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Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Detecção de genes codificadores de resistência a antimicrobianos de importância clínica em amostras de carne de frango Marina Manrique Coan Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências. Área de concentração: Serviços de Saúde Pública. Orientação: Professor Associado Glavur Rogerio Matté. São Paulo 2014

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Universidade de São Paulo

Faculdade de Saúde Pública

Detecção de genes codificadores de resistência a

antimicrobianos de importância clínica em amostras

de carne de frango

Marina Manrique Coan

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ciências.

Área de concentração: Serviços de Saúde Pública.

Orientação: Professor Associado Glavur Rogerio

Matté.

São Paulo

2014

Detecção de genes codificadores de resistência a

antimicrobianos de importância clínica em amostras

de carne de frango

Marina Manrique Coan

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ciências.

Área de concentração: Serviços de Saúde Pública.

Orientação: Professor Associado Glavur Rogerio

Matté.

São Paulo

2014

RESUMO

COAN, M. M. Detecção de genes codificadores de resistência a antimicrobianos de

importância clínica em amostras de carne de frango [Dissertação de Mestrado]. São

Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP; 2014.

Introdução. A introdução dos antimicrobianos na prática clínica no século XX foi

um grande avanço para a medicina. Entretanto, seu uso indiscriminado, tanto na

medicina (humana e animal) quanto na agricultura e pecuária, possibilitou a seleção e

disseminação de microrganismos resistentes. A transferência genética horizontal é

um dos principais mecanismos responsáveis pela disseminação de genes que

codificam resistência aos antimicrobianos, pois possibilita a transmissão da

resistência de uma célula bacteriana (comensal ou patogênica) para outra. Genes

codificadores de resistência a antimicrobianos de importância clínica são encontrados

em microrganismos de origem ambiental, clínica e alimentar. Objetivo. O objetivo

do presente estudo foi detectar genes que codificam resistência aos antibióticos β-

lactâmicos, Tetraciclinas e Quinolonas, em amostras de carne de frango, visando

estudar a ocorrência da resistência antimicrobiana nesse produto considerado um

alimento comum na dieta do homem. Materiais e Métodos. Foram utilizadas 30

amostras de carne de frango. Após a inoculação da carne de frango em caldo Luria

0,5%, o DNA total das bactérias cultivadas nesse meio foi extraído por choque

térmico e utilizado na pesquisa de genes de resistência pela técnica de PCR seguida

de eletroforese em gel de agarose. Foi também realizada a pesquisa de Coliformes

Termotolerantes por meio da técnica dos tubos múltiplos para estimar a qualidade

higiênico sanitária das amostras. Resultados: Oito (26,7%) amostras apresentaram

um ou mais genes codificadores de resistência à antimicrobianos β-Lactâmicos, 28

(93,3%) amostras apresentaram um ou mais genes codificadores de resistência às

Tetraciclinas e 28 (93,3%) amostras apresentaram um ou mais genes codificadores

de resistência às Quinolonas. Conclusões: A realização deste estudo contribuiu com

informações a respeito da circulação de genes de resistência na carne de frango e

alerta as autoridades de Saúde Pública do Brasil quanto à disseminação da resistência

bacteriana e a necessidade de mais estudos a respeito desse problema, já que esses

são raros ou inexistentes no País.

ABSTRACT

COAN, M. M. Detecção de genes codificadores de resistência a antimicrobianos de

importância clínica em amostras de carne de frango [Dissertação de Mestrado]. São

Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP; 2014/ Detection of genes encoding

resistance to clinically important antibiotics in samples of chicken. São Paulo (BR):

Faculdade de Saúde Pública da USP; 2014.

Introduction. The introduction of antibiotics in clinical practice in the twentieth

century was a breakthrough for medicine. However, their indiscriminate use in both

medicine (human and animal) as in agriculture and livestock, enabled the selection

and spread of resistant microorganisms. Horizontal gene transfer is a major

mechanism responsible for the spread of genes encoding antimicrobial resistance,

since it allows the transmission of resistance from one bacteria to another. Genes

encoding resistance to antimicrobials of clinical importance are found in

microorganisms present in food, environment and clinical sources. Objective. The

aim of this study was to detect genes encoding resistance to β -lactam antibiotics,

tetracyclines and quinolones in meat samples from chicken samples, to study the

occurrence of antimicrobial resistance in this product considered a common food in

human diet. Materials and Methods. Thirty samples of chicken were used. After

inoculation of chicken meat in Luria broth 0.5 %, the total DNA of the bacteria

cultured was extracted by heat shock and used to search resistance genes by PCR

followed by agarose gel electrophoresis. The search for thermotolerant coliforms was

also conducted using the technique of multiple tubes in order to estimate the sanitary

quality of the samples. Results: Eight (26,7 %) of the samples had one or more genes

encoding for resistance to β -lactam antimicrobials, 28 (93,3%) had one or more

genes encoding resistance to tetracyclines and 27 (93,3 %) samples had one or more

genes encoding resistance to quinolones. Conclusions: This study contributes to the

scientific community and sanitary agencies, bringing information regarding the

occurrence and distribution of resistance genes in chicken, alerting the Public Health

authorities in Brazil about the spread of bacterial resistance and the need for more

studies in this field, as these are rare or nonexistent in the country.

DEDICATÓRIA

À minha família Mãe, Pai, Stela e Murilo, que se mostram presentes em todos os

momentos da minha vida.

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo Dom da vida e proteção...

...Aos meus pais, Teresa e Affonso, pelo amor e carinho com que me criaram.

Agradeço o incentivo de vocês em todas as minhas decisões. Sem vocês eu não seria

nada...

... A minha melhor amiga – irmã, Stela, pelo simples fato de existir. Você foi o

melhor acontecimento da minha vida...

... Ao meu namorado Murilo, pelo amor, paciência e companheirismo em todos os

momentos. MUITO OBRIGADA pelo apoio que me dá desde quando nos

conhecemos...

... Aos meus Avós João e Antonieta, que rezam e torcem pela minha vitória...

... A minha tia querida, Fernanda, pelas palavras alegres e conselhos sinceros...

... Ao meu avô Affonso, que com certeza gostaria de compartilhar esse momento

comigo. Saudades...

... A minha Avó Clarinda, por suas orações...

... As minhas grandes amigas Carol e Rebeca, pela nossa eterna amizade...

... Ao meu quarteto, Gabi Justi, Gabi Martins, Camilinha e Mayara, pelos momentos

de felicidade que me proporcionam...

... Ao meu querido amigo Marcelo, você é o “irmão” que Deus colocou em minha

vida...

... Aos amigos de Santana, pelos momentos inesquecíveis que vivemos ao longo

desses anos de amizade...

... A Professora Doutora Maria Helena, pelos ensinamentos que me transmitiu ao

longo do curso...

... Ao Professor Doutor Glavur, pela sua orientação e paciência...

... Ao Professor Alexandre, pelo seu ensinamento na época da faculdade e pelo

carinho com que vem me acompanhado...

... A Milena, pelos ensinamentos e por sempre me acolher nos momentos em que

estava aflita...

... A Livia, pelos conselhos sinceros e pela disposição para me ajudar quando

precisei...

... As companheiras de Laboratório, Ronalda, Bruna, Rafa e Vanessa pelos

momentos de diversão que me proporcionaram ao longo do tempo que estive com

vocês...

Muito Obrigada!

EPÍGRAFE

“Cada sonho que você deixa para trás, é um pedaço do seu futuro que deixa de

existir.”

Steve Jobs

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO 4

1.1 Resistência bacteriana aos Antimicrobianos 5

1.1.1 Resistência aos β-lactâmicos 8

1.1.2 Resistência às Tetraciclinas 21

1.1.3 Resistência às Quinolonas 24

1.2 Disseminação da Resistência Bacteriana 26

1.3 Avicultura no Brasil 33

1.4 Disseminação da Resistência Bacteriana em carne de frango no

Brasil

35

2. OBJETIVOS 37

2.1 Objetivo Geral 37

2.2 Objetivos Específicos 37

3. MATERIAL E MÉTODOS 38

3.1 Amostras 38

3.2 Contagem de Coliformes Termotolerantes 38

3.2.1 Preparo das Amostras 38

3.2.2 Técnica dos Tubos Múltiplos 39

3.3 Detecção de Genes de Resistência 39

3.3.1 Extração do DNA Total 39

3.3.2 Reação em cadeia pela Polimerase (PCR) 40

3.4 Visualização dos produtos amplificados 41

4. RESULTADOS 47

4.1 Coliformes Termotolerantes 47

4.2 Genes codificadores de resistência aos β-Lactâmicos 47

4.2.1 Genes codificadores de ESBL 47

4.2.2 Genes codificadores de AmpC β-Lactamases 49

4.3 Genes codificadores de resistência às Tetraciclinas 50

4.3.1 Genes tet codificadores de bombas de efluxo 50

4.3.2 Genes tet codificadores de proteção ribossomal 51

4.4 Genes codificadores de resistência às Quinolonas 52

5. DISCUSSÃO 54

5.1 Genes codificadores de resistência aos β-Lactâmicos 55

5.1.1 Genes codificadores de ESBL 55

5.1.2 Genes codificadores de AmpC β-Lactamases 59

5.2 Genes que codificam resistência às Tetraciclinas 59

5.2.1 Genes codificadores de bombas de efluxo 59

5.2.2 Genes codificadores de proteínas de proteção ribossomal 60

5.3 Genes que codificam resistência às Quinolonas 63

5.4 Contagem de Coliformes Termotolerantes 64

5.5 Globalização e a disseminação dos genes de resistência: um alerta

para a Saúde Pública

65

6. CONCLUSÕES 68

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 69

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 71

ANEXOS 96

ANEXO 1 - Número e porcentagem dos diferentes tipos de amostras de carne de

frango (supermercado, açougue e feira) que continham genes codificadores de

resistência, segundo a classe de antimicrobianos.

97

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Principais antimicrobianos de utilidade clínica e seus respectivos

mecanismos de ação.

5

Quadro 2. Classificação e exemplificação dos antimicrobianos β-lactâmicos. 8

Quadro 3. Classificação das β-Lactamases segundo os esquemas molecular, e

funcional.

11

Quadro 4. Cronologia das AmpC β-Lactamases mediadas por plasmídeos. 17

Quadro 5. Classificação das Tetraciclinas 22

Quadro 6. Classificação das Quinolonas 24

Quadro 7. Microrganismos de importância clínica e resistência fenotípica aos

antimicrobianos utilizados no tratamento de infecções mediadas por esses

patógenos.

28

Quadro 8. Sequência de iniciadores (5´-3´) utilizados na pesquisa dos genes de

resistência

43

Quadro 9. Resultados obtidos para as diferentes amostras de carne de frango

quanto à identificação de genes codificadores de resistência aos β-Lactâmicos e

às Quinolonas.

53

2

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Classificação dos genes codificadores de resistência às

tetraciclinas segundo os seus mecanismos (ROBERTS, 2003).

23

Figura 2. Esquema geral da metodologia aplicada para pesquisa de

genes de resistência em amostras de frango.

46

Figura 3. Representação gráfica do número e tipos de amostras nas

quais há presença dos fragmentos correspondentes aos genes

codificadores de ESBL dos grupos blaCTX-M-1, blaCTX-M-2, blaCTX-M-8, e

para os genes blaTEM e blaSHV.

48

Figura 4. Representação gráfica do número e tipos de amostras nas

quais foram detectados os fragmentos correspondentes aos genes

codificadores de AmpC β-Lactamase, blaMOX e blaCMY.

49

Figura 5. Representação gráfica do número e tipos de amostras nas

quais os fragmentos correspondentes aos genes codificadores de

Bombas de Efluxo tetA, tetB, tetC, tetD e tetE foram obtidos.

51

Figura 6. Representação gráfica do número e tipos de amostras nas

quais foram observados os fragmentos correspondentes aos genes

codificadores de Proteínas de Proteção Ribosssomal, tetM, tetO, tetQ,

tetS e tetW.

52

Figura 7. Representação gráfica do número e tipos de amostras nas

quais foram amplificados os fragmentos correspondentes aos genes

codificadores de Proteínas de Proteção Ribosssomal, qnrA, qnrB e

qnrS.

53

3

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Número de variantes das principais famílias de β-Lactamases

identificadas no período de 2000 a 2014.

12

4

1. Introdução

Há 3000 anos, os chineses foram os responsáveis pelos primeiros relatos do

uso de antimicrobianos, por meio da utilização de bolores para o tratamento de

tumores e feridas infeccionadas. Já em 1928, Alexandre Fleming descobriu o

primeiro antibiótico de utilidade clínica, ao observar que uma cultura de

Staphylococcus aureus havia sido contaminada por um fungo e que, ao redor da

contaminação, não existia crescimento bacteriano. Estudando o fungo, denominado

Penicillium, descobriu que este era produtor de uma substância com efeito

antibacteriano (Penicilina) (TAVARES, 2001).

Inicialmente os antimicrobianos eram obtidos a partir de alguns tipos de

microrganismos e, após o conhecimento da sua estrutura química, passaram a ser

sintetizados em laboratórios. Esses compostos foram então classificados de acordo

com sua estrutura química, seu espectro de ação (amplo espectro ou baixo espectro),

sua ação sobre o microrganismo (bacteriostático ou bactericida) e seu mecanismo de

ação (TAVARES, 2001).

Quando os microrganismos são sensíveis aos antimicrobianos, podem

ocorrer dois efeitos na célula: morte da bactéria (bactericida) ou a interrupção do seu

crescimento e reprodução (bacteriostático). São seis os principais mecanismos de

ação dos antimicrobianos nas bactérias: interferência na biossíntese do

peptideoglicano, na tradução, na replicação do DNA, no metabolismo celular, na

transcrição e na membrana celular. Esses mecanismos variam de acordo com o tipo

5

de antibiótico utilizado e sua estrutura química. O Quadro 1 ilustra os principais

antimicrobianos de uso clínico e seus locais de ação (MORAR e WHRIGHT, 2010).

Quadro 1. Principais antimicrobianos de utilidade clínica e seus respectivos

mecanismos de ação.

