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ANDREZA BORTOLOTI FRANCO DE OLIVEIRA ANÁLISE DA DISPERSÃO TURBULENTA EM AERAÇÃO DE CORPOS HÍDRICOS USANDO A TÉCNICA PIV (VELOCIMETRIA POR IMAGEM DE PARTÍCULAS) Dissertação apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo para obtenção do título de mestre em Ciências da Engenharia Ambiental Orientador: Prof. Dr. Nivaldo Aparecido Corrêa SÃO CARLOS 2008

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ANDREZA BORTOLOTI FRANCO DE OLIVEIRA

ANÁLISE DA DISPERSÃO TURBULENTA EM AERAÇÃO DE CORPOS HÍDRICOS USANDO A TÉCNICA PIV (VELOCIMETRIA POR IMAGEM DE

PARTÍCULAS) Dissertação apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo para obtenção do título de mestre em Ciências da Engenharia Ambiental

Orientador: Prof. Dr. Nivaldo Aparecido Corrêa

SÃO CARLOS 2008

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Ao meu marido Antonio Carlos e meus filhos Carlos Eduardo e Vinícius,

com todo meu amor e carinho.

Aos meus pais Odelina e Vanildo, com todo meu amor e gratidão.

A minha irmã Sylvia, por todo o apoio.

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AGRADECIMENTOS

Á Deus por ser meu refúgio e minha fortaleza

Ao meu orientador Prof Dr Nivaldo Aparecido Corrêa, pela excelente orientação na realização

deste trabalho, e grande contribuição à minha formação pessoal e profissional. Obrigada pelo

seu apoio e exemplo.

Aos professores Dr Wiclef Dymurgo Marra e Luciana Peixoto pelo incentivo e contribuição

nas criticas e sugestões dadas no decorrer deste trabalho.

Meus agradecimentos á todos os funcionários do PPG-SEA e PPG-SHS, pelo auxilio e

colaboração.

Ao técnico André Canale Garcia, muito obrigada.

Ao amigo Gabriel D'Arrigo de Brito Souto , pela amizade e colaboração no meu trabalho.

Ás queridas amigas Liliane e Tânia por sempre estarem dispostas a ouvir e ajudar.

Aos amigos de laboratório pela amizade e colaboração.

Á CAPES pela concessão de bolsa de estudos.

Á FAPESP pela concessão financeira de equipamento e suporte computacional.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS................................................................................................................. i LISTA DE SÍMBOLOS............................................................................................................ iii RESUMO................................................................................................................................... v ABSTRACT............................................................................................................................. vii 1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA.................................................................................... 1 2. OBJETIVOS .......................................................................................................................... 3 3. BIBLIOGRAFIA FUNDAMENTAL.................................................................................... 5

3.1. AERAÇÃO ..................................................................................................................... 5 3.2. TURBULÊNCIA ............................................................................................................ 6 3.3. TÉCNICA PIV (PARTICLE IMAGE VELOCIMETRY) ............................................. 7

4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 17 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 29 6. CONCLUSÃO: .................................................................................................................... 47 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 49 APÊNDICES............................................................................................................................ 55

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1- Perfis de velocidades médias obtidos por técnica PIV em túnel de água com

regime turbulento...............................................................................................12

Figura 3.2- Campos de velocidades obtidos com a técnica PIV em canais rasos................14

Figura 4.1- Planta experimental do canal de aeração adaptado. Dimensões. Disposição do

sistema para aquisição de dados e controle. A obtenção de imagens para o PIV

foi realizada na secção de borbulhamento........................................................18

Figura 4.2- Esquema da montagem com laser - vapor de cobre e câmera CCD para

procedimentos com a técnica PIV no canal aerador.........................................19

Figura 4.3- Fluxograma de tratamento dos dados a partir das imagens para obter as

viscosidades turbulentas...................................................................................22

Figura 4.4- Fluxograma de tratamento das viscosidades turbulentas para obter o perfil

médio da distribuição de cada uma nas direções X (comprimento) e Y

(altura)..............................................................................................................23

Figura 4.5- Equipamento em funcionamento, onde temos o canal de aeração, o cabo óptico

com a lente de luz plana, e a câmera digital CCD conectada a um micro

computador......................................................................................................24

Figura 4.6- Setor da área de bolhas considerado nas análises............................................25

Figura 4.7- Apresentação do laser em ação durante a aeração...........................................26

Figura 4.8- Apresentação do laser em ação visto de frente................................................27

Figura 4.9- Colunas de bolhas de ar evidenciadas pelo laser desde o fundo do canal de

aeração.............................................................................................................28

Figura 5.1- Campos de velocidade em regime turbulento de escoamento bifásico ar-água,

obtidos com a técnica PIV (cinco quadros na vertical de uma das cinco

colunas)............................................................................................................30

Figura 5.2- Um quadro em um instante..............................................................................31

Figura 5.3- Campo do canal com os 25 quadros selecionados para a análise por PIV. Foto

em cada quadro para um dado momento. O campo cobre desde o fundo até a

superfície..........................................................................................................34

Figura 5.4- Disposição do campo de velocidades em contornos. A cor do contorno

relaciona-se à escala de cor para velocidades em m/s.................................35

Figura 5.5- Disposição das tensões de Reynolds ( )'x

'xxx vvρ=τ em contornos. Escala de cores

em PA...............................................................................................................36

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Figura 5.6- Disposição das tensões de Reynolds ( )''yyyy vvρτ = em contornos. Escala de cores

em Pa.................................................................................................................37

Figura 5.7- Disposição das tensões de Reynolds ( )'y

'xxy vvρ=τ em contornos. Escala de cores

em Pa.................................................................................................................38

Figura 5.8- Disposição das viscosidades turbulentas ( ) ( )dxvdvv x'x

'xxxt ρ=μ em contornos.

Escala de cores em Pa.s.....................................................................................39

Figura 5.9- Diagrama de distribuição de viscosidades turbulentas de todos os pontos da

direção X em uma dada altura Y (uma dada linha da matriz de viscosidade).

Percebe-se a maior ocorrência em torno da faixa de ordem de grandeza 0,1-10.

Especificamente, 120 ocorrências de viscosidades da ordem 100...................40

Figura 5.10- Comportamento na direção Y das viscosidades turbulentas médias em X.

..........................................................................................................................41

xxtμ

Figura 5.11- Comportamento na direção X das viscosidades turbulentas médias em Y.

