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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA ATIVIDADE FÍSICA ALIPIO RODRIGUES PINES JUNIOR Atividade física como opção de lazer: uma análise acerca dos jovens participantes do programa “SESC Verão” SÃO PAULO 2016

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA ATIVIDADE FÍSICA

ALIPIO RODRIGUES PINES JUNIOR

Atividade física como opção de lazer: uma análise acerca dos jovens participantes do programa “SESC Verão”

SÃO PAULO 2016

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ALIPIO RODRIGUES PINES JUNIOR

Atividade física como opção de lazer: uma análise acerca dos jovens participantes do programa “SESC Verão”

Dissertação apresentada à Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Atividade Física. Versão corrigida contendo as alterações solicitadas pela comissão julgadora em 14 de março de 2016. A versão original encontra-se em acervo reservado na Biblioteca da EACH/USP e na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP (BDTD), de acordo com a Resolução CoPGr 6018, de 13 de outubro de 2011. Área de Concentração: Atividade física, saúde e lazer Orientador: Prof. Dr. Ricardo Ricci Uvinha

SÃO PAULO 2016

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

CATALOGAÇÃO-NA-PUBLICAÇÃO (Universidade de São Paulo. Escola de Artes, Ciências e Humanidades. Biblioteca)

Pines Junior, Alipio Rodrigues Atividade física como opção de lazer : uma análise acerca dos jovens

participantes do programa “SESC Verão” / Alipio Rodrigues Pines Junior, orientador, Ricardo Ricci Uvinha. – São Paulo, 2016 126 f.: il.

Dissertação (Mestrado em Ciências) - Programa de Pós-

Graduação em Ciências da Atividade Física, Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Versão corrigida

1. Atividade física. 2. Jovens. 3. Adolescentes. 4. Lazer. 5. SESC. I. Uvinha, Ricardo Ricci, orient. II. Título

CDD 22.ed. – 796.01

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Dedico esta obra à minha família, aos meus amigos e aos gestores e jovens participantes do SESC Verão.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer à Escola de Artes, Ciências e

Humanidades da Universidade de São Paulo pela infraestrutura física e intelectual

posta à minha disposição durante o período de estudos da pós-graduação.

Agradeço a toda equipe do Programa de Pós-Graduação em Ciências da

Atividade Física (secretaria, docentes, coordenação) pelos esforços despendidos na

busca pela excelência na formação acadêmica e profissional de nós, estudantes. Em

especial, agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Ricardo Ricci Uvinha, cujos

esforços, orientações, dedicação e disposição tornarão possível a conclusão deste

trabalho.

Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES) pela concessão da Bolsa do Programa de Demanda Social (DS), que foi

fundamental para dar suporte aos estudos no programa e conclusão do mestrado.

Agradeço à banca examinadora, composta pelas Prof. Dra. Silva Amaral e

Prof. Dra. Juliana Rodrigues, que dispuseram de tempo e atenção para ler, analisar

e sugerir melhoras ao trabalho.

Agradeço à Gerência de Desenvolvimento Físico-Esportivo (GDFE) do SESC

São Paulo, assim como todos os funcionários e os jovens participantes do “SESC

Verão” das unidades Belenzinho e Itaquera, que possibilitaram que a pesquisa fosse

realizada e me receberam de braços abertos.

Finalizando, agradeço aos meus familiares pelo apoio dado, à minha esposa

e mãe de minha filha, fontes de inspiração e força eterna, e aos meus amigos

pessoais e do curso, que me ajudaram a superar as dificuldades encontradas

durante esses dois anos de estudos.

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RESUMO

PINES JUNIOR, Alipio Rodrigues. Atividade física como opção de lazer: uma análise acerca dos jovens participantes do programa “SESC Verão”. 2016. 126 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Atividade Física) – Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Versão Corrigida.

Os jovens brasileiros estão passando por uma situação inédita: mais da metade da população desta faixa etária está acima do peso considerado ideal. Isso ocorreu devido a diversos fatores, como a não priorização da prática de atividade física, por conta de outros interesses, como trabalho ou estudo. Nota-se com isso que diversas iniciativas têm sido tomadas para combater esse quadro alarmante. Dentre elas, há os programas que visam estimular a atividade física nos momentos de lazer desses jovens. Porém, será que tais programas contribuem para a incorporação da atividade física como opção de lazer no cotidiano dos jovens? Tendo este problema em vista, o presente trabalho tem como tema a atividade física e o lazer, e como objeto os jovens participantes do programa “SESC Verão”. Seus objetivos são estudar o interesse dos jovens entre 12 e 18 anos pela atividade física como opção de lazer, e verificar a influência do “SESC Verão” no estímulo da prática de atividade física de jovens. Como categorias teóricas foram estabelecidas as relações entre algumas características da juventude e o lazer, o interesse físico-esportivo do lazer e sua interface com os jovens e os equipamentos específicos de lazer e o Serviço Social do Comércio (SESC). Enquanto procedimentos metodológicos foram adotados dois momentos. No primeiro foi feita uma revisão bibliográfica sobre os temas abordados nas categorias teóricas. No segundo foi adotada uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório, com a aplicação de roteiro de entrevista focalizada, durante o mês de janeiro, com jovens participantes do programa “SESC Verão” na edição de 2016, nas unidades Belenzinho e Itaquera, e gestores ligados à organização do programa. Cada edição do programa possui um tema norteador, que são organizados por ciclos, sendo que o atual vai de 2012 a 2016. Esta edição teve o tema “Qual o esporte que te move?”, apresentando os esportes olímpicos e difundindo e valorizando as modalidades paralímpicas, no ano em que o Brasil sediará uma edição de ambos os jogos. A amostra foi não-representativa, com critério de escolha por conveniência, com o número de entrevistados definidos pela saturação de dados. Através da análise das entrevistas realizadas, confrontadas com as informações obtidas através do levantamento bibliográfico realizado, pode-se dizer que os jovens possuem interesse pela atividade física como opção de lazer, embora ela não seja prioritária, e sua prática visa o divertimento e a descontração. O “SESC Verão” possui diversos atributos que o torna atraente aos jovens, entre eles, a programação oferecida, a infraestrutura e os instrutores nas atividades, o que faz com que eles prefiram praticar atividades físicas no SESC. Tais elementos dão ao programa um potencial transformador da realidade dos jovens, mostrando diferentes práticas de atividade física que possam ser incorporadas em seu cotidiano.

Palavras-chave: Adolescente. Atividades de Lazer. Atividade Física. Centros de Convivência e Lazer.

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ABSTRACT

PINES JUNIOR, Alipio Rodrigues. Physical activity as a leisure option: an analysis of the young participants of the “SESC Verão” program. 2016. 126 f. Dissertation (Master’s Degree in Physical Activity Sciences) – School of Arts, Sciences and Humanities, University of Sao Paulo, Sao Paulo, 2016. Corrected Version.

Young Brazilians are going through an unprecedented situation: more than half the population of this age group is overweight. This was due to several factors, such as non prioritization of physical activity owing to other interests, such as work or study. It was noted that several initiatives have been taken to combat this alarming situation. Among them, there are programs that aim to promote physical activity in leisure time of these young people. But is that such programs contribute to the incorporation of physical activity as a leisure option in the daily lives of young people? With this problem in mind, this paper has as its themes physical activity and leisure and as its object the young participants of the “SESC Verão” program. Its aims are to study the interest of young people between 12 and 18 years for physical activity as a leisure option and to verify the influence of “SESC Verão” in stimulating the physical activity practice of young people. As theoretical categories were established the relations between some youth characteristics and leisure, physical-sporting interest of leisure and its interface with the young people and the leisure equipments and the Social Service of Commerce (SESC). As methodological procedures, were adopted two moments. At first it was made a bibliographic review based on the topics covered in theoretical categories. In second it was adopted a qualitative research with the application of semi-structured interviews, during January, among young participants of the 2016 “SESC Verão” edition, in Belenzinho and Itaquera units, and managers linked to this program’s organization. Each edition of the program has a central theme, which is organized by cycles, and the current goes from 2012 to 2016. This edition had the theme “What is the sport that move you?”, presenting the Olympic sports and disseminating and enhancing the Paralympic modalities, in the year that Brazil will host an edition of both games. The sample was unrepresentative, chosen by convenience, with the number of interviews defined by data saturation. By analyzing the interviews, confronted with the information obtained through the bibliographic survey, it can be said that young people have an interest in physical activity as a leisure option, though it is not a priority, and its practice is aimed at amusement and casualness. The “SESC Verão” program has several attributes that make it attractive to young people, among them, the programming, the infrastructure and the instructors in the activities, which make them prefer to practice physical activity at SESC. These elements give the program a transformative potential of the young people’s reality, showing them different physical activities that can be incorporated into their daily lives.

Keywords: Adolescent. Leisure Activities. Physical Activity. Centers of Connivance and Leisure.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 09 2. REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................. 15 2.1 ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA JUVENTUDE E SUAS RELAÇÕES COM O LAZER.................................................................................................... 15 2.2 O INTERESSE FÍSICO-ESPORTIVO DO LAZER E SUA INTERFACE COM OS JOVENS.............................................................................................. 25 2.3 EQUIPAMENTOS ESPECÍFICOS DE LAZER E O SESC............................ 30 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................................ 39 4. DISCUSSÃO DOS DADOS............................................................................. 46 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 68 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 71 APÊNDICES......................................................................................................... 76 APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO................................................................................................... 76 APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS JOVENS.............................................................................................................. 78 APÊNDICE C – ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS GESTORES......................................................................................................... 79 APÊNDICE D – ENTREVISTAS DOS JOVENS.................................................. 80 APÊNDICE E – ENTREVISTAS DOS GESTORES............................................ 94 ANEXOS.............................................................................................................. 109 ANEXO A – AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA DO SESC SÃO PAULO................................................................................................................. 109 ANEXO B – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP.................................. 110 ANEXO C – PROGRAMAÇÃO “SESC VERÃO 2016” DA UNIDADE BELENZINHO...................................................................................................... 113 ANEXO D – PROGRAMAÇÃO “SESC VERÃO 2016” DA UNIDADE ITAQUERA.......................................................................................................... 119

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1. INTRODUÇÃO

A população jovem brasileira está passando por um momento histórico

inédito. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE, 2012), a população brasileira conta com 24.033.747 (vinte e quatro milhões

trinta e três mil setecentos e quarenta e sete) pessoas com idade entre 12 a 18

anos. Deste total, 51% (cinquenta e um por cento) dos jovens brasileiros se

encontram em situação de excesso de peso ou de obesidade (IBGE, 2010).

Um estudo realizado pelo Ministério do Esporte (BRASIL, 2015), chamado

Diagnóstico Nacional do Esporte, evidenciou que 45,9% dos brasileiros são

sedentários. Neste levantamento, foi informado que na faixa etária entre 15 e 19

anos, o percentual de pessoas que se declararam sedentários corresponde a 32,7%,

e quanto maior a faixa etária, maior o percentual de sedentarismo, chegando a

64,4% na faixa entre 65 a 74 anos.

Ao questionar as pessoas que não praticam esportes e/ou atividade física, se

elas tinham consciência dos riscos da vida sedentária, as respostas mostraram que

somente 16,9% não tinham conhecimento dos riscos; 12% sabem dos riscos, mas

não gostam de praticar esportes e/ou atividade física; 5,5% responderam sim, mas

dizem que não têm condições financeiras para a prática. O mais alarmante são as

duas respostas a seguir: 27,2% sabem dos riscos, mas afirmam que não têm tempo

para a prática, e 35,7% sabem dos riscos, mas não demonstram esforço para a

prática (BRASIL, 2015). Isso mostra que a maioria das pessoas entrevistadas que

não praticam atividade física sabe dos riscos que correm, mas possui um motivo

para não praticar, seja ele tempo, dinheiro ou falta de vontade.

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Outro destaque do Diesporte (BRASIL, 2015) foi a faixa etária em que ocorreu

o abandono ou a interrupção da prática de esporte e/ou atividades físicas. 26,8%

abandonaram até os 15 anos, enquanto 45% abandonou a prática entre 16 e 24

anos. Mas por que isso aconteceu? O grande motivo elencado por 69,8% dos

entrevistados foi a falta de tempo e a dedicação a outras prioridades, como família,

estudos e trabalho.

Neste sentido, uma pesquisa do Instituto Cidadania, conforme comenta

Abramo (2008) apontou que os problemas que mais assolam os jovens são a

segurança/violência (55%), a questão de emprego/profissional (52%), as drogas

(24%), e a educação e a saúde (ambos com 17%). Este dado reflete as prioridades

e as preocupações que os jovens possuem atualmente, e a saúde é uma questão

que interessa, mas não está entre os três primeiros fatos conflitantes.

Isso pode ser reforçado quando se analisa o estrato socioeconômico dos

jovens brasileiros (BRASIL, 2013): 29% estão nos estratos baixos (extremamente

pobre, pobre ou vulnerável), enquanto 49% se encontram em estratos médios

(baixo, médio e alto estrato médio) e 11% nos estratos altos (baixo e alto estrato

alto). Tendo em vista este cenário ratifica-se a preocupação dos jovens perante a

segurança/violência e emprego como prioridades.

Como se a questão dos interesses e anseios dos jovens não fosse suficiente,

ainda é possível questionar: será que não existem equipamentos esportivos para

garantir a prática de atividade física para a população? Em uma pesquisa do IBGE

(2015) sobre o perfil cultural dos estados e municípios brasileiros, foi visto que há

estádio ou ginásio em 91,5% dos municípios e há clubes ou associações esportivas

em 66,1%. Partindo desse dado, pode-se inferir que há equipamentos esportivos

para o uso da população nas regiões pesquisadas.

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Contudo, não se deve ater ao fato de que há equipamentos, mas também ao

fato de como eles são geridos. Em um estudo coordenado por Stoppa (2011) sobre

a gestão de espaços e equipamentos de esporte recreativo e de lazer em Ermelino

Matarazzo (Zona Leste da cidade de São Paulo) foram evidenciadas diferentes

formas de gestão aos equipamentos públicos, como ruas de lazer e Clubes da

Comunidade (CDCs), mas que revelaram uma realidade: a ausência e afastamento

do poder público em quase a totalidade dos casos, o que leva a uma subutilização

destes espaços.

Nota-se que foi despertada uma preocupação decorrente deste processo de

mudança da composição corporal dos jovens brasileiros. Isso pode ser evidenciado

pela alta veiculação de programas preocupados com o estilo de vida e o bem estar

da população, além de campanhas em prol da atividade física. Um caso é o slogan

utilizado pelo Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2014): “com

obesidade infantil não dá para brincar”. Isso demonstra uma preocupação com a

faixa etária que antecede a adolescência, para que tal enfermidade não chegue a

eles.

Outro fato importante para o estímulo à prática de atividade física e esportes

na adolescência é que isso “[...] é parte integrante e necessária para a prevenção de

diversos agravos à saúde, além de ser importante para o pleno desenvolvimento e

exercer efeitos psicossociais positivos” (GARCIA; FISBERG, 2011)

Diante deste panorama, verifica-se a importância da prática de atividade física

na qualidade de vida das pessoas. E como Garcia e Fisberg (2011, p. 164) apontam,

“investimentos e intervenções que ajudem adolescentes a superar as barreiras e

aumentem a sua predisposição para a prática de atividades físicas [...] são

justificáveis e devem ser incentivados”.

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Iniciativas de diversas escalas são realizadas para promover a atividade física

em momentos de lazer da população. Contudo, enquanto delimitação do problema

neste trabalho, pergunta-se se os programas de incentivo à prática de atividade

física contribuem para a sua incorporação como opção de lazer no cotidiano dos

jovens?

Pensando nisso, o tema deste trabalho será a atividade física e o lazer, tendo

como objeto investigado os jovens participantes do programa “SESC Verão 2016”. O

público jovem foi escolhido como objeto pelo fato de ser um público menos

sedentário, de acordo com as informações do Diesporte (BRASIL, 2015).

Considerando a atividade física como opção de lazer, ela encontra-se classificada

como um interesse físico-esportivo do lazer. Então, para estudar melhor o tema

proposto, foi escolhido o SESC, local que foi projetado para contemplar todos os

interesses do lazer no mesmo estabelecimento, coerente com a teoria sobre os

conteúdos culturais do lazer que será analisada a seguir.

Com o intuito de saber se há algum estudo com temática semelhante à dada

neste trabalho, procurou-se em bases de dados, como o SciELO1, verificando artigos

e periódicos. Foram pesquisadas as palavras-chave “atividade física”, “lazer” e

“adolescente”, e foram encontrados dois artigos. Um dos artigos abordava a validade

e reprodutibilidade de um questionário (Self-Administered Physical Activity Checklist)

para medida de atividade física em adolescentes, não se encaixando com a temática

abordada nesta pesquisa.

O outro artigo é referente a barreiras relatadas por adolescentes em um

ambulatório de Educação Física de serviço de saúde de São Paulo para praticar

1 A escolha da base de dados SciELO (Scientific Eletronic Library Online) se deu pelo fato de ser uma

biblioteca eletrônica que abrange uma coleção de periódicos científicos, sendo uma das principais bases de dados relacionada à temática deste trabalho.

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atividade física (GARCIA; FISBERG, 2011). Em suas discussões e resultados há

dados que foram utilizados para dar suporte a alguns debates deste trabalho.

Ao realizar a pesquisa na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD)2,

com as mesmas palavras-chave, foram encontrados trinta e cinco documentos.

Contudo, ao refinar o resultado da pesquisa com as três palavras-chave, restou

apenas uma tese.

Esta tese, escrita por Bezerra (2015), foi um estudo comparativo de dois

inquéritos epidemiológicos transversais de base escolar e abrangência estadual

(2006 e 2011) sobre a prática de atividade física no lazer, o atendimento à

recomendação de prática de atividade física de trezentos minutos por semana e à

exposição a comportamentos sedentários por tempo igual ou maior que três horas

por dia e os fatores associados a essas condutas em adolescentes com faixa etária

entre 14 e 19 anos do Estado de Pernambuco.

Já Sposito (2009, p. 29) evidenciou em sua obra, analisando o Estado da Arte

sobre juventude na pós-graduação nas áreas de educação, serviço social e ciências

sociais, entre o período de 1999 e 2006, que “os jovens e as substâncias

psicoativas, ao lado de temas como corpo, esportes e meio ambiente são também

pouco estudados no interior da produção discente das três áreas” (grifos da autora).

Outro apontamento da autora mostra que, dentre as temáticas menos

abordadas nos estudos, mas que possuem eixos importantes, “[...] estão situados,

também, os estudos sobre o tempo livre, lazer e consumo (de bens materiais ou

simbólicos)” (SPOSITO, 2009, p. 30).

Após estas verificações, pode-se constatar que o presente estudo terá sua

contribuição acadêmica, pois abordará a temática da relação entre jovens e

2 A escolha da pesquisa na BDTD se deu pelo fato de que nesta base de dados é possível encontrar

as dissertações e teses originais, sem adaptações para possíveis publicações.

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atividades físicas no lazer sob um ponto de vista diferente dos estudos realizados

até o momento.

Este estudo possui dois objetivos, sendo o principal estudar o interesse dos

jovens pela atividade física como opção de lazer, e o específico verificar a influência

do “SESC Verão” no estímulo da prática de atividade física de jovens.

Esta pesquisa está dividida em etapas, sendo elas o referencial teórico inicial,

utilizado como ponto de partida para a construção deste projeto. Dentro dos itens

teóricos foram tratados os temas “juventude e lazer”, mostrando a dificuldade de se

definir o que é ser jovem, a interferência de um grupo para este jovem, e como esse

jovem se relaciona com as práticas de lazer.

Em seguida, o tema abordado foi “interesses físico-esportivos do lazer”,

evidenciando sua importância e aceitação por parte dos jovens; e, por último, o tema

“equipamentos específicos de lazer” foi visto, com ênfase dada aos equipamentos

específicos, com foco nos equipamentos polivalentes grandes, ou

macroequipamento polivalente de lazer, relacionando esta classificação com o

Serviço Social do Comércio (SESC), objeto da pesquisa de campo.

Na sequência do trabalho foram expostos os procedimentos metodológicos

adotados para a realização desta pesquisa, assim como suas limitações. Depois

foram expostas as discussões dos resultados, oriundo da análise das entrevistas

coletadas junto ao público-alvo da pesquisa e o confronto com as informações

obtidas na revisão de literatura, finalizando com as considerações finais, os

apêndices e os anexos do trabalho.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA JUVENTUDE E SUAS

RELAÇÕES COM O LAZER

Neste primeiro item será discutida a relação entre os jovens e o lazer. Para

isso, faz-se necessário discutir o período da juventude. Afinal, o que é ser jovem?

Ser jovem é apenas estar dentro de um determinado período ou faixa etária, ou

pode ser considerado um estado de espírito? E como relacionar essa temática com

o lazer?

Sposito (2009, p. 17-18) aponta que a temática da juventude em estudos no

Brasil teve maior visibilidade nos quinze últimos anos, e que “uma das questões

mais importantes [...] reside nas imprecisões que delimitam a condição juvenil na

contemporaneidade: quando começa ou termina a juventude?”.

A fase da juventude ou adolescência é um período que o indivíduo passa por

transformações em sua identidade. Edginton, Kowalski e Randall (2005, p. 01)

ponderam que “[...] youth represent a complex social, cultural, political, and

economic phenomenon [...]”. Neste contexto, os autores explanam que a juventude é

uma fase distinta na vida de uma pessoa, e que os jovens vivem em um mundo

separado: um tempo e lugar com sua própria cultura, que oferece oportunidades

significativas para estes jovens criarem suas identidades, aprender habilidades vitais

necessárias, expandir seus horizontes, encontrar suas vocações e desenvolver suas

bases para a vida adulta.

Reforçando a ideia apresentada pelos autores, Becker (1986, p. 12-13)

chama a atenção ao fato de que:

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[...] o adolescente se encontra em uma sociedade contraditória e cuja complexidade gera muita confusão na sua cabeça. Ele se defronta hoje com uma cultura em intensa mutação, valores velhos e decadentes se contrapondo a novas ideias e conceitos, sem que haja sequer tempo para sua assimilação.

Assim, pode-se dizer que o adolescente encontra-se num momento transitório

entre a idade adulta e a infância, cuja faixa etária em que isso ocorre é difícil de ser

especificada, pois depende de aspectos individuais. Tais aspectos envolvem

variáveis corporais, como a altura e mudanças hormonais, e comportamentais, como

a mudança de hábitos (BECKER, 1986).

Justamente por esta transição depender de aspectos individuais é que alguns

autores discutem a utilização do termo “juventude”. Esse é um panorama ressaltado

por Abramo (2008, p. 43-44):

Se há tempos atrás todos começavam seus textos a respeito do tema juventude citando Bourdieu, alertando para o fato de que “juventude” podia esconder uma situação de classe, hoje o alerta inicial é o de que precisamos falar de juventudes, no plural, e não de juventude, no singular, para não esquecer as diferenças e desigualdades que atravessam esta condição (grifos da autora).

Partindo da reflexão da autora pode-se notar que há juventudes dentro de

uma juventude, ou seja, dentro de um mesmo ambiente, como uma cidade, um

bairro ou mesmo uma residência, os jovens terão características e interesses

diferentes. Como isso se reflete na juventude brasileira?

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Cidadania (2004) sobre o perfil da

juventude brasileira trouxe alguns apontamentos sobre as melhores e as piores

coisas de ser jovem. As respostas acerca das melhores coisas em ser jovem,

listadas pelos entrevistados, podem ser vistas no gráfico 01 abaixo:

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Gráfico 01: Quais são as melhores coisas de ser jovem?

Fonte: Instituto Cidadania, 2004.

Não ter responsabilidades (45%), aproveitar a vida/viver com alegria (40%),

poder participar de atividades de lazer/entretenimento (26%), estudar/adquirir

conhecimentos (26%) e ter liberdade (22%) foram as cinco melhores coisas em ser

jovem listadas.

Gráfico 02: Quais são as piores coisas de ser jovem?

Fonte: Instituto Cidadania, 2004 (grifos dos autores).

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Entre as piores coisas de ser jovem, como pode ser observado no gráfico 02,

as cinco opções mais escolhidas foram: não tem nada de ruim (26%), conviver com

riscos, como drogas, violência e más companhias (23%), falta de liberdade, devido

ao controle familiar e impedimentos por ser menor de idade (22%), falta de

trabalho/renda (20%) e imaturidade/irresponsabilidade (9%) (INSTITUTO

CIDADANIA, 2004).

