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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA COMPORTAMENTO MATERNO E ANSIEDADE NA INFÂNCIA: ESTUDO OBSERVACIONAL COM CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR Patrícia Alexandra Soares Martins MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA (Secção de Psicologia Clínica e da Saúde / Núcleo de Psicologia da Saúde e da Doença) 2012

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

COMPORTAMENTO MATERNO E ANSIEDADE NA INFÂNCIA: ESTUDO

OBSERVACIONAL COM CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR

Patrícia Alexandra Soares Martins

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

(Secção de Psicologia Clínica e da Saúde / Núcleo de Psicologia da Saúde e da

Doença)

2012

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

COMPORTAMENTO MATERNO E ANSIEDADE NA INFÂNCIA: ESTUDO

OBSERVACIONAL COM CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR

Patrícia Alexandra Soares Martins

Dissertação orientada por Doutora Ana Isabel de Freitas Pereira

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

(Secção de Psicologia Clínica e da Saúde / Núcleo de Psicologia da Saúde e da

Doença)

2012

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha orientadora Doutora Ana Isabel de Freitas Pereira, pela sua

dedicação, compreensão e perseverança, por acreditar nas minhas capacidades e por não

me ter deixado desistir.

Agradeço à Doutora Luísa Barros, enquanto órgão superior da Faculdade de

Psicologia da Universidade de Lisboa, por possibilitar aos seus alunos uma formação de

qualidade não só a nível académico, como a nível pessoal e social.

Agradeço a todos os professores que ao longo do meu percurso académico

transmitiram os seus conhecimentos e a sua sabedoria com tanto entusiasmo.

Agradeço aos meus pais, por acreditarem em mim, por me transmitirem

confiança e pelas suas palavras de amor e esperança.

Agradeço ao meu marido, pelo seu amor e carinho, pela sua paciência e por me

dar força nos momentos de maior desalento.

Agradeço à minha prima e “mana )i(“, Senna, pelas suas palavras de incentivo,

pelo seu apoio e pelo seu carinho.

Agradeço às minhas amigas, Sara Teixeira e Patrícia Teixeira, pela sua presença,

pelos seus sorrisos e pela sua amizade.

Agradeço às minhas colegas, Rosa Silva, Catarina Pereira e Vanessa Oliveira

por me acompanharem nesta longa caminhada, pelas horas de trabalho e estudo em

conjunto e por serem um exemplo de determinação e motivação.

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RESUMO

Enquadramento: Os fatores familiares e mais concretamente, a ansiedade dos pais e o

comportamento parental, assumem particular relevância no desenvolvimento de

perturbações de ansiedade na infância. Assim, o presente estudo propõe-se a estudar a

relação existente entre ansiedade materna, ansiedade infantil, comportamento materno e

comportamento da criança. Metodologia: Participaram no estudo 35 crianças entre os 7

e os 12 anos e suas respetivas mães. A avaliação da ansiedade nas crianças foi realizada

através da aplicação do SCARED-R (versão para crianças), tendo a amostra sido

dividida em, grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e grupo de crianças

não ansiosas. O estudo recorreu à observação da interação mãe-criança durante a

realização de uma prova cognitiva, moderadamente ansiógena. Resultados: Não foram

encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos relativamente

às dimensões estudadas. A análise correlacional, para o grupo de crianças com níveis

elevados de ansiedade revelou, a existência de relações estatisticamente significativas,

positivas e elevadas entre, ansiedade materna e dificuldade na resolução da tarefa, e

entre, intrusividade e dificuldade na resolução da tarefa. Tendo ainda, sido encontrada

uma relação significativa, negativa e elevada entre incentivo à autonomia e

intrusividade. Os resultados do grupo de crianças não ansiosas sugerem a existência de

relações significativas, positivas e elevadas entre: (1) intrusividade e rejeição; (2)

dominância e intrusividade; (3) dificuldade na resolução da tarefa e rejeição. Foram

também encontradas relações significativas, positivas e moderadas entre: (1) ansiedade

infantil e dificuldade na resolução da tarefa; (2) dificuldade na resolução da tarefa e

intrusividade; (3) ansiedade infantil e rejeição. E ainda, relações significativas,

negativas e moderadas entre, comportamento de dependência em relação à mãe e

intrusividade, e entre, comportamento de dependência em relação à mãe e dominância.

Conclusões: A maioria dos resultados está em consonância com os dados encontrados

na literatura. No entanto, alguns deles, oferecem novas perspetivas na etiologia das

perturbações de ansiedade.

Palavras-Chave: Ansiedade Materna, Ansiedade Infantil, Comportamento Materno,

Comportamento da Criança, Estudo Observacional

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ABSTRACT

Background: The family factors and more specifically, the parental anxiety and

behavior, have assumed particular relevance in the development of anxiety disorders in

children. Thus, this study intends to examine the relationship between maternal anxiety,

child anxiety, maternal behavior and child behavior. Methodology: Participants

included 35 children between the age of 7 and 12, and their mothers. The assessment of

anxiety in children was performed by applying the SCARED-R (children version). The

sample was divided in groups of children with high levels of anxiety and group of non

anxious children. The study relied on direct observation of mother-child interactions

while performing a cognitive task. Results: There were no significant differences

between the two groups on the dimensions studied. A correlational analysis for the

group of children with high levels of anxiety revealed the existence of positive and

elevated, significant relationships between maternal anxiety and difficulty in solving the

task, and between, intrusiveness and difficulty in solving the task. It was also found a

significant, negative and elevated relationship between encouragement of autonomy and

intrusiveness. The results for the group of non anxious children suggest the existence of

significant, positive and elevated relationships between: (1) intrusiveness and rejection;

(2) dominance and intrusiveness; (3) difficulty in solving the task and rejection. We also

found significant, positive and moderate relationships between: (1) child anxiety and

difficulty in solving the task; (2) difficulty in solving the task and intrusiveness; (3)

child anxiety and rejection. Significant, negative and moderate relationships between,

dependent behavior towards the mother and intrusiveness, and between, dependent

behavior towards the mother and dominance, was also found. Conclusions: Most

results are consistent with data found in the literature. However, some offer new

insights in the etiology of anxiety disorders.

Keywords: Maternal Anxiety, Child Anxiety, Maternal Behavior, Child Behavior,

Observational Study

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ÍNDICE

RESUMO ......................................................................................................................... ii

ABSTRACT .................................................................................................................... iii

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

CAPÍTULO I – REVISÃO DE LITERATURA .............................................................. 3

1. Ansiedade Normativa vs. Ansiedade Patológica ...................................................... 3

2. Perturbações de Ansiedade na Infância e Adolescência ........................................... 4

2.1. Ansiedade de Separação .................................................................................... 5

2.2. Ansiedade Generalizada .................................................................................... 6

2.3. Fobia Social ....................................................................................................... 7

2.4. Fobia Específica ................................................................................................ 8

3. Comorbilidade .......................................................................................................... 9

4. Etiologia das Perturbações de Ansiedade ................................................................. 9

4.1. Fatores de Risco .............................................................................................. 10

4.1.1. Fatores Individuais ................................................................................... 10

4.1.2. Fatores Familiares .................................................................................... 10

4.1.3. Fatores Ambientais/Sócio-culturais .......................................................... 13

4.2. Fatores de Manutenção .................................................................................... 14

4.3. Fatores de Proteção .......................................................................................... 15

5. Modelos Etiológicos das Perturbações de Ansiedade ............................................ 16

5.1. Modelo de Tripla Vulnerabilidade de Barlow ................................................. 17

5.2. Modelo de Rapee ............................................................................................. 18

5.3. Modelo de Rachman ........................................................................................ 19

6. Estudos Empíricos .................................................................................................. 20

CAPÍTULO II – ESTUDO EMPÍRICO ......................................................................... 25

1. OBJETIVOS DO ESTUDO ................................................................................... 25

1.1. Objetivos Gerais .............................................................................................. 25

1.2. Objetivos Específicos ...................................................................................... 25

1.3. HIPÓTESES EM ESTUDO ............................................................................ 27

2. METODOLOGIA ................................................................................................... 28

2.1. Desenho da Investigação ................................................................................. 28

2.2. Amostra ........................................................................................................... 28

2.3. Situação de Observação – Tarefa dos Cubos (WISC-III, Wechsler, 1991) .... 31

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2.4. Instrumentos de Recolha de Dados ................................................................. 31

2.5. Procedimentos de Recolha de Dados............................................................... 35

2.6. Procedimentos de Análise Estatística .............................................................. 36

CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................. 39

1. ANÁLISES PRELIMINARES ............................................................................... 39

2. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................... 43

CAPÍTULO IV – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES .................. 55

1. ANÁLISE DAS DIFERENÇAS ENTRE OS GRUPOS ........................................ 55

2. ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE AS VARIÁVEIS ...................................... 59

CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 66

1. CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO ......................................................................... 66

2. LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................. 67

3. FUTURAS LINHAS DE INVESTIGAÇÃO ............................................................. 68

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 70

ANEXOS ........................................................................................................................ 89

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ÍNDICE DE ANEXOS

ANEXO I ........................................................................................................................ 90

ANEXO II ...................................................................................................................... 92

ANEXO III ..................................................................................................................... 95

ANEXO IV ..................................................................................................................... 99

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1: Caracterização das variáveis sócio-demográficas das crianças 29

Quadro 2: Caracterização das variáveis sócio-demográficas das mães e da família 29

Quadro 3: Estudo da fiabilidade das variáveis observadas nas três tarefas de maior

dificuldade e decisão de manter/excluir 39

Quadro 4: Objetivos e metodologias de análise estatística 43

Quadro 5: Diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o

grupo de crianças não ansiosas relativamente às dimensões de ansiedade materna e

ansiedade infantil 44

Quadro 6: Diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o

grupo de crianças não ansiosas relativamente às dimensões do comportamento da

criança 45

Quadro 7: Diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o

grupo de crianças não ansiosas relativamente às dimensões do comportamento da mãe 46

Quadro 8: Correlações r de Pearson entre dimensões de ansiedade materna e ansiedade

infantil, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças com níveis elevados de

ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas) 47

Quadro 9: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de ansiedade

materna e comportamento da criança, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças

com níveis elevados de ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas) 48

Quadro 10: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de ansiedade

materna e comportamento da mãe, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças

com níveis elevados de ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas) 49

Quadro 11: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de ansiedade

infantil e comportamento da criança, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças

com níveis elevados de ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas) 50

Quadro 12: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de ansiedade

infantil e comportamento da mãe, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças

com níveis elevados de ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas) 51

Quadro 13: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de

comportamento materno e comportamento da criança, para ambos os grupos (acima da

diagonal crianças com níveis elevados de ansiedade e abaixo da diagonal crianças não

ansiosas) 52

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INTRODUÇÃO

O presente estudo visa a obtenção do grau de Mestre em Psicologia Clínica e da

Saúde, tendo o mesmo sido submetido à Faculdade de Psicologia da Universidade de

Lisboa.

Este estudo encontra-se inserido num projeto de investigação1 mais abrangente

que pretende aumentar o conhecimento e a compreensão das perturbações de ansiedade

na infância.

A seguinte investigação tem como principal objetivo estudar a influência dos

comportamentos maternos no desenvolvimento de perturbações de ansiedade em

crianças de idade escolar.

Este estudo é constituído por cinco capítulos. O primeiro capítulo é de cariz

teórico e corresponde à revisão de literatura. Nele é possível encontrar a distinção entre

ansiedade normativa e patológica, alguns aspetos desenvolvimentistas da ansiedade e a

caracterização dos quadros clínicos, sendo igualmente apresentados alguns dados de

prevalência e comorbilidade na população. Além disso, é apresentado o estado da arte

no que respeita, a etiologia das perturbações de ansiedade incidindo sobretudo nos

fatores de risco, manutenção e proteção, bem como, os modelos etiológicos das

perturbações de ansiedade. Terminando, com uma síntese dos estudos empíricos acerca

da influência dos comportamentos parentais negativos no desenvolvimento das

perturbações de ansiedade na infância.

O segundo capítulo diz respeito ao estudo empírico onde são descritos os

objetivos gerais e específicos, as hipóteses e os aspetos metodológicos da investigação.

No terceiro capítulo realiza-se a apresentação e a análise dos resultados. O

quarto capítulo corresponde à discussão dos resultados e às conclusões.

Por último, no quinto capítulo, são abordadas as considerações finais

contemplando as limitações do estudo, futuras linhas de investigação e implicações para

a prevenção e intervenção no âmbito das perturbações de ansiedade na infância.

1 “Parentalidade e vulnerabilidade cognitiva global e específica para as perturbações de ansiedade na

infância”, a cargo da investigadora Doutora Ana Isabel de Freitas Pereira

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Capítulo I

REVISÃO DE LITERATURA

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CAPÍTULO I – REVISÃO DE LITERATURA

1. Ansiedade Normativa vs. Ansiedade Patológica

A ansiedade é uma emoção básica no ser humano caracterizada por uma

sensação difusa e desconfortável de apreensão, sendo normalmente acompanhada por

sintomas físicos (Barlow, 2002). No seu nível mais básico, a ansiedade possui uma

função adaptativa, alertando o indivíduo em situações novas e ameaçadoras, permitindo

assim o confronto ou o evitamento da situação. Atendendo a este facto, a ansiedade é

uma parte integral do desenvolvimento humano, possibilitando a progressão da

dependência face a figuras de vinculação para a autonomia do indivíduo (Albano,

Barlow & Chorpita, 2003).

Na maioria das crianças, o medo e a ansiedade, manifestam-se como parte do

desenvolvimento normal, cumprindo assim uma função adaptativa. No decorrer da

infância e adolescência aparecem determinados medos, transitórios, normativos e

adaptativos, cuja função está associada à proteção da criança face a estímulos avaliados

por elas como incontroláveis (Craske, 1997). Estes medos tendem a ser de intensidade

moderada e específicos a determinada etapa desenvolvimentista, aparecendo e

desaparecendo de forma previsível consoante as tarefas desenvolvimentistas

características de cada etapa do desenvolvimento do indivíduo (Baptista, Carvalho &

Lory, 2005). Desta forma, os medos aparecem quando são úteis e desaparecem,

geralmente, quando as tarefas desenvolvimentistas cumpridas em cada etapa estão

suficientemente dominadas e deixam de constituir uma ameaça ao sujeito. Assim, é

possível considerar que os medos refletem a maturação do organismo, de acordo com as

suas etapas de desenvolvimento, sendo as suas manifestações variáveis ao longo do

ciclo de vida do sujeito (Dadds & Vasey, 2001). É expectável que as crianças mais

novas experienciem sintomatologia ansiosa quando são confrontadas com situações tais

como o escuro, a separação dos progenitores, ou o primeiro dia de escola. Assim, de

forma similar, os adolescentes poderão experienciar sintomas de ansiedade num

primeiro encontro amoroso ou numa entrevista de trabalho.

A natureza dos medos muda assim, ao longo do tempo, transitando de medos

imediatos e concretos (e.g. ruídos, alturas, estranhos, separação das figuras de

vinculação, escuro, animais) para medos antecipatórios e abstratos (e.g. relacionamentos

interpessoais, avaliação social, auto-imagem, sexualidade). Além das diferenças

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referentes à natureza dos medos, observa-se igualmente uma redução dos medos com a

idade (Essau & Petermann, 2001; Craske, 1997; March, 1995; Last, 1993).

A ansiedade e os medos ditos normativos e adaptativos são distintos da

ansiedade e medos patológicos no que se refere à sua severidade e intensidade, ao nível

de sofrimento despoletado e ao seu grau de interferência no quotidiano dos indivíduos

(Albano, Carter & Causey, 2001; Hudson, Rapee & Schniering, 2000; Barrios &

Hartmann, 1997).

2. Perturbações de Ansiedade na Infância e Adolescência

Tradicionalmente considerava-se que as perturbações de ansiedade eram

relativamente raras nas crianças, sobretudo em comparação com as perturbações do

comportamento (Jerome, McGinn & Nooner, 2010). Atualmente, considera-se que as

perturbações de ansiedade estão entre as perturbações psiquiátricas mais prevalentes na

infância e adolescência (Hudson, Rapee & Schniering, 2009), afetando cerca de 3% a

14% das crianças e adolescentes (Cohen, Cohen, Hartmark, Johnson, Kasen, Velez, et

al., 1993). De acordo com dados obtidos em estudos epidemiológicos, cerca de 10% das

crianças desenvolvem uma perturbação de ansiedade, clinicamente significativa, antes

de atingirem os 16 anos de idade (Angold, Costello, Erkanli, Keeler & Mustillo, 2003).

Relativamente à prevalência dos diferentes quadros clínicos das perturbações de

ansiedade na infância e adolescência a literatura tem referido: ansiedade de separação

(entre 0.7 a 12.9%); ansiedade generalizada (entre 2.7 e 12.4%); fobia social (entre 0.9 e

1.1%) e fobia específica (entre 2.4 e 9.2%) (Craske, 1997; Odriozola, 1993).

As perturbações de ansiedade tendem a manter-se estáveis ao longo da infância e

adolescência (Crockett, Edelsohn, Ialongo, Kellam & Werthamer-Larsson, 1995),

podendo ainda tornar-se crónicas e prolongar-se pela vida adulta (Boyce, Hadzi-

Pavlovic, Harris, Manicavasagar, Morgan, Silove, et al., 1995).

De seguida serão abordados os quadros clínicos das perturbações de ansiedade

mais prevalentes na infância e adolescência.

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2.1. Ansiedade de Separação

A ansiedade de separação é a única perturbação de ansiedade específica da

infância sendo caracterizada por um medo excessivo e irrealista da separação de figuras

de vinculação, geralmente os progenitores ou os seus substitutos. Esta perturbação

interfere significativamente com as atividades diárias das crianças, bem como, com as

diferentes tarefas desenvolvimentistas que estas têm de realizar. Estas crianças

manifestam uma preocupação muito exacerbada de que durante a separação, ocorram

danos para si, ou para os seus pais, que levem a que nunca mais seja possível a sua

reunião. A panóplia de sintomas emocionais, cognitivos, somáticos e comportamentais

associados a esta ameaça ou medo de separação tem repercussões graves na capacidade

da criança para desfrutar da vida, nas suas relações sociais e familiares e na sua

capacidade para participar e progredir na escola e nas suas atividades lúdicas. De notar

que algum grau de ansiedade de separação é característico do desenvolvimento

normativo (Dick-Niederhauser & Silverman, 2004).

