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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA RAUL BASTON OLYMPIO MODELAGEM E VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL DE UM GERADOR PIEZELÉTRICO DE ENERGIA EM MINIATURA São Carlos 2014

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

RAUL BASTON OLYMPIO

MODELAGEM E VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL DE UM GERADOR

PIEZELÉTRICO DE ENERGIA EM MINIATURA

São Carlos

2014

RAUL BASTON OLYMPIO

MODELAGEM E VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL DE UM GERADOR

PIEZELÉTRICO DE ENERGIA EM MINIATURA

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à Escola de Engenharia de São

Carlos, Universidade de São Paulo, como parte

dos requisitos para obtenção do título de

Engenheiro Mecatrônico.

Área de Concentração: Dinâmica das

Máquinas e Sistemas.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Sergio Varoto

São Carlos

2014

Aos meus avôs, Pedro e Jerônymo, que

não puderam estar presentes nesta importante

etapa da minha jornada, e presenciar o menino

se tornar homem.

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Milton e Silvana, pelo incondicional apoio e incentivo durante toda

a minha vida e pela paciência em todos os momentos. Ao meu pai, por ser o melhor

modelo que poderia ter em minha vida; à minha mãe por todo o carinho dado e por ser a

melhor confidente que poderia pedir.

Ao meu irmão, Ramon, por todos os planos que fizemos, por todas as brincadeiras,

por todas as conversas, por todos os finais de semana em que nos divertimos, e

principalmente pelo companheirismo ao longo destes anos.

Aos meus irmãos do Capítulo Marco Antonio Libano dos Santos, pela

oportunidade de conhecê-los, pelo crescimento mútuo que obtivemos dentro de nossa

Sala Capitular e por fazer com que percebesse que ainda existem muitos homens de

bem.

À minha namorada, Camila, por ser, acima de tudo, a minha melhor amiga, por ter

escolhido ficar, ser minha copiloto e voar comigo.

Ao Professor Varoto, pelos anos em que trabalhamos juntos e não ser apenas um

orientador, mas também um amigo; pela paciência durante este ano de conclusão de

curso e incentivo dado para a finalização deste trabalho.

Á Escola de Engenharia de São Carlos, por proporcionar todo os profissionais e

infraestrutura a fim de que seus alunos tenham uma formação de excelência.

Homem e natureza devem andar de

mãos dadas. Perturbar a harmonia dos recursos

naturais, perturba também a vida do homem.

Franklin Delano Roosevelt

i

SUMÁRIO

RESUMO ...................................................................................................................................................... ii

ABSTRACT ................................................................................................................................................. iii

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................................. iv

LISTA DE TABELAS ................................................................................................................................. vi

LISTA DE SIGLAS .................................................................................................................................... vii

LISTA DE SÍMBOLOS ............................................................................................................................ viii

1. Introdução ........................................................................................................................................... 1

1.1. Considerações Preliminares e Motivação .......................................................................... 1

1.2. Objetivos ...................................................................................................................................... 2

2. Revisão Bibliográfica ....................................................................................................................... 4

2.1. Efeito Piezelétrico ..................................................................................................................... 4

2.2. Geração de Energia Usando Materiais Piezelétricos ....................................................... 4

2.2.1. Conversores Lineares ...................................................................................................... 5

2.2.2. Conversores Não-lineares .............................................................................................. 8

2.2.3. Conversores Microeletromecânicos ..........................................................................11

3. Modelagem Analítica do Conversor ...........................................................................................14

3.1. Introdução .................................................................................................................................14

3.2. Energia Cinética.......................................................................................................................15

3.3. Energia Potencial ....................................................................................................................17

3.4. Lagrangeano .............................................................................................................................21

3.5. Potência .....................................................................................................................................23

3.6. Análise Modal ...........................................................................................................................23

4. Resultados ........................................................................................................................................25

4.1. Simulações Numéricas ..........................................................................................................25

4.1.1. Modelo Linear ...................................................................................................................27

4.1.2. Modelo Não-linear ...........................................................................................................30

4.2. Ensaios Experimentais ..........................................................................................................42

4.2.1. Ensaios sem massa na extremidade livre ................................................................45

4.2.2. Ensaios com massa na extremidade livre ................................................................49

5. Conclusão .........................................................................................................................................54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................56

ii

RESUMO

OLYMPIO, R. B. Modelagem e validação experimental de um gerador piezelétrico de

energia em miniatura – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São

Paulo, São Carlos, 2014.

Geradores piezelétricos de energia são dispositivos capazes de converter a energia

cinética presente em sinais de vibração em energia elétrica a partir de transdutores

piezelétricos. Tais dispositivos têm sua eficiência máxima quando a frequência de

excitação coincide com sua frequência natural. Assim, converter sinais de vibração

ambiente não é trivial devido às suas baixas frequências características não serem

compatíveis com as altas frequências de geradores leves e pequenos, que possuem

frequências naturais relativamente altas. Para tentar contornar esse problema, sugere-se

a introdução de não linearidades no sistema que, além de alterarem a frequência natural,

tombam a curva de reposta para a esquerda ou direita, aumentando a faixa de

frequências úteis do dispositivo. Dessa maneira, será desenvolvido um modelo analítico

do conversor, o qual será simulado utilizando o software MatLab® e, por fim, ensaios

experimentais serão realizados para se validar o modelo.

Palavras chaves: geradores piezelétricos, viga engastada, vibração estrutural, geração

de energia, MatLab®, não linearidade.

iii

ABSTRACT

OLYMPIO, R. B. Modeling and experimental validation of a reduced scale

piezoelectric energy harvester – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade

de São Paulo, São Carlos, 2014.

Piezoelectric energy harvesters are devices capable of converting the kinetic energy

present on vibration-based motion into electrical energy by piezoelectric transducers.

Those devices have their maximum efficiency when the excitation frequency matches its

natural frequency. Thus, converting environment vibrations is not trivial because of its low

frequency characteristics are not compatible with small, lightweight harvesters, which

have relatively high natural frequencies. To overcome this problem, authors suggest

introducing nonlinearities into the system, which can change the natural frequency and

bend the response curve to the left or right, increasing the useful band frequency of the

device. Therefore, an energy harvester analytical model will be derived, which will be

simulated using the software MatLab®, and, at last, experiments will be conducted to

validate the model.

Keywords: piezoelectric energy harvester, cantilever beam, structural vibration, energy

harvesting, MatLab®, nonlinearity.

iv

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1: Modelo físico do conversor ..................................................................................................14

Figura 4.1: Modelo Volture V22B da Midé® Technology ................................................ 25

Figura 4.2: Deslocamento médio para vários valores de resistência. ............................ 28

Figura 4.3: Potência média para vários valores de resistência. ..................................... 28

Figura 4.4: Deslocamento x frequência – variando fator de amortecimento. ................. 29

Figura 4.5: Potência x frequência – variando fator de amortecimento. .......................... 29

Figura 4.6: Deslocamento x frequência – variando aceleração da base. ....................... 30

Figura 4.7: Potência x frequência – variando aceleração da base. ................................ 30

Figura 4.8: Potência x frequência – NLMP – variando aceleração da base. .................. 31

Figura 4.9: Deslocamento x frequência – NLM CR – variando distância entre ímãs. ..... 32

Figura 4.10: Deslocamento x frequência – NLM CA – variando distância entre ímãs. ... 32

Figura 4.11: Potência x frequência – NLM CR – variando distância entre ímãs. ............ 33

Figura 4.12: Potência x frequência – NLM CA – variando distância entre ímãs. ............ 33

Figura 4.13: Potência x frequência – NLM CR – variando aceleração da base. ............ 34

Figura 4.14: Potência x frequência – NLM CA – variando aceleração da base.............. 34

Figura 4.15: Histórico no tempo para 𝐷 = 20 𝑚𝑚 – NL CA. ......................................... 35

Figura 4.16: Plano de fase para 𝐷 = 20 𝑚𝑚 – NL CA. ................................................. 35

Figura 4.17: Histórico no tempo para 𝐷 = 5 𝑚𝑚 – NL CA. ........................................... 36

Figura 4.18: Plano de fase para 𝐷 = 5 𝑚𝑚 – NL CA. ................................................... 36

Figura 4.19: Histórico no tempo para 𝐷 = 20 𝑚𝑚 – NL CR. ......................................... 37

Figura 4.20: Plano de fase para 𝐷 = 20 𝑚𝑚 – NL CR. ................................................. 37

Figura 4.21: Histórico no tempo para 𝐷 = 16 𝑚𝑚 – NL CR. ......................................... 38

Figura 4.22: Plano de fase para 𝐷 = 16 𝑚𝑚 – NL CR. ................................................. 38

Figura 4.23: Deslocamento x frequência – NL CR – variando distância entre ímãs. ...... 39

Figura 4.24: Deslocamento x frequência – NL CA – variando distância entre ímãs. ...... 39

Figura 4.25: Deslocamento x frequência – NL CR – variando aceleração da base. ...... 40

Figura 4.26: Deslocamento x frequência – NL CA – variando aceleração da base. ....... 40

Figura 4.27: Potência x frequência – NL CR – variando distância entre ímãs. .............. 41

v

Figura 4.28: Potência x frequência – NL CA – variando distância entre ímãs. ............... 41

Figura 4.29: Potência x frequência – NL CR – variando aceleração da base ................ 42

Figura 4.30: Potência x frequência – NL CA – variando aceleração da base. ............... 42

Figura 4.31: Ilustração do dispositivo de fixação. ........................................................... 43

Figura 4.32: Aparato experimental. ................................................................................ 43

Figura 4.33: FRF da velocidade para vários valores de resistência SM; escala linear. .. 46

Figura 4.34: FRF da velocidade para valores individuais da resistência SM; escala

logarítmica. ..................................................................................................................... 46

Figura 4.35: FRF da tensão para vários valores de resistência SM; escala linear. ........ 47

Figura 4.36: FRF da tensão para valores individuais de resistência SM; escala

logarítmica. ..................................................................................................................... 48

Figura 4.37: FRF da potência para vários valores de resistência SM; escala linear. ..... 48

Figura 4.38: FRF da potência para valores individuais de resistência SM; escala

logarítmica. ..................................................................................................................... 49

Figura 4.39: FRF da velocidade para vários valores de resistência CM; escala linear. . 50

Figura 4.40: FRF da velocidade para valores individuais de resistência CM; escala

logarítmica. ..................................................................................................................... 50

Figura 4.41: FRF da tensão para vários valores de resistência CM; escala linear. ........ 51

Figura 4.42: FRF da tensão para valores individuais de resistência CM; escala

logarítmica. ..................................................................................................................... 52

Figura 4.43: FRF da potência para vários valores de resistência CM; escala linear. ..... 52

Figura 4.44: FRF da potência para valores individuais de resistência CM; escala

logarítmica. ..................................................................................................................... 53

vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1: Propriedades da viga cantilever. ................................................................. 26

Tabela 4.2: Propriedades do material piezelétrico. ........................................................ 26

Tabela 4.3: Propriedades da massa magnética. ............................................................ 27

Tabela 4.4: Propriedades do conversor utilizado nos ensaios. ...................................... 44

Tabela 4.5: Valores de resistência utilizados nos ensaios experimentais. ..................... 45

vii

LISTA DE SIGLAS

CA Caso atrativo.

CM Com massa na ponta.

CR Caso repulsivo.

EDM Equações de Movimento.

EDO Equações Diferenciais Ordinárias.

FRF Função de resposta em frequência.

GDL Graus de Liberdade.

MEMS Micro Electromechanical Systems.

NL Não linearidade do material piezelétrico e magnética.

NLM Não linearidade magnética.

NLMP Não linearidade do material piezelétrico.