Tais dados vão ao encontro da fala dos autores mencionados anteriormente,

que mostra que a fase da juventude é algo complexo. Abramo (2008) fala sobre a

noção de condição juvenil, apontando que:

A noção de condição juvenil remete, em primeiro lugar, a uma etapa do ciclo de vida, de ligação (transição, diz a noção clássica) entre a infância, tempo da primeira fase de desenvolvimento corporal (físico, emocional, intelectual) e da primeira socialização, de quase total dependência e necessidade de proteção, para a idade adulta, em tese a do ápice do desenvolvimento e de plena cidadania, que diz respeito, principalmente, a se tornar capaz de exercer as dimensões de proteção (sustentar a si próprio e a outros), reprodução (gerar e cuidar dos filhos) e participação (nas decisões, deveres e direitos que regulam a sociedade) (ABRAMO, 2008, p. 40-41).

Notadamente, todos os seres humanos deveriam passar por esta fase.

Contudo, será que todos passam por ela num mesmo momento, determinado por

uma faixa etária específica? Como Edginton, Kowalski e Randall (2005) apresentam,

há diversas definições clássicas atrelando a adolescência como sendo um período

de tempo entre a infância e a idade adulta.

Porém, como ressalta Abramo (2008, p. 41), “é forçoso, embora repetitivo,

lembrar que os conteúdos, a duração e a significação social destes atributos das

fases da vida são culturais e históricos, e que a juventude nem sempre apareceu

como etapa singularmente demarcada”. Por isso se torna tão difícil especificar

quando se inicia ou termina o período da juventude ou adolescência.

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A dificuldade em determinar a faixa etária do período da adolescência causa

até divergências entre diversos órgãos. Para a Organização Mundial da Saúde

(OMS), órgão de projeção mundial, o jovem ou o adolescente é aquele indivíduo que

se encontra entre seus 10 e 19 anos de idade (WHO, 2015). Confrontando este

dado, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), legislação

vigente em âmbito nacional, o artigo 2º diz que o período da adolescência é

compreendido entre 12 anos completos e 18 anos incompletos (BRASIL, 1990).

Outro fato que dificulta a universalização desse período é a influência do meio

ambiente em que a pessoa está inserida. Dependendo dos estímulos recebidos no

ambiente, a pessoa irá manifestar características diferentes. Assim, o final da faixa

etária da adolescência “[...] está cada vez mais difícil de ser identificado, por ser

esse fato característico de cada sociedade” (UVINHA, 2001, p. 04).

Uma contribuição interessante para a discussão acerca da determinação de

uma faixa etária é feita por Pais (2009, p. 372), quando diz que “De facto, há uma

grande variabilidade na determinação das fronteiras entre as várias fases da vida, a

ponto de em algumas comunidades nem sequer fazer sentido a contagem de anos”.

Para exemplificar sua afirmação, o autor traz o caso dos Tuareg, uma tribo nômade

da Nigéria, a qual não existe contagem dos anos de vida de seus integrantes.

Corroborando com essa discussão, Becker (1986) mostra que, mesmo dentro

de uma mesma cultura, um grupo pode ter características divergentes em relação a

outro. E, mesmo dentro de um mesmo grupo, pode haver indivíduos com

características diferentes.

Ainda quanto à influência do meio, Stoppa e Delgado (2006) sugerem que,

para caracterizar o jovem, é necessário analisar suas relações entre “[...] o mundo

adulto e na distância que ele mantém com o universo infantil” (p. 66). Podem-se

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analisar, inclusive, as atividades de lazer que a juventude possui preferência, pois

elas propiciam, para os jovens, um momento de experimentação de novos valores.

Informação semelhante é trazida por Brenner, Dayrell e Carrano, que

constatam:

É principalmente nos tempos livres e nos lazeres que os jovens constroem suas próprias normas e expressões culturais, ritos, simbologias e modos de ser que os diferenciam do denominado mundo adulto. [...] é preciso considerar o lazer como tempo sociológico no qual a liberdade de escolha é elemento preponderante e que se constitui, na fase da juventude, como campo potencial de construção de identidades, descoberta de potencialidades humanas e exercício de inserção efetiva nas relações sociais (BRENNER; DAYRELL; CARRANO, 2008, p. 176).

Vale salientar aqui que o jovem está numa situação delicada, pois, conforme

Becker (1986) remete, é comum o jovem não realizar algumas ações por ser

considerado muito novo, enquanto que em outras situações ele é limitado por ser

considerado velho demais, gerando um conflito interno dentro do adolescente, pois

as informações dadas parecem contraditórias.

Dentro desta perspectiva, Pais (2009, p. 373) aponta que “[...] temos assistido

a uma crescente reversibilidade das trajectórias para a vida adulta

(emprego/desemprego; casamento/divórcio; abandono/retorno à escola ou família de

origem) [...]” (grifo do autor), mostrando que existem determinadas ações ou atitudes

notoriamente determinadas como pertencentes do mundo adulto, e que, quando

uma pessoa as realiza, deixa de ser jovem e se torna adulto.

Considerou-se neste trabalho que ser jovem transcende a limitação etária, e

está mais vinculado às atitudes e relações que a pessoa estabelece com o mundo.

Contudo, para fins de aplicação da pesquisa de campo, melhor explicada nos

procedimentos metodológicos, adotou-se a definição do ECA de adolescente (sujeito

entre 12 anos completos e 18 anos incompletos).

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Sobre as características desta fase, Edginton, Kowalski e Randall (2005)

abordam o conceito de “cultura jovem”, que pode ser definida como os símbolos,

crenças e comportamentos únicos, assim como diferentes regras e normas que

representam os jovens dentro da sociedade. Outhwaite e Bottomore (1996, p. 167)

podem ser utilizados aqui para auxiliar na complementação da informação anterior,

mostrando que “A cultura jovem mais ampla – às vezes chamada de cultura jovem

‘generalizada’, ‘de massa’ ou ‘pop’ - [...] gira em torno da adoção de certas ondas,

modas, buscas de lazer e estilos de vida [...]” (grifo do autor).

As escolhas e experimentação de novos valores é característica do período

da juventude. Vinculado a isso surgiu a expressão “imagem jovem”. O que vem a ser

tal imagem? Para Uvinha, ela está vinculada às características dos jovens, como a

beleza, a felicidade, ser saudável, ter liberdade, entre outras. Ainda segundo o autor,

a “imagem jovem” vem sendo utilizada na área do marketing e da publicidade e

propaganda para atrair consumidores, vinculando os valores da marca aos dos

jovens supracitados (UVINHA, 1996).

Isso pode ser visto também na “cultura jovem”, já que a:

Youth culture significantly impacts the market economy, playing a vital role in the production, distribution and sales of goods and services. Each year, advertisements and sales campaigns target the youth culture for potential investments in whatever product is publicized (EDGINTON; KOWALSKI; RANDALL, 2005, p. 12).

Reforçando a ideia de utilização dessa imagem ou cultura para fins

mercadológicos, foram criados produtos especialmente para este público-alvo ou

com a publicidade voltada para eles (BECKER, 1986). A criação de produtos

destinada a este público-alvo se justifica pelo fato de, entre outros fatores, o

pensamento, o raciocínio, a formulação da identidade e os padrões e atitudes no

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lazer serem muito influenciados durante a adolescência (EDGINTON; KOWALSKI;

RANDALL, 2005).

Tendo em vista tais características, como podemos relacioná-las ao lazer?

Será que a “imagem jovem” interfere na escolha das práticas de lazer?

Os jovens possuem a tendência de estabelecerem relações mais fortes com

atividades desafiadoras, que põe à prova seus limites, que eles tentam superar. Não

é diferente nas atividades de lazer, como é evidenciado por Stoppa e Delgado

(2006, p. 68): “atividades esportivas e de aventura agradam aos jovens, pois a

questão do desafio e da superação dos limites é uma característica dessa fase da

vida. [...] Jogos com regras complexas que desafiam o jovem também costumam ter

êxito”.

Este fato foi observado em pesquisa anterior (PINES JUNIOR, 2008), que

durante as entrevistas feitas com jovens, todos apontaram realizarem uma atividade

física nas horas de lazer, e entre as atividades mais comuns estão os esportes

coletivos, sendo o mais citado o futebol.

Todavia, será essa uma realidade nacional? Brenner, Dayrell e Carrano

(2008), ao comentar os resultados da pesquisa do perfil da juventude brasileira do

Instituto Cidadania, mostra que, aos finais de semana, o interesse dos jovens está

mais voltado para atividades de lazer e entretenimento (45% dos entrevistados), na

qual o destaque fica para sair com os amigos, namorar e passear. Na sequência,

22% dos jovens preferem realizar atividades dentro de casa, como ver televisão,

ouvir música e ficar descansando. Depois, em terceiro lugar, com 18%, aparece a

prática de atividades esportivas, com destaque para o futebol.

Durante a semana, o panorama não muda muito. Em primeiro lugar aparecem

as atividades dentro de casa (ver televisão, ouvir música, dormir e ficar

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descansando), com 59% da preferência dos jovens. Já em segundo ficaram as

atividades de lazer e entretenimento (sair com os amigos, namorar/paquerar e

passear), indicadas por 15% dos jovens. Em terceiro lugar vem as atividades

escolares e atividades esportivas, ambas com 6% (BRENNER; DAYRELL;

CARRANO, 2008).

Estes dados podem ser complementados com o gráfico 03, feito a partir do

estudo do Instituto Cidadania (2004), que segue abaixo:

Gráfico 03: Quais atividades os jovens costumam realizar durante a semana e aos finais de semana?

Fonte: Instituto Cidadania, 2004.

No gráfico 03 é possível perceber que, tanto durante a semana quanto aos

finais de semana, os jovens brasileiros possuem interesses diversos, que

preponderam perante as atividades físicas. Assistir televisão, encontrar amigos,

ouvir rádio, ajudar em tarefas em casa, falar no telefone e namorar são as principais

atividades em ambas as situações, somente alternando de posições. Durante a

semana, jogar futebol está na 11º posição, e nos finais de semana na 8º, enquanto

que praticar algum outro esporte ficou em 12º lugar, e nos finais de semana no 11º

lugar.

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A partir desses dados nota-se que os jovens brasileiros possuem outras

preferências de atividades em seu momento de lazer, que não necessariamente são

as atividades esportivas. Será que tal realidade é muito diferente de outros países,

por exemplo?

Alguns autores internacionais se debruçaram em estudar os hábitos de lazer

das pessoas em diversos países no mundo, e alguns estudos foram voltados para

os adolescentes. Na Austrália, as atividades com mais prioridade semanal de jovens

entre 14 e 19 anos foram assistir televisão (98,5%), ouvir música (81,1%), ouvir rádio

(80,5%), visitar parentes/amigos (71,8%) e ler (67,7%). Exercitar-se e nadar na

piscina de casa apareceram como oitava e nona opção, com 53,7% e 45%,

respectivamente (VEAL, 2005).

Na Finlândia, quando se analisou as faixas etárias entre 10 e 14 anos, as

preferências foram ouvir música (96%), ir à biblioteca (94%), fazer esportes no verão

(93%) e fazer esportes no inverno (92%). Já na faixa etária entre 15 e 24 anos, ouvir

música (99%), ler pelo menos um jornal regularmente (97%), fazer esportes no verão

(87%) e ler livros nos últimos 6 meses (86%) foram as atividades mais relatadas

(LIIKKANEN; PÄÄKKÖNEN, 2005).

Samuel (2005) apresenta que na França as atividades mais realizadas por

jovens de 15 a 19 anos são assistir filmes (87%), ler livros (84%), assistir televisão

todos os dias (74%), usar computador para jogar ou se entreter (73%) e jogar cartas

ou outros jogos (72%) Praticar Educação Física ou ginástica foi a décima opção,

com 53% da preferência dos jovens.

Assistir TV, ler revistas/jornais, comer fora, fazer compras e ouvir rádio/CDs

foram as principais atividades citadas pelos adolescentes de 12 a 18 anos de Hong

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Kong. Não houve menção de nenhuma atividade física ou esporte entre as dez

principais atividades listadas (SIVAN; ROBERTSON; WALKER, 2005).

Encerrando este compêndio de autores, Ruskin e Sivan (2005) mostraram

que em Israel, durante as férias de verão, as atividades mais praticadas por

adolescentes entre 15 e 18 anos são ver televisão e ir ao cinema (31%), encontrar

com os amigos (31%), trabalhos de verão (25%), atividades esportivas (24%) e ir a

bares e discotecas (14%).

O que se percebe, a partir dos dados expostos, é um panorama mundial cuja

preferência dos jovens está em atividades mais voltadas para a assistência, como

expectadores, na qual a atitude dos participantes é mais passiva, fisicamente

falando. Embora atividades físicas e esportivas sejam relatadas na maioria dos

casos expostos, não necessariamente elas estão entre as mais preferidas dos

jovens.

Foram vistas, então, algumas características do jovem e fatores que podem

interferir nas suas decisões relacionadas às práticas de lazer. Além dos desafios e

da superação de seus limites, existem outros fatores determinantes para o jovem

escolher sobre o que fazer em seu tempo livre? Com o intuito de verificar tais

fatores, o item a seguir tratará dos interesses físico-esportivos do lazer.

2.2 O INTERESSE FÍSICO-ESPORTIVO DO LAZER E SUA

INTERFACE COM OS JOVENS

O lazer é um campo de estudo muito amplo, o qual possui diversas

discussões teóricas. Uma delas refere-se aos interesses culturais do lazer. Existe

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uma classificação quanto a esses interesses, que os divide em categorias. O autor

francês Joffre Dumazedier (1980) propôs tal divisão entre os interesses culturais do

lazer, sendo um deles o interesse físico-esportivo3. Para o autor (p. 112), os

interesses físicos pressupõem “[...] a participação ativa e voluntária do indivíduo nas

atividades relacionadas com a cultura física [...]”. Além disso, o autor explica que o

interesse físico-esportivo não se limita apenas à prática de exercícios e/ou

atividades físicas.

Concordando com a opinião do autor, Camargo (2003, p. 20) mostra que,

independente da área do lazer, existem três atitudes que podem ser tomadas:

praticar, assistir ou estudar. Tomando como exemplo um jogo de futebol no final de

semana em um encontro entre amigos: o fato de jogar caracteriza o interesse físico-

esportivo, assim como o amigo que não está jogando, mas está assistindo à partida,

junto com outro amigo que está ao seu lado, explicando as regras do jogo. Como o

autor mesmo pondera, é difícil detectar uma atitude isoladamente, sendo mais

comum encontrar a associação de duas delas.

Como dito anteriormente, entre outras possibilidades, as atividades corporais

como um todo estão inseridas nos interesses físico-esportivos do lazer. Bruhns

(1997) lembra que a população busca as atividades corporais com o objetivo de

divertir-se por meio de jogos, esportes, lutas, danças e/ou ginásticas.

De acordo com Isayama (2007), os interesses físico-esportivos são

amplamente divulgados em nossa sociedade, o que pode ser comprovado pelo fato

de que diversas pessoas possuem contato com atividades físicas, seja praticando

(visando à vivência ou à competição), ou mesmo assistindo a jogos diversos. Isso

3 Segundo Dumazedier (1980), os interesses culturais do lazer são: artísticos, manuais, intelectuais,

sociais e físico-esportivos. Colaborando com essa classificação, Camargo (2003) inseriu mais um interesse: o turístico.

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pode ser uma justificativa da preferência das pessoas pelas práticas esportivas em

detrimento a outras.

Quando os interesses físico-esportivos do lazer são abordados como tema de

debate, é comum associá-los somente a prática de esportes. Nota-se, então, a

necessidade de compreendê-lo melhor, envolvendo todas as possibilidades que

abarcam tal interesse (MARCELLINO, 2006).

Ainda segundo o autor, partindo do conhecimento popular e dos estudos

desenvolvidos na área, é possível mudar a concepção dos conteúdos físico-

esportivos do lazer, mostrando que existem outras alternativas, como assistir a

partidas ou jogos, debater sobre ele e criar alternativas para aplicá-lo em outras

situações, como no ambiente escolar, na rua, entre outras alternativas. Lembrando

que, como se trata de atividades de lazer, as escolhas devem ocorrer “[...] de ‘livre’

adesão, e em espaço/tempo disponíveis da esfera das obrigações, o que as

caracteriza como manifestações do lazer” (MARCELLINO, 2006, p. 53, grifo do

autor).

Implica-se haver certa valorização do esporte de alto rendimento assistido

pela população, por meio da televisão (SILVA; SILVA, 2012). Essa vertente do

esporte possui regras rígidas e um caráter competitivo presente. Sendo assim, faz-

se necessário distinguir esses esportes das atividades de lazer.

É importante frisar que as atividades envolvidas neste âmbito possuem suas

próprias regras. Contudo, como comenta Bruhns (1997), tais regras, quando

voltadas para a prática lúdica, devem ser maleáveis, ou seja, as pessoas que

participam dela podem adaptá-las. Isso pode acontecer porque o objetivo maior é o

divertimento, e não o rendimento. As adaptações das regras possibilitam a

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participação de um maior número de pessoas, com diferentes características, desde

gênero, idade, habilidade, entre outras.

A escolha de uma atividade física ou esportiva muitas vezes é influenciada

por uma determinada modalidade ou prática que está evidenciada pelo esporte de

alto nível. Dessa forma, há o risco de “[...] reproduzir, de forma perigosa, aqueles

modelos de prática, em que são exaltados a competição exacerbada e a vitória a

qualquer custo” (ISAYAMA, 2007, p. 39).

Dando continuidade à ideia do autor, isso pode ser prejudicial para o

praticante de atividade física voltada para o lazer, pois no alto rendimento há uma

cobrança excessiva por resultados, com o intuito de melhorá-los em competições.

Esses objetivos não são almejados por este praticante, que busca melhorar sua

qualidade de vida, e utiliza a atividade física como instrumento para tal melhora.

Dessa maneira, Isayama (2007) mostra que é necessário “[...] pensar em modelos

de prática esportiva adequados às peculiaridades dos momentos de lazer” (p. 39).

Voltando ao exemplo dado sobre o time de futebol formado por amigos que

jogam nos finais de semana, pode-se notar outro fator que leva as pessoas a

escolherem alguma atividade física como opção de lazer: estar em grupo, reunido

com os amigos. Camargo (2003, p. 21) expõe que, dentro dos interesses físico-

esportivos, há uma influência muito forte deste fator chamado de associativismo.

Apoiando a ideia do associativismo presente nas atividades físico-esportivas,

Marcellino (2006) reforça a discussão, mostrando que esse fato pode ser

exemplificado em outras situações cotidianas: muitas pessoas procuram as

academias com diversos objetivos, como manutenção da saúde e aumento da

massa muscular, que estão vinculados à atividade física; e convivência em grupo e

fazer novas amizades, objetivos vinculados ao interesse social do lazer.

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Em se tratando do interesse físico-esportivo do lazer, um exemplo arraigado à

cultura brasileira é o futebol. Em seu estudo acerca da assistência aos jogos de

futebol em um bar, Origuela (2014, p. 74) evidenciou que, para os participantes de

sua pesquisa de campo, “[...] os significados de se assistir ao futebol no bar era pelo

prazer de se estar com os amigos, a amizade, a cerveja, confraternizar ou estar em

grupo, e que era muito melhor assistir com os amigos no bar do que sozinho em

casa [...]”. Isso corrobora com os argumentos anteriores acerca do associativismo no

lazer.

Assim, pode-se notar que um dos fatores para escolher uma atividade no

âmbito do lazer é a presença de um grupo. Como podemos relacionar tal fato com

os jovens, discussão feita no item anterior?

Os jovens, em especial, necessitam desse grupo, pois, além de servir como

fonte de motivação para a prática de atividades físicas ou esportivas, “[...] o grupo

[...] ajuda o indivíduo a encontrar a própria identidade” (BECKER, 1986, p. 43). Isso

vem ressaltar a relação entre as atividades físicas e o associativismo.

Além disso, o fato de estar realizando uma atividade da qual o jovem tenha

prazer, junto com seus amigos, eleva sua autoestima. Lee-Manoel (2002, p. 37)

relata que:

Não apenas tem sido proposto que a auto-estima pode ser mudada como resultado do envolvimento em atividades físicas como tem sido sugerido que a alta auto-estima pode também ser um dos fatores de predisposição das pessoas para serem fisicamente ativas.

Contudo, há fatores que restringem a participação dos jovens nas práticas de

atividades físicas e esportivas. Se um adolescente, independente do gênero, tem

uma altura ou um desenvolvimento muscular inferior ao seu colega, ou mesmo se

ele não possui um grau de maturidade sexual semelhante ao do seu grupo, ele pode

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ser marginalizado, excluído das práticas esportivas junto ao seu grupo (BECKER,

1986).

Após a discussão sobre o jovem, participante da atividade de lazer, e os

interesses físico-esportivos, a atividade propriamente dita, surge outra necessidade

de discussão: onde este jovem pode realizar atividades esportivas de lazer? Será

debatido, então, a questão dos equipamentos específicos de lazer, tópico do

próximo item.

2.3 EQUIPAMENTOS ESPECÍFICOS DE LAZER E O SESC

Até o momento, foi discutido sobre o jovem e sua afinidade pelas atividades

de cunho físico-esportivas. Onde esse jovem pode realizar tais atividades? Existe

um local adequado para que elas aconteçam, ou tais atividades podem acontecer

em qualquer espaço? Tais questões colaboram para a reflexão sobre a necessidade

de analisar os equipamentos de lazer.

De acordo com Marcellino (1996), equipamentos de lazer são espaços

concebidos com a finalidade de praticar diversas atividades de lazer. Pode-se notar

que nem todos os equipamentos possuem o mesmo objetivo. Conforme Stucchi

(1997, p. 112):

[...] os estudos dos equipamentos de recreação e lazer deve ter como objetivos classificá-los segundo suas características físicas de construção, aspectos físicos estéticos e dimensões proporcionais aos locais geográficos em que se encontram [...].

Como Stucchi (1997) comenta, há uma classificação que divide os

equipamentos de lazer em não-específicos e específicos, de acordo com os

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objetivos de cada equipamento. Assim, a rua, a casa e a escola, por não terem sido

planejados com o intuito primordial de promover lazer, são considerados

equipamentos não-específicos, enquanto que a quadra e a piscina são considerados

equipamentos específicos de lazer.

Embora os equipamentos não-específicos de lazer possuam sua importância,

a proposta desta pesquisa é trabalhar com os equipamentos específicos de lazer.

Dentro dos equipamentos específicos de lazer há uma possível classificação que os

divide em quatro categorias (STUCCHI, 1997): equipamentos especializados,

equipamentos polivalentes de dimensões e capacidades médias, equipamentos

polivalentes grandes e equipamentos de turismo. Para os devidos fins de pesquisa,

será dada ênfase aos equipamentos polivalentes grandes.

Os equipamentos polivalentes grandes possuem uma característica

primordial: contemplar todos os interesses culturais do lazer (manuais, intelectuais,

sociais, artísticos, físico-esportivos e turísticos), possuindo grandes dimensões e

grande capacidade (STUCCHI, 1997). Como exemplo desta tipologia, pode-se citar

àqueles vinculados ao SESC, já que, apesar das distintas dimensões físicas

apresentadas nos equipamentos, entende-se que estes se encaixem no contexto

polivalente pelo atendimento amplo aos interesses culturais do lazer.

Sabe-se que os equipamentos de lazer são projetados para que seu público-

alvo possa usufruir dele. Para tanto, como Stucchi (1997, p. 112) coloca, os

equipamentos de lazer são localizados próximos a regiões residenciais ou “[...]

projetados para que determinada população usufrua de suas instalações”.

Contudo, segundo Marcellino (1996), muitas cidades não possuem

equipamentos suficientes para atender a demanda da população local, e mesmo

quando há algum equipamento, ele entra em desuso. Isso pode acontecer pelo fato

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da população desconhecer a existência deste equipamento, ou mesmo por ele ser

utilizado para outras finalidades diferentes das planejadas.

Concordando com o autor, Stucchi (1997, p. 112) evidencia “[...] a falta de

uma política de animação cultural para o lazer, utilizando estes equipamentos, e

naturalmente uma preocupação com a manutenção e preservação dos mesmos [...]”.

