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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE GENÉTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA DENYSE CAVALCANTE LAGO Genes diferencialmente expressos durante o desenvolvimento do ovário de abelhas Apis mellifera Ribeirão Preto - SP 2016

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

DEPARTAMENTO DE GENÉTICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA

DENYSE CAVALCANTE LAGO

Genes diferencialmente expressos durante o desenvolvimento do ovário de abelhas Apis

mellifera

Ribeirão Preto - SP

2016

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Versão corrigida. A versão original encontra-se disponível tanto na Biblioteca da Unidade que

aloja o Programa, quanto na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP (BDTD)

DENYSE CAVALCANTE LAGO

Genes diferencialmente expressos durante o desenvolvimento do ovário de abelhas Apis

mellifera

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São

Paulo, para obtenção do título de Mestre em Ciências,

área de concentração em Genética.

Orientador: Prof. Dr. Klaus Hartmann Hartfelder

Ribeirão Preto – SP

2016

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Lago, Denyse Cavalcante

Genes diferencialmente expressos durante o desenvolvimento do ovário de

abelhas Apis Mellifera / Denyse Cavalcante Lago; orientador: Prof. Dr. Klaus

Hartmann Hartfelder. - Ribeirão Preto, 2016.

76p; 30cm

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto,

Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências, área

de concentração em Genética – USP/ FMRP/ Departamento de Genética.

1- Diferenciação de castas; 2- Ovário; 3- Expressão gênica diferencial; 4 –

Biologia do Desenvolvimento.

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Nome: Lago, Denyse Cavalcante

Título: Genes diferencialmente expressos durante o desenvolvimento do ovário de abelhas

Apis mellifera

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de

Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para

obtenção do título de Mestre em Ciências, área de

concentração em Genética

Aprovado em:

Banca Examinadora

Prof. Dr. ___________________________________ Instituição________________________

Julgamento: ________________________________ Assinatura: _______________________

Prof. Dr. ___________________________________ Instituição________________________

Julgamento: ________________________________ Assinatura: _______________________

Prof. Dr. ___________________________________ Instituição _______________________

Julgamento:_________________________________Assinatura: ______________________

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Aos meus pais, que mesmo distantes estão presentes em todas as

minhas decisões e me dão força para continuar.

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AGRADECIMENTOS

- Ao meu orientador, Prof. Dr. Klaus Hartfelder, pela confiança em meu trabalho, paciência,

aprendizado e orientação. É uma honra poder trabalhar ao seu lado, aprendendo cada vez

mais.

- Aos meus pais, que mesmo distante apoiam cada decisão e me dão suporte e força para

continuar. Tudo que conquistei até hoje, é em resultado ao seu amor, compreensão, carinho e

paciência. Amo vocês.

- Aos colegas de laboratório, Carlos Jr., Gustavo, Karina, Mário, Giovanna, Amanda, Roseli e

Douglas pela convivência agradável, pelos almoços e gargalhadas de todos os dias. Muito

obrigada por serem minha família e me fornecerem o apoio profissional e emocional durante

essa jornada;

- À técnica do laboratório Roseli, pelo carinho, atenção e palavras de conforto em momentos

de desespero;

- Em especial à pós-doutoranda Karina, que merece um agradecimento à parte, por “salvar”

minha vida e meu projeto inúmeras vezes em dois anos. Por trazer alegria e alto astral para o

laboratório. Muito Obrigada my darling!!

- Ao meu amigo Carlos Jr. por todas as dicas, ajuda e apoio, não só nas clonagens, mas em

todas as etapas deste trabalho, aguentando cada desespero e cada chuva de lágrimas. Muito

Obrigada meu anjo!

- À todos os funcionários e alunos do departamento de Biologia Celular e Molecular, que me

acolheram durante esse tempo, sempre dispostos a ajudar e esclarecer questões fundamentais

para elaboração deste trabalho;

- Àos funcionários e alunos do departamento de Genética, pela ajuda e companhia em todos

os eventos e disciplinas;

- À todos do laboratório Laboratório de Biologia de Desenvolvimento de Abelhas (LBDA),

que sempre disponibilizam toda ajuda teórica e prática para desenvolvimento de

experimentos;

- Ao técnico de apiário, Luíz, pela ajuda com todo material biológico tão necessário para o

desenvolvimento deste projeto de mestrado;

- Aos amigos da pós-graduação, em especial: Camila, Felipe, Maria Luíza, Paula, Mariana,

Cibele, Estela, Frank, Johnny, Julianne, Amanda e Lucas. Por toda força, apoio, paciência e

horas de copinha dedicadas à minha sanidade mental;

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- Em especial à minha amiga Camila, que esteve torcendo por mim desde que nos

conhecemos num curso de verão. Obrigada por permanecer ao meu lado em todas as minhas

boas e más escolhas, me acolhendo em seus braços, me dando conselhos, se preocupando e

me puxando minha orelha quando necessário. Obrigada por tudo.

- Aos amigos da academia, Giovana, Vinícius e Gabriela, que muitas vezes me escutaram

falar da pós-graduação e me fizeram respirar fundo e relaxar através de exercícios;

- Ao Dr. Eduardo Luís Bin, que conseguiu manter sob controle a minha gastrite durante esses

anos de stress intenso;

- À minha família, que sempre acreditou em mim e nos meus objetivos;

- Àos meus amigos distantes, que não caberia citar aqui, que hoje estão distribuídos pelo

Brasil e mundo a fora, mas que mesmo longe continuam presentes na minha vida, acreditando

em cada passo meu e aguardando ansiosamente cada visita;

- À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo suporte

financeiro referente ao processo nº2014/08147-3, com vigência de 01/08/2014 a 31/01/2016;

- À Deus.

Muito obrigada a todos!!

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RESUMO

LAGO, D. C. Genes diferencialmente expressos durante o desenvolvimento do ovário de

abelhas Apis mellifera. 2016. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Medicina de Ribeirão

Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo, 2016.

A alimentação diferencial durante o desenvolvimento das abelhas Apis mellifera

desencadeia respostas endógenas em vias de sinalização e sistema endócrino, que promovem

o desenvolvimento de fenótipos alternativos nas castas femininas. Rainhas e operárias diferem

em sua fisiologia, morfologia, longevidade, função na colônia, comportamento, e

principalmente, na ativação do sistema reprodutivo. Em relação aos ovários, resultados

prévios baseados em ensaios de microarranjos revelaram um conjunto de genes como

diferencialmente expressos (DEGs) em larvas de rainhas e operárias. Esse trabalho teve como

objetivo analisar os padrões de expressão desses DEGs em mais detalhe em ovários larvais de

rainhas e operárias. Com esse objetivo, foram selecionados 18 DEGs para validação por RT-

qPCR. Estas análises foram realizadas em ovários dissecados de rainhas e operárias em quatro

estágios larvais que representam fases críticas no desenvolvimento ovariano (L4, L5F1, L5F2

e L5F3). Dentre os 18 DEGs candidatos, 11 foram confirmados como de fato

diferencialmente expressos. Entre esses, quatro genes que codificam enzimas: short chain

dehydrogenase reductase (GB54419), 15-hydroxyprostaglandin dehydrogenase (GB18737),

SCPEP1-like gene (GB11273) e glycerol-3-phosphate dehydrogenase (GB50902), exibiram

um pico de expressão em L5F1 em ovários de operárias. Dentre os dois genes relacionados à

estocagem ou transporte de proteínas, o gene apolipoprotein III (GB20117) encontrou-se mais

expresso em operárias enquanto que hexamerin 70b (GB10869) se mostrou superexpresso em

ovários de rainhas. Os genes relacionados à tradução de mRNA e vias de sinalização:

elongation factor 1α (GB52028), heat shock protein 60 (GB18969), heat shock protein 90

(GB40976) e mitogen-activated protein kinase 3 (GB41845) estavam significativamente

superexpressos em ovários de rainhas. O gene OCLP-1 (GB19297), que possui uma função

hipotética como inibidor de cistina foi encontrado como superexpresso em ovários de

operárias. A fim de avaliar a modulação desses genes por hormônio juvenil, foi realizado o

tratamento in vivo de larvas de operárias com aplicação tópica do hormônio. Após seis horas

de tratamento, os ovários foram dissecados e as amostras analisadas por RT-qPCR. Dos onze

DEGs testados para resposta a HJ, seis se mostraram significativamente modulados pelo

hormônio Dois genes, short chain dehydrogenase reductase e heat shock protein 90, que

também respondem a ecdisona, são up-regulados por HJ, enquanto os genes OCLP-1,

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hexamerin 70b, 15-hydroxyprostaglandin dehydrogenase e apolipoprotein III eram down-

regulados. A expressão diferencial desses genes que codificam enzimas, proteínas de

transporte/estocagem e fatores de vias de sinalização, indica que estes genes são importantes

no desenvolvimento casta-especifíco dos ovários, uma vez que sua expressão está fortemente

modulada durante os estágios em que ocorre a morte celular programada em ovários de

operárias.

Palavras-chave: Apis mellifera, Expressão gênica, Ovário larval, Desenvolvimento, RT-

qPCR.

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ABSTRACT

LAGO, D. C. Genes differently expressed during ovary development in the bee, Apis

mellifera. 2016. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto,

Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo, 2016.

Differential feeding during larval development of the honey bee (Apis mellifera)

triggers endogenous responses in signaling pathways and the endocrine system which

promote the development of alternative phenotypes in the female castes. Queens and workers

differ in physiology, morphology, longevity, function in the colony, behavior, and, especially

so, the activation of the reproductive system. Concerning the ovaries, previous results based

on microarray assays revealed a set of differentially expressed genes (DEGs) in queen and

worker larvae.This project now aimed to further analyze the expression patterns of DEGs in

the ovaries of larval workers and queens. From the microarray assays we selected a set of 18

DEGs for validation by qPCR. These analyses were performed on ovaries dissected from

queens and workers of four larval stages representing critical phases of ovary development

(L4, L5F1, L5F2, L5F3). Among the 18 DEG candidates, 11 were confirmed as differentially

expressed. Four genes that code for enzymes: a short chain dehydrogenase reductase

(GB54419), a 15-hydroxyprostaglandin dehydrogenase (GB18737), an SCPEP1-like gene

(GB11273) and glycerol-3-phosphate dehydrogenase (GB50902) exhibited an expression

peak at L5F1 in worker ovaries. Among the two genes encoding storage or transport proteins,

apolipoprotein III (GB20117) was more expressed in workers and hexamerin 70b (GB10869)

was overexpressed in queen ovaries. Among the genes related to mRNA translation and

signaling pathways: elongation fator 1α (GB52028), heat shock protein 60 (GB18969), heat

shock protein 90 (GB40976) and a mitogen-activated protein kinase 3 (GB41845) were found

significantly overexpressed in queen ovaries. The gene OCLP-1 (GB19297), which has a

hypothetical function as an inhibitor cystine knot peptide, was found higher expressed in

worker ovaries. So as to evaluate the modulation of these genes by juvenile hormone, an in

vivo treatment of workers larvae was performed with cuticular application of the hormone.

After six hours of treatment, the ovaries were dissected and the samples analyzed by RT-

qPCR. Of the eleven DEGs tested for response to JH, six were significantly modulated by the

hormone. Two genes, short chain dehydrogenase reductase and heat shock protein 90, which

also respond to ecdysone, were up-regulated by JH, while OCLP-1 hexamerin 70b, 15-

hydroxyprostaglandin dehydrogenase and apolipoprotein III were down-regulated.The

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differential expression of these genes encoding enzymes, storage/transport and signaling

pathway proteins indicates that they are important in caste-specific ovary development, as

their expression is strongly modulated during stages when programmed cell death takes place.