CLASSES EXEMPLOS LOCAL DE AÇÃO

Β-lactâmicos Penicilinas

Cefalosporinas

Carpapenens

Monobactâmico

Biossíntese do

Peptiodeoglicano

Aminoglicosídeos Amicacina

Canamicina

Estreptomicina

Gentamicina

Tradução

Glicopeptídeos Vancomicina Biossíntese de peptideoglicano

Tetraciclinas Minociclinas

Tigeciclinas

Tradução

Macrolídeos Eritromicina

Azitromicina

Tradução

Lincosamidas Clindamicina Tradução

Estreptogaminas Synercid Tradução

Oxazolidinonas Linezolid Tradução

Cloranfenicol Cloranfenicol Tradução

Quinolonas Ciprofloxacina Replicação do DNA

Pirimidinas Trimetoprim Metabolismo celular

Sulfonamidas Sulfametoxazol Metabolismo celular

Rifamicinas Rifampicina Transcrição

Lipopeptídeos Daptomicina Membrana celular

Peptídeos Catiônicos Colistina Membrana celular

Fonte: DROPA (2006); MORAR e WHRIGHT (2010).

1.1 Resistência Bacteriana aos Antimicrobianos

A resistência aos antimicrobianos é um processo evolutivo natural, resultante

da exposição a esses compostos. Poucos anos depois da introdução da penicilina na

prática clínica, em 1940, foi observada uma grande proporção de Staphylococcus

aureus resistentes ao composto. Poucos anos depois, em 1944, um fato parecido

ocorreu com a estreptomicina, durante o tratamento de pacientes, quando foi relatado

6

que cepas de Mycobacterium turbeculosis mostraram resistência ao composto. À

medida que outros antimicrobianos foram descobertos e introduzidos, bactérias de

importância clínica apresentaram resistência, fenômeno que persiste nos dias atuais

(FRENCH, 2005; DAVIES e DAVIES, 2010).

Do ponto de vista clínico, define-se resistência bacteriana quando um

paciente, infectado por um patógeno específico, submete-se a um tratamento com

antibiótico, em dose e administração adequadas, porém os critérios de cura não são

atingidos. O início da utilização dos antimicrobianos no século XX foi um grande

avanço para a medicina humana, entretanto, o uso indiscriminado tanto na medicina

(humana e animal) quanto na agricultura e pecuária, contribuiu para a seleção e

disseminação de microrganismos resistentes no ambiente (HENRIQUES et al, 2006;

CANTÓN e MOROSINI, 2011).

Nos últimos anos, a disseminação da resistência bacteriana em

microrganismos de importância clínica tornou-se um sério problema mundial. A

resistência a antimicrobianos reduz significativamente a possibilidade de eficácia nos

tratamentos de infecções e resulta em um número maior de complicações e casos

fatais, além de aumentarem os gastos públicos em sistemas de saúde (ANDERSSON

e HUGHES, 2011). HOLMBERG et al. (1987) foram os primeiros a analisar o

impacto econômico da resistência antimicrobiana na clínica, e desde então estudos

têm revisado o assunto (MCGOWAN, 2001; COSGROVE e CARMELE, 2003;

SINGER et al., 2003). Um estudo desenvolvido por FRENCH et al. (2005)

demonstra que a taxa de mortalidade e o tempo de internação de um paciente

7

infectado por cepas resistentes são duas vezes maiores do que de pacientes infectados

por cepas sensíveis.

Os microrganismos possuem diversos mecanismos genéticos que os tornam

resistentes aos antimicrobianos. Esses mecanismos podem ser intrínsecos, ou seja,

associados a uma mutação cromossômica ou expressão cromossômica latente de um

gene de resistência, ou extrínseca, o qual envolve a aquisição de um novo material

genético por meio de bacteriófagos (transdução), incorporação de DNA

(transformação) ou aquisição de um plasmídeo (conjugação). Por meio desses

processos, os microrganismos tornam-se capazes de desenvolver três principais

mecanismos de resistência associados à informação codificada no seu material

genético: produção de uma enzima capaz de destruir ou inativar o antibiótico,

alteração no sítio alvo do antimicrobiano impedindo sua ação e impedimento do

acesso do antibiótico ao sítio alvo da bactéria (SHLAES et al. 1997; DZIDIC e

BEDEKOVIC, 2003).

Quando os genes associados à resistência bacteriana estão localizados em

elementos genéticos móveis, especialmente em plasmídeos, existe a possibilidade de

ocorrer a mobilização dessa resistência de uma célula bacteriana para a outra. A

transmissão da resistência entre bactérias se dá principalmente pela transferência

horizontal de genes (conjugação) e tem grande importância científica devido à sua

capacidade de disseminação da resistência bacteriana (PLOY et al., 2000; WHITE et

al., 2001).

8

1.1.1 Resistência aos β-lactâmicos

Os β-lactâmicos são os antimicrobianos de maior utilização na prática clínica,

devido à sua ação bactericida e baixa toxicidade. Esta classe de antibióticos é

composta por quatro grupos (Quadro 2) que são caracterizados por possuírem um

anel β-lactâmico (SAMAHA-KFOURY e ARAJ, 2003; DROPA, 2006).

Quadro 2. Classificação e exemplificação dos antimicrobianos β-lactâmicos.

GRUPOS EXEMPLOS

Penicilinas Amoxicilina, Ampicilina, Oxacilina,

Penicilina, Piperacilina, Ticarcilina.

Cefalosporinas

1ªgeração: Cefazolina, Cefalotina,

Cefaloridina, Cefalexina

2ª geração: Cefaclor, Cefuroxima,

Moxalactam, Cefotetan, Cefoxitina.

3ª geração: Ceftizoxima, Cefoperazona,

Cefotaxima, Cefpodoxima, Ceftazidima,

Ceftriaxona

4ª geração: Cefepime, Cefpirona

5ª geração: Ceftaroline, Ceftobripole

Monobactâmicos Aztreonam

Carbapenêmicos Imipenem, Meropenem, Ertapenem,

Doripenem.

Fonte: SAMAHA-KFOURY e ARAJ, 2003; DROPA, 2006; FERNANDES et al.,

2013.

Os β-lactâmicos agem na célula bacteriana por meio de dois mecanismos que

inibem a síntese da parede celular. Primeiramente, são englobados pela célula

bacteriana e inibem a transpeptidase, enzima responsável pela síntese da parede

celular e, em segundo, ligam-se às proteínas ligadoras de penicilina (PBPs)

permitindo a ação das hidrolases na parede bacteriana, o que promove a lise celular

(SAMAHA-KAFOURY e ARAJ, 2003).

9

Β-Lactamases

A habilidade das bactérias produzirem enzimas que destroem os β-lactâmicos

mostra-se presente desde a descoberta da penicilina. A primeira β-Lactamase foi

identificada em uma cepa de Escherichia coli em 1940, e é a principal causa da

resistência bacteriana a essa classe de antimicrobianos (ABRAHAM e CHAIN,

1940). Essa enzima tem a capacidade de clivar o anel β-lactâmico, impedindo a

ligação do antibiótico nas PBPs e permitindo que a síntese da parede celular

bacteriana ocorra normalmente (TAVARES, 2001; SHAH et al., 2004; TURNER,

2005).

Diversos artigos descrevem a classificação das β-Lactamases em dois grupos

(funcional e molecular) para caracterizar as mais de 1320 variantes de enzimas

existentes (LAHEY, 2014). O esquema molecular, segundo Ambler, foi proposto em

1980 e divide as β-Lactamases em quatro principais classes (A a D) baseando-se na

homologia das proteínas, sendo as classes A, C e D serino β-Lactamases e a classe B

metalo β-Lactamases. Já o esquema funcional, de acordo com BUSH e JACOBY

(2010), classifica essas enzimas de acordo com o perfil do substrato e seu inibidor

(Quadro 3).

Como pode ser observado no Quadro 3, essas enzimas são classificadas de A-

D. A classe C (Molecular) é associada a dois subgrupos de acordo com o parâmetro

funcional, 1 e 1e, os quais hidrolisam Cefalosporinas e possuem pouca ação em

inibidores de Β-Lactamases. Entretanto o subgrupo 1e, também chamado de ESAC

Β-Lactamases (AmpC de espectro extendido), apresenta atividade de hidrólise em

10

Cefalosporinas com cadeias de aminotiazolexima. As classes Moleculares A e D ou

grupo 2, incluem as Serino Β-Lactamases que demonstram ampla atividade de

hidrólise em todos os antibióticos Β-lactâmicos. Duas principais enzimas dos

subgrupos 2be (ESBL) e 2f (Serino Carbapenemases) destacam-se nos estudos por

serem responsáveis por um alto número de doenças infecciosas no mundo, devido a

hidrólise de todas as classes dos Β-lactâmicos (BUSH, 2013).

A maioria das enzimas pertencentes ao grupo A são inibidas por Ácido

Clavulânico, apesar de apresentarem resposta a combinações de inibidores como

Amoxicilina-Clavulanato, pode ser variável em cada caso. A classe D é comum por

demonstrar resistência em microrganismos como Acinetobacter baumannii e

Pseudomonas aeruginosa. O grupo funcional 3 ou Classe B (Metalo Β-Lactamases)

são enzimas que hidrolisam todos os Β-lactâmicos com exceção do Monobactâmicos

e não são inibidos por inibidores de Β-Lactamases (BUSH, 2013).

Os genes codificadores de β-Lactamases (genes bla) estão localizados no

cromossomo bacteriano ou em elementos genéticos móveis (plasmídeos e

transposons). Um grande número de genes bla tem sido observado em integrons

(WELDHAGEN, 2004), e estes estão inseridos dentro de elementos genéticos

móveis que são importantes determinantes para a disseminação dos genes bla e de

outros tipos de resistência (BABIC et al, 2006).

A identificação de novas enzimas tem aumentado, devido ao baixo custo,

facilidade de pesquisa e o avanço da Biologia Molecular. Estima-se que o número de

Β-Lactamases de origem clínica seja de pelo menos 1320 variantes. No período de

11

1989 à 2014 houve um grande aumento nos grupos β-Lactamases, sendo que o grupo

2 apresenta o maior aumento, especialmente nos subgrupos 2be (ESBL) e 2d (OXA).

O aumento do número das principais enzimas no período de 2000 a 2014, segundo

sua família, está representado na Tabela 1 (BUSH , 2013; LAHEY, 2014).

Quadro 3. Classificação das β-Lactamases segundo os esquemas molecular,

e funcional.

AMBLER BUSH e

JACOBY

SUBSTRATO INIBIDOR

AC ou TZB

EDTA

C 1 Cefalosporinas Não Não

C 1e Cefalosporinas Não Não

A 2a Penicilinas Sim Não

A 2b Penicilinas/Cefalosporinas

de 1ª geração

Sim Não

A 2b Cefalosporinas de amplo

espectro/Monobactâmicos

Sim Não

A 2br Penicilina Não Não

A 2ber Cefalosporinas de amplo

espectro/Monobactâmicos

Não Não

A 2c Carbanicilina Sim Não

A 2ce Carbanicilina/Cefepime Sim Não

D 2d Cloxacilina Variável Não

D 2de Cefalosporina de amplo

espectro

Variável Não

D 2df Carbapenens Variável Não

A 2e Cefalosporina de amplo

espectro

Sim Não

A 2f Carbapenens Varável Sim

B (B1) (B3) 3a Carbapenens Não Sim

B (B2) 3b Carbapenens Não Sim

AC, ácido clavulânico; TZB, tazobactam; EDTA, ácido etilenodiaminotetracético.

Fonte: BUSH et al. (2010).

12

Tabela 1. Número de variantes das principais famílias de β-Lactamases

identificadas no período de 2000 a 2014. Fonte: BUSH 2013 e LAHEY, 2014.

ENZIMA CLASSE

MOLECULAR

2000 2012 2014

TEM A 86 197 217

SHV A 26 168 184

CTX-M A 9 134 150

GES A 1 22 24

KPC A 0 12 17

VIM B 2 37 40

IMP B 3 42 47

CMY C 6 95 111

OXA D 28 255 390

Β-Lactamases de Espectro Estendido (ESBL)

Com a descoberta dos β-lactâmicos de amplo espectro, esses compostos

passaram a ser utilizados amplamente na clínica para o tratamento de diversas

infecções, sobretudo as hospitalares. Entretanto, devido ao uso extenso, a resistência

a esses antimicrobianos difundiu-se rapidamente. KLIEBE et al. (1985) identificaram

a primeira ESBL, denominada SHV-2, na Alemanha, em um isolado de Klebsiella

ozaenae, que apresentou resistência a todos os compostos testados (cefalosporinas de

13

amplo espectro, penicilinas e monobactâmico), com exceção do cefotetan. Devido a

essa enzima, capaz de hidrolisar antimicrobianos de espectro estendido, outras que

foram surgindo com as mesmas características, receberam o nome de β-Lactamases

de espectro estendido (ESBL) (SHAH et al., 2004; TURNER, 2005).

As ESBL têm capacidade de hidrolisar penicilinas, cefalosporinas e aztreonam,

pertencem às classes A ou D de Ambler e aos grupos funcionais 2b, 2ber ou 2de de

BUSH e JACOBY, e são inibidas pelo ácido clavulânico e/ou tazobactam (BUSH et

al., 2010). A maioria dos genes codificadores dessas enzimas possuem localização

plasmidial (STṺRENBURG e MACK, 2003; DROPA, 2013).

A presença dessas enzimas em membros da família Enterobacteriaceae,

sobretudo em Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli, tem grande importância na

área clínica. As ESBL também são encontradas em organismos gram negativos não

fermentadores, como Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter baumannii

(FALAGAS e KARAGEORGOPOULOS, 2009). As mais comumente encontradas

são as enzimas dos grupos TEM, SHV e CTX-M, sendo que o último é o mais

prevalente (PEREZ et al, 2007; FALAGAS e KARAGEORGOPOULOS, 2009).

A primeira TEM observada, TEM-1, foi identificada em um isolado de

Escherichia coli, em 1985 (MEDEIROS et al., 1985). Essa enzima, localizada no

transposon Tn3, possui atividade hidrolítica em penicilinas e cefalosporinas de

primeira geração, não possuindo portanto o fenótipo ESBL. A primeira enzima do

grupo TEM a apresentar espectro estendido foi a TEM-3, identificada em 1987

(http://www.lahey.org/studies/; STṺRENBURG e MACK, 2003; PATERSON e

BONOMO, 2005; DROPA, 2006).

