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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Subsídio para implementação do Sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) em uma linha de produto alimentício alergênico. Mayara Badolato Athayde Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Bacharel em Ciências dos Alimentos. Piracicaba 2014

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Universidade de São Paulo

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Subsídio para implementação do Sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos

Críticos de Controle) em uma linha de produto alimentício alergênico.

Mayara Badolato Athayde

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Escola Superior de

Agricultura “Luiz de Queiroz” da

Universidade de São Paulo para obtenção

do título de Bacharel em Ciências dos

Alimentos.

Piracicaba

2014

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Mayara Badolato Athayde

Subsídio para implementação do Sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) em uma linha de produto alimentício alergênico.

Orientadora: Prof.ª Dra.GILMA LUCAZECHI STURION

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Escola Superior de

Agricultura “Luiz de Queiroz” da

Universidade de São Paulo para obtenção

do título de Bacharel em Ciências dos

Alimentos.

Piracicaba

2014

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Dedicatória

A Deus, que Iluminou meu caminho com sabedoria, fé, saúde, amor e me guiou para as

escolhas e realizações. Com proteção dos olhos do mal e da violência.

Aos meus pais, Walkiria Badolato Athayde e Marcelo Pinto Athayde e irmãos Victor Badolato

Athayde e Danilo Badolato Athayde que me apoiaram, me incentivaram, acompanharam

toda minha evolução, dificuldades, frustações, conquistas e contribuíram de maneira

inigualável para que a conclusão dessa graduação.

À Profª Drª Gilma Lucazechi Sturion, por seus ensinamentos como dedicada orientadora ao

longo da graduação e na conclusão desse trabalho, que me possibilitou crescimento

profissional e pessoal.

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Agradecimentos

Profª Drª Gilma Lucazechi Sturion, pela orientação, amizade, dedicação, e

transparência ao decorrer do trabalho, pela oportunidade de aprendizagem que a

realização desse trabalho proporcionou.

Aos gestores e colaboradores da empresa alimentícia em estudo, por

permitirem as visitas locais, pesquisa documentais e no sistema computacional da

empresa. E por contribuírem com a conclusão desse trabalho.

Aos profissionais e docentes do Departamento de Agroindústria, Alimentos e

Nutrição, pelo aprendizado, pela amizade, pelo auxílio, pela oportunidade de

estudos, realização de estágios e participação em grupos de estudos.

Á engenheira de alimentos Juliane Dias, pela contribuição com o material da

pesquisa e indicação de referências bibliográficas.

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“Se a ciência é necessária para o aprendizado de caminhos na Terra, é preciso não

esquecer que o amor traça os caminhos do Céu”.

Humberto de Campos

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SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................................................................................... 7

ABSTRAT ....................................................................................................................................................... 8

1. Introdução e Justificativa ......................................................................................................................... 9

2. Revisão Bibliográfica .............................................................................................................................. 10

2.1 Alergia alimentar ................................................................................................................................. 10

2.2 Sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) ................................................ 12

2.3 Soja ..................................................................................................................................................... 13

2.3.1 Produção da soja ......................................................................................................................... 14

2.3.2 Complexo da soja ......................................................................................................................... 15

2.3.3 Soja como alergênico ................................................................................................................... 17

2.3.4 Produtos a base de soja ............................................................................................................... 17

2.4 Normas Internacionais ........................................................................................................................ 19

2.4.1 BRC Norma Global para Segurança dos Alimentos .................................................................... 19

2.4.2 IFS Food (Internacional Featured Standard) ............................................................................... 19

2.4.3 FSSC 22000 (Food Safety System Certification) ......................................................................... 20

2.5 Alergênico em Indústria Alimentícia .................................................................................................... 20

2.6 Rotulagem de alergênico .................................................................................................................... 21

3. Objetivos .................................................................................................................................................. 23

3.1 Objetivo Geral: .................................................................................................................................... 23

3.2 Objetivos específicos: ......................................................................................................................... 23

4. Metodologia ............................................................................................................................................. 23

4.1 Caracterização da Empresa alimentícia em estudo ........................................................................... 23

4.2 Seleção dos produtos a serem avaliados ........................................................................................... 23

4.3 Descrição do fluxo operacional dos produtos a serem avaliados ....................................................... 24

4.4. Identificação dos perigos de contaminação com alergênicos ............................................................ 24

4.5 Identificação dos pontos críticos de controle para o gerenciamento dos riscos de contaminação

por alergênicos .......................................................................................................................................... 24

4.8 Estabelecimento dos procedimentos de monitoramento, verificação e validação para os pontos

críticos identificados. ................................................................................................................................. 24

4.9 Elaboração dos dizeres informativos para a rotulagem do produto alergênico e não alergênico ...... 25

5. Resultados e discussão ......................................................................................................................... 25

5.1 Caracterização da Empresa alimentícia em estudo ........................................................................... 25

5.2 Seleção dos produtos avaliados ......................................................................................................... 26

5.2.1 Produtos que utilizam a soja como ingrediente ........................................................................... 27

5.2.2 Produtos que não utilizam a soja como ingrediente .................................................................... 28

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5.4 Identificação dos perigos de contaminação com alergênicos ............................................................. 36

5.5 Identificação dos pontos críticos de controle para o gerenciamento dos riscos de contaminação

por alergênico ............................................................................................................................................ 38

5.6 Gerenciamento dos pontos críticos de controle identificado .............................................................. 39

5.6.2 Verificação .................................................................................................................................... 44

5.6.3 Validação ...................................................................................................................................... 45

5.7 Elaborações dos dizeres informativos para a rotulagem de produtos alergênicos ............................ 45

6. Conclusão ................................................................................................................................................ 47

7. Considerações Finais ............................................................................................................................. 47

8. Referências Bibliográficas ..................................................................................................................... 49

ANEXOS ....................................................................................................................................................... 55

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RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a produção de produtos que utilizam a soja e derivados como ingrediente em uma indústria alimentícia, a fim de identificar e eliminar os riscos de contaminação com alergênico. Para tal, caracterizou-se a empresa em estudo a partir de visitas locais e consulta documental; selecionou-se os produtos a serem avaliados, a partir de pesquisas no programa computacional da empresa e fichas técnicas de um produto que utiliza e outro que não utiliza a soja (alergênico) como ingrediente; descreveu-se o fluxo operacional dos produtos em estudo, desde o recebimento do insumo até a expedição, embasada nas visitas, fichas técnicas e revisão da literatura; identificou-se os perigos de contaminação cruzada nos ingredientes e etapas do processo; identificou-se os pontos críticos de controle com a aplicação da árvore de decisão (FAO/WHO, 2013); estabeleceu-se para cada PCC os procedimentos de monitoramento, verificação e validação; descreveu-se o sistema de higienização, devido sua importância como ação preventiva da contaminação com alergênico e elaborou-se os dizeres informativos para a rotulagem do produto alergênico e não alergênico com base nos atos normativos vigentes. O perigo químico de contaminação com alergênico de soja nas etapas da operação foi identificado, justificado e medidas de controle foram propostas. Identificou-se três pontos críticos de controle: moagem, mistura e envase. Para o gerenciamento destes, foram definidos os procedimentos de monitoramento da operação limpeza a seco, da ação corretiva, do registro em formulários específicos e verificação por uso do Swabe de alergênico 3M Clean Trace Surface Protein – Allergen e validação por PCR, método baseado em análise de DNA. Conclui-se que a realização adequada da limpeza a seco é fundamental para o gerenciamento dos pontos críticos de controle e consequentemente na prevenção da contaminação cruzada. A declaração de que o produto pode conter alergênico deve ser empregada visando à saúde de indivíduos com alergia alimentar, porém a gestão de alergênico é importante tendo em vista o crescente número de crianças com essa hipersensibilidade. O sistema APPCC é uma excelente ferramenta para gerenciar os pontos críticos identificados.

Palavras-chave: Alergênico; Soja; Rotulagem; APPCC.

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ABSTRAT

This study aimed to evaluate the production of products using soybean and derivatives as an ingredient in a food industry in order to identify and eliminate the risk of contamination with allergenic. To this end, characterized the company under study from site visits and document research; was selected the products to be evaluated, based on research in the computer program the company and fact sheets of a product that uses and one that does not use soy (allergen) as an ingredient; described the operational flow of the products under study, from receipt of raw material to shipping, based on visits, fact sheets and literature review; we identified the dangers of cross-contamination in ingredients and process steps; we identified the critical control points in the application of decision tree (FAO / WHO, 2013); was established for each CCP the monitoring procedures, verification and validation; described the cleaning system, because of its importance as a preventive action of contamination with allergenic and elaborated informational slogans to the labeling of allergenic product and no allergenic based on existing normative acts. The chemical hazard of contamination with soy allergen on the steps of the operation was identified, justified and control measures have been proposed. We identified three critical control points: milling, mixing and filling. For the management of these, the dry cleaning operation monitoring procedures have been defined, corrective action, log in specific forms and verification by use of swab allergen 3M Clean Trace Surface Protein - Allergen and validation by PCR analysis-based method DNA. It follows that the proper conduct of dry cleaning is critical to the management of critical control points and consequently in preventing cross-contamination. The statement that the product may contain allergenic should be employed aiming at the health of individuals with food allergy, but the allergen management is important in view of the increasing number of children with this hypersensitivity. The HACCP system is an excellent tool for managing the identified critical points. Keywords: Allergenic; Soybeans; Labeling; HACCP.

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1. Introdução e Justificativa

Alergia alimentar ocorre quando um indivíduo apresenta uma hipersensibilidade

a determinadas proteínas presentes em alguns alimentos, em que esta é mediada

por imunoglobulinas (IgE) com produção de anticorpos com manifestações

sintomáticas que podem ocorrer na pele, no trato gastrointestinal ou no trato

respiratório. Esta hipersensibilidade pode ter distintas causas, tais como:

predisposição genética e fatores ambientais, estes últimos abrangem tipos e

quantidade de alimentos ingeridos na dieta, localização geográfica, naturalidade,

entre outros (PASCHOAL, 2011; SILVA, 2012).