Keywords: Apis mellifera, Gene expression, Larval ovary, Development, RT-qPCR.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Genes selecionados a partir dos resultados de microarranjos em amostras de

ovários de rainhas e operárias em L4 e

L5.......................................................................................................................29

Tabela 2 – Características para identificação dos estágios e fases de desenvolvimento de

rainhas e operárias de Apis mellifera (baseado em Michelette e Soares,

1993)..................................................................................................................30

Tabela 3 – Sequências dos primers testados e utilizados nos ensaios RT-

qPCR.................................................................................................................32

Tabela 4 - Padronização dos primers para os genes selecionados e para os genes de

controle endógeno (actin e

rp49)..................................................................................................................36

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Os três diferentes tipos de indivíduos de uma colmeia de abelhas Apis

mellifera.............................................................................................................18

Figura 2 - Rainhas e operárias e os seus respectivos sistemas

reprodutivos.......................................................................................................21

Figura 3 – Representação esquemática do desenvolvimento de abelhas Apis mellifera até a

fase

adulta.................................................................................................................23

Figura 4 - Genes com padrão de expressão similar, com pico em L5F1 de

operárias............................................................................................................38

Figura 5 – Genes que codificam proteínas de transporte e

armazenamento..................................................................................................41

Figura 6 – Genes relacionados à transcrição e vias de

sinalização.........................................................................................................42

Figura 7 – Demais genes analisados...................................................................................45

Figura 8 – Níveis dos transcritos de krüppel homolog 1 (krh1) (GB45427) em resposta ao

tratamento in vivo com hormônio juvenil (HJ).................................................46

Figura 9 – Genes com expressão aumentada por hormônio juvenil...................................47

Figura 10 – Genes com expressão diminuída após tratamento com hormônio juvenil........48

Figura 11 – Genes com expressão não alterada por hormônio juvenil.................................49

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LISTA DE ABREVIATURAS

15-PGDH 15-Hydroxyprostaglandin dehydrogenase

ACPEP1 Retinoid-inducible serine carboxypeptidase-like

ADH Short-chain alcohol dehydrogenase

Apid14 Apidaecin 14

apoLp-III ApolipoproteinIII

CA Corpora allata

DeRe Short-chain Dehydrogenase Reductase

EF-1 Elongation fator 1α

ERK(s) Kinase(s) reguladas por sinais extracelulares

GPDH Glycerol-3-phosphate dehydrogenase

Hex70b Hexamerin70b

HJ/JH Hormônio Juvenil / Juvenile Hormone

HKG Housekeeping gene(s)

Hsp60 Heat shock protein 60

Hsp90 Heat shock protein 90

ICK Inhibitor Cysteine Knot

L4 Estágio Larval 4

L5 Estágio Larval 5

L5F Estágio Larval 5 – feeding

MAPK-3 Mitogen-activated protein kinase 3

RT-qPCR Reação da Polimerase em Cadeia quantitativa (PCR em Tempo Real)

SDR Short-chain dehydrogenase/reductase Family

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16

1.1. Eussocialidade ................................................................................................. 17

1.2. Apis mellifera: Importância e organização social ................................................ 17

1.3. As principais diferenças morfológicas entre as castas de abelhas melíferas ....... 18

1.4. Sistema reprodutivo e morte celular programada ................................................ 19

1.5. Processos de desenvolvimento das castas em Apis mellifera: hormônio juvenil (HJ) e

expressão gênica diferencial ....................................................................................... 21

2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 25

2.1. Objetivo Geral ...................................................................................................... 26

2.2. Objetivos específicos ........................................................................................... 26

3. MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 27

3.1. Lista de genes selecionados para análise ............................................................. 28

3.2. Material Biológico ............................................................................................... 29

3.3. Extração e quantificação do RNA........................................................................ 30

3.4. Confecção de cDNA ............................................................................................ 30

3.5. Desenho e testes dos primers ............................................................................... 31

3.6. Reação em cadeia de polimerase em tempo real (RT-qPCR) .............................. 32

3.7. Padronização dos Primers .................................................................................... 33

3.8. Sequenciamento produto dos Primers .................................................................. 33

3.9. Tratamento com HJ .............................................................................................. 34

4. RESULTADOS .......................................................................................................... 35

4.1. Padronização dos primers para ensaios RT-qPCR .............................................. 36

4.2. Perfis de expressão gênica ................................................................................... 37

4.2.1. Genes codificadores de enzimas e OCLP1 ................................................... 37

4.2.2. Genes que codificam proteínas de transporte e armazenamento ................... 40

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4.2.3. Genes relacionados à transcrição e vias de sinalização ................................. 41

4.2.4. Outros genes analisados, mas com expressão diferente da identificada nos

microarranjos ........................................................................................................... 43

4.3. Tratamento com hormônio juvenil....................................................................... 46

5. DISCUSSÃO .............................................................................................................. 50

5.1. Expressão gênica diferencial no desenvolvimento larval dos fenótipos ovárianos51

5.2. Efeitos de tratamento com hormônio juvenil sobre expressão gênica ................. 57

6. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 59

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 61

8. ANEXOS .................................................................................................................... 73

ANEXO 1 – Curvas de dissociação dos produtos amplificados em RT-qPCR. ......... 74

ANEXO 2 – Curvas da avaliação da eficiência dos primers. ..................................... 75

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_____________________________________________ _1. INTRODUÇÃO

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1.1. Eussocialidade

A eussocialidade, o maior nível de organização social dos animais, é definida pelas

características: cuidado com a cria, sobreposição de gerações, divisão do trabalho em grupos

reprodutivos e não reprodutivos (Michener, 1974). A divisão do trabalho cria grupos

comportamentais especializados dentro da sociedade (castas). Animais eussociais se

distinguem dos outros sistemas sociais pela perda de pelo menos uma característica realizada

por indivíduos de outra casta, como por exemplo, operárias perdem a capacidade de

reprodução (Ronai et al., 2015). A eussocialidade está presente em certos insetos, crustáceos e

possivelmente em alguns mamíferos, sendo mais estudados em hymenopteros (formigas,

abelhas e vespas) e cupins (Patalano et al., 2015).

A eussocialidade envolve três fenômenos evolutivos e ecológicos interligados: as

forças da seleção (seleção por parentesco e/ou seleção por grupos) que geram e formam a

eussocialidade, a raridade da origem da eussocialidade e a hegemonia ecológica dos insetos

eussociais em que, o surgimento do altruísmo, comportamento que beneficia os outros

membros do grupo, resultou na sobrevivência e reprodução diferencial de grupos cooperativos

(Wilson; Hölldobler, 2005; Rehan; Berens; Toth, 2014).

Os insetos eussociais são conhecidos por apresentarem uma sociedade organizada e

complexa. A cooperação entre os membros da colônia no cuidado da prole e a presença de

castas na divisão do trabalho, em que os indivíduos realizam tarefas especializadas conforme

a casta, estabelece importante organização social (Gullan; Cranston, 1994; Almeida; Porto,

2014).

1.2. Apis mellifera: Importância e organização social

Dentre os insetos altamente eussociais, caracterizados pela presença de castas na

divisão do trabalho, as espécies pertencentes ao grupo de abelhas melíferas são as mais bem

estudadas. Entre as nove espécies do gênero Apis, Apis mellifera é a de maior distribuição

mundial e também é a mais cultivada. Assim desempenha papel econômico e ecológico de

grande importância na polinização em culturas agrícolas e reservas ecológicas nativas,

contribuindo para o aumento de produtividade de > 75% das culturas agrícolas mundialmente

importantes (Klein et al., 2007), e por meio de polinização acrescenta um valor de 12 bilhões

de USD anualmente à economia americana (Calderone, 2012). Além deste serviço ecológico a

abelha melífera produz mel, própolis e cera, produtos diretamente utilizados na indústria

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farmacêutica e de alimentos, além de produtos de alto valor de mercado como geléia real e

derivados de veneno.

Essas abelhas vivem em colônias estruturadas, tipicamente compostas de uma rainha e

centenas de operárias, ambas do sexo feminino, além de um número variável de machos

(zangões) (Figura 1). A rainha bota dois tipos de ovos, não fertilizados e, assim, haploides,

que dão origem a zangões, e fertilizados, diploides, que geram as castas femininas. O sistema

de castas no sexo feminino está na base da divisão de trabalho e garante a coesão social das

suas colônias perenes, sendo que as rainhas são responsáveis pela produção de ovos, enquanto

as operárias cuidam e nutrem a prole, forrageiam para coleta de néctar e pólen, além de

desempenhar todas as demais tarefas necessárias para a manutenção da colônia (Michener,

1974; Winston, 1987).

Figura 1 – Os três diferentes tipos de indivíduos de uma colmeia de abelhas Apis mellifera

(http://www.britannica.com).

1.3. As principais diferenças morfológicas entre as castas de abelhas melíferas

As castas do sexo feminino em A. mellifera possuem diferenças que abrangem a

morfologia, fisiologia, longevidade, comportamento e função na colônia (Winston, 1987;

Page; Peng, 2001). Essas diferenças são decorrentes da alimentação diferencial oferecida

durante o desenvolvimento (Cameron; Duncan; Dearden, 2013; Hartfelder et al., 2015).

As diferenças na cabeça entre as castas estão diretamente relacionadas às suas funções

para a manutenção da colônia (Winston, 1987). As operárias possuem glândulas hipofaríngeas

e mandibulares responsáveis pela produção de alimento para a cria, enquanto que as rainhas

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não possuem glândulas hipofaríngeas, e suas mandibulares produzem compostos para atrair

zangões e inibir a criação de novas rainhas (Winston, 1987).

Diferenças entre as castas também existem no metabolismo intermediário, este

principalmente relacionado à função do corpo gorduroso que permite trocas metabólicas

constantes (Chapman, 1998). Durante a fase larval, esse tecido possui a capacidade de

armazenamento, convertendo e fornecendo nutrientes para as células e órgãos do inseto no

seu desenvolvimento, servindo precursores para a síntese de diversos compostos (Cruz-

Landim, 2008).

Outra importante diferença morfológica entre rainhas e operárias está relacionada com

o forrageamento, sendo esta uma atividade exclusiva das operárias, e somente estas possuem

nas suas pernas posteriores uma estrutura especializada para coleta de pólen, a corbícula

(Snodgrass, 1956). O desenvolvimento desta estrutura foi investigado por Bomtorin et al.

(2012), revelando alterações na expressão de genes Hox. Interessantemente, a corbícula

representa uma característica sinapomórfica na clade das abelhas corbiculadas, a qual o

gênero Apis pertence, e a estrutura foi mantida na casta operária, enquanto em rainhas o seu

desenvolvimento aparentemente fica bloqueado durante o processo da metamorfose.

As diferenças mais evidentes entre as castas de A. mellifera estão diretamente ligadas

ao sistema reprodutivo. O papel reprodutivo da rainha está diretamente relacionado a um

ovário bem desenvolvido, com 150-200 ovaríolos em cada ovário, quando comparado ao das

operárias, com ovários bem menores, geralmente compostos de apenas 2-20 ovaríolos cada

(Snodgras, 1956; Leimar et al., 2012). O número diferencial de ovaríolos entre as castas

permite uma maior ovoposição pela rainha, processo iniciado logo após o acasalamento e que

lhe permite botar até 2000 ovos por dia (Winston, 1987; Hartfelder; Engels, 1998). Ademais,

a rainha assegura o seu monopólio reprodutivo na colônia por meio de feromônios com

função repressora na progressão da oogênese nos ovários das operárias (Hoover et al., 2003).

1.4. Sistema reprodutivo e morte celular programada

Como em todos os himenópteros, os ovários são do tipo politrófico meroístico,

compostos de número variável de ovaríolos elongados com numerosos folículos em estágios

sequenciais de ovogênese no eixo próximodistal (Tanaka; Hartfelder, 2004).

Nas abelhas eussociais, o desenvolvimento do aparelho reprodutor nas operárias é

menor que na rainha, tanto no que diz respeito aos ovários como à porção do aparelho

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reprodutor relacionada aos dutos genitais, razão pela qual estas não se acasalam (Figura 2)

(Cruz-Landim, 2008; Kapheim et al., 2015; Shorter et al., 2015).

A diferenciação dos ovários durante a vida pós-embrionária é controlada por

hormônios, especialmente o hormônio juvenil e ecdisteróides (Hartfelder; Emlen, 2012),

responsáveis pelo controle da transição metamórfica e consequentemente duração do período

de crescimento em insetos (Mirth et al., 2014). As diferenças nos títulos hormonais entre as

castas (Rachinsly et al., 1990; Hartfelder; Engels, 1998) são possivelmente resultantes da

quantidade e qualidade de alimento ingerido durante o desenvolvimento (Cameron; Duncan;

Dearden, 2013; Hartfelder et al., 2015).

