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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU IVANILDO INACIO DE LIMA Modelo Transteórico de aconselhamento (MTT) no período de pré- adaptação de Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) BAURU 2011

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU

IVANILDO INACIO DE LIMA

Modelo Transteórico de aconselhamento (MTT) no período de pré-adaptação de Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI)

BAURU 2011

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IVANILDO INACIO DE LIMA

Modelo Transteórico de aconselhamento (MTT) no período de pré-adaptação de Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI)

Dissertação apresentada a Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências no Programa de Fonoaudiologia. Orientador: Profª Drª Dagma Venturini Marques Abramides

Versão corrigida

BAURU 2011

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Nota: A versão original desta dissertação/tese encontra-se disponível no Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Odontologia de Bauru – FOB/USP.

Inacio-Lima, Ivanildo Modelo Transteórico de aconselhamento (MTT) no período de pré-adaptação de Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) / Ivanildo Inacio de Lima. – Bauru, 2011. 117 p. : il. ; 31cm. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Odontologia de Bauru. Universidade de São Paulo Orientadora: Profª Drª Dagma Venturini Marques Abramides

I1m

Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação/tese, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. Assinatura: Data:

Comitê de Ética da FOB-USP Protocolo nº: 103/2009 Data: 24/06/2009

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DEDICATÓRIA

À minha mãe, Luzia, e meus irmãos João Ítalo e Ingrid Luzia por acreditarem

em mim e caminhar passo a passo ao meu lado. Mãe... sua simplicidade e suas

lições de amor seguem comigo e faz parte de toda ação que realizo, estou tentando

ser importante como você gostaria que eu fosse, dando sequência nos seus sonhos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus que tudo criou, nossa força fundamental, aquele que tudo vê, que se

esqueceu um pouco em nós e por nós, não se importando com o que fazemos de

ruim, mas sim com o bem que ainda vamos fazer. Foi olhando para os seus, Senhor,

que também são meus, pois a mim foram confiados, que fiz esse trabalho. Criaste-

nos a tua imagem e semelhante, assim fomos feitos. Por isso, resolvi olhar para o

meu próximo, para a tua imagem, e buscar a tua semelhança, a força, a vontade de

ir além, o amor de cada dia, a misericórdia. Obrigado meu Senhor pelas noites de

reflexão e pelos dias de recomeço. Cada manhã despertada foi, é e sempre será

uma nova oportunidade de ser melhor, de reinauguração. Perdoai-me, Senhor, pelas

minhas misérias, aumentai a minha sensibilidade e o meu amor por ti no meu

próximo para que, ao final desta caminhada, possa te ver face a face e saber que já

te conhecia.

À minha família que pouco conhece do meu eu pesquisador, porém muito

sabem do meu humano com minhas fragilidades, rispidez, meus medos,

insatisfações, incertezas e inseguranças e mesmo assim acreditam em mim, me

apóiam. Mãe, Ita e Guinguinha, que o meu coração não seja ingrato em nenhum

momento da vida e que vocês estejam sempre dentro dele onde quer que eu vá. Aos

demais familiares, o meu apreço a cada um pelo que cada um representa na minha

vida independente da distância, que eu não os decepcione, ao contrário, que o

orgulho que sentem por mim seja cultivado a cada dia. Muito obrigado pela força,

amor e vida dispensados por mim.

Aos meus amigos, família que eu escolhi e escolho com o decorrer do tempo.

Vocês são fundamentais na minha vida e também responsáveis por este patamar

alcançado. Neste agradecimento, quero incluir todos os que passaram por mim

durante a minha jornada, que estiveram presentes na minha vida, se alegrando com

as minhas vitórias e chorando comigo as minhas quedas. Todos que deixaram algo

bom em mim e que levaram um pouquinho de mim. Depois do nosso encontro não

fomos mais os mesmos. Não vou citar nomes para não esquecer ninguém, todos

são muito importantes para mim e faço questão de dizer, de uma forma ou de outra,

presencialmente. Muito obrigado pela lealdade, cumplicidade e amor.

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À XVI Turma de Fonoaudiologia e à II Turma de Mestrado em Fonoaudiologia

da Faculdade de Odontologia de Bauru. Tornei-me fonoaudiólogo com a primeira e

mestre com a segunda. É verdade que poucos foram os que de fato estavam comigo

e é a esses que direciono o meu agradecimento. Alguns se tornaram meus amigos e

outros, colegas. Muito obrigado por caminharem comigo.

Aos professores do departamento de fonoaudiologia da FOB que formaram o

profissional que hoje sou. Em especial aos que me orientaram: Profª Drª Maria Inês

Pegoraro-Krook, Profª Drª Deborah Viviane Ferrari e Profª Drª Dagma Venturini

Marques Abramides. Sendo a Profª Deborah a que deu sentido a fonoaudiologia em

minha vida, me mostrou o que é o amor ao paciente e, com certeza, se tornou o meu

referencial como profissional, além de ter intercedido junto à Profª Dagma quanto à

orientação no meu mestrado. A Profª Dagma, minha orientadora no mestrado, nesse

período foi minha amiga e psicóloga e, em muitos momentos, uma mãe, sabendo

me compreender, me dando limites e me direcionando. Muito obrigado a vocês por

terem tamanha participação na minha vida, por me fazer seguir em frente, por serem

gigantes a me ceder os ombros para que eu possa subir e crescer observando

melhor os novos horizontes.

Aos funcionários da FOB e da Divisão de Saúde Auditiva. Vocês foram

essenciais para que este trabalho ocorresse. Muitos se tornaram meus amigos, os

quais levarei comigo para onde for. Muito obrigado pelo sorriso, gentileza e

cordialidade de todos os dias.

Aos participantes deste estudo que tornaram o mesmo possível. Todos

confiaram em mim e se doaram buscando o bem maior. Muito obrigado por me

entender e permitir o desenvolvimento deste estudo. Jamais esquecerei nossos

encontros.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),

pela bolsa de estudos que possibilitou o meu mestrado.

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“(...) Todo mundo ama um dia,

Todo mundo chora

Um dia a gente chega

E no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua história

Cada ser em si

Carrega o dom de ser capaz

E ser feliz

(...) É preciso amor

Pra poder pulsar

É preciso paz pra poder sorrir

É preciso a chuva para florir (...)”

Almir Sater e Renato Teixeira

“(...) A felicidade aparece para aqueles que choram.

Para aqueles que se machucam

Para aqueles que buscam e tentam sempre.

E para aqueles que reconhecem

a importância das pessoas que passaram por suas vidas.”

Clarice Lispector

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RESUMO

A deficiência auditiva pode ter impacto negativo na qualidade de vida do

indivíduo interferindo nas esferas das atividades e participação. O Aparelho de

Amplificação Sonora Individual (AASI) é uma alternativa viável de tratamento para

grande parte desta população. Entretanto, a simples aquisição de AASI não garante

a resolução da deficiência. Estudos vêm apontando benefícios do aconselhamento

de ajuste pessoal ao usuário de AASI desde a etapa de diagnóstico audiológico,

favorecendo o processo de adaptação. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi

analisar o modelo transteórico de aconselhamento (MTT) que tem permitido uma

abordagem mais ampla do indivíduo de maneira a englobar o sistema de crenças e

aspectos motivacionais em candidatos a uso de AASI. Participaram deste estudo 20

candidatos (10 homens e 10 mulheres), com idades entre 25 e 64 anos (média =

52,95 anos) e deficiência auditiva neurossensorial bilateral de grau variando entre

leve e severa. As estratégias utilizadas para o aconselhamento foram: a Escala de

Prontidão (EP) e a Balança Decisória (BD), ambas propostas pelo Ida Institute, e as

Proposições de Babeu et al. (2004). O aconselhamento foi realizado em três

sessões: após o diagnóstico audiológico; no retorno para o teste com AASI, mas

antes do mesmo; e após, ao menos, uma semana de utilização do AASI. Em cada

sessão eram aplicadas as três ferramentas. As atitudes dos participantes foram

avaliadas nos três momentos por meio do Questionário de Atitudes frente à

Deficiência Auditiva (ALHQ). Como resultado, os participantes de modo geral

mostraram por meio da EP, nos três momentos, que consideravam ser muito

importante a melhora da audição e percebiam-se preparados para o uso do AASI. A

BD indicou os elementos a serem trabalhados e que levaram os participantes a

atribuírem valores na EP e a escolha nas Proposições de Babeu et al. (2004) por

meio de reflexões quanto às vantagens e desvantagens com relação à audição

prejudicada e ao uso de AASI. Tanto a BD quanto as Proposições de Babeu et al.

(2004) possibilitaram a discriminação do estágio de mudança a que cada

participante se encontrava. A maioria dos participantes indicou o estágio de ação

para a sua condição motivacional nos três momentos. Comparando as atitudes dos

participantes nesses três momentos, foram evidenciadas diferenças estatisticamente

significantes somente com a influência da experiência com AASI (subescalas de

“Negação da perda auditiva” e “Estratégias negativas de enfrentamento”). Embora

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não tenham sido evidenciadas diferenças estatisticamente significantes sem esta

influência, a diminuição na amplitude do desvio padrão nas subescalas de “Estima

Relacionada à Audição” e “Associações Negativas” sugere uma tendência maior à

disposição para mudanças a qual pode ser atribuída ao aconselhamento uma vez

que nesta etapa o participante ainda não utilizava AASI. Conclui-se que, o MTT

aplicado às etapas iniciais do processo de adaptação do AASI constitui em uma

proposta objetiva e factível para que este processo englobe aspectos importantes

tais como o sistema de crenças, ideias, sentimentos e a condição motivacional do

candidato, permitindo identificar as diferenças individuais bem como organizar as

próximas etapas do processo de adaptação.

Palavras-chave: Perda Auditiva. Auxiliares de Audição. Aconselhamento

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ABSTRACT

Transtheoretical Model of counseling (MTT) in the pre-fitting of Hearing Aids

(HA)

Hearing loss can negatively impact the quality of life of individuals, interfering

their activities and participation. Hearing aids (HA) can be a viable treatment

alternative for most of this population. However, the mere acquisition of HA does not

guarantee the resolution of hearing loss. Researchers have emphasized the benefits

of personal adjustment counseling for hearing aid users from audiology diagnostic

step , facilitating the fitting process. This study, in particular, analyzed the

transtheoretical model of counseling (MTT), which allows a broad approach to each

individual, encompassing a system of beliefs and motivational aspects of the

candidates who will begin using HA. This study included 20 volunteers10 men and 10

women) aged between 25 and 64 years (mean = 53 years) with bilateral

sensorineural hearing loss varying between mild and severe. Three strategies were

employed for counseling the volunteers, (1) the Readiness Scale (RS) strategy and

(2) the Decisional Balance (DB) strategy, both from the Ida Institute, and (3) the

Propositions of Babeu et al. (2004) strategy. Counseling was conducted during three

sessions, (1) after the audiological diagnosis, (2) just prior to the first test with HA,

and (3) after at least one week of using HA. During each session, the three strategies

were applied. The attitudes of the participants were also evaluated over these three

time periods using the Attitudes towards Loss of Hearing Questionnaire (ALHQ).

Under the context of the RS strategy, the subjects demonstrated during the three

sessions that was very important to improve one’s hearing and perceived themselves

prepared for hearing aid use. The BD strategy indicated elements to be improved,

allowing participants to assign the values of the RS and chose the propositions of

Babeu et al. (2004) by analyzing the advantages and disadvantages in relation to

impaired hearing and the use of HA. Both the BD strategy and the propositions of

Babeu et al. (2004) strategy allowed the discrimination of the stages of change that

each participant experienced. Most participants indicated the action stage for their

motivational condition during the three sessions. When comparing the attitudes of

participants during these three sessions, significant differences were found only after

using HA (subscales of "denial of hearing loss" and "negative coping strategies").

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Although no statistically significant differences without this influence were found, the

decrease in the amplitude of the standard deviation in the subscales of “hearing-

related esteem” and “negative associations” might suggest that patients with out HA

are more willing to change after counseling . It is concluded that when the MTT is

applied to the initial steps of the hearing aid fitting process that an objective and

feasible proposal can incorporate important aspects such as beliefs, ideas, feelings

and motivational conditions of candidates, to identify their individual differences and

organize the next steps of the fitting process, facilitating this process.

Key words: Hearing Loss. Hearing Aids. Counseling.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 15

2. REVISÃO DE LITERATURA 23

2.1. BASES DO ACONSELHAMENTO EM PSICOLOGIA 25

2.2. O ACONSELHAMENTO EM AUDIOLOGIA 28

2.2.1.

MODELO TRANSTEÓRICO (MODELO DE ESTÁGIOS DE

MUDANÇA 32

2.2.1.1. ESTÁGIOS DE MUDANÇA 33

2.2.1.2. PROCESSOS DE MUDANÇA 34

2.2.1.3. BALANÇA DECISÓRIA 37

2.2.1.4. AUTO-EFICÁCIA 37

2.3.

ATITUDE FRENTE À DEFICIÊNCIA AUDITIVA E O APARELHO

DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL 40

3. OBJETIVO 43

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 45

4. MATERIAL E MÉTODOS 47

4.1. PARTICIPANTES 49

4.2. PROCEDIMENTO 53

4.2.1.

APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO “ATITUDES FRENTE ÀS

PRÓTESES AUDITIVAS” ALHQ v 3.0 54

4.2.2. ACONSELHAMENTO DE AJUSTE PESSOAL 55

4.2.2.1. PRIMEIRA SESSÃO DE ACONSELHAMENTO 58

4.2.2.2. SEGUNDA SESSÃO DE ACONSELHAMENTO 63

4.2.2.3. TERCEIRA SESSÃO DE ACONSELHAMENTO 64

4.2.3.

SELEÇÃO, VERIFICAÇÃO E ADAPTAÇÃO DO APARELHO DE

AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL 64

4.3. ANÁLISE DOS DADOS 70

5. RESULTADOS 71

5.1. PRIMEIRA SESSÃO DE ACONSELHAMENTO 73

5.2. SEGUNDA SESSÃO DE ACONSELHAMENTO 78

5.3. TERCEIRA SESSÃO DE ACONSELHAMENTO 82

5.4 QUESTIONÁRIO DE ATITUDES FRENTE À DEFICIÊNCIA 86

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AUDITIVA (ALHQ)

6. DISCUSSÃO 89

7. CONCLUSÕES 99

REFERÊNCIAS 103

APÊNDICES 111

ANEXOS 115

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1. Introdução

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1. Introdução 17

1. INTRODUÇÃO

A deficiência auditiva neurossensorial (DANS) afeta primariamente as

estruturas da orelha interna tendo como conseqüência a diminuição da sensibilidade

auditiva a qual poderá interferir nas esferas das atividades (execução de uma tarefa

ou ação pelo indivíduo) e participação (envolvimento nas situações de vida),

apresentando impacto negativo na qualidade de vida do indivíduo. Este impacto está

presente em todos os grupos etários, no entanto, parece ser um fator de particular

influência na saúde geral e bem estar de adultos e idosos.

Em adultos, faixa etária foco deste estudo, além deste impacto, a DANS

contribui para o atraso do desenvolvimento econômico de uma comunidade por

afetar a habilidade de obter, realizar e manter um trabalho produtivo devido a

problemas psicológicos e de comunicação associados a esta deficiência. Ao longo

da vida, estas pessoas são estigmatizadas e isoladas (WHO, 2001).

Mesmo diante desses problemas, segundo Shelton e Faucette (1999), o

indivíduo com perda auditiva neurossensorial freqüentemente decide procurar

contrariado a ajuda profissional. Geralmente, esta busca é decorrente a cônjuges

incomodados, amigos preocupados, ou circunstâncias desconfortáveis que

comumente instigam o indivíduo quanto ao uso do aparelho de amplificação sonora

individual (AASI).

O AASI é uma alternativa viável de tratamento para grande parte das

DANSs. Desde o ano 2000, estes dispositivos são concedidos gratuitamente no

Brasil por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, foi a partir de 2004,

com a instituição da Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva (Portaria MS/GM

nº 2.073) que o atendimento integral à pessoa com deficiência auditiva foi

contemplado com ações que visam à promoção, prevenção, tratamento e

reabilitação da deficiência auditiva com atendimento multiprofissional e

interdisciplinar de responsabilidade pública e da sociedade.

O número de dispositivos concedidos pelo SUS tem aumentado ano a

ano - em 2009, de acordo com os dados fornecidos pelo Sistema de Informações

Ambulatoriais do SUS (SIASUS), foram concedidos pouco mais de 157 mil AASIs,

representando um gasto de cerca de R$116 milhões. A simples aquisição de um

AASI, por meio de serviços públicos ou privados, não garante o uso efetivo deste

dispositivo. Dependendo de vários aspectos como o grau, o tipo e a própria

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1. Introdução 18

aceitação da deficiência auditiva, há indivíduos que não encontram tanta dificuldade

no processo de seleção e aquisição de AASI, se adaptando e obtendo sucesso com

a amplificação. Porém, há outros casos em que a aquisição não é suficiente,

podendo levar ao abandono do AASI (RUSSO; ALMEIDA; FREIRE, 2003). Esta é

uma das razões pelas quais se tem enfatizado que o aconselhamento não pode ser

dissociado do processo de seleção e aquisição do AASI para que haja a adaptação

satisfatória do indivíduo.

Segundo a visão rogeriana, na teoria de aconselhamento centrado no

cliente, o homem possui a capacidade de conhecimento reflexivo, o que torna

possível a auto-valorização e a auto-correção que são fundamentais para a sua

auto-compreensão e a resolução de problemas de forma a lhe dar a satisfação e a

eficácia necessária para o seu funcionamento adequado. Essa capacidade de

compreensão é suficiente para cada etapa de adaptação e de integração vital.

Porém, o grau em que esta se realiza depende das condições oferecidas pelo

ambiente e requer um contexto de relações humanas favoráveis, despidas de

ameaças psicológicas e de restrições que possam impedir a emergência de atributos

pessoais autênticos e de um conceito relativo à própria maneira de ser e ao próprio

eu (SCHEEFFER, 1979).

