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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA EEL-USP MARCELO LEME DO PRADO ÓXIDO DE NÍQUEL APLICADO A PROCESSOS DE COMBUSTÃO COM CAPTURA DE DIÓXIDO DE CARBONO PARA MITIGAÇÃO DO EFEITO ESTUFA. Declaro que esta monografia foi revisada e encontra-se apta para avaliação e apresentação perante a banca avaliadora. Data: ____/____/ 2014 _________________________________ ASSINATURA DO ORIENTADOR Lorena SP 2014

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA – EEL-USP

MARCELO LEME DO PRADO

ÓXIDO DE NÍQUEL APLICADO A PROCESSOS DE COMBUSTÃO COM

CAPTURA DE DIÓXIDO DE CARBONO PARA MITIGAÇÃO

DO EFEITO ESTUFA.

Declaro que esta monografia foi revisada e encontra-se apta para avaliação e

apresentação perante a banca avaliadora.

Data: ____/____/ 2014

_________________________________ ASSINATURA DO ORIENTADOR

Lorena – SP

2014

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MARCELO LEME DO PRADO

ÓXIDO DE NÍQUEL APLICADO A PROCESSOS DE COMBUSTÃO COM

CAPTURA DE DIÓXIDO DE CARBONO PARA MITIGAÇÃO

DO EFEITO ESTUFA.

Monografia apresentada à Escola de Engenharia de Lorena

da Universidade de São Paulo, como requisito parcial para

a obtenção do título de Engenheiro Industrial Químico.

Orientador:

Dra. Livia Melo Carneiro

Docente, Escola de Engenharia de Lorena – USP

Co-orientadores:

Dr. José Augusto Jorge Rodrigues

Laboratório Associado de Combustão e Propulsão – INPE

Dr. Gilberto Marques da Cruz

Laboratório Associado de Combustão e Propulsão – INPE

Lorena – SP

2014

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizado da Escola de Engenharia de Lorena, com os dados fornecidos pelo autor

PRADO, Marcelo Leme

ÓXIDO DE NÍQUEL APLICADO A PROCESSOS DE COMBUSTÃO

COM CAPTURA DE DIÓXIDO DE CARBONO PARA MITIGAÇÃO DO

EFEITO ESTUFA. / Marcelo Leme PRADO; orientadora

Livia Melo Carneiro. - Lorena, 2014.

97 p.

Monografia apresentada como requisito parcial

para a conclusão de Graduação do Curso de Engenharia

Industrial Química - Escola de Engenharia de Lorena

da Universidade de São Paulo. 2014

Orientadora: Livia Melo Carneiro

1. Captura de carbono. 2. Efeito estufa. 3.

Transportadores de oxigênio. 4. Chemical-looping

combustion. 5. Alumina. I. Título. II. Carneiro,

Livia Melo , orient.

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mada família, com muita

gratidão pelo amor, pelo apoio e pelos conselhos e incentivos.

Por serem minha fonte de inspiração e de força, por se fazerem

presente mesmo com a distância, e por fazerem parte da minha

história e minha vida.

Dedico, também, este trabalho a todos os professores que

passaram pela minha vida, por terem dedicado o seu precioso

tempo aos seus alunos, por dividirem os seus conhecimentos

técnicos e experiências profissionais, por terem contribuído de

maneira significativa para a minha formação, e por terem

possibilitado a realização deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer a Deus, pelo dom da vida que ele me proporcionou,

pelo discernimento, pela esperança, e pela oportunidade de transformação dos meus sonhos

em realidade. Muito obrigado Senhor, por ter mudado e, ainda estar mudando, a minha

vida. Que seus princípios me guiem para sempr

Aos professores da Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo,

que contribuíram formação. Agradeço especialmente à Profa.

Lívia Melo Carneiro, minha orientadora, pelas sugestões e contribuições na elaboração

deste trabalho.

Ao Dr. José Augusto Jorge Rodrigues, ao qual este trabalho não teria sido possível

sem sua orientação, apoio e amizade, que ao seu modo me passou o espírito de um

pesquisador, e a quem gostaria de expressar aqui minha sincera gratidão. Meus

agradecimentos ao Prof. Dr. Gilberto Marques da Cruz por todas orientações e, em

especial, pelas correções e sugestões feitas a essa monografia.

A todos os amigos do Laboratório Associado de Combustão e Propulsão

(LCP/INPE), que nesse um ano de projeto proporcionaram um ótimo ambiente de trabalho,

e que contribuíram, diretamente, para o bom andamento das atividades do grupo de

pesquisa: Fernanda, Márcio, Pedro, Odaize, Priscila, Renato, Robson e Talita.

Aos meus amigos do curso de engenharia industrial química, pela amizade sincera,

pela paciência e pelo suporte durante a elaboração deste trabalho. Obrigado

profissional.

Em especial, agradeço ao grande amigo Felipe Augusto Rofatto pelas discussões

técnicas, horas de estudos conjuntos,

todos os conselhos e principalmente pelo positivismo que me tem transmitido desde que

nos conhecemos.

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Meus mais sinceros agradecimentos ao meu pai, José Benedito Leme do Prado, que

sempre estará presente em meu coração e pensamento, pois sem sua força, incentivo e

apoio nunca teria conseguido. À minha mãe, Leonor Francisca Leme do Prado, pelo afeto,

incentivo, apoio e por compreender (ou simplesmente aceitar) minha ausência em tantas

ocasiões.

Às minhas irmãs que sempre me apoiaram e incentivaram nessa jornada a qual me

dediquei, não deixando que eu desistisse ao longo do tempo.

Aos meus sobrinhos e sobrinha pelas horas de alegrias, descontrações e apoio que

sempre me impulsionaram a continuar.

Agradeço, também, ao Laboratório Associado de Combustão e Propulsão (LCP) do

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) pela oportunidade de desenvolver este

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Ao CNPq pelo apoio financeiro durante o período de Iniciação Científica, o qual

este trabalho foi desenvolvido.

Muito obrigado a todos aqueles que contribuíram para que este trabalho pudesse ser

realizado.

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“O qu p á ê

são como os timoneiros que entram no navio sem

timão e nem bússola, nunca tendo certeza do seu

”.

LEONARDO DA VINCI.

“S v g , f p pé

g g ”.

SIR ISAAC NEWTON.

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RESUMO

PRADO, M. L. Óxido De Níquel Aplicado a Processos de Combustão com Captura de

Dióxido de Carbono Para Mitigação do Efeito Estufa. 2014. Monografia (Trabalho de

Conclusão de Curso em Engenharia Química) Escola de Engenharia de Lorena,

Universidade de São Paulo, Lorena, São Paulo, 2014.

O desenvolvimento de tecnologias alternativas para a produção de energia empregando

fontes que não causem impacto ao meio ambiente desperta grande interesse, devido a

razões econômicas e ambientais. Há mais de 100 anos sabe-se que o CO2, gás altamente

poluente, é um dos principais gases do efeito estufa. Desta forma, nos últimos anos, a

captura e o armazenamento de carbono têm sido propostos como um método potencial que

possibilita a continuidade da utilização de usinas movidas a combustíveis fósseis,

prevenindo as emissões de CO2 de alcançar a atmosfera. O processo CLC (Chemical

Looping Combustion) é uma tecnologia de combustão com separação inerente do gás de

efeito estufa CO2. A técnica envolve a utilização de um óxido metálico como um

transportador de oxigênio que transfere o oxigênio do ar de combustão para o combustível,

e, consequentemente, um contato direto entre o ar e o combustível é evitado.

Posteriormente, o CO2 pode ser armazenado em poços exauridos de petróleo, em minas de

carvão ou no fundo do oceano ou ainda utilizado como reagente em outros processos da

indústria química. Dentro deste contexto, neste trabalho, foram preparados óxidos

transportadores de oxigênio NiO/Al2O3 contendo 10% e 35% (m/m) de NiO. Para a

preparação destes transportadores de oxigênio foram utilizadas, como suportes, uma gama

(γ-Al2O3) Puralox NWa-155, fabricada pela Sasol Germany GmbH e uma alfa

alumina (-Al2O3) calcinada A2, fabricada pela Alcoa Alumínio S.A. Os transportadores

foram caracterizados por diversas técnicas, tais como volumetria de nitrogênio,

porosimetria de mercúrio, difratometria de raios X (DRX), picnometria a hélio,

microscopia eletrônica de varredura (MEV), análise química (ICP) e redução a temperatura

programada sob H2 e CH4 (TPR) com análise dos gases gerados por espectrometria de

massas. Desta forma, foi constatado que a utilização de transportadores suportados em

(γ-Al2O3) favoreceu o processo de reforma (CLR), visto que houve a

formação de outra espécie química, aluminato de níquel (NiAl2O4), durante o processo de

preparo do transportador. Já aos transportadores de oxigênio suportados em aluminas alfa

(α-Al2O3) apresentaram-se mais seletivos para processo de combustão (CLC) e com maior

disponibilização de oxigênio devido a formação de óxido de níquel (NiO).

Palavras-chave: Captura de carbono. Efeito estufa. Transportadores de oxigênio.

Chemical-looping Combustion. Alumina.

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ABSTRACT

PRADO, M. L. Nickel Oxide Applied to Combustion Processes with Carbon Dioxide

Capture for Greenhouse Effect Mitigation. 2014. 96 f. Monograph (Undergraduate

Work in Chemical Engineering) Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São

Paulo, Lorena, São Paulo, 2014.

The development of alternative technologies for energy production using sources that

’ impact the environment arouses great interest due to economic and environmental

reasons. For over 100 years, it is known that CO2, a highly polluting gas, is one of the main

greenhouse gases. Thus, in recent years, the capture and carbon storage have been

proposed as a potential method that allows the continued use of fossil fuel plants,

preventing CO2 emissions from reaching the atmosphere. The CLC process (Chemical

Looping Combustion) is a combustion technology with inherent separation of the

greenhouse gas CO2. The technique involves the utilization of a metal oxide as an oxygen

carrier (OC) which transfers oxygen from the combustion air to the fuel and, thereafter, a

direct contact between the air and the fuel is avoided. Subsequently, the CO2 can be stored

into depleted oil wells, coal mines or on the ocean floor or used as a reagent in other

processes in the chemical industry. Under this context, in this work, were prepared oxygen

carriers oxides NiO/Al2O3 containing 10% and 35% (m/m) of NiO. For the preparation of

these oxygen carriers were used, as support, a gamma alumina (γ-Al2O3) Puralox NWa-

155, manufactured by Sasol Germany GmbH and an alpha alumina (α-Al2O3) calcined A2,

manufactured by Alcoa Aluminum S.A.. The oxygen Carriers were characterized by

several techniques such as nitrogen adsorption (BET), mercury porosimetry, x ray

difratometry analysis (XRD), helium pycnometry, scanning electron microscopy (SEM),

optical emission spectrometry (ICP/OES) and the temperature programmed reduction in H2

and CH4 (TPR analysis) to analyze the gases generated by mass spectrometry. Thus, it was

found that carriers on gamma aluminas (γ-Al2O3) support usage favored the reforming

process (CLR), as there was another chemical specie formation, nickel aluminate

(NiAl2O4), during the catalyst preparing process. However, considering the oxygen carrier

supported on alpha-alumina (α-Al2O3), they were shown as more selective for the

combustion process (CLC) and with greater oxygen quantity available due to the formation

of nickel oxide (NiO).

Keywords: Carbon capture. Greenhouse effect. Oxygen carrier. Chemical-looping

Combustion (CLC). Alumina.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Reservas provadas de gás natural, segundo regiões geográficas (trilhões m3),

ano de 2013. ......................................................................................................................... 26

Figura 2 – Produção de gás natural, segundo regiões geográficas (bilhões m3) – 2013 .... 27

Figura 3 – Evolução das reservas provadas de gás natural, 2004 a 2013. .......................... 29

Figura 4 – Distribuição percentual das reservas provadas de gás natural. ......................... 29

Figura 5 – Evolução da produção de gás natural, 2004 a 2013. ......................................... 30

Figura 6 - Esquema simplificado do Efeito Estufa ............................................................. 32

Figura 7 – Representação esquemática dos reatores interconectados utilizados no processo

de recirculação química. ...................................................................................................... 37

Figura 8 – Projeto de processo de um sistema de reator CLC. ........................................... 38

Figura 9 – Sequência de transformações térmicas dos hidróxidos de alumínio. ................ 40

Figura 10 – Resultados de TPR e de redox em TGA. ........................................................ 42

Figura 11 – Alumina A2, Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV): (a) Ampliação

300X, 50μ; ( ) Ampliação 3000X, 50μ ............................................................................... 47

Figura 12 – (A) γ-Al2O3, Puralox NWa-155; (B) γ-Al2O3, Puralox NWa-155 após primeira

impregnação; (C) α-Al2O3, Alcoa A-2; (D) α-Al2O3, Alcoa A-2 após primeira

impregnação. ........................................................................................................................ 49

Figura 13 – (A) γ-Al2O3, Puralox NWa-155; (B) α-Al2O3, Alcoa A-2. ............................. 50

Figura 14 – (A) 10%NiO/γ-Al2O3; (B) 35%NiO/γ-Al2O3, (C) 10%NiO/-Al2O3; (D)

35%NiO/-Al2O3. ................................................................................................................ 50

Figura 15 – Difratômetro de raios X. .................................................................................. 52

Figura 16 – ChemBET - 3000, TPR/TPD, marca Quantachrome ...................................... 56

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Figura 17 – Distribuições de volume de poros obtidas por porosimetria de mercúrio, dos

α-Al2O3. ................................................................................................ 59

Figura 18 – Distribuições de volume de poros obtidas por porosimetria de mercúrio, dos

γ-Al2O3. ................................................................................................ 59

Figura 19 - Difratograma de raios X da α-Al2O3 Alcoa A2 (calcinada a 1100°C) ............. 61

Figura 20-Difratograma de raios X da γ-Al2O3 Puralox NWa-155 (calcinada a 600°C) ... 61

Figura 21 - M MEV α-Al2O3 Alcoa A2, aumentos de 200 e 5140X

............................................................................................................................................. 62

Figura 22 - Micrografia obtida por MEV da γ-Al2O3 Puralox NWa-155, aumentos de 203

e 5160X ................................................................................................................................ 62

Figura 23 – Difratograma de raios X do transportador 10%NiO/α-Al2O3 (calcinado a

950°C) .................................................................................................................................. 63

Figura 24 – Difratograma de raios X do transportador 35%NiO/α-Al2O3 (calcinado a

950°C) .................................................................................................................................. 63

Figura 25 – Difratograma de raios X do transportador 10%NiO/γ-Al2O3 (calcinado a

950°C) .................................................................................................................................. 64

Figura 26 – Difratograma de raios X do transportador 35%NiO/γ-Al2O3 (calcinado a

950°C) .................................................................................................................................. 64

Figura 27 – Micrografia obtida por MEV 10%NiO/α-Al2O3, aumentos de 201, 2006 e

5160X ................................................................................................................................... 65

Figura 28 – Micrografia obtida por MEV 35%NiO/α-Al2O3, aumentos de 201, 2006 e

5160X ................................................................................................................................... 65

Figura 29 – Micrografia obtida por MEV 10%NiO/γ-Al2O3, aumentos de 201, 2006 e

5160X ................................................................................................................................... 66

Figura 30 – Micrografia obtida por MEV 35%NiO/γ-Al2O3, aumentos de 201, 2006 e

5160X ................................................................................................................................... 66

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Figura 31 – Redução do Transportador 10%NiO/α-Al2O3 com hidrogênio no CHEMBET.

............................................................................................................................................. 69

Figura 32 – Redução a Temperatura Programada (TPR) do TO 20%NiO/α-Al2O3 ........... 70

Figura 33 – Redução a Temperatura Programada do Transportador 35%NiO/α-Al2O3 .... 70

Figura 34 - Redução percentual de níquel para 20, 15, 10 e 5% em teor de níquel

suportado em α-Al2O3. ......................................................................................................... 71

Figura 35 – Redução à temperatura programada (TPR) em amostras de Ni-Al2O3 ........... 72

Figura 36 – Redução do Transportador 10%NiO/γ-Al2O3 com hidrogênio no CHEMBET.

............................................................................................................................................. 72

Figura 37 – Redução do Transportador 35%NiO/γ-Al2O3 com hidrogênio no CHEMBET.

