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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO Matheus Muraro ANALISADOR DE DESFIBRILADORES E CARDIOVERSORES Passo Fundo 2017

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

Matheus Muraro

ANALISADOR DE DESFIBRILADORES E CARDIOVERSORES

Passo Fundo

2017

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Matheus Muraro

ANALISADOR DE DESFIBRILADORES E CARDIOVERSORES

Trabalho apresentado ao curso de Engenharia Elétrica, da Faculdade de Engenharia e Arquitetura, da Universidade de Passo Fundo, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Eletricista, sob orientação do professor Ms. Amauri Fagundes Balotin.

Passo Fundo

2017

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Matheus Muraro

Analisador de desfibriladores e cardioversores

Trabalho apresentado ao curso de Engenharia Elétrica, da Faculdade de Engenharia e Arquitetura, da Universidade de Passo Fundo, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Eletricista, sob orientação do professor Ms. Amauri Fagundes Balotin.

Aprovado em ____ de ______________ de______.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________ Prof. Orientador Ms. Amauri Fagundes Balotin - UPF

_______________________________________________________________ Prof. Dr. Adriano Toazza - UPF

_______________________________________________________________ Prof. Dr. Fernando Passold - UPF

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RESUMO

O trabalho desenvolvido teve por objetivo o estudo e o desenvolvimento de um protótipo

de um analisador para ensaio de desfibriladores e cardioversores, dispositivos de assistência

médica que têm suma importância no âmbito medicinal. Esse analisador é um equipamento

capaz de receber uma descarga elétrica e medir a sua energia, dentro de um limiar de incerteza,

assim como medir o tempo de sincronismo, e o tempo de carregamento. O primeiro capítulo

aborda a fundamentação teórica, realizando um estudo do funcionamento do corpo humano e

dos desfibriladores. São verificados e retirados citações das normas técnicas que regulamentam

os desfibriladores cardíacos e as características mínimas aceitáveis de um analisador. O

desenvolvimento do protótipo começou com a especificação de alguns componentes essenciais,

a partir dos quais foram desenvolvidor os circuitos eletrônicos. O choque elétrico, disparado

pelas pás de desfibrilação, é absorvido por um resistor não-indutivo, que simula a impedância

transtorácica de um paciente, passando após por circuitos de atenuação, isolação e filtros. O

potencial da descarga elétrica, que possui amplitude de até cinco mil volts, é atenuada para a

faixa de trabalho do conversor analógico-digital. A unidade microcontrolada é responsável por

processar o sinal e repassar os dados para a interface gráfica, que é composta por uma tela de

toque colorida. O protótipo também simula o sinal de eletrocardiograma humano para o teste

de sincronismo, esse sinal é processado e entregue para a leitura do cardioversor.

Palavras-Chave: Desfibrilador; Energia; Sincronismo; Analisador; Ensaio; ARM Cortex M4;

QGVA;

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ABSTRACT

The present essay aims the study and development of a defibrillator and cardioverter

analyzer prototype. These medical assistance devices inflict major importance inside the

medical extent. This analyzer is an equipment capable of receiving an electric discharge and to

measure its concealed energy, under an uncertainty threshold, also measuring its synchronism

and loading time. The first module approaches a view on theoretical fundamentals, verifying

how the human body system works, how does a defibrillator work, the standards for it and the

minimum requirements for an analyzer. The electrical discharge is triggered by paddles on the

defibrillator and it must be absorbed by a non-inductive resistor, simulating the transthoracic

impedance, while the electrical potential will be turned down by a high impedance resistor

divider, decreasing the discharge from a scale of five thousands Volts to the range of the analog-

to-digital converter. The micro-controlled unity is responsible for processing the signal and to

pass along its data for the communication interface, which provides information for the user

from a touch screen color display. There is also an electrocardiogram simulated by the

microcontroller, which is provided to the cardioverter for the synchronism test.

Keywords: Defibrillator; Energy; Synchronism; Analyser; Test; Arm Cortex M4; QGVA;

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - ANATOMIA DO MÚSCULO CARDÍACO. ................................................................................................... 15 FIGURA 2 - FUNCIONAMENTO DO CORAÇÃO. A) NA DIÁSTOLE O CORAÇÃO ENCHE DE SANGUE. B) NA SÍSTOLE OCORRE

O BOMBEAMENTO DO SANGUE PARA O CORPO. .............................................................................................. 16 FIGURA 3 - ESTRUTURA DO CORAÇÃO: SISTEMA ELÉTRICO. ................................................................................... 17 FIGURA 4 - POTENCIAL DOS ESTÍMULOS ELÉTRICOS. .............................................................................................. 18 FIGURA 5 - REPRESENTAÇÃO DE UM ECG NORMAL. .............................................................................................. 19 FIGURA 6 - CONTRAÇÃO DO MÚSCULO ATRIAL. ..................................................................................................... 19 FIGURA 7 - CONTRAÇÃO DO MÚSCULO VENTRICULAR. ........................................................................................... 20 FIGURA 8 - REPRESENTAÇÃO 3 DERIVAÇÕES DE EINTHOVEN. ................................................................................ 21 FIGURA 9 - FIBRILAÇÃO VENTRICULAR. A) INÍCIO DA FIBRILAÇÃO E DIVISÃO DOS IMPULSO. B) PROPAGAÇÃO

CIRCULAR. ..................................................................................................................................................... 22 FIGURA 10 - ELETROCARDIOGRAMA DE PACIENTE COM FV. .................................................................................. 23 FIGURA 11 - APLICAÇÃO DE CORRENTE ELÉTRICA AO TÓRAX PARA INTERROMPER A FV. ...................................... 24 FIGURA 12 - FIBRILAÇÃO ATRIAL (FA). ................................................................................................................. 25 FIGURA 13 - ECG DE PACIENTE COM FIBRILAÇÃO ATRIAL. .................................................................................... 25 FIGURA 14 - ELETROCARDIOGRAMA DE PACIENTE COM TAQUICARDIA A 150 BPM. .............................................. 26 FIGURA 15 - ELETROCARDIOGRAMA DE PACIENTE COM TAQUICARDIA VENTRICULAR (TV). ................................ 26 FIGURA 16 – DESFIBRILADOR/CARDIOVERSOR MINDRAY BENEHEART D6. ........................................................... 27 FIGURA 17 – DESFIBRILADOR TEB D10. ................................................................................................................ 28 FIGURA 18 – DESFIBRILADOR DE BECK .................................................................................................................. 29 FIGURA 19 – DESFIBRILADOR EXTERNO MANUAL ................................................................................................. 29 FIGURA 20 – DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO .......................................................................................... 30 FIGURA 21 – CARRINHO DE EMERGÊNCIA EM SETOR DE HEMODIÁLISE................................................................... 30 FIGURA 22 – PÁS TORÁCICAS E CÔNCAVAS. ........................................................................................................... 31 FIGURA 23 – CARDIOVERSOR HEARTSTART XL DA PHILLIPS. ............................................................................... 32 FIGURA 24 - MÓDULO DE CARDIOVERSÃO. ............................................................................................................ 32 FIGURA 25 - POSIÇÃO PADRÃO DOS ELETRODOS PARA TRANSMISSÃO TORÁCICA EFETIVA. .................................... 33 FIGURA 26 – TOPOLOGIA DO DESFIBRILADOR OU CARDIOVERSOR. ........................................................................ 34 FIGURA 27 - DESFIBRILAÇÃO MONOFÁSICA. .......................................................................................................... 34 FIGURA 28 - DESFIBRILAÇÃO BIFÁSICA. ................................................................................................................. 35 FIGURA 29 - CIRCUITO BÁSICO DOS DESFIBRILADORES MONOFÁSICOS. .................................................................. 35 FIGURA 30 - ONDA MONOFÁSICA SENOIDAL CRITICAMENTE AMORTECIDA (MDS – MONOPHASIC DAMPED

SINUSOIDAL). ................................................................................................................................................ 36 FIGURA 31 - ONDA MONOFÁSICA EXPONENCIAL TRUNCADA (MTE – MONOPHASIC TRUNCATED EXPONENTIAL). 37 FIGURA 32 - CIRCUITO BÁSICO DESFIBRILADOR BIFÁSICO. ..................................................................................... 37 FIGURA 33 - TIPOS DE ONDAS BIFÁSICAS. A – EXPONENCIAL TRUNCADA (BTE). B – RETILÍNEA (RLB). .............. 38 FIGURA 34 - ONDA BIFÁSICA PULSADA. ................................................................................................................. 39 FIGURA 35 - QUANTIZAÇÃO LINEAR. ...................................................................................................................... 41 FIGURA 36 - REGRA DOS TRAPÉZIOS. ..................................................................................................................... 43

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FIGURA 37 - REGRA DE SIMPSON............................................................................................................................ 43 FIGURA 38 - DIAGRAMA DE HARDWARE. ................................................................................................................ 44 FIGURA 39 - ELETRODOS DE CONTATO. .................................................................................................................. 45 FIGURA 40 - ELETRODOS DE CONTATO PARA PÁS CÔNCAVAS. ................................................................................ 46 FIGURA 41 - RESISTOR NÃO INDUTIVO NHS200-50F ............................................................................................. 47 FIGURA 42 - PLACA DE ATENUAÇÃO. ..................................................................................................................... 48 FIGURA 43 - CIRCUITO DE ALIMENTAÇÃO. ............................................................................................................. 51 FIGURA 44 - FONTE ISOLADA. ................................................................................................................................ 51 FIGURA 45 - REFERÊNCIA DE TENSÃO 1,65V. ......................................................................................................... 52 FIGURA 46 – CIRCUITO DE PROCESSAMENTO.......................................................................................................... 53 FIGURA 47 - CONVERSOR DA TOPOLOGIA R-2R. .................................................................................................. 54 FIGURA 48 - INSTRUMENTAÇÃO DO SINAL DE ECG. ............................................................................................... 55 FIGURA 49 – FONTE ISOLADA PARA INSTRUMENTAÇÃO DO ECG. .......................................................................... 55 FIGURA 50 - PLATAFORMA DE DESENVOLVIMENTO TIVA C SERIES. ....................................................................... 56 FIGURA 51 - MÓDULO BOOSTXL-K350QVG-S1 ACOPLADO AO MICROCONTROLADOR TM4C123GXL ............. 57 FIGURA 52 - CONSUMO DE CORRENTE ELÉTRICA DO PROTÓTIPO. ........................................................................... 58 FIGURA 53 - BANCO DE BATERIAS MICROCONTROLADO ......................................................................................... 58 FIGURA 54 – BATERIAS DE ÍON-LÍTIO. ................................................................................................................... 58 FIGURA 55 - PLACA DE ATENUAÇÃO.. .................................................................................................................... 60 FIGURA 56 – ISOLAÇÃO DA PLACA DE ATENUAÇÃO. ............................................................................................... 60 FIGURA 57 – PLACAS DE ACOPLAMENTO VIA CABO FLAT. ...................................................................................... 61 FIGURA 58 – PLACAS INTEGRADAS. ....................................................................................................................... 61 FIGURA 59 - DIAGRAMA DO FIRMWARE.................................................................................................................. 62 FIGURA 60 - TELA INICIAL. .................................................................................................................................... 64 FIGURA 61 - TELA SELEÇÃO. .................................................................................................................................. 64 FIGURA 62 - MEDIR ENERGIA. ................................................................................................................................ 65 FIGURA 63 – ENERGIA MEDIDA. ............................................................................................................................. 65 FIGURA 64 - MEDIR TEMPO DE CARGA. .................................................................................................................. 66 FIGURA 65 - TEMPO DE CARGA APROVADO. ........................................................................................................... 66 FIGURA 66 - TEMPO DE CARGA REPROVADO. ......................................................................................................... 66 FIGURA 67 - CONFIGURAR ECG (MÍNIMO 30 BPM). .............................................................................................. 67 FIGURA 68 - CONFIGURAR ECG (PADRÃO 60 BPM). ............................................................................................. 67 FIGURA 69 - CONFIGURAR ECG (MÁXIMO 240 BPM). .......................................................................................... 68 FIGURA 70 - MEDIR TEMPO DE SINCRONISMO. ........................................................................................................ 68 FIGURA 71 - MEDIR TEMPO DE SINCRONISMO (APROVADO). ................................................................................... 69 FIGURA 72 - MEDIR TEMPO DE SINCRONISMO (REPROVADO) .................................................................................. 69 FIGURA 73 – INFORMAÇÕES. .................................................................................................................................. 69 FIGURA 74 - DIAGRAMA DE INTERUPÇÃO DO TIMER. .............................................................................................. 70 FIGURA 75 - ELETROCARDIOGRAMA FILTRADO (30 BPM). .................................................................................... 75 FIGURA 76 - ELETROCARDIOGRAMA FILTRADO (240 BPM). .................................................................................. 75

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FIGURA 77 - MONITOR DE ECG DO DESFIBRILADOR HEARTSTART XL DA PHILLIPS (60 BPM). ............................ 76 FIGURA 78 - MONITOR DE ECG DO CARDIOMAX DA INSTRAMED (60 BPM). ........................................................ 76 FIGURA 79 - MONITOR DE ECG DO DESFIBRILADOR CODEMASTER DA HP (60 BPM). .......................................... 77

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LISTA DE ABREVIATURAS

SA: Sinoatrial.

