UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA … · Organização pessoal: Há necessidade de...

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA HIDROGRAFIA FLG - 1550 PROGRAMA de 2014 Noturno- Quintas (A) Diurno Sextas (B) Prof.ª Dr.ª CLEIDE RODRIGUES Prof. Dr. FERNANDO NADAL J. VILLELA Caderno de Campo 2014 Esse caderno visa auxiliar o aluno em diversos momentos do trabalho de campo, como por exemplo, em sua organização pessoal e nas anotações de percurso. Deverá ser utilizado nas aulas subseqüentes à excursão. Primeiro dia: 1. Encontro as 7:30 h no prédio da Geografia no dia 21/11 2. Saída (impreterivelmente) às 8:00h; 3. Visita à Estação de Tratamento do Guaraú/ Cantareira 4. Almoço no ônibus (atenção: lanche trazido de casa!!!!!); 5. Estação Elevatória Santa Inês (ESI/ Sistema Cantareira); 6. Reservatório Paiva Castro; 7. Remanso do Reservatório Paiva Castro 8. Fernão Dias; 9. Observações nos reservatórios e barramentos do Jaguari / Jacareí; 10. Fernão Dias; 11. Rodovia Entre Serras e Águas; 12. Joanópolis; 13. Pernoite (custeado pelo Departamento). Segundo dia: 1. Café da manhã (custeado pela USP); 2. Alto Jacareí - observações sobre a morfologia de vertentes e vales, padrão dos canais, depósitos fluviais, uso da terra, nascentes,degradação de nascentes, etc. 3. Almoço (custeado pela USP). 4. Início do Retorno. 5. Rodovia Entre Serras e Águas; 6. Fernão Dias / Curso do rio Jaguari em Extrema 7. Encontro com técnicos da FCTH; 8. Observação dos levantamentos morfométricos da seção transversal e de velocidades do fluxo (método de barco com molinete); 9. Anotações de dados e preenchimento da ficha; 10. Fernão Dias; 11. Visita do Posto Fluviométrico do rio Jaguari à jusante do barramento; 12. Retorno a São Paulo - chegada prevista para 21:00h do dia 22/11/14. Organização pessoal: Há necessidade de providenciar com antecedência e levar para a excursão: caderno de campo (no site do Departamento e no xerox), proteção solar, roupas para frio, calor e chuva, calçados adequados ao trabalho de campo, produtos para higiene pessoal. Para o almoço do primeiro dia é preciso levar lanche leve. Pessoas com: diabetes, problemas cardíacos, alergias, etc., devem comunicar aos professores com antecedência e providenciar medicamentos de emergência. O(a) aluno(a) deverá levar prancheta e lápis com borracha para anotações. Todas as anotações devem ser efetuadas no caderno de campo. Equipamento eventual: É permitido levar - cartas adicionais (topográficas ou não), GPS, binóculos, máquinas fotográficas, imagens de satélite ou outras, bússola, etc., desde que o aluno se responsabilize pelo próprio material. Os dados recolhidos em campo serão utilizados em sala de aula num dos exercícios práticos.

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

HIDROGRAFIA

FLG - 1550

PROGRAMA de 2014

Noturno- Quintas (A) Diurno – Sextas (B)

Prof.ª Dr.ª CLEIDE RODRIGUES

Prof. Dr. FERNANDO NADAL J. VILLELA

Caderno de Campo 2014

Esse caderno visa auxiliar o aluno em diversos momentos do trabalho de campo, como por exemplo, em sua organização pessoal e nas anotações de percurso. Deverá ser utilizado nas aulas subseqüentes à excursão.

Primeiro dia:

1. Encontro as 7:30 h no prédio da Geografia no dia 21/11 2. Saída (impreterivelmente) às 8:00h; 3. Visita à Estação de Tratamento do Guaraú/ Cantareira 4. Almoço no ônibus (atenção: lanche trazido de casa!!!!!); 5. Estação Elevatória Santa Inês (ESI/ Sistema Cantareira); 6. Reservatório Paiva Castro; 7. Remanso do Reservatório Paiva Castro 8. Fernão Dias; 9. Observações nos reservatórios e barramentos do Jaguari / Jacareí; 10. Fernão Dias; 11. Rodovia Entre Serras e Águas; 12. Joanópolis; 13. Pernoite (custeado pelo Departamento).

