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UNIVERSIDADE DE FRANCA - UNIFRAN MESTRADO EM CIRURGIA E ANESTESIOLOGIA VETERINÁRIA AVALIAÇÃO FARMACÊUTICA DE DUAS NOVAS FORMULAÇÕES NA FORMA DE PASTA NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS DERMOEPIDÉRMICAS EM RATOS Marcelo Erik Lopes 2010

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UNIVERSIDADE DE FRANCA - UNIFRAN MESTRADO EM CIRURGIA E ANESTESIOLOGIA VETERINÁRIA

AVALIAÇÃO FARMACÊUTICA DE DUAS NOVAS FORMULAÇÕES NA FORMA DE PASTA NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS

DERMOEPIDÉRMICAS EM RATOS

Marcelo Erik Lopes

2010

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MARCELO ERIK LOPES

AVALIAÇÃO FARMACÊUTICA DE DUAS NOVAS FORMULAÇÕES NA FORMA DE PASTA NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS

DERMOEPIDÉRMICA EM RATOS

Dissertação apresentada a Universidade de Franca como exigência parcial para obtenção do titulo de mestre em Cirurgia e Anestesiologia Veterinária.

Orientador: Prof. Dr. Andrigo Barboza de

Nardi.

FRANCA 2010

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MARCELO ERIK LOPES

AVALIAÇÃO FARMACÊUTICA DE DUAS NOVAS FORMULAÇÕES NA FORMA DE PASTA NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS

DERMOEPIDÉRMICA EM RATOS

COMISSÃO JULGADORA DO PROGRAMA DE MESTRADO EM CIRURGIA E ANESTESIOLOGIA VETERINÁRIA

_________________________________________

Presidente: Prof. Dr. Andrigo Barboza de Nardi Universidade de Franca

__________________________________________

Titular 1 : Profa. Dra. Celina Tie Nishimori Duque Universidade de Franca

__________________________________________

Titular 2 : Profa. Dra. Sabryna Gouveia Calazans Instituto Bioethicus

Franca, 14/06/2010

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DEDICO este estudo aos meus avós Maria das Dores de

Oliveira e Messias A. de Oliveira pelo amor e orações;

aos meus pais João E. Lopes e Maria de Lourdes de O. Lopes

por toda educação, ensinamentos e confiança sem medida;

meus irmãos Fabiano M. Lopes e Bianca C. Lopes por todo

apoio e amizade;

a minha namorada Lilian Carolina pelo carinho, atenção e

incentivo;

E em especial ao Divino Pai Eterno por toda força a mim

conferida, força esta que me impulsiona a cada segundo.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Professor e grande amigo Dr. Andrigo Barboza de Nardi pelo apoio e

companheirismo necessário para a conclusão da presente dissertação, sempre

mostrando o melhor caminho a ser percorrido não poupando esforços;

à querida professora Dra. Cláudia Momo pelas análises histopatológicas juntamente

com o Sr. José Luis de Souza responsável pela confecção das lâminas;

ao meu amigo de mestrado Thiago Dellamanha por toda ajuda e competência clínica

por ele oferecida;

à grande equipe de médicos veterinários Talita M. M. Raposo, Maria Augusta A. P.

dos Santos, Mônica Horr, João Paulo Menegoti que utilizaram de seus valiosos

conhecimentos teóricos e práticos que se fizeram de grande importância em todas

as etapas clínicas e cirúrgicas da presente pesquisa;

à Victória Lolis Venturelli pela tradução dos textos estrangeiros utilizados na

presente dissertação.

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RESUMO

LOPES, Marcelo Erik. Avaliação farmacêutica de duas novas formulações na forma de pasta na cicatrização de feridas dermoepidérmicas em ratos. 2010. 64f. Dissertação (Mestrado em Cirurgia e Anestesiologia Veterinária) – Universidade de Franca, Franca. O desenvolvimento de uma nova formulação envolve várias etapas importantes que englobam desde o conhecimento das características dos insumos utilizados até comprovação que a aplicação é segura para posterior comercialização. Com este propósito, este estudo teve como objetivo avaliar as propriedades terapêuticas, químicas, físicas e microbiológicas de duas novas formulações na forma de pasta na cicatrização de feridas dermoepidérmicas em ratos. Foram utilizados 60 ratos (Rattus norvegicus albinus) da linhagem Wistar, machos, adultos, com peso médio de 312,37g. Os animais foram distribuídos em três grupos de 20 animais, sendo submetidos a cirurgias dermoepidérmicas no qual foi retirado 1cm2 de pele. No grupo Pasta 1 as lesões dermoepidérmicas foram tratadas com uma pasta contendo neomicina, bacitracina, óxido de zinco, talco farmacêutico, carbonato de cálcio, glicerina e água deionizada. No grupo Pasta 2 as lesões de pele foram tratadas com uma pasta a base de óleo de amêndoas, óxido de zinco, lanolina anidra, palmitato de retinol, colecalciferol, acetato de racealfatocoferol, cianocobalamina e água deionizada. Já no Grupo Controle as feridas de pele foram tratadas com solução fisiológica (NaCl 0,9%). De acordo com os resultados dos testes de estabilidade, além das análises físico-químicas e microbiológicas, as duas pastas passaram nos testes de estabilidade acelerada e provavelmente permaneçam estáveis em prateleira por um período não inferior a dois anos. Apesar da cicatrização evoluir de forma favorável em todos os grupos estudados, as lesões tratadas com a pasta 1 apresentaram halos significativamente maiores quando comparado com os outros dois grupos (grupo controle e pasta 2), ao terceiro, quinto e sexto dias de avaliação (p<0,05). Os diâmetros das feridas, assim como o tempo de cicatrização, entre a pasta 2 e o grupo controle, não diferiram significativamente, do segundo ao 14º dia de avaliação (p=1,00). Conclui-se que as duas pastas contendo coadjuvantes técnicos diferentes, apresentaram influência e diferença significativa no processo cicatricial, uma vez que a velocidade de cicatrização no período considerado como fase critica que é até o 3° dia após a lesão onde a pasta 2 foi mais eficaz, devido a presença de vitaminas e óleo de amêndoas. Já na pasta 1 contendo oxido de zinco combinado com carbonato de cálcio retardou o crescimento de tecido de granulação. Palavras-chave: feridas dermoepidérmicas; cicatrização; ratos.

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ABSTRACT

LOPES, Marcelo Erik. Pharmaceutical evaluation of two new formulations in the pulp

form for the wound healing in rats. 2010. 64f. Dissertation (Master in Veterinary Surgery and Anesthesiology) - University of Franca. The development of a new formulation involves several important steps that begins at the knowledge from the characteristics of the insumes used to the affirmation that the application is save to future commercialization. With this intention, the present study it had the objective to evaluate the therapeutical, chemical, physical and microbiological properties of two new formularizations in the pulp dermoepidermal wound healing in rats. Was utilized 60 rats (Rattus norvegicus albinus), males, adults, with average weight of 312,37g. The animals had been distributed in three groups of 20 animals. who underwent surgery in which dermoepidermal 1cm2 of skin was removed.In the group Pulp 1 the wound injuries had been treated with a pulp contend neomycin, bacitracyne, zinc oxide, talcum, calcium carbonate, glycerin and deionized water. In the group Pulp 2 injuries of skin had treated with a pulp contend oil almonds, zinc oxide, lanoline, palmitat of retinol, colecalciferol, acetate of racealfatocoferol, cianocobalamine and deionized water. In the Control Group the skin wounds had been treated with physiological solution (NaCl 0.9%). According to the results of stability tests, the physical-chemical and microbiological stability were all favorable showing of two years. Although the healing to evolve of favorable form in all the studied groups, the injuries treated with pulp 1 had presented significantly bigger halos that the controls and pulp 2, in third, fifth and sixth day of evaluation (p<0,05). The diameters of the ulcerates areas, as well as the time of healing, between the pulp 2 and the group have controlled, had not differed significantly, of 2° to 14° day of evaluation (p=1,00). Was concluded that the two pastes containing diferent technical supporting showed the influence and a significant difference in the healing process, since the speed of healing in the period considered like critical phase that is until the third day after the injury where the past two was more effective due to presence of almond oil and vitamins, meanwhile. In the paste one containing zinc oxide combined with calcium carbonete the granulation tissue’s growth was retarded. Key-words: skin wound, healing, rats

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ___ Remoção de um fragmento cutâneo com 1cm2, no centro da área depilada, com auxílio de um bisturi guiado pelo molde plástico

39

Figura 2 ___ Aplicação da pasta 1 sobre a lesão dermoepidérmica realizada em rato, seguida da cobertura com gaze para a devida proteção da ferida

40

Figura 3 ___ Mensuração das lesões dermoepidérmicas em ratos com paquímetro digital no 1º, 3º, 5º, 7º, 10º e 14º dia de pós-operatório

42

Figura 4 ___ As formulações ficaram expostas à temperaturas extremas (estufa e geladeira) durante um período de seis meses

45

Figura 5 ___ Características das lesões de pele no 1º, 3º, 5º, 7º, 10º e 14º dia do animal número 11 tratado com a pasta 1

48

Figura 6 ___ Características das lesões de pele no 1º, 3º, 5º, 7º, 10º e 14º dia do animal número 51 tratado com a pasta 2

48

Figura 7 ___ Características das lesões de pele no 1º, 3º, 5º, 7º, 10º e 14º dia do animal número 12 tratado com NaCl 0,9% (grupo controle)

49

Figura 8 ___ Média (±EPM)* dos grupos, controle (círculo fechado), pasta 1 (quadrado aberto) e pasta 2 (círculo aberto), dos valores relativos ao percentual da área cutânea ulcerada, em ratos, adultos, do primeiro ao 14º dia de avaliação

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ___ Matéria prima utilizada na formulação da pasta 1 34