O número de indivíduos que possuem alergia alimentar está cada vez maior,

tanto no âmbito nacional como internacional, em torno de 15 milhões de americanos

e mais de 17 milhões de europeus são afetados. As crianças representam um grupo

significativo nestas ocorrências, com registro de crescimento de 50 % entre 1997 e

2011 (KOMITOPOULOU, 2014).

Alguns indivíduos possuem uma hipersensibilidade tão grande que o mínimo

do alergênico consumido (quantidade traço) já pode ser prejudicial a sua saúde. A

indicação clínica para quem possui alergia alimentar é a suspenção do alimento da

dieta. Desse modo, a alegação da presença do alergênico no rótulo mesmo que em

quantidades traços é imprescindível para gerenciamento do risco que este

representa.

No Brasil, um movimento de mães consumidoras que tinham em comum o

problema de alergia alimentar com seus filhos criou a campanha “Põe no Rótulo”,

contribuiu para a Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA) iniciar o processo de regulamentação da declaração obrigatória destas

substâncias no rótulo dos produtos alimentícios alergênicos a fim de proteger a

saúde do consumidor (IDEC, 2014).

Segundo a FAO (Food and Agriculture Organization) os oito alimentos que

representam 90% das alergias alimentares são: leite, ovo, amendoim, crustáceos,

peixe, castanhas, trigo e soja. Esses alimentos estão contemplados no Codex

Alimentarius e no Regulamento (EU) nº 1169/2011 do Parlamento Europeu.

A soja é um vegetal com ampla utilização na indústria alimentícia seja na forma

de proteína de soja texturizada, proteína isolada ou até mesmo farinha e óleo. A

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gama de produtos à base de soja está em expansão com sucos, chocolates,

condensado de soja, barras de cereis, biscoitos, queijo (tofu), entre outros. Ainda,

com a maior incidência de intolerância à lactose e alergia às proteínas do leite, a

soja tem sido utilizada como substituta na dieta de muitos indivíduos. Porém,

algumas proteínas presentes na soja podem ser potencialmente alergênicas e

provocarem reações em indivíduos susceptíveis (PEREIRA; MOURA; CONSTANT,

2008).

Considerando a preocupação das referidas empresas que empregam a soja na

produção de ingredientes e a probabilidade de contaminação cruzada entre os

diversos produtos processados em equipamentos comuns, o estudo de todo o fluxo

operacional com enfoque nos programas de higienização e identificação dos riscos é

de suma importância uma vez que procedimentos podem ser introduzidos visando

eliminá-los. A validação da implementação dos mesmos poderão subsidiar a

elaboração de rótulos contribuindo para o esclarecimento do consumidor e proteção

de sua saúde.

2. Revisão Bibliográfica

2.1 Alergia alimentar

Alergia é denominada como uma reação anormal do sistema imunológico a um

material externo (não infeccioso), que resulta em injurias ao organismo, que

dependendo do grau, podem ser reversíveis ou irreversíveis. Na alergia alimentar,

essa reação anormal, ocorre quando uma proteína ou parte dela presente no

alimento é ingerida (alérgeno) e ocasiona a produção de anticorpos específicos IgE

(Imunoglobulina E). Tanto a alergia alimentar como a intolerância alimentar estão

relacionadas com a suscetibilidade do indivíduo, a principal diferença entre elas é

que a primeira é imuno-mediada, já a intolerância não é imuno-mediada (

DABROWSKI; SIKORSKI, 2004; ASBAI, 2008).

A reação alérgica alimentar, também denominada hipersensibilidade, pode ser

de três tipos: mediada por IgE, mediadas por IgE e células (além da produção de

anticorpos IgE, tem-se a ação dos linfócitos T e citocinas que induzem a inflamação)

e não mediada por IgE (reações citotóxicas, por imunecomplexos e

hipersensibilidade induzida pelo consumo de proteína alimentar). O primeiro tipo

ocorre com maior frequência, e pode desencadear sintomas clínicos, que podem ser

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desde manifestações cutâneas como: dermatite atópica, urticária, inchaço, prurido,

eczema e angioedema; manifestações no aparelho gastrointestinal como: edema e

prurido de lábios, língua ou palato, vômitos, diarreia, dor abdominal, e sangue nas

fezes de crianças; pode ainda afetar o sistema respiratório levando a tosse,

rouquidão, chiado no peito, bronquite e asma e o sintoma mais perigoso é o

sistêmico que pode desencadear a anafilaxia com hipotensão e choque (ASBAI,

2008).

No organismo, a reação alérgica tem início a partir do momento que o indivíduo

que é susceptível a proteína de um determinado alimento tem o contato na pele,

inala ou ingere esse alérgeno. Essa proteína, que é um antígeno por desencadear

uma resposta imunológica, no processo de digestão pode como consequência

provocar a reação de hipersensibilidade alimentar, com produção de anticorpos (IgE)

através de três mecanismos:

1. A proteína atravessa as barreiras das células epiteliais do intestino e como

consequência induz a alergia alimentar;

2. A proteína pode ser fagocitada por células dendríticas, que transporta o antígeno

até o linfócito T, no lúmen intestinal as células dendríticas podem desencadear a

resposta imune;

3. A proteína pode atravessar as células M, células que estão situadas no epitélio

intestinal, local que possuem placas de Peyer (conjunto de nódulos linfáticos que

compõe o tecido linfático relacionado com o intestino) (Figura 1) (ALVARÉZ;

BONFANTE; CANO, 2009).

Figura 1: Mecanismos de entrado do antígeno (proteína) através da barreira gastrointestinal (Fonte:

ALVARÉZ; BONFANTE; CANO, 2009).

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Nos países industrializados existe uma maior prevalência de crianças com

alergia alimentar, com cerca de 4 a 6%, comparado com indivíduos adultos (cerca

de 3%). Nos Estados Unidos no período de 2004 a 2006 ocorreu um crescimento de

9.537 casos por ano de diagnóstico de alergia alimentar em indivíduos com faixa

etária de até 17 anos (BRANUM; LUCACKS - CDC, 2008) (Figura 2).

Figura 2: Diagnósticos relatados de alergia alimentar em hospitais no período de 1998 a 2006 (Fonte:

BRANUM; LUCACKS - CDC, 2008).

2.2 Sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle)

O HACCP (Hazard Analysis Critical Control Point) foi traduzido para Análise de

Perigos e Pontos Críticos de Controle e consiste em uma ferramenta da qualidade

com a finalidade de assegurar a inocuidade dos alimentos a partir da identificação e

controle dos perigos em toda cadeia do produto focando desse modo na prevenção.

Esse sistema tem como vantagens a satisfação dos consumidores, maior poder de

concorrência das empresas, possibilita a diminuição de perdas de matérias-primas,

embalagens e produtos (RIBEIRO, 2011; SILVA, 2007).

O sistema APPCC é indicado por órgãos internacionais como a Organização

Mundial do Comércio (OMC), Organização das Nações Unidas para Alimentação e

Agricultura (FAO), Organização Mundial do Comércio (OMC) e pelo Mercado do

Cone Sul (MERCOSUL). A Comunidade Europeia e os Estados Unidos tornaram

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sua adesão uma obrigatoriedade (FERMAM, 2003) e no Brasil, tanto o Ministério da

Saúde como o Ministério da Agricultura e Abastecimento apoiam a adesão ao

APPCC nas empresas do ramo alimentício (RIBEIRO, 2011).

O Codex Alimentarius tem uma grande importância na regulamentação e

implementação desse sistema, e recomenda que seja implantado a partir das

seguintes etapas: formação da equipe APPCC, descrição do produto, determinação

do uso previsto, elaboração do fluxograma, confirmação do fluxograma no local, e

aplicação dos sete princípios: listagem de todos os perigos potenciais associados a

cada etapa, análise de perigos e considerações sobre as medidas para controle dos

perigos identificados, determinação dos pontos críticos de controle, estabelecimento

de limites críticos para cada PCC, estabelecimento de um sistema de monitoramento

para cada PCC, estabelecimento de ações corretivas, estabelecimento de

procedimentos de verificação e estabelecimento de documentação e manutenção de

registros.

O emprego das Boas Práticas de Fabricação (BPF), que são normas e

procedimentos que buscam atingir um padrão de identidade e qualidade de um

produto ou serviço é um pré - requisito para o sistema APPCC, em que existe um

enorme desafio para sua implementação: o treinamento e capacitação dos

funcionários (FURTINI; ABREU, 2006).

O sistema APPCC pode ser utilizado por indústria alimentícias para realizar o

gerenciamento de alergênicos, em que são identificados e avaliados os perigos mais

significativos provenientes de contaminação cruzada ou outras situações (DIAS,

2012). Esse tipo de contaminação pode ocorrer apenas do contato do alimento com

o alergênico, e os motivos que levam a sua ocorrência são: compartilhamento de

linha de produção para produtos alergênicos e não alergênicos compartilhamento de

utensílios, as mãos dos manipuladores de alimentos pode ser fonte de

contaminação se não forem devidamente higienizadas (NUNES et al, 2012).

2.3 Soja

A soja, Glycine max, pertencente a família das leguminosas, tem na sua

composição grande teor de proteína (38-40% do grão) e apenas 20 % de lipídeos.

Para a garantia da qualidade do grão é imprescindível o controle de umidade, de

temperatura, controle microbiológico, em especial fungos que prejudicam o grão por

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levarem a sua fermentação, alterações sensoriais (sabor e odor) e redução do valor

nutritivo (LIMA, 2010).

A soja, é rica nutricionalmente, em sua composição possui minerais como:

ferro, cobre, cálcio, magnésio, potássio, fósforo, cobalto e zinco; vitaminas

especialmente, as do complexo B, como tiamina e riboflavina; ácidos graxos

essenciais como o linolênico e linoléico e alguns compostos bioativos como

compostos fenólicos, fitoesteróis (isoflavonas) e peptídeos e alguns compostos

antinutricionais como: fitatos e inibidores de protease (CASTRO, 2009).

Posterior à etapa de colheita a soja pode ser beneficiada, por duas maneiras:

pré-limpeza (remoção das impurezas) e limpeza (separação e classificação) para

aprimorar as características do grão e a qualidade, esta pode ser prejudicada se não

forem tomadas precauções no armazenamento e com as condições climáticas de

umidade e temperatura. O critério de qualidade é maior para a soja exportada do

que a soja destinada para indústria, para não acarretar prejuízos econômicos (LIMA,

2010).