14

Enzimas SHV são comumente associadas a isolados de Klebsiella

pneumoniae, tornando-se responsáveis por 20% da resistência desse microrganismo a

ampicilina. A maioria de suas variantes origina-se da substituição de serina por uma

glicina em sua cadeia de aminoácidos e, atualmente, existe um grande número de

variantes dessa enzima (BRADFORD, 2001; http://www.lahey.org/studies/ ;

SAMAHA- KAFOURY e ARAJ, 2003; PATERSON e BONOMO, 2005).

As enzimas TEM e SHV disseminaram-se no período de 1980 a 1990,

sobretudo em cepas de Klebsiella spp isoladas de pacientes internados em UTI

(Unidade de Terapia Intensiva). Variantes dessas enzimas como SHV-2, SHV-5,

SHV-12, TEM-3, TEM-10, TEM-26, TEM-52 e TEM-116 têm sido descritas em

diversos países, inclusive no Brasil (LIVERMORE, 2012).

A partir do ano 2000, houve uma grande mudança no que diz a respeito à

distribuição das ESBL, devido à disseminação das enzimas CTX-M (DROPA, 2013).

O primeiro isolado dessa enzima foi observado, simultaneamente, na Europa e na

América do Sul no início de 1989. A origem dos genes codificadores da CTX-M foi

identificada no cromossomo de um gênero bacteriano denominado Kluyvera, que

constitui a microbiota normal dos seres humanos, com baixa ou nenhuma atividade

patogênica e pode ser considerado um patógeno oportunista. As CTX-M são

divididas em 5 grupos (CTX-M-1, CTX-M-2, CTX-M-8, CTX-M-9 e CTX-M-25)

aos quais pertencem 154 variantes (http://www.lahey.org/Studies/) disseminadas pelo

mundo, e seu substrato preferencial é a cefotaxima (CANTÓN e COQUE, 2009;

ROSSOLINI et al. 2008).

15

Em microrganismos de importância clínica, essas enzimas têm sido

identificadas em plasmídeos nos quais também podem estar inseridos genes que

codificam resistência a outras classes de antimicrobianos (aminoglicosídeos,

cloranfenicol, sulfonamidas, trimetoprim e tetraciclinas) (BONNET, 2004). Na

Escherichia coli de origem humana e animal, por exemplo, o gene blaCTX-M-1 é

frequentemente reportado em plasmídeos do grupo IncN que também estão

associados ao gene blaVIM-1 (CARATTOLI, 2013).

Outros tipos clinicamente importantes de ESBL são: OXA, PER, VEB, CME,

TLA, SFO, GES e BES (http://www.lahey.org/studies/; PEREZ et al, 2007;

FALAGAS et al, 2009).

AmpC β-Lactamases

Em 1940, foi detectada, em Escherichia coli, a primeira enzima capaz de

hidrolisar penicilinas, denominada AmpC (ABRAHAM e CHAIN, 1940). Essa

enzima tem atividade hidrolítica em penicilinas, cefalosporinas, monobactâmicos e

inibidores de β-Lactamases. Classificam-se de acordo com Ambler, na classe C e no

esquema de Bush e Jacoby no grupo 1 e geralmente estão presentes no cromossomo

de microrganismos como Citrobacter freundii, Enterobacter aerogenes,

Enterobacter cloacae, Morganella morganii, Pseudomonas aeroginosa e Serratia

marcescens (BABIC et al., 2006; JACOBY, 2009; BUSH e JACOBY, 2010;

OLIVEIRA, 2011).

Em diversas espécies da família Enterobacteriaceae existe baixa expressão

cromossômica dessa enzima, que pode ser induzida pela exposição do

16

microrganismo ao β-lactâmico. Esse fenômeno de indução envolve cinco principais

genes (ampC, ampR, ampD, ampG e ampE) relacionados à reciclagem do

peptideoglicano da parede bacteriana. O gene ampR atua como ativador do

fenômeno da indução e como repressor em condições normais da célula, os genes

ampC e ampR codificam a síntese de proteínas de membrana e o gene ampD dá

origem a uma proteína solúvel, liberada no citoplasma da bactéria (JACOBY, 2009;

SERAL et al., 2012).

Na presença de um agente indutor (β-lactâmico) o gene ampR facilita a

entrada de produtos da degradação do peptideoglinano no citoplasma da célula

bacteriana. Esses produtos auxiliam na conversão do ampR repressor para ativador

do gene ampC. Além disso, produtos da degradação do peptideoglicano são

metabolizados por ampD, promovendo a reciclagem da parede celular, uma vez que

os metabólitos são reutilizados para a formação do peptideoglicano. Na ausência dos

β-lactâmicos, não há a liberação de produtos da degradação do peptideoglicano o que

impede a ativação do gene ampR em sua função de ativador do gene ampC. A função

do gene ampE ainda não está definida (HANSON e SANDERS, 1999; JACOBY,

2009; SERAL et al. 2012).

Diferente das outras enterobactérias, a Escherichia coli não possui o gene

ampR, fazendo com que o gene codificador da enzima AmpC não seja expresso por

meio da indução e sim por mecanismos de atenuação (JAURIN et al., 1981;

JACOBY, 2009).

17

Quadro 4. Cronologia dos relatos de AmpC β-Lactamases mediadas por plasmídeos.

AmpC β-

Lactamase

País de Origem Ano de Publicação Espécie do

Primeiro

Isolamento

CMY-1 Corea do Sul 1989 K. pneumoniae

CMY-2 Grécia 1996 K. pneumoniae

MIR-1 Estados Unidos 1990 K.pneumoniae

MOX-1 Japão 1993 K. pneumoniae

LAT-1 Grécia 1993 K. pneumoniae

FOX-1 Argentina 1991 K. pneumoniae

DHA-1 Arábia Saudita 1997 S. enteritidis

ACT-1 Estados Unidos 1997 K. pneumoniae

ACC-1 Alemanha 1999 K. pneumoniae

CFE-1 Japão 2004 E.coli

Fonte: adaptação de JACOBY (2009).

Até 1989, as AmpCs eram consideradas enzimas de origem cromossômica,

entretanto BAUERNFEIND et al. (1998) observaram um isolado de Klebsiella

pneumoniae capaz de transferir sua resistência a cefoxitina, cefotetan e outras

penicilinas, oximino-cefalosporinas e monobactâmico, para uma cepa de Escherichia

coli por meio de um plasmídeo. Desde então, genes com localizações plasmidiais

mediadores da classe C de β-Lactamases identificados, sobretudo, em

microrganismos que não possuem AmpC cromossômico, foram detectados em

diversas regiões do mundo (Quadro 4) (PHILIPPON et al., 2002).

Metalo β-Lactamases (MBL)

As classes A, C e D das β-Lactamases possuem um sítio ativo de serina

enquanto a classe B ou Metalo β-Lactamases requer um ou dois íons de zinco para

sua atividade. Essas enzimas caracterizam-se por hidrolisar todos os β-lactâmicos,

18

com exceção dos monobactâmicos, e chamam atenção por sua atividade constante e

eficiente em carbapenêmicos. Esse fato torna-se um alerta devido à atividade de

amplo espectro deste antimicrobiano em microrganismos de importância clínica.

Diferente das outras enzimas, as MBL não são inibidas por Ácido Clavulânico ou

Tazobactam, porém nos testes microbiológicos o EDTA (Ácido Etilenodiamino

Tetra-acético) mostra-se um inibidor dessas enzimas (PITOUT et al, 2005;

BEBRONE, 2007).

A primeira enzima deste grupo de β-Lactamases foi descoberta em 1966 por

SABBATH e ABRAHAM (1966), no cromossomo de uma cepa de Bacillus cereus,

em que foi demonstrado que sua atividade de carbapenemase poderia ser inibida pelo

EDTA. Durante duas décadas, essa cepa foi o único exemplo de MBL encontrado.

Entretanto, em 1980, foi reportada a presença de metalo β-Lactamases em um grande

número de microrganismos (Bacteroides fragilis, Pseudomonas aeruginosa,

Aeromonas hydrophila, Serratia marcescens e Elizabethkingia meningoseptica)

(BEBRONE, 2007; BERTONCHELI et al., 2008).

As MBL podem ser produzidas intrinsecamente, geralmente por

microrganismos de origem ambiental, por exemplo, Aeromonas hydrophilia, e estar

localizadas no cromossomo dessas bactérias. Hipóteses sugerem que essa produção

intrínseca pode ser resultado da exposição dessas bactérias a compostos β-

lactâmicos, assim mantendo os genes codificadores dessa enzima, ou ainda que as

MBL possam executar outra função não identificada na célula bacteriana.

Independente disso, esses genes codificadores são ativados por indução e a maioria

19

dos microrganismos que os carreiam, são ou podem tornar-se altamente resistentes

aos β-lactâmicos. (BERTONCHELI, 2008; WALSH et al. 2008).

Após a caracterização do gene cfiA, encontrado em uma cepa de Bacteriodes

fragilis, foi observado que a MBL poderia ser mediada por elementos genéticos

móveis (YAMAZOE et al., 1999). Diversos tipos de MBL já foram observados em

elementos transferíveis de microrganismos como Pseudomonas aeroginosa,

Acinetobacter spp e em diversas espécies da família Enterobacteriaceae

(BERTONCHELI, 2008). Atualmente existem 4 principais grupos de enzimas

pertencentes à classe das Metalo β-Lactamases: IMP, VIM, SPM e NDM.

As enzimas IMP (imipenemase) e VIM (Verona imipenemase) foram

observadas pela primeira vez no Japão e na Itália, respectivamente. Já a São Paulo

Metalo β-Lactamase (SPM) foi isolada de uma cepa de Pseudomonas aeruginosa,

em São Paulo (Brasil). A maioria dos genes codificadores das enzimas do tipo IMP e

VIM estão localizados em integrons de classe 1, embora IMP também possa ser

encontrada em integrons de classe 3. O gene codificador da enzima SPM possui

localização plasmidial (WALSH et al., 2005).

A New Deli Metalo β-Lactamase (NDM-1) é a MBL mais recente, descoberta

por YONG et al. (2009), em cepas de Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli,

isoladas de amostras clínicas de um paciente em Nova Deli-Índia. A partir deste

primeiro relato, muitos casos de NDM-1 têm sido descritos em diversos locais

(Reino Unido, Índia, Paquistão, Bangladesh), sobretudo em cepas de E. coli e K.

pneumoniae. (NORDMANN et al., 2011). Atualmente, a NDM-1 tem gerado

discussões políticas e científicas e tornou-se uma das principais enzimas

20

disseminadas em microrganismos gram negativos em países no Norte da Europa e

Região Pacífica da Ásia, além já ter sido detectada no Brasil (CARVALHO-ASSEF

et al., 2013; BUSH, 2013).

Klebsiella pneumoniae Carbapenemase (KPC)

Os antimicrobianos carbapenêmicos (meropenem, imipenem, ertapenem) são

compostos de primeira escolha a serem utilizados em infecções graves, mediadas por

membros da família Enterobacteriaceae, produtores de ESBL. O surgimento de

enterobactérias resistentes aos carbapenens é preocupante, uma vez que as opções de

tratamento tornam-se muito restritas (NORDMANN, et al., 2009).

A KPC foi observada pela primeira vez em 1996, em um isolado de

Klebsiella pneumoniae, na Carolina do Norte (YIGIT et al., 2001). A KPC,

pertencente à classe A de Ambler, tem atividade hidrolítica em carbapenêmicos e o

gene blaKPC é responsável por codificá-la. Esse gene tem alta capacidade de

disseminação, devido à sua localização no transposon Tn4401, que caracteriza-se por

sua inserção em diversos plasmídeos de bactérias gram negativas (ARNOLD et

al.,2011).

Duas características principais separam a KPC das outras carbapenemases: a

localização dessa enzima em plasmídeos transferíveis e o espectro de hidrólise que

inclui antimicrobianos como a Aztreonam. Essa enzima é comumente encontrada em

Klebsiella pneumoniae e já foi identificada em isolados de Enterobacter spp e

Salmonella spp. Microrganismos produtores de KPC estão associados a infecções

sistêmicas, mediadas por enterobactérias, observadas com frequência em pacientes

21

imunocomprometidos. A partir do primeiro relato dessa enzima, enterobactérias

produtoras de KPC foram detectadas nos Estados Unidos, América do Sul (Brasil e

Argentina), China e com menor frequência na Europa. A enzima também foi

observada em isolados de Pseudomonas aeruginosa, na Colômbia e em Porto Rico,

tornando-se um alerta a disseminação desse tipo de resistência em uma bactéria não

pertencente à família das Enterobacteriaceae (QUEENAN e BUSH, 2007;

NORDMANN, 2009). Atualmente, essa enzima tem sido frequentemente observada

em infeções hospitalares nos Estados Unidos, Sul da Europa, Américas e China

mesmo com diversas medidas de controle sendo aplicadas nos diversos hospitais

(BUSH,2013)

Plasmídeos carreadores dos genes blaKPC podem estar associados a genes que

codificam resistência aos aminoglicosídeos e às enzimas ESBL, como blaCTX-M-15

(CAI et al., 2008; NORDMANN et al., 2009). Estudos identificaram, em plasmídeos

de cepas de Klebsiella pneumoniae, o gene blaKPC-3, onde também estavam

localizados os determinantes qnrA e qnrB, responsáveis por codificar resistência às

Quinolonas (CHMELNITSKY et al., 2008; ENDIMIANI et al., 2008).

1.1.2 Resistência às Tetraciclinas

A Tetraciclina foi descoberta em 1940 e devido aos poucos efeitos colaterais

causados pelo composto, exceto em crianças e grávidas, o seu uso terapêutico

iniciou-se em 1950. Possui amplo espectro de atividade em microrganismos gram

positivos e gram negativos, clamídias intracelulares, micoplasmas, riquétsias e em

alguns parasitas, além de ser utilizado amplamente na criação de animais, como

promotores de crescimento, e na agricultura (ROBERTS, 2003).

