UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 ›...

96
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN AS RELAÇÕES PÚBLICAS COMO FACILITADORA DA COMUNICAÇÃO ENTRE A IGREJA CATÓLICA E O PÚBLICO JOVEM: UM ESTUDO DE CASO DO PROGRAMA FÉ E CAFÉ DA PARÓQUIA SANTA TERESA DE CAXIAS DO SUL- RS. CAXIAS DO SUL 2014

Transcript of UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 ›...

Page 1: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

LUIZA VENTURA BEDIN

AS RELAÇÕES PÚBLICAS COMO FACILITADORA DA COMUNICAÇÃO ENTRE A IGREJA CATÓLICA E O PÚBLICO JOVEM: UM ESTUDO DE CASO DO PROGRAMA

FÉ E CAFÉ DA PARÓQUIA SANTA TERESA DE CAXIAS DO SUL- RS.

CAXIAS DO SUL 2014

Page 2: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

2

LUIZA VENTURA BEDIN

AS RELAÇÕES PÚBLICAS COMO FACILITADORA DA COMUNICAÇÃO ENTRE A IGREJA CATÓLICA E O PÚBLICO JOVEM: UM ESTUDO DE CASO DO PROGRAMA

FÉ E CAFÉ DA PARÓQUIA SANTA TERESA DE CAXIAS DO SUL- RS.

Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social Habilitação em Relações Públicas da Universidade de Caxias do Sul para obtenção de grau de Bacharel em Comunicação Social Habilitação em Relações Públicas. Orientador: Prof. Zildomar Oliveira de Souza

CAXIAS DO SUL

2014

Page 3: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

3

LUIZA VENTURA BEDIN

AS RELAÇÕES PÚBLICAS COMO FACILITADORAS DA COMUNICAÇÃO DA

IGREJA CATÓLICA COM O PÚBLICO JOVEM: UM ESTUDO DE CASO DO PROGRAMA FÉ E CAFÉ DA PARÓQUIA SANTA TERESA DE CAXIAS DO SUL

Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas, da Universidade de Caxias do Sul, para obtenção do grau de Bacharel.

Aprovado(a) em: ___/___/2014 Banca Examinadora _____________________________________ Prof. Me. Zildomar Oliveira de Souza - Orientador Universidade de Caxias do Sul – UCS _____________________________________ Prof.ª. Ma. Lirian Maria Meneguel Universidade de Caxias do Sul – UCS _____________________________________ Prof. Me. Jacob Raul Hoffmann Universidade de Caxias do Sul – UCS

Page 4: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

4

Dedico esse trabalho ao meu pai, Paulo Luiz Bedin, por acreditar no meu potencial e ter permitido a realização desse sonho.

Page 5: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, fonte de toda a vida e criador de todas as

coisas, pela força concedida a mim durante toda a elaboração desse trabalho e pela fé,

que me motivou e me permitiu acreditar na realização desse sonho.

Ao meu pai, Paulo Luiz Bedin, por acreditar nas minhas escolhas, apoiando-me e

esforçando-se para que eu pudesse chegar até aqui.

A minha mãe, Verônica Ventura Bedin, que hoje não pode compartilhar esse

momento comigo, mas de onde quer que ela esteja me apoiou e me motivou para que

eu pudesse chegar até aqui.

Ao meu noivo e Relações Públicas, Vinicius Dieter, por estar ao meu lado em

cada momento da minha graduação, em especial na elaboração desse trabalho. Por ter

sido meu consolo nos momentos de angustia, motivação nos momentos de desânimo e

por me auxiliar através dos seus conhecimentos na área.

Ao Padre Leomar Brustolin, pároco da Paróquia Santa Teresa, de Caxias do Sul,

por permitir que o meu estudo fosse realizado com o programa Fé e Café, dando-me a

liberdade para desenvolver as pesquisas.

Ao professor Zildomar Oliveira de Souza, pela dedicação em suas orientações

prestadas na elaboração desse trabalho, me incentivando e colaborando para o

desenvolvimento das minhas ideias.

Page 6: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

6

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo principal verificar de que forma as Relações Públicas podem contribuir para facilitar a comunicação da Igreja Católica com o público jovem, e com isso, identificar as principais atividades exercidas pelo profissional, que podem ser executadas na comunicação eclesial. As metodologias utilizadas no decorrer do trabalho foram: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental junto aos principais documentos da Igreja em relação à comunicação, e para complementar, o estudo de caso do Programa Fé e Café, da Paróquia Santa Teresa, de Caxias do Sul, com coleta de dados junto aos participantes do Programa, através das técnicas de entrevistas em profundidade e pesquisa de opinião. Foi realizada uma análise entre as teorias estudadas na área das Relações Públicas e na área da comunicação na Igreja Católica, respondendo a questão norteadora dessa pesquisa. As conclusões alcançadas tornam esse trabalho científico, fonte de pesquisa para interessados no tema, além de proporcionar aos acadêmicos dos cursos de Comunicação Social, assim como aos profissionais da área, conhecimento sobre o assunto.

Palavras-chaves: Comunicação Social. Igreja Católica. Relações Públicas. Fé e Café.

Page 7: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

7

ABSTRACT

This work has for objective to verify how public relations can contribute to facilitate communication of the Catholic Church with the young audience, and with it, identify the main activities carried out by the professional, that can be performed on Church communication. The methodologies used in the course of the study were: bibliographical research, desk research along the main documents of the Church in relation to communication, and to complement, the case study of Faith and coffee Program, Santa Teresa parish, Caxias do Sul, with data collection among the participants of the program, through the techniques of in-depth interviews and opinion survey. An analysis was carried out between the theories studied in the area of public relations and in the area of communication in the Catholic Church, responding to the question of this research guiding. The findings make this scientific work, research source for interested in the subject, in addition to providing scholars of Media, as well as to professionals, knowledge about the subject. Keywords: Media. The Roman Catholic Church. Public Relations. Faith and Coffee.

Page 8: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

8

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Logomarca Fé e Café...................................................................................73

FIGURA 2: Canecas Personalizadas..............................................................................74

FIGURA 3: Almofadas Personalizadas...........................................................................74

FIGURA 4: Puffs..............................................................................................................75

FIGURA 5: Tatames........................................................................................................75

FIGURA 6: Apresentadores.............................................................................................76

FIGURA 7: Banda............................................................................................................80

FIGURA 8: Vídeo.............................................................................................................81

FIGURA 9: Fan Page do Fé e Café.................................................................................83

Page 9: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

9

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: Número de edições participantes...............................................................60

GRÁFICO 2: Sexo...........................................................................................................64

GRÁFICO 3: Faixa Etária................................................................................................65

GRÁFICO 4: Estado Civil................................................................................................65

GRÁFICO 5: Escolaridade..............................................................................................66

GRÁFICO 6: Religião......................................................................................................67

GRÁFICO 7: Participa de Paróquia ou Comunidade......................................................67

GRÁFICO 8: Outras Paróquias ou Comunidades...........................................................68

GRÁFICO 9: Eficácia da Comunicação do Fé e Café.....................................................70

GRÁFICO 10: Outros Motivos da Eficácia da Comunicação do Fé e Café.....................71

GRÁFICO 11: Estrutura Física........................................................................................73

GRÁFICO 12: Conteúdos Abordados.............................................................................77

GRÁFICO 13: Periodicidade...........................................................................................77

GRÁFICO 14: Música Ao Vivo........................................................................................78

GRÁFICO 15: Vídeo.......................................................................................................79

GRÁFICO 16: Espaço para Perguntas............................................................................79

GRÁFICO 17: Abordagem dos Temas............................................................................80

GRÁFICO 18: Divulgação do Programa..........................................................................82

GRÁFICO 19: Temática que mais gostou.......................................................................84

Page 10: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

10

LISTA DE SIGLAS

ABRP Associação Brasileira de Relações Públicas

CNBB Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

JAC Juventude Agrária Católica

JEC Juventude Estudantil Católica

JIC Juventude Independente Católica

JOC Juventude Operária Católica

JUC Juventude Universitária Católica

PASCOM Pastoral da Comunicação

PJ Pastoral Orgânica da Juventude

PJMP Pastoral da Juventude do Meio Popular

PJR Pastoral da Juventude Rural

RP Relações Públicas

UCS Universidade de Caxias do Sul

Page 11: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................13

2 RELAÇÕES PÚBLICAS..............................................................................................17

2.1 CONCEITO................................................................................................................17

2.1.1 Breve Histórico.....................................................................................................18

2.2 OBJETIVOS/ FUNÇÕES...........................................................................................20

2.2.1 Função Administrativa ........................................................................................21

2.2.2 Função Estratégica .............................................................................................22

2.2.3 Função Mediadora ...............................................................................................23

2.2.4 Função Política ....................................................................................................24

2.3 PÚBLICOS................................................................................................................25

2.3.1 Tipologia de públicos .........................................................................................25

2.3.2 Público Jovem religioso ....................................................................................28

2.4 INSTRUMENTOS DE COMUNICAÇÃO DIRIGIDA E MASSIVA..............................29

2.4.1 Eventos.................................................................................................................30

3 COMUNICAÇÃO SOCIAL NA IGREJA.......................................................................32

3.1 IGREJA CATÓLICA...................................................................................................32

3.1.1 A comunicação na Igreja ....................................................................................34

3.1.2 Evolução da comunicação eclesial....................................................................35

3.1.3 A comunicação na Igreja hoje.............................................................................40

3.1.4 A comunicação paroquial....................................................................................43

3.2 DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES....................................................................45

3.2.1 O processo de instituição do Dia........................................................................45

3.3 A IGREJA E O JOVEM..............................................................................................46

3.3.1 Um panorama geral da juventude na Igreja ......................................................47

3.3.2 A comunicação da Igreja com o jovem..............................................................49

4 METODOLOGIA..........................................................................................................53

4.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA....................................................................................54

Page 12: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

12

4.2 PESQUISA DOCUMENTAL......................................................................................54

4.3 ESTUDO DE CASO..................................................................................................55

4.3.1 Entrevista em profundidade................................................................................56

4.3.2 Pesquisa de opinião.............................................................................................56

4.3.3 Estudo de caso.....................................................................................................57

4.3.3.1 Paróquia Santa Teresa: Breve Histórico.............................................................58

4.4 OBJETO DE ESTUDO: PROGRAMA FÉ E CAFÉ....................................................59

4.4.1 Pesquisa de campo..............................................................................................59

4.4.1.1 Pesquisa de Opinião...........................................................................................59

4.4.1.2 Entrevista em Profundidade................................................................................60

4.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................................................62

4.5.1 Dados básicos......................................................................................................62

4.5.2 Surgimento da ideia.............................................................................................63

4.5.3 Público alvo..........................................................................................................63

4.5.4 Objetivo do programa..........................................................................................69

4.5.5 Formatação...........................................................................................................71

4.5.6 Comunicação........................................................................................................81

4.5.7 Temas já abordados.............................................................................................83

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................86

REFERÊNCIAS...............................................................................................................90

APÊNDICE A..................................................................................................................93

APÊNCIDE B..................................................................................................................95

APÊNDICE C..................................................................................................................96

Page 13: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

13

1 INTRODUÇÃO

O campo de atuação do profissional de Relações Públicas já foi mais estreito.

Tradicionalmente, a área era centralizada no âmbito empresarial e governamental,

sendo restrita a esses segmentos, entretanto nas últimas décadas o panorama mudou.

(KUNSCH 2003). Diante disso, pode-se dizer que as Relações Públicas tem capacidade

para trabalhar e exercer o seu papel em qualquer tipo de instituição, inclusive na Igreja

Católica, e que todas as organizações, de uma forma ou outra, necessitam de um

profissional que gerencie e que administre sua comunicação organizacional, cuidando

do relacionamento da empresa ou instituição com o seu público-alvo.

Falar das Relações Públicas na Igreja Católica é propor um novo olhar da

comunicação da Igreja com os seus fiéis. Kater Filho (1999, p. 12) destaca “[...] que a

prática da religião católica está se reduzindo a mero ritualismo sacramental simbólico,

ou seja, não há uma busca pelo relacionamento entre clero e leigos, mas simplesmente

há prática de rituais cotidianos”. O resgate do princípio fundamental do cristianismo,

que é o relacionamento humano e a comunhão entre a Igreja, está relacionado

diretamente com a comunicação. A instrução pastoral Communio et progressio, escrito

pelo magistério da Igreja afirma que o termo ideal para toda a comunicação é a

comunhão e exemplifica isso através da vida de Jesus Cristo (DARIVA, 2003). Segundo

a mesma autora (2003, p. 141),

Jesus Cristo, o “comunicador perfeito”, no qual o Verbo encarnado fez-se semelhante àqueles que haviam de receber a sua mensagem, mensagem que comunicava com as palavras e com a vida. Não falava como que “de fora”, mas “de dentro”, a partir do seu povo. [...] adaptava-se à sua linguagem e mentalidade, encarnado, como estava.

Assim, pelas afirmações de Dariva (2003), é possível relacionar a figura de Jesus

Cristo com as Relações Públicas. Complementando, Kunsch (2003, p. 95) afirma que

“os profissionais identificam os públicos, suas reações, percepções e pensam em

estratégias comunicacionais de relacionamentos de acordo com as demandas sociais e

o ambiente organizacional.”

Page 14: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

14

A comunicação da Igreja Católica necessita de um profissional que pense,

estude e desenvolva a interação entre ela e os públicos. Tornar a mensagem, o anúncio

do evangelho compreensível a todas as pessoas é papel da comunicação e desejo da

Igreja. O decreto Inter Mirífica – documento conciliar publicado em 4 de dezembro de

1963, que se ocupa dos meios de comunicação social, sua importância na vida

moderna e dos direitos perante eles, dos fiéis e pastores afirma que, “[...] se a Igreja

deve comunicar sempre a sua mensagem, de um modo adaptado a cada época, às

culturas das nações e aos vários povos, ela deve fazê-lo especialmente, hoje, na e pela

cultura dos novos mass media” (DARIVA, 2009, p. 192).

Dentro dessa perspectiva, as Relações Públicas possuem todas as ferramentas

necessárias para promover a aproximação da Igreja com seus fiéis, em vista que, de

acordo com Kunsch (2003), uma das atividades dos profissionais de Relações Públicas

é a de identificar os públicos podendo mapear as necessidades e as buscas específicas

de cada realidade, criando estratégias que facilitem essa comunicação. Além disso,

com o avanço tecnológico, a Igreja deve-se utilizar dos meios mais atuais para

promover o que deseja e para engajar-se à comunidade. Estar presente nos mass

media é de suma importância para que ocorra a aproximação da Palavra de Deus com

o público jovem em todos os cantos do mundo. O alerta de João Paulo II confirma:

Portanto, no nosso tempo é necessário que a Igreja se empenhe de maneira ativa e criativa nos mass media. Os católicos não deveriam ter medo de abrir as portas da comunicação social a Cristo, de tal forma que a sua Boa-Nova possa ser ouvida sobre os telhados do mundo. (PUNTEL, 2012, p.19)

No entanto, o grande desafio não está em saber como usar bem as tecnologias,

mas sim como viver bem no meio delas (SPADARO, 2012). Num contexto de

modernidade líquida, em que todos os relacionamentos têm se tornados passageiros e

fácies de romper, esta é a missão da Igreja. Por regra, ainda há fiéis que acreditam que

as redes e a religião católica estejam em caminhos opostos, não sendo possível uni-los.

Em contraponto, onde o homem está, ali a Igreja deve estar, pois antes de tudo, a fé é

chamada a se exprimir não somente por vontade de presença, mas por uma busca

natural do cristianismo com a vida de todo o ser humano (SPADARO, 2012).

Tanto pelas observações que a convivência dessa autora tem permitido, quanto

pelas observações de autores que escrevem sobre a igreja católica, chegar até o

Page 15: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

15

público jovem é um grande desafio para a Igreja, visto que a sua imagem perante eles

foi construída ao longo dos anos como sendo algo para pessoas idosas, e não para a

sua geração. Dessa forma, parece ficar evidente que se faz necessário uma

ressignificação da imagem da Igreja Católica para que se rompa a antiga concepção.

Ora, se gerenciar a imagem das organizações é papel das Relações Públicas, visto que

eles são os profissionais academicamente preparados para lidar com a construção da

boa imagem (GRUNIG, FERRARI, FRANÇA, 2011), conclui-se que esse profissional de

comunicação certamente saberá trabalhar a imagem da Igreja.

Percebe-se, porém, que a Igreja tem buscado aproximar-se desse público através

das novas tecnologias, bem como da produção de eventos como a Jornada Mundial da

Juventude, que desde 1986 é vivida pelos jovens católicos de todo o mundo. Mas,

acredita-se que é possível evoluir na comunicação com esse público, ultrapassando as

barreiras geradas pela história e buscando novas formas de comunicar e engajar a

juventude na Igreja, em especial, trabalhar com mais ênfase a comunicação regional e

local.

A partir das argumentações apresentadas, esse trabalho busca responder a

seguinte questão: de que forma as Relações Públicas podem contribuir para facilitar a

comunicação da Igreja Católica com o público jovem? Para essa questão foram

desenvolvidas duas hipóteses:

H1 – As Relações Públicas possuem habilidades e competências para gerenciar

a comunicação entre a Igreja Católica – Paróquia Santa Teresa – e o público jovem;

H2 – A comunicação social na Igreja Católica tem se tornado fator fundamental

para a sua aproximação com o público jovem;

A presente pesquisa tem como objetivo geral: verificar de que forma as Relações

Públicas podem ser facilitadoras da comunicação da Igreja Católica e o público jovem.

Para alcançar esse objetivo, propõem-se três objetivos específicos: conceituar as

Relações Públicas e o público jovem; Levantar o histórico da comunicação social na

Igreja Católica; Apresentar o estudo de caso do programa Fé e Café, desenvolvido pela

Paróquia Santa Teresa, de Caxias do Sul.

Para responder a questão norteadora desta pesquisa, buscou-se no capítulo 2

apresentar o embasamento teórico das Relações Públicas, conceituando-a e

Page 16: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

16

destacando as funções pertinentes a ela, os públicos e identificando os instrumentos de

comunicação utilizados pelas Relações Públicas para atingir seus objetivos.

O capítulo 3 aborda exclusivamente a comunicação social na Igreja Católica,

apresentando, também de forma breve, o histórico da comunicação na Igreja através do

estudo dos documentos fundamentais relacionados à comunicação. Ainda nesse

capítulo é apresentada a forma com que a Igreja tem utilizado a comunicação hoje e

quais estratégias tem aplicado para se relacionar com o público jovem.

O capítulo 4 apresenta a metodologia e as técnicas utilizadas para o

desenvolvimento desse trabalho, descreve o estudo de caso do Programa Fé e Café,

da Paróquia Santa Teresa, de Caxias do Sul, mostrando o resultado das pesquisas

quantitativa e qualitativa, aplicadas com os participantes do programa e as relaciona

com as teorias já estudadas através dos capítulos anteriores.

O último capítulo contém as considerações finais, apresentando a resposta da

questão norteadora, bem como a confirmação ou não das hipóteses desenvolvidas.

Page 17: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

17

2 RELAÇÕES PÚBLICAS

Neste capítulo serão abordadas algumas questões básicas da área de Relações

Públicas, como por exemplo, o seu conceito, um breve relato do histórico, bem como

instrumentos necessários para a atuação desse profissional nas organizações.