PEH Piezoelectric Energy Harvesting.

PSD Power Spectrum Density.

PZT Titanato Zirconato de Chumbo.

SM Sem massa na ponta.

viii

LISTA DE SÍMBOLOS

𝐴𝑝 Área da seção transversal do material piezelétrico [m²]

𝐴𝑣 Área da seção transversal da viga [m²]

𝑏 Largura da viga e material piezelétrico [m]

𝐵𝑟 Densidade de fluxo magnético [T]

𝑐𝑓 Coeficiente de amortecimento [Ns/m]

𝐶0 Capacitância do material piezelétrico [F]

𝑑0 Parâmetro geométrico para força magnética [ ]

𝐷 Distância entre as massas magnéticas [m]

𝐷3 Deslocamento elétrico ao longo do eixo-z [C/m²]

𝐸𝑣 Módulo de elasticidade da viga [Pa]

𝐸𝑝 Módulo de elasticidade do material piezelétrico [Pa]

𝐸3 Campo elétrico ao longo do eixo-z [N/C]

𝐹 Módulo da força de excitação externa [N]

𝐺 Rigidez não linear [Nm4]

ℎ𝑝 Espessura do material piezelétrico [m]

ℎ𝑣 Espessura da viga [m]

𝐻 Acoplamento eletromecânico não linear [Cm4/N]

𝐼𝑝 Momento de área da seção transversal do mat. piez. [m4]

𝐼𝑣 Momento de área da seção transversal da viga [m4]

𝐾 Energia cinética do sistema [J]

𝐿 Comprimento da estrutura [m]

ℒ Lagrangeano [J]

ix

𝑚 Massa concentrada [kg]

𝑚𝑝 Massa da camada de material piezelétrico [kg]

𝑚𝑡 Massa total do sistema [kg]

𝑚𝑣 Massa da viga [kg]

𝑚1 Momento magnético da massa concentrada [Am²]

𝑚2 Momento magnético da massa estacionária [Am²]

𝒫 Potência elétrica [W]

𝑟 Movimento da base [m]

𝑅 Resistência elétrica [Ω]

𝑆1 Deformação ao longo do eixo-x [ ]

𝑇1 Tensão mecânica ao longo do eixo-x [Pa]

𝑢1 Coordenada modal associada ao 1º modo de vibrar [m]

𝑈 Energia potencial do sistema [J]

𝑉 Tensão elétrica gerada pelo material piezelétrico [V]

𝑉𝑚 Volume do magneto [m³]

𝑉𝑝 Volume da camada piezelétrica [m³]

𝑤 Deslocamento transversal da viga [m]

𝜙1 Função modal associada ao 1º modo [ ]

𝜌𝑝 Densidade do material piezelétrico [kg/m³]

𝜌𝑣 Densidade da viga [kg/m³]

𝜇𝑝 Massa por unidade de comprimento do mat. piez. [kg/m]

𝜇𝑣 Massa por unidade de comprimento da viga [kg/m]

𝜇0 Constante de permeabilidade [N/A²]

𝜆 Fluxo de energia no material piezelétrico [Wb]

x

𝜗 Acoplamento eletromecânico [C]

𝜔 Frequência de excitação [rad/s]

𝜔𝑛 Frequência natural [rad/s]

𝜀33𝑠 Permissividade elétrica [F/m]

1

1. Introdução

1.1. Considerações Preliminares e Motivação

Engenharia é o ramo da ciência responsável por utilizar os recursos provenientes

da natureza, modificá-los e melhorar a qualidade de vida do homem. Nos dias de hoje, a

atuação do engenheiro é crucial para se manter o modo de vida moderno, sendo este o

responsável por assimilar as descobertas do meio científico e aplicá-las nos mais

diversos produtos e processos a fim de tornar a vida do ser humano mais fácil e

conveniente. Todas essas inovações, porém, possuem um grau de impacto sobre o meio

ambiente, sendo umas piores que as outras.

A busca por produtos mais rápidos, potentes, leves e principalmente menos

poluentes levaram as indústrias mundiais a adotarem novos materiais e soluções de

engenharia cada vez mais sofisticadas, que muitas vezes desafiam os limites do

conhecimento e dessa maneira incitam a pesquisa para ampliação dos atuais horizontes.

Além disso, nos últimos anos, a preocupação com o meio ambiente atingiu posição de

destaque como um dos requisitos na estratégia de crescimento dessas empresas.

Portanto, o conceito de desenvolvimento sustentável foi adotado pela maioria das

empresas multinacionais, e isso gerou uma grande demanda pelo desenvolvimento de

novas tecnologias que utilizam fontes renováveis de energia e os recursos naturais de

maneira prudente, de modo que sua utilização seja a menos nociva ao meio ambiente.

Técnicas de conversão de energia foram desenvolvidas ao longo dos anos para

que uma fonte de energia que normalmente é desperdiçada possa ser utilizada a favor

do ser humano. Aproveitamento de energia solar através da instalação de painéis

fotovoltaicos, implementação de geradores eólicos em regiões com regime de ventos

favoráveis, instalação de hidro geradores em praias para se aproveitar a energia das

marés são apenas algumas das tecnologias criadas para este fim. Nos últimos anos,

pesquisadores têm investigado o uso de materiais inteligentes para realizarem a

transdução de vibração estrutural em energia elétrica (Leo, 2007). Quando se utiliza

material piezelétrico para realizar a conversão, este processo ficou conhecido como

2

Piezoelectric Energy Harvesting (PEH); tais cristais apresentam o efeito piezelétrico, que

consiste na capacidade do material acumular cargas opostas em suas faces, gerando

assim uma tensão, quando é deformado. Devido à baixa quantidade de energia gerada,

tal processo tem como principal aplicação a alimentação de dispositivos eletrônicos de

pequeno porte, como redes de sensores sem fios utilizadas no monitoramento da

integridade de um dado sistema estrutural (Stephen, 2006).

Apesar da pouca energia gerada, utilizar vibração estrutural como fonte de energia

a ser convertida é interessante, pois o fenômeno é inerente a todas as estruturas. Todo

sistema mecânico pode ser modelado como um sistema composto por uma massa, uma

mola e um amortecedor, e a presença de inércia faz com que a estrutura apresente um

comportamento oscilatório quando excitada por uma fonte externa, gerando em cada

ciclo deformação mecânica que pode ser convertida em energia elétrica utilizando os

materiais piezelétricos. No entanto, as vibrações presentes no ambiente possuem

amplitude e frequência variantes no tempo, predominando baixas frequências. Isso

dificulta a construção de um conversor eficiente, visto que esse processo depende

diretamente da caracterização do sinal de excitação (Anton, 2007).

Existem uma gama de configurações diferentes para conversores de energia que

utilizam material piezelétrico, porém o mais difundido é a viga cantilever com pastilhas de

material piezelétrico recobrindo parcial ou totalmente a face superior e/ou inferior de uma

viga, com uma massa na ponta para ajuste da frequência natural, sendo o conjunto

excitado em sua base. Tal modelo é fácil de ser modelado para realização de simulações

e fácil de ser construído para se realizar ensaios experimentais. A análise da potência

gerada se dá ao se conectar às camadas de material piezelétrico um circuito elétrico,

normalmente um resistor, por meio de eletrodos contínuos.

1.2. Objetivos

O presente trabalho tem como principal objetivo fazer com que o aluno trabalhe os

vários ramos da engenharia mecânica, elétrica e computação, estudados durante os anos

de graduação no curso de engenharia mecatrônica; do ponto de vista da engenharia

3

mecânica e elétrica, espera-se desenvolver o modelo eletromecânico do sistema

dinâmico, realizar o projeto do gerador e dimensionamento da resistência para verificação

da potência, bem como os experimentos para obter as características do mesmo; do

ponto de vista da computação, serão feitas rotinas computacionais para se calcular

numericamente a resposta do sistema, simulando seu comportamento. Por fim, espera-

se obter uma validação experimental entre um dispositivo físico e o modelo

eletromecânico desenvolvido.

4

2. Revisão Bibliográfica

Nesta seção será apresentada uma breve revisão bibliográfica, expondo os pontos

pertinentes ao desenvolvimento do projeto.

2.1. Efeito Piezelétrico

O efeito piezelétrico é a interação eletromecânica entre os estados mecânico e

elétrico de um material cristalino sem inversão de simetria; nomeado a partir do grego

para “eletricidade resultante de pressão”, tal efeito foi descoberto em 1880 pelos irmãos

Currie. Pierre e Jacques Currie demostraram que alguns cristais, como o quartzo,

geravam um potencial elétrico quando sofriam uma deformação mecânica. Em 1881,

Lippman deduziu matematicamente a partir de princípios termodinâmicos que o efeito

contrário, a aplicação de um campo elétrico resultando em uma deformação mecânica

do cristal, também era possível, e o fato foi comprovado experimentalmente pelos irmãos

Currie (Mineto, 2011).

Devido à raridade do efeito em materiais naturais, foram desenvolvidas, a partir da

década de 50, cerâmicas sintéticas que apresentavam a piezeletricidade. Derivadas do

zirconato de chumbo (PbZrO3) e do titanato de chumbo (PbTiO3) as pastilhas são

conhecidas como PZT, e as aplicações desses materiais que possuem o efeito

aumentaram devido a sua dureza e densidade elevadas, podendo ser produzidos em

várias formas e tamanhos, ao fato de ser quimicamente inerte, e que quando o material

vibra, uma tensão elétrica surge em seus terminais. Tanto os cristais naturais como os

sintéticos são utilizados na construção de acelerômetros, sensores ultrassônicos,

motores piezelétricos, autofalantes, entre outros.

2.2. Geração de Energia Usando Materiais Piezelétricos

A utilização de materiais piezelétricos com o intuito de gerar energia iniciou-se no

fim da década de noventa (Umeda et al, 1996; Goldfarb et al, 1999). A motivação para os

5

trabalhos de Umeda foi o choque entre um corpo caindo sujeito à ação da gravidade e

uma placa de material piezelétrico, resultando na modelagem do processo mecânico de

impacto de um corpo rígido e uma placa. A seguir, o mesmo autor realizou um estudo

focando no processo de armazenamento da energia gerada decorrente do choque,

resultando em uma eficiência da capacidade de conversão de 35% (Umeda et al, 1997).

Já Goldfarb realizou a análise de um conversor eletromecânico utilizando pastilhas de

PZT vibrando no modo 3-3.

Uma extensa revisão bibliográfica a respeito das diversas técnicas de geração e

aproveitamento de energia vibratória utilizando materiais piezelétricos foi realizada por

Sodano e Anton (Sodano et al, 2004; Anton et al, 2007). Em seus textos, os autores

expõem temas que ainda são foco de discussão entre os pesquisadores como, por

exemplo, a sintonia da frequência natural do dispositivo com a frequência do sinal de

excitação. Esse é um dos maiores problemas com estes dispositivos, visto que eles

funcionam como ressonadores mecânicos, e os níveis ótimos de conversão

eletromecânica se dão quando essas frequências são iguais. Dessa forma, o ajuste entre

frequências tem recebido grande atenção dos pesquisadores de técnicas de conversão

de energia baseados em materiais piezelétricos. Como uma alternativa a essa

característica dos conversores, algumas técnicas foram propostas para se aumentar a

banda de frequências utilizáveis pelo dispositivo, conferindo uma certa forma de

adaptabilidade a tais dispositivos para situações nas quais a frequência da fonte externa

de excitação varia no tempo.