De acordo com o DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental

Disorders, Fourth Edition, APA, 1994) a ansiedade de separação é caracterizada por

uma ansiedade excessiva e desajustada ao nível de desenvolvimento do indivíduo

relativamente à separação de casa ou das figuras de vinculação, manifestada pela

presença de três dos oito seguintes sintomas: (1) angústia recorrente e excessiva quando

a criança fica (ou antecipa ficar) separada de casa ou das principais figuras de

vinculação; (2) preocupação excessiva e persistente relacionada com a perda, ou com a

possibilidade de ocorrem danos às principais figuras de vinculação; (3) preocupação

excessiva e persistente de que um evento adverso cause a separação de uma figura de

vinculação (e.g. ser raptada, perder-se); (4) relutância persistente ou recusa em ir à

escola, ou a qualquer outro lado, devido ao medo de separação; (5) medo excessivo e

persistente ou relutância em ficar sozinha ou na ausência das figuras de vinculação em

casa ou sem a presença de adultos significativos noutros contextos; (6) relutância

persistente ou recusa em ir dormir sem estar uma figura de vinculação por perto ou em

dormir fora de casa; (7) pesadelos repetitivos sobre a temática separação; (8) queixas

repetitivas de sintomas físicos (como dores de cabeça, dores de estômago, náuseas ou

vómitos) quando a separação de figuras de vinculação acontece ou é antecipada. A

duração da perturbação tem de se verificar por um período igual ou superior a quatro

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semanas e tem de se manifestar antes dos 18 anos de idade para reunir os critérios de

diagnóstico de ansiedade de separação.

2.2. Ansiedade Generalizada

A preocupação é considerada a característica central da ansiedade generalizada.

Apesar de se tratar de uma experiência humana normativa, a preocupação manifestada

na ansiedade generalizada tende a ser mais intensa, intrusiva, prolongada e

incontrolável. A ansiedade generalizada é caracterizada por uma preocupação

persistente em relação a vários domínios da vida, circunstâncias ou atividades. De notar

que estas preocupações não são dirigidas apenas ao self, mas também em relação aos

outros. De acordo com, La Greca, Silverman e Weems (2000), a saúde, a escola, a

família, os desastres naturais e os danos pessoais são os principais domínios de

preocupação nas crianças. As crianças com ansiedade generalizada são frequentemente

perfecionistas manifestando distorções cognitivas que as levam a acreditar que um

pequeno erro é um sinal de um completo fracasso. Assim, não é incomum estas crianças

desistirem ou evitarem atividades onde percecionem que a sua prestação não será

perfeita. A este respeito são consideradas excessivamente auto-críticas. Adicionalmente,

crianças com ansiedade generalizada podem necessitar de constante e excessiva

validação e manifestam frequentemente uma auto-consciência muito marcada

(Flannery-Schroeder, 2004).

De acordo com o DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental

Disorders, Fourth Edition, APA, 1994), a ansiedade generalizada é caracterizada por (a)

ansiedade e preocupação excessiva que ocorre na maioria dos dias por um período de

pelo menos seis meses, relativamente a múltiplos acontecimentos ou atividades; (b) a

pessoa tem dificuldade em controlar a sua preocupação e (c) a ansiedade e a

preocupação estão associadas a três (ou mais) dos seguintes sintomas: (1) inquietação,

tensão ou nervosismo; (2) fadiga fácil; (3) dificuldade de concentração; (4)

irritabilidade; (5) tensão muscular e (6) perturbação do sono.

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2.3. Fobia Social

O comportamento social de qualquer indivíduo pode ser caracterizado de acordo

com duas dimensões: a sociabilidade e a timidez (Beidel, Morris & Turner, 2004).

Enquanto, a sociabilidade diz respeito ao desejo de afiliação social, a timidez refere-se a

comportamentos inibitórios e à experiência de angústia em interações sociais. Assim,

indivíduos que manifestem um forte interesse e desejo por encontros sociais, mas que se

sintam significativamente angustiados na companhia de outros, tornando-se incapazes

de desfrutar das interações interpessoais, podem reunir critérios para o diagnóstico de

fobia social. A fobia social caracteriza-se por um medo acentuado e persistente de

situações sociais manifestada através de inibição social e timidez. Indivíduos com fobia

social manifestam preocupações excessivas no que concerne à possibilidade de

humilhação, avaliação negativa e rejeição (Beidel, Morris & Turner, 2004).

Os medos sociais emergem na fase inicial da adolescência, concomitantemente

com as tarefas de individualização, afastamento dos progenitores, inserção nos grupos

de pares e atração pelo sexo oposto. A preocupação com a aparência do próprio, o

cuidado com a impressão causada e a opinião de terceiros, assume nesta fase uma

importância primordial. Desta forma, o medo e a ansiedade face a acontecimentos

sociais surgem como um fator motivador, de caráter normativo e adaptativo, na medida

em que, pretendem promover a preocupação e o cuidado com estes aspetos do

funcionamento normal do indivíduo. No entanto, se este medo resultar na inibição das

relações sociais e/ou se a família incentivar o seu evitamento, este tenderá a manter-se

ou a agravar-se, transformando-se numa limitação (Baptista, Carvalho & Lory, 2005),

interferindo assim, com o funcionamento normal do indivíduo e com as suas rotinas.

De acordo com o DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental

Disorders, Fourth Edition, APA, 1994) a fobia social é caracterizada por: (a) um medo

acentuado e persistente de uma ou mais situações e desempenhos sociais em que a

pessoa receia ser humilhada; (b) a exposição à situação leva a pessoa a experienciar uma

resposta ansiosa imediata que pode atingir a forma de um ataque de pânico; (c) a pessoa

reconhece que o seu medo é excessivo ou irracional; (d) as situações fóbicas são

evitadas ou enfrentadas com grande sofrimento; (e) o evitamento, a antecipação ou o

sofrimento na situação fóbica interfere significativamente na rotina diária da pessoa, no

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seu funcionamento e nas suas interações sociais. Em indivíduos com idade inferior a 18

anos, a duração do quadro tem de se verificar pelo menos durante seis meses.

2.4. Fobia Específica

A fobia específica é caracterizada por um medo persistente e acentuado de

objetos ou situações circunscritos. Este medo não está relacionado com a possibilidade

de a pessoa ser humilhada em público (fobia social), nem com o medo de ter ataques de

pânico (perturbação de pânico). A reação fóbica é excessiva, incontrolável, persistente e

inadaptativa, levando ao evitamento da situação ameaçadora. Indivíduos com fobia

específica manifestam uma hipervalência de pensamentos catastróficos face ao estímulo

ameaçador, tornando-se apreensivas e hipervigilantes, sendo o evitamento o

comportamento predominante (Albano, Barlow & Chorpita, 2003).

A literatura tem feito referência a diferentes subtipos de fobia específica

nomeadamente: animal (medo de animais); natural (e.g. medo de tempestades, alturas,

escuro, água); lesões-sangue-injeções (e.g. medo de vacinas, ver sangue, feridas);

situacional (e.g. medo de transportes públicos, túneis, pontes, elevadores) e outros (e.g.

ruídos altos e pessoas mascaradas) (Albano, Barlow & Chorpita, 2003). As fobias

específicas embora presentes durante todo o ciclo de vida do indivíduo atingem o seu

auge entre os 10 e os 13 anos de idade (Last & Strauss, 1993).

Segundo o DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders,

Fourth Edition, APA, 1994) para se estabelecer um diagnóstico de fobia específica é

necessário verificar-se a presença de: (a) um medo excessivo ou irracional, persistente e

acentuado desencadeado pela presença ou antecipação de um objeto ou situação

específica (e.g., alturas, animais, ver sangue); (b) a exposição ao estímulo fóbico

provoca uma resposta ansiosa imediata que pode assemelhar-se a um ataque de pânico;

(c) a pessoa reconhece que o seu medo é excessivo ou irracional; (d) o estímulo fóbico é

evitado ou suportado com sofrimento e (e) o evitamento, a antecipação ou o sofrimento

na situação ameaçadora interfere significativamente com o quotidiano da pessoa, no seu

funcionamento e nas suas interação sociais. Em indivíduos com idade inferior a 18 anos,

a duração da sintomatologia tem de ser de pelo menos seis meses.

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3. Comorbilidade

As perturbações de ansiedade apresentam elevadas taxas de comorbilidade

(Dyrborg, Esbjørn, Hoeyer, Kendall & Leth, 2010). Podemos considerar a existência de

duas ocorrências no que concerne a comorbilidade. Por um lado, podemos verificar a

existência de comorbilidade entre diferentes perturbações de ansiedade. Por outro,

podemos observar a comorbilidade entre diferentes patologias. No que se refere à

comorbilidade entre diferentes perturbações de ansiedade, evidências reunidas a partir

de estudos observacionais indicam que cerca de 43% das crianças manifestam mais do

que uma perturbação de ansiedade sendo a ansiedade generalizada a perturbação de

ansiedade mais comum em comorbilidade (Hudson & Rapee, 2002). No que se refere à

ocorrência de comorbilidade entre diferentes patologias, tem sido sugerido na literatura

uma elevada taxa de comorbilidade entre perturbações de ansiedade, perturbações do

humor (cerca de 5%) e perturbações de externalização nomeadamente, perturbação de

hiperatividade com défice de atenção (cerca de 5%) (Hudson & Rapee, 2002). Na

literatura, tem sido referida uma importante diferença entre ansiedade na infância e

ansiedade na fase adulta, no que respeita a comorbilidade entre ansiedade e perturbação

de abuso de substâncias, sendo que os dados indicam uma ausência de comorbilidade

entre estas duas perturbações na infância, havendo inclusive um estudo que indica que

os rapazes ansiosos manifestam um risco significativamente menor de desenvolver

simultaneamente uma perturbação de abuso de substâncias (Angold, Costello, Erkanli,

Keeler & Mustillo, 2003).

4. Etiologia das Perturbações de Ansiedade

De acordo com uma perspetiva desenvolvimentista, o desenvolvimento de uma

perturbação de ansiedade depende da existência de fatores de risco, de fatores de

manutenção e de fatores de proteção, que interagindo entre si, aumentam, mantêm ou

reduzem a probabilidade de um indivíduo desenvolver essa perturbação (Cicchetti &

Rogosch, 1996). A perspetiva desenvolvimentista preconiza ainda a existência de dois

conceitos, equifinalidade e multifinalidade. A primeira, remete para a noção de

diferentes processos poderem conduzir ao mesmo resultado. O segundo, refere-se à

noção de que determinada situação pode desencadear vários resultados.

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4.1. Fatores de Risco

4.1.1. Fatores Individuais

A literatura tem identificado alguns fatores de risco individuais no

desenvolvimento das perturbações de ansiedade nomeadamente: fatores genéticos;

temperamento da criança e vinculação insegura.

Estudos realizados com amostras de gémeos têm sugerido que existe uma

considerável predisposição genética na etiologia das perturbações de ansiedade, sendo a

restante variância explicada por fatores ambientais (Eaves, Heath, Kendler, Kessler &

Neale, 1992; Eaves, Heath, Kendler & Martin, 1986).

Por seu lado, as crianças que possuem determinadas características

temperamentais parecem estar sujeitas a um risco acrescido para o desenvolvimento de

perturbações de ansiedade. Neste sentido, a inibição comportamental manifestada

através da irritabilidade, medo, timidez, precaução e afastamento, tem sido associada a

um aumento da vulnerabilidade a perturbações de ansiedade (Biederman, Bolduc-

Murphy, Chaloff, Faraone, Hirshfeld, Kagan et al., 1993a; Kagan, 1997).

A vinculação insegura também tem sido identificada como um potencial fator de

risco na etiologia das perturbações de ansiedade na infância (Egeland, Kreutzer &

Sroufe, 1990; Egeland, Erickson & Sroufe, 1985; Feiring, Jaskir, Lewis & McGafey,

1984). Na literatura tem sido descrito que todos os tipos de vinculação, segura,

insegura-evitante, insegura-ambivalente e insegura-desorganizada, estão representados

em crianças com perturbações de ansiedade, mas que o maior risco advém da

vinculação insegura-desorganizada (associada a perdas e experiências traumáticas não

resolvidas) e da vinculação insegura-ambivalente (Bradley, Goldberg, Hood, Mannassis

& Swinson, 1994; Cassidy, 1995; Egeland, Huston, Sroufe & Warren, 1997).

4.1.2. Fatores Familiares

Encarando a família como um sistema dinâmico marcado por constantes

interações entre os seus elementos parece fulcral atender a certas características do

ambiente familiar que possam influenciar o desenvolvimento de perturbações de

ansiedade. Abordagens mais tradicionais consideravam que o comportamento parental

produzia um efeito unidirecional no desenvolvimento da criança (e.g. Perris, 1994). No

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11

entanto, investigações mais recentes têm sugerido uma orientação bidirecional

defendendo que o comportamento parental influencia e é influenciado pelo

comportamento das crianças (e.g. Rapee, 2001).

No que concerne à etiologia das perturbações de ansiedade, a literatura tem

sugerido que pais ansiosos, nomeadamente devido ao seu viés cognitivo relativamente à

ameaça (aumento da perceção ao perigo), tendem a ser mais intrusivos e a superproteger

as crianças em situações entendidas como ameaçadoras, fomentando vulnerabilidade

para desenvolver problemas de ansiedade. Por outro lado, crianças ansiosas podem

suscitar comportamentos parentais inadaptados tais como, superproteção, intrusão e

restrição da autonomia (e.g. Hudson & Rapee, 2001). A literatura tem identificado

essencialmente dois fatores familiares na etiologia das perturbações de ansiedade: a

psicopatologia parental e o comportamento parental negativo.

Um estudo realizado por Beidel, Costello e Turner (1987) com crianças filhas de

progenitores com perturbações de ansiedade e/ou depressão concluiu que o risco de

desenvolver perturbações de ansiedade nas crianças com progenitores ansiosos era sete

vezes maior quando comparadas com o grupo de controlo (sem patologia) e duas vezes

maior que nas crianças com progenitores depressivos. Num estudo mais recente dos

mesmos autores (Beidel & Turner, 1997) foi sugerido que filhos de progenitores

ansiosos manifestavam uma probabilidade cinco vezes maior de reunir critérios

diagnósticos para uma perturbação de ansiedade do que crianças de progenitores sem

patologia.

De acordo com Hoghughi (2004) o comportamento parental tem como principal

objetivo promover o bem-estar da criança, o seu cuidado e o seu desenvolvimento. Os

estudos realizados neste campo de investigação têm identificado a existência de duas

principais dimensões: suporte/afeto (afeto-hostilidade) e controlo (permissividade-

restritividade). A primeira dimensão reporta-se aos comportamentos parentais que

visam o conforto e a aceitação da criança. A segunda dimensão refere-se aos

comportamentos instrumentais executados pelos pais com o intuito de orientarem o

comportamento da criança no sentido desejado (Barber, 2006; Darling & Steinberg,

1993; Maccoby & Martin, 1983; Schaefer, 1965).

A dimensão Suporte/Afeto caracteriza-se pela presença de comportamentos

carinhosos e responsivos face à criança manifestados através da expressão de afeto

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positivo, da utilização de estratégias de reforço positivo, da aceitação da criança, da

vinculação e da sensibilidade às necessidades da criança, em oposição à presença de

comportamentos de rejeição e de criticismo (Barber, 2006; Bates, Dodge & Pettit, 1997;

Caldwell, Conley, Dupre, Flynn & Rudolph, 2004; Davidov & Grusec, 2006a;

Goodnow, Grusec & Kuczynski, 2000). Esta dimensão está positivamente relacionada

com o desenvolvimento da criança em múltiplos domínios, promovendo a integração de

regras, a obediência e competências de socialização, estando ainda associada a níveis

mais baixos de ansiedade na infância (Bögels, Muris, Smulders & van Oosten, 2001;

Hempel, Miles & Wolfradt, 2003).

A dimensão Controlo refere-se aos comportamentos executados pelos pais com

o intuito de promover o cumprimento de regras e normas sociais por parte da criança

(Grolnick & Gurland, 2002; Maccoby & Martin, 1983). Estes comportamentos abarcam

aspetos relacionados com: disciplina, exigências de maturidade, coerção, indução de

culpa, supervisão, monitorização, controlo hostil, punição e retirada de afeto. Alguns

autores consideram que a dimensão Controlo pode ser dividida em controlo

comportamental e controlo psicológico (Almeida, Barker & Galambos, 2003;

Avenevoli, Essex, Morris, Sessa, Silk & Steinberg, 2006; Barber, 2006; Grolnick &

Gurland, 2002). Por controlo comportamental entende-se as ações executadas pelos pais

para controlar ou regular o comportamento da criança através da disciplina, da

monitorização e da supervisão, tendo como principal intuito corrigir os comportamentos

inadequados. Quando os comportamentos de controlo parental surgem antes do

comportamento da criança visam orientar a ação da criança e alterar o curso da sua

atividade. Quando os comportamentos de controlo parental são executados após o

comportamento da criança têm como objetivo a correção do seu comportamento

(Barber, 2006; Cruz, 2005; Hoffman, 1994). Entende-se por controlo psicológico,

intrusivo e coercivo, os comportamentos de controlo parental que recorrem a técnicas de

manipulação da emoção que interferem nas necessidades psicológicas e emocionais da

criança, comprometendo a sua individualidade, identidade e autonomia (Barber, 2006,

1996; Steinberg, 2005).

Os estudos observacionais realizados no âmbito do controlo parental têm

utilizado as seguintes dimensões como indicadores: controlo psicológico (e.g. Caron,

Catron, Harris & Weiss, 2006); controlo comportamental (e.g. Mills & Rubin, 1998);

dominância (e.g. Dumas, LaFreniere & Serketich, 1995; Dumas & LaFreniere, 1993;

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Gross & Hummel, 2001); intrusividade (e.g. Adam, Gunnar & Tanaka, 2004; Erlich,

Feldman, Greenbaum & Mayes, 1997); envolvimento (e.g. Hudson & Rapee, 2002,

2001) e restrição (e.g. Hock & Krohne, 1991).

A literatura tem ainda enunciado um outro tipo de controlo parental, a

superproteção parental (e.g. Canavarro & Pereira, 2007), que não pode ser inserido

nem no controlo comportamental, nem no controlo psicológico.