2.3.1 Produção da soja

Conforme a EMBRAPA (2003) e Campos (2003) apud MMA – Ministério do

Meio Ambiente (2006), a soja tem seu potencial de cultivo nas regiões Sul, Sudeste

e Centro-Oeste. Na região Norte se tem o cultivo da palma, babaçu e soja, no

Nordeste, o babaçu, a mamona, a soja, palma (dendê), o algodão e o coco são

oleaginosas de importância. A região Centro-Oeste contribui para a produção de

soja, algodão, mamona, girassol e dendê, e no Sudeste se tem a soja, mamona,

algodão, amendoim e girassol.

No Brasil, com o desenvolvimento da tecnologia agrícola, com o favorecimento

do solo que a cultura da soja proporciona por sua capacidade de fixar nitrogênio,

com vantagens nos maquinários, infraestrutura e mão de obra, a produção da soja

tem grande destaque, com a posição de segundo lugar no ranque mundial (29%) e

grande importância no âmbito econômico. Já os Estados Unidos é o primeiro

produtor mundial, com uma fatia de 33% da produção na safra de 2010 /2011

equivalente a 90 milhões de toneladas, seguido pelo Brasil e Argentina com 70

(29%) e 50 (19%) milhões de toneladas respectivamente (Figura 3) (EMBRAPA,

2012; AMERICAN SOYBEAN ASSOCIATION, 2012).

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Figura 3: Produção mundial de soja no ano de 2011 (Fonte: AMERICAN SOYBEAN ASSOCIATION,

2012).

2.3.2 Complexo da soja

O complexo soja (Figura 4) representa o vínculo entre os elos da cadeia, desde

a matéria- prima até o produto final originado. O complexo é importante para analisar

as transações que ocorrem com o produto, que engloba desde os insumos até o

consumidor final ou intermediário. Tais interações provenientes do complexo da soja

são coordenadas pelo mercado exportador e pela agroindústria, na qual tem

diminuído o número de intermediários (MAFIOLETTI, 2000).

Da unidade produtiva é originada a soja em grãos e a semente, das quais

fazem parte do setor produtivo do complexo, relacionado à matéria prima. O setor

seguinte consiste nos elos da cadeia relacionadas à produção e a distribuição dos

produtos e sub- produtos gerados da soja (MAFIOLETTI, 2000).

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Figura 4: Fluxograma do complexo soja.

(Fonte: EMATER- PR e EMBRAPA/ CNPSO (1995) apud MAFIOLETTI, 2000).

Conforme a “Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais” –

ABIOVE, o complexo da soja exerce grande influência no desenvolvimento

econômico do Brasil. Por esta cultura, são gerados 1,5 milhão de empregos em 17

estados brasileiros e, no ano de 2011, aproximadamente 24 bilhões de dólares

foram movimentados nas atividades de exportação de soja, farelo e óleo. Além do

desenvolvimento econômico, a evolução deste setor têm contribuído para a melhoria

de vida da população, evidenciado com o progresso da qualidade de vida nas

regiões onde a soja exerce papel econômico e social.

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2.3.3 Soja como alergênico

Em dietas infantis, em que crianças tenham algum tipo de alergia ou

intolerância ao leite, a soja acaba sendo utilizada como excelente substituta, porém

essa fonte proteica também pode desencadear reação alérgica em alguns

indivíduos. Com uma prevalência maior em crianças com cerca de 6 %, em que as

principais reações são: enterocolite, eczema atópico e com menor frequência reação

sistémica IgE-mediadas (L’HOCINE; BOYE, 2007). As principais frações proteicas

que tornam essa leguminosa alergênica são: Gly m Bd 28 K (oligômero glicoproteína

com peso molecular aproximado de 150 kDa), Gly m Bd 30 K (glicoproteína com

peso molecular acima de 300 kDa) e 11 S globulina (ocorre sobre a forma de

oligômero com peso molecular de 322 kDa) (OMAYE, 2004; PEREIRA; MOURA;

CONSTANT, 2008).

Estudos identificam que uma fração da soja, a unidade de glicina G2 possui 11

determinantes antigênico, ou seja, aquele mínimo do antígeno capaz de causar uma

resposta imune, em seis regiões: 1-23, 57-111, 169-215, 249-271, 329-383, 449-

471. Em que o determinante alergênico 1-23 é o mais específico para soja os outros

geram anticorpos predominantemente para indivíduos que possuem alergia a

amendoim (OMAYE, 2004).

Uma pesquisa realizada por BITTENCOURT et al (2007) verificou a

imunogenicidade e alergenicidade de três frações da soja: 2S (conglicinina), 7S ( β

conglicinina) e 11 S (glicinina) isoladas por cromatografia de afinidade e empregadas

como antígenos para realizar ensaios com camundongos e observar a produção de

anticorpos. Tanto a fração 7S como a 11S levaram a formação de anticorpos IgM e

IgG, porém apenas a 7S produziu o anticorpo IgE sendo assim, alergênica para os

camundongos.

2.3.4 Produtos a base de soja

Atualmente a preocupação com a saudabilidade e bem-estar é uma tendência

atitudinal de consumo de alimentos identificada na pesquisa realizada no Brasil,

situação favorecida pelo envelhecimento da população, estudos científicos que

comprovam os benefícios dos alimentos para prevenção de doenças, melhoria de

renda principalmente nas grandes cidades (BRASIL FOOD TRENDS, 2010).

Essa tendência influência a demanda por produtos naturais e alimentos que

beneficiam o metabolismo, reduz e previne doenças, denominados funcionais. A

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18

soja é um exemplo de alimento que possui componentes de ação funcional,

comprovada pela Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, que em

1999 promulgou um regulamento para que as indústrias alimentícias inserissem no

rótulo para os produtos que contém soja a alegação de saúde (claim),

contemplando que o consumo da leguminosa proporciona benefícios para o

metabolismo, auxiliando na prevenção de doenças cardíacas, osteoporose e

redução dos sintomas da menopausa (REGITANO-D’ARCE, 2006).

Nesse contexto, o consumo de produtos à base de soja está cada vez maior,

tanto no âmbito internacional, evidenciado pelo aumento das vendas no período de

2000 a 2010 (Figura 5), como nacional. A gama desses produtos está cada vez mais

diversificada, e abrange tanto opções doces como salgadas como: queijos, bebidas,

iogurtes, sorvetes, missô e tofu. Produtos à base de soja são excelentes substitutos

para indivíduos que possuem intolerância à lactose ou alergia as proteínas do leite.

Figura 5: Venda de produtos à base de soja no período de 2000 a 2010 nos Estados Unidos (Fonte:

adaptado de SOYFOODS, 2012).

No ramo de desenvolvimento de produtos, a soja tem grande destaque, com a

produção de farinhas, flocos, concentrado e isolado proteicos. Isso ocorre, por causa

que a soja tem propriedades favoráveis tanto nutricionais como funcionais, em que

essas últimas são a absorção de água e gordura, função emulsificante, espumante,

gelificante e ligante. Devido a essas funções, a aplicação industrial é cada vez mais

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19

crescente como ingrediente para produtos cárneos, panificados, lácteos, entre

outros (GIORA, 2009).

2.4 Normas Internacionais

2.4.1 BRC Norma Global para Segurança dos Alimentos

O BRC (British Retail Consortium) teve origem para atender a demanda dos

grandes varejistas ingleses, foi criado por eles a fim de prevenir e resolver os

problemas de contaminação de alimentos, visando o emprego de condições

higiênicas adequadas em organizações que processam alimentos focados para seus

fornecedores (SANSAWAT; MULIYIL, 2011).

A Norma Global de Alimentos BRC visa à segurança dos alimentos e a saúde

do consumidor, além disso, tem como finalidade a garantia da qualidade e

atendimento dos critérios operacionais, que são requisitos para os fabricantes de

produtos de origem alimentícia para atender as especificações vigentes das

regulamentações. Para obter a certificação BRC são imprescindíveis alguns

requisitos: o comprometimento da alta direção e melhoria contínua; implementação

do Plano de Segurança de Alimentos – Análise de Perigos e Pontos Críticos de

Controle (APPCC); realização de auditorias internas, elaboração de ações corretivas

para não conformidades encontradas, sistema de rastreabilidade, gerenciamento

dos alergênicos; ter um layout, fluxo de produto e segregação; adequadas condições

higiênico-sanitárias; controle de operações e treinamento dos colaboradores

(DELGADO, 2011).

2.4.2 IFS Food (Internacional Featured Standard)

Esta norma é reconhecida pela GFSI (Global Food Safety Iniciative), que é uma

iniciativa direcionada para a indústria com orientação do sistema de gestão da

segurança alimentar visando à segurança de toda a cadeia de abastecimento

alimentar. Este trabalho é realizado por colaboração de especialistas em segurança

alimentar, com liderança mundial em: varejo, manufatura, serviços de alimentação e

empresas, organizações internacionais, governos, universidades e prestadores de

serviço para indústria global de alimentos. O GFSI é gerenciado pelo CGF

(Consumer Goods Forum), que consiste em uma rede de indústria de base com

abrangência global (Global Food Safety Iniciative, 2014).

O IFS (Internacional Featured Standards) Food é uma norma para auditar a

qualidade e segurança alimentar dos processos e produtos das empresas

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20

alimentícias. Conforme a versão 6 dessa norma, o controle da segurança dos

alimentos deverá ser realizado com a implementação do APPCC (Análise de Perigos

e Pontos Críticos de Controle) fundamentado nos princípios do Codex Alimentarius e

deverá ser implementado em todas as plantas da produção, para os insumos e para

todas etapas desde a recepção até a expedição (IFS, 2014).

2.4.3 FSSC 22000 (Food Safety System Certification)

Essa norma é reconhecida pela GSFI (Global Food Safety Iniciative, traduzido

para Iniciativa Global e Segurança do Alimento). O FSSCC 22000 é fundamentado

nas normas: ISO 22000, ISSO 22003 e nos Programas de Pré-Requisitos (PPRs)

relacionados com o setor. Foi elaborada para certificação de sistemas de gestão de

segurança dos alimentos de organização da cadeia de alimentos que produzem ou

processam produtos origem animal, vegetal, produtos com conservação em

temperatura ambiente e ingredientes para alimentos (aditivos, vitaminas, culturas

biológicas), contempla também a produção de embalagens alimentícias (FSSCC

22000, 2014).