AV: Atrioventricular.

BPM: Batidas por minuto.

mV: mili Volts.

ECG: Eletrocardiograma.

RA: Braço direito.

LA: Braço esquerdo

LL: Perna esquerda.

FV: Fibrilação ventricular.

FA: Fibrilação atrial.

QRS: Complexo do eletrocardiograma.

TV: Taquicardia ventricular.

AC: Corrente alternada.

DC: Corrente direta.

V: Volts.

A: Ampéres.

J: Joules.

W: Watts.

S: Segundos.

m: mili (razão por mil).

u: micro (razão por um milhão).

k: kilo (multiplicado por mil).

Hz: Hertz.

uF: microFarads.

MDS: Senoide monofásica criticamente amortecida.

MTE: Exponencial monofásica truncada.

C: Capacitância elétrica.

L: Indutância elétrica.

NBR: Norma brasileira regulamentadora.

IEC: Comissão internacional de eletrotécnica.

ANSI: Instituto nacional americano de padronizações.

AAMI: Associação para o avanço da instrumentação médica.

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DEA: Desfibrilador externo automático.

Fa: Frequência analófica.

Fs: Frequência de amostragem.

A/D: Conversor analógico para digital.

∆: erro de quantização.

b: Bits.

Wh: Watts hora.

P: Potência.

E: Energia.

ARM: Arquitetura de processador.

SPI: Periférico de interface serial.

EEPROM: Memória programável, apagável elétricamente, somente leitura.

Flash: Memória reprogramável desenvolvida pela Toshiba.

VGA: Padrão gráfico de computadores.

QGVA: Um quarto de VGA.

Pixel: Elemento de imagem.

touch screen: Teclado de toque.

MCU: Unidade microcontrolada.

PWM: Modulação por largura de pulso.

+: Positivo.

-: Negativo.

UTI: Unidade de tratamento intensivo.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13

1.1 OBJETIVO ......................................................................................................................... 14

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 15

2.1 FUNCIONAMENTO DO CORAÇÃO .............................................................................. 15

2.1.1 Ritmo cardíaco e a atividade elétrica do coração ....................................................... 16

2.2 ELETROCARDIOGRAMA (ECG) ................................................................................... 18

2.2.1 Derivações do ECG ........................................................................................................ 21

2.3 ARRITMIAS CARDÍACAS .............................................................................................. 22

2.3.1 Fibrilação Ventricular (FV) .......................................................................................... 22

2.3.2 Reversão da FV por desfibrilação elétrica .................................................................. 23

2.3.3 Fibrilação Atrial (FA) ................................................................................................... 24

2.3.4 Taquicardia Ventricular (TV) ...................................................................................... 25

2.3.5 Tratamento FA e TV por cardioversão elétrica ......................................................... 27

2.4 DESFIBRILADORES ........................................................................................................ 27

2.4.1 História do desfibrilador ............................................................................................... 28

2.4.2 Características do Desfibrilador Externo ................................................................... 29

2.4.3 Características do Cardioversor .................................................................................. 31

2.4.4 Mecanismo de fibrilação ............................................................................................... 33

2.4.5 Circuito desfibrilador monofásico ............................................................................... 35

2.4.6 Circuito do desfibrilador bifásico ................................................................................ 37

2.5 NORMAS TÉCNICAS ...................................................................................................... 39

2.6 FUNDAMENTOS DO PROCESSAMENTO DE SINAIS ............................................... 40

2.6.1 Teorema da amostragem............................................................................................... 41

2.6.2 Conversão A/D ............................................................................................................... 41

2.6.3 Energia ............................................................................................................................ 42

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2.6.4 Integração numérica...................................................................................................... 42

3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ........................................................................... 44

3.1 HARDWARE ..................................................................................................................... 44

3.1.1 Eletrodos de recepção .................................................................................................... 45

3.1.2 Resistor de carga ............................................................................................................ 46

3.1.3 Placa de Atenuação ........................................................................................................ 47

3.1.4 Amostragem do sinal ..................................................................................................... 50

3.1.5 Placa de Processamento ................................................................................................ 50

3.1.6 Placa de Eletrocardiograma ......................................................................................... 54

3.1.7 Microcontrolador........................................................................................................... 56

3.1.8 Módulo de interface ....................................................................................................... 57

3.1.9 Bateria ............................................................................................................................ 57

3.1.10 Prototipagem ................................................................................................................ 59

3.2 FIRMWARE ....................................................................................................................... 62

3.2.1 Display de Interface ....................................................................................................... 64

3.2.2 Processamento do firmware ......................................................................................... 70

3.2.2.1 Função de Energia ....................................................................................................... 70

3.2.2.2 Função de ECG ............................................................................................................ 71

3.2.2.3 Funções de Tempo de Carga e Sincronismo ................................................................ 72

4 RESULTADOS EXPERIMENTAIS ................................................................................. 73

4.1 MEDIÇÃO DE ENERGIA E TEMPO DE SINCRONISMO ............................................ 73

4.2 ELETROCARDIOGRAMA ............................................................................................... 75

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 78

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 79

APÊNDICE I – PLACA DE ATENUAÇÃO ........................................................................ 82

APÊNDICE II – PLACA DE PROCESSAMENTO ........................................................... 83

APÊNDICE III – PLACA DE ELETROCARDIOGRAMA .............................................. 84

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1 INTRODUÇÃO

Os desfibriladores e cardioversores são equipamentos de suporte médico assistenciais

obrigatórios em diversas áreas médicas. Estes equipamentos devem passar por manutenções

periódicas ao longo de sua vida útil e a averiguação do bom funcionamento se dá somente a

partir da realização de testes, sendo necessário dispor de um analisador específico voltado para

estes dispositivos.

Utilizado no tratamento de arritmias graves em que o paciente não possui pulso cardíaco,

o desfibrilador injeta energia focalizada a partir de uma intensa imposição de potencial elétrico

controlado em um curto período de tempo. A descarga elétrica contrai o coração e despolariza

uniformemente as células cardíacas, que retomam os estímulos de forma ordenada, funcionando

como um botão de reiniciar para o músculo cardíaco.

O cardioversor opera de uma maneira semelhante, porém ele é utilizado em situações em

que o paciente possui pulso cardíaco anormal. Ele possui um leitor de eletrocardiograma pelo

qual monitora os estímulos elétricos do coração, e a descarga elétrica é sincronizada para ser

aplicada durante a despolarização coração, um período seguro conhecido como pico do

complexo QRS. Por operar de forma sincronizada, o cardioversor é capaz de reverter o quadro

de algumas arritmias específicas em que ocorre a realimentação dos estímulos desordenados

para o coração. Nesses casos apenas a desfibrilação não é o suficiente, pois a realimentação dos

estímulos fará a arritmia voltar após a desfibrilação. Geralmente o módulo de cardioversão está

incluído nos desfibriladores, exceto nos modelos mais antigos.

O analisador é responsável por determinar se o dispositivo está funcionando

corretamente. Sua principal função é medir a quantidade de energia fornecida pelo choque

elétrico dos desfibriladores e cardioversores. O analisador também deve determinar se o

sincronismo do cardioversor com o paciente está funcionando corretamente. Para simular um

paciente, o analisador gera o eletrocardiograma humano.

Os elementos construtivos dos analisadores de energia possuem diversos detalhes,

regulamentados pelas normas técnicas dos dispositivos médicos e de segurança elétrica. O

analisador deve fornecer segurança ao usuário que o utiliza, sendo necessário isolar a descarga

elétrica de maneira eficiente, sem que isso influencie na precisão da medição.

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1.1 OBJETIVO

Este projeto tem por objetivo o desenvolvimento de um dispositivo para ensaio de

desfibriladores e cardioversores. Esse dispositivo deve contemplar os requisitos mínimos

postulados pelas normas técnicas regulamentadoras da segurança dos desfibriladores cardíacos,

NBR IEC 60601-2-4:2005, ANSI/AAMI DF80:2003 e ANSI/AAMI DF2:1996.

O protótipo foi desenvolvido com foco nas tecnologias mais atuais, sendo capaz de

receber a descarga elétrica de um cardioversor e medir, dentro das taxas de erro regulamentadas,

a quantidade de energia absorvida e o tempo de sincronismo, entregando a informação ao

usuário a partir de uma interface gráfica de comunicação.

1.2 JUSTIFICATIVA

.

No mercado brasileiro atual os analisadores mais utilizados são importados, havendo

poucos modelos nacionais desenvolvidos, além do custo de um analisador de desfibriladores

ser alto.

O protótipo foi desenvolvido com o apoio da empresa Elomed e do Hospital São Vicente

de Paulo, atendendo a demanda do setor de eletrônica biomédica, que hoje é responsável pelas

duas unidades hospitalares da instituição.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para melhor compreensão do papel dos desfibriladores, este capítulo apresenta conceitos

fundamentais ao entendimento de como funciona o coração suas possíveis anomalias, bem

como o eletrocardiograma humano, os desfibriladores e as normas técnicas regulamentadoras

destes.

2.1 FUNCIONAMENTO DO CORAÇÃO

O coração é um órgão muscular que promove a circulação do sangue pelo corpo. É

composto por duas partes, que funcionam como bombas independentes: o lado direito,

responsável por bombear o sangue venoso para o pulmão, e o lado esquerdo, que bombeia o

sangue arterial para os órgãos. (GUYTON; HALL, 1997)

Como é mostrado na Figura 1, o coração é oco internamente e cada lado se divide em

duas cavidades: os átrios e os ventrículos, separados pelas válvulas mitral ou tricúspide, que

têm a função de regular o fluxo do sangue em apenas um sentido – dos átrios para os ventrículos.

Figura 1 - Anatomia do músculo cardíaco.

Fonte: Adaptado de GUYTON; HALL, 2011.

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O coração possui duas fases de funcionamento. Na primeira, diástole, apresenta a

musculatura relaxada e o órgão se enche de sangue (Figura 2.a). Na fase seguinte, sístole, os

átrios contraem-se, impulsionando o sangue para os ventrículos, e logo após os ventrículos

contraem-se e injetam o sangue armazenado para o sistema arterial, conforme mostrado na

Figura 2.b. (ENDRES, 2003)

Figura 2 - Funcionamento do coração. a) na diástole o coração enche de sangue. b) na sístole ocorre o

bombeamento do sangue para o corpo.

Fonte: ENDRES, 2003.

2.1.1 Ritmo cardíaco e a atividade elétrica do coração

Existem dois tipos de células no nosso coração que estão relacionadas com o sistema

elétrico: As células condutoras, que carregam o sinal elétrico, e as células musculares que,

quando estimuladas por uma excitação elétrica, contraem-se.