Tratando sobre a manutenção e preservação dos equipamentos de lazer,

Marcellino (1996, p. 33) remete ao fato de que “muitas vezes a solução não está na

construção de novos equipamentos, mas na recuperação e revitalização de

espaços, destinando-os a sua própria função original, ou, com as adaptações

necessárias, a outras finalidades”.

Com base na afirmação anterior, seria necessário que a população pudesse

ser consultada, a fim de saber qual é seu real interesse, se determinado

equipamento faz-se necessário, ou qual seria a finalidade mais adequada a este

equipamento de acordo com a realidade local (STUCCHI, 1997).

Dentro dos equipamentos de lazer, no que diz respeito aos interesses físico-

esportivos, é possível verificar que há espaços pré-determinados para tais práticas,

como a quadra, a piscina, a sala de ginástica, entre outros. Contudo, Soares (2002,

p. 15) considera que:

Um olhar mais atento a esse aparato arquitetônico e material revela uma padronização de atividades, para as quais parcela significativa da população é “educada” a consumir como possibilidade única de colocar o corpo em movimento, para além da atividade produtiva do mundo do trabalho (grifo da autora).

A autora ainda coloca que os espaços são domesticados por causa da cultura

do treinamento desportivo que a sociedade possui, e, devido a isso, “a cultura de

movimento [...] vai sendo substituída por práticas corporais padronizadas e

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difundidas como corretas, modernas e estabelecidas como mais adequadas ao bom

desenvolvimento do corpo e à manutenção da saúde” (SOARES, 2002, p. 16).

Como resolver esse impasse colocado pela autora? Prado (2002) sugere que,

ao planejar os espaços para as atividades, deve-se pensar em todas as pessoas

que podem utilizar este espaço, respeitando tanto os atletas quanto a população de

maneira geral.

Estes espaços são importantes para o público jovem. Como mencionam

Brenner, Dayrell e Carrano (2008, p. 177), “nos espaços de lazer, os jovens podem

encontrar as possibilidades de experimentação de sua individualidade e das

múltiplas identidades necessárias ao convívio cidadão nas suas várias esferas de

inserção social”. Assim,

De onde vem essa influência do esporte de rendimento nas práticas

esportivas? Segundo Betti (1998, p. 31), os meios de comunicação de massa, com

ênfase na televisão, são responsáveis pela disseminação do esporte espetáculo, de

modo que “a relação esporte-televisão vem alterando, progressiva e rapidamente, a

maneira como praticamos e percebemos o esporte”. Assim, conforme o autor:

O esporte transformou-se num espetáculo modelado de forma a ser consumido por telespectadores que procuram um entretenimento excitante, e é parte cada vez maior da indústria do lazer, sendo fator decisivo para isso o papel desempenhado pela mídia, especialmente a televisão (BETTI, 1998, p. 31).

Analisando as considerações dos autores, nota-se que não é necessário

construir uma quadra ou uma piscina para que o interesse físico-esportivo seja

contemplado. Contudo, devido à influência da cultura ocidental, principalmente da

televisão, que mostra uma grande variedade de eventos esportivos, a população

reconhece apenas tais equipamentos como necessários para manifestar o interesse

físico-esportivo. Seria interessante que a população tivesse conhecimento de que

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quadras, piscinas, salas de ginásticas são algumas opções de equipamentos onde

tal manifestação se faz possível, mas existem diversas outras que podem ser

exploradas, como os parques.

Ao se falar de equipamentos específicos de lazer, uma das referências que se

tem no Brasil é o SESC. Este equipamento é fundado nos anos de 1940, dentro do

“[...] contexto da política de assistência social provinda do Estado Novo [...]” (DINES,

2012, p. 62). A autora ainda pondera que essa política teve como uma de suas

dimensões a criação do lazer organizado por representantes de entidades

empresariais, em uma época em que o Brasil adentra em uma nova fase,

contextualizada no pós Segunda Guerra Mundial e na reabertura democrática.

Inicialmente, o objetivo do SESC foi estabelecido pelo artigo 1º do Decreto-Lei

nº 9.853 de 1946, tanto em seu caput quanto em seu primeiro parágrafo, como

segue:

Fica atribuído à Confederação Nacional do Comércio o encargo de criar o Serviço Social do Comércio (SESC), com a finalidade de planejar e executar, direta ou indiretamente, medidas que contribuam para o bem estar social e a melhoria do padrão de vida dos comerciários e suas famílias, e, bem assim, para o aperfeiçoamento moral e cívico da coletividade. § 1º: Na execução dessas finalidades, o Serviço Social do Comércio terá em vista, especialmente: a assistência em relação aos problemas domésticos (nutrição, habitação, vestuário, saúde, educação e transporte); providências no sentido da defesa do salário real dos comerciários; incentivo à atividade produtora; realizações educativas e culturais, visando a valorização do homem; pesquisas sociais e econômicas (BRASIL, 1946).

Nas disposições do Decreto-Lei supracitado, verifica-se que o lazer não é

citado como uma das medidas de melhora da qualidade de vida e do bem estar

social. Como Dines (2012) apresenta, as ações do SESC, cuja sede regional de São

Paulo é instalada em 1946, foram voltadas no princípio para ações de caráter

médico e jurídico, em concordância com os objetivos traçados no Decreto-Lei.

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Tal fato também é confirmado por Cheibub (2014, p. 76). Em sua tese, na

qual se estudou a história do “turismo social” do SESC São Paulo, o autor realizou

um resgate histórico da instituição, a partir de referências teóricas e dados obtidos

por entrevistas, e foi visto que as décadas de 1930 e 1940 foram marcadas pela “[...]

paulatina substituição do modelo agroexportador para o modelo industrial [...]”, que

teve efeito em diversos setores, inclusive na urbanização. Tendo isso em vista, o

SESC realizava em São Paulo um trabalho mais enfático na educação sanitária, já

que “[...] as pessoas que chegavam do campo ainda estavam se acostumando à

dinâmica urbana, as questões de higiene, serviços e infraestruturas básicas”.

Porém, em 1948, praticamente paralelo ao estabelecimento do SESC em São

Paulo, foi proclamada pela Organização das Nações Unidas a Declaração Universal

dos Direitos Humanos, e em seu artigo 24, é exposto que “todo ser humano tem

direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a

férias remuneradas periódicas” (ONU, 1948). Neste sentido, percebe-se a inserção

do lazer no rol de direitos fundamentais dos seres humanos.

Na Brasil não foi diferente. O lazer deixou de ser abordado como um mero

momento de descanso para repor as energias despendidas no trabalho visando à

manutenção da produtividade e passou a ser visto como um direito social, um

momento na qual o sujeito pode exercer o direito de escolha (CHEIBUB, 2014).

Como o SESC se adequou a esta realidade?

Dines relata que, nos anos 1950, o SESC iniciou a organização de eventos,

como competições e apresentações, voltadas para as comerciárias, nos quais elas

expõem as modalidades corporais vivenciadas no seu tempo de lazer. A autora

aponta que:

[...] o SESC também prepara as suas atividades de recreação organizada e “sadia”, por meio da realização de “saídas para o campo”, nas cercanias da cidade. Aí os comerciários e suas famílias podem participar de práticas

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lúdicas, brincadeiras e jogos, que permitem ao trabalhador espairecer e refazer-se do desgaste do trabalho no contato com a natureza, vivenciando práticas sociais diferenciadas do cotidiano (DINES, 2012, p. 76-77, grifos da autora).

Já nos anos 1960, o SESC amplia seu atendimento para pré-adolescentes e

jovens, indo para além dos comerciários. Juntamente a este fato há uma

aproximação com o sociólogo Joffre Dumazedier, que foi contratado para ser

consultor do equipamento. Neste período houve a realização de encontros e cursos

de formação voltados para os agentes sociais, acerca da sua visão e compreensão

do tempo livre e das atividades que podem ser desenvolvidas neste tempo (DINES,

2012). Neste momento, há a inserção da teoria “dumazediana” na organização da

programação e espaços das unidades do SESC, ampliando o rol de práticas

culturais disponibilizadas para os associados.

Um fato interessante mencionado por Cheibub (2014, p. 81) é que as

unidades do SESC possuem “[...] um sistema descentralizado de organização,

contando com uma administração nacional com alguns órgãos de supervisão e de

determinação de algumas diretrizes gerais e administrações regionais dotadas de

esfera de competência própria”. Esse tipo de organização permite que as unidades

regionais desenvolvam projetos e programas próprios, de acordo com a necessidade

local.

O autor também ressalta que:

Na prática os regionais não subvencionados (que conseguem se manter sem a ajuda dos recursos financeiros do departamento nacional) – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná – acabam sendo politicamente e administrativamente mais autônomos do que os regionais que “dependem” financeiramente da administração nacional (recebendo investimentos em infraestrutura, serviços, obras e reformas, especialmente nos seus meios de hospedagem) (CHEIBUB, 2014, p. 81, grifo do autor).

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Uma das unidades que merece destaque é o SESC Pompeia. Embora o

SESC seja considerado um equipamento específico de lazer, tal unidade foi

concebida a partir de uma fábrica de tambores, construída em 1938 pela firma alemã

Mauser & Cia Ltda. Ela foi comprada em 1945 e instalada uma indústria de

geladeiras a querosene (VAINER; FERRAZ, 2013).

Num projeto arquitetônico desenvolvido por Lina Bo Bardi, a estrutura da

fábrica, segundo Garcia (2013) foi mantida, e nela foi construída a unidade SESC

Pompeia, inaugura em 1982 com “o entendimento da fábrica da Pompeia como

equipamento não convencional de lazer, voltado fundamentalmente a inovação

cultural [...]”. Dessa forma, a partir de uma instalação voltada para o âmbito do

trabalho, foi concebido um equipamento específico de lazer, mesmo mantendo as

estruturas de sua origem fabril, mas agora atendendo aos visitantes no escopo do

lazer.

Os arquitetos colaboradores de Lina Bo Bardi organizaram o catálogo de uma

exposição, que foi intitulado “Cidadelas da Liberdade”. Dines (2010, p. 136) expõe

que “é muito fértil a utilização da ideia de cidadela para denominar a antiga fábrica

restaurada, reciclada e que continua sendo apropriada para diversos fins associados

ao lazer, à cultura, às artes e ao esporte”. A autora acrescenta que as instalações do

SESC procuram ser essa cidadela, no sentido de serem locais referências,

carregados de sentidos simbólicos e múltiplos significados para os frequentadores.

Após as considerações feitas em cada item, nota-se que os jovens possuem

forte relação com as práticas de lazer, inclusive às associadas à atividade física e

aos esportes, principalmente as realizadas em grupos. Normalmente são esportes

coletivos, veiculados pela televisão e assistido por este público.

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É possível notar se vários jovens que acompanham determinado esporte

possuem um atleta ídolo, e, quando está praticando esta modalidade, tenta

reproduzir os gestos e ações executados por ele. Isso mostra o poder que o esporte

tem de influenciar as pessoas a praticá-lo. Além disso, pelo fato do jovem estar em

fase de formação de sua personalidade, a influência da mídia é maior.

Com essa influência da mídia sobre os jovens perante as práticas esportivas,

percebe-se que o uso de equipamentos, como a quadra, é voltado quase que

exclusivamente para praticar tais esportes. Como consequência, dificilmente, nestes

espaços, será possível visualizar jovens realizando práticas de lazer que não estão

atreladas ao esportivismo. Pode haver projetos que utilizem estes espaços para

práticas de lazer. Contudo, é difícil identificar as pessoas, de um modo geral, e os

jovens, mais especificamente, usufruindo de uma quadra para estas práticas por

iniciativa própria.

A partir das considerações feitas pelos autores nos itens teóricos foi possível

visualizar como as três variáveis (jovens, interesse físico-esportivo do lazer e

equipamentos de lazer) se relacionam, embora as relações entre elas sejam

dinâmicas, o que impossibilita esgotar o assunto.

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos deste trabalho podem ser dispostos em três

partes: o tipo de pesquisa, os procedimentos de pesquisa e determinação de

universo e amostra.

O tipo de pesquisa utilizado foi a qualitativa, pois o objeto não ficará reduzido

a uma única variável, sendo estudado em sua totalidade e complexidade (FLICK,

2004). A pesquisa também se caracteriza como tendo caráter exploratório, que

segundo Gil (2011, p. 27), tem como objetivo “[...] proporcionar visão geral, de tipo

aproximativo, acerca de determinado fato”, e, portanto “[...] é realizado

especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre

ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis”.

Para tanto, foram adotados dois momentos acerca dos procedimentos de

pesquisa. Num primeiro momento, foi realizada como técnica de pesquisa a revisão

bibliográfica, que pressupõe a coleta e análise de dados secundários, por meio de

pesquisa em livros, artigos e periódicos que tenham temática que possa contribuir

com a discussão teórica estabelecida neste trabalho. Veal (2011, p. 91) apresenta

os papéis da bibliografia na pesquisa. Entre eles, destaca-se a revisão como “fonte

de informação que é parte integral de apoio à pesquisa”, como “referências para

comparação” e como “fonte de ideias metodológicas ou teóricas”, que auxiliam o

autor na concepção e construção de seu trabalho.

No segundo momento foi realizada uma pesquisa de campo, com o intuito de

“[...] conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual

se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar [...]”

(MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 169).

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Para conseguir tais informações, foi utilizado um roteiro de entrevista

focalizada, que é uma categoria dentro das entrevistas não estruturadas (MARCONI;

LAKATOS, 2010). Neste tipo de roteiro foram elencadas questões chaves, cujos

temas norteiam o trabalho, e, a partir das questões formuladas, se houver

necessidade, o pesquisador pode aprofundar a discussão, elaborando outras

questões complementares.

O universo dessa pesquisa foi formado pelos jovens, com idade entre 12 anos

completos e 18 anos incompletos, seguindo o disposto do ECA, participantes das

atividades propostas pelo programa “SESC Verão” em 2016. O programa “SESC

Verão” é desenvolvido pelo Serviço Social do Comércio no Estado de São Paulo,

com a proposta de oferecer ao público diversas atividades esportivas, vivências,

instalações, além de bate-papos, encontros com atletas, demonstrações de

modalidades esportivas e exposições (SESC VERÃO, 2012).

Cada edição do programa conta um tema norteador, que é organizado em

ciclos, sendo que o atual vai de 2012 até 2016. Os temas abordados pelo programa

neste ciclo foram os seguintes:

- 2012: “Esporte para todos”, com ênfase em evidenciar valores do movimento para

estimular que cada um pratique o esporte que lhe seja mais prazeroso, alinhado ao

seu nível de habilidade (SESC VERÃO, 2012);

- 2013: “Esporte para todos, em todos os lugares”, pretendendo unir o acesso às

práticas esportivas e de lazer a todas as pessoas de forma prazerosa com uma

reflexão sobre os espaços esportivos (MATÉRIA DE CAPA, 2013);

- 2014: “Toda hora é hora. Esporte é agora!”, promovendo uma reflexão sobre como

a população encontra tempo para praticar atividades esportivas, fazendo com que as

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pessoas refletissem como usam seu tempo para praticar um esporte ou atividade

física (DOSSIÊ, 2014);

- 2015: “Esporte tem idade: todas”, falando da importância da continuidade da

prática esportiva por toda a vida, e refletindo que não há uma idade limite para

praticar esporte (DOSSIÊ, 2015).

- 2016: “Qual o esporte que te move?”, apresentando os esportes olímpicos e

difundir e valorizar as modalidades paralímpicas, no ano em que o Brasil sediará

uma edição de ambos os jogos (DOSSIÊ, 2016).

Este ano o programa iniciou no dia 08 de janeiro, e teve suas atividades

encerradas no dia 28 de fevereiro de 2016, nas unidades do SESC do Estado de

São Paulo. As modalidades selecionadas para serem trabalhadas em cada unidade

foram definidas em reuniões de planejamentos entre os gestores da Gerência de

Desenvolvimento Físico-Esportivo (GDFE) do SESC São Paulo e os gestores das

unidades participantes do programa.

A amostra foi não-representativa, com critério de escolha por conveniência.

Segundo Flick (2004), este é um critério que facilita a coleta de dados, já que seria

inviável, para efeitos deste estudo, realizar um levantamento de todos os

participantes do projeto “SESC Verão” nos equipamentos da referida instituição na

cidade de São Paulo e estabelecer uma amostra representativa.

Em um primeiro momento foi feito contato com a GDFE do SESC São Paulo,

responsável pela organização do programa, para que fosse emitida uma autorização

para a realização da pesquisa. Depois deste contato foi emitida a autorização para

sua realização, que se encontra nos anexos deste trabalho (Anexo A).

Foi realizado um pré-teste, para verificar a efetividade do instrumento de

pesquisa e se as questões abordadas estão de acordo com os objetivos designados

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no trabalho. Após a aplicação e análise dos resultados do pré-teste foi feita a coleta

de dados para a pesquisa.

O roteiro de entrevista foi aplicado a doze jovens (Apêndice B), com idade

entre 12 anos completos e 18 anos incompletos, participantes do programa “SESC

Verão”, na edição de 2016, e três gestores (Apêndice C) responsáveis pelo setor de

desenvolvimento físico-desportivo do SESC São Paulo. As entrevistas foram

gravadas, tendo posteriormente seus conteúdos transcritos, para que pudessem ser

analisados e incorporados ao estudo (Apêndices D e E). O número de entrevistados

foi definido pelos critérios de acessibilidade e de saturação de dados.

Os jovens foram abordados nas unidades Belenzinho e Itaquera do SESC,

ambos localizados na Zona Leste da cidade de São Paulo. Tal recorte foi definido

pelo fato de que seria impossível, diante dos propósitos e cronograma traçados para

este estudo, transitar pelas trinta e cinco unidades do SESC em todo o Estado de

São Paulo. Neste sentido, foi definida a abordagem nas unidades da cidade de São

Paulo.

Por meio do website do SESC São Paulo foi possível verificar que há 16

unidades na capital. Dessas, três não possuem estrutura para receber projetos para

a prática da atividade física (CineSESC, Florêncio de Abreu ou Odontologia e o

Centro de Pesquisa e Formação). As demais treze unidades estão divididas da

seguinte forma:

- Centro: três unidades (Bom Retiro, Consolação e Carmo);

- Norte: uma unidade (Santana);

- Sul: cinco unidades (Campo Limpo, Interlagos, Ipiranga, Santo Amaro e Vila

Mariana);

- Leste: duas unidades (Belenzinho e Itaquera);

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- Oeste: duas unidades (Pinheiros e Pompeia).

Partindo dessa divisão, e levando em consideração que a Zona Leste de São

Paulo possui 4.009.059 (quatro milhões, nove mil e cinquenta e nove) habitantes,

sendo 1.053.979 (um milhão, cinquenta e três mil novecentos e setenta e nove)

crianças e adolescentes (OBSERVASAMPA, 2016), além da inserção da Escola de

Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP) na

Zona Leste, as unidades Belenzinho e Itaquera foram escolhidas.

A unidade do SESC Belenzinho foi inaugurada em 04 de dezembro de 2010,

na Rua Padre Adelino, número 1.000, próximo à estação de Metrô Belém. Ela é uma

unidade edificada, e conta com uma área construída de 50.000 m², e suas

instalações esportivas contemplam espaço interno e externo de brincar, salas de

expressão corporal, ginásio poliesportivo coberto, piscinas cobertas e descobertas,

quadras de futebol society, quadra de tênis, pista de caminhada, entre outros

espaços (SESCSP, 2016a).

A unidade de Itaquera é mais antiga, sendo inaugurada em 29 de outubro de

1992, na Avenida Fernando Espírito Santo Alves de Mattos, número 1.000. O SESC

Itaquera é uma unidade campestre, com uma área construída de 100.331 m²,

contendo espaço interno e externo de brincar, ginásio poliesportivo coberto, com três

quadras, parque aquático com piscinas recreativas com toboágua e solário, campo

de futebol society, quadras de tênis, quadras poliesportivas externas e campo de

areia como infraestrutura esportiva (SESCSP, 2016b).

Antes de iniciar a coleta de dados foi feito contato, tanto via e-mail quanto

presencialmente, com os supervisores de programação de cada unidade, com o

intuito de explicar os objetivos e procedimentos da pesquisa.

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Ao abordar os jovens, tomou-se o cuidado de verificar se os pais ou

responsáveis por eles estavam presentes, para que o ente familiar pudesse estar

ciente da participação do jovem. Com a anuência dos pais ou responsáveis, foi

questionado aos jovens se havia interesse deles em participar da pesquisa,

explicitando os propósitos da entrevista e como ela aconteceria. Caso o jovem

recusasse a participar, sua vontade seria respeitada, e no caso dele aceitar, seria

dado prosseguimento à pesquisa, com o preenchimento e a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelo participante e pelo responsável,

seguida da aplicação do roteiro de entrevistas. Os TCLE (Apêndice A) não foram

anexados ao trabalho, ficando em posse do pesquisador para eventual conferência

dos dados.

Ao transcrever as entrevistas, os nomes dos entrevistados foram trocados. No

caso dos jovens participantes, por “Jovem 1”, para a primeira entrevista, e assim por

diante; assim como no caso dos gestores, cujos nomes foram substituídos por

“Gestora 1”, “Gestor 2” e “Gestora 3”. A razão para a mudança é a preservação da

identidade dos entrevistados, mantendo-a em sigilo. Na transcrição das entrevistas

dos jovens foi identificado o sexo do entrevistado (masculino ou feminino), assim

como a unidade do SESC na qual o mesmo foi abordado.

Cabe ressaltar aqui as limitações do estudo. A pesquisa, por seu caráter

qualitativo, retrata uma realidade pontual dos jovens participantes do “SESC Verão”,

não sendo possível realizar uma generalização do universo da juventude perante o

programa. Outra limitação diz respeito às unidades atendidas, que, como dito

anteriormente, se tornaria inviável realizar a pesquisa em todas as unidades do

Estado de São Paulo, o que também torna uma visão parcial do programa atrelado

ao objeto de estudo em tela.

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O trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Artes,

Ciências e Humanidades (CEP-EACH), de acordo com a Resolução CNS nº

466/2012, que versa sobre os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres

humanos. O mesmo foi aprovado, sob o número CAAE 47356715.3.0000.5390

(Anexo B).

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4. DISCUSSÃO DOS DADOS

Neste momento será feita a discussão dos dados obtidos nas entrevistas dos

jovens participantes e dos gestores do programa “SESC Verão”, articulando com as

informações levantadas através da pesquisa bibliográfica. Antes de iniciar tal

discussão, será realizado um breve relato da ida a campo para a coleta dos dados,

assim como as nuances de cada unidade, que contribuirá para a riqueza da análise

posterior.

No dia 10 de janeiro de 2016, domingo, foi feita a primeira visita ao SESC

Itaquera. De acordo com a programação da unidade (Anexo C), as modalidades

escolhidas para serem trabalhadas foram Handebol e Polo Aquático. Para atender

ao público com essas atividades, a unidade montou, dentro do ginásio coberto, uma

quadra de handebol oficial, ao lado uma quadra de mini-handebol, e uma piscina de

bolinhas em formato de quadra de handebol, incluindo golzinhos para arremessar as

bolinhas. Também foi montada uma área de exposição interativa, onde o público

poderia verificar a história do handebol e do polo aquático, além de participar de um

“Quiz” sobre as modalidades.

Imagem 01: Croqui das instalações do SESC Itaquera para o SESC Verão 2016.

Fonte: Imagens Portal SESCSP – SESC Verão 2016 (Itaquera), 2016.

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Imagem 02: Quadra de mini-handebol no SESC Itaquera.

Fonte: Imagens Portal SESCSP – SESC Verão 2016 (Itaquera), 2016.

Imagem 03: Exposição sobre o handebol e polo aquático no SESC Itaquera.

Fonte: Imagens Portal SESCSP – SESC Verão 2016 (Itaquera), 2016.

Imagem 04: Espaço recreativo temático no SESC Itaquera.

Fonte: Imagens Portal SESCSP – SESC Verão 2016 (Itaquera), 2016.

No dia da visita aconteceu uma clínica da modalidade, voltada para crianças e

adolescentes, ministrada por um ex-atleta da Seleção Brasileira de Handebol. Após

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essa clínica, houve um jogo comemorativo entre a equipe de ex-atletas da seleção

brasileira contra a seleção paulista da categoria Cadete (atletas entre 15 e 16 anos).

Nesta data, foi feito o contato presencial com o supervisor de programação da

unidade, que prontamente atendeu e realizou uma apresentação do pesquisador à

equipe de monitores do SESC Itaquera.