Tabela 2 ___ Matéria prima utilizada na formulação da pasta 2 35

Tabela 3 ___ Características organolépticas das pastas 44

Tabela 4 ___ Análise microbiológica das lesões dermoepidérmicas 46

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12

1 REVISÃO DA LITERATURA....................................................................... 13

1.1 PELE E SUAS ESTRUTURAS ................................................................... 13

1.2 FERIDAS .................................................................................................... 14

1.2.1 Classificação das feridas ............................................................................ 15

1.2.1.1 Incisas ou cortantes .................................................................................... 15

1.2.1.2 Corto-contusa ............................................................................................. 15

1.2.2.3 Perfurante ................................................................................................... 16

1.2.2.4 Pérfuro-contusas ........................................................................................ 16

1.2.2.5 Lácero-contusas ......................................................................................... 16

1.2.2.6 Pérfuro-incisas ............................................................................................ 16

1.2.2.7 Escoriações ................................................................................................ 17

1.2.2.8 Equimoses e hematomas ........................................................................... 17

1.2.3 Classificação de acordo com o grau de contaminação ............................... 17

1.2.3.1 Limpas ........................................................................................................ 17

1.2.3.2 Limpas-contaminadas ................................................................................. 18

1.2.3.3 Contaminadas ............................................................................................. 18

1.3 PROCESSO CICATRICIAL ........................................................................ 18

1.3.1 Classificação dos Processos Biológicos da Cicatrização ........................... 19

1.3.1.1 Exsudativa .................................................................................................. 19

1.3.1.2 Inflamação .................................................................................................. 18

1.3.1.3 Proliferação................................................................................................. 20

1.3.1.4 Contração da Ferida ................................................................................... 21

1.3.1.5 Remodelação .............................................................................................. 22

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1.4 TRATAMENTO DAS FERIDAS .................................................................. 22

1.4.1 Curativo com solução fisiológica ................................................................. 22

1.4.2 Curativo com utilização de pastas .............................................................. 23

1.5 DESENVOLVIMENTO DE NOVAS FÓRMULAS FARMACÊUTICAS ........ 24

1.5.1 Estabilidade dos produtos farmacêuticos ................................................... 25

1.5.2 Excipientes e ativos para preparação de pastas ....................................... 26

1.5.2.1 Oxido de zinco ............................................................................................ 27

1.5.2.2 Glicerina Bidestilada ................................................................................... 27

1.5.2.3 Carbonato de cálcio .................................................................................... 27

1.5.2.4 Talco ........................................................................................................... 28

1.5.2.5 Neomicina ................................................................................................... 28

1.5.2.6 Bacitracina .................................................................................................. 29

1.5.2.7 Lanolina ...................................................................................................... 29

1.5.2.8 Vitamina A (Palmitato de ritnol) .................................................................. 29

1.5.2.9 Vitamina D (Colecalciferol) ......................................................................... 30

1.5.2.10Vitamina E (Racealfatocoferol) ................................................................... 31

1.5.2.11Vitamina B12 (Cianocobalamina) ............................................................... 31

1.5.2.12Óleo de amêndoas ..................................................................................... 32

2 OBJETIVOS ............................................................................................... 33

2.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................... 33

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................... 33

3 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 34

3.1 ESPECIFICAÇÃO DOS APARELHOS E MATERIA PRIMA UTILIZADA

PARA A FORMULAÇÃO DAS PASTAS.................................................................. 34

3.2 DESENVOLVIMENTOS DAS FORMULAÇÕES PROPOSTAS ................. 35

3.3 PRIMEIRA FORMULAÇÃO ........................................................................ 35

3.3.1 Primeira fase ............................................................................................... 35

3.3.2 Segunda fase.............................................................................................. 36

3.3.3 Terceira fase ............................................................................................... 36

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3.4 SEGUNDA FORMULAÇÃO ........................................................................ 36

3.4.1 Primeira fase ............................................................................................... 36

3.4.2 Segunda fase.............................................................................................. 36

3.4.3 Terceira fase ............................................................................................... 37

3.5 ASPECTOS ÉTICOS .................................................................................. 37

3.6 ANIMAIS ..................................................................................................... 37

3.7 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ........................................................... 38

3.7.1 Grupos experimentais ................................................................................. 38

3.7.2 Anestesia e procedimento cirúrgico ............................................................ 38

3.7.3 Cuidados pós-operatório............................................................................. 40

3.7.4 Curativos e observações macroscópicas.................................................... 41

3.7.5 Análise microbiológica ................................................................................ 42

3.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................. 43

4 RESULTADOS ........................................................................................... 44

4.1 AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DAS PASTAS ....................................... 44

4.2 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DAS LESÕES DERMOEPIDÉRMICAS ..... 45

4.3 EVOLUÇÃO TRANS E PÓS-OPERATÓRIA .............................................. 47

4.4 EVOLUÇÃO MACROSCÓPICA DA CICATRIZAÇÃO TECIDUAL ............. 47

DISCUSSÃO ........................................................................................................... 51

CONCLUSÕES ....................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 56

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INTRODUÇÃO

Para a utilização de produtos farmacêuticos é necessário um estudo

prévio da formulação a ser produzida. Este estudo envolve, entre outros fatores, o

conhecimento dos processos de preparo, avaliações relacionadas e os insumos

empregados aos quais relacionam-se todos os materiais que farão parte do produto,

sejam eles matérias primas ou recipientes de acondicionamento (ANSEL, 2000).

Na REAL FARMACOPEA ESPAÑOLA (2005) há descrição de que as

substâncias para uso farmacêutico são orgânicas ou inorgânicas e podem ser

utilizadas como princípio ativo ou excipientes para a produção de medicamentos,

podendo ser obtidas de fontes naturais ou não. No entanto, segundo (ANSEL et al.

2000), antes de transformar um princípio ativo em uma fórmula farmacêutica, é

essencial que se verifique sua pureza e que esta seja caracterizada biológica,

química e fisicamente.

Entre os produtos de interesse dermatológico, merecem particular

destaque, os de ação tópica incorporados nas formas farmacêuticas, pois podem

permitir o restabelecimento da integridade da pele posterior a possíveis agressões.

Com este propósito, este estudo teve como objetivo avaliar as propriedades

terapêuticas, químicas, físicas e microbiológicas de duas novas formulações na

forma de pasta contendo neomicina, bacitracina, óxido de zinco, talco farmacêutico,

carbonato de cálcio, glicerina e água deionizada ou óleo de amêndoas, óxido de

zinco, lanolina anidra, palmitato de retinol, colecalciferol, acetato de

racealfatocoferol, cianocobalamina e água deionizada na cicatrização de feridas

dermoepidérmicas em ratos.

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1 REVISÃO DA LITERATURA

1.1 PELE E SUAS ESTRUTURAS

A pele possui múltiplas funções, dentre as quais, proteger o organismo

contra a perda de água por evaporação (dessecação) e contra o atrito com o meio

externo (STEVENS; LOWE, 2001). Atua na manutenção da temperatura corporal,

pois através das suas terminações nervosas, está em comunicação constante com o

ambiente por meio dos seus vasos, glândulas e tecido adiposo. Possui também a

capacidade de impedir a invasão de microorganismos, regular a pressão sanguínea

e proteger o organismo contra raios ultravioletas (SAMPAIO; RIVITTI, 2001). Além

disso, possui glândulas sudoríparas que participam da termorregulação e da

excreção de várias substâncias (IRION, 2005).

Anatomicamente, a pele pode ser descrita como um órgão estratificado

com duas camadas principais de tecido, a epiderme e a derme e uma terceira

camada variável, a subcutânea (STEVENS; LOWE, 2001). A epiderme é a camada

mais externa da pele, que abrange as células epiteliais escamosas estratificadas

(STEVENS; LOWE, 2001; REMINGTON, 2004), sendo elas o estrato córneo, basal,

camada espinhosa e a camada granulosa (IRION, 2005). O estrato córneo por ser o

mais superficial é o mais importante para a cosmética (REMINGTON, 2004). Já a

derme apresenta função protetora e de sustentação, sendo o local onde se formam

as glândulas sebáceas e folículos pilosos. Apresenta ainda fibras colágenas,

elásticas e reticulíneas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). Possui importante função

de nutrição da epiderme, pois esta exige uma constante reposição de nutrientes

necessários para manter a atividade mitótica (IRION, 2005). Descrevem-se na

derme duas camadas de limite pouco distinto, que são a papilar, mais superficial e a

reticular, mais profunda (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).

O tecido subcutâneo serve como amortecedor para a derme e a

epiderme. Nesta camada são encontradas fibras colágenas provenientes da derme

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que cruzam entre as células gordurosas acumuladas, fornecendo uma conexão

entre as camadas superficiais da pele e a camada subcutânea (SAMPAIO; RIVITTI,

2001; STEVENS; LOWE, 2001; REMINGTON, 2004).

A pele, por estar localizada na parte externa do corpo, também está

sujeita a uma série de agressões (tanto biológicas como físicas), podendo assim

apresentar certas lesões como por exemplo, as feridas (JUNQUEIRA; CARNEIRO,

2004).

1.2 FERIDAS

Ferida é a ruptura da integridade de um tecido ou órgão corpóreo.

Independente do tecido ou órgão envolvido, a quebra da sua estrutura anatômica ou

fisiológica causa um ferimento. As feridas podem apresentar diferentes

profundidades, ou seja, podem atingir a epiderme, derme, tecido celular subcutâneo,

ou músculos, assim como os órgãos mais profundos (BATES, 1986).

Dentre as diversas formas de classificação, existem as abertas ou

fechadas. A ferida aberta é aquela na qual existe uma perda de continuidade da

superfície cutânea. Na fechada, a lesão do tecido mole ocorre abaixo da pele, porém

não existe perda da continuidade na superfície BOSQUEIRO et al. (1999).

Conforme RODRIGUES et al. (2001); PEREIRA e ARIAS (2002) e

CÂNDIDO (2007) o tratamento da ferida é um processo complexo e dinâmico, pois

requer avaliações tópicas e sistêmicas, para indicar os curativos apropriados para

cada fase do processo cicatricial.