.........................................................................................................................41

xxtμ

Figura 5.12- Comportamento na direção Y das viscosidades turbulentas médias em X.

.........................................................................................................................42

yytμ

Figura 5.13- Comportamento na direção X das viscosidades turbulentas médias em X.

.........................................................................................................................42

yytμ

Figura 5.14- Comportamento na direção Y das viscosidades turbulentas xytμ médias em X.

.........................................................................................................................43

Figura 5.15- Comportamento na direção X das viscosidades turbulentas xytμ médias em X.

........................................................................................................................43

Figura 5.16- Comportamento na direção Y das viscosidades turbulentas yxtμ médias em X.

.........................................................................................................................44

Figura 5.17- Comportamento na direção X das viscosidades turbulentas médias em X.

.........................................................................................................................44

yxtμ

Figura 5.18- Velocidade Média em x (m/s)..........................................................................45

Figura 5.19- Velocidade Média em Y (m/s).........................................................................46

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LISTA DE SÍMBOLOS

p – pressão;

v – velocidade;

t – tempo;

χ∂∂V - variação da velocidade na direção X

YV∂∂ - variação da velocidade na direção Y

ZV∂∂ - variação da velocidade na direção Z

grego

ρ - densidade;

τ- tensão de cisalhamento;

µ- viscosidade laminar;

µt- viscosidade turbulenta

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RESUMO

Oliveira, A. B. F. Análise da dispersão turbulenta em aeração de corpos hídricos usando

técnica PIV (Velocimetria Por Imagem de Partícula). Dissertação (Mestrado) – Escola de

Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2008.

Questões de aeração forçada ou natural estão intimamente ligadas à capacidade de

autodepuração dos corpos hídricos, ou seja, oxidar substâncias agressivas para resultar em

baixo teor de toxicidade. Uma das etapas do processamento de efluentes consiste na

dissolução de oxigênio em água e, para realizar essa dissolução, utilizam-se aeradores que são

unidades (tanques) onde o ar é borbulhado no meio líquido, o qual se desloca em um regime

contínuo de escoamento. Esta pesquisa refere-se à obtenção experimental de valores de

viscosidade turbulenta para inserção em modelagem fenomenológica da transferência de

oxigênio das bolhas de ar para o meio líquido. Tais modelos, se bem realísticos, podem

contribuir aos estudos de gestão de recursos hídricos ou em operações nos tratamentos de

efluentes líquidos. O método experimental empregado foi a velocimetria por imagem de

partículas, no qual foi possível obter velocidades instantâneas do fluido (água). Estas

consideram o movimento turbulento, que é o principal responsável pelo transporte de

oxigênio da superfície para o seio do corpo hídrico, sendo que essa superfície pode ser livre

para o ambiente, ou a superfície de uma bolha. Praticamente, o método consiste em

correlacionar posições de partículas traçadoras em suspensão no fluido, as quais são

assumidas ter a mesma velocidade do fluido. As posições consecutivas para fornecer a

trajetória e a velocidade foram obtidas por imagens capturadas em uma freqüência definida

através de uma câmera digital, onde a luz do laser contrastou as partículas em uma área

desejada com uma precisão elevada. Então, nessa área (um plano), foi possível correlacionar

um perfil de velocidades.

Assim, os valores de viscosidade turbulenta foram obtidos para serem usados em modelagem

da transferência de oxigênio, os quais poderão contribuir nos estudos de aeração em corpos

hídricos.

Palavras-chave: aeração, escoamento turbulento, oxigênio dissolvido, velocimetria a laser.

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ABSTRACT

Oliveira, A. B. F. Turbulent dispersion analysis in water bodies aeration using PIV (particle

image velocimetry). Master Dissertation – São Carlos School of Engineering, University of

São Paulo. São Carlos, 2008.

Problems involving natural or forced aeration are intimately bind to the reaeration of water

bodies. Pollutants are oxidized to yield low toxicity conditions. One of the steps of

wastewater treatment consists in dissolving oxygen in water. To perform this, aeration tanks

are used where bubbling air crosses the continuous liquid flow. This research focuses on the

experimental determination of turbulent viscosity values to be used in modeling of oxygen

transfer from air bubbles to the bulk liquid. Such models, if realistic enough, may contribute

to water resources management studies or in wastewater treatment operations. Particle image

velocimetry method was used, by means of which it became possible to obtain instantaneous

velocities of the fluid (water). These velocities embody the turbulent flow, which is the main

responsible for oxygen transport from the surface to the bulk liquid. This surface may be

either facing the atmosphere or the interior of a bubble. In practice, the method consists in

correlating tracking particles suspended in the liquid, which are supposed to have the same

velocity of the fluid. The successive positions that give path and speed were obtained by

images took in predefined intervals by a digital camera. The laser light illuminated the

particles in a predefined area with high precision, making possible to determine velocity

profiles. Turbulent viscosity values were so determined and may be used in the modeling of

oxygen transfer, which may contribute to water body aeration studies.

Keywords: aeration, turbulent flow, dissolved oxygen, laser velocimetry

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1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

A dissolução de oxigênio em água é uma importante etapa no processamento de

efluentes poluentes. Os microorganismos degradantes necessitam do oxigênio para oxidar

compostos orgânicos e mineralizá-los em substâncias menos agressivas ao meio ambiente e à

saúde humana. Na natureza a dissolução se faz através da interface água-ar ajudada pelos

turbilhões, dado um regime de escoamento turbulento em corpos hídricos. Naturalmente, a

eficiência de transferência pode ser baixa, mas a área de contato é significante.

Para se realizar essa dissolução em um ambiente controlado, onde a área exposta

da interface não tem proporções satisfatórias, o modo mais fácil é borbulhar ar no meio

líquido escoante para melhorar a transferência de oxigênio. O aerador (tanque de aeração) é a

unidade responsável por esse processamento e suas configurações são várias, partindo desde

simples tanques até torres de bandejas, operados em diversas formas. O motivo de tanta

variação é buscar a maior eficiência possível na transferência de massa do oxigênio para a

água.

O assunto de aeração é antigo e muita contribuição para o processo foi realizado,

mas existe bastante a ser explorado (Corrêa, 2003). Por exemplo, no caso da aeração natural

(sem bolhas e sem quebra de superfície) de água em regime turbulento, Schulz (1985 e 1989)

mostra uma vasta bibliografia a respeito, enfocando as teorias básicas mais aceitáveis para

explicar o fenômeno. Suas investigações foram realizadas em tanques agitados onde o

oxigênio era transferido somente pela superfície e carregado para o seio líquido através dos

movimentos turbulentos na interface.

