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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE Efeito de diferentes frequências de treinamento no desempenho de força máxima e hipertrofia muscular em indivíduos treinados RICARDO PEREIRA NEVES SÃO PAULO 2018

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE

Efeito de diferentes frequências de treinamento no desempenho de força máxima

e hipertrofia muscular em indivíduos treinados

RICARDO PEREIRA NEVES

SÃO PAULO

2018

RICARDO PEREIRA NEVES

Efeito de diferentes frequências de treinamento no desempenho de força máxima

e hipertrofia muscular em indivíduos treinados

Versão Corrigida

Dissertação apresentada à Escola de Educação

Física e Esporte da Universidade de São Paulo,

como requisito parcial para obtenção do título

de Mestre em Ciências.

Área de Concentração: Estudos Biodinâmicos

da Educação Física e Esporte

Orientador: Prof. Dr. Valmor Alberto Augusto

Tricoli

SÃO PAULO

2018

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou elerônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Catalogação da Publicação

Serviço de Biblioteca

Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo

Neves, Ricardo Pereira Efeito de diferentes frequências de treinamento no desempenho de força máxima e hipertrofia muscular em indivíduos treinados / Ricardo Pereira Neves. -- São Paulo: [s.n.], 2018. 56p. Dissertação (Mestrado) - Escola de Educação Física e

Esporte da Universidade de São Paulo. Orientador: Prof. Dr. Valmor Alberto Augusto Tricoli

1. Treinamento de força 2. Hipertrofia muscular I. Título.

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Autor: NEVES, Ricardo Pereira

Título: Efeito de diferentes frequências de treinamento no desempenho de força máxima e

hipertrofia muscular em indivíduos treinados

Dissertação apresentada à Escola de Educação

Física e Esporte da Universidade de São Paulo,

como requisito parcial para a obtenção do

título de Mestre em Ciências

Data:___/___/___

Banca Examinadora

Prof. Dr.:____________________________________________________________

Instituição:______________________________________Julgamento:___________

Prof. Dr.:____________________________________________________________

Instituição:______________________________________Julgamento:___________

Prof. Dr.:____________________________________________________________

Instituição:______________________________________Julgamento:___________

Dedico este trabalho aos meus pais Sebastião Neves Filho (in memoriam), e Neuza das

Graças Pereira Neves, que além de todo amor e carinho, não mediram esforços, mesmo nas

dificuldades, para que eu pudesse seguir nos estudos, algo que para os mesmos não pôde ser

ofertado. Em todas as minhas realizações vou tê-los comigo!!! Eu AMO vocês!!!

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Dr. Valmor Tricoli, pela oportunidade de ingressar na pós-

graduação, pelos conhecimentos compartilhados em várias oportunidades e, principalmente,

por não ter desistido desta orientação, afinal de contas, foram muitos anos entre a pretensão e

a realização do mestrado.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

concessão da bolsa de estudos.

Ao Prof. Dr. Carlos Ugrinowitsch, pelos ensinamentos, e por me fazer perceber que o

insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar com mais inteligência. A minha barba

branca e meu pouco cabelo corroboraram com este aprendizado.

Aos meus contemporâneos, Prof. Dr. Hamilton Roschel, Prof. Dr. Renato Barroso da

Silva e Prof. Dr. Eduardo Oliveira de Souza, pela contribuição, não somente no exame de

qualificação, como também em outros momentos.

A todos os meus colegas de laboratório, em especial ao Prof. Me. Emerson Luiz

Teixeira e ao Prof. Esp. Demostenys David, pela ajuda nas coletas, e a Profa. Dra. Carla

Batista, Prof. Dr. Gilberto Cândido Laurentino, Prof. Me. Felipe Cassaro Vechin e Prof. Me.

Manoel Lixandrão, pela ajuda na análise dos dados.

A minha namorada, Diana Oliveira, que entendeu (ou pelo menos tentou) e viveu as

alegrias e tristezas de namorar um pós-graduando.

Aos meus amigos e familiares, em especial a minha madrinha Profa. Dra. Joana

Neves, por toda ajuda e incentivo desde minha formação.

Por último, e não menos importante, agradeço a todos os sujeitos que participaram do

estudo, pelo comprometimento e empenho nos treinamentos, e por permitirem usar seus dados

para conclusão do trabalho.

Sucesso é conseguir o que você quer e felicidade

é gostar do que você conseguiu.

David Carnegie

RESUMO

NEVES, R. P. Efeito de diferentes frequências de treinamento no desempenho de força

máxima e hipertrofia muscular em indivíduos treinados. 2018. 56 f. Dissertação

(Mestrado em Ciências) – Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo,

São Paulo, 2018.

Introdução: O estado de treinamento é um dos fatores que podem influenciar na frequência

de treinamento, e de fato, evidências têm sugerido que sujeitos previamente treinados tenham

necessidade de realizar o treinamento de força (TF) em maiores frequências semanais, com

intuito de aumentar o desempenho de força e a massa muscular. Objetivo: Comparar as

alterações no desempenho de força dinâmica máxima (1RM) dos membros inferiores e na

área de secção transversa (AST) do músculo quadríceps femoral, após a realização de um

programa de treinamento de força distribuído em diferentes frequências semanais, em um

grupo de indivíduos previamente treinados em força. Materiais e Métodos: A amostra foi

composta por 24 sujeitos do sexo masculino, com idade entre 18 e 35 anos, que participaram

de um programa de TF de nove semanas. Os sujeitos foram distribuídos em duas condições:

TFVE - treinamento de força com volumes equalizados e, TFVN - treinamento de força com

volumes não equalizados. O protocolo de TF utilizou o exercício leg press 45º (unilateral)

como único exercício, e deste modo, cada um dos membros inferiores (MMII) foi submetido a

uma das frequências semanais de treinamento propostas (i.e., uma e três vezes). O teste de

1RM no exercício leg press 45º (unilateral) e as medidas de AST do músculo quadríceps

femoral foram realizados nos momentos pré e pós-treinamento. Resultados: Os aumentos nos

valores de 1RM foram significantes (p<0,001) e similares, nas diferentes frequências de TF

tanto da condição TFVE (16,0 ± 10,0% e 17,2 ± 12,2% para uma e três vezes por semana,

respectivamente) quanto da condição TFVN (19,4 ± 13,1% e 24,6 ± 14,2% para uma e três

vezes por semana, respectivamente). Para AST, também houve aumentos significantes

(p<0,001) e similares, nas diferentes frequências de TF tanto da condição TFVE (2,1 ± 2,1%

e 2,0 ± 2,8% para uma e três vezes por semana, respectivamente) quanto da condição TFVN

(1,5 ± 2,6% e 4,1 ± 5,0% para uma e três vezes por semana, respectivamente). Quando o

effect size (ES) e o intervalo de confiança (IC) foram calculados, pôde-se observar que a

maior frequência de treinamento apresentou melhores resultados nos valores de 1RM e AST,

somente quando foi permitida a realização de um maior volume de treinamento (i.e., TFVN).

Conclusão: O TF realizado três vezes por semana demonstrou aumentos de 1RM e AST

similares àquele realizado somente uma vez, independentemente ou não da equalização do

volume de treinamento. Quando a maior frequência de TF pôde proporcionar um maior

volume total de treinamento, valores significantes do IC do ES foram observados para ambas

as adaptações. Portanto, se indivíduos treinados necessitam de maiores volumes de

treinamento para que sejam observados aumentos tanto na força quanto na massa muscular,

alternativas como o aumento da frequência do TF podem ser consideradas.

Palavras-chave: Estado de treinamento. Força muscular. Massa muscular.

ABSTRACT

NEVES, R. P. Effect of different training frequencies on maximal strength performance

and muscle hypertrophy in trained individuals. 2018. 56 f. Dissertação (Mestrado em

Ciências) – Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, São Paulo,

2018.

Introduction: Training status is one of the factors that may influence training frequency, and

in fact, evidence has suggested that previously trained subjects need to perform strength

training (ST) at higher weekly frequencies, in order to increase strength and muscle mass.

Objective: To compare the changes in lower limbs maximal dynamic strength (1RM) and in

the cross-sectional area (CSA) of the quadriceps femoris muscle, after performing a strength

training program distributed at different weekly frequencies in a group of previously strength

trained individuals. Materials and Methods: The sample was composed of 24 male subjects,

aged between 18-35 years, who participated in a 9-week ST program. The subjects were

divided into two conditions: STEV - strength training with equalized volumes and, STUV -

strength training with unequalized volumes. The ST protocol used the leg press 45º exercise

(unilateral) as the only exercise, and thus, each lower limb was submitted to one of the

proposed weekly training frequencies (i.e., one and three times). The 1RM test in the leg press

45º exercise (unilateral) and the CSA measurements of the quadriceps femoris muscle were

performed at the pre and post training moments. Results: The increases in the 1RM values

were significant (p<0.001) and similar, in the different ST frequencies of the STEV condition

(16.0 ± 10.0% and 17.2 ± 12.2% for one and three times a week, respectively) and STUV

condition (19.4 ± 13.1% and 24.6 ± 14.2% for one and three times a week, respectively). For

CSA, there were also similar and significant increases (p<0.001), in the different ST

frequencies of the STEV condition (2.1 ± 2.1% and 2.0 ± 2.8% for one and three times a

week, respectively) and STUV condition (1.5 ± 2.6% and 4.1 ± 5.0% for one and three times

a week, respectively). When the effect size (ES) and the confidence interval (CI) were

calculated, it was observed that the higher training frequency presented better results in the

1RM and CSA values, only when it was allowed to perform a higher training volume (i.e.,

STUV). Conclusion: The ST performed three times a week, showed 1RM and CSA increases

similar the one performed only once, regardless of training volume equalization. When the

higher frequency of ST allowed a greater total volume of training, significant values of the CI

of the ES were observed for both adaptations. Therefore, if trained individuals require higher

training volumes to increase strength and muscle mass, alternatives such as increased ST

frequency can be considered.