Diversas pesquisas sobre o tratamento de feridas têm contestado o

meio tradicional de cuidados destas, que consiste na manutenção da lesão seca

(ANDRADE et al 1992; BORISKIN, 1994; CÂNDIDO, 2007). A proposta atual é a

oclusão e manutenção do meio úmido para cicatrização de feridas abertas

(EHRENKRANZ; MEAKINS, 1992; DECLAIR, 1994; HULTEN, 1994; RODRIGUES et

al., 2001; PEREIRA; ARIAS, 2002; CÂNDIDO, 2007).

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1.2.1 Classificação das feridas

As feridas podem ser classificadas de várias maneiras: pelo tipo do

agente causal, de acordo com o grau de contaminação, pelo tempo de traumatismo

e pela profundidade das lesões, sendo que as duas primeiras são as mais utilizadas

(KOCH et al., 1996).

1.2.2 classificação de acordo com gente causal

1.2.2.1 Incisas ou cortantes

São provocadas por agentes cortantes, como faca, bisturi, lâminas,

dentre outros. Suas características são o predomínio do comprimento sobre a

profundidade, bordas regulares, nítidas e geralmente retilíneas (YOUNG; MATHES,

1996). Na ferida incisa o corte geralmente possui profundidade igual de um extremo

à outro da lesão, sendo que na ferida cortante, a parte mediana é mais profunda

(KOCH et al., 1996).

1.2.2.2 Corto-contusa

O agente não tem corte tão acentuado, sendo que a força do

traumatismo é que causa a penetração do instrumento, tendo como exemplo o

machado (KOCH et al., 1996).

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1.2.2.3 Perfurante

São ocasionadas por agentes longos e pontiagudos como prego e

alfinete. Pode ser transfixante quando atravessa um órgão, estando sua gravidade

ligada a importância deste órgão (KOCH et al., 1996).

1.2.2.4 Pérfuro-contusas

São as ocasionadas por arma de fogo, podendo existir dois orifícios, o

de entrada e o de saída (KOCH et al., 1996).

1.2.2.5 Lácero-contusas

Os mecanismos mais frequentes são a compressão: a pele é

esmagada de encontro ao plano subjacente, ou por tração: por rasgo ou

arrancamento tecidual. As bordas são irregulares, com mais de um ângulo;

constituem exemplo clássico as mordidas de cão (KOCH et al., 1996).

1.2.2.6 Pérfuro-incisas

Provocadas por instrumentos pérfuro-cortantes que possuem gume e

ponta, por exemplo, um punhal. Deve-se sempre lembrar, que externamente, pode -

se ter uma pequena marca na pele, porém, em regiões mais profundas pode-se ter

comprometimento de órgãos importantes (KOCH et al., 1996).

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1.2.2.7 Escoriações

A lesão surge tangencialmente à superfície cutânea, com

arrancamento da pele (CÂNDIDO, 2007).

1.2.2.8 Equimoses e hematomas

Na equimose há rompimento dos capilares, porém sem perda da

continuidade da pele, sendo que no hematoma, o sangue extravasado formando

uma cavidade (KOCH et al., 1996).

1.2.3 Classificadas de acordo com o grau de contaminação

Esta classificação tem importância, pois orienta o tratamento antibiótico

e também nos fornece o risco de desenvolvimento de infecção (KOCH et al., 1996).

1.2.3.1 Limpas

São as produzidas em ambiente cirúrgico, sendo que não foram

abertos sistemas como o digestório, respiratório e genito-urinário. A probabilidade da

infecção da ferida é baixa, em torno de 1 a 5% (KOCH et al., 1996).

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1.2.3.2 Limpas-contaminadas

Também são conhecidas como potencialmente contaminadas; nelas há

contaminação grosseira, por exemplo, nas situações cirúrgicas em que houve

abertura dos sistemas contaminados descritos anteriormente. O risco de infecção é

de 3 a 11% (KOCH et al., 1996).

1.2.3.3 Contaminadas

São as que tiveram contato com material contaminado como terra,

fezes, entre outros. Também são consideradas contaminadas aquelas em que já se

passou seis horas após o ato que resultou na ferida. O risco de infecção da ferida já

atinge 10 a 17% (KOCH et al., 1996; CÂNDIDO, 2007).

1.3 PROCESSO CICATRICIAL

Conforme BOSQUEIRO et al. (1999) e RODRIGUES et al. (2001)

compreender o processo cicatricial é de grande importância para a avaliação

evolutiva da ferida, pois os procedimentos e escolha de curativos e fármacos para o

tratamento de uma lesão podem variar de acordo com a fase de reparação.

Em condições normais o processo cicatricial segue um padrão

previsível, podendo ser dividido em três períodos específicos. Apesar das fases de

cicatrização serem descritas de forma sequencial, na realidade os eventos

consistem de interações complexas, não existindo um período latente neste

processo cicatricial (FOWLER, 1993; FOSSUM et al., 1997; RODRIGUES et al.,

2001; CÂNDIDO, 2007).

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1.3.1 Classificação dos processos biológicos da cicatrização

Diferentes classificações didáticas que são utilizadas para facilitar o

entendimento de um processo totalmente dinâmico e com fases tão

interdependentes como a cicatrização, consideram cinco estágios: inicialmente um

estágio de exsudação, inflamatório, seguido por um de proliferação, contração da

ferida e finalizando com o reparo em um estágio de remodelação (CÂNDIDO, 2007).

1.3.1.1 Exsudativa

Na fase exsudativa predominam eventos relacionados com a

coagulação sanguínea (fase trombocítica) e o processo inflamatório. Ocorrendo de

início imediato após o surgimento da ferida, esta fase depende da atividade

plaquetária e da cascata de coagulação, dando inicio a uma complexa liberação de

produtos como substâncias vasoativas, proteínas adesivas, fatores de crescimento e

proteases que são liberadas e ditam o desencadeamento de outras fases (FAZIO;

ZITELLI; GOSLEN, 2000).

A vasoconstrição, a agregação plaquetária e a ativação dos sistemas

de coagulação caracterizam a etapa trombocítica. As plaquetas também são

importantes por serem as primeiras células a produzirem citocinas essenciais à

modulação da maioria dos eventos de cicatrização subsequentes. Além da

hemostasia, nesta etapa ainda constata-se os eventos inflamatórios, predominando

a fagocitose através de células granulocíticas (polimorfonucleares) e macrófagos,

caracterizando-se assim as fases granulocítica e macrofágica, respectivamente. Os

macrófagos, além da fagocitose, também iniciam a reparação através de secreção

de proteases, citocinas e substâncias vasoativas que dão continuidade às fases

cicatriciais subsequentes (YOUNG; MATHES, 1996; BOSQUEIRO et al., 1999;

RODRIQUES et al., 2001; CÂNDIDO, 2007).

A formação do coágulo serve, não apenas para captar as bordas das

feridas, mas também para cruzar a fibronectina, oferecendo uma matriz provisória

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em que os fibroblastos, células endoteliais e queratinócitos possam ingressar na

ferida (FAZIO; ZITELLI; GOSLEN, 2000).

1.3.1.2 Inflamação

Intimamente ligada à fase anterior, a inflamação depende, além de

inúmeros mediadores químicos, das células inflamatórias, como os leucócitos

polimorfonucleares, macrófagos e linfócitos que chegam no momento da injúria

tissular e ficam por período que varia de três a cinco dias; são eles os responsáveis

pela fagocitose das bactérias. O macrófago é a célula inflamatória mais importante

dessa fase permanecendo terceiro ao décimo dia. Fagocita bactérias, desbrida

corpos estranhos e direciona o desenvolvimento de tecido de granulação. Sendo

que a alta atividade fagocitária dos macrófagos é observada após trauma. Já os

linfócitos aparecem na ferida em aproximadamente uma semana. Seu papel não é

bem definido, porém sabe-se que, suas linfocinas, tem importante influência sobre

os macrófagos (GENTILHOMME et al., 1999).

Além das células inflamatórias e dos mediadores químicos, a fase

inflamatória conta com o importante papel da fibronectina, sintetizada por uma

variedade de células como fibroblastos, queratinócitos e células endoteliais. Ela

adere, simultaneamente à fibrina, ao colágeno e a outros tipos de células,

funcionando assim como cola para consolidar o coágulo de fibrina, as células e os

componentes de matriz. Além de formar essa base para a matriz extracelular, tem

propriedades quimiotáticas e promove a opsonização e fagocitose de corpos

estranhos e bactérias (GENTILHOMME et al., 1999).

1.3.1.3 Proliferação

Dividida em três subfases, a proliferação é responsável pelo

"fechamento" da lesão propriamente dito. A primeira fase da proliferação é a

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reepitelização no qual ocorre a migração de queratinócitos não danificados das

bordas da ferida e dos anexos epiteliais, quando a ferida é de espessura parcial.

Fatores de crescimento são os prováveis responsáveis pelos aumentos das mitoses

e hiperplasia do epitélio (GENTILHOMME et al., 1999).

A segunda fase da proliferação inclui a fibroplasia e formação da

matriz, que é extremamente importante na formação do tecido de granulação

(coleção de elementos celulares, incluindo fibroblastos, células inflamatórias,

componentes neovasculares e da matriz, como a fibronectina, as

glicosaminoglicanas e o colágeno). A formação do tecido de granulação depende do

fibroblasto, célula crítica na formação da matriz. Longe de ser apenas produtor de

colágeno, o fibroblasto produz elastina, fibronectina, glicosaminoglicana e proteases,

estas responsáveis pelo desbridamento e remodelamento fisiológico

(GENTILHOMME et al., 1999).

A terceira etapa é a contração, processo pelo qual ocorre o fechamento

espontâneo das feridas cutâneas, através da ação especializada dos miofibroblastos

(YOUNG; MATHES, 1996; BOSQUEIRO et al., 1999; RODRIQUES et al., 2001;

CÂNDIDO, 2007).