A ISO 22000, publicada pela ISO em 2005 e em 2006 no Brasil, pela Associação

de Normas Técnicas (ABNT), contempla em seu escopo a garantia de segurança

dos alimentos na cadeia produtiva através do controle dos perigos que podem

comprometer a integridade do alimento. Porém essa norma foi reprovada pela GSFI

(fundação sem fins lucrativos, que tem a incumbência de comparar normas com um

documento base e declara à equivalência) por não abranger os requisitos de

maneira mais detalhada, em especial os programas de pré-requisitos a serem

implementados (FROTA, 2014).

2.5 Alergênico em Indústria Alimentícia

Nos Estados Unidos a Food and Drug Administration (FDA), através do

Registro Reportável de Alimentos, da sigla em inglês RFR (Reportable Food

Registry) obteve os relatórios das indústrias alimentícias e de funcionários de saúde

pública de alimentos que representam sério risco à segurança dos alimentos, dentre

os perigos relatados nos anos de 2009 a 2012 os que mais tiveram destaque, em

torno de 90% foram: contaminação por Salmonella (36 %), alergênicos não

declarados (34%) e contaminação por Listéria monocytogenes (18%) (Figura 6).

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Figura 6: Distribuição dos perigos relatados nos relatórios de 2009 a 2012 pelo RFR (Fonte: Food

Safety Magazine).

Dentre os recalls realizados dos produtos industrializados nos Estados Unidos,

os da classe 2, são classificados assim pela FDA por poder causar um efeito

adverso à saúde mas que seja reversível, estão relacionados com alergênicos, em

que os mais frequentes são: leite, trigo e soja. Os motivos para recall desses

produtos são: embalagem ou rótulo errados, terminologia, falha na transferência de

informação de um ingrediente para a embalagem final, contaminação cruzada,

ingrediente rotulado erroneamente pelo fornecedor (GENDEL et al, 2014).

Em comparação com o Brasil, dentre as causas de recall de produtos

alimentícios no período de 1999 a 2013, 38% foram devido à ausência de

declaração do glúten em que a legislação que torna sua declaração nos rótulos

obrigatória, Lei Federal nº 10.674, está em vigor desde 2003 (BRASIL, 2003). As

outras causas para o recall foram: fraude por adição de formol e uréia (19%), brindes

ou embalagens que oferecem risco à segurança do alimento (19%), envase de

detergente (12%) e problemas sensoriais (12%) (FOOD SAFETY BRAZIL, 2014).

2.6 Rotulagem de alergênico

A Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) divulgou uma proposta de

resolução de diretoria colegiada para disposição sobre a declaração obrigatória na

rotulagem de alimentos embalados das fontes reconhecidos por causarem alergias

ou intolerância alimentares em pessoas sensíveis. Nessa proposta contempla-se os

alergênicos que deverão ser declarados no rótulo, os dizeres, os padrões de como

deve ser a declaração, entre outros (BRASIL, 2014).

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22

A VITAL (Voluntary Incidental Trace Allegern Labellin) é uma ferramenta

desenvolvida na Austrália para gerenciamento de risco de alergênico nas Indústrias

Alimentícias para declaração desses nos produtos. Na rotulagem é realizado os

seguintes dizeres: “Pode estar presente”, indicando que pode ter ocorrido

contaminação cruzada em alguma etapa do processamento ou oriunda de matéria-

prima (ZURZULO et al, 2013).

Uma pesquisa realizada na Austrália, em Melbourne, sobre a adesão da VITAL

na rotulagem de um grupo de alimentos (cerca de 1355 produtos variáveis entre

cereais matinais, biscoitos, pães, massas, mistura para bolos, comida para bebê,

chocolates em barra e sobremesas) em um grande supermercado, apenas 12,7 %

dos produto continham a declaração VITAL (Pode estar presente). As outras

categorias foram bem variadas conforme o quadro a seguir (Quadro 1) (ZURZULO et

al, 2013).

Quadro 1: Declaração de alergênicos na rotulagem do grupo de alimentos estudados.

Fonte: Adaptado de ZURZULO et al, 2013.

Estudos realizados nos Estados Unidos evidenciaram que a rotulagem para

alergênicos causava dúvida no consumidor por serem ambíguas e por consequência

o indivíduo alérgico era exposto ao risco ao consumir o alimento. Para solucionar

essa problemática, a Food and Drug Administration desenvolveu o Food Allergen

Labeling and Consumer Protection Act (FALCPA), que entrou em vigência em 2006,

com objetivo de tornar obrigatório a declaração, pelo fabricante, dos alérgenos mais

comuns como: leite, ovo, trigo, soja, amendoim, nozes, peixe, mariscos e

Categoria Quantidade

(%)

Não declarado 34,9

Pode conter traços de 29

Pode estar presente (Declaração usada no processo VITAL) 12,7

Produzido na mesma linha 12,1

Produzido na mesma empresa 7,3

Livre de Alergênico 3,2

Produzido no mesmo equipamento 0,8

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crustáceos. Podendo ser de duas maneiras a declaração, na lista de ingredientes ou

com o dizer “contém” acrescentado do alérgeno. Porém, em uma pesquisa realizada

com produtos no supermercado em algumas rotulagens, ao em vez de citar o leite, o

ovo e a soja como ingredientes alergênicos eram citadas: a proteína do soro do leite

(whey), a albumina e a lecitina respectivamente (PIERETTI et al., 2009).

3. Objetivos

3.1 Objetivo Geral:

Avaliar a produção de produtos que utilizam a soja e derivados como

ingrediente em empresa de condimentos, aditivos, preparados em pó e mistura de

proteínas, visando identificar e eliminar os riscos de contaminação com alergênico.

3.2 Objetivos específicos:

Caracterizar a Empresa Alimentícia em estudo;

Selecionar os produtos a serem avaliados;

Descrever o fluxo operacional;

Identificar os perigos e pontos críticos de controle;

Elaborar uma proposta de dizeres informativos com alegação do potencial

alergênico para os rótulos de produtos alimentícios.

4. Metodologia

4.1 Caracterização da Empresa alimentícia em estudo

A caracterização da Empresa alimentícia em estudo foi realizada a partir de

visita ao local e consulta documental em que se identificou: os diferentes tipos de

grupos de produtos, que utilizam ou não soja e derivados como ingredientes, os

sistemas implementados para garantia da qualidade, o planejamento e controle de

produção, a descrição do tipo da linha e disposição dos equipamentos no leiaute do

setor.

4.2 Seleção dos produtos a serem avaliados

Para seleção dos produtos a serem avaliados identificou-se os que utilizam ou

não a soja como ingrediente, a partir de consultas ao programa computacional da

empresa, onde constam as informações sobre os ingredientes e processos

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24

empregados assim como, às fichas técnicas dos produtos onde se observou: o

nome e a composição.

4.3 Descrição do fluxo operacional dos produtos a serem avaliados

Na descrição dos fluxogramas foram contempladas todas as etapas desde o

recebimento do insumo na indústria em estudo até a expedição, com base nas

observações e registros realizados durante as visitas no local da pesquisa, fichas

técnicas e revisão da literatura (ASSIS, 2011; BRASIL, 2001).

4.4. Identificação dos perigos de contaminação com alergênicos

Os perigos assim como as ações preventivas foram identificados em todos os

ingredientes e etapas do processo com base na descrição obtida no item 4.3.e

revisão de literatura (DIAS et al, 2012).

4.5 Identificação dos pontos críticos de controle para o gerenciamento dos

riscos de contaminação por alergênicos

Para a determinação dos pontos críticos de controle - PCC foi utilizado à árvore

de decisão da Figura 7 (FAO/WHO, 2013).

Figura 7. Diagrama para determinação PCC nas etapas de processo (FAO/WHO, 2013).

4.8 Estabelecimento dos procedimentos de monitoramento, verificação e

validação para os pontos críticos identificados.

Foram estabelecidos de acordo com cada PCC os procedimentos de

monitoramento, verificação e validação. Esses procedimentos foram realizados com

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base na literatura (MELO, 2011; DIAS et al, 2012) e nos procedimentos adotados na

empresa.

Considerando a importância do programa de higienização como ação

preventiva, este foi observado e registrado, a partir de visitas na unidade produtiva

em estudo e consulta aos documentos da organização, como a tabela de

compatibilidade (contempla a programação da limpeza ou higienização dos

equipamentos que deve ser realizada de acordo com o que foi produzido

anteriormente na linha) e descrito com base na literatura (ANDRADE, 2008; SILVA;

DUTRA; CADIMA, 2010).

4.9 Elaboração dos dizeres informativos para a rotulagem do produto

alergênico e não alergênico

A elaboração dos dizeres informativos para a rotulagem do produto alergênico

e não alergênico selecionados foi baseada nos atos normativos vigentes para

rotulagem em geral e para alguns alergênicos. São eles: a Resolução nº 259, de 20

de setembro de 2002, Regulamento Técnico sobre a Rotulagem de Alimentos

Embalados; Lei nº 10.674, de 16 de maio de 2003, sobre a obrigatoriedade da

presença do glúten no rótulo de produtos alimentícios comercializados (BRASIL,

2003) e na proposta de Resolução RDC sobre Rotulagem de Alimentos Alergênicos

da Agência de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2014).

5. Resultados e discussão

5.1 Caracterização da Empresa alimentícia em estudo

A Empresa é do ramo alimentício, situada em Americana, no interior de São

Paulo. Teve início da produção em 2003, com uma distinta linha de aditivos e

ingredientes, como condimentos, fosfatos, curas, fixadores de cor, amaciantes,

emulsificantes, realçadores de sabor, espessante, proteínas, corantes, aromas,

mixes prontos de aditivos, com ou sem saborizantes, misturas protéicas e de

hidrocolóides para atender a demanda de clientes de indústria de carnes, aves e

produtos cárneos e de frigoríficos.