Pelo fato das unidades do SESC estarem fechadas nas segundas-feiras, a

visita ao SESC Belenzinho foi feita no dia 12 de janeiro, terça-feira. Assim como na

unidade Itaquera, foi feita uma apresentação e conversa com a supervisora de

programação da unidade, explicando os propósitos da pesquisa. A unidade

selecionou as modalidades Rugby e Voleibol de Praia para serem as norteadoras do

SESC Verão. Contudo, como é possível notar na programação (Anexos C e D), as

atividades das unidades não se limitam apenas a essas modalidades, o que dá

liberdade a elas ofertarem outras, embora a ênfase seja dada às duas escolhidas.

Assim como o SESC Itaquera, no SESC Belenzinho também foram

implementadas instalações físicas para atender ao público do “SESC Verão”. Foi

construída uma arena de vôlei de praia, que também serviu para a realização do

Beach Rugby, e na quadra interna foi feita a apresentação e vivência do Rugby em

Cadeira de Rodas. No mezanino da quadra foi feita uma exposição sobre o Rugby,

para que os usuários do SESC Belenzinho pudessem conhecer um pouco mais

sobre o esporte.

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Imagem 05: Quadra de vôlei de praia no SESC Belenzinho.

Fonte: www.sescsp.org.br, 2016.

Imagem 06: Equipe ADECAMP/UNICAMP/CAMPINAS de Rugby em cadeiras de rodas.

Fonte: www.adecamp.com.br, 2016.

Imagem 07: Flyer de divulgação da exposição de Rugby no SESC Belenzinho.

Fonte: www.portaldorugby.com.br, 2016.

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Nas conversas com os supervisores da programação e através da

observação realizada no SESC Belenzinho no dia 12 de janeiro e no SESC Itaquera

no dia 13 de janeiro, verificou-se que durante a semana o SESC atende as crianças

e adolescentes do projeto “Recreio nas Férias”, realizado pela Secretaria Municipal

de Educação de São Paulo (SME-SP). Neste projeto, as crianças e adolescentes

realizam atividades de recreação e lazer nos Centros Educacionais Unificados

(CEUs) e, em alguns dias, são realizadas excursões para os SESC.

Assim, nos dias 11 a 15 e 18 a 22 de janeiro, as unidades receberiam o

público participante do projeto, de forma que não seria proveitoso realizar as

pesquisas neste período, posto que eles tivessem outra motivação para ir ao SESC,

que não foi a participação no “SESC Verão”.

Com isso, a visitação às unidades foi realizada aos finais de semana. Assim,

nos dias 16 e 17 de janeiro foram feitas as entrevistas no SESC Belenzinho. Nestas

datas, foram observadas as atividades que ocorreram tanto na arena de voleibol de

praia, como a recreação dirigida de voleibol de praia e o Beach Rugby, quanto na

quadra interna, quando ocorreram atividades relacionadas ao programa, como o

basquetebol para pais e filhos e o Rugby com cadeiras de rodas. Nestas datas foram

realizadas sete entrevistas.

Nos dias 22 e 23 de janeiro, sexta-feira e sábado, foi a vez de ir ao SESC

Itaquera. A sexta-feira foi escolhida por uma análise da programação, que consta a

realização de uma clínica de Tchoukball, modalidade que tem pouca divulgação no

Brasil, mas que teria potencial de atrair os jovens para conhecê-la. Houve inclusive a

presença da TV Cultura realizando uma gravação para o programa “Jornal da

Cultura”, e foi possível realizar cinco entrevistas com os jovens da unidade.

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Antes de realizar as entrevistas foi feito um exercício de observação da

dinâmica de cada unidade, para verificar qual seria o modo mais adequado de se

abordar os jovens. Um dos protocolos adotados foi o de não interromper os jovens

em suas atividades, já que estavam desfrutando de seu momento de lazer, e não

seria de bom grado fazê-lo parar o que ele escolheu fazer em seu tempo livre para

realizar uma pesquisa.

Essa observação possibilitou visualizar outra diretriz de ação, de acordo com

as particularidades de cada unidade. No SESC Belenzinho, por meio da análise da

programação e em conversa com os supervisores de programação, foi possível

notar a presença maciça de famílias na unidade, usufruindo dos serviços do SESC

conjuntamente. Muitas atividades eram voltadas para pais e filhos, gerando uma

interação intergeracional.

Esse fato trouxe pontos positivos e negativos na forma de abordar os jovens.

Por um lado, como os pais ou responsáveis pelos jovens estavam na unidade, os

mesmo foram abordados inicialmente, tendo o objetivo da pesquisa explicitado e

consultando-os sobre a possibilidade de seus filhos participarem dela. Isso levou a

obtenção imediata das assinaturas nos TCLE. Por outro lado, o cuidado com a

abordagem foi maior, pois, além de não interromper os jovens no momento das

atividades de lazer, havia momentos em que eles estavam interagindo com os

familiares, realizando refeições, entre outros momentos, na qual uma interrupção

poderia não ser desejada.

A dinâmica do SESC Itaquera era diferente. Nesta unidade, a presença dos

pais junto aos jovens foi praticamente nula. Os jovens abordados relatavam que iam

normalmente ao SESC sozinhos, por conta própria, por meio do transporte público.

Isso alterou a dinâmica da realização das entrevistas: na sexta-feira os jovens foram

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abordados e comunicados sobre a pesquisa. Quando eles decidiram participar, lhe

foram entregues os TCLE, e solicitado que levassem para casa e explicassem aos

pais ou responsáveis sobre a participação deles. No sábado, eles trouxeram os

TCLE assinados pelos pais, e daí a entrevista foi realizada.

Assim como no SESC Belenzinho, essa dinâmica teve seus pontos positivos

e negativos. O ponto positivo é que a abordagem aos jovens foi mais fácil,

principalmente pelo fato da modalidade desenvolvida no “SESC Verão” (Handebol)

ser de domínio do pesquisador, o que facilitou a interação com o público. Por outro

lado, não ter o TCLE assinado no momento da abordagem trouxe um receio: será

que eles irão trazer o termo assinado amanhã? Se não trouxerem, como prosseguir?

Haverá perda de dados e a necessidade de despender outro final de semana para a

abordagem de novos jovens e a realização de nova coleta?

Isso quase ocorreu. Dois jovens levaram o TCLE na sexta-feira, mas não

trouxeram de volta no sábado. Contudo, os jovens fizeram contato, e foi combinada

uma nova data somente para a entrega do TCLE, e dessa vez os mesmos foram

entregues, possibilitando a utilização integral do conteúdo coletado.

Após o relato sobre a pesquisa de campo serão analisadas as entrevistas dos

gestores e jovens participantes do “SESC Verão”. Inicialmente, foi solicitado aos

gestores que falassem um pouco sobre o programa. A Gestora 1, que trabalha no

SESC desde 1998, e é Assistente Técnica no SESC São Paulo, na Gerência de

Desenvolvimento Físico Esportivo desde 2009, comentou que:

O “SESC Verão” é um projeto que está completando 21 anos. Já ganhou a maioridade, e ele é um projeto que surgiu no SESC no Desenvolvimento Físico Esportivo com o objetivo principal de sensibilizar as pessoas, de uma forma geral, sobre a importância do esporte e da atividade física no cotidiano. Então desde quando o “SESC Verão” começou a ideia sempre foi passar uma mensagem para as pessoas sobre a importância de inserir esporte e atividade física em benefício da qualidade de vida.

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A Gestora 3, que trabalha no SESC há nove anos, sendo dois como

Assistente Técnica na GDFE, acrescenta que o programa é uma oportunidade de

mostrar o SESC para a comunidade, realizando ações não somente dentro da

unidade:

Então, você levando uma atividade para o calçadão municipal, por exemplo, é uma maneira das pessoas conhecerem e enxergarem o SESC como uma possibilidade de um local para a prática de exercício, alguma prática de lazer, enfim, não somente ali para o físico-esportivo, mas para assistir um teatro, ver uma apresentação de música.

A fala da Gestora 3 coaduna com os autores abordados sobre a questão da

manifestação do interesse físico-esportivo do lazer. Não necessariamente as

pessoas precisam praticar uma atividade física ou um esporte para configurar sua

participação em uma atividade no âmbito do lazer, mas ao assistir a um filme ou

apresentação esportiva já caracteriza a manifestação de tal interesse no âmbito da

assistência.

Pode-se notar também que o enfoque do SESC, no tocante às atividades

esportivas, não é a competitividade, mas sim o incentivo à participação de todos,

independente da habilidade ou condição física, o que também é retratado pelos

autores sobre as práticas esportivas no lazer. Isso se evidencia na fala da Gestora 3:

E você poder ir pra um lugar que tem atividade que você se identifique, que você pode jogar bola do jeito que você quiser, que você não é excluído pela sua maior habilidade, pela sua menor habilidade, que isso é muito importante no SESC.

Quando questionado sobre o público-alvo do projeto, ambas as gestoras

foram concisas nas respostas, dizendo que o programa possui atividades para todas

as faixas etárias. Tendo em vista essa resposta, foi questionado qual é a concepção

de jovem que o SESC possui. O Gestor 2, atualmente aposentado, mas que

trabalhou no SESC de 1975 até 2003, apresentou uma visão histórica da instituição:

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Do ponto de vista histórico, o SESC sempre considerou os jovens como um público a ser muito bem atendido, né? Isso é um pouco óbvio, porque a organização sempre se preocupou em atender bem todas as faixas etárias [...]. Agora, a primeira ideia com a qual o SESC sempre trabalhou, também tem um caráter de grande evidência, que é o seguinte: sendo jovem uma situação transitória, o SESC então sempre procurou manter em suas equipes técnicas uma abordagem de trabalho que procurasse, a priori, analisar as mudanças, as preferências e os interesses desses jovens.

A partir dessa fala, é possível inferir que há consonância da visão do SESC

com o que dispõem os autores sobre a juventude ser um momento de transição da

infância para a fase adulta. Este é um período na qual os jovens passam por

diversas mudanças, não sendo algo rígido e fixo. Isso pode ser reforçado por outra

fala do Gestor 2:

Então, não dá pra trabalhar com os jovens hoje como se trabalhava com os jovens há 40, 50 anos atrás, 30 anos atrás. [...] A ideia básica mesmo do trabalho com os jovens é exatamente essa: considerar sempre que tem-se que observar quais são as preferências, as expectativas, os valores, motivações dos jovens, no momento em que se trabalha com eles. Porque é muito provável que daqui a 5 anos, daqui a 10 anos, ocorram mudanças.

A Gestora 1 acrescenta uma visão da GDFE na definição da programação:

considera-se jovem as pessoas entre 11 e 15 anos. A partir dos 16 anos o jovem já

pode participar das atividades para adultos, sendo considerado como tal para a

programação. Isso corrobora para a discussão da dificuldade de se estabelecer uma

faixa etária que compreenda a juventude como um todo. Conforme visto na revisão

de literatura, os próprios órgãos ao redor do mundo possuem dissonância neste

quesito.

E qual é a visão dos jovens sobre a juventude? O Jovem 1, de 13 anos,

aponta que ser jovem:

É poder curtir a vida, estudar também, pra poder garantir o seu futuro, mas aproveitar bem a juventude.

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Sua resposta reflete um dos anseios da juventude, que foi apontado pelos

autores: o trabalho ou a vida profissional. O Jovem 3, de dezessete anos, apontou

para uma outra questão: a faixa etária. Para ele:

[...] ser jovem é aquela idade entre ser criança e ser adulto.

A fala do Jovem 3 vai ao encontro do que foi abordado na revisão de

literatura, quando os autores apontam para a necessidade de analisar a distância

entre o mundo infantil e o mundo adulto para caracterizar o jovem.

Aproveitar a vida. Para seis entrevistados diferentes, isso significa ser jovem.

O Jovem 2, de dezesseis anos, ressalta que ser jovem:

[...] é aproveitar uma fase da vida que não chegou ainda, que é a maturidade. Não que ser jovem não é ser maduro, mas que seja tipo um aproveitamento a mais da vida, sabe? De começar tudo o que é importante.

Nesse relato, é possível evidenciar a juventude como uma fase de

experimentação, em acordo com a fala dos autores pesquisados. Já Jovem 9, de 14

anos, foi direta em sua resposta: ser jovem é ser livre. Tal liberdade foi uma das

coisas boas em ser jovens que foi apontado pelo levantamento do Instituto

Cidadania, o que mostra que o discurso da Jovem 9 está de acordo com o de 22%

dos jovens que participaram da pesquisa.

Depois de questionar aos entrevistados sobre o que é ser jovem, perguntou-

se se eles se consideravam jovens. Onze jovens relataram que se consideram

jovens. Ao perguntar o por quê eles se achavam jovens, alguns mencionaram a faixa

etária em que se encontram e o fato de poderem aproveitar a vida sem muitas

responsabilidades.

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Contudo, vale salientar a resposta da Jovem 4, de dezesseis anos. Ela

respondeu que às vezes se considera jovem. Ao ser questionada sobre o porque,

ela disse:

Porque tem vezes, assim, que a responsabilidade chama mais alto. Só que a gente não pode deixar, tipo, a responsabilidade assumir a sua cabeça toda. Você tem que curtir, e às vezes eu não curto tanto como eu gostaria. Aí eu sou metade jovem.

Sua resposta vai ao encontro do que os autores dizem sobre analisar a

distância que o jovem tem do mundo infantil e do mundo adulto, e nesse caso, nota-

se que ela está em conflito, pois possui responsabilidades que deve cumprir, como

um adulto, que a faz se distanciar da juventude.

Tais respostas demonstram diferentes pontos de vistas sobre o que é ser

jovem e se considerar jovem, o que demonstra, de acordo com os autores

pesquisados, que a juventude não é unânime em suas características, podendo se

modificar de acordo com a influência do meio em que as pessoas vivem.

Retratando a importância de se verificar as características da juventude, a

Gestora 3 fala sobre a Gerência de Programas Socioeducativos (GEPS), um setor

do SESC que pensa programas específicos para este público, como o “Juventudes”

Este programa procura “[...] levar em consideração a pluralidade e diversidade do

público juvenil”, desenvolvendo ações visando fortalecer a convivência, o diálogo e a

troca de experiências de acordo com os interesses dos jovens (PROGRAMA

JUVENTUDE, 2016). Outro ponto importante ressaltado pela gestora foi:

Então, a gente entende o jovem como uma excelente oportunidade pra você ali plantar a semente da prática da atividade física, da prática cultural... Se você sensibiliza um jovem nessa faixa etária, com certeza ele vai ser um adulto ativo, ele vai ter mais possibilidades por conhecer e entender a cultura de maneira mais ampla.

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Tal afirmação vai ao encontro do disposto pelos autores ao abordar a questão

de inserir a prática de atividades físicas e esportes durante a adolescência com o

intuito de se perpetuar essa prática nas demais fases da vida.

Ao questionar os gestores se eles acreditavam que o “SESC Verão” atende

aos interesses dos jovens pela atividade física como opção de lazer, todos

afirmaram acreditar que sim. O Gestor 2 aponta um aspecto interessante sobre o

SESC: além de normas, regulamentos e diretrizes, há uma cultura organizacional

sobre a experimentação na criação de projetos e programas. De acordo com seu

relato:

No SESC no Brasil sempre houve uma abertura muito grande para a experimentação, para as pessoas experimentarem, criarem experiências. Só que a ideia presente na cultura organizacional sempre foi essa: vai fazer a experiência, faça bem feita. Peça todos os recursos que são necessários. [...] Isso sempre fez parte da cultura organizacional, e eu creio que, embora histórica, eu tenho certeza que ela continua até hoje.

Com essa visão do Gestor 2, sugere-se que o SESC oferece recursos, seja

material, humano ou financeiro, para a plena realização dos programas e projetos

que acontecem em suas unidades, assim como para o atendimento adequado aos

seus participantes.

Um fato enfatizado pelas Gestoras 1 e 3 foi o período de realização do

projeto: em janeiro ocorrem as férias escolares, sendo então um período propício

para a participação do público jovem nas atividades do SESC. Ambas as gestoras

mencionaram que o público jovem possui uma boa adesão a atividades radicais,

como skate, patins e escalada, além de esportes coletivos, como voleibol,

basquetebol, handebol e futebol, estes últimos chamados pela Gestora 3 de

“Quarteto Fantástico”4. Tais falas corroboram com as colocações dos autores acerca

4 Este termo é comumente utilizado na Educação Física para se referir aos quatro esportes coletivos

mais utilizados nas aulas e em projetos esportivos: basquetebol, futsal/futebol, handebol e voleibol.

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da preferência dos jovens por atividades que desafiam seus limites, como os

esportes radicais, e atividades em grupo, no caso dos esportes coletivos.

Mas um fato interessante foi ressaltado pela Gestora 1, quando questionada

sobre as atividades serem um fator de adesão dos jovens para participar do

programa:

A gente tem uma, não sei se é uma dificuldade, ou na verdade se a gente não... Ainda não acertou muito qual é... Ah... Sabe aquela história do “pulo do gato” para envolver o público jovem em uma determinada atividade, o adolescente principalmente? É muito tranquilo para a gente, por exemplo, realizar atividade para criança. As crianças têm uma disponibilidade maior para o envolvimento em atividades físico-esportivas. Os adultos acabam procurando atividades ou por necessidade, por questão de saúde, ou mesmo porque formam um grupo para se relacionar. Então, o grupo de amigos, são as amigas do vôlei, enfim. Os idosos estão muito presentes no SESC, e no “SESC Verão” não é diferente: eles continuam frequentando as atividades. Mas o público jovem... a gente tem uma presença grande do público jovem nas unidades, principalmente nessas atividades, que são atividade rápidas, né? Então, assim, uma partida de pingue-pongue lá, o tênis de mesa, ou o skate. Essa galera que anda de skate, quando tem rampa pra andar no SESC, fica no SESC de manhã, de tarde e de noite, se deixar, né? Mas é porque é um grupo que já está, vamos dizer, adepto à prática. A gente ainda tem muitos jovens circulando no SESC que não querem fazer nada, que querem só estar no SESC.

Este trecho retrata novamente a dificuldade de estabelecer um panorama

sobre os gostos dos jovens, em acordo com o que foi visto na revisão de literatura.

Mas, como ressalta a Gestora 1, embora não seja fácil, eles têm obtido mais acertos

nas programações para o público jovem. Talvez o “pulo do gato”, como dito pela

gestora, poderia ser mais facilmente alcançado através do diálogo com os jovens

participantes do programa, já que este público possui múltiplos interesses relativos

às atividades de lazer.

Isso pode ser vislumbrado nas respostas dos jovens sobre o que eles

costumam fazer em seu tempo de lazer. Vários jovens apontaram realizar atividades

físicas, como andar de skate, jogar basquete, futebol, handebol, voleibol, tênis de

mesa e nadar.

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Vale ressaltar as respostas de alguns jovens que apontaram para outras

atividades. A Jovem 5, de 14 anos, relatou que ela costuma arrumar a casa e ver

televisão durante seu tempo de lazer. Isso salienta uma barreira de acesso ao lazer

na questão de gênero, o que se torna um fator limitante no usufruto de seu tempo

livre.

A Jovem 8, de 17 anos, disse gostar de usar o celular, praticar alguns

esportes e ficar com os amigos. A Jovem 9 acrescentou que gosta de ir ao cinema.

O Jovem 10, de 15 anos, disse gostar de jogar vídeo game e nos finais de semana

praticar esportes no SESC, similar resposta do Jovem 11, também de 15 anos. Por

sua vez, o Jovem 12, de 14 anos, afirma jogar tênis de mesa. Segundo ele:

[...] vamos supor, assim, que mais da metade da minha vida é jogar tênis de mesa.

A multiplicidade de interesse dos jovens torna a tarefa de encontrar o “pulo do

gato”, relatada pela Gestora 1, de fato muito difícil. Se num universo de doze jovens

entrevistados surgiram essa gama de atividades que eles costumam e gostam de

fazer durante o seu lazer, quantas outras atividades podem surgir entre os jovens

participantes do “SESC Verão” em todas as unidades de São Paulo? Por isso ouvir o

público-alvo das ações se torna uma ação importante.

A pergunta seguinte, voltada aos gestores, versou sobre a qualificação dos

recursos físicos, materiais e humanos destinados ao “SESC Verão” para atender a

demanda de atividade física de lazer para os participantes. Na fala anterior do

Gestor 2, infere-se que o SESC costuma investir em programas e projetos de lazer

para atender ao seu público frequentador. E foi possível observar isso no “SESC

Verão”.

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No SESC Belenzinho foi montada uma arena específica para a realização das

atividades de Voleibol de Praia e outras modalidades de praia. Assim como no

SESC Itaquera foi montada no ginásio coberto uma quadra oficial de handebol para

jovens e adultos, uma quadra de mini handebol e uma piscina de bolinhas com gols

de handebol para as crianças.

As Gestoras 1 e 3 relataram que há um processo de planejamento e de

execução muito intenso e complexo para a realização do programa, tendo em vista

que ele é realizado em 32 unidades do Estado de São Paulo. O público estimado a

ser atendido é de aproximadamente dois milhões de pessoas em todas as unidades,

o que é um público representativo e que demanda tal esforço.

A Gestora 1 tratou sobre o processo de planejamento do “SESC Verão”:

A gente desenvolve uma proposta temática com uma equipe de gestores. Depois dessa primeira reflexão, a gente leva essa proposta para as unidades, e aí reflete com os gestores esportivos das unidades, aprova essa proposta temática internamente com os nossos órgãos de direção, enfim. E aí toda a equipe do SESC, no Regional inteiro, passa por um treinamento, passa por um encontro para uma reflexão a respeito do tema escolhido para aquele ano. Então, a gente procura envolver não só as equipes do esportivo, do Desenvolvimento Físico Esportivo nas unidades, mas também os animadores culturais, os instrutores do “Curumim”, do “Juventudes”, que é o projeto específico que o SESC tem para jovens, né? Então, a gente procura envolver outras equipes, justamente para ampliar a abrangência que esse tema possa ter nas unidades. [...] Depois disso, as unidades montam a sua programação, do conteúdo para dois meses, e aí toda essa programação é aprovada também pela administração central. [...] As unidades procuram trazer o desenvolvimento desse tema por meio de várias formas, então tem exposição, tem instalação interativa, tem as atividades esportivas, afinal de contas, o objetivo é sempre proporcionar a prática, o maior número de prática possível.

Todo esse cuidado relatado pela Gestora 1 no planejamento das atividades e

programação do “SESC Verão” se torna necessário, já que a abrangência do

programa é singular, por levar atividades que o público normalmente não possui

acesso em diversos pontos do Estado de São Paulo. Além disso, o fato dito pela

Gestora 3 é que as demais atividades do SESC não param. Então o atendimento

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aos demais usuários que não participam das atividades do “SESC Verão” deve

continuar com o mesmo padrão de qualidade do SESC.

Nesse aspecto, em algumas atividades do programa, há a contratação de

empresas especializadas, quando a equipe do SESC não consegue atender

adequadamente ao seu público, justamente para a manutenção da qualidade. A

Gestora 3 mostra isso em seu relato:

O cuidado com o atendimento com o público, que isso pra gente é muito valioso: como a gente atende e acolhe nosso público.

Tais cuidados também são tomados com relação ao espaço físico e aos

materiais, o que torna, de acordo com a Gestora 3, um diferencial do SESC com

relação a outros equipamentos de lazer.

Como isso é visto pelos jovens? Ao perguntar se esta foi a primeira vez que

eles participavam das atividades do “SESC Verão”, apenas três jovens relataram ser

a primeira vez que participam. Isso pode ser um indicativo de que o “SESC Verão”

pode influenciar os jovens a praticarem atividade física em seu lazer, já que a

maioria dos entrevistados voltaram a participar das atividades do projeto.

Na sequência, foi perguntado aos jovens como eles ficaram sabendo do

“SESC Verão”. Muitos relataram que foi através de familiares (pai, mãe ou irmãos)

ou amigos. Uma resposta que vale à pena destacar foi a da Jovem 5. Esse dia foi a

primeira vez que ela visitou o SESC, e consequentemente a primeira vez que ela

participou do “SESC Verão”. Ela soube das atividades pela sua irmã. Alguns jovens

souberam do “SESC Verão” por participarem das atividades internas do SESC, ou

através de excursões em grupos ou cursos externos. Isso mostra que a divulgação

interna do SESC sobre o programa foi mais efetiva do que a divulgação externa,

através do website e material gráfico.