1.3.1.4 Contração da Ferida

É o movimento centrípeto das bordas da ferida (espessura total). As

feridas de espessura parcial não apresentam essa fase. Uma ferida de espessura

total tem contração mesmo quando há enxertos, que diminuem em 20% o tamanho

da ferida. Em cicatrizes por segunda intenção a contração pode reduzir 62% da área

de superfície do defeito cutâneo (FAZIO; ZITELLI; GOSLEN, 2000).

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1.3.1.5 Remodelação

Essa é a última das fases; ocorre no colágeno e na matriz; dura meses

e é responsável pelo aumento da força de tensão e pela diminuição do tamanho da

cicatriz e do eritema. Reformulações dos colágenos, melhoria nos componentes das

fibras colágenas, reabsorção de água são eventos que permitem uma conexão que

aumenta a força da cicatriz e diminui sua espessura (GENTILHOMME et al., 1999).

Na fase de maturação ou de remodelação, as células inflamatórias

agudas e crônicas diminuem gradualmente e cessam a angiogênese e a fibroplasia.

É também neste período que se constata o equilíbrio entre a síntese e a degradação

de colágeno (FOWLER, 1993; PAVLETIC, 1993; DECLAIR, 1994; YOUNG;

MATHES, 1996; BOSQUEIRO et al.; 1999; RODRIGUES et al., 2001).

Dos fatores gerais, interferem a idade, o estado nutricional do paciente,

a existência de doenças de base, como diabetes, alterações cardiocirculatórias e de

coagulação, aterosclerose, disfunção renal, quadros infecciosos sistêmicos e uso de

drogas sistêmicas (FAZIO; ZITELLI; GOSLEN, 2000). Dos fatores locais, interferem

a técnica cirúrgica, formação de hematomas, infecção, reação de corpo estranho,

uso de medicamentos tópicos, ressecamento durante a cicatrização (FAZIO;

ZITELLI; GOSLEN, 2000).

1.4 TRATAMENTO DAS FERIDAS

1.4.1 Curativo com solução fisiológica

Uma opção para condução de cicatrização secundária é o curativo com

solução fisiológica a 0,9%, qual pode ser utilizada tanto na limpeza como no

tratamento de ferida. Durante a lavagem da ferida com esta solução, deve-se evitar

atritos excessivos, prevenindo-se assim lesões adicionais ao tecido de granulação.

Também é aconselhado empregar-se a solução fisiológica aquecida próxima à

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temperatura corpórea para evitar-se choque térmico e consequentemente

vasoconstrição dos capilares (BOSQUEIRO et al., 1999; RODRIGUES et al., 2001;

CÂNDIDO, 2007).

Segundo RODRIGUES et al. (2001), PEREIRA e ARIAS (2002) a

aplicação de gazes umedecidas em solução fisiológica sobre a ferida favorece o

processo de autólise, isto é a degradação natural de tecido desvitalizado pela ação

de enzimas autolíticas como a hidrolase ácida. Além do debridamento autolítico,

esta solução fisiológica também favorece a formação de tecido de granulação.

1.4.2 Curativo com utilização de pastas

As pastas, assim como as pomadas, destinam-se à aplicação externa

na pele. Entretanto as pastas diferem das pomadas principalmente porque contém

maior porcentagem de material sólido e, consequentemente, são mais firmes e

espessas. Devido à alta porcentagem de sólidos, são mais absorventes e menos

gordurosas que as pomadas preparadas com os mesmos componentes (ANSEL,

2000; BORGES, 2008). Conforme suas qualidades de firmeza e absorção, a pasta

permanece no local após a aplicação, com pouca tendência de amolecer ou escorrer

e, portanto, é eficaz para absorver secreções serosas no local da aplicação (ANSEL,

2000).

A pasta é preferível às pomadas no caso de lesões agudas que tendem

a vesículas ou exsudação. Devido à rigidez, impermeabilidade e quando associadas

a determinados antibióticos observa-se aumento na eficácia das pastas, diminuindo

ou eliminando as chances de agravamento da lesão por microrganismos (ANSEL,

2000; BORGES, 2008).

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1.5 DESENVOLVIMENTO DE NOVAS FÓRMULAS FARMACÊUTICAS

A indústria farmacêutica é um dos mais importantes sustentáculos da

medicina humana e veterinária (MARINHO, 2001). Nesta área o investimento em

pesquisas é fundamental e a busca por inovações é intensiva, apresentando um

ritmo acelerado. O lançamento de produtos novos ou melhorados constitui elemento

central no padrão de competição da indústria, que fica cada vez mais acirrado

devido aos novos desafios impostos pelos avanços na biotecnologia e engenharia

genética (BASTOS, 2005).

Assim, a seleção criteriosa da forma farmacêutica, composição do

medicamento, estabilidade, via de administração e operações farmacêuticas de

produção, foram sofrendo transformações e acentuando a sua complexidade

(COELHO, 2009).

O desenvolvimento de uma forma farmacêutica é precedido de várias

etapas e uma delas é denominada de estudo de pré-formulação, na qual é possível

avaliar as compatibilidades e incompatibilidades existentes entre os componentes da

preparação e a sua estabilidade (KFURI, et al. 2006). Esta fase pode ser definida

como uma investigação de propriedades físicas e químicas de um fármaco,

isoladamente ou combinado com excipientes. As informações gerais obtidas são

extremamente importantes, pois são utilizadas no desenvolvimento de formas

farmacêuticas estáveis que possam ser produzidas em massa (LIEBERMAN;

LACHMAN; SCHWARTZ,1990). Sucintamente o objetivo é maximizar as chances de

sucesso e aceitação do produto formulado e por último aperfeiçoar a qualidade e o

desempenho do mesmo. Uma das perspectivas de formulação mais importante é a

informação do estudo de estabilidade entre o fármaco e o excipiente, no qual o

adjuvante deve ser química e fisicamente compatível com o fármaco, pois os

processos de dissolução e absorção influenciam diretamente e são determinantes

na segurança e eficácia terapêutica dos medicamentos (LIEBERMAN; LACHMAN;

SCHWARTZ, 1990).

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1.5.1 Estabilidade dos produtos farmacêuticos

A instabilidade das formulações farmacêuticas pode ser detectada em

alguns casos por uma mudança na aparência física, cor, odor, gosto ou textura,

enquanto em outros casos, podem ocorrer alterações químicas que não são

evidentes e que só podem ser verificadas por análise química. Os dados científicos

que fazem parte do estudo da estabilidade de uma formulação geram a previsão do

prazo de validade esperado para o produto e, quando necessário, a um novo plano

para o fármaco e à reformulação de sua forma farmacêutica (ANSEL, 2000).

É evidente que a velocidade em que a degradação do fármaco ocorre

em uma formulação é essencial. Nesse sentido o estudo da velocidade da mudança

química e do modo como é influenciada por fatores como a concentração do

fármaco ou do reagente, o solvente empregado, as condições de temperatura, a

pressão e a presença de outros agentes químicos na formulação é denominado

cinética da reação (ANSEL, 2000; MONTAGNER; CORRÊA, 2004).

Em geral, o estudo cinético começa com a medida da concentração do

fármaco em intervalos determinados, sob um conjunto específico de condições que

incluem temperatura, pH, concentração iônica, intensidade da luz e concentração do

fármaco. A medida da concentração do fármaco nos vários intervalos revela sua

estabilidade nas condições especificadas, com o decorrer do tempo. A partir desse

ponto de início, cada uma das condições originais pode ser avaliada isoladamente,

para determinar a influência que essas mudanças exercem sobre a estabilidade do

fármaco. Por exemplo, o pH da solução pode ser mudado, enquanto se mantêm

temperatura, intensidade de luz e concentração iguais às da experiência original ou

básica (ANSEL, 2000; BABY; HAROUTIOUNIAN; VELASCO, 2006).

O uso de condições exageradas de temperatura, umidade, luz, entre

outros, para avaliar a estabilidade das formulações farmacêuticas é denominado

teste acelerado de estabilidade. Os estudos de estabilidade em temperatura

acelerada, por exemplo, podem ser realizados durante seis meses a 40ºC, com 75%

de umidade relativa. Se ocorrer uma mudança significante na forma

farmacêutica/fármaco nessas condições, podem ser utilizadas temperatura e

umidade inferiores, como 30ºC e 60% de umidade relativa. Os estudos acelerados

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em curto prazo têm a finalidade de determinar a formulação mais estável entre as

propostas para um produto farmacêutico (SANTOS JUNIOR; MORETTO, 1992;

ANSEL, 2000).

No teste de estresse, são utilizadas elevações de temperatura, em

incrementos de 10º acima dos utilizados nos estudos acelerados até a degradação

química ou física. Dependendo dos tipos e da severidade das condições

empregadas, não é comum manter amostras em condições exageradas de

temperatura e umidade variável por períodos de seis a doze meses. Esses estudos

fornecem a previsão do prazo de validade para o produto farmacêutico (SANTOS

JUNIOR; MORETTO, 1992; ANSEL, 2000).

Além dos estudos acelerados de estabilidade, os produtos

farmacêuticos estão sujeitos a estudos em longo prazo sob as condições usuais de

transporte e armazenagem, programados para a distribuição do produto

(FLORENCE; ATTWOOD, 2003).

Ao realizar este estudo é necessário conhecer as diferentes zonas

climáticas nacionais e internacionais para as quais o produto pode ser enviado,

assim para simular as variações na umidade e temperatura. Para realização destes

dois testes utiliza-se geladeira e estufa, controlado em triplicata, ou seja, três vezes

ao dia. As regiões geográficas do mundo são definidas por zonas climáticas: zona I,

“temperada”; zona II, “subtropical”; zona III, “quente e seca”; zona IV, “quente e

úmida”. Um determinado produto farmacêutico pode passar por diversas alterações

de temperatura/umidade durante sua produção e tempo de armazenagem. Além

disso, pode ser armazenado na seção de estoques, transportado, mantido em

prateleiras de farmácias e, depois, no armário de medicamentos do paciente,

durante um período variável sob vários tipos de temperatura e umidade. Em geral,

contudo, o teste a longo prazo (no mínimo 12 meses) de novos fármacos é realizado

a 25 ± 2ºC e em umidade relativa de 60 ± 5% (LACHMAN; LIEBERMAN; KANING,

2001; FLORENCE; ATTWOOD, 2003). Em relação ao teste de estabilidade para a

formulação das pastas são observados a aparência, cor, homogeneidade, odor, pH,

consistência, distribuição do tamanho de partículas, potência e perda de peso

(LACHMAN; LIEBERMAN; KANING, 2001).