A empresa adota para garantia da qualidade, os programas: 5S, Boas Práticas

de Fabricação, Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle e de Capacitação

de Colaboradores. Possui a certificação NBR - ISO 9001, desde 2005, visando à

busca da melhoria contínua em todos os processos, com o gerenciamento das não

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conformidades, identificadas em auditorias internas ou externas, a partir de ações

corretivas ou preventivas.

O Planejamento e Controle de Produção (PCP) é realizado com base nos

pedidos dos clientes e na quantidade de produtos estocados no armazém, que

determinam os produtos a serem produzidos, a ordem de produção e o controle que

contempla: monitoramento, ordem de adição e tempo de mistura. O processo de

higienização ou limpeza realizado entre os produtos varia de acordo com a

formulação que pode conter ingrediente alergênico ou corante e pode alterar o

próximo produto a ser produzido. Uma tabela de compatibilidade é empregada para

nortear o processo e consiste em uma planilha em que contém a relação dos

produtos que serão produzidos e a ordem de produção, primeiro ou segundo, com o

respectivo tipo de higienização ou limpeza que deverá ser realizada entre uma

fabricação e outra.

A fábrica opera com seis linhas de produção, em que os misturadores possuem

capacidade produtiva distintas, apresentadas no Quadro 2.

Quadro 2: Capacidade produtiva (kg) das linhas de produção.

Os misturadores da linha 1 a 5 estão dispostos em paralelo no leiaute e o

misturador da linha 6 situa-se na frente da linha 1, funcionam no mesmo período e

turno (das 7h30 às 16h30 de segunda à quinta e de sexta-feira das 7h30 às 16h30)

e compartilham o ambiente. A empresa possui 32 colaboradores na área de

produção, que é dividida em setores: pesagem e separação, intermediário (etapas

preliminares da mistura), mistura e envase. A capacidade produtiva atual é de cerca

de 450 toneladas por mês.

Linha de Produção

Capacidade Produtiva (kg)

1 1200

2 1000

3 750

4 150

5 20

6 350

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27

5.2 Seleção dos produtos avaliados

5.2.1 Produtos que utilizam a soja como ingrediente

Nos produtos são empregadas como ingrediente nas formulações as

seguintes matérias-primas à base de soja: proteína isolada de soja, proteína

granulada de soja, proteína texturizada de soja, proteína micronizada de soja,

proteína vegetal hidrolisada (HVP) de soja e lecitina de soja.

Os produtos que em sua formulação contém alguma das matérias-primas

citadas à base de soja, como ingredientes são agrupados de acordo com a função

em: soluções integradas, saborizantes e aditivos.

As soluções integradas contemplam dois subgrupos:

Mistura Pronta: caracterizada como uma mistura de ingredientes, que já vem

pronto para aplicar em uma grande variedade de produtos cárneos.

Mistura Proteica: caracterizada como uma mistura de proteínas de origem

animal e /ou vegetal, onde podem ser adicionados outros ingredientes como

fosfatos, espessantes e maltodextrina, a fim de serem aplicados em produtos

cárneos emulsionados ou injetado. Possuem como propriedades a melhoria

das características sensoriais, em especial sabor e textura, melhor

estabilidade para emulsão, maior rendimento do processo, substitui gorduras

e enriquece nutricionalmente os alimentos.

Os saborizantes contemplam dois subgrupos:

Condimentos: caracterizados como uma mistura de especiarias, óleos

essenciais e óleos resina, que diferenciam o sabor, e possuem grande

variedade de aplicações, tais como: embutidos, patês, molhos, pratos

prontos, cortes de aves, suínos e bovinos.

Realçador de Sabor: caracterizado como uma mistura de glutamato

monossódico e proteína vegetal hidrolisada que desempenha o papel de

realçar o sabor dos alimentos e reduz concentrações de cloreto de sódio nas

formulações.

Os aditivos contemplam um subgrupo:

Estabilizante: caracterizado como uma mistura equilibrada de polifosfatos,

que podem ou não conter espessantes. Sua aplicação possibilita uma maior

capacidade de retenção de água e consequentemente redução de perdas de

peso no armazenamento e no processamento. Além disso, possibilita uma

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maior estabilidade para emulsões cárneas e beneficia as características

sensoriais dos produtos, em especial cor, sabor e textura.

5.2.2 Produtos que não utilizam a soja como ingrediente

O grupo de produtos que não utiliza a matéria-prima à base de soja como

ingrediente é o dos aditivos, que pode ser dividido em três subgrupos:

Mistura de sais de cura: são conservantes constituídos por mistura de sais de

cura, nitrito e nitrato, empregado em produtos cárneos frescais, secos, crus,

cozidos, fermentados e conservas. Possui como função aprimorar as

características sensoriais como odor, coloração (rósea típica), sabor e inibir o

desenvolvimento do micro-organismo Clostridium botulinum.

Fixador de cor: tem a função de melhorar a coloração. É composto por

produto à base de eritorbato de sódio, empregado como antioxidante em

produtos cárneos frescais, cozidos, fermentados ou secos.

Emulsificante: são elaborados com maltodextrina, que tem a função de

absorção de água em produtos cárneos, o que proporciona suculência,

melhores características sensoriais de coloração (brilho) e textura das

emulsões.

Selecionou-se para realização desse trabalho os seguintes produtos:

1. Mistura Pronta para Cortes de aves, que emprega a soja como ingrediente na

sua formulação:

Descrição: condimento preparado adicionado de aditivos para produtos frescais.

Composição: Sal (70,18%), açúcar (15%), estabilizante polifosfato de sódio (2,3%),

antioxidante isoascorbato de sódio (3,6%), proteína animal (0,5%), proteína de soja

(0,2%), espessante carragena (3,2%), especiarias (cebola em pó 1,3%, alho em pó

1,2% e salsa 2,3%) e aromatizantes naturais (óleo resina capsicum 0,02% e óleo

essencial de limão 0,2%).

2. Mistura de sais de Cura, que não contém a soja na formulação.

Descrição: mistura de conservantes para produtos cárneos cozidos.

Composição: Sal (83,2%), Nitrito de sódio (9,5%) e Nitrato de sódio (7,3%).

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29

5.3 Descrição do fluxo operacional dos produtos

A Figura 8 representa, de um modo geral, o fluxo operacional dos produtos,

desde o recebimento do insumo até a expedição. Pode diferir para alguns produtos,

na etapa onde ingredientes intermediários (mistura de óleos essenciais) são

adicionados em pó misturados ou na inclusão da etapa de moagem de algumas

matérias-primas.

Figura 8: Fluxograma geral do processo desde o recebimento até a expedição.

A seguir, apresenta-se a descrição de todas as etapas do fluxograma da Figura

8 para os produtos selecionados: Mistura Pronta para Cortes de aves e Mistura de

Sais de Cura:

Recebimento de insumos: são recebidos pelo almoxarife que avalia o

insumo com o emprego de uma lista de verificação baseada nas Boas Práticas de

Fabricação e faz a conferência de acordo com a cópia do pedido de Compras (data

de validade, quantidade, insumo), repassa para o departamento de Compras, que

verifica as informações e se estiver tudo conforme, repassa para o departamento de

Contabilidade que lança a nota fiscal.

Liberação de insumos: são liberados para produção os produtos que

estiverem de acordo com a Especificação de Aquisição (EA) após a conferência de

Recebimento de insumos

Liberação de insumos

Estocagem de insumos

Preparação do

intermediário Moagem

Pesagem

Alimentação do

misturador

Mistura Abastecimento

do silo

Envase

Detecção de metais

Inspeção Estocagem

Expedição

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laudos enviados pelos fornecedores sobre análises físico-químicas e microbiológicas

e resultados das análises físico-químicas e sensoriais realizadas pelo departamento

de Garantia da Qualidade.

Estocagem de insumos: são armazenados em paletes identificados com

uma etiqueta contendo o código do insumo, nome do insumo e o lote. Essa

sistemática é válida para insumos distintos que são armazenados no mesmo palete

ou quando a demanda do insumo para produção for para quantias menores. Quando

um palete fechado for de um único insumo, adota-se a seguinte identificação: código

do insumo, nome do insumo, quantidade, lote e validade. No armazenamento, os

alergênicos não são segregados dos insumos não-alergênicos.

Preparação do intermediário: é elaborada a partir de mistura de óleos

essenciais naturais e óleo resina, dos produtos em estudo apenas o Mistura Pronta

para Cortes de aves possui o intermediário na formulação: óleo resina capsicum e

óleo essencial de limão. A pesagem dos ingredientes, nessa etapa é realizada de

acordo com a ordem de produção, é realizada em recipientes de plástico e com

auxílio de uma espátula do mesmo material.

Moagem: é realizada em moinho (Figura 9), só é realizada quando a matéria-

prima apresentar granulometria acima da especificação ou ainda quando estiver

compactada (Figura 10).

Figura 9: Moinho na operação de moagem da matéria-prima.

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31

Figura 10: Matéria-prima compactada na etapa de moagem.

Pesagem: é realizada de acordo com a planilha de ordem de produção, que

contém os ingredientes e a quantidade destes. Para matérias-primas que são

alergênicas, como soja no produto em estudo, utiliza-se caneca exclusiva e

identificada para a pesagem, que após o uso são higienizadas e guardadas no

armário exclusivo para alergênicos. As matérias-primas fracionadas são identificadas

com uma etiqueta contendo: peso líquido, nome do produto e número da batelada

que será utilizado e uma etiqueta de peso bruto impressa pela balança (Figura 11).

Figura 11: Pesagem da matéria-prima com identificação.

As embalagens fechadas são pesadas em carrinhos hidráulicos com balança.

Ingredientes como sal, nitrito e nitrato, presentes no produto Mistura de Sais de Cura

são pesados separadamente por saco, para assegurar o peso determinado na

ordem de produção.

No setor de pesagem as matérias-primas alergênicas, como a soja em estudo

estão identificadas com etiquetas de coloração diferente, com o nome da matéria-

prima e estão armazenadas em prateleiras distintas de produtos não alergênicos.

Após a pesagem os ingredientes pesados são conferidos, para verificar se estão de

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acordo com a ordem de produção e são transferidos para o setor de mistura através

de um elevador.