Keywords: Training Status. Muscle strength. Muscle mass.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11

2. OBJETIVO ....................................................................................................................... 14

3. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 15

3.1. Frequência de treinamento .......................................................................................... 16

3.2. Frequência de treinamento e desempenho de força em indivíduos treinados ............. 18

3.3. Frequência de treinamento e hipertrofia muscular em indivíduos treinados .............. 20

4. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 23

4.1. Amostra ....................................................................................................................... 23

4.2. Procedimentos experimentais ..................................................................................... 24

4.3. Teste de força dinâmica máxima (1RM) no exercício leg press 45º .......................... 25

4.4. Medidas antropométricas ............................................................................................ 26

4.5. Medida da área de secção transversa (AST) do músculo quadríceps femoral ............ 26

4.6. Protocolo de treinamento de força .............................................................................. 27

4.7. Tratamento estatístico ................................................................................................. 28

5. RESULTADOS ................................................................................................................. 30

5.1. Força dinâmica máxima (1RM) .................................................................................. 32

5.2. Área de secção transversa (AST) ................................................................................ 35

6. DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 39

6.1. Efeito das diferentes frequências de treinamento sobre o desempenho de força

dinâmica máxima (1RM) .................................................................................................... 39

6.2. Efeito das diferentes frequências de treinamento sobre o aumento da área de

secção transversa (AST) muscular ...................................................................................... 42

7. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 47

11

1. INTRODUÇÃO

As principais adaptações provocadas pelo treinamento de força (TF) são o aumento da

força muscular e da área de secção transversa do músculo esquelético (i.e., hipertrofia

muscular). Estas adaptações são dependentes da adequada manipulação de variáveis como

intensidade, volume, intervalo de recuperação e frequência de treinamento (HASS

et al., 2001; MONTEIRO et al., 2005). No entanto, existem controvérsias a respeito de qual a

melhor forma de manipular e combinar tais variáveis no intuito de aperfeiçoar o desempenho

de força e aumentar a massa muscular (RHEA et al., 2003; PETERSON et al., 2004;

PETERSON et al., 2005; CANDOW e BURKE, 2007).

Dentre as variáveis citadas, sabe-se que a frequência de treinamento é caracterizada

pela quantidade de sessões semanais (HASS et al., 2001; FAIGENBAUM et al., 2002;

KRAEMER e RATAMESS, 2004; ACSM, 2009), e normalmente é expressa pelo número de

vezes que determinados exercícios ou grupos musculares são treinados neste período

(KRAEMER e RATAMESS, 2004; PETERSON et al., 2004; WERNBOM et al., 2007;

KRAEMER e FLECK, 2009; SCHOENFELD et al., 2015; SCHOENFELD et al., 2016). A

frequência de treinamento pode ser influenciada por vários fatores, tais como intensidade,

volume, número de grupos musculares treinados por sessão e estado de treinamento do

praticante (HASS et al., 2001; KRAEMER e RATAMESS, 2004; BURT et al., 2007; ACSM,

2009; FISHER et al., 2011).

Comumente, os programas de TF são organizados em frequências semanais que

variam entre dois a seis dias (MCLESTER Jr. et al., 2003; KRAEMER e RATAMESS, 2004;

ACSM, 2009), onde cada grupo muscular em específico pode ser treinado de duas a três vezes

por semana, com intuito de gerar aumentos na força e na massa muscular (RHEA et al., 2003;

KRAEMER e RATAMESS, 2004; PETERSON et al., 2004; PETERSON et al., 2005;

ACSM, 2009).

Apesar destas recomendações, sabe-se que a maioria dos estudos que compararam

diferentes frequências de TF, foi realizada com indivíduos não treinados (GILLAM, 1981;

HUNTER, 1985; GRAVES et al., 1988; BRAITH et al., 1989; BRAZELL et al., 1989;

POLLOCK et al., 1993; CALDER et al., 1994; DERENNE et al., 1996; DEMICHELE et al.,

1997; CARROLL et al., 1998; DIBREZZO et al., 2002; FAIGENBAUM et al., 2002; BURT

et al., 2007; CANDOW e BURKE, 2007; ARAZI e ASADI, 2011; BENTON et al., 2011;

FARINATTI et al., 2013; ORSATTI et al., 2013; GENTIL et al., 2015; PADILHA et al.,

12

2015; SERRA et al., 2015; SUNAGA et al., 2016; SERRANO, 2016; BARCELOS, 2017;

SILVA et al., 2017; TAVARES et al., 2017a; TURPELA et al., 2017), limitando assim a

extrapolação dos seus resultados para indivíduos considerados treinados. Além disso, em boa

parte destes estudos, o volume total de treinamento não foi equalizado para que estas

comparações fossem realizadas (GILLAM, 1981; GRAVES et al., 1988; BRAITH et al.,

1989; BRAZELL et al., 1989; HOFFMAN et al., 1990; POLLOCK et al., 1993;

DEMICHELE et al., 1997; DERENNE et al., 1996; FAIGENBAUM et al., 2002; BURT et

al., 2007; FARINATTI et al., 2013; ORSATTI et al., 2013; PADILHA et al., 2015; SERRA et

al., 2015; SERRANO, 2016; SILVA et al., 2017; TURPELA et al., 2017), aumentando o risco

de conclusões equivocadas, uma vez que o volume de treinamento parece ser determinante

para que sejam observados aumentos tanto na força (SIMÃO et al., 2007; ROBBINS et al.,

2012; RALSTON et al., 2017) quanto na massa muscular (FIGUEIREDO et al., 2017;

SCHOENFELD et al., 2017).

No entanto, McLester Jr. et al. (2000) e recentemente Schoenfeld et al. (2015),

compararam diferentes frequências de treinamento, utilizando protocolos de TF com volumes

equalizados em sujeitos treinados. McLester Jr. et al. (2000), investigaram protocolos onde

cada grupo muscular era submetido ao TF uma ou três vezes por semana, observando que os

aumentos em força dinâmica máxima (1RM), obtidos pelo grupo que treinou uma vez,

representaram em média 62% daqueles obtidos pelo grupo que treinou três vezes, sendo

demonstrada diferença estatisticamente significante nos valores de 1RM do exercício leg

press (i.e., 22,3% vs. 46,1%) em favor da maior frequência de TF. Além disso, foram

demonstrados aumentos na massa muscular de 1,4% e 7,5% para os treinamentos realizados

uma e três vezes por semana, respectivamente. Da mesma maneira, Schoenfeld et al. (2015)

compararam protocolos onde cada grupo muscular era submetido ao TF uma ou três vezes na

semana, encontrando aumentos percentuais nos valores de 1RM de 6,8% e 10,2% no

exercício supino e, 10,6% e 11,3% no exercício agachamento para uma e três vezes,

respectivamente. Além disso, o aumento percentual na espessura dos músculos flexores do

cotovelo foi significantemente maior para os sujeitos que realizaram o TF três vezes por

semana (6,5%) em comparação àqueles que o treinaram somente uma vez (4,4%).

Sendo assim, pode-se especular que sujeitos previamente treinados necessitem de

maiores frequências de TF, em comparação aos sujeitos não treinados, para promover

aumentos não só na força, como também na massa muscular (HÄKKINEN e KALLINEN,

1994; MCLESTER Jr. et al., 2000; RAASTAD et al., 2012; SCHOENFELD et al., 2015).

13

Häkkinen e Kallinen (1994) demonstraram que mulheres treinadas alcançaram um

melhor desempenho de força, quando o volume de treinamento foi distribuído em um número

maior de sessões, o que supostamente criou condições favoráveis (i.e., maior frequência de

estimulação neural) para responder ao estímulo de treinamento. De fato, a amplitude do sinal

eletromiográfico muscular não foi aumentada, quando sujeitos treinados adicionaram um

número maior de séries, após o platô de fadiga ser atingido (FINN et al., 2014); portanto,

especula-se que aumentar a frequência de treinamento poderia ser uma estratégia eficaz de

estimular o sistema neuromuscular, e consequentemente aumentar o desempenho de força

(HÄKKINEN e KALLINEN, 1994; RAASTAD et al., 2012; WILLIAMS et al., 2017).

Em relação ao aumento de massa muscular, a importância de uma maior frequência de

TF pode estar relacionada aos diferentes períodos de manutenção de taxas elevadas de síntese

proteica muscular (SPM), entre sujeitos treinados e não treinados, após uma sessão de TF

(CHESLEY et al., 1992; MACDOUGALL et al., 1995; PHILLIPS et al., 1997; TANG et al.,

2008; DAMAS et al., 2015; DANKEL et al., 2017).

Por exemplo, Phillips et al. (1997) investigando sujeitos não treinados, após a

realização de 8 séries de 8 repetições do exercício extensão de joelhos a 80% 1RM,

verificaram que as taxas de SPM ainda estavam elevadas 48 horas após a realização da sessão

de TF. Já Chesley et al. (1992) e MacDougall et al. (1995) utilizando sujeitos treinados, que

realizaram 12 séries até a falha concêntrica de exercícios para os músculos flexores do

cotovelo a 80% 1RM, encontraram níveis elevados na taxa de SPM 24 horas após a sessão de

TF, sendo que estes níveis já se encontravam em valores de repouso transcorridas 36 horas

pós-sessão. Considerando-se que a hipertrofia muscular pode ser resultante de períodos

acumulados de aumentos na taxa de SPM pós-exercício (PHILLIPS, 2004; SHEPSTONE et

al., 2005; MITCHELL et al., 2014; PHILLIPS, 2014; DAMAS et al., 2015; DAMAS et al.,

2016; DANKEL et al., 2017), mantê-la elevada através de uma maior frequência de

treinamento, poderia aumentar o conteúdo de proteína miofibrilar, gerando assim um efeito

positivo sobre tal adaptação (SCHOENFELD et al., 2015).

A partir das evidências citadas, parece razoável sugerir que sujeitos previamente

treinados tenham necessidade de realizar seus treinamentos mais frequentemente, não apenas

com o intuito de aumentar o desempenho de força, como também o de alcançar melhores

resultados em hipertrofia muscular.

14

2. OBJETIVO

Comparar as alterações no desempenho de força dinâmica máxima (1RM) dos

membros inferiores e na área de secção transversa (AST) do músculo quadríceps femoral,

após a realização de um programa de treinamento de força distribuído em diferentes

frequências semanais (i.e., uma e três vezes), em um grupo de indivíduos previamente

treinados em força.

15

3. REVISÃO DE LITERATURA

O treinamento de força (TF) é amplamente usado para aumentar o desempenho

atlético, melhorar a saúde músculo esquelética e alterar a estética corporal (DESCHENES e

KRAEMER, 2002; HAYES et al., 2013; NACLERIO et al., 2013; SOONESTE et al., 2013).

No passado, a maioria dos programas de TF era baseada quase que inteiramente nas

experiências práticas de técnicos e atletas, e a divulgação destes programas sem um devido

suporte científico confundia não somente os praticantes iniciantes, como também os atletas

mais experientes (TAN, 1999).