O aconselhamento consiste em proporcionar oportunidades para receber

e fornecer informações, ou seja, criar uma atmosfera adequada de modo a facilitar o

entendimento, no caso de candidatos a uso de AASI, sobre e a deficiência auditiva e

o AASI, propiciar ajuste a esta situação e promover a integração sócio-ambiental.

Em audiologia, o aconselhamento pode ser dividido em dois tipos: ajuste pessoal,

que envolve o desenvolvimento de mecanismos e sistemas de suporte emocional

para o indivíduo lidar com a deficiência auditiva; e o informativo ou “orientação”, o

qual aborda a fisiologia da audição, resultados dos exames audiológicos e plano de

tratamento (MARGOLIS, 2004).

Na prática clínica fonoaudiológica é frequentemente adotado o modelo

médico de atendimento, no qual o paciente desempenha um papel passivo e o

profissional foca seu olhar na patologia deixando de considerar o paciente como um

todo. Acrescente-se a essa postura, a falta de capacitação profissional adequada e a

existência de metas (financeiras) a serem alcançadas. Sendo assim, é realizado, na

maior parte dos casos, apenas o aconselhamento no formato informativo, ou seja, a

orientação, o que pode limitar a realização de um atendimento integral ao paciente,

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1. Introdução 19

resultando em intervenções insuficientes para que o mesmo faça uso efetivo do

AASI, não melhorando sua audição, comunicação e conseqüentemente a qualidade

de vida.

No entanto, em 2001, a American Speech-Language-Hearing Association

(ASHA) publicou o documento Scope of Practice que inclui a educação e

aconselhamento de indivíduos, famílias, colegas, educadores e outras pessoas da

comunidade com relação à aceitação, adaptação e tomada de decisão sobre a

comunicação ou outras alterações dos sistemas auditivo, linguagem e fala. Neste

documento, o aconselhamento na área dos distúrbios da comunicação foi descrito

como “a construção de relacionamento, fornecendo informações e escuta

diferenciada (ouvido solidário)”. Seguindo estes preceitos, é inadmissível ao

fonoaudiólogo uma postura estrita voltada para sintomas e orientações e o obriga a

ampliar o seu escopo de atuação onde possa ser incluído o aconselhamento de

ajuste pessoal em sua prática.

Em 2002, o termo aconselhamento foi utilizado no documento oficial

“Áreas de Competência do Fonoaudiólogo no Brasil” onde o Conselho Federal de

Fonoaudiologia explica a área de competência “Orientar pacientes, clientes externos

e internos, familiares e educadores”. Esta área de atuação, segundo o mesmo

documento, é constituída por ações que envolvem a escuta profissional, a

explicação, a instrução, a demonstração, a proposição de alternativas e a verificação

da eficácia das ações propostas. Para orientar o paciente ou cliente, o fonoaudiólogo

deve escutá-lo, esclarecer os problemas existentes e suas conseqüências, propor

alternativas de comportamento e realizar aconselhamento fonoaudiológico. Portanto,

tal área de atuação afirmada neste documento de 2002 e reafirmada em 2007 pelo

mesmo conselho, preconiza a atribuição do aconselhamento na prática clínica

fonoaudiológica. Aconselhamento este que pode ser entendido como informativo e

também de ajuste pessoal uma vez que o profissional irá propor mudança de

comportamento.

Pelo Código de Ética da Fonoaudiologia (2004), aprovado pela Resolução

CFFa n. 305/2004, o aconselhamento ainda não é apontado dentre as competências

e atribuições do fonoaudiólogo, porém, no capítulo III, dos direitos gerais, artigo 5º,

parágrafo III, traz a orientação com um sentindo mais amplo, não se restringindo a

fornecimento de informação, porém não atribuindo ainda a postura de escuta e

desenvolvimento de suporte emocional a este profissional. No capítulo V, do

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1. Introdução 20

relacionamento, seção I, das responsabilidades do fonoaudiólogo para com o

cliente, no artigo 9º, parágrafo III, diz que o fonoaudiólogo deve orientar o cliente

adequadamente acerca dos propósitos, riscos, custos e alternativas de tratamento e,

complementando este mesmo artigo, no parágrafo IV, esclarecer o cliente

apropriadamente sobre os riscos, as influências sociais e ambientais dos transtornos

fonoaudiológicos e sobre a evolução do quadro clínico, bem como sobre os

prejuízos de uma possível interrupção do tratamento fonoaudiológico. Neste formato,

o fonoaudiólogo se abstém de qualquer responsabilidade sobre a decisão do cliente,

sendo de total responsabilidade do cliente o sucesso ou não no tratamento e

prognóstico. Enquanto que, ao inserir o aconselhamento de ajuste pessoal, o

mesmo assume o papel de coadjuvante na relação cliente e profissional.

Apesar da importância do aconselhamento de ajuste pessoal na busca da

adaptação no processo de saúde e consequentemente da qualidade de vida, o

mesmo, além de não estar inserido pelo código de ética da fonoaudiologia, não

consta também em políticas públicas. Porém, em 2003, o SUS instituiu a Política

Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS (HumanizaSUS) que tem

como uma de suas propostas o acolhimento como postura de escuta e compromisso

em dar respostas às necessidades de saúde trazidas pelo usuário, de maneira que

inclua sua cultura, seus saberes e sua capacidade de avaliar riscos, implicando em

uma abordagem do usuário para além da doença e suas queixas, mudando de

objeto (da doença para o sujeito), bem como a construção de vínculo terapêutico

para aumentar o grau de autonomia e de protagonismo dos sujeitos no processo de

produção de saúde (BRASIL, 2010). Esta política tem conduzido questionamentos

muito fortes quanto à necessidade de mudança de postura no atendimento por parte

de todos os profissionais e serviços de saúde.

Este estudo tem o intuito de propor a necessária mudança de atenção e

gestão dos processos de trabalho tendo como foco as necessidades dos cidadãos e

a produção de saúde como publicado pela Política Nacional de Humanização. Além

de ser uma oportunidade para se discutir a reabilitação auditiva inerente a Política

Nacional de Atenção à Saúde Auditiva no tocante a fonoaudiologia clínica. E, para

tanto, traz um novo formato de atendimento incluindo o aconselhamento de ajuste

pessoal desde o momento do diagnóstico audiológico até o início do processo de

reabilitação, sendo este um estudo exploratório. Desta maneira, visa inclusive à

quebra de paradigmas no formato de atendimento e, por conseguinte, anular a visão

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1. Introdução 21

cultural tecnicista e assistencialista dos usuários de serviços de saúde quanto ao

profissional, proporcionando um atendimento integral ao cliente e a garantia de

melhora na qualidade de vida do mesmo.

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2. Revisão de Literatura

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2. Revisão de Literatura 25

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. BASES DO ACONSELHAMENTO EM PSICOLOGIA

Segundo Scheeffer (1980), historicamente, o aconselhamento surgiu em

uma conexão com os seguintes movimentos:

1) Fundação de Centros de Orientação Infantil e Juvenil (para pais e filhos) no

início do século XX, com finalidade maior de fornecer diagnóstico que de

aconselhamento propriamente dito;

2) Aparecimento da Orientação Profissional inicialmente fornecendo ao cliente

informações relativas ao mundo profissional não havendo preocupação com

as técnicas de relacionamento, posteriormente evoluindo para uma dinâmica

de processo assistindo o indivíduo a encontrar uma profissão adequada às

suas características pessoais onde predominava a aplicação de testes

psicológicos, e por fim, maior importância foi atribuído à relação entre

orientador e orientando na situação de aconselhamento neste processo;

3) A criação de Serviços de Higiene Mental para adultos, inclusive de Centros

de Aconselhamento Pré-Matrimonial e Matrimonial, nos EUA, oferecendo

campo para o desenvolvimento das técnicas de aconselhamento;

4) As instituições de Assistência Social que necessitavam dar aos clientes,

além de assistência médica e financeira, oportunidade de expressão e alívio

de suas cargas emocionais constituindo um outro setor em que floresceu o

aconselhamento psicológico;

5) O desenvolvimento dos serviços de assistência psicológica nas empresas

oferecendo um novo campo de aplicação dos aconselhamento.

A prática do aconselhamento nasceu na área da Psicologia como

intervenção psicológica e emergiu dentro da mesma como uma especialidade após

a 2ª Guerra Mundial, com raízes na abordagem centrada na pessoa como proposto

por Carl Rogers (1942). Esta abordagem enfatiza, sobretudo, as atitudes do

conselheiro (e não a sua ação) como condições necessárias e suficientes para que o

processo de auto-exploração e crescimento ocorra no cliente. Tal condição de

suficiência das atitudes (empatia, congruência e aceitação) do psicoterapeuta

permite distinguir o aconselhamento psicológico centrado na pessoa das terapias

focais, que consideram estas atitudes necessárias, mas não suficientes. Daí o

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2. Revisão de Literatura 26

porquê de recorrerem a estratégias mais ativas e diretivas. Nesta perspectiva, o

aconselhamento psicológico se apresenta como modelo clínico (mais amplo que o

psicoterapêutico), aplicável em diferentes situações institucionais (SCHMIDT,1999 ).

No aconselhamento, segundo Steffler e Grant (1960 apud KINRA, 2008),

o objetivo do conselheiro é recolher informações sobre as habilidades, talentos,

interesses e capacidades do cliente, além de recolher informações sobre o seu

ambiente, e auxiliá-lo na modificação do seu comportamento. Para isso, o

conselheiro utiliza-se de variadas técnicas, testes psicológicos, faz perguntas para

clarear o entendimento do comportamento e acelerar o processo de auto-

compreensão; ouve atentamente o cliente e faz sugestões quando necessárias;

fornece informações sobre o cliente ao mesmo relatando traços de personalidade,

valores sociais, ambiente social; o conselheiro pode também agir como um

consultor.

Aconselhar não é dar conselhos, fazer exortações nem encorajar a

disciplina ou prescrever condutas que deveriam ser seguidas. Pelo contrário, trata-

se de ajudar a pessoa a compreender a si própria e a situação em que se encontra e

ajudá-la a utilizar competências específicas para lidar mais eficazmente com a sua

vida (ROWLAND, 1992). Conforme Trindade e Teixeira (2000), a finalidade principal

do aconselhamento é promover o bem-estar psicológico e a autonomia pessoal no

confronto com as dificuldades e os problemas. Difere da psicoterapia, pelo caráter

situacional, a focalização no presente e na resolução de problemas do sujeito, a

duração mais curta e a orientação para a ação voltada a facilitar a mudança de

comportamento e ajudar a mantê-la.

Patterson (1990) analisou as diversas teorias de aconselhamento e

psicoterapia, apontando semelhanças e divergências entre as varias abordagens e

destacou que a questão fundamental é a atitude do conselheiro. Ou seja, faça o que

fizer, o conselheiro deve permanecer no quadro de referência do cliente vendo as

coisas a partir de seu ponto de vista, tentando compreender o que ele está lhe

dizendo; faça o que fizer, ele deve manter seu respeito e seu carinho para com esse

cliente.

O aconselhamento como intervenção psicológica está reservada a

psicólogos, desejavelmente com formação e treino específicos. Entretanto, desde

1998, Altmaier, Johnson e Paulsen sinalizavam quanto à necessidade de que outros

profissionais de saúde desenvolvessem algumas competências de aconselhamento

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2. Revisão de Literatura 27

sem que, com isto, substituíssem os psicólogos uma vez que o desenvolvimento do

profissional inclui a intervenção com sujeitos e famílias, o trabalho cooperado em

equipes multidisciplinares de saúde, a investigação e a formação de outros

profissionais de saúde.

Neste sentido, princípios de varias teorias que apóiam o objetivo geral de

ajudar as pessoas a fazer mudanças positivas em suas habilidades comunicativas e

seus comportamentos, podem ser integradas na medida adequada com

estabelecimento de uma relação interpessoal eficaz dentro da qual o crescimento

pessoal e as mudanças são favorecidos (SHIPLEY e ROSEBERRY-MCKIBBIN,

2006).

Vários modelos teóricos de intervenção para o aconselhamento têm sido

propostos ao longo dos últimos anos, tais como o cognitivo-comportamental,

emocional-racional, informativo educacional, sistêmico e o modelo centrado no

cliente ou pessoa.

Para Trindade e Teixeira (2000), a perspectiva cognitivo-comportamental

é a mais adequada aos contextos de saúde e doença, pois, segundo os autores, é a

que melhor se adapta ao contexto e ritmo próprio da prestação dos cuidados de

saúde, quer nos Centros de Saúde quer nos hospitais gerais e especializados. Além

disto, em saúde requer-se intervenções de ajuda limitadas no tempo, diretivas,

práticas e eficientes, que promovam a efetiva mudança de comportamentos e a

obtenção de ganhos de saúde individuais e de grupo. Fazer uso da perspectiva

cognitivo-comportamental, ainda para os mesmos autores, implica em transmitir

informação personalizada; construir a capacidade de auto-ajuda focando nas

competências sociais do sujeito podendo envolver técnicas diversas (competências

de confronto, manejo do stress, relaxamento muscular, treino da assertividade);

acreditar nas capacidades do sujeito para lidar com as dificuldades focalizando na

percepção de controle pessoal e nas expectativas de auto-eficácia; ajudar a resolver

problemas centrando no comportamento, implicando na identificação de problemas,

criação de soluções alternativas possíveis, escolha da solução melhor, planejamento

da sua implementação e revisão do progresso obtido; e facilitar um ambiente

encorajador da mudança, focando no suporte social, tendo em conta que a família é

o grande contexto onde a doença ocorre e a saúde é mantida.

De qualquer maneira, o processo de aconselhamento compreende o uso

de técnicas apropriadas que motivem a adesão à prática preventiva, de promoção

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2. Revisão de Literatura 28

da saúde ou como parte de estratégia maior de intervenção (FLASHER e FOGLE,

2004).

2.2. O ACONSELHAMENTO EM AUDIOLOGIA

Segundo Shipley e Roseberry-McKibbin (2006) os fonoaudiólogos, de

maneira consciente ou não, freqüentemente usam uma variedade de métodos que

têm suas raízes em aconselhamento e psicoterapia para atingir suas metas. A

aplicabilidade destas técnicas abrange praticamente todas as classificações de

distúrbios de comunicação, ou seja, podem ser empregadas em todo e qualquer

tratamento fonoaudiológico, independente da alteração a que se refere. Afinal, o

fonoaudiólogo não trata de um distúrbio de comunicação, mas sim trabalha com

pessoas que apresentam um transtorno relacionado à comunicação.

Por conseguinte, embora alguns professem ser desconfortável entrar no

reino dos valores humanos, sentimentos e crenças, não é possível esperar

mudanças duradouras, se ignorarmos os aspectos pessoais de um problema de

comunicação (LUTERMAN, 2001; ENGLISH, 2002; FLASHER E FOGLE, 2004;

SHIPLEY e ROSEBERRY-MCKIBBIN, 2006).

As obras do notável Audiologista americano David Luterman e do

terapeuta de casal e de família Walter Rollin desde a década de 60 até a atualidade,

na área dos distúrbios da comunicação, destacam que para aliviar a preocupação

potencial de alguns fonoaudiólogos sobre a possibilidade de cruzar as fronteiras

profissionais, é útil analisar algumas das características de orientação para esta

área. Primeiro, o aconselhamento nesta área é centrado na pessoa e não na doença

e/ou distúrbio. Ou seja, não se projeta e implementa a intervenção para a

deficiência, mas sim para atender às necessidades de determinada pessoa e família.

Este não é um conceito novo. A recente ênfase no uso de linguagem em primeira

pessoa como, por exemplo, "a pessoa com deficiência auditiva" em vez de

"deficiente auditivo”, reflete a crença na importância fundamental da pessoa sobre a

deficiência.

Assim, o aconselhamento não é empregado para "consertar" a deficiência

auditiva e o distúrbio de comunicação, por si só, mas como um apoio aos clientes a

determinar como eles podem gerir mais eficazmente os desafios pessoais que são

colocados pela deficiência. Assim, o aconselhamento pode elencar o rol de

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2. Revisão de Literatura 29

atividades do fonoaudiólogo, mas é importante ressaltar que ele deve resistir à

tentação de firmar-se como o "expert" onipotente e permitir que os clientes

participem ativamente na definição das metas e na escolha de tarefas para trabalhar

com questões difíceis.

Segundo Rollin (2000), as técnicas de aconselhamento que os

fonoaudiólogos empregam são projetadas para promover a independência para que

os clientes e suas famílias possam, eventualmente, ser capazes de funcionar sem

ajuda.

A característica mais importante da natureza das relações de

aconselhamento na intervenção fonoaudiológica é que eles são específicos para o

distúrbio de comunicação. Na medida em que o aconselhamento é o foco principal,

ou complemento, a intervenção depende da pessoa, do problema, e do estágio de

tratamento. No entanto, é sempre focado em assuntos relacionados à comunicação.

Geralmente, se o cliente é funcional em atividades diárias e relacionamentos, os

fonoaudiólogos podem incorporar técnicas de aconselhamento em intervenção para

facilitar um melhor funcionamento. O aconselhamento que aborda questões mais

amplas de vida, como depressão crônica, discórdia conjugal e expressão de

pensamentos suicidas é reservado para os profissionais, como psicólogos,

terapeutas de família, ou psiquiatras que são especificamente treinados para ajudar

as pessoas a trabalhar com esses tipos de problemas.

Assim, psicólogos e fonoaudiólogos podem trabalhar em parceria na

busca de promoção do bem estar da clientela fonoaudiológica e ajustar mútua e

flexivelmente o papel de cada um ao longo do processo de diagnóstico e

reabilitação.

Marques, Kozlowski e Marques (2004), relatam que para minimizar as

reações psicossociais do paciente decorrentes da deficiência auditiva, é necessário

selecionar, indicar e adaptar os AASI, bem como inserir o mesmo em programas de

reabilitação auditiva, que o auxiliem juntamente com seus familiares a lidarem de

forma positiva frente às dificuldades de comunicação. E, por meio destes programas

é possível reduzir a percepção da restrição de participação da população, que irá

refletir na promoção de contatos sociais, diminuindo o isolamento e

conseqüentemente melhorando a qualidade de vida destes indivíduos.