Alimentação do misturador: primeiramente é efetuada a conferência dos

ingredientes e ordem de mistura. As embalagens são abertas no momento de

abastecer o misturador. Os ingredientes sólidos (pó) passam por uma peneira

vibratória (Figura 12), visando reter qualquer partícula de até 3,3 mm, que pode ser

considerado um perigo físico, como fragmentos de madeira, metal, pedras, insetos e

fragmentos de insetos, plástico ou qualquer objeto que não faz parte da composição

do insumo e possa comprometer a saúde do consumidor (ASSIS, 2011). Os

ingredientes que são líquidos tais como: corantes, intermediários, aromas, entre

outros, são adicionados no misturador diretamente.

Figura 12: Ingrediente sólido na peneira vibratória para detecção de perigos físicos.

Mistura: é efetuada conforme descrito na planilha de controle de produção, em

que são determinados o tempo de mistura, aferido no temporizador do misturador

(Figura 13) e a ordem de adição dos ingredientes no misturador (Figura 14). Ao

finalizar a mistura, é coletada uma amostra para análise (físico-química, sensorial e

monitoramento microbiológico) pelo Departamento de Garantia da Qualidade.

Figura 13: Validação do temporizador do misturador com o uso do cronômetro.

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33

Figura 14: Misturador abastecido com os ingredientes

Abastecimento do silo: nas linhas de 1 a 3 é realizado o abastecimento do

silo, através de uma tampa de descarga. Nas linhas de 4 a 6, o produto é abastecido

do misturador para embalagens contidas no balde de inox (Figura 15). Após a última

batelada é realizada uma raspagem do misturador, com uma pá de inox, para

aproveitamento do produto que fica aderido as paredes deste.

Figura 15: Sistema de abastecimento do silo para linhas de 4 a 6.

Envases: São realizados três tipos de envases, de acordo com as linhas. Nas

linhas 2 e 3 é utilizada a envasadora vertical automática, na linha 1 envasadora à

granel e nas linhas de 4 a 6 o envase é manual (Figura 16). Neste último tipo o peso

é conferido em uma balança, antes da selagem das embalagens, que são

identificadas com o lote, para possibilitar a rastreabilidade. Quando o envase é

automático, o produto final passa por uma etapa de monitoramento da pesagem por

meio de um equipamento de linha.

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34

Figura 16: Envase manual na linha 6, o peso do produto é conferido em uma balança para selagem

das embalagens.

Os produtos que são rejeitados pela balança de pesagem, por estarem acima

ou abaixo do peso ideal, são acondicionados em monoblocos, encaminhados para o

setor de Mistura, reaproveitados no processo e, após peneiramento adicionados

novamente no silo.

Detecção de metais: após o envase, os produtos passam pelo equipamento

de detecção de metais, em que são utilizados corpos de prova de acordo com a

sensibilidade, que varia com o tipo de metal e embalagem. Se a embalagem for não

metalizada, a sensibilidade é de 5 mm para inox, 4,5 para metal ferroso e 4,5 para

metal não ferroso. Se a embalagem for de polietileno, a sensibilidade é de 3 mm, 2

mm e 2,5 mm para inox, metal ferroso e metal não ferroso respectivamente.

As linhas 1, 2 e 3 possuem detector de metal, em que a linha 1 é para

embalagens não metalizadas e as linhas 2 e 3 para embalagem de polietileno. As

linhas 4, 5 e 6 passam pela avaliação de metais nesses detectores de acordo com o

tipo de embalagem que foi utilizada no envase. Essa etapa é importante para

prevenir a existência de perigo físico (presença de metal ou fragmentos deste) no

produto acabado, que pode prejudicar a saúde do consumidor se ingeridos, tais

como cortes e engasgamentos (ASSIS, 2011).

Inspeção: os produtos passam por análises de liberação, definidas nos

critérios de inspeção e realizadas pelo departamento da Qualidade. Para liberação

ou não do produto é realizada a comparação dos resultados com a Ficha Técnica

deste. Para os produtos Mistura Pronta para Cortes de aves e Mistura de Sais de

Cura, as características Físico-Químicas, Sensoriais e Contagem Máxima de Micro-

organismos, esta última foi baseada na Resolução RDC nº 12 da Agência de

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35

Vigilância Sanitária (BRASIL, 2001), estabelecidas na Ficha Técnica, estão

representadas nos quadros 3 e 4:

Quadro 3: Características Sensoriais, Fisico-Químicas e Contagem Máxima de Micro-organismos

para Mistura Pronta para Cortes de aves.

Mistura Pronta para Cortes de aves

Características Sensoriais

Parâmetros

Aparência Pó granular com

especiaris floculadas

Cor Laranja escuro

Sabor e odor Conforme padrão

Características Físico-Quimicas

Parâmetros

Umidade 6 - 7,5

pH Máximo 5 %

Microrganismos Contagem Máxima

Coliformes termotolerantes

a 45°C

Menor que 3 NMP/g

Salmonella sp. Ausente em 25 g

Quadro 4: Características Sensoriais, Fisico-Químicas e Contagem Máxima de Micro-

organismos para Mistura de Sais de Cura.

Mistura de Sais de Cura

Características Sensoriais

Parâmetros

Aparência Pó granular

Cor Branco

Características Físico-Quimicas

Parâmetros

pH 6 - 7,8

Nitrito de sódio 9 - 11 %

Nitrato de sódio 6,5 - 8 %

Umidade Máximo 5 %

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36

Granulometria Passa peneira ABNT 14

Microrganismos

Contagem Máxima

Coliformes fecais Menor que 3 NMP/g

Salmonella sp. Ausente em 25 g

Estocagem: os produtos após a liberação são armazenados em paletes e

acondicionados em porta paletes. Na embalagem do produto tem a identificação

deste, o lote e um código utilizado para rastreabilidade através do sistema

computacional.

Expedição: assim que for confirmado o pedido e emitido o faturamento o

produto é separado na área de expedição. Antes de abastecer o veículo, são

observadas as condições higiênico-sanitárias e o certificado de vistoria da Agência

de Vigilância Sanitária do mesmo.

5.4 Identificação dos perigos de contaminação com alergênicos

No quadro (Quadro 5) são apresentados os perigos identificados nos

ingredientes das formulações em estudo, suas justificativas e as medidas para o

controle segundo DIAS et al, 2012 e DELGADO, 2011.

Quadro 5: Perigos, justificativas e medidas de controle para os ingredientes (matérias-primas) das

formulações em estudo.

Produto Ingredientes Perigos Justificativa Medidas de

controle

Mistura Pronta para

Cortes de aves

Sal, açúcar, estabilizantes/polifosfatos de sódio, antioxidante isoascorbato de sódio, proteína animal, espessante carragena, especiarias (cebola em pó, alho em pó e salsa) e aromatizantes naturais (óleo resina capsicum e óleo essencial de limão )

Perigo químico – contaminação

com Alergênico de soja, presente

no ingrediente proveniente de contaminação cruzada nas

instalações do fornecedor.

O fornecedor pode ter linhas de produção

compartilhada entre

produtos com ou sem

alergênicos.

Realizar a

qualificação do

fornecedor através de envio de

formulário (Anexo A)

ou auditoria de

fornecedor. Emprego de

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37

Mistura de Sais de Cura

Sal, Nitrito de sódio e

Nitrato de sódio.

Boas Práticas em

todo o processo.

No quadro (Quadro 6) são apresentados os perigos identificados nas etapas do

processo, suas justificativas e medidas de controle.

Quadro 6: Perigos, justificativas e medidas de controle para as etapas do processo, segundo DIAS et

al, 2012 e DELGADO, 2011.

Operação Perigos Justificativa Medidas de

Controle

Recebimento de matéria-prima

Perigo químico – contaminação com Alergênico de soja,

presente no ingrediente

proveniente do fornecedor.

Contaminação cruzada em linhas compartilhadas.

- Conferir informações no

rótulo; - Consultar

relatórios de qualificação de

fornecedor; -Identificar os

produtos que são alergênicos.

Armazenamento de insumos

Perigo químico – Contaminação

Alergênico de soja.

Contaminação cruzada entre as matérias-primas

que são e que não são alergênicas.

-Barreira física entre os produtos alergênicos

identificados e não alergênicos.

Moagem Perigo químico – Contaminação

Alergênico de soja.

Contaminação cruzada por

manipulação e higienização

inadequada de utensílios e

equipamentos compartilhados.

- Boas Práticas na manipulação;

- Utilizar utensílios, como canecas,

exclusivos e identificados para

produtos alergênicos;

-Higienização correta dos

equipamentos entre o processamento de

um produto alergênico e um não

alergênico.

Pesagem Perigo químico –Contaminação

Alergênico de soja.

Contaminação cruzada pelo pó

em suspensão, se realizada no

- Pesagem de alergênicos em

ambiente separado dos não

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38

mesmo ambiente. alergênicos.

Mistura Perigo químico –Contaminação

Alergênico de soja.

Contaminação cruzada na

manipulação, no compartilhamento

de utensílios e equipamento entre alergênico e não

alergênico e principalmente pelo pó em suspensão.

- Boas práticas na

manipulação; - Utilizar utensílios

exclusivos e identificados para

alergênicos; - Higienização

correta dos equipamentos entre o processamento de

um produto alergênico e um não

alergênico.

Envase Perigo químico –Contaminação

Alergênico de soja.

Contaminação cruzada na

manipulação, no compartilhamento

de utensílios e equipamento entre alergênico e não

alergênico e principalmente pelo pó em suspensão.

Boas práticas na manipulação;

- Utilizar utensílios exclusivos e

identificados para alergênicos;

- Higienização correta dos

equipamentos entre o processamento de

um produto alergênico e um não

alergênico.

Armazenamento do produto

Perigo químico – contaminação com Alergênico de soja.

Contaminação

cruzada entre as matérias-primas

que são e que não são alergênicas.

-Barreira física entre os produtos

alergênicos e não alergênicos.

5.5 Identificação dos pontos críticos de controle para o gerenciamento dos

riscos de contaminação por alergênicos

A partir da aplicação da árvore decisória em todas as etapas do processo

desde o recebimento da matéria-prima até a expedição (resultados no Quadro 7),

identificou-se três pontos críticos de controle: Moagem, Mistura e Envase.