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Dando prosseguimento às questões voltadas aos jovens, foi perguntado se

eles voltariam a participar do SESC Verão. Todos responderam que sim. A grande

maioria dos jovens respondeu que a programação faria com que eles voltassem a

participar do programa. O Jovem 2 disse que voltaria a participar:

[...] porque eu sei que vai ser surpreendente [...]. A cada dia eles inovam, e inovam de um jeito bom pra gente [...].

O Jovem 3 ressaltou que voltaria das atividades, porque:

[...] além de incentivar as crianças a se divertir, entrosa os adultos com as crianças, e isso é uma coisa bem boa.

Tal afirmação vem ao encontro da observação realizada no caderno de

campo sobre as atividades intergeracionais que o SESC Belenzinho estava

proporcionando aos participantes.

Outros motivos para retornar a participar do “SESC Verão” foram a estrutura

disponibilizada para os participantes (Jovem 1), a presença dos instrutores (Jovem

4) e a possibilidade de criar novas amizades (Jovem 12). Dessa forma, as respostas

dos jovens justificam a visão dos gestores sobre a importância do cuidado com os

recursos disponibilizados para o projeto, já que estes foram os fatores majoritários

do por quê que os jovens voltariam a participar do “SESC Verão”.

A questão seguinte versou sobre a origem dos jovens participantes do “SESC

Verão”. Ao questionar se o atendimento seria regional, ou seja, mais voltado para o

público do entorno de cada unidade, ou se as unidades conseguiam atrair pessoas

oriundas de outras localidades. Ambas as gestoras afirmaram que há uma mescla

de público, tendo a presença de jovens que residem no entorno da unidade com

jovens que vem de outras regiões para participar de determinada programação, os

quais a Gestora 1 chamou de “itinerantes”. De acordo com ela:

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Alguns grupos, por exemplo, praticam voleibol em mais de uma unidade do SESC. Então ele vai de manhã em uma unidade, e joga vôlei; à tarde ele vai em outra; de terça-feira ele vai em uma; de quinta-feira ele vai em outra. Ou seja, são pessoas que circulam pelas unidades, atrás da prática que mais interessa.

Com relação ao bairro onde os jovens entrevistados moram, foi possível notar

duas nuances: no tocante ao SESC Belenzinho, foi possível verificar uma variação

maior de localidades (Vila Cisper, Vila Silvia, Cambuci, Vila Prudente, Belém e

Ferraz de Vasconcelos), sendo que somente um dos jovens entrevistados mora

próximo ao equipamento.

Já com relação ao SESC Itaquera, todos os jovens entrevistados moram em

bairros vizinhos ao SESC (Itaquera, Jardim Iguatemi, Cidade Líder e Jardim São

Pedro). O que pode embasar tal fenômeno? Uma das explicações pode estar na

facilidade de acesso das unidades: enquanto que o SESC Belenzinho pode ser

acessado a pé da estação de Metrô Belém, para se chegar ao SESC Itaquera é

necessário utilizar ônibus que cheguem até o equipamento. Assim, quem precisa

utilizar o Metrô acaba utilizando pelo menos dois modais para chegar à unidade.

Desse modo, pode-se evidenciar que a programação da unidade torna-se um

chamariz para os jovens participantes, que vão atrás de atividades que atendam aos

seus anseios. Isso pode ser um indicador de que as unidades possuem um poder de

atração para além do limite geográfico de seu entorno.

Ao inquirir a Gestora 1 se o SESC consegue atender a expectativa dos jovens

com relação à atividade física no lazer, a mesma disse que a resposta não é muito

fácil, já que lidar com expectativas é muito relativo e complicado. Contudo, ela

acredita que o SESC atende às expectativas, se valendo da presença maciça nas

atividades. Vale um destaque de sua fala:

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Agora, por que será que a gente não tem mais jovens? Por que será que a gente ainda tem esses jovens circulando pelas unidades, mas que não se envolvem em uma atividade física regular, por exemplo? Isso não tem como eu te responder, né?

Tal relato transparece novamente a questão da dificuldade em compreender

os gostos e vontades dos jovens, comentado anteriormente. Na última pergunta feita

aos gestores foi questionado se, na opinião deles, o “SESC Verão” exerce alguma

influência sobre o jovem no sentido dele ter uma atividade física como opção de

lazer. A resposta do Gestor 2 evidencia, em sua opinião, uma necessidade nacional:

[...] no Brasil não existe uma cultura da avaliação do que se faz. Porque avaliação do que se faz não é você saber se as pessoas gostaram ou não, ou então você fazer uma avaliação pra você saber se a pessoa, o profissional trabalhou bem ou não. Não é isso. [...] Há a necessidade de se avaliar os resultados pretendidos com o que você faz. Porque as pretensões geralmente são, assim, são belas, belas pretensões, às vezes até grandiosas. Mas nunca significa se aquilo que se pretendia fazer foi realmente realizado, ou realmente aconteceu. Então falta uma cultura de avaliação. E avaliação só pode se feita, de modo profissional, objetivo, coerente e realmente eficaz se você trabalhar com indicadores. Para isso, você tem que fazer um trabalho dificílimo, mas que depois que fica pronto te facilita enormemente tudo o que você faz, que é construir esses indicadores.

Neste quesito, o gestor aponta desconhecer se o SESC adota tal processo de

avaliação por indicadores. A Gestora 1 mencionou que há uma pesquisa sendo

realizada pela equipe do Prof. Dr. José Guilherme Cantor Magnani, que será pós

“SESC Verão”, com o intuito de responder uma pergunta: as pessoas que vem para

o SESC em janeiro, porque estão de férias, continuam frequentando o SESC o resto

do ano?

Contudo, mesmo empiricamente, a gestora ressalta que “[...] tem uma grande

parte de pessoas que vem, descobrem o SESC nas férias, e acabam se

matriculando nos cursos regulares e passam a frequentar as atividades esportivas

regularmente [...]”. Isso pode ser um indicador de influência do programa para o

jovem realizar uma atividade física durante o seu lazer.

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A Gestora 3 enfatiza que influenciar, não só o jovem, mas sim todos os

públicos, a ter uma atividade física como opção de lazer é o maior objetivo do SESC.

Ela destaca que esta edição do “SESC Verão”, ao trabalhar com as modalidades

olímpicas e paralímpicas, é sensibilizar o público para a prática da atividade física.

Como um exemplo, a gestora cita:

O objetivo desse (SESC Verão), apresentando todas as modalidades, é que ela tenha lá uma vivência de Rugby, que ela nunca viu na vida, e que ela, pelo menos, se de uma pessoa ela falar assim: putz, isso é muito legal, eu quero. Como que eu faço, onde tem uma escolinha, onde que eu posso praticar que não aqui? Se a gente sensibilizar uma (pessoa) pra gente já é o bastante.

Dessa forma, as gestoras acreditam, embora empiricamente, que o “SESC

Verão” exerça influência perante os jovens, no sentido deles terem uma atividade

física como opção de lazer, principalmente devido às condições oferecidas pelo

SESC, como a programação, a qualidade dos recursos físicos, materiais e humanos

ofertados para a prática das atividades.

Com o intuito de não direcionar as respostas aos jovens, foi perguntado a eles

se eles praticavam atividade física ou esporte em algum outro lugar, que não fosse o

SESC. Sete jovens relataram praticar atividade física fora do SESC, e entre os locais

que eles praticam estão o CEU, campo de futebol próximo de casa, o Clube Escola,

a escola e a rua.

Ao questioná-los sobre qual dos locais eles preferiam, cinco relataram preferir

o SESC. Entre as razões, o Jovem 1 ressaltou que a infraestrutura do SESC é

melhor. Já o Jovem 2 salientou que no SESC há os instrutores, que ensinam a

modalidade. De acordo com ele:

[...] eles ensinam de uma ponta à outra, tanto o esporte quanto a educação [...].

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Para ele isso faz a diferença ao escolher o SESC como seu local de prática

preferido. Por sua vez, o Jovem 3 prefere o SESC por conta das atividades, que

segundo ele não são repetitivas, que muda a todo ano. E a Jovem 7, de 15 anos,

prefere o SESC pelo fato de estar junto com a família, o que torna a prática mais

divertida.

As Jovens 8 e 9 mencionaram que não tem preferência entre o SESC, a

escola ou a rua. Isso porque, de acordo com a Jovem 8:

[...] cada um tem uma coisa diferente que faz a gente ir [...]”. A Jovem 9 disse que “Ah, jogando tá bom, né?

Sobre os cinco jovens que não praticam atividade física em outro lugar fora o

SESC, ao se perguntar o porquê não praticam, a Jovem 5 relata que não sai muito

de casa, e que não tem como, já que tem outras tarefas que a impossibilitam de sair

de casa.

Os Jovens 10 e 11 relataram que estudam em uma Escola Técnica Estadual

(ETEC), e que o ensino é em tempo integral, de forma que dificilmente eles

conseguem tempo para praticar atividade física durante a semana, e aproveitam nos

finais de semana para ir ao SESC. O Jovem 12, por sua vez, disse que o SESC é

mais reservado, um local fechado, e que isso torna a prática melhor.

A resposta da Jovem 4 também merece destaque. Ela disse que dificilmente

pratica atividade física em outros lugares, a não ser quando vai andando para o

trabalho, durante a semana, ou vai ao parque ao invés de ir ao SESC. Para ela, não

há muita preferência entre o parque e o SESC, pois num lugar ela gosta de fazer

atividade com mais liberdade (parque), e em outro ela gosta do direcionamento e

ensinamento dado pelos instrutores (SESC).

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As respostas mostram uma multiplicidade de opiniões que corroboram para a

discussão dos autores quando se fala da dificuldade de estabelecer um conceito

fechado sobre a juventude. O que se percebe, a partir das respostas, é que o SESC

é um grande polo de atração para os jovens, por diferentes fatores, entre eles, a

programação e as instalações que oferece e a presença dos instrutores, que

ressalta o cuidado com os recursos materiais, físicos e humanos evidenciado pelos

gestores entrevistados. E isso pode influenciar os jovens a terem uma atividade

física como opção de lazer.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como ressaltado, o objetivo principal deste estudo foi estudar o interesse dos

jovens pela atividade física como opção de lazer, e o objetivo específico foi verificar

a influência do “SESC Verão” no estímulo da prática de atividade física de jovens.

Tanto a revisão de literatura quanto a observação de campo e os relatos dos

jovens participantes do “SESC Verão” mostraram a multiplicidade de interesses e

angústias que este público possui, e que tais características são diferentes de

acordo com as inferências recebidas do local onde vivem, da estrutura familiar que

possuem, das pessoas que convivem, entre outros fatores.

Ao relacionar a fala dos jovens e as abordagens teóricas, foi possível verificar

que os jovens identificaram alguns fatores que caracterizam a juventude, suas

vontades e anseios, como a distância entre o mundo infantil e sua relação com o

mundo adulto, ter liberdade para tomar algumas decisões e se preocupar com o

futuro, principalmente profissional.

Seria muita presunção acreditar ser possível universalizar os interesses e

gostos dos jovens, a fim de produzir soluções e vendê-las, como se fosse um

produto. Cada realidade deve ser bem estudada, e a partir disso devem-se elaborar

as estratégias mais adequadas para cada caso.

Assim, foi visto que os jovens, com idade entre 12 anos completos e 18 anos

incompletos, participantes do “SESC Verão” nas unidades Belenzinho e Itaquera

possuem interesse na atividade física como opção de lazer, como uma forma de

descontração, uma forma de aproveitar a vida e realizar novas amizades. Claro que

isso não se limita somente às atividades de cunho físico-esportivo, mas sim em

todas as atividades que os jovens realizam durante o seu lazer.

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Os jovens entrevistados relataram diversos aspectos positivos em suas

participações no “SESC Verão”. Entre eles, a infraestrutura oferecida, assim como a

programação montada e os instrutores das unidades foram os principais destaques.

Tais elementos, assim como a possibilidade de fazer novas amizades, fazem com

que os jovens tenham interesse em participar do programa.

Todavia, conforme ressaltado pelos gestores e também pelos autores

analisados na revisão de literatura, os jovens possuem múltiplos interesses, e que

muitas vezes é difícil elaborar uma programação que contemple tais interesses.

Porém, uma forma de atenuar a distância entre o que os jovens desejam e o que é

ofertado a eles é ouvi-los, dar voz a estes atores, que podem trazer nuances que por

ventura não tenham sido pensadas anteriormente.

O SESC, de uma maneira geral, por se tratar de um equipamento específico

de lazer, proporciona a oportunidade dos jovens encontrarem as possibilidades de

desenvolverem suas individualidades e suas múltiplas identidades mencionadas

pelos autores pesquisados. O “SESC Verão”, por sua vez, oferece a oportunidade

das pessoas, de uma maneira geral, e dos jovens, mais especificamente, terem

contato com diversas práticas esportivas, que de repente possam ser internalizadas,

de forma que os jovens venham a praticá-las em seu cotidiano.

Vale ressaltar o fato de que, em toda a Zona Leste de São Paulo, que conta

com 4.009.059 pessoas, sendo 1.053.979 crianças e jovens, há somente duas

unidades do SESC, de forma que estes equipamentos possuem um papel

importante para esta população, que não encontra muitas opções de equipamentos

esportivos com programação para todos os públicos.

A partir deste estudo foi possível identificar um potencial transformador que o

programa possui frente aos jovens com relação ao potencial da educação para o

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lazer, que tem possibilidade de acompanhar os jovens e influenciá-los a ter uma

atividade física como opção de lazer por toda a sua vida. Como mencionado

anteriormente, a programação se torna um chamariz para esse público, que tem a

possibilidade de praticar um esporte ou atividade física que ele tenha apreço, mas

que não encontra outros locais para realizar tal atividade.

Outro fator que reforça o potencial transformador do programa é a

participação dos jovens em mais de uma edição do evento. Dessa forma, se um

trabalho de conscientização dos benefícios da prática da atividade física for

realizado, as chances de se obter êxito serão maiores.

Contudo, vale salientar que os resultados obtidos aqui esboçam uma

realidade pontual, não sendo possível realizar generalizações. Cabe a realização de

outros estudos, com as mais diversas abordagens (quantitativa, qualitativa,

etnográfica, entre outras), com outra abrangência geográfica, para que os resultados

possam se complementar, e ter um panorama mais fidedigno da realidade do

programa “SESC Verão” como um todo.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa: Atividade física

como opção de lazer: uma análise acerca dos jovens participantes do programa “SESC

Verão”. A pesquisa é desenvolvida como parte integrante do Programa de Mestrado em

Ciências da Atividade Física da Universidade de São Paulo.

A JUSTIFICATIVA, OS OBJETIVOS E OS PROCEDIMENTOS:

O motivo que nos leva a estudar o problema é entender se os programas de incentivo à

atividade física incentivam os jovens a praticá-la como opção de lazer. A pesquisa se

justifica pelo fato de expressiva parte da população jovem estar sedentária, enfrentando

problema de obesidade. O objetivo desse projeto é estudar o interesse dos jovens pela

atividade física como opção de lazer. O procedimento de coleta de dados se dará da

seguinte forma: será realizada uma entrevista, sendo ela registrada em um gravador e

depois se conteúdo será transcrito. Você somente participará uma vez da gravação dessa

entrevista.

DESCONFORTOS E RISCOS E BENEFÍCIOS:

Existe um desconforto e risco mínimo a você que se submeter à coleta dos dados para esta

pesquisa. Por se tratar de uma entrevista que versará sobre seu interesse pela atividade

física como opção de lazer, ela envolverá opiniões pessoais, o que pode trazer

constrangimento a você em emiti-la, sendo que se justifica pelo benefício que esta pesquisa

trará a você, caso seja possível entender o que leva os jovens a praticarem uma atividade

física em seu lazer.

FORMA DE ACOMPANHAMENTO E ASSISTÊNCIA:

Como será realizada uma entrevista pontual, não há a necessidade de acompanhamento e

fornecimento de assistência.

GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E GARANTIA DE

SIGILO:

Você será esclarecido(a) sobre a pesquisa em qualquer aspecto que desejar. Você é livre

para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou interromper a participação a

qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar

qualquer penalidade ou perda de benefícios.

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O(s) pesquisador(es) irá(ão) tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os

resultados da pesquisa serão enviados para você e permanecerão confidenciais. Seu nome

ou o material que indique a sua participação não será liberado sem a sua permissão. Você

não será identificado(a) em nenhuma publicação, seja em eventos ou em artigos científicos,

que possa resultar deste estudo. Uma cópia deste consentimento informado será arquivada

no Curso de Mestrado em Ciências da Atividade Física da Escola de Artes, Ciências e

Humanidades da Universidade de São Paulo e outra será fornecida a você.

CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO POR EVENTUAIS

DANOS:

A participação no estudo não acarretará custos para você e não será disponível nenhuma

compensação financeira adicional (ressarcimento ou indenização).

DECLARAÇÃO DA PARTICIPANTE OU DO RESPONSÁVEL PELA PARTICIPANTE:

Eu, _________________________________________________________ fui informada(o)

dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas.

Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações e motivar minha decisão

se assim o desejar. O professor orientador Dr. Ricardo Ricci Uvinha certificou-me de que

todos os dados desta pesquisa serão confidenciais.

Também sei que caso existam gastos adicionais, estes serão absorvidos pelo orçamento da

pesquisa. Em caso de dúvidas poderei chamar o estudante Alipio Rodrigues Pines Junior, o

professor orientador Dr. Ricardo Ricci Uvinha no telefone (11) 94398-6334 ou no e-mail

[email protected], ou o Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Artes, Ciências e

Humanidades da Universidade de São Paulo, sito à Av. Arlindo Béttio, 1000, Ermelino

Matarazzo – São Paulo, SP, no telefone (11) 3091-1046 ou no e-mail [email protected].

Declaro que concordo em participar desse estudo, e autorizo a divulgação dos resultados

dele em eventos e/ou artigos científicos. Recebi uma cópia deste termo de consentimento

livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.

Nome Assinatura do Participante Data

Nome Assinatura da Testemunha Data

Nome Assinatura do Pesquisador Data

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APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS JOVENS

- Identificação do entrevistado (nome, local de moradia e idade); - Para você, o que é ser jovem? - Você se considera jovem? Por quê? - O que você costuma fazer nas suas horas de lazer? - É a primeira vez que você participa do “SESC Verão”? - Como você soube do “SESC Verão”? - O que te levou a participar do “SESC Verão”? - Você voltaria a participar do “SESC Verão”? Por quê? - Você pratica alguma atividade física em outro lugar, que não seja o SESC? Se sim, onde você pratica? Que tipo de atividade física você pratica? E em qual lugar você prefere praticar? Se não, por que não pratica em outro lugar?

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APÊNDICE C – ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS GESTORES

- Identificação do entrevistado (nome, idade, função e tempo de trabalho no SESC); - Fale um pouco sobre o programa “SESC Verão” (origem, objetivos, público-alvo, edições, atividades desenvolvidas); - Qual é a concepção de jovens que o SESC tem? - Você acredita que o “SESC Verão” atende aos interesses dos jovens pela atividade física como opção de lazer? - Como você qualifica os recursos físicos, materiais e humanos destinados para o “SESC Verão” para o atendimento das atividades físicas de lazer para seus participantes? - Qual é a aderência do público jovem no “SESC Verão”? - De onde acredita que se originam os jovens participantes do “SESC Verão”? Entende que o equipamento consegue atender a população jovem do entorno quanto à expectativa de atividade física de lazer? - Em sua opinião, o “SESC Verão” exerce alguma influência sobre o jovem no sentido de ter uma atividade física como opção de lazer? Se positivo, como o programa influenciaria?

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APÊNDICE D – ENTREVISTAS DOS JOVENS

Jovem 1 – Sexo Masculino – SESC Belenzinho: Entrevistador: Você poderia falar, por favor, o seu nome, o bairro onde você mora e a sua idade? Jovem 1: Treze anos, Jovem 1, eu moro na Vila Cisper. Entrevistador: Vila Cisper. É... Jovem 1, pra você, na sua opinião, o que é ser jovem? Jovem 1: É poder curtir a vida, estudar também, pra poder garantir o seu futuro, mas aproveitar bem a juventude. Entrevistador: Legal. E você se considera jovem? Jovem 1: Sim. Entrevistador: Por que você se considera jovem? Jovem 1: Porque, praticamente, eu faço tudo isso que eu descrevi que é ser jovem. Entrevistador: Ah, perfeito. Hã... Agora, sobre o seu tempo de lazer, o que você costuma fazer? Jovem 1: É... Eu ando de skate, jogo basquete e futebol. Entrevistador: Legal. E você está participando aqui das atividades do “SESC Verão”. É a primeira vez que você participa do “SESC Verão”? Jovem 1: Não. Acho que já é a terceira vez. Entrevistador: Terceira vez? Poxa! E como você soube do “SESC Verão”? Jovem 1: Meu pai veio, ele já tinha feito a inscrição dele aqui, e eu gostei e vim conhecer. Aí eu participei de umas atividades bem legais. Entrevistador: Ah, legal. E você voltaria a participar do “SESC Verão”? Jovem 1: Voltaria sim, e vou voltar! Entrevistador: O que te leva a voltar a participar do “SESC Verão”? Jovem 1: A estrutura que eles proporcionam pra quem está participando. Entrevistador: Ah, legal. E você pratica atividade física em algum outro lugar, que não seja o SESC? Jovem 1: Sim, eu faço basquete no CEU Quinta do Sol. Entrevistador: Ah, legal. E você prefere fazer o basquete, que é o que você pratica lá, no CEU ou aqui no SESC? Jovem 1: Eu nunca experimentei fazer aqui, mas acho que a infraestrutura da quadra daqui seja melhor do que a de lá. Entrevistador: Legal. Jovem 1, muito obrigado pela entrevista. Jovem 1: De nada.

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Jovem 2 – Sexo Masculino – SESC Belenzinho: Entrevistador: Você poderia falar o seu nome, o bairro onde mora e a sua idade, por favor? Jovem 2: Meu nome é Jovem 2, eu moro em São Paulo, na Vila Silvia, e eu tenho dezesseis anos. Entrevistador: Perfeito. Jovem 2, pra você, o que é ser jovem? Jovem 2: Acho que ser jovem é aproveitar uma fase na vida que não chegou ainda, que é a maturidade. Não que ser jovem não é ser maduro, mas que seja tipo um aproveitamento a mais da vida, sabe? De começar tudo o que é importante. Entrevistador: Legal. Como se fosse uma fase de experimentação? Jovem 2: Isso! Entrevistador: Legal. Jovem 2: Mas sem excessos, assim, tipo, tudo no seu devido controle. Entrevistador: Legal! Você se considera jovem? Jovem 2: Sim. Entrevistador: Por que você se considera jovem? Jovem 2: Ah, porque eu acho que me encaixo nesse termo de aproveitar, de não ter aquela coisa de excesso, de fazer o máximo para o meu corpo ser aproveitado bem nesse termo aí. Entrevistador: Legal. Eu estou vendo que aqui você está em um momento de lazer, tá aproveitando. E o que você costuma fazer nas suas horas de lazer? Jovem 2: Eu costumo jogar bola, e praticar exercício físico. Entrevistador: Legal. Esses exercícios, diversos exercícios físicos? Jovem 2: Isso. Mas mais pra parte do abdome, sabe? Tipo, é... Parte dos músculos, sabe? E jogar bola. Jogar bola é uma coisa que eu gosto muito de fazer. Entrevistador: Legal. É a primeira vez que você está participando aqui do “SESC Verão”? Jovem 2: Não, já é a segunda já. No ano passado eu participei também, teve uma edição, e eu participei. E foi bastante bacana. Mas esse ano eles surpreenderam também. Entrevistador: Ah, poxa, que bacana! E Como que você soube do “SESC Verão”? Jovem 2: Então, é... Ano passado, devido a... Como eu frequentava bastante, que nem eu frequento esse ano, é... Eu cheguei aqui um dia e vi, e achei interessante e falei: ah, vou participar. Acabei participando e gostei. E esse ano estou aqui de novo para participar. Entrevistador: Ah, então, é... Você com certeza voltaria a participar de outra edição do “SESC Verão”? Jovem 2: Sim, sim, sim. Outras e outras! Porque eu sei que vai ser surpreendente, assim. Eles fazem o... A cada dia eles inovam, e inovam de um jeito bom pra gente, pro corpo e pra mente, assim, pra aliviar. Entrevistador: Que bacana! Você pratica alguma atividade física em outro lugar, que não seja no SESC? Jovem 2: Sim. Pratico perto da minha casa. Tem um campo de futebol lá, aí eu pratico tanto exercício físico quanto jogar bola, né? Tipo, exercício pra trabalhar o corpo. Entrevistador: Legal. E você prefere praticar o futebol no SESC ou lá no campo?