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1.5.2 Excipientes e ativos para a preparação das pastas

1.5.2.1 Óxido de zinco

Trata-se de um produto muito duro e difícil de manipular com a

espátula, é capaz de absorver umidade em grau elevado e é empregado como

adstringente e protetor. Na forma de pasta, além de ótimo adstringente serve

também como veículo para outros fármacos (ANSEL, 2000).

Sua deficiência apresenta, entre outras manifestações, deficit de

crescimento, inapetência, letargia, má cicatrização de feridas, maior suscetibilidade

às infecções, queda de cabelo, dermatite e anormalidades no paladar e no olfato

(SALGUEIRO, 2000).

1.5.2.2 Glicerina Bidestilada

A glicerina é um líquido viscoso, transparente e doce. É miscível em

água e álcool. Como solvente, é comparável ao álcool, mas o processo de

dissolução dos solutos é lento, a menos que a viscosidade seja reduzida pelo

aquecimento. A glicerina tem propriedade conservante, e muitas vezes, é utilizada

como estabilizante e como solvente auxiliar em misturas com água ou álcool. É

empregada em muitas preparações de uso externo e interno (UNITED STATES

PHARMACOPEIA, 1995).

1.5.2.3 Carbonato de cálcio

O carbonato de cálcio, cuja fórmula química é CaCO3, consiste num

sólido branco muito pouco solúvel na água. Decompõe-se por aquecimento

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formando óxido de cálcio e dióxido de carbono. É encontrado na natureza nos

minerais calcita e aragonita (ANSEL, 2000).

Este importante mineral possui funções importantes como atuar na

formação estrutural dos ossos e dos dentes. Além disso, ele atua juntamente com a

vitamina K, nos sistema circulatório, auxiliando na coagulação do sangue. O

carbonato de cálcio também possui importância no estabelecimento do equilíbrio

celular juntamente com o fósforo (ANSEL, 2000).

1.5.2.4 Talco

O mineral talco é um filossilicato de magnésio hidratado com fórmula

estrutural do mineral talco puro Mg3(Si2O5)2(OH)2 ou 3 MgO. É um mineral

monoclínico, raramente cristalizado, com estrutura lamelar fibrosa ou compacta,

untuoso ao tato e com baixa dureza. As suas principais propriedades que o habilitam

para uso industrial são a alta resistência ao choque térmico, leveza, baixo teor de

umidade, alto poder de absorção de óleo e sensação de bem estar em ferimentos

como cortes e assaduras. Em produtos farmacêuticos e veterinários o talco é

utilizado na produção de comprimidos e drágeas, na fabricação de cápsulas e como

carga na produção de pós, granulados, pomadas e cremes (CIMINELI R., 2001).

1.5.2.5 Neomicina

A neomicina é uma mistura de pelo menos três compostos de

antibiótico sendo estes A, B e C. A neomicina A ou neamina tem apenas um resíduo

de açúcar (neomicina C) ligado à aglicona da desoxiestreptamina. A neomicina é

estável, não é absorvida quando administrada oralmente, mas tem grande poder de

absorção tópica e tem o espectro de atividade que geralmente caracteriza os

antibióticos aminoglicosídicos (DAVIES, 1991).

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A neomicina B é o principal componente da mistura. Já a neomicina C

difere da B apenas na estérea química do grupo aminometila do aminoaçúcar que

está ligado ao resíduo de ribose (BOER; MOLENAAR, 2007).

1.5.2.6 Bacitracina

A bacitracina é uma mistura de pelo menos cinco polipeptídeos

produzida por um organismo do grupo liqueforme de Bacillus subtilis. Trata-se de um

antibiótico ativo contra bactérias Gram-positivas. A bacitracina ou bacitracina zíncica

é um dos componentes de muitas misturas de pomadas destinadas ao controle de

infecções tópicas, que contém geralmente 500 unidades/g. Existem formulações

parenterais, mas o uso sistêmico deste antibiótico raramente se justifica devido aos

problemas de nefrotoxidade (PERIT, 1992).

1.5.2.7 Lanolina

A lanolina é uma substância semi-sólida semelhante à gordura,

extraída da lã de carneiros (Ovis aries). É uma emulsão de água em óleo que

contém entre 25 e 30% de água. Pode-se incorporar mais água à lanolina por

mistura, sendo muito utilizada como veículo de pastas e pomadas para aplicação em

úlceras de decúbito (ANSEL, 2000).

1.5.2.8 Vitamina A (Palmitato de retinol)

O termo genérico para a vitamina A e seus derivados é retinóide. A

função principal dos retinóides na pele relaciona-se à hiperproliferação da epiderme

e formação de células basais seguido de aumento de estrato espinhoso e granuloso.

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Os retinóides sistêmicos também produzem estas mudanças, mas precisam de uma

maior quantidade para que se observe o mesmo efeito. Estudos relatam que a

aplicação tópica de 10000 UI/g de vitamina A melhora a elasticidade da pele

(IDSON, 1994).

Como todas as células epidérmicas surgem de células basais, a pele

se torna seca quando estas células são privadas desta vitamina. Em termos gerais,

a vitamina A aplicada topicamente pode ser vista como um agente que estimula a

pele tanto mitoticamente como metabolicamente. Portanto, ela tende a manter a pele

com uma aparência mais jovem (IDSON, 1994).

A vitamina A e seus derivados são instáveis em presença do oxigênio,

ou quando expostos à luz e a altas temperaturas, sendo que os ésteres desta

vitamina oferecem notáveis vantagens no que diz respeito à estabilidade na

formulação dermocosmética (IDSON 1994; MAIA CAMPOS, 1994).

1.5.2.9 Vitamina D (Colecalciferol)

Em meados de 1930, descobriu-se que a o corpo humano quando

exposto à luz solar ou ultravioleta artificial formava vitamina D3 (colecalciferol) a

partir da conversão de um precursor, 7-dehidrocolesterol (pró-vitamina D), e que

este mecanismo mantinha níveis adequados desta vitamina em seres humanos. Na

década de 60, esta vitamina começou a ser vista como um hormônio esteróide e seu

derivado ativo foi identificado no final desta mesma década (NORMAN, 2001).

A pele é o único sítio capaz de produzir vitamina D, nos seres

humanos. A pró-vitamina D ou 7-dehidrocolesterol é produzida tanto pela derme

quanto pela epiderme. A luz ultravioleta entre 290 nm e 315 nm conjuga duplas

pontes de hidrogênio nos carbonos C5 e C7, produzindo pré-vitamina D. Uma vez

produzida, a pró-vitamina D forma homodímeros em aproximadamente 24 horas,

transformando-se em vitamina D. Como este processo ocorre principalmente

próximo ao leito capilar, ele não é influenciado por alterações de temperatura

externas ao corpo humano (HOLICK, 1995).

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Todos os derivados do colecalciferol são lipossolúveis e circulam

principalmente ligados a uma a-globulina, a proteína ligadora da vitamina D, que

transporta estas moléculas hidrofóbicas a vários órgãos-alvo (HOLICK, 1995). A

vitamina D também circula ligada à albumina (VERBOVEN et al., 2002).

Classicamente, sabe-se que ela é necessária para promover a

absorção de cálcio e fósforo nos tecidos. Tem papel importante em assegurar o

funcionamento correto dos músculos, nervos, sangue, crescimento celular e

utilização de energia (VERBOVEN et al., 2002).

1.5.2.10 Vitamina E (Racealfatocoferol)

A vitamina E é capaz de quelar formas reativas de oxigênio, diminuindo

a formação de peróxidos, já que muitas dessas moléculas são auto-tóxicas e podem

destruir neutrófilos e macrófagos. Dessa forma, essa vitamina protege a membrana

lipídica, receptores e outros componentes celulares envolvidos na modulação da

resposta imunológica (HIDIROGLOU; BATRA; ZHAO, 1997).

Foi demonstrado que a suplementação com vitamina E e selênio

aumentou significativamente a quimiotaxia, a migração e a fagocitose dos neutrófilos

de bovinos contra Staphylococcus aureus, não sendo observada a elevação

significativa dos níveis de superóxido aniônico (NIDIWENI; FINCH, 1996).

1.5.2.11 Vitamina B12 (Cianocobalamina)

A cobalamina é coenzima fundamental no metabolismo dos

carboidratos, gorduras e proteínas (participa da síntese de aminoácidos). Atua na

formação dos ácidos nucléicos e, portanto é imprescindível para o funcionamento de

todas as células, principalmente do trato gastrointestinal, tecido nervoso e medula

óssea. No tecido nervoso seu papel específico é na formação da bainha de mielina

dos neurônios. No sistema hematopoiético, é responsável pela maturação das

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32

hemácias. A vitamina B12 é instável à luz, ácidos, bases, agentes oxidantes ou

redutores e por isso é perdida no processo de cocção (CUKIER; MAGNONI;

RODRÍGUEZ, 2001).

1.5.2.12 Óleo de amêndoas – Prunus amydalus dulcis

Obtido das sementes da Prunus amydalus dulcis, a árvore é originaria

da Ásia pertencente à família das rosáceas e extraído da primeira pressão a frio de

amêndoas doces, sendo o óleo vegetal mais consumido no mundo. É um excelente

óleo para os cuidados com peles delicadas e sensíveis como a de crianças, idosos e

gestantes, rico em vitaminas A, B1, B2 e B6, ácidos graxos e proteínas. Age como

suavizante, nutritivo, antiinflamatório, emoliente para a hidratação diária da pele e

especialmente indicado no tratamento de pele seca e feridas (JOLLOIS;

FRANCHOMME; PÉNOEL, 2001).