Os regimes de escoamentos na natureza são essencialmente turbulentos, e todos os

mecanismos de transferência dependem da magnitude da intensidade de mistura originada

pelos turbilhões. Assim sendo, o grau de absorção de oxigênio na água, também é função da

intensidade de agitação turbilhonar.

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Neste trabalho de mestrado, avaliou a dispersão turbulenta em aeração de corpos

hídricos usando a técnica da velocimetria por imagem de partícula, onde os valores de

viscosidade turbulenta foram obtidos para serem usados em modelagem da transferência de

oxigênio contribuindo nos estudos de recuperação da qualidade da água.

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2. OBJETIVOS

O objetivo básico dessa pesquisa é obter o campo de velocidades de um escoamento

aquoso cruzado com bolhas de ar para contribuir na busca de relações para os mecanismos de

difusão turbulenta na aeração.

Para tanto, são objetivos específicos:

1- Obter parâmetros (viscosidades turbulentas) que podem auxiliar na predição dos

perfis de algumas variáveis fundamentais do processo de aeração como

concentração de oxigênio dissolvido, velocidades da água e distribuição de bolhas;

2- Usar a técnica de Velocimetria Por Imagem de Partícula (PIV), em escoamento

bifásico, a qual possui tecnologia avançada de medidas não intrusivas de

escoamento.

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3. BIBLIOGRAFIA FUNDAMENTAL

A presente pesquisa é relacionada aos fenômenos de aeração forçada, turbulência e ao uso da

técnica de velocimetria a laser (PIV).

3.1. AERAÇÃO

A questão de aeração natural está ligada ao processo de autodepuração, que significa

ação heterotrófica dos microorganismos presentes no corpo hídrico, os quais podem aumentar

em quantidade para acelerar o processo depurativo se houver oxigênio dissolvido suficiente.

A aeração é dada naturalmente pelos mecanismos de transporte, devido aos movimentos do

corpo hídrico, o qual se apresenta com baixa eficiência.

A quantidade e a concentração dos efluentes requerem área de troca significativa,

incompatível com a área superficial dos corpos hídricos. Devido aos problemas decorrentes da

poluição, é preciso a intervenção do próprio homem para aumentar a área de transporte de

oxigênio dissolvido (OD), através da aeração forçada, onde a quantidade de bolhas provê uma

significante área de troca. A intensa agitação devido ao deslocamento, decorrente do empuxo,

aumenta ainda mais a aeração forçada. Assim, a aeração forçada é largamente empregada no

tratamento de efluentes líquidos. A questão do controle da aeração tem sido explorada, como

maneira de reduzir custos operacionais e de buscar maior eficiência operacional. Existem

várias formas de aumentar a área de contato entre o oxigênio e a água, desde a presença de

obstáculos naturais para promover a turbulência do corpo d’água, até a aeração por injeção de

bolhas de ar no sistema através de difusores, chamada aeração por bolhas. (Cirpka e

Viessman, 1993).

Os corpos d’água receptores de efluentes de estações de tratamento de esgoto podem

sofrer redução de oxigênio dissolvido. A recuperação da concentração de oxigênio ocorre,

principalmente, através da transferência de massa pela interface ar-água e o processo é

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incrementado pela turbulência superficial. A medida dos níveis de turbulência é importante na

determinação da capacidade natural de reoxigenação desses corpos receptores. (Széliga e

Roma, 2003).

3.2. TURBULÊNCIA

A turbulência pode ser encarada como objeto de estudo de um ramo da física, mais

especificamente da mecânica dos fluidos, que ainda não apresenta solução definitiva quanto a

sua formulação quantitativa. As dificuldades são encontradas tanto no campo experimental

como no campo teórico. No campo experimental são necessários equipamentos adequados,

que permitam obter avaliações corretas das flutuações das quantidades físicas. Já no campo

teórico as dificuldades se relacionam à complexidade das equações, para atingir os resultados

esperados (Pereira, 2006).

A estrutura do escoamento no regime turbulento é caracterizada por movimentos

aleatórios, tridimensionais, de partículas fluidas, adicionais ao movimento principal (Fox,

2000).

A tridimensionalidade da turbulência pode ser percebida pela aleatoriedade do

movimento das partículas. Outra característica importante de escoamentos turbulentos,

mencionada por Schulz (1985) é a difusividade, que causa rápida mistura e aumenta a taxa de

transferência de quantidade de movimento, de calor e de massa.

Os movimentos aleatórios de um regime de escoamento turbulento são chamados

de turbilhões e se desenvolvem em todo o meio, abrangendo distâncias que podem ir desde as

dimensões deste meio até as dimensões muito pequenas, estes causam transferência de energia

entre si em diversas escalas de tamanhos (Schulz, 1985).

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Considerando mais detalhadamente os escoamentos turbulentos, naturalmente

inferimos que escoamentos mais agitados transferem mais quantidade de movimento do que

escoamentos menos agitados. Isso porque há volumes macroscópicos de fluido que transitam

aleatoriamente pelo escoamento com maiores velocidades. Assim, conclui-se que a

viscosidade turbulenta não é mais propriedade do fluido, mas propriedade do escoamento. Em

outras palavras ela é função do estado de agitação turbulenta no escoamento considerado.

Essa característica é relevante porque mostra que o coeficiente de proporcionalidade pode ser

função da posição que se está considerando no escoamento. Ou seja, um mesmo escoamento

pode apresentar um perfil de viscosidade turbulenta (Schulz, 2003).

A viscosidade turbulenta é definida pela equação:

χ

μμτ∂∂

+−=V

t )( (3.1)

Onde:

τ = tensão de cisalhamento

µ= viscosidade laminar

µt = viscosidade turbulenta

χ∂∂V = variação da velocidade na direção X.

3.3. TÉCNICA PIV (PARTICLE IMAGE VELOCIMETRY)

As técnicas usuais para medir campos de velocidade de um fluido são o tubo de Pitot e

o anemômetro de fio quente.

O tubo de Pitot era e ainda é um instrumento de medida de pressão utilizado para

medir a velocidade de fluidos, mas a técnica é invasiva e prejudica as medidas. Depois foram

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surgindo técnicas eletrônicas como anemômetros de fio quente que medem a velocidade

através do calor convectado pelo fluido e têm menor interferência no escoamento. Esta

técnica é mais precisa que o Tubo de Pitot, mas ainda assim, continua a afetar o meio, por ser

uma sonda inserida no fluido.