2.2.1. Conversores Lineares

O modelo de conversos piezelétrico mais difundido consiste de uma viga

engastada, ou cantilever, em uma extremidade, recoberto com material piezelétrico

parcial ou totalmente nas camadas de cima e/ou de baixo da estrutura, com uma massa

na extremidade livre para se realizar o ajuste de frequências (Erturk; Inman, 2008a,

2008b, 2008c). Em seus trabalhos, os autores identificam erros inerentes ao modelo de

um grau de liberdade (GDL) e propõem fatores de correção para os termos das equações

de movimento (EDM) do sistema acoplado. Utilizando uma viga bimorph, os autores

6

encontram uma solução analítica para as EDMs do modelo, sendo validada por ensaios

experimentais e tendo seu desempenho analisado alterando-se o circuito elétrico

acoplado aos terminais do material piezelétrico. A fim de representar o conversor mais

fielmente, desenvolvem um modelo por parâmetros distribuídos (Erturk; Inman, 2009);

este sistema é excitado em sua base por uma translação sobreposta a uma pequena

rotação, resultando num modelo de amortecimento mais sofisticado que os utilizados

normalmente.

Alguns pesquisadores fixaram o conversor em uma estrutura primária a fim de

aproveitar a vibração do sistema na conversão de energia (Cornwell et al, 2005). Em seus

trabalhos, foram desenvolvidos o modelo de dois GDL da estrutura para se encontrar a

expressão para a tensão de saída. Ensaios experimentais em uma estrutura semelhante

a uma edificação de dois andares com o conversor piezelétrico fixo em uma determinada

posição foram realizados; a estrutura foi excitada por um shaker eletromagnético

configurado para gerar sinais aleatórios de vibração. As principais conclusões do estudo

foram que as pastilhas de PZT são sensíveis ao processo de sintonia de frequências e

que a eficiência do dispositivo depende diretamente da frequência de excitação, com

frequências mais altas favorecendo a eficiência do conversor.

Outra característica importante no projeto dos conversores baseado em vigas

cantilever é a configuração geométrica da viga. Goldschimidtboeing (Goldschimidtboeing

et al, 2008) realizou uma análise de conversores piezelétricos com diferentes geometrias

para a viga baseando-se na teoria de Rayleigh-Ritz para se derivar os modelos do

sistema. Concluiu-se que a geometria da viga pouco influencia na eficiência do conversor,

mas é um fator determinante nas amplitudes de vibração da viga, que estão intimamente

ligadas com a potência máxima gerada pelo sistema. Os autores afirmam que a

configuração ótima para um conversor seria uma viga com perfil triangular, com uma

massa de considerável valor na extremidade livre a fim de se obter uma alta eficiência e

quantidade de energia disponível. Mateu (Mateu et al, 2005) analisou estrutura de viga

em flexão que podem ser utilizadas como insertos em sapatos, aproveitando a energia

cinética proveniente da caminhada. Huang (Huang et al, 2004) analisou a deflexão

estática máxima em um conversor piezelétrico utilizando o modelo original de viga

composta por múltiplas camadas de material piezelétrico.

7

Recentemente, Kim (Kim et al, 2010) propôs vários modelos de viga cantilever

para se analisar a eficiência de conversores piezelétricos de energia. Os autores

abordaram a razão largura por comprimento e a distribuição de massa na extremidade

livre para se obter as respostas elétricas. Os resultados foram validados a partir da

comparação com modelos convencionais de viga e modelos tridimensionais gerados a

partir do método dos elementos finitos. Os resultados foram satisfatórios, mostrando

melhorias no modelo de obtenção das respostas elétricas.

Além dos dispositivos convencionais, vários autores diminuíram a escala dos

conversores, caracterizando-os como sistemas micro eletromecânicos (MEMS). O

modelo de viga ainda é o mais utilizado para dispositivos miniaturas devido a sua

facilidade de fabricação (Lu; Lee; Lim, 2004); os autores encontram expressões para a

potência de saída e eficiência do conversor, e utilizam apenas um modo de vibrar para

caracterizar o comportamento do sistema. Trabalho similar é apresentado por outros

autores, porém utilizando todos os modos de vibrar (Chen; Wang; Chien, 2006), no qual

os autores deixam de simplificar o acoplamento eletromecânico, porém o representam

como um efeito de amortecimento viscoso. DuToit (DuToit; Wardle; Kim, 2005) avaliam

um conversor piezelétrico MEMS, destacando suas vantagens para uma gama de

aplicações; seus resultados são analisados comparados com outros publicados por

demais autores.

O uso de técnicas de condicionamento de potência baseadas em chaves

proporciona um aumento na performance de conversores em miniatura, mesmo com a

alta frequência natural inerente a esses sistemas (Blystad; Halvorsen; Husa, 2010). Os

autores realizam uma análise baseada em vários circuitos de condicionamento de

potência, utilização de stoppers mecânicos e vibrações harmônicas e aleatórias como

fonte de excitação. A utilização de stoppers aumentou a capacidade de geração quando

os circuitos chaveados são usados, porém introduzem alguns efeitos não lineares quando

são atingidos pela massa na extremidade livre do conversor. Miller (Miller et al, 2011)

estuda o comportamento de um conversor em miniatura em uma grande sala de

máquinas de um prédio; os autores desenvolveram um modelo que tinha como entrada

uma curva de aceleração arbitrária, capaz de gerar cerca de 10 𝑛𝑊𝑔−2.

8

2.2.2. Conversores Não-lineares

Em contrapartida ao comportamento ressonante dos conversores lineares de

energia, nos últimos cinco anos pode-se verificar um aumento no interesse pelo

aproveitamento de sinais de vibração estrutural não lineares como fonte de energia para

o processo de conversão piezelétrica (Ramlam, 2009). A vantagem dessa classe de

dispositivos sobre os lineares é que a introdução de não linearidades nas equações de

movimento do sistema eletromecânico é responsável por aumentar a largura de banda

em que o dispositivo tem uma boa eficiência e consegue converter uma quantidade

razoável de energia. Dentre as várias fontes de não linearidades, as mais estudadas são

decorrentes da introdução de efeitos elásticos não lineares e de efeitos magnéticos. Além

dessas fontes de não linearidades, esses efeitos também podem acontecer devido a não

linearidades intrínsecas ao material e da geometria adotada para a configuração do

conversor piezelétrico.

Barton (Barton; Burrow; Clare, 2010) propões um modelo de gerador

eletromagnético não linear com uma larga faixa de operações. A não linearidade é obtida

ao se adicionar ao sistema um arranjo de eletroímãs em conjunto com uma bobina. O

modelo analítico foi baseado na equação de Duffing e experimentos foram realizados no

sistema em duas situações distintas; na primeira, a excitação era harmônica com

frequência fixa e na segunda, aleatória. O resultado obtido foi que a introdução de não

linearidades, tanto teórica como experimentalmente, aumenta a tensão de saída do

dispositivo.

Erturk (Ertuk et al, 2009) analisou o comportamento dinâmico de um conversor

piezomagnetoelástico, que tinha como objetivo aumentar a quantidade de energia gerada

a partir da associação de efeitos não lineares magnéticos e elásticos. No mesmo ano,

Stanton (Stanton, 2009) discute sobre a modelagem teórica e validação experimental de

um conversor não linear de energia que apresentava um efeito histerético bidirecional,

no qual os efeitos de softening e hardening eram explorados num mesmo modelo.

Analisando ainda os efeitos magnéticos, Mann (Mann, 2009) estuda o projeto e

desempenho de um conversor de energia com frequência natural ajustável baseado no

conceito de levitação magnética. O mesmo autor (Mann, 2010) investiga a relação dos

9

efeitos magnéticos no processo de conversão de energia num sistema biestável.

Baseado em simulações e ensaios experimentais, concluiu que o fenômeno de escape,

conhecido na dinâmica de sistemas não lineares contribui para aumentar a faixa de

frequências nas quais que o conversor opera com bom desempenho.

Karami (Karami, 2010) idealiza um conversor não linear baseado no uso de ímãs

e bobinas, cuja ideia é aumentar a geração de energia, somando-se à energia convertida

pelo material piezelétrico com a da interação eletromagnética entre os componentes.

Stanton (Stanton et al, 2010) analisa o modelo de conversor não linear de energia

baseado no modelo de viga cantilever com massa concentrada na extremidade livre; o

autor observou que a inclusão dos efeitos não lineares aumenta a faixa de frequências

de operação do dispositivo quando comparado com o seu modelo linear equivalente.

Tadesse (Tadesse; Zhang; Priya, 2009) combina os mecanismos de conversa

piezelétricos e eletromagnéticos em um conversor multimodal. A massa na ponta da viga

cantilever é um ímã permanente que atua tanto para diminuir a frequência de

ressonância, como um núcleo oscilante no interior de uma bobina, gerando corrente pela

Lei de Faraday. Os autores concluíram que o efeito eletromagnético gera boa quantidade

de potência em baixas frequências, enquanto o efeito piezelétrico é melhor nas altas

frequências. Dessa maneira, aumenta-se a faixa de frequências úteis do dispositivo.

Lin (Lin; Alphenaar, 2010), a partir de experimentos, demonstra que a quantidade

de energia convertida a partir de uma fonte de excitação aleatória é aumentada quando

há presença de uma força magnética de acoplamento. Os autores observaram um

incremento de até 50% na tensão gerada quando se compara um conversor acoplado

com um não acoplado. Yang (Yang; Wen; Li, 2011) propõe um conversor composto por

duas vigas, dois transdutores magnéticos e um circuito magnético; as forças trocadas

entre os transdutores adicionam rigidez magnética na viga.

Daqaq (Daqaq et al, 2014) realiza uma revisão sobre o estado da arte em

geradores de energia que utilizam vibração estrutural como fonte de conversão de

energia. Os autores afirmam que as não linearidades, intrínsecas ou intencionais, têm

grande influência no comportamento dos dispositivos, levando a funções potenciais mono

10

ou biestáveis e dificultando o desenvolvimento de métricas simples para avaliar os

geradores.

A não linearidade intrínseca ao material piezelétrico também pode influenciar no

desempenho do conversor (Wagner; Hagedorn, 2002). Os autores fazem uma primeira

descrição dessas não linearidades apresentadas pelo material, propondo equações

constitutivas não lineares que incluíam o módulo de Young e fator elétrico 𝑑31 não

constantes. Tais parâmetros foram determinados e comparados com os obtidos durante

experimentos. Concluiu-se que as não linearidades do material podem ter grande

influência no desempenho dos conversores piezelétricos quando eles são excitados em

frequências próximas à ressonância. Os autores atestam que as métricas usadas para

descrever os geradores lineares raramente podem descrever os modelos não lineares, e

a resposta em frequência de regime permanente destes geradores sujeitos a uma

excitação harmônica pode não ser um fator preciso a respeito do seu comportamento e,

mais importante, não é uma indicação direta de sua capacidade de transdução quando

sujeitos a diferentes tipos de excitação ambiental. Quando sujeitos a excitações

aleatórias, as métricas são mais simples de serem obtidas utilizando ferramentas

estatísticas.

Inman (Inman et al, 2010a) analisa a resposta não linear em um conversor do tipo

bimorph recoberto com PZT-5A. Os autores demonstraram os efeitos não lineares

intrínsecos ao dispositivo apesar do movimento geométrico do conversor ser

praticamente linear. A resposta obtida indica um mecanismo não linear de dissipação,

concluindo assim que o modelo linear é inadequado, e que o uso de PZT-5A apresenta

aumento do efeito de softening em relação ao uso do PZT-5H. Os autores também

propõem e validam um modelo piezelétrico não linear para a geração de energia (Inman

et al, 2010b). Neste trabalho, é analisada a importância da modelagem dos efeitos não

lineares das pastilhas piezelétricas, que não se limitam aos efeitos elásticos de ordem

superior, mas também ao acoplamento não linear do circuito. Os autores também

demonstram que um mecanismo de amortecimento não linear limita a amplitude e a

banda da resposta em frequência. Os coeficientes não lineares são encontrados

utilizando um algoritmo de otimização não linear de mínimos quadrados que utiliza uma

solução analítica aproximada obtida pelo método de balanço harmônico.