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a ação terapêutica e microbiológica de duas novas formulações

farmacêuticas na forma de pasta contendo neomicina, bacitracina, óxido de zinco,

talco farmacêutico, carbonato de cálcio, glicerina e água deionizada formando a

pasta 1 e neomicina, bacitracina, óleo de amêndoas, óxido de zinco, lanolina anidra,

palmitato de retinol, colecalciferol, acetato de racealfatocoferol, cianocobalamina e

água deionizada formando pasta 2.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Determinar a evolução macroscópica do processo cicatricial de lesões

dermoepidérmicas, em ratos, tratadas com duas novas formulações farmacêuticas

em forma de pasta;

Caracterizar as propriedades químicas e físicas das pastas estudadas;

Avaliar a estabilidade (terapêutica; microbiológica; física e química) das

formulações propostas.

Comparar a eficiência terapêutica e estabilidade das duas pastas.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 ESPECIFICAÇÃO DOS APARELHOS E MATÉRIA PRIMA UTILIZADA PARA A

FORMULAÇÃO DAS PASTAS E TESTE DE ESTABILIDADE.

A pesagem das matérias primas foi realizada utilizando-se balança

analítica da marca BL, classe – 2, modelo 3333 e logo depois que as matérias

primas foram pesadas e misturadas, foi feito análise de pH com PHmetro da marca

QUIMIS, modelo Q400AS.

Para a realização do teste de estabilidade acelerado foram utilizadas

estufa da marca BIOPAR, modelo S36BD, sob temperatura de 45 à 50°C e

geladeira da marca CONSUL, modelo 300, sob temperatura de 2 à 8°C com intuito

de observar possíveis degradações por oxidação, precipitação, perda de peso e

mudança de cor. Como matérias primas foram utilizadas somente componentes de

uso industrial com alto nível de pureza (TAB. 1 e TAB. 2).

Tabela 1 - Matérias primas utilizadas na formulação da pasta 1

Matéria prima Função Características

Físicas

Validade Fabricante

Neomicina P. A. Pó OUT/2010 Gary Wong

Bacitracina P. A. Pó FEV/2010 Kindukern

Óxido de zinco Excipiente/Adstringente Pó AGO/2013 Anastácio

Talco Excipiente Pó MAR/2011 Quimidrol

Carbonato de Cálcio Excipiente/ P. A. Pó MAR/2011 Quimidrol

Glicerina Excipiente/Umectante

/Umectante

Líquido AGO/2010 Nicrom

Água Deionizada Veículo Líquido FEV/2010 H. Veterinário

Legenda: P. A. = Princípio Ativo.

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Tabela 2 - Matérias primas utilizadas na formulação da pasta 2

Matéria prima Função Características

Físicas

Validade Fabricante

Neomicina P. A. Pó OUT/2010 Gary Wong

Bacitracina P. A. Pó FEV/2010 Kindukern

Óxido de zinco Excipiente/Adstringente Pó AGO/2013 Anastácio

Óleo de amêndoas Umectante/P. A. Líquido

ABR/2010 Cinord

Lanolina Excipiente/Veículo Pastoso MAR/2010 Purifarma

Palmitato de retinol P. A. Líquido DEZ/2010 Gross

Colecalciferol P. A. Líquido DEZ/2010 Gross

Racealfatocoferol P. A. Líquido DEZ/2010 Gross

Cianocobalamina P. A. Líquido DEZ/2010 Merck

Água Deionizada Veiculo Líquido FEV/2010 H. Veterinário

Legenda: P. A. = Princípio Ativo.

3.2 DESENVOLVIMENTO DAS FORMULAÇÕES PROPOSTAS

Na etapa de desenvolvimento das formulações foram preparadas duas

formulações teste, utilizando neomicina, bacitracina, óxido de zinco, talco

farmacêutico, carbonato de cálcio, glicerina e água deionizada; já na segunda

formulação foi utilizado neomicina, bacitracina, óleo de amêndoas, óxido de zinco,

lanolina anidra, palmitato de retinol, colecalciferol, acetato de racealfatocoferol,

cianocobalamina e água deionizada. Estas formulações foram preparadas em um

processo dividido em três fases.

3.3 PRIMEIRA FORMULAÇÃO

3.3.1 Primeira fase

A primeira fase consistiu na mistura entre os excipientes de

características de pó como o carbonato de cálcio, óxido de zinco e o talco.

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3.3.2 Segunda fase

Verteu-se primeiramente a água e em seguida a glicerina sobre a

primeira fase e homogeneizou-se vigorosamente até obter a forma de pasta

formando assim a segunda fase da formulação.

3.3.3 Terceira fase

Adicionou-se a neomicina e a bacitracina na segunda fase da

formulação e posteriormente aferiu-se o pH da mesma que deveria estar em torno

de 6 – 7,5.

3.4 SEGUNDA FORMULAÇÃO

3.4.1 Primeira fase

A primeira fase da formulação consistiu na mistura de óxido de zinco

sob a forma de pó e lanolina. Homogeneizou-se até dissolver totalmente o óxido de

zinco e logo em seguida adicionou-se a neomicina e a bacitracina, homogeneizando

até completa dissolução.

3.4.2 Segunda fase

Verteu-se primeiramente a água e em seguida o óleo de amêndoas

sobre a primeira fase e homogeneizou-se vigorosamente.

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3.4.3 Terceira fase

Adicionou-se o palmitato de retinol, colecalciferol, acetato de

racealfatocoferol e cianocobalamina na segunda fase da formulação, homogeneizou-

se até obter uma forma homogênea e aferiu-se o pH da mesma que deveria estar

em torno de 5,5 – 6,0.

3.5 ASPECTOS ÉTICOS

A pesquisa foi realizada obedecendo-se os princípios éticos em

experimentação animal preconizados pelo Colégio Brasileiro de Experimentação

Animal (COBEA) sob a anuência e vigilância do Comitê de Ética no Uso em

Animais (CEUA) da Universidade de Franca, projeto no 035/09, de 11 de fevereiro

de 2010.

3.6 ANIMAIS

Foram utilizados 60 ratos (Rattus norvegicus albinus) da linhagem

Wistar, machos, adultos, com peso médio de 312,37g + 53,3 procedentes do

Biotério Central da Universidade de Franca (UNIFRAN).

Este estudo foi realizado no Laboratório de Pesquisa do Curso de

Mestrado em Cirurgia e Anestesiologia Veterinária da UNIFRAN. Os animais

permaneceram acondicionados em gaiolas de plástico individuais, forradas com

serragem de pinho, em condições de temperatura e umidade ambientais, com livre

acesso a água potável e ração industrial1 própria para ratos.

3.7 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

1 Purina

®, São Paulo - SP.

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3.7.1 Grupos experimentais

Os animais foram distribuídos em três grupos de 20 animais. No grupo

1 as lesões dermoepidérmicas foram tratadas com a pasta 1. No grupo 2 as lesões

de pele foram tratadas com a pasta 2. Já no grupo controle as feridas de pele foram

tratadas com solução fisiológica (NaCl a 0,9%). Os grupos foram, por sua vez,

divididos aleatoriamente em dois subgrupos de acordo com o dia da eutanásia (7º ou

14º dia pós-incisional), com 10 animais em cada subgrupo.

3.7.2 Anestesia e procedimento cirúrgico

Para a realização do procedimento anestésico após jejum alimentar e

hídrico de 12 horas, os animais receberam, na mesma seringa, cetamina2 a 10% (40

mg/kg), xilazina3 a 2% (5 mg/kg) e morfina4 10 mg/ml (2,5 mg/kg), pela via

intraperitoneal, na porção caudal esquerda do abdome.

Após a indução anestésica, os animais foram posicionados em

decúbito lateral direito e realizou-se a tricotomia da porção lateral esquerda do

abdome. Ato contínuo, com os animais neste mesmo decúbito foi realizado a

antissepsia da região tricotomizada com solução de clorexidine a 2%.

Com o objetivo de realizar uma ferida dermoepidérmica e demarcar o

segmento de pele a ser retirado utilizou-se um molde plástico FIG. 1, especialmente

confeccionado para esta finalidade, com 1 cm de comprimento e 1 cm de largura.

Com o auxílio de uma lâmina de bisturi no 155 foi excisado um fragmento cutâneo de

1 cm2, no centro da área depilada (FIG. 1), até a exposição da fáscia muscular. A

hemostasia foi realizada por compressão digital, utilizando-se gazes esterilizadas.

2 Cetamin – Syntec – Hortolândia/SP;

3 Sedomin – König SA – Avellaneda/Argentina;

4 Dimorf – Cristália – Itapira/SP.

5 Free-Bac – Wuxi Xinda Medical Device Company LTDA – Xishan City/China.

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Figura 1 - Remoção de um fragmento cutâneo com 1cm2, com auxílio de um

bisturi guiado pelo molde plástico, no centro da área perfurada

Logo após a realização da lesão dermoepidérmica foram realizados os

curativos com os componentes propostos (pasta 1, pasta 2 ou NaCl a 0,9%6),

seguido da cobertura com gaze (FIG. 2) e fixação com fita micropore.

6 Fisiológico – Segmenta – Ribeirão Preto/SP

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40

Figura 2 - Aplicação da pasta 1 sobre a lesão dermoepidérmica realizada em

rato, seguida da cobertura com gaze para a devida proteção da ferida.

3.7.3 Cuidados pós-operatórios

No final do procedimento, os animais foram realocados nas suas

respectivas gaiolas para observação da recuperação anestésica, com a

normalização da frequência respiratória e início da movimentação ativa e busca por

alimentos e água. Além disto, foram identificados com o dia do procedimento

operatório e o tipo do tratamento que receberam (pasta 1, pasta 2 ou controle).