Atualmente, boa parte do conhecimento científico relacionado ao TF tem sido

direcionada ao estudo das diferentes formas de organização dos programas de treinamento, e

ao esclarecimento dos mecanismos responsáveis pelo aumento da área de secção transversa da

musculatura esquelética (i.e., hipertrofia), em indivíduos fisicamente ativos e atletas (ACSM,

2009; MIYAZAKI e ESSER, 2009; SCHOENFELD, 2010; FISHER et al., 2011;

SCHOENFELD, 2012; FISHER et al., 2013; SCHOENFELD, 2013; PHILLIPS, 2014;

DAMAS et al., 2015; DAMAS et al., 2016).

Um programa de TF efetivo depende de um processo complexo que incorpora a

manipulação e o controle de variáveis agudas, bem como a compreensão e correta aplicação

dos princípios científicos do treinamento (HASS et al., 2001; BIRD et al., 2005; MONTEIRO

et al., 2005). As diferentes maneiras com que tais variáveis são organizadas e manipuladas

dentro dos programas de treinamento, geram respostas diferenciadas no desempenho de força

e na alteração da quantidade de massa muscular (Figura 1). Além disso, é importante

reconhecer que o estado inicial de treinamento (i.e., não treinado ou treinado) também

influencia na magnitude destas respostas, pois à medida que um indivíduo se torna mais

treinado, maior é a quantidade de estímulo necessário para gerar adaptação (DESCHENES e

KRAEMER, 2002; KRAEMER e RATAMESS, 2004; ACSM, 2009; FIGUEIREDO et al.,

2017; RALSTON et al., 2017); portanto, aumentar a frequência do TF seria uma maneira

eficaz de indivíduos treinados progredirem em seus programas de treinamento (HÄKKINEN

e KALLINEN, 1994; RAASTAD et al., 2012).

A sequência de tópicos proposta nesta revisão de literatura pretende contextualizar a

variável frequência de treinamento, trazendo as diretrizes disponíveis na literatura

especializada quanto a sua manipulação em protocolos de TF que tenham como objetivo

aumentar a força e a massa muscular de adultos jovens saudáveis. Em seguida, serão

16

apresentadas evidências que demonstram a influência da frequência de treinamento sobre o

desempenho de força e hipertrofia muscular em indivíduos treinados.

Figura 1 – Prescrição do programa de treinamento de força e sua interdependência com as

variáveis agudas e princípios do treinamento para aquisição de adaptações específicas

Fonte: adaptado de BIRD et al. (2005).

3.1. Frequência de treinamento

Uma das principais variáveis manipuladas no TF é a frequência (GILLAM, 1981;

HUNTER, 1985). A frequência pode ser definida como o número de sessões de treino

realizadas numa semana (HASS et al., 2001; FAIGENBAUM et al., 2002; KRAEMER e

RATAMESS, 2004; ACSM, 2009) e normalmente é expressa pelo número de vezes que

determinados exercícios ou grupos musculares são treinados neste período (KRAEMER e

RATAMESS, 2004; PETERSON et al., 2004; WERNBOM et al., 2007; KRAEMER e

FLECK, 2009; SCHOENFELD et al., 2015; SCHOENFELD et al., 2016). A frequência de

treinamento é influenciada por vários fatores, tais como intensidade, volume, seleção de

17

exercícios, número de grupos musculares treinados por sessão e estado de treinamento (HASS

et al., 2001; KRAEMER e RATAMESS, 2004; BURT et al., 2007; ACSM, 2009; FISHER et

al., 2011).

É muito comum que os programas de TF utilizem frequências semanais que variam

entre de dois a seis dias (MCLESTER Jr. et al., 2003; KRAEMER e RATAMESS, 2004;

ACSM, 2009), onde cada grupo muscular em específico é treinado de duas a três vezes neste

período (RHEA et al., 2003; PETERSON et al., 2004; PETERSON et al., 2005).

Segundo o posicionamento do American College of Sports Medicine (2009), as

recomendações quanto às frequências de TF, para que sejam observados aumentos na força e

hipertrofia muscular em adultos jovens saudáveis, devem levar em consideração três

categorias de indivíduos: iniciantes, intermediários e avançados.

Para os iniciantes, recomenda-se que as sessões de TF contenham exercícios para o

corpo todo, sendo as mesmas realizadas entre dois e três dias na semana (CARROLL et al.,

1998; CANDOW e BURKE, 2007). A progressão para categoria intermediária parece não

necessitar de uma mudança marcante com que cada grupo muscular é treinado, podendo ser

mais dependente de alterações em outras variáveis agudas, tais como seleção de exercícios,

volume e intensidade (KRAEMER e RATAMESS, 2004; ACSM, 2009). Assim sendo,

indivíduos categorizados como intermediários, devem treinar três dias na semana, usando

exercícios para o corpo todo, ou ainda quatro dias, usando alguma espécie de rotina divida,

onde cada grande grupo muscular fosse treinado duas vezes por semana (ACSM, 2009).

Já para indivíduos avançados e atletas de elite como levantadores de peso e

fisiculturistas é comum o uso de altas frequências de treinamento (i.e., quatro a seis sessões

por semana ou mais) (HÄKKINEN e KALLINEN, 1994; HARTMAN et al., 2007;

RAASTAD et al., 2012; RIBEIRO et al., 2015). A utilização de altas frequências de

treinamento permitiria a distribuição do volume total de treinamento em um número maior de

sessões ao longo da semana, além de diminuir o tempo de duração das mesmas, possibilitando

desta maneira um treinamento de maior intensidade e desempenho, em consequência de um

menor estado de fadiga (ACSM, 2009; KRAEMER e FLECK, 2009; RIBEIRO et al., 2015).

Portanto, para indivíduos avançados recomenda-se que as sessões de TF aconteçam

entre quatro e seis dias na semana, sendo que atletas de elite poderiam fazer uso de

frequências mais altas de treinamento, como por exemplo, realizar duas sessões de treino em

18

um dia, entre quatro e cinco dias na semana (HÄKKINEN e KALLINEN, 1994; KRAEMER

e RATAMESS, 2004; HARTMAN et al., 2007; ACSM, 2009; RAASTAD et al., 2012;

RIBEIRO et al., 2015).

É importante notar que durante programas de treinamento com altas frequências, opta-

se por rotinas divididas onde somente determinados exercícios e/ou grupos musculares são

treinados em cada sessão. A frequência de treinamento é uma importante variável, e quando

manipulada de forma inadequada pode comprometer as adaptações decorrentes do TF, ou

ainda, aumentar o risco de prejuízos provenientes do excesso de treinamento

(FAIGENBAUM et al., 2002).

3.2. Frequência de treinamento e desempenho de força em indivíduos treinados

De acordo com Williams et al. (2017), a frequência de treinamento está positivamente

associada com as mudanças na força dinâmica máxima (1RM). De fato, muitos estudos

mostraram que as maiores frequências de treinamento foram mais eficazes para gerar

aumentos no desempenho de força (GILLAM, 1981; HUNTER, 1985; GRAVES et al., 1988;

BRAITH et al., 1989; HOFFMAN et al., 1990; POLLOCK et al., 1993; HÄKKINEN e

KALLINEN, 1994; MCLESTER Jr. et al., 2000; FAIGENBAUM et al., 2002; RAASTAD et

al., 2012; FARINATTI et al., 2013; PADILHA et al., 2015; SERRANO,2016; TURPELA et

al., 2017); contudo, a maioria destes foi realizada com indivíduos não treinados (GILLAM,

1981; HUNTER, 1985; GRAVES et al., 1988; BRAITH et al., 1989; POLLOCK et al., 1993;

FAIGENBAUM et al., 2002; FARINATTI et al., 2013; PADILHA et al., 2015;

SERRANO,2016; TURPELA et al., 2017), crianças (FAIGENBAUM et al., 2002), idosos

(FARINATTI et al., 2013; PADILHA et al., 2015; SERRANO, 2016; TURPELA et al., 2017)

ou ainda, não equalizaram o volume total de treinamento em suas comparações (GILLAM,

1981; GRAVES et al., 1988; BRAITH et al., 1989; HOFFMAN et al., 1990; POLLOCK et

al., 1993; FAIGENBAUM et al., 2002; FARINATTI et al., 2013; PADILHA et al., 2015;

SERRANO, 2016; TURPELA et al., 2017), impossibilitando generalizações do seus

resultados para indivíduos treinados, além de dificultar o entendimento do efeito desta

variável de forma isolada.

Além disso, indivíduos não treinados apresentaram ganhos de força similares quando

os volumes do TF foram equalizados, em comparações realizadas com frequências semanais

de uma ou duas vezes (GENTIL et al., 2015; TAVARES et al., 2017a); uma ou três vezes

19

(SUNAGA et al., 2016); uma, duas ou três vezes (ARAZI e ASADI, 2011); duas ou três vezes

(CARROLL et al., 1998; DIBREZZO et al., 2002; CANDOW e BURKE, 2007); duas ou

quatro vezes (CALDER et al., 1994); duas, três ou cinco vezes (BARCELOS, 2017); e três ou

quatro vezes (BENTON et al., 2011).

Até o momento, dois foram os estudos que compararam protocolos de TF com

diferentes frequências semanais, volumes de treinamento equalizados, tendo como sujeitos

indivíduos treinados (MCLESTER Jr. et al., 2000; SCHOENFELD et al., 2015).

McLester Jr. et al. (2000) utilizaram um protocolo de TF onde cada grupo muscular foi

treinado uma ou três vezes na semana. Ao final do período de intervenção de 12 semanas, os

aumentos percentuais no teste de 1RM foram em média 20,2% e 32,4% nos cinco exercícios

realizados para os membros superiores (MMSS), e 23,5% e 37,4% nos quatro exercícios

realizados para os membros inferiores (MMII) nos grupos que realizaram TF com frequências

semanais de uma e três vezes, respectivamente. Independente destas diferenças percentuais,

somente para o exercício leg press foi demonstrada diferença estatisticamente significante nos

valores de 1RM, onde o grupo que treinou este exercício três vezes na semana aumentou

46,1% em comparação aos 22,3% alcançados pelo grupo que treinou apenas uma vez.

Schoenfeld et al. (2015) também compararam sessões de TF onde cada grupo muscular foi

treinado uma (SPLIT) ou três vezes (TOTAL) na semana. Após um período de intervenção de

oito semanas, não houve diferenças estatisticamente significantes nos aumentos percentuais

de 1RM nos exercício supino (6,8% e 10,2%) e agachamento (10,6% e 11,3%), para o grupo

SPLIT e TOTAL, respectivamente.