Segundo dia:

1. Café da manhã (custeado pela USP); 2. Alto Jacareí - observações sobre a morfologia de vertentes e vales, padrão dos canais, depósitos fluviais, uso da terra, nascentes,degradação de nascentes, etc. 3. Almoço (custeado pela USP). 4. Início do Retorno. 5. Rodovia Entre Serras e Águas; 6. Fernão Dias / Curso do rio Jaguari em Extrema 7. Encontro com técnicos da FCTH; 8. Observação dos levantamentos morfométricos da seção transversal e de velocidades do fluxo (método de barco com molinete); 9. Anotações de dados e preenchimento da ficha; 10. Fernão Dias; 11. Visita do Posto Fluviométrico do rio Jaguari à jusante do barramento; 12. Retorno a São Paulo - chegada prevista para 21:00h do dia 22/11/14.

Organização pessoal: Há necessidade de providenciar com antecedência e levar para a excursão: caderno de campo (no site do Departamento e no xerox), proteção solar, roupas para frio, calor e chuva, calçados adequados ao trabalho de campo, produtos para higiene pessoal. Para o almoço do primeiro dia é preciso levar lanche leve. Pessoas com: diabetes, problemas cardíacos, alergias, etc., devem comunicar aos professores com antecedência e providenciar medicamentos de emergência. O(a) aluno(a) deverá levar prancheta e lápis com borracha para anotações. Todas as anotações devem ser efetuadas no caderno de campo.

Equipamento eventual: É permitido levar - cartas adicionais (topográficas ou não), GPS, binóculos, máquinas fotográficas, imagens de satélite ou outras, bússola, etc., desde que o aluno se responsabilize pelo próprio material. Os dados recolhidos em campo serão utilizados em sala de aula num dos exercícios práticos.

2. Informações Básicas da Área de Trabalho

O roteiro dessa excursão foi planejado visando atender objetivos múltiplos, dentre os quais se destacam:

- reconhecer o Sistema Cantareira de Coleta, Tratamento e Abastecimento de Água e suas Bacias Hidrográficas e sua relevância na região da Grande São Paulo;

- reconhecer os sistemas fluviais urbanizados da Grande São Paulo;

- reconhecer o território das bacias hidrográficas geradoras de água para o Sistema Cantareira e suas condições de preservação;

-demonstrar as principais técnicas de levantamento de dados fluviométricos, sedimentométricos, morfométricos e da dinâmica de fluxos fluviais em campo;

- demonstrar o aparato técnico de postos fluviométricos da rede oficial do DAEE;

- proporcionar condições básicas para correlações entre os parâmetros morfométricos trabalhados em gabinete na análise de bacias hidrográficas e outros parâmetros passiveis de se levantar em campo.

A Grande São Paulo está interligada artificialmente a um conjunto de bacias hidrográficas, extrapolando a UGRHI 6, Unidade de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (UGRHI) do Alto Tietê (Figuras em anexo). Tanto para o abastecimento de água como para a geração de energia elétrica e outros usos, a bacia hidrográfica do Alto Tietê foi modificada e, hoje, essa grande bacia hidrográfica apresenta uma série de vinculações hídricas entre transposições e derivações (Figuras em anexo).

Os sistemas produtores de água para abastecimento da Grande São Paulo são oito: Cantareira, Guarapiranga, Alto Cotia, Baixo Cotia, Alto Tietê, Rio Claro, Rio Grande e Ribeirão da Estiva. Juntos, são responsáveis por 54,6 mil litros por segundo. Dessa produção, apenas o Sistema Cantareira é responsável por, aproximadamente, mais de 50%, ou seja, por 33 mil litros de água por segundo.