11

2.2.3. Conversores Microeletromecânicos

Outra vertente de pesquisa em conversores piezelétricos de energia concentra-se

na diminuição da escala, a fim de torna-los comerciais. Zhu (Zhu et al, 2013) fabricou um

nanogerador triboelétrico capaz de converter energia de fontes de vibração presentes no

meio ambiente. O dispositivo, que tem dimensões menores que a da palma de uma mão,

é capaz de gerar 1,2 W de potência, que corresponde a uma densidade de 313 W/m². O

dispositivo apresenta baixa eficiência, em torno de 15%, se comparado com os demais

conversores presentes na literatura. Apesar de baixa eficiência, a alta potência gerada é

atribuída à otimização da estrutura, à de materiais e as modificações da superfície em

nanoescala.

Wickenheiser (Wickenheiser; Garcia, 2010) desenvolveu um modelo de viga

cantilever miniatura para atuar em baixas frequências. A técnica, denominada de

conversão por aumento de frequência, consiste em fazer a viga vibrar em relação à uma

estrutura ferromagnética estacionária composta por sulcos e dentes; quando a massa

magnética passa por um destes dentes, a força magnética faz com que a viga seja

deslocada até o próximo dente, fazendo com que ela vibre em sua frequência

fundamental. O autor também realiza estudos para otimização de parâmetros

(Wickenheiser, 2011) que têm grande influência no comportamento do dispositivo e

verifica a quantidade de potência gerada para vários tipos de circuitos elétricos. Anderson

(Anderson; Wickenheiser, 2012) utiliza o modelo de conversão por aumento de

frequência realizando um estudo para verificar a sua eficácia no aproveitamento de

vibrações provenientes da locomoção humana e do funcionamento de um automóvel.

Seus resultados mostram que há dificuldade em prever o comportamento do dispositivo

quando ele é sujeito a uma entrada aleatória.

Lin (Lin; Gea; Liu, 2011) estuda um conversor aplicando métodos de otimização

de topologia; tais técnicas permitem, simultaneamente, determinar o layout ótimo do

gerador, bem como a posição ótima da massa que ajusta a frequência natural do sistema.

O método de pseudo excitação é adotado para analisar a resposta estrutural estacionária

e aleatória, e a estabilidade do sistema. Tal método se mostrou eficiente, resultando em

geradores de energia capazes de gerar uma considerável quantidade de energia.

12

Como a maioria dos sinais de vibração estrutural podem ser considerados como

sinais aleatórios, as análises dos conversores não deve se resumir apenas a sinais

senoidais. Renaud (Renaud et al, 2012) realiza um estudo com geradores expostos a

sinais senoidais e estende o resultado para sinais aleatórios; os autores concluíram que

o dispositivo projetado para apresentar máxima eficiência nem sempre leva à máxima

geração de energia, mas sim à máxima potência por deflexão ao quadrado. Tal resultado

permite melhor otimização quando a deformação é limitada por stoppers mecânicos. Eles

demonstraram que a potência ótima gerada é diretamente proporcional a eficiência do

conversor de energia, e que fórmulas fechadas podem ser obtidas para descrever estes

pontos ótimos de operação. Tais fórmulas dependem apenas da frequência natural,

massa efetiva, fator de qualidade e fator de acoplamento eletromecânico, e como todos

esses fatores são facilmente medidos experimentalmente, elas servem como métricas

para os geradores de energia piezelétricos.

Zhao (Zhao et al, 2013) desenvolve um modelo por parâmetros concentrados que

inclui modos de vibrar superiores. Os autores realizam uma análise baseada na

densidade espectral de potência (PSD) a qual o dispositivo é sujeito. Em uma primeira

análise, eles utilizam séries de Fourier para representar a aceleração da base em uma

EDO enquanto a segunda utiliza o método de Euler-Maruyama para resolver diretamente

as equações diferenciais estocásticas eletroelásticas. Experimentos são realizados a fim

de validar o modelo analítico, e os resultados obtidos mostram boa correlação com as

simulações numéricas para vários valores de resistência elétrica e níveis de PSD. Os

autores concluem que modos de vibrar superiores levemente amortecidos podem alterar

o valor esperado da potência gerada quando a estrutura é sujeita a vibrações aleatórias.

Cottone (Cottone et al, 2012) também realiza análise de dispositivos conversores

sujeitos a sinais de vibração aleatórios. Os autores apresentam um modelo não linear de

conversor, devido a sua largura de banda ampla e flexibilidade em converter energia

cinética a partir da frequência natural das fontes. O sistema consiste em um oscilador

biestável, que apresenta melhor performance global quando excitado por um sinal

aleatório. A biestabilidade é gerada através de uma viga sujeita a uma compressão axial

crescente. Uma vantagem deste método em relação aos demais é a não utilização de

forças magnéticas para gerar a dinâmica biestável. Os autores mostram que quando

13

sujeita a condição de flambagem, o conversor apresenta considerável geração de energia

ao longo de uma faixa larga de resistências, com ganhos até dez vezes maior se

comparado com a situação sem flambagem. Harne (Harne et al, 2013) também analisa

dispositivos geradores de energia biestáveis devido a suas características únicas; o autor

estuda sistemas que apresentam o mecanismo snap-through, que consiste na transição

entre dois estados estáveis de uma maneira abrupta. Essa transição entre estados pode

resultar em grandes amplitudes de vibração, aumentando drasticamente a geração de

potência, funcionando como um mecanismo de conversão por aumento de frequência.

Sendo melhores que os geradores lineares, os geradores biestáveis chegam a

apresentar uma ordem de magnitude a mais no quesito geração de potência.

14

3. Modelagem Analítica do Conversor

Nesta etapa será desenvolvido o modelo analítico do conversor piezelétrico de

energia, apresentando as hipóteses adotadas e o desenvolvimento matemático que

culmina nas Equações de Movimento (EDM) que representam o sistema.

3.1. Introdução

O modelo físico do sistema é apresentado na Figura 3.1; o conversor consiste de

uma viga engastada recoberta totalmente com camadas de material piezelétrico, com

uma massa na extremidade livre para se realizar o ajuste de frequência. A fim de

adicionar uma não linearidade, esta massa será magnética e interage com um segundo

ímã, estacionário; no desenvolvimento do modelo será considerada também a não

linearidade intrínseca ao material piezelétrico. A transdução dos sinais elétricos gerados

pelas camadas piezelétricas é realizada através de uma resistência; considera-se

também que os eletrodos cobrem totalmente a superfície externa de cada camada e são

conectados em série.

Figura 3.1: Modelo físico do conversor

Material piezelétrico

iezelétrico Viga

Material magnético

𝑅

𝐿

𝑟(𝑡)

𝑥

𝑧

𝑚 𝑤(𝑥, 𝑡)

15

O modelo dinâmico do sistema será derivado utilizando a mecânica lagrangeana.

Para isso, o conversor é dividido em dois subsistemas, sendo um deles a viga engastada

vibrando no plano 𝑥 − 𝑧, e o outro o circuito elétrico conectado ao material piezelétrico.

O Lagrangeano do sistema é dado por:

ℒ = 𝐾 − 𝑈 (3.1)

Assume-se que o deslocamento transversal da viga é a superposição de todos os

modos de vibrar; dessa maneira, o deslocamento de cada ponto da estrutura ao longo do

tempo é dado por:

𝑤(𝑥, 𝑡) = ∑ 𝜙𝑖(𝑥)𝑢𝑖(𝑡)

𝑖=1

(3.2)

Devido ao modelo estudado apresentar apenas um GDL e o primeiro modo de

vibrar ter influência maior que os demais da dinâmica do sistema, a séria acima reduz-

se apenas ao primeiro termo do somatório para se derivar as EDM.

3.2. Energia Cinética

A energia cinética do sistema é composta pela energia cinética da viga, das

camadas de material piezelétrico e da massa magnética localizada na extremidade livre

da viga.

Energia cinética da viga

A energia cinética presente ao longo do comprimento da viga é dada por:

𝐾𝑣 =

1

2∫ [(𝑥, 𝑡) + (𝑡)]2𝑑𝑚

𝑚𝑣

=1

2𝜌𝑣𝐴𝑣 ∫ [(𝑥, 𝑡) + (𝑡)]2𝑑𝑥

𝐿

0

(3.3)

onde o ( ) representa a derivada temporal.

Substituindo a equação (3.2) em (3.3), e desenvolvendo a expressão resultante,

tem-se:

16

𝐾𝑣 =

1

2𝜌𝑣𝐴𝑣 [1

2(𝑡) ∫ 𝜙12(𝑥)𝑑𝑥

𝐿

0

+ 2(𝑡)1(𝑡) ∫ 𝜙1(𝑥)𝑑𝑥𝐿

0

+ 2(𝑡)𝐿] (3.4)

Energia cinética do material piezelétrico

Para as duas camadas de material piezelétrico coladas na viga, a energia cinética

ao longo do seu comprimento é dada por:

𝐾𝑝 = 2

1

2∫ [(𝑥, 𝑡) + (𝑡)]2𝑑𝑚

𝑚𝑝

= 𝜌𝑝𝐴𝑝 ∫ [(𝑥, 𝑡) + (𝑡)]2𝑑𝑥𝐿

0

(3.5)

A partir de um processo análogo ao realizado para a viga, segue a expressão

obtida:

𝐾𝑝 = 𝜌𝑝𝐴𝑝 [1

2(𝑡) ∫ 𝜙12(𝑥)𝑑𝑥

𝐿

0

+ 2(𝑡)1(𝑡) ∫ 𝜙1(𝑥)𝑑𝑥𝐿

0

+ 2(𝑡)𝐿] (3.6)

Energia cinética da massa magnética

A expressão para a energia cinética da massa magnética é função apenas do

tempo, visto que tem posição fixa no eixo-x, e é dada por:

𝐾𝑚 =

1

2∫ [(𝐿, 𝑡) + (𝑡)]𝑑𝑚

𝑚

(3.7)

Da mesma forma que nos casos anteriores, a substituição da equação (3.2) em

(3.6) resulta em:

𝐾𝑚 =

1

2𝑚[1

2(𝑡)𝜙12(𝐿) + 2(𝑡)1(𝑡)𝜙1(𝐿) + 2(𝑡)] (3.8)

Energia cinética total

A fim de simplificar a notação, as seguintes relações serão utilizadas:

𝑚𝑡 = 𝑚𝑣 + 2𝑚𝑝 + 𝑚 (3.9)

𝜇𝑣 = 𝜌𝑣𝐴𝑣 (3.10)

𝜇𝑝 = 𝜌𝑝𝐴𝑝 (3.11)

17

Φ1

𝑛,𝑚0𝐿 = ∫ (𝜙1

(𝑛))

𝑚(𝑥)𝑑𝑥

𝐿

0

(3.12)

onde 𝑛 representa a ordem da derivada da função modal associada ao primeiro modo de

vibrar e 𝑚 é um expoente.

Somando as equações (3.4), (3.6) e (3.8), substituindo as relações (3.9), (3.10),

(3.11) e (3.12), obtém-se a energia cinética total do sistema, que é dada por:

𝐾 =

1

2𝑚𝑡2(𝑡) + [(𝜇𝑣 + 2𝜇𝑝) Φ1

0,10𝐿 + 𝑚𝜙1(𝐿)](𝑡)1(𝑡)

+1

2[(𝜇𝑣 + 2𝜇𝑝) Φ1

0,20𝐿 + 𝑚𝜙1

2(𝐿)]12(𝑡)

(3.13)

3.3. Energia Potencial

Semelhante à energia cinética, a energia potencial presente no sistema é dada

pela soma das energias potenciais presentes ao longo do comprimento da viga, no

material piezelétrico e na interação entre os ímãs.