A partir do momento em que alimentação das larvas diploides torna-se diferencial (3°

ou 4° estágio larval), estabelece-se nos ovários de operárias um processo de morte celular, que

atinge inicialmente as células germinativas (Hartfelder; Steinbrück, 1997; Schmidt-Capella;

Hartfelder, 1998; Cruz-Landim, 2008).

Durante o desenvolvimento de organismos multicelulares, o processo de morte celular

programada desempenha papel essencial no balanço para homeostase dos tecidos e órgãos

juntamente com a proliferação (Kerr et al, 1972). A morte celular programada ocorre quando

células danificadas precisam ser eliminadas, em casos, por exemplo, de infecções virais e

danos irreversíveis ao DNA. Deficiências na regulação de morte celular estão relacionadas a

muitas doenças humanas, como doenças degenerativas, auto-imunes, diabetes e câncer

(Edinger; Thompson, 2003).

O avanço nos estudos no campo de morte celular contribui para a descrição de muitos

processos e maquinarias envolvidas. Em abelhas, os sinais de morte celular programada foram

observados em diferentes tipos celulares e tecidos durante a metamorfose (Pinto et al., 2003).

A morte celular tem papel central na diferenciação de castas (Cruz-Landim et al., 2006). Por

consequência da ocorrência maciça de morte celular programada nos ovários larvais de

operárias, há uma diminuição de 90 a 99% nos números de ovaríolos (Hartfelder; Steinbrück,

1997). Interessantemente, a ocorrência de morte celular é modulada pela presença hormonal.

Foi observada em ovários de operárias tratadas com hormônio juvenil uma diminuição

acentuada do número de núcleos TUNEL-positivos, indicando que esse hormônio inibe a

indução de morte celular programada nas gônadas larvais. Sendo assim, níveis elevados desse

hormônio garante a sobrevivência dos ovaríolos ao longo do desenvolvimento em ovários de

rainha (Schmidt-Capella; Hartfelder, 1998).

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Figura 2 – Rainhas e operárias e os seus respectivos sistemas reprodutivos. Os ovários da

rainha (acima) são compostos de 150-180 ovaríolos cada, enquanto os da operária (abaixo)

são de apenas 2-20 ovaríolos (modificado de Snodgrass, 1956).

O processo de diferenciação de castas em Apis mellifera envolvendo o

desenvolvimento dos ovários de rainhas e operárias é muito bem caracterizado no ponto de

vista morfofisiológico (Hartfelder; Engels, 1998; Hartfelder; Steinbrück, 1997; Schmidt-

Capella; Hartfelder, 1998), porém, ainda há lacunas na relação deste processo de

diferenciação com a genética molecular e seus mecanismos de ativação ou repressão da morte

celular programada e consequente ativação do sistema reprodutivo.

1.5. Processos de desenvolvimento das castas em Apis mellifera: hormônio juvenil (HJ) e

expressão gênica diferencial

A diferenciação entre rainhas e operárias é definida por eventos que ocorrem durante o

desenvolvimento larval e se deve primariamente à alimentação diferencial das larvas (Figura

3) (Hartfelder; Emlen, 2012; Leimar et al., 2012; Wang; Li-Byarlay, 2015; Kapheim et al.,

2015).

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Até o terceiro estágio larval as larvas são alimentadas com uma mistura de secreções

das glândulas hipofaríngeas e mandibulares das operárias nutridoras, ricas em carboidratos,

proteínas e lipídios (Michener, 1969; Rembold, 1987; Shorter et al., 2015). As larvas

destinadas a serem rainhas são alimentadas com grandes quantidades de geléia real durante

toda a fase de alimentação larval, enquanto àquelas destinadas a se desenvolver em operárias

recebem inicialmente uma mistura de secreções glandulares similares a da rainha, mas com

menor conteúdo de carboidratos, e depois, nas duas últimas fases larvais, secreções

glandulares misturadas com mel e pólen (Asencot; Lensky, 1985; Kamakura, 2011; Leimar et

al., 2012; Cameron; Duncan; Dearden, 2013; Hartfelder et al., 2015; Mao, Schuler;

Berenbaum, 2015).

As diferenças morfológicas entre as duas castas começam a se estabelecer a partir do

terceiro instar larval, e se tornam cada vez mais evidentes no quarto e no último, quinto instar

larval, a partir do qual a larva sofre a metamorfose, entra na fase pupal e por fim emerge

como adulta (Dedej et al., 1998). A alimentação diferencial das larvas desencadeia alterações

casta-específicas no sistema endócrino, especialmente nos títulos de hormônio juvenil

(Rembold, 1987; Rachinsky et al., 1990; Hartfelder; Engels, 1998) e nos padrões da

expressão gênica diferencial (Evans; Wheeler, 2001; Cristino et al., 2006; Barchuk et al.,

2007, Cameron; Duncan; Dearden, 2013).

O papel de hormônio juvenil (HJ) no desenvolvimento das castas de abelhas melíferas

é mais bem estudado no contexto de desenvolvimento dos ovários larvais, sendo que as altas

concentrações de HJ na hemolinfa de larvas de rainhas impedem a morte celular programada

nos ovários destas, enquanto nas operárias 95-99% dos primórdios de ovaríolos são

degradados no último instar larval (Schmidt-Capella; Hartfelder, 1998; Cruz-Landim et al.,

2006).

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Figura 3 - Representação esquemática do desenvolvimento de abelhas Apis mellifera até a

fase adulta, evidenciando o momento da alimentação diferencial (retângulo vermelho).

O sequenciamento do genoma de A. mellifera completado em 2006 (The Honey Bee

Genome Sequencing Consortium, 2006) representa um divisor de águas em termos de

abordagens possíveis, tanto em estudos básicos da biologia desta espécie como em programas

de melhoramento genético (Robinson et al., 2005). As pesquisas principalmente beneficiadas

pelo sequenciamento do genoma são as de análises de expressão gênica, tanto em estudos de

expressão de genes de interesse específico, frequentemente denominados de genes candidatos,

quanto os estudos não direcionados, as análises globais de RNAs.

No que diz referência ao desenvolvimento de castas em A. mellifera, a análise da

expressão gênica diferencial por microarranjos levou à proposta de redes de regulação de

eventos que, por meio do seu potencial heurístico permitem direcionar abordagens

experimentais para aspectos importantes do dimorfismo das castas (Barchuk et al., 2007;

Silva, 2012). A primeira plataforma para Apis mellifera foi direcionada para estudos de

expressão gênica no cérebro de abelhas adultas referente ao processo de transição nutridora-

forrageira (Whitfield et al., 2002, 2003), e uma segunda por Barchuk et al. (2007) que

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investigaram a expressão gênica durante o processo de desenvolvimento das castas na fase

larval.

Entretanto, a plataforma mais utilizada foi criada após o sequenciamento do genoma

de Apis mellifera. Esta consiste de oligonucleotídeos sintéticos espotados sobre lâminas que

representam o conjunto dos 13 mil genes preditos na época (The Honey Bee Genome

Sequencing Consortium, 2006), sendo que esta estimativa foi recentemente corrigida para

cerca de 15 mil (Elsik et al., 2014). Esta plataforma de microarray, produzido pelo William

Keck Center da Universidade de Illinois e disponibilizado comercialmente à comunidade

científica, tem sido amplamente utilizada nos mais diversos contextos de pesquisas em

abelhas, de comportamento e operárias (Whitfield et al., 2006; Sem Sarma et al., 2009),

fertilidade e esterilidade de rainhas e operárias (Thompson et al., 2006; Grozinger et al., 2007;

Kocher et al., 2007), efeitos de parasitas e vírus sobre a saúde das abelhas (Navajas et al.,

2008; Johnson et al., 2009), e efeitos de alterações epigenéticos sobre perfis transcricionais

(Foret et al., 2009).

Pelo fato de o desenvolvimento do ovário ser um fator crucial para o desenvolvimento

de castas, e, em estudo de expressão gênica diferencial por Análise de Representação

Diferencial (RDA) terem sido descobertos genes potencialmente envolvidos em processo de

morte celular programada nos ovários larvais de operárias (Humann; Hartfelder, 2011;

Humann; Tibério; Hartfelder, 2013), foi realizada posteriormente recentemente também uma

análise global dos transcriptomas de ovários de larvas de rainha e operária no quarto e quinto

instar larval por meio do microarranjo do Keck Center. Por meio destes microarranjos foram

revelados genes diferencialmente expressos (Fernanda Carvalho Humann, Angel Roberto

Barchuk, resultados não publicados), dos quais 18 foram selecionados para análise mais

aprofundada, conforme proposto nesse trabalho.

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_________________________________________________________2. OBJETIVOS

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2.1. Objetivo Geral

O objetivo deste estudo foi validar e analisar em detalhe genes revelados como

diferencialmente expressos nos ovários de rainhas e operárias durante estágios larvais críticos

para o desenvolvimento de castas. Estes genes foram selecionados a partir de listas de genes

revelados como diferencialmente expressos por meio de microarranjos realizados em

experimentos que antecederam este projeto.

2.2. Objetivos específicos

1. Anotar por meio de ferramentas de bioinformática um conjunto de 18 genes revelados

como diferencialmente expressos no ovário larval de rainhas e operárias e desenhar primers

para os mesmos.

2. Analisar os padrões de expressão destes genes por meio de RT-qPCR quantitativa em

ovários de larvas de rainhas e operárias.

3. Verificar a influência do hormônio juvenil na modulação da expressão dos genes que

apresentaram maiores diferenças entre as castas.

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_____________________________________________3. MATERIAIS E MÉTODOS

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3.1. Lista de genes selecionados para análise

Os genes analisados por RT-qPCR neste trabalho foram selecionados a partir de

análises de microarranjos realizados em amostras de ovários de rainhas e operárias nos

estágios críticos do desenvolvimento (L4 e L5F) (Fernanda Carvalho Humann, Angel Roberto

Barchuk, resultados não publicados). Foram selecionados genes que se destacaram por

expressão diferencial entre as amostras, gerando um total de 18 genes (Tabela 1). O critério de

inclusão principal para tal seleção era o valor fold change log2FC > 1,5. A estrutura destes foi

analisado por meio de ferramentas do Genome Browser do genoma de A. mellifera

desenvolvido pela Universidade de Califórnia em Santa Cruz (https://genome.ucsc.edu/),

atualizado para as versões do genoma de A. mellifera Amel 4.5 e OGS 2.0, implementado no

cluster computacional de bioinformática do Departamento de Genética da FMRP-USP, pelo

Projeto Temático FAPESP (2011/03171-5) (http://kerr.fmrp.usp.br:88/). Para esses genes

foram desenhados primers para análise dos níveis de expressão em ovários de rainhas e

operárias nos estágios L4 e L5 por RT-qPCR. O número de genes incluídos a partir dos dados

dos microarranjos difere entre os estágios L4 e L5F devido ao número superior de genes

difereincialmente expressos (DEGs) no estágio L5F comparado ao L4.

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Tabela 1 – Genes selecionados a partir dos resultados de microarranjos em amostras de

ovários de rainhas e operárias em L4 e L5. R - mais expresso em rainhas (log2-fold change >

1,5); O - mais expresso em operárias (log2-fold > 1,5); X – gene de interesse devido

características funcionais preditas, diferencialmente expresso, mas com log2-fold entre 1,0 e

1,5.