............................................................................................................................................. 73

Figura 38 – R T 10% N O α-Al2O3 com 10% de

CH4 em Ar. .......................................................................................................................... 74

Figura 39 – R T 35% N O α-Al2O3 com 10% de

CH4 em Ar. .......................................................................................................................... 74

Figura 40 – R T 10% N O γ-Al2O3 com 10% de

CH4 em Ar. .......................................................................................................................... 75

Figura 41 – R T 35% N O γ-Al2O3 com 10% de

CH4 em Ar. .......................................................................................................................... 75

Figura 42 – Ciclos redox em termobalança para o TO 10%NiO/α-Al2O3 (2 min 10%de

CH4, 4 min 10%O2) ............................................................................................................. 76

Figura 43 – 5º ciclo redox em termobalança para o TO 10% NiO/α-Al2O3 ....................... 77

Figura 44 – Ciclos redox em termobalança para o TO 35%NiO/α-Al2O3 (4 min 10%de

CH4, 11 min 10%O2) ........................................................................................................... 78

Figura 45 – 5º ciclo redox em termobalança para o TO 35%NiO/α-Al2O3 ........................ 78

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Figura 46 – Ciclo redox em termobalança para o TO 10%NiO/γ-Al2O3 (5 min 10%de

CH4, 5 min 10%O2) ............................................................................................................. 79

Figura 47 – 5º ciclo redox em termobalança para o TO 10%NiO/γ-Al2O3 ........................ 80

Figura 48 – Ciclos redox em termobalança para o TO 35%NiO/γ-Al2O3 (5 min 10%de

CH4, 7 min 10%O2) ............................................................................................................. 81

Figura 49 – 5º ciclo redox em termobalança para o TO 35%NiO/γ-Al2O3 ........................ 81

Figura 50 – Comparativo entre os 5º ciclos redox em termobalança para os TOs

10%NiO/α-Al2O3 e 10%NiO/γ-Al2O3 ................................................................................. 82

Figura 51 – Comparativo entre os 5° ciclos redox em termobalança para os TOs

35%NiO/α-Al2O3 e 35%NiO/γ-Al2O3 ................................................................................. 83

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Composições típicas para o gás natural proveniente do campo de Marlin na

Bacia de Campos – RJ(1)

, campo de Merluza na Bacia de Santos – SP(2)

e na saída de

UPGN em Candeias – BA(3)

. ............................................................................................... 24

Tabela 2 – Gases utilizados nas diferentes etapas deste trabalho. ...................................... 45

Tabela 3 – Características típicas da gama alumina Puralox NWa-155. ............................ 46

Tabela 4 – Características típicas da alfa alumina A-2, Alcoa. .......................................... 47

Tabela 5 – Wet Point da gama alumina Puralox NWa-155 ................................................ 58

Tabela 6 – Wet Point da alfa alumina Alcoa A2 ................................................................ 58

Tabela 7 – Resultados obtidos por picnometria a hélio, volumetria de nitrogênio e

porosimetria de mercúrio, dos materiais calcinados a 950ºC. ............................................. 60

Tabela 8 – Distribuições de tamanho de partículas dos materiais obtidas por laser. .......... 67

Tabela 9 – P ó óx α-Al2O3 obtidas por

ICP. ...................................................................................................................................... 68

Tabela 10 – Composição (% molar) dos transportadores obtida por EDS. ........................ 68

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LISTA DE ABREVIATURAS

° Grau

A Ampere

Å Ångström

Ae Área específica

Al3+

Íon alumínio

Al(OH)3 Hidróxido de alumínio

Al2O3 Óxido de alumínio (alumina)

α-Al2O3 Alfa alumina

γ-Al2O3 Gama alumina

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ANP Agência Nacional do Petróleo

bar Unidade de pressão

BET Método Brunauer, Emmett e Teller

BJH Método Barret, Joyner e Halenda

°C Graus Celcius

Ca Cálcio

CaAl2O4 Aluminato de cálcio

Cal. Inf Poder calorífico inferior

Cal. Sup Poder calorífico superior

CH4 Metano

CLC Combustão com Recirculação Química

CLR Reforma com Recirculação Química

Co Cobalto

CO Monóxido de carbono

CO2 Dióxido de carbono

Cu Cobre

C2H6 Etano

C3H8 Propano

C4H10 Butano

Dm Diâmetro médio

DM Diâmetro médio de poro

DR Densidade real

DRX Difratometria de raios X

EDS Detector Dispersivo de Energia de raios X

Fe Ferro

g Grama

g/cm2 Grama por centímetro quadrado

g/cm3 Grama por centímetro cúbico

GN Gás natural

h Hora

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H2 Gás hidrogênio

H2O Fórmula molecular da água

H2S Ácido sulfídrico

Hg Mercúrio

IEA Agência Internacional de Energia

ICP-OES Espectroscopia de Emissão Atômica com Plasma Indutivamente

Acoplado

IUPAC União Internacional de Química Pura e Aplicada

kcal/m3 Quilocaloria por metro cúbico

kgf/cm2 Quilograma força por centímetro quadrado

kV Quilovolt

m Metro

mm Milímetro

m3 Metro cúbico

min Minuto

mg Miligrama

mL Mililitro

Mg Magnésio

Mn Manganês

MexOy Óxido metálico

MgAl2O4 Aluminato de magnésio

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

N2 Gás nitrogênio

Ni Níquel

NiO Óxido de níquel

NiAl2O4 Aluminato de níquel

Ni(NO3)2.6H2O Nitrato de níquel hexaidratado

nm Nanômetro

NOx Óxido de nitrogênio

O2 Gás oxigênio

OH- Hidroxila

ONU Organização das Nações Unidas

OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo

P Pressão

P0 Pressão inicial

ppb Parte por bilhão

ppm Parte por milhão

SOx Óxido de enxofre

SiO2 Óxido de silício

SPE Sociedade dos Engenheiros de Petróleo

TGA Análise Termogravimétrica

THC Tetraidrocanabionol

TiO2 Óxido de titânio

TO Transportadores de Oxigênio

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TPR Redução a Temperatura Programada

µm Micrometro

UPGN Unidade de Processamento de Gás Natural

Vp Volume de poro

Vol Volume

ZrO2 Óxido de zircônio

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 23

2.1 GÁS NATURAL ........................................................................................................... 23

2.1.1 Definição ............................................................................................................. 23

2.1.2 Tipos de Reservas ............................................................................................... 24

2.1.3 Cenário mundial do gás natural ....................................................................... 25

2.1.4 Cenário nacional do gás natural ....................................................................... 28

2.1.5 Aplicações do Gás Natural ................................................................................ 30

2.2 EFEITO ESTUFA .......................................................................................................... 32

2.2.1 Captura de Dióxido de Carbono (CO2)............................................................ 33

2.2.2 Processos de captura de CO2 ............................................................................ 33

2.2.2.1 Armazenamento em campos de petróleo e gás esgotados ........................... 34

2.2.2.2 Armazenamento em leitos profundos de carvão .......................................... 34

2.2.2.3 Armazenamento em aquíferos ...................................................................... 34

2.2.2.4 Armazenamento em alto mar ....................................................................... 34

2.2.2.5 Armazenamento no fundo do mar ................................................................ 35

2.2.3 Custos da captura de CO2 ................................................................................. 35

2.3 PROCESSOS DE COMBUSTÃO COM RECIRCULAÇÃO QUÍMICA (CLC) ........ 36

2.4 SISTEMA DE REATOR PARA CLC ........................................................................... 37

2.5 TRANSPORTADORES DE OXIGÊNIO ..................................................................... 38

2.5.1 Óxido de alumínio – Al2O3 ................................................................................ 39

2.5.2 Transportador de oxigênio à base de Níquel ................................................... 41

3 OBJETIVOS ................................................................................................................... 44

3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 44

3.1.1 Objetivos Específicos ......................................................................................... 44

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4 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 45

4.1 GASES ........................................................................................................................... 45

4.2 PRECURSOR DE NÍQUEL .......................................................................................... 46

4.3 SUPORTES ................................................................................................................... 46

4.3.1 Aluminas comerciais .......................................................................................... 46

4.3.2 Determinação do volume de poros (WET POINT) ......................................... 47

4.3.2.1 Determinação do volume de poros por ponto úmido .................................. 48

4.4 PREPARAÇÃO DOS TRANSPORTADORES DE OXIGÊNIO (TO) ........................ 48

4.4.1 Determinação da Temperatura de Decomposição do Nitrato de Níquel ...... 48

4.4.2 Impregnação dos suportes................................................................................. 48

4.5 CARACTERIZAÇÕES DOS TRANSPORTADORES DE OXIGÊNIO ..................... 51

4.5.1 Volumetria de Nitrogênio (método BET) ........................................................ 51

4.5.2 Picnometria a hélio ............................................................................................ 51

4.5.3 Porosimetria de mercúrio ................................................................................. 51

4.5.4 Difratometria de raios X (DRX) ....................................................................... 52

4.5.5 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) .................................................. 53

4.5.6 Espectroscopia de Emissão Atômica com Plasma Indutivamente Acoplado

(ICP-OES) e EDS (Energy Dispersive X-ray Detecttor, EDX ou EDS). ................... 53

4.5.7 Distribuição de tamanho de partícula por laser ............................................. 54

4.5.8 Redução a Temperatura Programada – TPR ................................................. 55

4.5.8.1 Redução a Temperatura Programada – CHEMBET ................................... 55

4.6 TESTES REACIONAIS ................................................................................................ 56

4.6.1 Análise Termogravimétrica (Thermogravimetric analysis – TGA) .............. 56

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 58

5.1 PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS TRANSPORTADORES DE

OXIGÊNIO .......................................................................................................................... 58

5.2 AVALIAÇÃO DOS TRANSPORTADORES DE OXIGÊNIO ................................... 68

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5.2.1 Reduções dos transportadores de oxigênio no ChemBET ............................. 69

5.2.2 Reduções dos transportadores em termobalança ........................................... 73

5.2.3 Ciclos redox dos transportadores de oxigênio em termobalança .................. 76

6 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 86

ANEXOS ............................................................................................................................. 92

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21

1 INTRODUÇÃO

Importantes estudos têm sido realizados nas últimas décadas para o melhor

entendimento do clima mundial e do impacto em longo prazo das mudanças climáticas.

Existem muitas evidências, de que a média anual de temperatura na superfície da Terra tem

aumentado ao longo dos últimos 200 anos (HALMANN e STEINBERG, 2000). Este

aumento de temperatura é normalmente conhecido como o aquecimento global. A emissão

de gases de efeito estufa, como por exemplo, CO2, NOx, SOx, CH4, é a principal

contribuinte para o aquecimento global, e dentre eles o CO2 é o gás predominante destas

emissões. Muitos estudos mostram que as emissões de dióxido de carbono, resultantes da

atividade humana, levaram a um grande aumento da concentração deste gás na atmosfera,

a partir de um nível pré-industrial de 280 ppm para 430 ppm atualmente (SHARMA,

DELEBARRE e ALAPPAT, 2014).

Devido à enorme quantidade de carbono que é liberada para a atmosfera pela

queima de combustíveis fósseis na forma de dióxido de carbono, foi ratificado em 1997,

pela maioria dos países desenvolvidos, o Protocolo de Kyoto, com a intenção de se reduzir

as emissões de CO2 na atmosfera. Estima-se que a geração de energia à base de

combustíveis fósseis contribui com cerca de um terço do total de dióxido de carbono

liberado (LYNGFELT, JOHANSSON e MATTISSON, 2008). Uma alternativa capaz de

reduzir as emissões de CO2 sem a necessidade de cessar a utilização dos combustíveis

fósseis é o desenvolvimento de novos processos de combustão, entre eles aquele que

emprega a recirculação química (Chemical-Looping Combustion – CLC). Este processo

envolve a captura de CO2 e geração de energia através da combustão de hidrocarbonetos

gasosos em presença de óxidos metálicos, compostos que transportam o oxigênio. Assim, a

tecnologia de combustão empregando a recirculação química de transportadores de

oxigênio, (CLC), mostra-se promissora para a geração de energia com captura de CO2, pois

este gás, principal responsável pelo efeito estufa, neste processo de combustão é obtido em

correntes concentradas, o que torna viável e econômica a sua separação e posterior

utilização ou armazenamento (SHARMA, DELEBARRE e ALAPPAT, 2014).

A técnica envolve a utilização de um óxido metálico como um transportador de

oxigênio que transfere o oxigênio para o combustível e, consequentemente, um contato

direto entre o ar e o combustível é evitado (KIMBALL et al., 2013). A formação dos

óxidos metálicos acontece quando o componente ativo, geralmente um óxido metálico, é

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disperso na superfície de um suporte, em geral outro óxido. Desta forma, este óxido

suporte, poroso, deve possuir uma área exposta ao reagente razoavelmente elevada, ser

estável termicamente nas condições reacionais e possuir as propriedades físico-químicas

necessárias para uma alta atividade das espécies ativas durante a reação (OLIVEIRA,

2012). Dois reatores de leito fluidizado interconectados, sendo um reator de combustível e

o outro um reator de ar são utilizados no processo. No reator de combustível, o óxido

metálico é reduzido pela reação com o combustível e, no reator de ar, o óxido reduzido,

total ou parcialmente, é reoxidado com ar. O gás da saída do reator de combustível é

constituído, principalmente, de CO2 e H2O e, dessa forma, CO2 quase puro é obtido quando

a água é condensada. Posteriormente, o CO2 pode ser comprimido e injetado em poços

exauridos de petróleo, em minas de carvão ou no fundo do oceano ou, preferencialmente,

utilizado como reagente em outros processos da indústria química. Dentro deste contexto,

o presente trabalho, preparou, caracterizou e avaliou diferentes transportadores de

oxigênio, a partir de dois suportes de “impregnação

”. Os transportadores preparados foram submetidos a ciclos de redução e

oxidação em termobalança, utilizando metano (CH4) como combustível modelo, e os gases

produzidos analisados por espectrometria de massas e cromatografia gasosa.

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23

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Uma promissora alternativa de combustível para geração de energia é o gás natural,

devido principalmente, ao seu potencial energético e ao menor impacto ambiental se

comparado com o diesel de petróleo (HM e B-Q, 2007).

O CH4 (metano) é o gás natural predominante, com percentuais menores de outros

gases incluindo os hidrocarbonetos mais pesados, como C2H6 (etano), C3H8 (propano) e

C4H10 (butano) e diluentes inertes como N2 (nitrogênio) e CO2 (dióxido de carbono). Nessa

composição encontram-se traços de compostos de enxofre e outras espécies de

hidrocarbonetos. Os níveis dessas espécies variam substancialmente dependendo da origem

geográfica, a época do ano, e os tratamentos aplicados durante a produção ou o transporte

(MCTAGGART et al., 2010). Sendo assim, o gás natural não descreve um único tipo de

combustível ou um tipo específico de características. Dentro desse contexto, uma breve

revisão sobre as reservas, composição e vantagens do gás natural será abordada nesta

seção, assim como os problemas ambientais causados por sua combustão e uma proposta

de solução para esses problemas.

2.1 GÁS NATURAL

2.1.1 Definição

Assim como outros combustíveis fósseis, o gás natural (GN) é uma mistura de

hidrocarbonetos leves, que, à temperatura ambiente e pressão atmosférica permanece no

estado gasoso (REIS, FADIGAS e CARVALHO, 2005). De origem semelhante à do

carvão e à do óleo, o gás natural é resultado de um lento processo (milhões de anos) de

decomposição de vegetais e animais, em ambiente com pouco oxigênio, em condições de

elevadas temperaturas e pressão. A composição do GN varia de acordo com sua origem

geológica. É composto, principalmente, em seu estado bruto ou natural, por metano,

apresentando proporções variadas de etano, propano, butano e hidrocarbonetos mais

pesados. Além disso, possui algumas impurezas como CO2, N2, H2S, água, ácido

clorídrico, metanol, dentre outras (MELO, 2011). Segundo Reis et al (2005), na natureza,

ele é encontrado acumulado em rochas porosas no subsolo, frequentemente acompanhado

por petróleo (gás associado), ou constituindo um reservatório (gás não associado). Tais

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24

impurezas precisam ser eliminadas ou reduzidas para permitir o uso do gás natural

evitando assim a obstrução e a corrosão dos gasodutos, além de compatibilizá-lo com os

padrões estabelecidos através da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Portanto, os

maiores teores de carbono são encontrados no gás natural não associado (GASNET, 2014).

Considerado como um subproduto da produção de petróleo, o gás natural associado, na

maioria das vezes não apresenta uma demanda satisfatória, devido principalmente a

dificuldades técnicas para o escoamento de sua produção, restando, dessa forma, a queima

de uma parcela do gás, e em alguns casos, a re-injeção nos reservatórios da outra parcela,

como acontece na região de Urucu, no Amazonas. Já no que se refere ao gás não-

associado, o seu aproveitamento econômico é uma condição essencial ao desenvolvimento

da produção (BARROS, 2009). A Tabela 1 apresenta as composições típicas para o gás

natural, associado e não associado, que são comparadas com as encontradas após a fase de

tratamento, realizada em uma Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN).

Tabela 1 – Composições típicas para o gás natural proveniente do campo de Marlin na Bacia de Campos –

RJ(1)

, campo de Merluza na Bacia de Santos – SP(2)

e na saída de UPGN em Candeias – BA(3)

.

Elementos Associado(1)

Não associado(2)

Processado(3)

Metano 78,74 87,12 88,56

Etano 5,66 6,35 9,17

Propano 3,97 2,91 0,42

I-Butano 1,44 0,52 -

N-Butano 3,06 0,87 -

I-Pentano 1,09 0,25 -

N-Pentano 1,84 0,23 -

Hexano 1,80 0,18 -

Heptano e superiores 1,70 0,20 -

Nitrogênio 0,28 1,13 1,2

Dióxido de carbono 0,43 0,24 0,65

Total 100 100 100

Densidade 0,85 0,66 0,61

Poder Cal. Inf. (kcal/m3) 11.666 9.249 8.621

Poder Cal. Sup. (kcal/m3) 12.816 10.223 9.549

Fonte: Petrobras – Conpet, 2004

2.1.2 Tipos de Reservas

A definição de reserva é diferente para cada país mas, de um modo geral, não há

grandes divergências nos conceitos e nos métodos de cálculo, sendo assim, adota-se para

“S y P E (SPE)”

Regulamento Técnico ANP Nº 001/2000 sobre Reservas de Petróleo e Gás Natural (REIS,

FADIGAS e CARVALHO, 2005). Desta forma, entende-se como Reservas os recursos

descobertos de gás natural comercialmente recuperável a partir de uma data de referência.