Entende-se que esse capítulo é de suma importância para o desenvolvimento dessa

pesquisa, pois embasa o trabalho do profissional de Relações Públicas, auxiliando na

resposta da questão norteadora deste trabalho. Serão utilizados autores conceituados

na área como Margarida Kunsch, Waldyr Gutierrez Fortes, James Grunig, Maria

Aparecida Ferrari, Fábio França e os autores norte-americanos Dan Lattimore, Otis

Baskin, Suzette T. Heiman e Elizabeth. L Toth.

2.1 CONCEITO

A definição que descreve hoje o que são as Relações Públicas foi construída ao

longo do tempo e é readaptada pela própria natureza da profissão, que necessita estar

em constante adaptação às necessidades da sociedade. Sendo assim, é um alvo

móvel para definições. (LATTIMORE, BASKIN, HEIMAN, TOTH, 2012).

A partir do que os autores acima descrevem, é difícil descrever uma única

definição para as Relações Públicas, já que a ela são dados inúmeros conceitos.

Segundo a Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP), a profissão de

Relações Públicas é definida como:

[...] o esforço deliberado, planificado, coeso e contínuo da alta administração, para estabelecer e manter uma compreensão mútua entre uma organização, pública ou privada, e seu pessoal, assim como entre essa organização e todos os grupos aos quais está ligada, direta ou indiretamente. (PINHO apud LACERDA, 2013, p. 27).

Lattimore, Baskin, Heiman e Toth (2012) destacam ainda que as Relações

Públicas “[...] são uma função de liderança e gestão que ajuda a atingir os objetivos,

definir a filosofia e facilitar a transformação da organização”.

Para Grunig, Ferrari e França (2011), as definições empregadas à atividade de

Relações Públicas são, normalmente, longas e complexas. Dessa forma, os autores

conceituam Relações Públicas de forma simples e objetiva dizendo que elas são “[...] a

Page 18: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

18

administração da comunicação entre uma organização e seus públicos” (GRUNIG e

HUNT, 1984, p. 6 apud GRUNIG, FERRARI E FRANÇA, 2011, p. 34).

Não há dúvidas de que os profissionais de Relações Públicas são responsáveis

por planejar e executar a comunicação das organizações para com seus públicos. Eles

são importantes negociadores por estarem envolvidos com os mais diversos públicos,

nas mais variadas situações. Eles devem trabalhar pelos interesses das organizações,

por isso se fala que a comunicação e a negociação são de fato a essência das

Relações Públicas (GRUNIG, FERRARI e FRANÇA, 2011).

Em suma, a definição do termo Relações Públicas demonstra que essa profissão

possui um papel estratégico nas organizações, auxiliando-as no alcance de seus

objetivos.

2.1.1 Breve Histórico

Um pouco antes do surgimento efetivo das Relações Públicas, por volta de

1885, a comunicação era utilizada para manipular a opinião pública ou apenas informar,

não havia conhecimento e nem interesse em criar relacionamentos com os públicos.

Era uma época em que os Sindicatos trabalhavam fortemente para combater longas

jornadas de trabalho e aumentar os salários dos trabalhadores. Sendo assim,

sindicalistas e patrões trabalhavam exaustivamente a opinião pública, para que esta

aderisse a suas causas, e, para isso, utilizavam diferentes fontes ideológicas ainda que

uma fosse contra a outra. (MOURA, 2008).

As Relações Públicas surgiram em uma época em que a opinião pública não

tinha relevância para os grandes empresários. Exemplo disso foi a declaração The

public be damned (O público que se dane) que Willian Vanderbilt, grande empresário

das estradas de ferro da época, fez para jornalistas de Chicago, quando questionado

sobre o interesse público na construção de um novo trem expresso de Nova Iorque e

Chicago (MOURA, 2008). A partir disso, em um processo quase natural, desencadeou-

se a necessidade de um profissional que soubesse trabalhar com a opinião pública e

que representasse as empresas diante dos públicos.

Page 19: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

19

Há autores, como Azevedo (1971), que acreditam que as Relações Públicas

surgiram muito antes do que se imagina. De acordo com a autora, na própria Bíblia, é

possível encontrar passagens em que grandes líderes, como Moisés, por exemplo,

conduziam grupos humanos, com técnicas que se aproximam de um moderno trabalho

de Relações Públicas. Moisés, que tem sua história relatada durante todo o livro do

Êxodo, conduziu o povo hebreu para a terra prometida, e foi porta-voz da comunicação

de Deus com o povo, sendo mediador dessa relação. A antiguidade da área de

Relações Públicas se confirma ao destacar-se a criação da Congregatio de Propaganda

– congregação para a propagação da fé - pela Igreja Católica, no século XVII, que

costuma ser apontada como um marco no desenvolvimento das Relações Públicas

(LATTIMORE, BASKIN, HEIMAN, TOTH, 2012).

Evidentemente, o termo Relações Públicas foi empregado pioneiramente pelo

jornalista americano Ivy Ledbetter Lee, por volta de 1906. Considerado o pai das

Relações Públicas, Lee abriu a terceira agência de publicidade dos Estados Unidos, e

foi ele que restituiu a imagem do empresário John Rockfeller, proprietário de grandes

empresas de carvão, após os maus tratos dado aos grevistas em uma de suas

empresas (LATTIMORE, BASKIN, HEIMAN, TOTH, 2012). A estratégia do jornalista foi

trabalhar a imagem do empresário através de ações de filantropia e benemerência, o

que notabilizou Rockefeller como grande filantropo diante da opinião pública. Foi Lee

que declarou a frase O público deve ser informado, e começou a disseminar o termo

Relações Públicas (MOURA, 2008).

A declaração de Lee não soou muito bem para os empresários da época, em

vista que ele pregava a transparência nas informações:

Esta não é uma agência secreta. Todo o nosso trabalho é feito as claras. Nosso objetivo é fornecer notícias. Esta não é uma agência de propaganda; se você achar que qualquer material nosso é seu por direito, não use. (...) Resumindo, nosso plano é, franca e abertamente, em nome de empresas e instituições públicas, fornecer à imprensa e ao público dos Estados Unidos informações imediatas e precisas sobre temas que tenha valor de interesse para ele. (MORSE, 1906, p.460 apud LATIMMORE, BASKIN, HEIMAN e TOTH, 2012, p. 41).

Marta D’Azevedo confirma ainda que (1971, p. 19) “[...] a prática das Relações

Públicas é quase tão velha quanto o próprio mundo [...]”, mas, em contraponto, afirma

que a descoberta de sua relevância para as organizações foi decorrente da

Page 20: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

20

industrialização, da agitação da vida moderna, e da concorrência cada vez mais

acirrada no mundo dos negócios, além do grande desenvolvimento dos meios de

comunicação.

Lattimore, Baskin, Heiman e Toth (2012) também acreditam que o processo

de criação das Relações Públicas se deu através da industrialização, porém os autores

relatam que esse processo iniciou ainda nos anos 1900, quando inúmeras empresas

americanas foram forçadas a se submeter a regras e regulamentações governamentais

cada vez mais rígidas, e com isso, recebiam críticas cada vez mais hostis por parte da

imprensa. Segundo os mesmos autores, a partir dessa situação as Relações Públicas

se tornaram amplamente aceitas em grandes empresas, com o intuito de se contrapor à

hostilidade e conquistando a simpatia do público.

No Brasil, segundo D’Azevedo (1971), as Relações Públicas surgiram por volta

de 1914, com a criação de um departamento de Relações Públicas na companhia de

energia elétrica The São Paulo Tramway Light and Power Co. Limited. O primeiro a

assumir o cargo foi o engenheiro Eduardo Pinheiro Lobo.

O desenvolvimento da profissão Relações Públicas cresceu verdadeiramente

após a Segunda Guerra Mundial. Nesse período pós-guerra surgiram inúmeras

agências de comunicação importantes nos Estados Unidos. Acredita-se que os 40 anos

entre 1960 e 2000 tenham sido a era da construção do desenvolvimento profissional

das Relações Públicas (LATTIMORE, BASKIN, HEIMAN, TOTH, 2012).

2.2 OBJETIVOS/ FUNÇÕES

As Relações Públicas surgiram com o objetivo de trabalhar a comunicação das

organizações através do relacionamento com os públicos de interesse dessas

organizações, para que consigam atingir seus propósitos. Inicialmente a profissão era

mais direcionada para o âmbito empresarial e governamental. Porém, percebe-se

atualmente que ela está ganhando espaço no mercado em decorrência de sua

transformação em uma profissão embasada em conhecimentos científicos, assumindo

funções gerenciais dentro das organizações e abandonando as funções meramente

técnicas da comunicação. Hoje elas podem atuar em uma ou várias empresas, sendo

Page 21: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

21

elas agências governamentais, associações profissionais e sindicatos, organizações

não governamentais, escolas, hotéis, universidades, etc. (GRUNIG, FERRARI,

FRANÇA, 2011). Kunsch (2003, p. 91) confirma essa afirmação ao observar que:

[...] com o fortalecimento da sociedade civil, a valorização do terceiro setor, o crescimento do número de organizações não-governamentais (ONGs), além da existência de inúmeras outras entidades com ou sem fins lucrativos, as possibilidades aumentaram muito.

Tomando por base as pontuações dos autores acima citados, podemos concluir

que as Relações Públicas podem atuar em qualquer campo, inclusive numa instituição

religiosa como a Igreja Católica.

Para estabelecer esse relacionamento da organização com seus públicos, as

Relações Públicas promovem e administram relacionamentos, mediam conflitos e

gerenciam a comunicação das organizações (KUNSCH, 2003). Segundo a autora

(2003, p. 95), as Relações Públicas enfatizam o lado institucional e corporativo das

organizações e:

- Identificam os públicos, suas reações, percepções e pensam em estratégicas comunicacionais de relacionamentos de acordo com as demandas sociais e o ambiente organizacional. - Supervisionam e coordenam programas de comunicação com públicos – grupos de pessoas que se auto organizam quando uma organização os afeta ou vice-versa. - Preveem e gerenciam conflitos e crises que porventura passam as organizações e podem despontar dentro de muitas categorias: empregados, consumidores, governos, sindicatos, grupos de pressão, etc.

Para atingir seus objetivos, as Relações Públicas se utilizam de técnicas

relacionadas às suas múltiplas funções, que se complementam para a realização de um

perfeito trabalho de Relações Públicas. Kunsch (2003) detecta as quatro funções

básicas da área, sendo elas a função administrativa, estratégica, mediadora e política.

2.2.1 Função Administrativa

Em sua função administrativa, as Relações Públicas buscam atingir toda a

organização, fazendo articulações necessárias para uma maior interação entre setores,

Page 22: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

22

grupos, subgrupos, etc. (KUNSCH, 2003). A mesma autora ainda define a função

administrativa da área com base nos estudos de Raymond Simon:

As relações públicas constituem a função administrativa que avalia as atitudes do público, identifica as políticas e os procedimentos de uma organização com o interesse público e executa um programa de ação e comunicação para obter a compreensão e aceitação do público (SIMON, 1994, p.18, apud KUNSCH, 2003, p. 101).

Através da afirmação acima se pode concluir que a partir da função

administrativa as Relações Públicas conseguem visualizar todo o processo de

comunicação.

2.2.2 Função Estratégica

Trabalhar as Relações Públicas de forma estratégica consiste em auxiliar as

organizações no seu posicionamento perante a sociedade, identificando quais são os

seus valores, qual é a sua missão e definindo uma identidade própria. Os profissionais

buscam desenvolver ações de comunicação entre a organização e seus públicos com o

objetivo de conquistar confiança, credibilidade e a valorização da dimensão social da

organização (KUNSCH, 2003).

Grunig, Ferrari e França (2011) reforçam a afirmação acima ao dizerem que a

forma das Relações Públicas contribuírem para a gestão estratégica se dá ao

construírem relacionamentos com públicos que influenciam ou que podem ser

influenciados pela organização.

Os estrategistas de Relações Públicas trabalham diretamente com a alta gestão,

identificando problemas e oportunidades de melhorar a comunicação e a imagem da

organização. Para encontrar as melhores estratégias de comunicação, prever e lidar

com a reação dos públicos e da opinião pública, os profissionais de Relações Públicas

devem trabalhar com pesquisa e planejamento (KUNSCH, 2003).

A questão da função estratégica de relações públicas está intrinsicamente ligada ao planejamento e à gestão estratégica da comunicação organizacional. O setor deve atuar em conjunto com outras áreas da comunicação, numa capitalização sinérgica dos objetivos e esforços globais da organização (KUNSCH, 2003, p. 104).

Page 23: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

23

De acordo com Lattimore, Baskin, Heiman e Toth (2012, p.122), “[...] o

planejamento faz as Relações Públicas passarem de uma atividade reativa a um

processo proativo”. Assim “[...] a contribuição das relações públicas, portanto, é

identificar o conjunto de problemas e soluções possíveis e trazê-lo para a arena da

gestão estratégica” (GRUNIG, FERRARI, FRANÇA, 2011, p. 80).

2.2.3 Função Mediadora

Essa função exercida pelas Relações Públicas está relacionada à promoção de

um diálogo com os diversos públicos de acordo com suas realidades. Ela ultrapassa os

limites da informação, atingindo o âmago da comunicação que é o comunicar,

estabelecer comunhão (KUNSCH, 2003). É aquela função exercida por Moises,

relatada por Azevedo (1971), descrita nesse trabalho no item 2.1.1, em que o profeta

bíblico foi porta-voz da comunicação entre Deus e o povo, mediando esse

relacionamento e criando comunhão entre eles.

O papel de mediadora da comunicação é uma atividade essencial para que as

Relações Públicas consigam mais do que informar seus públicos, possam interagir com

eles e estabelecer uma comunhão de ideias e de atitudes (ANDRADE, 1993, p.104

apud KUNSCH, 2003, p. 106). Este é o proposito da comunicação da Igreja Católica,

estabelecer comunhão: “A comunicação-comunhão tem sido o conceito mais aceito e

propagado pela Igreja Católica, sobretudo após o Concílio Vaticano II” (ZOLIN, 2010, p.

25).

Portanto, estabelecer uma comunicação que gere comunhão é possível através

da comunicação bidirecional, ou seja, o processo pelo qual a organização passa,

primeiramente pesquisando a respeito dos seus públicos e posteriormente se

manifestando a eles (KUNSCH, 2003). Grunig, Ferrari e França (2011) apresentam

quatro modelos de mediação da comunicação, são eles: modelo agência de

imprensa/divulgação, modelo de informação pública, modelo assimétrico de duas mãos

e modelo simétrico de duas mãos.

O primeiro modelo, imprensa/divulgação é baseado no proposito de obter

publicidade favorável para uma organização ou para indivíduos em uma mídia de

Page 24: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

24

massa. Aqui a ênfase está na divulgação propagandística da organização, dos produtos

e serviços oferecidos por ela. Nesse modelo, somente a organização sai ganhando

(GRUNING, FERRARI, FRANÇA, 2011).

O segundo modelo, de informação pública, é um modelo de mão única, que vê

as Relações Públicas como forma de disseminar informações através das mídias de

massa como a internet, ou meios dirigidos como informativos e folhetos. A comunicação

é feita de mão única (GRUNIG, FERRARI, FRANÇA, 2011).

O modelo assimétrico de duas mãos utiliza pesquisas e métodos científicos para

desenvolver as mediações. A organização conhece o perfil dos seus públicos e as

informações obtidas através da pesquisa são utilizadas para persuadi-los. Esse modelo,

por envolver a pesquisa, torna-se mais eficaz que os já mencionados (GRUNIG,

FERRARI, FRANÇA, 2011).

O último modelo de mediação listado por Grunig (2011) é o Simétrico de duas

mãos, considerado o modelo mais ético e justo. Aqui as Relações Públicas buscam um

equilíbrio entre os interesses organizacionais e dos públicos. Os conflitos são mediados

através da negociação. Kunsch (2003, p. 107) afirma que esse modelo “[...] é capaz de

propiciar a excelência da comunicação nas organizações, mas é o mais difícil de ser

praticado na sua essência”.

2.2.4 Função Política

O gerenciamento das crises e conflitos sociais presentes nas organizações está

relacionado à Função Política das Relações Públicas. O profissional lida com as

relações de poder dentro das organizações, gerencia os problemas de relacionamentos

externos e internos, provocados pelo comportamento de determinados públicos

(KUNSCH, 2003).

Para Porto Simões (1995, p. 84-85, apud KUNSCH 2003, p. 111), a função

política da organização é “[...] a essência das relações públicas, enquanto administrar a

comunicação é a aparência e administrar o conflito é a circunstância”. Dessa forma,

pode-se afirmar que saber gerenciar crises e lidar com conflitos são o carro chefe das

funções das Relações Públicas.

Page 25: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

25

2.3 PÚBLICOS

Uma das atividades atribuídas aos profissionais de RP (Relações Públicas) é a

comunicação dirigida. Ela é caracterizada por ser direta e segmentada com os públicos

específicos que deseja atingir (KUNSCH, 2003). A partir disso, pode-se afirmar que as

Relações Públicas devem conhecer os públicos prioritários de uma organização para

que consiga desenvolver uma comunicação eficaz. Kunsch (2003, p. 329) afirma ainda

que “[...] as organizações e os públicos constituem nosso objeto de estudo e trabalho”.

Assim, pode-se dizer que os públicos são a matéria-prima para o desenvolvimento das

Relações Públicas.

Para Lattimore, Baskin, Heiman e Toth (2012), públicos são grupos de pessoas que

possuem um problema ou um objetivo semelhante e reconhecem esse interesse em

comum. Os autores afirmam que “[...] os públicos devem ser a primeira consideração

em qualquer esforço de Relações Públicas”. (2012, p. 149).

Para Simões (1987), públicos são todas aquelas pessoas envolvidas direta ou

indiretamente com as Relações Públicas, podendo ser classificadas pela questão

geográfica ou relacionadas às organizações. Cada organização possui públicos

diferentes, alguns chamados de stakeholders por possuírem um interesse específico

naquela organização (LATTIMORE, BASKIN, HEIMAN, TOTH, 2012).

D’Azevedo (1971) afirma que uma ação de RP sem o conhecimento e a análise

aprofundada do comportamento, dos hábitos e características específicas do público

que se deseja atingir é um trabalho ineficiente. A autora ressalta que as Relações

Públicas devem manter atualizadas as análises dos públicos pertinentes à organização

em virtude das mudanças geradas pelo tempo.

2.3.1 Tipologia de Públicos

Os públicos podem ser classificados de inúmeras formas, neste subitem serão

descritos diversas tipologias adotadas por alguns autores.

Page 26: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

26

Ao analisar os públicos de uma organização deve-se classifica-los pela ordem de

prioridade, observando qual público interessa mais para a empresa (D’AZEVEDO,

1971). Kunsch (2003, p. 328) afirma que “[...] no contexto do planejamento, faz-se

inicialmente um mapeamento de todos os públicos existentes, levando em

consideração também o nível e o grau maior ou menor de relacionamento com a

organização”.

D’Azevedo (1971) subdivide os públicos em três tipologias: interno, misto e externo.