Chartrand (1999) bem como Inacio-Lima, Aiello e Ferrari (2009) apontam

falhas na prática clínica frequentemente baseada em limiares auditivos. O primeiro

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2. Revisão de Literatura 30

afirma ainda que, o profissional com a atenção voltada para audiogramas, medidas

reais na orelha e targets na programação, pode deixar de notar os perigos ocultos a

sua frente como um resultado de desmotivação, relações disfuncionais e

expectativas irreais. Para ele, o sucesso na adaptação só pode ocorrer quando o

indivíduo caminha passo a passo com o profissional, não se escondendo em

negações ou excesso de expectativa e nem assumindo o papel de espectador.

O cérebro humano age como um sistema de auto-organização: se prende

em dados e categorias sistematicamente dentro de exemplos maiores ou

descobertas perceptivas. Neste sistema, uma vez que o mesmo associa qualquer

informação com um modelo particular, este modelo pode ser fixado. Muitos

indivíduos caminham para o consultório com um modelo negativo de pensamento

sobre sua perda auditiva e a necessidade de AASI já adotado que pode até mesmo,

inconscientemente, sabotar todo o processo de adaptação. Eles provavelmente

manterão este modelo negativo se o fonoaudiólogo não os ajudar a descobrir

caminhos alternativos de pensamento (SHELTON e FAUCETTE, 1999).

English (2005) aponta que o profissional deve lidar com os seguintes

aspectos dos indivíduos candidatos ao AASI: 1) o desencorajamento frente à

realidade de que eles têm um problema; 2) o fato incômodo de que necessitam pedir

ajuda; 3) a decepcionante notícia de que a ajuda vem na forma de AASIs; 4) as

mudanças na imagem corporal e auto-conceito; 5) a decisão de não se preocupar

com o que os outros pensam sobre estas mudanças e 6) adequação das

expectativas com as inerentes limitações do AASI. A autora refere que o sucesso da

reabilitação não ocorre sem o processo de aconselhamento apropriado.

Segundo Sousa e Wieselberg (2005) o aconselhamento em audiologia é

de extrema importância, pois: ajuda os indivíduos e suas famílias a serem sujeitos

ativos e participantes no processo de reabilitação auditiva, propicia familiarização,

aceitação e uso efetivo do AASI, bem como, ajuda-os a superar as suas dificuldades

de comunicação e tornarem-se sujeitos independentes e integrados socialmente.

Há dois tipos de aconselhamento utilizados na área de Audiologia: o

aconselhamento informativo e o aconselhamento de ajuste pessoal. O

aconselhamento informativo é aquele pelo qual são sanadas as dúvidas do paciente,

fornecidas informações acerca dos resultados dos exames realizados, anatomia da

orelha, uso do AASI, estratégias de comunicação, entre outros. O aconselhamento

de ajuste pessoal é utilizado para ajudar o paciente a expressar, compreender e

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2. Revisão de Literatura 31

aceitar suas reações emocionais e psicológicas frente à perda da audição, visando

como resultados que a pessoa se veja separadamente do seu problema, tendo uma

auto-imagem positiva para, desta forma, estar disposto a participar ativamente do

processo de reabilitação (ENGLISH, 2008).

Elkayam e English (2003) realizaram o aconselhamento de ajuste pessoal

em 15 adolescentes usuários de AASI e pessoas mais significativas do seu circulo

de amizades também adolescentes, fazendo uso de um questionário de auto-

avaliação adaptado para esta faixa etária para facilitar neste processo. Os AASIs e

as dificuldades na comunicação foram temas recorrentes durante a discussão com

os participantes do grupo com deficiência auditiva. As respostas dos adolescentes

mascararam as emoções e atitudes que puderam ser descobertas somente por meio

do diálogo. Os adolescentes aparentaram estar lutando, com variados graus de

sucesso, com os efeitos da sua perda auditiva na comunicação, socialização,

identidade e auto-conceito. Eles foram relutantes ou incapazes para discutir sua

perda auditiva e sentimentos associados, mesmo com as pessoas que eles

consideraram suas amigas. Os adolescentes foram unânimes em seu sentimento de

aversão frente a estranhos ou conhecidos casuais que fazem perguntas sobre sua

perda auditiva ou seu AASI. Essas convicções conflitantes provavelmente

contribuem para o sentimento de frustração, ira ou tristeza que foi expresso na

sessão de aconselhamento. Oitenta porcento dos estudantes relataram se beneficiar

da sessão de aconselhamento e apenas 27% indicaram uma mudança de

comportamento em relação à deficiência auditiva. Segundo as autoras, a

implementação de estratégias de aconselhamento pode realmente economizar

tempo focando em questões que são importantes para o paciente. O uso de um

questionário de auto-avaliação como instrumento de aconselhamento pode fornecer

ao paciente e ao fonoaudiólogo um meio relativamente não invasivo de estimular a

conversa, aumentar o interesse em auto-reflexões, maior capacidade para pensar

nas questões que envolvem a perda auditiva e aumentar a habilidade de resolver

problemas.

A constatação da deficiência auditiva em indivíduos adultos bem como a

indicação para uso do AASI implica numa serie de mudanças em suas vidas. Muitas

vezes, precisam aprender novas estratégias de comunicação ao usar a nova

tecnologia assistiva. Os prejuízos na comunicação e as intervenções subsequentes

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2. Revisão de Literatura 32

podem afetar o funcionamento psicológico requerendo o ajuste pessoal e da família

(IMIG, 2005).

Importante salientar que a tecnologia de apoio que deve ser aprendida,

mantida, ou reparada implica que o individuo tome a decisão de mudar, opere uma

mudança efetiva de comportamento e mantenha o novo comportamento em longo

prazo o que implica em focalizar também o grupo social da pessoa (BEUKELMAN e

MIRENDA, 2005).

A utilização do aconselhamento convencional como parte do rol de

atividades do fonoaudiólogo, no qual o indivíduo pode revelar sobre como ocorreu a

perda auditiva bem como os seus sentimentos, pensamentos e o que deseja fazer.

Entretanto, é possível que ele não tenha a percepção desta conversa como

ensinamento que o habilite para tomada de decisão e, ao contrário, o mantenha em

um papel passivo neste processo. Ao se utilizarem de um método de

aconselhamento centrado no cliente, segundo Babeu et al. (2004), os profissionais

da saúde podem ajudar o mesmo a tomar decisões para buscar e fazer uso de

cuidados para com a saúde auditiva.

Assim sendo, o aconselhamento na área da Audiologia pode ser utilizado

na adaptação psicológica a alterações do estado de saúde (confronto com a doença

e a deficiência), em tudo o que isto possa envolver de mudança pessoal,

ajustamento a uma nova situação, interação com profissionais de saúde, adesão a

tratamentos e medidas de reabilitação.

2.2.1. MODELO TRANSTEÓRICO (MODELO DE ESTÁGIOS DE MUDANÇA)

O Modelo Transteórico (MTT), também conhecido como modelo de

estágios de mudança, foi desenvolvido no final da década de setenta pelos

pesquisadores Prochaska e DiClemente, a partir de estudos realizados com

tabagistas. Os pesquisadores analisaram as teorias cognitivo-comportamentais,

existencial humanista, psicanálise e gestalt experiencial, verificando que todas as

teorias exibiam limitações sendo que nenhuma delas podia explicar totalmente o

processo de motivação para mudança (PROCHASKA, DICLEMENTE e

NORCROSS, 1992). Desta forma propuseram uma combinação de teorias de

mudança intencional sendo que o foco primário está sobre os estágios de mudança

e os processos envolvidos na mesma (DICLEMENTE, 1993).

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2. Revisão de Literatura 33

2.2.1.1. ESTÁGIOS DE MUDANÇA

De acordo com o MTT a mudança comportamental acontece ao longo de

um processo pelos quais as pessoas passam por diferentes níveis de motivação

(estágios) para a mudança (PROCHASKA, DICLEMENTE e NORCROSS, 1992).

Babeu et al. (2004) afirma que cada estágio representa um período de

tempo, bem como um conjunto de tarefas a serem realizadas a fim de avançar para

a próxima fase.

Para Prochaska e DiClemente (1992 apud Babeu et al., 2004), o tempo

em que uma pessoa permanece em um estágio varia, mas as tarefas a serem

realizadas não. A dimensão temporal é bastante dinâmica podendo regredir e

avançar entre os estágios (PROCHASKA e DICLEMENTE, 1982).

Os estágios de mudança estão descritos na tabela 1.

Tabela 1 – Estágios de Mudança

Estágio de Mudança Definição

Pré-Contemplação

Não há intenção de mudança do comportamento em um futuro

previsível neste estágio (PROCHASKA, DICLEMENTE e NORCROSS,

1992). Não há a consciência do problema. No caso da pessoa com

deficiência auditiva, a mesmo pode não acreditar que tem a DA ou

acreditar que tem dificuldades auditivas apenas em algumas situações

não precisando, desta forma, de ajuda profissional (BABEU et al.,

2004). Para Prochaska e DiClemente (1992 apud Babeu et al., 2004),

afim de avançar com relação aos estágios de mudança, o indivíduo

precisa reconhecer o seu problema, tomar posse do mesmo e/ou

aumentar sua consciência dos aspectos negativos advindos pelo

mesmo.

Contemplação

Este é o estágio no qual as pessoas estão conscientes que têm um

problema e estão pensando seriamente em superá-lo, mas ainda não

assumiram o compromisso de tomar medidas (PROCHASKA,

DICLEMENTE e NORCROSS, 1992). A pessoa com deficiência

auditiva estará começando a se preocupar com a sua DA e se

questionando sobre como seria se ele tivesse o AASI, pensando mais

sobre os aspectos negativos e positivos de uma mudança de

comportamento (Babeu et al., 2004).

Preparação O estágio de preparação é o que combina intenção e critérios

comportamentais (PROCHASKA, DICLEMENTE e NORCROSS, 1992).

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2. Revisão de Literatura 34

O indivíduo apresenta uma prontidão para a mudança, a qual envolve

atitudes bem como comportamento e busca, por si mesmo, ajuda

profissional, e informações sobre DA, AASI e saúde auditiva (BABEU et

al., 2004). Há pequenas mudanças comportamentais (DICLEMENTE et

al., 1991).

Ação

Neste estágio, o indivíduo modifica o seu comportamento, experiências

ou ambiente, a fim de superar seus problemas. É o estágio que envolve

as mudanças mais evidentes de comportamento e exige um

considerável compromisso de tempo e energia (PROCHASKA,

DICLEMENTE e NORCROSS, 1992). Para Babeu et al. (2004), quanto

à audiologia clínica, indivíduos neste estágio adquirem os AASIs e

devem passar pela reabilitação para receber informações sobre sua

DA, uso do AASI, e como conviver com ambos. Neste estágio, o apoio

do fonoaudiólogo e familiares é fundamental.

Manutenção

As pessoas, neste estágio, trabalham para prevenir recaídas e

consolidar os ganhos obtidos durante a ação. Segundo Babeu et al.

(2004) e Toral (2006), o indivíduo já modificou o seu comportamento e

o manteve há mais de 6 meses. Na audiologia, o indivíduo integrou o

uso do AASI em seu estilo de vida e se sente confortável quanto à sua

DA, utilizando-se de estratégias de comunicação e pedindo ajuda

quando necessário.

Recaída

É um evento que encerra o estágio de ação ou manutenção, solicitando

um movimento cíclico de volta por meio dos estágios iniciais de pré-

contemplação ou contemplação (DICLEMENTE et al., 1991). Na

manutenção, sustentar um novo comportamento intencional é difícil.

Após seis meses o problema pode não ter desaparecido

completamente e também haver recaída.

Término

Neste estágio, a tentação de retornar ao comportamento antigo é nula

e há 100% de auto-eficácia. Não importa a situação que enfrente, o

indivíduo estará confiante de que continuará com seu comportamento

saudável e não alternativas de recaída (PROCHASKA, 2008).

2.2.1.2. PROCESSOS DE MUDANÇA

Para Prochaska, DiClemente e Norcross (1992), os estágios de mudança

representam uma dimensão de tempo que indica quando uma mudança de atitude

em particular ocorreu, enquanto que os processos de mudança descrevem os

mecanismos pelos quais ocorrem as mudanças de atitude.

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2. Revisão de Literatura 35

Segundo Babeu et al. (2004), se o profissional tem uma compreensão dos

dez processos de mudança e segue uma intervenção educacional adequada, o

mesmo pode promover a mudança de atitude frente ao comportamento

problemático. De acordo com Bandini (2006), os processos de mudança

compreendem as ações e estratégias, conscientes ou não, que o indivíduo usa para

progredir por entre os estágios. Há duas principais categorias de processos de

mudança: cognitiva e comportamental.

Para Prochaska et al. (1994 apud Babeu et al., 2004), os processos

cognitivos estão focados internamente, no que o indivíduo está pensando e/ou

sentindo sobre o comportamento. Os processos cognitivos que são eficazes

principalmente durante os estágios de pré-contemplação e contemplação são:

conscientização, catarse, avaliação sócio-ambiental, auto-avaliação e liberação

social.

Tabela 2 – Processos Cognitivos de Mudança

Processos Cognitivos Definição

Conscientização

Esforço para aumentar o nível de sensibilização do problema por

meio de observação, confrontação, interpretação, feedback e

material informativo (PROCHASKA, DICLEMENTE e

NORCROSS, 1992). Neste processo o fonoaudiólogo pode

fornecer informações individuais sobre a perda auditiva, seu

impacto na qualidade de vida, bem como as causas da mesma

(BABEU et al., 2004).

Catarse

Neste processo está incluso a experimentação e expressão de

sentimentos sobre os problemas e soluções (PROCHASKA,

DICLEMENTE e NORCROSS, 1992). Por mais ouvir que falar, o

fonoaudiólogo capacitará o indivíduo para articular seu ponto de

vista sobre sua condição auditiva e soluções para o seu problema

(BABEU et al., 2004).

Avaliação sócio-

ambiental

Consiste na avaliação de como um problema afeta um ambiente

físico (PROCHASKA, DICLEMENTE e NORCROSS, 1992). No

caso da DA, avalia-se seus efeitos sobre o ambiente social e

físico, bem como o custo financeiro e emocional da perda auditiva

para a sociedade e para a família (BABEU et al., 2004).

Auto-avaliação

Esta auto-avaliação deve focar sobre como o indivíduo sente e

pensa sobre si mesmo a respeito do seu comportamento,

envolvendo clareza de valores, imagens internas e experiências

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2. Revisão de Literatura 36

emocionais a respeito do problema comportamental

(PROCHASKA, DICLEMENTE e NORCROSS, 1992).

Liberação social

A liberação social foca o aumento de alternativas para

comportamentos não problemáticos na sociedade (PROCHASKA,

DICLEMENTE e NORCROSS, 1992). Neste processo o indivíduo

conscientiza-se ou percebe que a sociedade em geral está

começando a ser mais compreensiva e aceitando-o (BABEU et al.,

2004)

Os processos comportamentais incidem diretamente na mudança de

comportamento. São atitudes que o indivíduo pode ter para lidar com o seu

problema. Os processos comportamentais os quais são eficazes principalmente

durante os estágios de preparação, ação e manutenção são: auto-liberação, reforço,

contra-condicionamento, controle de estímulos e apoio social (PROCHASKA et al.

1994 apud Babeu et al., 2004).

Tabela 3 – Processos Comportamentais de Mudança

Processos Comportamentais

Definição

Auto-liberação

O foco deste processo é a escolha e o compromisso de agir ou de

crença na capacidade de mudar (PROCHASKA, DICLEMENTE e

NORCROSS, 1992).

Reforço

Neste processo o indivíduo recompensa-se a si mesmo ou é

recompensado pelos outros devido ao esforço realizado para a

mudança de comportamento (PROCHASKA, DICLEMENTE e

NORCROSS, 1992). O reforço deve ser continuado quanto ao uso

do AASI fornecendo informações sobre a necessidade de

expectativas realistas, estratégias de comunicação para o novo

usuário de AASI e seus amigos, familiares e parceiros (BABEU et

al., 2004).

Contra-

condicionamento

O contra-condicionamento envolve alternativas substituindo

comportamentos problema (PROCHASKA, DICLEMENTE e

NORCROSS, 1992). Por exemplo, quando uma pessoa está

chateada com os problemas de comunicação causados pela

perda auditiva, o uso de técnicas de relaxamento pode ajudar a

reduzir a ansiedade (BABEU et al., 2004).

Controle de estímulos No controle de estímulos o indivíduo evita ou se opõe aos

estímulos que eliciam comportamentos problema (PROCHASKA,

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2. Revisão de Literatura 37

DICLEMENTE e NORCROSS, 1992). Compreende a este

processo a reestruturação ambiental para minimizar a exposição

ao problema. Para Prochaska, Prochaska e Levesque (2001),

essa reestruturação será para eliciar um novo comportamento e

inibir o comportamento prévio.

Apoio social

Envolve a formação de relacionamentos de ajuda com pessoas

que compreendem e apóiam o esforço realizado frente à mudança

de comportamento (DICLEMENTE e SCOTT, 1997). Neste

processo há a capacitação do indivíduo com o fornecimento de

mais opções e recursos (PROCHASKA, PROCHASKA e

LEVESQUE, 2001).

2.2.1.3. BALANÇA DECISÓRIA

Prochaska, Prochaska e Levesque (2001) afirma que a balança decisória

deriva de um trabalho de Janis e Mann (1977) que consiste em duas escalas, a de

“prós” e a de “contras” a respeito da mudança de comportamento. Prochaska et al.

(1994) constatou que a balança de “prós e contras” foi sistematicamente

relacionados com o estágio de mudança em todos os comportamentos analisados:

os “contras” superando os “prós” no estágio de pré-contemplação havendo um

cruzamento entre eles nos estágios intermediários (contemplação e preparação) e

os “prós” compensando os “contras” no estágio de ação.

2.2.1.4. AUTO-EFICÁCIA

A auto-eficácia envolve a confiança que o indivíduo tem em si mesmo

para superar situações de desafios em sua mudança comportamental e a habilidade

de enfrentar as tentações contrárias a esta mudança (PROCHASKA, DICLEMENTE

e NORCROSS, 1992). Bandura (1982) propôs a teoria de que a percepção pessoal

de confiança a respeito das habilidades de modificar comportamentos está

relacionada ao sucesso de realmente modificá-los.