Técnicas de análise visual ou de correlação de imagens de escoamentos vêm sendo

amplamente implementadas desde o emprego do laser como uma espécie de sonda

completamente não-intrusiva. A técnica de velocimetria por imagens de partículas, PIV

(“Particle Image Velocimetry”), permite obter campos de velocidade (bidimensional e até

tridimensional) instantâneos, através da medição do deslocamento de partículas inseridas no

escoamento em estudo.

Esta técnica consta de um feixe de luz que ilumina quaisquer partículas suspensas no

escoamento que passam pelo campo bi-dimensional do feixe. Tal luminosidade destaca as

partículas que acompanham os movimentos do fluido, podendo ser fotografadas em alta

freqüência de número de quadros por segundo. A correlação desses quadros fornece as

velocidades locais do fluido. A vantagem principal da utilização do método de velocimetria a

laser na determinação dos campos de velocidade instantâneos é que se trata de um método

não-intrusivo, não atrapalhando o escoamento original.

Liu e Zheng, (2006) estudaram o comportamento de bolhas em uma coluna

retangular, onde as bolhas levantavam-se em uma corrente num líquido estagnado. Os campos

líquidos instantâneos do fluxo foram medidos por PIV e mostraram as diversidades de como

as bolhas sobem em trajetos diferentes. A correlação obtida neste trabalho pode

razoavelmente predizer a velocidade terminal da bolha, mais convenientemente dos

parâmetros obtidos, tais como, a taxa de fluxo do ar e a freqüência da formação da bolha.

Pereira, (2006) investigou em sua pesquisa campos de velocidades médias e de

grandezas turbulentas em equipamento de geração de turbulência quase isotrópica, baseada

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em métodos de aquisição de imagens, utilizando para isto a técnica PIV, uma vez que tal

investigação resume-se na obtenção e correlação de dados de velocidade obtidos em tanque de

grelhas oscilantes.

Salla, (2006) utilizou em sua pesquisa de doutorado uma sonda de Césio – 137

para determinar a porcentagem pontual de concentração de bolhas de ozônio com relação ao

meio líquido usado. E o método de Velocimetria Por Imagem de Partícula (PIV) na obtenção

das imagens para determinação dos campos de velocidade instantâneos e tamanho de bolhas

em um campo bidimensional, onde foi possível determinar o campo de velocidade das bolhas

de ozônio em várias alturas do canal. Uma das principais vantagens deste método é que se

trata de um método não-intrusivo, o qual não atrapalha o escoamento normal das bolhas.

Sousa et al. (2006) estudaram experimentalmente o efeito da expansão do gás na

velocidade da bolha de Taylor (bolha de formato alongado), onde o campo de velocidade no

líquido a frente da bolha de Taylor foi medido por PIV.

Baseando-se em dados precisos, concluiu-se que:

- a expansão da bolha durante a subida induz um deslocamento contínuo do líquido a frente

dela;

- a velocidade da bolha aumenta devido à expansão do gás ser igual à velocidade máxima no

deslocamento do líquido à frente;

- se subtrair o aumento de velocidade da bolha pelo valor da velocidade da bolha, o valor

corrigido se torna independente do comprimento da bolha.

Fan et al. (2005) realizaram experimentos sobre o fluxo sólido-líquido em um

tanque usando DPIV (“Digital Particle Image Velocimetry”), e todos os resultados de

simulação foram comparados com os desses experimentos. Essa comparação confirmou que

os resultados são confiáveis. A influência na velocidade de propulsão no campo de fluxo e nas

orientações também foi investigada. As seguintes observações foram obtidas:

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- o método para calcular orientações de partículas pequenas usando a evolução de um corpo

rígido em um tanque agitado foi apresentado;

- o campo de fluxo turbulento sólido-líquido envolvendo partículas pequenas com um grande

espectro de raio foi simulado em um tanque agitado. Os resultados da simulação estão de

acordo com os resultados dos experimentos. Isso prova que o método empregado e os

resultados são confiáveis;

- o campo de fluxo turbulento sólido-líquido envolvendo partículas pequenas foi comparado

com o campo de partículas esféricas e verificou-se que há uma pequena discrepância entre os

componentes de velocidade devido ao grande impacto do propulsor;

- a variação da orientação em um campo de fluxo turbulento tridimensional foi estudado. As

orientações simuladas estão de acordo com os dados experimentais;

- na investigação de influências da velocidade de propulsão no campo de fluxo e nas

orientações, foi visto que, com o aumento da velocidade de propulsão, tanto a velocidade

média quanto a velocidade de flutuação aumentam. As orientações tendem a cair com o

aumento da velocidade de propulsão na região próxima ao propulsor, enquanto que na região

longe do propulsor a velocidade de propulsão exerce um baixo impacto nas orientações de

partículas pequenas.

Baldi e Yianneskis, (2004) usaram PIV para medir velocidades médias em um

tanque agitado por turbina, onde foram determinadas medidas direta da distribuição feita com

PIV, com informações úteis para uma estimação exata de projetos futuros. Apesar da

quantidade de informação substancial e detalhada obtida nos tanques agitados para as

distribuições de velocidades médias e níveis de turbulência, a determinação exata da taxa da

dissipação de energia cinética turbulenta apresentou-se como um desafio, pois as escalas

dissipativas que necessitam de solução apresentam-se com tamanhos pequenos.

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Fan et al. (2003) utilizaram a técnica PIV para caracterizar a instabilidade do fluxo

em tanques mecanicamente agitados, os quais foram explorados através de análise multi-

escalar em testes padrões. Investigações adicionais mostraram que estes testes padrões eram

complexos, onde a macro-instabilidade (MI) aparece como interruptor entre eles. A função de

distribuição da probabilidade de um ponto de vista matemático foi introduzida para extrair a

informação da MI no campo de velocidade, onde a distribuição bidimensional de MI e sua

dependência ao número de Reynolds foram estudadas. Os resultados mostraram que a análise

da probabilidade através da função de distribuição espectral pode ser usada com sucesso na

quantificação relativa das macro-instabilidades. Comparando com a técnica visual de

observação este novo método de análise através de PIV é mais objetivo e pode ser usado para

dar compreensão profunda às propriedades espaços-temporais da macro-instabilidade.