L4 L5 GeneBank ID GenBank ID

Nome

R

GB46223 NM_001040223.1 Obp14

O

GB54419 NM_001011620.1 DeRe

O

GB13966 XM_001123053.2 Gbpartial

O

GB52028 NM_001011628.2 EF-1

R GB18969 XM_392899.5 HSP60

R GB13049 XM_394471.1 Tubulin

R GB47546 NM_001011613.1 Apid14

O GB18737 XM_623815.2 15-PGDH

O GB20117 NM_001114198.1 apoLp-III

O GB19297 XM_001120252.2 OCLP-1

O GB11273 XM_392686.3 ACPEP1

X GB50902 XM_393605.5 GPDH

X GB10869 NM_001011600.1 Hex70b

X GB12860 XM_624635.4 Tudor

X GB13214 XM_624891.4 Helicase25e

X GB41845 XM_006564514.1 MAPK-3

X GB40976 NM_001160064.1 HSP90

X GB50048 NM_001011629.1 E93

3.2. Material Biológico

Larvas de rainhas e operárias de Apis mellifera eram provenientes de colmeias

provenientes do apiário do Departamento de Genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão

Preto (FMRP-USP). Larvas de operárias das idades desejadas foram removidas diretamente

de quadros de cria. As larvas de rainhas utilizadas neste estudo foram obtidas através da

transferência de larvas de operárias de primeiro estágio larval para células realeiras

aprovisionadas com geléia real e colocadas em suportes especiais dentro de colônias para seu

desenvolvimento até o estágio desejado. A caracterização das fases seguiu os critérios

estabelecidos por Michelette e Soares (1993) (Tabela 2).

Ovários foram dissecados de larvas do quarto (L4) e quinto (L5F1, L5F2 e L5F3)

instar sob estereomicroscópio, homogeneizados e armazenados em TRIzol (Invitrogen) e

guardados à -80 °C, para posterior extração de RNA.

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Tabela 2 – Características dos estágios e fases de desenvolvimento de rainhas e operárias de

Apis mellifera (Michelette e Soares, 1993). Estágios utilizados, marcados em negrito.

Instares

Larvais

Intervalo de pesos (mg) e características

Operárias Rainhas

L1 0,11 – 0,30 0,10 – 0,45

L2 0,31 – 1,05 0,35 – 1,50

L3 1,50 – 4,45 1,30 – 7,0

L4 4,80 – 24,80 3,80 – 44,00

L5F1 27,12 – 42,62 35,00 – 90,00

L5F2 53,09 - 91 91,00 – 180,00

L5F3 106,78 – 115,86 181,00 – 260,00

3.3. Extração e quantificação do RNA

A extração do RNA das amostras armazenadas em TRIzol (Invitrogen) foi realizada

conforme o protocolo da empresa. O RNA foi completamente seco após sua precipitação em

etanol e posteriormente ressuspendido em água tratada com DEPC. Em seguida, o RNA foi

tratado com DNase livre de RNase (Fermentas), com o propósito de eliminar resquícios de

DNA genômico, utilizando-se 10 U de DNAse I e 10 U de inibidor de RNase (Fermentas)

para cada 10 μg de RNA. À reação ocorreu por 30 min à 37 °C, seguido de aquecimento a 65

°C por 10 min para inativação da enzima. As amostras assim obtidas foram estocadas a -80

°C.

O RNA foi quantificado utilizando-se espectrofotometria em equipamento NanoVue

(GE Healthcare) considerando comprimento de onda de 260 nm para leitura, onde uma

unidade de absorbância corresponde a 40 µg/ml de RNA. A pureza da amostra foi avaliada

pela razão da leitura 260/280 nm que deve ser maior que 1,6.

3.4. Confecção de cDNA

A primeira fita de cDNA foi sintetizada, utilizando o sistema de transcrição reversa

SuperScript II (Invitrogen). A 1 μg de RNA foi adicionado 1 μl de primer oligo(dT)12-18

(conc. 500 μg/μl; Invitrogen), 1 μl de dNTPmix (10 mM; Invitrogen) e 12 μl de H2O DEPC e

a mistura foi mantida por 5 min a 65 ºC. Em seguida, 4 μl de 5x First Strand Buffer

(Invitrogen), 2 μl de DTT (0,1M; Invitrogen) e 1 μl de RNaseOUT (40 U/μl; Invitrogen)

foram adicionados e a mistura mantida por 2 min a 42 ºC. Por fim, foi adicionado 1 μl de

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enzima SuperScript II RT (Invitrogen) e a reação de síntese da primeira fita de cDNA

realizada durante 50 min a 42 ºC. A reação foi terminada com desnaturação da enzima por

incubação a 70 ºC por 15 min.

As amostras foram armazenadas a -20 °C e usado posteriormente para padronização

dos primers por RT-PCR convencional, seguido dos ensaios RT-qPCR.

3.5. Desenho e testes dos primers

Primers para os genes selecionados foram desenhados utilizando o software do NCBI,

Primer-BLAST (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/tools/primer-blast/). As sequências dos primers

que deram resultados positivos nos testes por PCR convencional encontram-se na Tabela 3.

Os primers foram testados em sistema de PCR gradiente de termociclador (PTC 200,

MJ Research). Nestes, 1 μl de uma amostra cDNA diluído 10x foi utilizado para amplificar os

respectivos fragmentos gênicos utilizando 10 µl de Master Mix (Fermentas) em volume final

de 20 µl. O controle negativo foi realizado sem adicionar cDNA. A amplificação ocorreu nas

seguintes condições: desnaturação inicial de 95 °C por 5 min, seguido de 40 ciclos de 95 °C

por 30 s, gradiente de 58-62 62 °C (intervalo de 2 oC) por 30 s, 72 °C por 30 s e extensão final

a 72 °C por 10 min.

Os produtos de PCR foram analisados por eletroforese em gel de agarose (1% ou

1,5%) em tampão TAE (Tris-acetato-EDTA). O marcador usado foi GeneRuler 100 bp

DNA Ladder (Fermentas). O gel foi corado com GelRedTM (UniScience) e os fragmentos

visualizados em Foto Documentador (ImageQuant 150, GE).

O cDNA foi testado, quanto à qualidade por meio de análise do gene codificador da

proteína ribossomal 49 (rp49), que pode amplificar dois fragmentos, um deles contendo 150

bp correspondente ao cDNA e outro fragmento de 240 bp que apareça caso haja contaminação

genômica por inclusão de intron. Os genes rp49 e codificador de uma actina citoplasmática

têm sido validados como genes de controle endógeno em ensaios RT-qPCR de abelhas

melíferas (Lourenço et al., 2008).

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Tabela 3 – Sequências dos primers testados e utilizados nos ensaios RT-qPCR. Os últimos

dois da lista são os primers dos genes de controle endógeno.

Genes Sequência dos primers

Foward Reverse

GB46223 Obp14 CTGGCATTGATCAGCAAAAAGC GACTGCTTTGATTCCTTGTGGT

GB54419 DeRe CTGGAGCTAACTCGGGCATT CGTTTTGGTTGGAAAGATCGCA

GB18969 HSP60 GGAGGCGGTACTGCTCTTTT TAGCATCCACGCCTGCATTT

GB18737 15-PGDH TGTGCCCTGGTGTTACAACT GCGTTTGCGGGATGTCTTTT

GB50902 Gpdh CTGCACAGACCCGAGTGAAT CAACAACCTGAGCACCGAAC

GB10869 Hex70b GGGTGACACAGCTGACATGA GAGGCCAACATCTTCGGTGA

GB12860 Tudor GTTACCAGTGGATCGCGTCT AGCAATGCTCTCGGGTGAAA

GB41845 Kinase TCCCGAGTGGTGTGAAGGTA CCTCAGGACCAACGGAATCA

GB40976 HSP90 TGGCAAACAGTTGGTCTCTG ACAGCATGGAGAATCAACTAACCT

GB47546 Apid14 CGGCACGAGAGAATTGGTGT AGTAGGCGGATCTAGGTTGGT

GB52028 eEF-1 GATGGACATGACCGATCCCC TTGTACCACGGTGTCTTCGG

GB20117 apoLp-III CTCCCGAATTGGAAAGATCA GCTCAGAGATTTCGCAGCTT

GB11273 ACPEP1 TCGCCATGTACTGGGTGAAC TCCTTTGGTACCTGTGCGAC

GB13214 Helicase25e TTGTTGGTACTCCAGGTCGC ACGTCCCTACGCATGTCTAA

GB13049 Tubulin ACGGAGACTCGGACCTACAA GGGCGGAATATATGGCCGAA

GB19297 OCLP1 CGAACATCGTTTCAGCTGCC AGCTCCTCCTCTGTGATCCT

GB13966 Gbpartial GACTACGTGCCGCCTAAAGT AAGAGCAGCCTTCACAGCAT

GB50048 E93 GGTGGACGCGTGGATTTGA CGATCGAGACACCGAGAGGA

GB47227 RP49 CGTCATATGTTGCCAACTGGT TTGAGCACGTTCAACAATGG

GB44311 Actina TGCCAACACTGTCCTTTCTG AGAATTGACCCACCAATCCA

3.6. Reação em cadeia de polimerase em tempo real (RT-qPCR)

Para as reações de amplificação em tempo real foram utilizados os primers da Tabela

3. Os níveis de transcritos do gene ribossomal rp49 e uma actina citoplasmática serviram para

normalização das quantidades de RNA nas amostras (Lourenço et al., 2008) e o cálculo da

expressão relativa seguiu a metodologia de Pfaffl et al. (2001).

Nos ensaios RT-qPCR foi utilizada a metodologia SYBR Green (Applied Biosystems)

em sistema Real-Time PCR StepOne Plus (Life Technologies). Para as reações utilizou-se 7,5

μl de SYBR Green (Maxima SYBR Green qPCR Master Mix, Fermentas), 0,5 μl de cada um

dos respectivos primers forward e reverse (diluídos a 10 pM), 1,5 μl de cDNA e 5 μl de

água autoclavada, totalizando um volume final de 15 μl. As reações ocorreram nas

seguintes condições: 50 °C por 2 min, 95 °C por 10 min, 40 ciclos a 95 °C por 15 s e 60 °C

por 1 min. A curva de dissociação para verificação da especificidade da reação foi

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obtida ao final do ultimo ciclo, aquecendo os produtos de amplificação a 95 °C por 15 s,

60 °C por 1 min e 95 °C por 15 s.

Os ensaios foram realizados em triplicatas biológicas, cada uma dessas sendo

analisada em triplicata técnica. A abundância dos transcritos foi calculada em relação aos

valores Ct (threshold cycle) do respectivo gene alvo e da média dos genes de controle

endógeno rp49 (GB47227) e actin (GB44311) (Lourenço et al., 2008). Os valores da

expressão relativa foram calculados seguindo metodologia ΔΔCt (Pfaffl, 2001).

3.7. Padronização dos Primers

Para a padronização inicial dos primers nos ensaios RT-qPCR foram misturados 1 ul

de 6 amostras de cDNA de ovário de rainha e operária. Essa mistura de cDNAs serviu como

template para estabelecer as curvas de eficiência dos primers. Do template utilizado para cada

gene, 5 ul foi adicionado a 45 ul de água autoclavada e a partir dessa, foram feitas outras

quatro diluições em passos de 10x (1:10; 1:100; 1:1000; 1:10000 e 1:100000).

Com estes templates diluídos, reações de qPCR foram realizadas para obter curvas de

eficiência, resultando em valores de slope, r2

,temperatura de dissociação (ºC) e eficiência

(%). Apenas primers com eficiência entre 80% e 105% foram utilizados nas análises das

amostras de cDNA que se seguiram.. Os resultados das análises das curvas de eficiência e

dissociação encontram-se nos Anexos 1 e 2.

3.8. Sequenciamento produto dos Primers

Reações de sequenciamento foram realizadas com o objetivo de verificar se a

sequência do produto amplificado com o uso dos primers desenhados correspondia às

sequências dos genes escolhidos. Como template para o sequenciamento Sanger foram

utilizados os produto de PCR, em diretamente purificados pelo kit Wizard® SV Gel and PCR

Clean-Up System (Promega), ou, caso não satisfatórios para sequenciamento, clonados por

inserção em DNA plasmidial (pGEM®-T e pGEM®-T Easy Vector Systems, Promega) e

transformação de bactéria E. coli DH5α.