Algumas considerações podem ser feitas a respeito dos trabalhos anteriormente

citados. No trabalho de McLester Jr. et al. (2000) foi utilizado um volume semanal total baixo

comparado com as rotinas tipicamente usadas por indivíduos treinados, com os sujeitos

realizando somente três séries semanais por grupo muscular em aproximadamente 89% do

protocolo de TF. No mais, o grupo que realizou o TF uma vez na semana, aparentemente,

continha sujeitos mais experientes, além de maiores valores iniciais de 1RM. No estudo de

Schoenfeld et al. (2015), apesar das diferenças nas frequências semanais com que cada grupo

muscular em específico foi treinado (i.e., uma e três vezes), verifica-se uma mesma frequência

de treinamento (i.e., uma vez) nos exercícios utilizados para testar o desempenho de força

(i.e., supino e agachamento). Ao que parece, uma maior frequência de estimulação de um

20

engrama motor1 específico, como por exemplo, os exercícios de avaliação do desempenho,

poderia ser responsável em promover melhores resultados na força muscular (HÄKKINEN e

KALLINEN, 1994; WILLIAMS et al., 2017).

Outras tentativas de comparar diferentes frequências de treinamento, tendo como

sujeitos indivíduos treinados, mostraram limitações como, por exemplo, a curta duração do

experimento (entre três e seis semanas) (HÄKKINEN e KALLINEN, 1994; HARTMAN et

al., 2007; RIBEIRO et al., 2015); falta de informações precisas quanto ao protocolo de

treinamento utilizado (HÄKKINEN e KALLINEN, 1994; RAASTAD et al., 2012) e do

volume total de treinamento (HÄKKINEN e KALLINEN, 1994; RAASTAD et al., 2012;

RIBEIRO et al., 2015; THOMAS e BURNS, 2016); ou ainda, tiveram a frequência de

treinamento de cada um dos exercícios e/ou grupos musculares em específico exatamente a

mesma, fazendo com que as diferentes frequências fossem configuradas apenas pelo número

de sessões que um mesmo programa de exercícios foi dividido (HARTMAN et al., 2007;

RIBEIRO et al., 2015).

Portanto, fica evidente a necessidade de estudar a variável frequência de treinamento

em sujeitos treinados, a partir de desenhos experimentais onde os protocolos de TF sejam

organizados com volumes de treinamento equalizados e mais próximos àqueles aplicados na

prática, além de garantir, principalmente com relação ao desempenho de força, que o(s)

exercício(s) utilizado(s) como critério de avaliação, seja(m) também treinado(s) em

frequências distintas.

3.3. Frequência de treinamento e hipertrofia muscular em indivíduos treinados

A hipertrofia muscular é uma das adaptações ao TF que atrai maior interesse na

comunidade científica atualmente, sendo também um dos objetivos mais desejados entre

atletas envolvidos em esportes de força e potência, como por exemplo, o futebol americano, o

rúgbi e o levantamento de peso. Além disso, o aumento da massa muscular também é

importante para fisiculturistas e indivíduos que almejam alterar a composição corporal, os

aspectos estéticos (KRAEMER e RATAMESS, 2004; SCHOENFELD, 2010) e a saúde

(HASS et al., 2001; BIRD et al., 2005; ACSM, 2009; PHILLIPS e WINETT, 2010).

1 Registro neural da memória motora (XIVRY e SHADMEHR, 2014).

21

Como mencionado anteriormente, é provável que sujeitos treinados exijam maiores

frequências de TF em comparação aos sujeitos não treinados, especialmente em relação aos

ganhos em hipertrofia muscular (HÄKKINEN e KALLINEN, 1994; MCLESTER Jr. et al.,

2000; KRAEMER e RATAMESS, 2004; ACSM, 2009; RAASTAD et al., 2012;

SCHOENFELD et al., 2015). Entre os estudos com volumes de treinamento equalizados, e

diferentes frequências com que cada grupo muscular realizou o TF, McLester Jr. et al. (2000),

encontraram diferença estatística entre aumentos de massa muscular, em favor da maior

frequência de treinamento, sendo estes de 1,4% e 7,5% para as sessões de TF realizadas uma e

três vezes por semana, respectivamente. De maneira similar, Schoenfeld et al. (2015),

verificaram que os aumentos percentuais na espessura dos músculos avaliados (i.e., vasto

lateral, flexores e extensores do cotovelo) foram maiores quando estes músculos treinaram

mais frequentemente; contudo, resultado estatisticamente significante somente foi encontrado

no grupo que treinou os músculos flexores do cotovelo três vezes por semana (TOTAL =

6,5%) em comparação àquele que treinou somente uma vez (SPLIT = 4,4%).

Independentemente dos estudos supracitados não terem utilizado técnicas de medida da

hipertrofia muscular de melhor precisão, tal como as imagens por ressonância magnética, tais

inferências corroboram com a ideia que as maiores frequências de TF sejam realmente

necessárias quando se pretende aumentar a massa muscular.

Uma justificativa para que os sujeitos treinados tenham a necessidade de realizar seus

treinamentos mais frequentemente, pode estar no fato que o estado de treinamento parece

conferir diferentes períodos de manutenção de taxas elevadas de síntese proteica muscular

(SPM) após uma sessão de TF (Figura 2) (CHESLEY et al., 1992; MACDOUGALL et al.,

1995; PHILLIPS et al., 1997; TANG et al., 2008; DAMAS et al., 2015; DANKEL et al.,

2017).

22

Figura 2 – Períodos de manutenção de taxas elevadas de síntese proteica muscular

Legenda: NT - não treinados; T - treinados; SPM - síntese proteica muscular; h - horas.

Fonte: adaptado de DAMAS et al. (2015).

Phillips et al. (1997) investigando sujeitos não treinados, após a realização de 8 séries

de 8 repetições do exercício extensão de joelhos a 80% 1RM, verificaram que as taxas de

SPM ainda estavam elevadas 48 horas após a sessão de TF. Já Chesley et al. (1992) e

MacDougall et al. (1995) utilizando sujeitos treinados, que realizaram 12 séries até a falha

muscular de exercícios para os músculos flexores do cotovelo a 80% 1RM, encontraram

níveis elevados na taxa de SPM por 24 horas após a sessão de TF, sendo que estes níveis já se

encontravam em valores de repouso transcorridas 36 horas pós-sessão. Teoricamente, a

manutenção de taxas elevadas de síntese proteica ao longo de cada semana aumentaria o

conteúdo de proteína miofibrilar, gerando um efeito positivo sobre o tamanho do músculo

(SCHOENFELD et al., 2015). Partindo da premissa que o estado de treinamento altera o

tempo de manutenção de taxas elevadas de SPM (TANG et al., 2008; DAMAS et al., 2015;

DANKEL et al., 2017) e que os ganhos em massa muscular ocorrerão devido a aumentos

crônicos nestas taxas após o exercício (PHILLIPS, 2004; SHEPSTONE et al., 2005;

MITCHELL et al., 2014; PHILLIPS, 2014; DAMAS et al., 2015; DAMAS et al., 2016;

DANKEL et al., 2017), parece razoável sugerir que sujeitos treinados realizem o TF em

maiores frequências semanais, a fim de alcançarem melhores resultados em hipertrofia

muscular.

A partir das evidências apresentadas nesta revisão, pode-se especular que a utilização

de maiores frequências de TF proporciona condições favoráveis para que indivíduos treinados

alcancem melhores resultados tanto em força quanto em hipertrofia muscular.

23

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Amostra

Foram selecionados 28 sujeitos do sexo masculino, treinados em força, com idades

entre 18 e 35 anos. Conforme critério de inclusão, todos os sujeitos obtiveram desempenho no

teste de força dinâmica máxima (1RM), no exercício meio-agachamento, equivalente ou

maior a uma vez e meia a sua massa corporal e, além disso, estavam isentos de problemas de

ordem muscular, articular e outros que os impedissem de participar ou que pudessem afetar os

resultados do estudo. Nenhum dos sujeitos realizou avaliação clínica e/ou médica antes de

iniciar o estudo, pois a necessidade ou não de tais intervenções foi verificada a partir das

respostas concedidas no questionário de prontidão para atividade física – PAR-Q.

Quatro voluntários não concluíram o estudo por motivos pessoais (i.e., dificuldade em

conciliar os horários dos treinos com as rotinas de trabalho e/ou estudos); portanto, a análise

dos resultados foi feita com os dados de 24 sujeitos (Tabela 1) que realizaram todos os

procedimentos experimentais.

Tabela 1 – Caracterização da amostra (n=24).

Idade

(anos) Massa

Corporal

(kg)

Estatura

(cm) Experiência com

Treinamento de Força

(anos)

1RM x Massa

Corporal

(meio-agachamento)

26,0 ± 4,0

85,8 ± 15,0

177,4 ± 6,6

6,2 ± 4,2

2,1 ± 0,4

Legenda: 1RM - força dinâmica máxima.

Todos os sujeitos participaram voluntariamente do estudo e assinaram um termo de

consentimento livre e esclarecido contendo informações sobre os procedimentos

experimentais, possíveis riscos e benefícios envolvidos. O estudo foi aprovado pelo comitê de

ética em pesquisa da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo.

24

4.2. Procedimentos experimentais

A quatro semanas do início do período de treinamento, foram realizadas duas sessões

de teste de 1RM no exercício meio-agachamento utilizando o equipamento Smith Machine

(Hammer Strength®, Rosemont, IL, USA), sendo estas separadas por um intervalo de 72

horas. Para garantir a reprodutibilidade do teste, steps de alturas variadas (i.e., 5, 10 e 15 cm)

foram utilizados para determinar a amplitude de movimento (i.e., ~ 90º de flexão dos joelhos),

além de fitas adesivas fixadas no solo para o posicionamento dos pés. Este teste foi utilizado

somente para determinar o estado de treinamento e a seleção dos indivíduos. Na semana

seguinte, foram iniciadas as sessões de familiarização com o teste de 1RM no exercício leg

press 45º (unilateral). A fim de encontrar um valor considerado estável em tal teste (variação

≤ a 5% nos valores encontrados), foram disponibilizadas no mínimo duas e no máximo quatro

sessões para realização destas familiarizações, sendo estas separadas por um intervalo mínimo

de 48 horas. Na semana precedente ao início do treinamento, todos os sujeitos que atenderam

aos critérios de seleção realizaram duas sessões de avaliação, em dois dias distintos, onde

foram realizados o teste de 1RM no exercício leg press 45º (unilateral) e as medidas de área

de secção transversa (AST) do músculo quadríceps femoral. Os sujeitos foram classificados a

partir do intervalo de variação (i.e., classe) de cada variável dependente (i.e., força e

hipertrofia muscular), e após isto, foram distribuídos de forma balanceada em duas condições:

TFVE - treinamento de força com volumes equalizados e, TFVN - treinamento de força com

volumes não equalizados. Todos os sujeitos realizaram o exercício leg press 45º (unilateral)

como único exercício do protocolo de TF, e deste modo, cada um dos membros inferiores

(MMII) foi submetido a uma das frequências semanais de treinamento propostas (i.e., uma e

três vezes).