Energia potencial da viga

A energia potencial presente ao longo do comprimento da viga é igual ao trabalho

realizado pelo momento fletor para deformá-la, e é dado pela seguinte relação:

𝑈𝑣 =

1

2∫ 𝑀𝑑𝜃

𝜃

0

=1

2𝐸𝑣𝐼𝑣 ∫ 𝑤1

′′2(𝑥, 𝑡)𝑑𝑥𝐿

0

(3.14)

onde o operador ( )′ representa a derivada espacial, e o momento de área de viga é

dado por:

𝐼𝑣 =

𝑏ℎ𝑣3

12 (3.15)

Substituindo a equação (3.2) em (3.14), e utilizando (3.12), tem-se:

𝑈𝑣 =

1

2𝐸𝑣𝐼𝑣 Φ1

2,20𝐿 𝑢1

2(𝑡) (3.16)

18

Energia potencial do material piezelétrico

O conjunto de camadas piezelétricas mantém uma energia potencial devido tanto

à deformação mecânica e ao efeito piezelétrico. As relações constitutivas para o material

considerando suas não linearidades intrínsecas, de acordo com Inman (Inman et al,

2010b), são dadas por:

𝑇1 = 𝑐11𝑆1 + 𝑐111𝑆12 + 𝑐1111𝑆1

3 − 𝑒31𝐸3 − 𝑒311𝑆1𝐸3 − 𝑒3111𝑆12𝐸3

𝐷3 = 𝑒31𝐸3 + 𝑒311𝑆1𝐸3 + 𝑒3111𝑆12𝐸3 + 𝜀33

𝑆 𝐸3 (3.17)

onde os subscritos 1 e 3 se referem, respectivamente, às direções 𝑥 e 𝑧. As constantes

𝑐11, 𝑐111 e 𝑐1111são, respectivamente, a segunda, terceira e quarta ordem da componente

da tensão elásticas e 𝑒31, 𝑒311 e 𝑒3111são a segunda, terceira e quarta ordem da

componente da tensão eletroelástica. Devido ao campo elétrico ser fraco, pode-se

desprezar os efeitos não lineares dielétricos e eletrorresistivos, simplificando a equação

(3.17):

𝑇1 = 𝑐11𝑆1 + 𝑐111𝑆12 + 𝑐1111𝑆1

3 − 𝑒31𝐸3 − 𝑒3111𝑆12𝐸3

𝐷3 = 𝑒311𝑆1𝐸3 + 𝜀33𝑆 𝐸3

(3.18)

A energia potencial presente no volume do material piezelétrico é então dada por:

𝑈𝑝 =

1

2∫ (𝑇1𝑆1 − 𝐷3𝐸3)𝑑𝑉

𝑉𝑝

(3.19)

O campo elétrico que atua entre as camadas de material piezelétrico, ao longo de

sua espessura, pode ser escrito em função da derivada temporal do fluxo de energia:

𝐸3 = ±

(𝑡)

2ℎ𝑝 (3.20)

com o sinal positivo se referindo à camada de baixo, e o negativo à camada de cima. A

deformação da viga é dada por:

𝑆1 = −𝑧𝑤1′′2(𝑥, 𝑡) (3.21)

Como os sinais do campo elétrico são opostos para cada pastilha piezelétrica, é

conveniente dividir a energia potencial do material piezelétrico na energia potencial da

19

camada de cima (𝑈𝑝𝑐) e da de baixo (𝑈𝑝𝑏). Substituindo as equações (3.18), (3.20) e

(3.21) na equação (3.19), fazendo 𝑑𝑉 = 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧, e desconsiderando os termos referentes

à 𝑐111 e 𝑒311 que se cancelam devido à simetria das camadas, tem-se:

𝑈𝑝𝑐 =1

2∫ ∫ ∫ [𝑐11𝑧2𝑤1

′′2(𝑥, 𝑡) + 𝑐1111𝑧4𝑤1′′4(𝑥, 𝑡)

ℎ𝑣2

+ℎ𝑝

ℎ𝑣2

𝑏

0

𝐿

0

− 𝑒31𝑧𝑤1′′(𝑥, 𝑡)

(𝑡)

2ℎ𝑝− 𝑒3111𝑧3𝑤1

′′3(𝑥, 𝑡)(𝑡)

2ℎ𝑝

− ε33S

2(𝑡)

4ℎ𝑝2

] 𝑑𝑧𝑑𝑦𝑑𝑥

(3.22)

𝑈𝑝𝑏 =1

2∫ ∫ ∫ [𝑐11𝑧2𝑤1

′′2(𝑥, 𝑡) + 𝑐1111𝑧4𝑤1′′4(𝑥, 𝑡)

−ℎ𝑣2

−(ℎ𝑣2

+ℎ𝑝)

𝑏

0

𝐿

0

+ 𝑒31𝑧𝑤1′′(𝑥, 𝑡)

(𝑡)

2ℎ𝑝+ 𝑒3111𝑧3𝑤1

′′3(𝑥, 𝑡)(𝑡)

2ℎ𝑝

− ε33S

2(𝑡)

4ℎ𝑝2

] 𝑑𝑧𝑑𝑦𝑑𝑥

(3.23)

Substituindo a equação (3.2) e (3.12) em (3.2) e (3.23), calculando as integrais

nas expressões acima e somando a energia potencial das duas camadas, tem-se:

𝑈𝑝 =

1

2𝑏 [𝑐11 (

1

2ℎ𝑣

2ℎ𝑝 + ℎ𝑣ℎ𝑝2 +

2

3ℎ𝑝

3) 𝑢12(𝑡) Φ1

2,20

𝐿

+ 𝑐1111 (1

8ℎ𝑣

4ℎ𝑝 +1

2ℎ𝑣

3ℎ𝑝2 + ℎ𝑣

2ℎ𝑝3 + ℎ𝑣ℎ𝑝

4 +2

5ℎ𝑝

5) 𝑢14(𝑡) Φ1

2,40

𝐿

− 𝑒31(ℎ𝑣ℎ𝑝 + ℎ𝑝2)

(𝑡)

2ℎ𝑝𝑢1(𝑡) Φ1

2,10

𝐿

− 𝑒3111 (1

4ℎ𝑣

3ℎ𝑝 +3

4ℎ𝑣

2ℎ𝑝2 + ℎ𝑣ℎ𝑝

3 +1

2ℎ𝑝

4)(𝑡)

2ℎ𝑝𝑢1

3(𝑡) Φ12,3

0

𝐿

− 𝜀33𝑆

2(𝑡)

2ℎ𝑝𝐿]

(3.24)

A fim de simplificar a notação, as seguintes relações serão utilizadas:

𝑐11 = 𝐸𝑝 (3.25)

𝑏 (

1

2ℎ𝑣

2ℎ𝑝 + ℎ𝑣ℎ𝑝2 +

2

3ℎ𝑝

3) = 𝐼𝑝 (3.26)

20

1

2𝑏𝑐1111 (

1

8ℎ𝑣

4ℎ𝑝 +1

2ℎ𝑣

3ℎ𝑝2 + ℎ𝑣

2ℎ𝑝3 + ℎ𝑣ℎ𝑝

4 +2

5ℎ𝑝

5) = 𝐺 (3.27)

−𝑏𝑒31(ℎ𝑣ℎ𝑝 + ℎ𝑝

2)1

2ℎ𝑝= 𝜗 (3.28)

1

2𝑏𝑒3111 (

1

4ℎ𝑣

3ℎ𝑝 +3

4ℎ𝑣

2ℎ𝑝2 + ℎ𝑣ℎ𝑝

3 +1

2ℎ𝑝

4)1

2ℎ𝑝= 𝐻 (3.29)

𝑏𝜀33

𝑆𝐿

2ℎ𝑝= 𝐶0 (3.30)

Substituindo as relações (3.25) a (3.30) em (3.24), a expressão para a energia

potencial fica:

𝑈𝑝 =

1

2𝐸𝑝𝐼𝑝 Φ1

2,20𝐿 𝑢1

2(𝑡) + 𝐺 Φ12,4

0𝐿 𝑢1

4(𝑡) +1

2𝜗 Φ1

2,10𝐿 𝑢1(𝑡)(𝑡) − 𝐻 Φ1

2,30𝐿 𝑢1

3(𝑡)(𝑡)

−1

2𝐶02(𝑡)

(3.31)

Energia potencial da massa magnética

A força magnética que atua entre a massa magnética da extremidade livre da viga

e o ímã estacionário é dada por (Karami et al, 2011):

𝑓 = −𝐴𝑤1(𝐿, 𝑡) + 𝐵𝑤13(𝐿, 𝑡) (3.32)

assim, a energia potencial associada a esta força é dada por (Karami et al, 2011 e Daqaq,

2010):

𝑈𝑚 = −

𝐴

2𝑤1

2(𝐿, 𝑡) +𝐵

4𝑤1

4(𝐿, 𝑡)

(3.33)

e as constantes 𝐴 e 𝐵 são dadas pelas relações (Tang, Yang, Soh, 2012):

𝐴 = 3𝜇0𝑚1𝑚2

2𝜋𝑑0𝐷−5 (3.34)

𝐵 = 15𝜇0𝑚1𝑚2

4𝜋𝑑0

3𝐷−7 (3.35)

𝑚1,2 =

𝐵𝑟

𝜇0𝑉𝑚 (3.36)

Substituindo a equação (3.2) em (3.33), a energia potencial pode ser escrita como:

21

𝑈𝑚 = −

𝐴

2𝜙1

2(𝐿)𝑢12(𝑡) +

𝐵

4𝜙1

4(𝐿)𝑢14(𝑡) (3.37)

Energia potencial total

Somando as equações (3.16), (3.31) e (3.37), obtém-se a energia potencial do

sistema:

𝑈 =

1

2[(𝐸𝑣𝐼𝑣 + 𝐸𝑝𝐼𝑝) Φ1

2,20𝐿 − 𝐴𝜙1

2(𝐿)]𝑢12(𝑡) +

1

4[4𝐺 Φ1

2,40𝐿 + 𝐵𝜙1

4(𝐿)]𝑢14(𝑡)

+1

2𝜗 Φ1

2,10𝐿 𝑢1(𝑡)(𝑡) − 𝐻 Φ1

2,30𝐿 𝑢1

3(𝑡)(𝑡) −1

2𝐶02(𝑡)

(3.38)

3.4. Lagrangeano

Substituindo as equações (3.13) e (3.38) em (3.1) resulta na expressão para o

lagrangeano do sistema:

ℒ =

1

2𝑚𝑡2(𝑡) + [(𝜇𝑣 + 2𝜇𝑝) Φ1

0,10𝐿 + 𝑚𝜙1(𝐿)](𝑡)1(𝑡)

+1

2[(𝜇𝑣 + 2𝜇𝑝) Φ1

0,20𝐿 + 𝑚𝜙1

2(𝐿)]12(𝑡)

−1

2[(𝐸𝑣𝐼𝑣 + 𝐸𝑝𝐼𝑝) Φ1

2,20𝐿 − 𝐴𝜙1

2(𝐿)]𝑢12(𝑡)

−1

4[4𝐺 Φ1

2,40𝐿 + 𝐵𝜙1

4(𝐿)]𝑢14(𝑡) −

1

2𝜗 Φ1

2,10𝐿 𝑢1(𝑡)(𝑡)

+ 𝐻 Φ12,3

0𝐿 𝑢1

3(𝑡)(𝑡) +1

2𝐶02(𝑡)