Desde a sua criação, muitos estudos têm sido realizados utilizando este

modelo de intervenção em vários âmbitos tais como: uso de drogas, tabagismo,

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2. Revisão de Literatura 38

etilismo, prevenção de injúrias, atividade física, alimentação e controle de peso,

sono, gerenciamento do stress e aderência ao uso de anti-hipertensivos.

Na área de Fonoaudiologia a aplicação do modelo transteórico é ainda

recente e os estudos ainda são escassos.

Van Leer, Hapner e Connor (2008) aplicaram o MTT no processo

terapêutico vocal para fornecer um quadro organizado para a compreensão da

mudança de comportamento na terapia de voz, explanar como os problemas de

aderência ao tratamento podem surgir e fornecer estratégias para avaliar

informalmente a prontidão do paciente e facilitar a mudança de comportamento.

Neste estudo, o clínico, por meio de entrevista usando uma abordagem motivacional

centrada no cliente, segue o processo terapêutico no MTT. As autoras concluíram

que o MTT fornece um modelo prático de mudança de comportamento intencional

que pode ter relevância para a terapia de voz. Para elas, o modelo ilustra a busca da

mudança de comportamento em formato de estágios a partir da conceituação inicial

de mudanças internas para a integração a longo prazo de um novo comportamento

visível. Concluíram ainda que os processos de mudança apropriados para os

estágios e o apoio da auto-eficácia ao longo do tratamento podem fornecer

orientações para os fonoaudiólogos que visam melhorar a adesão ao tratamento

bem como a sua eficácia.

Floyd, Zebrowski e Flamme (2007) analisaram a medida a qual as

respostas dadas por 44 adultos com disfluência a um questionário de estágios de

mudança modificado produzem interrelações entre os itens deste questionário que

são compatíveis com a interpretação baseada em estágios. Os achados deste

estudo indicaram que o questionário modificado aplicado foi relativamente bem

adaptado e que, analisando os resultados da correlação entre os estágios, os de

contemplação e ação se correlacionaram positivamente com os seus adjacentes. Os

indivíduos tenderam a se mover em sequência por entre os estágios. Os resultados

sugeriram que um questionário incorporando itens que refletem melhor as variáveis

comportamentais, cognitivas e afetivas que caracterizam a disfluência pode

discriminar melhor os estágios de mudança em pessoas com disfluência, como elas

caminham com a terapia ou estão envolvidos na mudança auto-dirigida.

Raymond e Lusk (2006) investigaram a utilidade do MTT para pesquisa

com operários usuários de protetor auricular focando especialmente no modelo de

suposições relatadas para os constructos da balança decisória e auto-eficácia.

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2. Revisão de Literatura 39

Neste estudo participaram 1.245 operários de uma fábrica automotiva que eram

expostos a altos níveis de ruído durante a jornada de trabalho. Todos responderam

a três perguntas sobre o uso do protetor auricular usando uma escala de pontuação

variando de 0 a 100: qual a porcentagem de uso do protetor auricular na semana

anterior quando exposto a altos níveis de ruído; qual a porcentagem de uso do

protetor auricular no mês anterior quando exposto a altos níveis de ruído; e qual a

porcentagem de uso do protetor auricular o indivíduo desejaria alcançar no ano

seguinte quando exposto a altos níveis de ruído. Por meio destas questões foram

levantados os estágios de mudança nos quais cada indivíduo se encontrava. Para o

levantamento de dados para a balança decisória e a auto-eficácia foi utilizado o

Modelo Preditor de Uso de Proteção Auditiva. Os escores encontrados para a auto-

eficácia no estágio de manutenção indicaram maior confiabilidade na habilidade para

o uso regular do protetor auricular, sendo esses escores significativamente maiores

que os encontrados nos estágios anteriores. Quanto à balança decisória, os valores

sugeriram que os participantes perceberam maiores barreiras para o uso de protetor

auricular em estágios anteriores e menores nos posteriores e maiores benefícios nos

estágios posteriores. Os autores concluíram que, como primeira aplicação do MTT

em operários usuários de protetor auricular, houve suporte para a identificação dos

estágios no uso de protetor auricular expressando características distintas

consistente com muitas precedidas pelo MTT. Para eles, outras pesquisas com este

quadro pode oferecer oportunidades para intervenções sob medida. Concluem ainda

que a exposição generalizada das populações de trabalhadores a altos níveis de

ruído e a dificuldade em conseguir que os trabalhadores utilizem o protetor auricular

também apontam para a necessidade de esforços contínuos para aumentar o uso do

protetor auditivo para prevenir a PAIR.

Babeu et al. (2004) a fim de relacionar o MTT na área de reabilitação

audiológica e compreender as mudanças de comportamento dos candidatos ao uso

de AASI, sugerem uma validação na área, pois é possível aumentar a adesão ao

uso deste dispositivo tão importante.

Lesner e Kricos (2003), em seu estudo teórico, analisam o MTT no que se

refere ao reconhecimento e ajuste à perda auditiva. Os autores propõem identificar o

estágio de mudança em que o paciente se encontra para poder ajudá-lo a mover-se

por entre os estágios aplicando também os processos de mudança. Para esses

autores, o profissional deve desempenhar o papel de facilitador e de “expert”. Os

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2. Revisão de Literatura 40

mesmos concluem que o MTT facilita esse reconhecimento e ajuste do indivíduo que

com perda auditiva.

2.3. ATITUDE FRENTE À DEFICIÊNCIA AUDITIVA E O APARELHO DE

AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL

Atitude, segundo Ajzen (2005), é uma disposição para responder

favoravelmente ou desfavoravelmente para um objeto, pessoa, instituição, ou evento

por meio de respostas mensuráveis. Respostas essas dirigidas ao próximo e

respostas direcionadas a si mesmo, comportamentos realizados em público e

comportamentos realizados consigo mesmo, entre ações e reações.

Essas respostas estão classificadas em três categorias: cognitivas,

afetivas e conativas. A cognitiva reflete a percepção do indivíduo frente à atitude

almejada enquanto que na afetiva, as atitudes podem ser inferidas tendo relação

com a avaliação do sentimento frente a essas atitudes almejadas. As respostas de

natureza conativas são inclinações comportamentais, intenções, compromissos e

ações com respeito à atitude objetivada.

Brooks (1989) conclui que a atitude é um determinante importante de uso

do AASI e também sugere que atitudes aberrantes podem, em muitos indivíduos, ser

modificadas por meio de aconselhamento de forma a melhorar os resultados

alcançados.

Alguns instrumentos vêm sendo desenvolvidos a fim de mensurar as

atitudes das pessoas com deficiência auditiva frente à deficiência ou proposta de

intervenção, como, por exemplo, o uso do AASI. Em geral, os pacientes avaliam sua

dificuldade auditiva em um número de situações específicas por meio de uma escala

numérica ou classificatória, a partir da qual é calculada a pontuação quanto à

restrição de participação e a limitação de atividade. Os questionários são utilizados

freqüentemente para avaliar o benefício do AASI comparando a pontuação pré e

pós-adaptação (SAUNDERS e CIENKOWSKI, 1996).

O questionário “Atitudes Frente à Deficiência Audtiva” (Attitudes Towards

Hearing Loss Questionnaire – ALHQ) é um questionário que foi refinado e validade

estatisticamente por Saunders e Cienkowski (1996). O mesmo, no início desse

estudo, era formado por 39 afirmações, das quais 33 respondidas no formato “sim”

ou “não”, quatro respondidas numa escala de 3 pontos e duas em uma escala de 2

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2. Revisão de Literatura 41

pontos. Passando a ser formado, ao término do mesmo, por 24 questões, sendo 23

no formato “sim” ou “não” e uma respondida em uma escala de três pontos. Essas

questões eram divididas em cinco subescalas: 1) impacto social e emocional da

perda auditiva; 2) aceitação e ajuste à perda auditiva; 3) percepção de apoio de

pessoas significativas; 4) estigma do AASI; e 5) consciência da perda auditiva. Os

achados desse estudo mostrou que os dados audiométricos pouco explicaram a

variação na pontuação de atitude, idade e outros dados demográficos não se

correlacionaram com as atitudes também. Além disso, os traços de personalidade de

extroversão, auto-estima e ansiedade desempenhou um maior papel na

determinação da atitude. Os autores concluíram que o ALHQ é psicometricamente

aceitável, além de considerá-lo uma potencial ferramenta de uso clínico. Concluíram

ainda, que o mesmo poderia ser usado como base para o aconselhamento e

acompanhamento de mudanças de atitudes nos pacientes ao longo do tempo.

Em 2000, Cienkowski e Saunders, com o objetivo de revisar o ALHQ a fim

de melhorar a sua confiabilidade estatística e, ao mesmo tempo, investigar a

possibilidade de acrescentar ou substituir subescala, criaram o R-ALHQ (Revised

Attitudes Towards Hearing Loss Questionnaire) passando a ter 25 questões no

formato “sim” ou “não”, “falso” ou “verdadeiro” e “concordo” ou “discordo”, divididas

nas seguintes subescalas: 1) impacto social da perda auditiva; 2) ajuste à perda

auditiva; 3) negação da perda auditiva; 4) destreza; e 5) estigma.

Cinco anos depois, em Saunders et al. (2005) é lançada a versão 3.0

agora composta por 22 questões cujas respostas seguem uma escala de cinco

pontos: “a” discordo totalmente, “b” discordo, “c” não concordo nem discordo, “d”

concordo e “e” concordo totalmente. Essas questões também eram divididas em

cinco subescalas: 1) negação da perda auditiva; 2) associações negativas; 3)

estratégias negativas de enfrentamento; 4) destreza manual e visual; e 5) estima

relacionada a audição. Esta versão apresentou uma boa consistência interna e está

melhor que a última versão e apresenta sensibilidade clínica, alta confiabilidade

teste-reteste e baixa correlação interescala o que mostra que cada escala mede um

diferente constructo. Saunders, Forsline e Jacobs (2007) disponibilizou além do

formato papel e caneta, a versão eletrônica do questionário.

A partir da revisão de literatura conclui-se que até o momento não foram

encontrados estudos sobre a utilização do modelo transteórico em pessoas com

deficiência auditiva que passam pelo processo de seleção e adaptação do AASI.

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2. Revisão de Literatura 42

Desta forma este estudo foi delineado de maneira a explorar as possibilidades do

aconselhamento nos moldes deste modelo, na primeira etapa deste processo.

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3. Objetivo

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3. Proposição 45

3. OBJETIVO

Analisar o MTT aplicado ao aconselhamento para indivíduos com

deficiência auditiva candidatos ao uso de AASI.

3.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

– Caracterizar as atitudes em relação à deficiência auditiva e uso do

AASI em pessoas com esta deficiência e que são candidatas ao uso da amplificação

antes e após a concessão do AASI;

– Comparar as atitudes de candidatos frente à deficiência auditiva e uso

da amplificação antes e após a sessão de aconselhamento;

– Caracterizar o estágio de mudança em que o paciente se encontra

durante o período de pré e pós concessão do AASI.

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4. Material e Métodos

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4. Material e Métodos 49

4. MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo clínico analítico experimental foi realizado na Clínica de

Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São

Paulo (FOB-USP) e na Divisão de Saúde Auditiva do Hospital de Reabilitação de

Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC-USP), ambas

credenciadas pelo Ministério da Saúde para oferecer serviços de alta complexidade

em saúde auditiva, gratuitamente, para a população.

O projeto foi, juntamente com um termo de aquiescência da coordenação

da Divisão de Saúde Auditiva autorizando a sua realização naquele

estabelecimento, submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da

FOB-USP, sendo aprovado pelo mesmo (Processo nº 103/2009).

4.1. PARTICIPANTES

Todos os participantes estavam regularmente matriculados ou na Clínica

de Fonoaudiologia da FOB–USP ou na Divisão de Saúde Auditiva do HRAC-USP e

participaram como voluntários recebendo uma carta de informação e assinando o

termo de consentimento livre e esclarecido, de acordo com os preceitos éticos de

realização de pesquisas com seres humanos.

Vinte indivíduos (10 do gênero feminino e 10 do gênero masculino) com

idades variando entre 25 e 64 anos participaram do estudo. Os participantes

apresentavam deficiência auditiva neurossensorial pós-lingual bilateral simétrica (n=

13, 65%) ou assimétrica (n= 7, 35%). Todos os indivíduos não possuíam experiência

prévia com uso do aparelho de amplificação sonora individual, com exceção de um

deles que havia feito teste e recebeu AASI em outro serviço há mais de cinco anos,

mas que abandonou o tratamento em função do AASI “incomodar muito”.

A Tabela 4 mostra os dados demográficos, audiométricos e o aparelho de

amplificação sonora individual dos participantes. Para a classificação do grau da

perda auditiva foi considerada a média dos limiares audiométricos da melhor orelha

nas freqüências de 500, 1k, 2k e 4 kHz (média ISO) e, de acordo com os critérios da

Organização Mundial da Saúde (1991), os participantes apresentaram perda auditiva

leve (n= 9, 45%), moderada (n= 10, 50%) e severa (n= 1, 5%).

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4. Material e Métodos 50

Os AASIs adaptados aos participantes eram digitais com compressão de

área dinâmica ampla multicanal sendo o número de canais igual a dois (n= 1, 5%),

três (n= 1, 5%), quatro (n= 8, 40%), cinco (n= 2, 10%), seis (n= 2, 10%), oito (n= 2,

10%) e dezesseis (n= 4, 20%). Todos os dispositivos apresentaram algoritmos de

redução de ruído e de feedback. Os AASIs open fit deste estudo (n= 11, 55%) não

possuíam bobina telefônica, os demais AASI a possuíam.

Para a determinação da duração da deficiência auditiva foi considerado o

relato do indivíduo durante a anamnese. A Classificação Sócio-Econômica (CSE)

(Graciano et al., 1997) bem como a escolaridade foram obtidas nos prontuários dos

participantes.

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4. Material e Métodos 51

Participante Idade Gênero Escolaridade Nível Sócio-Econ. Duração DA

Média ISO Limiares

Audiométricos (dB NA) Tipo de AASI

(anos) (meses) OD OE

P1 62 Masc. Fund. Inc. Baixa Superior 624 57,5 57,5 Retroauricular

P2 33 Fem. Médio C. Baixa Superior 48 42,5 40 Open Fit

P3 48 Masc. Fund. C. Baixa Superior 120 36,25 40 Open Fit

P4 63 Masc. Fund. Inc. Baixa Superior 24 45 47,5 Retroauricular

P5 63 Fem. Fund. Inc. Baixa Superior 96 33,75 50 Intra-canal

P6 51 Masc. Fund. Inc. Baixa Superior 8 35 38,75 Open Fit

P7 58 Fem. Fund. Inc. Baixa Superior 9 73,75 57,5 Retroauricular

P8 64 Fem. Fund. Inc. Baixa Superior 240 62,5 52,5 Retroauricular

P9 55 Masc. Fund. Inc. Baixa Superior 612 67,5 57,5 Intra-canal

P10 59 Masc. Médio Inc. Baixa Superior 36 37,5 36,25 Open Fit

P11 58 Fem. Fund. Inc. Baixa Superior 336 73,75 75 Retroauricular

P12 64 Fem. Analfabeto Baixa Superior 120 45 46,25 Open Fit

P13 34 Fem. Médio C. Baixa Superior 12 48,75 52,5 Micro-canal

P14 62 Fem. Fund. C. Baixa Superior 36 51,25 47,5 Open Fit

P15 29 Fem. Sup. C. Baixa Inferior 276 38,75 41,25 Open Fit

P16 50 Masc. Médio Inc. Baixa Superior 120 51,25 50 Open Fit

P17 59 Masc. Fund. C. Baixa Inferior 24 30 26,25 Open Fit

P18 60 Masc. Fund. Inc. Baixa Superior 636 50 46,25 Micro-canal

P19 62 Masc. Fund. C. Baixa Superior 120 42,5 35 Open Fit

P20 25 Fem. Médio C. Baixa Superior 60 35 30 Open Fit

Tabela 4 - Dados demográficos, audiométricos e dos aparelhos de amplificação sonora individuais dos participantes

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4. Material e Métodos 52

Legenda:

Masc.= Masculino

Fem. = Feminino

Fund. Inc. = Fundamental Incompleto

Fund. C. = Fundamental Completo

Médio Inc. = Médio Incompleto

Médio C. = Médio Completo

Sup. C. = Superior Completo

Média ± dp 52,95±12,60 177,85±212,66 47,88±13,20 46,38±11,16

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4. Material e Métodos 53

Participante Após diagnóstico audiológico

e otoplástica (caso necessário)

ALHQ

2ª Sessão de Aconselhamento

Escala de Prontidão

Babeu et al. (2004)

Balança Decisória

Prim

eiro

Enc

ontr

o

ALHQ

2ª Sessão de Aconselhamento

Escala de Prontidão

Babeu et al. (2004)

Balança Decisória Seg

undo

Enc

ontr

o

Retorno para

teste com AASI

ALHQ

3ª Sessão de Aconselhamento

Escala de Prontidão

Babeu et al. (2004)

Balança Decisória Ter

ceiro

Enc

ontr

o

Retorno após

concessão do AASI

4.2. PROCEDIMENTO

A coleta de dados foi realizada após o pesquisador entrar em contato com

os participantes para obter a autorização para a realização da pesquisa.

A ilustração das principais etapas percorridas nessa fase do trabalho está

na Figura 1, abaixo. A descrição detalhada de cada etapa é apresentada em

seguida.