Na semana subsequente ao término do período de treinamento de nove semanas,

sessões de avaliação com os mesmos procedimentos das primeiras foram realizadas

(Figura 3). Um intervalo mínimo de 48 horas foi utilizado, tanto entre as sessões de avaliação

pré e pós, quanto entre estas e o período de treinamento. Todos os sujeitos foram orientados a

manterem seus hábitos alimentares, e não iniciarem nenhum outro programa de exercícios de

TF para os MMII. Além disso, não deveriam fazer uso de suplementos alimentares de

qualquer categoria, de fármacos, de esteróides anabólicos ou de outros hormônios durante o

período experimental.

25

Figura 3 – Ilustração dos procedimentos experimentais do estudo

Legenda: 1RM - teste de força dinâmica máxima; AST - área de secção transversa.

4.3. Teste de força dinâmica máxima (1RM) no exercício leg press 45º

O teste de 1RM foi realizado unilateralmente no exercício leg press 45º. Para a

realização do teste foram seguidas as orientações da Sociedade Americana de Fisiologia do

Exercício (BROWN e WEIR, 2001).

Os sujeitos realizaram um aquecimento geral em esteira (ergométrica E750;

Movement®, Pompeia, SP, Brasil) com corrida a 9 km/h durante cinco minutos. Em seguida

realizaram um aquecimento específico no exercício leg press 45º, composto de uma série de

oito repetições com 50% 1RM estimado e uma série de três repetições com 70% 1RM

estimado, com dois minutos de intervalo entre as séries. O teste de 1RM foi iniciado três

minutos após o término do aquecimento específico. O teste avaliou a quantidade máxima de

peso que pôde ser levantada em um ciclo completo de movimento, que teve início e fim com

os joelhos em extensão completa, sendo que na fase excêntrica do movimento, os joelhos

atingiram 90º de flexão antes de iniciar o movimento da fase concêntrica (i.e., extensão).

Os ajustes no equipamento leg press 45º (Movement®, Pompeia, SP, Brasil), para

cada um dos sujeitos, foram determinados na primeira sessão de familiarização. A altura do

encosto foi ajustada conforme preferência individual. Os pés foram posicionados no terço

médio da plataforma do equipamento, e de acordo com a posição que garantisse maior

conforto, deveria ficar na posição paralela (i.e., projeção vertical da linha traçada a partir da

espinha ilíaca ântero-inferior) ou neutra (i.e., projeção vertical da linha traçada a partir da

linha axilar anterior). Para determinação da amplitude de movimento de 90º de flexão do

joelho, utilizou-se um goniômetro (Shopfisio®, Mogi Guaçu, SP, Brasil), e este ponto foi

26

demarcado com auxílio de uma fita métrica e de um marcador colocados na coluna lateral

esquerda do equipamento. A fim de garantir a reprodutibilidade dos testes subsequentes, todos

estes ajustes foram registrados nas fichas de avaliação dos sujeitos.

O valor de 1RM foi determinado em no máximo cinco tentativas com três minutos de

intervalo entre elas. Os sujeitos foram encorajados verbalmente para a realização do máximo

desempenho. O erro padrão da medida (EPM) entre os testes de 1RM (i.e., última sessão de

familiarização e avaliação pré-período de treinamento) foi de 5,0 kg, que resultou em uma

mínima diferença (MD) a ser considerada de 13,7 kg.

4.4. Medidas antropométricas

As medidas antropométricas foram realizadas no início do estudo para caracterização

da amostra. A massa corporal e a estatura dos sujeitos foram medidas com balança digital

(Oxer®, Extrema, MG, Brasil) e estadiômetro portátil (Seca®, Forquilhinhas, SC, Brasil)

respectivamente.

4.5. Medida da área de secção transversa (AST) do músculo quadríceps femoral

A medida de AST do músculo quadríceps femoral foi obtida por meio de imagem de

ressonância magnética (Signa LX 9.1; GE Healthcare®, Milwaukee, WI, USA) realizada em

ambos MMII. Os sujeitos foram posicionados em decúbito dorsal com os joelhos estendidos.

Uma faixa foi colocada nos pés dos sujeitos, a fim de conter o movimento de rotação externa

do quadril durante a medida. Inicialmente foi obtida uma imagem de referência da distância

perpendicular entre o trocanter maior e a borda inferior do epicôndilo lateral do fêmur, a qual

foi definida como o comprimento do segmento. A AST foi medida em 50% do comprimento

do segmento com espessura de corte de escaneamento de 0,8 cm de 3 s de duração. A

sequência de pulsos foi realizada com um campo de visão entre 400 e 420 mm, tempo de

repetição de 350 ms, tempo de eco de 9 a 11 ms, duas aquisições de sinal, e uma matriz de

reconstrução de 256 x 256 mm. A AST foi determinada usando planimetria computadorizada

(Advantage Workstation 4.3; GE Healthcare®, Milwaukee, WI, USA). A imagem obtida foi

divida em músculo esquelético, osso e tecido adiposo subcutâneo. Em seguida a AST do

músculo quadríceps femoral foi determinada subtraindo o osso e a área de tecido adiposo

subcutâneo. As imagens de ressonância magnética do músculo quadríceps femoral foram

27

traçadas (OsiriX Lite; Pixmeo Sarl®, Bernex, GE, Suíça) em duplicata por um pesquisador

especializado, e o valor médio entre as duas medidas foi utilizado para posterior análise. O

EPM foi de 0,2 cm², que resultou em uma MD a ser considerada de 0,6 cm².

4.6. Protocolo de treinamento de força

O exercício leg press 45º (unilateral) foi o único exercício do protocolo de TF, e deste

modo, cada um dos MMII foi submetido a uma das frequências semanais de treinamento

propostas (i.e., uma e três vezes). Os sujeitos foram distribuídos em duas condições: TFVE -

treinamento de força com volumes equalizados e, TFVN - treinamento de força com volumes

não equalizados (Quadro 1). O treinamento teve duração de nove semanas, e todos os sujeitos

realizaram a mesma variação quanto ao número de séries e repetições máximas (RM) ao

longo do período de treinamento (Quadro 2).

Quadro 1 – Organização semanal do treinamento.

Legenda: TFVE - treinamento de força com volumes equalizados; TFVN - treinamento de força com volumes

não equalizados.

Quadro 2 – Distribuição do número de séries e repetições ao longo das nove semanas de

treinamento.

Frequência de

treinamento 1 2 3

1x/semana 9 séries

(TFVE / TFVN) leg press 45º

(unilateral)

3x/semana 3 séries 3 séries 3 séries

(TFVE / TFVN) leg press 45º leg press 45º leg press 45º

(unilateral) (unilateral) (unilateral)

Intra-semana = Ø

Inter-semana = 168 horas

Sessões de treinamento semanais Recuperação

entre sessões

Intra-semana = 48 horas

Inter-semana = 72 horas

7 – 9

9

9

9

12RM

10RM

8RM

Semanas Séries Repetições

1 – 3

4 – 6

28

Todas as sessões de treinamento foram iniciadas com um aquecimento geral em esteira

ergométrica (E720; Movement®, Pompeia, SP, Brasil) com corrida a 9 km/h, ou em bicicleta

ergométrica (E540; Movement®, Pompeia, SP, Brasil), com velocidade entre 60 e 70 RPMs e

carga de 50 W, durante cinco minutos. Em seguida, foi realizado um aquecimento específico

no exercício leg press 45º (unilateral), onde uma série de quinze repetições a 50% do peso

correspondente a primeira série da sessão foi utilizado (FERMINO et al., 2005). Na primeira

sessão de treinamento de cada semana, todos os sujeitos realizaram o treinamento para ambos

os MMII, sendo que o MI destinado ao treinamento de menor frequência semanal (i.e., uma

vez) iniciou o treinamento realizando suas nove séries totais. Na sequência, o MI destinado ao

treinamento de maior frequência semanal (i.e., três vezes), realizou suas três primeiras séries,

e este por sua vez teve outras duas sessões de treinamento onde foram realizadas mais três

séries em cada uma delas, completando assim suas nove séries semanais. Um intervalo de

dois minutos foi respeitado entre o aquecimento e o início do protocolo de treinamento, bem

como entre as demais séries realizadas na sessão. Ajustes de carga (i.e., acréscimo ou redução

do peso) foram realizados quando necessário, para que os sujeitos realizassem o número de

RM determinado.

4.7. Tratamento estatístico

Inicialmente os dados foram analisados quantitativa e visualmente quanto a sua

distribuição normal pelo teste de Shapiro-Wilk. Uma vez confirmada a normalidade dos

dados, uma ANOVA one-way foi utilizada para testar se as condições experimentais

apresentavam diferenças iniciais nos valores de 1RM no exercício leg press 45º (unilateral) e

AST do músculo quadríceps femoral. Para avaliar o efeito das diferentes frequências semanais

de TF nos valores de 1RM e AST, foi utilizado um modelo misto para medidas repetidas

tendo a frequência semanal (i.e., uma e três vezes) e o tempo (i.e., pré e pós-treinamento)

como fatores fixos, e os sujeitos como fator aleatório. Quando um valor significante de F foi

encontrado, post hoc de Tukey foi utilizado para comparações múltiplas. O nível de

significância adotado foi de p<0,05. Os dados foram reportados de acordo com a estatística

descritiva média e desvio padrão (SAS 9.3; SAS Institute Inc.®, Cary, NC, USA). O

coeficiente de variação (CV) foi utilizado quando os valores individuais de 1RM e AST foram

demonstrados.