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39

Quadro 7: Aplicação da árvore de decisões nas etapas do processo.

Aplicação da árvore de decisões

Operação 1 2 3 4 5 Conclusão

Recebimento de matéria-prima

Sim Sim Não Sim Sim Não é um

PCC

Armazenamento de insumos

Sim Sim Não Sim Sim Não é um

PCC

Moagem Sim Sim Sim

É um PCC

Mistura Sim Sim Sim

É um PCC

Envase Sim Sim Sim

É um PCC

Armazenamento do produto

Sim Sim Não Não

Não é um PCC

5.6 Gerenciamento dos pontos críticos de controle identificado

Visando gerenciar os Pontos Críticos de Controle - PCC identificados

apresenta-se no Quadro 8: os limites críticos, os procedimentos para o

monitoramento das etapas, as ações corretivas para os casos de desvios dos limites

críticos estabelecidos, a especificação dos registros e os procedimentos de

verificação:

Quadro 8: Etapas do APPCC para os pontos críticos identificados.

Operação PCC Limite Crítico

Monitoramento Ação

Corretiva

Registro

Verificação

Moagem PCC

1

Ausência de

alergênico

de soja no

produto não

alergênico.

Parâmetro: Limpeza a

seco (descrita no item

5.6.1)

Frequência:

Toda vez que for

produzir produtos em

que não é desejável a

presença do alergênico

de soja.

Procedimento:

- Limpeza a seco;

- Produção de produto

que não tem o

alergênico, mas que

pode conter traços;

- Limpeza a seco

novamente;

Uma vez

detectado

traços de

alergênico na

linha

produtiva, e

também na

validação por

análise de

PCR, se o

produto já

encontra-se no

mercado, e

não apresenta

declaração de

alergênico

deve-se

A limpeza a

seco deve ser

registrada em

Formulários

específicos em

que devem

constar: etapa,

data, hora,

superfície

higienizada,

Produto

acabado,

limpeza a

seco, limite

crítico, ação

corretiva e

responsável.

Uso do Swab de

alergênico

(3M Clean

Trace Surface

Protein –

Allergen) em

superfícies de

equipamentos e

utensílios,

conforme item

5.6.2.

Validação:

análise de PCR

em tempo real,

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40

- Produção do produto

que não deve conter

traço do alergênico em

sua formulação.

Responsável:

Funcionário que

passou por

treinamento de BPF e

foi capacitado para

monitorar a limpeza a

seco para produção de

não alergênico.

realizar o

recall.

Por outro lado,

se traços de

alergênico na

linha

produtiva, e

também na

validação, for

detectado e o

produto

encontra-se na

empresa, este

pode ser

reprocessado

desde que

tenha a

declaração de

alergênico de

soja no rótulo.

Treinamento

de

funcionários

para realizar o

procedimento

adequado

para controle

de alergênicos

e Boas

Práticas na

manipulação.

(Anexo B –

Formulário 1).

para ausência

de alergênico de

soja, descrita no

item 5.6.3

Mistura PCC

2

Ausência de

alergênico

de soja no

produto não

alergênico.

Parâmetro: Limpeza a

seco (descrita no item

5.6.1)

Frequência:

Toda vez que for

produzir produtos em

que não é desejável a

presença do alergênico

de soja.

Uma vez

detectado

traços de

alergênico na

linha

produtiva, e

também na

validação por

análise de

A limpeza a

seco deve ser

registrada em

Formulários

específicos em

que devem

constar: etapa,

data, hora,

superfície

Uso do Swab de

alergênico

(3M Clean

Trace Surface

Protein –

Allergen), em

superfícies de

equipamentos e

utensílios,confor

Page 42: Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura ... · 1 Mayara Badolato Athayde Subsídio para implementação do Sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos

41

Procedimento:

- Limpeza a seco;

- Produção de produto

que não tem o

alergênico, mas que

pode conter traços;

- Limpeza a seco

novamente;

- Produção do produto

que não deve conter

traço do alergênico em

sua formulação.

Responsável:

Funcionário que

passou por

treinamento de BPF e

foi capacitado para

monitorar a limpeza a

seco para produção de

não alergênico.

PCR, se o

produto já

encontra-se no

mercado, e

não apresenta

declaração de

alergênico

deve-se

realizar o

recall.

Por outro lado,

se traços de

alergênico na

linha

produtiva, e

também na

validação, for

detectado e o

produto

encontra-se na

empresa, este

pode ser

reprocessado

desde que

tenha a

declaração de

alergênico de

soja no rótulo.

Treinamento

de

funcionários

para realizar o

procedimento

adequado

para controle

de alergênicos

e Boas

Práticas na

manipulação.

higienizada,

Produto

acabado,

limpeza a

seco, limite

crítico, ação

corretiva e

responsável.

(Anexo B –

Formulário 2).

me item 5.6.2.

Validação:

análise de PCR

em tempo real,

para ausência

de alergênico de

soja, descrita no

item 5.6.3

Envase PCC Ausência de Parâmetro: Limpeza a Uma vez A limpeza a Uso do Swab de

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42

3 alergênico

de soja no

produto não

alergênico.

seco (descrita no item

5.6.1)

Frequência:

Toda vez que for

produzir produtos em

que não é desejável a

presença do alergênico

de soja.

Procedimento:

- Limpeza a seco;

- Produção de produto

que não tem o

alergênico, mas que

pode conter traços;

- Limpeza a seco

novamente;

- Produção do produto

que não deve conter

traço do alergênico em

sua formulação.

Responsável:

Funcionário que

passou por

treinamento de BPF e

foi capacitado para

monitorar a limpeza a

seco para produção de

não alergênico.

detectado

traços de

alergênico na

linha

produtiva, e

também na

validação por

análise de

PCR, se o

produto já

encontra-se no

mercado, e

não apresenta

declaração de

alergênico

deve-se

realizar o

recall.

Por outro lado,

se traços de

alergênico na

linha

produtiva, e

também na

validação, for

detectado e o

produto

encontra-se na

empresa, este

pode ser

reprocessado

desde que

tenha a

declaração de

alergênico de

soja no rótulo.

Treinamento

de

funcionários

para realizar o

seco deve ser

registrada em

Formulários

específicos em

que devem

constar: etapa,

data, hora,

superfície

higienizada,

Produto

acabado,

limpeza a

seco, limite

crítico, ação

corretiva e

responsável.

(Anexo B –

Formulário 3).

alergênico

(3M Clean

Trace Surface

Protein –

Allergen), em

superfícies de

equipamentos e

utensílios,

conforme item

5.6.2.

Validação:

análise de PCR

em tempo real,

para ausência

de alergênico de

soja, descrita no

item 5.6.3

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43

5.6.1 Higienização e limpeza a seco das linhas

Como já mencionado, a tabela de compatibilidade é um instrumento

metodológico que contempla a programação de limpeza ou higienização dos

equipamentos, procedimentos descritos a seguir. O tipo de procedimento é

selecionado de acordo com o que foi produzido anteriormente na linha.

Higienização da linha: nesse procedimento é realizada a limpeza e

sanitização da linha. As superfícies dos equipamentos das linhas são de aço

inoxidável, portanto lisas e impermeáveis, resistentes à corrosão, à oxidação e a

altas temperaturas, de fácil higienização.

A higienização visa remover os resíduos dos produtos e sanificar os

equipamentos. As etapas são: enxágue com água para remoção dos resíduos dos

produtos; aplicação com máquina de projeção de espuma de uma solução com o

detergente Topax 66 (combinação de substâncias alcalinas, tensoativos não iônicos

e cloro ativo diluído em água, na proporção de 125 mL do produto para 5 L de água)

com um tempo de contato de 10 minutos; enxágue com água por 10 minutos com

mangueira; utilização de um indicador de resíduo de detergente; aplicação do

desinfetante Vortexx (sanitizante à base de ácido peractonóico e ácido peracético,

agente antimicrobiano, com ação ampla contra Bactérias Gram-positivas, Gram-

negativas, fungos filamentosos e leveduras, vírus e esporos bacterianos) com tempo

de contato de 10 minutos; aplicação de álcool 96%GL para auxiliar na secagem do

equipamento juntamente com aplicação de ar comprimido (ANDRADE, 2008).

Limpeza a seco: é um método físico e consiste: raspagem de resíduos de

produtos das paredes do misturador (força mecânica); aplicação de ar comprimido

no misturador (Figura 18); aplicação de sal no silo (peça que interliga o final da

mistura e o inicio do envase). O sal é a substância química que, por ser sólida

cristalina, tem a capacidade de remoção dos resíduos de produtos aderidos na

procedimento

adequado

para controle

de alergênicas

e Boas

Práticas na

manipulação.

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44

paredes do silo. O sal é um ingrediente comum a quase todos os produtos

processados na empresa não havendo consequências no caso de residual.

Figura 18: Limpeza a seco, misturador após a raspagem e aplicação de ar.

Esse método dispensa a utilização da água. Para que seja eficiente deve

seguir os seguintes requisitos: o equipamento ser facilmente desmontável, a

superfície de baixa umidade e o método físico eficaz para remoção dos resíduos

(SILVA; DUTRA; CADIMA, 2010).

5.6.2 Verificação

Para verificação da eficiência da limpeza realiza-se a aplicação do swab de

alergênico (3M Clean Trace Surface Protein – Allergen), na superfície do

equipamento, após a metodologia de limpeza a seco realizada para o gerenciamento

de alergênicos. Esse procedimento tem como princípio a redução do cobre Cu2+

para Cu1+ através de pontes entre aminoácidos na cadeia proteica, os agentes

redutores além das proteínas, podem ser também açúcares redutores ou sulfitos e

consiste em (FOOD SAFETY BRAZIL, 2014):

- Retirar o Swab da ampola e hidratar o mesmo com uma solução;

- Coletar amostra com fricção do Swab por três vezes, formando um ângulo de

30º com a superfície ou utensílio desejado;

- Inserir o Swab novamente na ampola e pressão para romper o lacre a iniciar o

teste;

- Agitar o Swab em movimentos laterais por 10 segundos para reação ocorrer;

- Inserir do Swab na incubadora, a 55ºC, por 15 minutos;

- Realizar a leitura visual: verde claro, roxo claro e roxo escuro que indicam:

limpeza, alerta e contaminado respectivamente.