22

Essa classe de antimicrobiano pode ser dividida em 1ª geração (1948 à 1963), 2ª

geração (1965 à 1972) e 3 ª geração (1993) (Quadro 5), e seu mecanismo de ação

ocorre por meio da inibição da síntese proteica, impedindo a associação do

aminoacetil tRNA com o ribossomo da bactéria (ROBERTS, 2003).

Quadro 5. Classificação das Tetraciclinas.

Geração Nome Ano de descoberta

1ª geração Oxitetraciclina

Clortetraciclina

6-dimetilclortetraciclina

1948

1948

1957

2ª geração Doxicilina

Minociclina

1967

1972

3ª geração Tigeciclina 1993

Fonte: CHOPRA e ROBERTS (2001), THAKER et al. (2010).

Existem 43 genes tet/otr que codificam resistência às Tetraciclinas. Desses,

17 (39%) são encontrados em microrganismos de origem ambiental. A maioria

desses genes estão associados a elementos genéticos móveis que permitem sua

disseminação. Vinte e sete genes codificam resistência a bombas de efluxo, 12

codificam, às proteínas de proteção ribossomal, 3 codificam enzimas de inativação

enzimática e um único possui mecanismo desconhecido (Figura 1) (ROBERTS,

2011).

O primeiro microrganismo a apresentar resistência a esse antimicrobiano,

Shigella dysenteriae, foi isolado em 1953. A resistência antimicrobiana às

tetraciclinas, na maioria das vezes, deve-se à aquisição de novos genes que,

23

geralmente, estão associados a elementos móveis (plasmídeos, transposons e/ou

integrons) (ROBERTS, 2003; ROBERTS, 2005).

Setenta e seis espécies de bactérias gram negativas e 47 gram positivas de

origem humana e animal já foram identificadas carreando genes tet codificadores de

bombas de efluxo, sendo o tetB o mais comum em microrganismos gram negativos.

Quarenta e nove espécies gram negativas e 35 gram positivas foram observadas

carreando um ou mais genes codificadores de proteção ribossomal, sendo o tetM o

gene encontrado com maior frequência (ROBERTS, 2011).

Figura 1. Classificação dos genes codificadores de resistência às tetraciclinas

segundo os seus mecanismos (ROBERTS, 2003).

24

1.1.3 Resistência às Quinolonas

A primeira Quinolona a ser introduzida na prática clínica foi o Ácido

Nalidíxico em 1962. Desde então, modificações em sua estrutura resultaram no

surgimento de quatro gerações de quinolonas, baseadas na atividade antimicrobiana

desse composto (Quadro 6) (OLIPHANT e GREEN, 2002).

Esses antimicrobianos agem por meio da inibição da síntese de DNA

bacteriano, ligando-se em complexos que se formam entre a DNA girase ou a

Topoisomerase IV, gerando uma alteração conformacional nessas enzimas, o que

impede a replicação do DNA e provoca a morte rápida do microrganismo

(HAWKEY, 2003).

Quadro 6: Classificação das Quinolonas.

Geração Antimicrobiano Atividade Antimicrobiana

1ª geração Ácido Nalidíxico

Cinoxacina

Enterobactérias

2ª geração Classe 1:

Lomefloxacina,

Norfloxacina, Enoxacina

Classe 2:

Ofloxacina

Ciprofloxacina

Enterobactérias

Enterobactérias, patógenos

atípicos, Pseudomonas

aeruginosa (ciprofloxacina)

3ª geração Levofloxacina

Sparfloxacina

Gatifloxacina

Moxifloxacina

Enterobactérias, patógenos

atípicos, Streptococcus

4ª geração Trovafloxacina Enterobactérias, Pseudomonas

aeroginosa, patógenos

atípicos, Staphylococcus

aureus meticilina resistente,

Streptococcus, anaeróbios

Fonte: OLIPHANT e GREEN, 2002.

25

A resistência as quinolonas tornou-se um problema desde a introdução do

Ácido Nalidíxico e têm sido estudada em isolados de humanos e animais, nas últimas

três décadas. Três mecanismos de resistência a esses antimicrobianos são atualmente

conhecidos: mutações que alteram o sítio alvo do composto, bombas de efluxo e

proteínas que protegem o sítio alvo da célula bacteriana contra o efeito das

quinolonas (JACOBY, 2005).

Os mecanismos de resistência às quinolonas eram considerados apenas

cromossômicos, entretanto, em 1998, foi detectado um gene plasmidial, denominado

qnrA, mediador de resistência à quinolonas presente em um isolado de Klebsiella

pneumoniae. Outros dois determinantes, QnrB e QnrS, também foram identificados

logo após o QnrA, em isolados de enterobactérias (POIREL, 2008).

As proteínas qnr, são formadas por peptídeos e codificadas por genes qnr.

Essas agem protegendo a região alvo das Quinolonas, impedindo a ligação do

antimicrobiano na DNA-girase, assim bloqueando a ação do mesmo. Os três

principais determinantes qnr (qnrA, qnrB, qnrS) já foram observados em todo o

mundo, sobretudo em isolados de Klebisiella pneumoniae, Escherichia coli,

Enterobacter spp e Salmonella spp, e os genes qnrA e qnrB estão geralmente

associados a plasmídeos que carreiam genes codificadores de ESBL (blaCTX, blaTEM,

blaSHV e blaVEB-1) ou AmpC (blaFOX-5 e blaDHA-1) (NORDMANN e POIREL, 2005;

POIREL, 2008).

26

1.2 Disseminação da Resistência Bacteriana

A resistência bacteriana aos antibióticos é um persistente problema na Saúde

Pública (LANDERS et al.2012). A exposição a antimicrobianos é considerada a

principal causa da emergência e disseminação da resistência bacteriana. O uso

extensivo desses compostos na medicina (humana e animal), na criação de animais e

na agricultura, torna-se um fator contribuinte para a seleção de microrganismos

resistentes. Estudos no Brasil e no mundo demonstram a disseminação de genes de

resistência no ambiente, na clínica e nos alimentos, mediados por bactérias de

importância clínica (SCHWARTZ et al., 2003; RIBEIRO et al., 2008; MAIA et al.,

2009; CANTÓN e MOROSINI, 2011).

A ampla utilização de antimicrobianos na Medicina Humana ou Animal e

Agricultura (diretamente, por meio da aplicação de antibióticos em cultivos e

indiretamente pela utilização de fertilizantes naturais como por exemplo, as fezes de

animais) e a própria seleção natural de microrganismos resistente têm contribuído

para a seleção e disseminação destes no meio ambiente, por meio de forças físicas

(vento e o movimento de bacias hidrográficas) e forças biológicas (animais e

atividades humanas) (ALLEN et al., 2010).

O maior problema da disseminação da resistência bacteriana é a aquisição de

genes codificadores de resistência por microrganismos de importância clínica. A

última década mostrou a mudança da sensibilidade de diversas bactérias aos

antimicrobianos comumente utilizados em infecções mediadas por esses patógenos

(Quadro 7). A resistência em agentes patogênicos gram negativos, tais como

Escherichia coli, Salmonella enterica e Klebsiella pneumoniae apresenta uma

27

ligação com o antimicrobiano de escolha (β-lactâmico) em infecções mediadas por

esses patógenos (RICE, 2009; DAVIES e DAVIES, 2010).

Atualmente, os antimicrobianos são utilizados na criação de animais com

busca de três principais objetivos: tratamento de infecções, profilaxia e promoção de

crescimento. As informações sobre a utilização desses compostos são muito escassas

e as estimativas sobre quantidades estão disponíveis em poucos países (BOGAARD

e STOBBERINGH, 1999).

A prática da introdução dos antimicrobianos em rações de animais, com o

objetivo de promover o crescimento, foi descrita pela primeira vez em 1940, quando

uma linhagem de frangos alimentados com resíduos da fermentação da tetraciclina

cresceram mais rapidamente que o grupo controle. Passados 50 anos, o aumento do

uso de doses subterapêuticas de antimicrobianos em rações de animais tem sido

descrito constantemente (MORENO-BONDI, 2009; ZHAO et al., 2010; MODI et al.,

2011; WEI et al., 2011). Esses promotores agem no trato gastrointestinal dos

animais, sobretudo, em organismos gram positivos, reduzindo a utilização bacteriana

de resíduos essenciais, permitindo a síntese adequada de proteínas, vitaminas e

outros fatores de crescimento, reduzindo a produção de toxinas bacterianas, entre

outros compostos (BARTON, 2000).

28

Quadro 7: Microrganismos de importância clínica e resistência fenotípica aos

antimicrobianos utilizados no tratamento de infecções mediadas por esses patógenos.

Patógeno Resistência Fenotípica

Streptococcus pneumoniae Β-lactâmcos

Quinolonas

Staphylococcus aureus Penicilina

Oxacilina

Clindamicina

Vancomicina

Enterococcus faecium Ampicilina

Vancomicina

Linezolida

Daptomicina

Escherichia coli Cefalosporinas

Quinolonas

Klebsiella pneumoniae Cefalosporinas

Carbapenens

Quinolonas

Acinetobacter baumanni Carbapenens

Amicacina

Pseudomonas aeruginosa Carbapenens

Aminoglicosídeos

Quinolonas Fonte: CANTÓN e MOROSINI (2011).

A Organização Mundial da Saúde afirma que bactérias como Salmonella,

Campylobacter, Escherichia coli e Enterococcus geralmente são transferidas dos

alimentos de origem animal para os consumidores (WALLINGA e BURCH, 2013).

Muitos microrganismos encontrados em alimentos, como Enterococcus, são

considerados comensais em animais destinados à alimentação. A resistência

antimicrobiana nessas bactérias resulta do amplo uso de antimicrobianos aplicados

durante a criação desses animais. Além disso, bactérias resistentes aos antibióticos

podem alcançar os alimentos para o consumo humano por meio da manipulação à

qual é submetida a carne do animal, desde o momento do abate até seu preparo.

(MARSHALL e STUART, 2011; TEUBER, 2001).

29

Os consumidores estão expostos, portanto, a microrganismos resistentes por

meio do consumo de produtos de origem animal. É cientificamente comprovado que

alimentos de origem animal contêm alta quantidade de bactérias carreadoras de genes

que codificam resistência a diversos antibióticos. As técnicas de biologia molecular

têm contribuído cada vez mais para demonstrar que o mesmo gene de resistência

encontrado em uma bactéria isolada de um alimento pode estar presente em uma

cepa isolada de humano, comprovando a disseminação da resistência bacteriana

(MARSHALL e STUART, 2011).

A ideia de que microrganismos comuns no trato gastrointestinal de animais

poderiam adquirir resistência ao antimicrobiano utilizado como promotor de

crescimento e essa ser transferida para o homem por meio da alimentação, deu-se

pela primeira vez em 1975 em uma demonstração utilizando oxatetraciclina em uma

criação de frangos. A utilização desse antimicrobiano como promotor de crescimento

demonstrou um aumento de Escherichia coli resistente à Tetraciclina nos frangos,

bem como a mesma resistência desse microrganismo, só que dessa vez isolados do

trato gastrointestinal de pessoas que moravam na fazenda dessa criação (ROLAIN,

2013).

Geralmente, infecções mediadas por alimentos restringem-se ao trato

gastrointestinal do homem. Entretanto, estudos recentes mostram o aumento de

infecções no trato urinário mediadas por Escherichia coli, ligadas ao consumo de

produtos de origem animal (sobretudo as aves) colonizados por esse microrganismo

(NORDSTROM et al.,2013). Em 2007, JOHNSON et al. (2007) realizaram um

30

estudo comparativo em Minnesota e Wisconsin entre isolados de Escherichia coli da

população humana e aviária. Com o resultado observaram que os isolados de

Escherichia coli da população humana eram mais semelhantes àqueles isolados das

aves do que da própria microbiota do trato gastrointestinal. Esse estudou sugeriu que

a ingestão ou manipulação de aves seria a principal fonte de aquisição de Escherichia

coli resistente a antimicrobianos pela população daquela região.

Genes codificadores de resistência isolados de microrganismos de origem

alimentar já foram isolados de seres humanos, comprovando indiretamente a

disseminação por meio da manipulação ou consumo do alimento. Em 2001,

SORESEN et al. (2001) confirmaram o risco do consumo de produtos cárneos

colonizados com bactérias resistentes. Esse estudo foi realizado com 18 voluntários,

os quais ingeriram uma mistura contendo cepas de Enterecococcus faecium

resistentes aos glicopeptídeos, isoladas de carne de frango ou porco. No 6º e 14º dia

após a ingestão, as cepas ingeridas por meio da mistura foram isoladas das fezes

destes voluntários, comprovando que esses microrganismos são capazes de

sobreviver e se multiplicar nas condições gástricas de um ser humano.

Uma vez que microrganismos resistentes são capazes de sobreviver no

intestino do homem, é importante ressaltar a possibilidade da aquisição de novos

genes de resistência por outras bactérias, por meio de mecanismos já citados

anteriormente. Porém, se ocorrer morte bacteriana, tanto na carne que será

consumida, quanto no intestino do homem, o material genético desse microrganismo

31

pode ser liberado e incorporado por outras bactérias, por meio de um mecanismo

denominado transformação natural.

WANG et al. (2005) demonstraram esta teoria, por meio da realização de um

estudo observando o mecanismo da transformação. Cepas de Lactococcus lactis,

isoladas de queijo e leite cru, continham um plasmídeo carreador do gene tetS/M,

codificador de resistência à tetraciclina. Para demonstrar o risco do consumo de

alimentos colonizados por bactérias carreadoras de genes de resistência, foi realizada

a transformação, in vitro, entre o plasmídeo carreador do gene que codifica

resistência a tetraciclina e a bactéria Steptococcus mutans, comum no trato oral de

seres humanos. A transformação foi confirmada por meio da aquisição do plasmídeo

pelo Streptococcus mutans, assim demonstrando a possibilidade da ocorrência da

transferência natural, que contribui com a disseminação da resistência bacteriana.

Dessa forma, estudos tem demonstrado que a microbiota humana natural

possui bactérias carreadoras de genes de resistência e que esses podem ser

transferidos para microrganismos patogênicos que por alguma ocasião estejam no

trato gastrointestinal do homem. Consequentemente, devido ao amplo uso dos

antimicrobianos na medicina humana e animal e na agricultura, estudos evidenciaram

que microrganismos carreadores de genes de resistência podem estar presentes em

humanos, alimentos de origem animal, vegetais, entre outros.