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25

Contudo, há um certo grau de incerteza quanto às informações de geociências, engenharia

e de natureza econômica e, em função disso, as reservas podem ser classificadas como,

reservas provadas que são aquelas que possuem um volume de GN cuja existência nos

reservatórios foi verificada com alto grau de confiabilidade baseando-se na análise de

dados geológicos e de engenharia, através da perfuração de poços, utilizando-se as técnicas

disponíveis, dando origem aos investimentos de desenvolvimento e às operações de

produção comercial. Outro tipo de classificação são as reservas prováveis as quais

possuem um volume de GN, cuja existência nos reservatórios foi verificada com razoável

grau de confiabilidade segundo análise de dados geológicos e de engenharia, isso se

comparada com a estimativa de reservas provadas, através da perfuração de poços e

utilizando-se técnicas disponíveis. Já as reservas possíveis possuem um volume de GN,

cuja existência nos reservatórios foi verificada com insuficiente grau de confiabilidade

segundo análise de dados geológicos e de engenharia, através da perfuração de poços, e por

fim, tem-se as reservas totais que representam o somatório das reservas provadas,

prováveis e possíveis. De acordo com a ANP (2010), no Brasil, durante o período de 1964

a 2009, as reservas provadas de gás natural tiveram um aumento com uma taxa de 7,1% ao

ano. Este crescimento está diretamente relacionado às descobertas decorrentes do esforço

contínuo do país para a diminuição da dependência do petróleo (MELO, 2011).

O gás natural, se comparado às outras fontes de energia, mostra-se mais vantajoso

pois encontra-se na natureza praticamente pronto para o consumo. Possui um alto poder

calorífico por unidade de massa, e quando queimado produz níveis inferiores de emissão

de dióxido de carbono, óxido de nitrogênio e de particulados, se comparado aos demais

combustíveis fósseis. Além disso, em relação ao transporte, mesmo exigindo um grande

investimento inicial com a construção de redes de dutos, é um dos mais confiáveis e

seguros. A queda na manutenção frequente dos equipamentos que o consomem, falta da

necessidade de formação de estoque por parte do consumidor final e sua ampla utilização

podendo substituir praticamente qualquer tipo de combustível em diversas aplicações,

exceto o querosene de aviação, são outros atrativos que faz em, sem dúvida alguma, com

que este combustível possa ser considerado uma fonte nobre de energia (MELO, 2011).

2.1.3 Cenário mundial do gás natural

O gás natural nos Estados Unidos, no século XIX, era considerado um empecilho

ao ser encontrado associado ao petróleo, pois havia a exigência de uma série de

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procedimentos de segurança que encareciam e complicavam as atividades de prospecção.

Já no século seguinte, a partir dos anos 80, o gás natural transformou-se na fonte de energia

de origem fóssil a registrar maior crescimento no mundo (ANEEL, 2008).

No período compreendido entre 1973 e 2007, segundo o estudo Key World Energy

Statistics, publicado pela International Energy Agency (IEA) em 2008, evidencia que a

produção mundial mais que dobrou, passando de 1,23 bilhão de m3 para 3,03 bilhões de

m3. Mesmo com esse aumento significativo, o gás natural manteve a terceira posição na

matriz energética mundial, ficando atrás apenas do carvão e de derivados de petróleo.

De acordo com o Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo e do Gás Natural

(2013), as reservas provadas mundiais de gás natural em 2012 somaram 187,3 trilhões de

m3, após redução de 0,3% em comparação com o ano anterior (ANP, 2013).

As reservas dos países-membros da OPEP, que concentraram 50,8% do total,

apresentaram aumento de 0,1%, totalizando 95,2 trilhões de m3. Já as reservas dos outros

países somaram 92,1 trilhões de m3, após queda de 0,7% em relação a 2011. As reservas

mundiais segundo regiões geográficas são apresentadas na Figura 1.

Figura 1 – Reservas provadas de gás natural, segundo regiões geográficas (trilhões m3), ano de 2013.

Fonte: BP Statistical Review of World Energy 2014; ANP/SDP.

Entre 2011 e 2012, com 450 bilhões m3, o Brasil registrou uma queda de 0,05% das

reservas provadas de gás natural, ocupando o 34º lugar na lista dos detentores de reservas

provadas de gás natural. Os países que concentram a maior parte das reservas provadas de

gás natural do mundo, nesse período, são: Irã com 33,6 trilhões de m3, Rússia com 32,9

trilhões de m3 e Catar com 25,1 trilhões de m

3, que respondem por 18%, 17,6% e 13,4% do

total de reservas provadas, respectivamente. Juntos, esses três países reuniram 48,9% das

reservas globais de gás natural. Ainda em relação aos dados apresentados pelo Anuário

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Estatístico Brasileiro de Petróleo e do Gás Natural de 2013, a produção mundial de gás

natural, no ano de 2012, alcançou 3,4 trilhões de m3, após alta de 2,2% em relação ao ano

anterior. A produção de gás natural dos membros da OPEP atingiu 657,1 bilhões de m3

(19,5% do total mundial), após expansão de 6,3% (+38,6 bilhões de m3) frente a 2011,

enquanto a dos países que não fazem parte da OPEP totalizou 2,7 trilhões de m3 (80,5% do

total mundial), após alta de 1,3% (+34 bilhões de m3) em comparação com 2011. A Figura

2 apresenta a produção de gás natural segundo regiões geográficas (REIS, FADIGAS e

CARVALHO, 2005).

Figura 2 – Produção de gás natural, segundo regiões geográficas (bilhões m3) – 2013

Fonte: BP Statistical Review of World Energy 2014.

A produção mundial de gás natural, em 2012, alcançou 3,4 trilhões de m3, após uma

alta de 2,2% em relação a 2011. Um dos países que registraram maior crescimento

volumétrico foram os Estados Unidos, com cerca de mais de 32,9 bilhões de m3 na

produção anual de gás natural, isso se deve à revolução norte-americana do shale gas1.

Outros países, como Noruega (+13,2 bilhões de m3), Catar (+11,8 bilhões de m

3) e Arábia

Saudita (+10,5 bilhões de m3) também obtiveram significativos aumentos de produção. Por

outro lado, a Rússia teve o maior declínio (-14,7 bilhões de m3) em termos volumétricos.

No ranking global de maiores produtores de gás natural, os Estados Unidos se

mantiveram em primeiro lugar, com 681,4 bilhões de m3

(20,3% do total mundial), após

incremento de 5,1% frente a 2011. Em seguida veio a Rússia, com 592,3 bilhões de m3

(17,6% do total mundial), apesar da queda de 2,4%. O Brasil ocupou a 34ª posição, com

1 Shale gas ou gás de xisto é o gás natural que pode ser encontrado preso dentro de formações de xisto argiloso. O Gás de xisto vem se

tornando uma fonte cada vez mais importante de gás natural nos Estados Unidos desde o início deste século, além de possuir grandes

potenciais no resto do mundo. Em 2000, o gás de xisto fornecia apenas 1% da produção dos EUA de gás natural. Em 2010, era superior a 20%. O governo dos EUA prevê que, até 2035, 46% do fornecimento de gás natural virá de gás de xisto. Fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Gás_de_xisto acessado em 31/08/2014.

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produção de 17,4 bilhões de m3 (0,5% do total mundial), após alta de 4%. O maior

crescimento volumétrico da produção de gás natural obtido entre as regiões, foi da

América do Norte totalizando 896,4 bilhões de m3 (26,6% do total mundial), após alta de

3,5% (+29,9 bilhões de m3). Neste contexto, a segunda região com maior crescimento foi a

região Ásia-Pacífico, com cerca de 1,4% (+6,6 bilhões de m3) em sua produção, que

alcançou 490,2 bilhões de m3 (14,6% do total mundial). E, por fim, a África registrou

aumento de 2,4% (+5,1 bilhões de m3), somando 216,2 bilhões de m

3 (6,4% do total

mundial).

2.1.4 Cenário nacional do gás natural

No Brasil, a produção de gás natural somente se iniciou na década de 60 com a

descoberta de petróleo na Bahia, ficando restrita à área próxima a sua produção. Em

meados dos anos 80, com o aumento da produção nacional de petróleo e com a construção

da rede de gasodutos que interliga a Bacia de Campos ao Rio de Janeiro e São Paulo, o gás

natural foi finalmente disponibilizado para consumo residencial e industrial na região

Sudeste. No Nordeste do país, da mesma forma, foi concluída a construção do gasoduto

que ligava Guamaré a Cabo, o qual possibilitava, assim, a distribuição de gás natural nos

estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte (MELO, 2011).

Segundo dados apresentados pelo Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo e do

Gás Natural (2013), as reservas nacionais totais provadas de gás natural cresceram 1,8%;

com este incremento, o Brasil se situou na 31ª posição no ranking global de reservas

provadas de gás natural.

O Estado brasileiro com maior participação nestas reservas em reservatórios

“offshore” é o Rio de Janeiro, o qual concentrou 56,1% do volume nacional, seguido por

São Paulo, que possui o correspondente a 12,3% das reservas provadas nacionais (ANP,

2013).

Na Figura 3 é apresentado o gráfico da evolução das reservas provadas de gás

natural, por localização (terra e mar) no período de 2004 a 2013 a qual permite perceber

que houve um pequeno aumento entre os anos de 2010 e 2011 e uma estabilização nos

anos seguintes.

Já na Figura 4 é apresentada a distribuição percentual das reservas provadas de gás

natural, levando em consideração as unidades da Federação. Observa-se que o Estado do

Rio de Janeiro apresenta o maior percentual de reservas provadas.

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29

Figura 3 – Evolução das reservas provadas de gás natural, 2004 a 2013.

Figura 4 – Distribuição percentual das reservas provadas de gás natural.

A Figura 5 apresenta a evolução da produção de gás natural, por localização (terra e

mar) na qual fica evidente um crescimento gradual na produção de gás natural localizado

na região marítima.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

bil

es m

³

Mar

Terra

Fonte: ANP/SDP .

Notas: 1. Reservas em 31/12 dos anos de referência.

Rio de Janeiro

56,1%

São Paulo

12,3%

Amazonas

11%

Bahia

5,8% Rio Grande do

Norte

1,6% Espírito Santo

9,5% Outros¹

2,2%

Maranhão

1,5%

Fonte: ANP/SDP.

¹ Inclui Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraná, Santa Catarina e Sergipe.

Volume de reservas

provadas:

458,163 bilhões m3

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30

Figura 5 – Evolução da produção de gás natural, 2004 a 2013.

O processamento de gás natural, em 2012, foi realizado por 15 polos produtores,

que somavam juntos cerca de 92,4 milhões de m3/dia de capacidade nominal. O volume

processado total no ano foi de 19,1 bilhões de m3 (52,1 milhões de m

3/dia), correspondente

a 56,4% da capacidade total instalada. Na comparação com 2011, o processamento de gás

natural registrou aumento de 11,2% (ANP, 2013). No Rio de Janeiro, o pólo de Cabiúnas,

concentrou 17,2 milhões m3/dia (18,7%) da capacidade nacional instalada, e processou 4,5

bilhões de m3 (12,4 milhões de m

3/dia), 23,8% do volume total. Por sua vez, o pólo de

Urucu, no Amazonas, possuía capacidade de processamento de 9,7 milhões m3/dia, o

equivalente a 10,5% da capacidade nominal nacional, e respondeu por 3,8 bilhões de m3

(10,4 milhões de m3/dia), 20,1% do volume de gás natural processado no Brasil em 2012.

Juntas, elas concentraram 29,2% da capacidade nominal e 43,9% do volume total

processado no País.

2.1.5 Aplicações do Gás Natural

A combustão do gás natural representa uma redução nas emissões de CO2 de 20 a

23%, comparada à queima de óleo combustível e 40 a 50% menos que os combustíveis

sólidos, como o carvão (BARROS, 2009). Ao utilizar esse combustível em equipamentos

adaptados e adequados para a sua queima, há a inexistência de emissões de óxido de

0

5

10

15

20

25

30

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

bil

es m

³

Mar

TerraFonte: ANP/SDP.

Nota: O valor total da produção inclui os volumes de reinjeção, queimas, perdas,

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31

enxofre, fuligem e materiais particulados, assim como as emissões de CO e NOx que

podem ser relativamente bem controladas.

O gás natural após tratado e processado, é largamente utilizado no setor industrial,

destacando-se sua utilização em indústrias químicas, petroquímicas, de alimentos, etc

(REIS, FADIGAS e CARVALHO, 2005).

Entretanto, a queima de combustíveis fósseis têm impactos significativos no meio

ambiente e a intensificação das emissões de gases poluentes, principalmente o CO2, conduz

ao efeito estufa provocando um aquecimento excessivo da Terra.

Dentro do contexto deste trabalho, o gás natural, utilizado como combustível, tem

uma grande representatividade produção de energia do mundo, cerca de 22%, ficando atrás

apenas do petróleo com 39% e do carvão com 25%. Portanto, como o gás natural é um

combustível fóssil, que possui grande concentração de CH4, sua combustão também

contribui, de maneira significativa, para o efeito estufa. Sendo assim, a síntese de

transportadores de oxigênio que possam ser utilizados em processos de combustão com

recirculação química (CLC), objetivando a captura de CO2, se apresenta como uma

alternativa muito atraente e viável economicamente para a mitigação do efeito estufa.

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32

2.2 EFEITO ESTUFA

O efeito estufa é um fenômeno natural que ocorre na baixa atmosfera, causada pela

retenção de radiação de ondas curtas. Desta forma, estima-se que, sem o efeito estufa, a

temperatura média da Terra seria 33°C menor que a atual, tornando-o, assim, essencial

para a vida e as atividades humanas em diversas áreas do planeta (LEGGET , 1992).

O nome efeito estufa é devido à forma semelhante ao que acontece em uma estufa

de vidro, porém, neste caso, a atmosfera atua como o vidro, freando e espaçando o

processo de perda da radiação infravermelha emitida pela superfície terrestre. A Figura 6

demonstra o processo do efeito estufa.

Figura 6 - Esquema simplificado do Efeito Estufa

Fonte: http://efeitoestufa-tm.blogspot.com.br, 2013.

A retenção da radiação infravermelha é gerada pelos gases do efeito estufa dentre

â ’

dióxido de carbono, o metano, o óxido nitroso e outros com menor participação, tais como

hidrocarbonetos e compostos artificiais como os clorofluorcarbonos. Dentro desse

panorama, um dos maiores desafios ambientais, sociais e econômicos que a humanidade

enfrenta atualmente é a mudança climática. A necessidade de redução de emissões de gases

do efeito estufa em aproximadamente 50% até 2050 já é um consenso geral em quase todas

as nações. Isso representa a necessidade de uma redução nas emissões dos gases de pelo

Radiação solar

refletida pela

Terra de volta

ao espaço.

Radiação solar

absorvida pela

superfície da

Terra.

Radiação infravermelha

refletida pela superfície

da Terra e absorvida

pelos gases de estufa

que envolvem o planeta.

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menos 80% no mundo industrializado. Isto significa que, de agora até 2050, faz-se

necessária uma grande reorganização da forma como a sociedade funciona no que se refere

ao trabalho, transporte, lazer, planejamento urbano, habitação e produção de eletricidade

(PANS et al., 2013). A grande quantidade de CO2 liberado na atmosfera pode resultar em

um efeito estufa natural, além de mudanças climáticas globais, que ganham cada vez mais

notoriedade internacional (TIAN et al., 2013).

O rápido avanço econômico dos países em desenvolvimento requer um aumento no

fornecimento de energia gerada através da queima de combustíveis fósseis. Todavia, os

países desenvolvidos ainda não encontraram uma saída para a redução substancial da

utilização destes combustíveis (LYNGFELT, LECKNER e MATTISSON, 2000). Desta

forma, num futuro próximo, não é improvável que algumas medidas radicais sejam

necessárias para reduzir sobremaneira as emissões de CO2; sendo assim, vários processos

de geração de energia por combustão estão sendo investigados.

2.2.1 Captura de Dióxido de Carbono (CO2)

Desde a década de 50, um processo utilizado para a produção de dióxido de

carbono (CO2) puro é o processo de combustão com recirculação química (Chemical-

Looping Combustion – CLC) (KIMBALL et al., 2013). Esta técnica é considerada como

um método eficiente e com custo reduzido para a captura de CO2 (MANTRIPRAGADA e

RUBIN, 2013). O processo CLC foi desenvolvido como uma técnica de combustão na

década de 1980 e, posteriormente, na década de 1990, foi apresentado como uma possível

maneira de separar o CO2 durante a queima de combustíveis fósseis (LYNGFELT,

JOHANSSON e MATTISSON, 2008). Um maior interesse na tecnologia CLC teve um

grande impulso durante a última década, devido à sua relativa eficiência energética, assim

como o baixo custo de captura de CO2 devido à separação do CO2 inerente do ar de

combustão, além de reduzir a geração de outros gases nocivos ao meio ambiente, tal como

NOx (KIMBALL et al., 2013).

2.2.2 Processos de captura de CO2

Existem vários processos de captura e armazenamento de CO2. Após a separação da

corrente de gás de combustão, o CO2 deve ser utilizado ou armazenado e, por essa razão,

foram propostas várias alternativas para seu armazenamento.

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34

2.2.2.1 Armazenamento em campos de petróleo e gás esgotados

O CO2 pode ser armazenado, em média, em quantidade cerca de duas vezes maior à

quantidade produzida em campos de gás exauridos, uma vez que o CO2 é obtido a partir da

queima do gás extraído desses campos (BLOK et al., 1997). No caso de campos de

petróleo, o CO2 pode ser utilizado para prolongar a produção, a denominada recuperação

de óleo melhorada.