O Sistema Cantareira compreende um conjunto de bacias hidrográficas e quatro reservatórios interligados por canais, situados em cotas decrescentes, a saber: Jaguari/Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro. Esses reservatórios formam-se a partir de bacias hidrográficas situadas, tanto no Estado de São Paulo quanto em Minas Gerais, abrangendo municípios como: Camanducaia (MG), Extrema (MG), Itapeva (MG), Joanópolis (SP), Vargem (SP), Piracaia (SP), Bom Jesus dos Perdões (SP), Bragança Paulista (SP), Atibaia (SP), Mairiporã (SP), dentre outros. A partir de um dos braços do reservatório Paiva Castro, há a captação de água para a Estação Elevatória Santa Inês, responsável pela transposição do grande divisor de águas da Serra da Cantareira, que separa parte da bacia do Alto Piracicaba de parte da bacia hidrográfica do Alto Tietê (Figuras em anexo).

Comparativamente ao Alto Tietê, as bacias hidrográficas pertencentes ao Sistema Produtor da Cantareira têm sido consideradas como mananciais de qualidade alta em relação a diversos parâmetros de qualidade da água, tais como oxigênio dissolvido (OD), carga sólida, metais pesados, etc. Nesse trabalho de campo, também teremos oportunidade de reconhecer as principais atividades antrópicas que podem colocar em risco essa situação atual.

Na região da transposição (na Serra da Cantareira), afloram granitóides da Fácies Cantareira, uma das mais representativas do território paulista. Esses granitóides caracterizam-se por terem sido afetados pelas grandes falhas transcorrentes geradas na segunda fase de dobramentos do

Ciclo Brasiliano (há mais de 450 M.a.) e apresentam-se por vezes em contatos transicionais ou parcialmente discordantes. O vale assimétrico do rio Juqueri pode ser explicado em parte pela disposição de dois grandes corpos graníticos, entre os quais encontram-se um conjunto de rochas metamórficas como filitos, metassiltitos e xistos, além de, mais restritamente, rochas sedimentares terciárias e quaternárias.

No setor esquerdo do referido vale, estão posicionadas num primeiro plano, em torno das cotas de 750 a 800 m, as referidas rochas metamórficas, e num segundo plano o conjunto granítico da Serra, nas cotas superiores e em torno de 900 m. Na parte direita do vale, numa extensão bem menor, já se alcançam essas cotas superiores, coincidindo novamente com o afloramento de outro corpo granítico. Os granitóides Fácies Cantareira caracterizam-se por textura, granulometria e mineralogia do tipo granito-gnáissicas, de granulação fina a média. O reservatório Paiva Castro está localizado entre o granitóide da margem direita e as rochas metamórficas da parte esquerda do vale do rio Juqueri.

Ao longo desse trajeto inicial, chama atenção o alto grau de preservação da Serra da Cantareira comparativamente ao corpo urbano contínuo da Metrópole.

O setor superior das bacias hidrográficas que compõem o Sistema Cantareira de abastecimento representa significativamente as condições físicas atuais das áreas geradoras, tanto do ponto de vista da estruturação rocha/relevo quanto do ponto de vista das condições e padrões atuais de uso do solo, além da história de ocupação, apropriação e manejo do mesmo.

Nas regiões de cimeira dos municípios de Extrema e de Joanópolis, afloram novamente corpos graníticos, e nas regiões relativamente mais baixas, rochas metamórficas diversas. Na estrada Entre Serras e Águas é possível observar a relação entre os pontos turísticos mais procurados e os referidos granitóides (Pedra do Lopo e Gigante Adormecido). Nessa estrada também podem ser observados os vales afogados pela formação do reservatório Jaguari/Jacareí, poucos remanescentes da cobertura vegetal florestal, a cobertura generalizada de capim para a atividade de pastagem extensiva, a apropriação típica de chácaras e sítios de final de semana e a expansão dos núcleos urbanos.