(3.39)

Definindo as variáveis 𝑢1 e 𝜆 como coordenadas generalizadas, pode-se escrever

as equações de Lagrange para o conversor piezelétrico de energia:

𝑑

𝑑𝑡(

𝜕ℒ

𝜕1) −

𝜕ℒ

𝜕𝑢1= −𝑐𝑓1(𝑡)

𝑑

𝑑𝑡(

𝜕ℒ

𝜕) −

𝜕ℒ

𝜕𝜆= −

(𝑡)

𝑅

(3.40)

Realizando as derivações inerentes ao sistema de equações (3.40), obtém-se:

22

[(𝜇𝑣 + 2𝜇𝑝) Φ10,2

0𝐿 + 𝑚𝜙1

2(𝐿)]1(𝑡) + 𝑐𝑓1(𝑡)

+ [(𝐸𝑣𝐼𝑣 + 𝐸𝑝𝐼𝑝) Φ12,2

0𝐿 − 𝐴𝜙1

2(𝐿)]𝑢1(𝑡)

+ [4𝐺 Φ12,4

0𝐿 + 𝐵𝜙1

4(𝐿)]𝑢13(𝑡) + [

1

2𝜗 Φ1

2,10𝐿 − 𝐻 Φ1

2,30𝐿 𝑢1

2(𝑡)] (𝑡)

= −[(𝜇𝑣 + 2𝜇𝑝) Φ10,1

0𝐿 + 𝑚𝜙1(𝐿)](𝑡)

𝐶0(𝑡) +(𝑡)

𝑅− [

1

2𝜗 Φ1

2,10𝐿 − 𝐻 Φ1

2,30𝐿 𝑢1

2(𝑡)] 1(𝑡) = 0

(3.41)

Dividindo as equações (3.41) pelas constantes que acompanham a derivada de

maior ordem, substituindo (𝑡) = 𝑉(𝑡) e (𝑡) =𝐹

𝑚𝑡sin(𝜔𝑡), omitindo (𝑡) a fim de simplificar

a notação e rearranjando os termos, tem-se:

1 +

𝑐𝑓

𝑚𝑢1 +

[𝑘1 − 𝑘2𝑢12]

𝑚𝑢𝑢1 +

[𝜒1 − 𝜒2𝑢12]

𝑚𝑢𝑉 = −

𝑚𝑟

𝑚𝑢

𝐹

𝑚𝑡sin(𝜔𝑡)

+1

𝐶0𝑅𝑉 −

[𝜒1 − 𝜒2𝑢12]

𝐶01 = 0

(3.42)

onde

𝑚𝑢 = (𝜇𝑣 + 2𝜇𝑝) Φ10,2

0

𝐿+ 𝑚𝜙1

2(𝐿) (3.43)

𝑚𝑟 = (𝜇𝑣 + 2𝜇𝑝) Φ10,1

0𝐿 + 𝑚𝜙1(𝐿) (3.44)

𝑘1 = (𝐸𝑣𝐼𝑣 + 𝐸𝑝𝐼𝑝) Φ12,2

0𝐿 − 𝐴𝜙1

2(𝐿) (3.45)

𝑘2 = 4𝐺 Φ12,4

0𝐿 + 𝐵𝜙1

4(𝐿) (3.46)

𝜒1 =

1

2𝜗 Φ1

2,10𝐿 (3.47)

𝜒2 = 𝐻 Φ12,3

0𝐿 𝑢1

2(𝑡) (3.48)

Devido ao fato das EDM serem de segunda ordem, elas serão reescritas utilizando

a representação em espaço de estados para se transformar as equações (3.41) em um

sistema de EDO de primeira ordem. As variáveis de estado são definidas como:

𝑢1(𝑡) = 𝑞1, 1(𝑡) = 𝑞2, 𝑉(𝑡) = 𝑞3 (3.49)

23

Substituindo as relações (3.43) a (3.38) em (3.42), chega-se à representação em

espaço de estados para o conversor piezelétrico:

1 = 𝑞2

2 = −𝑐𝑓

𝑚𝑢𝑞2 −

[𝑘1 − 𝑘2𝑞12]

𝑚𝑢𝑞1 −

[𝜒1 − 𝜒2𝑞12]

𝑚𝑢𝑞3 −

𝑚𝑟

𝑚𝑢

𝐹

𝑚𝑡sin(𝜔𝑡)

3 = −1

𝐶0𝑅𝑞3 +

[𝜒1 − 𝜒2𝑞12]

𝐶0𝑞2

(3.50)

As equações (3.42) são as EDM não lineares para o conversor piezelétrico de

energia. Se desconsiderarmos os termos não lineares, representados por 𝑘2 e 𝜒2 obtém-

se o modelo linear difundido na literatura.

1 +

𝑐𝑓

𝑚𝑢1 +

𝑘1

𝑚𝑢𝑢1 +

𝜒1

𝑚𝑢𝑉 = −

𝑚𝑟

𝑚𝑢

𝐹

𝑚𝑡sin(𝜔𝑡)

+1

𝐶0𝑅𝑉 −

𝜒1

𝐶01 = 0

(3.51)

3.5. Potência

A potência elétrica gerada pela conversão de energia através do efeito piezelétrico

é calculada utilizando os valores de tensão encontrados quando se resolve o sistema de

equações dados por (3.50), e suja expressão é dada por:

𝒫 =

𝑉2

𝑅=

𝑞32

𝑅 (3.52)

3.6. Análise Modal

A função 𝜙1 que representa a forma modal do primeiro modo de vibrar é obtida a

partir da solução clássica do modelo de vibração para viga Euler-Bernoulli, e é dada por

(Rao, 2009):

24

𝜙𝑖(𝑥) = 𝐶𝑖 [cos (𝛼𝑖

𝐿𝑥) − cosh (

𝛼𝑖

𝐿𝑥) + 𝛾𝑖 (sin (

𝛼𝑖

𝐿𝑥) − sinh (

𝛼𝑖

𝐿𝑥))]

𝛾𝑖 =

sin(𝛼𝑖) − sinh(𝛼𝑖) + 𝛼𝑖𝑚

(𝜇𝑣 + 2𝜇𝑝)𝐿(cos(𝛼𝑖) − cosh(𝛼𝑖))

cos(𝛼𝑖) + cosh(𝛼𝑖) − 𝛼𝑖𝑚

(𝜇𝑣 + 2𝜇𝑝)𝐿(sin(𝛼𝑖) − sinh(𝛼𝑖))

(3.53)

Os auto valores, 𝛼𝑖, do sistema são obtidos a partir da solução da equação

característica do problema, que é obtida quando se impõe as condições de contorno de

engaste em uma extremidade da viga, e massa concentrada na extremidade livre. A

equação característica e transcendental é dada por:

1 + cos(𝛼) cosh(𝛼) + 𝛼𝑚

(𝜇𝑣 + 2𝜇𝑝)𝐿(cos(𝛼) sinh(𝛼) − sin(𝛼) cosh(𝛼))

− 𝛼3𝐼𝑡

(𝜇𝑣 + 2𝜇𝑝)𝐿3(cosh(𝛼) sin(𝛼) + sinh(𝛼) cos(𝛼))

+ 𝛼4𝑚𝐼𝑡

(𝜇𝑣 + 2𝜇𝑝)2

𝐿4(1 − cos(𝛼) cosh(𝛼)) = 0

(3.54)

A frequência natural do sistema é então escrita como:

𝜔𝑖

2 = 𝛼𝑖4

(𝐸𝑣𝐼𝑣 + 𝐸𝑝𝐼𝑝)

(𝜇𝑣 + 2𝜇𝑝) (3.55)

25

4. Resultados

A seguir serão mostrados os resultados obtidos durante as simulações numéricas

e os ensaios experimentais do dispositivo gerador, contemplando uma análise dinâmica

de seu comportamento no domínio do tempo e na frequência.

4.1. Simulações Numéricas

Devido à popularização de técnicas de geração de energia através do

aproveitamento de vibração estrutural, algumas empresas passaram a produzir os

conversores e comercializá-los; tais conversores são compactos e permitem o ajuste de

sua frequência natural apenas adicionando uma massa em sua extremidade livre. Para

a realização das simulações numéricas, foi utilizado as dimensões do modelo Volture

V22B da empresa Midé®. A Figura 4.1 mostra as dimensões do conversor em polegadas.

Figura 4.1: Modelo Volture V22B da Midé® Technology

As propriedades mecânicas, tanto do substrato utilizado no conversor, como do

material piezelétrico, não são disponibilizadas no website da empresa. Tais propriedades

foram obtidas de artigos publicados relacionados (Olympio; Donahue; Wickenheiser,

2014 e Stanton et al, 2010b). As propriedades da viga cantilever são mostradas abaixo.

26

Tabela 4.1: Propriedades da viga cantilever.

Propriedades geométricas

Comprimento, 𝐿 [mm] 25,4

Espessura, ℎ𝑣 [mm] 0,625

Largura, 𝑏 [mm] 6,1

Propriedades físicas

Densidade, 𝜌𝑣 [kg/m³] 8740

Módulo de Elasticidade, 𝐸𝑣 [GPa] 102

Para o material piezelétrico, têm-se as seguintes propriedades:

Tabela 4.2: Propriedades do material piezelétrico.

Propriedades geométricas

Comprimento, 𝐿 [mm] 25,4

Espessura, ℎ𝑝 [mm] 0,05

Largura, 𝑏 [mm] 6,1

Propriedades físicas

Densidade, 𝜌𝑝 [kg/m³] 7800

Módulo de Elasticidade, 𝐸𝑝 [GPa] 66

Rigidez não linear, 𝑐1111 [GPa] -3,6673x108

Constante piezelétrica, 𝑒31 [C/m²] -12,54

Constante piezelétrica não linear, 𝑒3111 [C/m²] 1,7217x108

Permissividade, 𝜀33𝑆 [F/m] 830𝜀0

Permissividade no vácuo, 𝜀0 [F/m] 8,85x1012

27

E para a massa magnética, seguem as seguintes propriedades:

Tabela 4.3: Propriedades da massa magnética.

Propriedades geométricas

Comprimento, 𝑙 [mm] 12,7

Espessura, 𝑙 [mm] 12,7

Largura, 𝑙 [mm] 12,7

Propriedades físicas

Massa, 𝑚 [g] 10

Fator de distância de medição, 𝑑 [ ] 1

Densidade de fluxo, 𝐵𝑟 [T] 1,42

Constante de permeabilidade, 𝜇0 [N/A²] 4𝜋x107

Substituindo os valores apresentados nas tabelas acima na equação (3.55), tem-

se o valor da frequência natural do conversor:

𝜔𝑛 = 69,2825 𝐻𝑧

4.1.1. Modelo Linear

As primeiras simulações numéricas foram realizadas utilizando o conjunto de

equações (3.51) que representam o modelo linear do conversor piezelétrico de energia.

Nesse modelo, os fatores que tem maior influência na dinâmica do sistema são a

resistência elétrica, a aceleração da base e o fator de amortecimento. Fixando-se o valor

da aceleração da base em 1 𝑔 (9,81 𝑚/𝑠²) e o fator de amortecimento em 0,05 (𝑐𝑓 =

0,7 𝑁𝑠/𝑚), calculou-se o valor do deslocamento médio e potência média para vários

valores de resistência.

28

Figura 4.2: Deslocamento médio para vários valores de resistência.

Figura 4.3: Potência média para vários valores de resistência.

Observa-se nas Figuras 4.2 e 4.3 um mínimo e um máximo para o deslocamento

e potência, respectivamente, em torno de 𝑅 = 200 𝑘Ω; este resistor é encontrado

comercialmente e será adotado em todas as simulações numéricas realizadas pois

otimiza as duas variáveis em análise.