Figura 1 – Fluxograma do atendimento

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4. Material e Métodos 54

4.2.1. APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO “ATITUDES FRENTE ÀS PRÓTESES

AUDITIVAS” ALHQ v 3.0

Após a avaliação audiológica e antes do início da sessão de

aconselhamento, os participantes responderam ao “Questionário – Atitudes Frente à

Deficiência Auditiva” (ALHQ) versão 3.0 para candidatos, elaborado por Saunders et

al. (2005) traduzido por Bastos et al. (2009). Trata-se de um questionário

desenvolvido para elucidar algumas das questões psicossociais subjacentes à

recusa em adquirir ou utilizar a amplificação e também foi utilizado neste estudo

para auxiliar no aconselhamento neste período de pré-adaptação do AASI. O ALHQ

(Anexo A) é composto por 22 itens divididos em cinco subescalas:

(a) Negação da perda auditiva (itens 1, 2, 3, 7, 13 e 16): aborda questões

relacionadas à aceitação e reconhecimento da perda auditiva. Três questões estão

relacionadas ao reconhecimento das dificuldades auditivas e as outras três se

referem à aceitação da necessidade de uso do AASI;

(b) Associações negativas (itens 4, 9, 11 e 18): avalia se o indivíduo

associa o AASI ao envelhecimento ou considera este dispositivo constrangedor;

(c) Estratégias negativas de enfrentamento (itens 1, 5, 10, 12, 15, 17, 19 e

22): três itens são diretamente relacionados ao impacto da perda auditiva nas

interações sociais, quatro relacionam-se às reações emocionais frente à perda

auditiva e uma se refere à percepção do indivíduo sobre a opinião dos outros acerca

da sua perda auditiva;

(d) Destreza manual e visão (itens 8, 14 e 20): avalia a habilidade do

indivíduo de manipular o AASI;

(e) Estima relacionada à audição (itens 6 e 21): verifica o impacto da

perda auditiva na autoconfiança do indivíduo.

Neste questionário, cada afirmativa é respondida por meio de uma escala

de cinco pontos, onde o participante pode responder desde “a” = Discordo

totalmente até “e” = Concordo totalmente, passando por “b” = Discordo, “c” = Nem

discordo e nem concordo, e “d” = Concordo.

A pontuação do questionário foi realizada manualmente, da seguinte

forma: 1 ponto para a alternativa “a”, 2 pontos para “b”, 3 pontos para “c”, 4 pontos

para “d” e 5 pontos para “e”. Nas subescalas de negação da perda auditiva e estima

relacionada à audição, os itens 1, 2, 6 e 21 foram pontuados de forma reversa, ou

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4. Material e Métodos 55

seja, 1 ponto para “e”, 2 pontos para “d”, 3 pontos para “c”, 4 pontos para “b” e 5

pontos para “a”. Deve-se ressaltar que a pontuação reversa para os itens 6 e 21

seguiu a orientação de Bastos et al. (2009).

A pontuação em uma dada subescala é obtida pela média aritmética,

sendo assim a pontuação mínima é igual a “um” e a pontuação máxima é igual a

“cinco”. Pontuações mais próximas de cinco estão relacionadas com uma atitude

mais negativa, por exemplo: negação ao invés de aceitação da perda auditiva,

associações negativas ao AASI, estratégias de enfrentamento ruins, pouca destreza

manual e acuidade visual e baixa estima relacionada à audição (SAUNDERS et al.,

2005).

A aplicação do questionário foi realizada pelo pesquisador, utilizando-se

do formato de entrevista. A administração do ALHQ durou, aproximadamente, 10

minutos. Foi solicitado aos participantes que acompanhassem a leitura do

questionário e assinalassem a letra correspondente à resposta que mais se parecia

com o seu julgamento.

O ALHQ foi aplicado também pelo pesquisador em outros dois momentos:

no retorno do participante para o teste do aparelho de amplificação sonora individual

e pelo menos uma semana após a concessão do AASI. Cabe ressaltar que, para

cada momento, foi utilizado um questionário em branco, ou seja, os participantes

não tiveram contato com o respondido no encontro anterior.

4.2.2. ACONSELHAMENTO DE AJUSTE PESSOAL

As sessões de aconselhamento foram iniciadas logo após a avaliação

audiológica. Todas as sessões, para todos os participantes, foram realizadas pelo

pesquisador. O aconselhamento seguiu pressupostos do MTT e estratégias

propostas por Babeu et al. (2004), além de materiais gerados pelo Ida Institute.

O Ida Institute (www.idainstitute.dk) é uma organização educacional

independente sem fins lucrativos localizada em Copenhague, Dinamarca. Seu

objetivo é proporcionar maior conhecimento e uma compreensão mais holística da

complexa jornada da pessoa com deficiência auditiva de forma a fornecer subsídios

para os profissionais da audiologia, visando melhor assistência ao cliente. Este

instituto tem como compromisso gerar e transmitir conhecimento inovador, prático e

factível organizado em torno de conceito de aprendizagem colaborativa que melhora

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4. Material e Métodos 56

e facilita o intercâmbio entre pensamentos, lideranças, profissionais, educadores e

grupos de apoio profissional.

Dentre os materiais gerados pelo Ida Institute estão a “Escala de

Prontidão” e a Balança Decisória as quais foram utilizados neste estudo.

A “Escala de Prontidão” é uma adaptação da proposta de Rollnick et al.

(1999). Ela é utilizada para esclarecer onde o paciente se vê no processo de

mudança e foca a importância da mudança de comportamento desejado, a auto-

confiança do paciente e crença na sua própria capacidade para alcançar esta

mudança. Duas escalas são utilizadas na proposta do Ida Institute (Figura 2):

• Primeira: usada para identificar o objetivo, o quanto é importante para o

paciente melhorar a sua audição naquele momento.

• Segunda: usada para identificar o processo e investigar a crença na auto-

eficácia, como o paciente classifica a sua vontade de chegar a uma

solução específica.

Os pacientes são convidados a responder cada questão em uma escala

de zero a 10 (Bundesen, 2010).

Figura 2 – “Escala de Prontidão”

A Balança Decisória (Figura 3), por sua vez, é uma adaptação de Janis e

Mann (1977). Usada em combinação com a “Escala de Prontidão”, auxiliará o

paciente a tornar-se consciente de suas próprias questões negativas e positivas em

torno da perda auditiva e proporcionar uma melhor imagem do que o motiva e o

apóia para a mudança. Ao preenchê-la, o paciente faz uma imagem clara de si

mesmo de sua ambivalência – indicando seus motivos para a continuação de um

1. O quanto é importante para você melhorar a sua audição agora?

0 10

2. Quanto você acredita estar preparado para usar, por exemplo,

aparelhos auditivos ou estratégias de comunicação?

0 10

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4. Material e Métodos 57

comportamento indesejável e seus motivos para querer mudar esse comportamento.

A mesma é projetada para abrir um profundo diálogo com o paciente podendo levá-

lo a convencer-se a mudar o seu comportamento (Bundesen, 2010).

Figura 3 – Balança Decisória

1. Quais as vantagens em continuar

como está? Sem usar aparelhos

auditivos.

2. Quais as desvantagens em continuar

como está? Sem usar aparelhos

auditivos.

3. Quais as desvantagens em usar

aparelhos auditivos?

4. Quais as vantagens em usar

aparelhos auditivos?

Todas as sessões de aconselhamento foram filmadas por meio de uma

câmera Sony Handycam DCR-SR45 com o auxílio de um tripé semi-profissional

Goldship. Exceções ocorreram para um participante (P14) que não foi filmado na

primeira sessão e outro (P9) que se recusou a ser filmado na segunda e terceira

sessão de aconselhamento. O tempo de duração, em minutos, das sessões filmadas

com cada participante pode ser observado na Tabela 5.

Tabela 5 – Tempo de duração, em minutos, de cada sessão de aconselhamento

Participante 1ª sessão 2ª sessão 3ª sessão

P1 41 15 23

P2 34 27 54

P3 46 23 23

P4 29 14 17

P5 22 30 49

P6 35 26 22

P7 35 12 10

P8 48 41 66

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4. Material e Métodos 58

P9 15 - -

P10 38 35 30

P11 28 25 51

P12 29 29 20

P13 45 37 73

P14 - 22 17

P15 54 33 43

P16 19 29 27

P17 18 30 51

P18 27 26 32

P19 29 31 15

P20 44 28 28

Maior duração 54 41 73

Menor duração 15 12 10

Média ± dp 33,47 ± 10,98 27,00 ± 7,54 34,26 ± 18,30

4.2.2.1. PRIMEIRA SESSÃO DE ACONSELHAMENTO

A primeira sessão de aconselhamento variou em torno de 15 a 54

minutos. Pelo fato da primeira sessão ocorrer logo após os procedimentos de

diagnóstico audiológico e, na Divisão de Saúde Auditiva, os procedimentos de

otoplástica (quando necessários, apesar de que os mesmos deveriam ser realizados

após a sessão de aconselhamento como ocorreu na Clínica de Fonoaudiologia) e

aplicação do ALHQ, o aconselhamento geralmente se iniciava com o pesquisador

questionando o participante sobre quais informações o mesmo gostaria de receber a

respeito do diagnóstico da deficiência auditiva.

De acordo com a resposta do participante a esta questão era realizado o

aconselhamento informativo a respeito da deficiência auditiva e/ou aparelho de

amplificação sonora individual fazendo uso de uma linguagem simples para melhor

entendimento e com o apoio de informações visuais e animações contidas no

software eCaps (Oticon, 2006 ). Este momento foi direcionado à conscientização do

indivíduo, aumentando o nível de sensibilização do mesmo quanto à sua perda

auditiva e a necessidade do uso do AASI. O participante também foi questionado

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4. Material e Métodos 59

quanto à comunicação e convívio social de modo a permitir uma breve auto-

avaliação sócio-ambiental quanto aos efeitos negativos do seu problema de audição.

Pelo fato de todos os participantes apresentarem perda auditiva do tipo

neurossensorial, a alternativa de tratamento indicada pelo otorrinolaringologista era

a utilização do aparelho de amplificação sonora individual. Em virtude de a pesquisa

ser realizada em um serviço de saúde auditiva os participantes puderam observar

nas salas de espera outros indivíduos com deficiência auditiva usuários de AASI,

assim o pesquisador aproveitou-se desta observação para levá-lo a uma reflexão

sobre como a sociedade está reagindo à pessoa com deficiência auditiva e ao uso

do aparelho de amplificação sonora individual, propiciando uma breve reflexão

quanto o processo de liberação social.

Ainda nesta primeira parte da sessão, o pesquisador questionou os

participantes a respeito de seus sentimentos com relação ao diagnóstico recebido,

sua dificuldade de audição e possibilidade do uso do AASI.

Na segunda parte da sessão foi utilizada a “Escala de Prontidão”. Foi

solicitando ao participante indicar de 0 (nem um pouco) a 10 (muito), o quanto era

importante melhorar sua audição e, em seguida, utilizando uma escala idêntica, o

quanto o mesmo acreditava estar preparado para utilizar o AASI ou estratégias de

comunicação.

Nesta ocasião, após o participante responder a cada pergunta, o

pesquisador questionava-o quanto a sua nota. O que o levou a dar determinada

nota. Quando a nota era próxima a nota máxima, o pesquisador questionava “Por

que não 10?” e quando essa nota ficava próxima ao meio da escala, a pergunta era

“Por que não 0?”. Essas informações auxiliavam oportunamente para uma reflexão

quanto à auto-eficácia, a confiança que o indivíduo tinha em si mesmo para superar

o seu problema de audição e enfrentar o desafio da mudança que é o uso do AASI.

O pesquisador questionava o participante se em algum momento, em sua vida, o

mesmo ou alguma pessoa próxima teve que tomar alguma decisão a qual exigisse

persistência, tais como uso de óculos, prótese dentária ou alguma outra parecida e

que após persistir, havia se tornado um hábito e, por meio da resposta, comparava

com o uso do AASI.

Posteriormente o participante foi solicitado a responder qual das

proposições de Babeu et al. (2004), como apontado no Quadro 1, melhor descrevia

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4. Material e Métodos 60

a sua situação naquele momento. Cada afirmativa das que se segue reflete um

estágio de mudança o qual o indivíduo, indiretamente, apontou ao pesquisador.

Quadro 1 – Estágios de Mudança (proposições de Babeu et al., 2004)

Estágio de Mudança Proposições

Pré-contemplação No momento não estou preparado para usar aparelhos auditivos.

Contemplação Tenho pensado que eu possa precisar de aparelhos auditivos.

Preparação Comecei a procurar informações sobre aparelho auditivo.

Ação Eu estou pronto para usar aparelhos auditivos se eles forem

recomendados.

Manutenção Eu estou confortável com a idéia de usar aparelhos auditivos.

Colocar todas essas proposições para que o participante optasse por a

que melhor se identificava foi importante para identificar o estágio de mudança em

que o mesmo está para delinear a melhor estratégia para o aconselhamento. Babeu

et al. (2004), como indicado na Tabela 6, põe como marca do estágio de mudança

de ação a aquisição do AASI e o de manutenção o uso do AASI. Propondo uma

adaptação dessas proposições para este estudo, foi classificada proposição que se

refere ao estágio de manutenção como sendo também referente ao estágio de ação

uma vez que, para o estágio de manutenção, o participante teria que, segundo

Babeu et al. (2004), estar usando o AASI e o novo comportamento desejado e

adquirido há pelo menos seis meses.

Tabela 6 – Estágios de mudança e processos envolvidos em cada estágio

Estágio de

mudança

Processos de

mudança Exemplo de atividade

Pré-contemplação e

Contemplação

Conscientização

• Fornecer informações sobre a sua

perda auditiva, o impacto da

mesma na qualidade de vida, bem

como as causas da perda auditiva

que se referirem a este indivíduo;

• Listar as vantagens e desvantagem

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4. Material e Métodos 61

em buscar ajuda quanto à perda

auditiva.

Catarse

• Discutir sobre o impacto da falha

de comunicação na vida indivíduo;

• Tentar providenciar os AASIs.

Avaliação sócio-

ambiental

• Devem ser ilustrados os efeitos

negativos que a DA não tratada

pode ter sobre uma pessoa, tais

como ansiedade, sintomas de

depressão, frustração, insegurança

e redução da interação social, além

de afetar negativamente também a

vida familiar.

Liberação social

• Discutir os caminhos que a

sociedade de modo geral está

assistindo os indivíduos com DA.

Auto-avaliação

• Discutir os estigmas, mitos e

crenças a respeito da perda

auditiva e/ou do AASI.

Preparação Auto-liberação

• Discutir sobre o aproveitamento

máximo do AASI;

• Fazer uma escala de balanço

decisório listando os “prós e

contras” quanto ao uso do AASI.

Ação Reforço do

gerenciamento

• Adquirir o AASI;

• Participação do indivíduo e do

outro significante do treino de uso

do AASI;

• Pedir para que o paciente registre,

durante este primeiro mês, as suas

principais experiências com o

AASI.

Contra- • Evidencias experiências de

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4. Material e Métodos 62

Manutenção

condicionamento detalhes positivos sobre o uso

diário do AASI;

• Ensinar técnicas de relaxamento

quando experienciado a ansiedade

devido à perda auditiva bem como

ao uso do AASI.

Controle de

estímulos

• Realizar consulta de

acompanhamento na qual serão

fornecidas instruções adicionais

sobre o uso do AASI se

necessário.

Apoio social

• Aproximar ainda mais pessoas

significativas do processo de

reabilitação auditiva o qual o

paciente está passando.

Finalmente, foi solicitado ao participante preencher a balança decisória,

com o objetivo de analisar as crenças do paciente quanto à sua audição e ao uso do

AASI, auxiliando-o no processo de mudança de auto-avaliação, para que o mesmo

pudesse tomar decisões adequadas frente a este novo desafio. Por meio da Balança

Decisória é possível tornar consistente visivelmente os prós e contras da audição

prejudica e do uso do AASI, permitindo a percepção da ambivalência, ou seja, do

querer e não querer a mudança comportamental.

O pesquisador aplicou a balança decisória no formato de entrevista para

que, após refletir sobre cada pergunta, os participantes pudessem preencher a

balança. Dois participantes, P11 e P12, não conseguiram preencher, P11 não era

alfabetizado e P12 alegou não saber mais escrever, sendo necessário que o

pesquisador, após momento de reflexão, peça para que o participante dite suas

respostas para que o profissional possa registrar.

As informações que os participantes escreveram na balança decisória

constituíam uma síntese de suas elocuções. Desta forma, a fim de obter maiores

informações, foi avaliada também a filmagem da sessão de cada participante, ou

seja, do momento da reflexão após cada pergunta o qual foi transcrito. Com exceção

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4. Material e Métodos 63

do participante P14 que não tem a filmagem da primeira sessão, neste caso foram

utilizadas as suas respostas escritas na balança decisória. As respostas dadas na

balança decisória proporcionaram também a inferência do estágio de mudança em

que o participante se encontrava por meio de análise das mesmas proposta por

Prochaska et al. (1994) onde “prós e contras” estão sistematicamente relacionados

com o estágio de mudança: os “contras” superando os “prós” no estágio de pré-

contemplação havendo um cruzamento entre eles nos estágios intermediários

(contemplação e preparação) e os “prós” compensando os “contras” no estágio de

ação.

Ao término desta sessão o pesquisador solicitava ao participante que

realizasse uma reflexão sobre os aspectos discutidos e, caso surgissem outras

questões, estas poderiam ser abordadas no próximo encontro.

Além dos processos de mudança cognitivos citados durante a explanação

da primeira sessão de aconselhamento, os outros processos comportamentais

também foram abordados de acordo com as questões levantadas pelo paciente, as

quais o pesquisador se portou seguindo a Tabela 6.

Mesmo tendo participantes que haviam passado pelo processo de

otoplática antes do aconselhamento, o pesquisa perguntou a todos se estavam

dispostos, depois da primeira sessão de aconselhamento, a ir para o teste com o

AASI e todos responderam que sim, que estavam preparados para teste.

4.2.2.2. SEGUNDA SESSÃO DE ACONSELHAMENTO

A segunda sessão de aconselhamento ocorreu no retorno para testes

com AASI havendo uma variação de tempo entre a primeira e a segunda sessão que

pode ser observada na Tabela 7. Porém, antes dos testes e após a segunda

aplicação do questionário ALHQ, com duração variando entre 12 e 41 minutos. O

pesquisador iniciava a sessão perguntando como o participante passou entre a

primeira e a segunda sessão, se havia surgido alguma dúvida e a esclarecia caso

houvesse alguma. Em seguida, pedia para que o participante contasse o que ele

mais se lembrava da conversa anterior e o convidava a retomar o conteúdo discutido

na sessão anterior.

