rupestre T. montanus3 Mata da Cascatinha Cerradão mesotrófico T. torquatus4 Mirante da Cascatinha Cerrado rupestre T. torquatus5 Estação Sismológica Cerrado rupestre / Campo limpo T. montanus6 Mirante Pousada Rio Quente Campo rupestre T. montanus7 Mirante de Caldas Cerrado rupestre T. torquatus

Tabela 3. Ocorrência das espécies em cada habitat amostrado. PESCAN / GO - Agosto /2003.

HabitatEspécie Influência

antrópicaCerradorupestre

Cerradãomesotrófico

Campolimpo

Camporupestre

T. torquatus x x xT. montanus x x x

Tabela 4. Ocorrência das espécies em cada substrato nos habitats amostrado. PESCAN / GO -Agosto / 2003.

SubstratoEspécie Rocha Areia Folha /

RochaAreia /Folha

T. torquatus x x x xT. montanus x x

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COMPARAÇÃO ENTRE A FAUNA DE FORMIGAS DE SOLO EMCAMPO RUPESTRE, CERRADO SENSU STRICTO E MATA DE

GALERIA NO PARQUE ESTADUAL SERRA DE CALDAS NOVAS

Maria Alice de Medeiros

INTRODUÇÃOEntre os grandes tipos de vegetação nomundo, o cerrado pode ser classificadocomo uma savana tropical (Eiten, 1979). Asformações savânicas na América do Sulocupam mais de 2,5 milhões de km2, dosquais aproximadamente 80% correspondemao Cerrado brasileiro (Sarmiento, 1984),cuja distribuição ocorre principalmente noplanalto central, constituindo o segundomaior bioma do país em área (Ribeiro &Walter, 1998).

O Cerrado apresenta um mosaico defisionomias que variam desde formaçõesmais abertas como campo limpo, comausência do estrato lenhoso, até formaçõesflorestais mais fechadas como o cerradão(Eiten, 1990). A fisionomia consiste nadescrição e medidas da forma e aparênciada vegetação. A idéia que a forma, aestrutura e o arranjo espacial da vegetaçãoafeta a ecologia dos organismos é umimportante conceito ecológico. Ascaracterísticas mais importantes davegetação que influenciam a estrutura dacomunidade são as espécies dominantes, aestratificação, a densidade da folhagem, acobertura e a dispersão das plantas (Zar,1996).

A diversidade de ambientes nocerrado é excepcionalmente alta e apresentaalta diversidade de espécies (Cavalcanti &Joly, 2002). Juntamente com a mataatlântica o cerrado é considerado como umdas 25 principais áreas com grandeendemismo e menos de 30% de vegetaçãonatural (Myers et al. 2000). Entretanto,muito grupos taxonômicos são poucoconhecidos no cerrado (Cavalcanti & Joly,2002). O grupo dos insetos é um deles, já oconhecimento das espécies é restrito apoucos grupos e aos locais onde selocalizam os centros de pesquisas como

Brasília e São Paulo (Diniz & Castanheira,1998).

As formigas são os animais maisdominantes na maioria dos ecossistemasterrestres. As colônias individuais podemapresentar milhares de operárias. Suadominância numérica nos ambientesterrestres é combinada com uma ampladiversidade taxonômica e distribuiçãogeográfica (Holldobler & Wilson, 1990).Estima-se que no mundo exista mais de20.000 espécies de formigas, constituindo350 gêneros. Dessas espécies apenas 8.804aproximadamente foram descritas. Para aregião Neotropical apenas cerca de 2.162espécies foram descritas (Holldobler &Wilson, 1990). A diversidade de espéciesreflete-se na enorme variedade de habitatsde nidificação, preferências alimentares,divisão de trabalho e defesa (Wilson, 1987).

O conhecimento sobre as espéciesde formigas que ocorrem em diferentesfisionomias do cerrado é importante nãosomente como inventário de espécies, mastambém para uma forma verificar avariabilidade existente na comunidade deformigas nos diferentes ambientesselecionados para no futuro possibilitarações que visem melhorar a conservação docerrado. Dentro deste contexto os objetivosdeste trabalhos foram: i) identificar espéciesde formigas diurnas e noturnas de solopresentes em cerrado sensu stricto, mata degaleria e campo rupestre; e ii) verificar asimilaridade entre espécies de formigas nastrês áreas.

MATERIAL E MÉTODOSÁrea de Estudo

O estudo foi realizado foi realizado noParque Estadual da Serra de Caldas Novas(PESCAN-GO) em área de cerrado sensu

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stricto, campo rupestre e mata de galeriacompreendendo três áreas.

Caracterização das áreas

O cerrado sensu stricto caracteriza-se pelavegetação arbóreo-arbustiva com coberturade 21 a 50% e altura média de 3 a 5 m(Ribeiro et al., 1983). As de árvores emgeral são inclinadas, tortuosas, comramificações irregulares e retorcidas, egeralmente com evidências de queimadas.Os arbustos e subarbustos encontram-seespalhados, com algumas espéciesapresentando órgãos subterrâneos perenes(xilopódios), que permitem a rebrota apósqueima ou corte (Ribeiro & Walter, 1998).As espécies mais abundantes sãoKielmeyera coriacea (pau-santo), Qualeaparviflora (pau-terra-da-folha-pequena),Byrsonima verbascifolia (murici), Annonacrassiflora (araticum), Sclerolobiumaureum (carvoeiro) (Ribeiro et al., 1983).

A mata de galeria consiste de umavegetação florestal que acompanha os riosde pequeno porte e córregos, formandocorredores fechados (galerias) sobre o cursode água (Ribeiro & Walter, 1998, 2001). Aaltura média do estrato arbóreo está entre20 e 30 metros, apresentando superposiçãode copas de modo a fornecer uma coberturaarbórea de 80 a 100%. No seu interiorpercebe-se uma elevação da umidaderelativa. Geralmente ocorre uma transiçãobrusca com as formações campestres.Porém com a mata mesofítica e Cerradão atransição é quase imperceptível e adiferenciação entre essas comunidadesvegetais é difícil (Ribeiro et al., 1983).