2.2.2.2 Armazenamento em leitos profundos de carvão

O CO2 injetado em uma camada de carvão é absorvido neste e armazenado em sua

matriz de poros, liberando metano preso, que pode ser recolhido e comercializado (ANON,

1999).

2.2.2.3 Armazenamento em aquíferos

Possui grande potencial de armazenamento (RIEMER, 1998). Na Noruega, por

exemplo, esta alternativa de armazenamento já está em uso, onde o gás natural contendo

CO2 é limpo, e este CO2 resultante é injetado em um aquífero a 800 – 1000 metros abaixo

do nível do mar (LINDEBERG e HOLLOWAY, 1998). Entretanto, apenas 3% das

emissões totais de CO2 da Noruega, o equivalente a um milhão de toneladas por ano, são

eliminados desta forma (HERZOG, ELIASSON e KAARSTAD, 2000).

2.2.2.4 Armazenamento em alto mar

O CO2 pode ser armazenado em alto mar a elevadas pressões. Em pressões

superiores a 50 bar, correspondente a uma profundidade de 500 metros, o dióxido de

carbono torna-se um líquido. Ao se comparar a densidade desse líquido com a da água do

mar circundante, verifica-se que o primeiro possui valor um pouco menor e, na sua forma

pura, o líquido irá subir lentamente e, finalmente, atingir o nível em que as bolhas de gás

são formadas. No entanto, se medidas apropriadas são tomadas para permitir que o CO2

líquido se misture com a água do mar, a mistura resultante terá uma maior densidade do

que a água do mar e, por sua vez afundará. A capacidade de armazenamento é enorme, mas

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35

os efeitos locais a longo prazo sobre o meio ambiente precisam ser investigados

(LYNGFELT, LECKNER e MATTISSON, 2000).

2.2.2.5 Armazenamento no fundo do mar

Em profundidades muito elevadas, ou seja, 3000 metros abaixo do nível do mar, a

densidade do dióxido de carbono puro é mais elevada que a da água do mar. Assim, o CO2

d “ ” . E

método de armazenamento possui um grande potencial, considerando que a profundidade

média do mar é cerca de 3700 metros e, ainda, mais de 50% da superfície terrestre

encontra-se a uma profundidade de mais de 3000 metros. No entanto, os estudos dos

efeitos sobre o ambiente marinho ainda não são conclusivos (LYNGFELT, LECKNER e

MATTISSON, 2000).

2.2.3 Custos da captura de CO2

A estimativa de custo para a eliminação de CO2 pelo processo CLC é cerca de 4-8

dólares/tonelada de carbono, considerado muito pequeno ao se comparar aos custos para a

separação do CO2 por meio de outros processos comumente utilizados, que giram em torno

de 100-200 dólares/tonelada de carbono (FREUND, 1998). Consequentemente, o principal

problema é a extração do CO2 a partir do processo de conversão de combustível. Todas as

tecnologias disponíveis ou propostas têm a desvantagem de consumir grandes quantidades

de energia. Geralmente, a energia necessária para a compressão é cerca de um quarto do

total de energia requerida para se realizar o processo total de separação e compressão. Uma

usina de energia a carvão perde cerca de um quinto da eletricidade produzida para a

separação do dióxido de carbono e sua compressão (LYNGFELT e LECKNER, 1999). A

produção de energia contribui com um terço do CO2 liberado pela queima de combustíveis

fósseis em todo o mundo (HERZOG, ELIASSON e KAARSTAD, 2000). Embora o custo

para a separação de CO2 seja substancial, as usinas que utilizam combustíveis fósseis com

captura desse gás contam, dessa forma, com uma alternativa menos onerosa para a

produção de energia, energia esta livre de CO2 (KEITH e PARSON, 2000). Desta forma, a

combustão com recirculação química (CLC) oferece uma ótima alternativa, para diminuir a

utilização de energia para a separação do dióxido de carbono.

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36

2.3 PROCESSOS DE COMBUSTÃO COM RECIRCULAÇÃO QUÍMICA (CLC)

Os processos CLC baseiam-se na utilização de óxidos metálicos como

transportadores de oxigênio nas reações de combustão, o qual transfere o oxigênio para o

combustível e, portanto, não acontece um contato direto entre o ar e o combustível.

Nesse processo há a utilização de dois reatores, um de combustível, operando em

regime leito fluidizado, e outro de ar, operando em regime de transporte pneumático, os

quais estão interconectados (SANTOS et al., 2009).

O combustível gasoso, por exemplo, o metano (CH4), é introduzido no reator de

combustível, o qual contém um óxido metálico, .

O combustível e o óxido de metal reagem de acordo com a reação abaixo:

( ) ( ) ( )

No reator de ar, o óxido é reoxidado, em geral, totalmente:

( )

onde: representa o TO na forma oxidada e o , o TO na forma reduzida.

Neste processo, o transportador de oxigênio (parcialmente reduzido) passa para o

segundo reator (reator de ar), onde é oxidado novamente e retorna para o reator de

combustível transportando o oxigênio necessário para a reação de combustão. Desta

maneira, a corrente de saída do reator de combustível contém somente CO2 ’ .

O CO2 puro pode ser rapidamente recuperado pela condensação ’

eliminando uma necessidade adicional de separação do CO2, o qual pode ser armazenado.

A corrente de saída do reator de ar conterá N2 e algum O2 que não reagiu (SANTOS et al.,

2009).

As principais vantagens do processo CLC são a redução da formação de NOx,

produção de energia tendo em vista que este é um processo exotérmico, além de apresentar

aumentos de 10% a 20% em eficiência quando comparado a outros processos tradicionais

de combustão com captura de CO2 (GAYÁN et al., 2008). Uma modificação do processo

CLC para a produção de H2 com captura de CO2 é a reforma com recirculação química,

Chemical-Looping Reforming - CLR (GAYÁN et al., 2008). Neste processo, o

transportador de oxigênio é utilizado para fornecer oxigênio ao reator de combustível para

a produção de gás de síntese (CO + H2).

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37

O processo de reforma com recirculação química (CLR) é descrito pelas seguintes

reações:

( )

( )

( )

→ ( )

( )

( ) ( )

( ) ( )

A Figura 7 demonstra a representação esquemática dos reatores interconectados que

são utilizados no processo de recirculação química.

Figura 7 – Representação esquemática dos reatores interconectados utilizados no processo de recirculação

química.

Fonte: LYNGFELT, JOHANSSON, & MATTISSON, 2008.

2.4 SISTEMA DE REATOR PARA CLC

Para que haja um alto desempenho em um processo CLC, é necessário o contato

entre o transportador de oxigênio e o combustível, este último na fase gasosa. Contudo,

esse contato está diretamente relacionado com a configuração do reator; sendo assim, o

projeto específico do reator selecionado é de suma importância. Em sua pesquisa,

Combustível

CnH2m

nCO2 + mH2O

Reator de

combustível

MexOy-z

MexOy

Ar

78% N2 e 20% O2

Reator de ar

Mistura N2 + O2

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Kronberger et al. (2005) apresentaram as principais etapas de um projeto detalhado para o

processo CLC (Figura 8).

Figura 8 – Projeto de processo de um sistema de reator CLC.

No desenvolvimento são considerados o combustível e as taxas de fluxo

transportado, a capacidade do transportador de oxigênio e também a cinética de reação em

ambos os reatores, de ar e de combustível. Nesse projeto são abordadas também as

considerações hidrodinâmicas, como a posição física da partícula, tempo de residência,

queda de pressão e fatores de vazamento de gases para a atmosfera.

2.5 TRANSPORTADORES DE OXIGÊNIO

O transportador de oxigênio (TO) é considerado como um dos componentes mais

essenciais do processo CLC, desde quando foi proposto pela primeira vez por Richter e

Knoche (1983). Para um transportador de oxigênio ser viável e desempenhar seu papel de

maneira favorável, um óxido metálico deve apresentar algumas características básicas, tais

como:

1. Área específica maior possível;

2. Resistir, química e fisicamente, a um elevado número de ciclos redox;

Fonte: (SHARMA, DELEBARRE e ALAPPAT, 2014)

Especificação do Projeto w Poder calorífico

w Pressão de funcionamento

w Tipo de combustível (gás natural)

Cinética da reação

w Temperatura

w Reatividade do Transportador

w Conversão de gás

w Capacidade do Transportador

Hidrodinâmica w Regime de operação do leito

w Taxas de arrastamento de sólidos

w Vazamento de gás

w Tempo de residência

Critérios do Projeto

w Fluxo de massa de combustível

w Razão ar/combustível

w Taxa de circulação de sólidos

Especificações do Projeto w Geometria do reator

w Altura do leito

w Seção transversal do leito

w Queda de pressão

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39

3. Alta capacidade de transporte/disponibilização de oxigênio;

4. Completa conversão do combustível em CO2 e H2O, no caso do regime CLC;

5. Formação de depósito de carbono negligenciável;

6. Boas propriedades de fluidização (ausência de aglomeração);

7. Facilidade de preparação com vistas à redução de custos.

8. Baixo impacto ambiental.

O custo e as características ambientais também têm relação com o tipo de óxido de

metal usado. As demais características são determinadas experimentalmente para cada

material específico (ADANEZ et al., 2012).

Atualmente, mais de 600 tipos de materiais foram testados para uso em combustão

com recirculação química (CLC), e essa técnica foi implementada com sucesso em reatores

na faixa de 0,3 a 50 kW, utilizando transportadores de oxigênio sintetizados à base de Ni,

Co, Fe, Cu e Mn.

Já em relação aos suportes mais utilizados, os mais citados na literatura são Al2O3,

SiO2, TiO2, ZrO2, caolim, bentonita, Perovskita, aluminatos e silicatos. Cobre e níquel são

os mais indicados quando se considera a quantidade de oxigênio disponível, 20 e 21% em

massa, respectivamente (LYNGFELT, JOHANSSON e MATTISSON, 2008).

2.5.1 Óxido de alumínio – Al2O3

O hidróxido de alumínio Al(OH)3, por aquecimento a altas temperaturas forma um

sólido branco, denominado óxido de alumínio ou então, alumina alfa (Al2O3). Algumas

aluminas são obtidas a partir de seus precursores cristalinos sob temperaturas abaixo de

1000ºC que, desta forma, recebem a nomenclatura de aluminas de transição, as quais são

designadas por letras gregas como: alfa (α) (γ) (δ) (η) (θ) k (κ)

(χ) (OLIVEIRA, 2012). Essas aluminas de transição têm sido muito utilizadas na

catálise heterogênea como catalisador ou suporte para outros óxidos, principalmente por

apresentarem elevada área específica, propriedade esta que não se altera quando a

temperatura de trabalho está abaixo de 800ºC, sendo γ-Al2O3 a mais utilizada entre

as aluminas ativas ou de transição (BAUMANN et al., 2005). Para a produção da alumina,

a bauxita é a matéria-prima principal, pois em sua composição há hidróxido de alumínio,

hidróxido e óxido de ferro, dióxido de titânio e minerais de aluminosilicato.

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40

Uma série de alterações estruturais e de composição ocorre nos hidróxidos de

alumínio ao serem submetidos a tratamento térmico; dessa forma, formam-se as aluminas

de transição antes de serem (α-

Al2O3).

A partir dessas transformações térmicas, ocorre uma perda de massa em torno de

34% e 15% para os tri-hidróxidos e óxidos hidróxidos, respectivamente. Durante o

tratamento térmico há modificações substanciais na conformação dos cristais primários e

agregados de cristais que levam ao aumento da sua porosidade interna podendo, assim,

elevar a área específica do material. Um grande número de pesquisas tem se intensificado

no que se refere a essas aluminas de transição, principalmente por apresentarem elevada

capacidade de adsorção de espécies (moléculas e seus fragmentos) envolvidas nas reações

catalíticas heterogêneas. A Figura 9 mostra a sequência de decomposição dos hidróxidos

de alumínio em função da temperatura, gerando as diferentes fases de transição do óxido

de alumínio até a sua conversão a -Al2O3 (WEFERS e MISRA , 1987).

Figura 9 – Sequência de transformações térmicas dos hidróxidos de alumínio.

Fonte: Laboratórios ALCOA, Pennsilvania, USA.

Uma das características mais importantes da alumina para a aplicação catalítica é

sua acidez. Uma combinação de dois grupos hidroxilas (OH-) para a formação de água,

durante o processo de desidratação, expõe íons Al3+

superficiais, que devido à sua

deficiência eletrônica, se comportam como sítios ácidos de Lewis. Entretanto, no processo

de decomposição térmica, os grupos hidroxilas retidos comportam-se como sítios ácidos de

Bronsted (WEFERS e MISRA , 1987). A catálise tem utilizado em muitos processos as

aluminas ativas, tanto como catalisadores, ou então, como suportes para outros compostos

cataliticamente ativos. A indústria de petróleo e os novos processos de combustão com

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recirculação química em desenvolvimento utilizam alumina como suporte para outras fases

ativas de catalisadores, assim como para transportadores de oxigênio. Estas utilizações

devem, em geral, contar com catalisadores apresentando elevadas áreas específicas e

grande porosidade.

2.5.2 Transportador de oxigênio à base de Níquel

A utilização de transportadores de oxigênio à base de NiO tem se mostrado muito

atrativa, visto que há uma alta reatividade para a reação de combustão do metano, o

principal componente do gás natural e presente nas refinarias. Os elevados pontos de fusão

do óxido de níquel, aproximadamente 1955ºC e do níquel metálico, 1455ºC, permitem o

seu emprego em sistema CLC em altas temperaturas, entre 927 e 1127ºC, diferentemente

de outros óxidos metálicos, como o CuO (DUESO et al., 2012). Utilizando materiais à base

de Ni, algumas limitações termodinâmicas impedem a completa conversão do metano em

CO2 e H2O, no reator de combustível, devido à presença de pequenas quantidades de CO e

H2 em condições de equilíbrio. A alumina tem sido amplamente estudada na literatura para

uso como suporte de transportadores de oxigênio à base de NiO, devido às suas boas

propriedades texturais, de fluidização e estabilidade térmica. Nesse tipo de suporte, o óxido

de níquel depositado está presente como uma fase dispersa, sendo assim, menos propenso a

aglomerar-se, após a redução. Desta maneira, o níquel suportado mostra uma maior

estabilidade se comparado ao óxido de níquel sem o suporte, quando são expostos a

inúmeros ciclos em CLC a altas temperaturas (DUESO et al., 2012).

Gayán et al. (2009) fazem menção à formação de um outro material, o aluminato de

níquel (NiAl2O4), que é formado quando se usa uma temperatura de calcinação maior que

800oC. Este aluminato também reage com CH4, mas a conversão em CO2 e H2O nas

temperaturas típicas de CLC é baixa, cerca de 95% para temperaturas superiores a 900oC,

enquanto que essa conversão é maior que 98% para o NiO livre. Desta forma, Gayán e co-

autores utilizaram como suportes uma alumina de transição gama e uma alumina alfa. A

preparação dos materiais foi realizada por (a) impregnação incipiente em condições

ambientes (AI); (b) a quente (HI) e (c) deposição-precipitação (DP).

A Figura 10 apresenta os resultados originais da redução a temperatura programada

(TPR), com H2 (10% H2/Ar, 50 cm3/min de 110ºC a 950ºC, a 10ºC/min) e da conversão no

quinto ciclo de redox em termogravimetria (TGA), (15 vol.% CH4, e 20 vol.% H2O,

balanço de N2 na redução e 100% de ar na oxidação, intermediados por 2 min de

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42

escoamento de N2 puro). Um dos principais resultados constantes desta figura é que a

conversão para os TOs preparados com Al2O3 por impregnação é consideravelmente

mais alta do que as obtidas por deposição-precipitação (SANTOS et al., 2009).

Figura 10 – Resultados de TPR e de redox em TGA.

Fonte: (GAYÁN et al., 2009)

Portanto, o Ni mostrou-se promissor para a utilização em processos CLC. no

entanto, pode ocorrer a formação de estruturas como NiAl2O4, estruturas estas que podem

levar a menores conversões. O efeito do suporte na seletividade e reatividade dos TOs,

preparados com NiO, foi estudado por Gayán et al (2008), os quais concluíram que para

reduzir a interação entre o NiO e a alumina era preciso que ela fosse tratada, termicamente,

a 1150ºC passando assim para a fase alfa, ou então, desativá-la quimicamente com Mg ou

Ca. Os TOs sintetizados sobre suportes de Al2O3, MgAl2O4 ou CaAl2O4 demonstraram

uma reatividade muito elevada com o CH4, assim como uma alta seletividade para a

formação de CO2 e H2O, porque a interação entre o NiO e os suportes é baixa. Além disso,

os TOs mostraram boa resistência ao atrito e não formaram aglomerados durante a

operação quando do seu emprego em reator de leito fluidizado.

Em 2008, Diego et al., após pesquisas sobre obtenção de gás de síntese,

trabalharam com TOs baseados em Ni sobre alumina, preparados por impregnação, e

afirmaram que o NiO seria dentre os óxidos metálicos o mais interessante por suas fortes

propriedades catalíticas. Grande parte dos catalisadores comerciais de reforma a vapor são

preparados a partir do níquel metálico. No trabalho de Santos et al. (2009), os autores

reportam a utilização de catalisadores preparados a partir de γ-Al2O3

comercial (Puralox NWa-155 S G y G H) θ-Al2O3 (obtida por calcinação da

γ-Al2O3 a 1100oC por 2 ) α-Al2O3 ( γ-Al2O3 a 1150

oC por 2

Co

nv

ersã

o

Co

nsu

mo

de

Hid

rog

ênio

(a.u

.)