O público interno se refere a todas as pessoas que trabalham na empresa, funcionários

e direção. O público misto são aqueles grupos que exercem influência econômica,

jurídica ou social com a organização, podendo ter longa duração ou ser provisória. Já o

público externo, segundo a autora, é classificado como àqueles grupos que interessam

para a empresa. Em contrapartida Kunsch (2003) acredita que essa seja uma visão

antiga da subdivisão dos públicos e afirma que essas classificações “[...] são

insuficientes pra caracterizar o tipo de poder na relação público-organização” (SIMÕES,

1995, p.131 apud KUNSCH, 2003, p. 330).

Kunsch (2003) destaca que a tipologia de públicos apresentada por Lucien

Matrat contribui para um diagnóstico mais preciso. Segundo ela, para Matrat existem

quatro tipos de públicos: de decisão, de consulta, de comportamento e de opinião.

O primeiro faz referencia àqueles que são diretamente influentes na vida da

organização. Sua autorização influencia no exercício da atividade da empresa. A

diretoria e o governo são exemplos dessa tipologia.

A segunda classificação, o público de consulta, consiste naquelas pessoas pelas

quais a empresa consulta antes de tomar alguma decisão. Acionistas e sindicatos são

exemplos típicos.

A terceira tipologia proposta é o público de comportamento, que se caracteriza

por aquelas pessoas que podem prejudicar ou favorecer as atividades da organização,

de acordo com o seu comportamento. Funcionários e clientes representam esse

público. A quarta e última classificação proposta é público de opinião, que faz referência

aos grupos que influenciam positivamente ou negativamente a organização pelo seu

julgamento e ponto de vista. Líderes de opinião, multiplicadores de opinião, jornalistas,

Page 27: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

27

comentaristas de rádio e tv formam o quadro dessa tipologia (SIMÕES, 1995, p. 131-2

apud KUNSCH, 2003, p. 331).

Grunig, Ferrari e França (2011), por outro lado, segmentam os públicos como

ativos e passivos. Segundo eles, públicos ativos são aqueles que influenciam a

organização em maior proporção aos passivos, apoiando-a em campanhas ou

buscando informações a respeito da organização. Em contrapartida, o público ativo “[...]

não são fáceis de persuadir e tomam suas próprias decisões”. (2011, p. 91). Já o

público passivo é aquele que, apesar de influenciar a organização, não se envolve nos

problemas dela, são chamados de público latente, ou seja, um público passivo que

possui potencial para se tornar ativo (2011).

Lattimore, Baskin, Heiman e Toth (2012, p. 113) segmentam os públicos em três

definições baseados nos estudos de Dewey (1927):

Público Latente – o grupo enfrenta uma situação indeterminada, mas não reconhece como problema;

Público consciente – o grupo reconhece o problema, isto é, o que falta na situação, e se torna consciente;

Público ativo – o grupo se organiza para discutir e fazer algo acerca do problema.

De acordo com os autores, essas categorias unem pessoas que possuem a

probabilidade de se comportarem de forma semelhante, facilitando o trabalho das

Relações Públicas.

As segmentações de públicos apresentadas pelos autores são bastante

específicas, e podem se encaixar de uma forma mais abrangente no público chamado

stakeholders. Segundo Grunig, Ferrari e França (2011, p. 89), são “[...] categorias

gerais de pessoas que são afetadas por consequências reais ou potenciais das

decisões organizacionais estratégicas”. Para definir stakeholders, França (2004, p. 61)

utiliza a definição de Carroll (1998, p. 38):

Do ponto de vista de negócios, os mais legítimos “stakeholders” são os “shareholders” (acionistas), os consumidores e funcionários. Do ponto de vista de uma sociedade altamente pluralista (diversificada) os “stakeholders” podem incluir outros grupos, assim como: a comunidade, os grupos com interesses especiais, o governo, a mídia e o público em geral.

Page 28: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

28

Em suma, pode-se dizer que stakeholders são os públicos que possuem vínculos

com a organização, influenciam e são influenciadas pelas suas decisões.

Uma das múltiplas classificações existentes são aquelas por faixa etária. Idosos,

adultos, jovens e crianças contemplam essa tipologia. Ao longo do trabalho

apresentado será abordado o relacionamento comunicacional da Igreja Católica, mais

especificadamente da Catedral de Caxias dos Sul, com o público jovem.

2.3.2 Público Jovem Religioso

Sabe-se que a juventude é um período da vida em que começam a surgir

inúmeros questionamentos, seja na área profissional, familiar ou a respeito de

relacionamento1. Esse público, que há algum tempo atrás era visto como uma parcela

excluída da sociedade, hoje é protagonista de inúmeras ações mundiais e tornou-se um

público-alvo para a Igreja. De acordo com pesquisa realizada pelo Censo de 2010, há

no Brasil cerca de 51,3 milhões de jovens, o equivalente a ¼ da população do país, e

este dado deve ser valorizado e pensado estrategicamente em virtude deste público ter

demandas de consumo e buscar um sentido para a vida. Segundo a mesma pesquisa,

47% dos jovens brasileiros possuem entre 18 e 24 anos, 33% entre 25 a 29 anos e 20%

possuem entre 15 a 17 anos. Quando questionados a respeito da religião, constata-se

que a maioria dos jovens brasileiros são católicos, o equivalente a 56% deles, sendo

29% praticantes e 26% não praticantes. Em segundo lugar, a pesquisa mostra os

jovens evangélicos que somam 27%. Outro dado relevante é o número de jovens sem

religião, mas que acreditam em Deus, estes somam 15% dos jovens brasileiros.2

Em seus estudos sobre a juventude, a CNBB3 afirma que o campo religioso se

intensifica quando se fala do público jovem em virtude destes buscarem continuamente

uma fé que dê sentido a suas vidas. Além disso, os jovens religiosos são sensíveis a

manifestações culturais e aderem facilmente a eventos dessa característica no âmbito

1 CNBB, Evangelização da Juventude – Desafios e Perspectivas Pastorais, 2007.

2 Pesquisa Nacional Sobre o Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013, disponível em

http://www.juventude.gov.br/noticias/arquivos/pesquisa_juventude, acesso em 26 de abril de 2013. 3 CNBB, Evangelização da Juventude – Desafios e Perspectivas Pastorais, 2007.

Page 29: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

29

religioso, sendo estratégica a adesão a eventos dessa magnitude por parte da Igreja

com o intuito de atrair os jovens.

2.4 INSTRUMENTOS DE COMUNICAÇÃO DIRIGIDA E MASSIVA

Como já abordado em outros itens da presente pesquisa, as Relações Públicas

buscam se comunicar com os mais diversos públicos de uma organização. Grunig,

Ferrari e França (2011) afirmam que as Relações Públicas administram a comunicação

entre uma organização e os seus públicos, sendo responsável em gerenciar o seu

comportamento. Kunsch (2003) confirma ao dizer que para o gerenciamento da

comunicação efetivamente acontecer, as Relações Públicas usam dois tipos básicos de

comunicação, a dirigida e a massiva.

A comunicação de massa, ou massiva, é utilizada para que a organização atinja

um grande número de pessoas ao mesmo tempo, sem focar em determinado público

(KUNSCH, 2003). Para Fortes (2003), a comunicação de massa garante uma

importante influência nas programações das Relações Públicas, em vista que os meios

de comunicação de massa, como jornais, revistas, televisão e rádio são formadores de

opinião. Dessa forma, pode-se dizer que a comunicação de massa é necessária, mas

deve ser utilizada de acordo com a necessidade da organização em relacionar-se com

seus públicos.

Em contraponto, a comunicação dirigida é aquela que busca atingir um

determinado público, e para isso se faz necessário adaptação da linguagem e dos

meios que serão utilizados para atingir aquele público (KUNSCH, 2003). Nessa forma

de comunicação pode-se visualizar resultados com maior facilidade, sendo também de

maior nitidez o feedback por parte do público receptor (FORTES, 2003). O mesmo autor

(2003, p. 241) complementa, afirmando que “[...] a comunicação dirigida é

perfeitamente determinada, selecionada e controlada pelo emissor das informações, o

que dá segurança ao promotor do relacionamento”.

Kunsch (2003) ainda segmenta a comunicação dirigida em escrita, oral, auxiliar e

aproximativa. A autora afirma que a comunicação dirigida escrita está presente nas

correspondências, cartas ou e-mails, já a oral é realizada através de alto-falantes,

Page 30: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

30

telefones ou até mesmo conversas face a face, como reuniões, por exemplo. A

comunicação dirigida auxiliar vem ao encontro aos recursos audiovisuais como os

vídeos, filmes e telejornais, sendo hoje os meios digitais de comunicação inclusos nesta

classificação. E, por fim, a comunicação dirigida aproximativa é aquela que faz jus a

sua palavra, aproxima os públicos da organização. Essa interação relacional pode

acontecer através de visitas às instalações da empresa ou eventos que sejam

relevantes para aquele segmento de público.

2.4.1 Eventos

Como já citados no item acima, os eventos são instrumentos utilizados pelos

profissionais de Relações Públicas através da comunicação dirigida aproximativa. São

muitos os conceitos dado a eventos pelos autores da área de comunicação. Alguns

dizem que são reuniões, outros ainda que são acontecimentos. Kunsch (2003) defende

que o evento é um acontecimento que deve ser pensado, coordenado e planejado com

o intuito de atingir os objetivos das organizações. Para a autora (2003, p. 385), os

eventos constituem “[...] um excelente meio de comunicação dirigida aproximativa entre

a organização que os promove e o público que deles participa”. Para Cesca (1997, p.

14), o evento além de ser um fato que desperta a atenção da mídia e do público, é “[...]

a execução do projeto devidamente planejado de um acontecimento, com o objetivo de

manter, elevar ou recuperar o conceito de uma organização com seu público de

interesse”.

Dessa forma, pode-se afirmar que os eventos são importantes aliados quando se

deseja melhorar a imagem de uma organização ou reposicioná-la no mercado, pois,

além de transmitir suas mensagens aos públicos de interesse e fortalecer a sua

imagem, cria possibilidades de negociação. Giácomo (2007, p. 33 apud FARIAS, 2011,

p. 139) complementa a visão de Kunsch e Cesca ao dizer que “[...] o evento tem por

objetivo minimizar esforços, fazendo uso da capacidade sinérgica da qual dispõe o

poder expressivo no intuito de engajar pessoas numa ideia ou ação”. Dentro desta

perspectiva, os eventos tornam-se instrumentos estratégicos de comunicação,

auxiliando a organização a estreitar os laços com seus públicos de interesse.

Page 31: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

31

A observação de Oliveira (2003 apud FORTES, 2011) conclui a ideia anterior ao

ressaltar que a dimensão estratégica da comunicação acontece somente quando se

abre espaços para mediação, negociação, integração e diálogo entre a organização e

seus públicos, deixando para traz o caráter mecanizado e instrumental da

comunicação.

Fortes (2011, p. 146) descreve claramente o que as organizações devem fazer

para alcançar sucesso com seus eventos:

Os eventos são atividades que precisam despertar o interesse de seu público-alvo para garantir adesão e atingir seus objetivos – apresentam uma dinâmica de funcionamento diferente das demais ferramentas comunicacionais e estão em permanente evolução. O uso da criatividade é uma exigência, pois, a cada edição, um evento deve, de acordo com a lógica da sociedade de consumo, trazer novidades ao público, visando garantir sua participação [...]. Para atingir seus objetivos, fazem uso de outras ferramentas comunicacionais, sejam as tradicionais ou as mais recentes mídias desenvolvidas por meio de um suporte tecnológico cada vez mais avançado e utilizado para apoiar o funcionamento da atividade.

O autor (2011) conclui que o profissional de RP é o mais adequado e preparado

para planejar o processo de comunicação de um evento, dando ao profissional um

diferencial em relação aos demais profissionais que atuam neste setor.

Em suma, eventos são instrumentos estratégicos da comunicação dirigida, que

devem ser planejados adequadamente para que alcancem os resultados esperados

pela organização.

Page 32: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

32

3 COMUNICAÇÃO SOCIAL NA IGREJA

Nesse capítulo serão abordados os principais aspectos da comunicação na

Igreja, que serão relevantes para a construção desse estudo. Assim, serão descritos o

histórico da comunicação eclesial, pontuando aspectos da comunicação na Igreja hoje,

bem como, ações desenvolvidas por ela junto ao público jovem.

3.1 IGREJA CATÓLICA

De acordo com o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (2005, p. 56), o

termo igreja significa “o povo que Deus convoca e reúne de todos os recantos da terra,

para construir a assembleia dos que, pela fé e pelo batismo, se tornam filhos de Deus,

membros de Cristo e templo do Espírito Santo.” Nabeto (2005, p. 20) afirma que a Igreja

“[...] é o Povo que Deus reúne no mundo inteiro”. O Compêndio do Catecismo da Igreja

Católica (2005, p. 80) afirma que a denominação católica significa dizer que a Igreja é

universal, visto que ela: “[...] anuncia a totalidade e a integridade da fé, contém e

administra a plenitude dos meios da salvação; é enviada em missão a todos os povos,

em qualquer tempo e a qualquer que seja a cultura a que pertençam”.

Da mesma forma, Nabeto (2005) afirma que a Igreja é católica porque Cristo está

presente nela e a confiou à universalidade do gênero humano, onde todo o homem é

chamado a fazer parte do Povo de Deus.

A Igreja Católica Apostólica Romana tem aproximadamente dois mil anos de

existência e tem como fundador, Jesus Cristo. (NABETO, 2005) Possui a missão de

evangelizar através do anúncio da Palavra de Deus, inaugurada por Jesus Cristo, e

busca iniciar na terra o Reino da salvação (CNBB, Compêndio do Catecismo da Igreja

Católica, 2005). Ela dá continuidade aos ensinamentos passados pelos apóstolos,

através dos bispos, sucessores de São Pedro, os quais dirigirão a Igreja até a volta de

Page 33: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

33

Cristo. Por isso é chamada de Apostólica. (CNBB, Compêndio do Catecismo da Igreja

Católica, 2005).

A Igreja Católica é uma Instituição cuja sede fica localizada na Cidade Estado do

Vaticano, regida pela Lei Fundamental da Cidade do Vaticano e possui o Papa como o

Chefe de Estado. É uma organização global com centenas de milhões de fiéis e mais

de um milhão de servidores, contando, entre estes, padres e freiras. (SERBIN apud

ANDRETTA, 2011, p. 2). Pertence a Igreja Católica todos àqueles que estão unidos a

ela por vínculos da profissão de fé, dos sacramentos, do governo eclesiástico e da

comunhão. (CNBB, Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 2005).

Assim como as organizações comuns possuem uma gestão, comandada por

diretores, superintendentes, ou presidentes, a Igreja Católica possui o Papa como

autoridade máxima. Segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (2005, p.

63), o Papa “[...] é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade da Igreja. É o

vigário de Cristo, chefe do colégio dos bispos e pastor de toda a Igreja, sobre a qual

tem divina instituição, poder pleno, supremo, imediato e universal”.

Diante das afirmações citadas, pode-se dizer que a Igreja Católica está inserida

em todos os cantos do mundo, se fazendo presente em cada cidade através das

paróquias, consideradas a face da Igreja na base. Segundo a CNBB - Conferência

Nacional dos Bispos do Brasil Paróquia significa4:

[...] o conceito de “comunidade missionária dos fiéis em Cristo” no meio do mundo. Ela é comunidade de comunidades, pessoas, grupos, organizações e instituições, que estão a serviço da missão recebida de Cristo; esta mesma missão se expressa na diocese, confiada ao bispo, sucessor dos Apóstolos, e na sua universalidade da Igreja, confiada ao pastoreio do Sucessor de Pedro, comunidade de comunidades de discípulos missionários de Jesus Cristo no meio do mundo. A paróquia é o ícone visível daquilo que a Igreja de Jesus Cristo é na sua totalidade.

O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (2005) declara, ainda, que a

Diocese e a Paróquia são igrejas particulares, formadas por uma comunidade de

cristãos que buscam a comunhão na fé e pelos sacramentos. Para melhor

entendimento, neste presente trabalho monográfico será mencionada a Paróquia Santa

Teresa, a Catedral Diocesana de Caxias do Sul.

4 Disponível em: <http://www.cnbb.org.br/articulistas/cardeal-odilo-pedro-scherer/5109-paroquia-torna-te-

o-que-tu-es>. Acesso em: 27 novembro de 2013.

Page 34: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

34

Da mesma forma que as organizações formais possuem uma missão, visão e

valores, a Igreja Católica também. A missão da Igreja é evangelizar levando a Palavra

de Deus de todas as formas, utilizando-se de todos os meios (DARIVA, 2003). A partir

disso, confirma-se a importância da comunicação na Igreja para que a mensagem do

Evangelho possa ser anunciada de tal forma que todos os públicos a compreendam.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, pode-se dizer que a visão da Igreja é a

vida eterna, a salvação, e para alcançar o que deseja, ela utiliza-se de inúmeros

instrumentos, sendo o principal deles a Palavra e a Eucaristia. Os valores da Igreja

foram instituídos pela moral cristã, a qual é obra da Sabedoria Divina. (CNBB,

Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 2005).

Em suma, a Igreja Católica é uma Organização com estrutura verticalizada,

classificada, segundo Kunsch (2003), como uma organização de manutenção que, por

vezes, acaba dificultando a comunicação interna e externa. Diante dessa realidade é

urgente a necessidade de introduzir e disseminar a comunicação entre as paróquias,

atingindo todos os fiéis, e para que eles sejam, da mesma forma, proclamadores da

Palavra de Deus.

3.1.1 A comunicação na Igreja

A Igreja Católica foi a pioneira na utilização do primeiro veículo de comunicação,

a partir de Gutenberg e a impressão da Bíblia, por volta do século XV. Porém, sabe-se

que o relacionamento dela com os meios de comunicação de massa, durante muitos

anos, foi repressivo e desconfiado (SOUZA, 2013). De acordo com o mesmo autor

(2013), o cenário atual da comunicação eclesial é muito positivo, se comparado com

tempos antigos.

Em contraponto, Zolin (2010) destaca a visão de Martínez a respeito da

intolerância da Igreja em relação à comunicação em determinadas épocas:

Em primeiro lugar, para explicar a cautela da Igreja conta o fator novidade, pois a Igreja tenta mais à prudência institucional que à ‘prudência carismática’. Em segundo lugar, a origem de tais meios, especialmente da imprensa, esteve envolta num ambiente especialmente atribulado e conflituoso. Foram épocas de intenso debate político, ideológico, religioso etc., em que a imprensa recém-nascida entrou de cara. Em terceiro lugar, a própria religião, a Igreja e suas Instituições foram objeto de uma crítica inflamada e às vezes caluniosa por

Page 35: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

35

parte de determinados setores da imprensa e outros meios. Estas circunstâncias devem ser levadas em conta para um juízo ponderado das primeiras reações da Igreja (MARTÍNEZ, 1997, p. 80 apud ZOLIN, 2010, p. 57).

Em suma, pode-se afirmar que a Igreja Católica sempre zelou pela sacralidade

de sua Doutrina, ainda que pudesse equivocar-se em relação aos meios de

comunicação de massa.

Melo (2005) afirma que as práticas de comunicação da Igreja Católica têm

variado ao longo dos anos em virtude de suas mudanças estruturais e o seu

relacionamento com a sociedade global. Para o autor (2005, p. 23), é perceptível as

mudanças geradas na Igreja pela comunicação, identificando um divisor de águas entre

o Cristianismo primitivo e o Cristianismo moderno.