Tem-se verificado que os comportamentos parentais de superproteção

contribuem de forma positiva para o desenvolvimento e manutenção das perturbações

de ansiedade na infância (Bögels, Bruggen & Zeilst, 2010; Bögels & van Melick, 2004;

Graaf, Have, Overbeek & Vollebergh, 2007; Ginsburg & Schlossberg, 2002; Hudson &

Rapee, 2005, 2002, 2001, 2000; Kendall, Siqueland & Steinberg, 1996; Rapee, 2009,

1997). No entanto, a investigação no âmbito da superproteção parental é pautada por

algumas limitações ao nível da operacionalização desta variável. Nos diferentes estudos

realizados na área, este conceito tem sido muitas vezes entendido, de forma

indiferenciada, como um excesso de envolvimento parental, comportamento parental

intrusivo e controlo parental excessivo.

A superproteção parental faz alusão a uma componente emocional de

ansiedade, demonstrada por via de um controlo parental físico e social excessivo, por

comportamentos parentais de infantilização das crianças e por uma excessiva

preocupação parental acerca do bem-estar dos seus filhos (Metz & Thomasgard, 1993).

Desta forma, apesar de existirem componentes em comum entre a superproteção e o

controlo comportamental e psicológico parental (e.g. controlo parental excessivo,

intrusividade e restrição da autonomia da criança), tratam-se essencialmente de

dimensões distintas.

4.1.3. Fatores Ambientais/Sócio-culturais

Além do contexto familiar que aparece como o ambiente social mais imediato no

quotidiano da criança, a criança está inserida em muitos outros ambientes físicos e

sociais mais alargados (e.g. escola, instituições sociais e religiosas). Todos os ambientes

em que a criança está inserida contribuem para o seu desenvolvimento normativo e

patológico. A qualidade e o tipo de experiências de vida da criança ao longo dos vários

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ambientes físicos e sociais podem determinar o desenvolvimento de perturbações de

ansiedade. Têm sido identificados dois principais fatores ambientais/sócio-culturais na

etiologia das perturbações de ansiedade: eventos traumáticos e cultura.

A literatura tem sugerido que a exposição prolongada da criança a eventos

traumáticos ou stressantes pode contribuir para o desenvolvimento de perturbações de

ansiedade. Assim, têm sido identificados alguns acontecimentos que podem ter

consequências adversas no desenvolvimento da criança tais como: o divórcio, a morte

ou doença de pessoas significativas, a ocorrência de desastres naturais, as mudanças de

escola, o fracasso académico, a existência de abuso físico e sexual, situações de bullying

e de violência doméstica, entre outros (Albano, Hudson, Manassis & Webb, 2004;

Muris, 2006b). A este respeito, estudos revistos por Muris (2006b) concluíram que os

progenitores de crianças com perturbações de ansiedade indicavam que os seus filhos

tinham sido expostos a um número mais elevado de eventos traumáticos e stressantes

com consequências adversas reais, comparativamente a crianças sem perturbações de

ansiedade.

Por seu turno, certas culturas valorizam determinadas práticas educativas em

detrimento de outras. Assim, cada cultura, dependendo das normas e valores vigentes,

perceciona as práticas educativas como mais ou menos positivas. Enquanto umas

culturas, nomeadamente populações Afro-americanas, interpretam a disciplina física

moderada como sinal de envolvimento, afeto e eficácia comportamental (Campbell,

Cummings & Davies, 2000). Outras, como a população da Coreia, manifestam níveis

mais elevados de negatividade e níveis mais reduzidos de envolvimento, estando este

último associado ao diagnóstico de perturbações de ansiedade nesta população (Hudson,

Moon, Oh, Rapee & Shin, 2002).

4.2. Fatores de Manutenção

Estudos empíricos sugerem fundamentalmente a existência de dois fatores que

contribuem para a manutenção das perturbações de ansiedade: os comportamentos de

evitamento e as distorções cognitivas (Albano, Ditkowsky, Krain & Podniesinski, 2004;

King, Ollendick & Vasey, 2001; McLeod & Vasey, 2001).

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Os comportamentos de evitamento têm sido considerados responsáveis pela

manutenção e intensificação das perturbações de ansiedade, na medida em que,

minimizam as oportunidades de confronto face a estímulos considerados ameaçadores,

negando assim às crianças, a possibilidade de verificar o caráter inofensivo do estímulo

(Muris, 2006b).

As distorções cognitivas dizem respeito a pensamentos disfuncionais

relativamente à sobrestimação da probabilidade da ocorrência de situações consideradas

ameaçadoras, à perceção do mundo como inseguro e ameaçador e à subestimação da

capacidade para lidar com a ameaça. As pessoas com perturbações de ansiedade tendem

a exibir um viés cognitivo no que se refere à atenção e à interpretação da ameaça.

Assim, tendem a centrar a sua atenção em informações ameaçadoras e a interpretar as

situações negativamente, contribuindo assim, para a manutenção das perturbações de

ansiedade (Barrett, Dadds, Rapee & Ryan, 1996).

4.3. Fatores de Proteção

De acordo com Muris (2006b) as crianças que têm possibilidade de aceder a

processos de proteção estão mais aptas a enfrentar as situações entendidas como

ameaçadoras. Por outro lado, as crianças a quem é negado o acesso a estes processos

estão mais propensas a desenvolver níveis mais elevados de medo e ansiedade. Na

literatura têm sido identificados essencialmente três tipos de fatores de proteção:

controlo percebido; estratégias de coping e suporte social.

As mais recentes conceções de ansiedade partilham entre si a ênfase na noção de

controlo percebido, quer este envolva conceitos relacionados com “controlabilidade e

mestria” (e.g. Barlow, Chorpita & Turovsky, 1996) ou conceitos de “desespero e

desamparo” (e.g. Alloy, Clements, Kelly & Mineka, 1990). Estudos desenvolvidos

acerca da parentalidade têm demonstrado que pessoas com perturbações de ansiedade e

de depressão tendem a recordar ambientes familiares caracterizados por uma baixa

perceção de controlo sobre o meio (e.g. Parker, 1983). Relativamente ao conceito locus

de controlo tem sido sugerido que um locus de controlo externo reflete um sentido de

controlo reduzido sobre o ambiente, estando assim associado a níveis mais elevados de

afeto negativo (Clark, Mineka & Watson, 1994). De notar que estilos parentais

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caracterizados por níveis elevados de proteção e de restrição da autonomia tendem a

promover um locus de controlo externo.

Por outro lado, Holahan, Moos e Schaefer (1996) sugeriram a existência de uma

relação positiva entre a utilização de estratégias de coping desajustadas e a manifestação

de sintomas de ansiedade. Consideram-se estratégias de coping desajustadas todas

aquelas que não permitem a resolução eficaz do problema, causando assim sofrimento

ao indivíduo (Moos, 1993). Tem sido considerada a existência de dois tipos de

estratégias de coping, um centrado nas emoções, outro centrado no problema (Folkman

& Lazarus, 1984). As estratégias de coping centradas nas emoções visam o confronto

com reações à situação/stressor consideradas mais subjetivas e emocionais. As

estratégias de coping centradas no problema são dirigidas ao confronto direto com a

situação entendida como problemática (Folkman & Lazarus, 1984). A utilização de

estratégias de coping centradas na emoção nomeadamente, o evitamento, prediz o

desenvolvimento de níveis elevados de ansiedade e depressão (Ebata & Moos, 1991).

As estratégias de coping centradas no problema tais como, a planificação e a

confrontação, tendem a promover funções de proteção regulando as emoções negativas

associadas ao stress, produzindo soluções alternativas e reduzindo as consequências

adversas resultantes da exposição aos estímulos ameaçadores (Seiffge-Krenke, 2000).

Relativamente ao suporte social pode-se considerar que aquando da exposição a

acontecimentos traumáticos a presença de um forte suporte social protege as crianças

das consequências negativas decorrentes de tal experiência. De acordo com Alpert-

Gillis, Cowen e Pedro-Carroll (1990), o suporte social está negativamente relacionado

com o desenvolvimento da ansiedade, do medo e das dificuldades relacionadas com o

divórcio dos progenitores.

5. Modelos Etiológicos das Perturbações de Ansiedade

O estudo dos fatores de risco, manutenção e proteção, por vezes, não permite

clarificar os processos que lhes estão subjacentes e que explicam a sua influência no

desenvolvimento das perturbações de ansiedade. Daí decorre a necessidade de

desenvolver modelos teóricos explicativos, que permitam colmatar as lacunas

encontradas nestes estudos.

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5.1. Modelo de Tripla Vulnerabilidade de Barlow

O modelo de Tripla Vulnerabilidade proposto por Barlow (2000) sugere a

existência de três disposições que interagem entre si na etiologia da depressão e da

ansiedade. A primeira disposição consiste numa vulnerabilidade biológica, a segunda

numa vulnerabilidade psicológica generalizada caracterizada por uma sensação de

perigo ou ameaça iminente, imprevisível e incontrolável. Por fim, a terceira consiste

numa vulnerabilidade psicológica específica associada a experiências de aprendizagem

precoces que focam a ansiedade em determinadas circunstâncias.

No que concerne à componente genética, evidências sugerem que os genes

desempenham um papel significativo na transmissão de um fator de risco mais geral

para o desenvolvimento da ansiedade (Barlow, 2002). Atendendo aos estudos realizados

com gémeos, Torgersen (1983) afirma que os resultados indicam uma elevada

concordância para as perturbações de ansiedade (com a exceção da ansiedade

generalizada) entre gémeos monozigóticos, sendo a mais elevada para a perturbação de

pânico com e sem agorafobia. De notar que esta vulnerabilidade biológica generalizada

tem sido também associada ao temperamento da criança, reportando-se à possível

hereditariedade de certas manifestações de personalidade (Lonigan & Phillips, 2001).

Especificamente, evidências sugerem que a inibição comportamental é uma expressão

da vulnerabilidade familiar, no que concerne as perturbações de ansiedade (Biederman,

Bolduc-Murphy, Faraone, Hirshfeld & Rosenbaum, 1991; Biederman, Bolduc-Murphy,

Chaloff, Faraone, Hirshfeld, Kagan et al., 1993a).

No que se refere à segunda vulnerabilidade identificada no modelo, evidências

sugerem que acontecimentos de vida marcados por falta de controlo podem colocar os

indivíduos em risco de experienciar estados emocionais negativos crónicos,

desenvolvendo-se assim, uma vulnerabilidade psicológica generalizada (Barlow, 2000;

Barlow & Chorpita, 1998; Chorpita, 2001).

Barlow (2000) defendeu que a co-ocorrência de fatores de vulnerabilidade

biológica e de vulnerabilidade psicológica generalizada, contribuía para o

desenvolvimento de perturbações de ansiedade generalizada e perturbação depressiva.

Relativamente à terceira vulnerabilidade proposta, considera-se que a aprendizagem,

através da modelagem, de um foco de ansiedade face a determinado objeto ou situação

circunscrita, origina um tipo específico de vulnerabilidade psicológica. Esta

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vulnerabilidade permitiria assim explicar o desenvolvimento de perturbações de

ansiedade mais específicas tais como a aracnofobia, a acrofobia e outras.

5.2. Modelo de Rapee

Rapee (2001) sugeriu que existe uma relação recíproca entre a parentalidade e o

temperamento da criança, relação esta que é parcialmente responsável pelo

desenvolvimento de perturbações de ansiedade. O autor argumenta que os progenitores

de crianças com temperamento ansioso tendem a envolver-se mais, de forma a reduzir e

prevenir o sofrimento da criança. Esta estratégia mal adaptativa, acaba no entanto, por

reforçar a vulnerabilidade da criança à ansiedade, aumentando a sua perceção de

ameaça, reduzindo o seu controlo percebido e aumentando o evitamento da situação ou

estímulo fóbico.

Além da ansiedade da criança, outro fator considerado de extrema importância

na determinação do superenvolvimento parental, diz respeito à ansiedade dos próprios

pais. Assim, considera-se que progenitores de crianças ansiosas são provavelmente

ansiosos tendendo a exibir um viés cognitivo relativamente à ameaça. Desta forma, um

progenitor ansioso poderá ter tendência para superproteger a sua criança devido ao

aumento da sua perceção ao perigo e ao aumento da sua sensibilidade face ao

sofrimento da criança. Por outro lado, um progenitor não ansioso, provavelmente

encorajará o confronto e não o evitamento da situação entendida como ameaçadora,

reduzindo assim a possibilidade de desenvolvimento de uma perturbação da ansiedade.

Este modelo defende então uma orientação bidirecional na etiologia das perturbações de

ansiedade em que por um lado as crianças ansiosas suscitam a superproteção parental2 e

por outro, o controlo parental excessivo exacerba a vulnerabilidade da criança para o

desenvolvimento de perturbações de ansiedade.

2 Os conceitos superproteção e superenvolvimento são referidos ao longo do trabalho de forma

indiferenciada

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5.3. Modelo de Rachman

O modelo desenvolvido por Rachman (1977) defende a existência de três

caminhos para a aquisição de medos: (1) condicionamento clássico, segundo o autor,

trata-se de um processo direto na aquisição do medo; (2) aprendizagem vicariante

(processo indireto) e (3) aprendizagem através da transmissão de informação ou

instrução verbal (processo indireto).

O primeiro caminho atende aos princípios do condicionamento clássico, para

preconizar que a associação repetida de um estímulo neutro a um estímulo aversivo,

pode levar a que o primeiro seja transformado por si só num estímulo aversivo,

desencadeando assim, uma resposta ansiosa.

A conceção da aprendizagem vicariante (modelagem) sugere que as crianças

podem aprender comportamentos de ansiedade e de evitamento através da observação

de figuras de vinculação (Bandura, 1986). Assim, os progenitores podem modelar a

ansiedade através da exibição de sinais visuais de medo na presença da criança (por

exemplo, hiperventilação, tremores), bem como, através da expressão de informação

verbal acerca da sua própria ansiedade na presença da criança, quer seja através de

comunicação direta com a criança, quer seja através da comunicação com outro

indivíduo, ou quer seja, em voz alta para eles próprios. As crianças podem também

observar os seus progenitores, apercebendo-se de que estes utilizam o evitamento como

estratégia de coping no confronto com estímulos geradores de ansiedade. Desta forma,

uma criança observadora pode exibir os comportamentos ansiosos e de evitamento,

replicando os dos seus progenitores.

Por último, o medo pode ainda ser adquirido através da transmissão de

informação negativa por parte de figuras de vinculação, figuras de autoridade, estranhos

ou grupo de pares. Por exemplo, através de verbalizações acerca do perigo de

determinada situação e do incentivo ao seu evitamento. Apesar de geralmente terem

como intenção proteger a criança, podem ter o efeito contrário, na medida em que,

podem exacerbar o perigo real da situação e/ou ocorrer com excessiva frequência. A

literatura tem referido que os pais de crianças ansiosas verbalizam mais ansiedade

durante as atividades lúdicas dos filhos do que os pais de crianças não ansiosas (Beidel

& Turner, 1998).

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20

De acordo com Field e Lawson (2003) o tipo de informação (positiva ou

negativa) transmitida às crianças influencia não só as suas crenças relacionadas com o

medo, mas também as suas respostas comportamentais. Assim, as crianças sujeitas a

informações negativas tendem a aumentar as suas crenças e a manifestar mais

comportamentos de evitamento, enquanto que, as crianças sujeitas a informações

positivas tendem a diminuir as suas crenças e a manifestar menos comportamentos de

evitamento. Além do tipo de informação existem outras características relevantes

nomeadamente, o informador (o impacto da informação é mais significativo quando a

informação é transmitida por um adulto do que por outra criança) e o modo de

transmissão da informação, direta vs. indireta (e.g. informações transmitidas na

televisão não têm tanta probabilidade de modificar as crenças das crianças, talvez

devido ao seu caráter artificial) (Argyris, Field & Knowles, 2001). As informações

recebidas, concretamente, as informações negativas, não só parecem conduzir ao

desenvolvimento de medos específicos, mas levam também, à sua persistência no tempo

(Banerjee, Field & Lawson, 2007). Evidências sugerem que o medo relativamente a

situações sociais tem algumas particularidades, nomeadamente que a informação obtida

através do grupo de pares exerce um impacto mais significativo do que a obtida através

de adultos (Field, Hamilton, Knowles & Plews, 2003). Assim, enquanto que, para os

medos não sociais (e.g. animais) a informação proveniente de adultos exerce maior

influência, para os medos sociais verifica-se o oposto, o grupo de pares assume maior

relevância.

6. Estudos Empíricos

Como tem sido referido ao longo do presente trabalho, a literatura tem referido a

existência de vários fatores de risco para o desenvolvimento de perturbações de

ansiedade na infância e adolescência. No entanto, devido à sua especificidade, os fatores

familiares parecem contribuir de forma singular para o desenvolvimento da criança,

quer do ponto de vista normativo, quer do ponto de vista patológico. Assim sendo, a

literatura mais recente tem-se dedicado ao estudo da influência do comportamento

parental negativo no desenvolvimento das perturbações de ansiedade.

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21

Os estudos que incidiram sobre os efeitos dos comportamentos parentais de

superproteção, têm postulado a existência de uma associação positiva entre a

superproteção parental, a ansiedade (Barlow & Chorpita, 1998; Ginsburg &

Schlossberg, 2002; Hudson & Rapee, 2002; Rapee, 2009, 1997) e as perturbações de

ansiedade na infância (Berger, Bruch, Collins & Heimberg, 1989; Chu, Hwang,

McLeod, Sigman & Wood, 2003; Fuetsch, Hofler, Leib, Merikangas, Stein & Wittchen,

2000; Graaf, Have, Overbeek & Vollebergh, 2007; Heimberg & Spokas, 2009; Wood,

2006;). Os estudos empíricos reunidos até ao momento sugerem: (1) a existência de

associações significativas entre o comportamento parental, a ansiedade e as

perturbações de ansiedade na infância (e.g. McLeod, Weisz & Wood, 2007; Rapee,

1997); (2) que a superproteção parental, de entre todas as outras dimensões do

comportamento parental, tem sido apontada como especialmente relevante no

desenvolvimento e manutenção da ansiedade (e.g. Barlow & Chorpita, 1998;

Biederman, Brody, Faraone, Hirshfeld & Rosenbaum, 1997; Hudson & Rapee, 2002,

2001; McLeod, Weisz & Wood, 2007; Rapee, 2009, 1997; Kendall, Siqueland, &

Steinberg, 1996); (3) a existência de uma relação bidirecional entre comportamento

parental e ansiedade infantil (e.g. Rapee, 2001) e (4) que a magnitude da associação

entre comportamentos parentais e ansiedade na infância é subestimada, quando avaliada

através de entrevistas e/ou questionários, em comparação com medidas observacionais

(e.g. McLeod, Weisz & Wood, 2007).

