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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS ENGENHARIA AMBIENTAL ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE RISCO APLICADO A ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO. Aluno: Caio Reimann Kramer Orientador: Marcelo Montaño Monografia apresentada ao curso de graduação em Engenharia Ambiental da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. São Carlos, SP 2010

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

ENGENHARIA AMBIENTAL

ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE RISCO APLICADO A

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS DE SÃO

JOSÉ DO RIO PRETO.

Aluno: Caio Reimann Kramer

Orientador: Marcelo Montaño

Monografia apresentada ao curso

de graduação em Engenharia

Ambiental da Escola de Engenharia

de São Carlos da Universidade de

São Paulo.

São Carlos, SP

2010

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i

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... iii

LISTA DE TABELAS .......................................................................................... v

RESUMO ............................................................................................................ vii

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1

2 OBJETIVOS................................................................................................... 4

3 ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE RISCOS .................................................... 6

3.1 Risco e Avaliação de Riscos ................................................................... 6

3.2 Estudo de Avaliação de Riscos e Licenciamento Ambiental.................. 8

3.3 Etapas da elaboração do estudo de avaliação de riscos ........................ 11

3.3.1 Caracterização do empreendimento e da região .............................. 11

3.3.2 Identificação dos perigos ................................................................. 12

3.3.3 Estimativa de probabilidade e freqüência ........................................ 19

3.3.4 Caracterização e Indicadores de Risco ............................................ 20

3.4 Modelos para Análise de Conseqüências .............................................. 27

3.4.1 Modelos de Taxa de Vazamento ...................................................... 27

3.4.2 Modelagem para Dispersão de Gás Cloro ....................................... 33

3.4.3 Parâmetros Atmosféricos ................................................................. 36

3.5 Estações de Tratamento de Esgotos (ETE) ........................................... 39

3.5.1 Sistemas de Desinfecção .................................................................. 40

3.5.2 Utilização de Cloro Gasoso em sistemas de desinfecção ................ 44

3.5.3 Riscos associados ao uso e armazenamento de Cloro ..................... 45

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ii

4 ESTUDO DE: APLICAÇÃO DO ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCOS . 47

4.1 Caracterização do Empreendimento ..................................................... 47

4.1.1 Área de estudo ................................................................................. 47

4.1.2 Fatores Climáticos ........................................................................... 48

4.1.3 ETE São José do Rio Preto .............................................................. 51

4.1.4 Caracterização do Sistema de Cloração da ETE São José do Rio

Preto 53

4.2 Estabelecimento de Cenários Acidentais .............................................. 56

4.2.1 Cenário A: Ruptura do Flexível – Vazamento de um Cilindro ....... 56

4.2.2 Cenário B: Furo no Cilindro – Vazamento na saída para o flexível 56

4.3 Modelagem e Simulação dos Cenários ................................................. 56

4.4 Determinação dos Riscos Individual e Social ....................................... 61

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 66

5.1 Estudo da Dispersão da Nuvem Tóxica ................................................ 66

5.1.1 Cenário A: Furo no Cilindro – Vazamento na saída para o flexível 66

5.1.2 Cenário B: Ruptura do Flexível – Vazamento de um Cilindro ....... 68

5.2 Identificação das Áreas de Risco .......................................................... 71

5.3 Identificação da População de Risco e Estimativa de Fatalidades ....... 76

5.4 Risco Social e Risco Individual ............................................................ 79

5.5 .................................................................................................................... 82

6 CONCLUSÕES ............................................................................................ 84

7 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................. 86

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Componentes do Risco (Adaptado de FONTANIVE, 2005) ............... 7

Figura 2 - Fatores de Influência na Avaliação de Riscos (CETESB, 2003) ......... 8

Figura 3 - Etapas de Elaboração de um estudo de análise de riscos (Fonte:

CETESB, 2003) .............................................................................................................. 10

Figura 4 - Exemplo de plotagem dos contornos de risco (Fonte: CETESB) ...... 23

Figura 5- Exemplo de gráfico F-N (CETESB) ................................................... 24

Figura 6 - Comparação de aceitabilidade de risco em diversos países (Fonte:

MONTAÑO, 2008 - adaptado de KIRCHHOFF, 2004) ................................................ 26

Figura 7 - Representação da dispersão da nuvem de gás denso pelo modelo

SLAB (Fonte: ERMAK, 1990) ....................................................................................... 34

Figura 8 - Comportamento das nuvens densas em função das classes ............... 38

Figura 9 - Localização da ETE S. J. Rio Preto ................................................... 48

Figura 10 - Probabilidade de Ocorrência dos Ventos [%] .................................. 50

Figura 11 - Intensidade dos Ventos em função da direção [m/s]........................ 51

Figura 12 - Fluxograma esquemático dos processos da ETE Rio Preto ............. 53

Figura 13 - Exemplo de tela de entrada de dados atmosféricos ......................... 59

Figura 14 - exemplo de tela de entrada de dados atmosféricos (2)..................... 59

Figura 15 - Exemplo de tela de demonstração da nuvem tóxica ........................ 60

Figura 16 - Exemplo de alteração da concentração do gás em um ponto

específico ........................................................................................................................ 60

Figura 17 - Exemplo de tela de demonstração dos resultados ............................ 61

Figura 18 - Indicação da área de influência máxima para rompimento do cilindro

ou falha da válvula de saída, “Cenário A”...................................................................... 72

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Figura 19 - Indicação da área de influência máxima para rompimento da

tubulação flexível, “Cenário B”...................................................................................... 73

Figura 20 - Indicação das áreas de risco, Cenário A .......................................... 74

Figura 21 - Indicação das áreas de risco, Cenário B ........................................... 75

Figura 22 - Curva F-N ........................................................................................ 81

Figura 23 - Curvas Isorisco ................................................................................. 82

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - APP - Classificação quanto à severidade (CETESB, 2004) .............. 14

Tabela 2 - Exemplo de planilha para Análise Preliminar de Perigos (CETESB,

2004) ............................................................................................................................... 14

Tabela 3 - HazOp – Palavras-Guia (CETESB, 2003) ......................................... 16

Tabela 4 - HazOp - Parâmetros, palavras-guias e desvios (CETESB, 2003) ..... 17

Tabela 5 - Classificação da estabilidade atmosférica em função da velocidade

dos ventos e radiação solar (Fonte: FONTANIVE, 2005; AICHE, 2000) ..................... 37

Tabela 6 - Níveis de tratamento dos esgotos ...................................................... 40

Tabela 7 - Principais processos para remoção de organismos patogênicos no

tratamento dos esgotos ................................................................................................... 41

Tabela 8 - Principais vantagens e desvantagens dos processos de desinfecção de

esgotos mais utilizados ................................................................................................... 43

Tabela 9 - Efeitos do cloro no corpo humano ..................................................... 46

Tabela 10 - Dados Climáticos (Fonte: CPTEC) ................................................. 49

Tabela 11 - Características Climáticas Médias (Fonte: CPTEC) ....................... 50

Tabela 12 - Parâmetros de entrada utilizados nas simulações ............................ 58

Tabela 13 - Quadro de simulações para o período diurno .................................. 62

Tabela 14 - Quadro de simulações para o período noturno ................................ 63

Tabela 15 - Árvore de eventos para a ocorrência de vazamento por furo no

cilindro ............................................................................................................................ 64

Tabela 16 - Parâmetros característicos para simulação de vazamento por ruptura

do cilindro ou falha na válvula de saída do tanque......................................................... 67

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vi

Tabela 17 - Comprimento de máximo da nuvem tóxica para cada simulação ... 67

Tabela 18 - Parâmetros característicos para simulação de vazamento por ruptura

do flexível ....................................................................................................................... 69

Tabela 19 - Comprimento de máximo da nuvem tóxica para cada simulação ... 70

Tabela 20 - Estimativa do total de fatalidades para os cenários A e B ............... 76

Tabela 21 - Estimativa do número de fatalidades por evento simulado ............. 78

Tabela 22 - Estimativa do número de fatalidades e Freqüência final dos eventos

perigosos ......................................................................................................................... 79

Tabela 23 - Probabilidade de ocorrência de eventos de acordo com o número

estimado de fatalidades ................................................................................................... 80

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RESUMO

KRAMER, C. R. (2010). Estudo de Avaliação de Risco Aplicado a Estação

de Tratamento de Esgotos de São José do Rio Preto. Monografia, Escola de

Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2010.

A Avaliação de Risco Ambiental é um processo no qual se determina o Risco

Social e Individual de um empreendimento aplicado a determinada região. Este

processo de avaliação está intimamente ligado ao instrumento de Licenciamento

Ambiental, sendo um importante contribuinte para a tomada de decisão quanto a

localização de um empreendimento.

No entanto, concluiu-se que, por conseqüência dos altos padrões de

aceitabilidades adotados pela CETESB o estudo de Avaliação de Risco dificilmente será

determinante para a escolha locacional de uma Estação de Tratamento de Esgotos. De

acordo com os resultados obtidos o estudo de avaliação de risco contribui apenas para a

adoção de medidas de segurança internas a ETE.

Na aplicação do estudo de avaliação de riscos a ETE Rio Preto concluiu-se que

os parâmetros de riscos do empreendimento se encontravam muito abaixo dos exigidos

pela CETESB e, portanto, o empreendimento se encontra em um patamar aceitável de

risco.

Palavras-chave: São José do Rio Preto, Avaliação de Risco Ambiental,

Risco, Licenciamento Ambiental, Estação de Tratamento de Esgotos.

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1 INTRODUÇÃO

Os acidentes industriais ocorridos nos últimos anos, em particular na década de

80, contribuíram de forma significativa para despertar a atenção das autoridades

governamentais, da indústria e da sociedade como um todo, no sentido de buscar

mecanismos para a prevenção desses episódios que comprometem a segurança das

pessoas e a qualidade do meio ambiente.

No Brasil, a preocupação com questões ambientais é relativamente recente. Em

1981, com a aprovação da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), criaram-se

mecanismos para a inclusão das questões ambientais no processo de tomada de decisão.

A PNMA estabeleceu instrumentos com o propósito de viabilizar o

desenvolvimento socioeconômico respeitando os limites do meio ambiente. Um dos

principais instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente é a Avaliação de

Impacto Ambiental (AIA), instrumento responsável por avaliar as alterações ambientais

decorrentes da implantação de um empreendimento.

O Licenciamento Ambiental, outro instrumento da PNMA, é um procedimento

administrativo que permite ao órgão ambiental competente licenciar a localização,

instalação, ampliação e operação de um empreendimento.

Tendo em vista as diretrizes da PNMA pode-se afirmar que a política ambiental

no Brasil baseia-se no princípio da precaução. Sendo assim, quando existem dúvidas

sobre o risco inerente à implantação e operação de um empreendimento, preconiza-se

pela adoção de medidas destinadas a evitar que o dano se concretize.

As indústrias químicas ou empreendimento que utilizem substâncias tóxicas em

seus processos apresentam um elevado risco envolvendo acidentes com essas

substancias. No caso da utilização de gases tóxicos, o vazamento da substância provoca

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a formação de nuvens tóxicas e, conseqüentemente trás risco a população vizinha ao

empreendimento.

A preocupação com a segurança nas operações industriais fez com que fossem

desenvolvidas técnicas de identificação dos principais riscos inerentes a um

determinado processo. O desenvolvimento de ferramentas de identificação e avaliação

de riscos possibilitou aos agentes institucionais responsáveis pela implementação da

PNMA a inclusão do estudo de riscos nos processo de licenciamento ambiental.

Em Estações de Tratamento de Água e Esgoto é muito comum a utilização de

Cloro Gasoso no processo de tratamento. O índice de toxicidade do cloro é

extremamente alto, sendo assim, a instalação e operação de unidades que utilizem cloro

traz consigo riscos elevados ao meio ambiente.

Por esses motivos, o presente trabalho propõe uma discussão a respeito dos

estudos de análise de riscos e sua inclusão em processos de licenciamento ambiental,

procurando-se identificar e avaliar os potenciais riscos associados à utilização de cloro

gasoso em estações de tratamento e, posteriormente, refletir criticamente a respeito do

modo como são empregados tais estudos em processos de licenciamento ambiental.

Como recurso metodológico principal, o trabalho lança mão de um estudo de caso

aplicado à ETE do município de São José do Rio Preto (SP).

Para tratar destas questões, o presente trabalho está estruturado da seguinte

maneira: no primeiro capítulo apresenta-se a introdução, salientando as justificativas e

contextualização da pesquisa e, a seguir, apresentam-se os objetivos do trabalho.

Posteriormente, por meio de uma revisão bibliográfica, procurou-se definir os principais

conceitos relacionados ao objeto de estudo. Sendo assim, foram definidos aspectos

relacionados à avaliação de riscos, bem como conceituados algumas questões

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diretamente relacionadas à questão do uso do cloro em estações de tratamento de

esgotos.

Em seguida são apresentados os materiais e métodos utilizados no

desenvolvimento do estudo de caso. O capítulo 6 mostra os resultados obtidos na

aplicação do método escolhido, inclusive algumas observações de discussões sobre os

resultados. O capítulo seguinte contempla as discussões da pesquisa realizada. Ao final,

são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas para a fundamentação e

elaboração da pesquisa.