Bao e Dallamann, (2003) realizaram experiências em um túnel de água em regime

turbulento. A visualização do fluxo foi feita usando-se um feixe plano de laser iluminando

bolhas de hidrogênio e partículas. As medidas de velocidade foram determinadas com

imagens de vídeo da partícula seguindo a velocidade do fluido (PIV) em uma freqüência de

amostragem de 25 Hz (fotos por segundo). A avaliação na visualização do fluxo e nos dados

de PIV revelou que a região local estava dominada por sistemas dinâmicos de vórtices com

características periódicas intensas. Como mostrado na Figura 3.1

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Figura 3.1- Perfis de velocidades médias obtidos por técnica PIV em túnel de água com regime turbulento

Fonte: Feng Bao et al. – 2003 Dellauré et al. (2003) usaram medidas de campo de velocidade, ponto de temperatura

e fluxo de calor superficial, para caracterizar a interação de uma bolha de ar de formato

elipsoidal subindo com fluxo de convecção livre de uma superfície plana aquecida imersa na

água com diferentes ângulos de inclinação. Dois acoplamentos térmicos e um sensor de filme

quente foi usado para caracterizar a transferência de calor, enquanto uma técnica digital

(DPIV) foi programada para mapear o fluxo induzido pela bolha em um plano paralelo à

superfície. As medições de velocidade local, assim como o campo inteiro provaram ser

essenciais para melhorar o entendimento do grupo de bolhas e, por sua vez, sua influência na

transferência de calor. Dois mecanismos essenciais foram identificados:

- O coeficiente de transferência de calor respondeu precisamente a mudanças na velocidade

do fluxo, onde um fluxo giratório resultando na quebra de vórtice, por exemplo, mostrou

induzir variações na transferência de calor, pois sua interação com o fluxo de convecção livre

uniforme aumenta ou diminui a velocidade do fluxo na superfície do bloco;

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- As variações na temperatura do fluido externo devido à agitação das bolhas foram

conectadas às grandes oscilações simultâneas da transferência de calor, a estrutura em “zigue-

zague” do aglomerado de bolhas, por exemplo, induziu oscilações de temperatura trazendo

um fluido mais frio em contato com a superfície do bloco.

O maior fluxo de calor aconteceu quando os efeitos foram combinados, isto é, logo após a

passagem da bolha uma vez que a velocidade do fluxo ainda é muito maior do que seu valor

de convecção livre e enquanto um aglomerado puxa o líquido mais frio pelo sensor de fluxo

de calor.

Weitbrecht et al. (2002) usaram PIV para turbulência gerada em escoamento

bidimensional representativo de rios e canais de águas rasas. A técnica PIV foi usada para

medir a dinâmica do fluxo na superfície da água. Trata-se de um método que foi desenvolvido

usando as vantagens da alta taxa de captura das partículas em movimentos com câmeras de

alta precisão. Além da determinação de condições médias do fluxo de características

turbulentas, com este método é possível seguir as grandes estruturas coerentes

bidimensionais. As medidas foram realizadas na superfície da água, e a medida da velocidade

que descreve a geração e a evolução destes movimentos coerentes foi o alvo principal desta

investigação. Neste caso o plano de medição é a própria superfície da água que significa que

para a iluminação, até luzes comuns poderiam ser usadas, contanto que a superfície da água

não seja perturbada fortemente por movimentos de onda. Em alguns casos as medidas foram

executadas usando uma folha clara para iluminar o plano de medição, e apresentou medidas

seguindo a partícula na superfície da água. As partículas foram distribuídas manualmente na

superfície da água. Com esse método medidas de parâmetros de turbulência geradas pelas

grades puderam ser determinadas. A Figura 3.2 mostra medidas PIV segundo a metodologia

do autor. Concluiu-se que a técnica é aplicável em qualquer sistema aproximadamente

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bidimensional, cuja superfície possa ser representativa do escoamento global, considerando a

turbulência. É aplicável em problemas de canais rasos. Como mostrado na Figura 3.2.

Figura 3.2: Campos de velocidades obtidos com a técnica PIV em canais rasos. Fonte: Weitbretch et al (2002).

Cheng e Law, (2001) investigaram a turbulência gerada por uma grelha vertical

usando a técnica PIV, de forma comparativa e seus resultados concordaram bem com os

resultados presentes na literatura.

Pan e Meng, (2001) estudaram misturadores a jato, na indústria de processos

químicos estes misturadores são usados para misturar líquidos miscíveis, em regime

turbulento. Em uma configuração básica desse misturador, um fluxo turbulento do jato é

injetado em outro fluxo, também turbulento inteiramente desenvolvido, dentro de uma

tubulação com o objetivo de destruir rapidamente a homogeneidade dos fluidos e favorecer

uma possível reação química. O objetivo foi encontrar as geometrias para condições

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otimizadas de fluxo turbulento. O estudo usou a técnica PIV com laser plano conjugada com a

técnica “Light Induced Fluorescence” (LIF) que induz fluorescência, tecnologia usada para

medir campos de concentração do fluxo no misturador. Essa pesquisa consistiu em realizar

um estudo experimental relativamente detalhado de misturas em escalas turbulentas usando

técnicas baseadas em laser.

Law e Wang, (2000) usaram a metodologia PIV combinada com PLIF para medir

o tempo médio e o transporte de massa turbulenta num processo de mistura, essas duas

técnicas acopladas possibilitaram medições planas sincronizadas de velocidade de fluxo e

concentração na área de estudo, o efeito de interferência potencial no sistema foi verificado

com os resultados experimentais com um jato turbulento descarregado em um ambiente

estagnado. Neste estudo foi demonstrado que a combinação PIV e PLIF pode resultar em

sucesso na captura de características de transporte turbulento num processo de mistura. A

aquisição de dados pode ser realizada dentro de minutos ao contrário de horas requeridas

usando instrumentos de pontos de base com mecanismos transversais.

Orlins e Gulliver, (2000) observaram as variações temporais entre a turbulência na

superfície livre e o transporte de massa, usando para tal procedimento a técnica PIV. Os

autores obtiveram dados de sub-regiões da superfície da água, velocidade, vorticidade e o

divergente bidimensional foram calculados em função do espaço e do tempo de cada região.