O campo rupestre abrange umcomplexo de vegetação que agrupa diversaspaisagens com espécies típicas,predominantemente herbáceas. Em geral,ocupam áreas em que se espalhampequenos afloramentos rochosos. Emalgumas áreas desse tipo fisionômicodestacam-se agrupamentos de indivíduos damesma espécies. O estrato arbóreo variaem média de 2 a 3 m de altura, com umacobertura de 1 a 10 %. Ocorrem em

altitudes superiores a 900 m. Muitasespécies são endêmicas e as mais frequentespertencem às famílias Velloziaceae,Compositae, Eriocaulaceae,Melastomataceae, Xyridaceae, Iridaceae eGramineae (Ribeiro et al., 1983).

Coleta de dados

Em cada área foram efetuados trêstransectos de 50 m, com distância de 10 mno período diurno e noturno. Os transectosdiurnos foram iniciados às 7:50 h e osnoturnos às 18:15 h. As iscas foram feitascom sardinha e água e colocadas em papeltoalha sobre o chão a cada 5 m. Após umahora as iscas foram recolhidas earmazenadas em sacos plásticos. Emlaboratório o material foi triado e asformigas foram fixadas em álcool 70% eidentificadas em nível de gênero.

Para as duas áreas, foi calculado oíndice de Shannon-Weaver, o índice desimilaridade e o teste t.

RESULTADOS E DISCUSSÃONa área de cerrado sensu stricto, 29 pontosde coleta foram forrageados pelas formigas.Na mata de galeria 24 pontos foramforrageados e no campo rupestre 23 pontosforam forrageados. No campo rupestreforam encontradas 11 espécies de formigasde solo durante o dia, sendo que 3 são dasubfamília Formicidae, 5 da subfamíliaMyrmicinae e 3 da subfamília Ponerinae.No cerrado s. s. foram encontradas 11espécies, sendo que 4 são da subfamíliaFormicidae, 5 da subfamília Myrmicinae e2 da subfamília Ponerinae. Na mata degaleria foram encontradas 10 espécies,sendo 2 da subfamília Formicidae, 7 dasubfamília Myrmicinae e 1 da subfamíliaPonerinae. Considerando os três ambientesamostrados, coletou-se 24 espécies deformigas durante o dia (Tabela 1).

A espécie mais frequente no camporupestre foi a morfoespécie 3 e Pheidole sp.4 foi constatado um predomínio dasPonerinae com a presença de três espécies.No cerrado s.s a espécie mais comum foi

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Crematogaster sp.1 e Pheidole sp.1. Namata de galeria a espécie mais frequente foiCrematogaster sp. 2 e Pheidole sp. 2 compredomínio da subfamília Myrmicinae com7 espécies.

O índice de Shannon-Weavercalculado para a mata de galeria foi igual a1,18, para o cerrado sensu stricto foi iguala 0,908 e para o campo rupestre foi igual a0,865. Sabe-se que o número total deespécies encontradas num determinadoambiente varia de acordo com o tamanho daamostra. O índice estudado enfatiza asespécies comuns. É possível que se aamostragem fosse maior o índiceaumentasse, já que se trata de um ambientepreservado. O índice de similaridadeencontrado para a mata de galeria e camporupestre foi de 37%, para a mata de galeriae cerrado sensu stricto foi de 30% e para ocampo rupestre e cerrado sensu stricto foide 27%. Os ambientes amostrados emborasejam de áreas preservadas, a coberturavegetal é bastante diferente. O valorencontrado para o teste t foi 0,05 (2),371,74 = 1,755. Este resultado mostrou quea diversidade de formigas foi igual nosambientes amostrados. As formigas exploram o ambiente atravésde suas estratégias sociais. Em algunscasos, algumas espécies são mais agressivasque outras. Quando há um recurso a serexplorado é comum que as espécies maisagressivas evitem que outras cheguemperto, empregando estratégias de defesa.espécies territoriais como Crematogaster,dificilmente são coletadas junto a outraespécie no recurso disponível (Medeiros,1992). Por exemplo, nas amostragens docerrado s.s. Crematogaster sp. 1 sempre foiencontrada sozinha, demonstranto suaterritorialidade. Por outro lado espéciespouco agressivas como Camponotus foramencontradas juntas com outras espécies emsete amostras.

CONCLUSÃOOs ambientes amostrados emborapróximos, são diferentes quanto a coberturavegetal e a maior parte das espécies de

formigas solo encontradas foram diferentes.Em cada ambiente amostrado observou-se apresença de pelo menos uma espécie deformiga dominante: cerrado sensu stricto -Crematogaster sp. 1; mata de galeria -Crematogaster sp. 2 e campo rupestre -Morfoespécie 4 (Formicinae). Seriainteressante aumentar o número detransectos em cada ambiente paradeterminar se em cada fisionomia vegetalestudada apresenta um padrão dedistribuição de espécies de formigas.

AGRADECIMENTOSA Clarissa M. Knoechelmann, EmanuelePominini, Ernestino Guarino e Paulina deAraújo Ribeiro pela valiosa ajuda nascoletas de campo.

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Tabela 1. Espécies de formigas de solo encontradas durante o dia em mata de galeria, camporupestre e cerrado sensu stricto e a frequência nas amostras. PESCAN, GO, agosto de 2003.

Subfamília Gênero Mata de Galeria Campo rupestre CerradoFormicinae Camponotus sp.1 - - 0.09Formicinae Camponotus sp.2 - - 0.02Formicinae Camponotus sp.3 0.16 0.06 -Formicinae Morfoespécie 1 - - 0.09Formicinae Morfoespécie 2 - - 0.02Formicidae Morfoespécie 3 - 0.30 -Formicinae Morfoespécie 4 - 0.06 -Formicinae Morfoespécie 5 0.09 - -Myrmicinae Crematogaster sp.1 - - 0.40Myrmicinae Crematogaster sp.2 0.19 - -Myrmicinae Morfoespécie 6 0.03 - -Myrmicinae Morfoespécie 7 0.06 - -Myrmicinae Pheidole sp.1 0.09 0.06 0.33Myrmicinae Pheidole sp.2 0.16 - 0.09Myrmicinae Pheidole sp.3 0.03 0.03 0.06Myrmicinae Pheidole sp.4 - 0.20 -Myrmicinae Pheidole sp.5 - 0.03 -Myrmicinae Wasmannia sp. 1 0.12 - -Myrmicinae Wasmannia sp. 2 - 0.03 -Myrmicinae Zacryptocerus sp.1 - - 0.06Ponerinae Ectatomma sp.1 0.03 0.13 0.06Ponerinae Ectatomma sp.2 - 0.03 -Ponerinae Odontomachus sp.1 - - 0.02Ponerinae Morfoespécie 8 - 0.03 -Número de espécies 10 11 11Número total de formigas amostradas 31 30 43Número de iscas c/ formigas 24 23 29

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Levantamento fitossociológico em gradiente topográfico no ParqueEstadual da Serra de Caldas Novas

Maria Inês Cruzeiro Moreno

IntroduçãoO cerrado apresenta um mosaico defisionomias compostas por densidadesvariáveis dos estratos graminoso e arbustivoarbóreo. A distinção entre as fisionomias éfeita levando-se em conta a presença doestrato herbáceo, altura e cobertura dosindivíduos arbóreos (Ribeiro & Walter1998). A vegetação do cerrado é produto deinterações como fertilidade do solo,profundidade do lençol freático edeclividade (Eiten 1972) que, em conjunto,produzem um gradiente de formasfisionômicas que vão desde campo limpo,com predominância do estrato herbáceo, àformações florestais onde predomina oestrato arbóreo. Porém, podem-se observarfisionomias diferentes em locais comfatores ambientais semelhantes (Haridasan1994).