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2 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho é discutir como o “Estudo de avaliação de

riscos”, requisitado pela CETESB, está inserido no processo de Licenciamento

Ambiental para empreendimentos no estado de São Paulo, e qual a importância deste

estudo no processo de tomada de decisão quanto à viabilidade do empreendimento.

Este trabalho também tem como objetivo específico a elaboração de um estudo

de caso para aplicação das diretrizes de estudo de avaliação de riscos propostas pela

CETESB no licenciamento da Estação de Tratamento de Esgotos de São José do Rio

Preto.

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3 ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE RISCOS

3.1 Risco e Avaliação de Riscos

Do ponto de vista da ciência social, o risco tem sido tratado como um elemento

presente no cotidiano da sociedade moderna, que têm no risco um elemento intrínseco

ao desenvolvimento tecnológico (BECK, 1992). Segundo MOURA (2002), risco é a

probabilidade de perda ou danos em pessoas, sistemas e equipamentos, incluindo as

incertezas quanto à ocorrência de determinado evento perigoso.

Para KIRCHHOFF (2004), existem várias definições para risco, mas, de uma

maneira geral, risco pode ser entendido como a união de dois conceitos – probabilidade

e conseqüência. Desta maneira, a avaliação do risco busca definir métodos para avaliar

o quanto algo é arriscado tendo em vista a probabilidade de ocorrência e suas

conseqüências, tendo em vista a extensão dos danos causados.

Deve-se salientar que só há risco para sistemas e ou processos que apresentem,

por suas características, perigo. Por exemplo, uma panela fervendo constitui um perigo,

uma vez que pode causar um dano a algo ou ferimentos a alguém que seja exposto.

Considerar que alguém possa esbarrar na panela e derrubá-la gera uma estimativa de

probabilidade e severidade, ou seja, risco. A conexão entre o perigo e o risco pode ser

definida como evento. Desta maneira evento é a situação em que algo ou alguém fica

exposto ao risco.

A figura 1 busca ilustrar os conceitos de perigo e risco e como estes conceitos

estão relacionados.

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PERIGO

Gravidade do

Perigo

Probabilidade de

Ocorrência do

Evento Perigoso

RISCO

Exposição ao

Perigo

Probabilidade de o

perigo conduzir a

uma conseqüência

Figura 1 - Componentes do Risco (Adaptado de FONTANIVE, 2005)

A SRA (Society of risk Analysis), uma sociedade interdisciplinar de análise e

gerenciamento de riscos, define avaliação do risco como um exame detalhado com o

intuito de entender a natureza das conseqüências negativas e indesejadas à vida humana,

saúde, propriedade, ou meio ambiente; é o processo de quantificação das probabilidades

e conseqüências esperadas dos riscos identificados.

A quantificação do risco inclui definir o perigo, identificar o evento inicial que

causaria a exposição ao perigo, determinar as conseqüências da exposição e as

probabilidades de ocorrência (CARTEX e KNOX, 1990). De uma maneira geral,

portanto, o processo de avaliação dos riscos busca identificar os perigos relacionados a

uma atividade, os eventos perigosos e a freqüência de ocorrência dos eventos,

identificando e quantificando os danos à exposição.

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Figura 2 - Fatores de Influência na Avaliação de Riscos (CETESB, 2003)

Análise ou Avaliação de Riscos Ambientais (empregam-se ambas as

terminologias, aparentemente sem distinções objetivas entre elas, ambas sob a sigla

ARA) é o processo através do qual os resultados das estimativas de risco são utilizados

para a gestão de riscos, caracterizando-os como toleráveis ou não, através da

comparação com critérios de tolerabilidade de riscos. “Perigos não identificados

constituem riscos não avaliados” (BALL e FLOYD, 1998).

3.2 Estudo de Avaliação de Riscos e Licenciamento Ambiental

No Brasil, com a publicação da Resolução no 01, de 23/01/86, do Conselho

Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que instituiu a necessidade de realização do

Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do respectivo Relatório de Impacto Ambiental

(RIMA) para o licenciamento de atividades potencialmente causadores de significativos

impactos ao meio ambiente, os estudos de análise de riscos encontram respaldo para

serem incorporados nesse processo para determinados tipos de empreendimentos, de

forma que, além dos aspectos relacionados com a poluição crônica, também a prevenção

de acidentes maiores fosse contemplada no processo de licenciamento. Vale destacar o

pioneirismo do estado de São Paulo na incorporação de ARAs ao licenciamento

ambiental de atividades perigosas.

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Atualmente o licenciamento ambiental de um empreendimento envolve diversas

etapas, em que são avaliados quesitos específicos do empreendimento:

Licença Prévia (LP): Fase na qual se atesta a viabilidade ambiental de um

empreendimento e atividades submetidas ao licenciamento. Tendo em vista a concepção

tecnológica, é considerado viável o empreendimento que tiver sua localização aprovada

em função dos impactos ambientais provocados e, simultaneamente, comprovar a

possibilidade de adoção de medidas de controle dos efeitos ambientais.

Licença de Instalação (LI): Aprovam o detalhamento tecnológico, em nível de

projeto executivo, com especial atenção às medidas de controle e prevenção de

impactos negativos.

Licença de Operação (LO): Concedida após a verificação efetiva da instalação

de todas as medidas de controle e mitigação de impactos negativos definidas nas etapas

anteriores, inclusive com a realização de testes que comprovem a funcionalidade das

medidas.

A avaliação de risco ambiental, nada mais é que uma ferramenta para tomada de

decisão no campo ambiental. A ARA busca, em linhas gerais, quantificar os riscos à

saúde humana, aos bens econômicos e aos ecossistemas, causados a partir de atividades

humanas (mas que podem incluir fenômenos naturais) que causam perturbações ao meio

ambiente.

Os estudos de análise de riscos têm se mostrado importantes na análise de

instalações industriais já em operação, de modo que os riscos possam ser avaliados e

gerenciados a contento, mesmo que estes empreendimentos não estejam vinculados ao

processo de licenciamento.

A figura 3 demonstra um exemplo de etapas seqüenciais na elaboração de uma

ARA.

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Figura 3 - Etapas de Elaboração de um estudo de análise de riscos (Fonte:

CETESB, 2003)

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3.3 Etapas da elaboração do estudo de avaliação de riscos

3.3.1 Caracterização do empreendimento e da região

O primeiro passo para a elaboração do estudo de análise riscos é a compilação

de dados relativos à localização e caracterização do empreendimento. A compilação de

dados é de grande importância para que seja possível caracterizar o sistema em estudo

nos aspectos construtivos e operacionais, bem como levantar as peculiaridades da região

onde se encontra ou será instalado.

De acordo com o “Manual de orientação para a elaboração estudos de Análise de

Riscos”, divulgado pela CETESB (2003) a caracterização do empreendimento deverá

incluir o levantamento dos seguintes dados:

• Localização e descrição física e geográfica da região, incluindo mananciais,

áreas litorâneas, sistemas viários e cruzamentos e/ou interferências com outros

sistemas existentes, entre outros aspectos;

• Distribuição populacional da região;

• Descrição física e layout da instalação, em escala;

• Carta planialtimétrica ou fotos aéreas que apresentem a circunvizinhança ao

redor da instalação;

• Características climáticas e meteorológicas da região;

• Substâncias químicas identificadas através de nomenclatura oficial e número

CAS, incluindo quantidades, formas de movimentação, armazenamento e

manipulação, contemplando suas características físico-químicas e toxicológicas.

Devem ser consideradas as matérias-primas, produtos auxiliares, intermediários

e acabados, bem como resíduos, insumos e utilidades;

• Descrição do processo e rotinas operacionais;

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• Apresentação de plantas baixas das unidades e fluxogramas de processos, de

instrumentação e de tubulações;

• Sistemas de proteção e segurança.

3.3.2 Identificação dos perigos

De acordo com CETESB (2004), o perigo ilustra uma ou mais condições físicas

ou químicas, com potencial para causar danos às pessoas, à propriedade, ao meio

ambiente ou à combinação desses. Segundo Kirchhoff (2004), perigo é uma

característica de um sistema ou processo que apresenta um potencial de acidente (fogo,

explosão ou vazamento tóxico).

A identificação dos perigos consiste na aplicação de técnicas bem estruturadas a

fim de identificar possíveis seqüências de acidentes que possam gerar cenários de

riscos. Segundo CETESB (2004), a etapa de identificação dos perigos pode ser

precedida da elaboração de uma análise histórica de acidentes, com vistas a subsidiar a

identificação dos perigos na instalação em estudo.

Existem diversas técnicas para a identificação de perigos e elaboração de

cenários acidentais, sendo que a escolha da técnica a ser utilizada dependente do tipo de

empreendimento a ser avaliado e detalhamento necessário para o estudo de avaliação de

riscos. A seguir são listadas as principais técnicas de identificação de perigos.

a) Análise Preliminar de Perigos (APP);

A APP – Análise Preliminar de Perigos (PHA – Preliminary Hazard Analysis) é

uma técnica que teve origem no programa de segurança militar do Departamento de

Defesa dos EUA. Trata-se de uma técnica que tem por objetivo identificar os perigos

presentes numa instalação, que podem ser ocasionados por eventos indesejáveis.

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Esta técnica pode ser utilizada em instalações na fase inicial de

desenvolvimento, nas etapas de projeto ou mesmo em unidades já em operação,

permitindo, nesse caso, a realização de uma revisão dos aspectos de segurança

existentes. A APP deve focalizar todos os eventos perigosos cujas falhas tenham origem

na instalação em análise, contemplando tanto as falhas intrínsecas de equipamentos, de

instrumentos e de materiais, como erros humanos. Na APP devem ser identificados os

perigos, as causas e os efeitos (conseqüências) e as categorias de severidade

correspondentes (Tabela 1), bem como as observações e recomendações pertinentes aos

perigos identificados, devendo os resultados serem apresentados em planilha

padronizada. A Tabela 2 apresenta um exemplo de planilha para a realização da APP.

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Tabela 1 - APP - Classificação quanto à severidade (CETESB, 2004)

CATEGORIA DE

SEVERIDADE

EFEITOS

I – Desprezível Nenhum dano ou dano não mensurável.

II – Marginal Danos irrelevantes ao meio ambiente e a

comunidade externa

III – Crítica Possíveis danos ao meio ambiente devido a

liberação de substâncias químicas tóxicas ou

inflamáveis, alcançando áreas externas à

instalação. Pode provocar lesões de gravidade

moderada a população externa ou impactos

ambientais com reduzido tempo de recuperação

IV - Catastrófica Impactos ambientais devido à liberação de

substâncias químicas tóxicas ou inflamáveis,

atingindo áreas externas a instalação. Provoca

mortes ou lesões graves à população externa ou

impactos ao meio ambiente com tempo de

recuperação elevado

Tabela 2 - Exemplo de planilha para Análise Preliminar de Perigos

(CETESB, 2004)

P

ERIGO

C

AUSA

E

FEITO

SEVER

IDADE

RECOMEND

AÇÕES E

OBSERVAÇÕES

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15

b) Análise de Perigos de Operabilidade (Hazard and Operability Analysis –

HazOp);

A Análise de Perigos e Operabilidade é uma técnica para identificação de

perigos projetada para estudar possíveis desvios (anomalias) de projeto ou na operação

de uma instalação.

O HazOp consiste na realização de uma revisão da instalação, a fim de

identificar os perigos potenciais e/ou problemas de operabilidade, por meio de uma série

de reuniões, durante as quais uma equipe multidisciplinar discute metodicamente o

projeto da instalação. O líder da equipe orienta o grupo através de um conjunto de

palavras-guia que focalizam os desvios dos parâmetros estabelecidos para o processo ou

operação em análise.

Parâmetros de controle pertinentes, como vazão, pressão, temperatura,

concentração e tempo são escolhidos e, então, o efeito do desvio de cada parâmetro é

examinado. A equipe deve identificar as causas de cada desvio e, caso surja uma

conseqüência de interesse, avaliar os sistemas de proteção para determinar se estes são

suficientes. A técnica é repetida até que cada seção do processo e equipamento de

interesse tenha sido analisada.

Alguns exemplos de palavras-guia, parâmetros de processo e desvios, estão

apresentados nas Tabelas 3 e 4.

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16

Tabela 3 - HazOp – Palavras-Guia (CETESB, 2003)

PALAVRA-GUIA SIGNIFICADO

Não Negação da intenção do projeto

Menor Diminuição quantitativa

Maior Aumento quantitativo

Parte de Diminuição qualitativa

Bem como Aumento qualitativo

Reverso Oposto lógico da intenção de projeto

Outro que Substituição completa

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Tabela 4 - HazOp - Parâmetros, palavras-guias e desvios (CETESB, 2003)

PARÂMETRO PALAVRA-GUIA DESVIO

Fluxo

Não Sem Fluxo

Menor Menor Vazão

Maior Maior Vazào

Reverso Fluxo Reverso

Pressão Menor Pressão Baixa

Maior Pressão Alta

Temperatura

Menor Baixa

Temperatura

Maior Alta Temperatura

Nível Menor Nível Baixo

Maior Nível Alto

Os principais resultados obtidos do HazOp são:

• Identificação de desvios que conduzem a eventos indesejáveis;

• Identificação das causas que podem ocasionar desvios do processo;

• Avaliação das possíveis conseqüências geradas por desvios operacionais;

• Recomendações para a prevenção de eventos perigosos ou minimização de

possíveis conseqüências.