Os estímulos elétricos são gerados no topo do coração, pelo nó sinoatrial (SA) – também

conhecido como marcapasso –, e correm através da rede de células condutoras em uma reação

em cadeia, onde a excitação de uma célula ativa a outra, estimulando-a, e assim o sinal é capaz

de passar pelo coração de uma maneira ordenada. (K. PAI; PHILIPPIDES, 2014)

Segue abaixo na Figura 3 o mapa do sistema elétrico do coração, demonstrando a rede

de células condutoras.

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Figura 3 - Estrutura do coração: sistema elétrico.

Fonte: Cheida, 1997.

As cargas elétricas são repassadas célula por célula por uma via internodal, contraindo

primeiramente os dois átrios na parte superior do coração. O nó atrioventricular (AV) retarda e

emite novamente o sinal, que percorre pelos feixes de Hiss até chegar nos ventrículos pelas

redes de Purkinje, estimulando a contração deles cerca de 1/6 segundo após a contração dos

átrios, resultando em uma contração coordenada do sistema muscular do coração. Esse processo

é chamado de batimento cardíaco. Um coração humano normalmente opera entre 60 e 100

batidas por minuto (BPM), podendo se ajustar acima ou abaixo desse ritmo para satisfazer as

necessidades do corpo. (K. PAI; PHILIPPIDES, 2014)

Conforme pode ser observado abaixo na Figura 4, o potencial elétrico que estimula as

contrações do coração possui por volta de -85 milivolts (mV) a cerca de 20mV, o que significa

que o potencial intracelular passa por cerca de 105mV em cada batimento cardíaco.

Inicialmente o músculo ventricular está polarizado, logo após ele entra em um período de

recessão, visto como um platô, em que permanece despolarizado por cerca de 1/6 segundo,

retomando a atividade ao se repolarizar. (GUYTON; HALL, 2011)

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18

Figura 4 - Potencial dos estímulos elétricos.

Fonte: GUYTON; HALL, 2011.

Esse platô também é referenciado como sendo um período refratário, ou período seguro,

em que o impulso cardíaco normal não pode reexcitar a área já excitada do músculo cardíaco.

Outro ponto que deve ser destacado é que o coração é um órgão autossuficiente e possui

uma rede neural própria que controla a geração dos estímulos. Ele recebe excitações cerebrais

que o estimulam a bater mais rapidamente, ou mais vagarosamente, de acordo com as

necessidades do corpo, mas quem faz o controle e gera os estímulos é o próprio coração.

2.2 ELETROCARDIOGRAMA (ECG)

Como visto anteriormente na Figura 4, o coração está naturalmente polarizado (-85mV),

e durante o batimento cardíaco uma onda de despolarização (20mV) percorre o sistema elétrico

do órgão. Essa onda de despolarização – responsável pela contração do tecido muscular do

órgão – faz com que, momentaneamente, os interiores das células concentrem cargas positivas,

e uma pequena parte da corrente elétrica produzida passe para os tecidos vizinhos, alcançando

o exterior do corpo. Essa corrente elétrica gera um pequeno potencial elétrico, com cerca de

de amplitude, que pode ser observado através de eletrodos colocados sobre a pele em

lados opostos do coração. (GUYTON; HALL, 2011)

O registro dessa excitação é conhecido como o eletrocardiograma (ECG), sendo utilizado

para monitorar a atividade cardíaca de pacientes. Um registro detalhado do ECG é ilustrado

abaixo na Figura 5.

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Figura 5 - Representação de um ECG normal.

Fonte: Adaptado de HAZMAT2, disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Eletrocardiograma>

Quando uma onda de despolarização move se em direção aos eletrodos dispostos sobre a

pele, registra se no ECG uma deflexão positiva (para cima). Da mesma forma, a medida que a

onda de repolarização é captada pelo eletrodo, o ECG registra uma deflexão negativa. O centro

desses intervalos é o ponto R (Figura 5). Quando não há ocorrência de atividade elétrica, a linha

do ECG permanece no valor zero. (RAMOS; SOUSA, 2007)

A onda P, mostrada abaixo na Figura 6, representa os potenciais elétricos gerados pelos

átrios ao se despolarizarem, antes de se contraírem. O nó sinoatrial (SA) localizado no átrio

direito é a origem do estímulo desta despolarização. (RAMOS; SOUSA, 2007), (JACOBSON,

2000)

Figura 6 - Contração do músculo atrial.

Fonte: Adaptado de GOBB; SILVA, disponível em:

<http://www.museuescola.ibb.unesp.br/subtopico.php?id=2&pag=2&num=7&sub=54>.

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20

O intervalo do segmento P R , observado na Figura 6, representa o atraso de 1/6 de segundo

que a onda de despolarização sofre ao chegar no nó atrioventricular (AV), pela via internodal –

tal atraso ocorre entre a chegada da onda no nó AV e a sua subsequente propagação pelas redes

de Purkinje – onde ocorre a contração do músculo ventricular. Este atraso na propagação

permite que os ventrículos sejam preenchidos com sangue – bombeado pela contração dos átrios

– antes de se contraírem com a decorrência da onda de despolarização. (RAMOS; SOUSA,

2007), (JACOBSON, 2000)

O complexo de ondas QRS, observando a Figura 7, representa os potenciais elétricos

gerados durante a despolarização dos ventrículos, antes de se contraírem. A contração dos

ventrículos ocorre no ponto R, e após uma pausa, representada no ECG pelo intervalo ST, os

ventrículos e átrios se repolarizam - ocorrendo o relaxamento do músculo cardíaco e formando

a onda T. No registro do eletrocardiograma a repolarização atrial é mascarada pela

repolarização ventricular, que possui maior intensidade. (RAMOS; SOUSA, 2007),

(JACOBSON, 2000)

Figura 7 - Contração do músculo ventricular.

Fonte: Adaptado de Alila Medical Media, disponível em < http://www.alilamedicalmedia.com>.

O paciente também pode apresentar, como indicação de algumas patologias, a onda U

(Figura 5), uma pequena onda que ocorre logo após a onda T. Por sua vez, a onda U não aparece

no eletrocardiograma fundamental padrão. (IKEGAMI et al, 1999)

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2.2.1 Derivações do ECG

A captação completa de um eletrocardiograma constitui-se de doze derivações,

averiguadas a partir de dez eletrodos dispostos no corpo do paciente. Estas apresentam

informações detalhadas de todo o sistema elétrico do coração, que são utilizadas por médicos

para diagnosticar doenças cardíacas. No caso dos cardioversores, não é necessário a

averiguação das doze derivações. Uma versão simplificada, chamada de triângulo de Einthoven

– formado a partir de três derivações -, apresenta as medições básicas de que o cardioversor

precisa.

A derivação I, observando a Figura 8, é obtida ligando-se o terminal negativo do

eletrocardiograma ao braço direito e o positivo ao braço esquerdo. Para a derivação II, por sua

vez, o terminal negativo é ligado ao braço direito e o positivo à perna esquerda. Finalmente,

fechando o triângulo, a derivação III é obtida ligando-se o terminal negativo ao braço esquerdo

e o positivo à perna esquerda. (GUYTON, 2006).

Figura 8 - Representação 3 derivações de Einthoven.

Fonte: UNICAMP; UNIFESTP, 2016.

A Lei de Einthoven afirma que a partir de qualquer par desse triângulo de derivações é

possível obter a terceira, levando-se em conta a polaridade de cada par. O cardioversor que

monitora o ECG, realiza a observação do par a partir dos eletrodos das pás de contato.

(GUYTON, 2006).

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2.3 ARRITMIAS CARDÍACAS

Alguns dos tipos mais preocupantes de mau funcionamento cardíaco ocorrem não em

decorrência do músculo cardíaco anormal, mas como resultado de ritmo cardíaco anormal. Por

exemplo, algumas vezes o batimento dos átrios não é coordenado com o batimento dos

ventrículos; assim, os átrios já não funcionam como bombas para impulsionar o sangue aos

ventrículos. (GUYTON; HALL, 2011)

Neste item são apresentadas as três principais arritmias cardíacas e as suas patologias, a

fibrilação ventricular (FV), a fibrilação atrial (FA) e a taquicardia ventricular (TV). Junto a

esses tópicos, é evidenciado a utilização dos desfibriladores e cardioversores como terapia de

tratamento ou reversão da anomalia.

2.3.1 Fibrilação Ventricular (FV)

A mais grave e mais comum de todas as arritmias cardíacas é a fibrilação ventricular

(FV), que se não interrompida dentro de 1 a 3 minutos, é quase invariavelmente fatal. A

fibrilação ventricular decorre de impulsos cardíacos frenéticos (Figura 9.a) que se dividem no

músculo ventricular, estimulando primeiro uma parte dos ventrículos, e depois a outra. Esse

ciclo se repete indeterminadas vezes, pois os estímulos se dividem circularmente percorrendo

um caminho fechado (Figura 9.b), funcionando como uma realimentação fora de compasso.

(GUYTON; HALL, 2011)

Figura 9 - Fibrilação ventricular. A) Início da fibrilação e divisão dos impulso. B) Propagação circular.

Fonte: Adaptado de GUYTON; HALL, 2011.

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Assim, nunca ocorre numa contração coordenada de todo músculo ventricular, o que é

necessário para o bombeamento do coração. O órgão fica estagnado em uma contração parcial,

onde o bombeamento do sangue não acontece, ou acontece em quantidades desprezíveis.

(GUYTON; HALL, 2011)

O eletrocardiograma da fibrilação ventricular (Figura 10) não segue nenhum padrão

rítmico, sendo totalmente irregular. Isso acontece pois os estímulos que circulam em circuitos

fechados, resultam numa soma vetorial dos sinais elétricos próxima de zero.

Figura 10 - Eletrocardiograma de paciente com FV.

Fonte: GUYTON; HALL, 2011.

A partir dessas condições e devido à falta de fluxo sanguíneo, após o início da FV ocorre

a inconsciência de 4 a 5 segundos, e então a morte de tecidos irrecuperáveis do corpo começa

a acontecer. Há vários fatores que influenciam no desencadeamento de uma FV, entre eles, o

choque elétrico de uma rede alternada. (GUYTON; HALL, 2011)

2.3.2 Reversão da FV por desfibrilação elétrica

Embora o choque elétrico possa desencadear a fibrilação ventricular, a aplicação de uma

corrente elétrica controlada pode fazer cessar essa anomalia, por despolarizar todo o músculo

ventricular ao mesmo tempo. Esse efeito é verificado quando uma corrente elétrica intensa

passa através do músculo cardíaco por meio de grandes eletrodos (pás) colocados sobre os dois

lados do coração. A corrente penetra na maioria do tecido muscular dos ventrículos ao mesmo

tempo, estimulando e fazendo desse modo que ocorra uma despolarização uniforme, relaxando

todo o músculo. (GUYTON; HALL, 2011)

Para tratar a FV durante uma operação cirúrgica, as pás de desfibrilação são colocadas

diretamente sobre o órgão, sendo possível reverter o quadro aplicando um sinal de corrente

alternada (AC) 110V / 60Hz por 0,1s, ou aplicando um potencial de 1000 V em corrente direta

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(DC) por cerca de . Já em condições normais, as pás são postas sobre a região torácica do

paciente - como mostrado na Figura 11 -, que é o procedimento mais comum, e no desfibrilador

é selecionado a quantidade de energia que se deseja aplicar no paciente. (GUYTON; HALL,

2011)

Figura 11 - Aplicação de corrente elétrica ao tórax para interromper a FV.

Fonte: GUYTON; HALL, 2011.

2.3.3 Fibrilação Atrial (FA)

O mecanismo da fibrilação atrial é o mesmo da fibrilação ventricular, exceto que ocorre

nos átrios ao invés dos ventrículos. Sua causa mais frequente é decorrente de aumento do

volume de sangue nos átrios, devido a lesões que impedem os átrios de esvaziarem

adequadamente o sangue para os ventrículos; ou quando os ventrículos estão com insuficiência.