Temperatura (°C) Tempo (min)

Redução Oxidação

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43

horas). Foram usadas partículas de 0,1-0,32 mm, apresentando massa específica de 1,3; 1,7

e 2,0 g/cm3 e porosidade de 55,4; 55,0 e 47,3%, respectivamente, como suportes para

preparar TOs por impregnação incipiente. Foi utilizado na preparação um volume de

solução de Ni(NO3)2.6H2O (>99,5% Panreac) correspondente ao volume total de poros do

suporte. A solução foi lentamente adicionada ao suporte, mantido em agitação, à

temperatura ambiente. Alcançou-se a carga total desejada da fase ativa Ni por

impregnações sucessivas seguidas de calcinação a 550oC, em atmosfera de ar por 30 min,

para decompor o nitrato do metal em óxido insolúvel. Finalmente os TOs foram calcinados

por 1 hora a 950oC.

Uma vez que o sistema NiO/Al2O3 tem sido bastante estudado pelo Grupo de

Catálise Ambiental do LCP/INPE e citado na literatura como adequado tanto para CLC

como para CLR e neste trabalho foi (γ-Al2O3) Puralox NWa-155,

fabricada pela Sasol Germany GmbH e alfa alumina (-Al2O3) calcinada A2, fabricada

pela Alcoa Alumínio S.A.

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44

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem como objetivo principal, analisar a influência dos teores de

óxido de níquel suportado em duas aluminas, uma (γ-Al2O3) e outra alfa

alumina (-Al2O3), em processo de combustão de CH4 com recirculação química (CLC).

3.1.1 Objetivos Específicos

O desenvolvimento deste projeto envolveu os seguintes objetivos específicos:

I. Preparar transportadores de oxigênio/catalisadores contendo diferentes teores de

óxido de níquel (NiO) suportado em alumina de transição e alumina alfa;

II. Caracterizar os transportadores de oxigênio/catalisadores preparados na etapa I,

empregando diversas técnicas, entre elas: volumetria de nitrogênio (método BET),

porosimetria de mercúrio, microscopia eletrônica de varredura (MEV) e

difratometria de raios X (DRX);

III. Avaliação dos materiais preparados na etapa 1 quando submetidos a ciclos de

redução e oxidação em termobalança, utilizando CH4 como combustível modelo,

analisando os gases formados por espectrometria de massas e cromatografia gasosa.

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45

4 MATERIAIS E MÉTODOS

A parte experimental deste trabalho foi realizada no Laboratório Associado de

Combustão e Propulsão (LCP) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) de

Cachoeira Paulista, com o apoio do Grupo de Catálise do LCP/INPE.

4.1 GASES

Tabela 2 – Gases utilizados nas diferentes etapas deste trabalho.

Nitrogênio 5.0 (N2), ONU 1066, Alphagaz

Pressão: 200 kgf/cm2 , Volume: 10,0 m

3

- Pureza > 99,999%

- CO < 0,5 ppm

- CO2 < 0,5 ppm

- O2 < 1 ppm

- THC < 0,1 ppm

- H2O < 2 ppm

Hélio N-50 (He), ONU 1046, Alphagaz

Pressão: 190 kgf/cm2,

Volume: 7,0 m3

- O2 < 1 ppm

- THC < 0,1 ppm

- H2O < 3 ppm

Oxigênio comprimido, ONU 1072, Alphagaz

Pressão: 150 a 200 bar

Ar sintético, ONU 1002, Alphagaz

Pressão a 21°C: 200 kgf/cm2, Volume: 8,0 m

3

- Pureza > 99,999%

- NOX < 0,1 ppm

- CO + CO2 < 0,5 ppm

- O2 : 20 +/- 0,5%

- THC < 0,5 ppm

- H2O < 2 ppm

Hélio 5.0 (He), ONU 1046, Alphagaz

Pressão: 190 kgf/cm2, Volume: 9,0 m

3

- Pureza > 99,999%

- N2 < 3 ppm

- CO < 0,5 ppm

- CO2 < 0,5 ppm

- O2 < 1 ppm

- THC < 0,1 ppm

- H2O < 2 ppm

Mistura Especial: H2 5,0% e N2 – Q.S., Alphagaz

Pressão a 21°C: 200 kgf/cm2 Volume: 10,0 m

3

Argônio 6.0 (Ar), ONU 1006, Alphagaz

Pressão: 200 kgf/cm2

Volume: 10,0 m3

- Pureza > 99,999%

- N2 < 100 ppb

- CO < 100 ppb

- CO2 < 100 ppb

- O2 < 10 ppb

- THC < 100 ppb

- H2O < 500 ppb

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4.2 PRECURSOR DE NÍQUEL

A solução precursora de níquel utilizada nas impregnações é constituída por nitrato

de níquel (NiNO3), da marca Vetec (97% de pureza), apresentando pH próximo a 3 quando

em solução aquosa.

4.3 SUPORTES

Neste trabalho foram utilizadas duas aluminas comerciais como suporte dos

catalisadores contendo óxido de níquel.

4.3.1 Aluminas comerciais

Para a preparação dos transportadores de oxigênio foram utilizadas, como suportes,

(γ-Al2O3), denominada Puralox NWa-155, fabricada pela Sasol

Germany GmbH e uma alfa alumina (-Al2O3), denominada A2, fabricada pela Alcoa

Alumínio S.A.

A separação das partículas sólidas em frações granulométricas diferentes foi

realizada por peneiração. Esse método consiste em passar o material por conjunto de

peneiras (BROWN, 1965).

Considera-se a dimensão do material a média aritmética das aberturas das peneiras

entre as quais ficou retido. Este valor representa o tamanho médio, ou diâmetro médio, o

qual é representado por (FOUST et al., 2012). A granulometria escolhida neste trabalho

para as partículas foi entre 0,106 mm e 0,150 mm. As Tabelas 3 e 4 apresentam as

principais características das duas aluminas utilizadas neste trabalho.

Tabela 3 – Características típicas da gama alumina Puralox NWa-155.

Características

Estado físico sólido; 20°c, 1.013hpa

Forma pó

Coloração branca

Odor inodora

pH ca. 7 – 9; 100g/L

Al2O3 97%

Análise física

Densidade a “granel” ca. 700 – 950 kg/m³

Área específica

D “ ”:

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47

Continuação da Tabela 3

Tamanho de partícula < 100 μ

Tamanho de partícula > 500 μ

0,0%

0,0%

Fonte: Sasol Germany GmbH.

Tabela 4 – Características típicas da alfa alumina A-2, Alcoa.

Análise química (%) Granulometria

Al2O3 99,0 +# 100 (%) 5

SiO2 0,02 +# 200 (%) 60

Fe2O3 0,03 +# 325 (%) 90

Na2O - Total 0,5 D10 Malvern (μm) 50

Umidade (300ºC) 0,1 D50 Malvern (μm) 95

Perda ao fogo (300-1000ºC) 0,1 D90 Malvern (μm) 150

Análise física Propriedades cerâmicas

Densidade “solta” (g/cm3) 0,9 Densidade a verde (g/cm

3) 2,43

Densidade “compactada” (g/cm3) 1,1 Densidade pós queima (g/cm

3) 3,93

Área específica (m2/g) 1,3 Retração pós queima 8,97

• A ICP (I C P )

• D N ASTM-B-527-81

• Á específica feita pelo Método BET

• G da Série Tyler

Fonte: Alcoa Alumínio S.A.

A Figura 11 apresenta micrografia da alumina A2, obtida por microscopia

eletrônica de varredura (MEV).

Figura 11 – Alumina A2, Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV): (a) Ampliação 300X, 50μm;

(b) Ampliação 3000X, 5μm.

(a) Fonte: Alcoa Alumínio S.A.

(b)

4.3.2 Determinação do volume de poros (WET POINT)

O processo de determinação do volume de poros com auxílio da metodologia

“ponto úmido” (wet point) consiste em introduzir, gota a gota, um volume de

líquido suficiente para preencher todo o volume poroso das aluminas. O processo foi

50 µm 5 µm

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repetido por seis vezes com a alumina NWa-155 e quatro vezes com a alumina A2, visando

determinar, com um maior grau de confiança, o volume de poros das duas aluminas

empregadas como suporte neste trabalho.

4.3.2.1 Determinação do volume de poros por ponto úmido

Uma amostra de aproximadamente 3 g da alumina comercial Alcoa A-2 e a mesma

quantidade da alumina Puralox NWa-155, ambas com dimensões de partículas entre 0,106

< ф < 0 150 120 °C 2 .

As partículas foram colocadas em um cadinho circular e, em seguida, por meio de uma

bureta, adicionou-se água destilada, gota a gota, até o ponto em que as amostras se

tornaram externamente úmidas. Durante o procedimento, a homogeneização do material

foi obtida por agitação constante com auxílio de uma espátula de plástico.

4.4 PREPARAÇÃO DOS TRANSPORTADORES DE OXIGÊNIO (TO)

4.4.1 Determinação da Temperatura de Decomposição do Nitrato de Níquel

Antes de iniciar a impregnação do suporte com a fase ativa contendo o níquel,

realizou-se um ensaio em microbalança termogravimétrica (TGA), para verificar a

temperatura de decomposição do nitrato de níquel hexaidratado (NiNO3.6H2O) e obtenção

do óxido de níquel (NiO). O teste foi realizado utilizando-se uma microbalança

termogravimétrica de modelo SDT Q600, da marca TA Instruments, que realiza

simultaneamente análises de DSC (do inglês, Differential Scan Calorimetry) e TGA (do

inglês, Thermogravimetric Analysis).

4.4.2 Impregnação dos suportes

A técnica de impregnação consiste na deposição de uma substância ativa sobre um

suporte. Ao se utilizar a impregnação seca, introduz-se uma determinada quantidade de

componente ativo, em solução, suficiente para preencher o volume de poros do suporte.

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Calculou-se a concentração da solução precursora baseando-se nos teores de óxidos

desejados e volumes de poros obtidos por Wet Point. Foi observado que essa concentração

é inferior à solubilidade do nitrato em água (0,984 g/cm3). Sendo assim, utilizou-se um

balão volumétrico (100 cm3) de solução aquosa de nitrato de níquel (NiNO3), de

concentração 0,7972 g/mL, para a preparação de materiais contendo 10% e 35% de NiO

γ-Al2O3 e -Al2O3, empregando, assim, o método das impregnações incipientes

sucessivas. Para essas impregnações foram pesadas massas de aproximadamente 20 g da

α A A-2, e a mesma quantidade de massa de alumina γ P x NW -155,

ambas com granulometrias já especificadas. Os suportes foram previamente secados em

estufa a 120°C por cerca de 2 horas e, então, iniciou-se o gotejamento da solução de nitrato

de níquel até as aluminas estarem totalmente impregnadas com solução de Ni(NO3)2. Na

Figura 12 tem-se a comparação dos materiais antes e após a primeira impregnação. É

notada uma mudança de coloração dos dois suportes, além de uma pequena formação de

grumos.

Figura 12 – (A) γ-Al2O3, Puralox NWa-155; (B) γ-Al2O3, Puralox NWa-155 após primeira impregnação; (C)

α-Al2O3, Alcoa A-2; (D) α-Al2O3, Alcoa A-2 após primeira impregnação.

Fonte: Arquivo Pessoal

Terminada essa primeira impregnação, os materiais foram colocados em forno a

120ºC por 30 minutos sendo, em seguida, aquecidos à taxa de 3°C/min até 600°C, sob

atmosfera de ar com vazão de 200 mL/min. A temperatura de 600°C foi mantida por 30

minutos, para a conversão do sal em óxido de níquel. Os materiais impregnados foram

A B

C D

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retirados do forno, pesados e reservadas amostras de aproximadamente 10 g, as quais

possuem teores de 10% N O/γ-Al2O3 e 10% NiO/-Al2O3. A Figura 13 mostra os suportes

após a etapa de calcinação a 600°C. Com os materiais restantes repetiu-se o procedimento

de impregnação anterior, até atingir o teor de 35% NiO sobre ambos os suportes.

Figura 13 – (A) γ-Al2O3, Puralox NWa-155; (B) α-Al2O3, Alcoa A-2.

Fonte: Arquivo Pessoal

Terminada a etapa final de impregnação, os materiais foram calcinados a 950°C sob

lento escoamento de 200 mL/min de ar. Desta forma, foram sintetizados os materiais

10% N O/γ-Al2O3, 35%N O/γ-Al2O3, 10% NiO/-Al2O3 e 35% NiO/-Al2O3.

A Figura 14 apresenta os transportadores de oxigênios preparados.

Figura 14 – (A) 10%NiO/γ-Al2O3; (B) 35%NiO/γ-Al2O3, (C) 10%NiO/-Al2O3; (D) 35%NiO/-Al2O3.

Fonte: Arquivo Pessoal

A B

A B

C D

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4.5 CARACTERIZAÇÕES DOS TRANSPORTADORES DE OXIGÊNIO

4.5.1 Volumetria de Nitrogênio (método BET)

As áreas específicas dos materiais foram determinadas pelo método Brunauer,

Emmett e Teller (BET), que é baseado nas isotermas de adsorção e dessorção das

moléculas de nitrogênio em função de sua pressão relativa ( ), a partir da formação de

uma monocamada do gás adsorvido na superfície externa e nos poros das partículas. A

pressão de nitrogênio é variada e o volume adsorvido fisicamente do gás é acompanhado,

obtendo-se assim as isotermas de adsorção e dessorção deste gás. Para se determinar a

distribuição porosa utilizou-se o método Barret, Joyner e Halenda (BJH). Neste caso, o

processo de adsorção de nitrogênio prossegue até a formação de multicamadas moleculares

de N2, sendo primeiramente preenchidos os poros de tamanhos menores até o

preenchimento total dos poros, variando-se a pressão do gás. Todos os cálculos foram

realizados pelo software do equipamento da marca Quantachrome Instruments, modelo

Nova 1000 (SANTOS et al., 2009).

4.5.2 Picnometria a hélio

Para a determinação da densidade real dos diferentes materiais foi utilizada a

técnica denominada picnometria a hélio. A massa específica é definida como a razão entre

a massa e o volume ocupado pelo material. Nesta técnica utiliza-se o hélio, pois além deste

ser um gás inerte, ele penetra facilmente em poros de pequenas dimensões do material,

devido ao pequeno tamanho de seu átomo. O cálculo de densidade real foi realizado pelo

software do equipamento da marca Quantachrome, modelo Ultrapyc 1200e (SANTOS et

al., 2013).

4.5.3 Porosimetria de mercúrio

A técnica de porosimetria de Hg tem como objetivo a determinação do volume e da

distribuição de poros de um material, principalmente no que se refere aos macroporos. De

acordo com a IUPAC, os poros são classificados por seus diâmetros médios. O

porosímetro é um equipamento projetado para aplicar uma pressão controlada de mercúrio

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sobre a amostra e registrar o volume de penetração nos poros. O aumento gradativo da

pressão provoca a penetração do mercúrio em poros de diâmetros cada vez menores até se

atingir a pressão máxima do equipamento. O equipamento utilizado foi um porosímetro de

mercúrio da marca Quantachrome Instruments, modelo PoreMaster GT (ADANEZ et al.,

2012).

4.5.4 Difratometria de raios X (DRX)

É uma técnica em que a amostra recebe um feixe de raios X de comprimento de

onda entre 0,05 e 0,25 nm espalhados por um cristal. As radiações magnéticas

características de raios X ocupam uma posição intermediária entre o ultravioleta e a

radiação gama no espectro eletromagnético. Esses raios são gerados a partir de elementos

que emitem determinada quantidade de fótons que são colimados e direcionados sobre o

material a ser analisado, e, simultaneamente, difratados em um determinado ângulo. Esses

raios difratados são detectados e transformados em sinais, sendo possível calcular, por

meio da Lei de Bragg, a distância entre os átomos no cristal e assim descobrir sua estrutura

cristalina, sendo que seus registros são apresentados em forma de gráficos que expressam a

intensidade em função do ângulo de varredura de 2. A Figura 15 mostra o equipamento

utilizado, um difratômetro de raios X da marca Phillips, modelo PW1830. As condições

: C Kα 40 kV m

corrente de filamento em 25 A, varredura com passo angular de 0,05° no intervalo de

5°< 2θ < 80° (SANTOS et al., 2009).

Figura 15 – Difratômetro de raios X.

Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, São José dos Campos.

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4.5.5 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

A MEV é uma técnica importante para se analisar as características morfológicas

dos materiais. O equipamento utilizado foi um microscópio eletrônico de varredura da

marca JEOL modelo JMS 5310. A MEV é uma das mais versáteis técnicas disponíveis

para a observação e análise de características microestruturais de objetos sólidos. A

principal razão de sua utilidade é a alta resolução que pode ser obtida quando as amostras

são observadas (SANTOS et al., 2013).

4.5.6 Espectroscopia de Emissão Atômica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-

OES) e EDS (Energy Dispersive X-ray Detecttor, EDX ou EDS).

Os catalisadores foram submetidos à análise por ICP-OES para a determinação dos

teores de níquel presentes nos quatro suportes.

As análises foram realizadas em um espectrômetro de emissão óptica por plasma

indutivamente acoplado da marca Spectro modelo Arcos, na Central Analítica do Instituto

de Química da Universidade de São Paulo.

Nesta técnica, a amostra é aspirada por um nebulizador para posterior atomização

em forma líquida. Para a determinação da composição química, as amostras de 1mg dos

catalisadores foram fundidas em mufla com mistura equimolar de tetraborato de lítio e

carbonato de sódio, formando assim um material fundente de 200 mg que depois foi

digerido a quente, em banho com 3 mL de HNO3.