Nessa retomada, eram apresentadas ao participante a Escala de

Prontidão, as Proposições de Babeu et al. (2004) e a Balança Decisória preenchidas

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4. Material e Métodos 64

no primeiro encontro para que o mesmo pudesse rever e apontar qualquer mudança

que pudesse ter ocorrido ou apenas confirmar o que havia escrito anteriormente.

4.2.2.3. TERCEIRA SESSÃO DE ACONSELHAMENTO

A terceira sessão de aconselhamento ocorreu ao menos sete dias após a

concessão do AASI, com duração entre 10 e 73 minutos. Inicialmente, o pesquisador

solicitava ao participante que respondesse ao questionário ALHQ v3.0 no formato

“usuário”.

A sessão era iniciada com o pesquisador perguntando ao participante

como foi a sua experiência com o AASI e se havia surgido alguma dúvida decorrente

à sua perda auditiva e/ou ao uso do AASI e, caso houvesse, elas eram esclarecidas

pontualmente pelo pesquisador, ou seja, seria feito o aconselhamento informativo

com uma escuta direcionada aos interesses dos participantes. Em seguida, o

pesquisador convidava o participante a revisar a Escala de Prontidão, as

Proposições de Babeu et al. (2004) e a Balança Decisória respondidas na primeira

sessão e alteradas ou não na segunda.

Porém, agora observando o relato da sua experiência comparado ao

benefício esperado com a mudança. Foram permitidas novas elaborações no

sentido de uso do AASI.

4.2.3. SELEÇÃO, VERIFICAÇÃO E CONCESSÃO DO APARELHO DE

AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL

Após o diagnóstico audiológico, os participantes seguiram o protocolo de

atendimento de acordo com o estabelecimento no qual cada um estava matriculado.

Todos passaram pela seleção, verificação e concessão de AASI. Vale ressaltar que,

tanto na Clínica de Fonoaudiologia quanto na Divisão de Saúde Auditiva, os

fonoaudiólogos que realizavam o diagnóstico foram orientados para, na devolutiva

ao participante, se aterem a dar somente o diagnóstico e informá-los que em

seguida teriam um profissional, neste caso o pesquisador, que responderia a todas

as suas dúvidas quanto ao AASI e sua audição.

Na Clínica de Fonoaudiologia, os participantes (n= 7, 35%), após o

diagnóstico, eram encaminhados ao pesquisador para a sessão de aconselhamento.

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4. Material e Métodos 65

O pesquisador, juntamente com o fonoaudiólogo que realizou o diagnóstico da

deficiência auditiva, antes da primeira sessão, definia o tipo de AASI apropriado a

cada participante levando em consideração os dados audiométricos e anamnésticos.

E, a partir de então, o aconselhamento era direcionado ao indivíduo enfocando

também o tipo de AASI selecionado e a sua perda auditiva. Após o término desta

primeira sessão, todos aceitaram passar pelo teste de AASI e quatro participantes

foram para a otoplástica com o pesquisador ou o mesmo fonoaudiólogo responsável

pelo diagnóstico.

No retorno para teste de AASI, ainda na Clínica de Fonoaudiologia, com

exceção do participante o qual foi concedido AASI intracanal, o pesquisador fez

testes com três diferentes AASIs para cada participante, porém ambos eram do

mesmo tipo. Por exemplo, se para o participante, foi selecionado um AASI

retroauricular, o mesmo testaria três AASIs diferentes, no entanto, todos

retroauriculares e assim por diante. Cada AASI era programado segundo a perda

auditiva do participante. Após ser programado, o AASI era colocado no participante

que testaria em ambientes diferentes (dentro da clínica e nos seus arredores) e

também conversando com o pesquisador em ambiente clínico e, em seguida, era

realizado o teste de medidas objetivas com o microfone sonda. Durante o teste com

microfone sonda, o pesquisador poderia realizar ajustes finos na programação do

AASI conforme necessidade apontada tanto pelo participante quanto pelo que

demonstravam as medidas. Depois de ter testado os três, o participante julgava o

qual lhe foi melhor, ou seja, com qual se sentiu mais confortável e, com este, seguia

para a audiometria em campo livre para verificação das medidas funcionais ou

subjetivas e teste de percepção de fala (TPF).

O participante que teve como indicação o AASI intracanal veio para o

teste quando seu AASI foi enviado pelo fabricante à clínica com a capsula

personalizada e fez todas as medidas e o TPF com o mesmo, não sendo testado

nenhum outro e saiu com o ele já concedido. Exceto este, os demais participantes

tiveram que retornar à Clínica de Fonoaudiologia para receber seus AASIs quando

os mesmos viessem após solicitação ao SUS. Neste retorno, o AASI era

programado conforme registro do teste e eram realizadas as medidas com microfone

sonda e em campo livre além do TPF e, em seguida, o mesmo era concedido a

participante.

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4. Material e Métodos 66

Quanto aos participantes matriculados na Divisão de Saúde Auditiva (n=

13, 65%), após o diagnóstico audiológico, todos eram encaminhados para um

segundo fonoaudiólogo que fez a seleção do AASI. Esta seleção ocorreu com base

nos dados audiométricos e anamnésticos, além da opinião do participante, ou seja, o

profissional mostrava imagens dos tipos de AASI, informava o que mais era

compatível com a DA em questão e o participante opinava sobre qual tipo lhe

agradava. Geralmente, o tipo de AASI adotado para teste foi o indicado pelo

participante, independente de ser ou não o mais apropriado para a perda auditiva.

Dos 13 participantes, cinco precisaram realizar otoplástica a qual foi feita pelo

fonoaudiólogo da seleção. Em seguida, os participantes eram encaminhados ao

pesquisador para a sessão de aconselhamento.

A Divisão de Saúde Auditiva mantém um estoque variado de AASI, o que

viabiliza de forma mais rápida a concessão do AASI. Os participantes, no retorno

para teste, com exceção dos que optaram por intra e micro-canal, o fizeram com três

AASIs igualmente aos da Clínica de Fonoaudiologia, porém receberam o AASI no

mesmo dia. Bem como na Clínica de Fonoaudiologia, os participantes colocaram os

três AASIs e testaram em ambientes diferentes (dentro da clínica e nos seus

arredores) e também conversando, neste caso, não com o pesquisador, mas sim

com um terceiro fonoaudiólogo. E, após os testes, com o AASI que o participante

julgava ser o mais confortável, eram feitas as medidas objetivas com microfone

sonda, as funcionais ou subjetivas por meio da audiometria em campo livre e o TPF.

O profissional, durante a realização das medidas, poderia fazer alguns ajustes finos

quanto à programação do AASI. Como na Clínica de Fonoaudiologia, os

participantes que receberam AASI intra ou micro-canal, testaram somente o seu

personalizado quando o mesmo foi enviado à Divisão de Saúde Auditiva após

confecção da cápsula.

Na Tabela 7, pode-se observar o tempo entre a primeira e segunda

sessão de aconselhamento, teste e concessão de AASI, bem como o período de

experiência de cada participante com a amplificação. É possível notar que há uma

variação consideravel quanto ao tempo entre a primeira e segunda sessão e entre o

teste e a concessão de AASI. Isto se deve a diferença do funcionamento de ambos

os estabelecimentos.

Quando se trata de participantes que receberam AASI intra ou micro-

canal (P5, P9, P13 e P18), em ambos os serviços, o tempo entre a primeira e

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4. Material e Métodos 67

segunda sessão de aconselhamento é maior, pois tanto em um quanto no outro há a

dependência das empresas de AASI para a confecção da cápsula. No entanto, os

participantes que receberam retroauricular e open fit, na Divisão de Saúde Auditiva,

precisaram aguardar somente o tempo para vaga e agendamento para teste e

concessão de AASI no mesmo dia, enquanto que os da Clínica de Fonoaudiologia, o

agendamento para o teste foi rápido, porém tiveram que aguardar um longo tempo

para que o AASI solicitado ao SUS fosse providenciado e então concedido ao

mesmo. Isto explica o tempo maior no período entre o teste e a concessão de AASI

para os participantes deste serviço.

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4. Material e Métodos 68

Participante Período entre a 1ª e 2ª sessão de

aconselhamento

Período entre teste e

concessão de AASI

Período entre 2ª e 3ª sessão de

aconselhamento

Período de

experiência com

AASI

(dias) (dias) (dias) (dias)

P1 9 127 134 7

P2 8 106 114 8

P3 13 92 99 7

P4 8 76 83 7

P5 98 0 7 7

P6 8 70 77 7

P7 15 51 58 7

P8 27 0 7 7

P9 45 0 7 7

P10 25 0 8 8

P11 36 0 17 17

P12 36 0 12 12

P13 56 0 7 7

P14 35 0 28 28

P15 40 0 7 7

P16 39 0 12 12

P17 39 0 20 20

P18 55 0 7 7

P19 26 0 9 9

Tabela 7 - Período entre as sessões de aconselhamento, teste e adaptação e experiência com de AASI

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4. Material e Métodos 69

P20 15 0 7 7

Média ± dp 31,65 ± 21,93 26,10 ± 43,21 36,00 ± 41,84 9,90 ± 5,61

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4. Material e Métodos 70

4.3. ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos dados resultantes da Escala de Prontidão, Proposições de

Babeu et al. (2004) e da Balança Decisória foi realizada de forma descritiva por meio

do software Pacotico (v. 5.0). Os resultados do ALHQ foram analisados por meio do

teste não paramétrico de Friedman comparando cada subescala nos três momentos.

Para este caso, adotou-se um nível de significância de 5% foi adotado.

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5. Resultados

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5. Resultados 73

5. REULTADOS

5.1. PRIMEIRA SESSÃO DE ACONSELHAMENTO

As respostas dos participantes para a Escala de Prontidão e Proposições

de Babeu et al. (2004) obtidas na primeira sessão de aconselhamento encontram-se

na Tabela 8.

Tabela 8 – Respostas para Escala de Prontidão e Proposições de Babeu et al.

(2004) na primeira sessão de aconselhamento

Escala de Prontidão

Proposição*

Babeu et al. 2004

Participante Questão 1 Questão 2

P1 9 5 2

P2 10 10 4

P3 10 10 4

P4 10 10 4

P5 9 10 4

P6 10 10 4

P7 10 10 4

P8 10 10 4

P9 10 6 1

P10 10 10 4

P11 10 10 4

P12 10 10 4

P13 8,5 10 4

P14 10 10 4

P15 10 10 4

P16 9 10 4

P17 10 10 4

P18 10 10 4

P19 10 10 4

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5. Resultados 74

P20 10 10 4

Máximo 10 10 10

Mínimo 8,5 5 1

Mediana 10 10 4

*1= Pré-contemplação; 2= Contemplação; 3= Preparação; 4= Ação

O Quadro 2 mostra as respostas do grupo de participantes para a balança

decisória.

Quadro 2 – Balança Decisória na primeira aplicação

1. Quais as vantagens em continuar

como está? Sem usar aparelhos

auditivos.

Não vêem benefício (n = 19)

- (...) não vejo vantagem (...);

- (...) não tem vantagem (...);

- (...) não tem benefício (...).

Estética (n= 1)

- (...) o aparelho mostra muito (...).

Comodidade (n= 1)

- (...) é melhor para dormir (...).

2. Quais as desvantagens em continuar

como está? Sem usar aparelhos

auditivos.

Dificuldade auditiva (n = 13)

- (...) desvantagem de não ouvir (...);

- (...) não escuto direito (...);

- (...) não escuto nada (...);

- (...) prejuízo na audição (...);

- (...) porque não escuto (...);

- (...) quero ouvir direito e não ficar

perguntando (...);

- (...) não ouvir (...);

- (...) ter que aumentar o volume (...);

- (...) ter que apelar para recursos para

ouvir (...);

- (...) perda de informação (...);

- (...) necessidade de aumentar o volume

(...);

- (...) ficar perguntando (...);

- (...) não ouvir bem (...);

- (...) dificuldade em ouvir de longe (...);

- (...) sem aparelho se escuta bem pouco

(...);

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5. Resultados 75

- (...) não escutar o telefone tocar (...).

Restrição de participação (n = 11)

- (...) desvantagem em conversar (...);

- (...) problemas de comunicação (...);

- (...) desvantagem na comunicação (...);

- (...) difícil conversar com os outros,

escutar o que os outros falam (...);

- (...) dificuldade em se comunicar (...);

- (...) não saber o que os outros estão

falando, ver os outros conversar, olhar e

rir; não escutar o que falam (...);

- (...) não entender o que os outros falam

(...);

- (...) não entender direito (...);

- (...) continuar não podendo conversar

(...);

- (...) não poder se comunicar (...);

- (...) desvantagem no trabalho (...)

Receio de que a DA seja progressiva (n=

3)

- (...) ruim porque vou perdendo mais a

audição (...);

- (...) perdendo ainda mais a audição (...);

- (...) medo da minha perda ser

progressiva”).

Dificuldade no relacionamento (n= 2)

- (...) uma possível até separação (...);

- (...) conversar com meu filho e falar com

meu marido pela manhã (...).

Questões de ordem emocional (n= 2)

- (...) para mim é triste (...);

- (...) não quero mais ser rotulada de surda

(...);

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5. Resultados 76

Limitação de atividade (n= 1)

- (...) desvantagem no trabalho; ouvir de

longe no trabalho (...).

3. Quais as desvantagens em usar

aparelhos auditivos?

Não vêem desvantagem (n = 18)

- (...) não vejo desvantagem (...);

- (...) não tem desvantagem (...);

- (...) não tem custo nenhum (...).

Manuseio (n= 1)

- (...) devido à minha visão (...).

Funcionalidade do AASI (n= 1)

- (...) pode aumentar o barulho no meu

serviço e me irritar (...).

4. Benefícios da mudança. De tomar

medidas para melhorar a sua audição.

Melhorar a audição (n= 17)

- (...) vantagem de ouvir (...);

- (...)melhorar a audição (...);

- (...) escutar direito (...);

- (...) ouvir melhor (...);

- (...) ouvir os passarinhos (...);

- (...) ouvir sem precisar de repetições (...);

- (...) melhorar a audição nos sons que

tenho dificuldade e não precisar apelar

para recursos para ouvir (...);

- (...) não vou precisar ficar perguntando

(...);

- (...) ouvir mais; mais rapidez em assimilar

as coisas (...);

- (...) ouvir sem pedir pra repetir (...);

- (...) escutar bem melhor

- (...) escutar melhor” (...)

Melhorar quanto à restrição de

participação (n= 10)

- (...) melhorar a comunicação (...);

- (...) melhorar a minha qualidade no

serviço (...);

- (...) poder me comunicar melhor (...);

- (...) ouvir melhor para me comunicar e

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5. Resultados 77

ouvir quando me chamam (...);

- (...) escutar as pessoas me chamarem

(...);

- (...) comunicação maior com as pessoas

(...);

- (...) assistir filmes que não seja apenas

dublado (...);

- (...) atender e entender melhor os

clientes (...);

- (...) se comunicar; conversar mais (...);

- (...) não vou ficar perguntando “ahn?”

(...).

Melhorar no relacionamento (n= 5)

- (...) vantagem na família (...);

- (...) melhorar no relacionamento (...);

- (...) até para ouvir a minha família (...);

- (...) relacionar (...);

- (...) judar na questão do relacionamento

(...).

Melhorar quanto à limitação de atividade

(n= 3)

- (...) melhor para atender o telefone (...);

- (...) melhorar na produção (...);

- (...) vantagem de ensinar (...).

Qualidade de vida (n= 1)

- (...) melhora no bem-estar (...).

Questão de ordem emocional (n= 1)

- (...) não vou ficar irritada por não

entender (...).

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5. Resultados 78

5.2. SEGUNDA SESSÃO DE ACONSELHAMENTO

As respostas da Escala de Prontidão e das Proposições de Babeu et al.

(2004) encontram-se na Tabela 9.

Tabela 9 – Escala de Prontidão e Proposições de Babeu et al. (2004) na

segunda sessão de aconselhamento

Escala de Prontidão

Proposição*

Babeu et al. 2004

Participante Questão 1 Questão 2

P1 9 5 2

P2 10 10 4

P3 10 10 4

P4 10 10 4

P5 10 10 4

P6 10 10 4

P7 10 10 4

P8 10 10 4

P9 10 6 4

P10 10 10 4

P11 10 10 4

P12 10 10 4

P13 8,5 10 4

P14 10 10 4

P15 10 10 4

P16 10 10 4

P17 10 10 4

P18 10 10 4

P19 10 10 4

P20 10 10 4

Máxima 10 10 4

Mínima 8,5 5 2

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5. Resultados 79

Mediana 10 10 4

*1= Pré-contemplação; 2= Contemplação; 3= Preparação; 4= Ação

O Quadro 3 mostra as respostas do grupo de participantes para a balança

decisória.

Quadro 3 – Balança Decisória na segunda aplicação

1. Quais as vantagens em continuar

como está? Sem usar aparelhos

auditivos.

Não vêem benefício (n = 19)

- (...) não vejo vantagem (...);

- (...) não tem vantagem (...);

- (...) não tem benefício (...).

Estética (n= 1)

- (...) o aparelho mostra muito (...).

Comodidade (n= 1)

- (...) é melhor para dormir (...).

2. Quais as desvantagens em continuar

como está? Sem usar aparelhos

auditivos.

Dificuldade auditiva (n= 10)

- (...) desvantagem de não ouvir (...);

- (...) não escuto direito (...);

- (...) não escuto (...);

- (...) continuar com a audição prejudicada

(...);

- (...) não vou ouvir (...);

- (...) ter que aumentar o volume (...);

- (...) ter que procurar subterfúgio para

ouvir (...);

- (...) questão de não ouvir bem (...);

- (...) perda de informação (...);

- (...) necessidade de aumentar o volume

(...);

- (...) ter que ficar perguntando(...).