Em 1995, a Dinamarca estabeleceu o DANMAP (Danish Integrated

Antimicrobial Resistance Monitoring and Research Programme), um sistema de

32

monitoramento de resistência bacteriana em animais de fazenda, para analisar o

impacto da retirada de promotores de crescimento das rações. Com isso, o uso de

alguns antimicrobianos foi banido da criação animal. Devido a esse programa, a

Dinamarca apresentou grande redução do uso de antimicrobianos e da resistência

bacteriana a esses compostos (COGLIANI et al., 2011).

Diversos países demonstram a preocupação em relação a disseminação da resistência

bacteriana em produto de origem animal. Em 2000, a Suíça estabeleceu um órgão,

SVARM (Swedish Veterinary Antimicrobial Resistance), para monitorar a

resistência bacteriana em animais de fazenda. Com esse programa, desenvolveram

diretrizes para rações, medicação, gestão e higiene para manter os animais saudáveis

e prevenir infecções, assim diminuindo a aplicação de antimicrobianos na criação

desses (COGLIANI et al, 2011).

Em 2002, na Holanda, foi estabelecido o MARAN (Monitoring of

Antimicrobial Resistance and Antibiotic Usage in Animals in the Netherlands), um

sistema de monitoramento da resistência bacteriana em microrganismos de origem

alimentar. Com a retirada dos promotores de crescimento da alimentação animal,

observou-se um aumento do uso de antimicrobianos com fins terapêuticos, devido a

não utilização de medidas de controle contra infecções, falta de monitoramento do

governo e não comprometimento dos criadores. Isso demonstra que a retirada de

promotores de crescimento de criações animais holandeses precisa de um

acompanhamento adequado e, principalmente, adequação do sistema de criação para

controle de infecções (COGLIANI et al.,2011).

33

Nos Estados Unidos, o CDC (Centers for Disease Control and Prevention)

fornece informações sobre o uso abusivo de antibióticos e as consequências da

resistência bacteriana a esses compostos. Além disso, esse órgão lançou

recentemente, pela primeira vez, um relatório para conscientização da população,

para que exista uma ação imediata em relação a esse assunto, que afeta a Saúde

Pública do país (http://www.cdc.gov/drugresistance/threat-report-2013/pdf/ar-

threats-2013-508.pdf).

Em 2009 no Brasil, foi fundado o Projeto EUREQA (Epidemiologia do Uso e

da Resistência Bacteriana a Quimioterápicos e Antibióticos na população) que estuda

as correlações de tempo e espaço do uso de antimicrobianos pela população

brasileira e as infecções bacterianas de alta prevalência na comunidade

(www.dpi.inpe.br/eureqa/index.php). Entretanto, o projeto não abrange o uso de

antimicrobianos como promotores de crescimento em rações de animais.

1.3 Avicultura no Brasil

A carne de frango, comum na dieta do homem pode ser considerada

reservatório de genes de resistência. Estudos realizados no mundo todo apontam a

disseminação de genes que codificam resistência a diversos antimicrobianos de

importância clínica (β-lactâmicos, Quinolonas, Tetraciclinas, entre outros) em carne

de frango (GAROFALO et al., 2006; OLESEN et al.,2008; HUANG et al., 2009;

DHANJI et al., 2010 KIM et al., 2011).

O Brasil destaca-se no mercado internacional de carnes com o frango sendo

um dos seus principais produtos de exportação do país. O desenvolvimento da

34

avicultura brasileira teve início em 1960 com grupos agroindustriais e desde então se

tornou competitiva mundialmente. Esse fato deve-se aos baixos custos da produção,

qualidade e higiene na cadeia produtiva e desenvolvimento de estudos e novas

tecnologias para o setor (WINCK e MACHADO, 2011).

No ano de 2010, as exportações de carne de frango no Brasil chegaram a

quase 4 milhões de toneladas, o que permitiu ao país se manter como o líder mundial,

posição conquistada desde 2004.

A avicultura também tem grande impacto nacional. Um estudo realizado pelo

MAPA mostra a preferência crescente dos consumidores brasileiros por carne de

frango, cujo crescimento projetado é de 3% ao ano no período de 2007/2008 à

2017/2018. De acordo com dados também do Ministério da Agricultura, o Brasil

daqui a 10 anos terá capacidade de suprir o consumo interno e as demandas de países

importadores desse tipo de carne (MAPA, 2010; BASSO et al., 2012).

Em 2012, a produção de carne de frango no Brasil chegou a mais de 12

milhões de toneladas, apresentando uma pequena redução (3,17%) em relação a

2011, sendo São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná os estados com

maior índice de abate de carne de frango. Mesmo assim, o Brasil manteve a posição

de maior exportador mundial e terceiro maior produtor de carne de frango, ficando

atrás apenas dos Estados Unidos e China. Do volume total da produção do país, 69%

foi referente ao consumo nacional e 31% às exportações. Assim, o consumo de carne

de frango per capita no ano de 2012 atingiu 45 quilos por habitante (UBABEF,

2013).

35

1.4 Disseminação da Resistência Bacteriana em carne de frango no Brasil

Assim como em outros países, no Brasil, a aplicação dos antimicrobianos na

avicultura tem três principais objetivos: terapêutico, profilático e promotor de

crescimento. Antimicrobianos de importância clínica são amplamente utilizados na

indústria animal.

O setor avícola está em constante crescimento e há mais de 25 anos os

antimicrobianos estão sendo empregados rotineiramente na criação de aves. Essa

prática tem gerado sérias consequências no que diz a respeito ao surgimento e

disseminação de microrganismos resistentes, colocando em risco a saúde humana. A

pesquisa de novos compostos para serem utilizados como promotores de crescimento

não é considerada fácil, uma vez que a maioria das substâncias com efeitos

antimicrobianos descobertas são consideradas tóxicas ou instáveis para os animais

(SANTOS et al., 2008).

A exigência dos órgãos de defesa dos consumidores, como o IDEC (Insituto

de Defesa do Consumidor) e de outros países importadores da carne de frango do

Brasil, como a União Europeia, quanto ao uso de antimicrobianos na ração animal,

tem sido importante na restrição do uso desses compostos como aditivos na ração

animal (SANTOS et al., 2008).

No Brasil, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) é o órgão

responsável pela regulamentação e fiscalização dos produtos utilizados na

alimentação animal, por meio da Divisão de Fiscalização de Aditivos, da

36

Coordenação de produtos para Alimentação Animal (CPAA). De acordo com esse

órgão, os antimicrobianos proibidos na alimentação animal são: Avoparcina (Ofício

Circular DFPA nº 047/1998), Cloranfenicol e Nitrofuranos (Instrução Normativa nº

09, 27/06/2003), anfenicóis, tetraciclinas, β-lactâmicos (benzilpenicilinas e

cefalosporinas), quinolonas e sulfonamidas sistêmicas (Instrução Normativa nº 26,

09/07/2009).

Estudos fenotípicos têm sido realizados abordando a resistência bacteriana em

isolados bacterianos de carne de frango (RIBEIRO et al., 2008; KUCHENBECKER

et al., 2009; MAIA et al., 2009; ABREU et al., 2010; BARROS et al., 2012). Em

relação aos estudos genotípicos, WARREN et al. (2008) observaram, no Reino

Unido, o gene blaCTX-M-2 em amostras de carne de frango importadas do Brasil.

Entretanto, dados referentes à detecção de genes codificadores de resistência aos

antimicrobianos em carne de frango ainda são escassos no país.

37

2. Objetivos

2.1 Objetivo Geral

Detectar genes codificadores de resistência a diferentes classes de

antimicrobianos em amostras de carne de frango.

2.2 Objetivos Específicos

Avaliar a contagem de coliformes termotolerantes, estimando a qualidade

higiênico sanitária das amostras.

Verificar a presença de genes codificadores de resistência a antibióticos β-

lactâmicos, Tetraciclinas e Quinolonas em amostras de carne de frango,

congeladas e frescas, provenientes de mercados (congeladas), feiras livres

(resfriadas) e açougues (resfriadas).

38

3. Material e Métodos

3.1 Amostras

Para o presente estudo foram utilizadas 30 amostras de peito de frango cru

resfriados e congelados, sendo 10 de frango de supermercado (congelados), 10 de

feira livre (resfriados) e 10 de açougues (resfriados). As amostras foram

acondicionadas em recipientes térmicos e transportadas ao laboratório para que

fossem processadas.

Todas as amostras foram provenientes do município de São Paulo. Os locais

de coleta foram escolhidos baseados nas opções do consumidor quando esse tem a

intenção de adquirir a carne de frango para o consumo. Sendo assim, foi possível

analisar se há ou não presença de genes de resistência em amostras provenientes de

diferentes locais de comércio.

3.2 Contagem de Coliformes Termotolerantes

A contagem dos coliformes termotolerantes (capazes de se multiplicar a 45

ºC) permitiu estimar o padrão microbiológico sanitário das amostras de peito de

frango e os resultados foram comparados com a Resolução RDC nº 12, de 2 de

Janeiro de 2001.

3.2.1 Preparo das Amostras

Alíquotas de 25g do alimento foram pesadas em sacos plásticos estéreis e

homogeneizadas com 225 ml de salina 0,85% previamente esterilizada. Diluições

decimais a partir da diluição 10-1

até 10-8

foram preparadas em frascos contendo 90

ml de salina 0,85%.

39

3.2.2 Técnica dos Tubos Múltiplos

Para todas as amostras de peito de frango analisadas foi determinado o

número mais provável de coliformes termotolerantes de acordo com a técnica dos

tubos múltiplos. Alíquotas de 1ml de cada diluição em salina foram transferidas para

séries de três tubos contendo 9 ml de caldo Lauril Sulfato de Sódio (LST) (Difco ®)

(com tubos de Durham invertidos). Os tubos foram incubados a 37ºC, sendo a

produção de gás observada por até 48 horas. Os tubos que apresentaram crescimento

e produção de gás tiveram uma alçada do crescimento transferida para tubos

contendo 9 ml de caldo EC (Difco®) (com tubos De Durham invertidos).

Os tubos contendo caldo EC foram incubados por até 48 horas a 45 ºC.

Aqueles que apresentaram crescimento e produção de gás, indicando presença de

coliformes termotolerantes, foram considerados para o cálculo do número mais

provável (NMP) de coliformes termotolerantes por grama de alimento (Figura 2).

3.3 Detecção de Genes de Resistência

3.3.1 Extração do DNA Total

Cada uma das 30 amostras de peito de frango (1,5 Kg) foi homogeneizada

com 350 ml de caldo Luria contendo 0,5% de NaCl e o lavado dessas amostras foi

incubado a 37ºC por 24 horas. Após o período de incubação, 1 ml da cultura

bacteriana foi transferido homogeneizados e transferidos para microtubos para

40

realização da extração do DNA total (plasmidial e cromossômico) por meio de

choque térmico, segundo a técnica descrita por CHAPMAN et al. (2001).

O esquema geral de procedimentos da pesquisa de genes de resistência a

antibióticos nas amostras está apresentado na Figura 2.

A cultura foi centrifugada por 5 minutos em velocidade de 14 000 rpm em

temperatura ambiente. Após a centrifugação, o sobrenadante foi descartado e o pellet

correspondente às células bacterianas foi lavado com 1ml de água MilliQ®

estéril e

centrifugado novamente nas mesmas condições já descritas. O sobrenadante foi

descartado e o precipitado resuspenso em 200 µl de água MilliQ® e então colocado

em banho-maria a 95ºC por 10 minutos. Em seguida foi mantido durante 30 minutos

a -20ºC. Após esse período, o tubo permaneceu em temperatura ambiente até o

descongelamento de seu conteúdo e foi centrifugado a 14 000 rpm por 5 minutos. O

sobrenadante contendo o material genético foi transferido para um novo microtubo e

conservado a -20 ºC até o momento do uso.

3.3.2 Reação em cadeia pela polimerase (PCR)

Reações de PCR foram realizadas para a detecção de genes que conferem

resistência aos antimicrobianos β-lactâmicos, Tetraciclinas e Quinolonas, utilizando

iniciadores específicos. Esses antimicrobianos foram escolhidos pelo fato de serem

proibidos na criação de aves.

O Quadro 8 apresenta os genes pesquisados, os respectivos iniciadores e a

temperatura de anelamento de cada par de iniciadores. Os controles positivos de cada

41

gene pesquisado encontram-se na coleção de cultura do Laboratório de Prática de

Saúde Pública da FSP-USP, com exceção dos genes.

Cada microtubo de reação continha, para um volume final de 25µl, os

seguintes reagentes: 5µl de DNA; tampão 5X (Promega); 1,5mM de MgCl2

(Promega), 200 uM de DNTp (Fermentas); 0,2 uM de cada iniciador e 1,25U de

GoTaq®

Polymerase (Promega) e água MilliQ

® para completar o volume de 25µl.

As reações ocorreram em termociclador (Mastercycler Gradient, Eppendorf)

com um ciclo de desnaturação inicial a 95ºC por 5 min., seguido de 30 ciclos

composto de denaturação a 95 ºC por 1 min., anelamento por 1 min. (Quadro 8),

extensão a 72ºC a 1 min. (dependendo do tamanho do fragmento), e extensão final a

72º C por 10 min.

3.4 Visualização dos produtos amplificados

A visualização da presença dos fragmentos amplificados para os diferentes

genes estudados foi realizada por meio de eletroforese em gel de agarose corado com

brometo de etídeo (1µg/ml), sob intensidade de corrente de 6V/cm. O tamanho do

fragmento foi determinado por comparação com o marcador de peso molecular 100

bp (MassRuler TM

DNA Ladder, Fermentas) utilizado em cada gel.

O gel foi visualizado sob luz ultravioleta 302nm e as imagens foram

registradas pelo sistema Epi Chemi II Darkroom, UVP Bioimaging Systems e

Software Labworks.

Alguns fragmentos de tamanho correspondentes aos genes pesquisados foram

selecionados e purificados com o kit comercial (illustra TM

GFTX TM

DNA and Gel

42

Band Purification Kit, GE Healthcare, UK), seguindo as orientações do fabricante, e

encaminhados para seqüenciamento, para confirmação e do gene em questão.