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Jovem 2: Aqui. Aqui porque aqui eu tenho ensinamento, né? Aqui eu tenho, eles ensinam, eles ensinam de uma ponta à outra, tanto o esporte quanto a educação, como trabalhar dentro de campo, etc. Entrevistador: Tá, muito obrigado Jovem 2 pela entrevista. Jovem 2: De nada.

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Jovem 3 – Sexo Masculino – SESC Belenzinho: Entrevistador: Você poderia falar o seu nome, o bairro onde mora e a sua idade, por favor? Jovem 3: É, Jovem 3, moro no Cambuci, São Paulo. Entrevistador: Quantos anos? Jovem 3: Dezessete. Entrevistador: Dezessete anos... Jovem 3, pra você, o que é ser jovem? Jovem 3: Eu acho que ser jovem é aquela idade entre ser criança e ser adulto. É a parte que você começa a ter responsabilidade e ver a vida de uma forma diferente. Entrevistador: E você se considera jovem? Jovem 3: Claro! Entrevistador: Por quê? Jovem 3: Porque, além do que eu falei, ser jovem é aproveitar a vida, e, tipo, você saber lidar com as responsabilidades que vão começar a vir. Entrevistador: Perfeito. Hã... Você também estava em seu momento de lazer por aqui. Hã... O que você costuma fazer durante o seu lazer? Jovem 3: Ah, eu gosto muito de andar de skate e aproveitar, tipo, pra ficar com as crianças, porque eu gosto. E, além disso, eu gosto de, sei lá, sair, vim pro SESC, porque aqui tem muitas possibilidades de lazer. Além de quadra, tem piscina, teatro, e outras coisas mais. Entrevistador: Legal. E é a primeira vez que você participa do “SESC Verão”? Jovem 3: Não, eu já participei bastante. Eu, quando era criança, gostava muito de futebol, então eu ficava mais na quadra. Aí quando eu comecei a ser jovem eu vi outras coisas. Eu vi que não é só futebol. Aí eu vi o vôlei e outras oportunidades. Entrevistador: Legal. E como você soube desta edição do “SESC Verão”? Jovem 3: Ah, eu... Na verdade eu vim com um grupo, e esse grupo que me trouxe. Só que, tipo, o “SESC Verão” eu já sabia. Aqui, o SESC Belenzinho, eu vim... Hoje foi a primeira vez que eu vim. Entrevistador: Poxa, que legal! E você já falou que foi o grupo que te levou a participar do “SESC Verão”, né? Você voltaria a participar do “SESC Verão”? Jovem 3: Sim, sem problemas. Aí eu pretendo vir quando eu estiver mais velho, já adulto. E, sei lá, vir com os meus filhos ou a família inteira. Entrevistador: E por que você voltaria? Jovem 3: Por causa das possibilidades, por causa das atividades que eu acho que, além de incentivar as crianças a se divertir, entrosa os adultos com as crianças, e isso é uma coisa bem boa. Entrevistador: Perfeito. Você pratica atividade física em algum outro lugar, que não seja o SESC? Jovem 3: Sim, eu participo de... Eu vou nos Clube Escola do bairro e, sei lá, como lá é mais perto da minha casa, eu vou lá. Só que às vezes eu gosto do SESC também, por causa das... Das atividades novas, não é uma coisa repetitiva. Todo ano muda. Entrevistador: E por causa disso você prefere mais o SESC? Jovem 3: O SESC. Entrevistador: Perfeito então Jovem 3, muito obrigado pela entrevista. Jovem 3: Obrigado.

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Jovem 4 – Sexo Feminino – SESC Belenzinho: Entrevistador: Você poderia falar, por favor, o seu nome, o bairro onde mora e a sua idade? Jovem 4: Eu tenho dezesseis anos, meu nome é Jovem 4, e eu moro no Cambuci. Entrevistador: Jovem 4, pra você, o que é ser jovem? Jovem 4: É você aproveitar a vida, tipo, do melhor jeito, sem prejudicar ninguém, e aproveitar cada momento. Entrevistador: Perfeito. E você se considera jovem? Jovem 4: Às vezes. Entrevistador: Por que às vezes? Jovem 4: Porque tem... (risadas) Entrevistador: Pode falar, é a sua opinião. Jovem 4: Porque tem vezes, assim, que a responsabilidade chama mais alto. Só que a gente não pode deixar, tipo, a responsabilidade assumir a sua cabeça toda. Você tem que curtir, e às vezes eu não curto tanto como eu gostaria. Aí eu sou metade jovem. Entrevistador: Entendi, perfeito. Hã... Eu vi que agora você estava na sua hora de lazer. E o que você costuma fazer durante o seu lazer? Jovem 4: O que eu costumo fazer durante o meu lazer? Ah, eu gosto de basquete, às vezes eu nado, mas o que eu gosto mesmo de fazer, tipo, pra aproveitar o meu momento de lazer é dar risada, bastante. Adoro! Acho que isso é a melhor coisa quando você está curtindo, aproveitando alguma coisa. Então... É isso daí. Entrevistador: Perfeito. Jovem 4, como você soube do “SESC Verão”? Jovem 4: Eu já conhecia antes, por outros programas, de... De cursos que eu fazia. Eles traziam a gente pra curtir mesmo. E... É uma coisa que não é nova pra mim, já... Eu já venho visitando bastante esses projetos do “SESC Verão”, e aí como eu conheci mesmo, foi através de um curso que eu fazia, e aí lá naquele curso eles deram a oportunidade da gente conhecer esse projeto.E foi a partir disso que eu acabei conhecendo. Entrevistador: Legal. Você voltaria a participar do “SESC Verão”? Jovem 4: Sim, voltaria. Entrevistador: Por quê? Jovem 4: Porque os instrutores são legais. Eles explicam bem as atividades que eles passam pra gente. A gente também se diverte, conhece outras pessoas, e vai se entrosando. Entrevistador: Perfeito. Você pratica atividade física em outro lugar, que não seja o SESC? Jovem 4: Difícil. Mas eu costumo fazer caminhada. Tipo, do meu serviço até em casa é uma hora de caminhada. O melhor jeito de fazer exercício é esse, porque eu não tenho muito tempo pra tá indo em parque. Só de final de semana, final de semana eu consigo fazer. Mas dia de semana não, aí é só caminhada mesmo. Entrevistador: E de todos os lugares, você prefere esses outros locais ou o SESC? Jovem 4: Preferência? É... Não sei... Não sei, mas eu gosto do SESC tanto quanto os parques, porque você vai ter alguém como espelho. Você vai poder, tipo, nossa, ele está passando atividade pra mim, eu vou fazer o que ele tá pedindo, da minha melhor forma. Já no parque fica a seu critério. Você faz, não tá sabendo se tá fazendo certo ou errado. Os instrutores até ajudam: “Não, assim não. Você está fazendo errado. É desse jeito, desse jeito é melhor”. Assim vai né?

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Entrevistador: Perfeito. Muito obrigado pela sua entrevista. Jovem 4: De nada.

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Jovem 5 – Sexo Feminino – SESC Belenzinho: Entrevistador: Você poderia falar o seu nome, o bairro onde mora e a sua idade, por favor? Jovem 5: Meu nome é Jovem 5, eu moro em Ferraz de Vasconcelos, tenho catorze anos. Entrevistador: Jovem 5, pra você, o que é ser jovem? Jovem 5: Ah, é muito importante pra juventudes, saber o que você faz quando é jovem, quando você cresce, quando você é criança... Isso é muito importante pra sua vida. Entrevistador: E você se considera jovem? Jovem 5: Me considero jovem, sim. Entrevistador: Por que você se considera jovem? Jovem 5: Porque ser jovem é uma coisa muito importante na vida, se conquista muita coisa. Você consegue tudo... Você não consegue tudo, você quer, mas você conquista o que você quer ser, você aprende muitas coisas com as pessoas mais velhas. Entrevistador: Muito bem. Eu vi que aqui você está no seu momento de lazer, né? O que você costuma fazer no seu lazer? Jovem 5: Ah, eu costumo fazer no meu lazer... Arrumar minha casa e assistir televisão. Entrevistador: Assistir televisão... Legal. É a primeira vez que você tá participando do “SESC Verão”? Jovem 5: É, minha primeira vez. Entrevistador: Legal. E como que você soube do “SESC Verão”? Jovem 5: Através da minha irmã, porque eu nunca vim no SESC, nunca. Entrevistador: Ah, que legal! Primeira vez que você está vindo no SESC também! Jovem 5: É. Entrevistador: Legal. E o que te levou a participar aqui do “SESC Verão”? Jovem 5: Por causa das atividades, que eu achei legal, e eu queria participar pra ver como que é. Entrevistador: Legal. Você voltaria a participar do “SESC Verão”? Jovem 5: Voltaria. Entrevistador: Por que você voltaria? Jovem 5: Porque eu gostei muito. Entrevistador: Legal. E você pratica alguma atividade física em algum outro lugar, que não seja o SESC? Jovem 5: Não. Entrevistador: Não, não pratica. Por que você não pratica? Jovem 5: Porque... Porque eu não saio muito de casa, e não tem como também. Entrevistador: Ah, entendi. Muito obrigado pela entrevista, Jovem 5. Jovem 5: De nada.

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Jovem 6 – Sexo Masculino – SESC Belenzinho: Entrevistador: Você poderia falar, por favor, o seu nome, o bairro onde mora e a sua idade? Jovem 6: Meu nome é Jovem 6, moro aqui no Belém, e tenho dezesseis anos. Entrevistador: Jovem 6, pra você, o que é ser jovem? Jovem 6: Ah, é uma fase que você pode curtir a vida, não tem tantas responsabilidades como um adulto. Acho que é isso. Entrevistador: E você se considera jovem? Jovem 6: Sim, me considero. Entrevistador: Por que você se considera jovem? Jovem 6: Porque... Eu tenho tempo pra curtir com meus amigos, e tô começando a ter mais responsabilidades, que meu pai vai me passando. Entrevistador: Entendi. Eu vi que você estava em seu momento de lazer aqui no SESC. Hã... O que você costuma fazer no seu lazer? Jovem 6: Ah, eu gosto de jogar vôlei, jogar bola... Praticar esportes. Entrevistador: Legal. Essa é a primeira vez que você participa do “SESC Verão”? Jovem 6: Não, no ano passado eu também vim aqui. Como é perto de casa a gente vem bastante pra cá. Entrevistador: Legal. E como você soube desta edição do “SESC Verão”? Jovem 6: Ah, como eu venho bastante pra cá, os monitores mesmos falam pra gente que vai ter o “SESC Verão”. Aí eu falei com meu pai e a gente veio pra cá. Entrevistador: Ah, legal! E você voltaria a participar do “SESC Verão”? Jovem 6: Sim, voltaria. Entrevistador: E por que você voltaria? Jovem 6: Pelas atividades, que são coisas diferentes do que a gente faz todo dia. Agora mesmo eu participei de uma clínica de Rugby na areia, algo que eu nunca tinha feito. Entrevistador: Bacana! Pra terminar, você pratica alguma atividade física em outro lugar, que não seja o SESC? Jovem 6: Não, eu pratico aqui no SESC mesmo. Entrevistador: Por quê? Jovem 6: Porque aqui eles têm uma estrutura boa pra praticar esporte, com monitores que explicam bem as coisas. Aqui me sinto à vontade. Entrevistador: Perfeito. Jovem 6, muito obrigado pela entrevista. Jovem 6: De nada.

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Jovem 7 – Sexo Feminino – SESC Belenzinho: Entrevistador: Você poderia falar o seu nome, bairro onde mora e a idade, por favor? Jovem 7: É, meu nome é Jovem 7, é... Eu moro na Vila Prudente, e eu tenho quinze anos. Entrevistador: Jovem 7, pra você, o que é ser jovem? Jovem 7: Ah... É... Ser jovem... Não sei... Entrevistador: É sua opinião, não tem certo ou errado. O que você acha? Jovem 7: É... Ser jovem é curtir a vida, é começo de vida, né? Curtir tudo o que tem pra viver. Entrevistador: Ah, legal. E você se considera jovem? Jovem 7: Sim. Entrevistador: Por quê? Jovem 7: Por causa da minha idade. Eu tenho quinze anos. Eu acho que estou na faixa etária, assim, de ser jovem. Entrevistador: Perfeito. Hã... Eu vi que agora você tá no seu momento de lazer aqui no SESC. Jovem 7: Ahan. Entrevistador: O que você costuma fazer no seu lazer? Jovem 7: Ah, eu gosto de jogar vôlei, eu gosto de ir pra piscina, eu gosto de fazer várias coisas. Entrevistador: Legal. E é a primeira vez que você participa do “SESC Verão”? Jovem 7: Não. Eu já participei outras vezes. Entrevistador: Legal. E como você soube desta edição do “SESC Verão”? Jovem 7: Na verdade, eu já conhecia, porque a minha mãe já tinha conhecido aqui faz tempo, entendeu? Aí a gente conheceu. Entrevistador: Ah, legal. E o que te levou a vim participar do “SESC Verão”? Jovem 7: É... As férias. Como está calor, assim, o tempo. Tudo, essas coisas. Entrevistador: Tá... Entendi. E você voltaria a participar do “SESC Verão”? Jovem 7: Claro, com certeza. Entrevistador: Por que você voltaria? Jovem 7: Porque é divertido. É... Uma coisa que... sei lá, a gente não faz em casa, entendeu? Entrevistador: Tá, uma coisa diferente. Jovem 7: Isso. Entrevistador: É... pra terminar, você pratica atividade física em algum outro lugar, que não seja o SESC? Jovem 7: Na verdade, sim. Na escola, sim. A gente pratica. Entrevistador: E em que momento na escola? Jovem 7: Na Educação Física, que é bem provável. A gente joga, faz exercícios, essas coisas. Entrevistador: E entre a escola e o SESC, onde você prefere praticar? Jovem 7: No SESC. Até porque, tipo, tá com a família, é mais divertido. Entrevistador: Ah tá. Muito bem, Jovem 7, muito obrigado pela entrevista. Jovem 7: De nada.

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Jovem 8 – Sexo Feminino – SESC Itaquera: Entrevistador: Você poderia falar o seu nome, o bairro onde mora e a idade, por favor? Jovem 8: Jovem 8, dezessete, Itaquera. Entrevistador: Jovem 8, pra você, o que é ser jovem? Jovem 8: Jovem é aproveitar o máximo, porque depois que você chega na fase adulta não tem o que ficar aproveitando não (risos). Então curte bastante! Entrevistador: Ah, legal. E você se considera jovem? Jovem 8: Com certeza (risos). Entrevistador: Por quê? Jovem 8: Mano, porque eu sou feliz. Eu vivo a vida do jeito que tem que viver. Aproveitar ao máximo! Entrevistador: Legal. É... Aqui você está no seu momento de lazer, e eu queria perguntar pra você: o que você costuma fazer durante o seu lazer? Jovem 8: Fico no celular (risos), pratico uns esportes e fico com os amigos. Entrevistador: Bom. É... E essa é a primeira vez que você participa do “SESC Verão”? Jovem 8: Não. Entrevistador: Não? Você já participou outras vezes? Jovem 8: Já. Entrevistador: E como que você soube do “SESC Verão”? Jovem 8: Ah, eu vim aqui do nada mesmo, e eu soube que estava tendo o “SESC Verão” (risos). Entrevistador: Legal. Então o que te levou a participar mesmo foi você estar passando à toa e viu que tinha. Jovem 8: Isso. Foi isso mesmo. Entrevistador: Tá bom. É... Você voltaria a participar do “SESC Verão”? Jovem 8: Com certeza (risos). Entrevistador: Por quê? Jovem 8: Porque é muito... É muito legal. Eu encaminho pra todo mundo que quiser vir aqui. É uma boa escolha pra aproveitar o dia-a-dia de férias. Entrevistador: Legal. Você disse que gosta de praticar alguns esportes. É... Você pratica atividade física, esporte, em outro lugar, que não seja no SESC? Jovem 8: Sim. Entrevistador: Onde que você pratica? Jovem 8: Na escola (risos), na rua. Quando me chamam pra jogar eu vou e jogo. Entrevistador: E você prefere esses locais ou o SESC? Jovem 8: Os dois. Todos. Os dois não, todos! Entrevistador: Por quê? O que cada um tem de bom? Jovem 8: Cada um tem alguma coisa diferente que faz a gente ir, né Jovem 9? (risos) Entrevistador: Tudo bem então. Muito obrigado pela sua entrevista. Jovem 8: De nada.

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Jovem 9 – Sexo Feminino – SESC Itaquera: Entrevistador: Você poderia falar, por favor, o seu nome, o bairro onde mora e a idade? Jovem 9: Meu nome é Jovem 9, eu moro no bairro Itaquera e tenho catorze anos. Entrevistador: Jovem 9, pra você, o que é ser jovem? Jovem 9: Jovem é ser livre. Entrevistador: Ser livre. Legal. E você se considera jovem? Jovem 9: Me considero. Entrevistador: Por quê? Jovem 9: Ah, porque eu to num momento de aproveitar, e eu to aproveitando bastante. Entrevistador: Legal. É... Você aqui no seu momento de lazer, eu via que você está fazendo algumas coisas. É... e o que mais você costuma fazer nas suas horas de lazer? Jovem 9: Ah, eu mexo no celular, eu saio. Gosto de sair, gosto de ir ao cinema, esses lugares. Entrevistador: Legal. Ah... Eu vi que você está aqui no “SESC Verão”. Essa é a primeira vez que você participa do “SESC Verão”? Jovem 9: Não, não é a primeira vez. Entrevistador: Não? Como que você soube do “SESC Verão”? Jovem 9: Ah, foi de passagem, foi de passagem também. Entrevistador: Passagem? Ah... E o que te levou a vir participar das atividades do “SESC Verão”? Jovem 9: Ah, que eu gosto de esportes. Aí eu passei, aí eu vi os esportes, aí eu quis participar. Entrevistador: Legal. Você voltaria a participar do “SESC Verão”? Jovem 9: Voltaria. Entrevistador: Por quê? Jovem 9: Ah, porque eu gostos dos esportes, né? E é sempre bom estar aproveitando. Entrevistador: Legal. Você pratica atividade física em algum outro lugar, que não seja no SESC? Jovem 9: Pratico. Entrevistador: Aonde? Jovem 9: Ah, na rua, escola. Esses lugares que pode jogar. Entrevistador: E você prefere onde, na escola, na rua ou aqui no SESC? Jovem 9: Ah, jogando tá bom, né? Não tem lugar. Entrevistador: Pra você não tem preferência? Jovem 9: Tem não. Entrevistador: Tá bom então. Jovem 9, muito obrigado pela sua entrevista. Jovem 9: De nada.

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Jovem 10 – Sexo Masculino – SESC Itaquera: Entrevistador: Você poderia falar, por favor, o seu nome, o bairro onde mora e a idade, por favor? Jovem 10: Meu nome é Jovem 10, eu moro no bairro Jardim Iguatemi e eu tenho quinze anos. Entrevistador: Jovem 10, pra você, o que é ser jovem? Jovem 10: É ter energia pra poder fazer muitas atividades. Ser energético. Entrevistador: Legal. Você se considera jovem? Jovem 10: Sim, porque eu ainda tenho quinze anos, eu ainda tenho energia pra realizar as atividades que eu quero. Entrevistador: Ah, beleza. É... Eu vi que agora você está num momento de lazer. E eu queria perguntar o que você costuma fazer nas suas horas de lazer? Jovem 10: Normalmente, ou estou jogando vídeo game, e nos finais de semana eu venho pro SESC jogar handebol, tênis de mesa, e outras atividades. Entrevistador: Legal. É... Sobre o “SESC Verão”, é a primeira vez que você participa do “SESC Verão”? Jovem 10: Sim. Entrevistador: E o que te levou a participar do “SESC Verão”? Jovem 10: É... Eu já jogava aqui, às vezes, e eu conheci o projeto, que tinha umas pessoas que jogavam handebol aqui. Aí, vindo participar desse projeto eu soube do “SESC Verão”, e comecei a participar. Entrevistador: E você então, é... Eu ia perguntar como que você soube do “SESC Verão”, foi através dos próprios projetos do SESC? Jovem 10: Sim. Entrevistador: Ah, legal. É... Você voltaria a participar do “SESC Verão”? Jovem 10: Voltaria. Entrevistador: Por quê? Jovem 10: Porque é um projeto muito interessante, e que proporciona lazer, e realmente é um projeto muito bom. Eu voltaria sim a participar. Entrevistador: É, eu... Você já mencionou que você gosta de praticar atividade física. E você pratica atividade física em outro lugar, que não seja no SESC? Jovem 10: Na escola, mas eu não posso considerar que seja muita atividade física porque são duas aulas por semana. Normalmente só vou praticar atividade física aqui no SESC. Entrevistador: Tá. É... E por que você não pratica em outro lugar, tirando a escola e o SESC? Jovem 10: Porque é o tempo que eu estou estudando. Eu estudo em período integral numa ETEC, e eu não tenho muito tempo para jogar em outro lugar. Aí só aqui mesmo, no SESC e na escola. Entrevistador: Perfeito. Jovem 10, obrigado pela sua entrevista. Jovem 10: De nada.

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Jovem 11 – Sexo Masculino – SESC Itaquera: Entrevistador: Você poderia falar o seu nome, o bairro onde mora e idade, por favor? Jovem 11: É, Jovem 11, moro em Itaquera, Cidade Líder, e tenho quinze anos. Entrevistador: Jovem 11, pra você, o que é ser jovem? Jovem 11: É ter bastante tempo livre, sabe? Pra aproveitar o seu tempo, tipo, fazendo coisas que sejam dos seus gostos. Entrevistador: Legal. Você se considera jovem? Jovem 11: Me considero jovem, sim. Entrevistador: Por quê? Jovem 11: Porque eu aproveito meu tempo fazendo coisas que eu gosto. Entrevistador: Ótimo. É... Já que você falou de aproveitar o tempo pra fazer o que você gosta, vou perguntar pra você: o que você gosta de fazer nas suas horas de lazer? Jovem 11: Eu venho ao SESC praticar algumas atividades que eles oferecem, tipo, basquete, handebol, e tênis de mesa também. Entrevistador: Mais atividade física. Não tem alguma outra coisa que você gosta de fazer no lazer? Jovem 11: Tenho. Eu também jogo na rua, mas eu acho que não conta muito também, porque não é coisa... Como eu posso dizer? Dirigida! Entrevistador: Tranquilo. É a primeira vez que você participa do “SESC Verão”? Jovem 11: É, primeira vez que eu venho aqui no “SESC Verão”. Entrevistador: E como que você soube do “SESC Verão”? Jovem 11: É... Eu já vinha antes, no projeto aqui do handebol, desde o meio do ano passado. Aí eles foram divulgando no começo do ano, só que quando eu ainda tava vindo, que eu parei de vir por algumas semanas, eles não tinham começado com o projeto ainda. Aí hoje foi a primeira vez Entrevistador: Legal. E o que te levou a participar do “SESC Verão”? Jovem 11: Então, é... Como o projeto do “SESC Verão” é handebol e também polo aquático, mas eu venho mais pelo handebol, porque eu e um amigo meu estamos vindo aqui focados em treino pra melhorar pro campeonato que vai ter na escola. Entrevistador: Entendi. É... E você voltaria a participar do “SESC Verão”? Jovem 11: Com certeza eu voltaria. Porque é uma programação com bastante tempo, bastante pessoas e é bem dirigida. Entrevistador: Ótimo. Pra terminar, você pratica atividade física em algum outro lugar que não seja o SESC? Jovem 11: Só na rua, mas fora isso não. Porque tem a escola, que eu estudo em período integral, aí é complicado pra fazer. Entrevistador: Beleza. Jovem 11, muito obrigado pela sua entrevista. Jovem 11: De nada.