Em ambos os casos, os átrios funcionam sobrecarregados pelo excesso de sangue. (GUYTON;

HALL, 2011)

Durante a fibrilação atrial, da mesma forma que os ventrículos não bombeavam sangue

na FV, os átrios também mantêm a circulação sanguínea estagnada, porém os ventrículos

continuam funcionando normalmente. Por mais que os átrios não funcionem, a própria

contração e relaxação dos ventrículos é forte o suficiente para que eles se encham de sangue

passivamente e bombeiem para o organismo, exceto que a eficiência do bombeamento

ventricular cai de 20% a 30%. (GUYTON; HALL, 2011)

Comparando com a FV, que costuma ser letal se não tratada imediatamente, na fibrilação

atrial a pessoa pode viver meses ou até anos, embora com uma eficiência menor de

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bombeamento do coração. A fibrilação atrial, assim como foi visto na FV, gera impulsos

fibrilatórios para todos os sentidos dos átrios – ilustrado na Figura 12. Figura 12 - Fibrilação Atrial (FA).

Fonte: FIORANELLI, 2010.

Verificando o eletrocardiograma, ilustrado na Figura 13, se percebe que o complexo QRS

possui um padrão diferenciado, pois os impulsos desordenados se cancelam eletricamente,

portanto não se visualiza a onda P de despolarização atrial, ou se observam apenas pequenas

ondulações resultantes da soma desses estímulos elétricos. (GUYTON; HALL, 2011)

Figura 13 - ECG de paciente com fibrilação atrial.

Fonte: GUYTON; HALL, 2011.

2.3.4 Taquicardia Ventricular (TV)

Algumas terminações nervosas do corpo, ou patologias tóxicas do coração, podem

estimular o ritmo cardíaco a acelerar, passando do limiar de 100bpm. A esse efeito é dado o

nome de “taquicardia”, termo esse que significa “frequência cardíaca rápida”. O

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eletrocardiograma, registrado em paciente com taquicardia, é mostrado na figura 13. Esse

eletrocardiograma é normal, exceto que a frequência cardíaca determinada pelos intervalos de

tempo entre os complexos QRS é de cerca de 150 batimentos por minuto. (GUYTON; HALL,

2011)

Figura 14 - Eletrocardiograma de paciente com taquicardia a 150 BPM.

Fonte: GUYTON; HALL, 2011.

Vários fatores podem influenciar um aumento do ritmo cardíaco. Por exemplo, a

frequência cardíaca aumenta em 18bpm para cada grau Celsius de elevação da temperatura

corporal. Quando o paciente perde muito sangue e entra em estado de choque, uma estimulação

reflexa no coração pode aumentar o ritmo cardíaco para 150 a 180 batimentos por minuto.

(GUYTON; HALL, 2011)

As taquicardias em geral não representam muito risco à vida, e são mais facilmente

tratadas com fármacos. No caso específico da taquicardia ventricular (TV), cujo ECG é

representado na Figura 15, a patologia é grave. A TV só acontece quando o paciente possui uma

lesão nos ventrículos, ou uma reação a fármacos, ocorrendo uma aceleração nos estímulos dos

ventrículos. Em virtude da estimulação rápida do músculo ventricular, a TV pode desencadear

uma fibrilação ventricular, agravando muito o quadro do paciente. (GUYTON; HALL, 2011)

Figura 15 - Eletrocardiograma de paciente com Taquicardia Ventricular (TV).

Fonte: GUYTON; HALL, 2011.

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2.3.5 Tratamento FA e TV por cardioversão elétrica

Desde o início da década de 1960, a cardioversão elétrica tornou-se um procedimento

de rotina utilizado no cuidado de pacientes com algumas arritmias específicas. Tal

procedimento consiste em aplicar uma breve descarga elétrica através do coração para

despolarizar, de forma sincronizada, todo o miocárdio. Essa sincronização é feita por meio do

registro contínuo do traçado eletrocardiográfico no monitor, de forma que o choque seja

descarregado em um ponto seguro do ciclo cardíaco, evitando a vulnerabilidade do risco de

realimentação dos estímulos desordenados. (PISANI; HIRONAKA; ROSA, 2009)

Assim a cardioversão elétrica é capaz de interromper circuitos de reentrada responsáveis

pela perpetuação de alguns tipos de arritmias, sendo que as principais são taquicardia

ventricular (TV) e fibrilação atrial (FA). (PISANI; HIRONAKA; ROSA, 2009)

2.4 DESFIBRILADORES

Os desfibriladores são dispositivos médico-assistenciais utilizados no tratamento de

arritmias. As normas que regulamentam os requisitos de segurança dos desfibriladores e

cardioversores são a NBR IEC 60601-2-4:2005, a ANSI/AAMI DF80:2003 e a ANSI/AAMI

DF2:1996.

A Figura 16 demonstra um desfibrilador comercial moderno bastante conceituado,

composto de funções auxiliares de cardioversão, módulo de oximetria e medidor de pressão

arterial. Já a Figura 17 demonstra um desfibrilador antigo de tecnologia brasileira, cujo o

modelo não é mais fabricado, e para que continue em operação se exije realizar manutenções

preventivas e testes periódicos.

Figura 16 – Desfibrilador/Cardioversor Mindray Beneheart D6.

Fonte: Adaptado de Mindray, disponível em: <mindray.com/pt/product/BeneHeart_D6.html>.

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Figura 17 – Desfibrilador TEB D10.

Fonte: TEB. Fotografia do próprio autor.

2.4.1 História do desfibrilador

Em torno dos anos 1900, engenheiros eletricistas da Universidade Johns Hopkins, em

Maryland utilizavam choques elétricos em corrente alternada para sacrificar cães de rua, e

efetuando vários experimentos verificaram que um segundo choque trazia a vida de volta ao

cão. (PEREIRA, 2015)

Claude Beck, um cirurgião cardíaco americano começou um estudo com animais,

efetuando choques elétricos com o peito aberto diretamente no coração. Em 1947, estava

ocorrendo uma cirurgia cardíaca em um garoto de 14 anos de idade, quando o coração do

mesmo parou. Claude Beck imediatamente buscou seu equipamento de laboratório, e utilizando

duas colheres com cabo de madeira como pás (Figura 18), Beck aplicou o choque com corrente

alternada em seu paciente, e o coração do garoto voltou a bater normalmente. (PEREIRA, 2015)

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Figura 18 – Desfibrilador de Beck

Fonte: (PEREIRA, 2015)

Em 1956, Paul Zoll, um cardiologista americano criou uma teoria para uma desfibrilação

externa, sem a necessidade de abrir o peito do paciente e aplicar o choque diretamente no

coração. Inicialmente Zoll disse que um choque elétrico acima de 750 volts diretamente no

peito de uma pessoa são suficientes para desfibrilar o coração. Com os estudos de Paul Zoll, foi

possível a criação do DEA (Desfibrilador Externo Automático). (PEREIRA, 2015)

2.4.2 Características do Desfibrilador Externo

Figura 19 – Desfibrilador Externo Manual

Fonte: (Manual de operação do desfibrilador Instramed CardioMax)

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O desfibrilador externo consiste em um dispositivo médico que possui duas pás (Ápice

e Esterno) com eletrodos de contato, conectadas por um cabo. O modelo manual (Figura 19)

pode ser encontrado em hospitais e unidades da área da saúde, geralmente permanecendo em

um carro de emergência, conforme mostrado na Figura 21, junto com fármacos e produtos para

possíveis emergências. Seu uso é restrito apenas para profissionais treinados. Já o modelo

automático (Figura 20) é utilizado em ambientes com elevada circulação de pessoas, como

shoppings e aeroporto, e ao ser ligado, ele repassa as instruções de uso para o usuário leigo, e

analisa automaticamente se há a necessidade ou não de aplicar uma descarga elétrica no

paciente.

Figura 20 – Desfibrilador Externo Automático

Fonte: (Manual de operação do desfibrilador Cmos Drake Life 400 Futura)

Figura 21 – Carrinho de emergência em setor de hemodiálise.

Fonte: HP. Fotografia do próprio autor.

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Embora carregue o nome de desfibrilador externo, é utilizado também para

desfibrilações internas em caso de parada cardíaca durante operações cirúrgicas, onde o contato

com o órgão é realizado por pás côncavas. Já para as desfibrilações externas é utilizado o

modelo de pás torácicas. Segue abaixo na Figura 22 fotografias das pás de desfibrilação.

Figura 22 – Pás torácicas e côncavas.

Fonte: Instramed. Fotografia do próprio autor.

2.4.3 Características do Cardioversor

O desfibrilador pode ser chamado de cardioversor, quando possui integrado um módulo

de cardioversão. Nesse modo de funcionamento, o desfibrilador monitora o eletrocardiograma

do paciente através das pás de contato, ou de eletrodos fixados sobre o corpo do paciente. Nesse

monitoramento, a descarga de choque elétrico ocorre sincronizado com o pico R do complexo

de ondas QRS do eletrocardiograma. Segue abaixo na Figura 23, um exemplo de cardioversor

comercial.

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Figura 23 – Cardioversor HeartStart XL da Phillips.

Fonte: Philips. Fotografia do próprio autor.

A descarga via cardioversão elétrica é ativada pelo botão de sincronismo (Figura 24). Esse

módulo faz com que a descarga elétrica demore alguns segundos, pois é necessário esperar que

o dispositivo consiga se sincronizar com o ritmo cardíaco do paciente.

Figura 24 - Módulo de Cardioversão.

Fonte: “Ondas do eletrocardiograma”, 2017. Disponível em: <http://pt.my-ekg.com/generalidades-ecg/ondas-eletrocardiograma.html> Fonte: Adaptado de LEE, “Cardioversão / Desfibrilação elétrica” disponível em: https://experienciasdeumtecnicodeenfermagem.wordpress.com/cardioversaodesfibrilacao-eletrica/

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2.4.4 Mecanismo de fibrilação

O uso correto do desfibrilador propõe que a corrente elétrica entregue ao músculo

cardíaco seja somente o necessário para a sua despolarização. Um pico de corrente excessivo

pode danificar o órgão causando mais complicações. (GUYTON, 2002).

A energia é entregue pelas pás através de eletrodos pressionados sobre o tórax do

paciente (Figura 25).

Figura 25 - Posição padrão dos eletrodos para transmissão torácica efetiva.

Fonte: FORNAZIER et al, 2011.

A impedância transtorácica, medida entre os dois pontos de desfibrilação (Ápice e

Esterno), em um homem adulto pode variar de 27 a 170 Ohms, sendo influenciada diretamente

pelo diâmetro e posição das pás, gel ou solução para contato, idade do paciente, peso e

resistência da pele. (CONNEL, 2006)

Por se tratar de um dispositivo médico, o desfibrilador ou cardioversor possui uma

topologia padrão de funcionamento, ilustrado na Figura 26. Onde a energia é carregada por uma

fonte de alimentação e armazenada, assim quando o controle manual for acionado, ela é

entregue ao paciente pelos eletrodos. Caso possua sincronizador, a energia só é entregue ao

paciente quando o monitor de ECG se sincronizar com o paciente.

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Figura 26 – Topologia do desfibrilador ou cardioversor.

Fonte: Adaptado de BRONZINO, 1995.

Os desfibriladores podem realizar descargas elétricas de sinal monofásico, bifásico ou

trifásico – esta última ainda é alvo de pesquisas, portanto ficará de fora da nossa análise –. Os

dispositivos monofásicos (Figura 27) consistem em simplesmente descarregar um capacitor no

paciente. Já na tecnologia bifásica (Figura 28), o sentido da corrente é invertido no meio da

descarga, corrigindo a energia fornecida ao paciente. Assim, os desfibriladores bifásicos são

capazes de compensar os desvios e perdas devido às variações de impedâncias, tornando a

desfibrilação cardíaca mais precisa e eficaz.

Figura 27 - Desfibrilação monofásica.

Fonte: PAULINA, 2012.

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Figura 28 - Desfibrilação bifásica.

Fonte: PAULINA, 2012.