Tokuhiro et al. (1998) numa investigação experimental, utilizaram a técnica PIV

juntamente com fluorescência induzida por laser (LIF), para medir o campo de velocidade do

fluxo ao redor de bolhas, sob um regime turbulento. A imagem da forma da bolha era

simultaneamente adquirida com velocidade usando uma segunda câmera CCD. Os vetores de

velocidade ao redor da bolha e na onda deixada por ela, a média pela raiz quadrada (RMS),

vorticidade, tensões de Reynolds e a energia cinética turbulenta revelaram discrepâncias no

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escoamento causado pelo deslocamento da bolha. O movimento oscilatório da bolha produziu

significante vorticidade e distribuição da energia cinética turbulenta.

Jun et al. (1993) usaram a técnica PIV e o programa computacional VISIFLOW

para determinar Va, onde assumiram a área superficial total das bolhas como sendo:

Ab= LVS

VQ

m

m

a

a (3.2)

Onde Ab é a área superficial total das bolhas (m2), Qa é a vazão de ar (m3/s) e é sabido através

das condições experimentais, Va é a velocidade média das bolhas de ar (m/s), Sm é a área

superficial média de bolhas de ar individuais (m2), Vm é o volume médio das bolhas de ar

individuais (m3). Os valores de Sm e Vm foram obtidos mediante a medição do tamanho das

bolhas.

A variável L é a distância entre a saída do ar no difusor e o nível de água na coluna (m) e é

determinada através da geometria do sistema.

Gray e Greated, (1988) aplicaram o método PIV ao estudo de ondas, o qual

permite que um campo bidimensional completo do fluxo em um tanque seja capturado em um

único instante. Na água foram dispersas partículas neutras flutuantes e o sistema foi iluminado

com uma folha plana de luz de laser pulsada. Usou-se uma câmera convencional que opera

com um tempo de exposição que excede o período do pulso, a película fotográfica é exposta

às imagens em dobro (ou às vezes múltiplo) das partículas e fornece o deslocamento e o

campo de velocidade que passa pelas ondas. A exatidão e a reprodutividade da tecnologia são

ilustradas em resultados de experimento típico e em comparação com ondas lineares teóricas.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

O plano de trabalho foi desenvolvido de acordo com as seguintes etapas:

- 1ª Etapa: Revisões bibliográficas;

- 2ª Etapa: Testes com PIV para familiarização;

- 3ª Etapa: Adequação da planta experimental;

- 4ª Etapa: Testes definitivos e Coleta de dados;

- 5ª Etapa: Tratamento dos dados;

A parte experimental deste estudo foi realizada no laboratório de Hidráulica

Ambiental, o qual encontra-se localizado no Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada

(CRHEA) da Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

A planta experimental constitui-se de um aerador de fluxos cruzados sem agitação

mecânica conforme observado na Figura 4.1.

O canal mede 5m de comprimento, 350 mm de altura e 200 mm de largura, sendo de

acrílico, que facilita a visualização do escoamento das plumas de bolhas efeitos dos turbilhões

e de traçadores. Os aeradores estão inseridos na linha central do fundo, igualmente

distanciados em 10 cm e dispostos longitudinalmente. A saída do aerador é feita por

transbordamento em um bocal apropriado.

Esse canal, adaptado para aerador, já foi usado para ensaios a respeito de cavitação

(Carvalho, 1997) e ensaios para o controle de aeração (Corrêa, 2006).

A alimentação do tanque foi feita com água de abastecimento local e foi usado talco

neutro como traçador de partículas.

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Figura 4.1: Planta experimental do canal de aeração adaptado. Dimensões. Disposição do sistema para aquisição de dados e controle. A obtenção de imagens para o PIV foi realizada na secção de borbulhamento.

Para obter perfis de velocidade no canal, foi usada a técnica PIV (Particle Image

Velocimetry) que é utilizada na obtenção das imagens para determinação dos campos de

velocidades instantâneos e tamanho das bolhas em um campo bidimensional. Esta técnica

consta de um feixe luminoso em forma de lâmina (“light sheet”) originado com laser de vapor

de cobre (Oxford Lasers, modelo LS-20-10 20W, disponível no laboratório) que ilumina

quaisquer partículas suspensas no escoamento que passam pelo campo bi-dimensional do

feixe. No caso deste trabalho de mestrado, o feixe de luz corta o tanque no sentido

longitudinal vertical, e uma câmera CCD (Charge Coupled Device) na lateral do tanque

captura várias imagens enquadrando a área luminosa, conforme Figura 4.2. As imagens

instantâneas registradas pela câmera CCD são processadas em um programa computacional,

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objetivando determinar os campos de velocidades instantâneos. Neste trabalho, a câmera

conseguiu obter 15 imagens (frames) por 4 segundos.

Figura 4.2: Esquema da montagem com laser - vapor de cobre e câmera CCD para procedimentos com a técnica

PIV no canal aerador.

A câmera CCD utilizada neste trabalho, da marca KODAK MEGAPLUS ES1000

(1024x 1024 pixels), tem a finalidade de capturar as imagens na área selecionada do

escoamento iluminada pelo feixe de luz do laser e armazenar em micro-computador.

Essas imagens são tratadas em um programa específico VISIFLOW, o qual possibilita

escolher o modo de análise das imagens, que pode ser auto-correlação, correlação cruzada,

rastreamento de partículas, interpolação dos campos de velocidade incompletos e binarização

das imagens, entre outros recursos. Neste trabalho o VISIFLOW forneceu valores de

velocidade em diversos pontos (campos de velocidades), de acordo com a relação entre o

deslocamento de partículas traçadoras e a freqüência de captura da câmera, permitindo a

filmagem em tempo real e amostragem de imagens em freqüências configuráveis.

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O uso do laser foi para obter dados de tensões de Reynolds e, essenciais no estudo do

escoamento turbulento. Com esses dados é possível definir uma taxa de aeração a fim de

validar os possíveis modelos. O objetivo principal pretendido nesse trabalho é a difusividade

turbulenta conforme o modelo básico da Equação 4.1 de transporte.