Como protocolo de analgesia, os animais receberam morfina4, por via

intraperitonial, na dose de 2,5 mg/kg, com intervalos de 12 horas, durante 24 horas.

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41

3.7.4 Curativos e observações macroscópicas

Nos animais do grupo 1 e 2, os curativos foram realizados diariamente,

até completar 14 dias, utilizando-se as pasta 1 e pasta 2, respectivamente, sendo

conduzidos da seguinte maneira:

1 - Lavagem diária da ferida com NaCl a 0,9% estéril a temperatura ambiente;

2 - Remoção de exsudato quando necessário;

3 – Aplicação das pastas acondicionadas em bisnagas farmacêuticas;

5 - Cobertura com gazes estéril;

4 - Fixação das gazes com fita micropore.

No grupo controle, ao invés da utilização de uma das pastas em estudo

a cobertura da lesão aconteceu com gaze embebida em solução fisiológica estéril.

Todos os ratos foram examinados diariamente quanto às

características macroscópicas da ferida operatória, observando-se a presença ou

ausência de exsudato, tecido de granulação e necrose. Os dados foram anotados

em ficha própria, individual para cada rato.

Essas feridas foram medidas com paquímetro digital8 (FIG. 3) no 1º, 3º,

5º, 7º, 10º e 14º dias pós-incisional. Tanto o comprimento (sentido crânio-caudal)

como a largura (sentido dorso-ventral) das lesões foram mensuradas, possibilitando

desta forma o cálculo da superfície de cada lesão, dada em milímetros quadrados

(mm2). Estas medidas permitiram avaliar a evolução da cicatrização das lesões,

além do grau de contração das mesmas.

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42

Figura 3 - Mensuração das lesões dermoepidérmicas em ratos com paquímetro7

no 1º, 3º, 5º, 7º, 10º e 14º dia pós-operatório.

3.7.5 Análise microbiológica

A análise microbiológica foi realizada em 10 animais de cada grupo

(pasta 1, pasta 2 e NaCl a 0,9%). As colheitas microbiológicas das lesões

dermoepidérmicas foram realizadas no primeiro, quinto e décimo dia pós-incisional

com swab bacteriológico, sendo inoculado imediatamente em caldo BHI (Brain heart

infusion). Depois de 24 horas em estufa a 37oC, as amostras foram transferidas para

meio de cultura enriquecido conhecido como ágar - sangue.

Após o período de incubação de 24, horas foram realizados testes para

identificação bacteriológica das amostras, utilizando carboidratos, séries bioquímicas

7 Paquímetro - Digimess

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43

e técnicas rápidas como coloração de Gram.Quando necessário, foram realizados

os testes de catalase e oxidase.

3.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram avaliados quanto à sua normalidade ao teste de

Kolmogorov-Smirnov. Empregou-se Análise de Variância para Medidas Repetidas,

com posterior avaliação pelo teste Bonferroni, considerando-se o nível mínimo de

significância p ≤ 0,05.

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44

4 RESULTADOS

4.1 AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DAS PASTAS

Após a realização destas análises observou-se que ambas as

formulações mantiveram-se estáveis desde a preparação até o término do

experimento (TAB 3).

Tabela 3 - Características organolépticas das pastas

Características organolépticas da primeira formulação

Testes Alterações

Temperatura 2 – 8 Cº Sem alterações

Sem alterações Temperatura 45 – 50 ºC Sem alterações

Odor Inodoro

Cor Branco

pH 6,8

Perda de peso Sem alterações

Homogeneidade Sem alterações

Fotossensível Sem alterações

Características organolépticas da segunda formulação

Testes Alterações

Temperatura 2 – 8 Cº Sem alterações

Sem alterações Temperatura 45 – 50 ºC Sem alterações

Odor Leve

Cor Rosa

pH 5,78

Perda de peso Sem alterações

Homogeneidade Sem alterações

Fotossensível Sem alterações

O estudo da estabilidade das formulações resultou na previsão do

prazo de validade de dois anos para as duas formulações. As formulações ficaram

expostas às temperaturas extremas (estufa e geladeira) (FIG. 4) e ambientais

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45

durante um período de seis meses e não foi observado qualquer alterações na

aparência física, cor, odor, pH e textura dos produtos.

Figura 4 - As formulações ficaram expostas às temperaturas extremas (A:

1°formulação; B° formulação; C: estufa; D: 1° e 2° formulações na estufa; E

geladeira; F: 1° e 2° formulações na geladeira) durante um período de seis meses.

4.2 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DAS LESÕES DERMOEPIDÉRMICAS

Os microorganismos isolados a partir das lesões dermoepidérmicas

dos 10 animais de cada grupo (pasta 1, pasta 2 e NaCl a 0,9%) estão dispostos na

TAB. 4. Estas amostras foram colhidas no primeiro, quinto e décimo dia após a

realização do ferimento dermoepidérmico.

A B

C D

E F

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46

Tabela 4 - Análise microbiológica das lesões dermoepidérmicas

Grupo Animal 1°colheita (1° Dia) 2°colheita (5° Dia) 3°colheita (10° Dia)

S. F. 02 Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides

S. F. 04 Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides

S. F. 06 Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides

S. F. 08 Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides

S. F. 10 Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides

S. F. 12 Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides

S. F. 14 Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides

S. F. 16 Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides

S. F. 18 Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides

S. F. 20 Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides Staphylococcus epidermides

Pasta 1 01 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Staphylococcus epidermides

Pasta 1 03 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Ausência de bactérias

Pasta 1 05 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Ausência de bactérias

Pasta 1 07 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Staphylococcus epidermides

Klebsiella oxytoca

Pasta 1 09 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Ausência de bactérias

Pasta 1 11 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Staphylococcus epidermides

Pasta 1 13 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Staphylococcus epidermides

Pasta 1 15 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Ausência de bactérias

Pasta 1 17 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Ausência de bactérias

Pasta 1 19 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Ausência de bactérias

Pasta 2 41 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Ausência de bactérias

Pasta 2 43

Ausência de bactérias Ausência de bactérias Ausência de bactérias

Pasta 2 45 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Ausência de bactérias

Pasta 2 47 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Ausência de bactérias

Pasta 2 49 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Ausência de bactérias

Pasta 2 51

Staphylococcus epidermides

Streptococcus bovis

S

Staphylococcus epidermides

Streptococcus bovis

Staphylococcus epidermides

Streptococcus bovis

Pasta 2 53 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Ausência de bactérias

Pasta 2 55 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Ausência de bactérias

Pasta 2 57 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Ausência de bactérias

Pasta 2 59 Ausência de bactérias Ausência de bactérias Ausência de bactérias

Legenda: S. F. = Solução Fisiológica (NaCl a 0,9%).

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47

4.3 EVOLUÇÃO TRANS E PÓS-OPERATÓRIA

O período trans-operatório de todos os animais transcorreu sem

complicações. Não houve óbitos e todos os ratos retornaram adequadamente da

anestesia. As avaliações clínicas diárias evidenciaram adequada recuperação, com

manutenção do estado geral, presença de atividade física e disposição para

alimentar-se nos grupos pasta 1, pasta 2 e NaCl a 0,9%. A manipulação dos animais

foi a mesma em todos os grupos e não produziu estresse de modo a interferir no

processo de cicatrização.

4.4 EVOLUÇÃO MACROSCÓPICA DA CICATRIZAÇÃO TECIDUAL

A área da ferida diminuiu gradativamente com a evolução do tempo

nos três grupos (Pasta 1, Pasta 2 e NaCl a 0,9%). A evolução da ferida cutânea nos

ratos do grupo Controle e no grupo Pasta 1 apresentou exsudação e formação de

crostas delicadas até o 7º dia de pós-incisional. Nenhum animal do grupo pasta 2

apresentou secreção purulenta macroscopicamente identificada até o 7º dia de pós-

operatório.

Observou-se pela análise macroscópica que o tamanho das feridas

foram menores nos grupos pasta 2 e NaCl a 0,9% quando comparados com o grupo

pasta 1, no sétimo dia após a realização da lesão. Além disto, as feridas de seis

animais do grupo controle e cinco animais do grupo pasta 2 encontravam-se

totalmente cicatrizadas no 14º dia de após a realização da ferida, enquanto que em

nenhum rato do grupo pasta 1 foi observado o mesmo resultado (FIG. 5, 6 e 7).

Outro fato que se destacou durante o experimento foi que o emprego da pasta 1

favoreceu o crescimento de pêlos nos animais deste grupo diferentemente do que foi

observado nos demais grupos.

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Figura 5 - Características das lesões de pele no 1º, 3º, 5º, 7º, 10º e 14º dia do

animal número 11 tratado com a pasta 1.

Figura 6 - Características das lesões de pele no 1º, 3º, 5º, 7º, 10º e 14º dia do

animal número 51 tratado com a pasta 2.

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49

Figura 7 - Características das lesões de pele no 1º, 3º, 5º, 7º, 10º e 14º dia do

animal número 12 tratado com NaCl 0,9% (grupo controle).

Os resultados encontram-se expressos em média e erro padrão da média

(±EPM) FIG. 8. Embora em todos os grupos estudados as lesões cutâneas tenham

evoluído favoravelmente, a pasta 1 apresentou halos significativamente maiores que

os controles e a pasta 2, ao terceiro, quinto e sétimo dia de avaliação (p<0,05). Os

diâmetros das áreas ulceradas, assim como o tempo de cicatrização, entre a pasta 2

e o grupo controle, não diferiram significativamente, do terceiro ao 14º dia de

avaliação (p=1,00). Todavia, a média da área ulcerada dos animais tratados com a

pasta 2, foi significativamente menor que os animais do grupo controle e da pasta 1

no primeiro dia de avaliação (p<0,001), além disto, diferiu dos animais tratados com

a pasta 1, ao terceiro, quinto e sétimo dia de tratamento (p<0,001) (FIG. 8).