Restrição de participação (n= 10)

- (...) desvantagem em conversar (...);

- (...) problemas na comunicação (...);

- (...) desvantagem na comunicação (...);

- (...) desvantagem no emprego (...);

- (...) difícil conversar com os outros e não

entender (...);

- (...) não tem como conversar (...);

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5. Resultados 80

- (...) não entender o que estão falando

(...);

- (...) não entender o que os outros falam

(...);

- (...) não entender direito o que falam (...).

Dificuldade no relacionamento (n= 4)

- (...) na questão do relacionamento (...);

- (...) escutar o que os outros falam

inclusive o marido (...);

- (...) não poder se relacionar com as

pessoas (...);

- (...) ao falar com o filho e com o marido

pela manhã (...).

Limitação de atividade (n= 3)

- (...) problema em atender o telefone (...);

- (...) ouvir a TV (...);

- (...) desvantagem ao telefone (...).

3. Quais as desvantagens em usar

aparelhos auditivos?

Não vêem desvantagem (n = 18)

- (...) não vejo desvantagem (...);

- (...) não tem desvantagem (...);

- (...) não tem custo nenhum (...).

Manuseio (n= 1)

- (...) devido à minha visão (...).

Funcionalidade do AASI (n= 1)

- (...) pode aumentar o barulho no meu

serviço e me irritar (...).

4. Benefícios da mudança. De tomar

medidas para melhorar a sua audição.

Melhorar a audição (n= 11)

- (...) vantagem de ouvir (...);

- (...) escuta melhor (...);

- (...) melhorar a audição (...);

- (...) não vou precisar pedir para repetir

(...);

- (...) ouvir meus passarinhos (...);

- (...) assimilar mais rápido as coisas (...);

- (...) ouvir melhor (...);

- (...) escutar bem melhor.

Melhorar quanto à restrição de

participação (n= 9)

- (...) melhorar na comunicação (...);

- (...) melhor comunicação à distância (...);

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5. Resultados 81

- (...) melhorar ouvindo as pessoas (...);

- (...) se comunicar melhor (...);

- (...) poder ir no congresso e ouvir bem

onde estiver (...);

- (...) ouvir a palavra na igreja (...);

- (...) ver se alguém está falando alguma

coisa (...);

- (...) entender melhor o que falam (...);

- (...) atender melhor; conversar mais (...).

Melhorar no relacionamento (n= 4)

- (...) qualidade na família (...);

- (...) se relacionar melhor e conviver bem

(...);

- (...) melhorar no relacionamento (...);

- (...) melhorar o convívio familiar (...).

Melhorar quanto à limitação de atividade

(n= 3)

- (...) qualidade no serviço (...);

- (...) poder ouvir bem durante o estudo

que dirijo (...);

- (...) ouvir mais a TV (...).

Qualidade de vida (n= 3)

- (...) sair mais (...);

- (...) vou poder sair (...);

- (...) melhora no bem-estar.

Questão de ordem emocional (n= 2)

- (...) fico irritada quando meu marido me

chama de surda (...);

- (...) não vou ficar mais irritada por causa

da audição (...)

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5. Resultados 82

5.3. TERCEIRA SESSÃO DE ACONSELHAMENTO

As respostas da Escala de Prontidão e das Proposições de Babeu et al.

(2004) encontram-se na Tabela 10.

Tabela 10 – Escala de Prontidão e Proposições de Babeu et al. (2004) na

terceira sessão de aconselhamento

Escala de Prontidão

Proposição*

Babeu et al. 2004

Participante Questão 1 Questão 2

P1 10 10 4

P2 10 10 4

P3 10 10 4

P4 10 10 4

P5 10 10 4

P6 10 10 4

P7 10 10 4

P8 10 10 4

P9 10 10 4

P10 10 10 4

P11 10 10 4

P12 10 10 4

P13 8,5 10 4

P14 10 10 4

P15 10 10 4

P16 10 10 4

P17 10 10 4

P18 10 10 4

P19 10 10 4

P20 10 10 4

Máxima 10 10 4

Mínima 8,5 10 4

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5. Resultados 83

Mediana 10 10 4

*1= Pré-contemplação; 2= Contemplação; 3= Preparação; 4= Ação

O Quadro 4 mostra as respostas do grupo de participantes para a balança

decisória.

Quadro 4 – Balança Decisória na terceira aplicação

1. Quais as vantagens em continuar

como está? Sem usar aparelhos

auditivos.

Não vêem benefício (n = 19)

- (...) não vejo vantagem (...);

- (...) não tem vantagem (...);

- (...) não tem benefício (...).

Comodidade (n= 1)

- (...) é melhor para dormir (...).

2. Quais as desvantagens em continuar

como está? Sem usar aparelhos

auditivos.

Dificuldade auditiva (n= 11)

- (...) desvantagem em ouvir (...);

- (...) prejuízo na audição (...);

- (...) não ouço a campainha (...);

- (...) não ouço o telefone (...);

- (...) não ouvir (...);

- (...) não ouvir as coisas mínimas (...);

- (...) ter que aumentar o volume (...);

- (...) aumentar o som (...);

- (...) não escutava direito (...);

- (...) perda de informação (...);

- (...) necessidade de aumentar o volume

(...);

- (...) necessidade de pedir para repetir

(...);

- (...) sem o aparelho não escuta bem (...);

- (...) fiquei sem escutar nada (...).

Restrição de participação (n= 10)

- (...) desvantagem de não ouvir a fala (...);

- (...) na comunicação (...);

- (...) desvantagem na comunicação (...);

- (...) desvantagem no emprego (...);

- (...) não escutava direito o que falavam

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5. Resultados 84

(...);

- (...) na comunicação (...);

- (...) entender (...);

- (...) realizar os meus trabalhos (...);

- (...) as coisas não rendem (...);

- (...) as pessoas falavam e eu não ouvia e

de costas viradas era pior (...);

- (...) não entender o que falam (...);

- (...) não ser capaz de entender (...).

Dificuldade no relacionamento (n= 4)

- (...) problema no relacionamento (...);

- (...) não poder se relacionar (...);

- (...) entender o meu filho (...).

Limitação de atividade (n= 3)

- (...) ruim para atender o telefone (...);

- (...) não ouvir a televisão (...);

- (...) dificuldade em atender o telefone(...)

3. Quais as desvantagens em usar

aparelhos auditivos?

Não vêem desvantagem (n = 18)

- (...) não vejo desvantagem (...);

- (...) não tem desvantagem (...);

- (...) não tem custo nenhum (...).

Manuseio (n= 1)

- (...) devido à minha visão (...).

Funcionalidade do AASI (n= 1)

- (...) desvantagem em escutar barulho

(...).

4. Benefícios da mudança. De tomar

medidas para melhorar a sua audição.

Melhorar a audição (n= 15)

- (...) vantagem de ouvir (...);

- (...) melhorar a audição (...);

- (...) ouvindo melhor (...);

- (...) ouvir os pássaros (...);

- (...) agora estou ouvindo direito (...);

- (...) não precisar de repetição (...);

- (...) ouvir o vento batendo na porta (...);

- (...) estou escutando tudo (...);

- (...) assimilar mais rápido as coisas (...);

- (...) ouvir melhor (...);

- (...) agora seleciono o que quero ouvir

(...);

- (...) ouvir (...);

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5. Resultados 85

- (...) escutar melhor (...);

- (...) escutei muitas coisas que não ouvia

mais (...).

Melhorar quanto à restrição de

participação (n= 11)

- (...) melhorar na comunicação (...);

- (...) na comunicação à longa distância

(...);

- (...) poder conversar no meio do povo

(...);

- (...) melhorou no banco (...);

- (...) ouvir melhor para se comunicar (...);

- (...) me deixou mais ativo e tranqüilo no

trabalho (...);

- (...) ouvir as pessoas (...);

- (...) comunicação com as pessoas (...);

- (...) poder atender melhor os clientes (...);

- (...) entender as conversar (...);

- (...) posso conversar (...);

- (...) trabalhar melhor (...);

- (...) se comunicar mais (...).

Melhorar no relacionamento (n= 4)

- (...) qualidade na família (...);

- (...) se relacionar (...);

- (...) melhorar no relacionamento (...);

- (...) melhorou o convívio familiar (...).

Melhorar quanto à limitação de atividade

(n= 2)

- (...) qualidade no serviço (...);

- (...) ouvir a TV (...).

Questão de ordem emocional (n= 2)

- (...) ficava irritada (...);

- (...) não fiquei mais irritadas (...)

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5. Resultados 86

Qualidade de vida (n= 1)

- (...) melhora o bem-estar (...).

Prevenção de acidentes (n= 1)

- (...)ouve o trem e o ônibus evitando

perigo (...).

Melhora nos aspectos vocais (n= 1)

- (...) minha voz ficou mais calma, mais

baixa (...).

5.4. QUESTIONÁRIO DE ATITUDES FRENTE À DEFICIÊNCIA AUDITIVA (ALHQ)

A média e o desvio padrão quanto à pontuação em cada subescala nas

três aplicações do ALHQ encontram-se no Gráfico 1. Os resultados foram

analisados por meio do teste não paramétrico de Friedman comparando cada

subescala nos três momentos.

Houve diferença estatisticamente significante entre as aplicações nas

subescalas “Negação da perda auditiva” e “Estratégias negativas de enfrentamento”.

Na primeira, essa diferença foi constatada entre a 2ª e 3ª aplicação, enquanto que

na segunda, entre a 1ª e 3ª e entre a 2ª e 3ª aplicação. Não houve diferença

estatisticamente significante em nenhuma das subescalas entre a 1ª e 2ª aplicação.

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5. Resultados 87

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

Negação Associações Estratégias Destreza Estima

1ª sessão (após diagnóstico) 3ª sessão (pós adaptação)2ª sessão (teste)

Subescalas do ALHQ

Pon

tuaç

ão

*p= 0,01

*p= 0,00

*p= 0,00

Gráfico 1 – Média ± desvio padrão das subescalas do ALHQ nas três

aplicações (n=20)

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6. Discussão

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6. Discussão 91

6. DISCUSSÃO

Estudos como o de Elkayam e English (2003) mostram os benefícios do

aconselhamento de ajuste pessoal ao usuário de AASI bem como a sua indicação já

no período do diagnóstico audiológico de maneira a preparar o indivíduo para o uso

da amplificação e, assim, favorecer a aderência e sucesso do tratamento (BASTOS

et al. , 2009).

Entretanto, não há pesquisas até a atualidade investigando a utilização do

aconselhamento, nos moldes do MTT, na etapa inicial deste processo de maneira a

explorar os aspectos inerentes a este momento. Este estudo demonstrou que o

modelo adotado para abordagem inicial propiciou que aspectos relacionados a

sentimentos, pensamentos e crenças do usuário de AASI pudessem ser

verbalizados e registrados de maneira a subsidiar o diálogo entre paciente-terapeuta

para os ajustes necessários. Ampliou a investigação quanto à maneira como o

indivíduo trata as informações recebidas. E, além disso, evidenciou a exeqüibilidade

clínica do MTT, uma vez que o mesmo não demanda muito tempo para a sua

aplicação como aponta a Tabela 5, onde a média de duração foi de 33,47 minutos

para a primeira sessão, 27 minutos para a segunda e 34,26 minutos para a terceira

e pode resultar em uma adaptação satisfatória em menor tempo de uso do AASI.

Para melhor compreensão sobre esta contribuição foram analisados os

dados obtidos a partir das estratégias utilizadas nesta pesquisa: Escala de Prontidão

(EP) e Balança Decisória (BD) gerados pelo Ida Institute e as Propostas de Babeu et

al. (2004).

A utilização da Escala de Prontidão, ao atribuir uma nota a determinadas

questões (“Achar importante melhorar a audição” e “Estar muito preparado para usar

AASI”) permitiu ao participante estabelecer um juízo de valor que, imediatamente,

remete o usuário à condição de participante ativo neste processo, devendo exercitar

a auto-percepção nos três diferentes momentos do aconselhamento.

O grupo de participantes apresentou-se, de modo geral, pronto para a

mudança desde o primeiro até o terceiro momento de aconselhamento como pode

ser observado nas Tabelas 7, 8 e 9. A mediana encontrada em ambos os momentos

foi 10. Shelton e Faucette (1999) afirmam que o indivíduo com perda auditiva

neurossensorial freqüentemente decide procurar contrariado a ajuda profissional.

Nessas condições os achados deste estudo parecem contraditórios com a literatura,

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6. Discussão 92

porém, vale lembrar que esses participantes são pacientes de um serviço público

gratuito. Cox, Alexander e Gray (2005) afirmam que a configuração da saúde pública

na prestação de serviço é diferente em vários aspectos fundamentais da maioria das

configurações de prestação de serviço privado e que os pacientes de serviço público

são sistematicamente diferentes quanto à auto-percepção quando comparados de

serviço privado. Em seus estudos, os autores concluíram que pacientes do serviço

público tendem a apresentar maiores expectativas antes da concessão do AASI e

maior benefício e satisfação após essa concessão quando comparados com os do

serviço privado. Os autores afirmam ainda que há necessidade de outras pesquisas

para explorar as razões para essa diferença.

Conforme Cox, Alexander e Gray (2005), a alta expectativa dos pacientes

do serviço público pode ocorrer pela ausência de uma relação comercial,

envolvendo a compra e venda para a aquisição do AASI. No presente estudo, outro

fator que também pode ter contribuído para o resultado da EP, refere-se ao

sentimento de gratidão inerente à cultura assistencialista em nosso país, na qual o

usuário do sistema SUS não tem a devida consciência de que custeia, por meio de

taxas de impostos, tanto os serviços de saúde quanto os demais. Outro fator pode

ser atribuído à crença de que o participante tema ser considerado como uma pessoa

não colaboradora, e correr o risco de não ser contemplado com o fornecimento do

AASI, caso expresse sentimentos e criticas negativas em relação ao sistema.

Além disso, dentre as variáveis não controladas neste estudo está a

jornada percorrida pelo indivíduo até tornar-se participante deste. Alguns deles

podem ser procedentes de outros serviços de saúde, em centros de diferentes níveis

de complexidade e com variações de tempo entre a percepção da perda auditiva e a

procura desse centro; ou ainda participantes que tenham procurado pela primeira

vez um serviço de saúde auditiva. Estes dados poderiam ser coletados por meio da

anamnese, porém, em cada um dos dois estabelecimentos onde esta pesquisa foi

realizada tem um protocolo de anamnese padronizado, o qual não traz ênfase

quanto a esta jornada.

Quanto às variáveis controladas neste estudo tais como gênero, idade,

escolaridade, nível sócio-econômico, tempo transcorrido com a perda auditiva,

média dos limiares auditivos e tipo do AASI, não foram realizadas análises

estatísticas inferenciais desses dados em virtude das respostas não terem variado

na maioria dos casos.

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6. Discussão 93

Analisando os resultados da EP de forma individualizada, observou-se

que, na primeira questão, a nota mais baixa (8,5) foi a de P13, nota esta que

perdurou durante as três sessões de aconselhamento. Isto se deve ao fato de que

este participante era portador de Retinose Pigmentar, doença genética de caráter

progressivo que afeta tanto a visão quanto à audição; quando questionado sobre o

quanto era importante melhorar a sua audição, a nota dada refletia uma comparação

entre os dois sentidos afetados, sendo para o participante mais importante melhorar

a sua visão, não deixando de ser importante melhorar a sua audição.

Quanto à segunda pergunta da EP, dois participantes (P1 e P9)

divergiram do grupo apresentando as notas 5 e 6, respectivamente, para a mesma a

qual se refere quanto a acreditar estar preparado para o uso do AASI tanto no

primeiro quanto no segundo momento de aconselhamento. Ambos alegaram estar

diante do desconhecido e não saber se estavam preparados para tal mudança.

Cabe ressaltar que o participante P1 advém de outro serviço de saúde auditiva no

qual fez teste e recebeu AASI há mais de cinco anos, mas que não fez uso da

amplificação devido ao fato de, segundo ele, se sentir muito incomodado com “os

barulhos” que o AASI produzia, além de sentir que os sons estavam amplificados em

demasia.

Tanto P1 quanto P9 indicaram alta importância quanto à melhora da

audição, mas apresentaram baixa confiança a respeito do uso do AASI que era

percebido como uma promessa além do seu alcance. Ao verificar a crença e a

expectativa sobres as quais o participante operava mentalmente, o pesquisador

utilizou-se da analise conjunta sobre à auto-eficácia, o que permitiu alcançar uma

pontuação mais elevada como indicado também no estudo de Bundesen (2010).

Esses dois participantes vivenciavam o fenômeno da ambivalência,

apontado pela literatura (Miller e Rollnick, 2002) como uma experiência bastante

comum e uma fase normal no processo de mudança, o que não significa que o

terapeuta deva forçar a resolução em uma direção específica (como por persuasão

ou pela punição direta crescente de uma ação). Na terceira sessão de

aconselhamento, após a experiência com AASI, ambos apresentaram alta

importância quanto à melhora da audição e alta confiança a respeito do uso do

AASI.

A mudança ocorrida na EP destes dois participantes na terceira sessão

de aconselhamento com certeza tem influência do AASI, tendo em vista que a

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6. Discussão 94

mudança da nota ocorreu apenas após amplificação. Porém, P1 e P9 responderam

de forma diferente as Proposições de Babeu et al. (2004), o primeiro apontou, tanto

na primeira quanto na segunda sessão de aconselhamento, proposição referente ao

estágio de contemplação enquanto que o segundo, na primeira sessão apontou a de

pré-contemplação e na segunda, avançou para a de ação.

Neste estudo, a EP pode ter contribuído para a reflexão a respeito da

importância da mudança, auto-confiança e crença do participante na sua capacidade

de alcançar a mudança. Ao passo que as Proposições de Babeu et al. (2004)

permitiram ao participante a tomada de consciência quanto ao momento em que se

situava desde a reflexão na EP. De maneira geral, o grupo de participantes indicou o

estágio de ação como compatível à sua condição motivacional, por meio das

referidas proposições, em ambas as sessões de aconselhamento.

Outra ferramenta utilizada foi a Balança Decisória a qual trouxe à tona os

elementos que levaram os participantes a atribuir o valor para o EP e a posição em

Babeu et al. (2004). A BD foi analisada conforme proposto por Prochaska et al.