Para a reação de sequenciamento foi adicionado 50 ng de produto de PCR ou 300 ng

de DNA plasmidial pGEM a 6 ul de tampão de sequenciamento 2,5X, 1 μl de

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oligonucleotídeo (5 pmol/μl), 2 μl de reagente Big Dye (Applied Biosystems), completando

para 20 μl com água. As reações de amplificação ocorreram nas seguintes condições: 96 ºC

por 5 min, 40 ciclos de 96 ºC por 30 s, 50 ºC por 30 s e 60 ºC por 4 min. Os produtos de

amplificação foram precipitados com isopropanol. Após homogeneização e centrifugação o

pellet foi lavado em etanol 70%, e após centrifugação ressuspenso em formamida e o DNA

densaturado por 5 min a 95 ºC. O sequenciamento foi realizado no sistema ABI 3100 Genetic

Analyzer (Applied Biosystems). As reações de sequenciamento forma realizadas no

laboratório da Profa. Maria Helena Souza Goldman (FFCLRP-USP).

As sequências geradas foram utilizadas para comparação com os dos genes de

interesse depositados em GenBank utilizando o software BLASTN

(http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/).

3.9. Tratamento com HJ

Foram escolhidos os seguintes genes que, nas análises RT-qPCR, mostraram

expressão diferencial significativa na comparação de ovários de rainha e operária: apolipoIII

(GB20117), OCLP1 (GB19297), hsp60 (GB18969), DeRe (GB54419) EF-1 (GB52028),

Hex70b (GB10869), 15-PGDH (GB18737), MAPK-3 (GB41845), GPDH (GB50902), Hsp60)

(GB18969) e hsp90 (GB40976). Estes dez genes juntamente com o gene krüppel-homolog1

(Amkr-h1); (GB45427; XM_001123084), gene de resposta imediata a hormônio juvenil

(Belles; Santos, 2014), foram analisados em ovários de larvas de operárias tratadas com o

hormônio, verificando a influência deste hormônio na modulação da expressão.

A metodologia do tratamento seguiu o exemplo de Schmidt-Capella e Hartfelder

(1998), com aplicações de 10 µg de hormônio juvenil III (Fluka, Buchs, Suiça) dissolvido em

acetona diretamente na cutícula de larvas operárias do estágio L4. Os controles foram larvas

tratadas com acetona e larvas não tratadas. Os ovários destas foram dissecados 6 horas após o

tratamento para extração de RNA e subsequente análise por RT-PCR em tempo real.

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_______________________________________________________4. RESULTADOS

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36

4.1. Padronização dos primers para ensaios RT-qPCR

Os genes analisados por RT-qPCR neste trabalho foram selecionados a partir de

análises de microarranjos realizados em amostras de ovários de rainhas e operárias nos

estágios críticos do desenvolvimento (L4 e L5F). Foram selecionados os genes que mais se

destacaram por expressão diferencial entre as amostras, gerando uma lista total de 18 genes

(Tabela 1).

A eficiência dos primers foi avaliada após obtenção de uma curva padrão de eficiência

para cada gene e cálculo dos valores de eficiência (E) utilizando a fórmula E = 10-1

/slope

(Pfaffl, 2001). Os dados gerados encontram-se na Tabela 4 e imagens das curvas geradas nos

Anexos 1 e 2. Os primers mostraram-se eficientes para utilização nas reações de amplificação

em tempo real, com eficiência entre 80% e 105% e apenas um pico na curva de dissociação.

Tabela 4 – Padronização dos primers para os genes selecionados e para os genes de controle

endógeno (actin e rp49). Temperatura de dissociação em ºC, valor de r2 (0.999), slope (-3.2) e

eficiência (E = 10-1/slope) (80% a 105%).

ID Genes Nome Temperatura

Dissociação (°C) r² slope Eficiência %

GB46223 Obp14 73.35 0.993 -3.313 100.366

GB54419 DeRe 76.49 0.936 -3.616 89.024

GB18969 HSP60 77.23 0.998 -3.605 89.405

GB18737 15-PGDH 74.37 0.991 -3.729 85.431

GB50902 GPDH 78.87 0.988 -3.492 93.346

GB10869 Hex70b 78.54 0.994 -3.278 101.845

GB12860 Tudor 76.33 0.999 -3.631 88.535

GB41845 MAPK-3 77.23 0.995 -3.567 90.692

GB40976 HSP90 75.41 0.998 -3.625 88.726

GB47546 Apid14 75.44 0.994 -3.764 84.348

GB52028 EF-1 74.99 0.999 -3.758 84.547

GB20117 apoLp-III 76.48 0.881 -3.428 95.752

GB11273 ACPEP1 77.08 0.971 -3.506 92.867

GB13214 Helicase25e 74.66 0.998 -3.401 96.815

GB13049 Tubulin 84.51 0.993 -3.765 84.348

GB19297 OCLP1 83.79 0.999 -3.656 87.729

GB13966 Gbpartial 75.59 0.996 -3.766 84.292

GB50048 GB47227

E93 RP49

81.25 75.89

0.997 0.996

-3.931 -3.257

79.645 102.774

GB44311 Actin 79.3 0.998 -3.243 103.403

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37

Reações de sequenciamento realizadas com o objetivo de validar que o produto gerado

pelos ensaios de PCR correspondem com a sequência dos genes escolhidos. As comparações

foram realizadas por meio de análises BLASTN com identidade nucleotídica mínima de 80%.

4.2. Perfis de expressão gênica

4.2.1. Genes codificadores de enzimas e OCLP1

Dos dezoito genes analisados, onze foram confirmados como diferencialmente

expressos. Interessantemente, os genes que codificam enzimas, tais como: 15-

hydroxyprostaglandin dehydrogenase, glycerol-3-phosphate dehydrogenase, short-chain

dehydrogenase reductase e retinoid-inducible serine carboxypeptidase-like (ACPEP1)

(Figura 4A-D), apresentaram-se mais expressos em ovários de operárias, com um claro pico

de expressão em L5F1, momento no qual intensifica-se a morte celular programada nos

ovários nesta casta. O gene OCLP-1 apresentou o mesmo padrão de expressão (Figura 4E).

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38

Figura 4 – Genes com padrão de expressão similar, com pico em L5F1 de operárias.

Estes codificam enzimas e o gene OCLP-1. Quantificação relativa por RT-qPCR dos genes

(A) 15-hydroxyprostaglandin dehydrogenase (15-PGDH), (B) glycerol-3-phosphate

dehydrogenase (GPDH), (C) short-chain dehydrogenase reductase, (D) retinoid-inducible

serine carboxypeptidase-like (ACPEP1) e (E) OCLP-1 (GB19297) em ovários larvais de

rainhas e operárias de Apis mellifera. O cDNA usado foi de ovários de larvas do quarto (L4) e

quinto instar (L5F1, L5F2 e L5F3). Os níveis relativos de expressão foram calculados pelo

método ∆∆Ct (Pfaffl, 2001), utilizando para normalização a média dos Cts dos genes rp49

(GB47227) e actin (GB44311), seguido de calibração contra uma amostra de ovário larval de

operária na fase L4. São mostradas as médias e erro padrão da média de três amostras

biológicas, cada uma delas analisada em triplicata experimental. Os asteriscos indicam

diferenças estatisticamente significantes (two-way ANOVA, teste de comparação múltipla de

Sidak; *P <0.05).

O gene 15-PGDH codifica a enzima responsável pelo metabolismo de

prostaglandinas, 15-hydroxyprostaglandin dehydrogenase, atuando numa variedade de

processos fisiológicos e celulares como em inflamações, estando associada ao câncer em

D

A B

E

C

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39

humanos (Myung et al., 2006). Nas análises quantitativas esse gene mostrou-se mais expresso

em L4 e L5F1 seguido de queda em L5F2 sem voltar a subir em L5F3. Em rainha, o gene

apresenta expressão constante e basal, mostrando que o gene tem alteração apenas em

operárias durante as fases de alimentação (Figura 4A). Os resultados são de acordo com o

esperado pelos resultados dos microarranjos,

O gene glycerol-3-Phosphate Dehydrogenase (amGpdh) mostrou um pico de

expressão em L5F1 e era significativamente mais expresso em ovários de operária na fase

L5F3 (Figura 4B). Os níveis de transcrito desse gene, que tem sido alvo em estudos de

padronização de ensaios knockdown por RNAi por estar expresso em vários tecidos e como

gene de controle endógeno em ensaios RT-qPCR (Jarosch; Moritz, 2011) varia

consideravelmente em nossas amostras, causando assim preocupação quando à sua utilidade

como “housekeeping gene” em ensaios PCR em tempo real.

A família de enzimas dehydrogenase/redutase está envolvida em diferentes aspectos

do metabolismo energético. Esta família inclui a enzima short chain alcohol dehydrogenase

(ADH) de Drosophila melanogaster, uma das enzimas mais bem estudadas em insetos

(Kavanagh; Persson; Oppermann, 2008). Em estudos anteriores do nosso grupo o mesmo

gene já tinha sido detectado como diferencialmente expresso em ovários de larvas de abelhas,

mostrando uma reação de resposta a ecdisteróides (Guidugli et al., 2004). Assim, esse gene,

confirmado agora por metodologias diferentes como diferencialmente expresso, pode de fato

exercer um papel importante no desenvolvimento casta-específico dos ovários (Figura 4C).

O gene codificador da enzima proteolítica retinoid-inducible serine carboxypeptidase-

like (ACPEP1) possui um pico de expressão, em comum com os outros genes que codificam

enzimas em L5F1 em operárias, fase onde ocorre a morte celular programada nos ovários

desta casta (Figura 4D). A expressão desse gene em ovários de rainha se manteve basal

durante todas as fases amostradas, o que indica uma função potencialmente marcante dessa

enzima na morte celular programada.

O gene OCLP-1 é conhecido como inibidor de nó de cistina (ICK) e é evolutivamente

conservado entre os himenópteros. Sua expressão foi anteriormente encontrada como

onipresente nos tecidos em todas as fases do ciclo de vida dos membros da colônia de A.

mellifera, levando à hipótese de que esse gene funciona como um inibidor microbiano

expresso em todo o corpo (Bloch; Cohen, 2014). Os nossos resultados não estão de acordo

com essa hipótese, pois, os transcritos do gene OCLP-1, encontrado nos microarranjos entre

os DEGs mais expressos em ovários do quinto instar larval, resultado agora confirmado pelas

nossas análises RT-qPCR. A expressão desse gene apresentou um pico em L5F1, decrescendo

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em L5F2 e voltando a aumentar em L5F3 (Figura 4E), ou seja, além de variar entre rainhas e

operárias, esse gene apresentou um padrão de expressão bem variável durante o

desenvolvimento dos ovários larvais.

4.2.2. Genes que codificam proteínas de transporte e armazenamento

As apolipoproteínas são conhecidas por suas funções no transporte de lipídios, além de

estarem relacionadas à resposta imune. Estudos com a mariposa Manduca sexta indicaram

que a expressão de apoLp-III é regulada positivamente em tecido muscular durante a morte

programada das células, sugerindo um papel adicional ao transporte de lipídios (Sun et al.,

1995). O gene codificador da apolipoprotein III também está mais expresso em ovários de

operárias, porém, sem um pico de expressão em L5F1 (Figura 5A). Existe, portanto a

possibilidade que a maior expressão dessa proteína nos ovários de operárias esteja associada à

morte celular programada que ocorre nos ovários das larvas de operárias durante as fases de

desenvolvimento analisadas.

Assim como vitelogenina e apolipoproteínas, as hexamerinas são proteínas de

estocagem, acumuladas em grandes quantidades na hemolinfa larval. Estão envolvidas no

fornecimento de aminoácidos e energia para metamorfose (Lourenço et al., 2008). A

expressão do gene hex70b (GB10869) começou levemente, mas estatisticamente não

significante, maior em operárias no quarto instar, porém, passou a ser mais expresso em

ovários de rainhas nos estágios seguintes (Figura 5B). Isso pode sugerir um envolvimento

com maior estocagem de metabólitos para a metamorfose dos ovários das rainhas, mas dados

recentes indicam funções alternativas para hexamerinas devido à sua localização nuclear

(Martins et al., 2011, 2012).

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41

Figura 5 – Genes que codificam proteínas de transporte e armazenamento. Quantificação

relativa por RT-qPCR dos níveis dos transcritos dos genes (A) apolipoprotein III (apoLp-III)

e (B) hexamerin70b (hex70b) em ovários larvais de rainhas e operárias de A. mellifera. O

cDNA usado foi de ovários de larvas do quarto (L4) e quinto instar (L5F1, L5F2 e L5F3). Os

níveis relativos de expressão foram calculados conforme detalhado na legenda da Figura 4.