Diversos levantamentos da flora docerrado têm sido realizado a fim de seconhecer ainda mais a diversidade deespécies existentes neste ambiente deformas e características tão variadas (Felfili& Silva Jr. 1993; Felfili et al 1994; Felfiliet al 2002; Ribeiro et al 1985; Silva et al2002).

O presente estudo teve comoobjetivo analisar a estrutura da comunidadedo cerrado ao longo de um gradientetopográfico no topo do Parque Estadual daSerra de Caldas Novas (PESCAN).

Material e métodosA área de cerrado analisada localiza-se aolongo de uma das estradas de serviço doPESCAN, em direção ao Mirante daPousada (Figura 1), entre os municípios deCaldas Novas e Rio Quente, no sudoeste doestado de Goiás.

Os pontos amostrais distavam umquilômetro um do outro. Em cada áreaforam demarcadas 5 linhas, distantes 10 mda estrada, de 100 m cada, equidistantes 25

m. Em cada transecto foram amostrados,pelo método “Point Centered Quarter”(Müeller-Dombois & Ellemberg 1974), 11pontos distantes 10 m entre si. Comocritério mínimo de inclusão os indivíduosmais próximos ao centro de cada quadrantedeveria apresentar circunferência mínimade 10 cm à 30 cm da superfície do solo.Para cada indivíduo amostrado foramanotados distância ao centro do quadrante,altura, circunferência e espécie.Os parâmetros fitossociológicos foramcalculados no pacote FITOPAC (Shepherd1995). A análise de similaridade qualitativaentre as áreas foi feita pelo Índice deSorensen.

Resultados e discussãoNo total foram amostrados 275 pontos,sendo 55 em cada sítio. Cada área foiinventariada com 220 indivíduos. Foramencontradas 58 espécies pertencentes a 30famílias (Tabela 1). Os indivíduos mortos,ainda em pé que atendiam ao critério deinclusão, também foram amostrados econstituíram a espécie e família "Morta"que representou 8,45% do número total deindivíduos. As famílias com maior númerode espécies foram Leguminosae com 14espécies, Apocinaceae (4), Vochysiaceae(4), Myrtaceae e Malpighiaceae com 3espécies cada (Tabela 1). A famíliaLeguminoseae é reportada na literaturacomo sendo a família com maior númeroespécies presentes em áreas de cerrado(Ribeiro et al 1985; Oliveira-Filho &Martins 1986; Mantovani & Martins 1993;Silva et al 2002) , enquanto queVochysiaceae por ser acumuladora dealumínio seria mais bem adaptada àscondições edáficas do cerrado (Araújo &Haridasan 1988; Haridasan 1992).

O índice de diversidade de Shannonpara as espécies variou de 3,364 para todosos pontos a 2,703 para a área 4 (Tabela 2).

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Quando se compara este valor com outroslevantamentos verifica-se que apresentam omesmo padrão de diversidade (Ribeiro et al1985; Felfili & Silva Jr. 1993; Felfili et al1994; Rossi et al 1998). A maiordiversidade e equabilidade de espécies foipara o sítio 1, caracterizado por apresentarlatossolo amarelo, raso com presença decascalho em alguns pontos isolados. Esteambiente diferente dos demais tanto porcaracterísticas edáficas quanto por posiçãodo relevo (borda da chapada) pode estarrelacionado com a variação na diversidadelocal.

Qualea parviflora foi a espécie maisimportante no levantamento como um todoe nas áreas 1, 2, 4 e 5. Da mesma forma Q.grandiflora e Vochysia cinnamomea foramas espécies mais importantes em quasetodas as áreas (Tabela 3). Estes dadosdemonstram que a família Vochysiaceae éuma espécie abundante e bem adaptada àsmicrovariações ocorrentes no gradienteanalisado.

Analisando qualitativamente asáreas (Tabela 4), verifica-se que apresentamsimilaridade florística bastante elevada.Sendo assim, pode-se considerar que olevantamento foi realizado em váriospontos dentro de uma mesma áreafisionômica.

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208

1 2 3 4 5

Sede

Miranteda Pousadado Rio Quente

Pousada doRio Quente

Casa dopesquisador

EstaçãoSismográfica

CALDAS NOVAS

0

17°45'S

N

RIO QUENTE

GO

-507

GO-213

Parque Estadual daSerra de Caldas Novas

GO-130

Área Urbana

Via não pavimentada

Rodovia

Rede de drenagem

ESCALA:

CONVENÇÕES:

Curva de nível900m

700m

1000m

900m

800m

17°50'S

48°4

0'W

48°4

5'W

Antena

Antena

17°50'S Coord. geográfica/UTM (SAD69)

5000m 7520

00

7500

00

7480

00

7460

00

7440

00

7420

00

7400

00

7380

00

7360

00

7340

00

8021000

8023000

8025000

8027000

8029000

8031000

8033000

8035000

8037000

8039000

8041000

RS

SC

PR

SP

MS

GODF

TO

MT

RO

AC

AM

RR

PA

AP

MA

PI

CE

BA

MG

ES

RJ

SEAL

PE

PBRN

17°45'S

Data: Agosto de 2003

Des

enho

: Edi

vane

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doso

& M

aria

Inês

C. M

oren

o

8021000

Figura 1. Localização dos pontos amostrados em levantamento fitossociológico no PESCAN.

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Tabela 1. Famílias e espécies botânicas amostradas em levantamento fitossociológico noPESCAN.

Família EspécieAnnonaceae Annona crassiflora Mart.Apocynaceae Aspidosperma macrocarpon Mart.