Após completa digestão, avolumou-se a amostra para 50 mL com água deionizada

em balão volumétrico de polipropileno.

A partir de curvas de calibração dos padrões dos metais, foi possível obter os

valores dos teores metálicos existentes em cada amostra.

O EDS (energy dispersive x-ray detector, EDX ou EDS) é um acessório essencial

no estudo de caracterização microscópica de materiais.

Quando o feixe de elétrons incide sobre um mineral, os elétrons mais externos dos

átomos e os íons constituintes são excitados, mudando de níveis energéticos. Ao

retornarem para sua posição inicial liberam a energia adquirida, a qual é emitida em

comprimento de onda no espectro de raios X. Um detector instalado na câmara de vácuo

do MEV mede a energia associada a esse elétron. Como os elétrons de um determinado

átomo possuem energias distintas, é possível, no ponto de incidência do feixe, determinar

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quais os elementos químicos estão presentes naquele local e assim identificar em instantes

que mineral está sendo observado. O diâmetro reduzido do feixe permite a determinação da

composição mineral em amostras de tamanhos muito reduzidos (< 5 µm), permitindo uma

análise quase que pontual.

O uso em conjunto do EDS com o MEV é de grande importância na caracterização

petrográfica e estudo petrológico nas geociências. Enquanto o MEV proporciona nítidas

imagens ainda que virtuais, pois o que se vê no monitor do computador é a

transcodificação da energia emitida pelas partículas, ao invés da radiação emitida pela luz,

à qual estamos habitualmente acostumados, a técnica por EDS permite sua imediata

identificação.

Além da identificação mineral, o equipamento ainda permite o mapeamento da

distribuição de elementos químicos por minerais, gerando mapas composicionais dos

elementos desejados (SANTOS et al., 2009).

4.5.7 Distribuição de tamanho de partícula por laser

A difração a laser baseia-se no princípio da difração da luz pelo qual, quanto menor

o tamanho da partícula, maior o ângulo de difração de um feixe luminoso que atravessa

uma população de partículas.

Essa técnica não mede partículas individuais. A parir de transformações

matemáticas complexas (transformada de Fourier inversa), calcula-se uma estatística de

distribuição de tamanho dessa população de partículas. Para partículas maiores do que 1

mm, o ângulo de difração é extremamente pequeno, sendo crítico o alinhamento e

resolução da óptica. O analisador de tamanho de partículas S3000 da Microtrac pode

operar em faixa de medição de 0,02 a 2800 µm. Opera em sistema óptico e com um ou

mais feixes de luz possibilitando medir a distribuição precisa de tamanho de partículas. As

medições podem ser a seco ou a úmido, visto que uma pequena quantidade do material a

ser analisado foi homogeneizada com 50 mL de água destilada e deionizada. Após a

homogeneização, foram adicionadas 6 gotas de dispersante da marca Davan sendo então,

aplicada agitação em ultrassom por 5 minutos. Uma pequena alíquota é utilizada para a

análise, sendo que a quantidade de material é o equipamento que determina, ou seja, cada

análise necessitou de uma quantidade diferente de amostra para a leitura (SANTOS et al.,

2013).

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4.5.8 Redução a Temperatura Programada – TPR

A Redução a Temperatura Programada (TPR) constitui uma técnica de análise

utilizada para a medida do consumo de hidrogênio de um fluxo de gás, o qual é associado à

redução de uma espécie química presente em uma amostra. Nesse sistema, submete-se um

aumento de temperatura o qual ocorre de maneira linear.

Os perfis de TPR apresentam o consumo de hidrogênio em função da temperatura à

qual a amostra foi submetida, podendo assim verificar a temperatura máxima de redução

além, também, do consumo total do gás hidrogênio (MENDES, 2012).

O início da análise se dá a partir da purificação do fluxo de gás nitrogênio-gás

inerte, ou seja, deve-se eliminar qualquer traço de oxigênio e água. Após essa etapa,

programa-se a temperatura desejada e, em seguida, após o alcance da temperatura

programada tem início à redução, na qual o hidrogênio começa a ser consumido e medido

pelo detector que apresenta picos máximos no perfil de processo, representando reduções

distintas. Algumas alterações nos parâmetros de TPR tais como, a temperatura de redução

máxima e o consumo total de hidrogênio, podem surgir devida algumas variáveis

operacionais como, por exemplo, o tamanho das partículas a serem analisadas, a

concentração do gás redutor, a velocidade de aquecimento da amostra e, por fim a

velocidade do fluxo de gás do equipamento. Sendo assim, a padronização na realização das

análises favorece maior controle dessas influências no conjunto de resultados de diversos

catalisadores (SHARMA, DELEBARRE e ALAPPAT, 2014).

4.5.8.1 Redução a Temperatura Programada – CHEMBET

O CHEMBET fornece cinco métodos de análise: três análises de temperatura

programada (TPR, TPD e TPO), titulação por pulso e fisissorção (área BET). Um forno de

alta temperatura, combinado com um software, assegura rampas lineares de aquecimento

para a temperatura programada. O software Windows TPRWin (compatível com o

CHEMBET's ®) é responsável pelo controle da mudança do gás, os perfis de temperatura e

também capta os sinais para arquivamento e relatório. A análise por CHEMBET é utilizada

com uma grande variedade de gases como, por exemplo, amônia, oxigênio, hidrogênio,

monóxido de carbono e óxido nitroso (N2O). O ciclo de injeção é um recurso padrão e

permite a titulação rápida das superfícies metálicas. Cada CHEMBET é fornecido com

“loopings” de tamanhos variados, que podem ser trocados facilmente. Várias entradas de

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gás com válvulas automáticas asseguram a flexibilidade quando se alterna entre os

protocolos para catalisadores diferentes. O “by-pass” e o “trap” à frio (entre a célula da

amostra e o detector) são fornecidos para a remoção dos produtos gasosos indesejados

quando necessário (SANTOS et al., 2013).

Figura 16 – ChemBET - 3000, TPR/TPD, marca Quantachrome

Fonte: LCP/INPE – Cachoeira Paulista

4.6 TESTES REACIONAIS

Os transportadores de oxigênio foram avaliados utilizando a metodologia de análise

termogravimétrica, em termobalança, acompanhado por espectrometria de massas e

cromatografia gasosa.

4.6.1 Análise Termogravimétrica (Thermogravimetric analysis – TGA)

Os transportadores de oxigênio foram avaliados quanto à estabilidade térmica em

termobalança em uma sequência de ciclos de redução e oxidação. Os testes foram

realizados nas seguintes condições: temperatura de 950°C, taxa de aquecimento de

10ºC/min, vazão total dos gases de 150 mL/min, massa dos transportadores de oxigênio de

aproximadamente 50 mg. Para a etapa de redução foi utilizada uma concentração molar de

10% CH4 e para a etapa de oxidação uma concentração molar de 10% O2, ambas com 1%

hélio e balanço em argônio. Redução e oxidação são separadas por um período de limpeza

do reator com um gás inerte (Ar) (SANTOS et al., 2009).

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Os testes também foram acompanhados por espectrômetro de massas, MKS Spectra

modelo e-Vision+ para análise qualitativa da produção gasosa (CO2, CO e H2) durante as

etapas de redução e oxidação dos transportadores de oxigênio e por cromatografia gasosa

(Cromatógrafo gasoso Varian CP-3800).

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS TRANSPORTADORES DE

OXIGÊNIO

Após a realização de um ensaio em microbalança termogravimétrica (TGA), para

verificação da temperatura de decomposição do nitrato de níquel hexaidratado

(NiNO3.6H2O) e obtenção do óxido de níquel (NiO), foi possível observar uma gradual

perda de massa que se inicia com o aumento da temperatura, caracterizando uma

progressiva desidratação. Observou-se também que na temperatura de 250ºC ocorrem

fenômenos térmicos e perda de massa, caracterizando a decomposição do nitrato a Ni2O3.

A perda de massa continua até 450°C, onde se estabiliza, caracterizando a formação do

óxido mais estável, NiO. Em temperaturas superiores a 500°C e inferiores a 1000°C, não

se observou variações significativas.

Os resultados apresentados nas Tabelas 5 e 6, mostram os valores encontrados no

processo de determinação do volume de poros por ponto úmido.

Tabela 5 – Wet Point da gama alumina Puralox NWa-155

Massa (g) Volume de água

(mL)

Volume poroso

(mL/g de Al2O3)

1 3,50 1,80 0,51

2 3,19 1,40 0,44

3 3,16 1,40 0,44

4 3,55 1,60 0,45

5 3,31 1,50 0,45

6 3,39 1,50 0,44

Média 3,35 1,50 0,46

Fonte: Arquivos Pessoal

Tabela 6 – Wet Point da alfa alumina Alcoa A2

Massa (g) Volume de água

(mL)

Volume poroso

(mL/g de Al2O3)

1 3,04 1,75 0,58

2 3,11 1,75 0,56

3 3,02 1,75 0,58

4 3,15 1,80 0,57

Média 3,08 1,80 0,57

Fonte: Arquivos Pessoal

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59

O α-Al2O3 Alcoa A2, determinado pelo método Wet

Point, será justificado ainda neste trabalho pelos resultados obtidos por porosimetria de Hg.

As Figuras 17 e 18 mostram as comparações entre os suportes e as amostras obtidas

por porosimetria de Hg

Figura 17 – Distribuições de volume de poros obtidas por porosimetria de mercúrio, dos materiais à base de

α-Al2O3.

Fonte: Arquivo Pessoal

Figura 18 – Distribuições de volume de poros obtidas por porosimetria de mercúrio, dos materiais à base de

γ-Al2O3.

Fonte: Arquivo Pessoal

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,0E+011,0E+021,0E+031,0E+041,0E+051,0E+061,0E+07

dV

/dlo

gD

[cm

3/g

]

Diâmetro [Å]

alfa-Al2O3

10%NiO/Al2O3

35%NiO/Al2O3

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,0E+011,0E+021,0E+031,0E+041,0E+051,0E+061,0E+07

dV

/dlo

gD

[cm

3/g

]

Diâmetro [Å]

gama-Al2O3

10%NiO/Al2O3

35%NiO/Al2O3

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60

Na Figura 17 α-Al2O3 não apresenta microporos, menores

que 20 Å, e mesoporos, entre 20 e 500 Å, mas apenas macroporos distribuídos

bimodalmente, podendo-se supor que apenas uma pequena parte deles seja de poros

intrapartículas. Isto explicaria o valor de volume de poros deste material determinado por

“Wet Point”. N γ-Al2O3 (Figura 18) a distribuição de poros também é bimodal,

incluindo uma população de mesoporos, e uma segunda população de macroporos

interpartículas.

A tabela 7 apresenta os resultados de caracterização obtidos em relação à densidade

real (DR), área específica (Ae), volume de poros (Vp), diâmetro médio de poros (DM),

sendo que, para valores de volumes de poros são apresentados os resultados obtidos por

volumetria de nitrogênio e porosimetria de mercúrio, para efeito complementar e

comparativo.

Tabela 7 – Resultados obtidos por picnometria a hélio, volumetria de nitrogênio e porosimetria de mercúrio,

dos materiais calcinados a 950ºC.

DR

(g/cm3)

DesvioAe

(m2/g)

Vp

(cm3/g)

DM

(Å)

NWa - 155 3,35 ± 0,0007 157 0,36 90

10% NiO/γ-Al2O3 3,67 ± 0,0002 101 0,35 96

35% NiO/γ-Al2O3 4,07 ± 0,0003 55 0,14 97

A2 3,88 ± 0,0005 1,80 0,003 34

10% NiO/α-Al2O3 4,18 ± 0,0002 2,82 0 0

35% NiO/α-Al2O3 4,57 ± 0,0002 2,87 0 0

Material

0

0,34

0,19

0

0

Volumetria de Nitrogênio Porosimetria de MercúrioPicnometria a

Hélio

Vp Intrapartícula (cm3/g)

[64<Dp<500Å]

0,36

Fonte: Arquivos Pessoal

De acordo com resultados obtidos pela técnica de picnometria a hélio, é possível

observar um aumento da densidade real dos transportadores de oxigênio devido a

deposição do óxido de níquel sobre os suportes. Verifica-se também, através da análise por

volumetria de nitrogênio, que há uma redução da área específica dos TOs suportados em

gama alumina e em contra partida, um aumento da área específica dos TOs suportados em

alfa alumina. Estes dois resultados são coerentes, e estão de acordo com dados encontrados

em diversas literaturas, principalmente, devido ao tamanho das partículas.

Por meio das técnicas de caracterização por difratometria de raios X (Figuras 19 e

20) e por microscopia eletrônica de varredura (MEV), Figuras 21 e 22, pode-se observar a

morfologia dos suportes da alumina comercial Alcoa A2 e da alumina Puralox NWa-155,

utilizadas neste trabalho, apresentando uma fase altamente cristalina denominada alfa

(JCPDS 82-1468) para a primeira e gama (JCPDS 29-0063) para a segunda.

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61

Figura 19 - Difratograma de raios X da α-Al2O3 Alcoa A2 (calcinada a 1100°C)

Fonte: Arquivo Pessoal

Figura 20-Difratograma de raios X da γ-Al2O3 Puralox NWa-155 (calcinada a 600°C)

250

350

450

550

650

750

850

950

1050

1150

1250

1350

1450

1550

1650

1750

1850

1950

2050

10 20 30 40 50 60 70 80

Inte

nsi

da

de

(u.a

)

Ângulo (2θ)

γ-Al2O3

Al2O3 - JCPDS 29-0063

Fonte: Arquivo Pessoal

Os difratogramas de raios X mostrados nas Figuras 19 e 20 confirmam as

informações fornecidas pelos fabricantes, no que se refere às estruturas cristalinas das

aluminas utilizadas neste trabalho.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

11000

12000

13000

14000

15000

16000

17000

18000

10 20 30 40 50 60 70 80

Inte

nsi

da

de

(u.a

)

Ângulo (2θ)

α-Al2O3

Al2O3 - JCPDS 82-1468

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62

Figura 21 - M MEV α-Al2O3 Alcoa A2, aumentos de 200 e 5140X

Fonte: Microscópio Eletrônico de Varredura, marca JEOL - JMS 5310 – UNIVAP, São José dos Campos

Figura 22 - Micrografia obtida por MEV da γ-Al2O3 Puralox NWa-155, aumentos de 203 e 5160X

Fonte: Microscópio Eletrônico de Varredura, marca JEOL - JMS 5310 – UNIVAP, São José dos Campos

A micrografia da Figura 21(A) permite observar a presença de aglomerados de

grãos cristalinos formando uma espécie de estrutura sólida de alumina alfa com tamanhos

variados. Já na Figura 21(B) com uma maior ampliação, verifica-se a presença de cristais,

orientados a baixos domínios, com diferentes tamanhos e estruturas, os quais formam os

aglomerados de grãos. As micrografias da Figura 22 apresentam a morfologia da alumina

Puralox NWa-155, podendo-se observar na Figura 22(A) uma formação de aglomerados de

grãos cristalinos semelhantes aos da alumina Alcoa A2, mas possuindo uma superfície

mais lisa e, aparentemente, menos porosa. Ao se observar a Figura 22(B), fazendo uso de

maior ampliação, nota-se a formação de partículas de diferentes tamanhos pouco

organizados cristalograficamente.

A B

A B

100µm 2µm

100µm 2µm

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63

As Figuras 23 a 26 apresentam os difratogramas dos transportadores após as

impregnações e tratamentos térmicos.

Figura 23 – Difratograma de raios X do transportador 10%NiO/α-Al2O3 (calcinado a 950°C)

Fonte: Arquivo Pessoal

Figura 24 – Difratograma de raios X do transportador 35%NiO/α-Al2O3 (calcinado a 950°C)

Fonte: Arquivo Pessoal

No caso dos TOs suportados sobre α-Al2O3, é possível observar a presença da fase

cristalina NiO, tão mais intensa quanto maior o teor introduzido deste óxido.

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

9.000

10.000

10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80

Inte

nsi

da

de

(u.a

)

Ângulo (2θ)

10%NiO/α-Al2O3

Al2O3 - JCPDS 81-2267

NiO - JCPDS 63-1519

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

9.000

10.000

11.000

12.000

10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80

Inte

nsi

da

de

(u.a

)

Ângulo (2θ)

35%NiO/α-Al2O3

Al2O3 - JCPDS 81-2267

NiO - JCPDS 63-1519

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64

Figura 25 – Difratograma de raios X do transportador 10%NiO/γ-Al2O3 (calcinado a 950°C)

Fonte: Arquivo Pessoal

No caso do TO 10%NiO/γ-Al2O3, a Figura 25 não apresenta picos referentes às

fases NiO e NiAl2O4, provavelmente devido às pequenas dimensões de seus cristalitos.

Figura 26 – Difratograma de raios X do transportador 35%NiO/γ-Al2O3 (calcinado a 950°C)

Fonte: Arquivo Pessoal

Já no caso do TO 35%NiO/γ-Al2O3 (Figura 26), a presença da fase NiAl2O4 é

inequívoca, o que está de acordo com A. Lyngfelt et al. (2008), que relataram a formação

dessa fase quando de tratamentos térmicos a temperaturas elevadas.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

10 20 30 40 50 60 70 80

Inte

nsi

da

de

(u.a

)

Ângulo (2θ)

10%NiO/γ-Al2O3

Al2O3 - JCPDS 50-0741

NiO - JCPDS 63-1519

NiAl2O4 - JCPDS 10-0339

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

10 20 30 40 50 60 70 80

Inte

nsi

da

de

(u.a

)

Ângulo (2θ)

35%NiO/γ-Al2O3

Al2O3 - JCPDS 50-0741

NiO - JCPDS 63-1519

NiAl2O4 - JCPDS 10-0339

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65

Com relação à morfologia dos materiais obtidos após impregnação, as Figuras 27 e

28 mostram os resultados das análises obtidas por microscopia eletrônica por varredura

(MEV) α-Al2O3, com teores de óxido de níquel de 10%

e 35%, respectivamente.