No entanto, a maioria dos estudos realizados neste âmbito tem recorrido

essencialmente a instrumentos de autor-relato como método primordial de recolha de

dados. Estes instrumentos apresentam diversas vantagens, entre elas: (a) facilidade de

aplicação; (b) acesso ao conhecimento de aspetos relacionais e interacionais entre pais e

filhos que ocorrem com pouca frequência, sendo estes difíceis de observar e/ou difíceis

de interpretar e (c) o facto de que as perceções que os indivíduos mantêm acerca dos

seus progenitores poder ser mais relevante do que o seu comportamento real (Canavarro

& Pereira, 2007). Contudo, os instrumentos de autor-relato apresentam igualmente

importantes limitações nomeadamente o fator da desejabilidade social e os

enviesamentos nas respostas. Além disso, por vezes, os informadores não têm

consciência do seu próprio padrão de comportamento.

Os estudos empíricos conduzidos até à data apresentam ainda algumas

limitações nomeadamente: (a) incapacidade em indicar a direção dos efeitos da

Page 31: UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA · infantil e dificuldade na resolução da tarefa; (2) dificuldade na resolução da tarefa e intrusividade; (3) ansiedade infantil

22

superproteção parental no desenvolvimento de perturbações de ansiedade na infância e

adolescência (carência de estudos longitudinais); (b) carência de estudos que avaliem a

superproteção parental e a ansiedade infantil recorrendo a múltiplos informadores (e.g.

pai, mãe e criança); (c) carência de estudos que contemplem simultaneamente variáveis

moderadoras na relação entre superproteção parental e ansiedade infantil (e.g. género

dos pais e das crianças, idade da criança e estatuto sócio-económico); (d) dificuldade de

operacionalização de conceitos na avaliação dos comportamentos parentais de

superproteção e (e) insuficiência de estudos que recorram à observação da interação

progenitores-criança durante situações moderadamente ansiógenas para a criança.

Os estudos observacionais que recorrem à observação da interação progenitores-

criança no decorrer de situações moderadamente ansiógenas, parecem fazer um

contributo único no âmbito da investigação do comportamento parental e das

perturbações de ansiedade. Estes estudos permitem observar os comportamentos

parentais em relação aos filhos perante situações reais e permitem captar mais

efetivamente a bidireccionalidade dos comportamentos.

Hudson e Rapee (2001) realizaram um estudo observacional com o intuito de

observar a interação mãe-criança durante a execução de duas tarefas cognitivas, tendo

como objetivo geral investigar a parentalidade em crianças com perturbações de

ansiedade. A amostra era constituída por crianças com perturbações de ansiedade

(n=43), por crianças com perturbações de oposição (n=20) e por um grupo não clínico

(n=32). Os autores identificaram diferenças ao nível do grau de envolvimento entre

mães de crianças ansiosas e mães de crianças não clínicas, i.e. as mães de crianças com

perturbações de ansiedade ajudavam mais os seus filhos e eram mais intrusivas na tarefa

do que as mães de crianças não clínicas. Além disso, as mães das crianças ansiosas eram

menos calorosas e mais críticas durante as interações, que as mães do grupo não clínico.

Os resultados apoiam ainda a existência de uma relação entre superenvolvimento

parental e ansiedade.

Num estudo observacional mais recente dos mesmos autores (Hudson & Rapee,

2002) pretendeu-se comparar as interações pais-criança ansiosa-irmão durante a

realização de uma tarefa cognitiva (tangramas). A amostra era constituída por 114

crianças (entre os 7 e os 16 anos de idade), 57 mães e 57 pais. O grupo clínico era

constituído por 37 famílias e o grupo não clínico por 20 famílias, sendo que cada

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23

família era representada por duas crianças e os seus respetivos progenitores. Os

resultados revelaram que as mães do grupo clínico estiveram significativamente mais

envolvidas na tarefa com a criança ansiosa e com o seu irmão, do que as mães do grupo

não clínico. No que se refere aos pais, não foram observadas diferenças entre os pais do

grupo clínico e não clínico no que concerne o envolvimento na tarefa com a criança

ansiosa nem com o seu irmão. No entanto, observou-se uma diferença significativa

entre o envolvimento materno e o envolvimento paterno, indicando que, os pais do

grupo clínico estavam mais envolvidos na tarefa do que as mães. Apesar deste estudo

apoiar a existência de uma associação entre superenvolvimento materno e ansiedade, os

resultados demonstram que este não é específico para a criança ansiosa, ocorrendo

também nas interações com as outras crianças da família nuclear.

O presente estudo ao recorrer à observação da interação mãe-criança durante a

realização de uma prova de desempenho (Cubos de Wechsler), que se entende ser um

estímulo moderadamente ansiógeno para a criança pretende, por um lado, colmatar a

falta de estudos nesta área, por outro, contribuir de forma singular para a compreensão

das influências do comportamento materno no desenvolvimento de perturbações de

ansiedade na infância. Além disso, o facto de terem sido consideradas diferentes

dimensões do comportamento materno nomeadamente, apoio emocional vs. rejeição e

incentivo à autonomia vs. controlo (comportamental, psicológico e superproteção)

permite um estudo mais aprofundado da influência de cada uma no comportamento da

criança.

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Capítulo II

ESTUDO EMPÍRICO

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CAPÍTULO II – ESTUDO EMPÍRICO

De acordo com McLeod, Weisz e Wood (2007) existe uma relação positiva entre

comportamento parental negativo e ansiedade na infância. Assim, este estudo pretende,

através da observação da interação mãe-criança numa tarefa moderadamente ansiógena,

analisar as diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o

grupo de crianças não ansiosas no que respeita às manifestações de ansiedade infantil,

às manifestações de ansiedade materna, ao comportamento da criança e ao

comportamento materno. Além disso, pretende-se igualmente estudar a relação que

existe entre, manifestações de ansiedade infantil e manifestações de ansiedade materna,

ansiedade infantil e comportamento materno, ansiedade materna e comportamento da

criança e ainda, entre comportamento materno e comportamento da criança.

1. OBJETIVOS DO ESTUDO

1.1. Objetivos Gerais

Analisar as diferenças na interação mãe-criança entre o grupo de crianças com

níveis elevados de ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas numa tarefa cognitiva

moderadamente ansiógena.

Analisar a relação existente entre ansiedade materna, ansiedade infantil,

comportamentos maternos e comportamentos das crianças numa tarefa cognitiva

moderadamente ansiógena nos dois grupos de crianças.

1.2. Objetivos Específicos

Analisar as diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de

ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita as manifestações de

ansiedade materna e ansiedade infantil.

Analisar as diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de

ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita às seguintes dimensões: (a)

dificuldade na resolução da tarefa; (b) comportamento de dependência em relação à mãe

e (c) auto-reforço.

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Analisar as diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de

ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita às seguintes dimensões: (a)

apoio emocional/expressão de afeto e incentivo à autonomia na execução da tarefa e (b)

rejeição/crítica e intrusividade/superenvolvimento e dominância.

Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre manifestações de

ansiedade materna e manifestações de ansiedade infantil.

Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre a ansiedade materna e as

seguintes dimensões: (a) dificuldade na resolução da tarefa; (b) comportamento de

dependência em relação à mãe e (c) auto-reforço.

Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre a ansiedade materna e as

seguintes dimensões: (a) apoio emocional/expressão de afeto e incentivo à autonomia na

execução da tarefa e (b) rejeição/crítica e intrusividade/superenvolvimento e

dominância.

Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre a ansiedade infantil e as

seguintes dimensões: (a) dificuldade na resolução da tarefa; (b) comportamento de

dependência em relação à mãe e (c) auto-reforço.

Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre a ansiedade infantil e as

seguintes dimensões: (a) apoio emocional/expressão de afeto e incentivo à autonomia na

execução da tarefa e (b) rejeição/crítica e intrusividade/superenvolvimento e

dominância.

Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre os comportamentos

maternos – apoio emocional/expressão de afeto, incentivo à autonomia na execução da

tarefa, rejeição/crítica, intrusividade/superenvolvimento e dominância – e os

comportamentos da criança – dificuldade na resolução da tarefa, comportamento de

dependência em relação à mãe e auto-reforço.

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27

1.3. HIPÓTESES EM ESTUDO

Atendendo aos objetivos específicos definidos anteriormente foram consideradas

as seguintes hipóteses:

Hipótese 1 – Espera-se que as crianças e as mães do grupo de crianças com níveis

elevados de ansiedade manifestem maior ansiedade que as crianças e as mães do grupo

de crianças não ansiosas.

Hipótese 2 – Espera-se que o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade

manifeste comportamentos de maior dependência em relação à mãe e tenha menos

comportamentos de auto-reforço.

Hipótese 3 – Espera-se que o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade

receba menos apoio emocional por parte das suas mães, seja menos incentivado por

estas a executar a tarefa de forma autónoma e manifeste mais comportamentos de

rejeição, intrusividade e dominância.

Hipótese 4 – Espera-se que exista uma relação positiva entre manifestações de

ansiedade materna e manifestações de ansiedade infantil.

Hipótese 5 – Espera-se que a ansiedade materna esteja positivamente relacionada com o

comportamento de dependência em relação à mãe e negativamente relacionada com o

auto-reforço.

Hipótese 6 – Espera-se que a ansiedade materna esteja negativamente relacionada com

o apoio emocional e o incentivo à autonomia na execução da tarefa e positivamente

relacionada com a rejeição, a intrusividade e a dominância.

Hipótese 7 – Espera-se que a ansiedade infantil esteja positivamente relacionada com o

comportamento de dependência em relação à mãe e negativamente relacionada com o

auto-reforço.

Hipótese 8 – Espera-se que a ansiedade infantil esteja negativamente relacionada com o

apoio emocional e com o incentivo à autonomia na execução da tarefa e positivamente

relacionada com a rejeição, a intrusividade e a dominância.

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28

2. METODOLOGIA

2.1. Desenho da Investigação

Este estudo assume um caráter exploratório, observacional e transversal. O

presente estudo recorre a uma abordagem qualitativa e quantitativa. Assume uma

abordagem qualitativa, na medida em que, a recolha de dados resulta essencialmente da

observação de interações entre crianças e as suas respetivas mães na realização de uma

tarefa cognitiva moderadamente suscitadora de ansiedade (Cubos de Wechsler). Por sua

vez, a abordagem quantitativa está mais associada ao tratamento estatístico dos dados

obtidos.

2.2. Amostra

O presente estudo recorre a uma amostra não probabilística de conveniência,

tendo as escolas sido selecionadas tendo por base a sua proximidade geográfica a

Lisboa (Lisboa, Miramar e Moscavide), bem como, pelo tempo de resposta ao pedido

de colaboração previamente realizado a vários agrupamentos escolares. O único critério

de exclusão era a presença de um défice cognitivo e/ou de perturbação de

desenvolvimento que impedisse a compreensão dos instrumentos de avaliação.

Participaram no estudo 35 crianças (20 do sexo feminino e 15 do sexo

masculino), com idades compreendidas entre os 7 e os 12 anos, e suas respetivas mães.

A amostra foi dividida em dois grupos, o grupo de crianças não ansiosas (n = 20) e o

grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade (n = 15). De notar que estas

crianças faziam parte da amostra inicial do projeto de investigação mais alargado (n =

905) denominado por “Parentalidade e vulnerabilidade cognitiva global e específica

para as perturbações de ansiedade na infância”.

Nos Quadros que se seguem irá proceder-se à caracterização da amostra no que

respeita as variáveis demográficas: idade, sexo, escolaridade, estatuto civil, co-

habitação, agregado familiar, irmãos, ordem na fratria e estatuto sócio-económico.

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29

Quadro 1: Caracterização das variáveis sócio-demográficas das crianças

VARIÁVEIS DAS CRIANÇAS (n = 35)3

n (%)

Idade

7 1 (2,9%)

8 5 (14,3%)

9 4 (11,4%)

10 10 (28,6%)

11 12 (34,3%)

12 3 (8,6%)

M DP Min. – Máx.

10,03 1,29 7 12

Sexo

Feminino 20 (57,1%)

Masculino 15 (42,9%)

Quadro 2: Caracterização das variáveis sócio-demográficas das mães e da família

VARIÁVEIS DAS MÃES E DA FAMÍLIA (n = 35)4

n (%)

Habilitações Literárias da Mãe

≤ 4 ano 4 (11,4%)

6º ano 5 (14,3%)

9º ano 8 (22,9%)

12º ano 9 (25,7%)

Ensino Superior 9 (25,7%)

Estado Civil

Casada/união de facto 27 (77,1%)

Separada/divorciada 8 (22,9%)

3 Sempre que os resultados apresentados não totalizam 35 crianças deve-se à existência de dados omissos

4 Idem

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Quadro 2 (cont.): Caracterização das variáveis sócio-demográficas das mães e da família

VARIÁVEIS DAS MÃES E DA FAMÍLIA (n = 35)5

n (%)

Co-Habitação

Mãe e pai 26 (74,3%)

Só com a mãe 6 (17,1%)

Só com o pai 1 (2,9%)

Outros 2 (5,7%)

Número de Elementos do Agregado Familiar

2 3 (8,6%)

3 9 (25,7%)

4 19 (54,3%)

5 3 (8,6%)

6 1 (2,9%)

Irmãos

Filho único 8 (22,9%)

Um irmão 20 (57,1%)

Dois ou mais irmãos 7 (20%)

M DP Min. – Máx.

1,17 1,27 0 7

Ordem na Fratria

Mais novo 13 (37,1%)

Do meio 5 (14,3%)

Mais velho 8 (22,9%)

Estatuto Sócio-económico

Baixo 13 (37,1%)

Médio 13 (37,1%)

Elevado 9 (25,7%)

5 Sempre que os resultados apresentados não totalizam 35 crianças deve-se à existência de dados omissos

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31

2.3. Situação de Observação – Tarefa dos Cubos (WISC-III, Wechsler, 1991)

As escalas de inteligência de Wechsler foram construídas com o intuito de

avaliar as capacidades cognitivas do indivíduo. A tarefa dos cubos pretende avaliar a

capacidade de organização e processamento visuo-espacial e a capacidade para

decompor mentalmente os vários elementos constituintes do modelo a reproduzir. Apela

assim ao funcionamento visuo-percetivo, às capacidades construtivas, à coordenação e à

rapidez psicomotora. De notar que esta tarefa foi escolhida com o intuito de induzir

algum nível de ansiedade nas crianças (situação moderadamente ansiógena) e por ser

uma tarefa com diferentes e progressivos graus de dificuldade.

2.4. Instrumentos de Recolha de Dados

2.4.1. SCARED-R – versão para crianças (Mayer, Merckelbach, Muris

& Schmidt, 1999b, versão portuguesa de Barros & Pereira, 2010)

O SCARED-R6 é um instrumento de avaliação da ansiedade infantil constituído

por 69 itens de acordo com critérios estabelecidos no DSM-IV (Diagnostic and

Statistical Manual of Mental Disorders, Fourth Edition, APA, 1994) que avalia as

seguintes dimensões: ansiedade de separação, ansiedade generalizada, perturbação de

pânico, fobia social e escolar, fobia específica, perturbação obsessivo-compulsiva e

perturbação de stress pós-traumático. O SCARED-R está disponível em duas versões,

uma para pais e outra para crianças. Na versão dirigida às crianças, estas têm de

classificar a frequência com que experimentam cada sintoma de ansiedade atendendo

aos três últimos meses. Esta classificação processa-se da seguinte forma: 0 (nunca ou

quase nunca), 1 (às vezes) e 2 (frequentemente). O SCARED-R fornece classificações

para cada uma das dimensões de ansiedade e uma pontuação global. A versão

portuguesa do questionário (Barros & Pereira, 2010) revela elevados valores de

consistência interna (α = 0,93 para a versão dirigida às crianças).

6 Em anexo encontra-se um exemplar do instrumento (ANEXO III)

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32

2.4.2. Grelha de Observação

As interações mãe-criança foram codificadas tendo por base uma grelha de

observação7 constituída pelas seguintes dimensões:

Dificuldade na resolução da tarefa – tempo e número de erros que a criança

comete durante a resolução da tarefa. Esta variável é avaliada de acordo com uma escala

de cinco pontos (1- sem dificuldade; 2- poucas dificuldades; 3- algumas dificuldades; 4-

bastantes dificuldades e 5- muitas dificuldades ou insucesso).

Persistência face ao erro – persistência da criança durante a resolução da tarefa,

trata-se igualmente de uma variável avaliada numa escala de cinco pontos (1- não

envolvido; 2- pouco envolvido; 3- moderadamente envolvido; 4- muito envolvido; 5-

muitíssimo envolvido). Esta variável só será codificada no caso de se verificarem

bastantes ou muitas dificuldades na variável anterior.

Ansiedade infantil – ansiedade da criança durante a realização da tarefa, é uma

variável constituída por seis itens – verbaliza ansiedade, agitação motora, expressão

facial, reações extremas, verbalizações relacionadas com a dificuldade da tarefa e

verbalizações relacionadas com a incompetência ou expectativa de fracasso – avaliados

de acordo com uma escala de três pontos (0- nada; 1- algum; 2- muito).

Comportamento de dependência em relação à mãe – comportamento de

dependência da criança em relação à sua mãe no decorrer da tarefa. Trata-se de uma

variável constituída por três itens – comportamento dirigido à mãe de tranquilização,

comportamento dirigido à mãe de pedido de ajuda e comportamento de auto-suficiência

– codificados numa escala de três pontos (0- nada; 1- algum; 2- muito).

Auto-reforço – quando a criança dirige a si própria palavras de incentivo e

encorajamento. É uma variável avaliada de acordo com uma escala de três pontos (0-

nada; 1- algum; 2- muito).

7 A grelha de observação utilizada para codificar as tarefas encontra-se em anexo (Anexo IV)

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33

Criticismo – quando a criança dirige à sua mãe alguma crítica ou verbalização

negativa. Trata-se de uma variável codificada numa escala de três pontos (0- nada; 1-

algum; 2- muito).