Aspidosperma tomentosum Mart.Hancornia speciosa GomezHimatanthus obovatus (M. Arg.) R. E. Woodson

Asteraceae Eremanthus glomerulatus Less.Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker

Bignoniaceae Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. f. ex S. MooreBombacaceae Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. RobynsCaryocaraceae Caryocar brasiliense Camb.Celastraceae Austroplenckia populnea (Reiss.) LundChrysobalanaceae Licania humilis Cham. ex Schlecht.Clusiaceae Kielmeyera coriacea (Spreng.) Mart.

Kielmeyera speciosa St. Hil.Connaraceae Connarus suberosus Planch.Dilleniaceae Davilla elliptica St. Hil.Ebenaceae Diospyros burchellii DC.Erythroxylaceae Erythroxylum deciduum St. Hil.

Erythroxylum suberosum St. Hil.Flacourtiaceae Casearia sylvestris Sw.Hippocrateaceae Salacia crassifolia (Mart.) G. Don.

Salacia elliptica (Mart.) G. Don.Lamiaceae Lamiaceae sp1Leguminoseae Acosmium dasycarpum (Bog.) Yakovl.

Andira paniculata Benth.Bowdichia virgilioides H. B. & K.Dalbergia miscolobium Benth.Dimorphandra mollis Benth.Enterolobium gummiferum (Mart.) Macb.Hymenaea stigonocarpa Mart. ex HaynePeltogyne cf confertiflora (Hayne) BenthMachaerium opacum Vog.Plathymenia reticulata Benth.Pterodon pubescens (Benth.) Benth.Sclerolobium paniculatum Vog.Stryphnodendron adstringens (Mart.) Cov.Stryphnodendron polyphyllum Mart. var. villosumBenth.

Loganiaceae Strychnos pseudoquina St. Hil.Lythraceae Lafoensia pacari St. Hil.Malpighiaceae Byrsonima coccolobifolia H. B. & K.

Byrsonima verbascifolia (L.) Rich. ex A. L. Juss.Malpighiaceae sp1

Moraceae Brosimum gaudichaudii Tréc.Morta Morta

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210

... ContinuaçãoFamília EspécieMyrtaceae Myrcia variabilis Mart. ex DC.

Psidium firmum BergMyrcia sp

Ochnaceae Ouratea hexasperma (St. Hil.) Baill.Proteaceae Roupala montana Aubl.Rubiaceae Palicourea rigida Kunth

Tocoyena formosa (Cham. & Schlecht.) K. Schum.Sapindaceae Matayba guianensis Aubl.Sapotaceae Pouteria torta (Mart.) Radlk.Styracaceae Styrax ferrugineus Nees & Mart.Vochysiaceae Qualea grandiflora Mart.

Qualea multiflora Mart.Qualea parviflora Mart.Vochysia cinnamomea Pohl

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211

Tabela 2. Localização, altitude e dados referentes ao levantamento fitossociológico no PESCAN, área total e cada ponto amostrado.

Total Área 1 Área 2 Área 3 Área 4 Área 5Índice de Shannon(H')

3,364 3,211 3,057 3,088 2,703 2,996

Equabilidade dePielou (J)

0,828 0,883 0,867 0,876 0,773 0,864

Número deespécies

58 38 34 34 33 32

Número defamílias

29 20 24 21 23 20

Área basal/ha 12,082 14,534 10,619 13,464 10,522 11,993Densidade total/ha 1877,99 2203,57 1750,17 2403,22 1525,93 1711,25Altura máxima(m)

7,00 6,00 6,00 7,00 6,00 7,00

Diâmetro máximo(cm)

42,40 23,34 26,67 42,40 28,33 30,56

Distância média(m)

2,31 2,13 2,39 2,04 2,56 2,42

Área média (ha) 0,586 0,100 0,126 0,092 0,144 0,129Corrdenada UTM - 22K 740494,

803330422K 741267,8033193

22K 742206,8033145

22K 743167,8033091

22K 744136,8033037

Altitude (m) - 948 983 997 1009 1027

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Tabela 3. Número de indivíduos (N. Ind) e Índice de Valor de Importância (IVI) das espécies amostradas em levantamento fitossociológico noPESCAN.

Total Área 1 Área 2 Área 3 Área 4 Área 5Espécie N. Ind IVI N. Ind IVI N. Ind IVI N. Ind IVI N. Ind IVI N. Ind IVIQualea parviflora 145 42.49 23 37.58 27 36.05 10 13.17 62 84.88 23 38.46Morta 93 26.82 17 20.81 17 24.13 17 26.98 16 25.58 26 36.44Kielmeyera coriacea 91 22.86 8 13.28 14 20.44 6 10.91 36 42.55 27 27.44Qualea grandiflora 55 20.55 11 16.69 10 19.15 10 16.78 12 29.98 12 19.54Pouteria torta 55 16.55 19 26.58 15 25.34 8 15.84 8 9.47 5 6.45Ouratea hexasperma 65 15.99 9 12.04 26 31.59 22 27.70 3 3.48 5 6.27Vochysia cinnamomea 60 15.43 14 17.66 22 27.73 17 24.14 1 1.39 6 7.11Caryocar brasiliense 27 13.85 8 6.71 5 9.63 3 17.15 5 9.11 9 26.86Palicourea rigida 43 8.69 8 8.74 6 6.48 26 25.49 2 1.74 1 1.11Psidium firmum 34 7.99 1 1.27 4 4.12 15 18.40 8 8.44 6 8.14Licania humilis 22 7.83 13 21.97 5 9.12 1 4.14 3 4.10 - -Annona crassiflora 27 7.57 3 4.04 6 7.33 5 7.31 13 18.94Aspidosperma tomentosum 29 6.93 18 21.34 2 2.24 7 8.42 - - 2 2.43Austroplenckia populnea 25 6.41 9 12.72 - - - - 4 41.00 12 14.42Lafoensia pacari 23 6.01 2 2.80 1 1.06 1 1.06 10 12.88 9 12.04Stryphnodendron adstringens 22 5.86 - - 8 11.22 - - 4 5.42 10 12.65Eremanthus glomerulatus 25 5.65 5 5.97 2 2.56 14 15.95 4 4.04 - -Byrsonima verbascifolia 25 5.59 7 8.46 5 5.32 5 5.75 2 2.25 6 6.10Diospyros burchellii 21 4.31 3 2.69 - - 10 10.78 1 1.10 7 6.94Erythroxylum deciduum 18 4.02 - - 4 4.67 8 9.31 1 1.09 5 5.15Stryphnodendron polyphyllum 20 4.01 4 4.27 - - 1 1.04 - - 15 14.56Piptocarpha rotundifolia 14 3.87 2 2.50 9 10.87 1 2.48 1 1.61 1 2.06Qualea multiflora 11 3.03 1 1.78 3 3.45 5 5.83 2 4.12 - -Sclerolobium paniculatum 6 2.49 6 12.19 - - - - - - - -Styrax ferrugineus 11 2.32 1 1.10 5 5.07 - - 5 5.56 - -Roupala montana 9 2.08 3 3.14 5 6.14 1 1.09 - - - -Andira paniculata 8 2.00 5 6.21 1 1.07 2 2.62 - -