A comunicação primitiva da Igreja articulava-se através de fluxos horizontais

promovendo a interpretação do Evangelho e o anúncio da Palavra com a participação

dos cristãos. Isso em virtude da Igreja não ser institucionalizada. Já o Cristianismo

Moderno, conta com uma comunicação verticalizada, decorrente da institucionalização

da Igreja, que se estabelece como uma organização comunicadora, determinando a

interpretação do Evangelho e a forma de exercitar o cristianismo (MELO, 2005).

3.1.2 Evolução da comunicação eclesial

Zolin (2010), Souza (2013) e Melo (2005) descrevem a história da comunicação

na Igreja em fases, que darão auxílio a esse estudo, juntamente com os documentos

sobre a comunicação, escritos pelos Papas em cada época.

Para Souza (2013), o primeiro período que inicia o relacionamento da

comunicação da Igreja ocorre entre 1450 e 1879 com a invenção de Gutenberg e a

difusão dos livros. Nesse período a Igreja adotou um posicionamento defensivo em

virtude de enxergar apenas as ameaças e malefícios que a imprensa poderia gerar

através da má utilização do meio.

Melo (2005, p. 25) confirma o pensamento acima ao declarar: “A primeira fase é

aquela em que o comportamento da Igreja está orientado para o exercício da censura e

da repressão. [...] Um período muito longo. E também muito doloroso”.

Page 36: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

36

Outra perspectiva sobre esse período é trazido por Zolin (2010). A autora relata

que a partir da análise de documentos pontifícios dessa época, é imperceptível o

posicionamento contrário da Igreja em relação aos meios de comunicação. A

repreensão e a censura não tinham como objeto os instrumentos de comunicação como

os livros e os jornais, mas sim o conteúdo publicado nesses veículos que poderiam

disseminar ideologias contrárias a fé cristã. Zolin (2010) aborda os escritos do primeiro

documento pontifício sobre a imprensa, a Constituição Inter Multíplices, promulgada em

17 de novembro de 1487, escrita, segundo as pesquisas, pelo Papa Inocêncio VIII.

Ao passar dos anos, a Igreja foi percebendo as transformações que aconteciam

na sociedade e foi se sentindo impelida de atualizar-se aos novos tempos (MELO,

2005). De acordo com Souza (2013), a segunda fase da comunicação da Igreja

acontece entre 1879 e 1957. O autor afirma que esse período é marcado pelo

pontificado do papa Leão XIII, autor da Encíclica Rerum Novarum, a pioneira no quesito

de doutrina social da Igreja e pelo papa Pio XI, que em 29 de junho de 1936 emitiu a

Carta Encíclica Vigilanti Cura, a primeira Carta do século XX sobre os meios de

comunicação que aborda as questões do cinema.

Fazendo a leitura da Carta Vigilanti Cura, percebe-se que o papa faz um alerta

aos cristãos a respeito do conteúdo veiculado às produções cinematográficas. Ele pede

para que todo o povo cristão, bispos, padres e leigos vigiem os filmes de seus países a

fim de combater a escola da corrupção gerada por filmes influentes para o mal e torne-

se um instrumento de educação e progresso da humanidade. “Visto que o cinema é

verdadeiramente uma lição de coisas, que se ensinam para o bem ou para o mal, mais

eficazmente importa que ela seja elevada aos fins duma consciência cristã e libertada

dos efeitos depravados e desmoralizados”. (PIO XI, Vigilanti Cura, n.12 apud DARIVA,

2003, p. 25)

Zolin (2010) acredita que o papa Pio XI foi quem percebeu a potencialidade do

rádio como um veículo necessário para a Igreja. A partir disso, em 12 de fevereiro de

1931, foi inaugurada a Rádio Vaticana. A autora (2010) ainda afirma que o papa não via

o cinema somente por uma ótica negativa, mas depositava sobre esse veículo a

esperança de grandes benefícios para a humanidade:

Por outro lado, os bons filmes podem, ao contrário, exercer uma influência profundamente moralizadora sobre aqueles que os assistem. Além de divertir,

Page 37: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

37

podem suscitar novos ideais de vida, difundir lições preciosas, fornecer maiores conhecimentos da história e das belezas do próprio e dos outros países, criar, ou pelo menos, fornecer uma justa compreensão entre as nações, as classes sociais e as raças, promover a causa da justiça, realçar o fulgor da virtude e contribuir, como forte auxílio, para o melhoramento moral e social do mundo. (PIO XI, Vigilanti Cura, n.12 apud ZOLIN, 2010, p. 87)

Nessa fase, percebem-se as mudanças no pensamento da Igreja em relação aos

meios de comunicação, pois, além da Vigilanti Cura, no final desse período, em 1957, o

Papa Pio XII, atual pontífice na época, produziu a Encíclica Miranda Prorsus, a qual a

Igreja fala sobre o cinema, o rádio e a televisão (SOUZA, 2013).

Em Miranda Prorsus, a Igreja afirma que os meios tecnológicos, mais do que

invenções humanas, são dons de Deus:

Os maravilhosos progressos técnicos, de que se gloriam os nossos tempos, sem dúvida são fruto do engenho e do trabalho humano, mas são primeiro de tudo, dons de Deus, criador do homem e inspirador de todas as obras: “Não se produziu as criaturas, mas, uma vez produzidas, defende-as e as faz crescer” (DARIVA, 2003, p. 34).

Zolin (2010) ressalta que o papa Pio XII aconselha os católicos a dominarem as

técnicas das novas tecnologias, a fim de produzirem programas cristãos, convincentes

aos seus valores, e também faz um alerta às famílias, para que vigiem o acesso dos

seus filhos à TV.

Em suma, pode-se dizer que essa fase foi de extrema importância para a Igreja.

Ela marcou o início da aceitação, ainda que um pouco desconfiada, e da utilização dos

meios de comunicação para a proclamação de sua mensagem.

A terceira fase é um marco para a história da Igreja Católica. Souza (2013)

define esse período, que vai de 1957 a 1980, como uma fase fértil. É em meio as

grandes mudanças tecnológicas que o papa João XXIII, eleito em 1958, convoca o

Concílio Vaticano II. Era necessário mudar, atualizar-se e utilizar os meios de

comunicação bravamente em favor da evangelização. Na encíclica Ad Petri Cathedram,

de 29 de junho de 1959, encontra-se o anúncio oficial do Concílio, cujas principais

metas seriam (SANTOS, 2005, p. 7, apud ZOLIN, 2010, p. 102):

O desenvolvimento da fé católica, a renovação da vida cristã dos fiéis, a adaptação da disciplina eclesiástica às exigências da época presente. O Vaticano II foi concebido inicialmente como uma assembleia de marcada orientação pastoral com a finalidade de estabelecer um aggiornamento, uma adequação da vida estrutural e apostólica da Igreja às necessidades do mundo contemporâneo.

Page 38: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

38

De acordo com as cartas encíclicas e os autores citados, percebe-se que o cerne

do Concílio Vaticano II foi o aggiornamento e o diálogo. Zolin (2010) diz que no

Vaticano II a doutrina não foi alterada, mas sim a forma pela qual ela estava sendo

mostrada para o mundo. Isso explica o sentido das duas palavras chaves

aggiornamento e diálogo. A primeira palavra significa atualização, renovação,

rejuvenescimento da Igreja, a busca de um diálogo, de uma comunhão. Já a palavra

diálogo é definida como um despojar-se para ouvir o testemunho de fé da outra pessoa,

é o anúncio do Evangelho, trata-se de descobrir junto aos cristãos o entendimento do

Evangelho nos dias de hoje (LORSCHEIDER, 2005, p. 17 apud ZOLIN, 2010, p. 106).

De acordo com Melo (2005), todo esse processo proveniente do Vaticano II é

traduzido por um deslumbramento ingênuo no que se refere à comunicação. Para o

autor, esse deslumbramento significa uma brusca mudança no caminho trilhado até o

momento, um desvio no comportamento levado até então. O autor explica que durante

muitos anos a Igreja recusou a universalidade e dialogicidade da comunicação, e a

partir do Concílio Vaticano II assumiu uma postura de que é necessário utilizar os mais

modernos veículos de comunicação para proclamar o Evangelho.

Fruto do Concílio Vaticano II é o Decreto Inter Mirifica, de 4 de dezembro de

1963, a respeito dos meios de comunicação social. Zolin (2010) afirma que, antes de

ser divulgado, o decreto gerou polêmica e críticas, pois, muitos diziam que o decreto

estava carente de “conteúdo teológico, de profundidade filosófica e de fundamento

sociológico”. Em contraponto, Zolin (2010) ainda traz a opinião de Frei Boaventura

Kloppenburg que afirma não poder ser diferente o conteúdo do Inter Mirifica em virtude

de ser a primeira vez que o Magistério da Igreja abordava um acontecimento que até

então não havia passado de ideias.

Por outro lado, Souza (2013) alega que apesar do documento possuir limitações

em sua compreensão, ele trouxe muitas mudanças para a Igreja. Para o autor, as

primeiras palavras do decreto resume o pensamento da Igreja quando diz (Inter Mirifica

n.1, apud SOUZA, 2013, p. 81):

Entre as maravilhosas invenções da técnica que, principalmente nos nossos dias, o engenho humano extraiu, com a ajuda de Deus, das coisas criadas, a santa Igreja acolhe e fomenta aquelas que dizem respeito, antes de mais, ao espírito humano e abriram novos caminhos para comunicar facilmente notícias,

Page 39: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

39

ideias e ordens. Entre estes meios, salientaram-se aqueles que, por sua natureza, podem atingir e mover não só cada um dos homens, mas também as multidões e toda a sociedade humana, por isso mesmo, podem chamar-se, com toda a razão, meios de comunicação social.

A partir das citações acima, é perceptível o interesse da Igreja em utilizar os

meios de comunicação para a propagação do Evangelho, e mais do que isso, utilizá-los

para o progresso humano.

Como uma extensão do Inter Mirifica e solicitação do Vaticano II, foi nessa fase

que a Instrução Pastoral Communio et Progressio foi promulgada, em 27 de maio de

1971, pela Comissão Pontifícia para as Comunicações Sociais (DARIVA, 2003, p. 81).

O grande objetivo dessa Instrução pastoral foi desenvolver princípios de doutrina e

orientações pastorais em virtude da contínua evolução e progresso dos meios de

comunicação social (DARIVA, 2003).

Analisando os documentos da Igreja nesta fase, pode-se concluir que se inicia o

que Souza (2013, p. 81) chama de “comunicação eletrônica da fé”.

A quarta fase, que vai de 1980 a 1990 é considerada por Souza (2013) o período

da Igreja Eletrônica, em que o anúncio do Evangelho passa a ser feito através dos

meios eletrônicos. Em contraponto, Melo (2005) afirma que nesta fase a Igreja supera

o “deslumbramento ingênuo” e percebe que a tecnologia não pode resolver os

problemas da evangelização. Souza (2013) considera que nesse período a Igreja,

comandada na época pelo pontífice João Paulo II, reflete sobre a cultura midiática. O

autor comprova seu pensamento através de um trecho da Encíclica Redemptoris

Missio, promulgada por João Paulo II em 1990, a respeito da comunicação

(Redemptoris Missio, n. 37, apud SOUZA, 2013, p. 82):

O primeiro areópago dos tempos modernos é o mundo das comunicações, [...]. Os meios de comunicação social alcançaram tamanha importância que são para muitos o principal instrumento de informação e formação, de guia a inspiração dos comportamentos individuais, familiares e sociais. Principalmente as novas gerações crescem num mundo condicionado pelos mass-media. [...] O uso dos mass-média, no entanto, não tem somente a finalidade de multiplicar o anúncio do evangelho: trata-se de um fato muito mais profundo porque a própria evangelização da cultura moderna depende, em grande parte, da sua influência. Não é suficiente, portanto, usá-los para difundir a mensagem cristã e o Magistério da Igreja, mas é necessário integrar a mensagem nesta “nova cultura”, criada pelas modernas comunicações.

Page 40: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

40

Diante dessa realidade, pode-se dizer que na quarta fase a Igreja toma

consciência da necessidade de utilizar os meios de comunicação social para o anúncio

do Evangelho, mas também percebe que somente o anúncio pelos meios não é o

suficiente para difundir a mensagem cristã. Dessa forma, em 1992, vinte e um anos

após a promulgação da Communio et Progressio, a Igreja divulga a segunda Instrução

Pastoral sobre os meios de comunicação, a Aetatis Novae.

Zolin (2010) ressalta que a Instrução Aetatis Novae é analisada sobre novas

perspectivas e contextos, e não dita regras para a utilização dos meios, mas fornece

uma verdadeira ajuda, indicando caminhos para a atuação ética e moral com valores

humanos e cristãos. Nesta Instrução, a Igreja indica que os proclamadores da Palavra

de Deus tem o dever de compreender as palavras de todos os povos e culturas, e

devem “comunicar sempre a sua mensagem, de um modo adaptado a cada época, às

culturas das nações e aos vários povos [...]” (DARIVA, 2003, p. 192).

A quinta fase descrita por Souza (2013), compreende o ano de 1990 até os dias

atuais. Para o autor, esse período é de grande reviravolta na reflexão por parte da

Igreja a respeito do mundo da comunicação. O surgimento das novas mídias, como a

internet e as redes sociais, fazem a Igreja refletir a respeito da comunicação para a

evangelização. Segundo o autor, a Igreja não enxerga mais a comunicação como meios

ou instrumentos, mas entende que há um ambiente midiático a qual toda humanidade

está imersa.

Nesse novo contexto, a Igreja tem buscado adaptar-se às novas mídias, bem

como tem se preocupado em planejar suas ações de comunicação. Ela indica que cada

diocese organize seu planejamento da área da comunicação, a partir da própria

realidade (ZOLIN, 2010).

3.1.3 A comunicação na Igreja hoje

É importante iniciar essa etapa da pesquisa discorrendo a respeito da

preocupação da Igreja Católica com a formação dos fiéis, sejam eles religiosos, padres,

freiras ou leigos, sobre a importância da comunicação. A Igreja demonstra esse

interesse desde o Decreto Inter Mirifica, de 1963, quando afirma ser necessário

Page 41: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

41

pessoas especializadas para a utilização dos meios de comunicação no campo da

evangelização (PUNTEL, CORAZZA, 2007). Esse interesse tem sido cada vez mais

disseminado entre os fiéis, pois a Igreja aborda, em grande parte de seus documentos,

sobre a importância da comunicação, a necessidade cada vez maior de profissionais

leigos, qualificados, capazes de aplicar suas competências específicas ao pensamento

cristão junto a suas comunidades. Os estudos da CNBB sobre a comunicação na vida e

missão da igreja no Brasil (CNBB, A comunicação na vida e missão da Igreja no Brasil,

n.120) atenta para esse aspecto:

Uma vez considerado o quanto as comunicações sociais incidem na vida das pessoas, é indispensável à presença de católicos profissionalmente qualificados, capazes de unir competências específicas a uma autêntica inspiração cristã. Dever-se-ão encontrar e promover jovens dotados e sensíveis, para que se preparem a agir no âmbito da comunicação social.

Com essa afirmação, pode-se concluir que a Igreja tem o interesse cada vez

maior de incluir-se na cultura midiática, não somente para informar, mas para

proporcionar aos fiéis uma experiência de Cristo através da comunicação. Além disso,

assim como toda Instituição, a Igreja também necessita de um porta-voz capaz de

cuidar da imagem da instituição e de seus relacionamentos com a sociedade (CNBB, A

comunicação na vida e missão da Igreja no Brasil, 2011). Cabe destacar aqui que o

profissional de Relações Públicas, em suas funções, apresenta competências para

gerenciar a imagem das organizações, gerenciando crises e contribuindo para a

construção de sua identidade corporativa (KUNSCH, 2003).

A Igreja Católica tem enxergado, principalmente nos últimos anos, a

comunicação como uma experiência de vida e acredita que somente com essa visão é

possível compreender o que são as relações de comunicação na perspectiva

evangélica (CNBB, A comunicação na vida e missão da Igreja no Brasil, 2011). O

mesmo documento (2011, p. 9) afirma que a comunicação deve ser um “[...]

acontecimento centrado no relacionamento pessoal, antes de pensá-lo como conjunto

de meios de informação”. Aqui se entende que a Igreja está preocupada com o

receptor, com aquele que receberá a mensagem, que terá contato com a informação

transmitida pelos meios de comunicação. Ela entende que a comunicação nessa

perspectiva “substitui o deslumbramento perante as tecnologias pela reafirmação do ser

Page 42: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

42

humano como um ser de comunicação” (CNBB, A comunicação na vida e missão da

Igreja no Brasil, 2011, p. 9).

Assim, acredita-se que a Igreja, ao longo dos anos, identificou novos horizontes

para a comunicação, descobrindo um novo sentido para a utilização dos veículos na

divulgação da palavra de Deus. Diferentemente do que se viu no início de sua

utilização, agora ela utiliza os meios para propor uma nova forma de viver a religião.

Gasparetto (2011) afirma que a relação entre os campos da religião e da mídia são

complexos, tanto na forma de interação com as novas tecnologias, como nos efeitos de

sentido gerados por esses meios na maneira de viver a religião. O autor (2011, p. 115)

ressalta ainda que o ambiente técnomidiático tem se tornado um espaço para uma

ressignificação da religião.

O novo “ambiente” tecnomidiático tem configurado um espaço privilegiado para uma ressignificação da religião, graças à organização de novas “estratégias e táticas” das Igrejas na cultura Pós-Moderna. A religião deixa de ser um fenômeno institucional específico e passa a ser praticada pela “mediação” dos media, assumindo uma dimensão autorizada.

Dentro dessa perspectiva, afirma-se que a religião passa a estar no cotidiano das

pessoas, não somente dentro da sua instituição Igreja, mas no seu convívio virtual

através dos novos meios de relacionamentos. Tal constatação confirma a necessidade

da Igreja em estar inserida nos mais modernos veículos de comunicação.

Em contraponto, estudos da CNBB sobre a comunicação (A comunicação na

vida e missão da Igreja no Brasil, 2011) alertam para o uso consciente das mídias por

parte dos agentes pastorais da comunicação. Ele fala que não basta melhorar e

dominar os instrumentos de comunicação, que não é suficiente participar das mais

novas tecnologias, mas afirma ser indispensável à compreensão dos desafios lançados

para a Igreja a partir deste novo horizonte comunicativo.

Hoje, a Igreja está presente nos mais diversos meios de comunicação social:

televisão, internet, rádios e jornais, e tem avançado cada vez mais no campo da

comunicação. Por estar inserida nesses meios, é necessária a correta utilização da

linguagem, adaptada aos diferentes públicos de acordo com cada meio. O mesmo

documento ressalta ainda que Jesus era dinâmico em sua linguagem, utilizando

parábolas para que a multidão entendesse a sua mensagem, e atenta também para

Page 43: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

43

que a Igreja permita ser estimulada pela direção do Espírito Santo, utilizando as

linguagens e atitudes mais corretas em todos os tempos e situações para fazer chegar

o anúncio do Evangelho a todos.