=+⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−

∂∂

∂∂

+⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−

∂∂

∂∂

+⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−

∂∂

∂∂

+∂∂−

xzxx

yxx

xxx BVV

zV

zVV

yV

yVV

xV

xxp ρρμρμρμ ''''''

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

∂∂

+∂∂

+∂∂

+∂∂

=t

VV

zV

Vy

VV

xV x

zx

yx

xxρ (4.1)

Os termos entre parênteses no primeiro membro envolvem uma parcela que representa

o fluxo molecular de quantidade de movimento, enquanto a parcela que envolve as flutuações

turbulentas de velocidade representa o fluxo turbulento de quantidade de movimento. É

possível definir o coeficiente de transferência de quantidade de movimento turbulento, escrita

abaixo (com sinal positivo):

yV

yV x

txyx

xy ∂∂

+∂∂

= μμτ (4.2)

Pela formulação agora desenvolvida, tem-se:

''yx

xxy VV

yV

ρμτ −∂∂

= (4.3)

Das equações, 4.2 e 4.3 obtem-se, imediatamente:

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⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

∂∂

−=

yV

VV

x

yxtxy

''ρμ (4.4)

Vale à pena observar que, as tensões de Reynolds desejadas são yx v'v'ρ , onde

v'v' yx são flutuações de velocidades seguindo as direções x e y no sistema cartesiano. Tais

flutuações são muito rápidas e a técnica PIV tem se mostrado visível para tais estimativas por

ser rápida e não intrusiva.

Na figura 4.3 o fluxograma mostra de forma detalhada o procedimento de tratamento

dos dados a partir das imagens para obter as viscosidades turbulentas E a figura 4.4 mostra o

fluxograma do tratamento das viscosidades turbulentas para obter o perfil médio da

distribuição de cada uma nas direções X (comprimento) e Y (altura).

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Figura 4.3: Fluxograma de tratamento dos dados a partir das imagens para obter as

viscosidades turbulentas.

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Figura 4.4: Fluxograma de tratamento das viscosidades turbulentas para obter o perfil médio da distribuição de cada uma nas direções X (comprimento) e Y (altura).

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A Figura 4.5 mostra o equipamento em funcionamento. Figura 4.6 mostra setor da área

de bolhas considerado nas análises. As Figuras 4.7 e 4.8 apresentam o laser em ação durante a

aeração. A Figura 4.9 mostra um detalhe das colunas de bolhas evidenciadas com o laser.

4.5: Equipamento em funcionamento, onde tem-se o canal de aeração, o cabo óptico com a lente de luz plana, e a câmera digital CCD conectada a um micro computador.

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4.6: Setor da área de bolhas considerado nas análises

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4.7: Apresentação do laser em ação durante a aeração

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4.8: Apresentação do laser em ação visto de frente.

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4.9: Colunas de bolhas de ar evidenciadas pelo laser desde o fundo do canal de aeração.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise dos resultados consistiu-se na qualificação visual dos dados de velocidade

quando dispostos em campo vetorial do setor do canal estudado. Os estudos foram realizados

considerando duas dimensões, a altura e o comprimento do canal.

As velocidades flutuantes comporam as tensões de Reynolds ''yxvvρ , onde uma rotina

de cálculo foi implementada em MATLAB, a fim de avaliar a viscosidade turbulenta.

Como dito anteriormente, neste trabalho para obter perfis de velocidade no canal, foi

usada a técnica PIV e o programa computacional VISIFLOW forneceu campos de

velocidades de acordo com a relação entre o deslocamento de partículas traçadoras e a

freqüência de captura da câmera, permitindo a filmagem em tempo real e amostragem de

imagens em freqüências configuráveis, como mostrado na figura 5.1.

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Figura 5.1: Campos de velocidade em regime turbulento de escoamento bifásico ar-água, obtidos com a técnica

PIV (cinco quadros na vertical de uma das cinco colunas).

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Figura 5.2: Um quadro em um instante

De acordo com as configurações do programa computacional VISIFLOW, as cores

dos vetores individuais significam que:

• Vetores vermelhos: são os vetores resultantes da região onde havia maior

incidência de bolhas, com valores 0,13m/s > vermelho>0;

• Vetores azuis: são vetores resultantes da região da velocidade média das

bolhas, 0,26m/s>azul ≥0,13m/s;

• Vetores verdes: vetores resultantes da região de maior turbulência,

verde≥ 0,26m/s.

O procedimento de determinação da média dos vetores foi: após determinado o

campo médio de velocidade para cada conjunto de interesse, exportou-se para o EXCEL os

valores dos vetores, onde foram calculadas velocidades flutuantes que comporam as tensões

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de Reynolds ''yxvvρ , e a partir dessas flutuações começou uma rotina de cálculo em

MATLAB para avaliar a viscosidade turbulenta.

Foram obtidas as fotos para os 25 quadros de divisão do canal e a Figura 5.2 mostra

uma montagem fotográfica do canal. A montagem dispõe de uma foto para um dado instante,

visto que para cada quadro foram obtidas 15 fotos em 4s (quase 4 fotos por segundo).

Observa-se na Figura 5.3 que as fotos mostradas foram editadas com o “negativo” para que as

bolhas e todo o corpo fluido ficassem melhor evidenciados. Com isso outros elementos

aparecem nas cenas ao fundo, como objetos ou manchas no acrílico, os quais não fazem parte

do corpo fluido e nem influenciam na análise do campo de velocidades, pois o foco da câmera

foi fixado para coincidir com o feixe plano de luz.

Após o tratamento das imagens com a ferramenta matemática de correlação cruzada

pertencente ao pacote computacional do utilitário Visiflow, obteve-se um campo vetorial

sobre o qual foram efetuados os devidos cálculos para obtenção das viscosidades turbulentas.

O campo vetorial é apresentado no Apêndice A.1. Uma forma também adequada de se ter

idéia das magnitudes de velocidades envolvidas é a disposição em gráfico de contornos

conforme Figura 5.4. A cor indica o valor da velocidade em um contorno de acordo com a

escala de cores na barra abaixo. Da mesma forma em gráfico de contorno, a Figura 5.5 mostra

o perfil de tensões de Reynolds . Analogamente, para as Figuras 5.6 e 5.7 têm-se os perfis

para e , respectivamente.

xxτ

yyτ xyyx τ=τ

A Figura 5.8 revela o perfil da viscosidade turbulenta xxtμ em gráfico de contornos. Devido à

grande discrepância entre ordem de grandezas dessas viscosidades, fica difícil analisar a

distribuição de nas duas direções, sendo que o mesmo ocorre com as viscosidades ,

e . A investigação dos perfis seguiu, então, pela observância de diagramas de

distribuição, onde evidenciou-se o número de ocorrências de acordo com a faixa de corte dada

xxtμ yytμ

yxtμ xytμ

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a ordem de grandeza (potências de dez). A Figura 5.9 mostra um desses gráficos. Por essa

abordagem, o programa (elaborado em MATLAB) cria um diagrama por linha se a

investigação é sobre o comportamento médio em X e cria um diagrama por coluna, no caso de

estudar-se a média em Y. O valor médio da viscosidade em questão é calculado da média

ponderada das três ordens de grandeza com maior ocorrência (parte superior do pico). Neste

diagrama percebe-se a maior ocorrência na faixa de grandeza 0,1-10. Especificamente, 120

ocorrências de viscosidades da ordem de 100.