As sequencias foram alinhadas manualmente utilizando o programa Bioedit

Sequence Alignment Editor (HALL, 1999) e comparadas às sequencias dos genes

codificadores dos diferentes grupos em estudo, disponíveis em BUSH e JACOBY

(http://www.lahey.org/Studies) e no banco de dados GenBank

(www.ncbi.nih.gov/genbank).

43

Quadro 8. Sequência de iniciadores (5´-3´) utilizados na pesquisa dos genes de resistência.

Gene Sequência de Iniciadores (5´-3´) Produto (pb) Temperatura de

Anelamento º C

Referência

β-lactâmicos

ESBL

blaCTX-M-1 F

blaCTX-M-1 R

blaCTX-M-2 F

blaCTX-M-2 R

blaCTX-M-8 F

blaCTX-M-8 R

blaCTX-M-9 F

blaCTX-M-9 R

blaCTX-M-25 F

blaCTX-M-25 R

blaTEM F

blaTEM R

blaSHV F

bla SHV R

blaPER F

blaPER R

blaPER-2 F

blaPER-2 R

blaVEB-1 F

blaVEB-1 R

blaGES-1 F

blaGES-1 R

AAATCACTGCGYCAGTTCA

GGTGACGATTTTAGCCGCCG

GACTCAGAGCATTCGCCGC

TCAGAAACCGYGGGTTACGA

GATGAGACATCGCGTTAAG

GGTGACGATTTTCGCGGCA

TGACAAAGAGARTGCAACGG

CGATGATTCTCGCCGCTGAA

ATGAGAAAAAGCGTAAGGCGGG

CCGTCGGTGACWATTCTG

TAAAATTCTTGAAGACGAA

CCAAWGCTTAATCAGTGAG

TTATCTCCCTGTTAGCCRCC

TTAGCGTTGCCAGTGYTCGA

GCTGTAGTTACTGCCTCGAC

AACCTGCGCAATRATAGC

CGCTTCTGCTCTGCTGAT

GGCAGCTTCTTTAACGCC

CGACTTCCATTTCCCGATGC

GGACTCTGCAACAAATACGC

ATGCGCTTCATTCACGCAC

CTATTTGTCCGTGCTCAGG

854pb

870pb

861pb

867pb

865pb

1066pb

838pb

851pb

960pb

642pb

860pb

60

55

55

55

55

55

55

55

55

55

55

DROPA (2013)

`

Comunicação

Pessoal

BAUERFEIND

et al. (1996)

CAO et al.

(2002)

44

Quadro 8. Sequência de iniciadores (5´-3´) utilizados na pesquisa dos genes de resistência. (Continuação)

Gene Sequência de Iniciadores (5´-3´) Produto (pb) Temperatura de

Anelamento º C

Referência

MBL

AmpC

KPC

Quinolonas

Genes Plasmidiais

codificadores de Proteínas

de Proteção Ribosomal

blaIMP F

bla IMP R

blaVIM F

blaVIM R

blaSPM F

blaSPM R

blaNDM F

blaNDM R

blaMOX F

blaMOX R

blaCMY F

blaCMY R

blaKPC F

blaKPC R

qnrA F

qnrA R

qnrB F

qnrB R

qnrS F

qnrS R

GGAATAGRRTGGCTTAAYT

GGTTTAAYAAARCAMCCACC

GTTTGGTCGCATATCGCAAC

GAGCAAKTCYAGACCGCCC

CCTACAATCTAACGGCGACC

TCGCCGTGTCCAGGTATAAC

CCCGGCCACACCAGTGACA

GTAGTGCTCAGTGTCGGCAT

AGCACAGGATCCCGGGCA

CATGACGAYGCCGATCC

ATGATGAAAAAATCGTTATGC

GCTTTTCAAGAATGCGCCA

CTGTCTTGTCTCTCATGGCC

CCTCGCTGTGCTTGTCATCC

AGAGGATTTCTCACGCCAGG

TGCCAGGCACAGATCTTGAC

GGMATHGAAATTCGCCACTG

TTTGCYGYYCGCCAGTCGAA

GCAAGTTCATTGAACAGGGT

TCTAAACCGTCGAGTTCGGCG

232pb

590pb

648pb

129pb

947pb

1149pb

795pb

580pb

264pb

427pb

40

55

55

60

60

60

58

54

54

54

BALSALOBRE

et al. (2009)

VOETS et al.

(2011)

MOURA, 2010

NAAS et al.

(2008)

CATTOIR et al.

(2007)

45

Quadro 8. Sequência de iniciadores (5´-3´) utilizados na pesquisa dos genes de resistência. (Continuação)

Gene Sequência de Iniciadores (5´-3´) Produto (pb) Temperatura de

Anelamento º C

Referência

Tetracilina

tetA F

tetA R

tetB F

tetB R

tetC F

tetC R

tetD F

tetD R

tetE F

tetE R

tetG F

tetG R

tetH F

tetH R

tetJ F

tetJ R

tetZ F

tetZ R

tet30F

tet30 R

tetB/P F

tetB/P R

tetM F

tetM R

tetO F

tetO R

otr F

otr R

tetQ F

tetQ R

tetS F

tetS R

tetT F

tetT R

tetW F

tetW R

GCGCGATCTGGTTCACTCG

AGTCGACAGYRGCGCCGGC

TACGTGAATTTATTGCTTCGG

ATACAGCATCCAAAGCGCAC

GCGGGATATCGTCCATTCCG

GCGTAGAGGATCCACAGGACG

GGAATATCTCCCGGAAGCGG

CACATTGGACAGTGCCAGCAG

GTTATTACGGGAGTTTGTTGG

AATACAACACCCACACTACGC

GCAGAGCAGGTCGCTGG

CCYGCAAGAGAAGCCAGAAG

CAGTGAAAATTCACTGGCAAC

ATCCAAAGTGTGGTTGAGAAT

CGAAAACAGACTCGCCAATC

TCCATAATGAGGTGGGGC

CCTTCTCGACCAGGTCGG

ACCCACAGCGTGTCCGTC

CATCTTGGTCGAGGTGACTGG

ACGAGCACCCAGCCGAGC

AAAACTTATTATATTATAGTG

TGGAGTATCAATAATATTCAC

ACAGAAAGCTTATTATATAAC

TGGCGTGTCTATGATGTTCAC

ACGGARAGTTTATTGTATACC

TGGCGTATCTATAATGTTGAC

GGCATYCTGGCCCACGT

CCCGGGGTGTCGTASAGG

AGAATCTGCTGTTTGCCAGTG

CGGAGTGTCAATGATATTGCA

GAAAGCTTACTATACAGTAGC

AGGAGTATCTACAATATTTAC

AAGGTTTATTATATAAAAGTG

AGGTGTATCTATGATATTTAC

GAGAGCCTGCTATATGCCAGC

GGGCGTATCCACAATGTTAAC

164pb

206pb

207pb

187pb

199pb

134pb

185pb

184pb

181pb

210pb

169pb

171pb

171pb

212pb

169pb

169pb

169pb

168pb

60

60

60

60

60

60

60

60

60

60

46

46

46

55

46

46

46

55

AMINOV et al.

(2002)

46

Figura 2. Esquema geral da metodologia aplicada para pesquisa de genes de resistência em amostras de frango.

47

4. Resultados

4.1 Coliformes Termotolerantes

Todas as amostras analisadas no presente estudo foram consideradas próprias

para o consumo, de acordo com a Resolução RDC nº 12.

4.2 Genes codificadores de resistência aos β-Lactâmicos

Das 30 amostras de carne de frango estudadas, 17 (56,7%) apresentaram um

ou mais genes codificadores de resistência aos antimicrobianos β-Lactâmicos,

(Anexo 1). Os genes codificadores de KPC e MBL não foram detectados nas

amostras estudadas.

4.2.1 Genes codificadores de ESBL

A presença do fragmento de 854pb correspondente ao grupo blaCTX-M-1 foi

detectado em 4 amostras de frango analisadas. Já o grupo blaCTX-M-2 foi observado

em 10 e o grupo blaCTX-M-8 estava presente em 6 amostras. Quatro amostras de carne

de frango, apresentaram o fragmento correspondente ao grupo blaTEM e 5

apresentaram o fragmento correspondente ao grupo blaSHV. Os fragmentos

correspondentes aos grupos blaCTX-M-9, blaCTX-M-25, blaPER, blaVEB e blaGES não foram

detectados nas amostras de frango estudadas.

Para a confirmação e identificação dos genes específicos dos grupos

pesquisados, os produtos amplificados foram enviados ao sequenciamento. Foi

confirmada a presença dos genes blaCTX-M-1 (pertencente ao grupo CTX-M-1) em 4

amostras, sendo 2 de supermercados e 2 d açougues, blaCTX-M-2 (pertencente ao grupo

CTX-M-2) em 3 amostras de supermercados e 1 de açougue, blaCTX-M-8 (pertencente

48

ao grupo CTX-M-8) em uma amostra de supermercado e 2 de açougue, blaTEM-1B

(pertencente ao grupo TEM) em uma amostra de supermercado e uma de açougue e

blaSHV-85 (pertencente ao grupo SHV) em uma amostra de supermercado (Figura 3).

O Anexo 1 apresenta o resultado geral do número e porcentagens da presença

de fragmentos correspondentes aos diferentes genes codificadores de ESBL,

utilizados no presente estudo, detectados em cada tipo de amostra de carne de frango.

Figura 3. Representação gráfica do número e tipos de amostras nas quais há

presença dos fragmentos correspondentes aos genes codificadores de ESBL dos

grupos blaCTX-M-1, blaCTX-M-2, blaCTX-M-8, e para os genes blaTEM e blaSHV.

49

4.2.2 Genes codificadores de AmpC β-Lactamases

O fragmento correspondente ao gene blaMOX foi amplificado em 7 das

amostras estudadas, enquanto que o fragmento de 1149 pb correspondente ao gene

blaCMY foi amplificado em 4 amostras de carne de frango.

Para a confirmação e identificação dos genes específicos dos grupos

pesquisados, os produtos amplificados foram enviados ao sequenciamento onde foi

confirmada apenas a identificação do gene blaMOX5-6 (pertencente ao grupo MOX)

em uma amostra de frango de feira (Anexo 1 e Figura 4). Genes pertencentes ao

grupo CMY não foram identificados no sequenciamento.

Figura 4. Representação gráfica do número e tipos de amostras nas quais foram

detectados os fragmentos correspondentes aos genes codificadores de AmpC β-

Lactamases, blaMOX e blaCMY.

50

4.3 Genes codificadores de resistência às Tetraciclinas

Em 28 amostras (93,3%) estudadas foi possível observar a presença de

fragmentos correspondentes a um ou mais genes codificadores de resistência às

Tetraciclinas pesquisados (Anexo 1). Os fragmentos identificados não foram

enviados ao sequenciamento, pois os iniciadores utilizados são específicos para cada

gene pesquisado.

4.3.1 Genes tet codificadores de Bomba de Efluxo

Os fragmentos de 164pb, 206pb, 207pb, 187pb e 199pb correspondentes aos

genes tetA, tetB, tetC, tetD e tetE, foram observados em 19, 10, 19, 17 e 9 amostras,

respectivamente (Figura 5) (Anexo 1).

Os fragmentos correspondentes aos genes tetG, tetH, tetJ, tetZ e tet30, não

foram amplificados nas amostras estudadas com os iniciadores utilizados no estudo.

51

Figura 5. Representação gráfica do número e tipos de amostras nas quais os

fragmentos correspondentes aos genes codificadores de Bombas de Efluxo tetA,

tetB, tetC, tetD e tetE foram obtidos.

4.3.2 Genes tet codificadores de Proteção Ribossomal

Treze amostras de carne de frango apresentaram o fragmento de 171pb

correspondente ao gene tetM. O fragmento correspondente ao gene tetO foi

amplificado em 4 amostras de carne de frango. Já o fragmento correspondente ao

gene tetQ foi identificado em 3 amostras. Os fragmentos correspondentes aos genes

tetS (169pb) e tetW (168pb) foram observados em 7 e 1 amostras, respectivamente

(Figura 6) (Anexo 1).

52

Não foram detectados os fragmentos correspondentes aos genes tetB(P), tetZ

e tetT nas amostras analisadas com os iniciadores propostos no estudo.

Figura 6. Representação gráfica do número e tipos de amostras nas quais foram

observados os fragmentos correspondentes aos genes codificadores de Proteínas de

Proteção Ribosssomal, tetM, tetO, tetQ, tetS e tetW.

4.4 Genes Codificadores de Resistência às Quinolonas

Duas amostras apresentaram o fragmento de tamanho esperado para o gene

qnrA. O fragmento correspondente ao gene qnrB foi identificado em 18 amostras de

carne de frango e o fragmento esperado para o gene qnrS em 27 amostras (Figura 7)

(Anexo 1).

53

Figura 7. Representação gráfica do número e tipos de amostras nas quais foram

amplificados os fragmentos correspondentes aos genes codificadores de Proteínas de

Proteção Ribosssomal, qnrA, qnrB e qnrS.

Quadro 9. Resultados obtidos para as diferentes amostras de carne de frango quanto

à identificação de genes codificadores de resistência aos β-Lactâmicos e às

Quinolonas.

Genes

Amostra blaCTX-

M-1

blaCTX-

M-2

blaCTX-

M-8 qnrA qnrB qnrS

5C + - - - - +

7C - + - - - +

8C - + - - - +

9C + + + - - +

6A + - - - + +

10A + - + - + +

54

5. Discussão

Na última década o aumento e a disseminação da resistência bacteriana em

microrganismos de origem clínica tornou-se um grave problema na Saúde Pública da

maioria dos países, devido à pressão seletiva do uso de antibióticos. Entretanto,

existem outras formas de pressão seletiva, como por exemplo, o amplo uso de

antimicrobianos na criação de animais. Com o avanço de estudos metagenômicos em

seres humanos, animais e no ambiente foi possível a descoberta de novos

reservatórios de genes codificadores de resistência a antimicrobianos (ROLAIN,

2013).