(1994), sendo que os “prós e contras” foram sistematicamente relacionados com o

estágio de mudança: os “contras” superando os “prós” no estágio de pré-

contemplação havendo um cruzamento entre eles nos estágios intermediários

(contemplação e preparação) e os “prós” compensando os “contras” no estágio de

ação. De modo geral, o grupo de participantes estava, desde o primeiro até o

terceiro momento de aconselhamento, no estágio de ação. O único participante que

indicou uma posição de transição entre o estágio de contemplação e preparação foi

P1, reforçando a vivência da ambivalência.

A utilização da Balança Decisória permitiu que participantes refletissem

sobre os “prós” e “contras” de continuar com a audição prejudicada e o uso de AASI

e elencassem os diferentes elementos referentes à dificuldade auditiva, restrição de

participação, limitação de atividade, relacionamento, questões emocionais,

qualidade de vida, prevenção de acidentes e aspectos vocais. Possibilitou ainda, ao

pesquisador juntamente com cada participante atribuir um peso para essas

vantagens e desvantagens, umas em detrimento das outras, promovendo o

processo de mudança.

O modelo transteórico, como modelo centrado na pessoa, aplicado com

as estratégias nesta pesquisa é uma proposta objetiva e factível para que o

processo de reabilitação contemple, registre e opere com aspectos, por vezes,

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6. Discussão 95

considerados subjetivos e, assim, fora do alcance do fonoaudiólogo. Por meio dele

foi possível, ao pesquisador, identificar as diferenças entre os participantes deste

estudo e organizar o raciocínio clínico e o fluxo dos atendimentos posteriores.

Esta abordagem inicial servirá de base, até mesmo comparativa, para as

próximas etapas do processo de adaptação uma vez que este processo deve ser

contínuo tendo em vista que, entre os estágios de mudança, pode haver recaídas

até atingir o estágio de término no qual, segundo Prochaska (2008), não importa a

situação que enfrente, o indivíduo estará confiante de que manterá um

comportamento saudável.

Além disso, esta abordagem vem instituir o momento de escuta durante o

processo de diagnóstico da perda auditiva e adaptação de AASI. Trata-se de uma

escuta diferenciada, mais apurada e que exige uma mudança de postura profissional

no sentido de romper com praticas convencionais arraigadas no modelo médico, o

qual reforça o papel passivo do paciente. Exige também o exercício e treino de

habilidades do terapeuta que promovam atitudes e comportamentos pró-ativos do

usuário que perceber-se então como participante ativo e co-responsável pelo

processo.

Neste estudo, o ALHQ foi utilizado para avaliar as atitudes dos

participantes antes de cada sessão de aconselhamento, ou seja, após o diagnóstico

audiológico, no retorno para teste com AASI e após experiência de, ao menos, sete

dias com o AASI. Esses três momentos foram comparados entre si como pode ser

observado no Gráfico 1. Não houve diferença estatisticamente significante entre a

primeira e segunda aplicação, ou seja, uma única sessão de aconselhamento não

gerou diferença estatisticamente significante quanto às atitudes dos participantes

frente à deficiência auditiva e uso do AASI.

Apesar de não haver diferença estatisticamente significativa entre a

primeira e segunda aplicação do ALHQ, é possível observar, no Gráfico 1, uma

tendência a maior homogeneidade nas subescalas de Associações Negativas e

Estima com relação à audição devido à diminuição do desvio padrão entre uma

aplicação e a outra. Do ponto de vista clínico, esta diminuição permite inferir sobre a

maior disposição do indivíduo para as mudanças que se fazem necessárias no

processo de adaptação do AASI uma vez que a subescala Estima denotou que o

grupo de participantes retomou sua capacidade de autoconfiança para aqueles

níveis prévios antes da detecção da perda, bem como a capacidade de expressão

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6. Discussão 96

positiva de pensamentos e idéias, ao passo que a subescala Associasções

Negativas apontou a diminuição na percepção negativa quanto à utilização do AASI

como um sinal de envelhecimento e amenizando os sentimentos de vergonha.

Além disso, Saunders et al. (2005) avaliaram a confiabilidade teste-reteste

do ALHQ por meio do coeficiente de correlação de Pearson obtendo os seguintes

valores para cada subescala: Negação da perda auditiva, r = 0,85; Associações

Negativas, r = 0,84; Estratégias Negativas de Enfrentamento, r = 0,88; Destreza

Manual e Visão, r = 0,79; e Estima relacionada a audição, r = 0,65. Ou seja, a

confiabilidade teste-reteste variou de boa (0,6 até 0,8) a excelente (acima de 0,8).

Aplicando o mesmo coeficiente de correlação de Pearson nos participantes deste

estudo, entre a primeira e segunda aplicação, obteve-se o seguinte resultado:

Negação da perda auditiva, r = 0,29; Associações Negativas, r = 0,49; Estratégias

Negativas de Enfrentamento, r = 0,40; Destreza Manual e Visão, r = 0,33; e Estima

relacionada à audição, r = 0,66. Portanto, a única subescala que obteve o resultado

semelhante ao do estudo de Saunders et al. (2005) foi a de Estima relacionada à

audição. Nas demais subescalas, essa diferença encontrada no valor de “r” pode ser

atribuída ao aconselhamento que possibilitou uma maior variação nas respostas

entre a primeira e segunda aplicação. Porém, vale ressaltar que estes achados do

estudo de Saunders et al. (2005) são da versão do ALHQ em inglês e aplicada na

população norte-americana, não há estudos que comprovem os mesmos resultados

para a versão em português e aplicada no Brasil.

Diferenças estatisticamente significante ocorreram na subescala de

“Negação da perda auditiva”, entre a segunda e terceira aplicação (p= 0,01), e na de

“Estratégias negativas de enfrentamento” entre a primeira e terceira (p= 0,00) e entre

a segunda e terceira (p= 0,00) aplicação, ou seja, houve diferenças estatisticamente

significantes entre a aplicação do ALHQ quando os participantes eram candidatos de

quando eram usuários. No entanto, não há estudos que tenham comparado os

resultados do ALHQ em pacientes antes e depois da concessão do AASI. Na

literatura comparam-se os resultados do ALHQ de indivíduos candidatos a uso de

AASI com indivíduos que fazem uso da amplificação, ou seja, pessoas diferentes

(Bastos et al., 2009; Cienkowski e Saunders, 2000; Saunders et al., 2005). Bastos

et al. (2009) encontrou diferença estatisticamente significante entre candidatos e

usuários na subescala “Estratégia negativas de enfrentamento”, porém na subescala

de “Negação da perda auditiva”, não. Cienkowski e Saunders (2000) e Saunders et

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6. Discussão 97

al. (2005) encontraram diferença estatisticamente significante na subescala de

“Negação da perda auditiva” entre candidatos e usuários. Há a necessidade de

estudos com maior número de participantes e que contemple os mesmos nesses

dois momentos, pré e pós concessão, para compará-los e avaliar possíveis

mudanças.

Observando o Gráfico 1, a subescala “Negação da perda auditiva”, mostra

um aumento da pontuação na terceira aplicação (usuário) o que levou a diferença

estatisticamente significante. Em Cienkowski e Saunders (2000) e Saunders et al.

(2005), a pontuação do usuário nesta subescala é menor que a do candidato, o

inverso do que aconteceu neste estudo. Esse aumento pode ser explicado pela

ambigüidade quanto à interpretação de quatro das seis questões que a compõe

quando o participante responde como usuário de AASI:

• “Minha família e amigos provavelmente acham que é um esforço

conversar comigo”: neste caso, a maior parte dos participantes respondeu

discordando, pois com o AASI já não enfrentava tal problemática, no

entanto, respondendo desta forma e tendo uma pontuação reversa,

contribui para o aumento da pontuação. É como se o indivíduo estivesse

negando a perda. Porém, o que de fato acontece é que o mesmo está

reconhecendo o benefício do AASI.

• “Eu estou certo de que necessito de ajuda com minha audição”: sendo

usuário de AASI, o indivíduo pode concordar dizendo que o AASI é essa

ajuda de que ele necessita ou discordar afirmando que, com o AASI, não

precisa mais de ajuda;

• “Minha perda de audição não é um problema sério”: ao usar AASI, houve

participantes que entenderam que, com a ajuda do AASI, a sua DA passa

a não ser mais um problema sério e outros que, agora que fazem uso do

AASI, percebem que sua perda de audição é um problema sério;

• “Minha audição não é um problema”: nesta questão vale a mesma dupla

interpretação da anterior, com o AASI o participante pode não mais

encarar a sua audição como um problema ou encará-la como tal uma vez

que percebe o benefício do AASI.

Quanto à pontuação do ALHQ, vale ressaltar que, embora Saunder et al.

(2005) tenha aumentado a escala de resposta para cinco alternativas buscando um

aumento da sensibilidade, como em Bastos et al. (2009), os participantes

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6. Discussão 98

encontraram dificuldade para lidar com esse aumento. Na maioria das vezes,

preenchendo o questionário, o participante limitava-se a responder a alternativa “a”

(discordo totalmente), “c” (não concordo e nem discordo) e “e” (concordo totalmente)

ou ainda, limitava-se a “b” (discordo), “c” (não concordo e nem discordo) e “d”

(concordo). Raramente foram utilizadas as cinco alternativas.

Quanto à subescala de Destreza Manual e Visão, como era esperado,

não houve mudança uma vez que não há como melhorar esse fator com o uso do

AASI. É possível somente prever se o participante terá ou não dificuldade em

manusear o seu AASI.

Assim como em Bastos et al. (2005), de modo geral, os candidatos ao uso

da amplificação apresentaram atitudes mais negativas do que os usuários. Para

essas autoras, esse fato reforça a necessidade de iniciar o aconselhamento de

ajuste pessoal já no momento do diagnóstico audiológico.

Apesar deste estudo não ter demonstrado diferença estatisticamente

significante na pontuação do ALHQ entre a primeira e segunda aplicação, ou seja,

após uma sessão de aconselhamento realizada como seguimento do diagnóstico

audiológico, seria interessante a realização de um estudo futuro longitudinal

incluindo grupo controle (que não recebesse o aconselhamento) para verificar se há

diferença entre os participantes de ambos os grupos no que se refere ao período de

pré-adaptação e um período de seis meses após a concessão do AASI.

Finalizando, todos os participantes deste estudo foram atendidos pelo

serviço do Sistema Único de Saúde. O SUS tem instituído, desde 2003, a Política

Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS (HumanizaSUS). A

proposta deste estudo, além do acolhimento proposto pela política de humanização,

sugere a inclusão do aconselhamento como parte da mesma uma vez que o

aconselhamento, como afirma Trindade e Teixeira (2000), além de promover a

autonomia no confronto com as dificuldades e os problemas que é um dos alvos do

acolhimento, promove também o bem-estar psicológico. O aconselhamento ajudará,

segundo Rowland (1992), a pessoa a compreender a si própria e a situação em que

se encontra e ajudá-la a utilizar competências específicas para lidar mais

eficazmente com a sua vida.

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7. Conclusões

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7 Conclusões 101

7. CONCLUSÕES

Conclui-se que o MTT aplicado às etapas iniciais do processo de

adaptação do AASI, constitui-se uma proposta objetiva e factível para que este

processo englobe aspectos importantes tais como o sistema de crenças, as idéias,

os sentimentos e a condição motivacional do candidato, permitindo identificar as

diferenças individuais bem como organizar as próximas etapas do processo de

adaptação.

Antes e após a concessão do AASI, todos os participantes apresentaram

atitudes positivas com relação à deficiência auditiva e o uso do mesmo, crendo ser

muito importante a melhora da audição e que estavam preparados para o uso do

AASI.

Não houve variação estatisticamente significante quando comparadas as

atitudes dos participantes antes e depois da concessão do AASI com relação ao

aconselhamento. Essa diferença ocorreu com a influência do AASI.

Quanto ao estágio de mudança, a maioria dos participantes chegou ao

serviço público de saúde no estágio de ação, o qual representa uma iniciativa

concreta em relação à busca de uma mudança real.

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Referências

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Apêndices

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Apêndices 113

Apêndice A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Você está sendo atendido(a) na Clínica de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB – USP) devido à sua queixa auditiva. Neste atendimento foi detectada uma Perda Auditiva em ambas as orelhas. Visando o bem estar e a qualidade de vida, você será encaminhado(a) para a Clínica de Dispositivos Eletrônicos Aplicados a Surdez afim de receber orientações sobre as formas de tratamento.

Os objetivos deste estudo é caracterizar as atitudes em relação à deficiência auditiva (DA) e uso do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) em deficientes auditivos candidatos ao uso da amplificação sonora; comparar as atitudes em relação à DA e uso do AASI de candidatos ao uso da amplificação em indivíduos que receberam e não receberam aconselhamento; e comparar as atitudes de candidatos frente à DA e uso do AASI antes e após a sessão de aconselhamento que consiste em esclarecer sobre os seus sentimentos, crenças e atitudes frente à DA e uso do AASI.

Caso você concorde em participar do mesmo, lhe será solicitado(a) a ler e responder o questionário “Atitudes frente à deficiência auditiva” (Attitudes Toward Hearing Loss Questionnaire - ALHQ) contendo 22 questões de múltipla escolha e, após respondê-lo, você passará por uma sessão de aconselhamento de acordo com o protocolo proposto por Babeu et al. (2004), que será conduzido pelo fonoaudiólogo treinado, autor deste estudo. No próximo retorno, você responderá novamente ao ALHQ e passará por outra sessão de aconselhamento seguindo o mesmo protocolo. Os dados sócio-demográficos, do diagnóstico audiológico e do processo de reabilitação (se existente) serão coletados do seu prontuário.

Os dados de identificação pessoal não serão divulgados sendo que os participantes do estudo serão identificados por meio de um número. Sua participação no estudo é voluntária e pode ser interrompida a qualquer momento, sem lhe trazer algum prejuízo. Também lhe será garantido o direito a respostas a qualquer pergunta ou esclarecimento de qualquer dúvida acerca dos assuntos relacionados com o estudo. Em caso de dúvidas, entre em contato com os responsáveis pela pesquisa: Profª Drª Dagma Venturini Marques Abramides e Fonoaudiólogo Ivanildo Inacio de Lima na Clínica de Fonoaudiologia localizada na Al. Dr. Octavio Pinheiro Brisolla, 9-75 ou pelos telefones: (14) 3235-8332; 32358470; 32237765 ou 9166-8035 ou pelos e-mails: [email protected] ou [email protected]. Caso queira apresentar reclamações em relação a sua participação na pesquisa, você poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, da FOB-USP, pelo endereço Al. Dr. Octavio Pinheiro Brisolla, 9-75 (sala do prédio da Biblioteca, FOB/USP) ou pelo telefone (14) 3235-8356.

Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o(a) Sr. (a)______________________________________________________________, portador da cédula de identidade __________________________, após leitura minuciosa das informações constantes neste TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO, devidamente explicada pelos profissionais em seus mínimos detalhes, ciente dos serviços e procedimentos aos quais será submetido, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO concordando em participar da pesquisa proposta.

Fica claro que o sujeito da pesquisa ou seu representante legal, pode a qualquer momento retirar seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar desta pesquisa e ciente de que todas as informações prestadas tornar-se-ão confidenciais e guardadas por força de sigilo profissional (Art. 29o do Código de Ética do Fonoaudiólogo).

Por estarem de acordo assinam o presente termo. Bauru-SP, ________ de ______________________ de ________.

_____________________________ ____________________________ Assinatura do Sujeito da Pesquisa Assinatura do Autor

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Anexos

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Anexos 117

Anexo A – Questionário de Atitudes frente à Deficiência Auditiva versão 3.0

(ALHQ v3.0)

QUESTÕES Discordo Totalmente

Não Concordo

Nem Discordo

Concordo Totalmente

(1) Minha família e amigos provavelmente acham que é um esforço conversar comigo. a b c d e

(2) Eu estou certo de que necessito de ajuda com minha audição *Eu estou certo de que realmente preciso usar meus aparelhos de auditivos.

a b c d e

(3) Minha perda de audição é muito leve para precisar de aparelhos auditivos. *Minha perda de audição é tão leve que eu consigo me sair muito bem sem meus aparelhos auditivos.

a b c d e

(4) A idéia de usar aparelhos auditivos faz com eu me sinta mais velho. *Usar aparelhos auditivos faz com eu me sinta mais velho.

a b c d e

(5) Se eu estou em uma situação onde várias pessoas estão conversando, eu desisto de tentar acompanhar a conversação. a b c d e

(6) Eu sou tão autoconfiante quanto eu era quando minha audição era normal a b c d e

(7) Eu tenho certeza de que não necessito de aparelhos auditivos *Eu não acho que necessito dos meus aparelhos auditivos

a b c d e

(8) Atualmente eu tenho dificuldade em lidar com pequenas coisas como botões ou zíperes

a b c d e

(9) Eu estou preocupado em ser visto usando aparelhos auditivos *Eu não gosto que as pessoas me vejam usando meus aparelhos auditivos

a b c d e

(10) Eu tenho medo de conhecer novas pessoas desde que minha audição se tornou ruim a b c d e

(11) Aparelhos auditivos fazem as pessoas parecerem mais velhas a b c d e

(12) Minha audição prejudicada me faz sentir inadequado a b c d e

(13) Minha perda de audição não é um problema sério a b c d e

(14) Eu acredito que teria dificuldade em colocar um parafuso pequeno em um buraco a b c d e

(15) Em uma conversação eu geralmente me mantenho calado para evitar dizer algo errado a b c d e

(16) Minha audição não é um problema a b c d e

(17) Eu tento evitar conversas devido à minha dificuldade de audição a b c d e

(18) Eu fico envergonhado só de pensar em ser visto usando um aparelho auditivo *Eu fico envergonhado quando sou visto usando meus aparelhos auditivos

a b c d e

(19) Minha perda de audição é um fardo para mim a b c d e

(20) Eu acho que derrubo pequenos objetos com facilidade a b c d e

(21) Eu sou tão extrovertido e falante como eu era antes de ter dificuldade de audição a b c d e

(22) Eu estou sempre consciente do quão prejudicada é minha audição a b c d e

*itens que compõem a versão para usuários de aparelhos de amplificação sonora individuais.