Ansiedade materna – manifestações de ansiedade da mãe no decorrer da tarefa.

É uma variável constituída por cinco itens – expressão verbal, agitação motora,

expressão facial, verbalizações relacionadas com a dificuldade da tarefa e verbalizações

relacionadas com a incompetência ou expectativa de fracasso – avaliada numa escala de

três pontos (0- nada; 1- algum; 2- muito).

Intrusividade ou superenvolvimento – comportamento intrusivo em relação à

criança durante a resolução da tarefa. Trata-se de uma variável constituída por dois itens

cada um deles codificado de acordo com uma escala de três pontos: (1) intervém ou

tenta intervir sem pedido de ajuda ou sem que a criança manifeste dificuldades (0- nada;

1- intervém ou tenta intervir sem pedido de ajuda ou sem que a criança manifeste

dificuldades, dando orientações ou instruções; 2- intervém ou tenta intervir sem pedido

de ajuda ou sem que a criança manifeste dificuldades, interferindo diretamente na

execução da tarefa, e.g. manipulando diretamente os cubos ou o modelo e/ou

interrompendo a criança não permitindo que esta expresse as suas ideias) e (2) intervém

ou tenta intervir face a pedido de ajuda ou manifestação de dificuldades (0- nada; 1-

intervém ou tenta intervir face a dificuldades ou pedido de ajuda, interferindo

diretamente na resolução da tarefa ou resolvendo a tarefa em conjunto com a criança; 2-

intervém ou tenta intervir face a dificuldades ou pedido de ajuda, substituindo-se à

criança na resolução da tarefa).

Dominância – comportamento da mãe de liderança e de domínio durante a

interação, quer relativamente ao tempo que a mãe fala, quer relativamente à forma como

a mãe estrutura, dirige e influencia o que a criança diz e faz durante a tarefa. Trata-se de

uma variável avaliada de acordo com uma escala de três pontos (0- nada; 1- algum; 2-

muito).

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34

Tranquilização – comportamento da mãe de tranquilização verbal face a

manifestações de ansiedade do filho, de forma a diminuir a sua ansiedade. É uma

variável codificada numa escala de três pontos (0- nada; 1- algum; 2- muito).

Incentivo à autonomia – comportamento da mãe de incentivo à autonomia do

filho durante a execução da tarefa. Trata-se de uma variável constituída por quatro itens

– solicita a opinião da criança, ouve ou observa a criança com atenção, dá tempo à

criança para pensar e para resolver a tarefa e incentivo verbal ou não verbal à execução

autónoma da tarefa – cada um deles avaliado numa escala de três pontos (0- nada; 1-

algum; 2- muito).

Apoio emocional ou expressão de afeto – manifestações de afeto da mãe

dirigidas à criança durante a resolução da tarefa. É uma variável constituída por sete

itens – elogio, sorri, expressão física de afeto, expressão verbal de afeto, expressão

mútua de reconhecimento de emoções, expressão de encorajamento e orientação física

para a criança – cada um deles codificado de acordo com uma escala de três pontos (0-

nada; 1- algum; 2- muito).

Controlo ou restrição física – quando a mãe restringe ou tenta restringir

fisicamente ou verbalmente o comportamento da criança. É uma variável avaliada numa

escala de três pontos (0- nada; 1- algum; 2- muito).

Rejeição ou crítica – comportamento da mãe de criticismo e rejeição dirigido à

criança ou à forma como a criança resolve a tarefa. Trata-se de uma variável constituída

por cinco itens – critica a forma como a criança resolve a tarefa, critica a criança,

verbaliza desvalorização ou invalida os sentimentos da criança, desvia o olhar e

manifesta irritação, frustração, sarcasmo ou agressividade – cada um deles avaliado de

acordo com uma escala de três pontos (0- nada; 1- algum; 2- muito).

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35

2.5. Procedimentos de Recolha de Dados

O presente estudo encontra-se inserido num projeto de investigação mais

alargado denominado por “Parentalidade e vulnerabilidade cognitiva global e

específica para as perturbações de ansiedade na infância” que foi aprovado pela

Direção Geral para a Inovação e Desenvolvimento Curricular e contou com a

colaboração de 15 escolas portuguesas de ensino público e privado. A seleção das

crianças foi realizada em duas fases. As crianças foram convidadas a participar na

investigação através de uma carta enviada aos seus pais onde constava o pedido de

autorização para participar no estudo e o consentimento informado8. Cerca de 83% dos

pais autorizou a participação dos seus filhos na primeira fase da investigação. Nesta

primeira fase era realizado um processo de triagem para avaliar a sintomatologia de

ansiedade das crianças através da aplicação do SCARED-R. Esta avaliação ocorreu em

dois momentos temporais distintos, no início da investigação e 1 mês após a primeira

aplicação, de forma a avaliar a estabilidade da sintomatologia. As aplicações eram

realizadas em grupo na sala de aula perante a presença da professora e de um ou dois

elementos da equipa de investigação. Após esta fase, foram selecionados dois grupos de

crianças para a segunda fase do estudo: crianças que obtiveram pontuações acima do

percentil 80 e crianças que obtiveram pontuações abaixo do percentil 50 em ambas as

aplicações. Posteriormente, os pais destas crianças foram novamente contactados e

questionados acerca do seu interesse em continuar a participar na investigação9, 87%

dos pais aceitou e autorizou a participação dos seus filhos na segunda fase da

investigação.

A segunda fase da investigação compreendeu as situações de observação

propriamente ditas e contou com a participação das crianças e das suas mães. Durante a

situação de observação era pedido às crianças que realizassem a tarefa dos cubos de

Wechsler. Inicialmente, um elemento da equipa de investigação fornecia algumas

instruções nomeadamente, em que consistia a tarefa, exemplificando-a e os limites

temporais de cada tarefa, bem como, informava as mães de que os seus filhos é que

8 Em anexo encontra-se o Consentimento Informado enviado aos pais para participarem na primeira fase

do estudo (ANEXO I)

9 Em anexo encontra-se o Consentimento Informado enviado aos pais para participarem na segunda fase

do estudo (ANEXO II)

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36

deveriam fazer a tarefa, mas que estas poderiam ajudar se considerassem necessário.

Cada observação durou entre 5 a 20 minutos. As observações foram codificadas por

duas estudantes finalistas do Mestrado Integrado em Psicologia com o auxílio de uma

grelha de observação (ANEXO IV). As codificações foram realizadas em três fases:

numa primeira fase, denominada fase de treino, as observadoras codificaram

simultaneamente algumas observações na presença da orientadora da investigação; na

segunda fase, a orientadora da investigação, selecionou algumas observações que foram

codificadas por ambas as observadoras, separadamente, tendo depois sido alvo de

comparação e na última fase, após ter sido atingido um acordo inter-juizes significativo,

as observadoras codificaram de forma independente as observações. Importa salientar

que durante todo o processo de codificação as observadoras se mantiveram “cegas” ao

estatuto de ansiedade das crianças.

2.6. Procedimentos de Análise Estatística

O presente estudo recorreu a análises estatísticas descritivas e inferenciais, bem

como, a diferentes testes estatísticos, paramétricos e não paramétricos, selecionados em

função dos objetivos definidos, das características das variáveis e do cumprimento dos

pressupostos necessários. Em primeiro lugar, procedeu-se à verificação dos

pressupostos necessários para a aplicação de testes paramétricos nomeadamente, o

estudo da normalidade das distribuições e o estudo da homogeneidade das variâncias

para comparação de grupos. Atendendo à dimensão da amostra (n>30), o estudo da

normalidade das distribuições foi efetuado através do Teste Kolmogorov-Smirnov para a

amostra total e através do Teste Shapiro-Wilk para as sub-amostras (n<30). O estudo da

homogeneidade das variâncias foi realizado a partir do Teste de Levene.

As variáveis – comportamento de dependência em relação à mãe, auto-reforço,

dominância, incentivo à autonomia na execução da tarefa, apoio emocional/expressão

de afeto e rejeição/crítica – considerando a amostra total e ambos os grupos, não

cumpriam os pressupostos da normalidade, tendo assim sido submetidas a análises não

paramétricas.

Após este estudo mais exploratório foi efetuado o cálculo das médias, das

medianas, dos desvios-padrões, das assimetrias e das curtoses de todas as dimensões em

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37

estudo para ambos os grupos (grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e

grupo de crianças não ansiosas).

De forma a averiguar as diferenças entre o grupo de crianças com níveis

elevados de ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas, foram realizados Testes t

Student para amostras independentes para as dimensões – dificuldade na resolução da

tarefa, ansiedade infantil, ansiedade materna e intrusividade – e Testes Mann-Whitney

para amostras independentes para as dimensões – comportamento de dependência em

relação à mãe, auto-reforço, dominância, incentivo à autonomia na execução da tarefa,

apoio emocional/expressão de afeto e rejeição/crítica.

Procedeu-se também ao estudo das relações entre as seguintes dimensões:

ansiedade materna e ansiedade infantil; ansiedade materna e comportamento da criança;

ansiedade infantil e comportamento da mãe e entre o comportamento materno e o

comportamento das crianças. Foi utilizado o Coeficiente de Correlação r de Pearson

para explorar a relação entre as dimensões – dificuldade na resolução da tarefa,

ansiedade infantil, ansiedade materna e intrusividade. De forma a analisar as relações

existentes entre as dimensões – comportamento de dependência em relação à mãe, auto-

reforço, dominância, incentivo à autonomia na execução da tarefa, apoio

emocional/expressão de afeto e rejeição/crítica – foi utilizado o Coeficiente de

Correlação ρ de Spearman.

No que respeita as decisões quanto ao significado das diferenças e das relações

ter-se-á como referência o nível de significância de 0,05. Para a avaliação da magnitude

das relações, foram seguidos os critérios propostos por Cohen (1988). Desta forma,

correlações inferiores 0,30 são consideradas de pequena magnitude, correlações entre os

0,30 e os 0,50 são consideradas de média magnitude e correlações superiores a 0,50 são

consideradas de elevada magnitude.

Todas as análises estatísticas foram realizadas a partir do programa PASW

Statistics (Predictive Analytics Software), versão 18 para o Windows.

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Capítulo III

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS

RESULTADOS

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39

CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo constam as informações relativas, às análises preliminares

realizadas e à apresentação e análise dos resultados do presente estudo. A informação

encontra-se organizada em função dos objetivos de estudo previamente definidos.

1. ANÁLISES PRELIMINARES

Inicialmente, foi tomada a decisão de incluir no estudo apenas os dados relativos

às três últimas tarefas (tarefa 8, 9 e 10) da prova dos Cubos de Wechsler, na medida em

que, as restantes tarefas eram menos adequadas, quer em termos temporais (i.e. as

tarefas eram resolvidas num curto espaço de tempo), quer em termos da dificuldade da

tarefa (i.e. tratando-se de uma prova organizada por níveis crescentes de dificuldade, as

últimas tarefas são as mais difíceis, implicando níveis mais elevados de ansiedade). De

seguida, foi efetuado o estudo de cada variável em termos da sua frequência, tendo sido

excluídas do estudo, as variáveis com baixa frequência. Numa fase posterior, foram

considerados os indicadores de cada uma das dimensões estabelecidas teoricamente,

tendo sido calculado o α de cada uma. As dimensões com um α reduzido foram

eliminadas.

No Quadro que se segue consta a informação relativa ao estudo da fiabilidade de

todas as variáveis observadas nas três tarefas de maior dificuldade, bem como a

indicação da decisão de as manter/excluir do estudo.

Quadro 3: Estudo da fiabilidade das variáveis observadas nas três tarefas de maior dificuldade e decisão

de manter/excluir

Dimensões Nr.º de

Itens Inicial

Indicadores α

Inicial

Decisão Nr.º de Itens

Final

Indicadores

Excluídos

α

Final

Dificuldade na

resolução da tarefa

3 - 0,66 Manter 3 - 0,66

Persistência face ao

erro

3 - 0,50 Excluir10

- - -

10

Esta variável foi excluída porque é constante para um dos grupos (grupo de crianças não ansiosas) e

porque é uma variável com muitos valores omissos

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40

Quadro 3 (cont.): Estudo da fiabilidade das variáveis observadas nas três tarefas de maior dificuldade e

decisão de manter/excluir

Dimensões Nr.º de

Itens Inicial

Indicadores α

Inicial

Decisão Nr.º de

Itens Final

Indicadores

Excluídos

α

Final

Ansiedade infantil 18 Verbaliza ansiedade

Agitação motora

Expressão facial

Reações extremas

Verbalizações relacionadas

com a dificuldade da tarefa

Verbalizações relacionadas

com a incompetência ou

expectativa de fracasso

0,64 Manter 9 Verbaliza

ansiedade

Reações

extremas

Verbalizações

relacionadas

com a

incompetência

ou expectativa

de fracasso

0,68

Comportamento de

dependência em

relação à mãe

9 Comportamento dirigido à

mãe de tranquilizações

Comportamento dirigido à

mãe de pedido de ajuda

Comportamentos de auto-

suficiência

0,57 Manter 6 Comportamentos

de auto-

suficiência

0,60

Auto-reforço 3 - 0,69 Manter 3 - 0,69

Comportamento

dirigido à mãe de

criticismo

3 - 0,33 Excluir - - -

Ansiedade materna 15 Expressão verbal

Agitação motora

Expressão facial

Verbalizações relacionadas

com a dificuldade da tarefa

Verbalizações relacionadas

com a incompetência ou

expectativa de fracasso

0,70 Manter 9 Expressão verbal

Verbalizações

relacionadas

com a

incompetência

ou expectativa

de fracasso

0,73

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41

Quadro 3 (cont.): Estudo da fiabilidade das variáveis observadas nas três tarefas de maior dificuldade e

decisão de manter/excluir

Dimensões Nr.º de Itens

Inicial

Indicadores α

Inicial

Decisão Nr.º de Itens

Final

Indicadores

Excluídos

α

Final

Intrusividade/

superenvolvimento

6 Intervém ou tenta

intervir sem pedido

de ajuda ou sem

que a criança

manifeste

dificuldades

Intervém ou tenta

intervir face a

dificuldades ou

pedido de ajuda

0,55 Manter 6 - 0,55

Dominância 3 - 0,81 Manter 3 - 0,81

Tranquilização 3 - 0,48 Excluir - - -

Incentivo à

autonomia na

execução da tarefa

12 Solicita a opinião

da criança

Ouve ou observa a

criança com

atenção

Dá tempo à criança

para pensar e

resolver a tarefa

Incentivo verbal ou

não verbal à

execução

autónoma da tarefa

0,56 Manter 6 Solicita a

opinião da

criança

Incentivo verbal

ou não verbal à

execução

autónoma da

tarefa

0,68

Controlo/restrição

física

3 - 0 Excluir - - -

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42

Quadro 3 (cont.): Estudo da fiabilidade das variáveis observadas nas três tarefas de maior dificuldade e

decisão de manter/excluir

Dimensões Nr.º de

Itens Inicial

Indicadores α

Inicial

Decisão Indicadores

Excluídos

Nr.º de Itens

Final

α

Final

Apoio

emocional/expressão

de afeto

21 Elogio

Sorri

Expressão física de

afeto

Expressão verbal de

afeto

Expressão mútua de

reconhecimento de

emoções

Expressão de

encorajamento

Orientação física

para a criança

0,75 Manter - 21 0,75

Rejeição/crítica 15 Critica a forma

como a criança

resolve a tarefa

Critica a criança

Verbaliza

desvalorização ou

Invalida os

sentimentos da

criança

Desvia o olhar

Manifesta irritação,

frustração,

sarcasmo ou

agressividade

0,51 Manter Critica a forma

como a criança

resolve a tarefa

Critica a

criança

Verbaliza

desvalorização

ou Invalida os

sentimentos da

criança

6 0,69

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43

2. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

De forma a facilitar a compreensão relativamente às metodologias de análise

realizadas, apresenta-se a seguir um Quadro onde constam os objetivos do presente

estudo, bem como as metodologias de análise selecionadas em função destes, das

caraterísticas das variáveis e do cumprimento dos pressupostos necessários.

Quadro 4: Objetivos e metodologias de análise estatística

Objetivos Metodologia

1. Analisar as diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de

ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita as manifestações de

ansiedade materna e ansiedade infantil.

Testes t Student para amostras

independentes

2. Analisar as diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de

ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita às seguintes

dimensões: (a) dificuldade na resolução da tarefa; (b) comportamento de

dependência em relação à mãe e (c) auto-reforço.

Testes t Student para amostras

independentes

Testes Mann-Whitney

3. Analisar as diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de

ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita às seguintes

dimensões: (a) apoio emocional/expressão de afeto e incentivo à autonomia na

execução da tarefa e (b) rejeição/crítica e intrusividade/superenvolvimento e

dominância.

Testes t Student para amostras

independentes

Testes Mann-Whitney

4. Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre manifestações de

ansiedade materna e manifestações de ansiedade infantil.

Correlação r de Pearson

5. Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre a ansiedade materna

e as seguintes dimensões: (a) dificuldade na resolução da tarefa; (b)

comportamento de dependência em relação à mãe e (c) auto-reforço.

Correlações r de Pearson

Correlações ρ de Spearman

6. Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre a ansiedade materna

e as seguintes dimensões: (a) apoio emocional/expressão de afeto e incentivo à

autonomia na execução da tarefa e (b) rejeição/crítica e

intrusividade/superenvolvimento e dominância.

Correlações r de Pearson

Correlações ρ de Spearman

7. Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre a ansiedade infantil e

as seguintes dimensões: (a) dificuldade na resolução da tarefa; (b)

comportamento de dependência em relação à mãe e (c) auto-reforço.

Correlações r de Pearson

Correlações ρ de Spearman

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44

Quadro 4 (cont.): Objetivos e metodologias de análise estatística

8. Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre a ansiedade infantil e

as seguintes dimensões: (a) apoio emocional/expressão de afeto e incentivo à

autonomia na execução da tarefa e (b) rejeição/crítica e

intrusividade/superenvolvimento e dominância.

Correlações r de Pearson

Correlações ρ de Spearman

9. Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre os

comportamentos maternos – apoio emocional/expressão de afeto, incentivo à

autonomia na execução da tarefa, rejeição/crítica,

intrusividade/superenvolvimento e dominância – e os comportamentos da

criança – dificuldade na resolução da tarefa, comportamento de dependência

em relação à mãe e auto-reforço.