Em instalações novas o HazOp deve ser desenvolvido na fase em que o projeto

se encontra razoavelmente consolidado, pois o método requer consultas a desenhos e

plantas de disposição física da instalação, entre outros documentos.

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c) Análise de Modos de Falhas e Efeitos – AMFE (Failure Mode and Effects

Analysis-FMEA);

A AMFE é a metodologia de análise que leva em consideração todos os

componentes do sistema que possuem probabilidade de falhas. O foco principal da

análise são os componentes de controle e segurança, cujo mau funcionamento poderia

afetar a segurança de operação. Exemplos típicos são instrumentos transmissores,

controladores, válvulas, bombas, etc.

Os componentes-chaves identificados são listados em uma tabela de dados e

analisados individualmente sobre os seguintes critérios:

• Modo de Falha Potencial (Aberto, Fechado, Ligado, Desligado, Vazamentos,

etc.);

• Conseqüência da Falha, efeito em outros componentes e efeito em todo o

sistema;

• Classe de perigo (Alta, Moderada, Baixa);

• Probabilidade de Falha;

• Método de Detecção.

Após a identificação dos componentes e análise dos respectivos riscos

associados os resultados devem ser expostos em uma tabela padrão salientando causas e

efeitos de cada falha de componentes.

d) Técnica de BrainStorming “What if”?;

Consiste em uma técnica de Brainstorming para explorar possibilidades e

considerar os resultados de eventos indesejados ou inesperados. Durante o processo de

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19

análise são formuladas perguntas do tipo “E se...” a fim de se fazer uma revisão do

sistema a ser estudado e identificar possíveis erros de projeto.

e) Árvore de Falhas

A Análise por Árvore de Falhas (AAF) é uma técnica dedutiva que permite

identificar as causas básicas de acidentes e de falhas num determinado sistema, além de

possibilitar a estimativa da freqüência com que uma determinada falha pode ocorrer. A

estimativa das freqüências de ocorrência dos eventos iniciadores deverá também

considerar a aplicação de técnicas de confiabilidade humana para a avaliação das

probabilidades de erros antropogênicos que possam contribuir para a ocorrência dos

cenários acidentais.

Na aplicação da metodologia, cria-se uma árvore selecionando-se um evento

iniciante e identificando todas as possíveis causas de ocorrência do evento. Ao final, a

probabilidade para a ocorrência de um evento danoso corresponde à integração das

probabilidades de cada evento que compõe a cadeia identificada.

3.3.3 Estimativa de probabilidade e freqüência

Nas instalações em que os efeitos físicos extrapolem os limites da empresa e

afetem pessoas, os riscos do empreendimento devem ser calculados; para tanto, deverão

ser estimadas as freqüências de ocorrência dos cenários acidentais identificados.

(CETESB, 2003)

Em alguns estudos de análise de riscos, as freqüências de ocorrência dos

cenários acidentais poderão ser estimadas através de registros históricos constantes de

bancos de dados ou de referências bibliográficas, desde que, efetivamente, tenham

representatividade para o caso em estudo. Segundo KIRCHHOFF (2004) são

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determinantes para a estimativa da probabilidade de ocorrência de um evento

indesejado:

• Desenvolvimento de cenários de acidentes;

• Coleta de dados da indústria e/ou empreendimento;

• Identificação dos contribuidores “chave” e suas influências nos cenários

acidentais;

3.3.4 Caracterização e Indicadores de Risco

De acordo com a visão da CETESB, os riscos a serem avaliados devem

contemplar o levantamento de possíveis vítimas fatais, bem como os danos à saúde da

comunidade existente nas circunvizinhanças do empreendimento.

Sendo o risco uma função que relaciona as freqüências de ocorrências de

cenários acidentais e suas respectivas conseqüências, em termos de danos ao homem,

pode-se, com base nos resultados quantitativos obtidos nas etapas anteriores do estudo,

estimar o risco de um empreendimento.

Caso as conseqüências dos cenários acidentais extrapolem os limites do

empreendimento, os riscos deverão ser estimados e apresentados na forma de “Risco

Social” e “Risco Individual”.

3.3.4.1 Risco Individual

Para KIRCHHOFF (2004), Risco individual é a probabilidade de ferimento,

fatalidade ou doença no caso do indivíduo exposto, dentro de uma população.

Risco Individual pode também ser definido, segundo CETESB, (2003), como:

Risco para uma pessoa presente na vizinhança de um perigo, considerando a natureza da

injúria que pode ocorrer e o período de tempo em que o dano pode acontecer.

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21

Desta maneira, podemos concluir que o risco individual, dentro de um cenário

acidental, leva em consideração os danos causados a uma pessoal levando em

consideração a natureza e tempo de exposição a determinada condição potencialmente

perigosa a saúde.

O risco individual pode ser estimado para aquele indivíduo mais exposto a um

perigo, para um grupo de pessoas ou para uma média de indivíduos presentes na zona

de efeito. Para um ou mais acidentes, o risco individual tem diferentes valores.

Para o cálculo do risco individual num determinado ponto da vizinhança de uma

planta industrial, pode-se assumir que as contribuições de todos os eventos possíveis são

somados. Dessa forma, o risco individual total num determinado ponto pode ser

calculado pelo somatório de todos os riscos individuais nesse ponto, conforme

apresentado a seguir:

Onde:

RIx,y = risco individual total de fatalidade no ponto x,y; (chance de fatalidade por

ano (ano-1))

RIx,y,i = risco de fatalidade no ponto x,y devido ao evento i; (chance de fatalidade

por ano (ano-1))

n = número total de eventos considerados na análise.

Os dados de entrada na equação anterior são calculados a partir da equação:

Onde:

RIx,y,i = risco de fatalidade no ponto x,y devido ao evento i; (chance de fatalidade

por ano (ano-1))

Fi = freqüência de ocorrência do evento final i;

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22

Pfi = probabilidade que o evento i resulte em fatalidade no ponto x,y, de acordo

com os efeitos resultantes das conseqüências esperadas.

3.3.4.2 Risco Social

O risco social é definido, segundo a CETESB (2004) como: Risco para um

determinado número ou agrupamento de pessoas expostas aos danos de um ou mais

acidentes. Sendo assim, o Risco Social envolve a estimativa de incidência de

determinado risco individual dentro de um grupo populacional.

3.3.4.3 Indicadores de Risco

Os indicadores de risco devem ser desenvolvidos para ambos os riscos –

individuais e sociais – e devem ser apresentados com linguagem simples. O risco às

pessoas normalmente é apresentado em termos de fatalidades, já que é difícil definir

uma graduação quanto a importância de ferimentos, que modo que possa haver

comparação entre os resultados.

Existem três principais formas de se expressar o risco associado a um

empreendimento:

a) Plotagem dos Contornos de Risco (do inglês, Risk Contour Plot): Figura

onde são traçadas linhas “iso-risco” para ferimentos e fatalidades;

b) Perfil de Risco (Risk Profile): Gráfico de freqüências esperadas x distância

das fontes, ou freqüência x magnitude das conseqüências;

c) Curva F-N (Freqüência - Número): Gráfico logarítmico do número de

fatalidades pela freqüência de N ou mais fatalidades.

A figura 4 mostra um exemplo de contornos de risco, onde o risco individual é

apresentado por meio de diversos contornos de risco plotados na zona de efeito de um

acidente. Locais de vulnerabilidades específicas, como por exemplo, escolas, hospitais e

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áreas de grande concentração de pessoas, deverão ser facilmente identificados por meio

dessa forma de representação do risco.

Figura 4 - Exemplo de plotagem dos contornos de risco (Fonte: CETESB)

A figura 5 mostra a curva F-N adotada pela CETESB no estado de São Paulo.

Os riscos situados na região entre as curvas limites dos riscos intoleráveis e

negligenciáveis, denominada ALARP (As Low As Reasonably Practicable), embora

situados abaixo da região de situações intoleráveis, devem ser reduzidos tanto quanto

possível.

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Figura 5- Exemplo de gráfico F-N (CETESB)

3.3.4.4 Critérios de Aceitabilidade de Riscos

Após os cálculos de probabilidade e freqüência de eventos potencialmente

causadores de danos deve avaliar se tais danos são aceitáveis ou não para o conjunto

empreendimento/localização. Para fazer tal avaliação é necessária a adoção de critério

de aceitabilidade de riscos.

O estabelecimento de níveis aceitáveis de riscos envolve uma discussão de

tolerabilidade, a qual depende de critérios pessoais e por vezes subjetivos. Sendo assim,

cada país possui um nível de tolerabilidade que, de certa forma, reflete a pressão da

sociedade sobre o potencial dano que a execução e operação de determinado

empreendimento representa a região na qual está inserido.

Apesar da metodologia subjetiva na adoção de critérios, de uma maneira geral,

tem-se adotado faixas de níveis de tolerância que limitam riscos em aceitáveis,

gerenciáveis e inaceitáveis.

No Brasil, a referência de tolerância de riscos é a publicação intitulada “Termo

de Referencia para a Elaboração de Estudos de Análise de Riscos”, elaborada pela

Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB, 2003), vinculada à

Secretaria do Meio Ambiente do estado de São Paulo. Segundo a própria publicação da

CETESB, a tolerância de riscos foi adotada assumindo valores médios entre critérios

internacionais vigentes na época da publicação.

Para o risco social foi adotada uma curva de tolerabilidade (Figura 4) indicando

regiões de riscos aceitáveis, gerenciáveis e inaceitáveis.

Para o risco individual, foram estabelecidos os seguintes limites para

empreendimentos no estado de São Paulo:

• Risco máximo tolerável: 1 x 10-5 ano-1;

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• Risco negligenciável (Aceitável): Menor que 1 x 10-6 ano-1.

Embora o termo de referência publicado pela CETESB alegue ter adotado os

valores de riscos toleráveis com base em legislações internacionais vigentes, a

comparação entre tais valores não reflete o mesmo cenário.

Analisando a figura 6, que mostra a comparação de valores de aceitabilidade de

risco em diversos países, percebemos que os critérios adotados no Estado de São Paulo

se encontram mais toleráveis comparados aos outros países.

O aumento dos critérios de tolerância a riscos faz com que os órgãos

responsáveis pelas tomadas de decisão se tornem reféns desta permissividade temendo

viabilizar empreendimentos que não possuem a mínima segurança para a população e

para o meio ambiente. Desta maneira percebemos que a obrigatoriedade de um

empreendedor em garantir que seu projeto seja “seguro”, ao ser implantado e operado

no local de interesse, fica comprometida.

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Figura 6 - Comparação de aceitabilidade de risco em diversos países (Fonte:

MONTAÑO, 2008 - adaptado de KIRCHHOFF, 2004)

À parte os motivos e critérios adotados para o estabelecimento da tolerância aos

riscos, para a aprovação de um empreendimento no Estado de São Paulo deverão ser

atendidos os critérios de risco social e individual conjuntamente, ou seja, as curvas de

risco social e individual deverão estar situadas na região negligenciável (ou aceitáveis)

ou na região ALARP (Gerenciável).

Entretanto, nos casos em que o risco social for considerado atendido, mas o risco

individual for maior que o risco máximo tolerável, a CETESB, após avaliação

específica, poderá considerar o empreendimento aprovado, uma vez que o enfoque

principal na avaliação dos riscos está voltado aos impactos decorrentes de acidentes

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27

maiores, afetando agrupamentos de pessoas, sendo, portanto, o risco social o índice

prioritário nesta avaliação.

3.4 Modelos para Análise de Conseqüências

A análise de riscos pressupõe o conhecimento dos acidentes e as possíveis

conseqüências do evento. Desta maneira, necessita-se de modelos que descrevam e

quantifiquem os eventos e as conseqüências estudadas.

3.4.1 Modelos de Taxa de Vazamento

Existem diversos modelos para quantificar vazamentos. A maioria dos

vazamentos ocorridos em sistemas confinados ocorre por conseqüência de rupturas em

vasos ou tubulações, pelo desgaste das juntas e abertura de válvulas. O destaque dos

acidentes se dá quando ocorre vazamento de substância tóxicas e/ou inflamáveis.

A seguir são apresentados alguns modelos de vazamento (AICHE, 2000).

3.4.1.1 Modelo de Vazamento de Líquidos

A taxa de descarga mássica de líquidos para tanque pode ser determinada

utilizando-se a equação abaixo.

Onde:

m= taxa de descarga [Kg/s];

Ah= Área de abertura do orifício [m²];

g = Constante de aceleração da gravidade [m/s²];

ρL= Densidade do Fluido [Kg/m³];

P0 = Pressão de Armazenamento [Pa];

P1 = Pressão Ambiente [Pa];

HL = Altura do Líquido acima do ponto de vazamento [m];

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28

Cd = Coeficiente de Descarga.