Figura 27 – Micrografia obtida por MEV 10%NiO/α-Al2O3, aumentos de 201, 2006 e 5160X

Fonte: Microscópio Eletrônico de Varredura, marca JEOL - JMS 5310 – UNIVAP, São José dos Campos

Figura 28 – Micrografia obtida por MEV 35%NiO/α-Al2O3, aumentos de 201, 2006 e 5160X

Fonte: Microscópio Eletrônico de Varredura, marca JEOL - JMS 5310 – UNIVAP, São José dos Campos

Observando as micrografias percebe-se que as superfícies dos transportadores

foram recobertas pelos cristais provenientes do sal de impregnação, e que os poros que

A B

A B

C

C

100µm 10µm

2µm

100µm 10µm

2µm

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66

eram visíveis antes da impregnação (Figuras 23 e 24) foram obstruídos após a

impregnação. Desta forma, as Figuras 27 e 28 complementam os resultados apresentados

pelas análises BET, nas quais foram constatadas reduções dos valores de área específica,

de volume e diâmetro médio de poros.

Figura 29 – Micrografia obtida por MEV 10%NiO/γ-Al2O3, aumentos de 201, 2006 e 5160X

Fonte: Microscópio Eletrônico de Varredura, marca JEOL - JMS 5310 – UNIVAP, São José dos Campos

Figura 30 – Micrografia obtida por MEV 35%NiO/γ-Al2O3, aumentos de 201, 2006 e 5160X

Fonte: Microscópio Eletrônico de Varredura, marca JEOL - JMS 5310 – UNIVAP, São José dos Campos

A B

C

A B

C

100µm 10µm

2µm

2µm

100µm 10µm

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67

As Figuras 29(B) e 30(B), ambas com o mesmo grau de aumento, demonstram que

a maior quantidade de material depositado na superfície está no TO com teor de 35% de

óxido de níquel, o que é evidente ao se comparar com o TO contendo 10% do óxido.

Sendo assim, ao se analisar, conjuntamente, as Figuras 29(C) e 30(C), fica ainda mais

evidente que a superfície do transportador está recoberta com óxido de níquel ou aluminato

de níquel. E assim como os TOs (α) -se observar que a

impregnação não ocorre de maneira uniforme, sendo que algumas áreas do suporte

apresentam-se totalmente descobertas e em outras, há um grande aglomerado de cristais.

Através da análise de distribuição de tamanho de partículas por laser, verificou-se

que houve uma mudança de tamanho dos diâmetros das partículas, corroborando os

resultados obtidos pelo MEV, pois a deposição de óxido de níquel no suporte fez com que

houvesse uma mudança nos parâmetros texturais da alumina. Esses resultados podem ser

verificados na Tabela 8.

Tabela 8 – Distribuições de tamanho de partículas dos materiais obtidas por laser.

Material Diâmetro (µm) Vol% Largura

α-Al2O3 – A2 Alcoa 124,50 93,50 54,68

4,22 6,50 3,54

10%N O/α-Al2O3 122,90 84,50 59,03

3,70 15,50 4,43

35%N O/α-Al2O3 124,60 98,00 61,66

4,25 2,00 2,36

γ-Al2O3 – NWa

Puralox 163,00 100 75,59

10%N O/γ-Al2O3 154,80 100 74,80

35%N O/γ-Al2O3 163,30 100 75,02

Ao se observar os resultados obtidos pela análise de distribuição de tamanho de

partículas por laser verifica-se que os diâmetros encontrados estão próximos das faixas de

separação teóricas dos materiais. Entretanto, há exceções relacionadas à alumina comercial

NWa-155 Puralox e seus TOs, visto que o tamanho de diâmetro encontrado na análise é de

163µm, mostrando-se assim maior que os valores teóricos da separação por peneiramento,

106 < ϕ < 150µm. Uma possível causa dessa diferença de tamanhos pode

ser atribuída a forma geométrica das partículas, com uma dimensão muito superior às

demais (placas, bastões etc).

Uma forma de determinar a composição mássica dos transportadores de oxigênio é

por análise química via espectrometria de emissão óptica com plasma induzido (ICP),

efetuada pela Central Analítica da Escola Politécnica da USP e também por EDS (energy

dispersive x-ray detector, EDX ou EDS).

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68

Na Tabela 9 são apresentadas as porcentagens reais, obtidas por ICP, dos óxidos de

α-Al2O3 γ-Al2O3.

As porcentagens reais de NiO estão razoavelmente próximas das porcentagens

teóricas utilizadas na preparação dos TOs.

Tabela 9 – P ó óx α-Al2O3 obtidas por ICP.

Suporte Óxido

Metálico

Porcentagem teórica

(% m/m)

Porcentagem

real (% m/m)

Rendimento

(%)

α-Al2O3 NiO 10

35

9,35

30,57

94

87

γ-Al2O3 NiO 10

35

9,36

36,50

94

104

Fonte: Arquivo Pessoal

Os resultados de composição (% molar), obtidos por EDS, são apresentados na

Tabela 10.

Tabela 10 – Composição (% molar) dos transportadores obtida por EDS.

Suporte Transportador Substância

analisada

% molar

α-Al2O3

10%NiO NiO

Al2O3

73,79

26,20

35%NiO NiO

Al2O3

85,50

14,50

γ-Al2O3

10%NiO NiO

Al2O3

75,20

24,80

35%NiO NiO

Al2O3

85,50

14,50

Fonte: Arquivo Pessoal

Nas análises realizadas por ICP-EDS, os resultados de porcentagem molar são

coerentes com o aumento do teor de NiO, isto é, quanto maior a quantidade de NiO total

presente na amostra, maior é a porcentagem de NiO na superfície do transportador.

5.2 AVALIAÇÃO DOS TRANSPORTADORES DE OXIGÊNIO

Inicialmente, os materiais preparados foram submetidos à reduções, conduzidas sob

temperatura programada de redução (TPR), sob hidrogênio ou metano, em termobalança e

ChemBET, com objetivo de avaliar o grau de disponibilização de oxigênio e a temperatura

na qual a redução tem início.

Posteriormente, os materiais foram submetidos a ciclos redox, a fim de avaliar a

estabilidade durante os processos de redução e oxidação.

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69

5.2.1 Reduções dos transportadores de oxigênio no ChemBET

A análise por TPR no aparelho ChemBET foi realizada com o objetivo de avaliar o

número de espécies redutíveis nos transportadores de oxigênio e encontrar, assim, a

temperatura na qual ocorre a redução completa das aluminas impregnadas com níquel. A

exposição a repetidos ciclos de redução/oxidação pode causar um perda da atividade do

TO devida à interação metal-suporte, formando espécies não redutíveis (SEDOR,

HOSSAIN e LASA, 2008). A análise por TPR foi realizada com todos os transportadores

de oxigênio preparados neste trabalho.

Os materiais, contendo aproximadamente 150 mg, foram primeiramente tratados na

presença de gás hélio (vazão de 130 indicada no rotâmetro) a 200oC por uma hora. As

TPRs foram realizadas entre 64°C e 1000°C (10°C/min) sob fluxo da mistura redutora de

5% H2/N2 (50mL/min - leitura de 150 no rotâmetro).

A Figura 31 apresenta informações sobre a redutibilidade do transportador de

oxigênio contendo 10%NiO/α-Al2O3. Observa-se que a redução ocorreu entre 364°C e

989oC, com pico principal em 630

oC, indicando que a espécie química reduzida foi o NiO.

Figura 31 – Redução do Transportador 10%NiO/α-Al2O3 com hidrogênio no CHEMBET.

Fonte: Arquivo pessoal

Pode-se observar a presença de um pico de temperatura a 535°C e, embora segundo

Gayán et al (2009), picos entre 400 e 600°C representem a redução do NiO para Ni0, a

presença dos dois picos a 535°C e 630°C pode ser atribuída a diferentes tamanhos de

cristais de NiO ou a diferentes graus de interação do Ni com o suporte.

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000

0

200

400

600

800

1000

989ºC364ºC

535ºC

TPR - CHEMBET

10%NiO/-Al2O

3 (950°C) Alcoa - massa empregada: 0.1502g

80 - 1000°C a 10°C/min

Fluxo de 5% H2/N

2

Te

mp

era

tura

[ºC

]

Tempo [s]

630ºC

0

10

20

30

40

50

60

Sin

al [

V]

Page 70: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MIQ14031.pdf · marcelo leme do prado Óxido de nÍquel aplicado a processos de combustÃo

70

Sedor, Hossain e Lasa (2008) descrevem que o NiO e NiAl2O4 possuem fases

redutíveis na faixa de 325°C a 700°C, e que há espécies reduzidas acima de 600°C, em

especial o aluminato de níquel. Como pode ser verificado na Figura 32, um pequeno pico

também aparece entre 750 e 950°C. Este pico corresponde à redução formando NiAl2O4

puro. Desta forma, é possível inferir que o resultado da TPR no ChemBET do

transportador de oxigênio 10%NiO/α-Al2O3, preparado neste trabalho, está em

conformidade com a literatura.

Figura 32 – Redução a Temperatura Programada (TPR) do TO 20%NiO/α-Al2O3

Fonte: (SEDOR, HOSSAIN e LASA, 2008)

Figura 33 – Redução a Temperatura Programada do Transportador 35%NiO/α-Al2O3

Fonte: Arquivo pessoal

Ao se comparar com os resultados das Figuras 32 e 33, verifica-se que houve uma

diminuição acentuada das áreas dos picos e da temperatura de redução do transportador de

0 2000 4000 6000 8000 10000

0

200

400

600

800

1000

378ºC 843ºC

TPR - CHEMBET

35%NiO/-Al2O

3 (950°C) Alcoa - massa empregada: 0.1492g

77 - 1000°C a 10°C/min

Fluxo de 5% H2/N

2

Te

mp

era

tura

[ºC

]

Tempo [s]

542ºC

0

50

100

150

200

250

300

Sin

al [

V]

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71

oxigênio com maior teor de óxido de níquel. De acordo com Sedor, Hossain e Lasa (2008),

amostras contendo teores menores de níquel apresentam maior tempo de redução.

A Figura 34 apresenta a porcentagem de redução de acordo com o teor de níquel

presente no suporte de alfa alumina. Este comportamento pode ser atribuído à formação de

NiAl2O4 seguida de uma redução não estequiométrica. Este tipo de redução ocorre quando

a reação de redução não se apresenta na forma 1:1 em relação ao NiO e o H2. Se ocorrer

redução não estequiométrica, a quantidade de hidrogênio consumido pode ser maior do que

a quantidade de hidrogênio requerida para reduzir completamente todo o precursor a NiO

disponível. Isso fará com que a porcentagem de redução do níquel seja superestimada.

Sendo assim, supõe-se que quando o Ni é inserido em Al2O3, é formado NiAl2O4 e assim,

haverá mais oxigênio disponível (SEDOR, HOSSAIN e LASA, 2008).

Figura 34 - Redução percentual de níquel para 20, 15, 10 e 5% em teor de níquel suportado em α-Al2O3.

Fonte: (SEDOR, HOSSAIN e LASA, 2008)

Os resultados observados nos difratogramas dos transportadores de oxigênio

γ-Al2O3, Figuras 25 e 26, deixam evidente uma significativa formação de

NiAl2O4. Isto sugere a possibilidade de obtenção de sítios catalíticos com propriedades

diferentes após a ativação. Em trabalho publicado por Fajardo et al (2005), mostrado na

Figura 35, após realização de análise em TPR, os resultados apresentam um pico de

consumo de H2 530 °C “ ” 630°C N -Al2O3

preparada a 550°C, os quais são devidos a presença de NiO. Já uma amostra de Ni-Al2O3

preparada a 700°C apresenta consumo de H2 também nessas temperaturas, mas foi

significativamente menor, indicando que a quantidade de NiO nesta amostra é menor do

que na amostra de Ni-Al2O3 preparada a 550°C. Sendo assim, a segunda amostra, reduzida

a 700°C, apresentou uma ampla gama de consumo de H2 iniciando a 450°C, até a

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72

temperatura final do processo. No entanto, os autores reportaram que o pico máximo de

consumo de H2 foi observado a 830°C, o que é característico da fase de NiAl2O4,

indicando uma maior interação metal-suporte, promovida pela temperatura de calcinação

imposta ao material.

Figura 35 – Redução à temperatura programada (TPR) em amostras de Ni-Al2O3

Fonte: (FAJARDO et al., 2005)

O transportador de oxigênio com teor de 10% de óxido de níquel possui um início

de redução à temperatura de 750°C, apresentando um pico de máximo em 937°C (Figura

36). De acordo com os resultados das análises por TPR dos materiais 10%NiO/γ-Al2O3 e

35%NiO/γ-Al2O3, realizadas no ChemBET, há uma relevante diferença entre os picos dos

dois TOs, e isso se deve, principalmente, ao teor de Ni de cada amostra.

Figura 36 – Redução do Transportador 10%NiO/γ-Al2O3 com hidrogênio no CHEMBET.

Fonte: Arquivo pessoal

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000

0

200

400

600

800

1000

996°C750°C

TPR - CHEMBET

10%NiO/-Al2O

3 Puralox - massa empregada: 0.1544g

64 - 1000°C a 10°C/min

Fluxo de 5% H2/N

2

Tem

pera

tura

(°C

)

Tempo (s)

937°C

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Sin

al [

V]

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73

Já o transportador de oxigênio com maior teor de óxido de níquel (35%) possui um

óx 510°C “ ” 530°C

quais são devidos a presença de NiO e um pico de máximo em 941°C o qual pode ser

atribuído à formação de NiAl2O4 (Figura 37). No caso do TO 10%NiO/γ-Al2O3, todo o

precursor de níquel levou a formação de NiAl2O4.

Figura 37 – Redução do Transportador 35%NiO/γ-Al2O3 com hidrogênio no CHEMBET.

Fonte: Arquivo pessoal

Dentro deste contexto, infere-se que as análises de TPR obtidas por ChemBET, das

amostras 10%NiO/Al2O3 e 35%NiO/Al2O3, resultam em parâmetros semelhantes aos

apresentados pela literatura.

5.2.2 Reduções dos transportadores em termobalança

Neste trabalho, também foram realizadas análises de redução à temperatura

programada (TPR) em termobalança.

Na Figura 38, é apresentado o gráfico da redução da massa do TO 10% N O/α-

Al2O3 em relação à massa corrigid “ ” , utilizando CH4

como gás redutor.

Verifica-se que houve perda de massa entre 713°C e 725°C e não houve perda de

massa posterior. A perda de massa observada refere-se à redução do NiO a Ni e oxigênio.

Uma segunda redução de massa coincidiria com a redução do NiAl2O4 em Ni, porém ela

não apresentou valor significativo sendo, desta forma, não detectada na análise.

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000

0

200

400

600

800

1000

TPR - CHEMBET

35%NiO/-Al2O

3 (950°C) Puralox - massa empregada: 0.1465g

65 - 1000°C a 10°C/min

Fluxo de 5% H2/N

2

Tem

pera

tura

(°C

)

Tempo (s)

941°C

530°C

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Sin

al [

V]

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74

Figura 38 – Redução do Transportador contendo 10% NiO α-Al2O3 com 10% de CH4 em Ar.

Fonte: Arquivo pessoal

O teor de óxido de níquel contido nos transportadores de oxigênio é determinante

para a porcentagem de oxigênio disponível. O valor absoluto (em massa) de oxigênio

consumido aumenta com o aumento gradual da porcentagem de NiO.

Sendo assim, de acordo com a Figura 39, fica evidente que o aumento da

porcentagem de NiO favorece a redução de massa em uma faixa inferior de temperatura,

entre 616°C e 656°C, não havendo perda de massa subsequente.

Figura 39 – Redução do Transportador contendo 35% N O α-Al2O3 com 10% de CH4 em Ar.

Fonte: Arquivo pessoal

As mesmas conclusões se aplicam aos TOs suportados em alumina gama em

relação à quantidade de oxigênio disponível.

Massa

Fluxo de calor

Massa

Fluxo de calor

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75

A Figura 40 demonstra reduções de massas em intervalos de temperaturas distintos.

A primeira faixa de redução inicia-se a partir de 100°C e termina em 731°C. Após essa

queda inicia-se um ganho de massa o qual tem seu ápice na temperatura de 764°C.

Figura 40 – Redução do Transportador contendo 10% N O γ-Al2O3 com 10% de CH4 em Ar.

Fonte: Arquivo pessoal

Na sequência de aquecimento, há uma nova redução da massa até a temperatura de

857°C, a partir do que começa novamente o processo de elevação mássica, devido,

provavelmente, à formação de depósito de carbono durante a redução.

Figura 41 – Redução do Transportador contendo 35% N O γ-Al2O3 com 10% de CH4 em Ar.