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... ContinuaçãoTotal Área 1 Área 2 Área 3 Área 4 Área 5

Espécie N. Ind IVI N. Ind IVI N. Ind IVI N. Ind IVI N. Ind IVI N. Ind IVI

Byrsonima coccolobifolia 8 1.76 1 1.23 1 1.11 4 4.27 2 2.22 - -Dalbergia miscolobium 3 1.69 - - - - 1 1.65 - - 2 6.50Casearia sylvestris 7 1.57 - - - - - - 6 6.78 1 1.22Aspidosperma macrocarpon 7 1.54 - - 2 2.30 1 1.05 3 3.36 1 1.07Tocoyena formosa 7 1.52 1 1.12 - - - - 1 1.09 5 5.38Hancornia speciosa 6 1.05 2 2.57 - - - - 4 4.90 - -Connarus suberosus 7 1.49 - - 2 2.30 4 4.19 1 1.09 - -Erythroxylum suberosum 6 1.40 2 2.39 4 4.60 - - - - - -Hymenaea stigonocarpa 4 1.25 3 4.78 - - 1 1.44 - - - -Lamiaceae sp1 5 1.23 - - 2 2.16 3 4.11 - - - -Brosimum gaudichaudii 5 1.14 - - 3 3.54 - - - - 2 2.16Salacia crassifolia 5 1.14 1 1.03 1 1.09 2 2.39 - - 1 1.18Peltogyne cf confertiflora 4 0.99 4 4.84 - - - - - - - -Tabebuia aurea 3 0.96 - - 2 3.02 - - 1 1.18 - -Plathymenia reticulata 3 0.94 2 3.09 1 1.56 - - - - - -Acosmium dasycarpum 4 0.92 2 2.15 - - 1 1.35 1 1.13 - -Kielmeyera speciosa 4 0.90 1 1.07 - - - - 2 2.29 1 1.17Myrcia sp 4 0.89 - - - - 3 3.36 - - 1 1.10Machaerium opacum 4 0.88 1 1.05 - - - - - - 3 3.31Enterolobium gummiferum 2 0.68 - - 2 3.46 - - - - - -Davilla elliptica 3 0.63 - - - 3 3.15 - - - -Eriotheca gracilipes 1 0.58 - - 1 3.02 - - - - - -Himatanthus obovatus 3 0.55 3 2.72 - - - - - - - -Pterodon pubescens 2 0.44 2 2.18 - - - - - - - -Myrcia variabilis 2 0.44 - - - - 2 2.22 - - - -Matayba guianensis 2 0.43 - - - - - - 2 2.21 - -Malpighiaceae sp1 1 0.33 - - - - - - - - 1 1.61Strychnos pseudoquina 1 0.28 - - 1 1.43 - - - - - -

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... ContinuaçãoTotal Área 1 Área 2 Área 3 Área 4 Área 5

Espécie N. Ind IVI N. Ind IVI N. Ind IVI N. Ind IVI N. Ind IVI N. Ind IVI

Dimorphandra mollis 1 0.26 1 1.28 - - - - - - - -Salacia elliptica 1 0.23 - - - - - - - - 1 1.13Bowdichia virgilioides 1 0.22 - - - - - - - - 1 1.08

Tabela 4. Similaridade florística (Índice de Sorensen), em porcentagem, entre as cinco áreas de levantamento fitossociológico no PESCAN.

1 2 3 4 51 - 58,3 66,7 70,4 60,02 - 76,5 71,6 60,63 - 71,6 63,64 - 67,55 -

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Padrão de atividades de pequenos mamíferos em cerrado senso strcto noPESCAN, GO

Pablo Sebastian T. Amaral

Introdução:Pequenos mamíferos são espécies quepesam, em sua maioria, até 5 kg, tendoalguns poucos representantes chegando a 50kg (Marinho-Filho et al 2002) constituindoo grupo dominante, em termos do numerode espécies, da classe Mammalia (Marinho-Filho et al 2002).

Devido a predominância dessegrupo diversos são os estudos abordandodinâmica das populações em diversosambientes (Alho & Pereira 1985; Nitikman& Mares 1987; Henriques & Alho 1991;Cerqueira et al 1993; Mares & Ernest 1995;Talamoni & Dias 1999 e Vieira 1997) emesmos mudanças em situações específicascomo o fogo (Borchert & Hansen 1998;Vieira & Marinho-filho 1998; Vieira 1999 eHenriques et al 2000).

Paras evitar competiçãointerespecífica diversas são as estratégiasadotadas pelos organismos, como uso deambientes ou estratos diferentes,especificidade de alimentos, estratégias deforragiamento ou mesmos horários deatividade diferenciados. Estudos comrelação a padrões de atividades estãorestritos à cativeiros (Ernest & Mares 1986)e em ambiente natural se restringindo aorealizado por Vieira & Baumgarten (1995)efetivamente no campo.

O presente trabalho teve porobjetivo estimar o padrão de atividadehorária de pequenos mamíferos numa áreade cerrado sensu stricto do Parque Estadualde Calcas Novas (PESCAN), GO.

Material e Métodos:O estudo foi realizado no Parque Estadualde Caldas Novas (PESCAN), localizadonos municípios de Caldas Novas e RioQuente, GO. As coletas ocorreram entre osdias 11 e 16 de agosto de 2003, comexceção da noite do dia 14.

Foram feitos quatro gradeados(grid) de quatro linhas com 12 estações decaptura contendo uma armadilha Sherman,no solo, em cada ponto. A distância entre asestações foi de 10 m, perfazendo uma áreaefetiva de 0,48 ha cada. .Os gradeadosforam dispostos em pares, um de cada ladoda estrada, estando os grupos, composto porum par de gradeados, distantesaproximadamente 1 km entre si.