A equação pode ser aplicada para tanque com qualquer geometria. De uma

maneira geral, a descarga de massa tende a diminuir com o tempo de vazamento e a taxa

máxima ocorre nos primeiros instantes do vazamento.

A equação pode ser simplificada levando em consideração que nos casos de

tanques pressurizados, a diferença de pressão interna e externa ao tanque – pressão essa

responsável pelo vazamento – é muito maior que a pressão causada pela altura do

líquido em relação ao orifício de vazamento. Desta maneira temos:

Sob pressão, dentro do tanque, o gás se torna liquefeito. Quando ocorre

vazamento de um gás liquefeito, parte do líquido é rapidamente vaporizado, devido a

diferença de pressão. Essa fração vaporizada recebe a denominação de fração

“flasheada” e pode ser calculada pela seguinte equação:

Ff = Fração “flasheada”;

Cpl = Calor Específico do Líquido a temperatura constante [J/Kg K];

T1 = Temperatura do Produto no Sistema [K];

Teb = Temperatura de ebulição do produto a 1 atm [K];

Hvap = Entalpia ou calor de evaporação [J/Kg].

Desta maneira, parte do produto dará formação a uma nuvem de gás. A parcela

não “flasheada” irá acumular-se no solo, formando uma poça. Sendo assim, o valor da

fração “flasheada” encontra-se entre 0 e 1. Se o valor da fração for igual 1 um, significa

que a totalidade do produto vazado contribuiu para a formação da nuvem de vapor.

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29

3.4.1.2 Modelo de Vazamento de Gás

Segundo YUHUA et al., 2003, no caso de vazamento de gás por um orifício, o

valor da taxa de vazamento se faz pela distinção do fluxo sônico e subsônico. A

distinção entre os fluxos deverá ser determinada pela razão crítica de pressão, definida

pela equação:

Onde:

P1 = Pressão no Ambiente [Pa];

P0 = Pressão no Sistema [Pa];

γ = Relação de Calores Específicos ;

Se a velocidade de saída do gás for próxima à velocidade do som naquele

ambiente, o escoamento se encontra em condições críticas. Se a velocidade for menor

que a velocidade do som, defini-se o escoamento como subsônico.

O escoamento subsônico é definido pela seguinte condição:

Para as condições de escoamento subsônico, assume-se que o processo de é

adiabático e os efeitos de fricção da parede do orifício são desprezíveis. Neste caso, a

velocidade do gás e a taxa de descarga podem ser calculadas pela equação:

Onde:

m = taxa de descarga mássica [kg/s];

Ah = Área do Orifício [m²];

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30

ρ = Densidade [kg/m³].

Para as condições de escoamento crítico o fluxo de massa e a velocidade de

saída do gás podem ser calculados por:

3.4.1.3 Modelo de Vazamento de Líquido em Tubulações

A modelagem de vazamentos de líquidos em tubulações de dá pela aplicação

direta da equação de Bernoulli. Assumindo a densidade do líquido constante, a equação

expressa a velocidade de descarga considerando todas as perdas de carga do sistema.

Desta maneira temos:

Onde:

Pa = Pressão do Ponto A [Pa];

Pb = Pressão no ponto B [Pa];

Za = Altura do Fluido no Ponto A [m];

Zb = Altura do Fluido no Ponto B [m];

g = Aceleração da gravidade [m/s²];

gc = Fator de proporcionalidade de Newton´s [=1];

Va = Velocidade no Ponto A;

Vb = Velocidade no Ponto B.

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31

3.4.1.4 Modelo de Vazamento de Duas Fases para Tanques

O método é utilizado para estimar a taxa de descarga de duas fases gás-líquido

quando o líquido se encontra sob pressão e o vazamento ocorre na fase vapor. Nessas

condições, o arraste da fase líquida deve ser considerada no cálculo da vazão de

descarga. Neste caso considera-se:

Q = Vazão de descarga [Kg/s];

Ah= Área de abertura do orifício [m²];

Dm= Densidade da Mistura [Kg/m³];

P0 = Pressão de Armazenamento [Pa];

P1 = Pressão Ambiente [Pa];

Cd = Coeficiente de Descarga.

No qual:

Onde:

Dm = Densidade da Mistura [Kg/m³];

Ff = Fração “flasheada”;

Dv = Densidade do Vapor [Kg/m³];

Dl = Densidade do Líquido [Kg/m³];

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32

3.4.1.5 Taxa de Emissões de Poças

Devido ao vazamento de líquidos, e a posterior formação de poça, há troca de

calor entre o ambiente e o líquido derramado. Essa troca de calor fará com que o líquido

seja evaporado e portanto contribua para a formação de uma nuvem de vapor.

A modelação da evaporação de poças depende da volatilidade do material,

temperatura de ebulição do líquido e da temperatura ambiente.

Um dos principais fatores de determinação da taxa de evaporação é a dimensão

da interface líquido-gás, ou seja, a dimensão da poça. A dimensão da poça depende da

sua taxa de alimentação, das características do produto e das características do local e

solo.

Segundo LESS (1980), a equação utilizada para o cálculo do fluxo de

vaporização de um líquido volátil é:

Onde:

Ev = Taxa de Evaporação [Kg/s];

U = Velocidade do Vento [cm/s];

P0 = Pressão de Vapor do Líquido [dyn/cm²];

M = Massa Molecular [e]

T = Temperatura do Líquido [K];

R = Raio da Poça [cm]

No caso da evaporação de um líquido frio, a evaporação é regida pela taxa de

calor transferido do solo por condução.

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33

3.4.2 Modelagem para Dispersão de Gás Cloro

O risco associado à dispersão de gases tóxicos associados a acidentes

catastróficos fez com que o interesse pelo estudo da dispersão das nuvens tóxicas na

atmosfera aumentasse. Em um estudo de análise de riscos o estudo da dispersão é de

grande importância, pois permite a modelação do acidente identificando as áreas de

risco e comportamento das plumas de gases densos.

Entre os diversos modelos de dispersão atmosférica, a dispersão de nuvens ou

plumas densas apresenta um comportamento bastante diferente comparado aos gases

neutros. Neste trabalho foi utilizado o modelo SLAB de dispersão de gases densos.

SLAB é um modelo desenvolvido pelo “Lawrence Livermore National

Laboratory’s” (EUA), apropriado para simular a dispersão de gases mais densos que o

ar. Os tipos de emissão tratados por este modelo incluem: emissão de poça no solo,

emissão por jato horizontal elevado, emissão por jato vertical elevado ou de estaca e

uma emissão volumétrica instantânea. A dispersão é calculada resolvendo-se as

equações de conservação de massa, “momentum” e energia. As equações calculam as

médias no espaço de forma que a nuvem é tratada como uma pluma em regime

permanente, uma bufada transiente ou uma combinação dos dois dependendo da

duração da emissão.

Através da Figura 7 podemos observar a dispersão da nuvem densa no espaço.

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34

Figura 7 - Representação da dispersão da nuvem de gás denso pelo modelo

SLAB (Fonte: ERMAK, 1990)

O programa ALOHA de modelação da dispersão da pluma utiliza as seguintes

equações para quantificar os parâmetros de dispersão:

Onde:

C(x) = Concentração Volumétrica;

Ma = Peso Molecular do Ar;

Ms = Peso Molecular do Produto Vazado;

m = massa;

A concentração no modelo SLAB é dada por:

Onde:

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35

Onde:

C(x,y,z) = Concentração Volumétrico no ponto (x,y,z);

C(x) = Concentração volumétrica Média;

C1(y,b,β) = Função do perfil horizontal;

C2(z,Zc,σ) = Função do Perfil Vertical;

X = Distância Longitudinal;

Y = Distância Transversal;

Z = Distância Vertical;

Zc = Parâmetro de Altura da Nuvem;

B = Metade da Largura da Nuvem;

b = Parâmetro de Forma;

h = Altura da Nuvem;

erf = função de erro e;

ρ = densidade;

T = Temperatura;

u = Velocidade da Nuvem.

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36

Em geral, tamanho da zona de dispersão depende da quantidade de material

liberado, da densidade, volatilização, condições atmosféricas e limite de toxidade. Desta

maneira além das importantes influências da quantidade liberada e taxa de liberação,

deve-se estudar e identificar as condições e parâmetros atmosféricos relevantes para a

dissipação da nuvem densa.

3.4.3 Parâmetros Atmosféricos

A dispersão da nuvem de um gás denso depende fortemente da interação com as

condições atmosféricas do local. Por isso, na modelação de uma pluma de gás denso é

muito importante levar em consideração alguns parâmetros de caracterização.

A velocidade dos ventos e a intensidade da radiação solar são parâmetros mais

importantes na definição da estabilidade atmosférica. Para a aplicação da modelagem, a

estabilidade atmosférica foi dividida em 6 classes sendo:

• Classe A – Extremamente Instável • Classe D – Neutra

• Classe B – Moderadamente Instável • Classe E – Levemente Estável

• Classe C – Levemente Instável • Classe F - Estável

A classificação da estabilidade atmosférica em função das velocidades dos

ventos, radiação sola e nebulosidade, é dada de acordo com a tabela 5.

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Tabela 5 - Classificação da estabilidade atmosférica em função da velocidade

dos ventos e radiação solar (Fonte: FONTANIVE, 2005; AICHE, 2000)

No caso de um vazamento ocorrer e a estabilidade atmosférica for da classe F, a

pluma será horizontal, com largura reduzida e atingirá longas distâncias antes de atingir

o solo. A Pluma ainda terá como característica a dispersão de altas concentrações do

produto.

Por outro lado, se o vazamento ocorrer em classe de estabilidade A, a Pluma será

irregular. Sua largura crescerá rapidamente devido ao arraste de ar, no entanto a pluma

terá comprimento e concentrações bem menores.

Desta maneira podemos resumir o efeito salientando que quanto maior a

turbulência atmosférica, maior será a diluição do poluente e, portando menor será a

concentração do produto em um determinado ponto de estudo.

Na figura 8, podemos observar o comportamento da nuvem densa nas diversas

classes de condição atmosférica.

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Figura 8 - Comportamento das nuvens densas em função das classes

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3.5 Estações de Tratamento de Esgotos (ETE)

Segundo Di Bernardo & Dantas (2005), estima-se que, no Brasil, 60% das

internações hospitalares estejam relacionadas às deficiências do saneamento básico.

Segundo estimativas da Associação Brasileira de Entidade do Meio Ambiente

(ABEMA), cerca de 80 % dos esgotos do País não recebem qualquer tipo de tratamento

e são despejados diretamente em mares, rios, lagos e mananciais, contribuindo

seriamente para a deterioração da água passível de ser usada como fonte de

abastecimento.

Existe hoje uma grande preocupação em relação ao grau de tratamento e ao

destino final de esgotos, a suas conseqüências sobre o meio ambiente, à qualidade das

águas, e seus usos e benefícios. Hoje em dia, este é um assunto que chama a atenção não

apenas dos engenheiros, especialistas e técnicos, mas igualmente das organizações

ambientalistas e comunitárias, e da sociedade (Jordão & Pessôa, 2005).

O tratamento adequado de esgotos é determinado através dos seguintes tipos de

padrão ou diretrizes que tangem à qualidade da água em corpos d’água e ao reuso de

efluentes tratados (Von Sperling, 2005):

• Padrões de lançamento no corpo receptor;

• Padrões de qualidade do corpo receptor;

• Padrões ou diretrizes de qualidade para determinado uso de efluente tratado.

Neste sentido, a remoção dos poluentes no tratamento, de forma a adequar o

efluente a uma qualidade desejada ou padrão de qualidade vigente, está associada aos

conceitos de nível de tratamento e eficiência no tratamento.

O tratamento dos esgotos é usualmente classificado através dos seguintes níveis:

preliminar, primário secundário e terciário. A Tabela 6 apresenta os tipos de remoção

associados a cada nível de tratamento.

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Tabela 6 - Níveis de tratamento dos esgotos

Nível Remoção

Preliminar (predominam mecanismos físicos)

• Sólidos em suspensão grosseiros (materiais de maiores dimensões e areia).

Primário (predominam mecanismos físicos)

• Sólidos em suspensão sedimentáveis. • DBO em suspensão (associada à matéria orgânica componente dos

sólidos em suspensão sedimentáveis).

Secundário (predominam mecanismos biológicos)

• DBO em suspensão (caso não haja tratamento primário: DBO associada à matéria orgânica em suspensão, presente no esgoto bruto).

• DBO em suspensão finamente particulada (caso haja tratamento primário: DBO associada à matéria orgânica em suspensão não sedimentável, não removida no tratamento primário).

• DBO solúvel (associada à matéria orgânica na forma de sólidos dissolvidos, presentes, tanto nos esgotos brutos, quanto no efluente do eventual tratamento primário, uma vez que sólidos dissolvidos não removidos por sedimentação).

Terciário (mecanismos selecionados de acordo com remoção desejada)

• Nutrientes. • Organismos patogênicos. • Compostos não biodegradáveis. • Metais pesados. • Sólidos inorgânicos dissolvidos. • Sólidos em suspensão remanescentes.