3.1.4 A comunicação Paroquial

Como descrito no item 3.1, a Paróquia é a face da Igreja em cada canto do

mundo. É através dela que as comunidades recebem informações sobre a Igreja e se

relacionam com outros membros dela. A partir disso é necessário que as paróquias

atualizem-se e estejam inseridas nos meios de comunicação. É isso que afirma os

estudos da CNBB (A vida e missão da Igreja no Brasil, 2011, n.53):

Na era da mídia a paróquia também é obrigada a redefinir sua fisionomia. Certamente continua a ser a comunidade dos vínculos pessoais, da caridade tangível, dos encontros formativos diretos e sacramentados, mas encaminham-se para comunicar também pela Internet e suas inúmeras possibilidades de relacionamento e informação, dando aos fiéis a possibilidade de alcançar um discernimento crítico sobre as mensagens da mídia.

Dessa forma, além de introduzirem-se na era digital, as Paróquias devem manter

uma linguagem litúrgica adequada à compreensão da Palavra pelos fiéis. Essa

linguagem compreende desde a simbologia litúrgica - as velas, as luzes, os momentos

de silêncio, os cantos - até a homilia do sacerdote, a qual deve ser sempre atual,

trazendo situações concretas da vida, de modo a facilitar a compreensão espiritual e

cultural da qual o homem tem necessidade, adaptando a linguagem, o ritmo e o som,

de acordo com a mentalidade difusa na assembleia (CNBB, A comunicação na vida e

missão da Igreja no Brasil, 2011).

Por ser de tal importância a comunicação paroquial, a Igreja propõe a criação de

uma Pastoral da Comunicação nas dioceses e paróquias, a fim de fazer fluir a

informação, e mais do que isso, fazer acontecer a verdadeira comunicação-comunhão.

Puntel e Corazza (2011) afirmam que o objetivo da pastoral da comunicação é

promover o diálogo entre fé e cultura, sendo esta a cultura midiática. As autoras

ressaltam que “[...] a mídia, hoje, constitui muito mais do que um simples instrumento de

comunicação, e requer, portanto, uma pastoral midiática, que leve em conta a

Page 44: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

44

modificação de comportamentos e relações das pessoas, sobretudo dos usuários das

novas mídias (new media)”.

Bombonatto (2009) traz o sentido etimológico das palavras pastoral e

comunicação e reflete que os dois termos juntos representam uma dinamicidade.

Enquanto a comunicação significa tornar comum, partilhar, interagir, a palavra pastoral

deriva de pastor, aquele que cuida, guia e ensina. Em suma, a Pastoral da

Comunicação pode ser definida como aquela que direciona a comunicação de forma a

interagir e partilhar com a sociedade as questões relacionadas à vida e missão da

Igreja.

Diante dessa definição, Bombanatto (2009) ressalta que não se pode limitar a

Pastoral da Comunicação ao simples uso de seus instrumentos, isolada de um plano

pastoral sério, mas precisa ser alicerçado em uma reflexão sobre as consequências da

utilização dos meios no processo de comunicação da comunidade eclesial. Assim, a

Igreja indica que essa pastoral precisa ser planejada de acordo com a realidade de

cada diocese, paróquia ou comunidade (BOMBANATTO, 2009)

Puntel e Corazza (2007) colocam que o objetivo principal do plano pastoral é

mudar a mentalidade dos membros da comunidade, principalmente das lideranças, a

fim de assumirem a cultura midiática. As autoras entendem que a pastoral da

comunicação é essencial para proporcionar as demais pastorais, a formação e o

conhecimento sobre as novas linguagens da mídia e seus reflexos na vida das

pessoas, bem como para estimular o espírito de colaboração entre todas as pastorais,

movimentos e ministérios eclesiais.

A PASCOM (Pastoral da Comunicação) necessita de um planejamento

integrado, que envolva a participação de todas as pastorais da paróquia ou diocese, em

ações conjuntas. Para isso, é necessário promover a integração entre as pessoas, o

que facilitará o estabelecimento de objetivos comuns. (PUNTEL e CORAZZA, 2007)

A partir do que as autoras trazem a respeito da PASCOM, e analisando o que

Kunsch (2003) fala sobre o planejamento da comunicação, pode-se afirmar que os

profissionais de Relações Públicas são capazes de pensar estrategicamente o

planejamento da Pastoral da Comunicação nas paróquias e dioceses, contribuindo para

um plano pastoral sério e eficaz.

Page 45: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

45

3.2 DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

“O Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965) foi um novo sopro do Espírito

sobre a Igreja e, consequentemente, sobre o mundo” (VEGA, 2005, p. 9). Foi neste

período de renovação da Igreja que o olhar sobre a comunicação passou a ter outra

perspectiva, uma delas foi a instituição de um dia dedicado à reflexão sobre a

comunicação: o Dia Mundial das Comunicações.

3.2.1 O processo de instituição do Dia

Instituído pelo Concílio Vaticano II e declarado no pontificado do papa Paulo VI

no dia 6 de maio de 1967, o Dia Mundial das Comunicações foi criado com o objetivo

de promover a educação dos cristãos no mundo inteiro, para que utilizem os

instrumentos de comunicação com responsabilidade (VEGA, 2005).

A Pontifícia Comissão para as Comunicações Sociais relata em sua carta sobre

a instituição do Dia Mundial das Comunicações, que o fato da imprensa e os

espetáculos midiáticos atingirem um profundo grau de desenvolvimento, somente

aqueles que possuírem uma sólida formação estarão protegidos de sua influência.

Dessa forma, foi necessário estabelecer um dia especial para a conscientização dos

fiéis a respeito dos seus deveres no assunto, motivando-os a rezar e dar suas ofertas

em prol da comunicação (VEGA, 2005).

A data escolhida para a comemoração desse dia foi o domingo após a ascensão

de Jesus, que caracteriza um dia de festa, mas também de preceito. Além disso, o fato

de anteceder Pentecostes, festa que se comemora “[...] a comunicação da verdade e da

caridade pelo Espírito Santo”, favoreceu a escolha desta data (VEGA, 2005, p. 17).

Todos os anos o papa publica uma mensagem a respeito de um tema que deseja

alertar à sociedade, sempre levando em consideração à comunicação. Dariva (2003, p.

287) afirma que “[...] graças a essas mensagens, o Papa tem a oportunidade de, em

cada ano, sublinhar a exigência de uma comunicação adequada e eficaz sobre

questões cruciais como a família, os jovens, os idosos, a paz, a justiça, a liberdade

Page 46: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

46

humana, a evangelização e a reconciliação”. Assim, é necessária a celebração deste

dia por parte das paróquias.

As mensagens transmitidas através do Dia Mundial das Comunicações

influenciaram e ainda influenciam os católicos a viverem autenticamente o mundo das

comunicações. Porém, percebe-se ainda que em muitas dioceses, paróquias ou

comunidades, a comunicação está em segundo, terceiro ou quarto plano, provocando a

falta de relacionamento entre os fiéis. Entende-se que a celebração do Dia Mundial das

Comunicações possa ser um pretexto para iniciar a educação dos agentes pastorais

para a comunicação na Igreja.

De acordo com o estudo n.101 da CNBB (A comunicação na vida e missão da

Igreja no Brasil, 2011, n.105), as comunicações sociais têm papel fundamental no

desenvolvimento da missão da Igreja e se faz cada vez mais necessário a criação de

“[...] um plano integrado para as comunicações sociais, a partir do qual se deve efetivar

uma programação pastoral, não limitada apenas ao setor diocesano para a

comunicação social ou à mídia, mas apto a envolver todas as dimensões pastorais”.

Por fim, a Igreja clama pelo desenvolvimento de um planejamento de

comunicação em cada diocese, que não se limite a pastoral da comunicação, mas um

plano que consiga abranger todas as pastorais. Assim, incluir a celebração do Dia

Mundial das Comunicações nesse planejamento torna a comunidade atenta para o que

se refere ao campo das comunicações.

3.3 A IGREJA E O JOVEM

Neste item serão abordados os principais estudos da Igreja em relação aos

jovens, trazendo uma perspectiva da comunicação da Igreja Católica com a juventude.

Serão utilizados os estudos n. 101, sobre a Comunicação na vida e missão da Igreja no

Brasil, n. 103 sobre a Pastoral Juvenil no Brasil e o documento n. 3 sobre a

Evangelização da Juventude. Além das fontes publicadas e redigidas pela CNBB, serão

utilizados autores que estudam a comunicação atual na Igreja.

Page 47: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

47

3.3.1 Um panorama geral da juventude na Igreja

“A juventude mora no coração da Igreja e é fonte de renovação da sociedade. Os

jovens de todos os tempos e lugares buscam a felicidade. A Igreja continua olhando

com amor para os jovens, mostrando-lhes o verdadeiro Mestre – Caminho, Verdade e

Vida – que os convida a viver com ele” (CNBB, Evangelização da Juventude – Desafios

e Perspectivas Pastorais, 2007, n. 1).

Com essa declaração feita pela CNBB em seu documento sobre a evangelização

da juventude, pode-se perceber que a Igreja tem um grande apreço pelos jovens, e tem

grande desejo de levá-los a experimentar uma vida de fé, juntamente com o Cristo.

Sabe-se que ao longo da história construiu-se a imagem de que Igreja é local de

pessoas idosas, que buscam no final da vida criar um relacionamento com Deus para

morrerem em paz. Não é isso que os estudos da CNBB apontam. O estudo n.103 da

CNBB (Pastoral Juvenil no Brasil – Identidade e Horizontes, 2013) trás um retrospecto

da presença juvenil na Igreja do Brasil e aponta que após a década de 60 surgiram

inúmeros Movimentos e Congregações que acolheram os jovens e que hoje é a face

jovem dentro da Igreja.

Com esse estudo, percebe-se que antes desse período o espaço do jovem

dentro da Igreja era muito mais voltado para a questão vocacional e coordenado por

adultos, o que de certa forma não tornava os espaços atrativos aos jovens. Exemplos

desses Movimentos são: Congregação Mariana; Jovens Vicentinos; Legião de Maria;

Filhas de Maria; Apostolado da Oração; Cruzada Eucarística, etc. (CNBB, Pastoral

Juvenil no Brasil – Identidade e Horizontes, 2013). De acordo com o mesmo estudo, a

década de 60 foi um período em que chegou ao Brasil uma Ação Católica que visava

contribuir com a construção de uma sociedade justa e “recristianizar” o mundo através

dos leigos. Assim criaram-se grupos juvenis especializados, com uma nova metodologia

que se apoiava na vida concreta dos jovens, desenvolvendo a espiritualidade em vista

do engajamento eclesial e social. Exemplos disso são os grupos: JAC (Juventude

Agrária Católica), JEC (Juventude Estudantil Católica), JIC (Juventude Independente

Católica), JOC (Juventude Operária Católica), JUC (Juventude Universitária Católica).

Page 48: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

48

A partir da década de 70 começaram a surgir novas formas de trabalhar com a

juventude, e após a Conferência de Puebla, em 1979, a Igreja passou a ter uma

atenção especial à evangelização das novas gerações. Esse momento favoreceu o

aparecimento de movimentos internacionais no Brasil, que possuíam carismas próprios

e um jeito específico de evangelizar os jovens. Como exemplo destes movimentos,

pode-se citar o Movimento Gen, a Renovação Carismática, Juventude Vicentina e as

Congregações Marianas. De origem nacional e apoiados pelas dioceses e paróquias,

os Movimentos de Encontro como o CLJ, Amigos de Cristo, Onda, Vigília, Nazaré,

Catecumenato, Cenáculo, Shalom, Emaús, etc.

Todos esses Movimentos possuem características peculiares, evangelizando os

jovens de uma forma diferente aos antigos movimentos. “[...] Importância dos

testemunhos; impacto emocional e conversão frente aos problemas pessoais;

experiências fortes de oração e amizade; ênfase na Bíblia e nos sacramentos;

celebrações animadas e alegres; participação em uma Igreja mais atraente”, são

algumas características desses Movimentos de Encontro (CNBB, Pastoral Juvenil no

Brasil – Identidade e Horizontes, 2013, p. 29). Isso aproximou os jovens dos padres e

se criou a consciência de que a Igreja somos nós. Os Movimentos de Encontro também

provocaram o surgimento de grupos de jovens nas paróquias e despertaram muitas

vocações para o ministério sacerdotal (CNBB, Evangelização da Juventude – Desafios

e Perspectivas Pastorais, 2007).

No final da década de 70 e durante a década de 80, os brasileiros passaram,

novamente, por manifestações civis pela democracia que acabaram afetando a maneira

de evangelizar os jovens. Foi a época em que inúmeros setores da sociedade foram as

ruas manifestar-se pelas diretas já. Entre os grupos estavam estudantes e jovens.

Neste período, surgiram inúmeros grupos de jovens nas paróquias que até então não

tinham um plano pastoral, estavam isolados e sem objetivos claros. “Uma geração de

jovens católicos que eram protagonistas do seu próprio processo de educação na fé e

que podiam dialogar com a nova realidade que surgia” (CNBB, Evangelização da

Juventude – Desafios e Perspectivas Pastorais, 2007, n.279). Esses grupos de jovens

paroquiais estabeleceram uma rede entre eles, e após a convocação do setor juventude

da CNBB para um encontro nacional de delegados regionais, surge a Pastoral Orgânica

Page 49: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

49

da Juventude (PJ) e a partir dela faz nascer pastorais específicas no meio em que se

sentem chamadas a evangelizar, como exemplo, a Pastoral da Juventude Estudantil

(PJE), Pastoral da Juventude Rural (PJR) e Pastoral da Juventude do Meio Popular

(PJMP). Diferente dos Movimentos de Encontro, as Pastorais da Juventude possuíam

características próprias por serem coordenadas por jovens, buscarem o protagonismo

juvenil, terem a opção pelos pobres e pela transformação social, entre outros (CNBB,

Pastoral Juvenil no Brasil – Identidade e Horizontes, 2013).

A partir da década de 90, houve um enfraquecimento das Pastorais da

Juventude e começam a crescer os Movimentos Eclesiais e as Novas Comunidades.

Aparecem dificuldades relacionadas à evangelização da juventude como a carência de

assessoria adulta e diminuição do investimento para o trabalho junto aos jovens. Dessa

forma, em 1995, o Setor Juventude da CNBB começa a organizar encontros anuais

com as Pastorais da Juventude, Movimentos e Congregações Religiosas, com o intuito

de estimulá-las para a evangelização das novas gerações. Em 1996, a Campanha da

fraternidade foi voltada para os jovens com a temática “Juventude, Caminho aberto”

(CNBB, Pastoral Juvenil no Brasil – Identidade e Horizontes, 2013).

O ano de 2007 traz um grande marco para a CNBB em relação à evangelização

da juventude. Após dois anos de trabalho, a CNBB lançou o documento 85 sobre a

evangelização dos jovens, documento também utilizado para esta pesquisa. Com esse

documento, renovou-se a atenção pela evangelização dos jovens e a partir dai abriu-se

um grande leque para ações com a juventude no Brasil (CNBB, Pastoral Juvenil no

Brasil – Identidade e Horizontes, 2013). Um exemplo disso foi a Jornada Mundial da

Juventude de 2013, sediada no Rio de Janeiro.

3.3.2 A comunicação da Igreja com o jovem

A Igreja Católica no Brasil e no mundo todo tem buscado os mais modernos

meios de comunicação para comunicar-se com os jovens. A Igreja entende e sabe a

importância desse público e por isso tem investido fortemente na comunicação dirigida.

O que comprova essa afirmação é a presença de inúmeros portais católicos para jovens

na internet, criados recentemente com o intuito de proporcionar ao jovem um contato

Page 50: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

50

mais próximo com a Igreja e introduzir a Igreja para mais próxima do jovem, através de

uma linguagem apropriada e assuntos de seus interesses.

O portal <www.jovensconectados.com.br>, por exemplo, é hoje o maior portal

católico voltado para a juventude brasileira. Ele foi criado em 2011 pela Comissão

Episcopal Pastoral para a Juventude, da CNBB e traz inúmeras notícias relacionadas à

Igreja e ao jovem, bem como informações sobre todas pastorais, movimentos e

congregações religiosas que trabalham a evangelização dos jovens. Outro portal

católico, este a nível mundial, dirigido à juventude, é o <www.pope2you.net>, criado em

2009 pelo Vaticano, com o intuito de aproximar o papa Bento XVI dos jovens. “Estas

aplicações abrem a Igreja ao mundo das redes sociais, uma espécie de continente,

onde os jovens podem ajudar a levar a fé católica”, disse o coordenador do projeto,

Padre Paolo Padrini. (GASPARETTO, 2011, p. 113)

Contudo, percebe-se que a Igreja Católica tem se interessado em organizar

espaços para que o jovem possa participar ativamente da Igreja, e ajudar a construí-la

dentro do espaço midiático. Em seus estudos sobre a Comunicação na Vida e Missão

na Igreja do Brasil (2011, n.84), a CNBB afirma que “[...] junto com os jovens é possível

recuperar positivamente os notáveis recursos midiáticos do nosso tempo, enfatizando a

rede de internet”. Em suma, pode-se dizer que cada vez mais a Igreja tem buscado

aproximar-se dos jovens.

Em 2012 a grande notícia que se espalhou foi a abertura da conta do papa Bento

XVI no twitter. Com o objetivo de estar ainda mais próximo dos fiéis, em particular dos

jovens, em virtude de ser o maior público conectado, o pontífice atingiu mais de 120 mil

seguidores em poucas horas no ar. Hoje, utilizado pelo papa Francisco, o pontífice

possui mais de um milhão de seguidores e diariamente posta mensagens que são

compartilhadas e difundidas nas redes.5

Outro instrumento de comunicação que comprova o interesse da Igreja em estar

cada vez mais próxima do público jovem foi o lançamento do Catecismo Jovem da

Igreja Católica – YOUCAT, em 2011. A Igreja possui um catecismo que contém toda a

fundamentação da sua doutrina e dogmas, um livro com mais de 1000 páginas e uma

5Disponível em <http://oglobo.globo.com/mundo/vaticano-lanca-conta-oficial-do-papa-no-twitter-

6908157>. Acesso em: 04 de maio de 2014.

Page 51: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

51

linguagem um pouco difícil. Dessa forma, com o desejo de que os jovens estudassem o

catecismo, e pudessem conhecer mais profundamente a Igreja, o papa Bento XVI,

juntamente com os bispos de todo o mundo, teve a ideia de lançar um catecismo com a

linguagem jovem, para que eles pudessem conhecer mais a Cristo e a Igreja. Em sua

carta introdutória do YOUCAT (2011, p. 9), Bento XVI relata como foi o processo de

criação dessa ferramenta e diz:

Muitas pessoas me dizem: os jovens de hoje não se interessam por isso. Duvido que isto seja verdade e estou certo do que digo. Os jovens de hoje não são tão superficiais como se diz deles. Eles querem saber realmente o que é a vida. Um romance policial é excitante porque nos insere no destino de outras pessoas, que também poderia ser o nosso. Este livro é cativante porque fala do nosso próprio destino, pelo que está profundamente próximo de cada um de nós.

E continua a carta convidando os jovens a estudar o catecismo (YOUCAT, 2011,

p. 10):

Assim vos convido: estudai o catecismo! Este é o desejo do meu coração. Este catecismo não fala ao vosso gosto, nem vai pelo facilitismo. Na verdade, ele exige de vós uma vida nova. Ele apresenta-vos a mensagem do Evangelho como uma pérola preciosa (MT 13,46), pela qual se tem de dar tudo. Peço-vos, portanto: estudai o catecismo com paixão e perseverança! Para isso, sacrificai tempo! Estudai-o no silêncio do vosso quarto, lede-o enquanto casal se estiverdes a namorar, formai grupos de estudo e redes sociais, partilhai-o entre vós na Internet! Permanecei deste modo num diálogo sobre a vossa fé!”