Fonte: Arquivo pessoal

Massa

Fluxo de calor

Massa

Fluxo de calor

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76

A Figura 41 demonstra vários decréscimos e aumentos de massa ao decorrer do

processo de redução. De acordo com os resultados de DRX dos transportadores suportados

γ-Al2O3, há uma grande formação de aluminato de níquel, NiAl2O4, além, também, da

mudança de fase da (γ) (θ-Al2O3).

5.2.3 Ciclos redox dos transportadores de oxigênio em termobalança

Na análise termogravimétrica foram utilizados, aproximadamente, 50 mg dos TOs

contendo 10% e 35% de NiO impregnado Al2O3 A-2 (Alcoa) e γ-Al2O3 NWa-155,

(Puralox), os quais foram submetidos a ciclos de oxidação e redução em termobalança, a

950°C. Nos dois processos, oxidação e redução, foram utilizados 10% de CH4/Ar e

10%O2/Ar. Os ciclos de oxidação e redução foram separados pela passagem de inertes

(2%He/Ar). Na Figura 42 são apresentadas as curvas de variação de massa e de

concentrações em função do tempo. Deve-se ressaltar nesta análise a repetibilidade das

variações de massa, demonstrando que o material não se deteriora quando submetido a

uma sequência de ciclos. É possível verificar ainda que há um pequeno pico na curva de

massa no início da abertura da válvula do metano (CH4), o qual corresponde ao empuxo

resultante da passagem do gás.

Figura 42 – Ciclos redox em termobalança para o TO 10%NiO/α-Al2O3 (2 min 10%de CH4, 4 min 10%O2)

Fonte: Arquivo Pessoal

50,5

50,7

50,9

51,1

51,3

51,5

51,7

51,9

52,1

52,3

52,5

52,7

52,9

53,1

53,3

53,5

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250

Massa [

mg

]

Co

ncen

tração

[u

.a.]

Tempo [min]

Ciclos redox em TGA - 10% m/m NiO/α-Al2O3 950 C, 10% CH4 2 min redução, 10% O2 4 min oxidaçãoH2

CO2

CO

Massa

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77

Já a Figura 43 apresenta em detalhe o 5° ciclo redox utilizando o TO 10%NiO/-

Al2O3. Dois tempos de duração das etapas de redução e oxidação foram utilizados

sequencialmente: 2min – 10%CH4 e 4min – 10%O2.

Figura 43 – 5º ciclo redox em termobalança para o TO 10% NiO/α-Al2O3

Fonte: Arquivo Pessoal

Os resultados apresentados nas Figuras 42 e 43 indicam que o material se manteve

com boa estabilidade por aproximadamente 250 min, apresentando também uma elevada

seletividade à formação de CO e H2, apesar de sua baixa reatividade por unidade de massa,

devida à sua área específica de apenas 1,8 m2/g.

50,5

50,7

50,9

51,1

51,3

51,5

51,7

51,9

52,1

52,3

52,5

52,7

52,9

53,1

53,3

53,5

101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114

Massa [

mg

]

Co

ncen

traçã

o [

u.a

.]

Tempo [min]

5º ciclo redox em TGA - 10% m/m NiO/α-Al2O3 - 950 C, 10% CH4 2 min redução, 10% O2 4 min oxidação

H2

CO2

CO

Massa

2 min - 10% CH4 4 min - 10% O2

m = 1,9%O disp = 2,1%

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78

A Figura 44 apresenta ciclos redox utilizando o material 35%NiO/α-Al2O3 como

transportador de oxigênio e a Figura 45 apresenta em detalhes o 5° ciclo redox .

Figura 44 – Ciclos redox em termobalança para o TO 35%NiO/α-Al2O3 (4 min 10%de CH4, 11 min 10%O2)

Fonte: Arquivo Pessoal

Figura 45 – 5º ciclo redox em termobalança para o TO 35%NiO/α-Al2O3

Fonte: Arquivo Pessoal

O TO 35%NiO/α-Al2O3 se mostrou menos reativo que o TO 10%NiO/α-Al2O3, o

que tornou necessário aumentar o tempo de redução e também de oxidação do material.

54,0

55,0

56,0

57,0

58,0

59,0

60,0

61,0

62,0

63,0

0 50 100 150 200 250

Massa [

mg

]

Co

ncen

tração

[u

.a.]

Tempo [min]

Ciclos redox em TGA - 35% m/m NiO/α-Al2O3 950 C, 10% CH4 4 min redução, 10% O2 11 min oxidação

H2

CO2

CO

Massa

54,0

55,0

56,0

57,0

58,0

59,0

60,0

61,0

62,0

63,0

116 118 120 122 124 126 128 130 132 134 136 138

Ma

ss

a [

mg

]

Co

nc

en

tra

çã

o [

u.a

.]

Tempo [min]

5º Ciclo redox em TGA - 35% m/m NiO/α-Al2O3 950 C, 10% CH4 4 min redução, 10% O2 11 min oxidação

H2

CO2

CO

Massa

4 min -10% CH4

11 min -10% O2

m = 6,5%O disp = 7,5%

Page 79: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MIQ14031.pdf · marcelo leme do prado Óxido de nÍquel aplicado a processos de combustÃo

79

Dessa forma, os tempos adotados para as etapas de redução e oxidação foram 4 min

10%CH4 e 11min 10%O2. Observando as Figuras 43 e 45 é possível constatar que o

aumento do teor de NiO impregnado e o consequente aumento do número de sítios

reativos, disponíveis no TO 35%NiO/α-Al2O3, levaram a consumir mais lentamente o

oxigênio do NiO na etapa de redução do TO 10%NiO/α-Al2O3. O mesmo ocorreu na etapa

de oxidação, uma vez que a reoxidação do TO 35%NiO/α-Al2O3 se mostrou muito mais

lenta do que com o TO 10%NiO/α-Al2O3. Observa-se também para estes materiais boa

estabilidade na variação de massa e na produção gasosa ao longo dos ciclos. É possível

constatar ainda que ambos os TOs se mostraram altamente seletivos à produção de CO e

H2. Ainda a respeito das Figuras 43 e 45, as porcentagens de oxigênio disponíveis nos dois

TOs apresentaram variação praticamente idêntica àquela do teor de NiO e que na etapa de

oxidação não foi identificada a liberação de CO e/ou CO2, o que indica a ausência de

formação de depósito de carbono durante a etapa de redução. A Figura 46 apresenta as

curvas de variação de massa e de concentrações em função do tempo nos ciclos redox em

termobalança TO 10%N O/γ-Al2O3. De forma análoga aos TOs suportados em alfa

alumina, os transportadores de oxigênio suportados em gama alumina não se deterioram

quando submetidos a longas sequências de ciclos redox. Verifica-se ainda que há uma

instabilidade inicial da curva referente à massa ao longo dos primeiros ciclos e que há uma

tendência à estabilização nos ciclos subsequentes.

Figura 46 – Ciclo redox em termobalança para o TO 10%NiO/γ-Al2O3 (5 min 10%de CH4, 5 min 10%O2)

Fonte: Arquivo Pessoal

53,5

53,7

53,9

54,1

54,3

54,5

54,7

54,9

55,1

55,3

55,5

55,7

55,9

56,1

56,3

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

Mass

a [

mg

]

Co

nc

en

tra

çã

o [

u.a

.]

Tempo [min]

H2

CO2

CO

Massa

Ciclos redox 10%m/m NiO/γ-Al2O3 950 C (10% CH4 5 min redução, 10% O2 5 min oxidação)

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80

Já a Figura 47 apresenta com mais detalhes o 5° ciclo redox do TO 10%NiO/γ-

Al2O3. Dois tempos de duração das etapas de redução e oxidação foram utilizados

sequencialmente: 5 min-10%CH4 e 5min 10%O2. É possível notar ainda um decréscimo

desta curva o que representa a perda do oxigênio do NiO. Aparentemente é possível inferir

que o TO é seletivo para a reforma (CLR), mas não sendo possível sua quantificação. Isto

se deve à pequena quantidade de massa utilizada, o que faz deste experimento ser apenas

um teste qualitativo. Ainda de acordo com a Figura 47 é possível verificar uma pequena

quantidade de CO2 no decorrer do ciclo de oxidação, indicando a formação de depósito de

carbono durante a etapa de redução.

Figura 47 – 5º ciclo redox em termobalança para o TO 10%NiO/γ-Al2O3

Fonte: Arquivo Pessoal

A F 48 49 TO 35%N O/γ-Al2O3, observa-se que o

aumento do teor de NiO impregnado, 35%NiO em massa em relação ao TO 10%NiO em

massa, produziu uma maior disponibilidade de oxigênio, bem como uma maior

estabilidade das variações de massa e das concentrações de CO e H2 no decorrer da

sequência de ciclos.

53,5

53,7

53,9

54,1

54,3

54,5

54,7

54,9

55,1

55,3

55,5

55,7

55,9

56,1

56,3

97 99 101 103 105 107 109 111 113

Mass

a [

mg

]

Co

nc

en

tra

çã

o [

u.a

.]

Tempo [min]

5º Ciclo redox em TGA - 10% m/m NiO/γ-Al2O3 - 950 C ,10% CH4 5 min redução, 10% O2 5 min oxidação

H2

CO2

CO

Massa

5 min -10% CH45 min -10% O2

m = 1,5%O disp = 2,1%

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81

Figura 48 – Ciclos redox em termobalança para o TO 35%NiO/γ-Al2O3 (5 min 10%de CH4, 7 min 10%O2)

Fonte: Arquivo Pessoal

Figura 49 – 5º ciclo redox em termobalança para o TO 35%NiO/γ-Al2O3

Fonte: Arquivo Pessoal

A Figura 47 evidencia, claramente, que ocorreu formação de depósito de carbono

durante a etapa de redução sobre o TO 10%NiO/γ-Al2O3, caracterizada pelo pico de CO2

detectado no início da etapa de oxidação do transportador, enquanto que a Figura 49

54,00

55,00

56,00

57,00

58,00

59,00

60,00

61,00

0 50 100 150 200 250

Massa

[m

g]

Co

ncen

traçã

o [

u.a

.]

Tempo [min]

Ciclos redox 35% m/m NiO/γ-Al2O3 950 C (10% CH4 5 min redução, 10% O2 7 min oxidação)

H2

CO2

CO

Massa

54,00

55,00

56,00

57,00

58,00

59,00

60,00

61,00

104 106 108 110 112 114 116 118 120 122 124

Massa

[m

g]

Co

ncen

traçã

o [

u.a

.]

Tempo [min]

5 Ciclo redox em TGA 35% m/m NiO/γ-Al2O3 950 C (10% CH4 5 min redução, 10% O2 7 min oxidação)

H2

CO2

CO

Massa

5 min -10% CH4 7 min -10% O2

m = 4,5%O disp = 7,5%

Page 82: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MIQ14031.pdf · marcelo leme do prado Óxido de nÍquel aplicado a processos de combustÃo

82

mostra que o mesmo não ocorreu com o TO 35%NiO/γ-Al2O3. É importante ressaltar que

os quatro TOs preparados neste trabalho mostraram-se seletivos ao processo CLR.

A Figura 50, permite verificar que o transportador 10%NiO/γ-Al2O3 não apresentou

estabilidade no início do ciclo, pois à medida que foi ocorrendo um aumento da sua

redução, houve tendência a um ganho de massa devido à formação do depósito de carbono.

Dessa forma, fica evidente que as taxas de redução e oxidação do TO 10%NiO/γ-Al2O3 são

muito mais lentas do que aquelas apresentadas pelo TO 10%NiO/-Al2O3. Tal diferença

pode ser atribuída ao fato de que a fase ativa presente no 1° TO é constituída

proporcionalmente por NiAl2O4, muito menos reativa do que a fase NiO segregada sobre

-Al2O3.

Figura 50 – Comparativo entre os 5º ciclos redox em termobalança para os TOs 10%NiO/α-Al2O3 e

10%NiO/γ-Al2O3

Fonte: Arquivo Pessoal

De forma análoga, pode-se inferir que as mesmas considerações devem ser

aplicadas para os transportadores de oxigênio com maior teor de óxido de níquel. Fica

claro pelo comparativo da Figura 51 que a taxa de redução do TO suportado sobre gama

alumina (γ-Al2O3) é mais lenta se comparada à taxa de redução do TO suportado sobre alfa

alumina (α-Al2O3).

54,8

55

55,2

55,4

55,6

55,8

56

56,2

56,4

51,8

52

52,2

52,4

52,6

52,8

53

53,2

53,4

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

Ma

ss

a 1

0%

NiO

/γ-A

l 2O

3[m

g]

Ma

ss

a 1

0%

NiO

/α-A

l 2O

3[m

g]

Tempo [min]

5º Ciclo redox em TGA - 10% m/m NiO/Al2O3 - 950 C ,10% CH4 5 min redução, 10% O2 5 min oxidação

ALFA

GAMA

Page 83: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2014/MIQ14031.pdf · marcelo leme do prado Óxido de nÍquel aplicado a processos de combustÃo

83

Figura 51 – Comparativo entre os 5° ciclos redox em termobalança para os TOs 35%NiO/α-Al2O3 e

35%NiO/γ-Al2O3

Fonte: Arquivo Pessoal

57

58

59

60

61

62

58

59

60

61

62

63

64

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0

Ma

ss

a 3

5%

NiO

/γ-A

l 2O

3[m

g]

Ma

ss

a 3

5%

NiO

/α-A

l 2O

3[m

g]

Tempo [min]

5º Ciclo redox em TGA - 35% m/m NiO/Al2O3 - 950 C ,10% CH4 5 min redução, 10% O2 5 min oxidação

ALFA

GAMA

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84

6 CONCLUSÕES

A opção pelo emprego de transportadores de oxigênio à base de NiO depositado

sobre alumina dos tipos alfa (α) e gama (γ) se deve sobretudo ao fato desses materiais já

terem sido testados por vários outros grupos de pesquisa, entre eles o Grupo de Catálise

Ambiental do LCP/INPE. Neste trabalho, foram preparados transportadores de oxigênio

utilizando-se alfa alumina (-Al2O3) calcinada A2, fabricada pela Alcoa Alumínio S.A e

(γ-Al2O3) Puralox NWa-155, marca Sasol. Desta forma, as principais

conclusões a respeito da preparação dos transportadores de oxigênio são:

- A utilização do método de impregnações incipientes sucessivas se mostrou

eficiente para a preparação dos transportadores de oxigênio com diferente teores

de NiO, 10% e 35% em massa, após subsequentes tratamentos térmicos.

No que diz respeito às caracterizações dos transportadores de oxigênio sintetizados

neste trabalho, pode-se concluir que:

- Por espectrometria de emissão atômica (ICP), os teores reais de óxido de níquel

foram próximos dos valores teóricos;

- As medidas de densidade real, para os TOs suportados nas duas aluminas (α-

Al2O3 e γ-Al2O3), efetuadas com o uso da técnica de picnometria a hélio,

mostraram-se coerentes, uma vez que a densidade real aumentou gradativamente

com o aumento de teor de NiO impregnado;

- Os resultados obtidos por volumetria de nitrogênio mostraram claramente uma

diminuição da área específica e do volume de poros para os TOs suportados em γ-

Al2O3 quando do aumento do percentual de NiO. Entretanto, para os TOs

suportados em α-Al2O3, a área específica aumentou quando do aumento do

percentual de NiO, indicando a deposição desse óxido sobre a pequena superfície

do suporte;

- Os resultados de volume total de poros foram obtidos pela técnica de porosimetria

de mercúrio, complementando a técnica de volumetria de N2;

- As micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) não

permitiram identificar variações significativas da textura dos diferentes

transportadores de oxigênio, quando do aumento do teor de NiO impregnado

sobre os suportes.

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85

- Os difratogramas de raios X permitiram constatar que as fases cristalinas dos

suportes estão de acordo com as especificações dos fabricantes. Quando da

impregnação de teores crescentes de NiO, esta técnica permitiu identificar uma

segunda fase, além daquela do NiO, correspondendo ao aluminato de níquel

(NiAl2O4).

Já em relação aos testes de reatividade em termobalança com os transportadores

preparados pode-se concluir

- Os transportadores não sofreram desativação ao serem submetidos a longas

sequências de ciclos (redox) em condições isotérmicas (950°C);

- Os transportadores suportados sobre gama alumina (γ-Al2O3) apresentaram

formação de aluminato de níquel (NiAl2O4), o qual se mostrou seletivo ao

processo de reforma (CLR), porém menos reativo do que o NiO segregado;

- Os transportadores suportados sobre alfa alumina (α-Al2O3) apresentaram

preponderantemente óxido de níquel (NiO), levando-os a serem mais ativos nas

condições experimentais utilizadas neste trabalho.

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ANEXOS

ANEXO A – Ficha catalográfica de Difratometria de Raios X (DRX) – JCPDS 10-0339

Fonte: LCP/INPE – Cachoeira Paulista

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ANEXO B – Ficha catalográfica de Difratometria de Raios X (DRX) – JCPDS 29-0063

Fonte: LCP/INPE – Cachoeira Paulista

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ANEXO C – Ficha catalográfica de Difratometria de Raios X (DRX) – JCPDS 50-0471

Fonte: LCP/INPE – Cachoeira Paulista

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ANEXO D – Ficha catalográfica de Difratometria de Raios X (DRX) – JCPDS 73-1519

Fonte: LCP/INPE – Cachoeira Paulista

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ANEXO E – Ficha catalográfica de Difratometria de Raios X (DRX) – JCPDS 81-2267

Fonte: LCP/INPE – Cachoeira Paulista

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ANEXO F – Ficha catalográfica de Difratometria de Raios X (DRX) – JCPDS 82-1468

Fonte: LCP/INPE – Cachoeira Paulista