2.4.5 Circuito desfibrilador monofásico

O circuito básico dos desfibriladores monofásicos (Figura 29) é composto por um

autotransformador, que controla o potencial, e um transformador elevador, para o controle da

potência. Um retificador alimenta o capacitor, que armazena a energia. O indutor em série limita

o fluxo de corrente elétrica ao paciente.

Figura 29 - Circuito básico dos desfibriladores monofásicos.

Fonte: Adaptado de WEBSTER, 1998.

A energia entregue pelo capacitor (Equação 1) não é necessariamente igual à energia

carregada pelo mesmo. As perdas no circuito de descarga (Equação 2) e eletrodos fazem com

que a quantidade de energia fornecida ao paciente seja menor do que foi carregado inicialmente.

(WEBSTER, 2010)

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(Equação 1)

(Equação 2)

Onde: Ef = Energia fornecida ao paciente (Joules), Ea = Energia armazenada (Joules), Rp = Resistência torácica (Ohms), Rd = Resistência desfibrilador, Vp = tensão fornecida ao paciente (Volts), C = capacitância (Farads).

Os desfibriladores monofásicos injetam a corrente elétrica somente em um sentido, em

um pequeno período de tempo, observado em milissegundos (ms). Existem dois padrões de

onda monofásica, a onda senoidal criticamente amortecida (MDS), e a onda exponencial

truncada (MTE).

A onda senoidal críticamente amortecida, como ilustrado na Figura 30, consiste no

descarregamento do capacitor diretamente no paciente. A descarga leva cerca de , e a

corrente elétrica varia de acordo com faixa de energia selecionada.

Figura 30 - Onda monofásica senoidal criticamente amortecida (MDS – Monophasic Damped Sinusoidal).

Fonte: Adaptado de DEAKIN et al; 2010.

Na onda exponencial truncada (Figura 31), o tempo da desfibrilação é maior, alcançando

cerca de . As perdas por queda de tensão são diminuidas pois a corrente da descarga é

menor, e o fluxo de corrente é controlado, sendo interrompido antes de chegar a zero.

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Figura 31 - Onda monofásica exponencial truncada (MTE – Monophasic Truncated Exponential).

Fonte: Adaptado de CARRANZA, 2014.

2.4.6 Circuito do desfibrilador bifásico

Desfibriladores monofásicos não são mais fabricados, embora permanecerão sendo

usados por vários anos. No seu lugar estão sendo construídos desfibriladores com a tecnologia

bifásica, que consiste em inverter o sentido do fluxo de energia durante a desfibrilação,

equilibrando a quantidade de energia entregue. Essa tecnologia permite compensar as variações

de impedância entre pacientes, através de controle da energia entregue. (DEAKIN et al, 2010)

O princípio de funcionamento do desfibrilador bifásico (Figura 32) é semelhante ao

monofásico. Pode ser verificado que o circuito de desfibrilação contém agora dois capacitores

em antiparalelo que são controlados de forma independente.

Figura 32 - Circuito básico desfibrilador bifásico.

Fonte: Adaptado de FLUKE, 2012.

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38

O ajuste da variação da impedância a partir do controle do tempo de inversão é calculado

pelo circuito de comando das chaves T1 e T2. A impedância (Z) depende diretamente das

reatâncias capacitivas (XC) e indutivas (XL) do circuito, sendo estas relativas às variações de

frequência (F). Segue abaixo as Equações 3, 4 e 5.

(Equação 3)

XL (Equação 4)

XC (Equação 5)

Onde: XL = Reatância indutiva (Ohms), XC = Reatância capacitiva (Ohms), Z = Impedância elétrica (Ohms). , F = Frequência (Hertz), L = Indutância (Henrys), Rt = Resistência total elétrica (Ohms)

Os desfibriladores bifásicos possuem três tipos diferentes de ondas. As duas principais

são a onda exponencial truncada e a onda retilínea. A terceira é a onda bifásica pulsada, que é

uma tecnologia bifásica mais nova no mercado, porém possui características relevantes ao

projeto.

A onda exponencial truncada bifásica, observada na Figura 33.a, é semelhante à onda

exponencial truncada monofásica. A sua diferença está na inversão do sentido de fluxo de

energia durante a descarga elétrica, o que melhor a eficiência e a qualidade da energia da

descarga elétrica aplicada ao paciente.

Figura 33 - Tipos de ondas bifásicas. A – Exponencial Truncada (BTE). B – Retilínea (RLB).

Fonte: Adaptado de DEAKIN et al; 2010.

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39

Já a onda retilínea bifásica, observada na Figura 33.b, tem um controle mais

desenvolvido. Pode se verificar que ocorre um chaveamento inerente ao primeiro segmento da

descarga, realizando um controle melhor da quantidade de energia aplicada, por meio do

controle da amplitude da descarga. Nessa topologia de descarga as frequências transitórias

observadas chegam a 1 kHz.

A onda bifásica pulsada, conforme a Figura 34, é uma tecnologia nova e que possui uma

característica peculiar. Nesse modelo, o fluxo de energia é controlado através do chaveamento

múltiplo da descarga, com frequências transitórias que chegam a até 4 kHz. Essa característica

é muito importante para o projeto, pois afeta diretamente na taxa de amostragem mínima para

que o sinal possa ser medido corretamente.

Figura 34 - Onda bifásica pulsada.

Fonte: Adaptado de SCHMIDT et al, 2017.

2.5 NORMAS TÉCNICAS

As especificações mínimas de um analisador de cardioversores e desfibriladores,

compreendidas pela NBR IEC 60601-2-4:2005 e ANSI/AAMI DF80:2003, assim como a

ANSI/AAMI DF2:1996.; determina que os seguintes requisitos, relacionados com o analisador

que será desenvolvido:

- O analisador deverá estar apto a realizar ensaios nas temperaturas de 0 a 40 °C, a

umidades relativas entre 30 e 95% sem condensação. (NBR IEC 60601-2-4:2005)

- A incerteza máxima aceitável para a energia aplicada pelo desfibrilador é igual a ±15%

ou ±3,0 J – o maior entre ambos. (NBR IEC 60601-2-4:2005)

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40

- Aos desfibriladores, limita-se a corrente de pico de 66 A para descarga senoidal

amortecida com uma energia selecionada igual a 360 J, quando realizada sobre uma resistência

de 50 Ω. Um analisador que atenda esses requisitos deverá suportar correntes de pico de 99 A.

(ANSI/AAMI DF80:2003)

- De acordo com a NBR IEC 60601-2-4:2005, a máxima descarga aceitável por um

desfibrilador é 15% da descarga máxima de 360 J. O tempo de carregamento em carga máxima,

quando ligado na rede elétrica, não pode ultrapassar 15s.

- O analisador deverá medir sincronismo do cardioversor em um tempo de até 120ms,

sendo que o limite de atraso máximo do sincronizador é de 60ms em relação ao sinal de

eletrocardiograma. (NBR IEC 60601-2-4:2005)

- Tensão de pico máxima = 5000 V (resistência de carga = 175 Ω). Este valor já

apresenta uma margem de segurança para resistências de carga inferiores a 175 Ω. (NBR IEC

60601-2-4:2005)

- Tensão mínima de pico para que o analisador detecte a descarga deve ser 100 V. (NBR

IEC 60601-2-4:2005)

- O sinal de ECG utilizado para o sincronismo deve ter amplitude de 1 m Vpp (Volt de

pico à pico) e frequência de 60 a 150 BPM. O analisador deverá atender a esses requisitos.

(ANSI/AAMI DF2; 1996)

- Para desfibrilador alimentados por bateria, o teste é realizado a depreciando por 15

descargas de máxima energia, as normas NBR IEC 60601-2-4 e ANSI/AAMI DF80

estabelecem um tempo máximo de até 50 s para o carregamento, considerando que neste

intervalo já estão inclusos os intervalos de tempo relativos ao auto teste, análise do ECG e carga.

(MORARES; OLIVEIRA, 2012)

2.6 FUNDAMENTOS DO PROCESSAMENTO DE SINAIS

Esse tópico aborda alguns dos principais conceitos básicos de processamento de sinais,

sendo eles o teorema da amostragem, o conversor de sinal analógico para digital (A/D), a

energia contida nos sinais e a integração numérica.

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41

2.6.1 Teorema da amostragem

O teorema da amostragem ou teorema de Nyquist (Equação 6), diz que um sinal

analógico de frequência Fa só pode ser recuperado sem perdas, se for amostrado a uma

frequência Fs equivalente a pelo menos duas vezes Fa, sendo essa a frequência mínima de

amostragem. (LATHI, 2007)

(Equação 6) Onde, Fs = Frequência de amostragem, Fa = Frequência analógica.

2.6.2 Conversão A/D

A conversão de um sinal analógico para um sinal digital consiste em transformar o nível

de tensão do sinal em um valor digital, dentro de uma escala. Essa escala é a resolução do

conversor A/D, e é medida em bits múltiplos de dois.

Figura 35 - Quantização linear.

Fonte: Adaptado de BEHAINE, 2017

O erro máximo de quantização pertinente ao conversor A/D, mostrado graficamente na

Figura 35, é dado pela Equação 7.

(Equação 7)

Onde, = Erro de quantização, Vmax = Tensão máxima do conversor, Vmin = Tensão mínima do conversor, = Resolução do conversor.

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42

2.6.3 Energia

O pulso de desfibrilação é rápido, durando cerca de alguns milissegundos, onde a tensão

e a corrente chegam a níveis elevados para fornecer a energia à desfibrilação. A energia é

medida em Joules, que é equivalente a 1 Watt durante 1 segundo.

A potência P(t) dissipada no resistor, devido à descarga elétrica V(t), normalizada por

Ω de resistência é dada pelas Equações 9 e 10.

(Equação 9)

[ ] (Equação 10)

A energia total E contida num sinal contínuo V(t), normalizada por Ω de resistência é

dada pela Equação 11:

[ ] (Equação 11)

Assim como a energia EX de um sinal discreto amostrado n vezes, é dada pela Equação

12.

(Equação 12)

O sinal da descarga elétrica do desfibrilador é contínuo, e ao passar pelo conversor

analógico-digital, se transforma em amostras de tensão que são processadas para calcular a

energia contida na desfibrilação. Esse cálculo é feito através da integração numérica.

2.6.4 Integração numérica

A integração numérica é uma forma de se obter uma aproximação para a integral de uma

função dentro de um intervalo definido. Através de métodos numéricos é realizado uma

substituição da função por um polinômio que se aproxime razoavelmente no mesmo intervalo.

Assim, o problema fica resolvido pela integração de polinômios – o que é trivial de se fazer. As

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duas principais formas de integração numérica são a regra dos trapézios e a regra de Simpson.

(BILOTI, 2017)

A ideia do método dos trapézios é aproximar a função F(x) em um polinômio de primeira

ordem (reta). A aproximação permite resolver aproximadamente a integral simplesmente

calculando a área de um trapézio (Figura 36).

Figura 36 - Regra dos trapézios.

Fonte: BILOTI, 2017.

O método de Simpson (Figura 37) consiste em aproximar a função F(x) a um polinômio

de segundo grau, dessa forma são atenuados os erros da aproximação. O ponto negativo é que

esse polinômio é ligeiramente mais complexo de ser implementado em firmware.

Figura 37 - Regra de Simpson.

Fonte: BILOTI, 2017.

Na prática, se for aumentado o número de amostras do sinal, a precisão também é

aumentada. Portanto é possível que, com uma alta taxa de amostragem no conversor A/D, se

obtenha um resultado muito bom utilizando a regra dos trapézios.

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44

3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

Neste capítulo, todos os aspectos construtivos, funcionais e lógicos do protótipo

desenvolvido são apresentados, subdivididos em hardware e firmware. Dentro do hardware é

mostrada a especificação dos componentes que foram utilizados, assim como os cálculos e os

esquemáticos. Na parte do firmware, é mostrada a lógica de programação e os meios utilizados.

3.1 HARDWARE

O hardware compreende toda a parte física do protótipo. O diagrama da Figura 38 faz uma

abordagem inicial do funcionamento do analisador.

Figura 38 - Diagrama de hardware.