Fonte: adaptado de Von Sperling (2005)

3.5.1 Sistemas de Desinfecção

A desinfecção de esgotos sanitários não visa eliminação total de

microorganismos (esterilização), conforme ocorre na medicina e na indústria de

alimentos. Desinfetar esgotos é uma prática que busca inativar seletivamente espécies

de organismos presentes no esgoto sanitário, em especial aquelas que ameaçam a saúde

humana, em consonância com padrões de qualidade estabelecidos para diferentes

situações, como, por exemplo, reuso em fins considerados menos nobres (rega de

jardins, irrigação, limpeza de veículos e pisos em geral, descarga de vasos sanitários,

água de reposição em sistemas de ar condicionado, entre outros).

Os mecanismos envolvidos na desinfecção dos organismos patogênicos podem

ser reunidos em três grupos (DANIEL, 2001):

• Destruição ou danificação da parede celular, do citoplasma ou do núcleo

molecular. O agente desinfetante atua sobre componentes destas estruturas

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celulares, impedindo que desenvolvam suas funções elementares

adequadamente.

• Alteração de importantes compostos envolvidos no catabolismo, tais como

enzimas e seus substratos, alterando o balanço de energia na célula.

• Alteração nos processos de síntese e crescimento celular, mediante alteração de

funções, tais como a síntese de proteínas, de ácidos nucléicos e coenzimas.

Em nosso país, não tem sido usual desinfetar esgoto tratado, em razão de seu

elevado custo e por questões de ampla deficiência na capacidade de tratamento

instaladas em nossas cidades. Não obstante, a exigência de alguns órgãos ambientais

estaduais de fazer cumprir a legislação para os corpos d’água de classe 2 e o elevado

custo da água potável em alguns centros urbanos, tem modificado este quadro.

Segundo Jordão e Pessôa (2005), a cloração tem sido a principal forma de

desinfecção praticada nas estações de tratamento de esgoto. Não obstante, recentemente

se tem dado particular atenção aos efeitos da cloração sobre a matéria orgânica presente

no esgoto, à formação de compostos organoclorados e trihalometanos, e a eventuais

conseqüências carcinogênicas. Assim, tem-se verificado grande evolução na prática da

desinfecção, nos países desenvolvidos, e mesmo no Brasil já se observam novas formas

de tratamento.

A Tabela 7 apresenta os principais processos para remoção de organismos

patogênicos no tratamento dos esgotos e a Tabela 8 apresenta as principais vantagens e

desvantagens dos mesmos.

Tabela 7 - Principais processos para remoção de organismos patogênicos no

tratamento dos esgotos

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Processo Comentários

Cloração • O cloro mata os microorganismos patogênicos. • São necessárias elevadas dosagens, o que encarece o processo. Quanto maior a prévia

remoção de matéria orgânica, menor a dosagem requerida de cloro. • Há certa preocupação com relação à geração de subprodutos tóxicos aos seres humanos,

mas deve-se levar em consideração o grande benefício em termos de saúde pública de remoção de patogênicos.

• Em corpos d’água, deve-se ter também a preocupação com a toxicidade causada pelo cloro residual aos seres aquáticos do corpo receptor. O cloro residual deve apresentar valores bem baixos, freqüentemente exigindo uma descloração.

• Em vários países em desenvolvimento, há bastante experiência com cloração na área de tratamento de água.

Ozonização • O ozônio é um agente bastante eficaz para a remoção de patógenos. • A ozonização é usualmente cara, embora os custos estejam se reduzindo, tornando esta

alternativa competitiva, em determinadas circunstâncias. • Há menor experiência com ozonização na maior parte dos países em desenvolvimento.

Radiação ultravioleta

• A radiação ultravioleta, gerada por lâmpadas especiais, impede a reprodução dos agentes patogênicos.

• Não geração de subprodutos tóxicos. • Idealmente, o efluente deve ser bem clarificado, para que a radiação possa penetrar bem

na massa líquida. • Este processo tem se desenvolvido bastante recentemente, tornando-se competitivo ou

mais vantajoso que a cloração em várias aplicações.

Membranas • A passagem dos esgotos tratados por membranas de diminutas dimensões (ultrafiltração, nanofiltração) constitui-se em uma barreira física aos microorganismos patogênicos, os quais são de maiores dimensões que os poros.

• O processo é bastante interessante, e não introduz produtos químicos no líquido. • Os custos são ainda elevados, mas têm-se reduzido bastante recentemente.

Fonte: Adaptado de Von Sperling (2005).

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Tabela 8 - Principais vantagens e desvantagens dos processos de desinfecção de

esgotos mais utilizados

Processos Vantagens Desvantagens

Cloração • Tecnologia amplamente conhecida. • Menor custo. • Cloro residual prolonga a desinfecção e

indica a eficiência do processo. • Efetiva e confiável para uma grande

variedade de patógenos. • Oxidação de certos compostos orgânicos

e inorgânicos. • Flexibilidade de dosagens.

• Cloro residual é tóxico; requer descloração.

• Todas as formas de cloro são altamente corrosivas e tóxicas.

• As reações com cloro geram compostos potencialmente perigosos (trihalometanos – THM).

• Aumenta os sólidos totais dissolvidos. • Cloro residual é instável na presença

de materiais que demandam cloro. • Alguns patógenos são resistentes.

Cloração/ Descloração

• Tecnologia bem desenvolvida. • Efetiva e confiável para uma grande

variedade de patógenos. • Oxidação de certos compostos orgânicos

e inorgânicos. • Flexibilidade de dosagens.

• Requer adição de produtos químicos para eliminar cloro residual.

• Elimina o efeito residual da desinfecção com cloro.

• Gera subprodutos potencialmente perigosos.

• Aumenta os sólidos totais dissolvidos. • Alguns patógenos são resistentes.

Ozonização • Mais efetivo na destruição de vírus e bactérias que o cloro.

• Utiliza curto tempo de contato. • Não gera residuais perigosos. • Não resulta em recrescimento de

bactérias, exceto as protegidas pelo material particulado.

• É gerado “in situ”, com fácil armazenamento e manuseio.

• Eleva o oxigênio dissolvido no efluente tratado.

• Baixas doses podem não inativar alguns vírus, esporos e cistos.

• Tecnologia mais complexa que a desinfecção com cloro ou UV.

• O3 é muito reativo e corrosivo. • Não é econômico para esgotos com

elevados teores de SS, DBO ou DQO. • O3 é extremamente irritante e

possivelmente tóxico. • O custo do tratamento pode ser

relativamente alto.

Ultravioleta • Efetivo na inativação de vírus e esporos. • Não necessita de geração, manuseio,

transporte ou estocagem de produtos químicos.

• Não gera efeitos residuais prejudiciais. • Operação simples. • Tempo de contato muito curto (da ordem

de dezenas de segundos). • Menor demanda de espaço que os outros

processos.

• Baixas dosagens não inativam alguns vírus, eporos e cistos.

• Os microorganismos podem se multiplicar através da fotorreativação ou recuperação no escuro.

• Necessita de controle da formação de biofilmes nos reatores de contato.

• É sensível à turbidez e sólidos suspensos totais no esgoto.

• É mais caro que a cloração, e mais barato que a cloração-descloração.

Filtração terciária

• Melhora significativa da qualidade físico-química da qualidade do efluente.

• Realiza a remoção complementar de fósforo do esgoto.

• Eficiente na remoção de ovos e larvas de helmintos e cistos de protozoários.

• Eficiência variável e inespecífica com relação aos patógenos.

• Requer produtos químicos de coagulação-floculação.

• Funcionamento intermitente, devido à necessidade de lavagem dos filtros.

• Demanda operacional com nível intermediário.

Fonte: adaptado de Gonçalves (2003)

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3.5.2 Utilização de Cloro Gasoso em sistemas de desinfecção

O cloro gasoso, na verdade, é fornecido sob a forma de gás liquefeito sob alta

pressão, para ser aplicado diretamente como gás ou como solução aquosa. Um sistema

de cloração com emprego de cloro gasoso ou líquido é composto por (Di Bernardo e

Dantas, 2005:

d) Área de armazenamento do produto em cilindros, carretas ou tanques

estacionários.

e) Dispositivo de retirada e de controle da quantidade de cloro desejada.

f) Equipamento de evaporação quando se tem a retirada de cloro líquido dos

cilindros.

g) Equipamentos de dosagem de cloro gasoso (dosadores de cloro ou

cloradores).

h) Injetor de água para obtenção da solução de cloro.

i) Aplicação de cloro na água desinfetada.

É de fundamental importância a compatibilização do injetor do clorador com a

vazão de água e a respectiva pressão de entrada nesse dispositivo de modo a atender à

dosagem necessária. Esta dosagem necessária é determinada em função da:

• Legislação, ou da imposição da autoridade sanitária local;

• Finalidade da cloração;

• Cloro residual a se manter no efluente tratado;

• Demanda de cloro do esgoto em tratamento.

De qualquer forma, a dosagem deverá ser tal que um residual mínimo seja

conseguido após um determinado tempo de contato. Tanto o cloro residual e o tempo de

conato dependem da finalidade da cloração e/ou da imposição da autoridade local. O

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residual mínimo costuma ser da ordem de 0,5 mg/L para um tempo de contato de 15

minutos (tempo normalmente adotado para esgoto doméstico nas vazões de pico), ou

tempo de conato de 30 minutos para a vazão média.

3.5.3 Riscos associados ao uso e armazenamento de Cloro

• Os principais riscos associados ao uso de cloro e armazenamento de cloro são:

• As instalações de cloração exigem constantes manutenções e constante

supervisão pelo operador, pois todas as formas de cloro são fortemente

corrosivas e tóxicas.

• Vapores originários de vazamentos de cloro são extremamente tóxicos, podendo

ser letais. Na Tabela 9 são apresentados os principais efeitos que o cloro pode

ocasionar quando inalado.

• O cloro e/ou seus subprodutos podem reduzir seu pH

• Determinados subprodutos da cloração, tais como cloraminas e clorofenóis, são

tóxicos e podem impactar negativamente sobre a fauna aquática de corpos

receptores de esgotos.

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Tabela 9 - Efeitos do cloro no corpo humano

CONCENTRAÇÃO [ppmv]

EFEITOS FÍSICOS

0,2 a 3,0 Limite de odor 1,0 a 3,0 Moderada irritação de membranas

4,0 Máxima exposição de 1 hora

5,0 a 15,0 Moderada irritação das vias

superiores 30 Tosse intensa com espasmos

40 a 60 Concentração perigosa em 30

minutos 430 Fatal após 30 minutos

1000 Fatal após algumas inalações Fonte:CETESB, 1974; Montes et al., 2002

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4 ESTUDO DE: APLICAÇÃO DO ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCOS

Neste trabalho foi desenvolvido um estudo de análise de riscos para o sistema de

cloração da ETE São José do Rio Preto. O estudo foi desenvolvido através das etapas de

caracterização do empreendimento, levantamento das características meteorológicas do

local, estabelecimento e modelagem dos cenários acidentais e determinação das

conseqüências de eventos.

4.1 Caracterização do Empreendimento

4.1.1 Área de estudo

A área onde está implantada a ETE Rio Preto foi escolhida pelo Plano Diretor do

Sistema de Esgotamento Sanitário da Sede do Município de São José do Rio Preto,

elaborado pela FIPAI (Fundação para o Incremento da Pesquisa e do Aperfeiçoamento

Industrial). A Estação de Tratamento de Esgotos situa-se na margem esquerda do Rio

Preto, junto à confluência com o córrego São Pedro, ao lado da rodovia Délcio Custódio

da Silva (SP-427) e de uma avenida projetada que sairá da rotatória em frente à

FEBEM.

Segundo o plano diretor, o local está situado junto à periferia da atual área

urbana, e apresenta grande potencial de expansão urbana. No momento de implantação

da ETE a área encontrava-se totalmente desmatada e servia como pasto para criação de

gados.

Segundo dados do IBGE, a densidade demográfica da cidade de São José do Rio

Preto é da ordem de 975 hab/km². Desta maneira, para efeito de estudo de riscos, foi

considerado que a região onde se encontra a ETE terá densidade demográfica próxima à

média municipal após expansão urbana projetada pelo plano diretor.

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Figura 9 - Localização da ETE S. J. Rio Preto

4.1.2 Fatores Climáticos

Considerando que o estudo da dispersão dos gases depende diretamente das

condições de estabilidade atmosférica, foi necessária uma caracterização completa das

características da região.

Os dados de direção dos ventos, intensidade dos ventos, temperatura média e

umidade relativa foram obtidos na página virtual do CPTEC através da Plataforma de

coleta de dados de Votuporanga.

A tabela 10 mostra um resumo dos dados coletados, classificados para o período

noturno e diurno. As figuras 10 e 11 ilustram os dados estatísticos.