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50

Figura 8 - Média (±EPM)* dos grupos controle (círculo fechado), pasta 1 (quadrado

aberto) e pasta 2 (círculo aberto), dos valores relativos ao percentual da área

cutânea ulcerada, em ratos adultos, do primeiro ao 14º dia de avaliação.

*Significativo ao Teste Bonferroni, em relação à pasta 2 e ao controle

#Significativo ao Teste Bonferroni, em relação à pasta 2

Os animais tratados com a pasta 2 apresentaram evolução

considerável do dia 0 até o 3° dia, resultando em redução de 50mm2 na ferida se

comparado com o controle e 70mm2 quando comparado a pasta 1.

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51

5 DISCUSSÃO

Segundo descrito pela Agência Nacional de Vigiância Sanitária

(ANVISA) na RDC nº 210 (2003) produtos submetidos ao teste de estabilidade

acelerado, que suportem as condições estipuladas no teste durante o tempo de três

meses, possuem o prazo de validade provisório de dois anos. Desta forma,

conforme resultados obtidos, as duas formulações propostas se enquadram neste

quesito.

É importante salientar que é preciso dar continuidade aos estudos,

realizando-se os testes de estabilidade de longa duração (em condições normais de

armazenamento) para a confirmação dos resultados obtidos inicialmente, com

durabilidade de dois anos. Dessa forma será possível complementar as informações

obtidas sobre a estabilidade das formulações, confirmar o prazo de validade

estimado e recomendar as condições de armazenamento das pastas (ANVISA,

2004).

Durante a realização do experimento as amostras apresentaram-se

com as mesmas características iniciais, indicando a estabilidade das fórmulas. A cor

e o odor, embora não possam ser caracterizados como medidas analíticas

contribuem de forma significativa para a garantia da qualidade. Esses critérios são

fatores que exercem grande efeito psicológico no proprietário do animal (GOMES;

REIS, 2001).

Sabe-se que a superfície da pele é extremamente ampla e de grande

importância como barreira de proteção contra agentes nocivos ademais, as

freqüentes complicações das feridas na rotina de tratamentos de cicatrização

motivaram a realização do atual experimento (FOWLER, 1993; PAVLETIC, 1993;

YOUNG; MATHES, 1996; RODRIGUES et al., 2001; PEREIRA; ARIAS, 2002;

JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).

Além disto, os constantes avanços científicos que ocasionam

mudanças nos vários conceitos e hábitos tradicionais de tratamento de feridas

(FOWLER, 1993; COHEN; DIEGELMANN; CROSSLAND, 1996; PEREIRA; ARIAS,

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2002; CÂNDIDO, 2007) reforçaram a necessidade de estudos nesta área. A opção

por testar duas novas formulações farmacêuticas na forma de pasta 1 e pasta 2,

baseou-se na eficácia destes agentes como aceleradores cicatriciais em pacientes

da espécie humana, conforme relatado por CÂNDIDO (2007).

Foi escolhido o rato da linhagem Wistar como animal de

experimentação, devido à facilidade de aquisição, manuseio, acomodação,

resistência à agressão cirúrgica e a baixa mortalidade apresentada nos processos

infecciosos. Optou-se pelo o uso de machos adultos, para evitar a interferência das

variações hormonais do ciclo estral de fêmeas que poderiam influenciar no

mecanismo de reparação tecidual como citado por HARRIS, STOPAK E WILD

(1981) E BELIVACQUA, MODOLIN E ALMEIDA (1981).

A retirada de um fragmento de pele induziu a formação de fibrina,

coágulo e exsudado inflamatório, formando a crosta que recobriu a ferida

(BELIVACQUA; MODOLIN; ALMEIDA, 1981).

Considerando-se que as citocinas são importantes mediadores dos

eventos de neoangiogênese, fibroplasia e maturação, e são liberadas por células

como plaquetas, neutrófilos, macrófagos, linfócitos, mastócitos, fibroblastos e outras

(ROBSON; PHILIPS, 1992; SHAH; FERGUSON, 1992; RODRIGUES et al., 2001;

CANDIDO, 2007) facilmente entende-se a importância das propriedades

quimiotáticas de formulações contendo palmitato de retinol, colecalciferol, acetato de

racealfatocoferol e cianocobalamina na cicatrização.

A rápida cicatrização dos tecidos tratados com a pasta 2 quando

comparada com a pasta 1 observada neste experimento pode estar relacionada com

a presença de vitamina A, pois de acordo com PROBST (1993), ela atua na

estimulação dos fibroblastos, acelerando assim a deposição de colágeno e formação

de tecido conjuntivo. As alterações associadas à hipovitaminose A, como aumento

na taxa de infecção e diminuição de linfócitos (KEUSCH, 1990; RADMATHULLAH;

UNDERWOOD; THULASIRAJ, 1990), demonstram indiretamente a importância

desta vitamina na reparação tecidual.

Conforme os resultados observados, os animais tratados com a pasta 2

apresentaram evolução considerável do dia 0 até o 3° dia no qual houve diminuição

de 50 mm2 na ferida se comparado com o controle e 70 mm2 quando comparado a

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pasta 1, sendo importante ressaltar que as feridas neste período estão mais

vulneráveis que nos demais dias conforme preconizado por CÂNDIDO (2007).

Os sinais discretos compatíveis com inflamação como edema,

hiperemia e exsudação observados nos animais tratados com a pasta 2 podem estar

ligados à ação antioxidante da vitamina E, minimizando as lesões de reperfusão

consequentes à liberação de radicais livres tóxicos, conforme descreveram PROBST

(1993), DECLAIR (1994) e CÂNDIDO (2007).

A hidratação dos tecidos com lanolina, óleo de amêndoas e água

deionizada (DECLAIR, 1998; CANDIDO, 2007), além dos curativos úmidos com

solução fisiológica a 0,9% (DECLAIR, 1998; RODRIGUES et al., 2001; CÂNDIDO,

2007) podem ter sido fatores favoráveis à rápida reparação das lesões, pois a

umidade favorece a autólise dos tecidos desvitalizados e contribui com a

cicatrização, conforme afirmaram DECLAIR, (1998) e CÂNDIDO (2007), apesar de

HUTCHINSON; MCGUCKIN (1990), ANDRADE; STEWARD; MELO, (1992) e

BORISKIN (1994) preconizarem o uso de curativos secos.

Usado como veiculo na pasta 2 a lanolina não afetou no processo de

cicatrização tecidual e estabilidade da formulação, de acordo com MARTINS (2005)

a lanolina usada em pastas e pomadas como veículo até a concentração de 2% não

afeta o processo de cicatrização em ratos, nem apresenta efeitos tóxicos sobre

monócitos que desempenham papel importante na cicatrização.

Trabalho semelhante realizado na Faculdade de Medicina de Botucatu

(UNESP), um dos pioneiros nas pesquisas com o zinco no Brasil, confirmou que o

zinco é necessário para produção de mais de 300 enzimas, incluindo as fosfatases,

metaloproteinases, oxidoredutazes e transferases, envolvidas no metabolismo de

ácidos nucléicos e na função imunológica. Ele também desempenha um importante

papel na transcrição gênica. Numerosos fatores da transcrição contém um elemento

funcional chamado de “Zinc-Finger”, composto de aproximadamente 30 aminoácidos

ao redor do íon zinco (SALGUEIRO et al., 2000).

De acordo com GIL et al. (2005) o carbonato de cálcio utilizado em

formulações atua localmente, diminuindo ou eliminando determinadas bactérias

como Streptococcus mutans e Streptococcus sobrinus, conferindo desta forma

grande importância desta substância no processo de cicatrização.

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Apesar do espectro antimicrobiano da pasta 1 e 2 (neomicina e bacitracina) a

reparação das lesões submetidas à aplicação desta formulação foi mais lenta

quando comparada às feridas tratadas com a pasta 2 ou solução fisiológica (NaCl

0,9%). Este fato pode ser atribuído à toxicidade dos antibióticos em relação ao

fibroblastos e à interferência na quimiotaxia dos polimorfonucleares, descritas por

TVEDTEN E TILL (1985), apesar de não terem sido detectados sinais compatíveis

com alterações colaterais sistêmicas.

Os animais que utilizaram a pasta 1 apresentaram diminuição da formação de

granulação. Assim sendo, esta pasta deve ser avaliada em um experimento

envolvendo animais da espécie eqüina, os quais apresentam a formação

exacerbada de tecido de granulação, impedindo o fechamento da ferida, resultando

em maiores complicações para o paciente.

Novos estudos devem ser realizados para aprimorar a formulação das duas

pastas propostas visando a redução no tempo da cicatrização, contribuindo desta

forma para a descoberta de novas formulações que possam ser empregadas no

tratamento de feridas de varias outras espécies em especial eqüinos, devido o alto

poder de inibição do crescimento exacerbado de tecido de granulação.

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6 CONCLUSÕES

Com os resultados obtidos durante o período de investigação, pode-se concluir que:

- As duas pastas passaram nos testes de estabilidade acelerada e

permaneçam estáveis em prateleira por um período não inferior a dois anos.

- O uso de duas novas formulações farmacêuticas na forma de pasta e

com coadjuvantes técnicos diferentes, porém com os mesmos antibióticos

apresentaram influência e diferença significativa no processo cicatricial, uma vez que

a velocidade de cicatrização no período considerado como fase critica que é até o 3°

dia após a ferida, a pasta 2 foi mais eficaz, devido a presença de vitaminas e óleo de

amêndoas, já na pasta 1 a maior quantidade de oxido de zinco combinada com

carbonato de cálcio retardou o crescimento de tecido de granulação, responsável

pelo baixo poder de cicatrização em eqüinos devido seu crescimento exacerbado.

A hidratação tecidual, pelo uso de curativos úmidos com solução

fisiológica 0,9%, não oferece prejuízos à cicatrização, podendo ser empregada em

ratos com feridas abertas.

- Novos estudos devem ser realizados para aprimorar a formulação das

duas pastas visando à redução no tempo da cicatrização em outras espécies.

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