29

Os aumentos além da MD a ser considerada, tanto nos valores de 1RM como também

na AST, foram reportados nas diferentes frequências semanais de TF nas condições TFVE e

TFVN. Por fim, o effect size (ES) e o intervalo de confiança (IC) foram calculados a partir da

média e desvio padrão das diferenças absolutas pós-treinamento (∆) nos valores de 1RM e

AST (R version 3.3.2; The R Foundation for Statistical Computing®, Vienna, NÖ, Áustria).

A partir disso, foram realizadas comparações entre as diferentes frequências semanais de TF

nas condições TFVE e TFVN. O ES foi classificado em insignificante (<0,19), pequeno (0,20

- 0,49), médio (0,50 - 0,79) e grande (0,80 - 1,29) (COHEN, 1988). Os limites inferiores e

superiores do IC que não cruzaram o zero foram considerados significantes.

30

5. RESULTADOS

De acordo com ANOVA one-way, os valores iniciais de força dinâmica máxima

(1RM) no exercício leg press 45º (Figura 4) e da área de secção transversa (AST) do músculo

quadríceps femoral (Figura 5) não apresentaram diferenças significantes entre as distintas

condições.

Figura 4 – Valores iniciais de força dinâmica máxima no exercício leg press 45º (unilateral)

Legenda: 1RM - teste de força dinâmica máxima; TFVE - treinamento de força com volumes equalizados;

TFVN - treinamento de força com volumes não equalizados. p=0,422236.

Figura 5 – Valores iniciais da área de secção transversa do músculo quadríceps femoral

Legenda: AST - área de secção transversa; TFVE - treinamento de força com volumes equalizados;

TFVN - treinamento de força com volumes não equalizados. p=0,997850.

1

7 0

8 0

9 0

1 0 0

1 1 0

1 2 0

1 3 0T F V E - 1 x s e m a n a

T F V E - 3 x s e m a n a

T F V N - 1 x s e m a n a

T F V N - 3 x s e m a n a

AS

T (

cm

²)

P r é

1

0

1 0 0

2 0 0

3 0 0T F V E - 1 x s e m a n a

T F V E - 3 x s e m a n a

T F V N - 1 x s e m a n a

T F V N - 3 x s e m a n a

1R

M (

kg

)

P r é

31

Ao final do período experimental, o volume de treinamento (VT) não apresentou

diferenças significantes entre as distintas frequências de treinamento da condição

TFVE (uma vez por semana = 167.582 ± 13.673 kg; três vezes por semana = 167.586 ±

13.661 kg) (Figura 6), por outro lado, o VT da condição TFVN apresentou diferenças

significantes entre as mesmas (uma vez por semana = 136.986 ± 8.126 kg; três vezes por

semana = 164.894 ± 12.855 kg) (Figura 7).

Figura 6 – Volume de treinamento nas diferentes frequências de TF da condição TFVE

Legenda: TF - treinamento de força; TFVE - treinamento de força com volumes equalizados. p=0,999499.

Figura 7 – Volume de treinamento nas diferentes frequências de TF da condição TFVN

Legenda: TF - treinamento de força; TFVN - treinamento de força com volumes não equalizados. * p=0,000048.

0

5 0 0 0 0

1 0 0 0 0 0

1 5 0 0 0 0

2 0 0 0 0 01 x s e m a n a

3 x s e m a n a

Vo

lum

e d

e T

re

ina

me

nto

(k

g)

0

5 0 0 0 0

1 0 0 0 0 0

1 5 0 0 0 0

2 0 0 0 0 01 x s e m a n a

3 x s e m a n a

*

Vo

lum

e d

e T

re

ina

me

nto

(k

g)

32

5.1. Força dinâmica máxima (1RM)

Todas as condições aumentaram significantemente os valores de 1RM no exercício

leg press 45º no pós-treinamento. Na condição TFVE os aumentos foram de 16,0 ± 10,0% e

17,2 ± 12,2% para uma e três vezes por semana, respectivamente (Figura 8). Na condição

TFVN os aumentos foram de 19,4 ± 13,1% e 24,6 ± 14,2% para uma e três vezes por semana,

respectivamente (Figura 9). Em ambas as condições não foram observadas diferenças

significantes entre as diferentes frequências de treinamento de força (TF).

Figura 8 – Força dinâmica máxima no exercício leg press 45º (unilateral) nas diferentes

frequências de TF da condição TFVE

Legenda: TF - treinamento de força; TFVE - treinamento de força com volumes equalizados; 1RM - teste de

força dinâmica máxima; 1 x semana (pré = 216 ± 53 kg; pós = 247 ± 51 kg);

3 x semana (pré = 219 ± 53 kg; pós = 253 ± 54 kg). *diferente do pré, p<0,001.

P ré P ó s P ré P ó s

0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 01 x s e m a n a

3 x s e m a n a

1R

M (

kg

)

* *

33

Figura 9 – Força dinâmica máxima no exercício leg press 45º (unilateral) nas diferentes

frequências de TF da condição TFVN

Legenda: TF - treinamento de força; TFVN - treinamento de força com volumes não equalizados 1RM - teste de

força dinâmica máxima; 1 x semana (pré = 186 ± 61 kg; pós = 219 ± 65 kg);

3 x semana (pré = 192 ± 66 kg; pós = 236 ± 75 kg). *diferente do pré, p<0,001.

As figuras 10 e 11 demonstram as mudanças individuais nos valores de 1RM no

exercício leg press 45º nas condições TFVE e TFVN, respectivamente.

Figura 10 – Valores individuais de força dinâmica máxima no exercício leg press 45º

(unilateral) nas diferentes frequências de TF da condição TFVE

Legenda: TF - treinamento de força; TFVE - treinamento de força com volumes equalizados; 1RM - teste de

força dinâmica máxima; A - uma vez por semana; B - três vezes por semana; CV - coeficiente de variação.

P ré P ó s P ré P ó s

0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 01 x s e m a n a

3 x s e m a n a

1R

M (

kg

)

**

P ré P ó s

0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 0

1R

M (

kg

)

C V = 0 ,6A

P ré P ó s

0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 0

1R

M (

kg

)

C V = 0 ,6B

34

Figura 11 – Valores individuais de força dinâmica máxima no exercício leg press 45º

(unilateral) nas diferentes frequências de TF da condição TFVN

Legenda: TF - treinamento de força; TFVN - treinamento de força com volumes não equalizados; 1RM - teste

de força dinâmica máxima; A - uma vez por semana; B - três vezes por semana; CV - coeficiente de variação.

Na condição TFVE, o aumento além da mínima diferença (MD) a ser considerada

(i.e., 13,70 kg) foi de 17,5 ± 18,1 kg e 20,2 ± 21,6 kg para uma e três vezes por semana,

respectivamente. Para a condição TFVN, o aumento além da MD foi de 19,2 ± 19,5 kg e 30,0

± 22,9 kg para uma e três vezes por semana, respectivamente. A diferença absoluta pós-

treinamento (∆) nos valores de 1RM na condição TFVE foi de 31,2 ± 18,1 kg para uma vez

por semana e de 33,9 ± 21,6 kg para três vezes por semana. Para a condição TFVN, o ∆ foi de

32,9 ± 19,5 kg para uma vez por semana e de 43,7 ± 22,9 kg para três vezes por semana. A

partir dos valores de ∆, o effect size (ES) e o intervalo de confiança (IC) foram calculados

para realização de comparações entre as diferentes frequências nas condições TFVE e TFVN

(Figura 12). Os limites inferiores e superiores do IC que não cruzam o zero foram

considerados significantes.

P ré P ó s

0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 0 C V = 0 ,6

1R

M (

kg

)

A

P ré P ó s

0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 0

5 0 0 C V = 0 ,5

1R

M (

kg

)

B

35

Figura 12 – Effect size e intervalo de confiança das diferenças absolutas pós-treinamento nos

valores de força dinâmica máxima nas diferentes frequências de TF das condições TFVE e

TFVN

Legenda: TF - treinamento de força; TFVE - treinamento de força com volumes equalizados;

TFVN - treinamento de força com volumes não equalizados; ES - effect size.

■ TFVE = 0,15; intervalo de confiança de 95% do ES = - 0,26 a 0,57.

● TFVN = 0,51; intervalo de confiança de 95% do ES = 0,09 a 0,97.

5.2. Área de secção transversa (AST)

Todas as condições aumentaram significantemente os valores da AST do músculo

quadríceps femoral no pós-treinamento. Na condição TFVE os aumentos foram de 2,1 ±

2,1% e 2,0 ± 2,8% para uma e três vezes por semana, respectivamente (Figura 13). Na

condição TFVN os aumentos foram de 1,5 ± 2,6% e 4,1 ± 5,0% para uma e três vezes por

semana, respectivamente (Figura 14). Em ambas as condições não foram observadas

diferenças significantes entre as diferentes frequências de TF.

-0 .5 0 .0 0 .5 1 .0 1 .5

E S

T F V N - 1 v s . 3

T F V E - 1 v s . 3

36

Figura 13 – Área de secção transversa do músculo quadríceps femoral nas diferentes

frequências de TF da condição TFVE

Legenda: TF - treinamento de força; TFVE - treinamento de força com volumes equalizados;

AST - área de secção transversa; 1 x semana (pré = 100,2 ± 10,6 cm²; pós = 102,3 ± 11,4 cm²);

3 x semana (pré = 101,3 ± 10,8 cm²; pós = 103,3 ± 11,2 cm²). *diferente do pré, p<0,001.

Figura 14 – Área de secção transversa do músculo quadríceps femoral nas diferentes

frequências de TF da condição TFVN

Legenda: TF - treinamento de força; TFVN - treinamento de força com volumes não equalizados;

AST - área de secção transversa; 1 x semana (pré = 100,4 ± 16,4 cm²; pós = 101,8 ± 16,4 cm²);

3 x semana (pré = 100,9 ± 18,7 cm²; pós = 104,8 ± 17,9 cm²). *diferente do pré, p<0,001.

As figuras 15 e 16 demonstram as mudanças individuais nos valores da AST do

músculo quadríceps femoral nas condições TFVE e TFVN, respectivamente.

P ré P ó s P ré P ó s

0

5 0

1 0 0

1 5 01 x s e m a n a

3 x s e m a n a* *

AS

T (

cm

²)

P ré P ó s P ré P ó s

0

5 0

1 0 0

1 5 01 x s e m a n a

3 x s e m a n a* *

AS

T (

cm

²)

37

Figura 15 – Valores individuais da área de secção transversa do músculo quadríceps femoral

nas diferentes frequências de TF da condição TFVE

Legenda: TF - treinamento de força; TFVE - treinamento de força com volumes equalizados; AST - área de

secção transversa; A - uma vez por semana; B - três vezes por semana; CV - coeficiente de variação.