São mostradas as médias e o erro padrão da média de três amostras biológicas, cada uma delas

analisada em triplicata experimental. Os asteriscos indicam diferenças estatisticamente

significantes (two-way ANOVA, teste de comparação múltipla de Sidak; *P <0.05).

4.2.3. Genes relacionados à transcrição e vias de sinalização

Os genes relacionados à tradução de mRNA e a vias de sinalização: elongation fator

1α, heat shock protein 60, heat shock protein 90 e mitogen-activated protein kinase 3

encontraram-se mais expressos em ovários de rainhas (Figura 6).

O alongamento da cadeia de aminoácidos durante a tradução envolve uma série de

componentes proteicos que são conhecidos como fatores de tradução. Por estar relacionado à

tradução, o gene ef-1 era anteriormente testado gene de controle endógeno em ensaios RT-

qPCR (Lourenço et al., 2008). Curiosamente, porém, este fator de tradução apresentou-se

entre os genes diferencialmente expressos nos microarranjos durante o quarto instar larval em

operária. Nas análises quantitativas por RT-qPCR esse gene apresentou expressão constante

em operárias enquanto que sua expressão era significante maior e variou consideravelmente

em ovários de rainha (Figura 6A). Por um lado isso é contraindicativo para sua utilização

como calibrador endógeno, por outro lado é de interesse para a morfogênes dos ovários por

estar de acordo com o maior crescimento destes em larvas de rainha na fase L5.

.

A B

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42

Figura 6 – Genes relacionados à transcrição e vias de sinalização. Esses se mostraram

significativamente mais expressos em ovários de rainha. Quantificação relativa por RT-qPCR

dos níveis dos transcritos dos genes (A) elongation fator 1α (ef-1), (B) heat shock protein 60

(hsp60), (C) heat shock protein 90 (hsp90) e (D) mitogen-activated protein kinase 3 (MAPK-

3) em ovários larvais de rainhas e operárias de A. mellifera. O cDNA usado foi de ovários de

larvas do quarto (L4) e quinto instar (L5F1, L5F2 e L5F3). Os níveis relativos de expressão

foram calculados conforme detalhado na legenda da Figura 4. São mostradas as médias e o

erro padrão da média de três amostras biológicas, cada uma delas analisada em triplicata

experimental. Os asteriscos indicam diferenças estatisticamente significantes (two-way

ANOVA, teste de comparação múltipla de Sidak; *P <0.05).

O gene hsp60, conhecido como codificador do precursor da proteína HSP60

mitocondrial, apresentou-se mais expresso no quarto instar larval de rainhas, não no quinto

instar (Figura 6B), de certa forma contradizendo o resultado dos microarranjos, onde era visto

como mais expresso durante o quinto instar larval. O padrão de expressão desse gene pode

estar relacionado às diferenças no número de mitocôndrias entre as castas (Hartfelder et al.,

2015).

As proteínas da família Hsp90 são entre as expressas em maior abundancia em

situações de estresse (Xu et al., 2010). Em nossas análises os transcritos do gene hsp90

apresentaram-se mais expressos em ovários de larvas de rainhas (Figura 6C). Nestas, os níveis

de ecdisona são maiores que em operárias (Rachinsky et al. 1990), indicando que esse gene é

modulado por hormônios.

Os níveis de transcritos do gene referente à proteína mitogen-activated kinase

phosphatase-3 (MKP-3) não apresentaram diferença estatisticamente significante entre as

A B

C D

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43

castas. Sua expressão apresentou padrão parecido em ambas as castas, com modulação entre

as fases amostradas (Figura 6D).

4.2.4. Outros genes analisados, mas com expressão diferente da identificada nos

microarranjos

Os demais genes analisados: apidaecin 14, Gbpartial; e93, helicase 25e, obp14, tudor

e tubulin (Figura 7) não apresentaram padrão de expressão com diferenças estatisticamente

significantes entre rainhas e operárias.

O gene codificador da proteína apidaecin 14, representante de uma família de

antibióticos peptídicos helicoidais ativos contra bactérias, apresentou maior expressão em

operárias, com um aumento em L5F3, enquanto sua expressão era basal e constante em

ovários de rainha (Figura 7A).

O gene denominado aqui de Gbpartial (GB13966) é predito no genoma de A.

mellifera, mas visto como representando um ORF apenas parcial. O mesmo não se mostrou

diferencialmente expresso em nossas análises (Figura 7B), ao contrário do indicado nos

mircoarranjos.

O gene codificador do fator de transcrição MBLK-1, também conhecido como E93

(GB50048) tem a sua transcrição induzida por ecdisona (Mou et al., 2012). E93 há muito

tempo é considerado como sendo um regulador de morte celular larval, expresso em adultos e

necessário durante a metamorfose além de responder à presença de hormônios (Mou et al.,

2012). Nos ovários das larvas de abelhas melíferas, entretanto, esse gene, ao contrário do

esperado, não apresentou variação em sua expressão, permanecendo constante durante as

fases larvais (Figura 7C). Era esperada uma variação na expressão desse gene entre as castas

nas fases críticas em sua diferenciação uma vez que há variação hormonal entre as fases em

rainhas e operárias (Rachinsky et al., 1990; Hartfelder; Engels, 1998).,

A proteína helicase 25e é conhecida por estar relacionada ao ciclo celular, envolvida

na remodelação de complexos ribonucleo-proteína no núcleo (Meignin; Davis, 2008). Essa

proteína apresentou expressão constante e similar entre as castas (Figura 7D), ao contrário das

diferenças indicadas pelos microarranjos.

Nas análises realizadas nos ovários de ambas as castas, a expressão de gene Obp14 era

levemente, mas estatisticamente não significante maior em rainhas durante o quarto instar,

diminuindo nos estágios seguintes. Em operárias, esse gene apresentou um leve pico em L5F1

(Figura 7E). Assim como Obp14, outras proteínas da família de Olfactory Binding Proteins já

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foram encontradas neste tecido, como Obp9, expresso em ovários de rainha (Foret; Maleszka,

2006).

A proteína globular, tubulin beta-1, apresentou padrão contrário aos resultados dos

microarranjos. Enquanto os transcritos de tubulin beta-1 tinham sido detectados como mais

expressos durante o quinto instar em rainha, nos ensaios RT-qPCR mostraram-se mais

expressos em operárias, com um pico significante maior em L5F1 (Figura 7F).

A proteína tudor foi identificada inicialmente em Drosophila melanogaster como fator

de esterilidade (Boswell, Mahowald, 1985) e em Arabidopsis, onde foi reportado como sendo

envolvido na adaptação a estresse (Yan et al., 2014). Em ovários de rainhas e operárias, a

expressão desse gene se mostrou maior em operárias, porém, não apresentou diferença

significante em relação a rainhas nos primeiros estágios amostrados (Figura 7G). A nossa

hipótese é que a maior expressão de tudor em ovários de operárias possa estar relacionado à

sua função como alvo primário de proteólise associada à morte celular programada, função

previamente identificada em eucariotos (Frey et al., 2010).

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45

Figura 7 – Demais genes analisados. Quantificação relativa por RT-qPCR dos níveis dos

transcritos de (A) apidaecin 14, (B) Gbpartial, (C) E93, (D) helicase 25e, (E) obp14, (F)

tubulin e (G) tudor em ovários larvais de rainhas e operárias de Apis mellifera. O cDNA

usado foi de ovários de larvas do quarto (L4) e quinto instar (L5F1, L5F2 e L5F3). Os níveis

relativos de expressão foram calculados conforme detalhado na legenda da Figura 4. São

apresentados a média o erro padrão da média de três amostras biológicas, cada uma delas

analisada em triplicata experimental. Asteriscos indicam diferenças estatisticamente

significantes (two-way ANOVA, teste de comparação múltipla de Sidak; *P <0.05).

A B

C D

E F

G

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46

4.3. Tratamento com hormônio juvenil

Apenas os genes diferencialmente expressos foram analisados em resposta ao

tratamento com hormônio juvenil, sendo estes: short-chain dehydrogenase reductase, heat

shock protein 90, hexamerin 70b, apolipoprotein III, 15-hydroxyprostaglandin

dehydrogenase, OCLP-1, heat shock protein 60, elongation factor 1α, mitogen-activated

protein kinase 3 e glycerol-3-phosphate dehydrogenase.

Foi incluído nessa análise a expressão do gene krüppel homolog-1 (kr-h1), que é o

gene de resposta imediata a hormônio juvenil (Jindra et al., 2013), diminuindo sua expressão

com a presença do hormônio. Sua expressão, analisada para confirmar a eficiência do

tratamento com HJ, mostrou-se significativamente aumentada, assim validando o tratamento

realizado (Figura 8).

Figura 8 – Níveis dos transcritos de krüppel homolog-1 (kr-h1) (GB45427) em resposta

ao tratamento in vivo com hormônio juvenil. Larvas L4 receberam aplicações cuticulares

de hormônio juvenil III (10 μg) em acetona. Depois de 6 horas de tratamento os ovários foram

dissecados e preparados para análise por PCR quantitativa. Os resultados foram analisados

por teste de Kruskal-Wallis.

Sete dos dez genes se mostraram significativamente modulados por hormônio juvenil.

Interessantemente, os dois genes que também respondem a ecdisona, o codificador da short

chain dehydrogenase reductase e da heat shock protein 90, eram up-regulados por HJ (Figura

9).

K r h 1

o T

rata

do

Ac

eto

na

Ho

rmô

nio

Ju

ve

nil

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

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Ex

pre

ss

ão

Re

lati

va

*

*

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47

Figura 9 – Genes com expressão aumentada por hormônio juvenil. Os genes short-chain

dehydrogenase reductase (A) e heat shock protein 90 (B) se mostraram mais expressos após

tratamento in vivo com hormônio juvenil. Larvas L4 receberam aplicações cuticulares de

hormônio juvenil III (10 μg) em acetona. Depois de 6 horas de tratamento os ovários foram

dissecados e o RNA preparado para PCR quantitativa. Os resultados foram analisados por

teste de Kruskal-Wallis.

Já a expressão dos genes hexamerin 70b, apolipoprotein III, 15-hydroxyprostaglandin

dehydrogenase, OCLP-1 e heat shock protein 60 eram significativamente down-regulados

pela presença do hormônio (Figura 10).

Os genes elongation factor 1α (EF-1), mitogen-activated protein kinase 3 (MAPK-3) e

glycerol-3-Phosphate Deydrogenase (GPDH), apresentaram diferenças em sua expressão

entre as castas (Figuras 4 e 6), porém, essa expressão não pode ser explicada por uma ação

direta do hormônio juvenil (Figura 11).

o T

rata

do

Ac

eto

na

Ho

rmô

nio

Ju

ve

nil

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

2 .0

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*

S h o r t -C h a in D e h y d r o g e n a s e R e d u c ta s eH e a t s h o c k p r o te in 9 0

o T

rata

do

Ac

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Ho

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0

2

4

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8

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lati

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*

*

A B

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48

Figura 10 – Genes com expressão diminuída após tratamento com hormônio juvenil.

Quantificação relativa dos transcritos dos genes hexamerin 70b (A), apolipoprotein III (B),

15-hydroxyprostaglandin dehydrogenase (C), OCLP-1 (D) e heat shock protein 60 (E) Larvas

L4 receberam aplicações cuticulares de hormônio juvenil III (10 μg) em acetona. Depois de 6

horas de tratamento os ovários foram dissecados e o RNA preparado para PCR quantitativa.

Os resultados foram analisados por teste de Kruskal-Wallis.

H e x a m e r in 7 0 b

Não

Tra

tad

o

Aceto

na

Ho

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Ju

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A p o lip o p ro te in III

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49

Figura 11 – Genes com expressão não alterada por hormônio juvenil. Quantificação

relativa por RT-qPCR dos níveis dos transcritos de (A) elongation fator 1α (EF-1), (B)

mitogen-activated protein kinase 3 (MAPK-3), (C) glycerol-3-phosphate dehydrogenase

(GPDH). Larvas L4 receberam aplicações cuticulares de hormônio juvenil III (10 μg) em

acetona. Depois de 6 horas de tratamento os ovários foram dissecados e o RNA preparado

para PCR quantitativa. Os resultados foram analisados por teste de Kruskal-Wallis.