Fonte: Próprio autor

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Em resumo, o protótipo é alimentado por um banco de baterias microcontrolado. O

processamento é realizado por um microcontrolador de tecnologia ARM Cortex M4, e a

interface com o usuário é realizada pela tela de toque. O hardware é composto por três placas,

a primeira é responsável pela atenuação da descarga do desfibrilador, a segunda realiza a

instrumentação do sinal de choque elétrico, e a terceira gera o sinal de eletrocardiograma.

3.1.1 Eletrodos de recepção

Os eletrodos que recebem a descarga elétrica são muito importantes, pois fazem o

acoplamento do desfibrilador com o protótipo. Como os desfibriladores chegam a tensões

elevadas, na ordem de milhares de volts, é necessário que os eletrodos sejam compostos de ligas

resistentes ao arco elétrico.

Para este acoplamento foram utilizados eletrodos reaproveitados de desfibriladores

obsoletos, que foram fornecidos pelo hospital para o desenvolvimento do protótipo. Esses

eletrodos possuem todas as características físicas necessárias pois foram projetados para o

mesmo fim. Segue abaixo na Figura 39 a fotografia dos eletrodos utilizados.

Figura 39 - Eletrodos de contato.

Fonte: Instramed. Fotografia do próprio autor.

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Figura 40 - Eletrodos de contato para pás côncavas.

Fonte: Fluke. Fotografia do próprio autor.

Foram utilizados também eletrodos de tamanhos menores, para teste de desfibrilador

com pás côncavas de desfibrilação interna. Conforme mostrado na Figura 40.

3.1.2 Resistor de carga

De acordo com o que foi apontado no tópico de normas, o analisador deve suportar

energia de pico referente a 15% do valor máximo (360 J). Quando se seleciona a carga máxima,

o tempo de carregamento dos desfibriladores leva em média 5 segundos. Por segurança foi

considerado um tempo de 3 segundos. Segue na Equação 13 o cálculo da potência média

dissipada.

(Equação 13)

Onde,

Esse valor consiste no limite de funcionamento do componente. Se deve levar em

consideração que o efeito da dissipação de energia faz com que o resistor aqueça muito durante

os picos, e ao aumentar a sua temperatura, sua resistência pode variar, assim como suas

características físicas, uma vez que o resistor não é fabricado para trabalhar em picos a todo

instante. A variação da resistência não é algo esperado, já que o resistor de potência é

responsável por receber o sinal da descarga e essa variação ocasiona desvios de medida.

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47

Como o desfibrilador entrega uma enorme energia em um curto período de tempo, na

ordem de alguns milissegundos, os efeitos indutivos causam grandes perdas. Sendo assim, é

aconselhável que a carga possua o mínimo de indutância ossível.

O resistor utilizado é o NHS200-50F (Figura 41), da marca ARCOL. Este modelo é

fabricado por fio enrolado em forma de serpentina, possuindo uma baixa indutância – medido

16 –, e consiste na potência de 200 Watts por 50 Ω. Esse resistor trabalha em picos de

7070V, e possui encapsulamento em dissipador de alumínio.

Figura 41 - Resistor não indutivo NHS200-50F

Fonte: Arcol. Fotografia do próprio autor.

3.1.3 Placa de Atenuação

A placa de atenuação possui duas funcões: diminuir o potencial de choque do

desfibrilador e diminuir a tensão do sinal de ECG gerado. Segue abaixo na Figura 42 o circuito

projetado.

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Figura 42 - Placa de atenuação.

Fonte: Próprio autor

A atenuação do sinal do desfibrilador – que pode chegar a 5000 Volts – é realizada por

um divisor resistivo em paralelo ao resistor de carga R0 de 50 Ω. Esse divisor reduz o potencial

para uma escala que o microcontrolador consegue processar.

Por segurança, foi adotado como valor máximo de tensão 5500 Volts. Assim, o valor de

tensão dividido para cada um dos dez resistores (R2, R3, R4, R5, R9, R10, R11, R12, R13 e R19)

da série é de 550V. Para resistores de 3 Watts, a menor resistência é dada pela Equação 14.

(Equação 14)

Para diminuir as perdas de precisão da amostra de tensão, deve-se trabalhar com uma

folga, evitando o aquecimento e a fadiga dos resistores. Foi escolhido resistores de 150 KΩ /

3W, onde a potência instantânea dissipada sobre eles é de 2,02 Watts (Equação 15).

(Equação 15)

Para melhorar a segurança do dispositivo que opera com tensões altas foi adicionado

um varistor de 1000V entre R5 e R9, e entre R18 e R20 no atenuador do eletrocardiograma.

Assim, caso aconteça uma falha, o varistor irá entrar em curto protegendo o circuito eletrônico

de tensões elevadas.

O resistor R6 é muito importante, pois é sobre ele que é dividido a tensão de amostra. A

faixa de tensão do AD é 0 a 3,3 Volts. Para medir tensão negativa e positiva se divide a amplitude

para 1,65 Volts. Para trabalhar com uma folga e evitar saturar o AD, foi adotado amplitude

máxima de 1,5 V.

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Além disso o circuito eletrônico já possui um amplificador de isolação com ganho

predefinido 8, portanto o sinal atenuado pelo divisor de tensão precisa ser oito vezes menor.

Assim, R6 é determinado pela Equação 16.

; R6=51,14 (Equação 16)

(Equação 17)

Na escala comercial, foi escolhido o resistor de 51 / ¼ Watt / 1%. Assim, a potência

está em concordância com o que foi calculado pela Equação 17.

O sinal de ECG gerado pelo microcontrolador é responsável por simular o coração o

paciente, afim de medir o tempo de sincronismo dos cardioversores. Após passar pelo conversor

DA e pelos filtros, o eletrocardiograma possui amplitude de 3V, e esse sinal deve ser atenuado

para a escala de 1 para não saturar a leitura do monitor do cardioversor. Segue na Equação

18 o cálculo dos resistores do divisor de ECG (R14, R15, R16, R17, R18, R20, R21, R22, R23

e R24).

; RDIV=15 k (Equação 18)

(Equação 19)

Se a tensão dissipada sobre o resistor fosse contínua, seria necessário utilizar resistores

de 20 Watts, conforme calculado pela Equação 19. Porém como a descarga do desfibrilador

leva apenas milésimos de segundos e não há necessidade de gerar ECG durante o choque, são

adotados então resistores de 15 k / 5 Watts.

Já para R1, é adotado um valor pelo menos cem vezes menor do que o divisor resistivo,

conforme a Equação 20, para que não influencie na atenuação.

; ; Adotado R1=490 (Equação 20)

490 / ¼ W (Equação 21)

A potência adotada foi de ¼ W, estando em concordância com a potência calculada pela

Equação 21.

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50

3.1.4 Amostragem do sinal

A partir das curvas dos diferentes tipos de onda estudados nos tópicos anteriores, se

verificam frequências transitórias de até 4 kHz, sendo assim a frequência mínima de

amostragem (Equação 22) é de 8 kHz.

(Equação 22) Onde: Fs = Frequência de amostragem, Fa = Frequência analógica.

Nas normas técnicas vistas anteriormente, o analisador deve possuir uma incerteza

máxima de ±5%. O conversor AD representa apenas uma parcela das perdas, portanto a sua

resolução não pode impactar muito nesse grau de incerteza. A resolução mínima aceitável para

um conversor AD com níveis de 0 a 3,3 Volts é de 8 bits (Equação 24), com um erro de

quantização máximo de 1,29%. Conversores AD de 6 bits (Equação 23) ou menos estão

descartados, uma vez que o erro de quantização excede a incerteza máxima prevista nas normas.

. (Equação 23)

(Eq. 16) (Equação 24)

(Eq. 17) (Equação 25)

Onde,

O microcontrolador utilizado possui um conversor AD de 12 bits na escala de 0 a 3,3

Volts, e o clock de amostragem definido foi de 20 kHz. O erro de quantização, dado pela

Equação 25, é muito baixo e praticamente não influencia no projeto.

3.1.5 Placa de Processamento

A placa de processamento do sinal gerado pela descarga elétrica é composta por três

módulos principais: a fonte de alimentação isolada, o circuito de tensão para referência e o

processamento. Esses três módulos são alimentados por um banco de baterias microcontrolado,

como segue abaixo na Figura 43.

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Figura 43 - Circuito de alimentação.

Fonte: Próprio autor

O primeiro componente (D2) é um diodo polarizado inversamente garantindo segurança

ao circuito caso a bateria seja ligada invertida. Em seguida foi colocado um filtro de três

capacitores. O primeiro (C13 eletrolítico alumínio) tem função de suavizar o desligamento do

circuito, pois quando for aberto a chave de alimentação este supre energia que decai

gradualmente enquanto o circuito é desligado. O segundo (C14 tântalo smd) elimina ruídos de

oscilações - como o ruído de clock do microcontrolador. O terceiro (C15 cerâmico smd) é um

filtro de desacoplamento para frequências altas.

O próximo circuito, mostrado na Figura 44, é uma fonte isolada que é utilizada para

alimentar o circuito de acoplamento da entrada e isolar o sinal que entra na placa do resto do

circuito. Essa isolação é imprescindível durante os teste dos desfibriladores, tanto para a

proteção dos dispositivos eletrônicos, quanto a proteção do usuário que estiver utilizando o

analisador.

Figura 44 - Fonte isolada.

Fonte: Próprio autor

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O circuito integrado CFUS0509 é um conversor DC-DC para isolação, com entrada de

5V e saída de 9V. Como o circuito interno do componente é composto por fontes chaveadas,

são colocados capacitores de tântalo smd para mitigar o ruído propagado pelo CI. Em sua saída

é ligado o CI LM1117-5V que é um regulador de tensão de 5V.

O conversor CFUS0509 foi escolhido pois já tenho conhecimento, o que facilitou a

implementação. Este CI não é mais fabricado, e foi obtido como reaproveitamento de

equipamentos médico-assistenciais danificados na unidade hospitalar em que trabalho.

Abaixo, na Figura 45, está o circuito de referência de tensão para 1,65V. Este circuito é

utilizado para realizar o offset do ponto zero do conversor AD que opera normalmente na faixa

de 0 a 3,3V. Esse offset é necessário, pois a descarga atenuada de desfibriladores bifásicos tem

polaridade ambígua de 1,5V. Assim, a referência do AD é elevada para 1,65V, que é o ponto

médio da amplitude do conversor.

Figura 45 - Referência de tensão 1,65V.

Fonte: Próprio autor

O circuito consiste no regulador de tensão (LM1117–3.3V) e um divisor de tensão

simétrico (R30 e R31). A tensão referenciada em 1,65V passa por um amplificador operacional

ligado na topologia de buffer e é entregue para ser utilizada no circuito. Como a tensão é

utilizada apenas para referência, a corrente proveniente do buffer é o necessário para o

funcionamento. Os capacitores C5, C7, C8 e C9 são componentes smd utilizados como filtro

de desacoplamento para o ruído. Já o capacitor C6 é recomendado pelo fabricante e ajuda na

estabilidade da saída do regulador.

O CI LM1117 foi escolhido por sua estabilidade, baixa queda de tensão e auto-

desligamento térmico que protege para que o componente não seja danificado em caso de falha.

Já o CI MCP6002 foi escolhido por ter slew rate alto, e pelo seu baixo consumo de energia.

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O circuito de processamento do sinal, observado na Figura 46, é composto de três

segmentos: o amplificador de isolação, o acoplamento diferencial e o filtro. Após passar por

essas três fases, o sinal é entregue ao conversor AD do microcontrolador.

Figura 46 – Circuito de processamento.

Fonte: Próprio autor

O primeiro segmento é composto pelo amplificador de isolação HCPL7800. Este CI é

subdividido fisicamente em duas partes, e possui um optoacoplador interno que isola a entrada

da saída. Para que o isolamento seja efetivo, o CI possui duas alimentações: uma isolada para

a entrada, e a outra na saída que é comum a todo o circuito.