Para o esforço de captura foisomado o numero de animais capturados,pois, para cada captura as armadilhas foramrepostas, totalizando 800 armadilhas/noite.No entanto, se considerarmos cada vistoriacomo um período de captura, o esforço(somando o números de animaiscapturados) será igual a 4608armadilhas/vistorias As armadilhas foramiscadas todo fim de tarde com uma misturade paçoca (doce de amendoim), sardinha,em óleo comestível, e fubá.

Para se estimar a atividade dosanimais os gradeados foram vistoriados acada duas horas, iniciando duas horas apóso por do sol até a alvorada (das 20h00 às6h00), estando as armadilhas abertassomente durante esse período. Os animaiscapturados foram retirados, paraidentificação, marcados ventral edorsalmente com Violeta de Genciana 1% eliberados, no mesmo local de captura, nodia seguinte.

Resultados e Discussão:No presente estudo foram efetuadas umtotal de 32 captura, o que implica em umsucesso de 4,0% por armadilha/noite ou deaproximadamente 0,69% porarmadilha/vistoria. Durante o estudo foramcapturados: Bolomys lasiurus, Clyomislaticeps, Monodelphis domestica, Oryzomysgr. subflavus, Thrichomys apereides,Thylamis sp. e um marsupial não

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identificado. Dentre estas a espéciedominante foi B. lasiurus com 17indivíduos. Para essa espécie o padrão deatividade apresenta uma curva bimodal comuma freqüência mais alta no início da noite,seguida de uma queda posterior e um novopico ao amanhecer (Figura 1), esse padrão ésimilar ao encontrado por Vieira &Baumgarten (1995). Podemos tambémnotar um padrão diferente para C. laticepsque tem sua atividade concentrada nasprimeiras horas do dia, enquanto que O. gr.subflavus e T. apereides tem umadistribuição mais homogênea durante toda anoite.

Para B. lasiurus foi feita uma análisecom o intuito de buscar uma diferençaquanto ao sexo. Essa relação mostrou havero mesmo padrão bimodal para os machos,porem as fêmeas apresentam um padrãodecrescente com relação ao tempo (Figura2), porem esse não se mostrou conclusivo,podendo ser devido ao baixo numero deamostras.

Esses padrões de atividade poderiaser explicado pelas característicasfisiológicas das espécies já que esse grupose desloca pelo solo sendo protegido peloestrato herbáceo, e assim não seria tãoinfluenciados por fatores ambientais como aclaridade da lua ou ventos.

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Vieira, Emerson M. 1999. Smal mammalscommunities and fire in the BrazilianCerrado.J. Zool., Lond., 249:75-81.

Vieira, Marcus V. 1997. Dynamics of arodent assemblage in a Cerrado ofSoutheast Brazil. Rev. Brasil. Biol.,57(1):99-107.

0

2

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Bolomys lasiurusClyomys laticepsMARSUPIAL ÑIMonodelphis domesticaOryzomys gr. subflavusThrichomys apereoidesThylamis sp.

Figura 1: Padrão de atividade de pequenos mamíferos do PESCAN-GO em uma área decerrado sensu stricto. Agosto de 2003.

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18 às 20 20 às 22 22 às 00 00 às 02 02 às 04 04 às 06

Classes horárias

Freq

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MachoFêmea

Figura 2: Padrão de atividade de Bolomys lasiurus no PESCAN-GO em uma área de cerradosensu stricto. Agosto de 2003.

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Predação de sementes de Senna rugosa no Parque Estadual da Serra deCaldas Novas-GO

Paulina de Araujo RibeiroIntroduçãoA predação é uma interação ecológica naqual um organismo vivo é consumido emparte ou por inteiro, e nem sempre istoocasiona sua morte. Os predadores podemser desde insetos até roedores, que utilizamas sementes e frutos. Um fruto ou sementepode ser predado antes ou após suadispersão a partir da planta-mãe (Brodt &Voltolini, 2000).

Predação, competição,disponibilidade de recursos e fatoresabióticos são fatores que regulam aestrutura das comunidades e de suaspopulações. As interações de organismosenvolvem processos de seleção natural e,conseqüentemente a evolução dacomunidade (Begon et al., 1990). Daquantidade de sementes produzidas duranteo ciclo de vida de uma planta, apenas umapequena proporção sobrevive até oestabelecimento ao estágio adulto, emvirtude da grande maioria sucumbir apredadores e/ou patógenos antes dagerminação ou no estágio de plântula(Shepherd & Chapman, 1998).

A espécie Senna rugosa pertence àfamília Leguminosae: Caesalpinioideae(Ribeiro et al., 1999). Essa espécie éconhecida como amarelinho e unha-de-boi.Arbusto de campo úmido e cerrado, bemvistos quando em flor. Sua floração ocorreem março e abril, com flores amarelo-ouro.Os frutos são do tipo vagem, de coloraçãopreta. A distribuição ocorre nos estados daBA, DF, GO, MG, MS, MT e SP (Proençaet al., 2000).

O presente trabalho teve comoobjetivo, verificar a predação de sementesde frutos de S. rugosa em fase de pré-dispersão.

Material e Métodos O trabalho foi realizado no mês de agostode 2003 no Parque Estadual da Serra deCaldas Novas (PESCAN-GO), situado na

região sudeste do Estado de Goiás,localizado a nordeste da Cidade de CaldasNovas e a noroeste da cidade de RioQuente. A coleta foi efetuada numa áreacaracterizada por um cerrado sensu stricto.Foram coletados frutos em pré-dispersão de10 indivíduos adultos de S. rugosa. Emcada indivíduo foi coletado 30 frutos. Emlaboratório foram abertos todos os frutos etomadas as seguintes variáveis: tamanho dofruto, quantidade de sementes viáveis,predadas e abortadas (todos os lóculos semsementes), assim como o número total desementes. Também foram observadas eseparadas fases de larvas, pupas e adultosde insetos encontrados no interior dosfrutos, predando as sementes. Para análisedos dados foi utilizado o programa Systat7.0, assim como o BioEstat 2.0 paracalcular o Índice de correlação de Pearson.