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Tabela 10 - Dados Climáticos (Fonte: CPTEC)

Direção do Vento

Probabilidade de Ocorrência

Intensidade dos Ventos

DIA NOITE DIA NOITE [%] [%] [m/s] [m/s]

0˚ (E) 27% 17% 6,66 6,08 45˚ (NE) 15% 12% 7,04 6,53 90˚ (N) 18% 23% 6,68 6,21

135˚ (NW) 13% 23% 6,93 6,50 180˚ (W) 7% 10% 5,73 5,16

225˚ (SW) 4% 4% 6,22 5,72 270˚ (S) 8% 7% 5,70 5,04

315˚ (SE) 8% 5% 6,35 5,14

Através da análise dos dados podemos perceber que há grandes diferenças

quanto a condição climática durante os períodos diurnos e noturnos. Durante o dia,

podemos perceber a predominância dos ventos na direção Leste (E). Em contra partida,

durante o período noturno a predominância dos ventos durante o ano se dá para as

direções norte e noroeste (N e NW, respectivamente).

A intensidade dos ventos também varia de acordo com a direção. De uma

maneira geral, pode perceber que durante o período diurno os ventos são mais intensos,

comparado ao período noturno. Durante o período dos dados a intensidade mínima

média foi de 5,04 m/s (para a direção sul, período noturno) e a intensidade máxima

média foi de 7,04 m/s (para a direção nordeste, período diurno).

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Tabela 11 - Características Climáticas Médias (Fonte: CPTEC)

Parâmetro Período Diurno

Período Noturno

Unidade

Temperatura Média 24,89 22,88 ˚C Umidade Relativa 76,39 84,05 %

Figura 10 - Probabilidade de Ocorrência dos Ventos [%]

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Figura 11 - Intensidade dos Ventos em função da direção [m/s]

4.1.3 ETE São José do Rio Preto

A ETE Rio Preto, na 1ª etapa de implantação, terá por função o tratamento dos

esgotos da sede do município de São José do Rio Preto, atendendo os seguintes

objetivos:

• Manutenção de um efluente a ser lançado no rio Preto, com DBO5 entre 20 e 30

mg/l;

• OD mínimo de 5,0 mg/l;

• Coliformes fecais máximo de 1.000 NMP/100 ml;

• Produção de lodo com concentração mínima de sólidos de 30%, para disposição

final em aterros sanitários.

Para o atendimento destes objetivos é proposto na fase liquida da ETE um

tratamento composto por: gradeamento grosseiro, recalque de esgoto bruto,

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gradeamento fino, medição de vazão, desarenação, reatores anaeróbios de fluxo

ascendente (UASBs), um sistema de lodos ativados formado por tanques de aeração,

decantação, recirculação, seguido de cloração e pós-aeração.

A ETE na 1ª etapa terá capacidade para atender as seguintes contribuições:

• População = 438.000 hab;

• Vazão média anual = 1.005 l/s;

• Vazão média do dia de maior contribuição = 1.155 l/s;

• Vazão máxima horária = 1.650 l/s

• Carga orgânica = 29.400 kg DBO5 / dia

A seguir é dado um fluxograma ilustrativo dos processos da ETE São José do

Rio Preto para a primeira fase do processo de implantação.

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4.1.4 Caracterização do Sistema de Cloração da ETE São José do Rio Preto

A dosagem de cloro deverá ser efetuada por dois cloradores do tipo de gabinete,

sendo um de reserva. As características dos rotâmetros dos cloradores foram definidas

em função das máximas e mínimas vazões produzidas pelo sistema de filtragem

grosseira nas diversas etapas para as dosagens máximas e mínimas.

A dosagem de cloro é ajustada manualmente no clorador. Esta dosagem será

mantida, automaticamente pelo clorador, variando a quantidade de cloro a ser dada, em

Figura 12 - Fluxograma esquemático dos processos da ETE Rio Preto

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função da vazão variável do sistema de filtragem grosseira, lida pelo medidor

eletromagnético de vazão previsto no sistema.

Um injetor, instalado próximo ao ponto de aplicação do cloro, deverá produzir o

vácuo necessário à operação do sistema de cloração e promover a mistura de água com

o cloro gasoso aplicada em um difusor instalado na linha de alimentação da câmara

superior do reservatório elevado.

Para o fornecimento de água pressurizada ao injetor, há duas bombas

centrífugas, sendo uma reserva.

O sistema poderá operar na forma local, ou na forma remota pelo Centro de

Controle Operacional (CCO). Na condição remota é prevista uma operação manual ou

automática.

O sistema de cloração é basicamente formado por:

• 12 cilindros de cloro em reserva;

• Dois cilindros de cloro em reserva ligado a um "manifold";

• Dois cilindros de cloro em operação ligado a um "manifold";

• Um sistema de troca automática dos cilindros ligados ao "manifold";

• Dois evaporadores, sendo um reserva;

• Duas bombas centrífugas, sendo uma reserva, que alimentarão um injetor de

cloro, que criará vácuo para operação dos cloradores.

Como item de segurança, a sala de cilindros conta com um sistema destinado a

minimizar os efeitos de um eventual vazamento de cloro gasoso para a ambiente. A sala

é dotada de um sistema de exaustão mecânica constituído por exaustores axiais

instalados no nível inferior da lateral da sala. Esses exaustores são operados por função

temporizada. O sistema de exaustão tem capacidade para realizar no mínimo 20

renovações de ar/hora.

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55

A sala de cilindros conta com três sensores de cloro instalados em extremidades

opostas. Os sensores, providos internamente de uma célula química, com elemento

sensível ao cloro, acusarão e transmitirão a presença do gás ao receptor, mesmo em

quantidades muito inferiores àquelas percebidas pelo olfato. O receptor está localizado

na sala de dosagem, para não sofrer risco de corrosão por cloro.

O conjunto receptor está previamente ajustado para o valor de “set-point” de 3

ppm, que, uma vez atingido, acionará um alarme no Sistema de Supervisão e Controle

(SSC) e simultaneamente ligará a bomba de circulação de solução de NaOH do lavador.

O conjunto conta com uma bomba reserva.

O gás vazado é sugado da sala através de dutos de polipropileno e encaminhado

ao lavador de ar contaminado do tipo hidro-venturi, também executado com este

material.

Antes de alcançar o equipamento de lavagem, o ar contaminado com cloro

sofrerá, no trecho final do duto de admissão, uma pré-lavagem por meio de “sprays”

instalados na parte interna do duto. Ao entrar no lavador pela parte superior, o ar

contaminado com cloro ficará em contato com nova carga de solução de soda cáustica

lançada por uma série de “ejetores sprays” em uma garganta interna.

O cloro gasoso que reage com a soda cáustica será recolhido na forma de

hipoclorito de sódio no reservatório de fundo do lavador e, por meio de um extravasor,

retornará ao tanque de recirculação de soda cáustica.

A operação de lavagem do ar será interrompida automaticamente, assim que o

sensor de cloro acusar uma concentração admissível na Sala dos Cilindros, e reativada a

ventilação normal (exaustores), também automaticamente. O valor fixado como

concentração admissível é 1 ppm.

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4.2 Estabelecimento de Cenários Acidentais

A partir da caracterização do sistema de cloração da ETE, foram estabelecidos

cenários acidentais. O estudo das características do sistema permitiu a identificação de

pontos críticos, a análise dos perigos foi feita através do sistema de Análise preliminar

de Perigos (APP).

Para as simulações de cenários acidentais foi considerada a hipótese acidental do

rompimento da tubulação flexível e a hipótese de rompimento do cilindro ou válvula de

saída.

4.2.1 Cenário A: Ruptura do Flexível – Vazamento de um Cilindro

Neste cenário, foi considerado que o vazamento de cloro ocorre pelo

rompimento da tubulação flexível do tanque. Nas condições termodinâmicas do local,

foi considerado que o escoamento do gás ocorre na forma horizontal, havendo formação

de nuvem tóxica. Foi considerado o pior caso de vazamento, no qual há ruptura total do

flexível (3/8pol.), e quando ultrapassada a barreira do sistema de segurança.

4.2.2 Cenário B: Furo no Cilindro – Vazamento na saída para o flexível

Neste cenário, foi considerado que o vazamento de cloro ocorre pelo

rompimento do cilindro ou falha na válvula de saída do tanque (considerando

conservativamente um furo de 3/8pol.). Há formação de nuvem tóxica por vazamento de

um cilindro completo quando ultrapassada a barreira do sistema de segurança.

4.3 Modelagem e Simulação dos Cenários

A modelagem quantitativa e a simulação dos cenários acidentais foram

realizadas utilizando os modelos matemáticos anteriormente explicitados. Para tanto, foi

utilizado um programa específico de domínio público.

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57

O programa utilizado nas simulações foi o ALOHA 5.4 (Area Location of

Hazardous Atmosphers), desenvolvido pela Agência Americana de Proteção ao Meio

Ambiente (EPA). Neste programa está incorporado o modelo de dispersão SLAB, que é

o mais apropriado para o estudo da dispersão de gás cloro. Os modelos de formação e

vaporização das poças também estão incorporados ao programa.

A modelagem da dispersão do gás foi realizada com condições de estabilidade

atmosférica, temperaturas médias, umidades médias e velocidades dos ventos para o

período diurno e noturno.

A escolha dos níveis de concentração de cloro foi baseado nas conseqüências

tóxicas provocadas sobre a saúde humana. Conforme recomendação da CETESB, foi

estudado a dispersão da nuvem de cloro para as concentrações que cloro que atingissem

letalidade de 50% e 1% para o tempo de exposição igual a 10 minutos.

Para tal efeito temos que:

• DL50% = 1620 mg/m³ (Concentração com probabilidade de letalidade de 50%

para o tempo de exposição igual a 10 (Dez) minutos);

• DL1% = 591 mg/m³ (Concentração com probabilidade de letalidade de 1% para o

tempo de exposição igual a 10 (Dez) minutos);

A dispersão da nuvem de cloro sobre a vizinhança foi simulada para os períodos

diurnos e noturnos. No entanto como não há informações sobre as características de

ocupação da área no futuro, foi considerada a existência de 25 habitantes por hectare

para o período diurno e 75 habitantes por hectare para o período noturno, conforme

recomendação da CETESB.

O quadro 12 mostra um resumo dos parâmetros de entrada do programa

ALOHA para a simulação da dispersão do gás cloro.

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Tabela 12 - Parâmetros de entrada utilizados nas simulações

Parâmetros Valor Unidade

Substância CL2 - Velocidade do Vento 5,04 - 7,04 m/s Estabilidade Atmosférica C - E -

Umidade Relativa do Ar 76 - 84 %

Temperatura Média 22,88 - 24,89 ˚C

Capacidade do Cilíndro 0,889 m³

Acomodação do Cilíndro Horizontal -

Comprimento do Cilíndro 2,15 m

Diâmetro do Cilindro 0,73 m

Grau de Enchimento 73 % Diâmetro do Furo de Vazamento 0,0096 m

Os valores de Rugosidade do terreno foram fornecidos pelo programa, em

função das características estimadas de ocupação. As figuras a seguir ilustram algumas

telas de entrada e exemplos de resultados obtidos através do programa ALOHA.

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Figura 13 - Exemplo de tela de entrada de dados atmosféricos

Figura 14 - exemplo de tela de entrada de dados atmosféricos (2)

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Figura 15 - Exemplo de tela de demonstração da nuvem tóxica

Figura 16 - Exemplo de alteração da concentração do gás em um ponto

específico

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61

Figura 17 - Exemplo de tela de demonstração dos resultados

4.4 Determinação dos Riscos Individual e Social

Sabe-se os riscos Social e Individual estão associados a freqüência de ocorrência

e a severidade do acidente, expresso pelo número de fatalidades.

Para a determinação do risco social, é preciso saber, através de um histórico, a

freqüência de ocorrência do evento inicial. A partir deste pondo, estima-se a ocorrência

dos eventos associados para se determinar a freqüência final da ocorrência de um

acidente. Para este estudo, a freqüência de um evento será dada por:

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Onde:

F = Frequência de ocorrência do cenário acidental i;

Fei = Frequencia de ocorrência do evento inicial;

Psp = Probabilidade di sistema de segurança falhar;

Pv = Probabilidade da ocorrência do vento na direção da simulação;

O cálculo para se obter a freqüência de cada evento foi baseado em uma árvore

de eventos. As tabelas 13 e 14 identificam cada evento considerado.

Tabela 13 - Quadro de simulações para o período diurno

Evento Identificação da Simulação

Direção do Vento

Furo 3/8" no cilindro e/ou

falha na válvula de saída

1 N 2 NE 3 E 4 SE 5 S 6 SW 7 W 8 NW

Rompimento no Flexível com

escape da massa de um cilindro

(3/8")

9 N 10 NE 11 E 12 SE 13 S 14 SW 15 W 16 NW

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63

Tabela 14 - Quadro de simulações para o período noturno

Evento Identificação da Simulação

Direção do Vento

Furo 3/8" no cilindro e/ou

falha na válvula de saída

1A N 2A NE 3A E 4A SE 5A S 6A SW 7A W 8A NW

Rompimento no Flexível com

escape da massa de um cilindro

(3/8")

9A N 10A NE 11A E 12A SE 13A S 14A SW 15A W 16A NW

Obtidos os resultados de ocorrência para cada evento, calculou-se a freqüência

total acumulada. O risco social será expresso pela freqüência total acumulada em função

do número de fatalidades. Com os resultados de freqüência acumulada e número

provável de fatalidades pode-se representar e analisar o risco social através de uma

curva F-N.