A resistência a antimicrobianos vem aumentando nos últimos anos sendo

observado desde microrganismos resistentes a apenas uma classe de antibióticos até

aqueles que apresentam resistência a diversas classes desses compostos

(multirresistência). Os mecanismos de ação envolvidos na resistência bacteriana são

estudados na clínica com frequência, porém é importante a pesquisa focar em outros

reservatórios como, por exemplo, em microrganismos de origem animal.

Antibióticos adicionados em rações de animais, utilizados como promotores

de crescimento resultam na propagação da resistência bacteriana por meio da

aquisição de genes codificadores de resistência, por microrganismos comensais do

animal, e esses podem ser transferidos para microrganismos do trato gastrointestinal

do homem por meio da alimentação (SANTOS et al., 2008).

Todos os genes escolhidos para a detecção em carne de frango nesse estudo

são codificadores de resistência a antimicrobianos proibidos na criação desses

55

animais, segundo a legislação brasileira (Instrução Normativa nº 26, 09/07/2009).

Mesmo assim, observaram-se dezessete (56,7%) amostras apresentando um ou mais

genes codificadores de resistência a antimicrobianos β-Lactâmicos, 28 (93,3%)

amostras apresentando um ou mais genes codificadores de resistência às

Tetraciclinas e 28 (93,3%) amostras apresentando um ou mais genes codificadores de

resistência às Quinolonas.

5.1 Genes codificadores de resistência aos β-Lactâmicos

5.1.1 Genes codificadores de ESBL

No presente estudo foram pesquisados 10 grupos de ESBL (CTX-M-1, CTX-

M-2, CTX-M-8, CTX-M-9. CTX-M-25, TEM, SHV, PER VEB e GES) nas 30

amostras de carne de frango. Em relação às ESBL, os genes codificadores dessa

enzima mais observados foram do grupo CTX-M (Figura 3). Essa família de

enzimas, além de disseminada na clínica, compreende as ESBL mais prevalentes no

mundo (ANDREA et al., 2013).

Quatro amostras (13,3%) apresentaram o fragmento correspondente ao gene

blaCTX-M-1 (Figura 3). No Brasil, o grupo CTX-M-1 até o momento não havia sido

reportado em amostras de carne de frango, porém está disseminado em amostras

clínicas e já foi descrito em amostras ambientais (PEIRANO et al., 2009; DROPA,

2013; OLIVEIRA et al., 2014). Em países Europeus como Bélgica, Dinamarca,

França, Itália, Holanda, Portugal e Espanha, esse gene ou esse grupo é isolado com

frequência de carne de suínos e aves (WITTUM et al., 2010; OVERDEVEST et al.,

2011; ACCOGLI et al., 2013).

56

Dentre os grupos de CTX-M pesquisados, o gene codificador de ESBL

blaCTX-M-2, foi detectado em 4 amostras de carne de frango (Figura 3). O grupo

CTX-M-2 foi identificado pela primeira vez em 1992 em cepas de Salmonella

Typhimurium, na Argentina (BAUERNFEIND et al., 1992) e são detectados com

frequência na América do Sul. A variante CTX-M-2 encontra-se disseminada em

cepas de origem clínica no Brasil (DROPA, 2013) e estudos recentes demonstram a

detecção desses genes em microrganismos como Salmonella enterica, Salmonella

Typhimurium e Escherichia coli isolados de frango (FERNANDES et al., 2009;

SILVIA e LINCOPAN, 2012; FERREIRA et al., 2014).

WARREN et al. (2008) também detectaram o gene blaCTX-M-2 no Reino

Unido, em cepas de Escherichia coli isoladas de amostras de carne de frango

importadas do Brasil, alertando que a importação desse tipo de alimento pode

representar uma das formas de disseminação desses genes. A identificação desse

gene nesse tipo de amostra mostra-se um alerta para o agronegócio do país, tendo em

vista que somos importantes exportadores de carne de frango no mundo (SILVA e

LINCOPAN, 2012).

O gene bla CTX-M-8 foi identificado em 3 amostras (10%) (sendo uma de

supermercado e 2 de açougues). Desde sua primeira descrição na literatura, ocorrida

no Brasil (BONNET et al., 2000), o gene blaCTX-M-8 (pertencente ao grupo CTX-M-8)

tem sido observado em várias espécies da família Enterobacteriaceae e em diversos

continentes. Segundo recentes estudos desenvolvidos na Espanha e Estados Unidos,

a disseminação dessa enzima e a posterior propagação na comunidade pode ser

57

consequência da transferência horizontal de genes, além da movimentação de

viajantes ou alimentos contaminados de um país para o outro (ELLER et al., 2013).

PEIRANO et al. (2006) realizaram um estudo no Brasil com isolados de

Salmonella enterica de diferentes amostras (origem clínica, fezes de animais,

animais para o consumo humano, entre outros), no qual também observaram o gene

blaCTX-M-8.

No Brasil os genes TEM e SHV já foram observados em amostras clínicas e

ambientais (BONNET et al., 2000; BONNET et al., 2001; MINARINI et al., 2009;

BALSALOBRE et al., 2010; DROPA et al., 2009; DROPA, 2013). Os grupos TEM e

SHV são menos observados no Brasil que os grupos CTX-M. DROPA, 2013,

descreveu pela primeira vez no Brasil, o gene blaTEM-15 isolado de amostra clínica.

Esse gene já tinha sido descrito na Europa e na Ásia, entretanto foi o primeiro relato

na América Latina. Em relação ao grupo SHV, o gene blaSHV-5 é considerado o gene

mais frequente na América Latina (DROPA, 2013).

No presente estudo, o gene blaTEM-1B foi detectado em 2 amostras, sendo uma

de supermercado e uma de açougue, e o gene blaSHV-85 foi identificado em uma

amostra de supermercado (Figura3). Ambos os genes não possuem perfil ESBL, ou

seja, hidrolisam apenas antimicrobianos como a Penicilina e as Cefalosporinas de

primeira geração.

A maioria das enzimas SHV, como a SHV-85 são derivadas da SHV-1, a qual

não possui perfil ESBL, e são disseminadas em cepas de Klebsiella pneumoniae. A

SHV-85 foi observada pela primeira vez em 2008, no Brasil, por GARCIA et al.,

58

2008, isolada de uma cepa clínica de Klebsiella pneumoniae. Também já foi

identificada em cepas de Klebsiella pneumoniae isoladas de amostras clínicas, na

Arábia Saudita (TAEFIK et al., 2011). Essa é a primeira descrição na literatura do

gene blaSHV-85 isolado de amostras de carne de frango.

No Brasil, não há relatos na literatura da identificação de genes blaTEM com

perfil ESBL (DROPA, 2013). Esse dado corrobora o presente estudo, já que o gene

blaTEM-1B isolado de amostra de carne de frango não possui perfil ESBL.

Os genes blaTEM são 99% similares uns aos outros e são carreados por 3

diferentes tipos de transposons descritos na literatura, Tn1, Tn2 e Tn3 (SMET et al.,

2009). O gene blaTEM-1B, localiza-se no transposon Tn2 e foi observado pela primeira

vez em 1997 por PEIXE et al., em uma cepa de Escherichia coli de origem clínica,

na Europa. Esse gene é derivado da enzima TEM-6 e não possui perfil ESBL.

Na literatura não há relatos desse gene em amostras de carne de frango,

entretanto, tem sido observado em amostras clínicas em alguns países como,

Espanha, Nigéria e China (TORO et al., 2011; LEEKITCHAROENPHON et al.,

2013; TORO et al., 2013; HUANG et al., 2014). Assim, este é o primeiro relato do

gene blaTEM-1b no Brasil.

O fato dos grupos TEM, SHV e CTX-M terem sido observados nas amostras

deste estudo, reforça a ideia da disseminação da resistência bacteriana também por

amostras de origem alimentar no Brasil. Em outros países os grupos CTX-M-8, TEM

e SHV são comumente observados em isolados de carne de frango (DHANJI et al.,

2010; STUART et al., 2012; REICH et al., 2013).

59

A adição de antimicrobianos em rações para a criação de aves tem

contribuído para a aquisição de genes codificadores de ESBL por patógenos de

origem animal. Recentes estudos no Brasil demonstram que a identificação de genes

que codificam resistência às ESBL, sobretudo CTX-M, em microrganismos isolados

da carne de frango, representam um problema emergente na população, pois podem

ser transferidos para o homem por meio da alimentação (FERNANDES et al., 2009;

SILVA e LINCOPAN, 2012).

5.1.2 Genes codificadores de AmpC β-Lactamases

Nesse estudo foi observada apenas a presença de um gene blaMOX em uma

amostra de frango de feira. Esse gene que ainda não foi relatado nesse tipo de

amostra na literatura, apenas em amostras ambientais (MOURA, 2010), apresenta

similaridade com os genes blaMOX-3 e blaMOX-4. Faz-se necessário mais estudos para

analisar a possibilidade de ser uma nova variante do grupo MOX.

Diversos estudos têm descrito a identificação de AmpC β-Lactamases em

Escherichia coli na cadeia de produção de animais. Segundo EWERS et al. (2012) e

LIEBANA et al. (2013), dentre os genes codificadores de AmpCs, o mais

frequentemente identificado é o blaCMY-2, entretanto genes pertencentes ao grupo

CMY não foram identificados no sequenciamento.

5.2 Genes que codificam resistência às Tetraciclinas

5.2.1 Genes codificadores de Bombas de Efluxo

Os fragmentos correspondentes a um ou mais genes codificadores de bombas

de efluxo (tetA, tetB, tetC, tetD e tetE) propostos para detecção foram obervados em

60

26 (86,7%) amostras de carne de frango (Anexo 1). Considerando que os iniciadores

para os diferentes genes tet utilizados no presente estudo são específicos e somente

detectam as respectivas variantes dos genes tet, é possível afirmar que as amostras

são positivas sem a necessidade do sequenciamento.

Dentre todos os genes codificadores de bombas de efluxo, estudos relatam

que o gene tetD é o mais raro de ser encontrado, mesmo em Escherichia coli isolados

de carne animal (microrganismo comum nesse tipo de amostra) (KOO e WOO,

2001). Dados obtidos no presente estudo não demonstram esse fato, já que os genes

com menor frequência observados nas amostras foram o tetE (9 amostras - 30%) e o

tetB (10 amostras - 33,3%), enquanto o tetD foi detectado c um número maior de

amostras (17 - 56,7%) amostras.

No Brasil, não há relatos na literatura da detecção dos genes tetB, tetC e tetD

em amostras de origem alimentar e tetA e tetE em amostras de carne de frango,

sendo este estudo o primeiro a apontar esses genes nesse tipo de amostra. Em outros

países, entretanto, diversos estudos identificaram esses genes em diversos

microrganismos isolados de frangos, sobretudo em Salmonella spp, Campylobacter

spp e Enterococcus spp (BRYAN et al., 2004; MILES et al., 2006; SMITH et

al.,2007; LYNNE et al., 2009.

5.2.2 Genes Codificadores de Proteínas de Proteção Ribossomal

Os genes tetM, tetO, tetQ, tetS e tetW foram obervados em uma ou mais

amostras estudadas (Anexo 1). O gene tetM foi o gene codificador de proteína de

proteção ribossomal mais frequente nas amostras, 13 (43,3%) (Figura 6). No Brasil

61

CAMPOS (2012) observou em seu estudo o gene tetM em 93% dos isolados de

Enterococcus de carcaça de frango. Em Porto Alegre, GAMA (2008) também

observou o gene tetM em 90% dos isolados de Enterococcus das amostras de frango

analisadas.

O gene tetO foi detectado em 4 (13,3%) amostras de carne de frango (Figura

6). Dados na literatura brasileira não apontam a detecção desse gene nesse tipo de

amostra no Brasil, sendo esse o primeiro relato. POUBEL et al. detectaram o gene

tetO em microrganismos isolados do leite de bovinos, no Brasil. Estudos realizados

em outros países demonstram a detecção dos genes tetM e tetO em carne de frango e

outros tipos de alimentos (CHOPRA e ROBERTS, 2001; NG et al., 2001;

GAROFALO et al., 2006).

Estudos demonstram que os genes tetM e tetO são comumente encontrados

em Lactobacillus. Esses microrganismos são utilizados, principalmente, na etapa de

fermentação de determinados tipos de alimentos, e na produção de probióticos

adicionados em rações para a criação de animais, além de estarem presentes no trato

gastrointestinal de homens e animais (KLEIN, 2011). A carne crua e os alimentos

fermentados são veículos potenciais para a transmissão de microrganismos

resistentes aos antibióticos na cadeia alimentar e, portanto, ao consumidor

(GAROFALO et al., 2006).

Organismos do gênero Enterococcus também são microrganismos

fermentadores presentes no trato gastrointestinal de mamíferos e participam da

fermentação de determinados tipos de alimentos, mas também podem estar presentes

no solo, água, plantas e vegetais. Em relação a resistência às tetraciclinas, os

62

organismos desse gênero normalmente apresentam os genes codificadores tetM, tetO

e tetS (HUYS et al., 2004).

Dados observados no presente estudo corroboram a literatura. Foi possível

observar o microrganismo que carreava o gene tetM, em uma amostra de

supermercado (congelado), enriquecendo a mesma com o antimicrobiano que

apresentava resistência (no caso, a Tetraciclina), e assim identificar a bactéria

Enterococcus, Por meio deste método, foi possível também comprovar que é viável a

identificação dos microrganismos carreadores dos genes identificados no estudo.

A expressão dos genes tetM e tetO parece ser regulada pela exposição à

tetraciclina. Diversos estudos demonstram que quando microrganismos carreadores

desses genes são expostos a esse antimicrobiano, a expressão de ambos aumenta. O

gene tetM é muitas vezes associado ao elemento conjugativo das famílias de

transposon Tn916 e Tn1545. Esse grupo de elementos formam regiões intermediárias

não replicativas que são essenciais para transposição intracelular e transferência

conjugativa intracelular favorecendo sua movimentação do cromossomo para o

plasmídeo, facilitando assim sua disseminação entre gerações de mesmos ou

diferentes microrganismos. O gene tetO não está associado a elementos conjugativos

e sim a plasmídeos conjugativos que também facilitam sua disseminação entre

microrganismos (CHOPRA e ROBERTS, 2001).