Correlações r de Pearson

Correlações ρ de Spearman

1. Análise das diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de

ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita as manifestações de

ansiedade materna e ansiedade infantil

No Quadro que se segue são apresentados os resultados das diferenças entre o

grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas

no que se refere a manifestações de ansiedade materna e a manifestações de ansiedade

infantil, bem como as respetivas médias e desvios-padrões.

Quadro 5: Diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o grupo de crianças

não ansiosas relativamente às dimensões de ansiedade materna e ansiedade infantil

Dimensões Grupo de crianças com

níveis elevados de ansiedade

Grupo de crianças não

ansiosas

Teste t

Student

p

M DP M DP

Ansiedade materna 6,07 1,83 4,80 2,97 -1,46 n.s.

Ansiedade infantil 7,93 2,99 6,50 2,16 -1,65 n.s.

n.s. não significativo

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45

Os resultados revelam ausência de diferenças significativas entre o grupo de

crianças com níveis elevados de ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que

respeita às dimensões, ansiedade materna e ansiedade infantil. No entanto, pode-se

observar uma tendência no sentido esperado, na medida em que, os resultados indicam

uma maior presença de manifestações de ansiedade materna e de ansiedade infantil no

grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade, em comparação com o grupo de

crianças não ansiosas.

2. Análise das diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de

ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita às seguintes

dimensões: (a) dificuldade na resolução da tarefa; (b) comportamento de

dependência em relação à mãe e (c) auto-reforço

No Quadro 6 pode-se observar os resultados das diferenças, das médias e dos

desvios-padrões, do grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e do grupo de

crianças não ansiosas no que se refere às dimensões relacionadas com o comportamento

da criança.

Quadro 6: Diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o grupo de crianças

não ansiosas relativamente às dimensões do comportamento da criança

Dimensões Grupo de crianças com

níveis elevados de ansiedade

Grupo de crianças

não ansiosas

Teste t Student ou

Teste Mann-Whitney U

p

M DP M DP

Dificuldade na resolução da

tarefa

9,42 2,31 9,74 2,00 0,41 n.s.

Comportamento de

dependência em relação à mãe

1,13

1,55

0,45

0,83

1,78

n.s

Auto-reforço 0,73 1,10 0,25 0,55 1,43 n.s.

n.s. não significativo

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46

Relativamente às dimensões relacionadas com o comportamento da criança, os

resultados sugerem ausência de diferenças significativas entre o grupo de crianças com

níveis elevados de ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas.

3. Análise das diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de

ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita às seguintes

dimensões: (a) apoio emocional/expressão de afeto e incentivo à autonomia na

execução da tarefa e (b) rejeição/crítica e intrusividade/superenvolvimento e

dominância

No Quadro 7 constam os resultados das médias, dos desvios-padrões e das

diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o grupo de

crianças não ansiosas no que se refere às dimensões relacionadas com o comportamento

da mãe.

Quadro 7: Diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o grupo de crianças

não ansiosas relativamente às dimensões do comportamento da mãe

Dimensões Grupo de crianças com níveis

elevados de ansiedade

Grupo de crianças

não ansiosas

Teste t Student ou

Teste Mann-Whitney

U

p

M DP M DP

Apoio emocional/expressão

de afeto

10,60

3,36

9,55

2,95

0,85

n.s.

Incentivo à autonomia na

execução da tarefa

9,73

2,71

9,80

1,74

0,31

n.s.

Rejeição/Crítica 0,40 1,30 0,55 0,95 -1,09 n.s.

Intrusividade/

superenvolvimento

5,33

2,44

5,25

2,34

-0,10

n.s.

Dominância 1,53 2,03 0,95 1,43 0,94 n.s.

n.s. não significativo

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47

Da mesma forma, os resultados não sugerem a existência de diferenças

significativas entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o grupo de

crianças não ansiosas no que respeita às dimensões relacionadas com o comportamento

da mãe. No entanto, é possível observar que as mães do grupo de crianças com níveis

elevados de ansiedade, tendem a manifestar mais comportamentos de apoio emocional,

que as mães do grupo de crianças não ansiosas.

4. Análise da relação existente entre manifestações de ansiedade materna e

manifestações de ansiedade infantil, em ambos os grupos

No Quadro que se segue são apresentados os resultados das correlações entre

manifestações de ansiedade materna e manifestações de ansiedade infantil para o grupo

de crianças com níveis elevados de ansiedade e para o grupo de crianças não ansiosas.

Quadro 8: Correlações r de Pearson entre dimensões de ansiedade materna e ansiedade infantil, para

ambos os grupos (acima da diagonal crianças com níveis elevados de ansiedade e abaixo da diagonal

crianças não ansiosas)

Dimensões Ansiedade materna Ansiedade infantil

Ansiedade materna - -0,09

Ansiedade infantil 0,12 -

Os resultados indicam a existência de uma relação positiva e de baixa

magnitude, embora não significativa, entre manifestações de ansiedade materna e

manifestações de ansiedade infantil para o grupo de crianças não ansiosas. Por outro

lado, os resultados revelam a existência de uma relação negativa e de baixa magnitude,

estatisticamente não significativa, entre manifestações de ansiedade materna e

manifestações de ansiedade infantil para o grupo de crianças com níveis elevados de

ansiedade.

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48

5. Análise da relação existente entre a ansiedade materna e as seguintes

dimensões: (a) dificuldade na resolução da tarefa; (b) comportamento de

dependência em relação à mãe e (c) auto-reforço, em ambos os grupos

O Quadro seguinte indica os resultados das correlações entre a ansiedade

materna e as dimensões relacionadas com o comportamento da criança para o grupo de

crianças com níveis elevados de ansiedade e para o grupo de crianças não ansiosas.

Quadro 9: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de ansiedade materna e

comportamento da criança, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças com níveis elevados de

ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas)

Dimensões 1 2 3 4

1. Ansiedade materna - 0,67* -0,32 0,36

2. Dificuldade na resolução da

tarefa

0,45

-

-0,16

-0,006

3. Comportamento de

dependência em relação à mãe

-0,27

0,03

-

0,04

4. Auto-reforço -0,008 -0,03 0,43 -

* p<0,05

Os resultados sugerem a existência de uma relação estatisticamente significativa,

positiva e de magnitude elevada entre ansiedade materna e dificuldade na resolução da

tarefa para o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade. Ainda no que se

refere ao grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade, e embora sem significado

estatístico, os resultados também sugerem a existência de uma relação negativa e de

magnitude moderada entre ansiedade materna e comportamento de dependência em

relação à mãe e de uma relação positiva e moderada entre ansiedade materna e auto-

reforço.

No que se refere ao grupo de crianças não ansiosas, os resultados sugerem a

existência de uma relação positiva e de magnitude moderada entre ansiedade materna e

dificuldade na resolução da tarefa, embora não significativa.

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49

6. Análise da relação existente entre a ansiedade materna e as seguintes

dimensões: (a) apoio emocional e incentivo à autonomia na execução da tarefa e (b)

rejeição e intrusividade e dominância, em ambos os grupos

No Quadro 10 são apresentados os resultados das correlações entre a ansiedade

materna e as dimensões relacionadas com o comportamento da mãe para o grupo de

crianças com níveis elevados de ansiedade e para o grupo de crianças não ansiosas.

Quadro 10: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de ansiedade materna e

comportamento da mãe, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças com níveis elevados de

ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas)

Dimensões 1 2 3 4 5 6

1. Ansiedade materna - -0,37 -0,39 -0,03 0,47 0,08

2. Apoio emocional/expressão de

afeto

-0,12

-

0,32

0,06

0,03

0,09

3. Incentivo à autonomia na

execução da tarefa

-0,21

0,16

-

0,18

-0,58*

-0,42

4. Rejeição/crítica 0,41 0,13 -0,09 - 0,08 -0,35

5. Intrusividade/superenvolvimento 0,28 0,19 -0,38 0,55* - 0,31

6. Dominância 0,06 0,24 -0,27 0,21 0,70** -

* p<0,05 ** p<0,01

No que respeita ao grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade, os

resultados, embora estatisticamente não significativos, sugerem uma relação: negativa e

de magnitude moderada entre ansiedade materna e apoio emocional; negativa e de

magnitude moderada entre ansiedade materna e incentivo à autonomia na execução da

tarefa e positiva e de magnitude moderada entre ansiedade materna e intrusividade.

Relativamente ao grupo de crianças não ansiosas, os resultados, apesar de

estatisticamente não serem significativos, sugerem a existência de uma relação positiva

e de magnitude moderada entre ansiedade materna e rejeição.

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50

7. Análise da relação existente entre a ansiedade infantil e as seguintes dimensões:

(a) dificuldade na resolução da tarefa; (b) comportamento de dependência em

relação à mãe e (c) auto-reforço, em ambos os grupos

No Quadro 11 pode-se observar os resultados das correlações entre a ansiedade

infantil e as dimensões relacionadas com o comportamento da criança para o grupo de

crianças com níveis elevados de ansiedade e para o grupo de crianças não ansiosas.

Quadro 11: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de ansiedade infantil e

comportamento da criança, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças com níveis elevados de

ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas)

Dimensões 1 2 3 4

1. Ansiedade infantil - 0,31 0,15 -0,08

2. Dificuldade na resolução da

tarefa

0,50*

-

-0,16

-0,006

3. Comportamento de dependência

em relação à mãe

0,27

0,03

-

0,04

4. Auto-reforço 0,28 -0,03 0,43 -

* p<0,05

Através da análise dos resultados é possível observar a existência de uma relação

significativa, positiva e de magnitude moderada entre ansiedade infantil e dificuldade na

resolução da tarefa, para o grupo de crianças não ansiosas. Apesar de se verificar

igualmente uma relação tendencialmente positiva e de magnitude moderada entre

ansiedade infantil e dificuldade na resolução da tarefa para o grupo de crianças com

níveis elevados de ansiedade, esta não é estatisticamente significativa.

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51

8. Análise da relação existente entre a ansiedade infantil e as seguintes dimensões:

(a) apoio emocional e incentivo à autonomia na execução da tarefa e (b) rejeição e

intrusividade e dominância

No Quadro seguinte são fornecidos os resultados das correlações entre a

ansiedade infantil e as dimensões relacionadas com o comportamento da mãe para o

grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e para o grupo de crianças não

ansiosas.

Quadro 12: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de ansiedade infantil e

comportamento da mãe, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças com níveis elevados de

ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas)

Dimensões 1 2 3 4 5 6

1. Ansiedade infantil - 0,51 0,31 0,40 0,05 0,20

2. Apoio emocional/expressão de

afeto

0,26

-

0,32

0,06

0,03

0,09

3. Incentivo à autonomia na execução

da tarefa

0,006

0,16

-

0,18

-0,58*

-0,42

4. Rejeição/crítica 0,50* 0,13 -0,09 - 0,08 -0,35

5. Intrusividade/superenvolvimento -0,03 0,19 -0,38 0,55* - 0,31

6. Dominância -0,42 0,24 -0,27 0,21 0,70** -

* p<0,05 ** p<0,01

Para o grupo de crianças não ansiosas, os resultados indicam a existência de uma

relação significativa, positiva e de magnitude moderada entre ansiedade infantil e

rejeição. Além disso, permitem observar a existência de uma relação tendencialmente

negativa e de magnitude moderada entre ansiedade infantil e dominância, embora esta

não seja significativa do ponto de vista estatístico.

Relativamente ao grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade, os

resultados, apesar de não atingirem significado estatístico, sugerem a existência de uma

relação tendencialmente positiva e de magnitude moderada entre: ansiedade infantil e

apoio emocional; ansiedade infantil e incentivo à autonomia na execução da tarefa e

entre ansiedade infantil e rejeição.

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52

9. Análise da relação existente entre os comportamentos maternos – apoio

emocional, incentivo à autonomia na execução da tarefa, rejeição, intrusividade e

dominância – e os comportamentos da criança – dificuldade na resolução da

tarefa, comportamento de dependência em relação à mãe e auto-reforço, em ambos

os grupos

O Quadro 13 informa acerca dos resultados das correlações entre as dimensões

do comportamento materno e as dimensões do comportamento da criança para o grupo

de crianças com níveis elevados e para o grupo de crianças não ansiosas.

Quadro 13: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de comportamento materno e

comportamento da criança, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças com níveis elevados de

ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas)

Dimensões 1 2 3 4 5 6 7 8

1. Apoio emocional/expressão de

afeto

-

0,32

0,06

0,03

0,09

-0,13

0,35

-0,18

2. Incentivo à autonomia na

execução da tarefa

0,16

-

0,18

-0,58*

-0,42

-0,30

-0,22

-0,14

3. Rejeição/crítica 0,13 -0,09 - 0,08 -0,35 0,13 0,10 0,02

4. Intrusividade/superenvolvimento 0,19 -0,38 0,55* - 0,31 0,77** -0,11 0,07

5. Dominância 0,24 -0,27 0,21 0,70** - 0,25 0,25 0,20

6. Dificuldade na resolução da

tarefa

-0,15

-0,20

0,73**

0,51*

0,05

-

-0,16

-0,006

7. Comportamento de dependência

em relação à mãe

0,02

-0,008

-0,20

-0,46*

-0,46*

0,03

-

0,04

8. Auto-reforço 0,12 0,27 0,19 -0,32 -0,36 -0,03 0,43 -

* p<0,05 **p<0,01

No que se refere ao grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade, os

resultados sugerem a existência de uma relação: estatisticamente significativa, negativa

e de magnitude elevada entre incentivo à autonomia na execução da tarefa e

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53

intrusividade e estatisticamente significativa, positiva e de magnitude elevada entre

intrusividade e dificuldade na resolução da tarefa. Além disso, os resultados também

evidenciam, embora de forma não significativa, a existência de uma relação

tendencialmente: positiva e de magnitude moderada entre apoio emocional e incentivo à

autonomia na execução da tarefa; positiva e de magnitude moderada entre apoio

emocional e comportamento de dependência em relação à mãe; negativa e de magnitude

moderada entre incentivo à autonomia na execução da tarefa e dominância; negativa e

de magnitude moderada entre incentivo à autonomia na execução da tarefa e dificuldade

na resolução da tarefa; negativa e de magnitude moderada entre rejeição e dominância e

positiva e de magnitude moderada entre instrusividade e dominância.

Por outro lado, relativamente ao grupo de crianças não ansiosas, os resultados

revelam a existência de uma relação significativa: positiva e de magnitude elevada entre

intrusividade e rejeição; positiva e de magnitude elevada entre dominância e

intrusividade; positiva e de magnitude elevada entre dificuldade na resolução da tarefa e

rejeição; positiva e de magnitude moderada entre dificuldade na resolução da tarefa e

intrusividade; negativa e de magnitude moderada entre comportamento de dependência

em relação à mãe e intrusividade e negativa e de magnitude moderada entre

comportamento de dependência em relação à mãe e dominância. Os resultados sugerem

ainda a existência de uma relação tendencialmente: negativa e de magnitude moderada

entre intrusividade e incentivo à autonomia na execução da tarefa; negativa e de

magnitude moderada entre auto-reforço e intrusividade; negativa e de magnitude

moderada entre auto-reforço e dominância e positiva e de magnitude moderada entre

auto-reforço e comportamento de dependência em relação à mãe.

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Capítulo IV

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E

CONCLUSÕES

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55

CAPÍTULO IV – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES

Neste capítulo são discutidos os resultados do estudo, fundamentando-os com os

dados encontrados na literatura e são tecidas algumas conclusões. A discussão dos

resultados será realizada atendendo aos objetivos e hipóteses de estudo e tendo por base

o estado da arte no âmbito das perturbações de ansiedade na infância.

1. ANÁLISE DAS DIFERENÇAS ENTRE OS GRUPOS

Relativamente ao objetivo 1, o presente estudo não encontrou diferenças

estatisticamente significativas entre o grupo de crianças com níveis elevados de

ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas, no que respeita às dimensões, ansiedade

materna e ansiedade infantil. Foi, no entanto, observada uma tendência no sentido

esperado, i.e. uma maior presença de manifestações de ansiedade materna e infantil no

grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade.

Estes resultados indicam que existe consistência entre as medidas observacionais

e as medidas de auto-relato (SCARED-R), uma vez que, as mesmas crianças que

pontuaram acima do percentil 80 no SCARED-R, manifestaram mais comportamentos

associados à ansiedade durante a interação mãe-criança. Os resultados estão ainda em

consonância com a hipótese 1 anteriormente considerada, na medida em que, as mães

do grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade também exibiram maior

sintomatologia de ansiedade durante a interação, do que as mães do grupo de crianças

não ansiosas. Estes dados estão também de acordo com as evidências encontradas na

literatura, i.e. a literatura tem referido que as crianças com perturbações de ansiedade

têm maior probabilidade de ter pais ansiosos (Hudson & Rapee, 2002). Segundo alguns

autores, mais de 80% das mães de crianças ansiosas, exibem níveis significativos de

sintomatologia de ansiedade (Ginsburg & Schlossberg, 2002; Francis, Grubb, Hersen,

Kazdin & Last, 1987). Estudos realizados com adultos com diferentes perturbações de

ansiedade (fobia específica, fobia social e perturbação de pânico com agorafobia)

indicam que estes têm maiores probabilidades de ter um familiar de 1º grau com a

mesma perturbação (Chapman, Fyer, Klein, Mannuzza & Martin, 1995).

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56

No que diz respeito ao objetivo 2, também não foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas entre o grupo de crianças com níveis elevados de

ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas, relativamente às dimensões relacionadas

com o comportamento da criança. No que concerne a dificuldade na resolução da

tarefa, não existem dados na literatura que permitam tecer comentários a este respeito.

Relativamente ao comportamento de dependência em relação à mãe, apesar de

não serem observadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, os

resultados apontam no sentido esperado, i.e. o comportamento de dependência em

relação à mãe é ligeiramente maior no grupo de crianças com níveis elevados de

ansiedade, do que no grupo de crianças não ansiosas. De acordo com a literatura, os pais

intrusivos tendem a: fornecer ajuda desnecessária durante tarefas que a criança pode

desempenhar sozinha; fomentar comportamentos de infantilização, através da imposição

nas crianças de um nível de funcionamento imaturo; restringir a autonomia da criança e

invadir a sua privacidade (e.g. Boyce, Brady-Smith, Brooks-Gunn, Fine, Halgunseth,

Harper, et al., 2004; Carlson & Harwood, 2003; Wood, 2006). Desta forma,

condicionam as competências de mestria da criança e induzem comportamentos de

dependência desta em relação aos pais (e.g. Wood, 2006). Atendendo ao facto que a

literatura tem referido a existência de uma relação positiva entre intrusividade e

ansiedade infantil (e.g. Hudson & Rapee, 2002), também se pode considerar a existência

de uma relação entre comportamento de dependência em relação a figuras de autoridade

e ansiedade infantil. Assim, os resultados obtidos parecem estar de acordo com os dados

encontrados na literatura e permitem confirmar parcialmente a hipótese 2.