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Tabela 15 - Árvore de eventos para a ocorrência de vazamento por furo no

cilindro

Evento Inicial Sistema de

Sucção Estagnação do

Vazamento Direção do

Vento Efeito

Freqüência do Cenário

Período Diurno

Fei = 0,002% P = 0,98 Inofensivo

PSP = 0,02 Pest.= 0,99 Inofensívo

Pvaz.= 0,01 PE = 0,27 Nuvem Tóxica F1 = 8,2E-10

PNE= 0,15 Nuvem Tóxica F2 = 4,4E-10

PN = 0,18 Nuvem Tóxica F3 = 5,3E-10

PNW= 0,13 Nuvem Tóxica F4 = 3,9E-10

PW = 0,07 Nuvem Tóxica F5 = 2,2E-10

PSW= 0,04 Nuvem Tóxica F6 = 1,3E-10

PS = 0,08 Nuvem Tóxica F7 = 2,3E-10

PSE= 0,08 Nuvem Tóxica F8 = 2,5E-10

Período Noturno

Fei = 0,002% P = 0,98 Inofensivo

PSP = 0,02 Pest.= 0,99 Inofensívo

Pvaz.= 0,01 PE = 0,17 Nuvem Tóxica F1A = 5,1E-10

PNE= 0,12 Nuvem Tóxica F2A= 3,7E-10

PN = 0,23 Nuvem Tóxica F3A = 6,8E-10

PNW= 0,23 Nuvem Tóxica F4A = 6,8E-10

PW = 0,10 Nuvem Tóxica F5A = 3E-10

PSW= 0,04 Nuvem Tóxica F6A = 1,1E-10

PS = 0,07 Nuvem Tóxica F7A = 2E-10

PSE= 0,05 Nuvem Tóxica F8A = 1,5E-10

O risco social é obtido através da freqüência de um evento ocorrer em

determinado ponto, da probabilidade de fatalidade no ponto específico e da distância

atingida pela nuvem tóxica.

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66

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo serão apresentados e discutidos os resultados da dispersão do gás

cloro e os valores obtidos para o risco individual e risco social.

O comportamento da dispersão do gás tóxico, distância de risco e estimativa de

fatalidades serão apresentadas em forma de gráficos e tabelas. Ao final, serão

apresentados os resultados para os riscos estudados.

5.1 Estudo da Dispersão da Nuvem Tóxica

5.1.1 Cenário A: Furo no Cilindro – Vazamento na saída para o flexível

As simulações foram efetuadas de acordo com o proposto no capítulo anterior.

Foram obtidos os comprimentos máximos das nuvens tóxicas equivalentes a DL50 e DL01.

As nuvens tóxicas foram estudadas para todas as direções de ventos, respeitando as

condições atmosféricas do local, conforme levantamento apresentado no capítulo

anterior.

A taxa de vazamento média utilizada para as simulações de avanço das nuvens

tóxica foi estimada pelo programa ALOHA, através de modelos matemáticos aplicados

as características do sistema.

Os dados de entrada para a estimativa da taxa de vazamento e os resultados

obtidos para o evento proposto no cenário A se encontram na tabela 16.

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Tabela 16 - Parâmetros característicos para simulação de vazamento por ruptura

do cilindro ou falha na válvula de saída do tanque

Parâmetros Valor Unidade

Substância CL2 - Capacidade do Cilindro 0,889 m³ Acomodação do Cilindro Horizontal - Comprimento do Cilindro 2,15 m Diâmetro do Cilindro 0,73 m Grau de Enchimento 73 % Diâmetro do Furo de Vazamento 0,0096 m Taxa de Vazamento 115 kg/min Tempo de Vazamento 8 min Massa Vazada 900 kg

Para as características do tanque de cloro encontrado na ETE Rio Preto, a

estimativa da taxa de vazamento foi de 115 kg/min. A taxa de vazamento foi estimada

para um furo com diâmetro de 3/8” na parede do cilindro ou na sua válvula de saída.

A partir dos dados de vazamento e das características climáticas locais foi

possível a modelação das nuvens tóxicas. A tabela 17 mostra o resultado obtido para os

comprimentos de onda em cada simulação efetuada. Maiores detalhes de dados de

entrada e resultados das simulações se encontram no anexo 1.

Tabela 17 - Comprimento de máximo da nuvem tóxica para cada simulação

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Quadro de Simulações

Evento Identificação

da Simulação

Direção do Vento

Velocidade dos Ventos

[m/s]

Compr. DL50 [m]

Compr. DL01 [m]

Furo 3/8" no cilindro e/ou

falha na válvula de saída

1 N 6,68 182 357 2 NE 7,04 181 342 3 E 6,66 182 357 4 SE 6,35 182 362 5 S 5,70 185 377 6 SW 6,22 183 360 7 W 5,73 184 377 8 NW 6,93 181 351

1A N 6,21 181 357 2A NE 6,53 180 353 3A E 6,08 181 364 4A SE 5,14 184 384 5A S 5,04 185 385 6A SW 5,72 183 372 7A W 5,16 184 384 8A NW 6,50 180 352

Analisando os dados obtidos para os comprimentos das nuvens tóxicas,

percebemos que os maiores comprimentos ocorrem para o período noturno,

representado pelas simulações 1A até 8A. Podemos perceber também que as maiores

nuvens ocorrem para as menores intensidades dos ventos. De uma maneira geral, as

nuvens que representam a concentração de 1620 mg/m³ (DL50) variaram de 180 a 185

metros a partir da fonte. As nuvem que representam a concentração 591 mg/m³ (DL01)

variaram entre 342 e 385 metros a partir da fonte.

5.1.2 Cenário B: Ruptura do Flexível – Vazamento de um Cilindro

Da mesma maneira que as simulações feitas para o Cenário A, foram obtidos os

comprimentos máximos das nuvens tóxicas equivalentes a DL50 e DL01. As nuvens tóxicas

foram estudadas para todas as direções de ventos, respeitando as condições atmosféricas

do local, conforme levantamento apresentado no capítulo anterior.

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A taxa de vazamento média utilizada para as simulações de avanço das nuvens

tóxica foi estimada pelo programa ALOHA, através de modelos matemáticos aplicados

as características do sistema.

Os dados de entrada para a estimativa da taxa de vazamento e os resultados

obtidos para o evento proposto no cenário B se encontram na tabela 18.

Tabela 18 - Parâmetros característicos para simulação de vazamento por ruptura

do flexível

Parâmetros Valor Unidade

Substância CL2 - Capacidade do Cilíndro 0,889 m³ Acomodação do Cilíndro Horizontal - Comprimento do Cilíndro 2,15 m Diâmetro do Cilindro 0,73 m Grau de Enchimento 73 % Diâmetro do Furo de Vazamento 0,0096 m Taxa de Vazamento 45 kg/min Tempo de Vazamento 22 min Massa Vazada 900 kg

Para as características do tanque de cloro encontrado na ETE Rio Preto, a

estimativa da taxa de vazamento foi de 45kg/min. Esta taxa de vazamento foi estimada

para a situação de ruptura total do flexível, causando um furo de escape com diâmetro

de 3/8”.

A partir dos dados de vazamento e das características climáticas locais foi

possível a modelação das nuvens tóxicas. A tabela 19 mostra o resultado obtido para os

comprimentos de onda em cada simulação efetuada. Maiores detalhes de dados de

entrada e resultados das simulações se encontram no anexo 1

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Tabela 19 - Comprimento de máximo da nuvem tóxica para cada simulação

Quadro de Simulações

Evento Identificação

da Simulação

Direção do Vento

Velocidade dos Ventos

[m/s]

Compr. DL50 [m]

Compr. DL01 [m]

Ruptura no Flexível com

escape da massa de um cilindro

(3/8")

9 N 6,68 119 222 10 NE 7,04 117 217 11 E 6,66 119 221 12 SE 6,35 121 229 13 S 5,70 122 235 14 SW 6,22 121 228 15 W 5,73 122 233 16 NW 6,93 116 217 9A N 6,21 118 226

10A NE 6,53 117 219 11A E 6,08 119 224 12A SE 5,14 121 242 13A S 5,04 121 248 14A SW 5,72 119 230 15A W 5,16 121 242 16A NW 6,50 117 217

Analisando os dados obtidos para os comprimentos das nuvens tóxicas,

percebemos que, para o evento proposto no Cenário B os maiores comprimentos

ocorrem para o período noturno, representado pelas simulações 9A até 16A. Podemos

perceber também que as maiores nuvens ocorrem para as menores intensidades dos

ventos. De uma maneira geral, as nuvens que representam a concentração de 1620

mg/m³ (DL50) variaram de 116 a 122 metros a partir da fonte. As nuvem que

representam a concentração 591 mg/m³ (DL01) variaram entre 217 e 248 metros a partir

da fonte.

Analisando os resultados para os dois cenários acidentais, percebemos que há

formação de nuvens tóxicas com maior comprimento para o Cenário A. Considerando

que a massa de cloro vazada nas duas situações sejam a mesma, podemos concluir que a

diferença na formação das nuvens se dá pelas características do vazamento. A perda de

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71

carga estimada para um vazamento ocasionado pela ruptura do flexível é maior

comparada a perda de carga por ruptura direta da parede do tanque, por exemplo. Desta

maneira a taxa de vazamento estimada para o Cenário B foi menor que a estimada no

Cenário A, ocasionando as diferenças no avanço das nuvens tóxicas.

5.2 Identificação das Áreas de Risco

Considerando que a dispersão da pluma de cloro pode ocorrer em várias direções

foi montado um desenho a fim de se identificar as áreas de risco para então estimar o

risco Social e Individual da implantação da ETE Rio Preto no local proposto.

A análise de identificação das áreas de riscos foi feita a partir dos dados de

dispersão calculados para o período noturno, já que as simulações de evento durante a

noite apresentaram comprimento de pluma maior e, portanto, maior área de risco de

fatalidades.

As figuras 18 e 19 mostram o resulta da plotagem das plumas de dispersão do

cloro na área de implantação da ETE. Foram montados, também, desenhos em escala

com maiores detalhes e informações. Os desenhos detalhados de encontram no Anexo

2.

Conforme recomendação da CETESB, as zonas de risco serão delimitadas pelos

comprimentos estimados das plumas com concentração 1620mg/m³ (DL50) e 591mg/m³

(DL01). Nas áreas entre a fonte de contaminação e a delimitação da pluma DL50 foi

adotado probabilidade de fatalidade para 75% da população exposta. Nas áreas entre a

delimitação da pluma DL50 e a delimitação da pluma DL01 foi adotado probabilidade de

fatalidade para 25% da população exposta. As figuras 20 e 21 a seguir indicam as áreas

de risco em torno da fonte contaminante para os “Cenários A e B” previamente

caracterizados.

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Figura 18 - Indicação da área de influência máxima para rompimento do cilindro

ou falha da válvula de saída, “Cenário A”.

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73

Figura 19 - Indicação da área de influência máxima para rompimento da

tubulação flexível, “Cenário B”.

A zona hachurada em amarelo indica a área em que, devido à concentração de

cloro na dispersão da pluma, há risco de fatalidade para 75% da população com tempo

de exposição mínimo de 10 (dez) minutos. A zona hachurada em amarelo indica a área

em que, devido à concentração de cloro na dispersão da pluma, há risco de fatalidade

para 25% da população com tempo de exposição mínimo de 10 (dez) minutos. A partir

da determinação das áreas de influência das plumas de contaminante, podem-se

identificar as áreas externas a ETE passíveis de ocupação e, portanto, caracterizadas

como áreas de riscos. É importante salientar que em áreas onde não há possibilidade de

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ocupação pela população não há risco, já que o risco está diretamente ligado aos efeitos

físicos, normalmente expressos pelo número de fatalidades.

Para efeito do cálculo da área de risco foi considerada um área de APP

delimitada pela distância de 30 metros de cada margem do Rio Preto e Córrego São

Pedro. Foi considerado que esta área não é passível de ocupação e, portanto, não

adiciona riscos ao empreendimento.

Figura 20 - Indicação das áreas de risco, Cenário A

Analisando a figura 19 e o desenho “Cenário A” (Anexo 2) podemos identificar

as zonas de risco para os eventos propostos no “Cenário A”. Percebe-se que, para este

Cenário, o risco de exposição tóxica à população externa a ETE poderia ocorrer nas

direções Nordeste, Norte, Noroeste, Leste e Sudeste em relação à fonte de

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75

contaminação. Este Cenário apresentou área de risco total equivalente a 94.291,71m²

(94,2 ha).

Na figura 21 e no desenho “Cenário B” (Anexo 2) podem-se identificar as zonas

de risco para os eventos propostos no “Cenário B”. A exposição a nuvem tóxica fora

dos limites da ETE poderia ocorrer apenas em eventos que ocorressem durante ventos

na direção Norte e Nordeste. O “Cenário B” apresentou área de risco total equivalente a

9.727,29m² (9,73 ha).