A partir da carta de Bento XVI percebe-se que a Igreja se introduz na realidade

do jovem, utilizando a linguagem mais adequada para atraí-lo ao seio da mãe Igreja.

Assim como pediu o papa, hoje existe o portal <www.youcat.org> que contém todo o

conteúdo do catecismo jovem, como também notícias sobre a Igreja e a juventude

católica.

Movido pelo desejo de que Jesus Cristo fosse o centro da fé de cada jovem, o

papa João Paulo II, em 1985, instituiu o maior evento da juventude católica, a Jornada

Mundial da Juventude (GASQUES, 2012). Confiou aos jovens a Cruz e o ícone de

Nossa Senhora, que se tornaram os símbolos desse evento. Foi com essas palavras

que João Paulo II entregou a Cruz para os jovens em 1984 (GASQUES, 2012, p.11):

Meus queridos jovens, na conclusão do Ano Santo, eu confio a vocês o sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Carreguem-na pelo mundo como um

Page 52: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

52

símbolo do amor de Cristo pela humanidade, e anunciem a todos que somente na morte e ressurreição de Cristo podemos encontrar a salvação e a redenção.

Sabe-se que na década de 80, muitos jovens estavam se afastando da Igreja,

assim, acredita-se que por esse motivo, também, o papa João Paulo II pensou em

realizar um evento internacional que pudesse proporcionar ao jovem a vivência com

diferentes culturas e modos de viver a fé católica. A Jornada Mundial da Juventude já

está indo para a 14º edição que acontecerá em 2016 na Cracóvia – Polônia.6

Além de levar o jovem a vivenciar diferentes culturas, a JMJ leva-o a

experimentar o sentimento de pertença pela Igreja. Percebe-se isso quando, na

Jornada Mundial que aconteceu no Brasil, em 2013, os jovens de todo o mundo

gritavam a Igreja é viva, a Igreja é jovem ou ainda esta é a juventude do papa.

Em suma, pode-se dizer que a Jornada Mundial da Juventude tornou-se um meio

estratégico de comunicação dirigida aproximativo da Igreja com os jovens, pois, além

de abranger uma média relevante de público, cerca de um milhão de fiéis por JMJ, leva

a juventude católica a enxergar a face jovem da Igreja.

6 Disponível em < http://g1.globo.com/jornada-mundial-da-juventude-2013/historia/platb/>. Acesso em 04

de maio de 2014.

Page 53: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

53

4 METODOLOGIA

Para se realizar uma pesquisa científica é necessário fazer algumas escolhas

que irão direcionar o caminho a ser seguido durante todo o trabalho desenvolvido. O

primeiro passo a ser tomado é a escolha de um problema, pois a pesquisa é necessária

justamente para responder a uma ou várias perguntas que surgem a partir de uma

situação. Segundo Gil (2010) a pesquisa pode ser definida como um procedimento

racional e sistemático que busca encontrar respostas às questões propostas. O

problema de pesquisa gerador desse projeto é: de que forma as Relações Públicas

podem facilitar a comunicação da Igreja Católica com o público jovem?

Após a escolha do problema de pesquisa, define-se por qual caminho se irá

responder a pergunta proposta, ou seja, decide-se qual/quais metodologias serão

utilizadas. Segundo Duarte e Barros (2005), as técnicas de pesquisa podem ser

comparadas com ferramentas, é preciso fazer a escolha da ferramenta certa para se

obter êxito no trabalho. Para este projeto monográfico é utilizada a pesquisa qualitativa,

que busca subjetivamente a resposta para o problema, evitando números, mas lidando

com realidades sociais (BAUER e GASKELL, 2008), bem como, a pesquisa

exploratória, buscando levantamento bibliográfico e entrevista com pessoas que já

tiveram experiência prática com o assunto. É utilizada também a pesquisa quantitativa,

através da pesquisa de opinião aplicada aos jovens do programa Fé e Café.

Para responder o problema dessa pesquisa, são utilizadas quatro técnicas

metodológicas que se complementam: a Pesquisa Documental, que nos permitirá

analisar documentos da Igreja a respeito da Comunicação; a Pesquisa Bibliográfica,

que dará base para o desenvolvimento a respeito das Relações Públicas e da

Comunicação aplicada à Igreja Católica. Para complementar, é apresentado um Estudo

de Caso do Programa Fé e Café, da Paróquia Santa Teresa, de Caxias do Sul,

exemplificando uma atividade voltada ao público jovem, idealizada pela Igreja, e

Entrevistas em Profundidade que nos possibilitará compreender mais esmiuçadamente

o programa Fé e Café – uma das atividades da paróquia com os jovens e a Pesquisa

de Opinião.

Page 54: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

54

4.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

A pesquisa bibliográfica consiste na escolha e análise de bibliografias pertinentes

ao assunto abordado no trabalho. Segundo Stumpf (apud DUARTE e BARROS 2005),

a pesquisa bibliográfica é definida como “[...] um conjunto de procedimentos para

identificar, selecionar, localizar e obter documentos de interesse para a realização de

trabalhos acadêmicos e de pesquisa”.

A consulta bibliográfica além de ser uma atividade que acompanhará o

pesquisador durante todo o seu trabalho de pesquisa, será indicadora dos próximos

passos a serem seguidos (STUMPF apud DUARTE e BARROS, 2005). Esse tipo de

pesquisa não se restringe a livros, mas em virtude da disseminação de novos formatos

de informação, pesquisas realizadas em discos, fitas magnéticas, CDs, e material

disponibilizado na internet também são considerados pesquisas bibliográficas (GIL,

2010). Para esse estudo procurou-se utilizar bibliografias atuais e confiáveis, que

dessem credibilidade ao estudo apresentado.

4.2 PESQUISA DOCUMENTAL

A pesquisa documental é utilizada com frequência em diversas áreas do

conhecimento, desde História até a Medicina, visto que ela pode ser utilizada como

base ou apoio para a pesquisa científica. Porém, quando falamos do campo da

Comunicação, não é comum estudos desse tipo (MOREIRA apud DUARTE e BARROS,

2005).

Segundo a autora, a Pesquisa Documental ou Análise Documental consiste na

identificação, verificação e apreciação de documentos para um fim determinado. Em

sua maioria é qualitativa, verificando o conteúdo do material selecionado, e suas fontes

são, normalmente, de origem secundária, constituindo dados já organizados, como por

exemplo, jornais, revistas, catálogos, gravações de áudio ou vídeo. Nesse trabalho

faremos a análise de documentos, decretos e instruções pastorais emitidos pela Igreja

Católica a respeito da Comunicação Social. Esses documentos estão unificados em

livros cujo assunto é a Comunicação Social na Igreja Católica.

Page 55: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

55

A análise documental permite a construção histórica da comunicação dentro da

Igreja Católica, verificando por qual finalidade ela se fez necessária, e pontuando a

evolução dos meios de comunicação de massa no uso em prol a Igreja. Além disso,

essa metodologia é utilizada para entender o histórico da Paróquia Santa Teresa, de

Caxias do Sul, campo de estudo dessa pesquisa.

4.3 ESTUDO DE CASO

O Estudo de Caso é uma metodologia de pesquisa utilizada para contribuir com

o conhecimento dos fenômenos individuais, grupais, organizacional, sociais, políticos e

relacionados (YIN, 2010). Segundo Yin (2010), o desejo de incluir o Estudo de Caso

como um método de pesquisa se dá a partir do desejo de entender os fenômenos

sociais mais complexos, permitindo que os investigadores analisem e retenham as

características significativas dos eventos da vida real.

Esse método de pesquisa consiste em um estudo aprofundado de um objeto, a

fim de verificar detalhes que aparentemente não são vistos e analisados. O Estudo de

Caso não se trata simplesmente de um relato, pois vai estudar o fator motivador

daquele objeto (LACERDA, 2013).

O Estudo de Caso realizado nesta pesquisa, virá complementar e exemplificar a

teoria tratada. O objeto de estudo é o Programa Fé e Café, trabalho desenvolvido

dentro da Paróquia Santa Teresa, de Caxias do Sul, apresentando a maneira pela qual

a Paróquia tem se envolvido com o público jovem.

4.3.1 Entrevista em Profundidade

Para desenvolver o Estudo de Caso será utilizada uma das fontes mais

importantes para essa metodologia de pesquisa, a entrevista em profundidade.

Segundo Yin (2010, p. 133), na entrevista em profundidade:

Você pode perguntar aos respondentes-chave sobre os fatos de um assunto, assim como suas opiniões sobre o evento. [...] A entrevista pode ocorrer durante um longo período de tempo e não em uma ocasião.

Page 56: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

56

Essa metodologia complementa o Estudo de Caso ajudando na obtenção de

informações importantes para que o estudo aconteça. Para YIN (2010), os informantes-

chave são fundamentais para o sucesso de um Estudo de Caso. A escolha dos

entrevistados se dará de acordo com o envolvimento no caso estudado.

De fato, pelo que se percebe, as entrevistas em profundidade não buscam

quantificar dados, mas descobrir informações subjetivas baseadas nas experiências

vividas pelos entrevistados. Para Bauer e Gaskell (2008, p. 68), “[...] a finalidade real da

pesquisa qualitativa não é contar a opinião ou pessoas, mas ao contrário, explorar o

espectro de opiniões, as diferentes representações do assunto em questão”.

No Estudo de Caso do programa Fé e Café, da Paróquia Santa Teresa, foram

realizadas nove entrevistas gravadas em áudio, com os seguintes informantes: o

Pároco da Catedral e idealizador do programa Fé e Café, Padre Leomar Brustolin, dois

jovens atuantes na Paróquia e membros da equipe do Fé e Café, e seis jovens

participantes do programa.

4.3.2 Pesquisa de Opinião

Em virtude do programa Fé e Café não possuir dados estatísticos que pudessem

dar suporte a essa pesquisa, decidiu-se aplicar um questionário (Apêndice A), com o

objetivo de identificar o perfil dos jovens participantes, bem como, as suas opiniões

referentes a alguns quesitos do programa. De acordo com Kunsch (2003) a pesquisa

de opinião é um dos tipos de pesquisas mais relevantes para as relações públicas, isso

porque as organizações se relacionam com diversos públicos que precisam ser

conhecidos por ela.

Para Philip Lesly (1995, p. 80 apud Kunsch, 2003, p. 279), através da pesquisa

de opinião é possível confirmar suposições sobre um determinado assunto. Assim,

entende-se que a pesquisa aplicada aos jovens participantes do programa Fé e Café,

seja importante para identificar a eficácia desse instrumento enquanto canal de

comunicação da Igreja com os jovens. Para Raymond Simon (1994, pp 195-8, apud

KUNSCH, 2003, p. 279) a pesquisa possui seis benefícios:

Page 57: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

57

1. Propicia informações acerca das atitudes e opiniões do público; 2. Propicia informação objetiva para elaboração de planos; 3. Atua de forma a prevenir problemas; 4 Assegura apoio interno para a função de relações públicas; 5. Possibilita ou acrescenta a eficácia da comunicação; 6. Impulsiona as atividades de relações públicas.

Em suma, fica evidente que a pesquisa de opinião pode revelar dados

estratégicos para desenvolvimento institucional das organizações. No caso do Fé e

Café, os dados contribuíram para a identificação do perfil dos jovens participantes e o

contentamento deles em relação aos aspectos do programa abordados na pesquisa.

4.3.3 O Estudo de Caso

O Estudo de Caso apresentado nesta pesquisa virá complementar e exemplificar

um trabalho de comunicação dirigida desenvolvido pela Paróquia Santa Teresa, de

Caxias do Sul, apresentando a maneira pela qual a Paróquia tem se envolvido com o

público jovem. Nesse estudo será abordado, o programa Fé e Café, desenvolvido pela

paróquia e idealizado pelo Pároco Pe. Leomar Brustolin. A partir disso, com base na

teoria apresentada até aqui, será possível identificar os elementos de comunicação,

desenvolvidos pela paróquia, a fim de atrair os jovens e tornar a Igreja mais próxima

deles. Esse estudo complementará a resposta da questão norteadora desse trabalho.

4.3.3.1 Paróquia Santa Teresa: Breve Histórico

A Paróquia estudada é a Catedral Diocesana de Caxias do Sul, que foi

inaugurada em 14 de outubro de 1899, um dia antes da festa de sua padroeira, Santa

Teresa D’Ávila. Ela foi construída a partir da chegada dos imigrantes italianos na Serra

Gaúcha, que logo sentiram a necessidade de construir um templo de oração.

Inicialmente, os imigrantes fizeram uma cabana de taquaras que era situada na Rua

Bento Gonçalves. Posteriormente, os pioneiros passaram a se reunir na casa de Luigi

Del Canale, localizada na Avenida Júlio de Castilhos, onde hoje é o Edifício Estrela.

Mais tarde, os imigrantes alugaram a casa de Carlos Gatti, localizada na Rua Sinimbu

que fora destruída em um incêndio em 1896.

Page 58: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

58

Após quatro anos de muito trabalho, em 14 de outubro de 1899, foi inaugurada e

abençoada pelo Padre Antônio Pértile a Igreja Matriz de Santa Teresa, localizada no

coração de Caxias, em frente à Praça Dante Alighieri, na Rua Sinimbu. No ano de

1934, foi criada a Diocese de Caxias do Sul e a Igreja de Santa Teresa foi elevada à

Catedral Diocesana dos caxienses.

A Catedral Diocesana leva o nome de Santa Teresa pelo fato dos colonos

desejarem homenagear a Imperatriz do Brasil, Dona Teresa Cristina, esposa de Dom

Pedro II. Assim, eles escolheram o nome da santa, por ser o mesmo nome da

soberana, como forma de expressar a gratidão pelas terras recebidas.

A Basílica de Santo Antônio de Bolonha foi à inspiradora da arquitetura da

Catedral de Caxias, que em 1999, quando completou 100 anos, recebeu uma nova

decoração, sendo adaptada ao novo estilo litúrgico proposto pelo Concílio Vaticano II.

A Catedral celebra quatro missas diárias, sendo às 6h45min, às 12horas, às 16horas e

às 19horas.7

Há 20 anos o Pároco da Catedral de Caxias é o Padre Leomar Brustolin, Doutor

em teologia pela PUC e idealizados do programa Fé e Café, estudado nessa pesquisa.

Atualmente o Vigário Paroquial é o Padre Oscar Chemello.

4.4 OBJETO DE ESTUDO: PROGRAMA FÉ E CAFÉ

Neste item serão abordadas características do programa Fé e Café como: dados

básicos, objetivos, o surgimento da ideia, público-alvo, temas já abordados,

comunicação e a contribuição para o relacionamento da igreja com os jovens. A análise

dos dados será feita de forma cruzada, mesclando a pesquisa de opinião com as

entrevistas em profundidade, uma complementando a outra.

7 Dados retirados do site oficial da Paróquia. Disponível em

<http://www.catedraldecaxias.org.br/a_catedral_historico.php>. Acesso em 18 nov, 2013.

Page 59: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

59

4.4.1 Pesquisa de Campo

A ideia inicial desse estudo não contemplava a Pesquisa de Opinião, porém, ao

longo do processo, identificou-se a necessidade de aplicar a pesquisa, em virtude do

Programa não possuir nenhum dado quantitativo que pudesse auxiliar nessa pesquisa,

nem mesmo uma documentação do histórico e dos objetivos, que relatassem o

surgimento da ideia, número de edições já desenvolvidas, etc. Dessa forma, a

descrição do programa apresentada nos próximos itens, foi construída através da coleta

de dados fruto das técnicas de pesquisa utilizadas: Pesquisa de Opinião e Entrevista

em Profundidade.

4.4.1.1 Pesquisa de Opinião

Com o intuito de descobrir o perfil do jovem participante do Programa Fé e Café,

bem como identificar os aspectos comunicacionais do Programa em relação à Igreja e o

público jovem, foram aplicados 77 questionários aos participantes da edição 22 do

programa, no dia 27 de abril de 2014, ás 20h, no Espaço Mater Dei, na Catedral

Diocesana de Caxias do Sul. Os questionários (Apêndice A) continham 15 questões

objetivas e uma questão dissertativa foram entregues no inicio do programa, e

devolvidos ao final da edição. Esporadicamente, em virtude da temática, o programa,

que é direcionado ao público jovem, faz edições abertas ao público de maior idade. A

edição abordada contemplava participantes com idade superior à estipulada pelo

programa, dessa forma, seis questionários da amostra foram descartados, por terem

sido respondidos por participantes acima de 35 anos, que não contemplam o perfil de

participantes estudados nessa pesquisa. Assim, os resultados serão apresentados, com

base na tabulação de 71 questionários.

Page 60: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

60

4.4.1.2 Entrevistas em Profundidade

Com o intuito de compreender melhor o processo de construção do Programa Fé

e Café, bem como, identificar a eficácia dele enquanto meio de comunicação da Igreja

Católica com o público jovem, foram realizadas nove (9) entrevistas em profundidade

(Apêndice B) com respondentes estratégicos. As entrevistas que possibilitaram

compreender o processo de criação do Fé e Café foram realizadas com o Padre

Leomar Brustolin, Pároco da Catedral Diocesana de Caxias do Sul e idealizador do

programa e com os jovens Patrícia Macedo e Vinicius de Vargas Bacichetto, que fazem

parte da equipe organizadora e estiveram desde o inicio do programa, auxiliando na

sua formatação. As demais entrevistas foram realizadas com jovens visivelmente

atuantes do programa, ou seja, que interagem e possuem uma frequência considerável.

Foi escolhida uma amostra de seis (6) entrevistados, por representarem

aproximadamente 20% dos jovens que possuem participação superior a seis (6)

edições conforme gráfico abaixo:

Gráfico1: Número de edições participantes Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

Os dados foram retirados da pesquisa de opinião aplicada durante o trabalho. A

partir do gráfico, é notório que dos 71 respondentes da pesquisa quantitativa, 35

possuem uma frequência superior a seis edições, o correspondente a 49,3%. Uma

amostra de seis (6) entrevistados corresponde a aproximadamente 17,02% dos

participantes que frequentaram mais de seis edições do programa. As entrevistas foram

marcadas previamente, de acordo com a disponibilidade de cada entrevistado.

Page 61: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

61

Foram desenvolvidas perguntas específicas para cada grupo, dessa forma, o

idealizador do programa respondeu perguntas diferentes às demais perguntas feitas

aos entrevistados participantes. Segue abaixo, a listagem das perguntas feitas para

cada grupo de entrevistados:

Ao idealizador do programa:

1. Como surgiu a ideia de criar um programa estilo o Fé e Café?

2. Porque o programa é direcionado somente ao público jovem?

3. Com que objetivo o programa foi criado?

4. Qual a sua percepção sobre o alcance desses objetivos até então?

5. Em sua opinião, qual é a contribuição do Fé e Café para a Igreja, enquanto

ferramenta de comunicação e interação com os jovens?

6. Percebemos que o programa teve uma grande aceitação e adesão por parte dos

jovens. Em sua opinião, qual o fator determinante para esse resultado?