Os genes tetQ, tetS e tetW (Figura 6) foram menos prevalentes nesse estudo,

sendo identificados em três (10%), 7 (23,3%) e uma amostra (3,3%),

respectivamente, e ainda não foram identificados nesse tipo de amostra no Brasil,

sendo esse o primeiro relato no país, além de ser o primeiro relato dos genes tetQ e

63

tetW em amostras de carne de frango. Na literatura há relatos dos genes tetQ em

bactérias de origem intestinal de humanos (Bacteriodes spp e Provotella

intermedius) e de bovinos (Provotella ruminicula) (van den BOGAARD e

STOBBERINGH, 2000) e tetW em queijos (COMUNIAN et al., 2010), suínos e

bovinos (TEUBER, 2000). O gene tetS, como citado anteriormente, já foi observado

em cepas de Enterococcus isolados de amostra de alimentos e também já foi

obervado em carne de frango e em microrganismos isolados do queijo (WANG et al.,

2005).

5.3 Genes que codificam resistência às Quinolonas

No presente estudo, das 30 amostras analisadas, 28 (93,3%) apresentaram os

fragmentos correspondentes a um ou mais genes codificadores de resistência às

quinolonas (qnrA – 2 (6,6%) amostras, qnrB - 11 (36,6%) amostras - qnrS - 27

(90%) amostras) (Figura 7). No Brasil, esses genes ainda não foram identificados

nesse tipo de amostra, sendo considerado esse o primeiro relato dos mesmos no País.

Entretanto, já foram obervados em isolados de amostras clínicas (MINIRANI et al.,

2008; SOUZA; 2014).

HUANG et al. (2009) realizaram um estudo com Escherichia coli isoladas de

carne de frango, no período de 2001 à 2007, e identificaram os genes qnrA, qnrB e

qnrS em 4, 21 e 27 cepas das 532 analisadas. No presente estudo, o gene qnrS

também foi identificado com maior frequência (90%) dentre as amostras estudadas.

Estudos realizados em outros países identificaram esses genes em carne de

frango e outros tipos de amostras (YUE et al., 2008; VELDMAN et al., 2011).

64

Observa-se também relatos em estudos nos quais Salmonella spp, isoladas de frango,

eram resistentes às Quinolonas (THRELFALL, 2002; ANJUM et al., 2011;

VELDMAN et al., 2011; KIM et al., 2013).

Relatos na literatura apontam que os genes qnrA e qnrB estão geralmente

associados a plasmídeos que carreiam genes codificadores de ESBL (blaCTX, blaTEM,

blaSHV e blaVEB-1). No presente estudo, todas as amostras que foram identificados os

genes codificadores de ESBL observou-se genes codificadores de resistência às

Quinolonas, como mostra o Quadro 9.

Informações quanto à identificação de genes que codificam resistência às

Quinolonas em amostras de alimentos não são relatadas com frequência na literatura.

O presente estudo pesquisou apenas os 3 principais plasmidiais, os quais foram

observados com alta frequência.

Os dados obtidos no presente estudo abrem caminho para a confirmação da

disseminação de genes de resistência que, podem não ter sido observados nesses

tipos de amostras devido ao reduzido número de estudos moleculares realizados em

amostras de frango para identificação dos mesmos.

5.4 Contagem de Coliformes Termotolerantes

Todas as amostras analisadas no presente estudo foram consideradas próprias

para o consumo, de acordo com a Resolução RDC nº 12. Esse parâmetro permitiu

comprovar que mesmo uma amostra estando dentro dos padrões higiênicos sanitários

exigidos pela Lei, no que diz respeito de Coliformes Termotolerantes, pode haver

genes codificadores de resistência bacteriana na carga microbiana comum da carne

65

de frango. Os genes de resistência obervados nas mesmas não irão causar

enfermidade no momento da ingestão do alimento, porém, podem colaborar com a

disseminação da resistência bacteriana a longo prazo.

5.5 Globalização e a disseminação dos genes de resistência: um alerta

para a Saúde Pública.

Atualmente, um dos aspectos mais preocupantes da microbiologia clínica é a

resistência bacteriana aos antimicrobianos. A disseminação da resistência está cada

vez mais se caracterizando como um importante problema para a Saúde Pública. A

resistência bacteriana pode sofrer variações influenciadas pelo tipo de antibiótico

utilizado, os diferentes grupos de microrganismos envolvidos e mesmo pela

localização geográfica da área de estudo de modo que nenhum país do mundo está

livre desse problema (SHITO et al., 2002).

Nos países com o sistema de saúde precário, o impacto da resistência

bacteriana na economia é subestimado. Calcula-se que nesses locais pelo menos dois

terços da mortalidade infantil estão relacionados a infecções, como sepse neonatal,

tuberculose, meningite, diarréia e febre tifóide, que muitas vezes são mediadas por

bactérias resistentes aos antibióticos (SHITO et al., 2002).

Nos últimos 50 anos, o mundo tem sido modificado por grande movimento da

sociedade do campo para a cidade e estima-se que em 2030 esse número chegará aos

60%. Nosso planeta é percorrido por milhões de pessoas que viajam. Em 2000, o

número de pessoas deslocadas em todo o mundo chegou em 150 milhões. Além das

consequências políticas e demográficas, esse deslocamento global contribui com a

66

disseminação de doenças infecciosas e microrganismos resistentes aos

antimicrobianos (WALDVOGEL, 2004).

Como observado no presente estudo, o problema da resistência bacteriana não

está só na clínica ou no ambiente, mas também nos alimentos. O mercado alimentício

também tem seguido o processo de globalização e suas consequências na saúde da

população e política de um país. O cultivo em massa de produtos para a alimentação

e a mistura desses alimentos, unidos a importação e exportação, também tornam-se

um grave problema para Saúde Pública no que diz a respeito à disseminação da

resistência bacteriana (WALVOGEL, 2004).

O Brasil pode ser tomado como exemplo, pois atualmente é um dos maiores

exportador de carne de frango no mundo. Apesar de todo o controle do MAPA e

outros órgãos de fiscalização, estudos tem demonstrado o isolamento de

microrganismos resistentes aos antibióticos, no frango importado do nosso país

(WARREN et al., 2008; HAWKEY e JONES, 2009).

Assim, o comércio e as viagens internacionais são fatores que contribuem

amplamente para a disseminação da resistência bacteriana. Um microrganismo que é

primeiramente observado no Japão, por exemplo, seja de origem alimentar ou não,

pode chegar ao Brasil em menos de 30 horas, devido a facilidade da movimentação

de pessoas e mercadorias de um país para o outro.

O custo da resistência bacteriana gerado para a Saúde Pública é muito alto.

Em 2007, na Europa, houve cerca de 400.000 mil infecções mediadas por

microrganismos resistentes a antibióticos. Nos Estados Unidos, 20 bilhões de dólares

67

são gastos anualmente devido a disseminação da resistência bacteriana no país

(BUSH et al., 2011). No Brasil, os dados a respeito desse grave problema ainda são

precários. Em 2013, a ANVISA publicou uma nota técnica para Medidas de

Prevenção e Controle de Infecções por Enterobactérias multiresistentes, porém ainda

o país continua com dados insuficientes a respeito da resistência bacteriana. A página

virtual do Projeto EUREQA não possui notícias disponíveis e a última publicação

disponível é do ano de 2009.

Conhecer a diversidade de genes de resistência a antibióticos que circulam no

ambiente, sejam eles quais forem, pode gerar um alerta para a necessidade de ampliar

os cuidados, sejam eles no tratamento precoce de um paciente ou nas ações que

podem ser tomadas quanto à manipulação de alimentos, boas práticas na cadeia de

produção e orientação dos consumidores quanto a higienização das mãos e os

cuidados com a contaminação cruzada. Vivemos em uma economia global em que a

movimentação de alimentos e pessoas contaminados com bactérias resistentes pode

ter rápido e grande impacto em qualquer área do planeta. A globalização contribui

amplamente com o problema da disseminação da resistência bacteriana na Saúde

Pública Mundial.

68

6. Conclusões

Genes codificadores de resistência aos antimicrobianos β-Lactâmicos,

Tetraciclina e Quinolona estavam disseminados nas amostras carne de frango,

independente da forma de conservação (fresca ou congelada) ou da origem

das mesmas (feira, supermercado ou açougue).

Genes codificadores de resistência podem ser detectados em carne de frango,

mesmo que esta atenda aos Padrões Higiênicos Sanitários exigidos pela

ANVISA.

Genes, como blaCTX-M-1, blaSHV-85, blaTEM-1b, blaMOX-3/4, tetA, tetB, tetC, tetD,

tetE, tetQ, tetS, tetW, qnrA, qnrB e qnrS, que não haviam sido detectados

nesse tipo de amostra no Brasil e /ou no mundo foram observados nesse

estudo.

69

7. Considerações Finais

O objetivo do estudo não foi apontar se o alimento está próprio ou impróprio

para o consumo, mas sim informar sobre a problemática que vem ocorrendo em

diferentes tipos de amostra (inclusive em alimentos), para que assim possam ser

geradas algumas recomendações com o intuito de minimizar a disseminação da

resistência bacteriana.

Diante dos dados levantados para a realização do estudo, bem como os

resultados obtidos no mesmo, foi possível levantar a problemática da resistência

bacteriana em carne de frango. Assim, foram abordados alguns pontos básicos e

necessários para tentar minimizar esse problema, sobretudo no Brasil, o qual

demonstrou escassez de dados e estudos sobre o assunto.

Se levarmos em conta as amostras analisadas de acordo com os parâmetros

para Coliformes Termotolerantes, podemos dizer que durante a cadeia de produção, a

carne de frango foi corretamente manipulada e controlada, não gerando risco ao

consumidor em relação a algum tipo de contaminação. Entretanto, como observado,

existem genes de resistência circulando nesse alimento, que podem estar presentes

em bactérias comensais da carne de frango, e algumas recomendações podem ser

levadas em conta para evitar a disseminação da resistência bacteriana.

Alertar os colaboradores quanto à higienização das mãos e do uniforme e a

otimização da cadeia de produção, são pontos que poderiam reduzir a carga

microbiana e evitar a passagem de microrganismos, que muitas vezes são carreadores

70

de genes de resistência, do homem para o alimento. O controle da aplicação de

antimicrobianos como promotores de crescimento e agentes profiláticos também é

necessário, para evitar a seleção e disseminação da resistência bacteriana em

microrganismos comensais do frango.

A orientação de pessoas envolvidas na comercialização e no preparo do

alimento é de extrema importância para minimizar a contaminação dessas carcaças.

Além da orientação dos manipuladores em açougues, mercados e feiras, o

consumidor deve ter informações a respeito do modo de preparo do alimento, a fim

de que esse processo seja realizado com higiene e sem riscos de transmissão de um

microrganismo resistente, do alimento para o consumidor.

Por fim, a busca de medidas preventivas para a problemática da resistência

bacteriana depende também de maior incentivo do governo para o desenvolvimento

de estudos em amostras de origem alimentar. De acordo com o levantamento

bibliográfico no Brasil, estudos a respeito da disseminação da resistência bacteriana

são raros ou inexistentes, o que dificulta a tomada de medidas preventivas.

71

8. Referências Bibliográficas

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ANEXOS

ANEXO 1 - Número e porcentagem dos diferentes tipos de amostras de carne de

frango (supermercado, açougue e feira) que continham os fragmentos de tamanhos

esperados para os diferentes genes codificadores de resistência, segundo a classe de

antimicrobianos.

97

ANEXO 1 - Número e porcentagem dos diferentes tipos de amostras de carne de frango (supermercado, açougue e feira) que continham os

fragmentos de tamanhos esperados para os diferentes genes codificadores de resistência, segundo a classe de antimicrobianos.

AMOSTRAS

SUPERMERCADO (congelado) AÇOUGUE (resfriado) FEIRA (resfriado) Total

1C 2C 3C 4C 5C 6C 7C 8C 9C 10C 1A 2A 3A 4A 5A 6A 7A 8A 9A 10A 1F 2F 3F 4F 5F 6F 7F 8F 9F 10F Nº (%)

Β-L

AC

MIC

OS

E

SB

L

blaCTX-M-1 - - - - + - - - + - - - - - - + - - - + - - - - - - - - - - 4 (13,3)

blaCTX-M-2 - - - - - - + + + - - - - + - - - - - - - - - - - - - - - - 4 (13,3)

blaCTX-M-8 - - - - - - - - + - - - - + - - - - - + - - - - - - - - - - 3 (10,0)

blaTEM - - - - - - - - + - - - - - - - - - - + - - - - - - - - - - 2 (6,7)

blaSHV - - - - - - - - + - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 (3,3)

Am

pC

blaMOX - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - + - - 1 (3,3)

blaCMY - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 0

TE

TR

AC

ICL

INA

S

Bo

mb

as d

e E

fluxo tetA - + + + + + + + + + + + - + - - + + - + + - - - + - + + - - 19 (63,3)

tetB - - + - + - - - + - - - + - - - - - - + - - - - + - + + + + 10 (33,3)

tetC - + + + + + + + + - - - - + - - - + - + + + + - + - + + + + 19 (63,3)

tetD + + + + + + + + + + - - - - - - - - - - + + - - + - + + + + 17 (56,7)

tetE - - - - - - - - - - - - - + + - + - - + - - - - + - + + + + 9 (30,0)

Pro

teçã

o

Rib

oss

om

al

tetM - + - - - - - - + - - + + + + + + + + + - - + - - - + - - - 13 (43,3)

tetO - + - - - - - - - - - + - + + - - - - - - - - - - - - - - - 4 (13,4)

tetQ - - - - - - - - - - - + - - + - - - - + - - - - - - - - - - 3 (10,0)

tetS - - - - - + + + + + - - - - - - - - + - - - - - - + - - - 7 (23,3)

tetW - - - - - - - - - - - - - - + - - - - - - - - - - - - - - - 1 (3,3)

QU

INO

LO

N

AS

Pro

teín

as d

e

Pro

teçã

o qnrA - + - - - - - - - - - - - - - - + - - - - - - - - - - - - - 2 (6,7)

qnrB - - + - - - - - - - + + + + + + + + - + + + + - + - + + + + 18 (60,0)

qnrS - + + + + + + + + + + + - + + + + + + + + + + - + + + + + + 27 (90,0)

98