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Jovem 12 – Sexo Masculino – SESC Itaquera: Entrevistador: Você poderia falar o seu nome, o bairro onde mora e a idade, por favor? Jovem 12: Jovem 12, tenho catorze anos, vou fazer quinze já, e minha cidade é São Paulo... Eu moro no Jardim São Pedro. Entrevistador: Jovem 12, pra você, o que é ser jovem? Jovem 12: Jovem é curtir a vida, mais ou menos assim, e dar o seu melhor, porque não é todos os dias que você tem essa condição física, né? Entrevistador: Entendi. E você se considera jovem? Jovem 12: É, eu me considero jovem sim. Entrevistador: Por quê você se considera jovem? Jovem 12: Ah, pelo fato da minha idade, também pelas coisas que eu faço, assim... Só isso! Entrevistador: OK. É... Estou vendo que você está no seu momento de lazer agora, aqui no SESC. E eu queria saber o que você costuma fazer nas suas horas de lazer? Jovem 12: Ó, o que eu mais costumo fazer é jogar tênis de mesa. A minha... Vamos supor, assim, que mais da metade da minha vida é jogar tênis de mesa. Entrevistador: Ah, Legal. E... Agora sobre o “SESC Verão”. É a primeira vez que você participa do “SESC Verão”? Jovem 12: Não, é a terceira vez... É, terceira vez. Entrevistador: E como que você soube do “SESC Verão”? Jovem 12: Por conta de amigos que me indicaram a vir, que eles participaram. Aí então eu decidi vim, e é bem legal aqui. Entrevistador: Ah, legal. E o que te levou a participar aqui do “SESC Verão”? Jovem 12: Ó, o mais... O que eu vim mais mesmo foi o tênis de mesa e o handebol. Entrevistador: Hum, legal. E você voltaria a participar do “SESC Verão”? Jovem 12: Voltaria sim, muitas vezes. Entrevistador: Por quê? Jovem 12: Porque é bem divertido, você encontra vários amigos, assim, faz novas amizades, por meio de esportes. Entrevistador: Ah, bacana. E, pra terminar, queria saber se você pratica atividade física em algum outro lugar, que não seja no SESC? Jovem 12: Não, só no SESC e em treinos, assim. Só mais isso. Entrevistador: Por que você não pratica em outros lugares? Alguma coisa específica? Jovem 12: Não, é porque que aqui é mais reservado. Local mais fechado é melhor pra... Pra curtir. Entrevistador: Ah, bacana. Então tá. Muito obrigado, Jovem 12, pela entrevista. Jovem 12: Valeu!

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APÊNDICE E – ENTREVISTAS DOS GESTORES

Entrevista 1:

Entrevistador: Você poderia dizer o seu nome, idade, o cargo e o tempo de

trabalho no SESC, por favor?

Gestora 1: Eu sou a Gestora 1, tenho 39 anos, sou Assistente Técnico no SESC São

Paulo, na Gerência de Desenvolvimento Físico Esportivo, eu trabalho no SESC

desde 1998, e eu estou na Gerência de Desenvolvimento Físico Esportivo desde

2009.

Entrevistador: Legal, Gestora 1. Você poderia me falar um pouco sobre o

programa “SESC Verão”?

Gestora 1: É... O “SESC Verão” é um projeto que está completando 21 anos. Já

ganhou a maioridade, e ele é um projeto que surgiu no SESC no Desenvolvimento

Físico Esportivo com o objetivo principal de sensibilizar as pessoas, de uma forma

geral, sobre a importância do esporte e da atividade física no cotidiano. Então desde

quando o “SESC Verão” começou a ideia sempre foi passar uma mensagem para as

pessoas sobre a importância de inserir esporte e atividade física em benefício da

qualidade de vida. De 1996 em diante, o “SESC Verão” começou a trazer todos os

anos um tema, para facilitar essa comunicação com a comunidade. E junto com a

adesão a um tema, o projeto passou a investir numa campanha publicitária, porque

a ideia era extrapolar os muros do SESC com a mensagem. Porque até então quem

frequentava o SESC, quem frequentava as atividades, ficava sabendo do “SESC

Verão”, portanto tomava contato com o tema e com a mensagem. Mas que estava

fora do SESC não necessariamente entendia o que era aquilo. Então a partir de

noventa e seis a gente passou a trabalhar a partir de um tema geral, pra orientar a

organização da programação nas unidades. E aí essa campanha ia para a rua,

então com outdoors, com anúncios, ia pro jornal, hã... pro Metrô, para aquela LMidia

do Metrô, enfim, pra atingir o maior número de pessoas possível. Não só quem

frequenta o SESC, quem, enfim, estava no SESC tomando contato com a proposta,

mas as pessoas também que não necessariamente iam para o SESC para fazer as

atividades. O objetivo do “SESC Verão” não é restrito a um público ou a determinada

faixa etária. A ideia é justamente que ele possa atingir todas as faixas etárias e todo

o público que frequenta o SESC, e também chamar pessoas, né. Enfim, para virem

para o SESC pra tomar contato com uma atividade, pra experimentar uma coisa

diferente, e serem sensibilizados para depois inserir a atividade física no dia a dia.

Entrevistador: Ah, legal. Dentro desse público estão os jovens também. E aí eu

queria saber qual é a concepção de jovens que o SESC tem?

Gestora 1: No Desenvolvimento Físico Esportivo, a gente entende o jovem como o

indivíduo que está na faixa etária entre 11 e 15 anos. Dentro do Desenvolvimento

Físico Esportivo, dentro dos programas de esporte do SESC, essa é a faixa etária

que a gente chama do esporte jovem, inclusive. Mas a gente, a partir de 16 anos,

nos programas ele já é considerado adulto, mas ele é “adulto jovem”. Então, na

verdade, até 21 anos a gente considera o jovem, jovem. Então, o entendimento de

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jovem é ali, 11, 12 anos ate 21 anos, enquanto faixa etária. De qualquer forma, em

relação às atividades, a nossa... A gente tem essa proposta da divisão etária para os

cursos permanentes, então para o curso do programa SESC de esportes, mas a

gente também tem uma preocupação grande em ofertar atividades que não

restrinjam a participação de diversas faixas etárias. Alguns momentos juntos,

inclusive, atividades intergeracionais, e em outros momentos, atividades específicas

para essa ou aquela idade. Mas a... Enfim, enquanto divisão etária, no

Desenvolvimento Físico Esportivo, que é a minha área, portanto eu posso falar, o

esporte jovem, no que se refere a curso permanente, é dos 11 aos 15 anos. Entrevistador: Tá, perfeito. E você acredita que o programa “SESC Verão”

atende aos interesses dos jovens pela atividade física como opção de lazer?

Gestora 1: Eu creio que sim. A gente... O “SESC Verão” acontece em janeiro e

fevereiro. E aí a gente, nesse período, a gente constata um período de férias

escolares, principalmente no mês de janeiro. Então nesse período a gente tem no

SESC um grande número de jovens circulando, né? Algumas atividades do “SESC

Verão”, principalmente aquelas no período da tarde, elas são, acabam sendo mais

atrativas para as crianças. Mas as unidades tem a preocupação de realizar

propostas vinculadas à faixa etária de 12 a 15, 16 anos, justamente para contemplar

esse público que está nas unidades. A gente percebe que algumas atividades são

mais atrativas do que outras, né? Aquelas atividades que já são meio que propícias

para a adesão do público jovem, como por exemplo, o skate, a escalada, as

atividades esportivas de quadra, o vôlei, o basquete, o futebol principalmente, essas

atividades tem adesão maior do público jovem independente do horário que elas

acontecem nas unidades, durante o “SESC Verão”.

Entrevistador: Hum, entendi. Então a própria atividade pode ser já um fator de

adesão dos jovens para participar do programa.

Gestora 1: Então, eu acho que sim. A gente tem uma, não sei se é uma dificuldade,

ou na verdade se a gente não... Ainda não acertou muito qual é... Ah... Sabe aquela

história do “pulo do gato” para envolver o público jovem em uma determinada

atividade, o adolescente principalmente? É muito tranquilo para a gente, por

exemplo, realizar atividade para criança. As crianças tem uma disponibilidade maior

para o envolvimento em atividades físico-esportivas. Os adultos acabam procurando

atividades ou por necessidade, por questão de saúde, ou mesmo porque forma um

grupo para se relacionar. Então o grupo de amigos, são as amigas do vôlei, enfim.

Os idosos estão muito presentes no SESC, e no “SESC Verão” não é diferente: eles

continuam frequentando as atividades. Mas o público jovem... a gente tem uma

presença grande do público jovem nas unidades, principalmente nessas atividades,

que são atividade rápidas, né? Então, assim, uma partida de pingue-pongue lá, o

tênis de mesa, ou o skate. Essa galera que anda de skate, quando tem rampa pra

andar no SESC, fica no SESC de manhã, de tarde e de noite, se deixar, né? Mas é

porque é um grupo que já está, vamos dizer, adepto à prática. A gente ainda tem

muitos jovens circulando no SESC que não querem fazer nada, que querem só estar

no SESC.

Entrevistador: Hum, entendi.

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Gestora 1: Às vezes a gente consegue envolvê-los em uma ou outra atividade. Aí eu

diria que o “SESC Verão” tem acertado muito em algumas programações focadas

para este público, né, pra conseguir envolvê-los. Mas não é fácil.

Entrevistador: É um desafio. Gestora 1, como você qualifica os recursos

físicos, materiais e humanos, destinados para o “SESC Verão”, para atender à

atividade física no lazer, para os participantes, de um modo geral?

Gestora 1: O “SESC Verão” tem um processo bastante complexo de planejamento e

de execução. É um projeto muito importante para a instituição, então em janeiro e

fevereiro, tudo bem que está mais propício à participação do público por conta das

férias, então a gente tem mais gente circulando no SESC. Mas a gente atende 2

milhões de pessoas durante o “SESC Verão” no Regional inteiro. Então, assim, é um

público considerável. Por isso que ele é muito bem planejado. Então, como que

começa esse planejamento? A gente desenvolve uma proposta temática com uma

equipe de gestores. Depois dessa primeira reflexão a gente leva essa proposta para

as unidades, e aí reflete com os gestores esportivos das unidades, aprova essa

proposta temática internamente com os nossos órgãos de direção, enfim. E aí toda a

equipe do SESC, no Regional inteiro, passa por um treinamento, passa por um

encontro para uma reflexão a respeito do tema escolhido para aquele ano. Então a

gente procura envolver não só as equipes do esportivo, do Desenvolvimento Físico

Esportivo nas unidades, mas também os animadores culturais, os instrutores do

“Curumim”, do “Juventudes”, que é o projeto específico que o SESC tem para

jovens, né? Então a gente procura envolver outras equipes, justamente para ampliar

a abrangência que esse tema possa ter nas unidades. Então toda equipe passa por

esse momento de reflexão. Às vezes ela é caracterizada como um treinamento, às

vezes a gente encaminha, por exemplo, textos para as unidades, e aí, no âmbito

local em cada unidade, o gestor faz reuniões de reflexão com a equipe, para fazer a

proposta de programação, e tudo o mais. Enfim, depois disso, as unidades montam

a sua programação, do conteúdo para dois meses, e aí toda essa programação é

aprovada também pela administração central. Toda a identidade visual é pensada

coletivamente, é pensada para dar uma unidade no Regional como um todo. As

unidades procuram trazer o desenvolvimento desse tema por meio de várias formas,

então tem exposição, tem instalação interativa, tem as atividades esportivas, afinal

de contas, o objetivo é sempre proporcionar a prática, o maior número de prática

possível. Porque se a ideia é envolver as pessoas na prática, e sensibilizar as

pessoas para a importância da prática, a gente precisa ter prática. Então as práticas

todas, as atividades em termos de espetáculo, tanto espetáculo esportivo quanto

teatro, música, contação de histórias, que possam trazer também uma reflexão

sobre o tema. Então essa é a proposta.

Entrevistador: Legal. De onde você acredita que os jovens participantes do

“SESC Verão” se originam? Será que isso acaba acontecendo regionalmente?

Então cada unidade atrai os jovens do entorno da sua unidade, ou você acha

que tem unidades que conseguem atrair um público que vai além do raio de

atuação dela?

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Gestora 1: Depende. Depende da unidade, depende da onde a unidade está

localizada, e depende do tipo de atividade. Então a gente está desenvolvendo uma

pesquisa no SESC agora, com a equipe do Professor Magnani, lá da USP, e eles

têm verificado que algumas práticas são... Eu vou chamar de itinerantes. Alguns

grupos, por exemplo, praticam voleibol em mais de uma unidade do SESC. Então

ele vai de manhã em uma unidade, e joga vôlei; à tarde ele vai em outra; de terça-

feira ele vai em uma; de quinta-feira ele vai em outra. Ou seja, são pessoas que

circulam pelas unidades, atrás da prática que mais interessa. No “SESC Verão”,

especificamente, a gente tem bastante o público do entorno das unidades, ou aquele

público, por exemplo, que... Sabe, vem para São Paulo passar férias na casa da

avó, e aí vai pro SESC, porque tem alguma coisa bacana acontecendo?

Entrevistador: Sim.

Gestora 1: Alguém que não é de uma cidade que tem SESC, por exemplo, e aí vem

pra cá, e acaba indo pro SESC, e acaba se envolvendo com as atividades do “SESC

Verão”. Então, não existe, pelo menos assim, eu não tenho dados empíricos que eu

possa provar para você quem é esse público, sobretudo jovem, que está nas

unidades no “SESC Verão”. Eu acho que é uma mescla desses dois públicos: o

público mais itinerante, que é o público já regular, que frequenta regularmente o

SESC, e que vai em várias unidades para fazer alguma coisa; ou é esse público

mais esporádico, que tá de férias, e ou mora no entorno, ou resolveu marcar com os

amigos ali. Enfim, alguma coisa assim.

Entrevistador: Entendi. E você acredita que o SESC consegue atender a

expectativa dos jovens com relação à atividade física no lazer?

Gestora 1: Não é muito fácil responder isso. Até porque lidar com a expectativa do

outro é sempre muito complicado. Eu acho que aqueles jovens que estão no SESC,

em alguma medida, têm a sua expectativa atendida, senão talvez não estivessem,

né? A gente tem até, assim, não só no “SESC Verão”... No “SESC Verão” a gente

faz, por exemplo, festival “SESC Verão” de modalidades esportivas: festival de vôlei,

festival de futebol, enfim. E eles estão sempre cheios. Então as atividades, elas

estão sempre cheias, elas têm uma frequência. Os cursos vinculados ao esporte,

que não param em janeiro e fevereiro para a faixa etária acima de 16 anos... A gente

dá férias no programa de esportes em janeiro para o esporte criança e para o

esporte jovem até 15 anos. Os jovens de 16, acima de 16 anos, que ainda são

jovens, mas que já estão matriculados nas turmas do adulto, vamos dizer, as turmas

do adulto não tem férias. Elas continuam o ano inteiro, todos os meses. E eles

frequentam. Então é isso, em termos de atendimento de expectativas, eu acho que a

gente atende. Agora, por que será que a gente não tem mais jovens? Por que será

que a gente ainda tem esses jovens circulando pelas unidades, mas que não se

envolvem em uma atividade física regular, por exemplo? Isso não tem como eu te

responder, né? A gente tá sempre com os espaços esportivos em condição de uso;

o material (bola, rede) é sempre material novo, não tem nada muito caindo aos

pedaços. A gente tem esse cuidado em oferecer ao público espaços e materiais de

qualidade o ano inteiro, e no “SESC Verão” mais ainda, porque no “SESC Verão” a

gente tem mais gente ainda frequentando! Então esse tipo de expectativa a gente

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consegue atender. Aquelas atividades que são muito procuradas pelos jovens como

eu te disse, o skate, a parede de escalada, a gente faz no “SESC Verão” a gente

procura fazer, justamente porque são atividades que tem uma adesão grande do

público jovem, então acho que essa expectativa a gente também atende. A gente

tem, por exemplo, quando a gente, pensando no público jovem, pensar em um

público que se identifica com a cultura de rua, com o hip-hop, o basquete de trio,

skate. A gente faz isso com bastante frequência, não só no “SESC Verão”, mas isso

no “SESC Verão” acaba se intensificando até, justamente para poder ter oferta para

esta faixa etária, o hip-hop... Enfim... Então, acho que para esses jovens a gente

consegue atender essas expectativas, né? Mas acho que quem vai te dizer isso são

eles mesmos.

Entrevistador: Perfeito. E, para a gente terminar, na sua opinião, o “SESC

Verão” exerce alguma influência sobre o jovem no sentido de ele ter uma

atividade física como opção de lazer?

Gestora 1: Eu creio que sim. A gente consegue... A gente, agora, com essa

pesquisa que eu te contei, que o Professor Magnani está fazendo, a gente tem uma

pesquisa pós “SESC Verão”, justamente porque uma das dúvidas que a gente tinha,

e acho que isso vai aparecer, talvez, nas suas entrevistas com os jovens, é: as

pessoas que vem para o SESC em janeiro, porque estão de férias, continuam

frequentando o SESC o resto do ano? Essa é uma grande dúvida que a gente

sempre teve. Então assim, o quanto o “SESC Verão” é efetivo em termos de cumprir

o seu objetivo de sensibilizar as pessoas para inserirem a atividade física no dia a

dia? Batendo o olho nas unidades, e isso os gestores das unidades vão poder dizer

melhor, eu diria a você que tem uma grande parte de pessoas que vem, descobrem

o SESC nas férias, e acabam se matriculando nos cursos regulares e passam a

frequentar as atividades esportivas regularmente, tá? Então, assim, não tenho

dados, mais uma vez, empíricos, quantitativos, para te dizer, mas isso é uma

hipótese nossa, tanto que foi uma das motivações para a gente pedir essa pesquisa

pro Magnani. Porque batendo o olho a gente via pessoas que... Assim, as matrículas

crescem muito em janeiro e fevereiro dos cursos regulares. Começo de ano, verão,

está todo mundo querendo fazer atividade física. A gente também sabe que isso é

um fenômeno comum, mas a gente depois não tem grandes quedas durante o ano.

Na verdade falta vaga nos cursos do SESC, é super disputado. Enfim, então

batendo o olho a gente percebe essa adesão depois do “SESC Verão” para as

pessoas continuarem frequentando. Se isso é, vamos dizer, também uma realidade

com o público jovem, eu já não sei te dizer. Mas tem outras questões que talvez

interfiram nisso, que é: o jovem volta para a escola, ou volta para o trabalho. Assim,

a juventude que trabalha... Começa o ano! Então, é uma questão que acho que vai

perpassar aí essa decisão de continuidade também.

Entrevistador: Que de repente pode nem acontecer no SESC, mas pode

acontecer...

Gestora 1: Pode acontecer em outros espaços. Isso também. Mas, dos relatos que a

gente já teve da pesquisa do Magnani, assim, a galera que joga pingue-pongue, que

é muito essa faixa etária, de 12 até 18 anos, que vai pro SESC pra jogar pingue-

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pongue. Tem muito office boy que faz isso, tipo, que para no SESC para almoçar,

joga uma partida de pingue-pongue e depois volta a trabalhar. Isso é um fenômeno

observado nas unidades. Ou a galera que trabalho o dia todo, e que vai no SESC no

final do dia para fazer uma recreação de futsal. Das modalidades esportivas, o futsal

é uma das modalidades mais procuradas, né? Enfim, então eu acho que, em alguma

medida é uma influência, né, daquilo que a gente faz. Não sei se é especificamente

do “SESC Verão”, mas talvez até seja. No “SESC Verão” a gente oferece muita

coisa diferente, né? Modalidades diferenciadas, atividades diferenciadas, porque

justamente a ideia é ampliar o leque de possibilidades, é apresentar outras coisas,

principalmente para além do “Quarteto Fantástico”, no que se refere às modalidades

esportivas, por exemplo. E aí a gente... Eu quero acreditar que isso influencia as

pessoas para que elas procurem a continuidade daquilo que elas se interessaram

em fazer.

Entrevistador: Entendi. Então é isso. Muito obrigado, Gestora 1.

Gestora 1: De nada!

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Entrevista 2:

Gestor 2: Meu nome é Gestor 2, eu tenho 66 anos de idade, vou fazer 67 no mês

que vem, eu entrei no SESC, no Serviço Social do Comércio no Estado de São

Paulo, em 18 de agosto 1975, para atuar como orientador social na UNIMOS, a

Unidade Móvel de Orientação Social. Fiquei na UNIMOS, fiquei trabalhando como

orientador social durante dois anos, depois fui para a sede do SESC, em 1977, para

a sede do SESC, na Avenida Paulista, trabalhar no setor de planejamento, onde eu

fiquei até 2003. Saí em julho de 2003, e fui trabalhar como consultor autônomo. Fiz

um ano de consultoria no SESC Rio em 2004. Depois fui admitido como Assessor de

Planejamento no SESC Rio. Fiquei lá de 2004 a 2011. Nos últimos anos eu comecei

a montar no Rio um Centro de Memória, que ficou, depois que eu saí em 2001, ele

ficou um tempo parado, mas no ano passado foi reativado, eles estão remontando

todo o trabalho do Centro de Memória.

Entrevistador: Perfeito. Gestor 2, você teve contato com o programa do “SESC

Verão” nesse período que você estava lá no SESC?

Gestor 2: Não tive nenhum contato direto. Por uma razão muito simples: o “SESC

Verão” é um projeto relativamente recente. Então, quando eu trabalhei como

orientador social o SESC tinha muitos projetos, e um deles era o programa da

UNIMOS, o qual eu atuei. O “SESC Verão”, sendo um projeto dos últimos anos, eu

acabei não tendo nenhuma informação, nenhum contato com o assunto,

considerando que eu saí em 2003. O que eu sei, aí como observador do lado de fora

da instituição, é que é um projeto que tem uma boa repercussão. No Rio de Janeiro,

eles faziam, fizeram durante vários anos, um projeto de férias nas praias, na praia

de Copacabana. E era muito interessante, porque isso eu via. Eu morava em

Copacabana, passeava lá no Calçadão, e eu via as crianças participando das

atividades do SESC. E era muito interessante. Você observava assim, uma

participação muito grande das crianças, as crianças realmente se envolviam naquilo

que o SESC estava propondo.

Entrevistador: Perfeito. Como você fez parte do SESC, dessa parte do

planejamento, você saberia me responder qual é a concepção de jovens que o

SESC possui?

Gestor 2: Bom, vou dizer do ponto de vista histórico. Como eu estou a 11, 12 anos

fora do SESC, eu não sei hoje qual a ideia que eles tem a respeito da situação do

jovem: das preferências, dos valores, dos comportamentos dos jovens. Isso eu não

sei. As pessoas que estão atuando com certeza saberão responder melhor do que

eu. Do ponto de vista histórico, o SESC sempre considerou os jovens como um

público a ser muito bem atendido, né? Isso é um pouco óbvio, porque a organização

sempre se preocupou em atender bem todas as faixas etárias, inclusive, todos

sabem, foi pioneira no atendimento à terceira idade, quando ninguém se preocupava

com isso. Agora, a primeira ideia com a qual o SESC sempre trabalhou, também tem

um caráter de grande evidência, que é o seguinte: sendo jovem uma situação

transitória, o SESC então sempre procurou manter em suas equipes técnicas uma

abordagem de trabalho que procurasse, a priori, analisar as mudanças, as

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preferências e os interesses desses jovens. Porque evidentemente, a organização

procurou nos processos de treinamento, da orientação dada, pela gestão ao quadro

técnico, transmitir a visão para os profissionais de que eles deveriam sempre

observar os jovens como aquela fase transitória na vida das pessoas, em que as

preferências mudam ao longo da própria idade do jovem, e mudam conforme cada

época. Então não dá pra trabalhar com os jovens hoje como se trabalhava com os

jovens a 40, 50 anos atrás, 30 anos atrás. A principal... A ideia básica mesmo do

trabalho com os jovens é exatamente essa: considerar sempre que tem-se que

observar quais são as preferências, as expectativas, os valores, motivações dos

jovens, no momento em que se trabalha com eles. Porque é muito provável que

daqui a 5 anos, daqui a 10 anos, ocorram mudanças. Essas mudanças estão aí

acontecendo. Isso envolve um trabalho muito grande de qualificação dos

profissionais, porque é diferente quando você trabalha, digamos, com os adultos, em

que as mudanças acontecem com mais lentidão, ou com a terceira idade, que as

mudanças também acontecem com mais lentidão, e aí você estabelece programas

que podem atender durante um certo tempo. Mesmo no caso dessas outras faixas

etárias você tem que ter cuidado, porque hoje também não dá pra trabalhar com a

terceira idade como se trabalhava a trinta anos atrás. A terceira idade também

mudou, e eu me considero uma prova disso, né? Tenho quase meus 67 anos. Quer

dizer, hoje eu ainda estou fazendo coisas que há 50 anos atrás as pessoas da

minha idade não faziam mais. Entrevistador: Perfeito. Num geral, pensando não só no “SESC Verão”, mas

em outros projetos que você pode acompanhar, a questão de atendimento aos

interesses dos jovens para a atividade física como opção de lazer. Você acha

que o SESC consegue atender a esse interesse?