Aos jovens da Equipe Fé e Café:

1. Qual é a sua percepção do programa Fé e Café?

2. Porque você decidiu fazer parte da equipe do programa?

3. De que forma você ajudou na formatação do Fé e Café?

4. Qual a contribuição do programa para o seu relacionamento com a Igreja?

5. Você vê o programa como uma ferramenta de comunicação eficaz da Igreja com

o jovem? Por quê?

6. O que você mudaria no programa?

Aos jovens participantes:

1. Qual é a sua percepção do programa Fé e Café?

2. O que levou você a participar do programa?

3. Qual a contribuição do programa para o seu relacionamento com a Igreja?

Page 62: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

62

4. Você vê o programa como uma ferramenta de comunicação eficaz da Igreja com

o jovem? Por quê?

5. O que você mudaria no programa?

Todos os entrevistados foram bastante receptivos em participar da pesquisa, e

colaboraram para que fosse possível chegar a um resultado preciso e verdadeiro. Os

áudios das gravações estão disponíveis em cd anexo ao trabalho.

4.5 ANÁLISES DOS RESULTADOS

As técnicas utilizadas durante a pesquisa foram essenciais para o bom

desenvolvimento do estudo. Conforme já foi mencionado, o Fé e Café não possuía

nenhuma base de pesquisa e registros que pudessem auxiliar. A partir das técnicas

metodológicas apresentadas, juntamente com uma análise cruzada entre a pesquisa de

opinião e as entrevistas em profundidade, foi possível descrever o processo de criação

do programa, público-alvo, e outros itens que serão mencionados abaixo:

4.5.1 Dados básicos

- Nome do programa: Fé e Café;

- Slogan do programa: Café com Gosto de resposta;

- Número de participantes: média de 100 pessoas por edição;

- Periodicidade: mensal – último domingo de cada mês;

- Horário de inicio: 20 horas

- Tempo de duração de cada edição: média de 01h30min;

- Local de realização: Espaço Mater Dei – Rua os 18 do Forte, Centro;

- Tempo de existência do programa: 2 anos e 3 meses.

Page 63: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

63

4.5.2 Surgimento da ideia

O programa Fé e Café: café com gosto de resposta, teve sua primeira edição em

25 de março de 2012 e foi idealizado pelo Pároco da Catedral Diocesana de Caxias do

Sul, o Padre Leomar Brustolin, juntamente com alguns jovens da paróquia. De acordo

com o Padre, há muito tempo ele desejava desenvolver uma instância na paróquia para

dialogar com os jovens temas relacionados à fé, razão, ciência e religião, em virtude de

cotidianamente aparecerem desafios relacionados à fé e as pessoas não saberem se

posicionar ou responder a essas questões. Esperava que fosse algo profundo, mas

simples, que pudesse ter uma linguagem acessível a todos. Assim, surgiu a ideia de

criar o Fé e Café.

4.5.3 Público-alvo

O público escolhido para participar do Fé e Café foram os jovens entre 15 e 35

anos. De acordo com o Padre Leomar, foi escolhido esse público por duas razões. A

primeira por acreditar que os jovens são os mais bombardeados com temas

relacionados à fé, religião, ciência e razão, sendo pressionados a se posicionarem

diante de uma sociedade que se diz livre ao afirmar que a melhor opção é viver longe

de dogmas ou crenças. E a segunda razão, por afirmar que os jovens são mais abertos

para a compreensão do diálogo entre a fé e a ciência. De acordo com Brustolin, os

adultos são mais extremistas, acreditando que é tudo fé ou tudo razão. Para ele, os

jovens possuem um melhor entendimento do diálogo entre a instância da fé e da razão.

Kunsch (2003, p. 329) afirma que “as organizações e os públicos constituem

nosso objeto de estudo e trabalho”. Assim, pode-se dizer que os públicos são a

matéria-prima para o desenvolvimento das Relações Públicas. Entendendo que

conhecer os públicos a quem se está comunicando é de suma importância, a pesquisa

quantitativa aplicada aos jovens do programa Fé e Café, buscou descobrir o perfil do

jovem participante.

Page 64: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

64

De acordo com a pesquisa quantitativa, há um equilíbrio entre o sexo dos jovens

participantes do programa. Entre os respondentes da pesquisa, 50% (34) eram homens

e 50% (34) mulheres, conforme gráfico a seguir:

Gráfico 2: Sexo Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

Percebe-se com a pesquisa que a grande maioria dos participantes 49,30% (35)

possui entre 18 e 25 anos, conforme gráfico abaixo:

Page 65: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

65

Gráfico 3: Faixa Etária Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

Dentre os entrevistados 74,65% (53) são solteiros, e apenas 21,3% (15) são

casados ou estão em união estável. 4,22% (3) não responderam essa questão. Dessa

forma, pode-se dizer que esse dado é reflexo da faixa etária do público-alvo.

Gráfico 4: Estado Civil Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

Page 66: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

66

Conforme o Padre Leomar Brustolin, o Fé e Café é um programa que busca o

diálogo entre a fé, a razão, ciência e religião, assuntos que auxiliam o jovem a formar a

sua concepção sobre essas instâncias. A partir do gráfico abaixo, que questiona a

respeito da escolaridade, percebe-se que o jovem do Fé e Café possui um bom nível de

instrução, ou seja, está em busca de desenvolver o pensamento crítico sobre os

assuntos. 60,56% (43) dos entrevistados possuem nível superior completo ou em

andamento, 11,27% (8) possuem Pós-Graduação, 21,13% (15) então cursando ou já

terminaram o Ensino Médio e apenas 4,22% (3) estão no Ensino Fundamental. Nessa

questão, 2,82% (2) não responderam.

Gráfico 5: Escolaridade Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

Apesar de o programa ser aberto a todas as religiões, a grande parte dos jovens

participantes que responderam a pesquisa é da religião católica 95,77% (69) e apenas

2,82% (2) disse não ter religião e 1,41% (1) se declarou evangélico.

Page 67: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

67

Gráfico 6: Religião Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

Sabe-se que há uma parcela dos católicos que se dizem não praticantes ou

praticantes. Entre os jovens participantes que responderam a pesquisa, conforme

gráfico abaixo 87,32% (62) são praticantes e participam de alguma Paróquia ou

Comunidade. Apenas 5,63% (4) se declararam não praticantes e 7,05% (5) não

responderam essa questão.

Gráfico 7: Participa de Paróquia ou Comunidade Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

Page 68: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

68

Dentre os entrevistados que participam de alguma paróquia ou comunidade, a

grande maioria 50% (31) participa da Catedral Diocesana de Caxias do Sul. Diante

desse dado, fica evidente que isso acontece pelo fato do programa acontecer na

Catedral e ter maior divulgação nessa paróquia. Outras paróquias e comunidades

também foram citadas, conforme gráfico abaixo:

Gráfico 8: Outras Paróquias ou Comunidades Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

Com os dados coletados, foi possível identificar o perfil do jovem participante do

programa Fé e Café, permitindo uma análise posterior a respeito da formatação e das

estratégias utilizadas para atrair e dialogar com esses jovens.

Page 69: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

69

4.5.4 Objetivo do programa

Para o idealizador do programa, o Fé e Café foi criado para responder os

questionamentos dos jovens, relacionados a fé, razão, ciência e religião, de modo a

oferecer dados que permitam ao jovem ver que a fé cristã, mais especificamente a fé

católica, não é uma fé irracional, que ela tem sentido, tem fundamento e que é possível

crer e pensar sem nenhum problema. Assim, apesar do encontro ser aberto a todas as

religiões, as respostas são dadas à luz da fé católica.

Ao longo das entrevistas em profundidade, percebe-se que a maioria dos

entrevistados veem o Fé e Café como um esclarecedor de dúvidas, porém, alguns

deles, observam que o programa também contribuiu e contribui de outras formas para

suas vidas, superando o objetivo. O participante do programa Jhonatan Macedo, por

exemplo, acrescenta que o programa apresenta mistérios relacionados com a Igreja,

que em outro local talvez não houvesse possibilidade de conhecer. O entrevistado

relata que, apesar de ser católico, antes de participar não tinha um relacionamento

próximo com a Igreja, e aponta o Fé e Café como um instrumento de aproximação da

Igreja com a juventude.

Assim também pensa a entrevistada Mônica Scariot, que afirma ter se

aproximado mais da Igreja ao participar do programa. Segundo ela, o Fé e Café é bem

eficiente no esclarecimento das dúvidas e ajuda o jovem a ter mais confiança na Igreja.

Já a jovem Patrícia Macedo, que faz parte da equipe organizadora, ressalta que o

programa também objetiva estimular o jovem, seja qual for a sua religião ou filosofia de

vida, a pensar de forma mais crítica, não aceitando simplesmente o que é dito pelas

mídias, mas observando e ajudando a construir a sua opinião.

Diante dessas opiniões, percebe-se que o Fé e Café foi criado com um objetivo,

o qual vem sendo alcançando, e superando as expectativas, proporcionando uma

aproximação do jovem católico da igreja.

Essa conclusão pode ser evidenciada pelo gráfico abaixo, que aponta o Fé e

Café como um meio eficaz de comunicação da Igreja com o jovem. 92,95% (66) dos

entrevistados avaliam o programa como um meio eficaz de comunicação bom ou muito

bom e apenas 4,23% (3) apontam como um meio regular.

Page 70: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

70

Gráfico 9: Eficácia da Comunicação do Fé e Café Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

Fica evidente que o programa está conseguindo alcançar e superar os seus

objetivos através do gráfico abaixo, que aponta que 73,24% (52) dos entrevistados,

entende o Fé e Café como um meio eficaz de comunicação por transmitir informações

relacionadas a fé, razão, ciência e religião. Além disso, 66,19% (47), acreditam que o

programa é um facilitador da comunicação da Igreja com o jovem e 43,66% (31)

afirmam que o programa é um meio eficaz de comunicação por ser divertido e ter

dinâmica atrativa.

O entrevistado Fernando Josué Ferreira afirma que através do programa, pôde

conhecer melhor a Igreja, suas ideias e convicções. Ele conclui, afirmando que o Fé e

Café contribui para o jovem ter uma ideia melhor sobre o todo da Igreja, mas acredita

que é preciso uma busca extra por conhecimento da parte dos católicos, algo que vá

além do programa.

A jovem Patrícia Macedo, afirma em sua entrevista, que o Fé e Café propõe um

jeito novo da Igreja se comunicar com o jovem e que isso o torna ainda mais eficaz

enquanto meio de comunicação. Ela ressalta que o programa foge dos meios

Page 71: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

71

convencionais de convidar o jovem para ir à Igreja, na missa ou no grupo de oração,

com os assuntos tratados ele instiga a pessoa, que é atraida a ir na Igreja.

Gráfico 10: Outros motivos da eficácia da comunicação do Fé e Café Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

Dentre os outros motivos apontados, que tornam o Fé e Café um meio eficaz de

comunicação da Igreja com os jovens, estão a música e o ambiente, com 33,33% (1),

ter uma cara jovem, com 33,33% (1) e por trazer a opinião da Igreja sem deixar de

considerar a opinião do jovem, com 33,33% (1).

4.5.5 Formatação

Conforme os gráficos acima citaram, o Fé e Café está conseguindo alcançar os

seus objetivos por ter um ambiente atrativo e uma linguagem adaptada ao público alvo,

que são os jovens. A formatação do programa foi pensada estrategicamente, para ter

um feedback positivo. Assim, através das entrevistas em profundidade com o

Page 72: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

72

idealizador do programa, e com os dois (2) jovens membros da equipe, foi possível

identificar o processo de criação do ambiente e da dinâmica apresentada.

Ambiente descontraído, com almofadas, tatames, puffs e canecas

personalizadas com a marca do programa, o Fé e Café foi pensado para ser atrativo ao

seu público de interesse, os jovens. Em sua entrevista, o Padre Leomar afirmou que a

ideia do programa foi dele, mas quem a colocou em prática, pensou e formatou o

ambiente foram os jovens da paróquia. A entrevistada Patrícia Macedo, foi uma das

primeiras jovens paroquianas a ser chamada para auxiliar na formatação do Fé e Café.

Assim, ela relata que no momento em que o Padre Leomar apresentou a proposta do

programa para ela e a questionou se aceitaria ajudar na formatação, não houve outra

resposta a não ser sim. A partir disso, ela, juntamente com outros jovens que

participavam da paroquia, iniciou o processo de identidade visual. A parte gráfica do Fé

e Café foi desenvolvida pela jovem Mariana Carrer, estudante de Publicidade e

Propaganda, na época, que, porém, não faz mais parte da equipe. Segundo a Patrícia,

a primeira peça gráfica desenvolvida foi a logomarca do programa Figura 1, que

necessitava ser jovem, atraente e representar o nome Fé e Café. Após a logomarca,

foram surgindo outras ideias para compor o conjunto estético, como as xícaras Figura 2

e almofadas Figura 3, os puffs Figura 4 e os tatames Figura 5. Logo depois veio a ideia

de confeccionar camisetas com a logomarca para a utilização dos apresentadores

Figuras 6, e a equipe de vídeo, que é responsável em ir às ruas falar com as pessoas.

Outros itens como luzes coloridas, foram pensados para deixar o ambiente ainda mais

estilizado.

Para o Padre Leomar, a identidade visual do programa é um fator determinante

para o sucesso obtido, pois o ambiente é direcionado totalmente ao jovem, deixando-o

a vontade para perguntar. A percepção de Brustolin pode ser confirmada pela pesquisa

quantitativa, que aponta mais de 90,55% (65) dos entrevistados satisfeitos com a

estrutura física do programam, conforme gráfico abaixo:

Page 73: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

73

Gráfico 11: Estrutura Física Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

Figura 1: Logomarca Fé e Café Fonte: Arquivo Fé e Café

Page 74: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

74

Figura 2: Canecas personalizadas Fonte: A autora

Figura 3: Almofadas personalizadas Fonte: Arquivo Fé e Café

Page 75: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

75

Figura 4: Puffs Fonte: A autora

Figura 5: Tatames Fonte: A autora

Page 76: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

76

Figura 6: Apresentadores Fonte: Arquivo Fé e Café

Após a produção da identidade visual, a equipe organizadora pensou a

cronologia do programa, e o que mais poderia ser acrescentado para atrair o jovem.

Assim, além da conversa sobre os assuntos propostos, o Fé e Café possui música ao

vivo, com bandas jovens Figura 7, um vídeo introdutório ao assunto Figura 8, em que

jovens da equipe organizadora vão as ruas questionar a população a respeito do tema

que será abordado nas edições, numa linguagem simples e acessível a todos. Durante

o programa todos são livres para expor suas opiniões, através do microfone, ou papéis

que ficam disponíveis para os mais tímidos.

Na pesquisa quantitativa, fica evidente a satisfação dos jovens em relação a

dinâmica do programa. 47,89% (34) dos entrevistados apontam os conteúdos

abordados como bons e 40,85% (29) julgam os conteúdos muito bons, conforme gráfico

abaixo:

Page 77: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

77

Gráfico 12: Conteúdos abordados Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

O programa acontece mensalmente, no último domingo de cada mês. Percebe-

se a simpatia dos jovens pelo Fé e Café através do gráfico a seguir, que demonstra

uma considerável parcela dos entrevistados, insatisfeita com somente uma edição

mensal, 16,9% (12).

Gráfico 13: Periodicidade Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

Page 78: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

78

Em todas as edições do programa se apresentam bandas com músicos jovens,

que tornam o ambiente mais agradável e atrativo. Isso pode ser confirmado pelo gráfico

abaixo, indicando que 90,14% (64) dos jovens entrevistados consideram a música ao

vivo no programa algo bom ou muito bom.

Gráfico 14: Música ao vivo Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

Com o intuito de tornar o ambiente dinâmico, para iniciar o diálogo a respeito dos

assuntos determinados, é apresentado um vídeo que busca entrevistar pessoas nas

ruas ou profissionais da área relacionada ao tema, para darem sua opinião. O vídeo

geralmente é interativo e possui um cunho humorístico. A maioria dos entrevistados,

57,75% (41) avalia o vídeo apresentado como muito bom e apenas 4,23% (3) apontam

como regular.

Page 79: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

79

Gráfico 15: Vídeo Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

Em relação ao espaço para fazer as perguntas, a grande parte dos entrevistados

81,69% (58), consideram bom ou muito bom. Porém, há uma parcela considerável,

16,9% (12) que aponta esse aspecto como regular.

Gráfico 16: Espaço para perguntas Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

Page 80: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

80

Em relação à abordagem dos temas discutidos nas edições, a maioria dos

entrevistados, 46,48% (33) aponta como muito bom, 38,03% (27) como bom e apenas

14,08% (10) consideram a abordagem regular. A partir desse resultado, pode-se afirmar

que o programa adota uma linguagem compreensível a todos e interage com as

opiniões expostas.

Gráfico 17: Abordagem dos temas Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

Figura 7: Banda Fonte: Arquivo Fé e Café

Page 81: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

81

Figura 8: Vídeo Fonte: Arquivo Fé e Café

Dentre tantos aspectos, pode-se dizer que o programa Fé e Café é um meio de

comunicação dirigida, e pode ser classificado como aproximativo, pois, como já foi

relatada no capítulo primeiro dessa pesquisa, de acordo com Kunsch (2003), a

comunicação dirigida aproximativa é aquela que busca aproximar o público da

organização, podendo ser praticada através de visitas às instalações da empresa, ou

eventos que sejam relevantes ao público de interesse. No caso do Fé e Café, a

paróquia buscou um evento para proporcionar essa interação relacional com a

juventude. Kunsch (2003) também ressalta que a comunicação dirigida, por ser

direcionada a um público específico, deve ter adaptação da linguagem e dos meios

utilizados para atingir o público que se deseja. A partir disso, é possível entender o

porquê do sucesso do programa.

4.5.6 Comunicação

Em relação à divulgação do Fé e Café, os meios utilizados são as missas na

Catedral, como também em outras paróquias, no grupo de jovens, eventualmente na

Page 82: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

82

rádio São Francisco, que proporciona espaços para falar a respeito dos assuntos

abordados em determinadas edições e nas redes sociais, através da fan page do

programa, Figura 9. Outra forma bastante eficaz de divulgação do programa é através

do boca a boca.

Na pesquisa quantitativa foram avaliados esses veículos de divulgação, e os dois

mais utilizados pelos participantes são a missa e o convite de amigos, empatados com

43,66% (31). A partir disso, pode-se explicar o fato de 95,77% (69) dos entrevistados

serem católicos.

Gráfico 18: Divulgação do programa Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

A Catedral possui um portal na internet que abrange também a divulgação do Fé

e Café. Nessa plataforma é possível ter acesso às gravações dos programas, os vídeos

sobre as temáticas, a síntese do debate, fotos e acesso às edições mais antigas8. Em

virtude de o canal ser algo recente, não entrou na pesquisa quantitativa. Além disso, o

programa é transmitido ao vivo através da webtv, acessada pelo portal da Catedral. De

acordo com Vinicius Bacichetto, em sua entrevista em profundidade, o jovem afirma que

o programa ganhou abrangência regional a partir do momento que se iniciou a

transmissão ao vivo.

8 Disponível em <http://catedraldecaxias.org.br/catedral-mais-jovem/fe-e-cafe->. Acesso em 25 de maio

de 2014.

Page 83: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

83

Antigamente, o programa possuía um blog que, por falta de manutenção, acabou

sendo migrado para a fan page e o portal da Catedral.