Figura 16 – Valores individuais da área de secção transversa do músculo quadríceps femoral

nas diferentes frequências de TF da condição TFVN

Legenda: TF - treinamento de força; TFVN - treinamento de força com volumes não equalizados; AST - área de

secção transversa; A - uma vez por semana; B - três vezes por semana; CV - coeficiente de variação.

Na condição TFVE, o aumento além da MD a ser considerada (i.e., 0,6 cm²) foi de 1,5

± 2,3 cm² e 1,4 ± 3,0 cm² para uma e três vezes por semana, respectivamente. Para a condição

TFVN, o aumento além da MD foi de 0,8 ± 3,0 cm² e 3,3 ± 4,6 cm² para uma e três vezes por

semana, respectivamente. O ∆ nos valores da AST na condição TFVE foi de 2,1 ± 2,3 cm²

para uma vez por semana e de 2,0 ± 3,0 cm² para três vezes por semana. Para a condição

TFVN, o ∆ foi de 1,4 ± 3,0 cm² para uma vez por semana e de 3,9 ± 4,6 cm² para três vezes

P ré P ó s

0

5 0

1 0 0

1 5 0 C V = 2 ,1

AS

T (

cm

²)

A

P ré P ó s

0

5 0

1 0 0

1 5 0C V = 1 ,2

AS

T (

cm

²)

B

P ré P ó s

0

5 0

1 0 0

1 5 0 C V = 1 ,1

AS

T (

cm

²)

A

P ré P ó s

0

5 0

1 0 0

1 5 0 C V = 1 ,4

AS

T (

cm

²)

B

38

por semana. A partir valores de ∆, o effect size (ES) e o intervalo de confiança (IC) foram

calculados para realização de comparações entre as diferentes frequências nas condições

TFVE e TFVN (Figura 17). Os limites inferiores e superiores do IC que não cruzam o zero

foram considerados significantes.

Figura 17 – Effect size e intervalo de confiança das diferenças absolutas pós-treinamento nos

valores da área de secção transversa nas diferentes frequências de TF das condições TFVE e

TFVN

Legenda: TF - treinamento de força; TFVE - treinamento de força com volumes equalizados;

TFVN - treinamento de força com volumes não equalizados; ES - effect size.

■ TFVE = - 0,02; intervalo de confiança de 95% do ES = - 0,43 a 0,40.

● TFVN = 0,63; intervalo de confiança de 95% do ES = 0,21 a 1,10.

-0 .5 0 .0 0 .5 1 .0 1 .5

E S

T F V N - 1 v s . 3

T F V E - 1 v s . 3

39

6. DISCUSSÃO

O presente estudo comparou as alterações no desempenho de força dinâmica máxima

(1RM) dos membros inferiores e na área de secção transversa (AST) do músculo quadríceps

femoral, após a realização de um programa de treinamento de força distribuído em diferentes

frequências semanais (i.e., uma e três vezes), em um grupo de indivíduos previamente

treinados em força. Os resultados do estudo demonstraram que houve aumentos significantes

nos valores de 1RM e de AST nas diferentes frequências de TF das condições TFVE -

treinamento de força com volumes equalizados e, TFVN - treinamento de força com volumes

não equalizados. Apesar disso, não foram demonstradas diferenças estatisticamente

significantes nas comparações entre as diferentes frequências de TF, independentemente ou

não da equalização do volume de treinamento. Para uma real determinação da magnitude das

alterações, o effect size (ES) e o intervalo de confiança (IC) foram calculados a partir das

diferenças absolutas dos valores de 1RM e AST observadas no pós-treinamento (∆), e dessa

maneira, pôde-se observar que a maior frequência de treinamento apresentou melhores

resultados nos valores de 1RM e AST, somente quando foi permitida a realização de um

maior volume de treinamento.

A sequência de tópicos proposta nesta discussão tenta facilitar a compreensão dos

resultados apresentados.

6.1. Efeito das diferentes frequências de treinamento sobre o desempenho de força dinâmica

máxima (1RM)

Até o momento, poucos estudos compararam os efeitos de diferentes frequências de

TF em indivíduos treinados (HÄKKINEN e KALLINEN, 1994; MCLESTER Jr. et al., 2000;

HARTMAN et al., 2007; RAASTAD et al., 2012; RIBEIRO et al., 2015; SCHOENFELD

et al., 2015; THOMAS e BURNS, 2016), sendo que apenas nos estudos de McLester Jr. et al.

(2000) e Schoenfeld et al. (2015) estas comparações foram feitas em protocolos de TF com

volumes equalizados. Em relação aos aumentos no desempenho de força, McLester Jr. et al.

(2000) verificaram que os aumentos percentuais médios nos valores de 1RM para cinco

exercícios dos membros superiores (MMSS) e quatro exercícios dos membros inferiores

(MMII) foram superiores para as maiores frequências de TF (i.e., três vezes); no entanto,

observou-se diferença estatisticamente significante somente entre os aumentos de 1RM no

exercício leg press, sendo estes de 22,3% e 46,1% para o grupo que realizou o TF uma e três

40

vezes na semana, respectivamente. No presente estudo, não houve diferenças significantes

entre os aumentos percentuais nos valores de 1RM no exercício leg press 45º (unilateral), nas

diferentes frequências da condição TFVE, sendo estes de 16% ± 10,0% e 17,2% ± 12,2%

para o TF realizado uma e três vezes na semana, respectivamente.

A divergência de resultados encontrada entre o presente estudo e o de McLester Jr.

et al. (2000), em parte pode ser explicada pelas diferenças iniciais nos valores de 1RM

apresentadas pelos sujeitos dos mesmos, pois ao que parece, existe uma relação negativa entre

os níveis iniciais de força observados no período pré-treinamento, e a porcentagem de seu

aumento durante o treinamento (HÄKKINEN, 1985). No estudo de McLester Jr. et al. (2000),

os valores iniciais de 1RM no exercício leg press bilateral foram de aproximadamente 200 ±

83 kg e 191 ± 96 kg, para as frequências de uma e três vezes na semana, respectivamente. No

presente estudo, estes valores variaram de 186 ± 61 kg até 219 ± 53 kg para o exercício leg

press 45º realizado de maneira unilateral. Independentemente da amostra de ambos os

trabalhos ser composta por sujeitos treinados, o aumento percentual encontrado no trabalho de

McLester Jr. et al. (2000) talvez categorize seus sujeitos em outro nível de treinamento, pois

de acordo com ACSM (2002), sujeitos destreinados podem aumentar a força muscular em

aproximadamente 40%, ao longo de períodos de treinamento que variaram de quatro semanas

até dois anos; em contrapartida, em sujeitos treinados estes aumentos podem ser de

aproximadamente 16% para o mesmo período, corroborando em boa parte com os resultados

encontrados no presente trabalho. De fato, se o estado de treinamento é inversamente

associado com as mudanças nos valores de 1RM, espera-se que sujeitos destreinados

apresentem grandes aumentos em força muscular (WILLIAMS et al., 2017), mesmo em

curtos períodos de treinamento (ACSM, 2009).

Outro ponto a ser observado no estudo de McLester Jr. et al. (2000), está no fato de

seus resultados terem sido alcançados a partir de um protocolo de TF onde foram realizadas

apenas três séries semanais na maioria dos grupos musculares, ou seja, um número de séries

muito aquém do sugerido para que sujeitos treinados consigam aprimorar a força muscular

(RHEA et al., 2003; PETERSON et al., 2005; ROBBINS et al., 2012; RALSTON et al.,

2017). De maneira semelhante ao presente estudo, que utilizou nove séries semanais no

exercício leg press 45º (unilateral), Schoenfeld et al. (2015) utilizaram entre seis e nove séries

semanais para cada um dos grupos musculares submetidos ao TF. Além disso, estas séries

foram distribuídas em três diferentes exercícios, e ao que parece, esta é uma estratégia

eficiente para que se obtenha um melhor resultado no desempenho de força (FONSECA et al.,

41

2014). Assim como no presente estudo, houve diferenças estatisticamente significantes entre

os valores de 1RM pré e pós-treinamento, com aumentos percentuais médios de 6,8% e 10,2%

no exercício supino e, 10,6% e 11,3% no exercício agachamento, para o grupo com

frequências semanais de treinamento de uma (SPLIT) e três vezes (TOTAL), respectivamente.

Esta pequena vantagem nos aumentos percentuais de 1RM, em favor das maiores frequências

semanais de treinamento, não foi suficiente para que houvesse diferença estatisticamente

significante entre as duas frequências de treinamento comparadas. Apesar das diferentes

frequências semanais que cada grupo muscular foi treinado neste estudo, observou-se que o

protocolo de TF proposto permitiu uma mesma frequência de treinamento (i.e., uma vez) nos

exercícios utilizados para avaliar o desempenho de força (i.e., supino e agachamento), em

ambos os grupos. Talvez uma maior frequência de estimulação de um engrama motor

específico (e.g., exercícios de avaliação do desempenho), poderia ser responsável em

promover melhores resultados na força muscular no grupo de maior frequência semanal

(HÄKKINEN e KALLINEN, 1994; WILLIAMS et al., 2017); entretanto, os resultados do

presente estudo não conseguem corroborar com tal especulação. De fato, se uma mesma

frequência de treinamento nos exercícios específicos de avaliação da força muscular pôde ter

sido o determinante para que não houvesse diferenças estatisticamente significantes entre as

distintas frequências de TF do estudo de Schoenfeld et al. (2015), alternativas para avaliar o

desempenho de força, além do teste de 1RM, poderiam ter sido consideradas (e.g.,

dinamometria isocinética), assim como fizeram estudos anteriores (GRAVES et al., 1988;

BRAITH et al., 1989; HÄKKINEN e KALLINEN, 1994; CARROLL et al., 1998; GENTIL et

al., 2015)

Por fim, se o volume total de treinamento é importante para se obter ganhos em força

muscular (SIMÃO et al., 2007; ROBBINS et al., 2012; RALSTON et al., 2017), estratégias

que possibilitem seu aumento devem ser consideradas, como por exemplo, o aumento da

frequência de treinamento. No presente estudo, o TF realizado três vezes na semana na

condição TFVN apresentou um maior volume total de treinamento, em comparação àquele

realizado somente uma vez, o que coincidentemente gerou o maior média de aumento

percentual (i.e., 24,6 ± 14,2%) no teste de 1RM, bem como a melhor média de incremento

além da mínima diferença (MD) a ser considerada no pós-treinamento (i.e., 30,0 ± 22,9 kg).