Este CI foi selecionado por possuir qualidade e precisão elevada, e foi obtido no hospital

como reaproveitamento de componentes dos aparelhos médico-assistenciais obsoletos. É um

CI muto utilizado em aparelhos médicos devido à sua isolação com certificado de segurança

mundial – suportando 3750Vrms / 1 min. Ele possui um ganho interno fixo predefinido de 8

vezes.

O segundo segmento é a topologia de amplificador diferencial com ganho unitário, que

faz o acoplamento do sinal diferencial do optoacoplador com o circuito. Também é realizado o

offset de 1,65V utilizando a tensão de referência.

O terceiro segmento é um filtro passa-baixas de segunda ordem, com frequência de corte

em 10 kHz. Este filtro foi baseado no compilado de topologias para aplicação em amplificadores

operacionais AN-31 da Texas Instruments. A frequência de 10 kHz foi escolhida por ser a

metade da frequência de amostragem do conversor AD.

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3.1.6 Placa de Eletrocardiograma

Os coeficientes do eletrocardiograma foram gerados utilizando o software Matlab. O

microcontrolador realiza a amostragem desses coeficientes na taxa escolhida pelo usuário

dentro da faixa de 30 a 240 BPM. O sinal digital é gerado em 8 bits, correspondentes a 8 portas

de saída do microcontrolador. O primeiro passo da placa de eletrocardiograma é realizar a

conversão do sinal digital para analógico. Segue abaixo na Figura 47.

Figura 47 - Conversor DA topologia R-2R.

Fonte: Próprio autor

A topologia de conversor DA utilizado foi a escada de resistores R-2R com buffer, que

é um modelo de fácil implementação. Como o eletrocardiograma não precisa de muita precisão,

essa topologia se demonstrou suficiente. Os resistores foram adotados como 1k1 e 2k2, valores

cuja impedância não é tão alta a ponto de gerar problemas de ruído, e nem tão baixa a ponto de

sobrecarregar as portas do microcontrolador – que suporta correntes de 2mA até 8mA. Segue

na Equação 26 o cálculo de corrente da porta PE1 do microcontrolador, que é a que possui

menor impedância na escada de resistores.

(Eq. 26)

O próximo passo foi realizar a instrumentação do sinal, pra que possa ser disposto sobre

a carga. Segue na Figura 48.

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Figura 48 - Instrumentação do sinal de ECG.

Fonte: Próprio autor

O sinal de ECG analógico passa por um filtro passa-baixas de primeira ordem, com

frequência de corte próxima de 60 Hz. Esse filtro tira as componentes de altas frequências

indesejadas, a partir do qual pode se observar um sinal limpo do eletrocardiograma. O sinal

também é atenuado 8 vezes para passar pelo amplificador de isolação HCPL7800, sendo após

entregue para o módulo de atenuação.

Para alimentar o amplificador de isolação do eletrocardiograma, foi montado uma

segunda fonte isolada, conforme Figura 49.

Figura 49 – Fonte isolada para instrumentação do ECG.

Fonte: Próprio autor

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3.1.7 Microcontrolador

O microcontrolador, responsável pelo processamento dos dados e pelo controle da

interface com o usuário, precisa possuir pelo menos os seguintes requisitos:

- 1 Canal AD de 8 bits ou mais, com frequência de amostragem de pelo menos 8kHz.

- 1 Canal de comunicação com interface SPI.

- 8 Pinos de entrada/saída.

- 1 Temporizador de 8 bits ou mais.

Neste protótipo foi escolhido o uso do módulo EK-TM4C123GXL (Figura 50), que foi

estudado na grade curricular do curso. Esta placa de desenvolvimento é produzida pela Texas

Instruments, baseado na arquitetura ARM Cortex M4F. Este módulo possui clock de até 80

MHz, conversores AD com resolução de 12 bits, temporizadores de até 64 bits, 2 KB de memória

EEPROM, 256 KB de memória Flash, e dezenas de pinos de uso geral. Sua tensão de trabalho

é de 3,3 Volts, já possuindo um regulador interno com entrada de 5V.

Figura 50 - Plataforma de desenvolvimento Tiva C Series.

Fonte: Texas Instruments. Fotografia do próprio autor.

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57

3.1.8 Módulo de interface

A interface com o usuário é realizada a partir de um display de um quarto de VGA (QVGA)

– padrão de gráficos de computadores introduzido pela IBM –, de 320 x 240 pixels. O módulo

utilizado é o BOOSTXL-K350QVG-S1 produzido pela Texas Instruments, conforme mostrado

na Figura 51.

Figura 51 - Módulo BOOSTXL-K350QVG-S1 acoplado ao microcontrolador TM4C123GXL

Fonte: Texas Instruments. Fotografia do próprio autor.

Este módulo é programado e controlado a partir de uma comunicação via interface SPI.

Ele também possui um painel resistivo de controle por toque (touch screen) de 4 fios, além de

possuir um modelo padrão de pinos compatíveis com as de placas de desenvolvimento

produzidas pelo mesmo fabricante.

3.1.9 Bateria

Afim de dimensionar o banco de baterias, o protótipo foi ligado a uma fonte de

alimentação em bancada, onde foi acompanhado o seu consumo de corrente em pleno

funcionamento. Segue abaixo na Figura 52 os valores registrados.

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58

Figura 52 - Consumo de corrente elétrica do protótipo.

Fonte: Próprio autor

A média dos registros de consumo de corrente elétrica do protótipo foi cerca de 430mA,

sendo assim, estipulando um uso contínuo máximo de 15 horas e uma eficiência de 70%, foi

calculado a carga elétrica da bateria a partir da Equação 27.

(Equação 27)

Para este protótipo foi escolhido o uso de um banco de baterias microcontrolado, com saída

regulada de 5V e carga elétrica de 10.000 mAh. Esse modelo de baterias tem a vantagem da

facilidade de uso, pois possui um sistema de controle de carga integrado, e pode ser carregada

simplesmente conectando um carregador universal USB. Segue abaixo na Figura 53 o modelo

utilizado.

Figura 53 - Banco de baterias microcontrolado

Fonte: Pineng. Fotografia do próprio autor.

390

400

410

420

430

440

450

0 20 40 60 80 100

Corr

ente

(mA)

Tempo (minutos)

Consumo do protótipo

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59

Figura 54 – Baterias de Íon-Lítio.

Fonte: Pineng. Fotografia do próprio autor.

3.1.10 Prototipagem

Alguns cuidados foram necessários na prototipagem das placas. Para a placa de

atenuação, mostrada na Figura 55, foi necessário corroer todo o cobre extra da placa, para

eliminar o risco de fuga de energia, pois a placa pode receber descargas de milhares de Volts.

Também foi feito uma elevação na placa com pés de apoio, e colado uma borracha na sua base,

além de utilizar pintura de verniz isolante com rigidez dielétrica de até 30kV/mm. Os cabos de

sinal que realizam a conexão com a placa de processamento foram projetados para passar pelo

centro da placa. Assim, devido à posição física, não há risco de alterações na medição pela

indução eletromagnética da descarga.

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60

Figura 55 - Placa de atenuação..

Fonte: Próprio autor

A borracha utilizada para isolação dielétrica e térmica na base da placa foi cedida pela

empresa ELOMED para o desenvolvimento do protótipo, e é utilizada geralmente na isolação

dos transformadores de alta potência. Segue abaixo na Figura 56 a isolação realizada. Figura 56 – Isolação da placa de atenuação.

Fonte: Próprio autor

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61

Para realizar o acoplamento do microcontrolador com o display foi utilizado um par de

placas com encaixe sob medida, que permite essa interligação via cabo flat. O projeto da placa

foi realizado pelo colega Tales S. Somensi.

Figura 57 – Placas de acoplamento via cabo flat.

Fonte: Próprio autor

Afim de diminuir o espaço físico do protótipo, foi realizado uma integração entre a placa

de processamento, a placa de eletrocardiograma, o microcontrolador e o display de interface

gráfica – conforme é mostrado na Figura 58.

Figura 58 – Placas integradas.

Fonte: Próprio autor

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62

3.2 FIRMWARE

O firmware do projeto é responsável pelo processamento dos dados. Este deve ser capaz

de simular um sinal de eletrocardiograma humano, calcular a energia do sinal recebido pela

descarga do desfibrilador, medir o tempo de sincronismo e de carregamento, e realizar o

controle da interface gráfica.

A programação é feita em linguagem C, e parte do código de firmware é realizado com

funções do microcontrolador TM4C123GXL.

Conforme o diagrama da Figura 59, ao inicializar o protótipo o firmware executa

primeiro a configuração dos parâmetros iniciais. Na sequência é mostrado a tela de início na

interface gráfica e carregado um laço de auto calibração do AD, aguardando instrução do

usuário. Durante essa calibração automática são recolhidas leituras de ruído ambiente pelo

conversor AD e é calculado um coeficiente de autocorreção para o ruído presente no local em

que estão sendo realizados os testes. Isso permite que protótipo realize medições muito mais

precisas.

Figura 59 - Diagrama do firmware.

Fonte: Próprio autor.

O usuário tem um leque de opções, onde ele pode selecionar o módulo que ele deseja

executar, sende eles: medir energia, medir tempo de carga, medir tempo de sincronismo, gerar

o eletrocardiograma, e informações.

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64

3.2.1 Display de Interface

O display é controlado via comunicação SPI. Os parâmetros da comunicação são

predefinidos nos algoritmos dos arquivos fornecidos pelo fabricante, e o controle é realizado a

partir das funções presentes nesses algoritmos.

A partir do momento que o usuário inicia o analisador, é carregado uma tela de seleção

com quatro opções: medir energia, medir sincronismo, configurar ECG e informações. Segue

abaixo as telas iniciais na Figura 60 e Figura 61.

Figura 60 - Tela Inicial.

Fonte: Próprio autor.

Figura 61 - Tela Seleção.

Fonte: Próprio autor.

A tela de medição de energia é atualizada automaticamente quando é detectada uma

descarga elétrica. É mostrado ao usuário as medições de energia, valores de tensão máxima e

mínima, e número de descargas já realizadas. Segue abaixo conforme a Figura 62 e Figura 63.

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65

Figura 62 - Medir Energia.

Fonte: Próprio autor.

Figura 63 – Energia Medida.

Fonte: Próprio autor.

A tela de medir tempo de carregamento também é atualizada automaticamente quando

é detectado uma descarga elétrica. São mostradas as medições de tempo de carregamento em

tempo real, ao atingir 15 disparos seguidos o teste é encerrado e retorna para o usuário se o

dispositivo foi aprovado ou reprovado. Segue abaixo conforme mostrado na Figura 64, Figura 65

e Figura 66.

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66

Figura 64 - Medir tempo de carga.

Fonte: Próprio autor.

Figura 65 - Tempo de carga aprovado.

Fonte: Próprio autor.

Figura 66 - Tempo de carga reprovado.

Fonte: Próprio autor.

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67

A tela de configuração do eletrocardiograma possui uma barra de deslizar (slider) que

pode ser arrastado para o valor desejado na faixa de 30 BPM a 240 BPM. O valor padrão

configurado é de 60 BPM – taxa de batimento médio do coração humano. Foram adicionados

dois botões de +15 e -15 BPM para facilitar a escolha do usuário. Além disso, há um botão

animado para ativar ou desativar o eletrocardiograma. Segue abaixo conforme mostra a Figura

67, Figura 68 e Figura 69.

Figura 67 - Configurar ECG (mínimo 30 BPM).

Fonte: Próprio autor.

Figura 68 - Configurar ECG (Padrão 60 BPM).

Fonte: Próprio autor.

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68

Figura 69 - Configurar ECG (Máximo 240 BPM).

Fonte: Próprio autor.

Para medir o tempo de sincronismo é necessário que o gerador de eletrocardiograma

esteja ativado. Caso o usuário não tenha configurado o ECG ainda, ele pode ligar a partir de um

botão na tela, carregando o valor padrão do eletrocardiograma em 60 BPM.