Figura 9: Fan Page do Fé e Café Fonte: A autora

4.5.7 Temas já abordados

Os assuntos que já foram abordados no programa são: A Igreja e a Mulher;

Aborto, eutanásia e pena de morte; Apocalipse; Criação ou evolução?; Cruzadas e

Inquisição; A renúncia do Papa; Jesus Cristo e os evangelhos apócrifos;

Homossexualismo e homofobia; Há vida após a morte?; Contexto atual da

Igreja; Milagres existem?; A fé pode curar?; Fé e ateísmo; Exorcismo e

possessão; Para onde vai o dinheiro da Igreja?; Ressurreição ou reencarnação?; Se

Deus existe por que o mal?; Sexualidade e Cristianismo; Muitas religiões e um só

Deus?; A visita do Papa Francisco ao Brasil; Como ocorreu o nascimento de Jesus? Fé

pode mesmo curar? House: O que há por trás do desencantamento religioso, em

House? Fé, razão, Ciência e Religião: Teólogos e Cientistas em debate.

Page 84: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

84

Dentre tantos temas já abordados os mais citados na pesquisa quantitativa

foram: A fé pode mesmo curar, com 9,86% (7) e Para onde vai o dinheiro da Igreja, com

7,04%(5).

Gráfico 19: Temática que mais gostou Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa

A partir de todos os dados coletados e analisados, pode-se dizer que o Fé e Café

traz uma nova visão da Igreja para o público jovem. Uma Igreja que até então era vista

como antiga, atrasada, a partir do programa, pode ser percebida com outra ótica.

Ocorre uma ressignificação da sua imagem perante os jovens.

Page 85: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

85

Em todas as etapas do processo de construção do programa, percebe-se que o

profissional de Relações Públicas poderia e deveria estar presente em todas elas,

atuando de forma a planejar a comunicação e identificar os melhores meios para falar

com o público-alvo.

Page 86: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

86

5 CONSIDERAÇOES FINAIS As Relações Públicas na Igreja parece ser algo novo. Trabalhar a imagem dela

perante seus públicos, planejar e gerenciar a sua comunicação organizacional, também

é algo pouco exercido atualmente. Porém, a partir do estudo apresentado, fica evidente

que o profissional de Relações Públicas pode exercer suas funções dentro de uma

organização como a Igreja Católica. Além disso, percebe-se que a Igreja pode melhorar

ainda mais a sua comunicação e que isso é um desejo dela.

O proposito de Lee, em fazer uma comunicação transparente, aberta e livre de

propagandas, vem ao encontro da forma que as Relações Públicas devem atuar dentro

das organizações, sobretudo, na Igreja Católica, instituição objeto de investigação neste

estudo. Há muitas riquezas da Igreja que o mundo não conhece, e ao tratar aqui do

termo “riquezas”, não está se levando em conta o sentido capitalista, mas sim o sentido

social. O profissional de Relações Públicas deve tratar com transparência todas as

ações executadas por parte da Igreja, sejam os momentos de crise, ou até mesmo, e

principalmente, suas ações caritativas. Deve tornar conhecido àquilo que para muitos é

desconhecido. Com base nisso, pode-se dizer que o Papa Francisco, é um verdadeiro

profissional de Relações Públicas. É notória a forma que ele tem conseguido

estabelecer uma comunicação eficaz, se utilizando de uma linguagem mais próxima da

realidade dos fieis, principalmente os mais pobres. O atual Papa também tem tratado

assuntos polêmicos abertamente atraindo o povo a cada vez mais voltar à vivência da

fé.

Percebe-se que o profissional de Relações Públicas tem todas as competências

para pensar a comunicação eclesial de forma estratégica, de forma a contribuir para o

anúncio do Evangelho. Para a Igreja, é necessário pensar a comunicação em uma

perspectiva que a entenda “não como um mero conjunto de tecnologias e de produtos,

mas como um verdadeiro ecossistema de relações, onde toda ação do cristão se

converte numa partilha”9. Esse desejo apresentado pela Igreja pode ser exemplificado

através do programa Fé e Café, apresentado nesse estudo, que vem mostrar

9 CNBB, A comunicação na vida e missão da Igreja do Brasil, 2011, n. 25.

Page 87: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

87

concretamente, uma das formas que a Igreja pode se comunicar com seus públicos. O

Fé e Café, por promover o envolvimento e a interação entre as pessoas, é uma

ferramenta estratégica de comunicação entre a Igreja Católica e o público jovem, pois,

ele propicia momentos para dialogar com os fiéis e escutar seus pontos de vista, da

mesma forma que expõe os seus.

Diante da realidade da comunicação da Igreja Católica com os jovens, acredita-

se que este trabalho foi de grande relevância, tanto para os estudos da comunicação

social, como para a Igreja Católica, e, mais especificadamente, para a Paróquia Santa

Teresa, de Caxias do Sul. Assim, através deste estudo monográfico, respaldado por um

estudo de caso local, foi possível mostrar as estratégias que a paróquia em questão

vem estabelecendo para constituir uma comunicação assertiva com os jovens da

Diocese de Caixas do Sul.

Como foi visto no capítulo 3, nem sempre a Igreja Católica se posicionou de forma

favorável em relação aos meios de comunicação social, obviamente que não pelo fato

dos meios serem ruins, mas pela cautela de anunciar somente o que era vontade de

Deus. Percebe-se que hoje se está vivendo um tempo propício para a comunicação

eclesial, e que a Igreja nunca esteve tão aberta para os meios de comunicação. Através

dos portais na internet, dos grandes eventos com a juventude e com a presença do

papa Francisco, fica possível visualizar o interesse da Igreja pela comunicação. Por

isso, é preciso aproveitar esse momento para alavancar a comunicação paroquial,

aquela que é base para toda a comunicação da Igreja.

O programa Fé e Café trouxe outra perspectiva para a comunicação paroquial.

Demonstra uma iniciativa de sucesso para o relacionamento da Igreja, enquanto

paróquia, com o público jovem, aquele que ajudará a construir a Igreja de amanhã. São

iniciativas como essas, que promovem o vínculo dos fiéis com a paróquia que devem

ser investidas. Assim, afirma-se que o profissional de Relações Públicas pode contribuir

fortemente para a comunicação eclesial, através do planejamento, do estudo dos

públicos, da promoção e organização dos eventos, do gerenciamento das redes sociais,

entre outras funções designadas a esse profissional.

Ao final dessa pesquisa pode-se dizer que o objetivo proposto de verificar a

forma que as Relações Públicas podem facilitar a comunicação da Igreja Católica com o

Page 88: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

88

público jovem, foi atingido. As hipóteses elaboradas para responder a questão

norteadora foram confirmadas. A primeira hipótese afirma que As Relações Públicas

possuem habilidades e competências para gerenciar a comunicação entre a Igreja

Católica – Paróquia Santa Teresa – e o público jovem. Isso pode ser evidenciado

através das funções do profissional, relatadas no capítulo 2, e das necessidades da

Igreja em relação à comunicação, descritos no capítulo 3. Assim, o profissional de RP,

pode auxiliar a Igreja Católica, através da comunicação paroquial, a desenvolver

estratégias de comunicação com seus públicos, inclusive auxiliando no

desenvolvimento de programas como o Fé e Café.

A segunda hipótese afirma que A comunicação social na Igreja Católica tem se

tornado fator fundamental para a sua aproximação com o público jovem. Através desse

estudo, é notória a confirmação dessa hipótese. Conforme foi abordado ao longo da

fundamentação teórica, a Igreja deve se fazer presente nos atuais meios de

comunicação, em virtude dos jovens serem os usuários mais assíduos deles. Além

disso, através das entrevistas em profundidade realizadas com os jovens participantes

do programa Fé e Café, fica clara a aproximação da Igreja para com eles através desse

instrumento de comunicação. Assim, é de fundamental importância que a Igreja, através

das paróquias, possa investir na comunicação com a juventude, pois eles são

formadores de opinião e constituirão a Igreja de amanhã.

Através do estudo de caso pode-se perceber o avanço relacional que a Igreja

desenvolveu com os jovens. Todos os entrevistados na pesquisa, afirmaram que se

aproximaram mais da Igreja, em nível de conhecimento e vivência, através do programa

Fé e Café. Isso demonstra que eventos como esse contribuem para o relacionamento

da Igreja com seus públicos. O case apresentado aqui tem como público alvo os jovens,

porém, poderiam ser pensados programas desse estilo para os demais públicos. Assim,

o papel do RP seria fundamental para adaptar e desenvolver programas como o Fé e

Café direcionado para outros públicos.

Em suma, o campo da comunicação na Igreja é grande, e deve ser explorado e

aproveitado de forma ética para melhor contribuir com o anúncio do evangelho. A

seguinte citação finaliza esse estudo “[...] Olhar com os olhos da fé a mídia, significa

reconhecer por certo, os seus limites, porém, ainda mais, a sua potencialidade e agir de

Page 89: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

89

maneira que se torne um recurso concreto para a missão da Igreja” (CNBB, A

comunicação na vida e missão da Igreja no Brasil, n. 23).

O profissional de Relações Públicas que pretende se dedicar à comunicação na

Igreja deve olhá-la com os olhos da fé, capaz de reconhecer suas ameaças e fraquezas

e potencializar suas forças e oportunidades.

Page 90: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

90

REFERÊNCIAS

ANDRETTA, Tamires. A comunicação na missão da Igreja Católica. In: XII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Londrina – PR - 26 a 28 de maio de 2011. Disponível em <http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sul2011/resumos/R25-0262-1.pdf> Acesso em: 26 de nov, 2013. AZEVEDO, Martha Alves d’. Relações Públicas: teoria e processo. Porto Alegre: Sulina, 1971. 334 p. BAUER, Martin W, GASKELL, George (editors). Pesquisa Qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Tradução de Pedrinho A. Guareschi. – 7. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. BARROS, LEHFELD, Aidil de Jesus Paes de, Neide Aparecida de Souza. Projeto de Pesquisa: propostas metodológicas. Petrópolis, RJ: Vozes, 1990. BRASIL. Secretaria Nacional da Juventude. Pesquisa Nacional Sobre o Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros, 2013 – Brasília, 2013. 42p. Disponível em <http://www.juventude.gov.br/noticias/arquivos/pesquisa_juventude>. Acesso em 26 de abril de 2014. CATEDRAL DIOCESANA DE CAXIAS DO SUL. A mais de um século no coração de Caxias. Caxias do sul. .Disponível em <http://www.catedraldecaxias.org.br/a_catedral_historico.php>. Acesso em: 18 nov. 2013. CERVO, BERVIAN, Amado, Pedro A. Metodologia Científica. – 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. CESCA, Cleuza G. Gimenes. Organização de eventos: manual para planejamento e execução. São Paulo: Summus, 1997 CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. A comunicação na vida e missão da igreja no brasil. Estudos n.101. Paulinas, 2011. ______. Pastoral Juvenil no Brasil: Identidade e Horizontes. Brasília, Edições CNBB, 2013. CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Evangelização da juventude: Desafios e perspectivas pastorais. Brasília, Edições CNBB, 2007. CORDEIRO, Dercy. Ciência pesquisa e trabalho científico: uma abordagem metodológica. – 2. ed. ver. aument. – Goiania: Ed. UCG, 1999

Page 91: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

91

DARIVA, Noemi (organizadora). Comunicação Social na Igreja: documentos fundamentais. – São Paulo : Paulinas, 2003. DUARTE, Jorge, BARROS, Antonio – organizadores. – Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. – São Paulo: Atlas, 2005. FARIAS, Luiz Alberto de. Relações públicas estratégicas: técnicas, conceitos e instrumentos. São Paulo: Summus, 2011. 309 p. ISBN 9788532307125. FORTES, Waldyr. Relações Públicas – processos, funções, tecnologia e estratégias. 2.ed. ver. e ampl. São Paulo: Summus, 2003. FORTES, Waldyr Gutierrez. Relações públicas: processo, funções, tecnologia e estratégias. 3.ed. rev. São Paulo: Summus, 2003. 394 p. ISBN 9788532307750. FRANÇA, Fábio. Públicos: como identifica-los em uma nova visão estratégica. São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2004. GASPARETTO, Paulo Roque. Midiatização da Religião: processos midiáticos e a construção de novas comunidades de pertencimento. São Paulo: Paulinas, 2011. (Coleção comunicação e cultura) GASQUES, Pe. Jerônimo. Botar Fé na Juventude: Subsídios e reflexões para a Jornada Mundial da Juventude no Brasil. São Paulo: Paulus, 2012. (Coleção Juventude) GIL, Antonio Carlos, 1946 – Como elaborar projetos de pesquisa – 5. Ed. – São Paulo : Atlas, 2010 GRUNIG, James E, FERRARI, Maria Aparecida, FRANÇA, Fábio. Relações Públicas: teoria, contexto e relacionamento –2.ed. – São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora, 2011. KATER FILHO, Antonio Miguel, O Marketing aplicado à Igreja Católica – 3. Ed. - São Paulo: Loyola, 1999, 93 p. KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. Ed. Ver.. atual, e ampl. – São Paulo: Summus, 2003. (Novas buscas em comunicação; v. 69). LACERDA, LUANA TEIXEIRA. O papel de uma assessoria de comunicação na gestão de crise de imagem no poder público: um estudo de caso da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. 2013. 47 f Monografia (Graduação em Relações Públicas). Universidade de Caxias do Sul. Projeto de Conclusão de Curso em Relações Públicas, 2013.

Page 92: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

92

LATTIMORE, Dan, BASKIN, Otis, HEIMAN, Suzette T, TOTH, Elizabeth L. Relações Públicas : profissão e prática. [ et al.]; tradução: Roberto Cataldo Costa; revisão técnica: Luiz Alberto de Farias, Vânia Penafieri. – 3. Ed. – Porto Alegre: AMGH, 2012. MELO, José Marques de. Comunicação Eclesial: utopia e realidade. São Paulo: Paulinas, 2005. MOURA, Cláudia Peixoto (Org). História das relações públicas: fragmentos da memória de uma área [recurso eletrônico]. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. 700 p. Disponível em < http://www.pucrs.br/edipucrs/historiarp.pdf>. Acesso em 15 de março de 2014. NABETO, Carlos Martins. 1969. A Fé Cristã: Coletânea de Sentenças Patrísticas. Volume 4. São Vicente: 2008. O GLOBO, Vaticano lança conta oficial do papa no twitter. Disponível em <http://oglobo.globo.com/mundo/vaticano-lanca-conta-oficial-do-papa-no-twitter 6908157>. Acesso em: 04 de maio de 2014. PUNTEL, Joana T, CORAZZA, Helena. Pastoral da Comunicação: diálogo entre fé e cultura. São Paulo: Paulinas, 2007 (Coleção pastoral da comunicação: teoria e prática. Série dinamizando a comunicação) SCHERER, Odilo Pedro. Paróquia torna-te o que tu és. Disponível em <http://www.cnbb.org.br/articulistas/cardeal-odilo-pedro-scherer/5109-paroquia-torna-te-o-que-tu-es>. Acesso em: 27 de nov.2013. SIMÕES, Roberto Porto. Relações públicas: função política. Porto Alegre: FEEVALE, 1984. 134 p SOUZA, Evaldo Cesar de. Igreja na Cidade: desafios e alcances de uma evangelização pela televisão. 1ed. São Paulo: Paulinas, 2013. (Coleção comunicação e cultura). SPADARO, Antônio. Ciberteologia: pensar o cristianismo nos tempos da rede; [tradução Cacilda Rainho Ferrante]. – São Paulo: Paulinas, 2012. – (Coleção conectividade). VEJA, Maria Alba. Dia Mundial das Comunicações Sociais. São Paulo: Paulinas, 2005. (Coleção pastoral da comunicação: teoria e prática. Série dinamizando a comunicação).

Page 93: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

93

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO NA PESQUISA DE OPINIÃO

Prezado(a) Senhor(a),o questionário apresentado servirá de fonte de informações para o trabalho de conclusão de curso, graduação em "Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas". Assim, o preenchimento dos dados será muito importante para que sejam respondidas questões relevantes sobre o programa Fé e Café.

Obrigado pela sua colaboração!

PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA

1. Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )

2. Idade: Menos de 18 anos ( ) De 18 a 25 anos ( ) De 26 a 35 anos ( ) 3. Estado Civil: Casado/União Estável ( ) Solteiro ( ) Viúvo ( ) Divorciado ( ) 4. Qual é o seu nível de instrução? Ensino Fundamental (completo ou em andamento) ( ) Ensino Médio (completo ou em andamento) ( )

Ensino Superior (completo ou em andamento) ( )

Pós-graduação – Especialização, Mestrado, Doutorado, outros. (completo ou em andamento) ( )

5. Como você ficou sabendo do Fé e Café? Convite de amigo(s) ( ) Divulgação na missa ( ) Rádio ( ) Internet ( )

Outro(s). Qual?_________________________________________

6. Qual é a sua religião?

( ) Católico ( ) Evangélico ( ) Espírita ( ) Não possuo religião

Outro(s). Qual?_________________________________________

7. Caso sua resposta seja católico na questão anterior, responda, você participa de alguma

paróquia (comunidade)?

Sim ( ) Qual?___________________________________________

Não sou praticante ( )

Universidade de Caxias do Sul Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas

Monografia II

Page 94: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

94

8. De quantas edições do programa Fé e Café você já participou?

É a primeira vez que participo ( ) 2 a 5 ( ) 6 a 10 ( ) 11 ou mais ( )

9. Em que grau você avalia o programa Fé e Café como um meio eficaz de comunicação entre a

Igreja e o jovem?

Muito Ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom ( )

Caso você tenha respondido “bom” ou “muito bom” na questão anterior, responda a questão 10, caso

contrário, passe para a questão 11.

10. Em sua opinião, porque o Fé e Café pode ser considerado um meio eficaz de comunicação

entre a Igreja e o jovem? (Nesta questão pode se marcar mais de uma alternativa)

Por facilitar a aproximação da Igreja com o público jovem ( )

Por transmitir informações sobre a relação entre fé, religião e ciência e outros assuntos pertinentes ( )

Por ser divertido e possuir dinâmica atrativa ( )

Outro ( ) Qual? ___________________________________________

11. Como você avalia os conteúdos abordados pelo Fé e Café? Muito Ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom ( )

12. Como você avalia a periodicidade do programa Fé e Café? Muito Ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom ( )

13. Como você avalia a estrutura física (tatames, puffs, café, canecas etc.) do programa? Muito Ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom ( )

14. Como você avalia as dinâmicas de interação utilizadas pelo programa? Julgue os itens abaixo: Música ao vivo - Muito Ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom ( )

Vídeo - Muito Ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom ( )

Espaço para perguntas - Muito Ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom ( )

Forma de abordagem das temáticas - Muito Ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom ( )

15. Qual a temática apresentada que você mais gostou?_____________________________________________ Não lembro ou não tenho opinião ( ) 16. Deixe aqui seus comentários, críticas ou sugestões para o programa. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Obrigada pela sua colaboração!

Page 95: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

95

APÊNDICE B – CD COM OS ÁUDIOS DAS ENTREVISTAS

Page 96: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL LUIZA VENTURA BEDIN › site › wp-content › uploads › 2014 › 09 › LUIZA-BE… · universidade de caxias do sul luiza ventura bedin as relaÇÕes

96

APÊNDICE C – CD COM O PROJETO DE MONOGRAFIA I