Resultados e DiscussãoForam coletados em 10 indivíduos de S.rugosa 300 frutos em fase de pré-dispersão.O número total de sementes foi de 17.779,com uma média de 59,26 (± 0.84) sementespor fruto. O número de sementes por frutoapresentou uma correlação significativacom o tamanho do fruto (r= 0.65; p < 0,001– Figura 1). A porcentagem média desementes viáveis foi de 19,30, de sementespredadas foi de 5,30 e de abortadas foi de75,40 por fruto. A quantidade de sementespredadas não foi significante quandocomparada com a quantidade de sementesviáveis e conseqüentemente das abortadas(Figura 2). O tamanho médio dos frutos foide 8,65 cm (± 2.18).

De acordo com análise dos dadospode-se constatar que não houve diferençasignificativa entre o número de indivíduos eo tamanho dos frutos (Figura 3), ou seja,não houve variação dentro da espécie, emrelação ao tamanho do fruto de cadaindivíduo estudado. Não houve diferençasignificativa entre o número de sementes

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por fruto e o número de sementes predadas,o que sugere que a planta, provavelmenteinveste no aumento do número de sementespor fruto.

Foram observadas duasmorfoespécies de larvas de Lepidoptera,prováveis predadores de frutos de S.rugosa, uma vez que foram encontradas nointerior dos frutos predando as sementes.Foi encontrada também duas morfoespéciede pupas, além de uma morfoespécie deColeoptera. Conseqüentemente, essas foramencontradas em frutos que apresentarammaior número de sementes predadas.

O número total de predadores foi de112, sendo 54 larvas da morfoespécie 1, 14larvas da morfoespécie 2, 19 pupas damorfoespécie 1 e 25 pupas da morfoespécie2. A morfoespécie 1 foi considerada comopredadora em potencial, em virtude de terapresentado o maior número de larvaspredando os frutos.

A predação pode influenciar aorganização de uma comunidade, podendorestringir a distribuição e a abundância deuma população (Janzen, 1970). A espécie S.rugosa, provavelmente investe na produçãode sementes, mesmo apresentando umagrande quantidade de lóculos vazios, pois onúmero de sementes predadas por fruto nãofoi significativo, quando observado oindivíduo como um todo.

Para evitar a predação, algumasplantas apresentam defesas mecânicas comofrutos com espinhos, químicas comocompostos secundários na polpa e sementeou ainda, desenvolvem ritmos defrutificação especiais como uma defesacontra o predador. A "Saciação doPredador" sugere que através de uma superprodução de sementes em apenas umadeterminada época do ano, da qual algunspredadores se alimentam; por mais queestes organismos se alimentem, aindarestará sementes deste ataque para umafutura dispersão e, conseqüentemente,propagação da espécie (Brodt & Voltolini,2000).

Conclusão

A espécie S. rugosa apresentou umaporcentagem de sementes abortadas maiorque a porcentagem de sementes viáveis epredadas. O que sugere que essa espéciepode investir na produção de sementes e aomesmo tempo diminuindo seu esforçoreprodutivo, deixando muitos lóculosvazios.

AgradecimentosAos Professores Dr° John Hay e JaderMarinho-Filho pela orientação do projeto;Ao Professor Dr° Flávio pela identificaçãodos insetos; A Ernestino Guarino pela ajudana coleta e análise dos dados; A MariaAlice pela ajuda na coleta, na identificaçãodos insetos e sugestão no direcionamentodo trabalho; A Clarissa pela coleta dosdados; A Emanuele pela valiosa ajuda noprocessamento dos frutos; A Ana Paulapela ajuda na análise dos dados; e A todosos companheiros de curso pela convivência.

Referências Bibliográficas

BEGON, H.T. 1990. Ecology: Individuals,populations and comunities. Ed. 2.Blackwell Scientific Publications. USA.

BRODT, S. S., VOLTOLINI, J. C. 2000.Uma introdução à ecologia evolutiva dapredação sementes. ENCONTRO DEINICIAÇÃO CIENTÍFICA, 5.Resumos...

PROENÇA, C., OLIVEIRA, R.S. &SILVA, A.P. 2000. Flores e frutos docerrado = Flowers and fruits of thecerrado. Ed. Universidade de Brasília.26p.

RIBEIRO, J.E.L.S.; HOPKINS, M.J.;VICENTINI, A.; SOTHERS, C.A.;COSTA, M.A.S.; BRITO, J.M.;SOUZA, M.A.D.; MARTINS, L.H.P.;LOHMAN, L.G.; ASSUNÇÃO,P.A.C.L.; PEREIRA, E.C.; SILVA, C.F.;MESQUITA, M.R. & PROCÓPIO, L.C.1999. Flora da Reserva Ducke. Guia deidentificação das plantas vasculares de

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uma floresta de terra firme na AmazôniaCentral. Manaus: INPA, 816p.

SHEPHERD, V. E. & CHAPMAN, C. A.1998. Dung beetles as secondary seed

dispersers: impact on seed predation andgermination. Journal of TropicalEcology 14: 199-215.

Figura 1 - Relação entre comprimento do fruto e o número de sementes em frutos de Sennarugosa no Parque Estadual da Serra de Caldas Novas (PESCAN).

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Figura 2. Porcentagem de sementes viáveis, predadas e abortadas nos 300 indivíduosobservados

Figura 3. Relação entre o número de indivíduos e o tamanho dos frutos

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11Indivíduos

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Estudo da Comunidade de Pequenos Mamíferos do Parque Estadual daSerra de Caldas Novas – PESCAN – GO.

Raquel Ribeiro

Introdução.Estudos de comunidades de pequenosmamíferos brasileiros têm sido cada vezmais freqüentes nas últimas décadas. Taisestudos vêm sendo realizados nosecossistemas mais representativos do Brasilcomo nas Florestas Atlântica e Amazônica,na Caatinga e no Cerrado (Talamoni &Dias).

Atualmente, a fauna de mamíferosdo Cerrado abriga 194 espécies,pertencentes a 30 famílias e 9 ordens,fazendo deste bioma, o terceiro mais ricoem espécies do Brasil, depois da Amazôniae da Floresta Atlântica e seguida pelaCaatinga e Pantanal (Marinho-Filho et.al.,2002). Os maiores grupos são os morcegose roedores, representados por 81 e 51espécies, respectivamente. Em geral estafauna é composta por animais de pequenoporte, com peso corporal menor que 5Kg,como roedores, alguns marsupiais emorcegos (Marinho-Filho et.al., 2002).

O Cerrado é o segundo maior biomado Brasil e da América do Sul, cobrindocerca de 2 milhões de Km2 nos Estados doPará, Maranhão, Tocantins, Goiás, Bahia,Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grossodo Sul, Roraima e no Distrito Federal, alémde enclaves na região Amazônica, naCaatinga e Mata Atlântica (Marinho-Filhoet.al., 1998).