Além disso, na comparação da magnitude de alteração entre as diferentes frequências de TF

nas condições TFVE e TFVN, foi demonstrado um maior valor do ES (0,15 vs. 0,51) e um

significante IC (- 0,26 a 0,57 vs. 0,09 a 0,97), em favor da condição TFVN.

42

6.2. Efeito das diferentes frequências de treinamento sobre o aumento da área de secção

transversa (AST) muscular

Em indivíduos treinados, o aumento da frequência de TF seria uma estratégia eficaz de

progressão, na tentativa de serem observados melhores resultados no aumento de massa

muscular (DANKEL et al., 2017). Esta resposta hipertrófica otimizada, estaria relacionada

não só a possibilidade que as maiores frequências têm de aumentar o volume total de

treinamento (WILLIAMS et al., 2017), como também pela manutenção de taxas elevadas de

síntese proteica muscular (SPM) pós-exercício (DANKEL et al., 2017). No protocolo de

McLester Jr. et al. (2000), o aumento na massa muscular foi aproximadamente 80% superior

no grupo que realizou TF com maior frequência semanal e, desta forma, poderia se especular

que este aumento em massa muscular tenha ocorrido como resultado de períodos acumulados

de aumentos na taxa de SPM (PHILLIPS, 2004; SHEPSTONE et al., 2005; MITCHELL et

al., 2014; PHILLIPS, 2014; DAMAS et al., 2015; DAMAS et al., 2016; DANKEL et al.,

2017), uma vez que os volumes de treinamento foram equalizados na comparação das

diferentes frequências; entretanto, atualmente temos somente informações sobre como a taxa

de SPM aumenta após horas da realização do TF (CHESLEY et al., 1992; MACDOUGALL

et al., 1995; PHILLIPS et al., 1997; TANG et al., 2008; DAMAS et al., 2015; DAMAS et al.,

2016), e não ao longo de um período maior (i.e., semanas), o que permitiria uma melhor

compreensão da relação existente entre SPM e a resposta hipertrófica ao longo do tempo.

No protocolo de TF de McLester Jr. et al. (2000), onde a maioria dos grupos

musculares realizou três séries semanais, foram demonstrados aumentos na massa muscular

de 1,4% e 7,5% para uma e três vezes por semana, respectivamente. Tais resultados

corroboram com as recentes evidências que demonstram a possibilidade de se obter aumentos

na massa muscular, mesmo quando um baixo número de séries (i.e., ≤ quatro) é realizado por

cada grupo muscular semanalmente (SCHOENFELD et al., 2017; LA SCALA TEIXEIRA et

al., 2017); entretanto, os melhores resultados em hipertrofia muscular parecem ser observados

quando cada grupo muscular realiza um número maior de séries (i.e., ≥ nove) semanais

(SCHOENFELD et al., 2017) e portanto, indo ao encontro das estratégias utilizadas não só

por Schoenfeld et al. (2015), como também no presente estudo.

Diferentemente de McLester Jr. et al. (2000), que estimaram o aumento de massa

muscular através de uma avaliação duplamente indireta (i.e.,medidas de dobras cutâneas),

Schoenfeld et al. (2015) avaliaram as alterações da AST muscular por meio de imagens de

43

ultrassonografia, sendo este um procedimento de alta confiabilidade e validade para este fim

(REEVES et al., 2004). A partir disso, foram demonstrados aumentos estatisticamente

significantes nos valores da AST muscular após o período de treinamento, tanto no grupo que

realizou o TF uma vez na semana: (a) vasto lateral = 2,1%, (b) flexores do cotovelo = 4,4%,

(c) extensores do cotovelo = 5,0%; como naquele que realizou três vezes: (a) vasto lateral =

6,7%. (b) flexores do cotovelo = 6,5%, (c) extensores do cotovelo = 8,0%. Como visto, os

aumentos percentuais na AST dos grupos musculares avaliados favoreceram àqueles que

realizaram o TF em uma maior frequência semanal; entretanto, diferença estatisticamente

significante foi demonstrada apenas na AST dos músculos flexores do cotovelo. Segundo a

hipótese inicial do estudo, os melhores resultados em hipertrofia muscular aconteceriam no

grupo SLPIT (i.e., TF uma vez na semana) por conta de um maior estresse metabólico

proporcionado nesta condição. Mesmo que as alterações metabólicas sejam um importante

estímulo para o aumento de massa muscular (SCHOENFELD et al., 2013), evidências

recentes sugerem que estas podem estar mais relacionadas ao volume total de treinamento da

sessão (TAVARES et al., 2017b), o que categoricamente dificultaria qualquer especulação

sobre qual grupo do experimento de Schoenfeld et al. (2015) apresentou maiores alterações

metabólicas, uma vez que o volume de treinamento foi equalizado em bases semanais, e não

em cada sessão. Portanto, os maiores percentuais de aumento na AST muscular encontrados

no grupo que realizou o TF com maior frequência semanal, talvez tenham ocorrido em

consequência da distribuição do volume total de treinamento em um número maior sessões ao

longo da semana, o que supostamente, possibilitaria a realização do TF com maior intensidade

(KRAEMER e FLECK, 2009; RATAMESS et al., 2009; WILLIAMS et al., 2017); no

entanto, não se descarta também a possibilidade do desenho experimental inter-sujeitos não

ter proporcionado um rigoroso controle no volume total de treinamento, uma vez que foram

observados maiores volumes médios para o grupo TOTAL (i.e., TF três vezes na semana) em

seis, dos sete grupos musculares em que o mesmo foi calculado.

Até onde se sabe, este é o primeiro estudo com indivíduos treinados, que utilizou

imagens de ressonância magnética para avaliar as alterações na AST muscular, após a

realização de um protocolo de TF com diferentes frequências semanais. Considerada como

padrão-ouro para tal medição, a ressonância magnética pode nos fornecer imagens com

melhor qualidade, além de uma medida com maior precisão. Posto isso, neste estudo não

foram observadas diferenças estatisticamente significantes nos aumentos da AST do músculo

quadríceps femoral entre as diferentes frequências de TF da condição TFVE. Nem mesmo

44

podemos considerar alguma diferença percentual, tais como as observadas nos estudos

supracitados, pois os aumentos desta condição foram em média de 2,1 ± 2,1% e 2,0 ± 2,8%,

para os treinamentos realizados uma e três vezes na semana, respectivamente. De fato,

estudos com indivíduos treinados não têm demonstrado benefícios adicionais às adaptações

hipertróficas, quando um mesmo volume total de treinamento é distribuído de diferentes

maneiras (OLIVER et al., 2013; ANGLERI et al., 2017). Na condição TFVN, também não

foram observadas diferenças estatisticamente significantes nos aumentos da AST; no entanto,

a média de aumento percentual (i.e., 4,1 ± 5,0%) demonstrado para o TF realizado três vezes

na semana, somada a um maior valor médio (i.e., 3,9 ± 4,6 cm²) de aumento além da MD a

ser considerada, e uma significante magnitude de alteração na comparação entre as distintas

frequências desta condição (i.e., ES = 0,63; IC = 0,21 a 1,10), corroboram com as recentes

evidências que demonstram a importância do volume de treinamento nas adaptações

musculares (SCHOENFELD et al., 2017; FIGUEIREDO et al., 2017). Na prática, o aumento

da frequência de TF seria uma das possíveis maneiras de se aumentar o volume de

treinamento, ao longo de um período específico de tempo (FIGUEIREDO et al., 2017;

WILLIAMS et al., 2017).

É importante mencionar algumas limitações do presente estudo: (a) a AST foi medida

apenas na porção média do músculo quadríceps femoral (i.e., 50% da distância entre o

trocanter maior e o epicôndilo lateral do fêmur), impossibilitando qualquer especulação de

como ocorreram às adaptações hipertróficas nas regiões proximal e distal; (b) os aumentos na

AST talvez não tenham ocorrido de maneira similar, em cada um dos músculos que compõe o

quadríceps femoral, uma vez que adaptações hipertróficas distintas, em cada um destes

músculos, podem ocorrer quando os exercícios do protocolo de TF não são variados

(FONSECA et al., 2014); (c) o protocolo de TF unilateral pode promover um efeito de

educação cruzada, o que aumentaria os ganhos de força do membro contralateral (MANCA et

al., 2017). No entanto, é menos provável que este efeito ocorra em sujeitos treinados que

realizam TF unilateral em ambos os MMII (ANGLERI et al., 2017). No mais, o desenho

experimental intra-sujeito proposto neste estudo tentou diminuir a interferência da

variabilidade biológica verificada nos desenhos experimentais inter-sujeitos, além de permitir

uma minuciosa equalização do volume de treinamento para condição TFVE; (d) na condição

TFVE, as repetições realizadas no TF de maior frequência semanal nem sempre puderam ser

consideradas repetições máximas (RM), pois estas foram realizadas com o peso médio (i.e.,

volume total de treinamento/número de repetições realizadas) obtido no treinamento de menor

45

frequência semanal, do membro inferior (MI) contralateral. Supostamente, indivíduos

treinados deveriam realizar RM em seus treinamentos, para que dessa maneira possam

alcançar melhores resultados tanto em força (NOBREGA et al., 2016) quanto em hipertrofia

muscular (PRESTES et al., 2016). No entanto, com base na literatura atual, esta é uma

questão que não parece totalmente esclarecida.

46

7. CONCLUSÃO

Os resultados desse estudo demonstraram que o TF, de um mesmo grupo muscular,

realizado três vezes por semana, demonstrou aumentos na força dinâmica máxima (1RM) e na

área de secção transversa (AST) muscular similares àquele realizado somente uma vez,

independentemente ou não da equalização do volume de treinamento. Quando a maior

frequência de TF pôde proporcionar um maior volume total de treinamento (i.e., condição

TFVN - treinamento de força com volumes não equalizados), valores significantes do

intervalo de confiança (IC) do effect size (ES) foram observados para ambas as adaptações.

Portanto, se indivíduos treinados necessitam de maiores volumes de treinamento para que

sejam observados aumentos tanto na força (ROBBINS et al., 2012; RALSTON et al., 2017)

quanto na massa muscular (FIGUEIREDO et al., 2017; SCHOENFELD et al., 2017),

alternativas como o aumento da frequência do TF podem ser consideradas. Ademais, quando

um mesmo volume total de treinamento é distribuído em diferentes frequências semanais, não

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