Figura 21 - Indicação das áreas de risco, Cenário B

Atualmente a ocupação das áreas se dá por empreendimentos agro-pecuários. No

entanto, conforme prevê o Plano Diretor do município de São José do Rio Preto, a zona

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76

urbana apresenta crescimento acelerado em direção a área da ETE e, portanto, esta área

poderá ser parte da zona urbana municipal em um futuro próximo.

5.3 Identificação da População de Risco e Estimativa de Fatalidades

A identificação da população sujeita as conseqüências de um evento é parte

crucial no processo de análise dos riscos de um empreendimento. A identificação da

população sujeita a risco foi feita a partir das zonas de influencia das nuvens tóxicas e

dos parâmetros de densidade populacional recomendados pela CETESB.

Conforme explicitado no capítulo anterior as densidades populacionais a serem

utilizadas no cálculo da população são:

• 25 pessoas por hectare para o período diurno;

• 75 pessoas por hectare para o período noturno;

Com base nas áreas de riscos identificadas no item 5.2 foi possível os cálculos

estimativos para fatalidades nos dois cenários propostos. A tabela 20 expressa os

resultados.

Tabela 20 - Estimativa do total de fatalidades para os cenários A e B

Densidade

Populacional Área de

Influência

População na área de

Risco Probabilidade de Fatalidade

Estimativa Total de

Fatalidades [hab/ha] [ha] [hab] [%] [hab]

Cenário A Período Diurno 25 9,429 2357 25 589 Período Noturno 75 9,429 7072 25 1768

Cenário B Período Diurno 25 0,973 243 25 61 Período Noturno 75 0,973 730 25 182

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77

Analisando o quadro acima fica claro que por gerar uma nuvem tóxica maior, o

Cenário A gera um número maior de fatalidades prováveis. Nos eventos ocorridos

durante o período noturno, as conseqüências, em termos de fatalidades, são bem piores

comparadas aos eventos ocorridos no período diurno. Cabe salientar que esta estimativa

expressa o número total de fatalidades, ou seja, a soma de todos os eventos possíveis de

acontecer dentro de um cenário acidental.

Para expressar as conseqüências de um evento, a estimativa de fatalidades de um

cenário foi dividida pelo número de eventos que possam gerar conseqüências externas

ao empreendimento. A tabela 21 expressa a estimativa de conseqüência para cada

evento considerado.

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Tabela 21 - Estimativa do número de fatalidades por evento simulado

Evento Período Simulação Direção

do Vento

Estimativa de Fatalidades

Furo 3/8" no cilindro e/ou

falha na válvula de saída

Diurno

1 N 118 2 NE 118 3 E 118 4 SE 118 5 S 0 6 SW 0 7 W 0 8 NW 118

Furo 3/8" no cilindro e/ou

falha na válvula de saída

Noturno

1A N 354 2A NE 354 3A E 354 4A SE 354 5A S 0 6A SW 0 7A W 0 8A NW 354

Rompimento no Flexível com

escape da massa de um cilindro

(3/8")

Diurno

9 N 30 10 NE 30 11 E 0 12 SE 0 13 S 0 14 SW 0 15 W 0 16 NW 0

Rompimento no Flexível com

escape da massa de um cilindro

(3/8")

Noturno

9A N 91 10A NE 91 11A E 0 12A SE 0 13A S 0 14A SW 0 15A W 0 16A NW 0

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79

5.4 Risco Social e Risco Individual

A partir da estimativa da população de risco e da estimativa de ocorrência dos

eventos perigosos é possível calcular os riscos Social e Individual referente a instalação

e operação da ETE Rio Preto no local em questão.

A partir do estudo inicial de identificação de perigos, foi calculada a freqüência

de ocorrência de todos os eventos identificados como perigosos a população externa a

era da ETE. Desta maneira, para cada evento, obteve-se uma freqüência final de

ocorrência, expressa em ano-1 e a estimativa das conseqüências do evento, expresso em

número provável de fatalidades.

A tabela 22, a seguir, expressa os resultados de freqüência e conseqüência para

cada evento perigoso.

Tabela 22 - Estimativa do número de fatalidades e Freqüência final dos eventos

perigosos

Cenário

Freq. do Evento

Inicial [ano-

1]

Prob. Falha do sistema de

Segurança

Prob. De falha na

Estagnação Período Vento

Prob. Vento

Freqüência Final

[ano-1]

Estimativa de

Fatalidades

1 0,00002 2% 1% Dia N 0,27 8,21E-10 118 2 0,00002 2% 1% Dia NE 0,15 4,38E-10 118 3 0,00002 2% 1% Dia E 0,17 5,05E-10 118 4 0,00002 2% 1% Dia SE 0,08 2,48E-10 118 8 0,00002 2% 1% Dia NW 0,13 3,88E-10 118

1A 0,00002 2% 1% Noite N 0,27 8,21E-10 354 2A 0,00002 2% 1% Noite NE 0,15 4,38E-10 354 3A 0,00002 2% 1% Noite E 0,17 5,05E-10 354 4A 0,00002 2% 1% Noite SE 0,08 2,48E-10 354 8A 0,00002 2% 1% Noite NW 0,13 3,88E-10 354 9 0,00002 2% 1% Dia N 0,23 6,76E-10 30

10 0,00002 2% 1% Dia NE 0,12 3,66E-10 30 9A 0,00002 2% 1% Noite N 0,23 6,76E-10 91

10A 0,00002 2% 1% Noite NE 0,12 3,66E-10 91

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Percebe-se que para os cenários acidentais propostos, as freqüências dos eventos

variam em torno de 2 a 8E-10ano-1. A estimativa das conseqüências, expressa pelo

número de fatalidades, variam de acordo com o período do evento e alcance na nuvem

tóxica. Por apresentar um maior número de pessoas expostas ao risco, o período noturno

apresentou as piores conseqüências, comparado aos mesmos eventos ocorridos durante

o dia.

A partir dos dados apresentados na Tabela 22, foi possível a estimativa de

freqüências dos eventos, classificado-as de acordo com o número de vítimas fatais

associadas ao acidente. A tabela 23 mostra, para cada faixa de conseqüência, a

probabilidade de ocorrer um evento.

Tabela 23 - Probabilidade de ocorrência de eventos de acordo com o número

estimado de fatalidades

Número estimado de Fatalidades

Probabilidade de

Ocorrência [ano-1]

> 350 2,40E-09 300 a 350 2,40E-09 250 a 300 2,40E-09 200 a 250 2,40E-09 150 a 200 2,40E-09 100 a 150 4,80E-09 50 a 100 5,84E-09 0 a 50 6,88E-09

A partir dos resultados obtidos, percebe-se que quanto maior o número de

vítimas fatais externas a área da ETE, menor a possibilidade de ocorrer um evento desta

magnitude.

A aceitabilidade ou não destes riscos pode ser estudada plotando os resultados

obtidos em um gráfico F-N (Freqüência x Número de fatalidades). Conforme

mencionado anteriormente, esse tipo de gráfico é utilizado pela CETESB durante o

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81

processo de tomada de decisão sobre a aceitabilidade dos riscos associados à

implantação de um empreendimento. A figura 22 expressa os limites de aceitabilidade

da CETESB e os riscos estimados para a operação da Estação de Tratamento de Esgotos

de São José do Rio Preto.

Figura 22 - Curva F-N

O comportamento da curva F-N, demonstrado pela figura 22, mostra que o risco

social associado à implantação da ETE Rio Preto esta muito abaixo do limite de riscos

aceitáveis adotado pela CETESB. No entanto, de acordo com a CETESB, a

comprovação de “baixos” riscos associados ao empreendimento não exclui a

obrigatoriedade da elaboração de um Programa de Gerenciamento de Riscos e de um

Plano de Ação Emergencial.

A figura 23 representa, através de curvas isorisco, o risco individual associado

ao empreendimento. O risco individua foi calculado através da somatória das

freqüências dos eventos que associam riscos a determinada área externa a ETE.

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82

5.5

Figura 23 - Curvas Isorisco

Pela análise da figura concluímos que o risco individual associado a operação da

ETE Rio Preto é da ordem de 1 (uma) fatalidade ocorrida a cada 1.000.000 de anos,

número próximo ao limite do risco negligenciável adotado pela CETESB.

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6 CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos da simulação de cenários hipotéticos de

vazamentos acidentais de cloro, pode-se concluir que existem riscos significativos

associados à instalação de operação de unidades de cloro em estações de tratamento de

água e esgoto. No entanto, os riscos podem ser gerenciados de forma a minimizar os

impactos conseqüentes de eventos acidenta.

Deve-se salientar que as simulações foram feitas a partir da premissa de

vazamento de todo conteúdo do tanque de cloro gasoso. No entanto, o tempo necessário

para vazamento de todo o gás é de 8 minutos para o Cenário A e 22 minutos para o

Cenário B. No entanto o tempo de resposta da equipe responsável pela contenção do

vazamento é menor que o tempo necessário para o vazamento de todo gás no Cenário B.

Estima-se o tempo de resposta para contenção de acidentes em cerca de 12 minutos a

partir do alerta do sistema.

Nos Cenários acidentais considerados, as nuvens tóxicas atingiram comprimento

máximo da ordem de 385 metros para o limite de DL01. A nuvem tóxica com

concentração de DL50 atingiu comprimento máximo de 185 metros. No caso de

acidentes com possibilidade de fatalidades obteve-se freqüência abaixo de 6,88x10-9

ano-1. Sendo assim, a possibilidade de ocorrência de acidente com vítimas é de

aproximadamente 1 eventos a cada 1.000.000 anos.

Devido ao padrão de ocupação atual do seu entorno, a instalação e operação de

um sistema de cloração não apresenta riscos imediatos a população externa a ETE São

José do Rio Preto. No entanto, se considerarmos os requerimentos para o licenciamento

de instalações que utilizem produtos tóxicos, percebemos que o estudo de análise de

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85

riscos está associado à obtenção da Licença de Instalação do empreendimento e,

portanto, não faz parte dos estudos de locação do empreendimento.

As informações necessárias para a realização do estudo de análise de riscos são,

na sua grande maioria, relacionadas à tipologia de ocupação do entorno do

empreendimento e as características atmosféricas da região. As informações do sistema

de cloração a ser estudado podem ser facilmente estimadas e utilizadas para um estudo

prévio. Sendo assim, é possível que o estudo de análise de risco possa ser incluído no

licenciamento prévio de um empreendimento de modo a criar base para um estudo

melhor de Tipologia x Localização.

Conclui-se então que o Estudo de Análise de Riscos de um empreendimento, da

maneira em que a CETESB o inclui no processo de licenciamento ambiental,

dificilmente criará obstáculos para a instalação de um empreendimento. Sendo assim o

estudo tem, apenas, a função de criar as bases para a elaboração do Programa de

Gerenciamento de Riscos e do Plano de Ação Emergencial.

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86

7 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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Center for Chemical Process Safety of the American Institute os Chemical Engineers,

2ed., New York.

ALOHA – Area Location of Hazardous Atmosphers. Disponível em

www.epa.gov. Acessado em Setembro de 2010

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1992.

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DI BERNARDO, L. (1993). Métodos e Técnicas de Tratamento de Água. Rio de

Janeiro: ABES, vol 2.

EINSEMBERG, N. A. et al. (1975). Vulnerability Model: A simulation system

for assessing damage resulting from marine spill. Environmental Control, Report CG-

D-136-75, Rockville, MD, USA.

ERMAK, D. L. (1990). User’s Manual for Slabian Atmospheric dispersion

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FONTANIVE, S. (2005). Estudo de Análise de Risco do Cloro em Estações de

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KIRCHHOFF, D. (2004). Avaliação de Risco Ambiental e o Processo de

Licenciamento: O caso do Gasoduto de Distribuição Gás Brasiliano Trecho São Carlos

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LESS F. P. (1980). Loss Prevention in the Process Industries. Butherworths,

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MONTAÑO, M. (2008). A Viabilidade Ambiental no Licenciamento de

Empreendimentos Perigosos no Estado de São Paulo. São Carlos, Brasil.

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SOUZA, M. P. (2000). Instrumentos de Gestão Ambiental: Fundamentos e

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Março de 2010.

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www.cetesb.sp.gov.br. Acesso em 6 de Setembro de 2010.

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ANEXO 1 – TABELAS E GRÁFICOS DE RESULTADOS

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SIMULAÇÃO 1:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 2:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 3:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 4:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 5:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 6:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 7:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 8:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 9:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 10:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 11:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 12:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 13:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 14:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 15:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 16:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 1a:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 2a:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 3a:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 4a:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 5a:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 6a:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 7a:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 8a:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 9a:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 10a:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 11a:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 12a:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 13a:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

Page 128: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ENGENHARIA AMBIENTAL … · Tabela 1 - APP - Classificação quanto à severidade (CETESB, 2004) ..... 14 Tabela 2 - Exemplo de planilha para Análise Preliminar

SIMULAÇÃO 14a:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 15a:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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SIMULAÇÃO 16a:

Dados de Entrada:

Resultado da Simulação:

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ANEXO 2 – DESENHOS

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