- Descartar o Swab.

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45

Esse procedimento deve ser realizado para cada amostra coletada das

superfícies dos equipamentos e de utensílios, que passaram pela limpeza a seco e

higienização respectivamente. A área que será analisada será de 2x25 cm em 4

pontos distintos da superfície ou equipamento (ANDRADE, 2008).

5.6.3 Validação

Para validação da eficiência da limpeza retira-se uma amostra de 200 gramas,

do envase (início, meio e fim) e encaminha-se para análise de PCR em tempo real,

em laboratório terceirizado. Este método é baseado em análise de DNA, que

possibilita uma detecção quantitativa/semi-quantitativa, através da aplicação de

primers (oligonucleótidos iniciadores de PCR) que tem a capacidade de ligação com

o gene que codifica a proteína alergênica, como a proteína da soja (MELO, 2011).

Exemplo do resultado da referida análise pode ser observado no Anexo C, em que o

limite de detecção para essa análise é de 25 ppm.

5.7 Elaborações dos dizeres informativos para a rotulagem de produtos

alergênicos

Na figura 19 a seguir, apresenta-se o modelo com os dizeres informativos para

o produto que contém a soja como potencial alergênico: Mistura Pronta para Cortes

de Aves. O alérgico deve ser declarado por “Alérgico: contém (nomes das fontes)”

ou “Alérgicos: contém derivados de (nomes das fontes)”, deve ser destacado em

moldura com fundo branco, próximo aos ingredientes, com caracteres padronizados

com cor preta e de mesmo tipo com altura mínima estabelecida de 2 mm e máxima

de 10 mm de acordo com a área de vista principal, que é menor que 40 cm2 e maior

ou igual a 2600cm2 respectivamente. Essa padronização também é válida para

declaração de glúten (BRASIL, 2014).

Figura 19: Modelo com os dizeres informativos da declaração do ingrediente alergênico soja.

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46

Os ingredientes são listados em ordem decrescente da proporção em que são

empregados na formulação, as especiarias foram representadas de forma genérica

conforme a Tabela 1, da Resolução nº 259, de 20 de setembro de 2002 da Agência

de Vigilância Sanitária (ANVISA) Regulamento Técnico sobre Rotulagem de

Alimentos Embalados (BRASIL, 2002).

Os aditivos possuem declaração no rótulo obrigatória juntamente com a função

destes (BRASIL, 2002). Porém aromatizantes tem um Informe Técnico específico, o

nº 26, de 14 de junho de 2007 sobre Procedimentos para a indicação do uso de

aroma na rotulagem de alimentos, também da ANVISA (BRASIL, 2007).

A alegação de presença de glúten “Contém glúten” ou ausência “Não contém

glúten” deve ser realizada para alimentos, ingredientes, aditivos alimentares,

coadjuvantes de tecnologia e matérias-primas aplicado no processo produtivo ou

designados para serviços de alimentação (BRASIL, 2014). A obrigatoriedade da

declaração do glúten no rótulo de produtos alimentícios comercializados já é exigida

pela Lei nº 10.674, de 16 de maio de 2003 (BRASIL, 2003).

Se tiver risco de contaminação cruzada com o alergênico, como a soja, de

ingredientes, aditivos alimentares, coadjuvantes de tecnologia ou matéria-prima a

declaração no rótulo deve ser: “Alérgicos: pode conter (nomes das fontes)” (BRASIL,

2014). Na figura 20 a seguir, apresenta-se o modelo com os dizeres informativos

para o produto que pode conter quantia mínima (traços) da soja como potencial

alergênico: Mistura de Sais de Cura, devido aos perigos evidenciados nos

ingredientes e nas etapas do processo.

Figura 20: Modelo com os dizeres informativos da declaração da possibilidade da presença mínima

(traços) do ingrediente alergênico soja.

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47

6. Conclusão

Com o estudo do fluxo operacional de dois produtos, um com alergênico e

outro sem alergênico, pode-se identificar três pontos críticos de controle em que a

realização adequada da limpeza a seco é primordial para eliminar o risco de

contaminação cruzada com o alérgeno: soja.

Uma vez que existe o risco de contaminação com o alérgeno, e a possibilidade

deste ser consumido por indivíduos que apresentam alergia alimentar, é

imprescindível o gerenciamento dos pontos críticos identificados e a validação do

procedimento de limpeza, pois a saúde dos consumidores pode ser prejudicada por

sintomas brandos ou até mesmo letais.

A declaração no rótulo, quando o controle de alergênico não for efetivo é

essencial, pois a possibilidade da presença do alergênico, mesmo em quantias

menores pode afetar negativamente o consumidor que tem grande sensibilidade.

Porém, o gerenciamento de alergênico deve visar eliminar até mesmo as

quantidades mínimas (traços) dos produtos, afim de não restringir o consumo dos

alimentos para as pessoas que têm alergia alimentar, uma vez que essa

hipersensibilidade é crescente, especialmente em crianças.

A proposta de Resolução RDC sobre Rotulagem de Alimentos Alergênicos da

Agência de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2014) quando entrar em vigência poderá

solucionar a problemática da não declaração de alergênicos por algumas empresas

ou declarações que causam dúvida ao consumidor no momento da compra de

produtos.

A soja e derivados é um produto que está cada vez mais sendo empregado em

processos industriais, por possibilitar diversas vantagens tecnológicas. Assim, a

gestão de alergênicos para produtos que não contém esse ingrediente, mas são

processados em unidades fabris com produtos que os contém, é de extrema

importância para garantir a satisfação de clientes. Poderá atender também as

normas internacionais, como a BRC (British Retail Consortium) Norma Global para

Segurança dos Alimentos e direcionar seus produtos ao mercado internacional.

7. Considerações Finais

A empresa em estudo encontra-se em aprimoramento de implementação de

gestão de alergênicos. Existem projetos para melhoria do sistema de circulação de

ar (com um sistema de acondicionamento e extração de ar) no local em que é

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48

realizada a mistura e o envase, separação dos misturadores com uma barreira física

para prevenir a contaminação por pó em suspensão, e estudo da eficiência do

procedimento de limpeza a seco para controle de alergênicos.

Os colaboradores devem ser capacitados para gestão de alergênicos através

de treinamento a fim de prevenir contaminação cruzada na produção e de

conscientizados da importância da aplicação das ferramentas e procedimentos para

a saúde dos indivíduos que possuem intolerância alimentar.

Pode-se relatar nesse trabalho que a gestão para alergênico na empresa em

estudo, era realizada para atender os clientes que apenas o solicitavam, descritos os

procedimentos e fluxogramas para atingir tal finalidade. Desse modo, o sistema

APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) é uma excelente

ferramenta para gerenciar os pontos críticos de controle identificados e poderá ser

implementada.

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49

8. Referências Bibliográficas

ABIOVE – Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais. Disponível em:

<http://www.abiove.org.br/site/index.php?page=importancia-economica-e-

social&area=NC0yLTI=>, acesso em 16/08/2014.

ALVARÉZ, J.R.U; BONFANTIE, L.C.H.; CANO, J.M. Factores epidemiológicos em la

inmunopatogénesis de la alergia a los alimentos. Revista Científica Salud

Uninorte, vol 25, nº2, ago. 2009. Disponível em: <http://rcientificas.uninorte.edu.co.>

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ANEXOS

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Anexo A: Formulário de avaliação da presença do alérgeno na matéria-prima para a cadeia de

fornecimento com base no Codex Alimentarius e no Regulamento (EU) nº 1169/2011 do

Parlamento Europeu.

Ingrediente

alergênico

Presente

Sim /Não?

Algum

material

contendo este

alergênico é

manipulado

na mesma

fábrica que

produz o

insumo a ser

fornecido pela

empresa?

A matéria-prima

compartilha

equipamentos e/ou

utensílios com

outros produtos

que possuem este

alergênico como

ingrediente?

Existe o

gerenciamento de

alergênico para

prevenir a

contaminação

cruzada? Quais

são as medidas

empregadas?

Cereal que contém

glúten (trigo,

centeia, cevada,

aveia ou derivados)

Crustáceos e

derivados

Ovos e derivados

Pescado e

derivados

Amendoim

Soja

Frutas secas

(amêndoas, avelâs,

nozes, castanha,

pistache,

macadâmia.

Leite e derivados

Gergelim

Aipo e derivados

Mostarda e

derivados

Grãos de Sésamo

Anidrido sulfuroso e

sulfitos (SO2)

Fonte: Adaptado de DELGADO (2011).

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Anexo B: Formulário para registro no monitoramento da limpeza a seco dos PCC identificados nas etapas

do processo.

Formulário nº 1 / PCC 1 : Registro do monitoramento da limpeza a seco.

Frequência: Quando produzir produtos em que não é desejável a presença do alergênico de soja.

Etapa Data Horário Superfície

higienizada Produto Acabado

Limpeza a seco Limite Crítico (Ausência de alergênico)

Ação corretiva

Responsável

Raspagem Sal Ar Sim Não

Moagem (PCC 1)

Formulário nº 2 / PCC 2 : Registro do monitoramento da limpeza a seco.

Frequência: Quando produzir produtos em que não é desejável a presença do alergênico de soja.

Etapa Data Horário Superfície

higienizada Produto Acabado

Limpeza a seco Limite Crítico (Ausência de alergênico)

Ação corretiva

Responsável

Raspagem Sal Ar Sim Não

Mistura (PCC 2)

Formulário nº 3 / PCC 3: Registro do monitoramento da limpeza a seco.

Frequência: Quando produzir produtos em que não é desejável a presença do alergênico de soja.

Etapa Data Horário Superfície

higienizada Produto Acabado

Limpeza a seco Limite Crítico (Ausência de alergênico)

Ação corretiva

Responsável

Raspagem Sal Ar Sim Não

Envase (PCC 3)

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Anexo C: Resultado da análise de PCR em tempo real para o produto: Mistura de Sais de Cura.