Gestor 2: Bom, mais uma vez eu não tenho essa observação de campo. O que eu

posso novamente é falar sobre o aspecto histórico. Quando... Sempre ouve uma

diretriz no SESC, uma diretriz talvez não escrita, mas é interessante porque isso faz

parte da teoria das organizações. Existem nas organizações diretrizes escritas, né?

Protocolos escritos, regulamentos, etc., que são transmitidos para as pessoas. Mas

existe também uma cultura organizacional que está muito presente nas pessoas.

Então, só para dar um exemplo, um dos trabalhos que eu fiz no Centro de Memória

foi entrevistar 50 funcionários antigos, com cerca de 20 anos ou mais de casa. Por

quê? Porque esses funcionários antigos eram verdadeiras enciclopédias da cultura

organizacional, em todos os aspectos, né? Alguns até que você pode criticar, mas

porque são... Pertencem a um passado não muito distante, 20, 30 anos atrás, mas

são realmente elementos de uma cultura organizacional. Então, sempre esteve

muito presente nessa cultura organizacional do SESC a ideia de que, ao se criar um

programa, ou ao se criar um projeto, que são duas coisas diferentes, nunca, nunca,

em hipótese alguma, deixar de dotar esse projeto ou esse programa dos recursos

necessários o suficiente. Isto é, já que vai criar um projeto, dote esse projeto de

todos os recursos para que ele possa funcionar bem. Se não der certo, isso vai

servir como uma lição profissional. Um colega meu certa vez disse o seguinte: eu

gosto muito de trabalhar no SESC porque no SESC a gente pode errar. Isto é, nós

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podemos tentar, fazer tentativas, que não dão certo, mas nós aprendemos com

essas tentativas e acabamos depois acertando. Em outras organizações você não

pode errar, então você é proibido de fazer a experiência. Nesse ponto o SESC se

aproxima um pouquinho da universidade. Por quê? Porque a universidade é

justamente o local privilegiado da experimentação. E no SESC sempre ouve... No

SESC no Brasil, não é só em São Paulo... No SESC no Brasil sempre ouve uma

abertura muito grande para a experimentação, para as pessoas experimentarem,

criarem experiências. Só que a ideia presente na cultura organizacional sempre foi

essa: vai fazer a experiência, faça bem feita. Peça todos os recursos que são

necessários. Se não tivermos, aí você não vai fazer. Ou se no momento não tiver

disponível, não tiver pessoal pra isso, não tiver verba pra isso, material, local,

instalação, etc., então não faça agora. Mas, se você for fazer, então defina muito

bem a instalação que você precisa, os locais que você precisa, os recursos

humanos necessários, financeiros, os materiais, o tempo. Defina tudo isso, porque a

instituição, se tiver os recursos, ela aprova e você terá esses recursos. Isso sempre

fez parte da cultura organizacional, e eu creio que, embora histórica, eu tenho

certeza que ela continua hoje, porque eu tenho participado de algumas atividades do

SESC hoje, e eu observo que realmente isso está muito presente ainda em tudo o

que eles fazem. Sem quere elogiar, né, porque não estou aqui para elogiar a

instituição, nem para criticá-la, apenas para fazer uma observação.

Entrevistador: Hum hum, perfeito.

Gestor 2: Realmente isso aconteceu.

Entrevistador: Uma outra pergunta, que eu poderia fazer para a gente encerrar:

você acha que os projetos do SESC, de uma forma geral, eles influenciam, eles

exercem alguma influência em seu público, no caso aqui estou falando dos

jovens, em ter uma atividade física como opção de lazer?

Gestor 2: Entrevistador, essa tua pergunta... Não é porque você é meu amigo, mas

essa tua pergunta é excelente, porque ela evidencia algo que falta no Brasil, não é

no SESC. Falta também no SESC, mas falta no Brasil, que é aquilo que nós falamos

de educação não formal, educação informal, em valores comportamentais do

profissional. No Brasil falta, no Brasil não existe uma cultura da avaliação do que se

faz. Porque avaliação do que se faz não é você saber se as pessoas gostaram ou

não, ou então você fazer uma avaliação pra você saber se a pessoa, o profissional

trabalhou bem ou não. Não é isso. Aqui no Brasil quando a avaliação é feita é assim:

para verificar se deu certo ou não, se o profissional atendeu bem ou não atendeu

bem. Há a necessidade de se avaliar os resultados pretendidos com o que você faz.

Porque as pretensões geralmente são, assim, são belas, belas pretensões, às vezes

até grandiosas. Mas nunca significa se aquilo que se pretendia fazer foi realmente

realizado, ou realmente aconteceu. Então falta uma cultura de avaliação. E

avaliação só pode se feita, de modo profissional, objetivo, coerente e realmente

eficaz se você trabalhar com indicadores. Para isso, você tem que fazer um trabalho

dificílimo, mas que depois que fica pronto te facilita enormemente tudo o que você

faz, que é construir esses indicadores. Então, eu desconheço se o SESC adota esse

processo de avaliação de indicadores. Mas, para ter certeza se realmente o “SESC

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Verão” muda o comportamento e as atitudes dos jovens em relação à prática física,

eles precisariam fazer uma avaliação do projeto com um sistema de indicadores,

construídos especificamente para este projeto. Não sei se eles fazem, mas isso é o

que é feito nas ações mais desenvolvidas, que trabalham muito com tudo isso. Não

é à toa que a ONU constrói indicadores. Por exemplo, os indicadores do milênio, né?

A ONU agora fez a avaliação, quer dizer, fez a... Os relatórios estão sendo

elaborados, se realmente... O que que aconteceu. E a ONU já colocou mais 17

objetivos para a próxima década. Quer dizer, eram oito os objetivos do milênio,

agora já são 17. Significa o seguinte: uma cultura de atuar com avaliação por

indicadores. Olha, vamos ver se realmente o mundo melhorou o indicador da

pobreza, os indicadores da pobreza, os indicadores da mortalidade infantil, e assim

por diante. Quer dizer, é isso que precisa ser feito na nossa área. A área do lazer e

da recreação no Brasil é totalmente carente de sistemas de avaliação por

indicadores. No Rio de Janeiro, a gente tentou fazer isso. Nós conseguimos

construir, fazer uma primeira construção de indicadores lá, mas infelizmente parou,

por razões administrativas lá do SESC do Rio, parou. O material ficou lá. Mas há a

necessidade de fazer isso. Eu acredito que a universidade deveria participar desse

esforço, porque a universidade tem essa liberdade de poder pensar e analisar do

lado de fora aquilo que está sendo feito, sem ter nenhum compromisso interno.

Porque às vezes você vai fazer uma avaliação do que você faz dentro da

organização, e você esbarra em interesses, esbarra em bloqueios, que é natural em

qualquer organização do mundo, enquanto que a universidade pode fazer isso com

toda a tranquilidade. Acho que é um campo de trabalho que precisa ainda ser muito

desenvolvido no Brasil.

Entrevistador: Excelente. Muito obrigado pela sua entrevista, Gestor 2.

Agradeço sua colaboração.

Gestor 2: Estou sempre pronto. Eu é que agradeço.

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Entrevista 3:

Entrevistador: Eu vou pedir nesse momento para você se identificar, com o

seu nome, idade, função e tempo de trabalho no SESC, por favor.

Gestora 3: Meu nome é Gestora 3, eu tenho 36 anos, eu trabalho no SESC, agora

em janeiro, faz 9 anos, então oito anos completos no SESC, sendo que desse tempo

fiquei sete anos na unidade Consolação. Entrei lá como monitora de esportes,

depois virei supervisora esportiva, e aí há dois anos né, agora em janeiro também

faz dois anos que vim pra cá, na Administração Central, e atualmente eu sou

Assistente Técnica da Gerência de Esportes.

Entrevistador: Perfeito. Gestora 3, você pode falar um pouco sobre o programa

“SESC Verão”, a origem, os objetivos, o público-alvo, quantas edições tiveram

e o que se desenvolve no programa?

Gestora 3: O “SESC Verão” é uma iniciativa do SESC São Paulo, criado há vinte e

um anos, né... Vinte anos, agora em 2016 estamos indo para a 21º edição, e o

objetivo do “SESC Verão” foi sempre aproveitar os meses de janeiro e fevereiro, que

são meses que as pessoas estão mais suscetíveis à prática esportiva, porque estão

de férias, por conta do próprio verão, porque estão mais disponíveis, enfim, com

novos planos pro ano, porque sempre janeiro é o mês que vai mudar a vida da

pessoa. Então a gente aproveitou esse período para sensibilizar as pessoas pra

prática do esporte e da atividade física. Como? Através de diversas modalidades

esportivas, práticas de atividade física em diversos ambientes: ao ar livre, dentro das

unidades... A gente também... É um momento de mostrar o SESC fora dos muros do

SESC, então apresentar em estações do metrô, em shoppings... o SESC São Paulo

está no estado inteiro, então, muitas vezes nas cidades do interior, as pessoas não

tem o hábito de ir no SESC. Então você levando uma atividade para o calçadão

municipal, por exemplo, é uma maneira das pessoas conhecerem e enxergarem o

SESC como uma possibilidade de um local para a prática de exercício, alguma

prática de lazer, enfim, não somente ali para o físico-esportivo, mas para assistir um

teatro, ver uma apresentação de música. Enfim, a gente entende que o “SESC

Verão” é um momento, uma porta de entrada ali para as pessoas. Ao longo dessas

edições, a gente vem sempre trabalhando uma temática, no sentido de fazer com

que todas as nossas unidades, atualmente hoje que estão desenvolvendo o projeto,

porque tem equipamento físico são 32. Então nosso objetivo de ter um tema é fazer

com que essas 32 unidades caminhem na mesma direção, porque não adianta o

SESC Santos falar de um viés, de circo como atividade física, e o SESC Belenzinho

tá falando de culinária. Então a gente quer que as unidades falem mais ou menos a

mesma coisa, mas não da mesma maneira. Cada unidade é autônoma, faz a sua

programação, mas a gente sempre gosta de dar um tema, porque a partir daquele

tema a equipe da unidade reflita e propõe atividades para que o público entenda.

Então a gente está vindo aí de um ciclo de quatro anos no esporte, que foi os

últimos quatro, então “Esporte para Todos”, que era para as pessoas entenderem o

conceito do “Esporte para Todos”; depois “Em todas as Idades”, pra dizer que

esporte não tem idade, né, qualquer pessoa pode; “Ao Seu Tempo”, então... Porque

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com uma pesquisa descobriu qual que é a desculpa que as pessoas não fazem

exercício: o tempo. Então a gente discutiu um pouco essa questão; e também

espaço, porque as pessoas também têm a consciência, no senso comum, de que só

posso praticar esporte num lugar formalizado... Então trouxe essas temáticas, e

nessa edição a gente traz, em relação ao ano que vem, a gente vai ter um ano bem

intenso no mundo do esporte, da atividade física, que é o ano olímpico, né? Então, a

gente... E também é o fim da nossa campanha Move, e a gente traz o tema “Qual é

o Esporte que te Move?”. A intenção é que cada unidade desenvolva uma

modalidade olímpica e paralímpica, pra apresentar pras pessoas a prática que o

esporte, que é tão institucionalizado, lá da televisão, cheio de regras, que é possível

uma pessoa comum ter um contato com aquela modalidade, mesmo aquelas menos

conhecidas. Porque futebol, o vôlei, o basquete, né, são modalidades que as

pessoas têm um contato. Mas a própria Ginástica Artística, a pessoa não consegue

se imaginar fazendo. Então, oportunizar que a pessoa consiga ir lá no SESC,

consiga realizar aquilo da maneira dela, entendendo aquilo como um bem pra ela,

isso é fantástico. Então nosso objetivo esse ano é sensibilizar as pessoas pelo viés

do esporte. O “SESC Verão” foi evoluindo ao longo dos anos, né. Começou

pequeno, com poucas unidades, né. Vinte anos... A gente hoje está com 32. Há

vinte anos atrás talvez com dez... Então acho que a gente foi evoluindo, evoluindo

na divulgação, enfim, até no “know how” de como fazer o projeto. Enfim, acho que a

gente foi evoluindo.

Entrevistador: Claro, bem interessante. Gestora 3, uma pergunta que me veio à

cabeça, e você já falou que dentre todos os temas do “SESC Verão” vocês

trabalham com diversas faixas etárias. Quando se fala do “Esporte para

Todos”, vai para todas as faixas etárias, independente de qual seja. Eu queria

saber se você poderia me dizer qual é a concepção de jovens que o SESC

possui?

Gestora 3: Então, a gente não pensa especificamente em faixas etárias no SESC. A

gente quer ter no SESC todas as faixas etárias e todos os públicos, sejam eles

deficientes, sejam eles velhos, adultos, jovens... Só que a gente tem sim uma

atenção especial aos jovens, a gente tem uma gerência que pensa um programa

chamados “Juventudes”, que é a GEPS (Gerência de Programas Socioeducativos).

A atividade físico-esportiva a gente prevê que nessa faixa etária a gente precisa sim

de um programa que atenda as reais necessidades desse jovem. Mas assim como

também a gente tem programas que atendam às necessidades do idoso, que

atendam às necessidades de crianças de 03 a 06 anos. Então a gente entende o

jovem como uma excelente oportunidade pra você ali plantar a semente da prática

da atividade física, da prática cultural... Se você sensibiliza um jovem nessa faixa

etária com certeza ele vai ser um adulto ativo, ele vai ter mais possibilidades por

conhecer e entender a cultura de maneira mais ampla. A gente, como eu te disse, a

gente atende a todas as faixas etárias, mas o jovem, a gente sabe que tem uma

responsabilidade inclusive grande, para que ele siga com aquilo que a gente

preconiza, com aquela nossa ação.

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Entrevistador: Legal. E, justamente pensando nisso, você acredita que o

“SESC Verão” atende aos interesses dos jovens pela atividade física como

opção de lazer?

Gestora 3: Acredito que sim, acredito. O jovem também em janeiro e fevereiro está

super disponível, janeiro principalmente, tá em férias escolares. E você poder ir pra

um lugar que tem atividade que você se identifique, que você pode jogar bola do

jeito que você quiser, que você não é excluído pela sua maior habilidade, pela sua

menor habilidade, que isso é muito importante no SESC. Às vezes você vai jogar,

você sempre tem que disputar um campeonato... Não, aqui o jovem, ele pode... Não

tem haver com a performance dele, tem haver com a participação. Então eu vejo

sim, as unidades programam bastante coisa pra jovem, pensando no público jovem.

O público jovem de hoje gosta muito de skate, gosta muito de patins, a gente tem

percebido um movimento maior dos jovens nessas linguagens. Também, claro, do

“Quarteto Fantástico”, também sempre presente, do futebol, do vôlei, mas a gente

tem percebido o interesse do jovem sim nessas atividades. E eles estão lá na

unidade em janeiro e fevereiro, estão lá fazendo as práticas.

Entrevistador: Muito bom. Como você qualificaria os recursos humanos,

físicos e materiais destinados pro “SESC Verão”, pra atender essa demanda da

atividade física de lazer para os participantes?

Gestora 3: A gente se prepara bastante. A gente... O SESC tem muito cuidado com

as ações que promove, né? Em todos os âmbitos. E na área físico-esportivo não

seria diferente. Então há sim uma preocupação de envolver sempre um instrutor de

atividade física do SESC nas atividades. Quando isso não é possível, porque tem os

outros cursos, a rotina do SESC não para. A gente oferece mais coisas. Não é que a

gente para de oferecer um curso de ginástica para oferecer o “SESC Verão”. As

coisas vão acontecendo simultaneamente. Então se o instrutor não está lá presente,

tem sempre um monitor de esporte, uma outra pessoa da equipe acompanhando um

contratado, por exemplo. A gente trabalha com bastante contratação no período do

“SESC Verão”, até porque a nossa equipe técnica não tem a expertise, por exemplo,

da “Tramp Brasil”, que é uma equipe de trampolim acrobático. Então ela contrata

professores graduados, mas a gente tá acompanhando pra ter esse cuidado. O

cuidado com o atendimento com o público, que isso pra gente é muito valioso: como

a gente atende e acolhe nosso público. E com os equipamentos também, a gente

prima por sempre equipamento esportivo novo, os espaços limpos, seguros. Então

se chover a gente cancela atividade. A gente está sempre analisando a segurança, o

risco. A gente tem uma preocupação muito grande com tudo: em oferecer uma coisa

segura, limpa, de qualidade pro público. A gente tem essa preocupação inerente,

sempre.

Entrevistador: E isso pode ser algum diferencial pras pessoas procurarem o

“SESC Verão”.

Gestora 3: Com certeza. Com certeza isso é um diferencial. Uma outra coisa que as

pessoas acham bacana de estar no SESC nesse período é que é um espaço que

elas podem fazer tudo. Elas podem ir ao banheiro, porque se você vai numa praça

pública, por exemplo, você vai no Parque do Ibirapuera. É uma delícia o Parque do

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Ibirapuera. Mas talvez em algum momento falte alguma coisa. No SESC você tem

uma alimentação por um preço justo e adequado, você tem um banheiro limpo, você

tem sempre um médico, no caso que aconteça alguma coisa, você está de uma

maneira ali mais seguro. Então as pessoas veem o SESC um conjunto, não só,

claro, o tratamento que eles recebem, mas eles veem ali uma oportunidade de

estarem em um lugar completo, que eles não precisam se preocupar com nada. Se

chover, tem um espaço coberto. Se tiver fila em uma atividade, vai ter outra coisa

pra fazer. Fui pra fazer aquilo e tava lotado, faço outra. Então no SESC tem muitas

possibilidades. Eu acho que sim, isso é um diferencial. Por isso que as pessoas

procuram o SESC.

Entrevistador: Interessante. E, a gente até comentou sobre isso, queria só que

você aprofundasse um pouco mais: sobre a aderência do público jovem ao

“SESC Verão”. Você acha que essa aderência vem crescendo, ela já chegou ao

seu limite, como que você enxerga essa aderência do público jovem?

Gestora 3: Acho que ela vem crescendo a cada ano. Eu acho que o jovem tá

percebendo que tem mais possibilidade. A gente teve uma época atrás que o jovem

tava, ainda é, mas bem menos, eu percebo, muito digital, né, e perdia muito tempo

com vídeo game, com coisas assim. Eu vejo esperança, eu acho que o jovem no

verão, ele, sim, está indo mais para as unidades do SESC. Tenho percebido isso no

último, que foi nesse ano. Visitei todas as unidades do SESC, visitei as 32, e consigo

perceber um aumento no número de jovens. Eu não sei quantificar isso, isso é mais

visualmente. Mas sim, eu acho que o jovem está procurando algo além do digital.

Ele gosta do digital, ele não deixa de fazer. Ele usa o Facebook, o WhatsApp, mas

ele tá precisando da presença, ele tá precisando desse contato. E no SESC ele

encontra isso. Ele encontra jovens como ele. É um espaço que eles têm espaço.

Porque às vezes o jovem acha que não tem espaço em alguns lugares. Então o

jovem tem percebido isso.

Entrevistador: Interessante. E de onde você acredita que esses jovens

participantes eles se originam? Você acha que eles estão ao lado do

equipamento em que vai acontecer, e aí eles visitam aquela unidade que eles

estão ao lado, ou de repente não é uma questão geográfica, o que você acha?

Gestora 3: Não acho que é geográfico não, Entrevistador. Eu acho que eles vão

pelos interesses mesmo. Tem o público que mora ao lado do SESC. Como eu te

disse, eu trabalhei no Consolação por sete anos, tem aquele público que vem ali

porque vai no SESC, independente se tem capoeira ou se tem basquete. Ele vai ali

porque ele gosta de estar no SESC, porque ele mora do lado, porque ele foi criado

ali. Tem esse público. Mas hoje em dia o jovem, ele está indo procurar aquilo que é

interessante pra ele. Consigo ver o jovem procurando: putz, skate, o que tem de

skate? Ah, vou ali naquela atividade. Eu consigo, também empiricamente, mas eu

consigo imaginar que seja isso, que o jovem está indo atrás da oportunidade, da

onde tem aquilo. Vou fazer um parênteses, depois se você quiser até corta: trabalhei

com um programa específico para jovens, chamado “Estrelas do Basquete”, no

SESC Consolação, que atendia 40 jovens da rede pública de ensino, entre 15 e 18

anos, que faziam uma vez por semana, duas vezes por semana, aulas de inglês,

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basquete e de liderança. Foi um projeto em parceria com o Consulado Americano.

Desse projeto foram escolhidos alguns que fizeram um intercâmbio nos Estados

Unidos, enfim. O que eu quero te contar com tudo isso? Pra seleção desses jovens

a gente recebeu mais de 200 inscrições, de vários lugares de São Paulo, porque o

Consolação está numa região central. Isso prova que o jovem, quando tem

interesse, porque tem basquete em vários lugares. Tem basquete nos CEUs, tem

basquete pra quem tem acesso em clubes privados, tem basquete no Parque do

Ibirapuera. Não é uma coisa tão difícil de conseguir. E aí nesse caso tinha um curso

de inglês com a Alumni, uma oportunidade muito boa. E aí quando a gente recebe

200 inscrições, você percebe que, quando o público jovem tem interesse em uma

coisa, ele vai. Ele atravessa a cidade, ele muda o horário da escola pra conseguir

conciliar. Então eu acho que nesse contexto o jovem procura por oportunidade hoje

em dia.

Entrevistador: Entendi. Não é diferente no “SESC Verão”.

Gestora 3: Não, não, não é.

Entrevistador: E, na sua opinião, pra encerrar, você acha que o “SESC Verão”

exerce alguma influência sobre o jovem no sentido de ele ter uma atividade

física como opção de lazer?

Gestora 3: Então, esse é o nosso maior objetivo. Não só do jovem, mas de todas as

pessoas, que ela seja tocada ali naquele momento, e que ela siga com aquilo, que

ela encontre ali uma oportunidade, que ela pegue aquilo para a vida dela. O objetivo

desse, apresentando todas as modalidades, é que ela tenha lá uma vivência de

Rugby, que ela nunca viu na vida, e que ela, pelo menos, se de uma pessoa ela falar

assim: puts, isso é muito legal, eu quero. Como que eu faço, onde tem uma

escolinha, onde que eu posso praticar que não aqui? Se a gente sensibilizar uma

pra gente já é o bastante. Mas eu sinto sim que, claro, as pessoas, elas procuram o

SESC depois. Os jovens principalmente. A gente tem os nossos programas de

esporte, que é o “Esporte Jovem”, o próprio “Juventudes”. Então sim, a partir do

“SESC Verão” ela procura a continuidade naquela ação que começou ali.

Entrevistador: Perfeito. E aí você mesma já falou um dos fatores que

influenciaria, que é justamente, de repente, oferecer alguma coisa que ela

nunca teve oportunidade de fazer, e a partir disso ela procura algumas outras

coisas.

Gestora 3: Exatamente. Às vezes ela vai por um objetivo, e aí ela é levada por outro.

Ela é sensibilizada por outro, e fala: nossa! Amplia, amplia o horizonte da pessoa.

Faz ela descobrir outras coisas. Isso é visível. Consegue enxergar nas pessoas esse

espectro ampliado a partir das ações do “SESC Verão”.

Entrevistador: Interessante. Então era isso Gestora 3. Muito obrigado pela

entrevista, viu?

Gestora 3: Imagina. Se ficar qualquer coisa também, você quiser retomar, coisa que

eu não respondi, aí você pode contatar.

Entrevistador: Perfeito.

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ANEXOS

ANEXO A - AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA DO SESC SÃO PAULO

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ANEXO B - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

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ANEXO C – PROGRAMAÇÃO “SESC VERÃO 2016” DA UNIDADE

BELENZINHO

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ANEXO C – PROGRAMAÇÃO “SESC VERÃO 2016” DA UNIDADE

ITAQUERA

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