A vegetação típica do Cerradoconsiste em uma estrutura bastantediversificada (Oliveira-Filho & Ratter,2002). Segundo Alho (1981), acomplexidade do bioma Cerrado, exerceinfluência direta sobre a densidade daspopulações de pequenos mamíferos. Dentreas diferentes fitofisionomias do Cerrado,aquela que abriga a maior densidade depequenos mamíferos é a mata de galeria,seguida pelo campo úmido, cerrado ecerradão.

O objetivo deste trabalho écaracterizar a comunidade de pequenosmamíferos de uma área de cerrado sensustrictu, localizada no Parque Estadual daSerra de Caldas Novas (PESCAN) – GO.

Material e MétodosO estudo foi realizado entre os dias 10 e 16de outubro de 2003 no Parque Estadual daSerra de Caldas Novas, localizado entre osmunicípios de Caldas Novas e Rio Quente,no Estado de Goiás.

Foram escolhidas duas áreasdistantes de 1Km, cuja vegetação típica é ade cerrado sensu strictu. Em cada áreaforam traçados oito transectos dispostosparalelamente e distantes 10m uns dosoutros. Em cada transecto foramestabelecidas doze estações de captura, nasquais foram colocadas armadilhas do tipoShermann, iscadas com uma mistura depaçoca, sardinha em lata, fubá e óleovegetal. As armadilhas foram iscadas todosos dias no crepúsculo e vistoriadas a cadaamanhecer.

Os indivíduos capturados foramidentificados, pesados, medidos, marcadoscom violeta de gensiana e liberados no localde captura.

A diversidade das espéciesencontradas no local foi calculada por meiodo índice de Shannon.

Resultados e DiscussãoForam capturados 38 indivíduospertencentes a sete espécies (Tabela 1). Oesforço total de captura foi de 10856armadilhas / noite e o sucesso de captura foide 3,60% (Nº total de capturas / Nº total dearmadilhas/noite), aproximando-se doencontrado em outros estudos sobre a faunade pequenos mamíferos do Cerrado (Vieira,1997).

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A espécie mais abundante nas áreasestudadas foi Bolomys lasiurus (n = 18),seguida por Calomis sp. (n = 4) e Clyomyslaticeps (n = 4) (Figura 1), diferentementede estudos realizados na mesma área no anoanterior, que demonstraram umapredominância de Calomys sp.(Lopes,2002). Tais diferenças podem serexplicadas pelo fato desta espéciedemonstrar associação com áreasqueimadas, e uma das áreas estudadassofrera uma queimada no ano de 2002. Emseus estudos, Henriques et.al (2000)encontrou que Calomys callosus, C. tener eOryzomys subflavus mostraram um declínioapós a passagem do fogo. Em contrapartida,a população de C. callosus que inicialmenteapresentara um declínio, aumentouconsideravelmente a sua densidade após apassagem do fogo, indicando que após umaqueimada existe um aumento na densidadepopulacional desta espécie.

O índice de Shannon calculado (H´=0,73), apresenta uma baixa diversidadelocal, o que talvez possa ser explicado pelaalteração da vegetação da área de estudo.Alho (1981) apresentou nos resultados doestudo de uma população de pequenosmamíferos do Cerrado, índices dediversidade semelhantes ao encontrado.

Conclusão

O presente estudo teve comoobjetivo analisar a fauna de pequenosmamíferos do Parque Estadual da Serra deCaldas Novas – GO. As áreas estudadasdemonstraram uma densidade maior deC.callosus, corroborando a hipótese jáapresentada por outros autores, de que estaespécie tem sua densidade populacionalaumentada após a passagem do fogo. Asdemais espécies de roedores e marsupiaisencontradas são espécies típicas doCerrado. O estudo a respeito dacomunidade de pequenos mamíferos doPESCAN será complementado com umperíodo posterior de coleta que terá aduração de um ano.

Referências

Alho, C.J.R. 1981. Small mammalpopulations of Brazilian Cerrado: Thedependence of abundance and diversityon habitat complexity. Rev.Brasil. Biol.,41 (1):223-230.

Henriques, R.P.B., Bizeril, M.X.A. &Palma, A.R.T. 2000. Changes in smallmammal populations after fire in a patchof unburned Cerrado in Central Brazil.Mammalia, t.64, nº 2,: 173 – 185.

Marinho-Filho, J., Rodrigues, F. &Guimarães, M. (eds). 1998. Vertebradosda Estação Ecológica de ÁguasEmendadas. História Natural e Ecologiaem um fragmento de cerrado do BrasilCentral. SEMA/GDF. 92pp.

Marinho-Filho, J., Rodrigues, F.H.G. &Juarez, K.M. 2002. The CerradoMammals: Diversity, Ecology, andNatural History. In: Oliveira, P.S. &Marquis, R.J. The Cerrados of Brazil.Ecology and Natural History of aNeotropical Savanna. ColumbiaUniversity Press. New York. 399pp.

Oliveira-Filho, A.T. & Ratter, J.A. 2002.Vegetation Physiognomies and woodyflora of the Cerrado Biome. . In:Oliveira, P.S. & Marquis, R.J. TheCerrados of Brazil. Ecology and NaturalHistory of a Neotropical Savanna.Columbia University Press. New York.399pp.

Talamoni, S.A. & Dias, M.M. 1999.Population and community ecology ofsmall mammals in Southeastern Brazil.Mammalia, t.63, nº2: 197 – 181.

Vieira, M. 1997. Dynamics of a rodentassemblage in a Cerrado of SoutheastBrazil. Rev.Brasil. Biol.,57 (1): 99 –107.

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Tabela 1. Espécies de pequenos mamíferos encontradas em duas áreas de Cerrado sensustrictu no Parque Estadual da Serra de Caldas Novas – GO, 2003. Família EspécieMuridae Oryzomys subflavusMuridae Bolomys lasiurusMuridae Calomys sp.Echimyidae Clyomys laticepsEchimyidae Thricomys apereoidesDidelphidae Thylamys sp.Dodelphidae Monodelphis domestica

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Calomys sp.

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Oryzomys subflavus

Thrichomys apereoides

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Espécies

Figura 1. Histograma de barras do número de indivíduos por espécie capturados no ParqueEstadual da Serra de Caldas Novas - GO, no período de 10 a 16/08 de 2003.