No que se refere ao auto-reforço, as diferenças também não foram

estatisticamente significativas entre os grupos, mas pode ser observada uma tendência

ligeiramente maior para o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade, em

comparação com o grupo de crianças não ansiosas. A literatura tem encontrado uma

associação entre perfecionismo, ansiedade e depressão (e.g. Miller & Rice, 1993).

Indivíduos com níveis elevados de perfecionismo buscam a aprovação e o amor por

parte de figuras significativas (e.g. Abraham, Mallinckrodt, Russell & Wei, 2004), no

entanto, como manifestam uma maior probabilidade de ter pais com padrões elevados

de exigência e com tendência para o criticismo (e.g. Lopez, Rice & Vergara, 2005)

podem internalizar estes padrões e acreditar que para terem a sua aprovação têm de ser

perfeitos. Desta forma, estes indivíduos, devido à sua tendência em focar apenas os

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57

aspetos negativos do seu desempenho e de os auto-criticar, podem ter dificuldade em

utilizar estratégias de auto-reforço positivo (e.g. Blankstein, Dunkley, Halsall, Williams

& Winkworth, 2000), ou seja, ao ficarem centrados nas avaliações negativas que fazem

de si próprios, têm menos probabilidade de ganharem consciência das suas capacidades,

de reconhecer os seus esforços e de dirigir apreciações positivas ao seu desempenho.

Alguns estudos referem que o perfecionismo está negativamente correlacionado com o

pensamento construtivo (Burns & Fedewa, 2005), com a auto-estima (Ashby, Rice &

Slaney, 1998) e com a auto-eficácia (Blankstein & Mills, 2000). De notar, que todos

estes conceitos estão positivamente correlacionados com o auto-reforço (e.g. Duerfeldt

& Heaton, 1973; Mittman & Reschly, 1973). Assim, é provável, que exista uma

associação negativa entre perfecionismo e auto-reforço (Wei & Wu, 2008). De acordo

com estas evidências, os resultados obtidos, parecem contradizer os dados encontrados

na literatura, uma vez que, estando o perfecionismo associado com a ansiedade e

havendo entre este e o auto-reforço uma associação negativa, seria de esperar encontrar

mais estratégias de auto-reforço no grupo de crianças não ansiosas, no entanto, verifica-

se o contrário, i.e. o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade utiliza mais

estratégias de auto-reforço, o que por sua vez também contradiz o formulado na

hipótese 2.

Atendendo ao objetivo 3, também não foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas entre o grupo de crianças com níveis elevados de

ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas, no que respeita, às dimensões

relacionadas com o comportamento da mãe.

Relativamente ao apoio emocional, apesar de não terem sido verificadas

diferenças estatisticamente significativas, foi possível observar que as mães do grupo de

crianças com níveis elevados de ansiedade, tendem a manifestar mais comportamentos

de apoio emocional, do que as mães do grupo de crianças não ansiosas. A este respeito,

Pinto, Sigman e Whaley (1999) descobriram que as mães ansiosas eram menos

calorosas e positivas nas suas interações com a criança ansiosa, do que, as mães não

ansiosas de crianças sem diagnóstico de perturbação de ansiedade, sendo o efeito

responsável por 25% da variância. No entanto, não se verificaram diferenças nestas

dimensões, em interações entre mães ansiosas-crianças não ansiosas e mães ansiosas-

crianças ansiosas. Estes resultados sugerem que a redução do afeto materno e da

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58

positividade pode estar associada à ansiedade materna, e não, à ansiedade infantil.

Considerando, o facto de que neste estudo, as pontuações das crianças no SCARED-R

foram o único critério de constituição das sub-amostras e de que a ansiedade das mães

não foi avaliada, não se pode considerar que os resultados obtidos vão contra os dados

encontrados na literatura. Desta forma, considerando que a ansiedade infantil pode não

estar relacionada com o apoio emocional, pode ser possível que o grupo de crianças não

ansiosas tenha mais mães ansiosas, do que o grupo de crianças com níveis elevados de

ansiedade. No entanto, os resultados obtidos não permitem confirmar a hipótese 3, no

que respeita, ao apoio emocional.

No que se refere ao incentivo à autonomia na execução da tarefa, apesar de as

diferenças não serem estatisticamente significativas, a tendência é a esperada, i.e. o

grupo de crianças não ansiosas recebe maior incentivo à autonomia por parte das suas

mães durante a execução da tarefa, do que o grupo de crianças com níveis elevados de

ansiedade. De acordo com Pinto, Sigman e Whaley (1999) as mães ansiosas incentivam

menos a autonomia durante a interação com a criança ansiosa, do que as mães ansiosas

durante a interação com a criança não ansiosa e do que, as mães não ansiosas durante a

interação com crianças não ansiosas. Estes dados sugerem que a ansiedade infantil, e

não a ansiedade materna, está associada a menos incentivo à autonomia por parte das

mães durante a realização da tarefa (Moore, Sigman & Whaley, 2004). Assim, os

resultados obtidos, estão de acordo com os dados encontrados na literatura e com a

hipótese 3.

No que concerne à rejeição, os resultados, embora não sejam estatisticamente

significativos, indicam que a rejeição é maior para o grupo de crianças não ansiosas, do

que para o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade. Tem sido referido na

literatura que a rejeição está mais associada com a depressão e o controlo parental com

a ansiedade (e.g. McLeod, Weisz & Wood, 2007; Rapee, 1997). Sendo assim, os

resultados obtidos no presente estudo, estão de acordo com os dados encontrados na

literatura. No entanto, não existe consenso na literatura a este respeito. Num estudo

realizado por Grüner, Merckelbach e Muris (1999) a rejeição parental foi o melhor

preditor de ansiedade infantil. Os resultados encontrados no presente estudo não

permitem confirmar a hipótese 3.

Relativamente à intrusividade, apesar das diferenças não atingirem

significância estatística, os resultados seguem o sentido esperado (embora sejam

tangenciais), i.e. as mães do grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade são

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mais intrusivas durante a execução da tarefa, do que as mães do grupo de crianças não

ansiosas. Segundo, Hudson e Rapee (2002) as mães são mais intrusivas e estão mais

envolvidas na tarefa com a criança ansiosa e com o seu irmão, do que as mães de

crianças não ansiosas. Estes dados sugerem que a intrusividade não ocorre

especificamente no contexto relacional mãe-criança ansiosa. Os resultados obtidos estão

assim, de acordo com o estado da arte e com a hipótese 3.

No que diz respeito à dominância, e apesar dos dados não serem, novamente,

estatisticamente significativos, foi observada a tendência no sentido esperado, i.e. maior

dominância no grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade, do que no grupo de

crianças não ansiosas. De acordo com os dados encontrados na literatura, os pais de

crianças ansiosas exercem um estilo educativo parental autoritário, caracterizado por

uma maior dominância e uma redução do feedback positivo (Gross & Hummel, 2001).

Desta forma, os resultados obtidos estão em consonância com os dados encontrados na

literatura, bem como, permitem confirmar a hipótese 3.

O facto de não terem sido encontradas diferenças estatisticamente significativas

entre os grupos relativamente à ansiedade materna, ansiedade infantil, comportamento

materno e comportamento da criança, pode estar relacionado com a dimensão da

amostra que pode não ser suficiente para detetar diferenças estatisticamente

significativas. Além disso, pode também estar relacionado com a tarefa escolhida, i.e. a

tarefa pode não ser suficientemente ansiógena, bem como, pode dever-se a

características intrínsecas da amostra nomeadamente, não ter sido considerada uma

amostra clínica, que fosse mais representativa desta sintomatologia.

2. ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE AS VARIÁVEIS

No que se refere ao objetivo 4, os resultados obtidos indicam a existência de

uma relação fraca e positiva, estatisticamente não significativa, entre manifestações de

ansiedade materna e manifestações de ansiedade infantil para o grupo de crianças não

ansiosas. Por outro lado, para o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade,

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60

os resultados revelam a existência de uma relação estatisticamente não significativa,

fraca e negativa entre manifestações de ansiedade materna e manifestações de

ansiedade infantil. Na literatura tem sido referido que a ansiedade materna permite

predizer, de forma estatisticamente significativa, a presença de perturbações de

ansiedade nas crianças (Brennan, Hammen, Le Broque & McClure, 2001). Mais

concretamente, os filhos de progenitores ansiosos apresentam um risco entre cinco

(Beidel & Turner, 1997) a sete vezes maior (Beidel, Costello & Turner, 1987) de

desenvolver perturbações de ansiedade. Atendendo a estes dados, os resultados

obtidos, para o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade, não estão de

acordo nem com o estado da arte, nem com a hipótese 4, previamente formulada.

Existem sobretudo duas possíveis explicações para estes resultados. Em primeiro

lugar, o facto de o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade não ser

constituído por uma amostra clínica, mais representativa da sintomatologia de

ansiedade, em segundo lugar, o tipo de tarefa a executar durante a interação pode não

ter sido um estímulo suficientemente ansiógeno para esta sub-amostra.

Relativamente ao objetivo 5, os resultados sugerem a existência de uma relação

estatisticamente significativa, positiva e de magnitude elevada entre, ansiedade

materna e dificuldade na resolução da tarefa, para o grupo de crianças com níveis

elevados de ansiedade. Não existem dados na literatura acerca desta associação.

Adicionalmente, os resultados também sugerem, a existência de uma relação negativa,

estatisticamente não significativa e de magnitude moderada entre, ansiedade materna e

comportamento de dependência em relação à mãe. Estes resultados não estão de acordo

com os dados encontrados na literatura, na medida em que, um progenitor ansioso tem

tendência para superproteger a sua criança, devido ao aumento da sua perceção ao

perigo e ao aumento da sua sensibilidade face ao sofrimento desta (Hudson & Rapee,

2002). Desta forma, tendem a infantilizar a criança, promovendo a sua dependência em

relação a figuras de vinculação. Seria assim de esperar a existência de uma relação

positiva entre ansiedade materna e comportamento de dependência da criança em

relação à mãe, o que contraria a hipótese 5.

Os resultados apoiam ainda a existência de uma relação positiva e de magnitude

moderada entre, ansiedade materna e auto-reforço, embora sem significado estatístico.

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61

Estes resultados também não estão, totalmente, em consonância com os dados

encontrados na literatura, nem com a hipótese 5, uma vez que, a ansiedade materna está

geralmente associada a comportamentos de criticismo e de rejeição, sendo as interações

estabelecidas com as crianças mais negativas (Hudson & Rapee, 2001), estes padrões

comportamentais reduzem a probabilidade de a criança dirigir a si própria verbalizações

positivas. No entanto, este dado tem de ser interpretado com cuidado, na medida em

que, não é possível encontrar consenso na literatura, no que respeita, à associação entre

ansiedade e comportamentos de criticismo e rejeição parental. Sendo, a associação entre

ansiedade e controlo parental muito mais consensual (Rapee, 1997).

Para o grupo de crianças não ansiosas, foi encontrada uma relação positiva e de

magnitude moderada, não significativa, entre ansiedade materna e dificuldade na

resolução da tarefa. Novamente, não foram encontrados dados na literatura a este

respeito.

No que diz respeito ao objetivo 6, os resultados do grupo de crianças com níveis

elevados de ansiedade, embora estatisticamente não significativos, sugerem a existência

de uma relação: (1) negativa e de magnitude moderada entre, ansiedade materna e apoio

emocional; (2) negativa e de magnitude moderada entre, ansiedade materna e incentivo

à autonomia na execução da tarefa e (3) positiva e de magnitude moderada entre,

ansiedade materna e intrusividade. Os resultados do grupo de crianças não ansiosas,

apesar de estatisticamente não serem significativos, sugerem a existência de uma

relação, positiva e de magnitude moderada entre, ansiedade materna e rejeição. Os

resultados obtidos permitem confirmar a hipótese 6 e estão de acordo com os dados

encontrados na literatura, com a exceção dos resultados relacionados com a dominância

que sugerem a existência de uma relação positiva, estatisticamente não significativa,

entre ansiedade materna e dominância.

Atendendo ao objetivo 7, os resultados indicam a existência de uma relação

significativa, positiva e de magnitude moderada entre, ansiedade infantil e

dificuldade na resolução da tarefa, para o grupo de crianças não ansiosas.

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62

Verificando-se igualmente uma relação tendencialmente, positiva e de magnitude

moderada entre, ansiedade infantil e dificuldade na resolução da tarefa, para o grupo de

crianças com níveis elevados de ansiedade, embora esta não seja estatisticamente

significativa. Não existem dados na literatura acerca de uma associação entre

dificuldade na resolução da tarefa e ansiedade infantil. Relativamente à hipótese 7,

previamente considerada, os resultados, embora estatisticamente não sejam

significativos, permitem confirmar a existência de uma relação positiva entre ansiedade

infantil e comportamento de dependência em relação à mãe. Por outro lado, os

resultados não permitem confirmar a existência de uma relação negativa entre ansiedade

e auto-reforço.

Considerando o objetivo 8, os resultados para o grupo de crianças não ansiosas,

sugerem a existência de uma relação significativa, positiva e de magnitude moderada

entre, ansiedade infantil e rejeição, estando assim de acordo com o estado da arte e

com a hipótese 8. Além disso, é possível observar a existência de uma relação

tendencialmente negativa e de magnitude moderada entre, ansiedade infantil e

dominância (não está de acordo nem com a hipótese 8, nem com a literatura), embora

esta não seja, do ponto de vista estatístico, significativa. Relativamente ao grupo de

crianças com níveis elevados de ansiedade, os resultados, apesar de não atingirem

significado estatístico, apoiam a existência de uma relação tendencialmente, positiva e

de magnitude moderada entre: (1) ansiedade infantil e apoio emocional; (2) ansiedade

infantil e incentivo à autonomia na execução da tarefa e entre (3) ansiedade infantil e

rejeição. A literatura tem sugerido que os pais de crianças ansiosas manifestam mais

comportamentos de superenvolvimento, são mais controladores, mais críticos e

fornecem menos afeto, que os pais de crianças não clínicas (e.g. Hudson & Rapee,

2001; Kendall, Siqueland & Steinberg, 1996). Segundo alguns autores (e.g. Moore,

Sigman & Whaley, 2004; Pinto, Sigman & Whaley, 1999; Kertz, Schrock, Williams &

Woodruff-Borden, 2012), as mães de crianças ansiosas são menos afetuosas e

incentivavam menos a autonomia da criança, do que as mães do grupo de controlo.

Assim, estes resultados, contradizem os dados indicados na literatura e na hipótese 8.

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63

Por fim, no que respeita ao objetivo 9, os resultados do grupo de crianças com

níveis elevados de ansiedade, sugerem a existência de uma relação, estatisticamente

significativa, negativa e de magnitude elevada entre, incentivo à autonomia na

execução da tarefa e intrusividade. Estes resultados estão de acordo com os dados

encontrados na literatura, uma vez que, o incentivo à autonomia e a intrusividade se

encontram em extremos opostos do comportamento parental, assim, quanto maior for o

incentivo à autonomia, menor será a intrusividade na tarefa. Foi ainda, encontrada uma

relação, estatisticamente significativa, positiva e de magnitude elevada entre,

intrusividade e dificuldade na resolução da tarefa. Estes resultados também vão de

acordo com os dados encontrados na literatura, já que, o superenvolvimento parental

está associado a uma tentativa dos pais para proteger a criança e evitar o seu sofrimento

(Hudson & Rapee, 2002), é assim de esperar, que quanto maior for o grau de

dificuldade na resolução da tarefa, maior seja o superenvolvimento parental.

Adicionalmente, os resultados também evidenciam, embora de forma não significativa,

a existência de uma relação tendencialmente: (1) positiva e de magnitude moderada

entre, apoio emocional e incentivo à autonomia na execução da tarefa; (2) positiva e de

magnitude moderada entre, apoio emocional e comportamento de dependência em

relação à mãe; (3) negativa e de magnitude moderada entre, incentivo à autonomia na

execução da tarefa e dominância; (4) negativa e de magnitude moderada entre, incentivo

à autonomia na execução da tarefa e dificuldade na resolução da tarefa; (5) negativa e

de magnitude moderada entre, rejeição e dominância e (6) positiva e de magnitude

moderada entre, instrusividade e dominância.

Para o grupo de crianças não ansiosas, os resultados revelam a existência de

uma relação, estatisticamente significativa: (1) positiva e de magnitude elevada entre,

intrusividade e rejeição; (2) positiva e de magnitude elevada entre, dominância e

intrusividade; (3) positiva e de magnitude elevada entre, dificuldade na resolução da

tarefa e rejeição; (4) positiva e de magnitude moderada entre, dificuldade na

resolução da tarefa e intrusividade; (5) negativa e de magnitude moderada entre,

comportamento de dependência em relação à mãe e intrusividade e (6) negativa e de

magnitude moderada entre, comportamento de dependência em relação à mãe e

dominância. Os resultados sugerem ainda a existência de uma relação tendencialmente:

(1) negativa e de magnitude moderada entre, intrusividade e incentivo à autonomia na

execução da tarefa; (2) negativa e de magnitude moderada entre, auto-reforço e

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intrusividade; (3) negativa e de magnitude moderada entre, auto-reforço e dominância e

(4) positiva e de magnitude moderada entre, auto-reforço e comportamento de

dependência em relação à mãe.

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Capítulo V

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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66

CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste último capítulo apresentam-se as contribuições e limitações do presente

estudo, sugerem-se futuras linhas de investigação e discutem-se possíveis implicações

para a prevenção e intervenção no âmbito das perturbações de ansiedade na infância.

1. CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO

Os modelos etiológicos das perturbações de ansiedade têm enfatizado o papel

central das interações pais-criança no desenvolvimento das perturbações de ansiedade

na infância (e.g. Barlow & Chorpita, 1998; Rapee, 2001). Desta forma, o presente

estudo teve como principais objetivos, analisar as diferenças entre o grupo de crianças

com níveis elevados de ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas, na interação mãe-

criança e analisar a relação existente entre ansiedade materna, ansiedade infantil,

comportamento materno e comportamento da criança, entre os grupos, durante a

execução de uma tarefa moderadamente ansiógena para a criança.

Este estudo dá um contributo importante no âmbito da investigação das

perturbações de ansiedade na infância, na medida em que, permite aumentar o

conhecimento das influências maternas no desenvolvimento das perturbações de

ansiedade na infância. Os pontos fortes do estudo estão relacionados com: (1) recuso a

uma amostra comunitária, de forma a analisar indivíduos com diferentes níveis de

funcionamento e adaptação, aumentando também a possibilidade de generalização de

resultados e (2) recurso à observação como método primordial de recolha de dados,

permitindo observar a interação mãe-criança perante situações reais e captando, com

maior efetividade, a bidireccionalidade dos comportamentos.

O que torna este estudo inovador é o facto de terem sido considerados vários

tipos de dimensões – dimensões relacionadas com a tarefa, dimensões relacionadas com

a ansiedade, dimensões relacionadas com o comportamento da mãe e dimensões

relacionadas com o comportamento da criança – e por cada dimensão ter sido avaliada

através da observação de diferentes indicadores.

No que se refere às implicações para a prevenção e intervenção, os resultados do

presente estudo permitem alertar para a importância de incentivar a utilização de

comportamentos parentais positivos (e.g. incentivo à autonomia, auto-reforço), por parte

dos pais, de forma a prevenir o desenvolvimento de perturbações de ansiedade na

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67

infância. No que se refere à intervenção, a modificação das distorções cognitivas e o

incentivo à utilização de estratégias de coping adaptativas (e.g. resolução do problema,

restruturação cognitiva, distração) parecem ser as técnicas mais eficazes. Os principais

alvos de intervenção seriam, progenitores com perturbações de ansiedade e progenitores

com crianças com perturbações de ansiedade.

2. LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Este estudo apresenta algumas limitações técnicas e metodológicas

importantes. No que respeita às limitações técnicas encontram-se nomeadamente,

questões relacionadas com a qualidade da iluminação e do som, que dificultam o

processo de codificação (e.g. identificação de expressões faciais e de verbalizações

relacionadas com a dificuldade da tarefa, com a expressão verbal de afeto, entre outras).

As limitações de cariz metodológico estão mais relacionadas com: características da

amostra, tipo de tarefa utilizada na observação da interação e desenho do estudo.

Relativamente à dimensão da amostra, a amostra utilizada no presente estudo é

muito pequena e assim, para se detetarem diferenças estatisticamente significativas estas

têm de ser de grande magnitude. Além disso, o facto de a amostra ser tão pequena não

permite estudar relações entre as características sócio-demográficas (e.g. idade e sexo

da criança, estatuto sócio-económico) e as variáveis em estudo. A não inclusão de um

grupo clínico também pode ter contribuído para a ausência de diferenças significativas.

De acordo com McLeod, Weisz e Wood (2007) os estudos que fazem comparações

entre grupos extremos (clínico vs. normal) mostram maiores dimensões do efeito nas

associações entre ansiedade infantil e parentalidade, do que os que investigam estas

associações na população em geral.

As interações pais-criança são contexto-dependentes, i.e. o tipo de tarefa a

executar durante a interação influencia o comportamento observado (Borduin &

Henggeler,1990). Desta forma, o tipo de tarefa pode ser um potencial moderador entre

ansiedade infantil e comportamento parental. O presente estudo recorreu a uma prova

de desempenho e segundo dados encontrados na literatura, os estudos que recorrem a

provas de discussão mostram maiores dimensões do efeito na ansiedade infantil, na

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ansiedade parental e no controlo parental. Isto pode dever-se quer ao facto das tarefas de

discussão, suscitarem níveis de maior ativação emocional, quer devido ao facto de neste

tipo de tarefas ser obrigatório o envolvimento parental, ao passo que noutro tipo de

tarefas o envolvimento parental é opcional (Bögels, Stams & van der Bruggen, 2008).

Para finalizar, o facto de ter sido utilizado um desenho transversal, não permite

estabelecer conclusões relacionadas com a causalidade das relações entre ansiedade

materna, ansiedade infantil, comportamento materno e comportamento da criança. Além

disso, não foram incluídos no estudo outros fatores, referidos nos estudos etiológicos,

tais como, fatores individuais (e.g. temperamento da criança), familiares (e.g.

psicopatologia parental) e ambientais (e.g. eventos traumáticos) que possam também

contribuir para o desenvolvimento de perturbações de ansiedade na infância.

3. FUTURAS LINHAS DE INVESTIGAÇÃO

Estudos futuros devem optar por um desenho longitudinal, de forma a ser

possível estabelecer relações causais entre as variáveis e recorrer a uma amostra de

maiores dimensões, para aumentar a possibilidade de detetar diferenças estatisticamente

significativas, permitindo assim, generalizar os resultados à população em geral.

Não foi objetivo do presente estudo explorar o papel do pai na etiologia das

perturbações de ansiedade na infância. No entanto, a literatura disponível, tem referido

que os progenitores do sexo masculino e feminino podem interagir e influenciar o

desenvolvimento de perturbações de ansiedade de forma distinta (Bögels & Phares,

2008). O envolvimento paterno é mais ativo, excitante, estimulante e desafiante,

gerando, ocasionalmente, desconforto e ansiedade na criança (Burlingham, 1973;

Labrell, 1996). Além disso, este envolvimento, tende a ser mais físico e imprevisível

(Paquette, 2004). O envolvimento dos progenitores do sexo masculino, pode assim,

permitir à criança experienciar situações novas e relevantes para a socialização,

promovendo o desenvolvimento da competição (Bigras, Carbonneau, Dubeau, Paquette

& Tremblay, 2003), contribuindo para o desenvolvimento da autonomia e da exploração

(Ladan, 1985). Assim, as atividades lúdicas desenvolvidas com o progenitor do sexo

masculino, promovem uma atitude ativa, competitiva, autónoma e de curiosidade nas

crianças, contribuindo assim, para o seu desenvolvimento cognitivo e social e reduzindo

o nível de ansiedade experienciada em situações novas, em situações de separação e em

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interações com estranhos. De notar, que esta relação pode ser bidirecional, ou seja, pais

envolvidos podem promover competências sociais, prevenindo assim o aparecimento de

perturbações de ansiedade na criança, bem como, crianças confiantes e socialmente

competentes podem aumentar o envolvimento positivo do pai (Bögels & Phares, 2008).

Adicionalmente, Lamb (1980) sugere que a criança manifesta tipos distintos de

vinculação para cada um dos progenitores e que a maneira como a criança interage com

cada progenitor determina a segurança de cada relação. A existência de uma vinculação

segura entre o progenitor do sexo masculino e a criança, parece estar relacionada com o

desenvolvimento da autonomia, com o uso de estratégias de confronto (e não de

evitamento) em situações novas e com a vinculação segura relativamente ao grupo de

pares na adolescência. Desta forma, a vinculação paterna pode atuar como um fator de

proteção, reduzindo a probabilidade do aparecimento de perturbações de ansiedade na

criança.

A inclusão dos progenitores do sexo masculino em estudos futuros, seria assim

importante dado que permitiria: (1) comparar as interações mãe-criança com as

interações pai-criança, de forma a verificar se existem diferenças significativas entre

ambas; (2) verificar se existem contributos específicos dependentes do género do

progenitor (3) e aumentar o conhecimento nesta área de investigação.

Seria também interessante observar não só interações entre díades, i.e. mãe-

criança e pai-criança, mas também, interações entre todos os elementos da família

nuclear. Estudos futuros poderiam recorrer a uma prova de discussão, onde fossem

observados os três tipos de interação (mãe-criança; pai-criança e mãe-pai-criança). Este

estudo permitiria verificar nomeadamente, o papel de cada elemento na estrutura

familiar (e.g. qual dos progenitores lidera ou domina as interações estabelecidas entre os

vários elementos) e se o comportamento parental e o comportamento da criança sofre

alterações perante a presença de ambos os progenitores durante a interação.

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ANEXOS

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ANEXO I

Consentimento Informado para a Primeira Fase do Estudo

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Caros Pais O Agrupamento de Escolas Eugénio de Santos estabeleceu um protocolo com o Centro de Investigação em Psicologia da Universidade de Lisboa no âmbito do estudo PACIE, que tem por objetivo uma melhor compreensão dos problemas da ansiedade em idade escolar. Todas as crianças do 3º ano de escolaridade são convidadas a participar, mas para que isso aconteça terão que entregar o formulário de consentimento que se encontra no final da página. Por favor, leia atentamente as seguintes informações, antes de preencher o formulário.

O que é o PACIE É um projeto de investigação que está a ser desenvolvido em várias escolas do país e que tem por principal objetivo caracterizar os problemas de ansiedade em crianças em idade escolar e conhecer alguns fatores associados. Este projeto teve o seu início no ano letivo 2009/2010 e terminará no final do ano letivo de 2010/2011. Quem é a equipa de investigação? A equipa de investigação é composta por investigadores doutorados do Centro de Investigação em Psicologia da Universidade de Lisboa e investigadores de outros centros de investigação nacionais e internacionais. O que me é pedido ao meu filho e a mim? A primeira fase do projeto consiste no preenchimento de dois questionários breves que serão respondidos por cada aluno, com um intervalo de tempo de um mês. Os questionários serão respondidos durante parte de uma aula, com o apoio de um elemento da equipa de investigação. Também será pedida a colaboração dos pais para o preenchimento de dois questionários (duração 30 min.), que lhes serão entregues num envelope fechado. Na segunda parte do projeto só participarão cerca de 20 % dos alunos e os seus pais, selecionados aleatoriamente. Os pais desses alunos serão de novo contactados pela equipa de investigação para autorizar esta segunda participação. Sou obrigado a participar? A participação é voluntária, mas é muito importante para nós termos o maior número de participantes possível. No ano passado tivemos uma taxa de adesão de 85% das crianças e dos seus pais. Este ano gostaríamos de superar esse número e conseguir ainda uma maior participação. Quem é que tem acesso aos dados? Apenas os elementos da equipa de investigação terão acesso aos dados individuais. Cada questionário terá um código que permitirá estabelecer uma ligação entre as respostas das crianças dadas nos dois momentos de avaliação e as respostas dos pais. Os resultados coletivos, que resultam da combinação das respostas de todas as crianças que participam no estudo, serão tornados acessíveis aos pais, através da página de internet do projeto. Com quem é que devo contactar se tiver mais dúvidas? Por favor contacte com a investigadora responsável, Doutora Ana Isabel Pereira, por telefone (217943600, ext. 3636) ou e-mail ([email protected]).

₃ Eu,______________________________________________________________________, encarregado de educação

do aluno___________________________________________________, da turma ____, do ano____, li a

informação fornecida e autorizo/não autorizo (riscar o que não interessa) o meu filho a participar no

estudo PACIE, do Centro de Investigação em Psicologia da Universidade de Lisboa.

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ANEXO II

Consentimento Informado para a Segunda Fase do Estudo

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Caros Pais

No seguimento da participação do seu filho na primeira parte do Projeto PACIE, do Centro de

Investigação em Psicologia da Universidade de Lisboa, vimos contactá-los novamente.

A primeira fase do estudo teve uma elevada adesão e por isso agradecemos a todas as crianças e

pais que se disponibilizaram para participar.

Em janeiro do próximo ano iniciaremos a segunda fase do estudo. Nesta segunda fase do estudo só

participarão algumas crianças. O seu/sua filho/a foi uma das crianças selecionadas. Por este motivo,

agradecemos que leia a informação que se encontra abaixo, para que possa tomar uma decisão

relativamente à participação do seu filho na segunda fase do estudo.

Em que é que consiste a segunda fase do estudo?

Na segunda fase do estudo é pedida não só a colaboração das crianças, mas também a colaboração dos pais.

Esta segunda fase irá processar-se da seguinte forma:

A criança responderá a quatro questionários que avaliarão fatores associados aos problemas de ansiedade

na infância. Esta aplicação será realizada na escola, em pequenos grupos, com o apoio de um investigador.

Estes questionários podem ser preenchidos num único momento (crianças mais velhas) ou em dois momentos

(crianças mais novas).

Os pais responderão a um conjunto de questionários que será enviado para casa e que será preenchido de

forma autónoma por estes.

A mãe será entrevistada (duração média 1h15) por um investigador. Esta entrevista será gravada para análise

e codificação pela equipa de investigação. No final deste formulário pedimos o contacto telefónico para

agendar esta entrevista, de acordo com a disponibilidade da mãe.

Será proposto a algumas famílias (mãe e filho/a), que participem numa atividade conjunta, que será registada

por meios audio-visuais para análise e codificação pela equipa de investigação.

Sou obrigado a participar?

A participação é voluntária, mas é muito importante para nós termos o maior número de participantes possível.

Em qualquer momento do processo de investigação os pais e/ou a criança podem decidir abandonar o estudo.

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Quem é que tem acesso aos dados?

Apenas os elementos da equipa de investigação terão acesso aos dados individuais e aos registos áudio-visuais.

Os dados não podem ser utilizados para outros fins que não os da investigação.

Com quem é que devo contactar se tiver mais dúvidas?

Por favor contacte com a investigadora responsável, Doutora Ana Isabel Pereira por telefone (217943600, ext.

3636) ou e-mail ([email protected])

Eu, __________________________________________________________________, encarregado de educação

do aluno ______________________________________________________ da turma______, li a informação e:

Autorizo a participação do meu filho no estudo, disponibilizando para o efeito os seguintes contactos

telefónicos: ______________________________(casa)___________________________(telemóvel)

Não autorizo a participação do meu filho no estudo,

mas gostaria de ser contactado no caso de terem sido identificados níveis elevados de ansiedade que

sugiram a necessidade de uma avaliação mais detalhada, disponibilizando para o efeito os seguintes

contactos telefónicos: ____________________________________(casa), __________________________(telemóvel)

Não autorizo a participação do meu filho no estudo e não estou interessado em ser contactado.

Assinatura:___________________________________________________________________

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ANEXO III

SCARED-R (Screen for Child Anxiety Related Emotional Disorders) – versão para as

crianças

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ANEXO IV

Grelha de Observação

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ANEXO IV: Grelha de Observação

Tarefa dos Cubos

Criança

Dif. Pers. Ans_Verb Ans_Ag Ans_ExF Ans_RE Ans_V.Dif Ans_Fr/I Dep_Tr Dep_Aj AutoS AutoR Criticismo

Tarefa

1

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

2

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

3

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

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ANEXO IV: Grelha de Observação

Tarefa

4

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

5

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

6

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

7

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

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ANEXO IV: Grelha de Observação

Tarefa

8

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

9

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

10

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

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ANEXO IV: Grelha de Observação

Tarefa dos Cubos

Mãe

Ans_Verb Ans_Ag Ans_ExF Ans_V.Dif Ans_Fr/I Intr_Sem

Dif

Intr_Dif Dom. Tran. Aut_Op. Aut_O

e O

Aut_Tempo Aut_V.

Tarefa

1

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

3

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

4

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

5

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

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ANEXO IV: Grelha de Observação

Tarefa

6

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

7

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

8

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

9

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

10

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Page 114: UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA · infantil e dificuldade na resolução da tarefa; (2) dificuldade na resolução da tarefa e intrusividade; (3) ansiedade infantil

ANEXO IV: Grelha de Observação

AE_Elogia AE_Sorri AE_E.F. AE_E.V. AE_E.M. AE_Enc. AE_O.F. Ctrl/R.F. CRI_R.T. CRI_cri. CRI_V.D/I.S. CRI_D.O. I.S.F. A

Tarefa

1

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

3

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

4

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

5

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

6

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Page 115: UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA · infantil e dificuldade na resolução da tarefa; (2) dificuldade na resolução da tarefa e intrusividade; (3) ansiedade infantil

ANEXO IV: Grelha de Observação

Tarefa

7

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

8

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

9

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Tarefa

10

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

0

1

2

Legendas:

Dif.- Dificuldade na resolução da tarefa

Pers.- Persistência face ao erro

Ans_Verb- Verbaliza ansiedade

Ans_Ag- Agitação motora

Ans_ExF- Expressão facial

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ANEXO IV: Grelha de Observação

Ans_RE- Reações extremas

Ans_V.Dif- Verbalizações relacionadas com a dificuldade da tarefa

Ans_Fr/I- Verbalizações relacionadas com incompetência ou expectativa de fracasso

Dep_Tr- Comportamento dirigido à mãe de tranquilização

Dep_Aj- Comportamento dirigido à mãe de pedido de ajuda

Dep_AutoS- Comportamento de autossuficiência

Auto-R Auto-reforço

Criticismo- Comportamento dirigido à mãe de criticismo/agressividade

Intr_Sem Dif- Intervem ou tenta intervir sem pedido de ajuda ou sem que a criança manifeste dificuldades

Intr_Dif- Intervem ou tenta intervir face a dificuldades ou pedido de ajuda

Dom.- Dominância

Tran.-Tranquilização

Aut_Op.- Solicita a opinião da criança verbal ou não verbalmente

Aut_O e O- Ouve ou observa a criança com atenção, mesmo quando a criança tem uma perspetiva diferente da sua

Aut_Tempo- Mãe dá tempo à criança para pensar e para resolver a tarefa

Aut_V.- Incentivo verbal ou não verbal à execução autónoma da tarefa

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ANEXO IV: Grelha de Observação

AE_Elogia- Elogio

AE_Sorri- Sorri

AE_E.F.- Expressão física de afeto

AE-E.V.- Expressão verbal de afeto e tom de voz afetuoso

AE_E.M.- Expressão mútua de reconhecimento de emoções

AE_Enc.- Expressão de Encorajamento

AE_O.F.- Orientação física para a criança

Ctrl/R.F.- Controlo ou restrição física

CRI_R.T.- Critica a forma como a criança resolve a tarefa ou as ideias da criança

CRI_cri.- Critica a criança

CRI_V.D/I.S.- Verbaliza desvalorização/Invalidação dos sentimentos da criança

CRI_D.O.- Desvia o olhar quando a criança fala

I.S.F.A.- Manifesta irritação, frustração, sarcasmo ou agressividade