Dessa forma, obteve-se perfis médios de distribuição das quatro viscosidades xxtμ ,

yytμ , yxtμ e

xytμ nas direções X e Y conforme as Figuras de 5.10 até 5.17.

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Figura 5.3: Campo do canal com os 25 quadros selecionados para a análise por PIV. Foto em cada quadro para um dado momento. O campo cobre desde o fundo até a superfície.

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Figura 5.4: Disposição do campo de velocidades em contornos. A cor do contorno relaciona-se à escala de cor para velocidades em m/s.

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Figura 5.5: Disposição das tensões de Reynolds ( )'x

'xxx vvρ=τ em contornos. Escala de cores em Pa.

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Figura 5.6: Disposição das tensões de Reynolds ( )''

yyyy vvρτ = em contornos. Escala de cores em Pa.

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Figura 5.7: Disposição das tensões de Reynolds ( )'y

'xxy vvρ=τ em contornos. Escala de cores em Pa.

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Figura 5.8: Disposição das viscosidades turbulentas ( ) ( )dxvdvv x

'x

'xxxt ρ=μ em contornos. Escala de cores em

Pa.s.

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40

10-20 10-10 100 1010 10200

20

40

60

80

100

120

140

grandeza da viscosidade em módulo (Pa.s)

ocor

rênci

as

Figura 5.9: Diagrama de distribuição de viscosidades turbulentas de todos os pontos da direção X em uma dada altura Y (uma dada linha da matriz de viscosidade).

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0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.30

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

altura Y (m)

visco

sida

de tu

rbul

enta

XX

(Pa.

s)

Figura 5.10: Comportamento na direção Y das viscosidades turbulentas

xxtμ médias em X.

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

comprimento X (m)

visco

sida

de tu

rbul

enta

XX

(Pa.

s)

Figura 5.11: Comportamento na direção X das viscosidades turbulentas

xxtμ médias em Y.

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0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.30

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

altura Y (m)

visco

sida

de tu

rbul

enta

YY

(Pa.

s)

Figura 5.12: Comportamento na direção Y das viscosidades turbulentas médias em X.

yytμ

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

comprimento X (m)

visco

sida

de tu

rbul

enta

YY

(Pa.

s)

Figura 5.13: Comportamento na direção X das viscosidades turbulentas

yytμ médias em X.

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43

0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.30

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

altura Y (m)

visco

sida

de tu

rbul

enta

XY

(Pa.

s)

Figura 5.14: Comportamento na direção Y das viscosidades turbulentas

xytμ médias em X.

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

comprimento X (m)

visco

sida

de tu

rbul

enta

XY

(Pa.

s)

Figura 5.15: Comportamento na direção X das viscosidades turbulentas

xytμ médias em X.

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0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.30

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

altura Y (m)

visco

sida

de tu

rbul

enta

YX

(Pa.

s)

Figura 5.16: Comportamento na direção Y das viscosidades turbulentas médias em X.

yxtμ

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.60

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

comprimento X (m)

visco

sida

de tu

rbul

enta

YX

(Pa.

s)

Figura 5.17: Comportamento na direção X das viscosidades turbulentas

yxtμ médias em X.

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Os gráficos a seguir, mostram um comportamento não contínuo da viscosidade

turbulenta.

Figura 5.18- Velocidade Média em x (m/s)

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Figura 5.19- Velocidade Média em Y (m/s)

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6. CONCLUSÃO:

Depois de realizadas análises dos campos de velocidade em um canal de aeração,

usando a técnica PIV, foi possível concluir que:

As viscosidades médias não tiveram variação significativa ao longo das dimensões x e

y (altura e comprimento). Não houve uma tendência comportamental evidente, a qual

pudesse ser correlacionada além de médias. Entretanto, observou-se um menor nível de

turbulência junto às paredes e um maior nível na região entre bolhas, fato já esperado. O

efeito da agitação é tão intenso que oculta o escoamento na direção entrada-saída do canal,

cuja velocidade média da água ficou em torno de 0,005m/s.

Na viscosidade turbulenta, µtxx, com relação à altura, observou-se um ligeiro aumento

de 10 Pa.s até 15 Pa.s próximo à superfície. Em relação ao comprimento, observou-se que

a parte central da região de bolhas é onde se localizam os maiores valores desse parâmetro

dentro de uma faixa de 5 a 35 Pa.s em média. Foram os maiores valores de viscosidade

turbulenta encontrados, direcionando para uma observação conclusiva de que a

intensidade de turbulência é bastante influenciada pelo espalhamento horizontal do fluido

devido à presença da bolha em deslocamento empurrando a água para as laterais.

Em µtyy sua variação na altura ficou próximo de um valor constante de 10 Pa.s. E em

sua variação no comprimento observa-se que a intensidade ficou em torno de 10 Pa.s.

Na viscosidade turbulenta µtxy sua variação na altura ficou abaixo de 5 Pa.s. Enquanto

sua variação no comprimento também foi observada a mesma magnitude.

Em µtyx nota-se que em sua variação na altura houve valores maiores na extremidade

da superfície chegando a 5 Pa.s. E com relação a sua variação no comprimento, observa-se

maior variação na região central, não ultrapassando 10 Pa.s.

Conclui-se, finalmente, que no meio aquoso com alto grau de agitação por bolhas, é

possível usar valores de viscosidades turbulentas médias (em qualquer direção) na faixa

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de 5 a 30 Pa.s para efeito de cálculos e estimativas rápidas sem significantes degenerações

dos resultados. Através de correlações para o número de Schimdt turbulento

(TAB

TDSc ν= ), as quais envolvem esse parâmetro de viscosidade turbulenta, por

exemplo, é possível estimar a difusividade turbulenta (DABt) do oxigênio dissolvido no

meio aquoso para as devidas quantificações com objetivos de projeto, modelagem,

controle do processo, entre outras.

A técnica PIV mostrou-se adequada para esse trabalho de mestrado, por se tratar de

uma técnica não intrusiva, não atrapalhou o escoamento natural das bolhas.

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APÊNDICES

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APÊNDICE I – CAMPO VETORIAL

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APÊNDICE II – CALCULOS DE PIV.- CD