A respeito das bacias dos rios Jaguari e Jacareí, diagnosticou-se padrão de forma predominantemente convexo nos topos e policonvexos nos demais setores das vertentes (segmentos retilíneos e elementos côncavos associados), com grau de entalhamento dos vales oscilando entre médio e forte e dimensão interfluvial de média a alta (Giroldo, 2008). Estas características associadas às características dos solos classificam estas unidades como muito suscetíveis a processos erosivos (Carta morfológica em anexo).

Em escala de maior detalhe, são apresentadas as cartas morfológica e de uso do solo da sub-bacia do Rio Jacareí no município de Joanópolis, área que abrange o percurso realizado ao longo do presente trabalho de campo (Soares, 2008).

Giroldo (2013) evidenciou parâmetros de degradação física do solo a partir do pisoteio de gado e geração de terracetes (creeping) e, associadamente a estes, escorregamentos rotacionais e ravinamentos. A autora, num inventário de formas erosivas da bacia do Jaguari, evidenciou a forte relação entre cortes ou aterros de estrada e a presença de formas erosivas pluviais, tais como sulcos e ravinas e, em alguns casos, movimentos de massa.

BIBLIOGRAFIA E CARTOGRAFIA DE APOIO

Estado de São Paulo/SICCT/IPT. 1981. Mapa Geológico do Estado de São Paulo (vol. Texto/Carta). São Paulo, IPT.

Estado de São Paulo/SMA/CPA/FF, 1998. Entre Serras e Águas - Plano de Desenvolvimento Sustentável para a Área de Influência da Duplicação da Rodovia Fernão Dias. São Paulo, SMA.

Estado de São Paulo/SRH/SABESP. 1996. Ecossistema São Paulo / Abastecimento de Água na Região Metropolitana. São Paulo, SABESP/SRH.

Estado de São Paulo/SENI/CAR/IGC. 1980. Carta de Utilização da Terra do Estado de São Paulo / 1:25000. (Folhas de Guaratinguetá, Santos, São Paulo e Campinas). São Paulo, IGC.

Estado de São Paulo/IBGE. (datas diversas). Mapa Topográfico do Estado de São Paulo / 1:25000. (Folhas de Guaratinguetá, Santos, São Paulo e Campinas). São Paulo, IBGE.

Estado de São Paulo/SSE/SABESP. 2007. Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo, SSE/SABESP.

BISTRICHI, C. A. 2000. Mapa Geológico / 1:25000 in Análise Estratigráfica e Geomorfológica do Cenozóico da Região de Atibaia - Bragança Paulista, 2001, Rio Claro, Unesp.

GIROLDO, L.(2008). Formas erosivas em região de mananciais da Grande São Paulo-

Levantamento e avaliação de média escala nas bacias hidrográficas dos rios Jaguari e Jacareí.

2008. Trabalho de Graduação Individual. São Paulo. USP.

GIROLDO,L. (2013) Terracetes de pisoteio de gado e mudanças morfo-pedológicas em vertente

amostral na bacia hidrográfica do rio Jacareí, Serra da Mantiqueira-SP. Dissertação de Mestrado.

DG FFLCH USP ( prelo)

RODRIGUES et all (2006) Guia de Excursão. Sistemas Geomorfológicos e Impacto da

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RODRIGUES,C. On Anthropogeomorphology. IAG Regional Conference on Geomorphology. Rio

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SOARES, F. P. 2008. Cartografia Morfológica de Detalhe e Intervenções Antrópicas no Alto Jacareí: subsídios à Avaliação da Degradação Ambiental do Sistema Cantareira. São Paulo, USP.

WHATELY, M. 2007. Cantareira 2006: um olhar sobre o maior manancial de água da Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo, Instituto Socioambiental.

Colaboração: Marisa Fierz, Larissa Giroldo, Rodolfo Luz, Yuri Veneziani, Juliana Montavani,

Helga Grigorowitschz.

Monitores: Juliana Mantovani, Maria Carolina Villaça Gomes, Lucas Gonzaga Santos, Iury

Tadashi e André Mari Vianna.