Na função de sincronismo a tela é atualizada até três vezes ao receber uma descarga,

mostrando o tempo medido do sincronismo do pico do eletrocardiograma com o choque. Após

realizar três descargas a função é encerrada, retornando ao usuário se o teste foi aprovado ou

reprovado. Segue abaixo conforme a Figura 70, Figura 71 e Figura 72. Na Figura 73 pode ser

observado a tela de guia do usuário, que é acessado pelo usuário ao selecionar informações.

Figura 70 - Medir tempo de sincronismo.

Fonte: Próprio autor.

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69

Figura 71 - Medir tempo de sincronismo (aprovado).

Fonte: Próprio autor.

Figura 72 - Medir tempo de sincronismo (reprovado)

Fonte: Próprio autor.

Figura 73 – Informações.

Fonte: Próprio autor.

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70

3.2.2 Processamento do firmware

O processamento dos dados no firmware é baseado em um temporizador periódico, que

aciona uma interrupção no microcontrolador à taxa de 20 kHz, isto é, a cada 50 μs. A primeira

e principal função dentro dessa interrupção é realizar a leitura do conversor AD. A segunda

prioridade é realizar a amostragem do eletrocardiograma, caso o usuário tenha ativado esse

módulo. No diagrama da Figura 74 é demonstrado a lógica de funcionamento do firmware.

Figura 74 - Diagrama de interupção do timer.

Fonte: Próprio autor.

Após verificar se o choque foi recebido e amostrar o eletrocardiograma, a interrupção

do temporizador executa a função selecionada pelo usuário na tela de seleção, realizando seus

respectivos cálculos e comparações.

3.2.2.1 Função de Energia

Como foi mostrado no capítulo do hardware, o sinal da descarga elétrica gerado pelo

desfibrilador é processado e entregue ao microcontrolador saindo de uma escala de 5000V para

1,5V de amplitude, e o ponto médio do AD está no offset de 1,65V. Isso implica que uma leitura

de 0,15V representa uma tensão de descarga de -5500V no desfibrilador, e uma leitura de 3,15V

representa uma tensão de descarga de +5500V.

A partir dessa escala de referência, quando a função de medir energia está ativada é

realizado o cálculo da energia contida no sinal, em Joules (Watts por segundo). Esse cálculo é

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71

feito a partir da integração numérica dos pontos medidos, conforme segue nas equações 28 e

29.

Para o sinal no tempo, (Equação 28)

Para um sinal discreto, (Equação 98)

Onde n é o número de amostras, E= Energia, V= Tensão elétrica, t = tempo.

A energia E(i) para uma taxa de amostragem de 20 kHz e carga de 50 é mostrada

abaixo na equação 30.

(Equação 30)

3.2.2.2 Função de ECG

Através do software Matlab, foi gerado um vetor contendo o eletrocardiograma dividido

em 64 pontos digitais, que correspondem a 1 BPM. O microcontrolador realiza a amostragem

dos pontos desse vetor a uma taxa informada pelo usuário através a interface gráfica. A taxa de

amostragem para cada 1 BPM é dado pela Equação 31.

. (Equação 31)

(Equação 32)

(Equação 33)

Onde N= número de amostras, t= tempo de amostragem

A taxa de amostragem para qualquer frequência cardíaca inserida pelo usuário é

calculada a partir da equação 32.

Conforme verificado na equação 33, a taxa mínima necessária para amostragem da

escala de 30 a 240 BPM do eletrocardiograma é de 15,36 kHz. Assim, a taxa do temporizador

(20 kHz) é o suficiente para realizar a amostragem.

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72

3.2.2.3 Funções de Tempo de Carga e Sincronismo

Afim de realizar medições de tempo de carregamento e sincronismo, foram inseridos

três registradores no firmware. O primeiro (RG1) guarda o último instante em que o

eletrocardiograma alcançou o pico do complexo QRS (valor amostrado = 0xFF). O segundo

(RG2) guarda o instante do último choque disparado. O terceiro (RG3) guarda o instante do

penúltimo choque disparado.

Para a taxa de ativação do temporizador de 20 kHz, que equivale ao tempo de 50μs, é

realizado o cálculo do tempo de sincronismo e do tempo de carregamento, de acordo com as

equações 34 e 35, respectivamente.

(RG2 RG1 ; (Equação 34)

(RG2 RG3 ; (Equação 35)

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73

4 RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Neste capítulo foram descritos os resultados experimentais obtidos do protótipo, contendo

comparações do analisador com um modelo comercial. Foram utilizados dois desfibriladores

de modelo avançado, para assim testar a funcionalidade diante da tecnologia mais avançada do

mercado.

4.1 MEDIÇÃO DE ENERGIA E TEMPO DE SINCRONISMO

O protótipo foi testado utilizando dois modelos diferentes de cardioversores, o HearStart

XL da Phillips, e o CardioMax da Instramed. Os mesmos testes foram realizados em um

analisador comercial modelo QED-6 da BioTek.

Os testes foram realizados em dez escalas diferentes. As medidas de energia e tempo de

sincronismo do protótipo foram testadas comparando-as com os valores medidos pelo

analisador da BioTek. Abaixo são apresentados as tabelas com os dados medidos. Na tabela 1 e

tabela 3 estão as medições do HeartStart. Na tabela 2 e tabela 4 estão as medições do

CardioMax.

Tabela 1 – Medições de energia HeartStart.

Energia

aplicada

(J)

Energia medida pelo protótipo

desenvolvido (J)

Energia medida pelo analisador

calibrado QED-6 da BioTek (J) Tolerância

da norma

(J) 1 2 3 Média 1 2 3 Média

2 2,2 2,1 2,2 2,17 2,0 2,0 2,1 2,03 3,0

5 5,1 5,1 5,3 5,17 5,1 5,2 5,1 5,13 3,0

7 7,0 7,0 7,0 7,03 7,5 7,6 7,6 7,57 3,0

10 10,3 10,3 10,2 10,27 11,1 10,9 10,7 10,90 3,0

20 20,8 20,7 20,7 20,73 21,1 20,9 20,8 20,93 3,0

30 31,1 30,7 30,8 30,87 30,4 30,9 30,9 30,73 4,5

50 49,5 48,9 50,0 49,47 50,2 50,6 50,5 50,43 7,5

100 101,1 102,1 101,8 101,67 99,1 99,0 99,3 99,13 15,0

200 198,5 196,0 196,5 197,10 200,1 199,5 199,2 199,60 30,0

360 350,5 353,2 353,7 352,47 358,8 360,0 360,1 359,63 54,0

Fonte: Próprio autor.

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74

Tabela 2 – Medições de energia CardioMax.

Energia

aplicada

(J)

Energia medida pelo protótipo

desenvolvido (J)

Energia medida pelo analisador

calibrado QED-6 da BioTek (J) Tolerância

da norma

(J) 1 2 3 Média 1 2 3 Média

2 2,3 2,2 2,2 2,23 2,2 2,3 2,3 2,27 3,0

5 5,2 5,2 5,4 5,27 5,2 5,3 5,3 5,27 3,0

7 7,1 7,1 7,3 7,17 7,2 7,0 7,0 7,07 3,0

10 10,4 10,3 10,3 10,33 10,0 10,1 10,1 10,07 3,0

20 21,0 20,8 20,9 20,90 20,8 20,7 20,7 20,73 3,0

30 31,2 31,1 31,5 31,27 30,8 30,8 30,9 30,83 4,5

50 53,1 52,9 53,0 53,00 52,5 52,2 53,0 52,57 7,5

100 104,3 103,4 103,7 103,80 103,7 103,8 104,1 103,87 15,0

200 205,5 204,0 204,7 204,73 206,5 206,0 205,7 206,07 30,0

360 367,5 365,2 363,4 365,37 364,1 366,6 366,2 366,20 54,0

Fonte: Próprio autor.

Tabela 3 – Medições de sincronismo HeartStart.

Freq.

cardíaca

(BPM)

Sincronismo medido pelo

protótipo desenvolvido (ms)

Sincronismo medido pelo

analisador da BioTek (ms) Tolerância

da norma

(ms) 1 2 3 Média 1 2 3 Média

30 8,1 8,1 8,1 8,10 8,1 8 8,1 8,07 ,0 60 8,1 8,2 8,1 8,13 8,1 8,1 8 8,07 60,0

120 8,2 8,1 8,1 8,13 8,1 8,1 8,2 8,13 60,0 240 8,3 8,3 8,3 8,3 8,4 8,3 8,3 8,33 60,0

Fonte: Próprio autor.

Tabela 4 – Medições de sincronismo CardioMax.

Frequência

cardíaca

(BPM)

Sincronismo medido pelo

protótipo desenvolvido (ms)

Sincronismo medido pelo

analisador da BioTek (ms) Tolerância

da norma

(ms) 1 2 3 Média 1 2 3 Média

30 9,5 9,5 9,5 9,5 9,5 9,6 9,5 9,53 ,0 60 9,6 9,5 9,5 9,53 9,6 9,6 9,5 9,57 60,0 120 9,8 9,7 9,8 9,77 9,8 9,8 9,8 9,8 60,0 240 9,8 9,9 9,9 9,87 9,9 9,9 9,9 9,9 60,0

Fonte: Próprio autor.

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75

4.2 ELETROCARDIOGRAMA

Foram realizadas medições do sinal de eletrocardiograma gerado no osciloscópio, afim

de comprovar a qualidade do sinal gerado nos limites de frequência cardíaca. Na Figura 75 e

Figura 76 é apresentado o sinal de eletrocardiograma filtrado antes de ser atenuado,

demonstrando respectivamente 30 BPM e 240 BPM.

Figura 75 - Eletrocardiograma filtrado (30 BPM).

Fonte: Próprio autor. Figura 76 - Eletrocardiograma filtrado (240 BPM).

Fonte: Próprio autor.

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76

O sinal de ECG foi testado pela captação de sinal pelos cardioversores, realizando os

testes em modelos novos e antigos. A seguir a Figura 77, Figura 78 e Figura 79 apresentam

fotografias do sinal monitorado pelos cardioversores HeartStart XL, CardioMax e CodeMaster.

Figura 77 - Monitor de ECG do desfibrilador HeartStart XL da Philips (60 BPM).

Fonte: Philips. Fotografia do próprio autor.

Figura 78 - Monitor de ECG do CardioMax da Instramed (60 BPM).

Fonte: Instramed. Fotografia do próprio autor.

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Figura 79 - Monitor de ECG do desfibrilador CodeMaster da HP (60 BPM).

Fonte: HP. Fotografia do próprio autor.

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5 CONCLUSÃO

Os desfibriladores e cardioversores são dispositivos de assistência ao paciente muito

importantes, uma vez que são os únicos capazes de tratar com eficiência as mais graves

arritmias, mesmo quando o paciente não possui mais pulso cardíaco. Para manter esses

equipamentos em dia, é necessário o planejamento das manutenções preventivas periódicas.

A fim de ensaiar e verificar o bom funcionamento dos dispositivos, os analisadores de

desfibriladores e cardioversores são peças essenciais, e precisam ser projetados com um grande

grau de precisão, pois não é aceito que realizem medidas erradas.

O fator que mais tem influência na precisão do analisador são os seus componentes, que

precisam ser bem especificados. Alguns itens são peças-chave, como resistores de baixa

indutância, conversores AD de boa resolução e amplificadores operacionais de qualidade.

Também deve ser previsto que os desfibriladores produzem descargas na ordem dos milhares

de Volts, e para garantir a segurança do usuário e do protótipo é necessário que o circuito

eletrônico possua isolação do circuito de potência.

Os resultados obtidos foram satisfatórios, tanto na medição da energia quanto a geração do

eletrocardiograma e a medição do tempo de sincronismo. As medições do protótipo e do

analisador comercial certificado foram semelhantes, o que mostra a confiabilidade do

dispositivo desenvolvido. Por fim ressalto que o resultado ainda pode ser melhorado, através

do refinamento dos cálculos, firmware e componentes do protótipo.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE I – PLACA DE ATENUAÇÃO

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APÊNDICE II – PLACA DE PROCESSAMENTO

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APÊNDICE III – PLACA DE ELETROCARDIOGRAMA