Em seguida, foi analisado a influência do fator de amortecimento. Com a

aceleração da base fixada em 1 𝑔, a resistência fixa em 200 𝑘Ω, variou-se o fator de

amortecimento em três valores distintos:

29

Figura 4.4: Deslocamento x frequência – variando fator de amortecimento.

Figura 4.5: Potência x frequência – variando fator de amortecimento.

É possível verificar que tanto a potência como o deslocamento têm sua amplitude

diminuída quando se aumenta o fator de amortecimento; isso se deve ao fato da energia

introduzida no sistema ser dissipada em maior quantidade. Apesar da diminuição da

amplitude, o pico de ambas as funções se dá na frequência natural do sistema, o que

está de acordo com a literatura.

A análise do deslocamento e potência é mostrada a seguir para três valores

diferentes da aceleração da base:

30

Figura 4.6: Deslocamento x frequência – variando aceleração da base.

Figura 4.7: Potência x frequência – variando aceleração da base.

Observa-se que os picos de ambas as variáveis acontecem na frequência natural

do sistema. O aumento na aceleração da base faz com mais energia seja introduzida no

sistema, aumentando assim a potência gerada pelo conversor.

4.1.2. Modelo Não-linear

As simulações numéricas envolvendo o modelo não-linear foram realizadas

utilizando o conjunto de equações (3.41). Foram analisadas as influências da não

linearidade do material piezelétrico (NLMP), da não linearidade magnética (NLM) e de

31

uma combinação de ambas (NL); foi verificada a influência da aceleração da base em

todos os casos, e nos casos onde a força magnética estava presente verificou-se também

a influência da distância entre os ímãs.

Não linearidade do material

Com o fator de amortecimento fixado em 0,07 e a resistência de carga em 200 𝑘Ω,

foi analisada a influência da aceleração da base na potência gerada pelo conversor. O

resultado é apresentado na Figura 4.8.

Figura 4.8: Potência x frequência – NLMP – variando aceleração da base.

A não linearidade do material apresenta o efeito hardening, onde a curva de

resposta em frequência é tombada para a direita; além disso há um deslocamento da

frequência natural na mesma direção. Verifica-se também que o conversor se torna mais

sensível; um aumento de fator dois é responsável por aumentar a potência em uma

ordem de grandeza.

Não linearidade magnética

Quando se adiciona a não linearidade magnética, pode-se fazer com que a força

entre os ímãs tenha uma natureza atrativa ou repulsiva; a natureza dessa força é

responsável por deslocar a curva para a direita, no caso repulsivo (CR), ou para a

esquerda, no caso atrativo (CA). Para os testes, o fator de amortecimento foi fixado em

0,07 e a resistência de carga em 200 𝑘Ω.

32

Figura 4.9: Deslocamento x frequência – NLM CR – variando distância entre ímãs.

Figura 4.10: Deslocamento x frequência – NLM CA – variando distância entre ímãs.

Além do deslocamento de frequência natural do conversor, a variação da distância

entre as massas magnéticas altera a amplitude do deslocamento. Para o caso no qual a

força magnética tem natureza repulsiva há um aumento do deslocamento enquanto há

uma diminuição da frequência natural. Para o caso oposto, no qual a natureza é atrativa,

há diminuição da amplitude do deslocamento e aumento da frequência natural.

33

Figura 4.11: Potência x frequência – NLM CR – variando distância entre ímãs.

Figura 4.12: Potência x frequência – NLM CA – variando distância entre ímãs.

O mesmo comportamento apresentado pelo deslocamento pode ser verificado nos

gráficos da potência elétrica gerada pelo conversor. No caso da força repulsiva, a

potência aumenta e a frequência natural diminui com a diminuição da distância entre os

ímãs; no caso da força atrativa, a potência diminui e a frequência natural aumenta. Esse

aumento e diminuição da amplitude se dá ao fato de que ímãs sujeitos a forças atrativas

tenderem a um estado de equilíbrio, enquanto que as forças repulsivas sujeitam os ímãs

a um movimento imprevisível.

34

Figura 4.13: Potência x frequência – NLM CR – variando aceleração da base.

Figura 4.14: Potência x frequência – NLM CA – variando aceleração da base.

Verifica-se, como nos resultados apresentados anteriormente, que o aumento da

aceleração da base é responsável pelo aumento da amplitude da potência gerada pelo

conversor piezelétrico.

Não linearidade do material e magnética

O modelo mais geral para o conversor é aquele que considera tanto a não

linearidade intrínseca ao material e a não linearidade introduzida pela interação entre as

35

massas magnéticas. Primeiramente mostra-se a dinâmica do conversor não linear,

passando de um regime estável para um que apresenta traços de regime caótico. Para

estes testes, a frequência de excitação foi mantida igual à frequência natural do sistema,

o fator de amortecimento foi mantido em 0,05, a resistência de carga em 200 𝑘Ω e a

aceleração da base em 1 𝑔. As Figuras 4.15 e 4.16 mostram o histórico no tempo e o

plano de fase, respectivamente, para D = 20 mm, quando a força magnética tem natureza

atrativa.

Figura 4.15: Histórico no tempo para 𝐷 = 20 𝑚𝑚 – NL CA.

Figura 4.16: Plano de fase para 𝐷 = 20 𝑚𝑚 – NL CA.

36

As figuras mostram um pequeno regime transiente que logo converge para um

regime permanente, mantendo a amplitude do deslocamento constante. Observa-se no

plano de fase que o regime é estável devido às curvas coincidirem e formarem um círculo.

Figura 4.17: Histórico no tempo para 𝐷 = 5 𝑚𝑚 – NL CA.

Figura 4.18: Plano de fase para 𝐷 = 5 𝑚𝑚 – NL CA.

As Figuras 4.17 e 4.18 mostram as mesmas figuras, porém com a distância entre

os magnetos fixada em 5 mm. Não é mais possível distinguir o regime transiente do permanente

e as curvas do plano de fase deixam de coincidir, caracterizando um movimento caótico. Dessa

maneira, a análise no domínio da frequência será restrita a valores que façam o conversor

permanecer num regime estável.

37

Os testes foram repetidos para o caso onde as forças tem natureza repulsiva, e os

resultados são mostrados nas Figuras 4.19, 4.20, 4.21 e 4.22.

Figura 4.19: Histórico no tempo para 𝐷 = 20 𝑚𝑚 – NL CR.

Figura 4.20: Plano de fase para 𝐷 = 20 𝑚𝑚 – NL CR.

Nas figuras acima, quando a distância entre os ímãs é de 20 𝑚𝑚, vê-se que o

conversor passa por um regime transiente e depois para um permanente e o plano de

fase é um conjunto de curvar coincidentes, expressando assim a estabilidade do sistema.

Quando se diminui a variável em análise para 16 𝑚𝑚, o sistema apresenta indícios de

um regime caótico; o histórico no tempo mostra que a amplitude oscila em valores

negativos e o plano de fase mostra curvas não coincidentes. Do mesmo jeito que no caso

38

das forças atrativas, valores da distância entre os ímãs próximos a 16 𝑚𝑚 não serão

analisados no domínio da frequência.

Figura 4.21: Histórico no tempo para 𝐷 = 16 𝑚𝑚 – NL CR.

Figura 4.22: Plano de fase para 𝐷 = 16 𝑚𝑚 – NL CR.

Para os testes no domínio da frequência com o modelo não linear, foi verificada a

influência tanto da distância entre os ímãs como da aceleração à qual o sistema é sujeito.

A resistência de carga e o fator de amortecimento foram mantidos os mesmos que nos

testes anteriores. Na análise da distância entre os magnetos, a aceleração da base foi

mantida em 1 𝑔; na análise da aceleração da base, a distância entre as massas

magnéticas foi fixada em 25 𝑚𝑚.

39

Figura 4.23: Deslocamento x frequência – NL CR – variando distância entre ímãs.

Figura 4.24: Deslocamento x frequência – NL CA – variando distância entre ímãs.

É possível observar nas Figuras 4.23 e 4.24 que o valor da distância entre os ímãs

não tem grande influência na amplitude do deslocamento; a maior contribuição das não

linearidades é de deslocar a curva no espectro da frequência. Já nas Figuras 4.25 e 4.26

percebe-se o aumento da amplitude do deslocamento bem como a acentuação das

características não lineares do conversor quando se aumenta a aceleração da base.

Como nos casos anteriores, no caso repulsivo há uma diminuição da frequência natural,

enquanto que no caso atrativo há um aumento da frequência natural.

40

Figura 4.25: Deslocamento x frequência – NL CR – variando aceleração da base.

Figura 4.26: Deslocamento x frequência – NL CA – variando aceleração da base.

De uma maneira mais acentuada que deslocamento, a potência convertida pelo

gerador piezelétrico de energia tem sua amplitude aumentada, no caso de forças

repulsivas, ou diminuídas, no caso de forças atrativas, quando se diminui a distância entre

as duas massas magnéticas. Além da mudança de amplitude, a frequência natural é

deslocada para a esquerda no caso repulsivo, e para a direita, no atrativo. As Figuras

4.27 e 4.28 mostram os resultados descritos acima.

41

Figura 4.27: Potência x frequência – NL CR – variando distância entre ímãs.

Figura 4.28: Potência x frequência – NL CA – variando distância entre ímãs.

Nas Figuras 4.28 e 4.29 pode-se observar como o conversor não linear se

comporta com alterações na aceleração aplicada em sua extremidade engastada.

Dobrando-se a aceleração, a potência varia uma ordem de grandeza, tanto no caso das

forças repulsivas como na das atrativas. O comportamento não linear fica mais evidente

ao passo que se introduz mais energia no sistema, e prevalece o comportamento

hardening característico do material piezelétrico.

42

Figura 4.29: Potência x frequência – NL CR – variando aceleração da base

Figura 4.30: Potência x frequência – NL CA – variando aceleração da base.

4.2. Ensaios Experimentais

Na tentativa de se validar o modelo para geradores piezelétricos de energia obtido

no Capítulo 3, foram realizados ensaios experimentais para aquisição de dados

referentes à velocidade na ponta livre do conversor, à tensão nos terminais do material

piezelétrico e à potência gerada pelo conversor. Foram realizados testes com o modelo

linear, nas situações com massa na ponta (CM) e sem massa na ponta (SM), para vários

valores da resistência de carga.

43

O aparato utilizado para se realizar os testes constava de um dispositivo de fixação

bipartido, que quando unido permitia que a viga fosse engastada, garantido que o

deslocamento e o giro nesta extremidade da viga fossem sempre nulos. A Figura 4.31

mostra uma ilustração do dispositivo utilizado para se realizar os testes com a viga

cantilever. A Figura 4.32 mostra a montagem real do sistema e os equipamentos usados

nos ensaios.

Figura 4.31: Ilustração do dispositivo de fixação.

Figura 4.32: Aparato experimental.

Quando à instrumentação utilizada nos ensaios, foi usado um excitador

eletromagnético Bruel and Kjaer 4808 associado a um amplificador de potência Hewllet-

Packard 6826A para gerar o sinal de excitação. A velocidade de extremidade livre do

conversor foi medida por um vibrômetro a laser modelo Polytec PDV 100 e a aceleração

Acelerômetro

Laser

Shaker

Resistores

44

da base foi aferida por um acelerômetro uniaxial PCB Piezotronics modelo U352C67 (com

sensibilidade de 101,5 𝑚𝑉/𝑔) associado a um amplificador de tensões do mesmo

fabricante modelo 484 A16, de quatro canais. O sinal de excitação utilizado foi um sinal

aleatório do tipo ruído branco, gerado por um sistema Siglab 20-42 que também foi usado

na aquisição dos sinais de tensão do conversor, da velocidade da extremidade livre e da

aceleração da base. Tal sinal foi escolhido por possuir uma densidade espectral

quadrática média praticamente constante ao longo da faixa de frequência do ensaio.