E lo n g a t io n F a to r 1

Não

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50

_________________________________________________________5. DISCUSSÃO

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51

Nos insetos altamente sociais ocorre, a partir da alimentação diferencial recebida

durante o desenvolvimento larval, a diferenciação de um genótipo em dois fenótipos

diferentes. Isso ocorre em resultado a um fenômeno denominado plasticidade fenotípica, em

que, a partir de diferentes condições ambientais torna-se possível a alteração do

desenvolvimento do organismo (Hartfelder; Emlen, 2012; Cameron; Duncan; Dearden, 2013;

Cristino et al., 2006). A alteração do regime alimentar durante o desenvolvimento larval em

abelhas melíferas provoca uma série de reações endógenas e alterações na expressão gênica

resultando nas duas castas femininas, com diferente morfologia, fisiologia, longevidade,

comportamento e principalmente, função na colônia (Winston, 1987; Page; Peng, 2001;

Nijhout, 2003). A ativação do sistema reprodutivo é uma diferença evidente entre rainhas e

operárias. Sendo assim, entender a expressão diferencial modulada por hormônios durante o

desenvolvimento dos ovários nesses indivíduos é de grande importância para o estudo da

determinação de castas.

5.1. Expressão gênica diferencial no desenvolvimento larval dos fenótipos ovárianos

O desenvolvimento das castas em abelhas melíferas se separa em duas fases: a inicial

baseada no desenvolvimento, onde a larva pode mudar sua trajetória pela alimentação

diferencial, seguida da fase comprometida a uma trajetória de desenvolvimento específico

(Evans; Wheeler, 1999; Cameron; Duncan; Dearden, 2013). Diferenças na expressão gênica

entre larvas de rainhas e operárias são observadas desde o início do estágio larval (Evans;

Wheeler, 1999; Evans; Wheeler, 2001; Barchuk et al., 2007). Algumas mudanças se mantêm

durante o desenvolvimento, indicando que as trajetórias casta-específicas no desenvolvimento

são estabelecidas mais cedo do que se pensava (Cameron; Duncan; Dearden, 2013).

Uma das mudanças que se mantêm ao longo do desenvolvimento remete-se à ativação

do sistema reprodutivo. Essa diferenciação morfológica ocorre em resultado à alimentação

diferencial, estabelecendo expressão gênica casta-específica, gerando diferentes bibliotecas

que permitem direcionar abordagens importantes no estudo do dimorfismo das castas

(Humann; Hartfelfer, 2011). Com o objetivo de descobrir genes diferencialmente expressos

potencialmente envolvidos no processo de morte celular programada nos ovários larvais de

operárias, foram geradas bibliotecas gênicas a partir de análises por microarranjos (Fernanda

Carvalho Humann, Angel Roberto Barchuk, resultados não publicados). Por meio destas, 18

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52

genes foram selecionados para análise mais aprofundada de seu padrão de expressão e como

esta é modulada pela presença do hormônio juvenil.

Genes com funções parecidas tendem a possuir padrão de expressão parecido, como

ocorre nos genes que codificam enzimas, nestes, a expressão é maior em ovários larvais de

operárias, possuindo um pico de expressão na fase L5F1 (Figura 4). Possivelmente, as

mudanças na alimentação iniciam uma série de eventos moleculares determinantes para a

expressão desses genes nos ovários de operárias, enquanto os em rainhas continuam a crescer

rapidamente (Hartfelder; Steinbrück, 1997).

O gene 15-PGDH (15-hydroxyprostaglandin dehydrogenase) codifica uma enzima

responsável pelo metabolismo de prostaglandinas (Ensor; Tai, 1995; Persson; Krook;

Jornvall, 1991), atuando em diversos processos fisiológicos e celulares, inclusive estando

associada a câncer em humanos (Myung et al., 2006; Wolf et al., 2006). O aumento da

expressão dessa enzima diminui os níveis de prostaglandinas e seu knockout leva ao aumento

de células tumorais. Essas descobertas sugerem que 15-PGDH seria um supressor tumoral

agindo na regulação negativa dos níveis de prostaglandinas (Myung et al., 2006; Wolf et al.,

2006) de importante interesse farmacológico (Ensor; Tai, 1995). Considerando a função dessa

enzima no controle da proliferação celular, é possível relacionar seu alto nível de expressão

em operárias com a diminuição da proliferação celular e presença de morte celular

programada nos ovários no período amostrado.

15-PGDH possui similaridade de sequência com outras dehydrogenases, tais como as

da família desidrogenase/redutases de cadeia curta (short-chain dehydrogenase reductase,

SDR) (Krook et al., 1993). Essa família de enzimas está envolvida em diferentes aspectos do

metabolismo energético, incluindo a enzima short-chain alcohol dehydrogenase (ADH) de

Drosophila melanogaster, uma das enzimas mais bem estudadas em insetos (Persson; Krook;

Jornvall, 1991). Considera-se que a short-chain dehydrogenase reductase revelada como

diferencialmente expressa nos ovários larvais de abelhas melíferas, possua papel crítico no

metabolismo de lipídios, carboidratos, aminoácidos e fatores hormonais, em rotas metabólicas

na transcrição e vias de sinalização (Kavanagh; Persson; Oppermann, 2008). Guidugli et al.

(2004) detectaram essa enzima em ovários larvais de abelhas melíferas em resposta hormonal,

estando mais expressos em larvas de operárias, padrão também confirmado nos resultados

aqui obtidos. Como os membros dessa família de enzimas possuem papel na conversão de

compostos do metabolismo energético, sua alteração de expressão entre as castas está

possivelmente relacionada ao tipo de alimento recebido durante o desenvolvimento, o que

explicaria sua variação entre as rainhas e operárias.

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Glycerol-3-phosphate dehydrogenase (GPDH) é uma enzima importante no

metabolismo de carboidratos e metabolismo lipídico além de ser um dos principais

contribuintes para a cadeia de transporte de elétrons na mitocôndria (Merrit et al., 2006). Seu

papel na manutenção de energia e no metabolismo de lipídios faz com que a GPDH seja um

fator essencial em casos de obesidade. Devido à sua função no metabolismo de triglicérides e

no transporte de elétrons, a GPDH exerce importante função no voo em Drosophila

melanogaster (Merrit et al., 2006). Apesar de ter sido considerado um gene de manutenção

celular, com níveis de expressão relativamente constantes (Rodrigues et al., 2014), os

transcritos desse gene variaram consideravelmente nos ovários larvais de rainhas e operárias,

apresentando padrão de expressão similar aos das outras enzimas amostradas, possivelmente

estando relacionada aos eventos moleculares provocados pela alimentação diferencial (Evans;

Wheeler, 1999).

A enzima retinoid-inducible serine carboxypeptidase-like (ACPEP1) é pouco estudada

e é relatada como envolvida na proliferação celular de músculo liso, representando um novo

mediador de remodelação vascular e sendo alvo terapêutico para o tratamento de doenças

vasculares (Lee; Chen; Miano, 2009). Essa enzima pertence a uma família de serina proteases

mais encontradas no reino vegetal onde estão relacionadas ao crescimento e desenvolvimento

e associadas à atividade lisossomal (Kollman et al., 2009). Estudos de perda de função dessa

enzima mostram alteração do crescimento e proliferação celular (Lee; Chen; Miano, 2009). A

nossa hipótese é que, em abelhas, essa enzima estaria atuando junto aos lisossomos, associada

à morte celular nos ovários de operárias, onde se encontra mais expressa.

O gene OCLP-1 é predito como um inibidor de nó de cistina (ICK) e aparentemente é

evolutivamente conservado entre os himenópteros. Anteriormente, sua expressão foi relatada

como omnipresente nos tecidos de todos os membros de abelhas melíferas, funcionando como

um inibidor microbiano, expresso em todos tecidos do corpo (Bloch; Cohen, 2014).

Interessantemente, esse gene mostrou-se mais expresso em ovários larvais de operárias, com

padrão similar às demais enzimas analisadas, apresentando um pico de expressão em

operárias na fase L5F1.

Entre as proteínas associadas a funções de estoque, a apolipoproteina III (apoLp-III),

também se mostrou mais expresso em ovários larvais de operárias (Figura 5A). A proteína é

geralmente encontrada como molécula livre de lipídios na hemolinfa, mas em demanda por

energia, essa proteína sofre alteração conformacional podendo transportar uma grande

quantidade de lipídios (Weers; Ryan, 2006). Essa proteína é considerada importante em

insetos devido a esse papel crucial no transporte de lipídios, com propriedades semelhantes à

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das apolipoproteínas em vertebrados (Lourenço et al.,2009). Essa proteína serve como fonte

de energia para o metabolismo, desenvolvimento e reprodução em que a modulação de sua

expressão deve estar relacionada ao redirecionamento de recursos no combate a infecções em

resposta à ativação do sistema imunológico (Lourenço et al., 2009).

As hexamerinas, proteínas de estocagem que acumulam na hemolinfa larval, estão

envolvidas no fornecimento de aminoácidos e energia para metamorfose (Lourenço et al.,

2008; Martins et al., 2010). A proteína hexamerina 70b, cujos níveis de transcritos foram

analisados aqui, possui papel na diferenciação de castas estando relacionada à trajetória de

cada larva associada e regulada pela presença de HJ (Cameron; Duncan; Dearden, 2013).

Hex70b é encontrada tanto no citoplasma quanto no núcleo das células, o que implicaria

funções biológicas além da função estocagem para essa proteína, assim como relatado para a

proteína Hex70a (Martins; Bitondi, 2012; Martins et al., 2011).

Conforme Cameron e colaboradores (2013), o gene codificador da Hex70b possui

pouca diferença na sua expressão entre rainhas e operárias, resultado confirmado em nossas

análises (Figura 5B). Apesar disso, esses autores escolheram o gene hex70B entres os

codificadortes das quatro hexamerinas para experimentos de knockdown em larvas de rainhas.

O tratamento com RNAi resultou em mudanças significantes na proporção de indivíduos

fenotipicamente similares a rainhas quando comparado ao grupo controle, apesar de não ter

sido observada diferença significativa nos níveis de expressão entre os grupos. Desta forma,

considera-se que o gene hex70b teria um papel chave no desenvolvimento das castas uma vez

que o destino da larva está definido, implicando que sua expressão pode mudar a trajetória da

larva possivelmente agindo na regulação da atividade do HJ (Cameron; Duncan; Dearden,

2013; Martins et al., 2010).

Quanto a genes relacionados a funções envolvidos na transcrição, tradução,

enovelamento de proteínas e genes envolvidos na produção de energia, Cameron e

colaboradores (2013) evidenciaram que larvas destinadas a serem rainhas possuem altos

níveis de expressão destes genes. De acordo, dos genes selecionados e analisados neste

trabalho, os genes relacionados à transcrição, vias de sinalização e estocagem (Figuras 6 e 5B)

apresentaram-se mais expressos em ovários larvais de rainhas.

Muitos estudos têm demonstrado que é comum genes utilizados como controles

endógenos apresentarem variação de expressão em diferentes condições experimentais (Pan et

al., 2015). O fator de alongamento EF-1(elongation factor 1) consiste de três proteínas: EF-

1α, EF-1β e EF-1γ, em que EF-1α catalisa o transporte de aminoacil-tRNA para o ribossomo

80 S (Walldorf; Hovemannl, 1990). Por estar relacionado à tradução, esse gene é utilizado

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como gene de controle endógeno em experimentos de análise de expressão, participando na

fase crucial de interpretação de resultados (Rodrigues et al., 2014). O gene codificador do EF-

1α foi analisado em abelhas melíferas (Lourenço et al., 2008), em Diabrotica virgifera

virgifera (Rodrigues et al., 2014) e em Danaus plexippus (Pan et al., 2015) Em todos esses

trabalhos, o gene era um gene com expressão estável nas diferentes situações amostradas

(fases de desenvolvimento, tecido, sexo) e após diversos tratamentos. Ao contrario do

esperado, em nossas análises o gene mostrou-se significantemente mais expresso em ovários

larvais de rainhas e com expressão variável entre os estágios larvais amostrados, assim sendo

claramente inapropriado para uso como normalizador endógeno neste tecido em Apis

mellifera.