Os ensaios experimentais foram realizados com um conversor distinto do proposto

nas simulações numéricas, devido ao fato do primeiro estar disponível no Laboratório de

Dinâmica, nas dependências do Departamento de Engenharia Mecânica. A Tabela 4.4 a

seguir mostra as propriedades geométricas e mecânicas utilizadas para se realizar a

comparação entre simulações numéricas e ensaios experimentais.

Tabela 4.4: Propriedades do conversor utilizado nos ensaios.

Viga PZT

Propriedades geométricas

Comprimento, 𝐿 [mm] 23,8 23,8

Espessura, ℎ𝑣, ℎ𝑝 [mm] 0,14 0,256

Largura, 𝑏 [mm] 6,4 6,4

Propriedades mecânicas

Densidade, 𝜌𝑣, 𝜌𝑝 [kg/m³] 9000 7500

Módulo de elasticidade, 𝐸𝑣 , 𝐸𝑝 [GPa] 105 60,6

Constante piezelétrica, 𝑒31 [C/m²] - -16,6

Permissividade elétrica, 𝜀33𝑆 [nF/m] - 25,55

A faixa de frequência utilizadas para a realização dos testes variava de 0 a 1 𝑘𝐻𝑧,

e contém apenas a primeira frequência fundamental do conversor. Utilizando uma

45

resolução de ∆𝑓 = 313 𝑚𝐻𝑧, foram analisados 3201 linhas espectrais no domínio da

frequência.

Foram analisados seis valores diferentes para a resistência de carga, variando de

100 Ω a 1𝑀Ω. O menor desses valores foi utilizado para se simular o comportamento de

curto-circuito, no qual a resistência tende a zero; o maior dos valores foi utilizado na

condição circuito aberto, na qual a resistência tende ao infinito. O valor efetivo das seis

resistências utilizadas foi aferido e são mostrados na tabela a seguir.

Tabela 4.5: Valores de resistência utilizados nos ensaios experimentais.

Valor nominal [kΩ] Valor efetivo [kΩ]

0,1 0,1

1,2 1,2

10 9,98

100 97,6

470 460

1000 1000

4.2.1. Ensaios sem massa na extremidade livre

A seguir serão apresentados os resultados obtidos quando não se inclui a massa

concentrada na extremidade livre do conversor piezelétrico de energia. Todas as funções

de resposta em frequência (FRF) têm como entrada a aceleração da base.

As Figuras 4.33 e 4.34 mostram a FRF da velocidade para vários valores de

resistência e para valores individuais de resistência, respectivamente. Vê-se na figura

4.33 que a medida que a resistência aumenta, o valor da velocidade diminui em um

primeiro momento e depois apresenta um aumento para maiores valores dessa variável;

é possível observar também que a frequência natural do sistema sofre aumento à medida

que o sistema se aproxima da condição de circuito aberto. A Figura 4.34 mostra, em

escala logarítmica, a boa concordância entre as simulações e os experimentos.

46

Figura 4.33: FRF da velocidade para vários valores de resistência SM; escala linear.

Figura 4.34: FRF da velocidade para valores individuais da resistência SM; escala logarítmica.

47

Nas Figuras 4.35 e 4.36 vê-se a FRF da tensão gerada nos terminais do conversor

de energia piezelétrico para todos os valores de resistência de carga testados e para

valores individuais de resistência, respectivamente. Nota-se que a tensão aumenta à

medida que o valor de 𝑅 também aumenta, e novamente o aumento da frequência natural

à medida que o sistema tende à condição de circuito aberto. A escala logarítmica

presente na Figura 4.36 facilita a visualização da concordância entre os dados obtidos

numericamente e os obtidos experimentalmente. A divergência entre simulação e

experimento para as altas frequências se deve ao fato de o modelo viscoso de

amortecimento adotado para a modelagem analítica do conversor ser uma aproximação

do fenômeno que rege a dissipação de energia presente no sistema.

Comportamento semelhante é observado nas Figuras 4.37 e 4.38, que apresenta

as FRF da potência gerada pelo conversor piezelétrico. À medida que a resistência de

carga aumenta, a potência também aumenta, até chegar a um valor máximo e a partir

daí começa a diminuir; tal valor é único para cada configuração do conversor,

dependendo de suas propriedades geométricas e físicas. Como apresentado nos dois

resultados anteriores, no gráfico da FRF da potência também é possível verificar o

aumento do valor da frequência natural à medida que o valor da resistência de carga

tende ao infinito.

Figura 4.35: FRF da tensão para vários valores de resistência SM; escala linear.

48

Figura 4.36: FRF da tensão para valores individuais de resistência SM; escala logarítmica.

Figura 4.37: FRF da potência para vários valores de resistência SM; escala linear.

49

Figura 4.38: FRF da potência para valores individuais de resistência SM; escala logarítmica.

4.2.2. Ensaios com massa na extremidade livre

Nesta seção são mostrados os resultados dos ensaios experimentais quando se

inclui uma massa concentrada na extremidade da viga cantilever, como no modelo

derivado no capítulo anterior. A massa utilizada foi um cubo com lado 𝑙 = 3,2 𝑚𝑚,

massa 𝑚 = 0,2 𝑔 e momento de inércia 𝐼𝑡 = 1,28 𝑥 10−9 𝑘𝑔𝑚². Os mesmos valores de

resistência utilizados no caso sem massa foram utilizados para este caso.

As Figuras 4.39 e 4.40 mostram as curvas da FRF para a velocidade da

extremidade livre do conversor. Como no caso sem massa, ocorre primeiramente uma

diminuição da magnitude da velocidade até chegar a um mínimo e posteriormente um

aumento de sua magnitude; verifica-se também o aumento da frequência natural à

medida em que a resistência de carga tem seu valor aumentado. A Figura 4.40 evidencia

que há boa concordância entre os resultados obtidos nas simulações numéricas e o os

obtidos nos ensaios experimentais.

50

Figura 4.39: FRF da velocidade para vários valores de resistência CM; escala linear.

Figura 4.40: FRF da velocidade para valores individuais de resistência CM; escala logarítmica.

51

As FRF da tensão nos terminais do gerador piezelétrico de energia são

apresentadas a seguir. A Figura 4.41 mostra a comparação entre simulação e

experimentos para vários valores de resistência, enquanto a Figura 4.42 mostra a

comparação para apenas um valor de resistência. Assim como na seção anterior, a

tensão é monotonamente crescente com o aumento da resistência. Como era esperado,

há o aumento da frequência natural quando a resistência de carga tende ao infinito. Vê-

se também que os resultados das simulações numéricas e os dos experimentos são

quase coincidentes.

O resultado das FRF relativos à potência gerada pelo conversor pode ser

analisado nas Figuras 4.43 e 4.44, para vários valores e valores individuais de resistência,

respectivamente. Na Figura 4.43 é possível observar o mesmo comportamento da Figura

4.37, na qual há um aumento na magnitude da potência até um valor máximo e depois

ocorre sua diminuição; ambos os resultados estão de acordo com o obtido na Figura 4.2,

que foi determinado que há uma resistência entre a condição de curto-circuito e circuito

aberto que maximiza a geração de potência. Da mesma maneira que os resultados

anteriores, há o aumento da frequência natural do sistema quando há um aumento do

valor da resistência de carga, e uma boa concordância entre simulação e experimento.

Figura 4.41: FRF da tensão para vários valores de resistência CM; escala linear.

52

Figura 4.42: FRF da tensão para valores individuais de resistência CM; escala logarítmica.

Figura 4.43: FRF da potência para vários valores de resistência CM; escala linear.

53

Figura 4.44: FRF da potência para valores individuais de resistência CM; escala logarítmica.

54

5. Conclusão

No presente trabalho foi derivado o modelo não linear de um gerador piezelétrico

de energia que converte a energia cinética presente em sinais de vibração estrutural em

energia elétrica útil. O sistema consistia de uma viga engastada em uma ponta, recoberta

totalmente por material piezelétrico em ambas as superfícies, com uma massa magnética

na extremidade livre e uma outra massa magnética, estacionária. Os termos não lineares

do modelo surgiram ao se considerar a não linearidade inerente ao material piezelétrico

e a interação magnética entre os ímãs.

Algumas simulações numéricas desconsiderando os termos não lineares foram

realizadas a fim de se observar o comportamento do dispositivo. Foi determinado que

existe um valor ótimo para o conversor de energia, que no caso estudado encontra-se

em torno de 200 𝑘Ω; este valor de resistência minimiza o deslocamento e maximiza a

potência gerada. Verificou-se também a influência do fator de amortecimento e da

aceleração da base no deslocamento e potência gerada; quanto maior o fator de

amortecimento, mais energia é dissipada e há menos energia para ser convertida em

energia elétrica, fazendo com que tanto o deslocamento como a potência sejam menores;

quanto maior a aceleração da base, maior é o deslocamento e há mais energia para ser

convertida. Em todos os resultados, o pico de deslocamento e potência se dão no valor

da frequência natural do sistema, corroborando com os resultados presentes na literatura.

As simulações com o modelo não linear foram divididas em três partes, nas quais

foram consideradas a não linearidade do material, a não linearidade magnética e uma

combinação de ambas. Nos três casos foram verificadas a influência da aceleração da

base, e, nos casos onde a força magnética estava presente, foi analisado a distância

entre os ímãs. Quando apenas a não linearidade do material é considerada, vê-se um

tombamento da curva de potência para a direita bem como um aumento na frequência

natural do sistema, caracterizando uma não linearidade do tipo hardening. Quando a não

linearidade magnética é observada, os cenários onde as forças têm natureza repulsivas

e atrativa devem ser analisados; com forças repulsivas, a amplitude do deslocamento e

potência gerada aumentam e a frequência natural do sistema diminuía à medida que há

55

diminuição da distância entre os ímãs; o oposto, diminuição da amplitude e aumento da

frequência natural, é observado quando a força tem natureza atrativa; isso se deve ao

fato de que ímãs sujeitos a forças de atração tendem a uma posição de equilíbrio,

enquanto que são sujeitos a forças de repulsão, o movimento é imprevisível, aumentando

assim o deslocamento da viga e a potência gerada. No caso mais geral, quando as duas

fontes de não linearidade são consideradas, as curvas de resposta em frequência

mantêm o comportamento hardening do material, com frequência natural menor e

amplitude maior no caso de forças repulsivas, ou com frequência natural maior e

amplitude menor no caso de forças atrativas; com o aumento da aceleração da base,

mais energia é introduzida no sistema e o comportamento não linear fica mais evidente.

Em todos os casos, é possível observar o aumento da faixa útil de frequência nas quais

o dispositivo consegue gerar uma quantidade razoável de energia.

Dessa maneira, a introdução de não linearidades no sistema é uma solução

elegante para o design de conversores de energia que utilizam sinais de vibração

estrutural como fonte excitação, pois podem ser utilizadas para realizar um ajuste na

frequência, aumentar a amplitude da potência gerada e ampliar a banda de frequências

úteis do dispositivo.

Além dos resultados numéricos, apresentou-se o resultado de ensaios

experimentais. O gerador ensaiado difere do conversor proposto apenas em relação ao

valor das propriedades geométricas e físicas. Em ambas as situações ensaiadas, sem e

com massa na extremidade livre, os resultados corroboraram o comportamento

apresentado nas simulações e foi possível verificar que há uma grande concordância

entre o modelo proposto e o sistema físico real, validando assim o modelo desenvolvido

ao longo do Capítulo 3.

56

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