Proteínas de choque térmico (HSPs) são proteínas altamente conservadas, encontradas

em todas as células procarióticas e eucarióticas (Bajzert; Stefaniak, 2015). A proteína dessa

família, a Hsp90, foi relatada como expressa em níveis constantes em situações não

patológicas, sendo considerada um gene de manutenção ou housekeeping gene (Rodrigues et

al., 2014). Essa proteína também é abundante em células não estressadas, onde desempenha

funções no controle de atividade e tráfico de proteínas envolvidas na transdução de sinal

(Pratt; Toft, 2008). As nossas análises revelaram esse gene como diferencialmente expresso

em ovários de rainhas e operárias, estando significativamente mais expresso em ovários de

rainhas em todos os estágios amostrados, porém, sem muita variação entre as fases. A

proteína de estresse Hsp90 encontra-se mais expressa quando o organismo sofre algum tipo de

estresse ambiental, seja por choque térmico, presença de hormônios, ou outros fatores (Xu et

al., 2010). Por estar associado à resposta hormonal, esse gene pode estar funcionalmente

associado aos altos níveis de HJ e ecdisona nas larvas de rainha (Rachinsky et al. 1990).

O gene codificador do precursor mitocondrial Hsp60 também se mostrou mais

expresso em ovários de rainhas, expressão possivelmente relacionada ao número maior de

mitocôndrias nesta casta (Hartfelder et al., 2015). Adicionalmente ao seu papel como proteína

de resposta a estresse, é responsável pelo enovelamento e transporte de proteínas do

citoplasma para a matriz mitocondrial (Cheng; Hartl; Horwich, 1990; Okamoto et al., 2015).

No citoplasma, essa proteína desempenha papel fundamental na prevenção de apoptose, além

de estar relacionada à resposta imune (Kol et al., 2000; Ohashi et al., 2000; Grundtman et al.,

2011; Bajzert; Stefaniak, 2015). Outros estudos têm relacionada Hsp60 a diabetes, câncer e

certos distúrbios imunológicos em mamíferos (Pockley et al., 2000; Grundtman et al., 2011;

Bajzert; Stefaniak, 2015 ).

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56

O gene codificador da proteína MAPK-3 (mitogen-activated protein kinase -3)

apresentou expressão padrão parecida entre as castas. A proteína é membro da família MAP

kinases, também conhecidas como kinases reguladas por sinais extracelulares (ERKs).

MAPK-3 atua em cascatas de sinalização que regulam diversos processos celulares como

proliferação, diferenciação, apoptose e progressão do ciclo celular em resposta a estímulos

extracelulares (Cobb, 1999; Kyriakis; Avrych, 2001; Pearson et al., 2001; Roux; Blenis,

2004). Após sua ativação, cada MAPK fosforila um substrato distinto, incluindo enzimas

regulatórias, proteínas do citoesqueleto, receptores nucleares, reguladores de apoptose e

diversos fatores de transcrição (Roux; Blenis, 2004). Devido a essas funções, MAPK-3 vêm

sido relacionada a diversas doenças em mamíferos, como câncer, obesidade e diabetes (Cui et

al., 2006).

Os demais genes analisados neste projeto não apresentaram diferenças nos níveis de

expressão entre rainhas e operárias (Figura 7). A família de proteínas ligadores de compostos

odorantes (OBPs) já foi encontrada em outros tecidos não olfatórios, sugerindo que devem

possuir funções versáteis em processos fisiológicos e de desenvolvimento (Foret; Maleszka,

2006). Apesar do gene obp14 estar expresso em ovários, sua função não é clara neste tecido,

podendo estar desempenhando papel semelhante em ambas as castas, uma vez que não é

diferencialmente expresso entre elas. As apidaecinas representam uma família de antibióticos

peptídicos helicoidais ativos contra bactérias. São mais encontradas em hemolinfa de abelhas

adultas, e em forma inativa nas larvas (Casteels et al, 1989). Interessantemente, membros

dessa família gênica apareceram em diversos estudos de expressão gênica diferencial,

(Flenniken; Andino, 2013; Mao; Schuler; Berenbaum, 2015), e provavelmente esses genes

possuem função no desenvolvimento larval de abelhas, apesar de não estarem diretamente

envolvidos na diferenciação de castas.

A proteína Tudor têm sido relacionada a diversos processos celulares, tais como

transcrição, processamento de splicing alternativo e manutenção do citoesqueleto (Friberg et

al., 2009). Sem apresentar diferença entre as castas, o gene mostrou uma tendência de ser

mais expresso em operárias no ultimo estágio amostrado (L5F3). Assim, a proteína pode

estaria associada à morte cellular programada devido sua função como alvo primpario de

proteólise (Frey et al., 2010).

E93 é uma proteína da resposta primária a ecdisona, ajudando na regulação de genes

de resposta secundária (Mou et al., 2012). Estudos recentes indicaram que esse fator de

transcrição está relacionado à morfogênese em Blattella germânica, Tribolium castaneum e

Drosophila melanogaster (Belles; Santos, 2014). Além disso, a expressão de E93 era

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inversamente relacionada à de krüppel homolog-1 (kr-h1), fator de resposta imediata a HJ. A

diminuição de kr-h1 aumentou a expressão de E93, desencadeando a morfogênese precoce em

baratas (Belles; Santos, 2014).

De forma geral, as diferenças na expressão gênica vistas nos ovários comparando

larvas rainha e operária indicam e estão de acordo com a hipótese que redes gênicas

envolvidas no desenvolvimento do sistema reprodutivo desses insetos sociais enfrentaram

pressões de seleção direcionadas sendo efetivamente moduladas em resposta a hormônios

(Evans; Wheeler, 2001). Trata-se de uma questão que merece ser abordada em mais detalhe e,

por meio de tratamento in vitro de ovários larvais com hormônio juvenil seguido de análise de

expressão de alguns dos genes de interesse desse estudo, procuramos dar um passo inicial

nessa direção.

5.2. Efeitos de tratamento com hormônio juvenil sobre expressão gênica

O papel do hormônio juvenil (HJ) está relacionado à regulação do tempo de muda dos

insetos, além de estar envolvido na regulação do tamanho final do inseto, conforme visto por

Mirth e colaboradores (2014) que avaliaram o modo como HJ regula o tamanho do corpo no

desenvolvimento das larvas de Drosophila melanogaster através da sua produção nos corpora

allata (CA). Larvas alatectomizadas eram menores e possuiamm taxa de crescimento menor,

e os efeitos do HJ sobre a taxa de crescimento se mostraram dependentes do fator de

transcrição FOXO, esse regulado pela via de sinalização de insulina. Larvas sem os CA

apresentaram altos níveis de atividade de FOXO, enquanto que a perda de função desse fator

de transcrição alterou o funcionamento dos CA, afetando o tamanho final do corpo. Além

disso, o efeito de HJ no crescimento aparece mediado também, pela síntese de ecdisona na

glândula protorácica. Ou seja, o HJ regula a taxa de crescimento do corpo larval através de

efeitos sobre as vias de ecdisona e insulina. Em Manduca sexta, o HJ regula a duração do

crescimento em relação ao peso crítico, ponto que determina o fim do crescimento e começo

da metamorfose (Mirth et al., 2014).

Considera-se que muitos aspectos da diferenciação de castas estão controlados por

hormônios que, por sua vez, controlam a expressão gênica diferencial. Interessantemente, os

níveis de expressão dos genes que respondem diretamente à presença de hormônios, o short-

shain dehydrogenase reductase e heat shock protein 90 aumentam na presença de HJ.

Guidugli e colaboradores (2004) detectaram o gene short-chain dehydrogenase reductase

como diferencialmente expresso em ovários larvais de abelhas melíferas em resposta a

ecdisteróides. A regulação hormonal na determinação de castas é bem estudada (Hartfelder;

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Engels, 1998; Hartfelder et al., 2015), mas pouco se sabe sobre os mecanismos destes dois

genes que estariam respondendo diretamente à presença hormonal, uma vez que a sua

expressão nos ovários tratados se assimila aos nosd ovários de rainhas.

Quanto às hexamerinas, Martins e colaboradores (2010) observaram que em larvas

tratadas no final da fase de alimentação do último estágio larval (L5F), HJ aumentou os níveis

de da expressão de hexamerinas em larvas de operárias. O contrário foi observado em nosso

trabalho, em que o tratamento com HJ em larvas de operárias diminuiu a expressão do gene

hex70b (Figura 10A). Essa divergência na resposta hormonal pode ser explicada pela

diferença das fases amostradas e do tecido coletado. Nos ovários, a expressão deste gene era

menor no fim da alimentação larval, explicando seu aumento nessa fase após o tratamento

com HJ, enquanto o padrão era inverso no momento de tratamento, na fase L4. Estes

resultados levam à hipótese de que o título de HJ está relacionado à interação com

hexamerinas, e que Hex70b teria papel no controle da ação do HJ, fazendo parte de um

complexo multiproteico envolvido no sequestro e transporte desse hormônio (Cunha et al.,

2005; Martins et al., 2010).

Assim como hex70b, os genes relacionados à demanda de energia, o apoLp-III, o 15-

PGDH, o OCLP-1 e o precursor mitocondrial hsp60, eram down-regulados pelo tratamento

com HJ (Figura 10). Esses genes encontravam-se mais expressos em ovários larvais de

operárias, e quando tratados com HJ, sua expressão diminuiu, assimilando-se à expressão

desses genes em ovários larvais de rainhas. Estes resultados estão de acordo com os de

Guidugli e colaboradores (2004) que detectaram genes codificadores de enzimas como

diferencialmente expressas em ovários larvais de abelhas melíferas em resposta ao tratamento

hormonal. Como estão relacionadas à conversão de energia e consequente metabolismo

energético, a alteração da expressão desses genes na presença do HJ pode estar relacionada ao

tipo de alimento recebido durante o desenvolvimento e como esta altera os níveis de

hormônio (Kavanagh; Persson; Oppermann, 2008).

Apesar de terem apresentado padrão de expressão diferencial entre as castas, a

expressão dos genes codificadores de EF-1, MAPK-3 e GPDH não se mostrou modulada pela

presença de HJ (Figura 11), esse resultado pode estar relacionado à função de manutenção

celular exercida por esses genes. (Roux; Blenis, 2004; Pan et al., 2015; Rodrigues et al.,

2014).

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_______________________________________________________6. CONCLUSÕES

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60

- A partir de resultados prévios de microarranjos foram selecionados 18 genes para análise

mais detalhada dos seus níveis de transcritos ao longo do desenvolvimento larval dos ovários

de rainhas e operárias. Diferenças estatisticamente significantes foram observadas em 11 dos

18 genes, indicando um papel importante destes no desenvolvimento casta-específico dos

ovários.

- Entre esses 11 genes, seis eram mais expressos em ovários de rainhas e cinco em operárias.

E nessa divisão de padrão de expressão notou-se uma certa associação com funções gênicas,

sendo que entre os mais expressos em operárias a maioria codifica para enzimas, enquanto

entre os mais expressos em rainhas predominam funções de regulação (tradução, estrutura

protéica, vias de sinalização). Concluimos que tal divisão funcional deve estar associada a

processos de morte celular programada nas operárias versus desenvolvimento progressivo dos

ovários em rainhas.

- Os resultados indicam que as castas no sexo feminino compartilham genes e módulos de

regulação durante o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos no período larval. Visto desse

modo, os genes revelados como diferencialmente expressos em ovários e sob controle

hormonal, podem ter funções relevantes também no desenvolvimento das gônadas dos

zangões, posicionando-os assim como o problema biológico maior, o de como gerar sistemas

gonadais divergentes.

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61

_____________________________________7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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____________________________________________________________8. ANEXOS

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ANEXO 1 – Curvas de dissociação dos produtos amplificados em RT-qPCR.

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ANEXO 2 – Curvas da avaliação da eficiência dos primers.